Como buscar processos judiciais?

Digite o nome da pessoa, número do processo, OAB do advogado ou qualquer termo relacionado ao processo judicial na barra de busca.

O que são intimações e editais?

Intimações são notificações oficiais sobre movimentações no processo. Editais são publicações oficiais sobre prazos, audiências e outras informações importantes.

Como monitorar um processo?

Faça login e assine o plano premium para monitorar até 5 processos e receber notificações automáticas sobre novas movimentações.

Como buscar processos judiciais?

Digite o nome da pessoa, número do processo, OAB do advogado ou qualquer termo relacionado ao processo judicial na barra de busca.

O que são intimações e editais?

Intimações são notificações oficiais sobre movimentações no processo. Editais são publicações oficiais sobre prazos, audiências e outras informações importantes.

Como monitorar um processo?

Faça login e assine o plano premium para monitorar até 5 processos e receber notificações automáticas sobre novas movimentações.

Como buscar processos judiciais?

Digite o nome da pessoa, número do processo, OAB do advogado ou qualquer termo relacionado ao processo judicial na barra de busca.

O que são intimações e editais?

Intimações são notificações oficiais sobre movimentações no processo. Editais são publicações oficiais sobre prazos, audiências e outras informações importantes.

Como monitorar um processo?

Faça login e assine o plano premium para monitorar até 5 processos e receber notificações automáticas sobre novas movimentações.

Como buscar processos judiciais?

Digite o nome da pessoa, número do processo, OAB do advogado ou qualquer termo relacionado ao processo judicial na barra de busca.

O que são intimações e editais?

Intimações são notificações oficiais sobre movimentações no processo. Editais são publicações oficiais sobre prazos, audiências e outras informações importantes.

Como monitorar um processo?

Faça login e assine o plano premium para monitorar até 5 processos e receber notificações automáticas sobre novas movimentações.

Como buscar processos judiciais?

Digite o nome da pessoa, número do processo, OAB do advogado ou qualquer termo relacionado ao processo judicial na barra de busca.

O que são intimações e editais?

Intimações são notificações oficiais sobre movimentações no processo. Editais são publicações oficiais sobre prazos, audiências e outras informações importantes.

Como monitorar um processo?

Faça login e assine o plano premium para monitorar até 5 processos e receber notificações automáticas sobre novas movimentações.

Como buscar processos judiciais?

Digite o nome da pessoa, número do processo, OAB do advogado ou qualquer termo relacionado ao processo judicial na barra de busca.

O que são intimações e editais?

Intimações são notificações oficiais sobre movimentações no processo. Editais são publicações oficiais sobre prazos, audiências e outras informações importantes.

Como monitorar um processo?

Faça login e assine o plano premium para monitorar até 5 processos e receber notificações automáticas sobre novas movimentações.

"1002766-96.2022.8.26.0629" - Resultados da Busca – Página 54 de 54

Enio Roberto Vicentin x Denner De Barros E Mascarenhas Barbosa

ID: 261980720

Tribunal: TJRO Órgão: Presidente Médici - Vara Única Classe: PROCEDIMENTO DO JUIZADO ESPECIAL CíVEL Nº Processo: 7000401-96.2025.8.22.0006

Data de Disponibilização: 29/04/2025

Polo Ativo:

ENIO ROBERTO VICENTIN

Polo Passivo:

DENNER DE BARROS E MASCARENHAS BARBOSA

Sentença

Advogados:

PABLO RIBEIRO BECHER

OAB/RO XXXXXX Desbloquear

DENNER DE BARROS E MASCARENHAS BARBOSA

OAB/RO XXXXXX Desbloquear

PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DE RONDÔNIA Tribunal de Justiça Presidente Médici - Vara Única Av. Castelo Branco, nº 2667, Bairro Centro, CEP 76916-000, Presidente Médici, fone: (69) 3309-8171. AUTOS: 70… PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DE RONDÔNIA Tribunal de Justiça Presidente Médici - Vara Única Av. Castelo Branco, nº 2667, Bairro Centro, CEP 76916-000, Presidente Médici, fone: (69) 3309-8171. AUTOS: 7000401-96.2025.8.22.0006 CLASSE: Procedimento do Juizado Especial Cível AUTOR: ENIO ROBERTO VICENTIN, RUA NOVA BRASILIA 2886 CENTRO - 76916-000 - PRESIDENTE MÉDICI - RONDÔNIA ADVOGADO DO AUTOR: PABLO RIBEIRO BECHER, OAB nº RO10787 REQUERIDO: ENERGISA RONDONIA - DISTRIBUIDORA DE ENERGIA S.A, AC ALTO PARAÍSO 4402, AVENIDA JORGE TEIXEIRA 3628 CENTRO - 76862-000 - ALTO PARAÍSO - RONDÔNIA ADVOGADOS DO REQUERIDO: DENNER DE BARROS E MASCARENHAS BARBOSA, OAB nº RO7828, ENERGISA RONDÔNIA SENTENÇA I. RELATÓRIO Relatório dispensado na forma do art. 38 da Lei 9.099/95. Fundamento e DECIDO. II. FUNDAMENTAÇÃO Por se tratar de apenas de matéria de direito, não havendo necessidade de outras provas e descartada a possibilidade de conciliação, deve haver o julgamento antecipado da lide, na forma do art. 355, I, do Código de Processo Civil. Trata-se de demanda declaratória, ao argumento de que recebeu em sua residência o termo de ocorrência de inspeção de protocolo n. 157047298, onde o autor foi comunicado e houve a descrição acerca do procedimento de recuperação de consumo em sua unidade consumidora, gerando o débito no valor de R$ 768,07 (setescentos e sessenta e oito reais e sete centavos). Informou que a empresa lançou um suposto consumo recuperado, calculado sobre o período a ser recuperado abrange de maio de 2024 a julho de 2024, totalizando três meses de faturamento inferior, o que, segundo a documentação, resulta em 777,20 kWh não faturados II.I - Da preliminar Da falta de interesse de agir A exigência de prévia reclamação administrativa como pressuposto de interesse de agir é exceção no ordenamento jurídico brasileiro. Isto porque as esperas administrativas e judicial são independentes, não havendo necessidade de prévio requerimento, em regra, ressaltando aqui o princípio da inafastabilidade da jurisdição prevista no art. 5º, XXXV, da Constituição Federal. Assim, não havendo excepcionalidade sedimentada, como no caso da justiça desportiva, benefícios previdenciários e habeas data, não há que se falar em pressuposto necessário o prévio requerimento administrativo, não merecendo prosperar a aludida preliminar. Superada a preliminar passo a analise do mérito. O cerne da discussão é saber se a cobrança da diferença de faturamento, conhecida como “recuperação de consumo” cobrada pela ENERGISA é válida. Antes de efetivamente enfrentar o tema, destaco que no presente caso aplicável a responsabilidade objetiva da ré (CDC 14), razão pela qual responde por eventuais danos decorrentes da má prestação de seus serviços, bastando a prova do fato, dos danos e do nexo de causalidade. Já, a requerida alegou que a cobrança trata-se de consumo não faturado ante a constatação de que encontrava-se com desvio de energia, em inspeção foi constatado medidor de disco deitado inclinado, deixando de registrar corretamente o consumo. Ainda, aduz que obedece às regras da ANEEL, e não o que falar em negligência praticada por parte da ré. De acordo com o que consta nos autos, restou comprovado a cobrança referente à recuperação de consumo, conforme cobrança (ID: 117282538) “Consumo a Recuperar = Consumo não Faturado”. A medição de energia elétrica deve ser periódica (art. 260, Resolução 1000/2020 - ANEEL) e, o art. 586 da r. Resolução estabelece que é de responsabilidade da distribuidora a substituição do medidor e demais equipamentos quando houver defeito, senão vejamos: Art. 586. É de responsabilidade da distribuidora a substituição do medidor e demais equipamentos quando houver defeito que comprometa: I - a continuidade do fornecimento de energia elétrica; II - a visualização das informações de crédito restante; III - a realização de recarga de créditos; ou IV - o registro do pagamento efetuado pelo consumidor. Se o procedimento supostamente irregular não for atribuível à concessionária, a Resolução dispõe sobre o procedimento a ser adotado, que estão elencados nos artigos 590 a 595, cuja matéria indica uma série de procedimentos a serem adotados pela Requerida. Assim, para que a requerida possa aplicar esta forma de recuperação de energia, tal como transcrito na Resolução n. 1000/2020, deverá adotar todo o procedimento previsto naqueles artigos, inclusive realizando perícia técnica, notificando previamente o consumidor, e outros procedimentos necessários à fiel caracterização da irregularidade, o que não ocorreu. Não há indícios de que a parte autora tenha manipulado o medidor e ser responsável por eventual defeito. Além disso, como a medição é periódica, seria fácil a constatação de desvio ou qualquer outra falha no medidor pela empresa por ocasião da leitura do aparelho. Nos termos do Código de Defesa do Consumidor, Lei Federal que prevalece sobre a portaria editada pela agência reguladora - ANEEL, é ônus do fornecedor a medição do consumo de energia elétrica, bem como a manutenção do sistema de leitura, o que não foi feito. Tratando-se de serviço de caráter essencial e contínuo, deveria a concessionária ter procedido o imediato reparo do fornecimento de energia elétrica, já no primeiro mês, uma vez que para a concessionária do serviço que se sujeita a prestar esta forma especializada de serviço público e possui profissionais ou deveria possuir profissionais gabaritados para isto, é fácil a constatação de que o medidor estava com defeito ou se havia desvio de energia. A parte autora que obviamente não tem a obrigação de aferir a leitura do equipamento, não pode arcar com uma responsabilidade que não é sua e ainda por cima pagar por isto financeiramente. Outrossim, não há indícios de que tenha sido a responsável por qualquer defeito ou manipulação no equipamento. Se por um lado houve consumo do autor, por outro é dever da ré constatar o efetivo consumo, que só se justifica através da leitura no medidor em perfeito funcionamento. Assim, não há embasamento legal para a cobrança tal como lançada pela ré, de forma que reconheço sua insubsistência, tendo em vista que tal ônus competia a requerida (art. 373, II, CPC), impõe-se o reconhecimento da inexigibilidade da dívida no valor de 768,07 (setecentos e sessenta e oito reais e sete centavos). Como dito linhas acima, o Código de Processo Civil/15 especificamente em seu artigo 373, distribui o ônus da prova, impondo a parte autora o encargo de provar os fatos constitutivos de seu direito, e de outro lado, a parte ré o ônus de provar os fatos modificativos, impeditivos e extintivos do direito da parte autora. Assim sendo, vislumbra-se que o autor provou o fato constitutivo de seu direito, qual seja, a existência de cobrança desproporcional àquelas que ordinariamente lhe era cobrada, e, de outro lado, a concessionária ré não coligiu ao feito prova cabal no sentido de demonstrar que houve manipulação de energia elétrica (subtração) ou que tenha havido consumo efetivamente utilizado pelo autor, no patamar desproporcional que foi constatado, qual seja, R$. 768,07 (setecentos e sessenta e oito reais e sete centavos). Dessa forma, não se verificam nos autos elementos a amparar as cobranças das quantias de R$. 768,07 (setecentos e sessenta e oito reais e sete centavos). . Nesse sentido a Jurisprudência: Ementa: PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. FORNECIMENTO DE ENERGIA ELÉTRICA. FATURAMENTO COM VALOR DESPROPORCIONAL AO CONSUMO MÉDIO COMPROVADO PELO AUTOR. AUSÊNCIA DE PROVA DA RÉ, JUSTIFICATIVA DO DÉBITO. SENTENÇA MANTIDA. Apelação não provida. “ (TJSP Apelação 00071235420108260663 SP, j. 14/04/15) Procedente, portanto, o pleito declaratório de inexigibilidade do débito constatado na referida notificação, eis que é cediço que a tutela declaratória é a via adequada quando caracterizada a situação de incerteza a um fato, sendo admissível o pedido de declaração judicial a este respeito uma vez verificada a dúvida objetiva e danosa, cabível a mera declaração judicial destinada a eliminá-la. O fundamento vem expresso no artigo 19 do Novo Código de Processo Civil. De todos os argumentos anteriormente expendidos, e de tudo que há nos autos onde não se demonstrou a legitimidade da cobrança, sem dúvida alguma a declaração de inexistência do débito é medida que se impõe. Quanto ao pedido de indenização por danos morais, é necessário aferir no caso concreto se a situação trazida pela parte pode ser considerada ofensiva a ponto de causar dano moral ou mesmo se esta se insere no conceito de dano moral puro, dispensando eventual prova de sua ocorrência. Nessa quadratura, como a dívida lançada no nome da parte autora é nula, todos os seus consectários são ilícitos. O nexo de causalidade entre a conduta e o dano está comprovado por meio dos documentos coligidos, os quais evidenciam que a conduta da ré foi capaz de causar enorme abalo emocional a parte requerente. Em casos análogos, julgados proferidos pelo Egrégio TJRO: Apelação cível. Ação declaratória de inexigibilidade de débito. Energia elétrica. Recuperação de consumo. Pretérito. Cobrança indevida. Inexigibilidade. Corte Indevido. Negativação indevida. Danos Morais. Mantidos. Recurso Negado. Embora possível que a concessionária de serviço público apure a recuperação de consumo de energia elétrica em razão de supostas inconsistências no consumo pretérito, é necessário que comprove o cumprimento rigoroso dos procedimentos normativos da ANEEL, sob pena de desconstituição do débito apurado. A inspeção realizada sem comprovação de notificação da consumidora para oportunizar-lhe o devido acompanhamento do procedimento, viola os princípios da ampla defesa e do contraditório, não sendo idônea a subsidiar cobrança de recuperação de consumo de energia elétrica. Torna-se inexigível débito cobrado em decorrência de fiscalização realizada unilateralmente pela concessionária, sem garantia do contraditório e ampla defesa. A inscrição indevida em cadastro de inadimplentes, assim como o corte indevido do fornecimento de energia, geram indenização por danos morais. (TJ-RO - AC: 70011003220218220005 RO 7001100-32.2021.822.0005, Data de Julgamento: 09/12/2021) RECURSO INOMINADO. INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. INEXISTÊNCIA DE DÉBITO. SOLICITAÇÃO DESLIGAMENTO PARA ENCERRAMENTO DO FORNECIMENTO DE ENERGIA ELÉTRICA. INSCRIÇÃO INDEVIDA. CARACTERIZAÇÃO DO DANO IN RE IPSA. CRITÉRIOS PARA FIXAÇÃO DO VALOR. PROPORCIONALIDADE E RAZOABILIDADE. SENTENÇA MANTIDA. A inscrição indevida em cadastros de proteção ao crédito ocasiona dano moral in re ipsa, sendo despicienda, pois, a prova da sua ocorrência. Demonstrada a falha na prestação de serviços, que ensejou a negativação indevida, impõe-se a mantença da responsabilidade civil pelos danos morais causados. A fixação da indenização por danos morais pauta-se pela aplicação dos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, cuja finalidade é compensar o ofendido pelo constrangimento indevido que lhe foi imposto e, por outro lado, desestimular o ofensor a, no futuro, praticar atos semelhantes. (TJ-RO - RI: 10027663720128220604 RO 1002766-37.2012.822.0604, Relator: Juiz Amauri Lemes, Data de Julgamento: 06/09/2013, Turma Recursal - Porto Velho, Data de Publicação: Processo publicado no Diário Oficial em 10/09/2013) [Destaquei] Apelação cível. Fornecimento de energia elétrica. Recuperação de consumo. Perícia IPEM. Medidor alterado. Impossibilidade de verificar exatidão. Declaração de inexigibilidade. Inscrição e cortes indevidos. Danos morais. Cabimento. É indevida a cobrança de recuperação de consumo de energia elétrica se o medidor encontra-se com defeito, impossibilitando averiguar valores para o ensaio de exatidão na carga quando da realização da perícia. A cobrança de dívida relativa a consumo de energia, com inscrição do nome do consumidor e corte indevido de energia elétrica, enseja danos morais. O quantum indenizatório deve ser fixado levando-se em conta os princípios da razoabilidade e proporcionalidade e, ainda, ter como finalidade desestimular a reiteração da prática do ato danoso por parte do agressor e compensar a vítima pelo sofrimento suportado. (TJ-RO - AC: 70107895420178220001 RO 7010789-54.2017.822.0001, Data de Julgamento: 28/08/2019) [Destaquei] Com efeito, o fundamento da responsabilidade da concessionária ré prescinde da comprovação da existência de culpa, porque se está diante de serviço público prestado perante o consumidor, de modo que o artigo 14 da Lei nº 8.078/90 (Código de Defesa do Consumidor) impõem a responsabilidade objetiva. Dessarte, provada a conduta, o dano e o nexo de causalidade entre eles, conclui-se pela responsabilidade da requerida, devendo ela ser responsabilizada pelo abalo emocional causado a parte requerente, em razão da falha na prestação de seus serviços. A requerida, além da inconsistência em sua conduta ao promover a cobrança de valor irregular de recuperação de consumo, ainda protestou o nome da parte autora (certidão ID 117282541) o que ocasionou a negativa de crédito perante o comércio local. Os atos praticados pela requerida tratam com descaso a consumidora, portanto, a parte autora deve ser reparada pelo dano moral, consistente no prejuízo experimentado após os atos ilícitos perpetrados pela ENERGISA. Nesse sentido, colhe-se da jurisprudência do Colendo STJ: AGRAVO INTERNO. AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. INSCRIÇÃO INDEVIDA EM CADASTRO DE INADIMPLENTES. DANOS MORAIS. PROVA. VALOR RAZOÁVEL. 1. A jurisprudência pacífica deste Superior Tribunal de Justiça entende que o dano moral, oriundo de inscrição ou manutenção indevida em cadastro de inadimplentes, prescinde de prova, configurando-se in re ipsa, visto que é presumido e decorre da própria ilicitude do fato. [...]. (AgInt no AREsp 898540/SP, AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL 2016/0089927-1, Relatora Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, Órgão Julgador: QUARTA TURMA, Data do Julgamento: 01/12/2016, Data da Publicação/Fonte: DJe 09/12/2016) [Destaquei] No tocante à verba indenizatória, sabe-se que o valor imposto a título de indenização não deve representar um enriquecimento sem causa para quem o pleiteia, devendo a quantia imposta ser suficiente para desestimular o ofensor à reiteração da prática danosa. Destarte, cabe ao prudente arbítrio do Juiz, fixar verba que deva corresponder, possivelmente, à situação socioeconômica de ambas as partes, avaliando-se a repercussão do evento danoso na vida pessoal da vítima. Ademais, frise-se entendimento remansoso das Cortes de Justiça deste país, no sentido de que o valor arbitrado na indenização por dano moral deve ser moderado e equitativo, atendo-se às circunstâncias de cada caso. Desta feita, ao fixar o quantum ressarcitório respeitar-se-á o seu duplo efeito: ressarcitório e punitivo. A indenização não pode ser irrisória, de modo a estimular a reiteração da prática danosa. Assim, ante essas peculiaridades, no presente caso e, observadas tais premissas, a verba há de ser fixada no patamar de R$3.000,00 (três mil reais), estabelecendo-se, desta maneira, um critério de razoabilidade, tendente a reconhecer e condenar o infrator a pagar valor que não importe enriquecimento sem causa, para aquele que suporta o dano e que sirva de reprimenda ao autor do ato lesivo, a fim desestimular a reiteração da prática danosa. Esclareço, em arremate, que é entendimento assente de nossa jurisprudência que o órgão judicial, para expressar a sua convicção, não precisa aduzir comentário sobre todos os argumentos levantados pelas partes. Sua fundamentação pode ser sucinta, pronunciando-se acerca do motivo que, por si só, achou suficiente para a composição do litígio, cumprindo-se os termos do artigo 489 do CPC, não infringindo o disposto no §1º, inciso IV, do aludido artigo. O Código de Processo Civil previu que o julgador deve exercer o convencimento motivado e fundamentado, mantendo o entendimento de que nem todas as questões suscitadas pelas partes precisam ser enfrentadas, salvo se estiverem aptas para infirmar a conclusão do julgado. Prejudicadas ou irrelevantes as demais questões dos autos. III. DISPOSITIVO Ante o exposto, JULGO PROCEDENTES EM PARTE os pedidos iniciais e, com fundamento no art. 487, inciso I, do Código de Processo Civil, extingo o feito com resolução de mérito para: a) DECLARAR INEXISTENTE o débito de recuperação de consumo no valor de R$ 768,07 (setecentos e sessenta e oito reais e sete centavos), constante no termo de ocorrência de inspeção de protocolo n. 157047298 . b) CONDENAR a requerida a pagar à parte autora, o valor de R$3.000,00 (três mil reais), a título de indenização por DANOS MORAIS, corrigido monetariamente pelos índices oficiais do TJRO e acrescido de juros de 1% ao mês, a partir desta decisão. c) CONFIRMAR a antecipação de tutela deferida (ID: 117433187). A requerida deverá excluir de seu sistema e faturas vindouras o valor declarado inexistente, no prazo de 15 dias, contados do trânsito em julgado da sentença, sob pena de multa diária. Sem custas processuais e honorários advocatícios, nos termos do artigo 55, caput, da Lei nº. 9.099/1995. Eventual recurso deverá ser interposto, por meio de advogado, no prazo de dez dias contados da ciência da presente sentença (art. 42 da Lei 9.099/95); e no ato da interposição do recurso, o recorrente deverá comprovar o recolhimento das custas de preparo, em guia própria, sob pena de deserção (art. 42, § 1º, da Lei 9.099/95). Caso seja interposto recurso dentro do prazo de 10 dias e com o devido pagamento das custas, admito desde já o recurso de que trata o art. 41, da Lei n.º 9.099/95, do qual a parte adversa deverá ser intimada. Esgotados os 10 dias para as contrarrazões (art. 42, § 2º), encaminhe-se o feito à e. Turma Recursal. Havendo o trânsito em julgado, sem recurso pelas partes, intime-se a parte autora para apresentar pedido de cumprimento de sentença, mediante apresentação de cálculo, no prazo de 5 (cinco) dias, sob pena de arquivamento. Realizado pedido de cumprimento de sentença, à CPE para que proceda a alteração da classe processual para o rito correspondente e, independente conclusão, intime-se a parte executada para pagamento da dívida atualizada, sob pena de aplicação de multa de 10% prevista no artigo 523, §1º, do CPC e Enunciado 97 do FONAJE. Transitada em julgado, nada sendo requerido, arquivem-se os autos. SERVE A PRESENTE SENTENÇA COMO MANDADO/CARTA PRECATÓRIA OU POSTAL COM AR/OFÍCIO/EXPEDIENTE DE COMUNICAÇÃO E INTIMAÇÃO. Presidente Médici-RO, 28 de abril de 2025. Luis Delfino Cesar Júnior Juiz(a) de Direito

Conteúdo completo bloqueado

Desbloquear

Processo nº 0043322-62.2025.8.17.2001

ID: 341341266

Tribunal: TJPE Órgão: Seção B da 12ª Vara Cível da Capital Classe: PROCEDIMENTO COMUM CíVEL Nº Processo: 0043322-62.2025.8.17.2001

Data de Disponibilização: 04/08/2025

Polo Ativo:

JULIANA BARBOSA OLIVEIRA BEZERRA MARIA DE FATIMA FIGUEIREDO BARBOSA

Polo Passivo:

Sentença (Outras)

Advogados:

NATÁLIA CAROLINA PAES FREIRE FALCÃO

OAB/PE XXXXXX Desbloquear

THAYS RAPHAELA DE MORAIS REGO ZAIDAN

OAB/PE XXXXXX Desbloquear

THAISA VANESSA PEREIRA DE SOUZA

OAB/PE XXXXXX Desbloquear

ROSANA CLAUDIA LOWENSTEIN DE ARAUJO FEITOSA

OAB/PE XXXXXX Desbloquear

NATÁLIA CAROLINA PAES FREIRE FALCÃO

OAB/PE XXXXXX Desbloquear

THAYS RAPHAELA DE MORAIS REGO ZAIDAN

OAB/PE XXXXXX Desbloquear

ROSANA CLAUDIA LOWENSTEIN DE ARAUJO FEITOSA

OAB/PE XXXXXX Desbloquear

THAISA VANESSA PEREIRA DE SOUZA

OAB/PE XXXXXX Desbloquear

Tribunal de Justiça de Pernambuco Poder Judiciário Seção B da 12ª Vara Cível da Capital Avenida Desembargador Guerra Barreto - Fórum do Recife, S/N, Ilha Joana Bezerra, RECIFE - PE - CEP: 50080-900 -… Tribunal de Justiça de Pernambuco Poder Judiciário Seção B da 12ª Vara Cível da Capital Avenida Desembargador Guerra Barreto - Fórum do Recife, S/N, Ilha Joana Bezerra, RECIFE - PE - CEP: 50080-900 - F:(81) 31810303 Processo nº 0043322-62.2025.8.17.2001 INTERESSADO (PGM): JULIANA BARBOSA OLIVEIRA BEZERRA, MARIA DE FATIMA FIGUEIREDO BARBOSA ESPÓLIO - REQUERIDO: BANCO BRADESCO S/A SENTENÇA Trata-se de ação declaratória de inexistência de débito c/c indenização por danos morais e pedido de tutela de urgência ajuizada por JULIANA BARBOSA OLIVEIRA e MARIA DE FÁTIMA FIGUEIRÊDO BARBOSA em face do BANCO BRADESCO S.A. Narra a inicial que no dia 09/04/2025, por falha e inequívoca negligência da instituição bancária em não adotar medidas básicas de segurança e proteção aos seus correntistas, as autoras foram vítimas de um golpe sofisticado, o qual resultou em vultosas transações indevidas. Afirmam que no mesmo dia a primeira demandante entrou em contato com seu gerente e relatou o ocorrido de forma que, após mensagens trocadas, o gerente informou que até aquele momento não havia movimentações na sua conta bancária. Ressalta que mesmo diante da suspeita de fraude não foi tomada nenhuma providência quanto aos deveres de segurança pelo gerente, tampouco pelo banco demandado. Assevera que em virtude das operações fraudulentas, houve, na conta bancária da primeira autora, a entrada de um valor total de R$ 64.100,00, relativo ao somatório dos empréstimos pessoais mais a antecipação de 13º salário e a saída de um valor total de R$ 64.891,00. Além disso, foi realizada uma compra no cartão de crédito no valor de R$ 2.899,85. Diz, que administra a conta da segunda autora, sua genitora, cuja conta está vinculada também no seu aplicativo do banco, motivo pelo qual foi feita uma transferência fraudulenta na quantia de R$ 7.400,00 da conta da segunda autora para outra conta criada pelos golpistas. Informa que procurou inúmeros atendimentos junto ao próprio Bradesco, registrou reclamação junto ao portal Consumidor.gov.br e ao Banco Central. Como também, foram lavrados os Boletins de Ocorrência n.º 25I0319059319 (Primeira Autora) e 25I0319059323 (Segunda Autora), conforme documentação acostada. Pugna pela confirmação dos efeitos da tutela e pela procedência da ação a fim de que seja declarada a nulidade total das operações impugnadas (empréstimos pessoais, adiantamento de 13º salário e TEDs), bem como proceda ao imediato bloqueio e estorno de eventuais parcelas já debitadas em virtude das operações fraudulentas. Pede, ainda, a nulidade da compra realizada no cartão de crédito da Primeira Autora, em 09/04/2025, no valor de R$ 2.899,85. Requer uma indenização por danos morais no importe de R$ 10.000,00. Decisão no ID 205011497 que concede em parte a tutela de urgência. Custas adimplidas no ID 206015532. Devidamente citado, o demandado apresentou contestação no ID 207542176. Em sede preliminar, suscita a incompetência territorial, a falta de interesse de agir, a inépcia da inicial, impugna a gratuidade da justiça. Requer a audiência de instrução e julgamento com oitiva da parte autora.. No mérito, aduz, em apertada síntese, que não pode ser responsabilizado pelos danos causados, haja vista que as transações foram realizadas por meio de celular com a utilização da senha. Rechaça indenização por danos morais e a restituição do indébito. Pugna ao final pela improcedência da ação. Réplica no ID 209703590. É o que importa relatar. Decido. De início sendo o Juiz o destinatário da prova pode, em busca da apuração da verdade e da elucidação dos fatos, determinar a realização de todos os tipos de prova em direito admitidas, bem como indeferir aquelas que julgar impertinentes, inúteis ou protelatórias. Assim sendo, indefiro o pedido de ID 206231857, do réu, referente à audiência de instrução, uma vez que já constam nos autos provas suficientes para o deslinde da causa, e se trata de ação cuja matéria é unicamente de direito, não vislumbrando este Juízo justificativa plausível para designação de tal ato processual. Pontue-se que é possível o julgamento antecipado da lide, conforme previsto no art. 355, I, do CPC, sem que haja ofensa ao princípio da não surpresa, contemplado no sistema processual vigente. Isso porque não é necessária a intimação das partes para que o juiz profira sentença quando a matéria discutida é eminentemente de direito. Ademais, bom notar que a sentença não está sendo proferida com base em fundamento sobre o qual não se tenha dado às partes oportunidade de manifestação. À análise das preliminares. Alega a demandada a incompetência do Juízo, haja vista que a segunda demandada reside em Juazeiro do Norte-CE. De logo, anunciou que a relação processual em tela deve se pautar pela legislação consumerista, uma vez que se trata de venda de bem a pessoa física hipossuficiente, nos termos do arts. 2º e 3º do Código de Defesa do Consumidor. Sendo assim, deve ser aplicado o artigo 101, inciso I do CDC que estabelece que a ação pode ser proposta no domicílio de qualquer dos autores. À vista disso, a primeira demandada possui domicílio em Recife, conforme documentação no ID 204939666. Nesse toar, não prospera a preliminar arguida. No que diz respeito à ausência de interesse de agir, não merece prosperar, na medida em que dentre as condições indispensáveis para o desenvolvimento válido e regular da ação, possibilitando o exame do mérito pelo magistrado, encontra-se o interesse processual. Tal existe quando a parte tem necessidade de ir a juízo para alcançar a tutela pretendida e, ainda, quando a tutela jurisdicional pode trazer-lhe alguma utilidade do ponto de vista prático. No caso em apreço se vislumbra-se presente o interesse processual da demandante. Entende-se por rejeitar a preliminar de inépcia da inicial, uma vez que a peça inaugural se encontra em conformidade com os ditames dos arts. 319 e 320, do CPC. Por fim, não há que se impugnar a gratuidade da justiça tendo em vista que a parte autora efetuou o pagamento das custas processuais no ID 206015532. Ao mérito. Cinge-se a controvérsia quanto à responsabilidade do banco réu pela fraude ocorrida após a autora acessar um link e, posteriormente, de má-prestação do serviço pela instituição bancária. O demandado sustenta que o fato decorreu por culpa exclusiva das autoras e que as transações foram realizadas por meio de celular e utilização de senha pessoal. É de conhecimento público e notório que diversas organizações criminosas estão se passando por funcionários de instituições bancárias a fim de aplicar uma infinidade de golpes. Dessa forma, também é informado pelas agências que os bancos não realizam ligações aos seus clientes, tampouco via whatsapp para informar a respeito de fraudes. Por outro lado, é evidente que a parte demandante foi vítima de fraude. Em que pese a ausência do dever de cuidado das autoras ao acessar o link o banco réu não se desincumbiu do seu dever de segurança e do risco inerente ao empreendimento. Assim, do conjunto probatório se verifica que às 15h30 a autora entrou em contato com seu gerente momento que lhe foi informado a respeito do acesso ao link falso. Note-se que o representante da instituição diz que nenhum valor foi retirado da conta às 15h55, no entanto, apenas informou, posteriormente, que haviam sido realizadas transações entre às 16h15 e 16h50, não tomando nenhuma outra medida (ID 204939655, págs 6 a 8). Dessa forma, mesmo após a parte autora entrar em contato com seu gerente lhe informando a respeito do acesso ao link falso, nenhuma orientação básica de segurança, como bloqueio de seus cartões e contas, foi tomada pelo representante que responde pela instituição. Ora, resta clara a negligência do réu diante de sua responsabilidade objetiva, sobretudo o dever de segurança. Nesse sentido: EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS C/C OBRIGAÇÃO DE FAZER - TRANSFERÊNCIAS BANCÁRIAS NÃO AUTORIZADAS - LINK FALSO CRIADO POR ESTELIONATÁRIOS - VALORES RECEBIDOS PELOS FALSÁRIOS - RESPONSABILIDADE OBJETIVA DA INSTITUIÇÃO FINANCEIRA - RISCO DO EMPREENDIMENTO - DANOS MATERIAIS COMPROVADOS - RECURSO PROVIDO. - As instituições financeiras respondem objetivamente pelos danos gerados por fortuito interno relativo a fraudes e delitos praticados por terceiros no âmbito de operações bancárias, com fulcro na Súmula 479 do Superior Tribunal de Justiça - Constatando-se que as transferências bancárias foram realizadas, via internet, por estelionatários, os quais se utilizaram de "link" falso para capturar informações pessoais do autor, é possível a responsabilização da Instituição Financeira, pelos danos materiais causados ao consumidor, por se tratar de risco inerente à atividade comercial.(TJ-MG - AC: 10000191585272001 MG, Relator.: Mota e Silva, Data de Julgamento: 28/07/2020, Câmaras Cíveis / 18ª CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: 28/07/2020) RECURSO INOMINADO. DIREITO DO CONSUMIDOR. AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO. FRAUDE BANCÁRIA DIGITAL (PHISHING) ATRAVÉS DE LINK FALSO ENCAMINHADO VIA SMS . RESPONSABILIDADE OBJETIVA DA INSTITUIÇÃO FINANCEIRA. RISCO DO EMPREENDIMENTO. RESTITUIÇÃO DOS VALORES TRANSFERIDOS. DANOS MORAIS CONFIGURADOS . VERBA REMUNERATÓRIA FIXADA EM R$ 5.000,00 (CINCO MIL REAIS). SENTENÇA REFORMADA. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO . (Recurso Inominado Nº 202101010656 Nº único: 0008105-03.2021.8.25 .0084 - 1ª TURMA RECURSAL, Tribunal de Justiça de Sergipe - Relator (a): Geilton Costa Cardoso da Silva - Julgado em 27/02/2023) (TJ-SE - RI: 00081050320218250084, Relator.: Geilton Costa Cardoso da Silva, Data de Julgamento: 27/02/2023, 1ª TURMA RECURSAL) Sendo assim, deve o demandado suportar as consequências decorrentes do fortuito interno, caracterizado pela falha na prestação de serviços, consoante Súmula nº 479 do STJ. Bem como, por se tratar de relação de consumo, cabível é a aplicação do art. 14 do CDC, que trata da responsabilidade civil objetiva dos fornecedores de serviços e produtos, segundo a qual, respondem pelos danos causados aos seus consumidores independentemente de culpa. Ademais, em nenhum momento a instituição financeira comprovou que inexistiu falha de sua parte e de seu sistema de segurança, que deixou fluir as operações permitindo a realização de empréstimos pessoais, antecipação do décimo terceiro e compras que não correspondem ao histórico de transações da parte autora. Portanto, quanto às transações e compras realizadas na conta bancária da parte autora, deve ser declarada a nulidade das operações efetuadas por terceiros e os débitos delas decorrentes, sendo de rigor o reconhecimento da responsabilidade do demandado pela falha na prestação de serviço. Nesse sentido segue o entendimento jurisprudencial: AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS Falha na prestação dos serviços bancários Autor que foi enganado e realizou empréstimo fraudulento, conduta que decorreu do vazamento de dados dos clientes pela instituição financeira requerida Parcial procedência, para condenar o banco a pagar ao autor danos materiais no importe de R$1.828,58, corrigidos monetariamente e acrescidos de juros de mora Apelo de ambas as partes Relação de consumo Responsabilidade objetiva da instituição financeira, nos termos do artigo 14 do CDC Aplicação da Súmula 479 do STJ, por ser risco da atividade bancária Defesa fundamentada na assertiva de que o autor teria facilitado a ação fraudulenta ao fornecer dados seus a terceiros, o que afastaria a responsabilidade objetiva do banco Inocorrência Ausência de demonstração a esse respeito por parte do réu, que tinha o ônus dessa prova, mas foi revel, nos termos dos artigos 6º, VIII, do CDC e 373, II, do CPC Dano in re ipsa, sendo despiciendo perquirir a respeito da prova do prejuízo moral, que decorre do próprio fato danoso Dever de reparar que dispensa a demonstração objetiva do abalo psíquico sofrido Indenização fixada em R$5.000,00 Sentença parcialmente modificada RECURSO DO AUTOR PROVIDO E DO RÉU DESPROVIDO. (TSP – Apl nº 1002766-42.2022.8.26.0356, relator Des. Ramon Mateo Júnior, 15ª Câmara de Direito Privado, 01/03/2023) APELAÇÕES CÍVEIS. RESPONSABILIDADE CIVIL. RELAÇÃO DE CONSUMO. AÇÃO INDENIZATÓRIA POR DANOS MORAIS E MATERIAIS. FRAUDE BANCÁRIA. ESTELIONATO. RECEBIMENTO DE LIGAÇÃO POR PESSOA QUE SE FEZ PASSAR POR REPRESENTANTE DO BANCO. DEVER DE SEGURANÇA DO SERVIÇO. RESPONSABILIDADE OBJETIVA. FORTUITO INTERNO. RISCO DO EMPREENDIMENTO. 1. Sentença de parcial procedência, declarando a inexigibilidade das operações realizadas e impugnadas na inicial com a condenação do réu a proceder à devolução dos valores descontados em conta corrente da parte autora e ao pagamento de indenização por danos morais no valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais). Foi ainda julgado improcedente o pedido de restituição do valor referente aos juros e encargos do novo empréstimo contratado para cobrir o saldo devedor decorrente do golpe. 2. Em se tratando de relação de consumo e responsabilidade objetiva, cabe ao banco manter os cuidados necessários para prevenir golpes e fraudes fazendo parte de sua atividade empresarial, constituindo risco inerente ao exercício da atividade exercida, vez que aplicáveis os enunciados de súmula nº 479 do STJ e 94 deste Eg. Tribunal. 3. O valor arbitrado a título de reparação moral não revela qualquer desacerto tendo em vista todos os elementos que foram considerados para a sua fixação. Observância dos princípios da razoabilidade e proporcionalidade. Incidência do verbete nº 343 da súmula desta Corte, verbis: "a verba indenizatória do dano moral somente será modificada se não atendidos pela sentença os princípios da proporcionalidade e da razoabilidade na fixação do valor da condenação". 4. Não obstante ter sido vítima de fraude, o extrato comprova que o autor já se encontrava anteriormente em situação de devedor, o que afasta a alegação de que a motivação do novo empréstimo tenha sido dela decorrente. Ademais, o valor do mútuo supera o demonstrativo das perdas com a fraude, tendo a quantia revertido em benefício da parte autora. Manutenção da sentença que se impõe. NEGADO PROVIMENTO A AMBOS OS RECURSOS. (TJRJ – Apl 0041546-42.2019.8.19.0203, Relator Des. Rossidelio Lopes, Sêxta Câmara Cível, 24/02/2023) Dessa forma, declaro a nulidade dos contratos de empréstimos pessoais de nº 8304350 valor de R$ 50.000,00, nº 8305865 valor de R$ 6.600,00, nº 8335042 valor de R$ 7.500,00. Assim como, a nulidade da compra na quantia de R$ 2.899,85, na loja Centauro CE117 e do pix na monta de R$ 7.400,00, todos atribuídos às autoras e firmados por terceiro. Ainda, deve o demandado restituir, na forma simples, eventuais valores pagos pelas demandantes, a título das parcelas referentes aos empréstimos e da compra em questão, apurados em fase de cumprimento de sentença (mera conta aritmética), devendo a parte autora trazer aos autos as faturas que demonstrem os débitos com os respectivos comprovantes de pagamento, desde o seu início até a última dedução operada. Com relação à indenização por danos morais, tenho que os danos sofridos pela autora ultrapassam o mero aborrecimento, na medida em que houve falha na prestação do serviço bancário, enfatizando que o consumidor registrou boletim de ocorrência e não conseguiu resolver integralmente o problema de forma administrativa, o que intensifica o sentimento de vulnerabilidade e desproteção do consumidor, causando-lhe angústia. Nesse sentido, tenho como justa a condenação em indenização no montante de R$ 3.000,00 pelos danos morais experimentados. Diante do exposto, julgo parcialmente procedentes os pleitos da inicial para: a) confirmar os efeitos da tutela a fim de determinar que o demandado suspenda as cobranças das operações fraudulentas, assim como se abstenha de incluir o nome da autora no cadastro de inadimplentes, em razão das compras objeto desta ação. b) declarar a nulidade dos empréstimos pessoais de nº 8304350 valor de R$ 50.000,00, nº 8305865 valor de R$ 6.600,00, nº 8335042 valor de R$ 7.500,00, assim como, a nulidade da compra na quantia de R$ 2.899,85, na loja Centauro CE117 e do pix no valor de R$ 7.400,00, efetuados por terceiros de forma fraudulenta. c) condenar o demandado a restituir, na forma simples, eventuais valores pagos pelas demandantes, a título das parcelas referentes aos empréstimos e da compra em questão, apurados em fase de cumprimento de sentença, corrigidos desde o desembolso de cada parcela, pelo IPCA e os juros devem ser calculados com base no índice da taxa Selic, subtraindo-se o valor do IPCA, devendo a parte autora trazer aos autos as faturas que demonstrem os débitos com os respectivos comprovantes de pagamento, desde o seu início até a última dedução operada. d) condenar o demandado a restituir, na forma simples, o pix no valor de R$ 7.400,00, corrigidos a partir da transação realizada, pelo IPCA e os juros devem ser calculados com base no índice da taxa Selic, subtraindo-se o valor do IPCA. e) condenar o requerido em indenização por danos morais no valor de R$ 3.000,00, corrigido pela taxa Selic, a partir do arbitramento. Declaro o processo extinto com resolução do mérito, com esteio no artigo 487, I, do CPC. Em virtude de sucumbência em parte mínima da parte autora, condeno a ré em custas e honorários advocatícios, os últimos fixados em 15% sobre o valor atualizado da condenação. Caso haja recurso, considerando que a hipótese dos autos não trata dos arts. 331 (indeferimento da inicial), 332 (improcedência liminar) e 485, § 7º (sentença terminativa), do CPC, intime-se a parte apelada para, querendo apresentar contrarrazões. Atente-se à Diretoria Cível ao disposto no art. 1.009, §§ 1º e 2º do NCPC, intimando a parte recorrente para se manifestar, caso sejam suscitadas em contrarrazões as questões resolvidas na fase de conhecimento que não comportam agravo de instrumento. Após, remetam-se os autos ao TJPE, em conformidade com o que dispõe o art. 1.010, § 3º, do NCPC. Certificado o trânsito em julgado, aguarde-se o prazo de 15 dias para fins de manifestação voluntária das partes. Decorrido dito prazo, remeta-se ao arquivo com anotações de estilo, sem prejuízo de eventual ingresso de cumprimento de sentença em momento posterior. Recife, 31 de julho de 2025. Marcus Vinícius Nonato Rabelo Torres Juiz de Direito

