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"0011036-77.2024.5.03.0167" - Resultados da Busca – Página 75 de 85

Vinicius Silva Milagres x Banco Bradesco S.A.

ID: 277412638

Tribunal: TRT3 Órgão: Vara do Trabalho de Ponte Nova Classe: AçãO TRABALHISTA - RITO ORDINáRIO Nº Processo: 0011036-65.2024.5.03.0074

Data de Disponibilização: 23/05/2025

Polo Ativo:

VINICIUS SILVA MILAGRES

Polo Passivo:

BANCO BRADESCO S.A.

Notificação

Advogados:

VIDAL RIBEIRO PONCANO

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

NASSER AHMAD ALLAN

OAB/MG XXXXXX Desbloquear

HUMBERTO MARCIAL FONSECA

OAB/MG XXXXXX Desbloquear

PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 3ª REGIÃO VARA DO TRABALHO DE PONTE NOVA 0011036-65.2024.5.03.0074 : VINICIUS SILVA MILAGRES : BANCO BRADESCO S.A. INTIMA… PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 3ª REGIÃO VARA DO TRABALHO DE PONTE NOVA 0011036-65.2024.5.03.0074 : VINICIUS SILVA MILAGRES : BANCO BRADESCO S.A. INTIMAÇÃO Fica V. Sa. intimado para tomar ciência da Sentença ID e481ce3 proferida nos autos. SENTENÇA I - RELATÓRIO VINÍCIUS SILVA MILAGRES, devidamente qualificado, propôs a presente ação trabalhista em face de BANCO BRADESCO S.A., também qualificado, alegando, em síntese, que: foi admitido em 04/05/2007, para exercer a função de escriturário, estando seu contrato de trabalho ainda ativo. Pleiteia indenização por danos morais em decorrência de atos antissindicais praticados pela parte ré. Diante de tais alegações, formulou os pedidos da exordial. Atribuiu à causa o valor de R$100.000,00. Juntou documentos e procuração. Audiência inicial, conciliação proposta e recusada. O reclamado apresentou defesa escrita, acompanhada de documentos (ID. d7f9321). O réu rebateu suscitou a inépcia da inicial, arguiu prescrição quinquenal e pugnou pela improcedência de todos os pedidos formulados na exordial. Impugnação à defesa, v. ID. 9a6bbc0. Na audiência de instrução, foram colhidos os depoimentos das partes e ouvida uma testemunha a rogo do autor, v. ID. 011f4b4. Sem mais provas, foi encerrada a instrução processual, com razões finais orais remissivas pelas partes. Conciliação final rejeitada. Decido. II – FUNDAMENTAÇÃO INÉPCIA DA INICIAL É certo que a petição inicial atendeu aos requisitos estampados no art. 840, §1º, da CLT, haja vista que declinou, de forma adequada, os fundamentos fáticos e jurídicos para os referidos pedidos. Importante reconhecer, ainda, que a forma como posta a inicial não inibiu a parte reclamada de apresentar sua contestação, quanto aos aspectos alegados, restando preservado o direito à ampla defesa e ao contraditório. Diante do exposto, concluo que não há falar em inépcia da petição inicial, pelos motivos alegados pela ré, razão pela qual rejeito a preliminar. LIMITAÇÃO DA CONDENAÇÃO AOS VALORES ATRIBUÍDOS AOS PEDIDOS Os valores atribuídos à causa ou aos pedidos no rol da petição inicial têm caráter meramente estimativo e, portanto, não limitam o valor da condenação, que deve ser apurado em liquidação de sentença (art. 12, §2º, da Instrução Normativa nº 41/2018 do C. TST). Rejeito. PRESCRIÇÃO QUINQUENAL Arguida a tempo e modo, pronuncio a prescrição das parcelas anteriores a 27/09/2019, nos termos do art. 7º, inciso XXIX, da Constituição da República, uma vez que a presente ação foi ajuizada em 27/09/2024. Consequentemente, julgo extinto o processo, com resolução do mérito, em relação às pretensões condenatórias anteriores a 27/09/2019, com fulcro no art. 487, inciso II, do CPC, inclusive FGTS, que apenas foi pleiteado como reflexos de outras verbas (Súmula 206 do TST). Ressalvam-se, contudo, as pretensões meramente declaratórias, por não se sujeitarem ao prazo prescricional (art. 11, §1º, da CLT). ATOS ANTISSINDICAIS A parte autora, na exordial, alega que foi admitida em 04/05/2007, exercendo a função de escriturário e, em 2012, mudou para a função de gerente PA, mantendo seu contrato de trabalho ativo até a presente data. Diz que, em maio de 2016, passou a exercer mandato de dirigente sindical e, desde então, foi preterido pelo reclamado em promoções e possibilidades de ascensão na carreira, enquanto outros empregados foram promovidos, configurando discriminação e atos antissindicais. O autor requer indenização por danos morais, em razão da conduta discriminatória perpetrada pelo réu por mais de 10 anos. Em contestação, o réu refuta a alegação de atos antissindicais, argumentando que a promoção depende do mérito e do desempenho do empregado, e que o reclamante não comprovou a alegada preterição por motivo de atuação sindical. O reclamado alega que o reclamante não apresentou provas robustas para sustentar suas alegações de discriminação e preterição em promoções, e que os valores pleiteados a título de dano moral são exorbitantes e desproporcionais aos fatos alegados, propondo um valor indenizatório de R$ 1.000,00 em eventual condenação. Examino. A liberdade de associação e sindicalização representa um direito fundamental no Brasil, assegurado pela Constituição Federal (artigo 8º). Tal direito é muito importante para que os trabalhadores possam buscar coletivamente a defesa de seus interesses e a melhoria de suas condições de trabalho. Os atos antissindicais são definidos como ações que têm por finalidade prejudicar, dificultar ou impedir, de alguma forma, a organização, a administração, a ação