Resultados para "1001522-08.2024.5.02.0492" – Página 126 de 128

Processo nº 1001522-27.2024.8.26.0512

ID: 260870053

Tribunal: TJSP Órgão: Foro de Rio Grande da Serra - Vara Única Classe: PROCEDIMENTO COMUM CíVEL Nº Processo: 1001522-27.2024.8.26.0512

Data de Disponibilização: 28/04/2025

Polo Ativo:

G. B. T. H. G. T. H.

Polo Passivo:

Intimação

Advogados:

IZABEL CRISTINA DOS SANTOS

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

ADV: Izabel Cristina dos Santos (OAB 356408/SP) Processo 1001522-27.2024.8.26.0512 - Procedimento Comum Cível - Reqte: G. B. T. H. , G. T. H. - DEFIRO à parte autora os benefícios da Justiça Gratuita… ADV: Izabel Cristina dos Santos (OAB 356408/SP) Processo 1001522-27.2024.8.26.0512 - Procedimento Comum Cível - Reqte: G. B. T. H. , G. T. H. - DEFIRO à parte autora os benefícios da Justiça Gratuita. Anote-se. Ante os elementos constantes dos autos, arbitro os alimentos provisórios em 1/3 (um terço) dos rendimentos líquidos do réu em caso de trabalho com vínculo empregatício, ou 1/3 (um terço) do salário mínimo em caso de trabalho sem vínculo empregatício ou desemprego, devidos a partir da citação. OFICIE-SE ao INSS, solicitando as informações acerca de eventual vínculo empregatício da ré. Havendo empregadora, oficie-se para os descontos da pensão alimentícia. Diante da constatação realizada e a manifestação favorável do Ministério Público, defiro a guarda provisória da criança em favor do genitor/autor, pelo prazo de 180 (cento e oitenta) dias, lavrando-se o termo. Havendo necessidade de prorrogar a guarda provisória, o pedido deverá ser realizado através de petição, abrindo-se vista ao Ministério Público. Diante do suposto abuso e a manifestação do Ministério Público, INDEFIRO as visitas em favor da genitora/ré, sendo necessária a realização dos estudos técnicos. Realize-se o estudo social e a avaliação psicológica com as partes. Havendo datas, intimem-se para o comparecimento. Depreque-se em relação a genitora. O Conselho Tutelar desta Comarca, já encaminhou a resposta acerca do núcleo familiar com a família paterna, portanto, oficie-se ao Conselho Tutelar da cidade de Bragança Paulista, solicitando informações acerca de eventual acompanhamento do núcleo familiar no lar materno. Nos termos do § 2º do art. 3º, do Código de Processo Civil, sempre que possível, deve ser incentivada a solução consensual dos conflitos e, conforme § 3º do mesmo dispositivo, o juiz deve estimular métodos de autocomposição dos conflitos no curso do processo judicial, a exemplo da mediação e da conciliação. Desse modo, visando à resolução amigável do litígio, nos termos do art. 334 do Código de Processo Civil, DESIGNO AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO/MEDIAÇÃO a ser realizada no dia 25 de junho de 2025, às 9:30 horas. A audiência será conduzida por facilitador (conciliador e/ou mediador judicial), profissional qualificado consoante dispõe os artigos 165 a 175 do Código de Processo Civil e a Lei nº 13.140/2015, cuja atuação será orientada pelos princípios da independência, da boa-fé, da imparcialidade, da autonomia da vontade, da confidencialidade, da oralidade, da informalidade, da busca do consenso e da decisão informada. A audiência será realizada por meio eletrônico, isto é, virtualmente, pela internet, através da plataforma digital Microsoft Teams, conforme autorização contida no artigo 334, § 7º, do Código de Processo Civil, no artigo 46 da Lei nº 13.140/2015 e no artigo 3º, § 1º, inciso IV, da Resolução CNJ nº 354/2020 (na redação dada pela Resolução CNJ nº 481/2022). A participação na audiência é obrigatória, ficando a parte ADVERTIDA de que o não comparecimento injustificado do autor ou do réu à audiência de conciliação é considerado ato atentatório à dignidade da justiça e será sancionado com multa de até dois por cento da vantagem econômica pretendida ou do valor da causa (art. 334, § 8º, do CPC). Considerando, contudo, a realidade de inquestionável exclusão digital que ainda persiste sobre a maioria da população brasileira, conforme evidenciou a pesquisa elaborada pelo IBGE, PNAD Contínua 2018, a fim de possibilitar a participação daquelas pessoas que não têm condições de participar do ato na modalidade virtual, será franqueada a participação de qualquer das partes presencialmente, na sala de audiências de conciliação do Fórum desta Comarca de Rio Grande da Serra, no dia e horário supramencionado, tudo nos termos do que dispõe a Recomendação CNJ nº 101/2021 e a Recomendação CNJ nº 130/2022. - OPTANDO-SE PELA PARTICIPAÇÃO VIRTUAL: O link de acesso para ingresso na sessão virtual será enviado aos participantes (no e-mail informado nos autos) em até 3 (três) dias antes da data agendada para a audiência. Anoto que para acesso à audiência, é altamente recomendável que o participante já tenha previamente baixado em seu computador ou smartphone o aplicativo Microsoft Teams (instruções disponíveis em: https://www.microsoft.com/pt-br/microsoft-teams/download-app). Após o download do app, o usuário deve se cadastrar, criando login e senha. Ao clicar no link da audiência, o participante ingressará no lobby virtual, onde permanecerá até ser admitido na sala de audiências online, momento no qual deve ligar o microfone e a câmera de seu computador ou aparelho celular. Ficam as partes intimadas para, no prazo de 5 (cinco) dias úteis, informar nos autos o seu endereço eletrônico (e-mail) e número de telefone e WhatsApp, bem como de seu respectivo patrono, para oportunizar eventuais comunicações rápidas que se façam necessárias, esclarecendo de que forma pretende participar da solenidade conciliatória (se virtualmente, via Microsoft Teams; se diretamente da sala de seu advogado; ou se presencialmente, no Fórum). No mesmo prazo, deverá a parte efetuar o recolhimento da remuneração do conciliador/mediador, em valor correspondente à remuneração de patamar básico - nível de remuneração I, nos termos da Resolução nº 809/2019 do Tribunal de Justiça de São Paulo e Portaria 001/2024 do Centro Judiciário de Resolução de Conflitos - CEJUSC - de Rio Grande da Serra, na forma do procedimento e conta informados em portaria, ressalvada a concessão de gratuidade judiciária. O link de acesso para ingresso na sessão virtual será enviado aos participantes (no e-mail informado nos autos) em até 3 (três) dias antes da data agendada para a audiência. Ainda, fica, desde já, autorizada a participação da parte diretamente do escritório de seu respectivo advogado, caso assim entenda oportuno e conveniente. - OPTANDO-SE PELA PARTICIPAÇÃO PRESENCIAL: As partes que optarem pela participação presencial deverão comparecer à sala de audiências situada no prédio do Fórum desta Comarca, no dia e hora acima, submetendo-se às consequências legais previstas para o caso de não comparecimento. CITE-SE a parte ré para que tome ciência da presente demanda contra si ajuizada e INTIME-SE para que compareça à audiência de conciliação/mediação ora designada, devendo o Sr. Oficial de Justiça indagar o citando se tem condições e habilidades técnicas para participar do ato na modalidade virtual, esclarecendo-lhe dos requisitos necessários, principalmente sinal e conexão de internet de boa qualidade e velocidade, colhendo o seu endereço eletrônico (e-mail) e número de telefone e WhatsApp, e salientando que é direito da parte, caso assim prefira, se fazer presente na sala de audiências localizada no Fórum desta Comarca de Rio Grande da Serra. O prazo para o réu contestar a ação através de advogado é de 15 (quinze) dias úteis, fluindo à partir da audiência supra, se infrutífera. Tendo em vista o caráter alimentar da ação, o mandado deverá ser classificado para cumprimento urgente. ADVERTÊNCIAS: 1. Este processo tramita eletronicamente. A íntegra do processo (petição inicial, documentos e decisões) poderá ser visualizada na internet, sendo considerada vista pessoal (art. 9º, § 1º, da Lei Federal nº 11.419/2006) que desobriga a anexação. Para visualização, acesse o site www.tjsp.jus.br, informe o número do processo e a senha anexa.2. Petições, procurações, defesas etc, devem ser trazidos ao Juízo por peticionamento eletrônico. 3. Ficam as partes cientes de que, no prazo de 5 (cinco) dias úteis, podem informar a este Juízo se há risco de violência doméstica ou familiar contra a mulher, apresentando prova ou indícios pertinentes, nos termos do que estabeleceu a Lei nº 14.713/2023. Em havendo risco, poderá a mulher manifestar opção pela não realização da audiência de conciliação/mediação, nos termos do que dispõe o PROVIMENTO CG Nº 39/2018. De todo modo, em se realizando a solenidade, o/a profissional facilitador/a (conciliador/a ou mediador/a) deverá zelar pela integridade física e moral da mulher vítima de violência doméstica, observando, se o caso, as diretrizes contidas na Lei nº 14.245/2021 (Lei Mariana Ferrer). 4. Por fim, pede-se a gentileza de que os patronos de ambas partes atentem para que as petições protocoladas no curso do processo sejam corretamente nomeadas, de acordo com as classes existentes no sistema SAJ, pois esta providência agiliza o andamento processual. Assim, as petições não devem ser protocoladas apenas sob as rubricas de petição intermediária ou petições diversas, e sim de acordo com a classificação específica (ex: pedido de homologação de acordo; contestação; manifestação sobre a contestação, etc). 5. Em termos, remetam-se as autos ao CEJUSC para realização da sessão designada. Ciência ao Ministério Público. Int.

Conteúdo completo bloqueado

Desbloquear

Algerio Szulc e outros x Sabrina Santos Borges e outros

ID: 331491166

Tribunal: TRT2 Órgão: 12ª Turma Classe: RECURSO ORDINáRIO TRABALHISTA Nº Processo: 1001522-44.2024.5.02.0383

Data de Disponibilização: 22/07/2025

Polo Ativo:

ALGERIO SZULC SABRINA SANTOS BORGES ZAMP S.A.

Polo Passivo:

SABRINA SANTOS BORGES ZAMP S.A.

Notificação

Advogados:

BRUNO FEIGELSON

OAB/RJ XXXXXX Desbloquear

ALEXANDRE DOS REIS

OAB/RS XXXXXX Desbloquear

PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO 12ª TURMA Relator: JORGE EDUARDO ASSAD ROT 1001522-44.2024.5.02.0383 RECORRENTE: SABRINA SANTOS BORGES E OUTROS (… PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO 12ª TURMA Relator: JORGE EDUARDO ASSAD ROT 1001522-44.2024.5.02.0383 RECORRENTE: SABRINA SANTOS BORGES E OUTROS (1) RECORRIDO: SABRINA SANTOS BORGES E OUTROS (1) INTIMAÇÃO Fica V. Sa. intimada do inteiro teor do v. Acórdão #id:e6c1892 proferido nos autos: PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO PROCESSO Nº 1001522-44.2024.5.02.0383 - 12ª TURMA (ROT) RECURSO ORDINÁRIO DA 3ª VARA DO TRABALHO DE OSASCO/SP RECORRENTES E RECIPROCAMENTE RECORRIDOS: 1) SABRINA SANTOS BORGES 2) ZAMP S.A. RELATOR JORGE EDUARDO ASSAD - CADEIRA Nº 03 INSALUBRIDADE. BANCO DE HORAS. AUSÊNCIA DE LICENÇA PRÉVIA. Conforme art. 60 e 611-A, III, da CLT, nas atividades insalubres, "quaisquer prorrogações só poderão ser acordadas mediante licença prévia das autoridades competentes". Sentença reformada. Contra a sentença de ID. 883c424, cujo relatório adoto e que julgou procedente em parte a reclamação trabalhista, recorrem ordinariamente as partes. A reclamante, com as razões de ID. f210d61, requerendo a reforma da sentença, com relação aos seguintes itens: horas extras, salário in natura, contribuição assistencial e honorários sucumbenciais. Recurso tempestivo, regular e isento de custas. A reclamada, com as razões de ID. b27ea0e, pugnando pela reversão do julgado quanto aos temas: adicional de insalubridade e honorários periciais, vale transporte e honorários sucumbenciais. Recurso tempestivo, regular e com preparo sob ID's 2e8c82a, 351955a, 77a99b2, ec7ac72, 829588c e 5ec865b. Contrarrazões pela reclamante no ID. 75012e0 e pela reclamada no ID. d677e7d. É o relatório. VOTO 1) CONHECIMENTO Quanto às insurgências da reclamante formuladas em sede de contrarrazões quanto à invalidade da apólice de seguro apresentada pela reclamada, remeto-me à certidão de registro da mesma perante a SUSEP (ID. 6180d33). CONHEÇO dos recursos interpostos pelas partes, eis que presentes os pressupostos legais de admissibilidade. 2) SALÁRIO IN NATURA / APELO DA RECLAMANTE Sustenta a reclamante serem devidos os reflexos do salário in natura, consistente em lanche, aduzindo que a reclamada confessa que a norma coletiva previa a obrigação de fornecimento de refeição, ainda que o instrumento não tenha sido acostado aos autos. Informa que a reclamada não está inscrita no PAT e não conta com nutricionista. Tudo com fulcro no art. 448 da CLT c/c Súmula nº 241 do C. TST. Eis o julgado proferido na origem, no aspecto: "(...) Primeiramente, o vale-refeição não é obrigatório por lei, sendo comumente instituído por norma coletiva. Embora as partes não tenham anexado nenhuma norma coletiva aos autos, em contestação a ré admite a existência da obrigação em norma coletiva. Aduz que todos os funcionários da Reclamada têm disponível um cardápio com diversas opções de carnes grelhadas, saladas, sucos, chá e água, cabendo ao trabalhador escolher a refeição que considera adequada, e que as lojas são estruturadas com cozinhas possibilitando aos empregados levarem suas próprias refeições caso não concordem com as refeições fornecidas pela Reclamada. Não foi produzida qualquer prova em relação à qualidade das refeições fornecidas pela ré. Improcede o pedido.". Os autos não encontram elementos probatórios que permitam a reversão do julgado sobre o tema. Como bem pontuado, uma vez reconhecida a previsão do direito em norma coletiva, porém tendo a ré alegado que cumpria os termos lá previstos, fornecendo refeição adequada nos termos exigidos, incumbia à reclamante o ônus probatório da inverdade da tese defensiva, do qual não se desincumbiu, não tendo produzido prova quanto às características da refeição fornecida pela reclamada. REJEITO. 3) ADICIONAL DE INSALUBRIDADE / HONORÁRIOS PERICIAIS / APELO DA RECLAMADA Com relação à insalubridade, sustenta a reclamada que o laudo pericial que embasou a decisão recorrida não se sustenta, pois não foi feita uma "análise global dos fatos", na medida em que não foi observado que os produtos químicos utilizados são diluídos, e, portanto, neutros. Frisa ainda que não foi considerado o regular fornecimento de EPI pela reclamada. Sucessivamente, pugna pela redução dos honorários periciais, arbitrados em R$ 2.500,00 (dois mil e quinhentos reais), por excessivos. Com a devida vênia à tese recorrente, não merece prosperar o apelo, no aspecto. A sentença foi assim proferida: [INSALUBRIDADE (...) O perito judicial, após avaliação in loco (ID. d369b29), concluiu que as atividades exercidas pela parte autora são consideradas insalubres em GRAU MÉDIO (20% sobre o salário mínimo) "pelo manuseio habitual diário, rotineiro e recorrente de compostos alcalinos". Sabe-se que o Juízo não está adstrito às conclusões do laudo pericial, podendo formar seu convencimento por meio de outras provas presentes nos autos (CPC, art. 479). No entanto, não há nos autos qualquer elemento capaz de afastar a conclusão do laudo pericial, no sentido de que foi constatado o contato ou exposição aos agentes físicos, químicos e biológicos elencados nos anexos da NR-15, Portaria 3.214/78, de modo a amparar o enquadramento do adicional de insalubridade.] Compulsando os autos, verifico que o perito do juízo, após a diligência na ré, apurou o seguinte (ID. d369b29): [V - EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO (...) 2. EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL (E.P.I.) Por ocasião da realização da perícia, foi informado que a reclamada fornece aos seus empregados, uniforme composto de calça, camisa, boné, tênis e rede; tendo sido indicado pela autora, bem como pela reclamada de que ocorre o fornecimento de EPIs em se tratando da luva anti corte e da luva descartável de polipropileno para manuseio dos alimentos, acrescido da jaqueta térmica disponibilizada para uso coletivo; ou geral, em especial se postando junto ao ingresso da câmara de resfriamento, ambiente este no qual a reclamante ingressava regularmente, tendo esta indicado o uso regular de tal vestimenta térmica, em havendo duas unidades, podendo tal EPI ser avistado a seguir: (...). A reclamada não logrou apresentar nos autos, ou tampouco por ocasião da realização da vistoria, qualquer comprovante de fornecimento de EPIs à reclamante.] [VI - AVALIAÇÕES AMBIENTAIS (...) 10. Agentes químicos A limpeza do estabelecimento vem a ser efetuado com o uso de produtos da marca comercial Ecolab, envolvendo o sanitizante Kay 5, composto por dicloroisocianurato de sódio com teor de cloro ativo a 10,7%, o Limpador de grill, o desengordurante Kay composto por lauramina oxida com características alcalinas causticas, o detergente concentrado SP, composto por lauril éter sulfato de sódio como princípio ativo e o Multisuperficies integrado por etil exil sulfato de sódio e laurimínio dipropionato de sódio, propileno e di propileno glicol n propil éter, etileno diamino e tetracetato de sódio, compostos estes de natureza alcalina, cujo uso pelo reclamante ocorria de forma diária, regular e ao longo da jornada laboral, os empregando nas operações de limpeza do estabelecimento e de sua área de trabalho e bancada, bem como se estendendo para a totalidade das instalações, podendo as embalagens desses artigos de limpeza ser avistado a seguir, reatando como não disponíveis por ocasião da realização da vistoria o limpador Multi superfícies e o desencrustante cuja vista se revela a partir de outras vistorias realizadas junto a reclamada: (...). A reclamada logrou apresentar os produtos de limpeza de sua utilização regular como o Actigel vem a ser o álcool gel etílico, empregado em especial com o advento da pandemia para higienização das mãos, acompanhado do sabonete para as mãos, empregado também junto aos postos de lavagem de mãos e pias para tanto, localizado inclusive nos banheiros para uso geral. Tais artigo de limpeza o viriam a ser diluídos ou não, para que em o sendo o seriam a partir de diluidores como o abaixo avistado: (...).] [VII - CONCLUSÃO Em face do exposto, em conformidade com a Portaria 3214/78, NR 15, Anexo nr. 13 - Agentes químicos - Operações diversas, pelo manuseio habitual diário, rotineiro e recorrente de compostos alcalinos, sem que para tanto viesse a estar evidenciado ou comprovado a disposição e o uso dos devidos e adequados Equipamentos de Proteção Individual, como a luva impermeável e o creme protetivo; havendo carência inclusive de registros adequados de controle para tanto, conclui este Perito pela existência de insalubridade em grau médio, por todo o período laboral do reclamante nas atividades e ambientes vistoriados.] Em sede de esclarecimentos, face à impugnação da reclamada, esclareceu o douto perito do juízo (ID. e9131b3): [5. Inconteste assim o fato de que a reclamante no desenvolvimento de seus misteres, estava exposto ao agente químico agressor, que mantém pH elevado a diluição de 1%, pois em sendo neutro não exerce sua finalidade de desinfetar, em especial por ser artigo de uso profissional e não do tipo domi sanitário;pois a exposição ao mesmo integrava sua metodologia de trabalho, não havendo outra interpretação que não o devido enquadramento constante da conclusão do Laudo, em especial, ao denotar-se a ausência de registro regular de EPIs, em desacordo com o estabelecido pela Portaria 3214/78, NR 6, item 6.6.1, letra "h" da antiga redação dessa mencionada NR 6, bem como da nova redação estabelecida pela Portaria 1.275 de18/07/2022, item 6.5.1, letra "d"; salientando que não obstante indicar a reclamada em sua peça impugnatória o uso de EPIs, tal fato não veio a se consolidar quanto a sua rastreabilidade, fornecimento, ou mesmo sua menção; 6. Salientemos por sua vez a explicita obrigatoriedade quanto ao registro de entrega de EPIs surgido apenas com a Portaria 107/09 que incluiua letra "h" ao item 6.6.1 da NR 6 e que se mantém na atual redação junto ao item 6.5.1.letra "d", sem prejuízo de mesmo anteriormente já ter estado fixado que o controle,fiscalização e fornecimento sempre foi uma obrigatoriedade no mencionado item 6.6.1;controle este que se vê prejudicado sem que haja um estrito registro de tal procedimento, sob o risco de não exercer as responsabilidades impostas ao empregador; 7. Temos ainda que a definição do pH se dá a partirda fispq do artigo em uso, conforme demonstrado no laudo e seu item VI.10, ainda que em estado de diluição, como já mencionado;] Destaquei. Muito embora o laudo pericial de fato não vincule o magistrado, há que constar dos autos elementos que permitam o seu afastamento, o que não se observa na hipótese. A reclamada não fez prova do fornecimento dos EPI's pertinentes, sendo que restou reiterado pelos esclarecimentos periciais que os produtos de limpeza utilizados pela reclamante eram de uso profissional, e não domissanitários (de uso doméstico). DESPROVIDO o apelo, portanto. Ficam ainda MANTIDOS os honorários periciais fixados no patamar de R$ 2.500,00, pois o valor se revela apto a remunerar condignamente o perito do juízo, sem onerar excessivamente a reclamada, mostrando-se condizente com o trabalho apresentado. 4) JORNADA / INVALIDADE DOS CARTÕES / NULIDADE DO REGIME DE COMPENSAÇÃO / APELO DA RECLAMANTE Assim foi apreciada a matéria em sede de primeiro grau: [JORNADA DE TRABALHO O contrato de trabalho vigeu entre 16/08/2021 e 30/08/2022,sendo que o trabalhador exerceu a função de atendente. A parte reclamante alega que trabalhava em escala 6x1, "em média duas horas extras diárias", com intervalo de descanso de 15/20 minutos,inclusive em feriados. O autor não informou, em nenhum momento do processo, a sua jornada de trabalho. A reclamada, por sua vez, afirma que eventuais horas extras eram devidamente registradas nos cartões de ponto, sendo compensadas ou pagas, e que sempre foi respeitado o intervalo intrajornada. De acordo com a interpretação conjunta do art. 74, § 2º, da CLT e a Súmula n. 338 do TST, a não apresentação injustificada dos controles de frequência gera presunção relativa de veracidade da jornada de trabalho, que pode ser elidida por prova em contrário. Além disso, os cartões de ponto que demonstram horários uniformes de entrada e saída uniformes são inválidos como meio de prova. No caso analisado, a reclamada apresentou os cartões de ponto de todo o período (fl. 165-172), com registros variáveis de horários de entrada e saída,e marcações do intervalo intrajornada, motivo pelo qual cabe à parte reclamante comprovar a ocorrência de horário de trabalho diverso, do qual não se desincumbiu. A parte autora afirmou na audiência de instrução que no início do contrato sua jornada era de 6h, sendo alterada quando virou instrutora. Afirmou que a jornada, no seu último cargo, era "das 12h às 20h20, estendendo comumente", e"que algumas vezes trabalhava sem registrar", aduzindo "que, na época do Sr. Ícaro e da Sra. Estela, ocorria de registrar o cartão no horário para sair mas voltava a trabalhar", sendo que foi isso durou por 03/04 meses do contrato de trabalho, e que no restante do período "batia direitinho" o cartão de ponto. Ainda, confessou que "uns 4dias por semana tirava uma hora de almoço; que quinta-feira, sexta-feira e sábado tirava 30min de almoço devido ao movimento", afirmando que isso acontecia da gestão de Ícaro. A testemunha da autora afirmou que "trabalhou com a parte reclamante em horários diferentes a partir das 15h, se encontrando no início de seu expediente", e que "a reclamante trabalhava até às 20h umas três vezes; que não se lembra qual período em que trabalhou com a reclamante". Ainda afirmou que o gerente Ìcaro já tinha saído da empresa quando ela começou a trabalhar. Esclareceu que almoçava apenas às vezes com a reclamante, pois não havia horário certo de almoço para os funcionários, almoçando "3x por semana" com a autora, aproximadamente. Assim, a testemunha não soube afirmar qual período trabalhou com a reclamante, afirmando ainda que começou a trabalhar após a saída do gerente Ícaro (que, segundo a própria reclamante, era quem exigia jornada após o registro de encerramento do horário de trabalho), não sendo apta a informar sobre sua jornada de trabalho, tampouco sobre o intervalo intrajornada. Sendo a última jornada da autora até as 20h20, conforme admitiu em depoimento, não houve comprovação de labor não registrado no cartão de ponto. Assim, para fins de análise dos pedidos referentes à jornada, considero verídico o horário registrado nos cartões de ponto apresentados. Ante o exposto, a julgo improcedente pretensão quanto às horas extraordinárias, intervalo intrajornada e interjornada.] Grifos meus. Em seu apelo, a reclamante sustenta que, ainda que considerando válidos os registros de jornada apresentados, há diferenças em seu favor, quando cotejados com os holerites apresentados. Frisa que não foi apresentado pela reclamada qualquer acordo de compensação de jornada, sendo que os registros não apresentam o saldo positivo/negativo das horas laboradas no mês, pelo que inválido o alegado banco de horas adotado pela reclamada, o que se reforça pelo reconhecimento da presença de condições insalubres de trabalho, sem a correspondente autorização da autoridade competente para sobrejornada (art. 60 da CLT). Com relação à invalidade dos registros, razão não socorre a obreira. Como bem pontuado na origem, a reclamante sequer indicou na exordial a jornada efetivamente cumprida, limitando-se a alegar que realizava uma quantidade fixa de horas extras por dia, o que se revela tão pouco crível quanto o registro de horários invariáveis nos cartões. Já quanto ao acordo de compensação via banco de horas, a reclamada não apresentou nenhum documento que o tenha estabelecido, sendo certo ainda que, em que pese a autora não tenha apontado diferenças de horas extras em seu favor com a réplica, é certo que o banco de horas adotado pela empresa se mostra inválido, pois se ativava em ambiente insalubre. Logo, a sua validade dependia de autorização da autoridade competente em matéria de higiene do trabalho, consoante o artigo 60 da CLT. Assim, inexistindo prova de tal autorização, forçoso reconhecer a nulidade do regime de compensação instituído pela ré. Friso que não incide, neste caso, o entendimento contido na Súmula 85, III, do C. TST, que trata apenas do pagamento do adicional de horas extras, pois aqui a hipótese é diversa daquela que corresponde ao "mero não atendimento das exigências". O empregador violou o artigo legais para a compensação de jornada 60 da CLT, o que acarreta, portanto, a nulidade absoluta do acordo de compensação de horas que previa a prorrogação da jornada. Diante dos fundamentos acima, reputo inválido o banco de horas adotado pela empresa. Por conseguinte, tendo em vista a nulidade do banco de horas, DOU PROVIMENTO ao apelo da reclamante, e julgo procedente o pedido de pagamento das horas extraordinárias, considerando-se como tais as horas excedentes à 8ªh diária e à 44ª semanal, não cumulativas. Serão observados os critérios de globalidade (Súmula º 264 do TST) e evolução salariais, divisor 220 e reflexos em DSR, em férias mais 1/3, 13º salário, FGTS, deduzidos os valores pagos por idênticos títulos e descontados os períodos de comprovado afastamento do trabalho. Por fim, a reclamante alega genericamente que houve ocasiões em que o repouso semanal foi concedido após o 7º dia de labor, pugnando pela aplicação da OJ nº 410 da SDI-1 do C. TST, mas não faz o efetivo apontamento de nenhuma oportunidade na qual isso seja constatado, à luz dos registros de jornada apresentados. REJEITO, no aspecto. 