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Processo nº 5000867-60.2018.8.21.0051

ID: 318042210

Tribunal: TJRS Órgão: Vara Judicial da Comarca de Garibaldi Classe: EXECUçãO FISCAL Nº Processo: 5000867-60.2018.8.21.0051

Data de Disponibilização: 07/07/2025

Polo Ativo:

Polo Passivo:

CAMILOTTI E CAMILOTTI LTDA - ME

DESPACHO/DECISÃO

Advogados:

PATRICIA SALVATORI PEROTTONI

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JULIANA SANTAROSA FARDO

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EXECUÇÃO FISCAL Nº 5000867-60.2018.8.21.0051/RS EXECUTADO : CAMILOTTI E CAMILOTTI LTDA - ME ADVOGADO(A) : PATRICIA SALVATORI PEROTTONI (OAB RS035832) ADVOGADO(A) : JULIANA SANTAROSA FARDO (OAB RS072… EXECUÇÃO FISCAL Nº 5000867-60.2018.8.21.0051/RS EXECUTADO : CAMILOTTI E CAMILOTTI LTDA - ME ADVOGADO(A) : PATRICIA SALVATORI PEROTTONI (OAB RS035832) ADVOGADO(A) : JULIANA SANTAROSA FARDO (OAB RS072034) DESPACHO/DECISÃO Cuida-se de analisar a extinção do feito, pela ausência de interesse processual, com base no Tema 1184 do STF e o art. 1º, § 1º, da Resolução nº 547/2024 do CNJ. Quanto à extinção de execução fiscal de baixo valor, tanto o Tema 1.184 quanto a Resolução nº 547/2024 do CNJ determinam a observância da competência constitucional de cada ente federado. Significa dizer que, existindo Lei Municipal definindo o valor mínimo para ajuizamento de execução fiscal, a mesma deve ser utilizada como referência para verificar o interesse de agir. Nesse sentido, é pacífica a jurisprudência do TJRS: APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO TRIBUTÁRIO. EXECUÇÃO FISCAL . EXTINÇÃO POR AUSÊNCIA DE INTERESSE DE AGIR (TEMA Nº 1.184 DO STF C/C RESOLUÇÃO Nº 547/24 DO CNJ). IMPOSSIBILIDADE. AÇÃO PROPOSTA ANTERIORMENTE À ORIENTAÇÃO FIRMADA NO STF E NO CNJ. RESPEITO À COMPETÊNCIA CONSTITUCIONAL DO ENTE FEDERADO. SENTENÇA DESCONSTITUÍDA. 1. O ITEM 2 DA TESE FIRMADA NO TEMA Nº 1.184 DO STF (DISCIPLINADA PELOS ARTS. 2º E 3º DA RESOLUÇÃO Nº 547/24 DO CNJ) PREVÊ QUE O AJUIZAMENTO DA EXECUÇÃO FISCAL DE BAIXO VALOR DEPENDERÁ DA PRÉVIA TENTATIVA DE CONCILIAÇÃO OU SOLUÇÃO ADMINISTRATIVA E DO PROTESTO DA CDA. DESSE MODO, EM EXECUÇÃO FISCAL PROPOSTA ANTERIORMENTE À EDIÇÃO DO TEMA Nº 1.184 DO STF E DA RESOLUÇÃO Nº 547/24 DO CNJ, DESCABE EXIGIR DO ENTE PÚBLICO A COMPROVAÇÃO DE TAIS PROVIDÊNCIAS ADMINISTRATIVAS, UMA VEZ QUE, PELA SUA PRÓPRIA NATUREZA, ELAS DIZEM RESPEITO À ETAPA PRÉVIA AO AJUIZAMENTO DO PROCESSO DE EXECUÇÃO . 2. O ITEM 3 DA TESE FIRMADA NO TEMA Nº 1.184 DO STF RECONHECE A FACULDADE, E NÃO A OBRIGATORIEDADE, DE OS ENTES PÚBLICOS, NAS EXECUÇÕES FISCAIS JÁ EM CURSO, REQUEREREM AO JUÍZO A SUSPENSÃO DO PROCESSO PARA A EFETIVAÇÃO DAS PROVIDÊNCIAS ADMINISTRATIVAS ALTERNATIVAS À COBRANÇA JUDICIAL. 3. EM VISTA DO RESPEITO À COMPETÊNCIA CONSTITUCIONAL DE CADA ENTE FEDERADO, RECONHECIDO NO ITEM 1 DO TEMA Nº 1.184 DO STF E NO ART. 1º, CAPUT, DA RESOLUÇÃO Nº 547/24, NA HIPÓTESE EM QUE EXISTA LEGISLAÇÃO ESTADUAL OU MUNICIPAL ACERCA DA DISPENSA DA COBRANÇA E DA EXECUÇÃO DE CRÉDITOS PÚBLICOS DE BAIXO VALOR, CABE AO JUÍZO, PARA FINS DE EXAMINAR A FALTA DE INTERESSE DE AGIR, EMPREGAR O PARÂMETRO DE VALOR MÍNIMO ADOTADO PELO RESPECTIVO ENTE PÚBLICO — SALVO, À LUZ DA EFICIÊNCIA ADMINISTRATIVA, MANIFESTA IRRAZOABILIDADE OU DESPROPORCIONALIDADE DESSE PARÂMETRO. APELAÇÃO PROVIDA, SENTENÇA DESCONSTITUÍDA.(Apelação Cível, Nº 50062802820238210003, Vigésima Primeira Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Cláudio Luís Martinewski, Julgado em: 01-05-2025) APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. EXECUÇÃO FISCAL. IPTU. TCL. CRÉDITO DE MENOR EXPRESSÃO. EXTINÇÃO. VALOR MÍNIMO DEFINIDO EM LEI MUNICIPAL . TEMA 1.184 DO STF. RESOLUÇÃO 547 DO CNJ. SENTENÇA DESCONSTITUÍDA. 1. Caso em que o ente público municipal se insurge em face da extinção da execução fiscal, com fundamento na ausência de interesse processual. 2. Por ocasião do julgamento do RE nº 1355208, Tema 1.184 , o Supremo Tribunal Federal reconheceu a possibilidade de extinção de execução fiscal municipal de baixo valor, impondo a observância de requisitos. 3. Impossível, no entanto, a extinção do feito originário, com base no referido Tema e na Resolução 574/2024 do CNJ, considerando que o crédito tributário perfaz valor superior ao montante estabelecido pela lei municipal para a dispensa do ajuizamento da execução fiscal na data da propositura, não se afigurando irrisório. APELAÇÃO PROVIDA, EM DECISÃO MONOCRÁTICA. (Apelação Cível, Nº 50087516420238210052, Segunda Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Ricardo Torres Hermann, Julgado em: 14-02-2025) Verifico a existência de Lei Municipal nº 3.058/2002, vigente à época do ajuizamento, a qual define que: Art. 1º De conformidade com o que dispõe o artigo 14, e incisos, da Lei Complementar 101/2000, fica o Município autorizado a não ajuizar ações de execução fiscal cujo montante do débito seja igual ou inferior 150 URMs (cento e cinqüenta Unidades de Referência Municipal), em face de os mesmos representarem importância inferior aos respectivos custos de cobrança. Parágrafo único. O valor de que trata este artigo abrangerá o principal e acessórios inscritos em dívida ativa. No caso, a execução foi ajuizada em 2018, quando a URM equivalia a R$ 4,03 1 , e, portanto, 150URMs = R$ 604,50. Por outro lado, o valor do débito na data do ajuizamento totalizava R$ 11.373,31, superior ao montante estabelecido pela lei municipal para a dispensa do ajuizamento da execução fiscal. Deste modo, reconheço o interesse de agir do exequente e dou prosseguimento à execução. Intime-se o exequente para dizer do prosseguimento, juntando o cálculo atualizado, no prazo de 30 (trinta) dias. 1. Decreto nº 4.156/2018

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Processo nº 5000867-83.2025.4.04.7112

ID: 319259697

Tribunal: TRF4 Órgão: 3° Núcleo de Justiça 4.0 - RS Classe: PROCEDIMENTO DO JUIZADO ESPECIAL CíVEL Nº Processo: 5000867-83.2025.4.04.7112

Data de Disponibilização: 08/07/2025

Polo Ativo:

ALEXANDRE MACHADO TRAININI

Polo Passivo:

DESPACHO/DECISÃO

Advogados:

CARINE DA SILVEIRA

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PROCEDIMENTO DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL Nº 5000867-83.2025.4.04.7112/RS AUTOR : ALEXANDRE MACHADO TRAININI ADVOGADO(A) : CARINE DA SILVEIRA (OAB RS101629) DESPACHO/DECISÃO A parte autora alegou a pro… PROCEDIMENTO DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL Nº 5000867-83.2025.4.04.7112/RS AUTOR : ALEXANDRE MACHADO TRAININI ADVOGADO(A) : CARINE DA SILVEIRA (OAB RS101629) DESPACHO/DECISÃO A parte autora alegou a prorrogação da qualidade de segurado em razão do desemprego involuntário. Nos termos do art. 373, I, do Código de Processo Civil, é do autor o ônus probatório quanto ao fato constitutivo do seu direito. Assim, intime-se a parte autora para, no prazo de 10 (dez) dias, juntar documentos que demonstrem o desemprego involuntário, tais como termo de rescisão do contrato de trabalho, comprovante de percepção de seguro-desemprego ou de inscrição cadastral no Sistema Nacional de Emprego - SINE, entre outros, relativamente ao seu último vínculo empregatício. Ainda, em substituição à prova testemunhal, seja em audiência, seja mediante a reabertura do processo administrativo para a realização de justificação, deverá a parte autora, no aludido prazo, instruir o processo com o seguinte: a) declaração oral da parte autora, obtida por gravação em arquivo audiovisual; b) declaração oral de até 3 (três) testemunhas, devendo se iniciar pela ciência de que devem falar a verdade, sob as penas da lei, obtida por gravação em arquivo audiovisual. Deverão ser apresentados documentos pessoais recentes dos declarantes, com foto, que possibilitem o reconhecimento e a conferência pelo Juízo de sua identidade. A gravação deverá conter expressa ciência do declarante de que a prestação de informações falsas pode ensejar a adoção de providências para apuração de infração penal, com a extração de cópias dos autos e remessa ao Ministério Público Federal. Durante a colheita das declarações orais, não há necessidade de que os declarantes e advogados estejam no mesmo recinto, podendo ser feita por meio de gravação direta realizada pelo próprio declarante, ou pelo advogado, que poderá realizá-la por meio de aplicativos de videoconferência. Por fim, destaque-se que as gravações em arquivo audiovisual (até 70 MB, nas extensões MP4, WMV, MPG e MPEG) devem ser juntadas pelo procurador diretamente no Sistema Eproc. A duração máxima dos vídeos anexados aos autos deverá ser de 5 minutos, salvo justificada impossibilidade de se ater ao limite. A substituição da prova produzida em audiência por declarações gravadas em arquivo audiovisual, prestadas pela parte autora e por terceiros, seja através da gravação de vídeo, seja através de entrevista realizada pelo advogado com o uso de aplicativos de videoconferência, mostra-se admissível, pois, segundo entendimento doutrinário e jurisprudencial, o ordenamento jurídico vigente adotou o sistema do livre convencimento motivado ou da persuasão racional (arts. 369, 370 e 371 do Código de Processo Civil), do que decorre, dentre outras consequências, a relatividade das provas disponíveis e a admissibilidade de qualquer meio de prova, ainda que inexista previsão legal, excetuadas as hipóteses em que há expressa previsão em sentido contrário. Demais disso, a legislação processual não veda os meios atípicos de produção da prova, de modo que, embora a prova testemunhal em audiência seja o meio por excelência de produção da prova pessoal, não se descarta a possibilidade de que esta prova seja trazida aos autos por outros meios. Embora o direito à prova seja consectário direto do direito fundamental de acesso à justiça e do princípio do devido processo legal (art. 5º, XXXV e LIV, da Constituição Federal), inexiste direito a determinado meio de prova. Ainda, a apresentação de declarações atende aos princípios da efetividade, da eficiência, da proporcionalidade, da celeridade e da razoável duração do processo, porquanto permitirá o atingimento dos mesmos objetivos buscados com a produção da prova testemunhal, mas, também, que tais finalidades sejam alcançadas de forma mais célere, eficiente e menos dispendiosa. Registre-se que a adoção da prova testemunhal, em virtude da prática processual que se consolidou no dia-a-dia deste Juízo, não vem conferindo qualquer garantia adicional ao contraditório e à ampla defesa, se comparada com outros meios de prova, pois, por opção do próprio INSS, em virtude de questões relacionadas à sua estrutura organizacional, o contraditório é exercido sempre de modo diferido, abrindo-se prazo para manifestação da autarquia após a produção da prova, da qual não participa. Se a autarquia previdenciária não participa da produção da prova testemunhal, deixando de exercer o contraditório pleno e contemporâneo em sua plenitude, não se visualiza razão a justificar discrimen no que pertine à apresentação de declarações por parte de terceiros que, do mesmo modo, foram produzidas sem a participação do INSS. Não bastante, a deficiência estrutural verificada nas Agências da Previdência Social tem impedido a realização de justificação administrativa, ainda que requerida judicialmente. Por fim, a experiência de outras Varas Federais no âmbito da 4ª Região revela que o procedimento tem se mostrado eficiente, com resultados satisfatórios aos jurisdicionados sem detrimento da ampla defesa e do contraditório, além de ser bem aceito pela comunidade jurídica. Nesses moldes, considerando que o INSS não tem comparecido às audiências designadas, mesmo possuindo corpo jurídico estruturado e especializado, deve-se entender que não cabe a este Juízo abandonar a sua posição de imparcialidade em relação ao caso e se substituir ao INSS para formular perguntas em seu lugar, devendo ser observada a paridade de armas. Se o INSS opta pela formação da prova de forma unilateral ao não comparecer às audiências, os motivos para fazer qualquer distinção entre a prova oral colhida em juízo e a colhida pelo advogado da parte autora de forma regular se abrandam. Após, intime-se a parte ré para manifestação em 5 (cinco) dias, oportunidade em que, nos termos da fundamentação, e caso opte por comparecer em audiência no juízo para contrapor a formação da prova oral produzida pela parte autora, deverá formular requerimento nesse sentido, sob pena de se entender preclusa e válida a prova na forma determinada por esta decisão. Por fim, retornem conclusos.

