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Bradesco Vida E Previdencia S.A. e outros x Bradesco Vida E Previdencia S.A. e outros

ID: 260436487

Tribunal: TRT2 Órgão: Vice-Presidência Judicial Classe: RECURSO ORDINáRIO TRABALHISTA Nº Processo: 1001224-78.2022.5.02.0203

Data de Disponibilização: 25/04/2025

Polo Ativo:

BRADESCO VIDA E PREVIDENCIA S.A. MATEUS DE SOUZA SANTOS SILVA

Polo Passivo:

BRADESCO VIDA E PREVIDENCIA S.A. MATEUS DE SOUZA SANTOS SILVA

Notificação

Advogados:

MILTON FLAVIO DE ALMEIDA CAMARGO LAUTENSCHLAGER

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ELIANA APARECIDA GOMES FALCAO

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PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO ANÁLISE DE RECURSOS Relator: FLAVIO VILLANI MACEDO 1001224-78.2022.5.02.0203 : MATEUS DE SOUZA SANTOS SILVA E OU… PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO ANÁLISE DE RECURSOS Relator: FLAVIO VILLANI MACEDO 1001224-78.2022.5.02.0203 : MATEUS DE SOUZA SANTOS SILVA E OUTROS (1) : BRADESCO VIDA E PREVIDENCIA S.A. E OUTROS (1) INTIMAÇÃO Fica V. Sa. intimado para tomar ciência da Decisão ID 7ce155b proferida nos autos. 1001224-78.2022.5.02.0203 - 11ª TurmaRecorrente(s): 1. MATEUS DE SOUZA SANTOS SILVA 2. BRADESCO VIDA E PREVIDENCIA S.A. Recorrido(a)(s): 1. BRADESCO VIDA E PREVIDENCIA S.A. 2. MATEUS DE SOUZA SANTOS SILVA RECURSO DE: MATEUS DE SOUZA SANTOS SILVA PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS Recurso tempestivo (decisão publicada em 06/03/2025 - Id 549c245; recurso apresentado em 17/03/2025 - Id 71e7914). Regular a representação processual (Id 099ee6f ). Desnecessário o preparo. PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS 1.1 DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO (12936) / VERBAS REMUNERATÓRIAS, INDENIZATÓRIAS E BENEFÍCIOS (13831) / ADICIONAL (13833) / ADICIONAL DE PERICULOSIDADE (13877) / ARMAZENAMENTO DE LÍQUIDO INFLAMÁVEL Alegação(ões): Sustenta ser devido o recebimento do adicional de periculosidade diante do armazenamento irregular de líquido inflamável dentro do prédio em que trabalhava. Consta do v. acórdão: "Manifesta o autor seu inconformismo em face da sentença de origem que julgou improcedente o pedido de pagamento do adicional de periculosidade. Sem razão. Veja-se que em relação à prova técnica e a formação da convicção do Magistrado, tem-se a considerar que a perícia é uma prova destinada a apresentar elementos instrutórios sobre normas técnicas e sobre prova de fato que dependa de conhecimento especial. O perito, como auxiliar do juízo, colabora com o magistrado a fim de constar a existência de determinado fato. Em caso e outro, porém, o juiz não fica preso à conclusão do laudo pois é ele o que Barbosa Moreira chamava de "peritus peritorum" por força mesmo das funções de que está investido. Afinal, se o magistrado vinculado estivesse à conclusão resultante da perícia, seria o perito o verdadeiro juiz da causa, sobretudo nas lides onde o essencial para a decisão depende do que se apurar no exame pericial. É o que defende José Frederico Marques, no seu "Instituições de Direito Processual Civil"; Ed. Forense, 2ª Edição, volume III, p.461/475). Cediço, pois, ante o princípio da livre convicção motivada, que poderá o Juiz formar sua convicção com base em elementos outros existentes nos autos, consoante dispõe o artigo 479 do CPC. Aqui, contudo, inexistem elementos que possam invalidar a conclusão técnica pericial. O perito do Juízo foi enfático ao afirmar que "não há qualquer risco para as atividades executadas pelo Autor, visto que, os geradores e tanques estão localizados em salas enclausuradas e independentes do restante da edificação, bem como possui diversos dispositivos de segurança como: sinalização de emergência, portas do tipo corta fogo, os tanques possuem respiro externo, bacia de contenção, iluminação blindada, estão separados entre si por paredes resistentes ao fogo, estão aterrados, possuem detectores de fumaça, sprinklers, extintores bem posicionados e instalações elétricas protegidas contra explosão." Ademais, existe aqui contundente argumento a afastar o direito à periculosidade. Veja-se que no caso em análise a questão determinante à caracterização da periculosidade é o limite de armazenamento da substância inflamável. A SDI-I do TST, na sessão do dia 16/2/2017, no julgamento do processo TST-E-RR - 970-73.2010.5.04.0014, de relatoria do Ministro João Oreste Dalazen, assentou o entendimento de que para o deferimento do adicional de periculosidade é necessário observar a quantidade mínima de líquido inflamável armazenado, nos termos do Anexo 2 da NR-16 da Portaria nº 3.214/78 do Ministério do Trabalho e Emprego, cujos itens 3 e 4 do Anexo 2 da NR-16 estabelecem expressamente os limites de líquido inflamável armazenado que podem ensejar o pagamento de adicional de periculosidade. Assim, naquele momento, firmou-se o entendimento de que só acarretaria direito à referida parcela a existência de armazenamento de líquido inflamável acondicionado em tambores ou bombonas de aço, alumínio, outros metais ou plástico, com capacidade acima dos 250 litros. Eis a ementa do referido julgado: ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. ARMAZENAMENTO DE INFLAMÁVEIS NO LOCAL DE TRABALHO. NR-16 DA PORTARIA Nº 3.214/78 DO MINISTÉRIO DO TRABALHO 1. A caracterização da periculosidade em virtude do labor em recinto fechado em que há armazenamento de líquidos inflamáveis encontra-se expressamente tratada no Anexo 2 da NR-16 da Portaria nº 3.214/78 do Ministério do Trabalho. Não é o caso, portanto, de omissão da norma administrativa, a autorizar a aplicação de regulamentação dirigida a situação diversa (transporte de líquidos inflamáveis, por exemplo), ainda que por analogia. 2. Também não subsiste tese jurídica segundo a qual se afigura irrelevante a quantidade de líquido inflamável armazenado em recinto fechado, para efeito de reconhecimento da periculosidade. Os itens 3 e 4 do Anexo 2 da NR-16 expõem à saciedade os limites de líquido inflamável armazenado, passíveis de gerar, ou não, o direito à percepção de adicional de periculosidade. 3. Precisamente o item 4 do Anexo 2 da NR-16, ao tratar dos casos em que não é devido o adicional de periculosidade, reporta-se ao Quadro I, que, por sua vez, alude à" Capacidade Máxima para Embalagens de Líquidos Inflamáveis ". O exame do referido Quadro permite concluir que o reconhecimento, ou não, do direito ao adicional de periculosidade guarda relação direta com a quantidade e com o tipo de embalagem em que acondicionado o agente de risco. 4. Nos termos da NR-16, não gera direito ao adicional de periculosidade o labor prestado em recinto fechado em que há armazenamento de líquido inflamável acondicionado em tambores ou bombonas de aço, alumínio, outros metais ou plástico, com capacidade entre 60 e até 250 litros (Quadro I, item 4, Anexo 2). 5. Não faz jus ao adicional de periculosidade empregada, professora de física, que, nos termos do acórdão regional, executava parte das atividades em laboratórios em que havia pequena quantidade de líquidos inflamáveis armazenados - vinte e sete litros. 6. Embargos da Reclamada de que se conhece, por divergência jurisprudencial, e a que se dá provimento. (E-RR - 970-73.2010.5.04.0014 , Relator Ministro: João Oreste Dalazen, Data de Julgamento: 16/02/2017, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, Data de Publicação: DEJT 19/05/2017). Há de se considerar hoje o que dispõe a Norma Regulamentar 20, com as alterações impostas pela SIT Nº 308 DE 29.02.2012 que passou a permitir, conforme item 20.17.2.1, alínea "d", a presença de até três tanques de 3.000 litros cada - ou seja o volume total de 9.000 litros. Ao mencionar as disposições das instalações, assim fez constar o perito no laudo apresentado: Disposição das instalações: 19° ANDAR - COBERTURA: Constatou-se a existência de sistema de geração de energia elétrica composto por 2 geradores com potência(s) de 1.000 KVA cada abastecidos por 2 tanque(s) do tipo metálicos de 250 litros cada (vide foto n°3). 1° SUBSOLO: Constatou-se a existência de sistema de geração de energia elétrica composto por 1 gerador com potência(s) de 180 KVA abastecidos por tanque(s) do tipo acoplado de 150 litros (vide foto n°4). 2° SUBSOLO: Constatou-se a existência de sistema de geração de energia elétrica composto por 3 geradores com potência(s) de 1.000 KVA cada abastecidos por 3 tanque(s) do tipo metálicos de 250 litros cada (vide foto n°5). Houve constatação também de 2 tanques enterrados com capacidade para 15.000 litros cada, responsável pelo abastecimento dos tanques metálicos. Existia, no caso, tanques de 15.000 litros, mas, à evidência, estes tanques estavam enterrados, sendo certo que não há limite máximo de capacidade para tanques enterrados. Da mesma sorte, os tanques aéreos também estão adequados, uma vez que, somados, não ultrapassam o limite máximo de 3.000 litros, consoante o disposto na alínea d do item 2.17.2.1. Além disso, o fato de o tanque eventualmente estar instalado em desacordo com a Norma não assegura, por si só, o direito ao adicional de periculosidade. A irregularidade caracteriza infração de natureza administrativa e que pode sujeitar o infrator às sanções pertinentes. Contudo, não serve para caracterizar a atividade como perigosa, ou, em outras palavras, a infração não transforma em perigosa atividade que como tal não é classificada na NR 16. A questão exige interpretação sistemática do item 20.2.13 da NR-20, combinado com o Anexo 2, item 3, letra s, da NR-16, bem assim do entendimento consolidado na Orientação Jurisprudencial 385 da SDI - I do Colendo TST, abaixo transcrita: "385. Adicional de periculosidade. Devido. Armazenamento de líquido inflamável no prédio. Construção vertical. (DeJT 09/06/2010). É devido o pagamento do adicional de periculosidade ao empregado que desenvolve suas atividades em edifício (construção vertical), seja em pavimento igual ou distinto daquele onde estão instalados tanques para armazenamento de líquido inflamável, em quantidade acima do limite legal, considerando-se como área de risco toda a área interna da construção vertical." Observa-se que o autor fez acostar aos autos diversos laudos periciais a fim de corroborar sua alegação. Ocorre que laudos produzidos em local diverso daquele em que trabalhou o demandante de nada valem como efeito de prova. Lado outro, o laudo de ID. 5d382c3 - Pág. 7, por exemplo, trata do mesmo local, sendo certo que a descrição do local vai ao encontro do que relatou o perito deste processo. Não há se falar, portanto, ante o que foi apurado, em "tanque emparedado" ou tanques aéreos que exorbitassem o limite previsto em norma do Ministério do Trabalho. O pedido está fadado à improcedência. E, nesse contexto, não cabe falar em obrigação de entrega do perfil profissiográfico previdenciário." Nos termos da Orientação Jurisprudencial nº 385, da SBDI-1, do TST, "é devido o adicional de periculosidade ao empregado que desenvolve suas atividades em edifício (construção vertical), seja em pavimento igual ou distinto daquele onde estão instalados tanques para armazenamento de líquido inflamável, em quantidade acima do limite legal, considerando-se como área de risco toda a área interna da construção vertical". (destacou-se) A Subseção I Especializada em Dissídios Individuais - SBDI-1, órgão uniformizador de jurisprudência interna corporis do Tribunal Superior do Trabalho, deliberou no sentido de que, nos termos da NR 16 da Portaria nº 3.214/78 do Ministério do Trabalho, o armazenamento ou o transporte superior a 250 litros de líquidos inflamáveis autoriza o pagamento de adicional de periculosidade ao empregado que labora em área de risco. Eis a ementa da referida decisão: "ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. ARMAZENAMENTO DE INFLAMÁVEIS NO LOCAL DE TRABALHO. NR-16 DA PORTARIA Nº 3.214/78 DO MINISTÉRIO DO TRABALHO 1. A caracterização da periculosidade em virtude do labor em recinto fechado em que há armazenamento de líquidos inflamáveis encontra-se expressamente tratada no Anexo 2 da NR-16 da Portaria nº 3.214/78 do Ministério do Trabalho. Não é o caso, portanto, de omissão da norma administrativa, a autorizar a aplicação de regulamentação dirigida a situação diversa (transporte de líquidos inflamáveis, por exemplo), ainda que por analogia. 2. Também não subsiste tese jurídica segundo a qual se afigura irrelevante a quantidade de líquido inflamável armazenado em recinto fechado, para efeito de reconhecimento da periculosidade. Os itens 3 e 4 do Anexo 2 da NR-16 expõem à saciedade os limites de líquido inflamável armazenado, passíveis de gerar, ou não, o direito à percepção de adicional de periculosidade. 3. Precisamente o item 4 do Anexo 2 da NR-16, ao tratar dos casos em que não é devido o adicional de periculosidade, reporta-se ao Quadro I, que, por sua vez, alude à ‘Capacidade Máxima para Embalagens de Líquidos Inflamáveis’. O exame do referido Quadro permite concluir que o reconhecimento, ou não, do direito ao adicional de periculosidade guarda relação direta com a quantidade e com o tipo de embalagem em que acondicionado o agente de risco. 4. Nos termos da NR-16, não gera direito ao adicional de periculosidade o labor prestado em recinto fechado em que há armazenamento de líquido inflamável acondicionado em tambores ou bombonas de aço, alumínio, outros materiais ou plástico com capacidade entre 60 e até 250 litros (Quadro I, item 4, Anexo 2). 5. Não faz jus ao adicional de periculosidade empregada, professora de física, que, nos termos do acórdão regional, executava parte das atividades em laboratórios em que havia pequena quantidade de líquidos inflamáveis armazenados - vinte e sete litros. 6. Embargos da Reclamada de que se conhece, por divergência jurisprudencial, e a que se dá provimento" (E-RR-970-73.2010.5.04.0014, Relator Ministro João Oreste Dalazen, DEJT 19/05/2017, destaque acrescido). Com esteio no julgado acima transcrito, a Corte Superior vem reiteradamente decidindo que o armazenamento superior a 250 litros de líquidos inflamáveis, na quantidade total, autoriza o pagamento de adicional de periculosidade ao empregado que labora em área de risco (construção vertical), em cumprimento à NR 16 da Portaria nº 3.214/78 do Ministério do Trabalho. Cito os seguintes precedentes: E-Ag-ED-ARR-1337-97.2017.5.10.0010, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, Relator Ministro Augusto Cesar Leite de Carvalho, DEJT 04/04/2023; E-ED-RRAg-1000059-06.2015.5.02.0085, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, Relator Ministro Breno Medeiros, DEJT 28/05/2021; Ag-E-ARR-1001581-84.2016.5.02.0036, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, Relator Ministro Lelio Bentes Correa, DEJT 26/06/2020; Ag-RR-725-56.2021.5.09.0008, 2ª Turma, Relatora Ministra Liana Chaib, DEJT 22/11/2024; Ag-RRAg-1001174-15.2017.5.02.0078, 3ª Turma, Relator Ministro Alberto Bastos Balazeiro, DEJT 25/10/2024; Ag-RR-1001139-47.2021.5.02.0003, 4ª Turma, Relator Ministro Alexandre Luiz Ramos, DEJT 18/10/2024; ARR-1002017-71.2016.5.02.0059, 5ª Turma, Relatora Ministra Morgana de Almeida Richa, DEJT 08/11/2024; RR-0000191-95.2023.5.09.0088, 6ª Turma, Relator Ministro Antonio Fabricio de Matos Goncalves, DEJT 26/11/2024; RR-21629-82.2014.5.04.0008, 7ª Turma, Relator Ministro Evandro Pereira Valadão Lopes, DEJT 01/12/2023; AIRR-1001337-55.2019.5.02.0391, 8ª Turma, Relator Ministro Sérgio Pinto Martins, DEJT 05/09/2024. No caso em apreço, depreende-se, da leitura do v. acórdão, a presença de tanques aéreos que chegam a perto de 3.000 litros no mesmo prédio (construção vertical) onde o reclamante prestava serviços. Constatada, pois, que a quantidade total de inflamáveis armazenada nos tanques supera o limite de 250 litros estabelecido na NR-16, da Portaria nº 3.214/78, do MTE, prudente o seguimento do apelo, porquanto demonstrada possível contrariedade à Orientação Jurisprudencial 385 da SBDI-1 do TST. RECEBO o recurso de revista. CONCLUSÃO RECEBO o recurso de revista. Intimem-se, dando vista à parte contrária para apresentação de contrarrazões. RECURSO DE: BRADESCO VIDA E PREVIDENCIA S.A. PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS Recurso tempestivo (decisão publicada em 06/03/2025 - Id 549c245; recurso apresentado em 18/03/2025 - Id 88626a2). Regular a representação processual (Id 4235434 , e8f86ba ). Preparo satisfeito. Depósito recursal recolhido no RO, id 066f0b5 ; Custas pagas no RO: id eca2a73 ; Depósito recursal recolhido no RR, id 99ebb00 . PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS 1.1 DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO (12936) / VERBAS REMUNERATÓRIAS, INDENIZATÓRIAS E BENEFÍCIOS (13831) / PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS - PLR De acordo com os fundamentos expostos no v. acórdão, não é possível divisar ofensa à disposição de lei federal ou afronta direta e literal à Lei Maior (CLT, art. 896, "c"). DENEGO seguimento. CONCLUSÃO DENEGO seguimento ao recurso de revista. Intimem-se. /akg SAO PAULO/SP, 24 de abril de 2025. FRANCISCO FERREIRA JORGE NETO Desembargador Vice-Presidente Judicial Intimado(s) / Citado(s) - MATEUS DE SOUZA SANTOS SILVA - BRADESCO VIDA E PREVIDENCIA S.A.

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Anselmo Ventura Miranda e outros x Anselmo Ventura Miranda e outros

ID: 331825174

Tribunal: TRT2 Órgão: Vice-Presidência Judicial Classe: RECURSO ORDINáRIO TRABALHISTA Nº Processo: 1000565-07.2023.5.02.0083

Data de Disponibilização: 22/07/2025

Polo Ativo:

ANSELMO VENTURA MIRANDA REAL E BENEMERITA ASSOCIACAO PORTUGUESA DE BENEFICENCIA

Polo Passivo:

ANSELMO VENTURA MIRANDA REAL E BENEMERITA ASSOCIACAO PORTUGUESA DE BENEFICENCIA

Notificação

Advogados:

FABIOLA COBIANCHI NUNES

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ANDREIA DE ALMEIDA STEIN ANTUNES

