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Estado Do Rio De Janeiro e outros x Aldemir Tadeu Alonso

ID: 310763791

Tribunal: TJRJ Órgão: CAPITAL CONSELHO RECURSAL DOS JECs E JECRIMs Classe: AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº Processo: 0001569-60.2024.8.19.9000

Data de Disponibilização: 30/06/2025

Polo Ativo:

ESTADO DO RIO DE JANEIRO FUNDO UNICO DE PREVIDENCIA SOCIAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO RIOPREVIDENCIA

Polo Passivo:

ALDEMIR TADEU ALONSO

Agravo de Instrumento

Advogados:

ANDREA CRISTINA DE LIMA VASCONCELLOS

OAB/RJ XXXXXX Desbloquear

*** CAPITAL CONSELHO RECURSAL DOS JECS E JECRIMS *** ------------------------- DECISÃO ------------------------- Primeira Turma Recursal Fazendária Av. Erasmo Braga, 115 - sala 216, Lamina I, D … *** CAPITAL CONSELHO RECURSAL DOS JECS E JECRIMS *** ------------------------- DECISÃO ------------------------- Primeira Turma Recursal Fazendária Av. Erasmo Braga, 115 - sala 216, Lamina I, D Castelo - Rio de Janeiro - AGRAVO DE INSTRUMENTO 0001569-60.2024.8.19.9000 Assunto: Desconto Indevido / Sistema Remuneratório e Benefícios / Militar / DIREITO ADMINISTRATIVO E OUTRAS MATÉRIAS DE DIREITO PÚBLICO Origem: CAPITAL CARTORIO UNICO JUI ESP FAZENDA PUBLICA Ação: 0016243-79.2021.8.19.0001 Protocolo: 8818/2024.00052727 AGTE: ESTADO DO RIO DE JANEIRO AGTE: FUNDO UNICO DE PREVIDENCIA SOCIAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO RIOPREVIDENCIA ADVOGADO: PROCURADOR DO ESTADO OAB/TJ-000007 AGDO: ALDEMIR TADEU ALONSO ADVOGADO: ANDREA CRISTINA DE LIMA VASCONCELLOS OAB/RJ-171654 Relator: SERGIO ROBERTO EMILIO LOUZADA DECISÃO: Mantenho a decisão proferida por seus próprios fundamentos. O E. Supremo Tribunal Federal, através do Tema 1177, firmou a seguinte Tese: "A competência privativa da União para a edição de normas gerais sobre inatividades e pensões das polícias militares e dos corpos de bombeiros militares (artigo 22, XXI, da Constituição, na redação da Emenda Constitucional 103/2019) não exclui a competência legislativa dos Estados para a fixação das alíquotas da contribuição previdenciária incidente sobre os proventos de seus próprios militares inativos e pensionistas, tendo a Lei Federal 13.954/2019, no ponto, incorrido em inconstitucionalidade." A própria Suprema Corte já firmou clara jurisprudência no sentido de que, em havendo o julgamento do mérito de recurso extraordinário com repercussão geral, é autorizada a aplicação imediata do posicionamento firmado no RE às causas que versem sobre o mesmo tema, independentemente do trânsito em julgado do paradigma. Nesse sentido: "AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. REPERCUSSÃO GERAL. SISTEMÁTICA. APLICAÇÃO. (...) PENDÊNCIA DE EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO PARADIGMA. IRRELEVÂNCIA. JULGAMENTO IMEDIATO DA CAUSA. (...). AGRAVO IMPROVIDO. (...) III - A existência de decisão de mérito julgada sob a sistemática da repercussão geral autoriza o julgamento imediato de causas que versarem sobre o mesmo tema, independente do trânsito em julgado do paradigma. Precedentes. (...) VI - Agravo regimental a que se nega provimento, com aplicação da multa art. 1.021, § 4º, do CPC". (ARE 977.190-AgR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, Segunda Turma, DJe de 23/11/2016). Ocorre que o próprio STF, em sede de embargos de declaração, modulou os efeitos da decisão da Suprema Corte referente ao Tema 1177, "a fim de preservar a higidez dos recolhimentos da contribuição de militares, ativos ou inativos, e de seus pensionistas, efetuados nos moldes inaugurados pela Lei 13.954/2019, até 1º de janeiro de 2023". Eis o acórdão: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA. REPERCUSSÃO GERAL. CONSTITUCIONAL E PREVIDENCIÁRIO. FEDERALISMO E REGRAS DE DISTRIBUIÇÃO DE COMPETÊNCIAS LEGISLATIVAS. ARTIGO 22, XXI, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL, COM A REDAÇÃO DA EMENDA CONSTITUCIONAL 103/2019. COMPETÊNCIA PRIVATIVA DA UNIÃO PARA LEGISLAR SOBRE NORMAS GERAIS DE INATIVIDADES E PENSÕES DAS POLÍCIAS MILITARES E DOS CORPOS DE BOMBEIROS MILITARES. LEI FEDERAL 13.954/2019. ALÍQUOTA DE CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA INCIDENTE SOBRE A REMUNERAÇÃO DE MILITARES ESTADUAIS ATIVOS E INATIVOS E DE SEUS PENSIONISTAS. EXTRAVASAMENTO DO ÂMBITO LEGISLATIVO DE ESTABELECER NORMAS GERAIS. DECLARAÇÃO INCIDENTAL DE INCONSTITUCIONALIDADE. PRECEDENTES. REAFIRMAÇÃO DA JURISPRUDÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. OMISSÃO, CONTRADIÇÃO OU OBSCURIDADE. INEXISTÊNCIA. ERRO MATERIAL. INOCORRÊNCIA. EFEITOS INFRINGENTES. IMPOSSIBILIDADE. PRETENSÃO DE MODULAÇÃO DE EFEITOS. PROCEDÊNCIA. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO PROVIDOS PARCIALMENTE, TÃO SOMENTE PARA MODULAR OS EFEITOS DA DECISÃO DESTA SUPREMA CORTE, A FIM DE PRESERVAR A HIGIDEZ DOS RECOLHIMENTOS DA CONTRIBUIÇÃO DE MILITARES, ATIVOS OU INATIVOS, E DE SEUS PENSIONISTAS, EFETUADOS NOS MOLDES INAUGURADOS PELA LEI 13.954/2019, ATÉ 1º DE JANEIRO DE 2023. PREJUDICADOS OS PEDIDOS SUSPENSIVOS REQUERIDOS EM PETIÇÕES APARTADAS. (RE 1338750 ED, Relator(a): LUIZ FUX (Presidente), Tribunal Pleno, julgado em 05/09/2022, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-182 DIVULG 12-09-2022 PUBLIC 13-09-2022) A aplicação imediata do que foi decidido pelo E. STF em sede de embargos de declaração é indiscutível. Se não foi necessário aguardar o trânsito em julgado do Tema 1177 para a sua aplicação, com fundamento na já citada jurisprudência do próprio STF, seria deveras contraditório se aguardar o trânsito em julgado para aplicar a modulação feita pelo Supremo Tribunal Federal ao seu Tema. A não aplicação imediata da modulação, da mesma forma que a não aplicação imediata do Tema, constituiria frontal descumprimento ao decido pela Suprema Corte. Tenho, ainda, que a modulação deve atingir todas as ações ainda não julgadas, não se podendo interpretar o julgamento do E. STF de modo a lhe retirar ou restringir a eficácia. Se a Corte Superior quisesse estabelecer limites para a modulação, assim o teria feito expressamente, como o fez no julgamento dos embargos de declaração referentes aos seus Temas 745 e 962. Em relação à ações já julgadas, contudo, deve ser observado o disposto no artigo 525, §§ 12 e 14, do CPC. O artigo 525, § 1º, inciso III, do CPC, dispõe que o executado poderá alega na impugnação, a inexequibilidade do título ou a inexigibilidade da obrigação. Por sua vez, o artigo 525, § 12, do CPC dispõe que "Para efeito do disposto no inciso III do § 1º deste artigo, considera-se também inexigível a obrigação reconhecida em título executivo judicial fundado em lei ou ato normativo considerado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, ou fundado em aplicação ou interpretação da lei ou do ato normativo tido pelo Supremo Tribunal Federal como incompatível com a Constituição Federal , em controle de constitucionalidade concentrado ou difuso". Ocorre que o artigo 525, § 14, do CPC, disciplina que "A decisão do Supremo Tribunal Federal referida no § 12 deve ser anterior ao trânsito em julgado da decisão exequenda". Ou seja, para que a execução seja embargada com fundamento nos citados dispositivos legais é fundamental que a decisão do Supremo Tribunal Federal tenha ocorrido antes do trânsito em julgado da decisão que se pretende executar. Nesse sentido, ao apreciar a ADI n. 2.418/DF, afirmou o STF a constitucionalidade dos artigos 525, § 1º, III e §§ 12 e 14, e 535, § 5º, deixando também claro que o reconhecimento da constitucionalidade ou inconstitucionalidade que fundamenta a aplicação dos referidos dispositivos legais deve ter ocorrido em data anterior ao trânsito em julgado da sentença exequenda. Eis o teor integral do acórdão: CONSTITUCIONAL. LEGITIMIDADE DAS NORMAS ESTABELECENDO PRAZO DE TRINTA DIAS PARA EMBARGOS À EXECUÇÃO CONTRA A FAZENDA PÚBLICA (ART. 1º-B DA LEI 9.494/97) E PRAZO PRESCRICIONAL DE CINCO ANOS PARA AÇÕES DE INDENIZAÇÃO CONTRA PESSOAS DE DIREITO PÚBLICO E PRESTADORAS DE SERVIÇOS PÚBLICOS (ART. 1º-C DA LEI 9.494/97). LEGITIMIDADE DA NORMA PROCESSUAL QUE INSTITUI HIPÓTESE DE INEXIGIBILIDADE DE TÍTULO EXECUTIVO JUDICIAL EIVADO DE INCONSTITUCIONALIDADE QUALIFICADA (ART. 741, PARÁGRAFO ÚNICO E ART. 475-L, § 1º DO CPC/73; ART. 525, § 1º, III E §§ 12 E 14 E ART. 535, III, § 5º DO CPC/15). 1. É constitucional a norma decorrente do art. 1º-B da Lei 9.494/97, que fixa em trinta dias o prazo para a propositura de embargos à execução de título judicial contra a Fazenda Pública. 2. É constitucional a norma decorrente do art. 1º-C da Lei 9.494/97, que fixa em cinco anos o prazo prescricional para as ações de indenização por danos causados por agentes de pessoas jurídicas de direito público e de pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviços públicos, reproduzindo a regra já estabelecida, para a União, os Estados e os Municípios, no art. 1º do Decreto 20.910/32. 3. São constitucionais as disposições normativas do parágrafo único do art. 741 do CPC, do § 1º do art. 475-L, ambos do CPC/73, bem como os correspondentes dispositivos do CPC/15, o art. 525, § 1º, III e §§ 12 e 14, o art. 535, § 5º. São dispositivos que, buscando harmonizar a garantia da coisa julgada com o primado da Constituição, vieram agregar ao sistema processual brasileiro um mecanismo com eficácia rescisória de sentenças revestidas de vício de inconstitucionalidade qualificado, assim caracterizado nas hipóteses em que (a) a sentença exequenda esteja fundada em norma reconhecidamente inconstitucional - seja por aplicar norma inconstitucional, seja por aplicar norma em situação ou com um sentido inconstitucionais; ou (b) a sentença exequenda tenha deixado de aplicar norma reconhecidamente constitucional; e (c) desde que, em qualquer dos casos, o reconhecimento dessa constitucionalidade ou a inconstitucionalidade tenha decorrido de julgamento do STF realizado em data anterior ao trânsito em julgado da sentença exequenda. 4. Ação julgada improcedente. (ADI 2418, Relator(a): TEORI ZAVASCKI, Tribunal Pleno, julgado em 04/05/2016, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-243 DIVULG 16-11-2016 PUBLIC 17-11-2016) (grifos acrescidos) No mesmo sentido, já decidiu o E. STJ, ao aplicar o Tema 733 do STF e estabelecer que "...o efeito executivo da declaração de constitucionalidade ou inconstitucionalidade deriva da decisão do STF, não atingindo, consequentemente, atos ou sentenças anteriores, ainda que inconstitucionais" (AgInt no REsp n. 1.950.278/DF, relator Ministro Og Fernandes, Segunda Turma, julgado em 19/4/2022, DJe de 26/4/2022.) A decisão do E. STF que modulou os efeitos do Tema 1177 foi proferida em 5/9/2022. O trânsito em julgado da sentença proferida na presente ação, por sua vez, ocorreu em 05/4/2022. Logo, a decisão proferida pelo STF, que modulou os efeitos do Tema 1177 "a fim de preservar a higidez dos recolhimentos da contribuição de militares, ativos ou inativos, e de seus pensionistas, efetuados nos moldes inaugurados pela lei 13.954/2019, até 1º de janeiro de 2023", foi proferida após o trânsito em julgado, de modo que não está autorizado o réu a discutir a questão em sede de embargos à execução ou cumprimento de sentença. Caberia apenas ao réu a rescisão da sentença/acórdão através de ação rescisória. Mas, como sabido, esta é incabível em sede de juizado especial fazendário, por força do disposto no artigo 59, da lei 9.099/95 c/c artigo 27, da lei 12.153/09. Portanto, deve o réu cumprir a decisão transitada em julgado.

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Empresa S.A. Pesseti E Cia Ltda. x Leonardo Martins

ID: 283157387

Tribunal: TJPR Órgão: Juizado Especial Cível de Salto do Lontra Classe: EXECUçãO DE TíTULO EXTRAJUDICIAL Nº Processo: 0001569-19.2024.8.16.0149

Data de Disponibilização: 29/05/2025

Polo Ativo:

EMPRESA S.A. PESSETI E CIA LTDA.

Polo Passivo:

LEONARDO MARTINS

Conclusão

Advogados:

FLÁVIA CANDIDO DA SILVA

OAB/PR XXXXXX Desbloquear

PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARANÁ COMARCA DE SALTO DO LONTRA JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DE SALTO DO LONTRA - PROJUDI Rua Curitiba, 435 - Próximo ao terminal rodoviário - Colina Verde - Salto do Lontra… PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARANÁ COMARCA DE SALTO DO LONTRA JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DE SALTO DO LONTRA - PROJUDI Rua Curitiba, 435 - Próximo ao terminal rodoviário - Colina Verde - Salto do Lontra/PR - CEP: 85.670-000 - Fone: (46) 3905-6540 - Celular: (46) 3905-6544 - E-mail: sl-ju-ecr@tjpr.jus.br Autos nº. 0001569-19.2024.8.16.0149 Vistos. 1. Conforme estabelecido pelo art. 833, caput, inciso IV, e § 2º, do CPC, “São impenhoráveis: [...] IV - os vencimentos, os subsídios, os soldos, os salários, as remunerações, os proventos de aposentadoria, as pensões, os pecúlios e os montepios, bem como as quantias recebidas por liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do devedor e de sua família, os ganhos de trabalhador autônomo e os honorários de profissional liberal” ressalvada a “hipótese de penhora para pagamento de prestação alimentícia, independentemente de sua origem, bem como às importâncias excedentes a 50 (cinquenta) salários-mínimos mensais”. Além da previsão legal da regra e da exceção, a jurisprudência, com base no princípio da máxima efetividade da execução, evoluiu no sentido de admitir a relativização da regra de impenhorabilidade das verbas remuneratórias inferiores da 50 (cinquenta) salários-mínimos para a satisfação de crédito não alimentar, desde que não se comprometa a subsistência digna da parte devedora e de sua família. A celeuma existente sobre o assunto foi solucionada pelo e. Superior Tribunal de Justiça, órgão a quem compete uniformizar a interpretação da lei federal e a jurisprudência, no julgamento do Embargos de Divergência no Recurso Especial 1.518.169/DF, ementado nos seguintes termos: “DIREITO PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE EXECUÇÃO DE TÍTULO EXECUTIVO EXTRAJUDICIAL. PENHORA DE PERCENTUAL DE SALÁRIO. DÍVIDA DE CARÁTER NÃO ALIMENTAR. RELATIVIZAÇÃO DA REGRA DE IMPENHORABILIDADE. POSSIBILIDADE. 1. Ação de execução de título executivo extrajudicial - nota promissória. 2. Ação ajuizada em 13/10/1994. Recurso especial interposto em 29/10/2009. Embargos de divergência opostos em 23/10/2017. Julgamento: CPC/2015. 3. O propósito recursal é definir sobre a possibilidade de penhora de vencimentos do devedor para o pagamento de dívida de natureza não alimentar. 4. Em situações excepcionais, admite-se a relativização da regra de impenhorabilidade das verbas salariais prevista no art. 649, IV, do CPC/73, a fim de alcançar parte da remuneração do devedor para a satisfação do crédito não alimentar, preservando-se o suficiente para garantir a sua subsistência digna e a de sua família. Precedentes. 5. Na espécie, a moldura fática delineada nos autos - e inviável de ser analisada por esta Corte ante a incidência da Súmula 7/STJ - conduz à inevitável conclusão de que a constrição de percentual de salário da embargante não comprometeria a sua subsistência digna. 6. Embargos de divergência não providos” (EREsp n. 1.518.169/DF, relator Ministro Humberto Martins, relatora para acórdão Ministra Nancy Andrighi, Corte Especial, julgado em 3/10/2018, DJe de 27/2/2019). Registre-se que a simples leitura ao inteiro teor deste precedente paradigmático, julgado em 3/10/2018, evidencia moldura fática que não se aproxima daquela presente nestes autos, pois a hipótese examinada pelo e. STJ (e que ensejou a conclusão de que a constrição de percentual de salário da parte executada não comprometeria a sua subsistência digna) dizia respeito à remuneração líquida mensal R$ 27.682,74. Assim, deve-se avaliar casuisticamente a existência de elementos concretos que justifiquem excepcionar a regra, tais o valor vultuoso da remuneração, a constatação de patrimônio considerável, a existência de múltiplas fontes de renda, a ocorrência de despesas excessivas, inclusive de natureza médica, dentro outros vetores, destacando-se que a proteção legal visa proteger não apenas a dignidade do executado como também de sua família. Apesar desta necessária análise casuística, a jurisprudência do e. Tribunal de Justiça do Estado do Paraná já sedimentou alguns parâmetros objetivos que permitem inferir o comprometimento da subsistência digna no caso de relativação da impenhorabilidade em questão, sem prejuízo de demonstração em sentido contrário no caso concreto, dentre eles a remuneração não ultrapassar 4 (quatro) salários-mínimos. Veja-se: “DIREITO PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. PENHORA DE PERCENTUAL DE SALÁRIO. RELATIVIZAÇÃO DA REGRA DE IMPENHORABILIDADE DA VERBA SALARIAL, IMPOSSIBILIDADE. PROTEÇÃO AO MÍNIMO EXISTENCIAL E DIGNIDADE DA EXECUTADA. DECISÃO DE ORIGEM MANTIDA. PREQUESTIONAMENTO. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO. AGRAVO INTERNO PREJUDICADO. I. Caso em exame 1. Agravo de instrumento interposto contra decisão que indeferiu o pedido de penhora de 20% do salário da executada, em cumprimento de sentença promovido pelo Banco do Brasil S.A. contra a executada, que aufere renda mensal inferior a 4 salários mínimos, com o argumento de que a penhora comprometeria sua subsistência e dignidade. II. Questão em discussão 2. A questão em discussão consiste em saber se é cabível a penhora de 20% do salário da executada, considerando a impenhorabilidade prevista no art. 833, IV, do CPC e a proteção ao mínimo existencial do devedor. III. Razões de decidir 3. A penhora de 20% do salário da executada comprometeria seu mínimo existencial, pois com o deferimento da penhora sua renda líquida ficaria aquém de suas necessidades. 4. A jurisprudência do STJ admite a relativização da impenhorabilidade de salários apenas em situações excepcionais que não comprometam a dignidade do devedor. 5. A decisão agravada foi mantida, pois a penhora solicitada não respeitaria a proteção ao mínimo existencial da executada. IV. Dispositivo e tese 6. Recurso conhecido e desprovido, mantendo-se a decisão agravada. Tese de julgamento: É inviável a penhora de percentual sobre a remuneração de servidor público que aufere valor inferior ao mínimo existencial, pois tal medida comprometeria sua dignidade e sustento. [...] Resumo em linguagem acessível: O tribunal decidiu não permitir que o Banco do Brasil penhore 20% do salário da executada, pois ela ganha menos de quatro salários mínimos por mês. A decisão foi baseada na proteção da dignidade da pessoa e na necessidade de garantir que a executada tenha o mínimo necessário para viver. O tribunal entendeu que, se o banco fizesse a penhora, isso prejudicaria a subsistência da executada, o que não é aceitável. Assim, o pedido do banco foi negado, e ele deve informar como pretende continuar a execução da dívida”. (TJPR - 13ª Câmara Cível - 0016902-36.2025.8.16.0000 - Cornélio Procópio - Rel.: DESEMBARGADOR FABIO ANDRE SANTOS MUNIZ - J. 16.05.2025) “AGRAVO DE INSTRUMENTO – DIREITO PROCESSUAL CIVIL – PENHORA DE SALÁRIO – IMPENHORABILIDADE RELATIVA – REGRA GERAL QUE ESTABELECE A IMPENHORABILIDADE DE SALÁRIO, VENCIMENTO, REMUNERAÇÃO E PROVENTOS, NAS IMPORTÂNCIAS INFERIORES A 50 (CINQUENTA) SALÁRIOS MÍNIMOS, PARA PAGAMENTO DE DÍVIDA NÃO ALIMENTAR – POSSIBILIDADE DE FLEXIBILIZAÇÃO DA REGRA QUANDO A HIPÓTESE CONCRETAR EVIDENCIAR O RESPEITO AO MÍNIMO EXISTENCIAL E A DIGNIDADE HUMANA DO DEVEDOR – GANHOS LÍQUIDOS QUE NÃO SUPERAM 4 (QUATRO) SALÁRIOS – MÍNIMOS EM VIGOR – PENHORA SOBRE O SALÁRIO NÃO CABÍVEL NOS AUTOS – RECURSO CONHECIDO E PROVIDO.I. CASO EM EXAME1.1. Trata-se de Agravo de Instrumento interposto por Renan Felipe da Roza contra decisão que, em fase de cumprimento de sentença, determinou a penhora de 10% de seu salário para quitação de dívida.1.2. O agravante pleiteia a concessão de gratuidade da justiça e a reforma da decisão que autorizou a penhora de parte de seus vencimentos, alegando que tal medida compromete a subsistência familiar.II. QUESTÕES EM DISCUSSÃO2.1. Discussão sobre a possibilidade de penhora de salário, em especial à luz da impenhorabilidade prevista no art. 833, IV, do CPC, e suas exceções.2.2. Exame da adequação da medida ao princípio da dignidade da pessoa humana e o mínimo existencial.III. RAZÕES DE DECIDIR3.1. O art. 833, IV, do CPC prevê a impenhorabilidade de salários, excetuando casos de prestação alimentícia ou quando os valores recebidos excedem 50 salários mínimos.3.2. A jurisprudência admite a relativização da impenhorabilidade em casos excepcionais, desde que comprovado que o bloqueio não comprometa a subsistência digna do devedor e sua família, conforme entendimento consolidado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ - AgInt no REsp 1824882/DF).3.3. No presente caso, não restou demonstrada a existência de circunstâncias que justifiquem a exceção à regra de impenhorabilidade.3.4. Desta forma, em respeito ao princípio da dignidade da pessoa humana e à necessidade de garantir o mínimo existencial, a penhora sobre os rendimentos deve ser afastada.3.5. Precedentes do STJ e desta Corte indicam que, na ausência de superação do limite de 50 salários mínimos ou de comprovação de má-fé, a penhora de salários deve ser rechaçada (STJ - AgInt no REsp 1407062/MG; TJPR - 7ª Câmara Cível - 0015640-22.2023.8.16.0000).IV. DISPOSITIVO E TESE4.1. Agravo de Instrumento conhecido e provido para afastar a penhora sobre os rendimentos do agravante.4.2. Tese de julgamento: "A penhora sobre rendimentos do devedor só é admitida em casos excepcionais, nos termos do art. 833, § 2º, do CPC, desde que comprovado que a medida não compromete o mínimo existencial e a dignidade da pessoa humana."Dispositivos relevantes citados:Código de Processo Civil, art. 833, IV e § 2º.Constituição Federal, art. 1º, III (dignidade da pessoa humana).Jurisprudência relevante citada:STJ - AgInt no REsp 1824882/DF.STJ - AgInt no REsp 1407062/MG.TJPR - 7ª Câmara Cível - 0015640-22.2023.8.16.0000”. (TJPR - 7ª Câmara Cível - 0074991-86.2024.8.16.0000 - Campo Largo - Rel.: SUBSTITUTA FABIANA SILVEIRA KARAM - J. 25.10.2024). “AGRAVO DE INSTRUMENTO – EXECUÇÃO DE TÍTULO EXTRAJUDICIAL – DECISÃO QUE RECONHECEU A IMPENHORABILIDADE DOS VALORES BLOQUEADOS NA CONTA BANCÁRIA DA PARTE EXECUTADA - INCONFORMISMO DA EXEQUENTE – ALEGAÇÃO DE QUE A RENDA MENSAL AUFERIDA PELO EXECUTADO É SUPERIOR À MÉDIA DA POPULAÇÃO, DE FORMA QUE A PENHORA DE PERCENTUAL DO SALÁRIO NÃO LHE ACARRETA PREJUÍZOS – IMPOSSIBILIDADE – IMPENHORABILIDADE DOS VALORES POR SE TRATAR DE VERBA SALARIAL INFERIOR A 50 SALÁRIOS MÍNIMOS – MITIGAÇÃO DA REGRA DA IMPENHORABILIDADE DOS PROVENTOS SALARIAIS QUE SE DÁ APENAS EM FACE DE DÍVIDA ALIMENTÍCIA, EM RELAÇÃO ÀS IMPORTÂNCIAS QUE EXCEDAM A 50 SALÁRIOS-MÍNIMOS MENSAIS, OU, EXCEPCIONALMENTE QUANDO A PARCELA DO RENDIMENTO A SER CONSTRITADA NÃO AFETA O MÍNIMO EXISTENCIAL DO DEVEDOR – OBSERVÂNCIA DO PRINCÍPIO DA DIGNIDADE HUMANA – IMPOSSIBILIDADE DE RELATIVIZAÇÃO DO ART. 833 DO CPC NO CASO CONCRETO – RENDIMENTOS DO DEVEDOR QUE NÃO ALCANÇAM O EQUIVALENTE A QUATRO SALÁRIOS MÍNIMOS MENSAIS – PRECEDENTES DO STJ - DECISÃO MANTIDA - RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO. (TJPR - 16ª Câmara Cível - 0083040-53.2023.8.16.0000 - Maringá - Rel.: SUBSTITUTO MARCO ANTONIO MASSANEIRO - J. 24.01.2024) Estabelecidas estas balizas normativas e jurisprudenciais, constata-se que a penhora requerida é excessivamente onerosa, pois, conforme o resultado resultado da pesquia via PREVJUD nos autos, a parte executada aufere muito menos do que 4 (quatro) salários-mínimos, valor que, em tese, é essencial à salvaguarda tanto da dignidade quanto do mínimo existencial pessoal e/ou da família, de modo que a penhora de 30% (trinta por cento) ou de qualquer outro percentual do salário da parte executada se traduz em prejuízo à subsistência da parte devedora e de sua família, não tendo a parte exequente, por outro lado, apresentado qualquer demonstração em sentido contrário. Ante o exposto, INDEFIRO o requerimento anterior da parte exequente. 2. INTIME-SE a parte exequente para conferir prosseguimento ao feito, sob pena de extinção. Prazo: 5 (cinco) dias. Intimações e diligências necessárias. Salto do Lontra/PR, data da assinatura digital. Fernando Ramon Machado de Andrade Juiz de Direito

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Ministério Público Do Trabalho e outros x Mavia Irene Rossa

ID: 320070807

Tribunal: TRT12 Órgão: 2ª Turma Classe: RECURSO ORDINáRIO TRABALHISTA Nº Processo: 0001117-81.2024.5.12.0048

Data de Disponibilização: 09/07/2025

Polo Ativo:

MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO MUNICIPIO DE RIO DO SUL

Polo Passivo:

MAVIA IRENE ROSSA

Acórdão

Advogados:

