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"5087356-54.2025.8.24.0930" - Resultados da Busca – Página 106 de 110

Processo nº 5458233-19.2025.8.09.0006

ID: 298542800

Tribunal: TJGO Órgão: 10ª Câmara Cível Classe: AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº Processo: 5458233-19.2025.8.09.0006

Data de Disponibilização: 13/06/2025

Polo Ativo:

JOSE NILTON SOARES DA SILVA

Polo Passivo:

DECISÃO MONOCRÁTICA

Advogados:

DANIEL WARLINGTON MORAIS DUTRA

OAB/GO XXXXXX Desbloquear

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE GOIÁS GABINETE DO DESEMBARGADOR ANDERSON MÁXIMO DE HOLANDA 10ª CÂMARA CÍVEL RECURSO DE AGRAVO DE INSTRUMENTO N.º 5458233-19.2… PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE GOIÁS GABINETE DO DESEMBARGADOR ANDERSON MÁXIMO DE HOLANDA 10ª CÂMARA CÍVEL RECURSO DE AGRAVO DE INSTRUMENTO N.º 5458233-19.2025.8.09.0006 COMARCA : ANÁPOLISRELATORA : IARA MÁRCIA FRANZONI DE LIMA COSTA – JUÍZA SUBSTITUTA EM 2º GRAUAGRAVANTES : LEONARDO FELIPE DE OLIVEIRA AZEVEDO E OUTROSADVOGADO(A) : DANIEL WARLINGTON MORAIS DUTRA – OAB/GO 58.671 AGRAVADO(A) : AZUL LINHAS AÉREAS BRASILEIRAS S.A. ADVOGADO(A) : SEM REPRESENTAÇÃO PROCESSUAL EMENTA: DIREITO PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. GRATUIDADE DA JUSTIÇA. ATLETAS DE FUTEBOL DE DIVISÃO INFERIOR. HIPOSSUFICIÊNCIA COMPROVADA. RECURSO PROVIDO. I. CASO EM EXAME1. Trata-se de agravo de instrumento interposto contra decisão que indeferiu pedido de gratuidade de justiça formulado por atletas profissionais de futebol e membros da comissão técnica de um clube de futebol de Série C do Campeonato Brasileiro. Os agravantes alegam insuficiência de recursos para arcar com as custas processuais.II. QUESTÃO EM DISCUSSÃO2. A questão em discussão consiste em analisar se os agravantes comprovam hipossuficiência financeira para a concessão da gratuidade da justiça, considerando sua condição de atletas de futebol em divisão inferior.III. RAZÕES DE DECIDIR3. A Constituição Federal garante o acesso à justiça a todos, inclusive àqueles sem recursos financeiros. A lei dispõe que a gratuidade da justiça será concedida àqueles que comprovarem insuficiência de recursos.4. A simples alegação de pobreza não é suficiente; é necessária a comprovação documental da hipossuficiência. No caso, os contratos de trabalho e demais documentos apresentados pelos agravantes demonstram a baixa remuneração recebida e a precariedade de suas condições financeiras. Sua situação profissional difere substancialmente da de atletas de divisões superiores, com rendimentos significativamente maiores e contratos mais estáveis.IV. DISPOSITIVO E TESE5. Recurso conhecido e provido.Tese de julgamento: "1. A comprovação documental da hipossuficiência financeira, mesmo para atletas profissionais, é requisito essencial para a concessão da gratuidade da justiça. 2. A precariedade dos contratos e a baixa remuneração de atletas de futebol de divisões inferiores configuram situação de insuficiência de recursos, justificando o deferimento do benefício." Dispositivos relevantes citados: CF/1988, art. 5º, LXXIV; CPC, art. 98; Lei nº 1.060/1950.Jurisprudências relevantes citadas: Súmula nº 25 do TJGO; APELAÇÃO CÍVEL 5338976-88.2024.8.09.0085, TJGO; AGRAVO DE INSTRUMENTO 5200055-76.2024.8.09.0174, TJGO; Súmula nº 76 do TJGO. DECISÃO MONOCRÁTICA Trata-se de recurso de agravo de instrumento com pedido de efeito suspensivo interposto por André Henrique Simplício Dantas e outros contra a decisão proferida pela Juíza de Direito da 4ª Vara Cível da Comarca de Anápolis, Dra. Alessandra Cristina Oliveira Louza, nos autos da ação de indenização por danos morais ajuizada em desfavor de Azul Linhas Aéreas Brasileiras S.A. Na decisão vergastada (movimento nº 69 dos autos originários 5087356-30.2025.8.09.0006), o juízo singular indeferiu o pedido de gratuidade da justiça formulado pelos autores/recorrentes, sob o fundamento de que "os documentos acostados mostram-se insuficientes para comprovação da alegada insuficiência de recursos para custear as despesas do processo", facultando, contudo, o parcelamento das custas iniciais em até cinco vezes.Os agravantes sustentam em suas razões recursais o desacerto do ato decisório, ao argumento de que são atletas profissionais de futebol e membros da comissão técnica do Anápolis Futebol Clube que atuam em divisões inferiores do esporte (Série C do Campeonato Brasileiro), e não possuem a mesma renda que jogadores da Série A, retirando seu sustento com muita luta e garantindo apenas o mínimo mensal.Relatam que residem no centro de treinamentos do clube para economizar com moradia e transporte, sendo provedores das despesas familiares. Informam que o clube ocupa a última posição da tabela da Série C em virtude do baixo orçamento, reconhecido publicamente como o menor da competição.Asseveram que não possuem condições de arcar com o recolhimento das custas processuais sem comprometer sua subsistência e a de suas famílias, uma vez que são isentos do imposto de renda devido ao baixo rendimento financeiro.Requerem a concessão da tutela provisória recursal para suspender os efeitos da decisão agravada. Ao final, pleiteiam o provimento do recurso, com a consequente reforma da decisão agravada e concessão dos benefícios da gratuidade da justiça.O preparo recursal é dispensado, nos termos do artigo 101, § 1º, do Código de Processo Civil.É o relatório. Decido.1. Julgamento monocráticoA decisão unipessoal mostra-se devida no caso em análise, nos termos do artigo 932, inciso V, alínea “a”, do Código de Processo Civil, cumulado com artigo 138, inciso III, da Resolução n.° 170/2021, que instituiu o Regimento Interno desta Corte Estadual, que assim dispõem:Art. 932 – Incumbe ao relator: (…)V - depois de facultada a apresentação de contrarrazões, dar provimento ao recurso se a decisão recorrida for contrária a:a) súmula do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do próprio tribunal;Art. 138. Ao relator compete: (…)III - decidir monocraticamente nas hipóteses previstas no art. 932 do CPC, inclusive nos processos penais originários e recursais;Na espécie, a matéria debatida nos autos encontra-se pacificada no âmbito deste Tribunal de Justiça do Estado de Goiás por intermédio do enunciado n.º 25 de sua súmula de jurisprudência, o que autoriza o julgamento por decisão unipessoal do relator.2. Juízo de admissibilidadePresentes os pressupostos intrínsecos e extrínsecos de admissibilidade recursal, notadamente de cabimento (próprio), legitimidade, tempestividade e preparo (dispensado em virtude de previsão do artigo 101, § 1º, do Código de Processo Civil), conheço do recurso de agravo de instrumento.3. Mérito da controvérsia recursal – Gratuidade da justiçaImpende consignar, em proêmio, a desnecessidade de intimação da parte agravada para oferecer contrarrazões ao presente recurso, uma vez que a relação processual originária ainda não se encontra perfectibilizada e não se vislumbra prejuízo para parte contrária, consoante entendimento consolidado no enunciado da súmula n.º 76 deste Tribunal de Justiça do Estado de Goiás, que assim dispõe:SÚMULA Nº 76 - Desnecessária a comunicação processual da parte agravada para apresentar contrarrazões ao agravo de instrumento, quando ainda não angularizada a relação processual na origem, exceto nas hipóteses de manifesto prejuízo.Pois bem. A pretensão recursal cinge-se à obtenção do benefício da gratuidade da justiça, ao fundamento de que os agravantes não possuem condições de arcar com as custas judiciais sem prejuízo do seu sustento e de sua família.Do cotejo dos documentos e argumentos apresentados, constata-se que razão assiste à parte recorrente. Perquire-se.O artigo 5º, inciso LXXIV, da Constituição Federal, estabelece como requisito indispensável para a concessão do benefício da gratuidade da justiça a comprovação da insuficiência de recursos do requerente.Outrossim, o propósito da Lei n.º 1.060/1950 e do Código de Processo Civil é conferir o benefício da gratuidade da justiça aos necessitados, assim entendidos aqueles que se encontrem em situação inviabilizadora da assunção do ônus decorrente do processo, cujo ingresso em juízo possa causar prejuízo irreparável ao seu patrimônio.Nesse sentido, o Código de Processo Civil dispõe que:Art. 98. A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com insuficiência de recursos para pagar as custas, as despesas processuais e os honorários advocatícios têm direito à gratuidade da justiça, na forma da lei. (…)Art. 99. O pedido de gratuidade da justiça pode ser formulado na petição inicial, na contestação, na petição para ingresso de terceiro no processo ou em recurso. (…)§ 2º O juiz somente poderá indeferir o pedido se houver nos autos elementos que evidenciem a falta dos pressupostos legais para a concessão de gratuidade, devendo, antes de indeferir o pedido, determinar à parte a comprovação do preenchimento dos referidos pressupostos.§ 3º Presume-se verdadeira a alegação de insuficiência deduzida exclusivamente por pessoa natural.§ 4º A assistência do requerente por advogado particular não impede a concessão de gratuidade da justiça.Com supedâneo no comando constitucional e infraconstitucional acima referido, esta Corte de Justiça editou o enunciado de súmula 25 que consigna a imprescindibilidade da comprovação da hipossuficiência financeira para arcar com os encargos processuais, cuja redação segue abaixo:Súmula nº 25 do TJGO. Faz jus à gratuidade da justiça a pessoa, natural ou jurídica, que comprovar sua impossibilidade de arcar com os encargos processuais.Dessarte, conclui-se que a simples alegação do estado de pobreza não é bastante para concessão do benefício, de forma que é necessária a apresentação de documentos para aferir a real situação financeira de quem pretende litigar às expensas do Estado.Na hipótese vertente, percebe-se que os documentos apresentados pelo agravante (movimento 1, arquivos 2 a 48) comprovam a alegada carência financeira para arcar com as custas processuais iniciais, conforme afirmado.Os agravantes são atletas profissionais de futebol e membros de comissão técnica que atuam em divisões inferiores do futebol brasileiro, especificamente na Série C do Campeonato Brasileiro pelo Anápolis Futebol Clube/GO. Esta condição profissional específica os diferencia substancialmente dos atletas da elite do futebol nacional, que atuam na Série A e possuem remuneração significativamente superior e contratos de longa duração.Para corroborar suas alegações de hipossuficiência, os recorrentes apresentaram cópias dos Contratos Especiais de Trabalho Desportivo (CETD) e das respectivas Carteiras de Trabalho e Previdência Social - CTPS, através dos quais se verifica que os agravantes foram contratados pelo Anápolis Futebol Clube com salário contratual em média de R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais) mensais, valor que, por si só, demonstra a modesta remuneração auferida pelos requerentes. Ademais, ficou comprovado que se trata de contratos de trabalho de prazo determinado e de curta duração, com vigência de janeiro a setembro/abril de 2024, o que evidencia a instabilidade e precariedade da situação laboral dos agravantes. Esta característica temporal dos contratos desportivos em divisões inferiores gera constante insegurança jurídica e financeira aos profissionais, que ficam sujeitos a períodos de desemprego entre uma temporada e outra. Assim, do detido exame do arcabouço probatório, extrai-se que há prova dos parcos recursos auferidos pelos agravantes e da incapacidade financeira de arcar com as custas da demanda originária, de modo que fazem jus a concessão da gratuidade da justiça.Em consonância com o entendimento adotado, cita-se os escólios desta Corte Estadual:APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. GRATUIDADE DA JUSTIÇA. HIPOSSUFICIÊNCIA RECONHECIDA. EXTINÇÃO DO FEITO SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO. EMENDA À INICIAL. COMPROVANTE DE ENDEREÇO EM NOME PRÓPRIO. 1. Tendo a parte comprovado a sua hipossuficiência financeira, que inviabiliza a efetuação do pagamento das despesas processuais sem comprometer o sustento próprio ou de sua família, torna-se imperativa a concessão do benefício da gratuidade da justiça. (...). APELAÇÃO CÍVEL CONHECIDA E PROVIDA. SENTENÇA CASSADA. (TJGO, PROCESSO CÍVEL E DO TRABALHO -> Recursos -> Apelação Cível 5338976-88.2024.8.09.0085, Rel. Des(a). José Ricardo M. Machado, 8ª Câmara Cível, julgado em 15/07/2024, DJe de 15/07/2024, grifou-se).EMENTA: AGRAVO INTERNO EM EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM AGRAVO DE INSTRUMENTO. CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. GRATUIDADE DA JUSTIÇA. PESSOA JURÍDICA. CUSTAS RECURSAIS. HIPOSSUFICIÊNCIA COMPROVADA. DEFERIMENTO. DECISÃO REFORMADA. 1. Recurso de agravo interno interposto contra decisão que indeferiu pedido de justiça gratuita formulado por pessoa jurídica. 2. Comprovado preenchimento dos pressupostos legais para a concessão da gratuidade da justiça é caso de se deferir o benefício. 3. AGRAVO INTERNO CONHECIDO E PROVIDO. (TJGO, PROCESSO CÍVEL E DO TRABALHO -> Recursos -> Agravos -> Agravo de Instrumento 5200055-76.2024.8.09.0174, Rel. Des(a). DESEMBARGADOR GERSON SANTANA CINTRA, 3ª Câmara Cível, julgado em 15/07/2024, DJe de 15/07/2024, grifou-se).Nessa confluência, confirmada que a situação dos agravantes é de insuficiência econômica, necessária a reforma da decisão proferida pelo juízo de primeiro grau de jurisdição para deferir o pedido de gratuidade da justiça para bem atender ao princípio constitucional da igualdade material e do acesso à justiça.Ressalte-se, por fim, que a presente decisão resolve integralmente o mérito recursal, razão pela qual resta prejudicada a análise do pedido de concessão de efeito suspensivo formulado liminarmente pelos agravantes, por se tratar de providência de natureza acessória, cuja finalidade era assegurar a utilidade da prestação jurisdicional final, ora alcançada com o julgamento definitivo do recurso.4. DispositivoAnte o exposto, nos termos do artigo 932, inciso V, alínea “a”, do Código de Processo Civil, conheço do recurso de agravo de instrumento e dou-lhe provimento para, em reforma da decisão vergastada, conceder aos agravantes a integralidade dos benefícios da gratuidade da justiça.Oficie-se ao juízo de origem para ciência dos termos desta decisão.Decorrido o prazo legal, arquivem-se os autos com as cautelas de estilo.Intime-se. Cumpra-se. Goiânia, datado e assinado digitalmente. Iara Márcia Franzoni De Lima CostaJuíza Substituta em 2º GrauRelatora

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Processo nº 5458233-19.2025.8.09.0006

ID: 298542803

Tribunal: TJGO Órgão: 10ª Câmara Cível Classe: AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº Processo: 5458233-19.2025.8.09.0006

Data de Disponibilização: 13/06/2025

Polo Ativo:

JUAREZ ANTONIO DA SILVA RAMOS

Polo Passivo:

DECISÃO MONOCRÁTICA

Advogados:

DANIEL WARLINGTON MORAIS DUTRA

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PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE GOIÁS GABINETE DO DESEMBARGADOR ANDERSON MÁXIMO DE HOLANDA 10ª CÂMARA CÍVEL RECURSO DE AGRAVO DE INSTRUMENTO N.º 5458233-19.2… PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE GOIÁS GABINETE DO DESEMBARGADOR ANDERSON MÁXIMO DE HOLANDA 10ª CÂMARA CÍVEL RECURSO DE AGRAVO DE INSTRUMENTO N.º 5458233-19.2025.8.09.0006 COMARCA : ANÁPOLISRELATORA : IARA MÁRCIA FRANZONI DE LIMA COSTA – JUÍZA SUBSTITUTA EM 2º GRAUAGRAVANTES : LEONARDO FELIPE DE OLIVEIRA AZEVEDO E OUTROSADVOGADO(A) : DANIEL WARLINGTON MORAIS DUTRA – OAB/GO 58.671 AGRAVADO(A) : AZUL LINHAS AÉREAS BRASILEIRAS S.A. ADVOGADO(A) : SEM REPRESENTAÇÃO PROCESSUAL EMENTA: DIREITO PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. GRATUIDADE DA JUSTIÇA. ATLETAS DE FUTEBOL DE DIVISÃO INFERIOR. HIPOSSUFICIÊNCIA COMPROVADA. RECURSO PROVIDO. I. CASO EM EXAME1. Trata-se de agravo de instrumento interposto contra decisão que indeferiu pedido de gratuidade de justiça formulado por atletas profissionais de futebol e membros da comissão técnica de um clube de futebol de Série C do Campeonato Brasileiro. Os agravantes alegam insuficiência de recursos para arcar com as custas processuais.II. QUESTÃO EM DISCUSSÃO2. A questão em discussão consiste em analisar se os agravantes comprovam hipossuficiência financeira para a concessão da gratuidade da justiça, considerando sua condição de atletas de futebol em divisão inferior.III. RAZÕES DE DECIDIR3. A Constituição Federal garante o acesso à justiça a todos, inclusive àqueles sem recursos financeiros. A lei dispõe que a gratuidade da justiça será concedida àqueles que comprovarem insuficiência de recursos.4. A simples alegação de pobreza não é suficiente; é necessária a comprovação documental da hipossuficiência. No caso, os contratos de trabalho e demais documentos apresentados pelos agravantes demonstram a baixa remuneração recebida e a precariedade de suas condições financeiras. Sua situação profissional difere substancialmente da de atletas de divisões superiores, com rendimentos significativamente maiores e contratos mais estáveis.IV. DISPOSITIVO E TESE5. Recurso conhecido e provido.Tese de julgamento: "1. A comprovação documental da hipossuficiência financeira, mesmo para atletas profissionais, é requisito essencial para a concessão da gratuidade da justiça. 2. A precariedade dos contratos e a baixa remuneração de atletas de futebol de divisões inferiores configuram situação de insuficiência de recursos, justificando o deferimento do benefício." Dispositivos relevantes citados: CF/1988, art. 5º, LXXIV; CPC, art. 98; Lei nº 1.060/1950.Jurisprudências relevantes citadas: Súmula nº 25 do TJGO; APELAÇÃO CÍVEL 5338976-88.2024.8.09.0085, TJGO; AGRAVO DE INSTRUMENTO 5200055-76.2024.8.09.0174, TJGO; Súmula nº 76 do TJGO. DECISÃO MONOCRÁTICA Trata-se de recurso de agravo de instrumento com pedido de efeito suspensivo interposto por André Henrique Simplício Dantas e outros contra a decisão proferida pela Juíza de Direito da 4ª Vara Cível da Comarca de Anápolis, Dra. Alessandra Cristina Oliveira Louza, nos autos da ação de indenização por danos morais ajuizada em desfavor de Azul Linhas Aéreas Brasileiras S.A. Na decisão vergastada (movimento nº 69 dos autos originários 5087356-30.2025.8.09.0006), o juízo singular indeferiu o pedido de gratuidade da justiça formulado pelos autores/recorrentes, sob o fundamento de que "os documentos acostados mostram-se insuficientes para comprovação da alegada insuficiência de recursos para custear as despesas do processo", facultando, contudo, o parcelamento das custas iniciais em até cinco vezes.Os agravantes sustentam em suas razões recursais o desacerto do ato decisório, ao argumento de que são atletas profissionais de futebol e membros da comissão técnica do Anápolis Futebol Clube que atuam em divisões inferiores do esporte (Série C do Campeonato Brasileiro), e não possuem a mesma renda que jogadores da Série A, retirando seu sustento com muita luta e garantindo apenas o mínimo mensal.Relatam que residem no centro de treinamentos do clube para economizar com moradia e transporte, sendo provedores das despesas familiares. Informam que o clube ocupa a última posição da tabela da Série C em virtude do baixo orçamento, reconhecido publicamente como o menor da competição.Asseveram que não possuem condições de arcar com o recolhimento das custas processuais sem comprometer sua subsistência e a de suas famílias, uma vez que são isentos do imposto de renda devido ao baixo rendimento financeiro.Requerem a concessão da tutela provisória recursal para suspender os efeitos da decisão agravada. Ao final, pleiteiam o provimento do recurso, com a consequente reforma da decisão agravada e concessão dos benefícios da gratuidade da justiça.O preparo recursal é dispensado, nos termos do artigo 101, § 1º, do Código de Processo Civil.É o relatório. Decido.1. Julgamento monocráticoA decisão unipessoal mostra-se devida no caso em análise, nos termos do artigo 932, inciso V, alínea “a”, do Código de Processo Civil, cumulado com artigo 138, inciso III, da Resolução n.° 170/2021, que instituiu o Regimento Interno desta Corte Estadual, que assim dispõem:Art. 932 – Incumbe ao relator: (…)V - depois de facultada a apresentação de contrarrazões, dar provimento ao recurso se a decisão recorrida for contrária a:a) súmula do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do próprio tribunal;Art. 138. Ao relator compete: (…)III - decidir monocraticamente nas hipóteses previstas no art. 932 do CPC, inclusive nos processos penais originários e recursais;Na espécie, a matéria debatida nos autos encontra-se pacificada no âmbito deste Tribunal de Justiça do Estado de Goiás por intermédio do enunciado n.º 25 de sua súmula de jurisprudência, o que autoriza o julgamento por decisão unipessoal do relator.2. Juízo de admissibilidadePresentes os pressupostos intrínsecos e extrínsecos de admissibilidade recursal, notadamente de cabimento (próprio), legitimidade, tempestividade e preparo (dispensado em virtude de previsão do artigo 101, § 1º, do Código de Processo Civil), conheço do recurso de agravo de instrumento.3. Mérito da controvérsia recursal – Gratuidade da justiçaImpende consignar, em proêmio, a desnecessidade de intimação da parte agravada para oferecer contrarrazões ao presente recurso, uma vez que a relação processual originária ainda não se encontra perfectibilizada e não se vislumbra prejuízo para parte contrária, consoante entendimento consolidado no enunciado da súmula n.º 76 deste Tribunal de Justiça do Estado de Goiás, que assim dispõe:SÚMULA Nº 76 - Desnecessária a comunicação processual da parte agravada para apresentar contrarrazões ao agravo de instrumento, quando ainda não angularizada a relação processual na origem, exceto nas hipóteses de manifesto prejuízo.Pois bem. A pretensão recursal cinge-se à obtenção do benefício da gratuidade da justiça, ao fundamento de que os agravantes não possuem condições de arcar com as custas judiciais sem prejuízo do seu sustento e de sua família.Do cotejo dos documentos e argumentos apresentados, constata-se que razão assiste à parte recorrente. Perquire-se.O artigo 5º, inciso LXXIV, da Constituição Federal, estabelece como requisito indispensável para a concessão do benefício da gratuidade da justiça a comprovação da insuficiência de recursos do requerente.Outrossim, o propósito da Lei n.º 1.060/1950 e do Código de Processo Civil é conferir o benefício da gratuidade da justiça aos necessitados, assim entendidos aqueles que se encontrem em situação inviabilizadora da assunção do ônus decorrente do processo, cujo ingresso em juízo possa causar prejuízo irreparável ao seu patrimônio.Nesse sentido, o Código de Processo Civil dispõe que:Art. 98. A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com insuficiência de recursos para pagar as custas, as despesas processuais e os honorários advocatícios têm direito à gratuidade da justiça, na forma da lei. (…)Art. 99. O pedido de gratuidade da justiça pode ser formulado na petição inicial, na contestação, na petição para ingresso de terceiro no processo ou em recurso. (…)§ 2º O juiz somente poderá indeferir o pedido se houver nos autos elementos que evidenciem a falta dos pressupostos legais para a concessão de gratuidade, devendo, antes de indeferir o pedido, determinar à parte a comprovação do preenchimento dos referidos pressupostos.§ 3º Presume-se verdadeira a alegação de insuficiência deduzida exclusivamente por pessoa natural.§ 4º A assistência do requerente por advogado particular não impede a concessão de gratuidade da justiça.Com supedâneo no comando constitucional e infraconstitucional acima referido, esta Corte de Justiça editou o enunciado de súmula 25 que consigna a imprescindibilidade da comprovação da hipossuficiência financeira para arcar com os encargos processuais, cuja redação segue abaixo:Súmula nº 25 do TJGO. Faz jus à gratuidade da justiça a pessoa, natural ou jurídica, que comprovar sua impossibilidade de arcar com os encargos processuais.Dessarte, conclui-se que a simples alegação do estado de pobreza não é bastante para concessão do benefício, de forma que é necessária a apresentação de documentos para aferir a real situação financeira de quem pretende litigar às expensas do Estado.Na hipótese vertente, percebe-se que os documentos apresentados pelo agravante (movimento 1, arquivos 2 a 48) comprovam a alegada carência financeira para arcar com as custas processuais iniciais, conforme afirmado.Os agravantes são atletas profissionais de futebol e membros de comissão técnica que atuam em divisões inferiores do futebol brasileiro, especificamente na Série C do Campeonato Brasileiro pelo Anápolis Futebol Clube/GO. Esta condição profissional específica os diferencia substancialmente dos atletas da elite do futebol nacional, que atuam na Série A e possuem remuneração significativamente superior e contratos de longa duração.Para corroborar suas alegações de hipossuficiência, os recorrentes apresentaram cópias dos Contratos Especiais de Trabalho Desportivo (CETD) e das respectivas Carteiras de Trabalho e Previdência Social - CTPS, através dos quais se verifica que os agravantes foram contratados pelo Anápolis Futebol Clube com salário contratual em média de R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais) mensais, valor que, por si só, demonstra a modesta remuneração auferida pelos requerentes. Ademais, ficou comprovado que se trata de contratos de trabalho de prazo determinado e de curta duração, com vigência de janeiro a setembro/abril de 2024, o que evidencia a instabilidade e precariedade da situação laboral dos agravantes. Esta característica temporal dos contratos desportivos em divisões inferiores gera constante insegurança jurídica e financeira aos profissionais, que ficam sujeitos a períodos de desemprego entre uma temporada e outra. Assim, do detido exame do arcabouço probatório, extrai-se que há prova dos parcos recursos auferidos pelos agravantes e da incapacidade financeira de arcar com as custas da demanda originária, de modo que fazem jus a concessão da gratuidade da justiça.Em consonância com o entendimento adotado, cita-se os escólios desta Corte Estadual:APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. GRATUIDADE DA JUSTIÇA. HIPOSSUFICIÊNCIA RECONHECIDA. EXTINÇÃO DO FEITO SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO. EMENDA À INICIAL. COMPROVANTE DE ENDEREÇO EM NOME PRÓPRIO. 1. Tendo a parte comprovado a sua hipossuficiência financeira, que inviabiliza a efetuação do pagamento das despesas processuais sem comprometer o sustento próprio ou de sua família, torna-se imperativa a concessão do benefício da gratuidade da justiça. (...). APELAÇÃO CÍVEL CONHECIDA E PROVIDA. SENTENÇA CASSADA. (TJGO, PROCESSO CÍVEL E DO TRABALHO -> Recursos -> Apelação Cível 5338976-88.2024.8.09.0085, Rel. Des(a). José Ricardo M. Machado, 8ª Câmara Cível, julgado em 15/07/2024, DJe de 15/07/2024, grifou-se).EMENTA: AGRAVO INTERNO EM EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM AGRAVO DE INSTRUMENTO. CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. GRATUIDADE DA JUSTIÇA. PESSOA JURÍDICA. CUSTAS RECURSAIS. HIPOSSUFICIÊNCIA COMPROVADA. DEFERIMENTO. DECISÃO REFORMADA. 1. Recurso de agravo interno interposto contra decisão que indeferiu pedido de justiça gratuita formulado por pessoa jurídica. 2. Comprovado preenchimento dos pressupostos legais para a concessão da gratuidade da justiça é caso de se deferir o benefício. 3. AGRAVO INTERNO CONHECIDO E PROVIDO. (TJGO, PROCESSO CÍVEL E DO TRABALHO -> Recursos -> Agravos -> Agravo de Instrumento 5200055-76.2024.8.09.0174, Rel. Des(a). DESEMBARGADOR GERSON SANTANA CINTRA, 3ª Câmara Cível, julgado em 15/07/2024, DJe de 15/07/2024, grifou-se).Nessa confluência, confirmada que a situação dos agravantes é de insuficiência econômica, necessária a reforma da decisão proferida pelo juízo de primeiro grau de jurisdição para deferir o pedido de gratuidade da justiça para bem atender ao princípio constitucional da igualdade material e do acesso à justiça.Ressalte-se, por fim, que a presente decisão resolve integralmente o mérito recursal, razão pela qual resta prejudicada a análise do pedido de concessão de efeito suspensivo formulado liminarmente pelos agravantes, por se tratar de providência de natureza acessória, cuja finalidade era assegurar a utilidade da prestação jurisdicional final, ora alcançada com o julgamento definitivo do recurso.4. DispositivoAnte o exposto, nos termos do artigo 932, inciso V, alínea “a”, do Código de Processo Civil, conheço do recurso de agravo de instrumento e dou-lhe provimento para, em reforma da decisão vergastada, conceder aos agravantes a integralidade dos benefícios da gratuidade da justiça.Oficie-se ao juízo de origem para ciência dos termos desta decisão.Decorrido o prazo legal, arquivem-se os autos com as cautelas de estilo.Intime-se. Cumpra-se. Goiânia, datado e assinado digitalmente. Iara Márcia Franzoni De Lima CostaJuíza Substituta em 2º GrauRelatora

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Processo nº 5458233-19.2025.8.09.0006

ID: 298542805

Tribunal: TJGO Órgão: 10ª Câmara Cível Classe: AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº Processo: 5458233-19.2025.8.09.0006

Data de Disponibilização: 13/06/2025

Polo Ativo:

KEVYN DA SILVA SOARES

Polo Passivo:

DECISÃO MONOCRÁTICA

Advogados:

DANIEL WARLINGTON MORAIS DUTRA

OAB/GO XXXXXX Desbloquear

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE GOIÁS GABINETE DO DESEMBARGADOR ANDERSON MÁXIMO DE HOLANDA 10ª CÂMARA CÍVEL RECURSO DE AGRAVO DE INSTRUMENTO N.º 5458233-19.2… PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE GOIÁS GABINETE DO DESEMBARGADOR ANDERSON MÁXIMO DE HOLANDA 10ª CÂMARA CÍVEL RECURSO DE AGRAVO DE INSTRUMENTO N.º 5458233-19.2025.8.09.0006 COMARCA : ANÁPOLISRELATORA : IARA MÁRCIA FRANZONI DE LIMA COSTA – JUÍZA SUBSTITUTA EM 2º GRAUAGRAVANTES : LEONARDO FELIPE DE OLIVEIRA AZEVEDO E OUTROSADVOGADO(A) : DANIEL WARLINGTON MORAIS DUTRA – OAB/GO 58.671 AGRAVADO(A) : AZUL LINHAS AÉREAS BRASILEIRAS S.A. ADVOGADO(A) : SEM REPRESENTAÇÃO PROCESSUAL EMENTA: DIREITO PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. GRATUIDADE DA JUSTIÇA. ATLETAS DE FUTEBOL DE DIVISÃO INFERIOR. HIPOSSUFICIÊNCIA COMPROVADA. RECURSO PROVIDO. I. CASO EM EXAME1. Trata-se de agravo de instrumento interposto contra decisão que indeferiu pedido de gratuidade de justiça formulado por atletas profissionais de futebol e membros da comissão técnica de um clube de futebol de Série C do Campeonato Brasileiro. Os agravantes alegam insuficiência de recursos para arcar com as custas processuais.II. QUESTÃO EM DISCUSSÃO2. A questão em discussão consiste em analisar se os agravantes comprovam hipossuficiência financeira para a concessão da gratuidade da justiça, considerando sua condição de atletas de futebol em divisão inferior.III. RAZÕES DE DECIDIR3. A Constituição Federal garante o acesso à justiça a todos, inclusive àqueles sem recursos financeiros. A lei dispõe que a gratuidade da justiça será concedida àqueles que comprovarem insuficiência de recursos.4. A simples alegação de pobreza não é suficiente; é necessária a comprovação documental da hipossuficiência. No caso, os contratos de trabalho e demais documentos apresentados pelos agravantes demonstram a baixa remuneração recebida e a precariedade de suas condições financeiras. Sua situação profissional difere substancialmente da de atletas de divisões superiores, com rendimentos significativamente maiores e contratos mais estáveis.IV. DISPOSITIVO E TESE5. Recurso conhecido e provido.Tese de julgamento: "1. A comprovação documental da hipossuficiência financeira, mesmo para atletas profissionais, é requisito essencial para a concessão da gratuidade da justiça. 2. A precariedade dos contratos e a baixa remuneração de atletas de futebol de divisões inferiores configuram situação de insuficiência de recursos, justificando o deferimento do benefício." Dispositivos relevantes citados: CF/1988, art. 5º, LXXIV; CPC, art. 98; Lei nº 1.060/1950.Jurisprudências relevantes citadas: Súmula nº 25 do TJGO; APELAÇÃO CÍVEL 5338976-88.2024.8.09.0085, TJGO; AGRAVO DE INSTRUMENTO 5200055-76.2024.8.09.0174, TJGO; Súmula nº 76 do TJGO. DECISÃO MONOCRÁTICA Trata-se de recurso de agravo de instrumento com pedido de efeito suspensivo interposto por André Henrique Simplício Dantas e outros contra a decisão proferida pela Juíza de Direito da 4ª Vara Cível da Comarca de Anápolis, Dra. Alessandra Cristina Oliveira Louza, nos autos da ação de indenização por danos morais ajuizada em desfavor de Azul Linhas Aéreas Brasileiras S.A. Na decisão vergastada (movimento nº 69 dos autos originários 5087356-30.2025.8.09.0006), o juízo singular indeferiu o pedido de gratuidade da justiça formulado pelos autores/recorrentes, sob o fundamento de que "os documentos acostados mostram-se insuficientes para comprovação da alegada insuficiência de recursos para custear as despesas do processo", facultando, contudo, o parcelamento das custas iniciais em até cinco vezes.Os agravantes sustentam em suas razões recursais o desacerto do ato decisório, ao argumento de que são atletas profissionais de futebol e membros da comissão técnica do Anápolis Futebol Clube que atuam em divisões inferiores do esporte (Série C do Campeonato Brasileiro), e não possuem a mesma renda que jogadores da Série A, retirando seu sustento com muita luta e garantindo apenas o mínimo mensal.Relatam que residem no centro de treinamentos do clube para economizar com moradia e transporte, sendo provedores das despesas familiares. Informam que o clube ocupa a última posição da tabela da Série C em virtude do baixo orçamento, reconhecido publicamente como o menor da competição.Asseveram que não possuem condições de arcar com o recolhimento das custas processuais sem comprometer sua subsistência e a de suas famílias, uma vez que são isentos do imposto de renda devido ao baixo rendimento financeiro.Requerem a concessão da tutela provisória recursal para suspender os efeitos da decisão agravada. Ao final, pleiteiam o provimento do recurso, com a consequente reforma da decisão agravada e concessão dos benefícios da gratuidade da justiça.O preparo recursal é dispensado, nos termos do artigo 101, § 1º, do Código de Processo Civil.É o relatório. Decido.1. Julgamento monocráticoA decisão unipessoal mostra-se devida no caso em análise, nos termos do artigo 932, inciso V, alínea “a”, do Código de Processo Civil, cumulado com artigo 138, inciso III, da Resolução n.° 170/2021, que instituiu o Regimento Interno desta Corte Estadual, que assim dispõem:Art. 932 – Incumbe ao relator: (…)V - depois de facultada a apresentação de contrarrazões, dar provimento ao recurso se a decisão recorrida for contrária a:a) súmula do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do próprio tribunal;Art. 138. Ao relator compete: (…)III - decidir monocraticamente nas hipóteses previstas no art. 932 do CPC, inclusive nos processos penais originários e recursais;Na espécie, a matéria debatida nos autos encontra-se pacificada no âmbito deste Tribunal de Justiça do Estado de Goiás por intermédio do enunciado n.º 25 de sua súmula de jurisprudência, o que autoriza o julgamento por decisão unipessoal do relator.2. Juízo de admissibilidadePresentes os pressupostos intrínsecos e extrínsecos de admissibilidade recursal, notadamente de cabimento (próprio), legitimidade, tempestividade e preparo (dispensado em virtude de previsão do artigo 101, § 1º, do Código de Processo Civil), conheço do recurso de agravo de instrumento.3. Mérito da controvérsia recursal – Gratuidade da justiçaImpende consignar, em proêmio, a desnecessidade de intimação da parte agravada para oferecer contrarrazões ao presente recurso, uma vez que a relação processual originária ainda não se encontra perfectibilizada e não se vislumbra prejuízo para parte contrária, consoante entendimento consolidado no enunciado da súmula n.º 76 deste Tribunal de Justiça do Estado de Goiás, que assim dispõe:SÚMULA Nº 76 - Desnecessária a comunicação processual da parte agravada para apresentar contrarrazões ao agravo de instrumento, quando ainda não angularizada a relação processual na origem, exceto nas hipóteses de manifesto prejuízo.Pois bem. A pretensão recursal cinge-se à obtenção do benefício da gratuidade da justiça, ao fundamento de que os agravantes não possuem condições de arcar com as custas judiciais sem prejuízo do seu sustento e de sua família.Do cotejo dos documentos e argumentos apresentados, constata-se que razão assiste à parte recorrente. Perquire-se.O artigo 5º, inciso LXXIV, da Constituição Federal, estabelece como requisito indispensável para a concessão do benefício da gratuidade da justiça a comprovação da insuficiência de recursos do requerente.Outrossim, o propósito da Lei n.º 1.060/1950 e do Código de Processo Civil é conferir o benefício da gratuidade da justiça aos necessitados, assim entendidos aqueles que se encontrem em situação inviabilizadora da assunção do ônus decorrente do processo, cujo ingresso em juízo possa causar prejuízo irreparável ao seu patrimônio.Nesse sentido, o Código de Processo Civil dispõe que:Art. 98. A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com insuficiência de recursos para pagar as custas, as despesas processuais e os honorários advocatícios têm direito à gratuidade da justiça, na forma da lei. (…)Art. 99. O pedido de gratuidade da justiça pode ser formulado na petição inicial, na contestação, na petição para ingresso de terceiro no processo ou em recurso. (…)§ 2º O juiz somente poderá indeferir o pedido se houver nos autos elementos que evidenciem a falta dos pressupostos legais para a concessão de gratuidade, devendo, antes de indeferir o pedido, determinar à parte a comprovação do preenchimento dos referidos pressupostos.§ 3º Presume-se verdadeira a alegação de insuficiência deduzida exclusivamente por pessoa natural.§ 4º A assistência do requerente por advogado particular não impede a concessão de gratuidade da justiça.Com supedâneo no comando constitucional e infraconstitucional acima referido, esta Corte de Justiça editou o enunciado de súmula 25 que consigna a imprescindibilidade da comprovação da hipossuficiência financeira para arcar com os encargos processuais, cuja redação segue abaixo:Súmula nº 25 do TJGO. Faz jus à gratuidade da justiça a pessoa, natural ou jurídica, que comprovar sua impossibilidade de arcar com os encargos processuais.Dessarte, conclui-se que a simples alegação do estado de pobreza não é bastante para concessão do benefício, de forma que é necessária a apresentação de documentos para aferir a real situação financeira de quem pretende litigar às expensas do Estado.Na hipótese vertente, percebe-se que os documentos apresentados pelo agravante (movimento 1, arquivos 2 a 48) comprovam a alegada carência financeira para arcar com as custas processuais iniciais, conforme afirmado.Os agravantes são atletas profissionais de futebol e membros de comissão técnica que atuam em divisões inferiores do futebol brasileiro, especificamente na Série C do Campeonato Brasileiro pelo Anápolis Futebol Clube/GO. Esta condição profissional específica os diferencia substancialmente dos atletas da elite do futebol nacional, que atuam na Série A e possuem remuneração significativamente superior e contratos de longa duração.Para corroborar suas alegações de hipossuficiência, os recorrentes apresentaram cópias dos Contratos Especiais de Trabalho Desportivo (CETD) e das respectivas Carteiras de Trabalho e Previdência Social - CTPS, através dos quais se verifica que os agravantes foram contratados pelo Anápolis Futebol Clube com salário contratual em média de R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais) mensais, valor que, por si só, demonstra a modesta remuneração auferida pelos requerentes. Ademais, ficou comprovado que se trata de contratos de trabalho de prazo determinado e de curta duração, com vigência de janeiro a setembro/abril de 2024, o que evidencia a instabilidade e precariedade da situação laboral dos agravantes. Esta característica temporal dos contratos desportivos em divisões inferiores gera constante insegurança jurídica e financeira aos profissionais, que ficam sujeitos a períodos de desemprego entre uma temporada e outra. Assim, do detido exame do arcabouço probatório, extrai-se que há prova dos parcos recursos auferidos pelos agravantes e da incapacidade financeira de arcar com as custas da demanda originária, de modo que fazem jus a concessão da gratuidade da justiça.Em consonância com o entendimento adotado, cita-se os escólios desta Corte Estadual:APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. GRATUIDADE DA JUSTIÇA. HIPOSSUFICIÊNCIA RECONHECIDA. EXTINÇÃO DO FEITO SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO. EMENDA À INICIAL. COMPROVANTE DE ENDEREÇO EM NOME PRÓPRIO. 1. Tendo a parte comprovado a sua hipossuficiência financeira, que inviabiliza a efetuação do pagamento das despesas processuais sem comprometer o sustento próprio ou de sua família, torna-se imperativa a concessão do benefício da gratuidade da justiça. (...). APELAÇÃO CÍVEL CONHECIDA E PROVIDA. SENTENÇA CASSADA. (TJGO, PROCESSO CÍVEL E DO TRABALHO -> Recursos -> Apelação Cível 5338976-88.2024.8.09.0085, Rel. Des(a). José Ricardo M. Machado, 8ª Câmara Cível, julgado em 15/07/2024, DJe de 15/07/2024, grifou-se).EMENTA: AGRAVO INTERNO EM EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM AGRAVO DE INSTRUMENTO. CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. GRATUIDADE DA JUSTIÇA. PESSOA JURÍDICA. CUSTAS RECURSAIS. HIPOSSUFICIÊNCIA COMPROVADA. DEFERIMENTO. DECISÃO REFORMADA. 1. Recurso de agravo interno interposto contra decisão que indeferiu pedido de justiça gratuita formulado por pessoa jurídica. 2. Comprovado preenchimento dos pressupostos legais para a concessão da gratuidade da justiça é caso de se deferir o benefício. 3. AGRAVO INTERNO CONHECIDO E PROVIDO. (TJGO, PROCESSO CÍVEL E DO TRABALHO -> Recursos -> Agravos -> Agravo de Instrumento 5200055-76.2024.8.09.0174, Rel. Des(a). DESEMBARGADOR GERSON SANTANA CINTRA, 3ª Câmara Cível, julgado em 15/07/2024, DJe de 15/07/2024, grifou-se).Nessa confluência, confirmada que a situação dos agravantes é de insuficiência econômica, necessária a reforma da decisão proferida pelo juízo de primeiro grau de jurisdição para deferir o pedido de gratuidade da justiça para bem atender ao princípio constitucional da igualdade material e do acesso à justiça.Ressalte-se, por fim, que a presente decisão resolve integralmente o mérito recursal, razão pela qual resta prejudicada a análise do pedido de concessão de efeito suspensivo formulado liminarmente pelos agravantes, por se tratar de providência de natureza acessória, cuja finalidade era assegurar a utilidade da prestação jurisdicional final, ora alcançada com o julgamento definitivo do recurso.4. DispositivoAnte o exposto, nos termos do artigo 932, inciso V, alínea “a”, do Código de Processo Civil, conheço do recurso de agravo de instrumento e dou-lhe provimento para, em reforma da decisão vergastada, conceder aos agravantes a integralidade dos benefícios da gratuidade da justiça.Oficie-se ao juízo de origem para ciência dos termos desta decisão.Decorrido o prazo legal, arquivem-se os autos com as cautelas de estilo.Intime-se. Cumpra-se. Goiânia, datado e assinado digitalmente. Iara Márcia Franzoni De Lima CostaJuíza Substituta em 2º GrauRelatora

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Processo nº 5458233-19.2025.8.09.0006

ID: 298542808

Tribunal: TJGO Órgão: 10ª Câmara Cível Classe: AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº Processo: 5458233-19.2025.8.09.0006

Data de Disponibilização: 13/06/2025

Polo Ativo:

KLEBER RODRIGUES DA SILVA

Polo Passivo:

DECISÃO MONOCRÁTICA

Advogados:

DANIEL WARLINGTON MORAIS DUTRA

OAB/GO XXXXXX Desbloquear

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE GOIÁS GABINETE DO DESEMBARGADOR ANDERSON MÁXIMO DE HOLANDA 10ª CÂMARA CÍVEL RECURSO DE AGRAVO DE INSTRUMENTO N.º 5458233-19.2… PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE GOIÁS GABINETE DO DESEMBARGADOR ANDERSON MÁXIMO DE HOLANDA 10ª CÂMARA CÍVEL RECURSO DE AGRAVO DE INSTRUMENTO N.º 5458233-19.2025.8.09.0006 COMARCA : ANÁPOLISRELATORA : IARA MÁRCIA FRANZONI DE LIMA COSTA – JUÍZA SUBSTITUTA EM 2º GRAUAGRAVANTES : LEONARDO FELIPE DE OLIVEIRA AZEVEDO E OUTROSADVOGADO(A) : DANIEL WARLINGTON MORAIS DUTRA – OAB/GO 58.671 AGRAVADO(A) : AZUL LINHAS AÉREAS BRASILEIRAS S.A. ADVOGADO(A) : SEM REPRESENTAÇÃO PROCESSUAL EMENTA: DIREITO PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. GRATUIDADE DA JUSTIÇA. ATLETAS DE FUTEBOL DE DIVISÃO INFERIOR. HIPOSSUFICIÊNCIA COMPROVADA. RECURSO PROVIDO. I. CASO EM EXAME1. Trata-se de agravo de instrumento interposto contra decisão que indeferiu pedido de gratuidade de justiça formulado por atletas profissionais de futebol e membros da comissão técnica de um clube de futebol de Série C do Campeonato Brasileiro. Os agravantes alegam insuficiência de recursos para arcar com as custas processuais.II. QUESTÃO EM DISCUSSÃO2. A questão em discussão consiste em analisar se os agravantes comprovam hipossuficiência financeira para a concessão da gratuidade da justiça, considerando sua condição de atletas de futebol em divisão inferior.III. RAZÕES DE DECIDIR3. A Constituição Federal garante o acesso à justiça a todos, inclusive àqueles sem recursos financeiros. A lei dispõe que a gratuidade da justiça será concedida àqueles que comprovarem insuficiência de recursos.4. A simples alegação de pobreza não é suficiente; é necessária a comprovação documental da hipossuficiência. No caso, os contratos de trabalho e demais documentos apresentados pelos agravantes demonstram a baixa remuneração recebida e a precariedade de suas condições financeiras. Sua situação profissional difere substancialmente da de atletas de divisões superiores, com rendimentos significativamente maiores e contratos mais estáveis.IV. DISPOSITIVO E TESE5. Recurso conhecido e provido.Tese de julgamento: "1. A comprovação documental da hipossuficiência financeira, mesmo para atletas profissionais, é requisito essencial para a concessão da gratuidade da justiça. 2. A precariedade dos contratos e a baixa remuneração de atletas de futebol de divisões inferiores configuram situação de insuficiência de recursos, justificando o deferimento do benefício." Dispositivos relevantes citados: CF/1988, art. 5º, LXXIV; CPC, art. 98; Lei nº 1.060/1950.Jurisprudências relevantes citadas: Súmula nº 25 do TJGO; APELAÇÃO CÍVEL 5338976-88.2024.8.09.0085, TJGO; AGRAVO DE INSTRUMENTO 5200055-76.2024.8.09.0174, TJGO; Súmula nº 76 do TJGO. DECISÃO MONOCRÁTICA Trata-se de recurso de agravo de instrumento com pedido de efeito suspensivo interposto por André Henrique Simplício Dantas e outros contra a decisão proferida pela Juíza de Direito da 4ª Vara Cível da Comarca de Anápolis, Dra. Alessandra Cristina Oliveira Louza, nos autos da ação de indenização por danos morais ajuizada em desfavor de Azul Linhas Aéreas Brasileiras S.A. Na decisão vergastada (movimento nº 69 dos autos originários 5087356-30.2025.8.09.0006), o juízo singular indeferiu o pedido de gratuidade da justiça formulado pelos autores/recorrentes, sob o fundamento de que "os documentos acostados mostram-se insuficientes para comprovação da alegada insuficiência de recursos para custear as despesas do processo", facultando, contudo, o parcelamento das custas iniciais em até cinco vezes.Os agravantes sustentam em suas razões recursais o desacerto do ato decisório, ao argumento de que são atletas profissionais de futebol e membros da comissão técnica do Anápolis Futebol Clube que atuam em divisões inferiores do esporte (Série C do Campeonato Brasileiro), e não possuem a mesma renda que jogadores da Série A, retirando seu sustento com muita luta e garantindo apenas o mínimo mensal.Relatam que residem no centro de treinamentos do clube para economizar com moradia e transporte, sendo provedores das despesas familiares. Informam que o clube ocupa a última posição da tabela da Série C em virtude do baixo orçamento, reconhecido publicamente como o menor da competição.Asseveram que não possuem condições de arcar com o recolhimento das custas processuais sem comprometer sua subsistência e a de suas famílias, uma vez que são isentos do imposto de renda devido ao baixo rendimento financeiro.Requerem a concessão da tutela provisória recursal para suspender os efeitos da decisão agravada. Ao final, pleiteiam o provimento do recurso, com a consequente reforma da decisão agravada e concessão dos benefícios da gratuidade da justiça.O preparo recursal é dispensado, nos termos do artigo 101, § 1º, do Código de Processo Civil.É o relatório. Decido.1. Julgamento monocráticoA decisão unipessoal mostra-se devida no caso em análise, nos termos do artigo 932, inciso V, alínea “a”, do Código de Processo Civil, cumulado com artigo 138, inciso III, da Resolução n.° 170/2021, que instituiu o Regimento Interno desta Corte Estadual, que assim dispõem:Art. 932 – Incumbe ao relator: (…)V - depois de facultada a apresentação de contrarrazões, dar provimento ao recurso se a decisão recorrida for contrária a:a) súmula do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do próprio tribunal;Art. 138. Ao relator compete: (…)III - decidir monocraticamente nas hipóteses previstas no art. 932 do CPC, inclusive nos processos penais originários e recursais;Na espécie, a matéria debatida nos autos encontra-se pacificada no âmbito deste Tribunal de Justiça do Estado de Goiás por intermédio do enunciado n.º 25 de sua súmula de jurisprudência, o que autoriza o julgamento por decisão unipessoal do relator.2. Juízo de admissibilidadePresentes os pressupostos intrínsecos e extrínsecos de admissibilidade recursal, notadamente de cabimento (próprio), legitimidade, tempestividade e preparo (dispensado em virtude de previsão do artigo 101, § 1º, do Código de Processo Civil), conheço do recurso de agravo de instrumento.3. Mérito da controvérsia recursal – Gratuidade da justiçaImpende consignar, em proêmio, a desnecessidade de intimação da parte agravada para oferecer contrarrazões ao presente recurso, uma vez que a relação processual originária ainda não se encontra perfectibilizada e não se vislumbra prejuízo para parte contrária, consoante entendimento consolidado no enunciado da súmula n.º 76 deste Tribunal de Justiça do Estado de Goiás, que assim dispõe:SÚMULA Nº 76 - Desnecessária a comunicação processual da parte agravada para apresentar contrarrazões ao agravo de instrumento, quando ainda não angularizada a relação processual na origem, exceto nas hipóteses de manifesto prejuízo.Pois bem. A pretensão recursal cinge-se à obtenção do benefício da gratuidade da justiça, ao fundamento de que os agravantes não possuem condições de arcar com as custas judiciais sem prejuízo do seu sustento e de sua família.Do cotejo dos documentos e argumentos apresentados, constata-se que razão assiste à parte recorrente. Perquire-se.O artigo 5º, inciso LXXIV, da Constituição Federal, estabelece como requisito indispensável para a concessão do benefício da gratuidade da justiça a comprovação da insuficiência de recursos do requerente.Outrossim, o propósito da Lei n.º 1.060/1950 e do Código de Processo Civil é conferir o benefício da gratuidade da justiça aos necessitados, assim entendidos aqueles que se encontrem em situação inviabilizadora da assunção do ônus decorrente do processo, cujo ingresso em juízo possa causar prejuízo irreparável ao seu patrimônio.Nesse sentido, o Código de Processo Civil dispõe que:Art. 98. A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com insuficiência de recursos para pagar as custas, as despesas processuais e os honorários advocatícios têm direito à gratuidade da justiça, na forma da lei. (…)Art. 99. O pedido de gratuidade da justiça pode ser formulado na petição inicial, na contestação, na petição para ingresso de terceiro no processo ou em recurso. (…)§ 2º O juiz somente poderá indeferir o pedido se houver nos autos elementos que evidenciem a falta dos pressupostos legais para a concessão de gratuidade, devendo, antes de indeferir o pedido, determinar à parte a comprovação do preenchimento dos referidos pressupostos.§ 3º Presume-se verdadeira a alegação de insuficiência deduzida exclusivamente por pessoa natural.§ 4º A assistência do requerente por advogado particular não impede a concessão de gratuidade da justiça.Com supedâneo no comando constitucional e infraconstitucional acima referido, esta Corte de Justiça editou o enunciado de súmula 25 que consigna a imprescindibilidade da comprovação da hipossuficiência financeira para arcar com os encargos processuais, cuja redação segue abaixo:Súmula nº 25 do TJGO. Faz jus à gratuidade da justiça a pessoa, natural ou jurídica, que comprovar sua impossibilidade de arcar com os encargos processuais.Dessarte, conclui-se que a simples alegação do estado de pobreza não é bastante para concessão do benefício, de forma que é necessária a apresentação de documentos para aferir a real situação financeira de quem pretende litigar às expensas do Estado.Na hipótese vertente, percebe-se que os documentos apresentados pelo agravante (movimento 1, arquivos 2 a 48) comprovam a alegada carência financeira para arcar com as custas processuais iniciais, conforme afirmado.Os agravantes são atletas profissionais de futebol e membros de comissão técnica que atuam em divisões inferiores do futebol brasileiro, especificamente na Série C do Campeonato Brasileiro pelo Anápolis Futebol Clube/GO. Esta condição profissional específica os diferencia substancialmente dos atletas da elite do futebol nacional, que atuam na Série A e possuem remuneração significativamente superior e contratos de longa duração.Para corroborar suas alegações de hipossuficiência, os recorrentes apresentaram cópias dos Contratos Especiais de Trabalho Desportivo (CETD) e das respectivas Carteiras de Trabalho e Previdência Social - CTPS, através dos quais se verifica que os agravantes foram contratados pelo Anápolis Futebol Clube com salário contratual em média de R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais) mensais, valor que, por si só, demonstra a modesta remuneração auferida pelos requerentes. Ademais, ficou comprovado que se trata de contratos de trabalho de prazo determinado e de curta duração, com vigência de janeiro a setembro/abril de 2024, o que evidencia a instabilidade e precariedade da situação laboral dos agravantes. Esta característica temporal dos contratos desportivos em divisões inferiores gera constante insegurança jurídica e financeira aos profissionais, que ficam sujeitos a períodos de desemprego entre uma temporada e outra. Assim, do detido exame do arcabouço probatório, extrai-se que há prova dos parcos recursos auferidos pelos agravantes e da incapacidade financeira de arcar com as custas da demanda originária, de modo que fazem jus a concessão da gratuidade da justiça.Em consonância com o entendimento adotado, cita-se os escólios desta Corte Estadual:APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. GRATUIDADE DA JUSTIÇA. HIPOSSUFICIÊNCIA RECONHECIDA. EXTINÇÃO DO FEITO SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO. EMENDA À INICIAL. COMPROVANTE DE ENDEREÇO EM NOME PRÓPRIO. 1. Tendo a parte comprovado a sua hipossuficiência financeira, que inviabiliza a efetuação do pagamento das despesas processuais sem comprometer o sustento próprio ou de sua família, torna-se imperativa a concessão do benefício da gratuidade da justiça. (...). APELAÇÃO CÍVEL CONHECIDA E PROVIDA. SENTENÇA CASSADA. (TJGO, PROCESSO CÍVEL E DO TRABALHO -> Recursos -> Apelação Cível 5338976-88.2024.8.09.0085, Rel. Des(a). José Ricardo M. Machado, 8ª Câmara Cível, julgado em 15/07/2024, DJe de 15/07/2024, grifou-se).EMENTA: AGRAVO INTERNO EM EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM AGRAVO DE INSTRUMENTO. CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. GRATUIDADE DA JUSTIÇA. PESSOA JURÍDICA. CUSTAS RECURSAIS. HIPOSSUFICIÊNCIA COMPROVADA. DEFERIMENTO. DECISÃO REFORMADA. 1. Recurso de agravo interno interposto contra decisão que indeferiu pedido de justiça gratuita formulado por pessoa jurídica. 2. Comprovado preenchimento dos pressupostos legais para a concessão da gratuidade da justiça é caso de se deferir o benefício. 3. AGRAVO INTERNO CONHECIDO E PROVIDO. (TJGO, PROCESSO CÍVEL E DO TRABALHO -> Recursos -> Agravos -> Agravo de Instrumento 5200055-76.2024.8.09.0174, Rel. Des(a). DESEMBARGADOR GERSON SANTANA CINTRA, 3ª Câmara Cível, julgado em 15/07/2024, DJe de 15/07/2024, grifou-se).Nessa confluência, confirmada que a situação dos agravantes é de insuficiência econômica, necessária a reforma da decisão proferida pelo juízo de primeiro grau de jurisdição para deferir o pedido de gratuidade da justiça para bem atender ao princípio constitucional da igualdade material e do acesso à justiça.Ressalte-se, por fim, que a presente decisão resolve integralmente o mérito recursal, razão pela qual resta prejudicada a análise do pedido de concessão de efeito suspensivo formulado liminarmente pelos agravantes, por se tratar de providência de natureza acessória, cuja finalidade era assegurar a utilidade da prestação jurisdicional final, ora alcançada com o julgamento definitivo do recurso.4. DispositivoAnte o exposto, nos termos do artigo 932, inciso V, alínea “a”, do Código de Processo Civil, conheço do recurso de agravo de instrumento e dou-lhe provimento para, em reforma da decisão vergastada, conceder aos agravantes a integralidade dos benefícios da gratuidade da justiça.Oficie-se ao juízo de origem para ciência dos termos desta decisão.Decorrido o prazo legal, arquivem-se os autos com as cautelas de estilo.Intime-se. Cumpra-se. Goiânia, datado e assinado digitalmente. Iara Márcia Franzoni De Lima CostaJuíza Substituta em 2º GrauRelatora

