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Processo nº 1002103-45.2025.8.26.0338

ID: 320943234

Tribunal: TJSP Órgão: Foro de Mairiporã - 2ª Vara Classe: PROCEDIMENTO COMUM CíVEL Nº Processo: 1002103-45.2025.8.26.0338

Data de Disponibilização: 10/07/2025

Polo Ativo:

CéLIA MALAQUINI MATTOS UBIRATAN MATTOS

Polo Passivo:

Intimação

Advogados:

ANTÓNIO JOSÉ DIAS RIBEIRO DA ROCHA FROTA

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

Processo 1002103-45.2025.8.26.0338 - Procedimento Comum Cível - Práticas Abusivas - Ubiratan Mattos - - Célia Malaquini Mattos - Vistos. 1 - Fls. 284/287: recebem-se os embargos e nega-se-lhes prov… Processo 1002103-45.2025.8.26.0338 - Procedimento Comum Cível - Práticas Abusivas - Ubiratan Mattos - - Célia Malaquini Mattos - Vistos. 1 - Fls. 284/287: recebem-se os embargos e nega-se-lhes provimento, posto que omissão na decisão não há. Em verdade, há omissão do embargante. Com efeito, em nenhum momento esse Juízo exigiu o pagamento das 10 parcelas referentes às custas iniciais para a tutela de urgência fosse analisada. Ao contrário, da decisão retro consta expressamente que deveriam os autores comprovar o pagamento da primeira parcela, no prazo de 15 (quinze) dias, sendo certo que, tão logo o fizessem, a liminar seria apreciada. Como se vê, portanto, os embargos decorrem da omissão do autor em melhor ler o que decidido. 2 De qualquer sorte, tendo sido o valor da primeira parcela recolhido (fls. 288), passa-se a analisar a tutela requerida. Argumentam os autores, em síntese, que estariam preenchidos os requisitos para a concessão da tutela antecipada pretendida, posto que há verossimilhança nas suas alegações acerca da tese de abusividade das cláusulas contratuais e onerosidade excessiva das prestações, especialmente no que tange à taxe de juros acima da média do mercado, que será comprovada com o decorrer da instrução processual. Assim, haveria perigo de dano em se manter o procedimento de consolidação da propriedade, especialmente estando em trâmite a ação revisional. Pugnam, pois, pela concessão da antecipação da tutela recursal, para que seja suspenso o procedimento de consolidação da propriedade do imóvel e, ainda, para que seus nomes sejam excluídos do rol de maus pagadores. Pois bem. Quanto à tutela provisória de urgência, está pode ser satisfativa ou cautelar, e, para ambos os casos, tem por requisitos genéricos a demonstração (i) da probabilidade do direito e (ii) do perigo de dano ou de ilícito, ou ainda, de comprometimento da utilidade do provimento final. Sobre a probabilidade do direito, trata-se da plausibilidade de existência desse mesmo direito. O bem conhecido fumus boni iuris (ou fumaça do bom direito). O magistrado precisa avaliar se há 'elementos que evidenciem' a probabilidade de ter acontecido o que foi narrado e quais as chances de êxito do demandante (art. 300 do CPC). (Fredie Didier Jr. e outros, In Curso de Direito Processual Civil, v. 2, Juspodivm, pp. 609-609). Quanto ao segundo requisito, trata-se da impossibilidade de espera da concessão da tutela definitiva sob pena de grave prejuízo ao direito a ser tutelado e de tornar-se o resultado final inútil em razão do tempo (Daniel Amorim Assumpção Neves, In Novo Código de Processo Civil comentado artigo por artigo, Juspodivm, pp.476). Na hipótese, em uma análise perfunctória, não se verifica de plano a probabilidade do direito da parte autora, eis que houve a livre pactuação do contrato com observância dos preceitos legais, tendo eles aquiescido com todos os encargos envolvidos no ato da celebração, não se evidenciando qualquer nulidade aparente. Nesta toada, a avaliação acerca da ilegalidade ou abusividade das taxas praticadas pelo banco requerido é questão meritória, que demanda dilação probatória sob o crivo do contraditório e da ampla defesa para dirimir a controvérsia. Não se pode, pois, diante da confessada inadimplência, neste atual quadro de incertezas quanto às alegadas ilegalidades, extirpar do requerido o direito previsto em lei de promover a consolidação da propriedade do imóvel, posto que se trata do exercício regular do direito do credor. Neste sentido: AGRAVO DE INSTRUMENTO. Ação revisional de contrato de financiamento imobiliário. Decisão que deferiu a tutela de urgência para suspensão da consolidação da propriedade fiduciária do imóvel. Afastamento. Juízo de verossimilhança não configurado - Agravada não nega o inadimplemento das parcelas e após notificada pelo Oficial de Registro de Imóveis para a purgação da mora deixou transcorrer o prazo Incidência do art. 26 da Lei nº 9.514/97. Ademais, a propositura de ação revisional e o depósito da quantia incontroversa não inibem a caracterização da mora (Súmula 380 do STJ) Contrato bancário firmado livremente pelas partes. Questão de alta indagação que demanda necessária observância de contraditório e ampla defesa, circunstância que não autoriza, nesse momento de cognição sumária, a concessão da tutela visada pela agravada Decisão reformada - RECURSO PROVIDO. (Agravo de Instrumento nº. 2021515-86.2025.8.26.0000; Rel. Des. Marcelo Ielo Amaro; 16ª Câmara de Direito Privado; j. em 26.03.2025). Como se vê, não há que se falar em probabilidade do direito. Na mesma linha, é certo que os autores reclamam de supostas ilegalidades que estariam presentes desde a assinatura do respectivo instrumento contratual, em 2019, e adendos, o último dos quais firmado em 2022, de modo que de urgência não haveria que se falar, a ponto de, frise-se, poder-se extirpar o direito ao contraditório. Sendo assim, ausentes ambos os requisitos legais, como dito, INDEFERE-SE o pedido de tutela provisória. 3 - Cite-se e intime-se a parte ré. O prazo para contestação (de quinze dias úteis) será contado a partir da realização da audiência. A ausência de contestação implicará revelia e presunção de veracidade da matéria fática apresentada na petição inicial. 4 - Decorrido o prazo para contestação, intime-se a parte autora para que no prazo de quinze dias úteis apresente manifestação (oportunidade em que: I havendo revelia, deverá informar se quer produzir outras provas ou se deseja o julgamento antecipado; II havendo contestação, deverá se manifestar em réplica, inclusive com contrariedade e apresentação de provas relacionadas a eventuais questões incidentais; III em sendo formulada reconvenção com a contestação ou no seu prazo, deverá a parte autora apresentar resposta à reconvenção). 5 - Cumpra-se e intimem-se. Mairiporã, 03 de julho de 2025. - ADV: ANTÓNIO JOSÉ DIAS RIBEIRO DA ROCHA FROTA (OAB 345213/SP), ANTÓNIO JOSÉ DIAS RIBEIRO DA ROCHA FROTA (OAB 345213/SP)

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Carlos Roberto Jacomini x Dalcy Nunes Da Costa

ID: 278525218

Tribunal: TJMT Órgão: 2ª VARA CÍVEL DE BARRA DO GARÇAS Classe: PROCEDIMENTO COMUM CíVEL Nº Processo: 1010646-23.2024.8.11.0004

Data de Disponibilização: 26/05/2025

Polo Ativo:

CARLOS ROBERTO JACOMINI

Polo Passivo:

DALCY NUNES DA COSTA

Sentença

Advogados:

WMARLEY LOPES FRANCO

OAB/MT XXXXXX Desbloquear

ESTADO DE MATO GROSSO PODER JUDICIÁRIO 2ª VARA CÍVEL DE BARRA DO GARÇAS SENTENÇA Vistos, etc. Trata-se de ação de reparação de danos materiais e morais, ajuizada por CARLOS ROBERTO JACOMINI em face d… ESTADO DE MATO GROSSO PODER JUDICIÁRIO 2ª VARA CÍVEL DE BARRA DO GARÇAS SENTENÇA Vistos, etc. Trata-se de ação de reparação de danos materiais e morais, ajuizada por CARLOS ROBERTO JACOMINI em face de DALCY NUNES DA COSTA. Na inicial, sustentou o autor que celebrou contrato de arrendamento com o requerido, relativamente à Chácara Santo Expedito, situada na zona rural do município de Barra do Garças/MT, com área total de 5 (cinco) hectares, dotada de casa de moradia, curral, cercas, sistema de irrigação, cisternas, árvores frutíferas e outras benfeitorias. Afirmou que, durante a vigência do contrato, deixou na propriedade diversos materiais destinados à atividade agrícola, especialmente para irrigação, consistentes em canos, aspersores e três bombas elétricas, todos devidamente comprovados por meio de notas fiscais. Narrou que, findo o primeiro período contratual de três anos, houve prorrogação por mais um ano, ocasião em que ficou ajustado o pagamento de R$ 12.000,00 (doze mil reais) a ser quitado em novembro daquele ano e que o requerido efetuou o pagamento parcial de R$ 9.000,00 (nove mil reais), permanecendo inadimplente quanto ao valor remanescente de R$ 3.000,00 (três mil reais), atualizado para R$ 8.567,43 (oito mil quinhentos e sessenta e sete reais e quarenta e três centavos). Alegou, ainda, que o requerido, além de não cumprir com as obrigações financeiras assumidas, apropriou-se indevidamente dos materiais de irrigação, removendo-os da propriedade e levando-os para outro imóvel de sua posse, onde atualmente exerce atividade agrícola. Aduziu que, por negligência do requerido na conservação e guarda do imóvel arrendado, ocorreram diversos danos de grande vulto, e que, durante o período em que o requerido permaneceu na posse da Chácara Santo Expedito, deixou de zelar pela integridade da propriedade, permitindo que terceiros, dentre eles um indivíduo conhecido na região como “Zé do Antão”, invadissem parte da área rural e realizassem a construção de uma cerca dentro dos limites da chácara, caracterizando esbulho possessório parcial. Ressaltou que, em virtude do abandono e da total falta de cuidados por parte do requerido, a vegetação da propriedade cresceu descontroladamente, acumulando material orgânico seco, o que favoreceu a propagação de um incêndio de grandes proporções, que o fogo consumiu por completo a casa de moradia, o curral, as cercas, o galinheiro, as plantações frutíferas e demais benfeitorias do local, e que, diante da gravidade do ocorrido, foi necessária a intervenção do Corpo de Bombeiros, acionado por vizinhos para conter as chamas. Prosseguiu afirmando que, diante da resistência do requerido em devolver o imóvel, viu-se obrigado a ajuizar a ação de despejo por falta de pagamento, registrada sob o número 1002103-70.2020.8.11.0004, na qual obteve decisão favorável, com a expedição de mandado de imissão na posse, e que a posse só foi efetivamente restituída ao autor por meio de cumprimento de mandado judicial, após longo trâmite processual. Registrou que, em razão dessas condutas, o autor permaneceu privado da posse da propriedade por aproximadamente quatro anos, deixando de auferir renda proveniente do imóvel, que correspondia a R$ 12.000,00 (doze mil reais) anuais, totalizando um prejuízo de R$ 48.000,00 (quarenta e oito mil reais). Salientou que somados os valores do débito contratual, da apropriação dos bens, dos danos às benfeitorias, da perda de renda e da mão de obra necessária para reinstalação do sistema de irrigação, o prejuízo material foi estimado em R$ 227.975,37 (duzentos e vinte e sete mil novecentos e setenta e cinco reais e trinta e sete centavos). Diante do exposto, busca a procedência dos pedidos para condenar o requerido ao pagamento dos danos materiais e morais, além das custas processuais e honorários advocatícios. Deferido o parcelamento das custas judiciais (Id. 173151118). Recebida a inicial, foi determinada a citação da parte demandada (Id. 177124867). O demandado foi citado (Id. 181671281), porém não se manifestou nos autos. A parte autora requereu o julgamento antecipado da lide (Id. 192779354). Vieram os autos conclusos. É o relatório. Fundamento e decido. Como se nota no Id. 181671281, a parte demandada fora citada e não apresentou resposta, razão por que DECRETO a revelia, nos termos do art. 344 do CPC. Convém destacar que, embora a revelia produza, como regra, os efeitos previstos no artigo 344 do Código de Processo Civil — notadamente a presunção de veracidade dos fatos articulados pela parte autora —, essa presunção não possui caráter absoluto e incondicionado. Trata-se de presunção relativa, que cede lugar sempre que as alegações se mostrarem inverossímeis, contrariem as regras da experiência comum, ou estejam dissociadas dos elementos probatórios constantes nos autos. Ademais, é entendimento pacífico na doutrina e na jurisprudência que a configuração da revelia não exime o autor do ônus de demonstrar minimamente os fatos constitutivos do seu direito, especialmente quando se trata de matéria que demanda a efetiva comprovação, como ocorre nas ações indenizatórias. Assim, compete à parte autora carrear aos autos elementos de convicção que conferem verossimilhança às suas alegações, pois a atividade jurisdicional não se desvincula dos princípios da razoabilidade, da legalidade e da busca pela verdade real, mesmo diante da inércia defensiva da parte demandada. O processo está em ordem, não havendo nulidades a serem sanadas ou a serem reconhecidas de ofício. Todos os pressupostos processuais de desenvolvimento válido e regular do processo se fazem presentes, assim como as condições da ação, estando o feito apto a receber um julgamento com resolução de mérito. No que tange aos danos materiais, é cediço que sua configuração demanda a presença de dois elementos componentes, classicamente reconhecidos pela doutrina e pela legislação civil pátria, quais sejam: os danos emergentes e os lucros cessantes. Os primeiros representam aquilo que a parte efetivamente perdeu em razão do evento danoso, traduzindo-se na diminuição efetiva de seu patrimônio. Já os segundos correspondem àquilo que razoavelmente deixou de auferir, ou seja, aos ganhos frustrados, às vantagens econômicas que, em condições normais, integrariam seu acervo patrimonial, não fosse a ocorrência do ato ilícito ou do inadimplemento. Essa premissa encontra respaldo inequívoco no artigo 402 do Código Civil, que, de forma clara, assevera: “Salvo as exceções expressamente previstas em lei, as perdas e danos devidas ao credor abrangem, além do que ele efetivamente perdeu, o que razoavelmente deixou de lucrar”. Trata-se, pois, de norma de fundamental importância no sistema de responsabilidade civil, que delineia os contornos objetivos da reparação patrimonial, impondo como pressuposto inafastável para sua configuração a demonstração cabal dos efetivos prejuízos sofridos, sejam eles atuais, na modalidade de dano emergente, sejam futuros, sob a égide dos lucros cessantes. Ressalte-se, ademais, que não se trata de mera faculdade do autor trazer aos autos os elementos probatórios correspondentes, mas sim de verdadeiro ônus processual que sobre ele recai, decorrente do princípio dispositivo e da regra geral de distribuição do ônus da prova. Dessa forma, ausente a devida comprovação do efetivo prejuízo, não há como se cogitar na procedência do pleito indenizatório, sob pena de afronta aos princípios da legalidade, da segurança jurídica e do devido processo legal, que regem a atuação jurisdicional no Estado Democrático de Direito. No presente caso, a parte autora busca a condenação do réu ao pagamento de indenização por danos materiais e morais. Afirmou que, em razão do inadimplemento do contrato de arrendamento rural, da retirada indevida de materiais de irrigação da propriedade e da negligência na conservação do imóvel, sofreu diversos prejuízos. Alegou que, por falta de cuidados do réu, terceiros invadiram parte da propriedade e, além disso, um incêndio destruiu totalmente as benfeitorias existentes no local, como a casa de moradia, o curral, as cercas, o galinheiro e as plantações. Diante disso, pleiteou o ressarcimento dos prejuízos materiais, que somam R$ 227.975,37, valor que inclui o saldo devedor do contrato, os bens levados, os danos nas benfeitorias, a perda de renda durante o período em que ficou privado da posse e os custos para reinstalar o sistema de irrigação. Também requereu indenização por danos morais no valor de R$ 30.000,00, alegando que todo esse contexto lhe causou sofrimento, angústia e humilhação. No tocante ao pedido de condenação do réu ao pagamento da quantia de R$ 3.000,00 (três mil reais), referente ao saldo devedor do contrato de arrendamento relativo ao último ano de vigência, razão não assiste à parte autora. Isso porque referido valor já foi objeto de discussão específica na ação de despejo por falta de pagamento, ajuizada pelo próprio autor em face do réu, registrada sob o nº 1002103-70.2020.8.11.0004, conforme se depreende da sentença proferida naqueles autos, a qual se encontra acostada aos presentes autos sob o Id. 172665071. Naquela oportunidade, o juízo reconheceu expressamente a existência do débito correspondente ao saldo remanescente do arrendamento, proferindo sentença de mérito que, além de decretar o despejo, condenou o réu ao pagamento do valor devido, acrescido de encargos legais. Trata-se, portanto, de questão que já foi definitivamente apreciada, encontrando-se acobertada pelos efeitos da coisa julgada material. Diante desse contexto, verifica-se a existência de litispendência material no que tange ao referido pedido, uma vez que há identidade de partes, causa de pedir e pedido, tal como delineado nos artigos 337, §1º, e 485, V, ambos do Código de Processo Civil. Não se pode admitir, no ordenamento jurídico, a rediscussão de matéria já apreciada em ação anterior, sob pena de violação aos princípios da segurança jurídica e da estabilização das relações jurídicas. No que se refere ao pedido de indenização formulado pela parte autora, sob o argumento de que o réu teria se apropriado indevidamente dos materiais destinados ao sistema de irrigação do imóvel objeto do contrato de arrendamento, não há como acolher a pretensão. De início, cumpre salientar novamente que o ônus de demonstrar os fatos constitutivos do direito alegado compete, invariavelmente, à parte autora, nos termos do artigo 373, inciso I, do Código de Processo Civil, ainda que presente a revelia. Isso porque a presunção de veracidade dos fatos, decorrente da ausência de contestação, não é absoluta, especialmente quando as alegações se mostram genéricas, desprovidas de especificidade e desacompanhadas de elementos probatórios minimamente idôneos. Observa-se, da análise dos autos, que o autor limita-se a alegar, de forma genérica e abstrata, que o réu teria se apropriado de materiais de irrigação, consistentes em canos, aspersores e bombas. Todavia, não indica, de maneira precisa e objetiva, quais os itens supostamente subtraídos, tampouco especifica suas quantidades, valores ou qualquer outra informação que permita aferir, com segurança, a extensão do alegado prejuízo. Além disso, verifica-se que as notas fiscais acostadas pela parte autora não guardam correlação direta com os fatos narrados. Isto porque, além de estarem emitidas em nome de terceira pessoa totalmente estranha à lide, estas referem-se aos anos de 2015, 2016 e 2021, períodos que são anteriores à data de efetiva retomada do imóvel pelo autor, circunstância que, por si só, compromete severamente a higidez do conjunto probatório. Ora, não há nos autos qualquer elemento que permita aferir se os materiais constantes nas notas fiscais foram efetivamente adquiridos para serem utilizados no imóvel objeto do contrato de arrendamento celebrado entre as partes. Acresce, ainda, que a parte autora não logrou demonstrar que o réu possua outro imóvel rural no qual, supostamente, estaria fazendo uso dos materiais de irrigação alegadamente subtraídos. A alegação, portanto, permanece no campo da mera suposição, desprovida de qualquer lastro fático concreto capaz de lhe conferir credibilidade ou verossimilhança. O mesmo raciocínio se aplica ao pleito indenizatório relativo aos custos com a mão de obra necessária para reinstalação do sistema de irrigação. Não há nos autos qualquer documento que comprove a realização de tais despesas, seja através de orçamento, nota fiscal, recibo ou qualquer outro meio idôneo. Limita-se a parte autora a apresentar uma estimativa genérica e unilateral, desprovida de qualquer amparo probatório. Em relação ao pedido de indenização pelos danos materiais decorrentes da destruição das benfeitorias existentes na propriedade — notadamente casa de moradia, curral, cercas, galinheiro e plantações —, também não há como acolher a pretensão deduzida na inicial. Com efeito, da análise detida dos autos, verifica-se que não há qualquer elemento capaz de demonstrar, de forma segura, que o incêndio que atingiu a propriedade tenha sido causado, de forma direta ou indireta, por conduta comissiva ou omissiva atribuível ao demandado. Pelo contrário, a própria narrativa fática apresentada na petição inicial é absolutamente clara ao reconhecer que não se sabe se o incêndio foi criminoso, acidental ou decorrente de causas naturais, circunstância que, por si só, fragiliza de maneira incontornável a pretensão indenizatória. Ademais, o próprio autor afirma, expressamente, que, durante determinado período, o imóvel teria sido abandonado pelo requerido, o que, na linha de máxima coerência lógica, fragiliza ainda mais a tese de que o incêndio poderia ter sido provocado por ação ou omissão do réu. Ora, se o imóvel se encontrava sem vigilância, sem qualquer ocupação efetiva, não se pode, por simples presunção, atribuir responsabilidade ao demandado por evento cuja origem sequer foi esclarecida. Por essas razões, constata-se que a tese autoral se sustenta exclusivamente em conjecturas, ilações e presunções destituídas de lastro probatório minimamente consistente, sendo absolutamente inviável, portanto, a procedência do pleito indenizatório referente aos danos causados às benfeitorias. Quanto ao pedido de indenização formulado pela parte autora, referente ao valor que alega ter deixado de auferir durante o período em que permaneceu privado da posse do imóvel — quantificado na inicial em R$ 48.000,00 (quarenta e oito mil reais), correspondentes a quatro anos de utilização da propriedade rural —, igualmente não há como acolher a pretensão. De plano, verifica-se que não há nos autos qualquer documento capaz de demonstrar, de forma minimamente objetiva, qual era a quantia efetivamente ajustada entre as partes a título de arrendamento rural durante o período que compreende esses quatro anos. O único instrumento contratual trazido aos autos corresponde ao termo de prorrogação contratual referente ao período de 24 de agosto de 2019 a 23 de agosto de 2020, no qual se convencionou o pagamento do valor de R$ 12.000,00 (doze mil reais). Todavia, esse instrumento não contempla qualquer menção ou referência a dívidas anteriores, tampouco estabelece valores de períodos retroativos. Portanto, não se pode simplesmente projetar, de forma automática, os termos desse contrato de prorrogação para períodos anteriores, sob pena de incorrer em evidente insegurança jurídica e de se desconsiderar o necessário rigor probatório que se impõe à matéria. Cumpre, ainda, destacar aspecto de fundamental importância: o valor correspondente ao quarto ano de utilização do imóvel, relativo ao contrato de prorrogação firmado para o período de 24/08/2019 a 23/08/2020, já foi objeto de discussão e condenação na ação de despejo nº 1002103-70.2020.8.11.0004, conforme expressamente reconhecido na sentença proferida naqueles autos, devidamente acostada aos presentes (Id. 172665071). Portanto, resta absolutamente inviável qualquer pretensão de cobrança referente a esse período no presente feito, sob pena de flagrante duplicidade de cobrança, o que configuraria bis in idem, em manifesta afronta aos princípios da coisa julgada, da segurança jurídica e da estabilidade das decisões judiciais. Portanto, ainda que fosse possível discutir eventual indenização pelos três anos anteriores — o que, por si só, demandaria robusta prova documental acerca do valor efetivamente pactuado durante aqueles períodos —, o autor não trouxe aos autos qualquer instrumento contratual, recibo, comprovante ou documento equivalente capaz de demonstrar qual era o valor efetivamente devido. Limita-se, pois, a apresentar estimativas genéricas e desprovidas de qualquer lastro probatório concreto. Diante desse contexto, constata-se que o pedido se sustenta exclusivamente em alegações unilaterais, sem qualquer respaldo documental, o que inviabiliza, por completo, sua procedência, notadamente diante da ausência de demonstração, pelo autor, de elemento indispensável ao reconhecimento do alegado prejuízo: a definição objetiva do valor contratualmente ajustado durante o período anterior ao contrato de prorrogação. Por fim, quanto ao dano moral, em que pese a gravidade dos fatos narrados pela parte autora, é certo que não restou demonstrada a configuração de qualquer abalo de ordem extrapatrimonial que ultrapasse os meros dissabores, contrariedades ou frustrações decorrentes do inadimplemento contratual e dos desdobramentos da relação locatícia outrora existente entre as partes. O ordenamento jurídico pátrio, em consonância com a doutrina e a jurisprudência consolidada, estabelece que o dano moral pressupõe efetiva violação a direitos da personalidade, atingindo aspectos íntimos da esfera psíquica, emocional, moral ou social do indivíduo, situação que, na espécie, não restou minimamente caracterizada. A narrativa deduzida na inicial se limita a afirmar, de forma genérica e desprovida de lastro probatório, que o autor teria sofrido abalo psicológico, angústia e humilhação em razão dos fatos discutidos nos autos. Contudo, não foram trazidos elementos capazes de demonstrar, com um mínimo de objetividade, a efetiva repercussão desses fatos em sua esfera íntima. Ademais, observa-se que a controvérsia versou, essencialmente, sobre questões de natureza patrimonial, decorrentes de inadimplemento contratual, divergências quanto à destinação de bens móveis e às condições em que o imóvel foi restituído, temas que, por si sós, não são aptos a ensejar reparação por dano moral, especialmente na ausência de prova robusta quanto à existência de efetivo sofrimento psicológico, ofensa à dignidade ou violação a direitos da personalidade do autor. Ante o exposto, JULGO IMPROCEDENTES os pedidos contidos na inicial e DECLARO EXTINTO O FEITO COM RESOLUÇÃO DO MÉRITO, nos termos do artigo 487, inciso I do CPC. CONDENO a parte autora ao pagamento das custas processuais. DEIXO DE CONDENAR a parte autora em honorários advocatícios, ante a revelia do réu. (STJ - AgInt no REsp: 1707554 DF 2017/0286215-2, Relator.: Ministro AFRÂNIO VILELA, Data de Julgamento: 17/06/2024, T2 - SEGUNDA TURMA, Data de Publicação: DJe 21/06/2024). ADVIRTO as partes de que a interposição de embargos de declaração com intuito manifestamente protelatório poderá ensejar a aplicação de multa de até 2% sobre o valor da causa, nos termos do artigo 1.026, §2º, do CPC. Em caso de interposição de recurso de Apelação, não havendo necessidade de conclusão, diante da dispensa do duplo juízo de admissibilidade, INTIME-SE a parte apelada para apresentar contrarrazões. Em seguida, REMETAM-SE os autos ao Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso (TJMT), conforme o artigo 1.010, §3º, do CPC. Caso a parte recorrida interponha apelação adesiva, nos termos do artigo 997 do CPC, INTIME-SE a parte contrária para apresentar contrarrazões no prazo de 15 (quinze) dias, conforme o artigo 1.010, §2º, do CPC. Se as contrarrazões do recurso principal ou do adesivo abordarem matérias previstas no artigo 1.009, §1º, do CPC, INTIME-SE o recorrente para se manifestar no prazo de 15 (quinze) dias, conforme o artigo 1.009, §2º, do CPC. Cumpridas as formalidades acima, REMETAM-SE os autos ao Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso, com as devidas homenagens de estilo, ressaltando-se que o juízo de admissibilidade do recurso será realizado integralmente pela Corte Ad Quem, nos termos do artigo 932 do CPC. Após o trânsito em julgado, AGUARDE-SE provocação da parte interessada em cartório por 30 (trinta) dias. Publique-se. Registre-se. Intimem-se. Cumpra-se, expedindo o necessário, com as cautelas de estilo. Barra do Garças/MT. Augusta Prutchansky Martins Gomes Negrão Nogueira Juíza de Direito

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Processo nº 1002103-17.2024.8.11.0041

ID: 259251168

Tribunal: TJMT Órgão: Primeira Câmara de Direito Privado Classe: APELAçãO CíVEL Nº Processo: 1002103-17.2024.8.11.0041

Data de Disponibilização: 23/04/2025

Polo Ativo:

MARIA VIRGINIA DA SILVA

Polo Passivo:

Acórdão

Advogados:

EMANUELLE FREIRE ALVES DAVI

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ELAINE FREIRE ALVES

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ESTADO DE MATO GROSSO PODER JUDICIÁRIO PRIMEIRA CÂMARA DE DIREITO PRIVADO Número Único: 1002103-17.2024.8.11.0041 Classe: APELAÇÃO CÍVEL (198) Assunto: [Indenização por Dano Moral, Obrigação de Fazer… ESTADO DE MATO GROSSO PODER JUDICIÁRIO PRIMEIRA CÂMARA DE DIREITO PRIVADO Número Único: 1002103-17.2024.8.11.0041 Classe: APELAÇÃO CÍVEL (198) Assunto: [Indenização por Dano Moral, Obrigação de Fazer / Não Fazer] Relator: Des(a). CLARICE CLAUDINO DA SILVA Turma Julgadora: [DES(A). CLARICE CLAUDINO DA SILVA, DES(A). MARCIO APARECIDO GUEDES, DES(A). SEBASTIAO BARBOSA FARIAS] Parte(s): [MARIA VIRGINIA DA SILVA - CPF: 162.018.761-20 (APELANTE), EMANUELLE FREIRE ALVES DAVI - CPF: 046.167.551-08 (ADVOGADO), ELAINE FREIRE ALVES - CPF: 627.412.761-53 (ADVOGADO), HOSPITAL E MATERNIDADE SAO MATEUS LTDA - CNPJ: 15.016.827/0001-60 (APELADO), PEDRO SYLVIO SANO LITVAY - CPF: 427.883.821-20 (ADVOGADO), ALESSANDRO TARCISIO ALMEIDA DA SILVA - CPF: 570.512.241-15 (ADVOGADO), MIKAEL AGUIRRE CAVALCANTI - CPF: 728.423.851-87 (ADVOGADO), LUIZ AUGUSTO MALHEIROS DE ABREU CAVALCANTI - CPF: 027.801.751-76 (ADVOGADO)] A C Ó R D Ã O Vistos, relatados e discutidos os autos em epígrafe, a PRIMEIRA CÂMARA DE DIREITO PRIVADO do Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso, sob a Presidência Des(a). CLARICE CLAUDINO DA SILVA, por meio da Turma Julgadora, proferiu a seguinte decisão: POR UNANIMIDADE, NEGOU PROVIMENTO AO RECURSO. E M E N T A Direito Civil E Do Consumidor. Apelação Cível. Obrigação de Fazer C/C Indenização por Danos Morais. Atraso de cinco dias para realização de procedimento cirúrgico. Inexistência de agravamento do quadro clínico. Inexistência de falha na prestação do serviço. Dever de indenizar não configurado. Recurso Desprovido. I. Caso em exame 1. Paciente idosa, de 83 anos, internada na UTI por 28 (vinte e oito) dias, com alta recomendada para regime domiciliar (homecare). Autorização do plano de saúde para implante de cateter venoso central (PICC) em 18/01/2024. Realização do procedimento em 23/01/2024. Alega demora injustificada e pedido de indenização por danos morais. II. Questão em discussão 2. Determinar se a demora de cinco dias para realização do procedimento cirúrgico configura falha na prestação do serviço hospitalar e enseja indenização por danos morais. III. Razões de decidir 3. Inexistência de recusa hospitalar para a realização do procedimento, apenas um intervalo de cinco dias entre a autorização do plano e a sua execução. 4. Ausência de agravamento do estado de saúde da paciente em razão do intervalo de tempo, não caracterizando dano moral indenizável. 6. Informação adequada foi prestada à paciente e seus familiares, cumprindo o dever de transparência. IV. Dispositivo e tese 7. Recurso desprovido. Tese de julgamento: "A demora na realização de procedimento cirúrgico, quando não configurada recusa indevida nem agravamento do quadro clínico do paciente, não enseja reparação por danos morais". Dispositivos relevantes citados: CF/1988, art. 5º, V e X; CDC, art. 14. Jurisprudência relevante citada: STJ, AgInt no AREsp 2.003.150/RJ, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, j. 27/06/2022; STJ, AgInt no REsp 1.837.756/PB, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, j. 31/08/2020. R E L A T Ó R I O RECURSO DE APELAÇÃO N.º 1002103-17.2024.8.11.0041 Trata-se de Recurso de Apelação interposto por Maria Virginia da Silva em virtude da sentença proferida pelo Juiz da 9ª Vara Cível da Comarca de Cuiabá, que julgou improcedentes os pedidos formulados na Ação de Obrigação de Fazer c/c Indenização por Danos Morais ajuizada em face do Hospital e Maternidade São Mateus Ltda. O Juiz de 1º grau homologou a desistência do pedido de obrigação de fazer, uma vez que o procedimento cirúrgico de implante de catéter foi realizado no mesmo dia em que foi protocolizada esta ação (23/01/2024). No mais, considerou que a demora de 05 (cinco) dias para realizar a cirurgia não configurou ofensa à esfera extrapatrimonial da Apelante, à míngua de prova do abalo exacerbado aos predicados subjetivos da pessoa física. Em vista disso, compeliu a Apelante a arcar com custas e honorários advocatícios arbitrados em R$ 3.000,00 (três mil reais), mas suspendeu a exigibilidade por ser beneficiária da justiça gratuita. Inconformada, a Apelante aduziu que, mesmo autorizado o procedimento cirúrgico pelo plano de saúde, o Hospital Apelado demorou para realizá-lo, e tal demora configurou descaso e humilhação, sobretudo porque o ato cirúrgico fora cumprido depois de protocolizada denúncia perante o Ministério Público. Arguiu que a Apelante conta com mais de 80 (oitenta) anos de idade e, devido à espera, o quadro clínico piorou. Afirma que o procedimento realizado em 23/01/2024 foi malsucedido, pois havia risco para a saúde, tendo sido recomendada nova cirurgia, fato que causou sérios danos psicológicos. Aduziu que não foram apresentadas quaisquer informações aos familiares da Apelante sobre o risco do procedimento, fato que enseja ofensa ao dever de informação previsto no art. 6º, inciso III, do CDC. Com suporte nesses argumentos, pugnou pela reforma da sentença, a fim de que seja acolhido o pedido indenizatório por danos morais. Contrarrazões no ID 262487314. É o relatório. V O T O R E L A T O R Eminentes Pares, Maria Virginia da Silva possui 83 (oitenta e três) anos de idade e ajuizou a Ação de Obrigação de Fazer c/c Indenização por Danos Morais em face do Hospital e Maternidade São Mateus Ltda. ao argumento de que, em 27/12/2023, não se sentiu bem e foi internada na UTI do Hospital em 28/12/2023, onde permaneceu por 28 (vinte e oito) dias. A alta médica foi dada em 28/01/2024 (documento juntado no ID 262487259) pela médica intensivista Paula F. Battaglini, que apresentou os seguintes diagnósticos: (i) processo infeccioso em curso (artrite no joelho esquerdo), (ii) hiponatremia em correção, (iii) injúria renal aguda, diarreia, náuseas, vômitos e hipercalemia resolvidos, (iv) fratura L1 com componente compressivo – conduta expectante. Recomendou-se a desospitalização da paciente, com manutenção dos tratamentos em regime domiciliar (Home care) por 04 (quatro) semanas, além do acompanhamento ambulatorial de ortopedia e cuidados de enfermaria. Segundo a narrativa da peça inicial, a equipe médica optou pela realização do procedimento cirúrgico de “implante de catéter venoso central por punção (ou de inserção periférica – PICC)” e de continuidade do acompanhamento médico por intermédio do serviço Home Care, os quais foram autorizados pelo plano de saúde em 18/01/2024 (ID 262487270). Asseverou que, num primeiro momento, agendou-se o procedimento cirúrgico para 20/01/2024; todavia, o médico responsável, Dr. Paulo Henrique Petterle, teria se negado à realização ao argumento de que “não estava sabendo da agenda”, bem como que garantiu que o ato cirúrgico seria feito em 22/01/2024. A despeito da promessa do médico, a Apelante não foi submetida ao procedimento na data combinada, motivo pelo qual ajuizou a demanda no dia seguinte, em 23/01/2024, e requereu que o Hospital fosse compelido à obrigação de fazer e condenado a pagar indenização por danos morais. Vale esclarecer que o implante central de inserção periférica – PICC consiste num cateter de fino calibre, inserido em uma veia do braço e sua extremidade é posicionada na veia cava superior do coração (posição central) e é utilizado para infusão de medicações e soluções endovenosas, além da coleta de sangue durante a internação prolongada (https://artmed.com.br/artigos/picc-tecnicas-de-insercao-e-cuidados-de-enfermagem - acessado em 18/03/2025). Registro que, no mesmo dia em que esta ação foi distribuída (23/01/2024), a Apelante foi submetida ao procedimento cirúrgico acima descrito. Ou seja, entre a data da autorização (18/01/2024) e da realização do ato cirúrgico (23/01/2024), passaram-se 05 (cinco) dias, e não há provas de piora do quatro clínico da paciente em razão dessa espera. Apresentada a contestação (ID 262487285), seguida da Réplica, o Juiz da causa homologou a desistência do pedido de obrigação de fazer, ante a perda superveniente do objeto. Na sequência, encerrou a fase instrutória e prolatou a sentença recorrida, em que julgou improcedente o pedido indenizatório por danos morais. Inconformada, a Apelante recorreu e, em resumo, repetiu os mesmos argumentos apresentados na petição inicial. No caso concreto, depois de cotejar os argumentos da Apelante com as provas produzidas no bojo deste processo, não tenho dúvidas em afirmar que o inconformismo manifestado no apelo não merece provimento, visto que não há elemento apto a infirmar as conclusões externadas pelo Juiz de 1º grau. É certo que a lide envolve direitos que possuem proteção constitucional como a saúde, integridade física e psíquica e dignidade humana, visto que o ponto nodal é a demora (e não negativa) para a realização de procedimento cirúrgico de que necessitava a beneficiária. Acerca da recusa injustificada, o Superior Tribunal de Justiça é assente no sentido de que, se for aliada ao agravamento do quadro de saúde do paciente, pode dar ensejo à ofensa aos direitos de personalidade, a exemplo dos julgados abaixo transcritos: AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. PLANO DE SAÚDE. DEMORA NA AUTORIZAÇÃO PARA O PROCEDIMENTO CIRÚRGICO DE URGÊNCIA. RISCO DE MORTE. DANO MORAL CONFIGURADO. VALOR INDENIZATÓRIO. REVISÃO DO ENTENDIMENTO DA CORTE ESTADUAL. SÚMULA 7 DO STJ. 1. Existência de entendimento pacífico desta Corte Superior no sentido de que a recusa indevida de cobertura de procedimento médico urgente impõe ao usuário de plano de saúde um grau de sofrimento físico/psíquico que extrapola aquele decorrente do mero inadimplemento contratual, atingido direito da personalidade, e dando ensejo a indenização por danos morais. 2. Consolidou-se no Superior Tribunal de Justiça o entendimento de que, em âmbito de recurso especial, os valores fixados a título de indenização por danos morais, porque arbitrados com fundamento nas peculiaridades fáticas de cada caso concreto, só podem ser alterados em hipóteses excepcionais, quando constatada nítida ofensa aos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, situação inexistente no caso concreto, de modo que a sua revisão encontra óbice na Súmula 7 do STJ. 3. Agravo interno não provido. (STJ - AgInt no AREsp n. 2.003.150/RJ, relator Ministro Paulo de Tarso Sanseverino, Terceira Turma, julgado em 27/6/2022, DJe de 29/6/2022). AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. PLANO DE SAÚDE. NEGATIVA DE COBERTURA DE MATERIAL PARA PROCEDIMENTO CIRÚRGICO PRESCRITO. DOENÇA COBERTA PELO PLANO. CONDUTA ABUSIVA. DANO MORAL. OCORRÊNCIA. VALOR DA INDENIZAÇÃO FIXADO COM RAZOABILIDADE. SÚMULA 7/STJ. 1. Descabida a negativa de cobertura de procedimento indicado pelo médico como necessário para preservar a saúde e a vida do beneficiário do plano de saúde. Precedentes do STJ. 2. A recusa indevida pela operadora do plano de saúde em fornecer o material necessário para a cirurgia, devidamente prescrito para o tratamento de doença coberta pelo plano, configurou danos morais indenizáveis, pois "não bastasse o sofrimento físico da autora, ainda teve de suportar a dor psíquica do constrangimento e da humilhação, ante a demora na autorização do referido procedimento." 2. Montante indenizatório pelos danos morais estabelecido pelo Tribunal de origem que não se mostra excessivo, a justificar sua reavaliação em recurso especial. Incidência da Súmula 7/STJ. 3.Agravo Interno não provido. (STJ - AgInt no REsp n. 1.837.756/PB, relator Ministro Paulo de Tarso Sanseverino, Terceira Turma, julgado em 31/8/2020, DJe de 4/9/2020.) Na espécie, o caso não retrata recusa, e sim demora de 05 (cinco) dias para a realização de procedimento cirúrgico, que não foi classificado como de urgência ou emergência, consistente no “implante de catéter venoso central por punção (ou de inserção periférica – PICC)”, em paciente com mais de 80 (oitenta) anos de idade, que esteve internada por período longo (28 dias). Segundo a visão dos familiares da Apelante, o decurso de alguns dias, contados entre a autorização pelo plano de saúde e a primeira tentativa de implante do catéter, configura descaso e humilhação, em especial porque não foram informados dos motivos da espera. Ocorre que, ao contrário da interpretação e compreensão dos parentes da idosa, a demora administrativa em proceder ao ato cirúrgico se deu em virtude do risco à vida da Apelante, conforme ressoa do Relatório subscrito pelo médico Paulo Henrique Petterle. O médico responsável pelo procedimento explicou que, durante a internação da Apelante, foi solicitada avaliação para implante de catéter de PICC, com o objetivo de realização de antibioticoterapia endovenosa ambulatorial em regime de Home Care, cujo procedimento foi realizado pouco tempo depois de autorizado pelo convênio. Ainda segundo o médico, no dia 23/01/2024, ao iniciar o procedimento, com a realização de ultrassom dos membros superiores, constatou-se que a paciente apresentava veias com calibre diminuídos e outras não visualizadas; no entanto, mesmo diante da dificuldade apresentada, foi possível implantar o catéter com fluxo adequado. Prossegue o relatório médico que, devido à sua fratura, foi necessário remover o catéter e providenciar novo agendamento, pois diante do tamanho diminuído das veias da paciente, não era recomendável nova tentativa imediata. A meu sentir, está muito claro que a conduta do Hospital Apelado está pautada na seriedade, retidão e atenção ao rigores médicos para procedimentos cirúrgicos de risco, não havendo que falar em negligência, imprudência ou imperícia que pudessem ensejar eventual responsabilidade civil. A verdade é que nem todo resultado negativo de determinado tratamento significa descaso, humilhação ou falha médica, como ocorre na hipótese destes autos. É certo, também, que o paciente (ou seus familiares) tem direito à informação clara e completa sobre seu tratamento, riscos, alternativas e possíveis complicações. E, neste particular, entendo que esse dever foi cumprido adequadamente, de maneira que não há razão para impingir ao Apelado o ônus indenizatório. Feitos esses esclarecimentos, NEGO PROVIMENTO ao apelo interposto por Maria Virginia da Silva e confirmo integralmente a sentença. De conseguinte, honorários advocatícios arbitrados em R$ 3.500,00 (três mil e quinhentos reais), e confirmo a suspensão da exigibilidade por ser beneficiária da justiça gratuita. É como voto. Data da sessão: Cuiabá-MT, 15/04/2025

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Processo nº 1002103-17.2024.8.11.0041

ID: 259251197

Tribunal: TJMT Órgão: Primeira Câmara de Direito Privado Classe: APELAçãO CíVEL Nº Processo: 1002103-17.2024.8.11.0041

Data de Disponibilização: 23/04/2025

Polo Ativo:

Polo Passivo:

HOSPITAL E MATERNIDADE SAO MATEUS LTDA

Acórdão

Advogados:

LUIZ AUGUSTO MALHEIROS DE ABREU CAVALCANTI

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ALESSANDRO TARCISIO ALMEIDA DA SILVA

