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Processo nº 1006417-40.2023.8.11.0041

ID: 312722059

Tribunal: TJMT Órgão: Vice-Presidência Classe: APELAçãO CíVEL Nº Processo: 1006417-40.2023.8.11.0041

Data de Disponibilização: 01/07/2025

Polo Ativo:

Polo Passivo:

ENERGISA MATO GROSSO DISTRIBUIDORA DE ENERGIA S.A

Decisão

Advogados:

DENNER DE BARROS E MASCARENHAS BARBOSA

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ESTADO DE MATO GROSSO PODER JUDICIÁRIO GABINETE DA VICE-PRESIDÊNCIA RECURSO ESPECIAL Nº 1006417-40.2023.8.11.0041 RECORRENTE(S): MAPFRE SEGUROS GERAIS S.A. RECORRIDA(S): ENERGISA MATO GROSSO DISTRIBU… ESTADO DE MATO GROSSO PODER JUDICIÁRIO GABINETE DA VICE-PRESIDÊNCIA RECURSO ESPECIAL Nº 1006417-40.2023.8.11.0041 RECORRENTE(S): MAPFRE SEGUROS GERAIS S.A. RECORRIDA(S): ENERGISA MATO GROSSO DISTRIBUIDORA DE ENERGIA S.A Trata-se de Recurso Especial interposto por MAPFRE SEGUROS GERAIS S.A, com fundamento no art. 105, inciso III, alínea “c”, da Constituição Federal, contra acórdão de id. 277928398. Opostos embargos de declaração, foram rejeitados no id. 285608860. A recorrente alega divergência jurisprudencial, sustentando que o acórdão aplicou entendimento diverso daquele adotado por outros Tribunais quanto à interpretação do artigo 373, inciso II, do Código de Processo Civil. Foram apresentadas as contrarrazões no id. 296091885. É o relatório. Decido. Do permissivo previsto no art. 105, III, ‘c’, da CF/1988. Nos termos do art. 105, III, alínea ‘c’, da Constituição Federal, o Recurso Especial é cabível para impugnar decisões que atribuam à lei federal interpretação divergente daquela conferida por outro tribunal. A verificação da divergência pressupõe a demonstração da ocorrência de similitude fática, da incidência da mesma norma federal e da existência de interpretação jurídica conflitante. Essa demonstração exige a realização do cotejo analítico, consistente na exposição pormenorizada e efetiva das situações de fato, de direito e da divergência interpretativa entre o acórdão recorrido e o acórdão paradigma. Nesse sentido: AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DECLARATÓRIA CUMULADA COM INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. INSCRIÇÃO EM CADASTROS DE INADIMPLENTES. DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL NÃO DEMONSTRADO. COTEJO ANALÍTICO NÃO EFETUADO. AUSÊNCIA DE INDICAÇÃO DO DISPOSITIVO LEGAL OBJETO DE INTERPRETAÇÃO DIVERGENTE. FUNDAMENTAÇÃO DEFICIENTE. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 284/STF. MANUTENÇÃO DA DECISÃO DA PRESIDÊNCIA. AGRAVO INTERNO IMPROVIDO. 1. De acordo com o disposto no art. 1.029, § 1º, do CPC/2015, c/c art. 255, § 1º, do RISTJ, a demonstração da divergência exige não apenas a transcrição da ementa ou voto do acórdão paradigma, mas que o recorrente realize o devido cotejo analítico entre o aresto recorrido e o divergente, com a explicitação da identidade das situações fáticas e a interpretação diversa emprestada ao mesmo dispositivo de legislação infraconstitucional, o que não ocorreu. 2. Nos termos da jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, a alegação de dissídio jurisprudencial deve estar pautada na citação de dispositivo da legislação federal a que se tenha conferido interpretação diversa pelo aresto impugnado, sob pena de configurar-se deficiência na fundamentação. 3. Agravo interno improvido. (AgInt no Agravo em Recurso Especial n. 2.221.170- MS – Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze – Terceira Turma – j. 13-2-2023 – DJe 16-2-2023 – sem destaque no original). No caso em concreto, a parte recorrente suscita divergência jurisprudencial quanto à interpretação do art. 373, II, do Código de Processo Civil, sustentando que “(...) os relatórios técnicos e o relatório final do sinistro que instruíram a inicial são suficientes para a comprovação do efetivo dano e da causa deles” (id. 290638350 – p. 10). Entretanto, a Egrégia Câmara, ao examinar o cotejo fático-probatório, reconheceu que não foram identificadas perturbações nas redes elétricas das unidades consumidoras, afastando, assim, a relação de causa e efeito para fins de ressarcimento, conforme decisão abaixo transcrita: “A responsabilidade civil é, pois, objetiva, independentemente de prova de culpa, nos termos do artigo 14 do Código de Defesa do Consumidor, sendo suficiente para o reconhecimento do dever de indenizar a ocorrência de um dano, a autoria e o nexo causal. Assim, a concessionária de serviço público essencial apenas será exonerada da obrigação de indenizar quando comprovar a ruptura do liame causal, demonstrando, por exemplo, que o defeito no serviço inexiste, que há culpa exclusiva do consumidor ou, ainda, a ocorrência de caso fortuito ou força maior, sendo esta última o que se verifica dos autos com relação a alguns segurados. Digo isso porque, analisando detidamente os relatórios de sinistros que acompanham a exordial, deles é possível averiguar que em relação a segurada HINGRED NIEDERMAYER, os laudos técnicos anexados no Id. 273101372, pág.12 – apontam como causa provável do dano uma ocorrência de “alta tensão provocada por uma intensa oscilação da rede de distribuição”; quanto a segurada NELCI ANTUNES CAMPOS SOBRINHO (Id. 272101373, pág. 35), há a menção como a causa que gerou o dano reclamado “descarga elétrica”; quanto ao segurado MERCADO MARINGA EIRELI LTDA (Id. 273101374, pág.25), foi expressamente consignado danos causados por “descarga elétrica”; quanto a segurada PRISCYLLA CORDEIRO DE SOUSA (Id. 273101375, pág. 17), a conclusão é de “descarga elétrica”; quanto ao segurado VALDECI RODRIGUES DE SOUZA (Id. 273101376, pág.17), tem o laudo que foi constatado que devido a ““oscilações continuas de energia, no dia 14.03.2021, provocada por temporal de chuva e raios””, danificou os objetos, não sendo possível o conserto; a segurada FRANCIELLE DA SILVA SIMPLICIO DE MELO EIRELI(Id. 273101377, pág. 17), a conclusão é de “danos elétricos na rede elétrica” embora conste equipamentos diversos, a causa dos danos é oriunda instabilidade enérgica; enfim ao segurado PAULO DAMO JUNIOR (Id. 272101378, pág. 16), constatou-se “descarga e oscilações elétrica”. Assim, pela leitura dos laudos, verifica-se que foi elaborado de forma superficial, não foram conclusivos em definir quanto às origens dos danos, apenas informam a existência deles, suas possíveis origens e orçamentos bem como, não traz a qualificação técnica do profissional responsável pela análise dos equipamentos. Dessa forma, os laudos apresentados não são suficientes para garantir a relação dos danos com a prestação de serviços por parte da concessionária. (...)” Aliado a isso a Eg. Câmara ao examinar os embargos declaratórios, não constatou vícios aptos para modificar mérito do julgado. Nesse aspecto, observa-se que o aresto impugnado examinou o conjunto fático-probatório apresentado nos autos, e constatou que a parte recorrida, mediante prova de relatórios técnicos, comprovou a inexistência de perturbação em unidades consumidoras de energia elétrica. Verifica-se que os julgados paradigmas indicados pela parte recorrente tratam de situações fáticas distintas daquelas analisadas no acórdão recorrido. No Recurso de Apelação n. 0055578-78.2016.8.19.0002, do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, foi apresentado laudo pericial não impugnado pela parte adversa. De igual modo, no Recurso de Apelação n. 0060006-77.2011.8.12.0001, do Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso do Sul, a concessionária não se manifestou sobre a prova documental constante nos autos. Assim, em todos os julgados paradigmas, houve ausência de impugnação à prova pericial. No caso concreto, contudo, a parte recorrida apresentou prova técnica demonstrando que, nas unidades consumidoras, não houve perturbação elétrica no período do evento danoso. Nesse contexto específico, não há semelhança entre as bases fáticas dos acórdãos confrontados, portanto, não são aptos para demonstrar o suposto dissídio jurisprudencial. A propósito: “PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. AGRAVO INTERNO NOS EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM RECURSO ESPECIAL. ACÓRDÃOS PARADIGMAS E EMBARGADO QUE NÃO DECIDIRAM A MESMA QUESTÃO JURÍDICA. AUSÊNCIA DE DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL A SER SANADA. 1. A admissão dos embargos de divergência está condicionada à comprovação do dissídio jurisprudencial, por meio da realização do cotejo analítico e da demonstração da similitude fático-processual entre o acórdão embargado e o julgado paradigma, inexistente na hipótese dos autos. 2. Agravo interno não provido.” (AgInt nos EREsp n. 1.840.754/SP, relatora Ministra Nancy Andrighi, Segunda Seção, julgado em 13/11/2024, DJEN de 5/3/2025.) [g.n.]. “AGRAVO INTERNO. RECURSO ESPECIAL. EXECUÇÃO DE TÍTULO EXTRAJUDICIAL. NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. NÃO OCORRÊNCIA. CÉDULA DE CRÉDITO BANCÁRIO. REVISÃO DE CLÁUSULAS CONTRATUAIS. MATÉRIA DE DEFESA ALEGADA EM EMBARGOS À EXECUÇÃO. AUSÊNCIA DE VINCULAÇÃO DOS CONTRATOS. REEXAME. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULAS N. 5 E 7 DO STJ. DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL NÃO CONHECIDO. DECISÃO MANTIDA. AGRAVO INTERNO DESPROVIDO. 1. Inexiste negativa de prestação jurisdicional quando a corte de origem examina e decide, de modo claro e objetivo, as questões que delimitam a controvérsia, não ocorrendo nenhum vício que possa nulificar o acórdão recorrido. 2. Em embargos à execução, permite-se a discussão de toda a matéria de defesa que poderia ser objeto de processo de conhecimento, incluindo a possibilidade de revisão da relação contratual estabelecida entre as partes. Aplicação da Súmula n. 286 do STJ: "A renegociação de contrato bancário ou a confissão da dívida não impede a possibilidade de discussão sobre eventuais ilegalidades dos contratos anteriores". 3. É ônus do devedor, em embargos à execução, comprovar a existência de exceções que digam respeito ao negócio jurídico que gerou o direito de crédito representado no título. 4. O magistrado é o destinatário das provas, cabendo-lhe apreciar a necessidade de sua produção, sendo soberano para formar seu convencimento e decidir fundamentadamente, em atenção ao princípio da persuasão racional. 5. Rever o entendimento do tribunal de origem acerca das premissas firmadas com base na análise do instrumento contratual e do acervo fático-probatório dos autos atrai a incidência das Súmulas n. 5 e 7 do STJ. 6. A incidência da Súmula n. 7 do STJ quanto à interposição pela alínea a do permissivo constitucional impede o conhecimento do recurso especial pela divergência jurisprudencial sobre a mesma questão. 7. A admissibilidade do recurso especial fundado na alínea c do permissivo constitucional depende do preenchimento dos requisitos essenciais para comprovação do dissídio pretoriano, conforme prescrições dos arts. 1.029, § 1º, do CPC e 255, § 1º, do RISTJ. 8. Os acórdãos confrontados não são aptos para demonstrar o dissídio jurisprudencial quando não há semelhança entre suas bases fáticas. 9. Agravo interno desprovido. ” (AgInt no REsp n. 1.527.375/PR, relator Ministro João Otávio de Noronha, Quarta Turma, julgado em 19/8/2024, DJe de 22/8/2024.) [g.n.] Nesse contexto, conclui-se que o Recurso Especial não alcança admissão, em razão da ausência de similitude fático-processual entre o acórdão recorrido e os julgados paradigmas. Ante o exposto, com fundamento no art. 1.030, inc. V, do Código de Processo Civil, inadmito o Recurso Especial. Intime-se. Cumpra-se. Cuiabá/MT, data registrada no sistema. Desa. Nilza Maria Pôssas de Carvalho Vice-Presidente