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Saulo Jose Eduardo x Sindicato Nacional Dos Aposentados, Pensionistas E Idosos Da Forca Sindical

ID: 277335766

Tribunal: TJMG Órgão: 2ª Vara Cível da Comarca de Caratinga Classe: PROCEDIMENTO COMUM CíVEL Nº Processo: 5000867-80.2025.8.13.0134

Data de Disponibilização: 23/05/2025

Polo Ativo:

SAULO JOSE EDUARDO

Polo Passivo:

SINDICATO NACIONAL DOS APOSENTADOS, PENSIONISTAS E IDOSOS DA FORCA SINDICAL

Intimação

Advogados:

DORIANE MENDES VIEIRA

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MARIANA CATARINA DA SILVA VIDAL

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ANTONIO DE MORAES DOURADO NETO

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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DE MINAS GERAIS Justiça de Primeira Instância Comarca de Caratinga / 2ª Vara Cível da Comarca de Caratinga Rua Luiz Antônio Bastos Cortes, 16, Santa Zita, Caratinga - MG - … PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DE MINAS GERAIS Justiça de Primeira Instância Comarca de Caratinga / 2ª Vara Cível da Comarca de Caratinga Rua Luiz Antônio Bastos Cortes, 16, Santa Zita, Caratinga - MG - CEP: 35300-274 58PROCESSO Nº: 5000867-80.2025.8.13.0134 CLASSE: [CÍVEL] PROCEDIMENTO COMUM CÍVEL (7) ASSUNTO: [Abatimento proporcional do preço] AUTOR: SAULO JOSE EDUARDO CPF: 181.014.106-00 RÉU: SINDICATO NACIONAL DOS APOSENTADOS, PENSIONISTAS E IDOSOS DA FORCA SINDICAL CPF: 04.040.532/0001-03 SENTENÇA Vistos, etc. SAULO JOSÉ EDUARDO, qualificado(a) nos autos, ajuizou a presente ação indenizatória em face de SINDICATO NACIONAL DOS APOSENTADOS, PENSIONISTAS E IDOSOS DA FORCA SINDICAL, também qualificado(a), alegando, em síntese, que ao consultar seu HISCON identificou descontos indevidos realizados pela parte ré em seu benefício previdenciário. Aduz que não celebrou nenhum contrato com à parte ré. Narra que tentou resolver o problema na esfera administrativa, porém não logrou êxito. Tece considerações sobre a ilegalidade do ato praticado. Ao final, requer seja declarada a inexistência do negócio jurídico, a condenação da parte ré a lhe restituir em dobro os valores descontados indevidamente e ao pagamento de indenização por danos morais. Juntou documentos. A parte ré apresentou contestação no ID 10389985550, alegando, preliminarmente, impugnação à justiça gratuita, falta de interesse de agir e inépcia da inicial. No mérito, sustenta, em síntese, que a parte autora celebrou contrato com a ré. Impugna o pedido de repetição de indébito em dobro e de indenização por danos morais. Ao final, pugna pela improcedência dos pedidos formulados na inicial. Subsidiariamente, requereu a devolução simples dos valores descontados, bem como a observância aos princípios da proporcionalidade e da razoabilidade no arbitramento do valor indenizatório. Juntou documentos. Impugnação à contestação no ID 10404246487. É o relatório. DECIDO. Inicialmente, tendo em vista que as partes deixaram de apresentar rol de testemunhas no prazo fixado, não pugnaram pela produção de prova pericial, bem como não restou comprovado nos autos o pagamento da diligência do Sr. Oficial de Justiça para intimação pessoal da parte autora, dou por preclusa a produção da prova oral e pericial. Via de consequência, cancelo a audiência de instrução designada. Em relação ao pedido de produção de prova pericial realizado pela parte autora, tenho que se mostra desnecessário, uma vez que as provas jungidas aos autos foram suficientes para a formação do convencimento deste julgador. Destarte, sendo o juízo o destinatário direto da prova, indefiro o pedido em conformidade com o art. 370 do CPC. Passo à análise das preliminares suscitadas. No tocante à alegação de indevida concessão da gratuidade de justiça, sem razão a parte ré. Isso porque, para o deferimento da gratuidade de justiça não se exige o estado de penúria ou miséria absoluta, mas pobreza na acepção jurídica do termo. Vale ponderar, por se tratar de ônus probatório que lhe competia, certo é que a parte ré não comprovou nos autos que a parte autora tem condições de pagar as despesas do processo sem prejuízo de seu próprio sustento. Rejeito a preliminar. Quanto à preliminar de ausência de interesse de agir por não ter procurado solucionar o problema administrativamente, verifico que a parte ré não concorda com a pretensão da parte autora na esfera judicial. Logo, entendo que a parte ré também não concordaria administrativamente com o pleito da parte autora. Ademais, além de a parte autora ter realizado reclamação administrativa sem êxito (ID 10378660720), uma vez que a parte ré alegou em sua defesa fato extintivo, modificativo ou impeditivo do direito da parte autora, restou comprovado o interesse de agir. Rejeito a preliminar. Com relação à preliminar da inépcia da inicial, tenho que não merece prosperar. À luz do art. 320 do CPC, a petição inicial deve ser instruída com os documentos imprescindíveis à propositura da ação, sendo que além da documentação legalmente exigida, incumbe à parte autora instruir a inicial com documentos indispensáveis a viabilizar ao julgador a materialidade do direito invocado. Contudo, o comprovante de endereço em nome da parte autora não se enquadra como documentação indispensável à propositura da ação. Quanto à alegação de ausência de planilha de cálculos, também não assiste razão à parte ré, uma vez que a parte autora apresentou a planilha (ID 10378603936). Ademais, o valor exato dos descontos é apurado em eventual fase de cumprimento de sentença. Rejeito a preliminar. Passo ao julgamento do mérito. No caso em comento, incontroverso que a parte ré realizou descontos no benefício previdenciário da parte autora. Diante da negativa da parte autora em ter contratado, transfere-se à parte ré o ônus de comprovar a regular contratação, por se tratar de fato negativo. No caso sob exame, a parte ré acostou aos autos os documentos intitulados “Autorização”; “Termo de Adesão” e “Ficha de Sócio SINDNAPI”; (ID 10390011135 – Pág. 1/2), os quais descrevem os dados básicos do contrato. Ademais, nota-se que foram juntados pela parte ré documento pessoal da parte autora, foto tirada no momento da contratação, bem como gravação da voz da parte autora (ID’s 10390011136, 10390011137 e 10389985550 - Pág. 7). Quanto a este ponto, cumpre desde já salientar que a parte autora não impugnou a autenticidade da gravação, de forma que se presume que a conversa é entre a parte autora e o(a) preposto(a) da parte ré. Ressalta-se que a parte autora limitou-se a alegar que teria repetido frases sem compreensão real do falado. Por outro lado, em detida análise do áudio, é possível ouvir claramente o que está sendo ofertado à parte autora, isto é, a sua filiação à associação. Ainda, o(a) preposto(a) da parte ré declinou o nome da parte autora, bem como mencionou onde os descontos seriam feitos, sendo que na gravação é possível ouvir a parte autora concordando com a contratação. Desse modo, com a devida vênia, resta evidente da gravação que a proposta foi feita corretamente, sem pressa, tendo a parte autora anuído com a contratação. Com efeito, desnecessária a apresentação de contrato assinado pela parte autora, pois a prova da contratação no caso sob exame se fez por meio de gravação de áudio. Cumpre salientar, em que pese a parte autora ser aposentada, tal situação não a torna incapaz de praticar atos na vida civil. Inclusive, a parte autora é pessoa alfabetizada e não há nada nos autos que indique ela ser portadora de algum problema intelectual que comprometa o seu discernimento quanto aos atos que estava praticando no momento da gravação. Assim, diante da prova produzida, não há que se falar em conduta abusiva da parte ré ao efetuar os descontos mensais no benefício previdenciário da parte autora. Neste sentido já decidiu o TJMG: “APELAÇÕES CÍVEIS - AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS - SERVIÇOS DE TELEFONIA - DEMONSTRAÇÃO DO VÍNCULO JURÍDICO E DO DÉBITO - NÃO COMPROVAÇÃO DO PAGAMENTO - INSCRIÇÃO CADASTRO INADIMPLENTES - EXERCÍCIO REGULAR DE DIREITO - DANO MORAL - NÃO CONFIGURAÇÃO. - Não obstante as faturas e telas de sistemas sejam produzidas unilateralmente, quando analisadas em conjunto com outros elementos de prova, possuem força probante. - Não há que se falar em conduta abusiva da empresa de telefonia diante da comprovação de contratação de seus serviços por meio de gravação de áudio, uma vez que há a concordância expressa da 1ª apelante e a confirmação de dados pessoais condizentes com aqueles apresentados na inicial. - Demonstrada a existência do vínculo jurídico entre as partes, o débito e não tendo sido comprovado seu pagamento, a inscrição do nome da 1ª apelante em cadastro de inadimplentes se trata de exercício regular de direito. - Ausentes os pressupostos da responsabilidade civil nos termos dos artigos 186 e 927 do CC (dano, ato ilícito e nexo causal), não há que se falar em dever de indenizar”. (TJMG - Apelação Cível 1.0000.23.101155-2/001, Relator(a): Des.(a) Sérgio André da Fonseca Xavier , 18ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em 08/08/2023, publicação da súmula em 09/08/2023) Grifos deste julgador. Portanto, tendo a parte ré se desincumbido do seu ônus probatório, comprovando a contratação, não vislumbro ilegalidade nos descontos que fez no benefício previdenciário da parte autora. Isto posto, JULGO IMPROCEDENTES os pedidos iniciais. Por conseguinte, JULGO EXTINTO o processo, nos termos do art. 487, I, do CPC. Condeno a parte autora ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios que fixo em 10% (dez por cento) do valor atualizado da causa, ficando suspensa a exigibilidade por litigar sob o pálio da justiça gratuita. Transitada em julgado, autos ao arquivo, com baixa. P. R. I. Caratinga, na data da assinatura digital. ALEXANDRE FERREIRA Juiz de Direito Documento assinado digitalmente

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Erinalva Batista Dos Santos e outros x Elizeu Lima De Sousa

ID: 260250467

Tribunal: TJPI Órgão: 1ª Vara Cível da Comarca de Teresina Classe: PROCEDIMENTO COMUM CíVEL Nº Processo: 0832340-22.2021.8.18.0140

Data de Disponibilização: 25/04/2025

Polo Ativo:

ERINALVA BATISTA DOS SANTOS JOSE RIBAMAR ALVES DOS SANTOS

Polo Passivo:

ELIZEU LIMA DE SOUSA

Intimação

Advogados:

MANOEL AZENRALDO DA SILVA

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IVANA POLICARPO MOITA

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IVANA POLICARPO MOITA

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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PIAUÍ 1ª Vara Cível da Comarca de Teresina DA COMARCA DE TERESINA Praça Edgard Nogueira, s/n, Cabral, TERESINA - PI - CEP: 64000-830 PROCESSO Nº: 0832340-22.2021.8.18.01… PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PIAUÍ 1ª Vara Cível da Comarca de Teresina DA COMARCA DE TERESINA Praça Edgard Nogueira, s/n, Cabral, TERESINA - PI - CEP: 64000-830 PROCESSO Nº: 0832340-22.2021.8.18.0140 CLASSE: PROCEDIMENTO COMUM CÍVEL (7) ASSUNTO(S): [Acidente de Trânsito, Acidente de Trânsito] AUTOR: ERINALVA BATISTA DOS SANTOS, JOSE RIBAMAR ALVES DOS SANTOS REU: ELIZEU LIMA DE SOUSA SENTENÇA Vistos. 1. RELATÓRIO Trata-se o presente feito de AÇÃO INDENIZATÓRIA DE DANOS POR ACIDENTE DE TRÂNSITO C/C. LUCROS CESSANTES proposta por ERINALVA BATISTA DOS SANTOS e JOSÉ RIBAMAR ALVES DOS SANTOS em desfavor de ELIZEU LIMA DE SOUSA, todos devidamente qualificados nos autos. Aduz a parte autora que no dia 27/07/2021, por volta das 21h30, na PI-130, próximo à escola Dom Fidelon, o réu, dirigindo um Gol 1.0 prata, invadiu a preferencial e colidiu frontalmente com duas motocicletas, pilotadas pelos autores. Aduz ainda, que eles foram socorridos pelo SAMU e levados ao HUT de Teresina, tendo o réu não prestado socorro. Requer, a condenação do réu em danos materiais e morais, além de lucros cessantes aos autores. Contestações impugnando os pedidos da parte autora. Réplica com reafirmações iniciais. Audiência de instrução e julgamento realizada, com apresentação de alegações finais orais. É o sucinto relatório. Decido. 2.FUNDAMENTAÇÃO 2.1. DOS DANOS MATERIAIS Os danos materiais consistem em todo decréscimo patrimonial que adveio do evento danoso, devendo ser indenizados todos os valores despendidos com qualquer atendimento ou tratamento, médico, hospitalar, medicamentoso, fisioterápico ou terapêutico, além de materiais adquiridos para higiene e conforto do acidentado, relativos às lesões sofridas. A parte autora apenas juntou aos autos orçamentos e notas fiscais das despesas geradas pelo acidente, no valor de R$ 162,50 (cento e sessenta e dois reais e cinquenta centavos). Para que se imponha o pagamento de indenização por dano material, a condenação deve se reportar ao valor do efetivo prejuízo experimentado pela vítima, de forma a se evitar o locupletamento ilícito de parte a parte. Contudo, apesar de se vislumbrar a continuidade de tratamento medicamentoso e fisioterápico em decorrência das lesões dos autores, não existem nos autos elementos suficientes para a formação do juízo de convicção sobre quantum debeatur dos danos experimentados pelos requerentes, de forma a se proceder a condenação da requerida em valor certo e líquido, apenas do valor efetivamente comprovado nos autos de R$ 162,50 (cento e sessenta e dois reais e cinquenta centavos). 2.2 DOS DANOS MORAIS No que tange aos alegados danos morais, estes são indubitáveis. Na lição de Judith Martins Costa a respeito dos danos morais, “são indenizáveis os prejuízos que violam a esfera existencial da pessoa humana, considerada em sua irredutível subjetividade e dignidade, eis que dotada de personalidade singular e por isto mesmo titular de atributos e de interesses não mensuráveis economicamente.” Nesse sentido: CIVIL - RESPONSABILIDADE CIVIL - ACIDENTE DE TRÂNSITO - LESÕES GRAVES - DANOS MORAIS - COMPROVAÇÃO - QUANTUM - MANUTENÇÃO 1 A dor íntima motivada pelos efeitos do acidente - dor física, abalo psíquico e demais consequências do tratamento -, por si só, acarreta a indesviável presunção de dano moral, circunstância autorizativa da imposição indenizatória. 2 Na fixação dos danos morais, deve o julgador, na falta de critérios objetivos, estabelecer o quantum indenizatório com prudência, de modo que sejam atendidas as peculiaridades e a repercussão econômica da reparação, devendo esta guardar proporcionalidade com o grau de culpa e o gravame sofrido. DANOS ESTÉTICOS - DEFORMIDADES VISÍVEIS - CICATRIZ EXTENSA - COMPROVAÇÃO - MAJORAÇÃO Para a caracterização do dever de indenizar danos estéticos há a necessidade da comprovação de cicatrizes ou marcas definitivas que causem enfeiamento e diminuem a autoestima da vítima. PENSÃO ALIMENTÍCIA - PRESSUPOSTO - INCAPACIDADE - CC, ART. 950 - AUSÊNCIA - IMPROCEDÊNCIA DO PEDIDO Em atendimento ao disposto no art. 950 do Código Civil, para que se faça presente o dever de pagar pensão mensal vitalícia, imprescindível resultar do evento danoso incapacidade para o exercício de atividade laboral. (TJSC, Apelação n. 5000867-33.2019.8.24.0054, do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, rel. Luiz Cézar Medeiros, Quinta Câmara de Direito Civil, j. Tue Jun 07 00:00:00 GMT-03:00 2022).(TJ-SC - APL: 50008673320198240054, Relator: Luiz Cézar Medeiros, Data de Julgamento: 07/06/2022, Quinta Câmara de Direito Civil). Inexiste parâmetro objetivo para quantificar o valor de uma indenização por dano moral, ainda mais quando se está diante de acidente de trânsito que traz sequelas físicas aos autores, escoriações, o que indiscutivelmente traz sofrimento e transtornos não apenas à vítima, mas também aos seus familiares. Dessa forma, analisando as circunstâncias do caso em concreto, com o fim de punir o ofensor, tendo em vista o seu caráter pedagógico, e compensar o ofendido pelos danos sofridos, sem ocasionar enriquecimento ilícito e estimulação de repetição do ato do ofensor, fixo o dano moral em R$ 10.000,00 (dez mil reais) para cada um dos autores, com correção monetária pelo índice da Justiça Federal, a partir deste arbitramento, e juros de mora de 1% ao mês, contados a partir do evento danoso (data do acidente). 2.3. DOS LUCROS CESSANTES. Os lucros cessantes são os valores que a parte deixa de lucrar em virtude de determinada situação, na forma do art. 402, CC. Adequando-se ao caso em concreto, trata-se de eventuais valores que se deixou de auferir por ocasião do acidente sofrido, não tendo os autores trazido aos autos a prova constitutiva do seu direito. Com efeito, o estabelecimento de indenização por lucros cessantes exige comprovação objetiva de que os lucros seriam realizados sem a interferência do evento danoso, nos termos do art.402, CC. Nesse sentido: EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR ACIDENTE AUTOMOBILÍSTICO - CULPA PELO SINISTRO E DANO MATERIAL - MATÉRIAS NÃO IMPUGNADAS - DANO MORAL - CARACTERIZAÇÃO - DEVER DE INDENIZAR- DANO ESTÉTICO NÃO COMPROVADO. Aquele que tem sua saúde e bem estar atingidos suporta constrangimento íntimo, abalo emocional e violação de seus atributos personalíssimos. Na espécie, a autora inesperadamente se viu envolvida em acidente, sofrendo lesões que a afastaram de suas atividades rotineiras por prazo superior a dois meses. Em tais condições tenho que evidenciado o dano moral. Sobre o dano estético, descabida sua fixação à míngua de qualquer prova de sequela e modificação da aparência natural da autora. Não obstante oportunizada a dilação probatória, a demandante não requereu a necessária prova pericial médica, que atestaria a atualidade e extensão de lesões e prejuízos estéticos. As fotos acostadas não demonstram a situação da lesão de forma consolidada, não comprovando a existência de cicatriz ou deformidade permanente que configure modificação estética que leve aos danos estéticos indenizáveis. Ademais, percebe-se ainda que a alegada cicatriz estaria em local discreto e quase imperceptível, não gerando qualquer dano à estética da autora.(TJ-MG - AC: 10000221194442001 MG, Relator: Baeta Neves, Data de Julgamento: 31/08/2022, Câmaras Cíveis / 17ª CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: 01/09/2022). Conclui-se, assim, pela inexistência de LUCRO CESSANTE. Portanto, ausente um dos requisitos legais para a configuração da responsabilidade civil, previstos no art. 927, CC, não há direito de indenização. Do exposto, com fulcro no art. 487, I, CPC, julgo PARCIALMENTE PROCEDENTE a demanda, CONDENANDO O RÉU, nos seguintes termos: I. RESTITUIR O VALOR DE R$ 162,50 (cento e sessenta e dois reais e cinquenta centavos), atualizado com correção monetária, pelo índice da Justiça Federal, a partir do efetivo pagamento, e juros de mora de 1% ao mês, a contar da citação inicial. II. DETERMINO O PAGAMENTO A TÍTULO DE DANO MORAL NO VALOR DE R$ 10.000,00 (dez mil reais) para cada um dos autores, com correção monetária pelo índice da Justiça Federal a contar deste arbitramento e juros de mora de 1% ao mês. II- CUSTAS JUDICIAIS E HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS EM 10% SOBRE O VALOR DA CONDENAÇÃO. De outro lado, INDEFIRO A INDENIZAÇÃO POR LUCRO CESSANTE. PUBLIQUE-SE. INTIMEM-SE. Após o trânsito em julgado, INTIMEM-SE O RÉU para pagamento das custas processuais. Decorrido o prazo sem pagamento, expeça-se certidão de não pagamento, encaminhando ao FERMOJUPI para fins de cobrança e/ou inscrição em dívida ativa, bem como negativação no SERASAJUD por ordem deste juízo. TERESINA-PI, 2 de abril de 2025. Juiz(a) de Direito da 1ª Vara Cível da Comarca de Teresina

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Processo nº 5000867-48.2024.8.13.0059

ID: 256843334

Tribunal: TJMG Órgão: Juizado Especial da Comarca de Barroso Classe: Procedimento do Juizado Especial da Fazenda Pública Nº Processo: 5000867-48.2024.8.13.0059

Data de Disponibilização: 15/04/2025

Polo Ativo:

Polo Passivo:

PICININ VEICULOS S/A

Intimação

Advogados:

RAQUEL GOLDNER PICININ

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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DE MINAS GERAIS Justiça de Primeira Instância Comarca de Barroso / Juizado Especial da Comarca de Barroso Praça Sant'Ana, 120 (2º), Centro, Barroso - MG - CEP: 36212-000 PR… PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DE MINAS GERAIS Justiça de Primeira Instância Comarca de Barroso / Juizado Especial da Comarca de Barroso Praça Sant'Ana, 120 (2º), Centro, Barroso - MG - CEP: 36212-000 PROCESSO Nº: 5000867-48.2024.8.13.0059 CLASSE: [CÍVEL] PROCEDIMENTO DO JUIZADO ESPECIAL DA FAZENDA PÚBLICA (14695) ASSUNTO: [Obrigação de Fazer / Não Fazer] AUTOR: FABRICIO GLEYSON CERQUEIRA DA COSTA CPF: 040.114.836-05 RÉU: ESTADO DE MINAS GERAIS CPF: 18.715.615/0001-60 e outros SENTENÇA FABRÍCIO GLEYSON CERQUEIRA DA COSTA, por meio de atermação, ajuíza a presente ação contra o ESTADO DE MINAS GERAIS, bem como contra a PICININ VEÍCULOS S.A. (APEC FIAT), alegando, em apertada síntese, que adquiriu um veículo, porém ao tentar fazer a transferência de propriedade, deparou-se com uma “restrição de recall” que impediu a perfectibilização do ato. Alega que foi orientado pela Polícia Civil a contatar a FIAT para agendar um atendimento e dar baixa na restrição, e assim o fez, tendo a atendente da FIAT informado que seria necessário aguardar 15 (quinze) dias para dar baixa no sistema. Transcorrido o prazo, o requerente tentou novamente transferir a propriedade, porém verificou que a baixa havia sido dada apenas junto ao SENATRAN, mas não junto ao DETRAN/MG, e em vista disso procurou novamente a FIAT, mas foi informando que tudo o que competia à Concessionária fazer, já havia sido feito e, portanto, agora, deveria diligenciar junto aos órgãos de trânsito. Ao procurar o DETRAN e o SENATRAN, ambos apontaram para a responsabilidade da FIAT. Independentemente, fato é que até a presente data não foi dada baixa na restrição e o veículo encontra-se no nome do antigo proprietário, estando, o autor, impedido de exercer plenamente os seus direitos de propriedade sobre o bem. Diante do exposto, ajuíza a presente ação, pugnando pela condenação dos requeridos à obrigação de fazer de realizar a baixa da restrição de recall e transferir o veículo objeto dos autos. Concedida liminar de baixa da restrição de recall ao ID n. 10257165578. Dispensado o relatório, ex vi do art. 38 da Lei 9.099/95. Cinge-se a controvérsia em verificar se os requeridos podem ser responsabilizados a eventual baixa no recall e, consequente transferência do veículo. Inicialmente, cabe afastar a preliminar arguida pela ré PICININ VEÍCULOS S.A. (APEC FIAT), em sede de contestação, no tocante à ilegitimidade passiva, uma vez que a presente preliminar se confunde com o mérito, sendo necessário analisar se a concessionária cumpriu com sua obrigação de comunicação do reparo, afastando-se, assim, sua responsabilidade. Inexistentes demais preliminares e/ou questões prejudiciais a serem apreciadas, passo ao julgamento antecipado do mérito ante a expressa dispensa das partes na produção de demais provas, vide ID n. 10355569605 e n. 10369698672. Como se sabe, no microssistema dos Juizados Especial admite-se a aplicação subsidiária do artigo 373 do Código de Processo Civil, o qual estatui que ônus da prova incumbe ao autor quanto ao fato constitutivo de seu direito, e ao réu quanto a existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor, acrescentando o artigo 369 do mesmo diploma legal, que todos os meios legais, bem como os moralmente legítimos, são hábeis para provar a veracidade dos fatos em que se funda a ação ou a defesa. A esse respeito, Nelson Nery Júnior e Rosa Maria de Andrade Nery, lecionam: "Ônus da prova. A palavra vem do latim, ônus, que significa carga, fardo, peso, gravame. Não existe obrigação que corresponda ao descumprimento do ônus. O não atendimento do ônus de provar coloca a parte em desvantajosa posição para a obtenção do ganho de causa. A produção probatória, no tempo e na forma prescrita em lei, é ônus da condição de parte." (in "Código de Processo Civil Comentado e Legislação Extravagante", Editora Revista dos Tribunais, 7ª edição, 2003). Na mesma toada, o professor Fredie Didier Jr. observa: "As regras do ônus da prova não são regras de procedimento, não são regras que estruturam o processo. O ônus da prova é regra de juízo, isto é, de julgamento, cabendo ao juiz, quando da prolação da sentença, proferir julgamento contrário àquele que tinha o ônus da prova e dele não se desincumbiu. O sistema não determina quem deve produzir a prova, mas sim quem assume o risco caso ela não se produza. As regras de distribuição dos ônus da prova são regras de juízo: orientam o juiz quando há um non liquet em matéria de fato e constituem, também, uma indicação às partes quanto à sua atividade probatória. (in Curso de direito processual civil. 4. ed. Salvador: Juspodivm, 2009. v.2. f. 76.). Para comprovar a probabilidade do seu direito, o autor juntou, entre outros documentos, ao id. 10256942091 documento comprovando que o veículo está com restrição de recall pendente; id. 10256949037, CRLV de 2023 em nome do antigo proprietário, laudo de vistoria constando a aprovação da avaliação e comunicação de venda; ao id. 10256920760 consta comprovante de comparecimento e execução das campanhas de chamamento (recall) n° 8553 e 8553; ao id. 10256946487 consta e-mail do Detran, datado de 11/06/2024 apontando que o veículo com placas PYU8H27 ainda estava com “registro de recall em aberto”. O EMG, por sua vez, contesta genericamente os fatos, apontando ao autor o ônus de transferência do veículo. A concessionária requerida, aponta uma falha de comunicação entre o Senatran e o Detran/MG, uma vez que cumpriu com suas obrigações de efetuar todos os procedimentos desde do serviço de recall até o envio correto das informações para a montadora. Juntou nota fiscal do serviço prestado ID n. 10272973978; inspeção veículo ID n. 10272965842; ordem de serviço 9532 ID n. 10272960263 e n. 10272968136. Pois bem. Sem mais delongas, entendo que a concessionária requerida cumpriu com seu ônus, apresentando fato impeditivo do direito do autor. Lado outro, o EMG além de contestar genericamente os fatos, apresenta documento do Senatran demonstrando a inexistência de pendência e documentação referente ao serviço prestado pela empresa (ID n. 10328874769), a corroborar a alegação da concessionária requerida. Como se não bastasse, o EMG, apenas por força da liminar concedida, sanou a pendência do Recall e, efetuou a transferência do veículo para o requerente ID n. 10352598259. O artigo 134 do CTB, exige que em sendo expirado o prazo previsto no § 1º do art. 123 deste Código sem que o novo proprietário tenha tomado as providências necessárias à efetivação da expedição do novo Certificado de Registro de Veículo, o antigo proprietário deverá encaminhar ao órgão executivo de trânsito do Estado ou do Distrito Federal, no prazo de 60 (sessenta) dias, cópia autenticada do comprovante de transferência de propriedade, devidamente assinado e datado, sob pena de ter que se responsabilizar solidariamente pelas penalidades impostas e suas reincidências até a data da comunicação. Do que restou comprovado nos autos, o requerente tomou todas as providências necessárias para reparação do recall e transferência de titularidade do veículo. No mesmo sentido à concessionária ré, cumpriu o ônus que lhe incumbia, uma vez que realizou o reparo e efetuou a comunicação. Sendo que, a transferência da titularidade, só não foi efetivada devido a pendência no sistema do Detran/MG. Deste modo, ante a ausência de culpa ou responsabilidade no fato danoso, afasto a responsabilidade da ré PICININ VEÍCULOS S.A. (APEC FIAT). No mais, JULGO PROCEDENTES os pedidos iniciais, com resolução de mérito, nos termos do art. 487, inciso I, do Código de Processo Civil, para condenar, tão somente, o ESTADO DE MINAS GERAIS, a obrigação de fazer de realizar a baixa da restrição de recall apontada no veículo FIAT/MOBI EASY, placa PYU8H27, cor branca, chassi: 9BD341A4XHY448580 e transferi-lo à propriedade do requerente FABRÍCIO GLEYSON CERQUEIRA DA COSTA. Ratifico, assim, a liminar ID n. 10257165578. Considerando que a sentença é de cumprimento imediato, pois em virtude da concessão de tutela de urgência, noticiou-se o cumprimento do procedimento ID n. 10352617770 e ss, após o trânsito em julgado, intime-se o requerente para informar se a obrigação foi devidamente satisfeita, no prazo de 10 (dez) dias, sendo advertido de que o seu silêncio implicará presunção de cumprimento e, consequentemente, a extinção do feito. Sem custas e honorários, conforme art. 54 e 55 da Lei 9.099/95. Sendo interposto recurso, que seja a outra parte intimada para apresentar contrarrazões, remetendo-se os autos Turma Recursal, sem nova conclusão. Não havendo manifestação, certifique-se o trânsito em julgado e remeta-se os autos ao arquivo, com baixa no sistema. P.R.I.C. Barroso, data da assinatura eletrônica. TATIANA DE MOURA MARINHO Juiz(íza) de Direito Juizado Especial da Comarca de Barroso

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Isabel Cristina De Sousa e outros x Cassia Felix Silva Barbosa e outros

ID: 291682246

Tribunal: TJMG Órgão: 1ª Vara Cível, Criminal e de Execuções Penais da Comarca de Lagoa da Prata Classe: PROCEDIMENTO COMUM CíVEL Nº Processo: 5005135-16.2023.8.13.0372

Data de Disponibilização: 06/06/2025

Polo Ativo:

ISABEL CRISTINA DE SOUSA JOAO ALVES DA SILVA

Polo Passivo:

CASSIA FELIX SILVA BARBOSA FABRICIO DAVI SILVA SILVA & FELIX EMPREENDIMENTOS IMOBILIARIOS LTDA

Intimação

Advogados:

CAROLINE APARECIDA MOTA DE ANDRADE E SOUZA

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NADIA HANDAN LEITE

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UILIAN DUARTE ALVES

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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DE MINAS GERAIS Justiça de Primeira Instância Comarca de Lagoa Da Prata / 1ª Vara Cível, Criminal e de Execuções Penais da Comarca de Lagoa da Prata Rua Olegário Maciel, 14… PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DE MINAS GERAIS Justiça de Primeira Instância Comarca de Lagoa Da Prata / 1ª Vara Cível, Criminal e de Execuções Penais da Comarca de Lagoa da Prata Rua Olegário Maciel, 1421, São José, Lagoa Da Prata - MG - CEP: 35590-260 PROCESSO Nº: 5005135-16.2023.8.13.0372 CLASSE: [CÍVEL] PROCEDIMENTO COMUM CÍVEL (7) ASSUNTO: [Rescisão do contrato e devolução do dinheiro, Indenização por Dano Moral, Indenização por Dano Material] AUTOR: JOAO ALVES DA SILVA CPF: 768.746.726-49 e outros RÉU: CASSIA FELIX SILVA BARBOSA CPF: 864.374.536-72 e outros SENTENÇA Trata-se de Ação de Rescisão Contratual e Devolução de Quantias Pagas com Pedido de Tutela de Urgência c/c Indenização por Danos Materiais e Morais ajuizada por Isabel Cristina de Sousa e João Alves da Silva em face de Cássia Félix Silva Barbosa, Fabrício Davi Silva e Silva & Félix Empreendimentos Imobiliários Ltda. A parte autora narrou, em síntese, que em 4/2/2021, firmou com os requeridos Instrumento Particular de Compra e Venda de Imóvel Rural, tendo como objeto um terreno rural com área de 1000m², situado na localidade denominada Fazenda Capetinga, na Zona Rural do município de Luz/MG, pelo preço certo e ajustado de R$ 45.000,00, a ser pago mediante uma entrada de R$ 4.500,00 e 60 parcelas mensais de R$ 675,00. Afirmou ter efetuado o pagamento da entrada e de 31 parcelas até setembro de 2023, totalizando R$ 25.425,00. Relatou que lhe foi concedida a posse imediata do imóvel, com autorização para realizar edificações e benfeitorias. Sustentou que, ao visitar o local, foi surpreendida com a notícia de que o chacreamento se encontrava interditado pelo Município de Luz, em razão de irregularidades no parcelamento do solo, o que não lhe foi previamente informado pelos requeridos, que não houve licenciamento ambiental ou aprovação do empreendimento pela Prefeitura Municipal de Luz e que tramitam duas Ações Civis Públicas perante a referida comarca (processos nº 5001632-70.2022.8.13.0388 e nº 5000634-68.2023.8.13.0388), buscando a regularização das irregularidades, a paralisação das vendas e o impedimento de construções, havendo, em uma delas, pedido de demolição das construções já realizadas. Diante da irregularidade do empreendimento e da impossibilidade de utilizar o imóvel para a finalidade pretendida (moradia), requereu a rescisão do contrato, a devolução integral dos valores pagos, a aplicação da multa contratual de 20% (vinte por cento) sobre o valor do contrato, e a condenação dos requeridos ao pagamento de indenização por danos morais. Os benefícios da justiça gratuita foram deferidos à parte autora, e foi autorizada a realização de depósito judicial das parcelas vincendas a partir de outubro de 2023 (id 10067242601). Os requeridos apresentaram contestação conjunta no id 10365244401. Inicialmente, impugnaram a gratuidade judiciária concedida aos autores. No mérito, defenderam a validade do contrato, sustentando que não houve vício na formação do negócio jurídico e que o objeto é lícito e possível. Alegaram que a interdição do chacreamento decorre de medidas judiciais supervenientes e alheias à sua conduta, e que estão buscando a regularização da área. Afirmaram que os autores estão na posse do imóvel e podem utilizá-lo, o que afastaria a devolução integral dos valores pagos e configuraria enriquecimento sem causa dos autores caso o pedido fosse procedente. Impugnaram o pedido de danos morais, aduzindo que os fatos narrados configuram mero aborrecimento. A parte autora apresentou impugnação à contestação no 10380884763. Intimadas para especificação de provas, ambas as partes manifestaram não terem outras provas a produzir, requerendo o julgamento antecipado da lide (ids 10386394284, 10390651931). Vieram os autos conclusos. Decido. Inicialmente, cumpre analisar a preliminar de impugnação à justiça gratuita. A parte requerida impugnou o benefício concedido aos autores, alegando que os pagamentos efetuados no contrato demonstram capacidade financeira. Contudo, a decisão de id 10067242601 já havia deferido a gratuidade da justiça com base na hipossuficiência dos requerentes, conforme documentação acostada à inicial (ids 10032040450 a 10032035805). Entendo que a mera realização de pagamentos de parcelas de um contrato, por si só, não afasta a condição de hipossuficiência, especialmente quando os valores despendidos comprometem o sustento da parte, como alegado pelos autores. Ademais, os requeridos não trouxeram aos autos qualquer elemento concreto capaz de infirmar a presunção de veracidade da declaração de pobreza ou de alterar o convencimento já formado por este Juízo. Portanto, rejeito a preliminar de impugnação à justiça gratuita. Passo ao exame do mérito. A controvérsia principal reside na validade do contrato de compra e venda de fração de imóvel rural para fins de chacreamento e nas consequências jurídicas de eventual irregularidade do empreendimento. A relação jurídica estabelecida entre as partes é inegavelmente de consumo, nos termos dos artigos 2º e 3º do Código de Defesa do Consumidor. Os autores figuram como consumidores, destinatários finais do lote adquirido, enquanto os requeridos, na qualidade de empreendedores e empresa do ramo imobiliário, enquadram-se como fornecedores. Conforme amplamente demonstrado nos autos, o empreendimento denominado "chacreamento" na Fazenda Capetinga, onde se situa o lote adquirido pelos autores, foi realizado de forma irregular e clandestina. O Laudo Pericial produzido nos autos da Ação Civil Pública nº 5000634-68.2023.8.13.0388 (id 9741301124) constatou a existência de parcelamento do solo rural em glebas de aproximadamente 1.000m², com construções e placas de identificação da empresa requerida ("FC Empreendimentos"), sem as devidas licenças ambientais e aprovação municipal. O referido laudo pericial, em resposta aos quesitos, foi categórico ao afirmar a irregularidade do chacreamento, a ausência de licença ambiental para as atividades desenvolvidas e a violação de dispositivos legais, como o art. 81, VI, e art. 88, I, II, III da Lei Complementar nº 039/2014 (Plano Diretor do Município de Luz) (ID 9741301124, p. 33, 52). A legislação federal que rege o parcelamento do solo, notadamente a Lei nº 6.766/79, estabelece em seu artigo 37 que "É vedado vender ou prometer vender parcela de loteamento ou desmembramento não registrado". O artigo 166 do Código Civil, por sua vez, dispõe que é nulo o negócio jurídico quando for ilícito o seu objeto (inciso II) ou quando a lei taxativamente o declarar nulo ou proibir-lhe a prática (inciso VII). No caso em tela, o objeto do contrato de compra e venda é uma fração de imóvel rural (1000m²) inserida em um parcelamento irregular, em desacordo com as normas urbanísticas e ambientais, e sem o devido registro imobiliário do loteamento. A venda de tal fração, nessas condições, é expressamente vedada pelo artigo 37 da Lei nº 6.766/79. Portanto, o contrato celebrado entre as partes possui objeto ilícito e sua prática é proibida por lei, o que o torna nulo de pleno direito, nos termos do artigo 166, II e VII, do Código Civil. A nulidade do contrato opera efeitos ex tunc, retroagindo à data de sua celebração e impondo o retorno das partes ao status quo ante. Isso significa que as partes devem ser repostas na situação em que se encontravam antes da formalização do negócio jurídico. Como consequência da declaração de nulidade, impõe-se a rescisão do contrato e a devolução integral dos valores pagos pelos autores, a fim de evitar o enriquecimento sem causa dos requeridos, conforme preceitua o artigo 884 do CC/02. Os autores comprovaram o pagamento da entrada no valor de R$ 4.500,00 e de 31 parcelas de R$ 675,00 até setembro de 2023, totalizando R$ 25.425,00 (id 10032036300). Além disso, realizaram depósitos judiciais das parcelas vincendas a partir de outubro de 2023 até maio de 2025, totalizando 19 parcelas de R$ 675,00, que somam R$ 12.825,00 (ids 10089061379, 10108784732, 10135543181, 10147513757, 10189579474, 10191033580, 10221666152, 10240548216, 10259800448, 10280558022, 10301442990, 10321966317, 10339414862, 10357670054, 10386400321, 10404681572, 10426674106, 10443015031). O valor total a ser restituído aos autores corresponde à soma dos valores pagos diretamente aos requeridos e dos valores depositados em juízo, perfazendo R$ 25.425,00 + R$ 12.825,00 = R$ 38.250,00. Este valor deverá ser corrigido monetariamente desde a data de cada desembolso e acrescido de juros de mora. Quanto ao pedido de aplicação da multa contratual de 20% sobre o valor do contrato, prevista na Cláusula Sexta do instrumento (id 10032035806), entendo que, embora o contrato seja nulo em razão da ilicitude de seu objeto, a penalidade nele prevista é aplicável em desfavor dos requeridos. A nulidade do contrato decorre diretamente da conduta ilícita dos vendedores, que comercializaram frações de solo rural em desacordo com a legislação urbanística e ambiental, em um empreendimento clandestino e irregular. A cláusula penal, neste contexto, funciona como uma pré-fixação das perdas e danos sofridos pelos compradores em razão da impossibilidade de concretização do negócio jurídico por culpa exclusiva dos vendedores. A conduta dos requeridos, ao venderem um imóvel que sabiam ou deveriam saber ser irregular e imprestável para a finalidade pretendida pelos autores (moradia), configura ato ilícito que deu causa à rescisão do contrato e aos prejuízos suportados pelos consumidores. Portanto, a multa contratual de 20% sobre o valor do contrato, que totaliza R$ 9.000,00, é devida como forma de reparação pelos danos materiais decorrentes da conduta reprovável dos requeridos. No que se refere aos danos morais, a situação vivenciada pelos autores ultrapassa o mero dissabor ou aborrecimento cotidiano decorrente de um simples descumprimento contratual. Os autores, pessoas de poucos recursos, investiram suas economias e assumiram um parcelamento considerável com o objetivo de realizar o sonho da casa própria em um terreno que se revelou irregular e inútil para a finalidade pretendida, encontrando-se inclusive interditado e sujeito a ordens de demolição em outras ações judiciais. Saliento que a conduta dos requeridos, ao comercializar lotes em um empreendimento clandestino, sem as devidas autorizações e em desacordo com a legislação, agindo com evidente má-fé e visando lucro fácil, causou aos autores frustração, angústia e abalo psicológico significativo. A venda de um "produto" ilegal e imprestável para o fim a que se destina, especialmente quando envolve a realização de um projeto de vida como a construção de uma moradia, configura ato ilícito que enseja reparação por danos morais, nos termos dos artigos 186 e 927 do Código Civil. A fixação do valor da indenização por danos morais deve observar os princípios da razoabilidade e proporcionalidade, considerando a extensão do dano, a gravidade da conduta dos ofensores, a capacidade econômica das partes e o caráter pedagógico e punitivo da medida, sem, contudo, configurar enriquecimento ilícito para a vítima. Diante das peculiaridades do caso, do impacto na vida dos autores e da reprovabilidade da conduta dos requeridos, entendo que a quantia de R$ 15.000,00 para ambos os requerentes se mostra adequada e suficiente para compensar os danos morais sofridos. Ante o exposto, com fundamento no artigo 487, I, do Código de Processo Civil, JULGO PROCEDENTES os pedidos formulados na inicial para: i) DECLARAR a nulidade do Instrumento Particular de Compra e Venda de Imóvel Rural celebrado pelas partes, referente ao terreno rural com área de 1000m² na Fazenda Capetinga, Zona Rural do município de Luz/MG, em razão da ilicitude do objeto. ii) Em consequência da nulidade, DECRETAR a rescisão do referido contrato e CONDENAR os requeridos, solidariamente, a restituir aos autores a integralidade dos valores pagos e depositados judicialmente, que totalizam R$ 38.250,00. Este valor deverá ser corrigido monetariamente pela Tabela da Corregedoria-Geral de Justiça de Minas Gerais desde a data de cada desembolso e acrescido de juros de mora de 1% (um por cento) ao mês, a contar da citação. Os valores depositados em juízo deverão ser liberados em favor dos autores. (iii) CONDENAR os requeridos, solidariamente, ao pagamento da multa contratual de 20% (vinte por cento) sobre o valor do contrato, que totaliza R$ 9.000,00 (nove mil reais), a ser corrigida monetariamente pela Tabela da Corregedoria-Geral de Justiça de Minas Gerais a partir da data desta sentença e acrescida de juros de mora de 1% (um por cento) ao mês, a contar da citação. (iv) CONDENAR os requeridos, solidariamente, ao pagamento de indenização por danos morais no valor de R$ 15.000,00 para os dois requerentes, a ser corrigido monetariamente pela Tabela da Corregedoria-Geral de Justiça de Minas Gerais a partir da data desta sentença e acrescido de juros de mora de 1%ao mês, a contar da citação. Condeno a parte ré, solidariamente, ao pagamento das custas processuais e de honorários de sucumbência, os quais fixo em 10% sobre o valor atualizado da condenação. P.I. Após o trânsito em julgado, cumpridas as formalidades legais, arquivem-se os autos. Lagoa Da Prata, data da assinatura eletrônica. SOPHIA GORETI ROCHA MACHADO Juiz(íza) de Direito 1ª Vara Cível, Criminal e de Execuções Penais da Comarca de Lagoa da Prata.

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Processo nº 5000867-15.2024.8.21.0095

ID: 316045417

Tribunal: TJRS Órgão: Secretaria da 19ª Câmara Cível Classe: APELAçãO CíVEL Nº Processo: 5000867-15.2024.8.21.0095

Data de Disponibilização: 04/07/2025

Polo Ativo:

BANCO AGIBANK S.A MARCO AURELIO FLORES

Polo Passivo:

DECISÃO MONOCRÁTICA

Advogados:

DENNER DE BARROS E MASCARENHAS BARBOSA

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JANE DE FATIMA PAGEL TRAPP

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Apelação Cível Nº 5000867-15.2024.8.21.0095/RS TIPO DE AÇÃO: Bancários RELATOR : Desembargador SERGIO FUSQUINE GONCALVES APELANTE : MARCO AURELIO FLORES (AUTOR) ADVOGADO(A) : JANE DE FATIMA PAGEL TR… Apelação Cível Nº 5000867-15.2024.8.21.0095/RS TIPO DE AÇÃO: Bancários RELATOR : Desembargador SERGIO FUSQUINE GONCALVES APELANTE : MARCO AURELIO FLORES (AUTOR) ADVOGADO(A) : JANE DE FATIMA PAGEL TRAPP (OAB RS080249) APELANTE : BANCO AGIBANK S.A (RÉU) ADVOGADO(A) : DENNER DE BARROS E MASCARENHAS BARBOSA (OAB RS110803) EMENTA DIREITO PROCESSUAL CIVIL. APELAÇÃO CÍVEL. PRODUÇÃO ANTECIPADA DE PROVAS. EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS BANCÁRIOS. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DOS REQUISITOS. RECURSO DESPROVIDO. I. CASO EM EXAME : Recurso de apelação interposto contra decisão que indeferiu pedido de produção antecipada de provas, por ausência de comprovação do pagamento, pelo requerente, dos custos para fornecimento da documentação bancária requerida, especialmente contratos de empréstimo consignado e extratos dos últimos cinco anos. II. QUESTÃO EM DISCUSSÃO : A questão em discussão consiste em verificar se é admissível o pedido de produção antecipada de provas com fundamento na exibição de documentos bancários, sem a comprovação de prévio pagamento das despesas correspondentes ao pedido administrativo. III. RAZÕES DE DECIDIR : Constatou-se que, embora o apelante tenha apresentado pedido administrativo para obtenção dos documentos, não comprovou o pagamento dos custos para sua expedição, nem demonstrou situação de urgência ou risco de perecimento da prova. A jurisprudência consolidada do Superior Tribunal de Justiça estabelece como requisitos para a ação de exibição de documentos bancários a existência de relação jurídica entre as partes, a negativa da instituição em atender pedido administrativo prévio e a assunção dos encargos financeiros decorrentes do fornecimento dos documentos. A ausência de tais pressupostos caracteriza a falta de interesse de agir e legitima o indeferimento do pedido, sem que isso configure violação ao direito de acesso à justiça, mas sim respeito ao devido processo legal e à racionalidade na movimentação do aparelho judiciário. A legislação vigente, inclusive a Lei nº 10.820/2003, reforça a via administrativa como meio legítimo e suficiente para obtenção dos documentos requeridos. Assim, mantida a decisão que indeferiu a produção antecipada de provas. IV. DISPOSITIVO E TESE : Recurso desprovido. Tese de julgamento : “1. A ausência de comprovação do pagamento das despesas para fornecimento de documentos bancários e a inexistência de situação de urgência obstam o acolhimento do pedido de produção antecipada de provas com base na exibição documental. 2. A exigência de requerimento administrativo prévio e do pagamento das despesas não configura óbice ilegítimo ao direito de ação, mas requisito para sua adequada formação.” Dispositivos relevantes citados : CF/1988, art. 5º, XXXV; CPC, arts. 381, 383 e 485, I; Lei nº 10.820/2003, art. 6º. Jurisprudência relevante citada : STJ, AgInt no AREsp 1651478/SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, 3ª Turma, j. 24.08.2020; STJ, AgInt nos EDcl no REsp 1867001/CE, Rel. Min. Nancy Andrighi, 3ª Turma, j. 10.08.2020; STJ, REsp 1349453/MS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, 2ª Seção, j. 10.12.2014; TJRS, Apelação Cível nº 50389000220238210001, 19ª Câmara Cível, Rel. Des. Fabiane Borges Saraiva, j. 28.04.2025. DECISÃO MONOCRÁTICA Trata-se de recurso de apelação interposto por Marco Aurélio Flores contra decisão interlocutória proferida no processo 5000867-15.2024.8.21.0095, movida contra Banco Agibank S.A., que indeferiu o pedido de produção antecipada de provas para exibição de documentos bancários, nos seguintes termos: "Indefiro o pedido de produção antecipada de provas formulado pelo autor, uma vez que não restou demonstrado nos autos o prévio requerimento administrativo junto à instituição financeira para obtenção dos documentos pretendidos, tampouco a disposição do requerente em arcar com as despesas correspondentes ao fornecimento da documentação, conforme exigido pela jurisprudência consolidada do Superior Tribunal de Justiça. Ademais, não há elementos que indiquem risco de perecimento da prova ou situação de urgência que justifique a dispensa de tais requisitos." Em suas razões, o apelante sustentou que o indeferimento do pedido de produção antecipada de provas viola seu direito à obtenção de documentos essenciais para o ajuizamento de futura ação revisional de contrato bancário. Argumentou que a exigência de prévio requerimento administrativo configura óbice indevido ao acesso à justiça, especialmente considerando a natureza da documentação pretendida, que envolve contratos de empréstimo consignado e extratos de movimentação financeira dos últimos cinco anos. Alegou que a instituição financeira possui o dever legal de fornecer tais documentos, independentemente de solicitação administrativa prévia, por força do princípio da boa-fé objetiva e do dever de informação. Aduziu que a urgência na obtenção dos documentos decorre da necessidade de verificar possíveis cobranças indevidas e da iminência da prescrição de eventual pretensão revisional. Sustentou, ainda, que a exigência de pagamento prévio das despesas para obtenção dos documentos representa imposição desproporcional, considerando sua hipossuficiência técnica e econômica frente à instituição financeira. Requereu a reforma da decisão atacada para que seja deferido o pedido de produção antecipada de provas, determinando-se à instituição financeira a exibição dos documentos especificados na petição inicial, independentemente de prévio requerimento administrativo ou pagamento de despesas. Houve contrarrazões, pela manutenção da sentença. Vieram os autos conclusos. É o breve relatório. Recebo o recurso, por ser tempestivo e adequado à espécie, estando o apelante dispensado do recolhimento do preparo em razão da concessão da gratuidade da justiça. Nos termos do artigo 932, VIII do CPC, incumbe ao relator "exercer outras atribuições estabelecidas no regimento interno do tribunal" . A Súmula 568 do STJ, ao dispor sobre essa questão, estabeleceu o seguinte: Súmula 568. O relator, monocraticamente e no Superior Tribunal de Justiça, poderá dar ou negar provimento ao recurso quando houver entendimento dominante acerca do tema. (Súmula 568, CORTE ESPECIAL, julgado em 16/03/2016, DJe 17/03/2016). No mesmo sentido, o inciso XXXVI do artigo 206 do Regimento Interno deste Tribunal autoriza o Relator negar ou dar provimento ao recurso quando há jurisprudência dominante acerca da matéria em discussão no âmbito do próprio Tribunal, in verbis: Art. 206. Compete ao Relator: XXXVI - negar ou dar provimento ao recurso quando houver jurisprudência dominante acerca do tema no Supremo Tribunal Federal e Superior Tribunal de Justiça com relação, respectivamente, às matérias constitucional e infraconstitucional e deste Tribunal. Nesses termos, o presente apelo comporta pronunciamento monocrático. A controvérsia posta nos autos diz respeito à necessidade de prévio requerimento administrativo e pagamento das respectivas despesas como requisitos para o ajuizamento de ação de produção antecipada de provas visando à exibição de documentos bancários. Com efeito, da análise da documentação trazida aos autos, verifica-se que a parte deixou de fazer frente às despesas para acesso aos documentos pela via administrativa, conforme salientado pelo juízo a quo . A jurisprudência deste Tribunal tem-se posicionado no sentido da necessidade do atendimento dos requisitos aptos ao manejo da ação de exibição de documentos. O procedimento de produção antecipada de provas, disciplinado nos artigos 381 a 383 do Código de Processo Civil, possui requisitos específicos para sua admissibilidade. No caso da exibição de documentos bancários, a jurisprudência consolidada do Superior Tribunal de Justiça estabeleceu parâmetros claros, exigindo a comprovação da existência de relação jurídica entre as partes, a formulação de pedido prévio não atendido e o pagamento do custo do serviço. No caso em análise, o apelante demonstrou ter formulado pedido administrativo prévio à instituição financeira para obtenção dos documentos pretendidos ( evento 1, PADM8 ), no entanto, nada manifestou quanto a ter arcado com as despesas correspondentes ao fornecimento da documentação, conforme exigido pela jurisprudência. A mera alegação de hipossuficiência técnica e econômica não é suficiente para afastar tal requisito. Quanto à alegação de urgência na obtenção dos documentos, em razão da suposta iminência da prescrição de eventual pretensão revisional, observo que o recorrente não trouxe elementos concretos que evidenciem tal situação. A mera possibilidade de ajuizamento futuro de ação revisional, sem indicação precisa do termo inicial do prazo prescricional, não configura urgência suficiente para afastar a exigência do prévio requerimento administrativo. Nesse contexto, a decisão atacada está em consonância com a jurisprudência dominante sobre o tema, não merecendo reforma. A exigência de prévio requerimento administrativo e pagamento das respectivas despesas não configura óbice indevido ao acesso à justiça, mas sim requisito legítimo para o ajuizamento da ação de produção antecipada de provas, visando evitar a judicialização desnecessária de questões que poderiam ser resolvidas extrajudicialmente. Sobre o tema, cito precedente desta Corte (destaquei): Ementa: DIREITO PROCESSUAL CIVIL. APELAÇÃO CÍVEL. PRODUÇÃO ANTECIPADA DE PROVAS. EXTINÇÃO SEM RESOLUÇÃO DE MÉRITO. INÉPCIA DA INICIAL. RECURSO DESPROVIDO. I. CASO EM EXAME: Trata-se de ação de produção antecipada de prova ajuizada visando à exibição de contratos bancários, extinta sem resolução de mérito em razão da inépcia da inicial, por ausência de demonstração de interesse processual e da existência de prévio pedido administrativo não atendido. II. QUESTÃO EM DISCUSSÃO: A questão em discussão consiste em verificar a validade da extinção do feito por inépcia da inicial, ante a ausência de demonstração do prévio pedido administrativo para exibição de documentos e a ausência de risco à verificação futura dos fatos narrados. III. RAZÕES DE DECIDIR: A análise dos autos revela que a petição inicial não preencheu os requisitos necessários à adequada propositura da demanda de produção antecipada de provas, conforme exige o artigo 381 do Código de Processo Civil, por não demonstrar a recusa da parte ré em atender pedido administrativo de exibição de documentos, nem evidenciar o risco de perecimento da prova. Nos termos da jurisprudência consolidada do Superior Tribunal de Justiça, para o manejo de ação com finalidade de exibição de documentos bancários, é imprescindível comprovar a existência de relação jurídica entre as partes, a formulação de pedido prévio não atendido e o pagamento do custo do serviço. A ausência desses requisitos acarreta a ausência de interesse de agir, caracterizando a inépcia da inicial e legitimando a extinção do feito, com fulcro no artigo 485, inciso I, do Código de Processo Civil. IV. DISPOSITIVO E TESE: Recurso desprovido. Tese de julgamento: A ausência de demonstração de pedido administrativo prévio e a inexistência de risco de perecimento da prova impedem o prosseguimento da ação de produção antecipada de provas fundada na exibição de documentos. Dispositivos relevantes citados: CF/1988, art. 5º, inciso XXXV; CPC, arts. 17, 381 e 485, inciso I. Jurisprudência relevante citada: STJ, AgInt no AREsp 1651478/SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, Terceira Turma, j. 24.08.2020; STJ, AgInt nos EDcl no REsp 1867001/CE, Rel. Min. Nancy Andrighi, Terceira Turma, j. 10.08.2020; STJ, REsp 1349453/MS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, Segunda Seção, j. 10.12.2014.(Apelação Cível, Nº 50389000220238210001, Décima Nona Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Fabiane Borges Saraiva, Julgado em: 28-04-2025). Importante ressaltar que a exigência de prévio requerimento administrativo não configura violação ao princípio da inafastabilidade da jurisdição, previsto no artigo 5º, XXXV, da Constituição Federal. Trata-se, na verdade, de condição para o regular exercício do direito de ação, visando evitar a judicialização prematura de questões que poderiam ser resolvidas extrajudicialmente, em consonância com os princípios da economia processual e da eficiência. No caso específico da exibição de documentos bancários, a Lei nº 10.820/2003, em seu artigo 6º, estabelece que as instituições financeiras devem fornecer aos seus clientes as informações relativas aos contratos de empréstimo consignado, mediante solicitação. Tal dispositivo reforça a necessidade de prévio requerimento administrativo como condição para o ajuizamento da ação de produção antecipada de provas. Ademais, o pagamento das despesas correspondentes ao fornecimento da documentação encontra respaldo no princípio da causalidade, segundo o qual aquele que dá causa à produção de um ato deve arcar com os custos correspondentes. No caso, sendo o apelante o interessado na obtenção dos documentos, é razoável que arque com as despesas necessárias para tanto, observados os limites da razoabilidade e proporcionalidade. Ressalto, por fim, que o indeferimento do pedido de produção antecipada de provas não impede o apelante de formular novo pedido, desde que comprove o preenchimento dos requisitos exigidos pela jurisprudência, notadamente o prévio requerimento administrativo não atendido e a disposição para arcar com as despesas correspondentes ao fornecimento da documentação. Diante do exposto, nego provimento ao recurso, nos termos da fundamentação.

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Dilmar Novaes Do Amaral x Banco Bmg S.A

ID: 299364618

Tribunal: TRF4 Órgão: 1ª Vara Federal de Erechim Classe: PROCEDIMENTO DO JUIZADO ESPECIAL CíVEL Nº Processo: 5000867-68.2025.4.04.7117

Data de Disponibilização: 16/06/2025

Polo Ativo:

DILMAR NOVAES DO AMARAL

Polo Passivo:

BANCO BMG S.A

DESPACHO/DECISÃO

Advogados:

BRUNO DORNELLES DOS SANTOS

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PAULO ANTONIO MULLER

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PROCEDIMENTO DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL Nº 5000867-68.2025.4.04.7117/RS AUTOR : DILMAR NOVAES DO AMARAL ADVOGADO(A) : BRUNO DORNELLES DOS SANTOS (OAB RS072853) RÉU : BANCO BMG S.A ADVOGADO(A) : PAULO… PROCEDIMENTO DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL Nº 5000867-68.2025.4.04.7117/RS AUTOR : DILMAR NOVAES DO AMARAL ADVOGADO(A) : BRUNO DORNELLES DOS SANTOS (OAB RS072853) RÉU : BANCO BMG S.A ADVOGADO(A) : PAULO ANTONIO MULLER (OAB RS013449) DESPACHO/DECISÃO 1. Para melhor deslinde da causa, imprescindível a realização de perícia grafotécnica. Para tanto, nomeio como perito o Sr. CLEO BUJES (cleobujes@yahoo.com.br - (51) 98482-7469), independentemente de compromisso, fixando o prazo de 30 (trinta) dias para a apresentação do laudo pericial, a fim de verificar se as assinaturas lançadas no contrato de empréstimo foram grafadas pelo(a) autor(a). 2. Nesse sentido, o STJ firmou a seguinte tese no Tema 1061: Na hipótese em que o consumidor/autor impugnar a autenticidade da assinatura constante em contrato bancário juntado ao processo pela instituição financeira, caberá a esta o ônus de provar a sua autenticidade (CPC, arts. 6º, 368 e 429, II). Assim, determino que a(s) instituição(ões) financeira(s) ré(s) providencie(m) o depósito em conta judicial vinculada ao presente feito do valor dos honorários periciais no prazo estabelecido no item 4. Informo que, em contato previamente estabelecido com a Secretaria desta Vara, o perito fixou seus honorários em R$ 300,00 (trezentos reais) . 3. Nesses termos, determino a intimação do perito para que, no prazo de 5 (cinco) dias, informe nos autos data para acompanhar por meio de videochamada a coleta das assinaturas , bem como para que forneça modelo de documento a ser preenchido pelo demandante durante a perícia. 4. Na sequência, intimem-se as partes para que, no prazo de 15 (quinze) dias, nos termos do art. 465, §1º, do CPC, apresentem quesitos e indiquem assistentes técnicos, querendo. Na oportunidade, deverá : (a) a parte autora apresentar extrato bancário de modo a comprovar o recebimento de valores oriundos do contrato de cartão de crédito consignado ou reconhecer o depósito dos valores, conforme documento do evento 20, ANEXO5 ; (b) o banco réu anexar aos autos cópia colorida e com boa resolução do contrato bancário a fim de possibilitar a realização da prova pericial, uma vez que o(s) documento(s) acostado(s) ao feito possui(em) baixa resolução e foi(ram) digitalizado(s) em preto e branco ( evento 20, ANEXO3 ). 5. Esclareço que, diante das circunstâncias do caso concreto, em que não é dado à parte autora fazer prova de fato negativo (a não contratação), aliado à sua hipossuficiência em relação às requeridas, a inversão do ônus da prova é medida que se impõe , tanto nos termos da lei processual (art. 373, § 1º, do Código de Processo Civil), quanto da lei consumerista (artigo 6º, VIII, do Código de Defesa do Consumidor). Abaixo, colaciona-se ementa de julgado do Tribunal Regional Federal, que remete a caso análogo ao dos autos: ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. DESCONTOS INDEVIDOS EM PROVENTOS DE APOSENTADOS E PENSIONISTAS. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA. APLICAÇÃO DO CDC. CONDENAÇÃO SOLIDÁRIA INSS E BANCO. REPETIÇÃO EM DOBRO do indébito. necessidade de comprovação da má-fé. DANOS MORAIS. honorários. 1. Competiria aos réus produzir a contraprova, sobretudo porque não se pode exigir do postulante que ele comprove aquilo que diz não ter feito. Trata-se de prova impossível de ser produzida pela parte autora, resolvendo-se a questão em favor do sujeito mais fraco na relação, o consumidor, por meio da inversão do ônus da prova, como autoriza o CDC (art. 6º, VIII). 2. No mérito, a maneira como os bancos e INSS tem de conferência de licitude ou não dos empréstimos consignados não podem acarretar prejuízo ao correntista/beneficiário. Se entre o banco e o INSS não há comunicação sobre a veracidade do empréstimo, sua conferência de licitude é encargo que somente esses contratantes (banco e INSS) devem suportar. 3. Parcial provimento à remessa necessária para excluir a responsabilidade do INSS de repetição do indébito em dobro, devendo fazê-lo de forma simples, vez que comprovada a má-fé apenas em relação ao Banco. Condenação ao pagamento de danos morais fixados em R$25.000,00, dadas as peculiaridades do caso concreto. 4. Como a sentença foi publicada ainda na vigência do antigo Código de Processo Civil de 1973, o percentual fixado de 20% sobre o valor da condenação encontra-se adequado aos parâmetros então vigentes, não merecendo qualquer reparos o decisum também neste ponto. Igualmente desnecessária a fixação de honorários recursais no caso, pois a sentença foi publicada na vigência do CPC de 1973, diploma que não continha previsão de fixação de verba honorária de tal espécie. (TRF4 5000231-02.2019.4.04.9999, TERCEIRA TURMA, Relatora MARGA INGE BARTH TESSLER, juntado aos autos em 03/06/2020) Ante o exposto , inverto o ônus da prova, desde já, no caso de eventual impossibilidade de realização do exame técnico em razão da má qualidade da digitalização, restando ciente o Banco réu de que a não produção da prova ora determinada poderá ter repercussão quanto à análise dos fatos controvertidos no presente feito. 6. Após, intime-se o Sr. perito para cumprir o encargo, a qual deverá responder aos seguintes quesitos do Juízo, além daqueles porventura apresentados pelas partes: a) diga o Sr. perito se a amostra da grafia do(a) autor(a) a ser coletada e os documentos do evento nº 01 (procuração, declaração de hipossuficiência e documento de identificação) corresponde à grafia das assinaturas constantes no(s) contrato(s) do evento 20, ANEXO3 ; b) é possível concluir que a grafia da amostra colhida recentemente foi efetuada pela mesma pessoa que firmou o empréstimo pessoal consignado em benefício previdenciário, indicado no item "a"? A amostra colhida recentemente é suficiente para a análise a respeito? c) outros esclarecimentos que a expert entender necessários. 7. Após a conclusão dos trabalhos, dê-se vista do laudo pericial às partes para manifestação, pelo prazo de 15 (quinze) dias (art. 477, §º 1º, do CPC), querendo. 8. Concluída a perícia judicial, inclusive após a resposta de eventuais quesitos elucidativos, requisite-se à CEF a transferência do valor depositado em conta judicial a título de honorários periciais para a conta corrente n.º 3505770702, agência 0027 (Três Figueiras), banco Banrisul, na titularidade de Cléo Bujes, CPF nº 804995970-87. 9. Aguarde-se a realização do ato. 10. Após, nada sendo requerido, registrem-se os autos para sentença.

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Cleber Beltrame Ceolin e outros x Vander Madeira Madalena e outros

ID: 313945939

Tribunal: TJSC Órgão: 2ª Turma Recursal Classe: RECURSO INOMINADO CíVEL Nº Processo: 5000703-93.2022.8.24.0044

Data de Disponibilização: 02/07/2025

Polo Ativo:

CLEBER BELTRAME CEOLIN CONFIANCA ASSOCIACAO DE BENEFICIOS

Polo Passivo:

VANDER MADEIRA MADALENA VANDERSON ALVES MADALENA

Acórdão

Advogados:

SILVIA CRISTINA BERNARDO VIEIRA

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JUNIOR CESAR ZOMER

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JAILSON DA SILVA

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RECURSO CÍVEL Nº 5000703-93.2022.8.24.0044/SC RELATOR : Juiz de Direito MARCO AURELIO GHISI MACHADO RECORRENTE : CONFIANCA ASSOCIACAO DE BENEFICIOS (RÉU) ADVOGADO(A) : JAILSON DA SILVA (OAB SC024284… RECURSO CÍVEL Nº 5000703-93.2022.8.24.0044/SC RELATOR : Juiz de Direito MARCO AURELIO GHISI MACHADO RECORRENTE : CONFIANCA ASSOCIACAO DE BENEFICIOS (RÉU) ADVOGADO(A) : JAILSON DA SILVA (OAB SC024284) ADVOGADO(A) : JAILSON DA SILVA RECORRENTE : CLEBER BELTRAME CEOLIN (RÉU) ADVOGADO(A) : JUNIOR CESAR ZOMER (OAB SC034213) RECORRIDO : VANDERSON ALVES MADALENA (AUTOR) ADVOGADO(A) : SILVIA CRISTINA BERNARDO VIEIRA (OAB SC015430) RECORRIDO : VANDER MADEIRA MADALENA (AUTOR) ADVOGADO(A) : SILVIA CRISTINA BERNARDO VIEIRA (OAB SC015430) EMENTA Recursos inominados. Juizado especial cível. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS. Sentença de parcial procedência. Insurgência da parte ré e da associação mutalista de proteção veicular. 1. DO RECURSO DA PARTE RÉ CLEBER BELTRAME CEOLIM . sustenta a ocorrência de culpa exclusiva do autor (ultrapassagem em local proibido e alta velocidade) e pugna pelo reconhecimento de que o veículo foi vendido por R$ 5.000,00 (cinco mil reais). INSUBSISTÊNCIAS. É INCONTROVERSA A OCORRÊNCIA DE CULPA DAS PARTES. Houve confluência de condutas que culminou em danos à vítima (CC, ART. 945). AO autor (própria vítima) pelos fatos acima mencionados e Ao recorrente por não agir com cautela ao efetuar a ultrapassagem, assumindo o risco de sua conduta, o que ficou evidenciado em seu depoimento. Veja-se: Dra Silvia: O senhor antes de fazer essa manobra, de puxar o carro para o lado, o senhor olhou no retrovisor e viu se ele (Vanderson) estava ultrapassando? Cleber: Sim. Dr Silvia: E por que o senhor mesmo assim fez essa manobra? Cleber: Porque acho que já tava.. Como se diz.. Já tava indo para fazer o início da manobra .Dra Silvia: O senhor olhou no retrovisor antes de começar a manobra? Ou o senhor olhou quando já tava manobrando? Cleber: Acredito que eu dei a seta, olhei pelo retrovisor e fui fazer o procedimento. Dra Silvia: Quando o senhor olhou pelo retrovisor, o senhor viu ele atrás do senhor ou já na outra pista ultrapassando? Cleber: Ele já tava ultrapassando... ultrapassando outros carros, não o meu ainda. Dra Silvia: Se o senhor olhou pelo retrovisor e viu que ele já vinha ultrapassando, a minha pergunta é: por que mesmo assim o senhor iniciou também a ultrapassagem? Cleber: eu já tava querendo, como se diz, olhando para fazer a ultrapassagem. Dra Silvia: O senhor não viu o perigo nessa manobra? Cleber: É tudo muito rápido né, mas eu acredito que ele tava ultrapassando num lugar proibido, que não poderia. (...) - 32 minuto e 11 segundos de vídeo). Quanto ao valor da venda do veículo, consta Do recibo o montante de R$ 3.000,00 (três mil reais), conforme pontuado na sentença. Assim, é o valor que deve ser considerado. o autor mencionou R$ 5.000,00 como estimativa POR não se lembrAR com precisão. 2. RECURSO DA PARTE RÉ CONFIANÇA ASSOCIAÇÃO DE BENEFÍCIOS . legislação APLICÁVEL. ASSEVERA A INAPLICABILIDADE DO CDC. No mais, aduz que é parte ilegítima para figurar no polo passivo e não possui responsabilidade, visto que não responde em caso de coobrigação, consoante vedação do Regimento Interno. O Código Consumerista não incide na relação travada entre as partes, por não ser relação de consumo. A recorrente é uma associação sem fins lucrativos, a qual oferece aos associados proteção veicular pelo sistema mutualista. A propósito: ''APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS. PROTEÇÃO VEICULAR. DANOS NO VEÍCULO. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. RECURSO DA AUTORA. APLICABILIDADE DO CDC. TESE AFASTADA. RELAÇÃO ENTRE ASSOCIADO E ASSOCIAÇÃO SEM FINS LUCRATIVOS QUE NÃO EXPLORA ATIVIDADE COMERCIAL. PARTES QUE NÃO SE ENQUADRAM NOS CONCEITOS DE CONSUMIDOR E FORNECEDOR (ARTS. 2º E 3º DO CDC). TESE DE QUE AS CLÁUSULAS RESTRITIVAS QUE FIXAM PRAZO PARA COMUNICAÇÃO DE SINISTRO SÃO ABUSIVAS COM BASE NO CDC E AUSÊNCIA DE NEGLIGÊNCIA DA AUTORA. TESES AFASTADAS. REGIMENTO INTERNO CLARO E OBJETIVO QUANTO ÀS OBRIGAÇÕES DOS ASSOCIADOS. OBSERVÂNCIA DO REGULAMENTO DA ASSOCIAÇÃO. DEVER DE COMUNICAR O SINISTRO EM DUAS HORAS. DOCUMENTOS QUE COMPROVAM QUE AUTORA ERA CONHECEDORA DO DANO NO VEÍCULO NO DIA SEGUINTE AO SINISTRO E OPTOU POR COMUNICAR A RÉ DEZESSETE DIAS DEPOIS. SENTENÇA MANTIDA. RECURSO CONHECIDO E NÃO PROVIDO. (TJSC, Apelação n. 5000867-27.2024.8.24.0064, do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, rel. Helio David Vieira Figueira dos Santos, Quarta Câmara de Direito Civil, j. 27-02-2025).'' “APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE COBRANÇA. SISTEMA DE PROTEÇÃO VEICULAR. NEGATIVA ADMINISTRATIVA. IMPROCEDÊNCIA NA ORIGEM. RECURSO DOS AUTORES. RECUSA FUNDAMENTADA NO DESCUMPRIMENTO CONTRATUAL POR PARTE DOS ASSOCIADOS. INAPLICABILIDADE, NA ESPÉCIE, DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. ACIONADA ASSOCIAÇÃO. SISTEMA MUTUALISTA. INTERPRETAÇÃO DAS CLÁUSULAS CONTRATUAIS À LUZ DO CÓDIGO CIVIL. PRECEDENTES. PREVISÃO EXPRESSA QUANTO À VEDAÇÃO DA COBERTURA EM CASO DE VEÍCULO DANIFICADO POR CONDUTOR COM CARTEIRA DE HABILITAÇÃO VENCIDA HÁ MAIS DE 30 (TRINTA) DIAS. CRITÉRIO OBJETIVO. EXCLUSÃO DE COBERTURA. RELEVÂNCIA DA DISPOSIÇÃO. AMPLIAÇÃO DO RISCO QUE NÃO PODE SER SUPORTADA PELA DEMANDADA. DEVER DE INDENIZAR NÃO CONFIGURADO. SENTENÇA ESCORREITA. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.” (TJSC, Apelação n. 5005118-04.2020.8.24.0008, do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, rel. Jairo Fernandes Gonçalves, Quinta Câmara de Direito Civil, j. 29-03-2022).(Grifou-se). Outrossim, conforme pontuado na sentença, a excludente de responsabilidade não ficou comprovada. Por oportuno, transcrevo: ''Ademais, em sede de alegações finais, a segunda ré não demonstrou excludente de responsabilidade no caso de culpa concorrente, até porque a alegada excludente prevista no estatuto, em seu artigo 34, §6°, não se confirmou pela leitura do referido documento (evento 23, ESTATUTO4). Assim, também deve ser chamada à responsabilidade o corréu, haja vista que se trata de empresa que presta serviços de seguro ao requerido''. ASSIM, A SENTENÇA É MANTIDA PELOS SEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS. 3. RECURSOS CONHECIDOS E DESPROVIDOS. ACÓRDÃO Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, 2ª Turma Recursal decidiu, por unanimidade, negar provimento aos recursos, confirmando a sentença por seus próprios fundamentos, condenando as partes recorrentes ao pagamento das custas processuais e honorários, estes fixados em 15% do valor da condenação, nos termos do artigo 55 da lei n. 9.099/95, nos termos do relatório, votos e notas de julgamento que ficam fazendo parte integrante do presente julgado. Florianópolis, 01 de julho de 2025.