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MIKAEL AGUIRRE CAVALCANTI

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PEDRO SYLVIO SANO LITVAY

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ESTADO DE MATO GROSSO PODER JUDICIÁRIO PRIMEIRA CÂMARA DE DIREITO PRIVADO Número Único: 1002103-17.2024.8.11.0041 Classe: APELAÇÃO CÍVEL (198) Assunto: [Indenização por Dano Moral, Obrigação de Fazer… ESTADO DE MATO GROSSO PODER JUDICIÁRIO PRIMEIRA CÂMARA DE DIREITO PRIVADO Número Único: 1002103-17.2024.8.11.0041 Classe: APELAÇÃO CÍVEL (198) Assunto: [Indenização por Dano Moral, Obrigação de Fazer / Não Fazer] Relator: Des(a). CLARICE CLAUDINO DA SILVA Turma Julgadora: [DES(A). CLARICE CLAUDINO DA SILVA, DES(A). MARCIO APARECIDO GUEDES, DES(A). SEBASTIAO BARBOSA FARIAS] Parte(s): [MARIA VIRGINIA DA SILVA - CPF: 162.018.761-20 (APELANTE), EMANUELLE FREIRE ALVES DAVI - CPF: 046.167.551-08 (ADVOGADO), ELAINE FREIRE ALVES - CPF: 627.412.761-53 (ADVOGADO), HOSPITAL E MATERNIDADE SAO MATEUS LTDA - CNPJ: 15.016.827/0001-60 (APELADO), PEDRO SYLVIO SANO LITVAY - CPF: 427.883.821-20 (ADVOGADO), ALESSANDRO TARCISIO ALMEIDA DA SILVA - CPF: 570.512.241-15 (ADVOGADO), MIKAEL AGUIRRE CAVALCANTI - CPF: 728.423.851-87 (ADVOGADO), LUIZ AUGUSTO MALHEIROS DE ABREU CAVALCANTI - CPF: 027.801.751-76 (ADVOGADO)] A C Ó R D Ã O Vistos, relatados e discutidos os autos em epígrafe, a PRIMEIRA CÂMARA DE DIREITO PRIVADO do Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso, sob a Presidência Des(a). CLARICE CLAUDINO DA SILVA, por meio da Turma Julgadora, proferiu a seguinte decisão: POR UNANIMIDADE, NEGOU PROVIMENTO AO RECURSO. E M E N T A Direito Civil E Do Consumidor. Apelação Cível. Obrigação de Fazer C/C Indenização por Danos Morais. Atraso de cinco dias para realização de procedimento cirúrgico. Inexistência de agravamento do quadro clínico. Inexistência de falha na prestação do serviço. Dever de indenizar não configurado. Recurso Desprovido. I. Caso em exame 1. Paciente idosa, de 83 anos, internada na UTI por 28 (vinte e oito) dias, com alta recomendada para regime domiciliar (homecare). Autorização do plano de saúde para implante de cateter venoso central (PICC) em 18/01/2024. Realização do procedimento em 23/01/2024. Alega demora injustificada e pedido de indenização por danos morais. II. Questão em discussão 2. Determinar se a demora de cinco dias para realização do procedimento cirúrgico configura falha na prestação do serviço hospitalar e enseja indenização por danos morais. III. Razões de decidir 3. Inexistência de recusa hospitalar para a realização do procedimento, apenas um intervalo de cinco dias entre a autorização do plano e a sua execução. 4. Ausência de agravamento do estado de saúde da paciente em razão do intervalo de tempo, não caracterizando dano moral indenizável. 6. Informação adequada foi prestada à paciente e seus familiares, cumprindo o dever de transparência. IV. Dispositivo e tese 7. Recurso desprovido. Tese de julgamento: "A demora na realização de procedimento cirúrgico, quando não configurada recusa indevida nem agravamento do quadro clínico do paciente, não enseja reparação por danos morais". Dispositivos relevantes citados: CF/1988, art. 5º, V e X; CDC, art. 14. Jurisprudência relevante citada: STJ, AgInt no AREsp 2.003.150/RJ, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, j. 27/06/2022; STJ, AgInt no REsp 1.837.756/PB, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, j. 31/08/2020. R E L A T Ó R I O RECURSO DE APELAÇÃO N.º 1002103-17.2024.8.11.0041 Trata-se de Recurso de Apelação interposto por Maria Virginia da Silva em virtude da sentença proferida pelo Juiz da 9ª Vara Cível da Comarca de Cuiabá, que julgou improcedentes os pedidos formulados na Ação de Obrigação de Fazer c/c Indenização por Danos Morais ajuizada em face do Hospital e Maternidade São Mateus Ltda. O Juiz de 1º grau homologou a desistência do pedido de obrigação de fazer, uma vez que o procedimento cirúrgico de implante de catéter foi realizado no mesmo dia em que foi protocolizada esta ação (23/01/2024). No mais, considerou que a demora de 05 (cinco) dias para realizar a cirurgia não configurou ofensa à esfera extrapatrimonial da Apelante, à míngua de prova do abalo exacerbado aos predicados subjetivos da pessoa física. Em vista disso, compeliu a Apelante a arcar com custas e honorários advocatícios arbitrados em R$ 3.000,00 (três mil reais), mas suspendeu a exigibilidade por ser beneficiária da justiça gratuita. Inconformada, a Apelante aduziu que, mesmo autorizado o procedimento cirúrgico pelo plano de saúde, o Hospital Apelado demorou para realizá-lo, e tal demora configurou descaso e humilhação, sobretudo porque o ato cirúrgico fora cumprido depois de protocolizada denúncia perante o Ministério Público. Arguiu que a Apelante conta com mais de 80 (oitenta) anos de idade e, devido à espera, o quadro clínico piorou. Afirma que o procedimento realizado em 23/01/2024 foi malsucedido, pois havia risco para a saúde, tendo sido recomendada nova cirurgia, fato que causou sérios danos psicológicos. Aduziu que não foram apresentadas quaisquer informações aos familiares da Apelante sobre o risco do procedimento, fato que enseja ofensa ao dever de informação previsto no art. 6º, inciso III, do CDC. Com suporte nesses argumentos, pugnou pela reforma da sentença, a fim de que seja acolhido o pedido indenizatório por danos morais. Contrarrazões no ID 262487314. É o relatório. V O T O R E L A T O R Eminentes Pares, Maria Virginia da Silva possui 83 (oitenta e três) anos de idade e ajuizou a Ação de Obrigação de Fazer c/c Indenização por Danos Morais em face do Hospital e Maternidade São Mateus Ltda. ao argumento de que, em 27/12/2023, não se sentiu bem e foi internada na UTI do Hospital em 28/12/2023, onde permaneceu por 28 (vinte e oito) dias. A alta médica foi dada em 28/01/2024 (documento juntado no ID 262487259) pela médica intensivista Paula F. Battaglini, que apresentou os seguintes diagnósticos: (i) processo infeccioso em curso (artrite no joelho esquerdo), (ii) hiponatremia em correção, (iii) injúria renal aguda, diarreia, náuseas, vômitos e hipercalemia resolvidos, (iv) fratura L1 com componente compressivo – conduta expectante. Recomendou-se a desospitalização da paciente, com manutenção dos tratamentos em regime domiciliar (Home care) por 04 (quatro) semanas, além do acompanhamento ambulatorial de ortopedia e cuidados de enfermaria. Segundo a narrativa da peça inicial, a equipe médica optou pela realização do procedimento cirúrgico de “implante de catéter venoso central por punção (ou de inserção periférica – PICC)” e de continuidade do acompanhamento médico por intermédio do serviço Home Care, os quais foram autorizados pelo plano de saúde em 18/01/2024 (ID 262487270). Asseverou que, num primeiro momento, agendou-se o procedimento cirúrgico para 20/01/2024; todavia, o médico responsável, Dr. Paulo Henrique Petterle, teria se negado à realização ao argumento de que “não estava sabendo da agenda”, bem como que garantiu que o ato cirúrgico seria feito em 22/01/2024. A despeito da promessa do médico, a Apelante não foi submetida ao procedimento na data combinada, motivo pelo qual ajuizou a demanda no dia seguinte, em 23/01/2024, e requereu que o Hospital fosse compelido à obrigação de fazer e condenado a pagar indenização por danos morais. Vale esclarecer que o implante central de inserção periférica – PICC consiste num cateter de fino calibre, inserido em uma veia do braço e sua extremidade é posicionada na veia cava superior do coração (posição central) e é utilizado para infusão de medicações e soluções endovenosas, além da coleta de sangue durante a internação prolongada (https://artmed.com.br/artigos/picc-tecnicas-de-insercao-e-cuidados-de-enfermagem - acessado em 18/03/2025). Registro que, no mesmo dia em que esta ação foi distribuída (23/01/2024), a Apelante foi submetida ao procedimento cirúrgico acima descrito. Ou seja, entre a data da autorização (18/01/2024) e da realização do ato cirúrgico (23/01/2024), passaram-se 05 (cinco) dias, e não há provas de piora do quatro clínico da paciente em razão dessa espera. Apresentada a contestação (ID 262487285), seguida da Réplica, o Juiz da causa homologou a desistência do pedido de obrigação de fazer, ante a perda superveniente do objeto. Na sequência, encerrou a fase instrutória e prolatou a sentença recorrida, em que julgou improcedente o pedido indenizatório por danos morais. Inconformada, a Apelante recorreu e, em resumo, repetiu os mesmos argumentos apresentados na petição inicial. No caso concreto, depois de cotejar os argumentos da Apelante com as provas produzidas no bojo deste processo, não tenho dúvidas em afirmar que o inconformismo manifestado no apelo não merece provimento, visto que não há elemento apto a infirmar as conclusões externadas pelo Juiz de 1º grau. É certo que a lide envolve direitos que possuem proteção constitucional como a saúde, integridade física e psíquica e dignidade humana, visto que o ponto nodal é a demora (e não negativa) para a realização de procedimento cirúrgico de que necessitava a beneficiária. Acerca da recusa injustificada, o Superior Tribunal de Justiça é assente no sentido de que, se for aliada ao agravamento do quadro de saúde do paciente, pode dar ensejo à ofensa aos direitos de personalidade, a exemplo dos julgados abaixo transcritos: AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. PLANO DE SAÚDE. DEMORA NA AUTORIZAÇÃO PARA O PROCEDIMENTO CIRÚRGICO DE URGÊNCIA. RISCO DE MORTE. DANO MORAL CONFIGURADO. VALOR INDENIZATÓRIO. REVISÃO DO ENTENDIMENTO DA CORTE ESTADUAL. SÚMULA 7 DO STJ. 1. Existência de entendimento pacífico desta Corte Superior no sentido de que a recusa indevida de cobertura de procedimento médico urgente impõe ao usuário de plano de saúde um grau de sofrimento físico/psíquico que extrapola aquele decorrente do mero inadimplemento contratual, atingido direito da personalidade, e dando ensejo a indenização por danos morais. 2. Consolidou-se no Superior Tribunal de Justiça o entendimento de que, em âmbito de recurso especial, os valores fixados a título de indenização por danos morais, porque arbitrados com fundamento nas peculiaridades fáticas de cada caso concreto, só podem ser alterados em hipóteses excepcionais, quando constatada nítida ofensa aos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, situação inexistente no caso concreto, de modo que a sua revisão encontra óbice na Súmula 7 do STJ. 3. Agravo interno não provido. (STJ - AgInt no AREsp n. 2.003.150/RJ, relator Ministro Paulo de Tarso Sanseverino, Terceira Turma, julgado em 27/6/2022, DJe de 29/6/2022). AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. PLANO DE SAÚDE. NEGATIVA DE COBERTURA DE MATERIAL PARA PROCEDIMENTO CIRÚRGICO PRESCRITO. DOENÇA COBERTA PELO PLANO. CONDUTA ABUSIVA. DANO MORAL. OCORRÊNCIA. VALOR DA INDENIZAÇÃO FIXADO COM RAZOABILIDADE. SÚMULA 7/STJ. 1. Descabida a negativa de cobertura de procedimento indicado pelo médico como necessário para preservar a saúde e a vida do beneficiário do plano de saúde. Precedentes do STJ. 2. A recusa indevida pela operadora do plano de saúde em fornecer o material necessário para a cirurgia, devidamente prescrito para o tratamento de doença coberta pelo plano, configurou danos morais indenizáveis, pois "não bastasse o sofrimento físico da autora, ainda teve de suportar a dor psíquica do constrangimento e da humilhação, ante a demora na autorização do referido procedimento." 2. Montante indenizatório pelos danos morais estabelecido pelo Tribunal de origem que não se mostra excessivo, a justificar sua reavaliação em recurso especial. Incidência da Súmula 7/STJ. 3.Agravo Interno não provido. (STJ - AgInt no REsp n. 1.837.756/PB, relator Ministro Paulo de Tarso Sanseverino, Terceira Turma, julgado em 31/8/2020, DJe de 4/9/2020.) Na espécie, o caso não retrata recusa, e sim demora de 05 (cinco) dias para a realização de procedimento cirúrgico, que não foi classificado como de urgência ou emergência, consistente no “implante de catéter venoso central por punção (ou de inserção periférica – PICC)”, em paciente com mais de 80 (oitenta) anos de idade, que esteve internada por período longo (28 dias). Segundo a visão dos familiares da Apelante, o decurso de alguns dias, contados entre a autorização pelo plano de saúde e a primeira tentativa de implante do catéter, configura descaso e humilhação, em especial porque não foram informados dos motivos da espera. Ocorre que, ao contrário da interpretação e compreensão dos parentes da idosa, a demora administrativa em proceder ao ato cirúrgico se deu em virtude do risco à vida da Apelante, conforme ressoa do Relatório subscrito pelo médico Paulo Henrique Petterle. O médico responsável pelo procedimento explicou que, durante a internação da Apelante, foi solicitada avaliação para implante de catéter de PICC, com o objetivo de realização de antibioticoterapia endovenosa ambulatorial em regime de Home Care, cujo procedimento foi realizado pouco tempo depois de autorizado pelo convênio. Ainda segundo o médico, no dia 23/01/2024, ao iniciar o procedimento, com a realização de ultrassom dos membros superiores, constatou-se que a paciente apresentava veias com calibre diminuídos e outras não visualizadas; no entanto, mesmo diante da dificuldade apresentada, foi possível implantar o catéter com fluxo adequado. Prossegue o relatório médico que, devido à sua fratura, foi necessário remover o catéter e providenciar novo agendamento, pois diante do tamanho diminuído das veias da paciente, não era recomendável nova tentativa imediata. A meu sentir, está muito claro que a conduta do Hospital Apelado está pautada na seriedade, retidão e atenção ao rigores médicos para procedimentos cirúrgicos de risco, não havendo que falar em negligência, imprudência ou imperícia que pudessem ensejar eventual responsabilidade civil. A verdade é que nem todo resultado negativo de determinado tratamento significa descaso, humilhação ou falha médica, como ocorre na hipótese destes autos. É certo, também, que o paciente (ou seus familiares) tem direito à informação clara e completa sobre seu tratamento, riscos, alternativas e possíveis complicações. E, neste particular, entendo que esse dever foi cumprido adequadamente, de maneira que não há razão para impingir ao Apelado o ônus indenizatório. Feitos esses esclarecimentos, NEGO PROVIMENTO ao apelo interposto por Maria Virginia da Silva e confirmo integralmente a sentença. De conseguinte, honorários advocatícios arbitrados em R$ 3.500,00 (três mil e quinhentos reais), e confirmo a suspensão da exigibilidade por ser beneficiária da justiça gratuita. É como voto. Data da sessão: Cuiabá-MT, 15/04/2025

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Danilo Rodrigues Olimpio x Concentrix Brasil Terceirizacao De Processos, Servicos Administrativos E Tecnologia Empresarial Ltda. e outros

ID: 330153417

Tribunal: TRT2 Órgão: 12ª Turma Classe: RECURSO ORDINáRIO - RITO SUMARíSSIMO Nº Processo: 1002103-25.2024.5.02.0071

Data de Disponibilização: 21/07/2025

Polo Ativo:

DANILO RODRIGUES OLIMPIO

Polo Passivo:

CONCENTRIX BRASIL TERCEIRIZACAO DE PROCESSOS, SERVICOS ADMINISTRATIVOS E TECNOLOGIA EMPRESARIAL LTDA. JUNTOS SOMOS MAIS FIDELIZACAO S.A. MERCADOPAGO.COM REPRESENTACOES LTDA.

Notificação

Advogados:

EDUARDO CHALFIN

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PETERSON DOS SANTOS

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FLAVIO ALDRED RAMACCIOTTI

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CAUE TAUAN DE SOUZA YAEGASHI

