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Paula Ghelfi Dall’ Acqua x Companhia Paulista De Força E Luz

ID: 296144785

Tribunal: TJSP Órgão: Foro de Campinas - 6ª Vara Cível Classe: PRODUçãO ANTECIPADA DA PROVA Nº Processo: 1017320-58.2024.8.26.0114

Data de Disponibilização: 11/06/2025

Polo Ativo:

PAULA GHELFI DALL’ ACQUA

Polo Passivo:

COMPANHIA PAULISTA DE FORÇA E LUZ

Intimação

Advogados:

MILENA PIRAGINE

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

FLAVIO OLIMPIO DE AZEVEDO

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

DOMINGOS ASSAD STOCCO

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

Processo 1017320-58.2024.8.26.0114 - Produção Antecipada da Prova - Provas em geral - Paula Ghelfi Dall’ Acqua - COMPANHIA PAULISTA DE FORÇA E LUZ - Vistos. PAULA GHELFI DALL'ACQUA ajuizou a presen… Processo 1017320-58.2024.8.26.0114 - Produção Antecipada da Prova - Provas em geral - Paula Ghelfi Dall’ Acqua - COMPANHIA PAULISTA DE FORÇA E LUZ - Vistos. PAULA GHELFI DALL'ACQUA ajuizou a presente AÇÃO DE PRODUÇÃO ANTECIPADA DE PROVAS em face de COMPANHIA PAULISTA DE FORÇA E LUZ - CPFL, com fundamento no artigo 381 e seguintes do Código de Processo Civil. Narra a autora, em síntese, ser a legítima proprietária do imóvel rural denominado Fazenda Santa Amélia, Gleba "A", Matrícula nº 20.491 do Cartório de Registro de Imóveis de Ibitinga/SP. Aduz que, embora conste na matrícula do imóvel uma servidão de passagem de fiação elétrica em favor da ré, foi realizada uma segunda instalação, de aproximadamente 1 km de extensão, que atravessa sua propriedade para alimentar exclusivamente o imóvel vizinho, de propriedade de terceiro. Sustenta que tal obra foi realizada sem sua prévia notificação, anuência ou qualquer autorização, e que somente tomou conhecimento do fato após a sua conclusão. Diante da situação, e com o intuito de obter esclarecimentos, alega ter notificado extrajudicialmente a concessionária ré para que esta apresentasse os documentos e informações pertinentes à obra, como o projeto, a autorização e os dados do solicitante. Afirma, contudo, que suas solicitações não foram respondidas. Ademais, protocolou procedimento junto à Agência Nacional de Energia Elétrica ANEEL, que se encontra pendente de análise. Assim, com base no inciso III do artigo 381 do Código de Processo Civil, requer a produção antecipada de prova para que a ré seja compelida a exibir toda a documentação relativa à referida instalação elétrica, a fim de que a autora possa ter conhecimento pleno dos fatos para, se o caso, justificar ou até mesmo evitar o ajuizamento de uma ação principal. A petição inicial veio instruída com os documentos de fls. 07/64. Devidamente citada (fls. 71), a ré apresentou contestação às fls. 72/77. Sustentou, em suma, a ausência dos requisitos para a antecipação da prova, alegando que a autora não demonstrou a urgência ou o fundado receio de que a verificação dos fatos se tornaria impossível ou muito difícil. Alegou, ainda, não ter havido recusa na apresentação dos documentos e que o pleito autoral seria inadequado, buscando transformar o procedimento em uma discussão de mérito, o que não seria cabível. Requereu, ao final, o indeferimento do pleito. Houve réplica às fls. 130/135. Instadas a especificarem as provas que pretendiam produzir (fls. 136), a parte ré informou não ter mais provas a produzir (fls. 141/142), ao passo que a parte autora pugnou pelo julgamento antecipado da lide (fls. 139/140). É o relatório. Decido. A controvérsia cinge-se a verificar a presença do interesse de agir da autora e o preenchimento dos requisitos legais para a produção antecipada de provas, nos moldes do artigo 381 do Código de Processo Civil. No caso em tela, a concessionária ré, não forneceu na seara administrativa a documentação solicitada (fls. 48/56 e 57/59) e opôs-se diretamente à pretensão autoral em contestação, não apresentando a documentação postulada, o que, por si só, caracteriza a lide e evidencia o interesse processual da requerente. Em outras palavras, o silêncio da concessionária diante de uma solicitação formal e justificada de um consumidor e proprietário de terras afetadas por sua atividade equivale à recusa, configurando a pretensão resistida que dá ensejo ao interesse de agir. No mais, o principal argumento da defesa reside na suposta ausência dos requisitos do art. 381 do Código de Processo Civil. Contudo, a análise dos autos impõe conclusão diversa. O referido artigo dispõe: Art. 381. A produção antecipada da prova será admitida nos casos em que: I - haja fundado receio de que venha a tornar-se impossível ou muito difícil a verificação de certos fatos na pendência da ação; II - a prova a ser produzida seja suscetível de viabilizar a autocomposição ou outro meio adequado de solução de conflito; III - o prévio conhecimento dos fatos possa justificar ou evitar o ajuizamento de ação. A pretensão da autora amolda-se perfeitamente à hipótese do inciso III. A requerente, como proprietária do imóvel rural, alega foi surpreendida com uma obra de relevante porte em suas terras, realizada pela ré, para, em tese, beneficiar exclusivamente um terceiro. É incontroverso, pois não impugnado especificamente pela ré, que a instalação elétrica descrita na inicial atravessa a propriedade da autora e não está averbada na matrícula do imóvel. A autora busca, com a presente medida, ter acesso a documentos que estão em poder exclusivo da concessionária de energia, tais como o projeto da obra, a solicitação que a originou com os dados do solicitante, a autorização para a sua execução e a Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) correspondente. O conhecimento de tais informações é manifestamente crucial para que a requerente possa avaliar a extensão de seu direito, a legalidade do ato praticado pela ré e, consequentemente, deliberar sobre a necessidade e a viabilidade de ajuizar uma ação principal, seja para pleitear indenização por esbulho, a constituição de uma servidão administrativa com a devida contraprestação, ou mesmo a remoção da linha elétrica. Evitar a propositura de uma ação desprovida de elementos mínimos que a justifiquem, é precisamente o escopo do legislador ao prever a hipótese do art. 381, III, do Código de Processo Civil. O prévio conhecimento dos fatos, neste caso, não apenas pode justificar uma futura ação, como também pode evitá-la. Neste procedimento, conforme o § 4º do art. 382 do Código de Processo Civil, não se admitirá defesa ou recurso, salvo contra decisão que indeferir totalmente a produção da prova. A contestação apresentada, portanto, somente poderia ser conhecida se trouxesse matéria de ordem pública ou objeções processuais que pudessem levar ao indeferimento do pleito, o que não ocorreu. As alegações da ré não configuram defesa processual válida, mas sim uma resistência de mérito ao próprio direito da autora de obter a prova, o que reforça a procedência do pedido. Por fim, é dever da concessionária de serviço público, como a ré, manter e fornecer os registros e informações detalhadas sobre as obras que realiza, especialmente quando estas afetam diretamente a propriedade de terceiros. A recusa em fornecer tais documentos, além de violar os direitos do consumidor e do proprietário, gera suspeitas de que, de fato, existem irregularidades a serem esclarecidas, legitimando ainda mais a pretensão autoral. Portanto, determino que a ré COMPANHIA PAULISTA DE FORÇA E LUZ CPFL exiba, no prazo de 15 (quinze) dias, cópia integral e legível dos seguintes documentos e informações relacionados à instalação elétrica que atravessa a propriedade da autora (Fazenda Santa Amélia, Gleba "A", Matrícula nº 20.491) e que está vinculada à ligação nº 068221, código de instalação nº 533293: a) Cópia do documento de solicitação ou provocação para a realização da obra, e, na sua ausência, que esclareça se a obra foi realizada de ofício ou mediante solicitação de particular, informando o nome e os dados de qualificação do solicitante; b) Cópia do documento de autorização para a realização da obra, com a qualificação completa da pessoa que com ela anuiu; c) Cópia da Anotação de Responsabilidade Técnica ART, referente ao projeto e à execução da obra; d) Documento que ateste as datas de início e de término da obra, com todas as suas especificações; e) Todos os documentos relativos à eventual existência de Participação Financeira do Consumidor (PFC) no custeio da obra, especificando o beneficiário e o valor. Com a juntada dos documentos, tornem os autos conclusos para homologação da prova produzida. Int. - ADV: DOMINGOS ASSAD STOCCO (OAB 79539/SP), FLAVIO OLIMPIO DE AZEVEDO (OAB 34248/SP), MILENA PIRAGINE (OAB 178962/SP)

