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Processo nº 1000254-67.2024.8.11.0022

ID: 299194497

Tribunal: TJMT Órgão: Quinta Câmara de Direito Privado Classe: APELAçãO CíVEL Nº Processo: 1000254-67.2024.8.11.0022

Data de Disponibilização: 16/06/2025

Polo Ativo:

Polo Passivo:

VITORIA MOREIRA MORENO

Acórdão

Advogados:

RENATA ADRIELLY ROIESKI BORGES

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ESTADO DE MATO GROSSO PODER JUDICIÁRIO QUINTA CÂMARA DE DIREITO PRIVADO Número Único: 1000254-67.2024.8.11.0022 Classe: APELAÇÃO CÍVEL (198) Assunto: [Contratos Bancários, Bancários] Relator: Des(a).… ESTADO DE MATO GROSSO PODER JUDICIÁRIO QUINTA CÂMARA DE DIREITO PRIVADO Número Único: 1000254-67.2024.8.11.0022 Classe: APELAÇÃO CÍVEL (198) Assunto: [Contratos Bancários, Bancários] Relator: Des(a). SEBASTIAO DE ARRUDA ALMEIDA Turma Julgadora: [DES(A). SEBASTIAO DE ARRUDA ALMEIDA, DES(A). LUIZ OCTAVIO OLIVEIRA SABOIA RIBEIRO, DES(A). MARCOS REGENOLD FERNANDES] Parte(s): [VITORIA MOREIRA MORENO - CPF: 033.781.869-09 (APELADO), RENATA ADRIELLY ROIESKI BORGES - CPF: 045.405.751-20 (ADVOGADO), BANCO BRADESCO S.A. - CNPJ: 60.746.948/0001-12 (APELANTE), PAULO EDUARDO PRADO - CPF: 130.886.688-70 (ADVOGADO)] A C Ó R D Ã O Vistos, relatados e discutidos os autos em epígrafe, a QUINTA CÂMARA DE DIREITO PRIVADO do Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso, sob a Presidência Des(a). SEBASTIAO DE ARRUDA ALMEIDA, por meio da Turma Julgadora, proferiu a seguinte decisão: POR UNANIMIDADE, PROVEU PARCIALMENTE O RECURSO. E M E N T A APELANTE: BANCO BRADESCO S.A. APELADO(S): VITORIA MOREIRA MORENO. EMENTA: DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS. CONTRATO BANCÁRIO. DETERMINAÇÃO DE EXIBIÇÃO. IMPOSIÇÃO DE MULTA DIÁRIA. NECESSIDADE DE MEDIDA COERCITIVA PRÉVIA. PARCIAL PROVIMENTO. I. Caso em exame Apelação cível interposta por instituição financeira contra sentença que julgou procedente o pedido formulado em ação de exibição de documentos, determinando a apresentação do contrato bancário específico, sob pena de multa diária, e condenando o banco ao pagamento de custas e honorários advocatícios. II. Questão em discussão 2. Há quatro questões em discussão: (i) saber se houve falha na prestação de serviços ou regularidade na contratação bancária; (ii) saber se é cabível a imposição de multa diária na ação de exibição de documentos; (iii) saber se existe interesse processual para a formulação do pedido; e (iv) saber se é devida a condenação em honorários sucumbenciais. III. Razões de decidir 3. A controvérsia não versa sobre validade contratual, mas sobre a obrigação legal de exibir documento solicitado, cuja ausência de apresentação e defesa genérica não afastam o dever de exibição. 4. A fixação de multa cominatória exige, nos termos da jurisprudência do STJ (Tema 1000), a prévia adoção de medida coercitiva alternativa, o que não se verificou no caso concreto. 5. Restou evidenciado o interesse processual, diante da existência de descontos questionados e da tentativa infrutífera de obtenção extrajudicial do contrato. 6. Demonstrada a resistência injustificada à exibição do documento, é cabível a condenação da parte requerida ao pagamento de honorários advocatícios, fixados conforme os critérios legais. IV. Dispositivo e tese 7. Recurso parcialmente provido, para afastar a multa cominatória, mantendo-se os demais termos da sentença. Tese de julgamento: "1. A instituição financeira tem o dever legal de exibir documentos bancários específicos quando devidamente solicitados em juízo, sendo insuficiente a defesa genérica para afastar tal obrigação. 2. A multa cominatória somente é cabível na ação de exibição de documentos após a prévia adoção de outras medidas coercitivas, conforme entendimento do STJ no Tema 1000." Dispositivos relevantes citados: CPC/2015, arts. 373, §1º, 400, p.u., 404; CDC, art. 6º, VIII. Jurisprudência relevante citada: STJ, REsp 1.763.462/MG, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, 2ª Seção, j. 09.06.2021 (Tema 1000); TJMT, Ap. Cív. 1003604-82.2022.8.11.0006, j. 28.02.2024. R E L A T Ó R I O RELATÓRIO EXMO. SR. DES. SEBASTIÃO DE ARRUDA ALMEIDA. Egrégia Câmara: Trata-se de recurso de APELAÇÃO CÍVEL, interposto por BANCO BRADESCO S.A, contra sentença (ID. 287190372 – Autos de Origem nº 1000254-67.2024.8.11.0022), proferida pelo Juízo da Vara Única da Comarca de Pedra Preta-MT, que julgou procedente o pedido formulado na Ação de Exibição de Documentos, determinando que a instituição financeira exiba, no prazo de 15 (quinze) dias, o contrato de empréstimo mencionado pela autora, sob pena de multa diária de R$ 500,00 (quinhentos reais), até o limite de R$ 15.000,00 (quinze mil reais), bem como condenando a parte requerida ao pagamento das custas processuais e de honorários advocatícios fixados em R$ 1.000,00, com os seguintes fundamentos: [...] “a ausência de resposta específica ao pedido inicial reforça a conclusão de que o documento solicitado está em poder do requerido e que não há óbices à sua apresentação. [...] a procedência do pedido de exibição de documentos é medida que se impõe” [...] Diante do exposto, com fundamento nos artigos 396 a 404 do CPC, determino que o requeridoBANCO BRADESCO S.A.exiba, no prazo de 15 (quinze) dias, o contrato relacionado ao empréstimo mencionado pela autora, devidamente assinado, seja por meio manuscrito ou eletrônico, sob pena de multa diária no valor deR$ 500,00 (quinhentos reais), até o limite de R$ 15.000,00 (quinze mil reais), em caso de descumprimento. Considerando a renitência na exibição do documento na fase inicial, condeno a parte requerida às custas e honorários sucumbenciais, os quais fixo em R$1.000,00 por ser insignificante se arbitrado sobre o valor da causa. [...] Em razões recursais (ID. 287190373), a parte apelante sustenta as seguintes teses: 1. Validade dos procedimentos bancários e ausência de falha na prestação dos serviços; 2. Da inaplicabilidade de multa condenatória. 3. Da suposta ausência de interesse processual 4. Descabimento da condenação em honorários e majoração de verba sucumbencial. A parte apelada apresenta contrarrazões (ID. 287190379), rebate as alegações da apelante, afirmando que o recurso possui caráter protelatório, que as peças trazidas não enfrentam os fundamentos da sentença, e que o banco se limitou a juntar petições padronizadas; Ao final, defende a manutenção da sentença e a majoração dos honorários com base no art. 85, §11, do CPC. Dispensado o Parecer Ministerial em razão da matéria e por inexistir parte incapaz. É o relatório. Sebastião de Arruda Almeida Desembargador Relator V O T O R E L A T O R APELANTE: BANCO BRADESCO S.A. APELADO(S): VITORIA MOREIRA MORENO. VOTO Egrégia Câmara: Inicialmente, verifico a presença dos requisitos intrínsecos e extrínsecos de admissibilidade recursal. Reitero que se trata de recurso interposto contra sentença (ID. 287190372 – Autos de Origem nº 1000254-67.2024.8.11.0022), proferida pelo Juízo da Vara Única da Comarca de Pedra Preta-MT, que julgou procedente o pedido formulado na Ação de Exibição de Documentos, determinando que a instituição financeira exiba, no prazo de 15 (quinze) dias, o contrato de empréstimo mencionado pela autora, sob pena de multa diária de R$ 500,00 (quinhentos reais), até o limite de R$ 15.000,00 (quinze mil reais), bem como condenando a parte requerida ao pagamento das custas processuais e de honorários advocatícios fixados em R$ 1.000,00. Em síntese, o Juízo a quo concluiu que a defesa apresentada pelo banco limitou-se a alegações genéricas e desconexas, sem enfrentamento específico da demanda, configurando violação ao princípio da dialeticidade; reconheceu que a ausência de apresentação do contrato solicitado autoriza a presunção de veracidade das alegações da autora, nos termos do art. 400 do CPC; e aplicou, de forma adequada, o princípio da distribuição dinâmica do ônus da prova (art. 373, §1º, do CPC) e o art. 6º, VIII, do CDC, diante da hipossuficiência da requerente. A seguir, passo ao exame das teses suscitadas pelo Banco apelante. 1. Da suposta regularidade da contratação e ausência de falha na prestação do serviço. O apelante sustenta que os procedimentos adotados para formalização do contrato bancário observam rigorosamente as normas emanadas do Conselho Monetário Nacional e do Banco Central do Brasil, e que não há falha na prestação dos serviços. Alega, ademais, que a parte apelada tinha plena ciência da contratação e que não houve negativa de exibição do documento. Ocorre que, conforme corretamente pontuado pelo Juízo a quo, a controvérsia não versa sobre a validade do contrato, tampouco sobre eventual inadimplemento ou ocorrência de danos. A pretensão deduzida restringe-se à exibição do instrumento contratual, nos termos dos arts. 396 a 404 do CPC. Nessa perspectiva, a ausência de apresentação do documento solicitado, aliada à defesa genérica e desconectada do pedido formulado, revela-se insuficiente para afastar o dever legal da instituição financeira. Com efeito, a simples menção a procedimentos internos de conferência documental e boas práticas contratuais não suprime a obrigação concreta de apresentar o contrato específico, principalmente quando a peça anexada nos autos se limita a um print de tela, desprovido de qualquer validade probatória em juízo. 2. Da inaplicabilidade da multa cominatória O apelante invoca a Súmula 372 do STJ, segundo a qual “na ação de exibição de documentos não cabe aplicação de multa cominatória”. No entanto, nos casos em que a multa constitui meio necessário para garantir a efetividade do comando judicial é perfeitamente possível a aplicação de multa diária como meio coercitivo para o cumprimento de determinação judicial de exibição de documentos, nos termos do artigo 400, parágrafo único, do CPC. A multa (astreinte) constitui medida coercitiva tendente a induzir a parte a atender ao comando judicial. Serve como fator desestimulante à recalcitrância e tem por objetivo conferir efetividade à tutela jurisdicional, podendo ser fixada até de ofício, cujo montante deve ser suficiente a inibir ou forçar a conduta da parte, evitando que se subtraia ao comando jurisdicional. Verifica-se expresso no atual CPC: “Art. 400. Ao decidir o pedido, o juiz admitirá como verdadeiros os fatos que, por meio do documento ou da coisa, a parte pretendia provar se: I - o requerido não efetuar a exibição nem fizer nenhuma declaração no prazo do art. 398; I - a recusa for havida por ilegítima. Parágrafo único. Sendo necessário, o juiz pode adotar medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou sub-rogatórias para que o documento seja exibido.” Ademais, preleciona o Enunciado n.º 54 do Fórum Permanente de Processualistas Civis: “Fica superado o enunciado 372 da súmula do STJ (“Na ação de exibição de documentos, não cabe a aplicação de multa cominatória”) após a entrada em vigor do CPC, pela expressa possibilidade de fixação de multa de natureza coercitiva na ação de exibição de documento”. Compulsando o deslinde processual, vê-se que a sentença agravada determinou a exibição do contrato sob pena de multa diária, sem que tivesse sido previamente adotada qualquer medida coercitiva alternativa, como busca e apreensão ou medida equivalente. Com efeito, o Superior Tribunal de Justiça, no julgamento do REsp 1.763.462/MG, sob a sistemática dos recursos repetitivos (Tema 1000), fixou a orientação de que: “Desde que prováveis a existência da relação jurídica entre as partes e de documento ou coisa que se pretende seja exibido, apurada em contraditório prévio, poderá o juiz, após tentativa de busca e apreensão ou outra medida coercitiva, determinar sua exibição sob pena de multa com base no art. 400, parágrafo único, do CPC/2015.” À proposito, nesse sentido é a jurisprudência caseira: AGRAVO DE INSTRUMENTO - AÇÃO CAUTELAR DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS - DETERMINAÇÃO DE APRESENTAÇÃO DE CÁRTULAS DE CHEQUE - SOB PENA DE MULTA DIÁRIA - SÚMULA 372/STJ - ARTIGO 400, PARÁGRAFO ÚNICO DO CPC - RECURSO REPETITIVO RESP 1.763.462/MG - TEMA Nº 1000/STJ - NECESSIDADE DE PRÉVIA TENTATIVA DE BUSCA E APREENSÃO OU OUTRA MEDIDA COERCITIVA - MULTA DIÁRIA AFASTADA -DECISÃO REFORMADA - RECURSO PROVIDO. O Superior Tribunal de Justiça, no julgamento sob a sistemática dos recursos repetitivos, fixou o entendimento de que, “desde que prováveis a existência da relação jurídica entre as partes e de documento ou coisa que se pretende seja exibido, apurada em contraditório prévio, poderá o juiz, após tentativa de busca e apreensão ou outra medida coercitiva, determinar sua exibição sob pena de multa com base no art. 400, parágrafo único, do CPC/2015 (Tema 1000/STJ)” (STJ – Segunda Seção - REsp 1.763.462/MG – Rel. Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO – Julgado em 09.06.2021). (N.U 1013876-85.2024.8.11.0000, CÂMARAS ISOLADAS CÍVEIS DE DIREITO PRIVADO, GUIOMAR TEODORO BORGES, Quarta Câmara de Direito Privado, Julgado em 03/07/2024, Publicado no DJE 08/07/2024) Dessa forma, à luz da jurisprudência consolidada do STJ, e deste egrégio Tribunal, revela-se indevida, neste momento, a imposição da multa cominatória como meio de coerção ao cumprimento da ordem judicial, impondo-se, por conseguinte, a reforma da sentença para o fim de afastar a penalidade imposta. 3. Da suposta ausência de interesse processual. A alegação de ausência de interesse processual não encontra respaldo nos elementos constantes dos autos. A parte apelada demonstrou de forma clara a existência de descontos recorrentes em sua conta corrente e a necessidade de verificar a legalidade do contrato que os origina, tendo, inclusive, tentado obter a documentação extrajudicialmente. Conforme estabelece o art. 373, §1º, do CPC, incumbe ao detentor do documento, especialmente em relações de consumo, promover sua exibição, sendo autorizada a inversão do ônus da prova nos moldes do art. 6º, VIII, do CDC. Assim, demonstrado o interesse e a legitimidade, restam preenchidos os requisitos para o exercício regular do direito de ação. 4. Descabimento da condenação em honorários e majoração de verba sucumbencial. No tocante aos honorários advocatícios, é certo que, nas ações cautelares de exibição de documentos e nas demandas de produção antecipada de provas, a jurisprudência tem firmado entendimento de que a condenação ao pagamento de verba honorária deve observar os princípios da sucumbência e da causalidade. Assim, somente se justifica a imposição de honorários quando demonstrada resistência injustificada à exibição dos documentos ou à produção da prova, o que, como se extrai dos autos, efetivamente ocorreu no caso em exame, revelando conduta que ensejou o ajuizamento da ação e justificando, portanto, a condenação ao pagamento dos honorários de sucumbência. Nesse sentido é o entendimento do E. TJMT: Ementa. APELAÇÃO CÍVEL – AÇÃO DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS - FIXAÇÃO DE MULTA DIÁRIA PARA O CASO DE DESCUMPRIMENTO – POSSIBILIDADE – PARÁGRAFO ÚNICO DO ART. 400 DO CPC - VALOR – RAZOABILIDADE – CONDENAÇÃO EM HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS – PRETENSÃO RESISTIDA – POSSIBILIDADE - RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO. I - Descumprimento da ordem de exibição de documento que autoriza a incidência de multa coercitiva Arts. 139, IV, 400, parágrafo único, e 403, parágrafo único, CPC/2015 II - A compreensão de que, nas ações cautelares de exibição de documentos e produção antecipada de provas, em razão dos princípios da sucumbência e da causalidade, apenas haverá a condenação ao pagamento de honorários advocatícios quando estiver demonstrada a resistência à exibição dos documentos, o que ocorreu in casu. (TJ-MT - APELAÇÃO CÍVEL: 1003604-82.2022.8.11.0006, Relator: NÃO INFORMADO, Data de Julgamento: 28/02/2024, Segunda Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 05/03/2024) Com efeito, a sentença fixou os honorários sucumbenciais no valor de R$ 1.000,00, quantia que se mostra compatível com o valor atribuído à causa e com a ausência de complexidade processual, conforme previsão dos §§2º e 8º do art. 85 do CPC. CONCLUSÃO Com essas considerações, conheço do recurso e DOU-LHE PARCIAL PROVIMENTO, para o fim de afastar a multa diária arbitrada, mantendo-se, quanto ao mais, a sentença fustigada. Deixo de majorar os honorários sucumbenciais, uma vez que se trata de provimento parcial do recurso, conforme estabelecido no Tema 1.059 do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Sebastião de Arruda Almeida Desembargador Relator V O T O S V O G A I S Data da sessão: Cuiabá-MT, 10/06/2025

