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Ana Paula Martins Braga e outros x Banco Pan S.A.

ID: 317699993

Tribunal: TJMT Órgão: 3ª VARA DE ALTA FLORESTA Classe: PROCEDIMENTO COMUM CíVEL Nº Processo: 1001667-29.2025.8.11.0007

Data de Disponibilização: 07/07/2025

Polo Ativo:

ANA PAULA MARTINS BRAGA M. B. D. S.

Polo Passivo:

BANCO PAN S.A.

Decisão

Advogados:

DIEGO VIDAL BARBOSA CAMBESES

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DENNER DE BARROS E MASCARENHAS BARBOSA

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ESTADO DE MATO GROSSO PODER JUDICIÁRIO 3ª VARA DE ALTA FLORESTA Autos n° 1001667-29.2025.8.11.0007 Vistos. Trata-se de AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO C/C REPARAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E … ESTADO DE MATO GROSSO PODER JUDICIÁRIO 3ª VARA DE ALTA FLORESTA Autos n° 1001667-29.2025.8.11.0007 Vistos. Trata-se de AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO C/C REPARAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS ajuizada por M. B. D. S. representado por sua genitora ANA PAULA MARTINS BRAGA em face do BANCO PAN S.A., todos qualificados nos autos. Alega a parte autora que recebe benefício previdenciário (benefício de prestação continuada à pessoa com deficiência) no valor de R$ 1.518,00 (um mil, quinhentos e dezoito reais) e que contratou um empréstimo consignado em que o desconto seria realizado diretamente do benefício, porém, após a celebração do contrato, foi percebido um desconto de “Empréstimo Reserva de Margem Cartão de Crédito - RMC” em seu extrato de pagamento do INSS, cuja inclusão das retenções ocorrera em dezembro de 2024. Alega que não firmou tal modalidade de contratação com a instituição financeira. Ao final, requer a declaração da inexistência do, nulidade e abusividade da contratação do empréstimo via cartão de crédito com RMC, bem como a indenização pelo dano moral sofrido no importe de R$ 15.000,00 (quinze mil reais), bem como a restituição dos valores descontados de forma irregular, no importe de R$ 95,78 (noventa e cinco reais e setenta e oito centavos). Requer, ainda, o reconhecimento da invalidade da contratação com a consequente revisão dos juros do referido contrato e a readequação/conversão do empréstimo via reserva de margem consignável (RMC) para empréstimo consignado convencional. Juntou documentos ao PJE. A inicial foi recebida ao ID 186585458, deferindo-se a justiça gratuita à parte requerente e determinando-se a citação da parte requerida. A audiência de conciliação restou infrutífera (ID 192206931). Contestação apresentada pela parte requerida sob o ID 194410620, na qual suscitou as preliminares de decadência, procuração genérica e ausência de regularidade processual e de falta de interesse de agir, alegando que a Autora não buscou administrativamente uma solução ao problema. No mérito, pugnou pela improcedência do pleito autoral, diante da validade e da legalidade na contratação, não se justificando, assim, a cessação dos descontos no benefício da Autora e tampouco a condenação da requerida em danos morais. No mérito, pugnou pela improcedência do pedido autoral, uma vez que alega que a contratação do cartão de crédito com margem consignável, de n.º 793088098, se demonstra válida e efetiva, situação que não geraria o desconhecimento ou nulidade da contratação e nem o pagamento por danos morais. Impugnação à contestação sob o ID 195309381. As partes forma intimadas ao ID 196285345 para se manifestar acerca do interesse de outras produções de prova. A parte autora pugnou pela prova pericial, a fim de se verificar a incidência de encargos e juros sobre o valor descontado em folha, a ausência de transparência nos extratos e nas cobranças realizadas e o efeito dos pagamentos realizados em valor mínimo. Ao ID 197361318, a parte requerida informou que o advogado da parte autora atua em uma série de litígios contra instituições financeiras em demanda repetitiva, bem como pugnou pela juntada de procuração atualizada e específica para a presente demanda e a expedição de mandado de constatação para intimação pessoal ou comparecimento da parte autora em cartório para apurar a ciência do ajuizamento da ação, o objeto do processo e como se deu a contratação. Posteriormente, ao ID 198746272, a parte requerida manifestou pelo desinteresse na produção de novas provas. Após, vieram-me os autos conclusos. É o breve relatório. DECIDO. Inicialmente, REJEITO a prejudicial de mérito de decadência arguida pela requerida, uma vez que se trata de relação de trato sucessivo, que se renova a cada mês, a contagem do prazo decadencial têm início a partir do último pagamento/desconto. Nesse sentido: APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO C/C NULIDADE CONTRATUAL E RESTITUIÇÃO E INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS COM PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA – PRELIMINAR DE DECADÊNCIA – REJEITADA - CARTÃO DE CRÉDITO COM RESERVA DE MARGEM CONSIGNÁVEL (RMC) - DESCONTOS EM FOLHA DE PAGAMENTO - VÍCIO DE CONSENTIMENTO - CONVERSÃO DA MODALIDADE CONTRATUAL PARA EMPRÉSTIMO CONSIGNADO - LIMITAÇÃO DA TAXA DE JUROS - RESTITUIÇÃO NA FORMA SIMPLES DOS VALORES DESCONTADOS EM EXCESSO CASO HAJA COMPROVAÇÃO - DANOS MORAIS NÃO CONFIGURADOS - SENTENÇA REFORMADA - RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. Não configurada a decadência, porquanto o caso é de obrigação de trato sucessivo, já que há renovação automática do pacto ao longo do tempo, por meio dos descontos realizados mensalmente. Configura falha na prestação do serviço a conduta da instituição financeira que induz o cliente a erro ao celebrar contrato de cartão de crédito consignado, quando o consumidor acredita tratar-se de empréstimo pessoal. É caso de conversão da contratação para empréstimo consignado, observada a taxa média de mercado dos juros remuneratórios para operações dessa natureza, condição que enseja a restituição, na forma simples, de valores descontados em excesso, caso haja comprovação. Se não demonstrados os requisitos da reparação civil, não é cabível a indenização a título de dano moral. (N.U 1034142-09.2020.8.11.0041, CÂMARAS ISOLADAS CÍVEIS DE DIREITO PRIVADO, GUIOMAR TEODORO BORGES, Quarta Câmara de Direito Privado, Julgado em 17/07/2024, Publicado no DJE 20/07/2024). Outrossim a procuração coligida aos autos está em atinência às normas de direito processual civil, respeitando o disposto no artigo 105 do CPC e artigo, assim como o disposto no artigo 654 do Código Civil Brasileiro. Desta feita, não merece acolhimento os argumentos da requerida. Nesse sentido: AÇÃO RESCISÓRIA. AÇÃO DE USUCAPIÃO. PRELIMINAR DE CARÊNCIA DE AÇÃO. INOCORRÊNCIA . ALEGAÇÃO DE OCORRÊNCIA DE COLUSÃO ENTRE AS PARTES (ART. 966, III CPC). NÃO COMPROVAÇÃO. BOLETIM DE OCORRÊNCIA UNILATERAL . PRESUNÇÃO DE VERACIDADE AFASTADA. OFENSA AO ARTIGO 373 I DO CPC. AÇÃO RESCISÓRIA IMPROCEDENTE. 1 . Não falar em carência de ação sob o argumento de outorga de procuração genérica para representação, quando esta expressamente outorga poderes para constituição de advogados. 2. O Boletim de ocorrência elaborado unilateralmente, não gera presunção de veracidade, competindo à parte autora produzir provas capazes de confirmar o relatado no histórico de ocorrência, o que não ocorreu na espécie. 3 . Nos termos do art. 373, I do CPC incumbe ao autor o ônus de provar a existência de fato constitutivo de seu direito. 4. Ação rescisória julgada improcedente . (TJ-MT 10120260620188110000 MT, Relator.: SEBASTIAO BARBOSA FARIAS, Data de Julgamento: 04/11/2021, Primeira Turma de Câmaras Cíveis Reunidas de Direito Privado, Data de Publicação: 04/11/2021). Com efeito, não se verifica presente a ausência de regularidade processual da parte autora, uma vez que se encontra representado por advogado, conforme instrumento de procuração judicial sob ID 186345246, o qual se encontra válido e firmado por meio de assinatura digital. Igualmente, diante do princípio da inafastabilidade do controle judicial, não se vê qualquer amparo à preliminar de ausência de interesse de agir. Aliás, ao se adotar igualmente a teoria da jurisdição una, o nosso ordenamento jurídico, afastando-se do contencioso administrativo de origem francesa, optou por conferir unicamente ao Poder Judiciário a atribuição de compor a lide de forma imutável, de sorte que não se encontra qualquer obstáculo para que a parte busque o direito, que entende ser devido, diretamente ao órgão judicante. Nesse sentido: APELAÇÃO CÍVEL. TRANSPORTE. VOO INTERNACIONAL. AÇÃO INDENIZATÓRIA. INTERESSE DE AGIR. INAFASTABILIDADE DA JURISDIÇÃO. ART. 5º, XXXV, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. DESNECESSIDADE DE ESGOTAMENTO DA VIA ADMINISTRATIVA. 1. Não se revela necessário o exaurimento da via administrativa para fins de submissão da controvérsia ao Poder Judiciário, diante da garantia constitucional prevista no art. 5º, XXXV, da Constituição Federal. Nesse sentido, embora a companhia aérea requerida possua canais de atendimento ao consumidor, o simples fato de a questão ter sido judicializada sem tentativa de resolução administrativa não afasta o interesse de agir dos requentes, em observância ao princípio constitucional da inafastabilidade da jurisdição. Assim, estando caracterizado o interesse de agir dos demandantes, impõe-se a desconstituição da sentença. 2. Inaplicabilidade do disposto no art. 1.013 do CPC, por não se encontrar a demanda em condições de imediato julgamento, devendo prosseguir no Juízo de origem, diante do pedido de produção de prova testemunhal formulado pelos autores/apelantes. Apelação provida. Sentença desconstituída. (Apelação Cível, Nº 70083322552, Décima Segunda Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Umberto Guaspari Sudbrack, Julgado em: 12-12-2019) Grifo nosso. Por fim, tendo em vista o objeto da ação (declaração de inexistência/anulação de contratação) por ora não se faz necessária a produção de prova pericial, isto é, nomeando-se perito contábil para analisar as condições e requisitos técnicos do contrato firmado entre as partes, eis que tal perícia tem condão revisional e, a prima facie, se distancia do objeto da lide. Todavia, por cautela POSTERGO a análise da necessidade da referida prova para após a realização da instrução processual. Devidamente rechaçadas as preliminares arguidas e inexistindo demais questões preliminares ou prejudiciais de mérito a serem sanadas, verifico não ser o caso de extinção do processo (art. 354 do CPC) ou de julgamento antecipado da lide (art. 355 do CPC). Assim, passo, desde logo, a sanear o processo e ordenar a produção da prova, nos termos estabelecidos no art. 357, do CPC. No ponto, FIXO os seguintes pontos controvertidos: I – a contratação ou não pela parte autora do cartão de crédito consignado em questão; II – o recebimento ou não pela parte autora do valor apontado no comprovante de depósito apresentado com a contestação; III – a ocorrência ou não e extensão dos danos morais alegados pela parte demandante e a suas extensões. Com efeito, INTIMEM-SE as partes para, no prazo comum de 10 (dez) dias, pedir esclarecimentos ou solicitar ajustes aos pontos controvertidos, nos termos do art. 357, § 1º, do CPC, sob pena de se tornar estabilizada a presente decisão. Diante da relação de consumo existente, e considerando-se a hipossuficiência probatória e organizacional do Autor frente ao banco requerido, INVERTO O ÔNUS PROBATÓRIO, nos termos do art. 6º. VIII, do Código de Defesa do Consumidor. Assim, caberá à instituição financeira comprovar a licitude e validade da contratação. Em consequência, DESIGNO AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO E JULGAMENTO para o dia 14 de agosto de 2025, às 14h00min, a ser realizada de forma HÍBRIDA na sala de audiências da 3ª Vara desta Comarca, ocasião em que serão ouvidas as partes e suas testemunhas, cujo rol deverá ser apresentado no prazo comum de 10 (dez) dias, a contar da intimação desta decisão (art. 357, § 4º, do CPC). INTIMEM-SE as partes para comparecimento, ocasião em que será tomado seu depoimento pessoal, sob a pena de confesso, conforme o artigo 385, § 1º, do Código de Processo Civil. CONSIGNO ainda que, nos termos do art. 455, do CPC, caberá ao advogado de cada parte promover a intimação das testemunhas por ele arroladas. DEVERÃO a parte autora e suas testemunhas comparecer PRESENCIALMENTE no Gabinete da 3ª Vara da Comarca de Alta Floresta, ao passo que informo o link da sala de audiências virtual para acesso à solenidade pelo requerido e suas testemunhas eventualmente arroladas: https://teams.microsoft.com/l/meetup-join/19%3ameeting_NzJiYjkwNzQtY2Q3OS00ZGYwLThmNmMtNjdmOTgwMWY4NWY0%40thread.v2/0?context=%7b%22Tid%22%3a%2246086911-b195-4f2c-b6ca-07943c0e1aca%22%2c%22Oid%22%3a%22f6843e55-0686-4d38-81c8-687914f25609%22%7d Segue link encurtado: https://encurtador.com.br/STipT Às providências, CUMPRA-SE. Às providências. Alta Floresta/MT, datado e assinado eletronicamente.

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Adriana Aparecida Dias e outros x Adriana Aparecida Dias e outros

ID: 337586225

Tribunal: TRT2 Órgão: 10ª Turma Classe: RECURSO ORDINáRIO - RITO SUMARíSSIMO Nº Processo: 1001667-53.2024.5.02.0431

Data de Disponibilização: 29/07/2025

Polo Ativo:

ADRIANA APARECIDA DIAS LAB HORMON - LABORATORIO ESPECIALIZADO EM DOSAGENS HORMONAIS LTDA MARCOS VALERIO DA SILVA

Polo Passivo:

ADRIANA APARECIDA DIAS LAB HORMON - LABORATORIO ESPECIALIZADO EM DOSAGENS HORMONAIS LTDA

Acórdão

Advogados:

PEDRO BEZERRA DE MENEZES RIVA

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RAISSA BRESSANIM TOKUNAGA

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CAIO HENRIQUE RIBEIRO DIAS

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PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO 10ª TURMA Relator: ARMANDO AUGUSTO PINHEIRO PIRES RORSum 1001667-53.2024.5.02.0431 RECORRENTE: LAB HORMON - LABOR… PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO 10ª TURMA Relator: ARMANDO AUGUSTO PINHEIRO PIRES RORSum 1001667-53.2024.5.02.0431 RECORRENTE: LAB HORMON - LABORATORIO ESPECIALIZADO EM DOSAGENS HORMONAIS LTDA E OUTROS (1) RECORRIDO: ADRIANA APARECIDA DIAS E OUTROS (1) Ficam as partes INTIMADAS quanto aos termos do v. Acórdão proferido nos presentes autos (#id:f1dd833): PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO PROCESSO nº 1001667-53.2024.5.02.0431 (RORSum) RECORRENTES: LAB HORMON - LABORATORIO ESPECIALIZADO EM DOSAGENS HORMONAIS LTDA, ADRIANA APARECIDA DIAS RECORRIDAS: ADRIANA APARECIDA DIAS, LAB HORMON - LABORATORIO ESPECIALIZADO EM DOSAGENS HORMONAIS LTDA RELATOR: ARMANDO AUGUSTO PINHEIRO PIRES JUÍZA PROLATORA DA SENTENÇA: MARA CARVALHO DOS SANTOS BALEEIRO RELATÓRIO Dispensado o relatório, nos termos do artigo 852-I, "caput", da CLT. FUNDAMENTAÇÃO V O T O Conheço dos apelos, eis que presentes os pressupostos de admissibilidade. Passo a analisar os recursos em conjunto conforme a ordem de prejudicialidade. MÉRITO 1. Diferenças de adicional de insalubridade. Honorários periciais (recursos de ambas as partes). A reclamada insurge-se contra a condenação ao pagamento de diferenças de adicional de insalubridade, argumentando que, diversamente do que consta do laudo pericial, não havia exposição permanente da empregada à insalubridade em grau máximo, nos moldes do Anexo 14 da NR-15. Sustenta que o estabelecimento não se trata de hospital de referência no tratamento de doenças infectocontagiosas e que sempre observou as normas de segurança do trabalho, com fornecimento regular de EPIs. Requer, ainda, a redução do valor dos honorários periciais, fixados pela r. sentença em R$ 3.000,00. Já a reclamante pleiteia a reforma da r. sentença quanto à limitação das diferenças de adicional de insalubridade ao período da pandemia de Covid-19, alegando fazer jus à parcela também no período anterior. Fundamenta seu pedido no laudo pericial, ao afirmar que, na função de faxineira, realizava a limpeza de banheiros de uso coletivo, a higienização de áreas com grande circulação de pacientes e a coleta de lixo contendo material contaminado com fezes, urina, sangue e outros fluidos humanos, não tendo a reclamada comprovado o fornecimento de EPIs adequados e suficientes à neutralização da insalubridade. Com relação à matéria, o MM. Juízo a quo assim decidiu: "Postula a parte autora o pagamento de diferenças de adicional de insalubridade em razão de trabalhar em laboratório de exames patológicos com risco de contaminação por agentes biológicos insalubres. Afirma que as condições de trabalho são aquelas que, de acordo com a NR 15, determinam o pagamento do adicional máximo de 40%. Anoto que a autora durante todo o período em que trabalho na coleta de exames patológicos recebeu adicional de insalubridade de 20%. Por se tratar de questão que requer a apreciação técnica para subsidiar a formação de juízo, foi determinada a realização de perícia. O bem elaborado laudo foi elucidativo na análise do caso, razão pela qual acolho suas observações e anotações para confrontá-las com os demais elementos dos autos. Vejamos. O perito concluiu pela existência de insalubridade, nos termos da Portaria 3.214/78, NR 15, Anexo 14, especificamente, o expert foi conclusivo pela existência de contato com agentes insalubres biológicos como os descritos na norma técnica nas atividades diárias da empregada. Dividiu sua análise em dois períodos: - na função de faxineira de 12/01/2017 a 31/12/2020: em que caracterizou a exposição como de grau Máximo. - nas demais funções relativas a coletas de exames de janeiro/2021 a 01/07/2024 caracterizou também como exposição de grau MÁXIMO. Preliminarmente devo delimitar as funções considerando o período em que havia normas legais que decretaram pandemia em razão da COVID-19 para que possamos excetuar esse momento especial dos demais, os quais devem obedecer estritamente ao que determina a norma técnica sobre o tema. Ou seja: - De 12/01/2017 a fevereiro/2020 na função de faxineira. - De março/2020 a janeiro/2021 (Período da Pandemia) na função de faxineira - De fevereiro/2021 a agosto/2021 (Período da Pandemia) em funções de coleta de exames. - De setembro/2022 a 01/07/2024 (fora do Período da Pandemia) em funções de coletas de exames. Vejamos o que a norma técnica prevê para ambientes como a reclamada. Para cada contexto de insalubridade a NR 15 traz distintas formas de sua caracterização a depender do agente; alguns em razão da quantidade de exposição, outros por situações específicas de contato. No caso, o órgão normatizador, ao regular o reconhecimento da insalubridade por agentes biológicos, optou por descrever a situação exata que deve ser constatada pela perícia técnica. Para adicional de insalubridade de grau máximo, a norma estabelece: - pacientes em isolamento por doenças infectocontagiosas, bem como objetos de seu uso, não previamente esterilizados; E atribui o grau médio ao "contato permanente (...) com pacientes, (...) ou com material infectocontagiante, em: - hospitais, serviços de emergência, enfermarias, ambulatórios, postos de vacinação e outros estabelecimentos destinados aos cuidados da saúde humana (aplica-se unicamente ao pessoal que tenha contato com os pacientes, bem como aos que manuseiam objetos de uso desses pacientes, não previamente esterilizados); - laboratórios de análise clínica e histopatologia (aplica-se tão-só ao pessoal técnico);". Portanto, somente o técnico que terá contato direto com o material dos exames ou os profissionais que tenham contato direto com os pacientes, encontram-se em situação de maior risco e, por decorrência, fazem jus ao adicional. Os demais profissionais da limpeza de áreas comuns, seguranças, pessoal administrativo, atendentes em geral, que não mantêm contato direito e permanente não se enquadram no conceito. Assim, em relação ao período em que trabalhou como auxiliar de limpeza fora da pandemia, divirjo da análise realizada pelo perito. A autora não trabalhava em contato com pacientes, tão pouco adentrava em áreas isoladas em razão de internação de pessoas como doenças infectocontagiosas. A reclamante exercia suas atividades de limpeza da clínica, e não com pacientes ou materiais utilizados nos cuidados com eles. Impossível estender o conceito de manuseio de lixo urbano ao caso da autora. A coleta interna de lixo significava parte pequena da sua jornada e as condições de coleta e descarte em nada se assemelha a um catador de resíduos sólidos urbanos. Entendo, nesse contexto, que, no período fora da pandemia, em situação normal de atendimento, a norma técnica não inclui a atividade da autora como de exposição a agentes insalubres. Por sua vez, o perito constatou que a autora prestou serviços durante a pandemia, tanto na função de faxineira como nas posteriores conectadas à coleta de exames patológicos. Relatou que a reclamada recebia pacientes contaminados para exames, o que faz presumir a exposição a doença que requer isolamento. Nesse período o risco seria aumentado de contaminação. Mesmo com o uso de EPIs, a autora estaria exposta aos agentes patológicos, dada a forma de contaminação, por via aérea. O que nos leva a concluir que nesse período a exposição era de GRAU MÁXIMO. Por fim, em relação ao período após a pandemia, a exposição volta ao padrão previsto em norma. Não havendo contado com pacientes contaminados por doenças infectocontagiosas com necessidade de isolamento, descabe a caracterização da exposição em grau máximo. Nesse período, como a autora já percebia adicional em grau Médio, despiciendo investigar outras situações de exposição. Em resumo, podemos concluir que: a. Não houve exposição à insalubridade de 12/01/2017 a fevereiro/2020 na função de faxineira. Improcede o pagamento de adicional. b. Houve exposição em GRAU MÁXIMO de março/2020 a janeiro/2021 (Período da Pandemia) na função de faxineira. Devido o pagamento de adicional de 40%. C. Houve exposição em GRAU MÁXIMO de fevereiro/2021 a agosto/2021 (Período da Pandemia) em funções de coleta de exames. Devido o pagamento de adicional de 40%, autorizado o abatimento de 20% já pago. D. Houve exposição em GRAU Médio de setembro/2021 a 01/07/2024 (fora do Período da Pandemia) nas demais funções relativas a coletas de exames. Devido o pagamento de adicional de 20%, já pago. As impugnações foram respondidas a contento pelo expert. Desta feita, a empregada se ativou em atividades insalubres de maneira habitual sendo devido o pagamento de adicional em grau máximo de 40%, durante a vigência da pandemia. Quanto aos demais agentes, o perito realizou a verificação de cada um deles, mas relata a inexistência de níveis que pudessem caracterizar insalubridade. Delimito, portanto, o pedido de reconhecimento de atividade insalubre a exposição ao corona vírus COVID-19 durante o período de decretação da pandemia no Estado de São Paulo, ou seja, de 22/03/2020, DECRETO LEGISLATIVO Nº 64.881, até 16/08/2021, ante o fim da vigência da renovação da medida excepcional. Isso posto, a autora faz jus ao pagamento do adicional de insalubridade, no percentual de 40% do salário mínimo, entre 22/03/2020 a 16/08/2021. São devidas as repercussões em férias + 1/3; 13º salário, FGTS e multa de 40%. Indevidos reflexos em saldo de salário e aviso prévio, considerando a limitação supra. Indevidos reflexos em DSR, conforme OJ 103 do TST. Autorizado o abatimento dos valores pagos de adicional de 20%, no período supra. (...) Sucumbente no objeto da perícia, deverá a reclamada arcar com os honorários periciais de engenharia (artigo 790-B, da CLT), ora arbitrados em R$ 3.000,00, valor condizente com a complexidade do trabalho, a diligência e o zelo profissional. Os honorários deverão ser pagos em 10 dias após o trânsito em julgado, e serão atualizados conforme OJ 198 do TST" (fls. 615-619 do PDF; ID. ccb42dd). Pois bem. Nos termos do artigo 195 da CLT, a existência de condições insalubres deve ser aferida por intermédio de exame pericial. E, na espécie, o ilustre vistor de confiança do MM. Juízo vistoriou as instalações da reclamada acompanhado da parte autora e de coordenadora, as quais prestaram informações complementares, com base nas quais elaborou laudo pericial concluindo o seguinte: "Com base na diligência realizada, nas informações obtidas, nos fatos observados, da análise das documentações apresentadas pelas partes e levando-se em conta o resultado das avaliações onde foram analisados os riscos à saúde e fixados todos os fatores correlacionados, concluímos que as atividades da Reclamante: FORAM INSALUBRES EM GRAU MÁXIMO (40%) DE ACORDO COM A PORTARIA 3.214/78, NR 15 (ANEXO 14 - AGENTES BIOLÓGICOS), BEM COMO OS ARTIGOS 189, 190, 191, 192, 194 E 195 DA CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS DO TRABALHO (CLT) NO PERÍODO DE 16 de setembro de 2019 a 13 de janeiro de 2021, NA FUNÇÃO DE FAXINEIRA. FORAM INSALUBRES EM GRAU MÁXIMO (40%) DE ACORDO COM A PORTARIA 3.214/78, NR 15 (ANEXO 14 - AGENTES BIOLÓGICOS), BEM COMO OS ARTIGOS 189, 190, 191, 192, 194 E 195 DA CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS DO TRABALHO (CLT) NO PERÍODO DE MARÇO DE 2020 A ABRIL DE 2022, DEVIDO A EXPOSIÇÃO AO AGENETE BIOLÓGICO COVID, CONFORME APONTADO NOS PROGRAMAS PPRA APRESENTADOS PELA RECLAMADA, COMO TAMBÉM, PELO FATO DE NÃO SEREM APRESENTADAS FICHAS DE EPI DA RECLAMANTE. (...) ATENÇÃO AO PERÍODO DE ANOTAÇÃO DE FÉRIAS, ONDE NÃO OCORREU EXPOSIÇÃO AO AGENTE BIOLÓGICO COVID. Nos demais períodos, exceção as apresentadas nos quadros acima, caracteriza-se insalubridade em Grau médio" (fls. 575-577 do PDF; ID. 692accc). Colhe-se do laudo pericial que a reclamante esteve exposta a agentes biológicos durante todo o período contratual. No intervalo de 16/09/2019 (marco prescricional) a 13/01/2021, em que atuou como faxineira, a atividade foi considerada insalubre em grau máximo (40%), em razão da coleta de lixo de banheiros contendo resíduos biológicos, enquadrando-se no Anexo 14 da NR-15. De igual modo, de março de 2020 a abril de 2022, em decorrência da pandemia de COVID-19 e da ausência de comprovação do fornecimento de EPIs, também foi caracterizada a insalubridade em grau máximo. Nos demais períodos, em que exerceu as funções de auxiliar de laboratório, auxiliar de coleta, técnico de coleta e técnico de patologia, a insalubridade foi classificada pelo perito como de grau médio, nos termos do Anexo 14 da NR-15, em razão do contato com agentes biológicos em laboratório de análises clínicas. A reclamante manifestou concordância com o laudo pericial apresentado (fl. 584 do PDF; ID. a3a66f2), enquanto a reclamada o impugnou (fl. 586 do PDF; ID. fc312fc), alegando que a limpeza de banheiros era eventual, que não se tratava de banheiros públicos com uso excessivo e que a reclamante utilizava EPIs de forma adequada, o que neutralizaria os riscos biológicos. Em seus esclarecimentos (fl. 592 do PDF; ID. 708e9aa), o i. expert ratificou sua conclusão quanto à insalubridade em grau máximo para a função de faxineira, em razão da exposição diária a lixo contaminado com dejetos humanos. Aduziu que, embora a reclamante tenha mencionado o uso de EPIs em outras funções, não há nos autos comprovação adequada do fornecimento nem do treinamento para o uso correto desses equipamentos, especialmente durante a pandemia de Covid-19, destacando que a simples utilização de luvas não elimina totalmente o risco. Em resposta aos quesitos complementares, o i. perito reiterou a habitualidade da limpeza de banheiros e a ausência de informações precisas sobre o uso de EPIs pela reclamante. O MM. Juízo a quo, porém, divergiu do i. perito quanto à caracterização da insalubridade no período em que a autora atuou como auxiliar de limpeza antes da pandemia de Covid-19, isto é, até 21/03/2020, considerando que ela não trabalhava em contato com pacientes nem ingressava em áreas isoladas por internação de pessoas com doenças infectocontagiosas, além de ser incabível a extensão do conceito de manuseio de lixo urbano à hipótese, em que havia coleta interna de lixo em pequena parte da jornada. Por outro lado, no período da pandemia de Covid-19, isto é, de 22/03/2020 a 16/08/2021, o MM. Juízo a quo reputou caracterizada a insalubridade em grau máximo, tanto na função de faxineira quanto nas atividades que envolviam coleta de exames, uma vez que na reclamada havia trânsito de pacientes contaminados por doença que exigia isolamento, para a realização de exames, havendo risco de contaminação mesmo com o uso de EPIs. Já após a pandemia, a partir de 17/08/2021, o MM. Juízo a quo entendeu que, na atividade de coleta de exames, a reclamante não mantinha contato com pacientes contaminados por doenças infectocontagiosas com necessidade de isolamento, sendo devido apenas o adicional de insalubridade em grau médio, já quitado. Dessa forma, o MM. Juízo a quo delimitou o direito ao adicional de insalubridade em grau máximo ao período de 22/03/2020 a 16/08/2021, correspondente à vigência do Decreto Legislativo nº 64.881, que instituiu quarentena no Estado de São Paulo em razão da pandemia de Covid-19. No entendimento deste relator as atividades de limpeza de vasos sanitários e coleta de lixo realizadas nas dependências de drogarias, supermercados, lojas, escritórios, escolas públicas, ou mesmo estações de trem e metrô não podem ser consideradas atividades insalubres em razão de não se encontrarem dentre aquelas classificadas como em contato com lixo urbano e industrializado. Cabe pontuar que o entendimento deste Relator sempre foi no sentido de não ser possível enquadrar os serviços efetuados pela parte autora nas atividades insalubres relacionadas à coleta e industrialização de lixo urbano. Isto porque, não é o afluxo de indivíduos mais ou menos intenso que torna o serviço de asseio de banheiros e instalações insalubre ou não, mesmo porque, os agentes e substâncias constatados não se diferenciam substancialmente. O fator diferencial na temática analisada reside na conceituação de lixo urbano encampada na NR 15 da Portaria MTE nº 3.214/78, que classifica como insalubre, em virtude do contato com agentes biológicos, as atividades de "coleta e industrialização" do lixo urbano. Segundo o "Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa" o vocábulo "urbano" significa "relativo ou pertencente à cidade". Destarte, lixo urbano deve ser interpretado como aquele que é recolhido nas ruas, praças e demais vias públicas, além de bueiros, galerias, bocas de lobo, etc. E a este respeito, a jurisprudência da Corte Superior Trabalhista era no sentido de que a limpeza de banheiros e a coleta de lixo não caracterizam atividades em contato com lixo urbano, previsto no Anexo 14 da Norma Regulamentadora 15 do MTE, não autorizando o deferimento do adicional de insalubridade (então OJ 04, II, da SBDI-1 do C. TST). No entanto, o Tribunal Superior do Trabalho alterou seu posicionamento a respeito da matéria e cancelou o referido verbete jurisprudencial em decorrência de sua conversão na Súmula 448, dando nova redação ao seu item II, por meio da Resolução 194/2014. A partir de então, passou a prevalecer o entendimento de que a limpeza de banheiros e a coleta de lixo de uso público ou coletivo de grande circulação ensejam o pagamento de adicional de insalubridade em grau máximo, nos moldes requeridos pelo Anexo 14 da Norma Regulamentadora 15 do MTE: SÚMULA Nº 448 ATIVIDADE INSALUBRE. CARACTERIZAÇÃO. PREVISÃO NA NORMA REGULAMENTADORA Nº 15 DA PORTARIA DO MINISTÉRIO DO TRABALHO Nº 3.214/78. INSTALAÇÕES SANITÁRIAS. (...) II - A higienização de instalações sanitárias de uso público ou coletivo de grande circulação, e a respectiva coleta de lixo, por não se equiparar à limpeza em residências e escritórios, enseja o pagamento de adicional de insalubridade em grau máximo, incidindo o disposto no Anexo 14 da NR-15 da Portaria do MTE nº 3.214/78 quanto à coleta e industrialização de lixo urbano. Nesse passo, tem-se que a análise da existência ou não de insalubridade por agente biológico é realizada mediante avaliação qualitativa de perito de confiança do Juízo, a qual deve prevalecer. No caso, o ilustre expert concluiu que no intervalo de 16/09/2019 (marco prescricional) a 13/01/2021, em que atuou como faxineira, a parte autora desenvolveu atividade insalubre em grau máximo (40%), em razão da coleta de lixo contendo resíduos biológicos de banheiros que eram utilizados por cerca de 50 funcionários e 200 pacientes por dia. Evidente, assim, que a reclamante atuava na limpeza de banheiros instalados em local com grande circulação de pessoas, nos moldes da Súmula nº 448, II do C. TST. Diante deste contexto, a despeito do art. 479 do CPC, determinar a livre convicção do juízo, o laudo produzido foi elucidativo, não deixando margem de dúvidas quanto à existência de insalubridade em grau máximo, motivo pelo qual reputo que deve ser reformada a r. sentença, reconhecendo-se o direito da autora ao recebimento de adicional de insalubridade em grau máximo no período de 16/09/2019 (marco prescricional) a 21/03/2020 (véspera da decretação da pandemia). Com relação ao adicional de insalubridade em grau máximo no período da pandemia de Covid-19 (de 22/03/2020 a 16/08/2021), do exame das considerações tecidas pelo perito verifica-se que as atividades desempenhadas pela demandante devem ser enquadradas naquelas que acarretam o direito à do adicional de insalubridade em seu grau máximo, visto o contato com pacientes em isolamento por doenças infectocontagiosas, bem como objetos de seu uso, não previamente esterilizados, conforme a NR-15 - anexo 14, de acordo com a Portaria Ministerial 3214/78: Insalubridade de grau máximo Trabalho ou operações, em contato permanente com: - pacientes em isolamento por doenças infectocontagiosas, bem como objetos de seu uso, não previamente esterilizados; - carnes, glândulas, vísceras, sangue, ossos, couros, pêlos e dejeções de animais portadores de doenças infectocontagiosas (carbunculose, brucelose, tuberculose); - esgotos (galerias e tanques); e - lixo urbano (coleta e industrialização). Conforme se infere do laudo pericial, a reclamante laborava de forma habitual e permanente em local frequentado por pacientes em condições de isolamento, por estarem acometidos de doença infectocontagiosa, o que permite englobar suas tarefas naquelas que justificam a percepção do adicional de insalubridade em grau máximo. Ademais, a ré não juntou documentos assinados pela autora que comprovam o fornecimento de EPI´s de forma regular e suficiente, e mesmo que se verificada a disponibilidade de EPI´s, a insalubridade por agentes biológicos pode apenas ser minimizada pelo uso de tais equipamentos, mas não eliminada. Nesse sentido, inclusive, é o entendimento do C. TST: RECURSO DE REVISTA - AÇÃO CIVIL PÚBLICA - SINDICATO AUTOR - RECURSO SOB A VIGÊNCIA DAS LEIS Nos 13.015/2014, 13.467/2017 E DO NCPC - ADICIONAL DE INSALUBRIDADE EM GRAU MÁXIMO - PROFISSIONAIS DE SAÚDE E TRABALHADORES DO APOIO QUE LABORAM NO PRONTO ATENDIMENTO E NO PRIMEIRO, TERCEIRO E QUINTO ANDARES DO HOSPITAL RECLAMADO - CONTATO DIRETO E PERMANENTE COM PACIENTES PORTADORES DO CORONAVÍRUS - VÍRUS SARS-COV-2 (COVID-19). 1. Os elementos fáticos contidos na decisão regional demonstram que todos os trabalhadores (profissionais de saúde e do apoio) que laboram no pronto atendimento, "linha de frente" para a entrada de pacientes infectados pelo coronavírus (Covid-19), e no primeiro, terceiro e quinto andares do Hospital reclamado atuam diretamente e permanentemente no trato de pacientes infectados com o vírus SARS-CoV-2, causador da doença Covid-19, situação que gera o direito ao adicional de insalubridade em grau máximo para esses trabalhadores, nos termos do Anexo 14 da NR 15 da Portaria nº 3.214/1978 do Ministério do Trabalho, pois a Covid-19 integra a classe de risco 4 (Anexo I da NR 32), e em razão do grande poder de transmissibilidade de um indivíduo a outro, trata-se de doença infectocontagiosa (vírus SARS-CoV-2) de rápida, fácil e altíssima transmissão, fato público e notório. 2. Pontue-se que não há a eliminação do vírus da Covid-19 pelos EPIs fornecidos, visto que os referidos equipamentos apenas diminuem, mas não eliminam o risco altíssimo de contágio da Covid-19, doença pandêmica que assolou o mundo todo. 3. Ressalte-se que a Organização Mundial de Saúde (OMS) classificou a Covid-19 como pandemia, pois a mencionada doença possui um altíssimo grau de contágio. Já o Brasil reconheceu o estado de calamidade pública por meio do Decreto Legislativo nº 06/2020. Recurso de revista conhecido e provido. (RR - 1001019-25.2020.5.02.0363 , Relatora Desembargadora Convocada: Margareth Rodrigues Costa, Data de Julgamento: 08/03/2023, 2ª Turma, Data de Publicação: DEJT 17/03/2023) Por fim, as insurgências recursais indicam mero inconformismo da parte com as conclusões periciais, não trazendo qualquer argumento suficiente para afastar o laudo elaborado por técnico de confiança do Juízo. Quanto ao honorários periciais, fixados pela origem em R$ 3.000,00, parcial razão assiste à reclamada. Em que pese a complexidade e a qualidade do trabalho apresentado pelo perito, entendo excessivo o montante arbitrado a título de honorários e reduzo o valor da mencionada parcela para R$ 2.000,00, valor que se afigura mais apropriado à noção de justa retribuição. Diante de todo o exposto, reformo a r. sentença, para condenar a reclamada ao pagamento de adicional de insalubridade em grau máximo no período de 16/09/2019 (marco prescricional) a 21/03/2020, bem como aos respectivos reflexos nas parcelas deferidas na r. sentença, e, ainda, para fixar os honorários periciais relativos à insalubridade em R$ 2.000,00, mantida a r. sentença em tudo o mais. 2. Honorários advocatícios (recurso da reclamante). Em seu recurso, a parte autora pleiteia seja a ré condenada em honorários advocatícios majorados, nos termos do art. 791-A, da CLT. Com relação à matéria, o MM. Juízo a quo assim decidiu: "Em vista do acolhimento parcial das pretensões condenatórias, com fulcro no artigo 791 - A da CLT, defiro honorários advocatícios em favor do patrono da parte reclamante, que arbitro em 5% do proveito econômico obtido pela parte, conforme condenação ora fixada na parte dispositiva desta decisão. Com fundamento da mesma regra acima, defiro honorários advocatícios em favor do patrono da reclamada, que arbitro em 5% do proveito econômico obtido pela parte, conforme condenação ora fixada na parte dispositiva desta decisão e o valor atribuído à causa. A cobrança dos honorários de advogado observará o disposto no parágrafo quarto, do artigo acima referido, sobretudo a parte considerada inconstitucional pelo STF (ADI 5766, de 20/10/2021)" (fl. 619 do PDF; ID. ccb42dd). O percentual fixado encontra-se compatível com os critérios definidos pelo art. 791-A, § 2º, da CLT, não tendo o reclamante deduzido qualquer fundamento para a majoração pretendida. Mantenho. Do exposto, ACORDAM os Magistrados da 10ª Turma do e. Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região em CONHECER dos recursos das partes e, no mérito DAR PROVIMENTO PARCIAL ao recurso da reclamante, para condenar a reclamada ao pagamento de adicional de insalubridade, no percentual de 40% do salário-mínimo, entre 16/09/2019 e 21/03/2020, com reflexos em férias + 1/3, 13º salário, FGTS e multa de 40%; e DAR PROVIMENTO PARCIAL ao recurso da reclamada, para reduzir os honorários periciais técnicos para R$ 2.000,00. Tudo nos termos da fundamentação. Mantidas as demais disposições da sentença de origem. Presidiu o julgamento o Excelentíssimo Senhor Desembargador ARMANDO AUGUSTO PINHEIRO PIRES. Tomaram parte no julgamento: ARMANDO AUGUSTO PINHEIRO PIRES, ANA MARIA MORAES BARBOSA MACEDO e SÔNIA APARECIDA GINDRO. Votação: Unânime. São Paulo, 2 de Julho de 2025. ARMANDO AUGUSTO PINHEIRO PIRES Relator lvz VOTOS SAO PAULO/SP, 28 de julho de 2025. ARIELA OLIVEIRA DE MORAES Diretor de Secretaria Intimado(s) / Citado(s) - LAB HORMON - LABORATORIO ESPECIALIZADO EM DOSAGENS HORMONAIS LTDA