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Processo nº 1505909-58.2024.8.26.0114

ID: 335337423

Tribunal: TJSP Órgão: Foro de Campinas - 2ª Vara de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher Classe: AçãO PENAL - PROCEDIMENTO ORDINáRIO Nº Processo: 1505909-58.2024.8.26.0114

Data de Disponibilização: 28/07/2025

Polo Ativo:

Polo Passivo:

M. A. B.

Intimação

Advogados:

MARCELO CHELÍ DE LIMA

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

DIOGO ROSSI DE ALMEIDA

OAB/RJ XXXXXX Desbloquear

Processo 1505909-58.2024.8.26.0114 - Ação Penal - Procedimento Ordinário - Leve - M.A.B. - Vistos. 1. A denúncia formulada pelo Ministério Público descreve fato típico e antijurídico, estando acompan… Processo 1505909-58.2024.8.26.0114 - Ação Penal - Procedimento Ordinário - Leve - M.A.B. - Vistos. 1. A denúncia formulada pelo Ministério Público descreve fato típico e antijurídico, estando acompanhada de inquérito policial em que se angariou elementos probatórios indicativos, em cognição sumária, de indícios da prática do delito descrito na denúncia pelo acusado, conforme prova oral de fls. 12 e fotografias de fls. 13/15. Em breve análise, verifica-se ainda, que da denúncia não há inépcia e os fatos estão descritos de forma especificada, permitindo a ampla defesa, sem prejuízo de posterior análise quando da sentença. Por outro lado, não se mostra caracterizada de forma manifesta causa excludente da ilicitude do fato ou de culpabilidade do agente, sendo certo que não se vislumbra qualquer causa de extinção da punibilidade do agente. A defesa alega em sede preliminar: a) inépcia da denúncia diante da ausência de delimitação quanto a conduta que teria sido praticada pelo acusado no que tange ao crime de maus tratos, b) desclassificação do crime do contexto de violência doméstica contra a mulher e c) incompetência desta vara especializada para julgamento do feito, por ausência de questão de gênero. Quanto a preliminar alegada no item "a" esta deve ser afastada, posto que restou descrita na denúncia que o acusado teria agredido o animal (cachorro trazido pela vítima para a residência) ao expulsá-lo do local, fato este que permite perfeitamente o exercício do contraditório pela defesa do acusado. A preliminar descrita no item "b" merece igualmente ser afastada, posto que a agressão que a relação da vítima com o acusado (enteada / padrasto), caracteriza relação familiar a luz do disposto no art. 5.º, I, da Lei 11.340/06: "Art. 5º Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial: (...) I - no âmbito da unidade doméstica, compreendida como o espaço de convívio permanente de pessoas, com ou sem vínculo familiar, inclusive as esporadicamente agregadas". Ressalte-se que a caracterização da violência doméstica independe de situação de subordinação ou dominação de gênero, bastando que tenha ocorrido em contexto familiar, a teor da jurisprudência do C. Superior Tribunal de Justiça: "1. A aplicação da Lei Maria da Penha não requer a comprovação de subordinação ou dominação de gênero, bastando que a vítima seja mulher e a violência ocorra em contexto doméstico, familiar ou de relação íntima de afeto. 2. A presunção de vulnerabilidade da mulher no contexto de violência doméstica é suficiente para a aplicação da Lei Maria da Penha, sendo desnecessário analisar a motivação específica da conduta do agressor.". (STJ, AgRg no REsp n. 1.932.481/GO, Relator Ministro Messod Azulay Neto, Quinta Turma, julgado em 02/04/2025, DJEN de 08/04/2025). Diante de tais considerações, afasto a referida preliminar. Superado o entendimento de que o crime em análise é caracterizado como violência doméstica e familiar contra a mulher, logo se torna insubsistente a preliminar arguida pela defesa sobre a incompetência desta Vara para processamento e julgamento do feito, sob o fundamento de que as supostas agressões em face da vítima adolescente, teria apenas a intenção discipliná-la (ainda que tenha ocorrido algum excesso). Ademais, os argumentos da defesa se confundem com o mérito, de modo que serão melhor analisados em sede de sentença após realizada a instrução processual. Assim, resta também superada a preliminar referente ao item "c". As demais alegações expostas na defesa preliminar apresentada devem ser apreciadas após a regular instrução do processo, na medida em que, em mera cognição sumária da prova produzida no inquérito policial, existem indícios de autoria e materialidade delitiva. Desta forma, a teor do art. 399 do Código de Processo Penal, o recebimento da denúncia deve ser mantido, pois os requisitos legais de admissibilidade da ação penal estão configurados. Nestes termos, MANTENHO O RECEBIMENTO da denúncia formulada pelo Ministério Público do Estado de São Paulo. 2. Designo audiência de instrução, debates e julgamento para odia 1.º de outubro de 2025 às 14h30, providenciando-se as intimações e requisições necessárias,inclusive, a expedição de carta precatória, se o caso. A audiência será realizada por VIDEOCONFERÊNCIA, via Microsoft TEAMS, na forma do comunicado n. 284/2020, da Corregedoria Geral da Justiça, salvo se uma das partes apresentar objeção fundamentada, no prazo de 5 dias contados da publicação desta decisão, hipótese em que a audiência será realizada de forma presencial. O programa Microsoft TEAMS não precisa estar instalado no computador das partes, advogados e testemunhas e pode ser utilizado via computador ou smartphone, com observância de todas as garantias inerentes ao devido processo legal, inclusive o direito de entrevista prévia e reservada entre acusado e defensor. Assim, intimem-se réu, defensor, vítima e testemunhas para que forneçam o contato telefônico e os respectivos endereços de e-mail. Deverá o Sr. Oficial de Justiça perguntar ao intimado se ele possui aparelho eletrônico e conexão à internet que permita a sua participação na audiência por videoconferência, certificar o número do seu telefone celular (ou um outro de contato, se não possuir) e o e-mail pessoal (ou de terceiro que possa utilizar para acessar o link da audiência virtual, se não possuir próprio). Caso o intimado não possua aparelho eletrônico e conexão à internet, deverá ser orientado a comparecer ao Cartório da Vara da Violência Doméstica, no dia e horário agendados para participação pessoal ao ato. Após, será enviado por e-mail o link para participação da reunião virtual ao Ministério Público, Defensoria Pública, advogados, testemunhas e acusado. No dia e horário agendados, as partes, defensores e testemunhas deverão ingressar, pontualmente, na audiência virtual por meio do link informado no e-mail, com vídeo e áudio habilitados, e aguardar sua admissão na reunião. A vítima, as testemunhas e o réu deverão ser comunicados pelo Oficial de Justiça de que deverão exibir documento pessoal (RG ou CNH) no momento em que forem ser ouvidos na audiência virtual. 3. Solicita-se à Defesa do réu que, estando ele solto, com ele entre em contato, pessoal ou telefônico, antes da data da audiência, para que esta possa ter início no horário programado. E, estando, porém, o réu preso solicita-se à Defensa do réu que requeira entrevista por videoconferência com o acusado junto à Unidade Prisional onde ele estiver preso, devendo assim proceder antes da data designada para a realização da audiência. O contato prévio entre defesa e réu contribui para que este Juízo possa iniciar as audiências dentro do horário marcado e garante que a Defesa oriente cuidadosamente o acusado. 4. Diligencie-se junto ao sítio da Polícia Científica acerca de eventual laudo faltante, o qual deverá ser juntado aos autos. Havendo laudos faltantes, e não sendo localizados pela pesquisa, oficie-se à autoridade policial competente (inclusive via e-mail), requisitando-os e certificando a serventia acerca de todos os laudos até 10 (dez) dias antes da audiência acima designada. 5. Caso a(s) vítima(s), testemunha(s) e/ou o(s) réu(s) a ser(em) intimado(s) resida(m) em uma das comarcas pertencentes à Central Compartilhada, expeça-se o necessário mandado, ficando autorizado o cumprimento com prazo urgente plantão. Registro que a necessidade de se dar cumprimento com urgência se deve ao fato de a presente vara especializada possuir extensa pauta de audiências e poucos servidores para darem cumprimento aos milhares de atos praticados mensalmente, situação que muitas vezes impede que os mandados sejam expedidos com a antecedência que seria desejada. Servirá o presente, por cópia digitada, como MANDADO/OFÍCIO/CARTA PRECATÓRIA. Intimem-se. - ADV: MARCELO CHELÍ DE LIMA (OAB 391675/SP), DIOGO ROSSI DE ALMEIDA (OAB 203816/RJ)

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Processo nº 2188444-12.2025.8.26.0000

ID: 319956271

Tribunal: TJSP Órgão: Processamento 7º Grupo - 13ª Câmara Direito Criminal - Rua da Glória, 459 - 10º andar Classe: HABEAS CORPUS CRIMINAL Nº Processo: 2188444-12.2025.8.26.0000

Data de Disponibilização: 10/07/2025

Polo Ativo:

GABRIEL FRANCISCO ALVES HELTON PAULO MARQUES JULIA ANGELO RAFACHO PAULO HENRIQUE ALMEIDA DA SILVA

Polo Passivo:

Despacho

Advogados:

GABRIEL FRANCISCO ALVES

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DESPACHO Nº 2188444-12.2025.8.26.0000 - Processo Digital. Petições para juntada devem ser apresentadas exclusivamente por meio eletrônico, nos termos do artigo 7º da Res. 551/2011 - Habeas Corpus … DESPACHO Nº 2188444-12.2025.8.26.0000 - Processo Digital. Petições para juntada devem ser apresentadas exclusivamente por meio eletrônico, nos termos do artigo 7º da Res. 551/2011 - Habeas Corpus Criminal - Hortolândia - Paciente: Paulo Henrique Almeida da Silva - Impetrante: Gabriel Francisco Alves - Impetrante: Helton Paulo Marques - Impetrante: Julia Angelo Rafacho - Vistos. Trata-se de habeas corpus, com pedido liminar, impetrado pelos advogados Helton Paulo Marques, Gabriel Francisco Alves e Julia Angelo Rafacho em favor de Paulo Henrique Almeida da Silva, contra ato do Juízo de Direito da 1ª Vara Criminal da Comarca de Hortolândia, consistente na decisão que converteu a prisão em flagrante do paciente em preventiva (autos nº 1504745-58.2024.8.26.0114). De saída, apontam ilegalidade da prisão em flagrante, uma vez que os policiais invadiram o domicílio do paciente sem que houvesse a fundada suspeita exigida para excepcionar o ingresso no domicílio do paciente sem mandado de busca e apreensão e/ou autorização regular do morador, de modo que o encontro a posteriori de drogas no interior do imóvel, mediante conduta inadequada da autoridade policial, invalida toda a prova produzida, conforme consagra a teoria dos frutos da árvore envenenada (art. 5º, LVI, da Constituição Federal) e a garantia fundamental da inviolabilidade do domicílio (art. artigo 5º, inciso XI, da Constituição Federal). Também se referem à ocorrência de abuso de autoridade, pois a invasão ocorreu durante o período noturno, entre 22:00 e 06:00 horas, horário expressamente proibido pela lei e pela jurisprudência. Frisam que a mera alegação de flagrância [desacompanhada de fundadas razões previamente identificadas] e o argumento da presunção de veracidade dos relatos prestados pelos agentes de segurança pública são insuficientes para legitimar a medida extrema da violação ao domicílio ocorrida no caso dos autos, já que os policiais somente abordaram o paciente por terem supostamente sentido cheiro de maconha, e, após nada com ele encontrarem na busca pessoal, sem mandado de busca e apreensão e sem o seu consentimento, invadiram sua residência sem que houvesse qualquer indício de que nela havia drogas. De outro vértice, também se insurgem contra os fundamentos ensejadores da prisão preventiva, sustentando a ausência das hipóteses previstas no artigo 312 do Código de Processo Penal. Sustentam que o paciente é primário, possui residência fixa e trabalho lícito, sem qualquer histórico delitivo, não representando, portanto, qualquer risco para a ordem pública, nem para o andamento do processo. Concluem, assim, que não restou suficientemente demonstrada a necessidade de segregação cautelar do paciente para assegurar a conveniência da instrução criminal ou para se garantir a aplicação da lei penal, e, muito menos, para a garantia da ordem pública, cuja expressão é vaga, de conteúdo indeterminado, comportando, por vezes, definições levianas, considerando quaisquer fatores como fundamento para garantia da ordem pública, como ocorre no caso em tela, caracterizando-se a prisão do coacto como nítida antecipação de pena. Nesse ponto, frisam o caráter excepcional que recai sobre a prisão cautelar, entendendo pela suficiência da aplicação de medidas cautelares diversas da prisão, diante da ausência, no caso, dos requisitos justificadores da prisão preventiva. Postulam, destarte, a expedição de alvará de soltura em favor do paciente, para que ele possa responder a instrução criminal em liberdade. Subsidiariamente, pugnam a conversão da prisão preventiva em outra(s) medida(s) cautelar(es) menos gravosas, previstas no artigo 319 do Código de Processo Penal (fls. 01/12). Eis a síntese do quanto importa. Depreende-se dos autos que o paciente foi preso em flagrante no último dia 16 de junho, por volta das 02:30 horas, em razão da suposta prática do delito de tráfico de drogas, eis que guardava e mantinha em depósito um tijolo de maconha, com peso bruto de 1,414 quilogramas. Elementos informativos subsidiados ao expediente criminal subjacente assinalam que, durante patrulhamento, policiais militares sentiram odor de maconha, avistando o paciente na frente de uma casa. Ao ser revistado, nada de ilícito foi encontrado em seu poder. Contudo, ao se aproximarem do portão do imóvel, o odor de maconha aumentou e durante conversas com o abordado, ele teria informado que armazenava maconha em sua casa, esclarecendo que comprava a droga na cidade de Campinas e a revendia na cidade de Hortolândia. Durante vistorias no interior