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José Henrique Silvestre x Unimed Centro-Oeste Paulista - Federação Intrafederativa Das Cooperativas Médicas

ID: 337044704

Tribunal: TJSP Órgão: Foro de Bauru - 4ª Vara Cível Classe: PROCEDIMENTO COMUM CíVEL Nº Processo: 1009765-85.2025.8.26.0071

Data de Disponibilização: 29/07/2025

Polo Ativo:

JOSé HENRIQUE SILVESTRE

Polo Passivo:

UNIMED CENTRO-OESTE PAULISTA - FEDERAçãO INTRAFEDERATIVA DAS COOPERATIVAS MéDICAS

Intimação

Advogados:

PAULO AFONSO DE MARNO LEITE

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MÔNICA REGINA MARTINS COVOLAN

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MARCELO MORATO LEITE

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Processo 1009765-85.2025.8.26.0071 - Procedimento Comum Cível - Serviços de Saúde - José Henrique Silvestre - Unimed Centro-Oeste Paulista - Federação Intrafederativa das Cooperativas Médicas - J. … Processo 1009765-85.2025.8.26.0071 - Procedimento Comum Cível - Serviços de Saúde - José Henrique Silvestre - Unimed Centro-Oeste Paulista - Federação Intrafederativa das Cooperativas Médicas - J. H. S., representado pela mãe dele, V. S. S., qualificado nos autos, ajuizou ação de obrigação de fazer contra U. C. O. P. F. I. D. C. M., também qualificada nos autos, alegando que é portador de paralisia cerebral com tetraplegia, classificado no nível 4 da GMFCS, o qual depende de cadeira de rodas adequada, com assento, encosto, cinto de segurança e suporte para bandeja de alimentação, a fim de assegurar a mobilidade dele, conforto e qualidade de vida, contudo, o plano de saúde se recusou a fornecer o equipamento, mesmo diante da comprovação médica da necessidade. Requereu, portanto, a concessão de tutela de urgência para determinar que a ré forneça imediatamente a cadeira de rodas necessária ao autor adequada com assento, encosto cinto e encaixe e bandeja de alimentação O Ministério Público, instado a se manifestar, opinou pelo deferimento do pedido de tutela jurisdicional. Concedidos os pedidos de prioridade na tramitação, gratuidade de justiça e de antecipação de tutela jurisdicional ao autor, corrigiu-se o polo passivo para Unimed Centro-Oeste Paulista - Federação Intrafederativa das Cooperativas Médicas. Citada, a ré apresentou contestação na qual alegou, em resumo, que o pedido formulado em favor do beneficiário foi indeferido, pois o fornecimento do equipamento não está previsto na cobertura contratual por se tratar de órtese não vinculada a procedimento cirúrgico, portanto, está expressamente excluída do rol de coberturas obrigatórias fixado pela Lei nº 9.656, de 3 de junho de 1998, e pelas normas da Agência Nacional de Saúde Suplementar-ANS. Teceu outros comentários e requereu, ao final, a improcedência dos pedidos. O autor, intimado, deixou de ofereceu réplica e o Ministério Público, que interveio no processo, apresentou parecer no qual opinou pela procedência dos pedidos. É o relatório. Fundamento e decido. Trata-se de ação de obrigação de fazer que comporta o julgamento antecipado do mérito, nos termos do art. 355, I, do Código de Processo Civil de 2015, sem a mínima necessidade de produção de provas orais ou técnicas, uma vez que a matéria controvertida é unicamente de direito e os fatos passíveis de demonstração apenas por documentos. A parte autora ingressou com ação de obrigação de fazer visando compelir a parte ré a fornecer equipamento essencial à condição que acomete aquela, conforme prescrição médica. Encontra-se comprovado o estado de saúde e a condição especial da parte autora, assim como a necessidade do fornecimento do insumo indicado, remanescendo discussão sobre a obrigatoriedade da parte ré para a cobertura do equipamento. A parte autora é beneficiária de plano de saúde e necessita da disponibilização de uma cadeira de rodas adequada com assento, encosto cinto e encaixe para bandeja de alimentação mais bandeja de alimentação, pois apresenta quadro de paralisia cerebral com tetraplegia. Consta dos autos a solicitação e a indicação feita por médico credenciado da parte ré, que indica que a paciente (parte autora) necessita rigorosamente de cuidados especiais (página 18). Assentir com a recusa da operadora do plano de saúde retribuiria para enfraquecer o compromisso e a responsabilidade por ela assumidos, contratual e legalmente, deixando a parte autora em exagerada desvantagem, incompatível com o princípio da boa-fé e com o equilíbrio do ajuste, o que significa ainda restrição a direitos fundamentais próprios da natureza e da finalidade do contrato (direito à vida e à saúde), o que é vedado por lei. Afirma parte ré que o fornecimento pretendido para a parte autora está fora do rol dos procedimentos conforme os diretrizes de utilização expressos na Lei nº 9.656, de 3 de junho de 1998, e regulamentação especial (RN/ANS 465/21), à medida que não se trata de órtese vinculada a procedimento cirúrgico. Não se pode entender correta a recusa de cobertura de custeio de tratamento sob os argumentos trazidos pela parte ré. A Resolução Normativa nº 387/2015, bem como a de nº 428/2017 da Agência Nacional de Saúde Suplementar-ANS, ao exibirem o rol de procedimentos e eventos em saúde, nada mais fizeram que atualizar o conjunto de procedimentos de cobertura mínima nos planos privados de assistência à saúde. A propósito, o Superior Tribunal de Justiça assim se manifestou a respeito: O fato de o procedimento não constar do rol da ANS não afasta o dever de cobertura do plano de saúde, haja vista se tratar de rol meramente exemplificativo (4ª Turma, AgInt no AREsp 1.036.187-PE, rel. Min. Raul Araújo, j. 27.06.2017, DJe 01.08.2017). Revela-se abusiva qualquer cláusula contratual ou ato de operadora de plano de saúde que interrompa o tratamento e o fornecimento do quanto necessário para o efetivo tratamento ou para trazer condições mínimas de mobilidade para parte autora, asseguradas pela Agência Nacional de Saúde Suplementar-ANS. Havendo expressa cobertura quanto ao tratamento de problemas relativos à condição que acomete a parte autora, qualquer limitação de realização de procedimentos necessários à efetivação dele ou fornecimento de meios e equipamentos para uma condição minimamente adequada e digna, quando expressamente indicados por profissional habilitado, significa, na realidade, exclusão, configurando-se como abusiva, conforme art. 51, caput e I e IV, do Código de Defesa do Consumidor. Sérgio Cavalieri Filho explica bem a abusividade acima mencionada: "uma coisa é a doença não ter cobertura, caso em que o segurador não assumiu nenhuma obrigação, a seu respeito (não assumiu o seu risco), e outra coisa, bem diferente, é a doença ter cobertura, e a partir de um determinado momento deixar de tê-la" (Programa de Responsabilidade Civil, Editora Atlas, 9ª edição, 2010. p. 455). A Súmula 102 do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo disciplina a questão: Havendo expressa indicação médica, é abusiva a negativa de cobertura de custeio de tratamento sob o argumento da sua natureza experimental ou por não estar previsto no rol de procedimentos da ANS. Sob qualquer ângulo que se analise o tema posto em discussão, verifica-se que compete ao plano de saúde fornecer à parte autora o insumo requerido. Consta dos autos, como dito, que a parte autora padece de paralisia cerebral e tetraplegia e necessita de cadeira especial para locomoção, alimentação e outras atividades. Tratando-se de pessoa com deficiência, além disso, deve ser atendido com prioridade, tendo em vista a Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015 (Estatuto da Pessoa com Deficiência), e a Convenção de Nova Iorque, internalizada pela República Federativa do Brasil com status de emenda constitucional. O Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, a propósito, já determinou o fornecimento de cadeira de rodas adaptada à pessoa com deficiência: "Apelação. Direito à saúde. Cadeira de rodas adaptada. Pessoa com deficiência. Pedido de fornecimento de cadeira de rodas adequada para a autora, diagnosticada com paralisia cerebral bilateral espástica e outras comorbidades. A responsabilidade solidária dos entes federativos no dever de assegurar o direito à saúde infirma a alegada ilegitimidade passiva do Município. Inaplicabilidade das teses jurídicas firmadas pelo STF, no julgamento do Tema 1.234. Disponibilização de equipamento para saúde. Urgência e necessidade da cadeira de rodas demonstradas por relatórios técnicos. Justificada a manutenção da sentença e a imposição da multa diária. Alteração do critério de valoração dos honorários. Impossibilidade, à ausência de recurso da apelada, por resultar em indevida reformatio in pejus. Recurso desprovido" (7ª Câmara de Direito Público, Ap. 1001292-92.2024.8.26.0444, rel. Des. Fausto Seabra, j. 28.05.2025). E mais, inclusive com a análise da questão da cobertura não vinculada a ato cirúrgico, julgou: "Direito do consumidor. Apelação. Plano de saúde. negativa de cobertura. Recurso desprovido. I. Caso em Exame. 1. Ação cominatória em que a parte autora, menor beneficiário de plano de saúde, busca a condenação da parte requerida na obrigação de fornecer cadeira de rodas adaptada, conforme prescrição médica, devido a paralisia cerebral e outras condições médicas. A sentença de primeira instância julgou procedente o pedido, impondo multa diária em caso de descumprimento. II. Questão em Discussão. 2. A questão em discussão consiste na validade da negativa de cobertura pela operadora de plano de saúde, sob alegação de ausência de previsão contratual e legal para fornecimento de órtese não ligada a ato cirúrgico, conforme art. 10, inciso VII, da Lei 9.656/98. III. Razões de Decidir. 3. Aplicação do Código de Defesa do Consumidor aos contratos de plano de saúde, que devem ser interpretados em favor do consumidor, especialmente em contratos de adesão. 4. A negativa de cobertura é considerada abusiva, pois o contrato não exclui a cobertura da moléstia que acomete o autor, e a prescrição médica deve ser respeitada. A recente Lei 14.454/22 reforça que o rol da ANS é meramente exemplificativo. IV. Dispositivo e Tese. 5. Recurso desprovido. Tese de julgamento: 1. A negativa de cobertura de tratamento prescrito por médico especialista é abusiva quando não há exclusão contratual expressa. 2. O rol da ANS é exemplificativo, não afastando a obrigação de cobertura. Legislação Citada: CF/1988, art. 6º. Lei 9.656/98, art. 10, inciso VII. Lei 14.454/22. Código de Defesa do Consumidor, art. 51, inciso IV. Código de Processo Civil, art. 85, §§ 1º e 11. Jurisprudência Citada: TJSP, Apelação Cível 1021250- 97.2021.8.26.0564, Rel. Fernando Marcondes, 2ª Câmara de Direito Privado, j. 28/11/2023. TJSP, Apelação Cível 1003257-47.2022.8.26.0001, Rel. Márcia Dalla Déa Barone, 4ª Câmara de Direito Privado, j. 20/06/2023. TJSP, Apelação Cível 1007171-66.2021.8.26.0224, rel. Maria Salete Corrêa Dias, 2ª Câmara de Direito Privado, j. 31/05/2022. STJ, AgInt no AREsp 1036187/PE, rel. Min. Raul Araújo, 4ª Cam, j. 27/6/2017" (TJSP, 5ª Câmara de Direito Privado, Ap. 1002803-30.2022.8.26.0272, rel. Des. Moreira Viegas, j. 31.03.2025). Posto isso, com base também no parecer do Ministério Público de páginas 288/297, julgo procedentes os pedidos para: a) confirmar a antecipação de tutela jurisdicional de páginas 47, item 6 e, por conseguinte, acolher em caráter definitivo o pedido de página 9, item IV, "b" e "c"; b) condenar a parte ré a pagar as custas, despesas processuais e honorários advocatícios arbitrados em R$ 1.400,00, corrigidos desta data, atendidos os requisitos do art. 85, § 8º, do Código de Processo Civil de 2015. Se interposta apelação contra esta sentença e eventual recurso adesivo, como nos termos do Código de Processo Civil de 2015, cabe apenas à instância ad quem examinar os requisitos e pressupostos objetivos e subjetivos de admissibilidade recursal (art. 1.010, § 3º), providencie a serventia a intimação da parte apelada e/ou da parte recorrente em caráter adesivo pra apresentar, se quiser, as correspondentes contrarrazões, no prazo de quinze dias (art. 1.010, § 1º), sob pena de preclusão e, após, independentemente de nova decisão ou despacho, remeta-se os autos do processo judicial eletrônico (digital) ao Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, Seção de Direito Privado, no prazo e com as cautelas de estilo. P. R. I. - ADV: PAULO AFONSO DE MARNO LEITE (OAB 36246/SP), MÔNICA REGINA MARTINS COVOLAN (OAB 337669/SP), MARCELO MORATO LEITE (OAB 152396/SP)