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Adriana Aparecida Dias e outros x Adriana Aparecida Dias e outros

ID: 337586245

Tribunal: TRT2 Órgão: 10ª Turma Classe: RECURSO ORDINáRIO - RITO SUMARíSSIMO Nº Processo: 1001667-53.2024.5.02.0431

Data de Disponibilização: 29/07/2025

Polo Ativo:

ADRIANA APARECIDA DIAS LAB HORMON - LABORATORIO ESPECIALIZADO EM DOSAGENS HORMONAIS LTDA MARCOS VALERIO DA SILVA

Polo Passivo:

ADRIANA APARECIDA DIAS LAB HORMON - LABORATORIO ESPECIALIZADO EM DOSAGENS HORMONAIS LTDA

Acórdão

Advogados:

PEDRO BEZERRA DE MENEZES RIVA

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

RAISSA BRESSANIM TOKUNAGA

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

CAIO HENRIQUE RIBEIRO DIAS

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO 10ª TURMA Relator: ARMANDO AUGUSTO PINHEIRO PIRES RORSum 1001667-53.2024.5.02.0431 RECORRENTE: LAB HORMON - LABOR… PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO 10ª TURMA Relator: ARMANDO AUGUSTO PINHEIRO PIRES RORSum 1001667-53.2024.5.02.0431 RECORRENTE: LAB HORMON - LABORATORIO ESPECIALIZADO EM DOSAGENS HORMONAIS LTDA E OUTROS (1) RECORRIDO: ADRIANA APARECIDA DIAS E OUTROS (1) Ficam as partes INTIMADAS quanto aos termos do v. Acórdão proferido nos presentes autos (#id:f1dd833): PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO PROCESSO nº 1001667-53.2024.5.02.0431 (RORSum) RECORRENTES: LAB HORMON - LABORATORIO ESPECIALIZADO EM DOSAGENS HORMONAIS LTDA, ADRIANA APARECIDA DIAS RECORRIDAS: ADRIANA APARECIDA DIAS, LAB HORMON - LABORATORIO ESPECIALIZADO EM DOSAGENS HORMONAIS LTDA RELATOR: ARMANDO AUGUSTO PINHEIRO PIRES JUÍZA PROLATORA DA SENTENÇA: MARA CARVALHO DOS SANTOS BALEEIRO RELATÓRIO Dispensado o relatório, nos termos do artigo 852-I, "caput", da CLT. FUNDAMENTAÇÃO V O T O Conheço dos apelos, eis que presentes os pressupostos de admissibilidade. Passo a analisar os recursos em conjunto conforme a ordem de prejudicialidade. MÉRITO 1. Diferenças de adicional de insalubridade. Honorários periciais (recursos de ambas as partes). A reclamada insurge-se contra a condenação ao pagamento de diferenças de adicional de insalubridade, argumentando que, diversamente do que consta do laudo pericial, não havia exposição permanente da empregada à insalubridade em grau máximo, nos moldes do Anexo 14 da NR-15. Sustenta que o estabelecimento não se trata de hospital de referência no tratamento de doenças infectocontagiosas e que sempre observou as normas de segurança do trabalho, com fornecimento regular de EPIs. Requer, ainda, a redução do valor dos honorários periciais, fixados pela r. sentença em R$ 3.000,00. Já a reclamante pleiteia a reforma da r. sentença quanto à limitação das diferenças de adicional de insalubridade ao período da pandemia de Covid-19, alegando fazer jus à parcela também no período anterior. Fundamenta seu pedido no laudo pericial, ao afirmar que, na função de faxineira, realizava a limpeza de banheiros de uso coletivo, a higienização de áreas com grande circulação de pacientes e a coleta de lixo contendo material contaminado com fezes, urina, sangue e outros fluidos humanos, não tendo a reclamada comprovado o fornecimento de EPIs adequados e suficientes à neutralização da insalubridade. Com relação à matéria, o MM. Juízo a quo assim decidiu: "Postula a parte autora o pagamento de diferenças de adicional de insalubridade em razão de trabalhar em laboratório de exames patológicos com risco de contaminação por agentes biológicos insalubres. Afirma que as condições de trabalho são aquelas que, de acordo com a NR 15, determinam o pagamento do adicional máximo de 40%. Anoto que a autora durante todo o período em que trabalho na coleta de exames patológicos recebeu adicional de insalubridade de 20%. Por se tratar de questão que requer a apreciação técnica para subsidiar a formação de juízo, foi determinada a realização de perícia. O bem elaborado laudo foi elucidativo na análise do caso, razão pela qual acolho suas observações e anotações para confrontá-las com os demais elementos dos autos. Vejamos. O perito concluiu pela existência de insalubridade, nos termos da Portaria 3.214/78, NR 15, Anexo 14, especificamente, o expert foi conclusivo pela existência de contato com agentes insalubres biológicos como os descritos na norma técnica nas atividades diárias da empregada. Dividiu sua análise em dois períodos: - na função de faxineira de 12/01/2017 a 31/12/2020: em que caracterizou a exposição como de grau Máximo. - nas demais funções relativas a coletas de exames de janeiro/2021 a 01/07/2024 caracterizou também como exposição de grau MÁXIMO. Preliminarmente devo delimitar as funções considerando o período em que havia normas legais que decretaram pandemia em razão da COVID-19 para que possamos excetuar esse momento especial dos demais, os quais devem obedecer estritamente ao que determina a norma técnica sobre o tema. Ou seja: - De 12/01/2017 a fevereiro/2020 na função de faxineira. - De março/2020 a janeiro/2021 (Período da Pandemia) na função de faxineira - De fevereiro/2021 a agosto/2021 (Período da Pandemia) em funções de coleta de exames. - De setembro/2022 a 01/07/2024 (fora do Período da Pandemia) em funções de coletas de exames. Vejamos o que a norma técnica prevê para ambientes como a reclamada. Para cada contexto de insalubridade a NR 15 traz distintas formas de sua caracterização a depender do agente; alguns em razão da quantidade de exposição, outros por situações específicas de contato. No caso, o órgão normatizador, ao regular o reconhecimento da insalubridade por agentes biológicos, optou por descrever a situação exata que deve ser constatada pela perícia técnica. Para adicional de insalubridade de grau máximo, a norma estabelece: - pacientes em isolamento por doenças infectocontagiosas, bem como objetos de seu uso, não previamente esterilizados; E atribui o grau médio ao "contato permanente (...) com pacientes, (...) ou com material infectocontagiante, em: - hospitais, serviços de emergência, enfermarias, ambulatórios, postos de vacinação e outros estabelecimentos destinados aos cuidados da saúde humana (aplica-se unicamente ao pessoal que tenha contato com os pacientes, bem como aos que manuseiam objetos de uso desses pacientes, não previamente esterilizados); - laboratórios de análise clínica e histopatologia (aplica-se tão-só ao pessoal técnico);". Portanto, somente o técnico que terá contato direto com o material dos exames ou os profissionais que tenham contato direto com os pacientes, encontram-se em situação de maior risco e, por decorrência, fazem jus ao adicional. Os demais profissionais da limpeza de áreas comuns, seguranças, pessoal administrativo, atendentes em geral, que não mantêm contato direito e permanente não se enquadram no conceito. Assim, em relação ao período em que trabalhou como auxiliar de limpeza fora da pandemia, divirjo da análise realizada pelo perito. A autora não trabalhava em contato com pacientes, tão pouco adentrava em áreas isoladas em razão de internação de pessoas como doenças infectocontagiosas. A reclamante exercia suas atividades de limpeza da clínica, e não com pacientes ou materiais utilizados nos cuidados com eles. Impossível estender o conceito de manuseio de lixo urbano ao caso da autora. A coleta interna de lixo significava parte pequena da sua jornada e as condições de coleta e descarte em nada se assemelha a um catador de resíduos sólidos urbanos. Entendo, nesse contexto, que, no período fora da pandemia, em situação normal de atendimento, a norma técnica não inclui a atividade da autora como de exposição a agentes insalubres. Por sua vez, o perito constatou que a autora prestou serviços durante a pandemia, tanto na função de faxineira como nas posteriores conectadas à coleta de exames patológicos. Relatou que a reclamada recebia pacientes contaminados para exames, o que faz presumir a exposição a doença que requer isolamento. Nesse período o risco seria aumentado de contaminação. Mesmo com o uso de EPIs, a autora estaria exposta aos agentes patológicos, dada a forma de contaminação, por via aérea. O que nos leva a concluir que nesse período a exposição era de GRAU MÁXIMO. Por fim, em relação ao período após a pandemia, a exposição volta ao padrão previsto em norma. Não havendo contado com pacientes contaminados por doenças infectocontagiosas com necessidade de isolamento, descabe a caracterização da exposição em grau máximo. Nesse período, como a autora já percebia adicional em grau Médio, despiciendo investigar outras situações de exposição. Em resumo, podemos concluir que: a. Não houve exposição à insalubridade de 12/01/2017 a fevereiro/2020 na função de faxineira. Improcede o pagamento de adicional. b. Houve exposição em GRAU MÁXIMO de março/2020 a janeiro/2021 (Período da Pandemia) na função de faxineira. Devido o pagamento de adicional de 40%. C. Houve exposição em GRAU MÁXIMO de fevereiro/2021 a agosto/2021 (Período da Pandemia) em funções de coleta de exames. Devido o pagamento de adicional de 40%, autorizado o abatimento de 20% já pago. D. Houve exposição em GRAU Médio de setembro/2021 a 01/07/2024 (fora do Período da Pandemia) nas demais funções relativas a coletas de exames. Devido o pagamento de adicional de 20%, já pago. As impugnações foram respondidas a contento pelo expert. Desta feita, a empregada se ativou em atividades insalubres de maneira habitual sendo devido o pagamento de adicional em grau máximo de 40%, durante a vigência da pandemia. Quanto aos demais agentes, o perito realizou a verificação de cada um deles, mas relata a inexistência de níveis que pudessem caracterizar insalubridade. Delimito, portanto, o pedido de reconhecimento de atividade insalubre a exposição ao corona vírus COVID-19 durante o período de decretação da pandemia no Estado de São Paulo, ou seja, de 22/03/2020, DECRETO LEGISLATIVO Nº 64.881, até 16/08/2021, ante o fim da vigência da renovação da medida excepcional. Isso posto, a autora faz jus ao pagamento do adicional de insalubridade, no percentual de 40% do salário mínimo, entre 22/03/2020 a 16/08/2021. São devidas as repercussões em férias + 1/3; 13º salário, FGTS e multa de 40%. Indevidos reflexos em saldo de salário e aviso prévio, considerando a limitação supra. Indevidos reflexos em DSR, conforme OJ 103 do TST. Autorizado o abatimento dos valores pagos de adicional de 20%, no período supra. (...) Sucumbente no objeto da perícia, deverá a reclamada arcar com os honorários periciais de engenharia (artigo 790-B, da CLT), ora arbitrados em R$ 3.000,00, valor condizente com a complexidade do trabalho, a diligência e o zelo profissional. Os honorários deverão ser pagos em 10 dias após o trânsito em julgado, e serão atualizados conforme OJ 198 do TST" (fls. 615-619 do PDF; ID. ccb42dd). Pois bem. Nos termos do artigo 195 da CLT, a existência de condições insalubres deve ser aferida por intermédio de exame pericial. E, na espécie, o ilustre vistor de confiança do MM. Juízo vistoriou as instalações da reclamada acompanhado da parte autora e de coordenadora, as quais prestaram informações complementares, com base nas quais elaborou laudo pericial concluindo o seguinte: "Com base na diligência realizada, nas informações obtidas, nos fatos observados, da análise das documentações apresentadas pelas partes e levando-se em conta o resultado das avaliações onde foram analisados os riscos à saúde e fixados todos os fatores correlacionados, concluímos que as atividades da Reclamante: FORAM INSALUBRES EM GRAU MÁXIMO (40%) DE ACORDO COM A PORTARIA 3.214/78, NR 15 (ANEXO 14 - AGENTES BIOLÓGICOS), BEM COMO OS ARTIGOS 189, 190, 191, 192, 194 E 195 DA CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS DO TRABALHO (CLT) NO PERÍODO DE 16 de setembro de 2019 a 13 de janeiro de 2021, NA FUNÇÃO DE FAXINEIRA. FORAM INSALUBRES EM GRAU MÁXIMO (40%) DE ACORDO COM A PORTARIA 3.214/78, NR 15 (ANEXO 14 - AGENTES BIOLÓGICOS), BEM COMO OS ARTIGOS 189, 190, 191, 192, 194 E 195 DA CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS DO TRABALHO (CLT) NO PERÍODO DE MARÇO DE 2020 A ABRIL DE 2022, DEVIDO A EXPOSIÇÃO AO AGENETE BIOLÓGICO COVID, CONFORME APONTADO NOS PROGRAMAS PPRA APRESENTADOS PELA RECLAMADA, COMO TAMBÉM, PELO FATO DE NÃO SEREM APRESENTADAS FICHAS DE EPI DA RECLAMANTE. (...) ATENÇÃO AO PERÍODO DE ANOTAÇÃO DE FÉRIAS, ONDE NÃO OCORREU EXPOSIÇÃO AO AGENTE BIOLÓGICO COVID. Nos demais períodos, exceção as apresentadas nos quadros acima, caracteriza-se insalubridade em Grau médio" (fls. 575-577 do PDF; ID. 692accc). Colhe-se do laudo pericial que a reclamante esteve exposta a agentes biológicos durante todo o período contratual. No intervalo de 16/09/2019 (marco prescricional) a 13/01/2021, em que atuou como faxineira, a atividade foi considerada insalubre em grau máximo (40%), em razão da coleta de lixo de banheiros contendo resíduos biológicos, enquadrando-se no Anexo 14 da NR-15. De igual modo, de março de 2020 a abril de 2022, em decorrência da pandemia de COVID-19 e da ausência de comprovação do fornecimento de EPIs, também foi caracterizada a insalubridade em grau máximo. Nos demais períodos, em que exerceu as funções de auxiliar de laboratório, auxiliar de coleta, técnico de coleta e técnico de patologia, a insalubridade foi classificada pelo perito como de grau médio, nos termos do Anexo 14 da NR-15, em razão do contato com agentes biológicos em laboratório de análises clínicas. A reclamante manifestou concordância com o laudo pericial apresentado (fl. 584 do PDF; ID. a3a66f2), enquanto a reclamada o impugnou (fl. 586 do PDF; ID. fc312fc), alegando que a limpeza de banheiros era eventual, que não se tratava de banheiros públicos com uso excessivo e que a reclamante utilizava EPIs de forma adequada, o que neutralizaria os riscos biológicos. Em seus esclarecimentos (fl. 592 do PDF; ID. 708e9aa), o i. expert ratificou sua conclusão quanto à insalubridade em grau máximo para a função de faxineira, em razão da exposição diária a lixo contaminado com dejetos humanos. Aduziu que, embora a reclamante tenha mencionado o uso de EPIs em outras funções, não há nos autos comprovação adequada do fornecimento nem do treinamento para o uso correto desses equipamentos, especialmente durante a pandemia de Covid-19, destacando que a simples utilização de luvas não elimina totalmente o risco. Em resposta aos quesitos complementares, o i. perito reiterou a habitualidade da limpeza de banheiros e a ausência de informações precisas sobre o uso de EPIs pela reclamante. O MM. Juízo a quo, porém, divergiu do i. perito quanto à caracterização da insalubridade no período em que a autora atuou como auxiliar de limpeza antes da pandemia de Covid-19, isto é, até 21/03/2020, considerando que ela não trabalhava em contato com pacientes nem ingressava em áreas isoladas por internação de pessoas com doenças infectocontagiosas, além de ser incabível a extensão do conceito de manuseio de lixo urbano à hipótese, em que havia coleta interna de lixo em pequena parte da jornada. Por outro lado, no período da pandemia de Covid-19, isto é, de 22/03/2020 a 16/08/2021, o MM. Juízo a quo reputou caracterizada a insalubridade em grau máximo, tanto na função de faxineira quanto nas atividades que envolviam coleta de exames, uma vez que na reclamada havia trânsito de pacientes contaminados por doença que exigia isolamento, para a realização de exames, havendo risco de contaminação mesmo com o uso de EPIs. Já após a pandemia, a partir de 17/08/2021, o MM. Juízo a quo entendeu que, na atividade de coleta de exames, a reclamante não mantinha contato com pacientes contaminados por doenças infectocontagiosas com necessidade de isolamento, sendo devido apenas o adicional de insalubridade em grau médio, já quitado. Dessa forma, o MM. Juízo a quo delimitou o direito ao adicional de insalubridade em grau máximo ao período de 22/03/2020 a 16/08/2021, correspondente à vigência do Decreto Legislativo nº 64.881, que instituiu quarentena no Estado de São Paulo em razão da pandemia de Covid-19. No entendimento deste relator as atividades de limpeza de vasos sanitários e coleta de lixo realizadas nas dependências de drogarias, supermercados, lojas, escritórios, escolas públicas, ou mesmo estações de trem e metrô não podem ser consideradas atividades insalubres em razão de não se encontrarem dentre aquelas classificadas como em contato com lixo urbano e industrializado. Cabe pontuar que o entendimento deste Relator sempre foi no sentido de não ser possível enquadrar os serviços efetuados pela parte autora nas atividades insalubres relacionadas à coleta e industrialização de lixo urbano. Isto porque, não é o afluxo de indivíduos mais ou menos intenso que torna o serviço de asseio de banheiros e instalações insalubre ou não, mesmo porque, os agentes e substâncias constatados não se diferenciam substancialmente. O fator diferencial na temática analisada reside na conceituação de lixo urbano encampada na NR 15 da Portaria MTE nº 3.214/78, que classifica como insalubre, em virtude do contato com agentes biológicos, as atividades de "coleta e industrialização" do lixo urbano. Segundo o "Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa" o vocábulo "urbano" significa "relativo ou pertencente à cidade". Destarte, lixo urbano deve ser interpretado como aquele que é recolhido nas ruas, praças e demais vias públicas, além de bueiros, galerias, bocas de lobo, etc. E a este respeito, a jurisprudência da Corte Superior Trabalhista era no sentido de que a limpeza de banheiros e a coleta de lixo não caracterizam atividades em contato com lixo urbano, previsto no Anexo 14 da Norma Regulamentadora 15 do MTE, não autorizando o deferimento do adicional de insalubridade (então OJ 04, II, da SBDI-1 do C. TST). No entanto, o Tribunal Superior do Trabalho alterou seu posicionamento a respeito da matéria e cancelou o referido verbete jurisprudencial em decorrência de sua conversão na Súmula 448, dando nova redação ao seu item II, por meio da Resolução 194/2014. A partir de então, passou a prevalecer o entendimento de que a limpeza de banheiros e a coleta de lixo de uso público ou coletivo de grande circulação ensejam o pagamento de adicional de insalubridade em grau máximo, nos moldes requeridos pelo Anexo 14 da Norma Regulamentadora 15 do MTE: SÚMULA Nº 448 ATIVIDADE INSALUBRE. CARACTERIZAÇÃO. PREVISÃO NA NORMA REGULAMENTADORA Nº 15 DA PORTARIA DO MINISTÉRIO DO TRABALHO Nº 3.214/78. INSTALAÇÕES SANITÁRIAS. (...) II - A higienização de instalações sanitárias de uso público ou coletivo de grande circulação, e a respectiva coleta de lixo, por não se equiparar à limpeza em residências e escritórios, enseja o pagamento de adicional de insalubridade em grau máximo, incidindo o disposto no Anexo 14 da NR-15 da Portaria do MTE nº 3.214/78 quanto à coleta e industrialização de lixo urbano. Nesse passo, tem-se que a análise da existência ou não de insalubridade por agente biológico é realizada mediante avaliação qualitativa de perito de confiança do Juízo, a qual deve prevalecer. No caso, o ilustre expert concluiu que no intervalo de 16/09/2019 (marco prescricional) a 13/01/2021, em que atuou como faxineira, a parte autora desenvolveu atividade insalubre em grau máximo (40%), em razão da coleta de lixo contendo resíduos biológicos de banheiros que eram utilizados por cerca de 50 funcionários e 200 pacientes por dia. Evidente, assim, que a reclamante atuava na limpeza de banheiros instalados em local com grande circulação de pessoas, nos moldes da Súmula nº 448, II do C. TST. Diante deste contexto, a despeito do art. 479 do CPC, determinar a livre convicção do juízo, o laudo produzido foi elucidativo, não deixando margem de dúvidas quanto à existência de insalubridade em grau máximo, motivo pelo qual reputo que deve ser reformada a r. sentença, reconhecendo-se o direito da autora ao recebimento de adicional de insalubridade em grau máximo no período de 16/09/2019 (marco prescricional) a 21/03/2020 (véspera da decretação da pandemia). Com relação ao adicional de insalubridade em grau máximo no período da pandemia de Covid-19 (de 22/03/2020 a 16/08/2021), do exame das considerações tecidas pelo perito verifica-se que as atividades desempenhadas pela demandante devem ser enquadradas naquelas que acarretam o direito à do adicional de insalubridade em seu grau máximo, visto o contato com pacientes em isolamento por doenças infectocontagiosas, bem como objetos de seu uso, não previamente esterilizados, conforme a NR-15 - anexo 14, de acordo com a Portaria Ministerial 3214/78: Insalubridade de grau máximo Trabalho ou operações, em contato permanente com: - pacientes em isolamento por doenças infectocontagiosas, bem como objetos de seu uso, não previamente esterilizados; - carnes, glândulas, vísceras, sangue, ossos, couros, pêlos e dejeções de animais portadores de doenças infectocontagiosas (carbunculose, brucelose, tuberculose); - esgotos (galerias e tanques); e - lixo urbano (coleta e industrialização). Conforme se infere do laudo pericial, a reclamante laborava de forma habitual e permanente em local frequentado por pacientes em condições de isolamento, por estarem acometidos de doença infectocontagiosa, o que permite englobar suas tarefas naquelas que justificam a percepção do adicional de insalubridade em grau máximo. Ademais, a ré não juntou documentos assinados pela autora que comprovam o fornecimento de EPI´s de forma regular e suficiente, e mesmo que se verificada a disponibilidade de EPI´s, a insalubridade por agentes biológicos pode apenas ser minimizada pelo uso de tais equipamentos, mas não eliminada. Nesse sentido, inclusive, é o entendimento do C. TST: RECURSO DE REVISTA - AÇÃO CIVIL PÚBLICA - SINDICATO AUTOR - RECURSO SOB A VIGÊNCIA DAS LEIS Nos 13.015/2014, 13.467/2017 E DO NCPC - ADICIONAL DE INSALUBRIDADE EM GRAU MÁXIMO - PROFISSIONAIS DE SAÚDE E TRABALHADORES DO APOIO QUE LABORAM NO PRONTO ATENDIMENTO E NO PRIMEIRO, TERCEIRO E QUINTO ANDARES DO HOSPITAL RECLAMADO - CONTATO DIRETO E PERMANENTE COM PACIENTES PORTADORES DO CORONAVÍRUS - VÍRUS SARS-COV-2 (COVID-19). 1. Os elementos fáticos contidos na decisão regional demonstram que todos os trabalhadores (profissionais de saúde e do apoio) que laboram no pronto atendimento, "linha de frente" para a entrada de pacientes infectados pelo coronavírus (Covid-19), e no primeiro, terceiro e quinto andares do Hospital reclamado atuam diretamente e permanentemente no trato de pacientes infectados com o vírus SARS-CoV-2, causador da doença Covid-19, situação que gera o direito ao adicional de insalubridade em grau máximo para esses trabalhadores, nos termos do Anexo 14 da NR 15 da Portaria nº 3.214/1978 do Ministério do Trabalho, pois a Covid-19 integra a classe de risco 4 (Anexo I da NR 32), e em razão do grande poder de transmissibilidade de um indivíduo a outro, trata-se de doença infectocontagiosa (vírus SARS-CoV-2) de rápida, fácil e altíssima transmissão, fato público e notório. 2. Pontue-se que não há a eliminação do vírus da Covid-19 pelos EPIs fornecidos, visto que os referidos equipamentos apenas diminuem, mas não eliminam o risco altíssimo de contágio da Covid-19, doença pandêmica que assolou o mundo todo. 3. Ressalte-se que a Organização Mundial de Saúde (OMS) classificou a Covid-19 como pandemia, pois a mencionada doença possui um altíssimo grau de contágio. Já o Brasil reconheceu o estado de calamidade pública por meio do Decreto Legislativo nº 06/2020. Recurso de revista conhecido e provido. (RR - 1001019-25.2020.5.02.0363 , Relatora Desembargadora Convocada: Margareth Rodrigues Costa, Data de Julgamento: 08/03/2023, 2ª Turma, Data de Publicação: DEJT 17/03/2023) Por fim, as insurgências recursais indicam mero inconformismo da parte com as conclusões periciais, não trazendo qualquer argumento suficiente para afastar o laudo elaborado por técnico de confiança do Juízo. Quanto ao honorários periciais, fixados pela origem em R$ 3.000,00, parcial razão assiste à reclamada. Em que pese a complexidade e a qualidade do trabalho apresentado pelo perito, entendo excessivo o montante arbitrado a título de honorários e reduzo o valor da mencionada parcela para R$ 2.000,00, valor que se afigura mais apropriado à noção de justa retribuição. Diante de todo o exposto, reformo a r. sentença, para condenar a reclamada ao pagamento de adicional de insalubridade em grau máximo no período de 16/09/2019 (marco prescricional) a 21/03/2020, bem como aos respectivos reflexos nas parcelas deferidas na r. sentença, e, ainda, para fixar os honorários periciais relativos à insalubridade em R$ 2.000,00, mantida a r. sentença em tudo o mais. 2. Honorários advocatícios (recurso da reclamante). Em seu recurso, a parte autora pleiteia seja a ré condenada em honorários advocatícios majorados, nos termos do art. 791-A, da CLT. Com relação à matéria, o MM. Juízo a quo assim decidiu: "Em vista do acolhimento parcial das pretensões condenatórias, com fulcro no artigo 791 - A da CLT, defiro honorários advocatícios em favor do patrono da parte reclamante, que arbitro em 5% do proveito econômico obtido pela parte, conforme condenação ora fixada na parte dispositiva desta decisão. Com fundamento da mesma regra acima, defiro honorários advocatícios em favor do patrono da reclamada, que arbitro em 5% do proveito econômico obtido pela parte, conforme condenação ora fixada na parte dispositiva desta decisão e o valor atribuído à causa. A cobrança dos honorários de advogado observará o disposto no parágrafo quarto, do artigo acima referido, sobretudo a parte considerada inconstitucional pelo STF (ADI 5766, de 20/10/2021)" (fl. 619 do PDF; ID. ccb42dd). O percentual fixado encontra-se compatível com os critérios definidos pelo art. 791-A, § 2º, da CLT, não tendo o reclamante deduzido qualquer fundamento para a majoração pretendida. Mantenho. Do exposto, ACORDAM os Magistrados da 10ª Turma do e. Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região em CONHECER dos recursos das partes e, no mérito DAR PROVIMENTO PARCIAL ao recurso da reclamante, para condenar a reclamada ao pagamento de adicional de insalubridade, no percentual de 40% do salário-mínimo, entre 16/09/2019 e 21/03/2020, com reflexos em férias + 1/3, 13º salário, FGTS e multa de 40%; e DAR PROVIMENTO PARCIAL ao recurso da reclamada, para reduzir os honorários periciais técnicos para R$ 2.000,00. Tudo nos termos da fundamentação. Mantidas as demais disposições da sentença de origem. Presidiu o julgamento o Excelentíssimo Senhor Desembargador ARMANDO AUGUSTO PINHEIRO PIRES. Tomaram parte no julgamento: ARMANDO AUGUSTO PINHEIRO PIRES, ANA MARIA MORAES BARBOSA MACEDO e SÔNIA APARECIDA GINDRO. Votação: Unânime. São Paulo, 2 de Julho de 2025. ARMANDO AUGUSTO PINHEIRO PIRES Relator lvz VOTOS SAO PAULO/SP, 28 de julho de 2025. ARIELA OLIVEIRA DE MORAES Diretor de Secretaria Intimado(s) / Citado(s) - ADRIANA APARECIDA DIAS