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Processo nº 5000867-23.2024.4.03.6344

ID: 319861810

Tribunal: TRF3 Órgão: 2º Núcleo de Justiça 4.0 Classe: PROCEDIMENTO DO JUIZADO ESPECIAL CíVEL Nº Processo: 5000867-23.2024.4.03.6344

Data de Disponibilização: 08/07/2025

Polo Ativo:

LUIZ FILIPE AGOSTINHO DA SILVA

Polo Passivo:

Sentença

Advogados:

FILIPE ADAMO GUERREIRO

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

PODER JUDICIÁRIO 2º Núcleo de Justiça 4.0 Informações em https://www.trf3.jus.br/justica-40 https://www.trf3.jus.br/balcao-virtual PROCEDIMENTO DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL (436) Nº 5000867-23.2024.4.03… PODER JUDICIÁRIO 2º Núcleo de Justiça 4.0 Informações em https://www.trf3.jus.br/justica-40 https://www.trf3.jus.br/balcao-virtual PROCEDIMENTO DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL (436) Nº 5000867-23.2024.4.03.6344 AUTOR: LUIZ FILIPE AGOSTINHO DA SILVA ADVOGADO do(a) AUTOR: FILIPE ADAMO GUERREIRO - SP318607 REU: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS SENTENÇA Trata-se de ação ajuizada contra o INSS por meio da qual a parte autora pretende a concessão/restabelecimento de benefício por incapacidade. Dispensado o relatório (art. 38 da Lei 9.099/95). Fundamento e decido. Os Núcleos de Justiça 4.0 da Justiça Federal da 3ª Região são competentes em razão da matéria para processar e julgar o feito (art. 4º do Provimento CJF3R 73/23 e art. 2º do Provimento CJF3R 82/23), pois o(s) benefício(s) pretendido(s) pela parte autora não possui(em) vínculo etiológico com seu trabalho, não havendo que se falar, portanto, em benefício acidentário. No mesmo sentido, o valor da causa não ultrapassa a alçada prevista no art. 3°, § 2°, da Lei 10.259/01. Assim, afirmo a competência deste Núcleo de Justiça 4.0 da Justiça Federal da 3ª Região para processar e julgar a presente demanda. Registro, ainda, a presença do interesse de agir, porquanto houve requerimento administrativo, o qual foi indeferido. Por fim, de acordo com o art. 103, parágrafo único, da Lei 8.213/91, prescrevem em 5 anos, da data em que deveriam ser pagas, as ações para haver prestações vencidas, restituições ou diferenças. Assim, eventuais prestações vencidas em período anterior há 5 anos a contar da data do ajuizamento da ação estão atingidas pela prescrição. Presentes os pressupostos processuais e as condições da ação, passo ao julgamento de mérito. O benefício do auxílio-doença ou benefício por incapacidade temporária para o trabalho é devido ao segurado que ficar impossibilitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por período superior àquele previsto no caput do art. 59 da Lei 8.213/91, respeitada a carência, quando exigida pela lei, conforme determinam, especialmente, os artigos 25, inciso I, 59 e seguintes da Lei 8.213/91, que disciplina o Plano de Benefícios da Previdência Social. Por seu turno, a aposentadoria por invalidez ou benefício por incapacidade permanente para o trabalho exige para a sua concessão o preenchimento da carência de 12 contribuições mensais e incapacidade total e permanente insuscetível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, devendo ser mantida enquanto permanecer essa condição. Por fim, o auxílio-acidente é benefício devido ao segurado quando, após consolidação das lesões decorrentes de acidente de qualquer natureza, resultarem sequelas que impliquem redução da capacidade para o trabalho que habitualmente exercia (art. 86 da Lei 8.213/91), independentemente de carência. Os benefícios em questão são devidos apenas quando a incapacidade para o trabalho sobrevenha à condição de segurado, salvo se, após adquirir esta condição, a incapacidade decorra de agravamento de doença ou lesão preexistente (art. 42, § 2º e art. 59, parágrafo único, ambos da Lei n. 8213/91). Ressalte-se que o auxílio-acidente é benefício que contempla apenas o segurado empregado, o trabalhador avulso e o segurado especial (art. 18, § 1º da Lei 8213/91). Passo ao exame do caso concreto. Pretende a parte autora a concessão de auxílio-doença ou de aposentadoria por invalidez, ou, ainda, de auxílio-acidente, NB 632.812.397-7, a partir da DCB de 16/11/2020. Consta do processo que o NB 211.786.524-5, foi indeferido sob o argumento de que não há sequela definitiva que implique em redução da capacidade laborativa, ID 319667304. Informa o autor que em 20/08/2020, sem qualquer relação com o emprego, sofreu acidente de qualquer natureza, ocasionando-lhe amputação traumática do polegar direito - CID 10 T92. A parte autora deduziu administrativamente os seguintes pedidos de benefício: 632.812.397-7 CESSADO AUXÍLIO POR INCAPACIDADE TEMPORÁRIA - ACIDENTE DO TRABALHO R$ 1.368,98 05/09/2020 16/11/2020; 707.785.231-9 CESSADO AUXÍLIO POR INCAPACIDADE TEMPORÁRIA PREVIDENCIÁRIO R$ 1.045,00 04/09/2020 04/09/2020; 211.786.524-5 INDEFERIDO AUXÍLIO-ACIDENTE PREVIDENCIÁRIO, DER 5/3/2024; 708.419.232-9 INDEFERIDO AUXÍLIO POR INCAPACIDADE TEMPORÁRIA PREVIDENCIÁRIO, DER 26/10/2020; 707.896.705-5 INDEFERIDO AUXÍLIO POR INCAPACIDADE TEMPORÁRIA PREVIDENCIÁRIO, DER 15/9/2020. Pois bem. O laudo médico-pericial de ID 337052781, referente à perícia realizada em 7/6/2024, atesta: O autor está com 27 anos de idade, em atividade laboral na função de repositor em supermercado, segundo declarou. De acordo com o último contrato de trabalho registrado na CTPS apresentado, laborou na função de auxiliar de funileiro de 02/01/17 a 04/12/20. Relatou que em 20 de agosto de 2020 sofreu acidente de motocicleta, o fio telefônico enroscou na moto causando a amputação distal no polegar direito. As queixas atuais são de não segurar as coisas com firmeza e sentir choque na cicatriz. Compareceu à sala de perícias desacompanhado, desempenha os cuidados de higiene de maneira independente, e realiza as tarefas domésticas: cozinha, lava a louça e faz limpeza. Mora com a esposa e a filha e a renda familiar provém do próprio autor e da esposa que trabalha cortando frutas e verduras em supermercado. Dirige veículo próprio, modelo Titan, ano 2019. A CNH apresentada foi emitida em 19 de novembro de 2020, com validade até 28 de outubro de 2025, categoria AB, sem observações. No exame físico apresentou deambulação normal, sem necessidade de apoios, sem dificuldade em deitar e lev antar da maca e sentar e lev antar da cadeira, regularmente vestido e com boa higiene pessoal, atitude cooperante, foco mantido, orientado no tempo-espaço, lúcido, comportamento e senso percepção normais, sem sintomas alucinatórios, sem alterações funcionais em membros superiores e inferiores. Não foram apresentados relatório médicos de acompanhamentos ou segmentos atuais em serviço de saúde de ortopedia, nem prescrições médicas recentes. Não há indicação de tratamentos medicamentosos e ou fitoterápicos, coadjuvantes na melhora do quadro doloroso e na recuperação funcional. Não se observaram exames complementares. Pelo exposto acima, concluo que no momento o autor reúne condições para desempenhar atividades laborativas como já está realizando. Portanto, existe capacidade para o trabalho. 15. É possível estimar qual é o tempo necessário para que o periciando se recupere e tenha condições de voltar a exercer seu trabalho ou atividade habitual? Justifique. Em caso positivo, qual é a data estimada? R.: Já está trabalhando em sua atividade. Verifico, por meio do CNIS, que à época do acidente, em 20/08/2020, o autor possuía vínculo trabalhista com a INDUSTRIA E COMERCIO DE CALHAS ADORNO & COCCO LTDA, de 02/01/2017 a 04/12/2020. Consta do CNIS relativo a esse vínculo laboral que o autor exercia a função de AFIADOR DE CARDAS - 7213-05, ID 374289682. Na CTPS consta a função de auxiliar de funileiro e atualmente está exercendo a função de MECANICO DE MANUTENÇÃO DE AUTOMOVEIS MOTOCICLETAS E DE VEÍCULOS SIMILARES - 9144-05, na empresa NELSON A M DELLAMONICALTDA, ID 374409912, atividades para as quais, segundo o perito médico, não houve redução de sua capacidade laborativa do autor. Nesse passo, note-se que foi expressamente afastada a redução da capacidade laborativa, em resposta ao quesito número 2 do autor. Foi apresentada impugnação ao laudo pericial, porém entendo que o documento técnico está devidamente fundamentado, tendo sido elaborado com base no exame clínico realizado e nos documentos médicos apresentados pela parte, e mostrou-se suficiente para o convencimento deste Juízo. Entendo, ainda, que não há necessidade de nova perícia ou novos esclarecimentos do perito judicial, tendo em vista que o nível de especialização apresentado pelo perito é suficiente para promover a análise do quadro clínico apresentado nos autos. Portanto, ausente a redução ou a incapacidade para o trabalho, essencial para a concessão de um do(s) benefício(s) pretendido(s) na inicial, desnecessária a incursão na investigação da existência de carência e qualidade de segurado da parte autora, o caso é de improcedência do pedido. Em razão do exposto, JULGO IMPROCEDENTE o pedido, nos termos do art. 487, I, do Código de Processo Civil. Sem custas e honorários advocatícios nesta instância judicial (art. 55 da Lei 9.099/95). Caso haja interesse em recorrer desta decisão, cientifico de que o prazo para recurso é de 10 (dez) dias (art. 42 da Lei 9.099/95). Havendo apresentação de recurso inominado, intime-se a parte recorrida para, querendo, apresentar contrarrazões no prazo legal. Vindas estas, ou decorrido o prazo in albis, encaminhem-se os presentes autos para a Turma Recursal com nossas homenagens e cautelas de praxe. Com o trânsito em julgado e havendo notícia da implantação/restabelecimento do benefício objeto dos autos (se o caso), devolva-se ao Juízo de origem. Publique-se. Intimem-se. Núcleos de Justiça 4.0, datado e assinado eletronicamente. FERNANDA SORAIA PACHECO COSTA CLEMENTI Juíza Federal

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