Conteúdo completo bloqueado

Desbloquear

Encontrou o que procurava? Faça login para ver mais resultados e detalhes completos.

Fazer Login para Ver Mais

Processo nº 0043322-62.2025.8.17.2001

ID: 341341280

Tribunal: TJPE Órgão: Seção B da 12ª Vara Cível da Capital Classe: PROCEDIMENTO COMUM CíVEL Nº Processo: 0043322-62.2025.8.17.2001

Data de Disponibilização: 04/08/2025

Polo Ativo:

Polo Passivo:

BANCO BRADESCO S/A

Sentença (Outras)

Advogados:

BRUNO HENRIQUE DE OLIVEIRA VANDERLEI

OAB/PE XXXXXX Desbloquear

Tribunal de Justiça de Pernambuco Poder Judiciário Seção B da 12ª Vara Cível da Capital Avenida Desembargador Guerra Barreto - Fórum do Recife, S/N, Ilha Joana Bezerra, RECIFE - PE - CEP: 50080-900 -… Tribunal de Justiça de Pernambuco Poder Judiciário Seção B da 12ª Vara Cível da Capital Avenida Desembargador Guerra Barreto - Fórum do Recife, S/N, Ilha Joana Bezerra, RECIFE - PE - CEP: 50080-900 - F:(81) 31810303 Processo nº 0043322-62.2025.8.17.2001 INTERESSADO (PGM): JULIANA BARBOSA OLIVEIRA BEZERRA, MARIA DE FATIMA FIGUEIREDO BARBOSA ESPÓLIO - REQUERIDO: BANCO BRADESCO S/A SENTENÇA Trata-se de ação declaratória de inexistência de débito c/c indenização por danos morais e pedido de tutela de urgência ajuizada por JULIANA BARBOSA OLIVEIRA e MARIA DE FÁTIMA FIGUEIRÊDO BARBOSA em face do BANCO BRADESCO S.A. Narra a inicial que no dia 09/04/2025, por falha e inequívoca negligência da instituição bancária em não adotar medidas básicas de segurança e proteção aos seus correntistas, as autoras foram vítimas de um golpe sofisticado, o qual resultou em vultosas transações indevidas. Afirmam que no mesmo dia a primeira demandante entrou em contato com seu gerente e relatou o ocorrido de forma que, após mensagens trocadas, o gerente informou que até aquele momento não havia movimentações na sua conta bancária. Ressalta que mesmo diante da suspeita de fraude não foi tomada nenhuma providência quanto aos deveres de segurança pelo gerente, tampouco pelo banco demandado. Assevera que em virtude das operações fraudulentas, houve, na conta bancária da primeira autora, a entrada de um valor total de R$ 64.100,00, relativo ao somatório dos empréstimos pessoais mais a antecipação de 13º salário e a saída de um valor total de R$ 64.891,00. Além disso, foi realizada uma compra no cartão de crédito no valor de R$ 2.899,85. Diz, que administra a conta da segunda autora, sua genitora, cuja conta está vinculada também no seu aplicativo do banco, motivo pelo qual foi feita uma transferência fraudulenta na quantia de R$ 7.400,00 da conta da segunda autora para outra conta criada pelos golpistas. Informa que procurou inúmeros atendimentos junto ao próprio Bradesco, registrou reclamação junto ao portal Consumidor.gov.br e ao Banco Central. Como também, foram lavrados os Boletins de Ocorrência n.º 25I0319059319 (Primeira Autora) e 25I0319059323 (Segunda Autora), conforme documentação acostada. Pugna pela confirmação dos efeitos da tutela e pela procedência da ação a fim de que seja declarada a nulidade total das operações impugnadas (empréstimos pessoais, adiantamento de 13º salário e TEDs), bem como proceda ao imediato bloqueio e estorno de eventuais parcelas já debitadas em virtude das operações fraudulentas. Pede, ainda, a nulidade da compra realizada no cartão de crédito da Primeira Autora, em 09/04/2025, no valor de R$ 2.899,85. Requer uma indenização por danos morais no importe de R$ 10.000,00. Decisão no ID 205011497 que concede em parte a tutela de urgência. Custas adimplidas no ID 206015532. Devidamente citado, o demandado apresentou contestação no ID 207542176. Em sede preliminar, suscita a incompetência territorial, a falta de interesse de agir, a inépcia da inicial, impugna a gratuidade da justiça. Requer a audiência de instrução e julgamento com oitiva da parte autora.. No mérito, aduz, em apertada síntese, que não pode ser responsabilizado pelos danos causados, haja vista que as transações foram realizadas por meio de celular com a utilização da senha. Rechaça indenização por danos morais e a restituição do indébito. Pugna ao final pela improcedência da ação. Réplica no ID 209703590. É o que importa relatar. Decido. De início sendo o Juiz o destinatário da prova pode, em busca da apuração da verdade e da elucidação dos fatos, determinar a realização de todos os tipos de prova em direito admitidas, bem como indeferir aquelas que julgar impertinentes, inúteis ou protelatórias. Assim sendo, indefiro o pedido de ID 206231857, do réu, referente à audiência de instrução, uma vez que já constam nos autos provas suficientes para o deslinde da causa, e se trata de ação cuja matéria é unicamente de direito, não vislumbrando este Juízo justificativa plausível para designação de tal ato processual. Pontue-se que é possível o julgamento antecipado da lide, conforme previsto no art. 355, I, do CPC, sem que haja ofensa ao princípio da não surpresa, contemplado no sistema processual vigente. Isso porque não é necessária a intimação das partes para que o juiz profira sentença quando a matéria discutida é eminentemente de direito. Ademais, bom notar que a sentença não está sendo proferida com base em fundamento sobre o qual não se tenha dado às partes oportunidade de manifestação. À análise das preliminares. Alega a demandada a incompetência do Juízo, haja vista que a segunda demandada reside em Juazeiro do Norte-CE. De logo, anunciou que a relação processual em tela deve se pautar pela legislação consumerista, uma vez que se trata de venda de bem a pessoa física hipossuficiente, nos termos do arts. 2º e 3º do Código de Defesa do Consumidor. Sendo assim, deve ser aplicado o artigo 101, inciso I do CDC que estabelece que a ação pode ser proposta no domicílio de qualquer dos autores. À vista disso, a primeira demandada possui domicílio em Recife, conforme documentação no ID 204939666. Nesse toar, não prospera a preliminar arguida. No que diz respeito à ausência de interesse de agir, não merece prosperar, na medida em que dentre as condições indispensáveis para o desenvolvimento válido e regular da ação, possibilitando o exame do mérito pelo magistrado, encontra-se o interesse processual. Tal existe quando a parte tem necessidade de ir a juízo para alcançar a tutela pretendida e, ainda, quando a tutela jurisdicional pode trazer-lhe alguma utilidade do ponto de vista prático. No caso em apreço se vislumbra-se presente o interesse processual da demandante. Entende-se por rejeitar a preliminar de inépcia da inicial, uma vez que a peça inaugural se encontra em conformidade com os ditames dos arts. 319 e 320, do CPC. Por fim, não há que se impugnar a gratuidade da justiça tendo em vista que a parte autora efetuou o pagamento das custas processuais no ID 206015532. Ao mérito. Cinge-se a controvérsia quanto à responsabilidade do banco réu pela fraude ocorrida após a autora acessar um link e, posteriormente, de má-prestação do serviço pela instituição bancária. O demandado sustenta que o fato decorreu por culpa exclusiva das autoras e que as transações foram realizadas por meio de celular e utilização de senha pessoal. É de conhecimento público e notório que diversas organizações criminosas estão se passando por funcionários de instituições bancárias a fim de aplicar uma infinidade de golpes. Dessa forma, também é informado pelas agências que os bancos não realizam ligações aos seus clientes, tampouco via whatsapp para informar a respeito de fraudes. Por outro lado, é evidente que a parte demandante foi vítima de fraude. Em que pese a ausência do dever de cuidado das autoras ao acessar o link o banco réu não se desincumbiu do seu dever de segurança e do risco inerente ao empreendimento. Assim, do conjunto probatório se verifica que às 15h30 a autora entrou em contato com seu gerente momento que lhe foi informado a respeito do acesso ao link falso. Note-se que o representante da instituição diz que nenhum valor foi retirado da conta às 15h55, no entanto, apenas informou, posteriormente, que haviam sido realizadas transações entre às 16h15 e 16h50, não tomando nenhuma outra medida (ID 204939655, págs 6 a 8). Dessa forma, mesmo após a parte autora entrar em contato com seu gerente lhe informando a respeito do acesso ao link falso, nenhuma orientação básica de segurança, como bloqueio de seus cartões e contas, foi tomada pelo representante que responde pela instituição. Ora, resta clara a negligência do réu diante de sua responsabilidade objetiva, sobretudo o dever de segurança. Nesse sentido: EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS C/C OBRIGAÇÃO DE FAZER - TRANSFERÊNCIAS BANCÁRIAS NÃO AUTORIZADAS - LINK FALSO CRIADO POR ESTELIONATÁRIOS - VALORES RECEBIDOS PELOS FALSÁRIOS - RESPONSABILIDADE OBJETIVA DA INSTITUIÇÃO FINANCEIRA - RISCO DO EMPREENDIMENTO - DANOS MATERIAIS COMPROVADOS - RECURSO PROVIDO. - As instituições financeiras respondem objetivamente pelos danos gerados por fortuito interno relativo a fraudes e delitos praticados por terceiros no âmbito de operações bancárias, com fulcro na Súmula 479 do Superior Tribunal de Justiça - Constatando-se que as transferências bancárias foram realizadas, via internet, por estelionatários, os quais se utilizaram de "link" falso para capturar informações pessoais do autor, é possível a responsabilização da Instituição Financeira, pelos danos materiais causados ao consumidor, por se tratar de risco inerente à atividade comercial.