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Luiz Cesar Moraes Da Cruz e outros x Estado De Sao Paulo e outros

ID: 276666420

Tribunal: TRT2 Órgão: 55ª Vara do Trabalho de São Paulo Classe: AçãO TRABALHISTA - RITO ORDINáRIO Nº Processo: 1001667-17.2024.5.02.0055

Data de Disponibilização: 22/05/2025

Polo Ativo:

LUIZ CESAR MORAES DA CRUZ WAGNER HENRIQUE CAETANO CITIBALDI SOARES

Polo Passivo:

ESTADO DE SAO PAULO MR7 IMPACTO SERVICOS PESSOAIS EIRELI - ME

Notificação

Advogados:

NILSON THEODORO

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MARCIO ANTONIO DIAS DE CARVALHO

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

RAFAEL DI RENZO MIRANDA

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO 55ª VARA DO TRABALHO DE SÃO PAULO ATOrd 1001667-17.2024.5.02.0055 RECLAMANTE: LUIZ CESAR MORAES DA CRUZ RECLAMADO… PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO 55ª VARA DO TRABALHO DE SÃO PAULO ATOrd 1001667-17.2024.5.02.0055 RECLAMANTE: LUIZ CESAR MORAES DA CRUZ RECLAMADO: MR7 IMPACTO SERVICOS PESSOAIS EIRELI - ME E OUTROS (1) INTIMAÇÃO Fica V. Sa. intimado para tomar ciência da Sentença ID f205405 proferida nos autos, cujo dispositivo consta a seguir: DISPOSITIVO Em face do exposto, nos autos da ação trabalhista ajuizada por Luiz César Moraes da Cruz em face de MR7 Impacto Serviços Pessoais Eireli - Me, com base na fundamentação que integra o presente dispositivo, inclusive levando-se em conta todos os parâmetros: reconheço que o vínculo firmado com o reclamante foi extinto sem justa causa, por iniciativa da 1ª ré, no dia 27/03/2024. Por fim, julgo PROCEDENTES EM PARTE os pedidos para condenar a 1ª Reclamada e, subsidiariamente, a 2ª Reclamada a pagarem: salário do mês de fevereiro/2024;27 dias de saldo de salário do mês de março/2024;33 dias de aviso prévio indenizado e proporcional ao tempo de serviço;4/12 de 13º salário proporcional de 2024, pela projeção do aviso prévio;férias simples + 1/3 do período aquisitivo de 2022/2023;8/12 de férias proporcionais + 1/3 de 2023/2024, pela projeção do aviso prévio;depósitos de FGTS sobre todo o período do vínculo, bem como depósitos fundiários sobre as parcelas anteriores, salvo sobre as férias indenizadas, nos termos da OJ nº 195 da SBDI-1 do C. TST;indenização de 40% incidente sobre a totalidade dos depósitos fundiários, salvo sobre o aviso prévio indenizado, e salvo sobre as férias indenizadas, neste último caso por ausência do principal;multa do artigo 467 da CLT;multa do artigo 477, §8º, da CLT;adicional de insalubridade, em grau máximo (40%), por todo o contrato de emprego, além de reflexos em trezenos, férias + 1/3, aviso prévio e FGTS+40% (com exceção dos meses em que a parcela já foi paga);horas excedentes da jornada contratada (8ª diária ou 44ª semanal), com reflexos em DSR (observada a OJ 394 da SBDI-1 do C. TST), trezenos, férias+1/3, aviso prévio e FGTS+40%. Após o trânsito em julgado e consequente apuração do montante em regular liquidação de sentença (artigo 26, parágrafo único, da Lei 8.036/90), o valor total correspondente ao FGTS + 40% deverá ser depositado em conta vinculada (obrigação que se estende à tomadora), no prazo de 8 (oito) dias, mediante intimação para tanto[1], devendo a 1ª reclamada fornecer o TRCT (obrigação personalíssima) com código de saque e chave de conectividade para soerguimento dos respectivos valores (seja mediante entrega direta à parte autora ou por juntada nos autos). Pena de multa diária de R$200,00, limitada a R$20.000,00[2], para cada fato gerador descumprido, revertida à parte autora (penalidade que se estende à tomadora, exceto quanto ao fornecimento de TRCT, decorrente de obrigação personalíssima). O não cumprimento acarretará a execução direta, sem prejuízo, neste caso, da correspondente expedição de alvará pela Secretaria da Vara. A 1ª reclamada, depois de intimada, no prazo de 5 (cinco) dias úteis após o trânsito em julgado (artigo 29, caput, CLT[3]) e observado o disposto na Súmula 410 do STJ, deverá retificar a data da baixa do contrato, observando o disposto no artigo 14, VII, da Portaria MTP nº 671/2021, quanto à projeção do aviso prévio (data correta 29/04/2024) – através de atualização dos registros eletrônicos da parte autora no eSocial (https://www.gov.br/esocial/pt-br). Transcorridos os prazos sem que haja cumprimento, automaticamente, no primeiro dia seguinte ao término do prazo patronal, incidirá multa de R$800,00 (oitocentos Reais), na forma dos artigos 29-A, §1º[4] e 47, §1º, ambos da CLT[5]. Na inércia, suprimento judicial, se necessário, sendo que a Secretaria desta Vara deverá fazer a correspondente retificação (artigo 39, §2º, da CLT) – através do novo módulo WEB-Judiciário[6] – sem qualquer anotação que identifique a Vara do Trabalho. Improcedentes os demais pedidos. Justiça gratuita deferida. Honorários advocatícios e periciais, na forma da fundamentação. Se o caso, autoriza-se a compensação de eventuais verbas pagas a igual título, já comprovadas nos autos, nos termos da regra contida na OJ 415 da SBDI-1 do C. TST – cuja razão de decidir deve ser aplicada também para outras verbas, e não apenas horas extras – e desde que observados os requisitos dos artigos 368-380 do Código Civil. Sendo o caso, deverá ser observado o teor da OJ 382 da SBDI-1 do C. TST e da Súmula 9 deste E. TRT da 2ª Região. Correção monetária e juros de mora: - Sobre os valores apurados em liquidação de sentença incidem correção monetária e juros de mora, conforme disposto nas Súmulas 200, 211 e 381, todas do C. TST – excepcionando-se as verbas rescisórias (acaso deferidas no decisum), cuja correção monetária será devida após o prazo estabelecido no artigo 477, §6º, da CLT (Lei 13.467/2017). - Especificamente para as relações jurídicas decorrentes da MP 905/2019 – no interregno de 12/11/2019 a 19/04/2020 – sobre a importância da condenação já corrigida monetariamente incidem juros de mora equivalentes aos juros aplicados à caderneta de poupança. - Ademais, em razão da decisão conjunta proferida no dia 18/12/2020 pelo STF, na ADC 58, ADC 59, ADI 5867 e ADI 6021 – que têm efeito erga omnes e eficácia vinculante (observada a modulação dos seus efeitos) – a atualização dos créditos deverá observar os mesmos índices vigentes para as condenações cíveis em geral: artigo 406 do Código Civil (observadas as atualizações trazidas pela Lei 14.905/2024, no que couber[7]). Relativamente ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), deverão ser observados os parâmetros fixados na Lei 8.036/90 (com suas correspondentes atualizações) quanto aos juros, multa moratória e correção monetária – neste último caso, observada ainda a decisão proferida pelo STF, na ADI 5090[8]. O imposto de renda, havendo, deverá ser suportado pela parte Autora, beneficiária do crédito. Para efeito de IR, observe-se a OJ 400 da SBDI-I do TST e a Instrução Normativa da RFB nº 1.500 de 2014. Cada parte arcará com sua cota do INSS. Autorizado o desconto de IR e INSS que compete à parte Autora, comprove a Reclamada recolhimento das contribuições fiscais e previdenciárias, no prazo legal, tudo sob pena de execução direta (Súmula 368 do C. TST). São de natureza indenizatória as parcelas constantes do artigo 28, §9º, da Lei 8.212/91. Requerida a execução, atentem-se aos artigos 879 e 880, ambos da CLT – bem como, se for o caso, aos artigos 534-535 do CPC[9]. No mais, eventual descumprimento, inclusive quanto a eventuais obrigações de fazer, implicará execução direta, inclusive mediante suprimento judicial, se necessário. E, considerando os termos da Recomendação da Corregedoria (CR) nº 69/2020 do E. TRT desta 2ª Região, ultrapassado o prazo de 45 (quarenta e cinco) dias contados da citação do executado (artigo 880 da CLT) – na forma do artigo 883-A do mesmo Diploma[10] (c/c artigo 517 do CPC, artigo 15 da IN 41/2018 do C. TST e artigos 111, parágrafo único, e 154, §3º, ambos da Consolidação de Provimentos da Corregedoria-Geral da Justiça do Trabalho) – poderá o exequente protestar decisão judicial. O protesto do título judicial é isento de emolumentos cartorários, nos termos do artigo 98, §1º, IX, do CPC. Ademais, está autorizada a Secretaria da Vara a inserir o executado no BNDT e SerasaJud. Se o caso, observe-se o disposto no artigo 899, §10, da CLT, no que diz respeito ao depósito recursal (inteligência do artigo 20 da IN do C. TST nº 41/2018). Ficam advertidas as partes que o 1º Grau de Jurisdição não é sede própria para prequestionamento de matéria. Por fim, advirto que, na hipótese de embargos de declaração manifestamente protelatórios, será aplicada a multa do §2º do artigo 1.026 do CPC. Custas de R$300,00, pelas Reclamadas, calculadas sobre o valor arbitrado provisoriamente à condenação de R$15.000,00 (artigo 789 da CLT), da qual fica isenta a 2ª ré/Estado de São Paulo, nos termos do artigo 790-A da CLT. Intimem-se as partes e o perito do juízo. Expeçam-se os ofícios e e-mails, na forma da fundamentação. Oportunamente e, apenas se, após liquidação de sentença, for aferido valor de contribuições previdenciárias nos termos da Portaria Normativa PGF/AGU nº 47, de 07 de julho de 2023 (superiores a R$40.000,00)[11], intime-se o órgão jurídico da União (Procuradoria Geral-Federal). Não há reexame necessário (Súmula 303 do C. TST). Nada mais. Raphael Jacob Brolio Juiz do Trabalho [1] Súmula 410 do STJ. [2] Com fulcro no artigo 835 da CLT c/c o artigo 537 do CPC c/c a Súmula 410 do STJ. [3] Redação dada pela Lei 13.874/2019. [4] Incluído pela Lei 14.438/2022. [5] Trata-se de multa administrativa, não revertida à parte autora. [6] Varas do Trabalho já podem fazer novas anotações na Carteira de Trabalho Digital - CSJT2 - CSJT [7] “AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA DA PARTE EXEQUENTE - REGÊNCIA PELA LEI Nº 13.467/2017 - EXECUÇÃO. ÍNDICE DE CORREÇÃO MONETÁRIA E JUROS DE MORA. TRANSCENDÊNCIA POLÍTICA RECONHECIDA. Constatada possível violação do art. 102, § 2º, da Constituição da República, dou provimento ao agravo de instrumento para determinar o processamento do recurso de revista. Agravo de instrumento a que se dá provimento. RECURSO DE REVISTA DA PARTE EXEQUENTE - REGÊNCIA PELA LEI Nº 13.467/2017 - EXECUÇÃO. ÍNDICE DE CORREÇÃO MONETÁRIA E JUROS DE MORA. TRANSCENDÊNCIA POLÍTICA RECONHECIDA. O STF, no julgamento das Ações Declaratórias de Constitucionalidade nº 58 e 59 e Ações Diretas de Inconstitucionalidade nº 5867 e 6021, firmou a tese de que, para a atualização dos débitos trabalhistas, deverão ser observados os índices de correção monetária e de juros vigentes para as condenações cíveis em geral, quais sejam, o Índice Nacional de Preço ao Consumidor Amplo Especial (IPCA-E) na fase pré-judicial, acrescido dos juros legais previstos no art. 39, caput , da Lei nº 8.177/1991 e, a partir do ajuizamento da ação, a taxa SELIC. Ademais, cumpre consignar que a lei 14.905, de 28 de junho de 2024 alterou a Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil), para dispor sobre critérios de atualização monetária e juros de mora. Sendo assim, determina-se a aplicação do IPCA-E na fase pré-judicial, acrescido dos juros legais previstos no caput do art. 39 da Lei nº 8.177/1991; a partir do ajuizamento da ação, até 29/8/2024, a incidência da taxa SELIC (que engloba juros de mora e correção monetária); a partir de 30/8/2024 no cálculo da atualização monetária será utilizado o IPCA (art. 389, parágrafo único do Código Civil), sendo que a partir desta data, os juros de mora corresponderão ao resultado da subtração SELIC menos IPCA (art. 406, parágrafo único do Código Civil), com a possibilidade de não incidência (taxa zero), nos termos do § 3º do art. 406 do Código Civil, observando-se a validade dos valores eventualmente já pagos, independentemente do índice aplicado. Recurso de revista de que se conhece e a que se dá parcial provimento.” (grifei) (RR-658-15.2010.5.09.0643, 8ª Turma, Relator Ministro Sergio Pinto Martins, DEJT 18/03/2025) [8] Decisão: O Tribunal, por maioria e nos termos do voto médio do Ministro Flávio Dino, Redator para o acórdão, julgou parcialmente procedente o pedido formulado na ação direta, com atribuição de efeitos ex nunc, a contar da publicação da ata de julgamento, estabelecendo o seguinte entendimento: a) Remuneração das contas vinculadas na forma legal (TR + 3% a.a. + distribuição dos resultados auferidos) em valor que garanta, no mínimo, o índice oficial de inflação (IPCA) em todos os exercícios; e b) Nos anos em que a remuneração das contas vinculadas ao FGTS não alcançar o IPCA, caberá ao Conselho Curador do Fundo (art. 3º da Lei nº 8.036/1990) determinar a forma de compensação. (Ata de Julgamento publicada aos 17/06/2024) [9] Para os casos de ‘cumprimento de sentença que reconheça a exigibilidade de obrigação de pagar quantia certa pela Fazenda Pública’. [10] “A decisão judicial transitada em julgado somente poderá ser levada a protesto, gerar inscrição do nome do executado em órgãos de proteção ao crédito ou no Banco Nacional de Devedores Trabalhistas (BNDT), nos termos da lei, depois de transcorrido o prazo de quarenta e cinco dias a contar da citação do executado, se não houver garantia do juízo”. [11] Artigo 1º Fica dispensada a prática de atos processuais da União, representada pela Procuradoria-Geral Federal, nos processos da Justiça do Trabalho relacionados à cobrança de contribuições previdenciárias e imposto de renda retido na fonte quando o valor das contribuições previdenciárias devidas for igual ou inferior a R$ 40.000,00 (quarenta mil reais). Parágrafo único. O disposto no caput não afasta a execução de ofício das contribuições sociais previstas na alínea "a" do inciso I e no inciso II do caput do artigo 195 da Constituição Federal, e seus acréscimos legais, nos termos do parágrafo único do artigo 876 do Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, que aprova a Consolidação das Leis do Trabalho. RAPHAEL JACOB BROLIO Juiz do Trabalho Substituto Intimado(s) / Citado(s) - MR7 IMPACTO SERVICOS PESSOAIS EIRELI - ME

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Luiz Cesar Moraes Da Cruz e outros x Estado De Sao Paulo e outros

ID: 276666428

Tribunal: TRT2 Órgão: 55ª Vara do Trabalho de São Paulo Classe: AçãO TRABALHISTA - RITO ORDINáRIO Nº Processo: 1001667-17.2024.5.02.0055

Data de Disponibilização: 22/05/2025

Polo Ativo:

LUIZ CESAR MORAES DA CRUZ WAGNER HENRIQUE CAETANO CITIBALDI SOARES

Polo Passivo:

ESTADO DE SAO PAULO MR7 IMPACTO SERVICOS PESSOAIS EIRELI - ME

Notificação

Advogados:

NILSON THEODORO

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MARCIO ANTONIO DIAS DE CARVALHO

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RAFAEL DI RENZO MIRANDA

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PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO 55ª VARA DO TRABALHO DE SÃO PAULO ATOrd 1001667-17.2024.5.02.0055 RECLAMANTE: LUIZ CESAR MORAES DA CRUZ RECLAMADO… PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO 55ª VARA DO TRABALHO DE SÃO PAULO ATOrd 1001667-17.2024.5.02.0055 RECLAMANTE: LUIZ CESAR MORAES DA CRUZ RECLAMADO: MR7 IMPACTO SERVICOS PESSOAIS EIRELI - ME E OUTROS (1) INTIMAÇÃO Fica V. Sa. intimado para tomar ciência da Sentença ID f205405 proferida nos autos, cujo dispositivo consta a seguir: DISPOSITIVO Em face do exposto, nos autos da ação trabalhista ajuizada por Luiz César Moraes da Cruz em face de MR7 Impacto Serviços Pessoais Eireli - Me, com base na fundamentação que integra o presente dispositivo, inclusive levando-se em conta todos os parâmetros: reconheço que o vínculo firmado com o reclamante foi extinto sem justa causa, por iniciativa da 1ª ré, no dia 27/03/2024. Por fim, julgo PROCEDENTES EM PARTE os pedidos para condenar a 1ª Reclamada e, subsidiariamente, a 2ª Reclamada a pagarem: salário do mês de fevereiro/2024;27 dias de saldo de salário do mês de março/2024;33 dias de aviso prévio indenizado e proporcional ao tempo de serviço;4/12 de 13º salário proporcional de 2024, pela projeção do aviso prévio;férias simples + 1/3 do período aquisitivo de 2022/2023;8/12 de férias proporcionais + 1/3 de 2023/2024, pela projeção do aviso prévio;depósitos de FGTS sobre todo o período do vínculo, bem como depósitos fundiários sobre as parcelas anteriores, salvo sobre as férias indenizadas, nos termos da OJ nº 195 da SBDI-1 do C. TST;indenização de 40% incidente sobre a totalidade dos depósitos fundiários, salvo sobre o aviso prévio indenizado, e salvo sobre as férias indenizadas, neste último caso por ausência do principal;multa do artigo 467 da CLT;multa do artigo 477, §8º, da CLT;adicional de insalubridade, em grau máximo (40%), por todo o contrato de emprego, além de reflexos em trezenos, férias + 1/3, aviso prévio e FGTS+40% (com exceção dos meses em que a parcela já foi paga);horas excedentes da jornada contratada (8ª diária ou 44ª semanal), com reflexos em DSR (observada a OJ 394 da SBDI-1 do C. TST), trezenos, férias+1/3, aviso prévio e FGTS+40%. Após o trânsito em julgado e consequente apuração do montante em regular liquidação de sentença (artigo 26, parágrafo único, da Lei 8.036/90), o valor total correspondente ao FGTS + 40% deverá ser depositado em conta vinculada (obrigação que se estende à tomadora), no prazo de 8 (oito) dias, mediante intimação para tanto[1], devendo a 1ª reclamada fornecer o TRCT (obrigação personalíssima) com código de saque e chave de conectividade para soerguimento dos respectivos valores (seja mediante entrega direta à parte autora ou por juntada nos autos). Pena de multa diária de R$200,00, limitada a R$20.000,00[2], para cada fato gerador descumprido, revertida à parte autora (penalidade que se estende à tomadora, exceto quanto ao fornecimento de TRCT, decorrente de obrigação personalíssima). O não cumprimento acarretará a execução direta, sem prejuízo, neste caso, da correspondente expedição de alvará pela Secretaria da Vara. A 1ª reclamada, depois de intimada, no prazo de 5 (cinco) dias úteis após o trânsito em julgado (artigo 29, caput, CLT[3]) e observado o disposto na Súmula 410 do STJ, deverá retificar a data da baixa do contrato, observando o disposto no artigo 14, VII, da Portaria MTP nº 671/2021, quanto à projeção do aviso prévio (data correta 29/04/2024) – através de atualização dos registros eletrônicos da parte autora no eSocial (https://www.gov.br/esocial/pt-br). Transcorridos os prazos sem que haja cumprimento, automaticamente, no primeiro dia seguinte ao término do prazo patronal, incidirá multa de R$800,00 (oitocentos Reais), na forma dos artigos 29-A, §1º[4] e 47, §1º, ambos da CLT[5]. Na inércia, suprimento judicial, se necessário, sendo que a Secretaria desta Vara deverá fazer a correspondente retificação (artigo 39, §2º, da CLT) – através do novo módulo WEB-Judiciário[6] – sem qualquer anotação que identifique a Vara do Trabalho. Improcedentes os demais pedidos. Justiça gratuita deferida. Honorários advocatícios e periciais, na forma da fundamentação. Se o caso, autoriza-se a compensação de eventuais verbas pagas a igual título, já comprovadas nos autos, nos termos da regra contida na OJ 415 da SBDI-1 do C. TST – cuja razão de decidir deve ser aplicada também para outras verbas, e não apenas horas extras – e desde que observados os requisitos dos artigos 368-380 do Código Civil. Sendo o caso, deverá ser observado o teor da OJ 382 da SBDI-1 do C. TST e da Súmula 9 deste E. TRT da 2ª Região. Correção monetária e juros de mora: - Sobre os valores apurados em liquidação de sentença incidem correção monetária e juros de mora, conforme disposto nas Súmulas 200, 211 e 381, todas do C. TST – excepcionando-se as verbas rescisórias (acaso deferidas no decisum), cuja correção monetária será devida após o prazo estabelecido no artigo 477, §6º, da CLT (Lei 13.467/2017). - Especificamente para as relações jurídicas decorrentes da MP 905/2019 – no interregno de 12/11/2019 a 19/04/2020 – sobre a importância da condenação já corrigida monetariamente incidem juros de mora equivalentes aos juros aplicados à caderneta de poupança. - Ademais, em razão da decisão conjunta proferida no dia 18/12/2020 pelo STF, na ADC 58, ADC 59, ADI 5867 e ADI 6021 – que têm efeito erga omnes e eficácia vinculante (observada a modulação dos seus efeitos) – a atualização dos créditos deverá observar os mesmos índices vigentes para as condenações cíveis em geral: artigo 406 do Código Civil (observadas as atualizações trazidas pela Lei 14.905/2024, no que couber[7]). Relativamente ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), deverão ser observados os parâmetros fixados na Lei 8.036/90 (com suas correspondentes atualizações) quanto aos juros, multa moratória e correção monetária – neste último caso, observada ainda a decisão proferida pelo STF, na ADI 5090[8]. O imposto de renda, havendo, deverá ser suportado pela parte Autora, beneficiária do crédito. Para efeito de IR, observe-se a OJ 400 da SBDI-I do TST e a Instrução Normativa da RFB nº 1.500 de 2014. Cada parte arcará com sua cota do INSS. Autorizado o desconto de IR e INSS que compete à parte Autora, comprove a Reclamada recolhimento das contribuições fiscais e previdenciárias, no prazo legal, tudo sob pena de execução direta (Súmula 368 do C. TST). São de natureza indenizatória as parcelas constantes do artigo 28, §9º, da Lei 8.212/91. Requerida a execução, atentem-se aos artigos 879 e 880, ambos da CLT – bem como, se for o caso, aos artigos 534-535 do CPC[9]. No mais, eventual descumprimento, inclusive quanto a eventuais obrigações de fazer, implicará execução direta, inclusive mediante suprimento judicial, se necessário. E, considerando os termos da Recomendação da Corregedoria (CR) nº 69/2020 do E. TRT desta 2ª Região, ultrapassado o prazo de 45 (quarenta e cinco) dias contados da citação do executado (artigo 880 da CLT) – na forma do artigo 883-A do mesmo Diploma[10] (c/c artigo 517 do CPC, artigo 15 da IN 41/2018 do C. TST e artigos 111, parágrafo único, e 154, §3º, ambos da Consolidação de Provimentos da Corregedoria-Geral da Justiça do Trabalho) – poderá o exequente protestar decisão judicial. O protesto do título judicial é isento de emolumentos cartorários, nos termos do artigo 98, §1º, IX, do CPC. Ademais, está autorizada a Secretaria da Vara a inserir o executado no BNDT e SerasaJud. Se o caso, observe-se o disposto no artigo 899, §10, da CLT, no que diz respeito ao depósito recursal (inteligência do artigo 20 da IN do C. TST nº 41/2018). Ficam advertidas as partes que o 1º Grau de Jurisdição não é sede própria para prequestionamento de matéria. Por fim, advirto que, na hipótese de embargos de declaração manifestamente protelatórios, será aplicada a multa do §2º do artigo 1.026 do CPC. Custas de R$300,00, pelas Reclamadas, calculadas sobre o valor arbitrado provisoriamente à condenação de R$15.000,00 (artigo 789 da CLT), da qual fica isenta a 2ª ré/Estado de São Paulo, nos termos do artigo 790-A da CLT. Intimem-se as partes e o perito do juízo. Expeçam-se os ofícios e e-mails, na forma da fundamentação. Oportunamente e, apenas se, após liquidação de sentença, for aferido valor de contribuições previdenciárias nos termos da Portaria Normativa PGF/AGU nº 47, de 07 de julho de 2023 (superiores a R$40.000,00)[11], intime-se o órgão jurídico da União (Procuradoria Geral-Federal). Não há reexame necessário (Súmula 303 do C. TST). Nada mais. Raphael Jacob Brolio Juiz do Trabalho [1] Súmula 410 do STJ. [2] Com fulcro no artigo 835 da CLT c/c o artigo 537 do CPC c/c a Súmula 410 do STJ. [3] Redação dada pela Lei 13.874/2019. [4] Incluído pela Lei 14.438/2022. [5] Trata-se de multa administrativa, não revertida à parte autora. [6] Varas do Trabalho já podem fazer novas anotações na Carteira de Trabalho Digital - CSJT2 - CSJT [7] “AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA DA PARTE EXEQUENTE - REGÊNCIA PELA LEI Nº 13.467/2017 - EXECUÇÃO. ÍNDICE DE CORREÇÃO MONETÁRIA E JUROS DE MORA. TRANSCENDÊNCIA POLÍTICA RECONHECIDA. Constatada possível violação do art. 102, § 2º, da Constituição da República, dou provimento ao agravo de instrumento para determinar o processamento do recurso de revista. Agravo de instrumento a que se dá provimento. RECURSO DE REVISTA DA PARTE EXEQUENTE - REGÊNCIA PELA LEI Nº 13.467/2017 - EXECUÇÃO. ÍNDICE DE CORREÇÃO MONETÁRIA E JUROS DE MORA. TRANSCENDÊNCIA POLÍTICA RECONHECIDA. O STF, no julgamento das Ações Declaratórias de Constitucionalidade nº 58 e 59 e Ações Diretas de Inconstitucionalidade nº 5867 e 6021, firmou a tese de que, para a atualização dos débitos trabalhistas, deverão ser observados os índices de correção monetária e de juros vigentes para as condenações cíveis em geral, quais sejam, o Índice Nacional de Preço ao Consumidor Amplo Especial (IPCA-E) na fase pré-judicial, acrescido dos juros legais previstos no art. 39, caput , da Lei nº 8.177/1991 e, a partir do ajuizamento da ação, a taxa SELIC. Ademais, cumpre consignar que a lei 14.905, de 28 de junho de 2024 alterou a Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil), para dispor sobre critérios de atualização monetária e juros de mora. Sendo assim, determina-se a aplicação do IPCA-E na fase pré-judicial, acrescido dos juros legais previstos no caput do art. 39 da Lei nº 8.177/1991; a partir do ajuizamento da ação, até 29/8/2024, a incidência da taxa SELIC (que engloba juros de mora e correção monetária); a partir de 30/8/2024 no cálculo da atualização monetária será utilizado o IPCA (art. 389, parágrafo único do Código Civil), sendo que a partir desta data, os juros de mora corresponderão ao resultado da subtração SELIC menos IPCA (art. 406, parágrafo único do Código Civil), com a possibilidade de não incidência (taxa zero), nos termos do § 3º do art. 406 do Código Civil, observando-se a validade dos valores eventualmente já pagos, independentemente do índice aplicado. Recurso de revista de que se conhece e a que se dá parcial provimento.” (grifei) (RR-658-15.2010.5.09.0643, 8ª Turma, Relator Ministro Sergio Pinto Martins, DEJT 18/03/2025) [8] Decisão: O Tribunal, por maioria e nos termos do voto médio do Ministro Flávio Dino, Redator para o acórdão, julgou parcialmente procedente o pedido formulado na ação direta, com atribuição de efeitos ex nunc, a contar da publicação da ata de julgamento, estabelecendo o seguinte entendimento: a) Remuneração das contas vinculadas na forma legal (TR + 3% a.a. + distribuição dos resultados auferidos) em valor que garanta, no mínimo, o índice oficial de inflação (IPCA) em todos os exercícios; e b) Nos anos em que a remuneração das contas vinculadas ao FGTS não alcançar o IPCA, caberá ao Conselho Curador do Fundo (art. 3º da Lei nº 8.036/1990) determinar a forma de compensação. (Ata de Julgamento publicada aos 17/06/2024) [9] Para os casos de ‘cumprimento de sentença que reconheça a exigibilidade de obrigação de pagar quantia certa pela Fazenda Pública’. [10] “A decisão judicial transitada em julgado somente poderá ser levada a protesto, gerar inscrição do nome do executado em órgãos de proteção ao crédito ou no Banco Nacional de Devedores Trabalhistas (BNDT), nos termos da lei, depois de transcorrido o prazo de quarenta e cinco dias a contar da citação do executado, se não houver garantia do juízo”. [11] Artigo 1º Fica dispensada a prática de atos processuais da União, representada pela Procuradoria-Geral Federal, nos processos da Justiça do Trabalho relacionados à cobrança de contribuições previdenciárias e imposto de renda retido na fonte quando o valor das contribuições previdenciárias devidas for igual ou inferior a R$ 40.000,00 (quarenta mil reais). Parágrafo único. O disposto no caput não afasta a execução de ofício das contribuições sociais previstas na alínea "a" do inciso I e no inciso II do caput do artigo 195 da Constituição Federal, e seus acréscimos legais, nos termos do parágrafo único do artigo 876 do Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, que aprova a Consolidação das Leis do Trabalho. RAPHAEL JACOB BROLIO Juiz do Trabalho Substituto Intimado(s) / Citado(s) - LUIZ CESAR MORAES DA CRUZ

