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T. L. Reitstein x Manetoni Industria Ltda

ID: 318643429

Tribunal: TJSP Órgão: Foro de Piracicaba - 3ª Vara Cível Classe: CONSIGNAçãO EM PAGAMENTO Nº Processo: 1001184-42.2024.8.26.0451

Data de Disponibilização: 08/07/2025

Polo Ativo:

T. L. REITSTEIN

Polo Passivo:

MANETONI INDUSTRIA LTDA

Intimação

Advogados:

SILVIA LETICIA DE OLIVEIRA

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MARCELO APARECIDO PARDAL

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LEONARDO RIBEIRO MARIANNO

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GUSTAVO BENITEZ RIBEIRO

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Processo 1001184-42.2024.8.26.0451 - Consignação em Pagamento - Obrigações - T. L. Reitstein - Manetoni Industria Ltda - Ao que dela se depreende, o autor pretende impor a ré a obrigação de aceitar… Processo 1001184-42.2024.8.26.0451 - Consignação em Pagamento - Obrigações - T. L. Reitstein - Manetoni Industria Ltda - Ao que dela se depreende, o autor pretende impor a ré a obrigação de aceitar parcelamento mensal do valor do débito existente e já vencido para sua quitação, modificando os termos da relação contratual que foi estabelecida entre as partes em face de suas dificuldades financeiras. Contudo, tal pretensão não merece prosperar, , eis que não é possível se impor ao credor a alteração de contrato celebrado, sem causa jurídica que o autorize, ou segundo sua livre manifestação de vontade, para efeito de se estabelecer um parcelamento no pagamento de débitos líquidos e certos devidos pelo autor em confesso atraso. No caso destes autos, o que se percebe é um desacerto das partes quanto ao pagamento extrajudicial do débito pendente e o valor oferecido, em forma de parcelamento mensal, é incompatível com o valor total do débito que a ré pretende receber. Deste modo, como já decidido pelo TJSP na Ap. n.912.402-3, rel.Manoel Mattos - j.20.12.05, em verdade não houve nenhum acordo efetivado entre as partes, a vista de que não chegaram a bom termo as negociações. Não pode pretender a apelante consignar valor por ela própria criado para pagar o seu débito. Ademais, nos termos do artigo 336 do Código Civil vigente, 'para que a consignação tenha força de pagamento, será mister concorram, em relação às pessoas, ao objeto, modo e tempo, todos os requisitos sem os quais não é válido o pagamento'. Neste sentido a jurisprudência: 'CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO VALOR PENDENTE DE ACERTAMENTO DESCABIMENTO. É inviável o pagamento por consignação, se o valor a ser pago, por duvidoso e incerto, pende de acertamento. Nesses casos, imprescindível o acerto prévio da prestação, e, só após, persistindo a recusa, se justifica o pagamento pela via da consignação' (TA-MG- acórdão unânime da 1ª. Câmara Cível julgado em 6.5.97 Ap. n.234.461-2 Contagem Rel. Juiz Herodes de Andrade). Em suma, sequer existindo acerto firmado entre as partes para o parcelamento do débito em atraso que se pretende consignar, bem como não se justificando a alteração aleatória do prazo para seu adimplemento sob a alegação de dificuldades financeiras enfrentadas pelo autor, não pode ele se valer da presente ação consignatória, sendo certo que a oferta divergente do ajuste contratual entre as partes que pretende o autor consignar havia de estar devidamente justificada, para que se pudesse, ao menos, examinar sua viabilidade, de sorte que carece a parte autora de interesse de agir pena inadequação da via eleita, já que não se presta a via