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Natalia Rocha Do Carmo Boschi x Mrv Engenharia E Participações S.A.

ID: 335862663

Tribunal: TJSP Órgão: Foro de São Carlos - 3ª Vara Cível Classe: PROCEDIMENTO COMUM CíVEL Nº Processo: 1006417-29.2025.8.26.0566

Data de Disponibilização: 28/07/2025

Polo Ativo:

NATALIA ROCHA DO CARMO BOSCHI

Polo Passivo:

MRV ENGENHARIA E PARTICIPAÇÕES S.A.

Intimação

Advogados:

GUILHERME MENDONÇA MENDES DE OLIVEIRA

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GABRIEL PAGLIONE

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FABIANA BARBASSA LUCIANO

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Processo 1006417-29.2025.8.26.0566 - Procedimento Comum Cível - Promessa de Compra e Venda - Natalia Rocha do Carmo Boschi - MRV ENGENHARIA E PARTICIPAÇÕES S.A. - Vistos. Passo à decisão de saneame… Processo 1006417-29.2025.8.26.0566 - Procedimento Comum Cível - Promessa de Compra e Venda - Natalia Rocha do Carmo Boschi - MRV ENGENHARIA E PARTICIPAÇÕES S.A. - Vistos. Passo à decisão de saneamento e de organização do processo, nos termos do artigo 357 do NCPC. 1) Partes legítimas e bem representadas, inexistindo nulidades ou irregularidades a serem sanadas. 2) Não é o caso de inépcia da inicial (ver 46/47), pois da narração dos fatos decorre logicamente o pedido, não incidindo nenhuma das hipóteses do parágrafo primeiro do artigo 330 do NCPC. Observo que todos os requisitos da petição inicial estão presentes, nos termos do artigo 319 do mesmo Diploma Legal. Os documentos essenciais estão nos autos. 3) Há interesse de agir, visto que a ação é, em tese, necessária e adequada aos fins colimados. Há pretensão resistida.Desnecessário oesgotamentoda via administrativa, a considerar o Princípio da Inafastabilidade da Jurisdição. Assim, rejeito a tese de fls. 45/46 a respeito. 4) Rejeito a preliminar/questão de irregularidade na representação processual (fls. 43/45), a considerar que foi acostada aos autos a procuração de fls.10/11, devidamente assinada. No mais, considera-se válida a assinatura por meio de autenticação eletrônica, razão pela qual indefiro o pedido de fls. 65, "alínea" a. No mais, eventual advocacia predatória, se o caso, poderá ser objeto de apuração pela via adequada, além do que eventual ofício ao Núcleo de Monitoramento de Perfis de Demandas da Corregedoria Geral de Justiça - NUMOPEDE, à Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), e ao Ministério Público poderá(ão) ser diligenciados pela parte interessada, por conta e risco, desnecessitando de intervenção do Juízo, dispensando-se, ademais, outras diligências a respeito da ciência do autor na demanda. 5) Rejeito as prejudiciais de configuração de decadência e de prescrição (ver fls. 55/60), haja vista que a pretensão da presente demanda cinge-se à reparação de danos decorrentes de suposto vício estrutural / construtivo. Portanto, aplica-se ao caso em tela o prazo de prescrição decenal previsto no artigo 205 do Código Civil, "in verbis": Art. 205. A prescrição ocorre em dez anos, quando a lei não lhe haja fixado prazo menor. Nesse sentido, julgados do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo: AÇÃO INDENIZATÓRIA. COMPRA E VENDA DE IMÓVEL. Pretensão de reparação por danos materiais e morais decorrentes de suposto vício de construção. Demanda ajuizada contra a construtora. Sentença que reconheceu a decadência do direito. Cabimento do inconformismo da autora. Não aplicação do prazo decadencial do art. 26, II, do CDC. Autora que não pleiteia qualquer das faculdades previstas no art. 18, §1º, do CDC. Pretensão de indenização sujeita ao prazo prescricional de dez anos previsto no art. 205 do CC. Súmula 194 do STJ. Precedentes do STJ e do TJSP. Sentença anulada. Recurso provido. (TJSP - Apelação 102043066-.2018.8.26.0602 5ª Câmara de Direito Privado J. 22/10/2018 Fernanda Gomes Camacho Relatora) GRIFEI COMPRA E VENDA DE IMÓVEL. VÍCIOS DE CONSTRUÇÃO. DANOS MATERIAIS E MORAIS. (...) 1. Decadência. Não configuração. Prazo quinquenal do artigo 618 do Código Civil que é somente de garantia. Parágrafo único do artigo 618 que é decadencial do exercício do direito à garantia, isto é, para redibição, rescisão do contrato de empreitada ou abatimento do preço. Inaplicabilidade do artigo 445, caput e §1º, do Código Civil. Pedido indenizatório, de reparação dos vícios e dos danos, independentemente de ser pedido condenatório em obrigação de fazer. Prazo prescricional decenal (art. 205, CC), conforme entendimento adaptado da Súmula 194 do STJ. Inaplicabilidade do prazo do artigo 26 do CDC, no caso. (...) (TJSP - Apelação 1016001-97.2015.8.26.0008 3ª Câmara de Direito Privado J. 28/08/2018 Carlos Alberto de Salles Relator) GRIFEI Compromisso de compra e venda. Imóvel. Vícios construtivos. Preliminares. Prescrição. Inocorrência. Decadência do direito de reclamar pelos vícios estruturais apresentados no imóvel da autora. Inocorrência. Inaplicabilidade do art. 26 do CDC. Pretensão de reparação de danos morais que se sujeita ao prazo prescricional de dez anos. Art. 205 do CC. Prazo de cinco anos previsto no art. 618, caput, do CC que é de garantia pela solidez e segurança da construção. Ilegitimidade passiva da fornecedora não configurada. Responsabilidade solidária da cadeia de fornecimento (art. 7º, parágrafo único, 20 e 25 do CDC). Inépcia da inicial. Inocorrência. Pedidos formulados de maneira adequada. Possibilidade de compreensão da pretensão indenizatória da autora. Atendimento aos requisitos previstos nos arts. 282 e 283 do CPC. Mérito. Conjunto probatório que demonstrou os vícios construtivos alegados. Prova pericial que concluiu que os vícios existentes no imóvel alienado pela autora eram decorrentes da má qualidade dos materiais empregados ou erros de execução da obra, sem qualquer relação técnica com desgaste natural, falta de manutenção ou reformas. Sentença mantida. Realização dos reparos devida. Recurso desprovido. (TJSP - Apelação 0046022-70.2010.8.26.0001 28ª Câmara Extraordinária de Direito Privado J. 21/02/2017 HAMID BDINE RELATOR) GRIFEI Na mesma esteira já se posicionou o Colendo Superior Tribunal de Justiça: EMENTA AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO DE INSTRUMENTO. RESPONSABILIDADE DO CONSTRUTOR. DEFEITOS DA CONSTRUÇÃO. PRAZOS DE GARANTIA E DE PRESCRIÇÃO. DECISÃO MANTIDA POR SEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS. IMPROVIMENTO. I.- Cabe a responsabilização do empreiteiro quando a obra se revelar imprópria para os fins a que se destina, sendo considerados graves os defeitos que afetem a salubridade da moradia, como infiltrações e vazamentos, e não apenas aqueles que apresentam o risco de ruína do imóvel. II.- Na linha da jurisprudência sumulada desta Corte (Enunciado 194), 'prescreve em vinte anos a ação para obter, do construtor, indenização por defeitos na obra'. Com a redução do prazo prescricional realizada pelo novo Código Civil, referido prazo passou a ser de 10 (dez) anos. Assim, ocorrendo o evento danoso no prazo previsto no art. 618 do Código Civil, o construtor poderá ser acionado no prazo prescricional acima referido. Precedentes. III. Agravo Regimental improvido. (STJ - AgRg no AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 1.208.663 DF RELATOR: MINISTRO SIDNEI BENETI - TERCEIRA TURMA Data do Julgamento 18/11/2010) Tendo em vista que as chaves foram entregues em 23/04/2019 (ver fls. 91), e que a presente ação foi ajuizada em 2025, não há que se cogitar em prescrição, tampouco decadência, uma vez que a distribuição ocorreu dentro do prazo decenal previsto para tanto. 6) Não há questões processuais pendentes. 7) Delimitação de questão(ões) de fato sobre a(s) qual(is) recairá(ão) a atividade probatória: esclarecer os fatos controvertidos em relação à origem e extensão dos danos relativos ao imóvel em comento. 8) Distribuição do ônus da prova: cabe à parte autora comprovar o direito perseguido, nos termos do artigo 373, I, do NCPC, bem como à parte requerida, nos termos do artigo 373, II, do NCPC, comprovar fato impeditivo, modificativo ou extintivo. Por ora, não é caso de inversão do ônus da prova, visto que ausente o requisito da verossimilhança. 9) Delimitação de questão(ões) de direito relevante(s) para a decisão de mérito: verificar se o pleito inicial preenche os requisitos legais para enquadramento no que pretendido. 10) Defiro a realização de perícia pretendida pela parte autora (fls. 211/212). Nomeio para o mister o Dr. ROGÉRIO GIGLIO FERREIRA. Anoto que o ônus financeiro deve ser suportado pela parte autora, conforme artigo 95 do NCPC, in verbis: "Art. 95. Cada parte adiantará a remuneração do assistente técnico que houver indicado, sendo a do perito adiantada pela parte que houver requerido a perícia ou rateada quando a perícia for determinada de ofício ou requerida por ambas as partes. § 1o O juiz poderá determinar que a parte responsável pelo pagamento dos honorários do perito deposite em juízo o valor correspondente. § 2o A quantia recolhida em depósito bancário à ordem do juízo será corrigida monetariamente e paga de acordo com o art. 465, § 4o. § 3o Quando o pagamento da perícia for de responsabilidade de beneficiário de gratuidade da justiça, ela poderá ser: I - custeada com recursos alocados no orçamento do ente público e realizada por servidor do Poder Judiciário ou por órgão público conveniado; II - paga com recursos alocados no orçamento da União, do Estado ou do Distrito Federal, no caso de ser realizada por particular, hipótese em que o valor será fixado conforme tabela do tribunal respectivo ou, em caso de sua omissão, do Conselho Nacional de Justiça. § 4o Na hipótese do § 3o, o juiz, após o trânsito em julgado da decisão final, oficiará a Fazenda Pública para que promova, contra quem tiver sido condenado ao pagamento das despesas processuais, a execução dos valores gastos com a perícia particular ou com a utilização de servidor público ou da estrutura de órgão público, observando-se, caso o responsável pelo pagamento das despesas seja beneficiário de gratuidade da justiça, o disposto no art. 98, § 2o. § 5o Para fins de aplicação do § 3o, é vedada a utilização de recursos do fundo de custeio da Defensoria Pública."(sublinhei). Os honorários serão adiantados pela Defensoria Pública, em razão da gratuidade processual conferida à autora, fixando-se em 18 UFESPs, nos termos da Resolução n° 910/2023 do TJSP (perícia de engenharia/arquitetura - item 2.13). Oficie-se. Com a reserva, ao(à) "expert". Laudo em 30 (trinta) dias. Com o laudo, liberem-se os honorários do(a) "expert". Ato contínuo, às partes em 15 dias. Faculto às partes a apresentação de quesitos e assistentes técnicos em 15 dias. 11) A parte requerida manifestou desinteresse na produção de outras provas (fls. 213). Int. - ADV: GUILHERME MENDONÇA MENDES DE OLIVEIRA (OAB 331385/SP), FABIANA BARBASSA LUCIANO (OAB 320144/SP), GABRIEL PAGLIONE (OAB 517252/SP)