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Ezio Kelvin Dos Santos Soares e outros x Ezio Kelvin Dos Santos Soares e outros

ID: 316171666

Tribunal: TRT2 Órgão: 12ª Turma Classe: RECURSO ORDINáRIO TRABALHISTA Nº Processo: 1001667-03.2024.5.02.0383

Data de Disponibilização: 04/07/2025

Polo Ativo:

EZIO KELVIN DOS SANTOS SOARES LIGIA CELIA LEME FORTE GONCALVES SPAL INDUSTRIA BRASILEIRA DE BEBIDAS S/A

Polo Passivo:

EZIO KELVIN DOS SANTOS SOARES SPAL INDUSTRIA BRASILEIRA DE BEBIDAS S/A

Notificação

Advogados:

VIVIANE CASTRO NEVES PASCOAL MALDONADO DAL MAS

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WASHINGTON GOMES SILVA DOS REIS

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JOEL MORAES DE OLIVEIRA

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PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO 12ª TURMA Relatora: TANIA BIZARRO QUIRINO DE MORAIS ROT 1001667-03.2024.5.02.0383 RECORRENTE: EZIO KELVIN DOS SAN… PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO 12ª TURMA Relatora: TANIA BIZARRO QUIRINO DE MORAIS ROT 1001667-03.2024.5.02.0383 RECORRENTE: EZIO KELVIN DOS SANTOS SOARES E OUTROS (1) RECORRIDO: EZIO KELVIN DOS SANTOS SOARES E OUTROS (1) Fica V. Sa. intimada do inteiro teor do v. Acórdão #id:b91d0f8 proferido nos autos: PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO PROCESSO nº 1001667-03.2024.5.02.0383 RECURSO ORDINÁRIO ORIUNDO DA 3ª VARA DO TRABALHO DE OSASCO RECORRENTES: EZIO KELVIN DOS SANTOS SOARES, SPAL INDUSTRIA BRASILEIRA DE BEBIDAS S/A RECORRIDOS: EZIO KELVIN DOS SANTOS SOARES, SPAL INDUSTRIA BRASILEIRA DE BEBIDAS S/A RELATORA: TANIA BIZARRO QUIRINO DE MORAIS RELATÓRIO A r. sentença (Id. 1143eca), cujo relatório adoto, complementada pela decisão de Id. b13c05a, decidiu pela PROCEDÊNCIA PARCIAL dos pedidos. Irresignada, a reclamada apresenta RECURSO ORDINÁRIO (Id. 841e78d), objetivando, preliminarmente, nulidade por cerceamento de defesa e, no mérito, busca a reforma do julgado quanto à decadência de recolhimentos previdenciários, ausência de limitação da condenação aos valores indicados na petição inicial, estabilidade provisória, danos morais e danos materiais relacionados à doença ocupacional reconhecida, danos morais por dispensa discriminatória, emissão de CAT, plano de saúde, honorários periciais e honorários sucumbenciais. Inconformado, o reclamante apresenta RECURSO ADESIVO (Id. b5fbf6f), objetivando a reforma do julgado com relação à base de cálculo da pensão vitalícia, danos morais e honorários sucumbenciais. Contrarrazões pelo reclamante (Id. ea14e9d). Contrarrazões pela reclamada (Id. 2eb734e). É o relatório. FUNDAMENTAÇÃO VOTO Rejeito a preliminar suscitada em contrarrazões pelo reclamante de não-conhecimento do recurso da ré por ausência de dialeticidade, eis que desarrazoada. O apelo da demandada impugna os fundamentos da sentença, de modo que inexiste amparo para o acolhimento do requerimento formulado. Presentes os pressupostos legais de admissibilidade, conheço dos recursos. PRELIMINARMENTE - apelo da reclamada . nulidade por cerceamento de defesa A parte ré pleiteia a nulidade da decisão por cerceamento de defesa, afirmando que, na perícia realizada, não houve vistoria no local de trabalho do autor, essencial para verificar as condições do seu posto de trabalho, assim como fatores ergonômicos e biomecânicos. Aduz que o laudo não apurou todo os fatos, sendo pertinente o seu requerimento em busca da verdade real, e que o perito, mesmo após impugnação apresentada, apenas ratificou suas conclusões sem discorrer sobre os pontos controvertidos. Pugna, assim, pela reabertura da instrução processual para a correta colheita da prova técnica. Não vislumbro no caso dos autos o alegado cerceamento de defesa ou a existência de nulidade processual. De início, importante destacar que ao Magistrado é concedido o poder de apreciar livremente as provas, segundo o princípio da persuasão racional, determinando aquelas que sejam necessárias à instrução do processo, como lhe facultam os artigos 370 e 371, do CPC, de aplicação subsidiária ao Processo do Trabalho. Válido ainda mencionar que, ao contrário do quanto alegado no apelo, todos os questionamentos elaborados pela reclamada foram respondidos pela expert. Além disso, após apresentação dos esclarecimentos pela perita no Id. dcd1ebe, fora proferido despacho no Id. dcbcbb1 a fim de dar ciência às partes acerca da referida manifestação, bem como para conceder prazo para apresentação de razões finais, contudo, não houve qualquer petição apresentada pelas partes nessa oportunidade, restando preclusa, portanto, qualquer alegação de vícios no laudo e/ou de nulidade pela ré. Ainda que assim não fosse, no que concerne à vistoria no local de trabalho, esta pode ser dispensada quando os demais elementos de prova forem suficientes para formação do convencimento, inexistindo imprescindibilidade, conforme entendimento firmado no C. TST, tendo ainda a perita ressaltado nos esclarecimentos de Id. dcd1ebe que "já realizou várias diligências na empresa reclamada, tendo em vista atuar na área e na região há longa data, conhecendo bem os ambientes laborais ora examinados". Logo, não há falar em nulidade da sentença, eis que baseada em laudo produzido de forma detalhada, além de terem sido prestados todos os esclarecimentos solicitados pelas partes. Desse modo, não se verificam elementos que justifiquem o deferimento do pleito formulado pela reclamada. Rejeito. MÉRITO 1 - RECURSO DA RECLAMADA . decadência das contribuições previdenciárias A reclamada aduz que, em sede de contestação, "requereu que em caso de procedência dos pedidos formulados pelo recorrido, fosse reconhecida e declarada a decadência dos recolhimentos previdenciários nos termos do artigo 43 § 2º da Lei 8.212/91" e que "não concorda com os fundamentos norteadores da decisão de piso". Afirma que deve ser considerado como fato gerador das contribuições sociais a data da prestação do serviço e que a autorização para cobrança de ofício por parte das autoridades fiscais se encontra condicionada ao respeito do prazo decadencial, o qual, após o advento da Súmula Vinculante STF n° 83, é de 5 anos, nos termos dos artigos 150 e 173 do CTN. Requer, assim, "seja reconhecida a decadência do direito de as autoridades fiscais procederem com a cobrança dos valores referentes aos 05 anos anteriores da data da publicação da sentença". Não assiste razão à recorrente. Conforme se observa do apelo, este não impugna os termos da decisão proferida, carecendo ainda a ré de interesse recursal. Da análise da r. sentença, verifica-se que o D. Julgador de origem, preliminarmente, consignou que "A prejudicial de decadência arguida em preliminar relativa às contribuições previdenciárias trata-se de matéria relacionada à fixação das diretrizes para apuração do respectivo valor em regular liquidação de sentença, o que será analisado em tópico próprio". Após a análise do quanto pleiteado pela parte demandante, concluiu, no dispositivo, que "A condenação possui natureza indenizatória, não havendo incidência previdenciária ou fiscal". Como se observa, não houve condenação ao recolhimento de contribuições previdenciárias, sendo que as razões apresentadas pela reclamada são genéricas e não impugnam o quanto concluído pela decisão recorrida, não havendo, portanto, o que ser apreciado. Nada a deferir. . limitação da condenação aos valores indicados na inicial Busca a reclamada a reforma da sentença quanto à ausência de determinação de limitação da liquidação aos valores atribuídos na peça inicial. Sem razão. O artigo 840, §1º, da CLT apenas prevê que o pedido seja certo, determinado e com indicação do valor, não exigindo liquidação neste ponto. A condenação não está limitada ao valor indicado na petição inicial, que é simples estimativa. Assim a Instrução Normativa 41 de 2018, do Pleno do TST, cujo art. 12, § 2º, reza: "Para fim do que dispõe o art. 840, §§ 1º e 2º, da CLT, o valor da causa será estimado, observando-se, no que couber, o disposto nos arts. 291 a 293 do Código de Processo Civil." Assim, não se cogita de limitação da condenação ao valor atualizado apontado pelo reclamante em sua petição inicial. O valor exequendo deverá ser apurado em regular liquidação, nos moldes do art. 879, caput e §2º, da CLT. Nada a deferir. . da doença ocupacional A reclamada se insurge contra o reconhecimento da doença ocupacional, alegando que o julgador não está adstrito às conclusões apresentadas pelo laudo técnico e que não houve vistoria no local de trabalho do obreiro para comprovar a existência de risco ergonômico no desempenho das funções do autor, além de a sua doença ser de cunho degenerativo. Aduz que as alterações na coluna do reclamante são progressivas e decorrem de processo natural de envelhecimento, podendo ser agravadas por diversos fatores alheios, inexistindo qualquer embasamento para o reconhecimento da existência de nexo concausal. Acrescenta que não são consideradas como ocupacionais as doenças degenerativas e que as atividades desempenhadas pelo reclamante não exigiam força estática, carregamento de peso, má postura, repetitividade de movimento ou posicionamento antiergonômico, além de o obreiro sempre realizar exames periódicos, sendo considerado apto para desempenho de suas atividades em todos, assim como na sua dispensa. Ressalta ainda que não há qualquer fundamento para o reconhecimento de responsabilidade civil e sempre adotou medidas de proteção à saúde de seus empregados, exemplificando que, após orientação médica, emitiu TRACOM (Trabalho Compatível). Por tais razões, requer a reforma da r. sentença a fim de que seja afastada a responsabilidade reconhecida na origem. Pois bem. Para que reste caracterizada a responsabilidade da empregadora, faz-se necessária a presença de, no mínimo, três elementos fundamentais: existência do dano, a conduta antijurídica do causador do dano e o nexo causal/concausal entre o resultado danoso e a conduta do agente. No presente caso, o laudo pericial reconheceu a existência de nexo de concausalidade entre os danos causados ao autor e o trabalho desempenhado para a ré, in verbis (Id. 58e14db): "(...) CONCLUSÃO Periciando portador de cervicolombalgia, por alterações crônico-degenerativas evolutivas, acometendo raiz medular. As atividades exercidas foram consideradas como agravantes de suas queixas clínicas, CONFIRMANDO-SE, ASSIM, A CONCAUSALIDADE E A EQUIPARAÇÃO LEGAL À DOENÇA OCUPACIONAL. É CONSIDERADO APTO COM RESTRIÇÕES. Observação: estima-se, para fins indenizatórios, dano corporal de 12.5%". Da análise da sentença proferida, infere-se que os pleitos ora debatidos restaram deferidos com base no laudo pericial produzido, sem quaisquer outras provas aptas a afastar a sua conclusão. Destaque-se que a necessidade de vistoria no local de trabalho do autor já fora analisada em tópico anterior. Pontou a origem que "a Sra. Perita observou que o Autor realizava entrega de produtos, como bebidas, junto com o motorista, no período da sua admissão, em 03/12/2015, até 2023, após passou a trabalhar com outro ajudante, sendo 2 ajudantes" e fora destacado também no laudo que havia "movimentação das caixas de bebidas, utilizando carrinho nem sempre era compatível com o local de entrega, ocasião em que realizava movimentação manual da carga, o que ocorria diariamente e, ainda segundo o trabalhador, quando manual, posicionava o engradado de bebidas sobre os ombros para transporte". A r. sentença consignou ainda que laudo destacou que "quando do início das queixas em coluna, os exames de imagens confirmaram alterações crônicas em evolução, com comprometimento radicular e extrusão discal cervical, tendo sido o Autor avaliado pelo serviço de medicina ocupacional e realocado para atividade ou trabalho compatível "TRACOM", sendo considerado apto com restrições". Destaque-se ainda que, conforme pontuado na decisão de origem, apesar de o reclamante não ter se afastado pelo INSS, este teve acompanhamento e tratamento médico com o fornecimento de atestados ou relatórios que atestaram a sua aptidão com restrições e, além disso, a emissão do TRACOM "confirma que o Autor foi avaliado pelo setor de medicina no trabalho e precisou ter o seu trabalho adequado, o que revela a necessidade de restrição de suas atividades, evitando excesso de horas trabalhadas e de peso". Ademais, além da análise aprofundada realizada pela perícia, a prova oral também confirmou que o reclamante estava submetido a risco ergonômico moderado, de modo que "conquanto a doença apresente características crônico degenerativas, as condições de trabalho aplicadas ao Autor durante o período de atuação junto ao Réu ao longo de mais de 8 anos, agravaram o seu quadro, a manifestação dos sintomas e a demanda por tratamento médico". Ressalte-se, por fim, que, como bem registrado na decisão recorrida, mesmo após a emissão do TRACOM, não restou comprovado nos autos que o autor passou por reavaliação, sendo que os relatórios médicos juntados com a petição inicial confirmam que, após o prazo de 60 dias, o obreiro ainda continuou em tratamento médico. Assim sendo, não obstante todas as argumentações trazidas pela reclamada, entendo que a prova técnica realizada foi incisiva quanto à existência de nexo concausal. As alegações patronais são meramente especulativas e não se prestam a demover as conclusões do laudo pericial. Embora o juiz não esteja adstrito a julgar apenas com base no laudo pericial, podendo formar sua convicção com outros elementos ou fatos provados nos autos, tem-se que a regra é decidir com base naquele, já que o Juízo não detém conhecimento técnico para apurar fatos de percepção própria do perito, cujo conhecimento especializado lhe atribui maior profundidade e alcance na apuração dos elementos pesquisados. A CLT impõe a realização de prova técnica (Art. 195, § 2º), dando-lhe o status de prova legal. Entendo que a conclusão pericial só pode ser afastada diante de provas robustas que a infirmem, o que, efetivamente, não se verifica no presente feito, se resumindo a ré em apresentar seu inconformismo. Assim, inexistindo nos autos elementos objetivos capazes de desmerecer o laudo pericial apresentado, deve este prevalecer como prova técnica. Desse modo, competia à ré propiciar um ambiente de trabalho sadio, neutralizando ou corrigindo por meio de adequada prevenção o risco a que submeteu o demandante, constituindo dever ínsito a todo contrato de trabalho. Isto porque constitui-se uma das obrigações do empregador preservar a integridade física e mental do empregado no local de trabalho, mediante a redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança, ex vi do art. 7º, XXII, da CF/88. Nesse contexto, constatado o dano à integridade do reclamante e o nexo concausal com a conduta omissiva da reclamada em implementar medidas eficazes a evitar malefícios à saúde daquele, deve o empregador responder pelos danos sofridos. Impende registrar que as medidas mencionadas pela ré não foram capazes de impedir o prejuízo causado ao trabalhador. Desse modo, não há que falar em afastamento da responsabilidade da reclamada. Ressalte-se ainda que o obreiro não foi considerado totalmente incapaz para trabalhar, sendo estabelecida incapacidade parcial e permanente para as atividades que exercia. . estabilidade provisória Afirma a ré que não há falar em estabilidade provisória no emprego em virtude da inexistência de nexo causal ou concausal, além de o reclamante ter sido considerado apto nos exames médicos admissional, periódicos e demissional e não ter havido qualquer afastamento previdenciário. Não obstante as alegações da reclamada, não há provas aptas a afastar a conclusão exarada no laudo pericial. No tocante à estabilidade provisória, nos termos do artigo 118 da Lei 8213/1991 e da Súmula 378 do TST, são requisitos para a garantia provisória de emprego do acidentado o afastamento superior a 15 dias e a consequente percepção do auxílio-doença acidentário, salvo se constatada, após a despedida, doença profissional que guarde relação de causalidade com a execução do contrato de emprego. Havendo nexo concausal e incapacidade, é de se reconhecer a garantia provisória de emprego. No caso dos autos, fora reconhecida a doença profissional em juízo, conforme já analisado em tópico anterior. Desse modo, conforme ressaltado pelo Juízo de origem, "É irrelevante a não concessão do benefício ou o afastamento do Autor pelo INSS, em caso de doença do trabalho constatada após a dispensa". Nesse contexto, válido frisar o quanto decidido pelo C.TST no TST-RR-0020465-17.2022.5.04.0521, Tema 125, com fixação da seguinte tese: "Para fins de garantia provisória de emprego prevista no artigo 118 da Lei nº 8.213/1991, não é necessário o afastamento por período superior a 15 (quinze) dias ou a percepção de auxílio-doença acidentário, desde que reconhecido, após a cessação do contrato de trabalho, o nexo causal ou concausal entre a doença ocupacional e as atividades desempenhadas no curso da relação de emprego". Desse modo, nego provimento ao apelo da ré, estando correta a r. sentença quanto ao reconhecimento do direito de estabilidade provisória do empregado, com o consequente deferimento da indenização correspondente. . danos materiais - pensão vitalícia A ré aduz que não há falar em condenação ao pagamento de pensão vitalícia, já que o laudo médico pericial não pode ser acolhido, sofrendo o autor com patologias de ordem degenerativa, além de este não ter recebido benefício previdenciário. Aduz que o perito fez uso equivocado da Tabela SUSEP, já que esta não trata de capacidade laboral, bem como que a avaliação da incapacidade é complexa e deve ser feita levando-se em conta diversos fatores, o que não ocorreu no presente caso. Assevera que o percentual fixado pelo Juízo de origem é subjetivo, não devendo prevalecer, tendo em vista que não reflete qualquer redução da capacidade laboral, além de o autor não se encontrar incapacitado para o labor e ser o INSS o órgão criado para tutelar os seus segurados, logo, responsável para arcar com eventual pagamento de pensão mensal. Requer, assim, o afastamento da condenação ao pagamento de pensão vitalícia, ou, sucessivamente, que seja reduzida verba condenatória à quantia razoável e condizente com o dano, além de outros pleitos formulados. Pois bem. De início, importante destacar que já foi analisada a culpa da ré para efeitos de responsabilidade, não sendo necessário discorrer novamente acerca deste tema. Ademais, ao contrário do quanto alegado pela ré, a conclusão pericial constatou incapacidade do autor para o exercício das funções que desempenhava, premissa que afasta a alegação de aptidão apenas pelo fato de poder realizar outras funções. Além disso, a responsabilidade da ré já fora devidamente analisada em tópicos anteriores, não subsistindo a alegação de que o pagamento deveria ser efetuado pela autarquia previdenciária. Outrossim, considerando que as pessoas precisam se alimentar e de prover suas necessidades materiais, não é razoável invocar o fato de o reclamante poder exercer outras atividades como excludente da indenização material, sobretudo porque a moléstia, a incapacidade permanente e a concausalidade estão comprovadas nos autos. Logo, a lesão não fatal autoriza a indenização em quantia equivalente à importância do trabalho para o qual se inabilitou o reclamante, conforme art. 950 do Código Civil, ou seja, a perda parcial/total da capacidade de trabalho autoriza fixação de pensão em percentual equivalente. Sendo assim, o dano ocasionado pela perda da capacidade laborativa exige reparação específica, conforme artigos 186, 187, 927 e 950 do Código Civil c/c 157 da CLT, não configurando o enriquecimento sem causa a que alude o artigo 884 do Código Civil. Frise-se que os pedidos sucessivos formulados são genéricos e, portanto, desconsideram o quanto decidido, não havendo falar, por exemplo, que o benefício da pensão vitalícia deverá perdurar enquanto perdurar a incapacidade laborativa do reclamante, já que fora fixado o pagamento dos danos materiais em parcela única. Ademais, o Juízo de origem fixou como termo inicial da pensão a data de emissão da TRACOM (Id. 31f5ea0), o que sequer fora impugnado pela reclamada, razão pela qual nada altero. Do mesmo modo, a ré formula genericamente pedido de redução do percentual de incapacidade, sem apresentar quaisquer fundamentos a justificar o seu pleito, não merecendo, portanto, apreciação. Por fim, também não há como apreciar a alegação da ré no sentido de que não se aplica a Tabela SUSEP, eis que, conforme se infere dos esclarecimentos apresentados pela perita no Id. dcd1ebe, bem como constou da r. sentença, fora utilizada a Tabela Brasileira para a Apuração do Dano Corporal da ABMLPM (Associação Brasileira de Medicina Legal e Perícias Médicas), de modo que não se aplica aos autos o quanto argumentado pela recorrente. Nego provimento. . dispensa discriminatória A ré apresenta seu inconformismo quanto ao reconhecimento da dispensa discriminatória, argumentando que as alegadas patologias não possuem qualquer nexo de causalidade com o trabalho desenvolvido para a empregadora e que a doença alegada não é grave, tampouco suscita estigma ou preconceito. Aduz que o reclamante foi considerado apto na dispensa e não se encontrava em tratamento médico, inexistindo qualquer ilicitude na rescisão contratual. Alega que não há qualquer prova acerca da alegada discriminação ou qualquer evento capaz de questionar a dispensa efetuada. Pleiteia, assim, o afastamento da condenação ao pagamento de indenização por dispensa discriminatória. Assiste razão à recorrente. Primeiramente, importante registrar que o dano moral é a lesão a direito da personalidade, cuja proteção está prevista no art. 5º, X, da Constituição Federal e art. 186 do Código Civil. Referida lesão é caracterizada pelo prejuízo relacionado não apenas com a honra ou a dignidade, mas também com tudo aquilo que, relacionado a direito da personalidade, não seja suscetível de valoração econômica. Sendo assim, o dano moral está inserido na própria ofensa e decorre da gravidade do ato ilícito em si. Trata-se, pois, de dano in re ipsa, que deriva do próprio ato ofensivo e dispensa, em regra, a produção de prova das repercussões negativas do ato ilícito na órbita subjetiva da vítima. Não se cogita, assim, prova da dor, do sofrimento ou da humilhação, porque os sentimentos são inerentes à condição humana. In casu, o autor alega que a dispensa decorreu de ato discriminatório, pois a ré tinha plena ciência da doença que a acometia. De fato, não há dúvida de que a ré tinha ciência da doença que acometeu o obreiro, diante de tudo quanto analisado e, inclusive, em virtude da emissão de TRACOM. Contudo, a doença que acomete o reclamante não se trata de doença que cause estigma ou preconceito, razão pela era ônus do autor demonstrar que a dispensa ocorreu de forma discriminatória, fato constitutivo do seu direito, como dispõem os artigos 818, I, da CLT e 373, I, do Código de Processo Civil. Desse ônus, entretanto, não se desincumbiu, data vênia ao entendimento fixado na origem, que presumiu que a dispensa fora efetivada de forma discriminatória em virtude da patologia do obreiro. Isto porque o reclamante não apresentou nenhuma prova de sua versão. Ao contrário, conforme se infere do laudo de Id. 58e14db, fl. 675 do PDF, informou o autor "estar havendo corte de funcionários na empresa e atualmente estar desempregado", o que corrobora com o depoimento prestado pelo preposto em audiência (Id. 1a7778a), o qual informou que "houve uma reestruturação e o reclamante junto com outras pessoas foi desligado". Note-se ainda que a própria testemunha convidada pelo autor afirmou que foi dispensada 1 mês após o reclamante. No mais, a dispensa é direito potestativo do empregador e, ausente qualquer prova de abuso desse direito, já que não há prova de dispensa discriminatória, entendo que deve ser reformada a decisão de origem. Por tais motivos, dou provimento ao apelo da ré a fim de excluir da condenação o pagamento de indenização por dispensa discriminatória. . emissão de CAT A obrigação de fazer, consistente na emissão de CAT, é corolário lógico decorrente do reconhecimento de doença com nexo concausal com o trabalho desempenhado na ré. No que se refere à multa fixada, o juiz pode, de ofício, aplicar as astreintes em caso de descumprimento de obrigações de fazer, para a efetivação da tutela específica ou a obtenção de tutela pelo resultado prático equivalente, conforme disposto no artigo 536, caput e §1º, do CPC. Além disso, determinou o juízo a intimação da ré, após o trânsito em julgado da ação para cumprimento da obrigação, fixando prazo suficiente à demandada. Nada a deferir. . plano de saúde A reclamada pleiteia ainda a reforma da decisão quanto ao deferimento do pedido de restabelecimento do convênio médico, aduzindo que o obreiro já fora condenado ao pagamento de danos materiais e que o autor não contribuía com a mensalidade do plano de saúde, já que contratado na modalidade de coparticipação, sendo comunicado, no momento da sua rescisão, a sua exclusão do plano em razão da ausência de contribuição com a mensalidade. Pois bem. Conforme se verifica na decisão recorrida, o pedido restou deferido em razão de ter sido "constatado pela perícia médica que o Autor necessita de tratamento em razão do seu problema de saúde, nos termos do artigo 949, do Código Civil, a concessão do plano de saúde requerida destina-se a assegurar o devido tratamento ao trabalhador. Conquanto cessado o contrato de trabalho e ausente a contrapartida pelo empregado no custeio das mensalidades, a concessão do plano de saúde no caso em tela possui caráter indenizatório, a fim de reparar os prejuízos suportados pelo Autor, que não conta com os mesmos recursos no Sistema Único de Saúde". Contudo, não há amparo legal para o comando judicial de custeio vitalício de plano de saúde, eis que o art. 950, do Código Civil, de aplicação subsidiária, estabelece apenas que "a indenização, além das despesas do tratamento e lucros cessantes até ao fim da convalescença, incluirá pensão correspondente à importância do trabalho para que se inabilitou, ou da depreciação que ele sofreu". Logo, ressarcimento de despesas de tratamento é diverso de custeio de plano de saúde. Sendo assim, em caso de eventual necessidade de tratamento médico em decorrência da moléstia de que o reclamante é portador, a responsabilidade da ré seria pelo ressarcimento das despesas que o reclamante teve ou possa a vir a ter por conta do problema de saúde, conforme o art. 949, do Código Civil. Nesse contexto, a Lei nº 9.656/1998 não dá guarida à pretensão, pois apenas resguarda o direito do empregado em manter o plano de saúde, após o término do contrato de trabalho, desde que arque com o pagamento integral, nos termos do art. 30: "Art. 30. Ao consumidor que contribuir para produtos de que tratam o inciso I e o § 1º do art. 1º desta Lei, em decorrência de vínculo empregatício, no caso de rescisão ou exoneração do contrato de trabalho sem justa causa, é assegurado o direito de manter sua condição de beneficiário, nas mesmas condições de cobertura assistencial de que gozava quando da vigência do contrato de trabalho, desde que assuma o seu pagamento integral". Ademais, plano de saúde cuida da saúde integral e o que deve ser reparado é somente eventual dano decorrente da doença ocupacional. Por tais motivos, dou provimento ao apelo para excluir a condenação da reclamada à manutenção do convênio médico às suas expensas. . honorários periciais No que concerne à fixação dos honorários pericias, entendo a quantia arbitrada (R$ 4.000,00), que fica mantida, está moderada e em valor compatível com os custos e com a qualidade do trabalho apresentado. Nada a reparar. . honorários sucumbenciais Tendo em vista a manutenção da sucumbência da ré, resta prejudicado o pedido de afastamento dos honorários arbitrados em seu desfavor. Nada a deferir. 2 - MATÉRIA COMUM A AMBOS OS RECURSOS . danos morais Pleiteia a ré o afastamento da condenação quanto ao pagamento de indenização por danos morais, alegando que não há responsabilidade civil, inexistindo nexo de causalidade ou demonstração de culpa, ou, sucessivamente, a redução do valor arbitrado. Já o autor busca a majoração do valor fixado, aduzindo que deve ser levada em consideração a situação econômica do ofensor e do ofendido, bem como que deve ter como fim inibir a adoção de prática ilícitas pela ré. Pois bem. Quanto à doença ocupacional, a análise da culpa da reclamada já foi realizada. Considerando, assim, presentes os requisitos da responsabilidade civil (dano, omissão a dever legal e nexo de causalidade), a reclamada é civilmente responsável por reparar os danos causados, nos termos do art. 186 do Código Civil. Não há negar que a dor, o desconforto e a limitação decorrentes de uma doença resultem em privação social e, por conseguinte, em depressão do sentimento próprio do sujeito. O estabelecimento do nexo concausal da doença com as funções exercidas na empresa resulta na culpa do empregador, já que este tem a obrigação de manter a higidez do ambiente de trabalho, bem como de zelar pela saúde de seus funcionários. Comprovada a culpa do empregador, deve este indenizar o empregado. No que tange ao montante indenizatório, é imprescindível compreender que a finalidade da indenização por dano moral deve cumprir dois propósitos essenciais: instruir o empregador a cumprir as disposições legais pertinentes e proporcionar um alívio à angústia pessoal sofrida pelo trabalhador. Desse modo, o valor da indenização deve equilibrar essas duas finalidades, não devendo ultrapassar a capacidade econômica do responsável pelo pagamento, nem possibilitar que a vítima seja enriquecida injustamente. Deve, ainda, ser proporcional ao dano causado, levando em consideração o contexto econômico e social do afetado. No caso em questão, entendo que o valor fixado de R$ 25.000,00 (vinte e cinco mil reais) se alinha com os princípios de razoabilidade e proporcionalidade inerentes à reparação por danos morais. Nesse sentido, nego provimento aos apelos. 3 - RECURSO DO RECLAMANTE . base de cálculo da pensão vitalícia Busca o autor a reforma da decisão recorrida a fim de que sejam incluídos na base de cálculo da pensão vitalícia as férias +1/3 e o FGTS. Assiste parcial razão ao obreiro. A base de cálculo da pensão deve contemplar a inclusão do 13º salário, conforme já deferido na r. sentença, mas também das férias acrescidas de um terço. Não há falar na inclusão do FGTS, já que este não possui natureza remuneratória. Vide jurisprudência do TST a respeito da matéria: "BASE DE CÁLCULO DA PENSÃO MENSAL VITALÍCIA. ESCLARECIMENTOS. A base de cálculo da pensão mensal vitalícia é a integralidade da remuneração que o trabalhador receberia em atividade, o que inclui o 13º salário e as férias + 1/3, mas não o FGTS. Embargos de declaração conhecidos e providos para prestar esclarecimentos". (ED-RR-126500-24.2008.5.02.0302, Data de Julgamento: 30/11/2016, Relator Ministro: Alexandre de Souza Agra Belmonte, 3ª Turma, Data de Publicação: DEJT 02/12/2016)" Por tais motivos, dou parcial provimento ao recurso do autor a fim de determinar que sejam incluídas as férias + 1/3 na base de cálculo da pensão mensal (danos materiais) arbitrada. . honorários sucumbenciais Nos termos da legislação trabalhista, a sucumbência ampara a condenação em pagamento de honorários nos moldes e percentuais fixados na origem, não havendo falar em majoração daqueles arbitrados em favor dos patronos do autor, porquanto observados os critérios do artigo 791-A da CLT. Mantenho. Diante do que foi decidido e das teses aqui adotadas, considero prequestionadas todas as matérias discutidas nos recursos para os efeitos previstos na Súmula nº 297 do C. TST, sendo desnecessária a referência aos dispositivos constitucionais e/ou legais porventura apontados pelos recorrentes, nos termos da Orientação Jurisprudencial nº 118 do C. TST. Acórdão Presidiu o julgamento a Excelentíssima Senhora Desembargadora Tania Bizarro Quirino de Morais. Tomaram parte no julgamento os Excelentíssimos Senhores Magistrados Federais do Trabalho Tania Bizarro Quirino de Morais (Relatora), Cíntia Táffari (2º votante) e Benedito Valentini. Votação: unânime. Isto posto, ACORDAM os Magistrados da 12ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região em: I - CONHECER dos recursos ordinários interpostos pela reclamada e pelo reclamante,II - REJEITAR a preliminar de nulidade suscitada pela ré e, no mérito, III - DAR PARCIAL PROVIMENTO ao apelo da reclamada, para, reformando a r. sentença, a) excluir da condenação o pagamento de indenização por dispensa discriminatória e b) excluir a condenação da reclamada à manutenção do convênio médico às suas expensas e IV - DAR PARCIAL PROVIMENTO ao apelo do autor para, reformando a r. sentença, determinar que sejam incluídas as férias + 1/3 na base de cálculo da pensão mensal (danos materiais) arbitrada. Tudo nos termos da fundamentação do voto da relatora. Custas inalteradas. ASSINATURA TANIA BIZARRO QUIRINO DE MORAIS Relatora msdcb VOTOS SAO PAULO/SP, 03 de julho de 2025. ADRIANO PARAISO DE ALMEIDA Diretor de Secretaria Intimado(s) / Citado(s) - EZIO KELVIN DOS SANTOS SOARES

