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Itamar Figueiredo Dos Santos e outros x Itamar Figueiredo Dos Santos e outros

ID: 324257854

Tribunal: TRT21 Órgão: OJ de Análise de Recurso Classe: AGRAVO DE PETIçãO Nº Processo: 0001057-16.2014.5.21.0014

Data de Disponibilização: 14/07/2025

Polo Ativo:

ITAMAR FIGUEIREDO DOS SANTOS VESTAS DO BRASIL ENERGIA EOLICA LTDA

Polo Passivo:

ITAMAR FIGUEIREDO DOS SANTOS SARAIVA TRANSPORTES TECNICOS LTDA VESTAS DO BRASIL ENERGIA EOLICA LTDA

Notificação

Advogados:

JONAS FRANCISCO DA SILVA SEGUNDO

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ANDRE DE MELO RIBEIRO

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GABRIELA SIQUEIRA BORBA

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SAULO TELES VALENCA

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DANIELLE MAYANE ALVES TAVARES DE MORAIS

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CEDRIC JOHN BLACK DE CARVALHO BEZERRA

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GUSTAVO HENRIQUE DE SA HONORATO

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FRANCISCO SOARES DE QUEIROZ

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FERNANDO JOSE CAVALCANTI DO REGO BARROS NETO

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LEONARDO JAMEL SALIBA DE SOUZA

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PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 21ª REGIÃO OJC DE ANÁLISE DE RECURSO Relatora: MARIA DO PERPETUO SOCORRO WANDERLEY DE CASTRO AP 0001057-16.2014.5.21.0014 A… PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 21ª REGIÃO OJC DE ANÁLISE DE RECURSO Relatora: MARIA DO PERPETUO SOCORRO WANDERLEY DE CASTRO AP 0001057-16.2014.5.21.0014 AGRAVANTE: ITAMAR FIGUEIREDO DOS SANTOS E OUTROS (1) AGRAVADO: ITAMAR FIGUEIREDO DOS SANTOS E OUTROS (2) PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 21ª REGIÃO OJ DE ANÁLISE DE RECURSO AP 0001057-16.2014.5.21.0014 AGRAVANTE: ITAMAR FIGUEIREDO DOS SANTOS E OUTROS (1) AGRAVADO: ITAMAR FIGUEIREDO DOS SANTOS E OUTROS (2) AP 0001057-16.2014.5.21.0014 - Segunda Turma de Julgamento Recorrente: Advogado(s): 1. VESTAS DO BRASIL ENERGIA EOLICA LTDA ANDRE DE MELO RIBEIRO (SP221925) Recorrido: Advogado(s): ITAMAR FIGUEIREDO DOS SANTOS FRANCISCO SOARES DE QUEIROZ (RN2318) GUSTAVO HENRIQUE DE SA HONORATO (RN12176) LEONARDO JAMEL SALIBA DE SOUZA (MG115946) Recorrido: Advogado(s): SARAIVA TRANSPORTES TECNICOS LTDA CEDRIC JOHN BLACK DE CARVALHO BEZERRA (PE14323) DANIELLE MAYANE ALVES TAVARES DE MORAIS (RN10467) FERNANDO JOSE CAVALCANTI DO REGO BARROS NETO (PE33655) GABRIELA SIQUEIRA BORBA (PE24265) JONAS FRANCISCO DA SILVA SEGUNDO (RN6484) SAULO TELES VALENCA (PE35178) RECURSO DE: VESTAS DO BRASIL ENERGIA EOLICA LTDA PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS Acórdão de embargos de declaração publicado em 25/06/2025 consoante certidão de ID. 01a9e96. O recurso de revista foi interposto no dia 07/07/2025. Logo, o apelo encontra-se tempestivo. Regular a representação processual (ID. 3637076). O juízo está garantido. PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS TRANSCENDÊNCIA Nos termos do artigo 896-A, § 6º, da Consolidação das Leis do Trabalho, cabe ao Tribunal Superior do Trabalho analisar se a causa oferece transcendência em relação aos reflexos gerais de natureza econômica, política, social ou jurídica. 1.1 DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO (8826) / LIQUIDAÇÃO / CUMPRIMENTO / EXECUÇÃO (9148) / EXTINÇÃO DA EXECUÇÃO 1.2 DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO (8826) / LIQUIDAÇÃO / CUMPRIMENTO / EXECUÇÃO (9148) / BENEFÍCIO DE ORDEM Alegação(ões): - ofensa ao artigo 5º, II, XXII, XXIII, XXXVI e LIV, da Constituição da República. - violação aos artigos 360 e 364 do Código Civil, 59, 49 e 50 da Lei nº 11.101/2005. A recorrente sustenta que a execução deve ser extinta, pois a dívida foi novada e adimplida nos termos do plano de recuperação judicial homologado, o que tornaria inexigível qualquer saldo remanescente. Requer, assim, o provimento do recurso para declarar extinta a execução e devolver o valor depositado. Ademais, alega que o prosseguimento da execução contra si sem o prévio esgotamento dos meios de execução em face da devedora principal e de seus sócios viola a lógica da responsabilidade subsidiária e ofende os princípios constitucionais da legalidade e do devido processo legal. Sustenta que o redirecionamento da execução sem diligências concretas para localização de bens da devedora principal ou de seus sócios configura inversão indevida da ordem legal de responsabilização, requerendo a reforma do acórdão para que se promova o esgotamento das medidas executórias, inclusive com instauração de IDPJ, antes de qualquer cobrança contra si. Nos termos do art. 896 § 2º, da CLT e Súmula 266 do TST, somente caberá recurso de revista, em processo de execução, por inequívoca ofensa direta e literal de norma da Constituição Federal (art. 878 da CLT). Dessa forma, a análise dos dispositivos infraconstitucionais resulta prejudicada, por ausência de previsão legal. Consta do acórdão recorrido (ID. 143a75e): “Registra-se que, em Decisão proferida em 11/04/2023 (ID ea2d92c - FLS. 1149 e ss.), foi determinada o redirecionamento da execução contra a responsável subsidiária, nos seguintes termos: (...) Em face desta Decisão, foram interpostos agravos de petição pela empresa reclamada principal (ID 2457732 - fls. 1160 e ss.) e pela empresa litisconsorte (ID a539415 - fls. 1174 e ss), ora executadas, todavia, por ausência de garantia, ambos os recursos não foram conhecidos (Acórdão - ID 7ec4094 - fls. 1229 e ss.). A empresa reclamada principal, Saraiva Transportes, interpôs o recurso de agravo de instrumento em agravo de petição (ID 7e2359e - fls. 1259 e ss.), que não foi conhecido em face de sua inadequação (Acórdão - ID 2a1089b - fls. 1271 e ss.). Não houve interposição de recurso subsequentes e as decisões transitaram em julgado consoante consta de Certidão dos autos (ID b03d4ad - fl. 1302), datada de 17 de junho de 2024, sendo os autos encaminhados ao Juízo de origem. Após atualização dos cálculos (ID 38de2dd - fls. 1306 e ss.) a empresa responsável subsidiária pelo pagamento das verbas objeto da condenação foi notificada (ID 0766731 - fls. 1315 e ss.) para pagar os valores devidos. Conforme o artigo 924, incisos II a V do Código de Processo Civil, a execução se extingue quando a obrigação for satisfeita; o executado obtiver, por qualquer outro meio, a extinção total da dívida; o exequente renunciar ao crédito; ocorrer a prescrição intercorrente. O deferimento do pedido de recuperação judicial das empresas SARAIVA ENGENHARIA LTDA, SARAIVA EQUIPAMENTOS LTDA, SARAIVA TRANSPORTES TÉCNICOS LTDA, sociedades empresárias componentes do grupo denominado GRUPO SARAIVA foi deferido em 02/03/2020 (Id 4bbd0ef - fls. 1067) e, em maio de 2022, o respectivo plano foi homologado (Id 15fc495 - fls. 1146). Em decisão proferida em 11/04/2023 (Id ea2d92c- fls. 1151), o d. Juiz da execução determinou o redirecionamento para a litisconsorte passiva VESTAS DO BRASIL ENERGIA EOLICA LTDA; interposto agravo de petição, não foi conhecido por deserção. Com o prosseguimento da execução, a reclamada principal requereu a declaração da quitação do débito, em conformidade ao plano de de recuperação judicial e depósito do valor de R$ 28.240,27 em novação (Id e85cc60 e fe6b9c6, fls. 1409). Em 11/07/2024, a reclamada litisconsorte fez o depósito judicial do valor de R$ 486.796,02 (Id cb8ae36, fls. 1422) e em seguida apresentou embargos à execução. Nas planilhas de cálculos de liquidação elaboradas em outubro de 2022 (ID 00b2335 - fls. 1081 e ss.), o débito foi apurado no valor de R$ 450.065,50; embora requerida pela reclamada principal, não foi expedida Certidão de Habilitação de Crédito para o Juízo da recuperação judicial. Foi, por conseguinte, apurado crédito trabalhista de R$ 450.065,50 e a reclamada principal fez depósito do valor de apenas R$ 28.240,27 alegando novação decorrente do plano de recuperação judicial; remanescendo crédito do reclamante, a execução não foi integralmente quitada, cabendo por conseguinte à responsável subsidiária satisfazer o valor faltante. Assim é cabível o prosseguimento da execução contra a empresa litisconsorte, responsável subsidiária, ora executada. Com efeito, com a declaração da responsabilidade subsidiária, surge, na obrigação, um devedor secundário, de quem é exigível o débito uma vez inadimplido pela responsável principal, pois o polo passivo da obrigação é ocupado por dois devedores, um principal que tem obrigação e débito e outro, secundário, que tem apenas a obrigação como decorrência do vínculo com o devedor principal. Desse modo, a execução é iniciada contra o devedor principal e, não obtido êxito, opera-se a exigibilidade da obrigação quanto ao devedor de segundo grau. A posição imputada ao responsável subsidiário corresponde à do garante do que decorre que, ao ser constatada a inadimplência do devedor principal, no caso, portanto, a empresa empregadora, torne-se a obrigação exigível contra ele. O esgotamento da execução contra o devedor principal é pressuposto de exigibilidade do débito contra o responsável subsidiário, e se caracteriza com o procedimento de recuperação judicial, haja vista que a empresa, embora mantenha sua atividade e obrigações, não tem plena disponibilidade sobre seus bens e meios de solvência que se tornam atrelados aos limites do plano e sua homologação. É mister assinalar que, na seara do processo do trabalho, vigoram os princípios da efetividade e da celeridade, dentre outros, os quais se destinam a proteger o credor trabalhista, como parte vulnerável na relação jurídica contratual havida. Ademais, é de se considerado o disposto no art. 49, § 1º, da Lei nº 11.101, de 9 de fevereiro de 2005, que é assim redigido: (...) O Tribunal Superior do Trabalho, tem entendimento firmado neste sentido, consoante demonstram as decisões transcritas a seguir: (...) Portanto, cabível o redirecionamento da execução à responsável subsidiária”. Percebe-se que seria necessário reexame do contexto probatório, já que ficou assente pelo órgão julgador que remanesce crédito do reclamante, não estando a execução integralmente quitada, “cabendo por conseguinte à responsável subsidiária satisfazer o valor faltante” e que a empresa principal “não tem plena disponibilidade sobre seus bens e meios de solvência que se tornam atrelados aos limites do plano e sua homologação”. Nesse cenário, para entender em sentido diverso, sob a ótica apresentada pela recorrente de que a dívida foi novada e adimplida ou que a empresa principal possui bens disponíveis para quitação, sem respaldo nas premissas fáticas firmadas no acórdão, necessário seria revolver os fatos e provas dos autos, o que não se faz possível em sede de recurso de revista e inviabiliza o seguimento do apelo por quaisquer das vertentes impugnativas elencadas pelo recorrente, a teor da Súmula 126 do TST. Ressalte-se que, sobre a execução do responsável subsidiário, o Tribunal Superior do Trabalho firmou entendimento no sentido de que, sendo infrutífera a execução contra o devedor principal, basta que o litisconsorte tenha participado da relação processual e que seu nome conste do título executivo judicial para que haja o direcionamento da execução contra ele, não havendo falar em benefício de ordem em relação aos sócios da empresa devedora principal. Nesse sentido: "AGRAVOS DOS EXECUTADOS KUBA TRANSPORTES E TURISMO LTDA. E SERGIO KUBA (SÓCIOS DA EXECUTADA PRINCIPAL - KUBA VIAÇÃO URBANA LTDA.). AGRAVOS DE INSTRUMENTO EM RECURSOS DE REVISTA. MATÉRIAS COMUNS. EXAME CONJUNTO. EXECUÇÃO. 1. DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA. REQUISITOS. TEORIA MENOR. AUSÊNCIA DE AFRONTA DIRETA AO ART. 5º, LIV E LV, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. TRANSCENDÊNCIA NÃO DEMONSTRADA. 2. REDIRECIONAMENTO DA EXECUÇÃO AOS SÓCIOS. BENEFÍCIO DE ORDEM. DESNECESSIDADE DE ESGOTAMENTO DOS MEIOS CONSTRITIVOS AO PATRIMÔNIO DA EMPRESA EXECUTADA. AUSÊNCIA DE AFRONTA DIRETA AO ART. 5º, LIV E LV, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. TRANSCENDÊNCIA NÃO DEMONSTRADA. Impõe-se confirmar a decisão monocrática, mediante a qual se negou provimento aos agravos de instrumento dos executados. Agravo conhecido e não provido" (Ag-AIRR-1000362-60.2016.5.02.0707, 1ª Turma, Relator Ministro Hugo Carlos Scheuermann, DEJT 20/05/2024). "AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA – LEI Nº 13.467/2017 – EXECUÇÃO – ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA – RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA – BENEFÍCIO DE ORDEM. O acórdão recorrido está de acordo com a jurisprudência desta Corte, no sentido de que o redirecionamento da execução ao devedor subsidiário dispensa o prévio esgotamento da execução contra a executada principal e os seus sócios. Para se acionar o responsável subsidiário, não é necessário que o juízo da execução desconsidere a personalidade jurídica da sociedade devedora principal, a fim de primeiro executar os bens dos sócios para, somente depois, orientar a execução contra o devedor subsidiário. Precedentes. Agravo de instrumento desprovido" (AIRR-16666-48.2017.5.16.0022, 2ª Turma, Relatora Desembargadora Convocada Margareth Rodrigues Costa, DEJT 07/06/2024). "AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. EXECUÇÃO. PROCESSO SOB A ÉGIDE DAS LEIS 13.015/2014 E 13.467/2017. REDIRECIONAMENTO DA EXECUÇÃO PARA O RESPONSÁVEL SUBSIDIÁRIO. POSSIBILIDADE. BENEFÍCIO DE ORDEM. EXAME DA LEGISLAÇÃO INFRACONSTITUCIONAL. NÃO CONFIGURAÇÃO DE OFENSA DIRETA À CONSTITUIÇÃO FEDERAL. ÓBICE DO ART. 896, § 2º, DA CLT C/C SÚMULA 266/TST. A discussão acerca dos procedimentos legais da execução do crédito trabalhista, na hipótese em que há insuficiência de recursos financeiros da devedora principal para quitação dos valores em execução, reveste-se de contornos nitidamente processuais, ou seja, de conteúdo previsto em legislação infraconstitucional, não autorizando concluir, portanto, pela violação direta e literal do dispositivo constitucional apontado pela Recorrente. De todo modo, para que o cumprimento da condenação recaia sobre o devedor subsidiário, senhor, apenas, que ele tenha participado da relação processual e que seu nome conste do título executivo judicial, somado ao fato de não se mostrarem frutíferas as tentativas de cobrança do devedor principal. Não há, portanto, que falar em benefício de ordem ou instituto a ele assemelhado. A efetivação prática da condenação subsidiária independe da prévia execução dos sócios da devedora principal ou administradores. Além disso, o prévio esgotamento da via executória em face dos sócios da empregadora direta implicaria transferir para o Juízo mais um encargo, consistente na tarefa de localizar os bens particulares de pessoas físicas, o que, não raro, revela-se em demorada diligência de resultados inócuos. Agravo de instrumento desprovido" (AIRR-0010944-20.2022.5.18.0081, 3ª Turma, Relator Ministro Mauricio Jose Godinho Delgado, DEJT 07/06/2024). "AGRAVO EM AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. ACÓRDÃO REGIONAL PUBLICADO NA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.467/2017. REDIRECIONAMENTO DA EXECUÇÃO. DEVEDORES SUBSIDIÁRIOS. SÓCIOS DA RECLAMADA PRINCIPAL. BENEFÍCIO DE ORDEM. ESGOTAMENTO DOS MEIOS DE EXECUÇÃO CONTRA A DEVEDORA PRINCIPAL. DESNECESSIDADE. INEXISTÊNCIA DE PREFERÊNCIA. INVIÁVEL SE DIVISAR OFENSA DIRETA E LITERAL DE DISPOSITIVOS DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL INDICADO. ÓBICES DA SÚMULA Nº 266 DO TST E DO ART. 896, § 2º, DA CLT . DECISÃO MONOCRÁTICA DO RELATOR QUE DENEGA SEGUIMENTO AO AGRAVO DE INSTRUMENTO. NÃO DEMONSTRAÇÃO DO PREENCHIMENTO DOS PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE DO RECURSO DE REVISTA. AUSÊNCIA DE TRANSCENDÊNCIA. CONHECIMENTO E NÃO PROVIMENTO. I. Fundamentos da decisão agravada não desconstituídos. II. Agravo de que se conhece e a que se nega provimento, com aplicação da multa de 1% sobre o valor da causa atualizado, em favor da parte Agravada ex adversa , com fundamento no art. 1.021, § 4º, do CPC/2015" (Ag-AIRR-134-31.2015.5.03.0054, 4ª Turma, Relator Ministro Alexandre Luiz Ramos, DEJT 19/04/2024). "AGRAVO EM AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. ACÓRDÃO REGIONAL PUBLICADO NA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.467/2017. EXECUÇÃO. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. BENEFÍCIO DE ORDEM . DECISÃO EM CONFORMIDADE COM ENTENDIMENTO PACIFICADO DESTA CORTE SUPERIOR. ÓBICE DO ART. 896, § 7º, DA CLT. TRANSCENDÊNCIA NÃO RECONHECIDA. 1. Tendo em vista a finalidade precípua desta instância extraordinária na uniformização de teses jurídicas, a existência de entendimento sumulado ou representativo de iterativa e notória jurisprudência, em consonância com a decisão recorrida, configura impeditivo ao processamento do recurso de revista, por imperativo legal. Tal diretriz, antes contida no art. 896, "a", parte final, da CLT e na Súmula 333/TST, está, hoje, consagrada pelo mesmo art. 896, § 7º, do Texto Consolidado. 2. Na hipótese dos autos, o Juízo monocrático destacou que "o Tribunal Superior do Trabalho firmou entendimento de que o redirecionamento da execução ao devedor subsidiário dispensa o prévio esgotamento da execução contra a executada e os seus sócios". Nesse sentido, a decisão monocrática, nos moldes em que proferida, encontra-se em conformidade com iterativa, notória e atual jurisprudência desta Corte Superior, no sentido de que o redirecionamento da execução ao devedor subsidiário dispensa o prévio esgotamento da execução contra a executada principal e os seus sócios. Agravo conhecido e desprovido" (Ag-AIRR-17295-81.2014.5.16.0004, 5ª Turma, Relatora Ministra Morgana de Almeida Richa, DEJT 28/04/2023). "AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA SOB A ÉGIDE DA LEI 13.467/2017. EXECUÇÃO. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. REDIRECIONAMENTO DA EXECUÇÃO. DEVEDOR SUBSIDIÁRIO BENEFÍCIO DE ORDEM. TRANSCENDÊNCIA NÃO RECONHECIDA. Trata-se de pretensão recursal contra o redirecionamento da execução em face da devedora subsidiária, ante a ausência de bens suficientes da primeira reclamada. No caso, o Regional entendeu que, uma vez inexistindo bens da devedora principal para o cumprimento da execução (porquanto de conhecimento geral a sua insolvência), é cabível o imediato redirecionamento para o devedor subsidiário, sendo desnecessário o esgotamento da execução contra a devedora principal ou seus sócios. O exame prévio dos critérios de transcendência do recurso de revista revela a inexistência de qualquer deles a possibilitar o exame do apelo no TST. A par disso, irrelevante perquirir a respeito do acerto ou desacerto da decisão agravada, dada a inviabilidade de processamento, por motivo diverso, do apelo anteriormente obstaculizado. Ausente a transcendência da causa, inviável prosseguir no exame da tese de violação do artigo 5º, II, LIV e LIV da CF. Vale lembrar que a violação reflexa não cumpre requisito do artigo 896, §2º da CLT e da Súmula 266 do TST. Transcendência não configurada. Agravo de instrumento não provido" (AIRR-RR-682-29.2016.5.22.0107, 6ª Turma, Relator Ministro Augusto Cesar Leite de Carvalho, DEJT 05/04/2024). "AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. ACÓRDÃO DO REGIONAL PUBLICADO NA VIGÊNCIA DA LEI 13.467/2017. EXECUÇÃO. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. BENEFÍCIO DE ORDEM. REDIRECIONAMENTO DA EXECUÇÃO EM FACE DA AGRAVANTE. ESGOTAMENTO DOS MEIOS DE EXECUÇÃO COM RELAÇÃO À DEVEDORA PRINCIPAL. AUSÊNCIA DE TRANSCENDÊNCIA DA CAUSA. 1. Trata-se de processo em fase de execução de sentença, de forma que a admissibilidade do recurso de revista se restringe a demonstração de ofensa à Constituição. 2. A jurisprudência desta Corte Superior é no sentido de que a execução será promovida contra o devedor principal, e, resultando infrutífera, a execução será redirecionada contra o responsável subsidiário. Em relação ao benefício de ordem, a jurisprudência também é de que, configurado o inadimplemento do devedor principal, independentemente da prévia execução dos bens dos sócios deste, é válido o direcionamento da execução ao devedor subsidiário. Precedentes. 3. Observa-se ainda que do trecho transcrito não se extrai que houve a condenação em responsabilidade solidária, carecendo de interesse a parte, no particular. 4. No que se refere à alegação de inexigibilidade do título executivo, por ser totalmente incompatível com a Constituição Federal, observa-se que a matéria não foi dirimida sob esse prisma, não estando devidamente prequestionada, nos termos da Súmula nº 297 do TST, no particular. Agravo de instrumento conhecido e desprovido" (AIRR-488-86.2021.5.09.0019, 7ª Turma, Relator Ministro Alexandre de Souza Agra Belmonte, DEJT 15/03/2024). "AGRAVO EM AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO PELA RECLAMADA. EXECUÇÃO. DEVEDORA PRINCIPAL EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL. REDIRECIONAMENTO EM FACE DO DEVEDOR SUBSIDIÁRIO. TRANSCENDÊNCIA NÃO RECONHECIDA. A decisão regional se mostra em consonância com a jurisprudência desta Corte no sentido de que, constatada a situação de insolvência da devedora principal, em razão de falência ou recuperação judicial, é possível o redirecionamento da execução em face do devedor subsidiário, visto que não se aplica o benefício de ordem. Assim, não se exige do credor que aguarde o prévio esgotamento dos meios executórios contra a reclamada principal, tampouco a desconsideração da personalidade jurídica e a execução dos bens dos sócios, de modo que permanece a competência da Justiça do Trabalho para o prosseguimento da execução contra a devedora subsidiária. Precedentes. Agravo não provido" (Ag-AIRR-20019-07.2018.5.04.0019, 8ª Turma, Relatora Ministra Delaide Alves Miranda Arantes, DEJT 20/05/2024). Além disso, ressalta-se que o Supremo Tribunal Federal, pronunciando-se em causas de natureza trabalhista, deixou assentado que, em regra, as alegações de desrespeito aos postulados da legalidade, do devido processo legal, da motivação dos atos decisórios, do contraditório, dos limites da coisa julgada e da prestação jurisdicional podem configurar, quando muito, situações de ofensa meramente reflexa ao texto da Constituição, circunstância essa que impede a utilização do recurso extraordinário (AI n. 372.358 - AgR, Rel. Min. CELSO DE MELLO, DJU de 11.06.2002). Portanto, aponta-se que a alegada violação aos princípios dos incisos II, XXII, XXIII, XXXVI e LIV do artigo 5º da Constituição Federal não viabilizam o seguimento do recurso, pois tais alegações envolvem aplicação de normas infraconstitucionais, tendo, portanto, natureza reflexa, o que não se coaduna com o disposto no § 2º do art. 896 da CLT. Pelo exposto, nego seguimento ao recurso de revista. CONCLUSÃO Diante do exposto, nego seguimento ao recurso de revista, ante a ausência de pressupostos legais de admissibilidade. Publique-se. (mna) NATAL/RN, 11 de julho de 2025. ISAURA MARIA BARBALHO SIMONETTI Desembargadora Federal do Trabalho NATAL/RN, 11 de julho de 2025. FABIANA SANT ANNA GOMES Assessor Intimado(s) / Citado(s) - ITAMAR FIGUEIREDO DOS SANTOS

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Processo nº 1001026-72.2020.8.11.0021

ID: 259824316

Tribunal: TJMT Órgão: Segunda Câmara de Direito Público e Coletivo Classe: APELAçãO CíVEL Nº Processo: 1001026-72.2020.8.11.0021

Data de Disponibilização: 24/04/2025

Polo Ativo:

Polo Passivo:

ENY BARTZ GANASSINI & CIA LTDA

Acórdão

Advogados:

HELIO PEDRO NOVAIS DE OLIVEIRA

OAB/MT XXXXXX Desbloquear

ESTADO DE MATO GROSSO PODER JUDICIÁRIO SEGUNDA CÂMARA DE DIREITO PÚBLICO E COLETIVO NÚMERO ÚNICO: 1001026-72.2020.8.11.0021 CLASSE: APELAÇÃO CÍVEL (198) ASSUNTO: [ICMS/ IMPOSTO SOBRE CIRCULAÇÃO DE ME… ESTADO DE MATO GROSSO PODER JUDICIÁRIO SEGUNDA CÂMARA DE DIREITO PÚBLICO E COLETIVO NÚMERO ÚNICO: 1001026-72.2020.8.11.0021 CLASSE: APELAÇÃO CÍVEL (198) ASSUNTO: [ICMS/ IMPOSTO SOBRE CIRCULAÇÃO DE MERCADORIAS] RELATORA: EXMA. SRA. DESA. MARIA APARECIDA FERREIRA FAGO TURMA JULGADORA: [EXMA. SRA. DESA. MARIA APARECIDA FERREIRA FAGO, EXMO. SR. DES. DEOSDETE CRUZ JUNIOR, EXMO. SR. DES. MARIO ROBERTO KONO DE OLIVEIRA] PARTE(S): [CASA CIVIL DO ESTADO DE MATO GROSSO - CNPJ: 03.507.415/0007-30 (APELANTE), ENY BARTZ GANASSINI & CIA LTDA - CNPJ: 14.950.729/0004-86 (APELADO), ARTHUR RODRIGUES - CPF: 038.388.121-82 (ADVOGADO), HELIO PEDRO NOVAIS DE OLIVEIRA - CPF: 862.673.291-00 (ADVOGADO), ALESSANDRA GANASSINI QUINTANILHA - CPF: 536.483.901-04 (APELADO), ENY BARTZ GANASSINI - CPF: 344.448.071-72 (APELADO), ESTADO DE MATO GROSSO - CNPJ: 03.507.415/0020-07 (APELANTE), ALESSANDRA GANASSINI QUINTANILHA - CPF: 536.483.901-04 (TERCEIRO INTERESSADO), ENY BARTZ GANASSINI - CPF: 344.448.071-72 (TERCEIRO INTERESSADO)] A C Ó R D Ã O Vistos, relatados e discutidos os autos em epígrafe, a SEGUNDA CÂMARA DE DIREITO PÚBLICO E COLETIVO do Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso, sob a Presidência Des(a). MARIO ROBERTO KONO DE OLIVEIRA, por meio da Turma Julgadora, proferiu a seguinte decisão: A UNANIMIDADE NEGARAM PROVIMENTO AO RECURSO. PARTICIPARAM DO JULGAMENTO A EXCELENTÍSSIMA SENHORA DESEMBARGADORA RELATORA MARIA APARECIDA FERREIRA FAGO, 1º VOGAL EXMO. SR. DES. DEOSDETE CRUZ JÚNIOR E 2º VOGAL EXMO. SR. DES. MÁRIO ROBERTO KONO DE OLIVEIRA. E M E N T A DIREITO TRIBUTÁRIO. RECURSO DE APELAÇÃO. EXECUÇÃO FISCAL. DESISTÊNCIA DA AÇÃO COM FUNDAMENTO NA LEI ESTADUAL Nº 10.496/2017. INEXISTÊNCIA DE ÔNUS SUCUMBENCIAL. I. Caso em exame Recurso de apelação interposto pelo Estado de Mato Grosso contra sentença que extinguiu ação de execução fiscal, sem resolução de mérito, e o condenou ao pagamento de honorários advocatícios, após desistência fundamentada na Lei Estadual nº 10.496/2017. II. Questão em discussão A questão em discussão consiste em verificar a legitimidade da condenação em honorários advocatícios quando o ente público desiste da execução fiscal com base em dispositivo legal que autoriza a não cobrança judicial de créditos abaixo do limite estabelecido. III. Razões de decidir A Lei Estadual nº 10.496/2017 autoriza a Procuradoria-Geral do Estado a desistir de ações de execução fiscal cujo valor seja inferior a 160 UPF/MT, sem prejuízo da exigibilidade do crédito por via administrativa. O dispositivo legal configura uma faculdade do ente público, condicionada à inexistência de embargos ou garantias, não podendo resultar em ônus à Fazenda Pública. O pedido de desistência fundamentado em lei não caracteriza sucumbência, sendo incabível a condenação em honorários advocatícios. IV. Dispositivo e tese Recurso de apelação provido. Tese de julgamento: "Não cabe a condenação ao pagamento de honorários advocatícios quando a Fazenda Pública desiste da ação de execução fiscal com fundamento na Lei Estadual nº 10.496/2017, tendo em vista a faculdade legal conferida para a não cobrança judicial de créditos abaixo do limite estabelecido." Dispositivos relevantes citados: Lei Estadual nº 10.496/2017, arts. 2º, 5º e 6º; CPC, art. 90, §4º. R E L A T O R IO EXMA. SRA. DESA. MARIA APARECIDA FERREIRA FAGO (RELATORA): Egrégia Câmara: Trata-se de “RECURSO DE APELAÇÃO”, interposto pelo ESTADO DE MATO GROSSO, MT, contra a sentença proferida pelo Excelentíssimo Juiz de Direito, Dr. Luís Otávio Tonello dos Santos, na “AÇÃO DE EXECUÇÃO FISCAL” n.º 1001026-72.2020.8.11.0021, ajuizada pelo apelante em desfavor de ENY BARTZ GANASSINI & CIA LTDA, em trâmite na 2ª Vara Cível da Comarca de Água Boa, MT, que, julgou extinto o feito, sem resolução do mérito, condenando o exequente em honorários, nos seguintes termos (ID. 268420779): “SENTENÇA Vistos, etc. Trata-se de Ação de Execução Fiscal proposta pelo Estado de Mato Grosso em desfavor de Eny Bartz Ganassini & Cia Ltda - EPP, sendo que a parte Exequente manifestou-se requerendo a desistência e postulando pela extinção do feito. Vieram-me os autos conclusos. É o relatório. Decido. Cuida-se de pedido de desistência da ação, em razão de que a Certidão de Dívida Ativa executada não mais ultrapassa o montante de 160 UPF/MT - R$38.030,40, conforme previsto no art. 2º c/c art. 5º da Lei Estadual nº 10.496/2017, que prevê o direito da parte exequente de desistir de ações de execução fiscal, nos casos em que os créditos nelas exigidos não ultrapassem o valor de 160 (cento e sessenta) UPF/MT. Como não houve o oferecimento de embargos/impugnação com conteúdo de direito material, desnecessário o consentimento da parte Executada para a desistência. Ressalto que a desistência da ação não importa renúncia ao direito e não impede o ajuizamento de nova ação (RT 490/59). Deste modo, nos termos e para os fins do artigo 200, parágrafo único, do Código de Processo Civil, homologo a desistência da ação, e, por corolário, EXTINGO O PRESENTE FEITO SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO, com fulcro nos arts. 485, inciso VIII, e 775, ambos do Código de Processo Civil, e art. 2º c/c art. 5º da Lei Estadual nº 10.496/2017. Sem custas. Com efeito, condeno o Exequente Estado de Mato Grosso ao pagamento de honorários sucumbenciais que arbitro em 5% (cinco por cento) do valor da causa atualizado, conforme art. 90, §4°, do Código de Processo Civil. Dou por transitada em julgado nesta data esta decisão, haja vista a notória falta de interesse processual. Cumpra-se, expedindo o necessário. Às providências. Água Boa/MT, datado e assinado digitalmente. Luís Otávio Tonello dos Santos Juiz de Direito Substituto” Em suas razões recursais, a parte apelante alega, em síntese, que, a seu ver, a supratranscrita sentença merece ser reformada, sob o argumento de que os honorários devem observar o princípio da causalidade, porquanto “(...)aquele que deu causa à propositura da demanda ou à instauração de incidente processual deve responder pelas despesas daí decorrentes”. Ao final, “requer o conhecimento e provimento do presente Recurso de Apelação, a fim de reformar a sentença recorrida nos termos acima alinhavados, de modo que seja afastada a condenação do Estado de Mato Grosso ao pagamento de honorários sucumbenciais”. Sem contrarrazões. Dispensa-se o parecer da Ilustre Procuradoria-Geral de Justiça, em observância ao que disciplina a Súmula n.º 189, do Superior Tribunal de Justiça. É o relatório. V O T O EXMA. SRA. DESA. MARIA APARECIDA FERREIRA FAGO (RELATORA): Egrégia Câmara: Como relatado, trata-se de “RECURSO DE APELAÇÃO”, interposto pelo ESTADO DE MATO GROSSO, MT, contra a sentença proferida pelo Excelentíssimo Juiz de Direito, Dr. Luís Otávio Tonello dos Santos, na “AÇÃO DE EXECUÇÃO FISCAL” n.º 1001026-72.2020.8.11.0021, ajuizada pelo apelante em desfavor de ENY BARTZ GANASSINI & CIA LTDA, em trâmite na 2ª Vara Cível da Comarca de Água Boa, MT, que, julgou extinto o feito, sem resolução do mérito, condenando o exequente em honorários. Da análise do processo, verifica-se que a parte apelante ajuizou, em 21.05.2020, a presente ação, visando ao recebimento de crédito tributário, inscrito na CDA n.º 2020275893, cujo valor alcançava a importância de R$ 80.433,91 (oitenta mil e quatrocentos e trinta e três reais e noventa e um centavos). Extrai-se dos autos que, após o transcurso processual, a Fazenda Pública requereu a desistência, em razão do valor do crédito, com fundamento na Lei nº 10.496/2017. Sobreveio, então, sentença, em 04.10.2024, que julgou extinto o feito e condenou “(...)o Exequente Estado de Mato Grosso ao pagamento de honorários sucumbenciais que arbitro em 5% (cinco por cento) do valor da causa atualizado, conforme art. 90, §4°, do Código de Processo Civil”. Com essas considerações, passo à análise das insurgências recursais. Sabe-se que, a Lei Estadual nº. 10.496/2017, dispõe sobre a racionalização da cobrança judicial de créditos inscritos em dívida ativa do Estado de Mato Grosso. Em seu art. 2º foi autorizado a Procuradoria-Geral do Estado “(...) a não ajuizar ação de cobrança de créditos inscritos em Dívida Ativa quando seu valor for inferior a 160 (cento e sessenta) UPF/MT, observados os critérios da eficiência administrativa e dos custos da administração e cobrança previstos em regulamento”. Além disso, para a apuração do monte para cobrança do crédito, deve ser considerado o valor principal e os acessórios, bem como os honorários advocatícios, nos termos do parágrafo único, do art. 2º, da Lei Estadual n.º 10.496/2017, in verbis: “Art. 2º Fica a Procuradoria-Geral do Estado autorizada a não ajuizar ação de cobrança de créditos inscritos em Dívida Ativa quando seu valor for inferior a 160 (cento e sessenta) UPF/MT, observados os critérios da eficiência administrativa e dos custos da administração e cobrança previstos em regulamento. Parágrafo único Na apuração do montante fixado neste artigo serão considerados o principal e os acessórios, bem como honorários advocatícios, de todos os créditos inscritos em nome de um mesmo sujeito passivo, procedendo-se à reunião das Certidões de Dívida Ativa para proceder ao ajuizamento de única cobrança.” Ademais, caso o montante apurado for inferior a 160 (cento e sessenta) UPF/MT, a Procuradoria-Geral do Estado está autorizada a desistir da ação, conforme art. 5º da Lei Estadual supracitada, vejamos: “Art. 5º Fica a Procuradoria-Geral do Estado autorizada a desistir de ações de execução fiscal e a requerer a extinção dos respectivos processos, nos casos em que os créditos nelas exigidos à data da vigência desta Lei se enquadrem dentro do limite fixado no art. 2º”. Ocorre que a referida norma estabelece, na verdade, uma faculdade do ente público em desistir de ações com valores inferiores ao referido montante, desde que isso não implique em ônus ao ente público, veja-se: “Art. 5º Fica a Procuradoria-Geral do Estado autorizada a desistir de ações de execução fiscal e a requerer a extinção dos respectivos processos, nos casos em que os créditos nelas exigidos à data da vigência desta Lei se enquadrem dentro do limite fixado no art. 2º. Parágrafo único A autorização de que trata o caput fica condicionada à inexistência de embargos à execução, de garantia integral aceita pelo juiz, de processo de compensação ou de parcelamento válido, exceto se verificada desistência expressa por parte do embargante, sem ônus para a Fazenda Pública Estadual.” Outrossim, os créditos permanecem exigíveis: “Art. 6º A sustação da cobrança judicial e o não ajuizamento dos créditos referidos nesta Lei não importará em inexigibilidade dos mesmos, que permanecerão inscritos em Dívida Ativa da Fazenda Pública Estadual, cuja cobrança prosseguirá por via administrativa, sem prejuízo do procedimento judicial, a critério do Procurador-Geral do Estado. Logo, não se mostra correta a condenação em honorários quando o pedido de desistência foi com amparo no referido dispositivo legal, de modo que a reforma da sentença é medida que se impõe. Diante do exposto e, ante tudo o mais que dos autos consta, CONHEÇO e DOU PROVIMENTO ao recurso manejado pelo ESTADO DE MATO GROSSO, para reformar a sentença atacada e afastar a condenação ao pagamento de honorários advocatícios. É como voto. V O T O EXMO. SR. DES. MÁRIO ROBERTO KONO DE OLIVEIRA (2º VOGAL): Peço vista dos autos para melhor análise da matéria. V O T O EXMO. SR. DES. DEOSDETE CRUZ JÚNIOR (1º VOGAL): Aguardo o pedido de vista. SESSÃO DO DIA 15 DE ABRIL DE 2025 (CONTINUAÇÃO DE JULGAMENTO): V O T O (VISTA) EXMO. SR. DES. MÁRIO ROBERTO KONO DE OLIVEIRA (2º VOGAL): Egrégia Câmara, Conforme relatado, trata-se de recurso de apelação interposto pelo ESTADO DE MATO GROSSO, contra sentença proferida pelo Juízo da 2ª Vara Cível da comarca de Água Boa, que nos autos da Execução Fiscal n.º 1001026-72.2020.8.11.0021 homologou o pedido de desistência da ação em razão de que a Certidão de Dívida Ativa executada não mais ultrapassa o montante de 160 UPF/MT - R$38.030,40, conforme previsto no art. 2º c/c art. 5º da Lei Estadual nº 10.496/2017 e, por conseguinte, condenou o Exequente Estado de Mato Grosso ao pagamento de honorários sucumbenciais arbitrado em 5% (cinco por cento) do valor da causa atualizado, conforme art. 90, §4°, do Código de Processo Civil. Nas razões recursais a Fazenda Público Estadual argui em síntese que não cabe condenação em honorários sucumbenciais no caso de desistência da execução fiscal com fulcro na Lei Estadual nº 10.496/2017. A relatora Desa. MARIA APARECIDA FAGO votou no sentido de dar provimento ao recurso de apelação, para afastar a condenação do Estado de Mato Grosso ao pagamento dos honorários advocatícios fixados na sentença Para melhor análise da questão, pedi vistas dos autos. Pois bem. Sabe-se que, no caso de desistência da ação pela parte autora, é cabível a condenação da parte que desistiu ao pagamento dos honorários sucumbenciais, nos termos do artigo 90 do Código de Processo Civil, como cito: “Art. 90. Proferida sentença com fundamento em desistência, em renúncia ou em reconhecimento do pedido, as despesas e os honorários serão pagos pela parte que desistiu, renunciou ou reconheceu”. A parte autora somente não deve ser condenada ao pagamento de honorários sucumbenciais se a desistência ocorrer antes da anualização processual e/ou se a parte requerida, devidamente citada, não apresenta defesa. Nesse sentido é o entendimento do Superior Tribunal de Justiça e desta e. Corte, vejamos: “AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL - AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER - DECISÃO MONOCRÁTICA QUE NEGOU PROVIMENTO AO RECLAMO. INSURGÊNCIA RECURSAL DO DEMANDANTE. 1. Nos termos da jurisprudência desta Corte, havendo desistência do autor antes da citação do réu, não há que se falar em condenação em honorários, tendo em vista que a relação processual ainda não fora perfectibilizada. Incidência da Súmula 83/STJ. 2. Agravo interno desprovido”. (STJ - AgInt no AREsp 1592181/MG, Rel. Ministro MARCO BUZZI, QUARTA TURMA, julgado em 11/05/2020, DJe 19/05/2020) “APELAÇÃO CÍVEL – AÇÃO DE BUSCA E APREENSÃO – COMPARECIMENTO ESPONTÂNEO – ANGULARIZAÇÃO PROCESSUAL FORMALIZADA – DESISTÊNCIA DA AÇÃO – HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS SUCUMBENCIAIS DEVIDOS – ART. 90 DO CPC – RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO. Tendo ocorrido o pedido de desistência, após o comparecimento espontâneo da parte requerida e perfectibilizada a angularização processual, cabe ao autor o pagamento do ônus sucumbencial. [...]”. (TJMT - N.U 1007884-54.2023.8.11.0041, CÂMARAS ISOLADAS CÍVEIS DE DIREITO PRIVADO, MARIA HELENA GARGAGLIONE POVOAS, Segunda Câmara de Direito Privado, Julgado em 27/03/2024, Publicado no DJE 28/03/2024) “APELAÇÃO — EXECUÇÃO FISCAL — HOMOLOGADA A DESISTÊNCIA - DEIXOU DE FIXAR HONORÁRIOS EM FAVOR DA DEFENSORIA PÚBLICA — INAPLICABILIDADE DO ART. 26 DA LEI 6.830/1980 - ART. 90 DO CPC - TEMA 1.002 STF - ART. 85, § 3º, INCISO I, DO CPC - PERCENTUAL MÍNIMO PREVISTO - RECURSO PROVIDO. 1 - É devido o pagamento de honorários sucumbenciais à Defensoria Pública, quando representa parte vencedora em demanda ajuizada contra qualquer ente público, inclusive aquele que integra, devendo o valor recebido a título de honorários sucumbenciais ser destinado, exclusivamente, ao aparelhamento das Defensorias Públicas, vedado o seu rateio entre os membros da instituição. 2- Na hipótese de desistência da ação é cabível a condenação da Fazenda Pública ao pagamento de honorários advocatícios após a apresentação de defesa do executado, nos termos do art. 90 do CPC. 3- Arbitramento dos honorários advocatícios conforme o § 3º, inciso I, do artigo 85 do Código de Processo Civil, no percentual mínimo, dadas as circunstâncias da causa. 4-Recurso Provido”. (TJ-MT - APELAÇÃO CÍVEL: 0013213-72.2009.8.11.0003, Relator: JOSE LUIZ LEITE LINDOTE, Data de Julgamento: 10/06/2024, Primeira Câmara de Direito Público e Coletivo, Data de Publicação: 19/06/2024) Outrossim, o legislador estadual, ao elaborar a Lei n. 10.496/17, que autoriza a desistência da execução fiscal de valor inferior à 160 (cento e sessenta) UPF/MT, previu a ausência de ônus para a Fazenda Pública apenas quando o executado não apresenta defesa, como cito: “Art. 2º Fica a Procuradoria-Geral do Estado autorizada a não ajuizar ação de cobrança de créditos inscritos em Dívida Ativa quando seu valor for inferior a 160 (cento e sessenta) UPF/MT, observados os critérios da eficiência administrativa e dos custos da administração e cobrança previstos em regulamento. [...] Art. 5º Fica a Procuradoria-Geral do Estado autorizada a desistir de ações de execução fiscal e a requerer a extinção dos respectivos processos, nos casos em que os créditos nelas exigidos à data da vigência desta Lei se enquadrem dentro do limite fixado no art. 2º. Parágrafo único A autorização de que trata o caput fica condicionada à inexistência de embargos à execução, de garantia integral aceita pelo juiz, de processo de compensação ou de parcelamento válido, exceto se verificada desistência expressa por parte do embargante, sem ônus para a Fazenda Pública Estadual”. Com efeito, no caso dos autos, ainda que o pedido desistência da execução tenha sido formulado pela Fazenda Pública Estadual, com amparo no art. 2º e do art. 5º, Parágrafo Único, da Lei n. 10.496/17, uma vez que a parte executada foi citada e apresentou defesa (exceção de pré-executividade), mostra-se cabível a condenação do desistente ao pagamento do ônus sucumbencial. Nessa vertente tem se pronunciado esta e. Corte em casos análogos, in verbis: “Ementa: Direito Processual Civil. Agravo Interno. Execução Fiscal. Desistência da Ação. Honorários Advocatícios. Recurso desprovido. [...] 1. Agravo Interno interposto pelo Estado de Mato Grosso contra decisão monocrática que negou provimento ao recurso de apelação em execução fiscal de pequeno valor, da qual o Estado desistiu com base no artigo 5º da Lei 10.496/2017. Recurso busca afastar a condenação em honorários advocatícios com base na ausência de imposição de honorários nesses casos. [...] 3. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça estabelece que, em desistências da execução fiscal após a defesa do executado, é cabível a condenação em honorários advocatícios, conforme os princípios da causalidade e sucumbência. 4. O entendimento do STJ, consolidado na Súmula 153, sustenta que a Fazenda Pública, ao desistir da execução fiscal após embargos ou defesa, arca com a verba honorária devido ao ônus processual decorrente da desistência após provocação do contraditório”. (N.U 1002617-56.2016.8.11.0006, CÂMARAS ISOLADAS CÍVEIS DE DIREITO PÚBLICO, HELENA MARIA BEZERRA RAMOS, Primeira Câmara de Direito Público e Coletivo, Julgado em 18/12/2024, Publicado no DJE 19/12/2024) “Ementa: DIREITO TRIBUTÁRIO - EXECUÇÃO FISCAL – [...] DESISTÊNCIA EM RAZÃO DO BAIXO VALOR REMANESCENTE - HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS - FIXAÇÃO EM 10% SOBRE O PROVEITO ECONÔMICO - ARTIGO 85, §§2º E 5º, DO CPC – [...] 6- A posterior desistência da execução fiscal pelo Estado, fundamentada na Lei Estadual nº 10.496/2017, ocorreu apenas porque o valor atualizado da CDA tornou-se inferior ao limite de 160 UPFs, [...] . 7- Nos termos da Súmula 153 do STJ, a desistência da execução fiscal após a impugnação do débito não exime o exequente da condenação em honorários advocatícios. [...]”. (N.U 1000362-73.2023.8.11.0041, CÂMARAS ISOLADAS CÍVEIS DE DIREITO PÚBLICO, MARIA APARECIDA RIBEIRO, Terceira Câmara de Direito Público e Coletivo, Julgado em 26/03/2025, Publicado no DJE 27/03/2025) Assim, não merece prosperar as insurgências recursais. Diante do exposto, peço vênia a eminente relatora Desa. MARIA APARECIDA FAGO para apresentar voto divergente, no sentido de NEGAR PROVIMENTO ao recurso de apelação. É como voto. V O T O (RETIFICADO) EXMA. SRA. DESA. MARIA APARECIDA FERREIRA FAGO (RELATORA): Retifico o meu voto para aderir ao voto divergente apresentado pelo Exmo. Sr. Des. Mário Roberto Kono de Oliveira. V O T O EXMO. SR. DES. DEOSDETE CRUZ JUNIOR (1º VOGAL): Acompanho o voto retificado da Relatora. Data da sessão: Cuiabá-MT, 15/04/2025

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Processo nº 0003881-53.2015.8.26.0650

ID: 331691204

Tribunal: TJSP Órgão: Foro de Valinhos - 2ª Vara Classe: FALêNCIA DE EMPRESáRIOS, SOCIEDADES EMPRESáRIAIS, MICROEMPRESAS E EMPRESAS DE PEQUENO PORTE Nº Processo: 0003881-53.2015.8.26.0650

Data de Disponibilização: 22/07/2025

Polo Ativo:

ICAPE INDúSTRIA CAMPINEIRA DE PEçAS LTDA

Polo Passivo:

Intimação

Advogados:

ZILLA MARIA TORRES

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WILSON MORESCO

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WILLIAM CARMONA MAYA

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VICTOR LUIS DE SALLES FREIRE

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VERA LUCIA GORRON

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THOMÁS DE FIGUEIREDO FERREIRA

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THIAGO RENSI

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THIAGO MASSICANO

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SUELI DAVANSO MAMONI

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SILVIA DE LIMA ROCHA

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SILVANA REGINA ANTONIASSI

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SERGIO MARCOS DA SILVA

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SERGIO CARVALHO DE AGUIAR VALLIM FILHO

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SELMA SALMERON

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SALVADOR VITTOR BAPTISTA

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ROSENILDA BARRETO SANTOS

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ROSENI DO CARMO

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ROSEMAR CARNEIRO

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ROSANA VICENTINI

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ROSANA CAMARGO NUNES

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ROMILDA FÁVARO DE OLIVEIRA

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ROGERIO LUIS TEIXEIRA DRUMOND

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RODRIGO PINHATA DE SOUZA

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RODRIGO FERREIRA DA COSTA SILVA

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RODRIGO DE ABREU GONZALES

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RENATA FRANZOLIN ROCHA TASSO

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RENATA CRISTIANE AFONSO LARA

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REINALDO CAMPANHOLI

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RAQUEL TEIXEIRA BELTRAMELLI DE LUCCA

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RAFAELA SANTA CHIARA

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RAFAEL DE OLIVEIRA RACHED

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PRISCILLA PEREIRA DE CARVALHO

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PRISCILA VIEIRA MORELLI IDALGO

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PRISCILA DE SOUZA E JORGE LEITE

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PAULO ROBERTO JOAQUIM DOS REIS

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PAULO RICARDO SEGETI FERREIRA

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PAULO ANDRÉ MEGIOLARO

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PAULA GIOVANA MESQUITA MALDONADO MORENO

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OSMAR GERALDO PINHATA

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OSMAR ALVES DE CARVALHO

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OMAR MOHAMAD SALEH

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NELSON GARCIA MEIRELLES

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NATALINO SCARPATO

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MOYSES AUGUSTO CAMILOTTI

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MAURICIO ONOFRE DE SOUZA

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MAURÍCIO DELLOVA DE CAMPOS

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MARINA DE SOUZA E JORGE LEITE

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MARICLEUSA SOUZA COTRIM GARCIA

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MARIANA PEREIRA FERNANDES PITON

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MARIANA APARECIDA GONÇALVES

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MARIA RACHEL AZEVEDO DE ARAUJO TEIXEIRA

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MARIA DAS GRAÇAS ASSUMPÇÃO

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MARIA CELMA TEIXEIRA

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MARIA APARECIDA SORGI DA COSTA

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MARCOS FERREIRA DA SILVA

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MARCIO EDUARDO DE CAMPOS

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MÁRCIO DA SILVA

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MARCIO DA SILVA

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MARCELO MARTINS

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MARCELO DE GODOY BUENO

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MARCELO APARECIDO PARDAL

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MAIRAUÊ DE ARAUJO TEIXEIRA STRAZZACAPPA

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LUIZ AUGUSTO WINTHER REBELLO JUNIOR

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LUCIANO MARTINS BRUNO

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LUCIANA MARTINS FERREIRA DA SILVA

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LUCIA HELENA SAMPATARO H CIRILO

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LEANDRO HENRIQUE BOSSONARIO

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LARISSA BASSI PULTZ

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KLEVERSON MOREIRA DA FONSECA

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KELLY CRISTINE ALVES

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KATIANE FERREIRA COTOMACCI

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KARINA DURÃES DOS SANTOS

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JULIANA MOREIRA AMMIRATI

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JULIANA MENDES FRANCISCO

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JORGE WESLEY DE ABREU

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JÉSSICA KARINA SALA ATTILIO

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JECI DE OLIVEIRA PENA

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IVAN SPREAFICO CURBAGE

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HUGO GONÇALVES DIAS

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HELOÍSA BRANDA PENTEADO

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GUSTAVO TORRES FELIX

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GISELE DIAS DA SILVA

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GILBERTO JACOBUCCI JUNIOR

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GILBERTO CARDOSO DE MENEZES TEIXEIRA NETO

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GABRIELA CONEGLIAN PEREIRA CARVALHO

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FREDERICO HUMBERTO PATERNEZ DEPIERI

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FRANCISCO MASSAMITI ITANO JUNIOR

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FLAVIO MENDONÇA DE SAMPAIO LOPES

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FLAVIA MASCARIN DA CRUZ

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FERNANDO SERVA CAFE CARVALHÃES

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FERNANDO MAURO RIBEIRO NORONHA

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FERNANDO GONÇALVES DIAS

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FERNANDO FERREIRA CASTELLANI

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FERNANDO BERTRAME SOARES

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FERNANDO ANTONIO OLIVA DE MORAES

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FELIPE DE GOES CAMPACI

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FELIPE BONAPARTE MARTINS

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FELIPE ALMEIDA VITAL

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FABIANO FRANCISCO DA SILVA

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FABIANE ALENCAR SOARES RODRIGUES

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EVANDRO MARDULA

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ERALDO JOSE BARRACA

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ELISANGELA BARBOSA DA COSTA

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EDUARDO TADEU BARACAT FILHO

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EDUARDO CRUVINEL

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EDNA DE LURDES SISCARI CAMPOS

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EDMILSON DA SILVA PINHEIRO

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EDER ROGERIO BRITTO

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DENER REZENDE BORGES

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DAVID JONAS SILVA DA COSTA

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DANILO EMANUEL BUSSADORI

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DANIELA LOATTI

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DANIEL MOREIRA LOPES

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DAGOBERTO SILVERIO DA SILVA

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CLAUDIO SAMORA JUNIOR

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CIRLENE CRISTINA DELGADO

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CHIMINAZZO, MOREIRA NETO & BAUS ADVOGADOS ASSOCIADOS

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CESAR EDUARDO TEMER ZALAF

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CELSO APARECIDO CARBONI

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CAROLINE RAMOS SANTOS MORAES

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CARLOS EDUARDO PICONE GAZZETTA

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BRUNA ROSA SESTARI

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BRUNA RIBEIRO MANCINI

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BRISA MARIA FOLCHETTI DARCIE

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BIBBIANA BERTOLACCINI VASCONCELOS