sindical, o direito de sindicalização e a negociação coletiva. Eles podem ser praticados por empregadores, por tomadores de serviços, pelo próprio Estado ou por terceiros, sempre visando prejudicar as atividades sindicais. Ocorrem atos antissindicais quando há punição ou demissão de trabalhadores participantes de greves; discriminação contra membros de sindicatos (com tratamento diferenciado em relação a promoções, aumentos salariais ou concessão de benefícios, prejudicando os trabalhadores filiados em comparação com os não sindicalizados); ameaças ou intimidações; criação de obstáculos à participação em assembleias sindicais; propagação de temor de demissões durante negociações; estímulo à desfiliação sindical; interferência no exercício do direito de oposição à contribuição sindical; perseguição contra dirigentes sindicais (assédio moral, discriminação e outras ações que visam a prejudicar o líder sindical em sua vida profissional); demissões discriminatórias de dirigentes sindicais; recusa à negociação coletiva; utilização de meios de comunicação para ataques e ofensas ao sindicato; dentre diversos outros exemplos. A proteção contra atos antissindicais encontra fundamento na Constituição Federal, em seu artigo 8º, que garante a liberdade de associação profissional ou sindical, representando a base para a proteção dos direitos sindicais. No artigo 543, caput e §6º, da CLT, encontra-se o princípio da vedação à discriminação ao dirigente sindical, verbis: “O empregado eleito para cargo de administração sindical ou representação profissional, inclusive junto a órgão de deliberação coletiva, não poderá ser impedido do exercício de suas funções, nem transferido para lugar ou mister que lhe dificulte ou torne impossível o desempenho das suas atribuições sindicais”. (...) § 6º - A empresa que, por qualquer modo, procurar impedir que o empregado se associe a Sindicato, organize associação profissional ou sindical ou exerça os direitos inerentes à condição de sindicalizado fica sujeita à penalidade prevista na letra a do art. 553, sem prejuízo da reparação a que tiver direito o empregado". O artigo 1º da Lei 9.029/95 prevê sobre a vedação à prática discriminatória na admissão, manutenção e na dispensa de empregados, verbis: “É proibida a adoção de qualquer prática discriminatória e limitativa para efeito de acesso à relação de trabalho, ou de sua manutenção, por motivo de sexo, origem, raça, cor, estado civil, situação familiar, deficiência, reabilitação profissional, idade, entre outros, ressalvadas, nesse caso, as hipóteses de proteção à criança e ao adolescente previstas no inciso XXXIII do art. 7o da Constituição Federal”. Ademais, o Brasil é signatário de diversas convenções internacionais da Organização Internacional do Trabalho (OIT) que tratam da liberdade sindical e da negociação coletiva. A Convenção nº 98 da OIT, em particular, é fundamental para a proteção contra atos de discriminação antissindical e atos de ingerência dos empregadores nas organizações de trabalhadores. Ainda, convém destacar o artigo 1º da Convenção 135 da OIT, verbis: “Os representantes dos trabalhadores na empresa devem ser beneficiados com uma proteção eficiente contra quaisquer medidas que poderiam vir a prejudicá-los, inclusive o licenciamento, e que seriam motivadas por sua qualidade ou suas atividades como representantes dos trabalhadores sua filiação sindical, ou participação em atividades sindicais, conquanto ajam de acordo com as leis, convenções coletivas ou outros arranjos convencionais vigorando". Pois bem. Para que se possa falar em reparação por dano moral, deverão estar presentes os requisitos essenciais dessa forma de obrigação, previstos no ordenamento jurídico brasileiro, quais sejam: o erro de conduta do agente, revelado por um comportamento contrário ao direito, a ofensa a um bem jurídico específico do postulante e, por fim, a relação de causalidade entre a conduta antijurídica e o dano causado. Sem eles, ou sem a demonstração de qualquer um deles, não se pode falar em obrigação correspondente a essa pretendida reparação. Para demonstrar a ocorrência do ato antissindical, o autor tem o encargo de provar o dolo ou a culpa do empregador e o nexo de causalidade entre o ato por ele praticado e a participação do trabalhador em atividade sindical (art. 818, I, CLT), almejando prejudicar a atuação do trabalhador em prol da organização sindical. A prova oral revelou, v. Id. 011f4b4, verbis: “trabalha no reclamado desde 04/05/2007, sendo dirigente sindical desde maio de 2016; foi admitido como escriturário, tendo sido promovido para caixa em janeiro de 2008, para supervisor administrativo em 2011 e gerente de PA em fevereiro de 2012; depois de fevereiro de 2012 não foi mais indicado para promoção; já participou ativamente de greve no reclamado; não tem feito cursos treinet regularmente, exceto os obrigatórios; voltou a trabalhar em agência em 2020, quando seu PA fechou; em 2024 lhe foi ofertado para transferir para Teixeiras para ajudar o gerente de lá e, ao perguntar se teria aumento, foi dito que não por ser dirigente sindical" (depoimento pessoal da parte autora). "o cargo atual do reclamante é gerente de PA; o reclamante é dirigente sindical desde 2016; o reclamante não teve nenhuma promoção após 2016; não há nenhuma relação entre o fato do reclamante ser dirigente sindical e a ausência de