consignatória para permitir parcelamento de débito já integralmente vencido em desacordo com as bases ajustadas entre as partes e sem concordância da parte credora nos termos claros do artigo 313 do vigente Código Civil. Este é o entendimento pacífico do E.TJSP como a seguir: "APELAÇÃO - AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO - EXTINÇÃO DO PROCESSO, SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO PRETENSÃO DE ANULAÇÃO DA R.SENTENÇA QUE INDEFERIU A PETIÇÃO INICIAL DESCABIMENTO HIPÓTESE EM QUE NÃO FICOU DEMONSTRADA A RECUSADO CREDOR AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO QUE NÃO SE MOSTRA COMO A VIA PROCESSUAL ADEQUADA EXTINÇÃO DO PROCESSO MANTIDA, SEM RESOLUÇÃO DE MÉRITO, POR FALTA DE INTERESSE DE AGIR RECURSO DESPROVIDO." (TJSP; APELAÇÃO CÍVEL 1027161-27.2016.8.26.0577; RELATOR(A): ANA DE LOURDES COUTINHO SILVA DA FONSECA; ÓRGÃO JULGADOR: 13ª CÂMARA DE DIREITO PRIVADO; FORO DE SÃO JOSÉ DOSCAMPOS - 7ª VARA CÍVEL; DATA DO JULGAMENTO: 08/10/2018; DATA DE REGISTRO: 08/10/2018); "APELAÇÃO. AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO. INDEFERIMENTO DA PETIÇÃO INICIAL E EXTINÇÃO DO PROCESSO SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO. ARTIGO 267, INCISO VI, DO CPC. FALTA DE INTERESSE E ADEQUAÇÃO. PEDIDO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO DE DÍVIDA NA FORMA PARCELADA É JURIDICAMENTE IMPOSSÍVEL. CREDOR NÃO É OBRIGADO A ACEITAR O PARCELAMENTO DO DÉBITO. OBRIGAÇÃO SÓ PODE SER EXTINTA COMO DEPÓSITO INTEGRAL DA QUANTIA DEVIDA. AUSÊNCIA DE RECUSA DO CREDOR EM RECEBER O PAGAMENTO. DÉBITO EM CONTA NÃO REALIZADO, EM DECORRÊNCIA DE SALDO NEGATIVO. REQUISITO ESSENCIAL PARA PROPOSITURA DA AÇÃO CONSIGNATÓRIA. INTELIGÊNCIA DO ARTIGO 890 DO CPC. SENTENÇA MANTIDA. RECURSO NÃO PROVIDO." (TJSP; APELAÇÃO CÍVEL 1009840-12.2013.8.26.0309; RELATOR (A): EDSON LUIZ DE QUEIROZ; ÓRGÃO JULGADOR: 18ª CÂMARA DE DIREITO PRIVADO; FORO DE JUNDIAÍ - 5ª VARA CÍVEL; DATA DO JULGAMENTO: 30/03/2016; DATA DE REGISTRO: 12/04/2016); "AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO - DISCORDÂNCIA DO DEVEDOR QUANTO AO VALOR DA PRESTAÇÃO DO FINANCIAMENTO CORRIGIDO EM RAZÃO DE SUA MORA - Hipóteses do art. 335 do Código Civil que não se enquadram na pretensão - Inadequação da via eleita - Extinção do processo mantida - Recurso improvido." (Apelação n. 0004178-79.2014.8.26.0655, Rel. Coutinho de Arruda, 6ª Câmara de Direito Privado, Data do julgamento: 26/04/2016); "CONSIGNATÓRIA - CONTRATOS BANCÁRIOS - INDEFERIMENTO DA INICIAL - APELAÇÃO - Pretensão de consignar em Juízo parcelas vencidas sob o argumento de recusa do credor que exige o pagamento acrescido da mora Ausência de comprovação de injusta recusa A ação de consignação em pagamento não se mostra adequada para facultar o depósito judicial de valor por simples discordância do devedor quanto ao importe fixado pelo credor, ainda com maior razão se legitimamente acrescido dos encargos moratórios Ausentes os requisitos do artigo 335 do Código Civil. Art. 252 do Regimento Interno do TJ/SP. Asentença deve ser confirmada pelos seus próprios e bem deduzidos fundamentos, os quais ficam inteiramente adotados como razão de decidir, nos termos do art. 252 do Regimento Interno deste Egrégio Tribunal de Justiça. Recurso não provido." (Apelação n. 3000686-67.2012.8.26.0309, Rel. Marino Neto, 11ª Câmara de Direito Privado, Data do julgamento: 30/07/2014). Destarte, o pedido é juridicamente impossível e leva à ausência de interesse de agir pela inadequação da via eleita, impondo extinção da lide sem resolução