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BETHÂNIA MONTEIRO TAMASSIA

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BENTO LUPERCIO PEREIRA NETO

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AUREA MOSCATINI

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ÁTILA FERREIRA DA COSTA

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ARON BISKER

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ARNALDO LEONEL RAMOS JUNIOR

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ANTONIO CARLOS CHIMINAZZO

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ANDRÉ LUIS DA SILVA

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ANDRÉ FONTOLAN SCARAMUZZA

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ALEXANDRE TADEU CURBAGE

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ALEXANDRE SAVEDRA

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ALEXANDRE MARTINEZ BARRACA

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ALEXANDRE BISKER

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ADRIANA CLAUDIA CANO

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Processo 0003881-53.2015.8.26.0650 - Falência de Empresários, Sociedades Empresáriais, Microempresas e Empresas de Pequeno Porte - Administração judicial - Icape Indústria Campineira de Peças Ltda -… Processo 0003881-53.2015.8.26.0650 - Falência de Empresários, Sociedades Empresáriais, Microempresas e Empresas de Pequeno Porte - Administração judicial - Icape Indústria Campineira de Peças Ltda - Banco Bradesco S.A. e outros - Incotep Industria Comercio de Tubos Especiais Precisão Ltda e outro - R4C ASSESSORIA EMPRESARIAL LTDA. - M&M Serviços de Portaria e Conservação Ltda - - Itaú Unibanco S/A - - Expert Consultoria e Terceirização de Mão-de-obra Ltda - - Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento S/A - SANASA CAMPINAS - - MGR INFORMÁTICA LTDA. - - FMS Controle e Automacao Industrial Ltda Epp - - Amaury Pinto dos Santos Me - - PIRAMIDE Serviços Temporários e Efetivos Ltda - - Expert Consultoria e Terceirização de Mão-de-Obra Ltda - - Kaeser Compressores do Brasil Ltda - - MANETONI DISTRIBUIDORA DE PRODUTOS SIDERÚRGICOS, IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO LTDA. - - Anhanguera Com de Ferramentas Ltda - - Sanches Blanes S.A. Indústria de Máquinas e Ferramentas - - VIVO Telefonica Brasil S/A - - Banco Santander (Brasil) S/A - - TEMER ZALAF SOCIEDADE DE ADVOGADOS - - MONDIN & MARLONE COMERCIAL LTDA ME e outros - Arcelormittal Brasil Sa e outro - Eliane da Silva e outro - SEBASTIÃO PAULINO ALVES - - DONIZETE ALVES DE MELLO - - HUMBERTO LEANDRO e outro - COMPANHIA PAULISTA DE FORÇA E LUZ e outro - Frederico Silva Rinbeiro Filho - - Antonio Carlos Hardt e outros - Bruno Roberto de Souza Rosa - - SINDICATO DOS TRABALHADORES e outro - Márcio José Pachelli e outro - IP São Paulo Sistema de Gestão Empresarial LTDA - - LAERTE LUIS AIORFE - - Ultra Máquinas Comercial de Ferramentas Ltda. e outro - Donizete Paulino de Souza - - Jefte Adonis Tomaz dos Santos - - Helbert Lucas de Farias e outro - Eliane dos Santos - - Elton de Souza Leite e outro - Jair Antoniodos Santos - - Adiel Cardoso Pereira e outro - Rafael da Costa - - Paulo Henrique dos Santos - - Leandro Collaço Marques e outro - Rodrigo de Almeida Rocha e outro - Bruno Roberto de Souza Rosa - - Israel dos Santos - - Alexandre Tadeu Curbage e outro - Lindomar Alves Carvalho e outro - Daniel Novaes Junior - - Gilson Gilberto Mariguela e outro - Marcilio Durvalino Borghi e outro - Claudemir Felício - - Sinval Guilherme Costa - - Josias Daniel de Camargo e outro - Eliane da Silva - - Rafael Ballista - - Eder Marcelo Silva e outro - Elias Honorato Alves - - Francisco Antonio da Silva - - Danilo Rogers Lopes - - Adriana Cristina Vilera Correa - - Gilberto Pereira de Souza - - Adnan Abdel Kader Salem e outro - Sind Trab Nas Industr Metalurg Mecan e Mat Eletr Campinas American e outro - Adbel Vitor Buson - - Adriano Geronimo da Silva e outro - ANDERSON FRANCISCO DE SOUZA e outro - Donizeth Ribeiro de Castro e outro - JOSIEL GOMES DA SILVA e outro - Julio Cesar Dias e outro - Luiz Antônio Lima e outro - Wilson Moresco - - Ernani Chagas - - João Ricardo Borges Seixas - - Sind Trab Nas Industr Metalurg Mecan e Mat Eletr Campinas American - - SEBASTIÃO PAULINO ALVES - - Valdomiro Fedossi - - Marcio Rodrigues dos Santos - - LAERTE LUIS AIORFE - - Sind Trab Nas Industr Metalurg Mecan e Mat Eletr Campinas American - - DORIVAL ZANONI - - Antonio Lopes Pinheiro - - André Tavares da Costa - - Claro S/A - - Jose Marques Luiz Neto - - UPS DO BRASIL REMESSAS EXPRESSAS LTDA. e outro - Adailson Moraes da Silva e outros - Wagner Centioli e outro - Silvia Regina Luna e outro - Hevandir Jose Alves da Silva e outro - Marciel da Silva - - DORIVAL ZANONI - - Rodrigo Araujo Dias Correa - - Jeferson Augusto Favere - - Marcelo Dias de Barros - - DIUELLYS LEITE CASTRO - - Silvanete Maria dos Santos e outro - Isaias de Moura e outro - LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA TAVARES e outro - Marjorie Carrelli Costa Santucci e outro - João Avilino Sobrinho - - DIMENSIONAL EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS S/A - - Sebastião Paulino Alves - - Jose Marques Luiz Neto - - Antonio Lopes Pinheiro - - Hellen Cristina dos Santos Xavier e outro - RAPHAEL LUIZ DA SILVA e outro - Wylknei Moreira da Silva - - Raquel Caputo Januzzi - - Keber Coelho Martins - - Jorge Satoru Ishizaki - - Claudinei Aparecido Coelho - - Mario Aparecido dos Santos - - Egídio de Jesus Carvalho e outro - Daniel Henrique Luna - Almerinda de Oliveira dos Santos - - Marcelo Aparecido Meireles Chysostomo e outro - Carlos Pereira de Brito e outro - Wilson Bertin Junior e outro - Carlos Alberto Ballista e outro - ANTONIO CARLOS SANTOS DA SILVA e outro - ANTONIO CÉSAR GONZALES DE CAMPOS e outro - Rodinaldo Motarelli - - Bruno de Jesus Lopes Guermandi - - Mariano Luís Antonio Alves - - Vinicius Mendes Carmona - - Luiz Gracindo da Silva e outro - Cristiane Borguetti Moraes Lopes - Alaelson Candido dos Santos - - CONDOMINIO EDIFICIO INDEPENDENCIA - - Kátia Aparecida Trajano - - Condomínio Edifício Sunshine Tower - - Condomínio Edifício Mansão Portinari - - Jefferson Silveira de Pinho e outro - Acotubo Industria e Comercio Sa e outro - Noe Pedro Bueno de Camargo - - Congregação Cristã no Brasil - - Samuel Padovani - - Nelson Alaite Junior e outro - Atlantida Adminsitração e Locação de Imoveis Ltda e outros - Sergio Ramos Lenharo - - Revalino Costa Penido - - Andréia Aparecida Skuerek Upeneck - - Roberto Cesar Cordeiro e outro - VENOM INDUSTRIA E COMERCIO DE AUTO PEÇAS e outro - Adilson Moreira Carvalho e outros - Cristiano Cardoso de Araújo e outro - Claudinei Viana dos Santos e outros - Lindailson Jose da Silva - - Antonio de Aquino - - Wilian Ananias da Silva e outro - Miguel Pereira Leite - - Rafael Ballista - - Rodrigo de Almeida Rocha - - SELENA SERPA - - Alan Dellon Castro Pereira - - Cristiano Raimundo da Silva - - Elias Flavio Mendes - - Marcos Roberto Marcolino - - Reginaldo Borges da Silva - - Ronaldo Nunes Souza - - Wilian Ananias da Silva - - William Silva dos Santos - - Adilson de Assis Azevedo e outro - Silvana Regina Antoniassi - - Rosemeire Aparecida Flamarini e outros - Sindicato Trabalhadores Nas Ind Metalurgicas, Mecanicas e de Material Elétrico de Campinas e Região - - Alairson Mantini e outro - Emerson Torrente Lima - - Cleber do Nascimento Ferreira - - CLAUDIO JOSE DE SOUZA e outro - Domingos Cavallo Donaires - - Eliasar Pereira do Nascimentro - - Joao Donizete de Brito - - José Edivaldo Magalhães e outros - Magno Marcus de Oliveira e outro - MANOEL DA COSTA FARIAS - - Sergio Donizeti Porcari e outros - Vilson Lopes dos Santos e outro - Elidio Donizete Soares da Silva e outros - Edmar Silvestre Dias e outro - Departamento de Águas e Esgotos de Valinhos - DAEV e outros - Bruno Lopes Vasconcellos - - Espólio de Luiz Antonio Severino e outro - José Lopes da Silva - - Mauricio Onofre de Souza - - Claudemir dos Santos Carrero e outros - Vando Ferreira de Andrade - - Jose Rovilson dos Santos - - Claudete Aparecida Rechi Severino - - JONEILSON BEZERRA PEREIRA e outro - MUNICÍPIO DE CAMPINAS - - Luiz Carlos da Silva e outro - Vistos. 1 - Fls. 6545/6583: Ficam intimados os credores, falida e interessados acerca do quadro geral de credores atualizado, elaborado pela Administradora Judicial. 2 - Estavam pendentes de julgamento 16 (dezesseis) incidentes processuais, consoante informação prestada pela Administradora Judicial (fls. 6542). Atualmente, aguardam desfecho final apenas as habilitações 1002130-04.2021.8.26.0650 e 1000362-77.2020.8.26. 0650, as quais deverão ser apreciadas em algumas semanas. 3 - Arbitro os honorários do Administrador Judicial em 5% (cinco por cento) sobre o valor do ativo arrecadado, observado o disposto no artigo 24, caput, e § 1°, da Lei 11.101/2005, tendo como fundamento a multiplicidade de bens arrecadados e de credores habilitados, a demandar dispêndio de grande quantidade de tempo em valor equivalente à 5% (cinco por cento) sobre o valor do ativo arrecadado. 4 - Fls. 6376/6384 e 64/09/6411: Dada a expressa concordância da Administradora Judicial (fls. 6525/6526), e não havendo oposição de eventuais interessados, defiro o levantamento da quantia de R$ 64.800,00 (sessenta e quatro mil e oitocentos reais) em favor de "De Matheus e Bini Advogados Associados", observando-se o formulário encartado (fls. 6530). 5 - Oficie-se ao Banco do Brasil, conforme sugerido pela Administradora Judicial, para que promova a unificação de tod asas contas bancárias vinculadas à presente falência, especificadas na tabela de fls. 6518, de modo que todas fiquem vinculadas ao juízo da 2ª Vara de Valinhos. 6 - Fls. 6584 (Roberto César Cordeiro): Providencie a serventia as medidas necessárias para permitir o registro da carta de arrematação. 7 - Fls. 6615/6617, 1ª parte (Congregação Cristã no Brasil): Informe o 3° Cartório de Registro de Imóveis de Campinas, por meio de ofício, que, nos autos da presente falência (autos 0003881-53.2015.8.26.0650), houve a arrecadação e alienação (fls. 4231/4239) do imóvel matriculado sob o n° 27.396, do 3° Cartório de Registro de Imóveis de Campinas (fls. 6618/6622), requisitando o cancelamento/baixa do R.03. 8 - Fls. 6615/6617, 2ª parte (Congregação Cristã no Brasil): Informe a Vara do Trabalho de Atibaia, por meio de ofício, que, nos autos da presente falência (autos 0003881-53.2015.8.26.0650), houve a arrecadação e alienação (fls. 4231/4239) do imóvel matriculado sob o n° 27.396, do 3° Cartório de Registro de Imóveis de Campinas (fls. 6618/6622), solicitando a adoção das medidas necessárias para o cancelamento da indisponibilidade averbado sob Av. 06. 9 - Fls. 6485/6486 (Samuel Padovani): Após o decido pelo juízo (fls. 6475/6476), o arrematante pronunciou-se nos autos (fls. 6485/6510). Assim, intime-se a Administradora Judicial para que se manifeste, em 15 (quinze) dias, acerca do pedido de expedição de carta de arrematação. 10 - Fls. 6612/6614 (Companhia Paulista de Força e Luz): Dê-se ciência à Administradora Judicial para que providencie as medidas necessárias. 11 - Fls. 6511/6514 e outros: Reporto-me ao decidido nos autos (fls. 6420/6424, item "8"), em que constou que: "Não é necessário que os credores peticionem nos autos da falência requerendo o pagamento de seus créditos ou qualquer providência análoga. Os pagamentos, como é proprio de um processo de falência, serão atendidos no momento oportuno, de acordo com o quadro geral de credores, observada rigorosamente a ordem de preferência. Pedidos dessa natureza apenas avolumam os autos, não trazendo contribuição para o deslinde mais célere da demanda.". 12 - Dê-se ciência ao Ministério Público. Intime-se. Valinhos, 09 de julho de 2025. - ADV: JULIANA MENDES FRANCISCO (OAB 261664/SP), REINALDO CAMPANHOLI (OAB 265471/SP), OSMAR ALVES DE CARVALHO (OAB 263991/SP), FRANCISCO MASSAMITI ITANO JUNIOR (OAB 262060/SP), JULIANA MENDES FRANCISCO (OAB 261664/SP), JULIANA MENDES FRANCISCO (OAB 261664/SP), JULIANA MENDES FRANCISCO (OAB 261664/SP), HELOÍSA BRANDA PENTEADO (OAB 263627/SP), JULIANA MENDES FRANCISCO (OAB 261664/SP), JULIANA MENDES FRANCISCO (OAB 261664/SP), EVANDRO MARDULA (OAB 258368/SP), WILLIAM CARMONA MAYA (OAB 257198/SP), WILLIAM CARMONA MAYA (OAB 257198/SP), FERNANDO MAURO RIBEIRO NORONHA (OAB 267349/SP), MARIANA APARECIDA GONÇALVES (OAB 258233/SP), OMAR MOHAMAD SALEH (OAB 266486/SP), MAURICIO ONOFRE DE SOUZA (OAB 272169/SP), MAURICIO ONOFRE DE SOUZA (OAB 272169/SP), MAURICIO ONOFRE DE SOUZA (OAB 272169/SP), MAURICIO ONOFRE DE SOUZA (OAB 272169/SP), MAURICIO ONOFRE DE SOUZA (OAB 272169/SP), MAURICIO ONOFRE DE SOUZA (OAB 272169/SP), MAURICIO ONOFRE DE SOUZA (OAB 272169/SP), RAFAELA SANTA CHIARA (OAB 268318/SP), MAURICIO ONOFRE DE SOUZA (OAB 272169/SP), MAURICIO ONOFRE DE SOUZA (OAB 272169/SP), JORGE WESLEY DE ABREU (OAB 270943/SP), DANIELA LOATTI (OAB 268598/SP), DANIEL MOREIRA LOPES (OAB 273089/SP), MARCELO DE GODOY BUENO (OAB 276434/SP), MARCELO DE GODOY BUENO (OAB 276434/SP), ROSENILDA BARRETO SANTOS (OAB 280627/SP), PAULO ROBERTO JOAQUIM DOS REIS (OAB 23134/SP), RAQUEL TEIXEIRA BELTRAMELLI DE LUCCA (OAB 250526/SP), THIAGO MASSICANO (OAB 249821/SP), FERNANDO BERTRAME SOARES (OAB 248394/SP), BRISA MARIA FOLCHETTI DARCIE (OAB 239836/SP), ROSENI DO CARMO (OAB 236485/SP), DAVID JONAS SILVA DA COSTA (OAB 235782/SP), DANILO EMANUEL BUSSADORI (OAB 254605/SP), SILVANA REGINA ANTONIASSI (OAB 230961/SP), SILVANA REGINA ANTONIASSI (OAB 230961/SP), SILVANA REGINA ANTONIASSI (OAB 230961/SP), PAULA GIOVANA MESQUITA MALDONADO MORENO (OAB 228727/SP), PAULA GIOVANA MESQUITA MALDONADO MORENO (OAB 228727/SP), PAULA GIOVANA MESQUITA MALDONADO MORENO (OAB 228727/SP), RODRIGO PINHATA DE SOUZA (OAB 227058/SP), FABIANE ALENCAR SOARES RODRIGUES (OAB 258704/SP), ROMILDA FÁVARO DE OLIVEIRA (OAB 61273/SP), CELSO APARECIDO CARBONI (OAB 95530/SP), MARICLEUSA SOUZA COTRIM GARCIA (OAB 95455/SP), MARICLEUSA SOUZA COTRIM GARCIA (OAB 95455/SP), MARICLEUSA SOUZA COTRIM GARCIA (OAB 95455/SP), ROSEMAR CARNEIRO (OAB 91468/SP), DAGOBERTO SILVERIO DA SILVA (OAB 83631/SP), KATIANE FERREIRA COTOMACCI (OAB 254922/SP), OSMAR GERALDO PINHATA (OAB 55050/SP), ZILLA MARIA TORRES (OAB 43620/SP), ZILLA MARIA TORRES (OAB 43620/SP), ZILLA MARIA TORRES (OAB 43620/SP), ZILLA MARIA TORRES (OAB 43620/SP), BETHÂNIA MONTEIRO TAMASSIA (OAB 255367/SP), MOYSES AUGUSTO CAMILOTTI (OAB 225825/SP), MARCIO DA SILVA (OAB 352252/SP), FLAVIA MASCARIN DA CRUZ (OAB 356382/SP), FLAVIA MASCARIN DA CRUZ (OAB 356382/SP), EDER ROGERIO BRITTO (OAB 355510/SP), LARISSA BASSI PULTZ (OAB 355160/SP), WILSON MORESCO (OAB 353804/SP), JÉSSICA KARINA SALA ATTILIO (OAB 352764/SP), BRUNA ROSA SESTARI (OAB 356637/SP), MARCIO DA SILVA (OAB 352252/SP), MARCIO DA SILVA (OAB 352252/SP), MARCIO DA SILVA (OAB 352252/SP), MARCIO DA SILVA (OAB 352252/SP), MARCIO DA SILVA (OAB 352252/SP), MARCIO DA SILVA (OAB 352252/SP), FERNANDO SERVA CAFE CARVALHÃES (OAB 42574/MG), ANDRÉ LUIS DA SILVA (OAB 342659/SP), MÁRCIO DA SILVA (OAB 352252/SP), PAULO RICARDO SEGETI FERREIRA (OAB 460021/SP), FELIPE ALMEIDA VITAL (OAB 448691/SP), CHIMINAZZO, MOREIRA NETO & BAUS ADVOGADOS ASSOCIADOS (OAB 4659/SP), DENER REZENDE BORGES (OAB 90781MG/), JULIANA MOREIRA AMMIRATI (OAB 386351/SP), JULIANA MOREIRA AMMIRATI (OAB 386351/SP), FABIANO FRANCISCO DA SILVA (OAB 359143/SP), BRUNA RIBEIRO MANCINI (OAB 384899/SP), SALVADOR VITTOR BAPTISTA (OAB 376875/SP), FELIPE DE GOES CAMPACI (OAB 378077/SP), IVAN SPREAFICO CURBAGE (OAB 371965/SP), IVAN SPREAFICO CURBAGE (OAB 371965/SP), CAROLINE RAMOS SANTOS MORAES (OAB 360148/SP), ROSENILDA BARRETO SANTOS (OAB 280627/SP), GILBERTO CARDOSO DE MENEZES TEIXEIRA NETO (OAB 296231/SP), KARINA DURÃES DOS SANTOS (OAB 303207/SP), BIBBIANA BERTOLACCINI VASCONCELOS (OAB 301946/SP), MAIRAUÊ DE ARAUJO TEIXEIRA STRAZZACAPPA (OAB 299677/SP), NATALINO SCARPATO (OAB 297370/SP), NATALINO SCARPATO (OAB 297370/SP), NATALINO SCARPATO (OAB 297370/SP), KARINA DURÃES DOS SANTOS (OAB 303207/SP), LEANDRO HENRIQUE BOSSONARIO (OAB 293836/SP), SILVIA DE LIMA ROCHA (OAB 290679/SP), KLEVERSON MOREIRA DA FONSECA (OAB 289804/SP), LUCIANA MARTINS FERREIRA DA SILVA (OAB 287357/SP), FERNANDO GONÇALVES DIAS (OAB 286841/SP), FERNANDO GONÇALVES DIAS (OAB 286841/SP), THIAGO RENSI (OAB 282729/SP), ANDRÉ LUIS DA SILVA (OAB 342659/SP), FELIPE BONAPARTE MARTINS (OAB 328166/SP), ANDRÉ LUIS DA SILVA (OAB 342659/SP), MARIA CELMA TEIXEIRA (OAB 341879/SP), ALEXANDRE SAVEDRA (OAB 334982/SP), ALEXANDRE MARTINEZ BARRACA (OAB 330379/SP), ALEXANDRE MARTINEZ BARRACA (OAB 330379/SP), FLAVIO MENDONÇA DE SAMPAIO LOPES (OAB 330180/SP), KARINA DURÃES DOS SANTOS (OAB 303207/SP), GABRIELA CONEGLIAN PEREIRA CARVALHO (OAB 322782/SP), EDUARDO 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ID: 333950731

Tribunal: TRT2 Órgão: 4ª Turma Classe: RECURSO ORDINáRIO TRABALHISTA Nº Processo: 1000743-05.2024.5.02.0314

Data de Disponibilização: 24/07/2025

Polo Ativo:

BRASPRESS TRANSPORTES URGENTES LTDA FABIANO LAMENZA HENRIQUE NEVES DE SOUZA SPR SAO PAULO RODOVIAS LTDA.

Polo Passivo:

BRASPRESS TRANSPORTES URGENTES LTDA HENRIQUE NEVES DE SOUZA SPR SAO PAULO RODOVIAS LTDA.

Acórdão

Advogados:

HERIK ALVES DE AZEVEDO

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

JUCENIR BELINO ZANATTA

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

ADELCIO CARLOS MIOLA

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO 4ª TURMA Relator: JOAO FORTE JUNIOR ROT 1000743-05.2024.5.02.0314 RECORRENTE: HENRIQUE NEVES DE SOUZA E OUTROS (2… PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO 4ª TURMA Relator: JOAO FORTE JUNIOR ROT 1000743-05.2024.5.02.0314 RECORRENTE: HENRIQUE NEVES DE SOUZA E OUTROS (2) RECORRIDO: BRASPRESS TRANSPORTES URGENTES LTDA E OUTROS (2) PROCESSO nº 1000743-05.2024.5.02.0314 (ROT) RECORRENTES: HENRIQUE NEVES DE SOUZA, SPR SÃO PAULO RODOVIAS LTDA. e BRASPRESS TRANSPORTES URGENTES LTDA RECORRIDOS: OS MESMOS RELATOR: JOÃO FORTE JÚNIOR RELATÓRIO Recursos apresentados pelos recorrentes, acima identificados, pretendendo o autor a reforma da sentença em relação à justa causa, às horas extras, aos descontos indevidos, ao dano existencial e à multa por oposição de Embargos de Declaração considerados protelatórios; as reclamadas a reforma em relação à delimitação da condenação aos valores postulados na inicial, à natureza da premiação paga, ao adicional de periculosidade, ao fornecimento de PPP, às horas extras e aos honorários sucumbenciais. Oportunizadas contrarrazões. O autor está dispensado de preparo. Depósito recursal efetuado pelas reclamadas (fls. 1152 e 1156) e custas recolhidas conforme fls. 1155 do pdf. A numeração de folhas indicadas no presente voto corresponde àquela do arquivo baixado no formato PDF em ordem crescente. É o relatório. Passo a decidir. VOTO CONHECIMENTO - Pressupostos Recursais: Presentes os pressupostos de admissibilidade, CONHEÇO dos recursos. FUNDAMENTAÇÃO MÉRITO Recurso da parte reclamante: 1.Da justa causa: O reclamante requer a reforma da sentença por meio da qual houve o reconhecimento da validade da justa causa (fls. 1114/1123). O magistrado do primeiro grau assim fundamentou a sua decisão: "Logo, apesar da alegação de que a empresa exigia que o trabalhador atendesse o celular, ele poderia plenamente dirigir-se ao acostamento ou outro lugar e parar em local seguro para realizar as ligações e atender às demandas da empresa. Em réplica, a parte autora, de forma incoerente, apontou que a juntada aos autos de "apenas" oito vídeos não demonstra a reiteração de conduta. A alegação é desarrazoada, pois, além de oito ocorrências deixar claro que as condutas foram reiteradas, não há esse permissivo legal de uso de celular ao dirigir veículos por poucas oportunidades. Ainda, além dos vídeos, o reclamante recebeu uma série de advertências por dirigir com excesso de velocidade (documentos de fl. 261 e seguintes). O comprovado e reiterado descumprimento da lei justifica a penalidade máxima aplicada de justa causa. O ato cometido, de forma repetida, é gravíssimo e faz desaparecer qualquer fidúcia que se possa esperar do contrato de trabalho. Reputo válida a justa causa aplicada e julgo improcedente o pedido de reversão da dispensa por justa causa em imotivada, bem como todos os pedidos decorrentes, tais como: diferenças de verbas rescisórias". Passo à análise. O reclamante foi dispensado por justa causa por ter utilizado telefone celular, enquanto estava dirigindo caminhão da empresa. O uso do celular restou incontroverso, aduzindo o reclamante que a empresa era quem ligava para ele. Essa escusa deve ser rechaçada na medida em que a própria testemunha do reclamante declarou: "é possível frear e parar o caminhão em caso, por exemplo, de necessidade de atender o celular". É sabido que essa conduta é grave, considerada infração gravíssima pelo CTB (artigo 252, parágrafo único). Esse fato não é banal, irrelevante, já que certamente colocou a vida de pessoas em risco, lembrando-se que o reclamante dirigia caminhões, ou seja, veículos de grande porte que poderiam causar grandes acidentes com vítimas fatais, considerando, ainda, que na maior parte do tempo o reclamante dirigia em estradas onde o veículo atingia maior velocidade. A alegação do reclamante de que nunca havia sofrido penalidades por esse fato, razão pela qual a empresa o teria perdoado, parece-me frágil. Não se pode perder de vista que essa atitude do reclamante era grave e colocava em risco não somente a sua vida, como a de várias outras pessoas. Essa alegação do reclamante impediria que a empresa o penalizasse, já que sempre se poderia alegar que antes da sanção a empresa não fiscalizava ou não se importava com essa conduta. Além da gravidade de se utilizar aparelho celular na direção de caminhões, o reclamante havia sofrido sanções por excesso de velocidade, conforme o histórico constante em defesa (fls. 1669). O reclamante em depoimento pessoal confirmou que o excesso de velocidade era em razão da fadiga. Não se nega que o trabalho de motorista de caminhão seja muito desgastante, a questão é que sanções por excesso de velocidade além do uso de aparelho celular na direção são questões graves que não podem ser relativizadas. O fato de o reclamante ter recebido premiação de acordo com a defesa (ou comissões, de acordo com a tese autoral) por ter boa conduta na direção não refuta as condutas incontroversas do reclamante (excesso de velocidade e uso de aparelho celular na direção de caminhões). Logo, entendo que a justa causa foi corretamente aplicada. Como consequência, nego provimento. 2.Da multa do artigo 467 da CLT: Não existiram verbas rescisórias incontroversas que pudessem ter sido pagas em primeira audiência, razão pela qual mantenho a sentença que julgou improcedente a multa do art. 467 da CLT. 3.Da multa do artigo 477 da CLT: A rescisão ocorreu em 26/02/2024 (fls. 372), ao passo que o pagamento das rescisórias foi efetivado em 05/03/2024 (fls. 376), motivo pelo qual mantenho a sentença que julgou improcedente a multa do art. 477 da CLT. 4.Das horas extras (matéria em comum a ambos os recursos): Pretende o autor a reforma da sentença no que diz respeito ao tempo trabalhado antes de anotar o início da jornada, já que, embora tenha sido arbitrado o tempo de 1 hora, a testemunha do autor comprovou que o tempo equivalia a 2 horas (fls. 1125). Alega o autor, ainda, ter apresentado diferenças em réplica que não foram consideradas na sentença de primeiro grau (fls. 1126/1129). Quanto ao tempo trabalhado antes da marcação de início da jornada, o reclamante parte de premissas equivocadas, já que a magistrada do primeiro grau considerou as declarações das duas testemunhas ouvidas e não somente da testemunha apresentada pelo reclamante, arbitrando que o tempo era de 1 hora. Logo, não faz sentido acolher somente o que a testemunha do reclamante disse como requereu o reclamante, sendo correto o arbitramento realizado na sentença que considerou as declarações das duas testemunhas ouvidas. Quanto às diferenças, o reclamante realmente as apontou em réplica. Todavia, entendo que o apontamento contém incongruências. No dia 24/12/2021 o reclamante alegou fazer jus a "0,37" de horas extras (fls. 910), tempo esse equivalente a 22 minutos. A reclamada considerou o tempo de horas extras equivalente a 15 minutos (fls. 232). Logo, o apontamento do reclamante é de que faria jus à diferença de 7 minutos. A questão é que constou no cartão de ponto o tempo de 1h07min de intervalo, ou seja, essa diferença de 7 minutos não poderia ser contabilizada como hora extra, já que nesse tempo o reclamante estava usufruindo intervalo. Outro detalhe, no dia 30/12/2021, observei que a diferença foi bem grande entre o apontamento do reclamante e o cartão de ponto. Na verdade, a diferença decorre do tempo de espera em que o reclamante considerou como hora extra, não obstante a reclamada ter efetuado o pagamento dessa verba em rubrica própria. Entendo que essas incongruências impedem que os apontamentos do reclamante sejam acolhidos, razão pela qual nego provimento ao recurso nesse particular. As reclamadas requererem a reforma da condenação ao pagamento de 1 hora extra, pedido esse que não deve prosperar na medida em que as testemunhas ouvidas, como já exposto, confirmaram que havia necessidade de se apresentaram antes da efetiva marcação de ponto. Ressalto que, até mesmo, o preposto disse que havia necessidade da realização de exames antes do início da jornada que demoravam até 15 minutos, além de mais 15 minutos para o resultado ser divulgado, declarações essas que apenas reforçam a tese autoral. Quanto ao sobreaviso, as testemunhas confirmaram que o reclamante ficava de sobreaviso. Embora a testemunha da reclamada tenha dito que não havia sobreaviso, as declarações dela sugerem o contrário. Essa testemunha disse que os motoristas eram chamados por celular para comparecerem ao trabalho, lembrando-se que os horários do reclamante eram muito aleatórios, iniciando algumas jornadas de madrugada. Como a magistrada do primeiro grau apontou, realmente o reclamante precisava ficar aguardando ordens para comparecer ao serviço a qualquer momento. Desse modo, também nego provimento ao recurso das reclamadas. 5.Dos descontos indevidos: O reclamante requer a restituição dos valores descontados a título de contribuição assistencial, já que não se associou a nenhum sindicato (fls. 1130/1132). No entendimento deste magistrado, a contribuição assistencial apenas pode ser exigida dos empregados sindicalizados, sob pena de afrontarem-se os constitucionais princípios da liberdade de associação (artigo 5.º, XX, da Constituição Federal) e sindicalização (artigo 8.º, V, da Constituição Federal). A imposição por via de negociação coletiva do pagamento de contribuição a sindicato não encontraria legitimidade, na medida em que a negociação coletiva é pautada na resistência dos negociantes ao estabelecimento de cláusulas que não lhe parecem favoráveis, mas, ao passo em que ambos negociantes estão acordando sobre valores a serem recebidos por eles, tal resistência desaparece, dando azo à situação em que não há qualquer defesa de sua categoria no estabelecimento da cláusula. O Colendo Tribunal Superior do Trabalho já havia pacificado seu entendimento no sentido que ora defendemos através do Precedente Normativo n.º 119, e da Orientação Jurisprudencial 17 da SDC. O próprio Supremo Tribunal Federal, no bojo do ARE 1018459 RG/PR assentou em voto do Ministro Gilmar Mendes, datado de 03/02/2017 que "é inconstitucional a instituição, por acordo, convenção coletiva ou sentença normativa, de contribuições que se imponham compulsoriamente a empregados da categoria não sindicalizados", o que foi feito, segundo o Ministro Relator, em "reafirmação da jurisprudência desta Corte", de modo que o entendimento deste magistrado era plenamente convergente com o assentado pela Suprema Corte. Entretanto, em decisão resolutiva de embargos de declaração, o Supremo Tribunal alterou seu entendimento até então adotado e que havia sido reafirmado, para, em decisão de julgamento divulgada em 12/09/2023 assentar a tese de repercussão geral (tema 935), no sentido de que "é constitucional a instituição, por acordo ou convenção coletivos, de contribuições assistenciais a serem impostas a todos os empregados da categoria, ainda que não sindicalizados, desde que assegurado o direito de oposição". Em se tratando de decisão com repercussão geral, curvo-me ao entendimento alterado pela Suprema Corte nos embargos de declaração no ARE 1018459 RG/PR para, de acordo com o tema 935 de repercussão geral reconhecer a constitucionalidade da contribuição assistencial. As reclamadas alegaram que a cláusula 64ª (fls. 193) prevê o denominado direito à oposição. Todavia, não identifiquei essa cláusula nas normas coletivas juntadas aos autos. Na sentença recorrida o pedido foi indeferido porque os não filiados se beneficiariam da negociação coletiva ajustada (fls. 1085). A questão, como já mencionado, é que o desconto a título de contribuição assistencial aos não filiados está condicionado ao direito à oposição, direito esse não assegurado pelas normas coletivas juntadas aos autos. Reformo a sentença no particular a fim de condenar as reclamadas à devolução dos valores descontados a título de contribuição assistencial. 6.Do dano existencial: Pleiteia o reclamante a reforma da sentença quanto ao dano existencial, considerando as jornadas praticadas, além das horas de sobreaviso. A prestação de serviço extraordinário não acarreta, por si só, o reconhecimento do denominado dano existencial, sendo necessária a demonstração de prejuízo à vida social do empregado. Realmente as jornadas eram extensas. Todavia, havia folgas distribuídas, por vezes, ao longo da semana, como aconteceu no cartão de ponto de fls. 232, já citado, em que o reclamante trabalhou no dia 30/12/2021, retornando ao trabalho no dia 06/01/2022. O sobreaviso, apesar de existir, também não configura dano existencial, por si só, já que o reclamante, como mencionado, folgava em dias variados ao longo da semana o que lhe proporcionava um razoável descanso. Depreende-se, portanto, que a realidade vivida pelo reclamante não deve ser considerada extenuante a ponto de causar efetivo prejuízo à sua vida social. Nego provimento. 7.Da multa em razão dos Embargos de Declaração considerados protelatórios: Assevera o reclamante ter apresentado Embargos de Declaração que foram erroneamente considerados protelatórios, requerendo a exclusão da multa aplicada. Concordo com o reclamante. O reclamante apresentou Embargos de Declaração alertando ter realizado os apontamentos em réplica relativos às horas extras que não foram considerados na sentença de primeiro grau. Na verdade, na sentença constou que o reclamante não os havia apresentado. Na decisão de Embargos de Declaração não houve, apesar do alerta do reclamante, a análise dessa questão, constando que não houve na decisão "omissão, contradição, tampouco obscuridade" (fls. 1111). Sendo assim, reformo a sentença nesse particular a fim de excluir a multa aplicada. Recurso das reclamadas: 1.Da delimitação da condenação aos valores indicados na inicial: O artigo 840, parágrafo primeiro, da CLT não exige qualquer indicação precisa, tampouco memória de cálculo dos valores pretendidos. O momento de efetiva fixação do valor devido é a fase de liquidação de sentença, preservada pela Lei 13.467/2017, que alterou o dispositivo legal citado no parágrafo anterior. Não obstante a ampla atuação de profissionais da advocacia na representação das partes nas demandas trabalhistas, ainda vige o jus postulandi (art. 791, CLT). A interpretação sistemática induz à conclusão de que a exigência de indicação do valor não corresponde à indicação exata, limitadora da condenação, mas uma mera estimativa. Destaco o disposto no artigo 12, parágrafo segundo, da Instrução Normativa 41/2018 do C. TST, que menciona ser exigida apenas uma estimativa dos valores correspondentes aos pedidos, não havendo que se falar em limitação quanto ao valor deles. Cito aresto no C. TST em tal sentido: "AGRAVO. AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. LIMITAÇÃO DA CONDENAÇÃO AOS VALORES ATRIBUÍDOS AOS PEDIDOS NA PETIÇÃO INICIAL. IMPOSSIBILIDADE. AUSÊNCIA DE TRANSCENDÊNCIA. 1. O TST aprovou a Instrução Normativa nº 41/2018, que regulamenta a aplicação das normas processuais contidas na CLT, alteradas ou acrescentadas pela Lei nº 13.0467/2017, cujo art. 12, § 2º, estabelece que, "para fim do que dispõe o art. 840, §§ 1º e 2º, da CLT, o valor da causa será estimado, observando-se, no que couber, o disposto nos arts. 291 a 293 do Código de Processo Civil". 2. Esta Primeira Turma firmou entendimento, segundo o qual os valores atribuídos aos pedidos iniciais devem ser considerados como quantia estimada, ainda que tenham sido apresentados de forma líquida, na exordial, em razão de interpretação dada à matéria pela SbDI-I, ente de uniformização de jurisprudência, interna corporis , desta Corte Superior. 3. A previsão contida na novel legislação de que o pedido deve ser "certo, determinado e com indicação de valor" não restringe a liquidação da condenação aos valores apontados na petição inicial. (...)" (Ag-AIRR-1001451-45.2020.5.02.0201, 1ª Turma, Relator Ministro Amaury Rodrigues Pinto Junior, DEJT 13/12/2024). Também esta 4.ª Turma assim firmou entendimento, conforme acórdãos proferidos nos processos 1000327-41.2023.5.02.0033 (Rel. Desembargador Ricardo Artur Costa e Trigueiros), 1000362-38.2024.5.02.0462 (Rel. Desembargadora Ivani Contini Bramante), 1002077-39.2023.5.02.0434 (Rel. Desembargadora Ivete Ribeiro), 1000017-11.2024.5.02.0062 (Rel. Desembargadora Maria Isabel Cueva de Moraes), 1001278-46.2022.5.02.0461 (Rel. Desembargadora Lycanthia Carolina Ramage) e 1000490-64.2023.5.02.0051 (Rel. Magistrado Paulo Sérgio Jakutis). Nego provimento. 2.Da natureza da premiação: As reclamadas defendem que a premiação paga decorria da conduta do reclamante ao dirigir caminhão, como "evitar frenagem brusca, economia de combustível, atentos (atenção) na estrada etc" (fls. 1145), constando essa premiação na norma coletiva da categoria. Com o devido respeito à tese, parece-me não fazer sentido algum que o motorista ganhasse premiação por evitar "frenagem brusca", "economizar combustível" e prestar atenção na estrada. Primeiro, como a reclamada conseguia aferir de forma minimamente objetiva o nível de atenção dos seus motoristas? Imaginemos o detalhamento relativo à quantidade de frenagem realizada pelo reclamante. Quantas foram necessárias ou quantas foram acima do que um excelente motorista teria feito? A questão da economia de combustível parece-me tão complexa como as outras. Seria preciso um estudo altamente detalhado, dependendo de inúmeros testes, para que fosse possível aferir a quantidade de combustível utilizada pelo veículo do reclamante em comparação à esperada, situação que sequer foi demonstrada. Resta evidente pela própria narrativa da reclamada que a premiação era nada mais do que um complemento salarial. Nego provimento. 3.Do adicional de periculosidade: As reclamadas requereram a reforma da sentença que julgou procedente o pedido relativo ao adicional de periculosidade, requerendo inclusive a exclusão da determinação para que seja emitido PPP. O perito concluiu que havia exposição à periculosidade, pois o reclamante ficava próximo ao local em que o veículo por ele utilizado era abastecido. Conforme o Tema 82 de Incidente de Recurso de Revista Repetitivo do C. TST, não é devido o adicional de periculosidade ao motorista que apenas acompanha o abastecimento. Transcrevo: "Os empregados motoristas e outros que utilizem ou exerçam atividades em veículo automotor não têm direito ao adicional de periculosidade quando apenas acompanham o abastecimento realizado por terceiro, sem contato direto com o combustível". Diante do disposto no artigo 985, incisos I e II, do Código de Processo Civil, aplicável ao processo do trabalho por força do artigo 769 da CLT, tal decisão possui efeito vinculante. Calcado em tal premissa, reformo a sentença para excluir a condenação ao adicional de periculosidade. Como consequência, absolvo a reclamada dos honorários periciais que são rearbitrados para R$ 806,00, atendendo ao limite máximo estabelecido pelo ATO GP/CR nº 02/2021 do E. TRT da 2.ª Região, Anexo I, publicado em 16/09/2021. Os honorários serão custeados pelo E. TRT da 2.ª Região, mediante oportuna requisição diante da justiça gratuita concedida ao reclamante. Reformo também a decisão para absolver a reclamada da obrigação de entrega do PPP diante da ausência de submissão a condição de risco. 4.Dos honorários sucumbenciais: Ao contrário do requerido pelas reclamadas, entendo que a presente demanda não é de baixa complexidade, motivo pelo qual o percentual de 10% arbitrado na primeira instância é realmente adequado. A condenação da parte autora ao pagamento dos honorários sucumbenciais com a consequente suspensão de exigibilidade está de acordo com a ADI 5766 julgada recentemente pelo C. STF. Desse modo, nego provimento. ACORDAM os Magistrados da 4.ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 2.ª Região em, por unanimidade de votos, CONHECER dos recursos interpostos; DAR PARCIAL PROVIMENTO ao recurso do reclamante a fim de condenar as reclamadas à devolução das contribuições assistenciais e excluir a multa em razão dos embargos de declaração opostos na primeira instância; DAR PARCIAL PROVIMENTO ao recurso das reclamadas para excluir a condenação ao pagamento do adicional de periculosidade e entrega do PPP, além de determinar que os honorários periciais, ora arbitrados em R$ 806,00, sejam custeados pelo E. TRT mediante requisição em momento oportuno. Tudo nos termos da fundamentação supra. Valor da condenação inalterado. Presidiu a sessão a Excelentíssima Desembargadora Presidente Ivani Contini Bramante. Tomaram parte no julgamento o Exmo. Juiz convocado João Forte Junior e as Exmas. Desembargadoras Ivani Contini Bramante e Ivete Ribeiro. Relator (a): João Forte Junior. Integrou a sessão virtual o (a) representante do Ministério Público. JOÃO FORTE JÚNIOR Relator SAO PAULO/SP, 23 de julho de 2025. REGINA CELIA DUTRA JAVAROTTI Diretor de Secretaria Intimado(s) / Citado(s) - HENRIQUE NEVES DE SOUZA

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ID: 333950739

Tribunal: TRT2 Órgão: 4ª Turma Classe: RECURSO ORDINáRIO TRABALHISTA Nº Processo: 1000743-05.2024.5.02.0314

Data de Disponibilização: 24/07/2025

Polo Ativo:

BRASPRESS TRANSPORTES URGENTES LTDA FABIANO LAMENZA HENRIQUE NEVES DE SOUZA SPR SAO PAULO RODOVIAS LTDA.

