Resultados para "1000764-06.2023.8.26.0699" – Página 176 de 185

Processo nº 1000764-65.2025.8.26.0495

ID: 295399751

Tribunal: TJSP Órgão: Foro de Registro - 1ª Vara Classe: PROCEDIMENTO COMUM CíVEL Nº Processo: 1000764-65.2025.8.26.0495

Data de Disponibilização: 11/06/2025

Polo Ativo:

R. M. DA S. O.

Polo Passivo:

Intimação

Advogados:

GILBERTO DOMINGUES NOVAIS

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

Processo 1000764-65.2025.8.26.0495 - Procedimento Comum Cível - Dissolução - R.M.S.O. - Vistos. Trata-se de ação de reconhecimento e dissolução de união estável com partilha de bens com pedido limina… Processo 1000764-65.2025.8.26.0495 - Procedimento Comum Cível - Dissolução - R.M.S.O. - Vistos. Trata-se de ação de reconhecimento e dissolução de união estável com partilha de bens com pedido liminar de cobrança de aluguel proposta por Rui Murilo da Silva Oliveira em face de Maria Aparecida Costa de Souza. Alega o autor, em apertada síntese que, as partes realizaram o matrimônio religioso, entretanto, não oficializaram a união, formalmente, no cartório de registro civil. Aduz ainda que, a união estável iniciou-se em 31 de dezembro de 1994, findando em setembro de 2023. Ressalta que, em rezaão do enlace tiveram três filhos, atualmente maiores de idade: Tainara Souza Oliveira, Tailane Souza Oliveira e Luciano Souza Oliveira. Ressalta que durante a união estável, as partes adquiriram bens que devem ser partilhados na proporção de 50% para cada cônjuge, sendo eles: um imóvel situado na Estrada São Domingos, Bairro Serrote, constituído por uma casa e um bar, conhecido como "Bar do Rui".autor pretende ficar com a parte do terreno onde se localiza o bar e uma porção do terreno da casa, ficando a residência e o respectivo terreno para a requerida, contudo, a parte da residência possui valor muito maior que a parte do bar. Caso não seja possível o acordo, requer que o imóvel seja vendido e partilhado em 50% para cada um. Além deste imóvel, o casal possui um terreno na Bahia, vendido por R$ 15.000,00 (quinze mil reais), cuja proporção de 50% será paga à requerida. Pleiteia ainda, a posse de bens móveis, tais como: geladeira, máquina de lavar, guarda-roupas, micro-ondas, forno elétrico, cama de casal e aparelho cinebox. Requer também a divisão de valor existente em conta bancária em nome da requerida, a ser dividido em 50% para cada parte e a divisão de 3 cabeças de gado no valor de R$ 7.000,00, também em 50% para cada um. Ao final, requer o reconhecimento e a dissolução da união estável, a partilha dos bens conforme os itens específicos, e a cobrança de aluguel em face da requerida na quantia de R$ 500,00 (quinhentos reais) mensais. Juntou documentos (fls. 06/15). Por meio da decisão proferida às fls. 39/40, foi recebida a petição inicial para processamento, concedida a gratuidade de justiça ao autor , e postergada a apreciação do pedido de tutela de urgência para momento posterior à apresentação de defesa ou decurso do prazo respectivo, em caso de revelia, devido à ausência de perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo. Devidamente citada, a requerida não apresentou contestação, conforme certificado à fl. 48. Intimada a especificar provas, o autor requereu a decretação da revelia e o julgamento antecipado da lide. É o relatório. Fundamento e decido. O feito encontra-se em ordem, com a presença dos pressupostos processuais e das condições da ação, inexistindo qualquer preliminar ou nulidade a ser abordada. Superado esse introito, anoto que a presente demanda versa sobre o reconhecimento e dissolução de união estável, partilha de bens e cobrança de aluguel. Pois bem. Ressalte-se que a Constituição Federal de 1988, em seu artigo 226, § 3º, reconheceu a união estável como entidade familiar, dispondo que a lei deve facilitar sua conversão em casamento, vejamos: Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado. § 1º O casamento é civil e gratuita a celebração. § 2º O casamento religioso tem efeito civil, nos termos da lei. § 3º Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento. Não obstante, o artigo 1.723 do Código Civil, estatui: "É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem e a mulher, configurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família." Os requisitos para a configuração da união estável, portanto, são a publicidade, durabilidade, continuidade e o objetivo de constituir família, os quais restaram devidamente comprovados nos autos, inclusive com a certidão de casamento religioso de fl. 09. No caso em tela, a certidão de casamento religioso e as alegações da parte autora, confirmadas pela revelia da ré, são elementos que confirmam a união. A jurisprudência do Tribunal de Justiça de São Paulo corrobora tal entendimento, afirmando que a união estável é caracterizada quando provados os requisitos essenciais à sua configuração (publicidade, durabilidade, continuidade e objetivo de constituir família). Considerando que a união estável se iniciou em 31 de dezembro de 1994 e findou-se em setembro de 2023, e diante da revelia da requerida, que, devidamente citada, não apresentou contestação, presumem-se verdadeiros os fatos alegados pelo autor, conforme o artigo 344 do Código de Processo Civil. Ressaltese ainda que, a decretação da revelia implica na presunção de veracidade dos fatos alegados na inicial, no caso, o reconhecimento e a dissolução da união estável, bem como a aquisição e a necessidade de partilha dos bens. No tocante à partilha de bens do casal, o artigo 1.725 do Código Civil estabelece que, na união estável, salvo contrato escrito entre os companheiros, aplica-se às relações patrimoniais, no que couber, o regime da comunhão parcial de bens. Nesses termos, todos os bens adquiridos onerosamente na constância da união estável devem ser partilhados, independentemente da prova do esforço comum, uma vez que a comunicação, no regime do Código Civil, ocorre por força de lei. No caso em tela, o requerente demonstrou a existência de bens adquiridos durante a união, quais sejam: o imóvel na Estrada São Domingos, Bairro Serrote, com casa e estabelecimento comercial (bar); o valor de R$ 15.000,00 referente à venda de um terreno na Bahia; bens móveis que guarnecem a residência como geladeira, máquina de lavar, guarda-roupas, micro-ondas, forno elétrico, cama de casal, aparelho cinebox; valor em conta bancária da requerida ; e 3 cabeças de gado avaliadas em R$ 7.000,00. Determino a alienação judicial do bem para a devida partilha em 50% para cada parte, conforme pleiteado. Da mesma forma, os demais bens devem ser partilhados, como o terreno na Bahia, o valor em conta bancária, os bovinos, bem como os móveis listados que guarnecem a residência. No tocante ao pedido de cobrança de aluguel pelo uso exclusivo do imóvel pela requerida, é pacífico o entendimento de que, cessada a união estável, se um dos companheiros permanece na posse exclusiva do bem comum, é cabível o arbitramento de aluguel em favor do outro, a fim de evitar o enriquecimento sem causa, à luz do artigo 1.319 do Código Civil, vejamos: Art. 1.319. Cada condômino responde aos outros pelos frutos que percebeu da coisa e pelo dano que lhe causou. No presente caso, a requerida reside no imóvel do casal há quase dois anos e trabalha no bar que também pertence ao ex-casal, sem pagar qualquer valor ao requerente há cerca de um ano e meio. Assim, a quantia de R$ 500,00 (quinhentos reais) mensais pleiteada pelo autor, a título de aluguel, revela-se razoável e proporcional ao uso exclusivo do bem, considerando a ausência de impugnação específica da parte adversa. Nesse sentido já se decidiu pelo E. Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo: Apelação - ação de extinção de condomínio e alienação judicial c.c de fixação de aluguéis - sentença de procedência - Apelo do Réu - Mérito - arbitramento de aluguéis - há obrigação de pagamento de aluguéis pela parte que fez, desde a separação de fato ou divórcio, o uso exclusivo do bem - incidência do art. 1.319, CC - possibilidade - uso exclusivo do imóvel pelo ex-marido, não havendo prova da habitação da filha com o mesmo - não desincumbência do ônus probatório - dever de pagamento de aluguel em favor da ex-esposa - até a efetiva extinção do condomínio - sob penalidade de restar configurado o enriquecimento sem causa - Precedente deste E. Tribunal - Honorários recursais majorados, nos termos do artigo 85, §11, do Código de Processo Civil - observada justiça gratuita - Sentença mantida - recurso desprovido.(TJSP; Apelação Cível 1040626-95.2020.8.26.0114; Relator (a):Jane Franco Martins; Órgão Julgador: 2ª Câmara de Direito Privado; Foro de Campinas -10ª Vara Cível; Data do Julgamento: 05/06/2025; Data de Registro: 05/06/2025) Ante o exposto, JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTES os pedidos formulados na inicial, com fulcro no artigo 487, inciso I, do Código de Processo Civil, para: DECLARAR o reconhecimento e a dissolução da união estável havida entre Rui Murilo da Silva Oliveira e Maria Aparecida Costa de Souza, com início em 31 de dezembro de 1994 e término em setembro de 2023. DECRETAR a partilha dos bens adquiridos na constância da união estável, na proporção de 50% para cada parte, nos termos do artigo 1.725 do Código Civil, a saber: a) O imóvel situado na Estrada São Domingos, Bairro Serrote, constituído por uma casa e um bar, conhecido como "Bar do Rui", sendo que o imóvel deverá ser vendido e partilhado em 50% para cada um. b) O valor de R$ 15.000,00 (quinze mil reais) referente à venda do terreno na Bahia, devendo 50% ser pago à requerida. c) A divisão entre ambas as partes dos bens móveis que guarnecem a residência, quais sejam: geladeira, máquina de lavar, guarda-roupas, micro-ondas, forno elétrico, cama de casal e aparelho cinebox. d) O valor em conta bancária em nome da requerida, a ser dividido em 50% para cada um. e) As 3 (três) cabeças de gado, avaliadas em R$ 7.000,00 (sete mil reais), a serem divididas em 50% para cada um. CONDENAR a requerida ao pagamento de aluguel mensal ao requerente, no valor de R$ 500,00 (quinhentos reais), a partir da citação válida, pelo uso exclusivo do imóvel comum (residência e estabelecimento comercial), a ser corrigido monetariamente pela Tabela Prática do Tribunal de Justiça de São Paulo e acrescido de juros de mora de 1% ao mês desde o vencimento de cada parcela. Para o cálculo de correção monetária e juros de mora após o advento da Lei n. 14.905/2024 (Publicada no DOU em 01/07/2024): até o dia 29/08/2024, a correção monetária será calculada com base na Tabela Prática do TJSP (INPC) e os juros de mora, em 1% (um por cento) ao mês; a partir de 30/08/2024, salvo disposição contratual ou legal em contrário, para o cálculo da correção monetária será aplicada a variação do IPCA, apurado e divulgado pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ou do índice que vier a substituí-lo, e, quanto aos juros de mora, deverão observar a taxa legal, correspondente à diferença entre a taxa SELIC e o IPCA, calculada mensalmente pelo Banco Central, atentando-se que, caso a taxa legal apresente resultado negativo, este será considerado igual a 0 (zero) para efeito de cálculo dos juros no período de referência (artigos 389, parágrafo único, e 406, §§ 1° e 3º, do Código Civil, com as alterações promovidas pela Lei nº 14.905, de 28 de junho de 2024). Oportunamente, com o trânsito em julgado e sanadas eventuais pendências, arquivem-se os autos, observando o autor que o cumprimento desta sentença deve ser deduzido em apartado, em incidente próprio. Deixo de condenar a demandada em razão da sucumbência, haja vista a ausência de resistência. Sem custas. Publique-se. Intime-se. - ADV: GILBERTO DOMINGUES NOVAIS (OAB 251286/SP)

Conteúdo completo bloqueado

Desbloquear

Caroline Aparecida Martins Fialho x Capital Consig Sociedade De Credito Direto S.A

ID: 312221574

Tribunal: TJMT Órgão: 3ª VARA CÍVEL DE CÁCERES Classe: PROCEDIMENTO COMUM CíVEL Nº Processo: 1000764-94.2025.8.11.0006

Data de Disponibilização: 01/07/2025

Polo Ativo:

CAROLINE APARECIDA MARTINS FIALHO

Polo Passivo:

CAPITAL CONSIG SOCIEDADE DE CREDITO DIRETO S.A

Sentença

Advogados:

NATHALIA SILVA FREITAS REGISTRADO(A) CIVILMENTE COMO NATHALIA SILVA FREITAS

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

ANDREZA MONALIZA PEREIRA KREPE

OAB/MG XXXXXX Desbloquear

ESTADO DE MATO GROSSO PODER JUDICIÁRIO 3ª VARA CÍVEL DE CÁCERES SENTENÇA Processo: 1000764-94.2025.8.11.0006. REQUERENTE: CAROLINE APARECIDA MARTINS FIALHO REQUERIDO: CAPITAL CONSIG SOCIEDADE DE CRED… ESTADO DE MATO GROSSO PODER JUDICIÁRIO 3ª VARA CÍVEL DE CÁCERES SENTENÇA Processo: 1000764-94.2025.8.11.0006. REQUERENTE: CAROLINE APARECIDA MARTINS FIALHO REQUERIDO: CAPITAL CONSIG SOCIEDADE DE CREDITO DIRETO S.A Vistos. Trata-se de Ação Revisional De Contrato C/C Pedido De Tutela De Urgência E Indenização Por Danos Morais, ajuizada por CAROLINE APARECIDA MARTINS FIALHO, em face de CAPITAL CONSIG SOCIEDADE DE CRÉDITO DIRETO S/A. Em síntese, aduz a autora que é servidora pública e que diante de necessidade, celebrou contrato de empréstimo consignado junto à requerida, sob o n° 25196-1, crédito no valor de R$ 1.000,46 (mil reais e quarenta e seis centavos), acordado o pagamento em 96 (noventa e seis) parcelas mensais no valor de R$ 58,04 (cinquenta e oito reais e quatro centavos), tendo a requerente aceito a taxa de juros aplicada no contrato de 3.58% a.m. Narra que, posteriormente à contratação, em cálculo próprio, constatou que estava sendo cobrada a taxa de 5,7% a.m., acima do pactuado, e bem acima da média de mercado à época, que seria de 1,613% a.m. Sustenta a conduta ilícita da requerida em cobrar taxa de juros bem acima da média de mercado, e que se a taxa devida tivesse sido aplicada, o contrato teria sido quitado após o pagamento da 20ª parcela, bem como que a conduta da demandada causou danos materiais e morais à requerente. Após tecer as questões de fato e de direito, pugna a autora, em síntese e dentre os demais pontos, liminarmente pela suspensão dos descontos contestados, e, no mérito, pela adequação da taxa de juros para a da média de mercado à época, sendo 1,613% ao mês; declaração de quitação do débito; restituição da quantia paga maior que o devido, de forma dobrada; e reparação indenizatória por danos morais. Na decisão de id. 184566869, recebida a inicial e deferidos a justiça gratuita e inversão do ônus da prova em prol do autor, e indeferida a antecipação de tutela. Tentada a autocomposição entre as partes, o ato restou inexitoso, conforme id. 192403634. Nas ids. 194914592 e anexos, contestação da requerida, em que a mesma, em síntese e dentre os demais pontos, refuta os argumentos do autor na inicial, alega a existência de contrato assinado, negócio jurídico válido, valor liberado na conta do autor quando solicitado pelo mesmo, regularidade das cobranças e a inexistência de ilicitude e/ou dano indenizável, e pugna pela improcedência da ação. Na id. 197034303, impugnação à contestação, em que o requerente refuta os argumentos da parte contrária. Propiciado às partes a produção novas provas, a parte requerente pugnou pelo julgamento antecipado do feito e a parte requerida juntou documentos. Vieram os autos conclusos. É o Relatório, fundamento e decido. Passo ao julgamento do feito, porquanto inexiste matéria específica controvertida a demandar dilação probatória (art. 355, inciso I do Código de Processo Civil). Não havendo questões preliminares ou prejudiciais a serem apreciadas, estando presentes os requisitos de admissibilidade do processo, passo ao exame do mérito. Cuida-se de Ação Revisional De Contrato C/C Pedido De Tutela De Urgência E Indenização Por Danos Morais, ajuizada por CAROLINE APARECIDA MARTINS FIALHO, em face de CAPITAL CONSIG SOCIEDADE DE CRÉDITO DIRETO S/A. A questão debatida nos autos se revela relação de consumo, visto que a parte autora é destinatária final dos serviços prestados pela ré, situando-se no art. 2º, do Código de Defesa do Consumidor, e a parte requerida se enquadra no conceito do art. 3º do mesmo diploma protetivo, por se tratar de pessoa jurídica que desenvolve os serviços como descritos em tal dispositivo. Além disso, envolvendo a demanda questões de consumo, é de se inverter o ônus da prova em favor do consumidor, com suporte no art. 6º, inciso VIII, do CDC, visando assegurar-lhe o direito fundamental ao contraditório e a facilitação da defesa dos seus interesses, que tem natureza constitucional. Primeiramente, insta salientar que é entendimento sumulado pelo STJ que: “Nos contratos bancários, é vedado ao julgador conhecer, de ofício, da abusividade das cláusulas.” (Súmula n° 381). Compulsando detidamente os autos, verifica-se que o Reclamante alega que contratou empréstimo consignado da parte requerida, contrato n° 25196-1, mas a parte demandada, de forma abusiva, lhe impôs taxa de juros acima do pactuado e bem acima da média de mercado, instruindo a inicial com cópias de extratos (id. 182591841) e demais documentos. Em sede de Contestação, a requerida alega a regularidade e legalidade do negócio jurídico firmado e das cobranças realizadas, e que tiveram a anuência do reclamante, todavia não junta o contrato assinado pela requerente. Destarte, infere-se que os juros remuneratórios deverão ser fixados pela taxa média praticada no mercado à data da contratação, cujos índices são previstos na tabela do Banco Central do Brasil, para operação de crédito pessoal consignado, conforme o entendimento sumulado do Egrégio STJ: (...) Nos contratos bancários, na impossibilidade de comprovar a taxa de juros efetivamente contratada - por ausência de pactuação ou pela falta de juntada do instrumento aos autos -, aplica-se a taxa média de mercado, divulgada pelo Bacen, praticada nas operações da mesma espécie, salvo se a taxa cobrada for mais vantajosa para o devedor. (Súmula 530, STJ) Ademais. este juízo realizou pesquisa no site do Banco Central (SGS – Sistema Gerenciador de Séries Temporais – v2.1), e conforme extrato que segue anexo e disponível no portal da mencionada instituição financeira nacional, as taxas médias ponderadas de mercado relativo à operação objeto da lide apresentam percentual de 1,76% ao mês, ou seja, taxas de juros inferiores às aplicadas no caso contestado (id. 182591841), sendo o caso, portanto de adequação para este patamar. Neste sentido também é a jurisprudência do TJ/MT: SEGUNDA CÂMARA DE DIREITO PRIVADO RAC. Nº 0023723-74.2014.8 .11.0002 APELANTE: BANCO DO BRASIL SA APELADO: SUPERMERCADO 24 DE DEZEMBRO LTDA E M E N T A RECURSO DE APELAÇÃO CÍVEL – AÇÃO DE REVISÃO DE CONTRATO C/C CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO, REPETIÇÃO DE INDÉBITO E INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS – PARCIAL PROCEDENCIA - CONTRATO DE ABERTURA DE CRÉDITO – BB GIRO RÁPIDO – PRELIMINAR – INÉPCIA DA INICIAL – REJEIÇÃO – MÉRITO – LEGALIDADE DOS JUROS REMUNERATÓRIOS CONTRATADOS – DESCABIMENTO – AUSÊNCIA DE DOCUMENTO APTO À COMPROVAÇÃO DOS JUROS REMUNERATÓRIOS CONTRATADOS – APLICAÇÃO DA TAXA MÉDIA DE MERCADO DIVULGADA PELO BACEN (SÚMULA Nº 530 DO STJ) – REPETIÇÃO DE INDÉBITO NA FORMA SIMPLES – PEDIDO DE REDUÇÃO DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS – VIABILIDADE – VERBA ARBITRADA EM DISSONÂNCIA COM O § 8º DO ART. 85 DO CPC/15 – RECURSO PROVIDO EM PARTE. Não há falar-se em inépcia da petição inicial, se constatada a clareza na especificação de quais os contratos o autor pretende revisar, bem como quais os índices que entendem abusivos e, ainda o alcance da revisão pretendida . Consoante Súmula 530 do STJ: “Nos contratos bancários, na impossibilidade de comprovar a taxa de juros efetivamente contratada – por ausência de pactuação ou pela falta de juntada do instrumento aos autos -, aplica-se a taxa média do mercado, divulgada pelo Bacen, praticada nas operações da mesma espécie, salvo se a taxa cobrada for mais vantajosa para o devedor. ” Assim, ausente dos autos documentos que comprovem a taxa de juros remuneratórios contratados com relação ao Contrato de Abertura de Crédito – BB Giro Rápido nº 404.304.600 firmado entre as partes, escorreita a sentença ao limitá-los de acordo com a taxa média de mercado estabelecida pelo BACEN . Havendo pagamento indevido pelo consumidor e reconhecidamente ilegal, deve ser procedida a restituição na forma simples (art. 876 do CC), sob pena de enriquecimento ilícito. Sendo julgada parcialmente procedente a ação de rescisão contratual, deve o magistrado fixar os honorários de forma equitativa nos termos do § 4º do artigo 20 do CPC, norteando-se pelo princípio da razoabilidade, não podendo o quantum estipulado ser irrisório, a ponto de se tornar aviltante aos profissionais que atuaram na causa, tampouco exacerbado, sob pena de se mostrar como fonte de enriquecimento sem causa.- (TJ-MT - AC: 00237237420148110002, Relator.: MARILSEN ANDRADE ADDARIO, Data de Julgamento: 19/04/2023, Segunda Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 26/04/2023) Quanto à restituição do indébito, de acordo com § único, do art. 42, do Código de Defesa do Consumidor, será em regra de forma dobrada, ressalvada a hipótese de engano justificável, a ser comprovado pelo fornecedor, vejamos: Art. 42. Na cobrança de débitos, o consumidor inadimplente não será exposto a ridículo, nem será submetido a qualquer tipo de constrangimento ou ameaça. Parágrafo único. O consumidor cobrado em quantia indevida tem direito à repetição do indébito, por valor igual ao dobro do que pagou em excesso, acrescido de correção monetária e juros legais, salvo hipótese de engano justificável. Outrossim: (...) Nas relações de consumo, o consumidor que pagou em excesso, tem direito a repetição de indébito em dobro, salvo em caso de engano justificável. A restituição será em dobro sempre que a atividade do fornecedor for contrária à boa-fé objetiva. (N.U 1030875-47.2023.8.11.0001, TURMA RECURSAL CÍVEL, HILDEBRANDO DA COSTA MARQUES, Terceira Turma Recursal, Julgado em 26/02/2024, Publicado no DJE 01/03/2024) No mais, quanto à pretensão à reparação por danos morais, infere-se que a situação retratada na hipótese não tem o condão de configurar danos morais indenizáveis. A mera cobrança de encargos bancários em desconformidade com o contrato ou a lei não acarreta, por si só, o reconhecimento de violação a direitos da personalidade suficiente para gerar dano moral, mormente na hipótese em que se reputou abusiva tão somente a cobrança de juros contratuais limitados à média divulgada pelo BACEN, tratando-se, no máximo, de mero aborrecimento, razão pela qual reputo inexistente a ocorrência do dano moral. Neste sentido: (...) A simples constatação de encargos abusivos e a consequente revisão contratual não ensejam danos morais. No caso dos autos, muito embora incida o Código de Defesa do Consumidor, não há nenhuma hipótese de dano in re ipsa, posto que sequer houve inscrição do nome do autor nos órgãos de proteção ao crédito, cabia ao autor/apelado comprovar que sofreu os danos morais. 6. Sentença parcialmente reformada. 7. Recurso parcialmente provido. (N.U 1041332-18.2023.8.11.0041, CÂMARAS ISOLADAS CÍVEIS DE DIREITO PRIVADO, SEBASTIAO BARBOSA FARIAS, Primeira Câmara de Direito Privado, Julgado em 04/06/2024, Publicado no DJE 05/06/2024) Portanto, tendo o requerente comprovado minimamente parte do alegado (art. 373, I, CPC), e, por outro lado, não tendo a parte requerida comprovado a existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor (art. 373, II, CPC); ressalvado quanto à constatação da inexistência de danos morais indenizáveis; a parcial procedência da ação é medida que se impõe. Posto isto, JULGO parcialmente procedente a ação revisional em epígrafe, nos termos do art. 487, inciso I, do CPC, para determinar a redução da taxa de juros do aludido empréstimo consignado contratado (id. 182591841), para a taxa média de mercado do Banco Centra do Brasil da época da contratação, de 1,76% ao mês, e, caso constatado o já pagamento de quantia superior ao devido, devera ser restituído ao requerente de forma dobrada, corrigidos pelo índice INPC/IBGE e acrescidos de juros de mora de 1% a.m. a partir do efetivo desembolso. Condeno a parte vencida ao pagamento das custas, despesas processuais e dos honorários advocatícios, os quais fixo em 10% (dez por cento) sobre o valor da causa, nos termos do art. 85, § 2º, e vide o art. 86, do CPC. Publique-se e intime-se. Com o trânsito em julgado, nada sendo requerido pelas partes, arquive-se o feito com as cautelas legais e de praxe. Cumpra-se. Juiz(a) de Direito

Conteúdo completo bloqueado

Desbloquear

Encontrou o que procurava? Faça login para ver mais resultados e detalhes completos.

Fazer Login para Ver Mais

Rodrigo Favero x Uber Do Brasil Tecnologia Ltda.

ID: 317489580

Tribunal: TRT4 Órgão: OJ de Análise de Recurso Classe: RECURSO ORDINáRIO TRABALHISTA Nº Processo: 0020217-19.2023.5.04.0003

Data de Disponibilização: 07/07/2025

Polo Ativo:

RODRIGO FAVERO

Polo Passivo:

UBER DO BRASIL TECNOLOGIA LTDA.

Notificação

Advogados:

PATRICIA SOUZA ANASTACIO

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

CHRISTIANE CHAUL DE LIMA BARBOSA

OAB/CE XXXXXX Desbloquear

LUIZ AFRANIO ARAUJO

OAB/RS XXXXXX Desbloquear

PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 4ª REGIÃO OJC DE ANÁLISE DE RECURSO Relator: EMILIO PAPALEO ZIN ROT 0020217-19.2023.5.04.0003 RECORRENTE: RODRIGO FAVERO R… PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 4ª REGIÃO OJC DE ANÁLISE DE RECURSO Relator: EMILIO PAPALEO ZIN ROT 0020217-19.2023.5.04.0003 RECORRENTE: RODRIGO FAVERO RECORRIDO: UBER DO BRASIL TECNOLOGIA LTDA. INTIMAÇÃO Fica V. Sa. intimado para tomar ciência da Decisão ID 41bc107 proferida nos autos. Tramitação Preferencial ROT 0020217-19.2023.5.04.0003 - 7ª Turma Recorrente: Advogado(s): 1. RODRIGO FAVERO CHRISTIANE CHAUL DE LIMA BARBOSA (CE0020167) PATRICIA SOUZA ANASTACIO (SP251195) Recorrido: Advogado(s): UBER DO BRASIL TECNOLOGIA LTDA. LUIZ AFRANIO ARAUJO (RS58477) RECURSO DE: RODRIGO FAVERO PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS Recurso tempestivo (decisão publicada em 02/06/2025 - Id 615dadc; recurso apresentado em 10/06/2025 - Id 8caf48c). Representação processual regular (ids b578332; febffca). Preparo dispensado (id 720a6b7). PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS 1.1 DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO (12936) / CONTRATO INDIVIDUAL DE TRABALHO (13707) / RECONHECIMENTO DE RELAÇÃO DE EMPREGO O trecho transcrito nas razões recursais para demonstrar o prequestionamento da controvérsia objeto do recurso de revista é o seguinte: "UBER. VÍNCULO EMPREGATÍCIO. INEXISTÊNCIA. Hipótese na qual não foi comprovada, na relação havida entre as partes, a presença dos elementos indispensáveis ao contrato de trabalho, consoante os termos dos arts. 2º e 3º da CLT, não havendo como ser reconhecido o vínculo de emprego pretendido. Sentença de improcedência que se mantém. (...) Feitos estes registros iniciais, consigno que a relação existente entre a demandada e o motorista não se caracteriza, apenas, pelo modelo clássico de subordinação, considerando o avanço da tecnologia, de modo que, a partir do exame do caso concreto, poderá, ou não, haver a configuração do vínculo de emprego, o que passo a realizar. Uma vez admitida a prestação de serviços, era da reclamada o ônus de comprovar que a relação não era de emprego, sendo necessário que se verifiquem as condições previstas nos arts. 2º e 3º da CLT, prevalecendo, em respeito ao princípio da primazia da realidade, o fato sobre a forma. (...) No que tange à pessoalidade, observo que o motorista procedeu à sua inscrição "online" individualizada. A partir disso e do quanto informado na prova oral, entendo que o trabalhador somente prestava serviço de aproximação entre demanda e oferta, não havendo imposição na prestação do serviço. Sendo assim, a ré era mera intermediadora da relação estabelecida pelo autor e usuário, prestando um serviço a ambos, não estando configurada a pessoalidade. Quanto à onerosidade, entendo ausente, já que o reclamante recebe do usuário, permanecendo a demandada somente com percentual de 20% a 25% pela utilização do serviço de intermediação e o reclamante com a maior parte do valor da corrida (75% a 80%). Remanesce, ainda, a análise do crucial elemento, que é a subordinação, e, no ponto, considerando a ausência desta, firmo convicção pela correção da decisão recorrida. Com base no depoimento do autor, verifico que este elemento caracterizador do vínculo de emprego não foi configurado. Destaco que o autor reconhece "que ficava a critério do motorista os dias e horários de ativação ou desativação do aplicativo". Concluo também que era interesse do próprio trabalhador permanecer mais tempo com o aplicativo ligado para angariar mais lucro. Além disso, ele afirmou "que decide os dias de folga, logando quando quisesse, e nos dias de folga não era necessário justificar a ausência na plataforma". Ficou demonstrado que o motorista poderia trabalhar concomitantemente em qualquer outro ramo, inclusive para os concorrentes da reclamada, fazendo uso de outros aplicativos para oferecer o seu ofício. Friso, ainda, que não havia qualquer controle por parte da demandada, pois o motorista tinha o livre arbítrio de trabalhar ou não, bem como aceitar, recusar ou cancelar corridas. Inclusive, não há prova de punição pela ré caso não permanecesse com o aplicativo "online" ou recusasse alguma corrida. Na realidade, a prova produzida faz concluir que os instrumentos utilizados para o exercício da atividade eram todos de propriedade do reclamante, que apenas se utilizava do aplicativo ou plataforma digital para identificar e se aproximar dos clientes. A prova testemunhal, inclusive, confirmou a tese da ré quanto a ausência de imposição na limpeza do veículo, fornecimento de água e balas. Destarte, comprovado que o trabalho foi prestado de forma autônoma e não subordinada, não sendo verificada a presença dos requisitos do art. 3º da CLT, inviável reconhecer como de emprego o vínculo havido entre as partes." Admito o recurso de revista no item. No âmbito do Tribunal Superior do Trabalho, são identificadas decisões que reconhecem o vínculo de emprego entre o motorista de aplicativo e a plataforma digital, por considerarem configurada a subordinação, reformando decisões regionais que haviam entendido pela não demonstração dos requisitos da relação de emprego. Nesse sentido: AGRAVO INTERNO. RECURSO DE REVISTA. APELO INTERPOSTO APÓS A VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.467/2017. RECONHECIMENTO DE RELAÇÃO DE EMPREGO - MOTORISTA DE APLICATIVO - EMPRESA-PLATAFORMA DIGITAL - PRESENÇA DE ELEMENTOS FÁTICO-JURÍDICOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 2º E 3º DA CLT - REENQUADRAMENTO JURÍDICO DOS FATOS. No presente caso, o Tribunal Regional entendeu que estava ausente a subordinação jurídica e, em razão disto, não reconheceu a relação de emprego entre as partes. A conclusão adotada levou em consideração, especialmente, as seguintes premissas fáticas, todas consignadas no acórdão recorrido: (i) "As declarações prestadas pelo autor evidenciam que ele detinha inteira autonomia para estabelecer sua jornada de trabalho, desenvolvendo sua atividade no interesse e conveniência própria. Ele podia trabalhar quando bem entendesse, recusar e cancelar viagens, sem que haja notícia de aplicação de qualquer punição por parte da reclamada"; (ii) "ao autor incumbia inteiramente dispor sobre sua meta e produtividade periódicas, constatando-se, ainda, que ele era remunerado pelo usuário e não pela demandada"; e (iii) "Não se verifica, por outro lado, a efetiva fiscalização de sua rotina laboral ou da qualidade de trabalho pelo reclamado, sendo que a avaliação do serviço prestado estava a cargo dos usuários". A decisão monocrática entendeu que "o modelo de gestão do trabalho de empresas de plataforma-aplicativo (gamificação) exige uma releitura dos requisitos da relação de emprego, à luz dos novos arranjos produtivos, que passa ao largo da conceituação clássica e tradicional considerada pela decisão recorrida para afastar o vínculo empregatício", reformando o acórdão regional e reconhecendo o vínculo de emprego entre reclamante e reclamada. Como destacado na decisão agravada, o quadro fático consignado pelo TRT permite a esta Corte fazer o reenquadramento jurídico para reconhecer o vínculo de emprego vindicado, sem que se cogite do óbice previsto na Súmula/TST nº 126. Isso porque, a decisão, tal como prolatada, contraria precedente recente desta 2ª Turma, no sentido de que o modelo de gestão do trabalho de empresas de plataforma-aplicativo (gamificação) exige uma releitura dos requisitos da relação de emprego, à luz dos novos arranjos produtivos, que passa ao largo da conceituação clássica e tradicional considerada pela decisão recorrida para afastar o vínculo empregatício. Nesse sentido, cite-se nova modalidade de subordinação, denominada " subordinação pelo algoritmo ", que está presente no citado modelo de gestão do trabalho de empresas de plataforma-aplicativo. Agravo interno a que se nega provimento" (Ag-RR-10021-05.2022.5.03.0180, 2ª Turma, Relatora Ministra Liana Chaib, DEJT 18/10/2024). Exemplificativamente, também reformando acórdão regional sobre o tema: RR-100353-02.2017.5.01.0066, 3ª Turma, Relator Ministro Mauricio Godinho Delgado, DEJT 11/04/2022; RR-1000764-25.2021.5.02.0301, 6ª Turma, Relatora Ministra Katia Magalhaes Arruda, DEJT 15/09/2023. Por outro lado, são encontrados acórdãos, no mesmo Tribunal Superior, com entendimento diverso, no sentido de que o trabalho realizado nesses moldes não acarreta o reconhecimento de relação de emprego, destacando que não restaria constatada a subordinação. Nessa linha: "DIREITO DO TRABALHO. AGRAVO DE INSTRUMENTO. MOTORISTA DE APLICATIVO. ENTREGADOR. VÍNCULO DE EMPREGO. TRANSCENDÊNCIA JURÍDICA RECONHECIDA. 1. A questão jurídica que envolve o reconhecimento de vínculo de emprego de motorista de aplicativo tem transcendência jurídica. 2. A tese recursal independe do revolvimento de fatos e provas, na medida em que o vínculo empregatício foi reconhecido com base em subordinação algorítmica ou estrutural, tese que tem sido reiteradamente afastada pelo Supremo Tribunal Federal. Agravo de instrumento conhecido e provido. RECURSO DE REVISTA. MOTORISTA DE APLICATIVO. ENTREGADOR. VÍNCULO DE EMPREGO. NÃO CARACTERIZAÇÃO. RECONHECIMENTO DE SUBORDINAÇÃO ESTRUTURAL OU ALGORÍTMICA. IMPOSSIBILIDADE. 1. A questão debatida nos autos diz respeito à natureza da relação jurídica que se forma entre empresas que exploram plataformas digitais e motoristas ou entregadores que se utilizam da tecnologia do aplicativo. 2. O Tribunal Regional reconheceu o vínculo empregatício fundamentado exclusivamente na existência de uma subordinação algorítmica, pois o trabalhador teria sua atividade controlada e fiscalizada por meio de sistemas de inteligência artificial. 3. A relação jurídica que envolve os motoristas de aplicativo e as empresas que gerem as plataformas digitais é fruto da revolução tecnológica que promove novas formas de prestação de serviços e novos formatos contratuais, muitas das quais ainda carecem de uma regulamentação legal específica. 4. A chamada subordinação algorítmica não encontra agasalho na ordem jurídica vigente e esse novo modelo contratual que envolve motoristas de aplicativos e empresas provedoras de plataformas digitais não se enquadra no modelo empregatício regulamentado pela Consolidação das Leis do Trabalho. 5. A observância de regras de conduta é inerente a qualquer modalidade contratual e ínsita a qualquer atividade profissional, seja ela subordinada ou não, de modo que as circunstâncias fáticas registradas no acórdão regional (impossibilidade de o motorista ditar o preço do serviço e a necessidade de observar regras de conduta) não são suficientes para caracterizar a relação empregatícia. 6. Não se desconhece a notória necessidade de proteção jurídica aos motoristas de aplicativo, porém, tal desiderato protetivo deve ser alcançado via legislativa, nada justificando trazê-los ao abrigo de uma relação de emprego que não foi pactuada. Recurso de revista conhecido e provido" (RR-462-04.2022.5.13.0032, 1ª Turma, Relator Ministro Amaury Rodrigues Pinto Junior, DEJT 19/11/2024). Com posicionamento análogo: RRAg-0010190-80.2023.5.03.0107, 4ª Turma, Relator Ministro Ives Gandra da Silva Martins Filho, DEJT 21/11/2024; RRAg-1001341-61.2022.5.02.0044, 5ª Turma, Relator Ministro Breno Medeiros, DEJT 28/10/2024; RRAg-1000446-50.2018.5.02.0009, 8ª Turma, Relator Ministro Sergio Pinto Martins, DEJT 18/03/2024. Além da controvérsia jurídica constatada, cabe destacar que a presente questão ainda será analisada pelo Supremo Tribunal Federal, em razão do Tema 1.291 de Repercussão Geral "Recurso extraordinário em que se discute, à luz dos artigos 1º, IV; 5º, II, XIII; e 170, IV, da Constituição Federal, a possibilidade do reconhecimento de vínculo de emprego entre motorista de aplicativo de prestação de serviços de transporte e a empresa criadora e administradora da plataforma digital intermediadora". Diante do quadro posto, e em se tratando de matéria que ainda pende de uniformização jurisprudencial, dá-se seguimento ao recurso de revista no tema "DO CABIMENTO DO RECURSO DE REVISTA DA VIOLAÇÃO DOS ARTIGOS 2º E 3º DA CLT", por possível afronta ao art 3º da CLT, com base no art. 896, alínea 'c', da CLT. CONCLUSÃO Dou seguimento. Intimem-se, inclusive a parte recorrida, para, querendo, apresentar contrarrazões no prazo legal. (psm) PORTO ALEGRE/RS, 04 de julho de 2025. ALEXANDRE CORREA DA CRUZ Desembargador Federal do Trabalho Intimado(s) / Citado(s) - UBER DO BRASIL TECNOLOGIA LTDA.