da casa, localizaram cerca de 1,4 kg de substância aparentando maconha, bem como balanças de precisão e utensílios para fracionar o entorpecente. Na delegacia, o paciente declarou que estava na frente de sua casa e ouviu barulho na frente do imóvel, verificando que eram amigos, tendo saído para conversar com eles, quando, em dado momento, foram abordados por policiais militares. Ao perguntarem se tinha algo ilícito na casa, inicialmente negou, mas, após algum tempo, contou-lhes que tinha maconha esfarelada para seu uso, tendo-lhes autorizado a entrarem na casa, e mostrado onde estava a droga. Esclareceu que as balanças apreendidas são utilizadas para saber a quantidade exata quando compra a droga. Negou a venda de entorpecente, afirmando que não tinha embalagem para fracionar a droga em porções, e que a embalagem encontrada é para armazenagem das substâncias que tem guardado. Não sofreu maus tratos policial. Diante dos fatos, foi-lhe dada voz de prisão. A autoridade policial, para quem o paciente foi apresentado, ratificou a voz de prisão, procedendo, na sequência, à lavratura do respectivo auto. Com a comunicação do flagrante, a autoridade judiciária afirmou a sua legalidade e, na mesma ocasião, converteu a prisão em preventiva. A defesa do paciente, mediante argumentos semelhantes ao desta impetração [nulidade da busca domiciliar e ausência dos requisitos à prisão preventiva], pleiteou a revogação da prisão preventiva, ou a aplicação de medidas cautelares diversas da prisão, pedido este que, após manifestação contrária do mistério público, foi indeferido pelo juízo apontado como autoridade coatora. Por ora, os autos aguardam o término do inquérito policial. Pois bem, a concessão de liminar, em sede de habeas corpus, exige prova inequívoca do constrangimento ilegal, aferível primo ictu oculi. Acontece que os estreitos limites da cognição sumária inerentes a esta pretensão não autorizam, desde logo, chegar a essa conclusão. As questões levantadas quanto à ilicitude probatória decorrente de invasão de domicílio, por demandarem revolvimento probatório, não se mostram compatíveis com a aferição limitada deste momento e no âmbito estreito desta impetração. De toda sorte, verifica-se que a questão foi afastada quando da audiência de custódia, ao fundamento de que: (a) existiu circunstância externa (forte cheiro de maconha no local) que ensejou fundada suspeita, (b) houve autorização do custodiado, quem fraqueou a entrada dos policiais e (c) o tráfico de drogas é espécie de crime permanente. No mais, a decisão atacada destacou particularidades relacionadas com os termos da imputação [prova da materialidade delitiva e indícios suficientes de autoria, bem como da finalidade comercial da conduta], as quais justificam, em um exame preliminar, a imposição da custódia pessoal, restritiva da liberdade. O fumus boni iuris depreende-se dos elementos informativos colhidos na fase preliminar da persecução (auto de exibição e apreensão, laudo de constatação provisória e depoimentos). E diversamente do alegado pelo impetrante, o periculum libertatis tem contornos bastante definidos nos autos. Apesar do paciente alegar ser primário, possuir residência fixa e trabalho lícito, forçoso convir que a decisão visou proteger a ordem pública. Assente na jurisprudência que a presença de circunstâncias subjetivas favoráveis, por si só, não impede a imposição de prisão preventiva, sobretudo quando atendidos os requisitos legais. No presente caso, conforme constou da decisão atacada, chama atenção a quantidade de droga apreendida (1 quilo e 400 gramas de maconha). Pelo que consta dos autos, foram apreendidos 1 tijolo de maconha, além de duas balanças, faca, e pote de plástico, apetrechos típicos de fracionamento de entorpecentes para venda. Tais circunstâncias, ao menos por ora, sugerem alguma peculiaridade do contexto, pois não se trata de um episódio corriqueiro e tampouco relacionado a um acontecimento fortuito, banal e sem nenhuma importância. Não bastasse, a autoridade dita como coatora também reputou insuficiente a fixação de medidas cautelares alternativas, ao fundamento de que o paciente parece fazer do crime meio de vida. Diante das circunstâncias da prisão é possível depreender que ele se dedica a atividades delitivas. Destarte, considerando indícios concretos de autoria e materialidade delitiva, por ora, não se vislumbra constrangimento ilegal na decisão que decretou a prisão preventiva do paciente sob o fundamento do acautelamento da ordem pública. Por tais argumentos, indefiro a liminar pleiteada. Requisitem-se informações à autoridade judicial a quo. Depois, à Procuradoria Geral de Justiça. Só então voltem-me conclusos para a análise do final deste writ. - Magistrado(a) Luís Geraldo Lanfredi - Advs: Gabriel Francisco Alves (OAB: 392532/SP) - 10º Andar