Polo Passivo:

BRASPRESS TRANSPORTES URGENTES LTDA HENRIQUE NEVES DE SOUZA SPR SAO PAULO RODOVIAS LTDA.

Acórdão

Advogados:

HERIK ALVES DE AZEVEDO

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

JUCENIR BELINO ZANATTA

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ADELCIO CARLOS MIOLA

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PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO 4ª TURMA Relator: JOAO FORTE JUNIOR ROT 1000743-05.2024.5.02.0314 RECORRENTE: HENRIQUE NEVES DE SOUZA E OUTROS (2… PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO 4ª TURMA Relator: JOAO FORTE JUNIOR ROT 1000743-05.2024.5.02.0314 RECORRENTE: HENRIQUE NEVES DE SOUZA E OUTROS (2) RECORRIDO: BRASPRESS TRANSPORTES URGENTES LTDA E OUTROS (2) PROCESSO nº 1000743-05.2024.5.02.0314 (ROT) RECORRENTES: HENRIQUE NEVES DE SOUZA, SPR SÃO PAULO RODOVIAS LTDA. e BRASPRESS TRANSPORTES URGENTES LTDA RECORRIDOS: OS MESMOS RELATOR: JOÃO FORTE JÚNIOR RELATÓRIO Recursos apresentados pelos recorrentes, acima identificados, pretendendo o autor a reforma da sentença em relação à justa causa, às horas extras, aos descontos indevidos, ao dano existencial e à multa por oposição de Embargos de Declaração considerados protelatórios; as reclamadas a reforma em relação à delimitação da condenação aos valores postulados na inicial, à natureza da premiação paga, ao adicional de periculosidade, ao fornecimento de PPP, às horas extras e aos honorários sucumbenciais. Oportunizadas contrarrazões. O autor está dispensado de preparo. Depósito recursal efetuado pelas reclamadas (fls. 1152 e 1156) e custas recolhidas conforme fls. 1155 do pdf. A numeração de folhas indicadas no presente voto corresponde àquela do arquivo baixado no formato PDF em ordem crescente. É o relatório. Passo a decidir. VOTO CONHECIMENTO - Pressupostos Recursais: Presentes os pressupostos de admissibilidade, CONHEÇO dos recursos. FUNDAMENTAÇÃO MÉRITO Recurso da parte reclamante: 1.Da justa causa: O reclamante requer a reforma da sentença por meio da qual houve o reconhecimento da validade da justa causa (fls. 1114/1123). O magistrado do primeiro grau assim fundamentou a sua decisão: "Logo, apesar da alegação de que a empresa exigia que o trabalhador atendesse o celular, ele poderia plenamente dirigir-se ao acostamento ou outro lugar e parar em local seguro para realizar as ligações e atender às demandas da empresa. Em réplica, a parte autora, de forma incoerente, apontou que a juntada aos autos de "apenas" oito vídeos não demonstra a reiteração de conduta. A alegação é desarrazoada, pois, além de oito ocorrências deixar claro que as condutas foram reiteradas, não há esse permissivo legal de uso de celular ao dirigir veículos por poucas oportunidades. Ainda, além dos vídeos, o reclamante recebeu uma série de advertências por dirigir com excesso de velocidade (documentos de fl. 261 e seguintes). O comprovado e reiterado descumprimento da lei justifica a penalidade máxima aplicada de justa causa. O ato cometido, de forma repetida, é gravíssimo e faz desaparecer qualquer fidúcia que se possa esperar do contrato de trabalho. Reputo válida a justa causa aplicada e julgo improcedente o pedido de reversão da dispensa por justa causa em imotivada, bem como todos os pedidos decorrentes, tais como: diferenças de verbas rescisórias". Passo à análise. O reclamante foi dispensado por justa causa por ter utilizado telefone celular, enquanto estava dirigindo caminhão da empresa. O uso do celular restou incontroverso, aduzindo o reclamante que a empresa era quem ligava para ele. Essa escusa deve ser rechaçada na medida em que a própria testemunha do reclamante declarou: "é possível frear e parar o caminhão em caso, por exemplo, de necessidade de atender o celular". É sabido que essa conduta é grave, considerada infração gravíssima pelo CTB (artigo 252, parágrafo único). Esse fato não é banal, irrelevante, já que certamente colocou a vida de pessoas em risco, lembrando-se que o reclamante dirigia caminhões, ou seja, veículos de grande porte que poderiam causar grandes acidentes com vítimas fatais, considerando, ainda, que na maior parte do tempo o reclamante dirigia em estradas onde o veículo atingia maior velocidade. A alegação do reclamante de que nunca havia sofrido penalidades por esse fato, razão pela qual a empresa o teria perdoado, parece-me frágil. Não se pode perder de vista que essa atitude do reclamante era grave e colocava em risco não somente a sua vida, como a de várias outras pessoas. Essa alegação do reclamante impediria que a empresa o penalizasse, já que sempre se poderia alegar que antes da sanção a empresa não fiscalizava ou não se importava com essa conduta. Além da gravidade de se utilizar aparelho celular na direção de caminhões, o reclamante havia sofrido sanções por excesso de velocidade, conforme o histórico constante em defesa (fls. 1669). O reclamante em depoimento pessoal confirmou que o excesso de velocidade era em razão da fadiga. Não se nega que o trabalho de motorista de caminhão seja muito desgastante, a questão é que sanções por excesso de velocidade além do uso de aparelho celular na direção são questões graves que não podem ser relativizadas. O fato de o reclamante ter recebido premiação de acordo com a defesa (ou comissões, de acordo com a tese autoral) por ter boa conduta na direção não refuta as condutas incontroversas do reclamante (excesso de velocidade e uso de aparelho celular na direção de caminhões). Logo, entendo que a justa causa foi corretamente aplicada. Como consequência, nego provimento. 2.Da multa do artigo 467 da CLT: Não existiram verbas rescisórias incontroversas que pudessem ter sido pagas em primeira audiência, razão pela qual mantenho a sentença que julgou improcedente a multa do art. 467 da CLT. 3.Da multa do artigo 477 da CLT: A rescisão ocorreu em 26/02/2024 (fls. 372), ao passo que o pagamento das rescisórias foi efetivado em 05/03/2024 (fls. 376), motivo pelo qual mantenho a sentença que julgou improcedente a multa do art. 477 da CLT. 4.Das horas extras (matéria em comum a ambos os recursos): Pretende o autor a reforma da sentença no que diz respeito ao tempo trabalhado antes de anotar o início da jornada, já que, embora tenha sido arbitrado o tempo de 1 hora, a testemunha do autor comprovou que o tempo equivalia a 2 horas (fls. 1125). Alega o autor, ainda, ter apresentado diferenças em réplica que não foram consideradas na sentença de primeiro grau (fls. 1126/1129). Quanto ao tempo trabalhado antes da marcação de início da jornada, o reclamante parte de premissas equivocadas, já que a magistrada do primeiro grau considerou as declarações das duas testemunhas ouvidas e não somente da testemunha apresentada pelo reclamante, arbitrando que o tempo era de 1 hora. Logo, não faz sentido acolher somente o que a testemunha do reclamante disse como requereu o reclamante, sendo correto o arbitramento realizado na sentença que considerou as declarações das duas testemunhas ouvidas. Quanto às diferenças, o reclamante realmente as apontou em réplica. Todavia, entendo que o apontamento contém incongruências. No dia 24/12/2021 o reclamante alegou fazer jus a "0,37" de horas extras (fls. 910), tempo esse equivalente a 22 minutos. A reclamada considerou o tempo de horas extras equivalente a 15 minutos (fls. 232). Logo, o apontamento do reclamante é de que faria jus à diferença de 7 minutos. A questão é que constou no cartão de ponto o tempo de 1h07min de intervalo, ou seja, essa diferença de 7 minutos não poderia ser contabilizada como hora extra, já que nesse tempo o reclamante estava usufruindo intervalo. Outro detalhe, no dia 30/12/2021, observei que a diferença foi bem grande entre o apontamento do reclamante e o cartão de ponto. Na verdade, a diferença decorre do tempo de espera em que o reclamante considerou como hora extra, não obstante a reclamada ter efetuado o pagamento dessa verba em rubrica própria. Entendo que essas incongruências impedem que os apontamentos do reclamante sejam acolhidos, razão pela qual nego provimento ao recurso nesse particular. As reclamadas requererem a reforma da condenação ao pagamento de 1 hora extra, pedido esse que não deve prosperar na medida em que as testemunhas ouvidas, como já exposto, confirmaram que havia necessidade de se apresentaram antes da efetiva marcação de ponto. Ressalto que, até mesmo, o preposto disse que havia necessidade da realização de exames antes do início da jornada que demoravam até 15 minutos, além de mais 15 minutos para o resultado ser divulgado, declarações essas que apenas reforçam a tese autoral. Quanto ao sobreaviso, as testemunhas confirmaram que o reclamante ficava de sobreaviso. Embora a testemunha da reclamada tenha dito que não havia sobreaviso, as declarações dela sugerem o contrário. Essa testemunha disse que os motoristas eram chamados por celular para comparecerem ao trabalho, lembrando-se que os horários do reclamante eram muito aleatórios, iniciando algumas jornadas de madrugada. Como a magistrada do primeiro grau apontou, realmente o reclamante precisava ficar aguardando ordens para comparecer ao serviço a qualquer momento. Desse modo, também nego provimento ao recurso das reclamadas. 5.Dos descontos indevidos: O reclamante requer a restituição dos valores descontados a título de contribuição assistencial, já que não se associou a nenhum sindicato (fls. 1130/1132). No entendimento deste magistrado, a contribuição assistencial apenas pode ser exigida dos empregados sindicalizados, sob pena de afrontarem-se os constitucionais princípios da liberdade de associação (artigo 5.º, XX, da Constituição Federal) e sindicalização (artigo 8.º, V, da Constituição Federal). A imposição por via de negociação coletiva do pagamento de contribuição a sindicato não encontraria legitimidade, na medida em que a negociação coletiva é pautada na resistência dos negociantes ao estabelecimento de cláusulas que não lhe parecem favoráveis, mas, ao passo em que ambos negociantes estão acordando sobre valores a serem recebidos por eles, tal resistência desaparece, dando azo à situação em que não há qualquer defesa de sua categoria no estabelecimento da cláusula. O Colendo Tribunal Superior do Trabalho já havia pacificado seu entendimento no sentido que ora defendemos através do Precedente Normativo n.º 119, e da Orientação Jurisprudencial 17 da SDC. O próprio Supremo Tribunal Federal, no bojo do ARE 1018459 RG/PR assentou em voto do Ministro Gilmar Mendes, datado de 03/02/2017 que "é inconstitucional a instituição, por acordo, convenção coletiva ou sentença normativa, de contribuições que se imponham compulsoriamente a empregados da categoria não sindicalizados", o que foi feito, segundo o Ministro Relator, em "reafirmação da jurisprudência desta Corte", de modo que o entendimento deste magistrado era plenamente convergente com o assentado pela Suprema Corte. Entretanto, em decisão resolutiva de embargos de declaração, o Supremo Tribunal alterou seu entendimento até então adotado e que havia sido reafirmado, para, em decisão de julgamento divulgada em 12/09/2023 assentar a tese de repercussão geral (tema 935), no sentido de que "é constitucional a instituição, por acordo ou convenção coletivos, de contribuições assistenciais a serem impostas a todos os empregados da categoria, ainda que não sindicalizados, desde que assegurado o direito de oposição". Em se tratando de decisão com repercussão geral, curvo-me ao entendimento alterado pela Suprema Corte nos embargos de declaração no ARE 1018459 RG/PR para, de acordo com o tema 935 de repercussão geral reconhecer a constitucionalidade da contribuição assistencial. As reclamadas alegaram que a cláusula 64ª (fls. 193) prevê o denominado direito à oposição. Todavia, não identifiquei essa cláusula nas normas coletivas juntadas aos autos. Na sentença recorrida o pedido foi indeferido porque os não filiados se beneficiariam da negociação coletiva ajustada (fls. 1085). A questão, como já mencionado, é que o desconto a título de contribuição assistencial aos não filiados está condicionado ao direito à oposição, direito esse não assegurado pelas normas coletivas juntadas aos autos. Reformo a sentença no particular a fim de condenar as reclamadas à devolução dos valores descontados a título de contribuição assistencial. 6.Do dano existencial: Pleiteia o reclamante a reforma da sentença quanto ao dano existencial, considerando as jornadas praticadas, além das horas de sobreaviso. A prestação de serviço extraordinário não acarreta, por si só, o reconhecimento do denominado dano existencial, sendo necessária a demonstração de prejuízo à vida social do empregado. Realmente as jornadas eram extensas. Todavia, havia folgas distribuídas, por vezes, ao longo da semana, como aconteceu no cartão de ponto de fls. 232, já citado, em que o reclamante trabalhou no dia 30/12/2021, retornando ao trabalho no dia 06/01/2022. O sobreaviso, apesar de existir, também não configura dano existencial, por si só, já que o reclamante, como mencionado, folgava em dias variados ao longo da semana o que lhe proporcionava um razoável descanso. Depreende-se, portanto, que a realidade vivida pelo reclamante não deve ser considerada extenuante a ponto de causar efetivo prejuízo à sua vida social. Nego provimento. 7.Da multa em razão dos Embargos de Declaração considerados protelatórios: Assevera o reclamante ter apresentado Embargos de Declaração que foram erroneamente considerados protelatórios, requerendo a exclusão da multa aplicada. Concordo com o reclamante. O reclamante apresentou Embargos de Declaração alertando ter realizado os apontamentos em réplica relativos às horas extras que não foram considerados na sentença de primeiro grau. Na verdade, na sentença constou que o reclamante não os havia apresentado. Na decisão de Embargos de Declaração não houve, apesar do alerta do reclamante, a análise dessa questão, constando que não houve na decisão "omissão, contradição, tampouco obscuridade" (fls. 1111). Sendo assim, reformo a sentença nesse particular a fim de excluir a multa aplicada. Recurso das reclamadas: 1.Da delimitação da condenação aos valores indicados na inicial: O artigo 840, parágrafo primeiro, da CLT não exige qualquer indicação precisa, tampouco memória de cálculo dos valores pretendidos. O momento de efetiva fixação do valor devido é a fase de liquidação de sentença, preservada pela Lei 13.467/2017, que alterou o dispositivo legal citado no parágrafo anterior. Não obstante a ampla atuação de profissionais da advocacia na representação das partes nas demandas trabalhistas, ainda vige o jus postulandi (art. 791, CLT). A interpretação sistemática induz à conclusão de que a exigência de indicação do valor não corresponde à indicação exata, limitadora da condenação, mas uma mera estimativa. Destaco o disposto no artigo 12, parágrafo segundo, da Instrução Normativa 41/2018 do C. TST, que menciona ser exigida apenas uma estimativa dos valores correspondentes aos pedidos, não havendo que se falar em limitação quanto ao valor deles. Cito aresto no C. TST em tal sentido: "AGRAVO. AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. LIMITAÇÃO DA CONDENAÇÃO AOS VALORES ATRIBUÍDOS AOS PEDIDOS NA PETIÇÃO INICIAL. IMPOSSIBILIDADE. AUSÊNCIA DE TRANSCENDÊNCIA. 1. O TST aprovou a Instrução Normativa nº 41/2018, que regulamenta a aplicação das normas processuais contidas na CLT, alteradas ou acrescentadas pela Lei nº 13.0467/2017, cujo art. 12, § 2º, estabelece que, "para fim do que dispõe o art. 840, §§ 1º e 2º, da CLT, o valor da causa será estimado, observando-se, no que couber, o disposto nos arts. 291 a 293 do Código de Processo Civil". 2. Esta Primeira Turma firmou entendimento, segundo o qual os valores atribuídos aos pedidos iniciais devem ser considerados como quantia estimada, ainda que tenham sido apresentados de forma líquida, na exordial, em razão de interpretação dada à matéria pela SbDI-I, ente de uniformização de jurisprudência, interna corporis , desta Corte Superior. 3. A previsão contida na novel legislação de que o pedido deve ser "certo, determinado e com indicação de valor" não restringe a liquidação da condenação aos valores apontados na petição inicial. (...)" (Ag-AIRR-1001451-45.2020.5.02.0201, 1ª Turma, Relator Ministro Amaury Rodrigues Pinto Junior, DEJT 13/12/2024). Também esta 4.ª Turma assim firmou entendimento, conforme acórdãos proferidos nos processos 1000327-41.2023.5.02.0033 (Rel. Desembargador Ricardo Artur Costa e Trigueiros), 1000362-38.2024.5.02.0462 (Rel. Desembargadora Ivani Contini Bramante), 1002077-39.2023.5.02.0434 (Rel. Desembargadora Ivete Ribeiro), 1000017-11.2024.5.02.0062 (Rel. Desembargadora Maria Isabel Cueva de Moraes), 1001278-46.2022.5.02.0461 (Rel. Desembargadora Lycanthia Carolina Ramage) e 1000490-64.2023.5.02.0051 (Rel. Magistrado Paulo Sérgio Jakutis). Nego provimento. 2.Da natureza da premiação: As reclamadas defendem que a premiação paga decorria da conduta do reclamante ao dirigir caminhão, como "evitar frenagem brusca, economia de combustível, atentos (atenção) na estrada etc" (fls. 1145), constando essa premiação na norma coletiva da categoria. Com o devido respeito à tese, parece-me não fazer sentido algum que o motorista ganhasse premiação por evitar "frenagem brusca", "economizar combustível" e prestar atenção na estrada. Primeiro, como a reclamada conseguia aferir de forma minimamente objetiva o nível de atenção dos seus motoristas? Imaginemos o detalhamento relativo à quantidade de frenagem realizada pelo reclamante. Quantas foram necessárias ou quantas foram acima do que um excelente motorista teria feito? A questão da economia de combustível parece-me tão complexa como as outras. Seria preciso um estudo altamente detalhado, dependendo de inúmeros testes, para que fosse possível aferir a quantidade de combustível utilizada pelo veículo do reclamante em comparação à esperada, situação que sequer foi demonstrada. Resta evidente pela própria narrativa da reclamada que a premiação era nada mais do que um complemento salarial. Nego provimento. 3.Do adicional de periculosidade: As reclamadas requereram a reforma da sentença que julgou procedente o pedido relativo ao adicional de periculosidade, requerendo inclusive a exclusão da determinação para que seja emitido PPP. O perito concluiu que havia exposição à periculosidade, pois o reclamante ficava próximo ao local em que o veículo por ele utilizado era abastecido. Conforme o Tema 82 de Incidente de Recurso de Revista Repetitivo do C. TST, não é devido o adicional de periculosidade ao motorista que apenas acompanha o abastecimento. Transcrevo: "Os empregados motoristas e outros que utilizem ou exerçam atividades em veículo automotor não têm direito ao adicional de periculosidade quando apenas acompanham o abastecimento realizado por terceiro, sem contato direto com o combustível". Diante do disposto no artigo 985, incisos I e II, do Código de Processo Civil, aplicável ao processo do trabalho por força do artigo 769 da CLT, tal decisão possui efeito vinculante. Calcado em tal premissa, reformo a sentença para excluir a condenação ao adicional de periculosidade. Como consequência, absolvo a reclamada dos honorários periciais que são rearbitrados para R$ 806,00, atendendo ao limite máximo estabelecido pelo ATO GP/CR nº 02/2021 do E. TRT da 2.ª Região, Anexo I, publicado em 16/09/2021. Os honorários serão custeados pelo E. TRT da 2.ª Região, mediante oportuna requisição diante da justiça gratuita concedida ao reclamante. Reformo também a decisão para absolver a reclamada da obrigação de entrega do PPP diante da ausência de submissão a condição de risco. 4.Dos honorários sucumbenciais: Ao contrário do requerido pelas reclamadas, entendo que a presente demanda não é de baixa complexidade, motivo pelo qual o percentual de 10% arbitrado na primeira instância é realmente adequado. A condenação da parte autora ao pagamento dos honorários sucumbenciais com a consequente suspensão de exigibilidade está de acordo com a ADI 5766 julgada recentemente pelo C. STF. Desse modo, nego provimento. ACORDAM os Magistrados da 4.ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 2.ª Região em, por unanimidade de votos, CONHECER dos recursos interpostos; DAR PARCIAL PROVIMENTO ao recurso do reclamante a fim de condenar as reclamadas à devolução das contribuições assistenciais e excluir a multa em razão dos embargos de declaração opostos na primeira instância; DAR PARCIAL PROVIMENTO ao recurso das reclamadas para excluir a condenação ao pagamento do adicional de periculosidade e entrega do PPP, além de determinar que os honorários periciais, ora arbitrados em R$ 806,00, sejam custeados pelo E. TRT mediante requisição em momento oportuno. Tudo nos termos da fundamentação supra. Valor da condenação inalterado. Presidiu a sessão a Excelentíssima Desembargadora Presidente Ivani Contini Bramante. Tomaram parte no julgamento o Exmo. Juiz convocado João Forte Junior e as Exmas. Desembargadoras Ivani Contini Bramante e Ivete Ribeiro. Relator (a): João Forte Junior. Integrou a sessão virtual o (a) representante do Ministério Público. JOÃO FORTE JÚNIOR Relator SAO PAULO/SP, 23 de julho de 2025. REGINA CELIA DUTRA JAVAROTTI Diretor de Secretaria Intimado(s) / Citado(s) - SPR SAO PAULO RODOVIAS LTDA.

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Braspress Transportes Urgentes Ltda e outros x Braspress Transportes Urgentes Ltda e outros

ID: 333950747

Tribunal: TRT2 Órgão: 4ª Turma Classe: RECURSO ORDINáRIO TRABALHISTA Nº Processo: 1000743-05.2024.5.02.0314

Data de Disponibilização: 24/07/2025

Polo Ativo:

BRASPRESS TRANSPORTES URGENTES LTDA FABIANO LAMENZA HENRIQUE NEVES DE SOUZA SPR SAO PAULO RODOVIAS LTDA.

Polo Passivo:

BRASPRESS TRANSPORTES URGENTES LTDA HENRIQUE NEVES DE SOUZA SPR SAO PAULO RODOVIAS LTDA.

Acórdão

Advogados:

HERIK ALVES DE AZEVEDO

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JUCENIR BELINO ZANATTA

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ADELCIO CARLOS MIOLA

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PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO 4ª TURMA Relator: JOAO FORTE JUNIOR ROT 1000743-05.2024.5.02.0314 RECORRENTE: HENRIQUE NEVES DE SOUZA E OUTROS (2… PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO 4ª TURMA Relator: JOAO FORTE JUNIOR ROT 1000743-05.2024.5.02.0314 RECORRENTE: HENRIQUE NEVES DE SOUZA E OUTROS (2) RECORRIDO: BRASPRESS TRANSPORTES URGENTES LTDA E OUTROS (2) PROCESSO nº 1000743-05.2024.5.02.0314 (ROT) RECORRENTES: HENRIQUE NEVES DE SOUZA, SPR SÃO PAULO RODOVIAS LTDA. e BRASPRESS TRANSPORTES URGENTES LTDA RECORRIDOS: OS MESMOS RELATOR: JOÃO FORTE JÚNIOR RELATÓRIO Recursos apresentados pelos recorrentes, acima identificados, pretendendo o autor a reforma da sentença em relação à justa causa, às horas extras, aos descontos indevidos, ao dano existencial e à multa por oposição de Embargos de Declaração considerados protelatórios; as reclamadas a reforma em relação à delimitação da condenação aos valores postulados na inicial, à natureza da premiação paga, ao adicional de periculosidade, ao fornecimento de PPP, às horas extras e aos honorários sucumbenciais. Oportunizadas contrarrazões. O autor está dispensado de preparo. Depósito recursal efetuado pelas reclamadas (fls. 1152 e 1156) e custas recolhidas conforme fls. 1155 do pdf. A numeração de folhas indicadas no presente voto corresponde àquela do arquivo baixado no formato PDF em ordem crescente. É o relatório. Passo a decidir. VOTO CONHECIMENTO - Pressupostos Recursais: Presentes os pressupostos de admissibilidade, CONHEÇO dos recursos. FUNDAMENTAÇÃO MÉRITO Recurso da parte reclamante: 1.Da justa causa: O reclamante requer a reforma da sentença por meio da qual houve o reconhecimento da validade da justa causa (fls. 1114/1123). O magistrado do primeiro grau assim fundamentou a sua decisão: "Logo, apesar da alegação de que a empresa exigia que o trabalhador atendesse o celular, ele poderia plenamente dirigir-se ao acostamento ou outro lugar e parar em local seguro para realizar as ligações e atender às demandas da empresa. Em réplica, a parte autora, de forma incoerente, apontou que a juntada aos autos de "apenas" oito vídeos não demonstra a reiteração de conduta. A alegação é desarrazoada, pois, além de oito ocorrências deixar claro que as condutas foram reiteradas, não há esse permissivo legal de uso de celular ao dirigir veículos por poucas oportunidades. Ainda, além dos vídeos, o reclamante recebeu uma série de advertências por dirigir com excesso de velocidade (documentos de fl. 261 e seguintes). O comprovado e reiterado descumprimento da lei justifica a penalidade máxima aplicada de justa causa. O ato cometido, de forma repetida, é gravíssimo e faz desaparecer qualquer fidúcia que se possa esperar do contrato de trabalho. Reputo válida a justa causa aplicada e julgo improcedente o pedido de reversão da dispensa por justa causa em imotivada, bem como todos os pedidos decorrentes, tais como: diferenças de verbas rescisórias". Passo à análise. O reclamante foi dispensado por justa causa por ter utilizado telefone celular, enquanto estava dirigindo caminhão da empresa. O uso do celular restou incontroverso, aduzindo o reclamante que a empresa era quem ligava para ele. Essa escusa deve ser rechaçada na medida em que a própria testemunha do reclamante declarou: "é possível frear e parar o caminhão em caso, por exemplo, de necessidade de atender o celular". É sabido que essa conduta é grave, considerada infração gravíssima pelo CTB (artigo 252, parágrafo único). Esse fato não é banal, irrelevante, já que certamente colocou a vida de pessoas em risco, lembrando-se que o reclamante dirigia caminhões, ou seja, veículos de grande porte que poderiam causar grandes acidentes com vítimas fatais, considerando, ainda, que na maior parte do tempo o reclamante dirigia em estradas onde o veículo atingia maior velocidade. A alegação do reclamante de que nunca havia sofrido penalidades por esse fato, razão pela qual a empresa o teria perdoado, parece-me frágil. Não se pode perder de vista que essa atitude do reclamante era grave e colocava em risco não somente a sua vida, como a de várias outras pessoas. Essa alegação do reclamante impediria que a empresa o penalizasse, já que sempre se poderia alegar que antes da sanção a empresa não fiscalizava ou não se importava com essa conduta. Além da gravidade de se utilizar aparelho celular na direção de caminhões, o reclamante havia sofrido sanções por excesso de velocidade, conforme o histórico constante em defesa (fls. 1669). O reclamante em depoimento pessoal confirmou que o excesso de velocidade era em razão da fadiga. Não se nega que o trabalho de motorista de caminhão seja muito desgastante, a questão é que sanções por excesso de velocidade além do uso de aparelho celular na direção são questões graves que não podem ser relativizadas. O fato de o reclamante ter recebido premiação de acordo com a defesa (ou comissões, de acordo com a tese autoral) por ter boa conduta na direção não refuta as condutas incontroversas do reclamante (excesso de velocidade e uso de aparelho celular na direção de caminhões). Logo, entendo que a justa causa foi corretamente aplicada. Como consequência, nego provimento. 2.Da multa do artigo 467 da CLT: Não existiram verbas rescisórias incontroversas que pudessem ter sido pagas em primeira audiência, razão pela qual mantenho a sentença que julgou improcedente a multa do art. 467 da CLT. 3.Da multa do artigo 477 da CLT: A rescisão ocorreu em 26/02/2024 (fls. 372), ao passo que o pagamento das rescisórias foi efetivado em 05/03/2024 (fls. 376), motivo pelo qual mantenho a sentença que julgou improcedente a multa do art. 477 da CLT. 4.Das horas extras (matéria em comum a ambos os recursos): Pretende o autor a reforma da sentença no que diz respeito ao tempo trabalhado antes de anotar o início da jornada, já que, embora tenha sido arbitrado o tempo de 1 hora, a testemunha do autor comprovou que o tempo equivalia a 2 horas (fls. 1125). Alega o autor, ainda, ter apresentado diferenças em réplica que não foram consideradas na sentença de primeiro grau (fls. 1126/1129). Quanto ao tempo trabalhado antes da marcação de início da jornada, o reclamante parte de premissas equivocadas, já que a magistrada do primeiro grau considerou as declarações das duas testemunhas ouvidas e não somente da testemunha apresentada pelo reclamante, arbitrando que o tempo era de 1 hora. Logo, não faz sentido acolher somente o que a testemunha do reclamante disse como requereu o reclamante, sendo correto o arbitramento realizado na sentença que considerou as declarações das duas testemunhas ouvidas. Quanto às diferenças, o reclamante realmente as apontou em réplica. Todavia, entendo que o apontamento contém incongruências. No dia 24/12/2021 o reclamante alegou fazer jus a "0,37" de horas extras (fls. 910), tempo esse equivalente a 22 minutos. A reclamada considerou o tempo de horas extras equivalente a 15 minutos (fls. 232). Logo, o apontamento do reclamante é de que faria jus à diferença de 7 minutos. A questão é que constou no cartão de ponto o tempo de 1h07min de intervalo, ou seja, essa diferença de 7 minutos não poderia ser contabilizada como hora extra, já que nesse tempo o reclamante estava usufruindo intervalo. Outro detalhe, no dia 30/12/2021, observei que a diferença foi bem grande entre o apontamento do reclamante e o cartão de ponto. Na verdade, a diferença decorre do tempo de espera em que o reclamante considerou como hora extra, não obstante a reclamada ter efetuado o pagamento dessa verba em rubrica própria. Entendo que essas incongruências impedem que os apontamentos do reclamante sejam acolhidos, razão pela qual nego provimento ao recurso nesse particular. As reclamadas requererem a reforma da condenação ao pagamento de 1 hora extra, pedido esse que não deve prosperar na medida em que as testemunhas ouvidas, como já exposto, confirmaram que havia necessidade de se apresentaram antes da efetiva marcação de ponto. Ressalto que, até mesmo, o preposto disse que havia necessidade da realização de exames antes do início da jornada que demoravam até 15 minutos, além de mais 15 minutos para o resultado ser divulgado, declarações essas que apenas reforçam a tese autoral. Quanto ao sobreaviso, as testemunhas confirmaram que o reclamante ficava de sobreaviso. Embora a testemunha da reclamada tenha dito que não havia sobreaviso, as declarações dela sugerem o contrário. Essa testemunha disse que os motoristas eram chamados por celular para comparecerem ao trabalho, lembrando-se que os horários do reclamante eram muito aleatórios, iniciando algumas jornadas de madrugada. Como a magistrada do primeiro grau apontou, realmente o reclamante precisava ficar aguardando ordens para comparecer ao serviço a qualquer momento. Desse modo, também nego provimento ao recurso das reclamadas. 5.Dos descontos indevidos: O reclamante requer a restituição dos valores descontados a título de contribuição assistencial, já que não se associou a nenhum sindicato (fls. 1130/1132). No entendimento deste magistrado, a contribuição assistencial apenas pode ser exigida dos empregados sindicalizados, sob pena de afrontarem-se os constitucionais princípios da liberdade de associação (artigo 5.º, XX, da Constituição Federal) e sindicalização (artigo 8.º, V, da Constituição Federal). A imposição por via de negociação coletiva do pagamento de contribuição a sindicato não encontraria legitimidade, na medida em que a negociação coletiva é pautada na resistência dos negociantes ao estabelecimento de cláusulas que não lhe parecem favoráveis, mas, ao passo em que ambos negociantes estão acordando sobre valores a serem recebidos por eles, tal resistência desaparece, dando azo à situação em que não há qualquer defesa de sua categoria no estabelecimento da cláusula. O Colendo Tribunal Superior do Trabalho já havia pacificado seu entendimento no sentido que ora defendemos através do Precedente Normativo n.º 119, e da Orientação Jurisprudencial 17 da SDC. O próprio Supremo Tribunal Federal, no bojo do ARE 1018459 RG/PR assentou em voto do Ministro Gilmar Mendes, datado de 03/02/2017 que "é inconstitucional a instituição, por acordo, convenção coletiva ou sentença normativa, de contribuições que se imponham compulsoriamente a empregados da categoria não sindicalizados", o que foi feito, segundo o Ministro Relator, em "reafirmação da jurisprudência desta Corte", de modo que o entendimento deste magistrado era plenamente convergente com o assentado pela Suprema Corte. Entretanto, em decisão resolutiva de embargos de declaração, o Supremo Tribunal alterou seu entendimento até então adotado e que havia sido reafirmado, para, em decisão de julgamento divulgada em 12/09/2023 assentar a tese de repercussão geral (tema 935), no sentido de que "é constitucional a instituição, por acordo ou convenção coletivos, de contribuições assistenciais a serem impostas a todos os empregados da categoria, ainda que não sindicalizados, desde que assegurado o direito de oposição". Em se tratando de decisão com repercussão geral, curvo-me ao entendimento alterado pela Suprema Corte nos embargos de declaração no ARE 1018459 RG/PR para, de acordo com o tema 935 de repercussão geral reconhecer a constitucionalidade da contribuição assistencial. As reclamadas alegaram que a cláusula 64ª (fls. 193) prevê o denominado direito à oposição. Todavia, não identifiquei essa cláusula nas normas coletivas juntadas aos autos. Na sentença recorrida o pedido foi indeferido porque os não filiados se beneficiariam da negociação coletiva ajustada (fls. 1085). A questão, como já mencionado, é que o desconto a título de contribuição assistencial aos não filiados está condicionado ao direito à oposição, direito esse não assegurado pelas normas coletivas juntadas aos autos. Reformo a sentença no particular a fim de condenar as reclamadas à devolução dos valores descontados a título de contribuição assistencial. 6.Do dano existencial: Pleiteia o reclamante a reforma da sentença quanto ao dano existencial, considerando as jornadas praticadas, além das horas de sobreaviso. A prestação de serviço extraordinário não acarreta, por si só, o reconhecimento do denominado dano existencial, sendo necessária a demonstração de prejuízo à vida social do empregado. Realmente as jornadas eram extensas. Todavia, havia folgas distribuídas, por vezes, ao longo da semana, como aconteceu no cartão de ponto de fls. 232, já citado, em que o reclamante trabalhou no dia 30/12/2021, retornando ao trabalho no dia 06/01/2022. O sobreaviso, apesar de existir, também não configura dano existencial, por si só, já que o reclamante, como mencionado, folgava em dias variados ao longo da semana o que lhe proporcionava um razoável descanso. Depreende-se, portanto, que a realidade vivida pelo reclamante não deve ser considerada extenuante a ponto de causar efetivo prejuízo à sua vida social. Nego provimento. 7.Da multa em razão dos Embargos de Declaração considerados protelatórios: Assevera o reclamante ter apresentado Embargos de Declaração que foram erroneamente considerados protelatórios, requerendo a exclusão da multa aplicada. Concordo com o reclamante. O reclamante apresentou Embargos de Declaração alertando ter realizado os apontamentos em réplica relativos às horas extras que não foram considerados na sentença de primeiro grau. Na verdade, na sentença constou que o reclamante não os havia apresentado. Na decisão de Embargos de Declaração não houve, apesar do alerta do reclamante, a análise dessa questão, constando que não houve na decisão "omissão, contradição, tampouco obscuridade" (fls. 1111). Sendo assim, reformo a sentença nesse particular a fim de excluir a multa aplicada. Recurso das reclamadas: 1.Da delimitação da condenação aos valores indicados na inicial: O artigo 840, parágrafo primeiro, da CLT não exige qualquer indicação precisa, tampouco memória de cálculo dos valores pretendidos. O momento de efetiva fixação do valor devido é a fase de liquidação de sentença, preservada pela Lei 13.467/2017, que alterou o dispositivo legal citado no parágrafo anterior. Não obstante a ampla atuação de profissionais da advocacia na representação das partes nas demandas trabalhistas, ainda vige o jus postulandi (art. 791, CLT). A interpretação sistemática induz à conclusão de que a exigência de indicação do valor não corresponde à indicação exata, limitadora da condenação, mas uma mera estimativa. Destaco o disposto no artigo 12, parágrafo segundo, da Instrução Normativa 41/2018 do C. TST, que menciona ser exigida apenas uma estimativa dos valores correspondentes aos pedidos, não havendo que se falar em limitação quanto ao valor deles. Cito aresto no C. TST em tal sentido: "AGRAVO. AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. LIMITAÇÃO DA CONDENAÇÃO AOS VALORES ATRIBUÍDOS AOS PEDIDOS NA PETIÇÃO INICIAL. IMPOSSIBILIDADE. AUSÊNCIA DE TRANSCENDÊNCIA. 1. O TST aprovou a Instrução Normativa nº 41/2018, que regulamenta a aplicação das normas processuais contidas na CLT, alteradas ou acrescentadas pela Lei nº 13.0467/2017, cujo art. 12, § 2º, estabelece que, "para fim do que dispõe o art. 840, §§ 1º e 2º, da CLT, o valor da causa será estimado, observando-se, no que couber, o disposto nos arts. 291 a 293 do Código de Processo Civil". 2. Esta Primeira Turma firmou entendimento, segundo o qual os valores atribuídos aos pedidos iniciais devem ser considerados como quantia estimada, ainda que tenham sido apresentados de forma líquida, na exordial, em razão de interpretação dada à matéria pela SbDI-I, ente de uniformização de jurisprudência, interna corporis , desta Corte Superior. 3. A previsão contida na novel legislação de que o pedido deve ser "certo, determinado e com indicação de valor" não restringe a liquidação da condenação aos valores apontados na petição inicial. (...)" (Ag-AIRR-1001451-45.2020.5.02.0201, 1ª Turma, Relator Ministro Amaury Rodrigues Pinto Junior, DEJT 13/12/2024). Também esta 4.ª Turma assim firmou entendimento, conforme acórdãos proferidos nos processos 1000327-41.2023.5.02.0033 (Rel. Desembargador Ricardo Artur Costa e Trigueiros), 1000362-38.2024.5.02.0462 (Rel. Desembargadora Ivani Contini Bramante), 1002077-39.2023.5.02.0434 (Rel. Desembargadora Ivete Ribeiro), 1000017-11.2024.5.02.0062 (Rel. Desembargadora Maria Isabel Cueva de Moraes), 1001278-46.2022.5.02.0461 (Rel. Desembargadora Lycanthia Carolina Ramage) e 1000490-64.2023.5.02.0051 (Rel. Magistrado Paulo Sérgio Jakutis). Nego provimento. 2.Da natureza da premiação: As reclamadas defendem que a premiação paga decorria da conduta do reclamante ao dirigir caminhão, como "evitar frenagem brusca, economia de combustível, atentos (atenção) na estrada etc" (fls. 1145), constando essa premiação na norma coletiva da categoria. Com o devido respeito à tese, parece-me não fazer sentido algum que o motorista ganhasse premiação por evitar "frenagem brusca", "economizar combustível" e prestar atenção na estrada. Primeiro, como a reclamada conseguia aferir de forma minimamente objetiva o nível de atenção dos seus motoristas? Imaginemos o detalhamento relativo à quantidade de frenagem realizada pelo reclamante. Quantas foram necessárias ou quantas foram acima do que um excelente motorista teria feito? A questão da economia de combustível parece-me tão complexa como as outras. Seria preciso um estudo altamente detalhado, dependendo de inúmeros testes, para que fosse possível aferir a quantidade de combustível utilizada pelo veículo do reclamante em comparação à esperada, situação que sequer foi demonstrada. Resta evidente pela própria narrativa da reclamada que a premiação era nada mais do que um complemento salarial. Nego provimento. 3.Do adicional de periculosidade: As reclamadas requereram a reforma da sentença que julgou procedente o pedido relativo ao adicional de periculosidade, requerendo inclusive a exclusão da determinação para que seja emitido PPP. O perito concluiu que havia exposição à periculosidade, pois o reclamante ficava próximo ao local em que o veículo por ele utilizado era abastecido. Conforme o Tema 82 de Incidente de Recurso de Revista Repetitivo do C. TST, não é devido o adicional de periculosidade ao motorista que apenas acompanha o abastecimento. Transcrevo: "Os empregados motoristas e outros que utilizem ou exerçam atividades em veículo automotor não têm direito ao adicional de periculosidade quando apenas acompanham o abastecimento realizado por terceiro, sem contato direto com o combustível". Diante do disposto no artigo 985, incisos I e II, do Código de Processo Civil, aplicável ao processo do trabalho por força do artigo 769 da CLT, tal decisão possui efeito vinculante. Calcado em tal premissa, reformo a sentença para excluir a condenação ao adicional de periculosidade. Como consequência, absolvo a reclamada dos honorários periciais que são rearbitrados para R$ 806,00, atendendo ao limite máximo estabelecido pelo ATO GP/CR nº 02/2021 do E. TRT da 2.ª Região, Anexo I, publicado em 16/09/2021. Os honorários serão custeados pelo E. TRT da 2.ª Região, mediante oportuna requisição diante da justiça gratuita concedida ao reclamante. Reformo também a decisão para absolver a reclamada da obrigação de entrega do PPP diante da ausência de submissão a condição de risco. 4.Dos honorários sucumbenciais: Ao contrário do requerido pelas reclamadas, entendo que a presente demanda não é de baixa complexidade, motivo pelo qual o percentual de 10% arbitrado na primeira instância é realmente adequado. A condenação da parte autora ao pagamento dos honorários sucumbenciais com a consequente suspensão de exigibilidade está de acordo com a ADI 5766 julgada recentemente pelo C. STF. Desse modo, nego provimento. ACORDAM os Magistrados da 4.ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 2.ª Região em, por unanimidade de votos, CONHECER dos recursos interpostos; DAR PARCIAL PROVIMENTO ao recurso do reclamante a fim de condenar as reclamadas à devolução das contribuições assistenciais e excluir a multa em razão dos embargos de declaração opostos na primeira instância; DAR PARCIAL PROVIMENTO ao recurso das reclamadas para excluir a condenação ao pagamento do adicional de periculosidade e entrega do PPP, além de determinar que os honorários periciais, ora arbitrados em R$ 806,00, sejam custeados pelo E. TRT mediante requisição em momento oportuno. Tudo nos termos da fundamentação supra. Valor da condenação inalterado. Presidiu a sessão a Excelentíssima Desembargadora Presidente Ivani Contini Bramante. Tomaram parte no julgamento o Exmo. Juiz convocado João Forte Junior e as Exmas. Desembargadoras Ivani Contini Bramante e Ivete Ribeiro. Relator (a): João Forte Junior. Integrou a sessão virtual o (a) representante do Ministério Público. JOÃO FORTE JÚNIOR Relator SAO PAULO/SP, 23 de julho de 2025. REGINA CELIA DUTRA JAVAROTTI Diretor de Secretaria Intimado(s) / Citado(s) - BRASPRESS TRANSPORTES URGENTES LTDA

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ID: 333945104

Tribunal: TRT2 Órgão: 4ª Turma Classe: RECURSO ORDINáRIO TRABALHISTA Nº Processo: 1000275-80.2023.5.02.0086

Data de Disponibilização: 24/07/2025

Polo Ativo:

CIRION TECHNOLOGIES DO BRASIL LTDA JOSE CLEITON ALVES BARROS SPFIBER SERVICOS DE IMPLANTACAO E MANUTENCAO DE REDES DE TELECOMUNICACOES LTDA.

Polo Passivo:

CIRION TECHNOLOGIES DO BRASIL LTDA JOSE CLEITON ALVES BARROS SPFIBER SERVICOS DE IMPLANTACAO E MANUTENCAO DE REDES DE TELECOMUNICACOES LTDA.

Acórdão

Advogados:

MARIA CARLA ARAUJO RODRIGUES

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ANDRE LUIZ AZEVEDO DEVITTE

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

ADRIANA LIGIA MONTEIRO DELBONI

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JANAINA CARDIA TEIXEIRA

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RICARDO JOSE MENDES DIAS

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KAREN LUCIA MEMBRIBES ESTEVES FERREIRA

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ALEX SANDRO GOMES ALTIMARI

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

PAULO AUGUSTO GRECO

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PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO 4ª TURMA Relator: JOAO FORTE JUNIOR ROT 1000275-80.2023.5.02.0086 RECORRENTE: JOSE CLEITON ALVES BARROS E OUTROS … PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO 4ª TURMA Relator: JOAO FORTE JUNIOR ROT 1000275-80.2023.5.02.0086 RECORRENTE: JOSE CLEITON ALVES BARROS E OUTROS (2) RECORRIDO: SPFIBER SERVICOS DE IMPLANTACAO E MANUTENCAO DE REDES DE TELECOMUNICACOES LTDA. E OUTROS (2) PROCESSO nº 1000275-80.2023.5.02.0086 (ROT) RECORRENTES: CIRION TECHNOLOGIES DO BRASIL LTDA, SPFIBER SERVIÇOS DE IMPLANTAÇÃO E MANUTENÇÃO DE REDES DE TELECOMUNICAÇÕES LTDA. e JOSÉ CLEITON ALVES BARROS RECORRIDOS: OS MESMOS RELATOR: JOÃO FORTE JÚNIOR RELATÓRIO Recursos apresentados pelos recorrentes, acima identificados, pretendendo o autor a reforma da sentença em relação à entrega de guias para o levantamento do FGTS e habilitação ao seguro-desemprego, às horas extras, ao intervalo intrajornada e aos depósitos de FGTS; a primeira reclamada a reforma em relação ao afastamento da justa causa, às horas extras, às férias e ao FGTS; a segunda reclamada suscitou preliminar de nulidade do julgado, requerendo, ainda, a reforma dos seguintes temas: delimitação da condenação aos valores indicados na inicial; reconhecimento de sua ilegitimidade passiva; acolhimento da justa causa; horas extras; intervalo intrajornada; adicional noturno; exclusão da empresa da lide; honorários sucumbenciais e benefícios da justiça gratuita concedidos ao reclamante. Oportunizadas contrarrazões. O autor está dispensado de preparo. Depósito recursal efetuado pela segunda reclamada (fls. 549) e custas recolhidas conforme fls. 547 do pdf. A primeira reclamada requereu o aproveitamento do depósito recursal realizado pela segunda reclamada ou, subsidiariamente, o pedido de justiça gratuita, considerando não ter condições de custear as despesas processuais. Indefiro o pedido de aproveitamento de depósito realizado pela segunda reclamada, pois há pedido de exclusão da lide, aplicando-se ao caso o disposto no Tema 146 do C. TST. De todo modo, as certidões de protesto (fls. 575/577) comprovam que a primeira reclamada está sofrendo cobranças, evidenciando a sua impossibilidade de custear o depósito recursal (art. 899, § 10, CLT). Desse modo, defiro os benefícios da justiça gratuita à primeira reclamada e conheço do recurso por ela interposto. A numeração de folhas indicadas no presente voto corresponde àquela do arquivo baixado no formato PDF em ordem crescente. É o relatório. Passo a decidir. VOTO CONHECIMENTO - Pressupostos Recursais: Presentes os pressupostos de admissibilidade, CONHEÇO dos recursos, excetuando-se parte do recurso do reclamante por meio do qual ele requereu o levantamento do FGTS, a habilitação ao seguro-desemprego, diferenças de FGTS e multa fundiária, pois esses pedidos foram deferidos na sentença de primeiro grau, não havendo, portanto, interesse recursal nesse particular. Cito para facilitar a visualização que às fls. 490 a magistrada condenou a primeira reclamada ao pagamento de "indenização de 40%, observados o art. 18, § 1º, da Lei 8.036 e a OJ 42 da SDI-1, do TST". Às fls. 491 da sentença constou: "(...) expeça a Secretaria da Vara os competentes alvarás para que o reclamante possa sacar o FGTS e se habilitar no seguro-desemprego". Ressalto que identifiquei que a expedição dos alvarás não constou na parte dispositiva do julgado. Todavia, entendo ser desnecessária, nesse caso, a reprodução desse trecho na parte dispositiva da sentença, pois se trata de determinação a ser cumprida pela própria Vara do Trabalho. Às fls. 492 da sentença constou: "Logo, devido o pagamento de diferenças de FGTS, de todo o período contratual, observados os arts. 15 e 18, § 1º, da Lei 8.036 e a OJ 42 da SDI-1, do TST". Desse modo, deixo de apreciar essas questões. FUNDAMENTAÇÃO Da preliminar de nulidade do julgado: A segunda reclamada requer o reconhecimento da nulidade da sentença de primeira instância, pois, apesar de o reclamante ter formulado pedido de rescisão indireta, ele já havia sido dispensado por justa causa, reconhecendo a magistrada de primeiro grau a irregularidade da justa causa com o consequente reconhecimento de que a rescisão ocorreu de forma injustificada, sem que esse pedido tivesse constado na inicial. Sem adentrar no mérito propriamente dito, não houve qualquer irregularidade no julgado. Em apertada síntese, a parte autora requereu a rescisão indireta de seu contrato de trabalho, ao passo que a primeira reclamada defendeu a regularidade da justa causa aplicada. A magistrada ao afastar a dispensa por justa causa, reconheceu que a rescisão ocorreu de forma imotivada, consignando no julgado que não seria necessário analisar a rescisão indireta. Considerando que o efeito prático da dispensa imotivada e da rescisão indireta é o mesmo, não foi necessária a análise dessa modalidade de rescisão. Observo que a segunda reclamada alega que: "para que a rescisão indireta seja reconhecida, é indispensável que o Reclamante comprove de forma robusta as supostas faltas graves atribuídas à Reclamada" (fls. 513). A segunda reclamada também se equivoca nesse ponto. Embora realmente incumba à parte autora produzir provas que evidenciassem as faltas graves elencadas no artigo 483 da CLT, no presente caso não houve o reconhecimento da rescisão indireta, mas apenas o da rescisão imotivada. Logo, a narrativa da segunda reclamada não se aplica ao presente caso. Ademais, a tese da segunda reclamada de que a justa causa aplicada teria o condão de tornar imutável o motivo rescisório, não sendo mais possível discutir essa questão, não faz, com a devida, o menor sentido. A primeira reclamada alegou um fato impeditivo ao direito da autora (rescisão por justa causa) e não houve prova robusta de tal fato. No presente caso, a justa causa foi aplicada em momento posterior ao ajuizamento da presente demanda, tratando-se de fato superveniente. Todavia, essa questão é irrelevante, pois mesmo que a justa causa tivesse sido aplicada em momento anterior, ao empregado é garantido o direito de discutir a validade dela em Juízo ou requerer simplesmente o reconhecimento da rescisão indireta ou, ainda, requerer o reconhecimento da dispensa imotivada. Acatar essa tese da defesa seria o equivalente a impedir o acesso da parte autora à Justiça, direito esse previsto constitucionalmente no artigo 5º, XXXV, da CF: "a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;" Rejeito. MÉRITO Recurso da segunda reclamada: 1.Da delimitação da condenação aos valores indicados na inicial: O artigo 840, parágrafo primeiro, da CLT não exige qualquer indicação precisa, tampouco memória de cálculo dos valores pretendidos. O momento de efetiva fixação do valor devido é a fase de liquidação de sentença, preservada pela Lei 13.467/2017, que alterou o dispositivo legal citado no parágrafo anterior. Não obstante a ampla atuação de profissionais da advocacia na representação das partes nas demandas trabalhistas, ainda vige o jus postulandi (art. 791, CLT). A interpretação sistemática induz à conclusão de que a exigência de indicação do valor não corresponde à indicação exata, limitadora da condenação, mas uma mera estimativa. Destaco o disposto no artigo 12, parágrafo segundo, da Instrução Normativa 41/2018 do C. TST, que menciona ser exigida apenas uma estimativa dos valores correspondentes aos pedidos, não havendo que se falar em limitação quanto ao valor deles. Cito aresto no C. TST em tal sentido: "AGRAVO. AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. LIMITAÇÃO DA CONDENAÇÃO AOS VALORES ATRIBUÍDOS AOS PEDIDOS NA PETIÇÃO INICIAL. IMPOSSIBILIDADE. AUSÊNCIA DE TRANSCENDÊNCIA. 1. O TST aprovou a Instrução Normativa nº 41/2018, que regulamenta a aplicação das normas processuais contidas na CLT, alteradas ou acrescentadas pela Lei nº 13.0467/2017, cujo art. 12, § 2º, estabelece que, "para fim do que dispõe o art. 840, §§ 1º e 2º, da CLT, o valor da causa será estimado, observando-se, no que couber, o disposto nos arts. 291 a 293 do Código de Processo Civil". 2. Esta Primeira Turma firmou entendimento, segundo o qual os valores atribuídos aos pedidos iniciais devem ser considerados como quantia estimada, ainda que tenham sido apresentados de forma líquida, na exordial, em razão de interpretação dada à matéria pela SbDI-I, ente de uniformização de jurisprudência, interna corporis , desta Corte Superior. 3. A previsão contida na novel legislação de que o pedido deve ser "certo, determinado e com indicação de valor" não restringe a liquidação da condenação aos valores apontados na petição inicial. (...)" (Ag-AIRR-1001451-45.2020.5.02.0201, 1ª Turma, Relator Ministro Amaury Rodrigues Pinto Junior, DEJT 13/12/2024). Também esta 4.ª Turma assim firmou entendimento, conforme acórdãos proferidos nos processos 1000327-41.2023.5.02.0033 (Rel. Desembargador Ricardo Artur Costa e Trigueiros), 1000362-38.2024.5.02.0462 (Rel. Desembargadora Ivani Contini Bramante), 1002077-39.2023.5.02.0434 (Rel. Desembargadora Ivete Ribeiro), 1000017-11.2024.5.02.0062 (Rel. Desembargadora Maria Isabel Cueva de Moraes), 1001278-46.2022.5.02.0461 (Rel. Desembargadora Lycanthia Carolina Ramage) e 1000490-64.2023.5.02.0051 (Rel. Magistrado Paulo Sérgio Jakutis). Nego provimento. 2.Da legitimidade da segunda reclamada: A legitimidade refere-se à pertinência subjetiva para que a parte possa figurar no polo passivo da demanda. Consoante a teoria da asserção, a legitimidade deve ser aferida de forma abstrata, ou seja, à luz das afirmações trazidas na petição inicial (in statu assertionis), estando legitimado passivamente aquele em face de quem o direito é postulado, pela simples análise das alegações apostas na petição inicial. Havendo alegação do autor no sentido de que a segunda reclamada é tomadora de serviços, requerendo sua responsabilização, é ela parte legítima para figurar na presente ação, sendo sua responsabilidade matéria de mérito. Mantida a sentença. 3.Da rescisão contratual (tema em comum nos recursos das reclamadas): A primeira reclamada defende a regularidade da justa causa. A segunda reclamada, por sua vez, assevera que a rescisão indireta não foi comprovada, também defendendo a regularidade da justa causa. No que tange à rescisão indireta, não faz sentido a alegação da segunda reclamada, pois, como já exposto, não houve a análise da rescisão indireta, já que essa questão foi considerada prejudicada diante do reconhecimento da dispensa imotivada pelo não acolhimento da tese de justa causa. Quanto à justa causa, a primeira reclamada aduz ter o reclamante utilizado CNPJ da empresa para contratação de plano odontológico para a sua filha, fato que gerou a lavratura de boletim de ocorrência. Entendo que caberia à primeira reclamada comprovar que o reclamante tentou ludibriar a empresa que fornecia o plano odontológico ao se passar como responsável financeiro da empresa, como citado no relato que constou do boletim de ocorrência (fls. 268). O simples fato de o reclamante ter tentado incluir a sua filha no plano odontológico não evidencia qualquer irregularidade, na medida em que o plano, caso o reclamante não tivesse direito, apenas negaria essa inclusão. É muito diferente da situação citada pela reclamada de que o reclamante se fez passar pela empresa, fato esse não comprovado. Logo, mantenho a sentença. 4.Das horas extras (tema em comum em todos os recursos): O reclamante alega que não foram deferidos os reflexos das horas extras. A primeira reclamada suscita que havia acordo de compensação de horas fato não considerado na sentença de primeira instância. A segunda reclamada aduz que não houve o acolhimento do banco de horas, não obstante a norma coletiva e o Tema 1046 do C. STF, requerendo, ainda, a aplicação do acordo de compensação de horas firmado pelo reclamante. Na sentença de primeiro grau foi reconhecida a validade dos cartões de ponto (horários de entrada e saída), sendo afastado o banco de horas por ser "irregular, ineficaz e inaplicável ao reclamante" (fls. 494). Passo à análise. Realmente as partes firmaram acordo de compensação de horas, sendo definido que o horário de trabalho do reclamante seria das 08h às 18h, de segunda a quinta-feira, e das 08h às 17h às sextas-feiras, com 1 hora de intervalo intrajornada (fls. 189). Na prática, esse acordo não foi implementado, pois era adotado sistema de banco de horas, conforme pode ser constatado na última coluna dos controles de ponto, com indicações de horas no campo "Saldo BH". Note-se, por exemplo às fls. 205 que sequer o sábado que seria compensado no acordo firmado era respeitado, pois o reclamante trabalhou nos dias 19/02/2022 e 12/03/2022. No que atine ao banco de horas, somente houve a juntada aos autos de duas normas coletivas que não abrangeram todo o contrato de trabalho do reclamante. Considerando que o reclamante não juntou aos autos instrumentos normativos e, também, não impugnou os apresentados pela primeira reclamada, reconheço que as normas coletivas juntadas pela defesa são aplicáveis ao seu contrato de trabalho, já que, repito, não foi estabelecida controvérsia no particular. A CCT de 2019/2020 com vigência de 01/04/2019 a 31/03/2020 (fls. 280) condicionou a pactuação de qualquer acordo de banco de horas à negociação diretamente com o sindicato da categoria do trabalhador (fls. 293), razão pela qual o entendimento exposto na sentença de primeiro grau sobre a não aplicabilidade do banco de horas deve prevalecer nesse período. Todavia, a CCT de 2020/2022 com vigência de 01/09/2020 a 31/08/2022 (fls. 300) realmente permitiu que as empresas implementassem banco de horas, condicionando à negociação com o sindicato somente em casos específicos(fls. 311). Considerando que não há nenhuma evidencia que confirme que o banco de horas implementado pela reclamada não atendesse os parâmetros fixados na CCT de 2020/2022, reconheço a validade do banco de horas no período de 01/09/2020 a 31/08/2022. Logo, reconheço a regularidade do banco de horas de 01/09/2020 a 31/08/2022, afastando-o nos demais períodos (ou porque a norma coletiva exigia a negociação direta com o sindicato da categoria ou porque as normas não foram juntadas aos autos). A validade dos cartões de ponto foi reconhecida na primeira instância, excetuando-se a marcação de intervalo intrajornada, sendo reconhecido que o reclamante usufruiu de apenas 30 minutos. Discordo parcialmente da conclusão da magistrada nesse particular. O reclamante na inicial disse que "raramente" realizava intervalo de 1 hora. A testemunha apresentada pelo reclamante declarou que, apesar de não ter trabalhado diretamente com ele, compunha equipe similar à do reclamante, realizando, às vezes, 60 minutos de intervalo e, também, às vezes, 30 minutos, dependendo da necessidade do trabalho. O tempo de marcação era sempre de 1 hora, sem variação. Entendo que as declarações dessa testemunha são aptas a comprovar que nem sempre o intervalo concedido era de 1 hora, considerando a necessidade do trabalho. O fato de não terem trabalhado juntos deve ser relativizado, na medida em que as equipes realizavam as mesmas funções, não me parecendo lógico que uma das equipes sempre fizesse 1 hora de intervalo, ao passo que a outra não. A magistrada afastou os cartões nesse particular e arbitrou o tempo de 30 minutos. Esse arbitramento, contudo, contraria o registro na petição inicial de que havia a concessão de 1 hora, ainda que "raramente", e também a declaração da testemunha de que havia a concessão de 1 hora, ainda que "às vezes". Nesse contexto, arbitro que o reclamante realizava 45 minutos de intervalo, tempo esse que equivale à média aritmética do tempo citado pela testemunha. Ressalto que esse tempo não contraria a inicial, já que apliquei a média, ou seja, considerei tanto o tempo de 30 minutos citado na inicial quanto o de 1 hora, destacando-se que a média decorreu sobretudo das declarações da testemunha do reclamante. Sendo assim, reformo parcialmente a sentença e condeno a primeira reclamada: a) ao pagamento de horas extras e do adicional respectivo equivalente a 15 minutos durante todo o contrato de trabalho, pois a empresa considerava que o reclamante usufruía 1 hora de intervalo, excluindo, portanto, da jornada esses 15 minutos que foram efetivamente trabalhados; b) ao pagamento de horas extras e do adicional respectivo sobre as horas que excederam o módulo semanal de 44 horas, excetuando-se o período de 01/09/2020 a 31/08/2022 no qual havia banco de horas regular. Mantenho os demais parâmetros e reflexos fixados na sentença recorrida (fls. 494). Nesse contexto, esclareço ao reclamante que, ao contrário do que ele alega (fls. 619), houve o deferimento dos reflexos das horas extras nas verbas rescisórias (fls. 494). Indefiro, ainda, a aplicação da OJ 415, da SDI-I, do TST, considerando a peculiaridade dos parâmetros fixados e o próprio acolhimento dos cartões de ponto. Caso adotado esse atendimento do TST os cálculos, no presente caso, seriam distorcidos, pois há períodos em que as horas extras foram indeferidas. Por fim, esclareço que não houve a declaração (nem mesmo pedido) de nulidade de nenhuma cláusula normativa, restando afastada essa alegação da segunda reclamada (fls. 514). Pelo exposto, nego provimento ao recurso do reclamante e dou parcial provimento aos recursos das reclamadas. 5.Do intervalo intrajornada (tema em comum em todos os recursos): Como exposto no tópico anterior, foi arbitrado que o reclamante usufruiu em média 45 minutos de intervalo, motivo pelo qual a condenação da primeira reclamada deve se limitar ao tempo não usufruído de 15 minutos. Logo, dou parcial provimento ao recurso das reclamadas. Nego provimento ao recurso do reclamante, pois o artigo 71 da CLT estabelece que o valor correspondente ao intervalo suprimido possui natureza indenizatória, razão pela qual mantenho a sentença que indeferiu os respectivos reflexos (fls. 495) nesse particular. 6.Do adicional noturno: A segunda reclamada requereu a reforma da sentença em relação à condenação ao pagamento do adicional noturno (fls. 540). A magistrada assim decidiu: "Além disso, é devido o adicional noturno sobre as horas noturnas trabalhadas, observada a hora noturna reduzida e demais parâmetros para cálculo e reflexos fixados para as horas extras, salvo quanto ao adicional, que será de 20% (art. 73 da CLT e Súmula 60 do TST)" (fls. 494). Observo que a magistrada se limitou a condenar ao pagamento do adicional noturno sem explicar o motivo que ensejou essa condenação. Reforço que esse foi o único trecho da sentença em que essa matéria foi abordada. Na inicial o reclamante alegou que a empresa "jamais" pagou adicional noturno ao reclamante (fls. 15). Os demonstrativos de pagamento, contudo, demonstram que havia o pagamento dessa verba sob os códigos 106 (adicional noturno horas 20%) e 152 (DSR Adicional Noturno) (fls. 233). Em réplica, o reclamante não apontou nenhuma diferença, nem mesmo por amostragem. Na verdade, o reclamante nem se manifestou sobre o adicional noturno em réplica, não obstante constar em seus demonstrativos de pagamento o pagamento desse adicional. Logo, entendo que o adicional noturno foi corretamente pago sobre as horas anotadas nos cartões de ponto. Todavia, entendo que há diferenças em favor do reclamante em razão da errônea marcação do intervalo intrajornada nos cartões de ponto. Considerando que a empresa considerava que o reclamante usufruía intervalo de 1 hora, ela calculou de forma equivocada o tempo efetivamente trabalhado, já que em vez de descontar 45 minutos, descontava 60 minutos. Em alguns dias o reclamante iniciou a sua jornada às 22h, como no dia 05/10/2021 e 25/10/2021, realizando o seu intervalo a partir da 01 da manhã (fls. 215/216). Logo, diante desse aspecto, mantenho a condenação da primeira reclamada, mas somente nos dias em que o intervalo foi concedido no período noturno. Esclareço que diante dessa limitação, indefiro a dedução dos valores pagos simplesmente porque a condenação decorre do não pagamento do adicional noturno sobre tempo que foi considerado pela reclamada como de intervalo. Reformo nesses termos. 7. Da responsabilidade da segunda reclamada: Assevera a segunda reclamada ter figurado no contrato de prestação de serviços com a primeira reclamada como "dona da obra", razão pela qual requer a reforma da sentença que a condenou de forma subsidiária (fls. 518). Analisando o contrato de prestação de serviços firmado pelas reclamadas (fls. 121/133) não identifiquei qualquer cláusula que pudesse acarretar o reconhecimento de que a segunda reclamada figurasse como dona da obra. Na verdade, constou, como objeto do contrato, serviços, entre outros, de "zeladoria" e o de "abastecimento de geradores" (fls. 121). Logo, a narrativa da segunda reclamada é bem frágil no particular, razão pela qual a segunda reclamada deve responder subsidiariamente pelos créditos trabalhistas do reclamante, já que se trata de típica terceirização. No que tange ao benefício de ordem, ressalto que o Tema 133 do C. TST determina que: "A constatação do inadimplemento do devedor principal autoriza o redirecionamento da execução para o subsidiário independentemente do exaurimento da execução contra o obrigado principal e seus sócios, salvo na hipótese de indicação de bens do devedor principal que efetiva e comprovadamente bastem para satisfazer integralmente a execução". Desse modo, caso a primeira reclamada não efetue o pagamento e a segunda reclamada não indique bens daquela que comprovadamente bastem para satisfazer integralmente a execução, a execução será redirecionada à segunda reclamada. Afasto as alegações da segunda reclamada de que as condenações relativas ao FGTS e às contribuições previdenciárias não as alcançariam, simplesmente porque a segunda reclamada, como responsável subsidiária, sujeita-se ao pagamento de todas as verbas devidas pela primeira reclamada, como prevê a Súmula 331, VI, do TST, excetuando-se as obrigações de natureza personalíssima, como, por exemplo, a baixa do contrato de trabalho na CTPS do reclamante. Esclareço que na sentença foi fixado que as reclamadas poderiam apresentar os extratos da conta vinculada do reclamante a fim de se valerem da dedução até o prazo para a apresentação de cálculos à liquidação da sentença (fls. 492). Logo, ao contrário do que alega a segunda reclamada (fls. 542), não há que se falar em intimação do reclamante, não requerendo a empresa a reforma do julgado nesse particular, razão pela qual a decisão da magistrada não foi especificamente impugnada nesse particular. Considerando que o contrato de prestação de serviços foi firmado em 16/03/2020(fls. 132), delimito que a condenação da segunda reclamada se restringe às verbas devidas a partir dessa data. Reformo nesses termos. 8.Dos honorários sucumbenciais: Pleiteia a segunda reclamada a redução dos honorários sucumbenciais para 5% sem apresentar qualquer justificativa nesse particular (fls. 542) fato que, por si só, levaria ao desprovimento de seu recurso. Acrescento que a presente demanda certamente não é de baixa complexidade que justificasse a aplicação da alíquota mínima prevista em lei. Nego provimento. 9. Dos benefícios da justiça gratuita ao reclamante: Não merece reparo a sentença de primeiro grau, pois a declaração firmada pela parte reclamante goza de presunção de veracidade (artigo 1.º da Lei 7.115/83 e artigo 99, parágrafo terceiro, do Código de Processo Civil) e, portanto, era ônus da reclamada comprovar que o reclamante possui condições de arcar com as despesas processuais e honorários advocatícios. Tal questão foi objeto de apreciação em sede se Incidente de Recursos Repetitivos pelo TST (IncJulgRREmbRep-277- 83.2020.5.09.0084) e foi definido o tema 21. Diante do disposto no artigo 985, incisos I e II, do Código de Processo Civil, aplicável ao processo do trabalho por força do artigo 769 da CLT, tal decisão possui efeito vinculante. Não havendo prova a contrariar a declaração apresentada pela parte reclamante, mantenho a sentença. Recurso da primeira reclamada: 1.Do FGTS: A primeira reclamada aduz que "restou devidamente comprovado" os depósitos de FGTS (fls. 574). A empresa, contudo, não comprovou ter realizado todos os depósitos de FGTS. Destaco que a primeira reclamada sequer cita o documento que comprovaria a realização dos depósitos de FGTS. Nego provimento. 2.Das férias: A primeira reclamada aduz que "restou devidamente comprovado" o pagamento das férias (fls. 574). A reclamada não comprova esse pagamento. No TRCT foram computadas as férias de 2021/2022 (fls. 261/262), sem que houvesse a juntada aos autos do respectivo comprovante de pagamento. Nego provimento. ACORDAM os Magistrados da 4.ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 2.ª Região em, por unanimidade de votos, CONHECER dos recursos interpostos, excetuando-se os temas abordados no tópico que analisou os pressupostos recursais e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO ao recurso do reclamante e dar PARCIAL PROVIMENTO ao recurso das reclamadas a fim de excluir da sentença de primeiro grau a condenação ao adicional noturno; reformar parcialmente as condenações relativas às horas extras e ao intervalo intrajornada e delimitar a responsabilidade da segunda reclamada a partir de 16/03/2020. Tudo nos termos da fundamentação supra. Apesar da reforma parcial da sentença, entendo, considerando o valor atribuído à condenação de R$ 30.000,00 fixado na sentença de primeiro grau, que esse valor continua sendo pertinente, razão pela qual segue inalterado. Presidiu a sessão a Excelentíssima Desembargadora Presidente Ivani Contini Bramante. Tomaram parte no julgamento o Exmo. Juiz convocado João Forte Junior e as Exmas. Desembargadoras Ivani Contini Bramante e Ivete Ribeiro. Relator (a): João Forte Junior. Integrou a sessão virtual o (a) representante do Ministério Público. JOÃO FORTE JÚNIOR Relator SAO PAULO/SP, 23 de julho de 2025. REGINA CELIA DUTRA JAVAROTTI Diretor de Secretaria Intimado(s) / Citado(s) - JOSE CLEITON ALVES BARROS