do mérito nos termos do artigo 485, VI, do CPC. DECIDO. Diante do exposto, JULGO EXTINTO o processo sem exame do mérito com fundamento no artigo 485, VI, do Código de Processo Civil, deferindo o levantamento da importância depositada nos autos como valor incontroverso devido em favor da parte ré na esteira também de entendimento do mesmo E.TJSP como a seguir: "AGRAVO DE INSTRUMENTO. Revisional de contrato de financiamento. LEVANTAMENTO DE VALORES CONSIGNADOS. Autora que, após o julgamento de improcedência de seus pedidos, requer o levantamento de valores por ela depositados. Valores depositados que pertencem ao credor. Precedentes desta Câmara. Decisão mantida. RECURSO NÃO PROVIDO. (TJSP; Agravo de Instrumento 2293308-38.2024.8.26.0000; Relator (a): Ernani Desco Filho; Órgão Julgador: 18ª Câmara de Direito Privado; Foro de Sumaré - 3ª Vara Cível; Data do Julgamento: 25/11/2024; Data de Registro: 25/11/2024); AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO Alegação de cobrança abusiva de encargos moratórios de parcela de financiamento de veículo em atraso.Sentença de improcedência. Pretensão do autor de reforma. INADMISSIBILIDADE: Hipóteses do art. 335 do Código Civil não configuradas. Ausência de comprovação da incidência de encargos abusivos à parcela em atraso. Mora incontroversa. Quanto aos encargos moratórios, foi pactuada a incidência de juros remuneratórios à taxa contratada, juros moratórios de 1% ao mês e multa de 2%. Essa cláusula observa o disposto na súmula 472 do C. STJ. Recusa injustificada não reconhecida. Cabe à credora o levantamento da quantia admitida como incontroversa pelo autor em ação de consignação em pagamento. Verba oferecida voluntariamente pelo recorrente como incontroversa. Julgamento "extra petita" não configurado. Sentença mantida. RECURSO DESPROVIDO. (TJSP; Apelação Cível 1046244-61.2023.8.26.0002; Relator (a): Israel Góes dos Anjos; Órgão Julgador: 18ª Câmara de Direito Privado; Foro Regional II - Santo Amaro - 9ª Vara Cível; Data do Julgamento: 19/04/2024; Data de Registro: 19/04/2024); AGRAVO DE INSTRUMENTO. REVISIONAL DE OPERAÇÃO BANCÁRIA. LEVANTAMENTO DOS DEPÓSITOS JUDICIAIS PROCEDIDOS DE FORMA VOLUNTÁRIA PELO CLIENTE BANCÁRIO. DECISÃO RECORRIDA QUE DETERMINOU SEU LEVANTAMENTO PELO CONSUMIDOR. BANCO AGRAVANTE QUE AFIRMA A EXISTÊNCIA DE INADIMPLEMENTO CONTRATUAL, ALMEJANDO QUE O LEVANTAMENTO OCORRA A SEU FAVOR. DEMANDA REVISIONAL QUE POSSUI NATUREZA DÚPLICE E AUTORIZA A INSTITUIÇÃO FINANCEIRA PERSEGUIR SEU CRÉDITO REMANESCENTE NOS PRÓPRIOS AUTOS. Não se mostra razoável autorizar o levantamento dos valores, que o próprio consumidor reconheceu como incontroverso, ou seja, que seria, ainda que naquele montante, devidos para pagamento da operação bancária, Em se tratando de valores vinculados à demanda revisional de operação bancária, com improcedência do pedido do consumidor, em que restou caracterizado o seu inadimplemento, forçoso é reconhecer que o levantamento dos valores ocorra em favor do seu respectivo credor, que já suportou com efeitos da inadimplência contratual. Precedentes deste E. TJSP e do C. STJ. Decisão reformada. Recurso provido. (TJSP; Agravo de Instrumento 2254506-68.2024.8.26.0000; Relator (a): Roberto Mac Cracken; Órgão Julgador: 22ª Câmara de Direito Privado; Foro de Jaú - 3ª Vara Cível; Data do Julgamento: 04/10/2024; Data de Registro: 04/10/2024). P. I. - ADV: MARCELO APARECIDO PARDAL (OAB 134648/SP), SILVIA LETICIA DE OLIVEIRA (OAB 281563/SP), LEONARDO RIBEIRO MARIANNO (OAB 295891/SP), GUSTAVO BENITEZ RIBEIRO (OAB 392562/SP)