Conteúdo completo bloqueado

Desbloquear

Rodrigo Favero x Uber Do Brasil Tecnologia Ltda.

ID: 317489626

Tribunal: TRT4 Órgão: OJ de Análise de Recurso Classe: RECURSO ORDINáRIO TRABALHISTA Nº Processo: 0020217-19.2023.5.04.0003

Data de Disponibilização: 07/07/2025

Polo Ativo:

RODRIGO FAVERO

Polo Passivo:

UBER DO BRASIL TECNOLOGIA LTDA.

Notificação

Advogados:

PATRICIA SOUZA ANASTACIO

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

CHRISTIANE CHAUL DE LIMA BARBOSA

OAB/CE XXXXXX Desbloquear

LUIZ AFRANIO ARAUJO

OAB/RS XXXXXX Desbloquear

PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 4ª REGIÃO OJC DE ANÁLISE DE RECURSO Relator: EMILIO PAPALEO ZIN ROT 0020217-19.2023.5.04.0003 RECORRENTE: RODRIGO FAVERO R… PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 4ª REGIÃO OJC DE ANÁLISE DE RECURSO Relator: EMILIO PAPALEO ZIN ROT 0020217-19.2023.5.04.0003 RECORRENTE: RODRIGO FAVERO RECORRIDO: UBER DO BRASIL TECNOLOGIA LTDA. INTIMAÇÃO Fica V. Sa. intimado para tomar ciência da Decisão ID 41bc107 proferida nos autos. Tramitação Preferencial ROT 0020217-19.2023.5.04.0003 - 7ª Turma Recorrente: Advogado(s): 1. RODRIGO FAVERO CHRISTIANE CHAUL DE LIMA BARBOSA (CE0020167) PATRICIA SOUZA ANASTACIO (SP251195) Recorrido: Advogado(s): UBER DO BRASIL TECNOLOGIA LTDA. LUIZ AFRANIO ARAUJO (RS58477) RECURSO DE: RODRIGO FAVERO PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS Recurso tempestivo (decisão publicada em 02/06/2025 - Id 615dadc; recurso apresentado em 10/06/2025 - Id 8caf48c). Representação processual regular (ids b578332; febffca). Preparo dispensado (id 720a6b7). PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS 1.1 DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO (12936) / CONTRATO INDIVIDUAL DE TRABALHO (13707) / RECONHECIMENTO DE RELAÇÃO DE EMPREGO O trecho transcrito nas razões recursais para demonstrar o prequestionamento da controvérsia objeto do recurso de revista é o seguinte: "UBER. VÍNCULO EMPREGATÍCIO. INEXISTÊNCIA. Hipótese na qual não foi comprovada, na relação havida entre as partes, a presença dos elementos indispensáveis ao contrato de trabalho, consoante os termos dos arts. 2º e 3º da CLT, não havendo como ser reconhecido o vínculo de emprego pretendido. Sentença de improcedência que se mantém. (...) Feitos estes registros iniciais, consigno que a relação existente entre a demandada e o motorista não se caracteriza, apenas, pelo modelo clássico de subordinação, considerando o avanço da tecnologia, de modo que, a partir do exame do caso concreto, poderá, ou não, haver a configuração do vínculo de emprego, o que passo a realizar. Uma vez admitida a prestação de serviços, era da reclamada o ônus de comprovar que a relação não era de emprego, sendo necessário que se verifiquem as condições previstas nos arts. 2º e 3º da CLT, prevalecendo, em respeito ao princípio da primazia da realidade, o fato sobre a forma. (...) No que tange à pessoalidade, observo que o motorista procedeu à sua inscrição "online" individualizada. A partir disso e do quanto informado na prova oral, entendo que o trabalhador somente prestava serviço de aproximação entre demanda e oferta, não havendo imposição na prestação do serviço. Sendo assim, a ré era mera intermediadora da relação estabelecida pelo autor e usuário, prestando um serviço a ambos, não estando configurada a pessoalidade. Quanto à onerosidade, entendo ausente, já que o reclamante recebe do usuário, permanecendo a demandada somente com percentual de 20% a 25% pela utilização do serviço de intermediação e o reclamante com a maior parte do valor da corrida (75% a 80%). Remanesce, ainda, a análise do crucial elemento, que é a subordinação, e, no ponto, considerando a ausência desta, firmo convicção pela correção da decisão recorrida. Com base no depoimento do autor, verifico que este elemento caracterizador do vínculo de emprego não foi configurado. Destaco que o autor reconhece "que ficava a critério do motorista os dias e horários de ativação ou desativação do aplicativo". Concluo também que era interesse do próprio trabalhador permanecer mais tempo com o aplicativo ligado para angariar mais lucro. Além disso, ele afirmou "que decide os dias de folga, logando quando quisesse, e nos dias de folga não era necessário justificar a ausência na plataforma". Ficou demonstrado que o motorista poderia trabalhar concomitantemente em qualquer outro ramo, inclusive para os concorrentes da reclamada, fazendo uso de outros aplicativos para oferecer o seu ofício. Friso, ainda, que não havia qualquer controle por parte da demandada, pois o motorista tinha o livre arbítrio de trabalhar ou não, bem como aceitar, recusar ou cancelar corridas. Inclusive, não há prova de punição pela ré caso não permanecesse com o aplicativo "online" ou recusasse alguma corrida. Na realidade, a prova produzida faz concluir que os instrumentos utilizados para o exercício da atividade eram todos de propriedade do reclamante, que apenas se utilizava do aplicativo ou plataforma digital para identificar e se aproximar dos clientes. A prova testemunhal, inclusive, confirmou a tese da ré quanto a ausência de imposição na limpeza do veículo, fornecimento de água e balas. Destarte, comprovado que o trabalho foi prestado de forma autônoma e não subordinada, não sendo verificada a presença dos requisitos do art. 3º da CLT, inviável reconhecer como de emprego o vínculo havido entre as partes." Admito o recurso de revista no item. No âmbito do Tribunal Superior do Trabalho, são identificadas decisões que reconhecem o vínculo de emprego entre o motorista de aplicativo e a plataforma digital, por considerarem configurada a subordinação, reformando decisões regionais que haviam entendido pela não demonstração dos requisitos da relação de emprego. Nesse sentido: AGRAVO INTERNO. RECURSO DE REVISTA. APELO INTERPOSTO APÓS A VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.467/2017. RECONHECIMENTO DE RELAÇÃO DE EMPREGO - MOTORISTA DE APLICATIVO - EMPRESA-PLATAFORMA DIGITAL - PRESENÇA DE ELEMENTOS FÁTICO-JURÍDICOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 2º E 3º DA CLT - REENQUADRAMENTO JURÍDICO DOS FATOS. No presente caso, o Tribunal Regional entendeu que estava ausente a subordinação jurídica e, em razão disto, não reconheceu a relação de emprego entre as partes. A conclusão adotada levou em consideração, especialmente, as seguintes premissas fáticas, todas consignadas no acórdão recorrido: (i) "As declarações prestadas pelo autor evidenciam que ele detinha inteira autonomia para estabelecer sua jornada de trabalho, desenvolvendo sua atividade no interesse e conveniência própria. Ele podia trabalhar quando bem entendesse, recusar e cancelar viagens, sem que haja notícia de aplicação de qualquer punição por parte da reclamada"; (ii) "ao autor incumbia inteiramente dispor sobre sua meta e produtividade periódicas, constatando-se, ainda, que ele era remunerado pelo usuário e não pela demandada"; e (iii) "Não se verifica, por outro lado, a efetiva fiscalização de sua rotina laboral ou da qualidade de trabalho pelo reclamado, sendo que a avaliação do serviço prestado estava a cargo dos usuários". A decisão monocrática entendeu que "o modelo de gestão do trabalho de empresas de plataforma-aplicativo (gamificação) exige uma releitura dos requisitos da relação de emprego, à luz dos novos arranjos produtivos, que passa ao largo da conceituação clássica e tradicional considerada pela decisão recorrida para afastar o vínculo empregatício", reformando o acórdão regional e reconhecendo o vínculo de emprego entre reclamante e reclamada. Como destacado na decisão agravada, o quadro fático consignado pelo TRT permite a esta Corte fazer o reenquadramento jurídico para reconhecer o vínculo de emprego vindicado, sem que se cogite do óbice previsto na Súmula/TST nº 126. Isso porque, a decisão, tal como prolatada, contraria precedente recente desta 2ª Turma, no sentido de que o modelo de gestão do trabalho de empresas de plataforma-aplicativo (gamificação) exige uma releitura dos requisitos da relação de emprego, à luz dos novos arranjos produtivos, que passa ao largo da conceituação clássica e tradicional considerada pela decisão recorrida para afastar o vínculo empregatício. Nesse sentido, cite-se nova modalidade de subordinação, denominada " subordinação pelo algoritmo ", que está presente no citado modelo de gestão do trabalho de empresas de plataforma-aplicativo. Agravo interno a que se nega provimento" (Ag-RR-10021-05.2022.5.03.0180, 2ª Turma, Relatora Ministra Liana Chaib, DEJT 18/10/2024). Exemplificativamente, também reformando acórdão regional sobre o tema: RR-100353-02.2017.5.01.0066, 3ª Turma, Relator Ministro Mauricio Godinho Delgado, DEJT 11/04/2022; RR-1000764-25.2021.5.02.0301, 6ª Turma, Relatora Ministra Katia Magalhaes Arruda, DEJT 15/09/2023. Por outro lado, são encontrados acórdãos, no mesmo Tribunal Superior, com entendimento diverso, no sentido de que o trabalho realizado nesses moldes não acarreta o reconhecimento de relação de emprego, destacando que não restaria constatada a subordinação. Nessa linha: "DIREITO DO TRABALHO. AGRAVO DE INSTRUMENTO. MOTORISTA DE APLICATIVO. ENTREGADOR. VÍNCULO DE EMPREGO. TRANSCENDÊNCIA JURÍDICA RECONHECIDA. 1. A questão jurídica que envolve o reconhecimento de vínculo de emprego de motorista de aplicativo tem transcendência jurídica. 2. A tese recursal independe do revolvimento de fatos e provas, na medida em que o vínculo empregatício foi reconhecido com base em subordinação algorítmica ou estrutural, tese que tem sido reiteradamente afastada pelo Supremo Tribunal Federal. Agravo de instrumento conhecido e provido. RECURSO DE REVISTA. MOTORISTA DE APLICATIVO. ENTREGADOR. VÍNCULO DE EMPREGO. NÃO CARACTERIZAÇÃO. RECONHECIMENTO DE SUBORDINAÇÃO ESTRUTURAL OU ALGORÍTMICA. IMPOSSIBILIDADE. 1. A questão debatida nos autos diz respeito à natureza da relação jurídica que se forma entre empresas que exploram plataformas digitais e motoristas ou entregadores que se utilizam da tecnologia do aplicativo. 2. O Tribunal Regional reconheceu o vínculo empregatício fundamentado exclusivamente na existência de uma subordinação algorítmica, pois o trabalhador teria sua atividade controlada e fiscalizada por meio de sistemas de inteligência artificial. 3. A relação jurídica que envolve os motoristas de aplicativo e as empresas que gerem as plataformas digitais é fruto da revolução tecnológica que promove novas formas de prestação de serviços e novos formatos contratuais, muitas das quais ainda carecem de uma regulamentação legal específica. 4. A chamada subordinação algorítmica não encontra agasalho na ordem jurídica vigente e esse novo modelo contratual que envolve motoristas de aplicativos e empresas provedoras de plataformas digitais não se enquadra no modelo empregatício regulamentado pela Consolidação das Leis do Trabalho. 5. A observância de regras de conduta é inerente a qualquer modalidade contratual e ínsita a qualquer atividade profissional, seja ela subordinada ou não, de modo que as circunstâncias fáticas registradas no acórdão regional (impossibilidade de o motorista ditar o preço do serviço e a necessidade de observar regras de conduta) não são suficientes para caracterizar a relação empregatícia. 6. Não se desconhece a notória necessidade de proteção jurídica aos motoristas de aplicativo, porém, tal desiderato protetivo deve ser alcançado via legislativa, nada justificando trazê-los ao abrigo de uma relação de emprego que não foi pactuada. Recurso de revista conhecido e provido" (RR-462-04.2022.5.13.0032, 1ª Turma, Relator Ministro Amaury Rodrigues Pinto Junior, DEJT 19/11/2024). Com posicionamento análogo: RRAg-0010190-80.2023.5.03.0107, 4ª Turma, Relator Ministro Ives Gandra da Silva Martins Filho, DEJT 21/11/2024; RRAg-1001341-61.2022.5.02.0044, 5ª Turma, Relator Ministro Breno Medeiros, DEJT 28/10/2024; RRAg-1000446-50.2018.5.02.0009, 8ª Turma, Relator Ministro Sergio Pinto Martins, DEJT 18/03/2024. Além da controvérsia jurídica constatada, cabe destacar que a presente questão ainda será analisada pelo Supremo Tribunal Federal, em razão do Tema 1.291 de Repercussão Geral "Recurso extraordinário em que se discute, à luz dos artigos 1º, IV; 5º, II, XIII; e 170, IV, da Constituição Federal, a possibilidade do reconhecimento de vínculo de emprego entre motorista de aplicativo de prestação de serviços de transporte e a empresa criadora e administradora da plataforma digital intermediadora". Diante do quadro posto, e em se tratando de matéria que ainda pende de uniformização jurisprudencial, dá-se seguimento ao recurso de revista no tema "DO CABIMENTO DO RECURSO DE REVISTA DA VIOLAÇÃO DOS ARTIGOS 2º E 3º DA CLT", por possível afronta ao art 3º da CLT, com base no art. 896, alínea 'c', da CLT. CONCLUSÃO Dou seguimento. Intimem-se, inclusive a parte recorrida, para, querendo, apresentar contrarrazões no prazo legal. (psm) PORTO ALEGRE/RS, 04 de julho de 2025. ALEXANDRE CORREA DA CRUZ Desembargador Federal do Trabalho Intimado(s) / Citado(s) - RODRIGO FAVERO

