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Processo nº 1000866-27.2024.8.11.0047

ID: 315476176

Tribunal: TJMT Órgão: Quinta Câmara de Direito Privado Classe: APELAçãO CíVEL Nº Processo: 1000866-27.2024.8.11.0047

Data de Disponibilização: 03/07/2025

Polo Ativo:

MARLENE DIAS

Polo Passivo:

Acórdão

Advogados:

IGOR GUSTAVO VELOSO DE SOUZA

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ESTADO DE MATO GROSSO PODER JUDICIÁRIO QUINTA CÂMARA DE DIREITO PRIVADO Número Único: 1000866-27.2024.8.11.0047 Classe: APELAÇÃO CÍVEL (198) Assunto: [Empréstimo consignado, Cartão de Crédito] Relato… ESTADO DE MATO GROSSO PODER JUDICIÁRIO QUINTA CÂMARA DE DIREITO PRIVADO Número Único: 1000866-27.2024.8.11.0047 Classe: APELAÇÃO CÍVEL (198) Assunto: [Empréstimo consignado, Cartão de Crédito] Relator: Des(a). MARCOS REGENOLD FERNANDES Turma Julgadora: [DES(A). MARCOS REGENOLD FERNANDES, DES(A). LUIZ OCTAVIO OLIVEIRA SABOIA RIBEIRO, DES(A). SEBASTIAO DE ARRUDA ALMEIDA] Parte(s): [MARLENE DIAS - CPF: 022.230.851-64 (APELANTE), IGOR GUSTAVO VELOSO DE SOUZA - CPF: 032.680.751-93 (ADVOGADO), BANCO BRADESCO S.A. - CNPJ: 60.746.948/0001-12 (APELADO), WILSON SALES BELCHIOR - CPF: 629.286.943-15 (ADVOGADO)] A C Ó R D Ã O Vistos, relatados e discutidos os autos em epígrafe, a QUINTA CÂMARA DE DIREITO PRIVADO do Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso, sob a Presidência Des(a). SEBASTIAO DE ARRUDA ALMEIDA, por meio da Turma Julgadora, proferiu a seguinte decisão: POR UNANIMIDADE, PROVEU PARCIALMENTE O RECURSO. E M E N T A DIREITO CIVIL E DO CONSUMIDOR. APELAÇÃO CÍVEL. CARTÃO DE CRÉDITO CONSIGNADO NÃO CONTRATADO. DESCONTOS INDEVIDOS EM CONTA DE BENEFICIÁRIA IDOSA. DANO MORAL CONFIGURADO. MAJORAÇÃO DA INDENIZAÇÃO. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. I. CASO EM EXAME: Apelação Cível interposta contra sentença que, nos autos de Ação Declaratória c/c Indenização por Danos Morais, julgou parcialmente procedentes os pedidos para declarar a inexistência de contrato de cartão de crédito consignado – RMC, condenar o réu à devolução em dobro dos valores descontados indevidamente e ao pagamento de indenização por danos morais no valor de R$ 3.000,00. A autora pleiteia a majoração do valor da indenização, alegando a gravidade da conduta ilícita, os danos sofridos e sua condição de idosa e aposentada. II. QUESTÃO EM DISCUSSÃO: A questão em discussão consiste em definir se é cabível a majoração da indenização por danos morais arbitrada em virtude de descontos indevidos em benefício previdenciário da autora, decorrentes de contrato de cartão de crédito consignado não contratado. III. RAZÕES DE DECIDIR: Os contratos bancários inserem-se na categoria de contratos de adesão, sendo plenamente aplicável o Código de Defesa do Consumidor, nos termos do art. 3º, §2º, do CDC e das Súmulas 297 e 479 do STJ. A ausência de comprovação da contratação válida do cartão consignado e a realização de descontos indevidos configuram falha na prestação do serviço, ensejando a responsabilidade objetiva da instituição financeira, nos termos do art. 14 do CDC. A indenização por danos morais tem caráter compensatório e pedagógico, devendo ser arbitrada com base nos princípios da razoabilidade e proporcionalidade, considerando-se as circunstâncias pessoais da vítima, a extensão do dano e a conduta do agente. O valor fixado na sentença (R$ 3.000,00) não reflete adequadamente a gravidade da violação, sobretudo diante da condição de idosa da autora e da natureza alimentar de seus proventos, justificando a majoração da indenização para R$ 6.000,00. IV. DISPOSITIVO E TESE: Recurso parcialmente provido. Tese de julgamento: A instituição financeira responde objetivamente pelos danos decorrentes de descontos indevidos em conta bancária por contrato não comprovadamente celebrado. É cabível a majoração da indenização por danos morais quando o valor fixado em primeiro grau se revela desproporcional diante da gravidade da conduta ilícita, da vulnerabilidade da vítima e da função pedagógica da reparação civil. A condição de idosa e a natureza alimentar dos rendimentos atingidos são fatores relevantes na fixação do quantum indenizatório por dano moral. Dispositivos relevantes citados: CF/1988, art. 5º, X; CDC, arts. 3º, §2º, 14 e 42, parágrafo único; CPC/2015, arts. 85, §§ 2º e 11. Jurisprudência relevante citada: STJ, REsp 1.199.782/PR; STJ, EAREsp 1.847.842/PR, Rel. Min. Herman Benjamin, Corte Especial, j. 06.09.2023, DJe 21.09.2023; TJMT, Ap Cív 1004123-97.2023.8.11.0046, Rel. Des. Sebastião de Arruda Almeida, j. 18.06.2025; TJMT, Ap Cív 1002585-49.2024.8.11.0013, Rel. Desª. Maria Helena Gargaglione Póvoas, j. 28.05.2025. R E L A T Ó R I O EXMO. SR. DES. MARCOS REGENOLD FERNANDES (RELATOR) Egrégia Câmara: Trata-se de recurso de Apelação Cível interposto por MARLENE DIAS contra sentença proferida pelo MM. Juiz de Direito da Vara Única da Comarca de Jauru/MT, que, nos autos da Ação Declaratória c/c Indenização por Danos Morais ajuizada em face de BANCO BRADESCO S/A, julgou parcialmente procedente o pedido inicial para declarar a inexistência do contrato de consignação associada ao cartão de crédito – RMC, bem como condenar a instituição financeira ao pagamento de indenização por danos morais no valor de R$ 3.000,00 (três mil reais). Inconformada, a Apelante recorre visando à majoração do valor arbitrado a título de danos morais, sustentando que o montante fixado se mostra irrisório diante da gravidade da conduta ilícita perpetrada pelo Banco Bradesco S/A, consistente na contratação fraudulenta de empréstimo em seu nome e na realização de descontos indevidos em sua conta corrente. Sustenta que o Banco, para além de não comprovar a regularidade da contratação, agiu com descaso ao não solucionar administrativamente a situação, o que justifica a elevação da indenização para o montante de R$ 10.000,00 (dez mil reais), valor que, a seu sentir, melhor atende ao caráter compensatório e pedagógico da reparação civil, sobretudo diante de sua condição de idosa, aposentada, e da natureza alimentar dos proventos atingidos. Com essas considerações, requer seja parcialmente reformada a r. sentença com a fixação da indenização por danos morais no valor pleiteado. Devidamente intimado, o Apelado apresentou contrarrazões pleiteando o desprovimento do recurso (ID 292512520). A Apelante litiga sob o manto da justiça gratuita. É o relatório. Inclua-se em pauta. V O T O R E L A T O R EXMO. SR. DES. MARCOS REGENOLD FERNANDES (RELATOR) Egrégia Câmara: Cinge-se dos autos que MARLENE DIAS ajuizou Ação Declaratória c/c Indenização por Danos Morais em face do BANCO BRADESCO S/A, afirmando que foi surpreendida com a notícia de que a instituição financeira requerida estava descontando certa quantia mensalmente de sua conta bancária, contudo, nunca solicitou nenhum empréstimo ou cartão com margem consignada. Ao final da instrução processual, sobreveio sentença julgando parcialmente procedente o pedido, nos seguintes termos: “(...) No mérito, consoante relatado, o autor suportou, resumidamente, cobrança indevida relativa a prestações do cartão de crédito consignado litigado, o qual, consoante afirma, não fora contratado. Sob esse prisma, razão assiste ao autor, porquanto a parte requerida sequer informa a regularidade na contratação, pelo contrário, se limita a aduzir a liberação dos valores e contratação. A requerida não junta qualquer contrato, não apresenta a forma que fora formalizada a contratação, apenas exemplifica como ocorreu o desbloqueio do suposto cartão enviado à autora. A parte requerida apresente lista extensa de faturas oriundas do cartão, sem que conste a efetiva utilização pela autora no comércio local, os lançamentos são relativos a IOF, encargos, e pagamento consignado. Com efeito, o banco réu responde, objetivamente, pelos danos causados por fraudes ou delitos praticados por terceiros, o que decorre do risco do empreendimento, caracterizando-se como fortuito interno (STJ, REsp n. 1.199.782/PR), cuja conduta gera a presunção de danos morais (in re ipsa), não havendo, portanto, falar-se em comprovação do fato constitutivo de direito, o qual decorre da própria conduta ilícita. Ora, segundo o art. 14 do Código de Defesa do Consumidor, o fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços. Neste caso, forçoso concluir pela deficiência na prestação de serviço da instituição ré, pois não se cercou dos cuidados necessários e, indevidamente, promoveu cobrança de débito relativo a contrato de cartão não contratado pelo autor. De mais a mais, não comprovou quaisquer das excludentes do § 3º da norma em comento, devendo, portanto, com base na teoria do risco da atividade, ser responsabilizado pela conduta descrita à proemial. Com relação à quantificação do dano moral, não obstante a dificuldade para mensuração, ante a ausência de critério legal, é necessária a fixação alguns parâmetros. Não se trata, no caso, de precificar o sentimento íntimo da pessoa lesada, visto que seria algo inviável. A indenização se presta, em verdade, a amenizar a dor experimentada em decorrência do ato ilícito praticado pela instituição financeira, ora ré. Embora a vantagem pecuniária a ser aferida pela vítima não faça com que se restabeleça o status quo ante, é hábil a proporcionar uma compensação à pessoa prejudicada pela conduta ilícita. A reparação por dano moral visa a compensação da vítima pelos males suportados em razão da conduta ilícita do agente, que provocou ofensa aos seus direitos da personalidade, assim considerados como aqueles reconhecidos à pessoa humana tomada em si mesma e em suas projeções na sociedade. Neste aspecto, importa ter em mente que a indenização deve ser em valor tal que garanta à parte lesada uma compensação pela lesão experimentada, bem como implique, àquele que efetuou a conduta reprovável, impacto suficiente para dissuadi-lo na repetição de novos atos dessa natureza. Para tanto, a condição econômica das partes, a repercussão do fato, assim como a conduta do agente devem ser perquiridos para a justa fixação do valor indenizatório, no intuito de evitar o enriquecimento injustificado do autor, como também evitar uma punição ínfima e irrelevante ao agente. O juiz, ao valorar o dano moral, deve arbitrar uma quantia que, de acordo com o seu prudente arbítrio, seja compatível com a reprovabilidade da conduta ilícita, a intensidade e duração do sofrimento experimentado pela vítima, a capacidade econômica do causador do dano, as condições sociais da ofendida, e outras circunstâncias mais que se fizerem presentes. Atento a isso, reputo justa uma indenização por danos morais, no valor de R$ 3.000,00 (três mil reais), corrigidos monetariamente pelo INPC, a partir do arbitramento (Súmula 362 do STJ) e acrescidos de juros de mora de 1% ao mês, a partir do trânsito em julgado da sentença. Quanto à repetição do indébito, segundo tese fixada pela Corte Especial do c. Superior Tribunal de Justiça, “a repetição em dobro, prevista no parágrafo único do art. 42 do CDC, é cabível quando a cobrança indevida consubstanciar conduta contrária à boa-fé objetiva, ou seja, deve ocorrer independentemente da natureza do elemento volitivo” (EREsp 1.413.542/RS). Razão assiste, portanto, ao autor, para que a instituição financeira, ora ré, seja compelida à restituição, em dobro, das parcelas indevidamente pagas, corrigidas monetariamente pelo INPC e acrescidas de juros de mora de 1% ao mês, a contar de cada desconto (Súmula 54 do STJ). Outrossim, o valor oriundo do crédito relativo ao cartão disponibilizado à autora deverá ser compensado do valor da condenação em fase de cumprimento de sentença, sob pena de enriquecimento ilícito da autora. “Ex positis”, JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTES os pedidos declinados na inicial para: a) Declarar a inexistência do contrato de consignação associada a cartão de crédito – RMC em discussão nesses autos; b) Condenar a instituição financeira na restituição do valor de em repetição de indébito (art. 42, parágrafo único, do CDC), montante que deverá ser corrigido monetariamente pelo INPC a partir da data dos respectivos descontos e juros moratórios de 1% (um por cento) ao mês a partir desde a data do evento danoso (Súmula 54 STJ), devendo os valores ser especificado no cumprimento de sentença; c) Condenar a parte reclamada a recompor danos morais em favor da parte autora, no valor de R$3.000,00 (três mil reais), valor que deverá ser reajustado monetariamente pelo INPC (desde a data do arbitramento) – Súmula 362 STJ e com juros de 1% (um por cento) ao mês, desde a data do evento danoso (Súmula 54 STJ); d) Determinar a compensação dos valores depositados pelo requerido na conta da requerente, mediante comprovação nos autos. Por consequência, julgo extinto com resolução de mérito o presente feito, nos termos do artigo 487, I, do Código de Processo Civil. Condeno a parte requerida nas custas e despesas processuais, e em honorários advocatícios, que fixo em 10% do valor da condenação (art. 85, §2°, Código de Processo Civil).” A autora recorre sustentando que para além de o Banco não comprovar a regularidade da contratação, agiu com descaso ao não solucionar administrativamente a situação, o que justifica a elevação da indenização para o montante de R$ 10.000,00 (dez mil reais), valor que, a seu sentir, melhor atende ao caráter compensatório e pedagógico da reparação civil, sobretudo diante de sua condição de idosa, aposentada, e da natureza alimentar dos proventos atingidos. Pois bem. É incontestável que os contratos de natureza bancária se enquadram no rol dos contratos de adesão, o que torna imperativa a aplicação do Código de Defesa do Consumidor, especialmente considerando que a atividade bancária está expressamente prevista no artigo 3º, §2º, do referido código. Em relação à quantificação dos danos morais, é cediço que a lei não estabelece parâmetros objetivos para a quantificação do valor da indenização por danos morais, devendo o Juiz, no exercício do poder discricionário, ao analisar o caso concreto, ficar atento à proporcionalidade e à razoabilidade. Dessa forma, recomenda-se que o julgador se paute pelo juízo da equidade, levando em conta as circunstâncias de cada caso, devendo o quantum da indenização corresponder à lesão, mas não ser estritamente equivalente a ela, porquanto impossível, materialmente, nesta seara, alcançar essa sintonia, já que o ressarcimento pelo dano moral decorrente de ato ilícito é uma forma de compensar o mal causado, não devendo ser usado como fonte de enriquecimento ou abusos. Portanto, deve ser considerado no valor a ser fixado a dupla finalidade do instituto, cujos objetivos são: por um lado, a punição do ofensor como forma de coibir a sua reincidência na prática delituosa e, por outro, a compensação da vítima pela dor e sofrimento vivenciados. Diante dessas premissas, no presente caso, os danos morais fixados em R$ 3.000,00 (três mil reais) estão em desconformidade com a extensão dos danos efetivamente sofridos, a sua reparabilidade, além da finalidade pedagógica em relação à parte recorrida. Isso porque, considerando a condição econômica das partes, a repercussão do fato, a conduta do agente e, sobretudo, o fato da consumidora se tratar de pessoa idosa, a qual teve seus proventos de aposentadoria descontados de forma indevida, entendo como adequado arbitrar o valor em R$ 6.000,00 (seis mil reais), quantia que está em consonância com os critérios de razoabilidade e proporcionalidade e com outros entendimentos aplicados em casos análogos. A propósito: “DIREITO CIVIL E CONSUMIDOR. APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E REPETIÇÃO DE INDÉBITO. EMPRÉSTIMO CONSIGNADO NÃO CONTRATADO. DESCONTOS INDEVIDOS EM BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DA RELAÇÃO JURÍDICA. RESPONSABILIDADE OBJETIVA. DANO MORAL CONFIGURADO. DEVOLUÇÃO SIMPLES. DEVOLUÇÃO EM DOBRO. AFASTADO. MAJORAÇÃO DO QUANTUM INDENIZATÓRIO. COMPENSAÇÃO DE VALORES. REJEIÇÃO. RECURSOS PARCIALMENTE PROVIDOS. (...) 7. O valor fixado em R$ 3.000,00 a título de danos morais revela-se insuficiente frente à gravidade da lesão e aos objetivos reparatório e pedagógico da indenização, sendo adequado o montante de R$ 6.000,00. IV. DISPOSITIVO E TESE: 8. Recursos parcialmente providos: (i) para afastar a devolução em dobro, determinando restituição simples, corrigida e com juros legais; (ii) para majorar a indenização por danos morais para R$ 6.000,00 (...)” (N.U 1004123-97.2023.8.11.0046, CÂMARAS ISOLADAS CÍVEIS DE DIREITO PRIVADO, SEBASTIAO DE ARRUDA ALMEIDA, Quinta Câmara de Direito Privado, Julgado em 18/06/2025, Publicado no DJE 18/06/2025) (g.n.) “DIREITO CIVIL E CONSUMIDOR. APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. CONTRATAÇÃO FRAUDULENTA DE EMPRÉSTIMO CONSIGNADO. VIA MOBILE BANK (CELULAR). RECONHECIMENTO DA RESPONSABILIDADE OBJETIVA DA INSTITUIÇÃO FINANCEIRA. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. (...) III. Razões de decidir. 4. Aplica-se ao caso o Código de Defesa do Consumidor, nos termos das Súmulas nº 297 e nº 479 do STJ, impondo à instituição financeira a responsabilidade objetiva por falhas na segurança de seus sistemas que resultaram em fraude praticada por terceiros. 5. Inexistência nos autos de prova idônea da regularidade da contratação, tampouco da adoção de mecanismos robustos de segurança que garantissem a manifestação inequívoca de vontade do consumidor. 6. Comprovada a diligência e boa-fé do autor ao registrar boletim de ocorrência e formular reclamação junto ao Procon-MT em prazo razoável, afastando-se qualquer culpa concorrente ou má-fé. 7. Correta a condenação por danos morais no valor de R$ 5.000,00, considerando-se as circunstâncias pessoais do autor e o caráter compensatório e pedagógico da medida. 8. Contudo, ausente nos autos demonstração cabal de má-fé da instituição bancária, impõe-se a reforma parcial da sentença para que a restituição dos valores descontados ocorra de forma simples, afastando-se a determinação de devolução tripla. IV. Dispositivo e tese. 9. Recurso parcialmente provido, tão somente para determinar que a devolução dos valores descontados do benefício previdenciário do autor seja realizada de forma simples, mantida, no mais, a sentença por seus próprios fundamentos. Tese de julgamento: “1. A instituição financeira responde objetivamente por falhas de segurança em sistemas de contratação eletrônica que ensejem fraude contra o consumidor. 2. A devolução em triplo dos valores indevidamente descontados exige comprovação inequívoca de má-fé da instituição financeira, sob pena de devolução simples.” (...) (N.U 1002585-49.2024.8.11.0013, CÂMARAS ISOLADAS CÍVEIS DE DIREITO PRIVADO, MARIA HELENA GARGAGLIONE POVOAS, Segunda Câmara de Direito Privado, Julgado em 28/05/2025, Publicado no DJE 31/05/2025) (g.n.) Forte nas razões acima delineadas, conheço do recurso interposto e lhe DOU PARCIAL PROVIMENTO para majorar o quantum indenizatório ao valor de R$ 6.000,00 (seis mil reais). Sem honorários recursais, tendo em vista o entendimento consolidado no STJ no sentido de que são incabíveis “no recurso interposto pela parte vencedora para ampliar a condenação, pela própria redação do art. 85, § 11, do CPC/2015” (EAREsp n. 1.847.842/PR, Rel. Min. Herman Benjamin, Corte Especial, j. 06/09/2023, DJe 21/09/2023). É como voto. Data da sessão: Cuiabá-MT, 01/07/2025

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Processo nº 1000866-27.2024.8.11.0047

ID: 315476184

Tribunal: TJMT Órgão: Quinta Câmara de Direito Privado Classe: APELAçãO CíVEL Nº Processo: 1000866-27.2024.8.11.0047

Data de Disponibilização: 03/07/2025

Polo Ativo:

Polo Passivo:

BANCO BRADESCO S.A.