promoção; a promoção dentro do banco é por entrega de resultados e meritocracia; o reclamante não tem avaliação necessária para ter promoção; o banco tem relatórios para acompanhar os empregados; o cargo de gerente de pessoa jurídica, dependendo da carteira, pode ser considerado superior ao cargo de gerente de PA, o mesmo ocorrendo com o cargo de gerente comercial; o gerente comercial a agência do reclamante é a Sra. Cristiana, que não é dirigente sindical; a Sra. Cristiana foi gerente de PA; quando o PA da Sra. Cristiana encerrou ela voltou para a agência e como havia vaga foi promovida a gerente comercial, após ter ficado um ano e meio como gerente de PA; a Sra. Cristiana tinha resultados melhores que o reclamante; a Sra. Sheila também é dirigente sindical e trabalha na mesma agência que o reclamante, como caixa; a Sra. Sheila nunca foi promovida enquanto dirigente sindical; já viu dirigentes sindicais sendo promovidos no banco, como, por exemplo, Sr. Gutemar, que trabalha atualmente na agência e Uberlândia, Centro" (depoimento pessoal do preposto da parte ré). "trabalha para o reclamado desde março de 1992, atualmente como gerente comercial; já foi gerente geral de agência de 2007 até 2016; em 2016, após ser eleito dirigente sindical, foi rebaixado pelo banco a gerente comercial, tendo recebido uma carta do banco; trabalhou com o reclamante por menos de um ano até 2007; em 2016, na época da eleição, um gerente regional, de nome Ubirajara, aconselhou o depoente a desistir da eleição, mas o mesmo não desistiu; na agência do depoente há outros empregados que são dirigentes sindicais, como as senhoras Eliana, Elizeth, Sandra, Sr. José Guido e Sr. Edson, sendo que nenhum deles foi promovido após ocuparem cargo de dirigente sindical" (primeira testemunha do reclamante: Marco Antônio Tudesco Chamhun - grifei). Como visto, a testemunha ouvida em juízo declarou que foi rebaixado de função após ter se tornado dirigente sindical, tendo um gerente regional do banco réu, de nome Ubirajara, o aconselhado a desistir da eleição, mas ele não desistiu. O depoimento da testemunha, prestado de forma firme e contundente, comprova o ato de retaliação do banco contra dirigentes sindicais. Outrossim, o réu não provou nos autos que o reclamante tenha baixo desempenho funcional ou comportamentos suscetíveis de punições ao longo de sua longa carreira no banco (18 anos), que pudessem impedir sua ascensão na carreira, ônus que lhe incumbia (art. 818, II, CLT). É certo que o poder diretivo do empregador é limitado pelos princípios da não discriminação, da dignidade da pessoa humana, do valor social do trabalho, entre outros. Assim, estagnar o crescimento profissional e salarial do autor, sem motivo objetivo comprovado nos autos, extrapola os limites do poder do empregador. Nessa esteira, convém trazer à baila os seguintes julgados: “CONDUTA ANTISSINDICAL. ESTAGNAÇÃO FUNCIONAL. A Constituição da República de 1988 assegura, no artigo 8º, a liberdade de associação profissional ou sindical, a qual compreende não apenas o direito de constituir sindicato e de nele ingressar ou dele retirar-se, mas também o exercício das atividades sindicais, em sentido amplo. O exercício desse direito subjetivo de forma eficaz é assegurado pelos ordenamentos jurídicos que, em geral, proíbem os atos antissindicais. O principal valor protegido é a liberdade sindical, exposta a vários tipos de lesão, de modo que inúmeros são os comportamentos suscetíveis de enquadramento como antissindicais. Estabelecidas essas premissas, pratica conduta antissindical a empresa que impõe a estagnação funcional ao empregado, simplesmente pelo fato de este desempenhar mandato de dirigente sindical." (TRT da 3.ª Região; PJe: 0010641-55.2023.5.03.0059 (AP); Disponibilização: 28/02/2024, DEJT/TRT3/Cad.Jud, Página 2002; Órgão Julgador: Setima Turma; Relator(a)/Redator(a) Cristiana M. Valadares Fenelon). "DANO MORAL. CONDUTA ANTISSINDICAL. CONFIGURAÇÃO. Evidenciada nos autos conduta antissindical por parte do reclamado, que dolosamente impôs a estagnação funcional do reclamante, em razão do mero exercício de mandato sindical, deve ser confirmada a condenação ao pagamento da indenização por danos morais" (TRT da 3.ª Região; PJe: 0010654-20.2023.5.03.0135 (ROT); Disponibilização: 28/02/2024, DEJT/TRT3/Cad.Jud, Página 2417; Órgão Julgador: Decima Primeira Turma; Relator(a)/Redator(a) Juliana Vignoli Cordeiro). “RESPONSABILIDADE CIVIL. ASSÉDIO MORAL. CONDUTA DISCRIMINATÓRIA. EMPREGADO OCUPANTE DE CARGO NA ENTIDADE DE CLASSE. ESTAGNAÇÃO FUNCIONAL. ATO ANTISSINDICAL. INDENIZAÇÃO DEVIDA. 1. O assédio moral, que se enquadra em uma das espécies de dano moral, consiste na prática reiterada de conduta abusiva, pelo empregador, diretamente ou por meio de seus prepostos ou empregados, que traduz uma atitude ostensiva de perseguição ao empregado, repetindo-se no tempo, de tal modo que possa acarretar danos importantes às condições físicas e psíquicas, afetando a sua autoestima. 2. Para restar caracterizado o assédio moral, portanto, imprescindível que a conduta ilícita dirigida ao empregado de forma ostensiva seja praticada diversas vezes, prolongando-se no tempo. Além disso, o assédio moral, no ambiente de trabalho, deve ser analisado sob o prisma do conteúdo subordinado da relação jurídica de emprego, porquanto o empregado encontra-se "naturalmente tolhido" em face de eventual conduta abusiva do empregador. 