Conteúdo completo bloqueado

Desbloquear

Processo nº 1000764-36.2025.8.26.0634

ID: 275887993

Tribunal: TJSP Órgão: Foro de Tremembé - Juizado Especial Cível e Criminal Classe: Procedimento do Juizado Especial da Fazenda Pública Nº Processo: 1000764-36.2025.8.26.0634

Data de Disponibilização: 22/05/2025

Polo Ativo:

JOSé ARILDO FERREIRA

Polo Passivo:

Intimação

Advogados:

FRANCISCO DAS CHAGAS BARBOSA

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

ADV: Francisco das Chagas Barbosa (OAB 335536/SP) Processo 1000764-36.2025.8.26.0634 - Procedimento do Juizado Especial da Fazenda Pública - Reqte: José Arildo Ferreira - Juiz(a) de Direito: Dr(a). A… ADV: Francisco das Chagas Barbosa (OAB 335536/SP) Processo 1000764-36.2025.8.26.0634 - Procedimento do Juizado Especial da Fazenda Pública - Reqte: José Arildo Ferreira - Juiz(a) de Direito: Dr(a). Antonia Maria Prado de Melo Vistos. Dispenso o relatório. F u n d a m e n t o e d e l i b e r o. Não há necessidade de sobrestamento, vez que a ação rescisória determinou a suspensão tão apenas das execuções, e, a mais que isso, nada impede que o vencido avente isso em eventual recurso. No mais, o limite subjetivo do MSC nº 1001391-23.2014.8.26.0053, ajuizado pela AOMESP, alcança todos os policiais militares independentemente de sua prévia filiação, prévia autorização ou mesmo de sua patente, e, afora isso, também interrompe, para todos eles, a prescrição, e não há se falar do transcurso de dois anos e meio do trânsito em julgado para o caso deste processado. Nesse sentido: Recurso Inominado Cível nº 1002825-13.2024.8.26.0533, rel. e. Juiz Daniel Issler. Entretanto, os efeitos pecuniários em relação ao período pretérito à impetração do MSC, buscados nesta ação de cobrança, não podem abranger parcelas anteriores à vigência da Lei-SP nº 1.197/2013, visto que não havia absorção do Adicional Local de Exercício (ALE) a revisar, de sorte que tão apenas deve abranger o período compreendido entre a vigência da Lei-SP nº 1.197/2013 e o ajuizamento do mandamus. Nesse sentido: Recurso Inominado Cível nº 1008727-92.2024.8.26.0032, rel. e. Juiz César Augusto Fernandes. Tendo isso em conta é que julgo procedente a pretensão autoral, condenando-se a parte ré ao pagamento das diferenças pretéritas decorrentes da incorporação do Adicional Local de Exercício (ALE), nos moldes fixados no MSC nº 1001391-23.2014.8.26.0053, referente ao período compreendido entre a vigência da Lei-SP nº 1.197/2013 e o ajuizamento da demanda coletiva. A atualização dos valores deverá ser realizada, na fase de liquidação, com incidência de correção monetária pela Tabela Prática Para Cálculo e Atualização Monetária (IPCA-E) e de juros moratórios, desde a notificação da autoridade coatora no Mandado de Segurança Coletivo, com base nos juros aplicados à caderneta de poupança (Temas 905 do STJ e 810 do STF) até a entrada em vigor da EC nº 113/2021, quando então incidirá exclusivamente a Taxa Selic. O cumprimento de sentença da obrigação de pagar quantia certa, via RPV/precatório, só poderá ser deflagrado após o cumprimento da obrigação de fazer quando este for pressuposto para a identificação do quantum debeatur. A propósito, com respeito aos Precatórios e às Requisições de Pequeno Valor, devem-se obediência aos arts. 1.290 e ss. das NSCGJ-TJSP, à Resolução n. 303/2019 do CNJ, ao Provimento CSM n. 2.753/2024 e aos Comunicados n. 1/2024-DEPRE-TJSP e n. 4/2024-DEPRE-TJSP. Para outros esclarecimentos: https://www.tjsp.jus.br/Download/PeticionamentoEletronico/PapelTimbradoPeticionamentoIntermediario.pdf Se, eventualmente, na fase de cumprimento de sentença, se verificar que a parte ré já estava a realizar os pagamentos de acordo com este julgado ou que a base de cálculo, outrora existente, não mais subsiste, evidente que o valor não será devido à parte autora por analogia ao que se convencionou de se chamar de liquidação zero. Eis o motivo pelo qual extingo o feito com resolução meritória ao fundamento do art. 487, I, do Código de Processo Civil. Anoto que o pagamento dos honorários do advogado participante do Convênio DPESP/OAB será realizado de acordo com a tabela de honorários prevista no seu respectivo Termo; se o caso for, expeça-se a respectiva certidão independentemente de pedido expresso nos exatos termos do Comunicado nº CG nº 2234/2017 (Processo CPA nº 2016/105112), cabendo à parte interessada sua impressão através do sistema informatizado. Atente-se quanto a isso, e também ao que dispõem os Comunicados CG nº 1215/2018 (Processo nº 2013/97846), CG nº 1502/2018 (Processo nº 2016/105112), CG nº 1506/2018 (Processo nº 2013/97846), CG nº 52/2015 (processo CPA 2011/30231 - CPA 2019/112150), republicado por conter alterações nos itens 2 e 3 e acréscimo dos itens 4 e 5, e CG nº 1924/2021(CPA nº 2020/52165). Transitado em julgado, ficam as partes advertidas de que: I a deflagração do cumprimento definitivo de sentença, cuidando-se de obrigação de pagar quantia líquida, considerando-se tal a que dependa de simples cálculos aritméticos, ou já fixada em liquidação, dependerá de requerimento do exequente, cuja petição, que deverá vir acompanhada de demonstrativo discriminado e atualizado do crédito, constará o nome completo, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica do exequente e do executado, observado o disposto noart. 319, §§ 1ºa 3º, do Código de Processo Civil; o índice de correção monetária adotado; os juros aplicados e as respectivas taxas; os termos, inicial e final, dos juros e da correção monetária atualizados; a periodicidade da capitalização dos juros se for o caso; e assim como a especificação dos eventuais descontos obrigatórios realizados. No ato do requerimento, ressalvadas as hipóteses legais, já poderá a parte credora apresentar a planilha complementar, esta com o acréscimo de 10% de multa legal do art. 523, § 1º, do Código de Processo Civil, para a situação de inadimplemento, cujo incidente deverá ser deflagrado nos moldes do preceituado no Comunicado CG nº 438/2016 Protocolo CPA nº 2015/036348 SPI. II Na fase de cumprimento de sentença não se pode alterar os critérios de atualização dos cálculos estabelecidos na decisão transitada em julgado, ainda que para adequá-los ao entendimento do STF firmado em repercussão geral. III A jurisprudência do STJ firmou o entendimento no sentido de que o mero depósito judicial do valor exequendo pelo devedor, com a finalidade de permitir a oposição de impugnação ao cumprimento de sentença, não perfaz adimplemento voluntário da obrigação, autorizando o cômputo da sanção de 10% (dez por cento) sobre o saldo devedor e [quando o caso] dos honorários advocatícios. IV Na execução, o depósito efetuado a título de garantia do juízo ou decorrente da penhora de ativos financeiros não isenta o devedor do pagamento dos consectários de sua mora, conforme previstos no título executivo, devendo-se, quando da efetiva entrega do dinheiro ao credor, deduzir do montante final devido o saldo da conta judicial. V Independentemente de nova intimação, e para o caso de cumprimento de sentença, sigam as orientações da PARTE I do Comunicado CG nº 1789/2017 (Protocolo CPA nº 2015/55553 - SPI) do E. Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo; também, fica a z. serventia advertida de que, finda a fase de conhecimento e havendo expectativa de prosseguimento com o cumprimento de sentença, sigam as observações das PARTES II e III, do mesmo Comunicado. VI No sistema dos Juizados Especiais, em caso de interposição do Recurso Inominado, deverá ser elaborada certidão antes da remessa dos autos ao Colégio Recursal. Ressalvada a hipótese de concessão de gratuidade da justiça, o preparo corresponderá: (i) à taxa judiciária de ingresso, no importe de 1,5%, para pedidos distribuídos a partir de 03/01/2024, e de 1%, para pedidos distribuídos até 02/01/2024, sobre o valor atualizado da causa, observado o valor mínimo de 5(cinco) UFESPs, a ser recolhida na guia DARE; (ii) à taxa judiciária referente às custas de preparo, no importe de 4% sobre o valor fixado na sentença, se líquido, ou sobre o valor fixado equitativamente pelo MM. Juiz de Direito, se ilíquido ou ainda 4% sobre o valor atualizado atribuído à causa na ausência de pedido condenatório, observado o valor mínimo de 5 (cinco) UFESPs, a ser recolhida na guia DARE; (iii) às despesas processuais referentes a todos os serviços forenses eventualmente utilizados (despesas postais, diligências do Oficial de Justiça, taxas para pesquisas de endereço nos sistemas conveniados, custas para publicação de editais etc.), a serem recolhidas na guia FEDTJ, à exceção das diligências de Oficial de Justiça, que deverão ser colhidas na guia GRD. O preparo será recolhido de acordo com os critérios previstos no Comunicado CG n. 449/2024 independente de cálculo elaborado pela serventia que apenas será responsável pela conferência dos valores e elaboração da certidão para juntada aos autos. VII As Custas Finais representam as taxas devidas ao final do processo, por ocasião da satisfação da execução (Lei nº11.608/03 - art. 4º, inciso III, § 2º), para pedidos distribuídos até 02/01/2024, nas ações populares e ações civis públicas (Lei nº 11.608/03 - art. 4º, § 6º). Também serão devidas custas finais, independentemente da data da distribuição, nas ações penais em geral em que haja condenação do réu, excetuadas as ações de competência dos JECRIMs (Lei nº11.608/03 - art. 4º, § 9º, alínea a). Na apuração das custas finais também serão incluídas as despesas processuais devidas, no caso de diferimento de custas, bem como aquelas cujo recolhimento não tenha sido comprovado nos autos. Orientações detalhadas a respeito das diretrizes para o cálculo e a conferência das custas podem ser obtidas em consulta na Intranet Cálculos Judiciais Cálculos e Conferência de Taxa Judiciária/ Despesas (Saiba como fazer) ou diretamente no Link: https://tjsp.sharepoint.com/sites/tjspintranet-institucional/SitePages/Cálculos-Judiciais.aspx. VIII De acordo com o Comunicado nº 2199/2021(Protocolo nº 2021/37370 Processo nº 2015/28299), as guias DARE não deverão ser queimadas no Portal de Custas, Recolhimentos e Depósitos, mas a adoção da queima automática não dispensa as Unidades Judiciais da conferência da regularidade do valor recolhido e do lançamento da certidão nos autos, confirmada a inutilização.Caso o advogado junte a guia DARE em petição inicial ou intermediária, mas não informe seu número no peticionamento, a guia não será apresentada na tela de Despesas Processuais e, como consequência, não vinculada ao processo e não será queimada/inutilizada. Com isso, atenta às orientações do magistrado, a Unidade Judicial poderá, com base no artigo 196, inciso III, NSCGJ, expedir ato ordinatório para intimação do advogado, a fim de regularizar a pendência por meio de novo peticionamento (intermediário) com a indicação da guia emitida e paga. IX Com respeito às custas, deve-se observar o Comunicado Conjunto nº 2682/2021 (CPA2021/89689). X Eventual inscrição de dívida por multas processuais não recolhidas, deve-se obedecer ao que dispõe o Comunicado Conjunto nº 589/2021 (CPA Nº 2020/56470). XI Respeitadas certas especificidades, o Provimento CG nº 01/2020 é aplicável ao Juizado Especial Cível. XII Atente-se a Serventia às disposições previstas nos arts. 25 e ss. da Resolução nº 896/2023 do Órgão Especial do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, qual instituiu o Colégio Recursal dos Juizados Especiais do Estado de São Paulo. XIII Ainda que haja revelia do Estado, quando, evidentemente, for ele parte no processo, e se deverá intimá-lo desta sentença via Portal Eletrônico. XIV Quando o caso, e cópia deste pronunciamento judicial servirá de mandado, ainda que compartilhado (Comunicado Conjunto nº 248/2023 Processo CPA 2018/81619),, respeitando-se o disposto na Seção II do Capítulo VII, Tomo I, das Normas de Serviço da Corregedoria Geral do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. Sem custas, despesas e honorários nesta fase processual. Publique-se. Intimem-se. Cumpra-se. Tremembe, 15 de maio de 2025. DOCUMENTO ASSINADO DIGITALMENTE NOS TERMOS DA LEI 11.419/2006, CONFORME IMPRESSÃO À MARGEM DIREITA

Conteúdo completo bloqueado

Desbloquear

Processo nº 1022902-73.2025.8.11.0000

ID: 325558743

Tribunal: TJMT Órgão: Quinta Câmara de Direito Privado Classe: AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº Processo: 1022902-73.2025.8.11.0000

Data de Disponibilização: 15/07/2025

Polo Ativo:

UNIMED CUIABA COOPERATIVA DE TRABALHO MEDICO

Polo Passivo:

Intimação

Advogados:

JORGE LUIZ MIRAGLIA JAUDY

OAB/MT XXXXXX Desbloquear

AGRAVO DE INSTRUMENTO (202) 1022902-73.2025.8.11.0000 AGRAVANTE: UNIMED CUIABA COOPERATIVA DE TRABALHO MÉDICO AGRAVADO: C. W. O. D. C. Vistos. Trata-se de Agravo de Instrumento com pedido de efeito s… AGRAVO DE INSTRUMENTO (202) 1022902-73.2025.8.11.0000 AGRAVANTE: UNIMED CUIABA COOPERATIVA DE TRABALHO MÉDICO AGRAVADO: C. W. O. D. C. Vistos. Trata-se de Agravo de Instrumento com pedido de efeito suspensivo interposto por UNIMED CUIABÁ COOPERATIVA DE TRABALHO MÉDICO contra decisão proferida pelo Juízo da 11ª Vara Cível da Comarca de Cuiabá/MT, nos autos da Ação de Obrigação de Fazer c/c Pedido de Liminar nº 1000764-23.2024.8.11.0041 ajuizada por C. W. O. C., representado por sua genitora KAREN MARCELA DA SILVA ORMOND, que deferiu a antecipação de tutela para determinar que a agravante proceda à autorização/custeio do tratamento multidisciplinar ao agravado, nos seguintes termos: "Diante do exposto, DEFIRO a antecipação da tutela de urgência e determino que a parte requerida proceda à autorização/custeio, no prazo de 05 (cinco) dias, do tratamento multidisciplinar de Psicologia ABA/Análise Aplicada do Comportamento, Fonoaudiologia ABA, Terapia Ocupacional Integração Sensorial, Psicomotricidade, Equoterapia, Musicoterapia e Psicopedagogia ao autor, conforme prescrição médica, de id. 138271248 em clínica especializada no atendimento de crianças com Transtorno do Espectro Autista, caso esta esteja apta a prestar os serviços conforme o plano terapêutico apresentado e, na ausência desta, que a parte requerida custeie os profissionais que atendem o menor na clínica indicada, sob pena de aplicação das medidas previstas no art. 297, do Código de Processo Civil." Nas razões recursais que ora apresenta, a agravante sustenta, em apertada síntese, que o agravado figura como beneficiário do plano de saúde UNIMED SUPER CLASS NACIONAL IND/FAMILIAR, vínculo este estabelecido por meio de contrato celebrado em 8 de maio de 2020. No desenrolar dos fatos, assevera que, em 30 de maio de 2023, o agravado requereu autorização para realização de tratamento multidisciplinar, ocasião em que a operadora ora recorrente autorizou integralmente os procedimentos indicados, à exceção da Equoterapia, cuja cobertura foi negada por não integrar o rol de procedimentos obrigatórios da Agência Nacional de Saúde Suplementar – ANS. Em sequência, narra que o agravado ajuizou a ação judicial de nº 1024028-06.2023.8.11.0041, oportunidade em que alegou haver sofrido negativa total de cobertura assistencial, apresentando, como prova da alegação, uma carta de negativa que, segundo a agravante, diverge do documento efetivamente emitido pela operadora. Aduz, ainda, que, no curso da referida ação, a operadora logrou êxito em demonstrar a ocorrência de fraude, circunstância que teria levado o agravado a desistir da demanda originária, ajuizando posteriormente nova ação judicial, ora objeto do presente recurso. A recorrente direciona críticas à decisão agravada, por entender que o magistrado de origem não observou os requisitos legais que condicionam a concessão da tutela antecipada, sobretudo em relação aos pedidos relacionados ao Método de Integração Global (MIG) e ao serviço de Acompanhante Terapêutico. No tocante ao Acompanhante Terapêutico, sustenta que se trata de intervenção que não possui cobertura obrigatória pelos planos de saúde, sobretudo por ser realizada fora do ambiente clínico, conforme expressamente reconhecido no Parecer Técnico nº 25/GCITS/GGRAS/DIPRO/2022, exarado pela ANS. Acrescenta que, quando o atendimento ocorre no ambiente escolar, a responsabilidade pela disponibilização do acompanhante especializado incumbe à instituição de ensino, conforme disposto na Lei nº 12.764/2012, regulamentada pelo Decreto nº 8.368/2014, não podendo, portanto, ser transferida à operadora de saúde. Em relação ao Método de Integração Global (MIG), a agravante argumenta que não há comprovação científica acerca de sua eficácia terapêutica, conforme evidenciado em pareceres técnicos emitidos pelo Núcleo de Avaliação de Tecnologias em Saúde do Tribunal de Justiça de São Paulo (NATJUS/SP). Tal ausência de comprovação científica, defende, inviabiliza a imposição de seu custeio, à luz do que dispõe o §13 do art. 10 da Lei nº 9.656/1998, que regula a saúde suplementar no país. Por fim, a agravante aponta a existência de risco de irreversibilidade dos efeitos da decisão impugnada, em afronta ao que dispõe o §3º do art. 300 do Código de Processo Civil, razão pela qual pugna pela concessão de efeito suspensivo ao presente agravo de instrumento. No mérito, requer o provimento do recurso para que seja reformada a decisão agravada, com a revogação da tutela antecipada deferida, especificamente no que diz respeito à determinação de cobertura do Método de Integração Global e da atuação do Acompanhante Terapêutico, por reputá-los ilegítimos, inadequados e desprovidos de amparo legal e técnico. Recolhimento do preparo consta em id. 299229895. É o necessário. Decido. O recurso é tempestivo e preenche os requisitos de admissibilidade, nos termos do art. 1.015, I, do CPC, uma vez que se trata de decisão interlocutória que indeferiu pedido de tutela provisória. Inicialmente, pertinente especificar que a análise do agravo se restringe à análise do acerto, ou desacerto, da decisão atacada, notadamente quanto à presença dos requisitos para a concessão da tutela de urgência. O art. 300 do Código de Processo Civil estabelece que havendo elementos que evidenciem a probabilidade do direito invocado e, também, o perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo, deve ser deferido o pedido da parte postulante. Assim, a concessão de antecipação de tutela, lecionam Fredie Didier Júnior e outros, in Curso de Direito Processual Civil, Editora JusPODIVM, 10a edição, volume 2, 2015, p. 594: "A tutela provisória de urgência pode ser cautelar ou satisfativa (antecipada). Em ambos os casos, a sua concessão pressupõe, genericamente, a demonstração da probabilidade do direito (tradicionalmente conhecida como "fumus boni iuris") e, junto a isso, a demonstração do perigo de dano ou de ilícito, ou ainda do comprometimento da utilidade do resultado final que a demora do processo representa (tradicionalmente conhecido como"periculum in mora) (art. 300, CPC)." Nesse compasso, nos termos do art. 1.019, inciso I, do Código de Processo Civil, o deferimento do efeito suspensivo pressupõe a demonstração cumulativa da probabilidade do direito e do risco de dano grave, de difícil ou impossível reparação (art. 300, caput, do CPC). Pois bem. A controvérsia cinge-se à obrigatoriedade de cobertura, pelo plano de saúde, do Método de Integração Global (MIG) e do Acompanhante Terapêutico para tratamento de paciente diagnosticado com Transtorno do Espectro Autista (TEA). O tratamento indicado no Laudo Médico juntado em id. 138271248 dos autos de origem é o seguinte: O paciente deverá seguir em atendimento regular e contínuo com profissionais nas áreas de: Psicologia ABA/Análise Aplicada do Comportamento – (mínimo de 25 horas semanais) - atendimento individualizado com abordagem em Análise Aplicada do Comportamento; Fonoaudiologia - ABA/Análise Aplicada do Comportamento - (mínimo de 2 horas semanais) - abordagem para desenvolvimento da linguagem e comunicação; Terapia Ocupacional (TO) - Integração Sensorial (mínimo de 2 horas semanais) – para desenvolver e aprimorar as funções do sistema nervoso central nos aspectos fisicos, cognitivos e sensoriais; Psicomotricidade e Equoterapia – desenvolvimento da coordenação motora global, fina e equilíbrio; Musicoterapia e Psicopedagogia como terapias coadjuvantes. Necessita também ser acompanhando mensalmente por Médico Psiquiatra. O Método de Integração Global (M.I.G.) foi concebido para atender às necessidades dos indivíduos diagnosticados com Transtorno do Espectro Autista (TEA), e que consiste na união do trabalho de uma equipe interdisciplinar, no qual profissionais de diversas áreas se unem para assistir, desenvolver e promover a qualidade de vida desses indivíduos, por meio de intervenções individualizadas e integradas. Além do ambiente clínico, as terapias devem ser ministradas também no lar do paciente (atividades de vida diária), e no ambiente escolar. Neste último indica-se o manejo de um Acompanhante Terapêutico (AT) a fim de oportunizar esta integração. Com o advento da Lei nº 14.454/2022, que alterou a Lei nº 9.656/98, o rol de procedimentos e eventos em saúde da ANS passou a constituir referência básica para os planos privados de assistência à saúde, sendo possível a cobertura de tratamentos não previstos no rol apenas nas hipóteses expressamente previstas nos incisos I e II do §13º do art. 10: § 13. A cobertura dos procedimentos, dos produtos e dos serviços de que trata o § 11 deste artigo poderá, excepcionalmente, ser determinada pela ANS, desde que: I - não sejam vedados pela Lei nº 9.656, de 3 de junho de 1998; II - sua utilização seja aprovada pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) ou recomendada por, no mínimo, 1 (um) órgão de avaliação de tecnologias em saúde que tenha renome internacional, desde que sejam aprovados também nas específicas instâncias de revisão ética e de validação interna ou externa dos respectivos protocolos ou diretrizes clínicas. No mesmo sentido, o STJ, ao julgar o REsp 1.886.929/SP, fixou a tese de que o rol de procedimentos da ANS é, em regra, taxativo, sendo possível a cobertura excepcional de procedimentos não previstos apenas em situações específicas. O Tema n. 1295 igualmente especificou: 8) O custeio de tratamento multidisciplinar para beneficiário com Transtorno do Espectro Autista não se estende ao acompanhamento em ambiente escolar ou domiciliar, ou ao acompanhamento realizado por profissional do ensino. No caso em análise, quanto ao Acompanhante Terapêutico, verifico que, conforme Parecer Técnico nº 25/GCITS/GGRAS/DIPRO/2022 da ANS, trata-se de serviço realizado fora do ambiente clínico (casa, escola, outros espaços de convivência), não se enquadrando no conceito de cobertura assistencial obrigatória pelos planos de saúde. Ademais, o Decreto nº 8.368/2014, que regulamenta a Lei nº 12.764/2012 (Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista), estabelece expressamente que é obrigação da instituição de ensino disponibilizar acompanhante especializado no contexto escolar. No que se refere Quanto ao Método de Integração Global (MIG), destaca-se que fora deferido o seguinte tratamento: ‘Psicologia ABA/Análise Aplicada do Comportamento, Fonoaudiologia ABA, Terapia Ocupacional Integração Sensorial, Psicomotricidade, Equoterapia, Musicoterapia e Psicopedagogia ao autor’, e de acordo com o médico, o trabalho da equipe multidisciplinar deverá se dar conjuntamente com intervenções individualizadas e integradas (M.I.G). Ressalte-se que a agravante não se opõe ao custeio dos demais tratamentos determinados na decisão agravada (Psicologia ABA, Fonoaudiologia ABA, Terapia Ocupacional, Psicomotricidade, Musicoterapia e Psicopedagogia), limitando sua insurgência apenas ao Método de Integração Global e ao Acompanhante Terapêutico. Presente, portanto, a probabilidade de provimento do recurso, no que se refere ao acompanhamento terapêutico no ambiente familiar ou escolar do demandante, e, quanto a interdisciplinaridade, está deverá ocorrer mesmo sendo o tratamento efetuado em clínicas diversas, vez que os profissionais que atenderão o agravado poderão e deverão se comunicar a fim de proporcionar um tratamento coeso. O risco de dano grave também se encontra evidenciado, uma vez que a manutenção da decisão agravada impõe à operadora de plano de saúde o custeio de tratamentos não previstos no rol da ANS e sem comprovação científica de eficácia, gerando desequilíbrio econômico-financeiro ao contrato e prejuízos de difícil reparação. Ante o exposto, DEFIRO o pedido de efeito suspensivo ao recurso, para suspender os efeitos da decisão agravada especificamente quanto à obrigação de custear o Acompanhante Terapêutico (em ambiente familiar ou escolar), mantendo-se a determinação quanto aos demais tratamentos que deverão ser administrados por profissionais que trabalham em cooperação. Complementa-se que, caso o tratamento não seja disponibilizado na rede credenciada, nos exatos termos, sessões e métodos indicados pelo médico assistente, a agravante se obriga a custear o tratamento em clínica não credenciada. Por fim, estabeleço que a parte agravada deverá apresentar trimestralmente laudo médico detalhado, indicando os resultados obtidos com o tratamento em curso, a evolução do quadro clínico da paciente e a necessidade de manutenção dos profissionais e da carga horária prescrita pelo médico assistente. Intime-se a agravada para, querendo, apresentar contraminuta. Após, encaminhem-se os autos à d. Procuradoria de Justiça para parecer. Cumpra-se. Cuiabá/MT, data registrada no sistema. Desembargador Luiz Octávio O. Saboia Ribeiro Relator

Conteúdo completo bloqueado

Desbloquear

Hildebrando Martins Sodero Neto x Banco Bmg S.A.

ID: 292903849

Tribunal: TJSP Órgão: Foro de Cachoeira Paulista - Juizado Especial Cível e Criminal Classe: PROCEDIMENTO DO JUIZADO ESPECIAL CíVEL Nº Processo: 1002053-82.2024.8.26.0102

Data de Disponibilização: 09/06/2025

Polo Ativo:

HILDEBRANDO MARTINS SODERO NETO

Polo Passivo:

BANCO BMG S.A.

Intimação

Advogados:

SIGISFREDO HOEPERS

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

AMANDA DE SOUZA FERREIRA DA SILVA

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

Processo 1002053-82.2024.8.26.0102 - Procedimento do Juizado Especial Cível - Defeito, nulidade ou anulação - Hildebrando Martins Sodero Neto - Banco Bmg S.a. - Vistos. Da preliminar - ausência de … Processo 1002053-82.2024.8.26.0102 - Procedimento do Juizado Especial Cível - Defeito, nulidade ou anulação - Hildebrando Martins Sodero Neto - Banco Bmg S.a. - Vistos. Da preliminar - ausência de juntada de documentos essenciais (comprovante de residência) A parte Ré defende que deveria ter sido anexado à petição inicial um comprovante de residência no nome do Autor, tido como documento essencial (art. 320 do CPC/2015), o que poderia ensejar a extinção do processo com base nos arts. 320, 321 e 485, I e IV, do CPC/2015: Art. 320. A petição inicial será instruída com os documentos indispensáveis à propositura da ação. Art. 321. O juiz, ao verificar que a petição inicial não preenche os requisitos dosarts. 319 e 320ou que apresenta defeitos e irregularidades capazes de dificultar o julgamento de mérito, determinará que o autor, no prazo de 15 (quinze) dias, a emende ou a complete, indicando com precisão o que deve ser corrigido ou completado. Parágrafo único. Se o autor não cumprir a diligência, o juiz indeferirá a petição inicial. Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando: I - indeferir a petição inicial; (...) IV - verificar a ausência de pressupostos de constituição e de desenvolvimento válido e regular do processo; (...) No entanto, como não se presta à compreensão da controvérsia entre as partes nem há seguros indícios de burla à competência territorial, o comprovante de residência não pode ser tido como um documento essencial. Nesse sentido: APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO POPULAR Ação ajuizada contra o Estado de São Paulo, objetivando a declaração de nulidade Decretos nº 64.881/2020 e 59.298 /2020 Decretos que instituíram o regime de quarentena no Estado, em razão da pandemia do COVID-19 Autor que foi intimado a apresentar comprovante de residência atualizado e, diante de sua inércia, a inicial foi indeferida pelo Juízo a quo Comprovante de residência que não é documento essencial à propositura da demanda Precedentes deste Tribunal - Sentença anulada, com determinação de retorno dos autos à 1ª instância para regular prosseguimento do feito Recurso provido. (TJSP; Apelação Cível 1000764-44.2020.8.26.0106; Relator (a):Maria Laura Tavares; Órgão Julgador: 5ª Câmara de Direito Público; Foro de Caieiras -1ª Vara; Data do Julgamento: 19/08/2021; Data de Registro: 19/08/2021) (grifos acrescidos) Obrigação de fazer Exibição de documentos Juntada de comprovante de endereço idôneo da residência da autora Não atendimento Sentença que julgou extinto o processo, sem julgamento do mérito, por inépcia da inicial Petição inicial apta que contém todos os requisitos exigidos pelo artigo 319 do CPC Comprovante de endereço que não é documento essencial à propositura da presente ação Extinção afastada com retorno dos autos à origem e determinação para o regular prosseguimento do feito. Recurso provido, com determinação. (TJSP; Apelação Cível 1068369-62.2019.8.26.0002; Relator (a):Henrique Rodriguero Clavisio; Órgão Julgador: 18ª Câmara de Direito Privado; Foro Regional II - Santo Amaro -10ª Vara Civel; Data do Julgamento: 02/07/2020; Data de Registro: 02/07/2020) (grifos acrescidos) Ademais, há que se considerar que o comprovante de residência está no nome do pai do Autor. Desta forma, rejeito a preliminar. Da preliminar - do interesse de agir Um dos requisitos de admissibilidade do processo é o interesse de agir: Art. 17. Para postular em juízo é necessário ter interesse e legitimidade. Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando: () VI verificar ausência de legitimidade ou de interesse processual; O interesse de agir tem como suas facetas o interesse-necessidade e o interesse-utilidade: O interesse de agir é requisito processual que deve ser examinado em duas dimensões: necessidade e utilidade da tutela jurisdicional. () O interesse de agir é um requisito processual extrínseco positivo: é fato que deve existir para que a instauração do processo se dê validamente. (DIDIER Jr, Fredie. Curso de direito processual civil: introdução ao direito processual civil, parte geral e processo de conhecimento. 17ª Ed. Salvador: Juspodivm, 2015, p. 359) O interesse-necessidade consistiria na existência de resistência à pretensão autoral e na necessidade de intervenção do Poder Judiciário, o que é narrado na petição inicial e confirmado pelo teor da defesa apresentada. Por sua vez, o interesse-utilidade exige que a tutela pretendida seja capaz de promover um resultado útil àquele que a requer. No caso concreto, é evidente que o pedido da parte Autora representa uma utilidade prática, já que requer a declaração de nulidade de contratos e indenização por danos morais. Há quem defenda que a adequação também é um componente do interesse de agir, consistente na adequação do pedido autoral ao conflito: Haverá necessidade sempre que o autor não puder obter o bem da vida pretendido sem a devida intervenção do Poder Judiciário. Em regra, havendo a lesão ou ameaça de lesão a direito, consubstanciada na lide tradicional, haverá interesse de agir, porque, ainda que exista a possibilidade de obtenção do bem da vida por meios alternativos de solução de conflitos, ninguém é obrigado a solucionar seus conflitos de interesse por essas vias alternativas. (...) Por adequação, se entende que o pedido formulado pelo autor deve ser apto a resolver o conflito de interesses apresentado na petição inicial. (...). Na realidade, não sendo adequada a pretensão formulada para resolver a lide narrada na petição inicial, a tutela pretendida é inútil, faltando interesse de agir ao autor. O interesse adequação, apesar de adotado por considerável doutrina, não agrada a todos, existindo parcela doutrinária que entende não haver nenhuma correlação entre o interesse de agir e a adequação (NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de Direito Processual Civil: volume único. 10ª ed. Salvador: Juspodivm, 2018, p. 133) (grifos acrescidos) No presente caso, o pedido formulado se mostra como uma consequência possível da causa de pedir narrada, o que indica a presença do interesse-adequação (a efetiva presença da causa de pedir e o acolhimento do pedido são questões de mérito). Desta forma, está presente o interesse de agir, de sorte que rejeito a preliminar. Da preliminar de prescrição O art. 27 do CDC estabelece o prazo prescricional de 5 anos para as pretensões indenizatórias: Art. 27. Prescreve em cinco anos a pretensão à reparação pelos danos causados por fato do produto ou do serviço prevista na Seção II deste Capítulo, iniciando-se a contagem do prazo a partir do conhecimento do dano e de sua autoria. Analisando os casos envolvendo fraudes em contratação, o STJ fixou entendimento no sentido da aplicação do prazo prescricional de 5 anos, com base justamente no art. 27 do CDC, e que ele se inicia a partir do último desconto: AGRAVO INTERNO. AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA OU NULIDADE DE NEGÓCIO JURÍDICO C/C REPETIÇÃO DO INDÉBITO. PRESCRIÇÃO. FALHA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO. INCIDÊNCIA DO PRAZO QUINQUENAL PREVISTO NO ART. 27 DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. PRECEDENTES DA CORTE. APLICAÇÃO DA SÚMULA 83/STJ. 1. "A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça é no sentido de que, em se tratando de pretensão de repetição de indébito decorrente de descontos indevidos, por falta de contratação de empréstimo com a instituição financeira, ou seja, em decorrência de defeito do serviço bancário, aplica-se o prazo prescricional do art. 27 do CDC" (AgInt no AREsp 1.720.909/MS, Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, QUARTA TURMA, DJe 24.11.2020). 2. Agravo interno a que se nega provimento. (AgInt no AREsp n. 1.889.901/PB, relatora Ministra Maria Isabel Gallotti, Quarta Turma, julgado em 29/11/2021, DJe de 1/12/2021.) (grifos acrescidos) AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO CUMULADA COM REPETIÇÃO DE INDÉBITO E DANOS MORAIS. PRAZO PRESCRICIONAL QUINQUENAL. ART. 27 DO CDC. PRECEDENTES. TERMO INICIAL DA PRESCRIÇÃO. DATA DO ÚLTIMO DESCONTO. ACÓRDÃO EM HARMONIA COM A JURISPRUDÊNCIA DESTA CORTE. SÚMULA N. 83/STJ. AGRAVO INTERNO IMPROVIDO. 1. A jurisprudência sedimentada nesta Corte Superior é no sentido de que, fundando-se o pedido na ausência de contratação de empréstimo com instituição financeira, ou seja, em decorrência de defeito do serviço bancário, aplica-se o prazo quinquenal previsto no art. 27 do Código de Defesa do Consumidor. 2. Em relação ao termo inicial, insta esclarecer que a jurisprudência desta Casa é firme no sentido de que o prazo prescricional para o exercício da referida pretensão flui a partir da data do último desconto no benefício previdenciário. 3. Agravo interno improvido. (AgInt no AREsp n. 1.728.230/MS, relator Ministro Marco Aurélio Bellizze, Terceira Turma, julgado em 8/3/2021, DJe de 15/3/2021.) (grifos acrescidos) O TJSP tem precedentes no mesmo sentido: Apelação Ação declaratória deinexistência de débito c/c repetição do indébito e reparação por danos morais Empréstimos consignados com descontos em benefício previdenciário Autora que alega desconhecer a contratação Sentença de parcial procedência Recurso do banco réu. Preliminar arguida pela instituição financeira rejeitada Aplicação da prescrição quinquenal, conforme previsão do art. 27, do CDC Termo inicial contado a partir do último desconto Precedentes. Mérito Empréstimos consignados Incidência do CDC Instituição financeira que não apresentou os contratos objeto da demanda, mesmo após determinação do juízo para que o fizesse, sequer mostrando comprovação de que ocorreu a eventual portabilidade destes, não se desincumbindo de seu ônus probatório como determina o art. 373, inciso II do CPC/2015 Declaração de inexistência da dívida mantida, Restituição dos valores descontados indevidamente do benefício previdenciário da consumidora Repetição, em dobro, do indébito Aplicação do disposto no art. 42, parágrafo único, do Código de Defesa do Consumidor Erros cometidos pelo requerido que não se justificam, e desbordam do conceito de "engano justificável", ante a não apresentação de qualquer documento que comprovasse a origem da dívida ou mesmo a disponibilização dos valores à consumidora Sentença mantida. Danos morais configurados Hipótese específica dos autos que afetou a consumidora, sem que a instituição financeira tenha demonstrado qualquer causa razoável para tanto, mormente porque nem sequer houve prova de alguma contratação, ainda que por fraude, nem do depósito de qualquer quantia àquela Valor fixado em primeiro grau, contudo, reduzido para R$ 5.000,00, que se revela mais adequado ao caso concreto, cumprindo de forma efetiva os vetores compensatório e preventivo desta modalidade de indenização. Recurso parcialmente provido. (TJSP; Apelação Cível 1010037-85.2022.8.26.0297; Relator (a):Afonso Celso da Silva; Órgão Julgador: 37ª Câmara de Direito Privado; Foro de Jales -3ª Vara Cível; Data do Julgamento: 30/01/2024; Data de Registro: 30/01/2024) (grifos acrescidos) Apelação. Empréstimo consignado não contratado. Desconto indevido em benefício previdenciário. Relação de consumo. Prazo prescricional quinquenal. Art. 27 do CDC. Termo inicial da prescrição da data do último desconto. Prescrição não configurada. Precedente. Descumprimento do ônus probatório pela parte requerida. Art. 6º, VIII, do CDC. Inexigibilidade da dívida, vez que o réu não se desincumbiu de seu ônus probatório, uma vez negada a contratação pela parte autora (art. 429, inc. II do CPC). Fraude contratual e falha na prestação do serviço evidenciadas. Repetição do indébito em dobro. Aplicabilidade do Tema Repetitivo nº 929 do STJ (EAREsp nº 676.608/RS). Hipervulnerabilidade do consumidor idoso. Dano moral configurado. Verba indenizatória ora reduzida. Sentença de parcial procedência reformada em parte. Recurso do banco réu parcialmente provido. (TJSP; Apelação Cível 1004183-05.2021.8.26.0408; Relator (a):Luis Fernando Camargo de Barros Vidal; Órgão Julgador: 14ª Câmara de Direito Privado; Foro de Ourinhos -2ª Vara Cível; Data do Julgamento: 04/08/2023; Data de Registro: 04/08/2023) (grifos acrescidos) No caso concreto, não houve o decurso do prazo de 5 anos, razão pela qual rejeito a preliminar. Da decadência A parte Ré sustenta que houve decadência quanto à pretensão de anular o contrato por erro. Acontece que, o caso não se trata de pedido de anulação do negócio jurídico, mas de reconhecimento de nulidade por falta de manifestação de vontade. Considerando que a decadência é peculiar aos casos de anulabilidade (art. 178), rejeito a preliminar. Para prosseguimento do feito, intimo a parte Ré para que, no prazo de 15 dias: a) junte cópias legíveis dos dois contratos impugnados (numerados no INSS como 14541183 e 175246858600); b) junte eventual comprovante de depósito em relação ao contrato numerado no INSS como 175246858600; Sem prejuízo, a parte Autora fica intimada para, no mesmo prazo, apresentar extrato referente ao período de outubro a dezembro de 2018, da sua conta bancária de n. 4863071-7, agência 2003, Caixa Econômica Federal. Int. - ADV: SIGISFREDO HOEPERS (OAB 186884/SP), AMANDA DE SOUZA FERREIRA DA SILVA (OAB 452329/SP)

Conteúdo completo bloqueado

Desbloquear

Daisy Vilela Dos Santos e outros x Dayse Vilela Dos Santos e outros

ID: 319595394

Tribunal: TJSP Órgão: Foro de Barretos - 2ª Vara Cível Classe: PROCEDIMENTO COMUM CíVEL Nº Processo: 1000764-91.2025.8.26.0066

Data de Disponibilização: 08/07/2025

Polo Ativo:

DAISY VILELA DOS SANTOS ZURICH MINAS BRASIL SEGUROS S/A

Polo Passivo:

DAYSE VILELA DOS SANTOS ZURICH SEGUROS S. A.

Intimação

Advogados:

STELLA GONÇALVES DE ARAUJO

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

LEYDSLAYNE ISRAEL LACERDA

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

DANIEL DOS REIS FREITAS

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

Processo 1000764-91.2025.8.26.0066 - Procedimento Comum Cível - Indenização por Dano Moral - Daisy Vilela dos Santos - Zurich Minas Brasil Seguros S/A - Zurich Seguros S. A. - Dayse Vilela dos San… Processo 1000764-91.2025.8.26.0066 - Procedimento Comum Cível - Indenização por Dano Moral - Daisy Vilela dos Santos - Zurich Minas Brasil Seguros S/A - Zurich Seguros S. A. - Dayse Vilela dos Santos - Fazenda Pública do Estado de São Paulo e outro - Vistos. Trata-se de Ação de Obrigação de Fazer C/C Indenização por Danos Morais ajuizada por Daisy Vilela dos Santos contra Zurich Minas Brasil Seguros S/A, 1º Tabelião de Notas e Protestos de Letras e Títulos de Barretos e Fazenda Pública do Estado De São Paulo, alegando, em síntese, que: Em 24 de dezembro de 2021, adquiriu um veículo Peugeot, modelo 208 Hatch, 4 portas, ano/modelo 2014, placa OQO 9889, pelo valor de R$ 46.000,00 (quarenta e seis mil reais), celebrando cédula de crédito bancário junto ao Banco Pan; Em 12 de janeiro de 2022, sua irmã Cyntia dos Santos estava trafegando com o veículo pela Avenida Professor Roberto Frade Monte quando, às 17h17min58s, defronte ao numeral 1055, colidiu com a traseira do veículo GM/Onix, branco, placa FMQ 0671, conduzido por Cyntia e de propriedade de Daniela Barcelos de Paula Paz; Daniela Barcelos possuía contrato de seguro junto à ré Zurich Seguros que, ao avaliar o veículo, concluiu pela perda total do mesmo; Em virtude de desacordos quanto ao pagamento do seguro, a autora, juntamente com sua irmã Cyntia, ingressou com ação judicial de indenização contra Daniela Barcelos e da ora ré Zurich, nos autos nº 1005757-85.2022.8.26.0066, com sentença proferida em favor da autora; A sentença condenou a ré Zurich Minas Brasil Seguros S/A na obrigação de fazer consistente no pagamento de indenização securitária na quantia correspondente ao valor do veículo descrito na inicial, previsto na Tabela Fipe, no mês de referência do acidente (R$ 45.947,00), quitando integralmente cédula de crédito bancário proposta n. 091312836, junto ao Banco Pan e restituindo a diferença à parte autora; A ação transitou em julgado em 05/11/2024, ou seja, há mais de dois meses, contudo a ré não cumpriu sua obrigação de quitar o veículo, que foi quitado pela autora através do pagamento pela Tabela Fipe; Em pesquisas realizadas, é possível constatar que pendem sobre o veículo débitos relativos ao IPVA dos anos de 2023 e 2024, além de taxa de licenciamento dos anos de 2022, 2023 e 2024; O nome da autora foi inscrito na dívida ativa e levado a protesto por dívidas oriundas de IPVA, sendo protestado por falta do pagamento do contrato de financiamento que existia em seu nome junto ao Banco Pan; Os protestos em nome da autora, bem como a inscrição na dívida ativa, são decorrentes da inércia da ré seguradora em cumprir sua obrigação, causando imensos prejuízos à autora, que teve seu nome protestado e inscrito no CADIN por culpa da ré. Sob tais fundamentos, pretende: a) tutela de urgência para suspensão da inscrição do nome da autora quanto aos débitos de IPVA do veículo e ofício ao 1º Tabelião de Notas e Protestos de Letras e Títulos da Comarca de Barretos-SP para suspensão dos protestos feitos em nome da autora pelo Banco Pan e pela Procuradoria Geral do Estado de São Paulo; b) no mérito, confirmação da liminar pleiteada, tornando-a definitiva e obrigando a ré a promover a transferência do veículo salvado para seu nome, bem como efetuando o pagamento dos respectivos débitos de IPVA, licenciamento, protestos e taxas cartorárias anotados em nome da autora; c) condenação da ré ao pagamento de indenização por danos morais no importe de R$ 10.000,00 (dez mil reais). Deferi a tutela de urgência às fls. 100/102 e determinei a suspensão dos protestos indicados na inicial e inscrição de débito em dívida ativa junto à PGE, bem como inscrição do débito referente à CDA nº 1414466388. Contestação da Zurich Seguros apresentada às fls. 140/154, em que a ré alegou, preliminarmente: impossibilidade jurídica do pedido, argumentando que a autora optou por ajuizar nova ação forçando a movimentação do Poder Judiciário com matéria que poderia e deveria ser resolvida através dos autos anteriores nº 1005757-85.2022.8.26.0066; da intenção de gravame expirada, sustentando que existe sobre o objeto da presente lide uma intenção de gravame expirada que impossibilita a concretização da transferência pela ora ré. No mérito, sustentou que: reconhece que tais valores são necessários para a regularização e posterior transferência da titularidade do bem; ponto central da controvérsia reside no fato de que não é neste processo em que deve se discutir ou que se concluirá a efetiva transferência do veículo, razão pela qual não há sentido jurídico em tratar do pagamento de débitos nestes autos; a única medida adequada e processualmente correta seria a autora requerer o cumprimento de sentença nos autos da demanda originária; o problema apontado não se resolve com a propositura de nova ação, mas sim com providências administrativas perante o órgão de trânsito competente, especialmente considerando que já há sentença em autos anteriores - autos nº 1005757-85.2022.8.26.0066 - da qual a autora deveria se valer; importa destacar que o único pedido remanescente nestes autos é o de pagamento dos débitos do veículo, sendo completamente desprovido de lógica jurídica. Manifestação da autora sobre a contestação da Zurich Seguros apresentada às fls. 231/249, em que a autora reitera os fatos expostos na inicial e quanto à discussão ora trazida aos autos decorrente de relação jurídica que fora objeto de ação anterior - autos nº 1005757-85.2022.8.26.0066, alega que trata-se de pretensão remanescente. Contestação da Fazenda Pública do Estado de São Paulo apresentada às fls. 204/228, alegando preliminarmente: carência de interesse processual, sustentando que não tem a parte autora realizado a comunicação administrativa da perda da posse, à margem da legislação pertinente, sequer tentou a solução de sua pretensão pela via administrativa, restando ausente o interesse de agir em juízo. No mérito, a Fazenda sustentou: ônus da prova - incumbência autoral não satisfeita, alegando que não há documento inequívoco que denote probabilidade do direito da parte autora; ausência de comunicação da perda da posse, argumentando que é dever do contribuinte do IPVA informar a SEFAZ sobre ocorrências que de forma extraordinária e atípica tenham lhe tolhido a posse veicular; seguro obrigatório DPVAT, sustentando que eventual demanda deve ser proposta contra o ente responsável por cada cobrança impugnada, competindo à parte autora adequar o polo passivo, sob pena de extinção do feito; ilegitimidade do protesto da CDA, afirmando que a questão da legitimidade do protesto do título executivo fazendário já foi decidido no Tema de Repercussão Geral nº 777; danos morais - inexistência, argumentando que no que concerne aos danos morais requeridos pela parte autora, esta não demonstrou não haver em seu nome outra anotação de protesto ou inscrição em cadastro de inadimplentes. Manifestação sobre a contestação da Fazenda Pública apresentada às fls. 243/249, em que a autora, além de reiterar os argumentos da inicial, destacou que a Secretaria da Fazenda do Estado, bem como o 1º Tabelião de Notas e Protestos somente foram incluídos no processo para o cumprimento da liminar pleiteada; a presente ação tem como objeto tão somente a obrigação de fazer para que a ré Zurich Seguros pague os débitos de IPVA, licenciamento, protestos e taxas cartorárias incluídas no nome da autora relacionado ao veículo objeto da lide. FUNDAMENTO E DECIDO I - Das Preliminares Arguidas pela Zurich Seguros 1. Da possibilidade jurídica do pedido A pretensão da autora encontra amparo legal no ordenamento jurídico pátrio. Embora exista ação anterior com sentença transitada em julgado, a presente demanda visa especificamente à obrigação de fazer consistente no pagamento de débitos tributários e cartorárias, bem como indenização por danos morais decorrentes da inércia da seguradora. O art. 5º, XXXV, da Constituição Federal garante o acesso ao Poder Judiciário, não podendo ser afastado a priori, e rejeito a preliminar de impossibilidade jurídica do pedido. 2. Da intenção de gravame expirada A existência de intenção de gravame expirada não impede, por si só, a análise do mérito da questão, constituindo matéria a ser enfrentada quando da análise da obrigação de fazer e esta preliminar confunde-se com o mérito e será analisada na sentença. II - Da Preliminar de Ausência de Interesse Processual Arguida pela Fazenda Pública do Estado de São Paulo A Fazenda Pública sustenta ausência de interesse processual em razão da falta de comunicação administrativa da perda da posse do veículo. Contudo, conforme esclarecido pela própria autora, a Fazenda foi incluída no polo passivo exclusivamente para cumprimento da tutela de urgência deferida, visando a suspensão da inscrição em dívida ativa. O interesse processual resta configurado pela necessidade de tutela jurisdicional específica, e rejeito a preliminar de carência de interesse processual. III - Dos Pontos Incontroversos Restam incontroversos os seguintes fatos, extraídos das manifestações das partes e documentos dos autos: a) A aquisição do veículo Peugeot 208, modelo Hatch, 4 portas, ano/modelo 2014, placa OQO 9889, pela autora em 24 de dezembro de 2021, pelo valor de R$ 46.000,00; b) A ocorrência do acidente automobilístico em 12 de janeiro de 2022, envolvendo o veículo da autora e outro veículo de propriedade de Daniela Barcelos de Paula Paz; c) A existência de contrato de seguro entre Daniela Barcelos e a ré Zurich Seguros; d) A conclusão pela perda total do veículo da autora após avaliação da seguradora; e) A existência de ação judicial anterior (processo nº 1005757-85.2022.8.26.0066) com sentença condenatória transitada em julgado em favor da autora, obrigando a Zurich ao pagamento de indenização securitária; f) O não cumprimento espontâneo da obrigação pela seguradora após o trânsito em julgado; g) A existência de débitos de IPVA relativos aos anos de 2023 e 2024, bem como taxas de licenciamento dos anos de 2022, 2023 e 2024 incidentes sobre o veículo; h) A inscrição do nome da autora em dívida ativa e protesto por dívidas oriundas do veículo; i) A existência de intenção de gravame expirada sobre o veículo. IV - Dos Pontos Controvertidos Fixo os seguintes pontos controvertidos a serem dirimidos na instrução processual: a) A responsabilidade da seguradora Zurich pelo pagamento dos débitos tributários e cartorárias incidentes sobre o veículo sinistrado, considerando a obrigação de transferência da propriedade constante da sentença anterior; b) A possibilidade jurídica de cobrança dos referidos débitos em ação autônoma ou se deveria ser pleiteada em sede de cumprimento de sentença nos autos anteriores; c) A caracterização de danos morais em razão dos protestos e inscrições em cadastros de inadimplentes decorrentes da inércia da seguradora; d) O quantum indenizatório pleiteado a título de danos morais (R$ 10.000,00); e) A extensão da responsabilidade da Fazenda Pública quanto aos débitos de IPVA, considerando a ausência de comunicação de perda da posse; f) Os efeitos da intenção de gravame expirada na transferência da propriedade do veículo. V - Do Ônus da Prova Considerando a natureza da relação jurídica e os fatos controvertidos, mantenho a distribuição do ônus probatório conforme a regra geral estabelecida no art. 373 do Código de Processo Civil, cabendo à autora a prova dos fatos constitutivos de seu direito e às rés a prova dos fatos impeditivos, modificativos ou extintivos do direito alegado. VI - Da Especificação de Provas Concedo prazo de 15 dias para que as partes especifiquem as provas que pretendem produzir, justificando, objetiva e fundamentadamente, sua relevância e pertinência, sob pena de indeferimento. Se requererem prova oral deverão, no mesmo prazo, indicar se possuem interesse no depoimento pessoal da parte adversa, e apresentar o rol de testemunhas, sob pena de preclusão. As testemunhas deverão ser previamente arroladas, ainda que forem comparecer independente de intimação, para possibilitar o conhecimento pela parte contrária e permitir a avaliação de alegação de contradita, sob pena de indeferimento da oitiva daquelas que comparecerem à audiência não tendo sido previamente arroladas. Após apresentado o rol de testemunhas, estas só poderão ser substituídas nas hipóteses previstas no artigo 451 do CPC. Cada parte poderá arrolar até 10 (dez) testemunhas, sendo no máximo 3 (três) para a prova de cada fato (CPC, art. 357, §6º). O silêncio ou o protesto genérico por produção de provas serão interpretados como anuência ao julgamento antecipado, indeferindo-se, ainda, os requerimentos de diligências inúteis ou meramente protelatórias. Intimem-se. Barretos, 07 de julho de 2025. - ADV: DANIEL DOS REIS FREITAS (OAB 261890/SP), LEYDSLAYNE ISRAEL LACERDA (OAB 301796/SP), STELLA GONÇALVES DE ARAUJO (OAB 343889/SP), STELLA GONÇALVES DE ARAUJO (OAB 343889/SP), DANIEL DOS REIS FREITAS (OAB 261890/SP)