Acórdão

Advogados:

WILSON SALES BELCHIOR

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ESTADO DE MATO GROSSO PODER JUDICIÁRIO QUINTA CÂMARA DE DIREITO PRIVADO Número Único: 1000866-27.2024.8.11.0047 Classe: APELAÇÃO CÍVEL (198) Assunto: [Empréstimo consignado, Cartão de Crédito] Relato… ESTADO DE MATO GROSSO PODER JUDICIÁRIO QUINTA CÂMARA DE DIREITO PRIVADO Número Único: 1000866-27.2024.8.11.0047 Classe: APELAÇÃO CÍVEL (198) Assunto: [Empréstimo consignado, Cartão de Crédito] Relator: Des(a). MARCOS REGENOLD FERNANDES Turma Julgadora: [DES(A). MARCOS REGENOLD FERNANDES, DES(A). LUIZ OCTAVIO OLIVEIRA SABOIA RIBEIRO, DES(A). SEBASTIAO DE ARRUDA ALMEIDA] Parte(s): [MARLENE DIAS - CPF: 022.230.851-64 (APELANTE), IGOR GUSTAVO VELOSO DE SOUZA - CPF: 032.680.751-93 (ADVOGADO), BANCO BRADESCO S.A. - CNPJ: 60.746.948/0001-12 (APELADO), WILSON SALES BELCHIOR - CPF: 629.286.943-15 (ADVOGADO)] A C Ó R D Ã O Vistos, relatados e discutidos os autos em epígrafe, a QUINTA CÂMARA DE DIREITO PRIVADO do Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso, sob a Presidência Des(a). SEBASTIAO DE ARRUDA ALMEIDA, por meio da Turma Julgadora, proferiu a seguinte decisão: POR UNANIMIDADE, PROVEU PARCIALMENTE O RECURSO. E M E N T A DIREITO CIVIL E DO CONSUMIDOR. APELAÇÃO CÍVEL. CARTÃO DE CRÉDITO CONSIGNADO NÃO CONTRATADO. DESCONTOS INDEVIDOS EM CONTA DE BENEFICIÁRIA IDOSA. DANO MORAL CONFIGURADO. MAJORAÇÃO DA INDENIZAÇÃO. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. I. CASO EM EXAME: Apelação Cível interposta contra sentença que, nos autos de Ação Declaratória c/c Indenização por Danos Morais, julgou parcialmente procedentes os pedidos para declarar a inexistência de contrato de cartão de crédito consignado – RMC, condenar o réu à devolução em dobro dos valores descontados indevidamente e ao pagamento de indenização por danos morais no valor de R$ 3.000,00. A autora pleiteia a majoração do valor da indenização, alegando a gravidade da conduta ilícita, os danos sofridos e sua condição de idosa e aposentada. II. QUESTÃO EM DISCUSSÃO: A questão em discussão consiste em definir se é cabível a majoração da indenização por danos morais arbitrada em virtude de descontos indevidos em benefício previdenciário da autora, decorrentes de contrato de cartão de crédito consignado não contratado. III. RAZÕES DE DECIDIR: Os contratos bancários inserem-se na categoria de contratos de adesão, sendo plenamente aplicável o Código de Defesa do Consumidor, nos termos do art. 3º, §2º, do CDC e das Súmulas 297 e 479 do STJ. A ausência de comprovação da contratação válida do cartão consignado e a realização de descontos indevidos configuram falha na prestação do serviço, ensejando a responsabilidade objetiva da instituição financeira, nos termos do art. 14 do CDC. A indenização por danos morais tem caráter compensatório e pedagógico, devendo ser arbitrada com base nos princípios da razoabilidade e proporcionalidade, considerando-se as circunstâncias pessoais da vítima, a extensão do dano e a conduta do agente. O valor fixado na sentença (R$ 3.000,00) não reflete adequadamente a gravidade da violação, sobretudo diante da condição de idosa da autora e da natureza alimentar de seus proventos, justificando a majoração da indenização para R$ 6.000,00. IV. DISPOSITIVO E TESE: Recurso parcialmente provido. Tese de julgamento: A instituição financeira responde objetivamente pelos danos decorrentes de descontos indevidos em conta bancária por contrato não comprovadamente celebrado. É cabível a majoração da indenização por danos morais quando o valor fixado em primeiro grau se revela desproporcional diante da gravidade da conduta ilícita, da vulnerabilidade da vítima e da função pedagógica da reparação civil. A condição de idosa e a natureza alimentar dos rendimentos atingidos são fatores relevantes na fixação do quantum indenizatório por dano moral. Dispositivos relevantes citados: CF/1988, art. 5º, X; CDC, arts. 3º, §2º, 14 e 42, parágrafo único; CPC/2015, arts. 85, §§ 2º e 11. Jurisprudência relevante citada: STJ, REsp 1.199.782/PR; STJ, EAREsp 1.847.842/PR, Rel. Min. Herman Benjamin, Corte Especial, j. 06.09.2023, DJe 21.09.2023; TJMT, Ap Cív 1004123-97.2023.8.11.0046, Rel. Des. Sebastião de Arruda Almeida, j. 18.06.2025; TJMT, Ap Cív 1002585-49.2024.8.11.0013, Rel. Desª. Maria Helena Gargaglione Póvoas, j. 28.05.2025. R E L A T Ó R I O EXMO. SR. DES. MARCOS REGENOLD FERNANDES (RELATOR) Egrégia Câmara: Trata-se de recurso de Apelação Cível interposto por MARLENE DIAS contra sentença proferida pelo MM. Juiz de Direito da Vara Única da Comarca de Jauru/MT, que, nos autos da Ação Declaratória c/c Indenização por Danos Morais ajuizada em face de BANCO BRADESCO S/A, julgou parcialmente procedente o pedido inicial para declarar a inexistência do contrato de consignação associada ao cartão de crédito – RMC, bem como condenar a instituição financeira ao pagamento de indenização por danos morais no valor de R$ 3.000,00 (três mil reais). Inconformada, a Apelante recorre visando à majoração do valor arbitrado a título de danos morais, sustentando que o montante fixado se mostra irrisório diante da gravidade da conduta ilícita perpetrada pelo Banco Bradesco S/A, consistente na contratação fraudulenta de empréstimo em seu nome e na realização de descontos indevidos em sua conta corrente. Sustenta que o Banco, para além de não comprovar a regularidade da contratação, agiu com descaso ao não solucionar administrativamente a situação, o que justifica a elevação da indenização para o montante de R$ 10.000,00 (dez mil reais), valor que, a seu sentir, melhor atende ao caráter compensatório e pedagógico da reparação civil, sobretudo diante de sua condição de idosa, aposentada, e da natureza alimentar dos proventos atingidos. Com essas considerações, requer seja parcialmente reformada a r. sentença com a fixação da indenização por danos morais no valor pleiteado. Devidamente intimado, o Apelado apresentou contrarrazões pleiteando o desprovimento do recurso (ID 292512520). A Apelante litiga sob o manto da justiça gratuita. É o relatório. Inclua-se em pauta. V O T O R E L A T O R EXMO. SR. DES. MARCOS REGENOLD FERNANDES (RELATOR) Egrégia Câmara: Cinge-se dos autos que MARLENE DIAS ajuizou Ação Declaratória c/c Indenização por Danos Morais em face do BANCO BRADESCO S/A, afirmando que foi surpreendida com a notícia de que a instituição financeira requerida estava descontando certa quantia mensalmente de sua conta bancária, contudo, nunca solicitou nenhum empréstimo ou cartão com margem consignada. Ao final da instrução processual, sobreveio sentença julgando parcialmente procedente o pedido, nos seguintes termos: “(...) No mérito, consoante relatado, o autor suportou, resumidamente, cobrança indevida relativa a prestações do cartão de crédito consignado litigado, o qual, consoante afirma, não fora contratado. Sob esse prisma, razão assiste ao autor, porquanto a parte requerida sequer informa a regularidade na contratação, pelo contrário, se limita a aduzir a liberação dos valores e contratação. A requerida não junta qualquer contrato, não apresenta a forma que fora formalizada a contratação, apenas exemplifica como ocorreu o desbloqueio do suposto cartão enviado à autora. A parte requerida apresente lista extensa de faturas oriundas do cartão, sem que conste a efetiva utilização pela autora no comércio local, os lançamentos são relativos a IOF, encargos, e pagamento consignado. Com efeito, o banco réu responde, objetivamente, pelos danos causados por fraudes ou delitos praticados por terceiros, o que decorre do risco do empreendimento, caracterizando-se como fortuito interno (STJ, REsp n. 1.199.782/PR), cuja conduta gera a presunção de danos morais (in re ipsa), não havendo, portanto, falar-se em comprovação do fato constitutivo de direito, o qual decorre da própria conduta ilícita. Ora, segundo o art. 14 do Código de Defesa do Consumidor, o fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços. Neste caso, forçoso concluir pela deficiência na prestação de serviço da instituição ré, pois não se cercou dos cuidados necessários e, indevidamente, promoveu cobrança de débito relativo a contrato de cartão não contratado pelo autor. De mais a mais, não comprovou quaisquer das excludentes do § 3º da norma em comento, devendo, portanto, com base na teoria do risco da atividade, ser responsabilizado pela conduta descrita à proemial. Com relação à quantificação do dano moral, não obstante a dificuldade para mensuração, ante a ausência de critério legal, é necessária a fixação alguns parâmetros. Não se trata, no caso, de precificar o sentimento íntimo da pessoa lesada, visto que seria algo inviável. A indenização se presta, em verdade, a amenizar a dor experimentada em decorrência do ato ilícito praticado pela instituição financeira, ora ré. Embora a vantagem pecuniária a ser aferida pela vítima não faça com que se restabeleça o status quo ante, é hábil a proporcionar uma compensação à pessoa prejudicada pela conduta ilícita. A reparação por dano moral visa a compensação da vítima pelos males suportados em razão da conduta ilícita do agente, que provocou ofensa aos seus direitos da personalidade, assim considerados como aqueles reconhecidos à pessoa humana tomada em si mesma e em suas projeções na sociedade. Neste aspecto, importa ter em mente que a indenização deve ser em valor tal que garanta à parte lesada uma compensação pela lesão experimentada, bem como implique, àquele que efetuou a conduta reprovável, impacto suficiente para dissuadi-lo na repetição de novos atos dessa natureza. Para tanto, a condição econômica das partes, a repercussão do fato, assim como a conduta do agente devem ser perquiridos para a justa fixação do valor indenizatório, no intuito de evitar o enriquecimento injustificado do autor, como também evitar uma punição ínfima e irrelevante ao agente. O juiz, ao valorar o dano moral, deve arbitrar uma quantia que, de acordo com o seu prudente arbítrio, seja compatível com a reprovabilidade da conduta ilícita, a intensidade e duração do sofrimento experimentado pela vítima, a capacidade econômica do causador do dano, as condições sociais da ofendida, e outras circunstâncias mais que se fizerem presentes. Atento a isso, reputo justa uma indenização por danos morais, no valor de R$ 3.000,00 (três mil reais), corrigidos monetariamente pelo INPC, a partir do arbitramento (Súmula 362 do STJ) e acrescidos de juros de mora de 1% ao mês, a partir do trânsito em julgado da sentença. Quanto à repetição do indébito, segundo tese fixada pela Corte Especial do c. Superior Tribunal de Justiça, “a repetição em dobro, prevista no parágrafo único do art. 42 do CDC, é cabível quando a cobrança indevida consubstanciar conduta contrária à boa-fé objetiva, ou seja, deve ocorrer independentemente da natureza do elemento volitivo” (EREsp 1.413.542/RS). Razão assiste, portanto, ao autor, para que a instituição financeira, ora ré, seja compelida à restituição, em dobro, das parcelas indevidamente pagas, corrigidas monetariamente pelo INPC e acrescidas de juros de mora de 1% ao mês, a contar de cada desconto (Súmula 54 do STJ). Outrossim, o valor oriundo do crédito relativo ao cartão disponibilizado à autora deverá ser compensado do valor da condenação em fase de cumprimento de sentença, sob pena de enriquecimento ilícito da autora. “Ex positis”, JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTES os pedidos declinados na inicial para: a) Declarar a inexistência do contrato de consignação associada a cartão de crédito – RMC em discussão nesses autos; b) Condenar a instituição financeira na restituição do valor de em repetição de indébito (art. 42, parágrafo único, do CDC), montante que deverá ser corrigido monetariamente pelo INPC a partir da data dos respectivos descontos e juros moratórios de 1% (um por cento) ao mês a partir desde a data do evento danoso (Súmula 54 STJ), devendo os valores ser especificado no cumprimento de sentença; c) Condenar a parte reclamada a recompor danos morais em favor da parte autora, no valor de R$3.000,00 (três mil reais), valor que deverá ser reajustado monetariamente pelo INPC (desde a data do arbitramento) – Súmula 362 STJ e com juros de 1% (um por cento) ao mês, desde a data do evento danoso (Súmula 54 STJ); d) Determinar a compensação dos valores depositados pelo requerido na conta da requerente, mediante comprovação nos autos. Por consequência, julgo extinto com resolução de mérito o presente feito, nos termos do artigo 487, I, do Código de Processo Civil. Condeno a parte requerida nas custas e despesas processuais, e em honorários advocatícios, que fixo em 10% do valor da condenação (art. 85, §2°, Código de Processo Civil).” A autora recorre sustentando que para além de o Banco não comprovar a regularidade da contratação, agiu com descaso ao não solucionar administrativamente a situação, o que justifica a elevação da indenização para o montante de R$ 10.000,00 (dez mil reais), valor que, a seu sentir, melhor atende ao caráter compensatório e pedagógico da reparação civil, sobretudo diante de sua condição de idosa, aposentada, e da natureza alimentar dos proventos atingidos. Pois bem. É incontestável que os contratos de natureza bancária se enquadram no rol dos contratos de adesão, o que torna imperativa a aplicação do Código de Defesa do Consumidor, especialmente considerando que a atividade bancária está expressamente prevista no artigo 3º, §2º, do referido código. Em relação à quantificação dos danos morais, é cediço que a lei não estabelece parâmetros objetivos para a quantificação do valor da indenização por danos morais, devendo o Juiz, no exercício do poder discricionário, ao analisar o caso concreto, ficar atento à proporcionalidade e à razoabilidade. Dessa forma, recomenda-se que o julgador se paute pelo juízo da equidade, levando em conta as circunstâncias de cada caso, devendo o quantum da indenização corresponder à lesão, mas não ser estritamente equivalente a ela, porquanto impossível, materialmente, nesta seara, alcançar essa sintonia, já que o ressarcimento pelo dano moral decorrente de ato ilícito é uma forma de compensar o mal causado, não devendo ser usado como fonte de enriquecimento ou abusos. Portanto, deve ser considerado no valor a ser fixado a dupla finalidade do instituto, cujos objetivos são: por um lado, a punição do ofensor como forma de coibir a sua reincidência na prática delituosa e, por outro, a compensação da vítima pela dor e sofrimento vivenciados. Diante dessas premissas, no presente caso, os danos morais fixados em R$ 3.000,00 (três mil reais) estão em desconformidade com a extensão dos danos efetivamente sofridos, a sua reparabilidade, além da finalidade pedagógica em relação à parte recorrida. Isso porque, considerando a condição econômica das partes, a repercussão do fato, a conduta do agente e, sobretudo, o fato da consumidora se tratar de pessoa idosa, a qual teve seus proventos de aposentadoria descontados de forma indevida, entendo como adequado arbitrar o valor em R$ 6.000,00 (seis mil reais), quantia que está em consonância com os critérios de razoabilidade e proporcionalidade e com outros entendimentos aplicados em casos análogos. A propósito: “DIREITO CIVIL E CONSUMIDOR. APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E REPETIÇÃO DE INDÉBITO. EMPRÉSTIMO CONSIGNADO NÃO CONTRATADO. DESCONTOS INDEVIDOS EM BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DA RELAÇÃO JURÍDICA. RESPONSABILIDADE OBJETIVA. DANO MORAL CONFIGURADO. DEVOLUÇÃO SIMPLES. DEVOLUÇÃO EM DOBRO. AFASTADO. MAJORAÇÃO DO QUANTUM INDENIZATÓRIO. COMPENSAÇÃO DE VALORES. REJEIÇÃO. RECURSOS PARCIALMENTE PROVIDOS. (...) 7. O valor fixado em R$ 3.000,00 a título de danos morais revela-se insuficiente frente à gravidade da lesão e aos objetivos reparatório e pedagógico da indenização, sendo adequado o montante de R$ 6.000,00. IV. DISPOSITIVO E TESE: 8. Recursos parcialmente providos: (i) para afastar a devolução em dobro, determinando restituição simples, corrigida e com juros legais; (ii) para majorar a indenização por danos morais para R$ 6.000,00 (...)” (N.U 1004123-97.2023.8.11.0046, CÂMARAS ISOLADAS CÍVEIS DE DIREITO PRIVADO, SEBASTIAO DE ARRUDA ALMEIDA, Quinta Câmara de Direito Privado, Julgado em 18/06/2025, Publicado no DJE 18/06/2025) (g.n.) “DIREITO CIVIL E CONSUMIDOR. APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. CONTRATAÇÃO FRAUDULENTA DE EMPRÉSTIMO CONSIGNADO. VIA MOBILE BANK (CELULAR). RECONHECIMENTO DA RESPONSABILIDADE OBJETIVA DA INSTITUIÇÃO FINANCEIRA. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. (...) III. Razões de decidir. 4. Aplica-se ao caso o Código de Defesa do Consumidor, nos termos das Súmulas nº 297 e nº 479 do STJ, impondo à instituição financeira a responsabilidade objetiva por falhas na segurança de seus sistemas que resultaram em fraude praticada por terceiros. 5. Inexistência nos autos de prova idônea da regularidade da contratação, tampouco da adoção de mecanismos robustos de segurança que garantissem a manifestação inequívoca de vontade do consumidor. 6. Comprovada a diligência e boa-fé do autor ao registrar boletim de ocorrência e formular reclamação junto ao Procon-MT em prazo razoável, afastando-se qualquer culpa concorrente ou má-fé. 7. Correta a condenação por danos morais no valor de R$ 5.000,00, considerando-se as circunstâncias pessoais do autor e o caráter compensatório e pedagógico da medida. 8. Contudo, ausente nos autos demonstração cabal de má-fé da instituição bancária, impõe-se a reforma parcial da sentença para que a restituição dos valores descontados ocorra de forma simples, afastando-se a determinação de devolução tripla. IV. Dispositivo e tese. 9. Recurso parcialmente provido, tão somente para determinar que a devolução dos valores descontados do benefício previdenciário do autor seja realizada de forma simples, mantida, no mais, a sentença por seus próprios fundamentos. Tese de julgamento: “1. A instituição financeira responde objetivamente por falhas de segurança em sistemas de contratação eletrônica que ensejem fraude contra o consumidor. 2. A devolução em triplo dos valores indevidamente descontados exige comprovação inequívoca de má-fé da instituição financeira, sob pena de devolução simples.” (...) (N.U 1002585-49.2024.8.11.0013, CÂMARAS ISOLADAS CÍVEIS DE DIREITO PRIVADO, MARIA HELENA GARGAGLIONE POVOAS, Segunda Câmara de Direito Privado, Julgado em 28/05/2025, Publicado no DJE 31/05/2025) (g.n.) Forte nas razões acima delineadas, conheço do recurso interposto e lhe DOU PARCIAL PROVIMENTO para majorar o quantum indenizatório ao valor de R$ 6.000,00 (seis mil reais). Sem honorários recursais, tendo em vista o entendimento consolidado no STJ no sentido de que são incabíveis “no recurso interposto pela parte vencedora para ampliar a condenação, pela própria redação do art. 85, § 11, do CPC/2015” (EAREsp n. 1.847.842/PR, Rel. Min. Herman Benjamin, Corte Especial, j. 06/09/2023, DJe 21/09/2023). É como voto. Data da sessão: Cuiabá-MT, 01/07/2025

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N. S. A. x D. T. R.