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Ezio Kelvin Dos Santos Soares e outros x Ezio Kelvin Dos Santos Soares e outros

ID: 316171691

Tribunal: TRT2 Órgão: 12ª Turma Classe: RECURSO ORDINáRIO TRABALHISTA Nº Processo: 1001667-03.2024.5.02.0383

Data de Disponibilização: 04/07/2025

Polo Ativo:

EZIO KELVIN DOS SANTOS SOARES LIGIA CELIA LEME FORTE GONCALVES SPAL INDUSTRIA BRASILEIRA DE BEBIDAS S/A

Polo Passivo:

EZIO KELVIN DOS SANTOS SOARES SPAL INDUSTRIA BRASILEIRA DE BEBIDAS S/A

Notificação

Advogados:

VIVIANE CASTRO NEVES PASCOAL MALDONADO DAL MAS

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

WASHINGTON GOMES SILVA DOS REIS

OAB/BA XXXXXX Desbloquear

JOEL MORAES DE OLIVEIRA

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO 12ª TURMA Relatora: TANIA BIZARRO QUIRINO DE MORAIS ROT 1001667-03.2024.5.02.0383 RECORRENTE: EZIO KELVIN DOS SAN… PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO 12ª TURMA Relatora: TANIA BIZARRO QUIRINO DE MORAIS ROT 1001667-03.2024.5.02.0383 RECORRENTE: EZIO KELVIN DOS SANTOS SOARES E OUTROS (1) RECORRIDO: EZIO KELVIN DOS SANTOS SOARES E OUTROS (1) Fica V. Sa. intimada do inteiro teor do v. Acórdão #id:b91d0f8 proferido nos autos: PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO PROCESSO nº 1001667-03.2024.5.02.0383 RECURSO ORDINÁRIO ORIUNDO DA 3ª VARA DO TRABALHO DE OSASCO RECORRENTES: EZIO KELVIN DOS SANTOS SOARES, SPAL INDUSTRIA BRASILEIRA DE BEBIDAS S/A RECORRIDOS: EZIO KELVIN DOS SANTOS SOARES, SPAL INDUSTRIA BRASILEIRA DE BEBIDAS S/A RELATORA: TANIA BIZARRO QUIRINO DE MORAIS RELATÓRIO A r. sentença (Id. 1143eca), cujo relatório adoto, complementada pela decisão de Id. b13c05a, decidiu pela PROCEDÊNCIA PARCIAL dos pedidos. Irresignada, a reclamada apresenta RECURSO ORDINÁRIO (Id. 841e78d), objetivando, preliminarmente, nulidade por cerceamento de defesa e, no mérito, busca a reforma do julgado quanto à decadência de recolhimentos previdenciários, ausência de limitação da condenação aos valores indicados na petição inicial, estabilidade provisória, danos morais e danos materiais relacionados à doença ocupacional reconhecida, danos morais por dispensa discriminatória, emissão de CAT, plano de saúde, honorários periciais e honorários sucumbenciais. Inconformado, o reclamante apresenta RECURSO ADESIVO (Id. b5fbf6f), objetivando a reforma do julgado com relação à base de cálculo da pensão vitalícia, danos morais e honorários sucumbenciais. Contrarrazões pelo reclamante (Id. ea14e9d). Contrarrazões pela reclamada (Id. 2eb734e). É o relatório. FUNDAMENTAÇÃO VOTO Rejeito a preliminar suscitada em contrarrazões pelo reclamante de não-conhecimento do recurso da ré por ausência de dialeticidade, eis que desarrazoada. O apelo da demandada impugna os fundamentos da sentença, de modo que inexiste amparo para o acolhimento do requerimento formulado. Presentes os pressupostos legais de admissibilidade, conheço dos recursos. PRELIMINARMENTE - apelo da reclamada . nulidade por cerceamento de defesa A parte ré pleiteia a nulidade da decisão por cerceamento de defesa, afirmando que, na perícia realizada, não houve vistoria no local de trabalho do autor, essencial para verificar as condições do seu posto de trabalho, assim como fatores ergonômicos e biomecânicos. Aduz que o laudo não apurou todo os fatos, sendo pertinente o seu requerimento em busca da verdade real, e que o perito, mesmo após impugnação apresentada, apenas ratificou suas conclusões sem discorrer sobre os pontos controvertidos. Pugna, assim, pela reabertura da instrução processual para a correta colheita da prova técnica. Não vislumbro no caso dos autos o alegado cerceamento de defesa ou a existência de nulidade processual. De início, importante destacar que ao Magistrado é concedido o poder de apreciar livremente as provas, segundo o princípio da persuasão racional, determinando aquelas que sejam necessárias à instrução do processo, como lhe facultam os artigos 370 e 371, do CPC, de aplicação subsidiária ao Processo do Trabalho. Válido ainda mencionar que, ao contrário do quanto alegado no apelo, todos os questionamentos elaborados pela reclamada foram respondidos pela expert. Além disso, após apresentação dos esclarecimentos pela perita no Id. dcd1ebe, fora proferido despacho no Id. dcbcbb1 a fim de dar ciência às partes acerca da referida manifestação, bem como para conceder prazo para apresentação de razões finais, contudo, não houve qualquer petição apresentada pelas partes nessa oportunidade, restando preclusa, portanto, qualquer alegação de vícios no laudo e/ou de nulidade pela ré. Ainda que assim não fosse, no que concerne à vistoria no local de trabalho, esta pode ser dispensada quando os demais elementos de prova forem suficientes para formação do convencimento, inexistindo imprescindibilidade, conforme entendimento firmado no C. TST, tendo ainda a perita ressaltado nos esclarecimentos de Id. dcd1ebe que "já realizou várias diligências na empresa reclamada, tendo em vista atuar na área e na região há longa data, conhecendo bem os ambientes laborais ora examinados". Logo, não há falar em nulidade da sentença, eis que baseada em laudo produzido de forma detalhada, além de terem sido prestados todos os esclarecimentos solicitados pelas partes. Desse modo, não se verificam elementos que justifiquem o deferimento do pleito formulado pela reclamada. Rejeito. MÉRITO 1 - RECURSO DA RECLAMADA . decadência das contribuições previdenciárias A reclamada aduz que, em sede de contestação, "requereu que em caso de procedência dos pedidos formulados pelo recorrido, fosse reconhecida e declarada a decadência dos recolhimentos previdenciários nos termos do artigo 43 § 2º da Lei 8.212/91" e que "não concorda com os fundamentos norteadores da decisão de piso". Afirma que deve ser considerado como fato gerador das contribuições sociais a data da prestação do serviço e que a autorização para cobrança de ofício por parte das autoridades fiscais se encontra condicionada ao respeito do prazo decadencial, o qual, após o advento da Súmula Vinculante STF n° 83, é de 5 anos, nos termos dos artigos 150 e 173 do CTN. Requer, assim, "seja reconhecida a decadência do direito de as autoridades fiscais procederem com a cobrança dos valores referentes aos 05 anos anteriores da data da publicação da sentença". Não assiste razão à recorrente. Conforme se observa do apelo, este não impugna os termos da decisão proferida, carecendo ainda a ré de interesse recursal. Da análise da r. sentença, verifica-se que o D. Julgador de origem, preliminarmente, consignou que "A prejudicial de decadência arguida em preliminar relativa às contribuições previdenciárias trata-se de matéria relacionada à fixação das diretrizes para apuração do respectivo valor em regular liquidação de sentença, o que será analisado em tópico próprio". Após a análise do quanto pleiteado pela parte demandante, concluiu, no dispositivo, que "A condenação possui natureza indenizatória, não havendo incidência previdenciária ou fiscal". Como se observa, não houve condenação ao recolhimento de contribuições previdenciárias, sendo que as razões apresentadas pela reclamada são genéricas e não impugnam o quanto concluído pela decisão recorrida, não havendo, portanto, o que ser apreciado. Nada a deferir. . limitação da condenação aos valores indicados na inicial Busca a reclamada a reforma da sentença quanto à ausência de determinação de limitação da liquidação aos valores atribuídos na peça inicial. Sem razão. O artigo 840, §1º, da CLT apenas prevê que o pedido seja certo, determinado e com indicação do valor, não exigindo liquidação neste ponto. A condenação não está limitada ao valor indicado na petição inicial, que é simples estimativa. Assim a Instrução Normativa 41 de 2018, do Pleno do TST, cujo art. 12, § 2º, reza: "Para fim do que dispõe o art. 840, §§ 1º e 2º, da CLT, o valor da causa será estimado, observando-se, no que couber, o disposto nos arts. 291 a 293 do Código de Processo Civil." Assim, não se cogita de limitação da condenação ao valor atualizado apontado pelo reclamante em sua petição inicial. O valor exequendo deverá ser apurado em regular liquidação, nos moldes do art. 879, caput e §2º, da CLT. Nada a deferir. . da doença ocupacional A reclamada se insurge contra o reconhecimento da doença ocupacional, alegando que o julgador não está adstrito às conclusões apresentadas pelo laudo técnico e que não houve vistoria no local de trabalho do obreiro para comprovar a existência de risco ergonômico no desempenho das funções do autor, além de a sua doença ser de cunho degenerativo. Aduz que as alterações na coluna do reclamante são progressivas e decorrem de processo natural de envelhecimento, podendo ser agravadas por diversos fatores alheios, inexistindo qualquer embasamento para o reconhecimento da existência de nexo concausal. Acrescenta que não são consideradas como ocupacionais as doenças degenerativas e que as atividades desempenhadas pelo reclamante não exigiam força estática, carregamento de peso, má postura, repetitividade de movimento ou posicionamento antiergonômico, além de o obreiro sempre realizar exames periódicos, sendo considerado apto para desempenho de suas atividades em todos, assim como na sua dispensa. Ressalta ainda que não há qualquer fundamento para o reconhecimento de responsabilidade civil e sempre adotou medidas de proteção à saúde de seus empregados, exemplificando que, após orientação médica, emitiu TRACOM (Trabalho Compatível). Por tais razões, requer a reforma da r. sentença a fim de que seja afastada a responsabilidade reconhecida na origem. Pois bem. Para que reste caracterizada a responsabilidade da empregadora, faz-se necessária a presença de, no mínimo, três elementos fundamentais: existência do dano, a conduta antijurídica do causador do dano e o nexo causal/concausal entre o resultado danoso e a conduta do agente. No presente caso, o laudo pericial reconheceu a existência de nexo de concausalidade entre os danos causados ao autor e o trabalho desempenhado para a ré, in verbis (Id. 58e14db): "(...) CONCLUSÃO Periciando portador de cervicolombalgia, por alterações crônico-degenerativas evolutivas, acometendo raiz medular. As atividades exercidas foram consideradas como agravantes de suas queixas clínicas, CONFIRMANDO-SE, ASSIM, A CONCAUSALIDADE E A EQUIPARAÇÃO LEGAL À DOENÇA OCUPACIONAL. É CONSIDERADO APTO COM RESTRIÇÕES. Observação: estima-se, para fins indenizatórios, dano corporal de 12.5%". Da análise da sentença proferida, infere-se que os pleitos ora debatidos restaram deferidos com base no laudo pericial produzido, sem quaisquer outras provas aptas a afastar a sua conclusão. Destaque-se que a necessidade de vistoria no local de trabalho do autor já fora analisada em tópico anterior. Pontou a origem que "a Sra. Perita observou que o Autor realizava entrega de produtos, como bebidas, junto com o motorista, no período da sua admissão, em 03/12/2015, até 2023, após passou a trabalhar com outro ajudante, sendo 2 ajudantes" e fora destacado também no laudo que havia "movimentação das caixas de bebidas, utilizando carrinho nem sempre era compatível com o local de entrega, ocasião em que realizava movimentação manual da carga, o que ocorria diariamente e, ainda segundo o trabalhador, quando manual, posicionava o engradado de bebidas sobre os ombros para transporte". A r. sentença consignou ainda que laudo destacou que "quando do início das queixas em coluna, os exames de imagens confirmaram alterações crônicas em evolução, com comprometimento radicular e extrusão discal cervical, tendo sido o Autor avaliado pelo serviço de medicina ocupacional e realocado para atividade ou trabalho compatível "TRACOM", sendo considerado apto com restrições". Destaque-se ainda que, conforme pontuado na decisão de origem, apesar de o reclamante não ter se afastado pelo INSS, este teve acompanhamento e tratamento médico com o fornecimento de atestados ou relatórios que atestaram a sua aptidão com restrições e, além disso, a emissão do TRACOM "confirma que o Autor foi avaliado pelo setor de medicina no trabalho e precisou ter o seu trabalho adequado, o que revela a necessidade de restrição de suas atividades, evitando excesso de horas trabalhadas e de peso". Ademais, além da análise aprofundada realizada pela perícia, a prova oral também confirmou que o reclamante estava submetido a risco ergonômico moderado, de modo que "conquanto a doença apresente características crônico degenerativas, as condições de trabalho aplicadas ao Autor durante o período de atuação junto ao Réu ao longo de mais de 8 anos, agravaram o seu quadro, a manifestação dos sintomas e a demanda por tratamento médico". Ressalte-se, por fim, que, como bem registrado na decisão recorrida, mesmo após a emissão do TRACOM, não restou comprovado nos autos que o autor passou por reavaliação, sendo que os relatórios médicos juntados com a petição inicial confirmam que, após o prazo de 60 dias, o obreiro ainda continuou em tratamento médico. Assim sendo, não obstante todas as argumentações trazidas pela reclamada, entendo que a prova técnica realizada foi incisiva quanto à existência de nexo concausal. As alegações patronais são meramente especulativas e não se prestam a demover as conclusões do laudo pericial. Embora o juiz não esteja adstrito a julgar apenas com base no laudo pericial, podendo formar sua convicção com outros elementos ou fatos provados nos autos, tem-se que a regra é decidir com base naquele, já que o Juízo não detém conhecimento técnico para apurar fatos de percepção própria do perito, cujo conhecimento especializado lhe atribui maior profundidade e alcance na apuração dos elementos pesquisados. A CLT impõe a realização de prova técnica (Art. 195, § 2º), dando-lhe o status de prova legal. Entendo que a conclusão pericial só pode ser afastada diante de provas robustas que a infirmem, o que, efetivamente, não se verifica no presente feito, se resumindo a ré em apresentar seu inconformismo. Assim, inexistindo nos autos elementos objetivos capazes de desmerecer o laudo pericial apresentado, deve este prevalecer como prova técnica. Desse modo, competia à ré propiciar um ambiente de trabalho sadio, neutralizando ou corrigindo por meio de adequada prevenção o risco a que submeteu o demandante, constituindo dever ínsito a todo contrato de trabalho. Isto porque constitui-se uma das obrigações do empregador preservar a integridade física e mental do empregado no local de trabalho, mediante a redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança, ex vi do art. 7º, XXII, da CF/88. Nesse contexto, constatado o dano à integridade do reclamante e o nexo concausal com a conduta omissiva da reclamada em implementar medidas eficazes a evitar malefícios à saúde daquele, deve o empregador responder pelos danos sofridos. Impende registrar que as medidas mencionadas pela ré não foram capazes de impedir o prejuízo causado ao trabalhador. Desse modo, não há que falar em afastamento da responsabilidade da reclamada. Ressalte-se ainda que o obreiro não foi considerado totalmente incapaz para trabalhar, sendo estabelecida incapacidade parcial e permanente para as atividades que exercia. . estabilidade provisória Afirma a ré que não há falar em estabilidade provisória no emprego em virtude da inexistência de nexo causal ou concausal, além de o reclamante ter sido considerado apto nos exames médicos admissional, periódicos e demissional e não ter havido qualquer afastamento previdenciário. Não obstante as alegações da reclamada, não há provas aptas a afastar a conclusão exarada no laudo pericial. No tocante à estabilidade provisória, nos termos do artigo 118 da Lei 8213/1991 e da Súmula 378 do TST, são requisitos para a garantia provisória de emprego do acidentado o afastamento superior a 15 dias e a consequente percepção do auxílio-doença acidentário, salvo se constatada, após a despedida, doença profissional que guarde relação de causalidade com a execução do contrato de emprego. Havendo nexo concausal e incapacidade, é de se reconhecer a garantia provisória de emprego. No caso dos autos, fora reconhecida a doença profissional em juízo, conforme já analisado em tópico anterior. Desse modo, conforme ressaltado pelo Juízo de origem, "É irrelevante a não concessão do benefício ou o afastamento do Autor pelo INSS, em caso de doença do trabalho constatada após a dispensa". Nesse contexto, válido frisar o quanto decidido pelo C.TST no TST-RR-0020465-17.2022.5.04.0521, Tema 125, com fixação da seguinte tese: "Para fins de garantia provisória de emprego prevista no artigo 118 da Lei nº 8.213/1991, não é necessário o afastamento por período superior a 15 (quinze) dias ou a percepção de auxílio-doença acidentário, desde que reconhecido, após a cessação do contrato de trabalho, o nexo causal ou concausal entre a doença ocupacional e as atividades desempenhadas no curso da relação de emprego". Desse modo, nego provimento ao apelo da ré, estando correta a r. sentença quanto ao reconhecimento do direito de estabilidade provisória do empregado, com o consequente deferimento da indenização correspondente. . danos materiais - pensão vitalícia A ré aduz que não há falar em condenação ao pagamento de pensão vitalícia, já que o laudo médico pericial não pode ser acolhido, sofrendo o autor com patologias de ordem degenerativa, além de este não ter recebido benefício previdenciário. Aduz que o perito fez uso equivocado da Tabela SUSEP, já que esta não trata de capacidade laboral, bem como que a avaliação da incapacidade é complexa e deve ser feita levando-se em conta diversos fatores, o que não ocorreu no presente caso. Assevera que o percentual fixado pelo Juízo de origem é subjetivo, não devendo prevalecer, tendo em vista que não reflete qualquer redução da capacidade laboral, além de o autor não se encontrar incapacitado para o labor e ser o INSS o órgão criado para tutelar os seus segurados, logo, responsável para arcar com eventual pagamento de pensão mensal. Requer, assim, o afastamento da condenação ao pagamento de pensão vitalícia, ou, sucessivamente, que seja reduzida verba condenatória à quantia razoável e condizente com o dano, além de outros pleitos formulados. Pois bem. De início, importante destacar que já foi analisada a culpa da ré para efeitos de responsabilidade, não sendo necessário discorrer novamente acerca deste tema. Ademais, ao contrário do quanto alegado pela ré, a conclusão pericial constatou incapacidade do autor para o exercício das funções que desempenhava, premissa que afasta a alegação de aptidão apenas pelo fato de poder realizar outras funções. Além disso, a responsabilidade da ré já fora devidamente analisada em tópicos anteriores, não subsistindo a alegação de que o pagamento deveria ser efetuado pela autarquia previdenciária. Outrossim, considerando que as pessoas precisam se alimentar e de prover suas necessidades materiais, não é razoável invocar o fato de o reclamante poder exercer outras atividades como excludente da indenização material, sobretudo porque a moléstia, a incapacidade permanente e a concausalidade estão comprovadas nos autos. Logo, a lesão não fatal autoriza a indenização em quantia equivalente à importância do trabalho para o qual se inabilitou o reclamante, conforme art. 950 do Código Civil, ou seja, a perda parcial/total da capacidade de trabalho autoriza fixação de pensão em percentual equivalente. Sendo assim, o dano ocasionado pela perda da capacidade laborativa exige reparação específica, conforme artigos 186, 187, 927 e 950 do Código Civil c/c 157 da CLT, não configurando o enriquecimento sem causa a que alude o artigo 884 do Código Civil. Frise-se que os pedidos sucessivos formulados são genéricos e, portanto, desconsideram o quanto decidido, não havendo falar, por exemplo, que o benefício da pensão vitalícia deverá perdurar enquanto perdurar a incapacidade laborativa do reclamante, já que fora fixado o pagamento dos danos materiais em parcela única. Ademais, o Juízo de origem fixou como termo inicial da pensão a data de emissão da TRACOM (Id. 31f5ea0), o que sequer fora impugnado pela reclamada, razão pela qual nada altero. Do mesmo modo, a ré formula genericamente pedido de redução do percentual de incapacidade, sem apresentar quaisquer fundamentos a justificar o seu pleito, não merecendo, portanto, apreciação. Por fim, também não há como apreciar a alegação da ré no sentido de que não se aplica a Tabela SUSEP, eis que, conforme se infere dos esclarecimentos apresentados pela perita no Id. dcd1ebe, bem como constou da r. sentença, fora utilizada a Tabela Brasileira para a Apuração do Dano Corporal da ABMLPM (Associação Brasileira de Medicina Legal e Perícias Médicas), de modo que não se aplica aos autos o quanto argumentado pela recorrente. Nego provimento. . dispensa discriminatória A ré apresenta seu inconformismo quanto ao reconhecimento da dispensa discriminatória, argumentando que as alegadas patologias não possuem qualquer nexo de causalidade com o trabalho desenvolvido para a empregadora e que a doença alegada não é grave, tampouco suscita estigma ou preconceito. Aduz que o reclamante foi considerado apto na dispensa e não se encontrava em tratamento médico, inexistindo qualquer ilicitude na rescisão contratual. Alega que não há qualquer prova acerca da alegada discriminação ou qualquer evento capaz de questionar a dispensa efetuada. Pleiteia, assim, o afastamento da condenação ao pagamento de indenização por dispensa discriminatória. Assiste razão à recorrente. Primeiramente, importante registrar que o dano moral é a lesão a direito da personalidade, cuja proteção está prevista no art. 5º, X, da Constituição Federal e art. 186 do Código Civil. Referida lesão é caracterizada pelo prejuízo relacionado não apenas com a honra ou a dignidade, mas também com tudo aquilo que, relacionado a direito da personalidade, não seja suscetível de valoração econômica. Sendo assim, o dano moral está inserido na própria ofensa e decorre da gravidade do ato ilícito em si. Trata-se, pois, de dano in re ipsa, que deriva do próprio ato ofensivo e dispensa, em regra, a produção de prova das repercussões negativas do ato ilícito na órbita subjetiva da vítima. Não se cogita, assim, prova da dor, do sofrimento ou da humilhação, porque os sentimentos são inerentes à condição humana. In casu, o autor alega que a dispensa decorreu de ato discriminatório, pois a ré tinha plena ciência da doença que a acometia. De fato, não há dúvida de que a ré tinha ciência da doença que acometeu o obreiro, diante de tudo quanto analisado e, inclusive, em virtude da emissão de TRACOM. Contudo, a doença que acomete o reclamante não se trata de doença que cause estigma ou preconceito, razão pela era ônus do autor demonstrar que a dispensa ocorreu de forma discriminatória, fato constitutivo do seu direito, como dispõem os artigos 818, I, da CLT e 373, I, do Código de Processo Civil. Desse ônus, entretanto, não se desincumbiu, data vênia ao entendimento fixado na origem, que presumiu que a dispensa fora efetivada de forma discriminatória em virtude da patologia do obreiro. Isto porque o reclamante não apresentou nenhuma prova de sua versão. Ao contrário, conforme se infere do laudo de Id. 58e14db, fl. 675 do PDF, informou o autor "estar havendo corte de funcionários na empresa e atualmente estar desempregado", o que corrobora com o depoimento prestado pelo preposto em audiência (Id. 1a7778a), o qual informou que "houve uma reestruturação e o reclamante junto com outras pessoas foi desligado". Note-se ainda que a própria testemunha convidada pelo autor afirmou que foi dispensada 1 mês após o reclamante. No mais, a dispensa é direito potestativo do empregador e, ausente qualquer prova de abuso desse direito, já que não há prova de dispensa discriminatória, entendo que deve ser reformada a decisão de origem. Por tais motivos, dou provimento ao apelo da ré a fim de excluir da condenação o pagamento de indenização por dispensa discriminatória. . emissão de CAT A obrigação de fazer, consistente na emissão de CAT, é corolário lógico decorrente do reconhecimento de doença com nexo concausal com o trabalho desempenhado na ré. No que se refere à multa fixada, o juiz pode, de ofício, aplicar as astreintes em caso de descumprimento de obrigações de fazer, para a efetivação da tutela específica ou a obtenção de tutela pelo resultado prático equivalente, conforme disposto no artigo 536, caput e §1º, do CPC. Além disso, determinou o juízo a intimação da ré, após o trânsito em julgado da ação para cumprimento da obrigação, fixando prazo suficiente à demandada. Nada a deferir. . plano de saúde A reclamada pleiteia ainda a reforma da decisão quanto ao deferimento do pedido de restabelecimento do convênio médico, aduzindo que o obreiro já fora condenado ao pagamento de danos materiais e que o autor não contribuía com a mensalidade do plano de saúde, já que contratado na modalidade de coparticipação, sendo comunicado, no momento da sua rescisão, a sua exclusão do plano em razão da ausência de contribuição com a mensalidade. Pois bem. Conforme se verifica na decisão recorrida, o pedido restou deferido em razão de ter sido "constatado pela perícia médica que o Autor necessita de tratamento em razão do seu problema de saúde, nos termos do artigo 949, do Código Civil, a concessão do plano de saúde requerida destina-se a assegurar o devido tratamento ao trabalhador. Conquanto cessado o contrato de trabalho e ausente a contrapartida pelo empregado no custeio das mensalidades, a concessão do plano de saúde no caso em tela possui caráter indenizatório, a fim de reparar os prejuízos suportados pelo Autor, que não conta com os mesmos recursos no Sistema Único de Saúde". Contudo, não há amparo legal para o comando judicial de custeio vitalício de plano de saúde, eis que o art. 950, do Código Civil, de aplicação subsidiária, estabelece apenas que "a indenização, além das despesas do tratamento e lucros cessantes até ao fim da convalescença, incluirá pensão correspondente à importância do trabalho para que se inabilitou, ou da depreciação que ele sofreu". Logo, ressarcimento de despesas de tratamento é diverso de custeio de plano de saúde. Sendo assim, em caso de eventual necessidade de tratamento médico em decorrência da moléstia de que o reclamante é portador, a responsabilidade da ré seria pelo ressarcimento das despesas que o reclamante teve ou possa a vir a ter por conta do problema de saúde, conforme o art. 949, do Código Civil. Nesse contexto, a Lei nº 9.656/1998 não dá guarida à pretensão, pois apenas resguarda o direito do empregado em manter o plano de saúde, após o término do contrato de trabalho, desde que arque com o pagamento integral, nos termos do art. 30: "Art. 30. Ao consumidor que contribuir para produtos de que tratam o inciso I e o § 1º do art. 1º desta Lei, em decorrência de vínculo empregatício, no caso de rescisão ou exoneração do contrato de trabalho sem justa causa, é assegurado o direito de manter sua condição de beneficiário, nas mesmas condições de cobertura assistencial de que gozava quando da vigência do contrato de trabalho, desde que assuma o seu pagamento integral". Ademais, plano de saúde cuida da saúde integral e o que deve ser reparado é somente eventual dano decorrente da doença ocupacional. Por tais motivos, dou provimento ao apelo para excluir a condenação da reclamada à manutenção do convênio médico às suas expensas. . honorários periciais No que concerne à fixação dos honorários pericias, entendo a quantia arbitrada (R$ 4.000,00), que fica mantida, está moderada e em valor compatível com os custos e com a qualidade do trabalho apresentado. Nada a reparar. . honorários sucumbenciais Tendo em vista a manutenção da sucumbência da ré, resta prejudicado o pedido de afastamento dos honorários arbitrados em seu desfavor. Nada a deferir. 2 - MATÉRIA COMUM A AMBOS OS RECURSOS . danos morais Pleiteia a ré o afastamento da condenação quanto ao pagamento de indenização por danos morais, alegando que não há responsabilidade civil, inexistindo nexo de causalidade ou demonstração de culpa, ou, sucessivamente, a redução do valor arbitrado. Já o autor busca a majoração do valor fixado, aduzindo que deve ser levada em consideração a situação econômica do ofensor e do ofendido, bem como que deve ter como fim inibir a adoção de prática ilícitas pela ré. Pois bem. Quanto à doença ocupacional, a análise da culpa da reclamada já foi realizada. Considerando, assim, presentes os requisitos da responsabilidade civil (dano, omissão a dever legal e nexo de causalidade), a reclamada é civilmente responsável por reparar os danos causados, nos termos do art. 186 do Código Civil. Não há negar que a dor, o desconforto e a limitação decorrentes de uma doença resultem em privação social e, por conseguinte, em depressão do sentimento próprio do sujeito. O estabelecimento do nexo concausal da doença com as funções exercidas na empresa resulta na culpa do empregador, já que este tem a obrigação de manter a higidez do ambiente de trabalho, bem como de zelar pela saúde de seus funcionários. Comprovada a culpa do empregador, deve este indenizar o empregado. No que tange ao montante indenizatório, é imprescindível compreender que a finalidade da indenização por dano moral deve cumprir dois propósitos essenciais: instruir o empregador a cumprir as disposições legais pertinentes e proporcionar um alívio à angústia pessoal sofrida pelo trabalhador. Desse modo, o valor da indenização deve equilibrar essas duas finalidades, não devendo ultrapassar a capacidade econômica do responsável pelo pagamento, nem possibilitar que a vítima seja enriquecida injustamente. Deve, ainda, ser proporcional ao dano causado, levando em consideração o contexto econômico e social do afetado. No caso em questão, entendo que o valor fixado de R$ 25.000,00 (vinte e cinco mil reais) se alinha com os princípios de razoabilidade e proporcionalidade inerentes à reparação por danos morais. Nesse sentido, nego provimento aos apelos. 3 - RECURSO DO RECLAMANTE . base de cálculo da pensão vitalícia Busca o autor a reforma da decisão recorrida a fim de que sejam incluídos na base de cálculo da pensão vitalícia as férias +1/3 e o FGTS. Assiste parcial razão ao obreiro. A base de cálculo da pensão deve contemplar a inclusão do 13º salário, conforme já deferido na r. sentença, mas também das férias acrescidas de um terço. Não há falar na inclusão do FGTS, já que este não possui natureza remuneratória. Vide jurisprudência do TST a respeito da matéria: "BASE DE CÁLCULO DA PENSÃO MENSAL VITALÍCIA. ESCLARECIMENTOS. A base de cálculo da pensão mensal vitalícia é a integralidade da remuneração que o trabalhador receberia em atividade, o que inclui o 13º salário e as férias + 1/3, mas não o FGTS. Embargos de declaração conhecidos e providos para prestar esclarecimentos". (ED-RR-126500-24.2008.5.02.0302, Data de Julgamento: 30/11/2016, Relator Ministro: Alexandre de Souza Agra Belmonte, 3ª Turma, Data de Publicação: DEJT 02/12/2016)" Por tais motivos, dou parcial provimento ao recurso do autor a fim de determinar que sejam incluídas as férias + 1/3 na base de cálculo da pensão mensal (danos materiais) arbitrada. . honorários sucumbenciais Nos termos da legislação trabalhista, a sucumbência ampara a condenação em pagamento de honorários nos moldes e percentuais fixados na origem, não havendo falar em majoração daqueles arbitrados em favor dos patronos do autor, porquanto observados os critérios do artigo 791-A da CLT. Mantenho. Diante do que foi decidido e das teses aqui adotadas, considero prequestionadas todas as matérias discutidas nos recursos para os efeitos previstos na Súmula nº 297 do C. TST, sendo desnecessária a referência aos dispositivos constitucionais e/ou legais porventura apontados pelos recorrentes, nos termos da Orientação Jurisprudencial nº 118 do C. TST. Acórdão Presidiu o julgamento a Excelentíssima Senhora Desembargadora Tania Bizarro Quirino de Morais. Tomaram parte no julgamento os Excelentíssimos Senhores Magistrados Federais do Trabalho Tania Bizarro Quirino de Morais (Relatora), Cíntia Táffari (2º votante) e Benedito Valentini. Votação: unânime. Isto posto, ACORDAM os Magistrados da 12ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região em: I - CONHECER dos recursos ordinários interpostos pela reclamada e pelo reclamante,II - REJEITAR a preliminar de nulidade suscitada pela ré e, no mérito, III - DAR PARCIAL PROVIMENTO ao apelo da reclamada, para, reformando a r. sentença, a) excluir da condenação o pagamento de indenização por dispensa discriminatória e b) excluir a condenação da reclamada à manutenção do convênio médico às suas expensas e IV - DAR PARCIAL PROVIMENTO ao apelo do autor para, reformando a r. sentença, determinar que sejam incluídas as férias + 1/3 na base de cálculo da pensão mensal (danos materiais) arbitrada. Tudo nos termos da fundamentação do voto da relatora. Custas inalteradas. ASSINATURA TANIA BIZARRO QUIRINO DE MORAIS Relatora msdcb VOTOS SAO PAULO/SP, 03 de julho de 2025. ADRIANO PARAISO DE ALMEIDA Diretor de Secretaria Intimado(s) / Citado(s) - SPAL INDUSTRIA BRASILEIRA DE BEBIDAS S/A