3. No caso presente, o Tribunal Regional registra que "resta nítida a conduta persecutória da empresa, traduzida na transferência dos empregados estáveis para um mesmo setor, onde estavam sujeitos à viagens constantes, na coação dos demais integrantes da equipe para que mantivessem esses empregados fora do seu convívio social até mesmo nas relações estabelecidas fora do ambiente de trabalho" e que "Igualmente restou comprovada a estagnação funcional imotivada a justificar a condenação reparatória" . 4. Com efeito, a prática relatada com detalhes no acórdão recorrido, caracterizada por atos de retaliação empresarial em razão de o reclamante ocupar cargo na estrutura dos órgãos de representação profissional, acarreta a supressão da liberdade sindical do empregado e configura descumprimento dos deveres do empregador, dentre eles o de zelar pela segurança, bem-estar e dignidade do empregado no ambiente de trabalho. 5. O fato de o empregador exercer de forma abusiva seu poder diretivo - art. 2º da CLT -, com a utilização de práticas degradantes de que é vítima o trabalhador, implica violação dos direitos de personalidade, constitucionalmente consagrados (art. 1º, III). A afronta à dignidade da pessoa humana, aliada ao abuso do poder diretivo do empregador, enseja a condenação ao pagamento de compensação por dano moral. Agravo de instrumento conhecido e não provido, nos temas" (RR-132005-10.2015.5.13.0022, 1ª Turma, Relator Ministro Hugo Carlos Scheuermann, DEJT 14/08/2023)”. Por todo o exposto, vê-se que o autor provou a retaliação praticada pelo réu em seu desfavor, decorrente do seu exercício sindical, causando-lhe a estagnação na carreira. Nesse cenário, evidenciados os requisitos do art. 186 do Código Civil Brasileiro (dano, culpa do agente e nexo de causalidade entre o ato praticado e o dano ocorrido), exsurge o direito do reclamante à reparação pelo prejuízo suportado. Tocante ao quantum indenizatório, este deve atender à dupla finalidade de compensar o prejuízo sofrido pela vítima e desestimular a reiteração da conduta lesiva. Considerando-se a extensão do dano, a gravidade da conduta do empregador, as condições socioeconômicas das partes, a vedação ao enriquecimento ilícito e o caráter pedagógico da medida, arbitro o valor da indenização por dano moral em R$50.000,00 (cinquenta mil reais). Dessa de par com o exposto, julgo procedente, em parte, o pedido sob análise, condenando o reclamado ao pagamento de indenização por danos morais no valor de R$50.000,00 (cinquenta mil reais), quantia que se mostra justa, proporcional e adequado às circunstâncias do caso. JUSTIÇA GRATUITA Nos termos do art. 2º da Portaria Interministerial MTP/ME nº 02, de 11 de janeiro de 2024, vigente no momento da distribuição da ação, o limite máximo dos benefícios do RGPS era de R$ 7.786,02. O contracheque do mês de agosto de 2024 evidencia o salário de R$5.762,84 em (v. págs. 35 do PDF). Assim, o salário do autor ultrapassa o percentual de 40% do limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social, razão pela qual indefiro os benefícios da justiça à parte reclamante, na forma do art. 790, §3º, da CLT. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS/ÔNUS DA SUCUMBÊNCIA Considerando os critérios previstos no art. 791-A, 2º, da CLT, arbitro os honorários advocatícios em favor dos patronos da parte reclamante em 5% sobre o valor de liquidação da sentença, devidos pela reclamada. Sem pedido pecuniário julgado inteiramente improcedente, não há verba honorária em benefício dos advogados do reclamado. JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA Considerando o decidido pelo Supremo Tribunal Federal na análise conjunta das referidas ADC’s e ADI’s 5867 e 6021, tocante ao dano moral, tenho por superado o entendimento jurisprudencial contido na Súmula 439 do c. TST, pelo que a indenização por danos morais deve ser corrigida monetariamente, a partir do ajuizamento da ação, com base na variação da taxa SELIC, a qual já engloba correção monetária e juros moratórios. IMPOSTO DE RENDA E CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS Não haverá contribuições previdenciárias nem fiscais, pois a parcela objeto da presente condenação possui natureza indenizatória, nos termos do § 3º, do artigo 832, da CLT. III - DISPOSITIVO Pelos motivos expostos na fundamentação, que integram o presente decisum, na ação trabalhista movida por VINÍCIUS SILVA MILAGRES em face de BANCO BRADESCO S.A. decido julgar PROCEDENTES, em parte, os pedidos formulados na exordial, para condenar o reclamado a pagar ao reclamante, em oito dias, a seguinte parcela: indenização por dano moral de R$50.000,00 (cinquenta mil reais). O valor da parcela deferida será apurado em liquidação de sentença, observadas as diretrizes e os limites da fundamentação, parte integrante desse dispositivo. Indeferidos os benefícios da justiça gratuita à parte autora. Honorários advocatícios sucumbenciais nos termos da fundamentação. Custas, pela parte reclamada, no importe de R$1.000,00, calculadas sobre R$50.000,00, valor arbitrado à condenação. Dispensada a intimação da União (Portaria Normativa PGF/AGU nº 47/2023). Intimem-se as partes. Nada mais. PONTE NOVA/MG, 22 de maio de 2025. ÉZIO MARTINS CABRAL JÚNIOR Juiz Titular de Vara do Trabalho Intimado(s) / Citado(s) - VINICIUS SILVA MILAGRES

