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Reni Rozas Garcia Okada x Cer Serviços Médicos Ltda. e outros

ID: 301140063

Tribunal: TJSP Órgão: Foro Central Cível - 19ª Vara Cível Classe: PROCEDIMENTO COMUM CíVEL Nº Processo: 1092955-87.2024.8.26.0100

Data de Disponibilização: 17/06/2025

Polo Ativo:

RENI ROZAS GARCIA OKADA

Polo Passivo:

CER SERVIçOS MéDICOS LTDA. CINTIA RIOS CAMILO HOSPITAL SAINT PETER - MEJI ASSISTENCIA MEDICA LTDA - EPP

Intimação

Advogados:

SÉRGIO GONINI BENÍCIO

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PAULO MARIANO DE ALMEIDA JUNIOR

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MICHELLE FERNANDA SCARPATO CASASSA LOESCH

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LUCAS DE ASSIS LOESCH

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Processo 1092955-87.2024.8.26.0100 - Procedimento Comum Cível - Indenização por Dano Moral - Reni Rozas Garcia Okada - Cer Serviços Médicos Ltda. - - Cintia Rios Camilo - - Hospital Saint Peter - … Processo 1092955-87.2024.8.26.0100 - Procedimento Comum Cível - Indenização por Dano Moral - Reni Rozas Garcia Okada - Cer Serviços Médicos Ltda. - - Cintia Rios Camilo - - Hospital Saint Peter - Meji Assistencia Medica Ltda - Epp - Trata-se de ação de reparação de danos ajuizada por RENI ROZAS GARCIA OKADA em face de CER SERVIÇOS MÉDICOS LTDA. EPP, CINTIA RIOS CAMILO e MEJI ASSISTÊNCIA MÉDICA LTDA. Alega a parte autora, em síntese, que firmou contrato de prestação de serviço com a primeira corré, a qual a segunda corré é sócia proprietária, para realização, em única cirurgia, de lipoescultura ugraft, mastopexia com colocação de prótese, mini abdominoplastia e morpheus. Sustenta que a cirurgia foi realizada e, em menos de vinte e quatro horas, recebeu alta médica, embora apresentava sinais de alerta, tais como: resultado anormal do exame de hemograma, quadro de confusão e dificuldade para enxergar. Informa que foi lhe determinado que seguisse a receita prescrita pela segunda corré antes da realização do procedimento cirúrgico. Afirma que, em decorrência de erro médico durante a cirurgia realizada, passou a apresentar quadro de anemia aguda, a qual culminou na cegueira completa em ambos os olhos. Aduz a ocorrência de danos materiais e morais indenizáveis. Pleiteia a concessão do benefício da gratuidade da justiça. Requer a procedência dos pedidos para condenar as rés, de forma solidária, ao pagamento: i) do reembolso de todos os gastos que guardem relação direta com o erro médico, com juros e correção monetária desde os respectivos desembolsos, a serem apurados em liquidação de sentença; ii) de pensão mensal e vitalícia no valor de R$ 3.622,50, ou em parcela única, a ser apurada em liquidação de sentença; iii) de indenização por danos morais, em valor não inferior a R$ 708.000,00. Pede, ainda, a expedição de ofício ao Conselho Regional de Medicina, a fim de que apure a necessidade de aplicação de eventuais medidas punitivas contra a segunda corré. Dá-se à causa o valor de R$ 953.700,90 (novecentos e cinquenta e três mil e setecentos reais e noventa centavos). Junta documentos (fls. 26/541). Indeferido o benefício da gratuidade da justiça à parte autora (fl. 558). Citadas (fl. 573 e 574), as corrés Cer Serviços e Cintia Rios Camilo apresentaram contestação (fls. 576/621), a arguir, em preliminar, ilegitimidade passiva. No mérito, sustentam a inexistência de falha na prestação de serviços e de erro médico, afastando o dever de indenizar. Impugnam a aplicação do Código de Defesa do Consumidor e a inversão do ônus probatório. Requerem o acolhimento da preliminar ou a improcedência dos pedidos. Anexam documentos (fls. 630/662). Citada (fl. 575), a corré Meji Assistência apresentou contestação (fls. 663/693), a arguir, em preliminar, ilegitimidade passiva. No mérito, defende a ausência de responsabilidade por culpa exclusiva deterceiro, vez que apenas alugou à segunda corré e a autora uma sala em suas dependências para realização da cirurgia. Argumenta que não houve defeito na contratação dos seus serviços, tendo agido com diligência e cumprido as providências necessárias para a locação. Impugna a inversão do ônus probatório e os documentos apresentados pela parte autora Requer o acolhimento da preliminar ou a improcedência dos pedidos. Pede, ainda, a inclusão do Hospital Oftalmológico Cema e do Hospital São Luiz - Unidade Osasco no polo passivo da demanda, na qualidade de litisconsortes necessários. Anexa documentos (fls. 703/738). Sobreveio réplica (fls. 744/764). As partes foram instadas a especificarem as provas que pretendiam produzir e a manifestarem interesse em audiência de conciliação (fl. 765). A parte autora manifestou desinteresse na realização de audiência de conciliação e requereu a produção de prova pericial médica e de prova oral (fls. 768/769). As corrés Cer Serviços e Cintia manifestaram desinteresse na realização de audiência de conciliação e requereram a produção de prova pericial, de prova oral e de prova documental suplementar (fls. 770/772). A corré Meji Assistência requereu a produção de prova pericial (fls. 773/774). Peticionaram as corrés Cer Serviços e Cintia (fls. 775/777), requerendo a tramitação do feito sob segredo de justiça. É O RELATÓRIO. DECIDO EM SANEADOR. De proêmio, rejeito a preliminar deilegitimidadepassivadas corrés Cer Serviços e Meji Assistência. A parte autora atribuiu à ré a responsabilidade pelos fatos narrados na inicial, o que basta para mantê-la no polo passivo da lide, com base na teoria da asserção. A efetiva responsabilidade ou não depende da análise do mérito e da apreciação dos elementos probatórios. Também distancio da inclusão do Hospital Oftalmológico Cema e do Hospital São Luiz - Unidade Osasco na demanda, qualidade de litisconsórcio necessário, eis que ausentes os requisitos dispostos no artigo 114 do Código de Processo Civil. No mais, sendo as partes legítimas e estando bem representadas, e não havendo nulidades ou irregularidades a serem supridas, bem como presentes as condições da ação e os pressupostos processuais, dou o feito por saneado. Não ocorre nenhuma hipótese de extinção do processo ou julgamento antecipado da lide, eis que existem questões fáticas não suficientemente esclarecidas pelas provas documentais acostadas aos autos. Indefiro a tramitação do feito emsegredodejustiça, uma vez que não se vislumbra as hipóteses do artigo 189 do CPC, nota-se que eventuais documentos podem ser cadastrados comosigilosospela parte. Os pedidos de danos morais é matéria de mérito e com ele será julgado. Quanto aos pedidos de reembolso e de pensão requeridos à inicial, existem questões fáticas não suficientemente esclarecidas pelas provas documentais acostadas aos autos. Resta como ponto de fato incontroverso, ante a ausência de impugnação específica (art. 341, CPC) que a parte autora realizou cirurgia de natureza estética. Ainda, resta como ponto incontroverso de direito a aplicação do Código de Defesa do Consumidor, já que presentes os requisitos descritos nos artigos 2º e 3º do referido diploma legal. Aplicam-se, na espécie, as regras do inciso VIII do art. 6º do Código de defesa doConsumidor. A inversão do ônus da prova, instrumento defacilitaçãoda defesa dos direitos doconsumidor, fica subordinada ao "critério do juiz, quando for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências" (artigo 6°, VIII). Restou como única questão de fato a ocorrência de erro médico durante a realização da cirurgia descrita na exordial, cabe à parte ré o ônus da prova da questão de fato aqui delimitada. Para elucidação dos ponto controvertido, defiro a realização de perícia requerida pelas partes. Para tanto, nomeio o Sr. Christian Ellert (c_ellert@yahoo.com.br), para que diga se aceita o encargo e estime seus honorários. Caberá a cada parte o depósito de metade dos honorários periciais, consoante art. 95, caput, no prazo de dez dias após a apresentação da estimativa, sob pena de preclusão da prova, salvo em caso de impugnação do valor estimado, hipótese em que o perito deverá ser intimado para manifestar-se. Apresentem as partes, nos termos do art. 465, §1º, do CPC, seus assistentes técnicos e quesitos. Oportunamente, intime-se o expert para dar início aos trabalhos. Laudo pericial em 50 (cinquenta) dias. Com relação à prova oral requerida, a sua pertinência será verificada após a homologação do laudo pericial. Quanto ao pedido de produção de prova documental, indefiro-o por se trata de pedido genérico e inexistir nos autos evidência da ocorrência de fatos novos. Por fim, defiro o pedido das corré de expedição de ofício ao Hospital Oftalmológico CEMA, Unidade de Pronto Atendimento do Tatuapé, Hospital São Luiz de Osasco para que forneça cópia do prontuário médico da parte autora, no prazo 15 (quinze) dias. Esta decisão, assinada digitalmente, servirá como OFÍCIO a ser impresso e instruído pela parte interessada e protocolizado, comprovando-se nos autos em 15 (quinze) dias. No mesmo prazo, deverá a corré Meji Assistência juntar aos autos, eventual prontuário da autora em sua posse. - ADV: LUCAS DE ASSIS LOESCH (OAB 268438/SP), MICHELLE FERNANDA SCARPATO CASASSA LOESCH (OAB 215807/SP), MICHELLE FERNANDA SCARPATO CASASSA LOESCH (OAB 215807/SP), PAULO MARIANO DE ALMEIDA JUNIOR (OAB 222967/SP), LUCAS DE ASSIS LOESCH (OAB 268438/SP), SÉRGIO GONINI BENÍCIO (OAB 195470/SP)

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Transit Do Brasil S.A. x Marco Antonio Kojoroski

ID: 291623497

Tribunal: TJSP Órgão: Foro Central Cível - 38ª Vara Cível Classe: INCIDENTE DE DESCONSIDERAçãO DE PERSONALIDADE JURíDICA Nº Processo: 0022463-87.2024.8.26.0100

Data de Disponibilização: 06/06/2025

Polo Ativo:

TRANSIT DO BRASIL S.A.

Polo Passivo:

MARCO ANTONIO KOJOROSKI

Intimação

Advogados:

RENNAN ESMERIO BORGES DA MOTTA

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REGINALDO FERRETTI DA SILVA

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MARIA APARECIDA CAPUTO

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MARCO ANTONIO KOJOROSKI

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Processo 0022463-87.2024.8.26.0100 (apensado ao processo 1092464-27.2017.8.26.0100) (processo principal 1092464-27.2017.8.26.0100) - Incidente de Desconsideração de Personalidade Jurídica - Liminar -… Processo 0022463-87.2024.8.26.0100 (apensado ao processo 1092464-27.2017.8.26.0100) (processo principal 1092464-27.2017.8.26.0100) - Incidente de Desconsideração de Personalidade Jurídica - Liminar - Transit do Brasil S.A. - Marco Antonio Kojoroski - Vistos. Trata-se de incidente de desconsideração da personalidade jurídica instaurado pela exequente em face do sócio da executada nos autos principais. Em síntese, sustenta que não houve indicação ou encontro de bens da pessoa jurídica na fase de cumprimento de sentença. Alega que o sócio oculta-se atrás da personalidade jurídica da empresa. Requer o deferimento da desconsideração da personalidade jurídica da executada, com extensão da responsabilidade ao sócio pelo adimplemento da dívida. Citado o requerido apresentou contestação (fls. 49/54). No mérito, aduz ausência dos requisitos legais previstos no artigo 50 do Código Civil. Pugna pela improcedência do incidente. Houve réplica (fls. 59/68). A parte autora requereu o julgamento antecipado, enquanto o réu apresentou documentos e requereu a oitiva de testemunhas. É o relatório. Decido. 1) Indefiro a produção da prova oral que não tem o condão de substituir ou complementar a prova documental. Destaco, que o juiz é o destinatário das provas, competindo a ele a análise da pertinência de realização destas para sua convicção, indeferindo aquelas consideradas inúteis ou protelatórias (art. 370, p. único, CPC). 2) Indefiro a produção de prova emprestada, consistente nos documentos de fls. 76/77 e 78/92. As decisões prolatadas em outros autos não vinculam o Juízo. 3) O incidente de desconsideração de personalidade jurídica está previsto nos artigos 133 a 137 do Código de Processo Civil, prevendo o parágrafo primeiro do art.133 que o pedido de desconsideração da personalidade jurídica observará os pressupostos previsos em lei. Tratando-se de relação civil ou empresarial, os pressupostos previstos em lei são aqueles que constam do artigo 50 do Código Civil, de modo que, para o excepcional afastamento da autonomia patrimonial das pessoas jurídicas, mostra-se necessário, segundo a teoria maior em referência, demonstrar o abuso de personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade ou pela confusão patrimonial. Caracterização do abuso da personalidade jurídica. Está prevista no CC 50: desvio de finalidade ou confusão patrimonial. O principal efeito da desconsideração a extensão das obrigações da pessoa jurídica aos sócios, administradores ou bens de empresa do mesmo grupo também já era prevista no CC 50. § 1.º: Desvio de finalidade (CC 50). A identificação do desvio de finalidade nas atividades da pessoa jurídica deve partir da constatação da efetiva desenvoltura com que a pessoa jurídica produz a circulação de serviços ou mercadorias por atividade lícita, cumprindo ou não o seu papel social, nos termos dos traços de sua personalidade jurídica. Se a pessoa jurídica se põe a praticar atos ilícitos ou incompatíveis com sua atividade autorizada, bem como se com sua atividade favorece o enriquecimento de seus sócios e sua derrocada administrativa e econômica, dá-se ocasião de o sistema de direito desconsiderar sua personalidade e alcançar o patrimônio das pessoas que se ocultam por detrás de sua existência jurídica. Confusão patrimonial (CC 50). Também é aplicada a desconsideração nos casos em que houver confusão entre o patrimônio dos sócios e da pessoa jurídica. Essa situação decorre da não separação do patrimônio do sócio e da pessoa jurídica por conveniência da entidade moral. Neste caso, o sócio responde com seu patrimônio para evitar prejuízos aos credores, ressalvada a impenhorabilidade do bem de família e os limites do patrimônio da família. V. CC 1647 I a IV e par. ún. e 978 Destarte, a simples inexistência de bens passíveis de penhora ou a mera alegação de encerramento irregular não autorizam a desconsideração da personalidade jurídica. Para que haja o acolhimento do pedido do incidente, como de resto se extrai da leitura do artigo 134, § 4º, do Código de Processo Civil, mister se faz que o exequente alegue e demonstre fatos que configurem o preenchimento dos requisitos legais específicos que podem ser resumidos em um único vocábulo: fraude. Com efeito, a fraude consubstancia pressuposto fundamental para a desconsideração da personalidade jurídica e sem a qual não se pode desvelar a pessoa jurídica executada para que os bens de seus sócios responsam pelas obrigações sociais. Nesse mesmo sentido, o C. Superior Tribunal de Justiça, em julgamento de embargos de divergência, pacificou a questão a respeito da necessidade de comprovação de desvio de finalidade ou confusão patrimonial, para fins de satisfação dos requisitos do art. 50 do Código Civil Brasileiro. Assim, ficou sedimentado que o decreto da desconsideração da personalidade jurídica não pode mais decorrer da simples inadimplência, ou mesmo do encerramento irregular, como parte da jurisprudência vinha admitindo. Veja-se a ementa: EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA. ARTIGO 50, DO CC. DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA. REQUISITOS. ENCERRAMENTO DAS ATIVIDADES OU DISSOLUÇÃO IRREGULARES DA SOCIEDADE. INSUFICIÊNCIA. DESVIO DE FINALIDADE OU CONFUSÃO PATRIMONIAL. DOLO. NECESSIDADE. INTERPRETAÇÃO RESTRITIVA. ACOLHIMENTO. 1. A criação teórica da pessoa jurídica foi avanço que permitiu o desenvolvimento da atividade econômica, ensejando a limitação dos riscos do empreendedor ao patrimônio destacado para tal fim. Abusos no uso da personalidade jurídica justificaram, em lenta evolução jurisprudencial, posteriormente incorporada ao direito positivo brasileiro, a tipificação de hipóteses em que se autoriza o levantamento do véu da personalidade jurídica para atingir o patrimônio de sócios que dela dolosamente se prevaleceram para finalidades ilícitas. Tratando-se de regra de exceção, de restrição ao princípio da autonomia patrimonial da pessoa jurídica, a interpretação que melhor se coaduna com o art. 50 do Código Civil é a que relega sua aplicação a casos extremos, em que a pessoa jurídica tenha sido instrumento para fins fraudulentos, configurado mediante o desvio da finalidade institucional ou a confusão patrimonial. 2. O encerramento das atividades ou dissolução, ainda que irregulares, da sociedade não são causas, por si só, para a desconsideração da personalidade jurídica, nos termos do Código Civil. 3. Embargos de divergência acolhidos. (EREsp 1306553/SC, Rel. Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 10/12/2014, DJe 12/12/2014) Em síntese, "O legislador pátrio, no art. 50 do CC de 2002, adotou a teoria maior da desconsideração, que exige a demonstração da ocorrência de elemento objetivo relativo a qualquer um dos requisitos previstos na norma, caracterizadores de abuso da personalidade jurídica, como excesso de mandato, demonstração do desvio de finalidade (ato intencional dos sócios em fraudar terceiros com o uso abusivo da personalidade jurídica) ou a demonstração de confusão patrimonial (caracterizada pela inexistência, no campo dos fatos, de separação patrimonial entre o patrimônio da pessoa jurídica e dos sócios ou, ainda, dos haveres de diversas pessoas jurídicas)." (AgInt no AREsp n. 2.141.540/SP, relator Ministro Raul Araújo, Quarta Turma, julgado em 3/4/2023, DJe de 25/4/2023.) Tais elementos, por sua vez, são aferíveis conforme as circunstâncias. O dolo em si é um elemento subjetivo, inalcançável em termos de acervo probatório que não por meio de indícios de sua existência. Não se pode ignorar que, em casos de fraude, há intenção elaborada, por meio de arranjo jurídico sofisticado, de se ocultar uma realidade, de modo que os indícios assumem primordial carga valorativa a fim de demonstrar o que se buscava esconder. Nesse cenário, a parte requerente não se desincumbiu de seus ônus probatórios. Com efeito, a peça inicial e emenda não indicam fatos que demonstrem a prática pelo sócio de conduta que caracterize desvio de finalidade ou confusão patrimonial. Os fundamentos apresentados relacionam-se à ausência de patrimônio da ré e satisfação da execução.Não há indicação de conduta praticada de modo pessoal pelo sócio da ré que justifique sua inclusão no polo passivo da demanda principal. Ante o exposto, indefiro o pedido de desconsideração da personalidade jurídica da executada e inclusão do sócio no polo passivo do incidente de cumprimento de sentença. Decorrido o prazo para interposição de recurso, proceda-se à baixa definitiva, arquivando-se. Intime-se. - ADV: MARIA APARECIDA CAPUTO (OAB 105973/SP), MARCO ANTONIO KOJOROSKI (OAB 151586/SP), REGINALDO FERRETTI DA SILVA (OAB 244074/SP), RENNAN ESMERIO BORGES DA MOTTA (OAB 441325/SP)

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Processo nº 1159982-87.2024.8.26.0100

ID: 326889792

Tribunal: TJSP Órgão: Foro Central Cível - 1ª Vara Cível Classe: EXECUçãO DE TíTULO EXTRAJUDICIAL Nº Processo: 1159982-87.2024.8.26.0100

Data de Disponibilização: 16/07/2025

Polo Ativo:

BANCO SAFRA S/A

Polo Passivo:

Intimação

Advogados:

CLEUZA ANNA COBEIN

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Processo 1159982-87.2024.8.26.0100 - Execução de Título Extrajudicial - Contratos Bancários - BANCO SAFRA S/A - Vistos. Executado(s) procurado(s) e não localizado(s) A(s) tentativa(s) de localização … Processo 1159982-87.2024.8.26.0100 - Execução de Título Extrajudicial - Contratos Bancários - BANCO SAFRA S/A - Vistos. Executado(s) procurado(s) e não localizado(s) A(s) tentativa(s) de localização do(s) executado(s) Semeagro Agronegocios Ltda no(s) endereço(s) declinado(s) na inicial restou(aram) infrutífera(s). O art. 830, do Código de Processo Civil, estabelece que "Se o oficial de justiça não encontrar o executado, arrestar-lhe-á tantos bens quantos bastem para garantir a execução". Assim, defiro a pesquisa de bens para fins de arresto executivo em face de tais executados. Anoto que, apesar de o art. 830 referir-se a arresto por Oficial de Justiça, essa é apenas a modalidade de cumprimento, pelo que a jurisprudência admite a possibilidade de que o arresto se dê também pela via eletrônica, por ordem de bloqueio via SisbajJud (STJ. REsp 1.370.687/MG, Rel. Ministro Antonio Carlos Ferreira, Dje. 15/08/2013). Pela mesma lógica, possível, também a realização de bloqueio de veículos, via Renajud, bem como a obtenção de declaração de bens perante a Receita Federal, via Renajud, visando a instrumentalizar a futura penhora. Executado(s) citados Em relação aos demais executados (Luis Fernando Amato Angelini), que já foram citados, a pesquisa de bens se dará para fins de penhora. SISBAJUD Anoto que o executado Semeagro Agronegocios Ltda não foi citado e não tem advogado constituído nos autos. Anoto que o executado Luis Fernando Amato Angelini foi citado, mas não tem advogado constituído nos autos. Petição sigilosa: Defiro a realização de pesquisas junto aos sistemas informatizados à disposição do Juízo, visando a encontrar valores e bens passíveis de penhora em nome do(s) executado(s) infra. Sem prévia ciência da parte contrária (art. 854, CPC), providencie-se, via Sisbajud, a inserção de minuta, para tentativa de bloqueio de ativos financeiros em nome do(s) executado(s) infra referido(s), até o último valor indicado na execução. Defiro a reiteração sucessiva por 30 dias ("teimosinha"). Fica indeferido eventual pedido de reiteração de ordem por prazo superior a 30 dias, pois a ferramenta foi criada com tal prazo máximo e em razão da desproporção da medida, que no prazo fixado já causa grande embaraço ao executado. Custas recolhidas em dobro poderão ser aproveitadas oportunamente. Fica desde logo determinado o desbloqueio de eventuais valores irrisórios. Cumpra-se o Provimento CG 21/2006, elaborando-se a minuta de bloqueio. Executados abaixo: LUIS FERNANDO AMATO ANGELINI, CPF 22517886890 SEMEAGRO AGRONEGOCIOS LTDA, CNPJ 22725283000171 Valor atualizado: R$ 657.484,14 Destaque-se que as pesquisas via Sisbajud atualmente abrangem todos os relacionamentos diretos da parte consultada, inclusive perante bancos múltiplos, comerciais, de investimento e de desenvolvimento; sociedades de arrendamento mercantil (leasing); sociedades corretoras de títulos e valores mobiliários; sociedades distribuidoras de títulos e valores mobiliários; cooperativas de crédito; sociedades de crédito direto; sociedades de empréstimo entre pessoas; administradoras de consórcios; e as instituições de pagamento sujeitas à fiscalização pelo Banco Central (v.g. Nubank, PicPay, Mercadopago, Pagseguro, Paypal), cuja listagem completa pode ser consultada no sítio eletrônico do Banco Central (https://www.bcb.gov.br/estabilidadefinanceira/encontreinstituicao). Assim, INDEFIRO eventuais pedidos de pesquisa de bens por ofício para tais entidades. Resposta - Arresto Em relação aos executados não citados, frutífera ou parcialmente frutífera a diligência, providencie-se a transferência para a conta judicial e a liberação de eventual indisponibilidade excessiva nas 24 (vinte e quatro horas) subsequentes, dê-se ciência às partes do resultado. Caso tenham sido arrestados bens, e não havendo notícia de comparecimento espontâneo, caberá ao exequente, no prazo de 10 dias, promover a citação. Aperfeiçoada a citação e transcorrido o prazo de pagamento, o arresto converter-se-á em penhora, independentemente de termo. Antes de tal momento, não se efetuará levantamento. Caso não sejam encontrados bens, o processo será suspenso pelo de um ano ou até qualquer novo requerimento da parte, o que ocorrer primeiro, após o que voltará a correr o prazo de prescrição (art. 921, III, §4º, CPC). Resposta - Penhora Frutífera ou parcialmente frutífera a diligência, nas 24 subsequentes, proceda-se: 1) ao desbloqueio em caso de resultado ínfimo; 2) à liberação de eventual indisponibilidade excessiva; e 3) à transferência dos valores para a conta judicial, convertendo-se, nessa oportunidade, o bloqueio em penhora, independentemente de termo. A transferência nesse momento tem por fim evitar prejuízos à parte executada. Dê-se ciência às partes do resultado. Com a publicação desta decisão, as partes representadas nos autos ficarão intimadas do resultado da pesquisa e da penhora, oportunidade em que a parte executada poderá, no prazo de 5 dias, alegar matéria prevista no (art. 854, §3º, CPC) e impugnar a penhora. Caso a parte executada titular dos valores penhorados não tenha constituído advogado nos autos, providencie a parte exequente, em 15 dias, o recolhimento das despesas postais, bem como a informação do endereço em que a parte executada foi citada ou que informou nos autos. Caso o exequente seja beneficiário da Justiça Gratuita, fica dispensado do recolhimento das custas postais, mas deverá fazer o pedido de intimação apontando a que folhas foi concedida a gratuidade e indicando o endereço onde a parte foi citada (indicar folhas). Após, intime-se o executado da penhora, pessoalmente, mediante carta com aviso de recebimento direcionada ao endereço de citação ou último endereço cadastrado nos autos, presumindo-se válida a intimação tentada em tal endereço, ainda que sem sucesso (art. 841, §2º, do Código de Processo Civil). Por fim, caso a parte executada titular do bem ou direitos penhorados tenha sido citada por edital e não tenha constituído advogado nos autos, a intimação da penhora deve se dar por edital. Nesse caso, providencie o exequente, em 15 dias, minuta de edital e recolhimento das custas respectivas. Caso o exequente seja beneficiário da Justiça Gratuita, fica dispensado de apresentar a minuta do edital e recolher custas, mas deverá fazer o pedido de intimação apontando em que folhas lhe foi concedida a gratuidade e se já houve nomeação de curador especial ao réu. Após, providencie a z. Serventia a publicação do edital de intimação da penhora. Sem prejuízo, fica eventual curador intimado desde logo para, querendo, oferecer impugnação. Caso não haja curador nomeado, oficie-se à Defensoria Pública solicitando-se a nomeação e, em seguida, intime-se o nomeado. A intimação pessoal (por carta ou edital) deve se limitar ao executado cujos valores foram penhorados. Em caso de pedido de desbloqueio, deverá a parte executada observar a categoria Petições Diversas, tipo de petição "8977 - Pedido de Desbloqueio Penhora Online/SisbaJud". Nesse caso, a parte exequente será intimada para manifestação no prazo de 3 dias e em seguida, os autos retornarão à conclusão urgente para apreciação do pedido de desbloqueio. RENAJUD Caso infrutífero o bloqueio de ativos financeiros, DEFIRO a pesquisa e o bloqueio de transferência de veículos. Cumpra-se via on line no sistema RENAJUD. INFOJUD - PESSOA FÍSICA Caso infrutífero o bloqueio de ativos financeiros, DEFIRO a pesquisa no sistema INFOJUD para obtenção da última declaração de imposto de renda de pessoa física. Com a juntada, nos termos do art. 189 do CPC c.c. art. 1.263 das Normas de Serviço da Corregedoria Geral de Justiça, cadastre-se o documento como "sigiloso". APÓS AS RESPOSTAS Após, tornem conclusos para os pedidos de penhora de imóveis. Com as respostas, manifeste-se a parte exequente em termos de útil e efetivo prosseguimento, indicando bens passíveis de arresto/penhora, no prazo de 15 dias. Reitere-se que todos os documentos e petições acostados os autos deverão ser apresentados em conformidade com as especificações técnicas da Resolução nº 551/11, do E. TJSP, e classificados de acordo com a listagem disponibilizada no sistema informatizado, sob pena de rejeição. Por ocasião de futuros requerimentos, deverá a parte exequente apresentar planilha atualizada do débito, e comprovar o recolhimento das taxas pertinentes para cada CPF/CNPJ e, se aplicável, por período a ser consultado em cada um dos sistemas e/ou módulos, conforme instruções e valores disponíveis em https://www.tjsp.jus.br/IndicesTaxasJudiciarias/DespesasProcessuais/RelatoriosTaxaEmissao. Esgotadas as diligências junto aos sistemas informatizados à disposição do Juízo e na inércia do exequente,tornem conclusos para suspensão, nos termos do art. 921, III, CPC. Int. - ADV: CLEUZA ANNA COBEIN (OAB 30650/SP)