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Bruna Machado Alves x Gol Linhas Aéreas S.A.

ID: 330705128

Tribunal: TJPR Órgão: Vara Cível de Pinhais Classe: PROCEDIMENTO COMUM CíVEL Nº Processo: 0012221-55.2024.8.16.0033

Data de Disponibilização: 29/07/2025

Polo Ativo:

BRUNA MACHADO ALVES

Polo Passivo:

GOL LINHAS AéREAS S.A.

Conclusão

Advogados:

ARABEL BATISTA COSTA NUNES

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LOYANNA DE ANDRADE MIRANDA

OAB/MG XXXXXX Desbloquear

LUCAS SALOMAO COSTA

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GUSTAVO SILVERIO DA FONSECA

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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARANÁ COMARCA DA REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA - FORO REGIONAL DE PINHAIS VARA CÍVEL DE PINHAIS - PROJUDI Rua Vinte e Dois de Abril, 199 - Fórum Cível - Estância Pin… PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARANÁ COMARCA DA REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA - FORO REGIONAL DE PINHAIS VARA CÍVEL DE PINHAIS - PROJUDI Rua Vinte e Dois de Abril, 199 - Fórum Cível - Estância Pinhais - Pinhais/PR - CEP: 83.323-240 - Fone: (41)3033-4616 - E-mail: pin-1vj-e@tjpr.jus.br Processo: 0012221-55.2024.8.16.0033 Classe Processual: Procedimento Comum Cível Assunto Principal: Práticas Abusivas Valor da Causa: R$8.000,00 Autor(s): Bruna Machado Alves Réu(s): GOL LINHAS AÉREAS S.A. S E N T E N Ç A I. RELATÓRIO A parte autora, Bruna Machado Alves, ajuizou ação indenizatória em face de Gol Linhas Aéreas S.A., alegando falha na prestação do serviço de transporte aéreo referente ao trecho Buenos Aires x São Paulo x Curitiba, com voo marcado para 22/02/2024. Relatou atraso não previamente justificado no voo, perda de conexão, necessidade de pernoite em São Paulo e chegada ao destino com atraso de mais de 11 horas, pleiteando indenização por danos morais. Foram juntados à inicial documentos como procuração, comprovantes pessoais, bilhete aéreo, comprovantes de atraso e pagamentos das custas processuais. Houve inicialmente o arquivamento do feito por ausência de comprovação das custas, mas a situação foi regularizada com a juntada dos comprovantes e o processo reativado, seguindo o rito ordinário, com o correto recolhimento das custas posteriormente certificado. A petição inicial foi considerada apta, salvo pendência relativa ao endereço eletrônico da autora, devidamente regularizada posteriormente. O processo foi encaminhado ao CEJUSC para tentativa de conciliação e designada audiência virtual, com determinação de citação da ré para apresentar defesa e comparecer à audiência. Foi também determinada a inversão do ônus da prova em favor da consumidora. A ré apresentou contestação tempestiva. Alegou suspeita de litigância predatória, defendendo a necessidade de confirmação pessoal da outorga de poderes à advogada peticionante, sob pena de extinção do feito por ausência de pressuposto processual, e mencionou julgados acerca da litigância predatória e da necessidade de ratificação de procuração eletrônica. Com relação ao mérito, a ré impugnou a inversão automática do ônus da prova, argumentando que não ficou demonstrada a verossimilhança das alegações nem a hipossuficiência da parte autora, requisitos previstos no art. 6º, VIII, do Código de Defesa do Consumidor e reafirmados pela jurisprudência do STJ e do TJPR. No tocante aos fatos, a ré negou qualquer atraso significativo nos voos, trazendo registros da ANAC para demonstrar que o voo 7685 (Buenos Aires x São Paulo) decolou e chegou em tempo compatível com o horário de conexão para o próximo voo com destino a Curitiba. Sustentou que, mesmo que houvesse ocorrido a perda de conexão, haveria culpa exclusiva da autora por mau planejamento da viagem, nos termos do contrato de transporte, eximindo-se de responsabilidade civil. Saneado o processo, foi determinado o julgamento antecipado do feito. É o breve relato. II. FUNDAMENTAÇÃO II.I. Preliminarmente, do julgamento antecipado da lide À míngua de mais preliminares, consigno que o processo comporta julgamento antecipado, nos termos do art. 355, I, do Código de Processo Civil, posto que a matéria debatida é meramente de direito ou, ao menos, os fatos estão demonstrados nos autos, não havendo necessidade de dilação probatória. II.II. Preliminarmente, da aplicação do Código de Defesa do Consumidor e da Inversão do Ônus da prova Verifica-se que a relação jurídica das partes deve ser analisa sob o prisma do Código de Defesa do Consumidor. A aplicação do Código de Defesa do Consumidor objetiva a proteção da parte economicamente mais fraca da relação jurídica de consumo, prevendo mecanismos que conferem equilíbrio e transparência a tais relações, tendo sido considerado o critério da vulnerabilidade/hipossuficiência para fins de estabelecer um conceito mais amplo e justo de consumidor, abarcando, sob este prisma, determinadas relações que se estabelecem no desenrolar de uma cadeia produtiva. No caso em mesa, uma das partes da relação se enquadra no conceito de consumidor trazido pelo art. 2º do Código de Defesa do Consumidor, devendo ser invertido o ônus da prova, em seu favor, na forma da legislação consumerista. Nesse sentido: APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO INDENIZATÓRIA. CANCELAMENTO DE VOO. CANCELAMENTO INJUSTIFICADO DE VOO INTERNACIONAL. ATRASO EXAGERADO PARA CHEGAR AO DESTINO FINAL. SENTENÇA QUE CONDENOU A COMPANHIA AÉREA AO PAGAMENTO DE INDENIZAÇÃO À TÍTULO DE DANOS MATERIAIS E MORAIS. INSURGÊNCIA DOS AUTORES. CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA. COMPANHIAS AÉREAS QUE NÃO DESINCUMBIRAM DO SEU ÔNUS PROBATÓRIO. QUANTUM INDENIZATÓRIO QUE COMPORTA MAJORAÇÃO. INDENIZAÇÃO RELATIVA A DANOS MORAIS MAJORADA PARA R$ 10.000,00 (DEZ MIL REAIS) PARA CADA AUTOR. PRECEDENTES DESTE COLEGIADO. TERMO INICIAL DOS JUROS DE MORA. PLEITO DE FIXAÇÃO NA DATA DO EVENTO DANOSO. IMPOSSIBILIDADE. INTELIGÊNCIA DO ART. 405 DO CC. TERMO INICIAL NA DATA DE CITAÇÃO. RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO. (TJPR - 8ª Câmara Cível - 0002690-07.2021.8.16.0014 - Londrina - Rel.: DESEMBARGADOR ALEXANDRE BARBOSA FABIANI - J. 07.02.2022) Pelo artigo 6º do Código de Defesa do Consumidor, é possível a inversão do ônus da prova a favor do consumidor, quando for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente tecnicamente em relação a instituição financeira. Destarte, reconheço a hipossuficiência probatória do consumidor neste caso concreto, pois se trata de pessoa que não detém informações técnicas para comprovar a ausência de contratação ou a origem e composição da relação jurídica em discussão, de modo que se encontra em situação de inferioridade técnica frente ao fornecedor, que tem dever legal de guarda da documentação contratual, cabendo a este último, então, desincumbir-se do ônus probatório. Observe-se que é o fornecedor quem diariamente lida com contratos desse porte, portanto, deve estar amparado em documentação suficiente à comprovação de que a contratação se deu pelo próprio cliente e em quais condições. Assim, defiro o pedido de inversão do ônus probatório (art. 6°, inciso VIII, do Código de Defesa do Consumidor), em favor do consumidor, excetuando-se a comprovação quanto à extensão de eventuais danos (moral e material), cuja comprovação incumbirá ao consumidor, considerando o exposto no art. 371 e 373 § 2° do Código de Processo Civil. Assim, inverto o ônus da prova. II.III. Mérito Sustenta a parte requerente que em razão do atraso de seu voo de Buenos Aires para São Paulo, perdeu sua conexão para Curitiba/PR, chegando ao destino final apenas após 11 horas do horário planejado. Relatou que não houve qualquer aviso prévio relativo a este atraso. Compulsando os autos, assiste razão à parte autora. A autora anexou documentação específica indicando o atraso do voo inicialmente contratado para o trecho Buenos Aires x São Paulo x Curitiba (#1.8 a #1.10). A ré limitou-se a trazer aos autos argumentos de que não houve atraso, com “prints” de telas da ANAC. Ademais, não há nos autos quaisquer provas de problemas na aeronave, ou outros mais graves de forma a justificar o atraso do voo originário. Válido ressaltar que as telas unilaterais trazidas pela ré não têm o condão de comprovar sua alegação, eis que podem ser facilmente por ela editadas, tendo valor probatório apenas quando somadas à outras provas produzidas no feito, sendo, portanto, consideradas como unilaterais e sem valor probatório. Nesse sentido: APELAÇÃO. FORNECIMENTO DE ENERGIA ELÉTRICA. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS CUMULADA COM PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA E INEXIGIBILIDADE DE DÉBITO. COBRANÇA POR RELIGAÇÃO DA UNIDADE CONSUMIDORA COM TRANSFERÊNCIA DE RESPONSABILIDADE DE DÉBITOS E ACORDO DE PAGAMENTO. RELAÇÃO CONTRATUAL NEGADA PELA AUTORA COM DÉBITO APOIADO APENAS EM MERA TELA DE SISTEMA INTERNO, DESPROVIDO DE OUTRO ELEMENTO IDÔNEO QUE GARANTA PLENA IMPARCIALIDADE. INEXIGIBILIDADE RECONHECIDA. NEGATIVAÇÃO APONTADA JUNTO AOS CADASTROS DE CRÉDITO. ATO ILÍCITO CONFIGURADO. INDENIZAÇÃO FIXADA EM R$ 5.000,00. QUANTIA RAZOÁVEL. DESNECESSIDADE DE MODIFICAÇÃO. RECURSOS DA RÉ E DA AUTORA IMPROVIDOS. No caso, não basta a ré alegar que a autora é a responsável pelo pedido de religação da unidade consumidora e de transferência de responsabilidade dos débitos existentes com celebração de acordo para pagamentos de débitos apontados em sua defesa, pois, antes, deve comprovar a legalidade desse ato administrativo mediante assinatura ou outra forma idônea que possa identificar a autora de maneira consistente e segurança, o que não conseguiu desincumbir-se de tal ônus probatório. Deve, por isso, não ser valorada a mera produção unilateral de "print" de tela do sistema interno de informações por não produzir verificação probatória confiável. Por isso, não comprovada efetivamente a relação contratual, praticou a ré ato ilícito, consubstanciado no cadastramento indevido do nome da autora no serviço de proteção ao crédito, mas a indenização fixada em R$ 5.000,00 está adequadamente arbitrada, não havendo nenhuma possibilidade de majorar para R$ 49.900,00, importância pretendida pela autora em seu recurso. (TJSP; Apelação Cível 1002803-48.2020.8.26.0224; Relator (a): Adilson de Araujo; Órgão Julgador: 31ª Câmara de Direito Privado; Foro de Guarulhos - 6ª Vara Cível; Data do Julgamento: 05/10/2022; Data de Registro: 05/10/2022) Ainda, tal justificativa não é capaz de afastar a responsabilidade civil da ré pelos danos morais causados à parte autora, pois além da ocorrência de malha aérea não ter sido satisfatoriamente evidenciada nos autos, a companhia aérea tem o dever de prestar assistência aos passageiros independentemente do motivo do atraso ou do cancelamento. Saliente-se que a excludente da responsabilidade deveria ter sido satisfatoriamente comprovada pela ré, e ela não o fez. Se isso não bastasse, a Resolução 400/2016 da ANAC prevê em seu Art. 21 que é obrigação da companhia aérea, quando o atraso for superior há 4 horas, oferecer ao consumidor alternativas de reacomodação, reembolso ou execução do serviço por outra modalidade, e, conforme o relatado pela autora, a opção não ficou a sua escolha, eis que ela poderia ter sido reacomodada em voo de outra companhia aérea. Além disso, a responsabilidade da transportadora é objetiva, nos termos do art. 14 do Código de Defesa do Consumidor, em sua combinação com os arts. 734 e 927 do Código Civil, e decorre do risco por ela assumido no contrato de transporte, que representa obrigação de resultado, in verbis: Art. 14 - O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos. Art. 734 - O transportador responde pelos danos causados às pessoas transportadas e suas bagagens, salvo motivo de força maior, sendo nula qualquer cláusula excludente da responsabilidade. Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. Desse modo, basta que sejam comprovado o fato, o nexo causal e o dano suportado pelo consumidor, eis que a responsabilidade da ré é objetiva. O fato, atraso do voo e chegada ao destino após onze horas do horário inicialmente planejado restou devidamente comprovado a partir dos documentos acostados à #1.8/#1.10. O nexo causal entre o fato e o dano também restou demonstrado, haja vista que, em razão do atraso do voo, a parte autora chegou em Curitiba apenas onze horas após o horário contratado. Ademais, não foram observadas todas as assistências previstas nos artigos 26 e 27 da Resolução nº 400/2016 da ANAC. Consigne-se neste ponto que a ré não fez quaisquer provas de que forneceu à passageira acesso fácil a comunicação via telefone ou internet, alimentação e translado à acomodação. Ainda, conforme o já exposto, a obrigação assumida pelo transportador, além de objetiva, é também de resultado, não se exigindo do passageiro, em caso de dano, a prova sobre quem, culposa ou dolosamente, deu causa ao evento danoso; basta que seja provado pelo vitimado o contrato de transporte, o dano e o nexo de causalidade, e, tudo isso, restou demonstrado. Não bastassem tais fatos, como restou inconteste, a parte autora chegou em seu destino final horas após a previsão inicial. Todos estes transtornos inegavelmente lhe produziram angústia, somado ao desgaste físico e mental. Assim, não remanesce dúvida acerca dos transtornos experimentado pela parte autora na tumultuada viagem. Assim, resta perquirir quanto aos danos morais. Em relação ao quantum a ser fixado para reparação dos danos morais, este deverá observar as seguintes finalidades: compensatória, punitiva e preventiva, além do grau de culpa do agente, do potencial econômico e características pessoais, a repercussão do fato no meio social e a natureza do direito violado, obedecidos os critérios da equidade, proporcionalidade e razoabilidade. Não se pode deixar de lado a função pedagógica-reparadora do dano moral consubstanciada em impingir a ré uma sanção bastante a fim de que não retorne a praticar os mesmos atos. Por outro lado, a reparação não pode se tornar uma forma de enriquecimento sem causa. No caso, em razão do longo período de espera, a falta de assistência prestada pela ré e a perda de um dia em virtude da má prestação do serviço de transporte, arbitro a quantia de R$ 10.000,00 como valor da indenização. III. DISPOSITIVO Ante o exposto, JULGO PROCEDENTE os pedidos iniciais resolvendo o processo em seu mérito, o que faço com fundamento no artigo 487, inciso I, do Código de Processo Civil, para o fim de CONDENAR a ré no pagamento de indenização por danos morais da importância de R$10.000,00, corrigidos pela média entre o INPC e o IGP-DI a partir da sentença, nos termos da Súmula 362, do STJ, e acrescidos de juros de mora de 1% ao mês a contar da citação, por tratar-se de responsabilidade contratual. Em razão da sucumbência, condeno a requerida ao pagamento das custas processuais, bem como ao pagamento dos honorários advocatícios, que fixo em 20% do valor atualizado da condenação, conforme artigo 85, § 2º do CPC, tendo em vista o trabalho realizado pelos profissionais, a complexidade da lide e o tempo nela despendido. Sobre o valor dos honorários advocatícios deverão incidir correção monetária pelos índices da Contadoria Judicial, desde a publicação da sentença, além de juros de mora de 1%) ao mês, estes a partir do trânsito em julgado da decisão. Oportunamente, arquive-se. Pinhais, 17 de julho de 2025. Publique-se. Registre-se. Intimem-se. Cumpra-se. SERGIO BERNARDINETTI Juiz de Direito

