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Processo nº 1002803-34.2024.4.01.3200

ID: 280115907

Tribunal: TRF1 Órgão: 9ª Vara Federal Cível da SJAM Classe: MANDADO DE SEGURANçA CíVEL Nº Processo: 1002803-34.2024.4.01.3200

Data de Disponibilização: 26/05/2025

Polo Ativo:

PEREIRA SERVICOS ODONTOLOGICOS E MEDICO LTDA

Polo Passivo:

Sentença Tipo A

Advogados:

JUAN FELIPE DA SILVA PEREIRA

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA FEDERAL Seção Judiciária do Amazonas 9ª Vara Federal PROCESSO: 1002803-34.2024.4.01.3200 CLASSE: MANDADO DE SEGURANÇA CÍVEL (120) IMPETRANTE: PEREIRA SERVICOS ODONTOLOGICOS E… PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA FEDERAL Seção Judiciária do Amazonas 9ª Vara Federal PROCESSO: 1002803-34.2024.4.01.3200 CLASSE: MANDADO DE SEGURANÇA CÍVEL (120) IMPETRANTE: PEREIRA SERVICOS ODONTOLOGICOS E MEDICO LTDA IMPETRADO: UNIAO FEDERAL (FAZENDA NACIONAL), DELEGADO DA RECEITA FEDERAL EM MANAUS SENTENÇA Trata-se de Mandado de Segurança em que a impetrante pretende recolher o Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) e a Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido (CSLL), mediante as alíquotas reduzidas de 8% (IRPJ) e 12% (CSLL), respectivamente, por entender que as suas atividades se enquadram no conceito de serviços hospitalares, previsto no artigo 15, §1º, III, ‘a’ e art. 20 da Lei nº 9.249/95, com as alterações empreendidas pela Lei nº 11.727/08. A impetrante afirma ser "sociedade empresária atuante no ramo da saúde, atuando em um consultório particular com serviços odontológicos e com a prestação de serviço na área médica com procedimentos anestesiológicos em locais de terceiros. Não há como anestesiar um paciente em uma clínica de anestesia e depois levar em uma ambulância para realizar cirurgias. Exames realizados pela empresa: Simples consultas, exames radiológicos panorâmicos, cirurgias de enxertos ósseos, cirurgias de instalação de implantes dentários, administração de medicação intramuscular para tratamento de inflamações, anestesia simples, anestesia para cirurgia bariátrica e dentre outros". Aduz que realiza atividades médicas ambulatoriais, razão pela qual se encontra, sob o regime de tributação de lucro presumido, obrigada indevidamente a fazer o recolhimento do IRPJ e da CSLL sob a utilização de coeficiente de presunção de 32%, previsto no art. 15, III, da Lei nº 9.249/95. Defende que os serviços prestados se enquadrariam na prestação de serviços hospitalares, pelo que teria direito à tributação diferenciada prevista na Lei nº 9.249/95, na medida em que são serviços voltados à promoção da saúde, diversos da simples consulta. Decisão de Id 2018156662 indeferiu o pedido de liminar. Órgão de representação requereu seu ingresso no feito (Id 2022922166). A impetrante opôs embargos de declaração, alegando obscuridade e omissão na decisão (Id 2029342690). Informações prestadas pela autoridade coatora no Id 2103746155. O MPF declinou de oficiar no feito. Contrarrazões aos embargos no Id 2129700224. É o relatório. DECIDO. Inicialmente, DEFIRO o ingresso da União na demanda. Pois bem. O Juízo ao examinar o pedido liminar, enfrentou a matéria sub judice, cujo trecho abaixo passa a fazer parte das razões de decidir da presente sentença: A concessão da tutela de urgência é medida excepcional e está condicionada a presença conjunta dos requisitos de probabilidade do direito e de perigo de dano ou de risco ao resultado útil do processo (art. 300, CPC). No caso dos autos, não há probabilidade do direito. A autora alega que as atividades médicas que exerce devem ser enquadradas no conceito de serviços hospitalares, pelo que teria direito ao recolhimento do Imposto de Renda Pessoa Jurídica e a Contribuição Social Sobre o Lucro tendo como base de cálculo, respectivamente, os percentuais de 8% e 12% de sua receita, nos termos do art. 15, § 1º, III, letra 'a', e 20 da Lei nº 9.249/1995. A previsão de alíquotas reduzidas para fins de apuração do valor devido a título de IRPJ e CSLL encontra previsão nos art. 15 e 20 da Lei nº 9.249/95, in verbis: Art. 15. A base de cálculo do imposto, em cada mês, será determinada mediante a aplicação do percentual de 8% (oito por cento) sobre a receita bruta auferida mensalmente, observado o disposto no art. 12 do Decreto-Lei no 1.598, de 