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Edinalva De Souza Oliveira x Banco Bradesco Financiamentos S.A.

ID: 282129408

Tribunal: TJMT Órgão: VARA ESPECIALIZADA EM DIREITO BANCÁRIO DE VÁRZEA GRANDE Classe: CONSIGNAçãO EM PAGAMENTO Nº Processo: 1035654-42.2023.8.11.0002

Data de Disponibilização: 28/05/2025

Polo Ativo:

EDINALVA DE SOUZA OLIVEIRA

Polo Passivo:

BANCO BRADESCO FINANCIAMENTOS S.A.

Sentença

Advogados:

KESLEY VINICIUS GONCALVES NUNES

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RENATO CHAGAS CORREA DA SILVA

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ESTADO DE MATO GROSSO PODER JUDICIÁRIO VARA ESPECIALIZADA EM DIREITO BANCÁRIO DE VÁRZEA GRANDE SENTENÇA PROCESSO 1035654-42.2023.8.11.0002; AUTOR: EDINALVA DE SOUZA OLIVEIRA REU: BANCO BRADESCO FINAN… ESTADO DE MATO GROSSO PODER JUDICIÁRIO VARA ESPECIALIZADA EM DIREITO BANCÁRIO DE VÁRZEA GRANDE SENTENÇA PROCESSO 1035654-42.2023.8.11.0002; AUTOR: EDINALVA DE SOUZA OLIVEIRA REU: BANCO BRADESCO FINANCIAMENTOS S.A. VISTOS. Trata-se de Ação de Consignação em Pagamento com Pedido Liminar e Indenização por Danos Morais, proposta por EDINALVA DE SOUZA OLIVEIRA em face de BANCO BRADESCO FINANCIAMENTOS S.A., ambos devidamente qualificados nos autos. A autora alega que firmou contrato de financiamento com o banco réu no valor de R$ 36.282,65, a ser quitado em 40 prestações mensais no valor de R$ 1.167,94, com vencimento final em 07/03/2025, mediante Contrato de Financiamento nº 0244470061, garantido por alienação fiduciária, celebrado em 07/10/2021. Relata que, por motivos de força maior, renegociou o contrato, gerando um novo número, sendo pactuada uma entrada de R$ 5.839,70 e mais 30 parcelas no valor de R$ 1.234,02. Alega que, embora estivesse adimplente, teve seu veículo apreendido em razão de ação de busca e apreensão nº 1024129-97.2022.8.11.0002, tendo o próprio banco devolvido o bem após 50 dias. Afirma que, desde maio de 2023, não consegue adimplir as parcelas pois o banco bloqueou o carnê e as emissões de boletos para pagamento pelo aplicativo. Argumenta que entrou em contato com o banco para resolver o problema, mas a instituição se recusa a gerar os boletos. Requer, em sede de tutela antecipada, a retirada de seu nome do cadastro de inadimplentes. No mérito, pleiteia: a) a consignação de 6 parcelas referentes aos meses de 19/04/2023 a 19/10/2023, no valor de R$ 7.404,12; b) a procedência da consignação e quitação das parcelas vencidas; c) a emissão de boletos bancários para as parcelas 15 a 30; e d) a condenação do réu ao pagamento de indenização por danos morais no valor de R$ 20.000,00. Em decisão interlocutória (ID 132512673), a liminar foi indeferida por ausência de elementos suficientes para comprovação da probabilidade do direito. Devidamente citado, o banco réu apresentou contestação (ID 135419664) arguindo, preliminarmente: a) inépcia da inicial por ausência de documentos indispensáveis, visto que a autora não comprovou a indisponibilidade de gerar os boletos; e b) ausência de interesse de agir por falta de demonstração de resistência à pretensão. No mérito, alega que a autora celebrou diversas renegociações de uma mesma dívida, gerando vários contratos subsequentes (nº 