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Yolanda Ferrari x Condomínio Edificio You Now Aclimação

ID: 304360816

Tribunal: TJSP Órgão: Foro Central Cível - 13ª Vara Cível Classe: PROCEDIMENTO COMUM CíVEL Nº Processo: 1099260-87.2024.8.26.0100

Data de Disponibilização: 23/06/2025

Polo Ativo:

YOLANDA FERRARI

Polo Passivo:

CONDOMíNIO EDIFICIO YOU NOW ACLIMAçãO

Intimação

Advogados:

LEONARDO CARVALHO BIERBRAUER VIVIANI

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ALEXANDRE BAÑOS RODEGUER

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Processo 1099260-87.2024.8.26.0100 - Procedimento Comum Cível - Práticas Abusivas - Yolanda Ferrari - Condomínio Edificio You Now Aclimação - Vistos. Trata-se de ação de conhecimento ajuizada por Y… Processo 1099260-87.2024.8.26.0100 - Procedimento Comum Cível - Práticas Abusivas - Yolanda Ferrari - Condomínio Edificio You Now Aclimação - Vistos. Trata-se de ação de conhecimento ajuizada por YOLANDA FERRARI em face de CONDOMÍNIO EDIFÍCIO YOU, NOW ACLIMAÇÃO. Aduz a condômina requerente, em síntese, que após contenda condominial relativa à sua vaga de garagem, a subsíndica do condomínio réu, a Sra. Rosana, passou a persegui-la mediante a aplicação de multas por barulho inexistente. Afirma inêxito na tentativa recursal em assembleia, em virtude de testemunho falacioso de outra condômina. Liminarmente, requer a suspensão da multa a ser paga em julho/2024. No mérito, pugna pela confirmação da liminar, pela condenação da ré à devolução de R$ 1.000,00 referentes às multas anteriormente pagas e pela sua condenação ao pagamento de R$ 5.000,00 a título de danos morais. Pleiteia a gratuidade. Juntou documentos (fls. 13/40). Deferidas à gratuidade à autora, bem como a tutela de urgência para suspensão da multa (fls. 41). Devidamente citado, o condomínio réu apresentou contestação (fl. 49/74). Preliminarmente, impugnou a gratuidade. No mérito, aduziu, em síntese, que: a contenda relativa às vagas foi iniciada em razão de reclamações de outros moradores; desde 2019 há reclamações de barulhos vindos do apartamento da autora, algumas delas constatadas por funcionários do condomínio; a autora se recusa a cessar os barulhos; seu filho tumultuou a assembleia destinada ao recurso e atuava sem procuração apesar de não se proprietário; não houve dano moral. Juntou documentos (fls. 75/210). Houve réplica (fls. 230/239). Afastadas as preliminares em decisão saneadora (fls. 240/243). Realizada audiência de instrução para a oitiva das testemunhas arroladas por ambas as partes (fls. 271/273). Vieram memoriais (fls. 280/318 e 319/326). É O RELATÓRIO. FUNDAMENTO E DECIDO. Procede a pretensão inicial. Cinge-se a controvérsia a saber se presente o substrato fático que autoriza a imposição de penalidades à autora em razão de barulho excessivo causado potencialmente pelos pés do menor Pedro, neto da requerente. A prova dos autos não é suficiente à formação da convicção de que as infrações realmente ocorreram. O testemunho da Sra. Ariane indica que o neto da autora, o menor Pedro, apesenta comportamento tranquilo incongruente com as alegações de que ele causaria barulhos excessivos no apartamento da requerente em razão de pulos. O testemunho do Sr. Israel, porteiro do condomínio, evidencia que a última reclamação feita pela subsíndica Rosana não era subsistente, já que permaneceu encostado na porta do apartamento da autora por alguns minutos sem ouvir barulho algum - muito embora as reclamações sejam de barulhos constantes. O colaborador ainda informa que recebeu ordens da síndica para registrar o relato da Sra. Rosana e não obteve resposta na anterior ligação ao apartamento da demandante. O testemunho da Sra. Márcia confirma o testemunho da Sra. Ariane. O Sr. Israel ainda relatou não haver presenciado outros episódios de barulho, além de ter sido informado pelo relator que a averiguação de outras denúncias não resultara na constatação de barulhos. Ele também narra que a acústica dos apartamentos é ruim, pelo que eventuais barulhos seriam audíveis da porta em apuração. O testemunho de um dos zeladores, o Sr. Paulo, indica que as reclamações especificamente de barulho, oriundo da unidade da demandante, eram advindas sempre da subsíndica Rosana, que reside logo abaixo do apartamento da autora. Embora afirme ter constatado os barulhos, disse que os escutou da porta da Sra. Rosana e uma vez do hall da requerente. A Sra. Maiara, ex-síndica, disse não se lembrar exatamente da constatação, mas disse que escutava os barulhos na casa da sua subsíndica reclamante, a Sra. Rosana que era a única a reclamar de barulhos advindos do apartamento da requerente. Segundo o testemunho do Sr. André Luiz, membro do conselho, a acústica do prédio é ruim e barulhos de passos são comuns - relato este que vai ao encontro do narrado pela Sra. Maiara. Narrou ele também que visualizou o menor neto da autora, durante uma reunião de conciliação, andando de um lado a outro, de maneira possivelmente similar àquela que causa o barulho reclamado. Pois bem. Questionada a validade das penalidades, incumbia ao condomínio requerente trazer provas robusta acerca de eventos determinados que ensejaram a aplicação das penalidades. Nos autos, contudo, não há prova firme de evento algum que possa justificar a punição da moradora. Os relatos que se aproximam de uma constatação dão conta de que o barulho em questão era ouvido do apartamento da subsíndica que reside abaixo da autora - com a qual nutre relação beligerante - ou do hall localizado à frente das unidades em questão. Observo que ponto comum nos relatos é de que o isolamento acústico dos apartamentos é ruim, sendo cediço que o som de batidas na laje de um dos apartamentos decerto gera vibrações que viajam pela estrutura sólida da construção e podem ser ouvidas de diversos pontos. Disso, pode-se extrair duas conclusões: a primeira é a de que a imputação da autoria exige rigor maior do que a mera oitiva dos sons no hall ou no apartamento da reclamante, já que o som pode ser oriundo de outras partes do prédio; e a segunda de que tais ruídos poderiam ser audíveis por outros moradores. Dos relatos das testemunhas, contudo, depreende-se que o único a escutar próximo à porta da moradora requerente, o Sr. Israel, nada ouviu após denúncia da Sra. Rosana, a qual aparenta ser a única a reclamar dos barulhos. Não se olvida o relato do Sr. André, acerca da possível fonte dos barulhos, contudo, o condomínio réu deixou de trazer prova cabal acerca da constatação de eventos específicos de perturbação do sossego imputáveis à autora. Assim, é o caso de anular as multas impostas à autora, com a sua respectiva restituição do que foi comprovadamente pago, bem como a responsabilização do condomínio réu pela reparação por danos extrapatrimoniais. Ressalte-se a responsabilização objetiva do condomínio pelos atos dos seus empregados, nos termos dos arts. 932, III, e 933, ambos do CC. De se recordar que o dano moral é o prejuízo que afeta o ânimo psíquico, moral e intelectual da pessoa. É aquele que ocasiona um distúrbio anormal do indivíduo, ou seja, um desconforto passível de caracterizar ofensa à honra. Não é qualquer dissabor da vida que pode acarretar a indenização por danos morais. Deve ser avaliado, em cada caso, se a conduta do ofensor causou um desconforto anormal à vítima, efetivamente atingindo elementos de sua personalidade (imagem, honra, estima pessoal e social etc.). No caso em apreço, em razão da conduta negligente do condomínio réu, a autora teve sua honra objetiva atacada, já que acusada sem elementos suficientes. Em relação ao quantum, nas ações de indenização por dano moral, cabe ao juiz avaliar e sopesar a dor do lesado, a fim de lhe propiciar a mais adequada e justa compensação material. Ao fixar o valor da reparação, contudo, deve se atentar para que referido valor não seja tão alto, a ponto de tornar-se instrumento de vingança ou enriquecimento sem causa do prejudicado, nem tão baixo de maneira a se mostrar indiferente à capacidade de pagamento do ofensor. O valor da condenação tem efeito reparatório ou compensatório à vítima (reparar ou compensar a dor sofrida) e também de desestímulo ao agente (para que o réu não cometa outros fatos desta natureza). Nesse sentido: "A lei não fixa valores ou critérios para a quantificação do dano moral. Indenização, entretanto, deve ter assento na regra do artigo 944 do Código Civil. Por isso, o STJ tem orientado que o valor de reparação do dano moral deve ser arbitrado em montante que desestimule o ofensor a repetir a falta, sem constituir, de outro lado, enriquecimento indevido para a vítima" (AgInt no AREsp809.771/RS, Rel. Ministra Maria Isabel Gallotti, Quarta Turma, julgado em01/03/2018, DJe 09/03/2018). À luz das circunstâncias e peculiaridades do caso concreto, entendo razoável a indenização em R$ 1.000,00. Ante o exposto, JULGO PROCEDENTES EM PARTE os pedidos iniciais e extingo o feito com resolução do mérito para: (i) confirmar a tutela de urgência referente à multa vencida em julho/2024; (ii) condenar o condomínio réu à devolução de R$ 1.000,00 referentes às demais infrações pagas, devendo o valor ser corrigido pela Tabela Prática do TJSP desde o desembolso e acrescido de juros moratórios legais a contar da citação, e: (iii) condenar o condomínio réu ao pagamento de R$ 1.000,00 a titulo de danos morais, devendo o valor ser corrigido e acrescido na mesma forma da verba indenizatória anterior, mas com o termo inicial a contar desta sentença (Súmula 362 do STJ). Em razão da sucumbência, observada a Súmula 326 do STJ, arcará o réu com as custas e com as despesa processuais, além de honorários sucumbenciais que arbitro em R$ 1.000,00 ante o baixo valor da condenação. Preparo: R$ 252,42. P.I.C. - ADV: ALEXANDRE BAÑOS RODEGUER (OAB 162231/SP), LEONARDO CARVALHO BIERBRAUER VIVIANI (OAB 376467/SP)

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Conecta Gold Provedores De Acesso Ltda x Amil Assistência Médica Internacional S/A

ID: 319651519

Tribunal: TJSP Órgão: Foro Regional VI - Penha de França - 1ª Vara Cível Classe: PROCEDIMENTO COMUM CíVEL Nº Processo: 1001868-07.2025.8.26.0006

Data de Disponibilização: 08/07/2025

Polo Ativo:

CONECTA GOLD PROVEDORES DE ACESSO LTDA

Polo Passivo:

AMIL ASSISTêNCIA MéDICA INTERNACIONAL S/A

Intimação

Advogados:

MARTA MARTINS FADEL LOBÃO

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FERNANDA ALMEIDA DOS SANTOS

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Processo 1001868-07.2025.8.26.0006 - Procedimento Comum Cível - Cláusula Penal - Conecta Gold Provedores de Acesso Ltda - Amil Assistência Médica Internacional S/A - Vistos. CONECTA GOLD PROVEDORES… Processo 1001868-07.2025.8.26.0006 - Procedimento Comum Cível - Cláusula Penal - Conecta Gold Provedores de Acesso Ltda - Amil Assistência Médica Internacional S/A - Vistos. CONECTA GOLD PROVEDORES DE ACESSO LTDA ajuizou ação declaratória de inexigibilidade de débito e rescisão contratual em face de AMIL ASSISTÊNCIA MÉDICA INTERNACIONAL S/A, aduzindo que mantinha contrato de plano de saúde com a requerida, tendo acessado o site da ré para cancelamento do plano, em 09/12/2023, não tendo sido concluída sua solicitação. Afirma que registrou junto à ANS uma reclamação sobre a falta de retorno da operadora quanto ao pedido de cancelamento, recebendo em 07/01/2025 resposta sobre o acolhimento do pedido, condicionado ao cumprimento de aviso prévio de 60 dias. Disse que a requerida emitiu indevidamente boleto com vencimento em 09/12/2024 e 09/01/2025, totalizando a quantia de R$ 4.243,12, que pretende ser declarada inexigível, ante a ilegalidade da cobrança. Deferido o pedido antecipatório às fls. 293/294. Regularmente citada, a requerida contestou às fls. 355/361, alegando a regularidade da cobrança uma vez que devidamente prevista no contrato firmado entre as partes. Réplica às fls. 609/619. É o relato do necessário. Fundamento e Decido. É caso de julgamento antecipado da lide, na forma do art. 355, I, do Código de Processo Civil, porque as questões tratadas são apenas de direito e já decididas por Tribunal Superior. A parte autora comprovou nos autos o pedido formal de cancelamento do contrato existente entre as partes, em 09/12/2024. O ponto central da controvérsia baseia-se na legalidade ou não de exigir-se o pagamento de mensalidades no período de aviso prévio de 60 dias para a rescisão de contrato de assistência médica e hospitalar. Inicialmente, ressalta-se que o Código de Defesa do Consumidor é aplicável ao caso, nos termos da Súmula 608/STJ:"Aplica-se o Código de Defesa do Consumidor aos contratos de plano de saúde, salvo os administrados por entidades de autogestão". Ademais, a despeito de o contrato ser coletivo e adquirido por determinada pessoa jurídica, esta é consumidora na medida em que o plano de saúde não é utilizado em sua atividade empresarial, mas tão somente como um benefício a seu colaborador. E o Código de Defesa do Consumidor, em seu artigo 51, inciso IV, dispõe que é nula a cláusula que estabelece obrigação considerada iníqua, abusiva, que coloque o consumidor em desvantagem exagerada, ou seja, incompatível com a boa-fé ou com a equidade. No presente caso, a requerida exigiu mensalidade da autora relativa ao plano em questão dentro do período do suposto aviso prévio de rescisão contratual (dezembro de 2024 e janeiro de 2025), conforme documento de fls. 07. De fato, esta exigência era prevista no artigo 17, parágrafo único, da Resolução Normativa nº 195 da ANS, no entanto, tem-se que o dispositivo legal em questão foi declarado nulo em julgamento da ação coletiva nº 0136265-83.2013.4.02.5101, que tramitou perante o Tribunal Regional Federal da 2ª Região. Por tal razão, tem entendido a jurisprudência do E. TJSP pelo descabimento da obrigação de contratantes de plano de saúde de pagar valores atinentes ao período posterior ao pedido de cancelamento do contrato. Nesse sentido: Plano de saúde. Declaratória de inexigibilidade de débito. Cláusula contratual de exigência de aviso prévio de 60 dias para cancelamento do contrato. Previsão respaldada pelo disposto no artigo 17, parágrafo primeiro, da Resolução nº 195/09 da ANS. Dispositivo normativo declarado nulo em ação coletiva. Superveniência da Resolução nº 455/2020 da ANS, que confirmou a invalidação. Inexigibilidade das mensalidades vencidas após a rescisão do ajuste. Precedentes. Sentença mantida. Recurso improvido.(TJSP; Apelação Cível 1024454-47.2025.8.26.0100; Relator (a):Augusto Rezende; Órgão Julgador: 1ª Câmara de Direito Privado; Foro Central Cível -4ª Vara Cível; Data do Julgamento: 07/07/2025; Data de Registro: 07/07/2025) Apelação. Ação declaratória de inexistência de débito c/c obrigação de fazer. Rescisão do contrato que independe do aviso prévio de 60 dias. Nulidade do parágrafo único do artigo 17 da RN 195/2009 declarada na ação civil pública nº 0136265-83.2013.4.02.5101 perante o TRF-2, com efeito erga omnes. Exigência de pagamento de mensalidade após a comunicação de cancelamento que se revela nula de pleno direito. Violação dos artigos 51, IV, do CDC e 422 do CC. Regras do artigo 47 do CDC e do artigo 423 do CC aplicadas. Sentença de procedência da ação mantida. Recurso da ré desprovido.(TJSP; Apelação Cível 1181686-59.2024.8.26.0100; Relator (a):PAULO SERGIO MANGERONA; Órgão Julgador: Núcleo de Justiça 4.0 em Segundo Grau - Turma IV (Direito Privado 1); Foro Central Cível -40ª Vara Cível; Data do Julgamento: 04/07/2025; Data de Registro: 04/07/2025) DIREITO DO CONSUMIDOR E CONTRATUAL. APELAÇÃO CÍVEL. PLANO DE SAÚDE COLETIVO EMPRESARIAL. CLÁUSULA DE AVISO PRÉVIO DE 60 DIAS PARA RESCISÃO CONTRATUAL. NULIDADE DE CLÁUSULA FUNDADA EM DISPOSITIVO DECLARADO INCONSTITUCIONAL. RECURSO DESPROVIDO. I. CASO EM EXAME 1. Ação na qual se pleiteava a declaração de rescisão contratual de plano de saúde empresarial desde 06/11/2024 e a inexigibilidade de cobranças posteriores a essa data, sob o fundamento de que a exigência de aviso prévio de 60 dias, imposta pela operadora, seria abusiva. A sentença reconheceu a relação de consumo e declarou a nulidade da cláusula contratual de aviso prévio, com base em decisão com efeitos erga omnes proferida em ação coletiva que declarou inválido o art. 17 da RN nº 195/2009 da ANS. Apela o requerido. II. QUESTÃO EM DISCUSSÃO 2. Há uma questão em discussão: estabelecer se é válida a cláusula contratual que exige aviso prévio de 60 dias para rescisão de plano de saúde coletivo empresarial. III. RAZÕES DE DECIDIR 3. A relação jurídica entre a empresa contratante do plano de saúde e a operadora configura relação de consumo. 4. A cláusula contratual que exige aviso prévio de 60 dias para rescisão contratual é nula, pois tem como fundamento o art. 17 da RN nº 195/2009 da ANS, declarado inválido por decisão judicial com efeitos erga omnes e ex tunc, nos termos dos arts. 81 e 103 do CDC. 5. A nulidade do dispositivo da ANS implica a inexigibilidade de qualquer valor fundado em cláusula que imponha prazo de fidelização ou multa por cancelamento antecipado, ainda que prevista contratualmente. 6. O pedido de cancelamento do plano realizado em 05/07/2024 produz efeitos imediatos, sendo abusiva qualquer cobrança posterior a essa data. IV. DISPOSITIVO E TESE 7. Recurso desprovido. Dispositivos relevantes citados: CDC, arts. 2º, 6º, II e IV, 81, 103; CC, art. 169; CPC, arts. 355, I, e 487, I. Jurisprudência relevante citada: STJ, AgInt no AREsp 1973453/RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, j. 11.04.2022; TRF2, Apelação nº 0136265-83.2013.4.02.5101, Rel. Desª Vera Lucia Lima, j. 06.05.2015; TJSP, Apelação Cível 1064737-83.2023.8.26.0100, Rel. Des. Luiz Antonio Costa, j. 30.01.2024; TJSP, Apelação Cível 1114730-95.2023.8.26.0100, Rel. Des. Marcus Vinicius Rios Gonçalves, j. 29.01.2024; TJSP, Apelação Cível 1005687-05.2023.8.26.0011, Rel. Des. Giffoni Ferreira, j. 29.01.2024.(TJSP; Apelação Cível 1181807-87.2024.8.26.0100; Relator (a):Léa Duarte; Órgão Julgador: Núcleo de Justiça 4.0 em Segundo Grau - Turma IV (Direito Privado 1); Foro Central Cível -43ª Vara CÍvel; Data do Julgamento: 04/07/2025; Data de Registro: 04/07/2025) Não obstante a Resolução Normativa nº 195 tenha sido revogada pela Resolução Normativa nº 557, de 14 de dezembro de 2022, a nova resolução traz a mesma redação do antigo artigo 17 em seu artigo 23, retirando-se apenas o parágrafo único, em que constava a permissão para o aviso prévio de 60 dias. Dessa maneira, o pedido de cancelamento extrajudicial por parte da autora em 09/12/2024 gera a manifestação de rescisão contratual, o que torna equivocada a cobrança de mensalidades posteriores à solicitação de cancelamento, que se baseiam em cláusula ultrapassada. De rigor, portanto, a rescisão contratual e inexigibilidade do débito por parte da requerida. Isto posto, confirmo a tutela concedida nos autos e JULGO PROCEDENTE a ação para declarar inexigíveis as cobranças realizadas pela requerida referente aos meses de dezembro de 2024 e janeiro de 2025, ante o reconhecimento da rescisão contratual que se deu em 09/12/2024 e para e condenar a ré a se abster de novas cobranças contra a parte autora ou de incluí-la nos órgãos de proteção ao crédito, em razão da dívida acima mencionada, sob pena de multa desde já arbitrada no dobro do valor que vier a ser cobrado ou inscrito. Em razão da sucumbência, arcará a ré com o pagamento das custas e despesas processuais e honorários advocatícios, que fixo em 20% do valor da causa atualizado, com fulcro no artigo 85, §2º, do Código de Processo Civil. Publique-se. Intimem-se. - ADV: FERNANDA ALMEIDA DOS SANTOS (OAB 475071/SP), MARTA MARTINS FADEL LOBÃO (OAB 89940/RJ)

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C. E. R. S. x F. Do B. B. S. C. S. A.

ID: 329650875

Tribunal: TJSP Órgão: Foro Central Cível - 10ª Vara Cível Classe: PROCEDIMENTO COMUM CíVEL Nº Processo: 1029129-87.2024.8.26.0100

Data de Disponibilização: 21/07/2025

Polo Ativo:

C. E. R. S.

Polo Passivo:

F. DO B. B. S. C. S. A.

Intimação

Advogados:

STEPHANIE CHU THOMPSON

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RAFAEL VILLAR GAGLIARDI

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MARIANNA FLEURY SILVEIRA DE ALVARENGA TRONA

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MARCELO DE OLIVEIRA BELLUCI

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JOAO MARCELO MÁXIMO RICARDO DOS SANTOS

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DINIR SALVADOR RIOS DA ROCHA

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CARLO DE LIMA VERONA

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Processo 1029129-87.2024.8.26.0100 - Procedimento Comum Cível - Seguro - C.E.R.S. - - C.E.R.S. - - C.E.R.S. - F.B.B.S.C.S. - A.G.E. - Vistos. CIRANDA 04 ENERGIAS RENOVÁVEIS SA e OUTROS moveram a… Processo 1029129-87.2024.8.26.0100 - Procedimento Comum Cível - Seguro - C.E.R.S. - - C.E.R.S. - - C.E.R.S. - F.B.B.S.C.S. - A.G.E. - Vistos. CIRANDA 04 ENERGIAS RENOVÁVEIS SA e OUTROS moveram a presente ação em face de FAIRFAX DO BRASIL SEGUROS CORPORATIVOS SA, alegando, em síntese, que a ré, através de contrato de seguro, garantiu o cumprimento de obrigações de construção de usinas fotovoltáicas, atribuídas às pessoas jurídicas Andrade Gutierrez Engenharia SA e AG Costruções e Serviços SA. Entretanto, houve o inadimplemento das obrigações das tomadoras e a ré se negou indevidamente à cobertura securitária. Dizem que as tomadoras notificaram a autora sobre a resilição contratual, atribuindo à requerente falso descumprimento contratual (garantia acesso razoável ao local das obras e obter financiamento necessário para execução das obras). Negam ter descumprido o contrato, acrescentando que houve abandono indevido da obra pelas tomadoras. Acrescentam que a ré acatou as informações falsas das tomadoras. Em relação ao financiamento, afirmam ser indevida a exigência de efetivo desembolso pelos bancos, já que o contrato apenas requer a obtenção do financiamento. Entendem que o regime de garantia-firme traz segurança à emissão das debêntures, afastando o risco do desinteresse do mercado. Afirmam, ainda, que as autoras possuíam recursos próprios para sustentar a obra no momento da assinatura da NTP. Acrescentam que as tomadoras tiveram acesso ao local das obras e que apenas foram tentadas duas das cinco opções indicadas em estudo prévio. Entendem que o motivo da rescisão é financeira e que não foi adotado o procedimento e o prazo de cura previstos em contrato para a hipótese de rescisão. Afirmam que as tomadoras violaram cláusula 16.3.B.x do Contrato EPC, já que não mantiveram diligentemente o trabalho durante pendência de disputa. Alegam que sofreram danos com a conduta das tomadoras, já que foram obrigadas a desembolsar quantia em dinheiro para contratação de novas construtoras, além da compra de energia de terceiros. Pedem a condenação da ré ao pagamento de R$46.592.645,40. Juntaram documentos. Validamente citado, o requerido apresentou defesa, sustentando que o contrato celebrado entre as partes visa a garantir a realização de uma obra, caso o tomador do seguro deixe de honrar injustificadamente ou de forma ilegítima o compromisso contratual, acrescentando que o prejuízo indenizável se refere ao sobrecusto necessário à continuidade e à conclusão das obrigações inadimplidas. Alega que, a contar da assinatura do Contrato EPC (30/03/2021), as autoras possuíam o prazo de 180 dias para cumprir as condições pendentes e emitir NTP. Entretanto, em 30/06/2021 foi emitida a NTP de forma viciada, pois não haviam sido atendidas as condições pendentes, o que se só se verificou com o início das primeiras etapas da obra. Entende que o caso foi de não emissão de ordem de serviço no prazo de 180 dias, o que possibilita a rescisão do contrato, sem responsabilidade entre as partes. Afirma que as obras se iniciaram em escopo limitado e reduzido, de acordo com LNTP que, conforme previsão contratual, permitia a realização de serviços preliminares antes do preenchimento das condições precedentes da obra. Diz que a autora poderia ter estendido o prazo da LNTP, mas preferiu emitir NTP, sem que tivesse cumprido os requisitos para tanto (cláusula 4.1.D), já que não comprovaram possuir recursos financeiros para honrar o pagamento dos custos da obra (não tinham obtido financiamento de curso ou longo prazo e não possuíam patrimônio ou crédito)e não propiciaram a liberação e desimpedimento de todas as frentes de trabalho (falta de licença ambiental para interferência em APPs que se encontravam no acesso aos canteiros, falta de autorização de acesso pelos proprietários vizinhos, falta de autorização da Ferrovia Transnordestina para trafego em faixas de servidão e cruzamento da linha férrea ). Acrescenta que as debentures não haviam sido emitidas na data da emissão da NTP, conforme impunha o EPC. Diz que sem o cumprimento do requisito jurídico previsto no artigo 62, da Lei das Sociedades Anônimas, as debêntures perderam a eficácia, o que inviabiliza a obtenção de financial closing. Alega que foi feito meticuloso procedimento de regulação do sinistro, afastando a obrigação de pagamento da indenização securitária já que a NTP foi emitida sem cumprimento de condições precedentes. Acrescenta que não há prova do sebrecusto. Alega que houve perda do direito, já que as autoras agravaram o risco, na medida em que manifestaram conformidade inverídica sobre as condições precedentes da obra, ao emitirem indevidamente o NTP . Requereu a improcedência. Juntou documentos. Réplica nos autos. Reconhecida a prejudicialidade externa, o feito foi suspenso, aguardando-se sentença arbitral. Finalizado o procedimento arbitral, e reconhecida a responsabilidade das tomadoras, o feito foi saneado, com determinação de realização de perícia. A decisão foi reformada em grau recursal, entendendo-se que o feito está maduro para julgamento. Sobreveio pedido de assistência, que foi rebatido pela autora. É o relatório. Decido. O feito já está maduro para julgamento. Aceito o pedido de intervenção efetuado às fls.6363 e ss, atuando a peticionante como assistente simples e recebendo o processo na fase em que se encontra. De fato, a tomadora da apólice de seguro garantia, possui efetivo interesse jurídico no resultado da demanda, uma vez que eventual condenação da seguradora ao pagamento da indenização poderá gerar direito de regresso contra a tomadora A ação é procedente. Das diversas teses trazidas pelas partes em suas manifestações, após a notícia do desfecho do procedimento arbitral, restou esvaziamento da demanda, e, conforme delienado em decisão saneadora, apenas restava demonstrar os sobrecusto e o agravamento do risco pela autora. Determinada a realização de perícia para deslinde do sobrecusto, a decisão foi reformada, entendendo-se que esta questão também estaria superada pelo procedimento arbitral. Assim, curvando-se ao entendimento recursal e arbitral, certo é que foi reconhecido que os danos calculados de R$69.599.339,51 correspondem a sobrecusto suportados em decorrência da descontinuidade da relação jurídica por culpa das tomadoras. E isso em razão da assunção dos subcontratos das tomadoras, bem como da necessidade de celebração de novas relações jurídicas para conclusão da obra. Assim, sendo tal valor superior ao limite da apólice, deve o teto ser acolhido pelo Juízo, nos exatos termos da pretensão deduzida. Resta, portanto, apenas a análise da tese de agravamento intencional do risco, já que a ré entende que a parte autora deixou de cumprir as condições precedentes para emissão da NTP. Entretanto, tal argumento não põe ser acolhido, já que não houve qualquer violação contratual por parte das Autoras. É certo que a perda do direito à indenização, em razão do agravamento do risco depende de efetivo aumento do risco inicialmente garantido, por culpa do segurado que tenha contribuído para o agravamento ou silenciado para a situação. Entretanto, no presente caso não houve alteração do risco inicialmente garantido, já que não existe relação entre o sinistro e a conduta da parte requerente. Sequer foi alegado pela ré prática de má-fé por parte da autora para fins de recebimento da indenização. Ao contrário, a parte autora sempre buscou o adimplemento contratual por parte das tomadoras, sendo a principal interessada na manutenção do contrato e execução da obra. A resolução arbitral confirma que o inadimplemento foi das tomadoras, não havendo nexo causal entre eventual conduta das autoras e o sinistro. Por fim, as teses invocadas pela interveniente não podem ser acolhidas. É certo que já se encontra superada a questão relativa à prejudicialidade externa, sendo certo que a sentença arbitral possui força vinculante na presente relação. Desta forma, reconhecido que as tomadoras resolveram imotivadamente o contato, não há que se falar em inadimplemento por parte da autora desta demanda. Ademais, alegação de "dupla cobrança" não prospera, tendo em vista a sistemática prevista no artigo 786 do Código Civil, que estabelece a sub-rogação da seguradora nos direitos do segurado contra o causador do dano. Eventual pagamento pela seguradora será automaticamente deduzido dos valores devidos pelas tomadoras em decorrência da sentença arbitral, evitando-se qualquer bis in idem. Ante o exposto, JULGO PROCEDENTE o pedido inicial para CONDENAR a ré ao pagamento de R$ 46.592.645,40 (quarenta e seis milhões, quinhentos e noventa e dois mil, seiscentos e quarenta e cinco reais e quarenta centavos), corrigida monetariamente desde a data da caracterização do sinistro (29.09.2021) e acrescida de juros de mora desde 12.05.2022, nos termos das Cláusulas 9.1 e 9.3 da apólice. CONDENO a ré ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios, que fixo em 10% sobre o valor da condenação. - ADV: MARIANNA FLEURY SILVEIRA DE ALVARENGA TRONA (OAB 476943/SP), RAFAEL VILLAR GAGLIARDI (OAB 195112/SP), RAFAEL VILLAR GAGLIARDI (OAB 195112/SP), MARCELO DE OLIVEIRA BELLUCI (OAB 249799/SP), JOAO MARCELO MÁXIMO RICARDO DOS SANTOS (OAB 260454/SP), RAFAEL VILLAR GAGLIARDI (OAB 195112/SP), MARIANNA FLEURY SILVEIRA DE ALVARENGA TRONA (OAB 476943/SP), STEPHANIE CHU THOMPSON (OAB 508095/SP), STEPHANIE CHU THOMPSON (OAB 508095/SP), STEPHANIE CHU THOMPSON (OAB 508095/SP), MARIANNA FLEURY SILVEIRA DE ALVARENGA TRONA (OAB 476943/SP), CARLO DE LIMA VERONA (OAB 169508/SP), CARLO DE LIMA VERONA (OAB 169508/SP), DINIR SALVADOR RIOS DA ROCHA (OAB 138090/SP), CARLO DE LIMA VERONA (OAB 169508/SP)

