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Processo nº 1003867-97.2024.4.01.3000

ID: 276778143

Tribunal: TRF1 Órgão: 4ª Vara Federal de Juizado Especial Cível e Criminal da SJAC Classe: PROCEDIMENTO DO JUIZADO ESPECIAL CíVEL Nº Processo: 1003867-97.2024.4.01.3000

Data de Disponibilização: 22/05/2025

Polo Ativo:

LUIZ FELIPE DA SILVA PEREIRA

Polo Passivo:

Sentença Tipo A

Advogados:

KAMYLA FARIAS DE MORAES

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PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA FEDERAL Seção Judiciária do Acre 4ª Vara Federal de Juizado Especial Cível e Criminal da SJAC PROCESSO: 1003867-97.2024.4.01.3000 CLASSE: PROCEDIMENTO DO JUIZADO ESPECIAL CÍV… PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA FEDERAL Seção Judiciária do Acre 4ª Vara Federal de Juizado Especial Cível e Criminal da SJAC PROCESSO: 1003867-97.2024.4.01.3000 CLASSE: PROCEDIMENTO DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL (436) POLO ATIVO: L. F. D. S. P. REPRESENTANTES POLO ATIVO: Kamyla Farias de Moraes - AC3926 POLO PASSIVO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS SENTENÇA Dispensado o relatório, com fundamento no art. 38 da Lei n° 9.099/95 c/c art. 1° da Lei n° 10.259/01. Objeto: benefício assistencial de prestação continuada. Requisitos (art. 20 da Lei 8.742/93): Nos termos do art. 20 da Lei n. 8.742/1993, o legislador definiu como beneficiários de amparo assistencial o idoso com 65 (sessenta e cinco) anos, bem como a pessoa com deficiência, a qual possui impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, a obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas; e impedimentos de longo prazo o interregno mínimo de 2 (dois) anos nestas condições. Impende enfatizar que foram modificadas as exigências atinentes à deficiência, de maneira que não mais se exige uma patologia que gere incapacidade para a vida independente e para o trabalho. Quanto ao requisito da vulnerabilidade, o art. 20, § 3º, da Lei nº 8.742/1993, estabelece que “considera-se incapaz de prover a manutenção da pessoa com deficiência ou idosa a família cuja renda mensal per capita seja inferior a 1/4 (um quarto) do salário-mínimo”. É preciso observar que o rigor legislativo sempre foi mitigado pela jurisprudência pátria. A Turma de Uniformização Nacional dos Juizados Especiais Federais, inclusive, já se manifestou pelo afastamento do rigor legal contido no art. 20, § 3º, da Lei nº 8.742/1993. Recentemente, nos julgamentos dos Recursos Extraordinários nos 567985 e 580963 e Reclamação nº 4374, o Plenário do STF considerou defasada a aferição da vulnerabilidade apenas através do cálculo da renda mensal familiar per capita. Fundamentação. No que concerne à deficiência, há nos autos laudo médico (ID 2125828339) atestando que a parte autora possui diagnóstico de transtorno do espectro autista, com necessidade de tratamento multidisciplinar. Não há controvérsia quanto à condição de pessoa com deficiência, nos termos da Lei n. 12.764/2012, art. 1º, §2º (institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista e estabelece diretrizes para sua consecução): “§ 2º A pessoa com transtorno do espectro autista é considerada pessoa com deficiência, para todos os efeitos legais.” É evidente que as limitações indicadas no laudo implicam obstrução à inclusão sociocultural em igualdade de condições com as demais pessoas. Em que pese no Brasil, vez por outra, o direito não seja levado a sério, existe lei que prescreve que “A pessoa com transtorno do espectro autista é considerada pessoa com deficiência, para todos os efeitos legais”. Assim, considerando-se o caráter cogente da norma, que não é simplesmente decorativa e nem possui mera função de orientação, é desnecessária a realização de perícia. Impor a realização de uma perícia médica custosa, desnecessária e que acarretaria morosidade processual seria admitir que existe uma nova espécie de lei para além das previstas no art. 59, da CF, qual seja, a "lei decorativa". Em linguagem coloquial, "a lei não pegou", fenômeno singular observado no ordenamento jurídico pátrio. A Lei 12.764/2012 não deixa dúvida de que "para todos os efeitos legais", a pessoa com transtorno do espectro autista é pessoa com deficiência. Se o operador do direito acha que a lei é inadequada ou disse mais ou disse menos do que deveria, pode se insurgir através de quaisquer meios democráticos para promover uma alteração legislativa, mas não se pode admitir que a lei seja simplesmente ignorada. Em evento ocorrido na Universidade de Brasília, em 14/05/2009, Antonin Scalia expressou: “A democracia é horrível, mas ainda não há melhor. Por isso, acho que a decisão deve ser democrática, ou seja, pelo Legislativo eleito pelo povo.” Scalia foi mais longe ao defender o rigor da lei. “Se a lei é burra, o resultado é burro. Mas o juiz não pode dizer o que é sábio.” Acesso em 18.08.2023 Assim, por força de lei, que não faz qualquer distinção entre graus de autismo, não existe dúvida de que a parte autora é considerada pessoa com deficiência. No que concerne à condição de miserabilidade econômica, é possível verificar que o grupo familiar da parte autora é composto por si, mãe e irmão (três pessoas), sendo a renda familiar no valor de R$ 1.786,00 e per capita em 595,33, ou seja, menos de meio salário mínimo. Ocorre que foram editadas leis que estabeleceram critérios mais elásticos para concessão de outros benefícios assistenciais, tais como: a Lei 10.836/2004, que criou o Bolsa Família; a Lei 10.689/2003, que instituiu o Programa Nacional de Acesso à Alimentação; a Lei 10.219/01, que criou o Bolsa Escola; a Lei 9.533/97, que autoriza o Poder Executivo a conceder apoio financeiro a municípios que instituírem programas de garantia de renda mínima associados a ações socioeducativas. Conforme entendimento da doutrina e jurisprudência amplamente majoritária, o critério de ¼ de salário-mínimo não é de natureza absoluta. Desse modo, a limitação do valor da renda per capita familiar não deve ser considerada a única forma de se comprovar que a pessoa não possui outros meios para prover a própria manutenção, ou de tê-la provida por sua família, uma vez que se trata apenas de um elemento objetivo para se aferir a necessidade, de modo a se presumir absolutamente a miserabilidade quando comprovada a renda per capita inferior a 1/4 do salário-mínimo. Embora a renda per capita do grupo familiar se revele superior ao padrão objetivo de ¼ de salário-mínimo, a análise do caso concreto revela que os dispêndios econômicos decorrentes do tratamento dos autores fazem com que o requerente e sua família se mantenham em situação de vulnerabilidade econômica, uma vez que a renda obtida não é suficiente para prover o sustento da família e as necessidades básicas da demandante. Impõe-se, dessa forma, a concessão do benefício, desde a DER formulada em 08/02/2024. Ante o exposto, ACOLHO o pedido inicial, resolvendo o mérito, nos termos do art. 487, I, do CPC, para condenar o INSS a: a) implantar em favor da parte autora o benefício abaixo identificado: BPC – LOAS Deficiente Espécie F84 CPF 053.075.642-01 DIB 08/02/2024 DIP 01/05/2025 Cidade de pagamento Brasiléia b) pagar a título de atrasados as parcelas vencidas entre a DIB e a DIP, no montante de R$ 25.121,52, sendo R$ 23.404,33 valor principal e R$ 1.717,19. Sobre os valores atrasados incidiram juros aplicados à caderneta de poupança a partir da vigência da Lei nº 11.960/2009 e correção monetária pelo IPCA-E, conforme decidido pelo STF no RE 870947. A partir de dezembro de 2021, incidiu unicamente a SELIC para correção e juros, nos termos do art. 3º, da EC 113/2021. DEFIRO o pedido de tutela de urgência para determinar ao INSS que, no prazo de 30 (trinta) dias, implante em favor da parte autora o benefício assistencial de prestação continuada para pessoa com deficiência, sob pena de multa. Sem custas ou honorários advocatícios. Defiro os benefícios da gratuidade judiciária à parte autora. Requisite-se o pagamento, inclusive quanto ao ressarcimento dos honorários periciais (art. 12, § 1º, da Lei nº 10.259/01). Após o trânsito em julgado, e cumpridas as providências necessárias, arquivem-se. Publique-se. Registre-se. Intimem-se. Rio Branco/AC, datado e assinado eletronicamente.

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V. G. x G. De M. C. M.

ID: 328362759

Tribunal: TJSP Órgão: Foro de Itapecerica da Serra - 3ª Vara Classe: Guarda de Família Nº Processo: 1002218-87.2022.8.26.0268

Data de Disponibilização: 18/07/2025

Polo Ativo:

V. G.

Polo Passivo:

G. DE M. C. M.

Intimação

Advogados:

MADALENA SALMERÃO GUEDES

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DANIELLI OLIVEIRA DA SILVA

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

Processo 1002218-87.2022.8.26.0268 - Guarda de Família - Guarda - V.G. - G.M.C.M. e outro - Vistos. Trata-se de ação de fixação de guarda proposta por VIVIANE GIUSTI em face de GIOVANNA DE MEO COSTA… Processo 1002218-87.2022.8.26.0268 - Guarda de Família - Guarda - V.G. - G.M.C.M. e outro - Vistos. Trata-se de ação de fixação de guarda proposta por VIVIANE GIUSTI em face de GIOVANNA DE MEO COSTA MACEDO e FELIPE ZWIR, na qual alega que é avó materna do menor Rafael Costa Macedo Zwir, nascido em 19/08/2012, e que o menor sempre esteve sob seus cuidados e atenção, vez que sua genitora Giovanna é interditada judicialmente há alguns anos, sendo a própria requerente também curadora de sua filha. Sustenta que há aproximadamente três meses da propositura da ação, a genitora do menor iniciou um novo relacionamento e foi embora, encontrando-se em paradeiro ignorado. Aduz ainda que o genitor do menor também possui problemas de saúde que o impedem de cuidar da criança. Diante desses fatos, sustenta que precisa regularizar uma situação fática que vem exercendo há anos, qual seja, a função de criar o menor, proporcionando-lhe assistência financeira, educacional e amorosa em ambiente familiar saudável e repleto de carinho. Argumenta juridicamente que a guarda destina-se a regularizar a posse de fato, conforme dispõe o art. 33, §1º do Estatuto da Criança e do Adolescente, podendo ser deferida para atender situações peculiares ou suprir a falta eventual dos pais, nos termos do §2º do mesmo dispositivo. Ao final, requereu a concessão da guarda provisória liminar e, ao final, a fixação da guarda definitiva do menor Rafael Costa Macedo Zwir em seu favor. Documentos acostados às fls. 8/46. Por meio da decisão proferida às fls. 51/52, foi concedida a guarda provisória do menor em favor da requerente, considerando a narrativa inicial e os documentos juntados que demonstravam que o menor estava sob os cuidados da avó materna, bem como o parecer favorável do Ministério Público. Devidamente citada por edital (fls. 99), a requerida GIOVANNA DE MEO COSTA MACEDO não apresentou contestação, deixando transcorrer in albis o prazo para defesa, conforme certificado às fls. 120. Foi nomeada curadora especial (fls. 121), que apresentou contestação por negativa geral às fls. 132/133, impugnando todos os fatos alegados na inicial e requerendo que incumbisse à autora o ônus de provar os fatos constitutivos de seu direito. O requerido FELIPE ZWIR foi inicialmente citado por carta (fls. 73/74), mas posteriormente, diante das tentativas frustradas de localização pessoal, foi citado por edital (fls. 143), não apresentando contestação no prazo legal, conforme certificado às fls. 147. A mesma curadora especial foi nomeada para sua defesa (fls. 149/153), apresentando contestação por negativa geral às fls. 168/169, com os mesmos argumentos da contestação anterior. A requerente apresentou réplica às fls. 172/173, sustentando que existem nos autos elementos documentais suficientes para comprovar todos os fatos alegados na inicial, demonstrando o vínculo entre o menor e a requerente, bem como que os genitores estão em local incerto e desconhecido. O Ministério Público manifestou-se favoravelmente ao pedido às fls. 177/179. Cumpre destacar que durante o trâmite processual, foram renovados os termos de guarda provisória (fls. 100, 113 e 159), mantendo-se a situação fática consolidada. É o relatório. Fundamento e decido. O feito encontra-se em ordem, com a presença dos pressupostos processuais e das condições da ação, inexistindo qualquer preliminar ou nulidade a ser abordada. Superado esse introito, anoto que a presente demanda visa à regularização da guarda de menor que se encontra sob os cuidados de sua avó materna, em razão da ausência dos genitores e da necessidade de proteção integral da criança. Pois bem. O direito da criança e do adolescente à convivência familiar constitui direito fundamental assegurado pela Constituição Federal em seu art. 227, que estabelece ser dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. O Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8.069/90), em seu art. 19, reforça que toda criança tem direito a ser criada e educada no seio de sua família e, excepcionalmente, em família substituta, assegurada a convivência familiar e comunitária. O art. 33 do mesmo diploma legal estabelece que a guarda obriga a prestação de assistência material, moral e educacional à criança ou adolescente, conferindo a seu detentor o direito de opor-se a terceiros, inclusive aos pais. Especificamente sobre a guarda, o §1º do art. 33 do ECA dispõe que "a guarda destina-se a regularizar a posse de fato, podendo ser deferida, liminar ou incidentalmente, nos procedimentos de tutela e adoção". Já o §2º prevê que "excepcionalmente, deferir-se-á a guarda, fora dos casos de tutela e adoção, para atender a situações peculiares ou suprir a falta eventual dos pais ou responsável, podendo ser deferido o direito de representação para a prática de atos determinados". A doutrina e jurisprudência são uníssonas ao reconhecer que, nas decisões sobre guarda de menores, deve prevalecer sempre o melhor interesse da criança, sendo fundamental que seja preservado um ambiente capaz de assegurar seu bem-estar físico, moral e psicológico. No caso em tela, a análise dos elementos probatórios demonstra de forma inequívoca que a concessão da guarda em favor da requerente é medida que se impõe. Primeiro, porque restou comprovado documentalmente o vínculo familiar entre a requerente e o menor, sendo ela a avó materna da criança, conforme certidão de nascimento de fls. 17. Segundo, porque ficou demonstrado que a genitora do menor, Giovanna de Meo Costa Macedo, é pessoa interditada judicialmente, sendo a própria requerente sua curadora, conforme documentos de fls. 18/22. Além disso, a genitora encontra-se em paradeiro ignorado, tendo deixado o menor sob os cuidados da avó materna. Terceiro, porque o genitor Felipe Zwir também se encontra em local incerto e não sabido, conforme se depreende das inúmeras tentativas de citação realizadas em diversos endereços (fls. 75/76, 105, 124/125, 135), todas infrutíferas, culminando na necessidade de citação por edital. Sua completa ausência e desinteresse pelo filho ficaram patentes quando, mesmo citado por edital, não se manifestou nos autos. Quarto, porque o relatório do Conselho Tutelar de fls. 23 confirma que a menor se encontra sob os cuidados da avó materna, recomendando a regularização da guarda. Quinto, porque as fotografias de fls. 24/46 demonstram a convivência harmoniosa entre o menor e a requerente, evidenciando um ambiente familiar saudável e propício ao desenvolvimento da criança. As contestações apresentadas pela curadora especial, embora cumprindo adequadamente seu papel processual ao impugnar genericamente os fatos alegados na inicial, não apresentaram elementos concretos capazes de afastar a procedência do pedido. Ao contrário, a ausência de interesse dos genitores em exercer a guarda do filho, manifestada pela não apresentação de defesa específica mesmo quando regularmente citados, reforça a necessidade de manutenção da situação fática já consolidada. O parecer ministerial de fls. 177/179 foi especialmente relevante, pois o Ministério Público manifestou-se favoravelmente ao pedido, reconhecendo que "os documentos acostados aos autos comprovam que o menor atualmente se encontra sob os cuidados de sua avó materna, de quem recebe todo o auxílio material, afetivo e psicológico necessário para o seu pleno e sadio desenvolvimento". Importante ressaltar que durante todo o trâmite processual, a situação do menor permaneceu estável sob os cuidados da requerente, através das sucessivas renovações da guarda provisória, demonstrando que a medida vem surtindo os efeitos desejados para a proteção integral da criança. A jurisprudência dos tribunais superiores tem reconhecido que a guarda por avós é medida que atende ao melhor interesse da criança quando os pais não têm condições de exercer adequadamente o poder familiar, priorizando sempre a manutenção dos vínculos familiares e a continuidade dos cuidados já estabelecidos. Não há, portanto, qualquer elemento nos autos que desabone a requerente ou que indique ser prejudicial ao menor a permanência sob seus cuidados. Pelo contrário, todos os elementos probatórios convergem para demonstrar que a guarda exercida pela avó materna é a medida que melhor atende aos interesses da criança, proporcionando-lhe estabilidade, segurança e um ambiente familiar adequado ao seu desenvolvimento. Ante o exposto, JULGO PROCEDENTE o pedido formulado por VIVIANE GIUSTI em face de GIOVANNA DE MEO COSTA MACEDO e FELIPE ZWIR, para o fim de conceder a guarda definitiva do menor Rafael Costa Macedo Zwir à requerente, nos termos do art. 33, §2º do Estatuto da Criança e do Adolescente. Fica a requerente investida de todos os direitos e deveres inerentes à guarda, devendo zelar pela saúde, educação e bem-estar do menor, bem como representá-lo em todos os atos da vida civil. A guarda ora concedida confere ao menor a condição de dependente para todos os fins e efeitos de direito, inclusive previdenciários, nos termos do art. 33, §3º do ECA. Esclareço que a guarda poderá ser revista a qualquer tempo, caso sobrevenham circunstâncias que justifiquem a modificação da situação, sempre observando o melhor interesse da criança. Custas pela requerente, observando-se que ela é beneficiária da justiça gratuita. Sem honorários advocatícios, tendo em vista que os requeridos foram defendidos por curadora especial nomeada pelo juízo. Transitada em julgado, arquivem-se os autos, observadas as cautelas legais. Publique-se. Registre-se. Intimem-se. - ADV: DANIELLI OLIVEIRA DA SILVA (OAB 256695/SP), MADALENA SALMERÃO GUEDES (OAB 190269/SP)

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Processo nº 1022735-39.2023.4.01.0000

ID: 328749769

Tribunal: TRF1 Órgão: Gab. 32 - DESEMBARGADOR FEDERAL NEWTON RAMOS Classe: AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº Processo: 1022735-39.2023.4.01.0000

Data de Disponibilização: 18/07/2025

Polo Ativo:

Polo Passivo:

MASAO YAMAMOTO

Acórdão

Advogados:

THOMAZ RICARDO LOPES VALLE DE BRITTO RANGEL

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JUSTIÇA FEDERAL Tribunal Regional Federal da 1ª Região PROCESSO: 1022735-39.2023.4.01.0000 PROCESSO REFERÊNCIA: 1008813-04.2023.4.01.3500 CLASSE: AGRAVO DE INSTRUMENTO (202) POLO ATIVO: UNIÃO FEDERAL… JUSTIÇA FEDERAL Tribunal Regional Federal da 1ª Região PROCESSO: 1022735-39.2023.4.01.0000 PROCESSO REFERÊNCIA: 1008813-04.2023.4.01.3500 CLASSE: AGRAVO DE INSTRUMENTO (202) POLO ATIVO: UNIÃO FEDERAL POLO PASSIVO:MASAO YAMAMOTO REPRESENTANTES POLO PASSIVO: THOMAZ RICARDO LOPES VALLE DE BRITTO RANGEL - GO39233-A RELATOR(A):NEWTON PEREIRA RAMOS NETO PODER JUDICIÁRIO Tribunal Regional Federal da 1ª Região Gab. 32 - DESEMBARGADOR FEDERAL NEWTON RAMOS AGRAVO DE INSTRUMENTO (202) 1022735-39.2023.4.01.0000 AGRAVANTE: UNIÃO FEDERAL AGRAVADO: MASAO YAMAMOTO Advogado do(a) AGRAVADO: THOMAZ RICARDO LOPES VALLE DE BRITTO RANGEL - GO39233-A RELATÓRIO O Exmo. Sr. Juiz Federal SHAMYL CIPRIANO (Relator Convocado): Trata-se de agravo de instrumento interposto pela UNIÃO contra decisão proferida pelo Juízo da 3ª Vara Federal Cível da Seção Judiciária de Goiás nos autos da ação de obrigação de fazer ajuizada por Masão Yamamoto, objetivando o fornecimento do medicamento Dupilumabe, para tratamento de Dermatite Atópica (CID L. 20.9). Na origem, foi deferida tutela de urgência para determinar que o Estado de Goiás forneça à parte autora o fármaco prescrito, para o tratamento inicial de três meses, conforme prescrição médica, sob pena de multa diária. Em caso de não fornecimento, o magistrado de origem determinou o bloqueio, em contas da União, do Estado de Goiás e do Município de Goiânia, no montante suficiente para o tratamento. Em suas razões recursais, a agravante alega, em resumo, que: (i) não foram preenchidos os requisitos para a concessão da tutela de urgência, notadamente a comprovação da ineficácia dos tratamentos disponibilizados pelo SUS; (ii) a decisão foi proferida sem a realização de perícia judicial, sendo amparada apenas em laudo médico particular; (iii) o fornecimento do medicamento viola as políticas públicas do SUS e o princípio da isonomia; (iv) não foi comprovada a hipossuficiência financeira do autor; e (v) não é cabível a determinação de bloqueio de verbas públicas. Ao final, requer a atribuição de efeito suspensivo e, no mérito, o provimento do recurso. Contrarrazões não foram apresentadas. É o relatório. Juiz Federal SHAMYL CIPRIANO Relator Convocado PODER JUDICIÁRIO Tribunal Regional Federal da 1ª Região Gab. 32 - DESEMBARGADOR FEDERAL NEWTON RAMOS AGRAVO DE INSTRUMENTO (202) 1022735-39.2023.4.01.0000 AGRAVANTE: UNIÃO FEDERAL AGRAVADO: MASAO YAMAMOTO Advogado do(a) AGRAVADO: THOMAZ RICARDO LOPES VALLE DE BRITTO RANGEL - GO39233-A VOTO O Exmo. Sr. Juiz Federal SHAMYL CIPRIANO (Relator Convocado): Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço do agravo de instrumento e passo ao exame do mérito recursal. A controvérsia cinge-se em verificar a presença dos requisitos autorizadores da tutela provisória de urgência, previstos no art. 300 do Código de Processo Civil (CPC), diante da decisão que determinou o fornecimento do medicamento Dupilumabe, fármaco de alto custo não incorporado às políticas públicas do Sistema Único de Saúde (SUS). De início, importa ressaltar que o Supremo Tribunal Federal (STF), ao julgar o Tema 1234 da Repercussão Geral, além de pacificar a divergência acerca da competência das ações envolvendo o fornecimento de medicamentos de alto custo, definiu quais são os fármacos considerados não incorporados ao SUS, para fins de dispensação judicial: Confira-se o item II da tese fixada no aludido tema: “[...] II – Definição de Medicamentos Não Incorporados. 2.1) Consideram-se medicamentos não incorporados aqueles que não constam na política pública do SUS; medicamentos previstos nos PCDTs para outras finalidades; medicamentos sem registro na ANVISA; e medicamentos off label sem PCDT ou que não integrem listas do componente básico. 2.1.1) Conforme decidido pelo Supremo Tribunal Federal na tese fixada no tema 500 da sistemática da repercussão geral, é mantida a competência da Justiça Federal em relação às ações que demandem fornecimento de medicamentos sem registro na Anvisa, as quais deverão necessariamente ser propostas em face da União, observadas as especificidades já definidas no aludido tema. [...]”. Como se vê, segundo o STF, medicamentos não incorporados são aqueles: (i) que não constam da política pública do SUS; (ii) que estão previstos no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) para tratamento diverso do pleiteado; (iii) que não possuem registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA); e (vi) que, a um só tempo, foram prescritos para uso fora da bula (off label) e não constam do PCDT da doença ou não integram listas do componente básico. In casu, o autor requer a concessão do medicamento Dupilumabe, para tratamento de Dermatite Atópica (CID L 20.9). Conforme a Nota Técnica de id 1606052865 (NATJUS), juntada aos autos de origem (nº 1008813-04.2023.4.01.3500), não há deliberação da CONITEC quanto à eventual incorporação do medicamento para o tratamento da doença. Todavia, a referida nota conclui de forma favorável ao fornecimento do medicamento, apontando a existência de elementos técnicos que amparam sua utilização no caso do agravado. Ademais, segundo parecer elaborado pelo Centro de Apoio Operacional de Atuação na Área da Saúde do Ministério Público de Goiás (CATS) – id 1504547877, o referido fármaco possui registro na ANVISA, havendo evidências de sua eficácia e efetividade para o caso clínico do autor. Diante do exposto, a terapia pretendida pelo agravado configura-se como medicamento não incorporado ao SUS, embora seja indicada para o seu quadro clínico. Nesse contexto, a possibilidade de concessão judicial de fármacos não incorporados ao SUS deve se adequar à tese jurídica fixada pela Suprema Corte no Tema 6 da Repercussão Geral, que é de observância obrigatória, nos termos do Enunciado nº 61 da Súmula Vinculante: “A concessão judicial de medicamento registrado na ANVISA, mas não incorporado às listas de dispensação do Sistema Único de Saúde, deve observar as teses firmadas no julgamento do Tema 6 da Repercussão Geral (RE 566.471)”. No tocante à tese fixada no referido Tema 6, assim assentou o STF: 1. A ausência de inclusão de medicamento nas listas de dispensação do Sistema Único de Saúde - SUS (RENAME, RESME, REMUME, entre outras) impede, como regra geral, o fornecimento do fármaco por decisão judicial, independentemente do custo. 2. É possível, excepcionalmente, a concessão judicial de medicamento registrado na ANVISA, mas não incorporado às listas de dispensação do Sistema Único de Saúde, desde que preenchidos, cumulativamente, os seguintes requisitos, cujo ônus probatório incumbe ao autor da ação: (a) negativa de fornecimento do medicamento na via administrativa, nos termos do item “4” do Tema 1.234 da repercussão geral; (b) ilegalidade do ato de não incorporação do medicamento pela Conitec, ausência de pedido de incorporação ou da mora na sua apreciação, tendo em vista os prazos e critérios previstos nos artigos 19-Q e 19-R da Lei nº 8.080/1990 e no Decreto nº 7.646/2011; (c) impossibilidade de substituição por outro medicamento constante das listas do SUS e dos protocolos clínicos e diretrizes terapêuticas; (d) comprovação, à luz da medicina baseada em evidências, da eficácia, acurácia, efetividade e segurança do fármaco, necessariamente respaldadas por evidências científicas de alto nível, ou seja, unicamente ensaios clínicos randomizados e revisão sistemática ou meta-análise; (e) imprescindibilidade clínica do tratamento, comprovada mediante laudo médico fundamentado, descrevendo inclusive qual o tratamento já realizado; e (f) incapacidade financeira de arcar com o custeio do medicamento. 3. Sob pena de nulidade da decisão judicial, nos termos do artigo 489, § 1º, incisos V e VI, e artigo 927, inciso III, § 1º, ambos do Código de Processo Civil, o Poder Judiciário, ao apreciar pedido de concessão de medicamentos não incorporados, deverá obrigatoriamente: (a) analisar o ato administrativo comissivo ou omissivo de não incorporação pela Conitec ou da negativa de fornecimento da via administrativa, à luz das circunstâncias do caso concreto e da legislação de regência, especialmente a política pública do SUS, não sendo possível a incursão no mérito do ato administrativo; (b) aferir a presença dos requisitos de dispensação do medicamento, previstos no item 2, a partir da prévia consulta ao Núcleo de Apoio Técnico do Poder Judiciário (NATJUS), sempre que disponível na respectiva jurisdição, ou a entes ou pessoas com expertise técnica na área, não podendo fundamentar a sua decisão unicamente em prescrição, relatório ou laudo médico juntado aos autos pelo autor da ação; e (c) no caso de deferimento judicial do fármaco, oficiar aos órgãos competentes para avaliarem a possibilidade de sua incorporação no âmbito do SUS. Ou seja, de acordo com o STF, a concessão de fármacos não previstos em atos normativos do SUS exige a presença cumulativa dos seguintes requisitos, cujo ônus probatório recai sobre o requerente: (i) indeferimento administrativo; (ii) ilegalidade do ato de não incorporação do remédio pela CONITEC, ausência de pedido de incorporação ou da mora na sua apreciação; (iii) impossibilidade de substituição por outra terapia medicamentosa constante das listas do SUS e dos protocolos clínicos e diretrizes terapêuticas; (iv) comprovação, à luz da medicina baseada em evidências, da eficácia, acurácia, efetividade e segurança do fármaco, mediante ensaios clínicos randomizados e revisão sistemática ou meta-análise; (v) imprescindibilidade do remédio no tratamento da moléstia, comprovada por meio de laudo médico fundamentado, com descrição dos tratamentos já realizados; e (vi) incapacidade financeira do requerente. Pois bem, o conjunto probatório dos autos de origem demonstra a hipossuficiência econômica do autor (id nº 1504547895), bem como a eficácia, a imprescindibilidade e a superioridade clínica do fármaco, à luz da medicina baseada em evidências (NATJUS – id 1606052865 e CATS – id 1504547877). Cumpre salientar, ainda, os indícios de omissão por parte da CONITEC quanto à análise do medicamento para o caso específico do autor, conforme exposto na Nota Técnica de id 1606052865, o que deverá ser avaliado por ocasião da instrução processual. Esse quadro revela a existência de indícios de incompletude do procedimento administrativo e reforça a excepcionalidade da via judicial para suprir a lacuna de avaliação quanto ao tipo de doença que acomete o autor. Assim, em síntese, a probabilidade do direito do agravado, em uma análise de cognição sumária, revela-se presente. O Juízo de primeiro grau deferiu a medida com base no documento de id 1606052865 (NATJUS) e no parecer elaborado pelo CATS do Ministério Público de Goiás – id 1504547877, os quais detêm presunção de veracidade e atestam a imprescindibilidade da terapia. O perigo de dano, da mesma forma, é manifesto. O agravado é portador de Dermatite Atópica (CID L20.9), patologia grave cujo tratamento não pode aguardar o trâmite regular do processo, sob pena de risco concreto de progressão da doença e de prejuízos à saúde e à qualidade de vida do autor. Tal conclusão é reforçada pelo parecer juntado aos autos, que apontou a efetividade do medicamento: “[...] o requerente já fez uso do dupilumabe, atingindo remissão do prurido e das lesões de pele.” Ademais, o agravado: “[...] fez uso de corticóides, porém apresentou osteopenia. Fez uso de metotrexato, sem resposta, e tem contra-indicação ao uso de ciclosporina, devido à hipertensão. [...]” – nota técnica de id 1606052865, fl.10. No que tange à responsabilidade pelo fornecimento do medicamento, não há como afastar o dever atribuído à União, considerando tratar-se de fármaco de valor elevado e a existência de responsabilidade solidária entre os entes federados. Soma-se ao exposto que a decisão recorrida impôs a obrigação ao Estado de Goiás e, em caso de sua inércia, o magistrado determinou o bloqueio de verbas da União. Assim, sua responsabilidade é apenas subsidiária. No tocante à possibilidade de bloqueio de verbas públicas, observa-se que o Juízo a quo foi expresso ao consignar que tal medida coercitiva somente será implementada em caso de comprovado descumprimento da ordem judicial. Trata-se, portanto, de providência excepcional, a ser adotada apenas como último recurso para assegurar a efetiva entrega do medicamento determinado judicialmente, resguardando-se, assim, o direito fundamental à saúde do beneficiário. PROCESSUAL CIVIL. DIREITO À SAÚDE. AGRAVO DE INSTRUMENTO. FORNECIMENTO DE MEDICAMENTO. DETERMINAÇÃO DE BLOQUEIO DE VERBAS PÚBLICAS. POSSIBILIDADE. TEMA 84 DO STJ. RECURSO DESPROVIDO. 1. A controvérsia versa sobre a possibilidade, ou não, de determinação de sequestro de verbas públicas pelo Poder Judiciário em ações que visam fornecimento de medicamentos. 2. O Superior Tribunal de Justiça, no julgamento do REsp 1.069.810/RS, na sistemática dos recursos repetitivos (Tema 84), fixou a seguinte tese: "tratando-se de fornecimento de medicamentos, cabe ao Juiz adotar medidas eficazes à efetivação de suas decisões, podendo, se necessário, determinar até mesmo o sequestro de valores do devedor (bloqueio), segundo o seu prudente arbítrio, e sempre com adequada fundamentação" (Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, Primeira Seção, DJe 06/11/2013). 3. Não havendo cumprimento da ordem judicial, o Juiz efetuará, preferencialmente, bloqueio em conta bancária do ente demandado, figurando a multa (astreintes) apenas como ultima ratio (enunciado n. 74 das Jornadas de Direito de Saúde do CNJ). 4. O Poder Judiciário não deve compactuar com a desídia do Estado, que, condenado pela urgência da situação a entregar medicamentos imprescindíveis à proteção da saúde e da vida de cidadão necessitado, revela-se indiferente à tutela judicial deferida e aos valores fundamentais da vida e da saúde. Precedentes. 5. Recurso desprovido. (TRF 1 Desembargador Federal Pablo Zuniga Dourado, autos nº 1003867-76.2024.4.01.0000, data da publicação: 10/02/2025). Nesse cenário, ao menos nesta fase processual, existindo indícios de que estão preenchidos os requisitos necessários à concessão judicial de medicamentos não incorporados à rede pública, conforme decidido pelo STF, impõe-se a manutenção da decisão agravada. Com tais razões, voto por negar provimento ao agravo de instrumento. Juiz Federal SHAMYL CIPRIANO Relator Convocado PODER JUDICIÁRIO Tribunal Regional Federal da 1ª Região Gab. 32 - DESEMBARGADOR FEDERAL NEWTON RAMOS AGRAVO DE INSTRUMENTO (202) 1022735-39.2023.4.01.0000 AGRAVANTE: UNIÃO FEDERAL AGRAVADO: MASAO YAMAMOTO Advogado do(a) AGRAVADO: THOMAZ RICARDO LOPES VALLE DE BRITTO RANGEL - GO39233-A EMENTA CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. AGRAVO DE INSTRUMENTO. FORNECIMENTO DE MEDICAMENTO. DUPILUMABE. DERMATITE ATÓPICA. TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA. MEDICAMENTO NÃO INCORPORADO AO SUS. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DA UNIÃO. BLOQUEIO DE VERBAS PÚBLICAS. POSSIBILIDADE. RECURSO NÃO PROVIDO. I. CASO EM EXAME 1. Agravo de instrumento interposto contra decisão que, nos autos de ação de obrigação de fazer ajuizada por particular, deferiu tutela de urgência para determinar o fornecimento do medicamento Dupilumabe, destinado ao tratamento de Dermatite Atópica (CID L 20.9). 2. A decisão recorrida impôs a obrigação principal ao Estado de Goiás e, em caso de descumprimento, autorizou o bloqueio de verbas públicas da União, do Estado de Goiás e do Município de Goiânia, em montante suficiente para o custeio do tratamento por três meses, conforme prescrição médica. II. QUESTÃO EM DISCUSSÃO 3. A controvérsia consiste em saber: (i) se estão presentes os requisitos legais para concessão da tutela provisória de urgência, com fundamento no art. 300 do CPC, para determinar o fornecimento de medicamento não incorporado ao SUS; e (iii) se é legítima a imposição de bloqueio de verbas públicas da União como medida coercitiva. III. RAZÕES DE DECIDIR 4. O medicamento requerido (Dupilumabe) é considerado não incorporado ao SUS, embora registrado na ANVISA, conforme entendimento fixado pelo STF nos Temas 6 e 1234 da Repercussão Geral. 5. Conforme os elementos constantes nos autos de origem há evidência de que: (i) houve negativa de fornecimento do medicamento; (ii) existe possível omissão da CONITEC quanto à análise do medicamento para o caso do autor, o que deverá ser analisado por ocasião da instrução processual; (iii) não há alternativa terapêutica para o caso do autor; (iv) a eficácia e segurança do fármaco estão respaldadas por evidências técnicas emitidas pelo NATJUS e pelo Ministério Público de Goiás (CATS); (v) a imprescindibilidade clínica está atestada por laudo médico fundamentado; e (vi) há comprovação da hipossuficiência financeira do autor. 6. A imposição de bloqueio de verbas públicas, como medida coercitiva, está respaldada no Tema 84 do STJ, desde que adotada de forma subsidiária e apenas em caso de descumprimento da ordem judicial, hipótese expressamente prevista na decisão agravada. IV. DISPOSITIVO E TESE 7. Recurso não provido. Tese de julgamento: "1. A concessão judicial de medicamento não incorporado ao SUS, mas registrado na ANVISA, depende do preenchimento cumulativo dos requisitos fixados no Tema 6 da Repercussão Geral do STF. 2. É legítima a imposição de bloqueio de verbas públicas como medida coercitiva para garantir a efetividade da decisão judicial que determina o fornecimento de medicamentos, desde que em caráter subsidiário e devidamente fundamentado." Legislação relevante citada: CPC, art. 300. Jurisprudência relevante citada: TRF 1. Desembargador Federal Pablo Zuniga Dourado, autos nº 1003867-76.2024.4.01.0000, data da publicação: 10/02/2025. ACÓRDÃO Decide a 11ª Turma, por unanimidade, negar provimento ao agravo de instrumento, nos termos do voto do Relator. Brasília/DF. Juiz Federal SHAMYL CIPRIANO Relator Convocado

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M. C. Da S. x B. B. S. A.