(TJ-MG - AC: 10000191585272001 MG, Relator.: Mota e Silva, Data de Julgamento: 28/07/2020, Câmaras Cíveis / 18ª CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: 28/07/2020) RECURSO INOMINADO. DIREITO DO CONSUMIDOR. AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO. FRAUDE BANCÁRIA DIGITAL (PHISHING) ATRAVÉS DE LINK FALSO ENCAMINHADO VIA SMS . RESPONSABILIDADE OBJETIVA DA INSTITUIÇÃO FINANCEIRA. RISCO DO EMPREENDIMENTO. RESTITUIÇÃO DOS VALORES TRANSFERIDOS. DANOS MORAIS CONFIGURADOS . VERBA REMUNERATÓRIA FIXADA EM R$ 5.000,00 (CINCO MIL REAIS). SENTENÇA REFORMADA. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO . (Recurso Inominado Nº 202101010656 Nº único: 0008105-03.2021.8.25 .0084 - 1ª TURMA RECURSAL, Tribunal de Justiça de Sergipe - Relator (a): Geilton Costa Cardoso da Silva - Julgado em 27/02/2023) (TJ-SE - RI: 00081050320218250084, Relator.: Geilton Costa Cardoso da Silva, Data de Julgamento: 27/02/2023, 1ª TURMA RECURSAL) Sendo assim, deve o demandado suportar as consequências decorrentes do fortuito interno, caracterizado pela falha na prestação de serviços, consoante Súmula nº 479 do STJ. Bem como, por se tratar de relação de consumo, cabível é a aplicação do art. 14 do CDC, que trata da responsabilidade civil objetiva dos fornecedores de serviços e produtos, segundo a qual, respondem pelos danos causados aos seus consumidores independentemente de culpa. Ademais, em nenhum momento a instituição financeira comprovou que inexistiu falha de sua parte e de seu sistema de segurança, que deixou fluir as operações permitindo a realização de empréstimos pessoais, antecipação do décimo terceiro e compras que não correspondem ao histórico de transações da parte autora. Portanto, quanto às transações e compras realizadas na conta bancária da parte autora, deve ser declarada a nulidade das operações efetuadas por terceiros e os débitos delas decorrentes, sendo de rigor o reconhecimento da responsabilidade do demandado pela falha na prestação de serviço. Nesse sentido segue o entendimento jurisprudencial: AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS Falha na prestação dos serviços bancários Autor que foi enganado e realizou empréstimo fraudulento, conduta que decorreu do vazamento de dados dos clientes pela instituição financeira requerida Parcial procedência, para condenar o banco a pagar ao autor danos materiais no importe de R$1.828,58, corrigidos monetariamente e acrescidos de juros de mora Apelo de ambas as partes Relação de consumo Responsabilidade objetiva da instituição financeira, nos termos do artigo 14 do CDC Aplicação da Súmula 479 do STJ, por ser risco da atividade bancária Defesa fundamentada na assertiva de que o autor teria facilitado a ação fraudulenta ao fornecer dados seus a terceiros, o que afastaria a responsabilidade objetiva do banco Inocorrência Ausência de demonstração a esse respeito por parte do réu, que tinha o ônus dessa prova, mas foi revel, nos termos dos artigos 6º, VIII, do CDC e 373, II, do CPC Dano in re ipsa, sendo despiciendo perquirir a respeito da prova do prejuízo moral, que decorre do próprio fato danoso Dever de reparar que dispensa a demonstração objetiva do abalo psíquico sofrido Indenização fixada em R$5.000,00 Sentença parcialmente modificada RECURSO DO AUTOR PROVIDO E DO RÉU DESPROVIDO. (TSP – Apl nº 1002766-42.2022.8.26.0356, relator Des. Ramon Mateo Júnior, 15ª Câmara de Direito Privado, 01/03/2023) APELAÇÕES CÍVEIS. RESPONSABILIDADE CIVIL. RELAÇÃO DE CONSUMO. AÇÃO INDENIZATÓRIA POR DANOS MORAIS E MATERIAIS. FRAUDE BANCÁRIA. ESTELIONATO. RECEBIMENTO DE LIGAÇÃO POR PESSOA QUE SE FEZ PASSAR POR REPRESENTANTE DO BANCO. DEVER DE SEGURANÇA DO SERVIÇO. RESPONSABILIDADE OBJETIVA. FORTUITO INTERNO. RISCO DO EMPREENDIMENTO. 1. Sentença de parcial procedência, declarando a inexigibilidade das operações realizadas e impugnadas na inicial com a condenação do réu a proceder à devolução dos valores descontados em conta corrente da parte autora e ao pagamento de indenização por danos morais no valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais). Foi ainda julgado improcedente o pedido de restituição do valor referente aos juros e encargos do novo empréstimo contratado para cobrir o saldo devedor decorrente do golpe. 2. Em se tratando de relação de consumo e responsabilidade objetiva, cabe ao banco manter os cuidados necessários para prevenir golpes e fraudes fazendo parte de sua atividade empresarial, constituindo risco inerente ao exercício da atividade exercida, vez que aplicáveis os enunciados de súmula nº 479 do STJ e 94 deste Eg. Tribunal. 3. O valor arbitrado a título de reparação moral não revela qualquer desacerto tendo em vista todos os elementos que foram considerados para a sua fixação. Observância dos princípios da razoabilidade e proporcionalidade. Incidência do verbete nº 343 da súmula desta Corte, verbis: "a verba indenizatória do dano moral somente será modificada se não atendidos pela sentença os princípios da proporcionalidade e da razoabilidade na fixação do valor da condenação". 4. Não obstante ter sido vítima de fraude, o extrato comprova que o autor já se encontrava anteriormente em situação de devedor, o que afasta a alegação de que a motivação do novo empréstimo tenha sido dela decorrente. Ademais, o valor do mútuo supera o demonstrativo das perdas com a fraude, tendo a quantia revertido em benefício da parte autora. Manutenção da sentença que se impõe. NEGADO PROVIMENTO A AMBOS OS RECURSOS. (TJRJ – Apl 0041546-42.2019.8.19.0203, Relator Des. Rossidelio Lopes, Sêxta Câmara Cível, 24/02/2023) Dessa forma, declaro a nulidade dos contratos de empréstimos pessoais de nº 8304350 valor de R$ 50.000,00, nº 8305865 valor de R$ 6.600,00, nº 8335042 valor de R$ 7.500,00. Assim como, a nulidade da compra na quantia de R$ 2.899,85, na loja Centauro CE117 e do pix na monta de R$ 7.400,00, todos atribuídos às autoras e firmados por terceiro. Ainda, deve o demandado restituir, na forma simples, eventuais valores pagos pelas demandantes, a título das parcelas referentes aos empréstimos e da compra em questão, apurados em fase de cumprimento de sentença (mera conta aritmética), devendo a parte autora trazer aos autos as faturas que demonstrem os débitos com os respectivos comprovantes de pagamento, desde o seu início até a última dedução operada. Com relação à indenização por danos morais, tenho que os danos sofridos pela autora ultrapassam o mero aborrecimento, na medida em que houve falha na prestação do serviço bancário, enfatizando que o consumidor registrou boletim de ocorrência e não conseguiu resolver integralmente o problema de forma administrativa, o que intensifica o sentimento de vulnerabilidade e desproteção do consumidor, causando-lhe angústia. Nesse sentido, tenho como justa a condenação em indenização no montante de R$ 3.000,00 pelos danos morais experimentados. Diante do exposto, julgo parcialmente procedentes os pleitos da inicial para: a) confirmar os efeitos da tutela a fim de determinar que o demandado suspenda as cobranças das operações fraudulentas, assim como se abstenha de incluir o nome da autora no cadastro de inadimplentes, em razão das compras objeto desta ação. b) declarar a nulidade dos empréstimos pessoais de nº 8304350 valor de R$ 50.000,00, nº 8305865 valor de R$ 6.600,00, nº 8335042 valor de R$ 7.500,00, assim como, a nulidade da compra na quantia de R$ 2.899,85, na loja Centauro CE117 e do pix no valor de R$ 7.400,00, efetuados por terceiros de forma fraudulenta. c) condenar o demandado a restituir, na forma simples, eventuais valores pagos pelas demandantes, a título das parcelas referentes aos empréstimos e da compra em questão, apurados em fase de cumprimento de sentença, corrigidos desde o desembolso de cada parcela, pelo IPCA e os juros devem ser calculados com base no índice da taxa Selic, subtraindo-se o valor do IPCA, devendo a parte autora trazer aos autos as faturas que demonstrem os débitos com os respectivos comprovantes de pagamento, desde o seu início até a última dedução operada. d) condenar o demandado a restituir, na forma simples, o pix no valor de R$ 7.400,00, corrigidos a partir da transação realizada, pelo IPCA e os juros devem ser calculados com base no índice da taxa Selic, subtraindo-se o valor do IPCA. e) condenar o requerido em indenização por danos morais no valor de R$ 3.000,00, corrigido pela taxa Selic, a partir do arbitramento. Declaro o processo extinto com resolução do mérito, com esteio no artigo 487, I, do CPC. Em virtude de sucumbência em parte mínima da parte autora, condeno a ré em custas e honorários advocatícios, os últimos fixados em 15% sobre o valor atualizado da condenação. Caso haja recurso, considerando que a hipótese dos autos não trata dos arts. 331 (indeferimento da inicial), 332 (improcedência liminar) e 485, § 7º (sentença terminativa), do CPC, intime-se a parte apelada para, querendo apresentar contrarrazões. Atente-se à Diretoria Cível ao disposto no art. 1.009, §§ 1º e 2º do NCPC, intimando a parte recorrente para se manifestar, caso sejam suscitadas em contrarrazões as questões resolvidas na fase de conhecimento que não comportam agravo de instrumento. Após, remetam-se os autos ao TJPE, em conformidade com o que dispõe o art. 1.010, § 3º, do NCPC. Certificado o trânsito em julgado, aguarde-se o prazo de 15 dias para fins de manifestação voluntária das partes. Decorrido dito prazo, remeta-se ao arquivo com anotações de estilo, sem prejuízo de eventual ingresso de cumprimento de sentença em momento posterior. Recife, 31 de julho de 2025. Marcus Vinícius Nonato Rabelo Torres Juiz de Direito

Conteúdo completo bloqueado

Desbloquear

Processo nº 1002284-78.2025.8.13.0024

ID: 312831853

Tribunal: TJMG Órgão: 3ª Vara de Fazenda Pública e Autarquias da Comarca de Belo Horizonte Classe: MANDADO DE SEGURANçA CíVEL Nº Processo: 1002284-78.2025.8.13.0024

Data de Disponibilização: 01/07/2025

Polo Ativo:

DOUGLAS PEREIRA DA SILVA

Polo Passivo:

Sentença

Advogados:

EWERSON RIBEIRO BRANDINA

OAB/MG XXXXXX Desbloquear

MANDADO DE SEGURANÇA CÍVEL Nº 1002284-78.2025.8.13.0024/MG IMPETRANTE : DOUGLAS PEREIRA DA SILVA ADVOGADO(A) : EWERSON RIBEIRO BRANDINA (OAB MG226203) Local: Belo Horizonte Data: 30/06/2025 SENTENÇA… MANDADO DE SEGURANÇA CÍVEL Nº 1002284-78.2025.8.13.0024/MG IMPETRANTE : DOUGLAS PEREIRA DA SILVA ADVOGADO(A) : EWERSON RIBEIRO BRANDINA (OAB MG226203) Local: Belo Horizonte Data: 30/06/2025 SENTENÇA Vistos. I – RELATÓRIO DOUGLAS PEREIRA DA SILVA impetrou MANDADO DE SEGURANÇA COM PEDIDO LIMINAR contra ato da PRESIDENTE DA COMISSÃO DE CONCURSO – POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DE MINAS GERAIS, sob os seguintes fundamentos: Que o impetrante busca a anulação das questões nº 02, 05, 08 e 65, NÍVEL SUPERIOR – TIPO 1 – BRANCA, bem como o direito a uma avaliação justa, tendo em vista os erros no gabarito, em razão da afronta à ordem constitucional do Brasil, além da afronta clara ao edital do exame, em especial os itens 4.1.5, 4.1.6 e 4.1.7, devendo, assim, ser anulada a referida questão objeto da segurança. Que o Poder Judiciário deve interferir em matérias relacionadas a concursos públicos quando constatadas ilegalidades na execução do edital apresentado aos candidatos, situação que se verifica claramente por ocasião da aplicação da prova pela comissão organizadora. Que é entendimento pacificado que o Poder Judiciário não pode interferir nos critérios utilizados para atribuição de nota, cuja responsabilidade é da banca examinadora, sob pena de se configurar indevida a intervenção em ato discricionário da Administração. Que, ao se analisar o edital e as questões supramencionadas, verifica-se que a banca examinadora incorreu em equívoco nas escolhas das respostas, sendo que o referido tema já dispõe que, “salvo ocorrência de ilegalidade ou de inconstitucionalidade”, cabe ao Poder Judiciário interferir nos critérios adotados pela banca examinadora, em flagrante desrespeito ao edital, conforme será demonstrado. Que verifica-se que as questões não se adequam ao conteúdo programático do edital, quando confrontado o gabarito com o ordenamento jurídico. Que o impetrante realizou a inscrição no Concurso Público de Provas e Títulos para o cargo de INVESTIGADOR DE POLÍCIA I, dentro do prazo previsto no edital, “período de 21 (vinte e um) de outubro de 2024 a 19 (dezenove) de novembro de 2024”. Que, após a realização da prova, na data de 26/01/2025, foi disponibilizado o gabarito preliminar em 27/01/2025, sendo constatada a aprovação preliminar do Sr. Douglas Pereira da Silva no referido exame, uma vez que atingiu a marca de 36 acertos, sendo que o edital exige 35. Que, como a banca permitiu apenas 85 candidatos PCD (Pessoa com Deficiência) para a segunda fase (sendo o impetrante concorrente às vagas PCD), a nota de corte passou a ser de 38, situando-se o impetrante entre os 30 candidatos excedentes, conforme confirmado na Relação Provisória dos Candidatos Aprovados e Não Eliminados na Prova Objetiva, em 07/03/2025, matrícula 490006693. Que, diante do resultado do referido exame, o impetrante interpôs recurso administrativo, o qual restou infrutífero, visto que a banca o indeferiu. Que, sem que a banca houvesse se manifestado no sentido de anular as questões nº 02, 05, 08 e 65, NÍVEL SUPERIOR – TIPO 1 – BRANCA, após o gabarito final, restou ao impetrante, irresignado, buscar o Poder Judiciário, por meio do presente remédio constitucional, considerando que suas respostas foram consideradas incorretas e as questões não foram anuladas. Discorreu-se acerca das razões de direito e pleiteou-se, liminarmente, o acréscimo de um ponto para cada questão anulada, considerando que as questões nº 02, 05, 08 e 65, NÍVEL SUPERIOR – TIPO 1 – BRANCA, apresentam erro grosseiro e violam frontalmente a jurisprudência das Colendas Cortes Superiores, a Constituição Federal e o próprio edital do referido concurso, devendo, portanto, serem anuladas. No mérito, foi requerida a anulação das questões nº 02, 05, 08 e 65, NÍVEL SUPERIOR – TIPO 1 – BRANCA, com base nos fundamentos apresentados. Foi requerida, ainda, a concessão dos benefícios da gratuidade de justiça. Foram juntados documentos. Intimada, a parte impetrante juntou aos autos o processo de nº 1002766-26.2025.8.13.0024 – Evento 14, Doc. 2. A decisão do Evento 16 indeferiu o pedido liminar. O Estado de Minas Gerais manifestou-se no Evento 25. A parte impetrante manifestou-se no Evento 31. Intimado, o Ministério Público manifestou-se favoravelmente à concessão da segurança. Vieram-me conclusos os autos para julgamento. É o relatório. Decido. II – FUNDAMENTAÇÃO D O MÉRITO O presente processo cinge-se no inconformismo do autor quanto ao ato de sua eliminação do Concurso Público para o cargo de investigador de polícia, requerendo a anulação das questões objetivas apontadas. Em um primeiro plano, insta salientar que a Constituição Federal de 1988 estabelece em seu art. 37, incisos I e II, o procedimento adequado ao provimento inicial dos cargos públicos. Vejamos: “ Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: I - os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na forma da lei; II - a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração;” Em análise aos pedidos iniciais, verifico que pleiteia a anulação das questões de nº 2, 5, 8 e 65, do caderno de prova tipo 1, com atribuição dos pontos das questões anuladas. Por outro lado, as autoridades impetradas afirmam que o pleito da impetrante não há de ser concedido pois fere o princípio da separação de poderes e da isonomia entre os candidatos. Pois bem. Sabe-se que o concurso é um meio técnico posto à Administração Pública para obter-se moralidade, eficiência e aperfeiçoamento do serviço público e, ao mesmo tempo, propiciar igual oportunidade a todos os interessados que atendem aos requisitos da lei, ressaltando-se que os respectivos editais deverão estar de acordo com os princípios constitucionalmente consagrados. A liberdade concedida à Administração no sentido de estabelecer as bases do concurso público não afasta o controle judicial sobre a razoabilidade de sua atuação (art. 5º, inciso XXXV, da CF/1988). Cumpre ao candidato, por certo, observar os critérios e as instruções estabelecidas pela Administração no edital para aquele certame, o que não quer dizer que estes critérios não devam ser interpretados com um mínimo de razoabilidade. Em se tratando de atos administrativos, exige a presunção de legitimidade e legalidade, cabendo ao autor, como decorrência, provar a existência de vícios capazes de eivá-los de nulidade. Com efeito, os atos administrativos trazem a presunção de que foram editados em conformidade com as normas componentes do ordenamento jurídico. Sobre tal característica, José dos Santos Carvalho Filho leciona que: “ O fundamento precípuo, no entanto, reside na circunstância de que se cuida de atos emanados de agentes detentores de parcela do Poder Público, imbuídos, como é natural, do objetivo de alcançar o interesse público que lhes compete proteger. (Manual de Direito Administrativo. 16ª ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2006, p.106).” Além disso, conforme sabido, dentro da discricionariedade administrativa, a Administração Pública pode decidir conforme sua conveniência e oportunidade, devendo, todavia, ser observada a finalidade pretendida e os limites postulados pelo ordenamento jurídico, uma vez que não existe uma liberdade absoluta conferida ao agente público. No caso em tela, o ato administrativo examinado é, a princípio, insindicável judicialmente. Isso porque, a substituição da decisão administrativa pela judicial afronta o princípio da separação entre poderes, sendo cabível apenas nos casos em que for constatada inconstitucionalidade ou ilegalidade no ato da administração. É nesse sentido o entendimento do e. TJMG: “EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO ORDINÁRIA - CONCURSO PÚBLICO PARA PROVIMENTO DE CARGOS DA CARREIRA DE AGENTE DE SEGURANÇA PENITENCIÁRIO/POLICIAL PENAL - EDITAL SEJUSP N. 002/2021 - PROVA OBJETIVA - NORMAS DO EDITAL - CONTROLE JUDICIAL DE LEGALIDADE - POSSIBILIDADE - REDISCUSSÃO SOBRE O MÉRITO DA BANCA EXAMINADORA - INVIABILIDADE - RECURSO DESPROVIDO. Em concurso público é vedado ao Poder Judiciário reexaminar questões relativas ao mérito do ato administrativo, assim como lhe é defeso substituir-se à Banca Examinadora nos critérios de correção de provas e de atribuição de notas, sob pena de violação ao princípio constitucional da separação de poderes. Contudo, admite-se, excepcionalmente, o controle jurisdicional sobre a aferição de legalidade do certame, assim entendida a possibilidade de apreciar se a questão objetiva foi elaborada de acordo com o conteúdo programático previsto no edital ou, ainda, com evidente erro grosseiro. Não demonstrado que as questões judicialmente impugnadas se encontram em desarmonia com as regras do concurso público a que se submeteu o candidato ou que possuem erro grosseiro, não há que se falar na sua anulação e atribuição dos pontos ao candidato, o que impõe a manutenção da sentença que julgou improcedentes os pedidos iniciais (TJMG – Apelação Cível 1.0000.22.124233-2/002, Relator(a): Des.(a) Edilson Olímpio Fernandes, 6ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em 30/05/2023, publicação da súmula em 05/06/2023) .” No concurso objeto da presente lide, o edital juntado no Evento 1, Doc. 7, em seu item 4, estabelece os conteúdos programáticos e dispõe sobre os critérios de avaliação aplicáveis à prova objetiva. Dessa forma, observa-se que o autor tinha pleno conhecimento das matérias previstas no referido edital. Ademais, cumpre destacar que não restou demonstrada, nos autos, qualquer irregularidade que justifique a anulação das questões impugnadas. Outrossim, como é cediço, os atos administrativos gozam dos atributos que lhes são inerentes, por estarem submetidos ao regime jurídico de direito público, destacando-se entre eles a presunção de legalidade. Tal prerrogativa visa à proteção do interesse público, o qual se sobrepõe ao interesse individual, presumindo-se, em princípio, verdadeiros os fatos que ensejaram a prática do ato. Trata-se de presunção juris tantum de veracidade e juridicidade. Nesse contexto, verifica-se que a Administração Pública atuou sob a égide dos princípios da vinculação ao instrumento convocatório e da legalidade, os quais impõem a observância estrita das normas e condições estabelecidas no edital do certame. Oportuna a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça: “ (...) VII. Todavia, em matéria de concurso público, a atuação do Poder Judiciário limita-se à verificação da observância dos princípios da legalidade e da vinculação ao edital, tendo presente a discricionariedade da Administração Pública na fixação dos critérios e normas reguladoras do certame, que deverão atender aos preceitos instituídos na Constituição Federal, sendo-lhe vedado substituir-se à banca examinadora para apreciar os critérios utilizados para a elaboração e correção das provas, sob pena de indevida interferência no mérito do ato administrativo. Ou seja, "o Poder Judiciário não pode atuar em substituição à banca examinadora, apreciando critérios na formulação de questões, reexaminado a correção de provas ou reavaliando notas atribuídas aos candidatos" (…) (STJ - REsp 1.528.448/MG, relatora ministra Diva Malerbi (desembargadora convocada TRF 3ª Região), relatora para o acórdão ministra Assusete Magalhães, Primeira Seção, julgado em 22.11.2017, DJe 14.2.2018). (destaquei)” Como tem entendido o Egrégio Tribunal de Minas Gerais: “ Apelação - mandado de segurança - concurso público - prova de múltipla escolha - questões de raciocínio lógico dedutivo - matéria prevista no edital - compatibilidade - anulação de questões - ingerência do Poder Judiciário - Não cabimento - Tema 485 do STF - ausência de direito líquido e certo - apelação à qual se nega provimento. 1. O mandado de segurança é ação constitucional de controle de ato reputado ilegal ou abusivo que ameace direito líquido e certo do impetrante. 2. O direito líquido e certo é aquele que possa ser comprovado de plano, ou seja, independe de dilação probatória no Juízo, haja vista que tal procedimento é incompatível com o rito do mandado de segurança. 3. Os critérios adotados por banca examinadora de um concurso, tanto na elaboração quanto na correção das questões, não podem ser revistos pelo Poder Judiciário (Tema 485 do STF). 4. Dado que as questões foram desenvolvidas em conformidade com o que preconiza o conteúdo programático do Edital (Raciocínio Lógico - Lógica Dedutiva), não se verifica ilegalidade perpetrada pela organização do certame. 5. Ilegalidade afastada. Segurança denegada. (TJMG - Apelação Cível 1.0000.19.171008-6/001, Relator(a): Des.(a) Marcelo Rodrigues , 2ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em 17/03/2020, publicação da súmula em 18/03/2020).” Salienta-se, ainda, que ao Poder Judiciário é vedado adentrar no mérito administrativo dos atos emanados pela Administração Pública, cabendo-lhe, exclusivamente, exercer o controle de legalidade sobre tais atos. Esse entendimento coaduna-se com o princípio da separação dos poderes, impedindo que o Judiciário se transforme em gestor público, sobrepondo-se às competências atribuídas aos demais poderes estatais. Dessa forma, revela-se evidente a improcedência dos pedidos formulados pelo autor, diante dos fundamentos expostos. III – DISPOSITIVO Ante o exposto, DENEGO A SEGURANÇA pretendida e JULGO EXTINTO o feito, com resolução do mérito nos termos do art. 487, inciso I, do CPC c/c Lei n.º 12.019/2006. Por conseguinte, condeno a parte impetrante ao pagamento das custas e demais despesas processuais.Suspendo, contudo, a exigibilidade das verbas em razão dos benefícios da justiça gratuita que lhe foram deferidos. Sem honorários advocatícios, pois incabíveis na espécie, em função do disposto no art. 25 da Lei de Mandado de Segurança (Lei n.º 12.016/2009), e a teor das Súmulas 512 do Supremo Tribunal Federal, e 105 do Superior Tribunal de Justiça. Sentença não sujeita à remessa necessária. Transitada em julgado e não havendo outros requerimentos, remetam-se os autos ao arquivo, com baixa na distribuição. Publique-se. Registre-se. Intimem-se. Cumpra-se.