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Carlos Alberto Peixoto Camara Servicos De Apoio Administrativo x Antonio Paulino Inglez e outros

ID: 290737480

Tribunal: TJSP Órgão: Foro Central Cível - 28ª Vara Cível Classe: CUMPRIMENTO DE SENTENçA Nº Processo: 0033618-87.2024.8.26.0100

Data de Disponibilização: 06/06/2025

Polo Ativo:

CARLOS ALBERTO PEIXOTO CAMARA SERVICOS DE APOIO ADMINISTRATIVO

Polo Passivo:

ANTONIO PAULINO INGLEZ SCHEDULE MATERIAIS HIDRAULICOS LTDA - EM RECUPERACAO JUDICIAL EM RECUPERACAO JUDICIAL

Intimação

Advogados:

ROGERIO ZAMPIER NICOLA

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GUSTAVO BISMARCHI MOTTA

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

Processo 0033618-87.2024.8.26.0100 (processo principal 1082991-41.2022.8.26.0100) - Cumprimento de sentença - Prestação de Serviços - Carlos Alberto Peixoto Camara Servicos de Apoio Administrativo -… Processo 0033618-87.2024.8.26.0100 (processo principal 1082991-41.2022.8.26.0100) - Cumprimento de sentença - Prestação de Serviços - Carlos Alberto Peixoto Camara Servicos de Apoio Administrativo - SCHEDULE MATERIAIS HIDRAULICOS LTDA - EM RECUPERACAO JUDICIAL EM RECUPERACAO JUDICIAL - - Antonio Paulino Inglez - Fls. 253/274. A parte executada ofereceu impugnação à penhora em relação ao bloqueio em conta da pessoa jurídica em recuperação judicial e do executado pessoa física. Com relação à recuperanda, deve ser observado o v. Acórdão de fls. 194/200, no qual foi determinado que é da competência deste juízo a apreciação dos pedidos atinentes às medidas constritivas, submetendo-se ao juízo recuperacional apenas a análise de bens de capital essenciais à manutenção da atividade empresarial. No caso, considerando que o bloqueio foi de apenas R$ 52,28, valor inferior ao da despesas para emprego do sistema, defiro seu levantamento em favor da parte executada, conforme determinado à fl. 203. Com relação ao executado pessoa física, compulsando os autos, verifico que o bloqueio de ativos financeiros alcançou a conta corrente do executado, alimentada com recursos provenientes de seus rendimentos de aposentadoria, alcançados pela impenhorabilidade prevista no artigo 833, inciso IV do Código de Processo Civil. A documentação apresentada no caso concreto demonstra que os créditos na conta bancária da parte executada são exclusivamente alimentares, estando protegidos pela impenhorabilidade prevista no inciso IV, do artigo 833, do Código de Processo Civil. Trago à colação os seguintes arestos: Ementa: Agravo de Instrumento. Locação. Cobrança de alugueres em atraso. Execução. Penhora on line pelo sistema BACEN-JUD. Pretensão do agravante ao desbloqueio da conta sob alegação de tratar-se de conta poupança para recebimento de aposentadoria. Alegação devidamente comprovada documentalmente. Inteligência dos arts. 333, I, 649, IV e X c.c art. 655-A, § 2°, todos do CPC. Decisão reformada. Confirmada a liminar que concedeu antecipação dos efeitos da tutela recursal. Agravo provido. (TJSP, AI 990092779982, 29ª Câmara de Direito Privado, rel. Pereira Calças, j. 03/02/2010) Ementa: Execução de titulo judicial Decisão que indeferiu pedido de desbloqueio de conta poupança Impenhorabilidade da conta-poupança, até o limite de 40 salários mínimos - Inteligência das normas do artigo 649, inciso X, do Código de Processo Civil - Reforma da decisão agravada. Dá-se provimento ao recurso. (TJSP, AI 994093199723, 5ª Câmara de Direito Privado, rel. Christine Santini, j. 27/01/2010) Ementa: Embargos de terceiro - Fase de execução - Bloqueio de valores em conta bancária do executado Penhora on line que atingiu salário e quantia depositada em conta poupança - Inadmissibilidade Impenhorabilidade que decorre do disposto no art. 649, incisos IV e X do CPC Penhora, por isso, ineficaz - Desbloqueio determinado pelo MM. Juízo de Primeiro Grau - Acerto da r. decisão recorrida - Recurso não provido. (TJSP, AI 991090344023, 20ª Câmara de Direito Privado, rel. Cunha Garcia, j. 16/11/2009) PROCESSO CIVIL. PENHORA. DEPÓSITO BANCÁRIO DECORRENTE DE PENSÃO. IMPOSSIBILIDADE. Os depósitos bancários provenientes exclusivamente da pensão paga pelo INSS è da respectiva complementação pela entidade de previdência privada são a própria pensão, por isso mesmo que absolutamente impenhoráveis quando destinados ao sustento do devedor ou da sua família. Recurso conhecido e provido. (REsp 536760/SP, Rel. Ministro CÉSAR ASFOR ROCHA, QUARTA TURMA, julgado em 07/10/2003, DJ 15/12/2003 p. 318). "Execução Fiscal. Penhora on line de ativos financeiros em nome do executado. Quantias recebidas a título de salário. Impossibilidade. Art. 7o, inciso X, da Constituição Federal e art.649, inciso IV, do Código de Processo Civil. Impenhorabilidade absoluta d valores destinados ao sustento do devedor e de sua família. Impenhorabilidade mantida. Recurso improvido. (Agravo de instrumento n° 994.09.238767-1, Sétima Câmara de Direito Público, Relator Guerrieri Rezende, j. Io.3.2010). PENHORA - Incidência sobre salários. Inadmissibilidade. São absolutamente impenhoraveis, dentre outros bens, os vencimentos dos magistrados, dos professores e dos funcionários públicos, o soldo e os salários, salvo para pagamento de prestação alimentícia (arts. 10 da Lei n° 6.830/80 e 649, IV, CPC). Decisão reformada. Recurso provido (AGRAVO DE INSTRUMENTO N° 819.377-5/4-00, rei. Décio Notarangeli). Tem-se entendido que "os proventos de aposentadoria não podem ser objeto de penhora, ainda que a requerimento do devedor, em razão do princípio da impenhorabilidade absoluta, que por ser de ordem pública e irrenunciável" (RT 719/209). "É inadmissível a penhora mediante desconto parcelado, em folha de pagamento, dos vencimentos do funcionário" (RT 711/133). "Tudo que é recebido pelo servidor público, a qualquer título (RT 614//128; JTA 102/86), inclusive os proventos da aposentadoria (RTJJESP 158/286). "A penhora de bem absolutamente impenhorável constitui nulidade que pode ser declarada de ofício pelo juiz" (RTFR 120/158) "PROCESSUAL CIVIL. INEXISTÊNCIA DE OMISSÃO OU CONTRADIÇÃO NO ACÓRDÃO RECORRIDO. PENHORA. BACEN-JUD. INTIMAÇÃO. PROVENTOS DE APOSENTADORIA. REEXAME DO CONJUNTO FÁTICO-PROBATÓRIO. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA N. 7 DO STJ. ACÓRDÃO RECORRIDO NO MESMO SENTIDO DA JURISPRUDÊNCIA DESTA CORTE. SÚMULA N. 83 DO STJ. 1. Não havendo no acórdão omissão, contradição ou obscuridade capaz de ensejar o acolhimento da medida integrativa, tal não é servil para forçar a reforma do julgado nesta instância extraordinária. 2. Descabe, nesta instância, revolver o conjunto fático-probatório dos autos para confrontar a premissa fática estabelecida pela Corte de origem. Súmula n. 7 do STJ. 3. O acórdão recorrido está em sintonia com a jurisprudência desta Corte, por não permitir que os bloqueios realizados por meio do convênio Bacen-Jud recaiam sobre bens impenhoráveis como, in casu, proventos de aposentadoria. Súmula n. 83 do STJ. 4. Recurso especial não conhecido." (REsp 1.200.432/AM, 2.ª Turma, Rel. Min. MAURO CAMPBELL MARQUES, DJe de 12/11/2010.) Feitas estas considerações, reputo que assiste razão à executada, eis que a conta objeto de bloqueio é destinada ao recebimento de sua aposentadoria. Nesta ordem de ideias, diante da documentação apresentada, reputo que assiste razão à executada impugnante, eis que o bloqueio atingiu valores impenhoráveis. Assim sendo, decorrido o prazo para interposição de recurso contra a presente decisão, expeça-se com urgência guia de levantamento em favor do executado Antonio dos valores bloqueados em sua conta corrente junto ao Itaú. Fls. 289/302. Defiro a expedição de ofício conforme requerido, destinado a Visa, Mastercard, Elo, American Express (Amex), Hipercard, Cielo, Rede, Stone, Getnet, Pagseguro (Pagbank), Sumup, Paypal do Brasil, MercadoPago.Com, para que informem a existência de eventuais créditos em favor da parte executada. Caso positivo, defiro, desde já o bloqueio e transferência dos valores à conta à disposição do Juízo. Ademais, defiro a penhora de créditos da executada perante seus clientes abaixo listados, para que eventuais pagamentos sejam efetuados por meio de depósito judicial nos autos: HERDARA EMPREENDIMENTOS LTDA; FERNANDEZ SOCIEDADE ANONIMA INDUSTRIA DE PAPEL; C.C. CAVALHEIRO MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO; TRANSPORTADORA MONTEMORENSE LTDA; CASTELO DISTRIBUIDORA COM. DE BOMBAS LTDA; CASTELO DISTRIBUIDORA COM. DE BOMBAS LTDA; GREENBRIER MAXION - EQUIPAMENTOS E SERVICOS FERROVIARIOS S.A; CHRONOS HIGGS PROCESSOS INDUSTRIAIS LTDA; RILE COMERCIAL LTDA; III-A USINAGEM E FERRAMENTARIA LTDA; STAMPLAS ARTEFATOS DE PLASTICO LTDA; AVLIS - HAWS DO BRASIL LTDA; ]KS TUBOS VALVULAS E CONEXOES EIRELI - EPP; FERNANDO JOSE NOBREGA BACCI E OUTROS; DIRETIVA CIDADE NOVA SPE INCORPORACAO IMOBILIARIA LTDA; CONSUMIDOR - BALCAO; HM 27 EMPREENDIMENTO IMOBILIARIO LTDA; FORCELUX COMERCIO DE MATERIAIS ELETRICOS EIRELI; REGIANI - SERVICOS DE TERRAPLENAGEM E ESCAVACOES EIRELI; RECPAZ TRANSPORTES E TURISMO LTDA; COPPERSTEEL BIMETALICOS LTDA; TEMARI EQUIPAMENTOS INDUSTRIAIS - EIRELI; MOGIANA ALIMENTOS S/A; BRZ EMPREENDIMENTOS E CONSTRUCOES S.A; CONDOMINIO SHOPPING PARQUE D. PEDRO; WHITE MARTINS GASES INDUSTRIAIS LTDA; CMC CONSTRUCAO, MANUTENCAO E COMERCIO DE MATERIAIS PARA CONS; SIQUEIRA SIQUEIRA HIDRAULICA E ELETRICA LTDA ME; III-A USINAGEM E FERRAMENTARIA LTDA; ARKAS EMPREENDIMENTOS IMOBILIARIOS LTDA; AMPHENOL TFC DO BRASIL LTDA; D. S COMERCIAL LTDA; BENTELER COMPONENTES AUTOMOTIVOS LTDA; REGIANI - SERVICOS DE TERRAPLENAGEM E ESCAVACOES EIRELI; META MATERIAIS ELETRICOS LTDA; HT EQUIPAMENTOS E INSTALACOES INDUSTRIAIS LTDA - ME; HT EQUIPAMENTOS E INSTALACOES INDUSTRIAIS LTDA - ME; ESPEL ELEVADORES ESPECIALIZADOS - EIRELI - EPP; BRASIL INSTRUMENTOS CIRURGICOS EIRELI; CENTRAIS DE ABASTECIMENTO DE CAMPINAS SA; PALACIOS BRASIL COMERCIALIZACAO DE ALIMENTOS LTDA; D. S COMERCIAL LTDA; LAFFER EMPREENDIMENTOS IMOBILIARIOS LTDA; CONSTRUTORA PROCIVIL ENGENHARIA E EMPREENDIMENTOS LTDA; ISOFLUID EQUIPAMENTOS INDUSTRIAIS LTDA; AMONIA SYSTEM REFRIGERACAO LTDA; TESLA-RM ANALISES TECNICAS LTDA; AQUAMEC INDUSTRIA E COMERCIO DE EQUIPAMENTOS LTDA.; MEGA FLUXO COMERCIAL HIDRAULICA LTDA; BRZ EMPREENDIMENTOS E CONSTRUCOES S.A; UNIPOLI EMBALAGENS ESPECIAIS LTDA; AQUAMEC INDUSTRIA E COMERCIO DE EQUIPAMENTOS LTDA.; ASSOCIACAO DOS PROPRIETARIOS E MORADORES DO LOTEAMENTO JARDI; TECNOGEN GERADORES LTDA; ASSOCIACAO DOS FUNC APOSENTADOS DO BANCO DO EST SP; R.A. COMERCIO DE EQUIPAMENTOS INDUSTRIAIS LTDA - EPP; FILTROS DAGUA VINHEDO LTDA - ME; CONSTRUTORA PROCIVIL ENGENHARIA E EMPREENDIMENTOS LTDA; TRADE REPRESENTACOES E COMERCIO EIRELI; PLAENGE EMPREENDIMENTOS LTDA; ENGEMAPE CONSTRUCOES E COMERCIO LTDA; CONSTRUTORA PROCIVIL ENGENHARIA E EMPREENDIMENTOS LTDA; CONTEUDO COMERCIO E SERVICOS LTDA; J M BROS PARTICIPACOES S A; DIRETIVA CIDADE NOVA SPE INCORPORACAO IMOBILIARIA LTDA; E3 EFICIENCIA E SUSTENTABILIDADE LTDA FGE SOLUCOES EM ENERGIA LTDA. Considerando o reduzido número de funcionários prestando serviços no Cartório e buscando atender a celeridade imposta pela Emenda Constitucional nº 45 (reforma do Judiciário) a presente servirá de ofício, devendo o procurador da parte interessada, sem a necessidade de comparecer ao cartório judicial, no site do Tribunal de Justiça obter cópia da decisão com a respectiva assinatura digital e diretamente, encaminhá-lo ao órgão competente, comprovando-se nos autos em 05 (cinco) dias. A RESPOSTA DO OFÍCIO DEVERÁ SER REALIZADA ATRAVÉS DE PETIÇÃO ELETRÔNICA NOS PRÓPRIOS AUTOS OU ENCAMINHADA DIRETAMENTE AO ADVOGADO DA PARTE INTERESSADA QUE JUNTARÁ AOS AUTOS SOMENTE RESPOSTAS POSITIVAS EM ATENÇÃO AOS PRINCÍPIOS DA CELERIDADE E COOPERAÇÃO PROCESSUAL (ART. 6 º DO CPC). Neste mesmo sentido, caso as respostas sejam enviadas diretamente à Serventia do Juízo, deverão ser juntadas aos autos somente aquelas que forem positivas. - ADV: GUSTAVO BISMARCHI MOTTA (OAB 275477/SP), GUSTAVO BISMARCHI MOTTA (OAB 275477/SP), ROGERIO ZAMPIER NICOLA (OAB 242436/SP)