ID: 300617973

Tribunal: TJSP Órgão: Foro de São Joaquim da Barra - 2ª Vara Classe: PROCEDIMENTO COMUM CíVEL Nº Processo: 1003867-14.2023.8.26.0572

Data de Disponibilização: 17/06/2025

Polo Ativo:

M. C. DA S.

Polo Passivo:

B. B. S. A.

Intimação

Advogados:

RICARDO LOPES GODOY

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ANA PAULA DOMINGOS CARDOSO

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Processo 1003867-14.2023.8.26.0572 - Procedimento Comum Cível - Indenização por Dano Moral - M.C.S. - B.S. - Vistos. Trata-se de ação declaratória de inexistência de relação jurídica c/c obrigação … Processo 1003867-14.2023.8.26.0572 - Procedimento Comum Cível - Indenização por Dano Moral - M.C.S. - B.S. - Vistos. Trata-se de ação declaratória de inexistência de relação jurídica c/c obrigação de não fazer, repetição de indébito e indenização por danos morais, proposta por MESSIAS CIRILO DA SILVA em face de BANCO BMG S/A, sob alegação de que jamais contratou cartão de crédito consignado com a ré, mas que vem sofrendo descontos mensais em seu benefício previdenciário a esse título. O autor afirma não ter recebido o cartão, tampouco utilizado o serviço, e que os descontos comprometeram sua subsistência, requerendo a declaração de inexistência da relação jurídica, a cessação dos descontos, a restituição em dobro dos valores descontados, indenização por danos morais, concessão da justiça gratuita e tutela antecipada para suspensão imediata dos descontos. Foi deferida assistência judiciária gratuita e indeferida a tutela de urgência (fls. 27/29). Citado(a)(s) (fls. 36), o(a)(s) requerido(a)(s) apresentou contestação, sustentando a regularidade do contrato firmado, afirmando que os descontos correspondem ao pagamento mínimo da fatura do cartão consignado, que houve disponibilização dos valores ao autor e negando qualquer ilegalidade ou falha, requerendo a improcedência dos pedidos realizados pela parte Autora. O autor não apresentou réplica no prazo legal, conforme certificado à fl. 201 Em decorrência da impugnação apresentada na contestação, o autor foi devidamente intimado a comprovar o alegado estado de hipossuficiência econômica (fl. 202). Em atendimento, juntou aos autos documentos e se manifestou requerendo a manutenção da justiça gratuita, conforme consta às fls. 223/224. É O RELATÓRIO. FUNDAMENTO E DECIDO. Preliminarmente, nos termos do art. 357 do Código de Processo Civil, passo a sanear o processo depois de realizado o contraditório entre as partes. Inicialmente, anoto que a impugnação à gratuidade de justiça deve ser rejeitada. Em sua resposta a parte requerida deduz sua argumentação de forma genérica sem a indicação de elementos mínimos capazes de elidir as conclusões a que chegou este juízo às fls. 27/29, não havendo com as alegações da parte ré qualquer documentação que comprove a alteração do estado fático da parte autora na oportunidade da concessão do benefício. Portanto, REJEITO. A parte requerida alega em preliminar a falta de interesse processual da parte autora uma vez que supostamente a mesma não teria procurado a parte requerida de maneira extrajudicial para tentar sanar a questão. Consigno de início ser pacífico o entendimento dos Tribunais Superiores segundo o qual não se exige o prévio esgotamento das vias administrativas para que a parte ajuíze ação, devido a garantia fundamental da inafastabilidade da jurisdição (art. 5º, XXXV, da Constituição Federal da República Federativa do Brasil de 1988). Portanto, REJEITO. Sobre a inépcia, observo que petição inicial preenche os requisitos do art. 319 do CPC e não contém qualquer dos vícios previstos no parágrafo único do art. 330 do mesmo Código, de forma que não tem razão a parte requerida em sua alegação, observo ainda que a conclusão sobre se a parte autora faz ou não jus à pretensão jurisdicional que reclama é matéria afeta ao mérito e com ele será propriamente analisada. Ademais, não se caracteriza como inepta a petição inicial que não apresenta documentos destinados a provar o fato constitutivo do direito. Cumpre ressaltar que documentos necessários à prova das alegações não se confundem com indispensáveis à propositura da ação. O fato constitutivo do direito autoral, se não provado, conduz à rejeição do pedido, não à extinção da lide precocemente por vício formal. Nesse mesmo sentido: de se lembrar que não se pode confundir 'documento essencial à propositura da ação' com 'ônus da prova do fato constitutivo do direito'. Ao autor cumpre provar os fatos que dão sustento ao direito afirmado na petição inicial, mas isso não significa dizer que deve fazê-lo mediante apresentação de prova pré-constituída e já por ocasião do ajuizamento da demanda. Nada impede que o faça na instrução processual e pelos meios de prova regulares" (RSTJ 180/123). Anota Theotonio Negrão (in CPC e legislação processual em vigor, Ed. Saraiva, 48ª Ed., 2017, nota 5 do art. 330) que a petição inicial só deve ser indeferida, por inépcia, quando o vício apresenta tal gravidade que impossibilite a defesa do réu, ou a própria prestação jurisdicional (STJ-3ª T., REsp 193.100, Min. Ari Pargendler, j. 15.10.01, DJU 4.2.02). No mesmo sentido: RJM 181/318, JTJ 340/338 (AP 305.791-5/0-00). Na hipótese, a inicial veio instruída com os documentos essenciais ao seu recebimento e do fato narrado decorre logicamente o pedido formulado, o que atende os requisitos dos artigos 319 e 320 do Código de Processo Civil. O pedido é certo e determinado e está amparado em causa de pedir precisa, tudo a viabilizar o pleno exercício do contraditório e da ampla defesa. A falta de documentos comprobatórios é questão probatória, a ser averiguada na análise de mérito. Além disso, observa-se que o réu respondeu de modo amplo a todos os fatos que lhes são imputados, o que, por si demonstra que não há falhas na peça primeira capaz de prejudicar sua defesa. Ademais não há qualquer irregularidade em relação a ausência de comprovante de residência, pois, além de não configurar documento essencial para a propositura da ação, nos termos do artigo 320 do CPC, a autora indicou seu endereço na exordial e na procuração, cumprindo o requisito previsto no artigo 319, II. No ponto, registre-se que o Código de Processo Civil determina à parte que apenas informe seu endereço, inexistindo previsão que qualifique o comprovante de endereço como elemento essencial. Nesse sentido: PRODUÇÃO ANTECIPADA DE PROVAS. EXTINÇÃO. INDEFERIMENTO DA INICIAL. INADMISSIBILIDADE. Comprovante de endereço não constitui documento indispensável à propositura da ação. Suficiente a indicação do local da residência, tal qual como efetuada ao ser distribuída a ação. Extinção do processo afastada para que o feito tenha regular prosseguimento. Apelação provida (TJ/SP - Apelação Cível 1003525-57.2017.8.26.0428, 15ª Câmara de Direito Privado, Rel. Des. JAIRO BRAZIL FONTES OLIVEIRA, Dj. 03/08/2018). Portanto, REJEITO. Não há outras preliminares. Presentes as condições da ação e demais pressupostos indispensáveis à constituição válida e desenvolvimento regular do processo DOU O FEITO POR SANEADO. Na manifestação de fls. 96/100 a parte requerente impugna a autenticidade da assinatura eletrônica lançada no documento exibido pela parte requerida. Quanto à matéria, reza o artigo 429, inciso II, do Novo Código de Processo Civil que incumbe o ônus da prova quando se tratar de impugnação da autenticidade, à parte que produziu o documento. Assim, contestada a assinatura do documento particular, como cessa a sua fé enquanto não se lhe comprovar a veracidade, cumpre àquele que dele quiser valer-se demonstrar a sua veracidade pelos meios ordinários de prova, especialmente por perícia. É o que se chama verificação de assinatura, na qual o ônus da prova da veracidade dela recai sobre o impugnado (Cód. Proc. Civil, art. 389, nº. II). (Moacyr Amaral Santos, Primeiras Linhas de Direito Processual Civil, 2º. Volume, Editora Saraiva, página 416). Em sentido semelhante, o colendo Superior Tribunal de Justiça, sob o rito dos recursos especiais repetitivos (Tema 1.061), definiu que na hipótese em que o consumidor/autor impugnar a autenticidade da assinatura constante em contrato bancário juntado ao processo pela instituição financeira, caberá a esta o ônus de provar a autenticidade (CPC, arts. 6º, 369 e 429, II). Fixadas tais balizas, determino, nos termos do artigo 396 do Código de Processo Civil, a parte requerida que apresente ou aponte nos autos, no prazo de 5 (cinco) dias, entre outros, em mesma ordem, os seguintes documentos: 1) fotografia aproximada do rosto (selfie) utilizada para a realização de biometria facial; 2) data e horário em que ocorreu a validação da contratação por assinatura eletrônica; 3) comprovante de efetiva disponibilização de numerário a parte autora; 4) se for o caso, áudio da contratação; 5) se for o caso, número de linha telefônica associada à parte autora, se houver, com a indicação do respectivo prefixo; 6) cópia do documento pessoal utilizado para a eventual formalização contratual; 7) coordenadas de geolocalização (latitude e longitude) e indicação expressa referentes ao local de contratação; 8) certificação das assinaturas eletrônicas coletadas no ato da formalização do contrato; 9) hashes (códigos de resumo de dados) gerados no processo de contratação, com a devida comprovação de sua integridade. O não cumprimento da determinação para exibição dos documentos poderá ensejar a aplicação das consequências previstas no artigo 400 do Código de Processo Civil. Ante o exposto, considerando a impugnação da autenticidade da assinatura eletrônica pela parte requerente e o disposto nos artigos 396 e 429, inciso II, do Código de Processo Civil, revela-se imprescindível a produção de prova documental pela parte requerida, a quem incumbe o ônus de demonstrar a veracidade da assinatura eletrônica contestada, no prazo de 5 (cinco) dias. P.I. - ADV: RICARDO LOPES GODOY (OAB 321781/SP), ANA PAULA DOMINGOS CARDOSO (OAB 218861/SP)

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Ezio Carlos Borges x Antonio Mello De Lima e outros

ID: 291494367

Tribunal: TJSP Órgão: Foro de Registro - 2ª Vara Classe: PROCEDIMENTO COMUM CíVEL Nº Processo: 1003867-22.2021.8.26.0495

Data de Disponibilização: 06/06/2025

Polo Ativo:

EZIO CARLOS BORGES

Polo Passivo:

ANTONIO MELLO DE LIMA FRUTVITA - DISTRIBUIDORA DE FRUTAS LTDA (KAW BANANAS DISTRIBUIDORA DE FRUTAS LTDA) VALDEIR ALVES DE LIMA

Intimação

Advogados:

HELBER DUARTE PESSOA

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ALEX FRANCIS ANTUNES

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ADRIANO JOSE ANTUNES

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Processo 1003867-22.2021.8.26.0495 - Procedimento Comum Cível - Títulos de Crédito - Ezio Carlos Borges - Frutvita - Distribuidora de Frutas Ltda (Kaw Bananas Distribuidora de Frutas Ltda) - - Anto… Processo 1003867-22.2021.8.26.0495 - Procedimento Comum Cível - Títulos de Crédito - Ezio Carlos Borges - Frutvita - Distribuidora de Frutas Ltda (Kaw Bananas Distribuidora de Frutas Ltda) - - Antonio Mello de Lima - - Valdeir Alves de Lima - Vistos. Trata-se de ação de cobrança ajuizada por Ezio Carlos Borges em face de Frutvita - Distribuidora de Frutas EIRELI, Antonio Mello de Lima e Valdeir Alves de Lima. Aduz o autor, em síntese, que é produtor rural no município de Sete Barras e vendeu, aos requeridos, no ano de 2021, a quantidade de 3266 (três mil, duzentos e sessenta e seis) caixas de bananas, tornando-se credor da quantia de R$ 77.890,00, representada por notas fiscais e outros documentos, vencida e não paga. Aponta que o requerido Valdeir Alves de Lima era quem realizava as transações em nome da empresa individual, titularizada por Antonio Mello de Lima, destinatário do produto. Alega que as cargas de bananas foram todas entregues no depósito comercial da empresa citada na cidade de Várzea Paulista/SP. Acreditou que conseguiria resolver amigavelmente a questão, tendo os devedores, inclusive, se comprometido ao pagamento realizando agendamento de "TEDs" para pagamento da dívida, porém as transferências não foram efetivadas nas datas agendadas. Requer, assim, a condenação dos requeridos ao pagamento do valor (então atualizado) de R$ 87.751,75, acrescidos de juros de mora e correção monetária até o efetivo pagamento. Indeferida a antecipação de tutela (fls. 37/38), todos os requeridos foram citados e apresentaram contestação conjunta por intermédio do mesmo advogado, sendo infrutífera a tentativa prévia de conciliação (fls. 88/89). Alegaram os demandados, em suma, que não reconhecem a aludida dívida decorrente de compras de bananas. Afirmam que não há prova documental da entrega das mercadorias. Defendem a ilegitimidade passiva das pessoas físicas, seja porque o segundo requerido não deve responder pessoalmente pelas dívidas da empresa, e o terceiro requerido não compõe formalmente os quadros societários (fls. 102/112). Réplica nos autos (fls. 135/139). Saneado o feito (fls. 149/150), durante a instrução foram ouvidas testemunhas (fls. 163/164). A parte autora apresentou seus memoriais às fls. 166/169, enquanto os requeridos o fizeram às fls. 182/184. Às fls. 185, o procurador das requeridas juntou renúncia ao mandato. Às fls. 202, determinou-se que os demandados fossem intimados a constituir novo patrono. Devidamente intimados (fls. 214, 221 e 222), os requeridos não constituíram novo procurador nos autos, razão pela qual os prazos correrão contra elas independentemente de intimação, conforme previsão do art. 76, §1º, II, do Código de Processo Civil. É o relatório. DECIDO. O pedido inicial é parcialmente procedente. Da análise dos documentos que acompanham a inicial, observo que as notas fiscais eletrônicas nº 656, 658 e 661, nos valores de R$ 10.600,00, R$ 10.200,00 e R$ 8.850,00, nas datas de 26/03/2021, 29/03/2021 e 01/04/2021, respectivamente (fls. 17/19), assim como as "notas fiscais de produtor" (fls. 24/28), com anotações manuscritas dos valores R$ 10.600,00 (26/03/2021), R$ 8.512,00 (29/03/2021), R$ 7.248,00 (01/04/2021), R$ 24,00 (01/04/2021) e R$ 21.856,00 (22/03/2021), por não estarem acompanhadas de qualquer comprovante de entrega das mercadorias, devidamente subscritas pelo recebedor, não são aptas à comprovação da alegada venda de bananas nelas, unilateralmente, descritas. Quanto a estas transações de venda e compra, portanto, não se desincumbiu o autor do seu ônus probatório previsto no art. 373, I, do CPC. Já os demais documentos de fls. 20/23, com anotações manuscritas de quantidade e valores de bananas negociadas, sendo R$ 16.096,00 (01/04/2021), R$ 18.708,00 (29/03/2021), R$ 21.230,00 (26/03/2021) e R$ 21.856,00 (22/03/2021), embora se reconheçam precários, permitem uma análise suficiente como meio de prova de eventual obrigação de pagar decorrente de compra e venda de produtos. Isso porque tais fichas de "controle interno" estão todas assinadas pelos réus, que não impugnaram especificamente as firmas lá apostas (fls. 102/112), sendo presumida a entrega da mercadoria, até porque, inclusive, tanto Valdeir quanto a empresa individual Frutvita chegaram até a fazer o agendamento dos respectivos pagamentos (nos exatos valores lá descritos) via TED bancária e agendamento DDA, tal como se colhe dos comprovantes de fls. 29/33; e, ausente prova do efetivo pagamento, a cobrança se mostra regular. Outrossim, não é razoável crer que a pessoa física de Valdeir Alves de Lima pudesse adquirir, exclusivamente para si, mais de um milhar de caixas de bananas, sendo patente sua vinculação com o empresário individual Antonio Mello de Lima, titular da empresa Frutvita - Distribuidora de Frutas EIRELI. Não por acaso Valdeir indicou todos os dados da empresa para fins de cadastro junto ao fornecedor e emissão de notas fiscais (fls. 17/19). Também não por acaso ambos residem na cidade de Várzea Paulista/SP (fls 83 e 85). E ainda não por acaso apresentaram contestação conjunta e foram defendidos neste feito pelo mesmo e único advogado (fls. 83, 85, 102, 185 e 199). A prova oral, igualmente, serviu para reforçar a convicção quanto a legitimidade da cobrança. A testemunha Daniel Fernandes Batista de Lima disse que conheceu o réu Valdeir através do fretero e já tinha feito uma carga e ido lá até o domicilio dos requeridos junto com o fretero. Valdeir lhe pediu indicação de um bom fornecedor de bananas e ele indicou o autor. Intermediou as compras e "subia com o caminhão" até a cidade dos demandados, onde entregava a carga e "acertava diretamente com Valdeir". O depósito dos demandados possui quatro caminhões fazendo as entregas lá. Era Valdeir quem aprovava a carga de bananas. As transações ocorreram em meados de 2021. Acompanhava a carga junto com o caminhão e a levava até Várzea Paulista. Chegando lá um funcionário ou o próprio Valdeir abriam o depósito e recebiam a carga. Reconheceu Valdeir na audiência. Foram quatro cargas e três mil e poucas caixas entregues no total, no valor aproximado de R$ 77 mil. Valdeir dizia que não estava conseguindo pagar, pois enfrentava dificuldades financeiras. Foi várias vezes conversar com Valdeir para tentar receber os pagamentos, inclusive numa delas foi acompanhado do próprio autor, mas nunca receberam nada. Quem constava como fornecedor nas notas fiscais era Ezio Borges e, como destinatário, Frutvita. A testemunha Andraus Harzer, por seu turno, disse que presenciou os "cortes de bananas" do sitio de Ezio Borges referentes à venda para Valdeir. Trabalha no sítio de Ezio. Presenciou Daniel conversando com Valdeir pelo telefone tratando sobre a venda das bananas para Frutvita. Foram mais ou menos 3200 caixas de banana que retiraram dos sítios Ipiranga e Quilombo, de propriedade do autor. O motorista do caminhão também lhe falou, várias vezes, que entregou as cargas de bananas no depósito de Valdeir, de nome Frutvita, na cidade de Várzea Paulista. E a testemunha Vera Batista Muniz, em juízo, disse que fez a emissão das notas fiscais e as entregou no sítio para o encarregado. As notas fiscais foram tiradas em nome da Frutvita, via Valdeir. Ligou várias vezes para Valdeir para tentar receber o valor da dívida, mas ele nunca pagou. Ele sempre confirmou o recebimento das bananas no depósito da Frutvita, mas sempre alegava dificuldades financeiras. Foram bastantes caixas de bananas vendidas. Valdeir chegou até a fazer agendamento de TEDs para a conta de Ezio como pagamento, mas quando chegava na data do vencimento, as operações de transferência não eram efetivadas. É ex-funcionária de Ezio. Trabalhava como auxiliar administrativo. A parte financeira era feita pelo próprio Ezio. Não tem formação jurídica. O conjunto de prova reunido, como se vê, é bastante ao convencimento acerca da existência do negócio jurídico de compra e venda de parte das mercadorias apontadas pelo autor na inicial, havendo demonstração robusta da efetiva entrega, sendo evidente a mora dos demandados. Em suma, comprovada a existência do crédito em favor do demandante (ainda que não no valor integral descrito na inicial), de rigor o acolhimento da pretensão. O questionamento dos réus acerca de eventual eiva escritural e/ou fiscal no proceder do autor nas vendas configura irregularidade administrativa junto aos órgãos reguladores, hipótese entretanto que não constitui invalidade da presente cobrança. Da mesma forma, em se tratando de empresário individual, inexiste eiva na busca de responsabilização patrimonial da pessoa física de seu titular. Ante o exposto, com fundamento no art. 487, I, do Código de Processo Civil, JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTE o pedido inicial para condenar solidariamente os requeridos ao pagamento do débito nos valores de R$ 16.096,00 (01/04/2021), R$ 18.708,00 (29/03/2021), R$ 21.230,00 (26/03/2021) e R$ 21.856,00, acrescidos de correção monetária desde a data dos respectivos vencimentos e com juros de mora contados da citação. Sucumbente na quase totalidade, arcarão os requeridos com a integralidade das custas, despesas processuais e honorários advocatícios do advogado da parte contrária, no percentual ora arbitrado de 10% do valor da condenação atualizado. Publique-se, intimem-se e cumpra-se. - ADV: HELBER DUARTE PESSOA (OAB 307926/SP), ALEX FRANCIS ANTUNES (OAB 315802/SP), HELBER DUARTE PESSOA (OAB 307926/SP), HELBER DUARTE PESSOA (OAB 307926/SP), ADRIANO JOSE ANTUNES (OAB 250849/SP)

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Condomínio Edifício Club Park Santana x Maria Cecilia Martins

ID: 275835081

Tribunal: TJSP Órgão: Foro Regional I - Santana - 2ª Vara Cível Classe: PROCEDIMENTO COMUM CíVEL Nº Processo: 1005844-71.2024.8.26.0001

Data de Disponibilização: 22/05/2025

Polo Ativo:

CONDOMíNIO EDIFíCIO CLUB PARK SANTANA

Polo Passivo:

MARIA CECILIA MARTINS

Intimação

Advogados:

FELIPE BRUNELLI DONOSO

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

ANTONIO FRENEDA NETO

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

ADV: Antonio Freneda Neto (OAB 229922/SP), Felipe Brunelli Donoso (OAB 235382/SP) Processo 1005844-71.2024.8.26.0001 - Procedimento Comum Cível - Reqte: Condomínio Edifício Club Park Santana - Reqda:… ADV: Antonio Freneda Neto (OAB 229922/SP), Felipe Brunelli Donoso (OAB 235382/SP) Processo 1005844-71.2024.8.26.0001 - Procedimento Comum Cível - Reqte: Condomínio Edifício Club Park Santana - Reqda: Maria Cecilia Martins - Vistos. Trata-se de Ação de Cobrança ajuizada por CONDOMÍNIO CLUB PARK SANTANA em face de MARCIA CECÍLIA MARTINS, alegando, em síntese, tratar-se de condomínio residencial situado na Av. Conceição, 97, Carandiru - São Paulo, local onde reside a ré, proprietária da unidade 41 - bloco B2. Sustenta que, em 15/05/2023, foi registrada ocorrência em razão de uma briga ocorrida na quadra de futebol entre o menor Matheus, residente na Unidade nº 41, bloco B2, ora unidade da ré, e um visitante da unidade 62 - bloco B2, marcada por extrema violência que resultou no desferimento de 3 golpes com canivete que atingiram Matheus na região do abdômen. Narra que Matheus vem praticando atos de bullying há tempo no condomínio, o que deu motivo à briga, inclusive tendo cuspido no visitante dentro do elevador momentos antes da agressão. Narra, ainda, que, após a chegada da equipe de segurança do Condomínio, o pai de Matheus, Sr. Marcelo, tentou agredir fisicamente o menor visitante, o qual estava sentado e contido, bem como o irmão de Matheus, Raphael, chegou ao local portando uma arma de fogo dentro do condomínio. Alega que a ré possui mais de 22 penalidades aplicadas nos últimos anos, além de Inquérito Policial instaurado em razão de os moradores da unidade em que reside a ré terem atirado de airsoft contra a casa de vizinha idosa e seu animal de estimação. Em razão de todo o ocorrido, a unidade foi multada nos termos do art. 1337, parágrafo único, do Código Civil, em 05/06/2023, mas, até então, não houve pagamento da dívida, cujo vencimento era em 26/06/2023, perfazendo o montante de R$10.504,06. Requer a procedência da ação para condenar a requerida ao pagamento do débito atualizado de R$ 10.504,06. Contestação às fls. 91/102, preliminarmente, sustentando inépcia da inicial. No mérito, sustenta que a imposição de multa não indicou o artigo violado, bem como que não poderia a ré ser punida por ter seu filho sido vítima de agressão. Alega, ainda, que o art. 1.337 do C.C determina a necessidade da deliberação de dos condôminos para a aplicação de multa, quórum não respeitado pela Assembleia Geral Extraordinária realizada pelo condomínio. Réplica às fls. 113/121. Instadas a produzir provas (fls. 122), as partes requereram a produção de prova oral. É o relatório. Fundamento e decido. Inicialmente indefiro a produção de prova testemunhal pleiteada pelas partes, pois considero o feito suficientemente maduro para julgamento, nos termos do art. 355, inciso II, do Código de Processo Civil, e desnecessária a produção de outras provas para além das demonstradas nos autos. Não há falar em inépcia da inicial, uma vez que a inicial cumpre com todos os requisitos elencados nos artigos 319 e seguintes do Código de Processo Civil, tendo viabilizado o exercício do contraditório a contento. No mérito, o pedido é improcedente. Trata-se de ação de cobrança em que o condomínio autor busca o pagamento de multa aplicada em razão de comportamento antissocial praticado reiteradamente pela unidade da ré. A ré sustenta a nulidade da multa, por ter o autor cerceado seu direito ao contraditório e à ampla defesa, bem como por não ter seguido os requisitos formais para a aplicação da multa, conforme dita o art.1.337 do Código Civil. Em relação ao cerceamento do direito ao contraditório e à ampla defesa, as arguições da ré não merecem guarida. Isso porque o documento de fls. 49/52, juntamente com a notificação de fls. 53/54,demonstram que a autora foi advertida pelo comportamento antissocial que deu origem à multa, com a devida descrição dos atos praticados e o artigo violado. Ainda, houve a devida convocação para a Assembleia Condominial (fls. 55), cuja ata é clara ao informar que houve sustentação oral por parte do advogado da ré, o qual defendeu as razões recursais da condômina (fls. 57). Sendo assim, não houve violação à ampla defesa e ao contraditório. Por outro lado, não houve o cumprimento dos requisitos formais necessários para a aplicação da multa por comportamento antissocial. Isso porque, por ser medida excepcional, a questão deve ser decidida por quórum qualificado (3/4 dos condôminos restantes), e não por maioria simples, como ocorreu no caso em questão, conforme dispõe o art. 1.337, do Código Civil, in verbis: Art. 1337. O condômino, ou possuidor, que não cumpre reiteradamente com os seus deveres perante o condomínio poderá, por deliberação de três quartos dos condôminos restantes, ser constrangido a pagar multa correspondente até ao quíntuplo do valor atribuído à contribuição para as despesas condominiais, conforme a gravidade das faltas e a reiteração, independentemente das perdas e danos que se apurem. Parágrafo único. O condômino ou possuidor que, por seu reiterado comportamento antissocial, gerar incompatibilidade de convivência com os demais condôminos ou possuidores, poderá ser constrangido a pagar multa correspondente ao décuplo do valor atribuído à contribuição para as despesas condominiais, até ulterior deliberação da assembleia. (g.N) O documento de fls. 13/28 indica que apenas as Torres A1 e A2 do Condomínio contam com 76 unidades, isto é, 19 andares com 4 apartamentos em cada andar. Juntamente com as Torres B1 e B2, que detêm 28 unidades (7 andares, 4 apartamentos por andar), o Condomínio conta com 104 unidades. O quórum para a aplicação da multa por comportamento antissocial é o de dos condôminos restantes, ou seja, dos condôminos além do condômino a ser multado. Sendo assim, para que o rito formal fosse cumprido, deveria haver, no mínimo, de 103 unidades a favor da aplicação da multa, o que consistiria em, no mínimo, 77 votos. Contudo, da ata depreende-se que houve apenas 27 votos no total (fls. 58). Nesse sentido, este E. TJSP: "CONDOMÍNIO - Ação objetivando exclusão de morador antissocial - Revelia - Presunção relativa dos efeitos do artigo 344 do Código de Processo Civil - Ausência de verossimilhança das alegações da autora - Inteligência do artigo 1.377 do Código Civil - Exigência de assembleia deliberativa sobre o tema, para aplicação de sanção pecuniária, na qual não se obteve sequer o quórum mínimo para o fim pretendido, inclusive para a propositura da presente ação - Precedentes - Sentença reformada e tutela revogada - Pedido julgado improcedente - Sucumbência invertida. Apelação provida." (TJSP; Apelação Cível 1000552-98.2021.8.26.0005; Relator (a):Sá Moreira de Oliveira; Órgão Julgador: 33ª Câmara de Direito Privado; Foro Regional V - São Miguel Paulista -2ª Vara Cível; Data do Julgamento: 26/06/2024; Data de Registro: 26/06/2024)(g.N) "PROCESSUAL CIVIL - SENTENÇA - NULIDADE - JULGAMENTO ANTECIPADO DA LIDE - CERCEAMENTO DE DEFESA - NÃO OCORRÊNCIA - PRELIMINAR AFASTADA. Presentes os requisitos do art. 355, I, do Código de Processo Civil, impõe-se o julgamento antecipado da lide, não caracterizando este fato a nulidade por cerceamento de defesa, mormente pelo fato de que a impugnação apontada pela autora quanto ao conteúdo da mídia juntada aos autos, que conteria gravações editadas dos entreveros entre as partes, não se mostrou comprovada, razão por que deve ser rejeitada. CONDOMÍNIO EDILÍCIO - AÇÕES DE ANULAÇÃO DE MULTA CONDOMINIAL C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS EM FACE DO CONDOMÍNIO E DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS CONTRA AS PESSOAS DO SÍNDICO E SUBSÍNDICA - JULGAMENTO CONJUNTO - ALEGAÇÃO DE VÍCIO DE FORMALIDADE NA APLICAÇÃO DA MULTA - DEMONSTRAÇÃO - DELIBERAÇÃO APENAS PELO CORPO DIRETIVO DO CONDOMÍNIO, EM DESACORDO COM O PREVISTO NO ART. 1.337 DO CÓDIGO CIVIL - OFENSAS PROFERIDAS PELA AUTORA CONTRA O SÍNDICO COMPROVADAS - PARCIAL PROCEDÊNCIA DA ANULATÓRIA C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E PARCIAL PROCEDÊNCIA DA PRETENSÃO RECONVENCIONAL - SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA - RECONHECIMETO - RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. I- Restando demonstrado que o condomínio, ao aplicar a multa objeto da ação, não atendeu aos requisitos formais expressamente estipulados em lei (art. 1.337, "caput", do CC), que prevê que a multa por infração é aplicável ao condômino por Assembleia Geral, desde que haja notificação prévia e o quórum qualificado de dos condôminos restantes, de rigor é a anulação da aludida multa por vício de formalidade; II- Comprovadas as ofensas proferidas pela autora-reconvinda à pessoa do síndico, fato ensejador de dano moral indenizável, deve ser mantida a condenação atinente a indenização por danos morais, cujo valor, de R$ 2.700,00, resta confirmado; III- Ante o reconhecimento da sucumbência recíproca em relação à ação anulatória c/c indenização por danos morais e à reconvenção ofertada nos autos da ação indenizatória, sendo que nesta, não foi acolhida a pretensão indenizatória quanto à subsíndica Roberta Desiderio Cabral, de rigor que, com fulcro no art. 86 do CPC, a distribuição igualitária dos ônus de sucumbência, devendo cada parte deverá arcar com metade das custas e com os honorários advocatícios, ora majorados para R$ 4.000,00, ante o disposto no art. 85, §§ 2º, 8º e 11 do CPC, que deverão ser pagos pelas partes aos defensores adversos, mantida, no mais, a condenação da autora a arcar com as custas, despesas processuais e honorários advocatícios também majorados para R$ 4.000,00 em relação à ação indenizatória ajuizada em face do síndico e subsíndico, observando-se a gratuidade judiciária concedida."(TJSP; Apelação Cível 1003867-17.2019.8.26.0002; Relator (a):Paulo Ayrosa; Órgão Julgador: 31ª Câmara de Direito Privado; Foro Regional II - Santo Amaro -4ª Vara Cível; Data do Julgamento: 30/09/2020; Data de Registro: 30/09/2020)(g.N) Havendo vício formal na multa aplicada, esta não é devida, razão pela qual a cobrança é improcedente. Ante o exposto, JULGO IMPROCEDENTE o pedido deduzido na inicial porCONDOMÍNIO CLUB PARK SANTANAcontra MARCIA CECÍLIA MARTINS. Por conseguinte, JULGO EXTINTO o processo, com resolução do mérito, com fundamento no artigo 487, inciso I, do Código de Processo Civil. Em razão da sucumbência, arcará o autor com as custas, despesas processuais e honorários advocatícios, que fixo em 10% sobre o valor atribuído à causa, devidamente atualizado. P.I.

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Edna Pereira Rodrigues x Instituto Nacional Do Seguro Social - Inss

ID: 301272817

Tribunal: TRF1 Órgão: 12ª Vara Federal de Juizado Especial Cível da SJPA Classe: PROCEDIMENTO DO JUIZADO ESPECIAL CíVEL Nº Processo: 1003867-79.2025.4.01.3900

Data de Disponibilização: 17/06/2025

Polo Ativo:

EDNA PEREIRA RODRIGUES

Polo Passivo:

INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