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Cirion Technologies Do Brasil Ltda e outros x Cirion Technologies Do Brasil Ltda e outros

ID: 333945142

Tribunal: TRT2 Órgão: 4ª Turma Classe: RECURSO ORDINáRIO TRABALHISTA Nº Processo: 1000275-80.2023.5.02.0086

Data de Disponibilização: 24/07/2025

Polo Ativo:

CIRION TECHNOLOGIES DO BRASIL LTDA JOSE CLEITON ALVES BARROS SPFIBER SERVICOS DE IMPLANTACAO E MANUTENCAO DE REDES DE TELECOMUNICACOES LTDA.

Polo Passivo:

CIRION TECHNOLOGIES DO BRASIL LTDA JOSE CLEITON ALVES BARROS SPFIBER SERVICOS DE IMPLANTACAO E MANUTENCAO DE REDES DE TELECOMUNICACOES LTDA.

Acórdão

Advogados:

MARIA CARLA ARAUJO RODRIGUES

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ANDRE LUIZ AZEVEDO DEVITTE

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ADRIANA LIGIA MONTEIRO DELBONI

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JANAINA CARDIA TEIXEIRA

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RICARDO JOSE MENDES DIAS

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KAREN LUCIA MEMBRIBES ESTEVES FERREIRA

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ALEX SANDRO GOMES ALTIMARI

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PAULO AUGUSTO GRECO

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PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO 4ª TURMA Relator: JOAO FORTE JUNIOR ROT 1000275-80.2023.5.02.0086 RECORRENTE: JOSE CLEITON ALVES BARROS E OUTROS … PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO 4ª TURMA Relator: JOAO FORTE JUNIOR ROT 1000275-80.2023.5.02.0086 RECORRENTE: JOSE CLEITON ALVES BARROS E OUTROS (2) RECORRIDO: SPFIBER SERVICOS DE IMPLANTACAO E MANUTENCAO DE REDES DE TELECOMUNICACOES LTDA. E OUTROS (2) PROCESSO nº 1000275-80.2023.5.02.0086 (ROT) RECORRENTES: CIRION TECHNOLOGIES DO BRASIL LTDA, SPFIBER SERVIÇOS DE IMPLANTAÇÃO E MANUTENÇÃO DE REDES DE TELECOMUNICAÇÕES LTDA. e JOSÉ CLEITON ALVES BARROS RECORRIDOS: OS MESMOS RELATOR: JOÃO FORTE JÚNIOR RELATÓRIO Recursos apresentados pelos recorrentes, acima identificados, pretendendo o autor a reforma da sentença em relação à entrega de guias para o levantamento do FGTS e habilitação ao seguro-desemprego, às horas extras, ao intervalo intrajornada e aos depósitos de FGTS; a primeira reclamada a reforma em relação ao afastamento da justa causa, às horas extras, às férias e ao FGTS; a segunda reclamada suscitou preliminar de nulidade do julgado, requerendo, ainda, a reforma dos seguintes temas: delimitação da condenação aos valores indicados na inicial; reconhecimento de sua ilegitimidade passiva; acolhimento da justa causa; horas extras; intervalo intrajornada; adicional noturno; exclusão da empresa da lide; honorários sucumbenciais e benefícios da justiça gratuita concedidos ao reclamante. Oportunizadas contrarrazões. O autor está dispensado de preparo. Depósito recursal efetuado pela segunda reclamada (fls. 549) e custas recolhidas conforme fls. 547 do pdf. A primeira reclamada requereu o aproveitamento do depósito recursal realizado pela segunda reclamada ou, subsidiariamente, o pedido de justiça gratuita, considerando não ter condições de custear as despesas processuais. Indefiro o pedido de aproveitamento de depósito realizado pela segunda reclamada, pois há pedido de exclusão da lide, aplicando-se ao caso o disposto no Tema 146 do C. TST. De todo modo, as certidões de protesto (fls. 575/577) comprovam que a primeira reclamada está sofrendo cobranças, evidenciando a sua impossibilidade de custear o depósito recursal (art. 899, § 10, CLT). Desse modo, defiro os benefícios da justiça gratuita à primeira reclamada e conheço do recurso por ela interposto. A numeração de folhas indicadas no presente voto corresponde àquela do arquivo baixado no formato PDF em ordem crescente. É o relatório. Passo a decidir. VOTO CONHECIMENTO - Pressupostos Recursais: Presentes os pressupostos de admissibilidade, CONHEÇO dos recursos, excetuando-se parte do recurso do reclamante por meio do qual ele requereu o levantamento do FGTS, a habilitação ao seguro-desemprego, diferenças de FGTS e multa fundiária, pois esses pedidos foram deferidos na sentença de primeiro grau, não havendo, portanto, interesse recursal nesse particular. Cito para facilitar a visualização que às fls. 490 a magistrada condenou a primeira reclamada ao pagamento de "indenização de 40%, observados o art. 18, § 1º, da Lei 8.036 e a OJ 42 da SDI-1, do TST". Às fls. 491 da sentença constou: "(...) expeça a Secretaria da Vara os competentes alvarás para que o reclamante possa sacar o FGTS e se habilitar no seguro-desemprego". Ressalto que identifiquei que a expedição dos alvarás não constou na parte dispositiva do julgado. Todavia, entendo ser desnecessária, nesse caso, a reprodução desse trecho na parte dispositiva da sentença, pois se trata de determinação a ser cumprida pela própria Vara do Trabalho. Às fls. 492 da sentença constou: "Logo, devido o pagamento de diferenças de FGTS, de todo o período contratual, observados os arts. 15 e 18, § 1º, da Lei 8.036 e a OJ 42 da SDI-1, do TST". Desse modo, deixo de apreciar essas questões. FUNDAMENTAÇÃO Da preliminar de nulidade do julgado: A segunda reclamada requer o reconhecimento da nulidade da sentença de primeira instância, pois, apesar de o reclamante ter formulado pedido de rescisão indireta, ele já havia sido dispensado por justa causa, reconhecendo a magistrada de primeiro grau a irregularidade da justa causa com o consequente reconhecimento de que a rescisão ocorreu de forma injustificada, sem que esse pedido tivesse constado na inicial. Sem adentrar no mérito propriamente dito, não houve qualquer irregularidade no julgado. Em apertada síntese, a parte autora requereu a rescisão indireta de seu contrato de trabalho, ao passo que a primeira reclamada defendeu a regularidade da justa causa aplicada. A magistrada ao afastar a dispensa por justa causa, reconheceu que a rescisão ocorreu de forma imotivada, consignando no julgado que não seria necessário analisar a rescisão indireta. Considerando que o efeito prático da dispensa imotivada e da rescisão indireta é o mesmo, não foi necessária a análise dessa modalidade de rescisão. Observo que a segunda reclamada alega que: "para que a rescisão indireta seja reconhecida, é indispensável que o Reclamante comprove de forma robusta as supostas faltas graves atribuídas à Reclamada" (fls. 513). A segunda reclamada também se equivoca nesse ponto. Embora realmente incumba à parte autora produzir provas que evidenciassem as faltas graves elencadas no artigo 483 da CLT, no presente caso não houve o reconhecimento da rescisão indireta, mas apenas o da rescisão imotivada. Logo, a narrativa da segunda reclamada não se aplica ao presente caso. Ademais, a tese da segunda reclamada de que a justa causa aplicada teria o condão de tornar imutável o motivo rescisório, não sendo mais possível discutir essa questão, não faz, com a devida, o menor sentido. A primeira reclamada alegou um fato impeditivo ao direito da autora (rescisão por justa causa) e não houve prova robusta de tal fato. No presente caso, a justa causa foi aplicada em momento posterior ao ajuizamento da presente demanda, tratando-se de fato superveniente. Todavia, essa questão é irrelevante, pois mesmo que a justa causa tivesse sido aplicada em momento anterior, ao empregado é garantido o direito de discutir a validade dela em Juízo ou requerer simplesmente o reconhecimento da rescisão indireta ou, ainda, requerer o reconhecimento da dispensa imotivada. Acatar essa tese da defesa seria o equivalente a impedir o acesso da parte autora à Justiça, direito esse previsto constitucionalmente no artigo 5º, XXXV, da CF: "a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;" Rejeito. MÉRITO Recurso da segunda reclamada: 1.Da delimitação da condenação aos valores indicados na inicial: O artigo 840, parágrafo primeiro, da CLT não exige qualquer indicação precisa, tampouco memória de cálculo dos valores pretendidos. O momento de efetiva fixação do valor devido é a fase de liquidação de sentença, preservada pela Lei 13.467/2017, que alterou o dispositivo legal citado no parágrafo anterior. Não obstante a ampla atuação de profissionais da advocacia na representação das partes nas demandas trabalhistas, ainda vige o jus postulandi (art. 791, CLT). A interpretação sistemática induz à conclusão de que a exigência de indicação do valor não corresponde à indicação exata, limitadora da condenação, mas uma mera estimativa. Destaco o disposto no artigo 12, parágrafo segundo, da Instrução Normativa 41/2018 do C. TST, que menciona ser exigida apenas uma estimativa dos valores correspondentes aos pedidos, não havendo que se falar em limitação quanto ao valor deles. Cito aresto no C. TST em tal sentido: "AGRAVO. AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. LIMITAÇÃO DA CONDENAÇÃO AOS VALORES ATRIBUÍDOS AOS PEDIDOS NA PETIÇÃO INICIAL. IMPOSSIBILIDADE. AUSÊNCIA DE TRANSCENDÊNCIA. 1. O TST aprovou a Instrução Normativa nº 41/2018, que regulamenta a aplicação das normas processuais contidas na CLT, alteradas ou acrescentadas pela Lei nº 13.0467/2017, cujo art. 12, § 2º, estabelece que, "para fim do que dispõe o art. 840, §§ 1º e 2º, da CLT, o valor da causa será estimado, observando-se, no que couber, o disposto nos arts. 291 a 293 do Código de Processo Civil". 2. Esta Primeira Turma firmou entendimento, segundo o qual os valores atribuídos aos pedidos iniciais devem ser considerados como quantia estimada, ainda que tenham sido apresentados de forma líquida, na exordial, em razão de interpretação dada à matéria pela SbDI-I, ente de uniformização de jurisprudência, interna corporis , desta Corte Superior. 3. A previsão contida na novel legislação de que o pedido deve ser "certo, determinado e com indicação de valor" não restringe a liquidação da condenação aos valores apontados na petição inicial. (...)" (Ag-AIRR-1001451-45.2020.5.02.0201, 1ª Turma, Relator Ministro Amaury Rodrigues Pinto Junior, DEJT 13/12/2024). Também esta 4.ª Turma assim firmou entendimento, conforme acórdãos proferidos nos processos 1000327-41.2023.5.02.0033 (Rel. Desembargador Ricardo Artur Costa e Trigueiros), 1000362-38.2024.5.02.0462 (Rel. Desembargadora Ivani Contini Bramante), 1002077-39.2023.5.02.0434 (Rel. Desembargadora Ivete Ribeiro), 1000017-11.2024.5.02.0062 (Rel. Desembargadora Maria Isabel Cueva de Moraes), 1001278-46.2022.5.02.0461 (Rel. Desembargadora Lycanthia Carolina Ramage) e 1000490-64.2023.5.02.0051 (Rel. Magistrado Paulo Sérgio Jakutis). Nego provimento. 2.Da legitimidade da segunda reclamada: A legitimidade refere-se à pertinência subjetiva para que a parte possa figurar no polo passivo da demanda. Consoante a teoria da asserção, a legitimidade deve ser aferida de forma abstrata, ou seja, à luz das afirmações trazidas na petição inicial (in statu assertionis), estando legitimado passivamente aquele em face de quem o direito é postulado, pela simples análise das alegações apostas na petição inicial. Havendo alegação do autor no sentido de que a segunda reclamada é tomadora de serviços, requerendo sua responsabilização, é ela parte legítima para figurar na presente ação, sendo sua responsabilidade matéria de mérito. Mantida a sentença. 3.Da rescisão contratual (tema em comum nos recursos das reclamadas): A primeira reclamada defende a regularidade da justa causa. A segunda reclamada, por sua vez, assevera que a rescisão indireta não foi comprovada, também defendendo a regularidade da justa causa. No que tange à rescisão indireta, não faz sentido a alegação da segunda reclamada, pois, como já exposto, não houve a análise da rescisão indireta, já que essa questão foi considerada prejudicada diante do reconhecimento da dispensa imotivada pelo não acolhimento da tese de justa causa. Quanto à justa causa, a primeira reclamada aduz ter o reclamante utilizado CNPJ da empresa para contratação de plano odontológico para a sua filha, fato que gerou a lavratura de boletim de ocorrência. Entendo que caberia à primeira reclamada comprovar que o reclamante tentou ludibriar a empresa que fornecia o plano odontológico ao se passar como responsável financeiro da empresa, como citado no relato que constou do boletim de ocorrência (fls. 268). O simples fato de o reclamante ter tentado incluir a sua filha no plano odontológico não evidencia qualquer irregularidade, na medida em que o plano, caso o reclamante não tivesse direito, apenas negaria essa inclusão. É muito diferente da situação citada pela reclamada de que o reclamante se fez passar pela empresa, fato esse não comprovado. Logo, mantenho a sentença. 4.Das horas extras (tema em comum em todos os recursos): O reclamante alega que não foram deferidos os reflexos das horas extras. A primeira reclamada suscita que havia acordo de compensação de horas fato não considerado na sentença de primeira instância. A segunda reclamada aduz que não houve o acolhimento do banco de horas, não obstante a norma coletiva e o Tema 1046 do C. STF, requerendo, ainda, a aplicação do acordo de compensação de horas firmado pelo reclamante. Na sentença de primeiro grau foi reconhecida a validade dos cartões de ponto (horários de entrada e saída), sendo afastado o banco de horas por ser "irregular, ineficaz e inaplicável ao reclamante" (fls. 494). Passo à análise. Realmente as partes firmaram acordo de compensação de horas, sendo definido que o horário de trabalho do reclamante seria das 08h às 18h, de segunda a quinta-feira, e das 08h às 17h às sextas-feiras, com 1 hora de intervalo intrajornada (fls. 189). Na prática, esse acordo não foi implementado, pois era adotado sistema de banco de horas, conforme pode ser constatado na última coluna dos controles de ponto, com indicações de horas no campo "Saldo BH". Note-se, por exemplo às fls. 205 que sequer o sábado que seria compensado no acordo firmado era respeitado, pois o reclamante trabalhou nos dias 19/02/2022 e 12/03/2022. No que atine ao banco de horas, somente houve a juntada aos autos de duas normas coletivas que não abrangeram todo o contrato de trabalho do reclamante. Considerando que o reclamante não juntou aos autos instrumentos normativos e, também, não impugnou os apresentados pela primeira reclamada, reconheço que as normas coletivas juntadas pela defesa são aplicáveis ao seu contrato de trabalho, já que, repito, não foi estabelecida controvérsia no particular. A CCT de 2019/2020 com vigência de 01/04/2019 a 31/03/2020 (fls. 280) condicionou a pactuação de qualquer acordo de banco de horas à negociação diretamente com o sindicato da categoria do trabalhador (fls. 293), razão pela qual o entendimento exposto na sentença de primeiro grau sobre a não aplicabilidade do banco de horas deve prevalecer nesse período. Todavia, a CCT de 2020/2022 com vigência de 01/09/2020 a 31/08/2022 (fls. 300) realmente permitiu que as empresas implementassem banco de horas, condicionando à negociação com o sindicato somente em casos específicos(fls. 311). Considerando que não há nenhuma evidencia que confirme que o banco de horas implementado pela reclamada não atendesse os parâmetros fixados na CCT de 2020/2022, reconheço a validade do banco de horas no período de 01/09/2020 a 31/08/2022. Logo, reconheço a regularidade do banco de horas de 01/09/2020 a 31/08/2022, afastando-o nos demais períodos (ou porque a norma coletiva exigia a negociação direta com o sindicato da categoria ou porque as normas não foram juntadas aos autos). A validade dos cartões de ponto foi reconhecida na primeira instância, excetuando-se a marcação de intervalo intrajornada, sendo reconhecido que o reclamante usufruiu de apenas 30 minutos. Discordo parcialmente da conclusão da magistrada nesse particular. O reclamante na inicial disse que "raramente" realizava intervalo de 1 hora. A testemunha apresentada pelo reclamante declarou que, apesar de não ter trabalhado diretamente com ele, compunha equipe similar à do reclamante, realizando, às vezes, 60 minutos de intervalo e, também, às vezes, 30 minutos, dependendo da necessidade do trabalho. O tempo de marcação era sempre de 1 hora, sem variação. Entendo que as declarações dessa testemunha são aptas a comprovar que nem sempre o intervalo concedido era de 1 hora, considerando a necessidade do trabalho. O fato de não terem trabalhado juntos deve ser relativizado, na medida em que as equipes realizavam as mesmas funções, não me parecendo lógico que uma das equipes sempre fizesse 1 hora de intervalo, ao passo que a outra não. A magistrada afastou os cartões nesse particular e arbitrou o tempo de 30 minutos. Esse arbitramento, contudo, contraria o registro na petição inicial de que havia a concessão de 1 hora, ainda que "raramente", e também a declaração da testemunha de que havia a concessão de 1 hora, ainda que "às vezes". Nesse contexto, arbitro que o reclamante realizava 45 minutos de intervalo, tempo esse que equivale à média aritmética do tempo citado pela testemunha. Ressalto que esse tempo não contraria a inicial, já que apliquei a média, ou seja, considerei tanto o tempo de 30 minutos citado na inicial quanto o de 1 hora, destacando-se que a média decorreu sobretudo das declarações da testemunha do reclamante. Sendo assim, reformo parcialmente a sentença e condeno a primeira reclamada: a) ao pagamento de horas extras e do adicional respectivo equivalente a 15 minutos durante todo o contrato de trabalho, pois a empresa considerava que o reclamante usufruía 1 hora de intervalo, excluindo, portanto, da jornada esses 15 minutos que foram efetivamente trabalhados; b) ao pagamento de horas extras e do adicional respectivo sobre as horas que excederam o módulo semanal de 44 horas, excetuando-se o período de 01/09/2020 a 31/08/2022 no qual havia banco de horas regular. Mantenho os demais parâmetros e reflexos fixados na sentença recorrida (fls. 494). Nesse contexto, esclareço ao reclamante que, ao contrário do que ele alega (fls. 619), houve o deferimento dos reflexos das horas extras nas verbas rescisórias (fls. 494). Indefiro, ainda, a aplicação da OJ 415, da SDI-I, do TST, considerando a peculiaridade dos parâmetros fixados e o próprio acolhimento dos cartões de ponto. Caso adotado esse atendimento do TST os cálculos, no presente caso, seriam distorcidos, pois há períodos em que as horas extras foram indeferidas. Por fim, esclareço que não houve a declaração (nem mesmo pedido) de nulidade de nenhuma cláusula normativa, restando afastada essa alegação da segunda reclamada (fls. 514). Pelo exposto, nego provimento ao recurso do reclamante e dou parcial provimento aos recursos das reclamadas. 5.Do intervalo intrajornada (tema em comum em todos os recursos): Como exposto no tópico anterior, foi arbitrado que o reclamante usufruiu em média 45 minutos de intervalo, motivo pelo qual a condenação da primeira reclamada deve se limitar ao tempo não usufruído de 15 minutos. Logo, dou parcial provimento ao recurso das reclamadas. Nego provimento ao recurso do reclamante, pois o artigo 71 da CLT estabelece que o valor correspondente ao intervalo suprimido possui natureza indenizatória, razão pela qual mantenho a sentença que indeferiu os respectivos reflexos (fls. 495) nesse particular. 6.Do adicional noturno: A segunda reclamada requereu a reforma da sentença em relação à condenação ao pagamento do adicional noturno (fls. 540). A magistrada assim decidiu: "Além disso, é devido o adicional noturno sobre as horas noturnas trabalhadas, observada a hora noturna reduzida e demais parâmetros para cálculo e reflexos fixados para as horas extras, salvo quanto ao adicional, que será de 20% (art. 73 da CLT e Súmula 60 do TST)" (fls. 494). Observo que a magistrada se limitou a condenar ao pagamento do adicional noturno sem explicar o motivo que ensejou essa condenação. Reforço que esse foi o único trecho da sentença em que essa matéria foi abordada. Na inicial o reclamante alegou que a empresa "jamais" pagou adicional noturno ao reclamante (fls. 15). Os demonstrativos de pagamento, contudo, demonstram que havia o pagamento dessa verba sob os códigos 106 (adicional noturno horas 20%) e 152 (DSR Adicional Noturno) (fls. 233). Em réplica, o reclamante não apontou nenhuma diferença, nem mesmo por amostragem. Na verdade, o reclamante nem se manifestou sobre o adicional noturno em réplica, não obstante constar em seus demonstrativos de pagamento o pagamento desse adicional. Logo, entendo que o adicional noturno foi corretamente pago sobre as horas anotadas nos cartões de ponto. Todavia, entendo que há diferenças em favor do reclamante em razão da errônea marcação do intervalo intrajornada nos cartões de ponto. Considerando que a empresa considerava que o reclamante usufruía intervalo de 1 hora, ela calculou de forma equivocada o tempo efetivamente trabalhado, já que em vez de descontar 45 minutos, descontava 60 minutos. Em alguns dias o reclamante iniciou a sua jornada às 22h, como no dia 05/10/2021 e 25/10/2021, realizando o seu intervalo a partir da 01 da manhã (fls. 215/216). Logo, diante desse aspecto, mantenho a condenação da primeira reclamada, mas somente nos dias em que o intervalo foi concedido no período noturno. Esclareço que diante dessa limitação, indefiro a dedução dos valores pagos simplesmente porque a condenação decorre do não pagamento do adicional noturno sobre tempo que foi considerado pela reclamada como de intervalo. Reformo nesses termos. 7. Da responsabilidade da segunda reclamada: Assevera a segunda reclamada ter figurado no contrato de prestação de serviços com a primeira reclamada como "dona da obra", razão pela qual requer a reforma da sentença que a condenou de forma subsidiária (fls. 518). Analisando o contrato de prestação de serviços firmado pelas reclamadas (fls. 121/133) não identifiquei qualquer cláusula que pudesse acarretar o reconhecimento de que a segunda reclamada figurasse como dona da obra. Na verdade, constou, como objeto do contrato, serviços, entre outros, de "zeladoria" e o de "abastecimento de geradores" (fls. 121). Logo, a narrativa da segunda reclamada é bem frágil no particular, razão pela qual a segunda reclamada deve responder subsidiariamente pelos créditos trabalhistas do reclamante, já que se trata de típica terceirização. No que tange ao benefício de ordem, ressalto que o Tema 133 do C. TST determina que: "A constatação do inadimplemento do devedor principal autoriza o redirecionamento da execução para o subsidiário independentemente do exaurimento da execução contra o obrigado principal e seus sócios, salvo na hipótese de indicação de bens do devedor principal que efetiva e comprovadamente bastem para satisfazer integralmente a execução". Desse modo, caso a primeira reclamada não efetue o pagamento e a segunda reclamada não indique bens daquela que comprovadamente bastem para satisfazer integralmente a execução, a execução será redirecionada à segunda reclamada. Afasto as alegações da segunda reclamada de que as condenações relativas ao FGTS e às contribuições previdenciárias não as alcançariam, simplesmente porque a segunda reclamada, como responsável subsidiária, sujeita-se ao pagamento de todas as verbas devidas pela primeira reclamada, como prevê a Súmula 331, VI, do TST, excetuando-se as obrigações de natureza personalíssima, como, por exemplo, a baixa do contrato de trabalho na CTPS do reclamante. Esclareço que na sentença foi fixado que as reclamadas poderiam apresentar os extratos da conta vinculada do reclamante a fim de se valerem da dedução até o prazo para a apresentação de cálculos à liquidação da sentença (fls. 492). Logo, ao contrário do que alega a segunda reclamada (fls. 542), não há que se falar em intimação do reclamante, não requerendo a empresa a reforma do julgado nesse particular, razão pela qual a decisão da magistrada não foi especificamente impugnada nesse particular. Considerando que o contrato de prestação de serviços foi firmado em 16/03/2020(fls. 132), delimito que a condenação da segunda reclamada se restringe às verbas devidas a partir dessa data. Reformo nesses termos. 8.Dos honorários sucumbenciais: Pleiteia a segunda reclamada a redução dos honorários sucumbenciais para 5% sem apresentar qualquer justificativa nesse particular (fls. 542) fato que, por si só, levaria ao desprovimento de seu recurso. Acrescento que a presente demanda certamente não é de baixa complexidade que justificasse a aplicação da alíquota mínima prevista em lei. Nego provimento. 9. Dos benefícios da justiça gratuita ao reclamante: Não merece reparo a sentença de primeiro grau, pois a declaração firmada pela parte reclamante goza de presunção de veracidade (artigo 1.º da Lei 7.115/83 e artigo 99, parágrafo terceiro, do Código de Processo Civil) e, portanto, era ônus da reclamada comprovar que o reclamante possui condições de arcar com as despesas processuais e honorários advocatícios. Tal questão foi objeto de apreciação em sede se Incidente de Recursos Repetitivos pelo TST (IncJulgRREmbRep-277- 83.2020.5.09.0084) e foi definido o tema 21. Diante do disposto no artigo 985, incisos I e II, do Código de Processo Civil, aplicável ao processo do trabalho por força do artigo 769 da CLT, tal decisão possui efeito vinculante. Não havendo prova a contrariar a declaração apresentada pela parte reclamante, mantenho a sentença. Recurso da primeira reclamada: 1.Do FGTS: A primeira reclamada aduz que "restou devidamente comprovado" os depósitos de FGTS (fls. 574). A empresa, contudo, não comprovou ter realizado todos os depósitos de FGTS. Destaco que a primeira reclamada sequer cita o documento que comprovaria a realização dos depósitos de FGTS. Nego provimento. 2.Das férias: A primeira reclamada aduz que "restou devidamente comprovado" o pagamento das férias (fls. 574). A reclamada não comprova esse pagamento. No TRCT foram computadas as férias de 2021/2022 (fls. 261/262), sem que houvesse a juntada aos autos do respectivo comprovante de pagamento. Nego provimento. ACORDAM os Magistrados da 4.ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 2.ª Região em, por unanimidade de votos, CONHECER dos recursos interpostos, excetuando-se os temas abordados no tópico que analisou os pressupostos recursais e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO ao recurso do reclamante e dar PARCIAL PROVIMENTO ao recurso das reclamadas a fim de excluir da sentença de primeiro grau a condenação ao adicional noturno; reformar parcialmente as condenações relativas às horas extras e ao intervalo intrajornada e delimitar a responsabilidade da segunda reclamada a partir de 16/03/2020. Tudo nos termos da fundamentação supra. Apesar da reforma parcial da sentença, entendo, considerando o valor atribuído à condenação de R$ 30.000,00 fixado na sentença de primeiro grau, que esse valor continua sendo pertinente, razão pela qual segue inalterado. Presidiu a sessão a Excelentíssima Desembargadora Presidente Ivani Contini Bramante. Tomaram parte no julgamento o Exmo. Juiz convocado João Forte Junior e as Exmas. Desembargadoras Ivani Contini Bramante e Ivete Ribeiro. Relator (a): João Forte Junior. Integrou a sessão virtual o (a) representante do Ministério Público. JOÃO FORTE JÚNIOR Relator SAO PAULO/SP, 23 de julho de 2025. REGINA CELIA DUTRA JAVAROTTI Diretor de Secretaria Intimado(s) / Citado(s) - SPFIBER SERVICOS DE IMPLANTACAO E MANUTENCAO DE REDES DE TELECOMUNICACOES LTDA.