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Processo nº 0008247-59.2025.8.26.0562

ID: 309237905

Tribunal: TJSP Órgão: Foro de Santos - Vara de Acidentes do Trabalho e do Juizado Especial da Fazenda Pública Classe: CUMPRIMENTO DE SENTENçA Nº Processo: 0008247-59.2025.8.26.0562

Data de Disponibilização: 27/06/2025

Polo Ativo:

BENILDO JOSé DOS SANTOS

Polo Passivo:

Intimação

Advogados:

GYSELE GOMES DE CARVALHO MURARO

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Processo 0008247-59.2025.8.26.0562 (processo principal 1003604-46.2022.8.26.0562) - Cumprimento de sentença - Adicional de Horas Extras - Benildo José dos Santos - Vistos Determino que, no prazo de 3… Processo 0008247-59.2025.8.26.0562 (processo principal 1003604-46.2022.8.26.0562) - Cumprimento de sentença - Adicional de Horas Extras - Benildo José dos Santos - Vistos Determino que, no prazo de 30 (trinta) dias, a requerida providencie o apostilamento determinado por sentença/acórdão. Este ofício será acompanhado da petição inicial, planilha de cálculos que serviu de base à sentença, sentença/acórdão, certidão de trânsito em julgado e do(s) documento(s) de identificação do(s) autor(es) Fica desde já intimado o(a) procurador(a) do(s) requerente(s) para o encaminhamento do ofício, com posterior comprovação nestes autos. Anote-se, desde já, no tocante ao cálculo a ser oportunamente apresentado pela parte exequente após a apostila, que ambas as partes devem observar que o cumprimento de sentença está restrito ao que foi decidido nos autos principais, o que obriga as partes a observar rigorosamente os parâmetros estabelecidos para a composição do crédito, por força da coisa julgada. A despeito de eventual futura manifestação do ente público no sentido de concordar com o cálculo da parte exequente, ou mesmo no caso de não se manifestar, ou quando apresenta impugnação ao cálculo da parte exequente, com o qual esta vem a anuir, ainda assim, os limites estabelecidos pela coisa julgada deverão ser sempre respeitados. Por certo que a parte exequente tem direito a receber não apenas os valores vencidos (e não prescritos) indicados no momento da propositura da ação, como também os valores vencidos durante o trâmite do processo, além de juros e correção monetária sobre ambos, anotada a renúncia às prestações vencidas não relacionadas anteriormente. Não se ignora que essa renúncia está autorizada pela lei e irá prevalecer quando do cumprimento da sentença, no sentido de que a planilha observará o mesmo parâmetro inicial (com desconsideração de parte das prestações vencidas em relação à data do ajuizamento da causa e não indicadas para composição do crédito apurado na planilha que instruiu a petição inicial). De igual modo, as prestações que se vencerem no curso do processo também devem ser relacionadas, considerando os valores efetivamente recebidos, não prevalecendo eventual estimativa adotada para as doze prestações vincendas na planilha que deve instruir a petição inicial, porquanto apenas reproduzem o último valor recebido. Para além do debate sobre a correta apuração de correção monetária e juros de mora, de rigor que as diferenças relacionadas como devidas estejam claramente identificadas na nova planilha que instrui o pedido no incidente de cumprimento de sentença. Estabelecidas essas premissas, e à vista dos limites impostos pela coisa julgada, a parte exequente, quando da apresentação da planilha de cálculos, deverá: I- juntar os holerites do período relacionado na planilha de cálculo correspondentes ao período das parcelas vincendas que, é claro, à época não foram juntados no processo de conhecimento; II- indicar, na planilha, em colunas separadas: II.a - os mesmos valores singelos recebidos e já indicados na fase de conhecimento deverão ser indicados em colunas individualizadas, mês a mês, a saber, para as seguintes informações: a) data (mês e ano da prestação); b) vencimento; c) horas realizadas 50% e 100%; d) valores pagos por horas realizadas 50% e 100%; e) valores corretos 50% e 100%; f) valores singelos do(s) (tipo(s) de gratificação, de acordo com o que foi estabelecido no título judicial transitado em julgado; g) o valor da gratificação objeto de recálculo que foi pago, h) o valor da gratificação objeto de recálculo que é efetivamente devido em razão do recálculo, i) a diferença singela apurada, j) o valor atualizado dessa diferença (anotando-se: os índices de correção deverão ser nominalmente identificados e mensalmente apontados), em colunas distintas, atualização monetária - termo inicial e atualização monetária - termo final; l) os juros de mora, m) diferença total devida valor final atualizado e acrescido de juros moratórios. II.b. - no caso de haver prestações vencidas no curso do processo (até efetiva implementação do recálculo e pagamento regular pelo ente público), a parte exequente deverá relacionar todas elas, pelo real valor que foi pago pela parte executada, com o devido comprovante desse pagamento (uma vez que no caso de indicação de doze prestações vincendas em planilha apresentada na fase de conhecimento há reprodução do valor da última prestação vencida na data do ajuizamento da ação). II.c. o índice de atualização monetária utilizado deverá ser identificado (por exemplo, IPCA-e, taxa SELIC), nos exatos termos estabelecidos pelo título judicial (sentença ou Acórdão transitado em julgado), e o valor do índice utilizado na operação deverá ser relacionado mês a mês (a saber, o do mês do vencimento da parcela e o do mês da elaboração do cálculo), assim como os juros de mora deverão ser identificados e aplicados segundo a legislação vigente: I- até 08/12/2021, aqueles definidos pelo Plenário do Supremo Tribunal Federal no RE nº 870.947/SE, Rel. Min. Luiz Fux, j. 20/09/2017 (repercussão geral), a saber, (a) em relações jurídicas não tributárias, os juros de mora devem seguir o índice de caderneta de poupança e a correção monetária, o índice do IPCA-E, e (b), em relações jurídicas tributárias, os juros de mora devem seguir o índice aplicado pela Fazenda na cobrança de seus créditos tributários e, não havendo previsão legal, a taxa de 1% ao mês (art. 161, § 1º, do CTN) e a correção monetária, desde que não incluída no índice aplicado anteriormente (a exemplo da SELIC, que afasta a acumulação com outros índices - Tema nº 905/STJ), o índice do IPCA-E; e II- a partir de 09/12/2021, os juros de mora e a correção monetária serão aplicados de acordo com a Emenda Constitucional nº 113/2021, a saber: nos termos do art. 3° da EC nº 113/21, nas discussões e nas condenações que envolvam a Fazenda Pública, independentemente de sua natureza e para fins de atualização monetária, de remuneração do capital e de compensação da mora, inclusive do precatório, haverá a incidência, uma única vez, até o efetivo pagamento, do índice da taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (Selic), acumulado mensalmente. No primeiro caso, o termo inicial da incidência da correção monetária é o do pagamento devido (ou indevido no caso de repetição de indébito tributário); e o termo inicial dos juros de mora é a citação nas relações jurídicas não tributárias, consoante art. 1º-F da Lei nº 9.494/97 com a redação da Lei nº 11.960/09, e o trânsito em julgado no caso das relações jurídicas tributárias (art. 167, parágrafo único, CTN). No segundo caso (quando se tratar de verba devida posteriormente à entrada em vigor da EC nº 113/2021), o termo inicial de aplicação da SELIC é o do pagamento devido (ou indevido no caso de repetição de indébito), com a ressalva para as relações jurídicas tributárias, caso em que a SELIC deverá ser aplicada a partir do trânsito em julgado (art. 167, parágrafo único, CTN), aplicando-se apenas o índice de correção monetária do IPCA-E até então. III. Em relação às diferenças devidas, a parte exequente deverá destacar o valor dos descontos de contribuição previdenciária e assistencial, além de suposta retenção do imposto sobre a renda, a teor do artigo 35 da Resolução CNJ nº 303, de dezembro de 2019, convindo, porém, remarcar que a base de cálculo e alíquotas aplicáveis serão as vigentes à época em que os pagamentos deveriam ter sido realizados (cf. TJSP, AI n. 0232892-61.2012, rel. des. Peiretti de Godoy). Feitas as devidas considerações, servirá o presente despacho, para início da obrigação de fazer (apostila), por cópia digitada, como OFÍCIO. Aguarde-se a apostila. Intime-se. - ADV: GYSELE GOMES DE CARVALHO MURARO (OAB 257659/SP)

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Processo nº 1005232-98.2025.8.26.0066

ID: 292537733

Tribunal: TJSP Órgão: Foro de Barretos - 4ª Vara Cível Classe: PROCEDIMENTO COMUM CíVEL Nº Processo: 1005232-98.2025.8.26.0066

Data de Disponibilização: 09/06/2025

Polo Ativo:

VITOR FáBIO HORáCIO

Polo Passivo:

Intimação

Advogados:

RODRIGO FREITAS COLOMBINO

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Processo 1005232-98.2025.8.26.0066 - Procedimento Comum Cível - Rescisão do contrato e devolução do dinheiro - Vitor Fábio Horácio - DECIDO. 1. Defiro à parte autora os benefícios da assistência judi… Processo 1005232-98.2025.8.26.0066 - Procedimento Comum Cível - Rescisão do contrato e devolução do dinheiro - Vitor Fábio Horácio - DECIDO. 1. Defiro à parte autora os benefícios da assistência judiciária gratuita. Anote-se. 2. O pedido de tutela antecipada comporta acolhimento. No Tribunal de Justiça de São Paulo firmou-se o entendimento majoritário no sentido de que quando não há provas do registro da propriedade fiduciária e/ou há identidade entre a empresa responsável pelo empreendimento e que comercializa as unidades disponíveis com a credora fiduciária, fica descaracterizada a garantia estipulada, permitindo-se, assim, a rescisão unilateral do contrato por vontade do consumidor, fazendo jus a restituição, ainda que parcial, dos valores pagos. A respeito do tema, cito os seguintes julgados: "1. Garantia, a alienação fiduciária de imóvel pressupõe a propriedade do devedor, que de modo resolúvel a aliena ao credor. Como essa propriedade se adquire pelo registro do título aquisitivo, é intuitivo que, sem título antes registrado, não há alienação fiduciária, que também pressupõe seu próprio e posterior registro. 2. Nas circunstâncias, toma-se o negócio como compromisso de compra e venda, cuja denúncia pela promitente compradora se admite, direito potestativo, com a obrigação da promitente vendedora à repetição do preço recebido, sem se cogitar de saldo de venda extrajudicial, mas com a retenção em seu favor de percentual sobre o montante pago, além do custo pela ocupação do imóvel, arbitrado em meio por cento ao mês sobre seu valor." ( TJSP; Apelação Cível 1003604-21.2018.8.26.0066; Relator (a): Celso Pimentel; Órgão Julgador: 28ª Câmara de Direito Privado; Foro de Barretos - 3ª Vara Cível; Data do Julgamento: 29/08/2019; Data de Registro: 29/08/2019). "COMPROMISSO DE COMPRA E VENDA - Ação de rescisão, com pleito de restituição dos valores pagos - Inexistência de garantia de alienação fiduciária, posto que não levada a contratação a registro, de acordo com exigência do artigo 23 da Lei. 9.514/97- Ainda que não haja evidência de descumprimento contratual da incorporadora, tem-se reconhecido, na jurisprudência, o direito potestativo do consumidor, na rescisão da contratação e devolução parcial de valores integralizados - Súmulas 1 do TJSP e 543 do STJ - Retenção de 25% dos valores pagos, fixada a incidência de juros de mora a partir do trânsito em julgado da decisão (REsp's 1.723.519-SP e 1.740.911/DF) - Sentença reformada - Recurso provido, em parte." (TJSP; Apelação Cível 1003353-66.2019.8.26.0066; Relator (a): Caio Marcelo Mendes de Oliveira; Órgão Julgador: 32ª Câmara de Direito Privado; Foro de Barretos - 2ª Vara Cível; Data do Julgamento: 03/12/2019; Data de Registro: 03/12/2019). "Apelação cível. Ação de rescisão de contrato c.c. devolução de valores pagos. A alegação de impossibilidade de se rescindir o contrato por se tratar de alienação fiduciária imobiliária não tem relevância, pois esta tem por escopo a garantia, e não o impedimento para o desfazimento do pactuado, o qual, aliás, está protegido pelas normas previstas no CDC, não descaracteriza a relação de consumo existentes entre as partes. Precedentes desta Câmara. Súmula nº 1 desta Corte. O Compromissário comprador de imóvel, mesmo inadimplente, pode pedir a rescisão do contrato e reaver as quantias pagas, admitida a compensação com gastos próprios de administração e propaganda feitos pelo compromissário vendedor, assim como com o valor que se arbitrar pelo tempo de ocupação do bem. Não se pode admitir a perda total das parcelas pagas, sob pena de afronta ao disposto no artigo 53 do Código de Defesa do Consumidor. Em julgado recente desta Câmara foi definido percentual de 20% de retenção. Apelo provido. (TJSP; Apelação Cível 1012611-71.2017.8.26.0066; Relator (a): Silvério da Silva; Órgão Julgador: 8ª Câmara de Direito Privado; Foro de Barretos - 1ª Vara Cível; Data do Julgamento: 11/12/2019; Data de Registro: 13/12/2019). "COMPRA E VENDA IMOBILIÁRIA. ATRASO NA ENTREGA DO IMÓVEL. Alienação fiduciária. Não há prova do aperfeiçoamento da garantia, isto é do registro, e, por isso, inaplicável a Lei nº. 9.514/97. Desistência dos compradores. O percentual de retenção de 20% se mostra adequado para compensar razoavelmente os prejuízos decorrentes da resolução do contrato e está de acordo com o adotado pela jurisprudência e casos semelhantes. Recurso parcialmente provido." (TJSP; Apelação Cível 1000872-33.2019.8.26.0066; Relator (a): J.B. Paula Lima; Órgão Julgador: 10ª Câmara de Direito Privado; Foro de Barretos - 2ª Vara Cível; Data do Julgamento: 28/11/2019; Data de Registro: 28/11/2019). Em observância ao princípio da segurança jurídica e da estabilidade das decisões judiciais, passo a adotar a tese prevalecente no Tribunal de Justiça de São Paulo, nos moldes anteriormente explicitados. Sob esta perspectiva, em princípio é lícito ao comprador postular pela rescisão imotivada do contrato de compra e venda firmado, razão pela qual, e não se vislumbrando a possibilidade de dano reverso, defiro o pedido de tutela de urgência formulado no sentido de que seja obstada a cobrança por parte da ré das parcelas do contrato vencidas e vincendas, ficando vedada, ainda, a inclusão dos dados pessoais do (s) comprador (es) nos cadastros de inadimplentes dos órgãos de proteção ao crédito. Eventual descumprimento da ordem judicial, desde que comprovada nos autos, poderá ensejar a fixação de multa cominatória em desfavor da ré, o que será oportunamente analisado. 3. Os fatos tratados nos autos consubstanciam nitidamente os elementos da relação de consumo, de forma que se aplicam à espécie as normas previstas no CDC, segundo o contido em seus arts. 2º e 3º. Nesse contexto, reconheço não só a verossimilhança das alegações, como a hipossuficiência técnica da autora, restando, assim, invertido o ônus probatório, conforme previsão constante do art. 6º, inciso VIII, do CDC. 4. Com relação à audiência prévia de conciliação (art. 334 caput do Novo CPC), faço as seguintes considerações: em demandas da mesma natureza ou em ações análogas, a conciliação amigável do litígio, especialmente em sua fase inicial, apresenta percentual mínimo ou reduzido de sucesso, e que em face da obrigatoriedade de observância dos critérios estabelecidos em lei (prazo mínimo de trinta dias para a realização do ato, nos termos do art. 334 caput do Novo CPC; intervalo mínimo de vinte minutos entre cada audiência, nos termos do artigo 334, § 12), da estrutura reduzida do CEJUSC local, dentre outros fatores, a realização da audiência prévia de conciliação poderá retardar a solução definitiva do litígio, e em observância aos princípios constitucionais da celeridade processual e da efetividade da prestação jurisdicional, deixo de designa-la neste momento. Ressalta-se, por fim, que havendo interesse das partes, e atento as particularidades da ação, poderá ser designada audiência de tentativa de conciliação no curso da demanda, sem prejuízo de que as partes, por meios próprios, busquem a composição amigável do litígio ao longo da ação. 5. Cite-se o (s) réu (s) para, querendo, oferecer (em) contestação no prazo de 15 (quinze) dias úteis (art. 335 caput do Novo CPC), consignando-se que o prazo para resposta iniciar-se-á da data da juntada aos autos do aviso de recebimento, nos casos de citação postal, da data da juntada aos autos do mandado cumprimento, nos casos de citação por oficial de justiça, da data da prática do ato, quando a citação se der por ato do escrivão ou chefe de secretaria (art. 231 do Novo CPC). Tratando-se de processo eletrônico, em prestígio às regras fundamentais dos artigos 4º e 6º do CPC fica vedado o exercício da faculdade prevista no art. 340 do CPC. Expeça-se o necessário. Intime-se. - ADV: RODRIGO FREITAS COLOMBINO (OAB 318812/SP)

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Processo nº 1001351-54.2018.8.11.0009

ID: 311366075

Tribunal: TJMT Órgão: 2ª VARA DE COLÍDER Classe: EXIBIçãO DE DOCUMENTO OU COISA CíVEL Nº Processo: 1001351-54.2018.8.11.0009

Data de Disponibilização: 30/06/2025

Polo Ativo:

Polo Passivo:

BANCO BRADESCO FINANCIAMENTOS S.A.

Intimação

Advogados:

MAURO PAULO GALERA MARI

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NELSON WILIANS FRATONI RODRIGUES

OAB/MT XXXXXX Desbloquear

ESTADO DE MATO GROSSO PODER JUDICIÁRIO 2ª VARA DE COLÍDER DECISÃO Processo: 1001351-54.2018.8.11.0009. AUTOR(A): LAIS DENISE STIOHES REU: BANCO BRADESCO FINANCIAMENTOS S.A. Vistos, Trata-se de “Ação … ESTADO DE MATO GROSSO PODER JUDICIÁRIO 2ª VARA DE COLÍDER DECISÃO Processo: 1001351-54.2018.8.11.0009. AUTOR(A): LAIS DENISE STIOHES REU: BANCO BRADESCO FINANCIAMENTOS S.A. Vistos, Trata-se de “Ação de Exibição de Documentos” proposta por Lais Denise Stroher em face de Banco Bradesco Financiamentos S.A. Requer a parte-autora a exibição pela requerida, das faturas mensais dos últimos cinco anos dos seguintes cartões de crédito, a fim de verificar a ocorrência de cobranças indevidas: - 4066.6999.0896.8631 - 4066.6999.0516.2758 - 4066.6999.0837.5449 - 4066.6999.0805.0281 - 5523.0510.0278.5707 - 5523.0510.0422.3665 - 4931.0075.0025.9982 - 3764.449422.22015 – American Express - 3764.449422.22007 – American Express Recebida a inicial em id. 15145376, determinando-se a citação do requerido para responder ao pedido da requerente apresentando os documentos pretendidos ou provando que não os possui ou não tem a obrigação legal de apresentá-los. Contestação apresentada em id. 16569712, requerendo a retificação do polo passivo para constar Bradesco cartões S/A, alegando a ilegitimidade passiva do Banco Bradesco Financiamentos. Sustenta que cabe à requerida apresentar somente os documentos em seu poder, não podendo apresentar documentos que não mais existem. Na oportunidade, apresentou os seguintes extratos: cartão 4066.6999.0805.0281, período 05/2015 a 07/2015; cartão 3764.449422.22007, período 08/2013 a 02/2018 e cartão 4066.6999.0516.2758, período 04/2013 a 04/2015. Impugnação em id. 21027070. Intimada, a parte-autora requereu a intimação do requerido para apresentar as faturas faltantes no prazo de 05 dias, sob pena de multa com fulcro no art. 400, parágrafo único, do CPC. Sobreveio decisão intimando a parte-requerida para apresentar os documentos solicitados no prazo de 15 dias (id. 30850597). Intimado, o requerido não cumpriu a decisão e somente informou o cancelamento de alguns dos cartões. Vieram os autos conclusos. É o relatório. Decide-se. Trata-se de fase de saneamento e organização do processo prevista no artigo 357 do Código de Processo Civil. Inicialmente, impõe esclarecer que a relação existente entre as partes é caracterizada como relação de consumo, regida, portanto, pelas disposições do Código de Defesa do Consumidor. Quanto à legitimidade passiva, o art. 14 do Código de Defesa do Consumidor prevê regra de responsabilidade solidária entre os fornecedores de uma mesma cadeia de serviços, razão pela qual os bancos respondem solidariamente com as administradoras de cartão de crédito pelos danos decorrentes da má prestação de serviços. Nesse contexto, o Banco Bradesco Financiamentos S.A. integra a cadeia de fornecedores do serviço questionado, atuando como intermediário ou facilitador do cartão de crédito. E, apesar de o banco possuir personalidade jurídica distinta da administradora do cartão de crédito, ambos integram o mesmo conglomerado econômico, apresentando-se ao público como se fossem a mesma empresa, pelo que aplicável, na hipótese, a teoria da aparência. Assim, rejeita-se, portanto, o pedido de retificação do polo passivo realizado pelo banco réu. No mais, analisando-se os autos, tem-se que o requerido apresentou somente os extratos do cartão 4066.6999.0805.0281, período 05/2015 a 07/2015; cartão 3764.449422.22007, período 08/2013 a 02/2018 e cartão 4066.6999.0516.2758, período 04/2013 a 04/2015. Portanto, ainda restam os extratos dos cartões: - 4466.6999.0896.8631; - - 5523.0510.0278.5707; - 5523.0510.0422.3665; - 4931.0075.0025.9982; - 3764.449422.22015. Salienta-se que a existência dos cartões foi comprovada por meio das imagens juntadas pela autora em id. 14648745, pelos extratos juntados pelo próprio banco em ids. 16569715, 16569716 e16569717, e extratos juntados pela autora em id. 14648736. Desse modo, tendo em vista que, intimado o requerido não apresentou os documentos determinados, é perfeitamente possível a aplicação de multa diária como meio coercitivo para o cumprimento de determinação judicial de exibição de documentos, nos termos do artigo 400, parágrafo único, do CPC, que afastou a aplicação da Súmula n. 372, do STJ, conforme precedentes já pacificados (STJ - REsp: 2099191, Relator: Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, Data de Publicação: 06/02/2024). A multa (astreinte) constitui medida coercitiva tendente a induzir a parte a atender ao comando judicial. Serve como fator desestimulante à recalcitrância e tem por objetivo conferir efetividade à tutela jurisdicional, podendo ser fixada até de ofício, cujo montante deve ser suficiente a inibir ou forçar a conduta da parte, evitando que se subtraia ao comando jurisdicional. Verifica-se expresso no atual CPC: “Art. 400. Ao decidir o pedido, o juiz admitirá como verdadeiros os fatos que, por meio do documento ou da coisa, a parte pretendia provar se: I - o requerido não efetuar a exibição nem fizer nenhuma declaração no prazo do art. 398; II - a recusa for havida por ilegítima. Parágrafo único. Sendo necessário, o juiz pode adotar medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou sub-rogatórias para que o documento seja exibido.” Ademais, preleciona o Enunciado n.º 54 do Fórum Permanente de Processualistas Civis: “Fica superado o enunciado 372 da súmula do STJ (“Na ação de exibição de documentos, não cabe a aplicação de multa cominatória”) após a entrada em vigor do CPC, pela expressa possibilidade de fixação de multa de natureza coercitiva na ação de exibição de documento”. Compulsando o deslinde processual, vê-se que houve descumprimento reiterado de comando judicial, o que importa em fixação de multa, que incide diante da desobediência insistente da parte requerida. Nesse sentido é o entendimento do E. TJMT: APELANTE: BANCO BRADESCO FINANCIAMENTOS S.A. APELADO (S): CICERO ANTONIO DE SOUZA EMENTA. DIREITO PROCESSUAL CIVIL. APELAÇÃO CÍVEL. EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS. REVELIA. MULTA COMINATÓRIA. SENTENÇA MANTIDA. RECURSO DESPROVIDO. I. CASO EM EXAME. Apelação Cível interposta por Banco Bradesco Financiamentos S .A. contra sentença que acolheu o pedido de exibição de documentos formulado por Cicero Antonio de Souza, determinando a apresentação dos contratos de empréstimos e demais documentos relacionados. II. QUESTÃO EM DISCUSSÃO A questão em discussão consiste em saber se é cabível a aplicação de multa cominatória em ação de exibição de documentos e se houve revelia por parte do banco requerido. III. RAZÕES DE DECIDIR O Código de Processo Civil prevê o cabimento da exibição de documentos, seja na forma de ação autônoma ou dentro do procedimento comum. A resistência do requerido em exibir os documentos solicitados configura pretensão resistida, justificando a condenação em custas processuais e honorários advocatícios. A revelia não se confunde com pretensão não resistida. A resistência à pretensão decorre tanto da apresentação de contestação quanto da não satisfação do interesse alheio qualificado. É possível a aplicação de multa diária como meio coercitivo para o cumprimento de determinação judicial de exibição de documentos, nos termos do artigo 400, parágrafo único, do CPC, que afastou a aplicação da Súmula n. 372 do STJ. IV. DISPOSITIVO E TESE Recurso desprovido. Tese de julgamento: “É cabível a aplicação de multa cominatória em ação de exibição de documentos, e a resistência do requerido em exibir os documentos solicitados configura pretensão resistida, justificando a condenação em custas processuais e honorários advocatícios.” Dispositivos relevantes citados: Código de Processo Civil, artigos 85, 86, 400, parágrafo único. Jurisprudência relevante citada: STJ, REsp 1 .774.987/SP; STJ, REsp 1.349.453-MS; STJ, AgInt no AREsp 1763809/SP; STJ, REsp 2030892 MG. (TJ-MT - APELAÇÃO CÍVEL: 10378096120248110041, Relator.: SEBASTIAO DE ARRUDA ALMEIDA, Data de Julgamento: 28/01/2025, Quinta Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 28/01/2025) - grifado Ementa. APELAÇÃO CÍVEL – AÇÃO DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS - FIXAÇÃO DE MULTA DIÁRIA PARA O CASO DE DESCUMPRIMENTO – POSSIBILIDADE – PARÁGRAFO ÚNICO DO ART. 400 DO CPC - VALOR – RAZOABILIDADE – CONDENAÇÃO EM HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS – PRETENSÃO RESISTIDA – POSSIBILIDADE - RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO. I - Descumprimento da ordem de exibição de documento que autoriza a incidência de multa coercitiva Arts. 139, IV, 400, parágrafo único, e 403, parágrafo único, CPC/2015 II - A compreensão de que, nas ações cautelares de exibição de documentos e produção antecipada de provas, em razão dos princípios da sucumbência e da causalidade, apenas haverá a condenação ao pagamento de honorários advocatícios quando estiver demonstrada a resistência à exibição dos documentos, o que ocorreu in casu. (TJ-MT - APELAÇÃO CÍVEL: 1003604-82.2022.8.11.0006, Relator: NÃO INFORMADO, Data de Julgamento: 28/02/2024, Segunda Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 05/03/2024) Assim, DEFERE-SE o requerimento da parte-autora e, INTIME-SE o requerido para que apresente todos os documentos solicitados pela autora, acostando aos autos cópia dos documentos, acaso existentes, no prazo de 15 (quinze) dias, sob pena de aplicação de multa diária no valor de R$ 200,00 (duzentos) reais, limitados ao prazo de 30 (trinta) dias, em caso de descumprimento da presente decisão, ou que comprove a impossibilidade de apresentação. Intimar. Cumprir. Colíder/MT, datado e assinado digitalmente. ÉRIKA CRISTINA CAMILO CAMIN Juíza de Direito em Substituição Legal

