Resultados para "0006569-74.2025.8.16.7000" – Página 27 de 28

Município De Curitiba/Pr x Silvestre Fila

ID: 307048977

Tribunal: TJPR Órgão: Secretaria Especializada em Movimentações Processuais das Varas de Execuções Fiscais Municipais de Curitiba - 3ª Vara Classe: EXECUçãO FISCAL Nº Processo: 0006569-25.2021.8.16.0013

Data de Disponibilização: 25/06/2025

Polo Ativo:

MUNICíPIO DE CURITIBA/PR

Polo Passivo:

SILVESTRE FILA

Conclusão

Advogados:

GUILHERME SOUSA BERNARDES

OAB/PR XXXXXX Desbloquear

PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARANÁ COMARCA DA REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA – FORO CENTRAL 3ª VARA DE EXECUÇÕES FISCAIS DO MUNICÍPIO DE CURITIBA Autos nº 0006569-25.2021.8.16.0013 I. Tra… PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARANÁ COMARCA DA REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA – FORO CENTRAL 3ª VARA DE EXECUÇÕES FISCAIS DO MUNICÍPIO DE CURITIBA Autos nº 0006569-25.2021.8.16.0013 I. Trata-se de Execução Fiscal movida por MUNICÍPIO DE CURITIBA em face de SILVESTRE FILLA, em razão da cobrança de débitos de MULTA URB do exercício de 2017, conforme CDA nº 2.843/2021 (mov. 1.1). Tendo em vista que houve a apresentação de exceção de pré-executividade por parte de BEATRIZ DO ROCIO JUNGLES (mov. 29), na qual alega que a execução fiscal foi ajuizada em face de parte ilegítima, bem como requer o levantamento da indisponibilidade . O excepto, Município de Curitiba, apresentou manifestação, refutando as alegações da excipiente. Em síntese, sustentou o não cabimento da Exceção de Pré-Executividade, assim como requer a extinção do feito com fundamento no artigo 26 da LEF, sem custas para as partes (mov. 35). É o sucinto relatório. DECIDO. A exceção de pré-executividade se constitui em meio de defesa que pode ser exercida nos próprios autos da execução, servindo apenas para arguir matérias inerentes às condições da ação ou pressupostos processuais, desde que a hipótese ventilada permita o exame de plano e/ou de ofício pelo juízo. ============ 1PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARANÁ COMARCA DA REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA – FORO CENTRAL 3ª VARA DE EXECUÇÕES FISCAIS DO MUNICÍPIO DE CURITIBA A respeito, a Súmula 393 do STJ: “a exceção de pré- executividade é admissível na execução fiscal relativamente às matérias conhecíveis de ofício que não demandem dilação probatória”. Considerando que a manifestação da parte se trata de matéria que pode ser reconhecida de ofício, esta contém caráter de Exceção de Pré-executividade. Entretanto, o incidente só pode ser manejado por aquele que faz parte do processo, ou seja, a legitimidade para manejar exceção de pré-executividade é exclusiva do executado/devedor. Terceiros não têm legitimidade para argui-la, devendo se valer do instrumento processual adequado para manifestar sua insurgência. Isto é, não há cabimento para estranhos ao processo se valerem do incidente e, menos ainda, para que terceiro totalmente estranho à relação jurídico-tributária invoque direito alheio: CPC, art. Art. 18. “Ninguém poderá pleitear direito alheio em nome próprio, salvo quando autorizado pelo ordenamento jurídico.” Sobre o tema ensina Luiz Guilherme Marinoni, Sérgio Cruz Arenhart e Daniel Mitidiero, o executado “poderá defender-se por meio das chamadas exceções de pré-executividade. O termo designa, como já estudado, a defesa apresentada pelo executado dentro do próprio processo de execução, sem a necessidade do uso dos embargos à execução. Tradicionalmente, os tribunais admitem que, por este modo, o devedor pode alegar questões de ordem pública - as quais o juiz poderia ter examinado de ofício - bem como fatos modificativos, extintivos ou impeditivos do crédito executado que não necessitem de dilação probatória para sua demonstração” (MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz; MITIDIERO, ============ 2PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARANÁ COMARCA DA REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA – FORO CENTRAL 3ª VARA DE EXECUÇÕES FISCAIS DO MUNICÍPIO DE CURITIBA Daniel. Novo Curso de Processo Civil. Volume 3. Tutela dos direitos mediante procedimentos diferenciados. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015. p. 961). No caso dos autos, trata-se de execução fiscal movida pelo Município de Curitiba em face de SILVESTRE FILLA. O excipiente alega que a executada faleceu em 2003 e que o imóvel de matrícula nº 29.296 era, na realidade, de propriedade de Solange Fila (filha da executada), que faleceu em 2010. Portanto, a excipiente seria a única herdeira de Solange Fila. Além disso, o excipiente argumenta que Solange havia vendido o referido imóvel em 2004 ao Sr. Walmor Cipriani, por meio de Escritura Pública de Compra e Venda lavrada no 6º Tabelionato de Notas, porém somente em 23/05/2017 fora averbada na matrícula (R-12/29.296 – Mov. 29.6). No entanto, isso não basta para conferir-lhes legitimidade para o manejo da medida, muito menos para arguir em nome próprio teses defensivas do executado. O Eg. Superior Tribunal de Justiça já pacificou entendimento de que “a exceção de pré-executividade se constitui como via processual estreita e oportunidade de defesa ao devedor nos próprios autos de execução, sempre que se configurar questão de ordem pública passível, inclusive, de ser conhecida de ofício e que não dependam de dilação probatória” (STJ, AgInt no AREsp 923.859/PR, Rel. Ministra ASSUSETE MAGALHÃES, SEGUNDA TURMA, julgado em 20/10/2016, DJe 11/11/2016). ============ 3PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARANÁ COMARCA DA REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA – FORO CENTRAL 3ª VARA DE EXECUÇÕES FISCAIS DO MUNICÍPIO DE CURITIBA A matéria já foi apreciada pelo eg. Tribunal de Justiça do Paraná, reiteradas vezes, como segue, ilustrativamente: DECISÃO MONOCRÁTICA. AGRAVO DE INSTRUMENTO. TRIBUTÁRIO. IPTU E TAXAS. DECISÃO QUE REJEITOU A EXCEÇÃO DE PRÉ- EXECUTIVIDADE ANTE A ILEGITIMIDADE PASSIVA. EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE OPOSTA POR TERCEIRO ESTRANHO À LIDE. NÃO CABIMENTO. MEIO PROCESSUAL INADEQUADO. TERCEIRO INTERESSE QUE AJUIZAR EMBARGOS DE TERCEIRO. ARTIGO 674, INCISO III, DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. RAZÕES RECURSAIS PREJUDICADA. CITA PRECEDENTES. RECURSO NÃO CONHECIDO. (TJPR - 3ª C.Cível - 0054838-08.2019.8.16.0000 - Matinhos - Rel.: Desembargador José Sebastião Fagundes Cunha - J. 13.08.2020) AGRAVO DE INSTRUMENTO. EXECUÇÃO FISCAL. IPTU. EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE. UTILIZAÇÃO POR TERCEIROS. IMPOSSIBILIDADE. LEGITIMIDADE ATIVA EXCLUSIVA DO EXECUTADO-DEVEDOR. ARTIGO 674 DO CPC/2015 QUE DISPÕE CLARAMENTE QUE O MEIO DE DEFESA DO TERCEIRO INTERESSADO SÃO OS EMBARGOS. Recurso não provido. (TJPR - 1ª C.Cível - 0047119-72.2019.8.16.0000 - Guaratuba - Rel.: Desembargador Ruy Cunha Sobrinho - J. 29.10.2019) AGRAVO DE INSTRUMENTO – EXECUÇÃO FISCAL – IPTU – EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE – INTERPOSIÇÃO DA EXCEÇÃO POR TERCEIRO – EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE NÃO CONHECIDA –ILEGITIMIDADE PARA DISCUTIR A REGULARIDADE DE CITAÇÃO REFERENTE A TERCEIRO – POSSIBILIDADE DE USO DE OUTROS INTRUMENTOS JUDICIAIS APTOS PARA A PRETENSÃO DEDUZIDA. 1. Não se admite a oposição de exceção de pré-executividade por quem não é parte no processo, ainda mais quando o Código de Processo Civil ============ 4PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARANÁ COMARCA DA REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA – FORO CENTRAL 3ª VARA DE EXECUÇÕES FISCAIS DO MUNICÍPIO DE CURITIBA prevê mecanismos jurídicos para a tutela jurisdicional de seu direito subjetivo. NEGADO PROVIMENTO AO AGRAVO DE INSTRUMENTO (TJPR - 2ª C.Cível - 0029422- 72.2018.8.16.0000 - Paranavaí - Rel.: Juíza Denise Hammerschmidt - J. 26.02.2019) TRIBUTÁRIO. AGRAVO DE INSTRUMENTO. EXECUÇÃO FISCAL. IPTU E TAXAS. ALEGAÇÃO DE COBRANÇA DE TRIBUTO INCONSTITUCIONAL TRAZIDA POR TERCEIRO QUE NÃO FEZ PARTE DO PROCESSO EM EXCEÇÃO DE PRÉ- EXECUTIVIDADE. DESCABIMENTO. INSTRUMENTO EXCEPCIONAL QUE SOMENTE PODE SER UTILIZADO PELAS PARTES AINDA QUE PARA DISCUSSÃO DE MATÉRIA DE ORDEM PÚBLICA. ENTENDIMENTO MANIFESTADO POR ESTA CORTE. .RECURSO DESPROVIDO (TJPR - 2ª C.Cível - 0031691- 84.2018.8.16.0000 - Londrina - Rel.: Desembargador Silvio Dias - J. 09.11.2018) Em que pese o terceiro interessado argumentar que se trata de herdeiro do executado, ressalta-se a disposição contida no artigo 131 do CTN, quanto a responsabilidade dos sucessores: Art. 131. São pessoalmente responsáveis: I - o adquirente ou remitente, pelos tributos relativos aos bens adquiridos ou remidos; II - o sucessor a qualquer título e o cônjuge meeiro, pelos tributos devidos pelo de cujus até a data da partilha ou adjudicação, limitada esta responsabilidade ao montante do quinhão do legado ou da meação; III - o espólio, pelos tributos devidos pelo de cujus até a data da abertura da sucessão. ============ 5PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARANÁ COMARCA DA REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA – FORO CENTRAL 3ª VARA DE EXECUÇÕES FISCAIS DO MUNICÍPIO DE CURITIBA II. Diante do exposto, não conheço da exceção de pré- executividade , conforme fundamentação retro. III. Após, retornem os autos conclusos para a análise do pedido de extinção postulado pelo exequente (mov. 35). Curitiba, data da assinatura digital. Marcelo Mazzali Juiz de Direito ============ 6

Conteúdo completo bloqueado

Desbloquear

Nilton Aparecido De Freitas x Erika Miyuki Tabata Tamagawa e outros

ID: 312708721

Tribunal: TJPR Órgão: Juizado Especial Cível de Campo Mourão Classe: PROCEDIMENTO DO JUIZADO ESPECIAL CíVEL Nº Processo: 0007641-04.2024.8.16.0058

Data de Disponibilização: 01/07/2025

Polo Ativo:

NILTON APARECIDO DE FREITAS

Polo Passivo:

ERIKA MIYUKI TABATA TAMAGAWA PAOLA HIRAKI TAMAGAWA YELUM SEGUROS S.A

Conclusão

Advogados:

IZABELA CRISTINA RÜCKER CURI BERTONCELLO

OAB/PR XXXXXX Desbloquear

PEDRO ROGÉRIO LOURENÇO NESPOLO

OAB/PR XXXXXX Desbloquear

KAREN ANDRESSA LOPES DOS SANTOS

OAB/PR XXXXXX Desbloquear

MARLLON DIONIZIO DE OLIVEIRA

OAB/PR XXXXXX Desbloquear

WAGNER PAULO BATISTA

OAB/PR XXXXXX Desbloquear

PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARANÁ COMARCA DE CAMPO MOURÃO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DE CAMPO MOURÃO - PROJUDI Av. José Custódio de Oliveira, 2065 - Centro - Campo Mourão/PR - CEP: 87.300-020 - Fone: … PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARANÁ COMARCA DE CAMPO MOURÃO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DE CAMPO MOURÃO - PROJUDI Av. José Custódio de Oliveira, 2065 - Centro - Campo Mourão/PR - CEP: 87.300-020 - Fone: (44) 3259-6155 - E-mail: cm-6vj-s@tjpr.jus.br Autos nº. 0007641-04.2024.8.16.0058 Processo: 0007641-04.2024.8.16.0058 Classe Processual: Procedimento do Juizado Especial Cível Assunto Principal: Indenização por Dano Moral Valor da Causa: R$51.025,58 Polo Ativo(s): Nilton Aparecido de Freitas Polo Passivo(s): ERIKA MIYUKI TABATA TAMAGAWA PAOLA HIRAKI TAMAGAWA YELUM SEGUROS S.A Vistos e etc., Em decisão proferida no mov. 45.1 a D. Juíza Leiga julgou parcialmente procedentes os pedidos iniciais. Em que pese revestida dos requisitos formais previstos no art. 38 da Lei 9099/95 em seu conteúdo, a decisão há de ser retificada em sua fundamentação e seu dispositivo, para o fim de se proceder complementações: “[...] Ausência de Condição da Ação. Falta de Interesse de Agir. Pretende a parte requerente indenização pelos danos materiais, morais e estéticos decorrentes de acidente de trânsito, sendo-lhe necessário, adequado e indispensável o processo judicial como meio para ver reconhecido sua pretensão. Apesar das requeridas afirmarem que houve acordo nos autos nº 0006569-16.2023.8.16.0058, verifica-se que aquela demanda e o referido acordo, apesar de estarem relacionados ao mesmo acidente de trânsito, não dizem respeito a pessoa do requerente, eis que sequer é parte naqueles autos. Ademais, quanto ao acordo extrajudicial realizado entre o requerente e a seguradora (mov. 1.9), verifica-se que este envolveu apenas os custos do reparo do veículo da parte requerente em decorrência dos danos sofridos no acidente. Deste modo, o pleito autoral pode ser avaliado nesta demanda. Mérito. O presente caso não se trata de relação de consumo, eis que na situação fática o requerente não se enquadra como consumidor por equiparação previsto no art. 17 do CDC, visto que o contrato de consumo foi estabelecido entre seguradora e segurado. Desta forma, aplica-se a responsabilidade civil prevista nos Código Civil. Narra o requerente que, em 10/08/2021, por volta das 12h50, ocupava a garupa de sua moto, conduzida por Sirlei, quando a requerida Paola invadiu a preferencial com o veículo FOX 1.6 GII, ocasionando a colisão. Em razão do acidente, precisou de atendimento médico, permanecendo de repouso por 14 dias Em sua defesa, as rés, Erika e Paola, afirmam que o acidente se deu por culpa exclusiva do requerente, que inexiste responsabilidade civil pelos danos alegados pelo autor, impugnando o valor pleiteado à título de indenização, bem como afirma inexistirem provas do direito alegado pelo autor, requerendo a improcedência dos pedidos e a condenação por litigância de má-fé. A requerida Liberty Seguros S/A afirma que a reparação dos danos causados deve estar dentro do limite previsto na apólice de seguro, alegando inexistir previsão de indenização por danos estéticos, alega ausência de nexo de causalidade entre os danos pleiteados pelo autor e o acidente ocorrido, requerendo a improcedência dos pedidos. A controvérsia cinge-se, portanto, na culpa pelo evento danoso. Como é cediço, para a configuração da responsabilidade subjetiva de indenizar devem restar comprovados nos autos a existência de ato culposo ou doloso por parte do agente; o dano na esfera patrimonial ou moral da vítima; bem como o nexo causal que une a conduta do agente e o dano suportado pela vítima. Todos esses requisitos são essenciais e, presentes, geram o dever de ressarcimento em favor do lesado. O ato culposo que dará ensejo ao dever de indenizar no caso presente é a culpa pelo acidente causador dos danos cuja reparação a parte requerente pretende. As requeridas alegaram em contestação que a causa do acidente foi a alta velocidade em que trafegava a motocicleta do requerente; ao passo que o requerente alegou que a causa do acidente foi a invasão à preferencial pela parte requerida Paola. Concluída a instrução processual, a conclusão a que se chega é de que a culpa pelo evento danoso foi exclusiva da parte requerida. Acerca da dinâmica dos fatos, o Boletim de Ocorrência de mov. 1.7 comprova que a motocicleta em que estava o requerente trafegava pela Avenida Jorge Walter, que se trata de via preferencial, quando foi surpreendida pelo veículo conduzido pela Sra. Paola, que trafegava pela rua Harrison José Borges. Inconteste, portanto, que a causa primária do acidente foi a invasão de preferencial pela parte requerida, em hipótese de violação às normas de trânsito e ao dever de cautela. Convém consignar, que o Boletim de Ocorrência goza de presunção relativa de veracidade, a qual não foi afastada pelas requeridas. A par disso, as requeridas não comprovavam que a parte autora trafegava em alta velocidade, eis que não há quaisquer indícios nesse sentido. Constatada a ausência de qualquer excludente de responsabilidade, aquele que não trafega com o zelo e cuidado necessários, respeitando as regras de trânsito, dá causa ao acidente ao agir de forma imprudente/imperita, devendo arcar com os danos efetivamente sofridos. No que diz respeito aos danos materiais, a parte autora trouxe aos autos documentação referente a coparticipação em plano de saúde (mov. 1.10) e histórico de atendimento do acidente. Comprovando que, após o acidente, realizou exames para aferir o seu estado de saúde e extensão dos danos do acidente, os quais resultaram no gasto de R$ 1.025,58 (mil, vinte e cinco reais e cinquenta e oito centavos), conforme fls. 1 e 16 do mov. 1.10. Assim, com base na documentação acostada, o requerente comprova o gasto de R$ 1.025,58 (mil, vinte e cinco reais e cinquenta e oito centavos), valor que deve ser ressarcido pelas requeridas. [...] Sendo assim, ante as provas acostadas aos autos, e, tendo em vista os princípios da proporcionalidade e razoabilidade que orientam a apuração do quantum, entendo como razoável a indenização no valor de R$ 8.000,00 (oito mil reais), à título de reparação pelos danos morais sofridos, rejeitando o pedido de condenação em dano estético. [...] 2. Ante ao exposto, e nos termos do artigo 487, inciso I, do Código de Processo Civil, com resolução do mérito, julgo parcialmente procedentes os pedidos iniciais para fins de condenar as requeridas, solidariamente: a) ao pagamento de R$ 1.025,58 (mil, vinte e cinco reais e cinquenta e oito centavos) à título de indenização por danos materiais, corrigido monetariamente pelo IPCA do IBGE desde a data do desembolso, e acrescido de juros de mora calculados pela SELIC deduzido o IPCA desde a citação. No limite da apólice quanto à seguradora. b) ao pagamento de indenização por danos morais no valor de R$ 8.000,00 (oito mil reais), acrescido de juros moratórios calculados pela SELIC desde a data do evento danoso (10/08/2021), excluído o IPCA. A partir da presente decisão a taxa SELIC deverá incidir integralmente. No limite da apólice quanto à seguradora. [...]” Isso posto, homologo por sentença, para que surta seus jurídicos e legais efeitos a decisão proferida pela Juíza Leiga Dra. Nicole Fernanda Soares de Paula, com a retificação supra, nos termos do art. 40 da Lei 9099/95. Ciência ao Juiz Leigo. Oportunamente, arquive-se. Tratando-se de processo eletrônico, a sentença torna-se pública no ato da assinatura e fica registrada em meio eletrônico. Intimem-se. Campo Mourão, eletronicamente datado. Luzia Terezinha Grasso Ferreira Juíza de Direito

Conteúdo completo bloqueado

Desbloquear

Encontrou o que procurava? Faça login para ver mais resultados e detalhes completos.