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Processo nº 5458233-19.2025.8.09.0006

ID: 298542812

Tribunal: TJGO Órgão: 10ª Câmara Cível Classe: AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº Processo: 5458233-19.2025.8.09.0006

Data de Disponibilização: 13/06/2025

Polo Ativo:

MARCOS ASSIS DE SANTANA

Polo Passivo:

DECISÃO MONOCRÁTICA

Advogados:

DANIEL WARLINGTON MORAIS DUTRA

OAB/GO XXXXXX Desbloquear

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE GOIÁS GABINETE DO DESEMBARGADOR ANDERSON MÁXIMO DE HOLANDA 10ª CÂMARA CÍVEL RECURSO DE AGRAVO DE INSTRUMENTO N.º 5458233-19.2… PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE GOIÁS GABINETE DO DESEMBARGADOR ANDERSON MÁXIMO DE HOLANDA 10ª CÂMARA CÍVEL RECURSO DE AGRAVO DE INSTRUMENTO N.º 5458233-19.2025.8.09.0006 COMARCA : ANÁPOLISRELATORA : IARA MÁRCIA FRANZONI DE LIMA COSTA – JUÍZA SUBSTITUTA EM 2º GRAUAGRAVANTES : LEONARDO FELIPE DE OLIVEIRA AZEVEDO E OUTROSADVOGADO(A) : DANIEL WARLINGTON MORAIS DUTRA – OAB/GO 58.671 AGRAVADO(A) : AZUL LINHAS AÉREAS BRASILEIRAS S.A. ADVOGADO(A) : SEM REPRESENTAÇÃO PROCESSUAL EMENTA: DIREITO PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. GRATUIDADE DA JUSTIÇA. ATLETAS DE FUTEBOL DE DIVISÃO INFERIOR. HIPOSSUFICIÊNCIA COMPROVADA. RECURSO PROVIDO. I. CASO EM EXAME1. Trata-se de agravo de instrumento interposto contra decisão que indeferiu pedido de gratuidade de justiça formulado por atletas profissionais de futebol e membros da comissão técnica de um clube de futebol de Série C do Campeonato Brasileiro. Os agravantes alegam insuficiência de recursos para arcar com as custas processuais.II. QUESTÃO EM DISCUSSÃO2. A questão em discussão consiste em analisar se os agravantes comprovam hipossuficiência financeira para a concessão da gratuidade da justiça, considerando sua condição de atletas de futebol em divisão inferior.III. RAZÕES DE DECIDIR3. A Constituição Federal garante o acesso à justiça a todos, inclusive àqueles sem recursos financeiros. A lei dispõe que a gratuidade da justiça será concedida àqueles que comprovarem insuficiência de recursos.4. A simples alegação de pobreza não é suficiente; é necessária a comprovação documental da hipossuficiência. No caso, os contratos de trabalho e demais documentos apresentados pelos agravantes demonstram a baixa remuneração recebida e a precariedade de suas condições financeiras. Sua situação profissional difere substancialmente da de atletas de divisões superiores, com rendimentos significativamente maiores e contratos mais estáveis.IV. DISPOSITIVO E TESE5. Recurso conhecido e provido.Tese de julgamento: "1. A comprovação documental da hipossuficiência financeira, mesmo para atletas profissionais, é requisito essencial para a concessão da gratuidade da justiça. 2. A precariedade dos contratos e a baixa remuneração de atletas de futebol de divisões inferiores configuram situação de insuficiência de recursos, justificando o deferimento do benefício." Dispositivos relevantes citados: CF/1988, art. 5º, LXXIV; CPC, art. 98; Lei nº 1.060/1950.Jurisprudências relevantes citadas: Súmula nº 25 do TJGO; APELAÇÃO CÍVEL 5338976-88.2024.8.09.0085, TJGO; AGRAVO DE INSTRUMENTO 5200055-76.2024.8.09.0174, TJGO; Súmula nº 76 do TJGO. DECISÃO MONOCRÁTICA Trata-se de recurso de agravo de instrumento com pedido de efeito suspensivo interposto por André Henrique Simplício Dantas e outros contra a decisão proferida pela Juíza de Direito da 4ª Vara Cível da Comarca de Anápolis, Dra. Alessandra Cristina Oliveira Louza, nos autos da ação de indenização por danos morais ajuizada em desfavor de Azul Linhas Aéreas Brasileiras S.A. Na decisão vergastada (movimento nº 69 dos autos originários 5087356-30.2025.8.09.0006), o juízo singular indeferiu o pedido de gratuidade da justiça formulado pelos autores/recorrentes, sob o fundamento de que "os documentos acostados mostram-se insuficientes para comprovação da alegada insuficiência de recursos para custear as despesas do processo", facultando, contudo, o parcelamento das custas iniciais em até cinco vezes.Os agravantes sustentam em suas razões recursais o desacerto do ato decisório, ao argumento de que são atletas profissionais de futebol e membros da comissão técnica do Anápolis Futebol Clube que atuam em divisões inferiores do esporte (Série C do Campeonato Brasileiro), e não possuem a mesma renda que jogadores da Série A, retirando seu sustento com muita luta e garantindo apenas o mínimo mensal.Relatam que residem no centro de treinamentos do clube para economizar com moradia e transporte, sendo provedores das despesas familiares. Informam que o clube ocupa a última posição da tabela da Série C em virtude do baixo orçamento, reconhecido publicamente como o menor da competição.Asseveram que não possuem condições de arcar com o recolhimento das custas processuais sem comprometer sua subsistência e a de suas famílias, uma vez que são isentos do imposto de renda devido ao baixo rendimento financeiro.Requerem a concessão da tutela provisória recursal para suspender os efeitos da decisão agravada. Ao final, pleiteiam o provimento do recurso, com a consequente reforma da decisão agravada e concessão dos benefícios da gratuidade da justiça.O preparo recursal é dispensado, nos termos do artigo 101, § 1º, do Código de Processo Civil.É o relatório. Decido.1. Julgamento monocráticoA decisão unipessoal mostra-se devida no caso em análise, nos termos do artigo 932, inciso V, alínea “a”, do Código de Processo Civil, cumulado com artigo 138, inciso III, da Resolução n.° 170/2021, que instituiu o Regimento Interno desta Corte Estadual, que assim dispõem:Art. 932 – Incumbe ao relator: (…)V - depois de facultada a apresentação de contrarrazões, dar provimento ao recurso se a decisão recorrida for contrária a:a) súmula do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do próprio tribunal;Art. 138. Ao relator compete: (…)III - decidir monocraticamente nas hipóteses previstas no art. 932 do CPC, inclusive nos processos penais originários e recursais;Na espécie, a matéria debatida nos autos encontra-se pacificada no âmbito deste Tribunal de Justiça do Estado de Goiás por intermédio do enunciado n.º 25 de sua súmula de jurisprudência, o que autoriza o julgamento por decisão unipessoal do relator.2. Juízo de admissibilidadePresentes os pressupostos intrínsecos e extrínsecos de admissibilidade recursal, notadamente de cabimento (próprio), legitimidade, tempestividade e preparo (dispensado em virtude de previsão do artigo 101, § 1º, do Código de Processo Civil), conheço do recurso de agravo de instrumento.3. Mérito da controvérsia recursal – Gratuidade da justiçaImpende consignar, em proêmio, a desnecessidade de intimação da parte agravada para oferecer contrarrazões ao presente recurso, uma vez que a relação processual originária ainda não se encontra perfectibilizada e não se vislumbra prejuízo para parte contrária, consoante entendimento consolidado no enunciado da súmula n.º 76 deste Tribunal de Justiça do Estado de Goiás, que assim dispõe:SÚMULA Nº 76 - Desnecessária a comunicação processual da parte agravada para apresentar contrarrazões ao agravo de instrumento, quando ainda não angularizada a relação processual na origem, exceto nas hipóteses de manifesto prejuízo.Pois bem. A pretensão recursal cinge-se à obtenção do benefício da gratuidade da justiça, ao fundamento de que os agravantes não possuem condições de arcar com as custas judiciais sem prejuízo do seu sustento e de sua família.Do cotejo dos documentos e argumentos apresentados, constata-se que razão assiste à parte recorrente. Perquire-se.O artigo 5º, inciso LXXIV, da Constituição Federal, estabelece como requisito indispensável para a concessão do benefício da gratuidade da justiça a comprovação da insuficiência de recursos do requerente.Outrossim, o propósito da Lei n.º 1.060/1950 e do Código de Processo Civil é conferir o benefício da gratuidade da justiça aos necessitados, assim entendidos aqueles que se encontrem em situação inviabilizadora da assunção do ônus decorrente do processo, cujo ingresso em juízo possa causar prejuízo irreparável ao seu patrimônio.Nesse sentido, o Código de Processo Civil dispõe que:Art. 98. A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com insuficiência de recursos para pagar as custas, as despesas processuais e os honorários advocatícios têm direito à gratuidade da justiça, na forma da lei. (…)Art. 99. O pedido de gratuidade da justiça pode ser formulado na petição inicial, na contestação, na petição para ingresso de terceiro no processo ou em recurso. (…)§ 2º O juiz somente poderá indeferir o pedido se houver nos autos elementos que evidenciem a falta dos pressupostos legais para a concessão de gratuidade, devendo, antes de indeferir o pedido, determinar à parte a comprovação do preenchimento dos referidos pressupostos.§ 3º Presume-se verdadeira a alegação de insuficiência deduzida exclusivamente por pessoa natural.§ 4º A assistência do requerente por advogado particular não impede a concessão de gratuidade da justiça.Com supedâneo no comando constitucional e infraconstitucional acima referido, esta Corte de Justiça editou o enunciado de súmula 25 que consigna a imprescindibilidade da comprovação da hipossuficiência financeira para arcar com os encargos processuais, cuja redação segue abaixo:Súmula nº 25 do TJGO. Faz jus à gratuidade da justiça a pessoa, natural ou jurídica, que comprovar sua impossibilidade de arcar com os encargos processuais.Dessarte, conclui-se que a simples alegação do estado de pobreza não é bastante para concessão do benefício, de forma que é necessária a apresentação de documentos para aferir a real situação financeira de quem pretende litigar às expensas do Estado.Na hipótese vertente, percebe-se que os documentos apresentados pelo agravante (movimento 1, arquivos 2 a 48) comprovam a alegada carência financeira para arcar com as custas processuais iniciais, conforme afirmado.Os agravantes são atletas profissionais de futebol e membros de comissão técnica que atuam em divisões inferiores do futebol brasileiro, especificamente na Série C do Campeonato Brasileiro pelo Anápolis Futebol Clube/GO. Esta condição profissional específica os diferencia substancialmente dos atletas da elite do futebol nacional, que atuam na Série A e possuem remuneração significativamente superior e contratos de longa duração.Para corroborar suas alegações de hipossuficiência, os recorrentes apresentaram cópias dos Contratos Especiais de Trabalho Desportivo (CETD) e das respectivas Carteiras de Trabalho e Previdência Social - CTPS, através dos quais se verifica que os agravantes foram contratados pelo Anápolis Futebol Clube com salário contratual em média de R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais) mensais, valor que, por si só, demonstra a modesta remuneração auferida pelos requerentes. Ademais, ficou comprovado que se trata de contratos de trabalho de prazo determinado e de curta duração, com vigência de janeiro a setembro/abril de 2024, o que evidencia a instabilidade e precariedade da situação laboral dos agravantes. Esta característica temporal dos contratos desportivos em divisões inferiores gera constante insegurança jurídica e financeira aos profissionais, que ficam sujeitos a períodos de desemprego entre uma temporada e outra. Assim, do detido exame do arcabouço probatório, extrai-se que há prova dos parcos recursos auferidos pelos agravantes e da incapacidade financeira de arcar com as custas da demanda originária, de modo que fazem jus a concessão da gratuidade da justiça.Em consonância com o entendimento adotado, cita-se os escólios desta Corte Estadual:APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. GRATUIDADE DA JUSTIÇA. HIPOSSUFICIÊNCIA RECONHECIDA. EXTINÇÃO DO FEITO SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO. EMENDA À INICIAL. COMPROVANTE DE ENDEREÇO EM NOME PRÓPRIO. 1. Tendo a parte comprovado a sua hipossuficiência financeira, que inviabiliza a efetuação do pagamento das despesas processuais sem comprometer o sustento próprio ou de sua família, torna-se imperativa a concessão do benefício da gratuidade da justiça. (...). APELAÇÃO CÍVEL CONHECIDA E PROVIDA. SENTENÇA CASSADA. (TJGO, PROCESSO CÍVEL E DO TRABALHO -> Recursos -> Apelação Cível 5338976-88.2024.8.09.0085, Rel. Des(a). José Ricardo M. Machado, 8ª Câmara Cível, julgado em 15/07/2024, DJe de 15/07/2024, grifou-se).EMENTA: AGRAVO INTERNO EM EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM AGRAVO DE INSTRUMENTO. CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. GRATUIDADE DA JUSTIÇA. PESSOA JURÍDICA. CUSTAS RECURSAIS. HIPOSSUFICIÊNCIA COMPROVADA. DEFERIMENTO. DECISÃO REFORMADA. 1. Recurso de agravo interno interposto contra decisão que indeferiu pedido de justiça gratuita formulado por pessoa jurídica. 2. Comprovado preenchimento dos pressupostos legais para a concessão da gratuidade da justiça é caso de se deferir o benefício. 3. AGRAVO INTERNO CONHECIDO E PROVIDO. (TJGO, PROCESSO CÍVEL E DO TRABALHO -> Recursos -> Agravos -> Agravo de Instrumento 5200055-76.2024.8.09.0174, Rel. Des(a). DESEMBARGADOR GERSON SANTANA CINTRA, 3ª Câmara Cível, julgado em 15/07/2024, DJe de 15/07/2024, grifou-se).Nessa confluência, confirmada que a situação dos agravantes é de insuficiência econômica, necessária a reforma da decisão proferida pelo juízo de primeiro grau de jurisdição para deferir o pedido de gratuidade da justiça para bem atender ao princípio constitucional da igualdade material e do acesso à justiça.Ressalte-se, por fim, que a presente decisão resolve integralmente o mérito recursal, razão pela qual resta prejudicada a análise do pedido de concessão de efeito suspensivo formulado liminarmente pelos agravantes, por se tratar de providência de natureza acessória, cuja finalidade era assegurar a utilidade da prestação jurisdicional final, ora alcançada com o julgamento definitivo do recurso.4. DispositivoAnte o exposto, nos termos do artigo 932, inciso V, alínea “a”, do Código de Processo Civil, conheço do recurso de agravo de instrumento e dou-lhe provimento para, em reforma da decisão vergastada, conceder aos agravantes a integralidade dos benefícios da gratuidade da justiça.Oficie-se ao juízo de origem para ciência dos termos desta decisão.Decorrido o prazo legal, arquivem-se os autos com as cautelas de estilo.Intime-se. Cumpra-se. Goiânia, datado e assinado digitalmente. Iara Márcia Franzoni De Lima CostaJuíza Substituta em 2º GrauRelatora