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JOSINALDO ABREU DE ALMEIDA

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PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO 12ª TURMA Relator: JORGE EDUARDO ASSAD RORSum 1002103-25.2024.5.02.0071 RECORRENTE: DANILO RODRIGUES OLIMPIO REC… PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO 12ª TURMA Relator: JORGE EDUARDO ASSAD RORSum 1002103-25.2024.5.02.0071 RECORRENTE: DANILO RODRIGUES OLIMPIO RECORRIDO: CONCENTRIX BRASIL TERCEIRIZACAO DE PROCESSOS, SERVICOS ADMINISTRATIVOS E TECNOLOGIA EMPRESARIAL LTDA. E OUTROS (2) INTIMAÇÃO Fica V. Sa. intimada do inteiro teor do v. Acórdão #id:f314d52 proferido nos autos: PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO PROCESSO TRT/SP Nº 1002103-25.2024.5.02.0071 12ª TURMA RECURSO ORDINÁRIO EM RITO SUMARÍSSIMO 1. RECORRENTE: DANILO RODRIGUES OLIMPIO 2. RECORRENTE: CONCENTRIX BRASIL TERCEIRIZAÇÃO DE PROCESSOS, SERVIÇOS ADMINISTRATIVOS E TECNOLOGIA EMPRESARIAL LTDA. (primeira reclamada) RECORRIDA: JUNTOS SOMOS MAIS FIDELIZAÇÃO LTDA. (segunda reclamada) RECORRIDA: MERCADOPAGO.COM REPRESENTAÇÕES LTDA. (terceira reclamada) ORIGEM: 71ª VARA DO TRABALHO DE SÃO PAULO RELATOR: JUIZ JORGE EDUARDO ASSAD (CAD. 03) RELATÓRIO Dispensado o relatório, nos termos do artigo 852-I, "caput", da CLT. VOTO I - JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE Os recursos ordinários interpostos são tempestivos e estão subscritos por advogados com procuração nos autos. Custas processuais e depósito recursal recolhidos (ID 188325d, ID 10045c3, ID abc00c8 e ID f288ed6). Conhece-se dos apelos por presentes os pressupostos de admissibilidade. As matérias em comum serão analisadas conjuntamente em tópico próprio. II - MÉRITO II. 1. RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMANTE Horas extras e reflexos Insurge-se o reclamante contra o indeferimento das horas extras postuladas, alegando que restaram cabalmente demonstrados a inexistência de fruição de banco de horas (ID 0e78529). Sem razão. Reputados válidos os controles de ponto, cabia ao reclamante apresentar, do cotejo dos referidos documentos com os respectivos recibos, de forma pormenorizada, a existência de horas extras sem a respectiva contraprestação (art. 818 da CLT), encargo do qual não se desincumbiu a contento. Na manifestação sobre defesa e documentos ID 786afc4 não considerou o autor as horas destinadas à compensação, o que gerou as diferenças apontadas. Registra-se que a invalidade do ajuste compensatório não foi objeto da inicial, restando inovatórias as alegações lançadas em réplica. Não tendo o reclamante apresentado demonstrativo válido, restam indevidas as horas extras e reflexos. Ruptura contratual Na inicial ID 856a02b alegou o reclamante: Diante de diversas faltas gravíssimas e irregularidades patronais, não restou ao reclamante outra escolha a não ser optar pelo pedido de demissão no dia 12/06/2024, sem o cumprimento do aviso prévio. Foi acostado aos autos pedido de demissão manuscrito e assinado pelo reclamante datado de 12/06/2024, apontando como motivo da saída outra oportunidade de emprego, com pedido de dispensa do cumprimento do aviso prévio (ID 920cd2b). Em depoimento pessoal declarou o autor que trabalhou para a segunda reclamada até junho/2024, quando eu pedi demissão da empresa (arquivo de mídia ID a2c16ea). Para a declaração judicial de nulidade do pedido de demissão é imprescindível a comprovação robusta de que o ato tenha sido praticado mediante erro, dolo ou coação, hipótese não tratada nos autos. A mera insatisfação do empregado com as condições de trabalho, como in casu, não configura vício de vontade. Demonstrado que foi do reclamante a iniciativa de romper o contrato de trabalho, não há falar em rescisão indireta. O empregado não pode pedir demissão e posteriormente se arrepender e postular a rescisão indireta. Entendendo o trabalhador que os fatos narrados na inicial fossem motivos para a rescisão contratual, poderia ter comunicado à empresa a rescisão indireta do contrato de trabalho ou pleiteá-la em juízo, opção não adotada pelo obreiro, que preferiu primeiro pedir demissão para tentar revertê-la posteriormente. Registra-se que o arrependimento posterior do pedido de demissão não se configura em elemento para a conversão da resilição contratual por iniciativa obreira em dispensa pelo empregador. E mais, ainda que comprovada qualquer conduta ilícita da empregadora, o descumprimento de obrigação contratual não invalida a manifestação de vontade do empregado, que não foi infirmada por qualquer outra prova dos autos, tampouco gera presunção de que houve vício de consentimento no pedido de demissão formulado expressamente pelo empregado. Ao efetuar pedido de demissão, denota-se a opção do trabalhador por esta forma de extinção do contrato de trabalho. MANTÉM-SE, portanto, o decidido na origem. Multas dos artigos 467 e 477 da CLT Descabida a aplicação da penalidade do art. 467 da CLT, já que não há verbas rescisórias incontroversas. Ainda, o pedido de demissão foi formulado em 12/06/2024. As parcelas constantes do TRCT ID 915caec foram quitadas em 20/06/2024 (comprovante ID 87f0e26), dentro do prazo legal (art. 477, § 6º da CLT), o que afasta a incidência da multa prevista no § 8º. II. 2. ANÁLISE CONJUNTA Indenização por danos morais Insurgem-se os recorrentes contra a r. sentença que condenou a parte reclamada no pagamento de R$ 8.000,00 a título de indenização por danos morais, alegando o reclamante que o valor fixado se mostra incompatível com o dano suportado; que comprovou nos autos que foi vítima de reiteradas condutas abusivas praticadas por seu superior hierárquico, Sr. Alex, conforme relatado em seu depoimento e confirmado pela sua testemunha, Sr. Thiago, em audiência (ID 0e78529). A primeira reclamada, por sua vez, pretende a expunção do título epigrafado da condenação, argumentando que o Recorrido foi advertido verbalmente pelo supervisor por estar utilizando telefone celular no ambiente da operação durante o expediente, sem qualquer autorização, conduta esta expressamente vedada pelas normas internas da empresa, sobretudo por razões de segurança da informação e produtividade (...) No que se refere à suposta ociosidade vivenciada pelo Recorrido, não houve qualquer alteração contratual prejudicial. A distribuição de tarefas e a gestão de pessoal são prerrogativas do empregador, e eventuais períodos de menor demanda não configuram, por si só, afronta à dignidade do trabalhador. Se mantida a condenação, requer a redução do quantum indenizatório, eis que desproporcional à situação retratada nos autos (ID 40331a9). Na inicial, postulou o autor a condenação das rés no pagamento de indenização por danos morais, argumentando que vinha passando por constante assédio moral, tendo em vista a advertência e os descontos indevidos, a redução dos seus serviços e o não repasse do montante do consignado para as instituições bancárias, este que, fora abatido de sua rescisão (ID 856a02b). Em suas respectivas defesas, negaram as rés os fatos articulados na prefacial. Quanto à questão, decidiu o MM. Juízo de origem (ID 7f95dfe): A testemunha arrolada pela parte autora corroborou que o autor sofria perseguição, sendo que o supervisor ia atrás do autor quando este fazia uso do banheiro, inclusive em horário de almoço e, embora não fosse supervisor direto do reclamante, aplicava "feedbacks" indevidamente. Ademais, confirmou que viu o supervisor colocando o crachá próximo ao rosto do autor em uma sala de vidro e que o autor permaneceu ocioso por alguns dias. Dessa forma, foi devidamente evidenciado que a parte autora foi exposta a situação degradante e humilhante, a qual enseja a devida indenização por dano moral, conforme se constatou do conjunto probatório dos autos. Assim, considerando que a empregadora se trata de pessoa jurídica; a culpa da reclamada pelo fato danoso; o dano causado ao reclamante e o caráter sancionatório e preventivo, que se conjuga ao indenizatório ou compensatório da responsabilidade civil, defere-se indenização pelo dano moral, no valor de R$8.000,00 (oito mil reais), em favor da parte autora. Em depoimento pessoal declarou o autor que não teve problema pessoal com supervisor Alex, apenas no trabalho; que recebeu uma advertência verbal na sala de reunião sob a alegação de estar fazendo uso do celular no setor de atendimento; que não foi apresentada nenhuma evidência, até porque não podiam usar o aparelho na área de atendimento; que o Sr. Alex aproximou o seu crachá dizendo que podia fazer o uso de celular e o autor não; que o supervisor o seguiu até o banheiro no horário de almoço para checar se estava fazendo uso do celular; que ficou três semanas sem atendimento; que reportou o fato à gestora Stefani, que lhe informou que era normal e que não havia fila de atendimento; que, aparentemente, só ocorreu com o autor; que trabalhou de julho/2022 até dezembro/2023 para a Juntos Somos e de fevereiro/2024 até final do contrato (junho/2024) para o Mercado Pago (arquivo de mídia ID a2c16ea). O representante da primeira reclamada negou qualquer perseguição por parte do supervisor; declarou que o reclamante foi advertido após ter sido flagrado usando o celular durante o expediente de trabalho; que não houve período de ócio (arquivo de mídia ID 43ea352). A testemunha do autor, única ouvida nos autos, afirmou que trabalhou com o obreiro de 06/2023 a 01/2024; que eram operadores de call center; que não eram da mesma equipe; que o Sr. Alex ia atrás do reclamante no banheiro; que não ouviu a conversa, mas viu o Sr. Alex com o crachá próximo do rosto do autor; que em dias específicos o autor ficou sem demanda; que não foi em um período, mas em dias específicos; que só trabalhou para a reclamada Juntos Somos; que a empresa tinha ciência do comportamento do supervisor; que o reclamante questionou os gestores; que não se recorda do nome dos gestores; que era comum a empresa efetuar descontos indevidos em folha; que houve mudança na liderança e que nesse período os créditos do banco de horas foram lançados como débitos e descontados em folha (arquivo de mídia ID a17ae1e) Inicialmente, verifica-se que nas razões recursais ataca o fundamento específico da indenização por danos morais referente ao fato de que o supervisor Alex ia atrás do reclamante quando este se deslocava para o banheiro. Quanto à advertência, embora tenha o autor negado que não estava portando o celular na área de operações, alegou na manifestação sobre defesa e documentos ID 786afc4 que o momento em que mexeu no celular na situação acima, ele já tinha registrado o ponto para almoçar, e ainda assim levou uma advertência. No que se refere à forma em que ocorreu a aplicação da penalidade, a testemunha do autor se limitou a afirmar que presenciou o supervisor aproximando o crachá do rosto do obreiro, entretanto, não soube mencionar o que foi dito, já que não era possível ouvir da sala de operações as conversas ocorridas na sala de reunião. Nesse caso, a conduta do supervisor, por si só, ainda que se considere inapropriada, não é suficiente ao deferimento de indenização por danos morais. Quanto ao ócio, o autor declarou em depoimento que no Mercado Pago ficou três semanas sem receber serviço de atendimento, já a sua testemunha disse que não houve período sem trabalho, mas apenas dias específicos. Ainda, nota-se a testemunha não prestou serviços para o Mercado Pago, apenas para a Juntos Somos. E mais, o autor afirmou que foi informado que não ocorria atendimentos porque não havia fila. No que se refere aos demais episódios apontados na inicial, o depoimento pessoal isolado do autor, sem qualquer outro elemento nos autos que a ele se agregue, não é suficiente para sustentar a tese que com ele pretende se defender. Assim, diante do que restou analisado, ratifica-se a conclusão do MM. Magistrado Sentenciante apenas quanto ao fato de que o supervisor ia atrás do reclamante quando do uso do banheiro para verificar se este estava portando celular, o que demonstra abuso na tarefa de cobrar melhor rendimento por parte do empregador. Tem-se, pois, como configurada a conduta patronal ilegítima da ré, ilícito que provocou dano moral inequívoco ao autor passível de reparação. Quanto à indenização, considerando o fato apontado, reputa-se adequada a indenização no valor de R$ 1.000,00, suficiente não só para que a empresa tenha consciência da conduta - com o que se alcança o efeito pedagógico da reparação - mas para que também o autor se veja compensado da agressão moral a que foi submetido. REFORMA-SE. III - DISPOSITIVO Presidiu o julgamento a Excelentíssima Senhora Desembargadora Tania Bizarro Quirino de Morais. Tomaram parte no julgamento os Excelentíssimos Senhores Magistrados Federais do Trabalho Jorge Eduardo Assad (Relator), Benedito Valentini (2º votante) e Soraya Galassi Lambert. Votação: unânime. Isto posto, nos termos da fundamentação supra, ora integrada ao presente dispositivo para todos os efeitos, Acordam os magistrados da 12ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da Segunda Região em: I - CONHECER dos recursos interpostos; II - NEGAR PROVIMENTO ao recurso do reclamante; III - DAR PROVIMENTO PARCIAL ao recurso da primeira reclamada, para reduzir a indenização por danos morais para R$ 1.000,00. Custas calculadas sobre o valor da condenação, ora fixada em R$ 1.000,00, no importe de R$ 20,00, a cargo da parte reclamada. Atentem as partes para o não cabimento de embargos declaratórios com intuito de rever provas, fatos ou a própria decisão. Quando ausentes os pressupostos autorizadores, como previsto nos incisos do artigo 1.022 do CPC, estarão sujeitas à aplicação do parágrafo segundo do artigo 1.026, bem como à disciplina dos arts. 77, II; 79 a 80 e 81, § 1º do mesmo Diploma Legal. JORGE EDUARDO ASSAD Juiz Relator cad03/log VOTOS SAO PAULO/SP, 18 de julho de 2025. ADRIANO PARAISO DE ALMEIDA Diretor de Secretaria Intimado(s) / Citado(s) - DANILO RODRIGUES OLIMPIO

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Danilo Rodrigues Olimpio x Concentrix Brasil Terceirizacao De Processos, Servicos Administrativos E Tecnologia Empresarial Ltda. e outros

ID: 330153436

Tribunal: TRT2 Órgão: 12ª Turma Classe: RECURSO ORDINáRIO - RITO SUMARíSSIMO Nº Processo: 1002103-25.2024.5.02.0071

Data de Disponibilização: 21/07/2025

Polo Ativo:

DANILO RODRIGUES OLIMPIO

Polo Passivo:

CONCENTRIX BRASIL TERCEIRIZACAO DE PROCESSOS, SERVICOS ADMINISTRATIVOS E TECNOLOGIA EMPRESARIAL LTDA. JUNTOS SOMOS MAIS FIDELIZACAO S.A. MERCADOPAGO.COM REPRESENTACOES LTDA.

Notificação

Advogados:

EDUARDO CHALFIN

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PETERSON DOS SANTOS

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FLAVIO ALDRED RAMACCIOTTI

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CAUE TAUAN DE SOUZA YAEGASHI

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JOSINALDO ABREU DE ALMEIDA

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PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO 12ª TURMA Relator: JORGE EDUARDO ASSAD RORSum 1002103-25.2024.5.02.0071 RECORRENTE: DANILO RODRIGUES OLIMPIO REC… PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO 12ª TURMA Relator: JORGE EDUARDO ASSAD RORSum 1002103-25.2024.5.02.0071 RECORRENTE: DANILO RODRIGUES OLIMPIO RECORRIDO: CONCENTRIX BRASIL TERCEIRIZACAO DE PROCESSOS, SERVICOS ADMINISTRATIVOS E TECNOLOGIA EMPRESARIAL LTDA. E OUTROS (2) INTIMAÇÃO Fica V. Sa. intimada do inteiro teor do v. Acórdão #id:f314d52 proferido nos autos: PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO PROCESSO TRT/SP Nº 1002103-25.2024.5.02.0071 12ª TURMA RECURSO ORDINÁRIO EM RITO SUMARÍSSIMO 1. RECORRENTE: DANILO RODRIGUES OLIMPIO 2. RECORRENTE: CONCENTRIX BRASIL TERCEIRIZAÇÃO DE PROCESSOS, SERVIÇOS ADMINISTRATIVOS E TECNOLOGIA EMPRESARIAL LTDA. (primeira reclamada) RECORRIDA: JUNTOS SOMOS MAIS FIDELIZAÇÃO LTDA. (segunda reclamada) RECORRIDA: MERCADOPAGO.COM REPRESENTAÇÕES LTDA. (terceira reclamada) ORIGEM: 71ª VARA DO TRABALHO DE SÃO PAULO RELATOR: JUIZ JORGE EDUARDO ASSAD (CAD. 03) RELATÓRIO Dispensado o relatório, nos termos do artigo 852-I, "caput", da CLT. VOTO I - JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE Os recursos ordinários interpostos são tempestivos e estão subscritos por advogados com procuração nos autos. Custas processuais e depósito recursal recolhidos (ID 188325d, ID 10045c3, ID abc00c8 e ID f288ed6). Conhece-se dos apelos por presentes os pressupostos de admissibilidade. As matérias em comum serão analisadas conjuntamente em tópico próprio. II - MÉRITO II. 1. RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMANTE Horas extras e reflexos Insurge-se o reclamante contra o indeferimento das horas extras postuladas, alegando que restaram cabalmente demonstrados a inexistência de fruição de banco de horas (ID 0e78529). Sem razão. Reputados válidos os controles de ponto, cabia ao reclamante apresentar, do cotejo dos referidos documentos com os respectivos recibos, de forma pormenorizada, a existência de horas extras sem a respectiva contraprestação (art. 818 da CLT), encargo do qual não se desincumbiu a contento. Na manifestação sobre defesa e documentos ID 786afc4 não considerou o autor as horas destinadas à compensação, o que gerou as diferenças apontadas. Registra-se que a invalidade do ajuste compensatório não foi objeto da inicial, restando inovatórias as alegações lançadas em réplica. Não tendo o reclamante apresentado demonstrativo válido, restam indevidas as horas extras e reflexos. Ruptura contratual Na inicial ID 856a02b alegou o reclamante: Diante de diversas faltas gravíssimas e irregularidades patronais, não restou ao reclamante outra escolha a não ser optar pelo pedido de demissão no dia 12/06/2024, sem o cumprimento do aviso prévio. Foi acostado aos autos pedido de demissão manuscrito e assinado pelo reclamante datado de 12/06/2024, apontando como motivo da saída outra oportunidade de emprego, com pedido de dispensa do cumprimento do aviso prévio (ID 920cd2b). Em depoimento pessoal declarou o autor que trabalhou para a segunda reclamada até junho/2024, quando eu pedi demissão da empresa (arquivo de mídia ID a2c16ea). Para a declaração judicial de nulidade do pedido de demissão é imprescindível a comprovação robusta de que o ato tenha sido praticado mediante erro, dolo ou coação, hipótese não tratada nos autos. A mera insatisfação do empregado com as condições de trabalho, como in casu, não configura vício de vontade. Demonstrado que foi do reclamante a iniciativa de romper o contrato de trabalho, não há falar em rescisão indireta. O empregado não pode pedir demissão e posteriormente se arrepender e postular a rescisão indireta. Entendendo o trabalhador que os fatos narrados na inicial fossem motivos para a rescisão contratual, poderia ter comunicado à empresa a rescisão indireta do contrato de trabalho ou pleiteá-la em juízo, opção não adotada pelo obreiro, que preferiu primeiro pedir demissão para tentar revertê-la posteriormente. Registra-se que o arrependimento posterior do pedido de demissão não se configura em elemento para a conversão da resilição contratual por iniciativa obreira em dispensa pelo empregador. E mais, ainda que comprovada qualquer conduta ilícita da empregadora, o descumprimento de obrigação contratual não invalida a manifestação de vontade do empregado, que não foi infirmada por qualquer outra prova dos autos, tampouco gera presunção de que houve vício de consentimento no pedido de demissão formulado expressamente pelo empregado. Ao efetuar pedido de demissão, denota-se a opção do trabalhador por esta forma de extinção do contrato de trabalho. MANTÉM-SE, portanto, o decidido na origem. Multas dos artigos 467 e 477 da CLT Descabida a aplicação da penalidade do art. 467 da CLT, já que não há verbas rescisórias incontroversas. Ainda, o pedido de demissão foi formulado em 12/06/2024. As parcelas constantes do TRCT ID 915caec foram quitadas em 20/06/2024 (comprovante ID 87f0e26), dentro do prazo legal (art. 477, § 6º da CLT), o que afasta a incidência da multa prevista no § 8º. II. 2. ANÁLISE CONJUNTA Indenização por danos morais Insurgem-se os recorrentes contra a r. sentença que condenou a parte reclamada no pagamento de R$ 8.000,00 a título de indenização por danos morais, alegando o reclamante que o valor fixado se mostra incompatível com o dano suportado; que comprovou nos autos que foi vítima de reiteradas condutas abusivas praticadas por seu superior hierárquico, Sr. Alex, conforme relatado em seu depoimento e confirmado pela sua testemunha, Sr. Thiago, em audiência (ID 0e78529). A primeira reclamada, por sua vez, pretende a expunção do título epigrafado da condenação, argumentando que o Recorrido foi advertido verbalmente pelo supervisor por estar utilizando telefone celular no ambiente da operação durante o expediente, sem qualquer autorização, conduta esta expressamente vedada pelas normas internas da empresa, sobretudo por razões de segurança da informação e produtividade (...) No que se refere à suposta ociosidade vivenciada pelo Recorrido, não houve qualquer alteração contratual prejudicial. A distribuição de tarefas e a gestão de pessoal são prerrogativas do empregador, e eventuais períodos de menor demanda não configuram, por si só, afronta à dignidade do trabalhador. Se mantida a condenação, requer a redução do quantum indenizatório, eis que desproporcional à situação retratada nos autos (ID 40331a9). Na inicial, postulou o autor a condenação das rés no pagamento de indenização por danos morais, argumentando que vinha passando por constante assédio moral, tendo em vista a advertência e os descontos indevidos, a redução dos seus serviços e o não repasse do montante do consignado para as instituições bancárias, este que, fora abatido de sua rescisão (ID 856a02b). Em suas respectivas defesas, negaram as rés os fatos articulados na prefacial. Quanto à questão, decidiu o MM. Juízo de origem (ID 7f95dfe): A testemunha arrolada pela parte autora corroborou que o autor sofria perseguição, sendo que o supervisor ia atrás do autor quando este fazia uso do banheiro, inclusive em horário de almoço e, embora não fosse supervisor direto do reclamante, aplicava "feedbacks" indevidamente. Ademais, confirmou que viu o supervisor colocando o crachá próximo ao rosto do autor em uma sala de vidro e que o autor permaneceu ocioso por alguns dias. Dessa forma, foi devidamente evidenciado que a parte autora foi exposta a situação degradante e humilhante, a qual enseja a devida indenização por dano moral, conforme se constatou do conjunto probatório dos autos. Assim, considerando que a empregadora se trata de pessoa jurídica; a culpa da reclamada pelo fato danoso; o dano causado ao reclamante e o caráter sancionatório e preventivo, que se conjuga ao indenizatório ou compensatório da responsabilidade civil, defere-se indenização pelo dano moral, no valor de R$8.000,00 (oito mil reais), em favor da parte autora. Em depoimento pessoal declarou o autor que não teve problema pessoal com supervisor Alex, apenas no trabalho; que recebeu uma advertência verbal na sala de reunião sob a alegação de estar fazendo uso do celular no setor de atendimento; que não foi apresentada nenhuma evidência, até porque não podiam usar o aparelho na área de atendimento; que o Sr. Alex aproximou o seu crachá dizendo que podia fazer o uso de celular e o autor não; que o supervisor o seguiu até o banheiro no horário de almoço para checar se estava fazendo uso do celular; que ficou três semanas sem atendimento; que reportou o fato à gestora Stefani, que lhe informou que era normal e que não havia fila de atendimento; que, aparentemente, só ocorreu com o autor; que trabalhou de julho/2022 até dezembro/2023 para a Juntos Somos e de fevereiro/2024 até final do contrato (junho/2024) para o Mercado Pago (arquivo de mídia ID a2c16ea). O representante da primeira reclamada negou qualquer perseguição por parte do supervisor; declarou que o reclamante foi advertido após ter sido flagrado usando o celular durante o expediente de trabalho; que não houve período de ócio (arquivo de mídia ID 43ea352). A testemunha do autor, única ouvida nos autos, afirmou que trabalhou com o obreiro de 06/2023 a 01/2024; que eram operadores de call center; que não eram da mesma equipe; que o Sr. Alex ia atrás do reclamante no banheiro; que não ouviu a conversa, mas viu o Sr. Alex com o crachá próximo do rosto do autor; que em dias específicos o autor ficou sem demanda; que não foi em um período, mas em dias específicos; que só trabalhou para a reclamada Juntos Somos; que a empresa tinha ciência do comportamento do supervisor; que o reclamante questionou os gestores; que não se recorda do nome dos gestores; que era comum a empresa efetuar descontos indevidos em folha; que houve mudança na liderança e que nesse período os créditos do banco de horas foram lançados como débitos e descontados em folha (arquivo de mídia ID a17ae1e) Inicialmente, verifica-se que nas razões recursais ataca o fundamento específico da indenização por danos morais referente ao fato de que o supervisor Alex ia atrás do reclamante quando este se deslocava para o banheiro. Quanto à advertência, embora tenha o autor negado que não estava portando o celular na área de operações, alegou na manifestação sobre defesa e documentos ID 786afc4 que o momento em que mexeu no celular na situação acima, ele já tinha registrado o ponto para almoçar, e ainda assim levou uma advertência. No que se refere à forma em que ocorreu a aplicação da penalidade, a testemunha do autor se limitou a afirmar que presenciou o supervisor aproximando o crachá do rosto do obreiro, entretanto, não soube mencionar o que foi dito, já que não era possível ouvir da sala de operações as conversas ocorridas na sala de reunião. Nesse caso, a conduta do supervisor, por si só, ainda que se considere inapropriada, não é suficiente ao deferimento de indenização por danos morais. Quanto ao ócio, o autor declarou em depoimento que no Mercado Pago ficou três semanas sem receber serviço de atendimento, já a sua testemunha disse que não houve período sem trabalho, mas apenas dias específicos. Ainda, nota-se a testemunha não prestou serviços para o Mercado Pago, apenas para a Juntos Somos. E mais, o autor afirmou que foi informado que não ocorria atendimentos porque não havia fila. No que se refere aos demais episódios apontados na inicial, o depoimento pessoal isolado do autor, sem qualquer outro elemento nos autos que a ele se agregue, não é suficiente para sustentar a tese que com ele pretende se defender. Assim, diante do que restou analisado, ratifica-se a conclusão do MM. Magistrado Sentenciante apenas quanto ao fato de que o supervisor ia atrás do reclamante quando do uso do banheiro para verificar se este estava portando celular, o que demonstra abuso na tarefa de cobrar melhor rendimento por parte do empregador. Tem-se, pois, como configurada a conduta patronal ilegítima da ré, ilícito que provocou dano moral inequívoco ao autor passível de reparação. Quanto à indenização, considerando o fato apontado, reputa-se adequada a indenização no valor de R$ 1.000,00, suficiente não só para que a empresa tenha consciência da conduta - com o que se alcança o efeito pedagógico da reparação - mas para que também o autor se veja compensado da agressão moral a que foi submetido. REFORMA-SE. III - DISPOSITIVO Presidiu o julgamento a Excelentíssima Senhora Desembargadora Tania Bizarro Quirino de Morais. Tomaram parte no julgamento os Excelentíssimos Senhores Magistrados Federais do Trabalho Jorge Eduardo Assad (Relator), Benedito Valentini (2º votante) e Soraya Galassi Lambert. Votação: unânime. Isto posto, nos termos da fundamentação supra, ora integrada ao presente dispositivo para todos os efeitos, Acordam os magistrados da 12ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da Segunda Região em: I - CONHECER dos recursos interpostos; II - NEGAR PROVIMENTO ao recurso do reclamante; III - DAR PROVIMENTO PARCIAL ao recurso da primeira reclamada, para reduzir a indenização por danos morais para R$ 1.000,00. Custas calculadas sobre o valor da condenação, ora fixada em R$ 1.000,00, no importe de R$ 20,00, a cargo da parte reclamada. Atentem as partes para o não cabimento de embargos declaratórios com intuito de rever provas, fatos ou a própria decisão. Quando ausentes os pressupostos autorizadores, como previsto nos incisos do artigo 1.022 do CPC, estarão sujeitas à aplicação do parágrafo segundo do artigo 1.026, bem como à disciplina dos arts. 77, II; 79 a 80 e 81, § 1º do mesmo Diploma Legal. JORGE EDUARDO ASSAD Juiz Relator cad03/log VOTOS SAO PAULO/SP, 18 de julho de 2025. ADRIANO PARAISO DE ALMEIDA Diretor de Secretaria Intimado(s) / Citado(s) - CONCENTRIX BRASIL TERCEIRIZACAO DE PROCESSOS, SERVICOS ADMINISTRATIVOS E TECNOLOGIA EMPRESARIAL LTDA.