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Vinicius Silva Milagres x Banco Bradesco S.A.

ID: 277412645

Tribunal: TRT3 Órgão: Vara do Trabalho de Ponte Nova Classe: AçãO TRABALHISTA - RITO ORDINáRIO Nº Processo: 0011036-65.2024.5.03.0074

Data de Disponibilização: 23/05/2025

Polo Ativo:

VINICIUS SILVA MILAGRES

Polo Passivo:

BANCO BRADESCO S.A.

Notificação

Advogados:

VIDAL RIBEIRO PONCANO

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NASSER AHMAD ALLAN

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HUMBERTO MARCIAL FONSECA

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PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 3ª REGIÃO VARA DO TRABALHO DE PONTE NOVA 0011036-65.2024.5.03.0074 : VINICIUS SILVA MILAGRES : BANCO BRADESCO S.A. INTIMA… PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 3ª REGIÃO VARA DO TRABALHO DE PONTE NOVA 0011036-65.2024.5.03.0074 : VINICIUS SILVA MILAGRES : BANCO BRADESCO S.A. INTIMAÇÃO Fica V. Sa. intimado para tomar ciência da Sentença ID e481ce3 proferida nos autos. SENTENÇA I - RELATÓRIO VINÍCIUS SILVA MILAGRES, devidamente qualificado, propôs a presente ação trabalhista em face de BANCO BRADESCO S.A., também qualificado, alegando, em síntese, que: foi admitido em 04/05/2007, para exercer a função de escriturário, estando seu contrato de trabalho ainda ativo. Pleiteia indenização por danos morais em decorrência de atos antissindicais praticados pela parte ré. Diante de tais alegações, formulou os pedidos da exordial. Atribuiu à causa o valor de R$100.000,00. Juntou documentos e procuração. Audiência inicial, conciliação proposta e recusada. O reclamado apresentou defesa escrita, acompanhada de documentos (ID. d7f9321). O réu rebateu suscitou a inépcia da inicial, arguiu prescrição quinquenal e pugnou pela improcedência de todos os pedidos formulados na exordial. Impugnação à defesa, v. ID. 9a6bbc0. Na audiência de instrução, foram colhidos os depoimentos das partes e ouvida uma testemunha a rogo do autor, v. ID. 011f4b4. Sem mais provas, foi encerrada a instrução processual, com razões finais orais remissivas pelas partes. Conciliação final rejeitada. Decido. II – FUNDAMENTAÇÃO INÉPCIA DA INICIAL É certo que a petição inicial atendeu aos requisitos estampados no art. 840, §1º, da CLT, haja vista que declinou, de forma adequada, os fundamentos fáticos e jurídicos para os referidos pedidos. Importante reconhecer, ainda, que a forma como posta a inicial não inibiu a parte reclamada de apresentar sua contestação, quanto aos aspectos alegados, restando preservado o direito à ampla defesa e ao contraditório. Diante do exposto, concluo que não há falar em inépcia da petição inicial, pelos motivos alegados pela ré, razão pela qual rejeito a preliminar. LIMITAÇÃO DA CONDENAÇÃO AOS VALORES ATRIBUÍDOS AOS PEDIDOS Os valores atribuídos à causa ou aos pedidos no rol da petição inicial têm caráter meramente estimativo e, portanto, não limitam o valor da condenação, que deve ser apurado em liquidação de sentença (art. 12, §2º, da Instrução Normativa nº 41/2018 do C. TST). Rejeito. PRESCRIÇÃO QUINQUENAL Arguida a tempo e modo, pronuncio a prescrição das parcelas anteriores a 27/09/2019, nos termos do art. 7º, inciso XXIX, da Constituição da República, uma vez que a presente ação foi ajuizada em 27/09/2024. Consequentemente, julgo extinto o processo, com resolução do mérito, em relação às pretensões condenatórias anteriores a 27/09/2019, com fulcro no art. 487, inciso II, do CPC, inclusive FGTS, que apenas foi pleiteado como reflexos de outras verbas (Súmula 206 do TST). Ressalvam-se, contudo, as pretensões meramente declaratórias, por não se sujeitarem ao prazo prescricional (art. 11, §1º, da CLT). ATOS ANTISSINDICAIS A parte autora, na exordial, alega que foi admitida em 04/05/2007, exercendo a função de escriturário e, em 2012, mudou para a função de gerente PA, mantendo seu contrato de trabalho ativo até a presente data. Diz que, em maio de 2016, passou a exercer mandato de dirigente sindical e, desde então, foi preterido pelo reclamado em promoções e possibilidades de ascensão na carreira, enquanto outros empregados foram promovidos, configurando discriminação e atos antissindicais. O autor requer indenização por danos morais, em razão da conduta discriminatória perpetrada pelo réu por mais de 10 anos. Em contestação, o réu refuta a alegação de atos antissindicais, argumentando que a promoção depende do mérito e do desempenho do empregado, e que o reclamante não comprovou a alegada preterição por motivo de atuação sindical. O reclamado alega que o reclamante não apresentou provas robustas para sustentar suas alegações de discriminação e preterição em promoções, e que os valores pleiteados a título de dano moral são exorbitantes e desproporcionais aos fatos alegados, propondo um valor indenizatório de R$ 1.000,00 em eventual condenação. Examino. A liberdade de associação e sindicalização representa um direito fundamental no Brasil, assegurado pela Constituição Federal (artigo 