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Processo nº 5458233-19.2025.8.09.0006

ID: 298542814

Tribunal: TJGO Órgão: 10ª Câmara Cível Classe: AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº Processo: 5458233-19.2025.8.09.0006

Data de Disponibilização: 13/06/2025

Polo Ativo:

MATHEUS CAZZETTA KLEIN

Polo Passivo:

DECISÃO MONOCRÁTICA

Advogados:

DANIEL WARLINGTON MORAIS DUTRA

OAB/GO XXXXXX Desbloquear

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE GOIÁS GABINETE DO DESEMBARGADOR ANDERSON MÁXIMO DE HOLANDA 10ª CÂMARA CÍVEL RECURSO DE AGRAVO DE INSTRUMENTO N.º 5458233-19.2… PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE GOIÁS GABINETE DO DESEMBARGADOR ANDERSON MÁXIMO DE HOLANDA 10ª CÂMARA CÍVEL RECURSO DE AGRAVO DE INSTRUMENTO N.º 5458233-19.2025.8.09.0006 COMARCA : ANÁPOLISRELATORA : IARA MÁRCIA FRANZONI DE LIMA COSTA – JUÍZA SUBSTITUTA EM 2º GRAUAGRAVANTES : LEONARDO FELIPE DE OLIVEIRA AZEVEDO E OUTROSADVOGADO(A) : DANIEL WARLINGTON MORAIS DUTRA – OAB/GO 58.671 AGRAVADO(A) : AZUL LINHAS AÉREAS BRASILEIRAS S.A. ADVOGADO(A) : SEM REPRESENTAÇÃO PROCESSUAL EMENTA: DIREITO PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. GRATUIDADE DA JUSTIÇA. ATLETAS DE FUTEBOL DE DIVISÃO INFERIOR. HIPOSSUFICIÊNCIA COMPROVADA. RECURSO PROVIDO. I. CASO EM EXAME1. Trata-se de agravo de instrumento interposto contra decisão que indeferiu pedido de gratuidade de justiça formulado por atletas profissionais de futebol e membros da comissão técnica de um clube de futebol de Série C do Campeonato Brasileiro. Os agravantes alegam insuficiência de recursos para arcar com as custas processuais.II. QUESTÃO EM DISCUSSÃO2. A questão em discussão consiste em analisar se os agravantes comprovam hipossuficiência financeira para a concessão da gratuidade da justiça, considerando sua condição de atletas de futebol em divisão inferior.III. RAZÕES DE DECIDIR3. A Constituição Federal garante o acesso à justiça a todos, inclusive àqueles sem recursos financeiros. A lei dispõe que a gratuidade da justiça será concedida àqueles que comprovarem insuficiência de recursos.4. A simples alegação de pobreza não é suficiente; é necessária a comprovação documental da hipossuficiência. No caso, os contratos de trabalho e demais documentos apresentados pelos agravantes demonstram a baixa remuneração recebida e a precariedade de suas condições financeiras. Sua situação profissional difere substancialmente da de atletas de divisões superiores, com rendimentos significativamente maiores e contratos mais estáveis.IV. DISPOSITIVO E TESE5. Recurso conhecido e provido.Tese de julgamento: "1. A comprovação documental da hipossuficiência financeira, mesmo para atletas profissionais, é requisito essencial para a concessão da gratuidade da justiça. 2. A precariedade dos contratos e a baixa remuneração de atletas de futebol de divisões inferiores configuram situação de insuficiência de recursos, justificando o deferimento do benefício." Dispositivos relevantes citados: CF/1988, art. 5º, LXXIV; CPC, art. 98; Lei nº 1.060/1950.Jurisprudências relevantes citadas: Súmula nº 25 do TJGO; APELAÇÃO CÍVEL 5338976-88.2024.8.09.0085, TJGO; AGRAVO DE INSTRUMENTO 5200055-76.2024.8.09.0174, TJGO; Súmula nº 76 do TJGO. DECISÃO MONOCRÁTICA Trata-se de recurso de agravo de instrumento com pedido de efeito suspensivo interposto por André Henrique Simplício Dantas e outros contra a decisão proferida pela Juíza de Direito da 4ª Vara Cível da Comarca de Anápolis, Dra. Alessandra Cristina Oliveira Louza, nos autos da ação de indenização por danos morais ajuizada em desfavor de Azul Linhas Aéreas Brasileiras S.A. Na decisão vergastada (movimento nº 69 dos autos originários 5087356-30.2025.8.09.0006), o juízo singular indeferiu o pedido de gratuidade da justiça formulado pelos autores/recorrentes, sob o fundamento de que "os documentos acostados mostram-se insuficientes para comprovação da alegada insuficiência de recursos para custear as despesas do processo", facultando, contudo, o parcelamento das custas iniciais em até cinco vezes.Os agravantes sustentam em suas razões recursais o desacerto do ato decisório, ao argumento de que são atletas profissionais de futebol e membros da comissão técnica do Anápolis Futebol Clube que atuam em divisões inferiores do esporte (Série C do Campeonato Brasileiro), e não possuem a mesma renda que jogadores da Série A, retirando seu sustento com muita luta e garantindo apenas o mínimo mensal.Relatam que residem no centro de treinamentos do clube para economizar com moradia e transporte, sendo provedores das despesas familiares. Informam que o clube ocupa a última posição da tabela da Série C em virtude do baixo orçamento, reconhecido publicamente como o menor da competição.Asseveram que não possuem condições de arcar com o recolhimento das custas processuais sem comprometer sua subsistência e a de suas famílias, uma vez que são isentos do imposto de renda devido ao baixo rendimento financeiro.Requerem a concessão da tutela provisória recursal para suspender os efeitos da decisão agravada. Ao final, pleiteiam o provimento do recurso, com a consequente reforma da decisão agravada e concessão dos benefícios da gratuidade da justiça.O preparo recursal é dispensado, nos termos do artigo 101, § 1º, do Código de Processo Civil.É o relatório. Decido.1. Julgamento monocráticoA decisão unipessoal mostra-se devida no caso em análise, nos termos do artigo 932, inciso V, alínea “a”, do Código de Processo Civil, cumulado com artigo 138, inciso III, da Resolução n.° 170/2021, que instituiu o Regimento Interno desta Corte Estadual, que assim dispõem:Art. 932 – Incumbe ao relator: (…)V - depois de facultada a apresentação de contrarrazões, dar provimento ao recurso se a decisão recorrida for contrária a:a) súmula do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do próprio tribunal;Art. 138. Ao relator compete: (…)III - decidir monocraticamente nas hipóteses previstas no art. 932 do CPC, inclusive nos processos penais originários e recursais;Na espécie, a matéria debatida nos autos encontra-se pacificada no âmbito deste Tribunal de Justiça do Estado de Goiás por intermédio do enunciado n.º 25 de sua súmula de jurisprudência, o que autoriza o julgamento por decisão unipessoal do relator.2. Juízo de admissibilidadePresentes os pressupostos intrínsecos e extrínsecos de admissibilidade recursal, notadamente de cabimento (próprio), legitimidade, tempestividade e preparo (dispensado em virtude de previsão do artigo 101, § 1º, do Código de Processo Civil), conheço do recurso de agravo de instrumento.3. Mérito da controvérsia recursal – Gratuidade da justiçaImpende consignar, em proêmio, a desnecessidade de intimação da parte agravada para oferecer contrarrazões ao presente recurso, uma vez que a relação processual originária ainda não se encontra perfectibilizada e não se vislumbra prejuízo para parte contrária, consoante entendimento consolidado no enunciado da súmula n.º 76 deste Tribunal de Justiça do Estado de Goiás, que assim dispõe:SÚMULA Nº 76 - Desnecessária a comunicação processual da parte agravada para apresentar contrarrazões ao agravo de instrumento, quando ainda não angularizada a relação processual na origem, exceto nas hipóteses de manifesto prejuízo.Pois bem. A pretensão recursal cinge-se à obtenção do benefício da gratuidade da justiça, ao fundamento de que os agravantes não possuem condições de arcar com as custas judiciais sem prejuízo do seu sustento e de sua família.Do cotejo dos documentos e argumentos apresentados, constata-se que razão assiste à parte recorrente. Perquire-se.O artigo 5º, inciso LXXIV, da Constituição Federal, estabelece como requisito indispensável para a concessão do benefício da gratuidade da justiça a comprovação da insuficiência de recursos do requerente.Outrossim, o propósito da Lei n.º 1.060/1950 e do Código de Processo Civil é conferir o benefício da gratuidade da justiça aos necessitados, assim entendidos aqueles que se encontrem em situação inviabilizadora da assunção do ônus decorrente do processo, cujo ingresso em juízo possa causar prejuízo irreparável ao seu patrimônio.Nesse sentido, o Código de Processo Civil dispõe que:Art. 98. A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com insuficiência de recursos para pagar as custas, as despesas processuais e os honorários advocatícios têm direito à gratuidade da justiça, na forma da lei. (…)Art. 99. O pedido de gratuidade da justiça pode ser formulado na petição inicial, na contestação, na petição para ingresso de terceiro no processo ou em recurso. (…)§ 2º O juiz somente poderá indeferir o pedido se houver nos autos elementos que evidenciem a falta dos pressupostos legais para a concessão de gratuidade, devendo, antes de indeferir o pedido, determinar à parte a comprovação do preenchimento dos referidos pressupostos.§ 3º Presume-se verdadeira a alegação de insuficiência deduzida exclusivamente por pessoa natural.§ 4º A assistência do requerente por advogado particular não impede a concessão de gratuidade da justiça.Com supedâneo no comando constitucional e infraconstitucional acima referido, esta Corte de Justiça editou o enunciado de súmula 25 que consigna a imprescindibilidade da comprovação da hipossuficiência financeira para arcar com os encargos processuais, cuja redação segue abaixo:Súmula nº 25 do TJGO. Faz jus à gratuidade da justiça a pessoa, natural ou jurídica, que comprovar sua impossibilidade de arcar com os encargos processuais.Dessarte, conclui-se que a simples alegação do estado de pobreza não é bastante para concessão do benefício, de forma que é necessária a apresentação de documentos para aferir a real situação financeira de quem pretende litigar às expensas do Estado.Na hipótese vertente, percebe-se que os documentos apresentados pelo agravante (movimento 1, arquivos 2 a 48) comprovam a alegada carência financeira para arcar com as custas processuais iniciais, conforme afirmado.Os agravantes são atletas profissionais de futebol e membros de comissão técnica que atuam em divisões inferiores do futebol brasileiro, especificamente na Série C do Campeonato Brasileiro pelo Anápolis Futebol Clube/GO. Esta condição profissional específica os diferencia substancialmente dos atletas da elite do futebol nacional, que atuam na Série A e possuem remuneração significativamente superior e contratos de longa duração.Para corroborar suas alegações de hipossuficiência, os recorrentes apresentaram cópias dos Contratos Especiais de Trabalho Desportivo (CETD) e das respectivas Carteiras de Trabalho e Previdência Social - CTPS, através dos quais se verifica que os agravantes foram contratados pelo Anápolis Futebol Clube com salário contratual em média de R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais) mensais, valor que, por si só, demonstra a modesta remuneração auferida pelos requerentes. Ademais, ficou comprovado que se trata de contratos de trabalho de prazo determinado e de curta duração, com vigência de janeiro a setembro/abril de 2024, o que evidencia a instabilidade e precariedade da situação laboral dos agravantes. Esta característica temporal dos contratos desportivos em divisões inferiores gera constante insegurança jurídica e financeira aos profissionais, que ficam sujeitos a períodos de desemprego entre uma temporada e outra. Assim, do detido exame do arcabouço probatório, extrai-se que há prova dos parcos recursos auferidos pelos agravantes e da incapacidade financeira de arcar com as custas da demanda originária, de modo que fazem jus a concessão da gratuidade da justiça.Em consonância com o entendimento adotado, cita-se os escólios desta Corte Estadual:APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. GRATUIDADE DA JUSTIÇA. HIPOSSUFICIÊNCIA RECONHECIDA. EXTINÇÃO DO FEITO SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO. EMENDA À INICIAL. COMPROVANTE DE ENDEREÇO EM NOME PRÓPRIO. 1. Tendo a parte comprovado a sua hipossuficiência financeira, que inviabiliza a efetuação do pagamento das despesas processuais sem comprometer o sustento próprio ou de sua família, torna-se imperativa a concessão do benefício da gratuidade da justiça. (...). APELAÇÃO CÍVEL CONHECIDA E PROVIDA. SENTENÇA CASSADA. (TJGO, PROCESSO CÍVEL E DO TRABALHO -> Recursos -> Apelação Cível 5338976-88.2024.8.09.0085, Rel. Des(a). José Ricardo M. Machado, 8ª Câmara Cível, julgado em 15/07/2024, DJe de 15/07/2024, grifou-se).EMENTA: AGRAVO INTERNO EM EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM AGRAVO DE INSTRUMENTO. CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. GRATUIDADE DA JUSTIÇA. PESSOA JURÍDICA. CUSTAS RECURSAIS. HIPOSSUFICIÊNCIA COMPROVADA. DEFERIMENTO. DECISÃO REFORMADA. 1. Recurso de agravo interno interposto contra decisão que indeferiu pedido de justiça gratuita formulado por pessoa jurídica. 2. Comprovado preenchimento dos pressupostos legais para a concessão da gratuidade da justiça é caso de se deferir o benefício. 3. AGRAVO INTERNO CONHECIDO E PROVIDO. (TJGO, PROCESSO CÍVEL E DO TRABALHO -> Recursos -> Agravos -> Agravo de Instrumento 5200055-76.2024.8.09.0174, Rel. Des(a). DESEMBARGADOR GERSON SANTANA CINTRA, 3ª Câmara Cível, julgado em 15/07/2024, DJe de 15/07/2024, grifou-se).Nessa confluência, confirmada que a situação dos agravantes é de insuficiência econômica, necessária a reforma da decisão proferida pelo juízo de primeiro grau de jurisdição para deferir o pedido de gratuidade da justiça para bem atender ao princípio constitucional da igualdade material e do acesso à justiça.Ressalte-se, por fim, que a presente decisão resolve integralmente o mérito recursal, razão pela qual resta prejudicada a análise do pedido de concessão de efeito suspensivo formulado liminarmente pelos agravantes, por se tratar de providência de natureza acessória, cuja finalidade era assegurar a utilidade da prestação jurisdicional final, ora alcançada com o julgamento definitivo do recurso.4. DispositivoAnte o exposto, nos termos do artigo 932, inciso V, alínea “a”, do Código de Processo Civil, conheço do recurso de agravo de instrumento e dou-lhe provimento para, em reforma da decisão vergastada, conceder aos agravantes a integralidade dos benefícios da gratuidade da justiça.Oficie-se ao juízo de origem para ciência dos termos desta decisão.Decorrido o prazo legal, arquivem-se os autos com as cautelas de estilo.Intime-se. Cumpra-se. Goiânia, datado e assinado digitalmente. Iara Márcia Franzoni De Lima CostaJuíza Substituta em 2º GrauRelatora

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Processo nº 5458233-19.2025.8.09.0006

ID: 298542817

Tribunal: TJGO Órgão: 10ª Câmara Cível Classe: AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº Processo: 5458233-19.2025.8.09.0006

Data de Disponibilização: 13/06/2025

Polo Ativo:

MATHEUS VINICIUS DA SILVA

Polo Passivo:

DECISÃO MONOCRÁTICA

Advogados:

DANIEL WARLINGTON MORAIS DUTRA

OAB/GO XXXXXX Desbloquear

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE GOIÁS GABINETE DO DESEMBARGADOR ANDERSON MÁXIMO DE HOLANDA 10ª CÂMARA CÍVEL RECURSO DE AGRAVO DE INSTRUMENTO N.º 5458233-19.2… PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE GOIÁS GABINETE DO DESEMBARGADOR ANDERSON MÁXIMO DE HOLANDA 10ª CÂMARA CÍVEL RECURSO DE AGRAVO DE INSTRUMENTO N.º 5458233-19.2025.8.09.0006 COMARCA : ANÁPOLISRELATORA : IARA MÁRCIA FRANZONI DE LIMA COSTA – JUÍZA SUBSTITUTA EM 2º GRAUAGRAVANTES : LEONARDO FELIPE DE OLIVEIRA AZEVEDO E OUTROSADVOGADO(A) : DANIEL WARLINGTON MORAIS DUTRA – OAB/GO 58.671 AGRAVADO(A) : AZUL LINHAS AÉREAS BRASILEIRAS S.A. ADVOGADO(A) : SEM REPRESENTAÇÃO PROCESSUAL EMENTA: DIREITO PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. GRATUIDADE DA JUSTIÇA. ATLETAS DE FUTEBOL DE DIVISÃO INFERIOR. HIPOSSUFICIÊNCIA COMPROVADA. RECURSO PROVIDO. I. CASO EM EXAME1. Trata-se de agravo de instrumento interposto contra decisão que indeferiu pedido de gratuidade de justiça formulado por atletas profissionais de futebol e membros da comissão técnica de um clube de futebol de Série C do Campeonato Brasileiro. Os agravantes alegam insuficiência de recursos para arcar com as custas processuais.II. QUESTÃO EM DISCUSSÃO2. A questão em discussão consiste em analisar se os agravantes comprovam hipossuficiência financeira para a concessão da gratuidade da justiça, considerando sua condição de atletas de futebol em divisão inferior.III. RAZÕES DE DECIDIR3. A Constituição Federal garante o acesso à justiça a todos, inclusive àqueles sem recursos financeiros. A lei dispõe que a gratuidade da justiça será concedida àqueles que comprovarem insuficiência de recursos.4. A simples alegação de pobreza não é suficiente; é necessária a comprovação documental da hipossuficiência. No caso, os contratos de trabalho e demais documentos apresentados pelos agravantes demonstram a baixa remuneração recebida e a precariedade de suas condições financeiras. Sua situação profissional difere substancialmente da de atletas de divisões superiores, com rendimentos significativamente maiores e contratos mais estáveis.IV. DISPOSITIVO E TESE5. Recurso conhecido e provido.Tese de julgamento: "1. A comprovação documental da hipossuficiência financeira, mesmo para atletas profissionais, é requisito essencial para a concessão da gratuidade da justiça. 2. A precariedade dos contratos e a baixa remuneração de atletas de futebol de divisões inferiores configuram situação de insuficiência de recursos, justificando o deferimento do benefício." Dispositivos relevantes citados: CF/1988, art. 5º, LXXIV; CPC, art. 98; Lei nº 1.060/1950.Jurisprudências relevantes citadas: Súmula nº 25 do TJGO; APELAÇÃO CÍVEL 5338976-88.2024.8.09.0085, TJGO; AGRAVO DE INSTRUMENTO 5200055-76.2024.8.09.0174, TJGO; Súmula nº 76 do TJGO. DECISÃO MONOCRÁTICA Trata-se de recurso de agravo de instrumento com pedido de efeito suspensivo interposto por André Henrique Simplício Dantas e outros contra a decisão proferida pela Juíza de Direito da 4ª Vara Cível da Comarca de Anápolis, Dra. Alessandra Cristina Oliveira Louza, nos autos da ação de indenização por danos morais ajuizada em desfavor de Azul Linhas Aéreas Brasileiras S.A. Na decisão vergastada (movimento nº 69 dos autos originários 5087356-30.2025.8.09.0006), o juízo singular indeferiu o pedido de gratuidade da justiça formulado pelos autores/recorrentes, sob o fundamento de que "os documentos acostados mostram-se insuficientes para comprovação da alegada insuficiência de recursos para custear as despesas do processo", facultando, contudo, o parcelamento das custas iniciais em até cinco vezes.Os agravantes sustentam em suas razões recursais o desacerto do ato decisório, ao argumento de que são atletas profissionais de futebol e membros da comissão técnica do Anápolis Futebol Clube que atuam em divisões inferiores do esporte (Série C do Campeonato Brasileiro), e não possuem a mesma renda que jogadores da Série A, retirando seu sustento com muita luta e garantindo apenas o mínimo mensal.Relatam que residem no centro de treinamentos do clube para economizar com moradia e transporte, sendo provedores das despesas familiares. Informam que o clube ocupa a última posição da tabela da Série C em virtude do baixo orçamento, reconhecido publicamente como o menor da competição.Asseveram que não possuem condições de arcar com o recolhimento das custas processuais sem comprometer sua subsistência e a de suas famílias, uma vez que são isentos do imposto de renda devido ao baixo rendimento financeiro.Requerem a concessão da tutela provisória recursal para suspender os efeitos da decisão agravada. Ao final, pleiteiam o provimento do recurso, com a consequente reforma da decisão agravada e concessão dos benefícios da gratuidade da justiça.O preparo recursal é dispensado, nos termos do artigo 101, § 1º, do Código de Processo Civil.É o relatório. Decido.1. Julgamento monocráticoA decisão unipessoal mostra-se devida no caso em análise, nos termos do artigo 932, inciso V, alínea “a”, do Código de Processo Civil, cumulado com artigo 138, inciso III, da Resolução n.° 170/2021, que instituiu o Regimento Interno desta Corte Estadual, que assim dispõem:Art. 932 – Incumbe ao relator: (…)V - depois de facultada a apresentação de contrarrazões, dar provimento ao recurso se a decisão recorrida for contrária a:a) súmula do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do próprio tribunal;Art. 138. Ao relator compete: (…)III - decidir monocraticamente nas hipóteses previstas no art. 932 do CPC, inclusive nos processos penais originários e recursais;Na espécie, a matéria debatida nos autos encontra-se pacificada no âmbito deste Tribunal de Justiça do Estado de Goiás por intermédio do enunciado n.º 25 de sua súmula de jurisprudência, o que autoriza o julgamento por decisão unipessoal do relator.2. Juízo de admissibilidadePresentes os pressupostos intrínsecos e extrínsecos de admissibilidade recursal, notadamente de cabimento (próprio), legitimidade, tempestividade e preparo (dispensado em virtude de previsão do artigo 101, § 1º, do Código de Processo Civil), conheço do recurso de agravo de instrumento.3. Mérito da controvérsia recursal – Gratuidade da justiçaImpende consignar, em proêmio, a desnecessidade de intimação da parte agravada para oferecer contrarrazões ao presente recurso, uma vez que a relação processual originária ainda não se encontra perfectibilizada e não se vislumbra prejuízo para parte contrária, consoante entendimento consolidado no enunciado da súmula n.º 76 deste Tribunal de Justiça do Estado de Goiás, que assim dispõe:SÚMULA Nº 76 - Desnecessária a comunicação processual da parte agravada para apresentar contrarrazões ao agravo de instrumento, quando ainda não angularizada a relação processual na origem, exceto nas hipóteses de manifesto prejuízo.Pois bem. A pretensão recursal cinge-se à obtenção do benefício da gratuidade da justiça, ao fundamento de que os agravantes não possuem condições de arcar com as custas judiciais sem prejuízo do seu sustento e de sua família.Do cotejo dos documentos e argumentos apresentados, constata-se que razão assiste à parte recorrente. Perquire-se.O artigo 5º, inciso LXXIV, da Constituição Federal, estabelece como requisito indispensável para a concessão do benefício da gratuidade da justiça a comprovação da insuficiência de recursos do requerente.Outrossim, o propósito da Lei n.º 1.060/1950 e do Código de Processo Civil é conferir o benefício da gratuidade da justiça aos necessitados, assim entendidos aqueles que se encontrem em situação inviabilizadora da assunção do ônus decorrente do processo, cujo ingresso em juízo possa causar prejuízo irreparável ao seu patrimônio.Nesse sentido, o Código de Processo Civil dispõe que:Art. 98. A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com insuficiência de recursos para pagar as custas, as despesas processuais e os honorários advocatícios têm direito à gratuidade da justiça, na forma da lei. (…)Art. 99. O pedido de gratuidade da justiça pode ser formulado na petição inicial, na contestação, na petição para ingresso de terceiro no processo ou em recurso. (…)§ 2º O juiz somente poderá indeferir o pedido se houver nos autos elementos que evidenciem a falta dos pressupostos legais para a concessão de gratuidade, devendo, antes de indeferir o pedido, determinar à parte a comprovação do preenchimento dos referidos pressupostos.§ 3º Presume-se verdadeira a alegação de insuficiência deduzida exclusivamente por pessoa natural.§ 4º A assistência do requerente por advogado particular não impede a concessão de gratuidade da justiça.Com supedâneo no comando constitucional e infraconstitucional acima referido, esta Corte de Justiça editou o enunciado de súmula 25 que consigna a imprescindibilidade da comprovação da hipossuficiência financeira para arcar com os encargos processuais, cuja redação segue abaixo:Súmula nº 25 do TJGO. Faz jus à gratuidade da justiça a pessoa, natural ou jurídica, que comprovar sua impossibilidade de arcar com os encargos processuais.Dessarte, conclui-se que a simples alegação do estado de pobreza não é bastante para concessão do benefício, de forma que é necessária a apresentação de documentos para aferir a real situação financeira de quem pretende litigar às expensas do Estado.Na hipótese vertente, percebe-se que os documentos apresentados pelo agravante (movimento 1, arquivos 2 a 48) comprovam a alegada carência financeira para arcar com as custas processuais iniciais, conforme afirmado.Os agravantes são atletas profissionais de futebol e membros de comissão técnica que atuam em divisões inferiores do futebol brasileiro, especificamente na Série C do Campeonato Brasileiro pelo Anápolis Futebol Clube/GO. Esta condição profissional específica os diferencia substancialmente dos atletas da elite do futebol nacional, que atuam na Série A e possuem remuneração significativamente superior e contratos de longa duração.Para corroborar suas alegações de hipossuficiência, os recorrentes apresentaram cópias dos Contratos Especiais de Trabalho Desportivo (CETD) e das respectivas Carteiras de Trabalho e Previdência Social - CTPS, através dos quais se verifica que os agravantes foram contratados pelo Anápolis Futebol Clube com salário contratual em média de R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais) mensais, valor que, por si só, demonstra a modesta remuneração auferida pelos requerentes. Ademais, ficou comprovado que se trata de contratos de trabalho de prazo determinado e de curta duração, com vigência de janeiro a setembro/abril de 2024, o que evidencia a instabilidade e precariedade da situação laboral dos agravantes. Esta característica temporal dos contratos desportivos em divisões inferiores gera constante insegurança jurídica e financeira aos profissionais, que ficam sujeitos a períodos de desemprego entre uma temporada e outra. Assim, do detido exame do arcabouço probatório, extrai-se que há prova dos parcos recursos auferidos pelos agravantes e da incapacidade financeira de arcar com as custas da demanda originária, de modo que fazem jus a concessão da gratuidade da justiça.Em consonância com o entendimento adotado, cita-se os escólios desta Corte Estadual:APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. GRATUIDADE DA JUSTIÇA. HIPOSSUFICIÊNCIA RECONHECIDA. EXTINÇÃO DO FEITO SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO. EMENDA À INICIAL. COMPROVANTE DE ENDEREÇO EM NOME PRÓPRIO. 1. Tendo a parte comprovado a sua hipossuficiência financeira, que inviabiliza a efetuação do pagamento das despesas processuais sem comprometer o sustento próprio ou de sua família, torna-se imperativa a concessão do benefício da gratuidade da justiça. (...). APELAÇÃO CÍVEL CONHECIDA E PROVIDA. SENTENÇA CASSADA. (TJGO, PROCESSO CÍVEL E DO TRABALHO -> Recursos -> Apelação Cível 5338976-88.2024.8.09.0085, Rel. Des(a). José Ricardo M. Machado, 8ª Câmara Cível, julgado em 15/07/2024, DJe de 15/07/2024, grifou-se).EMENTA: AGRAVO INTERNO EM EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM AGRAVO DE INSTRUMENTO. CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. GRATUIDADE DA JUSTIÇA. PESSOA JURÍDICA. CUSTAS RECURSAIS. HIPOSSUFICIÊNCIA COMPROVADA. DEFERIMENTO. DECISÃO REFORMADA. 1. Recurso de agravo interno interposto contra decisão que indeferiu pedido de justiça gratuita formulado por pessoa jurídica. 2. Comprovado preenchimento dos pressupostos legais para a concessão da gratuidade da justiça é caso de se deferir o benefício. 3. AGRAVO INTERNO CONHECIDO E PROVIDO. (TJGO, PROCESSO CÍVEL E DO TRABALHO -> Recursos -> Agravos -> Agravo de Instrumento 5200055-76.2024.8.09.0174, Rel. Des(a). DESEMBARGADOR GERSON SANTANA CINTRA, 3ª Câmara Cível, julgado em 15/07/2024, DJe de 15/07/2024, grifou-se).Nessa confluência, confirmada que a situação dos agravantes é de insuficiência econômica, necessária a reforma da decisão proferida pelo juízo de primeiro grau de jurisdição para deferir o pedido de gratuidade da justiça para bem atender ao princípio constitucional da igualdade material e do acesso à justiça.Ressalte-se, por fim, que a presente decisão resolve integralmente o mérito recursal, razão pela qual resta prejudicada a análise do pedido de concessão de efeito suspensivo formulado liminarmente pelos agravantes, por se tratar de providência de natureza acessória, cuja finalidade era assegurar a utilidade da prestação jurisdicional final, ora alcançada com o julgamento definitivo do recurso.4. DispositivoAnte o exposto, nos termos do artigo 932, inciso V, alínea “a”, do Código de Processo Civil, conheço do recurso de agravo de instrumento e dou-lhe provimento para, em reforma da decisão vergastada, conceder aos agravantes a integralidade dos benefícios da gratuidade da justiça.Oficie-se ao juízo de origem para ciência dos termos desta decisão.Decorrido o prazo legal, arquivem-se os autos com as cautelas de estilo.Intime-se. Cumpra-se. Goiânia, datado e assinado digitalmente. Iara Márcia Franzoni De Lima CostaJuíza Substituta em 2º GrauRelatora

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Processo nº 5458233-19.2025.8.09.0006

ID: 298542820

Tribunal: TJGO Órgão: 10ª Câmara Cível Classe: AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº Processo: 5458233-19.2025.8.09.0006

Data de Disponibilização: 13/06/2025

Polo Ativo:

PAULO HENRIQUE ARAUJO BORGES

Polo Passivo:

DECISÃO MONOCRÁTICA

Advogados:

DANIEL WARLINGTON MORAIS DUTRA

OAB/GO XXXXXX Desbloquear

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE GOIÁS GABINETE DO DESEMBARGADOR ANDERSON MÁXIMO DE HOLANDA 10ª CÂMARA CÍVEL RECURSO DE AGRAVO DE INSTRUMENTO N.º 5458233-19.2… PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE GOIÁS GABINETE DO DESEMBARGADOR ANDERSON MÁXIMO DE HOLANDA 10ª CÂMARA CÍVEL RECURSO DE AGRAVO DE INSTRUMENTO N.º 5458233-19.2025.8.09.0006 COMARCA : ANÁPOLISRELATORA : IARA MÁRCIA FRANZONI DE LIMA COSTA – JUÍZA SUBSTITUTA EM 2º GRAUAGRAVANTES : LEONARDO FELIPE DE OLIVEIRA AZEVEDO E OUTROSADVOGADO(A) : DANIEL WARLINGTON MORAIS DUTRA – OAB/GO 58.671 AGRAVADO(A) : AZUL LINHAS AÉREAS BRASILEIRAS S.A. ADVOGADO(A) : SEM REPRESENTAÇÃO PROCESSUAL EMENTA: DIREITO PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. GRATUIDADE DA JUSTIÇA. ATLETAS DE FUTEBOL DE DIVISÃO INFERIOR. HIPOSSUFICIÊNCIA COMPROVADA. RECURSO PROVIDO. I. CASO EM EXAME1. Trata-se de agravo de instrumento interposto contra decisão que indeferiu pedido de gratuidade de justiça formulado por atletas profissionais de futebol e membros da comissão técnica de um clube de futebol de Série C do Campeonato Brasileiro. Os agravantes alegam insuficiência de recursos para arcar com as custas processuais.II. QUESTÃO EM DISCUSSÃO2. A questão em discussão consiste em analisar se os agravantes comprovam hipossuficiência financeira para a concessão da gratuidade da justiça, considerando sua condição de atletas de futebol em divisão inferior.III. RAZÕES DE DECIDIR3. A Constituição Federal garante o acesso à justiça a todos, inclusive àqueles sem recursos financeiros. A lei dispõe que a gratuidade da justiça será concedida àqueles que comprovarem insuficiência de recursos.4. A simples alegação de pobreza não é suficiente; é necessária a comprovação documental da hipossuficiência. No caso, os contratos de trabalho e demais documentos apresentados pelos agravantes demonstram a baixa remuneração recebida e a precariedade de suas condições financeiras. Sua situação profissional difere substancialmente da de atletas de divisões superiores, com rendimentos significativamente maiores e contratos mais estáveis.IV. DISPOSITIVO E TESE5. Recurso conhecido e provido.Tese de julgamento: "1. A comprovação documental da hipossuficiência financeira, mesmo para atletas profissionais, é requisito essencial para a concessão da gratuidade da justiça. 2. A precariedade dos contratos e a baixa remuneração de atletas de futebol de divisões inferiores configuram situação de insuficiência de recursos, justificando o deferimento do benefício." Dispositivos relevantes citados: CF/1988, art. 5º, LXXIV; CPC, art. 98; Lei nº 1.060/1950.Jurisprudências relevantes citadas: Súmula nº 25 do TJGO; APELAÇÃO CÍVEL 5338976-88.2024.8.09.0085, TJGO; AGRAVO DE INSTRUMENTO 5200055-76.2024.8.09.0174, TJGO; Súmula nº 76 do TJGO. DECISÃO MONOCRÁTICA Trata-se de recurso de agravo de instrumento com pedido de efeito suspensivo interposto por André Henrique Simplício Dantas e outros contra a decisão proferida pela Juíza de Direito da 4ª Vara Cível da Comarca de Anápolis, Dra. Alessandra Cristina Oliveira Louza, nos autos da ação de indenização por danos morais ajuizada em desfavor de Azul Linhas Aéreas Brasileiras S.A. Na decisão vergastada (movimento nº 69 dos autos originários 5087356-30.2025.8.09.0006), o juízo singular indeferiu o pedido de gratuidade da justiça formulado pelos autores/recorrentes, sob o fundamento de que "os documentos acostados mostram-se insuficientes para comprovação da alegada insuficiência de recursos para custear as despesas do processo", facultando, contudo, o parcelamento das custas iniciais em até cinco vezes.Os agravantes sustentam em suas razões recursais o desacerto do ato decisório, ao argumento de que são atletas profissionais de futebol e membros da comissão técnica do Anápolis Futebol Clube que atuam em divisões inferiores do esporte (Série C do Campeonato Brasileiro), e não possuem a mesma renda que jogadores da Série A, retirando seu sustento com muita luta e garantindo apenas o mínimo mensal.Relatam que residem no centro de treinamentos do clube para economizar com moradia e transporte, sendo provedores das despesas familiares. Informam que o clube ocupa a última posição da tabela da Série C em virtude do baixo orçamento, reconhecido publicamente como o menor da competição.Asseveram que não possuem condições de arcar com o recolhimento das custas processuais sem comprometer sua subsistência e a de suas famílias, uma vez que são isentos do imposto de renda devido ao baixo rendimento financeiro.Requerem a concessão da tutela provisória recursal para suspender os efeitos da decisão agravada. Ao final, pleiteiam o provimento do recurso, com a consequente reforma da decisão agravada e concessão dos benefícios da gratuidade da justiça.O preparo recursal é dispensado, nos termos do artigo 101, § 1º, do Código de Processo Civil.É o relatório. Decido.1. Julgamento monocráticoA decisão unipessoal mostra-se devida no caso em análise, nos termos do artigo 932, inciso V, alínea “a”, do Código de Processo Civil, cumulado com artigo 138, inciso III, da Resolução n.° 170/2021, que instituiu o Regimento Interno desta Corte Estadual, que assim dispõem:Art. 932 – Incumbe ao relator: (…)V - depois de facultada a apresentação de contrarrazões, dar provimento ao recurso se a decisão recorrida for contrária a:a) súmula do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do próprio tribunal;Art. 138. Ao relator compete: (…)III - decidir monocraticamente nas hipóteses previstas no art. 932 do CPC, inclusive nos processos penais originários e recursais;Na espécie, a matéria debatida nos autos encontra-se pacificada no âmbito deste Tribunal de Justiça do Estado de Goiás por intermédio do enunciado n.º 25 de sua súmula de jurisprudência, o que autoriza o julgamento por decisão unipessoal do relator.2. Juízo de admissibilidadePresentes os pressupostos intrínsecos e extrínsecos de admissibilidade recursal, notadamente de cabimento (próprio), legitimidade, tempestividade e preparo (dispensado em virtude de previsão do artigo 101, § 1º, do Código de Processo Civil), conheço do recurso de agravo de instrumento.3. Mérito da controvérsia recursal – Gratuidade da justiçaImpende consignar, em proêmio, a desnecessidade de intimação da parte agravada para oferecer contrarrazões ao presente recurso, uma vez que a relação processual originária ainda não se encontra perfectibilizada e não se vislumbra prejuízo para parte contrária, consoante entendimento consolidado no enunciado da súmula n.º 76 deste Tribunal de Justiça do Estado de Goiás, que assim dispõe:SÚMULA Nº 76 - Desnecessária a comunicação processual da parte agravada para apresentar contrarrazões ao agravo de instrumento, quando ainda não angularizada a relação processual na origem, exceto nas hipóteses de manifesto prejuízo.Pois bem. A pretensão recursal cinge-se à obtenção do benefício da gratuidade da justiça, ao fundamento de que os agravantes não possuem condições de arcar com as custas judiciais sem prejuízo do seu sustento e de sua família.Do cotejo dos documentos e argumentos apresentados, constata-se que razão assiste à parte recorrente. Perquire-se.O artigo 5º, inciso LXXIV, da Constituição Federal, estabelece como requisito indispensável para a concessão do benefício da gratuidade da justiça a comprovação da insuficiência de recursos do requerente.Outrossim, o propósito da Lei n.º 1.060/1950 e do Código de Processo Civil é conferir o benefício da gratuidade da justiça aos necessitados, assim entendidos aqueles que se encontrem em situação inviabilizadora da assunção do ônus decorrente do processo, cujo ingresso em juízo possa causar prejuízo irreparável ao seu patrimônio.Nesse sentido, o Código de Processo Civil dispõe que:Art. 98. A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com insuficiência de recursos para pagar as custas, as despesas processuais e os honorários advocatícios têm direito à gratuidade da justiça, na forma da lei. (…)Art. 99. O pedido de gratuidade da justiça pode ser formulado na petição inicial, na contestação, na petição para ingresso de terceiro no processo ou em recurso. (…)§ 2º O juiz somente poderá indeferir o pedido se houver nos autos elementos que evidenciem a falta dos pressupostos legais para a concessão de gratuidade, devendo, antes de indeferir o pedido, determinar à parte a comprovação do preenchimento dos referidos pressupostos.§ 3º Presume-se verdadeira a alegação de insuficiência deduzida exclusivamente por pessoa natural.§ 4º A assistência do requerente por advogado particular não impede a concessão de gratuidade da justiça.Com supedâneo no comando constitucional e infraconstitucional acima referido, esta Corte de Justiça editou o enunciado de súmula 25 que consigna a imprescindibilidade da comprovação da hipossuficiência financeira para arcar com os encargos processuais, cuja redação segue abaixo:Súmula nº 25 do TJGO. Faz jus à gratuidade da justiça a pessoa, natural ou jurídica, que comprovar sua impossibilidade de arcar com os encargos processuais.Dessarte, conclui-se que a simples alegação do estado de pobreza não é bastante para concessão do benefício, de forma que é necessária a apresentação de documentos para aferir a real situação financeira de quem pretende litigar às expensas do Estado.Na hipótese vertente, percebe-se que os documentos apresentados pelo agravante (movimento 1, arquivos 2 a 48) comprovam a alegada carência financeira para arcar com as custas processuais iniciais, conforme afirmado.Os agravantes são atletas profissionais de futebol e membros de comissão técnica que atuam em divisões inferiores do futebol brasileiro, especificamente na Série C do Campeonato Brasileiro pelo Anápolis Futebol Clube/GO. Esta condição profissional específica os diferencia substancialmente dos atletas da elite do futebol nacional, que atuam na Série A e possuem remuneração significativamente superior e contratos de longa duração.Para corroborar suas alegações de hipossuficiência, os recorrentes apresentaram cópias dos Contratos Especiais de Trabalho Desportivo (CETD) e das respectivas Carteiras de Trabalho e Previdência Social - CTPS, através dos quais se verifica que os agravantes foram contratados pelo Anápolis Futebol Clube com salário contratual em média de R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais) mensais, valor que, por si só, demonstra a modesta remuneração auferida pelos requerentes. Ademais, ficou comprovado que se trata de contratos de trabalho de prazo determinado e de curta duração, com vigência de janeiro a setembro/abril de 2024, o que evidencia a instabilidade e precariedade da situação laboral dos agravantes. Esta característica temporal dos contratos desportivos em divisões inferiores gera constante insegurança jurídica e financeira aos profissionais, que ficam sujeitos a períodos de desemprego entre uma temporada e outra. Assim, do detido exame do arcabouço probatório, extrai-se que há prova dos parcos recursos auferidos pelos agravantes e da incapacidade financeira de arcar com as custas da demanda originária, de modo que fazem jus a concessão da gratuidade da justiça.Em consonância com o entendimento adotado, cita-se os escólios desta Corte Estadual:APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. GRATUIDADE DA JUSTIÇA. HIPOSSUFICIÊNCIA RECONHECIDA. EXTINÇÃO DO FEITO SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO. EMENDA À INICIAL. COMPROVANTE DE ENDEREÇO EM NOME PRÓPRIO. 1. Tendo a parte comprovado a sua hipossuficiência financeira, que inviabiliza a efetuação do pagamento das despesas processuais sem comprometer o sustento próprio ou de sua família, torna-se imperativa a concessão do benefício da gratuidade da justiça. (...). APELAÇÃO CÍVEL CONHECIDA E PROVIDA. SENTENÇA CASSADA. (TJGO, PROCESSO CÍVEL E DO TRABALHO -> Recursos -> Apelação Cível 5338976-88.2024.8.09.0085, Rel. Des(a). José Ricardo M. Machado, 8ª Câmara Cível, julgado em 15/07/2024, DJe de 15/07/2024, grifou-se).EMENTA: AGRAVO INTERNO EM EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM AGRAVO DE INSTRUMENTO. CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. GRATUIDADE DA JUSTIÇA. PESSOA JURÍDICA. CUSTAS RECURSAIS. HIPOSSUFICIÊNCIA COMPROVADA. DEFERIMENTO. DECISÃO REFORMADA. 1. Recurso de agravo interno interposto contra decisão que indeferiu pedido de justiça gratuita formulado por pessoa jurídica. 2. Comprovado preenchimento dos pressupostos legais para a concessão da gratuidade da justiça é caso de se deferir o benefício. 3. AGRAVO INTERNO CONHECIDO E PROVIDO. (TJGO, PROCESSO CÍVEL E DO TRABALHO -> Recursos -> Agravos -> Agravo de Instrumento 5200055-76.2024.8.09.0174, Rel. Des(a). DESEMBARGADOR GERSON SANTANA CINTRA, 3ª Câmara Cível, julgado em 15/07/2024, DJe de 15/07/2024, grifou-se).Nessa confluência, confirmada que a situação dos agravantes é de insuficiência econômica, necessária a reforma da decisão proferida pelo juízo de primeiro grau de jurisdição para deferir o pedido de gratuidade da justiça para bem atender ao princípio constitucional da igualdade material e do acesso à justiça.Ressalte-se, por fim, que a presente decisão resolve integralmente o mérito recursal, razão pela qual resta prejudicada a análise do pedido de concessão de efeito suspensivo formulado liminarmente pelos agravantes, por se tratar de providência de natureza acessória, cuja finalidade era assegurar a utilidade da prestação jurisdicional final, ora alcançada com o julgamento definitivo do recurso.4. DispositivoAnte o exposto, nos termos do artigo 932, inciso V, alínea “a”, do Código de Processo Civil, conheço do recurso de agravo de instrumento e dou-lhe provimento para, em reforma da decisão vergastada, conceder aos agravantes a integralidade dos benefícios da gratuidade da justiça.Oficie-se ao juízo de origem para ciência dos termos desta decisão.Decorrido o prazo legal, arquivem-se os autos com as cautelas de estilo.Intime-se. Cumpra-se. Goiânia, datado e assinado digitalmente. Iara Márcia Franzoni De Lima CostaJuíza Substituta em 2º GrauRelatora

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Processo nº 5458233-19.2025.8.09.0006

ID: 298542823

Tribunal: TJGO Órgão: 10ª Câmara Cível Classe: AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº Processo: 5458233-19.2025.8.09.0006

Data de Disponibilização: 13/06/2025

Polo Ativo:

PEDRO THOMAZ MENTA DE SOUZA

Polo Passivo:

DECISÃO MONOCRÁTICA

Advogados:

DANIEL WARLINGTON MORAIS DUTRA

OAB/GO XXXXXX Desbloquear

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE GOIÁS GABINETE DO DESEMBARGADOR ANDERSON MÁXIMO DE HOLANDA 10ª CÂMARA CÍVEL RECURSO DE AGRAVO DE INSTRUMENTO N.º 5458233-19.2… PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE GOIÁS GABINETE DO DESEMBARGADOR ANDERSON MÁXIMO DE HOLANDA 10ª CÂMARA CÍVEL RECURSO DE AGRAVO DE INSTRUMENTO N.º 5458233-19.2025.8.09.0006 COMARCA : ANÁPOLISRELATORA : IARA MÁRCIA FRANZONI DE LIMA COSTA – JUÍZA SUBSTITUTA EM 2º GRAUAGRAVANTES : LEONARDO FELIPE DE OLIVEIRA AZEVEDO E OUTROSADVOGADO(A) : DANIEL WARLINGTON MORAIS DUTRA – OAB/GO 58.671 AGRAVADO(A) : AZUL LINHAS AÉREAS BRASILEIRAS S.A. ADVOGADO(A) : SEM REPRESENTAÇÃO PROCESSUAL EMENTA: DIREITO PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. GRATUIDADE DA JUSTIÇA. ATLETAS DE FUTEBOL DE DIVISÃO INFERIOR. HIPOSSUFICIÊNCIA COMPROVADA. RECURSO PROVIDO. I. CASO EM EXAME1. Trata-se de agravo de instrumento interposto contra decisão que indeferiu pedido de gratuidade de justiça formulado por atletas profissionais de futebol e membros da comissão técnica de um clube de futebol de Série C do Campeonato Brasileiro. Os agravantes alegam insuficiência de recursos para arcar com as custas processuais.II. QUESTÃO EM DISCUSSÃO2. A questão em discussão consiste em analisar se os agravantes comprovam hipossuficiência financeira para a concessão da gratuidade da justiça, considerando sua condição de atletas de futebol em divisão inferior.III. RAZÕES DE DECIDIR3. A Constituição Federal garante o acesso à justiça a todos, inclusive àqueles sem recursos financeiros. A lei dispõe que a gratuidade da justiça será concedida àqueles que comprovarem insuficiência de recursos.4. A simples alegação de pobreza não é suficiente; é necessária a comprovação documental da hipossuficiência. No caso, os contratos de trabalho e demais documentos apresentados pelos agravantes demonstram a baixa remuneração recebida e a precariedade de suas condições financeiras. Sua situação profissional difere substancialmente da de atletas de divisões superiores, com rendimentos significativamente maiores e contratos mais estáveis.IV. DISPOSITIVO E TESE5. Recurso conhecido e provido.Tese de julgamento: "1. A comprovação documental da hipossuficiência financeira, mesmo para atletas profissionais, é requisito essencial para a concessão da gratuidade da justiça. 2. A precariedade dos contratos e a baixa remuneração de atletas de futebol de divisões inferiores configuram situação de insuficiência de recursos, justificando o deferimento do benefício." Dispositivos relevantes citados: CF/1988, art. 5º, LXXIV; CPC, art. 98; Lei nº 1.060/1950.Jurisprudências relevantes citadas: Súmula nº 25 do TJGO; APELAÇÃO CÍVEL 5338976-88.2024.8.09.0085, TJGO; AGRAVO DE INSTRUMENTO 5200055-76.2024.8.09.0174, TJGO; Súmula nº 76 do TJGO. DECISÃO MONOCRÁTICA Trata-se de recurso de agravo de instrumento com pedido de efeito suspensivo interposto por André Henrique Simplício Dantas e outros contra a decisão proferida pela Juíza de Direito da 4ª Vara Cível da Comarca de Anápolis, Dra. Alessandra Cristina Oliveira Louza, nos autos da ação de indenização por danos morais ajuizada em desfavor de Azul Linhas Aéreas Brasileiras S.A. Na decisão vergastada (movimento nº 69 dos autos originários 5087356-30.2025.8.09.0006), o juízo singular indeferiu o pedido de gratuidade da justiça formulado pelos autores/recorrentes, sob o fundamento de que "os documentos acostados mostram-se insuficientes para comprovação da alegada insuficiência de recursos para custear as despesas do processo", facultando, contudo, o parcelamento das custas iniciais em até cinco vezes.Os agravantes sustentam em suas razões recursais o desacerto do ato decisório, ao argumento de que são atletas profissionais de futebol e membros da comissão técnica do Anápolis Futebol Clube que atuam em divisões inferiores do esporte (Série C do Campeonato Brasileiro), e não possuem a mesma renda que jogadores da Série A, retirando seu sustento com muita luta e garantindo apenas o mínimo mensal.Relatam que residem no centro de treinamentos do clube para economizar com moradia e transporte, sendo provedores das despesas familiares. Informam que o clube ocupa a última posição da tabela da Série C em virtude do baixo orçamento, reconhecido publicamente como o menor da competição.Asseveram que não possuem condições de arcar com o recolhimento das custas processuais sem comprometer sua subsistência e a de suas famílias, uma vez que são isentos do imposto de renda devido ao baixo rendimento financeiro.Requerem a concessão da tutela provisória recursal para suspender os efeitos da decisão agravada. Ao final, pleiteiam o provimento do recurso, com a consequente reforma da decisão agravada e concessão dos benefícios da gratuidade da justiça.O preparo recursal é dispensado, nos termos do artigo 101, § 1º, do Código de Processo Civil.É o relatório. Decido.1. Julgamento monocráticoA decisão unipessoal mostra-se devida no caso em análise, nos termos do artigo 932, inciso V, alínea “a”, do Código de Processo Civil, cumulado com artigo 138, inciso III, da Resolução n.° 170/2021, que instituiu o Regimento Interno desta Corte Estadual, que assim dispõem:Art. 932 – Incumbe ao relator: (…)V - depois de facultada a apresentação de contrarrazões, dar provimento ao recurso se a decisão recorrida for contrária a:a) súmula do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do próprio tribunal;Art. 138. Ao relator compete: (…)III - decidir monocraticamente nas hipóteses previstas no art. 932 do CPC, inclusive nos processos penais originários e recursais;Na espécie, a matéria debatida nos autos encontra-se pacificada no âmbito deste Tribunal de Justiça do Estado de Goiás por intermédio do enunciado n.º 25 de sua súmula de jurisprudência, o que autoriza o julgamento por decisão unipessoal do relator.2. Juízo de admissibilidadePresentes os pressupostos intrínsecos e extrínsecos de admissibilidade recursal, notadamente de cabimento (próprio), legitimidade, tempestividade e preparo (dispensado em virtude de previsão do artigo 101, § 1º, do Código de Processo Civil), conheço do recurso de agravo de instrumento.3. Mérito da controvérsia recursal – Gratuidade da justiçaImpende consignar, em proêmio, a desnecessidade de intimação da parte agravada para oferecer contrarrazões ao presente recurso, uma vez que a relação processual originária ainda não se encontra perfectibilizada e não se vislumbra prejuízo para parte contrária, consoante entendimento consolidado no enunciado da súmula n.º 76 deste Tribunal de Justiça do Estado de Goiás, que assim dispõe:SÚMULA Nº 76 - Desnecessária a comunicação processual da parte agravada para apresentar contrarrazões ao agravo de instrumento, quando ainda não angularizada a relação processual na origem, exceto nas hipóteses de manifesto prejuízo.Pois bem. A pretensão recursal cinge-se à obtenção do benefício da gratuidade da justiça, ao fundamento de que os agravantes não possuem condições de arcar com as custas judiciais sem prejuízo do seu sustento e de sua família.Do cotejo dos documentos e argumentos apresentados, constata-se que razão assiste à parte recorrente. Perquire-se.O artigo 5º, inciso LXXIV, da Constituição Federal, estabelece como requisito indispensável para a concessão do benefício da gratuidade da justiça a comprovação da insuficiência de recursos do requerente.Outrossim, o propósito da Lei n.º 1.060/1950 e do Código de Processo Civil é conferir o benefício da gratuidade da justiça aos necessitados, assim entendidos aqueles que se encontrem em situação inviabilizadora da assunção do ônus decorrente do processo, cujo ingresso em juízo possa causar prejuízo irreparável ao seu patrimônio.Nesse sentido, o Código de Processo Civil dispõe que:Art. 98. A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com insuficiência de recursos para pagar as custas, as despesas processuais e os honorários advocatícios têm direito à gratuidade da justiça, na forma da lei. (…)Art. 99. O pedido de gratuidade da justiça pode ser formulado na petição inicial, na contestação, na petição para ingresso de terceiro no processo ou em recurso. (…)§ 2º O juiz somente poderá indeferir o pedido se houver nos autos elementos que evidenciem a falta dos pressupostos legais para a concessão de gratuidade, devendo, antes de indeferir o pedido, determinar à parte a comprovação do preenchimento dos referidos pressupostos.§ 3º Presume-se verdadeira a alegação de insuficiência deduzida exclusivamente por pessoa natural.§ 4º A assistência do requerente por advogado particular não impede a concessão de gratuidade da justiça.Com supedâneo no comando constitucional e infraconstitucional acima referido, esta Corte de Justiça editou o enunciado de súmula 25 que consigna a imprescindibilidade da comprovação da hipossuficiência financeira para arcar com os encargos processuais, cuja redação segue abaixo:Súmula nº 25 do TJGO. Faz jus à gratuidade da justiça a pessoa, natural ou jurídica, que comprovar sua impossibilidade de arcar com os encargos processuais.Dessarte, conclui-se que a simples alegação do estado de pobreza não é bastante para concessão do benefício, de forma que é necessária a apresentação de documentos para aferir a real situação financeira de quem pretende litigar às expensas do Estado.Na hipótese vertente, percebe-se que os documentos apresentados pelo agravante (movimento 1, arquivos 2 a 48) comprovam a alegada carência financeira para arcar com as custas processuais iniciais, conforme afirmado.Os agravantes são atletas profissionais de futebol e membros de comissão técnica que atuam em divisões inferiores do futebol brasileiro, especificamente na Série C do Campeonato Brasileiro pelo Anápolis Futebol Clube/GO. Esta condição profissional específica os diferencia substancialmente dos atletas da elite do futebol nacional, que atuam na Série A e possuem remuneração significativamente superior e contratos de longa duração.Para corroborar suas alegações de hipossuficiência, os recorrentes apresentaram cópias dos Contratos Especiais de Trabalho Desportivo (CETD) e das respectivas Carteiras de Trabalho e Previdência Social - CTPS, através dos quais se verifica que os agravantes foram contratados pelo Anápolis Futebol Clube com salário contratual em média de R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais) mensais, valor que, por si só, demonstra a modesta remuneração auferida pelos requerentes. Ademais, ficou comprovado que se trata de contratos de trabalho de prazo determinado e de curta duração, com vigência de janeiro a setembro/abril de 2024, o que evidencia a instabilidade e precariedade da situação laboral dos agravantes. Esta característica temporal dos contratos desportivos em divisões inferiores gera constante insegurança jurídica e financeira aos profissionais, que ficam sujeitos a períodos de desemprego entre uma temporada e outra. Assim, do detido exame do arcabouço probatório, extrai-se que há prova dos parcos recursos auferidos pelos agravantes e da incapacidade financeira de arcar com as custas da demanda originária, de modo que fazem jus a concessão da gratuidade da justiça.Em consonância com o entendimento adotado, cita-se os escólios desta Corte Estadual:APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. GRATUIDADE DA JUSTIÇA. HIPOSSUFICIÊNCIA RECONHECIDA. EXTINÇÃO DO FEITO SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO. EMENDA À INICIAL. COMPROVANTE DE ENDEREÇO EM NOME PRÓPRIO. 1. Tendo a parte comprovado a sua hipossuficiência financeira, que inviabiliza a efetuação do pagamento das despesas processuais sem comprometer o sustento próprio ou de sua família, torna-se imperativa a concessão do benefício da gratuidade da justiça. (...). APELAÇÃO CÍVEL CONHECIDA E PROVIDA. SENTENÇA CASSADA. (TJGO, PROCESSO CÍVEL E DO TRABALHO -> Recursos -> Apelação Cível 5338976-88.2024.8.09.0085, Rel. Des(a). José Ricardo M. Machado, 8ª Câmara Cível, julgado em 15/07/2024, DJe de 15/07/2024, grifou-se).EMENTA: AGRAVO INTERNO EM EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM AGRAVO DE INSTRUMENTO. CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. GRATUIDADE DA JUSTIÇA. PESSOA JURÍDICA. CUSTAS RECURSAIS. HIPOSSUFICIÊNCIA COMPROVADA. DEFERIMENTO. DECISÃO REFORMADA. 1. Recurso de agravo interno interposto contra decisão que indeferiu pedido de justiça gratuita formulado por pessoa jurídica. 2. Comprovado preenchimento dos pressupostos legais para a concessão da gratuidade da justiça é caso de se deferir o benefício. 3. AGRAVO INTERNO CONHECIDO E PROVIDO. (TJGO, PROCESSO CÍVEL E DO TRABALHO -> Recursos -> Agravos -> Agravo de Instrumento 5200055-76.2024.8.09.0174, Rel. Des(a). DESEMBARGADOR GERSON SANTANA CINTRA, 3ª Câmara Cível, julgado em 15/07/2024, DJe de 15/07/2024, grifou-se).Nessa confluência, confirmada que a situação dos agravantes é de insuficiência econômica, necessária a reforma da decisão proferida pelo juízo de primeiro grau de jurisdição para deferir o pedido de gratuidade da justiça para bem atender ao princípio constitucional da igualdade material e do acesso à justiça.Ressalte-se, por fim, que a presente decisão resolve integralmente o mérito recursal, razão pela qual resta prejudicada a análise do pedido de concessão de efeito suspensivo formulado liminarmente pelos agravantes, por se tratar de providência de natureza acessória, cuja finalidade era assegurar a utilidade da prestação jurisdicional final, ora alcançada com o julgamento definitivo do recurso.4. DispositivoAnte o exposto, nos termos do artigo 932, inciso V, alínea “a”, do Código de Processo Civil, conheço do recurso de agravo de instrumento e dou-lhe provimento para, em reforma da decisão vergastada, conceder aos agravantes a integralidade dos benefícios da gratuidade da justiça.Oficie-se ao juízo de origem para ciência dos termos desta decisão.Decorrido o prazo legal, arquivem-se os autos com as cautelas de estilo.Intime-se. Cumpra-se. Goiânia, datado e assinado digitalmente. Iara Márcia Franzoni De Lima CostaJuíza Substituta em 2º GrauRelatora