0242390397, nº 0242992770, nº 0243504809, nº 0244470061 e nº 0245457549). Sustenta que não houve bloqueio dos carnês de pagamento e que a autora não demonstrou ter buscado os canais de atendimento para solucionar o problema. Argumenta que os valores que a autora pretende depositar são insuficientes para saldar a dívida. Requer a improcedência dos pedidos. A autora apresentou impugnação à contestação (ID 139653095), reiterando os termos da inicial. Os autos me vieram conclusos para julgamento. É O RELATÓRIO. FUNDAMENTO E DECIDO. De início, verifico que o feito comporta o julgamento antecipado, nos termos do artigo 355, inciso I, do CPC, por se tratar de matéria exclusivamente de direito e por não haver necessidade de produção de outras provas além daquelas já constantes nos autos. A controvérsia instaurada não demanda dilação probatória, sendo possível ao Juízo formar convicção com base na prova documental acostada, assegurando-se, assim, o princípio da celeridade processual, sem prejuízo ao contraditório e à ampla defesa. Ressalta-se que o julgamento antecipado, longe de configurar cerceamento de defesa, constitui instrumento legítimo de efetividade jurisdicional, quando a instrução probatória se revela prescindível para a solução da controvérsia posta. Nesse sentido: “JUSTIÇA GRATUITA. IMPUGNAÇÃO. AFASTAMENTO DO BENEFÍCIO CONCEDIDO. INADMISSIBILIDADE. CASO EM QUE COMPROVADA A IMPOSSIBILIDADE ECONÔMICA DO DEMANDANTE. ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA QUE DEVE SER RESERVADA ÀQUELES CASOS EM QUE A IMPOSSIBILIDADE SE REVELE. PRELIMINAR REJEITADA. CERCEAMENTO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. AÇÃO DE EXTINÇÃO DE CONDOMÍNIO. JULGAMENTO ANTECIPADO DA LIDE. ALEGADA NECESSIDADE DE PRODUÇÃO DE PROVA ORAL. HIPÓTESE, CONTUDO, EM QUE ELA SE MOSTRA ABSOLUTAMENTE DESNECESSÁRIA PARA O DESLINDE DA CAUSA. MATÉRIA EXCLUSIVAMENTE DE DIREITO. PRELIMINAR REJEITADA. CONDOMÍNIO. COISA COMUM INDIVISÍVEL. ADMISSIBILIDADE DE ALIENAÇÃO JUDICIAL. AUTOR QUE NÃO É OBRIGADO A MANTER O CONDOMÍNIO ETERNAMENTE. EXTINÇÃO DO CONDOMÍNIO QUE CONFIGURA DIREITO POTESTATIVO DO COPROPRIETÁRIO. SENTENÇA MANTIDA. RECURSO DESPROVIDO.” (TJ-SP - Apelação Cível: 1012665-16.2022 .8.26.0566 São Carlos, Data de Julgamento: 08/02/2024, 6ª Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 08/02/2024). DA PRELIMINAR DE INÉPCIA DA PETIÇÃO INICIAL – AUSÊNCIA DE DOCUMENTO INDISPENSÁVEL A petição inicial não é inepta. Não se fazem presentes nenhuma das causas elencadas no art. 330, § 1º, do CPC. Com efeito, a causa de pedir foi perfeitamente narrada e o pedido foi formulado. Ademais, da narração dos fatos decorre logicamente o pedido que, por sua vez, não é juridicamente impossível e, por fim, não foram postulados pedidos incompatíveis entre si. Tanto assim que o Juízo recebeu a petição inicial, sem nela vislumbrar – porque inexistente – qualquer defeito relevante. Como se vê, o exigido silogismo da petição inicial foi observado pela parte requerente em consonância com as prescrições do Código de Processo Civil, razão pela qual não há que se falar em inépcia tampouco em extinção do processo sem resolução de mérito. Assim, rejeito a preliminar. DA FALTA DE INTERESSE DE AGIR – AUSÊNCIA