VINICIUS GARCIA DE MATOS

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JULIANO ANDRESO PAESE

OAB/SC XXXXXX Desbloquear

JULIANO CESAR LAVANDOSKI

OAB/PR XXXXXX Desbloquear

JAIRO WEHMUTH JUNIOR

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PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 12ª REGIÃO 2ª TURMA Relatora: MARIA BEATRIZ VIEIRA DA SILVA GUBERT ROT 0001117-81.2024.5.12.0048 RECORRENTE: MUNICIPIO DE R… PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 12ª REGIÃO 2ª TURMA Relatora: MARIA BEATRIZ VIEIRA DA SILVA GUBERT ROT 0001117-81.2024.5.12.0048 RECORRENTE: MUNICIPIO DE RIO DO SUL RECORRIDO: MAVIA IRENE ROSSA PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 12ª REGIÃO PROCESSO nº 0001117-81.2024.5.12.0048 (ROT) RECORRENTE: MUNICIPIO DE RIO DO SUL RECORRIDO: MAVIA IRENE ROSSA RELATORA: MARIA BEATRIZ VIEIRA DA SILVA GUBERT DIFERENÇAS DE ADICIONAL DE INSALUBRIDADE. AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE. LEI 13.467/2017. BASE DE CÁLCULO. VENCIMENTO OU SALÁRIO-BASE. DEVIDAS. Com o advento da Lei n° 11.350/06, em seu art. 9°-A, § 3°, I, incluído pela Lei n° 13.342/16, foi determinada a base de cálculo do adicional de insalubridade do agente comunitário de Saúde como sendo o vencimento (para o trabalhador estatutário) ou salário-base (para o trabalhador regido pela CLT). Por tratar-se de norma específica (princípio da especialidade), que regula a matéria em relação à categoria profissional da autora, esta deve prevalecer sobre a regra geral insculpida no art. 192 da norma consolidada. VISTOS, relatados e discutidos estes autos de RECURSO ORDINÁRIO nº 0001117-81.2024.5.12.0048, provenientes da 2ª Vara do Trabalho de Rio do Sul, SC, sendo recorrente o M.R.S. e recorrida M.I.R. Insurge-se o Município recorrente contra a sentença que julgou procedentes os pedidos da ação (fls. 232-237). Em suas razões (fls. 254-272), busca a reforma da decisão em relação à base de cálculo do adicional de insalubridade. Contrarrazões apresentadas. O Ministério Público do Trabalho, por meio do parecer de fls. 306-308, opinou pelo conhecimento e não provimento do recurso. É o relatório. MÉRITO DIFERENÇAS DE ADICIONAL DE INSALUBRIDADE. BASE DE CÁLCULO. A sentença recorrida deferiu o pagamento de diferenças do adicional de insalubridade em favor da reclamante, nos seguintes termos: Resta incontroverso que o réu, a partir de julho de 2022, passou a pagar, aos agentes comunitários de saúde e aos agentes de combate às endemias, adicional de insalubridade em grau médio incidente sobre o salário-mínimo. E o único pedido da parte autora é de pagamento de diferenças decorrentes da mudança da base de cálculo, do salário-mínimo nacional para o piso salarial da categoria, não requerendo a parte autora o pagamento do principal. Dessa forma, nos termos do § 3º do Art. 9º-A da Lei nº 11.350 /2006, o adicional de insalubridade quitado aos agentes comunitários de saúde e aos agentes de combate às endemias deve incidir sobre o salário base da categoria, em parcelas vencidas (a partir de julho de 2022) e vincendas, até a inclusão da alteração da base de cálculo em folha de pagamento. Também defiro reflexos do adicional de insalubridade em décimos terceiros salários, férias com o terço constitucional, demais eventuais verbas de natureza salarial e FGTS sem multa, observando que incide FGTS sem multa sobre referidos reflexos em décimos terceiros salários, férias não indenizadas com 1/3 e demais eventuais verbas de natureza salarial, restando indeferidos outros reflexos por inaplicáveis à espécie. Determino que os reflexos em FGTS sejam depositados na conta vinculada da parte autora, pois o contrato de trabalho ainda está em vigor. Destaco que a observância de lei federal, no presente caso, não afronta a autonomia municipal, como alega a parte ré. Por fim, determino que parte ré implemente a alteração da base de cálculo do adicional de insalubridade ora deferido na folha de pagamento da parte autora, no prazo de 30 dias do trânsito em julgado desta sentença, independentemente de intimação, sob pena de aplicação de multa diária no valor de R$ 1000,00, limitada em qualquer caso a R$ 10.000,00, cuja destinação será estabelecida na fase de execução desta sentença, bem assim responsabilização penal por desobediência a ordem judicial. Em razões recursais, o município réu não se insurge em relação ao adicional de insalubridade, mas no que concerne à sua base de cálculo, buscando a aplicação do salário mínimo no lugar do salário base da categoria. Embora afirme que a parcela vem sendo paga por mera liberalidade municipal, visa somente desconstituir as diferenças deferidas na sentença, sendo essa a controvérsia a ser delimitada e enfrentada no julgamento deste recurso. Analiso. Dispõe o art. 9º-A, § 3º, da Lei Federal n. 11.350/2006, regulamentando as atividades do agente comunitário de saúde: § 3º O exercício de trabalho de forma habitual e permanente em condições insalubres, acima dos limites de tolerância estabelecidos pelo órgão competente do Poder Executivo federal, assegura aos agentes de que trata esta Lei a percepção de adicional de insalubridade, calculado sobre o seu vencimento ou salário-base: I - nos termos do disposto no art. 192 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, quando submetidos a esse regime; II - nos termos da legislação específica, quando submetidos a vínculos de outra natureza. (destaquei) A referida Lei observou o previsto no art. 198, § 5º, da CF/88: Art. 198. As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema único, organizado de acordo com as seguintes diretrizes: [...] § 5º Lei federal disporá sobre o regime jurídico, o piso salarial profissional nacional, as diretrizes para os Planos de Carreira e a regulamentação das atividades de agente comunitário de saúde e agente de combate às endemias, competindo à União, nos termos da lei, prestar assistência financeira complementar aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, para o cumprimento do referido piso salarial. Com efeito, o dispositivo legal assegura o direito à percepção do adicional de insalubridade aos agentes comunitários de saúde que trabalhem de forma habitual e permanente em condições insalubres, a ser calculado sobre os seus vencimentos ou salários-base. Não se olvida da Tese Jurídica nº 17 fixada por este Tribunal no IRDR 0000087-58.2024.5.12.0000, de observância obrigatória (art. 927, III do CPC): TESE JURÍDICA N.º 17 - ADICIONAL DE INSALUBRIDADE. AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE E AGENTES DE COMBATE A ENDEMIAS. ADVENTO DA EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 120/2022. O art. 198, § 10, da CRFB/1988, incluído pela Emenda Constitucional nº 120/2022 - que prevê o pagamento de adicional de insalubridade aos agentes comunitários de saúde e aos agentes de combate às endemias -, não é autoaplicável, subsistindo a necessidade de regulamentação pelo órgão competente do Poder Executivo Federal e de realização de perícia para a constatação da exposição a agente insalubre. Entretanto, no caso, o direito ao adicional de insalubridade não é controvertido, considerando os pedidos da peça inicial, os quais se restringem ao pagamento de diferenças salariais oriundas da base de cálculo da verba, não sendo discutido o direito à insalubridade em si, razão pela qual a mencionada Tese Jurídica deste Regional não se assemelha à controvérsia em questão. Isso posto, considerando o teor do art. 9º-A da Lei da n. 11.350/06, entendo que são devidas as diferenças deferidas na sentença pela base de cálculo do adicional de insalubridade. Nesse sentido, já se manifestou esta Corte, conforme ementa a seguir: AGENTE COMUNITÁRIO DE SAÚDE. ADICIONAL DE INSALUBRIDADE. BASE DE CÁLCULO. Desde a alteração promovida no §3º do art. 9º-A da Lei nº 11.350/2006 pela Lei n. 13.342/2016, em 11-01-17, o adicional de insalubridade dos agentes comunitários de saúde e agentes de combate às endemias deve ser calculado sobre o valor de seu salário-base. (TRT da 12ª Região; Processo: 0001569-83.2023.5.12.0062; Data de assinatura: 04-09-2024; Órgão Julgador: Gab. Des. Hélio Bastida Lopes - 1ª Turma; Relator(a): HELIO BASTIDA LOPES) AGENTE COMUNITÁRIO DE SAÚDE. BASE DE CÁLCULO DO ADICIONAL DE INSALUBRIDADE. Uma vez constatado o pagamento em desconformidade com o piso da categoria, serão devidas as diferenças salariais pretendidas, em observância à Lei 11.350/2006. (TRT da 12ª Região; Processo: 0000420-81.2024.5.12.0041; Data de assinatura: 26-11-2024; Órgão Julgador: Gab. Des. Roberto Basilone Leite - 2ª Turma; Relator(a): ROBERTO BASILONE LEITE) AGENTE COMUNITÁRIO DE SAÚDE E COMBATE A ENDEMIAS. REGIME CELETISTA. ADICIONAL DE INSALUBRIDADE. BASE DE CÁLCULO. LEI N. 11.350/2006.O inciso I do parágrafo 3º do art. 9º-A da Lei n. 11.350/2006 estabelece o "vencimento ou salário-base" como base de cálculo do adicional de insalubridade para os agentes comunitários de saúde, de modo que, por ser norma mais benéfica ao empregado, sobrepõe-se à disposição do art. 192 da CLT. (TRT da 12ª Região; Processo: 0000156-07.2024.5.12.0060; Data de assinatura: 26-08-2024; Órgão Julgador: Gab. Des. José Ernesto Manzi - 3ª Turma; Relator(a): JOSÉ ERNESTO MANZI) ADICIONAL DE INSALUBRIDADE. BASE DE CÁLCULO. AGENTE COMUNITÁRIO DE SAÚDE. REGIME CELETISTA. Para os agentes comunitários de saúde submetidos ao regime celetista, a base de cálculo do adicional de insalubridade é aquela estabelecida no parágrafo terceiro do art. 9-A da Lei n. 11.350/2006, com a redação incluída pela Lei n. 13.342/2016. (TRT da 12ª Região; Processo: 0001290-23.2023.5.12.0022; Data de assinatura: 05-08-2024; Órgão Julgador: Gab. Des.a. Mari Eleda Migliorini - 5ª Turma; Relator(a): MARI ELEDA MIGLIORINI) Dessa forma, não observada pelo Município a base de cálculo prevista na Lei n. 11.350/06, art. 9º-A, § 3º, I, incluído pela Lei n. 13.342/16, entendo que deve ser mantida a sentença no particular, inclusive no que concerne aos reflexos deferidos. Nego provimento ao recurso. Por corolário, não há falar em inversão do ônus sucumbencial, permanecendo os honorários advocatícios fixados em prol dos advogados da demandante. PREQUESTIONAMENTO Ficam as partes advertidas de que a decisão já contém os fundamentos para que sejam consideradas prequestionadas todas as matérias, sendo desnecessária a manifestação sobre cada um dos argumentos ou dispositivos invocados (OJ 118 da SBDI-I do TST). ACORDAM os membros da 2ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 12ª Região, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO. No mérito, por igual votação, NEGAR-LHE PROVIMENTO. Participaram do julgamento realizado na sessão do dia 17 de junho de 2025, sob a Presidência da Desembargadora do Trabalho Mirna Uliano Bertoldi, o Desembargador do Trabalho Roberto Basilone Leite e a Juíza do Trabalho Convocada Maria Beatriz Vieira da Silva Gubert (PORTARIA SEAP/SEMAG Nº 232/2025). Presente a Procuradora do Trabalho Ana Carolina Martinhago Balam. MARIA BEATRIZ VIEIRA DA SILVA GUBERT Relatora FLORIANOPOLIS/SC, 08 de julho de 2025. CAROLINE BEIRITH VIANNA Servidor de Secretaria Intimado(s) / Citado(s) - MAVIA IRENE ROSSA

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L. Da S. A. x R. C. Da S. F.

ID: 330438525

Tribunal: TJSP Órgão: Foro Regional II - Santo Amaro - 3ª Vara da Família e Sucessões Classe: CUMPRIMENTO DE SENTENçA Nº Processo: 0001569-59.2025.8.26.0002

Data de Disponibilização: 21/07/2025

Polo Ativo:

L. DA S. A.

Polo Passivo:

R. C. DA S. F.

Intimação

Advogados:

RAFAEL DA SILVA BARROS

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CRISTIANE PELC NERIS

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Processo 0001569-59.2025.8.26.0002 (apensado ao processo 1087643-07.2022.8.26.0002) (processo principal 1087643-07.2022.8.26.0002) - Cumprimento de sentença - Oferta - L.S.A. - R.C.S.F. - Vistos. T… Processo 0001569-59.2025.8.26.0002 (apensado ao processo 1087643-07.2022.8.26.0002) (processo principal 1087643-07.2022.8.26.0002) - Cumprimento de sentença - Oferta - L.S.A. - R.C.S.F. - Vistos. Trata-se de cumprimento de sentença relativo à obrigação de fazer, fixada no título executivo de fls. 12/17, que prevê realização de vídeo chamadas às quartas-feiras e sábados, às 19h00min, visando garantir o direito de relacionamento do autor com a filha menor. Aduz que vem encontrando dificuldades na realização das visitas determinadas, tendo a última ocorrido em 18/12/2024. Pede que a executada cumpra os termos fixados para visitação e fixação de multa em caso de descumprimento. Requer, ainda, seja a executada condenada às penas de litigância de má-fé. Pede, ainda, ampliação do regime de visitas e reconhecimento de ocorrência de alienação parental e abandono afetivo. Subsidiariamente, pleiteia condenação da parte adversa a perdas e danos e busca e apreensão da menor. A decisão de fls. 19/20 determinou a intimação da executada para que cumpra o regime de visitas fixado, sob pena de multa diária de R$ 200,00. A executada foi reputada intimada às fls. 48, bem como compareceu em cartório às fls. 51/53. O exequente, às fls. 56/58, aduz que as visitas dos dias 08, 12 e 15, 19, 22 e 26 de fevereiro de 2025, bem como as de 12, 15, 19 e 22 de março de 2025, deixaram de ocorrer por responsabilidade da executada e que em 01, 05 e 08/03/2025 ele se encontrava com problemas de saúde, o que o impossibilitou de realizar as chamadas atinentes às visitas, não tendo a genitora da menor enviado fotos e vídeos dessa. Pede sejam reconhecidos os descumprimentos retro indicados e que a executada arque com a multa já determinada, bem como majoração da multa e busca e apreensão da menor. O exequente, às fls. 64/65, pede reconhecimento de inércia da executada em apresentação de defesa e prosseguimento do feito. A executada, às fls. 79/84, afirma que cumpre corretamente com o regime de visitas em tela e que empreende esforços nesse sentido, mas que a infante possui apenas dois anos de idade e, portanto, a falta de interação dessa com o exequente nas vídeo chamadas não pode ser considerada como descumprimento de ordem judicial, não havendo que se falar em aplicação ou majoração de multa e pede a rejeição dos pedidos autorais. Afirma ter registrado por meio fotográfico todas as visitas que o exequente pontuou como descumpridas e junta documentos nos autos. Pede condenação do exequente por litigância de má-fé. Requer, ainda. os benefícios da gratuidade de justiça em seu favor. O exequente, em sua manifestação de fls. 97/101, pede o não conhecimento da impugnação apresentada, em razão de alegação de sua intempestividade. Subsidiariamente, pede que seja reconhecida a inadequação da peça processual apresentada. Em relação ao mérito, afirma que houve confissão de que a menor não permanece o tempo de chamadas interagindo com o genitor, o que leva ao reconhecimento de descumprimento do regime de convivência em tela. Impugna o pedido de reconhecimento de litigância de má-fé pretendido pela executada. O Ministério Público apresentou parecer às fls. 105/106. É o relatório. Decido. Inicialmente, vale destacar que não há que se falar em intempestividade de impugnação, visto que a petição de fls. 79/84 manifestou-se sobre as datas que o exequente apresentou como descumpridas as visitas na petição de fls. 56/58, da qual sequer havia intimação para tanto. Outrossim, ainda que se admitisse a intempestividade, tal fato, por si só, não implicaria na execução o da multa, visto que essa vista tão somente compelir ao cumprimento da obrigação. E, se a parte demonstrar que esse ocorreu, não há que se falar em sua aplicação. No mais, a nomenclatura da peça de defesa apresentada trata-se de formalidade processual que não se mostra apta a afastar os argumentos nela apresentados. O exequente, às fls. 56/58, informa as datas que entende ter havido o descumprimento das visitas após a fixação e intimação da executada acerca da multa, quais sejam, dias 08, 12 e 15, 19, 22 e 26 de fevereiro de 2025, bem como as de 12, 15, 19 e 22 de março de 2025, por responsabilidade da executada. A executada, por sua vez, juntou aos autos os documentos que comprovam o cumprimento da obrigação, quais sejam, prints da tela do celular na data das visitas, com a imagem dos vídeos das conversas com o exequente e a menor ou prints da imagem da ligação de vídeo ocorrida. Verifica-se às fls. 85, referente ao dia 08/02/2025, a realização da ligação de vídeo e mensagem da genitora informando que ocorreu o término às 19h30, em razão de o exequente ter desligado, sendo que esse respondeu que a filha não estaria o chamando de pai e faz reclamações. Às fls. 84 há imagem da conversa com a infante em 12/02/2025; às fls. 87, imagem referente ao dia 15/02/2025; às fls. 88, referente ao dia 19/02/2025; às fls. 89, referente ao dia 22/02/2025; às fls. 90, referente ao dia 26/02/2025; às fls. 91, referente ao dia 12/03/2025; e às fls. 92, referente ao dia 15/03/2025. Já, às fls. 93, verifica-se que a executada efetuou a chamada de vídeo no dia 19/03/25, às 19h, sem que o genitor tenha atendido. O mesmo ocorreu no dia 22/03/25, como se verifica às fls. 94. Assim, contrariamente ao afirmado pelo exequente, que, diga-se, não apresentou uma prova sequer de que tentou contato virtual com a filha, mas foi tolhido, eis que poderia acostar aos autos prints da tela de celular nesse sentido, a executada demonstrou cabalmente que cumpriu com sua obrigação, tendo ocorrido as visita nas datas em que o genitor afirmou que a executada negou-se ao cumprimento. Ressalte-se que na inicial, o exequente afirma que as chamadas não foram realizadas e não que a menor não permaneceu nelas durante o tempo estipulado para tanto, conforme ocorreu em sua manifestação, o que demonstra ter alterado sua versão inicial, o que não se pode admitir. Ademais, mesmo que assim não fosse, não se pode perder de vista que a infante se trata de criança de dois anos de idade e que, portanto, não possui discernimento a respeito da realidade das visitas e do tempo fixado para tanto, permanecendo, por certo, nas vídeo chamadas, o tempo que entende atraente à sua atenção, não cabendo à genitora mantê-la de forma obrigada nas ligações, conforme pretendido pelo genitor. Já, em relação aos dias 01, 05 e 08 de março de 2025, que o exequente aduz que se encontrava com problemas de saúde e, diferentemente do quanto por ele pretendido, inexiste qualquer obrigação da genitora da menor em lhe enviar fotos e vídeos da infante. Portanto, os pedidos autorais de aplicação de multa e, até mesmo de sua majoração, posteriormente, bem como de imposição de medidas como busca e apreensão da menor merecem ser rejeitados, sem contar que o pedido de alteração do regime de visitas não são cabíveis em sede de cumprimento de sentença. No mais, além da comprovação de cumprimento da obrigação pela executada, está demonstrado nos autos que o exequente alterou a verdade dos fatos. Verifica-se, portanto, clara má-fé do exequente, tendo agido com deslealdade processual. Acerca do tema: "PROCESSUAL CIVIL. CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. Multa por litigância de má-fé bem aplicada na origem. Atual processo civil a exigir condutas probas que tutelem a confiança das partes em prol do devido processo justo, corolário da boa-fé objetiva. Hipótese em que os exequentes, por mais de uma vez, protestaram pelo prosseguimento da execução, suspensa por determinação de Acórdão desta Colenda 28ª Câmara proferido em 2015. Dinâmica inaceitável que firma, com indeléveis traços, a tentativa de alterar a verdade e usar do processo para conseguir objetivo ilegal, autêntico procedertemeráriomanifestamente infundado. Litigância de má-fé mantida. Recurso desprovido."(TJSP; Agravo de Instrumento 2190804-17.2025.8.26.0000; Relator (a):Ferreira da Cruz; Órgão Julgador: 28ª Câmara de Direito Privado; Foro Central Cível -40ª Vara Cível; Data do Julgamento: 07/07/2025; Data de Registro: 07/07/2025) O litigante que omite, deliberadamente na petição inicial, a verdade dos fatos, induzindo em erro o Magistrado, age com má-fé, nos termos do artigo 17, incisos II e III, do Código de Processo Civil, devendo arcar com a multa prevista no artigo 18 do mesmo Diploma Legal. Recurso de apelação desprovido. (Apelação Cível nº 177804-9 (26702), 3ª Câmara Cível do TJPR, Rel. Designado Adalberto Jorge Xisto Pereira). Desta feita, presente a ocorrência de ato de litigância de má-fé por parte do autor, nos termos dispostos no art. 80, II, do Código de Processo Civil, este deverá arcar com multa processual em favor da ré, no importe de um salário mínimo, com fulcro no disposto no art. 81, § 2º, do Código de Processo Civil. Em relação à indenização por dano processual, uma vez que a executada contratou advogado para ofertar defesa na presente demanda, levando-se em conta a pretensão autoral, e com base na equidade, fixo o valor de indenização em R$ 800,00. Vale destacar que as condenações em questão possuem caráter de pena, não estando incluídas em eventual isenção das despesas processuais, as quais o beneficiário da justiça gratuita faz jus. Ou seja, ainda que a parte possua o benefício da justiça gratuita, tem de arcar com as penas da litigância de má-fé, no caso de condenação nesse sentido. Diante do exposto, acolho a impugnação apresentada e julgo extinto o presente cumprimento de sentença, nos termos do artigo 924, II, do Código de Processo Civil; condenando o exequente ao pagamento, a título de pena pela prática de ato de litigância de má-fé, em multa processual no valor de um salário mínimo em favor da executada, indenização processual no importe de R$800,00 em favor da executada, com atualização monetária a contar da presente data; e condenando o exequente ao pagamento das custas, despesas processuais e honorários advocatícios que arbitro em R$800,00, de acordo com os critérios do art. 85, § 8º, do CPC/2015. P.R.I. - ADV: RAFAEL DA SILVA BARROS (OAB 424877/SP), CRISTIANE PELC NERIS (OAB 506238/SP)