Conteúdo completo bloqueado

Desbloquear

Renata Carmona Valerio x Jose Nazareno Xavier Da Silva

ID: 257345761

Tribunal: TJPA Órgão: 2ª Turma de Direito Privado - Desembargador ALEX PINHEIRO CENTENO Classe: AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº Processo: 0811940-25.2024.8.14.0000

Data de Disponibilização: 16/04/2025

Polo Ativo:

RENATA CARMONA VALERIO

Polo Passivo:

JOSE NAZARENO XAVIER DA SILVA

Acórdão

Advogados:

GABRIELA ARAUJO COHEN

OAB/PA XXXXXX Desbloquear

JULIANA DE BRITTO MELLO

OAB/PA XXXXXX Desbloquear

PATRICIA DE NAZARETH DA COSTA E SILVA

OAB/PA XXXXXX Desbloquear

CRISTOVINA PINHEIRO DE MACEDO

OAB/PA XXXXXX Desbloquear

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARÁ AGRAVO DE INSTRUMENTO (202) - 0811940-25.2024.8.14.0000 AGRAVANTE: RENATA CARMONA VALERIO AGRAVADO: JOSE NAZARENO XAVIER DA SILVA RELATOR(A): Desembargador ALEX … TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARÁ AGRAVO DE INSTRUMENTO (202) - 0811940-25.2024.8.14.0000 AGRAVANTE: RENATA CARMONA VALERIO AGRAVADO: JOSE NAZARENO XAVIER DA SILVA RELATOR(A): Desembargador ALEX PINHEIRO CENTENO EMENTA DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. UNIÃO ESTÁVEL. DISSOLUÇÃO E PARTILHA DE BENS. DILIGÊNCIAS PARA LOCALIZAÇÃO DE PATRIMÔNIO. HIPOSSUFICIÊNCIA DA PARTE AUTORA. PRINCÍPIO DA COOPERAÇÃO. RECURSO PROVIDO. I. CASO EM EXAME 1. Agravo de Instrumento interposto por Renata Carmona Valerio contra decisão interlocutória que indeferiu pedido de expedição de ofícios e acesso a sistemas judiciais e administrativos (COAF, RIF, SENSEC, SREI, SISBAJUD, RENAJUD, INFOJUD, entre outros) com a finalidade de localizar bens do agravado, José Nazareno Xavier da Silva, supostamente omitidos para fins de partilha em ação de dissolução de união estável. A agravante alegou hipossuficiência, grave enfermidade e impossibilidade de acesso direto às informações protegidas por sigilo. II. QUESTÃO EM DISCUSSÃO 2. A questão em discussão consiste em definir se é cabível a expedição de ofícios e autorização de diligências judiciais para localização de bens do agravado, diante da alegada hipossuficiência da agravante e da existência de indícios de ocultação patrimonial. III. RAZÕES DE DECIDIR 3. O indeferimento do pedido de diligências com base exclusiva no ônus da prova (art. 373, I, do CPC) desconsidera o princípio da cooperação (art. 6º do CPC), segundo o qual o magistrado deve atuar proativamente na busca da verdade real. 4. A jurisprudência é pacífica no sentido de que, diante de indícios concretos de existência de patrimônio e da hipossuficiência da parte, o juízo deve viabilizar meios de localização de bens, inclusive por expedição de ofícios e utilização de sistemas judiciais como SISBAJUD, RENAJUD e INFOJUD. 5. A agravante apresentou elementos objetivos, como registro de embarcação, contas de energia e indícios de movimentação empresarial, que apontam para a existência de bens a serem partilhados. 6. As diligências requeridas não substituem o ônus probatório, mas viabilizam sua efetivação, conforme previsto no art. 139, IV, do CPC, devendo o juízo adotar medidas sub-rogatórias e indutivas para garantir a prestação jurisdicional adequada. 7. A negativa das diligências solicitadas compromete o acesso à justiça e o direito da agravante à efetiva partilha do patrimônio comum, especialmente em contexto de risco de dilapidação patrimonial. IV. DISPOSITIVO E TESE 8. Recurso provido. Tese de julgamento: 1. O juiz deve determinar diligências para localização de bens a serem partilhados quando demonstrada a hipossuficiência da parte e a existência de indícios objetivos de ocultação patrimonial. 2. O princípio da cooperação impõe ao magistrado o dever de atuação proativa para assegurar a efetividade da tutela jurisdicional em ações de partilha. 3. A utilização de sistemas judiciais e administrativos para busca de bens constitui instrumento legítimo de superação de assimetrias processuais, sem violar o princípio da imparcialidade. Dispositivos relevantes citados: CPC, arts. 6º, 139, IV e 373, I. Jurisprudência relevante citada: TJ-SP, AI 2030663-58.2024.8.26.0000, Rel. Des. Hertha Helena de Oliveira, j. 10.07.2024; TJ-DF, AI 0729400-46.2023.8.07.0000, Rel. Des. Ana Maria Ferreira da Silva, j. 21.02.2024; TJ-MS, AI 1407527-71.2024.8.12.0000, Rel. Des. Sideni Soncini Pimentel, j. 27.06.2024; TJ-GO, MS 5606421-03.2023.8.09.0174, Rel. Des. Sirlei Martins da Costa, j. 07.12.2023; TJ-AM, AI 4011177-02.2023.8.04.0000, Rel. Des. Joana dos Santos Meirelles, j. 08.05.2024; TJ-MG, AI 3474857-58.2023.8.13.0000, Rel. Des. Carlos Roberto de Faria, j. 05.07.2024; TJ-RJ, AI 0048734-45.2021.8.19.0000, Rel. Des. Carlos Santos de Oliveira, j. 29.11.2021; TJ-MT, AI 1002766-02.2018.8.11.0000, Rel. Des. Serly Marcondes Alves, j. 30.05.2018. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos, onde figuram como partes as acima identificadas, acordam os Excelentíssimos Senhores Desembargadores membros da Colenda 2ª Turma de Direito Privado do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Pará em plenário virtual, por unanimidade de votos, em CONHECER e DAR PROVIMENTO ao Recurso de Agravo de Instrumento, nos termos do voto da Exmo. Desembargador Alex Pinheiro Centeno. Alex Pinheiro Centeno Desembargador Relator RELATÓRIO Trata-se de Agravo de Instrumento interposto por RENATA CARMONA VALERIO, irresignada com a r. decisão interlocutória de ID nº 120529691, proferida nos autos do processo nº 0880189-32.2023.8.14.0301, em trâmite na 7ª Vara de Família da Comarca de Belém/PA, que indeferiu o pedido da autora para que o juízo de origem determinasse, de ofício, a expedição de ofícios à Capitania dos Portos da Amazônia Oriental, ao Iate Clube, à Receita Federal e o acesso aos sistemas COAF, RIF, SENSEC, SREI, SISBAJUD, RENAJUD e INFOJUD, com o fito de localizar bens em nome do agravado que seriam passíveis de partilha em razão da dissolução da união estável. A decisão agravada fundamentou-se no entendimento de que incumbe à parte autora o ônus da prova quanto ao fato constitutivo do seu direito, nos termos do art. 373, inciso I, do CPC, restringindo a partilha aos bens comprovadamente registrados em nome das partes e adquiridos durante a constância da união estável (ID 120529691). Em suas razões recursais (ID 20846275), a agravante aduz, em síntese: que ajuizou ação de reconhecimento e dissolução de união estável cumulada com pedido de alimentos e partilha de bens; que a negativa judicial em deferir as diligências viola o princípio da cooperação (art. 6º do CPC) e o direito fundamental de acesso à justiça; que a agravante encontra-se em estado de hipossuficiência, sendo portadora de grave enfermidade (câncer de mama), e não possui condições técnicas ou jurídicas de acessar as informações requeridas, protegidas por sigilo legal; que existem provas nos autos da existência de bens em nome do agravado, como a embarcação "HERÓICA" (ID 113788046), imóvel em Salinópolis (ID 111242394) e atividade da empresa Xavier & Valério Serviços Médicos Ltda. (ID 119062959); que o juízo de origem, ao indeferir as diligências requeridas, violou não apenas princípios legais, mas também jurisprudência consolidada que reconhece a possibilidade de utilização de mecanismos judiciais para a localização de bens a serem partilhados. Em sede de decisão interlocutória este signatário determinou a suspensão da decisão impugnada, ante a existência dos requisitos do art. 995, parágrafo único do CPC. Contrarrazões foram apresentadas pelo agravado, conforme ID 23391561, sustentando, em resumo: ausência de prova inequívoca quanto à existência dos bens indicados; que não cabe ao Judiciário atuar como auxiliar da parte na busca indiscriminada de patrimônio, sob pena de violação aos princípios da imparcialidade e legalidade; que a agravante não se desincumbiu do ônus probatório, conforme preceitua o art. 373, I, do CPC. Ao final, requer o desprovimento do recurso. É o relatório. VOTO A controvérsia devolvida a este egrégio órgão colegiado cinge-se à análise da legalidade e razoabilidade da decisão que indeferiu, com base no art. 373, I, do CPC, o pedido de diligências judiciais formulado pela parte autora com o intuito de localizar bens do agravado para fins de partilha em ação de dissolução de união estável. A jurisprudência pátria é pacífica no sentido de que o princípio da cooperação, previsto no art. 6º do CPC, impõe ao Magistrado o dever de atuar de forma proativa e colaborativa na busca da verdade real e na efetivação dos direitos materiais em litígio, especialmente quando demonstrada a hipossuficiência da parte e a presença de indícios robustos da existência de patrimônio ocultado pelo réu, senão vejamos: AGRAVO DE INSTRUMENTO. INVENTÁRIO. Decisão que indeferiu pleito de expedição de ofício ao Detran para localização do veículo que pertencia à 'de cujus', bem como à instituição bancária, para verificação de saldos em datas diversas da do óbito da autora da herança. Insurgência do inventariante. Cabimento em parte. A impossibilidade de o agravante obter por si próprio as informações sobre o paradeiro do automóvel restou devidamente caracterizada. Observância ao princípio da cooperação. A expedição de ofícios viabiliza a prestação jurisdicional e torna útil o processo, instrumento da jurisdição. No entanto, o saldo bancário a ser apurado para fins de inventário é o da data de falecimento do 'de cujus'. Descabida a pesquisa de movimentações bancárias efetuadas na época em que a autora da herança ainda estava viva, porquanto irrelevantes à efetivação da partilha. Discussão acerca de eventual sonegação de bens do acervo hereditário deve ser objeto de ação própria. Precedentes desse E . Tribunal de Justiça. Decisão reformada em parte. Recurso parcialmente provido (TJ-SP - Agravo de Instrumento: 20306635820248260000 Guarujá, Relator.: Hertha Helena de Oliveira, Data de Julgamento: 10/07/2024, 2ª Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 10/07/2024) (grifos nossos). Ementa: PROCESSO CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. EXPEDIÇÃO DE OFÍCIO. POSSIBILIDADE. PRINCÍPIO DA COOPERAÇÃO. DECISÃO REFORMADA EM PARTE. 1. Em atenção ao princípio da cooperação ou colaboração, previsto no art . 6º do Código de Processo Civil, todos os sujeitos processuais, inclusive o magistrado, devem cooperar entre si na busca pela efetiva prestação jurisdicional. 2. Reputa-se razoável a expedição de ofício à pretendidas instituições financeiras para que informem se havia contratos de seguro em vigência à época do falecimento da inventariada ou numerário em suas eventuais contas, no intuito de instruir a necessária ação de inventário. 3. Agravo de Instrumento conhecido e parcialmente provido (TJ-DF 0729400-46.2023.8 .07.0000 1815445, Relator.: ANA MARIA FERREIRA DA SILVA, Data de Julgamento: 21/02/2024, 3ª Turma Cível, Data de Publicação: 29/02/2024) (grifos nossos). “AGRAVO DE INSTRUMENTO – AÇÃO DE INVENTÁRIO – BUSCA VIA SISBAJUD/SREI DE BENS DEIXADOS PELO FALECIDO – POSSIBILIDADE – OBSERVÂNCIA AO PRINCÍPIO DA COOPERAÇÃO E CELERIDADE PROCESSUAL, BEM COMO AO INTERESSE DE INCAPAZ (FILHOS MENORES DEIXADOS PELO DE CUJUS) – DECISÃO DE INDEFERIMENTO REFORMADA – RECURSO CONHECIDO E PROVIDO. 