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Processo nº 5458233-19.2025.8.09.0006

ID: 298542826

Tribunal: TJGO Órgão: 10ª Câmara Cível Classe: AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº Processo: 5458233-19.2025.8.09.0006

Data de Disponibilização: 13/06/2025

Polo Ativo:

RAFAEL HENRIQUE COSTA MACIEL

Polo Passivo:

DECISÃO MONOCRÁTICA

Advogados:

DANIEL WARLINGTON MORAIS DUTRA

OAB/GO XXXXXX Desbloquear

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE GOIÁS GABINETE DO DESEMBARGADOR ANDERSON MÁXIMO DE HOLANDA 10ª CÂMARA CÍVEL RECURSO DE AGRAVO DE INSTRUMENTO N.º 5458233-19.2… PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE GOIÁS GABINETE DO DESEMBARGADOR ANDERSON MÁXIMO DE HOLANDA 10ª CÂMARA CÍVEL RECURSO DE AGRAVO DE INSTRUMENTO N.º 5458233-19.2025.8.09.0006 COMARCA : ANÁPOLISRELATORA : IARA MÁRCIA FRANZONI DE LIMA COSTA – JUÍZA SUBSTITUTA EM 2º GRAUAGRAVANTES : LEONARDO FELIPE DE OLIVEIRA AZEVEDO E OUTROSADVOGADO(A) : DANIEL WARLINGTON MORAIS DUTRA – OAB/GO 58.671 AGRAVADO(A) : AZUL LINHAS AÉREAS BRASILEIRAS S.A. ADVOGADO(A) : SEM REPRESENTAÇÃO PROCESSUAL EMENTA: DIREITO PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. GRATUIDADE DA JUSTIÇA. ATLETAS DE FUTEBOL DE DIVISÃO INFERIOR. HIPOSSUFICIÊNCIA COMPROVADA. RECURSO PROVIDO. I. CASO EM EXAME1. Trata-se de agravo de instrumento interposto contra decisão que indeferiu pedido de gratuidade de justiça formulado por atletas profissionais de futebol e membros da comissão técnica de um clube de futebol de Série C do Campeonato Brasileiro. Os agravantes alegam insuficiência de recursos para arcar com as custas processuais.II. QUESTÃO EM DISCUSSÃO2. A questão em discussão consiste em analisar se os agravantes comprovam hipossuficiência financeira para a concessão da gratuidade da justiça, considerando sua condição de atletas de futebol em divisão inferior.III. RAZÕES DE DECIDIR3. A Constituição Federal garante o acesso à justiça a todos, inclusive àqueles sem recursos financeiros. A lei dispõe que a gratuidade da justiça será concedida àqueles que comprovarem insuficiência de recursos.4. A simples alegação de pobreza não é suficiente; é necessária a comprovação documental da hipossuficiência. No caso, os contratos de trabalho e demais documentos apresentados pelos agravantes demonstram a baixa remuneração recebida e a precariedade de suas condições financeiras. Sua situação profissional difere substancialmente da de atletas de divisões superiores, com rendimentos significativamente maiores e contratos mais estáveis.IV. DISPOSITIVO E TESE5. Recurso conhecido e provido.Tese de julgamento: "1. A comprovação documental da hipossuficiência financeira, mesmo para atletas profissionais, é requisito essencial para a concessão da gratuidade da justiça. 2. A precariedade dos contratos e a baixa remuneração de atletas de futebol de divisões inferiores configuram situação de insuficiência de recursos, justificando o deferimento do benefício." Dispositivos relevantes citados: CF/1988, art. 5º, LXXIV; CPC, art. 98; Lei nº 1.060/1950.Jurisprudências relevantes citadas: Súmula nº 25 do TJGO; APELAÇÃO CÍVEL 5338976-88.2024.8.09.0085, TJGO; AGRAVO DE INSTRUMENTO 5200055-76.2024.8.09.0174, TJGO; Súmula nº 76 do TJGO. DECISÃO MONOCRÁTICA Trata-se de recurso de agravo de instrumento com pedido de efeito suspensivo interposto por André Henrique Simplício Dantas e outros contra a decisão proferida pela Juíza de Direito da 4ª Vara Cível da Comarca de Anápolis, Dra. Alessandra Cristina Oliveira Louza, nos autos da ação de indenização por danos morais ajuizada em desfavor de Azul Linhas Aéreas Brasileiras S.A. Na decisão vergastada (movimento nº 69 dos autos originários 5087356-30.2025.8.09.0006), o juízo singular indeferiu o pedido de gratuidade da justiça formulado pelos autores/recorrentes, sob o fundamento de que "os documentos acostados mostram-se insuficientes para comprovação da alegada insuficiência de recursos para custear as despesas do processo", facultando, contudo, o parcelamento das custas iniciais em até cinco vezes.Os agravantes sustentam em suas razões recursais o desacerto do ato decisório, ao argumento de que são atletas profissionais de futebol e membros da comissão técnica do Anápolis Futebol Clube que atuam em divisões inferiores do esporte (Série C do Campeonato Brasileiro), e não possuem a mesma renda que jogadores da Série A, retirando seu sustento com muita luta e garantindo apenas o mínimo mensal.Relatam que residem no centro de treinamentos do clube para economizar com moradia e transporte, sendo provedores das despesas familiares. Informam que o clube ocupa a última posição da tabela da Série C em virtude do baixo orçamento, reconhecido publicamente como o menor da competição.Asseveram que não possuem condições de arcar com o recolhimento das custas processuais sem comprometer sua subsistência e a de suas famílias, uma vez que são isentos do imposto de renda devido ao baixo rendimento financeiro.Requerem a concessão da tutela provisória recursal para suspender os efeitos da decisão agravada. Ao final, pleiteiam o provimento do recurso, com a consequente reforma da decisão agravada e concessão dos benefícios da gratuidade da justiça.O preparo recursal é dispensado, nos termos do artigo 101, § 1º, do Código de Processo Civil.É o relatório. Decido.1. Julgamento monocráticoA decisão unipessoal mostra-se devida no caso em análise, nos termos do artigo 932, inciso V, alínea “a”, do Código de Processo Civil, cumulado com artigo 138, inciso III, da Resolução n.° 170/2021, que instituiu o Regimento Interno desta Corte Estadual, que assim dispõem:Art. 932 – Incumbe ao relator: (…)V - depois de facultada a apresentação de contrarrazões, dar provimento ao recurso se a decisão recorrida for contrária a:a) súmula do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do próprio tribunal;Art. 138. Ao relator compete: (…)III - decidir monocraticamente nas hipóteses previstas no art. 932 do CPC, inclusive nos processos penais originários e recursais;Na espécie, a matéria debatida nos autos encontra-se pacificada no âmbito deste Tribunal de Justiça do Estado de Goiás por intermédio do enunciado n.º 25 de sua súmula de jurisprudência, o que autoriza o julgamento por decisão unipessoal do relator.2. Juízo de admissibilidadePresentes os pressupostos intrínsecos e extrínsecos de admissibilidade recursal, notadamente de cabimento (próprio), legitimidade, tempestividade e preparo (dispensado em virtude de previsão do artigo 101, § 1º, do Código de Processo Civil), conheço do recurso de agravo de instrumento.3. Mérito da controvérsia recursal – Gratuidade da justiçaImpende consignar, em proêmio, a desnecessidade de intimação da parte agravada para oferecer contrarrazões ao presente recurso, uma vez que a relação processual originária ainda não se encontra perfectibilizada e não se vislumbra prejuízo para parte contrária, consoante entendimento consolidado no enunciado da súmula n.º 76 deste Tribunal de Justiça do Estado de Goiás, que assim dispõe:SÚMULA Nº 76 - Desnecessária a comunicação processual da parte agravada para apresentar contrarrazões ao agravo de instrumento, quando ainda não angularizada a relação processual na origem, exceto nas hipóteses de manifesto prejuízo.Pois bem. A pretensão recursal cinge-se à obtenção do benefício da gratuidade da justiça, ao fundamento de que os agravantes não possuem condições de arcar com as custas judiciais sem prejuízo do seu sustento e de sua família.Do cotejo dos documentos e argumentos apresentados, constata-se que razão assiste à parte recorrente. Perquire-se.O artigo 5º, inciso LXXIV, da Constituição Federal, estabelece como requisito indispensável para a concessão do benefício da gratuidade da justiça a comprovação da insuficiência de recursos do requerente.Outrossim, o propósito da Lei n.º 1.060/1950 e do Código de Processo Civil é conferir o benefício da gratuidade da justiça aos necessitados, assim entendidos aqueles que se encontrem em situação inviabilizadora da assunção do ônus decorrente do processo, cujo ingresso em juízo possa causar prejuízo irreparável ao seu patrimônio.Nesse sentido, o Código de Processo Civil dispõe que:Art. 98. A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com insuficiência de recursos para pagar as custas, as despesas processuais e os honorários advocatícios têm direito à gratuidade da justiça, na forma da lei. (…)Art. 99. O pedido de gratuidade da justiça pode ser formulado na petição inicial, na contestação, na petição para ingresso de terceiro no processo ou em recurso. (…)§ 2º O juiz somente poderá indeferir o pedido se houver nos autos elementos que evidenciem a falta dos pressupostos legais para a concessão de gratuidade, devendo, antes de indeferir o pedido, determinar à parte a comprovação do preenchimento dos referidos pressupostos.§ 3º Presume-se verdadeira a alegação de insuficiência deduzida exclusivamente por pessoa natural.§ 4º A assistência do requerente por advogado particular não impede a concessão de gratuidade da justiça.Com supedâneo no comando constitucional e infraconstitucional acima referido, esta Corte de Justiça editou o enunciado de súmula 25 que consigna a imprescindibilidade da comprovação da hipossuficiência financeira para arcar com os encargos processuais, cuja redação segue abaixo:Súmula nº 25 do TJGO. Faz jus à gratuidade da justiça a pessoa, natural ou jurídica, que comprovar sua impossibilidade de arcar com os encargos processuais.Dessarte, conclui-se que a simples alegação do estado de pobreza não é bastante para concessão do benefício, de forma que é necessária a apresentação de documentos para aferir a real situação financeira de quem pretende litigar às expensas do Estado.Na hipótese vertente, percebe-se que os documentos apresentados pelo agravante (movimento 1, arquivos 2 a 48) comprovam a alegada carência financeira para arcar com as custas processuais iniciais, conforme afirmado.Os agravantes são atletas profissionais de futebol e membros de comissão técnica que atuam em divisões inferiores do futebol brasileiro, especificamente na Série C do Campeonato Brasileiro pelo Anápolis Futebol Clube/GO. Esta condição profissional específica os diferencia substancialmente dos atletas da elite do futebol nacional, que atuam na Série A e possuem remuneração significativamente superior e contratos de longa duração.Para corroborar suas alegações de hipossuficiência, os recorrentes apresentaram cópias dos Contratos Especiais de Trabalho Desportivo (CETD) e das respectivas Carteiras de Trabalho e Previdência Social - CTPS, através dos quais se verifica que os agravantes foram contratados pelo Anápolis Futebol Clube com salário contratual em média de R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais) mensais, valor que, por si só, demonstra a modesta remuneração auferida pelos requerentes. Ademais, ficou comprovado que se trata de contratos de trabalho de prazo determinado e de curta duração, com vigência de janeiro a setembro/abril de 2024, o que evidencia a instabilidade e precariedade da situação laboral dos agravantes. Esta característica temporal dos contratos desportivos em divisões inferiores gera constante insegurança jurídica e financeira aos profissionais, que ficam sujeitos a períodos de desemprego entre uma temporada e outra. Assim, do detido exame do arcabouço probatório, extrai-se que há prova dos parcos recursos auferidos pelos agravantes e da incapacidade financeira de arcar com as custas da demanda originária, de modo que fazem jus a concessão da gratuidade da justiça.Em consonância com o entendimento adotado, cita-se os escólios desta Corte Estadual:APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. GRATUIDADE DA JUSTIÇA. HIPOSSUFICIÊNCIA RECONHECIDA. EXTINÇÃO DO FEITO SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO. EMENDA À INICIAL. COMPROVANTE DE ENDEREÇO EM NOME PRÓPRIO. 1. Tendo a parte comprovado a sua hipossuficiência financeira, que inviabiliza a efetuação do pagamento das despesas processuais sem comprometer o sustento próprio ou de sua família, torna-se imperativa a concessão do benefício da gratuidade da justiça. (...). APELAÇÃO CÍVEL CONHECIDA E PROVIDA. SENTENÇA CASSADA. (TJGO, PROCESSO CÍVEL E DO TRABALHO -> Recursos -> Apelação Cível 5338976-88.2024.8.09.0085, Rel. Des(a). José Ricardo M. Machado, 8ª Câmara Cível, julgado em 15/07/2024, DJe de 15/07/2024, grifou-se).EMENTA: AGRAVO INTERNO EM EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM AGRAVO DE INSTRUMENTO. CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. GRATUIDADE DA JUSTIÇA. PESSOA JURÍDICA. CUSTAS RECURSAIS. HIPOSSUFICIÊNCIA COMPROVADA. DEFERIMENTO. DECISÃO REFORMADA. 1. Recurso de agravo interno interposto contra decisão que indeferiu pedido de justiça gratuita formulado por pessoa jurídica. 2. Comprovado preenchimento dos pressupostos legais para a concessão da gratuidade da justiça é caso de se deferir o benefício. 3. AGRAVO INTERNO CONHECIDO E PROVIDO. (TJGO, PROCESSO CÍVEL E DO TRABALHO -> Recursos -> Agravos -> Agravo de Instrumento 5200055-76.2024.8.09.0174, Rel. Des(a). DESEMBARGADOR GERSON SANTANA CINTRA, 3ª Câmara Cível, julgado em 15/07/2024, DJe de 15/07/2024, grifou-se).Nessa confluência, confirmada que a situação dos agravantes é de insuficiência econômica, necessária a reforma da decisão proferida pelo juízo de primeiro grau de jurisdição para deferir o pedido de gratuidade da justiça para bem atender ao princípio constitucional da igualdade material e do acesso à justiça.Ressalte-se, por fim, que a presente decisão resolve integralmente o mérito recursal, razão pela qual resta prejudicada a análise do pedido de concessão de efeito suspensivo formulado liminarmente pelos agravantes, por se tratar de providência de natureza acessória, cuja finalidade era assegurar a utilidade da prestação jurisdicional final, ora alcançada com o julgamento definitivo do recurso.4. DispositivoAnte o exposto, nos termos do artigo 932, inciso V, alínea “a”, do Código de Processo Civil, conheço do recurso de agravo de instrumento e dou-lhe provimento para, em reforma da decisão vergastada, conceder aos agravantes a integralidade dos benefícios da gratuidade da justiça.Oficie-se ao juízo de origem para ciência dos termos desta decisão.Decorrido o prazo legal, arquivem-se os autos com as cautelas de estilo.Intime-se. Cumpra-se. Goiânia, datado e assinado digitalmente. Iara Márcia Franzoni De Lima CostaJuíza Substituta em 2º GrauRelatora

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