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Danilo Rodrigues Olimpio x Concentrix Brasil Terceirizacao De Processos, Servicos Administrativos E Tecnologia Empresarial Ltda. e outros

ID: 330153453

Tribunal: TRT2 Órgão: 12ª Turma Classe: RECURSO ORDINáRIO - RITO SUMARíSSIMO Nº Processo: 1002103-25.2024.5.02.0071

Data de Disponibilização: 21/07/2025

Polo Ativo:

DANILO RODRIGUES OLIMPIO

Polo Passivo:

CONCENTRIX BRASIL TERCEIRIZACAO DE PROCESSOS, SERVICOS ADMINISTRATIVOS E TECNOLOGIA EMPRESARIAL LTDA. JUNTOS SOMOS MAIS FIDELIZACAO S.A. MERCADOPAGO.COM REPRESENTACOES LTDA.

Notificação

Advogados:

EDUARDO CHALFIN

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PETERSON DOS SANTOS

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FLAVIO ALDRED RAMACCIOTTI

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CAUE TAUAN DE SOUZA YAEGASHI

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JOSINALDO ABREU DE ALMEIDA

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PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO 12ª TURMA Relator: JORGE EDUARDO ASSAD RORSum 1002103-25.2024.5.02.0071 RECORRENTE: DANILO RODRIGUES OLIMPIO REC… PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO 12ª TURMA Relator: JORGE EDUARDO ASSAD RORSum 1002103-25.2024.5.02.0071 RECORRENTE: DANILO RODRIGUES OLIMPIO RECORRIDO: CONCENTRIX BRASIL TERCEIRIZACAO DE PROCESSOS, SERVICOS ADMINISTRATIVOS E TECNOLOGIA EMPRESARIAL LTDA. E OUTROS (2) INTIMAÇÃO Fica V. Sa. intimada do inteiro teor do v. Acórdão #id:f314d52 proferido nos autos: PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO PROCESSO TRT/SP Nº 1002103-25.2024.5.02.0071 12ª TURMA RECURSO ORDINÁRIO EM RITO SUMARÍSSIMO 1. RECORRENTE: DANILO RODRIGUES OLIMPIO 2. RECORRENTE: CONCENTRIX BRASIL TERCEIRIZAÇÃO DE PROCESSOS, SERVIÇOS ADMINISTRATIVOS E TECNOLOGIA EMPRESARIAL LTDA. (primeira reclamada) RECORRIDA: JUNTOS SOMOS MAIS FIDELIZAÇÃO LTDA. (segunda reclamada) RECORRIDA: MERCADOPAGO.COM REPRESENTAÇÕES LTDA. (terceira reclamada) ORIGEM: 71ª VARA DO TRABALHO DE SÃO PAULO RELATOR: JUIZ JORGE EDUARDO ASSAD (CAD. 03) RELATÓRIO Dispensado o relatório, nos termos do artigo 852-I, "caput", da CLT. VOTO I - JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE Os recursos ordinários interpostos são tempestivos e estão subscritos por advogados com procuração nos autos. Custas processuais e depósito recursal recolhidos (ID 188325d, ID 10045c3, ID abc00c8 e ID f288ed6). Conhece-se dos apelos por presentes os pressupostos de admissibilidade. As matérias em comum serão analisadas conjuntamente em tópico próprio. II - MÉRITO II. 1. RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMANTE Horas extras e reflexos Insurge-se o reclamante contra o indeferimento das horas extras postuladas, alegando que restaram cabalmente demonstrados a inexistência de fruição de banco de horas (ID 0e78529). Sem razão. Reputados válidos os controles de ponto, cabia ao reclamante apresentar, do cotejo dos referidos documentos com os respectivos recibos, de forma pormenorizada, a existência de horas extras sem a respectiva contraprestação (art. 818 da CLT), encargo do qual não se desincumbiu a contento. Na manifestação sobre defesa e documentos ID 786afc4 não considerou o autor as horas destinadas à compensação, o que gerou as diferenças apontadas. Registra-se que a invalidade do ajuste compensatório não foi objeto da inicial, restando inovatórias as alegações lançadas em réplica. Não tendo o reclamante apresentado demonstrativo válido, restam indevidas as horas extras e reflexos. Ruptura contratual Na inicial ID 856a02b alegou o reclamante: Diante de diversas faltas gravíssimas e irregularidades patronais, não restou ao reclamante outra escolha a não ser optar pelo pedido de demissão no dia 12/06/2024, sem o cumprimento do aviso prévio. Foi acostado aos autos pedido de demissão manuscrito e assinado pelo reclamante datado de 12/06/2024, apontando como motivo da saída outra oportunidade de emprego, com pedido de dispensa do cumprimento do aviso prévio (ID 920cd2b). Em depoimento pessoal declarou o autor que trabalhou para a segunda reclamada até junho/2024, quando eu pedi demissão da empresa (arquivo de mídia ID a2c16ea). Para a declaração judicial de nulidade do pedido de demissão é imprescindível a comprovação robusta de que o ato tenha sido praticado mediante erro, dolo ou coação, hipótese não tratada nos autos. A mera insatisfação do empregado com as condições de trabalho, como in casu, não configura vício de vontade. Demonstrado que foi do reclamante a iniciativa de romper o contrato de trabalho, não há falar em rescisão indireta. O empregado não pode pedir demissão e posteriormente se arrepender e postular a rescisão indireta. Entendendo o trabalhador que os fatos narrados na inicial fossem motivos para a rescisão contratual, poderia ter comunicado à empresa a rescisão indireta do contrato de trabalho ou pleiteá-la em juízo, opção não adotada pelo obreiro, que preferiu primeiro pedir demissão para tentar revertê-la posteriormente. Registra-se que o arrependimento posterior do pedido de demissão não se configura em elemento para a conversão da resilição contratual por iniciativa obreira em dispensa pelo empregador. E mais, ainda que comprovada qualquer conduta ilícita da empregadora, o descumprimento de obrigação contratual não invalida a manifestação de vontade do empregado, que não foi infirmada por qualquer outra prova dos autos, tampouco gera presunção de que houve vício de consentimento no pedido de demissão formulado expressamente pelo empregado. Ao efetuar pedido de demissão, denota-se a opção do trabalhador por esta forma de extinção do contrato de trabalho. MANTÉM-SE, portanto, o decidido na origem. Multas dos artigos 467 e 477 da CLT Descabida a aplicação da penalidade do art. 467 da CLT, já que não há verbas rescisórias incontroversas. Ainda, o pedido de demissão foi formulado em 12/06/2024. As parcelas constantes do TRCT ID 915caec foram quitadas em 20/06/2024 (comprovante ID 87f0e26), dentro do prazo legal (art. 477, § 6º da CLT), o que afasta a incidência da multa prevista no § 8º. II. 2. ANÁLISE CONJUNTA Indenização por danos morais Insurgem-se os recorrentes contra a r. sentença que condenou a parte reclamada no pagamento de R$ 8.000,00 a título de indenização por danos morais, alegando o reclamante que o valor fixado se mostra incompatível com o dano suportado; que comprovou nos autos que foi vítima de reiteradas condutas abusivas praticadas por seu superior hierárquico, Sr. Alex, conforme relatado em seu depoimento e confirmado pela sua testemunha, Sr. Thiago, em audiência (ID 0e78529). A primeira reclamada, por sua vez, pretende a expunção do título epigrafado da condenação, argumentando que o Recorrido foi advertido verbalmente pelo supervisor por estar utilizando telefone celular no ambiente da operação durante o expediente, sem qualquer autorização, conduta esta expressamente vedada pelas normas internas da empresa, sobretudo por razões de segurança da informação e produtividade (...) No que se refere à suposta ociosidade vivenciada pelo Recorrido, não houve qualquer alteração contratual prejudicial. A distribuição de tarefas e a gestão de pessoal são prerrogativas do empregador, e eventuais períodos de menor demanda não configuram, por si só, afronta à dignidade do trabalhador. Se mantida a condenação, requer a redução do quantum indenizatório, eis que desproporcional à situação retratada nos autos (ID 40331a9). Na inicial, postulou o autor a condenação das rés no pagamento de indenização por danos morais, argumentando que vinha passando por constante assédio moral, tendo em vista a advertência e os descontos indevidos, a redução dos seus serviços e o não repasse do montante do consignado para as instituições bancárias, este que, fora abatido de sua rescisão (ID 856a02b). Em suas respectivas defesas, negaram as rés os fatos articulados na prefacial. Quanto à questão, decidiu o MM. Juízo de origem (ID 7f95dfe): A testemunha arrolada pela parte autora corroborou que o autor sofria perseguição, sendo que o supervisor ia atrás do autor quando este fazia uso do banheiro, inclusive em horário de almoço e, embora não fosse supervisor direto do reclamante, aplicava "feedbacks" indevidamente. Ademais, confirmou que viu o supervisor colocando o crachá próximo ao rosto do autor em uma sala de vidro e que o autor permaneceu ocioso por alguns dias. Dessa forma, foi devidamente evidenciado que a parte autora foi exposta a situação degradante e humilhante, a qual enseja a devida indenização por dano moral, conforme se constatou do conjunto probatório dos autos. Assim, considerando que a empregadora se trata de pessoa jurídica; a culpa da reclamada pelo fato danoso; o dano causado ao reclamante e o caráter sancionatório e preventivo, que se conjuga ao indenizatório ou compensatório da responsabilidade civil, defere-se indenização pelo dano moral, no valor de R$8.000,00 (oito mil reais), em favor da parte autora. Em depoimento pessoal declarou o autor que não teve problema pessoal com supervisor Alex, apenas no trabalho; que recebeu uma advertência verbal na sala de reunião sob a alegação de estar fazendo uso do celular no setor de atendimento; que não foi apresentada nenhuma evidência, até porque não podiam usar o aparelho na área de atendimento; que o Sr. Alex aproximou o seu crachá dizendo que podia fazer o uso de celular e o autor não; que o supervisor o seguiu até o banheiro no horário de almoço para checar se estava fazendo uso do celular; que ficou três semanas sem atendimento; que reportou o fato à gestora Stefani, que lhe informou que era normal e que não havia fila de atendimento; que, aparentemente, só ocorreu com o autor; que trabalhou de julho/2022 até dezembro/2023 para a Juntos Somos e de fevereiro/2024 até final do contrato (junho/2024) para o Mercado Pago (arquivo de mídia ID a2c16ea). O representante da primeira reclamada negou qualquer perseguição por parte do supervisor; declarou que o reclamante foi advertido após ter sido flagrado usando o celular durante o expediente de trabalho; que não houve período de ócio (arquivo de mídia ID 43ea352). A testemunha do autor, única ouvida nos autos, afirmou que trabalhou com o obreiro de 06/2023 a 01/2024; que eram operadores de call center; que não eram da mesma equipe; que o Sr. Alex ia atrás do reclamante no banheiro; que não ouviu a conversa, mas viu o Sr. Alex com o crachá próximo do rosto do autor; que em dias específicos o autor ficou sem demanda; que não foi em um período, mas em dias específicos; que só trabalhou para a reclamada Juntos Somos; que a empresa tinha ciência do comportamento do supervisor; que o reclamante questionou os gestores; que não se recorda do nome dos gestores; que era comum a empresa efetuar descontos indevidos em folha; que houve mudança na liderança e que nesse período os créditos do banco de horas foram lançados como débitos e descontados em folha (arquivo de mídia ID a17ae1e) Inicialmente, verifica-se que nas razões recursais ataca o fundamento específico da indenização por danos morais referente ao fato de que o supervisor Alex ia atrás do reclamante quando este se deslocava para o banheiro. Quanto à advertência, embora tenha o autor negado que não estava portando o celular na área de operações, alegou na manifestação sobre defesa e documentos ID 786afc4 que o momento em que mexeu no celular na situação acima, ele já tinha registrado o ponto para almoçar, e ainda assim levou uma advertência. No que se refere à forma em que ocorreu a aplicação da penalidade, a testemunha do autor se limitou a afirmar que presenciou o supervisor aproximando o crachá do rosto do obreiro, entretanto, não soube mencionar o que foi dito, já que não era possível ouvir da sala de operações as conversas ocorridas na sala de reunião. Nesse caso, a conduta do supervisor, por si só, ainda que se considere inapropriada, não é suficiente ao deferimento de indenização por danos morais. Quanto ao ócio, o autor declarou em depoimento que no Mercado Pago ficou três semanas sem receber serviço de atendimento, já a sua testemunha disse que não houve período sem trabalho, mas apenas dias específicos. Ainda, nota-se a testemunha não prestou serviços para o Mercado Pago, apenas para a Juntos Somos. E mais, o autor afirmou que foi informado que não ocorria atendimentos porque não havia fila. No que se refere aos demais episódios apontados na inicial, o depoimento pessoal isolado do autor, sem qualquer outro elemento nos autos que a ele se agregue, não é suficiente para sustentar a tese que com ele pretende se defender. Assim, diante do que restou analisado, ratifica-se a conclusão do MM. Magistrado Sentenciante apenas quanto ao fato de que o supervisor ia atrás do reclamante quando do uso do banheiro para verificar se este estava portando celular, o que demonstra abuso na tarefa de cobrar melhor rendimento por parte do empregador. Tem-se, pois, como configurada a conduta patronal ilegítima da ré, ilícito que provocou dano moral inequívoco ao autor passível de reparação. Quanto à indenização, considerando o fato apontado, reputa-se adequada a indenização no valor de R$ 1.000,00, suficiente não só para que a empresa tenha consciência da conduta - com o que se alcança o efeito pedagógico da reparação - mas para que também o autor se veja compensado da agressão moral a que foi submetido. REFORMA-SE. III - DISPOSITIVO Presidiu o julgamento a Excelentíssima Senhora Desembargadora Tania Bizarro Quirino de Morais. Tomaram parte no julgamento os Excelentíssimos Senhores Magistrados Federais do Trabalho Jorge Eduardo Assad (Relator), Benedito Valentini (2º votante) e Soraya Galassi Lambert. Votação: unânime. Isto posto, nos termos da fundamentação supra, ora integrada ao presente dispositivo para todos os efeitos, Acordam os magistrados da 12ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da Segunda Região em: I - CONHECER dos recursos interpostos; II - NEGAR PROVIMENTO ao recurso do reclamante; III - DAR PROVIMENTO PARCIAL ao recurso da primeira reclamada, para reduzir a indenização por danos morais para R$ 1.000,00. Custas calculadas sobre o valor da condenação, ora fixada em R$ 1.000,00, no importe de R$ 20,00, a cargo da parte reclamada. Atentem as partes para o não cabimento de embargos declaratórios com intuito de rever provas, fatos ou a própria decisão. Quando ausentes os pressupostos autorizadores, como previsto nos incisos do artigo 1.022 do CPC, estarão sujeitas à aplicação do parágrafo segundo do artigo 1.026, bem como à disciplina dos arts. 77, II; 79 a 80 e 81, § 1º do mesmo Diploma Legal. JORGE EDUARDO ASSAD Juiz Relator cad03/log VOTOS SAO PAULO/SP, 18 de julho de 2025. ADRIANO PARAISO DE ALMEIDA Diretor de Secretaria Intimado(s) / Citado(s) - JUNTOS SOMOS MAIS FIDELIZACAO S.A.