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Clinica Cirurgica Odontologica Jabaquara Ltda x Facebook Serviços Online Do Brasil Ltda.

ID: 293424628

Tribunal: TJSP Órgão: Foro Central Cível - 11ª Vara Cível Classe: PROCEDIMENTO COMUM CíVEL Nº Processo: 1004601-52.2025.8.26.0003

Data de Disponibilização: 09/06/2025

Polo Ativo:

CLINICA CIRURGICA ODONTOLOGICA JABAQUARA LTDA

Polo Passivo:

FACEBOOK SERVIçOS ONLINE DO BRASIL LTDA.

Intimação

Advogados:

MARCELO VOLPE AGUERRI

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

CELSO DE FARIA MONTEIRO

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Processo 1004601-52.2025.8.26.0003 - Procedimento Comum Cível - Práticas Abusivas - Clinica Cirurgica Odontologica Jabaquara Ltda - Facebook Serviços Online do Brasil Ltda. - Vistos. CLÍNICA CIRÚRG… Processo 1004601-52.2025.8.26.0003 - Procedimento Comum Cível - Práticas Abusivas - Clinica Cirurgica Odontologica Jabaquara Ltda - Facebook Serviços Online do Brasil Ltda. - Vistos. CLÍNICA CIRÚRGICA ODONTOLÓGICA JABAQUARA LTDA ingressou com a presente ação indenizatória em face de FACEBOOK SERVIÇOS ON-LINE DO BRASIL LTDA, ambos devidamente qualificados, aduzindo, em síntese, que, em 09/05/2024 celebrou contrato de prestação de serviço de publicidade e mídias sociais com a empresa BB COMUNICAÇÃO LTDA; que pagou, em 24/08/2024, a quantia de R$ 14 mil reais à referida empresa; que, no dia 22/08/2024 a sua plataforma de anúncios foi acessada por terceiro, por falha de segurança do réu; que foi utilizado todo o seu saldo remanescente, no montante de R$ 8.826,77; que tentou reaver tal quantia com o réu, sem sucesso; que sofreu danos materiais e morais. Assim, pretende com a presente demanda a condenação do requerido nos supostos danos causados. A inicial de fls. 01/09 veio instruída com documentos. Citada, a requerida ofertou resposta na forma de contestação, fls. 64/78, na qual alega, em resumo, que presta um serviço seguro; fato de terceiro; inexistência de danos indenizáveis; pela improcedência. Réplica a fls. 82/83. As partes foram instadas a produzir provas. O processo em questão comporta o julgamento antecipado, nos termos do artigo 355, inciso I do Código de Processo Civil, haja vista que a questão controvertida nos autos é meramente de direito, mostrando-se, por outro lado, suficiente a prova documental produzida, para dirimir as questões de fato suscitadas, de modo que desnecessário se faz designar audiência de instrução e julgamento para a produção de novas provas. Restou incontroverso nos autos que a autora possuía um perfil junto à rede social do requerido, bem como que foi utilizada qa quantia de R$ 8826,77 na sua conta de anúncios por terceiro desconhecido, fls. 48. O réu afirma que não houve falha no serviço prestado, sendo evento praticado por terceiro, o que afastaria sua responsabilidade pelo noticiado. Pois bem. A responsabilidade da prestadora de serviços aos consumidores é objetiva, aplicando-se-lhe, nesta medida, o disposto no artigo 14, da Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990 (Código de Defesa do Consumidor) e Súmula 297, STJ. A teoria sob a qual sua atuação deve ser analisada é, portanto, a teoria da responsabilidade objetiva, que, embora independa de culpa, bastando o fato danoso, exige como pressuposto à responsabilização, o nexo causal. A regularidade da operação discutida nos autos não foi comprovada pelo réu, tratando-se de fato impeditivo do direito do autor (art. 373,inc. II, CPC). Ora, não se desincumbindo de seu ônus probatório de comprovar a segurança dos serviços, nem do repasse da senha de acesso pela parte autora, a responsabilidade da instituição é inegável. Assim, não tendo sido realizado pela parte autora a operação discutida, o dever do requerido de restituir os valores indevidamente descontados é de rigor. Sobre o tema, a Egrégia Corte Paulista: APELAÇÃO - AÇÃO DECLARATÓRIA C/C REPETIÇÃO DE INDÉBITO E INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS - MOVIMENTAÇÕES EM CONTA CORRENTE NÃO RECONHECIDAS - SENTENÇA DE PARCIAL PROCEDÊNCIA - RECURSO - FURTO DE TELEFONE CELULAR - EMPRÉSTIMO, TRANSFERÊNCIA BANCÁRIA E PAGAMENTO REALIZADOS POR FRAUDADOR - BANCO QUE AFIRMA O FORNECIMENTO DE DADOS A TERCEIROS UMA VEZ QUE A OPERAÇÃO OCORREU MEDIANTE DIGITAÇÃO DE SENHA E INFORMAÇÃO DO DISPOSITIVO TOKEN - TESE DA INFALIBILIDADE DO SISTEMA DESCARTADA - SÚMULA Nº 479/STJ - DANOS MORAIS - SITUAÇÃO QUE PODERIA CARACTERIZAR SIMPLES ABORRECIMENTO COTIDIANO - NEGATIVA DE CANCELAMENTO ADMINISTRATIVO DAS OPERAÇÕES BANCÁRIAS - INSTITUIÇÃO FINANCEIRA QUE NÃO PROCUROU SOLUCIONAR A FALHA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO - MAXIMIZAÇÃO DO SOFRIMENTO E ANGÚSTIA DA CONSUMIDORA - ELEVAÇÃO DO DANO A PATAMAR INDENIZÁVEL - REPARAÇÃO REDUZIDA PARA R$ 10.000,00, VALOR QUE BEM EQUACIONA O ABALO SOFRIDO, O CARÁTER PEDAGÓGICO E A VEDAÇÃO AO ENRIQUECIMENTO ILÍCITO, ATENTO AOS PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE E DA PROPORCIONALIDADE - ÔNUS SUCUMBENCIAIS MANTIDOS - SÚMULA Nº 326/STJ - RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. (TJSP; Apelação Cível 1009314-02.2018.8.26.0008; Relator (a): Carlos Abrão; Órgão Julgador: 14ª Câmara de Direito Privado; Foro Regional VIII - Tatuapé - 3ª Vara Cível; Data do Julgamento: 12/12/2018; Data de Registro: 12/12/2018) RESPONSABILIDADE CIVIL Danos materiais e morais Fraude no sistema "internet banking" - Banco que responde não só pela segurança das ferramentas disponibilizadas em ambiente virtual, bem como pelo sigilo das informações pessoais de seus clientes Aplicação da Súmula 479 do STJ Excludente de responsabilidade não comprovada Danos materiais devidos - Danos morais não configurados Ação de ressarcimento de danos materiais e morais parcialmente procedente Apelação provida em parte. (TJSP; Apelação Cível 1049089-03.2017.8.26.0576; Relator (a):Roque Antonio Mesquita de Oliveira; Órgão Julgador: 18ª Câmara de Direito Privado; Foro de São José do Rio Preto -1ª Vara Cível; Data do Julgamento: 04/12/2018; Data de Registro: 13/12/2018) AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS. Transferência de valores por meio de aplicativo de celular não reconhecida pela parte autora. Sentença de procedência. Irresignação da parte ré. Cabimento em parte. Atuação de terceiro fraudador que restou incontroversa. Ônus da prova carreado à parte ré, que não demonstrou ter a parte autora agido com desídia em relação a seus dados pessoais. Culpa exclusiva da vítima não configurada. Responsabilidade objetiva. Aplicação do art.14 do CDC. Súmula 479 do STJ. Dano material que deve ser ressarcido. Falha na prestação de serviço. Retirada de valores de poupança, cujo saldo foi zerado. Dano moral igualmente configurado. 'Quantum' indenizatório dos danos morais reduzido para R$5.000,00, observados os princípios da proporcionalidade e razoabilidade e precedentes desta Câmara. Honorários recursais que não se aplicam, 'in casu', ante o acolhimento em parte do recurso. Recurso provido em parte. (TJSP; Apelação Cível 1002803-88.2017.8.26.0568; Relator (a):Walter Barone; Órgão Julgador: 24ª Câmara de Direito Privado; Foro de São João da Boa Vista -2ª Vara Cível; Data do Julgamento: 22/10/2018; Data de Registro: 22/10/2018) A alegação de fato de terceiros não merece prosperar. A contratação por fraudador de serviços ou aquisição de produtos fornecidos pela ré em nome do(a) autor(a) configura verdadeiro defeito na prestação de serviços ao consumidor. Ademais, cuida-se de risco da atividade (art. 927,parágrafo único, CC). Sob outro aspecto, o fato de terceiro capaz de excluir a responsabilidade do fornecedor de serviços é qualificado como exclusivo, nos termos do §3º, do artigo 14, do Código de Defesa do Consumidor: (...)