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Processo nº 8001428-18.2025.8.05.0250

ID: 309109793

Tribunal: TJBA Órgão: 1ª V DA FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA DE SIMÕES FILHO Classe: AçãO CIVIL PúBLICA CíVEL Nº Processo: 8001428-18.2025.8.05.0250

Data de Disponibilização: 27/06/2025

Polo Ativo:

PEDRO HENRIQUE DOS SANTOS CAMPOS

Polo Passivo:

Decisão

Advogados:

MORJANA BATISTA SOUSA

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ROBSON SOUSA DOS ANJOS

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PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DA BAHIA 1ª V DA FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA DE SIMÕES FILHO Processo: AÇÃO CIVIL PÚBLICA n. 8001428-18.2025.8.05.0250 Órgão Julgador: 1ª V DA… PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DA BAHIA 1ª V DA FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA DE SIMÕES FILHO Processo: AÇÃO CIVIL PÚBLICA n. 8001428-18.2025.8.05.0250 Órgão Julgador: 1ª V DA FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA DE SIMÕES FILHO INTERESSADO: PEDRO HENRIQUE DOS SANTOS CAMPOS Advogado(s): ROBSON SOUSA DOS ANJOS (OAB:BA77454), MORJANA BATISTA SOUSA (OAB:BA34558) INTERESSADO: PREFEITURA MUNICIPAL DE SIMOES FILHO Advogado(s): DECISÃO Vistos, etc. Trata-se de AÇÃO DE PRODUÇÃO ANTECIPADA DE PROVA C/C PEDIDO DE TUTELA DE URGÊNCIA, ajuizada por PEDRO HENRIQUE DOS SANTOS CAMPOS, devidamente representado por seus patronos, em face do MUNICÍPIO DE SIMÕES FILHO - BAHIA, objetivando a obtenção de imagens captadas pelas câmeras de videomonitoramento público, referentes a 04 (quatro) trajetos específicos percorridos pelo Requerente com seu veículo automotor, nas datas e horários discriminados na Exordial. O Autor alega a necessidade urgente de preservação das imagens para futura utilização em eventual demanda judicial, sustentando o risco de perecimento da prova em razão do prazo de armazenamento limitado dos arquivos de vídeo no sistema municipal, em virtude de no dia 24/03/2025, às 04:00 da madrugada, o Autor trafegava na Avenida Engenheiro Elmo Serejo de Farias, 72 - Simões Filho (intermediação do ginásio de esportes), com seu veículo CHEVROLET - COBALT 18A EL, PLACA PKD6A19, CHASSI 9BGJE6920HB120656, RENAVAM: 01099849893, ANO 2016, MODELO 2017, COR BRANCO, quando seu carro fora abalroado por um veículo CLASSIC BRANCO em alta velocidade que após a colisão evadiu-se do local na contramão, danificando a lateral do veículo assim como o retrovisor. Relatou que os 04 (quatro) trajetos são: 1) Avenida Engenheiro Elmo Serejo de Farias, 72 - Simões Filho (intermediação do ginásio de esportes); 2) R. Vila Rica, 20 - andar 1 - Conj. Hab. Cia II - Simões Filho (próximo ao mercadinho Almeida e Filho); 3) R. Marlene Aragão, 504-536 - Lot. Mun., Simões Filho (próximo ao cemitério São Miguel); 4) Av. Rui Barbosa, 695 - Centro, Simões Filho (próximo a escola Irmã Dulce). Requereu o deferimento dos benefícios da justiça gratuita, o deferimento da antecipação de tutela de urgência para que seja concedida as imagens das câmeras de segurança pública, nos trechos já especificados. No mérito que seja julgada procedente a ação de produção antecipada de provas, confirmando os termos da tutela antecipada. Juntou documentação Id nº 494972668 ao Id nº 494972675. Declinada a competência para este Juízo, conforme Decisão Id nº 494985040. Despacho Id nº 502221108, reconhecendo a competência absoluta deste Juízo, deferindo os benefícios da justiça gratuita ao Autor e, ao final, determinando a emenda à inicial para o Demandante anexar à Exordial a cópia do Certificado de Registro e Licenciamento do Veículo (CRLV) ou do Documento Único de Transferência (DUT) do veículo CHEVROLET COBALT, placa PKD6A19, comprovando sua propriedade e a cópia do Boletim de Ocorrência lavrado em razão do acidente de trânsito ocorrido em 24/03/2025. Protocolização de petição e juntada de documentação pelo Autor, vinculados ao Id nº 504336198, cumprindo o quanto determinado no decisum supramencionado. Relatados. Decido. Inicialmente, a produção antecipada de prova encontra previsão nos artigos 381 a 383 do Código de Processo Civil, constituindo procedimento autônomo e de natureza conservativa, destinado a assegurar a realização de prova que possa vir a ser utilizada em processo futuro. Conforme dispõe o art. 381 do CPC/2015, in verbis: Art. 381. A produção antecipada da prova será admitida nos casos em que: I - haja fundado receio de que venha a tornar-se impossível ou muito difícil a verificação de certos fatos na pendência da ação; II - a prova a ser produzida seja suscetível de viabilizar a autocomposição ou outro meio adequado de solução de conflito; III - o prévio conhecimento dos fatos possa justificar ou evitar o ajuizamento de ação. (...) Pois bem. A tutela de urgência, que pode ser de natureza cautelar ou antecipada (satisfativa), será concedida quando preenchidos os elementos da probabilidade do direito e do perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo, podendo ser deferida liminarmente ou após justificação prévia, consoante art. 300 do CPC. De igual modo, a Lei nº 7.347/95 prevê, em seu art. 12, a possibilidade de concessão da liminar, com ou sem justificação prévia. Por sua vez, o art. 422 do CPC dispõe sobre a prova documental eletrônica, ipsis litteris: Art. 422. Qualquer reprodução mecânica, como a fotográfica, a cinematográfica, a fonográfica ou de outra espécie, tem aptidão para fazer prova dos fatos ou das coisas representadas, se a sua conformidade com o documento original não for impugnada por aquele contra quem foi produzida. §1º As fotografias digitais e as extraídas da rede mundial de computadores fazem prova das imagens que reproduzem, devendo, se impugnadas, ser apresentada a respectiva autenticação eletrônica ou, não sendo possível, realizada perícia. §2º Se se tratar de fotografia publicada em jornal ou revista, será exigido um exemplar original do periódico, caso impugnada a veracidade pela outra parte. §3º Aplica-se o disposto neste artigo à forma impressa de mensagem eletrônica. Quanto às imagens de videomonitoramento a jurisprudência dos Tribunais Pátrios é uníssona. Veja-se: APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS - FIXAÇÃO DE MULTA DIÁRIA PARA O CASO DE DESCUMPRIMENTO - POSSIBILIDADE - PARÁGRAFO ÚNICO DO ART. 400 DO CPC - VALOR - RAZOABILIDADE - CONDENAÇÃO EM HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS - PRETENSÃO RESISTIDA - POSSIBILIDADE - RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO. I - Descumprimento da ordem de exibição de documento que autoriza a incidência de multa coercitiva Arts. 139, IV, 400, parágrafo único, e 403, parágrafo único, CPC/2015 II - A compreensão de que, nas ações cautelares de exibição de documentos e produção antecipada de provas, em razão dos princípios da sucumbência e da causalidade, apenas haverá a condenação ao pagamento de honorários advocatícios quando estiver demonstrada a resistência à exibição dos documentos, o que ocorreu in casu. (TJ-MT - APELAÇÃO CÍVEL: 1003604-82.2022.8 .11.0006, Relator.: NÃO INFORMADO, Data de Julgamento: 28/02/2024, Segunda Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 05/03/2024) (grifos nossos) APELAÇÃO - AÇÃO CAUTELAR DE PRODUÇÃO ANTECIPADA DE PROVA - PEDIDO DE EXIBIÇÃO DAS IMAGENS DE CÂMERA EXISTENTE PRÓXIMO AO LOCAL DOS FATOS E FILMAGEM INTERNA DE ÔNIBUS - ADMISSIBILIDADE DA VIA ELEITA COM FUNDAMENTO NO ART. 381, INCISOS I E III, DO CPC - COMPROVADO O PRÉVIO REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO - PRETENSÃO NÃO RESISTIDA PELA MUNICIPALIDADE QUE IMPÕE O AFASTAMENTO DO ÔNUS SUCUMBENCIAL - RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. (TJ-SP - AC: 10085512020198260152 SP 1008551-20.2019 .8.26.0152, Relator.: Cesar Luiz de Almeida, Data de Julgamento: 18/10/2021, 28ª Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 18/10/2021) (grifos nossos) O direito à produção de prova encontra amparo no art. 369 do CPC, que consagra o princípio da liberdade probatória: "Art. 369. As partes têm o direito de empregar todos os meios legais, bem como os moralmente legítimos, ainda que não especificados neste Código, para provar a verdade dos fatos em que se funda o pedido ou a defesa e influir eficazmente na convicção do juiz". O risco de perecimento das imagens de videomonitoramento é notório, considerando que tais arquivos possuem prazo limitado de armazenamento nos sistemas municipais, conforme a Lei nº 12.965/2014 (Marco Civil da Internet) e regulamentações específicas. A medida pleiteada mostra-se proporcional e razoável, não implicando ônus excessivo ao Município Requerido, tratando-se apenas de preservação e fornecimento de imagens já existentes em seu sistema de videomonitoramento. Diante do exposto, DEFIRO PARCIALMENTE o pedido de tutela de urgência, com fundamento nos artigos 294, 300, 381, inciso I, e 382 do Código de Processo Civil, para determinar que o MUNICÍPIO DE SIMÕES FILHO/BA: a) PRESERVE IMEDIATAMENTE todas as imagens de videomonitoramento referentes aos quatro trajetos especificados na inicial, nas datas e horários indicados pelo Requerente; b) FORNEÇA, no prazo de 15 (quinze) dias, cópia integral das imagens solicitadas, em formato digital compatível com reprodução em equipamentos convencionais, mediante o fornecimento de mídia adequada pelo Requerente; c) CERTIFIQUE a autenticidade das imagens fornecidas, com a devida cadeia de custódia, nos termos do art. 422 do CPC; d) Em caso de DESCUMPRIMENTO, fica estabelecida multa diária de R$1.000,00 (mil reais), limitada ao teto de R$50.000,00 (cinquenta mil reais), sem prejuízo da responsabilização por eventuais danos decorrentes da perda das imagens. DETERMINO que seja INTIMADO o Município Requerido para cumprimento desta decisão, com URGÊNCIA. Após o cumprimento da medida, CITE-SE o Município Requerido para, querendo, contestar o pedido no prazo de 15 (quinze) dias, nos termos do art. 335 do CPC. INTIME-SE o Requerente para, no prazo de 10 (dez) dias, fornecer a mídia adequada para o armazenamento das imagens solicitadas. DETERMINO à Serventia deste Juízo a reclassificação da classe processual desta presente demanda, por tratar-se de Ação de Produção Antecipada de Prova c/c Pedido de Antecipação de Tutela de Urgência. Publique-se. Registre-se. Intimem-se. Atribuo a este decisum FORÇA DE MANDADO, OFÍCIO E CARTA. Após, retornem conclusos para o fluxo de decisões. Simões Filho/BA, data da assinatura eletrônica. Moisés Argones Martins Juiz de Direito