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PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO ANÁLISE DE RECURSOS Relator: ORLANDO APUENE BERTAO ROT 1000565-07.2023.5.02.0083 RECORRENTE: ANSELMO VENTURA MIRA… PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO ANÁLISE DE RECURSOS Relator: ORLANDO APUENE BERTAO ROT 1000565-07.2023.5.02.0083 RECORRENTE: ANSELMO VENTURA MIRANDA E OUTROS (1) RECORRIDO: ANSELMO VENTURA MIRANDA E OUTROS (1) INTIMAÇÃO Fica V. Sa. intimado para tomar ciência da Decisão ID 9fb77c3 proferida nos autos. ROT 1000565-07.2023.5.02.0083 - 16ª Turma Recorrente: Advogado(s): 1. REAL E BENEMERITA ASSOCIACAO PORTUGUESA DE BENEFICENCIA FABIOLA COBIANCHI NUNES (SP149834) Recorrente: Advogado(s): 2. ANSELMO VENTURA MIRANDA ANDREIA DE ALMEIDA STEIN ANTUNES (SP434865) Recorrido: Advogado(s): ANSELMO VENTURA MIRANDA ANDREIA DE ALMEIDA STEIN ANTUNES (SP434865) Recorrido: Advogado(s): REAL E BENEMERITA ASSOCIACAO PORTUGUESA DE BENEFICENCIA FABIOLA COBIANCHI NUNES (SP149834) RECURSO DE: REAL E BENEMERITA ASSOCIACAO PORTUGUESA DE BENEFICENCIA PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS Recurso tempestivo (decisão publicada em 04/11/2024 - Id 7fc1f5d; recurso apresentado em 14/11/2024 - Id ae4aec0). Regular a representação processual (Id 07df268). Preparo satisfeito. Custas pagas no RO: id 3ad9807 ; Depósito recursal recolhido no RR, id 0128244 . PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS 1.1 DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO (12936) / VERBAS REMUNERATÓRIAS, INDENIZATÓRIAS E BENEFÍCIOS (13831) / ADICIONAL (13833) / ADICIONAL DE INSALUBRIDADE As razões recursais revelam a nítida intenção de revolver o conjunto fático-probatório apresentado, o que não se concebe em sede extraordinária de recurso de revista, a teor do disposto na Súmula 126, do TST. Nesse sentido: "[...] REEXAME DE FATOS E PROVAS. IMPOSSIBILIDADE. ÓBICE DA SÚMULA 126 DO TST. 2.1. A finalidade precípua desta Corte Superior, na uniformização de teses jurídicas, não autoriza a revisão do conjunto fático-probatório já analisado pelo Tribunal Regional, na esteira do entendimento consolidado pela Súmula 126/TST. 2.2. Na hipótese dos autos, não se trata de mero reenquadramento jurídico dos fatos, tendo em vista a efetiva necessidade de revolver o acervo probatório para adotar conclusão diversa daquela obtida pelo TRT. 2.3. As alegações recursais da parte contrariam frontalmente o quadro fático delineado no acórdão regional. Desse modo, o acolhimento de suas pretensões demandaria necessariamente o reexame do acervo probatório, procedimento vedado nesta esfera extraordinária. [...]" (Ag-ARR-1148-96.2015.5.21.0006, 5ª Turma, Relatora Ministra Morgana de Almeida Richa, DEJT 16/12/2022). DENEGO seguimento. CONCLUSÃO DENEGO seguimento ao recurso de revista. Intimem-se. RECURSO DE: ANSELMO VENTURA MIRANDA PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS Recurso tempestivo (decisão publicada em 19/05/2025 - Id eeae5e4; recurso apresentado em 28/05/2025 - Id 21211f5). Regular a representação processual (Id b88b65b). Desnecessário o preparo. PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS 1.1 DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO (12936) / VERBAS REMUNERATÓRIAS, INDENIZATÓRIAS E BENEFÍCIOS (13831) / ADICIONAL (13833) / ADICIONAL DE PERICULOSIDADE Alegação(ões): Sustenta que faz jus ao adicional de periculosidade. Consta do v. acórdão: "I. Do Adicional de Insalubridade e Periculosidade(Matéria comum) Insurgem-se as partes contra a sentença, no tocante aos adicionais de insalubridade de periculosidade. A reclamada por entender que o autor não se expunha de forma recorrente ao agente insalubre, enquanto que o autor insiste que no exercício de sua atividade encontrava-se rotineiramente exposto ao agente periculoso. Sem razão os recorrentes. Produzida prova emprestada(Id 90f384b), o Expert prestado os seguintes esclarecimentos acerca das atividades realizadas pelo reclamante, concluindo pela sua exposição ao agente insalubre, confira-se: "(...)3.1 - Internação Clínica Geral 1º andar Torre V As partes, informaram que o pavimento é um setor de internação, e que de forma habitual e permanente (frequentemente), de todo e qualquer tipo de pacientes portadores de doenças infecto contagiosas ou não. Foi apurado com as partes, que no local são internados pacientes com doenças: cardíacas, reconstrução/plásticas, ortopédicas, apêndice, vesícula, hernias, tumores, oncológicas, neurológicas e pacientes portadores de doenças infecto contagiosas (tuberculose, COVID e outras) ou não. A reclamada informou que, quando da existência de pacientes em isolamento, na porta de acesso ao quarto é colocado um aviso e disponibilizado EPIs descartáveis. Durante a vistoria, esse expert não identificou, nas portas dos quartos, nenhum aviso de paciente em isolamento. Porém, no posto de enfermagem, foi constatado que no momento da vistoria existia sim, 2 pacientes em isolamento por contato, ou seja, a informação de comunicação de isolamento na entrada dos quartos não é realizada de forma eficaz.(...)" No tocante ao fornecimento dos EPI´s, assim registrou o perito nomeado: "As informações sobre o fornecimento de EPIs, contidas no item II.4 - EPIs fornecidos ao reclamante, não possibilitam uma análise técnica pelo perito judicial, pois as partes, não sabe informar a data de fornecimento, o número do certificado de aprovação, a data da troca do EPI e etc. ... Os EPIs em destaque, com Certificado de Aprovação (CA) não informado, não foram considerados como fornecidos, pois sem tal informação o perito judicial não pode analisar de forma técnica a efetiva eliminação/neutralização dos agentes insalubres, conforme determina a NR 6 - EPIs. ... O perito judicial, quando do agendamento da vistoria, solicitou que as reclamadas, juntassem aos autos os documentos Relatório de notificações de doenças compulsórias dos setores de labor do reclamante, referente a todo o pacto laboral/período imprescrito conforme documentos de ID. f79d2f3 e ID. 74a1fbb; todavia, até o presente momento, os documentos não foram juntados." Verifica-se, portanto, a ausência de comprovação do efetivo fornecimento dos EPI´s, razão pela qual o laudo reconheceu a exposição do autor ao agente insalubre. No tocante ao adicional de periculosidade, a situação é diversa. Isso porque o autor não trabalhava junto aos geradores, bem como o limite de armazenamento no subsolo do prédio(3.000,00 litros), não era ultrapassado, não sendo possível o enquadramento nos termos da Súmula 385, do C.TST. Assim, verificada a ausência de exposição ao agente periculoso, agiu bem a julgadora ao rejeitar o pedido. Registre-se, por fim, que embora o julgador não esteja adstrito ao laudo pericial, podendo firmar seu livre convencimento por meio dos demais elementos de prova presentes nos autos, entendo que ambos os litigantes não produziram prova apta a afastar as conclusões presentes na prova técnica, de modo que mantenho o julgado acerca dos adicionais de insalubridade e periculosidade. Mantenho. " Nos termos da Orientação Jurisprudencial nº 385, da SBDI-1, do TST, "é devido o adicional de periculosidade ao empregado que desenvolve suas atividades em edifício (construção vertical), seja em pavimento igual ou distinto daquele onde estão instalados tanques para armazenamento de líquido inflamável, em quantidade acima do limite legal, considerando-se como área de risco toda a área interna da construção vertical". (destacou-se) A Subseção I Especializada em Dissídios Individuais - SBDI-1, órgão uniformizador de jurisprudência interna corporis do Tribunal Superior do Trabalho, deliberou no sentido de que, nos termos da NR 16 da Portaria nº 3.214/78 do Ministério do Trabalho, o armazenamento ou o transporte superior a 250 litros de líquidos inflamáveis autoriza o pagamento de adicional de periculosidade ao empregado que labora em área de risco. Eis a ementa da referida decisão: "ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. ARMAZENAMENTO DE INFLAMÁVEIS NO LOCAL DE TRABALHO. NR-16 DA PORTARIA Nº 3.214/78 DO MINISTÉRIO DO TRABALHO 1. A caracterização da periculosidade em virtude do labor em recinto fechado em que há armazenamento de líquidos inflamáveis encontra-se expressamente tratada no Anexo 2 da NR-16 da Portaria nº 3.214/78 do Ministério do Trabalho. Não é o caso, portanto, de omissão da norma administrativa, a autorizar a aplicação de regulamentação dirigida a situação diversa (transporte de líquidos inflamáveis, por exemplo), ainda que por analogia. 2. Também não subsiste tese jurídica segundo a qual se afigura irrelevante a quantidade de líquido inflamável armazenado em recinto fechado, para efeito de reconhecimento da periculosidade. Os itens 3 e 4 do Anexo 2 da NR-16 expõem à saciedade os limites de líquido inflamável armazenado, passíveis de gerar, ou não, o direito à percepção de adicional de periculosidade. 3. Precisamente o item 4 do Anexo 2 da NR-16, ao tratar dos casos em que não é devido o adicional de periculosidade, reporta-se ao Quadro I, que, por sua vez, alude à ‘Capacidade Máxima para Embalagens de Líquidos Inflamáveis’. O exame do referido Quadro permite concluir que o reconhecimento, ou não, do direito ao adicional de periculosidade guarda relação direta com a quantidade e com o tipo de embalagem em que acondicionado o agente de risco. 4. Nos termos da NR-16, não gera direito ao adicional de periculosidade o labor prestado em recinto fechado em que há armazenamento de líquido inflamável acondicionado em tambores ou bombonas de aço, alumínio, outros materiais ou plástico com capacidade entre 60 e até 250 litros (Quadro I, item 4, Anexo 2). 5. Não faz jus ao adicional de periculosidade empregada, professora de física, que, nos termos do acórdão regional, executava parte das atividades em laboratórios em que havia pequena quantidade de líquidos inflamáveis armazenados - vinte e sete litros. 6. Embargos da Reclamada de que se conhece, por divergência jurisprudencial, e a que se dá provimento" (E-RR-970-73.2010.5.04.0014, Relator Ministro João Oreste Dalazen, DEJT 19/05/2017, destaque acrescido). Com esteio no julgado acima transcrito, a Corte Superior vem reiteradamente decidindo que o armazenamento superior a 250 litros de líquidos inflamáveis, na quantidade total, autoriza o pagamento de adicional de periculosidade ao empregado que labora em área de risco (construção vertical), em cumprimento à NR 16 da Portaria nº 3.214/78 do Ministério do Trabalho. Cito os seguintes precedentes: E-Ag-ED-ARR-1337-97.2017.5.10.0010, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, Relator Ministro Augusto Cesar Leite de Carvalho, DEJT 04/04/2023; E-ED-RRAg-1000059-06.2015.5.02.0085, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, Relator Ministro Breno Medeiros, DEJT 28/05/2021; Ag-E-ARR-1001581-84.2016.5.02.0036, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, Relator Ministro Lelio Bentes Correa, DEJT 26/06/2020; Ag-RR-725-56.2021.5.09.0008, 2ª Turma, Relatora Ministra Liana Chaib, DEJT 22/11/2024; Ag-RRAg-1001174-15.2017.5.02.0078, 3ª Turma, Relator Ministro Alberto Bastos Balazeiro, DEJT 25/10/2024; Ag-RR-1001139-47.2021.5.02.0003, 4ª Turma, Relator Ministro Alexandre Luiz Ramos, DEJT 18/10/2024; ARR-1002017-71.2016.5.02.0059, 5ª Turma, Relatora Ministra Morgana de Almeida Richa, DEJT 08/11/2024; RR-0000191-95.2023.5.09.0088, 6ª Turma, Relator Ministro Antonio Fabricio de Matos Goncalves, DEJT 26/11/2024; RR-21629-82.2014.5.04.0008, 7ª Turma, Relator Ministro Evandro Pereira Valadão Lopes, DEJT 01/12/2023; AIRR-1001337-55.2019.5.02.0391, 8ª Turma, Relator Ministro Sérgio Pinto Martins, DEJT 05/09/2024. No caso em apreço, depreende-se, da leitura do v. acórdão, a presença 3.000 litros de inflamáveis no mesmo prédio (construção vertical) onde o reclamante prestava serviços. Constatada, pois, que a quantidade total de inflamáveis armazenada nos tanques supera o limite de 250 litros estabelecido na NR-16, da Portaria nº 3.214/78, do MTE, prudente o seguimento do apelo, porquanto demonstrada possível contrariedade à Orientação Jurisprudencial 385 da SBDI-1 do TST. RECEBO o recurso de revista. 2.1 DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO (12936) / DURAÇÃO DO TRABALHO (13764) / HORAS EXTRAS 2.2 DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO (12936) / DURAÇÃO DO TRABALHO (13764) / HORAS EXTRAS (13769) / CONTAGEM DE MINUTOS RESIDUAIS 2.3 NECESSIDADE DA TROCA DE UNIFORME O Regional entendeu que é indevido o cômputo do período de deslocamento até o vestiário da ré para troca de uniforme, uma vez observada a ausência de previsão legal. À luz do quadro fático delineado no v. acórdão, insuscetível de reexame na instância extraordinária de recurso de revista (Súmula 126 do TST), não se vislumbra violação de lei federal, nos termos do art. 896, "c", da CLT. Registre-se, também, que não se verifica contrariedade à Súmula 333 do TST. Inservíveis os arestos transcritos com vistas a corroborar o dissídio jurisprudencial, porquanto provenientes de Turmas do Tribunal Superior do Trabalho, o que não se afina à literalidade do disposto na alínea "a" do artigo 896 da CLT. Inespecíficos os arestos colacionados de outros regionais com vistas a corroborar o dissídio de teses, pois não há correlação entre os casos julgados nos acórdãos paradigmas e a presente demanda. Registre-se que, nos termos da Súmula 296, I, do TST, a divergência jurisprudencial deve revelar a existência de teses diversas na interpretação do mesmo dispositivo legal, embora idênticos os fatos que as ensejaram, o que não se verifica na hipótese vertente. DENEGO seguimento. 3.1 DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO (12936) / DURAÇÃO DO TRABALHO (13764) / COMPENSAÇÃO DE JORNADA (13767) / REGIME 12X36 Considerando as premissas fático-jurídicas delineadas no v. acórdão, não é possível constatar ofensa à disposição de lei federal , capaz de viabilizar o reexame pretendido, nos termos do art. 896, "c", da CLT. Registre-se, também, que não se verifica contrariedade à Súmula 444 do TST. Inservíveis os arestos transcritos com vistas a corroborar o dissídio jurisprudencial, porquanto provenientes de Turmas do Tribunal Superior do Trabalho, o que não se afina à literalidade do disposto na alínea "a" do artigo 896 da CLT. Os arestos reproduzidos no recurso de revista que foram proferidos por este Regional, nos termos da Orientação Jurisprudencial 111, da SBDI-1, do TST, não se prestam a demonstrar o conflito de teses. Inespecíficos os arestos colacionados de outros regionais com vistas a corroborar o dissídio de teses, pois não há correlação entre os casos julgados nos acórdãos paradigmas e a presente demanda. Registre-se que, nos termos da Súmula 296, I, do TST, a divergência jurisprudencial deve revelar a existência de teses diversas na interpretação do mesmo dispositivo legal, embora idênticos os fatos que as ensejaram, o que não se verifica na hipótese vertente. DENEGO seguimento. 4.1 DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO (12936) / DURAÇÃO DO TRABALHO (13764) / INTERVALO INTRAJORNADA Nos termos do art. 896, § 1º-A, I, da CLT, é ônus da parte, sob pena de não conhecimento, indicar o trecho da decisão recorrida que consubstancia o prequestionamento da controvérsia objeto do recurso de revista, o que não foi observado pela parte recorrente, pois o excerto transcrito nas razões recursais não corresponde ao acórdão proferido nos presentes autos. Nesse sentido: "AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. INTERPOSIÇÃO SOB A ÉGIDE DAS LEIS 13.015/2014 E 13.467/2017. SEXTA PARTE. TRANSCRIÇÃO DE TRECHO ESTRANHO ÀQUELE CONTIDO NO ACÓRDÃO REGIONAL. EXIGÊNCIA PREVISTA NO ART. 896, § 1º-A, I, DA CLT NÃO ATENDIDA. A jurisprudência desta colenda Corte Superior é no sentido de que, após a vigência da Lei nº 13.015/2014, os recursos de revista somente serão conhecidos se transcreverem o trecho da decisão regional impugnada. Com efeito, tal requisito foi erguido à estatura de pressuposto intrínseco de admissibilidade do recurso de revista. No caso concreto, o acórdão regional foi publicado na vigência da referida lei, e a parte recorrente não cumpriu o requisito do artigo 896, § 1º-A, I, da CLT, porque não transcreveu o trecho da decisão recorrida que consubstancia a controvérsia que busca dirimir, mas sim trecho estranho ao contido na decisão regional. As alterações legislativas no aspecto constituem pressuposto de adequação formal de admissibilidade do recurso de revista. A ausência desses requisitos formais inviabiliza o conhecimento do apelo. Agravo de instrumento conhecido e desprovido por fundamento diverso" (AIRR-10445-23.2020.5.15.0038, 3ª Turma, Relator Ministro Alexandre de Souza Agra Belmonte, DEJT 11/02/2022). DENEGO seguimento. CONCLUSÃO RECEBO o recurso de revista em relação ao tema: "DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO/ VERBAS REMUNERATÓRIAS, INDENIZATÓRIAS E BENEFÍCIOS / ADICIONAL/ ADICIONAL DE PERICULOSIDADE." DENEGO seguimento quanto aos demais. Intimem-se, dando vista à parte contrária para apresentação de contrarrazões. /aso SAO PAULO/SP, 21 de julho de 2025. WILSON FERNANDES Desembargador Vice-Presidente Judicial - em exercício Intimado(s) / Citado(s) - ANSELMO VENTURA MIRANDA - REAL E BENEMERITA ASSOCIACAO PORTUGUESA DE BENEFICENCIA

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Anselmo Ventura Miranda e outros x Anselmo Ventura Miranda e outros

ID: 331825198

Tribunal: TRT2 Órgão: Vice-Presidência Judicial Classe: RECURSO ORDINáRIO TRABALHISTA Nº Processo: 1000565-07.2023.5.02.0083

Data de Disponibilização: 22/07/2025

Polo Ativo:

ANSELMO VENTURA MIRANDA REAL E BENEMERITA ASSOCIACAO PORTUGUESA DE BENEFICENCIA

Polo Passivo:

ANSELMO VENTURA MIRANDA REAL E BENEMERITA ASSOCIACAO PORTUGUESA DE BENEFICENCIA

Notificação

Advogados:

FABIOLA COBIANCHI NUNES

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

ANDREIA DE ALMEIDA STEIN ANTUNES

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO ANÁLISE DE RECURSOS Relator: ORLANDO APUENE BERTAO ROT 1000565-07.2023.5.02.0083 RECORRENTE: ANSELMO VENTURA MIRA… PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO ANÁLISE DE RECURSOS Relator: ORLANDO APUENE BERTAO ROT 1000565-07.2023.5.02.0083 RECORRENTE: ANSELMO VENTURA MIRANDA E OUTROS (1) RECORRIDO: ANSELMO VENTURA MIRANDA E OUTROS (1) INTIMAÇÃO Fica V. Sa. intimado para tomar ciência da Decisão ID 9fb77c3 proferida nos autos. ROT 1000565-07.2023.5.02.0083 - 16ª Turma Recorrente: Advogado(s): 1. REAL E BENEMERITA ASSOCIACAO PORTUGUESA DE BENEFICENCIA FABIOLA COBIANCHI NUNES (SP149834) Recorrente: Advogado(s): 2. ANSELMO VENTURA MIRANDA ANDREIA DE ALMEIDA STEIN ANTUNES (SP434865) Recorrido: Advogado(s): ANSELMO VENTURA MIRANDA ANDREIA DE ALMEIDA STEIN ANTUNES (SP434865) Recorrido: Advogado(s): REAL E BENEMERITA ASSOCIACAO PORTUGUESA DE BENEFICENCIA FABIOLA COBIANCHI NUNES (SP149834) RECURSO DE: REAL E BENEMERITA ASSOCIACAO PORTUGUESA DE BENEFICENCIA PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS Recurso tempestivo (decisão publicada em 04/11/2024 - Id 7fc1f5d; recurso apresentado em 14/11/2024 - Id ae4aec0). Regular a representação processual (Id 07df268). Preparo satisfeito. Custas pagas no RO: id 3ad9807 ; Depósito recursal recolhido no RR, id 0128244 . PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS 1.1 DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO (12936) / VERBAS REMUNERATÓRIAS, INDENIZATÓRIAS E BENEFÍCIOS (13831) / ADICIONAL (13833) / ADICIONAL DE INSALUBRIDADE As razões recursais revelam a nítida intenção de revolver o conjunto fático-probatório apresentado, o que não se concebe em sede extraordinária de recurso de revista, a teor do disposto na Súmula 126, do TST. Nesse sentido: "[...] REEXAME DE FATOS E PROVAS. IMPOSSIBILIDADE. ÓBICE DA SÚMULA 126 DO TST. 2.1. A finalidade precípua desta Corte Superior, na uniformização de teses jurídicas, não autoriza a revisão do conjunto fático-probatório já analisado pelo Tribunal Regional, na esteira do entendimento consolidado pela Súmula 126/TST. 2.2. Na hipótese dos autos, não se trata de mero reenquadramento jurídico dos fatos, tendo em vista a efetiva necessidade de revolver o acervo probatório para adotar conclusão diversa daquela obtida pelo TRT. 2.3. As alegações recursais da parte contrariam frontalmente o quadro fático delineado no acórdão regional. Desse modo, o acolhimento de suas pretensões demandaria necessariamente o reexame do acervo probatório, procedimento vedado nesta esfera extraordinária. [...]" (Ag-ARR-1148-96.2015.5.21.0006, 5ª Turma, Relatora Ministra Morgana de Almeida Richa, DEJT 16/12/2022). DENEGO seguimento. CONCLUSÃO DENEGO seguimento ao recurso de revista. Intimem-se. RECURSO DE: ANSELMO VENTURA MIRANDA PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS Recurso tempestivo (decisão publicada em 19/05/2025 - Id eeae5e4; recurso apresentado em 28/05/2025 - Id 21211f5). Regular a representação processual (Id b88b65b). Desnecessário o preparo. PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS 1.1 DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO (12936) / VERBAS REMUNERATÓRIAS, INDENIZATÓRIAS E BENEFÍCIOS (13831) / ADICIONAL (13833) / ADICIONAL DE PERICULOSIDADE Alegação(ões): Sustenta que faz jus ao adicional de periculosidade. Consta do v. acórdão: "I. Do Adicional de Insalubridade e Periculosidade(Matéria comum) Insurgem-se as partes contra a sentença, no tocante aos adicionais de insalubridade de periculosidade. A reclamada por entender que o autor não se expunha de forma recorrente ao agente insalubre, enquanto que o autor insiste que no exercício de sua atividade encontrava-se rotineiramente exposto ao agente periculoso. Sem razão os recorrentes. Produzida prova emprestada(Id 90f384b), o Expert prestado os seguintes esclarecimentos acerca das atividades realizadas pelo reclamante, concluindo pela sua exposição ao agente insalubre, confira-se: "(...)3.1 - Internação Clínica Geral 1º andar Torre V As partes, informaram que o pavimento é um setor de internação, e que de forma habitual e permanente (frequentemente), de todo e qualquer tipo de pacientes portadores de doenças infecto contagiosas ou não. Foi apurado com as partes, que no local são internados pacientes com doenças: cardíacas, reconstrução/plásticas, ortopédicas, apêndice, vesícula, hernias, tumores, oncológicas, neurológicas e pacientes portadores de doenças infecto contagiosas (tuberculose, COVID e outras) ou não. A reclamada informou que, quando da existência de pacientes em isolamento, na porta de acesso ao quarto é colocado um aviso e disponibilizado EPIs descartáveis. Durante a vistoria, esse expert não identificou, nas portas dos quartos, nenhum aviso de paciente em isolamento. Porém, no posto de enfermagem, foi constatado que no momento da vistoria existia sim, 2 pacientes em isolamento por contato, ou seja, a informação de comunicação de isolamento na entrada dos quartos não é realizada de forma eficaz.(...)" No tocante ao fornecimento dos EPI´s, assim registrou o perito nomeado: "As informações sobre o fornecimento de EPIs, contidas no item II.4 - EPIs fornecidos ao reclamante, não possibilitam uma análise técnica pelo perito judicial, pois as partes, não sabe informar a data de fornecimento, o número do certificado de aprovação, a data da troca do EPI e etc. ... Os EPIs em destaque, com Certificado de Aprovação (CA) não informado, não foram considerados como fornecidos, pois sem tal informação o perito judicial não pode analisar de forma técnica a efetiva eliminação/neutralização dos agentes insalubres, conforme determina a NR 6 - EPIs. ... O perito judicial, quando do agendamento da vistoria, solicitou que as reclamadas, juntassem aos autos os documentos Relatório de notificações de doenças compulsórias dos setores de labor do reclamante, referente a todo o pacto laboral/período imprescrito conforme documentos de ID. f79d2f3 e ID. 74a1fbb; todavia, até o presente momento, os documentos não foram juntados." Verifica-se, portanto, a ausência de comprovação do efetivo fornecimento dos EPI´s, razão pela qual o laudo reconheceu a exposição do autor ao agente insalubre. No tocante ao adicional de periculosidade, a situação é diversa. Isso porque o autor não trabalhava junto aos geradores, bem como o limite de armazenamento no subsolo do prédio(3.000,00 litros), não era ultrapassado, não sendo possível o enquadramento nos termos da Súmula 385, do C.TST. Assim, verificada a ausência de exposição ao agente periculoso, agiu bem a julgadora ao rejeitar o pedido. Registre-se, por fim, que embora o julgador não esteja adstrito ao laudo pericial, podendo firmar seu livre convencimento por meio dos demais elementos de prova presentes nos autos, entendo que ambos os litigantes não produziram prova apta a afastar as conclusões presentes na prova técnica, de modo que mantenho o julgado acerca dos adicionais de insalubridade e periculosidade. Mantenho. " Nos termos da Orientação Jurisprudencial nº 385, da SBDI-1, do TST, "é devido o adicional de periculosidade ao empregado que desenvolve suas atividades em edifício (construção vertical), seja em pavimento igual ou distinto daquele onde estão instalados tanques para armazenamento de líquido inflamável, em quantidade acima do limite legal, considerando-se como área de risco toda a área interna da construção vertical". (destacou-se) A Subseção I Especializada em Dissídios Individuais - SBDI-1, órgão uniformizador de jurisprudência interna corporis do Tribunal Superior do Trabalho, deliberou no sentido de que, nos termos da NR 16 da Portaria nº 3.214/78 do Ministério do Trabalho, o armazenamento ou o transporte superior a 250 litros de líquidos inflamáveis autoriza o pagamento de adicional de periculosidade ao empregado que labora em área de risco. Eis a ementa da referida decisão: "ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. ARMAZENAMENTO DE INFLAMÁVEIS NO LOCAL DE TRABALHO. NR-16 DA PORTARIA Nº 3.214/78 DO MINISTÉRIO DO TRABALHO 1. A caracterização da periculosidade em virtude do labor em recinto fechado em que há armazenamento de líquidos inflamáveis encontra-se expressamente tratada no Anexo 2 da NR-16 da Portaria nº 3.214/78 do Ministério do Trabalho. Não é o caso, portanto, de omissão da norma administrativa, a autorizar a aplicação de regulamentação dirigida a situação diversa (transporte de líquidos inflamáveis, por exemplo), ainda que por analogia. 2. Também não subsiste tese jurídica segundo a qual se afigura irrelevante a quantidade de líquido inflamável armazenado em recinto fechado, para efeito de reconhecimento da periculosidade. Os itens 3 e 4 do Anexo 2 da NR-16 expõem à saciedade os limites de líquido inflamável armazenado, passíveis de gerar, ou não, o direito à percepção de adicional de periculosidade. 3. Precisamente o item 4 do Anexo 2 da NR-16, ao tratar dos casos em que não é devido o adicional de periculosidade, reporta-se ao Quadro I, que, por sua vez, alude à ‘Capacidade Máxima para Embalagens de Líquidos Inflamáveis’. O exame do referido Quadro permite concluir que o reconhecimento, ou não, do direito ao adicional de periculosidade guarda relação direta com a quantidade e com o tipo de embalagem em que acondicionado o agente de risco. 4. Nos termos da NR-16, não gera direito ao adicional de periculosidade o labor prestado em recinto fechado em que há armazenamento de líquido inflamável acondicionado em tambores ou bombonas de aço, alumínio, outros materiais ou plástico com capacidade entre 60 e até 250 litros (Quadro I, item 4, Anexo 2). 5. Não faz jus ao adicional de periculosidade empregada, professora de física, que, nos termos do acórdão regional, executava parte das atividades em laboratórios em que havia pequena quantidade de líquidos inflamáveis armazenados - vinte e sete litros. 6. Embargos da Reclamada de que se conhece, por divergência jurisprudencial, e a que se dá provimento" (E-RR-970-73.2010.5.04.0014, Relator Ministro João Oreste Dalazen, DEJT 19/05/2017, destaque acrescido). Com esteio no julgado acima transcrito, a Corte Superior vem reiteradamente decidindo que o armazenamento superior a 250 litros de líquidos inflamáveis, na quantidade total, autoriza o pagamento de adicional de periculosidade ao empregado que labora em área de risco (construção vertical), em cumprimento à NR 16 da Portaria nº 3.214/78 do Ministério do Trabalho. Cito os seguintes precedentes: E-Ag-ED-ARR-1337-97.2017.5.10.0010, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, Relator Ministro Augusto Cesar Leite de Carvalho, DEJT 04/04/2023; E-ED-RRAg-1000059-06.2015.5.02.0085, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, Relator Ministro Breno Medeiros, DEJT 28/05/2021; Ag-E-ARR-1001581-84.2016.5.02.0036, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, Relator Ministro Lelio Bentes Correa, DEJT 26/06/2020; Ag-RR-725-56.2021.5.09.0008, 2ª Turma, Relatora Ministra Liana Chaib, DEJT 22/11/2024; Ag-RRAg-1001174-15.2017.5.02.0078, 3ª Turma, Relator Ministro Alberto Bastos Balazeiro, DEJT 25/10/2024; Ag-RR-1001139-47.2021.5.02.0003, 4ª Turma, Relator Ministro Alexandre Luiz Ramos, DEJT 18/10/2024; ARR-1002017-71.2016.5.02.0059, 5ª Turma, Relatora Ministra Morgana de Almeida Richa, DEJT 08/11/2024; RR-0000191-95.2023.5.09.0088, 6ª Turma, Relator Ministro Antonio Fabricio de Matos Goncalves, DEJT 26/11/2024; RR-21629-82.2014.5.04.0008, 7ª Turma, Relator Ministro Evandro Pereira Valadão Lopes, DEJT 01/12/2023; AIRR-1001337-55.2019.5.02.0391, 8ª Turma, Relator Ministro Sérgio Pinto Martins, DEJT 05/09/2024. No caso em apreço, depreende-se, da leitura do v. acórdão, a presença 3.000 litros de inflamáveis no mesmo prédio (construção vertical) onde o reclamante prestava serviços. Constatada, pois, que a quantidade total de inflamáveis armazenada nos tanques supera o limite de 250 litros estabelecido na NR-16, da Portaria nº 3.214/78, do MTE, prudente o seguimento do apelo, porquanto demonstrada possível contrariedade à Orientação Jurisprudencial 385 da SBDI-1 do TST. RECEBO o recurso de revista. 2.1 DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO (12936) / DURAÇÃO DO TRABALHO (13764) / HORAS EXTRAS 2.2 DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO (12936) / DURAÇÃO DO TRABALHO (13764) / HORAS EXTRAS (13769) / CONTAGEM DE MINUTOS RESIDUAIS 2.3 NECESSIDADE DA TROCA DE UNIFORME O Regional entendeu que é indevido o cômputo do período de deslocamento até o vestiário da ré para troca de uniforme, uma vez observada a ausência de previsão legal. À luz do quadro fático delineado no v. acórdão, insuscetível de reexame na instância extraordinária de recurso de revista (Súmula 126 do TST), não se vislumbra violação de lei federal, nos termos do art. 896, "c", da CLT. Registre-se, também, que não se verifica contrariedade à Súmula 333 do TST. Inservíveis os arestos transcritos com vistas a corroborar o dissídio jurisprudencial, porquanto provenientes de Turmas do Tribunal Superior do Trabalho, o que não se afina à literalidade do disposto na alínea "a" do artigo 896 da CLT. Inespecíficos os arestos colacionados de outros regionais com vistas a corroborar o dissídio de teses, pois não há correlação entre os casos julgados nos acórdãos paradigmas e a presente demanda. Registre-se que, nos termos da Súmula 296, I, do TST, a divergência jurisprudencial deve revelar a existência de teses diversas na interpretação do mesmo dispositivo legal, embora idênticos os fatos que as ensejaram, o que não se verifica na hipótese vertente. DENEGO seguimento. 3.1 DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO (12936) / DURAÇÃO DO TRABALHO (13764) / COMPENSAÇÃO DE JORNADA (13767) / REGIME 12X36 Considerando as premissas fático-jurídicas delineadas no v. acórdão, não é possível constatar ofensa à disposição de lei federal , capaz de viabilizar o reexame pretendido, nos termos do art. 896, "c", da CLT. Registre-se, também, que não se verifica contrariedade à Súmula 444 do TST. Inservíveis os arestos transcritos com vistas a corroborar o dissídio jurisprudencial, porquanto provenientes de Turmas do Tribunal Superior do Trabalho, o que não se afina à literalidade do disposto na alínea "a" do artigo 896 da CLT. Os arestos reproduzidos no recurso de revista que foram proferidos por este Regional, nos termos da Orientação Jurisprudencial 111, da SBDI-1, do TST, não se prestam a demonstrar o conflito de teses. Inespecíficos os arestos colacionados de outros regionais com vistas a corroborar o dissídio de teses, pois não há correlação entre os casos julgados nos acórdãos paradigmas e a presente demanda. Registre-se que, nos termos da Súmula 296, I, do TST, a divergência jurisprudencial deve revelar a existência de teses diversas na interpretação do mesmo dispositivo legal, embora idênticos os fatos que as ensejaram, o que não se verifica na hipótese vertente. DENEGO seguimento. 4.1 DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO (12936) / DURAÇÃO DO TRABALHO (13764) / INTERVALO INTRAJORNADA Nos termos do art. 896, § 1º-A, I, da CLT, é ônus da parte, sob pena de não conhecimento, indicar o trecho da decisão recorrida que consubstancia o prequestionamento da controvérsia objeto do recurso de revista, o que não foi observado pela parte recorrente, pois o excerto transcrito nas razões recursais não corresponde ao acórdão proferido nos presentes autos. Nesse sentido: "AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. INTERPOSIÇÃO SOB A ÉGIDE DAS LEIS 13.015/2014 E 13.467/2017. SEXTA PARTE. TRANSCRIÇÃO DE TRECHO ESTRANHO ÀQUELE CONTIDO NO ACÓRDÃO REGIONAL. EXIGÊNCIA PREVISTA NO ART. 896, § 1º-A, I, DA CLT NÃO ATENDIDA. A jurisprudência desta colenda Corte Superior é no sentido de que, após a vigência da Lei nº 13.015/2014, os recursos de revista somente serão conhecidos se transcreverem o trecho da decisão regional impugnada. Com efeito, tal requisito foi erguido à estatura de pressuposto intrínseco de admissibilidade do recurso de revista. No caso concreto, o acórdão regional foi publicado na vigência da referida lei, e a parte recorrente não cumpriu o requisito do artigo 896, § 1º-A, I, da CLT, porque não transcreveu o trecho da decisão recorrida que consubstancia a controvérsia que busca dirimir, mas sim trecho estranho ao contido na decisão regional. As alterações legislativas no aspecto constituem pressuposto de adequação formal de admissibilidade do recurso de revista. A ausência desses requisitos formais inviabiliza o conhecimento do apelo. Agravo de instrumento conhecido e desprovido por fundamento diverso" (AIRR-10445-23.2020.5.15.0038, 3ª Turma, Relator Ministro Alexandre de Souza Agra Belmonte, DEJT 11/02/2022). DENEGO seguimento. CONCLUSÃO RECEBO o recurso de revista em relação ao tema: "DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO/ VERBAS REMUNERATÓRIAS, INDENIZATÓRIAS E BENEFÍCIOS / ADICIONAL/ ADICIONAL DE PERICULOSIDADE." DENEGO seguimento quanto aos demais. Intimem-se, dando vista à parte contrária para apresentação de contrarrazões. /aso SAO PAULO/SP, 21 de julho de 2025. WILSON FERNANDES Desembargador Vice-Presidente Judicial - em exercício Intimado(s) / Citado(s) - ANSELMO VENTURA MIRANDA - REAL E BENEMERITA ASSOCIACAO PORTUGUESA DE BENEFICENCIA