§ 3° O fornecedor de serviços só não será responsabilizado quando provar: I - que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste; II - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro. [g.n.] Não há culpa exclusiva na hipótese em que o próprio fornecedor, por incompetência ou precariedade nos sistemas de segurança, fornece serviços ou entrega produtos não contratados pelo consumidor. Ademais, cuidar-se-ia de fortuito interno, incapaz de afastara responsabilidade do fornecedor. Sobre o tema, Agostinho Alvim afirma que o fortuito interno é ligado à própria atividade geradora do dano, ou à pessoa do devedor e, por isso,leva à responsabilidade do causador do evento. Somente o fortuito externo, ou forçamaior, é que exoneraria o devedor, mas exigiria fato externo, que não se liga à pessoa ou empresa por nenhum laço de conexidade (Da Inexecução das Obrigações e suas Conseqüências, São Paulo: Saraiva, 1949, p. 291). A matéria foi pacificada, inclusive, pela Súmula 479, do STJ, a qual se aplica por analogia: "As instituições financeiras respondem objetivamente pelos danos gerados por fortuito interno relativo a fraudes e delitos praticados por terceiros no âmbito de operações bancárias". O mesmo diga-se acerca da culpa concorrente da vítima, que não afasta a responsabilidade do fornecedor de serviços. Desse modo, os pagamentos realizados pela parte autora devem ser restituídos. Dessa forma, por todos os ângulos, a única vítima inocente é a parte autora. O pedido de danos morais prosperam. Neste particular, são esclarecedoras as palavras do Desembargador Sérgio Cavalieri Filho: "Nessa linha de princípio,só deve ser reputado como da nomoral a dor, vexame, sofrimento ou humilhação que,fugindo à normalidade, interfira intensamente no comportamento psicológico do indivíduo, causando-lhe aflições, angústia e desequilíbrio em seu bem-estar. Mero dissabor, aborrecimento, mágoa, irritação ou sensibilidade exacerbada estão fora da órbita do dano moral, porquanto,além de fazerem parte da normalidade do nosso dia-a-dia, no trabalho, no trânsito, entre os amigos e até no ambiente familiar, tais situações não são intensas e duradouras, a ponto de romper o equilíbrio psicológico do indivíduo. Se assim não se entender, acabaremos por banalizar o dano moral, ensejando ações judiciais em busca de indenizações pelos mais triviais aborrecimentos."(Programa de Responsabilidade Civil. ed. 8ª São Paulo: Atlas, p. 83/84). Ora, a conduta ilícita (art. 186, CC) invasora da intimidade da pessoa humana, atentando contra seu sigilo bancário, desassossegando o seu coração pela rapina de seu saldo gera, inegavelmente, transtornos que transbordam da normalidade, na medida em que nenhuma relação jurídica há entre as partes que autorize uma a apropria-se de valores da outra ou deles dispor em favor de criminosos. É indisputável o dever de indenizar os danos morais, sendo hipótese de dano in re ipsa. Sobre o tema, confira-se: RESPONSABILIDADE CIVIL - BANCO - CARTÃO MAGNÉTICO - SAQUE INDEVIDO - DEFEITO DO SERVIÇO - RESPONSABILIDADE OBJETIVA DA INSTITUIÇÃO FINANCEIRA - CASO EM QUE INCUMBIA AO RÉU O ÔNUS DE PROVAR A CULPA EXCLUSIVA DO CORRENTISTA OU DE TERCEIRO - RISCO DA ATIVIDADE QUE NÃO PODE SER TRANSFERIDA AO CONSUMIDOR - REPARAÇÃO DO DANO MATERIAL E MORAL CABÍVEL - SENTENÇA MANTIDA - RECURSO IMPROVIDO. (TJSP; Apelação Sumaríssima 9259950-22.2008.8.26.0000; Relator (a):Paulo Roberto de Santana; Órgão Julgador: 23ª Câmara de Direito Privado; Foro Central Cível -1ª VC F Reg Penha de França; Data do Julgamento: 16/07/2008; Data de Registro: 29/07/2008) Dessa forma, resta apenas fixar o quantum debeatur. A propósito do arbitramento da indenização, deve o Juiz pautar-se em um papel compensatório para a vítima e, ao mesmo tempo, desestimulante ao ofensor (ou seja, o causador do dano deve ser apenado com um importe que o faça pensar antes de repetir a conduta). Embora a Teoria do Desestímulo não seja expressa no Código Civil, existe projeto de reforma legislativa para acrescentá-la ao artigo 944 do Código Civil. Pese a omissão legislativa, a doutrina não diverge sobre a dupla função da indenização moral. De fato, tem-se decidido que, para a fixação do montante da indenização, devem ser levados em conta os seguintes parâmetros: A eficácia da contrapartida pecuniária está na aptidão para proporcionar tal satisfação em justa medida; de modo que tampouco signifique enriquecimento despropositado da vítima; mas está também em produzir no agressor, impacto bastante para persuadi-lo a não perpetrar novo atentado.Trata-se então, de uma estimação prudencial, que não dispensa sensibilidade para as coisas da dor e da alegria ou para os estados d'alma humana, e que, destarte, deve ser feita pelo mesmo Juiz, ou, quando não, por outro jurista - inútil por em ação a calculadora do técnico em contas ou em economia. É nesta direção que o citado Brebbia, em sua excelente monografia, aponta elementos a serem levados em conta na fixação da paga: a gravidade objetiva do dano, a personalidade da vítima (situação familiar, social e reputação), gravidade da falta e da culpa, que repercutem na gravidade da lesão e a personalidade (condições) do autor do ilícito (Essa Inexplicável Indenização por Dano Moral, Des. Walter Moraes, Repertório IOB de Jurisprudência, nº 23/89, p. 417). Procedendo à convergência dos caracteres consubstanciadores da reparação pelo dano moral, quais sejam: i) punitivo e profilático, para que as causadoras do dano, pelo fato da condenação, vejam-se castigadas pela ofensa perpetrada, bem assim intimidadas a se conduzirem de forma diligente no exercício de seu mister; e ii) compensatório, para que a vítima receba uma soma de dinheiro que lhe proporcione prazeres como contrapartida pelo mal sofrido, o valor da indenização deve ser fixado em R$ 5.000,00 (cinco mil reais). Anote-se que o valor pleiteado pela parte em sua petição inicial é meramente sugestivo, não implicando o seu acolhimento em montante inferior em sucumbência recíproca. Sobre o tema, o Colendo Superior Tribunal de Justiça: Súmula nº 326: Na ação de indenização por dano moral, a condenação em montante inferior ao postulado na inicial não implica sucumbência recíproca. (Corte Especial, julgado em 22/05/2006, DJ 07/06/2006 p. 240) A correção monetária deve incidir desde a data desta decisão, na forma do verbete nº 362, das Súmulas de Jurisprudência do Colendo Superior Tribunal de Justiça: Súmula nº 362: A correção monetária do valor da indenização do dano moral incide desde a data do arbitramento. (Corte Especial, julgado em 15/10/2008, DJe 03/11/2008). Pelo exposto, JULGO PROCEDENTE o pedido, com resolução do mérito, nos termos do artigo 487, inciso I, do Código de Processo Civil, para: i) CONDENAR a(o) ré(u) a restituir ao(à)autor(a) a quantia de R$ 8.826,77, com correção monetária pela Tabela Prática do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo a partir da data de cada um dos descontos (art. 404, CC), acrescida de juros de mora pela SELIC abatido o IPCA ao mês (art. 406, CC c/c art. 161, §1º,CTN), desde a citação; e ii) CONDENAR a(o)ré(u) a pagar ao(à) autor(a) indenização por danos morais consistente em R$ 5.000,00 (cinco mil reais), com correção monetária pela Tabela Prática do Egrégio Tribunal de Justiçado Estado de São Paulo a partir da data de publicação desta sentença (Súmula 362, STJ), acrescida de juros de mora pela SELIC abatido o IPCA ao mês (art. 406, CC c/c art. 161, §1º,CTN), desde a citação (art. 405 CC e 240, CPC). O(A)(s) sucumbente(s) arcará(ão) com as custas e despesas processuais (art. 82, §2º, CPC), além de honorários advocatícios, desde já fixados em 10% (dez por cento) sobre o valor atualizado da condenação, nos termos do artigo 85, §2º, do Código de Processo Civil, dada a pouca complexidade da demanda e do tempo decorrido, sem realização de audiência inclusive. Nada sendo requerido no prazo de trinta dias contados do trânsito em julgado, arquivem-se os autos, após as comunicações devidas. P.I.C. - ADV: MARCELO VOLPE AGUERRI (OAB 271795/SP), CELSO DE FARIA MONTEIRO (OAB 138436/SP)

