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Processo nº 5083116-75.2020.8.09.0134

ID: 308576142

Tribunal: TJGO Órgão: Quirinópolis - 1ª Vara Cível - I Classe: EXECUçãO DE TíTULO EXTRAJUDICIAL Nº Processo: 5083116-75.2020.8.09.0134

Data de Disponibilização: 26/06/2025

Polo Ativo:

PONTA ADMINISTRADORA DE CONSóRCIOS LTDA

Polo Passivo:

Decisão

Advogados:

PEDRO ROBERTO ROMÃO

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

Estado de GoiásPoder JudiciárioComarca de QuirinópolisGabinete 1ª Vara CívelAutos nº: 5083116-75.2020.8.09.0134DECISÃO MANDADO/OFÍCIO Trata-se os autos de execução de título extrajudicial m… Estado de GoiásPoder JudiciárioComarca de QuirinópolisGabinete 1ª Vara CívelAutos nº: 5083116-75.2020.8.09.0134DECISÃO MANDADO/OFÍCIO Trata-se os autos de execução de título extrajudicial movida por Ponta Administradora De Consórcios Ltda, em desfavor de Jhonattan Faria Eurides Silva, ambos já qualificados.Após várias tentativas frustradas de citação do devedor (eventos n° 21, 27, 32, 35, 50, 80, 91, 100, 113), o exequente requereu a citação por edital no evento n° 68.Em decisão de evento nº 154 foi deferida a citação por edital.Realizada a citação por edital, o executado não constituiu advogado, tampouco apresentou defesa. Nomeado advogado dativo, foi apresentada impugnação/contestação por negativa geral, evento nº 171, oportunidade em que foi postulada a assistência judiciária e foram refutados os pedidos exordiais.A parte exequente, arguiu a inadequação do instrumento de defesa, refutou os pedidos e argumentos ventilados no evento nº 174, alegou a inexistência de memória de cálculo instruindo a defesa, evento nº 174, e pugnou pelo não conhecimento da contestação, e alternativamente, pela rejeição doa argumentos elencados, bem como o prosseguimento da execução.Vieram-me os autos conclusos.É o relatório que basta. Fundamento, pondero e DECIDO.Em proêmio, esclareço que a peça de defesa adequada no caso de execução de título extrajudicial, como nos autos em crivo, é denominada embargos à execução. Os embargos possuem natureza de ação e não de contestação, portanto deviam ser protocolados em autos apartados, apensos ao processo principal. Logo, diante da realização de protocolo no bojo da execução, impõe-se o desentranhamento da peça de defesa e autuação em apenso.Outrossim, é inafastável que nos embargos à execução, o defensor - seja ele constituído ou dativo, alegue ao menos uma das causas de pedir previstas no art. 917, do Código de Processo Civil, vejamos:“Art. 917. Nos embargos à execução, o executado poderá alegar: I - inexequibilidade do título ou inexigibilidade da obrigação; II - penhora incorreta ou avaliação errônea; III - excesso de execução ou cumulação indevida de execuções; IV - retenção por benfeitorias necessárias ou úteis, nos casos de execução para entrega de coisa certa; V - incompetência absoluta ou relativa do juízo da execução; VI - qualquer matéria que lhe seria lícito deduzir como defesa em processo de conhecimento.”Com efeito, a apresentação de embargos à execução sem causa de pedir, na modalidade de negativa geral, não se desdobra em improcedência do pedido, mas em impossibilidade de se proceder a exame do mérito. Para endossar o posicionamento, trago à baila os seguintes julgados, in verbis: Embargos à execução – Executado citado por edital – Nomeação de curador especial – Embargos opostos mediante negativa geral – Rejeição liminar dos embargos do devedor – Cabimento – Embargos que têm natureza de ação incidental, devendo, por isso, preencher os requisitos relativos da petição inicial – Não aplicação do parágrafo único do art. 341 do CPC/15 ao caso – Ônus da impugnação específica dos fatos incidentes à hipótese – Rejeição liminar dos embargos que deve ser mantida – Recurso improvido. (TJ-SP - Apelação Cível: 1001731-53.2023 .8.26.0666 Artur Nogueira, Relator.: Thiago de Siqueira, Data de Julgamento: 30/11/2023, 2ª Turma Recursal Cível, Data de Publicação: 30/11/2023)EXECUÇÃO. Cheque. Citação por edital. Nomeação de curador especial. Embargos à execução opostos por negativa geral. Inadmissibilidade. Inaplicabilidade ao caso do ônus da impugnação especificada ( CPC, 341, § 1º) que não autoriza o curador especial, ao opor embargos do devedor, a deixar de observar os requisitos da petição inicial ( CPC, art. 319) . Sentença que rejeitou liminarmente os embargos, com fundamento no artigo 918, II, do Código de Processo Civil, mantida. Recurso desprovido. Dispositivo: negaram provimento ao recurso. (TJ-SP - Apelação Cível: 10147385420248260577 São José dos Campos, Relator.: João Camillo de Almeida Prado Costa, Data de Julgamento: 26/08/2024, 19ª Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 26/08/2024)APELAÇÃO. EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL. Embargos apresentados por curador especial. Impugnação por negativa geral . Impossibilidade. Embargos que possuem natureza de ação, e não de contestação. Necessidade de se precisar ao menos uma das causas de pedir previstas no art. 917, do Código de Processo Civil . Apresentação de embargos sem causa de pedir que não se desdobra, contudo, em improcedência do pedido, mas em impossibilidade de se proceder a exame do mérito – não tematizado pela inicial de forma adequada. Embargos extintos, sem resolução do mérito, por indeferimento da petição inicial. Apelo parcialmente provido. (TJ-SP - Apelação Cível: 1002512-43 .2021.8.26.0279 Itararé, Relator.: Bandeira Lins, Data de Julgamento: 23/04/2024, 8ª Câmara de Direito Público, Data de Publicação: 23/04/2024)Neste cenário, a fim de coibir futuras arguições de cerceamento do direito de defesa, entendo que após a autuação da petição de evento nº 171, em apartado, o processo deverá ser apensado ao presente acervo e o curador nomeado deverá ser intimado para emendar a inicial, no prazo de 10 dias, de modo a adequar a petição inicial, sob pena de indeferimento liminar.ISTO POSTO, mediante os fatos e fundamentos declinados em linhas volvidas, deixo de adentrar no mérito das teses arguidas pela defesa no evento nº 171 e DETERMINO:A) PROMOVAM-SE o desentranhamento da peça de defesa acostada no evento nº 171 e a autuação em apenso. Em seguida, INTIME-SE o defensor dativo para, no prazo de 15 dias, emendar a inicial e promover as adequações necessárias, nos moldes citados alhures, sob pena de indeferimento liminar.B) INTIME-SE a parte exequente para, no prazo de 15 dias, impulsionar o feito, requerendo o que lhe aprouver.Após, conclusos.Intime-se. Cumpra-se.Quirinópolis, datado e assinado digitalmente.(Essa decisão possui força de mandado/ofício, nos termos do Provimento n.º 002/2012 da CG/GO) ADRIANA MARIA DOS SANTOS QUEIRÓZ DE OLIVEIRAJuíza de Direito

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Processo nº 1002512-43.2025.8.26.0266

ID: 298533518

Tribunal: TJSP Órgão: Foro de Itanhaém - Vara do Juizado Especial Cível e Criminal Classe: PROCEDIMENTO DO JUIZADO ESPECIAL CíVEL Nº Processo: 1002512-43.2025.8.26.0266

Data de Disponibilização: 13/06/2025

Polo Ativo:

FERNANDO MADEIRA CORREIA

Polo Passivo:

Intimação

Advogados:

TAYNÁ DA SILVA OLIVEIRA

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

GIOVANA LYS NUNES

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

Processo 1002512-43.2025.8.26.0266 - Procedimento do Juizado Especial Cível - Indenização por Dano Material - Fernando Madeira Correia - VISTOS. Relatório dispensado nos termos do artigo 38 da Lei nº… Processo 1002512-43.2025.8.26.0266 - Procedimento do Juizado Especial Cível - Indenização por Dano Material - Fernando Madeira Correia - VISTOS. Relatório dispensado nos termos do artigo 38 da Lei nº 9.099/95. Fundamento e DECIDO. Trata-se de ação de rescisão contratual c/c restituição de valor pago e indenização por danos morais em que o autor alega, em síntese, que em 07 de março do ano corrente adquiriu da requerida uma churrasqueira, pelo valor de R$ 600,00 (seiscentos reais), a qual apresentou vício, pois foi entregue danificada e com peças faltando. Alega que tentou resolver o problema junto à ré, contudo, não houve a substituição do produto, tampouco a devolução do valor pago. Requer, assim, a restituição dos R$ 600,00 pagos pela churrasqueira, além do pagamento de indenização por danos morais no importe de R$ 5.000,00 (cinco mil reais). O feito comporta julgamento no estado em que se encontra, prescindindo de dilação probatória. A parte passiva foi devidamente citada e intimada, conforme Certidão do Oficial de justiça a pág. 62, contudo, deixou de comparecer à audiência reduzida a termo a pág. 64. Desse modo, de rigor a decretação de sua revelia, nos termos do artigo 20 da Lei desta Justiça Especializada, presumindo-se, com isso, como verdadeira a matéria de ordem fática inserta na proemial, notadamente os vícios no produto apontados pelo autor, que impossibilitam o uso regular do bem objeto do litígio. Consigne-se, por oportuno, que os efeitos da revelia só não poderiam ser gerados caso as alegações do autor não fossem verossímeis, ou se houvesse provas que levassem à outra conclusão que não a procedência, ainda que parcial, de seu pedido, ou, ainda, se estivesse presente alguma das hipóteses do artigo 345 do Código de Processo Civil. Nenhuma destas situações está presente nos autos. Constam dos autos as fotografias do produto, prints de conversas entre as partes, prints de reclamações de outros clientes da ré, comprovante do pedido junto à ré e comprovante de pagamento (págs. 19/53). No que tange à matéria de direito, vem demonstrada nos autos, não sendo objeto de afastamento. Nesse contexto, tendo em vista o vício apontado no bem da vida objeto do litígio, devidamente demonstrado nos autos, há que se extinguir o negócio jurídico firmado entre as partes, visando restitui-las ao "status quo ante" a esse, fazendo com que a parte passiva seja condenada a reembolsar ao autor o valor que este solveu quanto ao referido bem, sendo que solvida tal obrigação por quantia certa pela parte passiva, deverá esta proceder à retirada do mencionado bem da residência do autor, sem qualquer ônus a este, sob pena de perdimento do bem em favor do requerente. Assim, deverá a ré restituir ao autor o valor de R$ 600,00 (seiscentos reais) (pág. 39) acrescido dos consectários legais. A dinâmica de tais restituições, contudo, caso deixe de se verificar extrajudicialmente, deverá se verificar da seguinte forma: 1º) a parte passiva deverá promover depósito em conta judicial à disposição deste Juízo perante o Banco do Brasil S/A do "quantum" atinente a tal bem, com os consectários pertinentes; 2º) realizado tal depósito, a parte passiva deverá providenciar a retirada do bem da vida objeto do litígio da residência da parte ativa, sem qualquer custo a esta, no prazo a ser assinado por este Juízo, sob pena de tal bem reverter em proveito da parte ativa; 3º) realizada tal retirada, ou declarada a reversão em prol da parte ativa do indicado bem, deverá ser expedido mandado de levantamento em favor da parte ativa do valor atinente ao referido depósito. No que pertine à pretensão de indenização por dano à esfera extrapatrimonial do autor, melhor sorte não lhe assiste, já que a situação por este vivida não ostenta gravidade a justificar a condenação por tais danos. O fato que restou comprovado nos autos não é capaz de gerar no autor dor intrínseca a justificar sua compensação. Não se nega que tenha ele sofrido dissabores e aborrecimentos em virtude do ocorrido. No entanto, não foram daqueles capazes de ensejar a condenação por danos morais, pois para tanto deve haver um fato extraordinário, ou seja, uma conduta por parte daquele que se pretende a indenização que fuja à normalidade das relações cotidianas. A vida em sociedade, principalmente em cidades de médio e grande porte, impõe aos cidadãos dissabores cotidianos, necessários para que se possam manter as relações. Os simples aborrecimentos vividos pelas pessoas nas relações diárias não justificam a imposição de compensação por danos morais, sob pena de se banalizar referida figura, onerando-se excessivamente as empresas que estão sujeitas a erros no desempenho de suas atividades, pelos quais devem ser responsabilizadas, quando necessário. A situação vivida pela parte ativa, embora desconfortável, não foge à normalidade das relações cotidianas e dos dissabores impostos a qualquer pessoa que vive em uma sociedade moderna. Destarte, de rigor a parcial procedência da ação. Ante o exposto, JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTE a presente ação movida por Fernando Madeira Correia em face de Ita Churrasqueira - Marcelo Soares, a fim de desconstituir o negócio jurídico firmado entre as partes, extinguindo-o sem expensas à parte ativa, e para condenar a ré a restituir ao autor a quantia de R$ 600,00 (seiscentos reais), devidamente atualizada, desde o desembolso, e acrescida de juros de mora, a contar da citação, na forma da Lei (parágrafo único do art. 389 e parágrafos 2º e 3º do art. 406, ambos do Código Civil). Inexistindo a satisfação extrajudicial de tal "quantum", deverá a parte passiva ser instada a promover depósito em conta judicial à disposição deste Juízo perante o Banco do Brasil S/A do respectivo valor, ficando desde logo assinado o prazo de quinze (15) dias, a contar do referido depósito, para a ré providenciar a retirada do bem da vida objeto do litígio da residência do autor, sem qualquer custo a este, sob pena do referido bem reverter em proveito do requerente, sendo que realizada a mencionada retirada, ou declarada a reversão em prol da parte ativa do indicado bem, será determinada a expedição de mandado de levantamento em favor do autor do valor atinente ao referido depósito. Anoto que deverá a ré identificar nos autos qual de seus prepostos realizará o ato com antecedência mínima de 48 (quarenta e oito) horas, providência protetiva que adoto dada a publicidade dos autos e possibilidade de interferência de má-fé por terceiros estranhos à lide. Ao autor caberá acompanhar o andamento processual, a fim de garantir que apenas entregará o bem à pessoa identificada nos autos. Não há condenação em custas ou honorários advocatícios, consoante disposição do artigo 55, da Lei nº 9.099/95. Lei 9.099/95: Artigo 42. O recurso será interposto no prazo de 10 (dez) dias, contados da ciência da sentença, por petição escrita, da qual constarão as razões e o pedido do recorrente. § 1º. O preparo será feito, independentemente de intimação, nas quarenta e oito horas seguintes à interposição, sob pena de deserção, e nos termos do COMUNICADO CG Nº 489/2022. Enunciado FONAJE 80: O recurso inominado será julgado deserto quando não houver o recolhimento integral do preparo e sua respectiva comprovação pela parte, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, não admitida a complementação intempestiva (artigo 42, § 1º, da Lei 9.099/95). (Nova redação XII Encontro Maceió-AL). COMUNICADO CONJUNTO Nº 951/2023 - Preparo recursal: a) à taxa judiciária de ingresso, no importe de 1,5% sobre o valor atualizado da causa, observado o valor mínimo de 5(cinco) UFESPs, a ser recolhida na guia DARE; b) à taxa judiciária referente às custas de preparo, no importe de 4% sobre o valor fixado em sentença ou 4% sobre o valor atualizado da causa na ausência de pedido condenatório, observado o valor mínimo de 5(cinco) UFESPs, a ser recolhida na guia DARE; c) despesas postais, taxas para pesquisas nos sistemas conveniados, a serem recolhidas na guia FEDTJ, diligências de Oficial de Justiça, deverás ser colhida na guia GRD. Aos interessados, está disponível, no site deste Tribunal, planilha para elaboração do cálculo do preparo https://www.tjsp.jus.br/Download/SPI/CustasProcessuais/1.PlanilhaRecursoInominado.Xls Na planilha estão relacionados os links para emissão da guia de recolhimento da taxa judiciária (DARE), das despesas processuais (FEDTJ) e das diligências de Oficial de Justiça (GRD). P.R.I.C. Itanhaém, 12 de junho de 2025. - ADV: TAYNÁ DA SILVA OLIVEIRA (OAB 431969/SP), GIOVANA LYS NUNES (OAB 456766/SP)