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Ezio Kelvin Dos Santos Soares e outros x Ezio Kelvin Dos Santos Soares e outros

ID: 316171711

Tribunal: TRT2 Órgão: 12ª Turma Classe: RECURSO ORDINáRIO TRABALHISTA Nº Processo: 1001667-03.2024.5.02.0383

Data de Disponibilização: 04/07/2025

Polo Ativo:

EZIO KELVIN DOS SANTOS SOARES LIGIA CELIA LEME FORTE GONCALVES SPAL INDUSTRIA BRASILEIRA DE BEBIDAS S/A

Polo Passivo:

EZIO KELVIN DOS SANTOS SOARES SPAL INDUSTRIA BRASILEIRA DE BEBIDAS S/A

Notificação

Advogados:

VIVIANE CASTRO NEVES PASCOAL MALDONADO DAL MAS

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WASHINGTON GOMES SILVA DOS REIS

OAB/BA XXXXXX Desbloquear

JOEL MORAES DE OLIVEIRA

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO 12ª TURMA Relatora: TANIA BIZARRO QUIRINO DE MORAIS ROT 1001667-03.2024.5.02.0383 RECORRENTE: EZIO KELVIN DOS SAN… PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO 12ª TURMA Relatora: TANIA BIZARRO QUIRINO DE MORAIS ROT 1001667-03.2024.5.02.0383 RECORRENTE: EZIO KELVIN DOS SANTOS SOARES E OUTROS (1) RECORRIDO: EZIO KELVIN DOS SANTOS SOARES E OUTROS (1) Fica V. Sa. intimada do inteiro teor do v. Acórdão #id:b91d0f8 proferido nos autos: PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO PROCESSO nº 1001667-03.2024.5.02.0383 RECURSO ORDINÁRIO ORIUNDO DA 3ª VARA DO TRABALHO DE OSASCO RECORRENTES: EZIO KELVIN DOS SANTOS SOARES, SPAL INDUSTRIA BRASILEIRA DE BEBIDAS S/A RECORRIDOS: EZIO KELVIN DOS SANTOS SOARES, SPAL INDUSTRIA BRASILEIRA DE BEBIDAS S/A RELATORA: TANIA BIZARRO QUIRINO DE MORAIS RELATÓRIO A r. sentença (Id. 1143eca), cujo relatório adoto, complementada pela decisão de Id. b13c05a, decidiu pela PROCEDÊNCIA PARCIAL dos pedidos. Irresignada, a reclamada apresenta RECURSO ORDINÁRIO (Id. 841e78d), objetivando, preliminarmente, nulidade por cerceamento de defesa e, no mérito, busca a reforma do julgado quanto à decadência de recolhimentos previdenciários, ausência de limitação da condenação aos valores indicados na petição inicial, estabilidade provisória, danos morais e danos materiais relacionados à doença ocupacional reconhecida, danos morais por dispensa discriminatória, emissão de CAT, plano de saúde, honorários periciais e honorários sucumbenciais. Inconformado, o reclamante apresenta RECURSO ADESIVO (Id. b5fbf6f), objetivando a reforma do julgado com relação à base de cálculo da pensão vitalícia, danos morais e honorários sucumbenciais. Contrarrazões pelo reclamante (Id. ea14e9d). Contrarrazões pela reclamada (Id. 2eb734e). É o relatório. FUNDAMENTAÇÃO VOTO Rejeito a preliminar suscitada em contrarrazões pelo reclamante de não-conhecimento do recurso da ré por ausência de dialeticidade, eis que desarrazoada. O apelo da demandada impugna os fundamentos da sentença, de modo que inexiste amparo para o acolhimento do requerimento formulado. Presentes os pressupostos legais de admissibilidade, conheço dos recursos. PRELIMINARMENTE - apelo da reclamada . nulidade por cerceamento de defesa A parte ré pleiteia a nulidade da decisão por cerceamento de defesa, afirmando que, na perícia realizada, não houve vistoria no local de trabalho do autor, essencial para verificar as condições do seu posto de trabalho, assim como fatores ergonômicos e biomecânicos. Aduz que o laudo não apurou todo os fatos, sendo pertinente o seu requerimento em busca da verdade real, e que o perito, mesmo após impugnação apresentada, apenas ratificou suas conclusões sem discorrer sobre os pontos controvertidos. Pugna, assim, pela reabertura da instrução processual para a correta colheita da prova técnica. Não vislumbro no caso dos autos o alegado cerceamento de defesa ou a existência de nulidade processual. De início, importante destacar que ao Magistrado é concedido o poder de apreciar livremente as provas, segundo o princípio da persuasão racional, determinando aquelas que sejam necessárias à instrução do processo, como lhe facultam os artigos 370 e 371, do CPC, de aplicação subsidiária ao Processo do Trabalho. Válido ainda mencionar que, ao contrário do quanto alegado no apelo, todos os questionamentos elaborados pela reclamada foram respondidos pela expert. Além disso, após apresentação dos esclarecimentos pela perita no Id. dcd1ebe, fora proferido despacho no Id. dcbcbb1 a fim de dar ciência às partes acerca da referida manifestação, bem como para conceder prazo para apresentação de razões finais, contudo, não houve qualquer petição apresentada pelas partes nessa oportunidade, restando preclusa, portanto, qualquer alegação de vícios no laudo e/ou de nulidade pela ré. Ainda que assim não fosse, no que concerne à vistoria no local de trabalho, esta pode ser dispensada quando os demais elementos de prova forem suficientes para formação do convencimento, inexistindo imprescindibilidade, conforme entendimento firmado no C. TST, tendo ainda a perita ressaltado nos esclarecimentos de Id. dcd1ebe que "já realizou várias diligências na empresa reclamada, tendo em vista atuar na área e na região há longa data, conhecendo bem os ambientes laborais ora examinados". Logo, não há falar em nulidade da sentença, eis que baseada em laudo produzido de forma detalhada, além de terem sido prestados todos os esclarecimentos solicitados pelas partes. Desse modo, não se verificam elementos que justifiquem o deferimento do pleito formulado pela reclamada. Rejeito. MÉRITO 1 - RECURSO DA RECLAMADA . decadência das contribuições previdenciárias A reclamada aduz que, em sede de contestação, "requereu que em caso de procedência dos pedidos formulados pelo recorrido, fosse reconhecida e declarada a decadência dos recolhimentos previdenciários nos termos do artigo 43 § 2º da Lei 8.212/91" e que "não concorda com os fundamentos norteadores da decisão de piso". Afirma que deve ser considerado como fato gerador das contribuições sociais a data da prestação do serviço e que a autorização para cobrança de ofício por parte das autoridades fiscais se encontra condicionada ao respeito do prazo decadencial, o qual, após o advento da Súmula Vinculante STF n° 83, é de 5 anos, nos termos dos artigos 150 e 173 do CTN. Requer, assim, "seja reconhecida a decadência do direito de as autoridades fiscais procederem com a cobrança dos valores referentes aos 05 anos anteriores da data da publicação da sentença". Não assiste razão à recorrente. Conforme se observa do apelo, este não impugna os termos da decisão proferida, carecendo ainda a ré de interesse recursal. Da análise da r. sentença, verifica-se que o D. Julgador de origem, preliminarmente, consignou que "A prejudicial de decadência arguida em preliminar relativa às contribuições previdenciárias trata-se de matéria relacionada à fixação das diretrizes para apuração do respectivo valor em regular liquidação de sentença, o que será analisado em tópico próprio". Após a análise do quanto pleiteado pela parte demandante, concluiu, no dispositivo, que "A condenação possui natureza indenizatória, não havendo incidência previdenciária ou fiscal". Como se observa, não houve condenação ao recolhimento de contribuições previdenciárias, sendo que as razões apresentadas pela reclamada são genéricas e não impugnam o quanto concluído pela decisão recorrida, não havendo, portanto, o que ser apreciado. Nada a deferir. . limitação da condenação aos valores indicados na inicial Busca a reclamada a reforma da sentença quanto à ausência de determinação de limitação da liquidação aos valores atribuídos na peça inicial. Sem razão. O artigo 840, §1º, da CLT apenas prevê que o pedido seja certo, determinado e com indicação do valor, não exigindo liquidação neste ponto. A condenação não está limitada ao valor indicado na petição inicial, que é simples estimativa. Assim a Instrução Normativa 41 de 2018, do Pleno do TST, cujo art. 12, § 2º, reza: "Para fim do que dispõe o art. 840, §§ 1º e 2º, da CLT, o valor da causa será estimado, observando-se, no que couber, o disposto nos arts. 291 a 293 do Código de Processo Civil." Assim, não se cogita de limitação da condenação ao valor atualizado apontado pelo reclamante em sua petição inicial. O valor exequendo deverá ser apurado em regular liquidação, nos moldes do art. 879, caput e §2º, da CLT. Nada a deferir. . da doença ocupacional A reclamada se insurge contra o reconhecimento da doença ocupacional, alegando que o julgador não está adstrito às conclusões apresentadas pelo laudo técnico e que não houve vistoria no local de trabalho do obreiro para comprovar a existência de risco ergonômico no desempenho das funções do autor, além de a sua doença ser de cunho degenerativo. Aduz que as alterações na coluna do reclamante são progressivas e decorrem de processo natural de envelhecimento, podendo ser agravadas por diversos fatores alheios, inexistindo qualquer embasamento para o reconhecimento da existência de nexo concausal. Acrescenta que não são consideradas como ocupacionais as doenças degenerativas e que as atividades desempenhadas pelo reclamante não exigiam força estática, carregamento de peso, má postura, repetitividade de movimento ou posicionamento antiergonômico, além de o obreiro sempre realizar exames periódicos, sendo considerado apto para desempenho de suas atividades em todos, assim como na sua dispensa. Ressalta ainda que não há qualquer fundamento para o reconhecimento de responsabilidade civil e sempre adotou medidas de proteção à saúde de seus empregados, exemplificando que, após orientação médica, emitiu TRACOM (Trabalho Compatível). Por tais razões, requer a reforma da r. sentença a fim de que seja afastada a responsabilidade reconhecida na origem. Pois bem. Para que reste caracterizada a responsabilidade da empregadora, faz-se necessária a presença de, no mínimo, três elementos fundamentais: existência do dano, a conduta antijurídica do causador do dano e o nexo causal/concausal entre o resultado danoso e a conduta do agente. No presente caso, o laudo pericial reconheceu a existência de nexo de concausalidade entre os danos causados ao autor e o trabalho desempenhado para a ré, in verbis (Id. 58e14db): "(...) CONCLUSÃO Periciando portador de cervicolombalgia, por alterações crônico-degenerativas evolutivas, acometendo raiz medular. As atividades exercidas foram consideradas como agravantes de suas queixas clínicas, CONFIRMANDO-SE, ASSIM, A CONCAUSALIDADE E A EQUIPARAÇÃO LEGAL À DOENÇA OCUPACIONAL. É CONSIDERADO APTO COM RESTRIÇÕES. Observação: estima-se, para fins indenizatórios, dano corporal de 12.5%". Da análise da sentença proferida, infere-se que os pleitos ora debatidos restaram deferidos com base no laudo pericial produzido, sem quaisquer outras provas aptas a afastar a sua conclusão. Destaque-se que a necessidade de vistoria no local de trabalho do autor já fora analisada em tópico anterior. Pontou a origem que "a Sra. Perita observou que o Autor realizava entrega de produtos, como bebidas, junto com o motorista, no período da sua admissão, em 03/12/2015, até 2023, após passou a trabalhar com outro ajudante, sendo 2 ajudantes" e fora destacado também no laudo que havia "movimentação das caixas de bebidas, utilizando carrinho nem sempre era compatível com o local de entrega, ocasião em que realizava movimentação manual da carga, o que ocorria diariamente e, ainda segundo o trabalhador, quando manual, posicionava o engradado de bebidas sobre os ombros para transporte". A r. sentença consignou ainda que laudo destacou que "quando do início das queixas em coluna, os exames de imagens confirmaram alterações crônicas em evolução, com comprometimento radicular e extrusão discal cervical, tendo sido o Autor avaliado pelo serviço de medicina ocupacional e realocado para atividade ou trabalho compatível "TRACOM", sendo considerado apto com restrições". Destaque-se ainda que, conforme pontuado na decisão de origem, apesar de o reclamante não ter se afastado pelo INSS, este teve acompanhamento e tratamento médico com o fornecimento de atestados ou relatórios que atestaram a sua aptidão com restrições e, além disso, a emissão do TRACOM "confirma que o Autor foi avaliado pelo setor de medicina no trabalho e precisou ter o seu trabalho adequado, o que revela a necessidade de restrição de suas atividades, evitando excesso de horas trabalhadas e de peso". Ademais, além da análise aprofundada realizada pela perícia, a prova oral também confirmou que o reclamante estava submetido a risco ergonômico moderado, de modo que "conquanto a doença apresente características crônico degenerativas, as condições de trabalho aplicadas ao Autor durante o período de atuação junto ao Réu ao longo de mais de 8 anos, agravaram o seu quadro, a manifestação dos sintomas e a demanda por tratamento médico". Ressalte-se, por fim, que, como bem registrado na decisão recorrida, mesmo após a emissão do TRACOM, não restou comprovado nos autos que o autor passou por reavaliação, sendo que os relatórios médicos juntados com a petição inicial confirmam que, após o prazo de 60 dias, o obreiro ainda continuou em tratamento médico. Assim sendo, não obstante todas as argumentações trazidas pela reclamada, entendo que a prova técnica realizada foi incisiva quanto à existência de nexo concausal. As alegações patronais são meramente especulativas e não se prestam a demover as conclusões do laudo pericial. Embora o juiz não esteja adstrito a julgar apenas com base no laudo pericial, podendo formar sua convicção com outros elementos ou fatos provados nos autos, tem-se que a regra é decidir com base naquele, já que o Juízo não detém conhecimento técnico para apurar fatos de percepção própria do perito, cujo conhecimento especializado lhe atribui maior profundidade e alcance na apuração dos elementos pesquisados. A CLT impõe a realização de prova técnica (Art. 195, § 2º), dando-lhe o status de prova legal. Entendo que a conclusão pericial só pode ser afastada diante de provas robustas que a infirmem, o que, efetivamente, não se verifica no presente feito, se resumindo a ré em apresentar seu inconformismo. Assim, inexistindo nos autos elementos objetivos capazes de desmerecer o laudo pericial apresentado, deve este prevalecer como prova técnica. Desse modo, competia à ré propiciar um ambiente de trabalho sadio, neutralizando ou corrigindo por meio de adequada prevenção o risco a que submeteu o demandante, constituindo dever ínsito a todo contrato de trabalho. Isto porque constitui-se uma das obrigações do empregador preservar a integridade física e mental do empregado no local de trabalho, mediante a redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança, ex vi do art. 7º, XXII, da CF/88. Nesse contexto, constatado o dano à integridade do reclamante e o nexo concausal com a conduta omissiva da reclamada em implementar medidas eficazes a evitar malefícios à saúde daquele, deve o empregador responder pelos danos sofridos. Impende registrar que as medidas mencionadas pela ré não foram capazes de impedir o prejuízo causado ao trabalhador. Desse modo, não há que falar em afastamento da responsabilidade da reclamada. Ressalte-se ainda que o obreiro não foi considerado totalmente incapaz para trabalhar, sendo estabelecida incapacidade parcial e permanente para as atividades que exercia. . estabilidade provisória Afirma a ré que não há falar em estabilidade provisória no emprego em virtude da inexistência de nexo causal ou concausal, além de o reclamante ter sido considerado apto nos exames médicos admissional, periódicos e demissional e não ter havido qualquer afastamento previdenciário. Não obstante as alegações da reclamada, não há provas aptas a afastar a conclusão exarada no laudo pericial. No tocante à estabilidade provisória, nos termos do artigo 118 da Lei 8213/1991 e da Súmula 378 do TST, são requisitos para a garantia provisória de emprego do acidentado o afastamento superior a 15 dias e a consequente percepção do auxílio-doença acidentário, salvo se constatada, após a despedida, doença profissional que guarde relação de causalidade com a execução do contrato de emprego. Havendo nexo concausal e incapacidade, é de se reconhecer a garantia provisória de emprego. No caso dos autos, fora reconhecida a doença profissional em juízo, conforme já analisado em tópico anterior. Desse modo, conforme ressaltado pelo Juízo de origem, "É irrelevante a não concessão do benefício ou o afastamento do Autor pelo INSS, em caso de doença do trabalho constatada após a dispensa". Nesse contexto, válido frisar o quanto decidido pelo C.TST no TST-RR-0020465-17.2022.5.04.0521, Tema 125, com fixação da seguinte tese: "Para fins de garantia provisória de emprego prevista no artigo 118 da Lei nº 8.213/1991, não é necessário o afastamento por período superior a 15 (quinze) dias ou a percepção de auxílio-doença acidentário, desde que reconhecido, após a cessação do contrato de trabalho, o nexo causal ou concausal entre a doença ocupacional e as atividades desempenhadas no curso da relação de emprego". Desse modo, nego provimento ao apelo da ré, estando correta a r. sentença quanto ao reconhecimento do direito de estabilidade provisória do empregado, com o consequente deferimento da indenização correspondente. . danos materiais - pensão vitalícia A ré aduz que não há falar em condenação ao pagamento de pensão vitalícia, já que o laudo médico pericial não pode ser acolhido, sofrendo o autor com patologias de ordem degenerativa, além de este não ter recebido benefício previdenciário. Aduz que o perito fez uso equivocado da Tabela SUSEP, já que esta não trata de capacidade laboral, bem como que a avaliação da incapacidade é complexa e deve ser feita levando-se em conta diversos fatores, o que não ocorreu no presente caso. Assevera que o percentual fixado pelo Juízo de origem é subjetivo, não devendo prevalecer, tendo em vista que não reflete qualquer redução da capacidade laboral, além de o autor não se encontrar incapacitado para o labor e ser o INSS o órgão criado para tutelar os seus segurados, logo, responsável para arcar com eventual pagamento de pensão mensal. Requer, assim, o afastamento da condenação ao pagamento de pensão vitalícia, ou, sucessivamente, que seja reduzida verba condenatória à quantia razoável e condizente com o dano, além de outros pleitos formulados. Pois bem. De início, importante destacar que já foi analisada a culpa da ré para efeitos de responsabilidade, não sendo necessário discorrer novamente acerca deste tema. Ademais, ao contrário do quanto alegado pela ré, a conclusão pericial constatou incapacidade do autor para o exercício das funções que desempenhava, premissa que afasta a alegação de aptidão apenas pelo fato de poder realizar outras funções. Além disso, a responsabilidade da ré já fora devidamente analisada em tópicos anteriores, não subsistindo a alegação de que o pagamento deveria ser efetuado pela autarquia previdenciária. Outrossim, considerando que as pessoas precisam se alimentar e de prover suas necessidades materiais, não é razoável invocar o fato de o reclamante poder exercer outras atividades como excludente da indenização material, sobretudo porque a moléstia, a incapacidade permanente e a concausalidade estão comprovadas nos autos. Logo, a lesão não fatal autoriza a indenização em quantia equivalente à importância do trabalho para o qual se inabilitou o reclamante, conforme art. 950 do Código Civil, ou seja, a perda parcial/total da capacidade de trabalho autoriza fixação de pensão em percentual equivalente. Sendo assim, o dano ocasionado pela perda da capacidade laborativa exige reparação específica, conforme artigos 186, 187, 927 e 950 do Código Civil c/c 157 da CLT, não configurando o enriquecimento sem causa a que alude o artigo 884 do Código Civil. Frise-se que os pedidos sucessivos formulados são genéricos e, portanto, desconsideram o quanto decidido, não havendo falar, por exemplo, que o benefício da pensão vitalícia deverá perdurar enquanto perdurar a incapacidade laborativa do reclamante, já que fora fixado o pagamento dos danos materiais em parcela única. Ademais, o Juízo de origem fixou como termo inicial da pensão a data de emissão da TRACOM (Id. 31f5ea0), o que sequer fora impugnado pela reclamada, razão pela qual nada altero. Do mesmo modo, a ré formula genericamente pedido de redução do percentual de incapacidade, sem apresentar quaisquer fundamentos a justificar o seu pleito, não merecendo, portanto, apreciação. Por fim, também não há como apreciar a alegação da ré no sentido de que não se aplica a Tabela SUSEP, eis que, conforme se infere dos esclarecimentos apresentados pela perita no Id. dcd1ebe, bem como constou da r. sentença, fora utilizada a Tabela Brasileira para a Apuração do Dano Corporal da ABMLPM (Associação Brasileira de Medicina Legal e Perícias Médicas), de modo que não se aplica aos autos o quanto argumentado pela recorrente. Nego provimento. . dispensa discriminatória A ré apresenta seu inconformismo quanto ao reconhecimento da dispensa discriminatória, argumentando que as alegadas patologias não possuem qualquer nexo de causalidade com o trabalho desenvolvido para a empregadora e que a doença alegada não é grave, tampouco suscita estigma ou preconceito. Aduz que o reclamante foi considerado apto na dispensa e não se encontrava em tratamento médico, inexistindo qualquer ilicitude na rescisão contratual. Alega que não há qualquer prova acerca da alegada discriminação ou qualquer evento capaz de questionar a dispensa efetuada. Pleiteia, assim, o afastamento da condenação ao pagamento de indenização por dispensa discriminatória. Assiste razão à recorrente. Primeiramente, importante registrar que o dano moral é a lesão a direito da personalidade, cuja proteção está prevista no art. 5º, X, da Constituição Federal e art. 186 do Código Civil. Referida lesão é caracterizada pelo prejuízo relacionado não apenas com a honra ou a dignidade, mas também com tudo aquilo que, relacionado a direito da personalidade, não seja suscetível de valoração econômica. Sendo assim, o dano moral está inserido na própria ofensa e decorre da gravidade do ato ilícito em si. Trata-se, pois, de dano in re ipsa, que deriva do próprio ato ofensivo e dispensa, em regra, a produção de prova das repercussões negativas do ato ilícito na órbita subjetiva da vítima. Não se cogita, assim, prova da dor, do sofrimento ou da humilhação, porque os sentimentos são inerentes à condição humana. In casu, o autor alega que a dispensa decorreu de ato discriminatório, pois a ré tinha plena ciência da doença que a acometia. De fato, não há dúvida de que a ré tinha ciência da doença que acometeu o obreiro, diante de tudo quanto analisado e, inclusive, em virtude da emissão de TRACOM. Contudo, a doença que acomete o reclamante não se trata de doença que cause estigma ou preconceito, razão pela era ônus do autor demonstrar que a dispensa ocorreu de forma discriminatória, fato constitutivo do seu direito, como dispõem os artigos 818, I, da CLT e 373, I, do Código de Processo Civil. Desse ônus, entretanto, não se desincumbiu, data vênia ao entendimento fixado na origem, que presumiu que a dispensa fora efetivada de forma discriminatória em virtude da patologia do obreiro. Isto porque o reclamante não apresentou nenhuma prova de sua versão. Ao contrário, conforme se infere do laudo de Id. 58e14db, fl. 675 do PDF, informou o autor "estar havendo corte de funcionários na empresa e atualmente estar desempregado", o que corrobora com o depoimento prestado pelo preposto em audiência (Id. 1a7778a), o qual informou que "houve uma reestruturação e o reclamante junto com outras pessoas foi desligado". Note-se ainda que a própria testemunha convidada pelo autor afirmou que foi dispensada 1 mês após o reclamante. No mais, a dispensa é direito potestativo do empregador e, ausente qualquer prova de abuso desse direito, já que não há prova de dispensa discriminatória, entendo que deve ser reformada a decisão de origem. Por tais motivos, dou provimento ao apelo da ré a fim de excluir da condenação o pagamento de indenização por dispensa discriminatória. . emissão de CAT A obrigação de fazer, consistente na emissão de CAT, é corolário lógico decorrente do reconhecimento de doença com nexo concausal com o trabalho desempenhado na ré. No que se refere à multa fixada, o juiz pode, de ofício, aplicar as astreintes em caso de descumprimento de obrigações de fazer, para a efetivação da tutela específica ou a obtenção de tutela pelo resultado prático equivalente, conforme disposto no artigo 536, caput e §1º, do CPC. Além disso, determinou o juízo a intimação da ré, após o trânsito em julgado da ação para cumprimento da obrigação, fixando prazo suficiente à demandada. Nada a deferir. . plano de saúde A reclamada pleiteia ainda a reforma da decisão quanto ao deferimento do pedido de restabelecimento do convênio médico, aduzindo que o obreiro já fora condenado ao pagamento de danos materiais e que o autor não contribuía com a mensalidade do plano de saúde, já que contratado na modalidade de coparticipação, sendo comunicado, no momento da sua rescisão, a sua exclusão do plano em razão da ausência de contribuição com a mensalidade. Pois bem. Conforme se verifica na decisão recorrida, o pedido restou deferido em razão de ter sido "constatado pela perícia médica que o Autor necessita de tratamento em razão do seu problema de saúde, nos termos do artigo 949, do Código Civil, a concessão do plano de saúde requerida destina-se a assegurar o devido tratamento ao trabalhador. Conquanto cessado o contrato de trabalho e ausente a contrapartida pelo empregado no custeio das mensalidades, a concessão do plano de saúde no caso em tela possui caráter indenizatório, a fim de reparar os prejuízos suportados pelo Autor, que não conta com os mesmos recursos no Sistema Único de Saúde". Contudo, não há amparo legal para o comando judicial de custeio vitalício de plano de saúde, eis que o art. 950, do Código Civil, de aplicação subsidiária, estabelece apenas que "a indenização, além das despesas do tratamento e lucros cessantes até ao fim da convalescença, incluirá pensão correspondente à importância do trabalho para que se inabilitou, ou da depreciação que ele sofreu". Logo, ressarcimento de despesas de tratamento é diverso de custeio de plano de saúde. Sendo assim, em caso de eventual necessidade de tratamento médico em decorrência da moléstia de que o reclamante é portador, a responsabilidade da ré seria pelo ressarcimento das despesas que o reclamante teve ou possa a vir a ter por conta do problema de saúde, conforme o art. 949, do Código Civil. Nesse contexto, a Lei nº 9.656/1998 não dá guarida à pretensão, pois apenas resguarda o direito do empregado em manter o plano de saúde, após o término do contrato de trabalho, desde que arque com o pagamento integral, nos termos do art. 30: "Art. 30. Ao consumidor que contribuir para produtos de que tratam o inciso I e o § 1º do art. 1º desta Lei, em decorrência de vínculo empregatício, no caso de rescisão ou exoneração do contrato de trabalho sem justa causa, é assegurado o direito de manter sua condição de beneficiário, nas mesmas condições de cobertura assistencial de que gozava quando da vigência do contrato de trabalho, desde que assuma o seu pagamento integral". Ademais, plano de saúde cuida da saúde integral e o que deve ser reparado é somente eventual dano decorrente da doença ocupacional. Por tais motivos, dou provimento ao apelo para excluir a condenação da reclamada à manutenção do convênio médico às suas expensas. . honorários periciais No que concerne à fixação dos honorários pericias, entendo a quantia arbitrada (R$ 4.000,00), que fica mantida, está moderada e em valor compatível com os custos e com a qualidade do trabalho apresentado. Nada a reparar. . honorários sucumbenciais Tendo em vista a manutenção da sucumbência da ré, resta prejudicado o pedido de afastamento dos honorários arbitrados em seu desfavor. Nada a deferir. 2 - MATÉRIA COMUM A AMBOS OS RECURSOS . danos morais Pleiteia a ré o afastamento da condenação quanto ao pagamento de indenização por danos morais, alegando que não há responsabilidade civil, inexistindo nexo de causalidade ou demonstração de culpa, ou, sucessivamente, a redução do valor arbitrado. Já o autor busca a majoração do valor fixado, aduzindo que deve ser levada em consideração a situação econômica do ofensor e do ofendido, bem como que deve ter como fim inibir a adoção de prática ilícitas pela ré. Pois bem. Quanto à doença ocupacional, a análise da culpa da reclamada já foi realizada. Considerando, assim, presentes os requisitos da responsabilidade civil (dano, omissão a dever legal e nexo de causalidade), a reclamada é civilmente responsável por reparar os danos causados, nos termos do art. 186 do Código Civil. Não há negar que a dor, o desconforto e a limitação decorrentes de uma doença resultem em privação social e, por conseguinte, em depressão do sentimento próprio do sujeito. O estabelecimento do nexo concausal da doença com as funções exercidas na empresa resulta na culpa do empregador, já que este tem a obrigação de manter a higidez do ambiente de trabalho, bem como de zelar pela saúde de seus funcionários. Comprovada a culpa do empregador, deve este indenizar o empregado. No que tange ao montante indenizatório, é imprescindível compreender que a finalidade da indenização por dano moral deve cumprir dois propósitos essenciais: instruir o empregador a cumprir as disposições legais pertinentes e proporcionar um alívio à angústia pessoal sofrida pelo trabalhador. Desse modo, o valor da indenização deve equilibrar essas duas finalidades, não devendo ultrapassar a capacidade econômica do responsável pelo pagamento, nem possibilitar que a vítima seja enriquecida injustamente. Deve, ainda, ser proporcional ao dano causado, levando em consideração o contexto econômico e social do afetado. No caso em questão, entendo que o valor fixado de R$ 25.000,00 (vinte e cinco mil reais) se alinha com os princípios de razoabilidade e proporcionalidade inerentes à reparação por danos morais. Nesse sentido, nego provimento aos apelos. 3 - RECURSO DO RECLAMANTE . base de cálculo da pensão vitalícia Busca o autor a reforma da decisão recorrida a fim de que sejam incluídos na base de cálculo da pensão vitalícia as férias +1/3 e o FGTS. Assiste parcial razão ao obreiro. A base de cálculo da pensão deve contemplar a inclusão do 13º salário, conforme já deferido na r. sentença, mas também das férias acrescidas de um terço. Não há falar na inclusão do FGTS, já que este não possui natureza remuneratória. Vide jurisprudência do TST a respeito da matéria: "BASE DE CÁLCULO DA PENSÃO MENSAL VITALÍCIA. ESCLARECIMENTOS. A base de cálculo da pensão mensal vitalícia é a integralidade da remuneração que o trabalhador receberia em atividade, o que inclui o 13º salário e as férias + 1/3, mas não o FGTS. Embargos de declaração conhecidos e providos para prestar esclarecimentos". (ED-RR-126500-24.2008.5.02.0302, Data de Julgamento: 30/11/2016, Relator Ministro: Alexandre de Souza Agra Belmonte, 3ª Turma, Data de Publicação: DEJT 02/12/2016)" Por tais motivos, dou parcial provimento ao recurso do autor a fim de determinar que sejam incluídas as férias + 1/3 na base de cálculo da pensão mensal (danos materiais) arbitrada. . honorários sucumbenciais Nos termos da legislação trabalhista, a sucumbência ampara a condenação em pagamento de honorários nos moldes e percentuais fixados na origem, não havendo falar em majoração daqueles arbitrados em favor dos patronos do autor, porquanto observados os critérios do artigo 791-A da CLT. Mantenho. Diante do que foi decidido e das teses aqui adotadas, considero prequestionadas todas as matérias discutidas nos recursos para os efeitos previstos na Súmula nº 297 do C. TST, sendo desnecessária a referência aos dispositivos constitucionais e/ou legais porventura apontados pelos recorrentes, nos termos da Orientação Jurisprudencial nº 118 do C. TST. Acórdão Presidiu o julgamento a Excelentíssima Senhora Desembargadora Tania Bizarro Quirino de Morais. Tomaram parte no julgamento os Excelentíssimos Senhores Magistrados Federais do Trabalho Tania Bizarro Quirino de Morais (Relatora), Cíntia Táffari (2º votante) e Benedito Valentini. Votação: unânime. Isto posto, ACORDAM os Magistrados da 12ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região em: I - CONHECER dos recursos ordinários interpostos pela reclamada e pelo reclamante,II - REJEITAR a preliminar de nulidade suscitada pela ré e, no mérito, III - DAR PARCIAL PROVIMENTO ao apelo da reclamada, para, reformando a r. sentença, a) excluir da condenação o pagamento de indenização por dispensa discriminatória e b) excluir a condenação da reclamada à manutenção do convênio médico às suas expensas e IV - DAR PARCIAL PROVIMENTO ao apelo do autor para, reformando a r. sentença, determinar que sejam incluídas as férias + 1/3 na base de cálculo da pensão mensal (danos materiais) arbitrada. Tudo nos termos da fundamentação do voto da relatora. Custas inalteradas. ASSINATURA TANIA BIZARRO QUIRINO DE MORAIS Relatora msdcb VOTOS SAO PAULO/SP, 03 de julho de 2025. ADRIANO PARAISO DE ALMEIDA Diretor de Secretaria Intimado(s) / Citado(s) - EZIO KELVIN DOS SANTOS SOARES