ID: 322857178

Tribunal: TJSP Órgão: Foro de Jaguariúna - 2ª Vara Classe: EMBARGOS à EXECUçãO Nº Processo: 1004123-48.2019.8.26.0296

Data de Disponibilização: 11/07/2025

Polo Ativo:

N. S. A.

Polo Passivo:

D. T. R.

Intimação

Advogados:

VALTER LUIS LOURENÇO

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DANILO TEIXEIRA RECCO

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

ALINE BORTOLOTTO COSER LOURENÇO

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Processo 1004123-48.2019.8.26.0296 - Embargos à Execução - Inexequibilidade do Título / Inexigibilidade da Obrigação - N.S.A. - D.T.R. - Vistos. NATALIA SILVA ARAUJO opôs embargos à execução movida… Processo 1004123-48.2019.8.26.0296 - Embargos à Execução - Inexequibilidade do Título / Inexigibilidade da Obrigação - N.S.A. - D.T.R. - Vistos. NATALIA SILVA ARAUJO opôs embargos à execução movida por DANILO TEIXEIRA RECCO. Sustentou, preliminarmente, que o embargado não reconheceu as custas de distribuição, de modo que o feito deve ser extinto e, quanto ao mérito, alegou que nunca manteve qualquer negócio com o embargado e que a assinatura lançada na nota promissória executada é falsa. Foram deferidos os benefícios da Justiça Gratuita à embargante (fl. 27). Devidamente intimado, o embargado apresentou impugnação (fls. 29/33), alegando a irregularidade na representação processual da embargante, impugnando os benefícios da Justiça Gratuita concedidos e alegando que a nota promissória executada está válida e foi devidamente assinada pela embargante. A embargante se manifestou, juntando nova procuração. Na decisão de página 57, foi determinado o recolhimento das custas iniciais da execução, mantido o benefício da Justiça Gratuita concedido à embargante e dada por prejudicada a preliminar de irregularidade na representação processual. Saneado o feito, foi deferida a prova oral requerida e, na instrução, foram colhidos os depoimentos pessoais das partes e ouvidas uma informante e uma testemunha (fl. 81 e 91). O embargado juntou novos documentos (fls. 87 e seguintes). Foi proferida sentença julgando improcedentes os embargos (fls. 126/129), a qual foi anulada peço E. TJSP, para a realização de prova pericial. Realizada perícia com a perita grafotécnica Adriana Granchelli, o laudo foi juntado às páginas 240/290 e os esclarecimentos foram prestados às páginas 307 e seguintes. Após impugnação do embargado, foi determinada a realização de nova perícia às suas expensas (fl. 404) e o agravo de instrumento interposto não foi conhecido pelo E. TJSP (fls. 434 e seguintes). Os honorários periciais foram depositados (fl. 456, 461 e 465) e o laudo pericial foi juntado ás fls. 478 e seguintes), sobre o qual as partes se manifestaram (fl. 486 e gfls. 487 e seguintes). Eis o relatório. Fundamento e decido. Analisando os argumentos expostos pelas partes, os documentos juntados, a prova oral produzida e os laudos periciais grafotécnicos juntados, verifico que os embargos não procedem. Sustenta a embargante que não manteve qualquer relação jurídica com o embargado, tampouco assinou a nota promissória que instruiu a execução principal. Contudo, o conjunto probatório apresentado nos autos durante a instrução é suficiente para comprovar o negócio jurídico que ensejou a dívida cobrado na cambial , bem como que a cambial emitida não é falsa. Primeiramente, observo que o embargado apresenta documentos que denotam uma compra de roupa feita pela autora no estabelecimento comercial Zona Vip, e que o endereço da cliente, ora embargante, coincide com o endereço apresentado pela autora nos documentos juntados com a exordial, bem como na nota promissória. Outrossim, a prova oral apresentada favorece o embargado. Em depoimento pessoal, a embargante Natalia afirmou que nunca foi casada com o Sr. Paulo Henrique Ribeiro, mas namoraram por três anos e estão há 4 anos separados. Informou que nunca morou com o Sr. Paulo Henrique Ribeiro e que sempre residiu com a mãe no endereço Carlos Aldemani, Pedra Branca; que não conhecia a Sra. Camila Barbosa, esposa do embargado e que nunca comprou roupas na loja dela; acrescentou que já esteve na loja "Zona Vip", aproximadamente umas três vezes, contudo negou que tivesse realizado abertura de conta ou até mesmo realizado compras. No mais, reafirmou que nunca contraiu e negociou nenhuma dívida pendente na loja e que não sabia se o Sr. Paulo Henrique Ribeiro foi à loja ou ao escritório do embargado para negociar a dívida. Ao ser interrogado, o embargado declarou ser cônjuge da Sra. Camila; esclareceu que comprou a dívida existente entre a embargante e a loja "Zona Vip", sendo esta de propriedade da sua cônjuge; ue a dívida foi contraída entre os anos de 2013 a 2014 e que a mesma foi renegociada em 2016, ano em que foi emitida a nota promissória e devidamente assinada pela embargante na própria loja. A informante, Sra. Camila, afirmou ser proprietária da loja de roupas e disse que conhecia a sra. Natalia Araújo entre o ano de 2013/2014, a qual era sua cliente; acrescentou que realizou a abertura de crediário para a embargante, contudo ela deixou débitos pendentes. Informou que tentou por várias vezes negociar os débitos amigavelmente, momento em que ela compareceu e assinou a nota promissória para renegociar a dívida; complementou que informou à sra. Camila que a dívida seria passada para seu cônjuge e advogado, Dr. Danilo e que a nota promissória estava preenchida e foi conferida pela própria embargante antes da assinatura. Explicou que, na época dos fatos, a sra. Camila tinha um relacionamento com o "Rique" e que o mesmo também foi à loja para negociar os débitos; acrescentou que informou a ele que a Sra. Camila já havia renegociado e assinado a nota promissória, que ele poderia tratar diretamente com o Dr. Danilo. Relatou ter conhecimento que o "Rique" posteriormente procurou o Dr. Danilo; explicou que não se recordava sobre a embargante ser menor de idade. Concluiu que a Sra. Natalia assinou a nota promissória no ano de 2016, o que foi presenciado pela funcionárias "Vanessa e Larissa", reconhecendo que o valor do débito seria de R$ 1.700,00, sendo que inicialmente as parcelas estavam sendo pagas corretamente, contudo, posteriormente, ocorreu a inadimplência. A testemunha, sr. Emílio declarou ser prestador de serviços administrativos para o escritório de advocacia do Dr. Danilo, desde o ano de 2015. Afirmou conhecer o Sr. Paulo Henrique Ribeiro, visto que também é incumbido de cobranças administrativas; complementou dizendo que, na ausência do Dr. Danil,o atendeu o sr. Paulo Henrique Ribeiro, e que o mesmo reconheceu a nota promissória em questão, bem como o valor da dívida e que ele disse que posteriormente faria uma proposta. Narrou que o Sr. Paulo teria "cabelos claros, nem gordo nem magro, de estatura entre 1,75 a 1,8m", mas que nunca conversou com a Sra. Natalia. Veja-se, então, que embora a compra de roupas só tenha sido presenciada pela testemunha informante, que é esposa do embargado e proprietária da loja, a autora reconheceu ter mantido um relacionamento com Paulo Henrique na época da assinatura da nota promissória e atestemunha Emilio confirmou ter atendido o então namorado da embargante, o qual foi ao escritório para negociar o pagamento da nota promissória em questão, cujo valor ele reconhecia como devido. Aliás, o então namorado da embargante consta como avalista do título e não obstante a embargante tenha afirmado em seu depoimento pessoal que está separada dele há 4 anos, ambos assinaram a procuração de fl. 09, datada de 2019 e declararam residir no mesmo endereço, o que torna ainda mais verossímil a alegação da testemunha de que Paulo tentou negociar a dívida da embargante. No mais, realizada perícia grafotécnica, o perito Paulo R.M Pozzel não reconheceu a falsidade da assinatura lançada e reconheceu na mencionada assinatura padrões de grafismo da embargante, conforme se observa na seguinte conclusão: "Estabelecido o comparativo gráfico entre a firma consignada sob nome de "Natalia Araújo na NOTA PROMISSORIA de fls.84 dos autos, com os padrões do grafismo de Natalia S. Araujo e Natalia Silva Araujo, referida assinatura identifica-se com a morfogênese da Embargante, tendo em vista as característica grafo-cinéticas e convergências apresentadas em face dos pertinentes padrões gráficos de confronto mencionados" (página 484). E embora a perita anteriormente nomeada, Adriana Granchelli, tenha concluído que a assinatura lançada na nota promissória "não provem do punho aos padrões idênticos fornecidos por Natália Silva Araujo" (página 290), no caso em exame deve prevalecer a conclusão do segundo perito, pois corroborada pela prova oral e documental produzida acerca da existência da relação jurídica estabelecida entre as partes, conforme anteriormente analisado. Nesse sentido, mutatis mutandis, destaco: "APELAÇÃO - EMBARGOS À EXECUÇÃO - NOTA PROMISSÓRIA - AUTENTICIDADE DA ASSINATURA - Pretensão da embargante de reforma da r.sentença que rejeitou os embargos à execução - Descabimento - Hipótese em que cabia à embargada demonstrar a regularidade da assinatura impugnada na nota promissória pela executada - Ônus da prova, em caso de impugnação à autenticidade de assinatura, que cabe à parte que produziu o documento - Perícia não conclusiva - Existência de outros elementos de convicção nos autos do processo que permitem concluir pela certeza, liquidez e exigibilidade da obrigação materializada na nota promissória executada - RECURSO DESPROVIDO". (TJSP; Apelação Cível 1004960-65.2018.8.26.0320; Relator (a):Ana de Lourdes Coutinho Silva da Fonseca; Órgão Julgador: 13ª Câmara de Direito Privado; Foro de Limeira -3ª Vara Cível; Data do Julgamento: 03/06/2024; Data de Registro: 03/06/2024) Ante o exposto, JULGO IMPROCEDENTES os embargos à execução e extingo o feito, com resolução de mérito, com fundamento no artigo 487, inciso I, do Código de Processo Civil. Por força da sucumbência, condeno a embargante ao pagamento das custas, despesas e honorários, que fixo em 10% do valor da causa, observada a gratuidade deferida. Defiro o levantamento dos honorários periciais depositados. P.I. - ADV: ALINE BORTOLOTTO COSER LOURENÇO (OAB 289607/SP), DANILO TEIXEIRA RECCO (OAB 247631/SP), VALTER LUIS LOURENÇO (OAB 411041/SP)

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Processo nº 1004123-44.2024.8.26.0564

ID: 309904252

Tribunal: TJSP Órgão: Foro de São Bernardo do Campo - 4ª Vara Cível Classe: PROCEDIMENTO COMUM CíVEL Nº Processo: 1004123-44.2024.8.26.0564

Data de Disponibilização: 27/06/2025

Polo Ativo:

DANIEL FERNANDO DE BARROS

Polo Passivo:

Intimação

Advogados:

ROBERTO DE CAMARGO JUNIOR

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ALEXANDRE DE ALMEIDA CARDOSO

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Processo 1004123-44.2024.8.26.0564 - Procedimento Comum Cível - Auxílio-Acidente (Art. 86) - Daniel Fernando de Barros - VOLKSWAGEN DO BRASIL INDUSTRIA DE VEICULOS AUTOMOTORES LTDA. - Vistos. Danie… Processo 1004123-44.2024.8.26.0564 - Procedimento Comum Cível - Auxílio-Acidente (Art. 86) - Daniel Fernando de Barros - VOLKSWAGEN DO BRASIL INDUSTRIA DE VEICULOS AUTOMOTORES LTDA. - Vistos. Daniel Fernando de Barros ajuizou ação almejando concessão de benefício acidentário contra o INSS Instituto Nacional do Seguro Social INSS. Pretende o deferimento de auxilio acidente, em conformidade com os pedidos descritos na petição inicial de fls. 01/06. Inicial emendada às fls. 58/92 - 96/102. Foi determinada a citação da autarquia ré, bem assim a produção de prova pericial. Na contestação, foi alegada a ausência dos requisitos necessários à concessão do benefício acidentário almejado (fls. 168/198). Foi realizada prova pericial (fls. 128/152 - 374/379). Pedido da empregadora do autor para atuar como assistente simples do réu (fls.218/362), deferido (fls. 369). É O RELATÓRIO. A competência para o julgamento de ação que tem por objetivo a concessão de benefício acidentário é da Justiça Estadual [TJ/SP, AI n. 0200635-46.2013.8.26.0000]. A petição inicial contempla, satisfatoriamente, os requisitos previstos no art. 319 do NCPC. Indica: o juiz a quem é dirigida, a qualificação das partes, o fato e os fundamentos jurídicos do pedido, esse apresentado com suas especificações, o valor da causa, as provas pretendidas para demonstração da verdade dos fatos alegados e o requerimento de citação da parte ré. Além disso, ao tempo do ajuizamento, estava suficientemente instruída, conforme determina o art. 320 do NCPC. A pretensão deduzida na inicial tem apoio no ordenamento jurídico, por esse não é vedada e o interesse de agir está assentado, não só na observância do binômio necessidade da prestação jurisdicional/adequação da via processual eleita, mas também no direito subjetivo, abstrato e constitucional de ação (art. 5º, inc. XXXV, da CR/88). Nas ações acidentárias, o fundo de direito não prescreve, mas atinge a pretensão do pagamento de prestações não reclamadas no quinquênio anterior à propositura da ação [TJ/SP, Ap. 0019332-42.2010.8.26.0053]. Em relação ao mérito da causa, após a realização da perícia judicial, foi comprovado que a parte autora experimenta incapacidade laborativa parcial e permanente para a função habitual, em razão de enfermidade e evento danoso provenientes do exercício profissional (fls. 138). Faz jus, assim, ao auxílio acidente de 50% do salário benefício, acrescido do abono anual. Assim é que dispõem os arts. 40 e 86 da Lei n. 8.213/ 1991: Art. 40. É devido abono anual ao segurado e ao dependente da Previdência Social que, durante o ano, recebeu auxílio-doença, auxílio-acidente ou aposentadoria, pensão por morte ou auxílio-reclusão. Parágrafo único. O abono anual será calculado, no que couber, da mesma forma que a Gratificação de Natal dos trabalhadores, tendo por base o valor da renda mensal do benefício do mês de dezembro de cada ano. (...) Art. 86. O auxílio-acidente será concedido, como indenização, ao segurado quando, após consolidação das lesões decorrentes de acidente de qualquer natureza, resultarem sequelas que impliquem redução da capacidade para o trabalho que habitualmente exercia. (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 1997) § 1º O auxílio-acidente mensal corresponderá a cinquenta por cento do salário-de-benefício e será devido, observado o disposto no § 5º, até a véspera do início de qualquer aposentadoria ou até a data do óbito do segurado. (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 1997) § 2º O auxílio-acidente será devido a partir do dia seguinte ao da cessação do auxílio-doença, independentemente de qualquer remuneração ou rendimento auferido pelo acidentado, vedada sua acumulação com qualquer aposentadoria. (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 1997) § 3º O recebimento de salário ou concessão de outro benefício, exceto de aposentadoria, observado o disposto no § 5º, não prejudicará a continuidade do recebimento do auxílio-acidente. (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 1997) § 4º A perda da audição, em qualquer grau, somente proporcionará a concessão do auxílio-acidente, quando, além do reconhecimento de causalidade entre o trabalho e a doença, resultar, comprovadamente, na redução ou perda da capacidade para o trabalho que habitualmente exercia. (Restabelecido com nova redação pela Lei nº 9.528, de 1997) Registre-se que se mínima ou não, pouco importa. Implicando a lesão em redução da capacidade para o trabalho habitual, devido é o auxílio acidente. Nesse sentido: PREVIDENCIÁRIO. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA. AUXÍLIO-ACIDENTE. LESÃO MÍNIMA. DIREITO AO BENEFÍCIO. 1. Conforme o disposto no art. 86, caput, da Lei 8.213/91, exige-se, para concessão do auxílio-acidente, a existência de lesão, decorrente de acidente do trabalho, que implique redução da capacidade para o labor habitualmente exercido. 2. O nível do dano e, em consequência, o grau do maior esforço, não interferem na concessão do benefício, o qual será devido ainda que mínima a lesão. 3. Recurso especial provido. [STJ 3ª Seção - REsp. nº 1.109.591/SC, rel. min. MINISTRO CELSO LIMONGI - Desembargador Convocado do TJ/SP]. O termo inicial do benefício auxílio-acidente, em regra, é o do dia seguinte da cessação do auxílio-doença, em conformidade com o art. 86, § 2º da Lei n. 8.213/1991. Quando ausente prestação temporária ou prévio requerimento administrativo, o termo inicial do benefício retroage à data da citação do INSS, conforme explicitado pelo e. Des. Antonio Moliterno: No entanto, não havendo o trabalhador recebido prestação temporária, e inexistindo prévio requerimento administrativo, o termo inicial da prestação definitiva vai recair na data da citação (fls. 8/2/2007), consoante novo entendimento do Colendo Superior Tribunal de Justiça: PREVIDENCIÁRIO - BENEFÍCIO ACIDENTÁRIO TERMO INICIAL - DATA DA CITAÇÃO - DECISÃO MONOCRÁTICA DO RELATOR - POSSIBILIDADE - ARTIGO 557, § 1º-A, DO CPC - 1. A teor do disposto no art. 557, § 1º-A, do Código de Processo Civil, está o relator autorizado a decidir o recurso especial monocraticamente quando o acórdão atacado se encontre em confronto com súmula ou jurisprudência dominante de Tribunal Superior. 2. A Terceira Seção desta Corte, no julgamento do EREsp nº 735.329/RJ, Relator o Ministro Jorge Mussi, DJ de 6/5/2011, pacificou o entendimento de que, não havendo concessão de auxílio-doença, bem como ausente o prévio requerimento administrativo para a percepção do auxílio-acidente, como no caso, o termo a quo para o recebimento desse benefício é a data da citação. 3. Agravo regimental a que se nega provimento. (STJ - AgRg no AgRg no Ag 1239697/SP, Rel. Ministro HAROLDO RODRIGUES (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/CE), SEXTA TURMA, julgado em 09/08/2011, DJe 05/09/2011), PREVIDENCIÁRIO - AUXÍLIO-ACIDENTE - AUSÊNCIA DE REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO - TERMO A QUO - CITAÇÃO - ART. 219, CPC - LAUDO PERICIAL - INSTRUMENTO QUE NORTEIA A ATUAÇÃO JUDICIAL DIANTE DE FATOS PREEXISTENTES - 1. Na ausência de prévia postulação administrativa, a citação deve fixar o início dos benefícios acidentários, nos termos do art. 219 do Código de Processo Civil. 2. Os aspectos de ordem processual (como a prevenção, litispendência, litigiosidade da coisa), ou material (como a constituição da mora ou a interrupção da prescrição) não interferem na preexistência do direito pleiteado. 3. Interpretação que observa o caráter degenerativo e prévio da doença, o qual é pré-existente ao próprio ato citatório. Sobretudo porque "a apresentação do laudo pericial marca apenas e tão-somente o livre convencimento do juiz quanto aos fatos alegados pelas partes, não tendo o condão de fixar termo inicial de aquisição de direitos" (REsp n. 543.533/SP). 4. A manutenção do entendimento firmado no julgado embargado - termo a quo a partir da juntada do laudo em juízo - desprestigia a justiça e estimula o enriquecimento ilícito do Instituto, que, simplesmente por contestar a ação, adia injustificadamente o pagamento de um benefício devido em razão de incapacidade anterior à própria ação judicial. 5. Embargos conhecidos em parte e acolhidos para dar provimento ao recurso especial da autora e fixar o termo inicial do auxílio-acidente a partir da citação. (STJ - EREsp 735.329/RJ, Rel. Ministro JORGE MUSSI, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 13/04/2011, DJe 06/05/2011). (sem grifos e destaques nos originais) [TJ/SP, Ap. 0364307-27.2008.8.26.0577] Eventualmente cessado o recebimento de benefício temporário por conta de alta médica, mas comprovada a moléstia por laudo pericial judicial, o auxílio acidente deve ter como termo inicial o dia seguinte da última alta médica, de acordo com o critério estabelecido no próprio art. 86, § 2º da Lei n. 8.213/1991 [TJ/SP, Ap. 0046688-55.2011.8.26.0577]. Emitido o CAT, mas indeferido o benefício na seara extrajudicial, será a data do requerimento administrativo o termo inicial para recebimento do auxílio acidente, pois nesse momento tomou conhecimento o INSS da incapacidade do obreiro [TJ/SP, Ap. n. 0021791-80.2011.8.26.0053]. Valores em atraso, correção monetária, juros de mora e honorários de advogado deverão observar a orientação tecida no aresto que segue: ACIDENTE DO TRABALHO - AUXÍLIO-ACIDENTE - Acidente de trajeto - Lesão em tornozelo direito - Incapacidade parcial e permanente comprovada - Nexo - Configuração - Presente relação de causa e efeito entre o trabalho típico e a lesão ou perda ou diminuição da capacidade laborativa - Indenização infortunística devida - Procedência mantida. CORREÇÃO MONETÁRIA - Lei nº 8.213/91 e alterações posteriores - Contudo, após 30/06/2009, deverá ser observada a orientação estabelecida no RE nº 870.947/SE (Tema 810 - Repercussão Geral) pelo C. Supremo Tribunal Federal - JUROS DE MORA - 1% ao mês, a partir da entrada em vigor do CC/2002, e de acordo com a remuneração da caderneta de poupança, após 30/06/2009, na forma do art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, com as alterações introduzidas pela Lei nº 11.960/09, e nos termos do quanto decidido no precitado Recurso Extraordinário - Emenda Constitucional nº 113/21 que deve ser observada após sua vigência. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS: Fixação na fase de cumprimento de sentença, consoante o disposto no artigo 85, §4º, inciso II do CPC, observado o decidido no Tema 1105 do STJ, julgado em 08.03.2023 (DJe 27.03.2023) - Incidência da Súmula 111 do STJ. TUTELA DE URGÊNCIA: presentes os requisitos exigidos pelo artigo 300 do CPC - Expedição de ofício para imediata implantação do benefício. REMESSA NECESSÁRIA PARCIALMENTE PROVIDA. TJSP; Remessa Necessária Cível 1032380-94.2023.8.26.0053; Relator (a):nbspMarco Pelegrini; Órgão Julgador: 17ª Câmara de Direito Público; Foro Central - Fazenda Pública/Acidentes -nbsp5ª Vara de Acidentes do Trabalho; Data do Julgamento: 17/01/2024; Data de Registro: 17/01/2024) A renda mensal inicial deverá ser reajustada pelos mesmos índices previdenciários aplicados aos benefícios em manutenção. Isenção do pagamento de custas, a teor do disposto nas Leis Estaduais n° 4.592/85 e n° 11.608/03. Pelo exposto, acolhe-se o pedido formulado na ação para condenar a Autarquia ré INSS ao pagamento de auxilio-acidente à parte autora no valor equivalente a 50% do salário-benefício, do correspondente abono anual e das parcelas atrasadas (não atingidas pela prescrição quinquenal), essas corrigidas e acrescidas de juros de mora, nos termos descritos na fundamentação. O termo inicial do benefício será 26/10/2023 (fls. 66 - 200). Remessa oficial devida. P.I. - ADV: ALEXANDRE DE ALMEIDA CARDOSO (OAB 149394/SP), ROBERTO DE CAMARGO JUNIOR (OAB 148473/SP)