5) CONTRIBUIÇÃO ASSISTENCIAL / APELO DA RECLAMANTE Assim foi analisada a matéria pelo primeiro grau: [A reclamada afirmou os descontos das contribuições assistenciais são determinadas pelo sindicato da categoria, e para que não haja o referido desconto o obreiro deverá manifestar-se de forma expressa, o que não foi impugnado pela reclamante. Nos termos do Tema 935 do E.STF: "É constitucional a instituição, por acordo ou convenção coletivos, de contribuições assistenciais a serem impostas a todos os empregados da categoria, ainda que não sindicalizados, desde que assegurado o direito de oposição." A reclamante não juntou aos autos o comprovante de oposição ao desconto. Improcede o pedido.] Examino. Nesse contexto, o plenário do STF, ao decidir o Recurso Extraordinário com Agravo (ARE 1018459 - Tema 935), com repercussão geral reconhecida, havia reafirmado o entendimento no sentido de que, à exceção da contribuição sindical, que decorre de lei, a imposição de pagamento a não associados de qualquer outra contribuição, ainda que prevista por acordo ou convenção coletiva, ou por sentença normativa, seria inconstitucional, por violação ao princípio da liberdade de associação ao sindicato e ao sistema de proteção ao salário. Contudo, em decisão firmada na sessão virtual encerrada em 11/9/2023, fora adotado novo entendimento pelo STF, ao julgar embargos de declaração opostos, alterando a conclusão de 2017 no Agravo no Recurso Extraordinário (ARE) 1018459, no sentido de considerar válida a cobrança da contribuição assistencial aos empregados da categoria não sindicalizados desde que tenha sido pactuada em acordo ou convenção coletiva e os referidos empregados não sindicalizados deixem de exercer seu direito à oposição. A nova tese de repercussão geral fixada no Tema 935 foi a seguinte: "É constitucional a instituição, por acordo ou convenção coletivos, de contribuições assistenciais a serem impostas a todos os empregados da categoria, ainda que não sindicalizados, desde que assegurado o direito de oposição". Como já observado anteriormente, não vieram aos autos as normas coletivas da categoria. Contudo, uma vez não especificamente impugnada pela reclamante a tese defensiva de que as normas coletivas autorizam o desconto e preveem o direito de oposição, não há irregularidade a ser reconhecida. MANTENHO. 6) VALE-TRANSPORTE / APELO DA RECLAMADA Eis o julgado guerreado: "Afirma a reclamante que necessitava de duas passagens diárias para deslocamento, que não eram quitadas pela reclamada. A ré, por sua vez, afirmou que a Reclamante no ato da admissão informou à Reclamada que utilizava 01condução para se locomover de sua residência até o local de trabalho e 01 condução para retornar do trabalho para sua residência, realizando a quitação mensal. O recibo de vale-transporte é o documento que comprova o pagamento do vale-transporte ao trabalhador. Sendo fato impeditivo do direito do autor, sua apresentação é ônus da ré (art. 818, II da CLT). Não há nos autos a quitação do vale transporte. Procede o pedido." A reclamada sustenta que os holerites e o TRCT comprovam o pagamento do benefício, na medida em que indicam o desconto mensal da cota-parte da empregada e o desconto rescisório do valor adiantado no mês da dispensa. Sem razão. A prova de pagamento se faz mediante apresentação do respectivo comprovante ou recibo, ônus do qual não se desvencilhou a reclamada. Fica MANTIDA a sentença, portanto. 7) HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS / APRECIAÇÃO CONJUNTA DOS APELOS COMUNS DAS PARTES Ficam MANTIDOS os honorários sucumbenciais recíprocos fixados na origem, no patamar de 10%, que de revela condizente com o grau de complexidade da demanda. Presidiu o julgamento a Excelentíssima Senhora Desembargadora Tania Bizarro Quirino de Morais. Tomaram parte no julgamento os Excelentíssimos Senhores Magistrados Federais do Trabalho Jorge Eduardo Assad (Relator), Benedito Valentini (2º votante) e Soraya Galassi Lambert. Votação: unânime. DISPOSITIVO ACORDAM os Magistrados da 12a Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 2a Região em: CONHECER dos recursos ordinários interpostos pelas partes, e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO ao apelo da reclamada e DAR PARCIAL PROVIMENTO ao apelo da reclamante, para julgar procedente o pedido de declaração da nulidade do regime de compensação (banco de horas) por violação ao art. 60 da CLT e condenar a reclamada ao pagamento das horas extraordinárias, considerando-se como tais as horas excedentes à 8ªh diária e à 44ª semanal, não cumulativas. Serão observados os critérios de globalidade (Súmula º 264 do TST) e evolução salariais, divisor 220 e reflexos em DSR, em férias mais 1/3, 13º salário, FGTS, deduzidos os valores pagos por idênticos títulos e descontados os períodos de comprovado afastamento do trabalho. Tudo nos termos da fundamentação. Mantida, no mais, a sentença, inclusive quanto aos valores arbitrados a título de condenação e custas. Atentem as partes para o não cabimento de embargos declaratórios com intuito de rever provas, fatos ou a própria decisão. Quando ausentes os pressupostos autorizadores, tais como previstos nos incisos do art. 1.022, do CPC, estarão sujeitas à aplicação do § 2º, do art. 1.026, do mesmo Diploma Legal. JORGE EDUARDO ASSAD Juiz Relator AC SAO PAULO/SP, 21 de julho de 2025. ADRIANO PARAISO DE ALMEIDA Diretor de Secretaria Intimado(s) / Citado(s) - ZAMP S.A.

Conteúdo completo bloqueado

Desbloquear

Encontrou o que procurava? Faça login para ver mais resultados e detalhes completos.

Fazer Login para Ver Mais

Processo nº 1001522-67.2025.8.26.0358

ID: 280413344

Tribunal: TJSP Órgão: Foro de Mirassol - 2ª Vara Classe: DIVóRCIO LITIGIOSO Nº Processo: 1001522-67.2025.8.26.0358

Data de Disponibilização: 27/05/2025

Polo Ativo:

E. C. DA S.

Polo Passivo:

Intimação

Advogados:

CRISTIANE ALINE ROZATTI

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

ADV: Cristiane Aline Rozatti (OAB 460123/SP) Processo 1001522-67.2025.8.26.0358 - Divórcio Litigioso - Reqte: E. C. da S. - Vistos. Concedo à parte autora os benefícios da gratuidade judiciária. Anot… ADV: Cristiane Aline Rozatti (OAB 460123/SP) Processo 1001522-67.2025.8.26.0358 - Divórcio Litigioso - Reqte: E. C. da S. - Vistos. Concedo à parte autora os benefícios da gratuidade judiciária. Anote-se e tarje-se. A criança encontra-se de fato sob os cuidados da parte autora, motivo pelo qual defiro o pedido liminar e concedo-lhe a guarda provisória, expedindo-se o competente Termo. Ausentes quaisquer documentos que instruam o pedido, indefiro, por ora, o arbitramento de alimentos provisórios à autora. Ante os elementos constantes dos autos, arbitro os alimentos provisórios em favor da criança no valor de 1/3 (um terço) do salário mínimo, devidos a partir da citação. Expeçam-se ofícios para abertura de conta para depósito dos alimentos provisórios em nome da parte autora, que deverá providenciar a impressão e a respectiva abertura da conta, informando-se nos autos e, à empregadora mencionada na inicial (se indicada) para que informe a remuneração auferida pela parte requerida, nos últimos seis meses, bem como para que proceda aos descontos, se já informado o número da conta aberta. Nos termos do artigo 695 do Código de Processo Civil, a realizar-se no CEJUSC desta comarca, determino realização da audiência de mediação e conciliação obrigatória nas ações de família. Com antecedência mínima de 15 dias da data designada, cite-se a parte ré para comparecer à audiência, acompanhada de seu advogado ou defensor público. A parte autora será intimada na pessoa de seu advogado. A audiência de mediação e conciliação poderá dividir-se em tantas sessões quantas sejam necessárias para viabilizar a solução consensual (art. 696 CPC). Nos termos do artigo 13 da Lei 13.140/2015, artigo 2º da Portaria nº 10.854/2025, com entrada em vigor em 01/06/2025, no que couber e, em atenção aos valores definidos na tabela do CNJ, arbitro os honorários do conciliador/mediador por hora trabalhada, de acordo com a tabela abaixo, tendo, em vista o valor atribuído à causa R$ R$ 19.286,40: R$ 82,41 até R$ 68.680,00 R$ 109,89 de R$ 68.680,01 a R$ 137.358,00 R$ 164,83 de R$ 137.358,01 a R$ 343.398,00 R$ 302,19 de R$ 343.398,01 a R$ 686.795,00 R$ 453,28 de R$ 686.795,01 a R$ 1.373.589,00 R$ 604,39 de R$ 1.373.589,01 a R$ 2.747.179,00 R$ 755,49 de R$ 2..747.179,01 a R$ 13.735.899,00 R$ 961,50 acima de R$ 13.735.899,01 por hora, a serem suportados pelas partes na proporção de 50% para cada uma, devendo o pagamento ser feito diretamente ao conciliador/mediador, por pix ou na conta indicada por ocasião da realização da seção de conciliação ou mediação por meio de audiência virtual, independentemente da eventual gratuidade judiciária concedida, EXCETO se a parte for assistida pelo Convênio OAB/Defensoria Pública (somente neste caso a parte estará dispensada do pagamento dos honorários do conciliador, observando-se, no que couber, o artigo 2º da Portaria nº 10.854/2025, com entrada em vigor em 01/06/2025). De qualquer forma o valor final constará do termo de audiência e deverá ser transferido diretamente ao Conciliador através da chave PIX/conta bancária informada também no termo de audiência, mediante comprovação documental nos autos, no prazo de 05 dias, contados da realização da audiência, observando que no caso de acordo, a homologação ocorrerá somente após a comprovação do pagamento dos honorários fixados. Ainda que a(s) parte(s) não goze(m) de condição econômica privilegiada e tenha(m) recebido os benefícios da gratuidade judiciária, não há que se falar que conte com absoluta incapacidade financeira, não sendo crível a impossibilidade de arcar ao menos com os honorários do conciliador, nos termos do Art. 98, §5º, do CPC, inclusive por estar representado por advogado constituído. Neste sentido, inclusive: GRATUIDADE DA JUSTIÇA - PRETENSÃO DE REFORMA DA DECISÃO QUE A DEFERIU PARCIALMENTE, NÃO SENDO ABRANGIDA PELA BENESSE SOMENTE EVENTUAIS HONORÁRIOS DE CONCILIADOR E DE PERITO - DESCABIMENTO - Embora os documentos que instruem o presente recurso não revelem que o autor ostente condição financeira privilegiada, há de considerar que possui rendimentos, por ora, que o permitiriam arcar com as custas e despesas processuais - Inadmissibilidade da alegação de que não poderia arcar com custos que sequer existem no caso concreto ou sobre o qual se desconhece. Deferimento parcial da gratuidade da justiça, nos termos do art. 98, §5º, do CPC, que deve ser mantido. Recurso desprovido. (TJSP; Agravo de Instrumento 2192888-25.2024.8.26.0000; Relator (a): Walter Fonseca; Órgão Julgador: 11ª Câmara de Direito Privado; Foro de São José dos Campos - 8ª Vara Cível; Data do Julgamento: 09/08/2024; Data de Registro: 09/08/2024) O pagamento dos honorários do conciliador/mediador deverá ser comprovado nos autos, no prazo de 5 dias, contados da realização da audiência, observando-se que, no caso de acordo, a homologação ocorrerá somente após a comprovação do pagamento dos honorários fixados. Decorrido o prazo para pagamento /transferência, o servidor responsável pelo Cejusc deverá, a fim de viabilizar futura cobrança, expedir certidão em favor do conciliador nos termos da portaria 01-2023 (Nupemec), o que fica desde já deferido, a fim de que o conciliador/mediador possa reivindicar o crédito respectivo em ação autônoma. Em atenção ao Provimento CSM nº 2.564/2020 e aos comunicados 581/2020 e 99/2020, as audiências deverão ser realizadas por videoconferência, nos termos dos Comunicados CG nº 284/2020, 317/2020 e 323/2020 e do Ato Normativo NUPEMEC nº 01/2020; excepcionalmente, em casos urgentes de processos envolvendo réus presos, adolescentes em conflito com a lei em situação de internação, crianças e adolescentes em situação de acolhimento institucional e familiar, e outras medidas, criminais e não criminais, será admitida a realização de audiência mista (parte remota e parte presencialmente) nos casos em que as partes ou testemunhas não possuírem condições tecnológicas para a participação remota e apenas diante da impossibilidade de realização na forma mista poderá a audiência ser realizada na forma exclusivamente presencial, mediante justificativa do magistrado. Com as considerações acima, e considerando que o caso dos autos não se encontra dentre as hipóteses excepcionais mencionadas no parágrafo anterior, a audiência designada deverá ser realizada de forma integralmente virtual, com acesso por meio do link que será oportunamente enviado às partes apenas através de seus endereços de e-mail fornecidos. Assim, ficam as partes intimadas para, no prazo de 05 dias, por petição eletrônica, indicar o endereço de e-mail para fornecimento do link da audiência de todos os participantes- Advogados, Procuradores e Partes. Ficam também intimadas as partes a fornecer seus números de telefones, servindo estes apenas para contato com as partes, caso necessário. Ressalto que o link da audiência de mediação será encaminho exclusivamente no endereço de e-mails de todos os participantes. Considerando que se trata de audiência designada antes da citação, momento em que a parte ré não está representada nos autos, deverá a parte autora informar ao juízo, no prazo de 05 dias, os dados de contato da parte requerida (telefone celular e e-mail). Informados os e-mails e telefones para o convite da audiência, a serventia deverá comunicar os dados ao CEJUSC para cadastro da audiência na ferramenta Microsoft Teams e envio do respectivo link às partes. A pessoa que participará da audiência remotamente precisa ter: (i) acesso à internet; (ii) acesso a dispositivo com câmera para filmagem de sua própria pessoa (como um face-time ou uma selfie), podendo ser um computador com webcam ou mesmo o celular; (iii) uso de fone de ouvido por todos participantes (em teste feito neste gabinete, a ausência de fones levou à reprodução sequencial de ecos, impedindo uma correta gravação do ato). NÃO é necessário baixar qualquer programa ou aplicativo. O CEJUSC encaminhará por e-mail, a todos os participantes, o link para participação na audiência. No dia e hora marcados todos acessam o link para entrarem no espaço virtual da audiência. Todos serão chamados a exibir um documento de identificação para a câmera Advogados apresentam a Carteira da OAB, e demais qualquer documento com foto. Excepcionalmente, apenas para uma única parte, que justificar a ausência de endereço de e-mail, esta poderá comparecer no dia e hora designada no Cejusc, Faculdade de Mirassol - Faimi- Uniesp, Avenida Luiz Fernando Moreira, 1005, São José, Mirassol, para participar da sessão de Conciliação/Mediação, pelo computador do Cejusc, devendo comunicar previamente nos autos que comparecerá presencialmente. Não realizado o acordo, o prazo para contestação começará a partir da data da audiência de conciliação e mediação, ou da data da última sessão de conciliação (art. 697 cc. 335, I, ambos do CPC). SE O CASO e SEM PREJUÍZO das providências acima determinadas em relação à audiência de conciliação e mediação e ao prosseguimento do processo, e considerando que a presente ação trata, sobretudo, dos interesses de criança, e considerando ainda os princípios constitucionais da Dignidade da Pessoa Humana, da Proteção Integral e do Melhor Interesse da Criança e do Adolescente, visando amparar os interesses da criança que, em tenra idade, já enfrenta os conflitos decorrentes da separação dos pais, e presumindo a boa vontade do pai e da mãe na colaboração com a justiça e disposição ao diálogo e à resolução consensual dos seus conflitos, encaminhem-se os genitores para a OFICINA DE PAIS E FILHOS, que será realizada virtualmente pelo Centro Judiciários de Solução de Conflitos e Cidadania desta Comarca de Mirassol, no dia determinado, pela plataforma Microsoft Teams. O link de acesso será encaminhado pelo Cejusc para o email das partes. O programa tem a duração prevista de três horas, devendo se encerrar por volta das 17 horas. Será fornecida declaração aos pais para justificarem sua ausência no trabalho. Ressalto que a Oficina não tem a finalidade de avaliação ou de julgamento dos pais, mas apenas de ajudá-los, bem como seus filhos menores, a superarem esta fase de reorganização familiar, prevenindo novas conflitos e tendo um pouco mais de paz em suas vidas, objetivo primordial do Poder Judiciário. Intimem-se as partes, convidando-as para que compareçam à Oficina. Excepcionalmente, as oficinas virtuais destinam-se apenas aos pais, não sendo possível a participação dos filhos menores. Aqueles que participarem da Oficina receberão atestado de frequência, inclusive para efeito de apresentação aos seus empregadores e à escola. Intimem-se e ciência ao Ministério Público.