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Processo nº 1002512-03.2021.8.11.0007

ID: 314092855

Tribunal: TJMT Órgão: JUIZADOS ESPECIAIS DE ALTA FLORESTA Classe: EXECUçãO DE TíTULO EXTRAJUDICIAL Nº Processo: 1002512-03.2021.8.11.0007

Data de Disponibilização: 02/07/2025

Polo Ativo:

ARILDO FERNANDO CARLOS DE MORAES

Polo Passivo:

Decisão

Advogados:

MARCIO FERNANDO CARNEIRO

OAB/MT XXXXXX Desbloquear

. ESTADO DE MATO GROSSO PODER JUDICIÁRIO COMARCA DE ALTA FLORESTA JUIZADOS ESPECIAIS Número do Processo: 1002512-03.2021.8.11.0007 EXEQUENTE: ARILDO FERNANDO CARLOS DE MORAES EXECUTADO: PATRICIA BRIT… . ESTADO DE MATO GROSSO PODER JUDICIÁRIO COMARCA DE ALTA FLORESTA JUIZADOS ESPECIAIS Número do Processo: 1002512-03.2021.8.11.0007 EXEQUENTE: ARILDO FERNANDO CARLOS DE MORAES EXECUTADO: PATRICIA BRITO MARIANO, BRUNO CORREIA Vistos. Trata-se de execução em que foi realizada penhora de imóvel pertencente ao executado, conforme matrícula 20.425 – denominado lote urbano nº 37 (trinta e sete), quadra nº 10A, Setor "PARQUE OESTE EG", com área de 390,00 m2 (trezentos e noventa metros quadrados), situado nesta cidade de Alta Floresta, Estado de Mato Grosso, do Cartório de Registro de Imóveis desta cidade. Em percuciente análise dos autos, verifica-se que, conforme documentos acostados aos autos no Id. 186475198, restou comprovado que o referido bem foi objeto de alienação anterior à constrição, por meio de contrato particular de compra e venda firmado em 12/02/2019, em favor de terceira adquirente, a qual já exerce posse de boa-fé sobre o bem, embora não tenha providenciado o registro junto à matrícula do imóvel. De fato, o art. 1.245, §1º, do Código Civil estabelece que: “Enquanto não se registrar o título translativo, o alienante continua a ser havido como dono do imóvel.” Contudo, embora o dispositivo legal assegure a eficácia da propriedade apenas após o registro, não pode ser interpretado de forma absoluta, desconsiderando a realidade material e os efeitos jurídicos já consolidados na esfera do adquirente, visto que a ausência de registro não impede, por si só, o reconhecimento da posse de boa-fé e da titularidade material do bem para fins de proteção contra terceiros, especialmente quando a aquisição foi anterior à constrição judicial. Nesse sentido, cito o entendimento jurisprudencial: “AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. EMBARGOS DE TERCEIRO. COMPRA E VENDA DE IMÓVEL. ESCRITURA PÚBLICA DE COMPRA E VENDA DESPROVIDA DE REGISTRO . IRRELEVÂNCIA. PENHORA NÃO REGISTRADA. MÁ-FÉ DO TERCEIRO ADQUIRENTE NÃO COMPROVADA. FRAUDE À EXECUÇÃO NÃO CONFIGURADA . APLICAÇÃO DAS SÚMULAS 84 E 375 DO STJ. AGRAVO DESPROVIDO. 1. "O reconhecimento da fraude à execução depende do registro da penhora do bem alienado ou da prova de má-fé do terceiro adquirente" (Súmula 375/STJ) . 2. "É admissível a oposição de embargos de terceiro fundados em alegação de posse advinda do compromisso de compra e venda de imóvel, ainda que desprovido do registro" (Súmula 84/STJ) 3. No caso dos autos, a Corte de origem julgou procedentes os embargos de terceiros, tendo em vista que, quando da aquisição do bem, não havia registro de penhora ou outro ato de constrição judicial ou averbação premonitória em relação à demanda executiva originária e que não há nenhuma prova nos autos de que a parte embargante não tenha agido de boa-fé quando da aquisição do imóvel.Incidência da Súmula 83/STJ .4. Agravo interno a que se nega provimento.” (STJ - AgInt no AREsp: 2159270 MT 2022/0197926-5, Relator.: RAUL ARAÚJO, Data de Julgamento: 28/11/2022, T4 - QUARTA TURMA, Data de Publicação: DJe 02/12/2022) “APELAÇÃO CÍVEL. EMBARGOS DE TERCEIRO. PENHORA DE IMÓVEL. CONTRATO DE COMPRA E VENDA NÃO REGISTRADO. IMÓVEL ADQUIRIDO ANTES DA CONSTRIÇÃO. AUSÊNCIA DE REGISTRO DA PENHORA NO MOMENTO DA AQUISIÇÃO. PRESUNÇÃO DE BOA-FÉ. SÚMULA 84 DO STJ . SENTENÇA REFORMADA. 1. Embora não registrado, o contrato de compra e venda torna legítima a propositura de embargos de terceiro pelo comprador. 2 . Sendo a penhora do imóvel posterior ao contrato de compra e venda, presume-se a boa-fé do terceiro adquirente, uma vez que não tinha como ter conhecimento da existência de execução em face do vendedor.Apelação Cível provida.” (TJPR - 15ª C.Cível - AC - 1721895-4 - Terra Rica - Rel .: Desembargador Jucimar Novochadlo - Unânime - J. 13.09.2017) (TJ-PR - APL: 17218954 PR 1721895-4 (Acórdão), Relator.: Desembargador Jucimar Novochadlo, Data de Julgamento: 13/09/2017, 15ª Câmara Cível, Data de Publicação: DJ: 2115 20/09/2017) “APELAÇÃO CÍVEL - INOVAÇÃO RECURSAL - INEXISTÊNCIA - MÉRITO - EMBARGOS DE TERCEIRO - EXECUÇÃO DE TÍTULO EXTRAJUDICIAL - EXPEDIÇÃO DE MANDADO DE PENHORA E CONSTRIÇÃO SOBRE IMÓVEL URBANO - COMPROVAÇÃO - AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE POR TERCEIRO DE BOA-FÉ - TRANSFERÊNCIA DO BEM ANTES DA REALIZAÇÃO DA PENHORA - AUSÊNCIA DE AVERBAÇÃO NA MATRÍCULA DO IMÓVEL DA EXISTÊNCIA DE AÇÃO DE EXECUÇÃO - FRAUDE CONTRA CREDORES - NÃO CONFIGURAÇÃO - PEDIDO DE DESCONSTITUIÇÃO DE PENHORA - PROCEDÊNCIA - SENTENÇA MANTIDA. A vedação à inovação recursal prevista na legislação processual pode ser mitigada desde que respeitado o contraditório da parte contrária e que não exista má-fé (STJ, AgInt no AREsp 1291655/SP). Preliminar rejeitada. Mérito . Iniciada a fase satisfativa das obrigações contidas no título executado, podem as partes interessadas ajuizarem embargos de terceiro. Os embargos de terceiro têm a função de preservar a propriedade ou a posse de bens de parte estranha à lide que, não tendo participado da relação jurídica que deu ensejo ao ajuizamento da ação executiva, se vê impactado com ordem judicial constritiva de seu direito. Os embargos de terceiro visam desconstituir constrição e retirar do escopo da execução bem pertencente à pessoa que não está vinculada à obrigação executada e que, portanto, não é passível de ser arrecadado para satisfazê-la ( CPC, art. 674) . O reconhecimento da fraude à execução depende do registro da penhora do bem alienado ou da prova de má-fé do terceiro adquirente (STJ, súmula 375). Constatados os elementos comprobatórios da aquisição da propriedade por terceiro não integrante da ação de execução, e não demonstrada a má-fé ou a fraude contra credores, é de rigor a desconstituição da penhora. Recurso não provido.” (TJ-MG - AC: 01502748620188130525, Relator.: Des .(a) Manoel dos Reis Morais, Data de Julgamento: 08/03/2023, Câmaras Cíveis / 20ª CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: 09/03/2023) “APELAÇÃO CÍVEL. EMBARGOS DE TERCEIRO OPOSTOS EM EXECUÇÃO DE TÍTULO EXTRAJUDICIAL. CONSTRIÇÃO JUDICIAL QUE RECAIU SOBRE IMÓVEL DE TITULARIDADE DOS EMBARGANTES. SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA . RECURSO DO EMBARGADO. ELEMENTOS DE PROVA A DEMONSTRAR QUE O IMÓVEL PENHORADO ESTAVA NA POSSE DOS TERCEIROS-EMBARGANTES DESDE O ANO DE 1983, ANTES MESMO DA PROPOSITURA DA AÇÃO EXECUTIVA. ADEMAIS, TRANSMISSÃO DA PROPRIEDADE IMOBILIÁRIA AOS EMBARGANTES QUE SE DEU ANTERIORMENTE AO REGISTRO DA PENHORA. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DO PRESSUPOSTO SUBJETIVO PARA CARACTERIZAÇÃO DE FRAUDE À EXECUÇÃO . ATENÇÃO AO ENUNCIADO DA SÚMULA Nº 375 A REFLETIR A JURISPRUDÊNCIA DOMINANTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA ("O RECONHECIMENTO DA FRAUDE À EXECUÇÃO DEPENDE DO REGISTRO DA PENHORA DO BEM ALIENADO OU DA PROVA DA MÁ-FÉ DO TERCEIRO ADQUIRENTE". BOA-FÉ DOS TERCEIROS-ADQUIRENTES QUE SE PRESUME. EXEQUENTE QUE NÃO COMPROVOU A "SCIENTIA FRAUDIS" POR PARTE DO TERCEIRO-EMBARGANTE QUANDO ADQUIRIU O IMÓVEL DO EXECUTADO. ARGUMENTAÇÃO FRÁGIL . IMPUGNAÇÃO GENÉRICA AOS DOCUMENTOS ACOSTADOS PELOS EMBARGANTES. INOCORRÊNCIA DE QUALQUER DAS HIPÓTESES DE RESPONSABILIDADE PATRIMONIAL SECUNDÁRIA. PRESUNÇÃO LEGAL DE BOA-FÉ DO TERCEIRO ADQUIRENTE. NÃO COMPROVAÇÃO DE FRAUDE À EXECUÇÃO . PENHORA QUE NÃO PODE PREVALECER DEVENDO SER DESCONSTITUÍDA. SENTENÇA MANTIDA. VERBAS SUCUMBENCIAIS. APELO MANEJADO SOB A VIGÊNCIA DO CPC/15 . NOVO REVÉS DO RECORRENTE. HONORÁRIOS RECURSAIS. MAJORAÇÃO DA VERBA EM FAVOR DO CAUSÍDICO DA APELADA QUE SE IMPÕE. EXEGESE DO ART . 85, § 11º, DO NOVO CPC. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.” (TJ-SC - APL: 03048467820198240033, Relator.: Luiz Zanelato, Data de Julgamento: 17/11/2022, Primeira Câmara de Direito Comercial) Ademais, mesmo ante a ausência de pedido expresso do executado no tocante à desconstituição da penhora, a situação retratada nos autos permite a declaração da ineficácia da constrição em razão de potencial lesão a direito de terceiro adquirente de boa-fé. Destaco, ainda, que em análise ao laudo de avaliação realizado pelo Sr. Oficial de Justiça, observa-se que a permanência da constrição sobre bem alheio, de valor muito superior ao crédito exequendo, implicaria em desequilíbrio no processo executivo, comprometendo os princípios da razoabilidade, proporcionalidade e da boa-fé objetiva, além de fomentar a indevida afetação de bens que não são úteis à satisfação da obrigação, nos moldes exigidos pelo art. 831 do CPC. Desse modo, DESCONSTITUO a penhora realizada nos autos sobre o imóvel matriculado sob n. 20.425 no Cartório de Registro de Imóveis de Alta Floresta, por se tratar de bem já alienado anteriormente à constrição e de valor extremamente superior à dívida executada. Oficie-se ao Cartório de Registro de Imóveis para que proceda a baixa da restrição no referido imóvel referentes aos presentes autos. Por medida de economia processual, serve a presente decisão como ofício a ser encaminhado ao Cartório de Registros. INTIME-SE o exequente para, no prazo de 05 (cinco) dias, indicar bens dos executados passíveis de penhora, sob pena de extinção da ação. Cumpra-se. Alta Floresta/MT, (data lançada no sistema). MILENA RAMOS DE LIMA E S. PARO Juíza de Direito

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Processo nº 1002512-05.2025.8.26.0505

ID: 328264465

Tribunal: TJSP Órgão: Foro de Ribeirão Pires - 3ª Vara Classe: PROCEDIMENTO COMUM INFâNCIA E JUVENTUDE Nº Processo: 1002512-05.2025.8.26.0505