26 de dezembro de 1977, deduzida das devoluções, vendas canceladas e dos descontos incondicionais concedidos, sem prejuízo do disposto nos arts. 30, 32, 34 e 35 da Lei no 8.981, de 20 de janeiro de 1995. § 1º Nas seguintes atividades, o percentual de que trata este artigo será de: I - um inteiro e seis décimos por cento, para a atividade de revenda, para consumo, de combustível derivado de petróleo, álcool etílico carburante e gás natural; II - dezesseis por cento: a) para a atividade de prestação de serviços de transporte, exceto o de carga, para o qual se aplicará o percentual previsto no caput deste artigo; b) para as pessoas jurídicas a que se refere o inciso III do art. 36 da Lei nº 8.981, de 20 de janeiro de 1995, observado o disposto nos §§ 1º e 2º do art. 29 da referida Lei; III - trinta e dois por cento, para as atividades de: a) prestação de serviços em geral, exceto a de serviços hospitalares e de auxílio diagnóstico e terapia, patologia clínica, imagenologia, anatomia patológica e citopatologia, medicina nuclear e análises e patologias clínicas, desde que a prestadora destes serviços seja organizada sob a forma de sociedade empresária e atenda às normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa; De acordo com o CNPJ, a impetrante possui como objeto social as seguintes atividades econômicas: A Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, no julgamento do REsp 1.116.399/BA, da relatoria do Ministro Benedito Gonçalves, submetido ao regime de recursos repetitivos (Tema 217), firmou o entendimento de que "para fins do pagamento dos tributos com as alíquotas reduzidas, a expressão 'serviços hospitalares', constante do artigo 15, § 1º, inciso III, da Lei 9.249/95, deve ser interpretada de forma objetiva (ou seja, sob a perspectiva da atividade realizada pelo contribuinte), devendo ser considerados serviços hospitalares 'aqueles que se vinculam às atividades desenvolvidas pelos hospitais, voltados diretamente à promoção da saúde', de sorte que, 'em regra, mas não necessariamente, são prestados no interior do estabelecimento hospitalar, excluindo-se as simples consultas médicas, atividade que não se identifica com as prestadas no âmbito hospitalar, mas nos consultórios médicos'". Confira-se a ementa do julgamento: DIREITO PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL. VIOLAÇÃO AOS ARTIGOS 535 e 468 DO CPC. VÍCIOS NÃO CONFIGURADOS. LEI 9.249/95. IRPJ E CSLL COM BASE DE CÁLCULO REDUZIDA. DEFINIÇÃO DA EXPRESSÃO "SERVIÇOS HOSPITALARES". INTERPRETAÇÃO OBJETIVA. DESNECESSIDADE DE ESTRUTURA DISPONIBILIZADA PARA INTERNAÇÃO. ENTENDIMENTO RECENTE DA PRIMEIRA SEÇÃO. RECURSO SUBMETIDO AO REGIME PREVISTO NO ARTIGO 543-C DO CPC. 1. Controvérsia envolvendo a forma de interpretação da expressão "serviços hospitalares" prevista na Lei 9.429/95, para fins de obtenção da redução de alíquota do IRPJ e da CSLL. Discute-se a possibilidade de, a despeito da generalidade da expressão contida na lei, poder-se restringir o benefício fiscal, incluindo no conceito de "serviços hospitalares" apenas aqueles estabelecimentos destinados ao atendimento global ao paciente, mediante internação e assistência médica integral. 2. Por ocasião do julgamento do RESP 951.251-PR, da relatoria do eminente Ministro Castro Meira, a 1ª Seção, modificando a orientação anterior, decidiu que, para fins do pagamento dos tributos com as alíquotas reduzidas, a expressão "serviços hospitalares", constante do artigo 15, § 1º, inciso III, da Lei 9.249/95, deve ser interpretada de forma objetiva (ou seja, sob a perspectiva da atividade realizada pelo contribuinte), porquanto a lei, ao conceder o benefício fiscal, não considerou a característica ou a estrutura do contribuinte em si (critério subjetivo), mas a natureza do próprio serviço prestado (assistência à saúde). Na mesma oportunidade, ficou consignado que os regulamentos emanados da Receita Federal referentes aos dispositivos legais acima mencionados não poderiam exigir que os contribuintes cumprissem requisitos não previstos em lei (a exemplo da necessidade de manter estrutura que permita a internação de pacientes) para a obtenção do benefício. Daí a conclusão de que "a dispensa da capacidade de internação hospitalar tem supedâneo diretamente na Lei 9.249/95, pelo que se mostra irrelevante para tal intento as disposições constantes em atos regulamentares". 