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ID: 315042362

Tribunal: TRT2 Órgão: Vice-Presidência Judicial Classe: RECURSO ORDINáRIO TRABALHISTA Nº Processo: 1000293-52.2021.5.02.0707

Data de Disponibilização: 03/07/2025

Polo Ativo:

ELETRONET S.A SAVERIO VENTURELLI NETO

Polo Passivo:

ELETRONET S.A SAVERIO VENTURELLI NETO

Notificação

Advogados:

MARCOS PAULO BARONTI DE SOUZA

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

RUBENS GARCIA FILHO

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO ANÁLISE DE RECURSOS Relator: RODRIGO GARCIA SCHWARZ ROT 1000293-52.2021.5.02.0707 RECORRENTE: SAVERIO VENTURELLI … PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO ANÁLISE DE RECURSOS Relator: RODRIGO GARCIA SCHWARZ ROT 1000293-52.2021.5.02.0707 RECORRENTE: SAVERIO VENTURELLI NETO E OUTROS (1) RECORRIDO: SAVERIO VENTURELLI NETO E OUTROS (1) INTIMAÇÃO Fica V. Sa. intimado para tomar ciência da Decisão ID f953fef proferida nos autos. ROT 1000293-52.2021.5.02.0707 - 17ª Turma Recorrente: Advogado(s): 1. SAVERIO VENTURELLI NETO RUBENS GARCIA FILHO (SP108148) Recorrido: Advogado(s): ELETRONET S.A MARCOS PAULO BARONTI DE SOUZA (SP200249) RECURSO DE: SAVERIO VENTURELLI NETO PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS Recurso tempestivo (decisão publicada em 12/05/2025 - Id 548ccee; recurso apresentado em 21/05/2025 - Id 6549ec6). Regular a representação processual (Id 403d7eb). Desnecessário o preparo. PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS 1.1 DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO (8826) / ATOS PROCESSUAIS (8893) / NULIDADE (8919) / NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL Não há que se cogitar de processamento do apelo pela arguição de nulidade por negativa de prestação jurisdicional, tendo em vista que a decisão recorrida examinou toda a matéria posta no recurso. Com efeito, a fundamentação exposta no v. acórdão é suficiente para a comprovação da devida apreciação de todas as questões levantadas, tendo sido esgotados todos os aspectos basilares da controvérsia apontada no apelo. A completa prestação jurisdicional caracteriza-se pelo oferecimento de decisão devidamente motivada com base nos elementos fáticos e jurídicos pertinentes e relevantes para a solução da lide. No caso dos autos, a prestação jurisdicional revela-se completamente outorgada, mediante motivação clara e suficiente, permitindo, inclusive, o prosseguimento da discussão de mérito na via recursal extraordinária. Incólumes, portanto, as disposições legais e constitucionais pertinentes à alegação (Súmula 459 do TST). Nesse sentido: "[...] NULIDADE DO ACÓRDÃO REGIONAL POR NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. Não ficou demonstrada qualquer sonegação da tutela jurisdicional a que estava obrigado o Tribunal recorrido, já que tal obrigação está ligada à fundamentação da decisão, ainda que de forma diversa das pretensões do recorrente, o que efetivamente ocorreu. Recurso de revista não conhecido. [...]" (ARR-185100-05.2007.5.02.0001, 6ª Turma, Relator Ministro Augusto Cesar Leite de Carvalho, DEJT 14/08/2023). DENEGO seguimento. 2.1 DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO (12936) / VERBAS REMUNERATÓRIAS, INDENIZATÓRIAS E BENEFÍCIOS (13831) / ADICIONAL (13833) / ADICIONAL DE PERICULOSIDADE (13877) / ARMAZENAMENTO DE LÍQUIDO INFLAMÁVEL Alegação(ões): Sustenta que o acórdão recorrido contrariou a OJ 385 da SDI-I do TST ao não reconhecer o adicional de periculosidade, mesmo com a armazenagem irregular de inflamáveis. Consta do v. acórdão: "DO ADICIONAL DE PERICULOSIDADE - DA BASE DE CÁLCULO - DA ENTREGA DE PPP O reclamante postula a reforma da r. sentença, no tópico, aduzindo que, diversamente da decisão primígena, laborou em ambiente perigoso, mantendo contato com produtos inflamáveis. Sem razão. Como se infere do disposto no art. 479, combinado com o art. 371, ambos do CPC, o magistrado não está vinculado ao laudo pericial, podendo formar o seu convencimento com base em outros fatores. No entanto, no caso, nada há nos autos a infirmar a conclusão técnica, elaborada por perita engenheira com base na realidade fática vivenciada pelo reclamante, apresentando-se francamente adequada a conclusão pericial, que se reporta às condições de trabalho do reclamante, não se verificando que tenha a perita, no caso, avaliado condições equivocadas. No caso, a perita judicial esclarece, no laudo pericial, quanto à aventada exposição ao agente perigoso, que: "7.1 INSTALAÇÕES DOS GERADORES Foi feita vistoria no 1º subsolo. Os geradores estavam instalados na projeção horizontal nos locais: Extensão do Bloco C, e Entre Blocos C e D Extensão do Bloco D Também foram verificados geradores cabinados do lado externo aos quatro blocos, ou seja, fora da projeção horizontal dos blocos, A - B - C - D. Algumas instalações foram alteradas em dezembro 2019/janeiro 2020 e julho e agosto de 2021. A tabela da figura 2 apresenta as instalações até novembro/2019 e a tabela da figura 3 as instalações atuais registradas no dia da vistoria 30/09/2021. Não havia tanques de estocagem de óleo diesel de superfície ou enterrado, cada gerador tinha seu respectivo tanque de consumo. (...) 7.5 ACESSO DO RECLAMANTE AOS GERADORES E TANQUES DE ÓLEO DIESEL No endereço periciado, as salas dos geradores e tanques de óleo diesel permanecem trancados e somente têm acesso os eletricistas e o bombeiro civil. O autor, nas atividades realizada na reclamada, NUNCA acessou aqueles locais. 7.6 AS DIVERSAS INTERPRETAÇÕES DA QUANTIDADE MÁXIMA PERMITIDA PARA ARMAZENAMENTO DE INFLAMÁVEL LÍQUIDO (ÓLEO DIESEL) No período que o autor laborou no endereço periciado as instalações que continham as quantidades de óleo diesel em TANQUES DE SUPERFÍCIE NO INTERIOR DO EDIFÍCIO eram: Período: 13/03/2016 até 30/11/2019: (...) Somatória dos volumes de óleo diesel nos tanques localizados nos subsolos dos blocos A, B, C e D têm-se: 250+200+250+250+250+250+250+250+150+250+250 = 2.600 litros. Com as desativações de equipamentos e transferência de outros para fora dos subsolos, no andar térreo em área externa tem-se: Período: 30/11/2019 até 30/09/2021 (data da perícia): (...). Somatória dos volumes de óleo diesel nos tanques localizados nos subsolos dos blocos A, B, C e D têm-se: 250+250+250+250 = 1.000 litros. Não havia vasilhames com óleo diesel alimentando geradores. A NR 16 não vincula a periculosidade à quantidade de líquido inflamável armazenado, mas sim o local onde o trabalhador realiza suas atividades, que no caso do óleo diesel, inflamável líquido, a área de risco é em toda bacia de segurança do tanque. Portanto, não é correto considerar a quantidade de óleo diesel nos tanques de consumo dos geradores. No período em que o autor trabalhou na reclamada duas portarias da NR 20 devem ser consideradas: Período: 13/03/2016 até 08/12/2019 Portaria N.º 308 de 29 de fevereiro de 2012 - DOU 06/03/2012 As alíneas "c" e "d" do item 20.17.2.1, limitam a quantidade de óleo diesel a 3 tanques de até 3.000 litros cada, ou seja, 9.000 litros: c) deve conter até 3 tanques separados entre si e do restante da edificação por paredes resistentes ao fogo por no mínimo 2 horas e porta do tipo corta-fogo; d) possuir volume total de armazenagem de no máximo 3.000 litros, em cada tanque; Quantidade até novembro 2019 = 2.600 litros, Quantidade após novembro 2019 = 1.000 litros Período: 09/12/2019 até 19/11/2020 Portaria SEPRT n.º 1.360 de 09 de dezembro de 2019 A alínea "d" do Anexo III dessa portaria estabelece que em um recinto os tanques devem ter capacidade máxima de 5.000 litros e armazenar no máximo 10.000 litros: d) deve respeitar o máximo de até 5.000 (cinco mil) litros por tanque e por recinto, bem como o limite de 10.000 (dez mil) litros por edifício, sendo este limite aplicável a cada edifício, independentemente da existência de interligação entre edifícios por meio de garagens, passarelas, túneis, entre outros;, Quantidade após novembro 2019 = 1.000 litros. Ou seja, sob esse aspecto, errôneo, mas que muitas avaliações o consideram, a somatória das quantidades de óleo diesel nos tanques de consumo localizados nos subsolos dos blocos A, B, C e D, SEMPRE tiveram volume de óleo diesel abaixo do que determinou as duas portarias da NR 20 vigentes em todo o período imprescrito de trabalho do autor. 7.7 COMENTÁRIOS FINAIS Alguns enquadramentos realizados consideram as edificações como um único recinto, de forma a considerar a periculosidade em todos os seus andares, independentemente de os tanques de combustível estarem no andar térreo, no subsolo ou na cobertura do prédio e o trabalhador prestar seu labor no mesmo andar, ou qualquer um dos andares inferiores ou superiores na mesma edificação. Não é tecnicamente correto considerar as edificações como um único recinto e com isso considerar a área de risco indicada na alínea s do item 3 do Anexo 2 da NR 16, que fala sobre vasilhames (tambores e latas) num local onde os equipamentos são tanques. Isso despreza o rigor técnico e a legislação vigente. A última revisão da NR 20 (Portaria SEPRT n.º 1.360, de 09 de dezembro de 2019 - DOU 10/12/2019) esclarece aquilo que deveria estar sendo seguido, quando define que é a NR 16 e não a NR 20 que avalia condições periculosas de trabalho (grifos nossos): (...). Ou seja, a norma tecnicamente e juridicamente correta é a NR 16, Anexo 2 e considerando o que relatado neste tópico 7, a conclusão pericial foi de que a letra "d" da tabela do item 3 no Anexo 2 da NR-16 é a correta para avaliar a alegação do reclamante: Avaliação: as atividades do autor não foram consideradas periculosas. Justifico: 1º) O autor exerceu função técnico-administrativa; 2º) O autor não trabalhava dentro ou próximo das salas dos geradores ou tanques de consumo de óleo diesel; 3º) Nenhum funcionário que exerceu a função do reclamante, tinha acesso aos geradores ou tanques de consumo de óleo diesel; 4º) O autor não laborou nas bacias de segurança dos tanques de consumo de óleo diesel; 5º) O autor não trabalhou na área de risco (toda bacia de segurança) definida na alínea "d" do item 3 do Anexo 2 da NR 16" (grifei - ID. 80f0200). A NR-20 autoriza a instalação de tanques de superfície no interior de edificações, mas a Norma Regulamentadora impõe a observância de diversas formalidades para tanto, como, por exemplo, a demonstração da impossibilidade de instalá-los enterrados ou fora da projeção horizontal do edifício, conforme expressamente determinado nos itens 20.17.2 e 20.17.2.1. E não são as atividades da empresa, tampouco a denominação das funções exercidas pelo trabalhador, que caracterizam a prestação de serviços em condições de risco, mas as condições dos préstimos laborais analisadas ao lume das Normas Reguladoras e do princípio da primazia da realidade que informa o Direito do Trabalho. Portanto, no caso, não se caracteriza o trabalho sob condições de risco, mesmo sob o lume da Orientação Jurisprudencial nº 385 da SBDI-1 do E. Tribunal Superior do Trabalho. Nada há nos autos a infirmar a conclusão técnica, elaborada por perita engenheira com base na realidade fática vivenciada pelo reclamante, apresentando-se francamente adequada a conclusão pericial, que se reporta às condições de trabalho do recorrente, não se verificando que tenha a experta, no caso, avaliado condições equivocadas. A prova da periculosidade é técnica por excelência, nos termos do art. 195, § 2º, da CLT, prevalecendo, no tópico, o laudo pericial técnico produzido a partir da análise da efetiva realidade fática vivenciada pelo trabalhador. A perita judicial, dotada do conhecimento técnico acerca da matéria, refutou o enquadramento do trabalho do reclamante como perigoso, detalhando os fundamentos da não ocorrência de tal enquadramento, inclusive no tocante aos motogeradores e aos combustíveis armazenados, conforme previstos na NR-20. Nenhuma prova em sentido contrário ao apontado no laudo, no que tange à caracterização fática das atividades profissionais do reclamante que, especificamente, deram azo à conclusão técnica pela não caracterização da periculosidade, foi efetivamente produzida nos autos. Desse modo, como exposto, irretocável, por seus próprios fundamentos, a r. sentença que acolheu a conclusão pericial, eminentemente técnica, que não foi infirmada por qualquer outro elemento de prova nos autos, não fazendo jus o reclamante ao adicional de periculosidade. Consequentemente, resta prejudicado o tópico recursal obreiro relacionado à base de cálculo do adicional de periculosidade, bem como no tocante à obrigação de fazer, notadamente a entrega de PPP. Nego provimento." Nos termos da Orientação Jurisprudencial nº 385, da SBDI-1, do TST, "é devido o adicional de periculosidade ao empregado que desenvolve suas atividades em edifício (construção vertical), seja em pavimento igual ou distinto daquele onde estão instalados tanques para armazenamento de líquido inflamável, em quantidade acima do limite legal, considerando-se como área de risco toda a área interna da construção vertical". (destacou-se) A Subseção I Especializada em Dissídios Individuais - SBDI-1, órgão uniformizador de jurisprudência interna corporis do Tribunal Superior do Trabalho, deliberou no sentido de que, nos termos da NR 16 da Portaria nº 3.214/78 do Ministério do Trabalho, o armazenamento ou o transporte superior a 250 litros de líquidos inflamáveis autoriza o pagamento de adicional de periculosidade ao empregado que labora em área de risco. Eis a ementa da referida decisão: "ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. ARMAZENAMENTO DE INFLAMÁVEIS NO LOCAL DE TRABALHO. NR-16 DA PORTARIA Nº 3.214/78 DO MINISTÉRIO DO TRABALHO 1. A caracterização da periculosidade em virtude do labor em recinto fechado em que há armazenamento de líquidos inflamáveis encontra-se expressamente tratada no Anexo 2 da NR-16 da Portaria nº 3.214/78 do Ministério do Trabalho. Não é o caso, portanto, de omissão da norma administrativa, a autorizar a aplicação de regulamentação dirigida a situação diversa (transporte de líquidos inflamáveis, por exemplo), ainda que por analogia. 2. Também não subsiste tese jurídica segundo a qual se afigura irrelevante a quantidade de líquido inflamável armazenado em recinto fechado, para efeito de reconhecimento da periculosidade. Os itens 3 e 4 do Anexo 2 da NR-16 expõem à saciedade os limites de líquido inflamável armazenado, passíveis de gerar, ou não, o direito à percepção de adicional de periculosidade. 3. Precisamente o item 4 do Anexo 2 da NR-16, ao tratar dos casos em que não é devido o adicional de periculosidade, reporta-se ao Quadro I, que, por sua vez, alude à ‘Capacidade Máxima para Embalagens de Líquidos Inflamáveis’. O exame do referido Quadro permite concluir que o reconhecimento, ou não, do direito ao adicional de periculosidade guarda relação direta com a quantidade e com o tipo de embalagem em que acondicionado o agente de risco. 4. Nos termos da NR-16, não gera direito ao adicional de periculosidade o labor prestado em recinto fechado em que há armazenamento de líquido inflamável acondicionado em tambores ou bombonas de aço, alumínio, outros materiais ou plástico com capacidade entre 60 e até 250 litros (Quadro I, item 4, Anexo 2). 5. Não faz jus ao adicional de periculosidade empregada, professora de física, que, nos termos do acórdão regional, executava parte das atividades em laboratórios em que havia pequena quantidade de líquidos inflamáveis armazenados - vinte e sete litros. 6. Embargos da Reclamada de que se conhece, por divergência jurisprudencial, e a que se dá provimento" (E-RR-970-73.2010.5.04.0014, Relator Ministro João Oreste Dalazen, DEJT 19/05/2017, destaque acrescido). Com esteio no julgado acima transcrito, a Corte Superior vem reiteradamente decidindo que o armazenamento superior a 250 litros de líquidos inflamáveis, na quantidade total, autoriza o pagamento de adicional de periculosidade ao empregado que labora em área de risco (construção vertical), em cumprimento à NR 16 da Portaria nº 3.214/78 do Ministério do Trabalho. Cito os seguintes precedentes: E-Ag-ED-ARR-1337-97.2017.5.10.0010, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, Relator Ministro Augusto Cesar Leite de Carvalho, DEJT 04/04/2023; E-ED-RRAg-1000059-06.2015.5.02.0085, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, Relator Ministro Breno Medeiros, DEJT 28/05/2021; Ag-E-ARR-1001581-84.2016.5.02.0036, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, Relator Ministro Lelio Bentes Correa, DEJT 26/06/2020; Ag-RR-725-56.2021.5.09.0008, 2ª Turma, Relatora Ministra Liana Chaib, DEJT 22/11/2024; Ag-RRAg-1001174-15.2017.5.02.0078, 3ª Turma, Relator Ministro Alberto Bastos Balazeiro, DEJT 25/10/2024; Ag-RR-1001139-47.2021.5.02.0003, 4ª Turma, Relator Ministro Alexandre Luiz Ramos, DEJT 18/10/2024; ARR-1002017-71.2016.5.02.0059, 5ª Turma, Relatora Ministra Morgana de Almeida Richa, DEJT 08/11/2024; RR-0000191-95.2023.5.09.0088, 6ª Turma, Relator Ministro Antonio Fabricio de Matos Goncalves, DEJT 26/11/2024; RR-21629-82.2014.5.04.0008, 7ª Turma, Relator Ministro Evandro Pereira Valadão Lopes, DEJT 01/12/2023; AIRR-1001337-55.2019.5.02.0391, 8ª Turma, Relator Ministro Sérgio Pinto Martins, DEJT 05/09/2024. No caso em apreço, depreende-se, da leitura do v. acórdão, a presença de vários tanques cuja soma dos volumes era 2.600 litros no período de 13/03/2016 até 30/11/2019, e 1000 litros entre 30/11/2019 até 30/09/2021, no mesmo prédio (construção vertical) onde o reclamante prestava serviços. Constatada, pois, que a quantidade total de inflamáveis armazenada nos tanques supera o limite de 250 litros estabelecido na NR-16, da Portaria nº 3.214/78, do MTE, prudente o seguimento do apelo, porquanto demonstrada possível contrariedade à Orientação Jurisprudencial 385 da SBDI-1 do TST. RECEBO o recurso de revista. CONCLUSÃO RECEBO o recurso de revista em relação ao tema DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO (12936) / VERBAS REMUNERATÓRIAS, INDENIZATÓRIAS E BENEFÍCIOS (13831) / ADICIONAL (13833) / ADICIONAL DE PERICULOSIDADE (13877) / ARMAZENAMENTO DE LÍQUIDO INFLAMÁVEL e DENEGO seguimento quanto aos demais. Intimem-se, dando vista à parte contrária para apresentação de contrarrazões. /cjvcj SAO PAULO/SP, 02 de julho de 2025. WILSON FERNANDES Desembargador Vice-Presidente Judicial - em exercício Intimado(s) / Citado(s) - SAVERIO VENTURELLI NETO - ELETRONET S.A