Sentença Tipo A

Advogados:

MOISES DOS SANTOS SILVA

OAB/PA XXXXXX Desbloquear

PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA FEDERAL Seção Judiciária do Pará 12ª Vara Federal de Juizado Especial Cível da SJPA PROCESSO: 1003867-79.2025.4.01.3900 CLASSE: PROCEDIMENTO DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL (436) P… PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA FEDERAL Seção Judiciária do Pará 12ª Vara Federal de Juizado Especial Cível da SJPA PROCESSO: 1003867-79.2025.4.01.3900 CLASSE: PROCEDIMENTO DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL (436) POLO ATIVO: EDNA PEREIRA RODRIGUES REPRESENTANTES POLO ATIVO: MOISES DOS SANTOS SILVA - PA23741 POLO PASSIVO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS SENTENÇA Requer a parte autora a concessão do benefício de amparo assistencial à pessoa com deficiência, bem como o pagamento das parcelas em atraso. FUNDAMENTAÇÃO O direito à percepção de benefício assistencial encontra máxima previsão no inciso V do art. 203 da Constituição Federal e se consubstancia na garantia de um salário-mínimo mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua família. A necessária regulamentação do citado dispositivo constitucional ocorreu através dos artigos 20 e 21 da Lei nº 8.742, de 07.12.93 (Lei Orgânica da Assistencial Social – LOAS) e, posteriormente, pelo art. 34 da Lei 10.741, de 1º de outubro de 2003 (Estatuto do Idoso). De maneira sucinta, podem ser elencados os seguintes requisitos legais para a concessão do referido benefício, além da renda familiar mensal per capita inferior a ¼ do salário-mínimo (art. 20, §3º, da LOAS): a) comprovação da deficiência, consubstanciada em impedimentos de longo prazo de natureza física, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com uma ou mais barreiras, possam obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade; b) ou possuir 65 anos de idade. Saliente-se ainda que, para fins de preenchimento do requisito econômico, até o advento da Lei n. 12.435, de 06 de julho de 2011 (D.O.U. 07.07.2011), o § 1º do art. 20 da Lei 8.742/93 (LOAS) definia o grupo familiar como sendo “o conjunto de pessoas que vivam sob o mesmo teto, elencadas no art. 16 da Lei n. 8.213/91, desde que vivam sob o mesmo teto”. Após a entrada em vigor da alteração legal, o mencionado §1º passou a definir a família como aquela “composta pelo requerente, o cônjuge ou companheiro, os pais e, na ausência de um deles, a madrasta ou o padrasto, os irmãos solteiros, os filhos e enteados solteiros e os menores tutelados, desde que vivam sob o mesmo teto”. Quanto ao requisito econômico, é importante registrar que, no julgamento dos Recursos Extraordinários RE 567985/MT e 580963/PR, submetido ao rito da repercussão geral, o Plenário do Supremo Tribunal Federal declarou a inconstitucionalidade incidenter tantum do § 3º, do art. 20, da Lei 8.742/93. A maioria dos Ministros da Corte Suprema entendeu que o critério objetivo fixado pelo dispositivo legal (1/4 do salário-mínimo) estaria defasado e em descompasso com os critérios econômicos estabelecidos para concessão de outros benefícios de viés assistencial. Ademais, restou pacificado que a miserabilidade do grupo familiar deveria ser aferida no caso concreto. Ainda no que tange ao requisito econômico, é importante esclarecer que este foi alterado pela Lei n. 14.176/2021, que incluiu o § 11-A ao art. 20 da LOAS, estabelecendo que “O regulamento de que trata o § 11 deste artigo poderá ampliar o limite de renda mensal familiar per capita previsto no § 3º deste artigo para até 1/2 (meio) salário-mínimo, observado o disposto no art. 20-B desta Lei”. Já o art. 20-B elenca, em seus incisos, os elementos e aspectos que deverão ser considerados para ampliação do critério de aferição da renda familiar mensal per capita, in verbis: I - o grau de deficiência; II - a dependência de terceiros para o desempenho de atividades básicas da vida diária; e III – o comprometimento do orçamento do núcleo familiar de que trata o § 3º do art. 20 desta Lei exclusivamente com gastos médicos, com tratamentos de saúde, com fraldas, com alimentos especiais e com medicamentos do idoso ou da pessoa com deficiência não disponibilizados gratuitamente pelo SUS, ou com serviços não prestados pelo Suas, desde que comprovadamente necessários à preservação da saúde e da vida. Nessa linha, a jurisprudência consolidou que no cálculo da renda familiar é excluída a quantia equivalente a um salário-mínimo percebida em decorrência de outro benefício de caráter assistencial ou previdenciário percebido por cônjuge do pretendente. "Em respeito aos princípios da igualdade e da razoabilidade, deve ser excluído do cálculo da renda familiar per capita qualquer benefício de valor mínimo recebido por maior de 65 anos, independentemente se assistencial ou previdenciário, aplicando-se, analogicamente, o disposto no parágrafo único do art. 34 do Estatuto do Idoso." (STJ. Pet 2.203/PE, Rel. Min. MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, TERCEIRA SEÇÃO, DJe 11/10/2011). Outrossim, a Lei n. 13.982/2020 introduziu o § 14 ao art. 20 da LOAS, prevendo a exclusão do cômputo no cálculo da renda familiar do benefício de prestação continuada ou benefício previdenciário no valor de até um salário-mínimo concedido a idoso acima de 65 (sessenta e cinco) anos de idade ou a pessoa com deficiência, quando a concessão se destinar a outro idoso ou pessoa com deficiência da mesma família. Repisa-se ainda, que o exame da renda familiar também aquilata a possibilidade de outros membros dos deveres familiares prestarem a necessária assistência civil ao deficiente ou ao idoso. Assim é que a TNU, no PEDILEF do processo n. 0517397-48.2012.4.05.8300, julgado de 23/02/2017, firmou a tese de que “o benefício assistencial de prestação continuada pode ser indeferido se ficar demonstrado que os devedores legais podem prestar alimentos civis sem prejuízo de sua manutenção”. DA VERIFICAÇÃO DOS REQUISITOS LEGAIS NO CASO CONCRETO DO IMPEDIMENTO DE LONGO PRAZO O laudo pericial atestou que a parte autora não apresenta deficiência que lhe acarrete impedimentos de longo prazo de natureza física, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, obstruam sua participação plena e efetiva na sociedade com as demais pessoas. Segundo o expert, a patologia de que é portadora a parte autora não implica deficiência nas funções e estruturas do corpo que o(a) enquadrem no conceito de pessoa portadora de deficiência, nos termos do art. 4°, do Decreto n° 3.298/99. Nesse contexto, extrai-se que a parte autora não possui impedimento de longo prazo capaz de (simultânea e ao menos moderadamente) comprometer as funções e estruturas de seu corpo e prejudicar o desempenho de suas atividades e a sua participação na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas (art. 20, parágrafo segundo, da LOAS). Calha destacar as disposições trazidas pela referida legislação que regulamenta a Lei nº 7.853/89: Art. 3º. Para os efeitos deste Decreto, considera-se: I - deficiência – toda perda ou anormalidade de uma estrutura ou função psicológica, fisiológica ou anatômica que gere incapacidade para o desempenho de atividade, dentro do padrão considerado normal para o ser humano; II - deficiência permanente – aquela que ocorreu ou se estabilizou durante um período de tempo suficiente para não permitir recuperação ou ter probabilidade de que se altere, apesar de novos tratamentos; e III - incapacidade – uma redução efetiva e acentuada da capacidade de integração social, com necessidade de equipamentos, adaptações, meios ou recursos especiais para que a pessoa portadora de deficiência possa receber ou transmitir informações necessárias ao seu bem-estar pessoal e ao desempenho de função ou atividade a ser exercida. Com efeito, o quadro de saúde da parte autora não se amolda ao conceito de deficiência, devendo ela se valer dos serviços da Previdência Social, se filiada ao RGPS, ou do SUS, gratuito, uma vez considerada a tripartição de competências da Seguridade Social e os riscos sociais cobertos por cada uma das três esferas. O que se tem, nos autos, em verdade, é a tentativa de se socorrer a autora, financeiramente, da assistência social, valendo-se de um risco social por ela não coberto. Reconheço, pois, a idoneidade e a completude do laudo do auxiliar técnico do juízo. Reputo suficiente tal prova técnica para a solução da causa e, de consequência, entendo que não foi comprovado o requisito basilar previsto em lei para a concessão do benefício pleiteado, tanto por meio dos documentos juntados ao processo, como, e principalmente, pelo laudo pericial. Destaque-se que exames e diagnósticos apresentados por médicos particulares, não obstante sua importância, não podem fundamentar o decreto de procedência, já que o laudo pericial realizado neste Juizado é confeccionado por médico de confiança do Juiz, que prestou compromisso de bem desempenhar o mister, e pode formar o seu livre entendimento de acordo com o conjunto probatório, como a entrevista e o exame clínico realizados quando da perícia judicial. Registre-se que, durante a perícia judicial, especialmente através do exame físico, o(a) expert executa diversos procedimentos no intuito de verificar se o periciando apresenta alguma espécie de comprometimento nas funções e estruturas de seu corpo. Nesse sentido, ainda que eventual patologia não conste do laudo pericial, não se pode com base nisso afastar a conclusão do(a) auxiliar técnico(a) do juízo quanto à ausência de impedimento de longo prazo, ante a demonstração da inexistência de qualquer disfuncionalidade orgânica insuscetível de reversão ou cura e capaz de comprometer significativamente a participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas. Assim, ausente se faz um dos requisitos necessários à concessão do benefício pleiteado na inicial, já que, como dito alhures, o(a) demandante não apresenta impedimento de longo prazo capaz de obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas, sendo desnecessária a análise do requisito cumulativo -hipossuficiência econômica -, uma vez que tal questão não é capaz de infirmar a conclusão adotada por este julgador, nos termos do art. 489, § 1º, IV, do CPC/2015, visto que a improcedência cinge-se ao não preenchimento do requisito previsto no § 2.º do art. 20 da LOAS. DISPOSITIVO Ante o exposto, julgo improcedente o pedido da inicial, extinguindo o processo com resolução de mérito, nos termos do art. 487, inciso I, do CPC, para rejeitar o pleito de concessão de amparo assistencial à pessoa com deficiência. Defiro os benefícios da justiça gratuita (arts. 98 e 99, do CPC). Sem custas ou honorários de sucumbência nesta instância (art. 55 da Lei n.º 9.099/95). Intimem-se as partes. Em havendo interposição de recurso, a Secretaria deverá proceder à intimação para contrarrazões, no prazo legal, sendo que, decorrido tal prazo, deverão os autos ser encaminhados à Turma Recursal, independentemente de novo despacho. Transitada em julgado e não sendo modificada a sentença, arquivem-se os autos com baixa na distribuição. (datado e assinado eletronicamente) Eneias Alexandre Gonçalves Torres Juiz Federal