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Ezio Kelvin Dos Santos Soares e outros x Ezio Kelvin Dos Santos Soares e outros

ID: 316171736

Tribunal: TRT2 Órgão: 12ª Turma Classe: RECURSO ORDINáRIO TRABALHISTA Nº Processo: 1001667-03.2024.5.02.0383

Data de Disponibilização: 04/07/2025

Polo Ativo:

EZIO KELVIN DOS SANTOS SOARES LIGIA CELIA LEME FORTE GONCALVES SPAL INDUSTRIA BRASILEIRA DE BEBIDAS S/A

Polo Passivo:

EZIO KELVIN DOS SANTOS SOARES SPAL INDUSTRIA BRASILEIRA DE BEBIDAS S/A

Notificação

Advogados:

VIVIANE CASTRO NEVES PASCOAL MALDONADO DAL MAS

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

WASHINGTON GOMES SILVA DOS REIS

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JOEL MORAES DE OLIVEIRA

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PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO 12ª TURMA Relatora: TANIA BIZARRO QUIRINO DE MORAIS ROT 1001667-03.2024.5.02.0383 RECORRENTE: EZIO KELVIN DOS SAN… PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO 12ª TURMA Relatora: TANIA BIZARRO QUIRINO DE MORAIS ROT 1001667-03.2024.5.02.0383 RECORRENTE: EZIO KELVIN DOS SANTOS SOARES E OUTROS (1) RECORRIDO: EZIO KELVIN DOS SANTOS SOARES E OUTROS (1) Fica V. Sa. intimada do inteiro teor do v. Acórdão #id:b91d0f8 proferido nos autos: PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO PROCESSO nº 1001667-03.2024.5.02.0383 RECURSO ORDINÁRIO ORIUNDO DA 3ª VARA DO TRABALHO DE OSASCO RECORRENTES: EZIO KELVIN DOS SANTOS SOARES, SPAL INDUSTRIA BRASILEIRA DE BEBIDAS S/A RECORRIDOS: EZIO KELVIN DOS SANTOS SOARES, SPAL INDUSTRIA BRASILEIRA DE BEBIDAS S/A RELATORA: TANIA BIZARRO QUIRINO DE MORAIS RELATÓRIO A r. sentença (Id. 1143eca), cujo relatório adoto, complementada pela decisão de Id. b13c05a, decidiu pela PROCEDÊNCIA PARCIAL dos pedidos. Irresignada, a reclamada apresenta RECURSO ORDINÁRIO (Id. 841e78d), objetivando, preliminarmente, nulidade por cerceamento de defesa e, no mérito, busca a reforma do julgado quanto à decadência de recolhimentos previdenciários, ausência de limitação da condenação aos valores indicados na petição inicial, estabilidade provisória, danos morais e danos materiais relacionados à doença ocupacional reconhecida, danos morais por dispensa discriminatória, emissão de CAT, plano de saúde, honorários periciais e honorários sucumbenciais. Inconformado, o reclamante apresenta RECURSO ADESIVO (Id. b5fbf6f), objetivando a reforma do julgado com relação à base de cálculo da pensão vitalícia, danos morais e honorários sucumbenciais. Contrarrazões pelo reclamante (Id. ea14e9d). Contrarrazões pela reclamada (Id. 2eb734e). É o relatório. FUNDAMENTAÇÃO VOTO Rejeito a preliminar suscitada em contrarrazões pelo reclamante de não-conhecimento do recurso da ré por ausência de dialeticidade, eis que desarrazoada. O apelo da demandada impugna os fundamentos da sentença, de modo que inexiste amparo para o acolhimento do requerimento formulado. Presentes os pressupostos legais de admissibilidade, conheço dos recursos. PRELIMINARMENTE - apelo da reclamada . nulidade por cerceamento de defesa A parte ré pleiteia a nulidade da decisão por cerceamento de defesa, afirmando que, na perícia realizada, não houve vistoria no local de trabalho do autor, essencial para verificar as condições do seu posto de trabalho, assim como fatores ergonômicos e biomecânicos. Aduz que o laudo não apurou todo os fatos, sendo pertinente o seu requerimento em busca da verdade real, e que o perito, mesmo após impugnação apresentada, apenas ratificou suas conclusões sem discorrer sobre os pontos controvertidos. Pugna, assim, pela reabertura da instrução processual para a correta colheita da prova técnica. Não vislumbro no caso dos autos o alegado cerceamento de defesa ou a existência de nulidade processual. De início, importante destacar que ao Magistrado é concedido o poder de apreciar livremente as provas, segundo o princípio da persuasão racional, determinando aquelas que sejam necessárias à instrução do processo, como lhe facultam os artigos 370 e 371, do CPC, de aplicação subsidiária ao Processo do Trabalho. Válido ainda mencionar que, ao contrário do quanto alegado no apelo, todos os questionamentos elaborados pela reclamada foram respondidos pela expert. Além disso, após apresentação dos esclarecimentos pela perita no Id. dcd1ebe, fora proferido despacho no Id. dcbcbb1 a fim de dar ciência às partes acerca da referida manifestação, bem como para conceder prazo para apresentação de razões finais, contudo, não houve qualquer petição apresentada pelas partes nessa oportunidade, restando preclusa, portanto, qualquer alegação de vícios no laudo e/ou de nulidade pela ré. Ainda que assim não fosse, no que concerne à vistoria no local de trabalho, esta pode ser dispensada quando os demais elementos de prova forem suficientes para formação do convencimento, inexistindo imprescindibilidade, conforme entendimento firmado no C. TST, tendo ainda a perita ressaltado nos esclarecimentos de Id. dcd1ebe que "já realizou várias diligências na empresa reclamada, tendo em vista atuar na área e na região há longa data, conhecendo bem os ambientes laborais ora examinados". Logo, não há falar em nulidade da sentença, eis que baseada em laudo produzido de forma detalhada, além de terem sido prestados todos os esclarecimentos solicitados pelas partes. Desse modo, não se verificam elementos que justifiquem o deferimento do pleito formulado pela reclamada. Rejeito. MÉRITO 1 - RECURSO DA RECLAMADA . decadência das contribuições previdenciárias A reclamada aduz que, em sede de contestação, "requereu que em caso de procedência dos pedidos formulados pelo recorrido, fosse reconhecida e declarada a decadência dos recolhimentos previdenciários nos termos do artigo 43 § 2º da Lei 8.212/91" e que "não concorda com os fundamentos norteadores da decisão de piso". Afirma que deve ser considerado como fato gerador das contribuições sociais a data da prestação do serviço e que a autorização para cobrança de ofício por parte das autoridades fiscais se encontra condicionada ao respeito do prazo decadencial, o qual, após o advento da Súmula Vinculante STF n° 83, é de 5 anos, nos termos dos artigos 150 e 173 do CTN. Requer, assim, "seja reconhecida a decadência do direito de as autoridades fiscais procederem com a cobrança dos valores referentes aos 05 anos anteriores da data da publicação da sentença". Não assiste razão à recorrente. Conforme se observa do apelo, este não impugna os termos da decisão proferida, carecendo ainda a ré de interesse recursal. Da análise da r. sentença, verifica-se que o D. Julgador de origem, preliminarmente, consignou que "A prejudicial de decadência arguida em preliminar relativa às contribuições previdenciárias trata-se de matéria relacionada à fixação das diretrizes para apuração do respectivo valor em regular liquidação de sentença, o que será analisado em tópico próprio". Após a análise do quanto pleiteado pela parte demandante, concluiu, no dispositivo, que "A condenação possui natureza indenizatória, não havendo incidência previdenciária ou fiscal". Como se observa, não houve condenação ao recolhimento de contribuições previdenciárias, sendo que as razões apresentadas pela reclamada são genéricas e não impugnam o quanto concluído pela decisão recorrida, não havendo, portanto, o que ser apreciado. Nada a deferir. . limitação da condenação aos valores indicados na inicial Busca a reclamada a reforma da sentença quanto à ausência de determinação de limitação da liquidação aos valores atribuídos na peça inicial. Sem razão. O artigo 840, §1º, da CLT apenas prevê que o pedido seja certo, determinado e com indicação do valor, não exigindo liquidação neste ponto. A condenação não está limitada ao valor indicado na petição inicial, que é simples estimativa. Assim a Instrução Normativa 41 de 2018, do Pleno do TST, cujo art. 12, § 2º, reza: "Para fim do que dispõe o art. 840, §§ 1º e 2º, da CLT, o valor da causa será estimado, observando-se, no que couber, o disposto nos arts. 291 a 293 do Código de Processo Civil." Assim, não se cogita de limitação da condenação ao valor atualizado apontado pelo reclamante em sua petição inicial. O valor exequendo deverá ser apurado em regular liquidação, nos moldes do art. 879, caput e §2º, da CLT. Nada a deferir. . da doença ocupacional A reclamada se insurge contra o reconhecimento da doença ocupacional, alegando que o julgador não está adstrito às conclusões apresentadas pelo laudo técnico e que não houve vistoria no local de trabalho do obreiro para comprovar a existência de risco ergonômico no desempenho das funções do autor, além de a sua doença ser de cunho degenerativo. Aduz que as alterações na coluna do reclamante são progressivas e decorrem de processo natural de envelhecimento, podendo ser agravadas por diversos fatores alheios, inexistindo qualquer embasamento para o reconhecimento da existência de nexo concausal. Acrescenta que não são consideradas como ocupacionais as doenças degenerativas e que as atividades desempenhadas pelo reclamante não exigiam força estática, carregamento de peso, má postura, repetitividade de movimento ou posicionamento antiergonômico, além de o obreiro sempre realizar exames periódicos, sendo considerado apto para desempenho de suas atividades em todos, assim como na sua dispensa. Ressalta ainda que não há qualquer fundamento para o reconhecimento de responsabilidade civil e sempre adotou medidas de proteção à saúde de seus empregados, exemplificando que, após orientação médica, emitiu TRACOM (Trabalho Compatível). Por tais razões, requer a reforma da r. sentença a fim de que seja afastada a responsabilidade reconhecida na origem. Pois bem. Para que reste caracterizada a responsabilidade da empregadora, faz-se necessária a presença de, no mínimo, três elementos fundamentais: existência do dano, a conduta antijurídica do causador do dano e o nexo causal/concausal entre o resultado danoso e a conduta do agente. No presente caso, o laudo pericial reconheceu a existência de nexo de concausalidade entre os danos causados ao autor e o trabalho desempenhado para a ré, in verbis (Id. 58e14db): "(...) CONCLUSÃO Periciando portador de cervicolombalgia, por alterações crônico-degenerativas evolutivas, acometendo raiz medular. As atividades exercidas foram consideradas como agravantes de suas queixas clínicas, CONFIRMANDO-SE, ASSIM, A CONCAUSALIDADE E A EQUIPARAÇÃO LEGAL À DOENÇA OCUPACIONAL. É CONSIDERADO APTO COM RESTRIÇÕES. Observação: estima-se, para fins indenizatórios, dano corporal de 12.5%". Da análise da sentença proferida, infere-se que os pleitos ora debatidos restaram deferidos com base no laudo pericial produzido, sem quaisquer outras provas aptas a afastar a sua conclusão. Destaque-se que a necessidade de vistoria no local de trabalho do autor já fora analisada em tópico anterior. Pontou a origem que "a Sra. Perita observou que o Autor realizava entrega de produtos, como bebidas, junto com o motorista, no período da sua admissão, em 03/12/2015, até 2023, após passou a trabalhar com outro ajudante, sendo 2 ajudantes" e fora destacado também no laudo que havia "movimentação das caixas de bebidas, utilizando carrinho nem sempre era compatível com o local de entrega, ocasião em que realizava movimentação manual da carga, o que ocorria diariamente e, ainda segundo o trabalhador, quando manual, posicionava o engradado de bebidas sobre os ombros para transporte". A r. sentença consignou ainda que laudo destacou que "quando do início das queixas em coluna, os exames de imagens confirmaram alterações crônicas em evolução, com comprometimento radicular e extrusão discal cervical, tendo sido o Autor avaliado pelo serviço de medicina ocupacional e realocado para atividade ou trabalho compatível "TRACOM", sendo considerado apto com restrições". Destaque-se ainda que, conforme pontuado na decisão de origem, apesar de o reclamante não ter se afastado pelo INSS, este teve acompanhamento e tratamento médico com o fornecimento de atestados ou relatórios que atestaram a sua aptidão com restrições e, além disso, a emissão do TRACOM "confirma que o Autor foi avaliado pelo setor de medicina no trabalho e precisou ter o seu trabalho adequado, o que revela a necessidade de restrição de suas atividades, evitando excesso de horas trabalhadas e de peso". Ademais, além da análise aprofundada realizada pela perícia, a prova oral também confirmou que o reclamante estava submetido a risco ergonômico moderado, de modo que "conquanto a doença apresente características crônico degenerativas, as condições de trabalho aplicadas ao Autor durante o período de atuação junto ao Réu ao longo de mais de 8 anos, agravaram o seu quadro, a manifestação dos sintomas e a demanda por tratamento médico". Ressalte-se, por fim, que, como bem registrado na decisão recorrida, mesmo após a emissão do TRACOM, não restou comprovado nos autos que o autor passou por reavaliação, sendo que os relatórios médicos juntados com a petição inicial confirmam que, após o prazo de 60 dias, o obreiro ainda continuou em tratamento médico. Assim sendo, não obstante todas as argumentações trazidas pela reclamada, entendo que a prova técnica realizada foi incisiva quanto à existência de nexo concausal. As alegações patronais são meramente especulativas e não se prestam a demover as conclusões do laudo pericial. Embora o juiz não esteja adstrito a julgar apenas com base no laudo pericial, podendo formar sua convicção com outros elementos ou fatos provados nos autos, tem-se que a regra é decidir com base naquele, já que o Juízo não detém conhecimento técnico para apurar fatos de percepção própria do perito, cujo conhecimento especializado lhe atribui maior profundidade e alcance na apuração dos elementos pesquisados. A CLT impõe a realização de prova técnica (Art. 195, § 2º), dando-lhe o status de prova legal. Entendo que a conclusão pericial só pode ser afastada diante de provas robustas que a infirmem, o que, efetivamente, não se verifica no presente feito, se resumindo a ré em apresentar seu inconformismo. Assim, inexistindo nos autos elementos objetivos capazes de desmerecer o laudo pericial apresentado, deve este prevalecer como prova técnica. Desse modo, competia à ré propiciar um ambiente de trabalho sadio, neutralizando ou corrigindo por meio de adequada prevenção o risco a que submeteu o demandante, constituindo dever ínsito a todo contrato de trabalho. Isto porque constitui-se uma das obrigações do empregador preservar a integridade física e mental do empregado no local de trabalho, mediante a redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança, ex vi do art. 7º, XXII, da CF/88. Nesse contexto, constatado o dano à integridade do reclamante e o nexo concausal com a conduta omissiva da reclamada em implementar medidas eficazes a evitar malefícios à saúde daquele, deve o empregador responder pelos danos sofridos. Impende registrar que as medidas mencionadas pela ré não foram capazes de impedir o prejuízo causado ao trabalhador. Desse modo, não há que falar em afastamento da responsabilidade da reclamada. Ressalte-se ainda que o obreiro não foi considerado totalmente incapaz para trabalhar, sendo estabelecida incapacidade parcial e permanente para as atividades que exercia. . estabilidade provisória Afirma a ré que não há falar em estabilidade provisória no emprego em virtude da inexistência de nexo causal ou concausal, além de o reclamante ter sido considerado apto nos exames médicos admissional, periódicos e demissional e não ter havido qualquer afastamento previdenciário. Não obstante as alegações da reclamada, não há provas aptas a afastar a conclusão exarada no laudo pericial. No tocante à estabilidade provisória, nos termos do artigo 118 da Lei 8213/1991 e da Súmula 378 do TST, são requisitos para a garantia provisória de emprego do acidentado o afastamento superior a 15 dias e a consequente percepção do auxílio-doença acidentário, salvo se constatada, após a despedida, doença profissional que guarde relação de causalidade com a execução do contrato de emprego. Havendo nexo concausal e incapacidade, é de se reconhecer a garantia provisória de emprego. No caso dos autos, fora reconhecida a doença profissional em juízo, conforme já analisado em tópico anterior. Desse modo, conforme ressaltado pelo Juízo de origem, "É irrelevante a não concessão do benefício ou o afastamento do Autor pelo INSS, em caso de doença do trabalho constatada após a dispensa". Nesse contexto, válido frisar o quanto decidido pelo C.TST no TST-RR-0020465-17.2022.5.04.0521, Tema 125, com fixação da seguinte tese: "Para fins de garantia provisória de emprego prevista no artigo 118 da Lei nº 8.213/1991, não é necessário o afastamento por período superior a 15 (quinze) dias ou a percepção de auxílio-doença acidentário, desde que reconhecido, após a cessação do contrato de trabalho, o nexo causal ou concausal entre a doença ocupacional e as atividades desempenhadas no curso da relação de emprego". Desse modo, nego provimento ao apelo da ré, estando correta a r. sentença quanto ao reconhecimento do direito de estabilidade provisória do empregado, com o consequente deferimento da indenização correspondente. . danos materiais - pensão vitalícia A ré aduz que não há falar em condenação ao pagamento de pensão vitalícia, já que o laudo médico pericial não pode ser acolhido, sofrendo o autor com patologias de ordem degenerativa, além de este não ter recebido benefício previdenciário. Aduz que o perito fez uso equivocado da Tabela SUSEP, já que esta não trata de capacidade laboral, bem como que a avaliação da incapacidade é complexa e deve ser feita levando-se em conta diversos fatores, o que não ocorreu no presente caso. Assevera que o percentual fixado pelo Juízo de origem é subjetivo, não devendo prevalecer, tendo em vista que não reflete qualquer redução da capacidade laboral, além de o autor não se encontrar incapacitado para o labor e ser o INSS o órgão criado para tutelar os seus segurados, logo, responsável para arcar com eventual pagamento de pensão mensal. Requer, assim, o afastamento da condenação ao pagamento de pensão vitalícia, ou, sucessivamente, que seja reduzida verba condenatória à quantia razoável e condizente com o dano, além de outros pleitos formulados. Pois bem. De início, importante destacar que já foi analisada a culpa da ré para efeitos de responsabilidade, não sendo necessário discorrer novamente acerca deste tema. Ademais, ao contrário do quanto alegado pela ré, a conclusão pericial constatou incapacidade do autor para o exercício das funções que desempenhava, premissa que afasta a alegação de aptidão apenas pelo fato de poder realizar outras funções. Além disso, a responsabilidade da ré já fora devidamente analisada em tópicos anteriores, não subsistindo a alegação de que o pagamento deveria ser efetuado pela autarquia previdenciária. Outrossim, considerando que as pessoas precisam se alimentar e de prover suas necessidades materiais, não é razoável invocar o fato de o reclamante poder exercer outras atividades como excludente da indenização material, sobretudo porque a moléstia, a incapacidade permanente e a concausalidade estão comprovadas nos autos. Logo, a lesão não fatal autoriza a indenização em quantia equivalente à importância do trabalho para o qual se inabilitou o reclamante, conforme art. 950 do Código Civil, ou seja, a perda parcial/total da capacidade de trabalho autoriza fixação de pensão em percentual equivalente. Sendo assim, o dano ocasionado pela perda da capacidade laborativa exige reparação específica, conforme artigos 186, 187, 927 e 950 do Código Civil c/c 157 da CLT, não configurando o enriquecimento sem causa a que alude o artigo 884 do Código Civil. Frise-se que os pedidos sucessivos formulados são genéricos e, portanto, desconsideram o quanto decidido, não havendo falar, por exemplo, que o benefício da pensão vitalícia deverá perdurar enquanto perdurar a incapacidade laborativa do reclamante, já que fora fixado o pagamento dos danos materiais em parcela única. Ademais, o Juízo de origem fixou como termo inicial da pensão a data de emissão da TRACOM (Id. 31f5ea0), o que sequer fora impugnado pela reclamada, razão pela qual nada altero. Do mesmo modo, a ré formula genericamente pedido de redução do percentual de incapacidade, sem apresentar quaisquer fundamentos a justificar o seu pleito, não merecendo, portanto, apreciação. Por fim, também não há como apreciar a alegação da ré no sentido de que não se aplica a Tabela SUSEP, eis que, conforme se infere dos esclarecimentos apresentados pela perita no Id. dcd1ebe, bem como constou da r. sentença, fora utilizada a Tabela Brasileira para a Apuração do Dano Corporal da ABMLPM (Associação Brasileira de Medicina Legal e Perícias Médicas), de modo que não se aplica aos autos o quanto argumentado pela recorrente. Nego provimento. . dispensa discriminatória A ré apresenta seu inconformismo quanto ao reconhecimento da dispensa discriminatória, argumentando que as alegadas patologias não possuem qualquer nexo de causalidade com o trabalho desenvolvido para a empregadora e que a doença alegada não é grave, tampouco suscita estigma ou preconceito. Aduz que o reclamante foi considerado apto na dispensa e não se encontrava em tratamento médico, inexistindo qualquer ilicitude na rescisão contratual. Alega que não há qualquer prova acerca da alegada discriminação ou qualquer evento capaz de questionar a dispensa efetuada. Pleiteia, assim, o afastamento da condenação ao pagamento de indenização por dispensa discriminatória. Assiste razão à recorrente. Primeiramente, importante registrar que o dano moral é a lesão a direito da personalidade, cuja proteção está prevista no art. 5º, X, da Constituição Federal e art. 186 do Código Civil. Referida lesão é caracterizada pelo prejuízo relacionado não apenas com a honra ou a dignidade, mas também com tudo aquilo que, relacionado a direito da personalidade, não seja suscetível de valoração econômica. Sendo assim, o dano moral está inserido na própria ofensa e decorre da gravidade do ato ilícito em si. Trata-se, pois, de dano in re ipsa, que deriva do próprio ato ofensivo e dispensa, em regra, a produção de prova das repercussões negativas do ato ilícito na órbita subjetiva da vítima. Não se cogita, assim, prova da dor, do sofrimento ou da humilhação, porque os sentimentos são inerentes à condição humana. In casu, o autor alega que a dispensa decorreu de ato discriminatório, pois a ré tinha plena ciência da doença que a acometia. De fato, não há dúvida de que a ré tinha ciência da doença que acometeu o obreiro, diante de tudo quanto analisado e, inclusive, em virtude da emissão de TRACOM. Contudo, a doença que acomete o reclamante não se trata de doença que cause estigma ou preconceito, razão pela era ônus do autor demonstrar que a dispensa ocorreu de forma discriminatória, fato constitutivo do seu direito, como dispõem os artigos 818, I, da CLT e 373, I, do Código de Processo Civil. Desse ônus, entretanto, não se desincumbiu, data vênia ao entendimento fixado na origem, que presumiu que a dispensa fora efetivada de forma discriminatória em virtude da patologia do obreiro. Isto porque o reclamante não apresentou nenhuma prova de sua versão. Ao contrário, conforme se infere do laudo de Id. 58e14db, fl. 675 do PDF, informou o autor "estar havendo corte de funcionários na empresa e atualmente estar desempregado", o que corrobora com o depoimento prestado pelo preposto em audiência (Id. 1a7778a), o qual informou que "houve uma reestruturação e o reclamante junto com outras pessoas foi desligado". Note-se ainda que a própria testemunha convidada pelo autor afirmou que foi dispensada 1 mês após o reclamante. No mais, a dispensa é direito potestativo do empregador e, ausente qualquer prova de abuso desse direito, já que não há prova de dispensa discriminatória, entendo que deve ser reformada a decisão de origem. Por tais motivos, dou provimento ao apelo da ré a fim de excluir da condenação o pagamento de indenização por dispensa discriminatória. . emissão de CAT A obrigação de fazer, consistente na emissão de CAT, é corolário lógico decorrente do reconhecimento de doença com nexo concausal com o trabalho desempenhado na ré. No que se refere à multa fixada, o juiz pode, de ofício, aplicar as astreintes em caso de descumprimento de obrigações de fazer, para a efetivação da tutela específica ou a obtenção de tutela pelo resultado prático equivalente, conforme disposto no artigo 536, caput e §1º, do CPC. Além disso, determinou o juízo a intimação da ré, após o trânsito em julgado da ação para cumprimento da obrigação, fixando prazo suficiente à demandada. Nada a deferir. . plano de saúde A reclamada pleiteia ainda a reforma da decisão quanto ao deferimento do pedido de restabelecimento do convênio médico, aduzindo que o obreiro já fora condenado ao pagamento de danos materiais e que o autor não contribuía com a mensalidade do plano de saúde, já que contratado na modalidade de coparticipação, sendo comunicado, no momento da sua rescisão, a sua exclusão do plano em razão da ausência de contribuição com a mensalidade. Pois bem. Conforme se verifica na decisão recorrida, o pedido restou deferido em razão de ter sido "constatado pela perícia médica que o Autor necessita de tratamento em razão do seu problema de saúde, nos termos do artigo 949, do Código Civil, a concessão do plano de saúde requerida destina-se a assegurar o devido tratamento ao trabalhador. Conquanto cessado o contrato de trabalho e ausente a contrapartida pelo empregado no custeio das mensalidades, a concessão do plano de saúde no caso em tela possui caráter indenizatório, a fim de reparar os prejuízos suportados pelo Autor, que não conta com os mesmos recursos no Sistema Único de Saúde". Contudo, não há amparo legal para o comando judicial de custeio vitalício de plano de saúde, eis que o art. 950, do Código Civil, de aplicação subsidiária, estabelece apenas que "a indenização, além das despesas do tratamento e lucros cessantes até ao fim da convalescença, incluirá pensão correspondente à importância do trabalho para que se inabilitou, ou da depreciação que ele sofreu". Logo, ressarcimento de despesas de tratamento é diverso de custeio de plano de saúde. Sendo assim, em caso de eventual necessidade de tratamento médico em decorrência da moléstia de que o reclamante é portador, a responsabilidade da ré seria pelo ressarcimento das despesas que o reclamante teve ou possa a vir a ter por conta do problema de saúde, conforme o art. 949, do Código Civil. Nesse contexto, a Lei nº 9.656/1998 não dá guarida à pretensão, pois apenas resguarda o direito do empregado em manter o plano de saúde, após o término do contrato de trabalho, desde que arque com o pagamento integral, nos termos do art. 30: "Art. 30. Ao consumidor que contribuir para produtos de que tratam o inciso I e o § 1º do art. 1º desta Lei, em decorrência de vínculo empregatício, no caso de rescisão ou exoneração do contrato de trabalho sem justa causa, é assegurado o direito de manter sua condição de beneficiário, nas mesmas condições de cobertura assistencial de que gozava quando da vigência do contrato de trabalho, desde que assuma o seu pagamento integral". Ademais, plano de saúde cuida da saúde integral e o que deve ser reparado é somente eventual dano decorrente da doença ocupacional. Por tais motivos, dou provimento ao apelo para excluir a condenação da reclamada à manutenção do convênio médico às suas expensas. . honorários periciais No que concerne à fixação dos honorários pericias, entendo a quantia arbitrada (R$ 4.000,00), que fica mantida, está moderada e em valor compatível com os custos e com a qualidade do trabalho apresentado. Nada a reparar. . honorários sucumbenciais Tendo em vista a manutenção da sucumbência da ré, resta prejudicado o pedido de afastamento dos honorários arbitrados em seu desfavor. Nada a deferir. 2 - MATÉRIA COMUM A AMBOS OS RECURSOS . danos morais Pleiteia a ré o afastamento da condenação quanto ao pagamento de indenização por danos morais, alegando que não há responsabilidade civil, inexistindo nexo de causalidade ou demonstração de culpa, ou, sucessivamente, a redução do valor arbitrado. Já o autor busca a majoração do valor fixado, aduzindo que deve ser levada em consideração a situação econômica do ofensor e do ofendido, bem como que deve ter como fim inibir a adoção de prática ilícitas pela ré. Pois bem. Quanto à doença ocupacional, a análise da culpa da reclamada já foi realizada. Considerando, assim, presentes os requisitos da responsabilidade civil (dano, omissão a dever legal e nexo de causalidade), a reclamada é civilmente responsável por reparar os danos causados, nos termos do art. 186 do Código Civil. Não há negar que a dor, o desconforto e a limitação decorrentes de uma doença resultem em privação social e, por conseguinte, em depressão do sentimento próprio do sujeito. O estabelecimento do nexo concausal da doença com as funções exercidas na empresa resulta na culpa do empregador, já que este tem a obrigação de manter a higidez do ambiente de trabalho, bem como de zelar pela saúde de seus funcionários. Comprovada a culpa do empregador, deve este indenizar o empregado. No que tange ao montante indenizatório, é imprescindível compreender que a finalidade da indenização por dano moral deve cumprir dois propósitos essenciais: instruir o empregador a cumprir as disposições legais pertinentes e proporcionar um alívio à angústia pessoal sofrida pelo trabalhador. Desse modo, o valor da indenização deve equilibrar essas duas finalidades, não devendo ultrapassar a capacidade econômica do responsável pelo pagamento, nem possibilitar que a vítima seja enriquecida injustamente. Deve, ainda, ser proporcional ao dano causado, levando em consideração o contexto econômico e social do afetado. No caso em questão, entendo que o valor fixado de R$ 25.000,00 (vinte e cinco mil reais) se alinha com os princípios de razoabilidade e proporcionalidade inerentes à reparação por danos morais. Nesse sentido, nego provimento aos apelos. 3 - RECURSO DO RECLAMANTE . base de cálculo da pensão vitalícia Busca o autor a reforma da decisão recorrida a fim de que sejam incluídos na base de cálculo da pensão vitalícia as férias +1/3 e o FGTS. Assiste parcial razão ao obreiro. A base de cálculo da pensão deve contemplar a inclusão do 13º salário, conforme já deferido na r. sentença, mas também das férias acrescidas de um terço. Não há falar na inclusão do FGTS, já que este não possui natureza remuneratória. Vide jurisprudência do TST a respeito da matéria: "BASE DE CÁLCULO DA PENSÃO MENSAL VITALÍCIA. ESCLARECIMENTOS. A base de cálculo da pensão mensal vitalícia é a integralidade da remuneração que o trabalhador receberia em atividade, o que inclui o 13º salário e as férias + 1/3, mas não o FGTS. Embargos de declaração conhecidos e providos para prestar esclarecimentos". (ED-RR-126500-24.2008.5.02.0302, Data de Julgamento: 30/11/2016, Relator Ministro: Alexandre de Souza Agra Belmonte, 3ª Turma, Data de Publicação: DEJT 02/12/2016)" Por tais motivos, dou parcial provimento ao recurso do autor a fim de determinar que sejam incluídas as férias + 1/3 na base de cálculo da pensão mensal (danos materiais) arbitrada. . honorários sucumbenciais Nos termos da legislação trabalhista, a sucumbência ampara a condenação em pagamento de honorários nos moldes e percentuais fixados na origem, não havendo falar em majoração daqueles arbitrados em favor dos patronos do autor, porquanto observados os critérios do artigo 791-A da CLT. Mantenho. Diante do que foi decidido e das teses aqui adotadas, considero prequestionadas todas as matérias discutidas nos recursos para os efeitos previstos na Súmula nº 297 do C. TST, sendo desnecessária a referência aos dispositivos constitucionais e/ou legais porventura apontados pelos recorrentes, nos termos da Orientação Jurisprudencial nº 118 do C. TST. Acórdão Presidiu o julgamento a Excelentíssima Senhora Desembargadora Tania Bizarro Quirino de Morais. Tomaram parte no julgamento os Excelentíssimos Senhores Magistrados Federais do Trabalho Tania Bizarro Quirino de Morais (Relatora), Cíntia Táffari (2º votante) e Benedito Valentini. Votação: unânime. Isto posto, ACORDAM os Magistrados da 12ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região em: I - CONHECER dos recursos ordinários interpostos pela reclamada e pelo reclamante,II - REJEITAR a preliminar de nulidade suscitada pela ré e, no mérito, III - DAR PARCIAL PROVIMENTO ao apelo da reclamada, para, reformando a r. sentença, a) excluir da condenação o pagamento de indenização por dispensa discriminatória e b) excluir a condenação da reclamada à manutenção do convênio médico às suas expensas e IV - DAR PARCIAL PROVIMENTO ao apelo do autor para, reformando a r. sentença, determinar que sejam incluídas as férias + 1/3 na base de cálculo da pensão mensal (danos materiais) arbitrada. Tudo nos termos da fundamentação do voto da relatora. Custas inalteradas. ASSINATURA TANIA BIZARRO QUIRINO DE MORAIS Relatora msdcb VOTOS SAO PAULO/SP, 03 de julho de 2025. ADRIANO PARAISO DE ALMEIDA Diretor de Secretaria Intimado(s) / Citado(s) - SPAL INDUSTRIA BRASILEIRA DE BEBIDAS S/A