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Processo nº 1003604-56.2025.8.11.0013

ID: 322957491

Tribunal: TJMT Órgão: 1ª VARA DE PONTES E LACERDA Classe: PROCEDIMENTO COMUM CíVEL Nº Processo: 1003604-56.2025.8.11.0013

Data de Disponibilização: 11/07/2025

Polo Ativo:

GENILSON CONSTANTINO VIEIRA

Polo Passivo:

Decisão

Advogados:

ANA LUCIA DUARTE VIDAL

OAB/MT XXXXXX Desbloquear

ESTADO DE MATO GROSSO PODER JUDICIÁRIO 1ª VARA DE PONTES E LACERDA DECISÃO Processo: 1003604-56.2025.8.11.0013. REQUERENTE: GENILSON CONSTANTINO VIEIRA REQUERIDO: BANCO BRADESCO SA Vistos. Trata-se d… ESTADO DE MATO GROSSO PODER JUDICIÁRIO 1ª VARA DE PONTES E LACERDA DECISÃO Processo: 1003604-56.2025.8.11.0013. REQUERENTE: GENILSON CONSTANTINO VIEIRA REQUERIDO: BANCO BRADESCO SA Vistos. Trata-se de AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO C/C DANOS MORAIS POR NEGATIVAÇÃO INDEVIDA COM PEDIDO DE TUTELA DE URGÊNCIA ajuizada por GENILSON CONSTANTINO VIEIRA em face de BANCO BRADESCO SA. Partes qualificadas nos autos. A parte autora aduz, em síntese, que teve seu nome negativado indevidamente pela parte requerida, mesmo após decisão judicial favorável no processo de nº 1005566-85.2023.8.11.0013 – tramitado perante a 2ª Vara desta Comarca - que reconheceu a inexistência do débito e determinou a retirada do nome do requerente dos órgãos de proteção ao crédito. Informa que ao tentar realizar uma nova compra no dia 03/05/2025 na loja Móveis, foi surpreendido com a informação de que seu nome continuava negativado. Assim, ao consultar novamente a CDL, constatou que o Banco Bradesco, ora requerido, havia realizado nova negativação referente ao mesmo contrato anteriormente questionado judicialmente (contrato nº 15830078384260220729), porém com valor diferente. Argumenta, assim, que tal atitude configura má-fé da parte requerida, que teria feito a baixa da negativação anterior, mas realizado novo registro com o mesmo contrato e valor superior, desrespeitando decisão judicial transitada em julgado. Ao final, a parte requer, em tutela de urgência: 2. Considerando a relevância dos fundamentos e o receio de ineficácia no momento do provimento final, seja liminarmente concedida a TUTELA DE URGÊNCIA, visando assegurar a viabilidade da realização do direito, determinando à Requerida que efetue imediatamente a exclusão do nome do Requerente dos órgãos restritivos (SPC/SERASA). 3. O arbitramento de multa diária não inferior a R$ 600,00 (seiscentos reais), para o caso de descumprimento da ordem judicial; Instruiu a inicial com documentos de id. 199969107 ao id. 199972573. Vieram conclusos. DECIDO. Recebo a inicial, eis que preenche os requisitos previstos no artigo 319, do Código de Processo Civil e não incide nas hipóteses do art. 321, do mesmo diploma legal. DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA O art.5º, LXXIV, da Constituição Federal, dispõe “o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos”. Embora para a concessão da gratuidade não se exija o estado de hipossuficiência absoluta, é necessária a comprovação da impossibilidade de arcar com as custas e despesas do processo sem prejuízo de seu sustento próprio ou de sua família. A declaração de pobreza, por sua vez, estabelece presunção relativa da hipossuficiência, que cede ante outros elementos que sirvam para indicar a capacidade financeira. Além disso, os documentos apresentados no id. 199969129 ao id. 199974497 demonstram a hipossuficiência da parte. Dessa forma, DEFIRO a gratuidade da justiça, na forma da lei (CPC, art. 98). Deverá a gratuidade da justiça compreender ao contido nos incisos do §1º, do art. 98 do CPC. DA INVERSÃO DO ÔNUS DAS PROVAS Segundo o artigo 373, o ônus da prova incumbe ao réu, quanto ao fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. Em análise aos autos, conclui-se pela aplicação do Código de Defesa do Consumidor, nos termos do Artigo 6º, VIII, tendo em vista relação de consumo existente entre as partes. Neste sentido, INVERTO o ônus da prova com base no art. 373, §1º, do CPC, e Artigo 6º, VIII, CDC. DA TUTELA DE URGÊNCIA No que dispõe o art. 300 do CPC/2015, a tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito (fumus boni iuris) e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo (periculum in mora). Ou seja, extrai-se do referido dispositivo que havendo probabilidade do direito existir, aliado ao perigo de dano, têm-se os requisitos suficientes para a concessão da tutela antecipada. No caso dos autos, analisando os documentos juntados, entendo que assiste razão à parte exequente. A probabilidade do direito - fumus boni iuris - está demonstrada pelos documentos apresentados junto à inicial, especialmente pelo extrato de consulta ao SERASA de id. 199969125, o qual indica que a negativação atual do nome do requerente pelo Banco Bradesco S.A. registrada no dia 20/05/2024 é referente ao contrato de nº 15830078384260220729 que havia sido objeto da ação judicial de nº 1005566-85.2023.8.11.0013, sendo reconhecida a inexistência de relação jurídica entre as partes e determinada a retirada da restrição indevida. Quanto ao perigo de dano - periculum in mora, entendo que restou evidenciado pelas circunstâncias narradas pela parte requerente, uma vez que a manutenção da inscrição de seu nome nos cadastros de inadimplentes impede-o de realizar operações comerciais a crédito, causando-lhe constrangimentos e prejuízos de ordem material, situação que não pode aguardar o desfecho final da demanda. Nesse sentido: EMENTA DIREITO PROCESSUAL CIVIL – AGRAVO DE INSTRUMENTO – AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS - NEGATIVAÇÃO INDEVIDA – ALEGAÇÃO DE AUSÊNCIA DE CONTRATO - PRESENÇA DOS REQUISITOS DO ARTIGO 300 DO CPC - CONCESSÃO DA TUTELA DE URGÊNCIA – FIXAÇÃO DE ASTREINTES – CABIMENTO - REVERSIBILIDADE DA MEDIDA – RECURSO DESPROVIDO. Considerando a impossibilidade de a parte autora produzir prova de fato negativo, o perigo de dando, caso seja mantida a negativação, bem como a reversibilidade da medida, a decisão que determinou o cancelamento da restrição deve ser mantida. A fixação das astreintes servem para garantir o resultado prático da ordem judicial, objetivando garantir aplicação prática ao princípio da efetividade das decisões judiciais, inexistindo finalidade de constranger ao pagamento da multa em si, mas sim, e tão somente, obrigar ao cumprimento da determinação judicial. (TJ-MT - AGRAVO DE INSTRUMENTO: 1007842-94 .2024.8.11.0000, Relator.: MARCIO VIDAL, Data de Julgamento: 14/05/2024, Quinta Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 17/05/2024) EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO - AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO - TUTELA ANTECIPADA - RETIRADA DE NOME DO CADASTRO DE INADIMPLENTES - REQUISITOS PREENCHIDOS. - Nos termos do art. 300 do NCPC, a tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo - A negativação do nome perante os Órgãos de Proteção ao Crédito, de modo geral, ocasiona dano irreparável ou de difícil reparação, pois sua publicidade e notoriedade impedem a movimentação de contas bancárias e implicam restrições comerciais, contrariando os dispositivos básicos do Código de Defesa do Consumidor - Nas ações em que a parte autora nega a existência de determinado fato, recai sobre a parte contrária o ônus de comprová-lo, por ser impossível àquele produzir prova negativa. (TJ-MG - AI: 10000212242986001 MG, Relator.: Juliana Campos Horta, Data de Julgamento: 01/04/2022, Câmaras Cíveis / 12ª CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: 07/04/2022) Portanto, em uma análise perfunctória, própria desse momento processual, vislumbro a presença dos requisitos do Artigo 300, do CPC, de modo que DETERMINO que a parte requerida, Banco Bradesco S.A., proceda à imediata exclusão do nome do Requerente, Genilson Constantino Vieira – CPF 956.874.911-04, dos cadastros restritivos de crédito (SPC/SERASA) em relação ao contrato/título nº 15830078384260220729, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, sob pena de multa diária que arbitro em R$ 500,00 (quinhentos reais), limitada a R$ 10.000,00 (dez mil reais), sem prejuízo de majoração em caso de descumprimento reiterado. AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO Considerando a sistemática do Código de Processo Civil em vigor, que prima pela solução consensual dos conflitos (art. 3º, §§2º e 3º do CPC), que deverá ser promovida pelo Estado e estimulada por Juízes, Advogados, Defensores Públicos e membros do Ministério Público, e considerando ainda, o previsto no art. 694 do mesmo Diploma, além do disposto na Lei 14.181/2021 e CDC Art. 5º, VII, determino que sejam os autos encaminhados ao CEJUSC, para designação e realização da audiência de conciliação. CITAÇÃO As partes requeridas deverão ser CITADAS acerca do teor da inicial e da presente decisão, advertindo-o que o prazo para oferecer contestação será de 15 (quinze) dias, contados da data: I - da audiência de conciliação ou da última sessão de conciliação, quando qualquer parte não comparecer ou, comparecendo, não houver autocomposição; II - do protocolo do pedido de cancelamento da audiência apresentado pelo réu, quando o mesmo manifestar desinteresse no acordo (art. 335 do CPC), devendo constar no mandado as advertências do art. 334, § 5º, 8º e 9º, CPC. Intime-se a parte autora, na pessoa de seu advogado, para comparecer à audiência a ser designada (art. 334, § 3º CPC). Não sendo celebrado acordo em audiência, sendo apresentada a contestação no prazo legal, dê-se vista à parte autora para impugnação em 15 (quinze) dias. O não comparecimento injustificado de qualquer das partes na audiência de conciliação, importará a aplicação de multa de 2% sobre o valor da causa (art. 334, § 8º do CPC). Registro que caso a parte Requerente/Requerida manifeste desinteresse na realização da audiência de conciliação, o ato somente não será realizado se ambas as partes assim concordarem, nos termos dos §§ 4º e 5º, do artigo 334, do CPC, ficando desde já autorizado o cancelamento da pauta mediante simples certidão emitida pela Secretaria deste juízo. Intimem-se. Citem-se. Cumpra-se, expedindo o necessário. Às providências. Pontes e Lacerda, data da assinatura digital. Marilia Augusto de Oliveira Plaza Juíza de Direito

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Processo nº 1006351-94.2025.8.26.0066

ID: 321123666

Tribunal: TJSP Órgão: Foro de Barretos - 4ª Vara Cível Classe: PROCEDIMENTO COMUM CíVEL Nº Processo: 1006351-94.2025.8.26.0066

Data de Disponibilização: 10/07/2025

Polo Ativo:

LUIZ ALVES SENA

Polo Passivo:

Intimação

Advogados:

ARTHUR EINSTEIN DE SOUZA MELIM

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

Processo 1006351-94.2025.8.26.0066 - Procedimento Comum Cível - Rescisão do contrato e devolução do dinheiro - Luiz Alves Sena - DECIDO. Defiro à parte autora os beneficios da assistência judiciaria.… Processo 1006351-94.2025.8.26.0066 - Procedimento Comum Cível - Rescisão do contrato e devolução do dinheiro - Luiz Alves Sena - DECIDO. Defiro à parte autora os beneficios da assistência judiciaria. Anote-se. 2. Depreende-se dos artigos 291 c/c 292, ambos do Código de Processo Civil, que a toda causa será atribuído valor certo, ainda que não tenha conteúdo econômico imediatamente aferível e que nas ações que tiverem por objeto a existência, a validade, o cumprimento, a modificação, a resolução, a resilição ou a rescisão de ato jurídico, o valor corresponderá ao ato ou o de sua parte controvertida. Assim, proceda a parte autora, no prazo de 15 (quinze) dias, emenda à inicial corrigindo o valor da causa. 3. O pedido de tutela antecipada comporta acolhimento. No Tribunal de Justiça de São Paulo firmou-se o entendimento majoritário no sentido de que quando não há provas do registro da propriedade fiduciária e/ou há identidade entre a empresa responsável pelo empreendimento e que comercializa as unidades disponíveis com a credora fiduciária, fica descaracterizada a garantia estipulada, permitindo-se, assim, a rescisão unilateral do contrato por vontade do consumidor, fazendo jus a restituição, ainda que parcial, dos valores pagos. A respeito do tema, cito os seguintes julgados: "1. Garantia, a alienação fiduciária de imóvel pressupõe a propriedade do devedor, que de modo resolúvel a aliena ao credor. Como essa propriedade se adquire pelo registro do título aquisitivo, é intuitivo que, sem título antes registrado, não há alienação fiduciária, que também pressupõe seu próprio e posterior registro. 2. Nas circunstâncias, toma-se o negócio como compromisso de compra e venda, cuja denúncia pela promitente compradora se admite, direito potestativo, com a obrigação da promitente vendedora à repetição do preço recebido, sem se cogitar de saldo de venda extrajudicial, mas com a retenção em seu favor de percentual sobre o montante pago, além do custo pela ocupação do imóvel, arbitrado em meio por cento ao mês sobre seu valor." ( TJSP; Apelação Cível 1003604-21.2018.8.26.0066; Relator (a): Celso Pimentel; Órgão Julgador: 28ª Câmara de Direito Privado; Foro de Barretos - 3ª Vara Cível; Data do Julgamento: 29/08/2019; Data de Registro: 29/08/2019). "COMPROMISSO DE COMPRA E VENDA Ação de rescisão, com pleito de restituição dos valores pagos Inexistência de garantia de alienação fiduciária, posto que não levada a contratação a registro, de acordo com exigência do artigo 23 da Lei. 9.514/97- Ainda que não haja evidência de descumprimento contratual da incorporadora, tem-se reconhecido, na jurisprudência, o direito potestativo do consumidor, na rescisão da contratação e devolução parcial de valores integralizados Súmulas 1 do TJSP e 543 do STJ Retenção de 25% dos valores pagos, fixada a incidência de juros de mora a partir do trânsito em julgado da decisão (REsp's 1.723.519-SP e 1.740.911/DF) Sentença reformada Recurso provido, em parte." (TJSP; Apelação Cível 1003353-66.2019.8.26.0066; Relator (a): Caio Marcelo Mendes de Oliveira; Órgão Julgador: 32ª Câmara de Direito Privado; Foro de Barretos - 2ª Vara Cível; Data do Julgamento: 03/12/2019; Data de Registro: 03/12/2019). "Apelação cível. Ação de rescisão de contrato c.c. devolução de valores pagos. A alegação de impossibilidade de se rescindir o contrato por se tratar de alienação fiduciária imobiliária não tem relevância, pois esta tem por escopo a garantia, e não o impedimento para o desfazimento do pactuado, o qual, aliás, está protegido pelas normas previstas no CDC, não descaracteriza a relação de consumo existentes entre as partes. Precedentes desta Câmara. Súmula nº 1 desta Corte. O Compromissário comprador de imóvel, mesmo inadimplente, pode pedir a rescisão do contrato e reaver as quantias pagas, admitida a compensação com gastos próprios de administração e propaganda feitos pelo compromissário vendedor, assim como com o valor que se arbitrar pelo tempo de ocupação do bem. Não se pode admitir a perda total das parcelas pagas, sob pena de afronta ao disposto no artigo 53 do Código de Defesa do Consumidor. Em julgado recente desta Câmara foi definido percentual de 20% de retenção. Apelo provido. (TJSP; Apelação Cível 1012611-71.2017.8.26.0066; Relator (a): Silvério da Silva; Órgão Julgador: 8ª Câmara de Direito Privado; Foro de Barretos - 1ª Vara Cível; Data do Julgamento: 11/12/2019; Data de Registro: 13/12/2019). "COMPRA E VENDA IMOBILIÁRIA. ATRASO NA ENTREGA DO IMÓVEL. Alienação fiduciária. Não há prova do aperfeiçoamento da garantia, isto é do registro, e, por isso, inaplicável a Lei nº. 9.514/97. Desistência dos compradores. O percentual de retenção de 20% se mostra adequado para compensar razoavelmente os prejuízos decorrentes da resolução do contrato e está de acordo com o adotado pela jurisprudência e casos semelhantes. Recurso parcialmente provido." (TJSP; Apelação Cível 1000872-33.2019.8.26.0066; Relator (a): J.B. Paula Lima; Órgão Julgador: 10ª Câmara de Direito Privado; Foro de Barretos - 2ª Vara Cível; Data do Julgamento: 28/11/2019; Data de Registro: 28/11/2019). Em observância ao princípio da segurança jurídica e da estabilidade das decisões judiciais, passo a adotar a tese prevalecente no Tribunal de Justiça de São Paulo, nos moldes anteriormente explicitados. Sob esta perspectiva, em princípio é lícito ao comprador postular pela rescisão imotivada do contrato de compra e venda firmado, razão pela qual, e não se vislumbrando a possibilidade de dano reverso,defiro o pedido de tutela de urgência formulado no sentido de que seja obstada a cobrança por parte da ré das parcelas do contrato vencidas e vincendas, ficando vedada, ainda, a inclusão dos dados pessoais do (s) comprador (es) nos cadastros de inadimplentes dos órgãos de proteção ao crédito. Eventual descumprimento da ordem judicial, desde que comprovada nos autos, poderá ensejar a fixação de multa cominatória em desfavor da ré, o que será oportunamente analisado. 3. Verifico que a autora, em sua petição inicial, pleiteia a inversão do ônus da prova, nos moldes do art. 6º do CDC. Com efeito, constato a existência de verossimilhança das alegações da requerente lastreadas na prova documental colacionada com a petição inicial. A hipossuficiência do consumidor também é evidente, cabendo destacar que basta o preenchimento de um dos referidos requisitos (verossimilhança das alegações ou hipossuficiência) para que a inversão do ônus da prova seja deferida. Além da hipossuficiência, não se pode olvidar que, no âmbito das relações de consumo, presume-se de forma absoluta (presunção iure et de iure) a vulnerabilidade do consumidor, que pode ser: a) técnica (ausência de conhecimento específico acerca do produto ou serviço objeto de consumo); b) jurídica (falta de conhecimento jurídico, contábil ou econômico e de seus reflexos na relação de consumo); c) fática (insuficiência econômica, física ou psicológica que coloca o consumidor em desvantagem); e d) informacional (dados insuficientes sobre o produto ou serviço capazes de influenciar no processo decisório de compra). Assim, preenchidos os requisitos do artigo 6º, inciso VIII, do CDC, defiro a inversão do ônus da prova em favor do requerente. No mais, tendo em vista que nesta oportunidade foi determinada a inversão do ônus da prova, e por considerar que o processo civil não pode representar emboscada aos litigantes, deve-se propiciar ciência, por meio de intimação, às partes quanto a tal decisão. 4. Com relação à audiência prévia de conciliação (art. 334 caput do Novo CPC), faço as seguintes considerações: em demandas da mesma natureza ou em ações análogas, a conciliação amigável do litígio, especialmente em sua fase inicial, apresenta percentual mínimo ou reduzido de sucesso, e que em face da obrigatoriedade de observância dos critérios estabelecidos em lei (prazo mínimo de trinta dias para a realização do ato, nos termos do art. 334 caput do Novo CPC; intervalo mínimo de vinte minutos entre cada audiência, nos termos do artigo 334, § 12), da estrutura reduzida do CEJUSC local, dentre outros fatores, a realização da audiência prévia de conciliação poderá retardar a solução definitiva do litígio, e em observância aos princípios constitucionais da celeridade processual e da efetividade da prestação jurisdicional, deixo de designa-la neste momento. Ressalta-se, por fim, que havendo interesse das partes, e atento as particularidades da ação, poderá ser designada audiência de tentativa de conciliação no curso da demanda, sem prejuízo de que as partes, por meios próprios, busquem a composição amigável do litígio ao longo da ação. 5. Cite-se o (s) réu (s) para, querendo, oferecer (em) contestação no prazo de quinze dias úteis (art. 335 caput do Novo CPC), consignando-se que o prazo para resposta iniciar-se-á da data da juntada aos autos do aviso de recebimento, nos casos de citação postal, da data da juntada aos autos do mandado cumprido, nos casos de citação por oficial de justiça, da data da prática do ato, quando a citação se der por ato do escrivão ou chefe de secretaria (art. 231 do Novo CPC) bem como que a ausência de contestação implicará na revelia e na presunção de veracidade da matéria fática alegada na inicial como fundamento da pretensão inicial. Tratando-se de processo eletrônico, em prestígio às regras fundamentais dos artigos 4º e 6º do CPC fica vedado o exercício da faculdade prevista no art. 340 do CPC. Expeça-se o necessário. Intime-se. - ADV: ARTHUR EINSTEIN DE SOUZA MELIM (OAB 337528/SP)

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Processo nº 1006661-03.2025.8.26.0066

ID: 331817723

Tribunal: TJSP Órgão: Foro de Barretos - 4ª Vara Cível Classe: PROCEDIMENTO COMUM CíVEL Nº Processo: 1006661-03.2025.8.26.0066

Data de Disponibilização: 22/07/2025

Polo Ativo:

SéRGIO GUSTAVO MATTOS

Polo Passivo:

Intimação

Advogados:

FELIPE AUGUSTO TADINI MARTINS

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Processo 1006661-03.2025.8.26.0066 - Procedimento Comum Cível - Rescisão do contrato e devolução do dinheiro - Sérgio Gustavo Mattos - DECIDO. 1. Defiro à parte autora os beneficios da assistência ju… Processo 1006661-03.2025.8.26.0066 - Procedimento Comum Cível - Rescisão do contrato e devolução do dinheiro - Sérgio Gustavo Mattos - DECIDO. 1. Defiro à parte autora os beneficios da assistência judiciaria. Anote-se. 1.1. A presente ação não se enquadra em nenhuma das hipóteses previstas no artigo 189 do CPC, razão pela qual determino a retirada do segredo de justiça dos autos. Anote-se. 2. O pedido de tutela antecipada comporta acolhimento. No Tribunal de Justiça de São Paulo firmou-se o entendimento majoritário no sentido de que quando não há provas do registro da propriedade fiduciária e/ou há identidade entre a empresa responsável pelo empreendimento e que comercializa as unidades disponíveis com a credora fiduciária, fica descaracterizada a garantia estipulada, permitindo-se, assim, a rescisão unilateral do contrato por vontade do consumidor, fazendo jus a restituição, ainda que parcial, dos valores pagos. A respeito do tema, cito os seguintes julgados: "1. Garantia, a alienação fiduciária de imóvel pressupõe a propriedade do devedor, que de modo resolúvel a aliena ao credor. Como essa propriedade se adquire pelo registro do título aquisitivo, é intuitivo que, sem título antes registrado, não há alienação fiduciária, que também pressupõe seu próprio e posterior registro. 2. Nas circunstâncias, toma-se o negócio como compromisso de compra e venda, cuja denúncia pela promitente compradora se admite, direito potestativo, com a obrigação da promitente vendedora à repetição do preço recebido, sem se cogitar de saldo de venda extrajudicial, mas com a retenção em seu favor de percentual sobre o montante pago, além do custo pela ocupação do imóvel, arbitrado em meio por cento ao mês sobre seu valor." ( TJSP; Apelação Cível 1003604-21.2018.8.26.0066; Relator (a): Celso Pimentel; Órgão Julgador: 28ª Câmara de Direito Privado; Foro de Barretos - 3ª Vara Cível; Data do Julgamento: 29/08/2019; Data de Registro: 29/08/2019). "COMPROMISSO DE COMPRA E VENDA Ação de rescisão, com pleito de restituição dos valores pagos Inexistência de garantia de alienação fiduciária, posto que não levada a contratação a registro, de acordo com exigência do artigo 23 da Lei. 9.514/97- Ainda que não haja evidência de descumprimento contratual da incorporadora, tem-se reconhecido, na jurisprudência, o direito potestativo do consumidor, na rescisão da contratação e devolução parcial de valores integralizados Súmulas 1 do TJSP e 543 do STJ Retenção de 25% dos valores pagos, fixada a incidência de juros de mora a partir do trânsito em julgado da decisão (REsp's 1.723.519-SP e 1.740.911/DF) Sentença reformada Recurso provido, em parte." (TJSP; Apelação Cível 1003353-66.2019.8.26.0066; Relator (a): Caio Marcelo Mendes de Oliveira; Órgão Julgador: 32ª Câmara de Direito Privado; Foro de Barretos - 2ª Vara Cível; Data do Julgamento: 03/12/2019; Data de Registro: 03/12/2019). "Apelação cível. Ação de rescisão de contrato c.c. devolução de valores pagos. A alegação de impossibilidade de se rescindir o contrato por se tratar de alienação fiduciária imobiliária não tem relevância, pois esta tem por escopo a garantia, e não o impedimento para o desfazimento do pactuado, o qual, aliás, está protegido pelas normas previstas no CDC, não descaracteriza a relação de consumo existentes entre as partes. Precedentes desta Câmara. Súmula nº 1 desta Corte. O Compromissário comprador de imóvel, mesmo inadimplente, pode pedir a rescisão do contrato e reaver as quantias pagas, admitida a compensação com gastos próprios de administração e propaganda feitos pelo compromissário vendedor, assim como com o valor que se arbitrar pelo tempo de ocupação do bem. Não se pode admitir a perda total das parcelas pagas, sob pena de afronta ao disposto no artigo 53 do Código de Defesa do Consumidor. Em julgado recente desta Câmara foi definido percentual de 20% de retenção. Apelo provido. (TJSP; Apelação Cível 1012611-71.2017.8.26.0066; Relator (a): Silvério da Silva; Órgão Julgador: 8ª Câmara de Direito Privado; Foro de Barretos - 1ª Vara Cível; Data do Julgamento: 11/12/2019; Data de Registro: 13/12/2019). "COMPRA E VENDA IMOBILIÁRIA. ATRASO NA ENTREGA DO IMÓVEL. Alienação fiduciária. Não há prova do aperfeiçoamento da garantia, isto é do registro, e, por isso, inaplicável a Lei nº. 9.514/97. Desistência dos compradores. O percentual de retenção de 20% se mostra adequado para compensar razoavelmente os prejuízos decorrentes da resolução do contrato e está de acordo com o adotado pela jurisprudência e casos semelhantes. Recurso parcialmente provido." (TJSP; Apelação Cível 1000872-33.2019.8.26.0066; Relator (a): J.B. Paula Lima; Órgão Julgador: 10ª Câmara de Direito Privado; Foro de Barretos - 2ª Vara Cível; Data do Julgamento: 28/11/2019; Data de Registro: 28/11/2019). Em observância ao princípio da segurança jurídica e da estabilidade das decisões judiciais, passo a adotar a tese prevalecente no Tribunal de Justiça de São Paulo, nos moldes anteriormente explicitados. Sob esta perspectiva, em princípio é lícito ao comprador postular pela rescisão imotivada do contrato de compra e venda firmado, razão pela qual, e não se vislumbrando a possibilidade de dano reverso,defiro o pedido de tutela de urgência formulado no sentido de que seja obstada a cobrança por parte da ré das parcelas do contrato vencidas e vincendas, ficando vedada, ainda, a inclusão dos dados pessoais do (s) comprador (es) nos cadastros de inadimplentes dos órgãos de proteção ao crédito. Eventual descumprimento da ordem judicial, desde que comprovada nos autos, poderá ensejar a fixação de multa cominatória em desfavor da ré, o que será oportunamente analisado. 3. Verifico que a autora, em sua petição inicial, pleiteia a inversão do ônus da prova, nos moldes do art. 6º do CDC. Com efeito, constato a existência de verossimilhança das alegações da requerente lastreadas na prova documental colacionada com a petição inicial. A hipossuficiência do consumidor também é evidente, cabendo destacar que basta o preenchimento de um dos referidos requisitos (verossimilhança das alegações ou hipossuficiência) para que a inversão do ônus da prova seja deferida. Além da hipossuficiência, não se pode olvidar que, no âmbito das relações de consumo, presume-se de forma absoluta (presunção iure et de iure) a vulnerabilidade do consumidor, que pode ser: a) técnica (ausência de conhecimento específico acerca do produto ou serviço objeto de consumo); b) jurídica (falta de conhecimento jurídico, contábil ou econômico e de seus reflexos na relação de consumo); c) fática (insuficiência econômica, física ou psicológica que coloca o consumidor em desvantagem); e d) informacional (dados insuficientes sobre o produto ou serviço capazes de influenciar no processo decisório de compra). Assim, preenchidos os requisitos do artigo 6º, inciso VIII, do CDC, defiro a inversão do ônus da prova em favor do requerente. No mais, tendo em vista que nesta oportunidade foi determinada a inversão do ônus da prova, e por considerar que o processo civil não pode representar emboscada aos litigantes, deve-se propiciar ciência, por meio de intimação, às partes quanto a tal decisão. 4. Com relação à audiência prévia de conciliação (art. 334 caput do Novo CPC), faço as seguintes considerações: em demandas da mesma natureza ou em ações análogas, a conciliação amigável do litígio, especialmente em sua fase inicial, apresenta percentual mínimo ou reduzido de sucesso, e que em face da obrigatoriedade de observância dos critérios estabelecidos em lei (prazo mínimo de trinta dias para a realização do ato, nos termos do art. 334 caput do Novo CPC; intervalo mínimo de vinte minutos entre cada audiência, nos termos do artigo 334, § 12), da estrutura reduzida do CEJUSC local, dentre outros fatores, a realização da audiência prévia de conciliação poderá retardar a solução definitiva do litígio, e em observância aos princípios constitucionais da celeridade processual e da efetividade da prestação jurisdicional, deixo de designa-la neste momento. Ressalta-se, por fim, que havendo interesse das partes, e atento as particularidades da ação, poderá ser designada audiência de tentativa de conciliação no curso da demanda, sem prejuízo de que as partes, por meios próprios, busquem a composição amigável do litígio ao longo da ação. 5. Cite-se o (s) réu (s) para, querendo, oferecer (em) contestação no prazo de quinze dias úteis (art. 335 caput do Novo CPC), consignando-se que o prazo para resposta iniciar-se-á da data da juntada aos autos do aviso de recebimento, nos casos de citação postal, da data da juntada aos autos do mandado cumprido, nos casos de citação por oficial de justiça, da data da prática do ato, quando a citação se der por ato do escrivão ou chefe de secretaria (art. 231 do Novo CPC) bem como que a ausência de contestação implicará na revelia e na presunção de veracidade da matéria fática alegada na inicial como fundamento da pretensão inicial. Tratando-se de processo eletrônico, em prestígio às regras fundamentais dos artigos 4º e 6º do CPC fica vedado o exercício da faculdade prevista no art. 340 do CPC. Expeça-se o necessário. Intime-se. - ADV: FELIPE AUGUSTO TADINI MARTINS (OAB 331333/SP)