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Camila Cordeiro Da Costa Silva x Clinica Alphamed e outros

ID: 278701297

Tribunal: TJSP Órgão: Foro de Itapecerica da Serra - 3ª Vara Classe: PROCEDIMENTO COMUM CíVEL Nº Processo: 1007762-22.2023.8.26.0268

Data de Disponibilização: 26/05/2025

Polo Ativo:

CAMILA CORDEIRO DA COSTA SILVA

Polo Passivo:

CLINICA ALPHAMED SUL AMERICA CIA DE SEGURO SAUDE

Intimação

Advogados:

SARAY SALES SARAIVA

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

ROGÉRIO OLIVEIRA QUEIROZ

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

LUIZ FELIPE CONDE

OAB/RJ XXXXXX Desbloquear

ADV: Saray Sales Saraiva (OAB 182965/SP), Luiz Felipe Conde (OAB 310799/SP), Rogério Oliveira Queiroz (OAB 281709/SP) Processo 1007762-22.2023.8.26.0268 - Procedimento Comum Cível - Reqte: Camila Cor… ADV: Saray Sales Saraiva (OAB 182965/SP), Luiz Felipe Conde (OAB 310799/SP), Rogério Oliveira Queiroz (OAB 281709/SP) Processo 1007762-22.2023.8.26.0268 - Procedimento Comum Cível - Reqte: Camila Cordeiro da Costa Silva - Reqda: Sul America Cia de Seguro Saude, Clinica Alphamed - CAMILA CORDEIRO DA COSTA SILVA promoveu ação declaratória e inexistencia de débito por exame médico c/c indenização por danos morais em face de SULAMERICA SAÚDE e CLÍNICA ALPHAMED alegando, em síntese, que é beneficiária do Convênio Corporativo Plano - código 01275002574180015 fornecido pela primeira requerida. Após realizar exame junto a segunda requerida, o reembolso não foi aprovado, de forma que recebeu boleto no valor de R$ 7.351,45 com protesto junto ao Cartório de Itapecerica da Serra. Requereu a procedência da demanda para declaração de inexistência de débito no valor de R$ 7.351,45 entre a autora e as rés e exclusão do nome da autora do cadastro de inadimplentes. Ainda, protestou pela condenação das rés na indenização por danos morais no valor de R$ 26.640,00 (vinte salários mínimos). Justiça gratuita deferida à f. 145/146. A requerida CLÍNICA ALPHAMED contestou à f. 160/164, pedindo pela improcedência da demanda. Apresentou reconvenção objetivando a condenação da autora/reconvinda ao pagamento do valor de 6.874,46, referente aos serviços prestados. Réplica e contestação da reconvenção à f. 195/221. A requerida SUL AMÉRICA COMPANHIA DE SEGURO SAÚDE contestou à f. 227/257 sustentando ausência de prova do fato constitutivo alegado pela autora e a inexistência de danos morais. Pediu pela improcedência da ação. Réplica à f. 270/283. As partes informaram que não tinham mais provas a produzir. É o relatório. Passo a decidir. O feito comporta julgamento no estado em que se encontra, tendo em vista que as alegações formuladas pelas partes permitem a prolação da sentença, independentemente da produção de outras provas, na forma do artigo 355, inciso I, do Código de Processo Civil. Sem preliminares a serem analisadas. No mérito a ação é improcedente. Na hipótese sob exame, são aplicáveis as disposições do Código de Defesa do Consumidor, visto que as partes enquadram-se nas figuras preconizadas pelos arts. 2º e 3º do mencionado diploma. Com efeito, a parte requerida presta serviços de assistência mediante contraprestação pecuniária, sendo o autor destinatário final do produto. Por consequência, cabível ainda a inversão do ônus probatório preconizada no art.6º, inc. VIII, do CDC, cuja finalidade consiste, sobremaneira, em facilitar a defesa dos direitos do consumidor, que, em geral, apresenta certa vulnerabilidade material e processual frente ao fornecedor do serviço ou produto. O presente caso envolve uma relação contratual trilateral típica de planos de saúde: beneficiária (autora), operadora de plano de saúde (SUL AMÉRICA) e prestadora de serviços médicos (CLÍNICA ALPHAMED). A questão central é determinar quem deve arcar com os custos do exame médico realizado. Pois bem. Sustenta a requerida SUL AMÉRICA que não promoveu o reembolso ante a falta de comprovação do desembolso do valor dos exames realizados pela autora. A autora, de seu lado, sustenta que a situação de seu plano foi alterada sem seu conhecimento, de forma que perdeu direito ao reembolso de exames. Tal informação lhe foi transmitida pela Ouvidoria - SUL AMÉRICA, que respondeu seu questionamento da seguinte maneira: "a partir do dia 01/08/22, ocorreu a troca do plano da de código 01275002574180015 para o novo código de identificação de número 01275002574181011, conforme solicitação da empresa estipulante do seguro, de forma que o plano de saúde atualmente vigente, não prevê cobertura assistencial por reembolso" (f. 32). Ainda que assim fosse e que, repentinamente e sem aviso prévio, a requerida tivesse alterado as regras do plano de saúde da autora quanto à solicitação de reembolsos, fato é que o reembolso de exames realizados em clínicas não credenciadas depende da comprovação de desembolso prévio feito pelo beneficiário. Esse é o entendimento da jurisprudência do E. TJSP: DIREITO CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. REEMBOLSO DE DESPESAS MÉDICAS. RECURSO PROVIDO. I. CASO EM EXAME 1. Recurso de agravo de instrumento interposto contra decisão que acolheu parcialmente impugnação da operadora executada, reconhecendo excesso na execução em relação aos valores cobrados a título de honorários médicos, insumos e medicamentos, e determinando a necessidade de comprovação de prévio desembolso para reembolso. II. QUESTÃO EM DISCUSSÃO 2. A questão em discussão consiste em determinar se é necessário comprovar o prévio desembolso para que a executada promova o reembolso ao exequente. III. RAZÕES DE DECIDIR 3. O direito ao reembolso por tratamentos realizados fora da rede credenciada pressupõe o pagamento do tratamento pelo paciente, conforme entendimento do Superior Tribunal de Justiça. 4. A apresentação de notas fiscais deve ser acompanhada dos comprovantes de pagamento para garantir segurança e transparência no processo de reembolso. IV. DISPOSITIVO E TESE 5. Dá-se provimento ao recurso. Tese de julgamento: 1. O direito ao reembolso exige comprovante de pagamento das despesas médico-hospitalares. 2. A operadora pode solicitar documentação complementar para prevenir fraudes. Legislação Citada: Lei n. 9.656/1998, art. 12, inciso VI. Jurisprudência Citada: STJ, REsp nº 1.959.929/SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, Terceira Turma, j. 22/11/2022. (TJSP; Agravo de Instrumento 2087736-51.2025.8.26.0000; Relator (a):Marcia Dalla Déa Barone; Órgão Julgador: 4ª Câmara de Direito Privado; Foro Central Cível -20ª Vara Cível; Data do Julgamento: 15/05/2025; Data de Registro: 15/05/2025) (grifos nossos). APELAÇÃO. AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER. PLANO DE SAÚDE. REEMBOLSO. Sentença de improcedência dos pedidos de afastamento do comunicado que altera unilateralmente as condições de reembolso e de condenação da ré na obrigação de fazer consistente no pagamento dos reembolsos já pedidos e de todos os demais ocorridos no curso do processo, durante a vigência do contrato. Irresignação do autor. Insuficiência do preparo. Necessidade de complementação do equivalente a R$ R$ 257,49. Falta escusável e atribuível à correção monetária. Possibilidade, à vista dessa particularidade, de complementação posterior do valor (STJ, REsp 211614/MG, Min. Ruy Rosado de Aguiar). Mérito. Acolhimento parcial. Operadora do plano de saúde que, unilateralmente, alterou as regras do reembolso que já vinham sendo adotadas. Comportamento contraditório da ré. Violação à boa-fé contratual. Alteração que ocorreu de forma abrupta. Conduta que impõe onerosidade excessiva ao consumidor. Abusividade caracterizada. Autorização do reembolso das sessões já realizadas que é de rigor, reformada a r. sentença neste ponto. Reembolsos que, doravante, deverão se dar mediante comprovação do desembolso, evitando-se, assim, qualquer possibilidade de operação fraudulenta. Jurisprudência pacífica desta c. 3ª Câmara no sentido de que a prática do "reembolso assistido", isto é, sem anterior desembolso, é indevida. Sentença preservada no ponto. Pedido julgado parcialmente procedente, com redistribuição dos ônus sucumbenciais. APELO PARCIALMENTE PROVIDO. (TJSP; Apelação Cível 1059781-87.2024.8.26.0100; Relator (a):Donegá Morandini; Órgão Julgador: 3ª Câmara de Direito Privado; Foro Central Cível -21ª Vara Cível; Data do Julgamento: 13/05/2025; Data de Registro: 13/05/2025) (grifos nossos). Nesse sentido, apesar da nota fiscal referentemente à realização dos exames (f. 51), não é possível afirmar que a autora pagou os exames à clínica. Tal constatação também se extrai do que ela própria narra na inicial, uma vez que menciona que realizou os exames e entendeu que o reembolso seria feito diretamente pelo plano de saúde à clínica. A falta de pagamento ainda é cristalina a partir do protesto do débito (f. 26/27) e da inclusão de seu nome no cadastro de inadimplentes (f. 60/62). Sendo assim, a autora não faz jus ao reembolso e, por consequência, conclui-se que seu nome não foi incluído no cadastro de inadimplentes indevidamente. Dessa forma, não existem danos morais a serem indenizados. Quanto à reconvenção, o pedido é procedente. A CLÍNICA ALPHAMED pretende a cobrança judicial em face da autora/reconvinda alegando a inadimplência quanto ao pagamento de exames realizados, no valor de R$ 6.874,46 (seis mil oitocentos e setenta e quatro reais e quarenta e seis centavos). A autora/reconvinda, assim como na inicial, não demonstrou o pagamento do valor dos exames. Sendo assim, considerando que o serviço foi devidamente prestado (f. 51) e que o valor correspondente não foi quitado pela autora/reconvinda, tem razão a ré/reconvinte. Assim, deverá a autora/reconvinda pagar o valor de R$ 6.874,46 (seis mil oitocentos e setenta e quatro reais e quarenta e seis centavos) pelos exames que realizou na CLÍNICA ALPHAMED. Ante o exposto: (i) JULGO IMPROCEDENTES os pedidos formulados por CAMILA CORDEIRO DA COSTA SILVA em face de SULAMERICA SAÚDE e CLÍNICA ALPHAMED; (ii) JULGO PROCEDENTE o pedido reconvencional para condenar CAMILA CORDEIRO DA COSTA SILVA no pagamento de R$ 6.874,46 (seis mil oitocentos e setenta e quatro reais e quarenta e seis centavos) a CLÍNICA ALPHAMED, pelos exames realizados, com correção monetária pela tabela prática do Tribunal de Justiça de São Paulo a partir do vencimento do protesto (15/12/2022 - f. 180) e juros de mora de 1% ao mês a partir da citação. A partir de 30/08/2024, salvo disposição contratual ou legal em contrário, para o cálculo da correção monetária será aplicada a variação do IPCA; osjurosde mora deverão observar a taxa legal, correspondente à diferença entre a taxaSELICe o IPCA, calculada mensalmente pelo Banco Central (artigo 389, parágrafo único, e artigo 406, §1°, do Código Civil, com as alterações promovidas pela Lei nº. 14.905, de 28/06/2024. Nos termos do art. 487, inciso I do Código de Processo Civil, extingo o processo com resolução do mérito Em razão da sucumbência, condeno a autora/reconvinda ao pagamento das despesas processuais e honorários advocatícios relativos à ação principal e à reconvenção, respectivamente, estes fixados em 10% (dez por cento) sobre o valor da causa, nos termos do artigo 85, § 2º, do Código de Processo Civil. No entanto, por ser beneficiária da justiça gratuita, suspendo a exigibilidade dessa verba, nos termos do art. 98, §3º, do CPC. Após, adotadas as cautelas de praxe, arquivem-se.