Data de Disponibilização: 17/07/2025

Polo Ativo:

YURI RODRIGUES DA SILVA

Polo Passivo:

Intimação

Advogados:

PRISCILA RIBEIRO MONTEIRO

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Processo 1002512-05.2025.8.26.0505 - Procedimento Comum Infância e Juventude - PROFISSIONAIS DE APOIO - Yuri Rodrigues da Silva - Vistos. Cuida-se de ação de obrigação de fazer, com pedido de tutela … Processo 1002512-05.2025.8.26.0505 - Procedimento Comum Infância e Juventude - PROFISSIONAIS DE APOIO - Yuri Rodrigues da Silva - Vistos. Cuida-se de ação de obrigação de fazer, com pedido de tutela de urgência, proposta por Y.R.S. (DN: 17.09.2008), em face da ESCOLA ESTADUAL PROFESSOR LEICO AKAISHI, DIRETÓRIO DE ENSINO DA REGIÃO DE MAUÁ e ESTADO DE SÃO PAULO. Sustenta, em síntese, que há aproximadamente dois anos e meio, o autor, que era matriculado na Escola Estadual Professor Leico Akaishi foi vítima de um episódio de violência e constrangimento por parte de outro aluno, quando foi agredido fisicamente e, em seguida, teve suas calças retiradas, sendo exposto a constrangimento público. Em decorrência disso, sustenta ter desenvolvido quadros severos de ansiedade e recusa persistente em voltar para a escola, estando em tratamento multidisciplinar no CAPS INFANTO JUVENIL desta comarca, com diagnóstico de esquizofrenia hebefrênica, necessitando de professor auxiliar domiciliar, para o fim de garantir o seu direito à educação. Assim, pretende a concessão de tutela liminar, para o fim de que os réus lhe forneçam professor auxiliar domiciliar. A inicial veio acompanhada dos documentos de fls. 24/39. O Ministério Publico manifestou-se favorável. Fls.55/57. DEFIRO à parte autora os benefícios da gratuidade processual. Anote-se. Preliminarmente, impõe-se a determinação de emenda da exordial. A petição inicial arrola no polo passivo a Escola Estadual Professor Leico Akaishi, a Diretoria de Ensino da Região de Mauá e o Estado de São Paulo. Contudo, os dois primeiros entes mencionados são partes manifestamente ilegítimas para figurar na lide. A Escola Estadual e a Diretoria de Ensino são órgãos públicos, integrantes da estrutura administrativa da Secretaria de Educação do Estado de São Paulo. Como tais, são desprovidos de personalidade jurídica e judiciária própria. Eles não são sujeitos de direitos e obrigações, mas meros instrumentos da atuação do ente federativo ao qual pertencem. A capacidade de ser parte em um processo judicial é, em regra, atribuída àqueles que possuem personalidade jurídica (pessoas físicas ou jurídicas). Os órgãos públicos, por serem despersonalizados, não podem ser demandados judicialmente. Quem responde por seus atos é a pessoa jurídica a que estão vinculados - no caso, a Fazenda Pública do Estado de São Paulo. Intime-se a autora para emenda da petição inicial, excluindo Escola Estadual Professor Leico Akaishi e a Diretoria de Ensino da Região de Mauá. Inobstante, o pedido de tutela antecipada comporta acolhimento. Em consonância com a garantia do devido processo legal (art. 5º, LIV, CF) e com o princípio da duração razoável do processo (art. 5º, LXXVIII, CF), a tutela provisória é caracterizada como instrumento de ação do Poder Judiciário apto a efetivar, de modo célere e eficaz, a tutela dos direitos no caso concreto, cuja outorga decorre da cognição superficial da lide. Com efeito, a tutela provisória de urgência está disciplinada pelo artigo 300 do CPC/2015. Assim, de acordo com caderno processual civil, são exigências para a concessão da tutela provisória de urgência os seguintes requisitos: I. Prova da evidência da probabilidade do direito (fumus boni iuris); II. Perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo (periculum in mora);e III. Inexistência de risco de irreversibilidade. Nesse contexto, pela narrativa insculpida na exordial, bem como pela apreciação dos documentos colacionados aos autos, numa análise superficial da matéria, própria do momento processual, verifico a presença dos requisitos aptos a dar supedâneo ao pleito liminar. A Constituição Federal proclama a educação como direito social (art. 6º) e ainda lhe reserva seção própria, onde a consagra nos seguintes termos: A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. (art. 205). A Carta Republicana prevê, outrossim, que a efetivação do dever do Estado com a educação se dará mediante a garantia, dentre outros, do atendimento ao educando, em todas as etapas da educação básica, por meio de programas suplementares de material didático escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde., nos termos do inciso VII do art. 208. Tal previsão foi replicada integralmente pela Lei nº 9.394/96 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional), em seu art. 4º, inciso VIII. O artigo 53, do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), por seu turno, garante às crianças e aos adolescentes o direito à educação, visando o pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho, assegurando-lhes permanência na escola (inciso I). Conforme se extrai dos documentos que instruem o pedido inicial, há prova suficiente de que o requerente é pessoa com deficiência e necessita do fornecimento de atendimento educacional especializado, nos exatos termos do art. 208, incisos I, III e VII, da Constituição Federal, dos arts. 28 e 29, da Convenção sobre os Direitos da Criança (Decreto n.º 99.710/90), da Declaração de Salamanca (UNESCO-1994), do art. 54, inciso III, da Lei n. 8.069/90 - ECA, dos arts. 27 e 28, da Lei n. 13.146/15 - Estatuto da Pessoa com Deficiência, dos arts. 4º, inciso III, 58 e 59, da Lei n. 9.394/96 - Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, do art. 2º, caput, e inciso I, da Lei n. 7.853/89 - Dispõe sobre o apoio às pessoas com deficiência e sua integração social no âmbito da tutela coletiva, do art. 3º, inciso IV, a, da Lei n. 12.764/12 - Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista, bem como dos enunciados de Súmula n. 63 [1] e 65, do e. TJ-SP. De fato, o direito ao atendimento domiciliar não é automático. É imprescindível a apresentação de laudo médico circunstanciado que ateste a condição de saúde do aluno, a sua incapacidade (ainda que temporária) de frequentar as aulas presenciais e a expressa recomendação para o acompanhamento pedagógico em domicílio. No caso, de acordo com o relatório médico de fls. 33/35, foi-lhe prescrito expressamente a necessidade de um professor auxiliar domiciliar, para acompanhamento no ensino remoto do adolescente Y.R.S. (DN: 17.09.2008), que possui diagnóstico de esquizofrenia hebefrênica e que não possui condições de frequentar presencialmente as aulas. Registro que o atendimento domiciliar é medida excepcional e, sempre que possível, temporária. Seu objetivo é garantir a continuidade do processo de aprendizagem enquanto durar o impedimento, visando à reintegração do aluno ao ambiente escolar assim que sua condição de saúde permitir. Desta forma, faz-se necessário o deferimento do pleito para garantia de seu acesso à educação. Ante o exposto, DEFIRO a tutela antecipada, para o fim de DETERMINAR que o Estado de São Paulo disponibilize, no prazo de 15 (quinze) dias, professor auxiliar domiciliar, nos moldes do relatório médico de fls.33/35, sob pena de multa diária de R$ 300,00 (trezentos reais), limitada a R$ 9.000,00 (nove mil reais), a ser revertida em favor do autor. A parte deverá comprovar mensalmente a persistência de necessidade de atendimento de professor auxiliar domiciliar, mediante relatório médico circunstanciado. Em observância aos princípios processuais constitucionais da celeridade processual e da efetividade na prestação da tutela jurisdicional, servirá a presente decisão, por cópia digital, como ofício a ser entregue pelo patrono do autor junto aos requeridos, mediante protocolo, com indicação do funcionário recebedor e da data, comprovando-se nos autos. Por não vislumbrar na espécie, diante da natureza da controvérsia posta em debate, a possibilidade de composição consensual, deixo de designar a audiência a que alude o disposto no artigo 334 do Código de Processo Civil. Cite-se o requerido para integrar a relação jurídico-processual (CPC, artigo 238) e oferecer contestação, por petição, no prazo legal, sob pena de revelia e presunção de veracidade das alegações de fato aduzidas pelo autor (CPC, artigo 344), cujo termo inicial será a data prevista no artigo 231 do CPC, de acordo com o modo como foi feita a citação (CPC, artigo 335, III). Esta decisão servirá como mandado, acompanhada da folha de rosto vinculada, conforme modelo aprovado pela Corregedoria Geral da Justiça. Providencie o cartório a impressão e encaminhamento da presente decisão juntamente com a folha de rosto à Central de Mandados. No caso de apresentação de contestação determino a seguinte providência: intime-se a parte contrária para que se manifeste no prazo legal. A Fazenda Pública e seus órgãos deverão ser notificados através do Portal Eletrônico. Ciência ao Ministério Público. Cumpra-se. Intimem-se. - ADV: PRISCILA RIBEIRO MONTEIRO (OAB 337324/SP)

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Processo nº 1002512-05.2025.8.26.0505

ID: 328264463

Tribunal: TJSP Órgão: Foro de Ribeirão Pires - 3ª Vara Classe: PROCEDIMENTO COMUM INFâNCIA E JUVENTUDE Nº Processo: 1002512-05.2025.8.26.0505

Data de Disponibilização: 17/07/2025

Polo Ativo:

YURI RODRIGUES DA SILVA

Polo Passivo:

Intimação

Advogados:

PRISCILA RIBEIRO MONTEIRO

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Processo 1002512-05.2025.8.26.0505 - Procedimento Comum Infância e Juventude - PROFISSIONAIS DE APOIO - Yuri Rodrigues da Silva - Vistos. Cuida-se de ação de obrigação de fazer, com pedido de tutela … Processo 1002512-05.2025.8.26.0505 - Procedimento Comum Infância e Juventude - PROFISSIONAIS DE APOIO - Yuri Rodrigues da Silva - Vistos. Cuida-se de ação de obrigação de fazer, com pedido de tutela de urgência, proposta por Y.R.S. (DN: 17.09.2008), em face da ESCOLA ESTADUAL PROFESSOR LEICO AKAISHI, DIRETÓRIO DE ENSINO DA REGIÃO DE MAUÁ e ESTADO DE SÃO PAULO. Sustenta, em síntese, que há aproximadamente dois anos e meio, o autor, que era matriculado na Escola Estadual Professor Leico Akaishi foi vítima de um episódio de violência e constrangimento por parte de outro aluno, quando foi agredido fisicamente e, em seguida, teve suas calças retiradas, sendo exposto a constrangimento público. Em decorrência disso, sustenta ter desenvolvido quadros severos de ansiedade e recusa persistente em voltar para a escola, estando em tratamento multidisciplinar no CAPS INFANTO JUVENIL desta comarca, com diagnóstico de esquizofrenia hebefrênica, necessitando de professor auxiliar domiciliar, para o fim de garantir o seu direito à educação. Assim, pretende a concessão de tutela liminar, para o fim de que os réus lhe forneçam professor auxiliar domiciliar. A inicial veio acompanhada dos documentos de fls. 24/39. O Ministério Publico manifestou-se favorável. Fls.55/57. DEFIRO à parte autora os benefícios da gratuidade processual. Anote-se. Preliminarmente, impõe-se a determinação de emenda da exordial. A petição inicial arrola no polo passivo a Escola Estadual Professor Leico Akaishi, a Diretoria de Ensino da Região de Mauá e o Estado de São Paulo. Contudo, os dois primeiros entes mencionados são partes manifestamente ilegítimas para figurar na lide. A Escola Estadual e a Diretoria de Ensino são órgãos públicos, integrantes da estrutura administrativa da Secretaria de Educação do Estado de São Paulo. Como tais, são desprovidos de personalidade jurídica e judiciária própria. Eles não são sujeitos de direitos e obrigações, mas meros instrumentos da atuação do ente federativo ao qual pertencem. A capacidade de ser parte em um processo judicial é, em regra, atribuída àqueles que possuem personalidade jurídica (pessoas físicas ou jurídicas). Os órgãos públicos, por serem despersonalizados, não podem ser demandados judicialmente. Quem responde por seus atos é a pessoa jurídica a que estão vinculados - no caso, a Fazenda Pública do Estado de São Paulo. Intime-se a autora para emenda da petição inicial, excluindo Escola Estadual Professor Leico Akaishi e a Diretoria de Ensino da Região de Mauá. Inobstante, o pedido de tutela antecipada comporta acolhimento. Em consonância com a garantia do devido processo legal (art. 5º, LIV, CF) e com o princípio da duração razoável do processo (art. 5º, LXXVIII, CF), a tutela provisória é caracterizada como instrumento de ação do Poder Judiciário apto a efetivar, de modo célere e eficaz, a tutela dos direitos no caso concreto, cuja outorga decorre da cognição superficial da lide. Com efeito, a tutela provisória de urgência está disciplinada pelo artigo 300 do CPC/2015. Assim, de acordo com caderno processual civil, são exigências para a concessão da tutela provisória de urgência os seguintes requisitos: I. Prova da evidência da probabilidade do direito (fumus boni iuris); II. Perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo (periculum in mora);e III. Inexistência de risco de irreversibilidade. Nesse contexto, pela narrativa insculpida na exordial, bem como pela apreciação dos documentos colacionados aos autos, numa análise superficial da matéria, própria do momento processual, verifico a presença dos requisitos aptos a dar supedâneo ao pleito liminar. A Constituição Federal proclama a educação como direito social (art. 6º) e ainda lhe reserva seção própria, onde a consagra nos seguintes termos: A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. (art. 205). A Carta Republicana prevê, outrossim, que a efetivação do dever do Estado com a educação se dará mediante a garantia, dentre outros, do atendimento ao educando, em todas as etapas da educação básica, por meio de programas suplementares de material didático escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde., nos termos do inciso VII do art. 208. Tal previsão foi replicada integralmente pela Lei nº 9.394/96 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional), em seu art. 4º, inciso VIII. O artigo 53, do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), por seu turno, garante às crianças e aos adolescentes o direito à educação, visando o pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho, assegurando-lhes permanência na escola (inciso I). Conforme se extrai dos documentos que instruem o pedido inicial, há prova suficiente de que o requerente é pessoa com deficiência e necessita do fornecimento de atendimento educacional especializado, nos exatos termos do art. 208, incisos I, III e VII, da Constituição Federal, dos arts. 28 e 29, da Convenção sobre os Direitos da Criança (Decreto n.º 99.710/90), da Declaração de Salamanca (UNESCO-1994), do art. 54, inciso III, da Lei n. 8.069/90 - ECA, dos arts. 27 e 28, da Lei n. 13.146/15 - Estatuto da Pessoa com Deficiência, dos arts. 4º, inciso III, 58 e 59, da Lei n. 9.394/96 - Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, do art. 2º, caput, e inciso I, da Lei n. 7.853/89 - Dispõe sobre o apoio às pessoas com deficiência e sua integração social no âmbito da tutela coletiva, do art. 3º, inciso IV, a, da Lei n. 12.764/12 - Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista, bem como dos enunciados de Súmula n. 63 [1] e 65, do e. TJ-SP. De fato, o direito ao atendimento domiciliar não é automático. É imprescindível a apresentação de laudo médico circunstanciado que ateste a condição de saúde do aluno, a sua incapacidade (ainda que temporária) de frequentar as aulas presenciais e a expressa recomendação para o acompanhamento pedagógico em domicílio. No caso, de acordo com o relatório médico de fls. 33/35, foi-lhe prescrito expressamente a necessidade de um professor auxiliar domiciliar, para acompanhamento no ensino remoto do adolescente Y.R.S. (DN: 17.09.2008), que possui diagnóstico de esquizofrenia hebefrênica e que não possui condições de frequentar presencialmente as aulas. Registro que o atendimento domiciliar é medida excepcional e, sempre que possível, temporária. Seu objetivo é garantir a continuidade do processo de aprendizagem enquanto durar o impedimento, visando à reintegração do aluno ao ambiente escolar assim que sua condição de saúde permitir. Desta forma, faz-se necessário o deferimento do pleito para garantia de seu acesso à educação. Ante o exposto, DEFIRO a tutela antecipada, para o fim de DETERMINAR que o Estado de São Paulo disponibilize, no prazo de 15 (quinze) dias, professor auxiliar domiciliar, nos moldes do relatório médico de fls.33/35, sob pena de multa diária de R$ 300,00 (trezentos reais), limitada a R$ 9.000,00 (nove mil reais), a ser revertida em favor do autor. A parte deverá comprovar mensalmente a persistência de necessidade de atendimento de professor auxiliar domiciliar, mediante relatório médico circunstanciado. Em observância aos princípios processuais constitucionais da celeridade processual e da efetividade na prestação da tutela jurisdicional, servirá a presente decisão, por cópia digital, como ofício a ser entregue pelo patrono do autor junto aos requeridos, mediante protocolo, com indicação do funcionário recebedor e da data, comprovando-se nos autos. Por não vislumbrar na espécie, diante da natureza da controvérsia posta em debate, a possibilidade de composição consensual, deixo de designar a audiência a que alude o disposto no artigo 334 do Código de Processo Civil. Cite-se o requerido para integrar a relação jurídico-processual (CPC, artigo 238) e oferecer contestação, por petição, no prazo legal, sob pena de revelia e presunção de veracidade das alegações de fato aduzidas pelo autor (CPC, artigo 344), cujo termo inicial será a data prevista no artigo 231 do CPC, de acordo com o modo como foi feita a citação (CPC, artigo 335, III). Esta decisão servirá como mandado, acompanhada da folha de rosto vinculada, conforme modelo aprovado pela Corregedoria Geral da Justiça. Providencie o cartório a impressão e encaminhamento da presente decisão juntamente com a folha de rosto à Central de Mandados. No caso de apresentação de contestação determino a seguinte providência: intime-se a parte contrária para que se manifeste no prazo legal. A Fazenda Pública e seus órgãos deverão ser notificados através do Portal Eletrônico. Ciência ao Ministério Público. Cumpra-se. Intimem-se. - ADV: PRISCILA RIBEIRO MONTEIRO (OAB 337324/SP)