Fazer Login para Ver Mais

Aline Porto Da Silva e outros x Epr Litoral Pioneiro Sa e outros

ID: 280721673

Tribunal: TJPR Órgão: Juizado Especial da Fazenda Pública de Andirá Classe: Procedimento do Juizado Especial da Fazenda Pública Nº Processo: 0003098-15.2024.8.16.0039

Data de Disponibilização: 27/05/2025

Polo Ativo:

ALINE PORTO DA SILVA WAGNER NUNES BARBOSA

Polo Passivo:

EPR LITORAL PIONEIRO SA INGAZAO MATERIAIS DE CONSTRUCAO LTDA MUNICíPIO DE ANDIRá/PR

Conclusão

Advogados:

MURILO APARECIDO CORRÊA DE SOUZA

OAB/PR XXXXXX Desbloquear

NÁDIA GUAITA CALIXTO

OAB/PR XXXXXX Desbloquear

KAREN MAYARA BORGES SOARES

OAB/PR XXXXXX Desbloquear

PAULA RODRIGUES PERES

OAB/PR XXXXXX Desbloquear

CARLOS EDUARDO DE MACEDO RAMOS

OAB/PR XXXXXX Desbloquear

PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARANÁ COMARCA DE ANDIRÁ JUIZADO ESPECIAL DA FAZENDA PÚBLICA DE ANDIRÁ - PROJUDI Rua Ivaí, 515 - Novo Horizonte - Andirá/PR - CEP: 86.380-000 - Fone: (43) 3572-8055 - E-… PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARANÁ COMARCA DE ANDIRÁ JUIZADO ESPECIAL DA FAZENDA PÚBLICA DE ANDIRÁ - PROJUDI Rua Ivaí, 515 - Novo Horizonte - Andirá/PR - CEP: 86.380-000 - Fone: (43) 3572-8055 - E-mail: stefany.grossel@tjpr.jus.br Autos nº. 0003098-15.2024.8.16.0039 Processo: 0003098-15.2024.8.16.0039 Classe Processual: Procedimento do Juizado Especial da Fazenda Pública Assunto Principal: Indenização por Dano Material Valor da Causa: R$13.262,00 Requerente(s): ALINE PORTO DA SILVA WAGNER NUNES BARBOSA Requerido(s): EPR LITORAL PIONEIRO SA INGAZAO MATERIAIS DE CONSTRUCAO LTDA Município de Andirá/PR DECISÃO 1. Trata-se de Embargos de Declaração opostos pela EPR LITORAL PIONEIRO S.A em face da decisão de ev. 33.1, a qual é, em tese, omissa. Sustentou a embargante, que a decisão não aplicou ao caso o disposto no art. 85, §2º do Código de Processo Civil, pois condenou os embargados ao pagamento de honorários advocatícios em 3% (três por cento) sobre o valor da causa, quando deveria ser fixado entre 10% (dez por cento) e 20% (vinte por cento) do valor da condenação, do proveito econômico ou da causa. Os embargados manifestaram-se em ev. 52.1 e aduziram ser beneficiários da justiça gratuita. Os autos vieram-me conclusos. É o relatório. Fundamento e decido. 2. Conheço dos embargos, pois tempestivos. E, no mérito, nego-lhes provimento. Os embargos de declaração encontram previsão no artigo 1.022 do Código de Processo Civil, tendo suas hipóteses taxativamente elencadas. Sobre o referido recurso, leciona Elpídio Donizetti: Os embargos de declaração podem ser conceituados como o recurso que visa ao esclarecimento ou à integração de uma decisão judicial. No novo CPC a redação do caput do art. 1.022 deixa claro que os embargos podem ser opostos contra qualquer decisão judicial e não apenas contra sentença ou acórdão. Em suma, não importa a natureza da decisão. Seja interlocutória, sentença ou acórdão, se a decisão for obscura, omissa, contraditória ou contiver erro material, pode vir a ser sanada por meio dos embargos de declaração (DONIZETTI, Elpídio. Curso Didático de Direito Processual Civil. – 22. ed. – São Paulo: Atlas, 2019. p. 1386) Acerca especificamente da omissão, continua o doutrinador: Há omissão nos casos em que determinada questão ou ponto controvertido deveria ser apreciado pelo órgão julgador, mas não o foi. A omissão constitui negativa de entrega da prestação jurisdicional e, segundo o novo CPC, será considerada omissa a decisão que deixar de se manifestar sobre tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou em incidente de assunção de competência aplicável ao caso sob julgamento ou que incorra em qualquer das condutas descritas no art. 489, § 1º. Ambas as disposições permitem que as partes possam reclamar pela via dos embargos de declaração a adequação das decisões aos precedentes judiciais, assim como eventual desobediência aos critérios de fundamentação. (DONIZETTI, Elpídio. Curso Didático de Direito Processual Civil. – 22. ed. – São Paulo: Atlas, 2019. p. 1387) Todavia, no caso em mesa, inexiste omissão na decisão prolatada. Assim dispõe o artigo 85 do Código de Processo Civil de 2015: Art. 85. A sentença condenará o vencido a pagar honorários ao advogado do vencedor. § 1º São devidos honorários advocatícios na reconvenção, no cumprimento de sentença, provisório ou definitivo, na execução, resistida ou não, e nos recursos interpostos, cumulativamente. § 2º Os honorários serão fixados entre o mínimo de dez e o máximo de vinte por cento sobre o valor da condenação, do proveito econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa, atendidos: I - o grau de zelo do profissional; II - o lugar de prestação do serviço; III - a natureza e a importância da causa; IV - o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu serviço. [...] Entretanto, o próprio CPC, em seu artigo 338 menciona: Art. 338. Alegando o réu, na contestação, ser parte ilegítima ou não ser o responsável pelo prejuízo invocado, o juiz facultará ao autor, em 15 (quinze) dias, a alteração da petição inicial para substituição do réu. Parágrafo único. Realizada a substituição, o autor reembolsará as despesas e pagará os honorários ao procurador do réu excluído, que serão fixados entre três e cinco por cento do valor da causa ou, sendo este irrisório, nos termos do art. 85, § 8º. A empresa EPR Litoral Pioneiro S.A. alegou sua ilegitimidade passiva quando da apresentação de sua contestação (ev. 21.1), e, além disso, os próprios autores requereram a substituição do polo passivo (ev. 30.1.). Dessa feita, a decisão de ev. 33.1 acolheu os pedidos, determinou a substituição da empresa ré (embargante) pelo Município de Andirá/PR e condenou os autores ao pagamento de honorários sucumbenciais na monta de 3% (três por cento,) pois aplica-se ao caso o artigo 338 do CPC/15, e não, o artigo 85 § 2º, conforme quer fazer crer a embargante. Em abono: DIREITO PROCESSUAL CIVIL. APELAÇÃO CÍVEL. COMPETÊNCIA ESPECÍFICA. RITJPR, ART. 110, INC. VIII, ALÍNEA “C”. EMBARGOS À MONITÓRIA. ILEGITIMIDADE PASSIVA E POSSIBILIDADE DE SUBSTITUIÇÃO DA PARTE RÉ. RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO, PERMITINDO À PARTE AUTORA A ALTERAÇÃO DA PETIÇÃO INICIAL PARA CORRIGIR O POLO PASSIVO, COM A MANUTENÇÃO, TODAVIA, DO ACOLHIMENTO DOS EMBARGOS MONITÓRIOS, ANTE O RECONHECIMENTO DA ILEGITIMIDADE DE PARTE. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS SUCUMBENCIAIS REDUZIDOS PARA 3% SOBRE O VALOR ATUALIZADO DA CAUSA, COM BASE NO CPC, ART. 338, PARÁGRAFO ÚNICO. [...] III. RAZÕES DE DECIDIR 3. A parte ré que foi cadastrada no Projudi, citada e que opôs embargos monitórios, não participou do negócio jurídico narrado na petição inicial e, por consequência, é parte ilegítima para figurar na demanda.4. O acolhimento dos embargos monitórios para reconhecer a ilegitimidade de parte não implica, necessariamente, na extinção do processo monitório, devendo-se facultar à parte autora, no prazo de 15 (quinze) dias, corrigir o polo passivo, prestigiando, desse modo, os princípios da economia processual, celeridade, razoabilidade e instrumentalidade das formas.5. Honorários advocatícios sucumbenciais reduzidos para 3% sobre o valor atualizado da causa, com base no CPC, art. 338, parágrafo ú nico. IV. DISPOSITIVO 6. Apelação conhecida e parcialmente provida a fim de facultar à parte autora, no prazo de 15 (quinze) dias, a alteração da petição inicial para corrigir o polo passivo, sob pena de extinção, a despeito do acolhimento dos embargos monitórios, com a redução dos honorários advocatícios sucumbenciais para 3% sobre o valor atualizado da causa, nos termos do CPC, art. 338, parágrafo único. [...] (TJPR - 20ª Câmara Cível - 0006569-17.2024.8.16.0014 - Londrina - Rel.: DESEMBARGADOR FABIO MARCONDES LEITE - J. 01.04.2025) DIREITO PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. DECISÃO SANEADORA. DENUNCIAÇÃO DA LIDE. SEGURO DE RESPONSABILIDADE CIVIL "À BASE DE RECLAMAÇÕES". ILEGITIMIDADE PASSIVA DA SEGURADORA. CORRETA EXCLUSÃO DA LITISDENUNCIADA. AUSÊNCIA DE APÓLICE VÁLIDA E DE NOTIFICAÇÃO. HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS. REDUÇÃO EM CONFORMIDADE COM ENTENDIMENTO DO STJ. DECISÃO REFORMADA. RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO.I. [...] 9. O STJ admite a redução dos honorários advocatícios em casos de exclusão de litisconsorte por ilegitimidade ad causam; assim, em atenção à atuação limitada da seguradora nos autos, aplica-se analogicamente o art. 338, parágrafo único, do CPC, reduzindo os honorários para 3% sobre o valor atualizado da causa. [...] (TJPR - 8ª Câmara Cível - 0102921-79.2024.8.16.0000 - Cascavel - Rel.: ANA CLAUDIA FINGER - J. 13.03.2025) Logo, a fixação dos honorários sucumbenciais no importe de 3% (três por cento) encontra amparo legal, não sendo, portanto, o caso de omissão da decisão de ev. 33.1. 3. Em razão do exposto, conheço os embargos de declaração e, no mérito, ante a constatada ausência de omissão no bojo do julgado proferido, nego-lhes provimento, permanecendo a decisão como está. 4. Tendo em vista a interrupção de prazo, determinada pelo artigo 1.026, do Código de Processo Civil, às partes deve ser restituído o prazo integral para interpor recurso que entendem cabível. 5. Frise-se que a exigibilidade dos honorários advocatícios sucumbenciais, aos quais os autores foram condenados, encontra-se suspensa em razão do deferimento da justiça gratuita, conforme decisão de ev. 9.1, nos termos do artigo 98, § 3º do CPC/15. 6. Aguarde-se a manifestação do Município de Andirá/PR, tendo em vista que iniciou-se o prazo para contestação em ev. 54. 7. Cumpra-se, no que couber, a decisão de ev. 44.1. Intimações e diligências necessárias. Andirá/PR, datado digitalmente. Tatiana Monteiro Furtado de Mendonça Juíza de Direito

Conteúdo completo bloqueado

Desbloquear

Processo nº 0813499-59.2023.8.10.0001

ID: 276256416

Tribunal: TJMA Órgão: Vara Especial Colegiada dos Crimes Organizados Classe: AçãO PENAL - PROCEDIMENTO ORDINáRIO Nº Processo: 0813499-59.2023.8.10.0001

Data de Disponibilização: 22/05/2025

Polo Ativo:

VARA ESPECIAL COLEGIADA DOS CRIMES ORGANIZADOS DO TERMO JUDICIÁRIO DE SÃO LUÍS - COMARCA DA ILHA DE SÃO LUÍS

Polo Passivo:

Decisão (expediente)

PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO MARANHÃO COMARCA DA ILHA DE SÃO LUÍS VARA ESPECIAL COLEGIADA DOS CRIMES ORGANIZADOS Av. Professor Carlos Cunha, s/n, 4º andar, Fórum Desembargador Sarney Costa, Calhau, … PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO MARANHÃO COMARCA DA ILHA DE SÃO LUÍS VARA ESPECIAL COLEGIADA DOS CRIMES ORGANIZADOS Av. Professor Carlos Cunha, s/n, 4º andar, Fórum Desembargador Sarney Costa, Calhau, São Luís/MA - CEP: 65.076-820 Telefone: (98) 2055-2926 - Email: crimeorganizado_slz@tjma.jus.br - Balcão Virtual: https://vc.tjma.jus.br/bvcrimeorganizadoslz PROCESSO Nº.: 0813499-59.2023.8.10.0001 AUTOR(A): 2ª Promotoria de Justiça da Comarca de Paço do Lumiar e outros INVESTIGADO(A)/ACUSADO(A): EVANILSON SANTOS RIBEIRO DECISÃO Trata-se de pedido de revogação de prisão do acusado EVANILSON SANTOS RIBEIRO. A prisão em flagrante do custodiado ocorreu no dia 10/03/2023 (ID 87544985 – pág. 05), com a posterior conversão em preventiva (ID. 87561310) mantida a decisão durante a audiência de custódia (ID. 87585627). Oferecida a denúncia em face do custodiado em 19/06/2023, ID. 94934153. A denúncia (ID. 120572433), narra que o custodiado integra facção criminosa e seria o responsável por dar suporte a outros integrantes que executaram um indivíduo conhecido como “Dian”, no Bar do Viva Boi de Axixá, localizado no Município de Axixá/MA. Recebida a denúncia em 07/07/2023, ID. 96196427, a qual narra que o custodiado integra facção criminosa e seria o responsável por dar suporte a outros integrantes que executaram um indivíduo conhecido como “Dian”, no Bar do Viva Boi de Axixá, localizado no Município de Axixá/MA. Concedida a liberdade provisória a Evanilson Santos Ribeiro, conhecido como “Matemático”, em 30/11/2023 (ID. 107460285). Em 05/02/2024 a SEAP informou via ofício o descumprimento das medidas impostas, iniciando pelo dia 15/12/2023 (ID. 111328683). O Ministério Público manifestou-se pela advertência do monitorado (ID. 111471834), o pedido foi acolhido por este juízo (ID. 112604531). Em 22/03/2024 a SEAP informou via ofício 13 descumprimentos das medidas impostas, iniciando pelo dia 05/03/2024 (ID. 111328683). Em 07/06/2024 a SEAP informou via ofício 147 descumprimentos das medidas impostas, iniciando pelo dia 14/03/2024 (ID. 121244183). Instada a comprovar se o réu foi advertido, a SEAP demonstrou nos autos que o réu foi advertido em 05/03/2024 (ID. 123281440 – pág. 7). Na oportunidade, informou novos descumprimentos das medidas impostas (ID. 123285154). O Ministério Público representou pela prisão do acusado em 10/07/2024 (ID. 123881495). Decretada a prisão do acusado em 01/08/2024 (ID. 124396637). Audiência de instrução iniciou-se em 16/08/2024 (ID. 126853232), com audiência de continuação já marcada para o dia 17/09/2024, às 09 h, nesta última foi declarada a ausência do réu (ID. 129527736). Foragido, o acusado formulou pedido de revogação da prisão preventiva (ID.138174092). A SEAP informou que o dispositivo se encontra sem comunicação e sem localização desde o dia 15/08/20224 Às 21h33. E violação por tornozeleira rompida desde o dia 27/07/2024, às 01h46 (ID. 142574297). Em 26/03/2025 a SEAP, via ofício, informou a desativação da tornozeleira eletrônica em razão da prisão em flagrante do acusado (ID. 144520544). Em 27/03/2025 o acusado formulou pedido de relaxamento de prisão alegando que a audiência de custódia acorreu depois do prazo de 24h seguida da prisão (ID. 144707252). O Ministério Público manifestou-se desfavorável ao pedido, alegando que a prisão com fundamento em mandado judicial não está restrita ao prazo fixado de 24 horas, afastando a ideia de nulidade a o consequente relaxamento da prisão. Acrescentou que o tempo decorrido entre a prisão e a audiência de custódia correu em função da apresentação do custodiado ao juízo competente, resguardando-se o devido processo legal. (ID.145535647). Em 23/04/2025 houve novo pedido de relaxamento de prisão, alegando que, mesmo descumprindo as medidas impostas, não cometeu nenhum crime, sustentando a inexistência de perigo libertatis, periculosidade e risco a aplicação da lei penal (ID. 146821811). Em busca aos sistemas disponibilizados pelo Tribunal de Justiça, verificou-se os seguintes registros criminais: 0006569-68.2017.8.10.0001 – em trâmite na 2ª Vara Criminal de São José de Ribamar, apura os crimes previstos no art. 33, caput, da lei 11.343/2006, com denúncia recebida em 07/04/2025; 0000358-03.2018.8.10.0091 – em trâmite na Vara Única de Icatu, com condenação pelo crime previsto no art. 14 da lei 10.826/2003. É breve o relatório. Decidimos. É certo que a prisão decretada antes de sentença penal condenatória reveste-se de excepcionalidade e somente deve ser decretada ou mantida quando presentes os requisitos elencados no art. 312 do Código de Processo Penal, ou seja, havendo prova da materialidade do crime e indícios suficientes da autoria, associados a um dos fundamentos que a autorizam, quais sejam: garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do crime e indício suficiente de autoria e de perigo gerado pelo estado de liberdade do imputado. Nesse contexto, tal medida prisional deve ser adotada parcimoniosamente, demonstrando-se sua necessidade e motivação, a partir de um juízo de valoração dos fatos colhidos e carreados aos autos. Decorre de comando constitucional expresso que ninguém será preso senão por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente (art. 5º, LXI). Portanto, há de se exigir que o decreto de prisão preventiva esteja sempre concretamente fundamentado. No caso dos autos, de tudo exposto, é possível verificar, que a prisão preventiva foi decretada como forma de acautelar a ordem pública, reconhecida a presença de prova de materialidade e indícios suficientes de autoria, posto que o acusado, reiteradamente, descumpriu as medidas cautelares impostas (violando a área, desligando a tornozeleira e rompendo o equipamento). Desse modo, mostra-se inequívoco, o risco de que, solto, perpetre novas condutas ilícitas ou volte a descumprir as medidas novamente impostas, reforçando a ineficácia de qualquer das medidas do art. 319 do CPP. Ainda, evidenciada a periculosidade do agente e a necessidade da segregação como forma de acautelar a ordem pública. Assim, tendo em vista as peculiaridades do caso, com elementos suficientes de concreta periculosidade, bem como de que integra organização criminosa, necessária a manutenção do decreto de sua prisão preventiva, para a garantia da ordem pública, em especial para fazer cessar a continuidade delitiva. Na hipótese, a natureza permanente do crime de organização criminosa e o fundado risco de reiteração delitiva demonstram a contemporaneidade, dos fatos alegados pela autoridade policial. Sobre o tema, o STJ fixou o entendimento de que "a contemporaneidade da cautelar deve ser aferida, não tomando por base apenas a data dos fatos investigados, mas, igualmente, levando em conta a permanência de elementos que indicam que os riscos - aos bens que se buscam resguardar com sua aplicação - ainda existem. Nesse sentido, a gravidade da conduta aliada à periculosidade dos pacientes, bem como a contínua atividade da organização criminosa evidenciam a contemporaneidade da prisão" ( AgRg no HC n. 628.892/MS, relator Ministro Felix Fischer, Quinta Turma, DJe de 11/3/2021). Ademais, de tudo que se vê, as medidas cautelares diversas da prisão se mostram insuficientes e inadequadas para o caso em exame; a gravidade em concreto dos crimes imputados e a ínsita periculosidade dos agentes, que integram engenhosa organização criminosa, voltada para a reiteração de crimes graves, evidencia a necessidade da segregação cautelar do acusado. No mais, quanto a alegação de ilegalidade por descumprimento do prazo de 24 horas entre a prisão e a realização da audiência de custódia, evidente que o pedido desconsidera que a prisão é decorrente de mandado de prisão exarado por juízo competente e, portanto, não está sujeita ao prazo de 24h para a realização da audiência de custódia. De acordo com o entendimento dos Tribunais Superiores, a única alegação de descumprimento deste prazo para a realização da audiência de custódia decorrente de mandado de prisão não é apto para gerar a anulação do processo e o consequente relaxamento da prisão do acusado. No mais, ressalta-se que o lapso temporal entre a prisão e a audiência de custódia é decorrente da necessidade de apresentação do custodiado a este juízo, competente para apreciar a audiência de custódia dos processos que envolvem a Organização Criminosa, assim, de acordo com a manifestação Ministerial, indeferimos o pedido. De tudo exposto, reputamos, pois, presente os motivos da manutenção da custódia do requerente, conforme art. 312 CPP. Mantemos a segregação de EVANILSON SANTOS RIBEIRO – CPF: 049.688.433-64, conhecido como “MATEMÁTICO”, na prisão em que se encontra, por conveniência da instrução criminal, para assegurar a aplicação da lei penal e pelo perigo gerado pelo estado de liberdade deste. Ciência ao Ministério Público e à Defensoria Pública. Intimem-se. Cumpra-se, COM URGÊNCIA, uma vez tratar-se de RÉU PRESO. São Luís/MA, data do sistema. RAUL JOSÉ DUARTE GOULART JÚNIOR Juiz de Direito Titular 1º Cargo da Vara Especial Colegiada dos Crimes Organizados RÔMULO LAGO E CRUZ Juiz de Direito Auxiliar Respondendo pelo 2° Cargo da Vara Especial Colegiada dos Crimes Organizados (PORTARIA-CGJ N° 4305, DE 19 DE SETEMBRO DE 2024) MARIA DA CONCEIÇÃO PRIVADO RÊGO Juíza de Direito Titular 3º Cargo da Vara Especial Colegiada dos Crimes Organizados