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Cirion Technologies Do Brasil Ltda e outros x Cirion Technologies Do Brasil Ltda e outros

ID: 333945182

Tribunal: TRT2 Órgão: 4ª Turma Classe: RECURSO ORDINáRIO TRABALHISTA Nº Processo: 1000275-80.2023.5.02.0086

Data de Disponibilização: 24/07/2025

Polo Ativo:

CIRION TECHNOLOGIES DO BRASIL LTDA JOSE CLEITON ALVES BARROS SPFIBER SERVICOS DE IMPLANTACAO E MANUTENCAO DE REDES DE TELECOMUNICACOES LTDA.

Polo Passivo:

CIRION TECHNOLOGIES DO BRASIL LTDA JOSE CLEITON ALVES BARROS SPFIBER SERVICOS DE IMPLANTACAO E MANUTENCAO DE REDES DE TELECOMUNICACOES LTDA.

Acórdão

Advogados:

MARIA CARLA ARAUJO RODRIGUES

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ANDRE LUIZ AZEVEDO DEVITTE

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ADRIANA LIGIA MONTEIRO DELBONI

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JANAINA CARDIA TEIXEIRA

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RICARDO JOSE MENDES DIAS

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KAREN LUCIA MEMBRIBES ESTEVES FERREIRA

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ALEX SANDRO GOMES ALTIMARI

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PAULO AUGUSTO GRECO

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PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO 4ª TURMA Relator: JOAO FORTE JUNIOR ROT 1000275-80.2023.5.02.0086 RECORRENTE: JOSE CLEITON ALVES BARROS E OUTROS … PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO 4ª TURMA Relator: JOAO FORTE JUNIOR ROT 1000275-80.2023.5.02.0086 RECORRENTE: JOSE CLEITON ALVES BARROS E OUTROS (2) RECORRIDO: SPFIBER SERVICOS DE IMPLANTACAO E MANUTENCAO DE REDES DE TELECOMUNICACOES LTDA. E OUTROS (2) PROCESSO nº 1000275-80.2023.5.02.0086 (ROT) RECORRENTES: CIRION TECHNOLOGIES DO BRASIL LTDA, SPFIBER SERVIÇOS DE IMPLANTAÇÃO E MANUTENÇÃO DE REDES DE TELECOMUNICAÇÕES LTDA. e JOSÉ CLEITON ALVES BARROS RECORRIDOS: OS MESMOS RELATOR: JOÃO FORTE JÚNIOR RELATÓRIO Recursos apresentados pelos recorrentes, acima identificados, pretendendo o autor a reforma da sentença em relação à entrega de guias para o levantamento do FGTS e habilitação ao seguro-desemprego, às horas extras, ao intervalo intrajornada e aos depósitos de FGTS; a primeira reclamada a reforma em relação ao afastamento da justa causa, às horas extras, às férias e ao FGTS; a segunda reclamada suscitou preliminar de nulidade do julgado, requerendo, ainda, a reforma dos seguintes temas: delimitação da condenação aos valores indicados na inicial; reconhecimento de sua ilegitimidade passiva; acolhimento da justa causa; horas extras; intervalo intrajornada; adicional noturno; exclusão da empresa da lide; honorários sucumbenciais e benefícios da justiça gratuita concedidos ao reclamante. Oportunizadas contrarrazões. O autor está dispensado de preparo. Depósito recursal efetuado pela segunda reclamada (fls. 549) e custas recolhidas conforme fls. 547 do pdf. A primeira reclamada requereu o aproveitamento do depósito recursal realizado pela segunda reclamada ou, subsidiariamente, o pedido de justiça gratuita, considerando não ter condições de custear as despesas processuais. Indefiro o pedido de aproveitamento de depósito realizado pela segunda reclamada, pois há pedido de exclusão da lide, aplicando-se ao caso o disposto no Tema 146 do C. TST. De todo modo, as certidões de protesto (fls. 575/577) comprovam que a primeira reclamada está sofrendo cobranças, evidenciando a sua impossibilidade de custear o depósito recursal (art. 899, § 10, CLT). Desse modo, defiro os benefícios da justiça gratuita à primeira reclamada e conheço do recurso por ela interposto. A numeração de folhas indicadas no presente voto corresponde àquela do arquivo baixado no formato PDF em ordem crescente. É o relatório. Passo a decidir. VOTO CONHECIMENTO - Pressupostos Recursais: Presentes os pressupostos de admissibilidade, CONHEÇO dos recursos, excetuando-se parte do recurso do reclamante por meio do qual ele requereu o levantamento do FGTS, a habilitação ao seguro-desemprego, diferenças de FGTS e multa fundiária, pois esses pedidos foram deferidos na sentença de primeiro grau, não havendo, portanto, interesse recursal nesse particular. Cito para facilitar a visualização que às fls. 490 a magistrada condenou a primeira reclamada ao pagamento de "indenização de 40%, observados o art. 18, § 1º, da Lei 8.036 e a OJ 42 da SDI-1, do TST". Às fls. 491 da sentença constou: "(...) expeça a Secretaria da Vara os competentes alvarás para que o reclamante possa sacar o FGTS e se habilitar no seguro-desemprego". Ressalto que identifiquei que a expedição dos alvarás não constou na parte dispositiva do julgado. Todavia, entendo ser desnecessária, nesse caso, a reprodução desse trecho na parte dispositiva da sentença, pois se trata de determinação a ser cumprida pela própria Vara do Trabalho. Às fls. 492 da sentença constou: "Logo, devido o pagamento de diferenças de FGTS, de todo o período contratual, observados os arts. 15 e 18, § 1º, da Lei 8.036 e a OJ 42 da SDI-1, do TST". Desse modo, deixo de apreciar essas questões. FUNDAMENTAÇÃO Da preliminar de nulidade do julgado: A segunda reclamada requer o reconhecimento da nulidade da sentença de primeira instância, pois, apesar de o reclamante ter formulado pedido de rescisão indireta, ele já havia sido dispensado por justa causa, reconhecendo a magistrada de primeiro grau a irregularidade da justa causa com o consequente reconhecimento de que a rescisão ocorreu de forma injustificada, sem que esse pedido tivesse constado na inicial. Sem adentrar no mérito propriamente dito, não houve qualquer irregularidade no julgado. Em apertada síntese, a parte autora requereu a rescisão indireta de seu contrato de trabalho, ao passo que a primeira reclamada defendeu a regularidade da justa causa aplicada. A magistrada ao afastar a dispensa por justa causa, reconheceu que a rescisão ocorreu de forma imotivada, consignando no julgado que não seria necessário analisar a rescisão indireta. Considerando que o efeito prático da dispensa imotivada e da rescisão indireta é o mesmo, não foi necessária a análise dessa modalidade de rescisão. Observo que a segunda reclamada alega que: "para que a rescisão indireta seja reconhecida, é indispensável que o Reclamante comprove de forma robusta as supostas faltas graves atribuídas à Reclamada" (fls. 513). A segunda reclamada também se equivoca nesse ponto. Embora realmente incumba à parte autora produzir provas que evidenciassem as faltas graves elencadas no artigo 483 da CLT, no presente caso não houve o reconhecimento da rescisão indireta, mas apenas o da rescisão imotivada. Logo, a narrativa da segunda reclamada não se aplica ao presente caso. Ademais, a tese da segunda reclamada de que a justa causa aplicada teria o condão de tornar imutável o motivo rescisório, não sendo mais possível discutir essa questão, não faz, com a devida, o menor sentido. A primeira reclamada alegou um fato impeditivo ao direito da autora (rescisão por justa causa) e não houve prova robusta de tal fato. No presente caso, a justa causa foi aplicada em momento posterior ao ajuizamento da presente demanda, tratando-se de fato superveniente. Todavia, essa questão é irrelevante, pois mesmo que a justa causa tivesse sido aplicada em momento anterior, ao empregado é garantido o direito de discutir a validade dela em Juízo ou requerer simplesmente o reconhecimento da rescisão indireta ou, ainda, requerer o reconhecimento da dispensa imotivada. Acatar essa tese da defesa seria o equivalente a impedir o acesso da parte autora à Justiça, direito esse previsto constitucionalmente no artigo 5º, XXXV, da CF: "a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;" Rejeito. MÉRITO Recurso da segunda reclamada: 1.Da delimitação da condenação aos valores indicados na inicial: O artigo 840, parágrafo primeiro, da CLT não exige qualquer indicação precisa, tampouco memória de cálculo dos valores pretendidos. O momento de efetiva fixação do valor devido é a fase de liquidação de sentença, preservada pela Lei 13.467/2017, que alterou o dispositivo legal citado no parágrafo anterior. Não obstante a ampla atuação de profissionais da advocacia na representação das partes nas demandas trabalhistas, ainda vige o jus postulandi (art. 791, CLT). A interpretação sistemática induz à conclusão de que a exigência de indicação do valor não corresponde à indicação exata, limitadora da condenação, mas uma mera estimativa. Destaco o disposto no artigo 12, parágrafo segundo, da Instrução Normativa 41/2018 do C. TST, que menciona ser exigida apenas uma estimativa dos valores correspondentes aos pedidos, não havendo que se falar em limitação quanto ao valor deles. Cito aresto no C. TST em tal sentido: "AGRAVO. AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. LIMITAÇÃO DA CONDENAÇÃO AOS VALORES ATRIBUÍDOS AOS PEDIDOS NA PETIÇÃO INICIAL. IMPOSSIBILIDADE. AUSÊNCIA DE TRANSCENDÊNCIA. 1. O TST aprovou a Instrução Normativa nº 41/2018, que regulamenta a aplicação das normas processuais contidas na CLT, alteradas ou acrescentadas pela Lei nº 13.0467/2017, cujo art. 12, § 2º, estabelece que, "para fim do que dispõe o art. 840, §§ 1º e 2º, da CLT, o valor da causa será estimado, observando-se, no que couber, o disposto nos arts. 291 a 293 do Código de Processo Civil". 2. Esta Primeira Turma firmou entendimento, segundo o qual os valores atribuídos aos pedidos iniciais devem ser considerados como quantia estimada, ainda que tenham sido apresentados de forma líquida, na exordial, em razão de interpretação dada à matéria pela SbDI-I, ente de uniformização de jurisprudência, interna corporis , desta Corte Superior. 3. A previsão contida na novel legislação de que o pedido deve ser "certo, determinado e com indicação de valor" não restringe a liquidação da condenação aos valores apontados na petição inicial. (...)" (Ag-AIRR-1001451-45.2020.5.02.0201, 1ª Turma, Relator Ministro Amaury Rodrigues Pinto Junior, DEJT 13/12/2024). Também esta 4.ª Turma assim firmou entendimento, conforme acórdãos proferidos nos processos 1000327-41.2023.5.02.0033 (Rel. Desembargador Ricardo Artur Costa e Trigueiros), 1000362-38.2024.5.02.0462 (Rel. Desembargadora Ivani Contini Bramante), 1002077-39.2023.5.02.0434 (Rel. Desembargadora Ivete Ribeiro), 1000017-11.2024.5.02.0062 (Rel. Desembargadora Maria Isabel Cueva de Moraes), 1001278-46.2022.5.02.0461 (Rel. Desembargadora Lycanthia Carolina Ramage) e 1000490-64.2023.5.02.0051 (Rel. Magistrado Paulo Sérgio Jakutis). Nego provimento. 2.Da legitimidade da segunda reclamada: A legitimidade refere-se à pertinência subjetiva para que a parte possa figurar no polo passivo da demanda. Consoante a teoria da asserção, a legitimidade deve ser aferida de forma abstrata, ou seja, à luz das afirmações trazidas na petição inicial (in statu assertionis), estando legitimado passivamente aquele em face de quem o direito é postulado, pela simples análise das alegações apostas na petição inicial. Havendo alegação do autor no sentido de que a segunda reclamada é tomadora de serviços, requerendo sua responsabilização, é ela parte legítima para figurar na presente ação, sendo sua responsabilidade matéria de mérito. Mantida a sentença. 3.Da rescisão contratual (tema em comum nos recursos das reclamadas): A primeira reclamada defende a regularidade da justa causa. A segunda reclamada, por sua vez, assevera que a rescisão indireta não foi comprovada, também defendendo a regularidade da justa causa. No que tange à rescisão indireta, não faz sentido a alegação da segunda reclamada, pois, como já exposto, não houve a análise da rescisão indireta, já que essa questão foi considerada prejudicada diante do reconhecimento da dispensa imotivada pelo não acolhimento da tese de justa causa. Quanto à justa causa, a primeira reclamada aduz ter o reclamante utilizado CNPJ da empresa para contratação de plano odontológico para a sua filha, fato que gerou a lavratura de boletim de ocorrência. Entendo que caberia à primeira reclamada comprovar que o reclamante tentou ludibriar a empresa que fornecia o plano odontológico ao se passar como responsável financeiro da empresa, como citado no relato que constou do boletim de ocorrência (fls. 268). O simples fato de o reclamante ter tentado incluir a sua filha no plano odontológico não evidencia qualquer irregularidade, na medida em que o plano, caso o reclamante não tivesse direito, apenas negaria essa inclusão. É muito diferente da situação citada pela reclamada de que o reclamante se fez passar pela empresa, fato esse não comprovado. Logo, mantenho a sentença. 4.Das horas extras (tema em comum em todos os recursos): O reclamante alega que não foram deferidos os reflexos das horas extras. A primeira reclamada suscita que havia acordo de compensação de horas fato não considerado na sentença de primeira instância. A segunda reclamada aduz que não houve o acolhimento do banco de horas, não obstante a norma coletiva e o Tema 1046 do C. STF, requerendo, ainda, a aplicação do acordo de compensação de horas firmado pelo reclamante. Na sentença de primeiro grau foi reconhecida a validade dos cartões de ponto (horários de entrada e saída), sendo afastado o banco de horas por ser "irregular, ineficaz e inaplicável ao reclamante" (fls. 494). Passo à análise. Realmente as partes firmaram acordo de compensação de horas, sendo definido que o horário de trabalho do reclamante seria das 08h às 18h, de segunda a quinta-feira, e das 08h às 17h às sextas-feiras, com 1 hora de intervalo intrajornada (fls. 189). Na prática, esse acordo não foi implementado, pois era adotado sistema de banco de horas, conforme pode ser constatado na última coluna dos controles de ponto, com indicações de horas no campo "Saldo BH". Note-se, por exemplo às fls. 205 que sequer o sábado que seria compensado no acordo firmado era respeitado, pois o reclamante trabalhou nos dias 19/02/2022 e 12/03/2022. No que atine ao banco de horas, somente houve a juntada aos autos de duas normas coletivas que não abrangeram todo o contrato de trabalho do reclamante. Considerando que o reclamante não juntou aos autos instrumentos normativos e, também, não impugnou os apresentados pela primeira reclamada, reconheço que as normas coletivas juntadas pela defesa são aplicáveis ao seu contrato de trabalho, já que, repito, não foi estabelecida controvérsia no particular. A CCT de 2019/2020 com vigência de 01/04/2019 a 31/03/2020 (fls. 280) condicionou a pactuação de qualquer acordo de banco de horas à negociação diretamente com o sindicato da categoria do trabalhador (fls. 293), razão pela qual o entendimento exposto na sentença de primeiro grau sobre a não aplicabilidade do banco de horas deve prevalecer nesse período. Todavia, a CCT de 2020/2022 com vigência de 01/09/2020 a 31/08/2022 (fls. 300) realmente permitiu que as empresas implementassem banco de horas, condicionando à negociação com o sindicato somente em casos específicos(fls. 311). Considerando que não há nenhuma evidencia que confirme que o banco de horas implementado pela reclamada não atendesse os parâmetros fixados na CCT de 2020/2022, reconheço a validade do banco de horas no período de 01/09/2020 a 31/08/2022. Logo, reconheço a regularidade do banco de horas de 01/09/2020 a 31/08/2022, afastando-o nos demais períodos (ou porque a norma coletiva exigia a negociação direta com o sindicato da categoria ou porque as normas não foram juntadas aos autos). A validade dos cartões de ponto foi reconhecida na primeira instância, excetuando-se a marcação de intervalo intrajornada, sendo reconhecido que o reclamante usufruiu de apenas 30 minutos. Discordo parcialmente da conclusão da magistrada nesse particular. O reclamante na inicial disse que "raramente" realizava intervalo de 1 hora. A testemunha apresentada pelo reclamante declarou que, apesar de não ter trabalhado diretamente com ele, compunha equipe similar à do reclamante, realizando, às vezes, 60 minutos de intervalo e, também, às vezes, 30 minutos, dependendo da necessidade do trabalho. O tempo de marcação era sempre de 1 hora, sem variação. Entendo que as declarações dessa testemunha são aptas a comprovar que nem sempre o intervalo concedido era de 1 hora, considerando a necessidade do trabalho. O fato de não terem trabalhado juntos deve ser relativizado, na medida em que as equipes realizavam as mesmas funções, não me parecendo lógico que uma das equipes sempre fizesse 1 hora de intervalo, ao passo que a outra não. A magistrada afastou os cartões nesse particular e arbitrou o tempo de 30 minutos. Esse arbitramento, contudo, contraria o registro na petição inicial de que havia a concessão de 1 hora, ainda que "raramente", e também a declaração da testemunha de que havia a concessão de 1 hora, ainda que "às vezes". Nesse contexto, arbitro que o reclamante realizava 45 minutos de intervalo, tempo esse que equivale à média aritmética do tempo citado pela testemunha. Ressalto que esse tempo não contraria a inicial, já que apliquei a média, ou seja, considerei tanto o tempo de 30 minutos citado na inicial quanto o de 1 hora, destacando-se que a média decorreu sobretudo das declarações da testemunha do reclamante. Sendo assim, reformo parcialmente a sentença e condeno a primeira reclamada: a) ao pagamento de horas extras e do adicional respectivo equivalente a 15 minutos durante todo o contrato de trabalho, pois a empresa considerava que o reclamante usufruía 1 hora de intervalo, excluindo, portanto, da jornada esses 15 minutos que foram efetivamente trabalhados; b) ao pagamento de horas extras e do adicional respectivo sobre as horas que excederam o módulo semanal de 44 horas, excetuando-se o período de 01/09/2020 a 31/08/2022 no qual havia banco de horas regular. Mantenho os demais parâmetros e reflexos fixados na sentença recorrida (fls. 494). Nesse contexto, esclareço ao reclamante que, ao contrário do que ele alega (fls. 619), houve o deferimento dos reflexos das horas extras nas verbas rescisórias (fls. 494). Indefiro, ainda, a aplicação da OJ 415, da SDI-I, do TST, considerando a peculiaridade dos parâmetros fixados e o próprio acolhimento dos cartões de ponto. Caso adotado esse atendimento do TST os cálculos, no presente caso, seriam distorcidos, pois há períodos em que as horas extras foram indeferidas. Por fim, esclareço que não houve a declaração (nem mesmo pedido) de nulidade de nenhuma cláusula normativa, restando afastada essa alegação da segunda reclamada (fls. 514). Pelo exposto, nego provimento ao recurso do reclamante e dou parcial provimento aos recursos das reclamadas. 5.Do intervalo intrajornada (tema em comum em todos os recursos): Como exposto no tópico anterior, foi arbitrado que o reclamante usufruiu em média 45 minutos de intervalo, motivo pelo qual a condenação da primeira reclamada deve se limitar ao tempo não usufruído de 15 minutos. Logo, dou parcial provimento ao recurso das reclamadas. Nego provimento ao recurso do reclamante, pois o artigo 71 da CLT estabelece que o valor correspondente ao intervalo suprimido possui natureza indenizatória, razão pela qual mantenho a sentença que indeferiu os respectivos reflexos (fls. 495) nesse particular. 6.Do adicional noturno: A segunda reclamada requereu a reforma da sentença em relação à condenação ao pagamento do adicional noturno (fls. 540). A magistrada assim decidiu: "Além disso, é devido o adicional noturno sobre as horas noturnas trabalhadas, observada a hora noturna reduzida e demais parâmetros para cálculo e reflexos fixados para as horas extras, salvo quanto ao adicional, que será de 20% (art. 73 da CLT e Súmula 60 do TST)" (fls. 494). Observo que a magistrada se limitou a condenar ao pagamento do adicional noturno sem explicar o motivo que ensejou essa condenação. Reforço que esse foi o único trecho da sentença em que essa matéria foi abordada. Na inicial o reclamante alegou que a empresa "jamais" pagou adicional noturno ao reclamante (fls. 15). Os demonstrativos de pagamento, contudo, demonstram que havia o pagamento dessa verba sob os códigos 106 (adicional noturno horas 20%) e 152 (DSR Adicional Noturno) (fls. 233). Em réplica, o reclamante não apontou nenhuma diferença, nem mesmo por amostragem. Na verdade, o reclamante nem se manifestou sobre o adicional noturno em réplica, não obstante constar em seus demonstrativos de pagamento o pagamento desse adicional. Logo, entendo que o adicional noturno foi corretamente pago sobre as horas anotadas nos cartões de ponto. Todavia, entendo que há diferenças em favor do reclamante em razão da errônea marcação do intervalo intrajornada nos cartões de ponto. Considerando que a empresa considerava que o reclamante usufruía intervalo de 1 hora, ela calculou de forma equivocada o tempo efetivamente trabalhado, já que em vez de descontar 45 minutos, descontava 60 minutos. Em alguns dias o reclamante iniciou a sua jornada às 22h, como no dia 05/10/2021 e 25/10/2021, realizando o seu intervalo a partir da 01 da manhã (fls. 215/216). Logo, diante desse aspecto, mantenho a condenação da primeira reclamada, mas somente nos dias em que o intervalo foi concedido no período noturno. Esclareço que diante dessa limitação, indefiro a dedução dos valores pagos simplesmente porque a condenação decorre do não pagamento do adicional noturno sobre tempo que foi considerado pela reclamada como de intervalo. Reformo nesses termos. 7. Da responsabilidade da segunda reclamada: Assevera a segunda reclamada ter figurado no contrato de prestação de serviços com a primeira reclamada como "dona da obra", razão pela qual requer a reforma da sentença que a condenou de forma subsidiária (fls. 518). Analisando o contrato de prestação de serviços firmado pelas reclamadas (fls. 121/133) não identifiquei qualquer cláusula que pudesse acarretar o reconhecimento de que a segunda reclamada figurasse como dona da obra. Na verdade, constou, como objeto do contrato, serviços, entre outros, de "zeladoria" e o de "abastecimento de geradores" (fls. 121). Logo, a narrativa da segunda reclamada é bem frágil no particular, razão pela qual a segunda reclamada deve responder subsidiariamente pelos créditos trabalhistas do reclamante, já que se trata de típica terceirização. No que tange ao benefício de ordem, ressalto que o Tema 133 do C. TST determina que: "A constatação do inadimplemento do devedor principal autoriza o redirecionamento da execução para o subsidiário independentemente do exaurimento da execução contra o obrigado principal e seus sócios, salvo na hipótese de indicação de bens do devedor principal que efetiva e comprovadamente bastem para satisfazer integralmente a execução". Desse modo, caso a primeira reclamada não efetue o pagamento e a segunda reclamada não indique bens daquela que comprovadamente bastem para satisfazer integralmente a execução, a execução será redirecionada à segunda reclamada. Afasto as alegações da segunda reclamada de que as condenações relativas ao FGTS e às contribuições previdenciárias não as alcançariam, simplesmente porque a segunda reclamada, como responsável subsidiária, sujeita-se ao pagamento de todas as verbas devidas pela primeira reclamada, como prevê a Súmula 331, VI, do TST, excetuando-se as obrigações de natureza personalíssima, como, por exemplo, a baixa do contrato de trabalho na CTPS do reclamante. Esclareço que na sentença foi fixado que as reclamadas poderiam apresentar os extratos da conta vinculada do reclamante a fim de se valerem da dedução até o prazo para a apresentação de cálculos à liquidação da sentença (fls. 492). Logo, ao contrário do que alega a segunda reclamada (fls. 542), não há que se falar em intimação do reclamante, não requerendo a empresa a reforma do julgado nesse particular, razão pela qual a decisão da magistrada não foi especificamente impugnada nesse particular. Considerando que o contrato de prestação de serviços foi firmado em 16/03/2020(fls. 132), delimito que a condenação da segunda reclamada se restringe às verbas devidas a partir dessa data. Reformo nesses termos. 8.Dos honorários sucumbenciais: Pleiteia a segunda reclamada a redução dos honorários sucumbenciais para 5% sem apresentar qualquer justificativa nesse particular (fls. 542) fato que, por si só, levaria ao desprovimento de seu recurso. Acrescento que a presente demanda certamente não é de baixa complexidade que justificasse a aplicação da alíquota mínima prevista em lei. Nego provimento. 9. Dos benefícios da justiça gratuita ao reclamante: Não merece reparo a sentença de primeiro grau, pois a declaração firmada pela parte reclamante goza de presunção de veracidade (artigo 1.º da Lei 7.115/83 e artigo 99, parágrafo terceiro, do Código de Processo Civil) e, portanto, era ônus da reclamada comprovar que o reclamante possui condições de arcar com as despesas processuais e honorários advocatícios. Tal questão foi objeto de apreciação em sede se Incidente de Recursos Repetitivos pelo TST (IncJulgRREmbRep-277- 83.2020.5.09.0084) e foi definido o tema 21. Diante do disposto no artigo 985, incisos I e II, do Código de Processo Civil, aplicável ao processo do trabalho por força do artigo 769 da CLT, tal decisão possui efeito vinculante. Não havendo prova a contrariar a declaração apresentada pela parte reclamante, mantenho a sentença. Recurso da primeira reclamada: 1.Do FGTS: A primeira reclamada aduz que "restou devidamente comprovado" os depósitos de FGTS (fls. 574). A empresa, contudo, não comprovou ter realizado todos os depósitos de FGTS. Destaco que a primeira reclamada sequer cita o documento que comprovaria a realização dos depósitos de FGTS. Nego provimento. 2.Das férias: A primeira reclamada aduz que "restou devidamente comprovado" o pagamento das férias (fls. 574). A reclamada não comprova esse pagamento. No TRCT foram computadas as férias de 2021/2022 (fls. 261/262), sem que houvesse a juntada aos autos do respectivo comprovante de pagamento. Nego provimento. ACORDAM os Magistrados da 4.ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 2.ª Região em, por unanimidade de votos, CONHECER dos recursos interpostos, excetuando-se os temas abordados no tópico que analisou os pressupostos recursais e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO ao recurso do reclamante e dar PARCIAL PROVIMENTO ao recurso das reclamadas a fim de excluir da sentença de primeiro grau a condenação ao adicional noturno; reformar parcialmente as condenações relativas às horas extras e ao intervalo intrajornada e delimitar a responsabilidade da segunda reclamada a partir de 16/03/2020. Tudo nos termos da fundamentação supra. Apesar da reforma parcial da sentença, entendo, considerando o valor atribuído à condenação de R$ 30.000,00 fixado na sentença de primeiro grau, que esse valor continua sendo pertinente, razão pela qual segue inalterado. Presidiu a sessão a Excelentíssima Desembargadora Presidente Ivani Contini Bramante. Tomaram parte no julgamento o Exmo. Juiz convocado João Forte Junior e as Exmas. Desembargadoras Ivani Contini Bramante e Ivete Ribeiro. Relator (a): João Forte Junior. Integrou a sessão virtual o (a) representante do Ministério Público. JOÃO FORTE JÚNIOR Relator SAO PAULO/SP, 23 de julho de 2025. REGINA CELIA DUTRA JAVAROTTI Diretor de Secretaria Intimado(s) / Citado(s) - CIRION TECHNOLOGIES DO BRASIL LTDA