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Processo nº 1002512-91.2025.8.26.0347

ID: 311540306

Tribunal: TJSP Órgão: Foro de Matão - Vara do Juizado Especial Cível e Criminal Classe: Procedimento do Juizado Especial da Fazenda Pública Nº Processo: 1002512-91.2025.8.26.0347

Data de Disponibilização: 30/06/2025

Polo Ativo:

FABIOLA REGIANE DA SILVA STAMBOROSKI

Polo Passivo:

Intimação

Advogados:

JOÃO EDUARDO MORENO

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Processo 1002512-91.2025.8.26.0347 - Procedimento do Juizado Especial da Fazenda Pública - Adicional por Tempo de Serviço - Fabiola Regiane da Silva Stamboroski - Busca a autora em face das rés provi… Processo 1002512-91.2025.8.26.0347 - Procedimento do Juizado Especial da Fazenda Pública - Adicional por Tempo de Serviço - Fabiola Regiane da Silva Stamboroski - Busca a autora em face das rés provimento condenatório de obrigação de fazer consistente em incluir a verba recebida à título de piso salarial docente (código 001035), criado pela Lei Federal 11.738/2008 e regulamentado pelo Decreto Estadual 62.500/2017, na base de cálculo do adicional temporal (quinquênio) e sobre o adicional de dedicação plena e integral (GPDI), com apostilamento de seu direito e pagamento dos atrasados, respeitado o lustro prescricional. Relatório dispensado, nos termos do artigo 38 da Lei n. 9.099/95. Fundamento e decido. Julgo antecipadamente o processo, nos termos do art. 355, inciso I do Código de Processo Civil, porque a matéria é unicamente de direito, não havendo necessidade de dilação probatória. A preliminar confunde-se com o mérito e com ele será analisada. Não obstante o entendimento da ré, o pedido deve ser acolhido para assegurar à autora a incidência do adicional por tempo de serviço sobre o salário-base e o piso salarial docente, consoante disposto no artigo 129 da Constituição Estadual: Art. 129: "Ao servidor público estadual é assegurado o percebimento do adicional por tempo de serviço concedido no mínimo, por quinquênio, e vedada a sua limitação, bem como sexta-parte dos vencimentos integrais, concedida aos vinte anos de efetivo exercício, que se incorporarão aos vencimentos para todos os efeitos, observado o disposto no artigo 115, XVI, desta Constituição. A clareza da norma legal dispensa maiores comentários, mormente porque o E. Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, já firmou entendimento no Incidente de Uniformização de Jurisprudência 0.193.485.1/6- 0003-000, verbis: Acordam os Juízes da Turma Especial da Primeira Seção Civil do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo reconhecer a existência da divergência, vencido o Des. Flávio Pinheiro, e, por votação unânime, responder afirmativamente à tese: A sexta-parte deve incidir sobre todas as parcelas componentes dos vencimentos, entendendo-se por vencimentos integrais o padrão mais as vantagens adicionais efetivamente recebidas, salvo as eventuais A Lei 11.738, de 16/07/2008, regulamentou o piso salarial profissional nacional para os profissionais do magistério público da educação básica e referido normativo, no Estado de São Paulo, foi regulamentado pelo decreto 62.500, de 06/03/2017, dispondo em seu artigo 1º que Será pago abono complementar ao servidor da Secretaria da Educação, integrante de classe docente do Quadro do Magistério, a que se refere a Lei Complementar estadual nº 1.204, de 1º de julho de 2013, quando o valor da Faixa e Nível em que estiver enquadrado for inferior ao valor do piso salarial profissional nacional do magistério público da educação básica, e corresponderá à sua diferença, obedecida a jornada de trabalho do servidor. Embora embora o decreto estadual, em seu art. 2º, § 2º, preveja que a vantagem não integrará a base de cálculos dos adicionais temporais e sexta parte, evidente que ela não prevalece, afinal, trata-se de verba paga a todos aqueles que não recebem o valor do piso mínimo nacional, sem se exigir qualquer outro requisito para o recebimento. Indiscutível, assim, que referida verba tem caráter remuneratório e destina-se a complementar o salário-base dos professores, integrando-se aos vencimentos. Neste sentido: RECURSO INOMINADO QUINQUÊNIO RECÁLCULO BASE DE CÁLCULO PRETENSÃO À INCLUSÃO DA VERBA DENOMINADA "PISO SALARIAL DOCENTE", DISCIPLINADA PELO DECRETO N. 62.500/2017 VERBA QUE TEM NATUREZA SALARIAL REMUNERATÓRIA - RECURSO CONHECIDO, E PROVIDO. (TJSP, Recurso Inominado nº 1003107-31.2021.8.26.0024, Rel. Luciano Correa Ortega, j. 30/11/2021). RECURSO INOMINADO. SERVIDOR PÚBLICO ESTADUAL. PROFESSOR. RECÁLCULO DO QUINQUÊNIO QUE DEVE INCIDIR SOBRE VENCIMENTOS INTEGRAIS ("PISO SALARIAL DOCENTE"), COM EXCLUSÃO DAS VERBAS EVENTUAIS, OCASIONAIS E COM CARÁTER INDENIZATÓRIO. INCLUSÃO NA BASE DE CÁLCULO DO ADICIONAL. RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA PELOS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS. (TJ-SP - RI: 10030513620228260291 SP 1003051-36.2022.8.26.0291, Relator: Gilson Miguel Gomes da Silva, Data de Julgamento: 31/01/2023, Turma Recursal Cível e Criminal, Data de Publicação: 31/01/2023) Pelos holerites trazidos pela autora, é de fácil constatação que o Piso Salarial Docente não incide sobre os adicionais temporais e a Gratificação de Dedicação Plena e Integral (GPDI), de modo ser imperiosa a correção, mormente porque se assim não for, haverá ilícito enriquecimento da administração. Importante ressaltar que o assunto versado no RE 1.153.964/SP (se o adicional por tempo de serviço quinquênio - recebido por servidores públicos deve incidir sobre os vencimentos integrais, incluídos nesse conceito o salário base mais as gratificações e os adicionais reputados como de natureza permanente), já foi objeto do Tema 702 do STF, o qual, sem reconhecer a existência de repercussão geral, firmou a seguinte tese: A questão de a base de cálculo da vantagem pecuniária denominada Quinquênios ser a integralidade dos vencimentos de servidor público estadual tem natureza infraconstitucional, e a ela se atribuem os efeitos da ausência de repercussão geral, nos termos do precedente fixado no RE n. 584.608, rel. a Ministra Ellen Gracie, Dje 13/03/2009. A propósito: RECURSO INOMINADO AGENTE DE SEGURANÇA PENITENCIÁRIA - QUINQUÊNIOS - BASE DE CÁLCULO CONSTITUIÇÃO ESTADUAL, ART. 129 - VENCIMENTOS INTEGRAIS, EXCETUADAS AS VANTAGENS EVENTUAIS ADICIONAIS DE INSALUBRIDADE VERBA PERMANENTE -INCIDÊNCIA INAPLICABILIDADE DO DISPOSTO NO RE 1.153.964/SP - SENTENÇA MANTIDA POR SEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS RECURSO IMPROVIDO. (TJSP; Recurso Inominado Cível 1023812-74.2019.8.26.0071; Relator(a): Rossana Teresa Curioni Mergulhão; Órgão Julgador: 1ª Turma Cível; Foro de Bauru - Anexo do Juizado Especial da Fazenda Pública; Data do Julgamento:28/05/2021; Data de Registro: 27/07/2020). Ou seja, em caso similar ao tratado nestes autos, o C. STF reconheceu a natureza infraconstitucional da questão, bem como a ausência de repercussão geral à matéria. No Estado de São Paulo, o art. 129 da Constituição Estadual expressamente determina que os adicionais temporais incidam sobre osvencimentos integrais, hipótese completamente diversa daquela considerada pelo STF noRE nº563.708/MS. Acerca da Gratificação de Dedicação Plena e Integral (GDPI) a Corte Paulista tem decidido: RECURSO DE APELAÇÃO AÇÃO DE PROCEDIMENTO COMUM SERVIDOR PÚBLICO ESTADUAL ATIVO PRETENSÃO AO RECÁLCULO DOS ADICIONAIS POR TEMPO DE SERVIÇO (QUINQUÊNIO E SEXTA-PARTE) SOBRE OS VENCIMENTOS INTEGRAIS POSSIBILIDADE PRETENSÃO À INCLUSÃO DA GRATIFICAÇÃO DE DEDICAÇÃO PLENA E INTEGRAL (GDPI) NA BASE DE CÁLCULO DOS REFERIDOS ADICIONAISPOR TEMPO DE SERVIÇO POSSIBILIDADE. 1. Possibilidade de acolhimento da pretensão deduzida pela parte autora na petição inicial, com fundamento no artigo 129 da CE que, mesmo fazendo menção a vencimentos integrais, vedada a limitação, oferece parâmetro e base de cálculo para a incidência dos Adicionais por Tempo de Serviço (Quinquênio e Sexta-Parte),sendo desnecessária a atividade legislativa. 2. As verbas de caráter permanente e as gratificações que configuram verdadeiro aumento de vencimentos devem integrar a base de cálculo do Quinquênio e Sexta-Parte. 3. Exclusão, da referida base de cálculo, somente, das vantagens que ostentam o caráter "pro labore faciendo", "in facto temporis" e as de natureza transitória, temporária e eventual. 4. Matéria jurídica pacificada perante este E.Tribunal de Justiça, no que se refere à Sexta-Parte (Incidente de Uniformização de Jurisprudência nº 193.485.1/6, Relator o E. Desembargador Leite Cintra) e o Quinquênio ( Apelação Cível nº 0087273-47.2005.8.26.0000, da C. Turma Especial de Direito Público, Relator o E. Desembargador Sidney Romano dosReis). 5. A Gratificação de Dedicação Plena e Integral (GDPI) tem natureza jurídica de remuneração e, por isso, deve ser incluída, também, na base de cálculo dos Adicionais por Tempo de Serviço. 6. Precedentes da jurisprudência deste E. Tribunal de Justiça. 7. Impossibilidade de utilização da TR, para a incidência da correção monetária, tendo em vista o reconhecimento, pelo E.STF, da inconstitucionalidade da Lei Federal nº 11.960/09 (Tema nº 810,julgado definitivamente em 3.10.19), substituindo-a pelo IPCA-E. 8.Arbitramento dos honorários advocatícios recursais, em favor da parte autora, a título de observação, nos termos do artigo 85, § 11, do CPC/15. 9. Ação de procedimento comum, julgada procedente, em Primeiro Grau de Jurisdição. 10.Sentença, ratificada. 11. Recurso de apelação, apresentado pela parte ré desprovido, com observação. (TJ-SP - APL: 10109497720188260344 SP1010949-77.2018.8.26.0344, Relator: Francisco Bianco, Data de Julgamento:22/01/2020, 5ª Câmara de Direito Público, Data de Publicação: 24/01/2020) CUMPRIMENTO DE SENTENÇA - Decisão recorrida que determinou a inclusão da 'Gratificação de Dedicação Plena e Integral' (GDPI) e do 'Piso Salarial Docente'(abono complementar previsto no Decreto n.62.500/2017) na base de cálculo do adicional temporal - Titulo Judicial executado que previu a exclusão apenas das parcelas de caráter assistencial ou pagamentos isolados -'Gratificação de Dedicação Plena e Integral' (GDPI) e o 'Piso Salarial Docente' que não se tratam de parcelas de caráter assistencial ou pagamentos isolados Decisão transitada em julgado deve ser mantida em respeito à coisa julgada e a não violação aos princípios constitucionais da segurança jurídica e autoridade das decisões judiciais - Decisão mantida Recurso desprovido. (TJ-SP, Agravo de Instrumento n.º3004877-63.2022.8.26.0000,8.ª Câmara de Direito Público, Relator Desembargador Percival Nogueira, julgado em 22/08/2022 Imperativo, pois, o acolhimento do pleito da autora, para incluir a verba a título de Piso Salarial Docente na base de cálculo do quinquênio e a Gratificação de Dedicação Plena e Integral (GDPI) . Ante o exposto, JULGO PROCEDENTES os pedidos para: A) condenar a ré a inclua a verba recebida à título de piso salarial docente (código 001035), criado pela Lei Federal 11.738/2008 e regulamentado pelo Decreto Estadual 62.500/2017, na base de cálculo do adicional temporal (quinquênio) e sobre o adicional de dedicação plena e integral (GPDI), apostilando. B) condenar a ré ao pagamento das diferenças pecuniárias havidas, respeitando-se a prescrição quinquenal, em valor a ser apurado em liquidação de sentença, acrescido das parcelas que se venceram no curso da ação até a implantação administrativa no holerite da autora, quando então será efetuado o cálculo definitivo. Os valores apurados, serão atualizados desde a época em que deveriam ter sido ser pagos, pelo IPCA-E e acrescidos de juros de mora pelos índices da caderneta de poupança até 08/11/2021 e, a partir de então pela SELIC como critério único para abranger tanto a correção monetária quanto os juros de mora, conforme tabela do TJSP (EC 113/21) . Por conseguinte, extingo a ação com resolução de mérito nos termos do artigo 487, I, do Código de Processo Civil. Sem condenação em sucumbência nesta instância (art. 55 da Lei n. 9.099/95). Sentença não sujeita ao reexame necessário (artigo 11 da Lei n° 12.153/09). Em caso de interposição de recurso, a Fazenda Pública é dispensada do recolhimento da taxa judiciária, nos termos do artigo 6° da Lei Estadual n° 11.608/03, bem como do porte de remessa e retorno, conforme dispõe o artigo 6° da resolução n° 08/12. P.I.. - ADV: JOÃO EDUARDO MORENO (OAB 358141/SP)