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Processo nº 1006417-74.2025.4.01.3600

ID: 323026568

Tribunal: TRF1 Órgão: 8ª Vara Federal Cível da SJMT Classe: PROCEDIMENTO COMUM CíVEL Nº Processo: 1006417-74.2025.4.01.3600

Data de Disponibilização: 11/07/2025

Polo Ativo:

NICOLAS ARTHUR VIEIRA KLAUS MUFFATO

Polo Passivo:

Sentença Tipo A

Advogados:

HENRIQUE SALVATI BECK LIMA

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PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA FEDERAL Seção Judiciária de Mato Grosso 8ª Vara Federal Cível da SJMT SENTENÇA TIPO "A" PROCESSO: 1006417-74.2025.4.01.3600 (G7) CLASSE: PROCEDIMENTO COMUM CÍVEL (7) POLO ATI… PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA FEDERAL Seção Judiciária de Mato Grosso 8ª Vara Federal Cível da SJMT SENTENÇA TIPO "A" PROCESSO: 1006417-74.2025.4.01.3600 (G7) CLASSE: PROCEDIMENTO COMUM CÍVEL (7) POLO ATIVO: NICOLAS ARTHUR VIEIRA KLAUS MUFFATO POLO PASSIVO: UNIÃO FEDERAL SENTENÇA 1. RELATÓRIO Trata-se de demanda, com pedido de tutela de urgência, proposta por NICOLAS ARTHUR VIEIRA KLAUS MUFFATO em desfavor da UNIÃO FEDERAL, em que objetiva a manutenção da data de validade concedida e constante no certificado de registro até 11/10/2032. Contestação e impugnação apresentadas. Declinada a competência pela 6ª Vara Federal SJMT, por versar sobre anulação de ato administrativo. Vieram os autos conclusos. 2. FUNDAMENTAÇÃO O autor - titular de Certificado de Registro de Arma de Fogo expedido pelo Exército Brasileiro em 11/10/2022, com validade até 21/07/2026 (id. 2175283715) - pretende a manutenção da data de validade do registro, conforme o teor do Decreto Lei n.º 5.123, de 1 de Julho de 2004. No entanto, o Decreto nº 5.123, de 2004 foi expressamente revogado pelo Decreto nº 9.785, de 2019; após, o Decreto nº 9.847, de 2019; após, o Decreto nº 11.366, de 2023; e, após pelo Decreto nº 11.615, de 2023, então vigente, que assim estabeleceu: Art. 16. O Certificado de Registro de Arma de Fogo expedido pela Polícia Federal, precedido de cadastro no SINARM, tem validade em todo o território nacional e autoriza o seu proprietário a manter a arma de fogo exclusivamente no interior de sua residência ou dependência desta, ou, ainda, no seu local de trabalho, desde que seja ele o titular ou o responsável legal pelo estabelecimento ou empresa. (Redação dada pelo Decreto nº 6.715, de 2008). § 1o Para os efeitos do disposto no caput deste artigo considerar-se-á titular do estabelecimento ou empresa todo aquele assim definido em contrato social, e responsável legal o designado em contrato individual de trabalho, com poderes de gerência. § 2º Os requisitos de que tratam os incisos IV, V, VI e VII do caput do art. 12 deverão ser comprovados, periodicamente, a cada dez anos, junto à Polícia Federal, para fins de renovação do Certificado de Registro. (Redação dada pelo Decreto nº 9.685, de 2019) Acontece que o Decreto nº 11.615, de 21/07/2023, passou a regulamentar a Lei nº 10.826/2003 e revogou expressamente o Decreto nº 11.366, de 2023, e de forma lógica, os Decretos anteriores. Em relação ao Certificado de Registro de Arma de Fogo (CRAF) concedido a colecionador, atirador esportivo ou colecionador excepcional, o art. 24, I, do novo decreto estabeleceu novo prazo de validade, reduzindo-o de 10 para 3 anos. O art. 80 do Decreto nº 11.615/2023, ao tratar de direito intertemporal, estabeleceu que os novos prazos de validade são aplicáveis a todos os CRAF vigentes “se, na data de sua entrada em vigor, já houver transcorrido menos da metade do tempo estabelecido no ato da concessão ou da renovação”, contando-se a partir da data de publicação do Decreto, conforme estabelece seu parágrafo único. A legislação foi alterada para reduzir o prazo de validade do Certificado de Registro e do Certificado de Registro de Arma de Fogo, que são concedidos por meio de atos discricionários da Administração Pública. Ou seja, temos aqui mera opção do legislador ordinário em reduzir o prazo outrora decenal, não havendo que se falar em abusividade/ilegalidade do ato administrativo questionado, muito menos direito adquirido ao prazo originário, pois se trata de ato administrativo de autorização, que pode ser revogado ou alterado a qualquer tempo, sem que se fale em violação a direito adquirido. Ademais, em recente decisão, ao apreciar o mérito da ADC nº. 85/DF, o Supremo Tribunal Federal "julgou procedentes os pedidos para declarar a constitucionalidade dos Decretos 11.366/2023 e 11.615/2023, nos termos do voto do Relator, Ministro Gilmar Mendes" (Plenário, Sessão Virtual de 13/06/2025 a 24/06/2025). Nesse sentido, após contextualização sobre a política de controle de armas no Brasil, com destaque para a Lei n. 10.826/03 e suas regulamentações, o voto proferido pelo Ministro Relator destacou: ........ "Sob a ótica da observância das normas de competência para a edição dos decretos, tenho que a constitucionalidade formal de ambos os decretos é inequívoca. ......... Dessa forma, sob um ponto de vista de competência formal, não verifico inconstitucionalidade no exercício do poder regulamentar que culminou na edição dos Decretos 11.366/2023 e 11.615/2023. De igual modo, sob a perspectiva do conteúdo material da norma, também não considero existir inconstitucionalidade em ambos os decretos ora apreciados – que, pelo contrário, encontram-se em consonância com os últimos pronunciamentos deste Supremo Tribunal Federal acerca da matéria de fundo. Conforme exposto anteriormente, no período compreendido entre 2019 e 2022, o Estatuto do Desarmamento foi objeto de uma série de regulamentações sucessivas que tinham como propósito declarado a ampla flexibilização do plexo de normas regulamentares relativas à aquisição e acondicionamento de armas e munições, requisitos e procedimento de registro e concessão de porte de trânsito de arma de fogo a CACs, bem como requisitos e procedimento de registro de clubes e escolas de tiro, observando-se até mesmo uma ampliação das situações em que o cadastro e registro de armas de fogo poderia ser dispensado. Em suma, observou-se clara atuação