DE PRETENSÃO RESISTIDA Afasto a preliminar de ausência de interesse de agir por não ter a parte autora pleiteado administrativamente a resolução da presente lide. A escolha da postulação direta perante o Poder Judiciário, nesse caso, não pode ser considerado como indevido, como sustenta o requerido, pois encontra-se albergado pela garantia constitucional de livre acesso ao Poder Judiciário, conforme o previsto no art. 5º, XXXV, da Constituição Federal, segundo a qual, nenhuma lesão ou ameaça a direito será excluída da apreciação do Poder Judiciário. A jurisprudência: APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE RESTITUIÇÃO DE DESCONTO INDEVIDO CUMULADA COM INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. AUSÊNCIA DE PRÉVIO REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO. INTERESSE DE AGIR. CONTESTAÇÃO APRESENTADA. 1. Não prospera a alegação de falta de interesse de agir (carência de ação), em razão da ausência de requerimento administrativo quando inexiste lei específica assim exigindo, além de aplicável a garantia constitucional de livre acesso ao Poder Judiciário. (...). APELAÇÃO CÍVEL CONHECIDA E DESPROVIDA. SENTENÇA MANTIDA”. (TJGO, APELAÇÃO 0417601-03.2014.8.09.0174, REL. CAMILA NINA ERBETTA NASCIMENTO E MOURA , 5ª Câmara Cível, julgado em 20/05/2019, DJe de 20/05/2019). Desse modo, é garantia basilar do jurisdicionado o pleno acesso à prestação jurisdicional, cujo exercício, na espécie, não se condiciona ao prévio exaurimento da via administrativa, ante a ausência de exigência legal nesse sentido. Ademais, tendo a requerida apresentado contestação, está configurada a pretensão resistida. REJEITO a preliminar. DO MÉRITO A ação de consignação em pagamento, procedimento regulado pelos artigos 539 e seguintes do Código de Processo Civil, configura uma forma indireta de pagamento, que é cabível quando presentes quaisquer das hipóteses elencadas pelo artigo 335 do Código Civil, “in verbis”: Art. 335. A consignação tem lugar: I - se o credor não puder, ou, sem justa causa, recusar receber o pagamento, ou dar quitação na devida forma; II - se o credor não for, nem mandar receber a coisa no lugar, tempo e condição devidos; III - se o credor for incapaz de receber, for desconhecido, declarado ausente, ou residir em lugar incerto ou de acesso perigoso ou difícil; IV - se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber objeto do pagamento; V - se pender litígio sobre o objeto do pagamento. (negrito nosso) Nesse diapasão, a ação de consignação em pagamento tem lugar nas hipóteses previstas no citado artigo, por pretensão declaratória de liberação do devedor, concedendo-lhe quitação da dívida mediante o depósito do valor ofertado. No caso em tela, verifica-se que a autora fundamenta seu pedido de consignação na alegação de que o banco réu teria bloqueado o carnê e as emissões de boletos para pagamento pelo aplicativo, impossibilitando-a de adimplir as parcelas desde maio de 2023. A ação proposta visa tão somente o pagamento das parcelas vencidas, para que o autor possa depositar em juízo as referidas prestações. Dito isso, de acordo com os documentos apresentados pela parte autora, não vislumbro elementos que possam levar à procedência do