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Processo nº 0071364-42.2015.4.01.0000

ID: 308617297

Tribunal: TRF1 Órgão: Gab. 16 - DESEMBARGADOR FEDERAL FLAVIO JARDIM Classe: AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº Processo: 0071364-42.2015.4.01.0000

Data de Disponibilização: 26/06/2025

Polo Ativo:

Polo Passivo:

MOISES DEBASTIANI

Acórdão

Advogados:

RAQUEL ZINI

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JOAO PAULO FANHANI ALVES

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RAFAEL BALDASSO ROMERO

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JACSON MARCELO NERVO

OAB/MT XXXXXX Desbloquear

ANDERSON DE MATTOS PEREIRA

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ALEXANDRE GONCALVES PEREIRA

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JUSTIÇA FEDERAL Tribunal Regional Federal da 1ª Região PROCESSO: 0071364-42.2015.4.01.0000 PROCESSO REFERÊNCIA: 0005887-64.2014.4.01.3603 CLASSE: AGRAVO DE INSTRUMENTO (202) POLO ATIVO: INSTITUTO BRA… JUSTIÇA FEDERAL Tribunal Regional Federal da 1ª Região PROCESSO: 0071364-42.2015.4.01.0000 PROCESSO REFERÊNCIA: 0005887-64.2014.4.01.3603 CLASSE: AGRAVO DE INSTRUMENTO (202) POLO ATIVO: INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVAVEIS - IBAMA POLO PASSIVO:MOISES DEBASTIANI REPRESENTANTES POLO PASSIVO: ALEXANDRE GONCALVES PEREIRA - MT7274-A, ANDERSON DE MATTOS PEREIRA - MT8718-A, JACSON MARCELO NERVO - MT12883-A, RAFAEL BALDASSO ROMERO - MT14717-A, JOAO PAULO FANHANI ALVES - MT17046-A e RAQUEL ZINI - MT16972-A RELATOR(A):FLAVIO JAIME DE MORAES JARDIM PODER JUDICIÁRIO FEDERAL Tribunal Regional Federal da 1ª Região PJe/TRF1ª – Processo Judicial Eletrônico AGRAVO DE INSTRUMENTO (202) Nº 0071364-42.2015.4.01.0000 RELATÓRIO Agravo interno interposto contra decisão que reconheceu a perda do objeto do agravo de instrumento em decorrência da prolação de sentença pelo Juízo de origem. Alega a parte agravante que não houve perda do objeto, uma vez que o objeto do agravo de instrumento é a extinção da reconvenção. Contrarrazões apresentadas. É o relatório. PODER JUDICIÁRIO FEDERAL Tribunal Regional Federal da 1ª Região PJe/TRF1ª – Processo Judicial Eletrônico AGRAVO DE INSTRUMENTO (202) Nº 0071364-42.2015.4.01.0000 VOTO O EXMO. SR. DESEMBARGADOR FEDERAL FLÁVIO JARDIM - Relator: I. O agravo interno deve ser conhecido e provido. Com efeito, a prolação da sentença não implica a perda do objeto do agravo de instrumento interposto contra decisão que extinguiu a reconvenção. Isso, porque se trata de pronunciamento definitivo de mérito, e não de decisão de cognição sumária: PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. AUSÊNCIA DE PERDA DE OBJETO. AMBIENTAL. AÇÃO ANULATÓRIA. AUTO DE INFRAÇÃO. PROCESSO ADMINISTRATIVO. MULTA. RECONVENÇÃO O IBAMA. NÃO ADMISSÃO. AGRAVO DE INSTRUMENTO NÃO PROVIDO. 1. A questão no presente recurso diz respeito ao pronunciamento judicial quanto à legitimidade ativa, por parte do IBAMA, para apresentar reconvenção, em ação que objetivava suspensão do termo de embargo n. 612262-E, pela destruição de 116.14 hectares de mata nativa amazônica, objeto de especial preservação, sem autorização do órgão ambiental. 2. A reconvenção apresentada pelo IBAMA, possui natureza autônoma, não se confundindo com o mérito da ação principal. Assim, persiste a controvérsia quanto à legitimidade do IBAMA para propor reconvenção no âmbito da ação ordinária principal, de modo que reconsidero a decisão que julgou prejudicado o agravo de instrumento, em face da perda do objeto (prolação de sentença), e passo ao julgamento do agravo de instrumento interposto nos autos. 3. Sobre a admissibilidade da reconvenção, reconhece-se que este instrumento processual visa à economia e eficiência do processo, submetendo-se, entretanto, às condições de procedibilidade previstas no Art. 343 do CPC. Não é adequada sua utilização em lides desconexas que possam comprometer a celeridade da demanda originária. Precedentes. 4. Agravo de instrumento não provido. Agravo interno prejudicado. (AG 0019576-18.2017.4.01.0000, DESEMBARGADOR FEDERAL RAFAEL PAULO, TRF1 - DÉCIMA-PRIMEIRA TURMA, PJe 10/02/2025 PAG.) II. Não obstante o provimento do agravo interno para reconhecer a manutenção do objeto do agravo de instrumento, este deve ser desprovido. Com efeito, a jurisprudência deste Tribunal se consolidou no sentido de que não é cabível a reconvenção do IBAMA em ações ajuizadas por particulares para anular autos de infração e/ou termo de embargo ambiental. Isso ocorre diante da incompatibilidade entre as instruções da ação de anulatória, em que se discute a higidez do ato administrativo e do exercício do poder de polícia do Estado; e da ação civil pública de recomposição ambiental, regida pela Lei nº 7.347/85 e com natureza reparatória: APELAÇÃO. ADMINISTRATIVO, PROCESSUAL CIVIL E AMBIENTAL. AUTO DE INFRAÇÃO PROCESSO ADMINISTRATIVO. PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE. LEI Nº 9.873/99, ART. 1º, § 1º. DECRETO Nº 6.514/2008, ART. 21, § 2º. OCORRÊNCIA. AUSÊNCIA DE CAUSA INTERRUPTIVA. LEVANTAMENTO DO TERMO DE EMBARGO. POSSIBILIDADE. IMPRESCRITIBILIDADE. RECONVENÇÃO. APELAÇÃO DESPROVIDA. 1. A reconvenção é instituto processual que tem por escopo a economia e a eficiência do processo, cuja utilização submete-se a condições de procedibilidade próprias, não sendo adequada a sua utilização em se tratando de lides que não tenham relação de conexão e que venham retardar a solução da ação originária, nos termos do art. 343 do CPC. 2. A reconvenção oferecida consiste na proteção do meio ambiente, tem natureza de ação civil pública (recuperação de floresta nativa destruída), matéria autônoma e que não se confunde com o mérito da demanda principal (anulação de auto de infração ambiental). 3. Já decidiu este Tribunal que deve ser mantida a decisão que indeferiu a petição inicial de reconvenção, visto que o IBAMA pretende instaurar discussão destoante do objeto da ação, demandando instrução probatória independente e mais complexa. [...] (AC 1004459-49.2022.4.01.3603, DESEMBARGADOR FEDERAL NEWTON PEREIRA RAMOS NETO, TRF1 - DÉCIMA-PRIMEIRA TURMA, PJe 17/02/2025 PAG.) -.-.-.- ADMINISTRATIVO, AMBIENTAL E PROCESSUAL CIVIL. APELAÇÃO. PROCEDIMENTO COMUM. AÇÃO ANULATÓRIA DE AUTO DE INFRAÇÃO AMBIENTAL E DE TERMO DE EMBARGO. RECONHECIMENTO DE PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE DA PRETENSÃO DE RESPONSABILIZAÇÃO ADMINISTRATIVA. INSUBSISTÊNCIA DA MULTA E DO TERMO DE EMBARGO CONSIDERANDO SUA NATUREZA ACESSÓRIA. INADMISSIBILIDADE DE RECONVENÇÃO OPOSTA PELO IBAMA. INCOMPATIBILIDADE PROCEDIMENTAL. APELAÇÃO CONHECIDA E NÃO PROVIDA. 1. Trata-se de apelação interposta pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis IBAMA contra a sentença em que se reconheceu a prescrição intercorrente da pretensão de responsabilização administrativa do apelado, definindo a inexigibilidade do crédito oriundo da multa aplicada. Impugnou-se também a decisão que extinguiu, sem resolução do mérito, a reconvenção interposta pela autarquia nos autos da ação anulatória do auto de infração ambiental ajuizada pelo apelado. 2. A infração administrativa que também configure ilícito criminal somente se sujeita ao prazo prescricional penal quando instaurada a respectiva ação penal. Precedentes: STJ: REsp 1116477/DF, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, Primeira Turma, julgado em 16/08/2012. TRF1: AC 1000799-18.2020.4.01.3603, Desembargador Federal Carlos Augusto Pires Brandão, TRF1 - Quinta Turma, PJe 20/06/2024 PAG; AC 0011338-29.2016.4.01.3400, Desembargadora Federal Daniele Maranhão Costa, TRF1 - Quinta Turma, PJe 29/06/2022. 3. No caso dos autos, não há notícia da instauração de ação penal, identificando-se apenas Boletim de Ocorrência que se refere à suposta infração penal prevista no art. 50 da Lei nº 9.605/98. Assim, deve-se aplicar o prazo prescricional de 5 anos para prescrição da pretensão punitiva e de 3 anos para a prescrição intercorrente, conforme o art. 1º da Lei nº 9.873/99. 4. Em relação às causas interruptivas previstas no art. 2º da Lei nº 9.873/99, entende a jurisprudência que não é qualquer despacho que interrompe a prescrição intercorrente, mas os atos e decisões de conteúdo decisório ou instrutório de apuração de infração e os de comunicação ao infrator. Precedentes: EDCIV 1002270-06.2019.4.01.3603, Desembargadora Federal Ana Carolina Roman, TRF1 12ª Turma, PJe 11/03/2024 PAG e AC 1004123-50.2019.4.01.3603, Desembargador Federal Eduardo Filipe Alves Martins, TRF1 - Quinta Turma, PJe 19/06/2024 PAG. 5. Entende a jurisprudência deste Tribunal que não interrompem a prescrição: o mero encaminhamento dos autos à equipe técnica, sem ato de conteúdo decisório ou de instrução; os informes opinativos da área técnica; os pareceres ou despachos da Procuradoria, quando se prestarem apenas a elucidar questões jurídicas; os atos de mero expediente ou aqueles que não impulsionam o processo, como certidões e ofícios de comunicação externa, que não contribuem para a apuração do ilícito. Precedentes: AC 1000180-54.2021.4.01.3603, Desembargador Federal Carlos Augusto Pires Brandão, TRF1 - Quinta Turma, PJe 20/06/2024 PAG e AC 1001323-81.2017.4.01.4100, Desembargadora Federal Daniele Maranhão Costa, TRF1 Quinta Turma, PJe 01/06/2022. 6. Em análise aos autos do processo administrativo, observou-se que da notificação para apresentação de alegações finais, em 05/08/2011, até a decisão administrativa de 1ª instância, de 23/02/2015, transcorreram mais de três anos, confirmando-se o reconhecimento da prescrição intercorrente da pretensão de responsabilização administrativa. 7. Reconhecida a prescrição intercorrente, não subsiste o auto de infração e respectiva multa, de modo que se deve levantar, de igual forma, o termo de embargo e retirar o nome do apelado da lista de áreas embargadas, visto que a extinção da pretensão de responsabilização administrativa acarreta a impossibilidade da cobrança da multa e da obrigação de cumprir o termo de embargo. 8. A prescrição incide também sobre o Termo de Embargo lavrado pelo órgão ambiental, porquanto, a despeito da importância dessa medida para a preservação da vegetação degradada, não se pode excluir dela o seu caráter de sanção administrativa, submetida a um processo administrativo regido pelo Decreto nº 6.514/08. Não incide na hipótese a tese de imprescritibilidade porque é restrita à responsabilidade por dano ao meio ambiente, de natureza cível, enquanto a discussão destes autos tem natureza administrativa, com prazo prescricional estipulado na norma de regência para o exercício da pretensão punitiva da Administração. A Questão foi, inclusive, definida em sessão de julgamento deste 12ª Turma em sua composição ampliada, nos termos do art.942 do CPC. 9. Na reconvenção apresentada pelo IBAMA, buscou-se a responsabilidade civil ambiental do suposto poluidor, havendo incompatibilidade entre os ritos, pois a ação principal, que trata da responsabilidade administrativa por dano ao meio ambiente, é regida pelo procedimento comum do Código de Processo Civil cujo objeto principal seria a impugnação do ato administrativo com base na atuação estatal respaldada no poder de polícia. Já a reconvenção é regida pelo procedimento previsto na Lei nº 7.347/85 que tem como objetivo a reparação ao meio ambiente por danos a direitos difusos e coletivos, com natureza precipuamente cível. 10. Honorários advocatícios majorados em 2% sobre o valor atualizado da causa, a teor do disposto no art. 85, §§ 2º, 3º e 11 do CPC. 11. Apelação conhecida e não provida. (AC 1009843-20.2023.4.01.4100, DESEMBARGADORA FEDERAL ROSANA NOYA ALVES WEIBEL KAUFMANN, TRF1 - DÉCIMA-SEGUNDA TURMA, PJe 19/11/2024 PAG.) III. Em face do exposto, dou provimento ao agravo interno para negar provimento ao agravo de instrumento. É como voto. Desembargador Federal FLÁVIO JARDIM Relator PODER JUDICIÁRIO FEDERAL Tribunal Regional Federal da 1ª Região PJe/TRF1ª – Processo Judicial Eletrônico AGRAVO DE INSTRUMENTO (202) Nº 0071364-42.2015.4.01.0000 Processo Referência: 0005887-64.2014.4.01.3603 AGRAVANTE: INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVAVEIS - IBAMA AGRAVADO: MOISES DEBASTIANI EMENTA DIREITO PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO. PERDA DE OBJETO. PROLAÇÃO DE SENTENÇA PELO JUÍZO DE ORIGEM. EXTINÇÃO DE RECONVENÇÃO. AUSÊNCIA DE PREJUDICIALIDADE. AGRAVO INTERNO PROVIDO. AGRAVO DE INSTRUMENTO DESPROVIDO. 1. Agravo interno interposto contra decisão que reconheceu a perda do objeto do agravo de instrumento em razão da prolação de sentença pelo Juízo de origem. A parte agravante sustenta a inexistência de perda de objeto, pois o recurso versa sobre a extinção da reconvenção. 2. A questão em discussão consiste em definir se a superveniência de sentença no processo originário prejudica o agravo de instrumento interposto contra decisão que extinguiu a reconvenção. 3. A jurisprudência deste Tribunal entende que a extinção da reconvenção configura pronunciamento definitivo de mérito, não se tratando de decisão de cognição sumária, o que afasta a perda de objeto do agravo de instrumento. 4. A jurisprudência deste Tribunal se consolidou no sentido de que não é cabível a reconvenção do IBAMA em ações ajuizadas por particulares para anular autos de infração e/ou termo de embargo ambiental. Isso ocorre diante da incompatibilidade entre as instruções da ação de anulatória, em que se discute a higidez do ato administrativo e do exercício do poder de polícia do Estado; e da ação civil pública de recomposição ambiental, regida pela Lei nº 7.347/85 e com natureza reparatória. 5. Agravo interno provido para afastar a perda de objeto do agravo de instrumento. No entanto, agravo de instrumento desprovido, ante a inadmissibilidade da reconvenção do IBAMA no caso concreto. ACÓRDÃO Decide a Sexta Turma, à unanimidade, dar provimento ao agravo interno para negar provimento ao agravo de instrumento, nos termos do voto do Relator. Brasília/DF, data e assinatura eletrônicas. Desembargador Federal FLÁVIO JARDIM Relator

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Processo nº 0033565-91.2017.4.01.0000

ID: 292526923

Tribunal: TRF1 Órgão: Gab. 16 - DESEMBARGADOR FEDERAL FLAVIO JARDIM Classe: AGRAVO INTERNO CíVEL Nº Processo: 0033565-91.2017.4.01.0000

Data de Disponibilização: 09/06/2025

Polo Ativo:

Polo Passivo:

JESSICA PERINOTO SOTTI

Acórdão

Advogados:

JOSEMIR MARTINS DOS SANTOS

OAB/MT XXXXXX Desbloquear

JUSTIÇA FEDERAL Tribunal Regional Federal da 1ª Região PROCESSO: 0033565-91.2017.4.01.0000 PROCESSO REFERÊNCIA: 0005933-19.2015.4.01.3603 CLASSE: AGRAVO INTERNO CÍVEL (1208) POLO ATIVO: INSTITUTO BRA… JUSTIÇA FEDERAL Tribunal Regional Federal da 1ª Região PROCESSO: 0033565-91.2017.4.01.0000 PROCESSO REFERÊNCIA: 0005933-19.2015.4.01.3603 CLASSE: AGRAVO INTERNO CÍVEL (1208) POLO ATIVO: INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVAVEIS - IBAMA POLO PASSIVO:JESSICA PERINOTO SOTTI e outros REPRESENTANTE(S) POLO PASSIVO: JOSEMIR MARTINS DOS SANTOS - MT15995-A RELATOR(A):FLAVIO JAIME DE MORAES JARDIM PODER JUDICIÁRIO FEDERAL Tribunal Regional Federal da 1ª Região PJe/TRF1ª – Processo Judicial Eletrônico AGRAVO DE INSTRUMENTO (202) Nº 0033565-91.2017.4.01.0000 RELATÓRIO O IBAMA interpôs agravo de instrumento, no qual requer a reforma da decisão agravada para para que a reconvenção apresentada tenha seu regular prosseguimento. Foi proferida decisão monocrática terminativa que julgou prejudicado o agravo de instrumento, por perda superveniente de seu objeto, em razão de ter sido prolatada sentença nos autos de origem. O IBAMA interpôs agravo interno. Sem contrarrazões. É o relatório. PODER JUDICIÁRIO FEDERAL Tribunal Regional Federal da 1ª Região PJe/TRF1ª – Processo Judicial Eletrônico AGRAVO DE INSTRUMENTO (202) Nº 0033565-91.2017.4.01.0000 VOTO O EXMO. SR. DESEMBARGADOR FEDERAL FLÁVIO JARDIM - Relator: I. A parte agravante interpôs agravo interno contra decisão monocrática que julgou prejudicado o agravo de instrumento, em razão de superveniente perda do interesse de agir, diante da prolação de sentença no processo originário. Analisando-se os autos, verifica-se que, de fato, a sentença proferida não tem o condão de esvaziar o objeto do presente agravo de instrumento, uma vez que este visa impugnar a extinção da reconvenção pelo Juízo a quo. Confira-se a jurisprudência pertinente: PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. AUSÊNCIA DE PERDA DE OBJETO. AMBIENTAL. AÇÃO ANULATÓRIA. AUTO DE INFRAÇÃO. PROCESSO ADMINISTRATIVO. MULTA. RECONVENÇÃO O IBAMA. NÃO ADMISSÃO. AGRAVO DE INSTRUMENTO NÃO PROVIDO. 1. A questão no presente recurso diz respeito ao pronunciamento judicial quanto à legitimidade ativa, por parte do IBAMA, para apresentar reconvenção, em ação que objetivava suspensão do termo de embargo n. 612262-E, pela destruição de 116.14 hectares de mata nativa amazônica, objeto de especial preservação, sem autorização do órgão ambiental. 2. A reconvenção apresentada pelo IBAMA, possui natureza autônoma, não se confundindo com o mérito da ação principal. Assim, persiste a controvérsia quanto à legitimidade do IBAMA para propor reconvenção no âmbito da ação ordinária principal, de modo que reconsidero a decisão que julgou prejudicado o agravo de instrumento, em face da perda do objeto (prolação de sentença), e passo ao julgamento do agravo de instrumento interposto nos autos. 3. Sobre a admissibilidade da reconvenção, reconhece-se que este instrumento processual visa à economia e eficiência do processo, submetendo-se, entretanto, às condições de procedibilidade previstas no Art. 343 do CPC. Não é adequada sua utilização em lides desconexas que possam comprometer a celeridade da demanda originária. Precedentes. 4. Agravo de instrumento não provido. Agravo interno prejudicado. (AG 0019576-18.2017.4.01.0000, DESEMBARGADOR FEDERAL RAFAEL PAULO, TRF1 - DÉCIMA-PRIMEIRA TURMA, PJe 10/02/2025 PAG.) Diante disso, reconsidero a decisão anteriormente proferida (ID 194661193), dando provimento ao agravo interno, para determinar o prosseguimento do julgamento do agravo de instrumento. II. Não obstante o provimento do agravo interno para reconhecer a manutenção do objeto do agravo de instrumento, este deve ser desprovido. Com efeito, a jurisprudência deste Tribunal se consolidou no sentido de que não é cabível a reconvenção do IBAMA em ações ajuizadas por particulares para anular autos de infração e/ou termo de embargo ambiental. Isso ocorre diante da incompatibilidade entre as instruções da ação de anulatória, em que se discute a higidez do ato administrativo e do exercício do poder de polícia do Estado; e da ação civil pública de recomposição ambiental, regida pela Lei nº 7.347/85 e com natureza reparatória: APELAÇÃO. ADMINISTRATIVO, PROCESSUAL CIVIL E AMBIENTAL. AUTO DE INFRAÇÃO PROCESSO ADMINISTRATIVO. PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE. LEI Nº 9.873/99, ART. 1º, § 1º. DECRETO Nº 6.514/2008, ART. 21, § 2º. OCORRÊNCIA. AUSÊNCIA DE CAUSA INTERRUPTIVA. LEVANTAMENTO DO TERMO DE EMBARGO. POSSIBILIDADE. IMPRESCRITIBILIDADE. RECONVENÇÃO. APELAÇÃO DESPROVIDA. 1. A reconvenção é instituto processual que tem por escopo a economia e a eficiência do processo, cuja utilização submete-se a condições de procedibilidade próprias, não sendo adequada a sua utilização em se tratando de lides que não tenham relação de conexão e que venham retardar a solução da ação originária, nos termos do art. 343 do CPC. 2. A reconvenção oferecida consiste na proteção do meio ambiente, tem natureza de ação civil pública (recuperação de floresta nativa destruída), matéria autônoma e que não se confunde com o mérito da demanda principal (anulação de auto de infração ambiental). 3. Já decidiu este Tribunal que deve ser mantida a decisão que indeferiu a petição inicial de reconvenção, visto que o IBAMA pretende instaurar discussão destoante do objeto da ação, demandando instrução probatória independente e mais complexa. [...] (AC 1004459-49.2022.4.01.3603, DESEMBARGADOR FEDERAL NEWTON PEREIRA RAMOS NETO, TRF1 - DÉCIMA-PRIMEIRA TURMA, PJe 17/02/2025 PAG.) -.-.-.- ADMINISTRATIVO, AMBIENTAL E PROCESSUAL CIVIL. APELAÇÃO. PROCEDIMENTO COMUM. AÇÃO ANULATÓRIA DE AUTO DE INFRAÇÃO AMBIENTAL E DE TERMO DE EMBARGO. RECONHECIMENTO DE PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE DA PRETENSÃO DE RESPONSABILIZAÇÃO ADMINISTRATIVA. INSUBSISTÊNCIA DA MULTA E DO TERMO DE EMBARGO CONSIDERANDO SUA NATUREZA ACESSÓRIA. INADMISSIBILIDADE DE RECONVENÇÃO OPOSTA PELO IBAMA. INCOMPATIBILIDADE PROCEDIMENTAL. APELAÇÃO CONHECIDA E NÃO PROVIDA. 1. Trata-se de apelação interposta pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis IBAMA contra a sentença em que se reconheceu a prescrição intercorrente da pretensão de responsabilização administrativa do apelado, definindo a inexigibilidade do crédito oriundo da multa aplicada. Impugnou-se também a decisão que extinguiu, sem resolução do mérito, a reconvenção interposta pela autarquia nos autos da ação anulatória do auto de infração ambiental ajuizada pelo apelado. 2. A infração administrativa que também configure ilícito criminal somente se sujeita ao prazo prescricional penal quando instaurada a respectiva ação penal. Precedentes: STJ: REsp 1116477/DF, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, Primeira Turma, julgado em 16/08/2012. TRF1: AC 1000799-18.2020.4.01.3603, Desembargador Federal Carlos Augusto Pires Brandão, TRF1 - Quinta Turma, PJe 20/06/2024 PAG; AC 0011338-29.2016.4.01.3400, Desembargadora Federal Daniele Maranhão Costa, TRF1 - Quinta Turma, PJe 29/06/2022. 3. No caso dos autos, não há notícia da instauração de ação penal, identificando-se apenas Boletim de Ocorrência que se refere à suposta infração penal prevista no art. 50 da Lei nº 9.605/98. Assim, deve-se aplicar o prazo prescricional de 5 anos para prescrição da pretensão punitiva e de 3 anos para a prescrição intercorrente, conforme o art. 1º da Lei nº 9.873/99. 4. Em relação às causas interruptivas previstas no art. 2º da Lei nº 9.873/99, entende a jurisprudência que não é qualquer despacho que interrompe a prescrição intercorrente, mas os atos e decisões de conteúdo decisório ou instrutório de apuração de infração e os de comunicação ao infrator. Precedentes: EDCIV 1002270-06.2019.4.01.3603, Desembargadora Federal Ana Carolina Roman, TRF1 12ª Turma, PJe 11/03/2024 PAG e AC 1004123-50.2019.4.01.3603, Desembargador Federal Eduardo Filipe Alves Martins, TRF1 - Quinta Turma, PJe 19/06/2024 PAG. 5. Entende a jurisprudência deste Tribunal que não interrompem a prescrição: o mero encaminhamento dos autos à equipe técnica, sem ato de conteúdo decisório ou de instrução; os informes opinativos da área técnica; os pareceres ou despachos da Procuradoria, quando se prestarem apenas a elucidar questões jurídicas; os atos de mero expediente ou aqueles que não impulsionam o processo, como certidões e ofícios de comunicação externa, que não contribuem para a apuração do ilícito. Precedentes: AC 1000180-54.2021.4.01.3603, Desembargador Federal Carlos Augusto Pires Brandão, TRF1 - Quinta Turma, PJe 20/06/2024 PAG e AC 1001323-81.2017.4.01.4100, Desembargadora Federal Daniele Maranhão Costa, TRF1 Quinta Turma, PJe 01/06/2022. 6. Em análise aos autos do processo administrativo, observou-se que da notificação para apresentação de alegações finais, em 05/08/2011, até a decisão administrativa de 1ª instância, de 23/02/2015, transcorreram mais de três anos, confirmando-se o reconhecimento da prescrição intercorrente da pretensão de responsabilização administrativa. 7. Reconhecida a prescrição intercorrente, não subsiste o auto de infração e respectiva multa, de modo que se deve levantar, de igual forma, o termo de embargo e retirar o nome do apelado da lista de áreas embargadas, visto que a extinção da pretensão de responsabilização administrativa acarreta a impossibilidade da cobrança da multa e da obrigação de cumprir o termo de embargo. 8. A prescrição incide também sobre o Termo de Embargo lavrado pelo órgão ambiental, porquanto, a despeito da importância dessa medida para a preservação da vegetação degradada, não se pode excluir dela o seu caráter de sanção administrativa, submetida a um processo administrativo regido pelo Decreto nº 6.514/08. Não incide na hipótese a tese de imprescritibilidade porque é restrita à responsabilidade por dano ao meio ambiente, de natureza cível, enquanto a discussão destes autos tem natureza administrativa, com prazo prescricional estipulado na norma de regência para o exercício da pretensão punitiva da Administração. A Questão foi, inclusive, definida em sessão de julgamento deste 12ª Turma em sua composição ampliada, nos termos do art.942 do CPC. 9. Na reconvenção apresentada pelo IBAMA, buscou-se a responsabilidade civil ambiental do suposto poluidor, havendo incompatibilidade entre os ritos, pois a ação principal, que trata da responsabilidade administrativa por dano ao meio ambiente, é regida pelo procedimento comum do Código de Processo Civil cujo objeto principal seria a impugnação do ato administrativo com base na atuação estatal respaldada no poder de polícia. Já a reconvenção é regida pelo procedimento previsto na Lei nº 7.347/85 que tem como objetivo a reparação ao meio ambiente por danos a direitos difusos e coletivos, com natureza precipuamente cível. 10. Honorários advocatícios majorados em 2% sobre o valor atualizado da causa, a teor do disposto no art. 85, §§ 2º, 3º e 11 do CPC. 11. Apelação conhecida e não provida. (AC 1009843-20.2023.4.01.4100, DESEMBARGADORA FEDERAL ROSANA NOYA ALVES WEIBEL KAUFMANN, TRF1 - DÉCIMA-SEGUNDA TURMA, PJe 19/11/2024 PAG.) III. Em face do exposto, dou provimento ao agravo interno para negar provimento ao agravo de instrumento. É como voto. Desembargador Federal FLÁVIO JARDIM Relator PODER JUDICIÁRIO FEDERAL Tribunal Regional Federal da 1ª Região PJe/TRF1ª – Processo Judicial Eletrônico AGRAVO DE INSTRUMENTO (202) Nº 0033565-91.2017.4.01.0000 Processo Referência: 0005933-19.2015.4.01.3603 AGRAVANTE: INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVAVEIS - IBAMA AGRAVADO: ALEXANDRA APARECIDA PERINOTO, JESSICA PERINOTO SOTTI EMENTA DIREITO PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO. PERDA DE OBJETO. PROLAÇÃO DE SENTENÇA PELO JUÍZO DE ORIGEM. EXTINÇÃO DE RECONVENÇÃO. AUSÊNCIA DE PREJUDICIALIDADE. AGRAVO INTERNO PROVIDO. AGRAVO DE INSTRUMENTO DESPROVIDO. 1. Agravo interno interposto contra decisão que reconheceu a perda do objeto do agravo de instrumento em razão da prolação de sentença pelo Juízo de origem. A parte agravante sustenta a inexistência de perda de objeto, pois o recurso versa sobre a extinção da reconvenção. 2. A questão em discussão consiste em definir se a superveniência de sentença no processo originário prejudica o agravo de instrumento interposto contra decisão que extinguiu a reconvenção. 3. A jurisprudência deste Tribunal entende que a extinção da reconvenção configura pronunciamento definitivo de mérito, não se tratando de decisão de cognição sumária, o que afasta a perda de objeto do agravo de instrumento. 4. No mérito, consolidou-se o entendimento de que não é cabível a reconvenção do IBAMA em ações anulatórias de auto de infração ambiental e/ou termo de embargo, tendo em vista a incompatibilidade procedimental e de natureza entre a ação anulatória e a ação civil pública ambiental. Precedentes. 5. Agravo interno provido para afastar a perda de objeto do agravo de instrumento. No entanto, agravo de instrumento desprovido, ante a inadmissibilidade da reconvenção do IBAMA no caso concreto. ACÓRDÃO Decide a Sexta Turma, à unanimidade, dar provimento ao agravo interno para negar provimento ao agravo de instrumento, nos termos do voto do Relator. Brasília/DF, data e assinatura eletrônicas. Desembargador Federal FLÁVIO JARDIM Relator

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Processo nº 0033565-91.2017.4.01.0000

ID: 292526932

Tribunal: TRF1 Órgão: Gab. 16 - DESEMBARGADOR FEDERAL FLAVIO JARDIM Classe: AGRAVO INTERNO CíVEL Nº Processo: 0033565-91.2017.4.01.0000

Data de Disponibilização: 09/06/2025

Polo Ativo:

Polo Passivo:

JESSICA PERINOTO SOTTI

Acórdão

Advogados:

JOSEMIR MARTINS DOS SANTOS

OAB/MT XXXXXX Desbloquear

JUSTIÇA FEDERAL Tribunal Regional Federal da 1ª Região PROCESSO: 0033565-91.2017.4.01.0000 PROCESSO REFERÊNCIA: 0005933-19.2015.4.01.3603 CLASSE: AGRAVO INTERNO CÍVEL (1208) POLO ATIVO: INSTITUTO BRA… JUSTIÇA FEDERAL Tribunal Regional Federal da 1ª Região PROCESSO: 0033565-91.2017.4.01.0000 PROCESSO REFERÊNCIA: 0005933-19.2015.4.01.3603 CLASSE: AGRAVO INTERNO CÍVEL (1208) POLO ATIVO: INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVAVEIS - IBAMA POLO PASSIVO:JESSICA PERINOTO SOTTI e outros REPRESENTANTE(S) POLO PASSIVO: JOSEMIR MARTINS DOS SANTOS - MT15995-A RELATOR(A):FLAVIO JAIME DE MORAES JARDIM PODER JUDICIÁRIO FEDERAL Tribunal Regional Federal da 1ª Região PJe/TRF1ª – Processo Judicial Eletrônico AGRAVO DE INSTRUMENTO (202) Nº 0033565-91.2017.4.01.0000 RELATÓRIO O IBAMA interpôs agravo de instrumento, no qual requer a reforma da decisão agravada para para que a reconvenção apresentada tenha seu regular prosseguimento. Foi proferida decisão monocrática terminativa que julgou prejudicado o agravo de instrumento, por perda superveniente de seu objeto, em razão de ter sido prolatada sentença nos autos de origem. O IBAMA interpôs agravo interno. Sem contrarrazões. É o relatório. PODER JUDICIÁRIO FEDERAL Tribunal Regional Federal da 1ª Região PJe/TRF1ª – Processo Judicial Eletrônico AGRAVO DE INSTRUMENTO (202) Nº 0033565-91.2017.4.01.0000 VOTO O EXMO. SR. DESEMBARGADOR FEDERAL FLÁVIO JARDIM - Relator: I. A parte agravante interpôs agravo interno contra decisão monocrática que julgou prejudicado o agravo de instrumento, em razão de superveniente perda do interesse de agir, diante da prolação de sentença no processo originário. Analisando-se os autos, verifica-se que, de fato, a sentença proferida não tem o condão de esvaziar o objeto do presente agravo de instrumento, uma vez que este visa impugnar a extinção da reconvenção pelo Juízo a quo. Confira-se a jurisprudência pertinente: PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. AUSÊNCIA DE PERDA DE OBJETO. AMBIENTAL. AÇÃO ANULATÓRIA. AUTO DE INFRAÇÃO. PROCESSO ADMINISTRATIVO. MULTA. RECONVENÇÃO O IBAMA. NÃO ADMISSÃO. AGRAVO DE INSTRUMENTO NÃO PROVIDO. 1. A questão no presente recurso diz respeito ao pronunciamento judicial quanto à legitimidade ativa, por parte do IBAMA, para apresentar reconvenção, em ação que objetivava suspensão do termo de embargo n. 612262-E, pela destruição de 116.14 hectares de mata nativa amazônica, objeto de especial preservação, sem autorização do órgão ambiental. 2. A reconvenção apresentada pelo IBAMA, possui natureza autônoma, não se confundindo com o mérito da ação principal. Assim, persiste a controvérsia quanto à legitimidade do IBAMA para propor reconvenção no âmbito da ação ordinária principal, de modo que reconsidero a decisão que julgou prejudicado o agravo de instrumento, em face da perda do objeto (prolação de sentença), e passo ao julgamento do agravo de instrumento interposto nos autos. 3. Sobre a admissibilidade da reconvenção, reconhece-se que este instrumento processual visa à economia e eficiência do processo, submetendo-se, entretanto, às condições de procedibilidade previstas no Art. 343 do CPC. Não é adequada sua utilização em lides desconexas que possam comprometer a celeridade da demanda originária. Precedentes. 4. Agravo de instrumento não provido. Agravo interno prejudicado. (AG 0019576-18.2017.4.01.0000, DESEMBARGADOR FEDERAL RAFAEL PAULO, TRF1 - DÉCIMA-PRIMEIRA TURMA, PJe 10/02/2025 PAG.) Diante disso, reconsidero a decisão anteriormente proferida (ID 194661193), dando provimento ao agravo interno, para determinar o prosseguimento do julgamento do agravo de instrumento. II. Não obstante o provimento do agravo interno para reconhecer a manutenção do objeto do agravo de instrumento, este deve ser desprovido. Com efeito, a jurisprudência deste Tribunal se consolidou no sentido de que não é cabível a reconvenção do IBAMA em ações ajuizadas por particulares para anular autos de infração e/ou termo de embargo ambiental. Isso ocorre diante da incompatibilidade entre as instruções da ação de anulatória, em que se discute a higidez do ato administrativo e do exercício do poder de polícia do Estado; e da ação civil pública de recomposição ambiental, regida pela Lei nº 7.347/85 e com natureza reparatória: APELAÇÃO. ADMINISTRATIVO, PROCESSUAL CIVIL E AMBIENTAL. AUTO DE INFRAÇÃO PROCESSO ADMINISTRATIVO. PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE. LEI Nº 9.873/99, ART. 1º, § 1º. DECRETO Nº 6.514/2008, ART. 21, § 2º. OCORRÊNCIA. AUSÊNCIA DE CAUSA INTERRUPTIVA. LEVANTAMENTO DO TERMO DE EMBARGO. POSSIBILIDADE. IMPRESCRITIBILIDADE. RECONVENÇÃO. APELAÇÃO DESPROVIDA. 1. A reconvenção é instituto processual que tem por escopo a economia e a eficiência do processo, cuja utilização submete-se a condições de procedibilidade próprias, não sendo adequada a sua utilização em se tratando de lides que não tenham relação de conexão e que venham retardar a solução da ação originária, nos termos do art. 343 do CPC. 2. A reconvenção oferecida consiste na proteção do meio ambiente, tem natureza de ação civil pública (recuperação de floresta nativa destruída), matéria autônoma e que não se confunde com o mérito da demanda principal (anulação de auto de infração ambiental). 3. Já decidiu este Tribunal que deve ser mantida a decisão que indeferiu a petição inicial de reconvenção, visto que o IBAMA pretende instaurar discussão destoante do objeto da ação, demandando instrução probatória independente e mais complexa. [...] (AC 1004459-49.2022.4.01.3603, DESEMBARGADOR FEDERAL NEWTON PEREIRA RAMOS NETO, TRF1 - DÉCIMA-PRIMEIRA TURMA, PJe 17/02/2025 PAG.) -.-.-.- ADMINISTRATIVO, AMBIENTAL E PROCESSUAL CIVIL. APELAÇÃO. PROCEDIMENTO COMUM. AÇÃO ANULATÓRIA DE AUTO DE INFRAÇÃO AMBIENTAL E DE TERMO DE EMBARGO. RECONHECIMENTO DE PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE DA PRETENSÃO DE RESPONSABILIZAÇÃO ADMINISTRATIVA. INSUBSISTÊNCIA DA MULTA E DO TERMO DE EMBARGO CONSIDERANDO SUA NATUREZA ACESSÓRIA. INADMISSIBILIDADE DE RECONVENÇÃO OPOSTA PELO IBAMA. INCOMPATIBILIDADE PROCEDIMENTAL. APELAÇÃO CONHECIDA E NÃO PROVIDA. 1. Trata-se de apelação interposta pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis IBAMA contra a sentença em que se reconheceu a prescrição intercorrente da pretensão de responsabilização administrativa do apelado, definindo a inexigibilidade do crédito oriundo da multa aplicada. Impugnou-se também a decisão que extinguiu, sem resolução do mérito, a reconvenção interposta pela autarquia nos autos da ação anulatória do auto de infração ambiental ajuizada pelo apelado. 2. A infração administrativa que também configure ilícito criminal somente se sujeita ao prazo prescricional penal quando instaurada a respectiva ação penal. Precedentes: STJ: REsp 1116477/DF, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, Primeira Turma, julgado em 16/08/2012. TRF1: AC 1000799-18.2020.4.01.3603, Desembargador Federal Carlos Augusto Pires Brandão, TRF1 - Quinta Turma, PJe 20/06/2024 PAG; AC 0011338-29.2016.4.01.3400, Desembargadora Federal Daniele Maranhão Costa, TRF1 - Quinta Turma, PJe 29/06/2022. 3. No caso dos autos, não há notícia da instauração de ação penal, identificando-se apenas Boletim de Ocorrência que se refere à suposta infração penal prevista no art. 50 da Lei nº 9.605/98. Assim, deve-se aplicar o prazo prescricional de 5 anos para prescrição da pretensão punitiva e de 3 anos para a prescrição intercorrente, conforme o art. 1º da Lei nº 9.873/99. 4. Em relação às causas interruptivas previstas no art. 2º da Lei nº 9.873/99, entende a jurisprudência que não é qualquer despacho que interrompe a prescrição intercorrente, mas os atos e decisões de conteúdo decisório ou instrutório de apuração de infração e os de comunicação ao infrator. Precedentes: EDCIV 1002270-06.2019.4.01.3603, Desembargadora Federal Ana Carolina Roman, TRF1 12ª Turma, PJe 11/03/2024 PAG e AC 1004123-50.2019.4.01.3603, Desembargador Federal Eduardo Filipe Alves Martins, TRF1 - Quinta Turma, PJe 19/06/2024 PAG. 5. Entende a jurisprudência deste Tribunal que não interrompem a prescrição: o mero encaminhamento dos autos à equipe técnica, sem ato de conteúdo decisório ou de instrução; os informes opinativos da área técnica; os pareceres ou despachos da Procuradoria, quando se prestarem apenas a elucidar questões jurídicas; os atos de mero expediente ou aqueles que não impulsionam o processo, como certidões e ofícios de comunicação externa, que não contribuem para a apuração do ilícito. Precedentes: AC 1000180-54.2021.4.01.3603, Desembargador Federal Carlos Augusto Pires Brandão, TRF1 - Quinta Turma, PJe 20/06/2024 PAG e AC 1001323-81.2017.4.01.4100, Desembargadora Federal Daniele Maranhão Costa, TRF1 Quinta Turma, PJe 01/06/2022. 6. Em análise aos autos do processo administrativo, observou-se que da notificação para apresentação de alegações finais, em 05/08/2011, até a decisão administrativa de 1ª instância, de 23/02/2015, transcorreram mais de três anos, confirmando-se o reconhecimento da prescrição intercorrente da pretensão de responsabilização administrativa. 7. Reconhecida a prescrição intercorrente, não subsiste o auto de infração e respectiva multa, de modo que se deve levantar, de igual forma, o termo de embargo e retirar o nome do apelado da lista de áreas embargadas, visto que a extinção da pretensão de responsabilização administrativa acarreta a impossibilidade da cobrança da multa e da obrigação de cumprir o termo de embargo. 8. A prescrição incide também sobre o Termo de Embargo lavrado pelo órgão ambiental, porquanto, a despeito da importância dessa medida para a preservação da vegetação degradada, não se pode excluir dela o seu caráter de sanção administrativa, submetida a um processo administrativo regido pelo Decreto nº 6.514/08. Não incide na hipótese a tese de imprescritibilidade porque é restrita à responsabilidade por dano ao meio ambiente, de natureza cível, enquanto a discussão destes autos tem natureza administrativa, com prazo prescricional estipulado na norma de regência para o exercício da pretensão punitiva da Administração. A Questão foi, inclusive, definida em sessão de julgamento deste 12ª Turma em sua composição ampliada, nos termos do art.942 do CPC. 9. Na reconvenção apresentada pelo IBAMA, buscou-se a responsabilidade civil ambiental do suposto poluidor, havendo incompatibilidade entre os ritos, pois a ação principal, que trata da responsabilidade administrativa por dano ao meio ambiente, é regida pelo procedimento comum do Código de Processo Civil cujo objeto principal seria a impugnação do ato administrativo com base na atuação estatal respaldada no poder de polícia. Já a reconvenção é regida pelo procedimento previsto na Lei nº 7.347/85 que tem como objetivo a reparação ao meio ambiente por danos a direitos difusos e coletivos, com natureza precipuamente cível. 10. Honorários advocatícios majorados em 2% sobre o valor atualizado da causa, a teor do disposto no art. 85, §§ 2º, 3º e 11 do CPC. 11. Apelação conhecida e não provida. (AC 1009843-20.2023.4.01.4100, DESEMBARGADORA FEDERAL ROSANA NOYA ALVES WEIBEL KAUFMANN, TRF1 - DÉCIMA-SEGUNDA TURMA, PJe 19/11/2024 PAG.) III. Em face do exposto, dou provimento ao agravo interno para negar provimento ao agravo de instrumento. É como voto. Desembargador Federal FLÁVIO JARDIM Relator PODER JUDICIÁRIO FEDERAL Tribunal Regional Federal da 1ª Região PJe/TRF1ª – Processo Judicial Eletrônico AGRAVO DE INSTRUMENTO (202) Nº 0033565-91.2017.4.01.0000 Processo Referência: 0005933-19.2015.4.01.3603 AGRAVANTE: INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVAVEIS - IBAMA AGRAVADO: ALEXANDRA APARECIDA PERINOTO, JESSICA PERINOTO SOTTI EMENTA DIREITO PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO. PERDA DE OBJETO. PROLAÇÃO DE SENTENÇA PELO JUÍZO DE ORIGEM. EXTINÇÃO DE RECONVENÇÃO. AUSÊNCIA DE PREJUDICIALIDADE. AGRAVO INTERNO PROVIDO. AGRAVO DE INSTRUMENTO DESPROVIDO. 1. Agravo interno interposto contra decisão que reconheceu a perda do objeto do agravo de instrumento em razão da prolação de sentença pelo Juízo de origem. A parte agravante sustenta a inexistência de perda de objeto, pois o recurso versa sobre a extinção da reconvenção. 2. A questão em discussão consiste em definir se a superveniência de sentença no processo originário prejudica o agravo de instrumento interposto contra decisão que extinguiu a reconvenção. 3. A jurisprudência deste Tribunal entende que a extinção da reconvenção configura pronunciamento definitivo de mérito, não se tratando de decisão de cognição sumária, o que afasta a perda de objeto do agravo de instrumento. 4. No mérito, consolidou-se o entendimento de que não é cabível a reconvenção do IBAMA em ações anulatórias de auto de infração ambiental e/ou termo de embargo, tendo em vista a incompatibilidade procedimental e de natureza entre a ação anulatória e a ação civil pública ambiental. Precedentes. 5. Agravo interno provido para afastar a perda de objeto do agravo de instrumento. No entanto, agravo de instrumento desprovido, ante a inadmissibilidade da reconvenção do IBAMA no caso concreto. ACÓRDÃO Decide a Sexta Turma, à unanimidade, dar provimento ao agravo interno para negar provimento ao agravo de instrumento, nos termos do voto do Relator. Brasília/DF, data e assinatura eletrônicas. Desembargador Federal FLÁVIO JARDIM Relator