Conteúdo completo bloqueado

Desbloquear

Município De Quatro Barras/Pr x S. M. Da Silva Comércio De Variedades - Me

ID: 332497996

Tribunal: TJPR Órgão: 3ª Câmara Cível Classe: APELAçãO CíVEL Nº Processo: 0006569-26.2016.8.16.0037

Data de Disponibilização: 31/07/2025

Polo Ativo:

MUNICíPIO DE QUATRO BARRAS/PR

Polo Passivo:

S. M. DA SILVA COMéRCIO DE VARIEDADES - ME

Conclusão

Advogados:

AMANDA CRISTINA PASQUALINI PERON

OAB/PR XXXXXX Desbloquear

CARLO ENDRIGO PERON

OAB/PR XXXXXX Desbloquear

FABRICIO HADDAD FIGUEIRA

OAB/PR XXXXXX Desbloquear

MARINA APARECIDA MARTINS

OAB/PR XXXXXX Desbloquear

RENATA CAROLINE KROSKA

OAB/PR XXXXXX Desbloquear

ALEXANDRE ZOLET

OAB/PR XXXXXX Desbloquear

LUIZ MARCELO DA SILVA

OAB/PR XXXXXX Desbloquear

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARANÁ 3ª CÂMARA CÍVEL Autos nº. 0006569-26.2016.8.16.0037 Recurso: 0006569-26.2016.8.16.0037 Ap Classe Processual: Apelação Cível Assunto Principal: Dívida A… TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARANÁ 3ª CÂMARA CÍVEL Autos nº. 0006569-26.2016.8.16.0037 Recurso: 0006569-26.2016.8.16.0037 Ap Classe Processual: Apelação Cível Assunto Principal: Dívida Ativa (Execução Fiscal) Apelante(s): Município de Quatro Barras/PR (CPF/CNPJ: 76.105.568/0001-39) Av. Dom Pedro II, 110 Paço Municipal - centro - QUATRO BARRAS/PR - CEP: 83.420-000 Apelado(s): S. M. da Silva Comércio de Variedades - ME (CPF/CNPJ: 12.040.709/0001-08) Av Dom Pedro II, 62 Loja C - Centro - QUATRO BARRAS/PR - CEP: 83.420-000 Ementa. DECISÃO MONOCRÁTICA. DIREITO TRIBUTÁRIO. APELAÇÃO CÍVEL. EXECUÇÃO FISCAL. INAPLICABILIDADE DO TEMA N.º 1.184/STF AO CASO CONCRETO. EXECUÇÃO FISCAL DISTRIBUÍDA EM DATA ANTERIOR À DATA DE PUBLICAÇÃO DA ATA DE JULGAMENTO DO TEMA EM QUESTÃO. VALOR DA EXECUÇÃO NA DATA DO AJUIZAMENTO SUPERIOR AO MÍNIMO PREVISTO NA LEGISLAÇÃO MUNICIPAL. SENTENÇA ANULADA. PROSSEGUIMENTO DA EXECUÇÃO. CONHECIMENTO E PROVIMENTO DO RECURSO. I. CASO EM EXAME 1. Apelação cível interposta pelo Município de Quatro Barras contra sentença que extinguiu a execução fiscal sem resolução do mérito, com fundamento na falta de interesse de agir, em razão da aplicação do Tema n.º 1.184 do STF, que trata da extinção de execuções fiscais de baixo valor. O Município argumenta que a execução em questão não se enquadra nos critérios de baixo valor estabelecidos pela legislação municipal e que a decisão foi proferida sem a devida intimação para manifestação sobre a aplicação do entendimento do STF. II. QUESTÕES EM DISCUSSÃO 2. A questão em discussão consiste em saber se é possível a extinção de execução fiscal por ausência de interesse de agir, considerando a aplicação do Tema 1.184 do STF e a Resolução nº 547/2024 do CNJ, em relação a uma ação proposta antes da publicação da ata do julgamento e cujo valor da dívida não é considerado de baixo valor segundo a legislação municipal. III. RAZÕES DE DECIDIR 3. A ação de execução fiscal foi proposta antes do julgamento do Tema 1184 do STF, que não se aplicava retroativamente. 4. O valor da dívida em execução era de R$ 3.242,54, superior ao limite de R$ 1.459,50 estabelecido pela Lei Municipal nº 1.016/2016 para considerá-la de baixo valor. 5. A extinção do processo por ausência de interesse de agir não se justifica, pois houve movimentação útil no processo, com diligências para localização de bens penhoráveis. 6. A Resolução nº 547/2024 do CNJ estabelece requisitos específicos para a extinção de execuções fiscais, que não foram preenchidos no caso em questão. IV. DISPOSITIVO E TESE 7. Apelação conhecida e provida monocraticamente, com a anulação da sentença e determinação do prosseguimento da execução fiscal, nos termos dos artigos 932, V, “b” do CPC, e 182, XXI, “b” do Regimento Interno deste Tribunal. Tese de julgamento: A extinção de execução fiscal de baixo valor, por ausência de interesse de agir, não se aplica a ações propostas antes do julgamento do Tema 1.184 do STF, quando o valor da dívida excede os limites estabelecidos pela legislação municipal para caracterização de "baixo valor" e não se verifica a ausência de movimentação útil no processo por mais de um ano. Dispositivos relevantes citados: Código de Processo Civil, art. 485, VI; art. 932, V, "b". Regimento Interno do TJPR, art. 182, XXI, "b". Constituição Federal, art. 150, §6.º. Lei Municipal n.º 1.016/2016. Jurisprudência relevante citada: STF, RE 1355208, Rel. Min. Cármen Lúcia, DJe 02-04-2024. STJ, Súmula n.º 452. STF, Agravo Regimental na Reclamação n.º 30.003/SP, Rel. Min. Luís Roberto Barroso. STJ, AgInt nos EDcl no AREsp n.º 2.262.586/SP, Rel. Min. Benedito Gonçalves. I. RELATÓRIO Trata-se de apelação cível interposta por Município de Quatro Barras em face da r. sentença proferida ao mov. 114.1 dos autos originários de Execução Fiscal n.º 0006569-26.2016.8.16.0037, em trâmite na Vara da Fazenda Pública de Campinha Grande do Sul, que julgou extinto o processo, sem resolução do mérito, com fulcro no art. 485, VI, do Código de Processo Civil, por falta de interesse de agir, a teor das teses firmadas no Tema n.º 1.184 do STF nos seguintes termos: “1. Trata-se de execução fiscal ajuizada pela Fazenda Pública Municipal objetivando a execução de crédito inscrito em CDA de baixo valor, assim considerados os créditos de valor inferior a R$ 10.000,00. Segundo o Relatório Justiça em Números 2023 (ano-base 2022), as execuções fiscais têm sido apontadas como o principal fator de morosidade do Poder Judiciário, respondendo por 34% do acervo pendente, com taxa de congestionamento de 88% e tempo médio de tramitação de 6 anos e 7 meses até a baixa. Ainda, estima-se que mais da metade (52,3%) das execuções fiscais tem valor de ajuizamento abaixo de R$ 10.000,00 (dez mil reais). As Notas Técnicas nº 06/2023 e 08/2023, ambas do Núcleo de Processos Estruturais e Complexos do STF são conta de que o custo mínimo de uma execução fiscal, com base no valor da mão de obra, é de R$ 9.277,00 (nove mil, duzentos e setenta e sete reais), e que o protesto de certidões de dívida ativa costuma ser mais eficaz que o ajuizamento de execuções fiscais. [...] No caso, a presente execução fiscal está tramitando há 09 anos e, até o momento, não foram localizados bens penhoráveis para saldar a dívida. Analisando detidamente o feito, é possível afirmar que não foram realizadas movimentações úteis há mais de 01 ano, de modo que a Fazenda Pública carece de interesse de agir para prosseguir com os atos executórios. 2. Pelo exposto, com fundamento no art. 485, inciso VI, do Código de Processo Civil, Tema 1184 do Supremo Tribunal Federal e art. 1º da Resolução 547 do Conselho Nacional de Justiça, JULGO EXTINTO o feito sem resolução de mérito. [...].” Irresignado, o Município de Quatro Barras interpôs recurso de apelação ao mov. 117.1 dos autos originários sustentando em suas razões recursais, que: a) é inaplicável o Tema 1.184 ao caso concreto, em razão da competência constitucional legislativa de cada ente federado; b) defende que o princípio da predominância do interesse deve nortear a repartição de competências legislativas entre União, Estados e Municípios, sendo legítimo ao Município estabelecer parâmetros próprios para a definição de “baixo valor” em execuções fiscais; c) cita a Lei Municipal nº 1.016/2016, que considera ínfimo o crédito tributário de valor igual ou inferior a R$ 1.459,50, sendo antieconômica a propositura judicial nesses casos; d) no presente feito, o valor da dívida excede esse limite, de modo que não se trata de execução de baixo valor segundo os critérios legais locais; e) a aplicação da tese firmada no Tema 1.184 do STF, que legitimaria a extinção da execução fiscal por ausência de interesse de agir, quando se tratar de crédito de pequeno valor, seria incabível à hipótese dos autos, uma vez que o crédito em questão não se enquadra nos parâmetros municipais para dispensa de cobrança judicial; f) a decisão que extinguiu o feito foi proferida sem a prévia intimação da parte para manifestação sobre a aplicação do entendimento firmado no Tema 1.184, conforme os artigos 9º e 10 do CPC, sendo vedado ao juiz decidir com base em fundamento sobre o qual as partes não tenham tido oportunidade de se manifestar, mesmo que se trate de matéria cognoscível de ofício; g) a ausência de contraditório prévio configura nulidade da sentença, pois impossibilitou a apresentação de argumentos sobre a inaplicabilidade do referido precedente, além de ter impedido eventual adoção de medidas alternativas, como o pedido de suspensão processual para cumprimento de medidas prévias exigidas pela decisão do STF. Ao final, requer o conhecimento e provimento do recurso para que seja reformada a sentença de primeiro grau, com o afastamento da aplicação do Tema 1.184 do STF, prevalecendo o entendimento anteriormente firmado no RE 591.033/SP (Tema 109 da Repercussão Geral) e na Súmula 452 do STJ, determinando-se, assim, o regular prosseguimento da execução fiscal. Em sede de juízo de retratação, o Juízo a quo manteve a sentença terminativa (mov. 120.1/origem). Contrarrazões não apresentadas. É o relatório. II. DECISÃO Procedo ao julgamento monocrático, pois de acordo com o art. 932, inciso V, alínea “b” do Código de Processo Civil e com o art. 182, inciso XXI, alínea “b” do Regimento Interno do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, incumbe ao relator dar provimento a recurso se a decisão for contrária a acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos, in verbis: “Art. 932. Incumbe ao relator: [...]. V – depois de facultada a apresentação de contrarrazões, dar provimento ao recurso se a decisão recorrida for contrária a: [...]; b) acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos; [...].” “Art. 182. Compete ao Relator: [...]; XXI - dar provimento ao recurso, monocraticamente, depois de facultada a apresentação de contrarrazões, se a decisão recorrida for contrária a: [...]; b) acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos; [...].” É essa a solução que se impõe ao caso presente, conforme se demonstrará. Do mérito recursal Cinge-se a controvérsia a respeito da (im)possibilidade de extinção do feito executivo originário, sem resolução do mérito, com esteio nas teses firmadas no Tema n.º 1.184 pelo STF. Compulsando-se detidamente os autos, tem-se que a pretensão recursal merece provimento, nos termos e fundamentos adiante expendidos. Recentemente, o Supremo Tribunal Federal firmou entendimento sobre a extinção de execução fiscal de baixo valor, por falta de interesse de agir, incluindo as certidões de dívida ativa entre os títulos sujeitos a protesto, através do julgamento do Tema n.º 1.184, com ata disponibilizada no Diário de Justiça em 05.02.2024. Nesse sentido, segue a tese fixada pelo Supremo Tribunal Federal, no julgado da mencionada repercussão: “1. É legítima a extinção de execução fiscal de baixo valor pela ausência de interesse de agir tendo em vista o princípio constitucional da eficiência administrativa, respeitada a competência constitucional de cada ente federado. 2. O ajuizamento da execução fiscal dependerá da prévia adoção das seguintes providências: a) tentativa de conciliação ou adoção de solução administrativa; e b) protesto do título, salvo por motivo de eficiência administrativa, comprovando-se a inadequação da medida. 3. O trâmite de ações de execução fiscal não impede os entes federados de pedirem a suspensão do processo para a adoção das medidas previstas no item 2, devendo, nesse caso, o juiz ser comunicado do prazo para as providências cabíveis.” (RE 1355208, Relator(a): CÁRMEN LÚCIA, Tribunal Pleno, julgado em 19-12-2023, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-s/n DIVULG 01-04-2024 PUBLIC 02-04-2024). Nos termos do entendimento firmado pelo Supremo Tribunal Federal, a propositura de ação de execução fiscal está condicionada às seguintes providências: a) prévia tentativa de conciliação ou adoção de solução administrativa; e b) protesto do título, salvo por motivo de eficiência administrativa, comprovando-se a inadequação da medida. Vê-se, assim, que, após o julgamento do Tema 1.184, os entes federados, anteriormente à propositura da ação de execução fiscal deverão, necessariamente e como condição do recebimento da petição inicial da ação de execução fiscal, comprovar a existência de prévia tentativa de conciliação ou adoção de solução administrativa e, ainda, fazer prova do protesto da certidão de dívida ativa, salvo se esta medida se mostrar inadequada, o que deverá ser comprovado nos autos. No caso em apreço, a ação foi proposta em 19.12.2016, ou seja, em data anterior à publicação da ata de julgamento do RE nº 1.355.208/SC (Tema 1184), que se deu no DJE de 05.02.2024, na qual é veiculado acórdão, que consiste na decisão colegiado com as teses fixadas. Assim, não é possível, considerada a jurisprudência uníssona vigente à época do ajuizamento do processo da ação de execução fiscal, a qual não condicionava à sua propositura a prévia tentativa de conciliação ou a anterior protesto da certidão de dívida ativa, exigir como condição de procedibilidade da presente execução a demonstração da prática dos atos anteriormente referidos (tentativa de conciliação e protesto da CDA). Se assim não for, o processo da ação de execução fiscal será julgado extinto por ausência de condição da ação – interesse de agir, decorrente da ausência de prévia tentativa de conciliação ou solução administrativa e protesto da CDA – que, à época da sua propositura, inexistia, em violação ao princípio da segurança jurídica, cuja observância deve ocorrer quando há modificação legislativa ou alteração do entendimento jurisprudencial, como ocorre na hipótese dos autos, conforme já reconhecido pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento do AgReg. nº 951.533, Redator para o acórdão Min. Dias Toffoli. Nesse mesmo sentido pode ser transcrita ementa de julgamento do Superior Tribunal de Justiça: RECURSO ESPECIAL. SEGURO DE VIDA. MUDANÇA DE JURISPRUDÊNCIA. APLICAÇÃO DO ENTENDIMENTO ANTIGO. TEORIA DA PROSPECTIVE OVERRULING. MUDANÇA DE ENTENDIMENTO PROSPECTIVA. PROTEÇÃO DA CONFIANÇA. NECESSIDADE DE PROTEÇÃO. PRECEDENTES QUALIFICADOS. NÃO INCIDÊNCIA NA HIPÓTESE. 1. Ação ajuizada em 09/01/2012, recurso interposto em 28/03/2016 e atribuído a este gabinete em 13/10/2017. 2. O propósito recursal consiste em determinar se, na hipótese de mudança de jurisprudência, a nova orientação poderia ser aplicada indiscriminadamente sobre os litígios surgidos durante a vigência do entendimento jurisprudencial anterior, ainda mais sobre aqueles já submetidos ao Poder Judiciário. 3. A teoria da superação prospectiva (prospective overruling), de origem norteamericana, é invocada nas hipóteses em que há alteração da jurisprudência consolidada dos Tribunais e afirma que, quando essa superação é motivada pela mudança social, seria recomendável que os efeitos sejam para o futuro apenas, isto é, prospectivos, a fim de resguardar expectativas legítimas daqueles que confiaram no direito então reconhecido como obsoleto. 