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Eletronet S.A e outros x Eletronet S.A e outros

ID: 315042369

Tribunal: TRT2 Órgão: Vice-Presidência Judicial Classe: RECURSO ORDINáRIO TRABALHISTA Nº Processo: 1000293-52.2021.5.02.0707

Data de Disponibilização: 03/07/2025

Polo Ativo:

ELETRONET S.A SAVERIO VENTURELLI NETO

Polo Passivo:

ELETRONET S.A SAVERIO VENTURELLI NETO

Notificação

Advogados:

MARCOS PAULO BARONTI DE SOUZA

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

RUBENS GARCIA FILHO

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PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO ANÁLISE DE RECURSOS Relator: RODRIGO GARCIA SCHWARZ ROT 1000293-52.2021.5.02.0707 RECORRENTE: SAVERIO VENTURELLI … PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO ANÁLISE DE RECURSOS Relator: RODRIGO GARCIA SCHWARZ ROT 1000293-52.2021.5.02.0707 RECORRENTE: SAVERIO VENTURELLI NETO E OUTROS (1) RECORRIDO: SAVERIO VENTURELLI NETO E OUTROS (1) INTIMAÇÃO Fica V. Sa. intimado para tomar ciência da Decisão ID f953fef proferida nos autos. ROT 1000293-52.2021.5.02.0707 - 17ª Turma Recorrente: Advogado(s): 1. SAVERIO VENTURELLI NETO RUBENS GARCIA FILHO (SP108148) Recorrido: Advogado(s): ELETRONET S.A MARCOS PAULO BARONTI DE SOUZA (SP200249) RECURSO DE: SAVERIO VENTURELLI NETO PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS Recurso tempestivo (decisão publicada em 12/05/2025 - Id 548ccee; recurso apresentado em 21/05/2025 - Id 6549ec6). Regular a representação processual (Id 403d7eb). Desnecessário o preparo. PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS 1.1 DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO (8826) / ATOS PROCESSUAIS (8893) / NULIDADE (8919) / NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL Não há que se cogitar de processamento do apelo pela arguição de nulidade por negativa de prestação jurisdicional, tendo em vista que a decisão recorrida examinou toda a matéria posta no recurso. Com efeito, a fundamentação exposta no v. acórdão é suficiente para a comprovação da devida apreciação de todas as questões levantadas, tendo sido esgotados todos os aspectos basilares da controvérsia apontada no apelo. A completa prestação jurisdicional caracteriza-se pelo oferecimento de decisão devidamente motivada com base nos elementos fáticos e jurídicos pertinentes e relevantes para a solução da lide. No caso dos autos, a prestação jurisdicional revela-se completamente outorgada, mediante motivação clara e suficiente, permitindo, inclusive, o prosseguimento da discussão de mérito na via recursal extraordinária. Incólumes, portanto, as disposições legais e constitucionais pertinentes à alegação (Súmula 459 do TST). Nesse sentido: "[...] NULIDADE DO ACÓRDÃO REGIONAL POR NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. Não ficou demonstrada qualquer sonegação da tutela jurisdicional a que estava obrigado o Tribunal recorrido, já que tal obrigação está ligada à fundamentação da decisão, ainda que de forma diversa das pretensões do recorrente, o que efetivamente ocorreu. Recurso de revista não conhecido. [...]" (ARR-185100-05.2007.5.02.0001, 6ª Turma, Relator Ministro Augusto Cesar Leite de Carvalho, DEJT 14/08/2023). DENEGO seguimento. 2.1 DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO (12936) / VERBAS REMUNERATÓRIAS, INDENIZATÓRIAS E BENEFÍCIOS (13831) / ADICIONAL (13833) / ADICIONAL DE PERICULOSIDADE (13877) / ARMAZENAMENTO DE LÍQUIDO INFLAMÁVEL Alegação(ões): Sustenta que o acórdão recorrido contrariou a OJ 385 da SDI-I do TST ao não reconhecer o adicional de periculosidade, mesmo com a armazenagem irregular de inflamáveis. Consta do v. acórdão: "DO ADICIONAL DE PERICULOSIDADE - DA BASE DE CÁLCULO - DA ENTREGA DE PPP O reclamante postula a reforma da r. sentença, no tópico, aduzindo que, diversamente da decisão primígena, laborou em ambiente perigoso, mantendo contato com produtos inflamáveis. Sem razão. Como se infere do disposto no art. 479, combinado com o art. 371, ambos do CPC, o magistrado não está vinculado ao laudo pericial, podendo formar o seu convencimento com base em outros fatores. No entanto, no caso, nada há nos autos a infirmar a conclusão técnica, elaborada por perita engenheira com base na realidade fática vivenciada pelo reclamante, apresentando-se francamente adequada a conclusão pericial, que se reporta às condições de trabalho do reclamante, não se verificando que tenha a perita, no caso, avaliado condições equivocadas. No caso, a perita judicial esclarece, no laudo pericial, quanto à aventada exposição ao agente perigoso, que: "7.1 INSTALAÇÕES DOS GERADORES Foi feita vistoria no 1º subsolo. Os geradores estavam instalados na projeção horizontal nos locais: Extensão do Bloco C, e Entre Blocos C e D Extensão do Bloco D Também foram verificados geradores cabinados do lado externo aos quatro blocos, ou seja, fora da projeção horizontal dos blocos, A - B - C - D. Algumas instalações foram alteradas em dezembro 2019/janeiro 2020 e julho e agosto de 2021. A tabela da figura 2 apresenta as instalações até novembro/2019 e a tabela da figura 3 as instalações atuais registradas no dia da vistoria 30/09/2021. Não havia tanques de estocagem de óleo diesel de superfície ou enterrado, cada gerador tinha seu respectivo tanque de consumo. (...) 7.5 ACESSO DO RECLAMANTE AOS GERADORES E TANQUES DE ÓLEO DIESEL No endereço periciado, as salas dos geradores e tanques de óleo diesel permanecem trancados e somente têm acesso os eletricistas e o bombeiro civil. O autor, nas atividades realizada na reclamada, NUNCA acessou aqueles locais. 7.6 AS DIVERSAS INTERPRETAÇÕES DA QUANTIDADE MÁXIMA PERMITIDA PARA ARMAZENAMENTO DE INFLAMÁVEL LÍQUIDO (ÓLEO DIESEL) No período que o autor laborou no endereço periciado as instalações que continham as quantidades de óleo diesel em TANQUES DE SUPERFÍCIE NO INTERIOR DO EDIFÍCIO eram: Período: 13/03/2016 até 30/11/2019: (...) Somatória dos volumes de óleo diesel nos tanques localizados nos subsolos dos blocos A, B, C e D têm-se: 250+200+250+250+250+250+250+250+150+250+250 = 2.600 litros. Com as desativações de equipamentos e transferência de outros para fora dos subsolos, no andar térreo em área externa tem-se: Período: 30/11/2019 até 30/09/2021 (data da perícia): (...). Somatória dos volumes de óleo diesel nos tanques localizados nos subsolos dos blocos A, B, C e D têm-se: 250+250+250+250 = 1.000 litros. Não havia vasilhames com óleo diesel alimentando geradores. A NR 16 não vincula a periculosidade à quantidade de líquido inflamável armazenado, mas sim o local onde o trabalhador realiza suas atividades, que no caso do óleo diesel, inflamável líquido, a área de risco é em toda bacia de segurança do tanque. Portanto, não é correto considerar a quantidade de óleo diesel nos tanques de consumo dos geradores. No período em que o autor trabalhou na reclamada duas portarias da NR 20 devem ser consideradas: Período: 13/03/2016 até 08/12/2019 Portaria N.º 308 de 29 de fevereiro de 2012 - DOU 06/03/2012 As alíneas "c" e "d" do item 20.17.2.1, limitam a quantidade de óleo diesel a 3 tanques de até 3.000 litros cada, ou seja, 9.000 litros: c) deve conter até 3 tanques separados entre si e do restante da edificação por paredes resistentes ao fogo por no mínimo 2 horas e porta do tipo corta-fogo; d) possuir volume total de armazenagem de no máximo 3.000 litros, em cada tanque; Quantidade até novembro 2019 = 2.600 litros, Quantidade após novembro 2019 = 1.000 litros Período: 09/12/2019 até 19/11/2020 Portaria SEPRT n.º 1.360 de 09 de dezembro de 2019 A alínea "d" do Anexo III dessa portaria estabelece que em um recinto os tanques devem ter capacidade máxima de 5.000 litros e armazenar no máximo 10.000 litros: d) deve respeitar o máximo de até 5.000 (cinco mil) litros por tanque e por recinto, bem como o limite de 10.000 (dez mil) litros por edifício, sendo este limite aplicável a cada edifício, independentemente da existência de interligação entre edifícios por meio de garagens, passarelas, túneis, entre outros;, Quantidade após novembro 2019 = 1.000 litros. Ou seja, sob esse aspecto, errôneo, mas que muitas avaliações o consideram, a somatória das quantidades de óleo diesel nos tanques de consumo localizados nos subsolos dos blocos A, B, C e D, SEMPRE tiveram volume de óleo diesel abaixo do que determinou as duas portarias da NR 20 vigentes em todo o período imprescrito de trabalho do autor. 7.7 COMENTÁRIOS FINAIS Alguns enquadramentos realizados consideram as edificações como um único recinto, de forma a considerar a periculosidade em todos os seus andares, independentemente de os tanques de combustível estarem no andar térreo, no subsolo ou na cobertura do prédio e o trabalhador prestar seu labor no mesmo andar, ou qualquer um dos andares inferiores ou superiores na mesma edificação. Não é tecnicamente correto considerar as edificações como um único recinto e com isso considerar a área de risco indicada na alínea s do item 3 do Anexo 2 da NR 16, que fala sobre vasilhames (tambores e latas) num local onde os equipamentos são tanques. Isso despreza o rigor técnico e a legislação vigente. A última revisão da NR 20 (Portaria SEPRT n.º 1.360, de 09 de dezembro de 2019 - DOU 10/12/2019) esclarece aquilo que deveria estar sendo seguido, quando define que é a NR 16 e não a NR 20 que avalia condições periculosas de trabalho (grifos nossos): (...). Ou seja, a norma tecnicamente e juridicamente correta é a NR 16, Anexo 2 e considerando o que relatado neste tópico 7, a conclusão pericial foi de que a letra "d" da tabela do item 3 no Anexo 2 da NR-16 é a correta para avaliar a alegação do reclamante: Avaliação: as atividades do autor não foram consideradas periculosas. Justifico: 1º) O autor exerceu função técnico-administrativa; 2º) O autor não trabalhava dentro ou próximo das salas dos geradores ou tanques de consumo de óleo diesel; 3º) Nenhum funcionário que exerceu a função do reclamante, tinha acesso aos geradores ou tanques de consumo de óleo diesel; 4º) O autor não laborou nas bacias de segurança dos tanques de consumo de óleo diesel; 5º) O autor não trabalhou na área de risco (toda bacia de segurança) definida na alínea "d" do item 3 do Anexo 2 da NR 16" (grifei - ID. 80f0200). A NR-20 autoriza a instalação de tanques de superfície no interior de edificações, mas a Norma Regulamentadora impõe a observância de diversas formalidades para tanto, como, por exemplo, a demonstração da impossibilidade de instalá-los enterrados ou fora da projeção horizontal do edifício, conforme expressamente determinado nos itens 20.17.2 e 20.17.2.1. E não são as atividades da empresa, tampouco a denominação das funções exercidas pelo trabalhador, que caracterizam a prestação de serviços em condições de risco, mas as condições dos préstimos laborais analisadas ao lume das Normas Reguladoras e do princípio da primazia da realidade que informa o Direito do Trabalho. Portanto, no caso, não se caracteriza o trabalho sob condições de risco, mesmo sob o lume da Orientação Jurisprudencial nº 385 da SBDI-1 do E. Tribunal Superior do Trabalho. Nada há nos autos a infirmar a conclusão técnica, elaborada por perita engenheira com base na realidade fática vivenciada pelo reclamante, apresentando-se francamente adequada a conclusão pericial, que se reporta às condições de trabalho do recorrente, não se verificando que tenha a experta, no caso, avaliado condições equivocadas. A prova da periculosidade é técnica por excelência, nos termos do art. 195, § 2º, da CLT, prevalecendo, no tópico, o laudo pericial técnico produzido a partir da análise da efetiva realidade fática vivenciada pelo trabalhador. A perita judicial, dotada do conhecimento técnico acerca da matéria, refutou o enquadramento do trabalho do reclamante como perigoso, detalhando os fundamentos da não ocorrência de tal enquadramento, inclusive no tocante aos motogeradores e aos combustíveis armazenados, conforme previstos na NR-20. Nenhuma prova em sentido contrário ao apontado no laudo, no que tange à caracterização fática das atividades profissionais do reclamante que, especificamente, deram azo à conclusão técnica pela não caracterização da periculosidade, foi efetivamente produzida nos autos. Desse modo, como exposto, irretocável, por seus próprios fundamentos, a r. sentença que acolheu a conclusão pericial, eminentemente técnica, que não foi infirmada por qualquer outro elemento de prova nos autos, não fazendo jus o reclamante ao adicional de periculosidade. Consequentemente, resta prejudicado o tópico recursal obreiro relacionado à base de cálculo do adicional de periculosidade, bem como no tocante à obrigação de fazer, notadamente a entrega de PPP. Nego provimento." Nos termos da Orientação Jurisprudencial nº 385, da SBDI-1, do TST, "é devido o adicional de periculosidade ao empregado que desenvolve suas atividades em edifício (construção vertical), seja em pavimento igual ou distinto daquele onde estão instalados tanques para armazenamento de líquido inflamável, em quantidade acima do limite legal, considerando-se como área de risco toda a área interna da construção vertical". (destacou-se) A Subseção I Especializada em Dissídios Individuais - SBDI-1, órgão uniformizador de jurisprudência interna corporis do Tribunal Superior do Trabalho, deliberou no sentido de que, nos termos da NR 16 da Portaria nº 3.214/78 do Ministério do Trabalho, o armazenamento ou o transporte superior a 250 litros de líquidos inflamáveis autoriza o pagamento de adicional de periculosidade ao empregado que labora em área de risco. Eis a ementa da referida decisão: "ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. ARMAZENAMENTO DE INFLAMÁVEIS NO LOCAL DE TRABALHO. NR-16 DA PORTARIA Nº 3.214/78 DO MINISTÉRIO DO TRABALHO 1. A caracterização da periculosidade em virtude do labor em recinto fechado em que há armazenamento de líquidos inflamáveis encontra-se expressamente tratada no Anexo 2 da NR-16 da Portaria nº 3.214/78 do Ministério do Trabalho. Não é o caso, portanto, de omissão da norma administrativa, a autorizar a aplicação de regulamentação dirigida a situação diversa (transporte de líquidos inflamáveis, por exemplo), ainda que por analogia. 2. Também não subsiste tese jurídica segundo a qual se afigura irrelevante a quantidade de líquido inflamável armazenado em recinto fechado, para efeito de reconhecimento da periculosidade. Os itens 3 e 4 do Anexo 2 da NR-16 expõem à saciedade os limites de líquido inflamável armazenado, passíveis de gerar, ou não, o direito à percepção de adicional de periculosidade. 3. Precisamente o item 4 do Anexo 2 da NR-16, ao tratar dos casos em que não é devido o adicional de periculosidade, reporta-se ao Quadro I, que, por sua vez, alude à ‘Capacidade Máxima para Embalagens de Líquidos Inflamáveis’. O exame do referido Quadro permite concluir que o reconhecimento, ou não, do direito ao adicional de periculosidade guarda relação direta com a quantidade e com o tipo de embalagem em que acondicionado o agente de risco. 4. Nos termos da NR-16, não gera direito ao adicional de periculosidade o labor prestado em recinto fechado em que há armazenamento de líquido inflamável acondicionado em tambores ou bombonas de aço, alumínio, outros materiais ou plástico com capacidade entre 60 e até 250 litros (Quadro I, item 4, Anexo 2). 5. Não faz jus ao adicional de periculosidade empregada, professora de física, que, nos termos do acórdão regional, executava parte das atividades em laboratórios em que havia pequena quantidade de líquidos inflamáveis armazenados - vinte e sete litros. 6. Embargos da Reclamada de que se conhece, por divergência jurisprudencial, e a que se dá provimento" (E-RR-970-73.2010.5.04.0014, Relator Ministro João Oreste Dalazen, DEJT 19/05/2017, destaque acrescido). Com esteio no julgado acima transcrito, a Corte Superior vem reiteradamente decidindo que o armazenamento superior a 250 litros de líquidos inflamáveis, na quantidade total, autoriza o pagamento de adicional de periculosidade ao empregado que labora em área de risco (construção vertical), em cumprimento à NR 16 da Portaria nº 3.214/78 do Ministério do Trabalho. Cito os seguintes precedentes: E-Ag-ED-ARR-1337-97.2017.5.10.0010, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, Relator Ministro Augusto Cesar Leite de Carvalho, DEJT 04/04/2023; E-ED-RRAg-1000059-06.2015.5.02.0085, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, Relator Ministro Breno Medeiros, DEJT 28/05/2021; Ag-E-ARR-1001581-84.2016.5.02.0036, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, Relator Ministro Lelio Bentes Correa, DEJT 26/06/2020; Ag-RR-725-56.2021.5.09.0008, 2ª Turma, Relatora Ministra Liana Chaib, DEJT 22/11/2024; Ag-RRAg-1001174-15.2017.5.02.0078, 3ª Turma, Relator Ministro Alberto Bastos Balazeiro, DEJT 25/10/2024; Ag-RR-1001139-47.2021.5.02.0003, 4ª Turma, Relator Ministro Alexandre Luiz Ramos, DEJT 18/10/2024; ARR-1002017-71.2016.5.02.0059, 5ª Turma, Relatora Ministra Morgana de Almeida Richa, DEJT 08/11/2024; RR-0000191-95.2023.5.09.0088, 6ª Turma, Relator Ministro Antonio Fabricio de Matos Goncalves, DEJT 26/11/2024; RR-21629-82.2014.5.04.0008, 7ª Turma, Relator Ministro Evandro Pereira Valadão Lopes, DEJT 01/12/2023; AIRR-1001337-55.2019.5.02.0391, 8ª Turma, Relator Ministro Sérgio Pinto Martins, DEJT 05/09/2024. No caso em apreço, depreende-se, da leitura do v. acórdão, a presença de vários tanques cuja soma dos volumes era 2.600 litros no período de 13/03/2016 até 30/11/2019, e 1000 litros entre 30/11/2019 até 30/09/2021, no mesmo prédio (construção vertical) onde o reclamante prestava serviços. Constatada, pois, que a quantidade total de inflamáveis armazenada nos tanques supera o limite de 250 litros estabelecido na NR-16, da Portaria nº 3.214/78, do MTE, prudente o seguimento do apelo, porquanto demonstrada possível contrariedade à Orientação Jurisprudencial 385 da SBDI-1 do TST. RECEBO o recurso de revista. CONCLUSÃO RECEBO o recurso de revista em relação ao tema DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO (12936) / VERBAS REMUNERATÓRIAS, INDENIZATÓRIAS E BENEFÍCIOS (13831) / ADICIONAL (13833) / ADICIONAL DE PERICULOSIDADE (13877) / ARMAZENAMENTO DE LÍQUIDO INFLAMÁVEL e DENEGO seguimento quanto aos demais. Intimem-se, dando vista à parte contrária para apresentação de contrarrazões. /cjvcj SAO PAULO/SP, 02 de julho de 2025. WILSON FERNANDES Desembargador Vice-Presidente Judicial - em exercício Intimado(s) / Citado(s) - ELETRONET S.A - SAVERIO VENTURELLI NETO

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Marcia Martins De Oliveira e outros x Ezentis - Servicos, Engenharia E Instalacao De Comunicacoes S.A e outros

ID: 260548216

Tribunal: TRT2 Órgão: Vice-Presidência Judicial Classe: RECURSO ORDINáRIO TRABALHISTA Nº Processo: 1000198-91.2023.5.02.0435

Data de Disponibilização: 25/04/2025

Polo Ativo:

MARCIA MARTINS DE OLIVEIRA TELEFONICA BRASIL S.A.