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Blocos De Sinop Ind. E Com. De Artefatos De Cimento Eireli - Epp x Leonardo Teixeira Galbiatto

ID: 317820275

Tribunal: TJMT Órgão: 2ª VARA CÍVEL DE SINOP Classe: EXECUçãO DE TíTULO EXTRAJUDICIAL Nº Processo: 0004094-75.2014.8.11.0015

Data de Disponibilização: 07/07/2025

Polo Ativo:

BLOCOS DE SINOP IND. E COM. DE ARTEFATOS DE CIMENTO EIRELI - EPP

Polo Passivo:

LEONARDO TEIXEIRA GALBIATTO

Decisão

Advogados:

EMILY MARIA DA SILVA SANTOS

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ODALGIR SGARBI JUNIOR

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VERENE LUCIA HOLZ DEVES

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FERNANDA TRINDADE SANTOS

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ESTADO DE MATO GROSSO PODER JUDICIÁRIO 2ª VARA CÍVEL DE SINOP DECISÃO Processo: 0004094-75.2014.8.11.0015. EXEQUENTE: BLOCOS DE SINOP IND. E COM. DE ARTEFATOS DE CIMENTO EIRELI - EPP EXECUTADO: FORMA… ESTADO DE MATO GROSSO PODER JUDICIÁRIO 2ª VARA CÍVEL DE SINOP DECISÃO Processo: 0004094-75.2014.8.11.0015. EXEQUENTE: BLOCOS DE SINOP IND. E COM. DE ARTEFATOS DE CIMENTO EIRELI - EPP EXECUTADO: FORMAX CONSTRUCOES CIVIS LTDA - EPP REPRESENTANTE: ERNESTO GALBIATTO NETO, LEONARDO TEIXEIRA GALBIATTO Vistos etc. Cuida-se de ação de execução por quantia certa que Blocos de Sinop Indústria e Comércio de Artefatos de Cimento Ltda. - EPP move em face de Formax Constrições Civil Ltda. – EPP. A executada foi citada por edital e quedou-se inerte. Diante disso, a Defensoria Pública do Estado de Mato Grosso foi nomeada curadora especial e apresentou exceção de pré executividade no id. 160272440 alegando que o prazo prescricional para a cobrança de cheques é de três anos e por isso a pretensão está prescrita. Instada a se manifestar, a parte exequente defendeu a inexistência de suspensão ou abandono de causa, salientando que atendeu a todas as intimações e promoveu todas as diligências necessárias para a citação da parte executada. Assim, conclui pela inexistência de prescrição. DECIDO. 1. A exceção de pré-executividade é instituto de natureza jurídica de defesa do devedor no processo executivo, com fundamento legal nos princípios constitucionais do devido processo legal, da ampla defesa e do contraditório. 2. Vê-se, pois, que a forma de defesa utilizada pela executada tem cognição restrita, somente sendo admissível quando se cuida de nulidades evidentes, por si mesmas, demonstráveis de plano, sem necessidade de quaisquer dilações probatórias. 3. Insta salientar que a exceção de pré-executividade não tem o escopo de substituir os embargos do devedor, nem fornecer expediente temerário, uma vez que não se pode conceber a discussão de matérias de mérito ou que demandem produção de provas em sede de outra ação que não os embargos à execução, mas apontar os vícios que afastam eventual pretensão. 4. O STJ firmou entendimento de que o cabimento da exceção de pré-executividade depende do preenchimento de requisito de ordem material (a matéria ser suscetível de ser conhecida de ofício) e de requisito de ordem formal (ausência de necessidade de dilação probatória). A propósito: “PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO RECEBIDOS COMO AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. PRINCÍPIO DA FUNGIBILIDADE RECURSAL. EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE. NECESSIDADE DE DILAÇÃO PROBATÓRIA FIRMADA PELA ORIGEM. NÃO CABIMENTO DA EXCEÇÃO. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 7/STJ. 1. Embargos de declaração que não se enquadram em nenhuma das hipóteses previstas no art. 535 do CPC, podendo ser recebidos como agravo regimental, em prestigio ao princípio da fungibilidade recursal. 2. Só é cabível exceção de pré-executividade quando atendidos simultaneamente dois requisitos, um de ordem material e outro de ordem formal: a) que a matéria invocada seja suscetível de conhecimento de ofício pelo juiz; e b) que a decisão possa ser tomada sem necessidade de dilação probatória. 3. Na espécie, o Tribunal de origem expressou entendimento de que "a apreciação da lide posta a desate, neste momento, deve se cingir à análise da pertinência subjetiva da demanda, relegando-se a apuração da existência de responsabilidade a eventuais embargos à execução, por se tratar de matéria fática de fundo, sujeita à instrução probatória". 4. A revisão do entendimento referido exige o reexame do acervo fático-probatório do processado, o que é inviável na via do recurso especial, nos termos da Súmula 7/STJ. 5. Embargos de declaração recebidos como agravo regimental, ao qual se nega provimento.” (EDcl no AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 1.217.385 - SP (2010/0193585-7) MINISTRO BENEDITO GONÇALVES Julgamento: 16/04/2013 PRIMEIRA TURMA) “PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. EMBARGOS RECEBIDOS COMO AGRAVO REGIMENTAL. APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA FUNGIBILIDADE. INCIDENTE DE EXCEÇÃO DE PRÉEXECUTIVIDADE. NÃO CABIMENTO. NECESSIDADE DE DILAÇÃO PROBATÓRIA. AUSÊNCIA DE IMPUGNAÇÃO AO FUNDAMENTO DO ACÓRDÃO RECORRIDO. ARGUMENTAÇÃO DEFICIENTE. SÚMULA 284/STF. DECISÃO QUE SE MANTÉM POR SEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS. RECURSO MANIFESTAMENTE INFUNDADO. MULTA. ART. 557, § 2º, DO CPC. CABIMENTO. 1. Em face do princípio da fungibilidade recursal, recebo os presentes embargos como agravo regimental dado seu caráter manifestamente infringente. 2. A pacífica jurisprudência do STJ consigna o cabimento do incidente de exceção de pré-executividade para arguição de vícios em ação de execução, cuja análise possa ser realizada de ofício pelo juiz e prescinda de dilação probatória. Precedentes. 3. O Tribunal de origem dispôs, no acórdão recorrido, que a discussões pretendidas - suspensão da execução, não cabimento da multa do artigo 475-J do CPC ou a concessão da assistência judiciária - por meio de exceção, na espécie, reclamavam dilação probatória para a solução das controvérsias, não se enquadrando, portanto, nos requisitos exigidos para o acolhimento do incidente de pré-executividade. 3. Em sua petição recursal, o recorrente discorreu tese não impugnativa de tal fundamentação, o que configura argumentação deficiente a atrair o teor da Súmula 284/STF. 4. Agravo regimental não provido, com aplicação de multa.” (EDcl no AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 269.481 - SP (2012/0261175-2) MINISTRO LUIS FELIPE SALOMÃO Julgamento: 12/04/2013 QUARTA TURMA) 5. Assim, cuidando-se de hipótese excepcional de defesa, sem a realização de penhora e oferecimento de embargos, as alegações devem ser comprovadas de plano, sem necessidade de dilação probatória. 6. No caso dos autos, a parte executada alega a ocorrência de prescrição intercorrente. 7. Conforme dispõe o art. 240, do CPC, “A citação válida, ainda quando ordenada por juízo incompetente, induz litispendência, torna litigiosa a coisa e constitui em mora o devedor, ressalvado o disposto nos arts. 397 e 398 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil). § 1º A interrupção da prescrição, operada pelo despacho que ordena a citação, ainda que proferido por juízo incompetente, retroagirá à data de propositura da ação. § 2º Incumbe ao autor adotar, no prazo de 10 (dez) dias, as providências necessárias para viabilizar a citação, sob pena de não se aplicar o disposto no § 1º. § 3º A parte não será prejudicada pela demora imputável exclusivamente ao serviço judiciário. § 4º O efeito retroativo a que se refere o § 1º aplica-se à decadência e aos demais prazos extintivos previstos em lei. 8. Ademais, a Súmula nº 150, do Supremo Tribunal Federal dispõe que “Prescreve a execução no mesmo prazo de prescrição da ação”. 9. Assim, considerando que os títulos que embasam a exordial são duas cártulas de cheque, o prazo prescricional é de seis meses, contado da expiração do prazo de apresentação (art. 59 da Lei n. 7.357/85). A propósito: APELAÇÃO - AÇÃO DE EXECUÇÃO DE TÍTULO EXTRAJUDICIAL – CHEQUE - PRESCRIÇÃO - INOCORRÊNCIA - SENTENÇA DESCONSTITUÍDA - RECURSO PROVIDO. O prazo prescricional para a ação de execução de cheque é seis meses, conforme art. 59 da lei nº 7.357/85, contados da expiração do prazo de apresentação, que é de trinta dias a contar da emissão, se da mesma praça, ou de sessenta dias, também da emissão, se de praça diversa, conforme precedentes do Superior Tribunal de Justiça. (TJ-MT - APELAÇÃO CÍVEL: 1002512-75.2023.8.11 .0025, Relator.: MARIA HELENA GARGAGLIONE POVOAS, Data de Julgamento: 24/04/2024, Segunda Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 25/04/2024) 10. No caso dos autos, a ação foi protocolada em 21/03/2014 (fl. 04) e recebida em 20/05/2014 (fl. 76), ensejando a interrupção da prescrição. 11. Foram expedidas cartas precatórias e a parte executada não foi localizada para a citação (fls. 92, 94, 96). 12. Antes mesmo de ser intimada, a parte exequente postulou a citação da parte executada por meio dos sócios, indicando os respectivos endereços (fls. 97/99), cujo pedido foi deferido em 15/05/2017 (fl. 111), contudo a parte executada não foi localizada para a citação (fls. 126, 147, id. 70830065 – Pág. 7 e 9). 13. A parte exequente postulou a citação por edital (id. 70830065 – Pág. 11/12); foi determinada a busca do endereço da parte executada e dos seus sócios (id. 70830065 – Pág. 16), nos quais a parte executada não foi localizada para a citação (id. 70830065 – Pág. 230, 232 e id. 102537451 – Pág. 44). 14. Em 18/09/2023 foi determinada a citação da parte executada nos endereços indicados pela parte exequente e naqueles obtidos por meio dos sistemas de informação e, caso frustradas as tentativas de citação pessoal, foi determinada a realização da citação por edital (id. 126822532). 15. A parte executada foi citada pessoalmente por meio do sócio Leonardo Teixeira Galbiato (id. 137905614), contudo, foi expedido edital de citação (id. 142510555) e o processo foi encaminhado para o curador especial (id. 154845771). 16. Deste modo, é nítido que a parte exequente sempre cumpriu com as diligências que lhe foram determinadas, não havendo como imputar a ela a demora na realização da citação, visto que esta decorreu do serviço judiciário (art. 240, § 3º do CPC). 17. Assim, considerando que a “A interrupção da prescrição, operada pelo despacho que ordena a citação, ainda que proferido por juízo incompetente, retroagirá à data de propositura da ação” (art. 240, § 1º do CPC) e que a ação foi proposta dentro do prazo prescricional, julgo improcedente o pedido formulado na exceção de pré executividade acostada no id. 160272440. 18. Por oportuno, considerando que a ação é movida apenas em face de Formax Construções Civis Ltda. – EPP, a qual foi citada pessoalmente por meio do sócio Leonardo Teixeira Galbiato (id. 137905614), com fundamento nos artigos 72, II e 344 do CPC, chamo o feito à ordem para decretar a revelia da parte executada e revogar a nomeação da curadora especial. 19. Preclusas as vias recursais, proceda ao descadastramento da Defensoria Pública dos presentes autos. 20. Intime-se a parte exequente para que, no prazo de quinze dias: a) requeira a suspensão da execução e da prescrição pelo prazo de um ano a fim de diligenciar em busca de bens (art. 921, § 1º, do CPC), ou, b) proceda a atualização do débito exequendo e indique bens passíveis de penhora, sob pena de suspensão e arquivamento (art. 921, III do CPC). 21. Sendo requerida a suspensão da execução e da prescrição, façam-me os autos conclusos com a etiqueta “Pedido de suspensão (art. 921)”. 22. Sendo indicado bem imóvel à penhora, determino que a parte exequente junte aos autos a matrícula atualizada do bem, a qual poderá ser obtida diretamente pelo interessado por meio do sistema SREI (Sistema de Registro Eletrônico de Imóveis) ou CEI (Central Eletrônica de Integração e Informações dos Serviços Notariais e Registrais do Estado de Mato Grosso), mediante acesso aos sites https://registradores.onr.org.br/ ou https://app.anoregmt.org.br/#/opcoes 23. Indicados bens móveis à penhora, expeça-se o competente mandado de penhora, remoção e avaliação de tantos bens quantos bastem para a garantia da dívida, os quais deverão ser depositados em poder da parte exequente, na condição de fiel depositário. 24. Intime-se. Cumpra-se. Sinop/MT, data registrada no sistema. Cleber Luis Zeferino de Paula Juiz de Direito