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Processo nº 1006301-35.2025.8.26.0562

ID: 297159689

Tribunal: TJSP Órgão: Foro de Santos - 3ª Vara de Família e Sucessões Classe: PROCEDIMENTO COMUM CíVEL Nº Processo: 1006301-35.2025.8.26.0562

Data de Disponibilização: 12/06/2025

Polo Ativo:

A. M. D. DO N.

Polo Passivo:

Intimação

Advogados:

THAIS MARQUES DA SILVA

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Processo 1006301-35.2025.8.26.0562 - Procedimento Comum Cível - Dissolução - A.M.D.N. - Pois bem. GRATUIDADE DE JUSTIÇA: Defiro os benefícios da gratuidade de justiça. Anote-se. SEPARAÇÃO DE CORPOS: … Processo 1006301-35.2025.8.26.0562 - Procedimento Comum Cível - Dissolução - A.M.D.N. - Pois bem. GRATUIDADE DE JUSTIÇA: Defiro os benefícios da gratuidade de justiça. Anote-se. SEPARAÇÃO DE CORPOS: Diz a autora que a vida conjugal se tornou insuportável devido ao comportamento agressivo e desrespeitoso do varão. Informa que o marido implanta a discórdia no lar, causando medo e terrorismo psicológico. Aduz a autora que, por conta disso, vem passando por sofrimento psíquico derivado dos problemas conjugais. É incontroverso o fim do relacionamento conjugal, sendo igualmente patente a animosidade entre as partes. Somente o fato de a autora dirigir-se ao Poder Judiciário, expondo minúcias de sua vida e detalhes tão particulares de sua intimidade, já demonstra com certeza cristalina que o comprometimento e a comunhão de vidas deixaram de existir. A convivência forçada, debaixo do mesmo teto, em situações como a presente, somente tem o condão de ampliar as já existentes sequelas emocionais, morais e físicas. Assim, defiro a medida liminarmente pleiteada, determinando o afastamento do réu da residência do casal até futura decisão definitiva. Poderá o requerido levar consigo os bens de uso pessoal. Expeça-se mandado de separação de corpos. Desde logo defiro uso de força policial, se necessário. Expeça-se certidão desta decisão, para que, em caso de recalcitrância do requerido, possa a autora solicitar a atuação da polícia. DIREITO REAL DE HABITAÇÃO: A petição inicial, em capítulo específico relacionado à partilha dos bens do casal (fls. 03/04), traz pedido para que à autora seja conferido o direito de moradia no imóvel até então utilizado como residência da família. Para tanto, invoca a Lei 11.997/2009, a qual, na verdade, nada se relaciona com a matéria, já que cria funções comissionadas e cargos de provimento efetivo no Quadro de Pessoal do Tribunal Regional do Trabalho da 2aRegião e dá outras providências. E, ainda que se tratasse de erro de digitação, a Lei 11.977/2009, que dispõe sobre o Programa Minha Casa Minha Vida, não traz o mencionado art. 37-A. O que a autora de fato pretende é o reconhecimento da figura jurídica do direito real de habitação. Conforme dispõe o artigo 1.831 do Código Civil, ao cônjuge sobrevivente, qualquer que seja o regime de bens, será assegurado, sem prejuízo da participação que lhe caiba na herança, o direito real de habitação relativamente ao imóvel destinado à residência da família, desde que seja o único daquela natureza a inventariar. Verifica-se, portanto, que o direito real de habitação é matéria própria do Direito das Sucessões e somente cabível nos casos de extinção do vínculo conjugal pelo falecimento de um dos cônjuges/companheiros, não sendo aplicável, portanto, nas hipóteses de divórcio ou dissolução de união estável. Nesse sentido é o entendimento do E. Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo: Ação de divórcio litigioso - Sentença de parcial procedência - Insurgência do requerido- Imóvel que pertence aos familiares da autora - Manutenção do requerido no imóvel sob argumento de que tem direito de habitação- Descabimento - Não se pode ignorar a alegação do apelante de que houve cooperação nas melhorias do bem, o que, embora não lhe confira a propriedade, pode ser relevante para uma futura partilha ou eventual indenização, artigo 1.255, caput, Código Civil, deverá ser aviada em ação própria, a ser movida em face do proprietário do imóvel- O Superior Tribunal de Justiça (STJ) já decidiu que o direito real de habitação é exclusivo para o cônjuge sobrevivente em caso de falecimento, não sendo aplicável em situações de divórcio- Imóvel que pertence a terceiros, o ex-marido não tem fundamento legal para permanecer na residência sem autorização do proprietário. Ademais, se o imóvel fosse comum do ex-casal, o que não é o caso, enquanto o filho menor vivesse na companhia da mãe, ela teria o direito de permanecer na residência sem a obrigação de pagar aluguel ao ex-marido, conforme entendimento do STJ - Diante da análise da situação fática, impõem-se a minoração dos alimentos suportados pelo alimentante, em favor da filho menor de idade em 30% (trinta por cento) do salário-mínimo vigente, para caso de desemprego e/ou emprego informal - Recurso parcialmente provido.(TJSP;Apelação Cível 1002803-96.2023.8.26.0562; Relator (a):Ramon Mateo Júnior; Órgão Julgador: 6ª Câmara de Direito Privado; Foro de Santos -2ª Vara de Família e Sucessões; Data do Julgamento: 07/06/2025; Data de Registro: 07/06/2025; grifei) APELAÇÃO. DIREITO DE FAMÍLIA. DIVÓRCIO. CERCEAMENTO DE DEFESA. NÃO OCORRÊNCIA. EVENTUAL PARTICIPACAO DA RECORRENTE NO PATRIMÔNIO PARTICULAR DO REQUERIDO EM PERÍODO ANTEIOR AO CASAMENTO QUE ESCAPA À SEARA FAMILIARISTA. DIREITO REAL DE HABITAÇÃO. NÃO CABIMENTO, RECURSO DESPROVIDO. I. Caso em Exame. Ação de divórcio em que as partes divergem sobre a partilha do patrimônio e a permanência no local que serviu de lar à entidade familiar. II. Questão em Discussão. Impõe se verificar ocorrência de cerceamento de defesa e a admissibilidade da permanência da recorrente, juntamente com a filha comum, no imóvel que serviu de lar à entidade familiar. III. Razões de Decidir. Alegação de atuação deficiente da anterior causídica da parte que não se confunde com cerceamento de defesa. Eventual participação da recorrente no patrimônio particular do recorrido em período anterior ao casamento que escapa à seara familiarista. Impossibilidade de reconhecimento de direito real de habitação por se tratar de instituto afeto ao direito sucessório. IV. Dispositivo Recurso desprovido.(TJSP; Apelação Cível 1007140-82.2024.8.26.0566; Relator (a):Maurício Velho; Órgão Julgador: 4ª Câmara de Direito Privado; Foro de São Carlos -2ª Vara da Família e Sucessões; Data do Julgamento: 27/05/2025; Data de Registro: 27/05/2025; grifei) DIREITO DE FAMÍLIA. APELAÇÃO. DIVÓRCIO. PARTILHA DE BENS. SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA. RECONVENÇÃO. IMPROCEDÊNCIA. DIREITO REAL DE HABITAÇÃO E DANOS MORAIS. RECURSO DESPROVIDO. I. Caso em Exame Recurso de apelação interposto contra sentença que decretou o divórcio do casal, partilhou o imóvel e condenou a requerida ao pagamento de custas e honorários, com gratuidade. A requerida discorda da partilha, alegando irregularidade do imóvel e pleiteia direito real de habitação e indenização por danos morais. II. Questão em Discussão 2. A questão em discussão consiste em apurar se aplicável o direito real de habitação em casos de divórcio e a condenação do autor nos danos morais decorrentes de alegadas humilhações e agressões psicológicas durante o matrimônio. III. Razões de Decidir 3. O direito real de habitação, conforme artigo 1831 do Código Civil, aplica-se apenas ao cônjuge sobrevivente em casos de sucessão, não sendo extensível ao divórcio. Precedentes jurisprudenciais. Não houve comprovação dos danos morais, sendo a infidelidade, por si só, insuficiente para gerar indenização, sem evidências de humilhação pública ou dano psicológico. IV. Dispositivo e Tese 4. Recurso desprovido. Tese de julgamento: 1. O direito real de habitação não se aplica ao divórcio. 2. A infidelidade não gera, automaticamente, a indenização por danos morais sem comprovação de humilhação pública e abalo psicológico além do mero dissabor.