Polo Passivo:

EZENTIS - SERVICOS, ENGENHARIA E INSTALACAO DE COMUNICACOES S.A MARCIA MARTINS DE OLIVEIRA TELEFONICA BRASIL S.A.

Notificação

Advogados:

SARAH DE CASTRO FERREIRA

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RUBENS GARCIA FILHO

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

FABIO RIVELLI

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO ANÁLISE DE RECURSOS Relatora: MAGDA CARDOSO MATEUS SILVA 1000198-91.2023.5.02.0435 : MARCIA MARTINS DE OLIVEIRA … PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO ANÁLISE DE RECURSOS Relatora: MAGDA CARDOSO MATEUS SILVA 1000198-91.2023.5.02.0435 : MARCIA MARTINS DE OLIVEIRA E OUTROS (1) : MARCIA MARTINS DE OLIVEIRA E OUTROS (2) INTIMAÇÃO Fica V. Sa. intimado para tomar ciência da Decisão ID e7d3a57 proferida nos autos. 1000198-91.2023.5.02.0435 - 3ª TurmaRecorrente(s): 1. MARCIA MARTINS DE OLIVEIRA Recorrido(a)(s): 1. EZENTIS - SERVICOS, ENGENHARIA E INSTALACAO DE COMUNICACOES S.A 2. TELEFONICA BRASIL S.A. RECURSO DE: MARCIA MARTINS DE OLIVEIRA PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS Recurso tempestivo (decisão publicada em 06/03/2025 - Id c32fbcb; recurso apresentado em 12/03/2025 - Id af7abc6). Regular a representação processual (Id cc70026). Desnecessário o preparo. PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS 1.1 DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO (12936) / VERBAS REMUNERATÓRIAS, INDENIZATÓRIAS E BENEFÍCIOS (13831) / ADICIONAL (13833) / ADICIONAL DE PERICULOSIDADE Alegação(ões): O recorrente sustenta que faz jus ao recebimento do adicional de periculosidade, tendo em vista que laborava em prédio com armazenagem de líquido inflamáveis de forma irregular. Consta do v. acórdão: "Pugna a recorrente pela reforma da r. sentença, aduzindo que a parte recorrida não ficava exposta ao risco porquanto não adentrava no local onde estavam armazenados os tanques de combustível. Ao exame. O Sr. Perito vistoriou o local em que a reclamante se ativou. Realizada a perícia técnica nas instalações da reclamada, sito na Rua Almirante Tamandaré, nº 79, Centro, Santo André, constatou (id. e767b19): "Segue vista geral da sala descrita: (ver registro fotográfico de fl. 821) III - ATIVIDADES DO RECLAMANTE A reclamante exerceu o mister de Técnico de telecomunicações, tendo atuado no interior da Sala de comutação, a fim de mediante rede informatizada tinha acesso a um conjunto de 90 centrais, estas na região do grande ABC e Alto Tiete, além de cerca de 800 postos de elementos remoto - ELR, monitoradas por sensores que indica falhas de transmissão, cabendo a autora de forma remota buscar alternativas de transmissão na rede, alternando-a com outras linhas em utilização que viesse a supri-la ou mesmo em se utilizando de software apropriados vir a resetar o sistemas de forma a reiniciá-lo para suprimir a inconformidade registrada, ou ainda podendo vir a substituir alguma placa de comutação caso o erro o fosse de hardware, o que ocorria de forma diária, compreendendo de cinco a seis placas; podendo ser avistado a seguir tais armários que alojam tais placas: (...) A partir de 01/12/2018, passou a reclamante a exercer a função e Supervisora de telecomunicações, prosseguindo no exercício das mesmas atividades como Técnica de telecomunicações, acrescido da coordenação de uma equipe de 18 profissionais; Técnicos de telecomunicações; realizando a distribuição de tarefas, confecção de escalas de trabalho, elaboração e ordens de serviço, além de prestar assessoramento remoto aos técnicos de telecomunicações que estivessem em campo na resolução de inconformidades de comutação. O mister da reclamante era executado de forma habitual e permanente nas instalações vistoriadas, em atendimento remoto a totalidade do rol de centrais telefônicas e ELR ao longo da região do ABC e Alto Tiete. IV - EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO 1. EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO COLETIVA (E.P.C.) - Equipamento de proteção e combate a incêndio nas instalações vistoriadas, - Sala de tanques dotadas de bacias de segurança; 2. EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL (E.P.I.) Por ocasião da realização da perícia, foi informado que a primeira reclamada fornecia uniforme composto por camiseta à reclamante, sem que a mesma tivesse feito uso de qualquer modalidade de Equipamentos de Proteção Individual. As reclamadas não lograram, apresentar nos autos, ou tampouco por ocasião da realização da vistoria, qualquer comprovante de fornecimento de EPIs ao reclamante. V - AVALIAÇÕES DE PERICULOSIDADE A análise de periculosidade foi efetuada em função do setor de permanência e exercício de atividade e ocupação operacional; a saber; 1. Atividades e operações perigosas com explosivos A reclamante no seu exercício de função não veio a manipular ou tampouco fazer uso de materiais explosivos, inexistentes nas instalações da contratante da reclamada nas condições avaliadas. 2. Atividades e operações perigosas com inflamáveis Não se constitui atividade da reclamante, operações com inflamáveis, não havendo nas unidades avaliadas da segunda reclamada, a utilização de qualquer produto inflamável em sua operação de Transmissão. Na unidade vistoriada, temos a presença de óleo diesel, como combustível de conjuntos moto geradores, posicionados em recinto edificado separado da edificação na qual laborava a reclamante que o seria o bloco C, ou mesmo havidos em recinto próprio de ocupação exclusiva, posicionado no primeiro subsolo desde mesmo bloco C. Temos nessa unidade um tanque enterrado de 3.000 litros de óleo diesel posicionado externamente, além de edificação independente daquela na qual laborava o reclamante, a presença de dois tanques metálicos com capacidade individual de 200 litros, que abasteciam um conjunto de 03 moto geradores, estes situados no pavimento térreo, atualmente apenas uma unidade, cuja vista temos a seguir: [fotos] Por sua vez, no segundo subsolo do bloco C, no qual atuava a reclamante, temos a presença de moto geradores, abastecidos por um conjunto de três tanques portando 250 (duzentos e cinquenta) litros de óleo diesel cada, em regime de vasos comunicantes, cuja vista dos tanques e dos motos geradores abaixo seguem: [fotos] O armazenamento de tais líquidos inflamáveis dá-se em recinto fechado, estando em conformidade com a Portaria 3214/78, NR 16, Anexo 2, item 3, Quadro de atividade de risco, estipulado como área de risco o interior do recinto; contudo, devemos analisar o contido na Portaria 3214/78 e a totalidade de suas Normas Regulamentadoras com um método intrínseco de análise e de conformidades interligadas, que de forma conjunta estipulam as ideais condições de segurança nos ambientes diversos na integridade de seu conteúdo. Temos, contudo, em especial na sala de inflamáveis havida no bloco C, aquele no qual atuava a reclamante, um conjunto de três tanques com capacidade individual de 250 litros, mas que por se encontrarem instalados em comunicação entre si, configurando a condição de vasos comunicantes, se assemelham a um único reservatório de 750 litros, tanques estes não enterrados e que assim o poderiam ser, como já ocorre em se tratando de tanques enterrados externamente como supra demonstrado" (gn). E conclui que, "em face do exposto, em conformidade com o art. 193 da CLT, Portaria 3214/78, NR 16, Anexo 2, item 1, Quadro de Atividades/Adicional de 30%, letra "b", item 2, inciso III, letra "b", item 3, Quadro Atividade/Área de risco, letra "s", NR 20 - Líquidos Combustíveis e Inflamáveis, itens 20.17.1 e 20.17.2 da antiga redação e Anexo III das atual redação da mencionada NR 20, vigente a partir de 096/12/2019, em havendo possibilidade de instalação de tanques sob a forma enterrada ou em área externa, conclui este Perito pela existência de condições de periculosidade por toda a extensão da jornada laboriosa da reclamante nas instalações vistoriadas da segunda reclamada em que veio a atuar internamente"(grifei). Pois bem. O adicional de periculosidade por inflamáveis está previsto no art. 193, inciso I, da CLT, que estabelece como atividades ou operações perigosas, na forma da regulamentação aprovada pelo Ministério do Trabalho e Emprego, aquelas que "por sua natureza ou métodos de trabalho impliquem risco acentuado em virtude de exposição permanente do trabalhador a (...) inflamáveis". A regulamentação das atividades e operações perigosas foi feita na NR-16 da Portaria nº 3.214/1978 e na NR-20 a gestão da segurança e saúde no trabalho a fim de prevenir riscos ambientais em atividades de extração, produção, armazenamento, transferência, manuseio e manipulação de inflamáveis e líquidos combustíveis, não podendo ser considerada como a fonte primária, ou secundária, do adicional de periculosidade, por si só. Dessa forma, não comungo do mesmo entendimento da origem e entendo que a situação deve se enquadrar nos limites das NR-16 e NR-20. No caso, o Sr. Perito afirmou que os tanques de consumo dos geradores permaneciam em áreas distintas daquelas em que se ativou a reclamante (ver registro fotográfico da sala onde a obreira trabalhava, às fl. 821). Ressalte-se, ainda, que a NR-16 ao dispor sobre a periculosidade de ambientes que possuem tanques de inflamáveis líquidos, fixa como área de risco toda a bacia de segurança, em seu item 3, "d" e não toda a área interna do recinto, pois este caso se refere ao item 3 "s", destinado ao armazenamento de vasilhames. No caso dos autos, a reclamante realizava atividades de Técnico de Telecomunicações, tendo atuado no interior da Sala de Comutação e, a partir de 01/12/2018, passou a exercer a função e Supervisora de Telecomunicações, realizando a distribuição de tarefas, confecção de escalas de trabalho, elaboração e ordens de serviço, além de prestar assessoramento remoto aos técnicos de telecomunicações que estivessem em campo na resolução de inconformidades de comutação, conforme se verifica no laudo pericial. Suas atividades eram realizadas na parte administrativa e não há nos autos prova alguma que adentrava na área delimitada como bacia de segurança (área de risco). Para que configuração da periculosidade se faz necessário que as atividades sejam desempenhadas na área de risco que compreende a localidade do tanque de combustível até a delimitação da bacia de segurança. A periculosidade por inflamáveis é restrita para aqueles que efetivamente ingressaram na bacia de contenção dos tanques, nos termos da letra "d" do item 3 da NR 16(grifei). No caso concreto, a reclamante não se ativava dentro da bacia de segurança, e não acessava a sala dos geradores e tanques. Suas atividades não eram no local de armazenamento de inflamáveis. Inaplicável a OJ 385 da SDI-1 do C. TST que dispõe: "OJ Nº 385. ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. DEVIDO. ARMAZENAMENTO DE LÍQUIDO INFLAMÁVEL NO PRÉDIO. CONSTRUÇÃO VERTICAL.(DEJT divulgado em 09, 10 e 11.06.2010) É devido o pagamento do adicional de periculosidade ao empregado que desenvolve suas atividades em edifício (construção vertical), seja em pavimento igual ou distinto daquele onde estão instalados tanques para armazenamento de líquido inflamável, em quantidade acima do limite legal, considerando-se como área de risco toda a área interna da construção vertical". Conforme já exaustivamente explanado, não adentrando a reclamante dentro da bacia de segurança e não acessando a sala dos geradores e tanques, não se ativava em área de risco. Pelo fundamentado, reformo a r. sentença de origem para excluir da condenação o pagamento de adicional de periculosidade e reflexos. Por decorrência lógica, afasto a condenação das rés ao pagamento de honorários periciais, definindo a responsabilidade da demandante, sucumbente na pretensão objeto da perícia técnica, pelo adimplemento respectivo, cujo valor ora é arbitrado em R$ 806,00 (oitocentos e seis reais), em atenção aos termos do Ato nº 02/GP/CR, de 15 de setembro de 2021, deste E. Tribunal, que revogou o Ato GP/CR nº 02/2016, dos quais fica isenta por ser beneficiária da justiça gratuita (art. 790-B da CLT e ADI 5766), devendo o MM. Juízo de origem requisitar a remuneração do Perito de acordo com o referido Ato (Súmula nº 457 do TST)." Nos termos da Orientação Jurisprudencial nº 385, da SBDI-1, do TST, "é devido o adicional de periculosidade ao empregado que desenvolve suas atividades em edifício (construção vertical), seja em pavimento igual ou distinto daquele onde estão instalados tanques para armazenamento de líquido inflamável, em quantidade acima do limite legal, considerando-se como área de risco toda a área interna da construção vertical". (destacou-se) A Subseção I Especializada em Dissídios Individuais - SBDI-1, órgão uniformizador de jurisprudência interna corporis do Tribunal Superior do Trabalho, deliberou no sentido de que, nos termos da NR 16 da Portaria nº 3.214/78 do Ministério do Trabalho, o armazenamento ou o transporte superior a 250 litros de líquidos inflamáveis autoriza o pagamento de adicional de periculosidade ao empregado que labora em área de risco. Eis a ementa da referida decisão: "ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. ARMAZENAMENTO DE INFLAMÁVEIS NO LOCAL DE TRABALHO. NR-16 DA PORTARIA Nº 3.214/78 DO MINISTÉRIO DO TRABALHO 1. A caracterização da periculosidade em virtude do labor em recinto fechado em que há armazenamento de líquidos inflamáveis encontra-se expressamente tratada no Anexo 2 da NR-16 da Portaria nº 3.214/78 do Ministério do Trabalho. Não é o caso, portanto, de omissão da norma administrativa, a autorizar a aplicação de regulamentação dirigida a situação diversa (transporte de líquidos inflamáveis, por exemplo), ainda que por analogia. 2. Também não subsiste tese jurídica segundo a qual se afigura irrelevante a quantidade de líquido inflamável armazenado em recinto fechado, para efeito de reconhecimento da periculosidade. Os itens 3 e 4 do Anexo 2 da NR-16 expõem à saciedade os limites de líquido inflamável armazenado, passíveis de gerar, ou não, o direito à percepção de adicional de periculosidade. 3. Precisamente o item 4 do Anexo 2 da NR-16, ao tratar dos casos em que não é devido o adicional de periculosidade, reporta-se ao Quadro I, que, por sua vez, alude à ‘Capacidade Máxima para Embalagens de Líquidos Inflamáveis’. O exame do referido Quadro permite concluir que o reconhecimento, ou não, do direito ao adicional de periculosidade guarda relação direta com a quantidade e com o tipo de embalagem em que acondicionado o agente de risco. 4. Nos termos da NR-16, não gera direito ao adicional de periculosidade o labor prestado em recinto fechado em que há armazenamento de líquido inflamável acondicionado em tambores ou bombonas de aço, alumínio, outros materiais ou plástico com capacidade entre 60 e até 250 litros (Quadro I, item 4, Anexo 2). 5. Não faz jus ao adicional de periculosidade empregada, professora de física, que, nos termos do acórdão regional, executava parte das atividades em laboratórios em que havia pequena quantidade de líquidos inflamáveis armazenados - vinte e sete litros. 6. Embargos da Reclamada de que se conhece, por divergência jurisprudencial, e a que se dá provimento" (E-RR-970-73.2010.5.04.0014, Relator Ministro João Oreste Dalazen, DEJT 19/05/2017, destaque acrescido). Com esteio no julgado acima transcrito, a Corte Superior vem reiteradamente decidindo que o armazenamento superior a 250 litros de líquidos inflamáveis, na quantidade total, autoriza o pagamento de adicional de periculosidade ao empregado que labora em área de risco (construção vertical), em cumprimento à NR 16 da Portaria nº 3.214/78 do Ministério do Trabalho. Cito os seguintes precedentes: E-Ag-ED-ARR-1337-97.2017.5.10.0010, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, Relator Ministro Augusto Cesar Leite de Carvalho, DEJT 04/04/2023; E-ED-RRAg-1000059-06.2015.5.02.0085, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, Relator Ministro Breno Medeiros, DEJT 28/05/2021; Ag-E-ARR-1001581-84.2016.5.02.0036, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, Relator Ministro Lelio Bentes Correa, DEJT 26/06/2020; Ag-RR-725-56.2021.5.09.0008, 2ª Turma, Relatora Ministra Liana Chaib, DEJT 22/11/2024; Ag-RRAg-1001174-15.2017.5.02.0078, 3ª Turma, Relator Ministro Alberto Bastos Balazeiro, DEJT 25/10/2024; Ag-RR-1001139-47.2021.5.02.0003, 4ª Turma, Relator Ministro Alexandre Luiz Ramos, DEJT 18/10/2024; ARR-1002017-71.2016.5.02.0059, 5ª Turma, Relatora Ministra Morgana de Almeida Richa, DEJT 08/11/2024; RR-0000191-95.2023.5.09.0088, 6ª Turma, Relator Ministro Antonio Fabricio de Matos Goncalves, DEJT 26/11/2024; RR-21629-82.2014.5.04.0008, 7ª Turma, Relator Ministro Evandro Pereira Valadão Lopes, DEJT 01/12/2023; AIRR-1001337-55.2019.5.02.0391, 8ª Turma, Relator Ministro Sérgio Pinto Martins, DEJT 05/09/2024. No caso em apreço, depreende-se, da leitura do v. acórdão, a presença de 03 tanques de 250 litros no mesmo prédio (construção vertical) onde o reclamante prestava serviços. Constatada, pois, que a quantidade total de inflamáveis armazenada nos tanques supera o limite de 250 litros estabelecido na NR-16, da Portaria nº 3.214/78, do MTE, prudente o seguimento do apelo, porquanto demonstrada possível contrariedade à Orientação Jurisprudencial 385 da SBDI-1 do TST. RECEBO o recurso de revista. CONCLUSÃO RECEBO o recurso de revista. Intimem-se, dando vista à parte contrária para apresentação de contrarrazões. /cte SAO PAULO/SP, 24 de abril de 2025. FRANCISCO FERREIRA JORGE NETO Desembargador Vice-Presidente Judicial Intimado(s) / Citado(s) - TELEFONICA BRASIL S.A. - MARCIA MARTINS DE OLIVEIRA

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Marcia Martins De Oliveira e outros x Ezentis - Servicos, Engenharia E Instalacao De Comunicacoes S.A e outros

ID: 260548244

Tribunal: TRT2 Órgão: Vice-Presidência Judicial Classe: RECURSO ORDINáRIO TRABALHISTA Nº Processo: 1000198-91.2023.5.02.0435

Data de Disponibilização: 25/04/2025

Polo Ativo:

MARCIA MARTINS DE OLIVEIRA TELEFONICA BRASIL S.A.

Polo Passivo:

EZENTIS - SERVICOS, ENGENHARIA E INSTALACAO DE COMUNICACOES S.A MARCIA MARTINS DE OLIVEIRA TELEFONICA BRASIL S.A.

Notificação

Advogados:

SARAH DE CASTRO FERREIRA

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RUBENS GARCIA FILHO

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FABIO RIVELLI

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PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO ANÁLISE DE RECURSOS Relatora: MAGDA CARDOSO MATEUS SILVA 1000198-91.2023.5.02.0435 : MARCIA MARTINS DE OLIVEIRA … PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO ANÁLISE DE RECURSOS Relatora: MAGDA CARDOSO MATEUS SILVA 1000198-91.2023.5.02.0435 : MARCIA MARTINS DE OLIVEIRA E OUTROS (1) : MARCIA MARTINS DE OLIVEIRA E OUTROS (2) INTIMAÇÃO Fica V. Sa. intimado para tomar ciência da Decisão ID e7d3a57 proferida nos autos. 1000198-91.2023.5.02.0435 - 3ª TurmaRecorrente(s): 1. MARCIA MARTINS DE OLIVEIRA Recorrido(a)(s): 1. EZENTIS - SERVICOS, ENGENHARIA E INSTALACAO DE COMUNICACOES S.A 2. TELEFONICA BRASIL S.A. RECURSO DE: MARCIA MARTINS DE OLIVEIRA PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS Recurso tempestivo (decisão publicada em 06/03/2025 - Id c32fbcb; recurso apresentado em 12/03/2025 - Id af7abc6). Regular a representação processual (Id cc70026). Desnecessário o preparo. PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS 1.1 DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO (12936) / VERBAS REMUNERATÓRIAS, INDENIZATÓRIAS E BENEFÍCIOS (13831) / ADICIONAL (13833) / ADICIONAL DE PERICULOSIDADE Alegação(ões): O recorrente sustenta que faz jus ao recebimento do adicional de periculosidade, tendo em vista que laborava em prédio com armazenagem de líquido inflamáveis de forma irregular. Consta do v. acórdão: "Pugna a recorrente pela reforma da r. sentença, aduzindo que a parte recorrida não ficava exposta ao risco porquanto não adentrava no local onde estavam armazenados os tanques de combustível. Ao exame. O Sr. Perito vistoriou o local em que a reclamante se ativou. Realizada a perícia técnica nas instalações da reclamada, sito na Rua Almirante Tamandaré, nº 79, Centro, Santo André, constatou (id. e767b19): "Segue vista geral da sala descrita: (ver registro fotográfico de fl. 821) III - ATIVIDADES DO RECLAMANTE A reclamante exerceu o mister de Técnico de telecomunicações, tendo atuado no interior da Sala de comutação, a fim de mediante rede informatizada tinha acesso a um conjunto de 90 centrais, estas na região do grande ABC e Alto Tiete, além de cerca de 800 postos de elementos remoto - ELR, monitoradas por sensores que indica falhas de transmissão, cabendo a autora de forma remota buscar alternativas de transmissão na rede, alternando-a com outras linhas em utilização que viesse a supri-la ou mesmo em se utilizando de software apropriados vir a resetar o sistemas de forma a reiniciá-lo para suprimir a inconformidade registrada, ou ainda podendo vir a substituir alguma placa de comutação caso o erro o fosse de hardware, o que ocorria de forma diária, compreendendo de cinco a seis placas; podendo ser avistado a seguir tais armários que alojam tais placas: (...) A partir de 01/12/2018, passou a reclamante a exercer a função e Supervisora de telecomunicações, prosseguindo no exercício das mesmas atividades como Técnica de telecomunicações, acrescido da coordenação de uma equipe de 18 profissionais; Técnicos de telecomunicações; realizando a distribuição de tarefas, confecção de escalas de trabalho, elaboração e ordens de serviço, além de prestar assessoramento remoto aos técnicos de telecomunicações que estivessem em campo na resolução de inconformidades de comutação. O mister da reclamante era executado de forma habitual e permanente nas instalações vistoriadas, em atendimento remoto a totalidade do rol de centrais telefônicas e ELR ao longo da região do ABC e Alto Tiete. IV - EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO 1. EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO COLETIVA (E.P.C.) - Equipamento de proteção e combate a incêndio nas instalações vistoriadas, - Sala de tanques dotadas de bacias de segurança; 2. EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL (E.P.I.) Por ocasião da realização da perícia, foi informado que a primeira reclamada fornecia uniforme composto por camiseta à reclamante, sem que a mesma tivesse feito uso de qualquer modalidade de Equipamentos de Proteção Individual. As reclamadas não lograram, apresentar nos autos, ou tampouco por ocasião da realização da vistoria, qualquer comprovante de fornecimento de EPIs ao reclamante. V - AVALIAÇÕES DE PERICULOSIDADE A análise de periculosidade foi efetuada em função do setor de permanência e exercício de atividade e ocupação operacional; a saber; 1. Atividades e operações perigosas com explosivos A reclamante no seu exercício de função não veio a manipular ou tampouco fazer uso de materiais explosivos, inexistentes nas instalações da contratante da reclamada nas condições avaliadas. 2. Atividades e operações perigosas com inflamáveis Não se constitui atividade da reclamante, operações com inflamáveis, não havendo nas unidades avaliadas da segunda reclamada, a utilização de qualquer produto inflamável em sua operação de Transmissão. Na unidade vistoriada, temos a presença de óleo diesel, como combustível de conjuntos moto geradores, posicionados em recinto edificado separado da edificação na qual laborava a reclamante que o seria o bloco C, ou mesmo havidos em recinto próprio de ocupação exclusiva, posicionado no primeiro subsolo desde mesmo bloco C. Temos nessa unidade um tanque enterrado de 3.000 litros de óleo diesel posicionado externamente, além de edificação independente daquela na qual laborava o reclamante, a presença de dois tanques metálicos com capacidade individual de 200 litros, que abasteciam um conjunto de 03 moto geradores, estes situados no pavimento térreo, atualmente apenas uma unidade, cuja vista temos a seguir: [fotos] Por sua vez, no segundo subsolo do bloco C, no qual atuava a reclamante, temos a presença de moto geradores, abastecidos por um conjunto de três tanques portando 250 (duzentos e cinquenta) litros de óleo diesel cada, em regime de vasos comunicantes, cuja vista dos tanques e dos motos geradores abaixo seguem: [fotos] O armazenamento de tais líquidos inflamáveis dá-se em recinto fechado, estando em conformidade com a Portaria 3214/78, NR 16, Anexo 2, item 3, Quadro de atividade de risco, estipulado como área de risco o interior do recinto; contudo, devemos analisar o contido na Portaria 3214/78 e a totalidade de suas Normas Regulamentadoras com um método intrínseco de análise e de conformidades interligadas, que de forma conjunta estipulam as ideais condições de segurança nos ambientes diversos na integridade de seu conteúdo. Temos, contudo, em especial na sala de inflamáveis havida no bloco C, aquele no qual atuava a reclamante, um conjunto de três tanques com capacidade individual de 250 litros, mas que por se encontrarem instalados em comunicação entre si, configurando a condição de vasos comunicantes, se assemelham a um único reservatório de 750 litros, tanques estes não enterrados e que assim o poderiam ser, como já ocorre em se tratando de tanques enterrados externamente como supra demonstrado" (gn). E conclui que, "em face do exposto, em conformidade com o art. 193 da CLT, Portaria 3214/78, NR 16, Anexo 2, item 1, Quadro de Atividades/Adicional de 30%, letra "b", item 2, inciso III, letra "b", item 3, Quadro Atividade/Área de risco, letra "s", NR 20 - Líquidos Combustíveis e Inflamáveis, itens 20.17.1 e 20.17.2 da antiga redação e Anexo III das atual redação da mencionada NR 20, vigente a partir de 096/12/2019, em havendo possibilidade de instalação de tanques sob a forma enterrada ou em área externa, conclui este Perito pela existência de condições de periculosidade por toda a extensão da jornada laboriosa da reclamante nas instalações vistoriadas da segunda reclamada em que veio a atuar internamente"(grifei). Pois bem. O adicional de periculosidade por inflamáveis está previsto no art. 193, inciso I, da CLT, que estabelece como atividades ou operações perigosas, na forma da regulamentação aprovada pelo Ministério do Trabalho e Emprego, aquelas que "por sua natureza ou métodos de trabalho impliquem risco acentuado em virtude de exposição permanente do trabalhador a (...) inflamáveis". A regulamentação das atividades e operações perigosas foi feita na NR-16 da Portaria nº 3.214/1978 e na NR-20 a gestão da segurança e saúde no trabalho a fim de prevenir riscos ambientais em atividades de extração, produção, armazenamento, transferência, manuseio e manipulação de inflamáveis e líquidos combustíveis, não podendo ser considerada como a fonte primária, ou secundária, do adicional de periculosidade, por si só. Dessa forma, não comungo do mesmo entendimento da origem e entendo que a situação deve se enquadrar nos limites das NR-16 e NR-20. No caso, o Sr. Perito afirmou que os tanques de consumo dos geradores permaneciam em áreas distintas daquelas em que se ativou a reclamante (ver registro fotográfico da sala onde a obreira trabalhava, às fl. 821). Ressalte-se, ainda, que a NR-16 ao dispor sobre a periculosidade de ambientes que possuem tanques de inflamáveis líquidos, fixa como área de risco toda a bacia de segurança, em seu item 3, "d" e não toda a área interna do recinto, pois este caso se refere ao item 3 "s", destinado ao armazenamento de vasilhames. No caso dos autos, a reclamante realizava atividades de Técnico de Telecomunicações, tendo atuado no interior da Sala de Comutação e, a partir de 01/12/2018, passou a exercer a função e Supervisora de Telecomunicações, realizando a distribuição de tarefas, confecção de escalas de trabalho, elaboração e ordens de serviço, além de prestar assessoramento remoto aos técnicos de telecomunicações que estivessem em campo na resolução de inconformidades de comutação, conforme se verifica no laudo pericial. Suas atividades eram realizadas na parte administrativa e não há nos autos prova alguma que adentrava na área delimitada como bacia de segurança (área de risco). Para que configuração da periculosidade se faz necessário que as atividades sejam desempenhadas na área de risco que compreende a localidade do tanque de combustível até a delimitação da bacia de segurança. A periculosidade por inflamáveis é restrita para aqueles que efetivamente ingressaram na bacia de contenção dos tanques, nos termos da letra "d" do item 3 da NR 16(grifei). No caso concreto, a reclamante não se ativava dentro da bacia de segurança, e não acessava a sala dos geradores e tanques. Suas atividades não eram no local de armazenamento de inflamáveis. Inaplicável a OJ 385 da SDI-1 do C. TST que dispõe: "OJ Nº 385. ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. DEVIDO. ARMAZENAMENTO DE LÍQUIDO INFLAMÁVEL NO PRÉDIO. CONSTRUÇÃO VERTICAL.(DEJT divulgado em 09, 10 e 11.06.2010) É devido o pagamento do adicional de periculosidade ao empregado que desenvolve suas atividades em edifício (construção vertical), seja em pavimento igual ou distinto daquele onde estão instalados tanques para armazenamento de líquido inflamável, em quantidade acima do limite legal, considerando-se como área de risco toda a área interna da construção vertical". Conforme já exaustivamente explanado, não adentrando a reclamante dentro da bacia de segurança e não acessando a sala dos geradores e tanques, não se ativava em área de risco. Pelo fundamentado, reformo a r. sentença de origem para excluir da condenação o pagamento de adicional de periculosidade e reflexos. Por decorrência lógica, afasto a condenação das rés ao pagamento de honorários periciais, definindo a responsabilidade da demandante, sucumbente na pretensão objeto da perícia técnica, pelo adimplemento respectivo, cujo valor ora é arbitrado em R$ 806,00 (oitocentos e seis reais), em atenção aos termos do Ato nº 02/GP/CR, de 15 de setembro de 2021, deste E. Tribunal, que revogou o Ato GP/CR nº 02/2016, dos quais fica isenta por ser beneficiária da justiça gratuita (art. 790-B da CLT e ADI 5766), devendo o MM. Juízo de origem requisitar a remuneração do Perito de acordo com o referido Ato (Súmula nº 457 do TST)." Nos termos da Orientação Jurisprudencial nº 385, da SBDI-1, do TST, "é devido o adicional de periculosidade ao empregado que desenvolve suas atividades em edifício (construção vertical), seja em pavimento igual ou distinto daquele onde estão instalados tanques para armazenamento de líquido inflamável, em quantidade acima do limite legal, considerando-se como área de risco toda a área interna da construção vertical". (destacou-se) A Subseção I Especializada em Dissídios Individuais - SBDI-1, órgão uniformizador de jurisprudência interna corporis do Tribunal Superior do Trabalho, deliberou no sentido de que, nos termos da NR 16 da Portaria nº 3.214/78 do Ministério do Trabalho, o armazenamento ou o transporte superior a 250 litros de líquidos inflamáveis autoriza o pagamento de adicional de periculosidade ao empregado que labora em área de risco. Eis a ementa da referida decisão: "ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. ARMAZENAMENTO DE INFLAMÁVEIS NO LOCAL DE TRABALHO. NR-16 DA PORTARIA Nº 3.214/78 DO MINISTÉRIO DO TRABALHO 1. A caracterização da periculosidade em virtude do labor em recinto fechado em que há armazenamento de líquidos inflamáveis encontra-se expressamente tratada no Anexo 2 da NR-16 da Portaria nº 3.214/78 do Ministério do Trabalho. Não é o caso, portanto, de omissão da norma administrativa, a autorizar a aplicação de regulamentação dirigida a situação diversa (transporte de líquidos inflamáveis, por exemplo), ainda que por analogia. 2. Também não subsiste tese jurídica segundo a qual se afigura irrelevante a quantidade de líquido inflamável armazenado em recinto fechado, para efeito de reconhecimento da periculosidade. Os itens 3 e 4 do Anexo 2 da NR-16 expõem à saciedade os limites de líquido inflamável armazenado, passíveis de gerar, ou não, o direito à percepção de adicional de periculosidade. 3. Precisamente o item 4 do Anexo 2 da NR-16, ao tratar dos casos em que não é devido o adicional de periculosidade, reporta-se ao Quadro I, que, por sua vez, alude à ‘Capacidade Máxima para Embalagens de Líquidos Inflamáveis’. O exame do referido Quadro permite concluir que o reconhecimento, ou não, do direito ao adicional de periculosidade guarda relação direta com a quantidade e com o tipo de embalagem em que acondicionado o agente de risco. 4. Nos termos da NR-16, não gera direito ao adicional de periculosidade o labor prestado em recinto fechado em que há armazenamento de líquido inflamável acondicionado em tambores ou bombonas de aço, alumínio, outros materiais ou plástico com capacidade entre 60 e até 250 litros (Quadro I, item 4, Anexo 2). 5. Não faz jus ao adicional de periculosidade empregada, professora de física, que, nos termos do acórdão regional, executava parte das atividades em laboratórios em que havia pequena quantidade de líquidos inflamáveis armazenados - vinte e sete litros. 6. Embargos da Reclamada de que se conhece, por divergência jurisprudencial, e a que se dá provimento" (E-RR-970-73.2010.5.04.0014, Relator Ministro João Oreste Dalazen, DEJT 19/05/2017, destaque acrescido). Com esteio no julgado acima transcrito, a Corte Superior vem reiteradamente decidindo que o armazenamento superior a 250 litros de líquidos inflamáveis, na quantidade total, autoriza o pagamento de adicional de periculosidade ao empregado que labora em área de risco (construção vertical), em cumprimento à NR 16 da Portaria nº 3.214/78 do Ministério do Trabalho. Cito os seguintes precedentes: E-Ag-ED-ARR-1337-97.2017.5.10.0010, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, Relator Ministro Augusto Cesar Leite de Carvalho, DEJT 04/04/2023; E-ED-RRAg-1000059-06.2015.5.02.0085, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, Relator Ministro Breno Medeiros, DEJT 28/05/2021; Ag-E-ARR-1001581-84.2016.5.02.0036, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, Relator Ministro Lelio Bentes Correa, DEJT 26/06/2020; Ag-RR-725-56.2021.5.09.0008, 2ª Turma, Relatora Ministra Liana Chaib, DEJT 22/11/2024; Ag-RRAg-1001174-15.2017.5.02.0078, 3ª Turma, Relator Ministro Alberto Bastos Balazeiro, DEJT 25/10/2024; Ag-RR-1001139-47.2021.5.02.0003, 4ª Turma, Relator Ministro Alexandre Luiz Ramos, DEJT 18/10/2024; ARR-1002017-71.2016.5.02.0059, 5ª Turma, Relatora Ministra Morgana de Almeida Richa, DEJT 08/11/2024; RR-0000191-95.2023.5.09.0088, 6ª Turma, Relator Ministro Antonio Fabricio de Matos Goncalves, DEJT 26/11/2024; RR-21629-82.2014.5.04.0008, 7ª Turma, Relator Ministro Evandro Pereira Valadão Lopes, DEJT 01/12/2023; AIRR-1001337-55.2019.5.02.0391, 8ª Turma, Relator Ministro Sérgio Pinto Martins, DEJT 05/09/2024. No caso em apreço, depreende-se, da leitura do v. acórdão, a presença de 03 tanques de 250 litros no mesmo prédio (construção vertical) onde o reclamante prestava serviços. Constatada, pois, que a quantidade total de inflamáveis armazenada nos tanques supera o limite de 250 litros estabelecido na NR-16, da Portaria nº 3.214/78, do MTE, prudente o seguimento do apelo, porquanto demonstrada possível contrariedade à Orientação Jurisprudencial 385 da SBDI-1 do TST. RECEBO o recurso de revista. CONCLUSÃO RECEBO o recurso de revista. Intimem-se, dando vista à parte contrária para apresentação de contrarrazões. /cte SAO PAULO/SP, 24 de abril de 2025. FRANCISCO FERREIRA JORGE NETO Desembargador Vice-Presidente Judicial Intimado(s) / Citado(s) - TELEFONICA BRASIL S.A. - MARCIA MARTINS DE OLIVEIRA - EZENTIS - SERVICOS, ENGENHARIA E INSTALACAO DE COMUNICACOES S.A

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Rafael Marins e outros x Ezentis - Servicos, Engenharia E Instalacao De Comunicacoes S.A e outros

ID: 329381962

Tribunal: TRT2 Órgão: Vice-Presidência Judicial Classe: RECURSO ORDINáRIO TRABALHISTA Nº Processo: 1001981-96.2023.5.02.0604

Data de Disponibilização: 18/07/2025

Polo Ativo:

RAFAEL MARINS TELEFONICA BRASIL S.A.

Polo Passivo:

EZENTIS - SERVICOS, ENGENHARIA E INSTALACAO DE COMUNICACOES S.A RAFAEL MARINS TELEFONICA BRASIL S.A.

Notificação

Advogados:

SARAH DE CASTRO FERREIRA

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RUBENS GARCIA FILHO

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FABIO RIVELLI

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PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO ANÁLISE DE RECURSOS Relatora: ANA PAULA SCUPINO OLIVEIRA ROT 1001981-96.2023.5.02.0604 RECORRENTE: RAFAEL MARINS … PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO ANÁLISE DE RECURSOS Relatora: ANA PAULA SCUPINO OLIVEIRA ROT 1001981-96.2023.5.02.0604 RECORRENTE: RAFAEL MARINS E OUTROS (1) RECORRIDO: RAFAEL MARINS E OUTROS (2) INTIMAÇÃO Fica V. Sa. intimado para tomar ciência da Decisão ID 9502e73 proferida nos autos. ROT 1001981-96.2023.5.02.0604 - 16ª Turma Recorrente: Advogado(s): 1. RAFAEL MARINS RUBENS GARCIA FILHO (SP108148) Recorrido: Advogado(s): EZENTIS - SERVICOS, ENGENHARIA E INSTALACAO DE COMUNICACOES S.A SARAH DE CASTRO FERREIRA (SP339162) Recorrido: Advogado(s): TELEFONICA BRASIL S.A. FABIO RIVELLI (SP297608) RECURSO DE: RAFAEL MARINS PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS Recurso tempestivo (decisão publicada em 14/05/2025 - Id c13775e; recurso apresentado em 22/05/2025 - Id ac44907). Regular a representação processual (Id 53dd3f7). Desnecessário o preparo. PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS 1.1 DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO (8826) / ATOS PROCESSUAIS (8893) / NULIDADE (8919) / NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL Não há que se cogitar de processamento do apelo pela arguição de nulidade por negativa de prestação jurisdicional, tendo em vista que a decisão recorrida examinou toda a matéria posta no recurso. Com efeito, a fundamentação exposta no v. acórdão é suficiente para a comprovação da devida apreciação de todas as questões levantadas, tendo sido esgotados todos os aspectos basilares da controvérsia apontada no apelo. A completa prestação jurisdicional caracteriza-se pelo oferecimento de decisão devidamente motivada com base nos elementos fáticos e jurídicos pertinentes e relevantes para a solução da lide. No caso dos autos, a prestação jurisdicional revela-se completamente outorgada, mediante motivação clara e suficiente, permitindo, inclusive, o prosseguimento da discussão de mérito na via recursal extraordinária. Incólumes, portanto, as disposições legais e constitucionais pertinentes à alegação (Súmula 459 do TST). Nesse sentido: "[...] NULIDADE DO ACÓRDÃO REGIONAL POR NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. Não ficou demonstrada qualquer sonegação da tutela jurisdicional a que estava obrigado o Tribunal recorrido, já que tal obrigação está ligada à fundamentação da decisão, ainda que de forma diversa das pretensões do recorrente, o que efetivamente ocorreu. Recurso de revista não conhecido. [...]" (ARR-185100-05.2007.5.02.0001, 6ª Turma, Relator Ministro Augusto Cesar Leite de Carvalho, DEJT 14/08/2023). DENEGO seguimento. 2.1 DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO (12936) / VERBAS REMUNERATÓRIAS, INDENIZATÓRIAS E BENEFÍCIOS (13831) / ADICIONAL (13833) / ADICIONAL DE PERICULOSIDADE Alegação(ões): Sustenta que faz jus ao adicional de periculosidade, diante do armazenamento de inflamáveis em condições irregulares. Consta do v. acórdão: "O reclamante pretende a reforma da r. sentença no tocante aos pedidos indeferidos de adicional de periculosidade e retificação do PPP. Observo que o MM. juízo de primeiro grau se manifestou sobre o tema nos seguintes termos: "9. PERICULOSIDADE. PPP. Determinada perícia para averiguação de periculosidade. Esclareço que a matéria em exame é de caráter técnico e o(a) i. perito(a) nomeado(a) é auxiliar da mais absoluta confiança deste Juízo, estando, ainda, legal e tecnicamente habilitado(a) para a realização do encargo que lhe foi atribuído. O trabalho pericial contém uma análise das condições de trabalho a que estava submetido o reclamante e, consequentemente, todos os dados necessários à boa resolução dos pedidos pertinentes. Às alegações. Descreve o reclamante que, em razão de suas atividades, estava exposto a perigo, pois, "Desde sua admissão, [...] trabalhou em permanente risco de vida, uma vez que exerceu suas funções no prédio da Central Telefônica da 2ª Reclamada' e lá 'existem reservatórios de inflamáveis, no andar térreo e/ou subsolo, instalados em contrariedade ao que preconizam as normas de segurança' ('sic'; fls. 4). Em sua defesa, a 1ª reclamada pondera que "sempre forneceu equipamentos de proteção, tanto individuais como coletivos, bastantes para elidir qualquer situação perigosa que pudesse prejudicar seus colaboradores", cujo uso era 'exigido e fiscalizado diariamente' (sic; fls. 276). Descreveu o(a) i. perito(a) as atividades do reclamante: '3. DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES DO RECLAMANTE Segundo relato do próprio reclamante, na ocasião da perícia, o mesmo desenvolveu as seguintes atividades: Como técnico em telecomunicações, de 01/09/2014 à 05/09/2022: -> Desempenha suas atividades de modo habitual e permanente no 5º andar da edificação; desempenhando atividades operacionais, verificando se os servidores apresentam algumas instabilidade operacional e caso seja necessário, é realizado a substituição das placas.' (fls. 4829) A entrega dos equipamentos de proteção individual é prova objetiva, que se faz mediante a apresentação dos respectivos recibos de entrega. Neste tópico, o(a) perito(a) registrou que, 'De acordo com as fichas de entrega de EPI anexadas aos autos, foram fornecidos pela reclamada a reclamante os seguintes EPI: Foi questionado diversas vezes na ocasião da perícia a reclamante sobre o uso dos EPI, confirmando que sempre os recebeu e utilizou' ('idem'). Em sua análise acerca dos possíveis agentes perigosos, da forma como indicados na inicial, constatou o(a) 'expert': '8. RESULTADO Conforme apurado durante os trabalhos periciais, o reclamante se ativava como Técnico de Telecomunicações, realizando suas atividades na empresa Ezentis - Servicos, Engenharia E Instalacao De Comunicacoes S.A E Outros (2), permanecendo sua maior parte da jornada de trabalho no 5° Andar.(...) - Foi identificado 2 recintos distintos no pavimento térreo que serve como abrigo para os moto-geradores, no 1º recinto, foram identificados 3 moto-geradores de 440 kVA, alimentados por tanques acoplados com capacidade volumétrica de 200 litros de óleo diesel cada; e 1 moto-gerador de 330 kVA, alimentado por um tanque acoplado com capacidade volumétrica de 100 litros de óleo diesel. Todos os tanques acoplados são abastecidos por um tanque principal, enterrado em área externa, com capacidade volumétrica de 3.000 litros de óleo diesel. - Foi identificado no 2º recinto, 1 motogerador de 750 kVA, alimentado por um tanque acoplado com capacidade volumétrica de 200 litros de óleo diesel, sendo que o referido tanque é abastecido pelo tanque principal, enterrado em área externa com capacidade volumétrica de 3.000 litros de óleo diesel. (...) - foi identificado no prédio os requisitos de segurança, conforme estabelece a NR 20 da Portaria 3.214/78 do MTE, tais como: porta corta fogo; extintores, hidrantes, sprinklers, detectores automáticos de fumaça, avisos de proibido fumar e entrada de pessoas não autorizadas, alarmes. - nas atividades de Técnico de Telecomunicações, inexiste o ingresso destas funções em área de risco de forma habitual, intermitente ou permanente, nos termos do item '3d' do Anexo 2 da NR 16 da Portaria 3.214/78 do MTE, que estabelece como área de risco, para o caso em tela, 'bacia de segurança'; (...) Como no local inspecionado estão instalados tanques, a área de risco a ser considerada é a definida na alínea 'd' do item 3 do Anexo 2 da NR 16 e foi com base nessa alínea que foi avaliado se a reclamante se ativou em área de risco. (...) Assim: - Nos locais de trabalho da parte reclamante não existem inflamáveis em condições de risco acentuado; - Segundo restou consignado, a parte reclamante não se ativava exposto a energia elétrica; - Nas atividades de Técnico de Telecomunicações, o ingresso desta inexiste função em área de risco acentuado de forma habitual, intermitente ou permanente; Portanto, fica descaracterizada a condição de periculosidade pela inexistência do ingresso do reclamante em área de risco acentuado, de forma habitual, bem como exposição permanente ao agente inflamável. Desta forma, ausentes os requisitos para a caracterização da periculosidade nas atividades do reclamante, sugerimos o NÃO enquadramento em periculosidade.' (fls. 4840-4843) Por fim, concluiu o(a) perito(a) que as atividades desenvolvidas pelo reclamante nas reclamadas não eram perigosas, ratificando na íntegra em sede de esclarecimentos. Não foram produzidas outras provas. Pois bem. Considerando-se que o laudo técnico pericial foi elaborado por profissional habilitado(a) e que goza da plena confiança deste Juízo, sendo claro, coerente e conclusivo, o acolho integralmente. No particular, insta salientar que, embora o artigo 479 do CPC, disponha que o juiz não está adstrito ao laudo pericial, no Processo do Trabalho, tendo em vista a disposição contida no artigo 195 da CLT, segundo o qual a caracterização e a classificação da periculosidade far-se-á através de perícia, a matéria em tela se caracteriza como eminentemente técnica, razão pela qual, via de regra, somente a perícia pode constatar a existência de tal característica, sendo que a decisão judicial contrária a manifestação técnica do(a) sr.(a.) perito(a) só seria possível se existissem nos autos outros elementos e fatos provados que fundamentassem tal entendimento, o que não ocorreu no caso ora examinado. Por tais fundamentos, julgo improcedente o pedido de pagamento de adicional de periculosidade e de seus respectivos reflexos, para além de retificação e entrega do PPP." (fls. 4955/4958 - Id. 6fc363b) Em seu laudo de fls. 4826/4855 do pdf (Id. 16b64d8), o vistor relatou que o autor não laborou em ambiente periculoso, considerando, em suma, que: a) "nos locais de trabalho da parte reclamante não existem inflamáveis em condições de risco acentuado;" b) "(...) a parte reclamante não se ativava exposto a energia elétrica;" e c) "Nas atividades de Técnico de Telecomunicações, inexiste o ingresso desta função em área de risco acentuado de forma habitual, intermitente ou permanente" (fls. 4854/4855). O reclamante, em sua impugnação, alega que na área interna da construção havia 2 salas de geração de energia elétrica. Numa delas, encontravam-se 4 tanques inflamáveis elevados, sendo três de 200 litros cada e um de 100 litros, ao passo que na outra havia um único tanque, também elevado, com capacidade de 100 litros (total de 900 litros de líquidos inflamáveis). Aponta, ainda, que todos esses tanques são conectados pela tubulação a outro de 3.000 litros, enterrado na área externa. Por fim, sustenta que todos os tanques deveriam estar enterrados e não elevados, que os tanques são instalados lado a lado sem separação por portas corta-fogo, que não foi demonstrada a aprovação da autoridade competente e a proteção da estrutura para suportar um incêndio, que inexistem medidas de ventilação e alívio de pressão nos tanques e que toda a área da construção deve ser considerada área de risco. Por sua vez, o sr. perito ressaltou em seus esclarecimentos que tanques não se confundem com vasilhames, pois somente estes últimos podem ser movimentados, e que no caso do armazenamento de tanques somente se considera de risco acentuado a área interna da bacia de segurança. Tendo em vista a conclusão apresentada no laudo pericial indicando que nos "locais de trabalho da parte reclamante não existem inflamáveis em condições de risco acentuado" , inexistindo desrespeito ao limite legal de armazenamento de que trata a OJ 385 da SBDI-I do C. TST, a decisão não comporta reforma. Nego provimento." Nos termos da Orientação Jurisprudencial nº 385, da SBDI-1, do TST, "é devido o adicional de periculosidade ao empregado que desenvolve suas atividades em edifício (construção vertical), seja em pavimento igual ou distinto daquele onde estão instalados tanques para armazenamento de líquido inflamável, em quantidade acima do limite legal, considerando-se como área de risco toda a área interna da construção vertical". (destacou-se) A Subseção I Especializada em Dissídios Individuais - SBDI-1, órgão uniformizador de jurisprudência interna corporis do Tribunal Superior do Trabalho, deliberou no sentido de que, nos termos da NR 16 da Portaria nº 3.214/78 do Ministério do Trabalho, o armazenamento ou o transporte superior a 250 litros de líquidos inflamáveis autoriza o pagamento de adicional de periculosidade ao empregado que labora em área de risco. Eis a ementa da referida decisão: "ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. ARMAZENAMENTO DE INFLAMÁVEIS NO LOCAL DE TRABALHO. NR-16 DA PORTARIA Nº 3.214/78 DO MINISTÉRIO DO TRABALHO 1. A caracterização da periculosidade em virtude do labor em recinto fechado em que há armazenamento de líquidos inflamáveis encontra-se expressamente tratada no Anexo 2 da NR-16 da Portaria nº 3.214/78 do Ministério do Trabalho. Não é o caso, portanto, de omissão da norma administrativa, a autorizar a aplicação de regulamentação dirigida a situação diversa (transporte de líquidos inflamáveis, por exemplo), ainda que por analogia. 2. Também não subsiste tese jurídica segundo a qual se afigura irrelevante a quantidade de líquido inflamável armazenado em recinto fechado, para efeito de reconhecimento da periculosidade. Os itens 3 e 4 do Anexo 2 da NR-16 expõem à saciedade os limites de líquido inflamável armazenado, passíveis de gerar, ou não, o direito à percepção de adicional de periculosidade. 3. Precisamente o item 4 do Anexo 2 da NR-16, ao tratar dos casos em que não é devido o adicional de periculosidade, reporta-se ao Quadro I, que, por sua vez, alude à ‘Capacidade Máxima para Embalagens de Líquidos Inflamáveis’. O exame do referido Quadro permite concluir que o reconhecimento, ou não, do direito ao adicional de periculosidade guarda relação direta com a quantidade e com o tipo de embalagem em que acondicionado o agente de risco. 4. Nos termos da NR-16, não gera direito ao adicional de periculosidade o labor prestado em recinto fechado em que há armazenamento de líquido inflamável acondicionado em tambores ou bombonas de aço, alumínio, outros materiais ou plástico com capacidade entre 60 e até 250 litros (Quadro I, item 4, Anexo 2). 5. Não faz jus ao adicional de periculosidade empregada, professora de física, que, nos termos do acórdão regional, executava parte das atividades em laboratórios em que havia pequena quantidade de líquidos inflamáveis armazenados - vinte e sete litros. 6. Embargos da Reclamada de que se conhece, por divergência jurisprudencial, e a que se dá provimento" (E-RR-970-73.2010.5.04.0014, Relator Ministro João Oreste Dalazen, DEJT 19/05/2017, destaque acrescido). Com esteio no julgado acima transcrito, a Corte Superior vem reiteradamente decidindo que o armazenamento superior a 250 litros de líquidos inflamáveis, na quantidade total, autoriza o pagamento de adicional de periculosidade ao empregado que labora em área de risco (construção vertical), em cumprimento à NR 16 da Portaria nº 3.214/78 do Ministério do Trabalho. Cito os seguintes precedentes: E-Ag-ED-ARR-1337-97.2017.5.10.0010, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, Relator Ministro Augusto Cesar Leite de Carvalho, DEJT 04/04/2023; E-ED-RRAg-1000059-06.2015.5.02.0085, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, Relator Ministro Breno Medeiros, DEJT 28/05/2021; Ag-E-ARR-1001581-84.2016.5.02.0036, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, Relator Ministro Lelio Bentes Correa, DEJT 26/06/2020; Ag-RR-725-56.2021.5.09.0008, 2ª Turma, Relatora Ministra Liana Chaib, DEJT 22/11/2024; Ag-RRAg-1001174-15.2017.5.02.0078, 3ª Turma, Relator Ministro Alberto Bastos Balazeiro, DEJT 25/10/2024; Ag-RR-1001139-47.2021.5.02.0003, 4ª Turma, Relator Ministro Alexandre Luiz Ramos, DEJT 18/10/2024; ARR-1002017-71.2016.5.02.0059, 5ª Turma, Relatora Ministra Morgana de Almeida Richa, DEJT 08/11/2024; RR-0000191-95.2023.5.09.0088, 6ª Turma, Relator Ministro Antonio Fabricio de Matos Goncalves, DEJT 26/11/2024; RR-21629-82.2014.5.04.0008, 7ª Turma, Relator Ministro Evandro Pereira Valadão Lopes, DEJT 01/12/2023; AIRR-1001337-55.2019.5.02.0391, 8ª Turma, Relator Ministro Sérgio Pinto Martins, DEJT 05/09/2024. No caso em apreço, depreende-se, da leitura do v. acórdão, a presença de 4 (quatro) tanques individuais de 200 litros cada e 01 (um) tanque de 100 litros, localizados no mesmo prédio (construção vertical) onde o reclamante prestava serviços. Constatada, pois, que a quantidade total de inflamáveis armazenada nos tanques supera o limite de 250 litros estabelecido na NR-16, da Portaria nº 3.214/78, do MTE, prudente o seguimento do apelo, porquanto demonstrada possível contrariedade à Orientação Jurisprudencial 385 da SBDI-1 do TST. RECEBO o recurso de revista. CONCLUSÃO RECEBO o recurso de revista em relação ao tema "ADICIONAL DE PERICULOSIDADE" e DENEGO seguimento quanto aos demais. Intimem-se, dando vista à parte contrária para apresentação de contrarrazões. /cte SAO PAULO/SP, 17 de julho de 2025. WILSON FERNANDES Desembargador Vice-Presidente Judicial - em exercício Intimado(s) / Citado(s) - RAFAEL MARINS - TELEFONICA BRASIL S.A. - EZENTIS - SERVICOS, ENGENHARIA E INSTALACAO DE COMUNICACOES S.A