8º). Tal direito é muito importante para que os trabalhadores possam buscar coletivamente a defesa de seus interesses e a melhoria de suas condições de trabalho. Os atos antissindicais são definidos como ações que têm por finalidade prejudicar, dificultar ou impedir, de alguma forma, a organização, a administração, a ação sindical, o direito de sindicalização e a negociação coletiva. Eles podem ser praticados por empregadores, por tomadores de serviços, pelo próprio Estado ou por terceiros, sempre visando prejudicar as atividades sindicais. Ocorrem atos antissindicais quando há punição ou demissão de trabalhadores participantes de greves; discriminação contra membros de sindicatos (com tratamento diferenciado em relação a promoções, aumentos salariais ou concessão de benefícios, prejudicando os trabalhadores filiados em comparação com os não sindicalizados); ameaças ou intimidações; criação de obstáculos à participação em assembleias sindicais; propagação de temor de demissões durante negociações; estímulo à desfiliação sindical; interferência no exercício do direito de oposição à contribuição sindical; perseguição contra dirigentes sindicais (assédio moral, discriminação e outras ações que visam a prejudicar o líder sindical em sua vida profissional); demissões discriminatórias de dirigentes sindicais; recusa à negociação coletiva; utilização de meios de comunicação para ataques e ofensas ao sindicato; dentre diversos outros exemplos. A proteção contra atos antissindicais encontra fundamento na Constituição Federal, em seu artigo 8º, que garante a liberdade de associação profissional ou sindical, representando a base para a proteção dos direitos sindicais. No artigo 543, caput e §6º, da CLT, encontra-se o princípio da vedação à discriminação ao dirigente sindical, verbis: “O empregado eleito para cargo de administração sindical ou representação profissional, inclusive junto a órgão de deliberação coletiva, não poderá ser impedido do exercício de suas funções, nem transferido para lugar ou mister que lhe dificulte ou torne impossível o desempenho das suas atribuições sindicais”. (...) § 6º - A empresa que, por qualquer modo, procurar impedir que o empregado se associe a Sindicato, organize associação profissional ou sindical ou exerça os direitos inerentes à condição de sindicalizado fica sujeita à penalidade prevista na letra a do art. 553, sem prejuízo da reparação a que tiver direito o empregado". O artigo 1º da Lei 9.029/95 prevê sobre a vedação à prática discriminatória na admissão, manutenção e na dispensa de empregados, verbis: “É proibida a adoção de qualquer prática discriminatória e limitativa para efeito de acesso à relação de trabalho, ou de sua manutenção, por motivo de sexo, origem, raça, cor, estado civil, situação familiar, deficiência, reabilitação profissional, idade, entre outros, ressalvadas, nesse caso, as hipóteses de proteção à criança e ao adolescente previstas no inciso XXXIII do art. 7o da Constituição Federal”. Ademais, o Brasil é signatário de diversas convenções internacionais da Organização Internacional do Trabalho (OIT) que tratam da liberdade sindical e da negociação coletiva. A Convenção nº 98 da OIT, em particular, é fundamental para a proteção contra atos de discriminação antissindical e atos de ingerência dos empregadores nas organizações de trabalhadores. Ainda, convém destacar o artigo 1º da Convenção 135 da OIT, verbis: “Os representantes dos trabalhadores na empresa devem ser beneficiados com uma proteção eficiente contra quaisquer medidas que poderiam vir a prejudicá-los, inclusive o licenciamento, e que seriam motivadas por sua qualidade ou suas atividades como representantes dos trabalhadores sua filiação sindical, ou participação em atividades sindicais, conquanto ajam de acordo com as leis, convenções coletivas ou outros arranjos convencionais vigorando". Pois bem. Para que se possa falar em reparação por dano moral, deverão estar presentes os requisitos essenciais dessa forma de obrigação, previstos no ordenamento jurídico brasileiro, quais sejam: o erro de conduta do agente, revelado por um comportamento contrário ao direito, a ofensa a um bem jurídico específico do postulante e, por fim, a relação de causalidade entre a conduta antijurídica e o dano causado. Sem eles, ou sem a demonstração de qualquer um deles, não se pode falar em obrigação correspondente a essa pretendida reparação. Para demonstrar a ocorrência do ato antissindical, o autor tem o encargo de provar o dolo ou a culpa do empregador e o nexo de causalidade entre o ato por ele praticado e a participação do trabalhador em atividade sindical (art. 818, I, CLT), almejando prejudicar a atuação do trabalhador em prol da organização sindical. A prova oral revelou, v. Id. 011f4b4, verbis: “trabalha no reclamado desde 04/05/2007, sendo dirigente sindical desde maio de 2016; foi admitido como escriturário, tendo sido promovido para caixa em janeiro de 2008, para supervisor administrativo em 2011 e gerente de PA em fevereiro de 2012; depois