inconstitucional no sentido da facilitação do acesso a armas e munições no País, beneficiando especialmente a categoria dos CACs (com interpretação cada vez mais leniente dos requisitos para enquadramento na categoria), a despeito de outros bens jurídicos constitucionais relevantes, como o dever de proteção à vida e o dever estatal de controle da violência armada. Os decretos ora apreciados, em especial os dispositivos destacados pelo requerente, voltaram-se justamente à reversão dessa tendência e à efetiva reconstrução da política de controle de armas no Brasil. A edição do Decreto 11.366/2023, cujo propósito era o de estabelecer freio de arrumação frente à tendência de vertiginosa flexibilização das normas de acesso a armas de fogo e munições no Brasil enquanto se discutia nova regulamentação da matéria, longe denotar qualquer espécie de inconstitucionalidade, promove, ao invés, o cumprimento do dever estatal de construção de uma política pública de segurança e controle da violência armada, indo ao encontro do entendimento que vem sendo manifestado por este Supremo Tribunal Federal sobre o tema (v. g. ADIs 6119/DF, 6139/DF e 6466/DF, Rel. Min. Edson Fachin, Tribunal Pleno, DJe 16.12.2022). De igual modo, também o Decreto 11.615/2023, que consiste na regulamentação ampla e definitiva da matéria, estabeleceu diversos mecanismos que visam promover a reconstrução da política pública de controle de armas no Brasil. ........ Tais alterações, em minha leitura, estão inequivocamente contidas dentro da margem de conformação regulamentar conferida ao Poder Executivo pelo Estatuto do Desarmamento e, mais do que isso, densificam normas e valores constitucionais de primeira ordem, como os direitos à vida (Constituição, .art. 5º, caput) e à segurança pública (Constituição, art. 144, caput). Concretizam, ainda, o próprio escopo finalístico da Lei 10.826/2003, referente à promoção do desarmamento e do controle das armas de fogo no Brasil. Os diversos dispositivos que promovem um maior rigor para a concessão de autorizações de aquisição e posse de armas de fogo, bem como recrudescem a fiscalização do preenchimento dos requisitos para aquisição, posse e manutenção de armas de fogo (v. g. Decreto 11.615/2023, arts. 3º, 15, 24, 36, 38, 39, 42, 43 e 65), além de não desbordarem da margem de conformação do poder regulamentar, indubitavelmente densificam o imperativo de viabilizar o efetivo controle da circulação de armas de fogo no país, não havendo que se cogitar inconstitucionalidade. ........ Sob outra perspectiva, tampouco há que se cogitar eventual inconstitucionalidade por violação ao direito adquirido (Constituição, art. 5º, XXXVI) dos dispositivos que promovem: (a) a redução da potência das armas de fogo consideradas de uso permitido (Decreto 11.615/2023, art. 11, I); (b) a redução do prazo de validade do Certificado de Registro de Arma de Fogo concedido a CACs (Decreto 11.615/2023, art. 24) e; (c) a redução dos quantitativos para aquisição e posse de armas de fogo e munições por CACs (Decreto 11.615/2023, arts. 36, 39, 42 e 43). Apesar de tais normas, em tese, incidirem sobre situações jurídicas anteriormente constituídas com base nas normas regulamentares anteriores, deve ser ressaltado, na linha da jurisprudência iterativa desta Suprema Corte, que não há direito adquirido a regime jurídico (RE 563.965/RN, Rel. Min. Cármen Lúcia, Tribunal Pleno, DJe 19.3.2009). Registro, no particular, que a própria norma regulamentar adotou medidas para preservar a segurança jurídica nos casos em que a nova regulamentação incidir sobre situações constituídas com base nas normas regulamentares pretéritas, como se observa em relação ao disposto no art. 79 do Decreto 11.615/2023, segundo o qual “[o] proprietário que , até a data de entrada em vigor deste Decreto, tiver adquirido arma de fogo considerada restrita nos termos do disposto neste Decreto, poderá com ela permanecer e adquirir a munição correspondente”. De igual modo, colho também a norma prevista no parágrafo único art. 80 do Decreto 11.615/2023, que garante, na hipótese de certificado de registro concedido a CAC antes da entrada em vigor da nova regulamentação, que o novo prazo de validade será “contado da data de publicação deste Decreto”. Saliento, por oportuno, que mesmo a norma transitória consubstanciada no Decreto 11.366/2023 também já houvera se preocupado em proteger a situação dos particulares que haviam adquirido e detinham a posse de armas de fogo na forma da regulamentação pretérita, prorrogando a validade de registros para aquisição e transferência de armas de fogo de uso restrito que vencerem após sua publicação até que entrasse em vigor nova regulamentação da Lei nº 10.826/2023 (Decreto 11.366/2023, art. 3º, §2º). Tais normas, portanto, não importam em violação à segurança jurídica ou ao direito adquirido (Constituição, art. 5º, XXXVI), não havendo inconstitucionalidade no particular. Considero, por fim, que as normas cujo reconhecimento de constitucionalidade se pretende são plenamente consentâneas com o ordenamento constitucional sob o ponto de vista da proporcionalidade das medidas normativas adotada. ....... Por todas essas razões, entendo que se impõe o reconhecimento da constitucionalidade dos Decretos 11.366/2023 e 11.615/2023, na forma da fundamentação acima". Portanto, o STF reconheceu a constitucionalidade dos Decretos 11.366/2023 e 11.615/2023, que regulamentaram a Lei n. 10.826/03, reforçando a ausência de violação à segurança jurídica ou ao direito adquirido. 3. DISPOSITIVO Diante do exposto, JULGO IMPROCEDENTE o pedido, nos termos do art. 487, I, do CPC. Condeno a parte autora ao pagamento das custas processuais e de honorários advocatícios, que fixo em 10% sobre o valor atualizado da causa. Havendo interposição de recurso, dê-se vista à parte contrária para oferta de contrarrazões recursais, no prazo legal. Em seguida, remetam-se os autos ao Egrégio Tribunal Regional Federal da 1ª Região. Transitada em julgado, arquivem-se. Intimem-se. Cuiabá/MT, datado eletronicamente. (assinado digitalmente) DIOGO NEGRISOLI OLIVEIRA Juiz Federal Substituto