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Edelar Luiz Comparin x Rene Antonio Pianovski

ID: 306062076

Tribunal: TJPR Órgão: 1ª Vara Cível de Fazenda Rio Grande Classe: PROCEDIMENTO COMUM CíVEL Nº Processo: 0009853-97.2020.8.16.0038

Data de Disponibilização: 24/06/2025

Polo Ativo:

EDELAR LUIZ COMPARIN

Polo Passivo:

RENE ANTONIO PIANOVSKI

Conclusão

Advogados:

FRANCINE NOGUEIRA PRESTES

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EVELYN CATERINE WERGENSKI

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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARANÁ COMARCA DA REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA - FORO REGIONAL DE FAZENDA RIO GRANDE 1ª VARA CÍVEL DE FAZENDA RIO GRANDE - PROJUDI Rua Inglaterra, 545 - Nações - Faz… PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARANÁ COMARCA DA REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA - FORO REGIONAL DE FAZENDA RIO GRANDE 1ª VARA CÍVEL DE FAZENDA RIO GRANDE - PROJUDI Rua Inglaterra, 545 - Nações - Fazenda Rio Grande/PR - CEP: 83.823-008 - Fone: (41)991339764 - Celular: (41) 99133-9764 - E-mail: cartorio@varacivelfrg.com.br Processo: 0009853-97.2020.8.16.0038 Classe Processual: Procedimento Comum Cível Assunto Principal: Tutela de Urgência Valor da Causa: R$15.000,00 Autor(s): EDELAR LUIZ COMPARIN Réu(s): RENE ANTONIO PIANOVSKI SENTENÇA RELATÓRIO EDELAR LUIZ COMPARIN, qualificado nos autos, ajuizou “ação cautelar com pedido de indenização” em face de RENE ANTONIO PIANOSKI, igualmente qualificado, aduzindo, em síntese, que: a) é proprietário da Valle Verde Pesca e Lazer, cuja propriedade faz divisa com as terras do demandado; b) o demandado represou o curso da água que passava pela propriedade do autor, ocasionando acúmulo de água nos “arroios” presentes na sua propriedade; c) buscou resolver a situação de forma extrajudicial, mas não obteve êxito; d) para conter o acúmulo de água, sustenta ser necessário o rebaixamento do nível do “arroio” existente nas terras do demandado, a qual deve ser concedida em caráter liminar; e) sofreu danos materiais e morais, pelo que deve ser indenizado em R$15.000,00. Apresentou documentos. Determinada a emenda à inicial em seq. 8.1, 24.1, 30.1 e 35.1. Declarada suspeição da juíza então responsável por presidir o feito em seq. 22.1. Indeferida a medida liminar em seq. 40.1. Renovado o pedido liminar pelo autor, este foi indeferido em seq. 96.1. Citado, o réu RENE ANTONIO PIANOSK apresentou contestação alegando, em sede preliminar, inépcia da inicial e no mérito, que os danos aventados pelo autor não são de sua responsabilidade, posto que não realizou obras recentes em sua propriedade. O acúmulo de água é decorrente de causas naturais. Pugnou, ao fim, pela improcedência dos pedidos iniciais, bem como pela concessão do benefício da justiça gratuita (seq. 132.1). Réplica em seq. 133.1. Determinada a intimação do réu para comprovar o preenchimento dos pressupostos para a concessão da gratuidade da justiça (seq. 143.1). Intimadas para manifestarem interesse na realização de audiência de conciliação, as partes manifestaram desinteresse no ato conciliatório (seq. 149.1). Colacionados novos documentos pelo autor em seq. 168.1. Convertido o julgamento em diligência para oportunizar o contraditório pelo réu (seq. 172.1). Vieram conclusos para sentença. FUNDAMENTAÇÃO PRELIMINARMENTE - INÉPCIA DA INICIAL O art. 330, § 1º, do Código de Processo Civil prevê as hipóteses de inépcia da petição inicial, quais sejam: Art. 330. A petição inicial será indeferida quando: I - for inepta; II - a parte for manifestamente ilegítima; III - o autor carecer de interesse processual; IV - não atendidas as prescrições dos arts. 106 e 321 . § 1º Considera-se inepta a petição inicial quando: I - lhe faltar pedido ou causa de pedir; II - o pedido for indeterminado, ressalvadas as hipóteses legais em que se permite o pedido genérico; III - da narração dos fatos não decorrer logicamente a conclusão; IV - contiver pedidos incompatíveis entre si. Sobre o tema, os doutrinadores Luiz Guilherme Marinoni, Sério Cruz Arenhart e Daniel Mitidiero lecionam: “Petição inicial inepta é aquela que desobedece à forma prescrita em lei para sua apresentação. A petição inicial é inepta quando lhe faltar pedido ou causa de pedir, quando o pedido for genérico fora das hipóteses legais, da narração dos fatos não decorrer logicamente a conclusão e quando contiver pedidos incompatíveis entre si. Só se deve decretar inepta a petição inicial quando for ininteligível e incompreensível (STJ, L ªTurma, REsp 640.371/SC, rel. Min.José Delgado, j. 28.09.2004, DJ08.11.2004, p.184). Se dela consta o pedido e a causa de pedir, ainda que o primeiro formulado de maneira pouco técnica e a segunda exposta com dificuldade, não há que se falar em inépcia da petição inicial. O que interessa é se da exposição e do requerimento do autor consegue-se compreender o motivo pelo qual está em juízo e a tutela jurisdicional que pretende obter, ainda que confusa e imprecisa a inicial. A ausência de causa de pedir ou de pedido leva à decretação de inépcia da petição inicial (STJ, 4.ªTurma, REsp 343.592/PR, rel. Min. Sálvio de Figueiredo Teixeira, j. 28.05.2002, Df 12.08.2002, p. 217). Se há cumulação alternativa de pedidos, a existência de pedidos incompatíveis não gera inépcia da inicial (art. 327, § 3º , CPC). De lado a hipótese de cumulação alternativa, havendo pedidos incompatíveis, tem o juiz o dever de intimar a parte para que opte por um dos pedidos formulados, sendo-lhe vedado desde logo indeferir a petição inicial (STJ, 4. ªTurma, REsp 204. 611/MG, rel. Min. Cesar As for Rocha, j. 16.05.2002, D]09.09.2002, p. 229)” MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz; MITIDIERO, Daniel. Novo curso de processo civil: comentado. 3ª Ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2017, p. 435). No caso, a parte requerente não fundamentou em cada caso qual seriam os danos sofridos em decorrência da suposta obra irregular realizada pela parte adversa, cingindo-se a argumentar genericamente que “o requerido deve indenizar moral e materialmente o requerente com relação os danos causados por sua conduta negligente, que causou prejuízos a propriedade do requerente, bem como, os valores gastos com máquinas (conf. vídeo em anexo), para minimizar os danos aos peixes.” Nada mais mencionou em sua peça acerca do suposto prejuízo material e moral, de tal modo que não é possível concluir se os pedidos indenizatórios decorrem efetivamente da obra irregular supostamente realizada, se da suposta conduta belicosa do demandado ao ser acionado pelo autor ou se pelo alegado abalo na atividade comercial desenvolvido pelo autor no local. Se advêm de todas essas causas, tal fato deveria estar expresso na petição inicial, pois, mesmo interpretando o pedido à luz do conjunto da postulação e do princípio da boa-fé (art. 322 § 2º do Código de Processo Civil), a exordial lacônica inviabiliza a correta compreensão da causa de pedir e do pedido. Quanto à obrigação de fazer, esta é igualmente inconclusa. A parte autora aduz unicamente que almeja “seja concedida o Medida Cautelar, autorizando o Requerente a realizar a obra para rebaixar o arroio e medidas para evitar a piora dos danos apresentados”, porém não esclarece no que consistiria “essas outras medidas” tampouco indica em qual barragem a obra seria realizada restringindo-se a argumentar a obra deve ser realizada na propriedade da parte demandada. Não se olvida que a Lei Adjetiva consagra como princípio basilar a primazia do julgamento do mérito (art. 4º do Código de Processo Civil), contudo, as irregularidades apontadas impossibilitam que o juízo prolate uma decisão integral de mérito e, dado o atual estágio processual, é defeso eventual aditamento do pedido e da causa de pedir, conforme insculpido no art. 329, inciso II do Código de Processo Civil. Esse é o entendimento do E. Tribunal de Justiça do Estado do Paraná que, em caso similar, reconheceu “ex officio” a inépcia da petição inicial por se tratar a verificação dos requisitos da petição matéria de ordem pública: Direito processual civil. Apelação Cível. Inépcia da petição inicial. sentença anulada ex officio. Extinção do feito sem resolução do mérito. recurso prejudicado.I. Caso em exame1. Apelação Cível interposta contra sentença que julgou procedentes os pedidos autorais na Ação de Cobrança, condenando a parte demanda ao pagamento do valor indicado na petição inicial.II. Questão em discussão2. A questão em discussão consiste em saber se a petição inicial da Ação de Cobrança cumpriu ou não todos os seus requisitos para seu recebimento.III. Razões de decidir3. Nos termos da jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça e deste Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, a verificação dos requisitos da petição inicial é matéria de ordem pública conhecível ex officio em qualquer tempo e grau de jurisdição.4. A sentença recorrida deve ser anulada, de ofício, diante da inépcia da petição inicial da Ação de Cobrança, uma vez que a parte autora não colacionou a via do contrato que ensejou a obrigação discutida na lide, tratando-se de documento indispensável à propositura do feito.5. Existência de acórdão pretérito, no âmbito do Agravo de Instrumento nº 0029252-27.2023.8.16.0000, julgado por esta 14ª Câmara Cível, que compreendeu pela possibilidade material da juntada da via contratual pela instituição financeira.6. Pretensão de cobrança desacompanhada do instrumento contratual que torna inviável a apreciação meritória da lide.7. Possibilidade de indeferimento da petição inicial e, consequentemente, de extinção do feito, sem resolução do mérito, por este órgão colegiado. Aplicação da teoria da causa madura.8. Custas e despesas processuais a serem arcadas pela parte autora, bem como honorários advocatícios sucumbenciais de 10% (dez por cento) sobre o valor atualizado da causa. IV. Dispositivo e tese9. Sentença anulada ex officio e Ação de Cobrança julgada extinta, sem resolução do mérito, na forma do artigo 485, I do CPC/2015. Recurso de Apelação prejudicado.Tese de julgamento: A verificação de eventual inépcia da petição inicial pode ser realizada a qualquer tempo e grau de jurisdição, tratando-se de matéria de ordem pública._________Dispositivos relevantes citados: CPC/2015, arts. 320 e 321.Jurisprudência relevante citada: STJ, AgInt no AREsp n. 2.106.615/PR, relator Ministro Marco Buzzi, Quarta Turma, julgado em 28/11/2022, DJe de 2/12/2022; TJPR - 20ª Câmara Cível - 0017445-56.2023.8.16.0017 - Maringá - Rel.: DESEMBARGADOR FABIO MARCONDES LEITE - J. 18.11.2024; TJPR - 14ª Câmara Cível - 0001569-87.2019.8.16.0086 - Guaíra - Rel.: DESEMBARGADOR FRANCISCO EDUARDO GONZAGA DE OLIVEIRA - J. 22.07.2024. (TJPR - 14ª Câmara Cível - 0008329-48.2021.8.16.0194 - Curitiba - Rel.: DESEMBARGADOR HAMILTON RAFAEL MARINS SCHWARTZ - J. 02.06.2025) Pelo exposto, tendo em vista que os pedidos foram deduzidos de forma indeterminada e genérica, carecendo, ainda, os pleitos indenizatórios de causa de pedir, a preliminar de inépcia da inicial deve ser acolhida, a fim de extinguir a demanda sem resolução do mérito, na forma do art. 485, inciso I, ambos do Código de Processo Civil. DISPOSITIVO Isso posto, EXTINGO o processo sem resolução do mérito, na forma do art. 485, inciso I, ambos do Código de Processo Civil. Condeno a parte autora ao pagamento de custas e despesas processuais, e honorários advocatícios do patrono da parte contrária, os quais fixo no patamar de 10% por cento do valor atualizado da causa, considerando o zelo, a natureza da causa e o trabalho desenvolvido (art. 85, § 2º, do Código de Processo Civil), cuja exigibilidade resta suspensa por força da concessão do benefício da gratuidade da justiça ao autor (art. 98, § 3º do Código de Processo Civil). Oportunamente, procedidas as necessárias baixas e anotações, arquivem-se, nos moldes do Código de Normas da Corregedoria-Geral de Justiça. DISPOSIÇÕES FINAIS 1. Se contra a sentença vier a ser interposta apelação, intime-se a parte contrária para apresentação de contrarrazões no prazo de 15 (quinze) dias úteis (art. 1.010, §1º do Código de Processo Civil). 2. Na hipótese de apelação adesiva pela parte recorrida (art. 997, §§ 1º e 2º do Código de Processo Civil), intime-se a parte contrária para contrarrazões no prazo de 15 (quinze) dias úteis (art. 1.010, §2º do Código de Processo Civil). 3. Caso as contrarrazões do recurso principal ou do adesivo veiculem as matérias elencadas no art. 1.009, §1º do Código de Processo Civil, intime-se a parte recorrente para manifestação no prazo de 15 (quinze) dias úteis, na forma do art. 1.009, §2º do Código de Processo Civil). 4. Após, com ou sem manifestação, remetam-se os autos ao Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, com as cautelas de estilo e homenagens deste Juízo. 5. Certificado o trânsito em julgado, arquivem-se os autos, após observadas as disposições do Código de Normas da Corregedoria-Geral da Justiça. Intimações e diligências necessárias. Datado e assinado digitalmente. PEDRO RODERJAN REZENDE Juiz de Direito

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Processo nº 0060008-48.2025.8.16.0000