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Processo nº 1021537-09.2024.8.11.0003

ID: 324647311

Tribunal: TJMT Órgão: Terceira Câmara de Direito Privado Classe: APELAçãO CíVEL Nº Processo: 1021537-09.2024.8.11.0003

Data de Disponibilização: 14/07/2025

Polo Ativo:

ADRIANA FATIMA EMIDIO GOMES TAVARES

Polo Passivo:

Acórdão

Advogados:

ROMARIO ALMEIDA FREIRE

OAB/MT XXXXXX Desbloquear

ESTADO DE MATO GROSSO PODER JUDICIÁRIO TERCEIRA CÂMARA DE DIREITO PRIVADO Número Único: 1021537-09.2024.8.11.0003 Classe: APELAÇÃO CÍVEL (198) Assunto: [Alienação Fiduciária] Relator: Des(a). ANTONIA… ESTADO DE MATO GROSSO PODER JUDICIÁRIO TERCEIRA CÂMARA DE DIREITO PRIVADO Número Único: 1021537-09.2024.8.11.0003 Classe: APELAÇÃO CÍVEL (198) Assunto: [Alienação Fiduciária] Relator: Des(a). ANTONIA SIQUEIRA GONCALVES Turma Julgadora: [DES(A). ANTONIA SIQUEIRA GONCALVES, DES(A). CARLOS ALBERTO ALVES DA ROCHA, DES(A). DIRCEU DOS SANTOS] Parte(s): [ADRIANA FATIMA EMIDIO GOMES TAVARES - CPF: 001.324.246-65 (APELANTE), ROMARIO ALMEIDA FREIRE - CPF: 018.067.212-60 (ADVOGADO), AYMORE CREDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO S.A. - CNPJ: 07.707.650/0001-10 (APELADO), NELSON WILIANS FRATONI RODRIGUES - CPF: 668.018.009-06 (ADVOGADO)] A C Ó R D Ã O Vistos, relatados e discutidos os autos em epígrafe, a TERCEIRA CÂMARA DE DIREITO PRIVADO do Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso, sob a Presidência Des(a). CARLOS ALBERTO ALVES DA ROCHA, por meio da Turma Julgadora, proferiu a seguinte decisão: POR UNANIMIDADE, PROVEU PARCIALMENTE O RECURSO. E M E N T A APELAÇÃO CÍVEL – AÇÃO DE BUSCA E APREENSÃO – ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA – SENTENÇA QUE JULGOU PROCEDENTE O PEDIDO INICIAL E CONSOLIDOU A PROPRIEDADE DO BEM – AUSÊNCIA DE APREENSÃO DO VEÍCULO – IMPOSSIBILIDADE DE CONSOLIDAÇÃO DA PROPRIEDADE SEM A EFETIVA POSSE DO CREDOR – NULIDADE DA SENTENÇA – NECESSIDADE DE PROSSEGUIMENTO DO FEITO ATÉ A LOCALIZAÇÃO DO BEM E OPORTUNIZAÇÃO DA PURGA DA MORA – SENTENÇA ANULADA – RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. Nos termos do Decreto-Lei n. 911/69, a consolidação da propriedade e posse plena e exclusiva do bem no patrimônio do credor fiduciário somente ocorre após a efetiva execução da liminar de busca e apreensão e o decurso do prazo para purgação da mora, conforme art. 3º, § 1º. Constatado nos autos que o mandado de busca e apreensão foi devolvido sem cumprimento, com certidão negativa do Oficial de Justiça informando a não localização do bem, a consolidação da propriedade em favor do credor se mostra inviável. A ausência de apreensão do bem impede o início do prazo para a purgação da mora, que só se inicia após a execução da liminar e citação válida do devedor. TERCEIRA CÂMARA DE DIREITO PRIVADO APELAÇÃO CÍVEL Nº 1021537-09.2024.8.11.0003 APELANTE: ADRIANA FÁTIMA EMÍDIO GOMES TAVARES APELADO: AYMORÉ CRÉDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO S.A. RELATÓRIO EXMA. SRA. DESA. ANTÔNIA SIQUEIRA GONÇALVES (RELATORA) Egrégia Câmara: Trata-se de recurso de apelação interposto por ADRIANA FÁTIMA EMÍDIO GOMES TAVARES contra sentença proferida pelo MM. Juiz de Direito da 1ª Vara Cível da Comarca de Rondonópolis/MT, Dr. Luiz Antônio Sari, no bojo da Ação de Busca e Apreensão n. 1021537-09.2024.8.11.0003, que, ao final, julgou procedente o pedido autoral formulado pela AYMORÉ CRÉDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO S.A., rescindindo o contrato entabulado entre as partes e consolidando em favor da apelada a posse plena e exclusiva do bem objeto de garantia fiduciária. Houve oposição de embargos de declaração em Id. 284261484, sendo estes, rejeitados em Id. 284261497. A apelante, em suas razões recursais, aduz que “Na origem, trata-se de AÇÃO DE BUSCA E APREENÇÃO ajuizada por Aymoré Crédito, Financiamento e Investimento S.A. em face da Requerida ora Apelante Adriana Fatima Emidio Gomes Tavares. A Apelada, alegou que celebrou contrato de financiamento com a Apelante, no qual foi adquirido um veículo, alienando-o fiduciariamente como garantia do pagamento das parcelas. Com o alegado inadimplemento das obrigações contratuais por parte da Apelante, A Autora ora Apelada ingressou com a presente ação, requerendo liminarmente a busca e apreensão do bem financiado. O pedido liminar foi deferido, mas o mandado de busca e apreensão foi devolvido sem cumprimento, conforme Id: 175117596” (sic). Afirma que “Em sua defesa, a Requerida ora Apelante apresentou contestação extemporânea, argumentando que havia vício na comprovação da mora, e ainda, que a alegada mora se deu por conduta da própria Apelada, que suspendeu unilateralmente a emissão dos boletos de pagamento antes mesmo de qualquer notificação extrajudicial. Tal fato foi comprovado por meio de prints e extratos emitidos pelo aplicativo da própria Apelada, documentos que evidenciam que a Requerida foi impedida de adimplir suas obrigações contratuais” (sic). Salienta que “A sentença proferida pelo juízo a quo é nula, pois está fundamentada em premissas equivocadas que violam disposições legais expressas e princípios processuais basilares. O magistrado considerou, de forma indevida, que a Ré foi regularmente citada e que o veículo objeto da alienação fiduciária foi apreendido, o que não encontra respaldo nos autos. Conforme certidão do Oficial de Justiça constante sob o Id: 175117596, a diligência de citação e apreensão foi negativa, o que torna insubsistente a decisão que consolidou a posse e o domínio do bem em favor da parte Autora. Nos termos do artigo 3º, § 1º, do Decreto-Lei nº 911/69, o prazo de cinco dias para a purgação da mora somente se inicia após o cumprimento da liminar de busca e apreensão e a citação válida da parte Ré. Esses dois requisitos são indispensáveis e cumulativos, pois garantem ao devedor fiduciário a oportunidade de exercer seu direito de purgar a mora e reaver o bem apreendido. No caso em tela, a ausência de citação válida e o não cumprimento da liminar configuram vício insanável, uma vez que inviabilizam o início do prazo legal para a purgação da mora, comprometendo a regularidade do processo e violando o contraditório e a ampla defesa” (sic). Defende que “A decisão que consolidou a posse e o domínio do bem em favor da parte Autora, sem que houvesse a citação válida da Ré e o cumprimento da liminar, afronta diretamente o disposto no Decreto-Lei nº 911/69. Trata-se de um erro grave, pois a citação é ato essencial para a formação válida da relação processual e para a garantia dos direitos da parte Ré. Sem a citação, a Ré foi colocada em situação de flagrante prejuízo, sendo privada de exercer plenamente seu direito de defesa, especialmente no que tange à possibilidade de purgar a mora no prazo legal. Ademais, a ausência de cumprimento da liminar de busca e apreensão impede a consolidação da posse e do domínio do bem em favor da parte Autora, pois o próprio Decreto-Lei nº 911/69 condiciona tal medida à efetiva apreensão do bem” (sic). Sustenta que “Não se pode admitir que o domínio e a posse sejam transferidos ao credor fiduciário sem que o veículo tenha sido apreendido, sob pena de violação ao devido processo legal e à segurança jurídica. Diante do exposto, é evidente que a sentença proferida padece de nulidade absoluta, devendo ser anulada para que sejam observados os requisitos legais indispensáveis à validade do processo” (sic). Afiança que “O artigo 3º, § 2º, do Decreto-Lei nº 911/69 estabelece de forma clara e inequívoca que o prazo de cinco dias para a purgação da mora somente se inicia após o cumprimento da liminar de busca e apreensão e a citação válida do devedor. Trata-se de requisito essencial e indispensável para que o credor fiduciário possa consolidar a posse e o domínio do bem em seu favor. No caso em análise, a sentença proferida pelo juízo a quo incorreu em grave equívoco ao consolidar a posse e o domínio do veículo em favor da parte autora, mesmo diante da ausência de cumprimento da liminar de busca e apreensão e da inexistência de citação válida da ré. Conforme consta nos autos, a diligência do oficial de justiça para cumprimento da liminar foi infrutífera, conforme certidão juntada (Id: 175117596). Assim, não houve a apreensão do bem, tampouco a citação válida da ré, o que inviabiliza o início do prazo legal para a purgação da mora. A ausência desses atos processuais essenciais configura vício insanável, que compromete a regularidade do procedimento e, consequentemente, torna inválida a consolidação da posse e do domínio do bem em favor do credor fiduciário. Ademais, o prazo de cinco dias para a purgação da mora, previsto no § 1º do artigo 3º do Decreto-Lei nº 911/69, é um direito assegurado ao devedor fiduciário, que somente pode ser exercido após a efetiva apreensão do bem e a sua citação. Ao desconsiderar essa exigência legal, a sentença violou o devido processo legal e o contraditório, princípios constitucionais que regem o ordenamento jurídico brasileiro. A consolidação da posse e do domínio do bem, sem que o prazo para purgação da mora tenha sequer se iniciado, configura manifesta afronta à legislação aplicável e aos direitos da ré” (sic). Diz que “No caso em tela, a Requerida demonstrou de forma inequívoca que a suposta mora decorreu de conduta exclusiva da própria Requerente, que suspendeu unilateralmente a emissão dos boletos de pagamento antes mesmo de qualquer notificação extrajudicial. Tal fato foi comprovado por meio de prints e extratos emitidos pelo aplicativo da própria Requerente, documentos que evidenciam que a Requerida foi impedida de adimplir suas obrigações contratuais. A conduta da Requerente, ao inviabilizar o pagamento das parcelas devidas, configura evidente má-fé e afronta ao princípio da boa-fé objetiva, que deve nortear as relações contratuais. A mora, por sua natureza, pressupõe o inadimplemento imputável ao devedor, o que não se verifica no presente caso. A suspensão dos boletos pela Requerente não apenas impossibilitou o cumprimento da obrigação pela Requerida, como também desconstituiu qualquer fundamento para a constituição válida da mora. Não se pode admitir que a Requerente se beneficie de sua própria torpeza ao criar artificialmente uma situação de inadimplemento para justificar a propositura da presente ação. Ademais, a notificação extrajudicial apresentada pela Requerente, ainda que formalmente válida, não tem o condão de suprir a ausência de condições materiais para o pagamento, uma vez que a própria Requerente inviabilizou o adimplemento ao suspender os boletos. A constituição em mora, para ser válida, exige não apenas a notificação do devedor, mas também a existência de condições objetivas para o cumprimento da obrigação, o que não ocorreu no caso concreto. Portanto, a ausência de mora válida, causada exclusivamente pela conduta da Requerente, retira o suporte jurídico necessário para a procedência da ação de busca e apreensão” (sic). Pondera que “No caso em análise, a conduta da Requerente revela flagrante violação a esse princípio, configurando abuso de direito e contradição em sua postura negocial. Conforme demonstrado nos autos, a Requerente aprovou a renegociação contratual com a Requerida, formalizada por meio do Aditivo de Renegociação nº 00664231926, conforme Id: 180493628. Tal renegociação foi aceita pela Requerente, que inclusive recebeu o pagamento inicial referente à nova pactuação, conforme comprovado nos documentos anexados (Id: 180493628 e Id: 180493629). A aprovação da renegociação e o recebimento do valor inicial caracterizam, de forma inequívoca, a intenção da Requerente de readequar o contrato, afastando, portanto, qualquer alegação de mora por parte da Requerida. Entretanto, de forma contraditória e abusiva, a Requerente dá seguimento à presente ação de busca e apreensão, ignorando a renegociação celebrada e o pagamento efetuado pela Requerida. Essa conduta não apenas afronta o dever de boa-fé objetiva, como também causa onerosidade excessiva à Requerida, que, ao aderir à renegociação, confiou na resolução do conflito contratual e na manutenção do vínculo jurídico” (sic). Mensura que “A manutenção da sentença que acolheu a pretensão da Requerente implicaria em validar uma conduta abusiva e desleal, em total afronta aos princípios que regem as relações contratuais no ordenamento jurídico brasileiro. Dessa forma, resta evidente que a mora imputada à Requerida foi desconstituída pela renegociação contratual aprovada pela própria Requerente. A continuidade da ação de busca e apreensão, diante desse contexto, é juridicamente insustentável e deve ser rechaçada. Por conseguinte, requer-se a reforma da sentença para julgar improcedente a presente ação, garantindo a observância do princípio da boa-fé objetiva e a proteção da parte hipossuficiente contra práticas abusivas” (sic). A par destes argumentos, pede o provimento do apelo, para “[...] • Seja concedido os benefícios da Gratuidade de Justiça à Requerida, inclusive em fase recursal. • Seja reconhecida a nulidade da r. Sentença proferida, diante da Ausência de Citação Pessoal e Ausência de Prazo para Purgar a Mora, bem como diante da Impossibilidade de Consolidação da Posse e Domínio do Bem pela Requerente ora Apelada; • Seja reformada a r. Sentença para julgar TOTAMENTE IMPROCEDENTE a presente Ação de Busca e Apreensão, Diante da Inexistência de Mora por Conduta da Requerente e do Comportamento Contraditório da Requerente ora Apelante, pela formulação de acordo extrajudicial refinanciando o contrato sub judice” (sic). As contrarrazões foram ofertadas no Id. 284260901, pugnando pelo desprovimento do recurso e consequente manutenção da sentença. Preparo recursal não recolhido, haja vista que a parte apelante possui justiça gratuita deferida nos autos, conforme Id. 284815867. É o relatório. VOTO EXMA. SRA. DESA. ANTÔNIA SIQUEIRA GONÇALVES (RELATORA) Egrégia Câmara: Recolhido o preparo, e estando adequado e tempestivo, CONHEÇO o apelo interposto, o que faço com fulcro no artigo 1.009 do Código de Processo Civil. Cinge a controvérsia recursal acerca da sentença julgou procedente o pedido autoral formulado pela AYMORÉ CRÉDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO S.A., rescindindo o contrato entabulado entre as partes e consolidando em favor da apelada a posse plena e exclusiva do bem objeto de garantia fiduciária. Colaciono trecho da sentença exarada pelo juízo a quo: “Tratam os presentes autos de uma Ação de Busca e Apreensão, intentada por Aymoré Crédito, Financiamento e Investimento, com fundamento no Decreto-Lei nº 911/69, em desfavor de Adriana Fatima Emidio Gomes Tavares. Depois de acurada análise das razões de fato e de direito levada a efeito pelas partes e diante das provas colacionadas aos autos, tenho comigo que a presente ação merece acolhimento. Colhe-se dos elementos probatórios acostados aos presentes autos que o autor concedeu financiamento ao réu, mediante contrato, garantido por alienação fiduciária, onde a ré alienou fiduciariamente ao banco credor a veículo descrito e caracterizado no processo. Como a ré não honrou o compromisso assumido e estando em mora, o autor optou pela busca e apreensão do bem objeto da garantia. Presentes os requisitos formais para sua constituição, concernente em instrumento escrito, onde está consignado o total da dívida, o prazo e a forma de pagamento, a taxa de juros, a estipulação dos demais encargos, a descrição do objeto da alienação bem como os elementos de sua identificação, tornava-se inadmissível o indeferimento da liminar requerida, pois, para tanto, necessário apenas e tão somente a comprovação da mora ou inadimplemento do devedor. E, consoante se infere do processo o devedor está em mora que se constitui segundo os termos do art. 2º, § 2º, do Decreto-Lei 911/69. Dessa sorte, o que é fundamental para dirimir a questão é saber se há mora. Esta, por descumprimento da obrigação contratual, ficou cabalmente comprovada. [...] Portanto, no caso em tela, a comprovação da mora ressai evidente, basta verificar o documento acostado aos autos. De outro norte, a parte ré, ao apresentar sua peça de bloqueio assevera que não fora constituída em mora, o que é imprescindível para que se tenha êxito no processo de busca e apreensão alicerçado na Lei de Alienação Fiduciária. Pois bem. De acordo com o Dec.-lei nº 911/69, o credor-fiduciário tem direito à liminar de busca e apreensão desde que comprovada a mora (art. 3º). A mora decorre do simples vencimento do prazo para pagamento, podendo ser comprovada por carta registrada com aviso de recebimento, não se exigindo que a assinatura constante do referido aviso seja a do próprio destinatário (art. 2º, § 2º). In casu, a notificação extrajudicial expedida pela Instituição Financeira e encaminhada ao endereço da ré declinado no contrato celebrado entre as partes, mostra-se suficiente para a comprovação da mora. [...] De outro norte, o pedido de purgação da mora formulado pela parte ré não tem como vingar, por falta de amparo legal, senão vejamos. O art. 3º do Decreto-Lei n. 911/1969 faculta ao devedor a purgação da mora nas ações de busca e apreensão com o pagamento da integralidade da dívida compreendidas as prestações vencidas e vincendas, no prazo de cinco dias após a execução da liminar, ocasião em que lhe será restituído o bem, livre do ônus de propriedade. [...] E, no caso posto à liça, a ré efetuou o depósito à menor, qual seja, depositou apenas e tão somente o valor das parcelas vencidas Id 171375452, em total afronta à norma. De forma que, estando o contrato válido; demonstrado que fora efetuado a comunicação da mora; e, comprovada a inadimplência da ré de maneira translúcida, só há um caminho a ser trilhado, qual seja, a procedência da ação. Por fim, considerando os documentos colacionados ao processo, hei por bem em deferir o pedido de assistência judiciária à parte ré. É certo que o autor procurou desmerecer o pedido formulado pela ré – assistência judiciária, porém, não conseguiu derruir a pretensão.” (Id. 284261481) Pois bem. De maneira introdutória, a controvérsia recursal cinge-se à validade da consolidação da propriedade do veículo, objeto da busca e apreensão originária, qual seja: “MARCA: YAMAHA MODELO: FLUO 125 ABS ANO/MODELO: 2023 COR: PRETA PLACA: RRW9D18 RENAVAM: 001354262066 CHASSI: 9C6SEJ310R0016181” Compulsando detidamente os autos, verifico que apesar do Togado singular afirmar na sentença que “Deferido o pedido de liminar, expediu-se mandado de busca e apreensão, sendo a ré citada e o veículo apreendido.”, tal fato não restou demonstrado nos autos, de modo que, constou expressamente no Id. 175117596 (Autos de origem), certidão negativa do Oficial de Justiça dando conta de que não foi possível proceder com a apreensão do bem, vejamos: “CERTIDÃO NEGATIVA Diligência e Entrega de Mandados de Intimação, Citação, Notificação CERTIFICO que em cumprimento ao r/ mandado não foi possível proceder com a apreensão do bem descrito no mandado tendo em vista não o ter localizado por ocasião da realização da diligencia, não tendo ainda sido possível manter contato com o Devedor. Assim sendo, diante do exposto, não foi possível proceder ao cabal cumprimento da presente ordem judicial e faço sua devolução à origem. É o que me cumpre certificar [...]”. Dessa forma, o Decreto-Lei nº 911/1969, que disciplina a busca e apreensão de bens alienados fiduciariamente, prevê expressamente que a consolidação da propriedade no patrimônio do credor fiduciário depende da apreensão efetiva do bem. O art. 3º, §1º, do referido diploma legal estabelece que: “§1o Cinco dias após executada a liminar mencionada no caput, consolidar-se-ão a propriedade e a posse plena e exclusiva do bem no patrimônio do credor fiduciário, cabendo às repartições competentes, quando for o caso, expedir novo certificado de registro de propriedade em nome do credor, ou de terceiro por ele indicado, livre do ônus da propriedade fiduciária.” (Destaquei) Portanto, a consolidação da propriedade somente se opera em relação ao bem efetivamente apreendido, pois é a posse direta do credor sobre o bem que viabiliza a venda extrajudicial para abatimento do saldo devedor. O Superior Tribunal de Justiça possui entendimento consolidado sobre o tema, verbis: “AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. ADMISSIBILIDADE. RECONSIDERAÇÃO. AÇÃO DE BUSCA E APREENSÃO . ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA COM GARANTIA. NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. NÃO OCORRÊNCIA. PURGAÇÃO DA MORA . NECESSIDADE DE PAGAMENTO DA INTEGRALIDADE DA DÍVIDA. DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL NÃO CONHECIDO. AGRAVO INTERNO DESPROVIDO. 1 . Inexiste negativa de prestação jurisdicional quando a corte de origem examina e decide, de modo claro e objetivo, as questões que delimitam a controvérsia, não ocorrendo nenhum vício que possa nulificar o acórdão recorrido. 2. Nos contratos firmados na vigência da Lei n. 10.931/2004, compete ao devedor, no prazo de 5 dias após a execução da liminar na ação de busca e apreensão, pagar a integralidade da dívida, sob pena de consolidação da propriedade do bem móvel objeto de alienação fiduciária (Tema n. 722 do STJ). 3. A incidência da Súmula n . 7 do STJ quanto à interposição pela alínea a do permissivo constitucional impede o conhecimento do recurso especial pela divergência jurisprudencial sobre a mesma questão. 4. Agravo interno desprovido.” (STJ - AgInt no AREsp: 2209359 GO 2022/0292381-1, Relator.: Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, Data de Julgamento: 03/06/2024, T4 - QUARTA TURMA, Data de Publicação: DJe 06/06/2024) (Destaquei) “DIREITO CIVIL. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE BUSCA E APREENSÃO. ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA . LIMINAR DE BUSCA E APREENSÃO DO BEM REVOGADA. DESCARACTERIZAÇÃO DA MORA. RESTITUIÇÃO DE VEÍCULO AO DEVEDOR FIDUCIANTE. INVIABILIDADE, ANTE A SUA ALIENAÇÃO . RESTITUIÇÃO QUE DEVE OBSERVAR O VALOR MÉDIO DE MERCADO DO VEÍCULO À ÉPOCA DA BUSCA E APREENSÃO. MORA DESCARACTERIZADA. FIXAÇÃO DE MULTA COM BASE NO ART. 3º, § 6º, DO DECRETO-LEI N . 911/69. JULGAMENTO DE IMPROCEDÊNCIA. 1. Ação de busca e apreensão, em virtude de suposto inadimplemento de contrato de financiamento, garantido por alienação fiduciária . 2. Ação ajuizada em 16/11/2018. Recurso especial concluso ao gabinete em 22/04/2021. Julgamento: CPC/2015 . 3. O propósito recursal é definir i) qual é o valor a ser restituído à devedora fiduciante quando há venda extrajudicial do bem no bojo de ação de busca e apreensão posteriormente julgada extinta sem resolução do mérito - se o valor do veículo na Tabela FIPE à época da apreensão do bem ou se o valor propriamente obtido com a sua venda extrajudicial; e ii) se a condenação ao pagamento da multa prevista no art. 3º, § 6º, do DL 911/69 subsiste ainda que a ação de busca e apreensão tenha sido julgado extinta sem resolução do mérito. 4 . Após a execução da liminar de busca e apreensão do bem, o devedor terá o prazo de 5 (cinco) dias para pagar a integralidade da dívida pendente, oportunidade em que o bem lhe será restituído sem o respectivo ônus. Caso o devedor não efetue o pagamento no prazo legal, haverá a consolidação da propriedade e da posse plena e exclusiva do bem móvel objeto da alienação fiduciária no patrimônio do credor. 5. Consolidado o bem no patrimônio do credor, estará ele investido em todos os poderes inerentes à propriedade, podendo vender o bem . Se, contudo, efetivar a venda e a sentença vier a julgar improcedente o pedido, o risco do negócio é seu, devendo ressarcir os prejuízos que o devedor fiduciante sofrer em razão da perda do bem. 6. Privado indevidamente da posse de seu veículo automotor, a composição do prejuízo do devedor fiduciante deve traduzir-se no valor de mercado do veículo no momento de sua apreensão indevida (valor do veículo na Tabela FIPE à época da ocorrência da busca e apreensão). 7 . A multa prevista no art. 3º, § 6º, do Decreto-lei 911/69 não é cabível quando houver extinção do processo sem julgamento do mérito. 8. No entanto, uma vez demonstrada, no ajuizamento da ação, a devida constituição em mora do fiduciante, a sua descaracterização - porque reconhecida, a partir da análise das cláusulas pactuadas, a abusividade dos encargos no período de normalidade contratual - implica o julgamento de improcedência do pedido de busca e apreensão e não a extinção do processo sem resolução do mérito . 9. Recurso especial conhecido e não provido, com majoração de honorários.” (STJ - REsp: 1933739 RS 2021/0115960-9, Relator.: Ministra NANCY ANDRIGHI, Data de Julgamento: 15/06/2021, T3 - TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: DJe 17/06/2021) (Destaquei) Dessa forma, não tendo sido o veículo objeto da busca e apreensão apreendido, resta impossibilitada a consolidação da propriedade em face da empresa apelada, razão pela qual a sentença deve ser anulada, para que o feito tenha prosseguimento em relação ao bem não apreendido. Em outras palavras, consolida-se a propriedade apenas em relação ao bem previamente apreendido, uma vez que, o prazo para purgação da mora, estabelecido no art. 3º, §2º, do Decreto-Lei nº 911/69, inicia-se com a ciência do devedor sobre a execução da liminar. O Tribunal de Justiça de Mato Grosso já decidiu em casos semelhantes: “APELAÇÃO CÍVEL – AÇÃO DE BUSCA E APREENSÃO – DECRETO-LEI Nº 911/69 – SENTENÇA QUE CONFIRMOU A LIMINAR E CONSOLIDOU A PROPRIEDADE DOS BENS NO PATRIMÔNIO DO CREDOR – APENAS UM VEÍCULO APREENDIDO – IMPOSSIBILIDADE DE CONSOLIDAÇÃO DA PROPRIEDADE DO BEM NÃO LOCALIZADO – NECESSIDADE DE PROSSEGUIMENTO DO FEITO EM RELAÇÃO AO VEÍCULO REMANESCENTE – SENTENÇA ANULADA – RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO. Nos termos do art. 3º, §1º, do Decreto-Lei nº 911/69, a consolidação da propriedade e posse do bem no patrimônio do credor fiduciário somente ocorre após a apreensão efetiva do veículo e a não purgação da mora no prazo legal. A consolidação da propriedade de bem não apreendido configura erro processual, pois inviabiliza a futura busca e apreensão e impede que o credor fiduciário adote medidas para recuperar o veículo, prejudicando o cumprimento da garantia contratual. O Superior Tribunal de Justiça tem entendimento consolidado de que não apreendido o bem, a busca e apreensão deve prosseguir, não sendo possível a consolidação da propriedade sem a efetiva posse do credor (STJ, AgInt no REsp 1.959.382/SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, DJe 10/08/2023).” (N.U 1003778-37.2021.8.11.0003, CÂMARAS ISOLADAS CÍVEIS DE DIREITO PRIVADO, DIRCEU DOS SANTOS, Terceira Câmara de Direito Privado, Julgado em 24/02/2025, Publicado no DJE 24/02/2025) (Destaquei) “DIREITO PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO. APELAÇÃO. AÇÃO DE BUSCA E APREENSÃO DE VEÍCULO. ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA. PRAZO PARA PURGAÇÃO DA MORA. CONSOLIDAÇÃO DA PROPRIEDADE E DA POSSE. RECURSO NÃO PROVIDO. I. CASO EM EXAME Agravo Interno interposto de decisão que negou provimento ao Recurso e majorou os honorários advocatícios de 10% para 12% sobre o valor da causa, com a ressalva prevista no art. 98, §3º, do CPC. O agravante alega que a interpretação estrita do prazo de 5 dias para purgação da mora ignora a possibilidade de flexibilização diante da quitação efetiva da dívida, argumentando que isso prejudica a função social do contrato e a boa-fé objetiva, conforme o art. 422 do Código Civil. Requer a reconsideração da decisão ou, alternativamente, o julgamento colegiado do recurso. II. QUESTÃO EM DISCUSSÃO Verificar se houve violação ao direito do devedor de purgar a mora, conforme art. 3º, §2º, do Decreto-Lei nº 911/69, diante da quitação da dívida fora do prazo legal de cinco dias. III. RAZÕES DE DECIDIR O prazo para purgação da mora, estabelecido no art. 3º, §2º, do Decreto-Lei nº 911/69, inicia-se com a ciência do devedor sobre a execução da liminar, geralmente com a citação. Esse prazo é de 5 (cinco) dias e, se não cumprido, resulta na consolidação da propriedade e da posse do bem no patrimônio do credor fiduciário, o que ocorreu no presente caso. IV. DISPOSITIVO E TESE Recurso Não Provido. Tese de julgamento: O prazo de 5 (cinco) dias para a purgação da mora, nos contratos regidos pelo Decreto-Lei nº 911/69, é peremptório e deve ser cumprido, sob pena de consolidação da propriedade e da posse do bem no patrimônio do credor fiduciário. Dispositivos relevantes citados: CPC, art. 98, §3º; Decreto-Lei nº 911/69, art. 3º, §§2º e 3º. Jurisprudência relevante citada: STJ, AgInt nos EDcl no AREsp 1744777/GO, Rel. Min. Antônio Carlos Ferreira, Quarta Turma, j. 20/09/2021, DJe 23/09/2021. TJMT, Apelação nº 1000362-56.2024.8.11.0003, Quarta Câmara de Direito Privado, j. 25/11/2024, DJE 26/11/2024.” (N.U 1003716-62.2021.8.11.0046, CÂMARAS ISOLADAS CÍVEIS DE DIREITO PRIVADO, RUBENS DE OLIVEIRA SANTOS FILHO, Quarta Câmara de Direito Privado, Julgado em 14/03/2025, Publicado no DJE 14/03/2025) (Destaquei) Ante o exposto, DOU PARCIAL PROVIMENTO ao recurso de apelação, para anular a sentença de piso para que o feito prossiga até a localização do bem objeto da lide, e sendo este localizado, que se oportunize a parte ré a purga da mora, no modo como estabelecido em contrato. Diante do provimento parcial do recurso, não há que se falar em majoração ou fixação de honorários sucumbenciais recursais (STJ. AgInt nos EDcl no REsp nº 1.357.561/MG - Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze – 3ª Turma - DJe 19-4-2017). É como voto. Data da sessão: Cuiabá-MT, 09/07/2025

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