pedido. Isso porque a requerida não está obrigada a aceitar forma diversa e dar quitação da dívida, mormente quando o devedor não buscou outros meios de pagamento, que deve ser mantido no tempo e no modo originalmente pactuado. Conforme se observa dos autos, o autor não fez qualquer prova de que houve a recusa injusta do credor em receber o valor ofertado; pelo contrário, o credor justificou que já havia demanda ajuizada a respeito do débito. Embora a autora alegue ter enviado notificação extrajudicial ao banco réu (ID 132009018), a mera notificação, por si só, não comprova a recusa injustificada do credor. Seria necessária a demonstração de que, após a notificação, o banco manteve a alegada recusa em emitir os boletos ou disponibilizar outro meio para pagamento. Afinal, de acordo com o art. 539 do CPC, o devedor deverá cientificar o credor para o recebimento do débito de forma diversa: § 1º Tratando-se de obrigação em dinheiro, poderá o valor ser depositado em estabelecimento bancário, oficial onde houver situado no lugar do pagamento, cientificando-se o credor por carta com aviso de recebimento, assinado o prazo de 10 (dez) dias para a manifestação de recusa. O entendimento guarda amparo nos julgados a seguir: EMENTA - EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM SEDE DE AGRAVO DE INSTRUMENTO – AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO C/C MANUTENÇÃO DE POSSE – INEXISTÊNCIA DA PROVA DA RECUSA INJUSTA DO CREDOR EM RECEBER O VALOR OFERTADO – PAGAMENTO QUE DEVE SER MANTIDO NO TEMPO E NO MODO ORIGINALMENTE PACTUADO – MANUTENÇÃO DO AUTOR NA POSSE DO IMÓVEL INDICADO NOS AUTOS – JULGAMENTO DE MÉRITO DO RAI Nº 1017964-74.2021 QUE RECONHECEU, À UNANIMIDADE, O DIREITO DE RETOMADA DA POSSE PELOS PROPRIETÁRIOS APÓS O TÉRMINO DO PRAZO CONTRATUAL – NECESSÁRIA INSTRUÇÃO PROCESSUAL – REQUISITOS PREVISTOS NO ART. 300 DO CPC NÃO DEMONSTRADOS – TUTELA DE URGÊNCIA INDEFERIDA – DECISÃO A QUO REFORMADA – PRETENSA REDISCUSSÃO DA MATÉRIA – INEXISTÊNCIA DOS REQUISITOS DO ART. 1.022 DO CPC – EMBARGOS REJEITADOS. A procedência do pedido de consignação judicial exige a comprovação da recusa injusta do credor em receber o valor ofertado pelo devedor. [...]. (TJ-MT 10024028820228110000 MT, Relator: DIRCEU DOS SANTOS, Data de Julgamento: 23/11/2022, Terceira Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 29/11/2022) APELAÇÃO CÍVEL – AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS – AUSENTE PROVA DA RECUSA EM RECEBER O VALOR DEVIDO – ATUAL REALIDADE TECNOLÓGICA – DIVERSOS MEIOS DE PAGAMENTO – COMPROVAÇÃO DE RECUSA NÃO EVIDENCIADA – ÔNUS QUE INCUMBIA À PARTE AUTORA (ART. 373, I DO CPC)– SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA MANTIDA – RECURSO DESPROVIDO. A procedência do pedido de consignação judicial exige a comprovação da recusa injusta do credor em receber a quantia devida. Em que pese a condição pessoal do apelante (hipossuficiente) não se mostra crível o argumento de que a parte requerida-apelada tenha dificultado sobremaneira ou mesmo se recusado a receber o pagamento devido, mormente porque inegável a real disponibilidade de diversos meios de pagamento . Inexistindo nos autos qualquer comprovação indene de dúvidas de que a parte demandada tenha