ID: 291648482

Tribunal: TJPR Órgão: 4ª Câmara Criminal Classe: HABEAS CORPUS CRIMINAL Nº Processo: 0060008-48.2025.8.16.0000

Data de Disponibilização: 06/06/2025

Polo Ativo:

LEONDINA PAVORSKI

Polo Passivo:

Conclusão

Advogados:

UHAILA CRISTINE CORDEIRO

OAB/PR XXXXXX Desbloquear

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARANÁ 4ª CÂMARA CRIMINAL Vistos. Trata-se de habeas corpus, com pedido liminar, impetrado pela advogada Uhaila Cristine Cordeiro, em favor de LEONDINA PAVORSKI, … TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARANÁ 4ª CÂMARA CRIMINAL Vistos. Trata-se de habeas corpus, com pedido liminar, impetrado pela advogada Uhaila Cristine Cordeiro, em favor de LEONDINA PAVORSKI, presa preventivamente, em tese pela prática dos crimes de extorsão qualificada, corrupção de menores e adulteração de sinal identificador de veículo, contra suposto constrangimento ilegal perpetrado pelo Juízo da 2ª Vara Criminal de Curitiba/PR. A paciente foi presa pela suposta prática dos crimes de extorsão qualificada, corrupção de menores e adulteração de sinal identificador de veículo. A prisão preventiva foi decretada na decisão nos autos de medida cautelar n 0015169-30.2024.8.16.0013. A impetrante sustenta, em suma, que a ora paciente não demonstra risco para a ordem pública ou inconveniência para a persecução criminal, uma vez que a gravidade abstrata dos crimes não autoriza a manutenção da prisão preventiva. Alega que não se encontram presentes os requisitos para a prisão preventiva delineados no art. 312 do Código de Processo Penal, sendo que a acusada é primária, portadora de bons antecedentes, residência fixa e ocupação laboral lícita. Pugna pela revogação da prisão preventiva, e, caso o Magistrado entenda necessário, poderá decretar medidas cautelares diversas da prisão para atingirem a finalidade a que se propõem. Assim, defende serem aplicáveis as medidas cautelares diversas de prisão, insculpidas no artigo 319 do Código de Processo Penal. Argumenta que a não substituição da prisão preventiva por prisão domiciliar configura ofensa ao artigo 318, incisos III e V, do CPP, visto que a paciente é genitora de três crianças, conforme documentos acostados aos autos. Menciona que “todas dependem exclusivamente da genitora para cuidados essenciais, estando desassistidas desde sua prisão. Ressalte-se que a avó materna, que até então prestava auxílio esporádico, é dependente química, não possuindo condições físicas nem emocionais de exercer qualquer função parental substituta. Tal circunstância agrava a vulnerabilidade das menores e reforça a urgente necessidade da presença materna no convívio familiar”. Na esteira desses argumentos, solicita a concessão liminar da ordem, com consequente revogação da prisão preventiva da paciente com ou sem imposição das medidas cautelares alternativas de prisão. Alternativamente, substituição da prisão preventiva pela prisão domiciliar. Ao final, a confirmação da medida. Juntou documentos. É o relatório. Com efeito, o habeas corpus é remédio constitucional que, conforme artigo 5º, inciso LXVIII, da Carta Magna, será concedido “sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder”. Apesar de não haver previsão legal expressa neste sentido, firmou-se o entendimento, inclusive regimentalmente, de que é possível conceder liminar em habeas corpus, desde que comprovada, de plano, sua urgente necessidade. Volta-se a presente impetração justamente contra a manutenção da custódia cautelar anteriormente decretada nos autos principais, diante da alegação de ilegalidade e desproporcionalidade do ato. A ora paciente, teve sua prisão preventiva decretada na decisão dos autos de medida cautelar n. 0015169-30.2024.8.16.0013, em razão da suposta prática dos crimes de extorsão qualificada, corrupção de menores e adulteração de sinal identificador de veículo. Começo por observar que a decisão que indeferiu o pedido de revogação da prisão preventiva, está concretamente motivada, tendo sido exarada nos seguintes termos (autos n. 0006464-09.2025.8.16.0013 - Ref. mov. 13.1): “[...] Decido. II. De acordo com o art. 316 do CPP, é possível ao juiz revogar a preventiva anteriormente decretada, desde que se convença de que as razões que a motivaram não mais subsistem. No caso em mesa, a decisão que decretou a prisão preventiva da ora requerente consignou que os crimes, em tese, por ela praticados, ostentam pena privativa de liberdade máxima superior a quatro anos, atendendo ao requisito do inciso I, do art. 313 do CPP. Ainda, que há prova da existência dos crimes e indícios suficientes de autoria, como exige a parte final do art. 312 do CPP. No mais, a prisão cautelar foi admitida considerando que o estado de liberdade da agente coloca em risco a ordem pública, uma vez que os crimes praticados (roubo e extorsão majorados) foram concretamente graves e, ainda, há risco de reiteração delitiva no presente caso (cf. mov. 16.1 dos autos sob n. 15169-30.2024.8.16.0013). Com a máxima vênia, o pleito defensivo nada traz de novo que possa desconstituir esses fundamentos, de modo que o decreto preventivo, até o presente momento, não merece ser revogado. Por outro lado, em relação ao pedido de substituição da custódia preventiva por prisão domiciliar, entendo que, igualmente, não comporta acolhimento. (...) Como se vê, pela própria descrição do caput do referido dispositivo, a substituição da prisão preventiva por domiciliar nestes casos não é obrigatória, tratando-se, ao contrário, de uma faculdade concedida ao Juiz, que julgará a possibilidade de substituição à luz do caso concreto. No caso em tela, observa-se que a ora requerente não trouxe qualquer elemento que pudesse comprovar ser ela, de fato, a única responsável pelas filhas menores, limitando-se a juntar a certidão de nascimento das infantes – as quais, contudo, não são suficientes para demonstrar tal condição. Deste modo, não há como se conceder o pleito de substituição, uma vez que se exige, para o seu deferimento, prova da imprescindibilidade da ora requerente para os cuidados das crianças. (...) Outrossim, é importante frisar que os crimes apurados (roubo e extorsão majorados) foram praticados com emprego de violência à pessoa, de modo que incide, in casu, o disposto no artigo 318-A do Código de Processo Penal: Assim, também neste ponto não merece acolhimento o pleito defensivo. Por fim, sabe-se que é plenamente aceito que a decisão que indefere pedido de revogação da prisão preventiva possa se reportar à fundamentação da decretação anterior ( per relationem ou aliude), não havendo fatos substancialmente novos capazes de demonstrar o desaparecimento dos motivos que anteriormente fundamentam o cárcere preventivo, não se revestindo de razoabilidade a obrigatoriedade de o magistrado a quo delinear, novamente, as mesmas circunstâncias e motivos outrora expostos. Por fim, sabe-se que é plenamente aceito que a decisão que indefere pedido de revogação da prisão preventiva possa se reportar à fundamentação da decretação anterior ( per relationem ou aliude), não havendo fatos substancialmente novos capazes de demonstrar o desaparecimento dos motivos que anteriormente fundamentam o cárcere preventivo, não se revestindo de razoabilidade a obrigatoriedade de o magistrado a quo delinear, novamente, as mesmas circunstâncias e motivos outrora expostos. Sendo assim, reporto-me à decisão que decretou a prisão preventiva da ora requerente (mov. 16.1 dos autos sob nº 0001569-30.2024.8.16.0013) e daquela que a manteve (mov. 14.1 dos autos sob nº 0004199-34.2025.8.16.0013), por seus próprios e jurídicos fundamentos. III. Diante de todo o exposto, indefiro o pedido de revogação da prisão preventiva /substituição da prisão por prisão domiciliar formulado pela ora requerente LEONDINA PAVORSKI. IV. Conforme requerido pelo Ministério Público, oficie-se, com urgência, ao Conselho Tutelar desta Capital, a fim de que promova visita na residência onde residem as filhas da ora requerente e realize estudo psicossocial, avaliando a situação das crianças e comunicando com brevidade este juízo acerca das impressões levantadas, bem como de eventuais providências adotadas[...]”. A partir da análise do excerto da decisão combatida, pautou-se a autoridade impetrada, na necessidade da medida para a “garantia da ordem pública”, especialmente em razão dos fartos elementos que demonstram, sobejamente, a autoria dos crimes. E, nesse ponto, nada há que se corrigir: os documentos constantes dos autos (relatório de investigação) demonstram a materialidade delitiva e convergem no sentido de apontar a paciente como uma das autoras do delito em apreço. Presente, portanto, o fumus comissi delicti. Quanto à alegação de se tratar de acusada primária e portadora de bons antecedentes, os crimes são de natureza grave, cometidos mediante grave ameaça exercida com o emprego de arma de fogo. Ainda a ação foi praticada pelo concurso de pessoas e restrição da liberdade da vítima, para constrangerem o ofendido a fornecer as senhas de suas contas bancárias de modo a possibilitar a transferência de valores, conforme denúncia – autos n. 0010216-57.2023.8.16.0013 - Ref. mov. 75.1. Em sede de cognição sumária, a decisão se mostra correta por se basear na garantia da ordem pública, ao se considerar que a ora paciente foi indicada como autora intelectual das condutas delitivas, que foram premeditadas e bem estruturadas, já que ela recebeu os valores dos corréus, nos termos do relatório “Após a retirada dos valores da conta bancária do ofendido, os valores foram repassados a parentes e conhecidos de Felipe Santos Cardozo e Leondina Pavorski, que ao final receberam aproximadamente R$ 17.500,00 (dezessete mil e quinhentos reais) (...). A prática delitiva foi organizada e administrada por Felipe Santos Cardozo e Leondina Pavorski. Felipe detinha acesso a rotina da vítima, pois trabalhava na obra gerenciada por Eugênio, tendo sido indicado ao local por Rodrigo de Matos Pires e Sandro Rosa Tavares (cunhado de Felipe Santos Cardozo). Após o delito, Felipe Santos Cardozo e Leondina Pavorski simularam aquisição veicular conforme declaração de Alisson Gonçalves da Cruz e Marlon Alan Martins, de modo a induzi-los a transferir os valores recebidos em sua conta bancária para a conta de Bruna Santos Cardozo, dificultando a apuração delitiva através dos registros bancários. Naquela mesma data, Felipe Santos Cardozo rompeu o sistema de monitoramento eletrônico que estava submetido, passando a condição de foragido” (autos n. 0010216-57.2023.8.16.0013 - Ref. mov. 74.1). No mais, é inviável a substituição da prisão preventiva pela prisão domiciliar, por expressa vedação legal. Dispõe o artigo 318-A, inciso I, do Código de Processo Penal “Art. 318-AA prisão preventiva imposta à mulher gestante ou que for mãe ou responsável por crianças ou pessoas com deficiência será substituída por prisão domiciliar, desde que: (Incluído pela Lei nº 13.769, de 2018). I - não tenha cometido crime com violência ou grave ameaça a pessoa; (Incluído pela Lei nº 13.769, de 2018)”. O crime em apuração (artigo 158, §1º e §3º, do Código Penal) é extremamente grave - praticado mediante violência -, aferindo-se, portanto, que o caso não se enquadra na regra geral para a concessão da prisão domiciliar. Diante do exposto, depreende-se que o d. Juízo a quo justificou, com suficiente fundamentação, os porquês de a prisão preventiva ser, in casu, a medida adequada para garantir a ordem pública, além de estar em conformidade com os diplomas legais que sobre esta ferramenta versam. Não vislumbro, portanto, a possibilidade de concessão liminar da ordem, ao passo que, ao menos por ora, é seguro expectar probidade dos entendimentos do MM. Juízo da Vara Criminal, bem como vislumbra-se robustez quanto ao periculum libertatis. Imperioso, nesse caso, analisar as informações a serem prestadas pela autoridade coatora, assim como o parecer da d. Procuradoria Geral de Justiça e remeter a decisão para análise do Colegiado. Deste modo, visto que, preliminarmente, não se vislumbra constrangimento operado pela autoridade coatora, INDEFIRO o pedido liminar. Requisite-se informações ao Juízo a quo, no prazo de cinco dias. Após, abra-se vista à douta Procuradoria-Geral de Justiça. Diligências necessárias. Curitiba, datado e assinado digitalmente. PEDRO LUÍS SANSON CORAT Desembargador Substituto SGG

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Marcio Correa Alves x Municipio De Pinheiro

ID: 280791166

Tribunal: TRT16 Órgão: Vara do Trabalho de Pinheiro Classe: AçãO TRABALHISTA - RITO SUMARíSSIMO Nº Processo: 0016454-97.2025.5.16.0005

Data de Disponibilização: 27/05/2025

Polo Ativo:

MARCIO CORREA ALVES

Polo Passivo:

MUNICIPIO DE PINHEIRO

Notificação

Advogados:

TIBERIO MARIANO MARTINS FILHO

OAB/MA XXXXXX Desbloquear

PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 16ª REGIÃO VARA DO TRABALHO DE PINHEIRO ATSum 0016454-97.2025.5.16.0005 AUTOR: MARCIO CORREA ALVES RÉU: MUNICIPIO DE PINHEI… PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 16ª REGIÃO VARA DO TRABALHO DE PINHEIRO ATSum 0016454-97.2025.5.16.0005 AUTOR: MARCIO CORREA ALVES RÉU: MUNICIPIO DE PINHEIRO INTIMAÇÃO Fica V. Sa. intimado para tomar ciência da Decisão ID ffa25a3 proferida nos autos. RELATÓRIO MARCIO CORREA ALVES ajuizou RECLAMAÇÃO TRABALHISTA em face de MUNICIPIO DE PINHEIRO, alegando o existência do vínculo de emprego com o Ente Público. Requer o pagamento de verbas decorrentes do contrato. Junta procuração e documentos. O ente público demandado não foi citado para apresentar defesa. Desnecessária a instrução processual. Vieram os autos conclusos para julgamento. É o relatório. FUNDAMENTAÇÃO Da incompetência material da Justiça do Trabalho Desde a edição da EC 45, que ampliou sobremaneira a competência da Justiça do Trabalho, juristas de todo o país se debruçam sobre um dos temas mais controversos do texto constitucional: a questão da competência para processar e julgar ações de servidores face à administração pública. A redação do art. 114, I, da CF, não especifica as situações em que competiria à Justiça do Trabalho processar e julgar “as ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes de direito público externo e da administração pública direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios”. Em um primeiro momento, acreditou-se que toda e qualquer ação contra a administração pública seria dirimida por esta Justiça Especializada. Todavia, o STF firmou posição no sentido de não reconhecer a competência da Justiça do Trabalho para julgar feitos envolvendo servidores estatutários e a administração a que estejam vinculados. Com efeito, liminar deferida pelo Ministro Nelson Jobim na ADI-MC 3395/DF, referendada pelo Pleno do STF, determinou a suspensão de qualquer interpretação quanto ao inciso I do art. 114 da Constituição da República, que inclua na competência da Justiça do Trabalho as causas entre o Poder Público e os servidores a ele vinculados por relação de caráter estatutário ou de caráter jurídico-administrativo. A parte final da mencionada liminar tem o seguinte teor: “Em face dos princípios da proporcionalidade e da razoabilidade e ausência de prejuízo, concedo a liminar, com efeito 'ex tunc'. Dou interpretação conforme ao inciso I do art. 114 da CF, na redação da EC nº 45/2004. Suspendo, ad referendum, toda e qualquer interpretação dada ao inciso I do art. 114 da CF, na redação dada pela EC 45/2004, que inclua, na competência da Justiça do Trabalho, a apreciação de causas que sejam instauradas entre o Poder Público e seus servidores, a ele vinculados por típica relação de ordem estatutária ou de caráter jurídico-administrativo". Portanto, em consonância com a posição firmada pelo E. STF, dúvidas não remanescem de que os conflitos envolvendo servidores submetidos ao regime jurídico estatutário são dirimidos pela Justiça Comum. Essa posição estava praticamente sedimentada, bem como a interpretação de que no caso dos chamados contratos nulos, a competência para processamento e julgamento dos feitos era da Justiça Trabalhista. Tanto é que o próprio TST editou a Súmula 363. Todavia, também esse posicionamento passou a ser contestado, sendo pródiga a jurisprudência, inclusive no TST, que não reconhece a competência da Justiça do Trabalho para processar e julgar ações dessa natureza, inclusive decidindo de forma contrária ao que preceitua a mencionada Súmula 363. Em consonância com a nova tendência do C. TST, o próprio Tribunal Regional do Trabalho da 16ª Região reconheceu a incompetência da Justiça do Trabalho, mesmo em casos de contrato nulo. Leiam-se as ementas abaixo: CONTRATO NULO. CONTRATAÇÃO APÓS A CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 SEM PRÉVIA APROVAÇÃO EM CONCURSO PÚBLICO. CONTROVÉRSIA ACERCA DA NATUREZA JURÍDICA DO CONTRATO FIRMADO ENTRE OS LITIGANTES. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA COMUM. À luz do entendimento proferido pelo STF e acompanhado pelo TST, compete à Justiça comum pronunciar-se sobre a existência, a validade e a eficácia das relações entre servidores e o poder público fundadas em vínculo jurídico-administrativo. Observa-se, ainda, a partir do posicionamento adotado pela Suprema Corte, que o fato de o processo originário envolver a pretensão quanto ao pagamento de verbas rescisórias, FGTS e outros encargos de natureza laboral, não tem o condão de descaracterizar a competência da Justiça Comum, ainda que a relação jurídico-administrativa seja desvirtuada ou submetida a vícios de origem. Destarte, embora o reconhecimento da incompetência material para apreciar o presente feito não implique extinção sem julgamento do feito, diante da impossibilidade de remessa dos autos ao juízo competente, porém, por se tratar de PJE, julgo o processo extinto sem resolução de mérito, na forma do art. 485, IV do CPC. Deverá a parte reclamante, pois, propor a ação na Justiça Comum, valendo-se dos documentos de que disponha e das cópias dos documentos de seu interesse, constantes destes autos. (TRT 16ª R.; ROT 0018405-23.2021.5.16.0020; Segunda Turma; Rel. Des. James Magno Araújo Farias; DEJTMA 27/07/2023). CONTRATO NULO. DECISÃO REITERADA DO STF. CONTROVÉRSIA ACERCA DA NATUREZA JURÍDICA DO CONTRATO. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA COMUM. PRELIMINAR ACOLHIDA DE OFÍCIO. Conforme entendimento pelo STF (ADI 3.395-MC/DF) compete à Justiça Comum pronunciar-se acerca da existência, validade e eficácia das relações entre servidores e o poder público fundadas em vínculo jurídico-administrativo, ainda que o processo originário envolva a pretensão ao pagamento de verbas rescisórias, FGTS e outros encargos de natureza laboral ou que a relação jurídico-administrativa seja desvirtuada ou submetida a vícios de origem, tais como fraude, simulação ou ausência de concurso público. Declarada a incompetência da Justiça do Trabalho. (TRT 16ª R.; ROT 0017367-81.2022.5.16.0006; Primeira Turma; Relª Desª Solange Cristina Passos de Castro; DEJTMA 21/08/2024). AGRAVO REGIMENTAL. DECISÃO MONOCRÁTICA. CONTRATO NULO. ENTE PÚBLICO. RELAÇÃO JURÍDICO-ADMINISTRATIVA. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA COMUM. O Supremo Tribunal Federal tem declarado, reiteradamente, através de decisões monocráticas, no sentido de competir à Justiça Comum, e não à Trabalhista, dirimir controvérsia acerca da existência, validade e eficácia das relações estabelecidas entre o Poder Público e seus servidores, bem como sobre eventual defeito no título jurídico sobre o qual se fundam aqueles vínculos, incluindo as hipóteses de contratação em caráter temporário, com alegado suporte no art. 37, IX, da CF/88, ou precário, sem prévio concurso público. Neste contexto, visto que a decisão agravada é compatível com o entendimento adotado recentemente pelo STF, é imperioso o reconhecimento da incompetência absoluta desta Justiça Especializada para apreciação do feito. (TRT 16ª R.; ROT 0016922-57.2022.5.16.0008; Segunda Turma; Rel. Des. James Magno Araújo Farias; DEJTMA 24/04/2024). CONTRATO NULO. DECISÃO REITERADA DO STF. INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO RECONHECIDA DE OFÍCIO. Nos termos do entendimento reiterado do STF, qualquer discussão acerca da existência, da validade e da eficácia das relações havidas entre servidores e o poder público, afasta a competência da Justiça do Trabalho para dirimir esse tipo de controvérsia. Assim, a relação jurídica formada, sem prévia aprovação em concurso público, após a vigência da Constituição Federal de 1988, insere-se na hipótese de que trata a decisão liminar proferida na ADI-MC n. 3.395/DF, incidindo, no caso, a incompetência da Justiça do Trabalho. Considerando que a Justiça Comum já declinou sua competência para dirimir a presente demanda, determina-se a remessa dos autos ao Col. STJ para apreciar o conflito negativo de competência. (TRT 16ª R.; ROT 0016347-06.2023.5.16.0011; Segunda Turma; Relª Desª Ilka Esdra Silva Araújo; DEJTMA 29/02/2024). Outros tribunais vem decidindo no mesmo sentido, verbis: PRELIMINAR. INCOMPETÊNCIA MATERIAL DA JUSTIÇA DO TRABALHO. RELAÇÃO JURÍDICO-ADMINISTRATIVA. CONTRATO NULO. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA COMUM ESTADUAL. Conforme julgado no STF, nos autos do ARE n. 1179455, é da Justiça Comum a competência para julgar conflitos entre município e servidor contratado depois da CF/1988, ainda que sem concurso público, pois, uma vez vigente o regime jurídico-administrativo, esse disciplinará a absorção de pessoal pelo poder público. Diante da declaração de incompetência desta Justiça Especializada, é devida a remessa dos autos à Justiça Comum Estadual para o processamento e julgamento do feito. (TRT 21ª R.; ROT 0000337-25.2023.5.21.0017; Primeira Turma; Rel. Des. Ricardo Luís Espíndola; DEJTRN 19/07/2024; Pág. 1809). RECURSO ORDINÁRIO. CONTRATO NULO. INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. DEMANDA ENVOLVENDO A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E SERVIDOR. ADMISSÃO SEM CONCURSO PÚBLICO. RELAÇÃO JURÍDICO-ADMINISTRATIVA. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA COMUM. A Justiça do Trabalho é incompetente para processar e julgar demanda na qual resultou caracterizada a admissão de servidor, após a Constituição da República de 1988, sem prévia submissão a concurso público. Com efeito, consoante decidido pelo STF, no julgamento do AgReg nº 7.217/MG, cabe à Justiça comum o prévio exame acerca da existência, da validade e da eficácia do vínculo jurídico- administrativo existente entre servidor e Administração Pública, eis que, para o reconhecimento do liame trabalhista, deverá o julgador, anteriormente, averiguar a presença, ou não, de eventual vício a macular a relação administrativa. Recurso ordinário conhecido e improvido. (TRT 7ª R.; ROT 0001569-51.2022.5.07.0032; Segunda Turma; Rel. Des. João Carlos de oliveira Uchoa; DEJTCE 12/04/2023; Pág. 208). INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. MATÉRIA EXAMINADA EX OFFICIO. NO JULGAMENTO DA ADIN 3.395-6, O EG. STF decidiu que a competência da Justiça do Trabalho fica afastada nos casos envolvendo servidor submetido ao regime estatutário, servidor ocupante de cargo de recrutamento amplo, bem como nos casos de contrato nulo (sem prévia submissão a certame, ou quando acontece contratação temporária irregular). Sendo assim, a Justiça do Trabalho não detém competência para julgar matéria relacionada à admissão de trabalhador, pela Administração Pública (direta ou indireta), para exercer cargo em comissão, de recrutamento amplo, de livre nomeação e exoneração, pois, na hipótese, a relação entre o obreiro e o Poder Público é de caráter jurídico-administrativo, o que atrai a competência da Justiça Comum. (TRT 3ª R.; ROT 0011808-31.2016.5.03.0002; Sexta Turma; Rel. Des. Jorge Berg de Mendonça; Julg. 04/07/2024; DEJTMG 05/07/2024; Pág. 1750). O já conhecido posicionamento do STF é o de fixar a competência para julgamento de ações que versem sobre as relações jurídico-administrativas não mais em um critério material, no sentido técnico do termo, mas em um critério que se assemelha às regras de fixação da competência em razão da pessoa. Veja-se que a fixação de regras competenciais em razão da pessoa não afrontam o princípio do juiz natural, já que o próprio texto constitucional elenca algumas hipóteses, como no caso do julgamento do Presidente da República pelo Senado, nos crimes de responsabilidade (art. 86, caput), ou no caso de julgamento dos juízes federais, incluídos os da Justiça Militar e da Justiça do Trabalho, nos crimes comuns e de responsabilidade, e os membros do Ministério Público da União, pelos Tribunais Regionais Federais (art. 108, I, “a”). Feitas tais considerações, DECLARO, de ofício, a incompetência da Justiça do Trabalho para processar e julgar o presente feito, pelo que determino a remessa dos autos à Justiça Comum Estadual (Setor de Distribuição do Fórum da Comarca de Pinheiro – TJMA), na forma do art. 64 §§ 1º e 3º, do CPC. DECISÃO Ante o exposto e tudo o mais que consta dos autos, DECLARO, de ofício, a incompetência da Justiça do Trabalho para processar e julgar o presente feito, pelo que determino a remessa dos autos à Justiça Comum Estadual (Setor de Distribuição do Fórum da Comarca de Pinheiro – TJMA), consoante a fundamentação acima. Registre-se. Publique-se. Intimem-se as partes. A cópia da presente decisão tem força de ofício. PINHEIRO/MA, 26 de maio de 2025. POLLYANA LUCIA ROSADO SOARES Juíza do Trabalho Substituta Intimado(s) / Citado(s) - MARCIO CORREA ALVES

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Alicia Vieira Araujo x Municipio De Mirinzal

ID: 280791220

Tribunal: TRT16 Órgão: Vara do Trabalho de Pinheiro Classe: AçãO TRABALHISTA - RITO SUMARíSSIMO Nº Processo: 0016450-60.2025.5.16.0005

Data de Disponibilização: 27/05/2025

Polo Ativo:

ALICIA VIEIRA ARAUJO

Polo Passivo:

MUNICIPIO DE MIRINZAL

Notificação

Advogados:

RAIZA DE JESUS MOTA DURANS

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PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 16ª REGIÃO VARA DO TRABALHO DE PINHEIRO ATSum 0016450-60.2025.5.16.0005 AUTOR: ALICIA VIEIRA ARAUJO RÉU: MUNICIPIO DE MIRIN… PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 16ª REGIÃO VARA DO TRABALHO DE PINHEIRO ATSum 0016450-60.2025.5.16.0005 AUTOR: ALICIA VIEIRA ARAUJO RÉU: MUNICIPIO DE MIRINZAL INTIMAÇÃO Fica V. Sa. intimado para tomar ciência da Decisão ID 95a8815 proferida nos autos. RELATÓRIO ALICIA VIEIRA ARAUJO ajuizou RECLAMAÇÃO TRABALHISTA em face de MUNICIPIO DE MIRINZAL, alegando o existência do vínculo de emprego com o Ente Público. Requer o pagamento de verbas decorrentes do contrato. Junta procuração e documentos. O ente público demandado não foi citado para apresentar defesa. Desnecessária a instrução processual. Vieram os autos conclusos para julgamento. É o relatório. FUNDAMENTAÇÃO Da incompetência material da Justiça do Trabalho Desde a edição da EC 45, que ampliou sobremaneira a competência da Justiça do Trabalho, juristas de todo o país se debruçam sobre um dos temas mais controversos do texto constitucional: a questão da competência para processar e julgar ações de servidores face à administração pública. A redação do art. 114, I, da CF, não especifica as situações em que competiria à Justiça do Trabalho processar e julgar “as ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes de direito público externo e da administração pública direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios”. Em um primeiro momento, acreditou-se que toda e qualquer ação contra a administração pública seria dirimida por esta Justiça Especializada. Todavia, o STF firmou posição no sentido de não reconhecer a competência da Justiça do Trabalho para julgar feitos envolvendo servidores estatutários e a administração a que estejam vinculados. Com efeito, liminar deferida pelo Ministro Nelson Jobim na ADI-MC 3395/DF, referendada pelo Pleno do STF, determinou a suspensão de qualquer interpretação quanto ao inciso I do art. 114 da Constituição da República, que inclua na competência da Justiça do Trabalho as causas entre o Poder Público e os servidores a ele vinculados por relação de caráter estatutário ou de caráter jurídico-administrativo. A parte final da mencionada liminar tem o seguinte teor: “Em face dos princípios da proporcionalidade e da razoabilidade e ausência de prejuízo, concedo a liminar, com efeito 'ex tunc'. Dou interpretação conforme ao inciso I do art. 114 da CF, na redação da EC nº 45/2004. Suspendo, ad referendum, toda e qualquer interpretação dada ao inciso I do art. 114 da CF, na redação dada pela EC 45/2004, que inclua, na competência da Justiça do Trabalho, a apreciação de causas que sejam instauradas entre o Poder Público e seus servidores, a ele vinculados por típica relação de ordem estatutária ou de caráter jurídico-administrativo". Portanto, em consonância com a posição firmada pelo E. STF, dúvidas não remanescem de que os conflitos envolvendo servidores submetidos ao regime jurídico estatutário são dirimidos pela Justiça Comum. Essa posição estava praticamente sedimentada, bem como a interpretação de que no caso dos chamados contratos nulos, a competência para processamento e julgamento dos feitos era da Justiça Trabalhista. Tanto é que o próprio TST editou a Súmula 363. Todavia, também esse posicionamento passou a ser contestado, sendo pródiga a jurisprudência, inclusive no TST, que não reconhece a competência da Justiça do Trabalho para processar e julgar ações dessa natureza, inclusive decidindo de forma contrária ao que preceitua a mencionada Súmula 363. Em consonância com a nova tendência do C. TST, o próprio Tribunal Regional do Trabalho da 16ª Região reconheceu a incompetência da Justiça do Trabalho, mesmo em casos de contrato nulo. Leiam-se as ementas abaixo: CONTRATO NULO. CONTRATAÇÃO APÓS A CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 SEM PRÉVIA APROVAÇÃO EM CONCURSO PÚBLICO. CONTROVÉRSIA ACERCA DA NATUREZA JURÍDICA DO CONTRATO FIRMADO ENTRE OS LITIGANTES. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA COMUM. À luz do entendimento proferido pelo STF e acompanhado pelo TST, compete à Justiça comum pronunciar-se sobre a existência, a validade e a eficácia das relações entre servidores e o poder público fundadas em vínculo jurídico-administrativo. Observa-se, ainda, a partir do posicionamento adotado pela Suprema Corte, que o fato de o processo originário envolver a pretensão quanto ao pagamento de verbas rescisórias, FGTS e outros encargos de natureza laboral, não tem o condão de descaracterizar a competência da Justiça Comum, ainda que a relação jurídico-administrativa seja desvirtuada ou submetida a vícios de origem. Destarte, embora o reconhecimento da incompetência material para apreciar o presente feito não implique extinção sem julgamento do feito, diante da impossibilidade de remessa dos autos ao juízo competente, porém, por se tratar de PJE, julgo o processo extinto sem resolução de mérito, na forma do art. 485, IV do CPC. Deverá a parte reclamante, pois, propor a ação na Justiça Comum, valendo-se dos documentos de que disponha e das cópias dos documentos de seu interesse, constantes destes autos. (TRT 16ª R.; ROT 0018405-23.2021.5.16.0020; Segunda Turma; Rel. Des. James Magno Araújo Farias; DEJTMA 27/07/2023). CONTRATO NULO. DECISÃO REITERADA DO STF. CONTROVÉRSIA ACERCA DA NATUREZA JURÍDICA DO CONTRATO. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA COMUM. PRELIMINAR ACOLHIDA DE OFÍCIO. Conforme entendimento pelo STF (ADI 3.395-MC/DF) compete à Justiça Comum pronunciar-se acerca da existência, validade e eficácia das relações entre servidores e o poder público fundadas em vínculo jurídico-administrativo, ainda que o processo originário envolva a pretensão ao pagamento de verbas rescisórias, FGTS e outros encargos de natureza laboral ou que a relação jurídico-administrativa seja desvirtuada ou submetida a vícios de origem, tais como fraude, simulação ou ausência de concurso público. Declarada a incompetência da Justiça do Trabalho. (TRT 16ª R.; ROT 0017367-81.2022.5.16.0006; Primeira Turma; Relª Desª Solange Cristina Passos de Castro; DEJTMA 21/08/2024). AGRAVO REGIMENTAL. DECISÃO MONOCRÁTICA. CONTRATO NULO. ENTE PÚBLICO. RELAÇÃO JURÍDICO-ADMINISTRATIVA. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA COMUM. O Supremo Tribunal Federal tem declarado, reiteradamente, através de decisões monocráticas, no sentido de competir à Justiça Comum, e não à Trabalhista, dirimir controvérsia acerca da existência, validade e eficácia das relações estabelecidas entre o Poder Público e seus servidores, bem como sobre eventual defeito no título jurídico sobre o qual se fundam aqueles vínculos, incluindo as hipóteses de contratação em caráter temporário, com alegado suporte no art. 37, IX, da CF/88, ou precário, sem prévio concurso público. Neste contexto, visto que a decisão agravada é compatível com o entendimento adotado recentemente pelo STF, é imperioso o reconhecimento da incompetência absoluta desta Justiça Especializada para apreciação do feito. (TRT 16ª R.; ROT 0016922-57.2022.5.16.0008; Segunda Turma; Rel. Des. James Magno Araújo Farias; DEJTMA 24/04/2024). CONTRATO NULO. DECISÃO REITERADA DO STF. INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO RECONHECIDA DE OFÍCIO. Nos termos do entendimento reiterado do STF, qualquer discussão acerca da existência, da validade e da eficácia das relações havidas entre servidores e o poder público, afasta a competência da Justiça do Trabalho para dirimir esse tipo de controvérsia. Assim, a relação jurídica formada, sem prévia aprovação em concurso público, após a vigência da Constituição Federal de 1988, insere-se na hipótese de que trata a decisão liminar proferida na ADI-MC n. 3.395/DF, incidindo, no caso, a incompetência da Justiça do Trabalho. Considerando que a Justiça Comum já declinou sua competência para dirimir a presente demanda, determina-se a remessa dos autos ao Col. STJ para apreciar o conflito negativo de competência. (TRT 16ª R.; ROT 0016347-06.2023.5.16.0011; Segunda Turma; Relª Desª Ilka Esdra Silva Araújo; DEJTMA 29/02/2024). Outros tribunais vem decidindo no mesmo sentido, verbis: PRELIMINAR. INCOMPETÊNCIA MATERIAL DA JUSTIÇA DO TRABALHO. RELAÇÃO JURÍDICO-ADMINISTRATIVA. CONTRATO NULO. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA COMUM ESTADUAL. Conforme julgado no STF, nos autos do ARE n. 1179455, é da Justiça Comum a competência para julgar conflitos entre município e servidor contratado depois da CF/1988, ainda que sem concurso público, pois, uma vez vigente o regime jurídico-administrativo, esse disciplinará a absorção de pessoal pelo poder público. Diante da declaração de incompetência desta Justiça Especializada, é devida a remessa dos autos à Justiça Comum Estadual para o processamento e julgamento do feito. (TRT 21ª R.; ROT 0000337-25.2023.5.21.0017; Primeira Turma; Rel. Des. Ricardo Luís Espíndola; DEJTRN 19/07/2024; Pág. 1809). RECURSO ORDINÁRIO. CONTRATO NULO. INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. DEMANDA ENVOLVENDO A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E SERVIDOR. ADMISSÃO SEM CONCURSO PÚBLICO. RELAÇÃO JURÍDICO-ADMINISTRATIVA. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA COMUM. A Justiça do Trabalho é incompetente para processar e julgar demanda na qual resultou caracterizada a admissão de servidor, após a Constituição da República de 1988, sem prévia submissão a concurso público. Com efeito, consoante decidido pelo STF, no julgamento do AgReg nº 7.217/MG, cabe à Justiça comum o prévio exame acerca da existência, da validade e da eficácia do vínculo jurídico- administrativo existente entre servidor e Administração Pública, eis que, para o reconhecimento do liame trabalhista, deverá o julgador, anteriormente, averiguar a presença, ou não, de eventual vício a macular a relação administrativa. Recurso ordinário conhecido e improvido. (TRT 7ª R.; ROT 0001569-51.2022.5.07.0032; Segunda Turma; Rel. Des. João Carlos de oliveira Uchoa; DEJTCE 12/04/2023; Pág. 208). INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. MATÉRIA EXAMINADA EX OFFICIO. NO JULGAMENTO DA ADIN 3.395-6, O EG. STF decidiu que a competência da Justiça do Trabalho fica afastada nos casos envolvendo servidor submetido ao regime estatutário, servidor ocupante de cargo de recrutamento amplo, bem como nos casos de contrato nulo (sem prévia submissão a certame, ou quando acontece contratação temporária irregular). Sendo assim, a Justiça do Trabalho não detém competência para julgar matéria relacionada à admissão de trabalhador, pela Administração Pública (direta ou indireta), para exercer cargo em comissão, de recrutamento amplo, de livre nomeação e exoneração, pois, na hipótese, a relação entre o obreiro e o Poder Público é de caráter jurídico-administrativo, o que atrai a competência da Justiça Comum. (TRT 3ª R.; ROT 0011808-31.2016.5.03.0002; Sexta Turma; Rel. Des. Jorge Berg de Mendonça; Julg. 04/07/2024; DEJTMG 05/07/2024; Pág. 1750). O já conhecido posicionamento do STF é o de fixar a competência para julgamento de ações que versem sobre as relações jurídico-administrativas não mais em um critério material, no sentido técnico do termo, mas em um critério que se assemelha às regras de fixação da competência em razão da pessoa. Veja-se que a fixação de regras competenciais em razão da pessoa não afrontam o princípio do juiz natural, já que o próprio texto constitucional elenca algumas hipóteses, como no caso do julgamento do Presidente da República pelo Senado, nos crimes de responsabilidade (art. 86, caput), ou no caso de julgamento dos juízes federais, incluídos os da Justiça Militar e da Justiça do Trabalho, nos crimes comuns e de responsabilidade, e os membros do Ministério Público da União, pelos Tribunais Regionais Federais (art. 108, I, “a”). Feitas tais considerações, DECLARO, de ofício, a incompetência da Justiça do Trabalho para processar e julgar o presente feito, pelo que determino a remessa dos autos à Justiça Comum Estadual (Setor de Distribuição do Fórum da Comarca de Mirinzal – TJMA), na forma do art. 64 §§ 1º e 3º, do CPC. DECISÃO Ante o exposto e tudo o mais que consta dos autos, DECLARO, de ofício, a incompetência da Justiça do Trabalho para processar e julgar o presente feito, pelo que determino a remessa dos autos à Justiça Comum Estadual (Setor de Distribuição do Fórum da Comarca de Mirinzal – TJMA), consoante a fundamentação acima. Registre-se. Publique-se. Intimem-se as partes. A cópia da presente decisão tem força de ofício. PINHEIRO/MA, 26 de maio de 2025. POLLYANA LUCIA ROSADO SOARES Juíza do Trabalho Substituta Intimado(s) / Citado(s) - ALICIA VIEIRA ARAUJO

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Processo nº 0802054-87.2024.8.10.0040

ID: 322416061

Tribunal: TJMA Órgão: 2ª Vara da Fazenda Pública de Imperatriz Classe: TUTELA ANTECIPADA ANTECEDENTE Nº Processo: 0802054-87.2024.8.10.0040

Data de Disponibilização: 11/07/2025

Polo Ativo:

EDIMAR CARVALHO ABADE

Polo Passivo:

Sentença (expediente)

Advogados:

BRUNA RAFAELA FRANCO BONTEMPO ALVES

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FABIANO PEREIRA DA SILVA

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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO MARANHÃO NAUJ – NÚCLEO DE APOIO ÀS UNIDADES JUDICIAIS PROCESSO Nº 0802054-87.2024.8.10.0040 TUTELA ANTECIPADA ANTECEDENTE PARTE AUTORA: EDIMAR CARVALHO ABADE PARTE REQUE… PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO MARANHÃO NAUJ – NÚCLEO DE APOIO ÀS UNIDADES JUDICIAIS PROCESSO Nº 0802054-87.2024.8.10.0040 TUTELA ANTECIPADA ANTECEDENTE PARTE AUTORA: EDIMAR CARVALHO ABADE PARTE REQUERIDA: ESTADO DO MARANHÃO e MUNICÍPIO DE IMPERATRIZ SENTENÇA RELATÓRIO. Trata-se de Ação de Obrigação de Fazer com pedido de Tutela de Urgência Antecipada proposta por EDIMAR CARVALHO ABADE em face do MUNICÍPIO DE IMPERATRIZ/MA e do ESTADO DO MARANHÃO, ambos qualificados nos autos. Em síntese, alega a parte autora que é portador de osteonecrose bilateral de quadril (CID M16) e coxartrose bilateral, necessitando de procedimento cirúrgico de Artroplastia Total de Quadril Bilateral (ATQ) com urgência. Afirma que aguarda na fila do SUS por longo período, sem previsão para a realização da cirurgia, o que lhe causa severas dores e limitação funcional. Requer a condenação dos réus a custear e realizar o procedimento, ainda que em rede particular. Ao ID 118566029, foi proferida decisão que apreciou o pedido liminar de tutela de urgência, indeferindo-o. Devidamente citado, o MUNICÍPIO DE IMPERATRIZ apresentou contestação ao ID 121228299, onde alegou que o procedimento é de alta complexidade e de responsabilidade da esfera estadual, tendo encaminhado o autor para Tratamento Fora do Domicílio (TFD), não possuindo gerência sobre a fila de espera. Requereu a improcedência dos pedidos ou o direcionamento da responsabilidade ao Estado. Outrossim, o ESTADO DO MARANHÃO apresentou contestação ao ID 122763876, onde suscitou preliminarmente sua ilegitimidade passiva, atribuindo a competência ao Município. No mérito, alegou que o paciente possui acompanhamento na rede pública e que a Nota Técnica do NATJUS (ID 112040142) afastou o caráter de urgência, devendo-se respeitar a fila do SUS. Réplica ao ID 131707554. Intimadas para produzirem provas, a parte autora, o Município de Imperatriz (ID 146238020) e o Estado do Maranhão (ID 146829827) manifestaram desinteresse na produção de novas provas e requereram o julgamento antecipado da lide. Voltaram os autos conclusos para julgamento. É o que convém relatar. Decido. FUNDAMENTOS JURÍDICOS. Registro que procedo ao julgamento deste feito sem que observada a regra da cronologia estabelecida no caput do art. 12 do CPC/2015, eis que aplicável, à hipótese, tese jurídica firmada por este juízo repetidamente em casos semelhantes, situação que possibilita o julgamento de processos em bloco, conforme excepcionado no inciso II do § 2º do referido dispositivo legal. Verifica-se que a discussão central da lide concerne na análise a respeito do dever dos entes públicos em custear e providenciar o procedimento cirúrgico de Artroplastia Total de Quadril Bilateral à parte autora, diante da alegada omissão e demora na prestação do serviço pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Isto posto, convém destacar que a Constituição Federal consagra, em seu art. 5º, o direito à vida como direito e garantia fundamental. Por sua vez, dispõe o art. 196, do mesmo diploma, que a saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação. Também dispõe em seu artigo 23 que é de competência comum da União, Estados e Municípios o cuidado com a saúde e a assistência pública, à proteção e garantia das pessoas portadoras de deficiências. As normas constitucionais que garantem a proteção da saúde do cidadão são de aplicabilidade imediata, direta, não se justificando, portanto, deixá-las de cumprir baseando-se em normas infraconstitucionais e em portarias do Ministério da Saúde, pois essas normas garantidoras de direitos fundamentais não podem encontrar óbices, seja de que ordem for, legal, administrativa, e principalmente burocrática, para a sua efetiva aplicação. Ademais, no âmbito da legislação infraconstitucional, a Lei n.º 8.080/90, que dispõe sobre as condições para promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e funcionamento dos serviços correspondentes, erige a saúde como um direito fundamental do ser humano, devendo o Estado – leia-se União, Estados e Municípios –, prover as condições indispensáveis ao seu pleno exercício. Também estabelece a referida norma que cabe ao Estado gerir e executar os serviços públicos de saúde, tratando expressamente em seu art. 5º, como objetivo do SUS. Vejamos a redação de alguns artigos definidores dessas regras: Art. 2º A saúde é um direito fundamental do ser humano, devendo o Estado prover as condições indispensáveis ao seu pleno exercício. § 1º O dever do Estado de garantir a saúde consiste na formulação e execução de políticas econômicas e sociais que visem à redução de riscos de doenças e de outros agravos e no estabelecimento de condições que assegurem acesso universal e igualitário às ações e aos serviços para a sua promoção, proteção e recuperação. Art. 5º São objetivos do Sistema Único de Saúde SUS: III - a assistência às pessoas por intermédio de ações de promoção, proteção e recuperação da saúde, com a realização integrada das ações assistenciais e das atividades preventivas. Igualmente, a Constituição do Estado do Maranhão traz em seu bojo a consagração do princípio da dignidade da pessoa humana (art. 2º, inc. II). Além disso, preconiza que compete ao Estado, bem como aos Municípios, cuidar da saúde de seus cidadãos, como se pode observar do artigo abaixo transcrito: Artigo 12 - Compete ao Estado: I - Em comum com a União e os Municípios: b) cuidar da saúde, da assistência pública, proteger e garantir às pessoas portadoras de deficiência de qualquer natureza Da análise detida dos documentos, extrai-se que a condição médica da parte autora e a necessidade do procedimento cirúrgico estão devidamente comprovadas pelos laudos médicos e relatórios juntados aos autos (IDs 111502206, 114951614), os quais atestam o diagnóstico de coxartrose bilateral e a severa limitação de mobilidade, com indicação expressa da cirurgia. O Laudo de Tratamento Fora do Domicílio é claro ao indicar que a não realização do procedimento na localidade de origem se deu por "FALTA DE MATERIAL", evidenciando a incapacidade do sistema em prover o tratamento necessário. O direito à saúde é garantia fundamental prevista no art. 196 da Constituição Federal, sendo dever do Estado, em todas as suas esferas (União, Estados e Municípios), assegurar o acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação. A responsabilidade entre os entes federativos é solidária, não podendo estes se eximirem de suas obrigações sob o argumento de repartição de competências administrativas, especialmente quando a saúde e a vida do cidadão estão em risco. Nesse contexto, a demora excessiva para a realização de um procedimento indispensável, com o autor aguardando há mais de um ano, configura falha na prestação do serviço público e violação ao seu direito fundamental. A espera indefinida em uma fila, sem perspectiva concreta de atendimento, agrava o sofrimento do paciente e o risco de danos permanentes, justificando a intervenção do Poder Judiciário para garantir a efetividade do direito à saúde. Eis o entendimento jurisprudencial pátrio a respeito do tema: APELAÇÃO E REEXAME NECESSÁRIO. AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER COM PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA. DIREITO À SAÚDE. CIRURGIA ORTOPÉDICA . CARÁTER ELETIVO. ESPERA EXCESSIVA. NECESSIDADE E HIPOSSUFICIÊNCIA FINANCEIRA COMPROVADAS. CONTROLE JUDICIAL SOBRE AS POLÍTICAS PÚBLICAS . POSSIBILIDADE. TEORIA DA RESERVA DO POSSÍVEL. INAPLICABILIDADE. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS EM FAVOR DA DEFENSORIA PÚBLICA . APLICAÇÃO DA SÚMULA 421 DO STJ. CONDENAÇÃO DO ENTE PÚBLICO NO PAGAMENTO DE CUSTAS PROCESSUAIS. AFASTAMENTO. 1 . A saúde é direito social fundamental conforme disposto nos artigo 196 da Constituição Federal, devendo o poder público garantir a todos uma vida digna, incluindo-se, aí, a disponibilização de cirurgia à paciente, garantindo o direito à sobrevivência. 2. No caso in voga, restou demonstrado no feito de origem, através de laudo médico, receituário e exame que o paciente foi paciente foi diagnosticado com lesão ligamentar do joelho esquerdo, menisco e artrose, e por necessitar de ser submetido a cirurgia ortopédica - Artroplastia Total em Joelho Esquerdo, não pode esperar pela vontade política dos governantes. 3 . Apesar do apelante/Estado do Tocantins defender que se trata de procedimento eletivo, em outubro de 2019, o autor realizou nova consulta com médico especialista, e o profissional atestou a necessidade urgente do agravante realizar o referido procedimento cirúrgico, reportando seu grave estado clínico e sua incapacidade física locomotora 4. Ainda que fosse uma cirurgia considerada eletiva, verifica-se que o pedido para realização da cirurgia foi inserido no sistema SISREG III em 11/01/2017 e, quando do deferimento da liminar, mais de 2 anos e meio depois, sequer havia previsão de realização. Assim, tenho que não se mostra razoável a demora no fornecimento do tratamento necessário à saúde do paciente. 5 . Embora, em regra, não se permita que paciente em fila de espera ultrapasse à frente dos demais pacientes os quais, igualmente, necessitam de tratamento, também não é razoável deixar de amparar a pessoa que procura o Poder Judiciário para buscar soluções para o seu quadro clínico, quando esta foi literalmente deixada à margem do sistema público de saúde. 6. Configurada a inércia da Administração Pública, incumbe ao Poder Judiciário, quando provocado, assegurar o cumprimento do direito constitucionalmente previsto à saúde, sem que isso caracterize ingerência do poder judiciário sobre as políticas públicas. 7 . A tutela do direito fundamental à saúde deve prevalecer sobre a reserva do possível, situação que só será excepcionada quando o ente público provar a absoluta inexequibilidade do direito social pleiteado, por insuficiência de recursos. 8. A condenação da Fazenda Pública Estadual no pagamento de honorários sucumbenciais atrai a incidência da súmula 421/STJ, segundo a qual "Os honorários advocatícios não são devidos à Defensoria Pública quando ela atua contra a pessoa jurídica de direito público à qual pertença". 9 . Vencido o ente público, cabe-lhe apenas restituir ou reembolsar à parte contrária o quantum por ela despendido, todavia, a parte autora é beneficiária da justiça gratuita, assistida pela Defensoria Pública Estadual, não tendo adiantado o pagamento de despesas processuais. 10. Recurso de Apelação da Defensoria Pública Estadual e Reexame Necessário conhecidos e improvidos. Recurso do Estado do Tocantins conhecido e parcialmente provido tão somente para afastar a condenação em custas processuais . (TJTO , Apelação/Remessa Necessária, 0001569-53.2017.8.27 .2737, Rel. ANGELA MARIA RIBEIRO PRUDENTE , julgado em 21/06/2023, DJe 03/07/2023 18:16:12). DISPOSITIVO Ante o exposto, e diante do que mais nos autos constam, JULGO PROCEDENTE o pedido formulado na inicial, com resolução de mérito, nos termos do art. 487, I, do Código de Processo Civil, para CONDENAR os réus, ESTADO DO MARANHÃO e MUNICÍPIO DE IMPERATRIZ, de forma solidária, na obrigação de fazer consistente em providenciar e custear a realização do procedimento cirúrgico de ARTROPLASTIA TOTAL DE QUADRIL BILATERAL, inclusive em tratamento fora de domicílio (TFD). Ademais, condeno os réus, solidariamente, ao pagamento das custas processuais e dos honorários advocatícios de sucumbência, os quais fixo em 10% (dez por cento) sobre o valor da causa, nos termos do art. 85, § 3º, do CPC. Transitada em julgado, arquivem-se os autos com as cautelas de praxe. Publique-se. Registre-se. Intimem-se. São Luís, data de assinatura no sistema. (documento assinado eletronicamente) ANGELO ANTONIO ALENCAR DOS SANTOS Juiz de Direito Auxiliar Coordenador do NAUJ - Núcleo de Apoio às Unidades Judiciais Portaria-CGJ - 3730/2024