de fevereiro de 2012 não foi mais indicado para promoção; já participou ativamente de greve no reclamado; não tem feito cursos treinet regularmente, exceto os obrigatórios; voltou a trabalhar em agência em 2020, quando seu PA fechou; em 2024 lhe foi ofertado para transferir para Teixeiras para ajudar o gerente de lá e, ao perguntar se teria aumento, foi dito que não por ser dirigente sindical" (depoimento pessoal da parte autora). "o cargo atual do reclamante é gerente de PA; o reclamante é dirigente sindical desde 2016; o reclamante não teve nenhuma promoção após 2016; não há nenhuma relação entre o fato do reclamante ser dirigente sindical e a ausência de promoção; a promoção dentro do banco é por entrega de resultados e meritocracia; o reclamante não tem avaliação necessária para ter promoção; o banco tem relatórios para acompanhar os empregados; o cargo de gerente de pessoa jurídica, dependendo da carteira, pode ser considerado superior ao cargo de gerente de PA, o mesmo ocorrendo com o cargo de gerente comercial; o gerente comercial a agência do reclamante é a Sra. Cristiana, que não é dirigente sindical; a Sra. Cristiana foi gerente de PA; quando o PA da Sra. Cristiana encerrou ela voltou para a agência e como havia vaga foi promovida a gerente comercial, após ter ficado um ano e meio como gerente de PA; a Sra. Cristiana tinha resultados melhores que o reclamante; a Sra. Sheila também é dirigente sindical e trabalha na mesma agência que o reclamante, como caixa; a Sra. Sheila nunca foi promovida enquanto dirigente sindical; já viu dirigentes sindicais sendo promovidos no banco, como, por exemplo, Sr. Gutemar, que trabalha atualmente na agência e Uberlândia, Centro" (depoimento pessoal do preposto da parte ré). "trabalha para o reclamado desde março de 1992, atualmente como gerente comercial; já foi gerente geral de agência de 2007 até 2016; em 2016, após ser eleito dirigente sindical, foi rebaixado pelo banco a gerente comercial, tendo recebido uma carta do banco; trabalhou com o reclamante por menos de um ano até 2007; em 2016, na época da eleição, um gerente regional, de nome Ubirajara, aconselhou o depoente a desistir da eleição, mas o mesmo não desistiu; na agência do depoente há outros empregados que são dirigentes sindicais, como as senhoras Eliana, Elizeth, Sandra, Sr. José Guido e Sr. Edson, sendo que nenhum deles foi promovido após ocuparem cargo de dirigente sindical" (primeira testemunha do reclamante: Marco Antônio Tudesco Chamhun - grifei). Como visto, a testemunha ouvida em juízo declarou que foi rebaixado de função após ter se tornado dirigente sindical, tendo um gerente regional do banco réu, de nome Ubirajara, o aconselhado a desistir da eleição, mas ele não desistiu. O depoimento da testemunha, prestado de forma firme e contundente, comprova o ato de retaliação do banco contra dirigentes sindicais. Outrossim, o réu não provou nos autos que o reclamante tenha baixo desempenho funcional ou comportamentos suscetíveis de punições ao longo de sua longa carreira no banco (18 anos), que pudessem impedir sua ascensão na carreira, ônus que lhe incumbia (art. 818, II, CLT). É certo que o poder diretivo do empregador é limitado pelos princípios da não discriminação, da dignidade da pessoa humana, do valor social do trabalho, entre outros. Assim, estagnar o crescimento profissional e salarial do autor, sem motivo objetivo comprovado nos autos, extrapola os limites do poder do empregador. Nessa esteira, convém trazer à baila os seguintes julgados: “CONDUTA ANTISSINDICAL. ESTAGNAÇÃO FUNCIONAL. A Constituição da República de 1988 assegura, no artigo 8º, a liberdade de associação profissional ou sindical, a qual compreende não apenas o direito de constituir sindicato e de nele ingressar ou dele retirar-se, mas também o exercício das atividades sindicais, em sentido amplo. O exercício desse direito subjetivo de forma eficaz é assegurado pelos ordenamentos jurídicos que, em geral, proíbem os atos antissindicais. O principal valor protegido é a liberdade sindical, exposta a vários tipos de lesão, de modo que inúmeros são os comportamentos suscetíveis de enquadramento como antissindicais. Estabelecidas essas premissas, pratica conduta antissindical a empresa que impõe a estagnação funcional ao empregado, simplesmente pelo fato de este desempenhar mandato de dirigente sindical." (TRT da 3.ª Região; PJe: 0010641-55.2023.5.03.0059 (AP); Disponibilização: 28/02/2024, DEJT/TRT3/Cad.Jud, Página 2002; Órgão Julgador: Setima Turma; Relator(a)/Redator(a) Cristiana M. Valadares Fenelon). "DANO MORAL. CONDUTA ANTISSINDICAL. CONFIGURAÇÃO. Evidenciada nos autos conduta antissindical por parte do reclamado, que dolosamente impôs a estagnação funcional do reclamante, em razão do mero exercício de mandato sindical, deve ser confirmada a condenação ao pagamento da indenização por danos morais" (TRT da 3.