Conteúdo completo bloqueado

Desbloquear

Antonio Enoque Moreira x Alfran Industria E Comercio De Artefatos De Cimento Ltda - Epp

ID: 257610646

Tribunal: TRT2 Órgão: 6ª Vara do Trabalho de São Paulo - Zona Leste Classe: AçãO TRABALHISTA - RITO ORDINáRIO Nº Processo: 1001522-54.2024.5.02.0606

Data de Disponibilização: 22/04/2025

Polo Ativo:

ANTONIO ENOQUE MOREIRA

Polo Passivo:

ALFRAN INDUSTRIA E COMERCIO DE ARTEFATOS DE CIMENTO LTDA - EPP

Notificação

Advogados:

CLOMOALDO FRANCISCO MONTANHA

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

ADEMIR CORDEIRO XAVIER

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO 6ª VARA DO TRABALHO DE SÃO PAULO - ZONA LESTE 1001522-54.2024.5.02.0606 : ANTONIO ENOQUE MOREIRA : ALFRAN INDUST… PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO 6ª VARA DO TRABALHO DE SÃO PAULO - ZONA LESTE 1001522-54.2024.5.02.0606 : ANTONIO ENOQUE MOREIRA : ALFRAN INDUSTRIA E COMERCIO DE ARTEFATOS DE CIMENTO LTDA - EPP INTIMAÇÃO Fica V. Sa. intimado para tomar ciência da Decisão ID 5cdd185 proferida nos autos. CONCLUSÃO Nesta data, faço o feito concluso ao(a) MM(a) Juiz(a) da 6ª Vara do Trabalho de São Paulo - Zona Leste/SP. São Paulo, 14 de abril de 2025 ALEXANDRE LUIZ GALLO FILETO DECISÃO Vistos. O autor apresentou seus cálculos sob id. 16307d0, atualizando-os pelo índice "'IPCA-E' até 24/07/2024 e pelo índice 'Sem Correção' a partir de 25/07/2024", com "Juros apurados desde o vencimento das verbas vencidas, em fase pré-judicial, conforme decisão do STF na ADC 58; juros simples TRD até 24/07/2024; e juros SELIC (Receita Federal) a partir de 25/07/2024" Sob id. fea62d5, a reclamada impugnou a conta apresentada pelo reclamante, apresentando seus cálculos sob id. ae517aa, atualizando-os pelo índice "'IPCA-E' até 24/07/2024 e pelo índice 'Sem Correção' a partir de 25/07/2024", com "Juros apurados desde o vencimento das verbas vencidas, em fase pré-judicial, conforme decisão do STF na ADC 58; sem incidência de juros até 24/07/2024; e juros SELIC (Receita Federal) a partir de 25/07/2024". O reclamante apresentou manifestação à impugnação sob id. 58857c1. Passo a apreciar: 1- Em síntese, a reclamada insurge-se quanto à apuração dos juros TRD na fase pré-judicial efetuada pela parte autora. Em que pesem os argumentos apresentados pela ré, tenho que razão não lhe assiste. Com efeito, consta do "item 6" do inteiro teor do v. Acórdão proferido pelo C.STF na decisão na ADC 58 o seguinte: "6. Em relação à fase extrajudicial, ou seja, a que antecede o ajuizamento das ações trabalhistas, deverá ser utilizado como indexador o IPCA-E acumulado no período de janeiro a dezembro de 2000. A partir de janeiro de 2001, deverá ser utilizado o IPCA-E mensal (IPCA-15/IBGE), em razão da extinção da UFIR como indexador, nos termos do art. 29, § 3º, da MP 1.973-67/2000. Além da indexação, serão aplicados os juros legais (art. 39, caput, da Lei 8.177, de 1991)" (g.n.). Logo, à fase anterior à distribuição da ação deve ser calculado o IPCA-E como atualização monetária, acrescidos dos juros legais na forma do art. 39, caput, da Lei 8.177/91 in verbis: “Art. 39. Os débitos trabalhistas de qualquer natureza, quando não satisfeitos pelo empregador nas épocas próprias assim definidas em lei, acordo ou convenção coletiva, sentença normativa ou cláusula contratual sofrerão juros de mora equivalentes à TRD acumulada no período compreendido entre a data de vencimento da obrigação e o seu efetivo pagamento”. Apenas quanto à fase posterior ao ajuizamento da ação a apuração dos valores deve envolver apenas e tão somente a SELIC, eis que esta engloba a correção monetária e os juros devidos. Logo, o cálculo elaborado pelo autor observou os parâmetros indicados na decisão supra mencionada. Rejeita-se a impugnação da ré. 2- Em síntese, a ré sustenta não serem devidos os juros sobre as contribuições previdenciárias. A despeito do quanto alegado pela ré, tenho que razão não lhe assiste. Inicialmente, há que se expor os entendimentos apresentados pelas correntes majoritárias acerca da incidência dos juros nas contribuições previdenciárias. Há o entendimento de que os juros moratórios em relação às contribuições previdenciárias incidem a partir do dia 2 (dois) do mês seguinte ao da liquidação da sentença ou da homologação do acordo, conforme determinado no artigo 276, do Decreto nº 3.048/1999. De outro lado, com base no teor da alínea a, do inciso I, do art. 195, da Carta Magna, e do art. 30, I, b, da Lei nº 8.212/1991, entende-se que o fato gerador das contribuições sociais são os rendimentos do trabalho pagos ou creditados, de forma que os encargos moratórios previstos na citada lei seriam contados a partir da extrapolação do prazo legal para cumprimento da obrigação de fazer, qual seja, o dia seguinte àquele em que deveria ter sido constituído. E ainda, com base no art. 43, §2º, da Lei 8.212/1991, recentes decisões exaradas pelo C.TST entendeu que considera-se ocorrido o fato gerador das contribuições sociais na data da prestação de serviços, sendo certo, portanto, que os juros moratórios devem ser calculados à base das contribuições inadimplidas, a partir da data do serviço prestado. Referidas decisões, inclusive, ensejaram a edição da Resolução 219/2017 pelo Tribunal Pleno que, por sua vez, alterou o teor da Súmula 368, inciso V, do TST. Este Juízo entende por bem seguir o entendimento recentemente transcrito na já citada Súmula 368, inc. V, do TST, abaixo transcrita: Súmula nº 368 do TST. DESCONTOS PREVIDENCIÁRIOS. IMPOSTO DE RENDA. COMPETÊNCIA. RESPONSABILIDADE PELO RECOLHIMENTO. FORMA DE CÁLCULO. FATO GERADOR (aglutinada a parte final da Orientação Jurisprudencial nº 363 da SBDI-I à redação do item II e incluídos os itens IV, V e VI em sessão do Tribunal Pleno realizada em 26.06.2017) - Res. 219/2017, republicada em razão de erro material - DEJT divulgado em 12, 13 e 14.07.2017. [...] V - Para o labor realizado a partir de 5.3.2009, considera-se fato gerador das contribuições previdenciárias decorrentes de créditos trabalhistas reconhecidos ou homologados em juízo a data da efetiva prestação dos serviços. Sobre as contribuições previdenciárias não recolhidas a partir da prestação dos serviços incidem juros de mora e, uma vez apurados os créditos previdenciários, aplica-se multa a partir do exaurimento do prazo de citação para pagamento, se descumprida a obrigação, observado o limite legal de 20% (art. 61, § 2º, da Lei nº 9.430/96). [...] Logo, nos termos da norma supra transcrita, são devidos os juros sobre as contribuições previdenciárias não recolhidas, cujo labor tenha sido realizado a partir de 05/03/2009. A aplicação de multa, não obstante, somente será cabível se, após exaurido o prazo de citação para pagamento, houve o descumprimento da obrigação. Rejeita-se a impugnação da ré. 3- Alega a reclamada, em síntese, que os cálculos do autor estão equivocados ao não apurar os honorários devidos em favor de seu patrono. Em que pesem os argumentos apresentados pela ré, observo que nenhuma das decisões proferidas nos autos indicam percentual em favor do patrono da reclamada. Consigne-se que referidas decisões, proferidas na fase de conhecimento, transitaram em julgado sem modificações, tornando-se imutável por estar abarcada pelo instituto da coisa julgada, sendo certo que o art. 879, § 1º da CLT dispõe que “na liquidação, não se poderá modificar, ou inovar, a sentença liquidanda, nem discutir matéria pertinente à causa principal”. Logo, não merece acolhida a impugnação apresentada pela ré. De qualquer sorte, e ainda que assim não o fosse, é certo que eventual quantia potencialmente exequível a título de honorários sucumbenciais em favor do patrono da ré poderia ser apurada por simples cálculos, aplicando-se o percentual deferido à base das verbas rejeitadas, com as devidas atualizações, sendo desnecessária sua apuração nesse momento processual. Assim, rejeita-se a impugnação da reclamada. Do exposto, HOMOLOGO os cálculos apresentados pelo autor sob id 16307d0, e fixo o Crédito Bruto exequendo em R$ 91.444,48, atualizado até 01/03/2025, sendo: R$ 69.475,22 a título de Principal;R$ 7.138,03 a título de Taxa SELIC; e,R$ 14.831,23 a título de INSS (quota-parte empregador). Os valores supra deverão ser devidamente atualizados até a data do efetivo pagamento, ocasião em que serão calculados os honorários advocatícios em favor do patrono da parte autora, à base de 5% sobre as verbas 1 e 2 supra. Do crédito do autor será descontado o valor referente ao INSS (quota-parte empregado) no importe de R$ 3.863,77 em 01/03/2025. Recolhimentos fiscais isentos, aplicando-se a OJ nº 400 da SDI-I do TST e a IN RFB nº 1500/2014. Custas processuais quitadas - id. 00bab76. Desnecessária a ciência ao INSS, nos termos art. 20-A da Lei 10522/2002 e da Portaria Normativa PGF/AGU nº 47/2023. Dê-se ciência à reclamada, por meio de seu advogado, acerca da sentença de liquidação para pagamento do crédito exequendo, devidamente atualizado até a data do depósito, ou para garantia do juízo, no prazo de 48 horas, conforme o artigo 880, da CLT, sob pena de penhora. Na ocasião do pagamento, deverá a executada, juntar planilha de cálculo PjeCalc, permitindo eventual liberação de valores a quem de direito. O pagamento da presente execução deverá ser feito pelos meios eletrônicos disponíveis, mediante depósito judicial no prazo acima estabelecido, preferencialmente, nas agências do Banco do Brasil, tendo em vista o sistema SISCONDJ, que viabiliza a emissão de alvará eletrônico. a) pagamento: www.trtsp.jus.br/"Processos"/"Processo Judicial Eletrônico"/"Guia prático PJE (advogados e partes) - item 3: "Como emitir guia de depósito judicial". A emissão das guias de depósito judicial nos processos eletrônicos é feita diretamente pelo site do Banco do Brasil (www.bb.com.br). Quanto às contribuições previdenciárias e eventuais contribuições fiscais a serem recolhidas, a comprovação se dará nas guias próprias de arrecadação, não se admitindo depositá-las judicialmente. a) recolhimento de contribuições previdenciárias: https://sal.rfb.gov.br/PortalSalInternet/faces/pages/index.xhtml ; Os depósitos e recolhimentos podem ser feitos em qualquer agência e deverá ser informado ao juízo por meio de petição, enviada por meio eletrônico e assinada digitalmente, com a juntada do comprovante de pagamento. Decorrido in albis o prazo supra, proceda a Secretaria da Vara à liberação do depósito recursal id. df8e71d em favor da parte autora, que deverá comprovar o exato valor soerguido no prazo de 05 (cinco) dias, após intimação específica para tanto, sob pena de não prosseguimento do feito. Na ausência de depósito ou de garantia do juízo, com base nos artigos 765, da CLT e 139, IV, do CPC, que atribui ao juiz o poder geral de cautela, de aplicação subsidiária ao processo do trabalho, conforme artigo 889, da CLT, determino a expedição de mandado para pesquisa de bens por meio dos sistemas SISBAJUD, RENAJUD, ARISP, INFOJUD e CNIB em nome da executada. Int. SAO PAULO/SP, 15 de abril de 2025. JERONIMO AZAMBUJA FRANCO NETO Juiz do Trabalho Substituto Intimado(s) / Citado(s) - ANTONIO ENOQUE MOREIRA

Conteúdo completo bloqueado

Desbloquear

Antonio Enoque Moreira x Alfran Industria E Comercio De Artefatos De Cimento Ltda - Epp

ID: 257610649

Tribunal: TRT2 Órgão: 6ª Vara do Trabalho de São Paulo - Zona Leste Classe: AçãO TRABALHISTA - RITO ORDINáRIO Nº Processo: 1001522-54.2024.5.02.0606

Data de Disponibilização: 22/04/2025

Polo Ativo:

ANTONIO ENOQUE MOREIRA

Polo Passivo:

ALFRAN INDUSTRIA E COMERCIO DE ARTEFATOS DE CIMENTO LTDA - EPP

Notificação

Advogados:

CLOMOALDO FRANCISCO MONTANHA

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

ADEMIR CORDEIRO XAVIER

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO 6ª VARA DO TRABALHO DE SÃO PAULO - ZONA LESTE 1001522-54.2024.5.02.0606 : ANTONIO ENOQUE MOREIRA : ALFRAN INDUST… PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO 6ª VARA DO TRABALHO DE SÃO PAULO - ZONA LESTE 1001522-54.2024.5.02.0606 : ANTONIO ENOQUE MOREIRA : ALFRAN INDUSTRIA E COMERCIO DE ARTEFATOS DE CIMENTO LTDA - EPP INTIMAÇÃO Fica V. Sa. intimado para tomar ciência da Decisão ID 5cdd185 proferida nos autos. CONCLUSÃO Nesta data, faço o feito concluso ao(a) MM(a) Juiz(a) da 6ª Vara do Trabalho de São Paulo - Zona Leste/SP. São Paulo, 14 de abril de 2025 ALEXANDRE LUIZ GALLO FILETO DECISÃO Vistos. O autor apresentou seus cálculos sob id. 16307d0, atualizando-os pelo índice "'IPCA-E' até 24/07/2024 e pelo índice 'Sem Correção' a partir de 25/07/2024", com "Juros apurados desde o vencimento das verbas vencidas, em fase pré-judicial, conforme decisão do STF na ADC 58; juros simples TRD até 24/07/2024; e juros SELIC (Receita Federal) a partir de 25/07/2024" Sob id. fea62d5, a reclamada impugnou a conta apresentada pelo reclamante, apresentando seus cálculos sob id. ae517aa, atualizando-os pelo índice "'IPCA-E' até 24/07/2024 e pelo índice 'Sem Correção' a partir de 25/07/2024", com "Juros apurados desde o vencimento das verbas vencidas, em fase pré-judicial, conforme decisão do STF na ADC 58; sem incidência de juros até 24/07/2024; e juros SELIC (Receita Federal) a partir de 25/07/2024". O reclamante apresentou manifestação à impugnação sob id. 58857c1. Passo a apreciar: 1- Em síntese, a reclamada insurge-se quanto à apuração dos juros TRD na fase pré-judicial efetuada pela parte autora. Em que pesem os argumentos apresentados pela ré, tenho que razão não lhe assiste. Com efeito, consta do "item 6" do inteiro teor do v. Acórdão proferido pelo C.STF na decisão na ADC 58 o seguinte: "6. Em relação à fase extrajudicial, ou seja, a que antecede o ajuizamento das ações trabalhistas, deverá ser utilizado como indexador o IPCA-E acumulado no período de janeiro a dezembro de 2000. A partir de janeiro de 2001, deverá ser utilizado o IPCA-E mensal (IPCA-15/IBGE), em razão da extinção da UFIR como indexador, nos termos do art. 29, § 3º, da MP 1.973-67/2000. Além da indexação, serão aplicados os juros legais (art. 39, caput, da Lei 8.177, de 1991)" (g.n.). Logo, à fase anterior à distribuição da ação deve ser calculado o IPCA-E como atualização monetária, acrescidos dos juros legais na forma do art. 39, caput, da Lei 8.177/91 in verbis: “Art. 39. Os débitos trabalhistas de qualquer natureza, quando não satisfeitos pelo empregador nas épocas próprias assim definidas em lei, acordo ou convenção coletiva, sentença normativa ou cláusula contratual sofrerão juros de mora equivalentes à TRD acumulada no período compreendido entre a data de vencimento da obrigação e o seu efetivo pagamento”. Apenas quanto à fase posterior ao ajuizamento da ação a apuração dos valores deve envolver apenas e tão somente a SELIC, eis que esta engloba a correção monetária e os juros devidos. Logo, o cálculo elaborado pelo autor observou os parâmetros indicados na decisão supra mencionada. Rejeita-se a impugnação da ré. 2- Em síntese, a ré sustenta não serem devidos os juros sobre as contribuições previdenciárias. A despeito do quanto alegado pela ré, tenho que razão não lhe assiste. Inicialmente, há que se expor os entendimentos apresentados pelas correntes majoritárias acerca da incidência dos juros nas contribuições previdenciárias. Há o entendimento de que os juros moratórios em relação às contribuições previdenciárias incidem a partir do dia 2 (dois) do mês seguinte ao da liquidação da sentença ou da homologação do acordo, conforme determinado no artigo 276, do Decreto nº 3.048/1999. De outro lado, com base no teor da alínea a, do inciso I, do art. 195, da Carta Magna, e do art. 30, I, b, da Lei nº 8.212/1991, entende-se que o fato gerador das contribuições sociais são os rendimentos do trabalho pagos ou creditados, de forma que os encargos moratórios previstos na citada lei seriam contados a partir da extrapolação do prazo legal para cumprimento da obrigação de fazer, qual seja, o dia seguinte àquele em que deveria ter sido constituído. E ainda, com base no art. 43, §2º, da Lei 8.212/1991, recentes decisões exaradas pelo C.TST entendeu que considera-se ocorrido o fato gerador das contribuições sociais na data da prestação de serviços, sendo certo, portanto, que os juros moratórios devem ser calculados à base das contribuições inadimplidas, a partir da data do serviço prestado. Referidas decisões, inclusive, ensejaram a edição da Resolução 219/2017 pelo Tribunal Pleno que, por sua vez, alterou o teor da Súmula 368, inciso V, do TST. Este Juízo entende por bem seguir o entendimento recentemente transcrito na já citada Súmula 368, inc. V, do TST, abaixo transcrita: Súmula nº 368 do TST. DESCONTOS PREVIDENCIÁRIOS. IMPOSTO DE RENDA. COMPETÊNCIA. RESPONSABILIDADE PELO RECOLHIMENTO. FORMA DE CÁLCULO. FATO GERADOR (aglutinada a parte final da Orientação Jurisprudencial nº 363 da SBDI-I à redação do item II e incluídos os itens IV, V e VI em sessão do Tribunal Pleno realizada em 26.06.2017) - Res. 219/2017, republicada em razão de erro material - DEJT divulgado em 12, 13 e 14.07.2017. [...] V - Para o labor realizado a partir de 5.3.2009, considera-se fato gerador das contribuições previdenciárias decorrentes de créditos trabalhistas reconhecidos ou homologados em juízo a data da efetiva prestação dos serviços. Sobre as contribuições previdenciárias não recolhidas a partir da prestação dos serviços incidem juros de mora e, uma vez apurados os créditos previdenciários, aplica-se multa a partir do exaurimento do prazo de citação para pagamento, se descumprida a obrigação, observado o limite legal de 20% (art. 61, § 2º, da Lei nº 9.430/96). [...] Logo, nos termos da norma supra transcrita, são devidos os juros sobre as contribuições previdenciárias não recolhidas, cujo labor tenha sido realizado a partir de 05/03/2009. A aplicação de multa, não obstante, somente será cabível se, após exaurido o prazo de citação para pagamento, houve o descumprimento da obrigação. Rejeita-se a impugnação da ré. 3- Alega a reclamada, em síntese, que os cálculos do autor estão equivocados ao não apurar os honorários devidos em favor de seu patrono. Em que pesem os argumentos apresentados pela ré, observo que nenhuma das decisões proferidas nos autos indicam percentual em favor do patrono da reclamada. Consigne-se que referidas decisões, proferidas na fase de conhecimento, transitaram em julgado sem modificações, tornando-se imutável por estar abarcada pelo instituto da coisa julgada, sendo certo que o art. 879, § 1º da CLT dispõe que “na liquidação, não se poderá modificar, ou inovar, a sentença liquidanda, nem discutir matéria pertinente à causa principal”. Logo, não merece acolhida a impugnação apresentada pela ré. De qualquer sorte, e ainda que assim não o fosse, é certo que eventual quantia potencialmente exequível a título de honorários sucumbenciais em favor do patrono da ré poderia ser apurada por simples cálculos, aplicando-se o percentual deferido à base das verbas rejeitadas, com as devidas atualizações, sendo desnecessária sua apuração nesse momento processual. Assim, rejeita-se a impugnação da reclamada. Do exposto, HOMOLOGO os cálculos apresentados pelo autor sob id 16307d0, e fixo o Crédito Bruto exequendo em R$ 91.444,48, atualizado até 01/03/2025, sendo: R$ 69.475,22 a título de Principal;R$ 7.138,03 a título de Taxa SELIC; e,R$ 14.831,23 a título de INSS (quota-parte empregador). Os valores supra deverão ser devidamente atualizados até a data do efetivo pagamento, ocasião em que serão calculados os honorários advocatícios em favor do patrono da parte autora, à base de 5% sobre as verbas 1 e 2 supra. Do crédito do autor será descontado o valor referente ao INSS (quota-parte empregado) no importe de R$ 3.863,77 em 01/03/2025. Recolhimentos fiscais isentos, aplicando-se a OJ nº 400 da SDI-I do TST e a IN RFB nº 1500/2014. Custas processuais quitadas - id. 00bab76. Desnecessária a ciência ao INSS, nos termos art. 20-A da Lei 10522/2002 e da Portaria Normativa PGF/AGU nº 47/2023. Dê-se ciência à reclamada, por meio de seu advogado, acerca da sentença de liquidação para pagamento do crédito exequendo, devidamente atualizado até a data do depósito, ou para garantia do juízo, no prazo de 48 horas, conforme o artigo 880, da CLT, sob pena de penhora. Na ocasião do pagamento, deverá a executada, juntar planilha de cálculo PjeCalc, permitindo eventual liberação de valores a quem de direito. O pagamento da presente execução deverá ser feito pelos meios eletrônicos disponíveis, mediante depósito judicial no prazo acima estabelecido, preferencialmente, nas agências do Banco do Brasil, tendo em vista o sistema SISCONDJ, que viabiliza a emissão de alvará eletrônico. a) pagamento: www.trtsp.jus.br/"Processos"/"Processo Judicial Eletrônico"/"Guia prático PJE (advogados e partes) - item 3: "Como emitir guia de depósito judicial". A emissão das guias de depósito judicial nos processos eletrônicos é feita diretamente pelo site do Banco do Brasil (www.bb.com.br). Quanto às contribuições previdenciárias e eventuais contribuições fiscais a serem recolhidas, a comprovação se dará nas guias próprias de arrecadação, não se admitindo depositá-las judicialmente. a) recolhimento de contribuições previdenciárias: https://sal.rfb.gov.br/PortalSalInternet/faces/pages/index.xhtml ; Os depósitos e recolhimentos podem ser feitos em qualquer agência e deverá ser informado ao juízo por meio de petição, enviada por meio eletrônico e assinada digitalmente, com a juntada do comprovante de pagamento. Decorrido in albis o prazo supra, proceda a Secretaria da Vara à liberação do depósito recursal id. df8e71d em favor da parte autora, que deverá comprovar o exato valor soerguido no prazo de 05 (cinco) dias, após intimação específica para tanto, sob pena de não prosseguimento do feito. Na ausência de depósito ou de garantia do juízo, com base nos artigos 765, da CLT e 139, IV, do CPC, que atribui ao juiz o poder geral de cautela, de aplicação subsidiária ao processo do trabalho, conforme artigo 889, da CLT, determino a expedição de mandado para pesquisa de bens por meio dos sistemas SISBAJUD, RENAJUD, ARISP, INFOJUD e CNIB em nome da executada. Int. SAO PAULO/SP, 15 de abril de 2025. JERONIMO AZAMBUJA FRANCO NETO Juiz do Trabalho Substituto Intimado(s) / Citado(s) - ALFRAN INDUSTRIA E COMERCIO DE ARTEFATOS DE CIMENTO LTDA - EPP