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Marcos Rigony Menezes Costa e outros x Rafael Pereira Ponte

ID: 314772940

Tribunal: TJCE Órgão: Vara Única da Comarca de Jijoca de Jericoacoara Classe: PROCEDIMENTO DO JUIZADO ESPECIAL CíVEL Nº Processo: 0001006-70.2014.8.06.0111

Data de Disponibilização: 03/07/2025

Polo Ativo:

MARCOS RIGONY MENEZES COSTA RONIZIA AUREA DE VASCONCELOS

Polo Passivo:

RAFAEL PEREIRA PONTE

INTIMAÇÃO DA SENTENÇA

Advogados:

RAFAEL PEREIRA PONTE

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MARCOS RIGONY MENEZES COSTA

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RONIZIA AUREA DE VASCONCELOS

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ESTADO DO CEARÁ - PODER JUDICIÁRIO Vara Única da Comarca de Jijoca de Jericoacoara Rua Minas Gerais, 418, Centro, JIJOCA DE JERICOACOARA - CE - CEP: 62598-000 PROCESSO Nº: 0001006-70.2014.8.06.0111… ESTADO DO CEARÁ - PODER JUDICIÁRIO Vara Única da Comarca de Jijoca de Jericoacoara Rua Minas Gerais, 418, Centro, JIJOCA DE JERICOACOARA - CE - CEP: 62598-000 PROCESSO Nº: 0001006-70.2014.8.06.0111 CLASSE: PROCEDIMENTO DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL (436) AUTOR: FRANCISCA ELIZANGELA CAMPOS DE ARAUJO REU: COOPERATIVA DOS COMERCIANTES DE VENDAS PREMIADA DO BRASIL -COOPREMIO, MULTIBENS COMERCIO DE MOTOCICLETAS LTDA - ME, CARLOS IRAMAR SOTERO PESSOA SENTENÇA Vistos, etc. Relatório dispensado, nos moldes do art. 38 da Lei n. 9.099/95, passando-se a breve resumo dos fatos. Trata-se de ação de reparação de danos materiais e morais ajuizada por FRANCISCA ELIZANGELA CAMPOS, em face de MULTIBENS COMERCIO DE MOTOCICLETAS LTDA - ME. A autora alega ter firmado contrato de compra sorteada de um veículo com a Ré, efetuando o pagamento integral de 48 (quarenta e oito) parcelas, sendo 24 no valor de R$ 198,00 e outras 24 de R$ 210,00, totalizando a quantia de R$ 9.792,00 (nove mil setecentos e noventa e dois reais) sem nunca ter recebido o bem contratado. Informa que, ao tomar conhecimento informal sobre o encerramento das atividades da empresa ré, buscou atendimento presencial na sede, onde foi celebrado acordo de devolução parcial do valor pago, no montante de R$ 5.500,00, dividido em dez parcelas de R$ 550,00 iniciando a obrigação em abril de 2014. Não há nos autos comprovação de que o referido acordo foi efetivamente cumprido. A audiência de conciliação foi realizada, restando infrutífera, conforme ID nº 90359128. Em contestação ID n° 101859208 a parte ré, por sua vez, alegou que o inadimplemento contratual decorreu de fatores alheios à sua vontade, em razão de investigações conduzidas pelo Ministério Público e subsequente fechamento de suas lojas. Na audiência de instrução, as partes requereram o julgamento antecipado da lide, conforme termo de ID nº 137421488. Vieram-me conclusos os autos. É o breve relato. Decido. II - FUNDAMENTAÇÃO Cumpre consignar que a relação jurídica existente entre as partes é de consumo, incidindo por evidente os princípios e normas protetivas do Código de Defesa do Consumidor. Assim, por tratar-se nitidamente de relação de consumo, e, ainda, considerando a hipossuficiência técnica e econômica da parte autora frente a parte ré, hei por bem determinar a inversão do ônus da prova, nos termos do art. 6º, inciso VIII, do CDC, encerrando, desta forma, qualquer discussão sobre o assunto. A demanda não comporta maiores considerações para a resolução do mérito. DO MÉRITO A controvérsia central nos autos restringe-se à análise do direito da autora à indenização por danos morais em decorrência do inadimplemento do acordo, bem como à restituição dos valores pagos. A empresa Ré, ao firmar contrato de compra sorteada com o consumidor, assumiu obrigação de entregar o bem ou de restituir os valores pagos em caso de frustração contratual. O não cumprimento da obrigação implica, nos termos do art. 14 do Código de Defesa do Consumidor, responsabilidade objetiva do fornecedor por falha na prestação do serviço, independentemente da existência de culpa. Ademais, a justificativa de encerramento das atividades por força de atuação do Ministério Público não exclui a responsabilidade da empresa pelos contratos já celebrados. A propósito: APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO DO CONSUMIDOR. AÇÃO DEINDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS. CONTRATAÇÃODE SERVIÇO DE AUTOESCOLA. ENCERRAMENTO DAS ATIVIDADESDA EMPRESA RÉ. AUSÊNCIA DE PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOSCONTRATADOS E PAGOS PELO AUTOR. DANO MORALCONFIGURADO. Existência de relação de consumo entre as partes, na medida em que autor e ré enquadram-se nos conceitos de consumidor e fornecedora de serviços, conforme dispõem, respectivamente, os artigos 17 e 3º da Lei8 .078, de 1990.Controvérsia recursal que se limita à configuração do dano moral. Autor, ora apelante, que efetuou o pagamento do valor de R$900,00 (novecentos) reais referentes à contratação do serviço da autoescola ré, ora apelada. Ausência de prestação do serviço contratado pelo autor, havendo a ré encerrado suas atividades e fechado seu estabelecimento, dias após a contratação do serviço e sem qualquer comunicação ao consumidor. Falta de boa-fé objetiva e descaso para com o consumidor, haja vista que o encerramento das atividades da autoescola ré se deu de forma abrupta, sem qualquer comunicação aos alunos e aos órgãos encarregados de dar publicidade aos registros empresariais. Dano moral configurado, vez que o atuar da ré trouxe abalo e transtornos que ultrapassaram o mero aborrecimento cotidiano. Precedentes deste e. TJRJ. Recurso a que se dá provimento. (TJ-RJ - APELAÇÃO: 00501261920188190002 202100147131, Relator.: Des(a). DENISE LEVY TREDLER, Data de Julgamento: 10/02/2022, SEXTA CAMARA DE DIREITO PUBLICO (ANTIGA 21ª CÂMARA CÍVEL), Data de Publicação: 25/02/2022). Desta forma, não há dúvidas de que os direitos da autora foram violados no momento em que, mesmo após o pagamento integral das 48 parcelas do contrato de compra sorteada, jamais recebeu o bem contratado, evidenciando a falha na prestação do serviço por parte da empresa Ré. Importa destacar que a ausência de entrega do bem não representa mero aborrecimento cotidiano, mas verdadeira frustração de legítima expectativa da autora. Tal descumprimento, somado à inexistência de comprovação de cumprimento do acordo de devolução parcial dos valores pagos, acentua a gravidade da conduta da Ré e os prejuízos experimentados pela parte autora. DO DANO MORAL E MATERIAL O Autor pleiteia a condenação da Ré ao pagamento de indenização por danos morais. Para a caracterização do dano moral, é necessário o preenchimento dos requisitos legais: a prática de um ato ilícito, a existência de nexo de causalidade e a comprovação de dano indenizável. No entanto, em situações como a dos autos, o dano extrapatrimonial prescinde de prova específica, sendo presumido (in re ipsa), uma vez que decorre diretamente da conduta lesiva da parte Ré. No presente caso, restou incontroverso que a autora quitou integralmente todas as 48 parcelas do contrato de compra sorteada, totalizando R$ 9.792,00 (nove mil setecentos e noventa e dois reais), sem jamais ter recebido o bem contratado. Posteriormente, diante da iminência de encerramento das atividades da empresa, celebrou-se acordo de devolução parcial dos valores pagos, no montante de R$ 5.500,00, dividido em dez parcelas conforme ID n° 78356765. Contudo, não há qualquer comprovação de que a Ré tenha honrado o compromisso assumido. A conduta da Ré caracteriza evidente falha na prestação do serviço, com violação ao princípio da boa-fé objetiva e aos deveres anexos de lealdade, transparência e confiança, além de frustrar legítimas expectativas do consumidor. O inadimplemento integral da obrigação assumida, agravado pela tentativa frustrada de composição extrajudicial e pela total ausência de solução por parte da empresa, ultrapassa o mero dissabor ou contratempo cotidiano, configurando abalo moral passível de compensação, sobretudo diante da manifesta vulnerabilidade da parte autora, que arcou com o pagamento integral de um contrato sem qualquer retorno prático. Desta forma, presentes os requisitos legais, é devida a indenização por danos morais. A frustração de legítima expectativa de recebimento de um bem contratado, associada à necessidade de busca judicial para reaver valores pagos durante 48 meses, configura violação a direito de personalidade, não se tratando de mero aborrecimento. Nesse sentido: APELAÇÃO CÍVEL - Bem móvel - Compra e venda de automóvel - Veículo não entregue - Indícios de prática de golpes aos consumidores - Ressarcimento - Sentença que reconhece prescrição - Inconformismo da autora - Cabimento - Tratando-se de relação de consumo, cabe aplicar o disposto no art. 27 do Código de Defesa do Consumidor, afastando-se, assim, os dispositivos do Código Civil - Além disso, tendo em vista que a causa de pedir constituiu fato típico, ou seja, crime, com ação penal em curso, o prazo prescricional fica suspenso - Decreto de prescrição afastado - Causa madura - Ilegitimidade de parte afastada - Relação de consumo - Solidariedade dos corréus, empresa de venda e compra de veículos onde a transação ocorreu, de seus sócios, daquele que intermediou a transação e sua mulher, a quem foi pago o valor do bem não entregue - Dano material caracterizado - Devolução do valor pago - Dano moral configurado, porque não se trata de mero inadimplemento contratual, mas de ação ordenada a prejudicar terceiros - Vitima da conduta que sofre constrangimento que supera o mero aborrecimento, fixada indenização em R$8.000,00 (oito mil reais) - Sentença reformada - Recurso provido. (TJ-SP - AC: 10025129820168260576 SP 1002512-98 .2016.8.26.0576, Relator.: Jayme de Oliveira, Data de Julgamento: 30/06/2021, 29ª Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 30/06/2021) Assim, atento aos princípios da reparação integral e da vedação ao enriquecimento sem causa, entendo razoável fixar a indenização no importe de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), quantia que reputo o bastante para reparar o abalo moral sofrido pela parte autora. No tocante aos danos materiais, a autora efetuou o pagamento integral de R$ 9.792,00 e não recebeu o bem contratado. Considerando que a ré acordou restituir parcialmente R$ 5.500,00, sem comprovação de que houve cumprimento, é devida a restituição integral dos valores pagos. Assim, diante do inadimplemento integral da obrigação contratual, impõe-se o retorno das partes ao status quo ante, com a restituição integral dos valores pagos, como forma de recompor o patrimônio da parte lesada, nos termos do art. 14 do Código de Defesa do Consumidor. Nesse sentido: EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE RESCISÃO DE CONTRATO C/C REPARAÇÃO DE DANOS - PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS - RELAÇÃO DE CONSUMO - PESSOA JURÍDICA CONTRATADA - INADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES PACTUADAS - VALOR EFETUADO PELO CONTRATANTE - RESTITUIÇÃO INTEGRAL - PREJUÍZO MATERIAL COMPROVADO - RESSARCIMENTO DEVIDO. - Em relação de consumo, a fornecedora responde, objetivamente, por prejuízos decorrentes de falha na consecução de suas atividades ( CDC - art. 14)- Rescindido o Contrato de Prestação de Serviços, por descumprimento integral das obrigações contraídas pela Contratada, é impositivo o retorno das partes ao status quo ante, com a restituição do valor pago pelo Contratante e o ressarcimento das perdas materiais comprovadas. (TJ-MG - Apelação Cível: 50154255720238130480 1 .0000.24.207381-5/001, Relator.: Des.(a) Roberto Vasconcellos, Data de Julgamento: 24/07/2024, 17ª CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: 25/07/2024). Dessa forma, é devida à autora a restituição do valor integral de R$ 9.792,00, corrigido monetariamente desde o desembolso de cada parcela e acrescido de juros moratórios a contar da citação. III - DISPOSITIVO Ante o exposto, JULGO PROCEDENTES os pedidos formulados na petição inicial, nos termos do art. 487, I do CPC, para: Condenar a parte Ré ao pagamento da quantia de R$ 9.792,00 (nove mil setecentos e noventa e dois reais), a título de restituição dos valores pagos, corrigidos monetariamente desde cada desembolso e acrescidos de juros de mora de 1% ao mês a contar da citação; condenar a ré a pagar indenização no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) por danos morais, quantia essa que deverá ser monetariamente atualizada com base no INPC, cujo termo inicial é a data da prolação da presente sentença, devendo, ainda, incidir sobre a condenação, os juros de mora de 1% (um por cento), a partir da citação, nos moldes do art. 405 do CC. Sem condenação ao pagamento das custas processuais e de honorários advocatícios, com esteio no art. 55 da Lei 9.099/95. Transitada em julgado a presente decisão, arquivem-se os autos com baixa na distribuição. Publique-se, registre-se e intimem-se. Expedientes necessários. Jijoca de Jericoacoara/CE, data da assinatura no sistema. Francisco de Paulo Queiroz Bernardino Júnior Juiz de Direito - Respondendo

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Comercio De Materiais De Construcao Para O Lar Eireli - Epp x Banco Bradesco S.A.