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Rafael Marins e outros x Ezentis - Servicos, Engenharia E Instalacao De Comunicacoes S.A e outros

ID: 329381973

Tribunal: TRT2 Órgão: Vice-Presidência Judicial Classe: RECURSO ORDINáRIO TRABALHISTA Nº Processo: 1001981-96.2023.5.02.0604

Data de Disponibilização: 18/07/2025

Polo Ativo:

RAFAEL MARINS TELEFONICA BRASIL S.A.

Polo Passivo:

EZENTIS - SERVICOS, ENGENHARIA E INSTALACAO DE COMUNICACOES S.A RAFAEL MARINS TELEFONICA BRASIL S.A.

Notificação

Advogados:

SARAH DE CASTRO FERREIRA

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RUBENS GARCIA FILHO

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FABIO RIVELLI

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PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO ANÁLISE DE RECURSOS Relatora: ANA PAULA SCUPINO OLIVEIRA ROT 1001981-96.2023.5.02.0604 RECORRENTE: RAFAEL MARINS … PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO ANÁLISE DE RECURSOS Relatora: ANA PAULA SCUPINO OLIVEIRA ROT 1001981-96.2023.5.02.0604 RECORRENTE: RAFAEL MARINS E OUTROS (1) RECORRIDO: RAFAEL MARINS E OUTROS (2) INTIMAÇÃO Fica V. Sa. intimado para tomar ciência da Decisão ID 9502e73 proferida nos autos. ROT 1001981-96.2023.5.02.0604 - 16ª Turma Recorrente: Advogado(s): 1. RAFAEL MARINS RUBENS GARCIA FILHO (SP108148) Recorrido: Advogado(s): EZENTIS - SERVICOS, ENGENHARIA E INSTALACAO DE COMUNICACOES S.A SARAH DE CASTRO FERREIRA (SP339162) Recorrido: Advogado(s): TELEFONICA BRASIL S.A. FABIO RIVELLI (SP297608) RECURSO DE: RAFAEL MARINS PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS Recurso tempestivo (decisão publicada em 14/05/2025 - Id c13775e; recurso apresentado em 22/05/2025 - Id ac44907). Regular a representação processual (Id 53dd3f7). Desnecessário o preparo. PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS 1.1 DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO (8826) / ATOS PROCESSUAIS (8893) / NULIDADE (8919) / NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL Não há que se cogitar de processamento do apelo pela arguição de nulidade por negativa de prestação jurisdicional, tendo em vista que a decisão recorrida examinou toda a matéria posta no recurso. Com efeito, a fundamentação exposta no v. acórdão é suficiente para a comprovação da devida apreciação de todas as questões levantadas, tendo sido esgotados todos os aspectos basilares da controvérsia apontada no apelo. A completa prestação jurisdicional caracteriza-se pelo oferecimento de decisão devidamente motivada com base nos elementos fáticos e jurídicos pertinentes e relevantes para a solução da lide. No caso dos autos, a prestação jurisdicional revela-se completamente outorgada, mediante motivação clara e suficiente, permitindo, inclusive, o prosseguimento da discussão de mérito na via recursal extraordinária. Incólumes, portanto, as disposições legais e constitucionais pertinentes à alegação (Súmula 459 do TST). Nesse sentido: "[...] NULIDADE DO ACÓRDÃO REGIONAL POR NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. Não ficou demonstrada qualquer sonegação da tutela jurisdicional a que estava obrigado o Tribunal recorrido, já que tal obrigação está ligada à fundamentação da decisão, ainda que de forma diversa das pretensões do recorrente, o que efetivamente ocorreu. Recurso de revista não conhecido. [...]" (ARR-185100-05.2007.5.02.0001, 6ª Turma, Relator Ministro Augusto Cesar Leite de Carvalho, DEJT 14/08/2023). DENEGO seguimento. 2.1 DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO (12936) / VERBAS REMUNERATÓRIAS, INDENIZATÓRIAS E BENEFÍCIOS (13831) / ADICIONAL (13833) / ADICIONAL DE PERICULOSIDADE Alegação(ões): Sustenta que faz jus ao adicional de periculosidade, diante do armazenamento de inflamáveis em condições irregulares. Consta do v. acórdão: "O reclamante pretende a reforma da r. sentença no tocante aos pedidos indeferidos de adicional de periculosidade e retificação do PPP. Observo que o MM. juízo de primeiro grau se manifestou sobre o tema nos seguintes termos: "9. PERICULOSIDADE. PPP. Determinada perícia para averiguação de periculosidade. Esclareço que a matéria em exame é de caráter técnico e o(a) i. perito(a) nomeado(a) é auxiliar da mais absoluta confiança deste Juízo, estando, ainda, legal e tecnicamente habilitado(a) para a realização do encargo que lhe foi atribuído. O trabalho pericial contém uma análise das condições de trabalho a que estava submetido o reclamante e, consequentemente, todos os dados necessários à boa resolução dos pedidos pertinentes. Às alegações. Descreve o reclamante que, em razão de suas atividades, estava exposto a perigo, pois, "Desde sua admissão, [...] trabalhou em permanente risco de vida, uma vez que exerceu suas funções no prédio da Central Telefônica da 2ª Reclamada' e lá 'existem reservatórios de inflamáveis, no andar térreo e/ou subsolo, instalados em contrariedade ao que preconizam as normas de segurança' ('sic'; fls. 4). Em sua defesa, a 1ª reclamada pondera que "sempre forneceu equipamentos de proteção, tanto individuais como coletivos, bastantes para elidir qualquer situação perigosa que pudesse prejudicar seus colaboradores", cujo uso era 'exigido e fiscalizado diariamente' (sic; fls. 276). Descreveu o(a) i. perito(a) as atividades do reclamante: '3. DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES DO RECLAMANTE Segundo relato do próprio reclamante, na ocasião da perícia, o mesmo desenvolveu as seguintes atividades: Como técnico em telecomunicações, de 01/09/2014 à 05/09/2022: -> Desempenha suas atividades de modo habitual e permanente no 5º andar da edificação; desempenhando atividades operacionais, verificando se os servidores apresentam algumas instabilidade operacional e caso seja necessário, é realizado a substituição das placas.' (fls. 4829) A entrega dos equipamentos de proteção individual é prova objetiva, que se faz mediante a apresentação dos respectivos recibos de entrega. Neste tópico, o(a) perito(a) registrou que, 'De acordo com as fichas de entrega de EPI anexadas aos autos, foram fornecidos pela reclamada a reclamante os seguintes EPI: Foi questionado diversas vezes na ocasião da perícia a reclamante sobre o uso dos EPI, confirmando que sempre os recebeu e utilizou' ('idem'). Em sua análise acerca dos possíveis agentes perigosos, da forma como indicados na inicial, constatou o(a) 'expert': '8. RESULTADO Conforme apurado durante os trabalhos periciais, o reclamante se ativava como Técnico de Telecomunicações, realizando suas atividades na empresa Ezentis - Servicos, Engenharia E Instalacao De Comunicacoes S.A E Outros (2), permanecendo sua maior parte da jornada de trabalho no 5° Andar.(...) - Foi identificado 2 recintos distintos no pavimento térreo que serve como abrigo para os moto-geradores, no 1º recinto, foram identificados 3 moto-geradores de 440 kVA, alimentados por tanques acoplados com capacidade volumétrica de 200 litros de óleo diesel cada; e 1 moto-gerador de 330 kVA, alimentado por um tanque acoplado com capacidade volumétrica de 100 litros de óleo diesel. Todos os tanques acoplados são abastecidos por um tanque principal, enterrado em área externa, com capacidade volumétrica de 3.000 litros de óleo diesel. - Foi identificado no 2º recinto, 1 motogerador de 750 kVA, alimentado por um tanque acoplado com capacidade volumétrica de 200 litros de óleo diesel, sendo que o referido tanque é abastecido pelo tanque principal, enterrado em área externa com capacidade volumétrica de 3.000 litros de óleo diesel. (...) - foi identificado no prédio os requisitos de segurança, conforme estabelece a NR 20 da Portaria 3.214/78 do MTE, tais como: porta corta fogo; extintores, hidrantes, sprinklers, detectores automáticos de fumaça, avisos de proibido fumar e entrada de pessoas não autorizadas, alarmes. - nas atividades de Técnico de Telecomunicações, inexiste o ingresso destas funções em área de risco de forma habitual, intermitente ou permanente, nos termos do item '3d' do Anexo 2 da NR 16 da Portaria 3.214/78 do MTE, que estabelece como área de risco, para o caso em tela, 'bacia de segurança'; (...) Como no local inspecionado estão instalados tanques, a área de risco a ser considerada é a definida na alínea 'd' do item 3 do Anexo 2 da NR 16 e foi com base nessa alínea que foi avaliado se a reclamante se ativou em área de risco. (...) Assim: - Nos locais de trabalho da parte reclamante não existem inflamáveis em condições de risco acentuado; - Segundo restou consignado, a parte reclamante não se ativava exposto a energia elétrica; - Nas atividades de Técnico de Telecomunicações, o ingresso desta inexiste função em área de risco acentuado de forma habitual, intermitente ou permanente; Portanto, fica descaracterizada a condição de periculosidade pela inexistência do ingresso do reclamante em área de risco acentuado, de forma habitual, bem como exposição permanente ao agente inflamável. Desta forma, ausentes os requisitos para a caracterização da periculosidade nas atividades do reclamante, sugerimos o NÃO enquadramento em periculosidade.' (fls. 4840-4843) Por fim, concluiu o(a) perito(a) que as atividades desenvolvidas pelo reclamante nas reclamadas não eram perigosas, ratificando na íntegra em sede de esclarecimentos. Não foram produzidas outras provas. Pois bem. Considerando-se que o laudo técnico pericial foi elaborado por profissional habilitado(a) e que goza da plena confiança deste Juízo, sendo claro, coerente e conclusivo, o acolho integralmente. No particular, insta salientar que, embora o artigo 479 do CPC, disponha que o juiz não está adstrito ao laudo pericial, no Processo do Trabalho, tendo em vista a disposição contida no artigo 195 da CLT, segundo o qual a caracterização e a classificação da periculosidade far-se-á através de perícia, a matéria em tela se caracteriza como eminentemente técnica, razão pela qual, via de regra, somente a perícia pode constatar a existência de tal característica, sendo que a decisão judicial contrária a manifestação técnica do(a) sr.(a.) perito(a) só seria possível se existissem nos autos outros elementos e fatos provados que fundamentassem tal entendimento, o que não ocorreu no caso ora examinado. Por tais fundamentos, julgo improcedente o pedido de pagamento de adicional de periculosidade e de seus respectivos reflexos, para além de retificação e entrega do PPP." (fls. 4955/4958 - Id. 6fc363b) Em seu laudo de fls. 4826/4855 do pdf (Id. 16b64d8), o vistor relatou que o autor não laborou em ambiente periculoso, considerando, em suma, que: a) "nos locais de trabalho da parte reclamante não existem inflamáveis em condições de risco acentuado;" b) "(...) a parte reclamante não se ativava exposto a energia elétrica;" e c) "Nas atividades de Técnico de Telecomunicações, inexiste o ingresso desta função em área de risco acentuado de forma habitual, intermitente ou permanente" (fls. 4854/4855). O reclamante, em sua impugnação, alega que na área interna da construção havia 2 salas de geração de energia elétrica. Numa delas, encontravam-se 4 tanques inflamáveis elevados, sendo três de 200 litros cada e um de 100 litros, ao passo que na outra havia um único tanque, também elevado, com capacidade de 100 litros (total de 900 litros de líquidos inflamáveis). Aponta, ainda, que todos esses tanques são conectados pela tubulação a outro de 3.000 litros, enterrado na área externa. Por fim, sustenta que todos os tanques deveriam estar enterrados e não elevados, que os tanques são instalados lado a lado sem separação por portas corta-fogo, que não foi demonstrada a aprovação da autoridade competente e a proteção da estrutura para suportar um incêndio, que inexistem medidas de ventilação e alívio de pressão nos tanques e que toda a área da construção deve ser considerada área de risco. Por sua vez, o sr. perito ressaltou em seus esclarecimentos que tanques não se confundem com vasilhames, pois somente estes últimos podem ser movimentados, e que no caso do armazenamento de tanques somente se considera de risco acentuado a área interna da bacia de segurança. Tendo em vista a conclusão apresentada no laudo pericial indicando que nos "locais de trabalho da parte reclamante não existem inflamáveis em condições de risco acentuado" , inexistindo desrespeito ao limite legal de armazenamento de que trata a OJ 385 da SBDI-I do C. TST, a decisão não comporta reforma. Nego provimento." Nos termos da Orientação Jurisprudencial nº 385, da SBDI-1, do TST, "é devido o adicional de periculosidade ao empregado que desenvolve suas atividades em edifício (construção vertical), seja em pavimento igual ou distinto daquele onde estão instalados tanques para armazenamento de líquido inflamável, em quantidade acima do limite legal, considerando-se como área de risco toda a área interna da construção vertical". (destacou-se) A Subseção I Especializada em Dissídios Individuais - SBDI-1, órgão uniformizador de jurisprudência interna corporis do Tribunal Superior do Trabalho, deliberou no sentido de que, nos termos da NR 16 da Portaria nº 3.214/78 do Ministério do Trabalho, o armazenamento ou o transporte superior a 250 litros de líquidos inflamáveis autoriza o pagamento de adicional de periculosidade ao empregado que labora em área de risco. Eis a ementa da referida decisão: "ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. ARMAZENAMENTO DE INFLAMÁVEIS NO LOCAL DE TRABALHO. NR-16 DA PORTARIA Nº 3.214/78 DO MINISTÉRIO DO TRABALHO 1. A caracterização da periculosidade em virtude do labor em recinto fechado em que há armazenamento de líquidos inflamáveis encontra-se expressamente tratada no Anexo 2 da NR-16 da Portaria nº 3.214/78 do Ministério do Trabalho. Não é o caso, portanto, de omissão da norma administrativa, a autorizar a aplicação de regulamentação dirigida a situação diversa (transporte de líquidos inflamáveis, por exemplo), ainda que por analogia. 2. Também não subsiste tese jurídica segundo a qual se afigura irrelevante a quantidade de líquido inflamável armazenado em recinto fechado, para efeito de reconhecimento da periculosidade. Os itens 3 e 4 do Anexo 2 da NR-16 expõem à saciedade os limites de líquido inflamável armazenado, passíveis de gerar, ou não, o direito à percepção de adicional de periculosidade. 3. Precisamente o item 4 do Anexo 2 da NR-16, ao tratar dos casos em que não é devido o adicional de periculosidade, reporta-se ao Quadro I, que, por sua vez, alude à ‘Capacidade Máxima para Embalagens de Líquidos Inflamáveis’. O exame do referido Quadro permite concluir que o reconhecimento, ou não, do direito ao adicional de periculosidade guarda relação direta com a quantidade e com o tipo de embalagem em que acondicionado o agente de risco. 4. Nos termos da NR-16, não gera direito ao adicional de periculosidade o labor prestado em recinto fechado em que há armazenamento de líquido inflamável acondicionado em tambores ou bombonas de aço, alumínio, outros materiais ou plástico com capacidade entre 60 e até 250 litros (Quadro I, item 4, Anexo 2). 5. Não faz jus ao adicional de periculosidade empregada, professora de física, que, nos termos do acórdão regional, executava parte das atividades em laboratórios em que havia pequena quantidade de líquidos inflamáveis armazenados - vinte e sete litros. 6. Embargos da Reclamada de que se conhece, por divergência jurisprudencial, e a que se dá provimento" (E-RR-970-73.2010.5.04.0014, Relator Ministro João Oreste Dalazen, DEJT 19/05/2017, destaque acrescido). Com esteio no julgado acima transcrito, a Corte Superior vem reiteradamente decidindo que o armazenamento superior a 250 litros de líquidos inflamáveis, na quantidade total, autoriza o pagamento de adicional de periculosidade ao empregado que labora em área de risco (construção vertical), em cumprimento à NR 16 da Portaria nº 3.214/78 do Ministério do Trabalho. Cito os seguintes precedentes: E-Ag-ED-ARR-1337-97.2017.5.10.0010, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, Relator Ministro Augusto Cesar Leite de Carvalho, DEJT 04/04/2023; E-ED-RRAg-1000059-06.2015.5.02.0085, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, Relator Ministro Breno Medeiros, DEJT 28/05/2021; Ag-E-ARR-1001581-84.2016.5.02.0036, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, Relator Ministro Lelio Bentes Correa, DEJT 26/06/2020; Ag-RR-725-56.2021.5.09.0008, 2ª Turma, Relatora Ministra Liana Chaib, DEJT 22/11/2024; Ag-RRAg-1001174-15.2017.5.02.0078, 3ª Turma, Relator Ministro Alberto Bastos Balazeiro, DEJT 25/10/2024; Ag-RR-1001139-47.2021.5.02.0003, 4ª Turma, Relator Ministro Alexandre Luiz Ramos, DEJT 18/10/2024; ARR-1002017-71.2016.5.02.0059, 5ª Turma, Relatora Ministra Morgana de Almeida Richa, DEJT 08/11/2024; RR-0000191-95.2023.5.09.0088, 6ª Turma, Relator Ministro Antonio Fabricio de Matos Goncalves, DEJT 26/11/2024; RR-21629-82.2014.5.04.0008, 7ª Turma, Relator Ministro Evandro Pereira Valadão Lopes, DEJT 01/12/2023; AIRR-1001337-55.2019.5.02.0391, 8ª Turma, Relator Ministro Sérgio Pinto Martins, DEJT 05/09/2024. No caso em apreço, depreende-se, da leitura do v. acórdão, a presença de 4 (quatro) tanques individuais de 200 litros cada e 01 (um) tanque de 100 litros, localizados no mesmo prédio (construção vertical) onde o reclamante prestava serviços. Constatada, pois, que a quantidade total de inflamáveis armazenada nos tanques supera o limite de 250 litros estabelecido na NR-16, da Portaria nº 3.214/78, do MTE, prudente o seguimento do apelo, porquanto demonstrada possível contrariedade à Orientação Jurisprudencial 385 da SBDI-1 do TST. RECEBO o recurso de revista. CONCLUSÃO RECEBO o recurso de revista em relação ao tema "ADICIONAL DE PERICULOSIDADE" e DENEGO seguimento quanto aos demais. Intimem-se, dando vista à parte contrária para apresentação de contrarrazões. /cte SAO PAULO/SP, 17 de julho de 2025. WILSON FERNANDES Desembargador Vice-Presidente Judicial - em exercício Intimado(s) / Citado(s) - RAFAEL MARINS - TELEFONICA BRASIL S.A.