4. A força vinculante do precedente, em sentido estrito, bem como da jurisprudência, em sentido substancial, decorre de sua capacidade de servir de diretriz para o julgamento posterior em casos análogos e de, assim, criar nos jurisdicionados a legítima expectativa de que serão seguidos pelo próprio órgão julgador e órgãos hierarquicamente inferiores e, como consequência, sugerir para o cidadão um padrão de conduta a ser seguido com estabilidade. 5. A modulação de efeitos do art. 927, § 3º, do CPC/15 deve ser utilizada com parcimônia, de forma excepcional e em hipóteses específicas, em que o entendimento superado tiver sido efetivamente capaz de gerar uma expectativa legítima de atuação nos jurisdicionados e, ainda, o exigir o interesse social envolvido. 6. Na hipótese, é inegável a ocorrência de traumática alteração de entendimento desta Corte Superior, o que não pode ocasionar prejuízos para a recorrente, cuja demanda já havia sido julgada procedente em 1º grau de jurisdição de acordo com a jurisprudência anterior do STJ. 7. Recurso especial conhecido e provido. (REsp. nº 1.721.716/PR, 3ª Turma, Rela. Min. Nancy Andrighi, j. 10/12/2019). No caso, se não fosse o julgamento do Tema 1184, o processo prosseguiria normalmente, já que, quando do ajuizamento da ação de execução fiscal, não se exigia como condição de procedibilidade de ações de execução fiscal, até porque não há norma legal específica, prévia tentativa de conciliação ou solução administrativa e prévio protesto da certidão de dívida ativa. Justamente por isso é que o Supremo Tribunal Federal no item 3 das teses fixadas no julgamento do Tema 1184, tratou das execuções que já se encontravam em trâmite, facultando aos entes federados em relação a elas suspender o processo para adoção das medidas visando a autocomposição (tentativa de conciliação ou adoção de solução administrativa) e o protesto da certidão de dívida ativa. Tal conclusão decorre do teor do item 3 da Tese fixada no julgamento do Tema 1184, que tem o seguinte teor: 3. O trâmite de ações de execução fiscal não impede os entes federados de pedirem a suspensão do processo para a adoção das medidas previstas no item 2, devendo, nesse caso, o juiz ser comunicado do prazo para as providências cabíveis. (grifou-se). Não bastasse isso, os integrantes das 1ª, 2ª e 3ª Câmaras Cíveis deste Tribunal de Justiça, que detêm a competência para julgar os recursos em que a matéria seja de direito tributário, em reunião realizada em 01.08.2024, examinaram a questão aqui debatida, concluindo pela impossibilidade da aplicação da tese fixada no julgamento do Tema 1184 aos processos que já estavam em curso quando da publicação da ata do julgamento, fato ocorrido em 05.02.2024. E na referida reunião houve a edição o Enunciado n. 2, que tem o seguinte teor: 2 – A exigência, como condição do ajuizamento de execução fiscal, de protesto do título ou de tentativa de conciliação ou adoção de solução administrativa, não se aplica às ações de execução fiscal propostas anteriormente à data da publicação da ata do julgamento do Tema 1184 (STF), que se deu em 05/02/2024 (SEI nº 0109971- 04.2024.8.16.6000). Necessário registrar, ainda, que, conforme esclarecido pelo Supremo Tribunal Federal quando do julgamento dos embargos de declaração opostos contra o acórdão que julgou o Tema 1184 (sessão virtual de 12.04.2024 a 19.04.2024), as teses fixadas aplicam-se apenas às execuções de pequeno valor, considerado o valor estipulado pelos entes federados, no exercício da sua competência. Do voto da nobre Ministra Carmem Lúcia, no qual foi acompanhada por todos os demais ministros, faz-se oportuna a transcrição da seguinte passagem: 3. Quanto ao pedido de que seja esclarecido se “as providências ‘a’ e ‘b’ devem ser consideradas apenas para as execuções fiscais de baixo valor conforme definido por cada ente federado”, é de se considerar os limites da controvérsia posta no Tema 1.184. Nesse tema, se discutiu sobre a possibilidade de “extinção de execução fiscal de baixo valor, por falta de interesse de agir, haja vista modificação legislativa posterior ao julgamento do RE 591.033 (Tema 109), que incluiu as certidões de dívida ativa entre os títulos sujeitos a protesto (Lei 12.767/2012), e a desproporção dos custos de prosseguimento da ação judicial”. A controvérsia havida na espécie delimitou-se às execuções fiscais de baixo valor, não podendo se extrair, do acórdão embargado, interpretação no sentido de que os ritos previstos nos item a e b do ponto 2 da tese de repercussão geral se aplicam a toda execução fiscal, especialmente considerando que o fundamento para a extinção da execução fiscal de baixo valor, nos termos fixados pelo julgado embargado, é o princípio da eficiência administrativa, considerando a relação custo processual sobre valor da execução. (grifos nossos) No caso em exame, além de a propositura da ação de execução ter se dado anteriormente ao julgamento do Tema 1184, o valor da execução na época do seu ajuizamento era de R$ 3.242,54, montante que superava o valor a ser considerado para que uma dívida fosse de pequeno valor, que era R$ 1.459,50, conforme informado pelo município apelante em suas razões recursais (Lei Municipal nº 1.016/2016). E, ainda que fosse possível chegar à conclusão de que o valor estipulado pelo município não seria razoável, o valor da dívida, que ultrapassa o valor estipulado pelo ente público, não justificaria a exigência de prévio protesto ou tentativa de solução consensual. Considerando, portanto, que a ação de execução fiscal foi proposta anteriormente à publicação da ata de julgamento do Tema 1184 e que a dívida não era de pequeno valor, certo ser afirmado que o nobre magistrado não poderia ter extinguido o feito por ausência de interesse de agir. Além disso, o Conselho Nacional de Justiça, em razão do julgamento do Tema 1184 pelo Supremo Tribunal Federal, editou a Resolução nº 547/2024, por meio da qual instituiu medidas de tratamento racional e eficiente na tramitação das execuções fiscais pendentes no Poder Judiciário. A resolução, que possui natureza de ato normativo primário, já que a competência do Conselho Nacional de Justiça, para editar resoluções, decorre da própria Constituição Federal, tem o seguinte teor: Art. 1º É legítima a extinção de execução fiscal de baixo valor pela ausência de interesse de agir, tendo em vista o princípio constitucional da eficiência administrativa, respeitada a competência constitucional de cada ente federado. § 1º Deverão ser extintas as execuções fiscais de valor inferior a R$ 10.000,00 (dez mil reais) quando do ajuizamento, em que não haja movimentação útil há mais de um ano sem citação do executado ou, ainda que citado, não tenham sido localizados bens penhoráveis. § 2º. Para aferição do valor previsto no § 1º, em cada caso concreto, deverão ser somados os valores de execuções que estejam apensadas e propostas em face do mesmo executado. § 3º. O disposto no § 1º não impede nova propositura da execução fiscal se forem encontrados bens do executado, desde que não consumada a prescrição. § 4º. Na hipótese do § 3º, o prazo prescricional para nova propositura terá como termo inicial um ano após a data da ciência da Fazenda Pública a respeito da não localização do devedor ou da inexistência de bens penhoráveis no primeiro ajuizamento. § 5º. A Fazenda Pública poderá requerer nos autos a não aplicação, por até 90 (noventa) dias, do § 1º deste artigo, caso demonstre que, dentro desse prazo, poderá localizar bens do devedor. Art. 2º O ajuizamento de execução fiscal dependerá de prévia tentativa de conciliação ou adoção de solução administrativa. § 1º A tentativa de conciliação pode ser satisfeita, exemplificativamente, pela existência de lei geral de parcelamento ou oferecimento de algum tipo de vantagem na via administrativa, como redução ou extinção de juros ou multas, ou oportunidade concreta de transação na qual o executado, em tese, se enquadre. § 2º A notificação do executado para pagamento antes do ajuizamento da execução fiscal configura adoção de solução administrativa. § 3º Presume-se cumprido o disposto nos §§ 1º e 2º quando a providência estiver prevista em ato normativo do ente exequente. Art. 3º O ajuizamento da execução fiscal dependerá, ainda, de prévio protesto do título, salvo por motivo de eficiência administrativa, comprovando-se a inadequação da medida. Parágrafo único. Pode ser dispensada a exigência do protesto nas seguintes hipóteses, sem prejuízo de outras, conforme análise do juiz no caso concreto: I – comunicação da inscrição em dívida ativa aos órgãos que operam bancos de dados e cadastros relativos a consumidores e aos serviços de proteção ao crédito e congêneres; II – existência da averbação, inclusive por meio eletrônico, da certidão de dívida ativa nos órgãos de registro de bens e direitos sujeitos a arresto ou penhora; ou III – indicação, no ato de ajuizamento da execução fiscal, de bens ou direitos penhoráveis de titularidade do executado. Art. 4º Os cartórios de notas e de registro de imóveis deverão comunicar às respectivas prefeituras, em periodicidade não superior a 60 (sessenta) dias, todas as mudanças na titularidade de imóveis realizadas no período, a fim de permitir a atualização cadastral dos contribuintes das Fazendas Municipais. Art. 5º Esta Resolução entra em vigor na data da sua publicação. (grifos nossos) Tem-se, a partir da leitura do art. 1º, §1º, da Resolução nº 547/2024 do Conselho Nacional de Justiça, que as execuções que já se encontravam em andamento quando da sua edição e aquelas que foram propostas após a sua edição, deverão ser extintas, desde que o valor seja inferior a R$ 10.000,00 quando do ajuizamento, e, ainda, desde que “não haja movimentação útil há mais de um ano sem citação do executado ou, ainda que citado, não tenham sido localizados bens penhoráveis”. No caso dos autos, verifica-se que a ação de execução fiscal foi proposta objetivando a cobrança de créditos tributários de Taxa de Licença Localização no valor de R$ 3.242,54, conforme CDA nº 19.409/2016, ou seja, inferior ao valor previsto na Resolução nº 547/2024-CNJ. Poder-se ia pensar, então que o ilustre magistrado de primeiro grau de jurisdição, ao extinguir a ação de execução fiscal por ausência de interesse de agir do município exequente, considerado o valor do crédito em execução – inferior a R$10.000,00 –, teria agido com acerto. Ocorre, porém, que, nos termos da Resolução 547/CNJ, além do valor do débito em execução, para a extinção do processo da ação de execução fiscal deve ser verificado se, no período de um (1) ano, o processo não teve nenhuma movimentação útil sem a citação do executado ou, ainda que citado, não tenham sido localizados bens penhoráveis. Esta, no entanto, não é a hipótese dos autos, pois a parte executada foi citada (mov. 74.1/origem), verificando-se, ademais, que o exequente vem diligenciando ativamente a satisfação do crédito tributário por meio da penhora de bens (mov. 80.1/origem), sendo que, após as frustradas tentativas de penhora de aplicação financeira e de veículo no CNPJ da executada, o Fisco ainda requereu a quebra do sigilo fiscal junto à Receita Federal em 30.03.2024 (mov. 98.1/origem). Ocorre que, independentemente disso, em 28.03.2025, sobreveio a sentença ora impugnada, por meio da qual a Magistrada a quo extinguiu o processo em razão da ausência de interesse de agir (mov. 114.1/origem). Verifica-se, assim, que o processo da ação de execução fiscal, embora esteja em andamento há mais de um (1) ano, tem tramitado com a realização das diligências necessárias ao seu correto andamento, circunstância a impedir a extinção do feito em razão de suposta ausência de movimentação útil. A extinção do processo, nos termos da Resolução 547/CNJ, tem como pressuposto a paralisação do processo por mais de um ano (1) sem “movimentação útil”, ou seja, sem a prática de movimentação que possibilite o prosseguimento da execução até a satisfação do crédito em execução, o que nitidamente não é o caso dos autos. Assim, a prolação da sentença de extinção foi açodada, já que não transcorreu o prazo de um (1) ano previsto na Resolução nº 547/2024 do Conselho Nacional de Justiça, sem movimentação útil nos autos. Nessas condições, o presente recurso deve ser provido, a fim de que, cassando-se a sentença recorrida, seja determinado o prosseguimento do processo da ação de execução fiscal com a realização de atos visando a satisfação do crédito tributário. Nesse sentido, segue precedente de semelhante teor recentemente julgado por esta C. Câmara: APELAÇÃO CÍVEL. TRIBUTÁRIO. EXECUÇÃO FISCAL. TEMA 1184 (RE Nº 1.355.208). AUSÊNCIA DE PRÉVIA TENTATIVA DE CONCILIAÇÃO OU ADOÇÃO DE SOLUÇÃO ADMINISTRATIVA E DE PROTESTO DA CERTIDÃO DE DÍVIDA ATIVA – CDA. AÇÃO DE EXECUÇÃO PROPOSTA ANTERIORMENTE AO JULGAMENTO DO TEMA 1184. VALOR DA EXECUÇÃO FISCAL QUE SUPERA O VALOR PREVISTO EM LEI MUNICIPAL PARA QUE UMA DÍVIDA SEJA CONSIDERADA DE BAIXO VALOR. AUTONOMIA DO MUNICÍPIO NO EXERCÍCIO DA SUA COMPETÊNCIA CONSTITUCIONAL. IMPOSSIBILIDADE DE EXTINÇÃO DO PROCESSO. RESOLUÇÃO 547/2024 DO CNJ. POSSIBILIDADE DE EXTINÇÃO DAS AÇÕES EM CURSO QUANDO, SENDO O VALOR DO DÉBITO, CONSIDERADA A DATA DO AJUIZAMENTO, INFERIOR A DEZ MIL REAIS (R$ 10.000,00), O PROCESSO PERMANECER SEM MOVIMENTAÇÃO ÚTIL POR UM ANO, OU SEJA, SEM CITAÇÃO DO EXECUTADO OU, AINDA QUE CITADO, SEM LOCALIZAÇÃO DE BENS PENHORÁVEIS. REQUISITOS PARA EXTINÇÃO DO PROCESSO, PREVISTOS NA RESOLUÇÃO 547/CNJ, NÃO PREENCHIDOS NO CASO CONCRETO. SENTENÇA CASSADA. RETORNO DOS AUTOS À ORIGEM PARA PROSSEGUIMENTO DA EXECUÇÃO COM A REALIZAÇÃO DE ATOS VISANDO A PENHORA DE BENS DO DEVEDOR. RECURSO PROVIDO. (TJPR - 3ª Câmara Cível - 0003417-40.2023.8.16.0193 - Colombo - Rel.: DESEMBARGADOR EDUARDO CASAGRANDE SARRAO - J. 09.09.2024) Sendo assim, levando-se em conta os requisitos previstos no julgamento do Tema 1184 pelo Supremo Tribunal Federal e na Resolução nº 547/2024 do Conselho Nacional de Justiça para que o processo da ação de execução fiscal seja extinto, outra solução não há senão dar provimento ao presente recurso de apelação, para o fim de cassar a sentença e determinar a retomada do curso do processo da ação de execução fiscal, sem prejuízo de que, no curso do processo da ação de execução, o douto magistrado de primeiro grau de jurisdição, futuramente e desde que se façam presentes os requisitos previstos no julgamento do Tema 1184 e na Resolução 547/CNJ, prolate nova sentença extinguindo a execução fiscal. Consideram-se prequestionadas e reputadas não violadas as matérias constitucionais e legais aqui discutidas e fundamentadamente decididas III. CONCLUSÃO Diante o exposto, nos termos do art. 932, inciso V, alínea ‘b’, do CPC, e art. 182, inciso XXI, alínea ‘b’ do Regimento Interno do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, dou provimento ao recurso de apelação, para o fim de cassar a sentença e determinar a retomada do curso do processo da ação de execução fiscal na origem. Publique-se. Intimem-se. Dê-se ciência ao Juízo a quo da presente decisão. Cumpridas as diligências acima e satisfeitas todas as formalidades, arquive-se. Curitiba, datado eletronicamente. (Documento Assinado Digitalmente) RICARDO AUGUSTO REIS DE MACEDO Desembargador Substituto– Relator convocado mfw