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Processo nº 0800434-47.2023.8.10.0049

ID: 295282697

Tribunal: TJMA Órgão: Primeira Câmara de Direito Privado Classe: APELAçãO CíVEL Nº Processo: 0800434-47.2023.8.10.0049

Data de Disponibilização: 11/06/2025

Polo Ativo:

GEOVANE DE SOUSA OLIVEIRA

Polo Passivo:

Decisão (expediente)

Advogados:

ENY ANGE SOLEDADE BITTENCOURT DE ARAUJO

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FELIPE CINTRA DE PAULA

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

ESTADO DO MARANHÃO PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA PRIMEIRA CÂMARA DE DIREITO PRIVADO APELAÇÃO CÍVEL N°0800434-47.2023.8.10.0049 APELANTE: BANCO ITAÚ BMG CONSIGNADO S/A ADVOGADO: ENY ANGE SOLEDA… ESTADO DO MARANHÃO PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA PRIMEIRA CÂMARA DE DIREITO PRIVADO APELAÇÃO CÍVEL N°0800434-47.2023.8.10.0049 APELANTE: BANCO ITAÚ BMG CONSIGNADO S/A ADVOGADO: ENY ANGE SOLEDADE BITTENCOURT DE ARAUJO - BA29442-A APELADO:APELADO: GEOVANE DE SOUSA OLIVEIRA ADVOGADO: FELIPE CINTRA DE PAULA - SP310440-A RELATORA: DESEMBARGADORA MARIA DO SOCORRO MENDONÇA CARNEIRO EMENTA DIREITO DO CONSUMIDOR. APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS. OBRIGAÇÃO DE FAZER. RECURSO DESPROVIDO. I. Caso em exame Apelação cível interposta por Banco Itaú BMG Consignado S/A contra sentença que julgou procedente pedido de obrigação de fazer ajuizado por Geovane de Sousa Oliveira, determinando a exibição de cópias dos contratos de empréstimos bancários firmados entre as partes no período de cinco anos. Sentença que condenou a parte ré também ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios, fixados em R$1.500,00. II. Questão em discussão A questão em discussão consiste em: (i) saber se a instituição financeira pode ser desobrigada de exibir os documentos requisitados em razão da alegada impossibilidade de localizá-los; e (ii) saber se é cabível a condenação em honorários advocatícios pela resistência à exibição dos documentos. III. Razões de decidir O Código de Defesa do Consumidor assegura ao consumidor o direito à informação adequada e clara (art. 6º, III), impondo às instituições financeiras o dever de exibir documentos comuns às partes (art. 399, III, do CPC). A parte autora comprovou a notificação extrajudicial prévia para obter os documentos, não sendo aceita a justificativa da ré de que não localizou os contratos. A recusa injustificada de exibição de documentos autoriza a condenação em honorários advocatícios, à luz do princípio da causalidade, conforme jurisprudência consolidada. Honorários advocatícios fixados em R$1.500,00 mostram-se adequados e proporcionais, considerando a baixa complexidade da demanda. Sentença mantida integralmente, com majoração da verba honorária para 20% sobre o valor da condenação, nos termos do art. 85, §11, do CPC, observada a suspensão da exigibilidade em razão da concessão da justiça gratuita. IV. Dispositivo e tese Recurso desprovido. Tese de julgamento: “1. A instituição financeira tem o dever de exibir ao consumidor os contratos bancários firmados no prazo de cinco anos, sendo inaplicável a alegação genérica de impossibilidade de localização. 2. A resistência injustificada à exibição de documentos enseja a condenação em honorários advocatícios, nos termos do princípio da causalidade.” DECISÃO MONOCRÁTICA Trata-se de Apelação Cível interposta por Banco Itaú BMG Consignado S/A, inconformado com a sentença proferida nos autos da Ação de Obrigação de Fazer ajuizada por Geovane de Sousa Oliveira, perante o Juízo da 2ª Vara da Comarca de Paço do Lumiar/MA. A r. sentença julgou procedente o pedido formulado na inicial para condenar a parte ré na obrigação de fazer consistente em exibir os documentos solicitados na petição inicial, consistentes em cópias dos contratos de empréstimos bancários firmados entre as partes no período de cinco anos, além de condená-la ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios, estes fixados, de forma equitativa, em R$1.500,00 (hum mil e quinhentos reais), considerando a baixa complexidade da causa. Em suas razões recursais, a parte apelante sustenta, em suma, a impossibilidade de cumprimento da obrigação de fazer, por não ter localizado os documentos requisitados, mesmo após buscas minuciosas; a inexistência de resistência injustificada à exibição de documentos que ensejasse a condenação em honorários advocatícios; e, por fim, requer a reforma da sentença para julgar improcedente o pedido autoral ou, subsidiariamente, para reduzir o valor dos honorários fixados. Em contrarrazões, a parte apelada pugnou pela manutenção da sentença, sustentando que o direito à informação e à transparência é previsto no Código de Defesa do Consumidor, que se aplica às instituições financeiras, sendo vedada a recusa de apresentação de documentos comuns às partes. Aduziu ainda que a parte autora notificou extrajudicialmente a ré para obter os documentos solicitados, sem obter êxito. A Procuradoria de Justiça manifestou-se pelo conhecimento do recurso, deixando de opinar sobre o mérito, por não identificar interesse público relevante na espécie. É o relatório. Decido. Em sendo assim, preenchido os requisitos, conheço do recurso passando a seguir a análise do mérito. Diante da existência de precedentes jurisprudenciais acerca da matéria, autorizado o Relator a proceder ao julgamento singular, a teor da Súmula 568, do Superior Tribunal de Justiça, in verbis: O relator, monocraticamente e no Superior Tribunal de Justiça, poderá dar ou negar provimento ao recurso quando houver entendimento dominante acerca do tema. (SÚMULA 568, CORTE ESPECIAL, julgado em 16/03/2016, DJe 17/03/2016) Ademais, conforme a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, "não viola o princípio da colegialidade a decisão monocrática do relator, tendo em vista a possibilidade de submissão do julgado ao exame do órgão colegiado, mediante a interposição de agravo regimental" (AgRg no HC 388.589/RS, Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, SEXTA TURMA, julgado em 06/02/2018, DJe 15/02/2018). No mérito, cumpre ressaltar que o art. 6º, inciso III, do Código de Defesa do Consumidor, assegura ao consumidor o direito à informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade, tributos incidentes e preço, bem como sobre os riscos que apresentem. Por sua vez, o art. 399, inciso III, do Código de Processo Civil, dispõe que é inadmissível a recusa de exibição de documento comum às partes, o qual afeta direta ou reflexamente a esfera jurídica do autor. No presente caso, verifica-se que o autor demonstrou ter requerido administrativamente, por meio de notificação extrajudicial, a exibição das cópias contratuais. A parte ré, contudo, permaneceu inerte, limitando-se a alegar genericamente a impossibilidade de localização dos documentos, argumento que, por si só, não se presta a elidir a obrigação legal de exibição, uma vez que a documentação é considerada comum às partes e integra a boa-fé objetiva que norteia as relações contratuais, especialmente as relações de consumo. Destaco que o Código de Defesa do Consumidor, conforme Súmula 297 do Superior Tribunal de Justiça, é plenamente aplicável às instituições financeiras, que devem observar o princípio da transparência e a inversão do ônus da prova, nos termos do art. 6º, inciso VIII, do referido diploma legal. A jurisprudência é pacífica no sentido de que a recusa injustificada em exibir documentos autoriza a condenação em honorários advocatícios em razão do princípio da causalidade, conforme se extrai dos julgados pátrios: Ementa. APELAÇÃO CÍVEL – AÇÃO DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS - FIXAÇÃO DE MULTA DIÁRIA PARA O CASO DE DESCUMPRIMENTO – POSSIBILIDADE – PARÁGRAFO ÚNICO DO ART. 400 DO CPC - VALOR – RAZOABILIDADE – CONDENAÇÃO EM HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS – PRETENSÃO RESISTIDA – POSSIBILIDADE - RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO. I - Descumprimento da ordem de exibição de documento que autoriza a incidência de multa coercitiva Arts . 139, IV, 400, parágrafo único, e 403, parágrafo único, CPC/2015 II - A compreensão de que, nas ações cautelares de exibição de documentos e produção antecipada de provas, em razão dos princípios da sucumbência e da causalidade, apenas haverá a condenação ao pagamento de honorários advocatícios quando estiver demonstrada a resistência à exibição dos documentos, o que ocorreu in casu.(TJ-MT - APELAÇÃO CÍVEL: 1003604-82.2022.8 .11.0006, Relator.: NÃO INFORMADO, Data de Julgamento: 28/02/2024, Segunda Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 05/03/2024) EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS - INTERESSE DE AGIR - REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO - NÃO ATENDIMENTO EM PRAZO RAZOÁVEL - CUSTO DO SERVIÇO INEXIGÍVEL - HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS DE SUCUMBÊNCIA - PRINCÍPIO DA CAUSALIDADE. A notificação extrajudicial com aviso de recebimento é documento idôneo a comprovar o prévio requerimento administrativo. O não atendimento do requerimento em prazo razoável informa o interesse de agir. Não é necessário o pagamento dos custos do serviço como exigência para manejo da ação de exibição de documentos quando ausente nos autos qualquer demonstração de previsão contratual nesse sentido . Na ação de exibição, o interesse de agir surge da necessidade demonstrada pelo autor de obter do judiciário o reconhecimento do seu direito às cópias dos documentos discriminados na petição inicial, visando, se for o caso, instruir eventual ação de conhecimento, ou, tão somente analisá-los. Pelo princípio da causalidade, aquele que deu causa ao ajuizamento da ação deverá arcar com as verbas de sucumbência. "Nas ações de exibição de documento, a instituição financeira é condenada em honorários advocatícios quando houver pretensão resistida em fornecer os documentos pleiteados, aplicando-se os princípios da sucumbência e da causalidade" (STJ - AgRg no AREsp 575367 / MS). VV . APELAÇÃO CÍVEL - SEGURO DE VIDA- EXIBIÇÃO DE DOCUMENTO NA MODALIDADE DE PRODUÇÃO ANTECIPADA DE PROVA - NCPC - APRESENTAÇÃO DA DOCUMENTAÇÃO EM JUÍZO - RESISTÊNCIA EXTRAJUDICIAL - INTERESSE PROCESSUAL - PRESENTE -HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS - IMPOSSIBILIDADE. Na sistemática do Código de Processo Civil de 2015, é admissível o procedimento de produção antecipada de prova para exibição de documento que tenha potencialidade de justificar ou evitar ajuizamento de ação. A exibição do documento em juízo não prejudica o interesse processual para a exibição de documento via produção antecipada de prova, porque a necessidade do proced imento decorre de resistência extrajudicial. Tratando-se de procedimento de produção antecipada de prova, no qual não existe lide, não há se falar em condenação em honorários advocatícios e, em vez de um provimento condenatório à exibição de documento, são adotadas medidas coercitivas ou sub-rogatórias visando a obtenção da prova a ser homologada .(TJ-MG - AC: 10000204961817001 MG, Relator.: Habib Felippe Jabour (JD Convocado), Data de Julgamento: 11/02/2021, Câmaras Cíveis / 12ª CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: 19/02/2021) Portanto, a sentença recorrida merece ser mantida na íntegra, uma vez que se encontra em consonância com a legislação aplicável e com a jurisprudência consolidada. Em relação aos honorários advocatícios, a quantia fixada em R$1.500,00 revela-se adequada e proporcional, considerando a baixa complexidade da demanda e o trabalho desenvolvido pelos patronos das partes, nos termos do §8º do art. 85 do CPC. Diante do exposto, nego provimento ao recurso interposto por Banco Itaú BMG Consignado S/A, mantendo integralmente a sentença que determinou a exibição dos contratos bancários e a condenação ao pagamento de honorários advocatícios. Majoro, de ofício, a verba honorária sucumbencial em grau recursal para o patamar de 20% sobre o valor da condenação, nos termos do §11 do art. 85 do CPC, mantendo, contudo, a suspensividade da exigibilidade em razão da concessão da justiça gratuita. Publique-se. Intimem-se. São Luís, data do sistema. Desembargadora Maria do Socorro Mendonça Carneiro Relatora