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Elenita Barbosa Lemes x Banco Bradesco Sa

ID: 319167209

Tribunal: TJMT Órgão: 1ª VARA CÍVEL DE SINOP Classe: PROCEDIMENTO COMUM CíVEL Nº Processo: 1015843-91.2022.8.11.0015

Data de Disponibilização: 08/07/2025

Polo Ativo:

ELENITA BARBOSA LEMES

Polo Passivo:

BANCO BRADESCO SA

Intimação

Advogados:

NELSON WILIANS FRATONI RODRIGUES

OAB/MT XXXXXX Desbloquear

NATANAEL OLIVEIRA DE MORAIS

OAB/MT XXXXXX Desbloquear

CAMILLA DO VALE JIMENE

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

ESTADO DE MATO GROSSO PODER JUDICIÁRIO 1ª VARA CÍVEL DE SINOP SENTENÇA Processo: 1015843-91.2022.8.11.0015. AUTOR: ELENITA BARBOSA LEMES REU: BANCO BRADESCO SA Trata-se de AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXIS… ESTADO DE MATO GROSSO PODER JUDICIÁRIO 1ª VARA CÍVEL DE SINOP SENTENÇA Processo: 1015843-91.2022.8.11.0015. AUTOR: ELENITA BARBOSA LEMES REU: BANCO BRADESCO SA Trata-se de AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E RESTITUIÇÃO DE VALORES proposta por ELENITA BARBOSA LEMES, em face do BANCO BRADESCO S/A. Narra a inicial que a parte demandante seria aposentada rural por idade e que teria feito empréstimos consignados, contudo, não reconheceria alguns deles, sendo: “1 - a reclamante teria recebido R$12.014,94, para serem pagos em 84 parcelas de R$282,26, contrato averbado em 01/08/20, e com início do desconto em 08/2020, com previsão para o fim em 07/2027; 2 - a reclamante teria recebido R$1.300,00, para serem pagos em 84 parcelas de R$ 30,78, contrato averbado em 11/08/20, com início dos descontos em 09/2020, e com previsão para finalizar em 08/2027; 3 – a reclamante teria recebido R$2.300,00, para serem pagos em 84 parcelas de R$ 47,40, contrato averbado em 16/12/20, com início dos descontos em 01/2021, com data prevista para finalizar em 12/2027.”. Dessa forma, a parte ingressou com ação judicial, requerendo que fosse reconhecida a nulidade e/ou inexistência dos contratos de consignação e emissão, com a devolução de todos os valores já pagos, bem como a condenação da parte requerida para pagar R$ 6.000,00 (seis mil reais) a título de danos morais, juntando documentos (Id. 95205287, 95205289, 95205290). Citada, a parte demandada apresentou contestação (Id. 103062320, 103062321, 103062322 e seguintes). Réplica (Id. 103148602). É o necessário. Decido. PRELIMINARES Quanto à ausência de pretensão resistida, não se aplica ao caso, vez que o entendimento jurisprudência reconhece a necessidade de prévio requerimento administrativo como condição da ação, cinge-se apenas aos benefícios previdenciários. Sendo assim, não havendo outras preliminares, e considerando a desnecessidade da produção de demais provas, passo para o julgamento antecipado do mérito, nos termos do art. 355, I do CPC. MÉRITO DA ANULABILIDADE DE NEGÓCIO JURÍDICO Depreende-se dos autos que a parte demandante é aposentada e tomou ciência da existência de desconto em seu benefício previdenciário, relativo ao contrato de empréstimo por ela não solicitado, perfectibilizado em contrato. Em que pese a parte requerida tenha procedido à juntada de documento contratual bancário, verifica-se que tal providência se limitou ao contrato de nº 424137491, este sim contendo assinatura física da parte demandante. Contudo, no que tange aos demais contratos impugnados de nº 0123414898305 e 0123413735598 inexiste nos autos documento que comprove anuência expressa da autora, tampouco instrumento contratual subscrito por esta. Assim, fora ajuizada a presente demanda visando à anulabilidade de tal negócio jurídico, ante a condição de hipossuficiência técnica e informacional da parte demandante, sendo esta pessoa idosa. Ao dispor sobre a possibilidade de anulação do negócio jurídico, o art. 171 do Código Civil prevê: Art. 171. Além dos casos expressamente declarados na lei, é anulável o negócio jurídico: (...) II - por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra credores. Faz-se necessária, portanto, a verificação do vício da contratação que enseja o reconhecimento da anulabilidade do negócio jurídico. O pleito da parte demandante se funda na existência de dolo do requerido na realização do empréstimo nº 0123414898305 e 0123413735598, por meio do qual foram realizados descontos indevidos em seu benefício previdenciário, conforme documento juntado no processo (Id. 95207545, 95207547 e seguintes). No caso em tela, a parte demandante questiona a validade do negócio jurídico, aduzindo que: não recebeu o empréstimo, não sabe nem identifica qualquer contraprestação, e/ou de que foi vítima de uma ação dolosa da instituição financeira que tinha por único desiderato o lucro em detrimento da parte hipossuficiente da relação contratual. Como regra, o ônus da prova incumbe à parte demandante quanto ao fato constitutivo de seu direito, art. 373, I, do Código de Processo Civil, e, ao demandado, nos termos do inciso II do mesmo artigo: quanto à existência de fato impeditiva, modificativa ou extintiva da parte demandante. Ocorre que, no caso de demanda consumerista, nos termos do art. 6º, VIII, do Código de Defesa do Consumidor, o ônus probatório pode e foi invertido quando do recebimento da petição inicial, atendendo a orientação do Superior Tribunal de Justiça de que se trata de regra instrução, o que atraiu para a parte ré o ônus de provar que a contratação ocorreu e ocorreu sem vícios. Assim, não tendo o requerido comprovado à validade do contrato em questão, limitando-se a arguir sua regularidade, boa-fé e atribuindo a terceiro a produção de provas, deve ser reconhecida sua nulidade. A jurisprudência deste E. Tribunal de Justiça do Estado do Mato Grosso é no seguinte sentido: DIREITO CIVIL E DO CONSUMIDOR. APELAÇÃO CÍVEL. CARTÃO DE CRÉDITO CONSIGNADO NÃO CONTRATADO. DESCONTOS INDEVIDOS EM CONTA DE BENEFICIÁRIA IDOSA. DANO MORAL CONFIGURADO. MAJORAÇÃO DA INDENIZAÇÃO. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. I. CASO EM EXAME: Apelação Cível interposta contra sentença que, nos autos de Ação Declaratória c/c Indenização por Danos Morais, julgou parcialmente procedentes os pedidos para declarar a inexistência de contrato de cartão de crédito consignado – RMC, condenar o réu à devolução em dobro dos valores descontados indevidamente e ao pagamento de indenização por danos morais no valor de R$ 3.000,00. A autora pleiteia a majoração do valor da indenização, alegando a gravidade da conduta ilícita, os danos sofridos e sua condição de idosa e aposentada. II. QUESTÃO EM DISCUSSÃO: A questão em discussão consiste em definir se é cabível a majoração da indenização por danos morais arbitrada em virtude de descontos indevidos em benefício previdenciário da autora, decorrentes de contrato de cartão de crédito consignado não contratado. III. RAZÕES DE DECIDIR: Os contratos bancários inserem-se na categoria de contratos de adesão, sendo plenamente aplicável o Código de Defesa do Consumidor, nos termos do art. 3º, §2º, do CDC e das Súmulas 297 e 479 do STJ. A ausência de comprovação da contratação válida do cartão consignado e a realização de descontos indevidos configuram falha na prestação do serviço, ensejando a responsabilidade objetiva da instituição financeira, nos termos do art. 14 do CDC. A indenização por danos morais tem caráter compensatório e pedagógico, devendo ser arbitrada com base nos princípios da razoabilidade e proporcionalidade, considerando-se as circunstâncias pessoais da vítima, a extensão do dano e a conduta do agente. O valor fixado na sentença (R$ 3.000,00) não reflete adequadamente a gravidade da violação, sobretudo diante da condição de idosa da autora e da natureza alimentar de seus proventos, justificando a majoração da indenização para R$ 6.000,00. IV. DISPOSITIVO E TESE: Recurso parcialmente provido. Tese de julgamento: A instituição financeira responde objetivamente pelos danos decorrentes de descontos indevidos em conta bancária por contrato não comprovadamente celebrado. É cabível a majoração da indenização por danos morais quando o valor fixado em primeiro grau se revela desproporcional diante da gravidade da conduta ilícita, da vulnerabilidade da vítima e da função pedagógica da reparação civil. A condição de idosa e a natureza alimentar dos rendimentos atingidos são fatores relevantes na fixação do quantum indenizatório por dano moral. Dispositivos relevantes citados: CF/1988, art. 5º, X; CDC, arts. 3º, §2º, 14 e 42, parágrafo único; CPC/2015, arts. 85, §§ 2º e 11. Jurisprudência relevante citada: STJ, REsp 1.199.782/PR; STJ, EAREsp 1.847.842/PR, Rel. Min. Herman Benjamin, Corte Especial, j. 06.09.2023, DJe 21.09.2023; TJMT, Ap Cív 1004123-97.2023.8.11.0046, Rel. Des. Sebastião de Arruda Almeida, j. 18.06.2025; TJMT, Ap Cív 1002585-49.2024.8.11.0013, Rel. Desª. Maria Helena Gargaglione Póvoas, j. 28.05.2025. (N.U 1000866-27.2024.8.11.0047, CÂMARAS ISOLADAS CÍVEIS DE DIREITO PRIVADO, MARCOS REGENOLD FERNANDES, Quinta Câmara de Direito Privado, Julgado em 02/07/2025, Publicado no DJE 02/07/2025). Portanto, deve ser anulado o negócio jurídico estabelecido nos contratos de nº 0123414898305 e 0123413735598. DA REPETIÇÃO DO INDÉBITO Pleiteia a parte demandante a repetição dos valores descontados de seu benefício previdenciário de forma indevida, pugnando pelo ressarcimento em dobro, nos termos do art. 42, parágrafo único do Código de Defesa do Consumidor: Art. 42. Na cobrança de débitos, o consumidor inadimplente não será exposto a ridículo, nem será submetido a qualquer tipo de constrangimento ou ameaça. Parágrafo único. O consumidor cobrado em quantia indevida tem direito à repetição do indébito, por valor igual ao dobro do que pagou em excesso, acrescido de correção monetária e juros legais, salvo hipótese de engano justificável. Dessa forma, ante a declaração de anulabilidade do aludido contrato de empréstimo nº 0123414898305 e 0123413735598, resta caracterizada a necessidade de ressarcimento pelo requerido de todos os valores descontados indevidamente do benefício previdenciário da parte demandante. Outrossim, na forma do aludido art. 42, a condenação do requerido à repetição do indébito deve ser em dobro e contemplar todas as prestações relativas ao empréstimo mencionado que foram descontadas, com a incidência de juros a partir da citação e correção monetária da data de cada desconto realizado. DO DANO MORAL No que tange ao pedido de dano moral é, da mesma forma, procedente, como passo a discorrer. O dano moral é uma categoria de dano extrapatrimonial indenizável, pautado na consagração do direito subjetivo constitucional à dignidade, e deve ser entendido, segundo o Superior Tribunal de Justiça, como aquele decorrente da violação de direitos da personalidade: O dano moral caracteriza-se por uma ofensa a direitos ou interesses juridicamente protegidos (direitos da personalidade). A dor, o vexame, o sofrimento e a humilhação podem ser consequências do dano moral, mas não a sua causa. Dano moral: é a ofensa a determinados direitos ou interesses. Basta isso para caracterizá-lo. Dor, sofrimento, humilhação: são as consequências do dano moral (não precisam necessariamente ocorrer para que haja a reparação). STJ. 4ª Turma. REsp 1245550-MG, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 17/3/2015 (Informativo 559). Para a configuração do dano moral deve-se comprovar o a prática de ato ilícito, a ofensa à honra ou à dignidade e o nexo de causalidade. No caso em tela, constatou-se que o requerido teria realizado desconto indevido no benefício previdenciário da parte demandante, o que restou comprovado pela apresentação do extrato de benefício emitido junto à autarquia previdenciária, sem que tenha sido demonstrado qualquer consentimento e até mesmo ciência da parte prejudicada, configurando-se a conduta ilícita. O dano moral ficou evidenciado nos autos, uma vez que a privação do uso de determinada importância, retirada do benefício de aposentadoria, gera ofensa à honra e viola os direitos da personalidade da parte demandante, na medida em que a indisponibilidade do numerário reduz ainda mais suas condições de sobrevivência, não se classificando como mero aborrecimento. Evidente o nexo causal, visto que sem a conduta do requerido, com a realização de desconto indevido, não seriam experimentados os danos em desfavor da parte demandante. Portanto, latente o dever do requerido em indenizar a parte demandante a título de danos extrapatrimoniais. No tocante ao quantum indenizatório, ao apreciar o dano moral, deve-se agir com equidade e razoabilidade, a fim de que o valor arbitrado não seja ínfimo em relação ao dano pela vítima experimentado, bem como para que não seja causa para enriquecimento ilícito. Assim, pelas provas existentes no processo, constata-se que parte demandante/consumidor possuía ao tempo da propositura da ação, descontos realizados em seu benefício previdenciário. Diante de tal constatação, levando em conta a reconhecida hipossuficiência técnica e informacional da parte demandante, considerando a extensão do dano e a condição das partes, fixo o valor do dano moral em R$ 3.000,00 (três mil reais). DISPOSITIVO Ante o exposto, JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTES os pedidos da parte demandante, com resolução de mérito, nos termos do art. 487, I, do CPC, para: a) Declarar anulado o contrato de empréstimo consignado de nº 0123414898305 e 0123413735598, objeto da lide; b) Condenar o requerido à repetição do indébito, devendo este ressarcir a parte demandante, em dobro, todas as prestações relativas ao empréstimo nº 0123414898305 e 0123413735598, que foram descontadas, com a incidência de juros de 1% ao mês a partir da citação e correção monetária pelo índice INPC, a partir de cada desconto realizado (Súmula 43, STJ); c) Condenar o requerido ao pagamento de indenização por danos morais à parte demandante, no valor de R$ 3.000,00 (três mil reais), com correção monetária pelo INPC, a partir desta data (Súmula 362, STJ), e incidência de juros de 1% ao mês, a partir do início do contrato, conforme documento de ID. 95207545. (Súmula 54, STJ); d) Condenar o requerido ao pagamento das custas processuais e honorários, os quais fixo em 10% do proveito econômico obtido pela parte demandante, nos termos do art. 85, §2º do CPC. Intimem-se. Nos termos do art. 386, VXI do Código de Normas Gerais da Corregedoria, se alguma das partes (ou ambas) apresentar (em) recurso de apelação, intime-se a parte adversa para apresentar contrarrazões no prazo de 15 dias e, após, remetam-se os autos ao egrégio Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso. Após o trânsito em julgado, arquivem-se. Campinápolis - MT, datado e assinado digitalmente. MATHEUS DE MIRANDA MEDEIROS Juiz Substituto – Portaria nº 886/2025

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Processo nº 0002164-59.2017.4.01.3303

ID: 334714612

Tribunal: TRF1 Órgão: Gab. 36 - DESEMBARGADORA FEDERAL ROSANA NOYA ALVES WEIBEL KAUFMANN Classe: AGRAVO INTERNO CíVEL Nº Processo: 0002164-59.2017.4.01.3303

Data de Disponibilização: 25/07/2025

Polo Ativo:

BOM JESUS AGROPECUARIA LTDA

Polo Passivo:

Acórdão

JUSTIÇA FEDERAL Tribunal Regional Federal da 1ª Região PROCESSO: 0002164-59.2017.4.01.3303 PROCESSO REFERÊNCIA: 0002164-59.2017.4.01.3303 CLASSE: AGRAVO INTERNO CÍVEL (1208) POLO ATIVO: INSTITUTO BRA… JUSTIÇA FEDERAL Tribunal Regional Federal da 1ª Região PROCESSO: 0002164-59.2017.4.01.3303 PROCESSO REFERÊNCIA: 0002164-59.2017.4.01.3303 CLASSE: AGRAVO INTERNO CÍVEL (1208) POLO ATIVO: INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVAVEIS - IBAMA POLO PASSIVO:BOM JESUS AGROPECUARIA LTDA REPRESENTANTES POLO PASSIVO: NATALIA ROS FERNANDES LIMA - DF29790-A, CAROLINA VIANA BRAGANCA - DF36897-A e PEDRO AUGUSTO VIEIRA DE SOUSA - DF39735-A RELATOR(A):ROSANA NOYA ALVES WEIBEL KAUFMANN PODER JUDICIÁRIO Tribunal Regional Federal da 1ª Região Gab. 36 - DESEMBARGADORA FEDERAL ROSANA NOYA ALVES WEIBEL KAUFMANN Processo Judicial Eletrônico AGRAVO INTERNO CÍVEL (1208) n. 0002164-59.2017.4.01.3303 R E L A T Ó R I O A EXMA. SRA. JUÍZA FEDERAL MARLA CONSUELO SANTOS MARINHO (RELATORA CONVOCADA): Trata-se de agravo interno interposto pelo Ibama e apelações interpostas por Bom Jesus Agropecuária Ltda e Ibama, o primeiro contra decisão monocrática que deferiu pedido de tutela de urgência incidental para reconhecer a prescrição intercorrente no processo administrativo n° 02058.000028/2015-00. As apelações foram interpostas contra a sentença proferida pelo Juízo da SSJ de Barreiras/BA que, nos autos da ação pelo procedimento comum n° 0002164-59.2017.4.01.3303, julgou improcedentes os pedidos autorais formulados para suspensão da exigibilidade e declaração de nulidade do AI n° 9057646/E. Nas razões do agravo interno, sustenta o Ibama que não ocorreu a prescrição intercorrente, pois tiveram lugar ao menos duas causas interruptivas. Nas razões de apelação, sustenta a Bom Jesus Agropecuária Ltda, preliminarmente, a nulidade da sentença, uma vez que esta apenas teria citado o parecer do Ministério Público Federal, e “deixou de apreciar e afastou provas documentais a despeito de motivação válida para tanto, em violação aos incisos II, III e IV do §1° do art. 489, CPC”. No mérito, alega, em síntese, que “nunca houve, no caso concreto, prática de qualquer atividade pelo Apelante que não estivesse respaldada pela atuação dos órgãos ambientais licenciadores (Municipal e Estadual), que atuaram dentro dos limites de sua competência e discricionariedade, devidamente conferidas pelo ordenamento jurídico em vigor.” Refere que o Ibama não possui competência licenciatória no caso em apreço, pelo que é “totalmente descabida a pretensão de que fosse apresentada autorização ou licença expedida pela Autarquia Federal para as atividades do Apelante, mas somente pelos órgãos ambientais com competência definida pela leguslação em vigor”. Acrescenta que o Auto de infração lavrado pelo Ibama deve ser anulado, em razão das violações ao devido processo legal, vício de motivação, cerceamento de defesa e de legalidade. Nas razões de apelação, sustenta o Ibama, em síntese, que “incontestavelmente o valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) não remunera condignamente o trabalho realizado pelo advogado público nesta lide. Neste diapasão, resta evidente que os honorários advocatícios fixados nesta demanda são irrisórios e devem ser majorados por este Colendo Tribunal Regional Federal, a fim de condignamente remunerar o trabalho realizado pela Procuradoria Federal do Estado da Bahia, sob pena de afrontar ao que dispõe o art. 85, e parágrafos, do Código de Processo Civil”. Intimados, os recorridos apresentaram contrarrazões aos recursos, nas quais pugnaram pelo desprovimento das apelações e agravo interno das partes adversas. É o Relatório. Juíza Federal MARLA CONSUELO SANTOS MARINHO Relatora Convocada PODER JUDICIÁRIO Tribunal Regional Federal da 1ª Região Gab. 36 - DESEMBARGADORA FEDERAL ROSANA NOYA ALVES WEIBEL KAUFMANN Processo Judicial Eletrônico AGRAVO INTERNO CÍVEL (1208) n. 0002164-59.2017.4.01.3303 V O T O A EXMA. SRA. JUÍZA FEDERAL MARLA CONSUELO SANTOS MARINHO (RELATORA CONVOCADA): Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço dos recursos e passo a analisá-los. Inicialmente, não havendo retratação da decisão agravada, passo ao julgamento do agravo interno. Agravo Interno A controvérsia trazida por meio do agravo interno se refere à eventual ocorrência de prescrição intercorrente da pretensão punitiva da Administração em razão do transcurso de três anos entre os marcos interruptivos do processo administrativo, instaurado em decorrência da prática de infração ambiental. De princípio, impende registrar que a prescrição constitui matéria de ordem pública, passível de ser reconhecida de ofício a qualquer tempo e em qualquer grau de jurisdição. Dito isso, é estabelecido na Lei nº 9.873/99, que disciplina o prazo prescricional para o exercício de ação punitiva pela Administração Pública Federal: Art. 1º Prescreve em cinco anos a ação punitiva da Administração Pública Federal, direta e indireta, no exercício do poder de polícia, objetivando apurar infração à legislação em vigor, contados da data da prática do ato ou, no caso de infração permanente ou continuada, do dia em que tiver cessado. § 1º Incide a prescrição no procedimento administrativo paralisado por mais de três anos, pendente de julgamento ou despacho, cujos autos serão arquivados de ofício ou mediante requerimento da parte interessada, sem prejuízo da apuração da responsabilidade funcional decorrente da paralisação, se for o caso. § 2º Quando o fato objeto da ação punitiva da Administração também constituir crime, a prescrição reger-se-á pelo prazo previsto na lei penal. (grifei) Art. 2o Interrompe-se a prescrição da ação punitiva: I – pela notificação ou citação do indiciado ou acusado, inclusive por meio de edital; II - por qualquer ato inequívoco, que importe apuração do fato; III - pela decisão condenatória recorrível. IV – por qualquer ato inequívoco que importe em manifestação expressa de tentativa de solução conciliatória no âmbito interno da administração pública federal. (grifei) Assim, deve-se aplicar o prazo prescricional de 5 anos para prescrição da pretensão punitiva e de 3 anos para a prescrição intercorrente, conforme o art. 1º da Lei nº 9.873/99. Em relação às causas interruptivas previstas no art. 2º da Lei nº 9.873/99, entende a jurisprudência deste Tribunal que não é qualquer despacho que interrompe a prescrição intercorrente, mas tão somente os atos e decisões de conteúdo decisório ou instrutório de apuração de infração e os de comunicação ao infrator. Precedentes: EDCIV 1002270-06.2019.4.01.3603, Desembargadora Federal Ana Carolina Roman, TRF1 – 12ª Turma, PJe 11/03/2024 PAG e AC 1004123-50.2019.4.01.3603, Desembargador Federal Eduardo Filipe Alves Martins, TRF1 - Quinta Turma, PJe 19/06/2024 PAG. Interpretando as causas interruptivas do art. 2º da Lei nº 9.873/99, entende a jurisprudência desta Corte que não interrompem a prescrição: o mero encaminhamento dos autos à equipe técnica, sem ato de conteúdo decisório ou de instrução; os informes opinativos da área técnica; os pareceres ou despachos da Procuradoria, quando se prestarem apenas a elucidar questões jurídicas; os atos de mero expediente ou aqueles que não impulsionam o processo, como certidões e ofícios de comunicação externa, que não contribuem para a apuração do ilícito. Precedentes: AC 1000180-54.2021.4.01.3603, Desembargador Federal Carlos Augusto Pires Brandão, TRF1 - Quinta Turma, PJe 20/06/2024 PAG e AC 1001323-81.2017.4.01.4100, Desembargadora Federal Daniele Maranhão Costa, TRF1 – Quinta Turma, PJe 01/06/2022. Ressalta-se que os atos de apresentação de defesa, o despacho de encaminhamento para análise e elaboração de parecer instrutório, a certidão negativa de agravamento não são considerados marcos interruptivos em razão de não terem caráter instrutório ou decisório, conforme a jurisprudência deste Tribunal. Especificamente à controvérsia se a certidão negativa de agravamento pode ser considerada como um marco interruptivo, há decisão deste Tribunal em sentido negativo: ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. AUTO DE INFRAÇÃO AMBIENTAL. PROCESSO ADMINISTRATIVO. MULTA. PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE. LEI 9.873/99, ART. 1º, § 1º. OCORRÊNCIA. AUSÊNCIA DE CAUSA INTERRUPTIVA. LEVANTAMENTO DO EMBARGO. DEMORA EXCESSIVA NA CONCLUSÃO DO PROCESSO ADMINISTRATIVO. POSSIBILIDADE. SENTENÇA MANTIDA. [...] 2. Não é causa interruptiva do prazo prescricional o mero encaminhamento dos autos à equipe técnica, sem qualquer ato de conteúdo decisório ou de instrução, consoante se extrai do art. 2º da Lei nº 9.873/99. Nesse sentido, a reiterada jurisprudência deste Tribunal: AC 0001082-21.2017.4.01.3908, Rel. Desembargadora Federal Gilda Sigmaringa Seixas, TRF1 Sétima Turma, PJe 26/04/2023; AC 0004806-82.2007.4.01.3811, Rel. Desembargador Federal Kassio Nunes Marques, TRF1 Sexta Turma, e-DJF1 27/04/2016. 3. No caso em apreço, não se verifica, das peças do processo administrativo nº 02047.000855/2015-14, o referido cunho instrutório nos atos que se deram entre o entre o encaminhamento do Ofício ao MPF para fins de comunicação de crime, em 16/03/2016, e a data em que veio a ser realizada a análise instrutória do feito, em 08/05/2019, não se afigurando aptos a interromper a prescrição a mera juntada de certidão (negativa ou positiva) de agravamento e os demais despachos de simples expediente proferidos nos autos do processo administrativo em exame. Consumado, portanto, o prazo trienal de que dispunha a Administração para impulsionar o processo administrativo com a finalidade de instruí-lo ou de exercer a sua função sancionatória, devendo ser reconhecida a prescrição intercorrente. 4. Não incide na hipótese a tese de imprescritibilidade, porquanto restrita a situações que versem sobre responsabilidade por dano ao meio ambiente, de natureza cível, enquanto a discussão em enfrentamento tem natureza administrativa, com prazo prescricional estipulado na norma de regência para o exercício da pretensão punitiva da Administração. [...] 6. Apelação do Ibama a que se nega provimento. Manutenção da sentença que decretou a ocorrência da prescrição intercorrente no processo administrativo nº 02047.000855/2015-14, com o consequente cancelamento do Auto de Infração nº 9075710 - E e do Termo de Embargo nº 674692 C. 7. Os honorários advocatícios, estabelecidos em desfavor do Ibama nos percentuais mínimos das faixas do § 3º do art. 85 do CPC, devem ser majorados em 2% (dois por cento) sobre o valor da causa, nos termos do § 11 do mesmo dispositivo, observado o critério de gradação estabelecido no § 5º do mesmo artigo. (AC 1025516-42.2021.4.01.3900, Desembargadora Federal Daniele Maranhão Costa, TRF1 - Quinta Turma, PJe 20/09/2023 PAG.) (grifei) Em análise dos autos do processo administrativo n° 02058.000028/2015-00, consta que a empresa interpôs recurso administrativo em 09/05/2016. No dia 11/07/2017, foi juntada informação técnica. Em 06/04/2018, sobreveio o relatório final- 2ª instância. O processo foi encaminhado para julgamento em 17/12/2018. O relatório recursal data de 06/06/2022, e a decisão do recurso foi proferida na mesma data. Como se pode ver, entre o relatório final de segunda instância e o relatório recursal, decorreu prazo superior a 3 anos. Como consignado anteriormente, os atos de movimentação interna do feito e aqueles que não importem em efetivo impulso do feito não são aptos a interromper o curso da prescrição. Nem mesmo os pedidos de conversão de multa ambiental, no caso concreto, autorizariam a interrupção do prazo, uma vez que não foram solucionados por provimento decisório. Nesse sentido, vem decidindo este Tribunal: DIREITO PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. EXECUÇÃO FISCAL. MULTA ADMINISTRATIVA AMBIENTAL. PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE EM PROCESSO ADMINISTRATIVO. LEI 9.873/1999. PROCEDIMENTO PARALISADO POR MAIS DE TRÊS ANOS. RECONHECIMENTO. APELAÇÃO DESPROVIDA. I. CASO EM EXAME 1. Recurso de apelação interposto pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) contra sentença que acolheu parcialmente a exceção de pré-executividade, com resolução de mérito, reconhecendo a prescrição intercorrente em processo administrativo ambiental, nos termos do art. 487, II, do CPC, e determinando a extinção da execução fiscal. 2. O Juízo de origem condenou o IBAMA ao pagamento de honorários advocatícios no percentual mínimo sobre o valor da causa, conforme art. 85, § 3º, do CPC. 3. O recorrente sustentou a inexistência da prescrição intercorrente, argumentando que quaisquer atos administrativos visando ao deslinde do feito interromperiam o prazo prescricional. II. QUESTÃO EM DISCUSSÃO 4. A questão em discussão consiste em verificar: (i) se houve a prescrição intercorrente no processo administrativo ambiental, com base no art. 1º, § 1º, da Lei 9.873/1999; e (ii) se os atos praticados pela Administração Pública tiveram o condão de interromper o prazo prescricional. III. RAZÕES DE DECIDIR 5. O art. 1º, § 1º, da Lei 9.873/1999 estabelece que incide a prescrição no procedimento administrativo paralisado por mais de três anos, pendente de julgamento ou despacho, sendo seus autos arquivados de ofício ou mediante requerimento da parte interessada. 6. O Superior Tribunal de Justiça (Tema 328/STJ) fixou entendimento de que o prazo prescricional intercorrente em processo administrativo é de três anos. 7. Nos autos, verificou-se que o processo administrativo permaneceu inerte por mais de três anos, sem atos efetivos que configurassem apuração ou julgamento da infração, conforme documentos apresentados (ID 421530851 e ID 421530852). Movimentações internas meramente burocráticas não são aptas a interromper a prescrição, conforme jurisprudência consolidada do STJ e deste Tribunal. 8. A decisão de primeira instância encontra-se alinhada à jurisprudência do STJ e deste Tribunal, que reconhecem a prescrição intercorrente na ausência de movimentações efetivas do processo administrativo no prazo legal. IV. DISPOSITIVO 9. Apelação desprovida. Legislação relevante citada: Lei nº 9.873/1999, art. 1º, § 1º; CPC, art. 85, §§ 3º e 11; CPC, art. 487, II. Jurisprudência relevante citada: STJ, REsp 1.115.078/RS, rel. Min. Castro Meira, Tema 328/STJ, Primeira Seção, julgado em 24/03/2010, DJe 06/04/2010; TRF1, AC 0031058-10.2011.4.01.3900, rel. Des. Federal Maria do Carmo Cardoso, Oitava Turma, e-DJF1 de 20/10/2017; TRF1, AC 1002080-34.2019.4.01.3315, rel. Des. Federal Hercules Fajoses, Sétima Turma, PJe 03/11/202 (AC 0002219-22.2018.4.01.3902, JUIZ FEDERAL WAGNER MOTA ALVES DE SOUZA, TRF1 - DÉCIMA-TERCEIRA TURMA, PJe 17/02/2025 PAG.) Desse modo, deve ser mantida a decisão monocrática, para reconhecer a prescrição intercorrente, com a isenção do autor das condenações impostas na sentença. Via de consequência, considerando as matérias trazidas pelas partes nas razões de apelação (diversas da alegação de prescrição), entendo que estes recursos ficam prejudicados. Ante o exposto, ratifico a decisão que deferiu a tutela de urgência incidental e nego provimento ao agravo interno, reconhecendo a prescrição intercorrente no Processo administrativo n° 02058.000028/2015-00, com a consequente isenção do autor das condenações impostas na sentença. Ficam prejudicadas as apelações. É como voto. Juíza Federal MARLA CONSUELO SANTOS MARINHO Relatora Convocada PODER JUDICIÁRIO Tribunal Regional Federal da 1ª Região Gab. 36 - DESEMBARGADORA FEDERAL ROSANA NOYA ALVES WEIBEL KAUFMANN Processo Judicial Eletrônico PROCESSO: 0002164-59.2017.4.01.3303 PROCESSO REFERÊNCIA: 0002164-59.2017.4.01.3303 CLASSE: AGRAVO INTERNO CÍVEL (1208) EMBARGANTE: INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVAVEIS - IBAMA EMBARGADO: BOM JESUS AGROPECUARIA LTDA E M E N T A DIREITO ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO E APELAÇÕES CÍVEIS. INFRAÇÃO AMBIENTAL. PROCESSO ADMINISTRATIVO. PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE. ART. 1º, §1º, DA LEI Nº 9.873/1999. ATO INSTRUTÓRIO OU DECISÓRIO INEXISTENTE. RECONHECIMENTO. AGRAVO INTERNO DESPROVIDO. APELAÇÕES PREJUDICADAS. I. CASO EM EXAME Agravo interno interposto pelo IBAMA contra decisão monocrática que reconheceu a prescrição intercorrente no processo administrativo ambiental n° 02058.000028/2015-00. Apelações interpostas por IBAMA e Bom Jesus Agropecuária Ltda. contra sentença que julgou improcedentes os pedidos de nulidade do auto de infração n° 9057646/E. As insurgências da empresa recorreram da validade do auto de infração, alegando vícios processuais e ausência de competência do IBAMA. O IBAMA, por sua vez, buscava a majoração dos honorários advocatícios. II. QUESTÃO EM DISCUSSÃO Há duas questões em discussão: (i) verificar se houve prescrição intercorrente na esfera administrativa nos termos do art. 1º, §1º, da Lei nº 9.873/1999; e (ii) definir se os atos administrativos praticados pelo IBAMA no período compreendido são aptos a interromper o curso do prazo prescricional. III. RAZÕES DE DECIDIR A Lei nº 9.873/1999 estabelece o prazo de três anos de paralisação no processo administrativo para configuração da prescrição intercorrente, sendo necessária a ausência de atos decisórios ou instrutórios relevantes nesse período. Atos meramente burocráticos, despachos sem conteúdo decisório, pareceres jurídicos e certidões de rotina não têm eficácia interruptiva da prescrição, conforme jurisprudência do STJ (Tema 328) e TRF1. Entre o relatório final da 2ª instância (abril/2018) e o relatório recursal (junho/2022), transcorreram mais de três anos sem a prática de ato relevante para apuração da infração ambiental. A jurisprudência pacificada do TRF1 reconhece que a mera tramitação administrativa sem impulso instrutório real caracteriza mora e enseja o reconhecimento da prescrição intercorrente. Reconhecida a prescrição intercorrente, ficam prejudicadas as apelações que discutiam o mérito da infração e os honorários advocatícios, por perda do objeto. IV. DISPOSITIVO E TESE Agravo interno desprovido. Apelações prejudicadas. Tese de julgamento: Configura-se a prescrição intercorrente no processo administrativo ambiental quando, por mais de três anos, não se verifica ato instrutório ou decisório com capacidade de impulsionar a apuração da infração. Atos de mero expediente, despachos internos, pareceres e certidões não têm o condão de interromper o prazo prescricional previsto no art. 1º, §1º, da Lei nº 9.873/1999. Reconhecida a prescrição intercorrente, ficam prejudicadas as apelações que discutem o mérito da sanção ou aspectos acessórios da sentença. Dispositivos relevantes citados: Lei nº 9.873/1999, arts. 1º, caput e §1º, e 2º; CPC, arts. 489, §1º, e 85, §§3º e 11. Jurisprudência relevante citada: STJ, REsp 1.115.078/RS, rel. Min. Castro Meira, Tema 328, Primeira Seção, j. 24.03.2010; TRF1, AC 1025516-42.2021.4.01.3900, rel. Des. Fed. Daniele Maranhão Costa, j. 20.09.2023; TRF1, AC 0002219-22.2018.4.01.3902, rel. Juiz Fed. Wagner Mota Alves de Souza, j. 17.02.2025. A C Ó R D Ã O Decide a Décima Segunda Turma do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, por unanimidade, negar provimento ao agravo interno e julgar prejudicadas as apelações, nos termos do voto da Relatora . Brasília, datado e assinado eletronicamente. Juíza Federal MARLA CONSUELO SANTOS MARINHO Relatora Convocada

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Bianca Guimaraes Ferreira e outros x Azul Linhas Aéreas Brasileiras S/A

ID: 281670040

Tribunal: TJMG Órgão: 1ª Unidade Jurisdicional - 1º JD da Comarca de Governador Valadares Classe: PROCEDIMENTO DO JUIZADO ESPECIAL CíVEL Nº Processo: 5021360-05.2024.8.13.0105

Data de Disponibilização: 28/05/2025

Polo Ativo:

BIANCA GUIMARAES FERREIRA RONAN FIGUEIREDO MOURAO

Polo Passivo:

AZUL LINHAS AÉREAS BRASILEIRAS S/A

Intimação

Advogados:

FABIANO COUTINHO BARROS DA SILVA

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JOAO VICTOR TEIXEIRA EVANGELISTA