(TJSP;Apelação Cível 1019295-87.2023.8.26.0361; Relator (a):Jane Franco Martins; Órgão Julgador: 2ª Câmara de Direito Privado; Foro de Mogi das Cruzes -1ª Vara da Família e das Sucessões; Data do Julgamento: 08/05/2025; Data de Registro: 08/05/2025; grifei) Assim, indefiro a pretensão da autora. ALIMENTOS PROVISÓRIOS À VIRAGO: A obrigação de prestar alimentos, decorrente do parentesco, inexiste entre cônjuges e companheiros. No entanto, com base no dever de mútua assistência, admite-se o reconhecimento dessa obrigação, que se reveste de caráter excepcional, se justifica na impossibilidade de manutenção da subsistência após a separação do casal e depende da comprovação da necessidade de um e da possibilidade do outro. De fato, a análise preliminar da prova acostada aos autos, aliada ao histórico de vida, dá conta de que a requerente necessite dos alimentos para sua subsistência, sendo pouco provável que consiga se reinserir no mercado de trabalho. No presente caso, verifica-se dos autos que a requerente é casada com o réu há mais de 25 anos, não ostenta qualquer registro de trabalho com vínculo empregatício ao longo da vida (fl. 36), estando, ainda, em idade incompatível com sua inserção no mercado de trabalho (69 anos). Quanto à empresa de fls. 48/49, além de alegar que a atividade empresarial seja exercida, de fato, pelo réu, percebe-se pelos documentos de fls. 44/47 que foi requerida sua baixa por encerramento das atividades. Dadas as circunstâncias, justificável a fixação de alimentos provisórios à virago. Nesse sentido: ALIMENTOS - Verba pleiteada pela ex-esposa - Provisórios - Cabimento - Obrigação fundada no vínculo do casamento - Impossibilidade de autossustento da autora evidenciada - Cônjuge que, ao que consta, durante os anos de casamento dedicou-se exclusivamente ao lar e à família, ficando fora do mercado de trabalho - Pessoa que, ademais, é idosa e tem a aposentadoria como única fonte de renda - Ex-cônjuge que, por sua vez, além de aposentado, gerencia elevada quantia título de ativos financeiros e o acervo comum - Valor de 2 salários mínimos que se mostra razoável diante do padrão financeiro das partes - Recurso desprovido.(TJSP;Agravo de Instrumento 2127166-15.2022.8.26.0000; Relator (a):Galdino Toledo Júnior; Órgão Julgador: 9ª Câmara de Direito Privado; Foro Regional I - Santana -4ª Vara da Família e Sucessões; Data do Julgamento: 26/10/2022; Data de Registro: 26/10/2022; grifei). ALIMENTOS PROVISÓRIOS. Decisão que indefere fixação em favor da ex-esposa. Agravante idosa, sem qualificação profissional. Matrimônio que durou mais de quatro décadas. Circunstâncias do caso concreto autorização a fixação dos alimentos provisórios no patamar módico de um salário mínimo e meio, até que venham aos autos elementos que demostrem, com a necessária dose de certeza, que a agravante, ou os filhos maiores, possam prover seu sustento. Recurso provido em parte. (TJSP; Agravo de Instrumento nº 2258620-89.2020.8.26.0000; Rel. Des. Francisco Loureiro; j. 03/12/2020; v.u.; grifei). AGRAVO DE INSTRUMENTO. ALIMENTOS. Insurgência contra a fixação do pensionamento provisório em seis salários mínimos, em benefício da esposa e filhos. A pensão ao ex-cônjuge tem caráter excepcional, deferida penas em casos de real necessidade. Mulher que, embora jovem e bacharel em direito, não foi inserida no mercado de trabalho, senão quando do exercício de atividade na empresa da família, justificado o arbitramento, de forma provisória. Alimentos que foram ajustados intuitu familiae. Prestação alimentar que tem por objetivo não apenas garantir a subsistência dos alimentandos, em especial dos filhos menores, como também oferecer-lhes a mesma qualidade de vida do alimentante. Elevado padrão de vida da família. Fortes indícios de ocultação de renda e do patrimônio do casal. Arbitramento mantido. Recurso desprovido. (TJSP; Agravo de Instrumento nº 2046858-60.2020.8.26.0000; Rel. Des. J.B.Paula Lima; j. 23/04/2020; grifei). Desta forma, levando-se em conta a prova preliminar dos autos, notadamente o grau de dependência econômica da virago, o padrão de vida vivenciado pela família, fixo os alimentos provisórios no valor equivalente a 20% dos vencimentos líquidos do alimentante, incidindo sobre terço constitucional de 13º salário, devidos a partir da citação, descontados em folha de pagamento junto às fontes pagadoras e depositados em conta bancária em nome da autora (fl. 40), além da manutenção do plano de saúde atual (fl. 11). Oficiem-se às fontes pagadoras (INSS e Petrus) para a realização dos descontos de alimentos, conforme acima determinado, bem como para que envie a estes autos cópias dos últimos 3 holerites do réu. CITAÇÃO: Cite-se e intime-se a parte requerida por mandado. O Sr. Oficial de Justiça deverá solicitar que o requerido lhe forneça e-mail pessoal e número de telefone onde esteja instalado o aplicativo WhatsApp, que deverão constar da certidão, para o envio do link da audiência de tentativa de conciliação. Designo audiência de tentativa de conciliação perante o CEJUSC para o dia 04 de agosto de 2025, às 11:30 horas, por videoconferência, conforme orientação de fl. 50/51. Nos termos da regra legal contida no §8º do art. 334 do Código de Processo Civil, o não comparecimento injustificado do autor ou do réu à audiência de conciliação é considerado ato atentatório à dignidade da justiça e será sancionado com multa de até dois por cento da vantagem econômica pretendida ou do valor da causa, revertida em favor da União ou do Estado. As partes deverão estar acompanhadas por seus advogados ou Defensores Públicos (art. 334, §9º do CPC). O prazo para contestação (de quinze dias úteis) será contado a partir da data da audiência de tentativa de conciliação quando qualquer das partes não comparecer ou, comparecendo, não houver autocomposição (art. 335, I do CPC). A ausência de contestação implicará em revelia e em presunção de veracidade da matéria fática apresentada na petição inicial, excetuado nas hipóteses do art. 345 do CPC. A citação deverá ser acompanhada de senha para acesso ao processo digital, que contém a íntegra da petição inicial e dos documentos. Tratando-se de processo eletrônico, em prestígio às regras fundamentais dos artigos 4.º e 6.º do CPC fica vedado o exercício da faculdade prevista no art. 340 do CPC. Anoto que na contestação deve a parte ré indicar e-mail pessoal para fins de comunicação. Decorrido o prazo para contestação, tornem os autos conclusos para decretação do divórcio em julgamento antecipado parcial de mérito e posterior abertura de prazo para a parte autora apresentar réplica à contestação, bem como, eventualmente, contestação à reconvenção. REMUNERAÇÃO DO CONCILIADOR - CEJUSC: Conforme Resolução nº 809/2019, do E. Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, em consonância com a instituição, pelo E. CNJ, de Política Nacional de tratamento adequado dos conflitos de interesses, com a edição da Resolução nº 125/2010, os Conciliadores serão remunerados com base no nível de remuneração I (patamar básico) da tabela anexa à Resolução nº 809/2019 (art. 7º), sendo devida ao conciliador, desde que a sessão seja realizada, ainda que não obtido o acordo (art. 11). O valor da hora referente à remuneração do Conciliador deverá obedecer à escala crescente prevista em tabela, de acordo com o valor atribuído à causa, e será pago pela PARTE REQUERIDA, através de pix, depósito ou transferência diretamente para a conta bancária do Conciliador, cujos dados serão por ele informados no início da audiência de conciliação. Na hipótese de o réu pretender obter os benefícios da gratuidade de justiça e, como consequência, se eximir tanto do pagamento da remuneração do conciliador (art. 14, da Resolução nº 809/2019), como também das demais despesas processuais, determino que, no prazo de 15 dias contados da citação, anexe aos autos: procuração ad judicia válida; declaração de pobreza; última declaração completa de imposto de renda pessoa física (no caso de isenção, deverá juntar declaração de próprio punho nesse sentido); certidão da Junta Comercial, acerca da existência ou inexistência de empresa da qual seja sócio, ou figure como microempresário ou empresário individual; cópias das fichas cadastrais de todas as empresas em que figure como sócio, microempresário ou empresário individual; última declaração completa à Receita Federal de bens e rendimentos pessoa jurídica (caso figure como sócio, microempresário ou empresário individual); CNIS onde constem todos os vínculos empregatícios; últimos 3 holerites/extratos de benefício; Relatório do Registrato, emitido gratuitamente pelo Banco Central, relativo especificamente aos seguintes itens: Contas e Relacionamentos em Bancos (CCS) e Câmbio e Transferências Internacionais; extratos bancários dos últimos 3 meses de TODAS as instituições financeiras com as quais mantém relação (pessoa física e jurídica); faturas de TODOS os cartões de crédito em seu nome (pessoa física e jurídica) dos últimos 3 meses. O não atendimento implicará no indeferimento de eventual pedido. Acaso pleiteada a benesse, tornem os autos conclusos para decisão. Servirá o presente, por cópia digitada, como mandado. Cumpra-se, se requerido e necessário for, com os benefícios do artigo 212, §§ 1º e 2º, do NCPC, na forma e sob as penas da lei. Intime-se. - ADV: THAIS MARQUES DA SILVA (OAB 240899/SP)