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Alessandro Henrique De Oliveira e outros x Copelli Decoracoes Ltda - Epp e outros

ID: 334013530

Tribunal: TRT2 Órgão: Vice-Presidência Judicial Classe: RECURSO ORDINáRIO TRABALHISTA Nº Processo: 1000470-27.2024.5.02.0055

Data de Disponibilização: 24/07/2025

Polo Ativo:

ALESSANDRO HENRIQUE DE OLIVEIRA CARLOS ROBERTO DO NASCIMENTO JUNIOR SHOPPING LAR CENTER

Polo Passivo:

COPELLI DECORACOES LTDA - EPP FUTON DESIGN COMERCIO DE MOVEIS LTDA INDUSTRIA PAULISTA DE ESTOFADOS LTDA J.AFFONSO COMERCIO DE MOVEIS LTDA - ME OMEGA INDUSTRIA DE ESTOFADOS EIRELI SAC PARTICIPACOES, INDUSTRIA E COMERCIO VAREJISTA DE MOVEIS LTDA SERRARIA CARVALHO COMERCIO DE MOVEIS LTDA TULIO COMERCIO VAREJISTA DE ESTOFADOS EIRELI TULIU'S TRANSPORTES LTDA - EPP

Notificação

Advogados:

FERNANDA ALVES DA SILVA

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

CAIO ALBERTO SPOSITO

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO ANÁLISE DE RECURSOS Relator: RICARDO APOSTOLICO SILVA ROT 1000470-27.2024.5.02.0055 RECORRENTE: CARLOS ROBERTO DO… PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO ANÁLISE DE RECURSOS Relator: RICARDO APOSTOLICO SILVA ROT 1000470-27.2024.5.02.0055 RECORRENTE: CARLOS ROBERTO DO NASCIMENTO JUNIOR RECORRIDO: COPELLI DECORACOES LTDA - EPP E OUTROS (8) INTIMAÇÃO Fica V. Sa. intimado para tomar ciência da Decisão ID 747d5b9 proferida nos autos. ROT 1000470-27.2024.5.02.0055 - 13ª Turma Recorrente: Advogado(s): 1. CARLOS ROBERTO DO NASCIMENTO JUNIOR CAIO ALBERTO SPOSITO (SP270984) Recorrido: ALESSANDRO HENRIQUE DE OLIVEIRA Recorrido: Advogado(s): COPELLI DECORACOES LTDA - EPP FERNANDA ALVES DA SILVA (SP453558) Recorrido: Advogado(s): FUTON DESIGN COMERCIO DE MOVEIS LTDA FERNANDA ALVES DA SILVA (SP453558) Recorrido: Advogado(s): INDUSTRIA PAULISTA DE ESTOFADOS LTDA FERNANDA ALVES DA SILVA (SP453558) Recorrido: Advogado(s): J.AFFONSO COMERCIO DE MOVEIS LTDA - ME FERNANDA ALVES DA SILVA (SP453558) Recorrido: Advogado(s): OMEGA INDUSTRIA DE ESTOFADOS EIRELI FERNANDA ALVES DA SILVA (SP453558) Recorrido: Advogado(s): SAC PARTICIPACOES, INDUSTRIA E COMERCIO VAREJISTA DE MOVEIS LTDA FERNANDA ALVES DA SILVA (SP453558) Recorrido: Advogado(s): SERRARIA CARVALHO COMERCIO DE MOVEIS LTDA FERNANDA ALVES DA SILVA (SP453558) Recorrido: SHOPPING LAR CENTER Recorrido: Advogado(s): TULIO COMERCIO VAREJISTA DE ESTOFADOS EIRELI FERNANDA ALVES DA SILVA (SP453558) Recorrido: Advogado(s): TULIU'S TRANSPORTES LTDA - EPP FERNANDA ALVES DA SILVA (SP453558) RECURSO DE: CARLOS ROBERTO DO NASCIMENTO JUNIOR PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS Recurso tempestivo (decisão publicada em 30/05/2025 - Id 8b710d9; recurso apresentado em 10/06/2025 - Id 7d7c488). Regular a representação processual (Id 2c51f45). Desnecessário o preparo. PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS 1.1 DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO (12936) / VERBAS REMUNERATÓRIAS, INDENIZATÓRIAS E BENEFÍCIOS (13831) / ADICIONAL (13833) / ADICIONAL DE PERICULOSIDADE Alegação(ões): Sustenta que o armazenamento de óleo diesel em tanques internos suspensos, com capacidades superiores a 150 e 200 litros cada, ultrapassa o limite legal de 250 litros. Consta do v. acórdão: "Do adicional de periculosidade A parte reclamante insurge-se contra a r. sentença de origem que indeferiu o pedido de pagamento do adicional de periculosidade ao obreiro, arguindo, nas razões recursais, em suma, "(...) que o julgado foi proferido, data venia, com inquestionável violação das provas constituídas aos autos e violação ao artigo 7º, XXIII, da CF e a Orientação Jurisprudencial nº 385 do C. TST. O laudo pericial juntado pelo I. Perito é superficial e não abrange todas as questões controvertidas acerca da periculosidade suscitada. (...) Constou no laudo pericial que havia 4 geradores, sendo dois internos e dois externos, com potência variável entre 140 e 260 KVA. O gerador externo é cabinado com tanque acoplado de 400 L. O gerador do Cinemark possui um tanque de 300 L acoplado e está fora do edifício. Os outros dois geradores que se encontram no piso térreo possuem tanques de 150 e 200 L suspensos. (...) dentro da edificação havia armazenamento de combustível em quantidade superior ao permitido, o que por si só torna a edificação como periculosa. (...) a perita juntou o mapa de riscos ambiental, no entanto, de forma ilegível pelo qual inviabiliza a finalidade do documento (...) as informações do laudo pericial evidencia-se que a Reclamante laborava em área de risco por armazenamento de inflamáveis, conforme Anexo 2, Item 2, III - Armazenagem de inflamáveis líquidos em tanques ou vasilhames, letra "b" - arrumação de tambores ou latas ou quaisquer outras atividades executadas dentro do prédio de armazenamento de inflamáveis ou em recintos abertos e com vasilhames cheios de inflamável ou não, desgazeificado ou decantado. (grifo nosso). É o que ocorre no presente caso, pois existe no prédio onde a Reclamante realizava suas atividades, o armazenamento irregular de inflamáveis, haja vista a existência de geradores e tanques de armazenamento DENTRO DA EDIFICAÇÃO. Considerando que a área de risco seja toda área interna do recinto, vez que os líquidos inflamáveis somente poderão ser instalados no interior dos edifícios sob a forma de tanques enterrados e destinados somente a óleo diesel e biodiesel, salvo casos em que seja comprovada a impossibilidade de instalá-los enterrados ou fora da projeção horizontal do edifício, o que não é o caso dos autos (...) a Reclamante trabalhou em área de risco, porque as instalações da Reclamada encontram-se em desacordo com as Normas Vigentes, pois a Lei nº 6.514 de 22.12.1977, Portaria nº 3.214/78 de 08.06.1978 do Ministério do Trabalho, em sua Norma Regulamentadora nº 20 (NR-20), item 20.2.7 (...) o ambiente onde a Autora desempenhava suas atividades, constata-se que este laborou em condições de risco acentuado, bem como, as atividades são desenvolvidas dentro da Área de Risco, restando configurada a periculosidade, como já exposto (...) Resta clara a inobservância por parte do I. Vistor, da NR20 da Portaria 3214/78, e, de acordo com a NR 16, Anexo 2, item 3, alínea "s", do quadro indicativo, considera-se área de risco "toda a área interna do recinto", inclusive os pavimentos diversos daquele onde estão instalados os tanques de armazenamento de líquido inflamável. Aplicação da Orientação Jurisprudencial nº 385, da SDI1, do TST. (...)" (Grifou-se e destacou-se). Sem razão, contudo. No laudo pericial técnico elaborado pelo Sr. Perito judicial (ID. f772071), este atestou, em suma, que "(...) Observou-se nas dependências da Reclamada quatro (4) geradores de energia elétrica, com as seguintes características: (...) Quatro (4) geradores, sendo dois internos e dois externos ao shopping Lar Center. Os dois geradores internos localizam-se no andar térreo do shopping e os outros dois externos pertencem ao Cinemark e o outro ao Shopping Lar Center. Todos os 4 geradores se encontram bem distantes da loja, onde o autor laborava (>300 m). (...) A potência dos geradores varia entre 140 e 260 kVA. O gerador externo é cabinado com tanque acoplado de 400 L. O gerador do Cinemark possui um tanque de 300 L acoplado e está fora do edifício. Os outros dois geradores que se encontram no piso térreo possuem tanques de 150 e 200 L suspensos. Os geradores utilizam óleo Diesel e os tanques foram projetados em aço, possuem diques de contenção contra vazamentos, respiros contra aumento de pressão e os geradores possuem dutos para escape dos gases de combustão, além de estarem boas condições de manutenção. Os locais são de acesso restrito ao pessoal da manutenção apresentando portas contra incêndio e sistema elétrico seguro contra incêndios.(...)" (fl. 762) (Grifou-se e destacou-se) Deste modo, o Expert apresentou suas conclusões periciais (fl. 764), in verbis: "(...) 6) Conclusões As conclusões a seguir foram referenciadas na PORTARIA 3.214/78, NR-16, ATIVIDADES E OPERAÇÕES PERIGOSAS COM INFLAMÁVEIS, ANEXO II. * Periculosidade: Inflamáveis Líquidos Observou-se na avaliação pericial que o autor laborou na Reclamada como GERENTE realizando suas atividades habituais e permanentes. As atividades do Reclamante não se relacionavam com os geradores de energia elétrica e nem ocorriam em área de RISCO ACENTUADO, pois seu local de trabalho ficava a mais de 300 m dos tanques de óleo Diesel. O Reclamante não entrava na bacia de segurança dos geradores, não abastecia e nem realizava manutenções periódicas nos equipamentos. As operações com os geradores são realizadas pelo pessoal da manutenção e por empresas terceirizadas. As condições técnicas e operacionais dos geradores e dos tanques de Óleo Diesel estão conformes ao anexo II da NR-16, anexo III da NR-20 e OJ-385, não oferecendo riscos aos colaboradores do local. Observou-se que os volumes dos tanques de óleo Diesel não ultrapassam os 10.000 L permitidos por edificação, conforme OJ-385 para tanques de superfície (suspensos). Assim, conclui-se que não houve exposição do Reclamante ao risco avaliado e, portanto, o autor não faz jus ao adicional de periculosidade pleiteado na inicial. CONCLUINDO E PERANTE O EXPOSTO, O RECLAMANTE NÃO FAZ JUS AO ADICIONAL DE PERICULOSIDADE PLEITEADO NA INICIAL. (...)" (Grifou-se e destacou-se) Vale pontuar que o Sr. Vistor ratificou as conclusões periciais nos esclarecimentos ao laudo pericial técnico prestados (vide ID. 8bb9b58 - fl. 792). Consoante dispõe o artigo 193 da CLT, o adicional de periculosidade é devido para compensar o trabalho em condições de risco acentuado, decorrente do contato permanente com inflamáveis, explosivos ou energia elétrica, sem esquecer aquela decorrente de violência física. A NR-16 considera perigosa toda a área interna do local em que se dá o armazenamento de vasilhames que contenham inflamáveis líquidos ou vazios não desgaseificados, ou decantados, em recinto fechado (item 3, "s", do Anexo 2). Por sua vez, a NR-20 estabelece os critérios para a regularidade na instalação de tanques para o armazenamento de óleo diesel, fixando basicamente sua instalação, no interior de edifícios. Ainda, a NR-20, aplicável ao caso em tela, admite a possibilidade de tanques internos, não necessariamente enterrados, para a alimentação de geradores, desde que atendidos os critérios de segurança, sem o atendimento dos quais, torna-se irregular a referida instalação com a caracterização do risco. No caso em tela, a prova pericial técnica consignou expressamente o entendimento de que foram cumpridos especificamente os critérios de segurança estabelecidos nas alíneas "a" a "d", "f", "g" e "l" do Anexo III da NR-20, item 2.1, além de destacar que os geradores estão em bom estado de manutenção. Vale reproduzir o texto parcial correspondente da NR-20, supracitado: "(...) a) localizar-se no pavimento térreo, subsolo ou pilotis, em área exclusivamente destinada para tal fim; b) deve dispor de sistema de contenção de vazamentos; c) os tanques devem ser abrigados em recinto interno fechado por paredes resistentes ao fogo por no mínimo 2 (duas) horas e porta do tipo corta-fogo; d) deve respeitar o máximo de até 5.000 (cinco mil) litros por tanque e por recinto, bem como o limite de 10.000 (dez mil) litros por edifício, sendo este limite aplicável a cada edifício, independentemente da existência de interligação entre edifícios por meio de garagens, passarelas, túneis, entre outros; (...) f) os tanques devem ser metálicos; g) possuir sistemas automáticos de detecção e combate a incêndios, bem como saídas de emergência dimensionadas conforme normas técnicas; (...) l) devem ser adotadas as medidas necessárias para garantir a ventilação dos tanques para alívio de pressão, bem como para a operação segura de abastecimento e destinação dos gases produzidos pelos motores à combustão. (...)" (Grifou-se e destacou-se) Desta feita, entendo que não se aplica ao caso o disposto na Orientação Jurisprudencial nº 385 do C.TST: "385. Adicional de periculosidade. Devido. Armazenamento de líquido inflamável no prédio. Construção vertical. (DeJT 09/06/2010) É devido o pagamento do adicional de periculosidade ao empregado que desenvolve suas atividades em edifício (construção vertical), seja em pavimento igual ou distinto daquele onde estão instalados tanques para armazenamento de líquido inflamável, em quantidade acima do limite legal, considerando-se como área de risco toda a área interna da construção vertical." Embora o Juízo não se encontre vinculado à conclusão do laudo pericial (artigo 479 do CPC), a sua convicção, quando contrária, deve embasar-se em estar lastreada em elementos robustos e de clara observação nos autos, vez que a Expert detém conhecimentos técnicos especializados. Desta forma, havendo laudo de profissional especialista, concluindo, de maneira expressa, pela inexistência de trabalho em condições periculosas, tal conclusão seria passível de ser afastada somente se a recorrente tivesse produzido prova suficientemente convincente para infirmar as conclusões periciais, o que não é o caso dos autos. Sucede que, in casu, a parte autora não contrapôs prova técnica que possa infirmar as conclusões periciais do assistente técnico de confiança do Juízo de 1º Grau. Destarte, não vislumbro a existência de motivos suficientes para a reforma pretendida, no tema. Mantenho a decisão de origem." Nos termos da Orientação Jurisprudencial nº 385, da SBDI-1, do TST, "é devido o adicional de periculosidade ao empregado que desenvolve suas atividades em edifício (construção vertical), seja em pavimento igual ou distinto daquele onde estão instalados tanques para armazenamento de líquido inflamável, em quantidade acima do limite legal, considerando-se como área de risco toda a área interna da construção vertical". (destacou-se) A Subseção I Especializada em Dissídios Individuais - SBDI-1, órgão uniformizador de jurisprudência interna corporis do Tribunal Superior do Trabalho, deliberou no sentido de que, nos termos da NR 16 da Portaria nº 3.214/78 do Ministério do Trabalho, o armazenamento ou o transporte superior a 250 litros de líquidos inflamáveis autoriza o pagamento de adicional de periculosidade ao empregado que labora em área de risco. Eis a ementa da referida decisão: "ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. ARMAZENAMENTO DE INFLAMÁVEIS NO LOCAL DE TRABALHO. NR-16 DA PORTARIA Nº 3.214/78 DO MINISTÉRIO DO TRABALHO 1. A caracterização da periculosidade em virtude do labor em recinto fechado em que há armazenamento de líquidos inflamáveis encontra-se expressamente tratada no Anexo 2 da NR-16 da Portaria nº 3.214/78 do Ministério do Trabalho. Não é o caso, portanto, de omissão da norma administrativa, a autorizar a aplicação de regulamentação dirigida a situação diversa (transporte de líquidos inflamáveis, por exemplo), ainda que por analogia. 2. Também não subsiste tese jurídica segundo a qual se afigura irrelevante a quantidade de líquido inflamável armazenado em recinto fechado, para efeito de reconhecimento da periculosidade. Os itens 3 e 4 do Anexo 2 da NR-16 expõem à saciedade os limites de líquido inflamável armazenado, passíveis de gerar, ou não, o direito à percepção de adicional de periculosidade. 3. Precisamente o item 4 do Anexo 2 da NR-16, ao tratar dos casos em que não é devido o adicional de periculosidade, reporta-se ao Quadro I, que, por sua vez, alude à ‘Capacidade Máxima para Embalagens de Líquidos Inflamáveis’. O exame do referido Quadro permite concluir que o reconhecimento, ou não, do direito ao adicional de periculosidade guarda relação direta com a quantidade e com o tipo de embalagem em que acondicionado o agente de risco. 4. Nos termos da NR-16, não gera direito ao adicional de periculosidade o labor prestado em recinto fechado em que há armazenamento de líquido inflamável acondicionado em tambores ou bombonas de aço, alumínio, outros materiais ou plástico com capacidade entre 60 e até 250 litros (Quadro I, item 4, Anexo 2). 5. Não faz jus ao adicional de periculosidade empregada, professora de física, que, nos termos do acórdão regional, executava parte das atividades em laboratórios em que havia pequena quantidade de líquidos inflamáveis armazenados - vinte e sete litros. 6. Embargos da Reclamada de que se conhece, por divergência jurisprudencial, e a que se dá provimento" (E-RR-970-73.2010.5.04.0014, Relator Ministro João Oreste Dalazen, DEJT 19/05/2017, destaque acrescido). Com esteio no julgado acima transcrito, a Corte Superior vem reiteradamente decidindo que o armazenamento superior a 250 litros de líquidos inflamáveis, na quantidade total, autoriza o pagamento de adicional de periculosidade ao empregado que labora em área de risco (construção vertical), em cumprimento à NR 16 da Portaria nº 3.214/78 do Ministério do Trabalho. Cito os seguintes precedentes: E-Ag-ED-ARR-1337-97.2017.5.10.0010, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, Relator Ministro Augusto Cesar Leite de Carvalho, DEJT 04/04/2023; E-ED-RRAg-1000059-06.2015.5.02.0085, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, Relator Ministro Breno Medeiros, DEJT 28/05/2021; Ag-E-ARR-1001581-84.2016.5.02.0036, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, Relator Ministro Lelio Bentes Correa, DEJT 26/06/2020; Ag-RR-725-56.2021.5.09.0008, 2ª Turma, Relatora Ministra Liana Chaib, DEJT 22/11/2024; Ag-RRAg-1001174-15.2017.5.02.0078, 3ª Turma, Relator Ministro Alberto Bastos Balazeiro, DEJT 25/10/2024; Ag-RR-1001139-47.2021.5.02.0003, 4ª Turma, Relator Ministro Alexandre Luiz Ramos, DEJT 18/10/2024; ARR-1002017-71.2016.5.02.0059, 5ª Turma, Relatora Ministra Morgana de Almeida Richa, DEJT 08/11/2024; RR-0000191-95.2023.5.09.0088, 6ª Turma, Relator Ministro Antonio Fabricio de Matos Goncalves, DEJT 26/11/2024; RR-21629-82.2014.5.04.0008, 7ª Turma, Relator Ministro Evandro Pereira Valadão Lopes, DEJT 01/12/2023; AIRR-1001337-55.2019.5.02.0391, 8ª Turma, Relator Ministro Sérgio Pinto Martins, DEJT 05/09/2024. No caso em apreço, depreende-se, da leitura do v. acórdão, a presença de 2 tanques, de 150 e 200 litros, no mesmo prédio (construção vertical) onde o reclamante prestava serviços. Constatada, pois, que a quantidade total de inflamáveis armazenada nos tanques supera o limite de 250 litros estabelecido na NR-16, da Portaria nº 3.214/78, do MTE, prudente o seguimento do apelo, porquanto demonstrada possível contrariedade à Orientação Jurisprudencial 385 da SBDI-1 do TST. RECEBO o recurso de revista. CONCLUSÃO RECEBO o recurso de revista. Intimem-se, dando vista à parte contrária para apresentação de contrarrazões. /fcb SAO PAULO/SP, 23 de julho de 2025. WILSON FERNANDES Desembargador Vice-Presidente Judicial - em exercício Intimado(s) / Citado(s) - CARLOS ROBERTO DO NASCIMENTO JUNIOR

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