OAB/MG XXXXXX Desbloquear

ADILSON FERREIRA DE ALMEIDA FILHO

OAB/MG XXXXXX Desbloquear

EDSON AMANCIO DE SA SOBRINHO

OAB/MG XXXXXX Desbloquear

PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DE MINAS GERAIS Justiça de Primeira Instância Comarca de / 1ª Unidade Jurisdicional - 1º JD da Comarca de Governador Valadares PROCESSO Nº: 5021360-05.2024.8.13.0105 CLASSE… PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DE MINAS GERAIS Justiça de Primeira Instância Comarca de / 1ª Unidade Jurisdicional - 1º JD da Comarca de Governador Valadares PROCESSO Nº: 5021360-05.2024.8.13.0105 CLASSE: [CÍVEL] PROCEDIMENTO DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL (436) ASSUNTO: [Indenização por Dano Material, Indenização por Dano Moral, Cancelamento de vôo] AUTOR: BIANCA GUIMARAES FERREIRA CPF: 087.046.636-40 e outros RÉU: AZUL LINHAS AÉREAS BRASILEIRAS S/A CPF: 09.296.295/0001-60 SENTENÇA 1 – RELATÓRIO Dispensado o relatório, nos termos do artigo 38 da Lei n.º 9.099/95. 2 – FUNDAMENTAÇÃO Inicialmente, considerando que as condições do meu impedimento legal não estão mais presentes, procedo à análise do processo. Presentes as condições da ação, bem assim os pressupostos de constituição e desenvolvimento válido e regular da demanda, passa-se ao imediato julgamento do processo, no estado em que se encontra, nos termos do art. 355, inc. I, do Código de Processo Civil. Ademais, cumpre consignar que, ao caso em comento, aplica-se o Código de Defesa do Consumidor, porquanto preenchidos os conceitos fixados pelos artigos 2º e 3º da referida norma, vez que os autores são destinatários finais dos serviços prestados pela ré. Como cediço, a inversão do ônus da prova prevista no CDC não tende a justificar um entendimento segundo o qual o autor nada necessita comprovar. Na verdade, a inversão “pressupõe a impossibilidade de prova apenas da parte do consumidor, não a impossibilidade absoluta da prova em si” (Theodoro Júnior; Humberto; Direitos do Consumidor; Editora Forense; 2ª Edição; Rio de Janeiro; 2001; p. 140). Em outras palavras, antes mesmo de acionarmos a inversão do ônus da prova em prol do consumidor, já que a demanda cuida de fato que se insere na lógica do CDC, devemos estabelecer se a questão toca ao próprio ônus probante atinente ao direito do autor. Com efeito, já que a inversão do ônus da prova deve ser efetivada em razão da hipossuficiência probatória do consumidor, que não detém os meios técnicos e/ou cognitivos acerca da sistemática dos serviços da fornecedora envolvida na questão. Nesse diapasão, ela deve ser compreendida no contexto da facilitação dos direitos do consumidor, ficando subordinada ao critério do juiz, quando for verossímil a alegação ou quando uma das partes for hipossuficiente. Frise-se que hipossuficiência advém da própria relação de consumo. Na esteira desse entendimento, portanto, é que se conclui que ainda que se trate de relação consumerista, não se afasta da parte autora o ônus de provar, minimamente, os fatos constitutivos do seu direito. Pois bem. Os autores Bianca Guimarães Ferreira e Ronan Figueiredo Mourão alegam que adquiriram passagens aéreas junto à empresa requerida com o seguinte itinerário: embarque em 17/10/2022, às 08h30min, em Recife/PE – desembarque em 17/10/2022, às 11h05min, em Confins/MG e embarque em 17/10/2022, às 15h45min, em Confins/MG – desembarque em 17/10/2022, às 16h40min, em Gov. Valadares/MG. Relatam que, enquanto aguardavam o embarque no Aeroporto de Recife, foram surpreendidos com o cancelamento do voo originalmente contratado (trecho Recife/PE – Confins/MG), sendo realocados para um novo voo que sairia às 17h30min, do mesmo dia. Expõem que devido ao respectivo cancelamento, perderam a conexão Confins/MG – Gov.Valadares/MG. Em consequência, somente chegaram ao destino final às 10h00min, do dia 18/10/2022. Tecem considerações acerca da ausência de assistência material por parte da empresa. Ao final, pleiteiam uma a compensação pelos danos morais sofridos no valor de R$12.000,00 (doze mil reais) para cada autor, bem como a restituição pelos danos materiais no valor de R$ 486,83 (quatrocentos e oitenta e seis reais e oitenta e três centavos). Do outro lado da demanda, a requerida sustenta, em síntese, que o cancelamento do voo referente ao trecho Recife/PE – Confins/MG ocorreu devido à necessidade de manutenção emergencial na aeronave. Pleiteia a improcedência dos pedidos iniciais. Com efeito, a controvérsia cinge-se em verificar a existência, ou não, de falha na prestação de serviço cometida pela companhia aérea e se tal situação é passível de indenização por danos morais e materiais. Como cediço, a responsabilidade civil do transportador aéreo é objetiva, conforme o art. 14 do CDC e arts. 21, XII, c, e 37, § 6º da CF. Assim, é dever da companhia a reparação dos danos enfrentados pelos passageiros em razão de vício ou má prestação do serviço por ela oferecido, somente afastada com a comprovação da existência de alguma excludente, como caso fortuito, força maior e vício da coisa. De acordo com o art. 14 do CDC, é objetiva a responsabilidade da ré, como fornecedora, pelos danos causados aos seus clientes/passageiros, isto é, independentemente da existência de culpa, por defeitos relativos à prestação do serviço, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição. Tal responsabilidade somente é afastada se: (1) prestado o serviço, restar comprovado que o defeito inexiste, ou se (2) comprovada a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro (art. 14, § 3º, I e II, do CDC). Por sua vez, o art. 22 do CDC estabelece que os órgãos públicos, por si ou suas empresas, concessionárias, permissionárias ou sob qualquer outra forma de empreendimento, são obrigados a fornecer serviços adequados, eficientes, seguros e, quando essenciais, contínuos. E o seu parágrafo único prevê indenização em caso de descumprimento parcial ou total dessas obrigações. Já o art. 734 do Código Civil prevê a responsabilidade do transportador pelos danos causados às pessoas transportadas e suas bagagens, salvo motivo de força maior. Ou seja, a responsabilidade do transportador é objetiva, fundada na teoria do risco. Retomando ao caso concreto, pontue-se ser incontroverso o atraso de aproximadamente 17h20min no transporte aéreo operado pela empresa Azul Linhas Aéreas Brasileiras S/A, referente aos voos 2701 e 5080, trecho de Recife/PE – Confins/MG – Gov. Valadares/MG. Em sua defesa (ID. 10290925408), a empresa requerida apresenta sua tese voltada a considerações relacionadas ao motivo de força maior, visto que, no dia dos fatos, durante a realização de inspeção técnica de segurança, constatou-se que o equipamento responsável pelo voo, apresentava um alerta de falha em um de seus componentes. Tal situação exigiu a realização da manutenção emergencial, o que levou ao cancelamento do voo que estava previamente agendado. Inobstante os argumentos apresentados, os fatos relativos a problemas técnicos e, consequentemente, de manutenção da aeronave, não se enquadram como situação apta a afastar a responsabilidade da parte ré. Os reparos emergenciais em avião não se encaixam como caso fortuito e/ou força maior, sendo, pois, forçosa a conclusão de que o problema apresentado na aeronave seria relacionado à negligência quanto a sua devida manutenção, a qual deveria ter sido verificada pela empresa ré em momento bem anterior ao voo a ser prestado, a fim de evitar o atraso e/ou prejuízo no fornecimento do serviço. Em outras palavras, a manutenção de aeronave é fato que caracteriza fortuito interno, ligada à atividade da empresa requerida, e, desse modo, não a isenta da responsabilidade que, no caso dos autos é objetiva, nos termos do artigo 14 do Código de Defesa do Consumidor. Nesse sentido, destaca-se os seguintes precedentes jurídicos: DIREITO DO CONSUMIDOR. TRANSPORTE AÉREO. CANCELAMENTO DE VOO. FALHA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO. DANO MORAL CONFIGURADO. RESPONSABILIDADE OBJETIVA. RECURSO DESPROVIDO. I. CASO EM EXAME Trata-se de recurso de apelação interposto contra sentença que julgou parcialmente procedente ação indenizatória, condenando a empresa ao pagamento de danos morais em razão do cancelamento de voo e do atraso na chegada ao destino. II. QUESTÃO EM DISCUSSÃO A controvérsia reside em definir: (1) se a empresa aérea pode ser exonerada da responsabilidade civil em razão do cancelamento do voo por necessidade de manutenção emergencial; (2) se há comprovação do dano moral sofrido pelo passageiro; e (3) se o montante indenizatório fixado na sentença deve ser reduzido. III. RAZÕES DE DECIDIR O transporte aéreo rege-se pelo Código de Defesa do Consumidor (CDC), que impõe responsabilidade objetiva ao fornecedor pelos danos causados ao consumidor (art. 14). A necessidade de manutenção emergencial caracteriza fortuito interno, inerente ao risco da atividade empresarial, não afastando a responsabilidade da transportadora. O atraso significativo na chegada ao destino gera transtornos que ultrapassam o mero dissabor cotidiano, configurando dano moral in re ipsa (presumido), dispensando prova específica do prejuízo. O valor da indenização fixado observa os princípios da razoabilidade e proporcionalidade, considerando a duração do atraso, a ausência de informação prévia e o transtorno causado ao consumidor. IV. DISPOSITIVO E TESE Recurso desprovido. Mantida a condenação da empresa ao pagamento de R$ 10.000,00 a título de danos morais, com incidência de juros moratórios de 1% ao mês desde a citação e correção monetária a partir da publicação da sentença. Tese de julgamento: "1. A necessidade de manutenção emergencial não afasta a responsabilidade objetiva da empresa aérea pelo cancelamento de voo. 2. O atraso significativo na chegada ao destino configura dano moral in re ipsa (presumido). 3. O quantum indenizatório deve observar os princípios da razoabilidade e proporcionalidade." Dispositivos relevantes citados: CDC, art. 14; CC, arts. 186 e 927; Resolução ANAC 400/2016. (TJMG - Apelação Cível 1.0000.24.499648-4/001, Relator(a): Des.(a) Lúcio de Brito, 15ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em 27/03/2025, publicação da súmula em 02/04/2025). Destaquei APELAÇÃO CÍVEL - PROCEDIMENTO COMUM - AÇÃO DE INDENIZAÇÃO - TRANSPORTE AÉREO - ATRASO DE VOO - MANUTENÇÕES EMERGENCIAIS - FORTUITO INTERNO - EXCLUDENTE DE RESPONSABILIDADE - NÃO CONFIGURAÇÃO - DANO MORAL - QUANTUM INDENIZATÓRIO. I. A responsabilidade das companhias aéreas por cancelamentos e atrasos de voo é objetiva, nos termos do art. 14 do Código de Defesa do Consumidor. II. Eventual necessidade de manutenção emergencial constitui risco inerente à própria atividade de transporte aéreo, não podendo ser transferida ao consumidor, caracterizando fortuito interno. III. O arbitramento da indenização por dano moral deve considerar circunstâncias fáticas e repercussão do ato ilícito, condições pessoais das partes, razoabilidade e proporcionalidade. (TJMG - Apelação Cível 1.0000.24.515338-2/001, Relator(a): Des.(a) Nicolau Lupianhes Neto, 14ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em 13/03/2025, publicação da súmula em 14/03/2025). Destaquei Outrossim, também atento que a companhia aérea não observou os deveres relacionados a assistência material, conforme estabelecido no artigo 26 e seguintes, da Resolução n.º 400 da ANAC. Na espécie, a parte autora afirma que não houve qualquer tipo de assistência prestada pela empresa, sendo obrigada a custear, por seus próprios meios, despesas com alimentação e hospedagem. Por sua vez, a ré sustenta que prestou toda assistência necessária à parte autora, anexando, para tanto, capturas de tela no corpo de sua manifestação, a fim de comprovar as providências adotadas. Ao analisar as provas constantes dos autos, verifica-se que não há comprovação efetiva de que a empresa Azul Linhas Aéreas Brasileiras S/A tenha prestado a devida assistência material aos consumidores. Ora, os “prints” de tela extraídos do sistema interno, apresentados no corpo da contestação de ID. 10290925408 – pg. 07/08, constituem documentos unilaterais, de fácil manipulação e edição, não sendo aptos, isoladamente, a comprovar a efetiva prestação do serviço alegado. Nesse sentido, destaco o seguinte julgado: TRANSPORTE AÉREO – DANOS MORAIS – Atraso de voo. Trajeto de ida. Itinerário internacional. Parte autora que teve o horário do voo originalmente contratado atrasado em 06 (seis) horas por readequação da malha aérea. Situação que configura fortuito interno, pois previsível e ligado à atividade desenvolvida pela companhia aérea. Falha no dever de prévia informação ao passageiro. Prestação de assistência material na forma de voucher alimentação que a rigor não restou comprovada, uma vez que não se reconhece como prova a inserção de print de tela de sistema de interno no bojo da peça processual. Documento unilateral passível de edição. Assistência impugnada pela parte autora, pessoa idosa. Dano moral. Reconhecimento que se impõe. Diabólica a exigência de prova do desgaste físico e mental sofrido durante a espera por período superior a quatro horas sem a prestação de assistência. indenização ora fixada em R$ 5.000,00. Valor compatível com o atraso na chegada ao destino, hábil a minimizar o dano causado sem importar no enriquecimento sem causa e bem assim sem ser exorbitante. Sentença de improcedência reformada. Sucumbência invertida. – RECURSO PROVIDO (TJSP; Apelação Cível 1004123-17.2020.8.26.0004; Relator (a): Ramon Mateo Júnior; Órgão Julgador: 15ª Câmara de Direito Privado; Foro Regional IV - Lapa - 3ª Vara Cível; Data do Julgamento: 09/02/2021; Data de Registro: 09/02/2021). Destaquei Além do mais, a peça contestatória não faz qualquer referência ao fornecimento de hospedagem, nem apresenta documentação que comprove o alegado. Em verdade, o que se extrai dos autos é que a ré não forneceu o serviço nos moldes estabelecidos quando da contratação, tampouco proporcionou a assistência material devida. Logo, deve responder pelos danos decorrentes do seu inadimplemento e má prestação do serviço. Ato contínuo, passo a análise do pedido de indenização decorrente de danos morais. No caso sub judice, não há como se negar que os fatos narrados ultrapassaram meros aborrecimentos, configurando, portanto, efetiva lesão à personalidade, causando indiscutivelmente sofrimento e aflição aos consumidores. Note-se, mais uma vez que, o atraso na chegada ao destino final dos passageiros alcançou aproximadamente 17h20min, inclusive inexiste prova quanto a eventual assistência material por parte a companhia aérea. Logo, comprovado o transtorno vivenciado pelos autores, o que ultrapassa os limites do mero aborrecimento ou de dissabor do cotidiano, a ré é responsável pela indenização por danos sofridos pelo consumidor, pois está caracterizado o defeito na prestação do serviço contratado, nos termos do art. 14, do CDC e art. 734 do CC. Quanto ao valor pleiteado a título de indenização, não assiste razão à parte autora. A indenização decorrente de dano moral compreende uma satisfação compensatória do constrangimento sofrido pelo ofendido. Há que se ressaltar, entretanto, que a indenização do dano moral não deve ser arbitrada de forma a se tornar fonte de enriquecimento da parte que a pleiteia. O quantum indenizatório não pode ir além da extensão do dano. A indenização por dano moral visa atenuar a dor sofrida pela pessoa, o que não significa que deve enriquecê-la. No caso, o valor requerido não pode prevalecer, sob pena de se legitimar o ganho excessivo, o que está em desacordo com nossa jurisprudência. Destarte, considerando o fato em si e o constrangimento sofrido pelos autores e a situação econômica das partes, impende fixar o valor da indenização no montante de R$5.000,00 (cinco mil reais) a cada um dos autores, totalizando o valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais). Por fim, passo a análise do pedido de indenização decorrente dos danos materiais. Conforme requerimento realizado na exordial, a pretensão relacionada aos danos materiais pode ser compreendida através de 02 (dois) aspectos, quais sejam, despesas com (I) alimentação e (II) hospedagem. De início, cumpre esclarecer que eventual dano material, para fins de indenização, deve ser comprovado, não se admitindo dano hipotético para tal finalidade. Se tratando do primeiro aspecto (I), a parte autora alega que durante a espera do voo Confins/MG – Gov. Valadares/MG, não teve nenhum tipo de assistência material por parte da empresa requerida, ao passo que teve o ônus de R$ 58,00 (cinquenta e oito reais) com alimentação. Nos termos legais, a assistência material está expressamente prevista no art. 26 e seguintes da Resolução n.º 400/2016 da ANAC, devendo a transportadora satisfazer as necessidades do passageiros, conforme o tempo de espera. Em análise, percebe-se que a parte autora não instruiu a demanda com qualquer prova capaz de amparar suas alegações, seja ela de natureza documental ou testemunhal. O arquivo juntado em ID. 10265443209 – pg. 02 não constitui meio hábil para comprovar eventuais gastos dos envolvidos. A título exemplificativo, não é possível identificar informações básicas do documento, tais como qualificação do proprietário e número do cartão. Em situações análogas, a jurisprudência do e.TJMG é cristalina quanto imprescindibilidade da comprovação do dano material, veja-se: APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE INDENIZAÇÃO - ATRASO DE VOO - DANOS MORAIS CONFIGURADOS - QUANTUM INDENIZATÓRIO - MAJORAÇÃO - ADMISSIBILIDADE - CARÁTER PUNITIVO-PEDAGÓGICO DA CONDENAÇÃO - DANOS MATERIAIS - EFETIVA COMPROVAÇÃO - AUSÊNCIA. Responde a empresa de aviação pelos danos morais advindos de atraso de voo. Conquanto o arbitramento do valor da indenização por dano moral seja de livre arbítrio do julgador, admite-se a sua majoração objetivando atender ao caráter punitivo-pedagógico da condenação, tendo em vista as condições econômicas do ofensor, desde que não implique enriquecimento sem causa do ofendido. Não se há de falar em reembolso do valor que a autora alega ter gasto com alimentação enquanto aguardava ser realocada em voo para a cidade de destino, se não há nos autos prova nesse sentido, não sendo possível a sua fixação por arbitramento. (TJMG - Apelação Cível 1.0000.24.328633-3/001, Relator(a): Des.(a) José de Carvalho Barbosa, 13ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em 28/11/2024, publicação da súmula em 03/12/2024). Destaquei Por todo o exposto, tenho que não é possível o reembolso do valor que a parte autora alega ter gasto com alimentação enquanto aguardava o voo de conexão para a cidade de destino, ante a ausência de prova nesse sentido. Finalmente, quanto ao segundo aspecto (II), a parte autora pleiteia o ressarcimento integral do valor de R$ 428,83 (quatrocentos e vinte e oito reais e oitenta e três centavos) correspondentes às despesas com hospedagem. Nos termos legais, a responsabilidade civil do transportador aéreo é objetiva (art. 14 do CDC), sendo legalmente responsável pelos danos que possam ocorrer às pessoas durante o transporte (art. 734 do CC). Além do mais, a assistência material está expressamente prevista no art. 26 e seguintes da Resolução n.º 400/2016 da ANAC, devendo a transportadora satisfazer as necessidades do passageiros, conforme o tempo de espera. Em análise, percebe-se que a parte autora não instruiu a demanda com qualquer prova capaz de amparar suas alegações, seja ela de natureza documental ou testemunhal. O arquivo juntado em ID. 10265443209 – pg. 01 não constitui meio hábil para comprovar eventuais gastos dos envolvidos. Note-se que o documento se trata de uma reserva, não sendo possível verificar se houve, de fato, o pagamento das hospedagens. Além do mais, não há como identificar informações básicas do locador. Quanto ao documento juntado em ID. 10265443209 – pg. 02, também compartilho o mesmo entendimento supracitado, não é possível identificar informações básicas do proprietário e número do cartão. Por todo o exposto, tenho que não é possível o reembolso do valor que a parte autora alega ter gasto com hospedagem enquanto aguardava o voo de conexão para a cidade de destino, ante a ausência de prova nesse sentido. 3 – DISPOSITIVO Diante do exposto, na forma do art. 487, inc. I, do Código de Processo Civil, JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTE os pedidos formulados na petição inicial e extinto o processo, com resolução de mérito, nos seguintes termos: 1) condeno a requerida a pagar para cada um dos autores a quantia de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a título de danos morais, a ser corrigido monetariamente pelo IPCA-E desde o arbitramento e acrescido de juros de 1% ao mês desde a citação. A partir de 30/08/2024, entretanto, sobre a condenação incidirá juros de mora, aplicando-se à metodologia de cálculo tudo quanto dispõem os §§1º a 3º do art. 406 do CC, com nova redação dada pela Lei nº 14.905/2024 ; e 2) Julgo improcedente o pedido de dano material. Sem condenação em custas processuais e honorários advocatícios, nos termos do art. 55 da Lei n.º 9.099/95. Com o trânsito em julgado, em nada sendo requerido, procedam-se as devidas anotações, e após, arquive-se o processo. P.R.I. Governador Valadares, data da assinatura eletrônica. WAGNER JOSE DE ABREU PEREIRA Juiz de Direito 1ª Unidade Jurisdicional - 1º JD da Comarca de Governador Valadares IN

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