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Danilo Rodrigues Olimpio x Concentrix Brasil Terceirizacao De Processos, Servicos Administrativos E Tecnologia Empresarial Ltda. e outros

ID: 330153475

Tribunal: TRT2 Órgão: 12ª Turma Classe: RECURSO ORDINáRIO - RITO SUMARíSSIMO Nº Processo: 1002103-25.2024.5.02.0071

Data de Disponibilização: 21/07/2025

Polo Ativo:

DANILO RODRIGUES OLIMPIO

Polo Passivo:

CONCENTRIX BRASIL TERCEIRIZACAO DE PROCESSOS, SERVICOS ADMINISTRATIVOS E TECNOLOGIA EMPRESARIAL LTDA. JUNTOS SOMOS MAIS FIDELIZACAO S.A. MERCADOPAGO.COM REPRESENTACOES LTDA.

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EDUARDO CHALFIN

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PETERSON DOS SANTOS

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FLAVIO ALDRED RAMACCIOTTI

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CAUE TAUAN DE SOUZA YAEGASHI

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JOSINALDO ABREU DE ALMEIDA

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PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO 12ª TURMA Relator: JORGE EDUARDO ASSAD RORSum 1002103-25.2024.5.02.0071 RECORRENTE: DANILO RODRIGUES OLIMPIO REC… PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO 12ª TURMA Relator: JORGE EDUARDO ASSAD RORSum 1002103-25.2024.5.02.0071 RECORRENTE: DANILO RODRIGUES OLIMPIO RECORRIDO: CONCENTRIX BRASIL TERCEIRIZACAO DE PROCESSOS, SERVICOS ADMINISTRATIVOS E TECNOLOGIA EMPRESARIAL LTDA. E OUTROS (2) INTIMAÇÃO Fica V. Sa. intimada do inteiro teor do v. Acórdão #id:f314d52 proferido nos autos: PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO PROCESSO TRT/SP Nº 1002103-25.2024.5.02.0071 12ª TURMA RECURSO ORDINÁRIO EM RITO SUMARÍSSIMO 1. RECORRENTE: DANILO RODRIGUES OLIMPIO 2. RECORRENTE: CONCENTRIX BRASIL TERCEIRIZAÇÃO DE PROCESSOS, SERVIÇOS ADMINISTRATIVOS E TECNOLOGIA EMPRESARIAL LTDA. (primeira reclamada) RECORRIDA: JUNTOS SOMOS MAIS FIDELIZAÇÃO LTDA. (segunda reclamada) RECORRIDA: MERCADOPAGO.COM REPRESENTAÇÕES LTDA. (terceira reclamada) ORIGEM: 71ª VARA DO TRABALHO DE SÃO PAULO RELATOR: JUIZ JORGE EDUARDO ASSAD (CAD. 03) RELATÓRIO Dispensado o relatório, nos termos do artigo 852-I, "caput", da CLT. VOTO I - JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE Os recursos ordinários interpostos são tempestivos e estão subscritos por advogados com procuração nos autos. Custas processuais e depósito recursal recolhidos (ID 188325d, ID 10045c3, ID abc00c8 e ID f288ed6). Conhece-se dos apelos por presentes os pressupostos de admissibilidade. As matérias em comum serão analisadas conjuntamente em tópico próprio. II - MÉRITO II. 1. RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMANTE Horas extras e reflexos Insurge-se o reclamante contra o indeferimento das horas extras postuladas, alegando que restaram cabalmente demonstrados a inexistência de fruição de banco de horas (ID 0e78529). Sem razão. Reputados válidos os controles de ponto, cabia ao reclamante apresentar, do cotejo dos referidos documentos com os respectivos recibos, de forma pormenorizada, a existência de horas extras sem a respectiva contraprestação (art. 818 da CLT), encargo do qual não se desincumbiu a contento. Na manifestação sobre defesa e documentos ID 786afc4 não considerou o autor as horas destinadas à compensação, o que gerou as diferenças apontadas. Registra-se que a invalidade do ajuste compensatório não foi objeto da inicial, restando inovatórias as alegações lançadas em réplica. Não tendo o reclamante apresentado demonstrativo válido, restam indevidas as horas extras e reflexos. Ruptura contratual Na inicial ID 856a02b alegou o reclamante: Diante de diversas faltas gravíssimas e irregularidades patronais, não restou ao reclamante outra escolha a não ser optar pelo pedido de demissão no dia 12/06/2024, sem o cumprimento do aviso prévio. Foi acostado aos autos pedido de demissão manuscrito e assinado pelo reclamante datado de 12/06/2024, apontando como motivo da saída outra oportunidade de emprego, com pedido de dispensa do cumprimento do aviso prévio (ID 920cd2b). Em depoimento pessoal declarou o autor que trabalhou para a segunda reclamada até junho/2024, quando eu pedi demissão da empresa (arquivo de mídia ID a2c16ea). Para a declaração judicial de nulidade do pedido de demissão é imprescindível a comprovação robusta de que o ato tenha sido praticado mediante erro, dolo ou coação, hipótese não tratada nos autos. A mera insatisfação do empregado com as condições de trabalho, como in casu, não configura vício de vontade. Demonstrado que foi do reclamante a iniciativa de romper o contrato de trabalho, não há falar em rescisão indireta. O empregado não pode pedir demissão e posteriormente se arrepender e postular a rescisão indireta. Entendendo o trabalhador que os fatos narrados na inicial fossem motivos para a rescisão contratual, poderia ter comunicado à empresa a rescisão indireta do contrato de trabalho ou pleiteá-la em juízo, opção não adotada pelo obreiro, que preferiu primeiro pedir demissão para tentar revertê-la posteriormente. Registra-se que o arrependimento posterior do pedido de demissão não se configura em elemento para a conversão da resilição contratual por iniciativa obreira em dispensa pelo empregador. E mais, ainda que comprovada qualquer conduta ilícita da empregadora, o descumprimento de obrigação contratual não invalida a manifestação de vontade do empregado, que não foi infirmada por qualquer outra prova dos autos, tampouco gera presunção de que houve vício de consentimento no pedido de demissão formulado expressamente pelo empregado. Ao efetuar pedido de demissão, denota-se a opção do trabalhador por esta forma de extinção do contrato de trabalho. MANTÉM-SE, portanto, o decidido na origem. Multas dos artigos 467 e 477 da CLT Descabida a aplicação da penalidade do art. 467 da CLT, já que não há verbas rescisórias incontroversas. Ainda, o pedido de demissão foi formulado em 12/06/2024. As parcelas constantes do TRCT ID 915caec foram quitadas em 20/06/2024 (comprovante ID 87f0e26), dentro do prazo legal (art. 477, § 6º da CLT), o que afasta a incidência da multa prevista no § 8º. II. 2. ANÁLISE CONJUNTA Indenização por danos morais Insurgem-se os recorrentes contra a r. sentença que condenou a parte reclamada no pagamento de R$ 8.000,00 a título de indenização por danos morais, alegando o reclamante que o valor fixado se mostra incompatível com o dano suportado; que comprovou nos autos que foi vítima de reiteradas condutas abusivas praticadas por seu superior hierárquico, Sr. Alex, conforme relatado em seu depoimento e confirmado pela sua testemunha, Sr. Thiago, em audiência (ID 0e78529). A primeira reclamada, por sua vez, pretende a expunção do título epigrafado da condenação, argumentando que o Recorrido foi advertido verbalmente pelo supervisor por estar utilizando telefone celular no ambiente da operação durante o expediente, sem qualquer autorização, conduta esta expressamente vedada pelas normas internas da empresa, sobretudo por razões de segurança da informação e produtividade (...) No que se refere à suposta ociosidade vivenciada pelo Recorrido, não houve qualquer alteração contratual prejudicial. A distribuição de tarefas e a gestão de pessoal são prerrogativas do empregador, e eventuais períodos de menor demanda não configuram, por si só, afronta à dignidade do trabalhador. Se mantida a condenação, requer a redução do quantum indenizatório, eis que desproporcional à situação retratada nos autos (ID 40331a9). Na inicial, postulou o autor a condenação das rés no pagamento de indenização por danos morais, argumentando que vinha passando por constante assédio moral, tendo em vista a advertência e os descontos indevidos, a redução dos seus serviços e o não repasse do montante do consignado para as instituições bancárias, este que, fora abatido de sua rescisão (ID 856a02b). Em suas respectivas defesas, negaram as rés os fatos articulados na prefacial. Quanto à questão, decidiu o MM. Juízo de origem (ID 7f95dfe): A testemunha arrolada pela parte autora corroborou que o autor sofria perseguição, sendo que o supervisor ia atrás do autor quando este fazia uso do banheiro, inclusive em horário de almoço e, embora não fosse supervisor direto do reclamante, aplicava "feedbacks" indevidamente. Ademais, confirmou que viu o supervisor colocando o crachá próximo ao rosto do autor em uma sala de vidro e que o autor permaneceu ocioso por alguns dias. Dessa forma, foi devidamente evidenciado que a parte autora foi exposta a situação degradante e humilhante, a qual enseja a devida indenização por dano moral, conforme se constatou do conjunto probatório dos autos. Assim, considerando que a empregadora se trata de pessoa jurídica; a culpa da reclamada pelo fato danoso; o dano causado ao reclamante e o caráter sancionatório e preventivo, que se conjuga ao indenizatório ou compensatório da responsabilidade civil, defere-se indenização pelo dano moral, no valor de R$8.000,00 (oito mil reais), em favor da parte autora. Em depoimento pessoal declarou o autor que não teve problema pessoal com supervisor Alex, apenas no trabalho; que recebeu uma advertência verbal na sala de reunião sob a alegação de estar fazendo uso do celular no setor de atendimento; que não foi apresentada nenhuma evidência, até porque não podiam usar o aparelho na área de atendimento; que o Sr. Alex aproximou o seu crachá dizendo que podia fazer o uso de celular e o autor não; que o supervisor o seguiu até o banheiro no horário de almoço para checar se estava fazendo uso do celular; que ficou três semanas sem atendimento; que reportou o fato à gestora Stefani, que lhe informou que era normal e que não havia fila de atendimento; que, aparentemente, só ocorreu com o autor; que trabalhou de julho/2022 até dezembro/2023 para a Juntos Somos e de fevereiro/2024 até final do contrato (junho/2024) para o Mercado Pago (arquivo de mídia ID a2c16ea). O representante da primeira reclamada negou qualquer perseguição por parte do supervisor; declarou que o reclamante foi advertido após ter sido flagrado usando o celular durante o expediente de trabalho; que não houve período de ócio (arquivo de mídia ID 43ea352). A testemunha do autor, única ouvida nos autos, afirmou que trabalhou com o obreiro de 06/2023 a 01/2024; que eram operadores de call center; que não eram da mesma equipe; que o Sr. Alex ia atrás do reclamante no banheiro; que não ouviu a conversa, mas viu o Sr. Alex com o crachá próximo do rosto do autor; que em dias específicos o autor ficou sem demanda; que não foi em um período, mas em dias específicos; que só trabalhou para a reclamada Juntos Somos; que a empresa tinha ciência do comportamento do supervisor; que o reclamante questionou os gestores; que não se recorda do nome dos gestores; que era comum a empresa efetuar descontos indevidos em folha; que houve mudança na liderança e que nesse período os créditos do banco de horas foram lançados como débitos e descontados em folha (arquivo de mídia ID a17ae1e) Inicialmente, verifica-se que nas razões recursais ataca o fundamento específico da indenização por danos morais referente ao fato de que o supervisor Alex ia atrás do reclamante quando este se deslocava para o banheiro. Quanto à advertência, embora tenha o autor negado que não estava portando o celular na área de operações, alegou na manifestação sobre defesa e documentos ID 786afc4 que o momento em que mexeu no celular na situação acima, ele já tinha registrado o ponto para almoçar, e ainda assim levou uma advertência. No que se refere à forma em que ocorreu a aplicação da penalidade, a testemunha do autor se limitou a afirmar que presenciou o supervisor aproximando o crachá do rosto do obreiro, entretanto, não soube mencionar o que foi dito, já que não era possível ouvir da sala de operações as conversas ocorridas na sala de reunião. Nesse caso, a conduta do supervisor, por si só, ainda que se considere inapropriada, não é suficiente ao deferimento de indenização por danos morais. Quanto ao ócio, o autor declarou em depoimento que no Mercado Pago ficou três semanas sem receber serviço de atendimento, já a sua testemunha disse que não houve período sem trabalho, mas apenas dias específicos. Ainda, nota-se a testemunha não prestou serviços para o Mercado Pago, apenas para a Juntos Somos. E mais, o autor afirmou que foi informado que não ocorria atendimentos porque não havia fila. No que se refere aos demais episódios apontados na inicial, o depoimento pessoal isolado do autor, sem qualquer outro elemento nos autos que a ele se agregue, não é suficiente para sustentar a tese que com ele pretende se defender. Assim, diante do que restou analisado, ratifica-se a conclusão do MM. Magistrado Sentenciante apenas quanto ao fato de que o supervisor ia atrás do reclamante quando do uso do banheiro para verificar se este estava portando celular, o que demonstra abuso na tarefa de cobrar melhor rendimento por parte do empregador. Tem-se, pois, como configurada a conduta patronal ilegítima da ré, ilícito que provocou dano moral inequívoco ao autor passível de reparação. Quanto à indenização, considerando o fato apontado, reputa-se adequada a indenização no valor de R$ 1.000,00, suficiente não só para que a empresa tenha consciência da conduta - com o que se alcança o efeito pedagógico da reparação - mas para que também o autor se veja compensado da agressão moral a que foi submetido. REFORMA-SE. III - DISPOSITIVO Presidiu o julgamento a Excelentíssima Senhora Desembargadora Tania Bizarro Quirino de Morais. Tomaram parte no julgamento os Excelentíssimos Senhores Magistrados Federais do Trabalho Jorge Eduardo Assad (Relator), Benedito Valentini (2º votante) e Soraya Galassi Lambert. Votação: unânime. Isto posto, nos termos da fundamentação supra, ora integrada ao presente dispositivo para todos os efeitos, Acordam os magistrados da 12ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da Segunda Região em: I - CONHECER dos recursos interpostos; II - NEGAR PROVIMENTO ao recurso do reclamante; III - DAR PROVIMENTO PARCIAL ao recurso da primeira reclamada, para reduzir a indenização por danos morais para R$ 1.000,00. Custas calculadas sobre o valor da condenação, ora fixada em R$ 1.000,00, no importe de R$ 20,00, a cargo da parte reclamada. Atentem as partes para o não cabimento de embargos declaratórios com intuito de rever provas, fatos ou a própria decisão. Quando ausentes os pressupostos autorizadores, como previsto nos incisos do artigo 1.022 do CPC, estarão sujeitas à aplicação do parágrafo segundo do artigo 1.026, bem como à disciplina dos arts. 77, II; 79 a 80 e 81, § 1º do mesmo Diploma Legal. JORGE EDUARDO ASSAD Juiz Relator cad03/log VOTOS SAO PAULO/SP, 18 de julho de 2025. ADRIANO PARAISO DE ALMEIDA Diretor de Secretaria Intimado(s) / Citado(s) - MERCADOPAGO.COM REPRESENTACOES LTDA.