3. Assim, devem ser considerados serviços hospitalares "aqueles que se vinculam às atividades desenvolvidas pelos hospitais, voltados diretamente à promoção da saúde", de sorte que, "em regra, mas não necessariamente, são prestados no interior do estabelecimento hospitalar, excluindo-se as simples consultas médicas, atividade que não se identifica com as prestadas no âmbito hospitalar, mas nos consultórios médicos". 4. Ressalva de que as modificações introduzidas pela Lei 11.727/08 não se aplicam às demandas decididas anteriormente à sua vigência, bem como de que a redução de alíquota prevista na Lei 9.249/95 não se refere a toda a receita bruta da empresa contribuinte genericamente considerada, mas sim àquela parcela da receita proveniente unicamente da atividade específica sujeita ao benefício fiscal, desenvolvida pelo contribuinte, nos exatos termos do § 2º do artigo 15 da Lei 9.249/95. 5. Hipótese em que o Tribunal de origem consignou que a empresa recorrida presta serviços médicos laboratoriais (fl.. 389), atividade diretamente ligada à promoção da saúde, que demanda maquinário específico, podendo ser realizada em ambientes hospitalares ou similares, não se assemelhando a simples consultas médicas, motivo pelo qual, segundo o novel entendimento desta Corte, faz jus ao benefício em discussão (incidência dos percentuais de 8% (oito por cento), no caso do IRPJ, e de 12% (doze por cento), no caso de CSLL, sobre a receita bruta auferida pela atividade específica de prestação de serviços médicos laboratoriais). 6. Recurso afetado à Seção, por ser representativo de controvérsia, submetido ao regime do artigo 543-C do CPC e da Resolução 8/STJ. 7. Recurso especial não provido (REsp 1116399 / BA, Relator Ministro Benedito Gonçalves, Primeira Seção, DJE 24/02/2010). Entende-se por serviços hospitalares aqueles que estão relacionados às atividades ligadas diretamente à promoção da saúde, essencial à população, nos termos do art. 6º da Constituição Federal, podendo ser prestados no interior do estabelecimento hospitalar, mas sem esta obrigatoriedade. Vale destacar que, de acordo com o STJ, o reconhecimento do direito à redução das bases de cálculo do IRPJ e da CSLL só pode ser reconhecido, quanto aos serviços odontológicos, na hipótese em que são necessários intervenções cirúrgicas. Nesse sentido: AgInt no REsp 2071765 / RS, PRIMEIRA TURMA, DJe 22/11/2023). A ação está desacompanhada de provas documentais que demonstrem que a impetrante exerce atividades enquadradas como serviços hospitalares. Não há nenhuma nota fiscal por ela emitida relativa ao serviço prestado. As notas fiscais constantes dos autos se referem a compra de materiais adquiridos por Everaldo de Aquino Pereira e não pela sociedade empresária. O fato de ela comprar materiais não permite concluir que preste o serviço, ainda mais quando adquirido por outrem e não por ela própria. Ante o exposto, INDEFIRO A LIMINAR. Após o regular trâmite processual, não constatei fatos novos ou documentos hábeis a mudar o entendimento acima exposto, razão pela qual confirmo a deliberação supramencionada. No que se refere aos embargos opostos, de que há omissão na decisão destaco que o Impetrante não logrou comprovar que exerce atividades enquadradas como serviços hospitalares. Apesar das fotos colacionadas aos embargos, elas não são instrumento hábil a comprovar de que houve emissão de nota fiscal emitida relativa ao serviço prestado. Reitero que as notas fiscais constantes dos autos se referem a compra de materiais adquiridos por Everaldo de Aquino Pereira e não pela sociedade empresária. Nesse sentido, os embargos interpostos não merecem prosperar. Ante o exposto, REJEITO os embargos opostos, e, no mérito, DENEGO A SEGURANÇA, nos termos do art. 487, inc. I, do Código de Processo Civil. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios (art. 25 da Lei nº 12.016/2009). Interposta apelação, intime-se o recorrido para contrarrazões e, oportunamente, encaminhem-se os autos para o 2º grau de jurisdição. Após o trânsito em julgado, certifique-se e dê-se vista às partes pelo prazo de 15 dias. Sem requerimentos, arquivem-se os autos. Intimem-se. Manaus, data conforme assinatura. Juiz(a) Federal

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