ID: 257697856

Tribunal: TJMT Órgão: JUIZADOS ESPECIAIS DE SORRISO Classe: PROCEDIMENTO DO JUIZADO ESPECIAL CíVEL Nº Processo: 1016600-39.2024.8.11.0040

Data de Disponibilização: 16/04/2025

Polo Ativo:

COMERCIO DE MATERIAIS DE CONSTRUCAO PARA O LAR EIRELI - EPP

Polo Passivo:

BANCO BRADESCO S.A.

Sentença

Advogados:

PAULO EDUARDO PRADO

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TAIS GIOVELLI

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KARINA CAPPELLESSO ARAUJO BATISTELLA

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ESTADO DE MATO GROSSO PODER JUDICIÁRIO JUIZADOS ESPECIAIS DE SORRISO SENTENÇA Processo: 1016600-39.2024.8.11.0040. REQUERENTE: COMERCIO DE MATERIAIS DE CONSTRUCAO PARA O LAR EIRELI - EPP REQUERIDO: B… ESTADO DE MATO GROSSO PODER JUDICIÁRIO JUIZADOS ESPECIAIS DE SORRISO SENTENÇA Processo: 1016600-39.2024.8.11.0040. REQUERENTE: COMERCIO DE MATERIAIS DE CONSTRUCAO PARA O LAR EIRELI - EPP REQUERIDO: BANCO BRADESCO S.A. Dispensada a apresentação de relatório, na forma do disposto no artigo 38 da Lei 9.099/95. As provas contidas no caderno processual são suficientes para a compreensão e resolução da demanda, de modo que cabível o julgamento antecipado do mérito, nos moldes do artigo 355, inciso I, do CPC. Rejeito a preliminar vindicada, vez que não há qualquer indício de irregularidade na procuração. Ressalto, que a parte Reclamante compareceu em audiência de conciliação, juntamente com seu patrono, ratificando assim os termos da representação. Rejeito a preliminar de falta de interesse de agir, com base no princípio constitucional da inafastabilidade da jurisdição, segundo o qual “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito” (art. 5º, XXXV, CF) assegurando, assim, o direito fundamental de todo aquele que se sentir lesado ou ameaçado em seus direitos, recorrer aos órgãos judiciais. Postergo a análise da impugnação do pedido da gratuidade de justiça para o momento oportuno, isto é, para o caso de eventual interposição de recurso após a prolação de sentença, haja vista que o acesso aos Juizados Especiais, em primeiro grau de jurisdição, é gratuito. Superadas as preliminares, passo ao exame do mérito. Alega a autora que no dia 01 de agosto de 2024 foi surpreendida ao ser vítima de golpe bancário ocasionado pela falha na prestação de serviço do requerido. Assevera que no dia 01/08/2024 um cliente por nome de Fagner compareceu à sede e realizou a compra mediante pagamento de 02(dois) cheques, cada um no valor de R$ 4.999,00, totalizando R$ 9.980,00. Os cheques emitidos pelo banco requerido eram da empresa Xaxim Comércio de Combustíveis e estavam nominados a Aldevino M. Silva, pai de Fagner. Narra que antes de aceitar os cheques verificou a segurança e ausência de irregularidade aparente dos cheques emitidos, além do histórico do cliente. Em seguida, que ao tentar depositar os cheques junto ao requerido, teve os cheques devolvido pelo motivo 35, compensação já realizada em nome de Gustavo Gabriel Barbosa Machado. Diante da impossibilidade de compensação dos cheques, requereu a condenação do requerido por danos materiais de R$ 9.980,00, e danos morais de R$ 5.000,00. Em defesa, sustenta a reclamada ausência de ato ilícito capaz de ensejar a sua condenação por danos materiais e por danos morais, uma vez que fora localizada a microfilmagem dos cheques nº 637905 e 637906. E, que houve a compensação dos cheques no dia 01/08/2024, sendo reapresentados no dia 05/08/2024 e dessa vez devolvidos pelo motivo 35, cheque fraudado, emitido sem prévio controle ou responsabilidade do participante ("cheque universal"), ou com adulteração da praça sacada, ou ainda com rasura no preenchimento. Ao final, requereu a improcedência da ação, porquanto a autora não trouxe aos autos nenhum tipo de elemento que permita denotar defeito na prestação de serviços ou que a instituição requerida tenha agido em desconformidade com os normativos legais vigentes, que regulamentam as contratações bancárias, bem como os serviços prestados. A autora impugnou as alegações apresentadas pela reclamada. De plano constata-se que razão não assiste à parte Autora. O fornecedor de serviços responde objetivamente pelos danos decorrentes de falha na prestação do serviço, conforme o art. 14 do CDC, sendo necessária a prova de culpa exclusiva da vítima ou de terceiro para excluir sua responsabilidade. No caso, os elementos dos autos indicam que a fraude foi facilitada por falha na segurança das informações fornecidas pela instituição financeira, evidenciando o vazamento de dados internos. De acordo com o banco central, a devolução do cheque por motivo 35, significa a ocorrência de adulteração/fraude. Contudo, é indevida a devolução dos cheques apresentados pela autora, bem como a recusa do pagamento, porquanto foram pagos a terceiro não portador dos documentos e sem a devida checagem necessária antes de realizar o pagamento, fato este que prejudicou a autora que ficou sem receber os valores da compra feita em seu estabelecimento comercial. Assim, evidenciada a falha na prestação de serviço do banco reclamado e a ausência da demonstração da culpa exclusiva de terceiro ou da vítima (Art. 14, §3º, do CDC), faz jus a parte autora a devida compensação dos cheques pago a terceiro, que totalizam o montante de R$ 9.980,00. Assim, resta evidente que o requerente foi lesada em seu patrimônio, restando caracterizada a falha na prestação e serviço e o consequente dever de indenizar. Nesse sentido: DIREITO DO CONSUMIDOR E CIVIL. APELAÇÕES INTERPOSTAS POR AMBOS OS RÉUS. AÇÃO DE RESTITUIÇÃO DE VALORES PAGOS C/C INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL JULGADA PARCIALMENTE PROCEDENTE. GOLPE DO BOLETO FALSO. INDÍCIO DE FRAUDE INTERNA. FALHA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO. DEVOLUÇÃO NECESSÁRIA. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA DOS FORNECEDORES. TRANSAÇÃO COM UM DOS CODEVEDORES. PAGAMENTO PARCIAL. PROSSEGUIMENTO DA DEMANDA CONTRA OS DEMAIS. ABATIMENTO DO VALOR JÁ PAGO. PRELIMINAR ACOLHIDA EM PARTE. ILEGITIMIDADE PASSIVA. TEORIA DA ASSERÇÃO. PRELIMINAR REJEITADA. SITUAÇÃO QUE ULTRAPASSA O MERO ABORRECIMENTO. REPARAÇÃO DEVIDA. RECURSOS NÃO PROVIDOS. I. CASO EM EXAME Ação de Indenização por Danos Materiais e Morais decorrente da prática do “golpe do boleto falso”, na qual o autor pagou as parcelas do financiamento por meio de boleto fraudulento. Falha na prestação do serviço pelos fornecedores integrantes da cadeia de consumo. Realização de acordo parcial entre o autor e uma das rés (Beto Veículos) para compensação de danos materiais, no valor de R$3.000,00, homologado judicialmente. Pretensão de prosseguimento da demanda em relação aos demais corréus. II. QUESTÃO EM DISCUSSÃO Definir se a transação com um dos codevedores solidários extingue a obrigação em relação aos demais; a legitimidade passiva do Banco Supera à luz da teoria da asserção; e a configuração da responsabilidade civil dos apelantes, bem como a adequação da indenização por danos materiais e morais fixada na sentença. III. RAZÕES DE DECIDIR A transação entre o credor e um dos devedores solidários não extingue a obrigação em relação aos demais quando o pagamento realizado é parcial. Nesse caso, a dívida subsiste para os outros codevedores, limitada à quantia restante, nos termos do art. 844, §3º, combinado com os arts. 275 e 277, do Código Civil. A apreciação da legitimidade passiva realiza-se com base na teoria da asserção, considerando as alegações iniciais do autor. No caso, o Banco Supera consta como beneficiário do boleto fraudulento, o que confirma, em tese, a existência de vínculo jurídico e a legitimidade para figurar no polo passivo da demanda. A responsabilidade civil está configurada pela falha na prestação do serviço, com amparo na responsabilidade objetiva dos fornecedores prevista no art. 14 do CDC, diante de evidências de que a fraude resultou de vazamento ou mau uso de dados internos. Não ficou demonstrada a culpa exclusiva de terceiro ou da vítima (art. 14, §3º, do CDC). A devolução do montante pago deve considerar a importância já ressarcida por uma das rés (Beto Veículos), resultando no saldo de R$2.098,99, corrigido monetariamente pelo INPC e acrescido de juros de mora de 1% ao mês, conforme critérios definidos na sentença. Os R$5.000,00 fixados para os danos morais atendem às funções compensatória, punitiva e preventiva, bem como aos princípios da proporcionalidade e razoabilidade, portanto não se justifica a sua alteração. A pretensão de substituição do índice de correção monetária pelo Banco Votorantim não tem amparo legal, devendo prevalecer o INPC, por refletir melhor a realidade inflacionária e ser amplamente utilizado em decisões judiciais. IV. DISPOSITIVO E TESE Recursos não providos. Tese de julgamento: transação parcial entre o credor e um dos codevedores solidários não extingue a obrigação em relação aos demais, subsistindo o saldo da dívida. A legitimidade passiva deve ser aferida com base na teoria da asserção, considerando as alegações iniciais do autor, sem adentrar o mérito. O fornecedor responde objetivamente por falha na prestação de serviço, salvo se comprovada a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro. O valor da indenização por danos morais deve atender às funções compensatória, punitiva e preventiva, bem como aos princípios da proporcionalidade e da razoabilidade. Dispositivos relevantes citados: CF/1988, art. 5º, XXXII; CDC, arts. 7º, parágrafo único, e 14, caput e §3º; CC, arts. 186, 275, 277, 844, §3º; CPC, art. 85, §2º. Jurisprudência relevante citada: STJ, AgInt no REsp 1917237/TO, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, Quarta Turma, julgamento em 13-12-2021, DJe de 15-12-2021; STJ, AgInt no AREsp 1818651/SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, Terceira Turma, julgamento em 14-2-2022, DJe de 22-2-2022; TJMT, AP 1005817-61.2019.8.11.0040, Quarta Câmara de Direito Privado, julgamento em 1º-3-2024. (N.U 1002512-68.2021.8.11.0050, CÂMARAS ISOLADAS CÍVEIS DE DIREITO PRIVADO, RUBENS DE OLIVEIRA SANTOS FILHO, Quarta Câmara de Direito Privado, Julgado em 18/12/2024, Publicado no DJE 18/12/2024) Cumpre à prestadora de serviços agir com a diligência necessária a impedir a má prestação do serviço contratado, que possa acarretar prejuízo aos seus clientes e terceiros de boa-fé. Não há dúvida de que a conduta da requerida provocou transtornos, aflição e angústia, na extensão suficiente para caracterizar o dano moral, uma vez que a parte requerente foi lesada em seu patrimônio e até o presente momento não teve notícias quanto ao negócio que havia sido celebrado. A prova do reflexo patrimonial do prejuízo não se faz necessária, visto que o dano moral se configura pelo sofrimento humano resultante de lesão de direitos da personalidade. O dano moral prescinde de prova. Quanto ao valor da indenização em danos morais, o arbitramento deve levar em conta as circunstâncias do caso concreto, as condições das partes, o grau de culpa e, principalmente, a finalidade da reparação do dano moral, que é a de compensar o dano ocorrido, bem como inibir a conduta abusiva. Deve-se atentar, ainda, ao princípio da razoabilidade, a fim de que o valor não seja meramente simbólico, passível de retirar o caráter reparatório da sanção, mas, também, de modo que não seja extremamente gravoso ao ofensor. Feitas as ponderações supra, considero adequada a fixação da indenização pelo dano moral em R$ 4.000,00 (quatro mil reais). Posto isso, com fundamento no art. 487, I, do Código de Processo Civil, julgo PROCEDENTE os pedidos formulados na presente ação e o faço para: (1º) CONDENAR a Reclamada a pagar à Autora indenização por danos materiais no montante de R$ 9.980,00, corrigidos monetariamente pelo IPCA a partir da apresentação dos cheques até a citação, data a partir da qual incidem juros de mora pela taxa SELIC, já englobando a correção monetária; e (2º) CONDENAR a Reclamada a pagar à Autora indenização por danos morais no montante de R$ 4.000,00 (quatro mil reais), acrescidos de juros de mora pela taxa SELIC a partir da data da apresentação dos cheques (Súmula 54 do Superior Tribunal de Justiça), já englobando a correção monetária. Sem custas e honorários, conforme disposto nos artigos 54 e 55 da Lei nº 9.099/95. Submeto a presente decisum à homologação do Juiz de Direito, nos termos do artigo 40 da Lei 9.099/95. Homologada, intimem-se as partes, por intermédio de seus patronos. PATRICIA GARCIA LOBATO SIQUEIRA Juíza Leiga Vistos, etc. Homologo, para que produza seus jurídicos e legais efeitos, o Projeto de Sentença elaborado pela Juíza Leiga, nos termos do artigo 40 da Lei 9.099/95. Preclusa a via recursal, em nada sendo requerido, arquive-se com as baixas necessárias. Publicada no sistema PJe. Intimem-se. Lener Leopoldo da Silva Coelho Juiz de Direito

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Processo nº 1002512-82.2023.8.11.0055

ID: 278469169

Tribunal: TJMT Órgão: Quinta Câmara de Direito Privado Classe: AGRAVO REGIMENTAL CíVEL Nº Processo: 1002512-82.2023.8.11.0055

Data de Disponibilização: 26/05/2025

Polo Ativo:

CLEBER DOS SANTOS ALVES

Polo Passivo:

Acórdão

Advogados:

LUIZ HENRIQUE BARBOSA MATIAS

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ESTADO DE MATO GROSSO PODER JUDICIÁRIO QUINTA CÂMARA DE DIREITO PRIVADO Número Único: 1002512-82.2023.8.11.0055 Classe: AGRAVO REGIMENTAL CÍVEL (206) Assunto: [Cédula de Crédito Rural] Relator: Des(a… ESTADO DE MATO GROSSO PODER JUDICIÁRIO QUINTA CÂMARA DE DIREITO PRIVADO Número Único: 1002512-82.2023.8.11.0055 Classe: AGRAVO REGIMENTAL CÍVEL (206) Assunto: [Cédula de Crédito Rural] Relator: Des(a). LUIZ OCTAVIO OLIVEIRA SABOIA RIBEIRO Turma Julgadora: [DES(A). LUIZ OCTAVIO OLIVEIRA SABOIA RIBEIRO, DES(A). MARCIO APARECIDO GUEDES, DES(A). SEBASTIAO DE ARRUDA ALMEIDA] Parte(s): [CLEBER DOS SANTOS ALVES - CPF: 032.054.501-67 (AGRAVANTE), LUIZ HENRIQUE BARBOSA MATIAS - CPF: 824.928.831-91 (ADVOGADO), RUBIA ARGENTA DEON - CPF: 969.307.050-04 (AGRAVANTE), BANCO DO BRASIL SA - CNPJ: 00.000.000/0001-91 (AGRAVADO), MILENA PIRAGINE - CPF: 295.235.348-40 (ADVOGADO), EMERSON CASTRO CORREIA - CPF: 052.496.897-79 (ADVOGADO), RUBIA ARGENTA DEON - CPF: 969.307.050-04 (TERCEIRO INTERESSADO), LUIZ HENRIQUE BARBOSA MATIAS - CPF: 824.928.831-91 (ADVOGADO)] A C Ó R D Ã O Vistos, relatados e discutidos os autos em epígrafe, a QUINTA CÂMARA DE DIREITO PRIVADO do Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso, sob a Presidência Des(a). SEBASTIAO DE ARRUDA ALMEIDA, por meio da Turma Julgadora, proferiu a seguinte decisão: POR UNANIMIDADE, DESPROVEU O RECURSO. E M E N T A DIREITO PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO. GRATUIDADE DA JUSTIÇA. INDEFERIMENTO. PRESUNÇÃO RELATIVA DE HIPOSSUFICIÊNCIA. ELEMENTOS INDICATIVOS DE CAPACIDADE FINANCEIRA. SÓCIO-GERENTE DE EMPRESA. DESPESAS INCOMPATÍVEIS COM ALEGADA INSUFICIÊNCIA DE RECURSOS. RECURSO DESPROVIDO. I. Caso em exame 1. Agravo interno interposto contra decisão que indeferiu pedido de justiça gratuita e determinou o recolhimento do preparo recursal, sob pena de não conhecimento do apelo por deserção, sustentando o agravante que a decisão partiu de premissa equivocada ao considerá-lo produtor rural com condições financeiras, quando na verdade não mais exerce tal atividade desde 2016. II. Questão em discussão 2. A questão em discussão consiste em saber se os elementos constantes dos autos, especialmente os documentos apresentados pelo próprio agravante, são suficientes para comprovar a alegada hipossuficiência econômica e justificar a concessão do benefício da gratuidade da justiça. III. Razões de decidir 3. A gratuidade judiciária tem matriz constitucional, sendo assegurada pelo art. 5º, LXXIV, da CF/1988, representando corolário do direito fundamental de acesso à justiça, e sua regulamentação infraconstitucional encontra-se nos artigos 98 a 102 do Código de Processo Civil. 4. A presunção de veracidade da alegação de insuficiência de recursos deduzida por pessoa natural, estabelecida no §3º do art. 99 do CPC, é relativa (juris tantum), podendo ser afastada quando os elementos dos autos indicarem a ausência dos pressupostos legais para a concessão do benefício. 5. No caso concreto, embora o agravante alegue não mais exercer a atividade de produtor rural desde 2016, os documentos por ele apresentados revelam sua condição de sócio-gerente de empresa com pró-labore mensal de R$ 2.000,00, além de gastos expressivos incompatíveis com a alegada hipossuficiência, como plano de saúde no valor de R$ 1.114,28 (mais de 55% da remuneração bruta) e serviços de telecomunicações no valor de R$ 118,66. 6. A finalidade precípua do instituto da gratuidade judiciária é assegurar o acesso à justiça àqueles que, efetivamente, não dispõem de recursos financeiros para arcar com as despesas processuais sem comprometer sua subsistência ou de sua família, não se destinando a privilegiar aqueles que, embora possam experimentar algum sacrifício econômico, possuem condições de suportar os encargos processuais. IV. Dispositivo e tese 7. Agravo interno desprovido. Tese de julgamento: "1. A presunção de hipossuficiência prevista no art. 99, §3º, do CPC é relativa, podendo ser afastada quando os elementos dos autos indicarem a ausência dos pressupostos legais para a concessão do benefício. 2. A manutenção de despesas expressivas, como plano de saúde de valor elevado, é incompatível com a alegada situação de hipossuficiência econômica e descaracteriza a pretendida condição de beneficiário da justiça gratuita." Dispositivos relevantes citados: CF/1988, art. 5º, LXXIV; CPC, arts. 98, 99, §3º. Jurisprudência relevante citada: STJ - AgInt no AREsp: 1653878 SP 2020/0017568-6, Rel. Min. RAUL ARAÚJO, 4ª Turma, j. 18/05/2020; TJ-MT - AGRAVO DE INSTRUMENTO: 10222300220248110000, Rel. CARLOS ALBERTO ALVES DA ROCHA, 3ª Câmara de Direito Privado, j. 09/10/2024. R E L A T Ó R I O EXMO. DES. LUIZ OCTÁVIO OLIVEIRA SABOIA RIBEIRO Egrégia Câmara: Trata-se de agravo interno interposto por CLEBER DOS SANTOS ALVES contra decisão que indeferiu o pedido de justiça gratuita formulado e, por conseguinte, determinou a intimação para, no prazo de 05 (cinco) dias, efetuar o recolhimento do preparo recursal, sob pena de não conhecimento do apelo por deserção (id. 269722756). Opostos embargos de declaração, estes não foram conhecidos por serem intempestivos (id. 276073374). O agravante alega, em síntese, que a decisão agravada partiu de premissa equivocada ao indeferir seu pedido de justiça gratuita, fundamentando-se no fato de que o recorrente seria produtor rural com condições de arcar com as elevadas custas recursais. Sustenta que juntou documentos comprobatórios de sua insuficiência de recursos, especificamente seu holerite, demonstrando que não atua mais na atividade rural desde 2016, quando sofreu perda total de suas lavouras devido a uma catástrofe climática, situação agravada pelo endividamento e pela negativa de pagamento de seguro à época por parte do próprio exequente e sua seguradora, o que impôs ao agravante sua ruína financeira. Contrarrazões apresentadas em id. 283085381. É o relatório. V O T O R E L A T O R EXMO. DES. LUIZ OCTÁVIO OLIVEIRA SABOIA RIBEIRO Egrégia Câmara: Preambularmente, verifico que o recurso merece ser conhecido, pois presentes os pressupostos de admissibilidade. Conforme relatado, trata-se de agravo interno interposto por CLEBER DOS SANTOS ALVES contra decisão que indeferiu o pedido de justiça gratuita formulado e, por conseguinte, determinou a intimação para, no prazo de 05 (cinco) dias, efetuar o recolhimento do preparo recursal, sob pena de não conhecimento do apelo por deserção. A questão central debatida cinge-se à possibilidade de concessão do benefício da gratuidade da justiça ao agravante, em face da decisão que indeferiu tal pleito. Inicialmente, impende ressaltar que a Constituição Federal, em seu art. 5º, inciso LXXIV, estabelece que "o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos". Desse modo, a gratuidade judiciária possui matriz constitucional e representa corolário do acesso à justiça, visando garantir que a insuficiência de recursos não constitua óbice à defesa de direitos perante o Poder Judiciário. A normativa infraconstitucional, especificamente o artigo 98 do Código de Processo Civil, disciplina que "a pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com insuficiência de recursos para pagar as custas, as despesas processuais e os honorários advocatícios tem direito à gratuidade da justiça, na forma da lei". Por seu turno, o §3º do artigo 99 do mesmo diploma legal prevê que "presume-se verdadeira a alegação de insuficiência deduzida exclusivamente por pessoa natural". No entanto, tal presunção é juris tantum, ou seja, relativa, podendo ser elidida pelo magistrado quando houver nos autos elementos que demonstrem a capacidade financeira do requerente. A propósito: “AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL CIVIL. BENEFÍCIO DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA DEFERIDO. AFASTADA SÚMULA 7/STJ NO CASO CONCRETO. AGRAVO INTERNO PROVIDO. RECURSO ESPECIAL PROVIDO. 1. A jurisprudência desta Corte é assente no sentido de que a simples declaração de pobreza tem presunção juris tantum, bastando, a princípio, o simples requerimento, sem nenhuma comprovação prévia, para que lhe seja concedida a assistência judiciária gratuita. Todavia,o benefício da assistência judiciária pode ser indeferido quando o magistrado se convencer, com base nos elementos acostados aos autos, de que não se trata de hipótese de miserabilidade jurídica. (...)”. (STJ - AgInt no AREsp: 1653878 SP 2020/0017568-6, Relator.: Ministro RAUL ARAÚJO, Data de Julgamento: 18/05/2020, T4 - QUARTA TURMA, Data de Publicação: DJe 01/06/2020 - destaquei). O Egrégio Tribunal de Justiça de Mato Grosso também tem se posicionado no mesmo sentido: “DIREITO PROCESSUAL CIVIL – AGRAVO DE INSTRUMENTO – PEDIDO DE JUSTIÇA GRATUITA – INDEFERIMENTO – COMPROVAÇÃO INSUFICIENTE DA HIPOSSUFICIÊNCIA – RECURSO DESPROVIDO. I. CASO EM EXAME 1. Agravo de instrumento interposto contra decisão que indeferiu o pedido de justiça gratuita, determinando o recolhimento das custas processuais, sob pena de extinção, facultando o parcelamento. O agravante alegou incapacidade financeira para arcar com as custas, sustentando ser o único provedor de filhos menores, com despesas mensais elevadas. II. QUESTÃO EM DISCUSSÃO 2. A questão em discussão consiste em saber se as alegações e os documentos apresentados pelo agravante são suficientes para comprovar a sua hipossuficiência e justificar a concessão do benefício da justiça gratuita. III. RAZÕES DE DECIDIR 3. A presunção de hipossuficiência prevista no art. 99, § 3º, do CPC é relativa, podendo ser afastada quando os elementos dos autos indicam a ausência de pressupostos legais. 4. Documentos demonstram que o agravante possui renda bruta de R$ 10.310,05, com salário líquido de R$ 3.265,79, o que não justifica a concessão do benefício. IV. DISPOSITIVO E TESE 5. Agravo de instrumento desprovido. Tese de julgamento: “O benefício da justiça gratuita pode ser indeferido quando os elementos constantes dos autos demonstrarem ausência de insuficiência de recursos.” (TJ-MT - AGRAVO DE INSTRUMENTO: 10222300220248110000, Relator.: CARLOS ALBERTO ALVES DA ROCHA, Data de Julgamento: 09/10/2024, Terceira Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 13/10/2024 - destaquei). No caso em exame, o agravante alega que a decisão agravada partiu de premissa equivocada, pois não mais exerceria a atividade de produtor rural desde 2016, quando teria sofrido perda total de suas lavouras. De fato, verifica-se que a decisão agravada se fundamentou, entre outros elementos, na qualificação do agravante como produtor rural que obteve liberação de Cédula Rural Pignoratícia destinada ao custeio de lavoura de soja. Contudo, ainda que se considere que o Desembargador Relator possa ter partido de premissa equivocada quanto à atual profissão do agravante, tal circunstância, por si só, não é suficiente para a concessão da gratuidade de justiça, pois outros elementos dos autos evidenciam a ausência de hipossuficiência econômica. Compulsando detidamente os documentos acostados aos autos, verifica-se que o agravante apresentou holerite (id. 269575274) que demonstra sua condição de sócio-gerente da empresa Onix Tecnologia Ltda, percebendo pró-labore mensal de R$ 2.000,00 (dois mil reais). Embora esse valor, por si só, não seja elevado, chama a atenção o desconto referente a plano de saúde no expressivo montante de R$ 1.114,28 (um mil cento e quatorze reais e vinte e oito centavos). A manutenção de plano de saúde de valor tão significativo, correspondente a mais de 55% da remuneração bruta, é incompatível com a alegada situação de hipossuficiência econômica, pois evidencia padrão de vida e capacidade financeira que descaracterizam a pretendida condição de beneficiário da justiça gratuita. Ressalte-se que a opção do agravante por arcar com despesa dessa magnitude é indicativa de capacidade econômica superior àquela alegada na petição recursal. Ademais, a conta telefônica apresentada (id. 269575273) demonstra gastos mensais com serviços de telecomunicações no valor de R$ 118,66 (cento e dezoito reais e sessenta e seis centavos), valor também significativo para quem alega absoluta impossibilidade de arcar com as despesas processuais. Outrossim, é relevante destacar que o agravante, na qualidade de sócio-gerente da empresa Onix Tecnologia Ltda, presumivelmente aufere rendimentos decorrentes da atividade empresarial, não se limitando ao pró-labore declarado. A condição de empresário, ainda que de pequeno porte, é indicativa de capacidade financeira incompatível com a concessão da gratuidade da justiça, benefício destinado àqueles que efetivamente não podem arcar com as despesas processuais sem prejuízo do sustento próprio ou de sua família. Nesse contexto, não se pode olvidar que a finalidade precípua do instituto da gratuidade judiciária é assegurar o acesso à justiça àqueles que, efetivamente, não dispõem de recursos financeiros para arcar com as despesas processuais sem comprometer sua subsistência ou de sua família. Não se destina, portanto, a privilegiar aqueles que, embora possam experimentar algum sacrifício econômico, possuem condições de suportar os encargos processuais. Desse modo, embora o agravante alegue que a decisão agravada partiu de premissa equivocada quanto à sua atual profissão, os documentos por ele próprio apresentados revelam situação financeira incompatível com a concessão do benefício da gratuidade da justiça. Ante o exposto, NEGO PROVIMENTO ao agravo interno, mantendo inalterada a decisão agravada que indeferiu o pedido de gratuidade da justiça formulado por CLEBER DOS SANTOS ALVES. É como voto. Data da sessão: Cuiabá-MT, 20/05/2025

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