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Graciele Cristina Fonseca Soares x Cpfl Energia S.A.

ID: 280340989

Tribunal: TJSP Órgão: Foro de Campinas - 9ª Vara Cível Classe: PROCEDIMENTO COMUM CíVEL Nº Processo: 1034489-58.2024.8.26.0114

Data de Disponibilização: 27/05/2025

Polo Ativo:

GRACIELE CRISTINA FONSECA SOARES

Polo Passivo:

CPFL ENERGIA S.A.

Intimação

Advogados:

MARCOS CESAR CHAGAS PEREZ

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ALINE CRISTINA PANZA MAINIERI

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ADV: Marcos Cesar Chagas Perez (OAB 123817/SP), Aline Cristina Panza Mainieri (OAB 153176/SP) Processo 1034489-58.2024.8.26.0114 - Procedimento Comum Cível - Reqte: Graciele Cristina Fonseca Soares -… ADV: Marcos Cesar Chagas Perez (OAB 123817/SP), Aline Cristina Panza Mainieri (OAB 153176/SP) Processo 1034489-58.2024.8.26.0114 - Procedimento Comum Cível - Reqte: Graciele Cristina Fonseca Soares - Reqdo: CPFL ENERGIA S.A. - Vistos etc. GRACIELE CRISTINA FONSECA SOARES, qualificada nos autos, ajuizou a presente Ação de Danos Morais c.c. Inexistência de Débitos com Pedido de Tutela de Urgência em face de CPFL - COMPANHIA PAULISTA DE FORÇA E LUZ, igualmente qualificada, alegando, em síntese, que teve seu nome negativado indevidamente pela ré por débitos que desconhece. Afirma que, ao tentar realizar compras, foi surpreendida com a informação da negativação junto ao Serasa, referente a supostas contas de energia elétrica não pagas. Sustenta não possuir qualquer débito com a empresa requerida e que não obteve resposta sobre a origem das cobranças ao contatar a CPFL. Requereu, liminarmente, a exclusão de seu nome dos cadastros de inadimplentes e, no mérito, a declaração de inexistência dos débitos, a condenação da ré ao pagamento de indenização por danos morais no valor de R$ 15.000,00, além da exclusão definitiva de seu nome dos órgãos de proteção ao crédito. Pleiteou os benefícios da justiça gratuita e informou desinteresse na audiência de conciliação. Juntou documentos. A tutela de urgência foi deferida para suspender as negativações existentes em nome da autora, pertinentes aos contratos e valores especificados na decisão. Foi deferida a gratuidade de justiça à autora. Citada, a ré apresentou contestação (fls. 36-46). Preliminarmente, requereu a retificação do polo passivo para constar COMPANHIA PAULISTA DE FORÇA E LUZ (CPFL Paulista), alegando ser esta a responsável pelo fornecimento de energia na região da autora. No mérito, sustentou a legitimidade dos débitos, afirmando que a autora foi titular da unidade consumidora nº 33470260, localizada em Marília/SP, no período de 28/07/2022 a 26/01/2023, período ao qual se referem as faturas inadimplidas que deram origem à negativação. Alegou que a autora foi devidamente notificada sobre os débitos. Argumentou, ainda, a inexistência de danos morais, inclusive pela aplicação da Súmula 385 do STJ, uma vez que a autora possuiria outras negativações preexistentes. Requereu a total improcedência da ação. Juntou documentos, incluindo telas sistêmicas e cópias das faturas. Houve réplica (fls. 134-146). A autora impugnou a alegação de captação irregular de clientes e litigância de má-fé. Reiterou o desconhecimento dos débitos e da contratação, afirmando que a ré não apresentou termo de habilitação ou contrato de energia elétrica em seu nome. Impugnou as telas sistêmicas e as faturas apresentadas pela ré, alegando serem documentos unilaterais e que não comprovam a relação jurídica. Sustentou a ocorrência de fraude e a responsabilidade objetiva da ré. Insistiu na ocorrência de danos morais in re ipsa e na não aplicação da Súmula 385 do STJ. Instadas a especificarem provas, a ré requereu o depoimento pessoal da autora, expedição de ofícios aos órgãos de proteção ao crédito e a intimação da autora para apresentar contas-faturas de energia elétrica da unidade consumidora onde residia à época dos débitos, além de reiterar o pedido de mandado de constatação. A autora, por sua vez, manifestou desinteresse na produção de outras provas, pugnando pelo julgamento antecipado da lide. Em petição de fls. 151-152, a ré informou a constituição de novos procuradores, com requerimento de que as intimações futuras fossem feitas exclusivamente em nome dos advogados indicados. É o relatório. Fundamento e decido. A preliminar de retificação do polo passivo merece acolhimento, conforme requerido pela CPFL Paulista (fls. 36) e documentos que instruem a contestação (fls. 47-76), devendo constar COMPANHIA PAULISTA DE FORÇA E LUZ, CNPJ nº 33.050.196/0001-88, em vez de CPFL Energia S.A., CNPJ nº 02.429.144/0001-93. Proceda-se à devida alteração no sistema. O feito comporta julgamento antecipado, nos termos do artigo 355, inciso I, do Código de Processo Civil, pois a matéria em debate é eminentemente de direito e os fatos relevantes para o deslinde da controvérsia encontram-se suficientemente comprovados pelos documentos acostados aos autos, sendo desnecessária a produção