Conteúdo completo bloqueado

Desbloquear

Simone Pereira Santos x Banco Bradesco S.A.

ID: 316028263

Tribunal: TRT2 Órgão: 4ª Turma Classe: RECURSO ORDINáRIO TRABALHISTA Nº Processo: 1001522-86.2023.5.02.0057

Data de Disponibilização: 04/07/2025

Polo Ativo:

SIMONE PEREIRA SANTOS

Polo Passivo:

BANCO BRADESCO S.A.

Acórdão

Advogados:

FABIO CABRAL SILVA DE OLIVEIRA MONTEIRO

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

GIOVANNI COSTA SILVA

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

RICARDO TEIXEIRA DO NASCIMENTO

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

DANILO FERREIRA

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

CAROLINE LIMA DOS SANTOS

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO 4ª TURMA Relatora: VALERIA NICOLAU SANCHEZ ROT 1001522-86.2023.5.02.0057 RECORRENTE: SIMONE PEREIRA SANTOS RECOR… PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO 4ª TURMA Relatora: VALERIA NICOLAU SANCHEZ ROT 1001522-86.2023.5.02.0057 RECORRENTE: SIMONE PEREIRA SANTOS RECORRIDO: BANCO BRADESCO S.A. PROCESSO nº 1001522-86.2023.5.02.0057 (ROT) RECORRENTE: SIMONE PEREIRA SANTOS RECORRIDO: BANCO BRADESCO S.A. RELATORA: VALERIA NICOLAU SANCHEZ ORIGEM: 57ª VARA DO TRABALHO DE SÃO PAULO Item de recurso Contra a sentença de id. f71db72, cujo relatório adoto e que, apreciando os pedidos, julgou-os improcedentes, recorre de forma ordinária a reclamante sob id 48da312, pretendendo a reforma da r. sentença nos tópicos relativos à jornada de trabalho, ao pleito de nulidade da compensação das horas extras com a gratificação de função, à doença ocupacional e à dispensa discriminatória. Contrarrazões sob id. 172b181. É o relatório. V O T O Juízo de Admissibilidade Conheço do recurso, porque presentes os pressupostos de admissibilidade. DA JORNADA DE TRABALHO. DAS HORAS EXTRAS. DA COMPENSAÇÃO. Aduz a autora ter sido provado que não se enquadra na exceção do artigo 224, § 2º da CLT. Por fim, entende que a compensação das horas extras com o valor correspondente à gratificação de função é indevida (Cláusula 11 da CCT acostada), razão pela qual pleiteia o afastamento. Sem razão. A caracterização do cargo de confiança previsto no art. 224, § 2º, da CLT depende da comprovação de que o empregado detinha poderes mais amplos do que os funcionários que detêm tão somente a fidúcia normal atinente ao pacto laborativo. Exige-se o exercício de funções de gerência, direção, fiscalização ou equivalentes, compreendendo-se outros cargos de confiança, mas não é necessário o desempenho do plexo de atribuições previstos para o enquadramento nas disposições do art. 62, inciso II, da CLT, que só é aplicável aos empregados de fidúcia elevada. Aliás, a jurisprudência do C. TST já consolidou entendimento no sentido de que a jornada do empregado gerente de agência é a prevista no art. 224, §2º, da CLT, enquanto a do gerente geral é a definida no art. 62, inciso II, da CLT (Súmula 287 do TST). No caso em apreço, o exame dos autos revela que a reclamante, no cargo de gerente de relacionamento de pessoa jurídica, tinha poderes e funções diferenciadas em relação aos demais empregados. Em audiência de instrução, a testemunha apresentada pela autora esclareceu que (fl. 1026): "Que sobre o aspecto de níveis e alçadas internas no banco afirma que um escriturário não tem os mesmos acessos que um assistente; que por sua vez não tem os mesmos acessos que o gerente de relacionamento que por sua vez não tem os mesmos acessos que um gerente geral na agência à medida em que a progressão na carreira nessas funções vai evoluindo os acessos vão aumentando, sendo a base com menor nível de acesso e à medida que vai progredindo na carreira o maior nível de acesso (...)" Ademais, a referida testemunha elucidou que a liberação de crédito na agência bancária era atribuição do comitê de crédito e que a reclamante fazia parte de tal órgão: "Que tanto a depoente como a reclamante participavam de comitês de crédito". No mesmo sentido, esclareceu a testemunha apresentada pela reclamada: "Que considerando a estrutura hierarquizada dentro da agência nas figuras de escriturário, Gerente Assistente, Caixa, Gerente de Relacionamento e depois o gerente exclusive explica que as rotinas começam bastante restritas com poucos acessos e a medida em que a progressão nessa função as rotinas vão aumentando exemplifica que basicamente um escriturário, apenas consegue atender público no caixa eletrônico, solicitar um cartão de débito e fazer prova de vida; Que o gerente assistente dá apoio operacional ao gerente Exclusive ficando com as atribuições de questões como: fazer contrato, digitalizar documentos, levantar extrato bancário, abrir chamados em departamentos; Que gerente de relacionamento fazem concessão de crédito, fazem pedidos de cartão de crédito, pedido de investimento; Que assistentes de gerente não participam da votação nos comitês de crédito; tais atribuições limitam-se aos gerentes de relacionamento;" Das informações acima apresentadas, resta claro que a autora ocupava função de confiança média bancária, estando hierarquicamente acima dos caixas e escriturários, por exemplo. Os holerites da obreira, ademais, demonstram que a função de confiança recebida equivalia a quase 100% do seu salário base (fl. 364, por exemplo), havendo o cumprimento dos requisitos previstos no art. 224, § 2º, da CLT para labor em jornada de 8 horas. Assim, restou demonstrado que a autora ocupou cargo de confiança, não sendo devido o pagamento da 7ª e 8ª horas trabalhadas. Destaco, por fim, que a reclamada acostou aos autos os controles de jornada, reconhecidos pela origem como fidedignos, bem como os recibos de pagamento revelam o pagamento das horas extras realizadas (fl. 367, por exemplo). A autora não apontou diferenças cabíveis em seu favor, acerca das horas extras assim consideradas aquelas além da 8ª diária e/ou 40ª semanal. Quanto ao pedido de afastamento da compensação entre horas extras e gratificação de função, é relevante citar os termos da cláusula 11, §§ 2º e 3º da CCT acostada aos autos sob id. 7be2552, fl. 146: "CLÁUSULA 11 - GRATIFICAÇÃO DE FUNÇÃO O valor da gratificação de função, de que trata o § 2º do artigo 224, da Consolidação das Leis do Trabalho, não será inferior a 55% (cinquenta e cinco por cento), à exceção do Estado do Rio Grande do Sul, cujo percentual é de 50% (cinquenta por cento), sempre incidente sobre o salário do cargo efetivo acrescido do adicional por tempo de serviço, já reajustados nos termos da cláusula primeira, respeitados os critérios mais vantajosos e as demais disposições específicas previstas nas Convenções Coletivas de Trabalho Aditivas. Parágrafo primeiro - Havendo decisão judicial que afaste o enquadramento de empregado na exceção prevista no § 2º do art. 224 da CLT, estando este recebendo ou tendo já recebido a gratificação de função, que é a contrapartida ao trabalho prestado além da 6ª (sexta) hora diária, de modo que a jornada somente é considerada extraordinária após a 8ª (oitava) hora trabalhada, o valor devido relativo às horas extras e reflexos será integralmente deduzido/compensado, com o valor da gratificação de função e reflexos pagos ao empregado. A dedução/compensação prevista neste parágrafo será aplicável às ações ajuizadas a partir de 1º.12.2018. Parágrafo segundo - A dedução/compensação prevista no parágrafo acima deverá observar os seguintes requisitos, cumulativamente: a) será limitada aos meses de competência em que foram deferidas as horas extras e nos quais tenha havido o pagamento da gratificação prevista nesta cláusula; e b) o valor a ser deduzido/compensado não poderá ser superior ao auferido pelo empregado, limitado aos percentuais de 55% (cinquenta e cinco por cento) e 50% (cinquenta por cento), mencionados no caput, de modo que não pode haver saldo negativo." A respeito do assunto, é importante ter em mente o quanto decidido pelo E. STF, no tema 1046, estabelecendo a primazia do Convencionado sobre o Legislado, quando em discussão direitos disponíveis, como aqueles discutidos nesta ação (em especial, horas extraordinárias). Veja-se o seguinte precedente, que adoto como razões de decidir: "Entende esta Relatora, em relação à cláusula 11ª, da Convenção Coletiva de Trabalho, que autoriza a compensação, quando judicialmente afastado o enquadramento do trabalhador como exercente de função de confiança bancária com as sétima e oitiva horas que, não obstante possa se discutir a prevalência do negociado sobre o legislado, não se pode admitir a desvirtuação de institutos jurídicos, o que ocorre no caso, sendo que a compensação, no caso, ofende de forma clara o artigo 369, do Código Civil, na medida em que se permite a extinção indireta de obrigações de natureza diversa. Não bastasse, a cláusula 11ª, da Convenção Coletiva de Trabalho deve ser analisada, na forma dos artigos 113 e 422, de acordo com o princípio da boa-fé e seus corolários, nemo potest venire contra factum proprium, tu quoque e nemo turpitudinem suam allegans non auditur. Assim, ainda que se admita a possibilidade de compensação da gratificação pela função de cargo de confiança bancário com as horas extras decorrentes das 7ª e 8ª horas, tal fato modalidade extintiva da obrigação não pode ser aplicada em caso de latente má-fé do empregador, como ocorre no caso, eis que evidente não exigir a função desempenhada pelo reclamante, maior fidúcia, o que demonstra o descumprimento, pela instituição financeira do dever de boa-fé e que torna inaplicável a compensação postulada, na forma do Enunciado 24, da I Jornada de Direito Civil. Entretanto, o C. TST pacificou o entendimento de que é válida norma coletiva que autoriza a compensação das horas extras com a gratificação pelo exercício de cargo de confiança bancário afastado judicialmente. Nesse sentido o julgado: (...) (TST, RRAg-24224-36.2022.5.24.0002, 3ª Turma, Relator Ministro Mauricio Godinho Delgado, DEJT 09/02/2024). E os precedentes das Turmas do C. TST: RR-167-82.2021.5.13.0005, 1ª Turma, Relator Ministro Amaury Rodrigues Pinto Junior, DEJT 16/02/2024; RR-1000442-03.2019.5.02.0001, 3ª Turma, Relator Ministro Jose Roberto Freire Pimenta, DEJT 23/02/2024; RR - 1001731-77.2019.5.02.0386, 4ª Turma, Relator Ministro Ives Gandra da Silva Martins Filho, Data de Publicação: DEJT 26/05/2023; RRAg-1000354-09.2020.5.02.0072, 5ª Turma, Relator Ministro Breno Medeiros, DEJT 01/03/2024; Ag-AIRR-1001125-18.2020.5.02.0385, 6ª Turma, Relatora Ministra Katia Magalhaes Arruda, DEJT 09/02/2024; RR-1001320-04.2019.5.02.0008, 7ª Turma , Relator Ministro Alexandre de Souza Agra Belmonte, DEJT 29/09/2023; RRAg-837-56.2019.5.06.0015, 8ª Turma, Relatora Ministra Delaide Alves Miranda Arantes, DEJT 27/02/2024. Destarte, curvo-me ao entendimento do C. TST e autorizo a compensação da gratificação pelo exercício do cargo de confiança bancário com as horas extras laboradas, observada a vigência das normas coletivas. (TRT da 2ª Região; Processo: 1000301-80.2024.5.02.0074; Data de assinatura: 11-12-2024; Órgão Julgador: 4ª Turma - Cadeira 5 - 4ª Turma; Relator(a): IVANI CONTINI BRAMANTE)" E, porque em convergência ao posicionamento adotado pelo Colegiado, revejo posicionamento anterior, no particular. Daí que, tratando-se de parcela não garantida por Lei (a gratificação em debate foi concedida por norma coletiva), evidente que o advento de novo acordo ou convenção, resultará em imediata aplicação das novas regras, independentemente disso resultar, ou não, em alguma perda ou redução de benefícios. Ressalte-se que os ajustes coletivos refletem o resultado de intensas negociações, realizadas por representantes legalmente investidos para tanto, e que alterações, positivas ou negativas, para uma ou outra parte, são consequências do contexto econômico e social vivenciado naquele momento. Bem por isso, a lei impõe o respeito aos quanto decidido nessas condições. Vale citar a jurisprudência do C. TST, que reflete o atual entendimento da Suprema Corte: "(...) RECURSO DE REVISTA. BANCÁRIO. COMPENSAÇÃO DA GRATIFICAÇÃO DE FUNÇÃO COM AS HORAS EXTRAS DEFERIDAS EM JUÍZO. PREVISÃO EM NORMA COLETIVA. DECISÃO DO REGIONAL CONTRÁRIA À TESE DO STF ADOTADA NO JULGAMENTO DO TEMA N.º 1.046 DA TABELA DE REPERCUSSÃO GERAL. O Plenário do Supremo Tribunal Federal, no julgamento do Recurso Extraordinário com Agravo 1.121.633/GO ('leading case', Relator: Ministro Gilmar Mendes), submetido à sistemática da repercussão geral (Tema 1.046), fixou a tese de que 'são constitucionais os acordos e as convenções coletivos que, ao considerarem a adequação setorial negociada, pactuam limitações ou afastamentos de direitos trabalhistas, independentemente da explicitação especificada de vantagens compensatórias, desde que respeitados os direitos absolutamente indisponíveis'. O entendimento da Suprema Corte fundamenta-se na relevância que a Constituição Federal deu às convenções e aos acordos coletivos como instrumento de auto composição dos conflitos trabalhistas, de autonomia privada da vontade coletiva e a liberdade sindical, inteligência dos arts. 7.º, VI, XIII, XIV e XXVI, e 8.º, III e VI, da Constituição vigente. Dessa forma, consagrou-se a tese da prevalência da norma coletiva sobre a lei, desde que observado os direitos absolutamente indisponíveis. Apesar de o STF não ter definido, no Enunciado do Tema n.º 1.046, quais seriam os direitos absolutamente indisponíveis, os arts. 611-A e 611-B da CLT, introduzidos quando da vigência da Lei n.º 13.467/2017, definem exatamente quais são os direitos transacionáveis e quais são os que não podem ser submetidos à negociação coletiva. Portanto, esses dispositivos celetistas, além de definirem com clareza os direitos trabalhistas negociáveis, conferiram segurança jurídica às negociações coletivas. A hipótese dos autos é a de decisão regional que indeferiu o pedido de compensação do valor devido relativo às horas com o valor da gratificação de função mesmo com previsão em norma coletiva, utilizando como fundamento a Súmula n.º 109 do TST. Todavia, este Verbete Sumular não tem aplicabilidade ao processo, pois, in casu, houve regulação jurídica autônoma prevista em norma coletiva da categoria plenamente válida, nos termos dos itens I e V do art. 611-A da CLT. Dessa forma, há de se privilegiar a autonomia de vontade das partes, reconhecendo-se a validade do acordo coletivo da categoria (art. 7.º, XIII, da Constituição Federal). Assim, o objeto da cláusula 11.ª da Convenção Coletiva 2018/2020, que trata da possibilidade de se compensar a gratificação de função com o valor das horas extras deferidas em juízo, atende aos parâmetros dispostos no Precedente vinculante do STF, fixados no julgamento do ARE 1.121.633, de relatoria do Ministro Gilmar Mendes, além dos constitucionais e legais, visto que o direito ora negociado se refere à jornada de trabalho (art. 611-A, I, da CLT). Considerando que essa decisão da Suprema Corte possui eficácia erga omnes e efeito vinculante, a decisão do Regional deve ser reformada, a fim de se dar validade à norma coletiva firmada entre as partes que previu a possibilidade de compensação da gratificação de função com o valor das extraordinárias deferidas em juízo. Recurso de Revista conhecido e provido" (RR-11020-76.2019.5.03.0013, 1ª Turma, Relator Ministro Luiz Jose Dezena da Silva, DEJT 14/08/2023). À luz disso, deve ser aplicado ao caso a referida cláusula 11 da CCT acostada aos autos para permitir a compensação da gratificação pelo exercício do cargo de confiança com as horas extras laboradas, respeitando-se a vigência da norma coletiva. Mantenho. DA DOENÇA OCUPACIONAL Pretende a recorrente a reforma da r. sentença para que seja declarado o reconhecimento de doença ocupacional e julgados procedentes os pedidos relativos à indenização por danos materiais e morais. Não merece prosperar a pretensão recursal. No que pertine à doença ocupacional alegada, assim decidiu o Juízo na origem: "Relata a reclamante que em razão do trabalho, desenvolveu doença profissional de cunho psiquiátrico, apontando para transtorno fóbico ansioso, transtorno ansioso e transtorno obsessivo compulsivo, alega que teve um afastamento previdenciário; requer o reconhecimento da doença do trabalho, e responsabilização da reclamada com a condenação em indenização pela redução da capacidade laborativa, bem como de pensão mensal/dano material e manutenção do plano de saúde. Pois bem. A prova pericial fls.1332/1362, após avaliação das atividades desenvolvidas pela autora de acordo com os relatos e documentos apresentados e análise clínica, concluiu a vistora que não há nexo de causalidade ou concausalidade, tão pouco a incapacidade laborativa, apontando que o diagnóstico de transtorno obsessivo-compulsivo está com "sintomas remitidos" fl.1253. No tópico 10, fl. 1342, registra a perita a documentação apresentada, limitada ao atestado médico de 01/09/2022 e o prontuário médico, anotado em 22/08/2022 "Há 4 anos em uso de Venlift OD 150mg (100). Refere que após parto de sua filha teve surto psicótico e depois manteve seguimento mais por variações de humor e ansiedade". Já no tópico 12, fls. 1352/1354 a perita descreve de forma minuciosa o quadro clínico da reclamante. Após as impugnações apresentadas pela reclamante, a perita apresentou os esclarecimentos pertinentes, de forma satisfatória, fls.1378/1382. As afirmações da testemunha da reclamante no sentido de que havia ranking dentro da empresa não basta para demonstrar perseguição ou qualquer tipo de atitude desabonadora perpetrada pelos superiores da obreira, até porque este fato sequer é descrito pela reclamante. No caso, não há prova de trabalho extenuante ou cobrança excessiva de metas. Ademais, observa-se que o relatório médico, assim como o atestado descreve para o diagnóstico de TOC, transtorno obsessivo compulsivo, o qual, pelo que consta no documento, decorreu do surto psicótico após parto de sua filha. Há de se destacar que não comprovou a reclamante gozo de benefício previdenciário ao longo de todo contrato de trabalho, tão pouco colacionou aos autos atestado médico ou declaração que apontasse para a necessidade de afastamento de suas funções, o único documento apresentado pela obreira é o atestado de 15 dias emitido em 01/09/2022. Pelo exposto, acompanho o laudo pericial e concluo pela inexistência de nexo de causa com o trabalho, bem como pela inexistência de redução de capacidade laborativa. Improcedentes os pedidos de declaração de doença profissional, bem como de danos morais, danos materiais, pensão mensal e manutenção de convênio médico." Como bem destacado na fundamentação da r. Sentença, o Sra. Perita concluiu que não houve nexo de causalidade ou concausalidade entre as patologias alegadas pela recorrente e as atividades desenvolvidas junto à reclamada. Apesar do julgador não estar adstrito ao laudo pericial (artigo 479, CPC), como bem ponderou o Juízo de origem, para que se julgue contra as conclusões periciais é necessária prova robusta, sendo certo que a reclamante não se desvencilhou do ônus que lhe competia quanto à demonstração do nexo causal entre as atividades desenvolvidas e as patologias alegadas. Sequer houve demonstração de um quadro de perseguição contra a autora ou de cobrança excessiva para a realização de suas funções, que pudessem desencadear alguma doença psicológica. Ademais, verifica-se que o trabalho pericial foi feito por profissional qualificada, portadora de especialização em medicina do trabalho e que realizou sua vistoria de forma minuciosa, levando em consideração a realidade fática apresentada, providenciando detalhes específicos das condições as quais a autora estava submetida. Nesse sentido, concluiu a Vistora que: "De acordo com a análise do prontuário médico, constatou-se que a autora apresentou um surto psicótico após o parto de sua filha, seguido de tratamento contínuo principalmente devido a variações de humor e ansiedade. É importante ressaltar que, conforme as informações obtidas, não há qualquer relação estabelecida entre a condição de saúde da autora e suas atividades laborais na reclamada. O Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) é uma condição mental caracterizada por pensamentos intrusivos (obsessões) e comportamentos repetitivos (compulsões) que a pessoa sente a necessidade de realizar para aliviar a ansiedade causada por esses pensamentos. As causas do TOC são complexas e multifatoriais, envolvendo uma combinação de fatores genéticos, neurológicos, comportamentais, cognitivos e ambientais. Dentre os fatores ambientais, destacam-se eventos estressantes ou traumáticos, mas não há evidências claras que relacionem diretamente o desenvolvimento do TOC a atividades laborais específicas. No presente caso, a análise médica e psicológica indica que os problemas de saúde mental da autora, incluindo o surto psicótico e os subsequentes problemas de variações de humor e ansiedade, surgiram após o parto de sua filha. Este evento de vida significativo é reconhecido como um fator desencadeante comum para diversas condições psicológicas, incluindo depressão pós-parto e outros transtornos de humor. Não há no prontuário médico qualquer menção que sugira uma correlação entre os sintomas apresentados pela autora e suas condições de trabalho. A ausência de relato de estressores ocupacionais específicos ou de um ambiente de trabalho que pudesse exacerbar sintomas de TOC reforça a conclusão de que não existe nexo causal entre a condição de saúde da autora e suas atividades laborais na reclamada." A recorrente não apresentou fundamentação técnica capaz de afastar a conclusão da perícia médica realizada, demonstrando tão somente sua insatisfação quanto ao julgado. Mantém-se a sentença de origem, não havendo que se falar em reconhecimento de doença do trabalho, sendo improcedentes os pedidos desta decorrentes. Nada a reparar. DA DISPENSA DISCRIMINATÓRIA Pretende a reclamante o reconhecimento da dispensa discriminatória, com o consequente deferimento da indenização por danos morais, nos moldes pleiteados na prefacial. Sem razão. Nos termos do artigo 1º da Lei nº 9.029/95, "é proibida a adoção de qualquer prática discriminatória e limitativa para efeito de acesso à relação de trabalho, ou de sua manutenção, por motivo de sexo, origem, raça, cor, estado civil, situação familiar, deficiência, reabilitação profissional, idade, entre outros, ressalvadas, nesse caso, as hipóteses de proteção à criança e ao adolescente previstas no inciso XXXIII do art. 7o da Constituição Federal". No caso dos autos, nada obstante ser certo que a autora durante a vigência do contrato de trabalho tenha passado por problemas de saúde, de nível psicológico, após o parto de sua filha, não há elementos suficientes para entender que à época da sua dispensa estivesse acometida de alguma doença, ainda mais grave, que pudesse suscitar estigma ou preconceito, afastando-se a aplicação da súmula 443 do TST. A afirmação, em razões recursais, de que "a reclamante foi dispensada durante período em que se encontrava afastada para tratamento médico relacionado à doença ocupacional" não é corroborada pela prova dos autos, tendo em vista que sequer houve o reconhecimento da referida doença ocupacional. Na realidade, a própria autora, em depoimento pessoal, foi clara ao mencionar que, após o afastamento do trabalho por 14 dias em setembro de 2022, "trabalhou regularmente" até a sua dispensa em dezembro do mesmo ano. Ademais, elucidou que, embora tenha comparecido à perícia do INSS agendada para fevereiro de 2023: "contudo o exame não pode ser realizado pois não levou o consigo documentos originais apenas documentos eletrônicos o que não foi aceito pelo INSS e então não providenciou a reclamante novo agendamento pericial." Ainda, o laudo pericial realizado nos autos é expresso ao afirmar que a autora encontrava-se, à época de realização do exame, com Transtorno obsessivo-compulsivo "com sintomas remetidos" (fl. 1354). Assim, agiu bem a Origem ao fundamentar que "quando da dispensa, a reclamante efetivamente não estava sob o efeito das doenças psiquiátricas apontadas na inicial." Por fim, releva citar o seguinte precedente desta E. Turma: "DISPENSA DISCRIMINATÓRIA. EMPREGADO PORTADOR DE DOENÇA GRAVE. PRESUNÇÃO. NULIDADE DA RESCISÃO. ÔNUS DA PROVA. O direito potestativo do empregador de resilir unilateralmente o contrato de trabalho, não e absoluto, encontra-se mitigado pela função social do contrato; bem como princípios fundamentais do Estado Democrático de Direito, dentre eles a dignidade da pessoa humana. A presunção de dispensa discriminatória se dá apenas em relação ao empregador portador de doença grave, o que não ocorre com o reclamante, portador de quadro depressivo e transtorno de ansiedade. (TRT da 2ª Região; Processo: 1001113-44.2023.5.02.0079; Data de assinatura: 25-09-2024; Órgão Julgador: 4ª Turma - Cadeira 5 - 4ª Turma; Relator(a): IVANI CONTINI BRAMANTE)" Nada a reformar. Acórdão Acordam os Magistrados da 4ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região em, por unanimidade de votos, CONHECER do recurso interposto, e, no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO, nos termos da fundamentação do voto da Relatora. Presidiu a sessão a Excelentíssima Desembargadora Presidente Regimental Ivete Ribeiro. Tomaram parte no julgamento a Exma. Juíza convocada Valéria Nicolau Sanchez e as Exmas. Desembargadoras Ivani Contini Bramante e Ivete Ribeiro. Relator (a): Valéria Nicolau Sanchez. Integrou a sessão presencial o (a) representante do Ministério Público. Sustentação Oral: Dra. Caroline Cardoso Menegocci VALERIA NICOLAU SANCHEZ Relatora SAO PAULO/SP, 03 de julho de 2025. FERNANDO JOSE PRINA DA ROCHA Diretor de Secretaria Intimado(s) / Citado(s) - SIMONE PEREIRA SANTOS