Conteúdo completo bloqueado

Desbloquear

Maria De Lourdes De Oliveira Silva x Marcos Delli Ribeiro Rodrigues

ID: 259015054

Tribunal: TJRO Órgão: Ariquemes - 4ª Vara Cível Classe: PROCEDIMENTO COMUM CíVEL Nº Processo: 7021962-28.2024.8.22.0002

Data de Disponibilização: 23/04/2025

Polo Ativo:

MARIA DE LOURDES DE OLIVEIRA SILVA

Polo Passivo:

MARCOS DELLI RIBEIRO RODRIGUES

Sentença

Advogados:

MARCOS DELLI RIBEIRO RODRIGUES

OAB/RN XXXXXX Desbloquear

DANIELE DE ASSIS SANTIAGO CABRAL

OAB/RR XXXXXX Desbloquear

PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DE RONDÔNIA Tribunal de Justiça - Fórum Juiz Edelçon Inocêncio, Ariquemes - 4ª Vara Cível Avenida Juscelino Kubitschek, nº 2365, Bairro Setor Institucional, CEP 76872-853, … PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DE RONDÔNIA Tribunal de Justiça - Fórum Juiz Edelçon Inocêncio, Ariquemes - 4ª Vara Cível Avenida Juscelino Kubitschek, nº 2365, Bairro Setor Institucional, CEP 76872-853, Ariquemes, central_ari@tjro.jus.br Processo n.: 7021962-28.2024.8.22.0002 Classe: Procedimento Comum Cível Valor da Causa: R$ 20.000,00 AUTOR: MARIA DE LOURDES DE OLIVEIRA SILVA ADVOGADO DO AUTOR: DANIELE DE ASSIS SANTIAGO CABRAL, OAB nº AM1404 REU: BANCO DO BRASIL ADVOGADOS DO REU: MARCOS DELLI RIBEIRO RODRIGUES, OAB nº RN5553, PROCURADORIA DO BANCO DO BRASIL S/A SENTENÇA MARIA DE LOURDES DE OLIVEIRA propôs AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS em face de BANCO DO BRASIL SA, alegando, em resumo, que o banco requerido realizou o aprovisionamento do saldo existente em sua conta corrente, causando-lhe prejuízos. Requereu a suspensão do aprovisionamento e a fixação de danos morais no valor de R$20.000,00. Juntou documentos. Recebida a inicial, foi indeferida a tutela e determinada a citação da requerida. Citada, a requerida apresentou contestação impugnando a gratuidade de justiça concedida à autora, arguindo inépcia da inicial e falta de interesse de agir. No mérito, sustentou a inexistência de falha na prestação de serviços. Juntou documentos e requereu a improcedência dos pedidos iniciais. Intimada quanto à produção de outras provas, a autora e a requerida pugnaram pelo julgamento antecipado do feito. Vieram-me conclusos. É o relatório. Decido. DO JULGAMENTO ANTECIPADO O processo em questão comporta o julgamento antecipado, nos termos do artigo 355, inciso I do Código de Processo Civil, haja vista que a questão controvertida nos autos é meramente de direito, mostrando-se, por outro lado, suficiente a prova documental produzida, para dirimir as questões de fato suscitadas, de modo que desnecessário se faz designar audiência de instrução e julgamento ou outras diligências para a produção de novas provas. Ademais, tanto a autora como a requerida pleitearam, expressamente, o julgamento antecipado do mérito, renunciando a produção de outras provas (id. 118609743 e 118449291). DA IMPUGNAÇÃO À JUSTIÇA GRATUITA Não assiste razão à requerida quando aduz sobre a revogação da gratuidade de justiça concedida à parte autora, porquanto não apresentou nenhuma prova de alteração da capacidade de hipossuficiente da mesma, limitando-se apenas a requerer a revogação do instituto. Desse modo, rejeito a impugnação à gratuidade judiciária. DA INÉPCIA DA INICIAL De igual modo, no que se refere a preliminar de inépcia, verifica-se que a petição inicial possui pedido e causa de pedir determinados, da narração decorre logicamente a conclusão, não há pedidos genéricos, de forma que não se enquadra em nenhum dos incisos do § 1º do art. 330, do CPC. Além disso, verifica-se que a parte autora colacionou os documentos essenciais à propositura da ação, estando preenchidos os requisitos estipulados no caput, inciso I e §2º do art. 700, do CPC. Logo, não há que se falar em inépcia da petição inicial. DA FALTA DE INTERESSE DE AGIR O banco requerido aduziu que autor não demonstrou, de forma inequívoca, que se encontra em uma situação de superendividamento que não possa ser resolvida por outras vias, como a negociação direta com os credores ou a reestruturação das dívidas. Todavia não há falar em falta de interesse de agir, pois o pedido inicial é de suspensão do aprovisionamento e fixação de danos morais, sendo flagrante o interesse da parte autora no ajuizamento do feito e, de toda sorte, a lei não exige que a parte recorra a outras medidas antes de ajuizar ação cabível. Nesse contexto, é plenamente possível que a parte recorra ao Poder Judiciário para ver sua pretensão atendida, haja vista a garantia de acesso ao Poder Judiciário e o princípio da inafastabilidade da jurisdição, estabelecidos no art. 5º, XXXV, da CF. Assim, rejeito as preliminares e passo ao julgamento do mérito. DO MÉRITO A parte autora ingressou com a ação e requereu a suspensão do aprovisionamento e o pagamento de indenização por danos morais. A requerida apresentou contestação requerendo a improcedência da inicial, sob o argumento de que não houve falha na prestação do serviço e a contratação é legítima. Destaco, a priori, que a presente controvérsia deve ser decidida à luz das regras da legislação consumerista (Lei n.º 8.078/1990), tendo em vista a adequação das partes ao conceito de fornecedor e consumidor, com a incidência da Súmula 297 do STJ: "O Código de Defesa do Consumidor é aplicável às instituições financeiras". Em breve síntese, alega a autora que no início do mês de dezembro de 2024 o banco requerido realizou débitos automáticos na conta da autora, utilizando ainda o limite de cheque especial para a realização dos descontos automáticos. O pleito autoral não merece prosperar. Eis as razões. A priori, destaco que o presente caso trata de aprovisionamento de saldo, que se refere à reserva de valor em conta corrente para cobrir determinado débito a ser efetivado, seja proveniente de débito automático programado para o pagamentos de contas, cartão de crédito, entre outros, como para cobrir parcelas de empréstimos e financiamento, por exemplo. Tal prática, por si só, não configura conduta abusiva, desde que haja expressa autorização para a ocorrência de débito automático e/ou expressa anuência do consumidor mediante cláusula constante em contrato de abertura de conta. É o entendimento jurisprudencial, conforme cito: JUIZADOS ESPECIAIS CÍVEIS. CONSUMIDOR. SALDO APROVISIONADO EM DIA ANTERIOR AO VENCIMENTO DO DÉBITO. NÃO COMPROVAÇÃO DE AUTORIZAÇÃO PARA DÉBITO AUTOMÁTICO. AUSÊNCIA DE SALDO PARA REALIZAÇÃO DE COMPRAS. DANO MORAL CARACTERIZADO. INDENIZAÇÃO FIXADA EM PARÂMETRO RAZOÁVEL E PROPORCIONAL. SENTENÇA MANTIDA. 1 - O APROVISIONAMENTO DE SALDO EM CONTA CORRENTE DESTINA-SE AO PAGAMENTO DE CONTRATOS NOS QUAIS HÁ AUTORIZAÇÃO PARA DÉBITO EM CONTA, MAS SE O BANCO NÃO COMPROVOU A EXISTÊNCIA DE AUTORIZAÇÃO PARA O DEBITO AUTOMÁTICO POR PARTE DA CORRENTISTA, TAL PROCEDIMENTO SE MOSTRA ABUSIVO, CARACTERIZANDO A FALHA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO. 2 - A AUTORA, POR SEU TURNO, COMPROVOU QUE O APROVISIONAMENTO DO SALDO UM DIA ANTES DO VENCIMENTO DO DÉBITO, IMPOSSIBILITOU A COMPRA QUE PRETENDIA FAZER, EXPONDO-A A SITUAÇÃO CONSTRANGEDORA. 3 - DANO MORAL CARACTERIZADO PELO CONSTRANGIMENTO E HUMILHAÇÃO IMPOSTOS À AUTORA. 4 - VALOR DA INDENIZAÇÃO FIXADO DE MANEIRA PROPORCIONAL E RAZOÁVEL. 5 - RECURSO CONHECIDO, MAS IMPROVIDO. (TJ-DF - ACJ: 20120111994129 DF 0199412-20.2012.8.07.0001, Relator: MARÍLIA DE ÁVILA E SILVA SAMPAIO, Data de Julgamento: 03/09/2013, 2a Turma Recursal dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais do DF, Data de Publicação: Publicado no DJE : 30/09/2013 . Pág.: 270) RECURSO INOMINADO. AÇÃO INDENIZATÓRIA. CARTÃO DE DÉBITO. BLOQUEIO DE VALORES. APROVISIONAMENTO ANTECIPADO. AUSÊNCIA DE PREVISÃO CONTRATUAL NESTE SENTIDO. BLOQUEIO QUE CAUSOU PREJUÍZO À CORRENTISTA. FALHA NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇO. SITUAÇÃO VEXATÓRIA. DANO MORAL CONFIGURADO. QUANTUM ARBITRADO EM VALOR EM CONFORMIDADE COM CASO CONCRETO, NO IMPORTE DE R$ 4.000,00 (QUATRO MIL REAIS) . SENTENÇA REFORMADA. Recurso provido. (TJ-PR - RI: 00065692720168160069 PR 0006569-27.2016.8.16.0069 (Acórdão), Relator: Juiz Siderlei Ostrufka Cordeiro, Data de Julgamento: 12/06/2017, 2a Turma Recursal, Data de Publicação: 14/06/2017) No caso em comento, a parte requerida apresentou contestação, juntando aos autos os contratos realizados com a autora, acerca dos quais não houve impugnação quanto ao seu conteúdo. Verifica-se nos contratos (id. 117378332 e seguintes), os quais foram devidamente assinados pela autora, que houve expressa indicação da realização de débitos automáticos e, inclusive, utilização do limite do cheque especial: TERMO DE AUTORIZACAO DE DEBITOS AUTORIZO o Banco do Brasil debitar na(s) conta Página: 2 (s) acima relacionaliquidacao, prestacoes, encargos financeiros e acessorios - quando dos respectivos vencimentos/ exigibilidade do emprestimo/financiamento acima indicado, que me foi concedido. Na hipotese de inexistencia de saldo suficiente para pagamento integral do valor da parcela, AUTORIZO realizar debito parcial e sucessivo, em qualquer modalidade vinculada a conta relacionada acima. Ocorrendo o debito parcial da(s) parcela(s) o saldo devedor remanescente sera considerado parcela inadimplida da operacao. AUTORIZO a utilizacao do limite do cheque especial para pagamento das parcelas. Dessa forma, a conduta do banco requerido está pautada no exercício regular de seu direito, demonstrando ter respeitado o seu dever contratual de fornecer prévia e adequadamente todas as informações pertinentes ao negócio jurídico celebrado, sob pena de caracterização de sua nulidade, conforme disposto nos arts. 6º, III, 46 e 52 do CDC. Portanto, evidente a ausência de falha na prestação do serviço e, consequentemente, ausente o dever de indenizar. DISPOSITIVO Ante o exposto, com fundamento no artigo 487, I do CPC, JULGO IMPROCEDENTE os pedidos deduzidos na inicial por MARIA DE LOURDES DE OLIVEIRA em face de BANCO DO BRASIL SA. Em consequência, JULGO EXTINTO o processo com resolução do mérito, nos termos do artigo 487, inciso I, do Código de Processo Civil. Arcará a parte autora com o pagamento das custas, despesas processuais e honorários advocatícios da parte contrária, estes fixados em 10% sobre o valor da causa, nos termos do artigo 85, §2°, do CPC, cuja cobrança fica suspensa em razão da gratuidade concedida. Por fim, de modo a evitar o ajuizamento de embargos de declaração, registre-se que, ficam preteridas as demais alegações, por incompatíveis com a linha de raciocínio adotada, observando que o pedido foi apreciado e rejeitado nos limites em que foi formulado. Por consectário lógico, ficam as partes advertidas, desde logo, que a oposição de embargos de declaração fora das hipóteses legais e/ou com postulação meramente infringente lhes sujeitará a imposição da multa prevista pelo artigo 1026, § 2º, do Código de Processo Civil. Na hipótese de interposição de apelação, tendo em vista a nova sistemática estabelecida pelo CPC que extinguiu o juízo de admissibilidade a ser exercido pelo Juízo “a quo” (CPC, art. 1.010), sem nova conclusão, intime-se a parte contrária para que ofereça resposta no prazo de 15 (quinze) dias. Havendo recurso adesivo, também deve ser intimada a parte contrária para oferecer contrarrazões. Caso nada seja requerido após o trânsito em julgado desta, observadas as formalidades legais, arquive-se. SERVIRÁ A PRESENTE SENTENÇA COMO OFÍCIO/ MANDADO DE INTIMAÇÃO/NOTIFICAÇÃO E/OU CARTA PRECATÓRIA. P.R.I.C., promovendo-se as baixas devidas no sistema. Ariquemes, 22 de abril de 2025 José de Oliveira Barros Filho Juiz de Direito

Conteúdo completo bloqueado

Desbloquear

Viaseg Com. Produtos Eletrônicos Ltda x Luiz E Maciel Ltda Me

ID: 312708314

Tribunal: TJPR Órgão: 1ª Vara Cível de Toledo Classe: MONITóRIA Nº Processo: 0006569-68.2023.8.16.0170

Data de Disponibilização: 01/07/2025

Polo Ativo:

VIASEG COM. PRODUTOS ELETRôNICOS LTDA

Polo Passivo:

LUIZ E MACIEL LTDA ME

Conclusão

Advogados:

VANESSA BIS LEINDORF

OAB/PR XXXXXX Desbloquear

VITOR HUGO BAGIO

OAB/PR XXXXXX Desbloquear

PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARANÁ COMARCA DE TOLEDO 1ª VARA CÍVEL DE TOLEDO - PROJUDI Rua Almirante Barroso, 3202 - Edifício do Fórum - Centro Cívico - Toledo/PR - CEP: 85.900-020 - Fone: (45) 325… PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARANÁ COMARCA DE TOLEDO 1ª VARA CÍVEL DE TOLEDO - PROJUDI Rua Almirante Barroso, 3202 - Edifício do Fórum - Centro Cívico - Toledo/PR - CEP: 85.900-020 - Fone: (45) 3252-3090 - Celular: (45) 3252-3090 - E-mail: primeiravaraciveltoledo@gmail.com Processo: 0006569-68.2023.8.16.0170 Classe Processual: Monitória Assunto Principal: Transporte de Coisas Valor da Causa: R$11.399,35 Autor(s): VIASEG COM. PRODUTOS ELETRÔNICOS LTDA (CPF/CNPJ: 06.914.536/0001-07) representado(a) por ADÃO CARLOS LEINDORF (RG: 20244909 SSP/PR e CPF/CNPJ: 334.928.089-72) Rua Antenor Pedro Rios, 83 - Jardim Gisela - TOLEDO/PR - CEP: 85.905-091 Réu(s): LUIZ E MACIEL LTDA ME (CPF/CNPJ: 17.173.786/0001-41) RUA SANTOS DUMONT, 2885 - CENTRO - TOLEDO/PR - CEP: 85.900-010 Terceiro(s): LUMA EXPRESS TRANSPORTES LTDA (CPF/CNPJ: Não Cadastrado) Rua México, 628 SALA 01 - Jardim Gisela - TOLEDO/PR - CEP: 85.905-370 Sentença Todo homem esteja sujeito às autoridades superiores; porque não há autoridade que não proceda de Deus; e as autoridades que existem foram por ele instituídas. De modo que aquele que se opõe à autoridade resiste à ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos condenação. Porque os magistrados não são para temor, quando se faz o bem, e sim quando se faz o mal. Queres tu não temer a autoridade? Faze o bem e terás louvor dela, visto que a autoridade é ministro de Deus para teu bem. Entretanto, se fizeres o mal, teme; porque não é sem motivo que ela traz a espada; pois é ministro de Deus, vingador, para castigar o que pratica o mal. Romanos, 14.13 1 – RELATÓRIO: A parte Autora, devidamente qualificada nos autos, propôs a presente ação monitória em face da parte Ré, também qualificada, alegando (em síntese) que possui um crédito perante a Ré no valor de R$ 11.399,35, correspondente ao valor de mercadorias descritas nas notas fiscais de nº 67.652, 67.443, 67.305, 67.767 e 67.831, as quais não foram entregues aos destinatários. Ao final, pediu a condenação da Ré ao pagamento. A parte Ré foi citada. A parte Ré foi citada e apresentou embargos à monitória com reconvenção, alegando ter efetuado regularmente a entrega das mercadorias. Pediu a condenação da parte Autora ao pagamento em dobro do valor cobrado. A parte Autora impugnou a contestação. O feito foi organizado e saneado. Houve a desistência da produção da prova oral. As partes apresentaram alegações finais. Após, vieram os autos conclusos. É o necessário, e breve, relatório. Decido. 2 – FUNDAMENTAÇÃO: – Da “Prova Escrita”: Inexistência da Dívida O ponto nodal da controvérsia reside na alegada ausência de comprovação da entrega das mercadorias objeto do contrato de transporte. Nessa seara, a parte Ré, na condição de transportadora, logrou comprovar a efetivação da entrega mediante a juntada dos canhotos das notas fiscais de seq. 47.2/47.5, os quais revelam a assinatura de terceiros em campo próprio para o recebimento, sendo presumível, diante da dinâmica do comércio e da logística empresarial, que tais pessoas fossem prepostas ou detentoras de autorização tácita para tanto. A esse despeito, os comprovantes de entrega das mercadorias, ainda que não assinados por representante legal da empresa destinatária, têm eficácia probatória quando subscritos por pessoa que se apresenta como autorizada ao recebimento. Trata-se da aplicação da chamada “teoria da aparência”. Nesse sentido, está consolidada a jurisprudência do e.TJPR: AÇÃO MONITÓRIA. NOTAS FISCAIS ACOMPANHADAS DE COMPROVANTE DE ENTREGA DAS MERCADORIAS. EMBARGOS MONITÓRIOS JULGADOS IMPROCEDENTES. TÍTULO EXECUTIVO JUDICIAL CONSTITUÍDO. ART. 702, § 8º DO CPC. AGRAVO RETIDO: ART. 523, § 1º DO CPC. RECURSO NÃO CONHECIDO. RECURSO DE APELAÇÃO DA RÉ. PROVA ESCRITA HÁBIL A DEMONSTRAR A EXISTÊNCIA DA RELAÇÃO JURÍDICA. ART. 700 DO CPC. CANHOTOS DAS NOTAS FISCAIS DEVIDAMENTE ASSINADOS E DATADOS. DOCUMENTO HÁBIL A DEMONSTRAR A EFETIVA ENTREGA DAS MERCADORIAS. SENTENÇA MANTIDA. RECURSO DESPROVIDO. 1. Consoante previsto no 700 do Código de Processo Civil "A ação monitória pode ser proposta por aquele que afirmar, com base em prova escrita sem eficácia de título executivo, ter direito de exigir do devedor capaz: I - o pagamento de quantia em dinheiro; II - a entrega de coisa fungível ou infungível ou de bem móvel ou imóvel; III - o adimplemento de obrigação de fazer ou de não fazer". 2. Deve ser considerado válido o comprovante de entrega assinado por pessoa que recebeu as mercadorias no local pactuado em face da teoria da aparência. Demonstrado, por meio de nota fiscal e do canhoto de entrega de mercadoria, ter havido entre as partes o negócio jurídico de compra e venda de produtos alimentícios, não há como ser acolhido o pedido de reconhecimento de inexistência de obrigação de pagamento do débito. (TJPR - 17ª C.Cível - AC - 1718083-9 - Curitiba - Rel .: Desembargador Lauri Caetano da Silva - Unânime - J. 29.11.2017) (TJ-PR - APL: 17180839 PR 1718083-9 (Acórdão), Relator.: Desembargador Lauri Caetano da Silva, Data de Julgamento: 29/11/2017, 17ª Câmara Cível, Data de Publicação: DJ: 2175 22/01/2018) APELAÇÃO CÍVEL. EMBARGOS À EXECUÇÃO. DUPLICATA MERCANTIL. COMPRA E VENDA. 1. PROVA DE ENTREGA DA MERCADORIA. APOSIÇÃO DE ASSINATURA. ATO QUE CONFIRMA O RECEBIMENTO DOS PRODUTOS . TEORIA DA APARÊNCIA. APLICABILIDADE. 2. EXECUÇÃO INSTRUÍDA COM AS NOTAS FISCAIS, INSTRUMENTOS DE PROTESTO, COMPROVANTE DE ENTREGA DA MERCADORIA .1. O reconhecimento da obrigação constante da duplicata se dá no momento em que o sacado, ou seu representante, opõe sua assinatura no comprovante de entrega da mercadoria, reconhecendo líquida a obrigação ali constante. Tendo em vista as circunstâncias do caso; o costume e o hábito, há que incidir a Teoria da Aparência, a fim de conferir validade aos negócios jurídicos realizados por pessoas aparentemente autorizadas para representação, em benefício e interesse do representado. 2. Possível o ajuizamento da execução de título extrajudicial desde que instruída com as notas fiscais, acompanhada dos instrumentos de protesto e dos comprovantes de entrega de mercadoria. Títulos que atendem o disposto no artigo 793, do Código de Processo Civil. Apelação Cível não provida. (TJPR - 15ª C. Cível - 0001005-42.2014.8.16 .0100 - Jaguariaíva - Rel.: Desembargador Jucimar Novochadlo - J. 11.05 .2020) (TJ-PR - APL: 00010054220148160100 PR 0001005-42.2014.8.16 .0100 (Acórdão), Relator.: Desembargador Jucimar Novochadlo, Data de Julgamento: 11/05/2020, 15ª Câmara Cível, Data de Publicação: 11/05/2020) Com efeito, a exigência de que a assinatura conste acompanhada de dados como CPF ou RG, embora desejável, não se reveste de obrigatoriedade legal, especialmente quando ausente qualquer indício de fraude ou irregularidade. Ademais, a parte Autora, ao impugnar a autenticidade desses comprovantes, limitou-se a alegações genéricas e abstratas, sem demonstrar, minimamente, que os recebedores não estavam habilitados à função ou que as entregas não foram efetivamente realizadas. Tal inércia caracteriza falha no cumprimento do ônus probatório, nos termos do artigo 373, II, do CPC. Portanto, reputa-se comprovada a entrega das mercadorias, de forma que a pretensão monitória, fundada na suposta inexistência de tal fato, não merece acolhida. - Reconvenção: No que tange ao pedido reconvencional, verifica-se que a parte Ré pleiteia a aplicação do artigo 940 do Código Civil, que dispõe: Art. 940. Aquele que demandar por dívida já paga, no todo ou em parte, sem ressalvar as quantias recebidas ou pedir mais do que for devido, ficará obrigado a pagar ao devedor, no primeiro caso, o dobro do que houver cobrado e, no segundo, o equivalente do que dele exigir, salvo se houver prescrição. Como se vê, a aplicação da penalidade estabelecida no referido artigo pressupõe o preenchimento, concomitante, dos seguintes requisitos: a) a existência de um crédito a favor de uma pessoa; b) que a dívida já se encontre paga, no todo ou em parte; c) que haja a demanda judicial buscando o recebimento; d) que não se faça a ressalva daquilo que restou pago ou se peça mais do que é devido. Não bastasse isso, o Superior Tribunal de Justiça, em sede de recurso especial representativo da controvérsia, decidiu no julgamento do REsp 1111270/PR que a aplicação da sanção civil do pagamento em dobro por cobrança judicial de dívida já adimplida exige a demonstração de má-fé do credor. Confira-se: RECURSOS ESPECIAIS - DEMANDA POSTULANDO A DECLARAÇÃO DE INCIDÊNCIA DE CORREÇÃO MONETÁRIA SOBRE AS PARCELAS PAGAS A CONSÓRCIO E A RESPECTIVA RESTITUIÇÃO DOS VALORES - ACÓRDÃO ESTADUAL QUE CONSIDEROU INCIDENTES JUROS DE MORA, SOBRE OS VALORES REMANESCENTES A SEREM DEVOLVIDOS AOS AUTORES, DESDE O 31º DIA APÓS O ENCERRAMENTO DO GRUPO CONSORCIAL, BEM COMO APLICOU A SANÇÃO PREVISTA NO ARTIGO 1.531 DO CÓDIGO CIVIL DE 1916 (ATUAL ARTIGO 940 DO CÓDIGO CIVIL DE 2002) EM DETRIMENTO DO DEMANDANTE QUE NÃO RESSALVARA OS VALORES RECEBIDOS. 1. Insurgência dos consorciados excluídos do grupo. 1.1. Controvérsia submetida ao rito dos recursos repetitivos (artigo 543-C do CPC): A aplicação da sanção civil do pagamento em dobro por cobrança judicial de dívida já adimplida (cominação encartada no artigo 1.531 do Código Civil de 1916, reproduzida no artigo 940 do Código Civil de 2002) pode ser postulada pelo réu na própria defesa, independendo da propositura de ação autônoma ou do manejo de reconvenção, sendo imprescindível a demonstração de má-fé do credor. 1.2. Questão remanescente. Apesar do artigo 1.531 do Código Civil de 1916 não fazer menção à demonstração da má-fé do demandante, é certo que a jurisprudência desta Corte, na linha da exegese cristalizada na Súmula 159/STF, reclama a constatação da prática de conduta maliciosa ou reveladora do perfil de deslealdade do credor para fins de aplicação da sanção civil em debate. Tal orientação explica-se à luz da concepção subjetiva do abuso do direito adotada pelo Codex revogado. Precedentes. [...] (REsp n. 1.111.270/PR, relator Ministro Marco Buzzi, Segunda Seção, julgado em 25/11/2015, DJe de 16/2/2016.) No caso, a parte Autora ajuizou a presente ação diante da ausência, até aquele momento, de documentos que comprovassem a entrega das mercadorias. Tais documentos somente foram apresentados quando dos embargos pela Ré. Assim, a pretensão da Autora, embora julgada improcedente, não pode ser tida como temerária ou abusiva, sendo plenamente justificável o equívoco diante da ausência de acesso prévio aos documentos comprobatórios juntados pela parte Ré. Não se vislumbra, portanto, conduta reprovável ou ardilosa apta a justificar a sanção excepcional do artigo 940 do Código Civil, sendo de rigor o julgamento de improcedência da reconvenção. 3 – DISPOSITIVO: Diante do exposto, na forma do art. 487, I, do CPC, JULGO IMPROCEDENTES OS PEDIDOS deduzidos na inicial. Por conseguinte, CONDENO a parte Autora ao pagamento das custas e despesas processuais, assim como dos honorários advocatícios da parte Ré, no equivalente a 10% do valor atualizado da causa, pelo IPCA e desde a propositura, mais juros de 1% ao mês, contados do trânsito em julgado. Por sua vez, com fundamento no art. 940 do CC, JULGO IMPROCEDENTE a reconvenção formulada. Assim, CONDENO a parte Ré Reconvinte ao pagamento das custas geradas pela reconvenção, bem como dos honorários advocatícios da parte Autora Reconvinda, equivalentes à 10% do valor atualizado da causa da reconvenção, pelo IPCA, desde o oferecimento, mais juros de 1% ao mês a contarem do trânsito em julgado. Intime-se. Oportunamente, arquive-se. Toledo, 27 de junho de 2025. MARCELO MARCOS CARDOSO JUIZ DE DIREITO

Conteúdo completo bloqueado

Desbloquear

Processo nº 0038469-26.2025.8.16.0000

ID: 257890800

Tribunal: TJPR Órgão: 2ª Câmara Criminal Classe: HABEAS CORPUS CRIMINAL Nº Processo: 0038469-26.2025.8.16.0000

Data de Disponibilização: 16/04/2025

Polo Ativo:

FRANCISCO ALCEU DA SILVA ROCHA JUNIOR

Polo Passivo:

Conclusão

Advogados:

PIERO MOCELIM

OAB/PR XXXXXX Desbloquear

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARANÁ 2ª CÂMARA CRIMINAL Autos nº. 0038469-26.2025.8.16.0000 Recurso: 0038469-26.2025.8.16.0000 HC Classe Processual: Habeas Corpus Criminal Assunto Principa… TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARANÁ 2ª CÂMARA CRIMINAL Autos nº. 0038469-26.2025.8.16.0000 Recurso: 0038469-26.2025.8.16.0000 HC Classe Processual: Habeas Corpus Criminal Assunto Principal: Fuga de pessoa presa ou submetida a medida de segurança Impetrante(s): FRANCISCO ALCEU DA SILVA ROCHA JUNIOR Impetrado(s): Vistos, etc. Trata-se de habeas corpus, com pedido liminar, impetrado pelo ilustre advogado Dr. Piero Mocelim, inscrito na OAB/PR sob o n. 112.611 em favor de FRANCISCO ALCEU DA SILVA ROCHA JUNIOR contra ato do MM. Juízo da 3ª Vara Criminal de Ponta Grossa, que decretou, no bojo dos autos n. 0006525-46.2025.8.16.0019, a medida gravosa para garantir a ordem pública e assegurar a aplicação da lei penal, com esteio no artigo 312 e 313, ambos do Código de Processo Penal. O paciente fora preso em flagrante na data de 26 de fevereiro de 2025 e, em razão dos elementos informativos, o agente ministerial pugnou pela homologação do flagrante e pela conversão em prisão preventiva (mov. 13.1, origem), tendo o juízo a quo decretado a prisão preventiva com fundamento da garantia da ordem pública e assegurar a aplicação da lei penal, ademais, salientou que há indícios de autoria e materialidade do delito imputado (mov. 23.1, origem). Ato contínuo, fora ofertada a denúncia, a qual expos os seguintes acontecimentos (mov. 33.1, origem): Em 26 de fevereiro de 2025, aproximadamente às 09h52min, no interior da 13a Subdivisão Policial, localizada na Avenida João Manoel dos Santos Ribas, n° 667, Bairro Nova Rússia, neste município e Comarca de Ponta Grossa/PR, os denunciados PAULO MURIEL DA SILVA e FRANCISCO ALCEU DA SILVA ROCHA JUNIOR, ajustados entre si e em unidade de desígnios, dolosamente, cientes da ilicitude e reprovabilidade de suas condutas, promoveram a fuga de Luiz Henrique Thomaz de Miranda, ao destrancarem a porta do setor de carceragem temporária da delegacia, local onde Luiz encontrava-se custodiado, conforme se verifica em auto de prisão em flagrante (mov. 1.4), boletins de ocorrência (movs. 1.5 e 20.2), mídias (movs. 1.8/1.10), termos de depoimento (movs. 1.12 e 1.18), e autos de interrogatório (movs. 1.14 e 1.16). Constou ao feito que Luiz Henrique Thomaz de Miranda fora encaminhado até a Delegacia momentos antes, posto que abordado em flagrante delito pela prática, em tese, do crime previsto no artigo 33 da Lei 11343/06 na mesma data, oportunidade em que PAULO e FRANCISCO também foram conduzidos até aquela repartição naquela oportunidade, pela prática, em tese, do delito previsto no artigo 28 da Lei 11343/06 – conforme se verifica em autos n° 0006569- 65.2025.8.16.0019 A exordial acusatória fora recebida pelo juízo monocrático (mov. 41.1, origem). Em razão disso, fora impetrado o presente writ, o qual, o impetrante, em resumo, alude a ausência dos pressupostos da prisão preventiva, além disso, pontua a carência de fundamentação concreta, notadamente, quanto ao periculum in libertatis. No mais, assenta que o paciente ostenta condições pessoais favoráveis, sendo que as medidas cautelares diversas da prisão são suficientes no caso. Sendo assim, roga, liminarmente, a concessão da ordem para revogar a prisão preventiva mediante aplicação de medidas cautelares diversas da prisão e, por conseguinte, seja expedido o alvará de soltura e, ao final, intenta pela concessão definitiva do habeas corpus. É o necessário. Previamente, é forçoso pontuar que o habeas corpus é um mecanismo processual consagrado na Constituição Federal, especificamente, no inciso LXVIII do artigo 5, com a finalidade de proteger e resguardar o direito de liberdade de locomoção individual contra abuso de poder ou ilegalidade, ou seja, é um instrumento célere e de cognição sumária, diante a urgência de ofensa ao status libertatis do paciente. Consoante a jurisprudência, a concessão liminar em habeas corpus é admitida apenas em caráter excepcional, desde que presentes os requisitos do fumus boni juris e do periculum in mora, já que a medida desempenha importante função instrumental, pois se destina a garantir a liberdade de ir e vir do indivíduo. Pois bem. O boletim de ocorrência n. 2025/256492 expõe os seguintes acontecimentos (mov. 1.5, origem): NESTA DATA NAS DEPENDÊNCIAS DA 4 ª CENTRAL REGIONAL DE FLAGRANTES, APÓS CONCLUIR O AUTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE DELITO DE LUIZ HENRIQUE THOMAZ DE MIRANDA, AUTUADO POR TRÁFICO DE DROGAS BO 255530/2025, ENTE PLANTONISTA RODRIGO BURGEL, ACOMODOU O CUSTODIADO NO SETOR DE CARCERAGEM. ENQUANTO ISSO RETORNOU COM TRABALHOS DE PLANTÃO A FIM DE IMPRIMIR TERMO DE COMPROMISSOS PARA OS OUTROS DOIS CONDUZIDOS NESSE MESMO FLAGRANTE, FRANCISCO ALCEU DA SILVA ROCHA (POSSE ENTORPECENTE) E PAULO MURIEL DA SILVA. OCORRE QUE EM UMA AÇÃO MUITO RÁPIDA PAULO MURIEL DA SILVA, COM COBERTURA DE FRANCISCO ALCEU, ENQUANTO AGUARDAVAM NO CORREDOR, DE ALGUMA FORMA ABREM A PORTA DA CARCERAGEM E LIBERA O AUTUADO LUIZ HENRIQUE THOMAZ DE MIRANDA, QUE FOGE EM DISPARADA DAS DEPENDÊNCIAS DA DELEGACIA, PULANDO O MURO DO ESTACIONAMENTO. IMEDIATAMENTE ESTA PLANTONISTA, EMPREENDE DILIGÊNCIA NA BUSCA E ACIONA DEMAIS EQUIPES PARA APOIO. INFORMO AINDA QUE DIANTE DA CONDUTA DE FRANCISCO ALCEU E PAULO MURIEL, APÓS LIDO SEUS DIREITOS, FOI DADO VOZ DE PRISÃO PELA PRATICA CRIMINOSA. Na via em testilha, apesar das alegações da impetrante, vislumbra-se que não restou demonstrado o preenchimento do periculum in mora, tampouco, do fumus boni juris, sendo para a concessão da medida liminar, é indispensável o enquadramento cumulativo dos dois requisitos. Portanto, prima facie, não restou caracterizado o alegado constrangimento ilegal visto que a via é estreita no presente remédio constitucional, ainda mais, se tratando de medida liminar. Consta na decisão que decretou a medida drástica (mov. 23.2, origem): [...] 1. Homologo o flagrante, vez que plenamente satisfeitos os requisitos legais previstos nos artigos 301 e seguintes do Código de Processo Penal. 2. Com fulcro no artigo 310, II, do Código de Processo Penal, converto a prisão em flagrante em preventiva. No caso, constata-se o fumus comissi delicti (provas da materialidade delitiva e indícios suficientes de autoria) pelo auto de prisão em flagrante (mov. 1.4), boletim de ocorrência (mov. 1.5), vídeos (movs. 1.8 a 1.10), bem como pelos depoimentos prestados pelos agentes públicos responsáveis pela prisão dos autuados. Os delitos objetos de imputação tem pena superior a quatro anos de reclusão, preenchendo-se o requisito objetivo disposto no art. 313, I, do Código de Processo Penal. Segundo consta, nas dependências da 4ª Central Regional de Flagrantes, após concluir o auto de prisão em flagrante delito de Luiz Henrique Thomaz de Miranda, autuado por tráfico de drogas no boletim de ocorrência n. 255.530/2025, o policial civil plantonista Rodrigo Burgel acomodou o custodiado no setor de carceragem e foi imprimir os termos de compromisso para os outros dois conduzidos no mesmo flagrante, Francisco Alceu da Silva Rocha e Paulo Muriel da Silva. Em uma rápida ação, enquanto aguardavam, Paulo Muriel da Silva, com o apoio de Francisco Alceu da Silva Rocha, abriu a porta da carceragem e liberou o autuado Luiz Henrique Thomaz deMiranda, que empreendeu fuga das dependências da Delegacia de Polícia. Diante das circunstâncias fáticas, verifica-se que o periculum libertatis emerge da necessidade de assegurar a ordem pública, considerando a gravidade concreta da conduta e a periculosidade dos flagranteados. Tal situação é evidenciada pela audácia empregada e pelo total desrespeito à ordem. Ademais, o flagrado Paulo Muriel da Silva é reincidente, o que evidencia o risco efetivo de que volte a delinquir caso seja colocado em liberdade, bem como para este existe a vedação normativa prevista no art. 310, §2º do CPP. Embora Francisco Alceu da Silva Rocha não possua maus antecedentes, a ação de ambos, por si só, demonstra a real possibilidade de fuga, já que mesmo sob a observância e nas dependências de órgão da segurança pública, com audácia tentam auxiliar custodiado na fuga, que dirá então a potencialidade de se furtar à aplicação da Lei Penal quando em liberdade. Quanto à circunstância de estarem sob efeito de drogas, é relevante perceber que a ação se deu quando já estavam há significativo tempo sob a tutela do estado, ou seja, não é crível que estava sob pleno efeito do entorpecente. Portanto, a segregação é essencial para garantir a aplicação da lei penal, sendo insuficiente a aplicação de medidas cautelares diversas A princípio, observo que está sendo imputado a prática, em tese, do delito capitulado no art. 351, §1º do CP, logo, a pena máxima atende o requisito objetivo, isto é, tem pena máxima superior a 4 anos, sendo assim, o requisito objetivo fora preenchido na forma do artigo 313, inciso I do CPP. Da mesma maneira, a princípio, restou exposto o fumus comissi delitci, isto é, indícios de autoria e existência da materialidade do crime. Vale ressaltar, que na presente conjuntura, não é preciso certeza da autoria para que seja decretada a segregação cautelar, bastando indícios de autoria. É imperioso apontar, outrossim, que o respectivo remédio constitucional devido a celeridade que tramita, é impróprio à análise aprofundada no que concerne as provas, se tratando de medida liminar. Ademais, entendo que o decreto prisional está, aparentemente, fundamentando o periculum libertatis com esteio em elementos idôneos concretos, expondo as razões que levaram a imposição da medida extrema, sobretudo, pela gravidade concreta aferida pelo modus operandi empregado, vez que o paciente, em tese, dentro da delegacia, auxiliou na fuga de Luiz Henrique Thomaz de Miranda, o que, ao menos neste momento, demonstra sua periculosidade, assim como, o desrespeito aos órgãos de segurança pública, sobretudo, com a lei. A propósito: [...] se a conduta do agente – seja pela gravidade concreta da ação, seja pelo próprio modo de execução do crime – revelar inequívoca periculosidade, imperiosa a manutenção da prisão para a garantia da ordem pública, sendo despiciendo qualquer outro elemento ou fator externo àquela atividade” (HC n. 296.381/SP, Relator Ministro Marco Aurélio Bellizze, Quinta Turma, julgado em 26/8/2014, DJe 4/9/2014). De mais a mais, realço que para o deferimento da liminar, é indispensável que a decisão seja teratológica ou apresente manifesta ilegalidade, o que não restou demonstrado na hipótese em apreço, de modo que somente um exame mais aprofundado, incompatível com esta seara preliminar, teria o condão de demonstrar uma mudança profunda no cenário do caso, a indicar o surgimento do alegado constrangimento ilegal. Do mesmo modo, por ora, as medidas cautelares se mostram insuficientes e inadequadas para garantir a ordem pública, inclusive: “havendo a indicação de fundamentos concretos para justificar a custódia cautelar, não se revela cabível a aplicação de medidas cautelares alternativas à prisão, visto que insuficientes para resguardar a ordem pública” (STJ – RHC: 194257/SC, Rel. Jesuíno Rissato (Desembargador convocado), publicado em 05.03.2024). Destarte, a prisão preventiva, na hipótese em apreço, não configura antecipação da pena, tampouco, viola o princípio da presunção de inocência, pois, está devidamente fundamentada com a cristalina presença dos requisitos autorizadores da medida excepcional, ademais, a própria Constituição Federal viabiliza a prisão cautelar, sendo assim, a prisão preventiva é ancorada em juízo de periculosidade e não de culpabilidade. Logo, da análise sumária, não houve demonstração de plano, que a liberdade do paciente esteja sendo restringida por ato manifestamente ilegal, no mais, consigne-se que a via do presente writ é estreita, sobretudo, em sede liminar. Por tais razões, bem como a excepcionalidade da concessão liminar, indefiro a medida pleiteada. Entendo necessário que se manifeste o Juízo da 3ª Vara Criminal de Ponta Grossa, o qual poderá trazer informações que entender pertinentes ao julgamento deste habeas corpus. O pedido deverá ser instruído com cópias desta decisão. Após, abra-se vista à douta Procuradoria Geral de Justiça. Curitiba, 14 de abril de 2025. Desembargador Substituto Benjamim Acácio de Moura e Costa Magistrado