de outras provas. O depoimento pessoal da autora e o mandado de constatação, requeridos pela ré, não se mostram úteis ao deslinde da causa, considerando a natureza da controvérsia e os documentos já carreados. Importante aqui salientar que, conforme recomendação do Núcleo de Monitoramento de Perfis de Demanda -NUMOPEDEda Corregedoria Geral da Justiçado Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, que editou os Comunicados CG nºs 02, 1046, 1528, 1529/2017 e 424/2024, foi determinada a tomada de cautelas pelos juízes em determinadas ações, quando constatadas algumas das práticas relacionadas. Em consulta ao sistema SAJ, verifico que o patrono da parte autora possui dezenas de ações distribuídas, em todas as varas cíveis dessa Comarca. Ademais, adotando as boas práticas veiculadas no Comunicado CG nº 647/2023, item 5: "Apreciar se é o caso de inversão do ônus da prova,especialmente se, diante das provas produzidas, houve comprovação satisfatória da verossimilhança dos fatos alegados pelo autor em sua inicial e se não há necessidade de documentos adicionais, sobretudo quando cumulado pedido de gratuidade de justiça". Assim, diante de todo histórico apresentado, passo a analisar criteriosamente apresente ação. A controvérsia reside na legitimidade dos débitos imputados à autora e na regularidade da negativação de seu nome em órgãos de proteção ao crédito. A autora nega a existência da dívida e a própria relação contratual que a originou. A ré, por sua vez, alega que a autora foi titular da unidade consumidora localizada na Rua Thomaz Alcalde, 964 FD, Marília/SP, instalação nº 33470260, entre 28/07/2022 e 26/01/2023. Apresentou telas de seu sistema interno indicando a referida titularidade (fls. 38), bem como o detalhamento das faturas em aberto (fls. 38 e 118-123). Os débitos questionados na inicial (R$ 171,52, R$ 148,22, R$ 196,87, R$ 212,37 e R$ 155,56, com vencimentos em 28/10/2022, 28/11/2022, 28/12/2022, 30/01/2023 e 28/02/2023, respectivamente) correspondem às faturas apresentadas pela ré referentes aos meses de setembro/2022 a janeiro/2023 para a citada unidade consumidora. Embora a autora impugne as telas sistêmicas e as faturas como provas unilaterais, estas, quando corroboradas por outros elementos, podem demonstrar a existência da relação jurídica. Pondero que o endereço da unidade consumidora é localizado no mesma cidade de residência da autora. A inversão do ônus da prova, prevista no art. 6º, VIII, do CDC, não isenta a parte autora de comprovar minimamente os fatos constitutivos de seu direito, conforme art. 373, I, do CPC. A autora alega desconhecer o débito e a unidade consumidora, mas não apresenta qualquer elemento que infirme a titularidade indicada pela ré para o período em questão. A simples negativa genérica, diante dos documentos apresentados pela concessionária, que indicam a titularidade e o consumo, não é suficiente para afastar a presunção de legitimidade dos débitos. Ademais, a ré demonstrou que a autora possui diversas outras anotações em seu nome nos órgãos de proteção ao crédito, inclusive anteriores e posteriores às negativações ora discutidas, por débitos diversos e com credores distintos (fls. 39 e 124-128). Tal fato atrai a incidência da Súmula 385 do Superior Tribunal de Justiça, que dispõe: "Da anotação irregular em cadastro de proteção ao crédito, não cabe indenização por dano moral, quando preexistente legítima inscrição, ressalvado o direito ao cancelamento". A autora, em réplica, argumenta a não aplicação da Súmula 385 do STJ, citando julgados que afastam sua incidência quando os apontamentos são posteriores. No entanto, as certidões de fls. 26/27 e fls. 124/128 (juntadas pela ré) indicam a existência de múltiplas pendências financeiras e bancárias em nome da autora, algumas com datas de ocorrência anteriores às negativações objeto desta ação. Assim, diante da comprovação da relação contratual no período dos débitos e da existência de faturas não quitadas, não há que se falar em declaração de inexistência dos valores cobrados. Consequentemente, a negativação do nome da autora configura exercício regular de direito da credora, não havendo ato ilícito a ensejar a reparação por danos morais. Ainda que assim não fosse, as prévias e legítimas inscrições em nome da autora afastariam o dano moral, nos termos da Súmula 385 do STJ. Ante o exposto, e por tudo mais que dos autos consta, JULGO IMPROCEDENTES os pedidos formulados por GRACIELE CRISTINA FONSECA SOARES em face de COMPANHIA PAULISTA DE FORÇA E LUZ, revogando a tutela de urgência anteriormente concedida. Sucumbente, condeno a autora ao pagamento das custas, despesas processuais e honorários advocatícios, que fixo em 10% (dez por cento) sobre o valor atualizado da causa, nos termos do artigo 85, §2º, do Código de Processo Civil, observada a gratuidade de justiça concedida (art. 98, §3º, do CPC). Transitada em julgado, oficie-se ao SERASA para restabelecimento das negativações que haviam sido suspensas por força da liminar. P.I.C.