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Processo nº 5386976-22.2024.8.09.0085

ID: 334019607

Tribunal: TJGO Órgão: Itapuranga - Vara das Fazendas Públicas Classe: PROCEDIMENTO COMUM CíVEL Nº Processo: 5386976-22.2024.8.09.0085

Data de Disponibilização: 24/07/2025

Polo Ativo:

VANI CORREIA

Polo Passivo:

Sentença

Advogados:

ROBERTA RIBEIRO RODRIGUES

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RIVER PAULO SIQUEIRA DE SOUZA

OAB/GO XXXXXX Desbloquear

PODER JUDICIÁRIOTribunal de Justiça do Estado de GoiásComarca de Itapuranga–GO2.ª Vara das Fazendas Públicas, Criminal, Execução Penal e Juizado Especial CriminalProcesso: 5386976-22.2024.8.09.0085Pr… PODER JUDICIÁRIOTribunal de Justiça do Estado de GoiásComarca de Itapuranga–GO2.ª Vara das Fazendas Públicas, Criminal, Execução Penal e Juizado Especial CriminalProcesso: 5386976-22.2024.8.09.0085Promovente(s): Vani CorreiaPromovido(s): Instituto Nacional Do Seguro SocialA presente sentença serve como instrumento de mandado, ofício, nos termos dos artigos 136 à 139 do Código de Normas e Procedimentos do Foro, da Corregedoria do Estado de Goiás.SENTENÇA 1. RELATÓRIOTrata-se de ação previdenciária ajuizada por VANI CORREIA, com 56 (cinquenta e seis) anos, atualmente, em desfavor do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS, com vistas à concessão de aposentadoria por idade, na qualidade de segurado especial.A petição inicial foi instruída com requerimento administrativo datado em 15/03/2024 (mov. 01).Recebida a inicial, foi deferido à parte autora os benefícios da gratuidade da justiça (mov. 05).A parte ré foi devidamente citada, momento em que apresentou contestação (mov. 10).Intimada, a autora apresentou impugnação à contestação (mov. 13).Em seguida, foi realizada audiência de instrução e julgamento, cuja mídia e ata de audiência estão acostadas aos autos, movs. 25 e 26, respectivamente.Vieram os autos conclusos.É o Relatório. Decido. 2. FUNDAMENTAÇÃONão havendo preliminares, ao menos no sentido técnico, passo à análise do mérito.Para que a parte autora faça jus ao benefício previdenciário é necessária a comprovação quanto: a) à sua condição de beneficiária do Regime Geral da Previdência Social – RGPS, seja segurada ou dependente; b) estar acometida de alguma contingência acobertada pelo RGPS; c) ao preenchimento da carência ou sua dispensa legal; d) ao atendimento de requisitos próprios de cada benefício.O benefício de aposentadoria por idade é regulado pelo art. 48 e seguintes da Lei n.º 8.213/91, sendo devido ao segurado que, cumprida a carência exigida, completar 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, e 60 (sessenta) anos se mulher. No caso dos trabalhadores rurais a idade é reduzida em 05 (cinco) anos.No tocante a carência, é necessário que o segurado tenha recolhido pelo menos 180 (cento e oitenta) contribuições mensais para fazer jus ao benefício, como preconiza o art. 25 da Lei n.º 8.213/91. Entretanto, a mesma lei dispensa a carência para os segurados especiais elencados no art. 11, VII, da Lei n.º 8.213/91, consoante art. 26, III, c/c art. 39, I, da Lei n.º 8.213/91.Assim, no caso dos segurados especiais, exige-se apenas que se comprove o exercício de atividade rural, ainda que de forma descontínua, no período imediatamente anterior ao requerimento do benefício, igual ao número de meses correspondentes à carência do benefício requerido, conforme prevê o art. 39, I, da Lei n.º 8.213/91.Feitas essas considerações, observo que a parte autora era segurada do RGPS na data do requerimento administrativo.No caso em apreço, verifico a existência de indícios suficientes a comprovar que a autora exerceu atividade rural, notadamente pela documentação escolar de suas filhas. Consta nos autos a ficha de matrícula das filhas da autora na Escola Municipal Vera Cruz, referente aos anos de 1999, 2000, 2001, 2002, 2004, 2008 e 2009, nas quais o endereço familiar é sempre indicado como situado na zona rural, especificamente nas Fazendas Santo Antônio ou Mijolinho (mov. 01, arquivos 23 e 24).Nas referidas fichas escolares, também se observa que Joaquim Gomes da Fonseca, esposo da autora, era qualificado como agricultor, ao passo que a autora, Vani, era identificada como “do lar”. Igual qualificação consta na Certidão de Nascimento da filha Erika Correia da Fonseca (mov. 01, arquivo 25).No que se refere à qualificação da autora como “do lar”, importa destacar que tal designação não afasta, por si só, a possibilidade de exercício de atividade rural. É notório que, por força dos costumes sociais da época, mulheres residentes em áreas rurais que de fato participavam das atividades agrícolas em regime de economia familiar muitas vezes eram identificadas em registros oficiais apenas como donas de casa ou trabalhadoras domésticas. Assim, diante do conjunto probatório apresentado e do contexto fático, mostra-se razoável reconhecer o efetivo labor rurícola da autora.Ressalte-se, ainda, que o esposo da autora é vinculado ao Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Itapuranga desde 2012 (mov. 01, arquivo 22), sendo que, em 2019, adquiriu uma propriedade rural. O respectivo contrato de aquisição qualifica-o como trabalhador rural e residente na mesma Fazenda Mijolinho.Ademais, consta dos autos Cadastro da Família expedido pela Secretaria Municipal de Saúde de Itapuranga, relativo aos anos de 1998 e 1999, no qual tanto a autora quanto seu cônjuge foram identificados como lavradores, com residência na Fazenda Monjolinho (mov. 01, arquivo 18). Embora esses documentos sejam considerados antigos para fins de comprovação da qualidade de segurado especial no presente momento, verifica-se, por meio do depoimento da testemunha Sérgio Ferreira Martins, agente de saúde da região, que a autora residia na referida fazenda há aproximadamente 27 (vinte e sete) anos, o que reforça a continuidade do vínculo rural ao longo do tempo.No tocante aos benefícios por incapacidade recebidos pela autora, nos períodos de 08/07/2019 a 08/06/2020 e de 29/06/2021 a 29/01/2024, destaco que a percepção de tais benefícios não impede, por si só, o reconhecimento da qualidade de segurada especial.Vejamos: PREVIDENCIÁRIO. APELAÇÃO INSS. APOSENTADORIA POR IDADE RURAL. SEGURADO ESPECIAL. REGIME DE ECONOMIA FAMILIAR COMPROVADO. INÍCIO DE PROVA MATERIAL. PROVA TESTEMUNHAL. CÔMPUTO DO PERÍODO DE AUXÍLIO-DOENÇA. BENEFÍCIO DEVIDO. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. CONSECTÁRIOS LEGAIS. SENTENÇA MANTIDA. RECURSO DESPROVIDO. 1. 1. São requisitos para aposentadoria do trabalhador rural: contar 55 (cinquenta e cinco) anos de idade, se mulher, e 60 (sessenta) anos de idade, se homem, e comprovação de efetivo exercício de atividade rural, ainda que de forma descontínua, por tempo igual ao número de meses de contribuição (180 contribuições mensais) correspondentes à carência do benefício pretendido a teor do art. 48, §§ 1º e 2º, c/c art. 142 da Lei 8.213/91. 2. O trabalho rural, observado o período de carência, deve estar demonstrado por início razoável de prova material, corroborada por prova testemunhal, ou prova documental plena. 3. Considerando a dificuldade do trabalhador rural em comprovar o exercício da atividade no campo, vez que não possui vínculo empregatício e trabalha, na maioria das vezes, na informalidade, admite-se como início de prova material, outros documentos além daqueles constantes do art. 106 da Lei 8.213/91 (rol meramente exemplificativo). 4. No presente caso, não há dúvidas quanto ao preenchimento do requisito etário, uma vez que a autora nasceu em 1965 e requereu o benefício em 2022. Para comprovar a qualidade de segurado especial, foram acostados aos autos certidão de casamento (1983) qualificando seu cônjuge como agricultor; conta de energia elétrica, com endereço rural; contrato de concessão de assentamento rural em seu nome (2019), cadastros em sistema de saúde, contendo em todos os cadastros endereço rural (2018 e 2019); diversas notas fiscais de compra e venda de produtos agropecuários (2010, 2018, 2019 e 2020). 5. A prova oral colhida em Juízo foi firme e convincente em atestar o trabalho da parte autora como rurícola pelo período de carência previsto na Lei 8.213/91. 6. Em suas razões de apelação, o INSS alegou que a apelada não faria jus ao benefício pleiteado porque foi beneficiária de auxilio doença no período de 01/11/2012 a 17/09/2018, e de 01/11/2018 a 06/12/2022, e, em razão disso, não poderia ter comprovado o exercício de atividade rural. 6. O Supremo Tribunal Federal, ao apreciar o RE 1.298.832, com repercussão geral reconhecida, entendeu ser constitucional o cômputo, para fins de carência, do período no qual o segurado esteve em gozo do benefício de auxílio-doença, desde que intercalado com atividade laborativa. 7. Os documentos juntados e a prova oral colhida em Juízo demonstram que a parte autora desenvolveu o labor rural intercalado com o período de benefício do auxílio-doença, permanecendo na atividade campesina. O período de gozo do benefício deve ser, portanto, computado para fins de carência. 8. A correção monetária e juros de mora devem observar o disposto no Manual de Cálculos da Justiça Federal, cujos parâmetros se harmonizam com a orientação que se extrai do julgamento do Tema 905 STJ e Tema 810 STF, observada a prescrição quinquenal. 9. Manutenção dos honorários advocatícios arbitrados na sentença, acrescidos de 1% (um por cento), nos termos do art. 85, §11, do CPC, a incidirem sobre as prestações vencidas até a sentença (súmula 111 do STJ). 10. Apelação do INSS a que se nega provimento. (AC 1006417-20.2024.4.01.9999, JUÍZA FEDERAL LILIAN OLIVEIRA DA COSTA TOURINHO, TRF1 - NONA TURMA, PJe 15/07/2024 PAG.)Assim, restou comprovado nos autos que, embora a autora tenha estado em gozo de auxílio-doença por determinados períodos, tal circunstância não implicou a ruptura de seu vínculo com o labor rural, sendo evidente a continuidade da sua relação com a atividade rurícola.Importa destacar, ainda, que o referido benefício somente foi concedido em razão do reconhecimento da atividade rural da autora, uma vez que a carência exigida para a concessão do auxílio foi preenchida com base na sua condição de segurada especial.Ressalto, por fim, que as provas materiais anteriormente mencionadas são devidamente corroboradas pelos elementos colhidos em audiência, em especial pela declaração pessoal da autora e pelo depoimento das testemunhas Edion da Silveira Alves e Célio Ferreira Martins. Tais elementos confirmam o exercício de atividade rural no período alegado, demonstrando o preenchimento dos requisitos exigidos pelo art. 11, inciso VII, da Lei n.º 8.213/91, motivo pelo qual a parte autora deve ser reconhecida como segurada especial.Ademais, a idade mínima exigida está comprovada pelos documentos pessoais acostados à inicial.Por fim, a carência para a obtenção da aposentadoria por idade está dispensada, mas a parte autora logrou comprovar que se manteve exercendo atividade rural por período correspondente a 180 (cento e oitenta) meses, sendo estes imediatamente anteriores ao requerimento administrativo.Portanto, faz jus a parte autora ao benefício de aposentadoria por idade. 3. DISPOSITIVOAnte o exposto, JULGO PROCEDENTE o pedido formulado na inicial e extingo o processo com resolução do mérito, nos termos do art. 487, I, do Código Processual Civil de 2015 (CPC/15), para condenar o INSS a implementar o benefício aposentadoria por idade na qualidade de segurado especial, no valor de 01 (um) salário-mínimo, desde a data do requerimento administrativo.Sobre as parcelas vencidas entre a Data do Início do Benefício (DIB) (15/03/2024) e a Data do Início do Pagamento (DIP) (a ser comprovada pelo INSS), para fins de atualização monetária e compensação da mora, haverá incidência uma única vez, até o efetivo pagamento, do índice da taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (Selic), acumulado mensalmente, conforme artigo 3º, da Emenda Constitucional n.º 113 de 08 de dezembro de 2021.Sem custas, por ser isenta a autarquia sucumbente.Condeno o INSS ao pagamento de honorários advocatícios em favor do advogado da parte autora, na proporção de 10% (dez por cento) sobre as parcelas vencidas até a data da publicação da sentença, consoante prevê a Súmula n.º 111 do Superior Tribunal de Justiça (STJ).Após o trânsito em julgado, intime-se a parte autora para requerer o que entender de direito, no prazo de 15 (quinze) dias.Em caso de inércia, arquivem-se os autos, com as devidas baixas.Publique-se. Registre-se. Cumpra-se.Itapuranga/GO, data da assinatura eletrônica. MARIA EMILIA DE QUEIROZJuíza Substituta(Decreto Judiciário nº 1.393, de 13/03/2025)