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Ivanildo Pedroso De Amorim x Adao Teodoro De Almeida e outros

ID: 323817522

Tribunal: TJMT Órgão: VARA ÚNICA DE NOBRES Classe: PROCEDIMENTO COMUM CíVEL Nº Processo: 1006181-84.2022.8.11.0086

Data de Disponibilização: 14/07/2025

Polo Ativo:

IVANILDO PEDROSO DE AMORIM

Polo Passivo:

ADAO TEODORO DE ALMEIDA AMANDA BORGES ESTEVES

Intimação

Advogados:

DIEGO PEREIRA DE IGREJA

OAB/MT XXXXXX Desbloquear

JONAS MENDES BARRAVIEIRA REGISTRADO(A) CIVILMENTE COMO JONAS MENDES BARRAVIEIRA

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ESTADO DE MATO GROSSO PODER JUDICIÁRIO VARA ÚNICA DE NOBRES SENTENÇA Processo: 1006181-84.2022.8.11.0086. REQUERENTE: IVANILDO PEDROSO DE AMORIM REQUERIDO: ADAO TEODORO DE ALMEIDA, AMANDA BORGES ESTE… ESTADO DE MATO GROSSO PODER JUDICIÁRIO VARA ÚNICA DE NOBRES SENTENÇA Processo: 1006181-84.2022.8.11.0086. REQUERENTE: IVANILDO PEDROSO DE AMORIM REQUERIDO: ADAO TEODORO DE ALMEIDA, AMANDA BORGES ESTEVES Vistos. Trata-se de AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS C.C. DANO MORAIS ajuizada por IVANILDO PEDROSO DE AMORIM em face de ADÃO TEODORO DE ALMEIDA e AMANDA BORGES ESTEVES, todos devidamente qualificados nos autos em epígrafe. Em suma, alegou na inicial que em 27/11/2021 o Autor adquiriu do Requerido Adão, o veículo CHEVROLET/S10 LT DD2A, de cor Preta, placa IZS0C12, diesel, 2014/2015, renavam 01047732456, Chassi 9BG148EK0FC407981, pelo valor de R$ 175.880,00 (cento e setenta e cinco mil oitocentos e oitenta reais). Seguiu narrando que realizou o pagamento do montante total de R$ 97.146,00 (noventa e sete mil, cento e quarenta e seis reais) estabelecido no contrato por meio de transferências bancárias, para os dois Requeridos, que são cônjuges. Afirmou que, após aproximadamente sete meses da compra do veículo, foi surpreendido pela guarnição da Policia Militar informando que havia adulterações em seu veículo, sendo conduzido e autuado por crime de receptação, tendo pago fiança de R$ 3.636,00 (três mil, seiscentos e trinta e seis reais) para ser posto em liberdade. Aduziu que após esses fatos os Requeridos foram investigados e denunciados pelo crime de receptação por várias vezes, sendo o Requerido Adão condenado em primeira instância nos autos nº 1003747-25.2022.8.11.0086, em trâmite na Comarca de Nova Mutum/MT e a Requerida Amanda denunciada juntamente com ele nos autos nº 1000833-59.2022.8.11.0030, em trâmite na Comarca de Nobres/MT. Diante do exposto, a parte Requerente pugnou, liminarmente, pelo bloqueio de bens em face dos Requeridos e no mérito a condenação dos Requeridos ao pagamento de indenização por danos materiais e morais. Decisão inicial em id. 107155023 indeferindo o pedido de antecipação dos efeitos da tutela de urgência. Devidamente citado o Requerido Adão apresentou contestação em id. 119606917, argumentando, liminarmente, a incompetência do juízo em razão da eleição de foro contido no contrato de compra e venda do veículo. No mérito, defende o desconhecimento da origem ilícita do automóvel. Quanto ao pedido de reparação de danos materiais afirma que em sentença os autos nº 1003747-25.2022.811.0086 já foi condenado à reparação do dano, fixando o valor de R$ 77.000,00 (setenta e sete mil reais), e caso novamente seja condenado nestes autos restará configurado bis in idem. Aduziu ainda que o valor pago pelo Autor a título de fiança já fora devidamente restituído. No tocante aos danos morais, afirma que houve apenas mero aborrecimento, uma vez que o automóvel não possuía impedimentos, não havendo comprovação de danos morais suportados pelo Requerente. Outrossim, em caso de eventual condenação, requer que a fixação do valor da indenização atente-se para o fato de que os supostos danos alegados pelo requerente não lhe trouxeram dor intensa, menoscabo social, situação constrangedora a ponto que a indenização seja fixada em grau tão elevado. A Requerida Amanda apresentou contestação em id. 119634244, na qual argui, preliminarmente, a incompetência do juízo e a ilegitimidade passiva, uma vez que nunca participou de qualquer transação entre seu ex-convivente e qualquer pessoa, limitando-se a em emprestar a sua conta. No mérito, reiterou as alegações apresentadas pelo Requerido Adão, bem como acrescenta que em eventual condenação da obrigação de reparar os danos materiais, estes devem se liminar ao montante recebido pela Requerida em sua conta bancária, qual seja o total de R$ 11.120,00 (onze mil cento e vinte reais). Impugnações às contestações apresentadas em id. 121560653. Intimados quanto a produção probatória, as partes Requeridas informaram que pretendiam produzir prova testemunhal (id. 128337529). A parte Requerente permaneceu inerte. Decisão de declínio de competência no id. 183480556. Decisão saneadora no id. 192074457. Na oportunidade foi fixado os seguintes pontos controvertidos: i) (in)existência de responsabilidade civil dos requeridos pelo dano material e seu valor, ii) abatimento do valor do dano material pela condenação na esfera criminal, iii) limitação da responsabilidade da ré Amanda ao montante recebido em sua conta, qual seja, R$ 11.120,00, iv) (in)existência de responsabilidade civil dos requeridos pelo dano moral e seu valor. Após, houve por parte dos requeridos a desistência da produção da prova oral, permanecendo o autor inerte. Vieram os autos conclusos. É O RELATÓRIO. FUNDAMENTO E DECIDO. O feito se encontra saneado. Ausentes outras preliminares passo a análise de mérito. Observo que o presente feito se ocupa de matéria unicamente de direito, comportando julgamento no estado em que se encontra, revelando, por isso, desnecessário o início da fase instrutória, até mesmo porque a única parte que pediu a produção da prova oral desistiu (art. 355, inciso I do CPC). Os pedidos iniciais são parcialmente procedentes. Cinge-se a controvérsia a análise da eventual existência de responsabilidade civil dos requeridos, Adão Teodoro de Almeida e Amanda Borges, pela prática de ato ilícito que teria culminado em danos de natureza material e moral ao requerente Ivanildo Pedroso de Amorim. No que tange à responsabilidade civil, impende ressaltar que esta será analisada à luz dos pressupostos delineados no ordenamento jurídico pátrio, quais sejam: i) a existência de conduta voluntária (ação ou omissão); ii) a ocorrência de um dano juridicamente relevante; e iii) o nexo de causalidade entre a conduta do agente e o resultado danoso, conforme estabelecido nos artigos 186 e 927 do Código Civil. No caso em apreço, é incontroverso que as partes Ivanildo Pedroso de Amorim e Adão Teodoro de Almeida celebraram contrato de compra e venda, conforme instrumento contratual acostado no Id. 103266164. De acordo com a cláusula sexta do referido pacto, foi ajustado o valor total da negociação em R$ 175.880,00 (cento e setenta e cinco mil, oitocentos e oitenta reais), a ser pago da seguinte forma: R$ 77.000,00 (setenta e sete mil reais), pagos à vista no ato da assinatura do contrato; R$ 98.880,00 (noventa e oito mil, oitocentos e oitenta reais), pagos em 48 parcelas mensais de R$ 2.060,00 (dois mil e sessenta reais), vencíveis a partir de 05 de janeiro de 2022, com término previsto para 05 de janeiro de 2025, mediante o resgate de promissórias firmadas pelo comprador. Sendo assim, em relação aos danos materiais, verifico que o conjunto probatório é suficiente para comprovar os prejuízos sofridos. APELAÇÃO CÍVEL. INDENIZAÇÃO. DANOS MORAIS E MATERIAIS. ACIDENTE DE TRÂNSITO. RECIBOS E NOTAS. PROVAS NÃO DESCONSTITUÍDAS. SENTENÇA MANTIDA. - O dano material é aquele que atinge o patrimônio da parte, capaz de ser mensurado financeiramente e indenizado, competindo ao autor a comprovação da sua ocorrência - Comprovados os danos materiais por meio de recibos e notas fiscais, compete a parte contrária desconstituir referidos documentos. (TJ-MG - AC: 10145120786150001 MG, Relator: Alexandre Santiago, Data de Julgamento: 01/05/0018, Data de Publicação: 09/05/2018) Desta feita, parte do valor acordado foi efetivamente quitado, sendo alcançado o montante de R$ 97.146,00 (noventa e sete mil, cento e quarenta e seis reais). Contudo, conforme documentos acostados ao feito, notadamente do processo criminal nº 1003747-25.2022.8.11.0086, verifico que foi prolatada sentença condenatória já transitada e julgada em desfavor do réu Adão Teodoro de Almeida, no julgado foi determinado a reparação do dano material no importe de R$ 77.000,00 (setenta e sete mil reais). Segue o trecho do dispositivo: Por todo o exposto, JULGO PROCEDENTE a presente ação para CONDENAR o réu ADÃO TEODORO DE ALMEIDA, devidamente qualificado nos autos, à pena de 15 (quinze) anos de reclusão em regime inicial fechado, e 50 (cinquenta) dias-multa, calculados à proporção de 1/30 (um trinta avos) do salário mínimo vigente na época dos fatos, pela prática do crime previsto pelo artigo 180,§§1º e 2º, por cinco vezes, na forma do artigo 69do Código Penal, negando-lhe o direito de recorrer em liberdade desta sentença. Condeno-o, ainda ao pagamento de valor mínimo para reparação dos prejuízos materiais suportados pelas vítimas nos valores de: a) R$ 77.000,00 (setenta e sete mil reais), em favor da vítima Ivanildo Pedroso de Amorim; Considerando que os fatos ora discutidos coincidem com aqueles que fundamentaram a condenação criminal proferida em processo anteriormente julgado, cujo trânsito em julgado já se operou, e tendo em vista que naquela oportunidade foi imposta a obrigação de reparação pelos danos materiais no montante correspondente, não cabe a estes autos nova condenação de reparação com relação aos valores já reconhecidos. Dessa forma, necessária consideração do valor já fixado na esfera penal, para fins de abatimento, uma vez que a decisão na seara criminal corresponde ao mínimo da indenização. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS. INCÊNDIO CRIMINOSO. ACORDO DE NÃO PERSECUÇÃO PENAL. REPARAÇÃO DE DANOS MATERIAIS NA SEARA CRIMINAL . IMPOSSIBILIDADE DE PERSEGUIR O MESMO VALOR NA ESFERA CÍVEL. DANO MORAL. CARACTERIZAÇÃO. REDUÇÃO EM RAZÃO DAS PECULIARIDADES DO CASO . Autor que teve a motocicleta incendiada pela ré no interior do condomínio perante vizinhos, vez que não se conformou com o fim do namoro entre ambos. Perda total. Privação do bem por meses. Dano moral caracterizado . Ressarcimento do valor da motocicleta na seara criminal em âmbito de ANPP. Aproveitamento na esfera cível, sob pena de bis in idem. Quantum da reparação arbitrado, porém, que deve ser reduzido para R$3.000,00 em vista das especificidades do caso . Sentença parcialmente reformada. Recurso provido em parte. (TJ-SP - Recurso Inominado Cível: 1003867-53.2022 .8.26.0344 Marília, Relator.: José Antonio Bernardo, Data de Julgamento: 25/05/2023, 1ª Turma Cível, Data de Publicação: 26/05/2023) No tocante aos danos morais, foi comprovada a prática de ato ilícito por parte do requerido Adão Teodoro de Almeida, consubstanciado na venda à parte autora de bem oriundo de furto, o que culminou no indiciamento desta e na expedição de ordem de prisão pelo delito de receptação. A conduta do requerido extrapola os limites do mero inadimplemento contratual, violando direitos da personalidade da parte autora, em especial sua honra e liberdade, o que configura lesão moral passível de reparação. Nesse sentido, estando presentes os pressupostos da responsabilidade civil, a pretensão indenizatória por danos morais é medida que se impõe. APELAÇÃO CÍVEL – AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS – AQUISIÇÃO DE APARELHO CELULAR – PRODUTO DE FURTO – CONDUTA ILÍCITA PRATICADA PELA REQUERIDA QUE CULMINOU NO INDICIAMENTO E ORDEM DE PRISÃO DA REQUERENTE POR RECEPTAÇÃO COM POSTERIOR PAGAMENTO DE FIANÇA – RESPONSABILIDADE CIVIL CONFIGURADA – DANO MORAL EVIDENCIADO – QUANTUM INDENIZATÓRIO MANTIDO – SENTENÇA RATIFICADA – RECURSO DESPROVIDO. No caso concreto, o dano moral está devidamente caracterizado, já que decorrente da conduta ilícita da requerida em vender à autora produto objeto de furto culminando em seu indiciamento e ordem de prisão por receptação, gerando a obrigação de indenizar. O valor da indenização por dano moral deve ser arbitrado em consonância com princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, promovendo-se de modo justo a compensação do ofendido e a punição do ofensor, sendo que no caso, a fixação do quantum indenizatório merece ser mantido. (N.U 1000486-74.2019.8.11.0048, CÂMARAS ISOLADAS CÍVEIS DE DIREITO PRIVADO, ANTONIA SIQUEIRA GONCALVES, Terceira Câmara de Direito Privado, Julgado em 22/07/2023, Publicado no DJE 22/07/2023) Contudo, AFASTO a responsabilidade civil indenizatória em relação a requerida Amanda Borges Esteves, porquanto o mero fato de ser, à época dos eventos, casada com Adão Teodoro de Almeida, não constitui, por si só, elemento suficiente para presumir sua ciência ou participação nas condutas lesivas descritas nos autos. Com efeito, inexiste qualquer elemento probatório robusto que evidencie a efetiva atuação da demandada nas tratativas comerciais que culminaram nos prejuízos alegados pelo autor. Pelo contrário, os elementos constantes do caderno processual indicam que as negociações foram entabuladas exclusivamente por Adão, sendo este o único a manter contato direto com a parte autora, bem como a praticar os atos negociais que ensejaram a controvérsia. Ressalto que a mera titularidade de conta bancária que recebeu valores, por si só, não configura conduta voluntária, tampouco comprova o animus de colaboração com o ilícito civil, pois inexistem indícios de que a requerida tivesse ciência do vício na origem dos valores ou participação na dinâmica fraudulenta narrada na inicial. Destaco, ainda, que, embora a requerida tenha sido absolvida em ação penal relativa a fatos semelhantes aos ora examinados, referida decisão não produz efeito vinculante na esfera cível, nos termos do art. 935 do Código Civil. “Art. 935. A responsabilidade civil é independente da criminal, não se podendo, porém, questionar mais sobre a existência do fato, ou sobre quem seja o seu autor, quando estas questões se acharem decididas no juízo criminal.” Todavia, observo que a parte autora não logrou êxito em comprovar a existência de conduta comissiva ou omissiva voluntária, tampouco o nexo de causalidade entre qualquer ato atribuível à referida demandada. Com relação ao quantum indenizatório, existem postulados a serem seguidos, de modo a evitar a plena discricionariedade do magistrado. Não é por outro motivo que o Superior Tribunal de Justiça estabeleceu critério a ser seguido para a determinação do montante. É ele o sistema do arbitramento pelo método bifásico, ou seja, o julgador deve verificar quanto os tribunais superiores estabelecem em casos similares e adequar o valor às peculiaridades do caso concreto. Veja-se: No que tange à hipotética violação do art. 944 do CC/02 decorrente da exorbitância do valor arbitrado a título de indenização por danos morais, o entendimento pacífico desta Corte, quanto ao pedido de minoração do 'quantum' indenizatório, é que o montante compensatório a título de dano moral deve ser fixado considerando o método bifásico, norteador do arbitramento equitativo exercido pelo juiz, o qual analisa o interesse jurídico lesado e as peculiaridades ocorridas no caso para a definição do valor". Não é possível, em recurso especial, afastar a incidência da Súmula 7 do STJ na hipótese de indenização por danos morais fixada em R$ 20.000,00 (vinte mil reais), em razão de atraso na entrega de imóvel. Isso porque a jurisprudência do STJ se consolidou no sentido de que os valores fixados a título de danos morais porque arbitrados com fundamento no arcabouço fático-probatório carreado aos autos, só podem ser alterados em hipóteses excepcionais, quando constatada nítida ofensa aos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade. (AgInt no AREsp 1888367 / RJ AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL 2021/0131077-2). No presente caso, tenho que a valoração do dano moral no valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais) é adequado, eis que guarda atenção com a extensão do dano, com o comportamento dos envolvidos, com as condições econômicas das partes, com a repercussão do fato, além da observar aos princípios da proporcionalidade e razoabilidade. No que se refere aos danos materiais, constato, a partir da análise detida dos documentos acostados aos autos, que a parte autora comprovou haver desembolsado o montante de R$ 97.146,00 (noventa e sete mil, cento e quarenta e seis reais), a título de pagamento relacionado ao contrato de compra e venda objeto da demanda. Contudo, impõe-se a dedução de valores já reconhecidos em outra esfera jurisdicional, a fim de se evitar duplicidade indenizatória. Com efeito, consoante já consignado, a sentença proferida nos autos da ação penal n.º 1003747-25.2022.8.11.0086 fixou, a título de reparação mínima, a indenização no valor de R$ 77.000,00 (setenta e sete mil reais), importância esta que abato do quantum indenizatório aqui pleiteado. Ressalto, ademais, que o valor de R$ 3.636,00 (três mil, seiscentos e trinta e seis reais), relativo à fiança criminal prestada pela parte autora, já foi a ela ressarcido e não integra o valor residual dos danos materiais aqui em exame. Assim, após o abatimento dos valores já contemplados na esfera penal, remanesce como valor indenizável, no presente feito, o montante de R$ 20.146,00 (vinte mil, cento e quarenta e seis reais), correspondente à diferença não reparada pela condenação criminal, cuja comprovação documental encontra-se delineada nos autos. Ante o exposto, nos termos do art. 487, I do CPC, JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTE a demanda, para, por conseguinte, CONDENAR o requerido ADÃO TEODORO DE ALMEIDA ao pagamento de 20.146,00 (vinte mil, cento e quarenta e seis reais), em favor da parte autora, a título de indenização por danos materiais. Outrossim, CONDENO o requerido ao pagamento da quantia de R$ 10.000,00 (dez mil reais) a título de indenização por danos morais. Sobre o valor da condenação incidirão juros de mora desde a data do evento danoso (data do pagamento), nos termos da Súmula nº 54 do Superior Tribunal de Justiça, aplicando-se, para tanto, exclusivamente a taxa SELIC. A correção monetária dos valores devidos a título de dano material incide da data do efetivo prejuízo. Em relação aos danos morais, a correção monetária deverá incidir a partir da data do arbitramento, conforme preconiza a Súmula nº 362 do STJ, utilizando-se, para esse fim, o índice IPCA. Ainda, CONDENO o requerido ao pagamento das custas e dos honorários de advogado, os últimos em 10% sobre o valor da condenação, conforme artigo 85, § 2º, do Código de Processo Civil. Com relação a requerida AMANDA BORGES ESTEVES, JULGO IMPROCEDENTES os pedidos formulados na inicial, com resolução de mérito e fundamento no artigo 487, inciso I, do Código de Processo Civil. CONDENO a parte autora ao pagamento dos honorários de advogado que fixo 10% sobre o valor da causa, conforme artigo 85, § 2º, do Código de Processo Civil. Em caso de eventual interposição de recurso (s), intime-se a parte contrária para apresentação de contrarrazões. Após, certifique-se a tempestividade destas peças e remetam-se os autos ao Egrégio Tribunal de Justiça, independentemente de juízo de admissibilidade (art. 1010, §3º, CPC). Com o trânsito em julgado, arquivem-se os autos com as cautelas e baixas necessárias. Publique-se. Nobres/MT, 11 de julho de 2025. DANIEL CAMPOS SILVA DE SIQUEIRA Juiz de Direito

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