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Graciele Cristina Fonseca Soares x Cpfl Energia S.A.

ID: 280444337

Tribunal: TJSP Órgão: Foro de Campinas - 9ª Vara Cível Classe: PROCEDIMENTO COMUM CíVEL Nº Processo: 1034489-58.2024.8.26.0114

Data de Disponibilização: 27/05/2025

Polo Ativo:

GRACIELE CRISTINA FONSECA SOARES

Polo Passivo:

CPFL ENERGIA S.A.

Intimação

Advogados:

MARCOS CESAR CHAGAS PEREZ

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

ALINE CRISTINA PANZA MAINIERI

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ADV: Marcos Cesar Chagas Perez (OAB 123817/SP), Aline Cristina Panza Mainieri (OAB 153176/SP) Processo 1034489-58.2024.8.26.0114 - Procedimento Comum Cível - Reqte: Graciele Cristina Fonseca Soares -… ADV: Marcos Cesar Chagas Perez (OAB 123817/SP), Aline Cristina Panza Mainieri (OAB 153176/SP) Processo 1034489-58.2024.8.26.0114 - Procedimento Comum Cível - Reqte: Graciele Cristina Fonseca Soares - Reqdo: CPFL ENERGIA S.A. - Vistos etc. GRACIELE CRISTINA FONSECA SOARES, qualificada nos autos, ajuizou a presente Ação de Danos Morais c.c. Inexistência de Débitos com Pedido de Tutela de Urgência em face de CPFL - COMPANHIA PAULISTA DE FORÇA E LUZ, igualmente qualificada, alegando, em síntese, que teve seu nome negativado indevidamente pela ré por débitos que desconhece. Afirma que, ao tentar realizar compras, foi surpreendida com a informação da negativação junto ao Serasa, referente a supostas contas de energia elétrica não pagas. Sustenta não possuir qualquer débito com a empresa requerida e que não obteve resposta sobre a origem das cobranças ao contatar a CPFL. Requereu, liminarmente, a exclusão de seu nome dos cadastros de inadimplentes e, no mérito, a declaração de inexistência dos débitos, a condenação da ré ao pagamento de indenização por danos morais no valor de R$ 15.000,00, além da exclusão definitiva de seu nome dos órgãos de proteção ao crédito. Pleiteou os benefícios da justiça gratuita e informou desinteresse na audiência de conciliação. Juntou documentos. A tutela de urgência foi deferida para suspender as negativações existentes em nome da autora, pertinentes aos contratos e valores especificados na decisão. Foi deferida a gratuidade de justiça à autora. Citada, a ré apresentou contestação (fls. 36-46). Preliminarmente, requereu a retificação do polo passivo para constar COMPANHIA PAULISTA DE FORÇA E LUZ (CPFL Paulista), alegando ser esta a responsável pelo fornecimento de energia na região da autora. No mérito, sustentou a legitimidade dos débitos, afirmando que a autora foi titular da unidade consumidora nº 33470260, localizada em Marília/SP, no período de 28/07/2022 a 26/01/2023, período ao qual se referem as faturas inadimplidas que deram origem à negativação. Alegou que a autora foi devidamente notificada sobre os débitos. Argumentou, ainda, a inexistência de danos morais, inclusive pela aplicação da Súmula 385 do STJ, uma vez que a autora possuiria outras negativações preexistentes. Requereu a total improcedência da ação. Juntou documentos, incluindo telas sistêmicas e cópias das faturas. Houve réplica (fls. 134-146). A autora impugnou a alegação de captação irregular de clientes e litigância de má-fé. Reiterou o desconhecimento dos débitos e da contratação, afirmando que a ré não apresentou termo de habilitação ou contrato de energia elétrica em seu nome. Impugnou as telas sistêmicas e as faturas apresentadas pela ré, alegando serem documentos unilaterais e que não comprovam a relação jurídica. Sustentou a ocorrência de fraude e a responsabilidade objetiva da ré. Insistiu na ocorrência de danos morais in re ipsa e na não aplicação da Súmula 385 do STJ. Instadas a especificarem provas, a ré requereu o depoimento pessoal da autora, expedição de ofícios aos órgãos de proteção ao crédito e a intimação da autora para apresentar contas-faturas de energia elétrica da unidade consumidora onde residia à época dos débitos, além de reiterar o pedido de mandado de constatação. A autora, por sua vez, manifestou desinteresse na produção de outras provas, pugnando pelo julgamento antecipado da lide. Em petição de fls. 151-152, a ré informou a constituição de novos procuradores, com requerimento de que as intimações futuras fossem feitas exclusivamente em nome dos advogados indicados. É o relatório. Fundamento e decido. A preliminar de retificação do polo passivo merece acolhimento, conforme requerido pela CPFL Paulista (fls. 36) e documentos que instruem a contestação (fls. 47-76), devendo constar COMPANHIA PAULISTA DE FORÇA E LUZ, CNPJ nº 33.050.196/0001-88, em vez de CPFL Energia S.A., CNPJ nº 02.429.144/0001-93. Proceda-se à devida alteração no sistema. O feito comporta julgamento antecipado, nos termos do artigo 355, inciso I, do Código de Processo Civil, pois a matéria em debate é eminentemente de direito e os fatos relevantes para o deslinde da controvérsia encontram-se suficientemente comprovados pelos documentos acostados aos autos, sendo desnecessária a produção de outras provas. O depoimento