se recusado a receber o valor devido, ônus que incumbia à parte demandante, nos termos do art. 373, I do CPC, impõe-se a improcedência da consignação em pagamento. Ademais, não se infere dos fatos narrados na inicial situação que evidencie e consubstancie grave ofensa aos direitos da personalidade do autor-apelante, de modo que improcede, também, a pretensão de indenização por danos morais. Recuso desprovido. (TJ-MT - APELAÇÃO CÍVEL: 1021069-16.2022.8.11 .0003, Relator.: ANTONIA SIQUEIRA GONCALVES, Data de Julgamento: 06/12/2023, Terceira Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 09/12/2023) APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO - HIPÓTESE LEGAL - ART. 335 DO CC - RECUSA JUSTIFICÁVEL - ÔNUS SUCUMBENCIAL - PRINCÍPIO DA CAUSALIDADE. Cabe ação de consignação quando o credor não puder ou, sem justa causa, recusar receber o pagamento (art. 335, CC) . Constatado que a recusa se deu porque o devedor pretendia pagar de forma diversa da acordada, justificada a recusa. De acordo com o princípio da causalidade, aquele que der causa ao ajuizamento da ação deve ser condenado ao pagamento das custas, despesas processuais e honorários advocatícios. V.V .P. (TJ-MG - AC: 10000160767364004 MG, Relator.: Marco Aurélio Ferrara Marcolino (JD Convocado), Data de Julgamento: 13/07/2021, Câmaras Cíveis / 15ª CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: 16/07/2021) Importante destacar que o ônus da prova quanto à recusa do credor recai sobre o autor da ação consignatória, conforme dispõe o art. 373, I, do CPC. No caso, a autora não se desincumbiu satisfatoriamente desse ônus, não comprovando de forma cabal a alegada recusa do banco réu em receber os pagamentos ou emitir os boletos. Quanto ao pedido de indenização por danos morais, este está diretamente vinculado à suposta recusa injustificada do banco em emitir os boletos para pagamento. Não comprovada tal recusa, não há que se falar em ato ilícito praticado pelo réu e, consequentemente, em dever de indenizar. A mera alegação de ter o nome negativado não é suficiente para caracterizar dano moral indenizável, especialmente quando a negativação decorre de inadimplemento reconhecido pela própria autora, que admite não ter efetuado os pagamentos desde maio de 2023. Por fim, não havendo demonstração inequívoca de imotivada recusa do Banco demandado em receber os valores anunciados na inicial, devem ser julgados improcedentes os pedidos formulados na inicial. DISPOSITIVO Ante o exposto, JULGO IMPROCEDENTES os pedidos formulados na inicial e, por consequência, JULGO EXTINTO O PROCESSO com resolução do mérito, com fundamento no art. 487, I, do CPC. Condeno a parte requerente ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios que fixo em 10% (dez por cento) sobre o valor atualizado da causa. No entanto, por ser a autora beneficiária da justiça gratuita, fica suspensa a exigibilidade de tais verbas, nos termos do art. 98, § 3º, do CPC. Transitada em julgado, arquivem-se os autos, promovendo-se as baixas e anotações necessárias. Intimem-se. Cumpra-se. Registre-se. Várzea Grande/MT, data e horário registrados no sistema. ANGELO JUDAI JUNIOR Juiz de Direito

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