Conteúdo completo bloqueado

Desbloquear

Lyvia Karolinne De Souza Costa x Carrefour Comercio E Industria Ltda

ID: 277769860

Tribunal: TJMT Órgão: 3º JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DE CUIABÁ Classe: PROCEDIMENTO DO JUIZADO ESPECIAL CíVEL Nº Processo: 1019070-29.2025.8.11.0001

Data de Disponibilização: 23/05/2025

Polo Ativo:

LYVIA KAROLINNE DE SOUZA COSTA

Polo Passivo:

CARREFOUR COMERCIO E INDUSTRIA LTDA

Sentença

Advogados:

MICHELLE SATIE HASHIMOTO

OAB/MT XXXXXX Desbloquear

PATRICIA BARBOSA

OAB/MT XXXXXX Desbloquear

LUCIANA MARTINS DE AMORIM AMARAL SOARES

OAB/PE XXXXXX Desbloquear

SENTENÇA Processo: 1019070-29.2025.8.11.0001 Requerente: LYVIA KAROLINNE DE SOUZA COSTA Requerido: CARREFOUR COMERCIO E INDUSTRIA LTDA Vistos, etc. Relatório dispensado (artigo 38 da Lei n. 9.099/199… SENTENÇA Processo: 1019070-29.2025.8.11.0001 Requerente: LYVIA KAROLINNE DE SOUZA COSTA Requerido: CARREFOUR COMERCIO E INDUSTRIA LTDA Vistos, etc. Relatório dispensado (artigo 38 da Lei n. 9.099/1995). 1. FUNDAMENTAÇÃO Trata-se AÇÃO DE RESCIÇÃO CONTRATUAL E RESTITUIÇÃO DE QUANTIA PAGA E INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. De proêmio, cabe ressaltar que, nos termos do art. 38 da Lei n. 9.099/95, é dispensado, na presente sentença, o relatório, contudo, neste decisum, serão mencionados os elementos de convicção, com breve resumo dos fatos relevantes. É curial salientar, ainda, que o feito comporta julgamento antecipado do pedido, haja vista que as provas dos autos são suficientes para a solução da lide, sendo, portanto, dispensável a dilação probatória, na forma do artigo 355, inciso I, do Código de Processo Civil. 2. MÉRITO. O deslinde da celeuma instaurada entre as partes litigantes depende da análise de dois pontos, a saber: se houve falha na prestação de serviços por parte da reclamada e se o produto vendido foi entregue ao autor, bem como indenização por danos morais. Pela distribuição da carga probatória, o ônus da prova incumbe ao autor quanto ao fato constitutivo do seu direito e ao réu da contraprova, existência de fato modificativo, impeditivo ou extintivo do referido direito, na forma do artigo 373 do Código de Processo Civil. Nas relações consumeristas, o Código de Defesa do Consumidor prevê a inversão do ônus da prova seja mediante os aspectos da verossimilhança da alegação ou a hipossuficiência da parte promovente (artigo 6º, VIII) - ope judicis -; seja da atribuição ao fornecedor de produtos ou serviços a excludente da responsabilidade objetiva no sentido de que o defeito inexiste ou comprovada a culpa exclusiva do consumidor (ou de terceiro) – ope legis. Assim, inconteste que a relação travada nestes autos é disciplinada pelo Diploma acima, adequando-se ao conceito dos artigos 2º e 3º (destinatário final). No caso sub examine, verifico que a parte autora, comprova por meio da documentação acostada a compra realizada nos termos da inicial (ID 188039522; ID 188039523). A Requerida alega em sua defesa que o endereço de entrega foi cadastrado erroneamente pela Requerente (ID191737725). No entanto, ao analisar os prints (ID188039522) da compra efetuada pela Requerente e o e-mail enviado para Autora (ID 188039523) pela Requerida, verifico que os endereços são os mesmos. Portanto, não há que se falar que a parte autora cadastrou erroneamente o endereço. Assim, restando incontroversa a não entrega do produto, configura-se o inadimplemento contratual por parte da Requerida, ensejando a restituição do valor pago. O pagamento de produto não entregue, sem que tenha havido o respectivo estorno da quantia, acarreta a sua restituição, em dobro, à luz do disposto no parágrafo único do art. 42 do CDC, se configurada a má-fé da fornecedora. Nesse sentido é o entendimento jurisprudencial: EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE REPETIÇÃO DE INDÉBITO C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. COMPRA DE PRODUTO NÃO ENTREGUE. AUSÊNCIA DE DEVOLUÇÃO DO VALOR. FALHA NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. DANO MATERIAL. RESTITUIÇÃO EM DOBRO. POSSIBILIDADE. PARÁGRAFO ÚNICO DO ART. 42 DO CDC. DANOS MORAIS CONFIGURADOS. VALOR. PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE E DA PROPORCIONALIDADE. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. PRINCÍPIOS DA JUSTA REMUNERAÇÃO E PROPORCIONALIDADE. MANUTENÇÃO. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. - A relação jurídica existente entre as partes litigantes é tipicamente de consumo, incidindo a responsabilidade objetiva prevista no art. 14 do CDC, por se tratar de danos causados ao consumidor por defeitos relativos à prestação de serviços, sendo desnecessária, portanto, a comprovação de culpa por parte da requerida - O pagamento de produto não entregue, sem que tenha havido o respectivo estorno da quantia, acarreta a sua restituição, em dobro, à luz do disposto no parágrafo único do art. 42 do CDC, se configurada a má-fé da fornecedora - Restam evidenciados os danos morais, comprovada a falha na prestação do serviço, por não ter sido entregue o produto adquirido pelo consumidor na internet e, tampouco, restituída a quantia paga por este - A fixação do quantum indenizatório a título de danos morais deve se pautar pelos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, observados o caráter pedagógico, punitivo e reparatório da indenização - Deve ser mantido o percentual dos honorários advocatícios fixados na sentença com observância dos princípios da proporcionalidade e da justa remuneração do advogado. (TJ-MG - AC: 10569180003497001 Sacramento, Relator: Aparecida Grossi, Data de Julgamento: 22/06/2022, Câmaras Cíveis / 17ª CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: 23/06/2022) ESTADO DE MATO GROSSO PODER JUDICIÁRIO PRIMEIRA TURMA RECURSAL TEMPORÁRIA Recurso Inominado: 1000764-03.2021.8.11.0017 Classe CNJ: 460 Origem: Juizado Especial Cível da Comarca São Félix Do Araguaia/MT Recorrente (s): Magazine Luiza S/A Recorrido (s): Rosicleia Cardoso de Souza Juiz Relator: Valmir Alaércio dos Santos Data do Julgamento: 08 de maio de 2023 SÚMULA DO JULGAMENTO RECURSO INOMINADO. SERVIÇOS DE COMPRA E VENDA PELA INTERNET. AQUISIÇÃO DE MÁQUINA DE LAVAR. PRODUTO NÃO ENTREGUE. INOCORRÊNCIA DE RESTITUIÇÃO DO VALOR PAGO. PROBLEMA NÃO SOLUCIONADO ADMINISTRATIVAMENTE. RESPONSABILIDADE OBJETIVA. FALHA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO. DANO MATERIAL DEVIDO. DANO MORAL CONFIGURADO. QUANTUM INDENIZATÓRIO FIXADO NOS PARÂMETROS DA RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE. SENTENÇA MANTIDA. RECURSO IMPROVIDO. 1. O artigo 14 do Código de Defesa do Consumidor atribui ao fornecedor de serviços a responsabilidade objetiva quanto aos danos causados ao consumidor 2. Restando evidenciado que a autora efetuou a compra uma Lavadora de Roupas Colormaq LCA 701.1.004, 12 kg, no valor de R$ 1.299,00, não havendo a entrega do produto é de responsabilidade da Reclamada efetuar a restituição do valor pago. 3. No caso concreto, segundo informações do Autor, no prazo estimado para a entrega do produto, 25/3/2021, se deslocou da zona rural, onde mora, para buscar a lavadora na cidade vizinha (Alto da Boa Vista/MT) e percebeu que a mesma apresentava avarias, de modo que, não aceitou ficar com o produto naquele estado, a transportadora responsável pela entrega solicitou que o requerente fizesse de próprio punho uma declaração de ressalva de devolução, na qual constasse um pedido requerendo a troca do produto por outro em perfeitas condições, o que foi prontamente atendido, conforme atesta documento anexo à exordial. Afirmou que se passou mais de dois meses desde a data da solicitação de troca, sem que obtivesse uma resposta satisfatória da empresa, que por fim, menciona que a mercadoria foi perdida/extraviada na data de 31/03/2021, conforme extrato do pedido retirado junto ao site da requerida. Logo, a responsabilidade da ré é objetiva e solidária, uma vez que faz parte da cadeia de fornecimento, sendo o risco inerente da sua atividade. 4. Diante das reclamações administrativas realizadas sem sucesso, resta configurada a falha na prestação do serviço e a obrigação de indenizar a titulo de dano moral, em razão dos transtornos, sensação de impotência e aborrecimentos sofridos. 5. Conforme consta dos fundamentos da sentença: “Nessa conjectura, resta de forma cristalina que a demandada não respeitou o direito da autora, ora consumidora, em ver entregue o produto ou devolvido o seu dinheiro, visto que lhe impôs, repita-se, um “vale-compra”, figura esta sem previsão legal e que ofende frontalmente o direito do consumidor, visto que a parte promovente pagou para ter um produto específico, e não um “crédito” junto à ré, para adquirir outros produtos sobre os quais sequer tem interesse.” 6. Quantum indenizatório que não merece reparos, pois fixado em consonância com os princípios da razoabilidade e proporcionalidade. 7. A sentença que apresentou a seguinte parte dispositiva: “Ante o exposto, com fundamento no artigo 487, inciso I, do Novo Código de Processo Civil, JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTE o pedido formulado por ROSICLEIA CARDOSO DE SOUZA em desfavor de MAGAZINE LUIZA S/A, para o fim específico de CONDENAR a demandada ao pagamento, a título de indenização por danos materiais, da quantia de R$ 1.299,00 (um mil e duzentos e noventa e nove reais), devendo o valor ser corrigido monetariamente, desde a data do desconto e acrescido de juros moratórios de 1% (um por cento) ao mês desde a citação, bem como a pagar à requerente indenização por danos morais no valor de R$ 3.000,00 (três mil reais), devendo incidir correção monetária pelo INPC a partir desta data (Súmula 362, do STJ) e juros de mora de 1% ao mês a partir da citação, nos termos em que propala o artigo 405, do Código Civil. Por conseguinte, JULGO EXTINTO O PROCESSO com resolução do mérito.” não merece reparos e deve se mantida por seus próprios fundamentos. A súmula do julgamento serve de acórdão, nos termo do art. 46 da Lei nº 9.099/95. 8. Recurso improvido. A Recorrente arcara, com as custas e honorários advocatícios arbitrados em 15% (quinze por cento) sobre o valor da condenação. Valmir Alaércio dos Santos Juiz de Direito – Relator (TJ-MT - RI: 10007640320218110017, Relator: VALMIR ALAERCIO DOS SANTOS, Data de Julgamento: 08/05/2023, Turma Recursal Única, Data de Publicação: 11/05/2023) Diante disso, impõe-se a procedência o pedido de indenização por danos materiais, condenando a parte ré à restituição em dobro do valor pago pela autora. No que tange ao quantum a ser fixado a título do dano moral, afere-se o que a doutrina e jurisprudência assinalam para o balizamento, como a condição educacional, econômica e profissional do lesado, a intensidade de seu sofrimento, o grau de culpa ou dolo do ofensor, a sua situação econômica e os benefícios advindos do ato lesivo, bem como a extensão do dano, tudo pelo critério da razoabilidade. Sublinhe-se, ainda, que, no que se refere ao valor da indenização, é necessário considerar que a indenização por dano moral deve alcançar um valor tal que sirva de desestímulo para a parte ré, mas que, por outro lado, não seja fonte de enriquecimento para a parte autora. Nesta linha de intelecção: RECURSO INOMINADO – PRELIMINAR DE ILEGITIMIDADE PASSIVA AFASTADA - RELAÇÃO DE CONSUMO – COMPRA EFETUADA PELA INTERNET – NÃO ENTREGA DO PRODUTO ADQUIRIDO –AUSÊNCIA DE ESTORNO - FALHA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO – DEVER DE INDENIZAR – DIREITO À RESTITUIÇÃO DO VALOR PAGO – TERMO INICIAL DA CORREÇÃO MONETÁRIA A PARTIR DO EFETIVO PREJUÍZO - SÚMULA Nº 43 DO STJ – DANO MORAL CONFIGURADO IN RE IPSA - QUANTUM INDENIZATÓRIO MANTIDO - INCIDÊNCIA DOS JUROS MORATÓRIOS DOS DANOS MORAIS E MATERIAIS A PARTIR DA DATA DA CITAÇÃO, EM CASO DE RELAÇÃO CONTRATUAL - ALTERAÇÃO DE OFÍCIO - RECURSOS CONHECIDOS E IMPROVIDOS. (TJ-MT - RI: 10105034220218110003, Relator: GONCALO ANTUNES DE BARROS NETO, Data de Julgamento: 03/07/2023, Turma Recursal Única, Data de Publicação: 10/07/2023) Por tais premissas, fixo em R$ 3.000,00 (três mil reais), quantia que converge com os pontos elencados e, ainda, não caracteriza o enriquecimento indevido da parte autora. 3. DISPOSITIVO Posto isto, em consonância com os fundamentos retro expendidos, nos termos do art. 487, I do Código de Processo Civil, julgo parcialmente procedentes os pedidos produzidos na peça anteloquial e, por corolário: · Determino a restituição do valor R$2.121,76 (dois mil cento e vinte e um reais e setenta e seis centavos), em dobro, totalizando a quantia de R$ 4.243,52 (quatro mil e duzentos e quarenta e três reais e cinquenta e dois centavos), nos termos do art. 42, do CDC, a ser corrigido monetariamente pelo índice IPCA, nos termos do parágrafo único do artigo 389 do Código Civil, a partir da data do efetivo prejuízo, conforme a Súmula 43 do STJ, e acrescido de juros de mora, nos termos do artigo 406, § 1º, do Código Civil, a partir do evento danoso. · Condeno a reclamada ao pagamento de indenização por danos morais os quais fixo em R$ 3.000,00 (três mil reais), a ser corrigida monetariamente pelo índice IPCA, nos termos do parágrafo único do artigo 389 do Código Civil, a partir da data do arbitramento, conforme a Súmula 362 do STJ, e acrescida de juros de mora, nos termos do artigo 406, § 1º, do Código Civil, contados a partir da citação. Sem custas e sem honorários (art. 54 e 55 da Lei 9.099/95). Submeto o presente projeto de sentença à homologação do MM. Juiz Togado, nos termos do art. 40 da Lei 9.099/95. Ana Rosa Martins Juíza Leiga S E N T E N Ç A Homologo a minuta de sentença, nos termos do art. 40 da Lei n. 9.099/95. Transitada em julgado, nada sendo requerido, arquivem-se. Intimem-se. Cumpra-se. Cuiabá (MT), data registrada no Sistema PJe. (assinado digitalmente) Jeverson Luiz Quintieri Juiz de Direito

Conteúdo completo bloqueado

Desbloquear

Lucas Araujo Silva x Uber Do Brasil Tecnologia Ltda. e outros

ID: 338554561

Tribunal: TRT4 Órgão: OJ de Análise de Recurso Classe: RECURSO ORDINáRIO TRABALHISTA Nº Processo: 0020551-18.2023.5.04.0241

Data de Disponibilização: 30/07/2025

Polo Ativo:

LUCAS ARAUJO SILVA

Polo Passivo:

UBER DO BRASIL TECNOLOGIA LTDA. UBER INTERNATIONAL B.V. UBER INTERNATIONAL HOLDING B.V.