Conteúdo completo bloqueado

Desbloquear

Simone Pereira Santos x Banco Bradesco S.A.

ID: 316028280

Tribunal: TRT2 Órgão: 4ª Turma Classe: RECURSO ORDINáRIO TRABALHISTA Nº Processo: 1001522-86.2023.5.02.0057

Data de Disponibilização: 04/07/2025

Polo Ativo:

SIMONE PEREIRA SANTOS

Polo Passivo:

BANCO BRADESCO S.A.

Acórdão

Advogados:

FABIO CABRAL SILVA DE OLIVEIRA MONTEIRO

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

GIOVANNI COSTA SILVA

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

RICARDO TEIXEIRA DO NASCIMENTO

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

DANILO FERREIRA

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

CAROLINE LIMA DOS SANTOS

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO 4ª TURMA Relatora: VALERIA NICOLAU SANCHEZ ROT 1001522-86.2023.5.02.0057 RECORRENTE: SIMONE PEREIRA SANTOS RECOR… PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO 4ª TURMA Relatora: VALERIA NICOLAU SANCHEZ ROT 1001522-86.2023.5.02.0057 RECORRENTE: SIMONE PEREIRA SANTOS RECORRIDO: BANCO BRADESCO S.A. PROCESSO nº 1001522-86.2023.5.02.0057 (ROT) RECORRENTE: SIMONE PEREIRA SANTOS RECORRIDO: BANCO BRADESCO S.A. RELATORA: VALERIA NICOLAU SANCHEZ ORIGEM: 57ª VARA DO TRABALHO DE SÃO PAULO Item de recurso Contra a sentença de id. f71db72, cujo relatório adoto e que, apreciando os pedidos, julgou-os improcedentes, recorre de forma ordinária a reclamante sob id 48da312, pretendendo a reforma da r. sentença nos tópicos relativos à jornada de trabalho, ao pleito de nulidade da compensação das horas extras com a gratificação de função, à doença ocupacional e à dispensa discriminatória. Contrarrazões sob id. 172b181. É o relatório. V O T O Juízo de Admissibilidade Conheço do recurso, porque presentes os pressupostos de admissibilidade. DA JORNADA DE TRABALHO. DAS HORAS EXTRAS. DA COMPENSAÇÃO. Aduz a autora ter sido provado que não se enquadra na exceção do artigo 224, § 2º da CLT. Por fim, entende que a compensação das horas extras com o valor correspondente à gratificação de função é indevida (Cláusula 11 da CCT acostada), razão pela qual pleiteia o afastamento. Sem razão. A caracterização do cargo de confiança previsto no art. 224, § 2º, da CLT depende da comprovação de que o empregado detinha poderes mais amplos do que os funcionários que detêm tão somente a fidúcia normal atinente ao pacto laborativo. Exige-se o exercício de funções de gerência, direção, fiscalização ou equivalentes, compreendendo-se outros cargos de confiança, mas não é necessário o desempenho do plexo de atribuições previstos para o enquadramento nas disposições do art. 62, inciso II, da CLT, que só é aplicável aos empregados de fidúcia elevada. Aliás, a jurisprudência do C. TST já consolidou entendimento no sentido de que a jornada do empregado gerente de agência é a prevista no art. 224, §2º, da CLT, enquanto a do gerente geral é a definida no art. 62, inciso II, da CLT (Súmula 287 do TST). No caso em apreço, o exame dos autos revela que a reclamante, no cargo de gerente de relacionamento de pessoa jurídica, tinha poderes e funções diferenciadas em relação aos demais empregados. Em audiência de instrução, a testemunha apresentada pela autora esclareceu que (fl. 1026): "Que sobre o aspecto de níveis e alçadas internas no banco afirma que um escriturário não tem os mesmos acessos que um assistente; que por sua vez não tem os mesmos acessos que o gerente de relacionamento que por sua vez não tem os mesmos acessos que um gerente geral na agência à medida em que a progressão na carreira nessas funções vai evoluindo os acessos vão aumentando, sendo a base com menor nível de acesso e à medida que vai progredindo na carreira o maior nível de acesso (...)" Ademais, a referida testemunha elucidou que a liberação de crédito na agência bancária era atribuição do comitê de crédito e que a reclamante fazia parte de tal órgão: "Que tanto a depoente como a reclamante participavam de comitês de crédito". No mesmo sentido, esclareceu a testemunha apresentada pela reclamada: "Que considerando a estrutura hierarquizada dentro da agência nas figuras de escriturário, Gerente Assistente, Caixa, Gerente de Relacionamento e depois o gerente exclusive explica que as rotinas começam bastante restritas com poucos acessos e a medida em que a progressão nessa função as rotinas vão aumentando exemplifica que basicamente um escriturário, apenas consegue atender público no caixa eletrônico, solicitar um cartão de débito e fazer prova de vida; Que o gerente assistente dá apoio operacional ao gerente Exclusive ficando com as atribuições de questões como: fazer contrato, digitalizar documentos, levantar extrato bancário, abrir chamados em departamentos; Que gerente de relacionamento fazem concessão de crédito, fazem pedidos de cartão de crédito, pedido de investimento; Que assistentes de gerente não participam da votação nos comitês de crédito; tais atribuições limitam-se aos gerentes de relacionamento;" Das informações acima apresentadas, resta claro que a autora ocupava função de confiança média bancária, estando hierarquicamente acima dos caixas e escriturários, por exemplo. Os holerites da obreira, ademais, demonstram que a função de confiança recebida equivalia a quase 100% do seu salário base (fl. 364, por exemplo), havendo o cumprimento dos requisitos previstos no art. 224, § 2º, da CLT para labor em jornada de 8 horas. Assim, restou demonstrado que a autora ocupou cargo de confiança, não sendo devido o pagamento da 7ª e 8ª horas trabalhadas. Destaco, por fim, que a reclamada acostou aos autos os controles de jornada, reconhecidos pela origem como fidedignos, bem como os recibos de pagamento revelam o pagamento das horas extras realizadas (fl. 367, por exemplo). A autora não apontou diferenças cabíveis em seu favor, acerca das horas extras assim consideradas aquelas além da 8ª diária e/ou 40ª semanal. Quanto ao pedido de afastamento da compensação entre horas extras e gratificação de função, é relevante citar os termos da cláusula 11, §§ 2º e 3º da CCT acostada aos autos sob id. 7be2552, fl. 146: "CLÁUSULA 11 - GRATIFICAÇÃO DE FUNÇÃO O valor da gratificação de função, de que trata o § 2º do artigo 224, da Consolidação das Leis do Trabalho, não será inferior a 55% (cinquenta e cinco por cento), à exceção do Estado do Rio Grande do Sul, cujo percentual é de 50% (cinquenta por cento), sempre incidente sobre o salário do cargo efetivo acrescido do adicional por tempo de serviço, já reajustados nos termos da cláusula primeira, respeitados os critérios mais vantajosos e as demais disposições específicas previstas nas Convenções Coletivas de Trabalho Aditivas. Parágrafo primeiro - Havendo decisão judicial que afaste o enquadramento de empregado na exceção prevista no § 2º do art. 224 da CLT, estando este recebendo ou tendo já recebido a gratificação de função, que é a contrapartida ao trabalho prestado além da 6ª (sexta) hora diária, de modo que a jornada somente é considerada extraordinária após a 8ª (oitava) hora trabalhada, o valor devido relativo às horas extras e reflexos será integralmente deduzido/compensado, com o valor da gratificação de função e reflexos pagos ao empregado. A dedução/compensação prevista neste parágrafo será aplicável às ações ajuizadas a partir de 1º.12.2018. Parágrafo segundo - A dedução/compensação prevista no parágrafo acima deverá observar os seguintes requisitos, cumulativamente: a) será limitada aos meses de competência em que foram deferidas as horas extras e nos quais tenha havido o pagamento da gratificação prevista nesta cláusula; e b) o valor a ser deduzido/compensado não poderá ser superior ao auferido pelo empregado, limitado aos percentuais de 55% (cinquenta e cinco por cento) e 50% (cinquenta por cento), mencionados no caput, de modo que não pode haver saldo negativo." A respeito do assunto, é importante ter em mente o quanto decidido pelo E. STF, no tema 1046, estabelecendo a primazia do Convencionado sobre o Legislado, quando em discussão direitos disponíveis, como aqueles discutidos nesta ação (em especial, horas extraordinárias). Veja-se o seguinte precedente, que adoto como razões de decidir: "Entende esta Relatora, em relação à cláusula 11ª, da Convenção Coletiva de Trabalho, que autoriza a compensação, quando judicialmente afastado o enquadramento do trabalhador como exercente de função de confiança bancária com as sétima e oitiva horas que, não obstante possa se discutir a prevalência do negociado sobre o legislado, não se pode admitir a desvirtuação de institutos jurídicos, o que ocorre no caso, sendo que a compensação, no caso, ofende de forma clara o artigo 369, do Código Civil, na medida em que se permite a extinção indireta de obrigações de natureza diversa. Não bastasse, a cláusula 11ª, da Convenção Coletiva de Trabalho deve ser analisada, na forma dos artigos 113 e 422, de acordo com o princípio da boa-fé e seus corolários, nemo potest venire contra factum proprium, tu quoque e nemo turpitudinem suam allegans non auditur. Assim, ainda que se admita a possibilidade de compensação da gratificação pela função de cargo de confiança bancário com as horas extras decorrentes das 7ª e 8ª horas, tal fato modalidade extintiva da obrigação não pode ser aplicada em caso de latente má-fé do empregador, como ocorre no caso, eis que evidente não exigir a função desempenhada pelo reclamante, maior fidúcia, o que demonstra o descumprimento, pela instituição financeira do dever de boa-fé e que torna inaplicável a compensação postulada, na forma do Enunciado 24, da I Jornada de Direito Civil. Entretanto, o C. TST pacificou o entendimento de que é válida norma coletiva que autoriza a compensação das horas extras com a gratificação pelo exercício de cargo de confiança bancário afastado judicialmente. Nesse sentido o julgado: (...) (TST, RRAg-24224-36.2022.5.24.0002, 3ª Turma, Relator Ministro Mauricio Godinho Delgado, DEJT 09/02/2024). E os precedentes das Turmas do C. TST: RR-167-82.2021.5.13.0005, 1ª Turma, Relator Ministro Amaury Rodrigues Pinto Junior, DEJT 16/02/2024; RR-1000442-03.2019.5.02.0001, 3ª Turma, Relator Ministro Jose Roberto Freire Pimenta, DEJT 23/02/2024; RR - 1001731-77.2019.5.02.0386, 4ª Turma, Relator Ministro Ives Gandra da Silva Martins Filho, Data de Publicação: DEJT 26/05/2023; RRAg-1000354-09.2020.5.02.0072, 5ª Turma, Relator Ministro Breno Medeiros, DEJT 01/03/2024; Ag-AIRR-1001125-18.2020.5.02.0385, 6ª Turma, Relatora Ministra Katia Magalhaes Arruda, DEJT 09/02/2024; RR-1001320-04.2019.5.02.0008, 7ª Turma , Relator Ministro Alexandre de Souza Agra Belmonte, DEJT 29/09/2023; RRAg-837-56.2019.5.06.0015, 8ª Turma, Relatora Ministra Delaide Alves Miranda Arantes, DEJT 27/02/2024. Destarte, curvo-me ao entendimento do C. TST e autorizo a compensação da gratificação pelo exercício do cargo de confiança bancário com as horas extras laboradas, observada a vigência das normas coletivas. (TRT da 2ª Região; Processo: 1000301-80.2024.5.02.0074; Data de assinatura: 11-12-2024; Órgão Julgador: 4ª Turma - Cadeira 5 - 4ª Turma; Relator(a): IVANI CONTINI BRAMANTE)" E, porque em convergência ao posicionamento adotado pelo Colegiado, revejo posicionamento anterior, no particular. Daí que, tratando-se de parcela não garantida por Lei (a gratificação em debate foi concedida por norma coletiva), evidente que o advento de novo acordo ou convenção, resultará em imediata aplicação das novas regras, independentemente disso resultar, ou não, em alguma perda ou redução de benefícios. Ressalte-se que os ajustes coletivos refletem o resultado de intensas negociações, realizadas por representantes legalmente investidos para tanto, e que alterações, positivas ou negativas, para uma ou outra parte, são consequências do contexto econômico e social vivenciado naquele momento. Bem por isso, a lei impõe o respeito aos quanto decidido nessas condições. Vale citar a jurisprudência do C. TST, que reflete o atual entendimento da Suprema Corte: "(...) RECURSO DE REVISTA. BANCÁRIO. COMPENSAÇÃO DA GRATIFICAÇÃO DE FUNÇÃO COM AS HORAS EXTRAS DEFERIDAS EM JUÍZO. PREVISÃO EM NORMA COLETIVA. DECISÃO DO REGIONAL CONTRÁRIA À TESE DO STF ADOTADA NO JULGAMENTO DO TEMA N.º 1.046 DA TABELA DE REPERCUSSÃO GERAL. O Plenário do Supremo Tribunal Federal, no julgamento do Recurso Extraordinário com Agravo 1.121.633/GO ('leading case', Relator: Ministro Gilmar Mendes), submetido à sistemática da repercussão geral (Tema 1.046), fixou a tese de que 'são constitucionais os acordos e as convenções coletivos que, ao considerarem a adequação setorial negociada, pactuam limitações ou afastamentos de direitos trabalhistas, independentemente da explicitação especificada de vantagens compensatórias, desde que respeitados os direitos absolutamente indisponíveis'. O entendimento da Suprema Corte fundamenta-se na relevância que a Constituição Federal deu às convenções e aos acordos coletivos como instrumento de auto composição dos conflitos trabalhistas, de autonomia privada da vontade coletiva e a liberdade sindical, inteligência dos arts. 7.º, VI, XIII, XIV e XXVI, e 8.º, III e VI, da Constituição vigente. Dessa forma, consagrou-se a tese da prevalência da norma coletiva sobre a lei, desde que observado os direitos absolutamente indisponíveis. Apesar de o STF não ter definido, no Enunciado do Tema n.º 1.046, quais seriam os direitos absolutamente indisponíveis, os arts. 611-A e 611-B da CLT, introduzidos quando da vigência da Lei n.º 13.467/2017, definem exatamente quais são os direitos transacionáveis e quais são os que não podem ser submetidos à negociação coletiva. Portanto, esses dispositivos celetistas, além de definirem com clareza os direitos trabalhistas negociáveis, conferiram segurança jurídica às negociações coletivas. A hipótese dos autos é a de decisão regional que indeferiu o pedido de compensação do valor devido relativo às horas com o valor da gratificação de função mesmo com previsão em norma coletiva, utilizando como fundamento a Súmula n.º 109 do TST. Todavia, este Verbete Sumular não tem aplicabilidade ao processo, pois, in casu, houve regulação jurídica autônoma prevista em norma coletiva da categoria plenamente válida, nos termos dos itens I e V do art. 611-A da CLT. Dessa forma, há de se privilegiar a autonomia de vontade das partes, reconhecendo-se a validade do acordo coletivo da categoria (art. 7.º, XIII, da Constituição Federal). Assim, o objeto da cláusula 11.ª da Convenção Coletiva 2018/2020, que trata da possibilidade de se compensar a gratificação de função com o valor das horas extras deferidas em juízo, atende aos parâmetros dispostos no Precedente vinculante do STF, fixados no julgamento do ARE 1.121.633, de relatoria do Ministro Gilmar Mendes, além dos constitucionais e legais, visto que o direito ora negociado se refere à jornada de trabalho (art. 611-A, I, da CLT). Considerando que essa decisão da Suprema Corte possui eficácia erga omnes e efeito vinculante, a decisão do Regional deve ser reformada, a fim de se dar validade à norma coletiva firmada entre as partes que previu a possibilidade de compensação da gratificação de função com o valor das extraordinárias deferidas em juízo. Recurso de Revista conhecido e provido" (RR-11020-76.2019.5.03.0013, 1ª Turma, Relator Ministro Luiz Jose Dezena da Silva, DEJT 14/08/2023). À luz disso, deve ser aplicado ao caso a referida cláusula 11 da CCT acostada aos autos para permitir a compensação da gratificação pelo exercício do cargo de confiança com as horas extras laboradas, respeitando-se a vigência da norma coletiva. Mantenho. DA DOENÇA OCUPACIONAL Pretende a recorrente a reforma da r. sentença para que seja declarado o reconhecimento de doença ocupacional e julgados procedentes os pedidos relativos à indenização por danos materiais e morais. Não merece prosperar a pretensão recursal. No que pertine à doença ocupacional alegada, assim decidiu o Juízo na origem: "Relata a reclamante que em razão do trabalho, desenvolveu doença profissional de cunho psiquiátrico, apontando para transtorno fóbico ansioso, transtorno ansioso e transtorno obsessivo compulsivo, alega que teve um afastamento previdenciário; requer o reconhecimento da doença do trabalho, e responsabilização da reclamada com a condenação em indenização pela redução da capacidade laborativa, bem como de pensão mensal/dano material e manutenção do plano de saúde. Pois bem. A prova pericial fls.1332/1362, após avaliação das atividades desenvolvidas pela autora de acordo com os relatos e documentos apresentados e análise clínica, concluiu a vistora que não há nexo de causalidade ou concausalidade, tão pouco a incapacidade laborativa, apontando que o diagnóstico de transtorno obsessivo-compulsivo está com "sintomas remitidos" fl.1253. No tópico 10, fl. 1342, registra a perita a documentação apresentada, limitada ao atestado médico de 01/09/2022 e o prontuário médico, anotado em 22/08/2022 "Há 4 anos em uso de Venlift OD 150mg (100). Refere que após parto de sua filha teve surto psicótico e depois manteve seguimento mais por variações de humor e ansiedade". Já no tópico 12, fls. 1352/1354 a perita descreve de forma minuciosa o quadro clínico da reclamante. Após as impugnações apresentadas pela reclamante, a perita apresentou os esclarecimentos pertinentes, de forma satisfatória, fls.1378/1382. As afirmações da testemunha da reclamante no sentido de que havia ranking dentro da empresa não basta para demonstrar perseguição ou qualquer tipo de atitude desabonadora perpetrada pelos superiores da obreira, até porque este fato sequer é descrito pela reclamante. No caso, não há prova de trabalho extenuante ou cobrança excessiva de metas. Ademais, observa-se que o relatório médico, assim como o atestado descreve para o diagnóstico de TOC, transtorno obsessivo compulsivo, o qual, pelo que consta no documento, decorreu do surto psicótico após parto de sua filha. Há de se destacar que não comprovou a reclamante gozo de benefício previdenciário ao longo de todo contrato de trabalho, tão pouco colacionou aos autos atestado médico ou declaração que apontasse para a necessidade de afastamento de suas funções, o único documento apresentado pela obreira é o atestado de 15 dias emitido em 01/09/2022. Pelo exposto, acompanho o laudo pericial e concluo pela inexistência de nexo de causa com o trabalho, bem como pela inexistência de redução de capacidade laborativa. Improcedentes os pedidos de declaração de doença profissional, bem como de danos morais, danos materiais, pensão mensal e manutenção de convênio médico." Como bem destacado na fundamentação da r. Sentença, o Sra. Perita concluiu que não houve nexo de causalidade ou concausalidade entre as patologias alegadas pela recorrente e as atividades desenvolvidas junto à reclamada. Apesar do julgador não estar adstrito ao laudo pericial (artigo 479, CPC), como bem ponderou o Juízo de origem, para que se julgue contra as conclusões periciais é necessária prova robusta, sendo certo que a reclamante não se desvencilhou do ônus que lhe competia quanto à demonstração do nexo causal entre as atividades desenvolvidas e as patologias alegadas. Sequer houve demonstração de um quadro de perseguição contra a autora ou de cobrança excessiva para a realização de suas funções, que pudessem desencadear alguma doença psicológica. Ademais, verifica-se que o trabalho pericial foi feito por profissional qualificada, portadora de especialização em medicina do trabalho e que realizou sua vistoria de forma minuciosa, levando em consideração a realidade fática apresentada, providenciando detalhes específicos das condições as quais a autora estava submetida. Nesse sentido, concluiu a Vistora que: "De acordo com a análise do prontuário médico, constatou-se que a autora apresentou um surto psicótico após o parto de sua filha, seguido de tratamento contínuo principalmente devido a variações de humor e ansiedade. É importante ressaltar que, conforme as informações obtidas, não há qualquer relação estabelecida entre a condição de saúde da autora e suas atividades laborais na reclamada. O Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) é uma condição mental caracterizada por pensamentos intrusivos (obsessões) e comportamentos repetitivos (compulsões) que a pessoa sente a necessidade de realizar para aliviar a ansiedade causada por esses pensamentos. As causas do TOC são complexas e multifatoriais, envolvendo uma combinação de fatores genéticos, neurológicos, comportamentais, cognitivos e ambientais. Dentre os fatores ambientais, destacam-se eventos estressantes ou traumáticos, mas não há evidências claras que relacionem diretamente o desenvolvimento do TOC a atividades laborais específicas. No presente caso, a análise médica e psicológica indica que os problemas de saúde mental da autora, incluindo o surto psicótico e os subsequentes problemas de variações de humor e ansiedade, surgiram após o parto de sua filha. Este evento de vida significativo é reconhecido como um fator desencadeante comum para diversas condições psicológicas, incluindo depressão pós-parto e outros transtornos de humor. Não há no prontuário médico qualquer menção que sugira uma correlação entre os sintomas apresentados pela autora e suas condições de trabalho. A ausência de relato de estressores ocupacionais específicos ou de um ambiente de trabalho que pudesse exacerbar sintomas de TOC reforça a conclusão de que não existe nexo causal entre a condição de saúde da autora e suas atividades laborais na reclamada." A recorrente não apresentou fundamentação técnica capaz de afastar a conclusão da perícia médica realizada, demonstrando tão somente sua insatisfação quanto ao julgado. Mantém-se a sentença de origem, não havendo que se falar em reconhecimento de doença do trabalho, sendo improcedentes os pedidos desta decorrentes. Nada a reparar. DA DISPENSA DISCRIMINATÓRIA Pretende a reclamante o reconhecimento da dispensa discriminatória, com o consequente deferimento da indenização por danos morais, nos moldes pleiteados na prefacial. Sem razão. Nos termos do artigo 1º da Lei nº 9.029/95, "é proibida a adoção de qualquer prática discriminatória e limitativa para efeito de acesso à relação de trabalho, ou de sua manutenção, por motivo de sexo, origem, raça, cor, estado civil, situação familiar, deficiência, reabilitação profissional, idade, entre outros, ressalvadas, nesse caso, as hipóteses de proteção à criança e ao adolescente previstas no inciso XXXIII do art. 7o da Constituição Federal". No caso dos autos, nada obstante ser certo que a autora durante a vigência do contrato de trabalho tenha passado por problemas de saúde, de nível psicológico, após o parto de sua filha, não há elementos suficientes para entender que à época da sua dispensa estivesse acometida de alguma doença, ainda mais grave, que pudesse suscitar estigma ou preconceito, afastando-se a aplicação da súmula 443 do TST. A afirmação, em razões recursais, de que "a reclamante foi dispensada durante período em que se encontrava afastada para tratamento médico relacionado à doença ocupacional" não é corroborada pela prova dos autos, tendo em vista que sequer houve o reconhecimento da referida doença ocupacional. Na realidade, a própria autora, em depoimento pessoal, foi clara ao mencionar que, após o afastamento do trabalho por 14 dias em setembro de 2022, "trabalhou regularmente" até a sua dispensa em dezembro do mesmo ano. Ademais, elucidou que, embora tenha comparecido à perícia do INSS agendada para fevereiro de 2023: "contudo o exame não pode ser realizado pois não levou o consigo documentos originais apenas documentos eletrônicos o que não foi aceito pelo INSS e então não providenciou a reclamante novo agendamento pericial." Ainda, o laudo pericial realizado nos autos é expresso ao afirmar que a autora encontrava-se, à época de realização do exame, com Transtorno obsessivo-compulsivo "com sintomas remetidos" (fl. 1354). Assim, agiu bem a Origem ao fundamentar que "quando da dispensa, a reclamante efetivamente não estava sob o efeito das doenças psiquiátricas apontadas na inicial." Por fim, releva citar o seguinte precedente desta E. Turma: "DISPENSA DISCRIMINATÓRIA. EMPREGADO PORTADOR DE DOENÇA GRAVE. PRESUNÇÃO. NULIDADE DA RESCISÃO. ÔNUS DA PROVA. O direito potestativo do empregador de resilir unilateralmente o contrato de trabalho, não e absoluto, encontra-se mitigado pela função social do contrato; bem como princípios fundamentais do Estado Democrático de Direito, dentre eles a dignidade da pessoa humana. A presunção de dispensa discriminatória se dá apenas em relação ao empregador portador de doença grave, o que não ocorre com o reclamante, portador de quadro depressivo e transtorno de ansiedade. (TRT da 2ª Região; Processo: 1001113-44.2023.5.02.0079; Data de assinatura: 25-09-2024; Órgão Julgador: 4ª Turma - Cadeira 5 - 4ª Turma; Relator(a): IVANI CONTINI BRAMANTE)" Nada a reformar. Acórdão Acordam os Magistrados da 4ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região em, por unanimidade de votos, CONHECER do recurso interposto, e, no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO, nos termos da fundamentação do voto da Relatora. Presidiu a sessão a Excelentíssima Desembargadora Presidente Regimental Ivete Ribeiro. Tomaram parte no julgamento a Exma. Juíza convocada Valéria Nicolau Sanchez e as Exmas. Desembargadoras Ivani Contini Bramante e Ivete Ribeiro. Relator (a): Valéria Nicolau Sanchez. Integrou a sessão presencial o (a) representante do Ministério Público. Sustentação Oral: Dra. Caroline Cardoso Menegocci VALERIA NICOLAU SANCHEZ Relatora SAO PAULO/SP, 03 de julho de 2025. FERNANDO JOSE PRINA DA ROCHA Diretor de Secretaria Intimado(s) / Citado(s) - BANCO BRADESCO S.A.

Conteúdo completo bloqueado

Desbloquear

Algerio Szulc e outros x Sabrina Santos Borges e outros

ID: 331491129

Tribunal: TRT2 Órgão: 12ª Turma Classe: RECURSO ORDINáRIO TRABALHISTA Nº Processo: 1001522-44.2024.5.02.0383

Data de Disponibilização: 22/07/2025

Polo Ativo:

ALGERIO SZULC SABRINA SANTOS BORGES ZAMP S.A.

Polo Passivo:

SABRINA SANTOS BORGES ZAMP S.A.

Notificação

Advogados:

BRUNO FEIGELSON

OAB/RJ XXXXXX Desbloquear

ALEXANDRE DOS REIS

OAB/RS XXXXXX Desbloquear

PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO 12ª TURMA Relator: JORGE EDUARDO ASSAD ROT 1001522-44.2024.5.02.0383 RECORRENTE: SABRINA SANTOS BORGES E OUTROS (… PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO 12ª TURMA Relator: JORGE EDUARDO ASSAD ROT 1001522-44.2024.5.02.0383 RECORRENTE: SABRINA SANTOS BORGES E OUTROS (1) RECORRIDO: SABRINA SANTOS BORGES E OUTROS (1) INTIMAÇÃO Fica V. Sa. intimada do inteiro teor do v. Acórdão #id:e6c1892 proferido nos autos: PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO PROCESSO Nº 1001522-44.2024.5.02.0383 - 12ª TURMA (ROT) RECURSO ORDINÁRIO DA 3ª VARA DO TRABALHO DE OSASCO/SP RECORRENTES E RECIPROCAMENTE RECORRIDOS: 1) SABRINA SANTOS BORGES 2) ZAMP S.A. RELATOR JORGE EDUARDO ASSAD - CADEIRA Nº 03 INSALUBRIDADE. BANCO DE HORAS. AUSÊNCIA DE LICENÇA PRÉVIA. Conforme art. 60 e 611-A, III, da CLT, nas atividades insalubres, "quaisquer prorrogações só poderão ser acordadas mediante licença prévia das autoridades competentes". Sentença reformada. Contra a sentença de ID. 883c424, cujo relatório adoto e que julgou procedente em parte a reclamação trabalhista, recorrem ordinariamente as partes. A reclamante, com as razões de ID. f210d61, requerendo a reforma da sentença, com relação aos seguintes itens: horas extras, salário in natura, contribuição assistencial e honorários sucumbenciais. Recurso tempestivo, regular e isento de custas. A reclamada, com as razões de ID. b27ea0e, pugnando pela reversão do julgado quanto aos temas: adicional de insalubridade e honorários periciais, vale transporte e honorários sucumbenciais. Recurso tempestivo, regular e com preparo sob ID's 2e8c82a, 351955a, 77a99b2, ec7ac72, 829588c e 5ec865b. Contrarrazões pela reclamante no ID. 75012e0 e pela reclamada no ID. d677e7d. É o relatório. VOTO 1) CONHECIMENTO Quanto às insurgências da reclamante formuladas em sede de contrarrazões quanto à invalidade da apólice de seguro apresentada pela reclamada, remeto-me à certidão de registro da mesma perante a SUSEP (ID. 6180d33). CONHEÇO dos recursos interpostos pelas partes, eis que presentes os pressupostos legais de admissibilidade. 2) SALÁRIO IN NATURA / APELO DA RECLAMANTE Sustenta a reclamante serem devidos os reflexos do salário in natura, consistente em lanche, aduzindo que a reclamada confessa que a norma coletiva previa a obrigação de fornecimento de refeição, ainda que o instrumento não tenha sido acostado aos autos. Informa que a reclamada não está inscrita no PAT e não conta com nutricionista. Tudo com fulcro no art. 448 da CLT c/c Súmula nº 241 do C. TST. Eis o julgado proferido na origem, no aspecto: "(...) Primeiramente, o vale-refeição não é obrigatório por lei, sendo comumente instituído por norma coletiva. Embora as partes não tenham anexado nenhuma norma coletiva aos autos, em contestação a ré admite a existência da obrigação em norma coletiva. Aduz que todos os funcionários da Reclamada têm disponível um cardápio com diversas opções de carnes grelhadas, saladas, sucos, chá e água, cabendo ao trabalhador escolher a refeição que considera adequada, e que as lojas são estruturadas com cozinhas possibilitando aos empregados levarem suas próprias refeições caso não concordem com as refeições fornecidas pela Reclamada. Não foi produzida qualquer prova em relação à qualidade das refeições fornecidas pela ré. Improcede o pedido.". Os autos não encontram elementos probatórios que permitam a reversão do julgado sobre o tema. Como bem pontuado, uma vez reconhecida a previsão do direito em norma coletiva, porém tendo a ré alegado que cumpria os termos lá previstos, fornecendo refeição adequada nos termos exigidos, incumbia à reclamante o ônus probatório da inverdade da tese defensiva, do qual não se desincumbiu, não tendo produzido prova quanto às características da refeição fornecida pela reclamada. REJEITO. 3) ADICIONAL DE INSALUBRIDADE / HONORÁRIOS PERICIAIS / APELO DA RECLAMADA Com relação à insalubridade, sustenta a reclamada que o laudo pericial que embasou a decisão recorrida não se sustenta, pois não foi feita uma "análise global dos fatos", na medida em que não foi observado que os produtos químicos utilizados são diluídos, e, portanto, neutros. Frisa ainda que não foi considerado o regular fornecimento de EPI pela reclamada. Sucessivamente, pugna pela redução dos honorários periciais, arbitrados em R$ 2.500,00 (dois mil e quinhentos reais), por excessivos. Com a devida vênia à tese recorrente, não merece prosperar o apelo, no aspecto. A sentença foi assim proferida: [INSALUBRIDADE (...) O perito judicial, após avaliação in loco (ID. d369b29), concluiu que as atividades exercidas pela parte autora são consideradas insalubres em GRAU MÉDIO (20% sobre o salário mínimo) "pelo manuseio habitual diário, rotineiro e recorrente de compostos alcalinos". Sabe-se que o Juízo não está adstrito às conclusões do laudo pericial, podendo formar seu convencimento por meio de outras provas presentes nos autos (CPC, art. 479). No entanto, não há nos autos qualquer elemento capaz de afastar a conclusão do laudo pericial, no sentido de que foi constatado o contato ou exposição aos agentes físicos, químicos e biológicos elencados nos anexos da NR-15, Portaria 3.214/78, de modo a amparar o enquadramento do adicional de insalubridade.] Compulsando os autos, verifico que o perito do juízo, após a diligência na ré, apurou o seguinte (ID. d369b29): [V - EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO (...) 2. EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL (E.P.I.) Por ocasião da realização da perícia, foi informado que a reclamada fornece aos seus empregados, uniforme composto de calça, camisa, boné, tênis e rede; tendo sido indicado pela autora, bem como pela reclamada de que ocorre o fornecimento de EPIs em se tratando da luva anti corte e da luva descartável de polipropileno para manuseio dos alimentos, acrescido da jaqueta térmica disponibilizada para uso coletivo; ou geral, em especial se postando junto ao ingresso da câmara de resfriamento, ambiente este no qual a reclamante ingressava regularmente, tendo esta indicado o uso regular de tal vestimenta térmica, em havendo duas unidades, podendo tal EPI ser avistado a seguir: (...). A reclamada não logrou apresentar nos autos, ou tampouco por ocasião da realização da vistoria, qualquer comprovante de fornecimento de EPIs à reclamante.] [VI - AVALIAÇÕES AMBIENTAIS (...) 10. Agentes químicos A limpeza do estabelecimento vem a ser efetuado com o uso de produtos da marca comercial Ecolab, envolvendo o sanitizante Kay 5, composto por dicloroisocianurato de sódio com teor de cloro ativo a 10,7%, o Limpador de grill, o desengordurante Kay composto por lauramina oxida com características alcalinas causticas, o detergente concentrado SP, composto por lauril éter sulfato de sódio como princípio ativo e o Multisuperficies integrado por etil exil sulfato de sódio e laurimínio dipropionato de sódio, propileno e di propileno glicol n propil éter, etileno diamino e tetracetato de sódio, compostos estes de natureza alcalina, cujo uso pelo reclamante ocorria de forma diária, regular e ao longo da jornada laboral, os empregando nas operações de limpeza do estabelecimento e de sua área de trabalho e bancada, bem como se estendendo para a totalidade das instalações, podendo as embalagens desses artigos de limpeza ser avistado a seguir, reatando como não disponíveis por ocasião da realização da vistoria o limpador Multi superfícies e o desencrustante cuja vista se revela a partir de outras vistorias realizadas junto a reclamada: (...). A reclamada logrou apresentar os produtos de limpeza de sua utilização regular como o Actigel vem a ser o álcool gel etílico, empregado em especial com o advento da pandemia para higienização das mãos, acompanhado do sabonete para as mãos, empregado também junto aos postos de lavagem de mãos e pias para tanto, localizado inclusive nos banheiros para uso geral. Tais artigo de limpeza o viriam a ser diluídos ou não, para que em o sendo o seriam a partir de diluidores como o abaixo avistado: (...).] [VII - CONCLUSÃO Em face do exposto, em conformidade com a Portaria 3214/78, NR 15, Anexo nr. 13 - Agentes químicos - Operações diversas, pelo manuseio habitual diário, rotineiro e recorrente de compostos alcalinos, sem que para tanto viesse a estar evidenciado ou comprovado a disposição e o uso dos devidos e adequados Equipamentos de Proteção Individual, como a luva impermeável e o creme protetivo; havendo carência inclusive de registros adequados de controle para tanto, conclui este Perito pela existência de insalubridade em grau médio, por todo o período laboral do reclamante nas atividades e ambientes vistoriados.] Em sede de esclarecimentos, face à impugnação da reclamada, esclareceu o douto perito do juízo (ID. e9131b3): [5. Inconteste assim o fato de que a reclamante no desenvolvimento de seus misteres, estava exposto ao agente químico agressor, que mantém pH elevado a diluição de 1%, pois em sendo neutro não exerce sua finalidade de desinfetar, em especial por ser artigo de uso profissional e não do tipo domi sanitário;pois a exposição ao mesmo integrava sua metodologia de trabalho, não havendo outra interpretação que não o devido enquadramento constante da conclusão do Laudo, em especial, ao denotar-se a ausência de registro regular de EPIs, em desacordo com o estabelecido pela Portaria 3214/78, NR 6, item 6.6.1, letra "h" da antiga redação dessa mencionada NR 6, bem como da nova redação estabelecida pela Portaria 1.275 de18/07/2022, item 6.5.1, letra "d"; salientando que não obstante indicar a reclamada em sua peça impugnatória o uso de EPIs, tal fato não veio a se consolidar quanto a sua rastreabilidade, fornecimento, ou mesmo sua menção; 6. Salientemos por sua vez a explicita obrigatoriedade quanto ao registro de entrega de EPIs surgido apenas com a Portaria 107/09 que incluiua letra "h" ao item 6.6.1 da NR 6 e que se mantém na atual redação junto ao item 6.5.1.letra "d", sem prejuízo de mesmo anteriormente já ter estado fixado que o controle,fiscalização e fornecimento sempre foi uma obrigatoriedade no mencionado item 6.6.1;controle este que se vê prejudicado sem que haja um estrito registro de tal procedimento, sob o risco de não exercer as responsabilidades impostas ao empregador; 7. Temos ainda que a definição do pH se dá a partirda fispq do artigo em uso, conforme demonstrado no laudo e seu item VI.10, ainda que em estado de diluição, como já mencionado;] Destaquei. Muito embora o laudo pericial de fato não vincule o magistrado, há que constar dos autos elementos que permitam o seu afastamento, o que não se observa na hipótese. A reclamada não fez prova do fornecimento dos EPI's pertinentes, sendo que restou reiterado pelos esclarecimentos periciais que os produtos de limpeza utilizados pela reclamante eram de uso profissional, e não domissanitários (de uso doméstico). DESPROVIDO o apelo, portanto. Ficam ainda MANTIDOS os honorários periciais fixados no patamar de R$ 2.500,00, pois o valor se revela apto a remunerar condignamente o perito do juízo, sem onerar excessivamente a reclamada, mostrando-se condizente com o trabalho apresentado. 4) JORNADA / INVALIDADE DOS CARTÕES / NULIDADE DO REGIME DE COMPENSAÇÃO / APELO DA RECLAMANTE Assim foi apreciada a matéria em sede de primeiro grau: [JORNADA DE TRABALHO O contrato de trabalho vigeu entre 16/08/2021 e 30/08/2022,sendo que o trabalhador exerceu a função de atendente. A parte reclamante alega que trabalhava em escala 6x1, "em média duas horas extras diárias", com intervalo de descanso de 15/20 minutos,inclusive em feriados. O autor não informou, em nenhum momento do processo, a sua jornada de trabalho. A reclamada, por sua vez, afirma que eventuais horas extras eram devidamente registradas nos cartões de ponto, sendo compensadas ou pagas, e que sempre foi respeitado o intervalo intrajornada. De acordo com a interpretação conjunta do art. 74, § 2º, da CLT e a Súmula n. 338 do TST, a não apresentação injustificada dos controles de frequência gera presunção relativa de veracidade da jornada de trabalho, que pode ser elidida por prova em contrário. Além disso, os cartões de ponto que demonstram horários uniformes de entrada e saída uniformes são inválidos como meio de prova. No caso analisado, a reclamada apresentou os cartões de ponto de todo o período (fl. 165-172), com registros variáveis de horários de entrada e saída,e marcações do intervalo intrajornada, motivo pelo qual cabe à parte reclamante comprovar a ocorrência de horário de trabalho diverso, do qual não se desincumbiu. A parte autora afirmou na audiência de instrução que no início do contrato sua jornada era de 6h, sendo alterada quando virou instrutora. Afirmou que a jornada, no seu último cargo, era "das 12h às 20h20, estendendo comumente", e"que algumas vezes trabalhava sem registrar", aduzindo "que, na época do Sr. Ícaro e da Sra. Estela, ocorria de registrar o cartão no horário para sair mas voltava a trabalhar", sendo que foi isso durou por 03/04 meses do contrato de trabalho, e que no restante do período "batia direitinho" o cartão de ponto. Ainda, confessou que "uns 4dias por semana tirava uma hora de almoço; que quinta-feira, sexta-feira e sábado tirava 30min de almoço devido ao movimento", afirmando que isso acontecia da gestão de Ícaro. A testemunha da autora afirmou que "trabalhou com a parte reclamante em horários diferentes a partir das 15h, se encontrando no início de seu expediente", e que "a reclamante trabalhava até às 20h umas três vezes; que não se lembra qual período em que trabalhou com a reclamante". Ainda afirmou que o gerente Ìcaro já tinha saído da empresa quando ela começou a trabalhar. Esclareceu que almoçava apenas às vezes com a reclamante, pois não havia horário certo de almoço para os funcionários, almoçando "3x por semana" com a autora, aproximadamente. Assim, a testemunha não soube afirmar qual período trabalhou com a reclamante, afirmando ainda que começou a trabalhar após a saída do gerente Ícaro (que, segundo a própria reclamante, era quem exigia jornada após o registro de encerramento do horário de trabalho), não sendo apta a informar sobre sua jornada de trabalho, tampouco sobre o intervalo intrajornada. Sendo a última jornada da autora até as 20h20, conforme admitiu em depoimento, não houve comprovação de labor não registrado no cartão de ponto. Assim, para fins de análise dos pedidos referentes à jornada, considero verídico o horário registrado nos cartões de ponto apresentados. Ante o exposto, a julgo improcedente pretensão quanto às horas extraordinárias, intervalo intrajornada e interjornada.] Grifos meus. Em seu apelo, a reclamante sustenta que, ainda que considerando válidos os registros de jornada apresentados, há diferenças em seu favor, quando cotejados com os holerites apresentados. Frisa que não foi apresentado pela reclamada qualquer acordo de compensação de jornada, sendo que os registros não apresentam o saldo positivo/negativo das horas laboradas no mês, pelo que inválido o alegado banco de horas adotado pela reclamada, o que se reforça pelo reconhecimento da presença de condições insalubres de trabalho, sem a correspondente autorização da autoridade competente para sobrejornada (art. 60 da CLT). Com relação à invalidade dos registros, razão não socorre a obreira. Como bem pontuado na origem, a reclamante sequer indicou na exordial a jornada efetivamente cumprida, limitando-se a alegar que realizava uma quantidade fixa de horas extras por dia, o que se revela tão pouco crível quanto o registro de horários invariáveis nos cartões. Já quanto ao acordo de compensação via banco de horas, a reclamada não apresentou nenhum documento que o tenha estabelecido, sendo certo ainda que, em que pese a autora não tenha apontado diferenças de horas extras em seu favor com a réplica, é certo que o banco de horas adotado pela empresa se mostra inválido, pois se ativava em ambiente insalubre. Logo, a sua validade dependia de autorização da autoridade competente em matéria de higiene do trabalho, consoante o artigo 60 da CLT. Assim, inexistindo prova de tal autorização, forçoso reconhecer a nulidade do regime de compensação instituído pela ré. Friso que não incide, neste caso, o entendimento contido na Súmula 85, III, do C. TST, que trata apenas do pagamento do adicional de horas extras, pois aqui a hipótese é diversa daquela que corresponde ao "mero não atendimento das exigências". O empregador violou o artigo legais para a compensação de jornada 60 da CLT, o que acarreta, portanto, a nulidade absoluta do acordo de compensação de horas que previa a prorrogação da jornada. Diante dos fundamentos acima, reputo inválido o banco de horas adotado pela empresa. Por conseguinte, tendo em vista a nulidade do banco de horas, DOU PROVIMENTO ao apelo da reclamante, e julgo procedente o pedido de pagamento das horas extraordinárias, considerando-se como tais as horas excedentes à 8ªh diária e à 44ª semanal, não cumulativas. Serão observados os critérios de globalidade (Súmula º 264 do TST) e evolução salariais, divisor 220 e reflexos em DSR, em férias mais 1/3, 13º salário, FGTS, deduzidos os valores pagos por idênticos títulos e descontados os períodos de comprovado afastamento do trabalho. Por fim, a reclamante alega genericamente que houve ocasiões em que o repouso semanal foi concedido após o 7º dia de labor, pugnando pela aplicação da OJ nº 410 da SDI-1 do C. TST, mas não faz o efetivo apontamento de nenhuma oportunidade na qual isso seja constatado, à luz dos registros de jornada apresentados. REJEITO, no aspecto. 5) CONTRIBUIÇÃO ASSISTENCIAL / APELO DA RECLAMANTE Assim foi analisada a matéria pelo primeiro grau: [A reclamada afirmou os descontos das contribuições assistenciais são determinadas pelo sindicato da categoria, e para que não haja o referido desconto o obreiro deverá manifestar-se de forma expressa, o que não foi impugnado pela reclamante. Nos termos do Tema 935 do E.STF: "É constitucional a instituição, por acordo ou convenção coletivos, de contribuições assistenciais a serem impostas a todos os empregados da categoria, ainda que não sindicalizados, desde que assegurado o direito de oposição." A reclamante não juntou aos autos o comprovante de oposição ao desconto. Improcede o pedido.] Examino. Nesse contexto, o plenário do STF, ao decidir o Recurso Extraordinário com Agravo (ARE 1018459 - Tema 935), com repercussão geral reconhecida, havia reafirmado o entendimento no sentido de que, à exceção da contribuição sindical, que decorre de lei, a imposição de pagamento a não associados de qualquer outra contribuição, ainda que prevista por acordo ou convenção coletiva, ou por sentença normativa, seria inconstitucional, por violação ao princípio da liberdade de associação ao sindicato e ao sistema de proteção ao salário. Contudo, em decisão firmada na sessão virtual encerrada em 11/9/2023, fora adotado novo entendimento pelo STF, ao julgar embargos de declaração opostos, alterando a conclusão de 2017 no Agravo no Recurso Extraordinário (ARE) 1018459, no sentido de considerar válida a cobrança da contribuição assistencial aos empregados da categoria não sindicalizados desde que tenha sido pactuada em acordo ou convenção coletiva e os referidos empregados não sindicalizados deixem de exercer seu direito à oposição. A nova tese de repercussão geral fixada no Tema 935 foi a seguinte: "É constitucional a instituição, por acordo ou convenção coletivos, de contribuições assistenciais a serem impostas a todos os empregados da categoria, ainda que não sindicalizados, desde que assegurado o direito de oposição". Como já observado anteriormente, não vieram aos autos as normas coletivas da categoria. Contudo, uma vez não especificamente impugnada pela reclamante a tese defensiva de que as normas coletivas autorizam o desconto e preveem o direito de oposição, não há irregularidade a ser reconhecida. MANTENHO. 6) VALE-TRANSPORTE / APELO DA RECLAMADA Eis o julgado guerreado: "Afirma a reclamante que necessitava de duas passagens diárias para deslocamento, que não eram quitadas pela reclamada. A ré, por sua vez, afirmou que a Reclamante no ato da admissão informou à Reclamada que utilizava 01condução para se locomover de sua residência até o local de trabalho e 01 condução para retornar do trabalho para sua residência, realizando a quitação mensal. O recibo de vale-transporte é o documento que comprova o pagamento do vale-transporte ao trabalhador. Sendo fato impeditivo do direito do autor, sua apresentação é ônus da ré (art. 818, II da CLT). Não há nos autos a quitação do vale transporte. Procede o pedido." A reclamada sustenta que os holerites e o TRCT comprovam o pagamento do benefício, na medida em que indicam o desconto mensal da cota-parte da empregada e o desconto rescisório do valor adiantado no mês da dispensa. Sem razão. A prova de pagamento se faz mediante apresentação do respectivo comprovante ou recibo, ônus do qual não se desvencilhou a reclamada. Fica MANTIDA a sentença, portanto. 7) HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS / APRECIAÇÃO CONJUNTA DOS APELOS COMUNS DAS PARTES Ficam MANTIDOS os honorários sucumbenciais recíprocos fixados na origem, no patamar de 10%, que de revela condizente com o grau de complexidade da demanda. Presidiu o julgamento a Excelentíssima Senhora Desembargadora Tania Bizarro Quirino de Morais. Tomaram parte no julgamento os Excelentíssimos Senhores Magistrados Federais do Trabalho Jorge Eduardo Assad (Relator), Benedito Valentini (2º votante) e Soraya Galassi Lambert. Votação: unânime. DISPOSITIVO ACORDAM os Magistrados da 12a Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 2a Região em: CONHECER dos recursos ordinários interpostos pelas partes, e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO ao apelo da reclamada e DAR PARCIAL PROVIMENTO ao apelo da reclamante, para julgar procedente o pedido de declaração da nulidade do regime de compensação (banco de horas) por violação ao art. 60 da CLT e condenar a reclamada ao pagamento das horas extraordinárias, considerando-se como tais as horas excedentes à 8ªh diária e à 44ª semanal, não cumulativas. Serão observados os critérios de globalidade (Súmula º 264 do TST) e evolução salariais, divisor 220 e reflexos em DSR, em férias mais 1/3, 13º salário, FGTS, deduzidos os valores pagos por idênticos títulos e descontados os períodos de comprovado afastamento do trabalho. Tudo nos termos da fundamentação. Mantida, no mais, a sentença, inclusive quanto aos valores arbitrados a título de condenação e custas. Atentem as partes para o não cabimento de embargos declaratórios com intuito de rever provas, fatos ou a própria decisão. Quando ausentes os pressupostos autorizadores, tais como previstos nos incisos do art. 1.022, do CPC, estarão sujeitas à aplicação do § 2º, do art. 1.026, do mesmo Diploma Legal. JORGE EDUARDO ASSAD Juiz Relator AC SAO PAULO/SP, 21 de julho de 2025. ADRIANO PARAISO DE ALMEIDA Diretor de Secretaria Intimado(s) / Citado(s) - SABRINA SANTOS BORGES

Conteúdo completo bloqueado

Desbloquear

Processo nº 1001522-70.2025.4.01.3503

ID: 306711635

Tribunal: TRF1 Órgão: Vara Federal Cível e Criminal da SSJ de Rio Verde-GO Classe: PROCEDIMENTO COMUM CíVEL Nº Processo: 1001522-70.2025.4.01.3503

Data de Disponibilização: 25/06/2025

Polo Ativo:

IVO MARQUES DE MORAES JUNIOR KARLLA DA CUNHA TEIXEIRA MORAES

Polo Passivo:

Intimação

Advogados:

BELCHIOR EPAMINONDAS WENCESLAU JUNIOR

OAB/GO XXXXXX Desbloquear

PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA FEDERAL Subseção Judiciária de Rio Verde-GO Vara Federal Cível e Criminal da SSJ de Rio Verde-GO PROCESSO: 1001522-70.2025.4.01.3503 CLASSE: PROCEDIMENTO COMUM CÍVEL (7) POLO… PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA FEDERAL Subseção Judiciária de Rio Verde-GO Vara Federal Cível e Criminal da SSJ de Rio Verde-GO PROCESSO: 1001522-70.2025.4.01.3503 CLASSE: PROCEDIMENTO COMUM CÍVEL (7) POLO ATIVO: IVO MARQUES DE MORAES JUNIOR e outros REPRESENTANTES POLO ATIVO: BELCHIOR EPAMINONDAS WENCESLAU JUNIOR - GO30741 POLO PASSIVO:CAIXA ECONOMICA FEDERAL - CEF DECISÃO Trata-se de ação ordinária ajuizada por IVO MARQUES DE MORAES JUNIOR e KARLLA DA CUNHA TEIXEIRA MORAES em desfavor da CAIXA ECONOMICA FEDERAL - CEF, por meio da qual pugnam pela concessão de tutela de urgência para que: a) seja autorizado “O DEPÓSITO JUDICIAL MENSAL DAS PRESTAÇÕES VINCENDAS do financiamento imobiliário, a serem realizadas em conta vinculada a este D. Juízo, no valor incontroverso de R$ 2.800,00 (dois mil e oitocentos reais)”; b) seja determinado “que a Requerida (Caixa Econômica Federal) se abstenha de efetuar quaisquer débitos ou lançamentos referentes ao contrato de financiamento em discussão na conta corrente vinculada dos Autores”; c) seja determinado “que a Requerida se abstenha de incluir o nome dos Autores nos cadastros dos órgãos de proteção ao crédito (SERASA, SPC, CADIN, SISBACEN, etc.) em razão do débito ora em discussão, ou que os retire, caso já o tenha feito, sob pena de multa diária.”; d) seja suspenso “integralmente o procedimento de execução extrajudicial do contrato de financiamento imobiliário, especialmente a consolidação da propriedade em favor da Requerida, enquanto a legalidade do débito estiver sub judice, mantendo os Autores na posse do imóvel até a decisão final transitada em julgado.”; e) seja expedido “oficio ao cartório de registro de Imóveis para que averbe na MATRÍCULA Nº 6430, a existência da presente ação judicial para que surta seus efeitos para terceiros.”. Narra a inicial, em síntese, que: a) os autores que celebraram com a instituição financeira contrato de financiamento habitacional sob o regime do Sistema de Financiamento Imobiliário (SFI), em 26/08/2016, no valor de R$ 700.000,00, com garantia de alienação fiduciária e pagamento mediante sistema de amortização constante (SAC), em 420 parcelas.; b) o contrato previa a aplicação de uma taxa de juros reduzida (11,3866% a.a. nominal), desde que os mutuários contratassem e mantivessem determinados produtos e serviços da instituição financeira (conta corrente com cheque especial e cartão de crédito), conforme disposição expressa na cláusula denominada “Cláusula G”; c) em razão da suposta exclusão de um dos produtos pactuados por inadimplência, a partir da parcela de nº 100 (vencida em 26/12/2024), houve a aplicação automática da taxa de juros “balcão”, mais elevada, o que resultou em significativo aumento do valor das prestações mensais – de aproximadamente R$ 6.300,00 para mais de R$ 9.500,00. ; d) tal readequação da taxa de juros configura prática abusiva, por impor penalidade desproporcional e representar, em verdade, uma forma de “venda casada”, vedada pelo Código de Defesa do Consumidor (art. 39, I); e) a contratação compulsória de seguro com empresa vinculada ao mesmo grupo econômico da ré, bem como a exigência de produtos bancários acessórios, desvirtua a finalidade do financiamento habitacional e acarreta onerosidade excessiva, justificando a revisão das cláusulas contratuais e a adequação do contrato ao Sistema Financeiro da Habitação (SFH); f) parecer técnico elaborado por profissional contratado sugere que o saldo devedor, se mantida a taxa originalmente reduzida (7,3007% a.a.), seria significativamente menor, havendo inclusive valores passíveis de repetição de indébito. Inicial instruída com documentos. Suficientemente relatado. Decido. A tutela de urgência, prevista nos art. 300 e seguintes do Código de Processo Civil, funda-se nos requisitos comuns do fumus boni iuris e do periculum in mora. Vejamos: “Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo.” Os requisitos, portanto, para alcançar-se uma providência de urgência de natureza cautelar ou satisfativa são, basicamente, dois: a) A probabilidade do direito substancial, ou seja, o fumus boni iuris; b) Um dano potencial, um risco que corre o processo de não ser útil ao interesse demonstrado pela parte, em razão do periculum in mora. Em juízo preliminar, não verifico a presença de elementos que evidenciem a probabilidade do direito da parte autora. Isso porque, não há que se falar em venda casada no caso em tela. Nos termos do art. 39, I, do Código de Defesa do Consumidor, para que reste caracterizada a venda casada é necessária uma imposição da instituição financeira, a fim de que o consumidor tenha que obrigatoriamente adquirir outros produtos do banco. O simples oferecimento de outro produto ou serviço, por si só, não implica em venda casada. Nesse sentido, destaco os seguintes julgados: EMENTA: ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. APELAÇÃO. REVISIONAL. CÉDULA DE CRÉDITO BANCÁRIO. INCIDÊNCIA DO CDC. JUROS REMUNERATÓRIOS. TAC. CAPITALIZAÇÃO DE JUROS. SEGURO PRESTAMISTA. DESCARACTERIZAÇÃO DA MORA. 1. A aplicação do Código de Defesa do consumidor nas relações de financiamento bancário não é regra de aplicação automática, porquanto não tendo o mutuário comprovado o atendimento dos pressupostos aludidos no inc. VIII do art. 6º da Lei nº 8.078/90. 2. As limitações fixadas pelo Dec. nº 22.626/33, relativas à taxa de juros remuneratórios de 12% ao ano, não são aplicadas aos contratos firmados com instituições financeiras. Ademais, somente é possível a limitação da taxa de juros remuneratórios quando comprovada a discrepância em relação à taxa média do BACEN para as operações da mesma espécie, o que não ocorreu no caso concreto. 3. Havendo previsão contratual, não há qualquer ilegalidade na cobrança de taxas e/ou tarifas, as quais não se confundem com a taxa de juros, posto que possuem finalidades e incidência diversa. 4. A teor do disposto no art. 39, I, do CDC, para que reste caracterizada a venda casada é necessário uma imposição da instituição financeira, a fim de que o consumidor tenha que obrigatoriamente adquirir outros produtos do banco. Todavia, o simples oferecimento de outro produto ou serviço, por si só, não implica em venda casada, prática considerada ilegal. 5. É permitida a capitalização mensal de juros nos contratos bancários firmados após a edição da MP nº 2.170/2001, desde que clara e expressamente pactuada, o que ocorreu nos casos dos autos. Não restou comprovada a previsão contratual e nem a incidência da capitalização diária. 6. A 2ª Seção do STJ, no julgamento do REsp nº 1.061.530, consolidou entendimento no sentido de que o reconhecimento da abusividade nos encargos exigidos no período da normalidade contratual (juros remuneratórios e capitalização) descaracteriza a mora e, em consequência, devem ser afastados seus consectários legais. Todavia, a aplicação desse entendimento ao caso concreto exige, para afastar os consectários da mora, que seja cabalmente comprovado que a onerosidade excessiva causou o inadimplemento do contrato, o que não ocorreu no caso concreto. 7. Ausente a concreta comprovação de qualquer abusividade/irregularidade, não há que se falar devolução de valores cobrados de forma ilegal. 8. Apelo desprovido. (TRF4, AC 5006233-52.2024.4.04.7108, 3ª Turma , Relator para Acórdão ROGER RAUPP RIOS , julgado em 13/05/2025) (grifei) EMENTA: EMBARGOS À EXECUÇÃO. CONTRATOS BANCÁRIOS. CÉDULA DE CRÉDITO BANCÁRIO - EMPRÉSTIMO À PESSOA JURÍDICA. GRATUIDADE DA JUSTIÇA. PESSOA JURÍDICA. NULIDADE DA EXECUÇÃO. AUSÊNCIA DE TÍTULO LÍQUIDO, CERTO E EXIGÍVEL. VENDA CASADA. SEGURO PRESTAMISTA. CARTÃO DE CRÉDITO. HONORÁRIOS RECURSAIS. 1. Para a concessão de assistência judiciária gratuita à pessoa jurídica, nos termos da Súmula 481 do STJ, não basta a mera declaração de necessidade. É indispensável a comprovação da ausência de condições financeiras de arcar com os encargos processuais, o que não restou comprovado no caso dos autos. 2. A cédula de crédito bancário, por possuir natureza de título executivo, pode aparelhar a ação executiva, independentemente de trata-se de crédito fixo ou de crédito rotativo, desde que preenchidos os requisitos legais no sentido de restar especificada a promessa de pagamento de dívida certa, líquida e exigível. (REsp 1.291.575/PR). 3. A teor do disposto no art. 39, I, do CDC, para que reste caracterizada a venda casada é necessário uma imposição da instituição financeira, a fim de que o consumidor tenha que obrigatoriamente adquirir outros produtos do banco. Todavia, o simples oferecimento de outro produto ou serviço, por si só, não implica em venda casada, prática considerada ilegal. 4. Em razão da improcedência do recurso de apelação, fulcro no § 11 do artigo 85 do CPC de 2015, a verba honorária deve ser elevada para 12% (doze por cento), mantidos os demais critérios fixados na sentença de Primeiro Grau. (TRF4, AC 5001529-52.2022.4.04.7209, 3ª Turma, Relator MARCOS ROBERTO ARAUJO DOS SANTOS, julgado em 14/02/2023) (grifei) A cláusula contratual que condiciona a aplicação de taxa de juros reduzida à manutenção de produtos e serviços da instituição financeira encontra respaldo na jurisprudência, que admite tal pactuação quando prevista de forma clara e expressa, sendo legítima a readequação da taxa em caso de descumprimento das condições contratuais. Além disso, inexiste nos autos demonstração inequívoca de que a instituição financeira tenha imposto, de forma abusiva, a contratação dos serviços como condição essencial ao financiamento. A existência de cláusula prevendo modulação da taxa em razão de conveniência comercial não autoriza, por si só, o reconhecimento de prática abusiva. No caso concreto, a parte autora aceitou as condições pactuadas visando a redução de taxa de juros, conforme se extrai da “Cláusula G” do contrato (Num. 2187729648 - Pág. 3). Nesse contexto, além de não ter sido comprovada qualquer coação da CEF para aquisição do produto, não pode a parte executada valer-se da redução decorrente da opção pela manutenção de produtos/serviços, e depois questionar a sua validade. Demais, no que tange ao perigo de dano, é certo que a possibilidade de inadimplemento de parcelas não constitui, por si só, fundamento suficiente para a concessão de tutela de urgência. A jurisprudência tem rechaçado a concessão de liminares para impedir a consolidação da propriedade em favor da instituição financeira, salvo em situações excepcionais, em que se comprove, de forma robusta, a ilegalidade do débito ou a existência de erro material evidente, o que não se verifica neste momento. Por fim, a pretensão de suspender os efeitos da mora mediante depósito de valor unilateralmente reputado incontroverso também não se mostra admissível, especialmente considerando que o contrato encontra-se em plena vigência e a dívida decorre da própria readequação contratual prevista expressamente. Nessa linha de intelecção, o oferecimento da contratação de seguro para fins de obtenção de taxa de juros remuneratórios reduzida, não revela conduta ilegal do agente financeiro, pois é dado ao cliente escolher em contratar ou não e a opção de taxa reduzida resulta vantagem também para o contratante. Esse o quadro, em juízo preliminar, não verifico a presença de elementos que evidenciam a probabilidade do direito da parte autora, motivo pelo qual INDEFIRO o pedido de tutela de urgência. CITE-SE a CAIXA ECONÔMICA FEDERAL para, querendo, oferecer contestação, oportunidade em que deverá manifestar, no que couber, sobre documentos juntados e eventuais vícios processuais, no que tange às condições da ação, pressupostos processuais ou qualquer outra matéria de ordem pública, a teor dos artigos 330 e 332 do CPC. Após, INTIME-SE a parte autora para impugnar a contestação, e manifestar, no que couber, sobre documentos juntados e eventuais vícios processuais, a teor dos artigos 330 e 332 do CPC. Em seguida, façam os autos conclusos para julgamento antecipado (art. 355 do CPC) ou para saneamento do feito (art. 357 do CPC). INTIMEM-SE as partes acerca desta Decisão. Rio Verde/GO, data da assinatura. (assinado eletronicamente) Eduardo de Assis Ribeiro Filho JUIZ FEDERAL Vara Única da Subseção Judiciária de Rio Verde/GO

Conteúdo completo bloqueado

Desbloquear

Jéssica Bandeira Januário x Operadora Unicentral De Planos De Saude Ltda e outros

ID: 321659360

Tribunal: TJSP Órgão: Foro de Itapecerica da Serra - 3ª Vara Classe: PROCEDIMENTO COMUM CíVEL Nº Processo: 1001522-46.2025.8.26.0268

Data de Disponibilização: 10/07/2025

Polo Ativo:

JéSSICA BANDEIRA JANUáRIO

Polo Passivo:

OPERADORA UNICENTRAL DE PLANOS DE SAUDE LTDA PLURAL GESTãO EM PLANOS DE SAúDE LTDA

Intimação

Advogados:

ERICO CABOCLO DE MACEDO

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

ELIAS MOIA WANZELER JUNIOR

OAB/PA XXXXXX Desbloquear

CARLIELK DA SILVA MELGES FARIA

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

Processo 1001522-46.2025.8.26.0268 - Procedimento Comum Cível - Espécies de Contratos - Jéssica Bandeira Januário - Plural Gestão Em Planos de Saúde Ltda - - Operadora Unicentral de Planos de Saude… Processo 1001522-46.2025.8.26.0268 - Procedimento Comum Cível - Espécies de Contratos - Jéssica Bandeira Januário - Plural Gestão Em Planos de Saúde Ltda - - Operadora Unicentral de Planos de Saude Ltda - Vistos. Trata-se de ação cominatória com pedido de tutela de urgência proposta por JÉSSICA BANDEIRA JANUÁRIO em face de OPERADORA UNICENTRAL DE PLANOS DE SAÚDE LTDA (TOTAL MEDCARE) e PLURAL GESTÃO EM PLANOS DE SAÚDE LTDA, na qual alega que firmou contrato de plano de saúde coletivo por adesão através da administradora PLURAL, com início de vigência em 20/08/2023, na modalidade executivo adesão apartamento. Sustenta que vinha adimplindo regularmente as mensalidades quando, em 25 de fevereiro de 2025, recebeu comunicação via e-mail informando o cancelamento do contrato no prazo de 60 dias, com vigência até 30/04/2025, sem apresentação de justificativa ou oferecimento de alternativas de migração. Relata encontrar-se gestante de 17 semanas (à época da propositura), em gravidez de alto risco com histórico de aborto e pré-eclâmpsia, necessitando de acompanhamento médico contínuo. Aduz que tentou realizar portabilidade para outros planos, mas todos exigiam cumprimento de carência de 300 dias para parto, impossibilitando a continuidade da assistência médica necessária. Diante desses fatos, sustenta violação aos artigos 6º, III, 39, V e 51 do CDC, bem como descumprimento da Lei 9.656/98 e das disposições da ANS sobre notificação de cancelamento. Argumenta aplicabilidade do Tema 1.082 do STJ sobre continuidade assistencial durante tratamento médico em planos coletivos. Ao final, requereu a concessão de tutela de urgência para manutenção do plano de saúde nas mesmas condições até decisão definitiva, sob pena de multa diária de R$ 1.000,00, e a procedência da ação para confirmação da medida ou, alternativamente, oferecimento de plano equivalente sem carência através de migração ou portabilidade. Por meio da decisão proferida às fls. 94/95, foi deferida a tutela de urgência para manutenção do plano de saúde da autora até ulterior decisão, nas mesmas condições e cobertura, mediante pagamento das contraprestações mensais, sob pena de multa diária de R$ 1.000,00 até o limite de R$ 100.000,00. Devidamente citada, a requerida OPERADORA UNICENTRAL apresentou contestação às fls. 122/134, na qual assevera que se trata de plano coletivo por adesão administrado pela PLURAL e operado pela TOTAL MEDCARE, sendo a rescisão autorizada pela Resolução Normativa 509/22 da ANS após 12 meses de vigência. Sustenta que a comunicação de cancelamento foi regular, tendo sido cumprida a determinação liminar. Argumenta que a autora não comprovou tratamento médico contínuo que impedisse a rescisão, e que a OPERADORA não comercializa planos individuais, estando suspensos há anos junto à ANS. Defende a legalidade da rescisão unilateral de planos coletivos após o período mínimo de vigência, com base na jurisprudência do STJ. Impugna os laudos médicos apresentados por não demonstrarem urgência médica ou tratamento contínuo nos moldes exigidos pela legislação. Ao final, requereu a improcedência dos pedidos, alegando exercício regular de direito e ausência de ato ilícito. A requerida PLURAL GESTÃO apresentou contestação às fls. 218/235, argüindo que o plano é coletivo por adesão destinado a grupo específico de indivíduos com vínculo associativo. Sustenta que a rescisão unilateral é autorizada pela RN 509/22 da ANS após 12 meses de vigência do contrato entre a pessoa jurídica contratante e as rés. Alega que, como administradora de benefícios, não comercializa planos individuais, apenas coletivos, sendo a obrigação de oferecer plano individual exclusiva da operadora que possua tal produto registrado na ANS. Defende que não praticou ato ilícito, pois a rescisão seguiu as normas regulamentares, e que eventual responsabilização deve recair apenas sobre a operadora. Argumenta ausência de solidariedade passiva por não ter participado do ato supostamente danoso. Ao final, requereu a improcedência total da ação. Intimadas a especificarem provas, a autora apresentou réplica às fls. 309/311 e 312/315, sustentando que a contestação da PLURAL foi intempestiva e requerendo aplicação da revelia. No mérito, reitera que se encontra gestante de 31 semanas em gravidez de alto risco, necessitando acompanhamento contínuo, e que não foi possível realizar portabilidade sem cumprimento de carência. A OPERADORA informou às fls. 316/317 não ter proposta de acordo nem interesse em produzir provas, requerendo julgamento no estado. A PLURAL manifestou-se às fls. 308, informando ausência de proposta de acordo e interesse em produzir provas. A autora dispensou a realização de audiência de conciliação, e as partes manifestaram desinteresse na produção de provas adicionais, requerendo julgamento antecipado da lide. É o relatório. Fundamento e decido. Tempestividade da Contestação da PLURAL Preliminarmente, analiso a alegação da autora de intempestividade da contestação apresentada pela requerida PLURAL GESTÃO EM PLANOS DE SAÚDE LTDA. Da análise dos autos, verifica-se que o Aviso de Recebimento foi juntado em 10/04/2025, iniciando-se o prazo de 15 dias para apresentação de defesa. A contestação foi protocolada em 13/05/2025. Considerando a suspensão do expediente forense nos dias 17, 18 e 21 de abril, bem como nos dias 01 e 02 de maio de 2025 (feriados da Semana Santa e Dia do Trabalhador), e aplicando-se a regra do artigo 219 do CPC, o prazo final para apresentação da defesa recaiu em 07/05/2025. Assim, protocolada em 13/05/2025, a contestação da PLURAL foi apresentada intempestivamente, configurando revelia nos termos do artigo 344 do CPC. Todavia, por força do artigo 345, inciso I, do CPC, os efeitos da revelia não se aplicam quando o litisconsórcio for unitário, como no presente caso, uma vez que a OPERADORA UNICENTRAL apresentou defesa tempestiva. Rejeito, pois, os efeitos da revelia. O feito encontra-se em ordem, com a presença dos pressupostos processuais e das condições da ação, inexistindo qualquer preliminar ou nulidade a ser abordada. Superado esse introito, anoto que a presente demanda versa sobre a legalidade da rescisão unilateral de plano de saúde coletivo por adesão e a obrigatoriedade de continuidade assistencial durante gestação de alto risco. Inicialmente, é fundamental estabelecer a natureza jurídica da relação estabelecida entre as partes. Trata-se, inquestionavelmente, de plano de saúde coletivo por adesão, conforme definido no artigo 15 da Resolução Normativa nº 557/2022 da ANS, em que a beneficiária aderiu ao plano contratado pela ATCOA (Associação dos Trabalhadores do Comércio de Osasco e Adjacências) junto às requeridas. A aplicação do Código de Defesa do Consumidor à relação é inquestionável, conforme Súmula 469 do STJ: "Aplica-se o Código de Defesa do Consumidor aos contratos de plano de saúde", ainda que se trate de contrato coletivo por adesão, uma vez que o beneficiário final é o consumidor. As requeridas sustentam a legalidade da rescisão com base na Resolução Normativa 509/22 da ANS, que autoriza a rescisão unilateral de contratos coletivos após 12 meses de vigência. De fato, diferentemente dos planos individuais, os contratos coletivos não estão sujeitos às restrições do artigo 13, parágrafo único, inciso II, da Lei 9.656/98, conforme pacificado pelo STJ. Todavia, tal prerrogativa não é absoluta e deve ser exercida observando-se os princípios da boa-fé objetiva, da função social do contrato e, sobretudo, os direitos fundamentais à vida e à saúde consagrados constitucionalmente. A análise dos documentos médicos acostados às fls. 78/93 comprova, de forma inequívoca, que a autora encontra-se em estado gestacional avançado (atualmente com mais de 30 semanas), caracterizado como gestação de alto risco em razão do histórico de aborto anterior e pré-eclâmpsia. O Tema 1.082 do STJ, julgado em regime de recursos repetitivos, estabeleceu tese fundamental: "A operadora, mesmo após o exercício regular do direito à rescisão unilateral de plano coletivo, deverá assegurar a continuidade dos cuidados assistenciais prescritos a usuário internado ou em pleno tratamento médico garantidor de sua sobrevivência ou de sua incolumidade física, até a efetiva alta, desde que o titular arque integralmente com a contraprestação devida". A gestação, especialmente quando caracterizada como de alto risco, constitui indubitavelmente "tratamento médico garantidor da incolumidade física" da beneficiária e do nascituro, exigindo acompanhamento médico contínuo e especializado até o parto e puerpério. As requeridas alegam que a solução seria a portabilidade para plano individual, aproveitando-se das carências já cumpridas. Contudo, tal argumentação esbarra em óbices práticos e normativos insuperáveis: a ) Inexistência de planos individuais: A OPERADORA UNICENTRAL comprovou que não comercializa planos individuais, estando todos suspensos junto à ANS; b) Exigência de carência: Conforme narrado pela autora e não refutado pelas rés, os demais planos do mercado exigem carência de 300 dias para cobertura obstétrica, o que tornaria inviável a assistência ao parto iminente; c) Violação da continuidade assistencial: A interrupção da cobertura durante gestação de alto risco configura grave violação ao direito à saúde e à proteção da maternidade. A comunicação de rescisão enviada via e-mail (fls. 68) não observou as formalidades exigidas pela Consulta Pública ANS nº 88/2021, que estabelece critérios específicos para notificação de cancelamento de planos de saúde. A ausência de fundamentação, motivação ou oferecimento de alternativas viola o dever de informação previsto no artigo 6º, III, do CDC. O exercício do direito de rescisão unilateral, embora formalmente autorizado pela regulamentação, deve observar os limites impostos pela boa-fé objetiva (artigo 422 do CC) e pela função social do contrato (artigo 421 do CC). A rescisão de plano de saúde durante gestação de alto risco, sem oferecimento de alternativas adequadas, caracteriza abuso de direito (artigo 187 do CC), na medida em que extrapola os limites impostos pelo fim econômico e social do contrato, pela boa-fé e pelos bons costumes. Embora a PLURAL alegue ser mera administradora de benefícios, sua participação na cadeia de prestação de serviços de saúde suplementar a submete à responsabilidade solidária prevista nos artigos 7º, parágrafo único, e 25, §1º, do CDC. A solidariedade opera quando há mais de um fornecedor na cadeia de consumo, independentemente da distribuição interna de responsabilidades entre eles. Ante o exposto, JULGO PROCEDENTE a ação movida por JÉSSICA BANDEIRA JANUÁRIO contra OPERADORA UNICENTRAL DE PLANOS DE SAÚDE LTDA e PLURAL GESTÃO EM PLANOS DE SAÚDE LTDA, para: a) CONFIRMAR a tutela de urgência deferida às fls. 94/95, DETERMINANDO às requeridas, solidariamente, a manutenção do plano de saúde da autora nas mesmas condições de cobertura, rede credenciada e padrão de acomodação anteriormente contratados, com expedição regular dos boletos para pagamento das mensalidades (admitidos os reajustes autorizados pela ANS), até o término da gestação e período puerperal, ou até que seja oferecida alternativa de plano equivalente sem exigência de cumprimento de carência; b) DECLARAR a nulidade da rescisão unilateral comunicada em 25/02/2025 por violação aos princípios da boa-fé objetiva, função social do contrato e direitos fundamentais à saúde e proteção da maternidade; c) CONDENAR as requeridas ao cumprimento da obrigação de fazer consistente na manutenção da cobertura assistencial, sob pena de multa diária de R$ 1.000,00 (um mil reais), até o limite de R$ 100.000,00 (cem mil reais), sem prejuízo do cumprimento da obrigação principal. CONDENO as requeridas, solidariamente, ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios, que fixo em R$ 2.000,00, dado o baixo valor da causa. Publique-se. Registre-se. Intimem-se. - ADV: CARLIELK DA SILVA MELGES FARIA (OAB 312603/SP), ERICO CABOCLO DE MACEDO (OAB 513877/SP), ELIAS MOIA WANZELER JUNIOR (OAB 26885/PA)

Conteúdo completo bloqueado

Desbloquear

Encontrou 1275 resultados. Faça login para ver detalhes completos e mais informações.

Fazer Login para Ver Detalhes