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Processo nº 5005069-61.2024.4.03.6338

ID: 294782547

Tribunal: TRF3 Órgão: 29º Juiz Federal da 10ª TR SP Classe: RECURSO INOMINADO CíVEL Nº Processo: 5005069-61.2024.4.03.6338

Data de Disponibilização: 10/06/2025

Polo Ativo:

Polo Passivo:

JOSE COSTA ALEIXO

Decisão

Advogados:

EDIMAR HIDALGO RUIZ

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

PODER JUDICIÁRIO Turmas Recursais dos Juizados Especiais Federais Seção Judiciária de São Paulo 10ª Turma Recursal da Seção Judiciária de São Paulo Rua João Guimarães Rosa, 215, São Paulo - SP - CEP:… PODER JUDICIÁRIO Turmas Recursais dos Juizados Especiais Federais Seção Judiciária de São Paulo 10ª Turma Recursal da Seção Judiciária de São Paulo Rua João Guimarães Rosa, 215, São Paulo - SP - CEP: 01420-000 https://www.trf3.jus.br/balcao-virtual RECURSO INOMINADO CÍVEL (460) Nº 5005069-61.2024.4.03.6338 RECORRENTE: UNIAO FEDERAL - FAZENDA NACIONAL RECORRIDO: JOSE COSTA ALEIXO ADVOGADO do(a) RECORRIDO: EDIMAR HIDALGO RUIZ - SP206941-A DECISÃO Trata-se de ação movida por JOSE COSTA ALEIXO em face da UNIAO FEDERAL, tendo por objetivo a declaração do direito à isenção do Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF) sobre os proventos de aposentadoria, em razão de moléstia profissional, bem como a restituição dos valores indevidamente retidos a esse título. A sentença julgou procedente o pedido para: (i) reconhecer o direito da parte autora à isenção do imposto de renda sobre os valores recebidos a título de aposentadoria por tempo de contribuição (ID 344760316), desde 02/04/2018, respeitada a prescrição quinquenal; (ii) condenar a União ao ressarcimento dos valores indevidamente recolhidos, que deverão ser atualizados a partir da retenção do tributo pela SELIC. A União recorre, sustentando, em síntese, que a isenção prevista no art. 6º, inciso XIV, da Lei nº 7.713/88 exige que a enfermidade seja caracterizada como moléstia profissional, conforme rol taxativo listado no Anexo II do Decreto nº 3.048/1999, o que não se confunde com mera doença do trabalho. Alega, ainda, ter havido cerceamento de defesa, diante da ausência de perícia médica, prova essencial para verificar se a parte autora é, de fato, portadora de moléstia profissional. Diante disso, requer a anulação da sentença e a reabertura da instrução processual para realização da perícia, ou, de forma subsidiária, a improcedência dos pedidos formulados na petição inicial. A parte autora apresentou contrarrazões, pugnando pela manutenção do julgado. É o relatório. Decido. O art. 2º, § 2º, da Resolução CJF nº 347/2015 (com a redação dada pela Resolução nº 393/2016), que trata da compatibilização dos regimentos interno das turmas recursais e das turmas regionais de uniformização dos juizados, autoriza o relator a decidir os recursos monocraticamente quando se tratar de "negar seguimento a recurso manifestamente inadmissível, improcedente, prejudicado ou em confronto com súmula ou com jurisprudência dominante da Turma Nacional de Uniformização, do Superior Tribunal de Justiça ou do Supremo Tribunal Federal, ou em confronto com tese firmada em julgamento em incidente de resolução de demandas repetitivas". Por outro lado, segundo o art. 932, incisos IV e V, do Código de Processo Civil, incumbe ao relator negar provimento aos recursos contrários a precedentes qualificados das instâncias superiores, assim como dar provimento a recurso se a decisão recorrida for contrária a tais precedentes. Nesses termos, passo à análise do recurso. A sentença vem assim fundamentada: [...] I - RELATÓRIO Trata-se de ação visando à obtenção de provimento jurisdicional que reconheça o direito da parte autora à isenção do imposto de renda sobre os proventos de aposentadoria, tendo em vista diagnóstico de moléstia profissional. Contestação padrão apresentada pela União (ID346105893). É o relatório. II - FUNDAMENTAÇÃO O inciso XXI e o inciso XIV, ambos do artigo 6º, da Lei nº 7.713/88, estipulam que: "Art. 6º. Ficam isentos do imposto de renda os seguintes rendimentos percebidos por pessoas físicas: (...) XIV - os proventos de aposentadoria ou reforma motivada por acidente em serviço e os percebidos pelos portadores de moléstia profissional, tuberculose ativa, alienação mental, esclerose múltipla, neoplasia maligna, cegueira, hanseníase, paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, doença de Parkinson, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, hepatopatia grave, estados avançados da doença de Paget (osteíte deformante), contaminação por radiação, síndrome da imunodeficiência adquirida, com base em conclusão da medicina especializada, mesmo que a doença tenha sido contraída depois da aposentadoria ou reforma. (...) XXI - os valores recebidos a título de pensão quando o beneficiário desse rendimento for portador das doenças relacionadas no inciso XIV deste artigo, exceto as decorrentes de moléstia profissional, com base em conclusão da medicina especializada, mesmo que a doença tenha sido contraída após a concessão da pensão." Por sua vez, o Regulamento do Imposto sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza (Decreto nº 9.580, de 22 de novembro de 2018) assim dispõe: Art. 35. São isentos ou não tributáveis: (...) II - os seguintes rendimentos pagos pelas previdências públicas e privadas: (...) b) os proventos de aposentadoria ou reforma motivadas por acidente em serviço e aqueles percebidos pelos portadores de moléstia profissional, tuberculose ativa, alienação mental, esclerose múltipla, neoplasia maligna, cegueira, hanseníase, paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, doença de Parkinson, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, hepatopatia grave, estados avançados de doença de Paget (osteíte deformante), contaminação por radiação, síndrome de imunodeficiência adquirida e fibrose cística (mucoviscidose), com base em conclusão da medicina especializada, mesmo que a doença tenha sido contraída depois da aposentadoria ou da reforma (Lei nº 7.713, de 1988, art. 6º, caput , inciso XIV ; e Lei nº 9.250, de 1995, art. 30, § 2º); (...) §3º Para o reconhecimento das isenções de que tratam as alíneas "b" e "c" do inciso II do caput, a moléstia será comprovada mediante laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, que fixará o prazo de validade do laudo pericial, na hipótese de moléstias passíveis de controle (Lei nº 9.250, de 1995, art. 30, caput , e § 1º)." A legislação concessiva de isenção deve ser interpretada de forma literal e restritiva, nos termos do artigo 111 do CTN, não sendo admitida a extensão do benefício a doenças ou situações que não se enquadrem no texto legal do artigo 6º, XIV, da Lei n. 7.713/88. Quanto à forma de comprovação da patologia que dá direito à isenção tributária, o C. Superior Tribunal de Justiça editou a Súmula 598 do STJ, que consolidou o seguinte entendimento: "É desnecessária a apresentação de laudo médico oficial para o reconhecimento judicial da isenção do imposto de renda, desde que o magistrado entenda suficientemente demonstrada a doença grave por outros meios de prova". No caso em análise, foi reconhecido no âmbito da reclamação trabalhista (nº 1001667-89.2017.5.02.0466) movida em face de sua então empregadora, Mercedes-Benz do Brasil, o nexo de causalidade entre as doenças do autor e o trabalho por ele desempenhado. Na sentença daquele Juízo (ID 344760323/fl.140), constou o seguinte, com meus destaques: "(...) No caso em tela, de acordo com perícia médica, vistoria ambiental e literatura existente, ficou evidente que as atividades realizadas pelo autor acarretavam em sobrecarga da coluna vertebral devido ao fato do autor permanecer durante longos períodos sentado, em empilhadeiras que não possuíam sistema de amortecimento do assento, exposto a solavancos e traumas axiais repetidamente. Além disso, o ajuste das laminas eram manuais, exigindo que o Autor se inclinasse para frente e fizesse força com um pedaço de madeira. Essa sobrecarga foi fundamental para a degeneração das estruturas da coluna, que foram evidenciadas e comprovadas pelo exame físico e exames complementares. Na perícia médica o reclamante apresentou dor à flexo-extensão da coluna, assim como limitação do movimento. A manobra de Lasegue foi positiva. Diante do exposto, há de se estabelecer nexo de concausa/agravamento da patologia na coluna vertebral com as atividades laborais exercidas pelo autor. Há uma incapacidade parcial e permanente. (...) O autor é portador de discopatia lombar com nexo concausal e tendinopatias no ombro direito com nexo causal com o trabalho.(...)". Ressalto que, conforme entendimento adotado pelo E. STJ, não se exige prova de contemporaneidade da doença, visto que, ainda que o paciente não apresente sinais de persistência ou recidiva da doença, a isenção em tela tem como objetivo diminuir o sacrifício do aposentado ou pensionista, aliviando os encargos financeiros relativos ao acompanhamento médico e medicações ministradas, que persistem mesmo após a recuperação. Nesse sentido, foi editada a Súmula 627 do C. STJ, que dispõe que: "O contribuinte faz jus à concessão ou à manutenção da isenção do imposto de renda, não se lhe exigindo a demonstração da contemporaneidade dos sintomas da doença nem da recidiva da enfermidade". Acerca do tema, destaco, ainda, os seguintes julgados: DIREITO TRIBUTÁRIO. REPETIÇÃO DO INDÉBITO. IMPOSTO DE RENDA. NÃO INCIDÊNCIA. LEI Nº 7.713/88. MOLÉSTIA PROFISSIONAL COMPROVADA. DESNECESSÁRIA A APRESENTAÇÃO DE LAUDO MÉDICO OFICIAL. APELAÇÃO NÃO PROVIDA. (...) 2. O autor acostou aos autos cópia da sentença proferida em 09/05/2012 em ação acidentária (Proc. 0007525-05.2010.8.26.0577) que tramitou na 8ª Vara Cível do Foro de São José dos Campos/SP, onde pleiteava pagamento do benefício auxílio-acidente (ID 269065024). Referido documento relata a realização de perícia médica, que demonstrou ser o autor portador de bursite e de tendinite crônicas sintomáticas do ombro direito associadas com epicondilite e com tendinite crônica sintomática dos punhos, além de hérnia discal lombar. O laudo realizado em referido processo concluiu que as doenças que acometem o autor, ressalte-se, as mesmas alegadas nesta ação, eram de origem ocupacionais. 3. Corroborando tais fatos, o laudo pericial de ID 269065166 realizado nestes autos concluiu que o autor é acometido por doença degenerativa da coluna lombar e cervical, sequelas de síndrome do túnel do carpo a direita e de lesão de manguito rotador de ambos os ombros, que há incapacidade parcial e permanente para a atividade habitual. 4. Concluiu ainda, com base em relatórios médicos apresentados, que a data de início das patologias é 18/03/2009 e que há nexo concausal das patologias com as atividades laborativas. Demonstrado que a moléstia que acomete o autor foi adquirida ou potencializada durante o tempo em que trabalhava, resta caracterizado o nexo de causalidade entre o trabalho e a doença. 5. A isenção de imposto de renda sobre proventos de aposentadoria/reforma em razão de moléstia grave tem por objetivo desonerar quem se encontra em desvantagem face ao aumento de despesas com o tratamento da doença. Assim, não se exige a demonstração da contemporaneidade dos sintomas, nem a indicação de validade do laudo pericial ou sinais de persistência para que o contribuinte faça jus à isenção de imposto de renda. 6. A exigência de que a comprovação da moléstia deva ocorrer através de laudo pericial emitido por serviço médico oficial, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios vincula apenas a autoridade administrativa, não alcançando o Poder Judiciário que, por força do princípio do livre convencimento motivado, pode se valer de qualquer meio de prova adequado e formar o seu convencimento independentemente da apresentação de laudo emitido por aquelas entidades públicas. 7. A Lei nº 7.713/88, em momento algum, exige para a concessão da isenção do imposto de renda que os proventos de aposentadoria sejam oriundos de aposentadoria por invalidez, ou ainda, que tenham decorrido diretamente da moléstia profissional adquirida. Assim, não há vinculação entre a modalidade de aposentadoria recebida e o direito à isenção aqui pleiteada. 8. Mantida a r. sentença que reconheceu o direito à isenção do imposto de renda incidente sobre a aposentadoria. Por conseguinte, como a isenção se aplica tão somente sobre os proventos da aposentadoria, não se estendendo aos proventos da ativa, faz jus à repetição dos valores indevidamente pagos a título de IR, desde a data da concessão da aposentadoria, em 30/07/2018. 9. Apelação não provida. (TRF 3ª Região, 4ª Turma, ApCiv - APELAÇÃO CÍVEL - 5007351-06.2021.4.03.6103, Rel. Desembargador Federal MARLI MARQUES FERREIRA, julgado em 21/03/2023, DJEN DATA: 10/04/2023). E M E N T A: TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA INCIDENTE SOBRE PROVENTOS DE APOSENTADORIA. ISENÇÃO. MOLÉSTIA PROFISSIONAL COMPROVADA. DISCUSSÃO A RESPEITO DA NATUREZA DA APOSENTADORIA. IRRELEVÂNCIA. ART. 111, II, DO CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL. RECURSO DO AUTOR PROVIDO. (TRF 3ª Região, 15ª Turma Recursal da Seção Judiciária de São Paulo, RecInoCiv - RECURSO INOMINADO CÍVEL - 5047026-27.2022.4.03.6301, Rel. Juiz Federal RODRIGO OLIVA MONTEIRO, julgado em 04/11/2024, DJEN DATA: 11/11/2024) SERVIDOR. TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA ISENÇÃO. ART. 6º, XIV, DA LEI Nº 7.713/88. MOLÉSTIA PROFISSIONAL. COMPROVAÇÃO. I. Art. 6º, IV da Lei nº 7.713/88 que prevê a isenção do imposto de renda sobre rendimentos percebidos por pessoa física a título de proventos de aposentadoria percebidos por portadores de moléstia profissional. II. Hipótese dos autos em que restou comprovado por perícia judicial que a parte autora é portadora de moléstia profissional, tendo direito à isenção de imposto de renda pretendida. III. Perito judicial que, como órgão auxiliar do Juízo, é dotado de fé pública, caracterizando-se pela imparcialidade e equidistância das partes, o laudo produzido pelo expert judicial gozando de presunção de veracidade e legitimidade. Precedente. IV. Recurso desprovido. (TRF 3ª Região, 2ª Turma, ApCiv - APELAÇÃO CÍVEL - 5002284-22.2019.4.03.6106, Rel. Desembargador Federal AUDREY GASPARINI, julgado em 07/11/2024, DJEN DATA: 12/11/2024). PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. PORTADOR DE NEOPLASIA MALIGNA. ISENÇÃO DE IMPOSTO DE RENDA. APOSENTADORIA. DESNECESSIDADE DE LAUDO MÉDICO OFICIAL E DA CONTEMPORANEIDADE DOS SINTOMAS. MANUTENÇÃO DO ACÓRDÃO RECORRIDO. PRECEDENTES. I - É considerado isento de imposto de renda o recebimento do benefício de aposentadoria por portador de neoplasia maligna, nos termos do art. 6º, inciso XIV, da Lei nº 7.713/88. II - Ainda que o art. 30 da Lei nº 9.250/95 determine que, para o recebimento de tal benefício, é necessária a emissão de laudo pericial por meio de serviço médico oficial, a "norma do art. 30 da Lei n. 9.250/95 não vincula o Juiz, que, nos termos dos arts. 131 e 436 do Código de Processo Civil, é livre na apreciação das provas acostadas aos autos pelas partes litigantes" (REsp nº 673.741/PB, Relator Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA DJ de 09/05/2005). III - Sendo assim, de acordo com o entendimento do julgador, esse pode, corroborado pelas provas dos autos, entender válidos laudos médicos expedidos por serviço médico particular, para fins de isenção do imposto de renda. Precedente: REsp nº 749.100/PE, Rel. Min. FRANCISCO FALCÃO, DJ de 28.11.2005. IV - Ainda que se alegue que a lesão foi retirada e que o paciente não apresenta sinais de persistência ou recidiva a doença, o entendimento dominante nesta Corte é no sentido de que a isenção do imposto de renda, em favor dos inativos portadores de moléstia grave, tem como objetivo diminuir o sacrifício do aposentado, aliviando os encargos financeiros relativos ao acompanhamento médico e medicações ministradas. Precedente: REsp 734.541/SP, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 2.2.2006, DJ 20.2.2006 (REsp nº 967.693/DF, Rel. Min. HUMBERTO MARTINS, DJ de 18/09/2007). V - Recurso especial improvido. (RESP 200802000608, RELATOR MINISTRO FRANCISCO FALCÃO, STJ - PRIMEIRA TURMA, 29/10/2008) TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. ISENÇÃO DE IMPOSTO DE RENDA. MOLÉSTIA GRAVE. NEOPLASIA MALIGNA. DEMONSTRAÇÃO DA CONTEMPORANEIDADE DOS SINTOMAS. DESNECESSIDADE. 1. Após a concessão da isenção do imposto de renda sobre os proventos de aposentadoria, pensão ou reforma percebidos por portadores de moléstias graves, nos termos art. 6º, inciso XIV, da Lei 7.713/88, o fato de se constatar a ausência de sintomas da doença não justifica a revogação do benefício isencional, tendo em vista que a finalidade desse benefício é diminuir os sacrifícios dos beneficiários, aliviando-os dos encargos financeiros. Precedentes. 2. Os arts. 6º, XIV, da Lei n. 7.713/88, e 30 da Lei n. 9.250/95, não podem limitar a liberdade que o Código de Processo Civil confere ao magistrado na apreciação e valoração jurídica das provas constantes dos autos, razão pela qual o benefício de isenção do imposto de renda pode ser confirmado quando a neoplasia maligna for comprovada, independentemente da contemporaneidade dos sintomas da doença. Precedentes. 3. Agravo regimental não provido. (AgRg no AREsp 701.863/RS, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 16/06/2015, DJe 23/06/2015). Por fim, o termo inicial da isenção deve ser fixado na data da constatação da moléstia grave elencada. No presente caso, os documentos juntados demonstram que as patologias foram constatadas desde 2000 (ID 344760323/fl.152), razão pela qual a parte autora fazia jus à isenção desde a concessão da aposentadoria. A propósito, cito os seguintes julgados: TRIBUTÁRIO. REPETIÇÃO DE INDÉBITO. PRESCRIÇÃO. INOCORRÊNCIA. ISENÇÃO DO IMPOSTO DE RENDA. PORTADOR DE MOLÉSTIA GRAVE. TERMO INICIAL CONTADO DO LAUDO MÉDICO. INCIDÊNCIA DE TRIBUTAÇÃO NA GRATIFICAÇÃO NATALINA. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS MANTIDOS. 1. Não evidenciada a prescrição do alegado direito, nos termos do art. 3º da LC 118/2005. 2. O termo inicial da isenção do imposto de renda sobre proventos de aposentadoria, prevista no art. 6º, XIV, da Lei 7.713/88, é a data de comprovação da doença mediante diagnóstico médico. Os laudos expedidos por serviço médico particular são válidos e suficientes para fins de isenção do imposto de renda. 3. No caso concreto, o laudo atestou ser o contribuinte portador de neoplasia maligna desde 28/09/2004, devendo a isenção, em consonância com os arts. 30 da Lei 9.250/95, e 39 do Decreto 3.000/99, ser reconhecida desde então. 4. As verbas recebidas a título de décimo-terceiro salário estão sujeitas à tributação do IR. Precedentes do STJ. 5. A atualização monetária incide desde a data da retenção indevida do tributo até a sua efetiva restituição (Súmula 162/STJ). A partir de janeiro/96, aplica-se somente a taxa SELIC. 6. Mantidos os honorários advocatícios conforme arbitrados na sentença. 7. Provimento parcial das apelações e da remessa oficial para declarar o direito do contribuinte à isenção prevista na Lei 7.713/88 e condenar a União a restituir o indébito do imposto de renda na forma indicada. (TRF 3ª Região - AC 1291277, Processo 00032590720064036100, 4ª T, rel. Des. Fed. Alda Basto, j. 13.09.2013) TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA. APOSENTADO PORTADOR DE MOLÉSTIAS GRAVES (HEPATITE "C" E CARDIOPATIA). ISENÇÃO. ART. 6º DA LEI 7.713/88 COM ALTERAÇÕES POSTERIORES. ROL TAXATIVO. ART. 111 DO CTN. VEDAÇÃO À INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA. JULGAMENTO DEFINITIVO PELO STJ SOB O MANTO DE RECURSO REPETITIVO. TERMO INICIAL: DATA DO DIAGNÓSTICO DA PATOLOGIA. PRECEDENTES. 1. Apelação contra sentença que julgou procedente pedido para declarar o autor isento da incidência do IR sobre os seus proventos, bem como ordenar a ré a proceder à restituição dos valores indevidamente descontados dos proventos do autor, da referida exação, desde a data do diagnóstico das doenças crônicas graves (hepatite "C" e cardiopatia), respeitada a prescrição quinquenal. 2. "A cumprimento de todos os requisitos estabelecidos para o gozo do favor fiscal. O conteúdo normativo do art. 6º, XIV, da Lei 7.713/88, com as alterações promovidas pela Lei 11.052/2004, é explícito em conceder o benefício fiscal em favor dos aposentados portadores das seguintes moléstias graves: moléstia profissional, tuberculose ativa, alienação mental, esclerose múltipla, neoplasia maligna, cegueira, hanseníase, paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, doença de Parkinson, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, hepatopatia grave, estados avançados da doença de Paget (osteíte deformante), contaminação por radiação, síndrome da imunodeficiência adquirida, com base em conclusão da medicina especializada, mesmo que a doença tenha sido contraída depois da aposentadoria ou reforma. Por conseguinte, o rol contido no referido dispositivo legal é taxativo (numerus clausus), vale dizer, restringe a concessão de isenção às situações nele enumeradas. Consectariamente, revela-se interditada a interpretação das normas concessivas de isenção de forma analógica ou extensiva, restando consolidado entendimento no sentido de ser incabível interpretação extensiva do aludido benefício à situação que não se enquadre no texto expresso da lei, em conformidade com o estatuído pelo art. 111, II, do CTN" (REsp 1116620/BA, decidido no regime do art. 543-C do CPC). 3. In casu, comprovaram-se as moléstias graves (hepatite "C" e cardiopatia) por laudo médico. 4. É pacífica a jurisprudência do colendo STJ na esteira de que "o termo inicial da isenção da imposto de renda sobre proventos de aposentadoria prevista no art. 6º, XIV, da Lei 7.713/88 é a data de comprovação da doença mediante diagnóstico médico. Precedentes: REsp 812.799/SC, 1ª T., Min. José Delgado, DJ de 12.06.2006; REsp 677603/PB, 1ª T., Ministro Luiz Fux, DJ de 25.04.2005; REsp 675.484/SC, 2ª T., Min. João Otávio de Noronha, DJ de 01.02.2005)" (REsp 900550/SP, Rel. Min. TEORI ALBINO ZAVASCKI). 5. Apelação e remessa oficial não-providas. (TRF 5ª Região - APELREEX 27214, Processo 00036785620124058300, 3ª T, rel. Des. Fed. Marcelo Navarro, j. 09.05.2013) [...] O Superior Tribunal de Justiça já decidiu que, em se tratando de isenção de IR com fundamento em moléstia profissional, é necessário comprovar o nexo de causalidade entre a atividade laboral desempenhada e a doença apresentada, não sendo taxativo o rol de doenças. Nesse sentido: TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA. ISENÇÃO COM BASE NO ART. 6º, XIV, DA LEI 7.713/1988. TENDINITE. LESÃO POR ESFORÇO REPETITIVO - LER OU DISTÚRBIO OSTEOMUSCULAR RELACIONADO AO TRABALHO - DORT. CARACTERIZAÇÃO DE MOLÉSTIA PROFISSIONAL. PRESENÇA DOS REQUISITOS AUTORIZADORES. 1. A discussão dos autos cinge-se a saber se a tendinite de punho que acomete a CONTRIBUINTE - que decorreu das condições especiais em que realizava o seu trabalho junto à Caixa Econômica Federal - é ou não é moléstia profissional para efeitos do disposto no art. 6º, XIV, da Lei 7.713/88, que concede isenção do imposto de renda para os proventos de aposentadoria ou reforma. 2. A isenção do imposto de renda em favor dos inativos portadores de moléstia tem como objetivo diminuir o sacrifício do aposentado, aliviando os encargos financeiros relativos ao tratamento médico. Precedentes: REsp. n. 734.541 / SP, Primeira Turma, rel. Ministro Luiz Fux, DJ 20/02/2006; MS n. 15.261 / DF, Primeira Seção, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 22.09.2010. 3. Se comprovado por meio inequívoco que o contribuinte sofre de tendinite - Lesão por Esforço Repetitivo (LER) ou Distúrbio Osteomuscular Relacionado ao Trabalho (DORT) - cuja causa (ou concausa) seja o trabalho desempenhado (atividade laborativa) é certo que se trata de moléstia profissional, encontrando-se englobada no art. 6º, XIV, da Lei 7.713/88, de modo a deflagrar o direito líquido e certo à isenção de imposto de renda pessoa física - IRPF sobre os proventos de aposentadoria recebidos. Precedente: RMS n. 68.280, decisão, Rel. Min. Assusete Magalhães, publicada em 07.04.2022. 4. Recurso especial provido. (REsp n. 2.052.013/SC, relator Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, julgado em 23/5/2023, DJe de 2/6/2023.) No presente caso, o juízo de primeiro grau, com fundamento no conjunto probatório constante dos autos, reconheceu a existência de nexo causal entre a atividade laboral desempenhada pela parte autora e a enfermidade por ela desenvolvida, caracterizando-a como moléstia profissional. Por essa razão, entendeu ser dispensável a realização de perícia médica, nos termos da Súmula nº 598/STJ. Desse modo, não houve cerceamento de defesa. Diante disso, a sentença deve ser mantida por seus próprios fundamentos, com o acréscimo do acima exposto. Ante o exposto, nego provimento ao recurso da ré. Condeno a parte ré ao pagamento de honorários advocatícios, que fixo em 10% (dez por cento) do valor da condenação, nos termos do art. 85, §§ 2º e 3º, do Código de Processo Civil e do art. 55 da Lei nº 9.099/95, considerando a baixa complexidade do tema. Com o trânsito em julgado, dê-se baixa dos autos. Intimem-se. São Paulo, data da assinatura eletrônica. CAIO MOYSES DE LIMA Juiz Federal

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