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Camila Cordeiro Da Costa Silva x Clinica Alphamed e outros

ID: 279167285

Tribunal: TJSP Órgão: Foro de Itapecerica da Serra - 3ª Vara Classe: PROCEDIMENTO COMUM CíVEL Nº Processo: 1007762-22.2023.8.26.0268

Data de Disponibilização: 26/05/2025

Polo Ativo:

CAMILA CORDEIRO DA COSTA SILVA

Polo Passivo:

CLINICA ALPHAMED SUL AMERICA CIA DE SEGURO SAUDE

Intimação

Advogados:

SARAY SALES SARAIVA

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

ROGÉRIO OLIVEIRA QUEIROZ

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

LUIZ FELIPE CONDE

OAB/RJ XXXXXX Desbloquear

ADV: Saray Sales Saraiva (OAB 182965/SP), Luiz Felipe Conde (OAB 310799/SP), Rogério Oliveira Queiroz (OAB 281709/SP) Processo 1007762-22.2023.8.26.0268 - Procedimento Comum Cível - Reqte: Camila Cor… ADV: Saray Sales Saraiva (OAB 182965/SP), Luiz Felipe Conde (OAB 310799/SP), Rogério Oliveira Queiroz (OAB 281709/SP) Processo 1007762-22.2023.8.26.0268 - Procedimento Comum Cível - Reqte: Camila Cordeiro da Costa Silva - Reqda: Sul America Cia de Seguro Saude, Clinica Alphamed - CAMILA CORDEIRO DA COSTA SILVA promoveu ação declaratória e inexistencia de débito por exame médico c/c indenização por danos morais em face de SULAMERICA SAÚDE e CLÍNICA ALPHAMED alegando, em síntese, que é beneficiária do Convênio Corporativo Plano - código 01275002574180015 fornecido pela primeira requerida. Após realizar exame junto a segunda requerida, o reembolso não foi aprovado, de forma que recebeu boleto no valor de R$ 7.351,45 com protesto junto ao Cartório de Itapecerica da Serra. Requereu a procedência da demanda para declaração de inexistência de débito no valor de R$ 7.351,45 entre a autora e as rés e exclusão do nome da autora do cadastro de inadimplentes. Ainda, protestou pela condenação das rés na indenização por danos morais no valor de R$ 26.640,00 (vinte salários mínimos). Justiça gratuita deferida à f. 145/146. A requerida CLÍNICA ALPHAMED contestou à f. 160/164, pedindo pela improcedência da demanda. Apresentou reconvenção objetivando a condenação da autora/reconvinda ao pagamento do valor de 6.874,46, referente aos serviços prestados. Réplica e contestação da reconvenção à f. 195/221. A requerida SUL AMÉRICA COMPANHIA DE SEGURO SAÚDE contestou à f. 227/257 sustentando ausência de prova do fato constitutivo alegado pela autora e a inexistência de danos morais. Pediu pela improcedência da ação. Réplica à f. 270/283. As partes informaram que não tinham mais provas a produzir. É o relatório. Passo a decidir. O feito comporta julgamento no estado em que se encontra, tendo em vista que as alegações formuladas pelas partes permitem a prolação da sentença, independentemente da produção de outras provas, na forma do artigo 355, inciso I, do Código de Processo Civil. Sem preliminares a serem analisadas. No mérito a ação é improcedente. Na hipótese sob exame, são aplicáveis as disposições do Código de Defesa do Consumidor, visto que as partes enquadram-se nas figuras preconizadas pelos arts. 2º e 3º do mencionado diploma. Com efeito, a parte requerida presta serviços de assistência mediante contraprestação pecuniária, sendo o autor destinatário final do produto. Por consequência, cabível ainda a inversão do ônus probatório preconizada no art.6º, inc. VIII, do CDC, cuja finalidade consiste, sobremaneira, em facilitar a defesa dos direitos do consumidor, que, em geral, apresenta certa vulnerabilidade material e processual frente ao fornecedor do serviço ou produto. O presente caso envolve uma relação contratual trilateral típica de planos de saúde: beneficiária (autora), operadora de plano de saúde (SUL AMÉRICA) e prestadora de serviços médicos (CLÍNICA ALPHAMED). A questão central é determinar quem deve arcar com os custos do exame médico realizado. Pois bem. Sustenta a requerida SUL AMÉRICA que não promoveu o reembolso ante a falta de comprovação do desembolso do valor dos exames realizados pela autora. A autora, de seu lado, sustenta que a situação de seu plano foi alterada sem seu conhecimento, de forma que perdeu direito ao reembolso de exames. Tal informação lhe foi transmitida pela Ouvidoria - SUL AMÉRICA, que respondeu seu questionamento da seguinte maneira: "a partir do dia 01/08/22, ocorreu a troca do plano da de código 01275002574180015 para o novo código de identificação de número 01275002574181011, conforme solicitação da empresa estipulante do seguro, de forma que o plano de saúde atualmente vigente, não prevê cobertura assistencial por reembolso" (f. 32). Ainda que assim fosse e que, repentinamente e sem aviso prévio, a requerida tivesse alterado as regras do plano de saúde da autora quanto à solicitação de reembolsos, fato é que o reembolso de exames realizados em clínicas não credenciadas depende da comprovação de desembolso prévio feito pelo beneficiário. Esse é o entendimento da jurisprudência do E. TJSP: DIREITO CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. REEMBOLSO DE DESPESAS MÉDICAS. RECURSO PROVIDO. I. CASO EM EXAME 1. Recurso de agravo de instrumento interposto contra decisão que acolheu parcialmente impugnação da operadora executada, reconhecendo excesso na execução em relação aos valores cobrados a título de honorários médicos, insumos e medicamentos, e determinando a necessidade de comprovação de prévio desembolso para reembolso. II. QUESTÃO EM DISCUSSÃO 2. A questão em discussão consiste em determinar se é necessário comprovar o prévio desembolso para que a executada promova o reembolso ao exequente. III. RAZÕES DE DECIDIR 3. O direito ao reembolso por tratamentos realizados fora da rede credenciada pressupõe o pagamento do tratamento pelo paciente, conforme entendimento do Superior Tribunal de Justiça. 4. A apresentação de notas fiscais deve ser acompanhada dos comprovantes de pagamento para garantir segurança e transparência no processo de reembolso. IV. DISPOSITIVO E TESE 5. Dá-se provimento ao recurso. Tese de julgamento: 1. O direito ao reembolso exige comprovante de pagamento das despesas médico-hospitalares. 2. A operadora pode solicitar documentação complementar para prevenir fraudes. Legislação Citada: Lei n. 9.656/1998, art. 12, inciso VI. Jurisprudência Citada: STJ, REsp nº 1.959.929/SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, Terceira Turma, j. 22/11/2022. (TJSP; Agravo de Instrumento 2087736-51.2025.8.26.0000; Relator (a):Marcia Dalla Déa Barone; Órgão Julgador: 4ª Câmara de Direito Privado; Foro Central Cível -20ª Vara Cível; Data do Julgamento: 15/05/2025; Data de Registro: 15/05/2025) (grifos nossos). APELAÇÃO. AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER. PLANO DE SAÚDE. REEMBOLSO. Sentença de improcedência dos pedidos de afastamento do comunicado que altera unilateralmente as condições de reembolso e de condenação da ré na obrigação de fazer consistente no pagamento dos reembolsos já pedidos e de todos os demais ocorridos no curso do processo, durante a vigência do contrato. Irresignação do autor. Insuficiência do preparo. Necessidade de complementação do equivalente a R$ R$ 257,49. Falta escusável e atribuível à correção monetária. Possibilidade, à vista dessa particularidade, de complementação posterior do valor (STJ, REsp 211614/MG, Min. Ruy Rosado de Aguiar). Mérito. Acolhimento parcial. Operadora do plano de saúde que, unilateralmente, alterou as regras do reembolso que já vinham sendo adotadas. Comportamento contraditório da ré. Violação à boa-fé contratual. Alteração que ocorreu de forma abrupta. Conduta que impõe onerosidade excessiva ao consumidor. Abusividade caracterizada. Autorização do reembolso das sessões já realizadas que é de rigor, reformada a r. sentença neste ponto. Reembolsos que, doravante, deverão se dar mediante comprovação do desembolso, evitando-se, assim, qualquer possibilidade de operação fraudulenta. Jurisprudência pacífica desta c. 3ª Câmara no sentido de que a prática do "reembolso assistido", isto é, sem anterior desembolso, é indevida. Sentença preservada no ponto. Pedido julgado parcialmente procedente, com redistribuição dos ônus sucumbenciais. APELO PARCIALMENTE PROVIDO. (TJSP; Apelação Cível 1059781-87.2024.8.26.0100; Relator (a):Donegá Morandini; Órgão Julgador: 3ª Câmara de Direito Privado; Foro Central Cível -21ª Vara Cível; Data do Julgamento: 13/05/2025; Data de Registro: 13/05/2025) (grifos nossos). Nesse sentido, apesar da nota fiscal referentemente à realização dos exames (f. 51), não é possível afirmar que a autora pagou os exames à clínica. Tal constatação também se extrai do que ela própria narra na inicial, uma vez que menciona que realizou os exames e entendeu que o reembolso seria feito diretamente pelo plano de saúde à clínica. A falta de pagamento ainda é cristalina a partir do protesto do débito (f. 26/27) e da inclusão de seu nome no cadastro de inadimplentes (f. 60/62). Sendo assim, a autora não faz jus ao reembolso e, por consequência, conclui-se que seu nome não foi incluído no cadastro de inadimplentes indevidamente. Dessa forma, não existem danos morais a serem indenizados. Quanto à reconvenção, o pedido é procedente. A CLÍNICA ALPHAMED pretende a cobrança judicial em face da autora/reconvinda alegando a inadimplência quanto ao pagamento de exames realizados, no valor de R$ 6.874,46 (seis mil oitocentos e setenta e quatro reais e quarenta e seis centavos). A autora/reconvinda, assim como na inicial, não demonstrou o pagamento do valor dos exames. Sendo assim, considerando que o serviço foi devidamente prestado (f. 51) e que o valor correspondente não foi quitado pela autora/reconvinda, tem razão a ré/reconvinte. Assim, deverá a autora/reconvinda pagar o valor de R$ 6.874,46 (seis mil oitocentos e setenta e quatro reais e quarenta e seis centavos) pelos exames que realizou na CLÍNICA ALPHAMED. Ante o exposto: (i) JULGO IMPROCEDENTES os pedidos formulados por CAMILA CORDEIRO DA COSTA SILVA em face de SULAMERICA SAÚDE e CLÍNICA ALPHAMED; (ii) JULGO PROCEDENTE o pedido reconvencional para condenar CAMILA CORDEIRO DA COSTA SILVA no pagamento de R$ 6.874,46 (seis mil oitocentos e setenta e quatro reais e quarenta e seis centavos) a CLÍNICA ALPHAMED, pelos exames realizados, com correção monetária pela tabela prática do Tribunal de Justiça de São Paulo a partir do vencimento do protesto (15/12/2022 - f. 180) e juros de mora de 1% ao mês a partir da citação. A partir de 30/08/2024, salvo disposição contratual ou legal em contrário, para o cálculo da correção monetária será aplicada a variação do IPCA; osjurosde mora deverão observar a taxa legal, correspondente à diferença entre a taxaSELICe o IPCA, calculada mensalmente pelo Banco Central (artigo 389, parágrafo único, e artigo 406, §1°, do Código Civil, com as alterações promovidas pela Lei nº. 14.905, de 28/06/2024. Nos termos do art. 487, inciso I do Código de Processo Civil, extingo o processo com resolução do mérito Em razão da sucumbência, condeno a autora/reconvinda ao pagamento das despesas processuais e honorários advocatícios relativos à ação principal e à reconvenção, respectivamente, estes fixados em 10% (dez por cento) sobre o valor da causa, nos termos do artigo 85, § 2º, do Código de Processo Civil. No entanto, por ser beneficiária da justiça gratuita, suspendo a exigibilidade dessa verba, nos termos do art. 98, §3º, do CPC. Após, adotadas as cautelas de praxe, arquivem-se.