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Processo nº 0807827-68.2024.8.20.5300

ID: 261029088

Tribunal: TJRN Órgão: 1ª Vara da Comarca de Santa Cruz Classe: AçãO PENAL - PROCEDIMENTO ORDINáRIO Nº Processo: 0807827-68.2024.8.20.5300

Data de Disponibilização: 28/04/2025

Polo Ativo:

Polo Passivo:

JESSICA MEDEIROS CORIOLANO

Intimação

Advogados:

JESSICA MEDEIROS CORIOLANO

OAB/RN XXXXXX Desbloquear

PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE 1ª Vara da Comarca de Santa Cruz Avenida Trairi, 162, DNER, às margens da BR 226, Centro, SANTA CRUZ/RN - CEP 59200-000 AÇÃO PENAL - PROCEDIMENTO ORD… PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE 1ª Vara da Comarca de Santa Cruz Avenida Trairi, 162, DNER, às margens da BR 226, Centro, SANTA CRUZ/RN - CEP 59200-000 AÇÃO PENAL - PROCEDIMENTO ORDINÁRIO: 0807827-68.2024.8.20.5300 AUTORIDADE: 83ª Delegacia de Polícia Civil Campo Redondo/RN FLAGRANTEADO: Guilherme Pedro dos Santos Silva URGENTE – EXPEDIR ALVARÁ DE SOLTURA DECISÃO Trata-se de AÇÃO PENAL em desfavor de GUILHERME PEDRO DOS SANTOS SILVA, denunciado pela suposta prática do(s) crime(s) tipificado(s) no(s) art. 24-A, da Lei 11.340/06 (págs. 1/3, id. 144258640), em face da vítima MARIA PEDRO DOS SANTOS SILVA, e em razão de medidas protetivas deferidas nos autos nº 0803516-71.2024.8.20.5126. Decisão proferida em 03/04/2025 recebendo a Denúncia e, em juízo de reavaliação, mantendo a prisão preventiva (id. 147622929). Independente da expedição de citação, foi apresentada peça defensiva com pedido de revogação da prisão preventiva e aplicação de medidas cautelares em favor do réu, por intermédio de advogada (sem procuração juntada aos autos) – id. 148592065. Juntou documentos no id. 148592066 e mídias no id. 148592070 a 148592071. Com vista dos autos, o Ministério Público opinou pela concessão da liberdade provisória com medidas cautelares (id. 149372996). É o relatório. Passo a decidir. A) DO PEDIDO DE REVOGAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA. Passo a analisar o feito nos termos do art. 316, parágrafo único, do Código de Processo Penal. A reforma legislativa operada pela Lei nº 13.964/2019 (Pacote Anticrime) introduziu a revisão periódica dos fundamentos da prisão preventiva, por meio da inclusão do parágrafo único ao art. 316 do Código de Processo Penal. A redação atual prevê que o órgão emissor da decisão deverá revisar a necessidade de sua manutenção a cada noventa dias, em decisão fundamentada, de ofício, sob pena de tornar a prisão ilegal. Transcrevo, por oportuno, o dispositivo legal anteriormente apontado: Art. 316. O juiz poderá, de ofício ou a pedido das partes, revogar a prisão preventiva se, no correr da investigação ou do processo, verificar a falta de motivo para que ela subsista, bem como novamente decretá-la, se sobrevierem razões que a justifiquem. Parágrafo único. Decretada a prisão preventiva, deverá o órgão emissor da decisão revisar a necessidade de sua manutenção a cada 90 (noventa) dias, mediante decisão fundamentada, de ofício, sob pena de tornar a prisão ilegal. Pois bem. No caso específico dos autos, verifico que a segregação cautelar de GUILHERME PEDRO DOS SANTOS SILVA foi fundamentada para garantir a execução das medidas protetivas de urgência deferidas em favor da sua genitora, nos autos nº 0803516-71.2024.8.20.5126, conforme Decisão de id. 139381485. Ademais, a referida prisão foi reavaliada nos termos do art. 316 do CPP em 03/04/2025 (Decisão, id. 147622929). Contudo, da análise dos autos, verifico que, independente da expedição de citação pessoal do réu, foi apresentada peça defensiva com pedido de revogação da prisão preventiva e aplicação de medidas cautelares em favor do réu, por intermédio de advogada (sem procuração juntada aos autos) – id. 148592065. Na oportunidade, foi sustentada a atipicidade da conduta e que a própria vítima chamou o acusado de volta para casa e requisitou expressamente a revogação das medidas protetivas, esvaziando o fundamento da prisão preventiva. Ademais, foram juntados documentos, em especial, declaração com firma reconhecida da genitora do réu, MARIA PEDRO DOS SANTOS SILVA, ora vítima, em que expressa que o réu não oferece perigo e que deseja retirar as medidas protetivas (pág. 04, id. 148592066). Além disso, foram anexados áudios com os quais a defesa sustenta que a genitora se aproximou do réu (id. 148592070 a 148592071). Acrescenta-se que, com base na declaração da vítima, o representante ministerial apresentou parecer favorável ao pedido de revogação destacando que “Tal fato demonstra, por si só, que a liberdade do ofensor não enseja risco iminente à integridade física/psicológica da ofendida ou à ordem pública” (id. 149372996). Ainda, verifico se tratar de réu primário (id. 139378759), e que informa ter endereço certo (pág. 04, id. 148592065) – o que deve ser comprovado nos autos. Assim, não vislumbro, por ora, circunstância que fundamente a continuação da prisão preventiva do investigado, não sendo o caso de risco para ordem pública, nem de conveniência para a instrução criminal ou necessidade de se aplicar a lei penal (art. 312, CPP), ou, em especial, para assegurar as medidas protetivas de urgência. Isso porque a prisão preventiva é medida extrema, aplicada quando concretamente necessária, diante das hipóteses legais, as quais uma vez afastadas, impõe-se a liberdade, ainda que com restrições, como em casos de serem impostas as medidas cautelares. De fato, o Juiz poderá revogar a medida cautelar ou substituí-la quando verificar a falta de motivo para que subsista, bem como voltar a decretá-la, se sobrevierem razões que a justifiquem (§ 4 do art. 282 do CPP), sendo que a prisão preventiva somente deve ser determinada quando não for cabível a sua substituição por outra medida cautelar (§6 do art. 282 do CPP). Ainda, ressalto que a prisão preventiva do indivíduo é medida cautelar que obedece à cláusula rebus sic stantibus, ou seja, desde que alteradas as circunstâncias que tenham motivado sua decretação, mostra-se possível, ao Juiz, analisando o caso concreto, revogá-la, ou mesmo substituí-la por medida menos restritiva ao direito de liberdade do acusado Destaco, ademais, que não há indícios de que o investigado se dedica a atividades criminosas ou integra organização criminosa, o que somado às circunstâncias anteriormente relatadas, atesta a inexistência de receio de perigo e de fatos novos ou contemporâneos que justifiquem a segregação cautelar do investigado (art. 212, §2º, CPP). Nesse contexto, embora a manutenção da prisão preventiva não seja adequada, é cabível a imposição de medidas cautelares diversas da prisão, considerando se tratar da suposta prática do(s) delito(s) tipificado(s) no(s) art. 24- A, da Lei 11.340/06 (págs. 1/3, id. 144258640), de modo que se mostra temerária a decisão de manter o acusado em liberdade irrestrita. Eis a previsão do Código de Processo Penal: Art. 319. São medidas cautelares diversas da prisão: I - comparecimento periódico em juízo, no prazo e nas condições fixadas pelo juiz, para informar e justificar atividades; II - proibição de acesso ou frequência a determinados lugares quando, por circunstâncias relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado permanecer distante desses locais para evitar o risco de novas infrações; III - proibição de manter contato com pessoa determinada quando, por circunstâncias relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado dela permanecer distante; IV - proibição de ausentar-se da Comarca quando a permanência seja conveniente ou necessária para a investigação ou instrução; V - recolhimento domiciliar no período noturno e nos dias de folga quando o investigado ou acusado tenha residência e trabalho fixos; VI - suspensão do exercício de função pública ou de atividade de natureza econômica ou financeira quando houver justo receio de sua utilização para a prática de infrações penais; VII - internação provisória do acusado nas hipóteses de crimes praticados com violência ou grave ameaça, quando os peritos concluírem ser inimputável ou semi-imputável (art. 26 do Código Penal) e houver risco de reiteração; VIII - fiança, nas infrações que a admitem, para assegurar o comparecimento a atos do processo, evitar a obstrução do seu andamento ou em caso de resistência injustificada à ordem judicial; IX - monitoração eletrônica. [...] § 4o A fiança será aplicada de acordo com as disposições do Capítulo VI deste Título, podendo ser cumulada com outras medidas cautelares. No caso em análise, entendo necessário e adequado (art. 282 caput do CPP) aplicar ao investigado as medidas cautelares consistentes em: a) comparecimento periódico em juízo , mensalmente , para informar e justificar atividades (art. 319, I, CPP); b) proibição de ausentar-se da Comarca sem autorização judicial (art. 319, IV, CPP). Destaco que nos autos da MPU nº 0803516-71.2024.8.20.5126 também foi juntada a declaração de desinteresse manifestado pela vítima, e no referido processo será oportunamente apreciada. Ademais, uma vez que o réu ainda não foi citado pessoalmente, e que inexiste procuração constituindo a advogada subscrita na petição de defesa apresentada, para regularidade do trâmite processual, entendo necessário o cumprimento dos atos processuais pendentes, a seguir indicados. B) CONCLUSÃO. ANTE O EXPOSTO, em juízo de reavaliação, com fulcro no art. 316, parágrafo único, do Código de Processo Penal, REVOGO a prisão preventiva do réu GUILHERME PEDRO DOS SANTOS SILVA (certidão de nascimento – id 148592066) e, por entender necessário e adequado (art. 282 caput do CPP), APLICO as medidas cautelares consistentes em: a) comparecimento periódico em juízo , mensalmente , para informar e justificar atividades (art. 319, I, CPP), no fórum judiciário desta Comarca, devendo apresentar comprovante de residência atualizado, no prazo de até 15 dias a partir da ciência deste pronunciamento; b) proibição de ausentar-se da Comarca sem autorização judicial (art. 319, IV, CPP). Ressalto que, caso descumprida, poderá ocasionar a revogação deste benefício e a imediata condução ao cárcere, nos termos do §4 do art. 282 e do §1 do art. 312, ambos do CPP. C) Providências pela Secretaria. Expeça-se ALVARÁ DE SOLTURA em favor do réu GUILHERME PEDRO DOS SANTOS SILVA (certidão de nascimento – id 148592066), para fins de regularização no BNMP. O Alvará de soltura deve ir acompanhado de: a) mandado de citação pessoal da presente ação penal para responder(em) à acusação no prazo de 10 (dez) dias, sob pena de nomeação de defensor dativo, conforme artigo 396, § 2º do CPP; b) mandado de intimação contendo os seguintes destaques, para que, na oportunidade da soltura, o réu fique ciente: b.1) das medidas cautelares ora impostas; b.2) de que deve comparecer, em até 15 (quinze) dias, no fórum desta Comarca para iniciar o cumprimento das medidas, com cópia da presente Decisão; e de que descumpridas as medidas impostas, poderá ocasionar, mediante requerimento do Ministério Público, a substituição da medida, impor outra em cumulação, ou, em último caso, decretar a prisão preventiva, nos termos do parágrafo único do art. 312 do CPP. Ainda, o juiz poderá, de ofício ou a pedido das partes, revogar a medida cautelar ou substituí-la quando verificar a falta de motivo para que subsista, bem como voltar a decretá-la, se sobrevierem razões que a justifiquem (§5º, art. 282, CPP). Por oportuno, intime-se a advogada habilitada em favor do réu para, em 05 dias, juntar procuração (existindo poderes específicos para recebimento de citação, eventualmente pode ser dispensada a citação pessoal). A Secretaria deve registrar a concessão da medida cautelar no sistema BNMP, conforme determinado pelo art. 2º, VI, da Resolução nº 417/2021 (com redação dada pela Resolução nº 577/2024 do CNJ). Em conformidade com o art. 201, §2º, CPP, e com a Consulta Administrativa nº 0001569-25.2023.2.00.0820 do TJRN (OFÍCIO CIRCULAR Nº 752/2023 – CGJ-SEE, de 07/12/2023), intime-se a vítima pessoalmente no endereço informado nos autos, para tomar ciência acerca das medidas impostas neste pronunciamento, e da soltura do investigado. P. Intimem-se. Santa Cruz/RN, data registrada no sistema. RENAN BRANDÃO DE MENDONÇA Juiz de Direito (Documento assinado digitalmente na forma da Lei n°11.419/06)

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