Conteúdo completo bloqueado

Desbloquear

Processo nº 1000315-56.2024.8.11.0044

ID: 283059614

Tribunal: TJMT Órgão: Segunda Câmara de Direito Privado Classe: APELAçãO CíVEL Nº Processo: 1000315-56.2024.8.11.0044

Data de Disponibilização: 29/05/2025

Polo Ativo:

GRACIELA AZEVEDO OLIVEIRA

Polo Passivo:

Acórdão

Advogados:

JOAO BATISTA ANTONIOLO

OAB/MT XXXXXX Desbloquear

ELIANA NUCCI ENSIDES

OAB/MT XXXXXX Desbloquear

ESTADO DE MATO GROSSO PODER JUDICIÁRIO SEGUNDA CÂMARA DE DIREITO PRIVADO Número Único: 1000315-56.2024.8.11.0044 Classe: APELAÇÃO CÍVEL (198) Assunto: [Indenização por Dano Moral, Indenização por Dan… ESTADO DE MATO GROSSO PODER JUDICIÁRIO SEGUNDA CÂMARA DE DIREITO PRIVADO Número Único: 1000315-56.2024.8.11.0044 Classe: APELAÇÃO CÍVEL (198) Assunto: [Indenização por Dano Moral, Indenização por Dano Moral] Relator: Des(a). MARILSEN ANDRADE ADDARIO Turma Julgadora: [DES(A). MARILSEN ANDRADE ADDARIO, DES(A). MARIA HELENA GARGAGLIONE POVOAS, DES(A). TATIANE COLOMBO] Parte(s): [GRACIELA AZEVEDO OLIVEIRA - CPF: 972.668.681-49 (APELANTE), JOAO BATISTA ANTONIOLO - CPF: 283.886.378-94 (ADVOGADO), ELIANA NUCCI ENSIDES - CPF: 336.013.748-54 (ADVOGADO), CONCRELIFE ARTEFATOS DE CONCRETO LTDA - CNPJ: 17.371.653/0001-80 (APELADO), JOSE PETAN TOLEDO PIZZA - CPF: 106.709.201-34 (ADVOGADO), KELLY MARQUES DE SOUZA & CIA LTDA - ME - CNPJ: 17.012.174/0001-77 (APELADO)] A C Ó R D Ã O Vistos, relatados e discutidos os autos em epígrafe, a SEGUNDA CÂMARA DE DIREITO PRIVADO do Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso, sob a Presidência Des(a). MARIA HELENA GARGAGLIONE POVOAS, por meio da Turma Julgadora, proferiu a seguinte decisão: RECURSO DESPROVIDO. UNANIME. E M E N T A E M E N T A RECURSO DE APELAÇÃO CÍVEL – AÇÃO DE RESCISÃO CONTRATUAL C/C RESTITUIÇÃO C/C DANOS MORAIS – PARCIAL PROCEDÊNCIA – AQUISIÇÃO DE IMÓVEL EM CONSTRUÇÃO – NEGATIVAÇÃO DO NOME DA COMPRADORA – FINANCIAMENTO NÃO LIBERADO – CULPA DA VENDEDORA NÃO CONFIGURADA - DANOS MORAIS – DESCABIMENTO – RECURSO DESPROVIDO. 1. Se demonstrado que foi negado o financiamento à compradora por ter seu nome negativado, não ficou comprovado que foi a vendedora quem deu causa à rescisão do contrato de aquisição de imóvel em construção, razão pela qual descabe a pretendida indenização por danos morais. 2. Recurso desprovido.- R E L A T Ó R I O R E L A T Ó R I O EXMA. SRA. DESA. MARILSEN ANDRADE ADDARIO Egrégia Câmara: Trata-se de recurso de apelação cível interposto por GRACIELA AZEVEDO OLIVEIRA em face da sentença que julgou parcialmente procedente a Ação de Rescisão de Contratual c/c Restituição de Valores c/c Danos Morais, ajuizada contra CONCRELIFE ARTEFATOS DE CONCRETO LTDA e KELLY MARQUES DE SOUZA & CIA LTDA - ME para o fim de declarar rescindido o contrato firmado entre os litigantes, bem como condenou as rés a restituírem à autora os valores pagos, devidamente corrigidos pela SELIC, nos termos do artigo 406 do Código Civil, desde a data do desembolso, e acrescidos de juros de mora a partir da citação. Rejeitou o pedido de indenização por danos morais, por ausência de comprovação de prejuízo extrapatrimonial relevante. Condenou, ainda, as rés ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios, fixados em 10% sobre o valor da condenação. Em suma, alega a apelante que firmou contrato com as apeladas para a aquisição de imóvel, mediante financiamento, porém a unidade habitacional não foi entregue conforme o estipulado, resultando em prejuízos de ordem material e moral. Sustenta que realizou pagamento parcial com recursos próprios, enquanto o restante do valor seria quitado via financiamento imobiliário junto à instituição bancária responsável. Contudo, as apeladas não cumpriram sua parte no pacto contratual, frustrando sua expectativa de aquisição do bem e resultando na necessidade de pleitear judicialmente a rescisão do contrato e a restituição dos valores pagos, além de compensação pecuniária pelos transtornos experimentados. Argumenta que os danos morais sofridos decorrem diretamente da conduta das apeladas, que descumpriram obrigações contratuais, violando princípios básicos de transparência e boa-fé previstos no Código de Defesa do Consumidor (arts. 6º e 14). Ressalta que o abalo extrapatrimonial após a unidade habitacional não ser entregue conforme o estipulado e a insuficiência de transparência no contrato de prestação de serviços configuram falha na prestação de serviços e conduta irresponsável. Por fim, aduz que enfrentou não apenas prejuízos materiais, mas também o impacto emocional de ver frustrada sua legítima expectativa de adquirir sua casa própria, motivo pelo qual requereu indenização por danos morais no valor sugerido de 20 (vinte) salários mínimos. Pugna pelo provimento do recurso. As apeladas contrarrazoaram requerendo o desprovimento do apelo. É o relatório.- V O T O R E L A T O R VOTO EXMA. SRA. DESA. MARILSEN ANDRADE ADDARIO Egrégia Câmara: Na origem trata-se de AÇÃO DE RESCISÃO CONTRATUAL C/C RESTITUIÇÃO DE VALORES E INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS, ajuizada por GRACIELA AZEVEDO OLIVEIRA em face de KELLY MARQUES DE SOUZA & CIA LTDA - ME e CONCRELIFE ARTEFATOS DE CONCRETO LTDA, na qual a autora alega que firmou contrato com as requeridas para a aquisição de imóvel, mediante financiamento, que tinha por objeto a construção de uma casa de 61,90 m², Bairro: São Vicente, Residencial São Vicente, com 03 (três) dormitórios, sala, cozinha, wc social, e área de serviço, área privativa do terreno com 233,25 m, porém, a unidade habitacional não foi entregue conforme o estipulado, resultando em prejuízos de ordem material e moral. No tocante ao preço do bem, ajustou-se o pagamento de R$ 100.000,00 (cem mil reais), a ser adimplido da seguinte forma: a) Com recurso próprio - a importância de R$ 10.000,00 (dez mil reais), sendo que deste valor R$ 8.336,00 (oito mil setecentos e setenta e dois reais), fora pago R$2.000,00 (dois mil reais) correspondente ao sinal conforme comprovante de pagamento (doc. em anexo), valor monetário fixado e concedido pelo Estado, contribuição financeira conforme cópia de contrato em anexo, fora dividido em 08 (oito) parcelas de iguais valores, sendo elas de R$ 541,90 (quinhentos e quarenta e um reais e noventa centavos), com vencimento inicial em 10/09/2017, conforme comprovantes de pagamentos em anexo; R$1.665,00 (um mil, seiscentos e sessenta e cinco reais) (subsidio) valor monetário fixado e concedido pelo Estado, contribuição financeira conforme cópia de contrato em anexo.. b) E a importância de R$ 90.000,00 (noventa mil reais) que seria financiado através da Caixa Econômica Federal. Argumenta que realizou pagamento parcial com recursos próprios, enquanto o restante do valor seria quitado via financiamento imobiliário junto à instituição bancária responsável. Contudo, as rés não cumpriram sua parte no pacto contratual, que era de entregar o imóvel no mês de outubro de 2018, frustrando sua expectativa de aquisição do bem e resultando na necessidade de pleitear judicialmente a rescisão do contrato e a restituição dos valores pagos, além de compensação pecuniária pelos transtornos experimentados. Citada, a parte ré apresentou contestação, afirmando que a não concretização da compra do seu imóvel se deu em razão do não preenchimento dos requisitos para obtenção de financiamento imobiliário junto à Caixa Econômica Federal, pois o contrato seria pago em parte com esse recurso. O juízo de 1º Grau julgou parcialmente a ação, determinando a restituição integral dos valores pagos, contudo, rejeitou o pedido de indenização por danos morais. A apelante interpôs recurso de apelação, alegando, em síntese, a necessidade de reforma parcial da sentença para se julgar totalmente procedente a pretensão indenizatória, porquanto houve comprovação da falha na prestação de serviço cometida pelas apeladas, motivo pelo qual o dever de indenizar é patente. Na sentença, o juízo de 1º Grau fundamentou o seguinte: No presente caso, restou incontroverso que a venda do imóvel não foi concluída porque o financiamento bancário foi negado, circunstância que não pode ser imputada à autora. O contrato firmado entre as partes condicionava a aquisição do imóvel à aprovação do crédito imobiliário, sendo essa etapa essencial para a concretização do negócio. Dessa forma, a exigência de pagamento da comissão de corretagem, sem que o contrato principal tenha sido firmado, configura enriquecimento sem causa da corretora e das demais rés, em desacordo com os princípios da boa-fé objetiva e do equilíbrio contratual. Assim, deve ser reconhecida a nulidade da cobrança da comissão de corretagem, com a consequente restituição dos valores pagos pela autora e o acolhimento do pedido de rescisão contratual. Por outro lado, no tocante ao pedido de indenização por danos morais,não restou demonstrada qualquer conduta das rés que pudesse configurar abalo extrapatrimonial significativo,uma vez que a cobrança da comissão de corretagem, ainda que indevida, não se reveste de potencial lesivo capaz de atingir os direitos da personalidade da autora. Assim, inexistindo prova de efetiva violação moral, o pedido de indenização deve ser rejeitado. Primeiramente, cumpre-me registrar que a apelante não trouxe qualquer comprovação de que teve seu crédito recusado em razão da ausência da entrega do imóvel. Outrossim, o apelado demonstrou nos autos, que quem deu causa a não concretização da contratação foi a própria requerente/apelante ao comprometer sua renda e ter sua proposta recusada pela Caixa Econômica Federal em razão da negativação do seu nome, vejamos: Diante da comprovação da culpa da apelante pela rescisão do contrato, não há que se falar em danos morais, ante a ausência de ato ilícito praticado pela requerida/apelada. Nesse sentido colaciono jurisprudência, in verbis: RECURSO DE APELAÇÃO – AÇÃO DE RESCISÃO CONTRATUAL E DEVOLUÇÃO DE QUANTIAS PAGAS C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS – CONTRATO DE COMPRA E VENDA DE IMÓVEL - RESCISÃO POR CULPA DO COMPRADOR – DANO MORAL NÃO CONFIGURADO – RETENÇÃO – RESTITUIÇÃO EM PERCENTUAL RAZOÁVEL – TAXA DE FRUIÇÃO – RESPONSABILIDADE DO PROMITENTE VENDEDOR – RETENÇÃO DE VALOR DE IPTU - INDEVIDO - JUROS A PARTIR DO TRÂNSITO EM JULGADO DA DECISÃO – SENTENÇA REFORMADA EM PARTE – RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. 1. Na hipótese de rescisão contratual por culpa exclusiva do comprador/recorrente, que não teve condições de arcar com as parcelas do financiamento, não há que se falar em indenização por danos morais. 2. É sedimentado entendimento que considera razoável, em rescisão de contrato de compra e venda de imóvel a pedido do comprador, que o percentual de retenção pelo vendedor de parte das prestações pagas seja arbitrado entre 10% e 25%, conforme as circunstâncias de cada caso, avaliando-se os prejuízos suportados. 3. Em se tratando de lote não edificado e inexistindo proveito econômico proporcionado pelo terreno, não há se falar em taxa de fruição. 4. Ocorrida a rescisão contratual e o retorno ao status quo ante, o imóvel volta ao patrimônio da vendedora, não é cabível a retenção de valores a título de IPTU, que constitui tributo de natureza propter rem. 5. O termo inicial dos juros moratórios, conforme o julgamento do REsp 1740911/DF, pelo rito de repetitivo – Tema 1002, na rescisão do contrato de compra e venda imotivada pelo comprador, incide a partir do trânsito em julgado da decisão, e não da citação. (TJ-MT - APELAÇÃO CÍVEL: 10220114820228110003, Relator.: NILZA MARIA POSSAS DE CARVALHO, Data de Julgamento: 25/06/2024, Primeira Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 26/06/2024) (Negritei) RECURSOS DE APELAÇÃO E ADESIVO – AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANO MATERIAL E MORAL – CONTRATO DE COMPRA E VENDA DE IMÓVEL RURAL DE FORMA VERBAL – PARCIAL PROCEDÊNCIA – PREJUDICIAL DE CERCEAMENTO DE DEFESA – REJEIÇÃO – MÉRITO – ALEGAÇÃO DE DESFAZIMENTO DO NEGÓCIO POR CULPA DO AUTOR E NÃO COMPROVAÇÃO DO DANO MATERIAL – UTILIZAÇÃO DO IMÓVEL POR PARTE DO COMPRADOR RÉU POR QUASE SEIS (06) MESES – MATÉRIA INCONTROVERSA – DANO MATERIAL CONFIGURADO – DANO MORAL PELO DESFAZIMENTO DO NEGÓCIO – NÃO CONFIGURAÇÃO – PEDIDO CONTRAPOSTO – NÃO CONHECIMENTO – RECURSO DO AUTOR/ADERENTE DESPROVIDO – RECURSO DO REQUERIDO/APELANTE PROVIDO PARCIALMENTE. Se comprovado que foi o próprio réu que deu causa à impossibilidade de sua intimação para participar da audiência de instrução, visto que mudou de endereço sem comunicar tal fato nos autos, não há falar-se em cerceamento de defesa. À míngua de provas contundentes acerca dos alegados danos materiais experimentados pelo autor e, tendo o próprio requerido/apelante confessado em seu depoimento perante a autoridade policial que utilizou o imóvel em discussão por quase seis (06) meses, afigura-se mais justo e razoável que a indenização pelos danos materiais pelo desfazimento do negócio se dê pela perda do sinal pago pelo requerido. Ausente prova acerca das peculiaridades da contratação, em especial a forma como seria pago o preço pelo imóvel rural objeto do contrato de compra e venda verbal firmado entre as partes, descabe dano moral pelo desfazimento do negócio, ainda que tenha o requerido ter lavrado o Boletim de Ocorrência imputando ao autor conduta ilícita, se este igualmente concorreu para tal fato. Afigura-se inviável o conhecimento do pedido contraposto formulado em ação com rito ordinário, conquanto tal pretensão deve ser deduzida por intermédio da reconvenção.- (N.U 0006569-76.2010.8.11.0004, MARILSEN ANDRADE ADDARIO, SEGUNDA CÂMARA DE DIREITO PRIVADO, Julgado em 01/02/2017, Publicado no DJE 08/02/2017) (negritei) Considerando que o caso dos autos se trata de rescisão de contrato por culpa da compradora, não há que se falar em dano moral. Ante ao exposto, NEGO PROVIMENTO ao recurso de apelação. É como voto.- Data da sessão: Cuiabá-MT, 21/05/2025