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Processo nº 1002803-53.2025.8.13.0024

ID: 293032719

Tribunal: TJMG Órgão: 26ª Vara Cível da Comarca de Belo Horizonte Classe: PROCEDIMENTO COMUM CíVEL Nº Processo: 1002803-53.2025.8.13.0024

Data de Disponibilização: 09/06/2025

Polo Ativo:

LETICIA CIRLENE DE SOUSA

Polo Passivo:

Decisão

Advogados:

BÁRBARA CASTELÃO REGGIANI

OAB/MG XXXXXX Desbloquear

PROCEDIMENTO COMUM CÍVEL Nº 1002803-53.2025.8.13.0024/MG AUTOR : LETICIA CIRLENE DE SOUSA ADVOGADO(A) : BÁRBARA CASTELÃO REGGIANI (OAB MG189222) DECISÃO Vistos, etc. Defiro a gratuidade de justiça à… PROCEDIMENTO COMUM CÍVEL Nº 1002803-53.2025.8.13.0024/MG AUTOR : LETICIA CIRLENE DE SOUSA ADVOGADO(A) : BÁRBARA CASTELÃO REGGIANI (OAB MG189222) DECISÃO Vistos, etc. Defiro a gratuidade de justiça à autora. Para a concessão da tutela provisória de urgência é necessário que sejam demonstrados a probabilidade do direito alegado pela parte e o perigo de dano ou risco ao resultado útil do feito, nos termos do artigo 300, caput , do NCPC. É necessário, ainda, que a tutela de urgência de natureza antecipada, como a dos autos, seja reversível, consoante previsto no artigo 300, § 3º, do NCPC. Em relação à probabilidade do direito, o Professor Luiz Guilherme Marinoni ensina: “A probabilidade que autoriza o emprego da técnica antecipatória para a tutela dos direitos é a probabilidade lógica – que é aquela que surge da confrontação das alegações e das provas com os elementos disponíveis nos autos, sendo provável a hipótese que encontra maior grau de confirmação e menor grau de refutação nesses elementos. O juiz tem que se convencer de que o direito é provável para conceder a tutela provisória.” (Novo Código de Processo Civil Comentado. Revista dos Tribunais. Primeira Edição.) No que concerne ao perigo de dano ou risco ao resultado útil do feito, o mencionado doutrinador afirma que “(...)há urgência quando a demora pode comprometer a realização imediata ou futura do direito.” Ainda no que se refere ao perigo de dano ou risco ao resultado útil do feito, Daniel Amorim Assumpção Neves leciona: “Numa primeira leitura, pode-se concluir que o perigo de dano se mostraria mais adequado à tutela antecipada, enquanto o risco ao resultado útil do processo, à tutela cautelar. A distinção, entretanto, não deve ser prestigiada porque nos dois casos o fundamento será o mesmo: a impossibilidade de espera da concessão da tutela definitiva sob pena de grave prejuízo ao direito a ser tutelado e de tornar-se o resultado final inútil em razão do tempo. ”(Novo Código de Processo Civil. Inovações, Alterações, Supressões. Comentadas. Editora Método. 2ª Edição.) Por fim, em relação à reversibilidade da tutela, Fernando da Fonseca Gajardoni ensina: “Juridicamente, toda decisão é reversível, isto é, apta a ser reformada ou rescinda nos termos da lei. O que não pode acontecer, contudo, é a irreversibilidade fática, isto é, a impossibilidade de, após a efetivação do judicial, ser restabelecido o status quo ante. ”(Teoria Geral do Processo. Comentários ao CPC de 2015. Parte Geral.Forense, 2015) No presente caso, entendo que restou evidenciada a probabilidade do direito alegado pela parte autora, tendo em vista que restou demonstrado que a requerida incluiu o nome da parte autora em cadastro de órgão de proteção ao crédito havendo discordância em relação ao valor cobrado, tendo em vista que a autora nega a existência de relação jurídica com o réu. Verifico, ainda, a urgência, vez que são notórios os prejuízos acarretados pela mencionada inscrição. Há, ainda, a possibilidade de reversão da medida antecipada. Assim, a concessão da tutela de urgência é medida que se impõe. Ante o exposto, concedo a tutela provisória de urgência , para determinar a exclusão provisória do nome da parte autora do SPC e do SERSA. Deverá a parte requerente prestar caução em dinheiro, no valor da dívida inscrita. Prestada a caução, expeçam-se ofícios aos mencionados entes, a fim de que cumpram a presente decisão. No que concerne à audiência preliminar de conciliação e mediação , entendo que a mesma não deve ser designada. A Constituição Federal de 1988 consagrou, em seus artigos 37, caput , e 5º, LXXVIII, respectivamente, os princípios da eficiência e da celeridade processual. No âmbito do direito processual, assegurar a prestação jurisdicional eficiente consiste em garantir a efetiva proteção do direito material tutelado pelo processo, o que só será possível se a tutela for prestada em tempo razoável. Nesse sentido, tem-se o princípio da celeridade processual, que determina que a tutela jurisdicional seja prestada com agilidade e rapidez, respeitando-se o devido processo. Seguindo os preceitos dispostos na Constituição Federal, o Código de Processo Civil de 2015 consagrou, em seu artigo 8º, o princípio da eficiência da prestação jurisdicional. Apesar de todos esses dispositivos objetivando uma prestação jurisdicional célere e efetiva, o legislador estabeleceu, no artigo 334 do Código de Processo Civil de 2015, a obrigatoriedade da designação de audiência de conciliação ou de mediação com antecedência mínima de 30 (trinta) dias, devendo ser citado o réu com pelo menos 20 (vinte) dias de antecedência. Ao meu sentir, a obrigatoriedade da designação de audiência de conciliação ou mediação vai de encontro aos princípios da eficiência e celeridade processual, uma vez que será dilatado o prazo para a parte requerida apresentar defesa e para que o processo siga seu curso. Ressalto, ainda, que caso não seja possível citar a parte requerida, no prazo legal, a audiência deverá ser redesignada, causando prejuízo a todos, tendo em vista a desnecessária ocupação da pauta. Luiz Guilherme Marinoni, em seu Livro Novo Código de Processo Civil Comentado (Editora Revista dos Tribunais, 2015), afirma que o objetivo do dispositivo em comento é fomentar a solução consensual de conflitos, prestigiando a autonomia da vontade e fazendo com que o judiciário seja a ultima ratio. Em que pese a posição do ilustre doutrinador, entendo que existe flagrante contradição entre a obrigatoriedade da designação da audiência de conciliação e a autonomia da vontade, tendo em vista que, admitida a possibilidade legal de composição, o artigo 334, I do CPC de 2015, prevê que só não haverá audiência inaugural de conciliação ou mediação se ambas as partes não tiverem interesse. Assim, ainda que uma das partes não tenha interesse em conciliar, a audiência do artigo 334 do CPC de 2015 deverá ser designada e, provavelmente, será também inútil, gerando apenas atraso e desgaste processual. Ao meu sentir, para que surtam o efeito desejado pelo legislador, as audiências de conciliação ou mediação deveriam ser realizadas em Centros de Solução Consensuais de Conflito Extrajudiciais, aos quais as partes poderiam recorrer livremente. A obrigatoriedade da audiência de conciliação e sua realização no âmbito do Juízo competente para apreciar a demanda poderão ter efeito contrário ao pretendido pelo legislador, acirrando a litigiosidade. Nesse sentido, trago a baila o entendimento do professor Daniel Amorim Assumpção Neves: “Com a criação dos centros judiciários de solução consensual de conflitos, o ideal é que exista espaço físico exclusivo para o desempenho das atividades dos conciliadores e mediadores o que certamente otimizará a realização do trabalho. Além disso, ao não serem as sessões realizadas na sede do juízo, diminuem-se os aspectos de litigiosidade e formalidade associados ao Poder Judiciário, o que poderá psicologicamente desarmar as partes e facilitar a solução consensual.” (Novo Código de Processo Civil. Inovações, Alterações, Supressões. Comentadas. Editora Método. 2ª Edição.) Por fim, entendo não ser legítima a criação de uma audiência de conciliação obrigatória, no início do processo, por consistir em atraso ao acesso à prestação jurisdicional propriamente dita, mitigando o disposto no artigo 5º, XXXV, da Constituição Federal. Dessa forma, entendo que a audiência prevista no artigo 334 do CPC de 2015 não deve ser designada, no caso em tela, principalmente devido a dificuldade de citação da parte ré, conforme mandado contido no evento de Id. 6911820. Ressalto que a não marcação da referida audiência, além de concretizar, ao meu sentir, o princípio da eficiência, não causará qualquer prejuízo às partes, tendo em vista que as mesmas podem conciliar a qualquer tempo, judicial ou extrajudicialmente, porquanto, a princípio, trata-se de direito patrimonial disponível. Esclareço que a audiência de conciliação será designada, por este Juízo, no curso do processo, antes do saneamento. Inexistindo prejuízo às partes, não há que se falar em nulidade, conforme preceitua o artigo 284 do Novo Código de Processo Civil. Assim, deixo de designar a audiência prevista no art. 334 do Novo Código de Processo Civil. Por todo o exposto, cite-se a parte ré para cumprir a presente decisão e para apresentar contestação, no prazo de 15 dias, sob as penas da lei. I.-se.

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