pessoal da autora e o mandado de constatação, requeridos pela ré, não se mostram úteis ao deslinde da causa, considerando a natureza da controvérsia e os documentos já carreados. Importante aqui salientar que, conforme recomendação do Núcleo de Monitoramento de Perfis de Demanda -NUMOPEDEda Corregedoria Geral da Justiçado Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, que editou os Comunicados CG nºs 02, 1046, 1528, 1529/2017 e 424/2024, foi determinada a tomada de cautelas pelos juízes em determinadas ações, quando constatadas algumas das práticas relacionadas. Em consulta ao sistema SAJ, verifico que o patrono da parte autora possui dezenas de ações distribuídas, em todas as varas cíveis dessa Comarca. Ademais, adotando as boas práticas veiculadas no Comunicado CG nº 647/2023, item 5: "Apreciar se é o caso de inversão do ônus da prova,especialmente se, diante das provas produzidas, houve comprovação satisfatória da verossimilhança dos fatos alegados pelo autor em sua inicial e se não há necessidade de documentos adicionais, sobretudo quando cumulado pedido de gratuidade de justiça". Assim, diante de todo histórico apresentado, passo a analisar criteriosamente apresente ação. A controvérsia reside na legitimidade dos débitos imputados à autora e na regularidade da negativação de seu nome em órgãos de proteção ao crédito. A autora nega a existência da dívida e a própria relação contratual que a originou. A ré, por sua vez, alega que a autora foi titular da unidade consumidora localizada na Rua Thomaz Alcalde, 964 FD, Marília/SP, instalação nº 33470260, entre 28/07/2022 e 26/01/2023. Apresentou telas de seu sistema interno indicando a referida titularidade (fls. 38), bem como o detalhamento das faturas em aberto (fls. 38 e 118-123). Os débitos questionados na inicial (R$ 171,52, R$ 148,22, R$ 196,87, R$ 212,37 e R$ 155,56, com vencimentos em 28/10/2022, 28/11/2022, 28/12/2022, 30/01/2023 e 28/02/2023, respectivamente) correspondem às faturas apresentadas pela ré referentes aos meses de setembro/2022 a janeiro/2023 para a citada unidade consumidora. Embora a autora impugne as telas sistêmicas e as faturas como provas unilaterais, estas, quando corroboradas por outros elementos, podem demonstrar a existência da relação jurídica. Pondero que o endereço da unidade consumidora é localizado no mesma cidade de residência da autora. A inversão do ônus da prova, prevista no art. 6º, VIII, do CDC, não isenta a parte autora de comprovar minimamente os fatos constitutivos de seu direito, conforme art. 373, I, do CPC. A autora alega desconhecer o débito e a unidade consumidora, mas não apresenta qualquer elemento que infirme a titularidade indicada pela ré para o período em questão. A simples negativa genérica, diante dos documentos apresentados pela concessionária, que indicam a titularidade e o consumo, não é suficiente para afastar a presunção de legitimidade dos débitos. Ademais, a ré demonstrou que a autora possui diversas outras anotações em seu nome nos órgãos de proteção ao crédito, inclusive anteriores e posteriores às negativações ora discutidas, por débitos diversos e com credores distintos (fls. 39 e 124-128). Tal fato atrai a incidência da Súmula 385 do Superior Tribunal de Justiça, que dispõe: "Da anotação irregular em cadastro de proteção ao crédito, não cabe indenização por dano moral, quando preexistente legítima inscrição, ressalvado o direito ao cancelamento". A autora, em réplica, argumenta a não aplicação da Súmula 385 do STJ, citando julgados que afastam sua incidência quando os apontamentos são posteriores. No entanto, as certidões de fls. 26/27 e fls. 124/128 (juntadas pela ré) indicam a existência de múltiplas pendências financeiras e bancárias em nome da autora, algumas com datas de ocorrência anteriores às negativações objeto desta ação. Assim, diante da comprovação da relação contratual no período dos débitos e da existência de faturas não quitadas, não há que se falar em declaração de inexistência dos valores cobrados. Consequentemente, a negativação do nome da autora configura exercício regular de direito da credora, não havendo ato ilícito a ensejar a reparação por danos morais. Ainda que assim não fosse, as prévias e legítimas inscrições em nome da autora afastariam o dano moral, nos termos da Súmula 385 do STJ. Ante o exposto, e por tudo mais que dos autos consta, JULGO IMPROCEDENTES os pedidos formulados por GRACIELE CRISTINA FONSECA SOARES em face de COMPANHIA PAULISTA DE FORÇA E LUZ, revogando a tutela de urgência anteriormente concedida. Sucumbente, condeno a autora ao pagamento das custas, despesas processuais e honorários advocatícios, que fixo em 10% (dez por cento) sobre o valor atualizado da causa, nos termos do artigo 85, §2º, do Código de Processo Civil, observada a gratuidade de justiça concedida (art. 98, §3º, do CPC). Transitada em julgado, oficie-se ao SERASA para restabelecimento das negativações que haviam sido suspensas por força da liminar. P.I.C.

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