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Processo nº 6033249-10.2024.8.09.0085

ID: 335052239

Tribunal: TJGO Órgão: Itapuranga - Vara das Fazendas Públicas Classe: PROCEDIMENTO COMUM CíVEL Nº Processo: 6033249-10.2024.8.09.0085

Data de Disponibilização: 25/07/2025

Polo Ativo:

IRACEMA ABADIA DE AZEVEDO SILVA

Polo Passivo:

Decisão

Advogados:

ODAIR ONOFRE GOMES CAMILO

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PODER JUDICIÁRIOTribunal de Justiça do Estado de GoiásComarca de Itapuranga–GO2.ª Vara das Fazendas Públicas, Criminal, Execução Penal e Juizado Especial CriminalProcesso: 6033249-10.2024.8.09.0085Pr… PODER JUDICIÁRIOTribunal de Justiça do Estado de GoiásComarca de Itapuranga–GO2.ª Vara das Fazendas Públicas, Criminal, Execução Penal e Juizado Especial CriminalProcesso: 6033249-10.2024.8.09.0085Promovente(s): Iracema Abadia De Azevedo SilvaPromovido(s): Instituto Nacional Do Seguro SocialA presente decisão serve como instrumento de mandado, ofício, nos termos dos artigos 136 à 139 do Código de Normas e Procedimentos do Foro, da Corregedoria do Estado de Goiás.SENTENÇA 1. RELATÓRIOTrata-se de ação previdenciária ajuizada por IRACEMA ABADIA DE AZEVEDO SILVA, com 57 (cinquenta e sete) anos, atualmente, em desfavor do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS, com vistas à concessão de aposentadoria por idade, na qualidade de segurado especial.A petição inicial foi instruída com requerimento administrativo datado em 15/05/2023 (mov. 01).Recebida a inicial, foi deferido à parte autora os benefícios da gratuidade da justiça (mov. 05).A parte ré foi devidamente citada, momento em que apresentou contestação (mov. 10).Intimada, a autora apresentou impugnação à contestação (mov. 12).Em seguida, foi realizada audiência de instrução e julgamento, cuja mídia e ata de audiência estão acostadas aos autos, movs. 23 e 24, respectivamente.Vieram os autos conclusos.É o Relatório. Decido. 2. FUNDAMENTAÇÃONão havendo preliminares, ao menos no sentido técnico, passo à análise do mérito.Para que a parte autora faça jus ao benefício previdenciário é necessária a comprovação quanto: a) à sua condição de beneficiária do Regime Geral da Previdência Social – RGPS, seja segurada ou dependente; b) estar acometida de alguma contingência acobertada pelo RGPS; c) ao preenchimento da carência ou sua dispensa legal; d) ao atendimento de requisitos próprios de cada benefício.O benefício de aposentadoria por idade é regulado pelo art. 48 e seguintes da Lei n.º 8.213/91, sendo devido ao segurado que, cumprida a carência exigida, completar 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, e 60 (sessenta) anos se mulher. No caso dos trabalhadores rurais a idade é reduzida em 05 (cinco) anos.No tocante a carência, é necessário que o segurado tenha recolhido pelo menos 180 (cento e oitenta) contribuições mensais para fazer jus ao benefício, como preconiza o art. 25 da Lei n.º 8.213/91. Entretanto, a mesma lei dispensa a carência para os segurados especiais elencados no art. 11, VII, da Lei n.º 8.213/91, consoante art. 26, III, c/c art. 39, I, da Lei n.º 8.213/91.Assim, no caso dos segurados especiais, exige-se apenas que se comprove o exercício de atividade rural, ainda que de forma descontínua, no período imediatamente anterior ao requerimento do benefício, igual ao número de meses correspondentes à carência do benefício requerido, conforme prevê o art. 39, I, da Lei n.º 8.213/91.Feitas essas considerações, observo que a parte autora era segurada do RGPS na data do requerimento administrativo.No caso em apreço, verifico a existência de indícios suficientes a comprovar que a autora exerceu atividade rural. Explico.Inicialmente, verifico que a autora esteve em gozo de benefício de auxílio-doença, na qualidade de segurada especial, no período de setembro de 2021 a novembro de 2024 (mov. 01, arquivo 08). Embora tal circunstância, isoladamente, não seja suficiente para comprovar a condição de segurada especial para fins de aposentadoria, constitui elemento indicativo do vínculo rural anteriormente exercido. Inclusive, extrai-se do CNIS da autora que o período entre fevereiro de 2017 a setembro de 2021 já foi administrativamente reconhecido como período de segurado especial (mov. 01, arquivo 09). No mais, observa-se que na Certidão de Casamento da autora consta sua qualificação como trabalhadora rural, sendo seu cônjuge identificado como lavrador (mov. 01, arquivo 13). Já na Certidão de Nascimento do filho Murilo Azevedo Silva, o genitor é qualificado como lavrador, enquanto a autora figura como "do lar".Ressalte-se, ainda, o contrato de comodato rural firmado com Davi Ferreira de Almeida, com vigência de 20 (vinte) anos a partir de 2014 (mov. 01, arquivo 13). O referido comodante, proprietário da Fazenda José Ferreira e Fazenda Ribeirão, declarou que a autora, juntamente com seu esposo, exerceu atividade rural no local entre os anos de 2007 e 2017, conforme documento constante na mov. 01, arquivo 13.Ademais, consta nos autos a juntada de notas fiscais em nome da autora, datadas de 2021, referentes à aquisição de insumos utilizados em atividades rurícolas (mov. 01, arquivo 15).Ainda, verifico que tanto a autora quanto seu marido encontram-se regularmente inscritos no Cadastro Nacional da Agricultura Familiar (CAF), conforme documento acostado na mov. 01, arquivo 15.No tocante ao benefício por incapacidade recebido pela autora, nos períodos de 09/09/2021 a 04/11/2024, destaco que a percepção de tais benefícios não impede, por si só, o reconhecimento da qualidade de segurada especial. Vejamos: PREVIDENCIÁRIO. APELAÇÃO INSS. APOSENTADORIA POR IDADE RURAL. SEGURADO ESPECIAL. REGIME DE ECONOMIA FAMILIAR COMPROVADO. INÍCIO DE PROVA MATERIAL. PROVA TESTEMUNHAL. CÔMPUTO DO PERÍODO DE AUXÍLIO-DOENÇA. BENEFÍCIO DEVIDO. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. CONSECTÁRIOS LEGAIS. SENTENÇA MANTIDA. RECURSO DESPROVIDO. 1. 1. São requisitos para aposentadoria do trabalhador rural: contar 55 (cinquenta e cinco) anos de idade, se mulher, e 60 (sessenta) anos de idade, se homem, e comprovação de efetivo exercício de atividade rural, ainda que de forma descontínua, por tempo igual ao número de meses de contribuição (180 contribuições mensais) correspondentes à carência do benefício pretendido a teor do art. 48, §§ 1º e 2º, c/c art. 142 da Lei 8.213/91. 