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Processo nº 1003604-88.2023.8.11.0025

ID: 318601518

Tribunal: TJMT Órgão: Terceira Câmara de Direito Privado Classe: AGRAVO REGIMENTAL CíVEL Nº Processo: 1003604-88.2023.8.11.0025

Data de Disponibilização: 07/07/2025

Polo Ativo:

NF SUINOS E DERIVADOS LTDA

Polo Passivo:

Acórdão

Advogados:

FLAVIO LEMOS GIL

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ESTADO DE MATO GROSSO PODER JUDICIÁRIO TERCEIRA CÂMARA DE DIREITO PRIVADO Número Único: 1003604-88.2023.8.11.0025 Classe: AGRAVO REGIMENTAL CÍVEL (206) Assunto: [Cédula de Crédito Bancário, Efeitos, … ESTADO DE MATO GROSSO PODER JUDICIÁRIO TERCEIRA CÂMARA DE DIREITO PRIVADO Número Único: 1003604-88.2023.8.11.0025 Classe: AGRAVO REGIMENTAL CÍVEL (206) Assunto: [Cédula de Crédito Bancário, Efeitos, Efeito Suspensivo / Impugnação / Embargos à Execução] Relator: Des(a). CARLOS ALBERTO ALVES DA ROCHA Turma Julgadora: [DES(A). CARLOS ALBERTO ALVES DA ROCHA, DES(A). DIRCEU DOS SANTOS, DES(A). RUBENS DE OLIVEIRA SANTOS FILHO] Parte(s): [NF SUINOS E DERIVADOS LTDA - CNPJ: 24.400.924/0001-43 (AGRAVANTE), FLAVIO LEMOS GIL - CPF: 913.406.831-72 (ADVOGADO), BANCO DO BRASIL SA - CNPJ: 00.000.000/0001-91 (AGRAVADO)] A C Ó R D Ã O Vistos, relatados e discutidos os autos em epígrafe, a TERCEIRA CÂMARA DE DIREITO PRIVADO do Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso, sob a Presidência Des(a). CARLOS ALBERTO ALVES DA ROCHA, por meio da Turma Julgadora, proferiu a seguinte decisão: POR UNANIMIDADE, DESPROVEU O RECURSO. E M E N T A DIREITO PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO. PEDIDO DE JUSTIÇA GRATUITA FORMULADO POR PESSOA JURÍDICA. INDEFERIMENTO MANTIDO. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DA HIPOSSUFICIÊNCIA. RECURSO DESPROVIDO. I. Caso em exame Agravo interno interposto contra decisão monocrática que indeferiu pedido de justiça gratuita formulado por pessoa jurídica em sede de apelação cível. A agravante sustentou que apresentou documentação hábil a comprovar sua hipossuficiência econômica, destacando custos operacionais e endividamento relevante. Requereu a reforma da decisão ou, subsidiariamente, a concessão de prazo para apresentação de novos documentos. II. Questão em discussão A questão em discussão consiste em saber se a documentação apresentada pela agravante, pessoa jurídica, é suficiente para comprovar a alegada hipossuficiência econômica e ensejar a concessão dos benefícios da justiça gratuita. III. Razões de decidir A concessão de justiça gratuita à pessoa jurídica exige comprovação da impossibilidade de arcar com os encargos processuais, nos termos do art. 98, caput, do CPC. A Súmula 481/STJ admite a concessão à pessoa jurídica, com ou sem fins lucrativos, desde que comprovada a impossibilidade de arcar com os custos do processo.No caso, os documentos juntados não demonstram de forma inequívoca a alegada hipossuficiência econômica, tendo em vista o volume de recursos movimentados e os dados do balanço patrimonial apresentados. A mera existência de dívidas ou dificuldades operacionais não comprova, por si só, o estado de miserabilidade jurídica exigido para a concessão do benefício. IV. Dispositivo e tese Recurso desprovido. Tese de julgamento: " A concessão de justiça gratuita à pessoa jurídica exige prova inequívoca da impossibilidade de arcar com as despesas do processo. A existência de dívidas ou dificuldades operacionais não é suficiente para comprovar hipossuficiência econômica, sendo necessária demonstração concreta da inviabilidade de custeio dos encargos processuais.” Dispositivos relevantes citados: F/1988, art. 5º, LXXIV; CPC, arts. 98, 99, §§ 2º e 3º. R E L A T Ó R I O Trata-se de recurso de agravo de interno, interposto por NF Suínos e Derivados Ltda. em face da decisão que indeferiu a concessão dos benefícios da justiça gratuita. Irresignada, NF Suínos e Derivados LTDA recorre alegando ter apresentado documentação hábil a comprovar sua hipossuficiência econômica, demonstrando não possuir condições de arcar com as custas processuais sem prejuízo do desempenho regular de suas atividades empresariais e da manutenção de sua saúde fiscal e trabalhista. Contesta os fundamentos lançados na decisão agravada, segundo os quais haveria numerários incompatíveis com a concessão da gratuidade. Sustenta que a análise efetuada desconsiderou o contexto financeiro global da empresa, notadamente o fato de estar enfrentando endividamento significativo, inclusive relacionado à própria demanda em curso, além de arcar com elevados custos operacionais típicos da atividade agroindustrial de suinocultura, altamente suscetível a variações econômicas. Ressalta que o indeferimento da benesse inviabiliza o pleno exercício do contraditório e da ampla defesa, configurando afronta a princípios constitucionais do processo justo. Alega que o preparo recursal exigido implica ônus desproporcional à sua atual realidade financeira, sendo incompatível com sua capacidade econômica. Ao final, requer a reforma da decisão monocrática, com o consequente deferimento da justiça gratuita. Subsidiariamente, postula a abertura de prazo para juntada de novos documentos que comprovem de forma mais robusta a hipossuficiência econômica da pessoa jurídica agravante. A parte agravada não apresentou contraminuta. É o relatório. Inclua-se na pauta. Cuiabá, 02 de julho de 2025. CARLOS ALBERTO ALVES DA ROCHA Relator V O T O R E L A T O R Cinge-se dos autos que NF Suínos e Derivados Ltda interpôs recurso de apelação em face da r.sentença proferida pelo MM. Juiz de Direito da 1ª Vara da Comarca de Juína. O apelante requereu, preliminarmente, a concessão dos benefícios da justiça gratuita, sendo determinada sua intimação para comprovação dos pressupostos para a concessão do benefício, apresentando a documentação arrolada no id. 286393396. Contudo, por não vislumbrar a presença dos requisitos ensejadores para concessão do benefício, este Relator indeferiu o pedido, determinando o recolhimento do preparo, sob pena de deserção (id. 29031885). Irresignado, agora em sede de agravo interno, sustenta ter apresentado documentação hábil a comprovar sua hipossuficiência econômica, demonstrando não possuir condições de arcar com as custas processuais sem prejuízo do desempenho regular de suas atividades empresariais e da manutenção de sua saúde fiscal e trabalhista. Contesta os fundamentos lançados na decisão agravada, segundo os quais haveria numerários incompatíveis com a concessão da gratuidade. Sustenta que a análise efetuada desconsiderou o contexto financeiro global da empresa, notadamente o fato de estar enfrentando endividamento significativo, inclusive relacionado à própria demanda em curso, além de arcar com elevados custos operacionais típicos da atividade agroindustrial de suinocultura, altamente suscetível a variações econômicas. Ressalta que o indeferimento da benesse inviabiliza o pleno exercício do contraditório e da ampla defesa, configurando afronta a princípios constitucionais do processo justo. Alega que o preparo recursal exigido implica ônus desproporcional à sua atual realidade financeira, sendo incompatível com sua capacidade econômica. Ao final, requer a reforma da decisão monocrática, com o consequente deferimento da justiça gratuita. Subsidiariamente, postula a abertura de prazo para juntada de novos documentos que comprovem de forma mais robusta a hipossuficiência econômica da pessoa jurídica agravante. Pois bem. A questão ventilada não é de difícil elucidação e seguindo entendimento já esboçado na decisão objurgada, a razão não assiste ao agravante. Explico. Dito isso, a Constituição Federal estabelece em seu art. 5º, LXXIV, que “o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos”. Dessa forma, para ser amparado pelo benefício, é necessária a comprovação da miserabilidade, que pode ser feita por documentos públicos ou particulares, desde que retratem a real situação financeira da requerente do benefício, o que não é o caso dos autos. O benefício da gratuidade não é amplo e absoluto. Não é injurídico condicionado ao Juiz a concessão da gratuidade à comprovação da miserabilidade jurídica alegada, se a atividade exercida pelo litigante faz, em princípio, presumir não se tratar de pessoa pobre. Desse modo, é cediço que o princípio geral que rege a gratuidade da justiça está previsto no art. 98, do CPC, verbis: “A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com insuficiência de recursos para pagar as custas, as despesas processuais e os honorários advocatícios tem direito à gratuidade da justiça, na forma da lei.” Com o advento do CPC/2015, a gratuidade da justiça pode dizer respeito a apenas um ou alguns dos atos processuais (art. 98, §5º, 1ª parte). Pode haver, ainda, apenas alguma flexibilização em relação ao pagamento das despesas, como a redução percentual (art. 98, §5º, 2ª parte) ou o parcelamento (art. 98, §6º). Conquanto se presuma verdadeira a alegação de insuficiência deduzida exclusivamente por pessoa natural (art. 99, §3º, CPC), tal pedido pode ser indeferido, quando houver nos autos elementos que evidenciem a falta de pressupostos legais para a concessão da gratuidade, conforme expressamente estatui o art. 99, §2º, verbis:“O juiz somente poderá indeferir o pedido se houver nos autos elementos que evidenciem a falta dos pressupostos legais para a concessão de gratuidade, devendo, antes de indeferir o pedido, determinar à parte a comprovação do preenchimento dos referidos pressupostos.” Necessário ponderar que este benefício não é excluído à pessoa jurídica, que ao satisfazer as custas processuais, comprometa a sua manutenção. Destarte, para ser amparado pelo benefício, é necessária a comprovação da impossibilidade de arcar com os encargos financeiros do processo, que pode ser feita por documento público ou particular, desde que retratem a real situação financeira do requerente do benefício, o que não é o caso dos autos Por conseguinte, o Superior Tribunal de Justiça editou a Súmula 481, que dispõe sobre a concessão do benefício à pessoa jurídica, verbis:“Faz jus ao benefício da justiça gratuita a pessoa jurídica com ou sem fins lucrativos que demonstrar sua impossibilidade de arcar com os encargos processuais.” (negritei) Logo, faz-se necessária a apresentação de prova cabal do estado de hipossuficiência, o que não ocorreu no caso vertente, mesmo com a apresentação dos documentos de 286393396, considerando o balanço patrimonial e a grande movimentação de valores pela empresa ré, sobretudo quando a mera condição ostentada não implica em miserabilidade impeditiva do recolhimento das custas. Sem embargo, a existência de ações ou dívidas por si só não é suficiente para atribuir ao autor a condição de miserabilididade a ponto de impossibilitar o pagamento do valor das custas e taxas judiciárias. Assim, o certo é que a concessão da gratuidade à pessoa jurídica de direito privado é admitida em caráter excepcional e depende da demonstração de que a empresa não tem condições de custear as despesas processuais, o que não ocorreu no caso em apreço. Digo isso, porque o recorrente, por mais necessitado que possa aduzir, não se coaduna com a miserabilidade ou necessidade prescrita pela aludida norma legal. Com isso, não pode a parte pretender que o Estado assuma ônus que é seu, quando não evidenciada a necessidade real, justificando a concessão do benefício, motivo pelo qual a decisão merece ser mantida neste ponto. Dessa forma, entendo que não há necessidade real do agravante em beneficiar-se da assistência judiciária gratuita, devendo providenciar o recolhimento do preparo recursal, mormente indeferido o pedido de assistência judiciária nesta instância. Portanto, por estes termos e estribado nessas razões, tenho que a r. decisão está bem posta, devendo permanecer por seus próprios fundamentos. Posto isso, conheço do recurso e lhe NEGO PROVIMENTO. Cuiabá, 02 de julho de 2025. CARLOS ALBERTO ALVES DA ROCHA Relator Data da sessão: Cuiabá-MT, 02/07/2025

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