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Vicente E Kida Rodrigues Pesquisas De Mercado E Opiniao Publica Ltda x Sul América - Cia Nacional De Seguros

ID: 300844389

Tribunal: TJSP Órgão: Foro de São José do Rio Preto - 9ª Vara Cível Classe: PROCEDIMENTO COMUM CíVEL Nº Processo: 1097514-87.2024.8.26.0100

Data de Disponibilização: 17/06/2025

Polo Ativo:

VICENTE E KIDA RODRIGUES PESQUISAS DE MERCADO E OPINIAO PUBLICA LTDA

Polo Passivo:

SUL AMéRICA - CIA NACIONAL DE SEGUROS

Intimação

Advogados:

VICTOR RODRIGUES SETTANNI

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

LUIZ FELIPE CONDE

OAB/RJ XXXXXX Desbloquear

Processo 1097514-87.2024.8.26.0100 - Procedimento Comum Cível - Práticas Abusivas - Vicente e Kida Rodrigues Pesquisas de Mercado e Opiniao Publica Ltda - Sul América - Cia Nacional de Seguros - Vi… Processo 1097514-87.2024.8.26.0100 - Procedimento Comum Cível - Práticas Abusivas - Vicente e Kida Rodrigues Pesquisas de Mercado e Opiniao Publica Ltda - Sul América - Cia Nacional de Seguros - Vistos. RELATÓRIO VICENTE E KIDA RODRIGUES PESQUISAS DE MERCADO E OPINIÃO PÚBLICA LTDA ajuizou a presente ação declaratória de inexistência de débito c/c obrigação de fazer e pedido de tutela antecipada em face de SUL AMÉRICA COMPANHIA NACIONAL DE SEGUROS, alegando, em síntese, que solicitou o cancelamento de contrato de plano de saúde coletivo empresarial em 17/06/2024, mas, ainda assim, foram mantidas cobranças referentes a 60 dias subsequentes, no montante de R$ 1.521,54. Sustenta a abusividade da cláusula contratual que impõe tal aviso prévio e requer a restituição dos valores indevidamente cobrados, além da declaração de inexistência de débito. Pleiteou, assim, a concessão da tutela antecipada, a fim de se reconhecer a inexigibilidade do referido aviso prévio. No mais, pugnou pela confirmação da tutela e procedência da ação. Juntou procuração e documentos (fls. 16/501 e 507/509). A tutela de urgência foi concedida (fls. 514/516). A ré foi citada e apresentou contestação (fls. 531/548), sustentando a legalidade da cobrança, com base nas cláusulas contratuais e na Resolução Normativa ANS nº 195/2009, destacando a ausência de falha na prestação de seus serviços e a impossibilidade de reembolso dos valores, ante a não caracterização de danos materiais. Propugnou pela improcedência da ação. Juntou procuração e documentos (fls. 549/555). Réplica (fls. 559/569). A requerida não demonstrou interesse na produção de outras provas (fl. 570), ao passo que a parte autora não se manifestou a respeito da especificação de provas. Foi designada audiência de conciliação, à qual a parte autora não compareceu, embora devidamente intimada (fl. 582). É o relatório. FUNDAMENTAÇÃO As questões suscitadas e controvertidas dispensam a produção de provas em audiência, motivo pelo qual, se conhece diretamente do pedido, nos termos do artigo 355, inciso I, do Código de Processo Civil. Ademais, as partes não demonstraram interesse na produção de outras provas. A ação é procedente. O plano de saúde empresarial coletivo em questão foi encerrado em virtude de pedido de cancelamento efetuado pelo consumidor. Conforme já decidido anteriormente por este Juízo, não haveria nulidade na cobrança dos dois meses referente ao aviso prévio, uma vez que a operadora seria obrigada a manter a cobertura por esse prazo de 60 dias. Ocorre que o alegado prêmio complementar era autorizado pelo artigo 17 da resolução normativa nº 195 da ANS. E tanto a possibilidade de cobrança das mensalidades correspondentes e do prêmio complementar foram afastadas em julgamento proferido na ação civil pública nº 0136265-83.2013.4.02.51.01, julgada pelo TRF da 2ª Região, sendo a decisão dotada de efeitos erga omnes. Com efeito, na decisão de tutela antecipada proferida nos autos, foi reconhecida, de forma expressa, a inexigibilidade do aviso prévio de 60 dias para a rescisão do contrato de prestação de serviços de saúde firmado entre as partes, bem como a ilicitude da cobrança de multa contratual ou de mensalidades após a comunicação do cancelamento pela autora. Fundamentou-se a decisão no entendimento consolidado a partir da declaração de nulidade, com efeito erga omnes, do artigo 17 da RN/ANS nº 159/09, proferida nos autos da ação civil pública nº 0136265-83.2013.4.02.5101, em trâmite no TRF da 2ª Região, a qual deu ensejo, inclusive, à revogação posterior da norma pela RN/ANS nº 455/2020 e, posteriormente, pela RN nº 577/2022, que não restabeleceu a exigência do aviso prévio. Assim, não podem subsistir os efeitos da disposição contratual estabelecida com fundamento no ato normativo nulo, sendo mesmo o caso de reconhecimento da inexigibilidade da multa fixada. Nesse sentido vem decidindo o E. TJSP: APELAÇÃO PLANO DE SAÚDE - AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITOS C/C OBRIGAÇÃO DE FAZER AVISO PRÉVIO I.Caso em Exame 1. Ação declaratória de inexistência de débitos cumulada com obrigação de fazer, julgada parcialmente procedente, para declarar a resilição do contrato de plano de saúde em 26/09/2024 e a inexigibilidade das mensalidades após essa data, sem a necessidade de aviso prévio. Apela a operadora do plano de saúde pleiteando a reforma da sentença para que a ação seja julgada improcedente. II.Questão em Discussão2. A questão em discussão consiste em (i) a legalidade da cláusula contratual que prevê aviso prévio de 60 dias para rescisão de contrato de plano de saúde empresarial e (ii) a validade da cobrança das mensalidades referentes a esse período. III.Razões de Decidir3. Rescisão do contrato que independe do aviso prévio de 60 dias - Pedido de cancelamento do plano realizado pela Autora em 26/09/2024. Impossibilidade de cobrança da mensalidade, após essa data. Nulidade da cláusula contratual que exige cumprimento de aviso prévio reconhecida. Abusividade reconhecida por onerosidade excessiva. Aplicação do Código de Defesa do Consumidor. Ausência de amparo normativo. Parágrafo único do art. 17 da RN 195/2009 da ANS declarado inválido por decisão proferida pelo C. Tribunal Regional Federal da 2ª Região, em Ação Civil Pública, nº 0136265-83.2013.4.02.51.01/RJ. Norma posteriormente revogada pela Agência Reguladora em cumprimento à decisão transitada em julgado, por meio da RN 557/2022, de 14.12.2022, que não prevê a possibilidade de exigência de aviso prévio para o ajuste em análise IV.Dispositivo e Tese5. Recurso desprovido.Honorários advocatícios majorados. Tese de julgamento:1. A cláusula de aviso prévio de 60 dias para rescisão de contrato de plano de saúde é excessivamente onerosa e viola o Código de Defesa do Consumidor. 2. A cobrança de mensalidades após o pedido de cancelamento é indevida.(TJSP; Apelação Cível 1036906-32.2024.8.26.0001; Relator (a):Paulo Toledo; Órgão Julgador: Núcleo de Justiça 4.0 em Segundo Grau Turma III (Direito Privado 1); Foro Regional I - Santana -7ª Vara Cível; Data do Julgamento: 11/06/2025; Data de Registro: 11/06/2025). DIREITO DO CONSUMIDOR. APELAÇÃO CÍVEL. PLANO DE SAÚDE COLETIVO EMPRESARIAL. COBRANÇA DE AVISO PRÉVIO PELA RESCISÃO CONTRATUAL IMOTIVADA. ABUSIVIDADE RECONHECIDA EM AÇÃO CIVIL PÚBLICA COM EFEITO ERGA OMNES. RECURSO DESPROVIDO. I. CASO EM EXAME Apelação cível interposta pela ré contra sentença que declarou a rescisão do contrato de plano de saúde coletivo empresarial a partir da data do requerimento de cancelamento e reconheceu a inexigibilidade de mensalidades ou cobranças de aviso prévio após o pedido de cancelamento. A ré sustenta a regularidade da cláusula de aviso prévio. II. QUESTÃO EM DISCUSSÃO A principal questão em discussão é a validade da cláusula contratual que prevê a cobrança de aviso prévio de 60 dias em contrato de plano de saúde coletivo e, consequentemente, da cobrança de mensalidades após o pedido de cancelamento. III. RAZÕES DE DECIDIR 1. A cobrança de valores a título de aviso prévio em contrato de plano de saúde coletivo, com fundamento no art. 17, parágrafo único, da Resolução Normativa n. 195/09 da ANS, foi declarada abusiva em ação coletiva, com efeito erga omnes em todo o território nacional (processo n. 0136265-83.2013.4.02.5101, TRF-2). Essa decisão reconheceu a nulidade da cláusula que impunha a cobrança de mensalidades após o pedido de cancelamento do plano de saúde, de forma que a sua cobrança é considerada abusiva. 2. O art. 23 da Resolução Normativa nº 557/22 não autoriza a previsão de aviso prévio em contrato, dispondo apenas que as condições de rescisão do contrato devem constar do contrato celebrado, o que não inclui disposições já consideradas abusivas por decisão judicial com efeito erga omnes. IV. DISPOSITIVO Recurso desprovido. Dispositivos relevantes citados: CDC, arts. 2º, 3º, 51, IV e §1º, III; CPC, art. 85, §11 e art. 1.026, §2º. Jurisprudência relevante citada: TRF-2, Processo nº 201351011362654, Rel. Vera Lúcia Lima, j. 12/05/2015; TJSP, Apelação Cível nº 1016689-69.2023.8.26.0011, Rel. James Siano, 5ª Câmara de Direito Privado, j. 13/06/2024.(TJSP; Apelação Cível 1183276-71.2024.8.26.0100; Relator (a):Rosana Santiso; Órgão Julgador: Núcleo de Justiça 4.0 em Segundo Grau Turma IV (Direito Privado 1); Foro Central Cível -3ª Vara Cível; Data do Julgamento: 10/06/2025; Data de Registro: 10/06/2025). Em síntese, deve ser reconhecida a inexigibilidade dos valores. DISPOSITIVO Ante o exposto, com fundamento no artigo 487, inciso I, do CPC, JULGO PROCEDENTE a ação para: i) Declarar rescindido o contrato em questão desde a data da solicitação de cancelamento, ocorrida em 17/06/2024 (fls. 32/33), bem como a a inexigibilidade dos débitos posteriores à aludida data. ii) Determinar a restituição do valor de R$ 1.521,54 (mil quinhentos e vinte e um reais e cinquenta e quatro centavos), uma vez que cobrado em 03/07/2024, ou seja, após o pedido de cancelamento realizado. O valor deverá ser corrigido monetariamente desde a data do desconto indevido e acrescido de juros moratórios legais desde a data da citação. Deverão ser aplicados os seguintes índices e taxas: Antes da vigência da Lei nº 14.905/24 o índice de correção monetária será a Tabela Prática do Tribunal de Justiça e os juros moratórios legais de 1% ao, conforme previsto no artigo 161, parágrafo 1º, do CTN c/c a antiga redação do artigo 406 do CC. Após a vigência da Lei nº 14.905/24 até a data do pagamento o índice de correção monetária a ser utilizado é o IPCA (artigo 389, parágrafo único, do CC) e os juros moratórios legais corresponde ao percentual decorrente da subtração da Taxa SELIC do índice IPCA (nova redação do artigo 406, parágrafo 1º, do CC e Resolução CMN nº 5.171, de 29 de agosto de 2.024). Condeno a parte vencida ao pagamento de custas, despesas processuais e honorários advocatícios, que fixo em 10% do valor da causa (art. 85, parágrafo 2º, do CPC/2015). Oportunamente, com o trânsito em julgado e caso não cumprido o título judicial de forma espontânea, poderá a parte interessada dar início ao cumprimento de sentença, devendo providenciar o cadastramento digital (advirto, que não se trata de distribuição, e sim de cadastramento) da petição como cumprimento de sentença - Código 156 e, doravante, as demais peças deverão ser cadastradas como petição intermediária e dirigidas ao cumprimento de sentença, com a observância do novo número do processo adotado por ocasião do seu cadastramento. Na inércia, aguarde-se provocação no arquivo. Outrossim, na hipótese de interposição de apelação e considerando o disposto no art. 1.010, § 3º, do CPC, independentemente de nova deliberação judicial, intime-se a parte adversa a apresentar suas contrarrazões, nos termos do § 1º, do mencionado dispositivo legal. Após, regularizados os autos, remetam-se ao Egrégio TJSP, observadas as formalidades legais. Transitada em julgado, arquive-se o feito com as cautelas de praxe. P.I. - ADV: LUIZ FELIPE CONDE (OAB 310799/SP), VICTOR RODRIGUES SETTANNI (OAB 286907/SP)

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