2. O trabalho rural, observado o período de carência, deve estar demonstrado por início razoável de prova material, corroborada por prova testemunhal, ou prova documental plena. 3. Considerando a dificuldade do trabalhador rural em comprovar o exercício da atividade no campo, vez que não possui vínculo empregatício e trabalha, na maioria das vezes, na informalidade, admite-se como início de prova material, outros documentos além daqueles constantes do art. 106 da Lei 8.213/91 (rol meramente exemplificativo). 4. No presente caso, não há dúvidas quanto ao preenchimento do requisito etário, uma vez que a autora nasceu em 1965 e requereu o benefício em 2022. Para comprovar a qualidade de segurado especial, foram acostados aos autos certidão de casamento (1983) qualificando seu cônjuge como agricultor; conta de energia elétrica, com endereço rural; contrato de concessão de assentamento rural em seu nome (2019), cadastros em sistema de saúde, contendo em todos os cadastros endereço rural (2018 e 2019); diversas notas fiscais de compra e venda de produtos agropecuários (2010, 2018, 2019 e 2020). 5. A prova oral colhida em Juízo foi firme e convincente em atestar o trabalho da parte autora como rurícola pelo período de carência previsto na Lei 8.213/91. 6. Em suas razões de apelação, o INSS alegou que a apelada não faria jus ao benefício pleiteado porque foi beneficiária de auxilio doença no período de 01/11/2012 a 17/09/2018, e de 01/11/2018 a 06/12/2022, e, em razão disso, não poderia ter comprovado o exercício de atividade rural. 6. O Supremo Tribunal Federal, ao apreciar o RE 1.298.832, com repercussão geral reconhecida, entendeu ser constitucional o cômputo, para fins de carência, do período no qual o segurado esteve em gozo do benefício de auxílio-doença, desde que intercalado com atividade laborativa. 7. Os documentos juntados e a prova oral colhida em Juízo demonstram que a parte autora desenvolveu o labor rural intercalado com o período de benefício do auxílio-doença, permanecendo na atividade campesina. O período de gozo do benefício deve ser, portanto, computado para fins de carência. 8. A correção monetária e juros de mora devem observar o disposto no Manual de Cálculos da Justiça Federal, cujos parâmetros se harmonizam com a orientação que se extrai do julgamento do Tema 905 STJ e Tema 810 STF, observada a prescrição quinquenal. 9. Manutenção dos honorários advocatícios arbitrados na sentença, acrescidos de 1% (um por cento), nos termos do art. 85, §11, do CPC, a incidirem sobre as prestações vencidas até a sentença (súmula 111 do STJ). 10. Apelação do INSS a que se nega provimento. (AC 1006417-20.2024.4.01.9999, JUÍZA FEDERAL LILIAN OLIVEIRA DA COSTA TOURINHO, TRF1 - NONA TURMA, PJe 15/07/2024 PAG.)Assim, restou comprovado nos autos que, embora a autora tenha estado em gozo de auxílio-doença por determinados períodos, tal circunstância não implicou a ruptura de seu vínculo com o labor rural, sendo evidente a continuidade da sua relação com a atividade rurícola.Tal entendimento se aplica, inclusive, ao vínculo empregatício mantido pela autora pelo período de 6 (seis) meses, entre janeiro e junho de 1999. Conforme depoimentos prestados pela própria autora e pelas testemunhas Divair Neponucena Pereira e Valdison Rodrigues do Nascimento, restou evidenciado que referido vínculo urbano não representou afastamento definitivo da atividade rural, a qual continuou sendo exercida pela autora de forma predominante e habitual.Ademais, não há nos registros laborais do autor qualquer vínculo que descaracterize sua condição de trabalhador rural, tampouco elemento que afaste ou coloque em dúvida sua qualificação como segurado especial.Ressalto, por fim, que as provas materiais anteriormente mencionadas são devidamente corroboradas pelos elementos colhidos em audiência, em especial pela declaração pessoal da autora e pelo depoimento das testemunhas supracitadas Divair Neponucena Pereira e Valdison Rodrigues do Nascimento. Tais elementos confirmam o exercício de atividade rural no período alegado, demonstrando o preenchimento dos requisitos exigidos pelo art. 11, inciso VII, da Lei n.º 8.213/91, motivo pelo qual a parte autora deve ser reconhecida como segurada especial.Ademais, a idade mínima exigida está comprovada pelos documentos pessoais acostados à inicial.Por fim, a carência para a obtenção da aposentadoria por idade está dispensada, mas a parte autora logrou comprovar que se manteve exercendo atividade rural por período correspondente a 180 (cento e oitenta) meses, sendo estes imediatamente anteriores ao requerimento administrativo.Portanto, faz jus a parte autora ao benefício de aposentadoria por idade. 3. DISPOSITIVOAnte o exposto, JULGO PROCEDENTE o pedido formulado na inicial e extingo o processo com resolução do mérito, nos termos do art. 487, I, do Código Processual Civil de 2015 (CPC/15), para condenar o INSS a implementar o benefício aposentadoria por idade na qualidade de segurado especial, no valor de 01 (um) salário-mínimo, desde a data do requerimento administrativo.Sobre as parcelas vencidas entre a Data do Início do Benefício (DIB) (15/05/2023) e a Data do Início do Pagamento (DIP) (a ser comprovada pelo INSS), para fins de atualização monetária e compensação da mora, haverá incidência uma única vez, até o efetivo pagamento, do índice da taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (Selic), acumulado mensalmente, conforme artigo 3º, da Emenda Constitucional n.º 113 de 08 de dezembro de 2021.Sem custas, por ser isenta a autarquia sucumbente.Condeno o INSS ao pagamento de honorários advocatícios em favor do advogado da parte autora, na proporção de 10% (dez por cento) sobre as parcelas vencidas até a data da publicação da sentença, consoante prevê a Súmula n.º 111 do Superior Tribunal de Justiça (STJ).Após o trânsito em julgado, intime-se a parte autora para requerer o que entender de direito, no prazo de 15 (quinze) dias.Em caso de inércia, arquivem-se os autos, com as devidas baixas.Publique-se. Registre-se. Cumpra-se.Itapuranga/GO, data da assinatura eletrônica. MARIA EMÍLIA DE QUEIROZJuíza SubstitutaDecreto Judiciário nº 1.393, de 13/03/2025

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