Conteúdo completo bloqueado

Desbloquear

Processo nº 1000315-56.2024.8.11.0044

ID: 283059622

Tribunal: TJMT Órgão: Segunda Câmara de Direito Privado Classe: APELAçãO CíVEL Nº Processo: 1000315-56.2024.8.11.0044

Data de Disponibilização: 29/05/2025

Polo Ativo:

Polo Passivo:

CONCRELIFE ARTEFATOS DE CONCRETO LTDA KELLY MARQUES DE SOUZA & CIA LTDA - ME

Acórdão

Advogados:

JOSE PETAN TOLEDO PIZZA

OAB/TO XXXXXX Desbloquear

ESTADO DE MATO GROSSO PODER JUDICIÁRIO SEGUNDA CÂMARA DE DIREITO PRIVADO Número Único: 1000315-56.2024.8.11.0044 Classe: APELAÇÃO CÍVEL (198) Assunto: [Indenização por Dano Moral, Indenização por Dan… ESTADO DE MATO GROSSO PODER JUDICIÁRIO SEGUNDA CÂMARA DE DIREITO PRIVADO Número Único: 1000315-56.2024.8.11.0044 Classe: APELAÇÃO CÍVEL (198) Assunto: [Indenização por Dano Moral, Indenização por Dano Moral] Relator: Des(a). MARILSEN ANDRADE ADDARIO Turma Julgadora: [DES(A). MARILSEN ANDRADE ADDARIO, DES(A). MARIA HELENA GARGAGLIONE POVOAS, DES(A). TATIANE COLOMBO] Parte(s): [GRACIELA AZEVEDO OLIVEIRA - CPF: 972.668.681-49 (APELANTE), JOAO BATISTA ANTONIOLO - CPF: 283.886.378-94 (ADVOGADO), ELIANA NUCCI ENSIDES - CPF: 336.013.748-54 (ADVOGADO), CONCRELIFE ARTEFATOS DE CONCRETO LTDA - CNPJ: 17.371.653/0001-80 (APELADO), JOSE PETAN TOLEDO PIZZA - CPF: 106.709.201-34 (ADVOGADO), KELLY MARQUES DE SOUZA & CIA LTDA - ME - CNPJ: 17.012.174/0001-77 (APELADO)] A C Ó R D Ã O Vistos, relatados e discutidos os autos em epígrafe, a SEGUNDA CÂMARA DE DIREITO PRIVADO do Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso, sob a Presidência Des(a). MARIA HELENA GARGAGLIONE POVOAS, por meio da Turma Julgadora, proferiu a seguinte decisão: RECURSO DESPROVIDO. UNANIME. E M E N T A E M E N T A RECURSO DE APELAÇÃO CÍVEL – AÇÃO DE RESCISÃO CONTRATUAL C/C RESTITUIÇÃO C/C DANOS MORAIS – PARCIAL PROCEDÊNCIA – AQUISIÇÃO DE IMÓVEL EM CONSTRUÇÃO – NEGATIVAÇÃO DO NOME DA COMPRADORA – FINANCIAMENTO NÃO LIBERADO – CULPA DA VENDEDORA NÃO CONFIGURADA - DANOS MORAIS – DESCABIMENTO – RECURSO DESPROVIDO. 1. Se demonstrado que foi negado o financiamento à compradora por ter seu nome negativado, não ficou comprovado que foi a vendedora quem deu causa à rescisão do contrato de aquisição de imóvel em construção, razão pela qual descabe a pretendida indenização por danos morais. 2. Recurso desprovido.- R E L A T Ó R I O R E L A T Ó R I O EXMA. SRA. DESA. MARILSEN ANDRADE ADDARIO Egrégia Câmara: Trata-se de recurso de apelação cível interposto por GRACIELA AZEVEDO OLIVEIRA em face da sentença que julgou parcialmente procedente a Ação de Rescisão de Contratual c/c Restituição de Valores c/c Danos Morais, ajuizada contra CONCRELIFE ARTEFATOS DE CONCRETO LTDA e KELLY MARQUES DE SOUZA & CIA LTDA - ME para o fim de declarar rescindido o contrato firmado entre os litigantes, bem como condenou as rés a restituírem à autora os valores pagos, devidamente corrigidos pela SELIC, nos termos do artigo 406 do Código Civil, desde a data do desembolso, e acrescidos de juros de mora a partir da citação. Rejeitou o pedido de indenização por danos morais, por ausência de comprovação de prejuízo extrapatrimonial relevante. Condenou, ainda, as rés ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios, fixados em 10% sobre o valor da condenação. Em suma, alega a apelante que firmou contrato com as apeladas para a aquisição de imóvel, mediante financiamento, porém a unidade habitacional não foi entregue conforme o estipulado, resultando em prejuízos de ordem material e moral. Sustenta que realizou pagamento parcial com recursos próprios, enquanto o restante do valor seria quitado via financiamento imobiliário junto à instituição bancária responsável. Contudo, as apeladas não cumpriram sua parte no pacto contratual, frustrando sua expectativa de aquisição do bem e resultando na necessidade de pleitear judicialmente a rescisão do contrato e a restituição dos valores pagos, além de compensação pecuniária pelos transtornos experimentados. Argumenta que os danos morais sofridos decorrem diretamente da conduta das apeladas, que descumpriram obrigações contratuais, violando princípios básicos de transparência e boa-fé previstos no Código de Defesa do Consumidor (arts. 6º e 14). Ressalta que o abalo extrapatrimonial após a unidade habitacional não ser entregue conforme o estipulado e a insuficiência de transparência no contrato de prestação de serviços configuram falha na prestação de serviços e conduta irresponsável. Por fim, aduz que enfrentou não apenas prejuízos materiais, mas também o impacto emocional de ver frustrada sua legítima expectativa de adquirir sua casa própria, motivo pelo qual requereu indenização por danos morais no valor sugerido de 20 (vinte) salários mínimos. Pugna pelo provimento do recurso. As apeladas contrarrazoaram requerendo o desprovimento do apelo. É o relatório.- V O T O R E L A T O R VOTO EXMA. SRA. DESA. MARILSEN ANDRADE ADDARIO Egrégia Câmara: Na origem trata-se de AÇÃO DE RESCISÃO CONTRATUAL C/C RESTITUIÇÃO DE VALORES E INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS, ajuizada por GRACIELA AZEVEDO OLIVEIRA em face de KELLY MARQUES DE SOUZA & CIA LTDA - ME e CONCRELIFE ARTEFATOS DE CONCRETO LTDA, na qual a autora alega que firmou contrato com as requeridas para a aquisição de imóvel, mediante financiamento, que tinha por objeto a construção de uma casa de 61,90 m², Bairro: São Vicente, Residencial São Vicente, com 03 (três) dormitórios, sala, cozinha, wc social, e área de serviço, área privativa do terreno com 233,25 m, porém, a unidade habitacional não foi entregue conforme o estipulado, resultando em prejuízos de ordem material e moral. No tocante ao preço do bem, ajustou-se o pagamento de R$ 100.000,00 (cem mil reais), a ser adimplido da seguinte forma: a) Com recurso próprio - a importância de R$ 10.000,00 (dez mil reais), sendo que deste valor R$ 8.336,00 (oito mil setecentos e setenta e dois reais), fora pago R$2.000,00 (dois mil reais) correspondente ao sinal conforme comprovante de pagamento (doc. em anexo), valor monetário fixado e concedido pelo Estado, contribuição financeira conforme cópia de contrato em anexo, fora dividido em 08 (oito) parcelas de iguais valores, sendo elas de R$ 541,90 (quinhentos e quarenta e um reais e noventa centavos), com vencimento inicial em 10/09/2017, conforme comprovantes de pagamentos em anexo; R$1.665,00 (um mil, seiscentos e sessenta e cinco reais) (subsidio) valor monetário fixado e concedido pelo Estado, contribuição financeira conforme cópia de contrato em anexo.. b) E a importância de R$ 90.000,00 (noventa mil reais) que seria financiado através da Caixa Econômica Federal. Argumenta que realizou pagamento parcial com recursos próprios, enquanto o restante do valor seria quitado via financiamento imobiliário junto à instituição bancária responsável. Contudo, as rés não cumpriram sua parte no pacto contratual, que era de entregar o imóvel no mês de outubro de 2018, frustrando sua expectativa de aquisição do bem e resultando na necessidade de pleitear judicialmente a rescisão do contrato e a restituição dos valores pagos, além de compensação pecuniária pelos transtornos experimentados. Citada, a parte ré apresentou contestação, afirmando que a não concretização da compra do seu imóvel se deu em razão do não preenchimento dos requisitos para obtenção de financiamento imobiliário junto à Caixa Econômica Federal, pois o contrato seria pago em parte com esse recurso. O juízo de 1º Grau julgou parcialmente a ação, determinando a restituição integral dos valores pagos, contudo, rejeitou o pedido de indenização por danos morais. A apelante interpôs recurso de apelação, alegando, em síntese, a necessidade de reforma parcial da sentença para se julgar totalmente procedente a pretensão indenizatória, porquanto houve comprovação da falha na prestação de serviço cometida pelas apeladas, motivo pelo qual o dever de indenizar é patente. Na sentença, o juízo de 1º Grau fundamentou o seguinte: No presente caso, restou incontroverso que a venda do imóvel não foi concluída porque o financiamento bancário foi negado, circunstância que não pode ser imputada à autora. O contrato firmado entre as partes condicionava a aquisição do imóvel à aprovação do crédito imobiliário, sendo essa etapa essencial para a concretização do negócio. Dessa forma, a exigência de pagamento da comissão de corretagem, sem que o contrato principal tenha sido firmado, configura enriquecimento sem causa da corretora e das demais rés, em desacordo com os princípios da boa-fé objetiva e do equilíbrio contratual. Assim, deve ser reconhecida a nulidade da cobrança da comissão de corretagem, com a consequente restituição dos valores pagos pela autora e o acolhimento do pedido de rescisão contratual. Por outro lado, no tocante ao pedido de indenização por danos morais,não restou demonstrada qualquer conduta das rés que pudesse configurar abalo extrapatrimonial significativo,uma vez que a cobrança da comissão de corretagem, ainda que indevida, não se reveste de potencial lesivo capaz de atingir os direitos da personalidade da autora. Assim, inexistindo prova de efetiva violação moral, o pedido de indenização deve ser rejeitado. Primeiramente, cumpre-me registrar que a apelante não trouxe qualquer comprovação de que teve seu crédito recusado em razão da ausência da entrega do imóvel. Outrossim, o apelado demonstrou nos autos, que quem deu causa a não concretização da contratação foi a própria requerente/apelante ao comprometer sua renda e ter sua proposta recusada pela Caixa Econômica Federal em razão da negativação do seu nome, vejamos: Diante da comprovação da culpa da apelante pela rescisão do contrato, não há que se falar em danos morais, ante a ausência de ato ilícito praticado pela requerida/apelada. Nesse sentido colaciono jurisprudência, in verbis: RECURSO DE APELAÇÃO – AÇÃO DE RESCISÃO CONTRATUAL E DEVOLUÇÃO DE QUANTIAS PAGAS C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS – CONTRATO DE COMPRA E VENDA DE IMÓVEL - RESCISÃO POR CULPA DO COMPRADOR – DANO MORAL NÃO CONFIGURADO – RETENÇÃO – RESTITUIÇÃO EM PERCENTUAL RAZOÁVEL – TAXA DE FRUIÇÃO – RESPONSABILIDADE DO PROMITENTE VENDEDOR – RETENÇÃO DE VALOR DE IPTU - INDEVIDO - JUROS A PARTIR DO TRÂNSITO EM JULGADO DA DECISÃO – SENTENÇA REFORMADA EM PARTE – RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. 1. Na hipótese de rescisão contratual por culpa exclusiva do comprador/recorrente, que não teve condições de arcar com as parcelas do financiamento, não há que se falar em indenização por danos morais. 2. É sedimentado entendimento que considera razoável, em rescisão de contrato de compra e venda de imóvel a pedido do comprador, que o percentual de retenção pelo vendedor de parte das prestações pagas seja arbitrado entre 10% e 25%, conforme as circunstâncias de cada caso, avaliando-se os prejuízos suportados. 3. Em se tratando de lote não edificado e inexistindo proveito econômico proporcionado pelo terreno, não há se falar em taxa de fruição. 4. Ocorrida a rescisão contratual e o retorno ao status quo ante, o imóvel volta ao patrimônio da vendedora, não é cabível a retenção de valores a título de IPTU, que constitui tributo de natureza propter rem. 5. O termo inicial dos juros moratórios, conforme o julgamento do REsp 1740911/DF, pelo rito de repetitivo – Tema 1002, na rescisão do contrato de compra e venda imotivada pelo comprador, incide a partir do trânsito em julgado da decisão, e não da citação. (TJ-MT - APELAÇÃO CÍVEL: 10220114820228110003, Relator.: NILZA MARIA POSSAS DE CARVALHO, Data de Julgamento: 25/06/2024, Primeira Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 26/06/2024) (Negritei) RECURSOS DE APELAÇÃO E ADESIVO – AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANO MATERIAL E MORAL – CONTRATO DE COMPRA E VENDA DE IMÓVEL RURAL DE FORMA VERBAL – PARCIAL PROCEDÊNCIA – PREJUDICIAL DE CERCEAMENTO DE DEFESA – REJEIÇÃO – MÉRITO – ALEGAÇÃO DE DESFAZIMENTO DO NEGÓCIO POR CULPA DO AUTOR E NÃO COMPROVAÇÃO DO DANO MATERIAL – UTILIZAÇÃO DO IMÓVEL POR PARTE DO COMPRADOR RÉU POR QUASE SEIS (06) MESES – MATÉRIA INCONTROVERSA – DANO MATERIAL CONFIGURADO – DANO MORAL PELO DESFAZIMENTO DO NEGÓCIO – NÃO CONFIGURAÇÃO – PEDIDO CONTRAPOSTO – NÃO CONHECIMENTO – RECURSO DO AUTOR/ADERENTE DESPROVIDO – RECURSO DO REQUERIDO/APELANTE PROVIDO PARCIALMENTE. Se comprovado que foi o próprio réu que deu causa à impossibilidade de sua intimação para participar da audiência de instrução, visto que mudou de endereço sem comunicar tal fato nos autos, não há falar-se em cerceamento de defesa. À míngua de provas contundentes acerca dos alegados danos materiais experimentados pelo autor e, tendo o próprio requerido/apelante confessado em seu depoimento perante a autoridade policial que utilizou o imóvel em discussão por quase seis (06) meses, afigura-se mais justo e razoável que a indenização pelos danos materiais pelo desfazimento do negócio se dê pela perda do sinal pago pelo requerido. Ausente prova acerca das peculiaridades da contratação, em especial a forma como seria pago o preço pelo imóvel rural objeto do contrato de compra e venda verbal firmado entre as partes, descabe dano moral pelo desfazimento do negócio, ainda que tenha o requerido ter lavrado o Boletim de Ocorrência imputando ao autor conduta ilícita, se este igualmente concorreu para tal fato. Afigura-se inviável o conhecimento do pedido contraposto formulado em ação com rito ordinário, conquanto tal pretensão deve ser deduzida por intermédio da reconvenção.- (N.U 0006569-76.2010.8.11.0004, MARILSEN ANDRADE ADDARIO, SEGUNDA CÂMARA DE DIREITO PRIVADO, Julgado em 01/02/2017, Publicado no DJE 08/02/2017) (negritei) Considerando que o caso dos autos se trata de rescisão de contrato por culpa da compradora, não há que se falar em dano moral. Ante ao exposto, NEGO PROVIMENTO ao recurso de apelação. É como voto.- Data da sessão: Cuiabá-MT, 21/05/2025

Conteúdo completo bloqueado

Desbloquear

Encontrou 279 resultados. Faça login para ver detalhes completos e mais informações.

Fazer Login para Ver Detalhes