1. No que se refere ao pedido de busca de bens deixados pelo falecido, ainda que o espólio esteja representado pela viúva e também herdeira, a obtenção de informações sobre o patrimônio existente por ocasião do óbito não será tarefa fácil, demandando maior tempo para solução do inventário. 2. Assim, em observância aos princípios da cooperação e celeridade processual, bem como ante a existência de interesse de incapaz (filhos menores deixados pelo falecido), inarredável a reforma da decisão que indeferiu pedido de busca de bens via SISBAJUD e SREI” (TJ-MS - Agravo de Instrumento: 14075277120248120000 Campo Grande, Relator.: Des. Sideni Soncini Pimentel, Data de Julgamento: 27/06/2024, 4ª Câmara Cível, Data de Publicação: 01/07/2024) (grifos nossos). EMENTA: MANDADO DE SEGURANÇA. DESPACHO SEM CUNHO DECISÓRIO. INDEFERIMENTO DO PEDIDO DE BUSCA DO ENDEREÇO DA PARTE DEMANDADA VIA RENAJUD, INFOJUD E SISBAJUD. AUSÊNCIA DE ESGOTAMENTO DOS MEIOS POSSÍVEIS PARA LOCALIZAÇÃO DO ENDEREÇO DA PARTE. DESNECESSIDADE. PRINCÍPIO DA COOPERAÇÃO E DA EFETIVIDADE DA JURISDIÇÃO. SÚMULA Nº 44 DO TJGO. 1. Recurso interposto contra despacho que indeferiu pedido de pesquisa a sistemas conveniados. Ato judicial irrecorrível. Os despachos de mero expediente, que não possuem cunho decisório são irrecorríveis, de acordo com o artigo 1.001 do CPC. 2. Face aos princípios da cooperação e da efetividade da jurisdição, os sistemas Sisbajud, Infojud e Renajud devem ser utilizados, a pedido da parte, para localização do endereço do requerido ou de bens suficientes ao cumprimento da responsabilidade patrimonial. Inteligência da Súmula nº 44, deste Sodalício. 3 . Ante a situação fática e jurídica delineada no caso em espeque e, considerando que a pesquisa de novos endereços porventura existentes é medida razoável e colaborativa, sendo necessária para a solução integral e justa do litígio, possibilitando a entrega efetiva da tutela jurisdicional, forçosa é a concessão da segurança. SEGURANÇA CONCEDIDA (TJ-GO 5606421-03.2023 .8.09.0174, Relator.: SIRLEI MARTINS DA COSTA, 3ª Seção Cível, Data de Publicação: 07/12/2023) (grifos nossos). O pedido da agravante está fundamentado em elementos probatórios que indicam, de forma clara e objetiva, a existência de bens que supostamente teriam sido omitidos pelo agravado, conforme se extrai dos documentos de ID 113788046 (registro da embarcação “HERÓICA” em nome do agravado), ID 111242394 (conta de energia da casa em Salinópolis), e ID 119062959 (atividade da empresa Xavier & Valério Serviços Médicos Ltda., da qual a autora detém cotas e não aufere qualquer rendimento). O indeferimento genérico e peremptório, amparado apenas no art. 373, I, do CPC, ignora por completo o princípio da cooperação e da verdade real, bem como as diretrizes de efetividade da jurisdição, especialmente em demandas de natureza patrimonial que envolvem partilha e eventual ocultação de bens. A atuação judicial, neste caso, não é substitutiva do ônus probatório, mas sim instrumental à sua realização, nos exatos moldes preconizados pelo art. 139, IV, do CPC, a saber: “Art. 139. O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código, incumbindo-lhe: [...] IV - determinar todas as medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou sub-rogatórias necessárias para assegurar o cumprimento de ordem judicial, inclusive nas ações que tenham por objeto prestação pecuniária”. Além disso, as medidas postuladas revelam-se adequadas à preservação do patrimônio comum e à prevenção de dilapidação, sendo recomendável a sua análise pelo juízo de origem com a devida cautela. Nesse sentido: DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL - AGRAVO DE INSTRUMENTO - AÇÃO DE DIVÓRCIO E PARTILHA DE BENS - TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA DE NATUREZA CAUTELAR - DEPÓSITO JUDICIAL DE METADE DO VALOR IDENTIFICADO EM CONTA BANCÁRIA DE TITULARIDADE DO CÔNJUGE VARÃO - DEFERIMENTO PELO JUIZ - REQUISITOS DO ARTIGO 300 DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL - FUMUS BONI IURIS E PERICULUM IN MORA - PRESENÇA - PRETENSÃO DE DILAPIDAÇÃO PATRIMONIAL - CONFIGURAÇÃO - TENTATIVA DE BLOQUEIO DE BENS QUE RESTOU INFRUTÍFERA - NECESSIDADE DE ASSEGURAR O DIREITO DO CÔNJUGE VIRAGO À FUTURA MEAÇÃO - RECURSO NÃO PROVIDO - DECISÃO AGRAVADA MANTIDA. - Nos termos do disposto no artigo 300 do vigente Código de Processo Civil , a concessão de tutela provisória de urgência - de natureza cautelar ou satisfativa - requer a presença, de forma cumulativa, dos requisitos da probabilidade do direito invocado pela parte requerente e da existência de perigo de dano, caso o provimento jurisdicional reclamado somente seja concedido em decisão final - O Código de Processo Civil , em seu artigo 301 , acolheu o poder geral de cautela, sendo permitido ao magistrado adotar as medidas cabíveis e necessárias para preservar o direito da parte - Comprovado o direito sobre os bens os quais se pretende sejam assegurados, bem como a intenção de dilapidação de patrimônio por parte do cônjuge que está em seu poder, mostra-se correta e, assim, devendo ser mantida, decisão pela qual determinado o depósito judicial de metade do valor identificado em contas bancárias de titularidade do cônjuge varão, com vistas a garantir o direito do cônjuge virago à futura meação, diante da frustrada tentativa de bloqueio de bens (TJ-AM - Agravo de Instrumento: 4011177-02.2023 .8.04.0000 Manaus, Relator.: Joana dos Santos Meirelles, Data de Julgamento: 08/05/2024, Primeira Câmara Cível, Data de Publicação: 08/05/2024) (grifos nossos). EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO - PEDIDO DE ARROLAMENTO DO PATRIMÔNIO COMUM - POSSIBILIDADE - BLOQUEIO E CONSTRIÇÃO DE EMPRESA - NECESSIDADE DE MAIOR DILAÇÃO PROBATÓRIA. 1. As medidas cautelares visam a assegurar a uma das partes a utilidade de um provimento futuro relacionado a um direito plausível invocado, diante de fundado receio de lesão grave e de difícil reparação. 2 . A existência de indícios de ameaça de extravio ou dissipação dos bens permite o arrolamento cautelar, a fim de preservar a pretensão de partilha a ser exercida em futura ação de divórcio. 3. A indisponibilidade e constrição dos bens da empresa administrada pelo requerido não se revela prudente nesse momento processual, sobretudo porque a totalidade do patrimônio, no período vindicado, estará resguardada pelo arrolamento cautelar (TJ-MG - Agravo de Instrumento: 34748575820238130000 1 .0000.23.347484-0/001, Relator.: Des.(a) Carlos Roberto de Faria, Data de Julgamento: 05/07/2024, 8ª Câmara Cível Especializada, Data de Publicação: 08/07/2024) (grifos nossos). AGRAVO DE INSTRUMENTO. DISSOLUÇÃO DE UNIÃO ESTÁVEL E PARTILHA DE BENS. TUTELA DE URGÊNCIA. ARROLAMENTO E INDISPONIBILIDADE DOS BENS ADQUIRIDOS DURANTE A UNIÃO. PRESENÇA DOS REQUISITOS LEGAIS. FUMUS BONI IURIS. RISCO DE DILAPIDAÇÃO PATRIMONIAL. 1. Trata-se de recurso de agravo de instrumento interposto em face de decisão proferida nos autos de ação de dissolução de união estável com partilha de bens, que indeferiu pedido liminar de arrolamento e indisponibilidade dos bens adquiridos na constância da união. 2. Presença dos requisitos que autorizam a concessão da tutela de urgência. Verossimilhança das alegações autorais acerca da existência da união estável com o agravado, e do período de sua duração, bem como que os bens indicados foram amealhados na constância da união havida entre as partes. 3. Neste contexto, salvo contrato escrito entre os companheiros, aplica-se às relações patrimoniais, no que couber, o regime da comunhão parcial de bens (Código Civil, art. 1.725). Assim, a princípio, a agravante faz jus à meação dos bens que são objeto dos pedidos de arrolamento e indisponibilidade formulados na inicial. 4. Por outro lado, os bens imóveis e o veículo apontados foram adquiridos apenas em nome do agravado, que também é o único titular da conta corrente indicada, o que permite a alienação de tais bens sem necessidade de anuência da agravante. Configuração de elevado risco de dilapidação patrimonial, capaz de frustrar futura partilha, que autoriza a concessão das medidas cautelares de arrolamento e indisponibilidade, em caráter liminar. Precedente. 5. Inexistência de risco de dano inverso, ou de irreversibilidade da medida, uma vez que o arrolamento de bens pretendido não traduz qualquer gravame, mas apenas a impossibilidade de dispor dos mesmos, ou seja, de qualquer forma os alienar, com vistas a assegurar a eficácia de futura partilha. PROVIMENTO DO RECURSO. (TJ-RJ - AI: 00487344520218190000 202100262643, Relator: Des(a). CARLOS SANTOS DE OLIVEIRA, Data de Julgamento: 29/11/2021, TERCEIRA CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: 03/12/2021) (grifos nossos). RECURSO DE AGRAVO DE INSTRUMENTO – AÇÃO DE RECONHECIMENTO E DISSOLUÇÃO DE UNIÃO ESTÁVEL – MEDIDA CAUTELAR DE ARROLAMENTO – LIMINAR CONCEDIDA – REQUISITOS DA TUTELA DEMONSTRADOS – BENS DE FÁCIL COMERCIALIZAÇÃO – RISCO DE DILAPIDAÇÃO – NECESSIDADE DE ASSEGURAR O RESULTADO DA PARTILHA – DECISÃO MANTIDA – RECURSO DESPROVIDO I - Infere-se do artigo 301 do Código de Processo Civil que, o juiz poderá servir-se de medidas cautelares que busquem assegurar o direito pleiteado pela parte, mediante arresto, sequestro, arrolamento de bens, registro de protesto contra alienação fiduciária de bem ou qualquer outra medida idônea equivalente. II - Para a concessão da tutela cautelar, a parte deverá comprovar o preenchimento dos requisitos do artigo 300 do CPC, quais sejam o grau de probabilidade do direito invocado e o perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo. III - A medida cautelar de arrolamento de bens deferida, na origem, busca, em especial, resguardar bens móveis e semoventes, os quais são facilmente comercializáveis e se encontram sob a administração do agravante, sendo necessário, portanto, assegurar o direito da parte agravada, a fim de não lhe causar prejuízos irremediáveis (TJ-MT - AI: 10027660220188110000 MT, Relator.: SERLY MARCONDES ALVES, Data de Julgamento: 30/05/2018, Quarta Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 05/06/2018) (grifos nossos). Dessa forma, impõe-se a reforma da decisão de ID 120529691, para que seja determinado ao juízo de primeiro grau que oficie aos órgãos e sistemas indicados pela agravante, a fim de viabilizar a localização de bens do agravado passíveis de partilha. DISPOSITIVO Ante o exposto, Conheço do Recurso e dou-lhe Provimento para reformar a decisão agravada para determinar que o juízo de origem proceda, de ofício, às diligências pleiteadas pela agravante, em conformidade com o art. 6º e 139, IV, do CPC, e demais normas constitucionais e infraconstitucionais aplicáveis à espécie. É como voto. Belém, datado e assinado digitalmente. ALEX PINHEIRO CENTENO Desembargador Relator Belém, 08/04/2025

Conteúdo completo bloqueado

Desbloquear

Resultados para "1002766-96.2022.8.26.0629" – Página 54 de 54

Enio Roberto Vicentin x Denner De Barros E Mascarenhas Barbosa

Processo nº 0043322-62.2025.8.17.2001

Processo nº 0043322-62.2025.8.17.2001

Processo nº 1002284-78.2025.8.13.0024

Renata Carmona Valerio x Jose Nazareno Xavier Da Silva