Notificação

Advogados:

LUIZ AFRANIO ARAUJO

OAB/RS XXXXXX Desbloquear

IBOTI OLIVEIRA BARCELOS JUNIOR

OAB/RS XXXXXX Desbloquear

PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 4ª REGIÃO OJC DE ANÁLISE DE RECURSO Relator: WILSON CARVALHO DIAS ROT 0020551-18.2023.5.04.0241 RECORRENTE: LUCAS ARAUJO SI… PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 4ª REGIÃO OJC DE ANÁLISE DE RECURSO Relator: WILSON CARVALHO DIAS ROT 0020551-18.2023.5.04.0241 RECORRENTE: LUCAS ARAUJO SILVA RECORRIDO: UBER DO BRASIL TECNOLOGIA LTDA. E OUTROS (2) INTIMAÇÃO Fica V. Sa. intimado para tomar ciência da Decisão ID 59b515f proferida nos autos. ROT 0020551-18.2023.5.04.0241 - 7ª Turma Recorrente: 1. LUCAS ARAUJO SILVA Recorrido: UBER DO BRASIL TECNOLOGIA LTDA. Recorrido: UBER INTERNATIONAL B.V. Recorrido: UBER INTERNATIONAL HOLDING B.V. RECURSO DE: LUCAS ARAUJO SILVA PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS Recurso tempestivo (decisão publicada em 17/03/2025 - Id 7492b79; recurso apresentado em 25/03/2025 - Id 6ad0503). Representação processual regular (id 20d8f52). Preparo dispensado (id 0e36d37). PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS 1.1 DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO (8826) / PARTES E PROCURADORES (8842) / ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA O trecho transcrito nas razões recursais para demonstrar o prequestionamento da controvérsia objeto do recurso de revista é o seguinte: "O reclamante busca a sua absolvição da condenação em custas. Aduz que a condenação no valor de R$ 21.890,99, ainda que dispensada, não é razoável e configura entrave ao acesso à justiça. O Juízo de origem (ID. 0e36d37 - Pág. 9) assim fixou: "Custas pelo reclamante no importe de R$ 21.890,99 calculadas sobre o valor de R$ 1.094.549,30, dispensado o pagamento em face da concessão do benefício da justiça gratuita." O recurso não deve ser provido. Ora, a condenação do reclamante em despesas processuais não significa obstacularizar o acesso do trabalhador à Justiça - tanto não o foi, no caso, que o reclamante normalmente ajuizou a presente ação trabalhista. Cumpre salientar que o benefício da justiça gratuita, conquanto tenha fundamento no direito fundamental de acesso à Justiça, não resulta em impossibilidade absoluta de condenação em custas, mas na isenção do pagamento, tal como previsto no art. 790-A, caput, da CLT. Outrossim, a valor (R$ 21.890,99) foi arbitrado na linha do que dispõe o art. 789, II, da CLT ("Nos dissídios individuais e nos dissídios coletivos do trabalho, nas ações e procedimentos de competência da Justiça do Trabalho, [...] as custas relativas ao processo de conhecimento incidirão à base de 2% (dois por cento) [...], e serão calculadas: [...] II - quando houver extinção do processo, sem julgamento do mérito, ou julgado totalmente improcedente o pedido, sobre o valor da causa" - sublinhei), com o que não há razão para modificar. Nego provimento." - Grifei. Não admito o recurso de revista no item. O fundamento do acórdão recorrido (ratio decidendi) não foi clara e diretamente impugnado pela parte recorrente. As razões recursais enfocam a matéria a partir de outra perspectiva, distinta daquela adotada pelo Tribunal Regional. Assim, a falta de dialeticidade entre a tese recursal e a tese recorrida obsta o seguimento do recurso de revista, nos termos do art. 896, § 1º-A, I e III, da CLT e da Súmula n. 422, I, do TST. Assim, nego seguimento ao recurso no tópico "DA JUSTIÇA GRATUITA E DISPENSA DE CUSTAS PROCESSUAIS". 2.1 DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO (12936) / CONTRATO INDIVIDUAL DE TRABALHO (13707) / RECONHECIMENTO DE RELAÇÃO DE EMPREGO O trecho transcrito nas razões recursais para demonstrar o prequestionamento da controvérsia objeto do recurso de revista é o seguinte: Admito o recurso de revista no item. No âmbito do Tribunal Superior do Trabalho, são identificadas decisões que reconhecem o vínculo de emprego entre o motorista de aplicativo e a plataforma digital, por considerarem configurada a subordinação, reformando decisões regionais que haviam entendido pela não demonstração dos requisitos da relação de emprego. Nesse sentido: AGRAVO INTERNO. RECURSO DE REVISTA. APELO INTERPOSTO APÓS A VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.467/2017. RECONHECIMENTO DE RELAÇÃO DE EMPREGO - MOTORISTA DE APLICATIVO - EMPRESA-PLATAFORMA DIGITAL - PRESENÇA DE ELEMENTOS FÁTICO-JURÍDICOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 2º E 3º DA CLT - REENQUADRAMENTO JURÍDICO DOS FATOS. No presente caso, o Tribunal Regional entendeu que estava ausente a subordinação jurídica e, em razão disto, não reconheceu a relação de emprego entre as partes. A conclusão adotada levou em consideração, especialmente, as seguintes premissas fáticas, todas consignadas no acórdão recorrido: (i) "As declarações prestadas pelo autor evidenciam que ele detinha inteira autonomia para estabelecer sua jornada de trabalho, desenvolvendo sua atividade no interesse e conveniência própria. Ele podia trabalhar quando bem entendesse, recusar e cancelar viagens, sem que haja notícia de aplicação de qualquer punição por parte da reclamada"; (ii) "ao autor incumbia inteiramente dispor sobre sua meta e produtividade periódicas, constatando-se, ainda, que ele era remunerado pelo usuário e não pela demandada"; e (iii) "Não se verifica, por outro lado, a efetiva fiscalização de sua rotina laboral ou da qualidade de trabalho pelo reclamado, sendo que a avaliação do serviço prestado estava a cargo dos usuários". A decisão monocrática entendeu que "o modelo de gestão do trabalho de empresas de plataforma-aplicativo (gamificação) exige uma releitura dos requisitos da relação de emprego, à luz dos novos arranjos produtivos, que passa ao largo da conceituação clássica e tradicional considerada pela decisão recorrida para afastar o vínculo empregatício", reformando o acórdão regional e reconhecendo o vínculo de emprego entre reclamante e reclamada. Como destacado na decisão agravada, o quadro fático consignado pelo TRT permite a esta Corte fazer o reenquadramento jurídico para reconhecer o vínculo de emprego vindicado, sem que se cogite do óbice previsto na Súmula/TST nº 126. Isso porque, a decisão, tal como prolatada, contraria precedente recente desta 2ª Turma, no sentido de que o modelo de gestão do trabalho de empresas de plataforma-aplicativo (gamificação) exige uma releitura dos requisitos da relação de emprego, à luz dos novos arranjos produtivos, que passa ao largo da conceituação clássica e tradicional considerada pela decisão recorrida para afastar o vínculo empregatício. Nesse sentido, cite-se nova modalidade de subordinação, denominada " subordinação pelo algoritmo ", que está presente no citado modelo de gestão do trabalho de empresas de plataforma-aplicativo. Agravo interno a que se nega provimento" (Ag-RR-10021-05.2022.5.03.0180, 2ª Turma, Relatora Ministra Liana Chaib, DEJT 18/10/2024). Exemplificativamente, também reformando acórdão regional sobre o tema: RR-100353-02.2017.5.01.0066, 3ª Turma, Relator Ministro Mauricio Godinho Delgado, DEJT 11/04/2022; RR-1000764-25.2021.5.02.0301, 6ª Turma, Relatora Ministra Katia Magalhaes Arruda, DEJT 15/09/2023. Por outro lado, são encontrados acórdãos, no mesmo Tribunal Superior, com entendimento diverso, no sentido de que o trabalho realizado nesses moldes não acarreta o reconhecimento de relação de emprego, destacando que não restaria constatada a subordinação. Nessa linha: "DIREITO DO TRABALHO. AGRAVO DE INSTRUMENTO. MOTORISTA DE APLICATIVO. ENTREGADOR. VÍNCULO DE EMPREGO. TRANSCENDÊNCIA JURÍDICA RECONHECIDA. 1. A questão jurídica que envolve o reconhecimento de vínculo de emprego de motorista de aplicativo tem transcendência jurídica. 2. A tese recursal independe do revolvimento de fatos e provas, na medida em que o vínculo empregatício foi reconhecido com base em subordinação algorítmica ou estrutural, tese que tem sido reiteradamente afastada pelo Supremo Tribunal Federal. Agravo de instrumento conhecido e provido. RECURSO DE REVISTA. MOTORISTA DE APLICATIVO. ENTREGADOR. VÍNCULO DE EMPREGO. NÃO CARACTERIZAÇÃO. RECONHECIMENTO DE SUBORDINAÇÃO ESTRUTURAL OU ALGORÍTMICA. IMPOSSIBILIDADE. 1. A questão debatida nos autos diz respeito à natureza da relação jurídica que se forma entre empresas que exploram plataformas digitais e motoristas ou entregadores que se utilizam da tecnologia do aplicativo. 2. O Tribunal Regional reconheceu o vínculo empregatício fundamentado exclusivamente na existência de uma subordinação algorítmica, pois o trabalhador teria sua atividade controlada e fiscalizada por meio de sistemas de inteligência artificial. 3. A relação jurídica que envolve os motoristas de aplicativo e as empresas que gerem as plataformas digitais é fruto da revolução tecnológica que promove novas formas de prestação de serviços e novos formatos contratuais, muitas das quais ainda carecem de uma regulamentação legal específica. 4. A chamada subordinação algorítmica não encontra agasalho na ordem jurídica vigente e esse novo modelo contratual que envolve motoristas de aplicativos e empresas provedoras de plataformas digitais não se enquadra no modelo empregatício regulamentado pela Consolidação das Leis do Trabalho. 5. A observância de regras de conduta é inerente a qualquer modalidade contratual e ínsita a qualquer atividade profissional, seja ela subordinada ou não, de modo que as circunstâncias fáticas registradas no acórdão regional (impossibilidade de o motorista ditar o preço do serviço e a necessidade de observar regras de conduta) não são suficientes para caracterizar a relação empregatícia. 6. Não se desconhece a notória necessidade de proteção jurídica aos motoristas de aplicativo, porém, tal desiderato protetivo deve ser alcançado via legislativa, nada justificando trazê-los ao abrigo de uma relação de emprego que não foi pactuada. Recurso de revista conhecido e provido" (RR-462-04.2022.5.13.0032, 1ª Turma, Relator Ministro Amaury Rodrigues Pinto Junior, DEJT 19/11/2024). Com posicionamento análogo: RRAg-0010190-80.2023.5.03.0107, 4ª Turma, Relator Ministro Ives Gandra da Silva Martins Filho, DEJT 21/11/2024; RRAg-1001341-61.2022.5.02.0044, 5ª Turma, Relator Ministro Breno Medeiros, DEJT 28/10/2024; RRAg-1000446-50.2018.5.02.0009, 8ª Turma, Relator Ministro Sergio Pinto Martins, DEJT 18/03/2024. Além da controvérsia jurídica constatada, cabe destacar que a presente questão ainda será analisada pelo Supremo Tribunal Federal, em razão do Tema 1.291 de Repercussão Geral "Recurso extraordinário em que se discute, à luz dos artigos 1º, IV; 5º, II, XIII; e 170, IV, da Constituição Federal, a possibilidade do reconhecimento de vínculo de emprego entre motorista de aplicativo de prestação de serviços de transporte e a empresa criadora e administradora da plataforma digital intermediadora". Diante do quadro posto, e em se tratando de matéria que ainda pende de uniformização jurisprudencial, dá-se seguimento ao recurso de revista, no tópico "DO VÍNCULO EMPREGATÍCIO ENTRE AS PARTES", por possível afronta ao art 3º da CLT, com base no art. 896, alínea 'c', da CLT. 3.1 DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO (8826) / PARTES E PROCURADORES (8842) / SUCUMBÊNCIA (8874) / HONORÁRIOS NA JUSTIÇA DO TRABALHO Não admito o recurso de revista no item. Em 12/12/2018, o Pleno deste TRT4 decidiu, por maioria, acolher parcialmente a arguição formulada nos autos do processo n. 0020024-05.2018.5.04.0124 para declarar incidentalmente a inconstitucionalidade da expressão "desde que não tenha obtido em juízo, ainda que em outro processo, créditos capazes de suportar a despesa ", constante do § 4º do art. 791-A da CLT, com redação da Lei 13.467 de 13.07.2017. Posteriormente, no julgamento da ADI n. 5766 (ata de julgamento publicada em 05/11/2021, acórdão publicado em 03/05/2022), o Supremo Tribunal Federal declarou inconstitucional o art. 791-A, § 4º, da CLT, confirmando a diretriz constitucional adotada por este TRT4. No julgamento dos Embargos Declaratórios opostos pelo Advogado-Geral da União ao acórdão prolatado pelo STF na ADI n. 5766, publicado em 29/06/2022, esclareceu o Exmo. Ministro Relator que o comando de seu voto está estritamente limitado pelo teor do pedido formulado pelo Procurador-Geral da República, o qual se limitou a postular a declaração de inconstitucionalidade "da expressão 'desde que não tenha obtido em juízo, ainda que em outro processo, créditos capazes de suportar a despesa," do § 4 o do art. 791-A da CLT ". Assim, conclui-se que a declaração de inconstitucionalidade veiculada no julgamento da ADI n. 5766 se restringe apenas à expressão "desde que não tenha obtido em juízo, ainda que em outro processo, créditos capazes de suportar a despesa ," constante do § 4º do art. 791-A da CLT, exatamente como fixado por este TRT4 na Arguição de Inconstitucionalidade Incidental formulada no processo n. 0020024-05.2018.5.04.0124. Estando a decisão recorrida em consonância com a posição do Supremo Tribunal Federal, intérprete final da Constituição Federal, e com base no art. 102, § 2º, da Constituição da República, não se verifica violação constitucional ou legal. Nego seguimento. CONCLUSÃO Admito parcialmente o recurso. Intimem-se, inclusive a parte recorrida, para, querendo, apresentar contrarrazões no prazo legal quanto aos tópicos admitidos. (vpvgf) PORTO ALEGRE/RS, 29 de julho de 2025. ALEXANDRE CORREA DA CRUZ Desembargador Federal do Trabalho Intimado(s) / Citado(s) - UBER DO BRASIL TECNOLOGIA LTDA. - UBER INTERNATIONAL HOLDING B.V. - UBER INTERNATIONAL B.V.

Conteúdo completo bloqueado

Desbloquear

Encontrou 1846 resultados. Faça login para ver detalhes completos e mais informações.

Fazer Login para Ver Detalhes