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Processo nº 1002103-29.2025.8.26.0505

ID: 304427913

Tribunal: TJSP Órgão: Foro de Ribeirão Pires - 1ª Vara Classe: REINTEGRAçãO / MANUTENçãO DE POSSE Nº Processo: 1002103-29.2025.8.26.0505

Data de Disponibilização: 23/06/2025

Polo Ativo:

JOSé RODRIGUES DE ALMEIDA ME

Polo Passivo:

Intimação

Advogados:

MÁRCIO ROGÉRIO DE OLIVEIRA ARAUJO

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

Processo 1002103-29.2025.8.26.0505 - Reintegração / Manutenção de Posse - Práticas Abusivas - José Rodrigues de Almeida Me - Vistos, José Rodrigues de Almeida ME ingressou com Ação de Manutenção de P… Processo 1002103-29.2025.8.26.0505 - Reintegração / Manutenção de Posse - Práticas Abusivas - José Rodrigues de Almeida Me - Vistos, José Rodrigues de Almeida ME ingressou com Ação de Manutenção de Posse com Pedido de Tutela de Urgência em face da Prefeitura Municipal de Ribeirão Pires. A parte requerente alega que, em 2010, adquiriu uma área de 450 m² do Sr. Márcio Antônio Maciel, localizada na Avenida Francisco Monteiro, nº 3735, Bairro Itrapoá/Santa Luzia, Ribeirão Pires-SP. Em 30/06/2012, a sede da empresa foi transferida para o referido terreno. Desde então, a requerente tem exercido a posse de forma mansa e pacífica, com a instalação de serviços de água, esgoto e luz elétrica, além de explorar atividade econômica de terraplenagem, administração de obras e aluguel de máquinas e equipamentos. Aduz que a posse anterior, exercida pelo Sr. Márcio Antônio Maciel, remonta a 1997, comprovada por certidão da Secretaria de Finanças e Fiscalização da Prefeitura de Ribeirão Pires, que constava o nome do Sr. Márcio, a localização e metragem do terreno. Em 2003, o Sr. Márcio foi alvo de cobrança tributária (ISS) pelo fisco de Ribeirão Pires, referente à atividade de borracharia exercida no local. A requerente afirma que a área em questão, onde está localizada sua sede, abriga máquinas, oficina de reparo e manutenção de maquinário, e serve de moradia para seu representante. Sustenta que a posse, exercida por si e seus antecessores, totaliza 28 anos (1997 a 2025), de forma ininterrupta, sem contestação ou oposição. No dia 25 de maio de 2025, fiscais da Secretaria de Meio Ambiente, Habitação e Urbanismo da Prefeitura de Ribeirão Pires estiveram no local e aplicaram o auto de infração nº 01.577, determinando a retirada de máquinas e pertences da requerente e de seu representante no prazo de cinco dias, sob alegação de que a área pertence à prefeitura, e sob pena de sanções administrativas e judiciais. A requerente alega má-fé do poder público, que nunca se manifestou contra a posse, mesmo ciente da ocupação. Alega ainda que, desde 2015, detém a posse de uma área adjacente de 4.800 m², utilizada para guardar materiais recicláveis e zelada pela requerida devido ao descarte de lixo por terceiros. Requer, portanto, a manutenção da posse na área total de 4.800 m² ou, subsidiariamente, na área de 450 m², com a aplicação de multa por cada nova turbação. Juntou documentos às fls. 11/35. É o breve relatório. Fundamento e decido. Para a concessão da tutela de urgência, o artigo 300 do Código de Processo Civil exige a presença de elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo. Os documentos de fls. 14/35 indicam a probabilidade do direito da parte autora. A requerente demonstrou posse longeva e ininterrupta da área, desde a aquisição em 2010, e considerando a posse de seu antecessor, desde 1997. A posse do antecessor é corroborada por documentos emitidos pela própria Prefeitura de Ribeirão Pires, como a certidão de 1997 da Secretaria de Finanças e Fiscalização, que menciona o Sr. Márcio Antônio Maciel e o imóvel, e a cobrança tributária de ISS em 2003, referente à atividade exercida no local. Ademais, a requerente transferiu a sede de sua empresa para o terreno em 2012 e opera ali suas atividades comerciais, com infraestrutura própria e até moradia para seu representante. A presença de serviços públicos de água e luz elétrica no local igualmente reforça a posse mansa e pacífica exercida. A turbação, por sua vez, é manifesta e recente, datada de 25 de maio de 2025, quando fiscais da Secretaria de Meio Ambiente, Habitação e Urbanismo da Prefeitura de Ribeirão Pires aplicaram o auto de infração nº 01.577, exigindo a desocupação do imóvel no prazo de cinco dias, sob pena de sanções administrativas, e com ameaça explícita de retirada forçada. Tal ato, praticado por agentes públicos sem prévia discussão judicial da posse, configura ameaça à continuidade do exercício regular da posse da requerente. Há também urgência no pedido, porque é notório o perigo de dano, consistente na iminência da desocupação forçada e na paralisação das atividades comerciais da empresa, com as consequentes perdas financeiras e sociais, além do risco de sanções administrativas e judiciais, como multas, interdição e demolição administrativa, conforme o auto de infração. A demora na concessão da medida poderia tornar inócua a proteção possessória. Desta feita, a parte autora demonstrou a presença dos requisitos do artigo 561 do CPC, quais sejam: a posse, a turbação, a data da turbação e a continuidade da posse. Cabível, desta forma, o deferimento da liminar, com esteio no artigo 562 do CPC. Diante do exposto, DEFIRO a tutela de urgência. Determino que a parte ré se abstenha de praticar qualquer ato que possa turbar ou esbulhar a posse da requerente JOSÉ RODRIGUES DE ALMEIDA ME sobre o imóvel localizado na AVENIDA FRANCISCO MONTEIRO, Nº 3735, Bairro: Itrapoá/Santa Luzia, Município: RIBEIRÃO PIRES- SP, bem como sobre a área adjacente de 4.800 m² alegadamente sob sua posse, até ulterior decisão judicial. Fixo multa diária no valor de R$ 1.000,00 (mil reais) pelo descumprimento, limitada à R$ 20.000,00 (vinte mil reais), com fulcro no artigo 555, parágrafo único, inciso I, do CPC. INTIME-SE da tutela de urgência concedida e CITE-SE a parte Ré para contestar o feito no prazo de 15 (quinze) dias. A ausência da contestação implicará revelia e presunção da veracidade da matéria fática apresentada na petição inicial. A presente citação é acompanhada de senha para acesso ao processo digital, que contém a íntegra da petição inicial e dos documentos. Tratando-se de processo eletrônico, em prestígio às regras fundamentais dos artigos 4º e 6º do CPC, fica vedado o exercício da faculdade prevista no artigo 340 do CPC. Diante das especificidades da causa e de modo a adequar o rito processual às necessidades do conflito, deixo para momento oportuno a análise da conveniência da audiência de conciliação (CPC, art. 139, VI e Enunciado n. 35 da ENFAM). Servirá a presente decisão como mandado de manutenção de posse. Intime-se. - ADV: MÁRCIO ROGÉRIO DE OLIVEIRA ARAUJO (OAB 428446/SP)

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Processo nº 1002103-29.2025.8.26.0505

ID: 304427914

Tribunal: TJSP Órgão: Foro de Ribeirão Pires - 1ª Vara Classe: REINTEGRAçãO / MANUTENçãO DE POSSE Nº Processo: 1002103-29.2025.8.26.0505

Data de Disponibilização: 23/06/2025

Polo Ativo:

JOSé RODRIGUES DE ALMEIDA ME

Polo Passivo:

Intimação

Advogados:

MÁRCIO ROGÉRIO DE OLIVEIRA ARAUJO

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

Processo 1002103-29.2025.8.26.0505 - Reintegração / Manutenção de Posse - Práticas Abusivas - José Rodrigues de Almeida Me - Vistos, José Rodrigues de Almeida ME ingressou com Ação de Manutenção de P… Processo 1002103-29.2025.8.26.0505 - Reintegração / Manutenção de Posse - Práticas Abusivas - José Rodrigues de Almeida Me - Vistos, José Rodrigues de Almeida ME ingressou com Ação de Manutenção de Posse com Pedido de Tutela de Urgência em face da Prefeitura Municipal de Ribeirão Pires. A parte requerente alega que, em 2010, adquiriu uma área de 450 m² do Sr. Márcio Antônio Maciel, localizada na Avenida Francisco Monteiro, nº 3735, Bairro Itrapoá/Santa Luzia, Ribeirão Pires-SP. Em 30/06/2012, a sede da empresa foi transferida para o referido terreno. Desde então, a requerente tem exercido a posse de forma mansa e pacífica, com a instalação de serviços de água, esgoto e luz elétrica, além de explorar atividade econômica de terraplenagem, administração de obras e aluguel de máquinas e equipamentos. Aduz que a posse anterior, exercida pelo Sr. Márcio Antônio Maciel, remonta a 1997, comprovada por certidão da Secretaria de Finanças e Fiscalização da Prefeitura de Ribeirão Pires, que constava o nome do Sr. Márcio, a localização e metragem do terreno. Em 2003, o Sr. Márcio foi alvo de cobrança tributária (ISS) pelo fisco de Ribeirão Pires, referente à atividade de borracharia exercida no local. A requerente afirma que a área em questão, onde está localizada sua sede, abriga máquinas, oficina de reparo e manutenção de maquinário, e serve de moradia para seu representante. Sustenta que a posse, exercida por si e seus antecessores, totaliza 28 anos (1997 a 2025), de forma ininterrupta, sem contestação ou oposição. No dia 25 de maio de 2025, fiscais da Secretaria de Meio Ambiente, Habitação e Urbanismo da Prefeitura de Ribeirão Pires estiveram no local e aplicaram o auto de infração nº 01.577, determinando a retirada de máquinas e pertences da requerente e de seu representante no prazo de cinco dias, sob alegação de que a área pertence à prefeitura, e sob pena de sanções administrativas e judiciais. A requerente alega má-fé do poder público, que nunca se manifestou contra a posse, mesmo ciente da ocupação. Alega ainda que, desde 2015, detém a posse de uma área adjacente de 4.800 m², utilizada para guardar materiais recicláveis e zelada pela requerida devido ao descarte de lixo por terceiros. Requer, portanto, a manutenção da posse na área total de 4.800 m² ou, subsidiariamente, na área de 450 m², com a aplicação de multa por cada nova turbação. Juntou documentos às fls. 11/35. É o breve relatório. Fundamento e decido. Para a concessão da tutela de urgência, o artigo 300 do Código de Processo Civil exige a presença de elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo. Os documentos de fls. 14/35 indicam a probabilidade do direito da parte autora. A requerente demonstrou posse longeva e ininterrupta da área, desde a aquisição em 2010, e considerando a posse de seu antecessor, desde 1997. A posse do antecessor é corroborada por documentos emitidos pela própria Prefeitura de Ribeirão Pires, como a certidão de 1997 da Secretaria de Finanças e Fiscalização, que menciona o Sr. Márcio Antônio Maciel e o imóvel, e a cobrança tributária de ISS em 2003, referente à atividade exercida no local. Ademais, a requerente transferiu a sede de sua empresa para o terreno em 2012 e opera ali suas atividades comerciais, com infraestrutura própria e até moradia para seu representante. A presença de serviços públicos de água e luz elétrica no local igualmente reforça a posse mansa e pacífica exercida. A turbação, por sua vez, é manifesta e recente, datada de 25 de maio de 2025, quando fiscais da Secretaria de Meio Ambiente, Habitação e Urbanismo da Prefeitura de Ribeirão Pires aplicaram o auto de infração nº 01.577, exigindo a desocupação do imóvel no prazo de cinco dias, sob pena de sanções administrativas, e com ameaça explícita de retirada forçada. Tal ato, praticado por agentes públicos sem prévia discussão judicial da posse, configura ameaça à continuidade do exercício regular da posse da requerente. Há também urgência no pedido, porque é notório o perigo de dano, consistente na iminência da desocupação forçada e na paralisação das atividades comerciais da empresa, com as consequentes perdas financeiras e sociais, além do risco de sanções administrativas e judiciais, como multas, interdição e demolição administrativa, conforme o auto de infração. A demora na concessão da medida poderia tornar inócua a proteção possessória. Desta feita, a parte autora demonstrou a presença dos requisitos do artigo 561 do CPC, quais sejam: a posse, a turbação, a data da turbação e a continuidade da posse. Cabível, desta forma, o deferimento da liminar, com esteio no artigo 562 do CPC. Diante do exposto, DEFIRO a tutela de urgência. Determino que a parte ré se abstenha de praticar qualquer ato que possa turbar ou esbulhar a posse da requerente JOSÉ RODRIGUES DE ALMEIDA ME sobre o imóvel localizado na AVENIDA FRANCISCO MONTEIRO, Nº 3735, Bairro: Itrapoá/Santa Luzia, Município: RIBEIRÃO PIRES- SP, bem como sobre a área adjacente de 4.800 m² alegadamente sob sua posse, até ulterior decisão judicial. Fixo multa diária no valor de R$ 1.000,00 (mil reais) pelo descumprimento, limitada à R$ 20.000,00 (vinte mil reais), com fulcro no artigo 555, parágrafo único, inciso I, do CPC. INTIME-SE da tutela de urgência concedida e CITE-SE a parte Ré para contestar o feito no prazo de 15 (quinze) dias. A ausência da contestação implicará revelia e presunção da veracidade da matéria fática apresentada na petição inicial. A presente citação é acompanhada de senha para acesso ao processo digital, que contém a íntegra da petição inicial e dos documentos. Tratando-se de processo eletrônico, em prestígio às regras fundamentais dos artigos 4º e 6º do CPC, fica vedado o exercício da faculdade prevista no artigo 340 do CPC. Diante das especificidades da causa e de modo a adequar o rito processual às necessidades do conflito, deixo para momento oportuno a análise da conveniência da audiência de conciliação (CPC, art. 139, VI e Enunciado n. 35 da ENFAM). Servirá a presente decisão como mandado de manutenção de posse. Intime-se. - ADV: MÁRCIO ROGÉRIO DE OLIVEIRA ARAUJO (OAB 428446/SP)

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