ª Região; PJe: 0010654-20.2023.5.03.0135 (ROT); Disponibilização: 28/02/2024, DEJT/TRT3/Cad.Jud, Página 2417; Órgão Julgador: Decima Primeira Turma; Relator(a)/Redator(a) Juliana Vignoli Cordeiro). “RESPONSABILIDADE CIVIL. ASSÉDIO MORAL. CONDUTA DISCRIMINATÓRIA. EMPREGADO OCUPANTE DE CARGO NA ENTIDADE DE CLASSE. ESTAGNAÇÃO FUNCIONAL. ATO ANTISSINDICAL. INDENIZAÇÃO DEVIDA. 1. O assédio moral, que se enquadra em uma das espécies de dano moral, consiste na prática reiterada de conduta abusiva, pelo empregador, diretamente ou por meio de seus prepostos ou empregados, que traduz uma atitude ostensiva de perseguição ao empregado, repetindo-se no tempo, de tal modo que possa acarretar danos importantes às condições físicas e psíquicas, afetando a sua autoestima. 2. Para restar caracterizado o assédio moral, portanto, imprescindível que a conduta ilícita dirigida ao empregado de forma ostensiva seja praticada diversas vezes, prolongando-se no tempo. Além disso, o assédio moral, no ambiente de trabalho, deve ser analisado sob o prisma do conteúdo subordinado da relação jurídica de emprego, porquanto o empregado encontra-se "naturalmente tolhido" em face de eventual conduta abusiva do empregador. 3. No caso presente, o Tribunal Regional registra que "resta nítida a conduta persecutória da empresa, traduzida na transferência dos empregados estáveis para um mesmo setor, onde estavam sujeitos à viagens constantes, na coação dos demais integrantes da equipe para que mantivessem esses empregados fora do seu convívio social até mesmo nas relações estabelecidas fora do ambiente de trabalho" e que "Igualmente restou comprovada a estagnação funcional imotivada a justificar a condenação reparatória" . 4. Com efeito, a prática relatada com detalhes no acórdão recorrido, caracterizada por atos de retaliação empresarial em razão de o reclamante ocupar cargo na estrutura dos órgãos de representação profissional, acarreta a supressão da liberdade sindical do empregado e configura descumprimento dos deveres do empregador, dentre eles o de zelar pela segurança, bem-estar e dignidade do empregado no ambiente de trabalho. 5. O fato de o empregador exercer de forma abusiva seu poder diretivo - art. 2º da CLT -, com a utilização de práticas degradantes de que é vítima o trabalhador, implica violação dos direitos de personalidade, constitucionalmente consagrados (art. 1º, III). A afronta à dignidade da pessoa humana, aliada ao abuso do poder diretivo do empregador, enseja a condenação ao pagamento de compensação por dano moral. Agravo de instrumento conhecido e não provido, nos temas" (RR-132005-10.2015.5.13.0022, 1ª Turma, Relator Ministro Hugo Carlos Scheuermann, DEJT 14/08/2023)”. Por todo o exposto, vê-se que o autor provou a retaliação praticada pelo réu em seu desfavor, decorrente do seu exercício sindical, causando-lhe a estagnação na carreira. Nesse cenário, evidenciados os requisitos do art. 186 do Código Civil Brasileiro (dano, culpa do agente e nexo de causalidade entre o ato praticado e o dano ocorrido), exsurge o direito do reclamante à reparação pelo prejuízo suportado. Tocante ao quantum indenizatório, este deve atender à dupla finalidade de compensar o prejuízo sofrido pela vítima e desestimular a reiteração da conduta lesiva. Considerando-se a extensão do dano, a gravidade da conduta do empregador, as condições socioeconômicas das partes, a vedação ao enriquecimento ilícito e o caráter pedagógico da medida, arbitro o valor da indenização por dano moral em R$50.000,00 (cinquenta mil reais). Dessa de par com o exposto, julgo procedente, em parte, o pedido sob análise, condenando o reclamado ao pagamento de indenização por danos morais no valor de R$50.000,00 (cinquenta mil reais), quantia que se mostra justa, proporcional e adequado às circunstâncias do caso. JUSTIÇA GRATUITA Nos termos do art. 2º da Portaria Interministerial MTP/ME nº 02, de 11 de janeiro de 2024, vigente no momento da distribuição da ação, o limite máximo dos benefícios do RGPS era de R$ 7.786,02. O contracheque do mês de agosto de 2024 evidencia o salário de R$5.762,84 em (v. págs. 35 do PDF). Assim, o salário do autor ultrapassa o percentual de 40% do limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social, razão pela qual indefiro os benefícios da justiça à parte reclamante, na forma do art. 790, §3º, da CLT. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS/ÔNUS DA SUCUMBÊNCIA Considerando os critérios previstos no art. 791-A, 2º, da CLT, arbitro os honorários advocatícios em favor dos patronos da parte reclamante em 5% sobre o valor de liquidação da sentença, devidos pela reclamada. Sem pedido pecuniário julgado inteiramente improcedente, não há verba honorária em benefício dos advogados do reclamado. JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA Considerando o decidido pelo Supremo Tribunal Federal na análise conjunta das referidas ADC’s e ADI’s 5867 e 6021, tocante ao dano moral, tenho por superado o entendimento jurisprudencial contido na Súmula 439 do c. TST, pelo que a indenização por danos morais deve ser corrigida monetariamente, a partir do ajuizamento da ação, com base na variação da taxa SELIC, a qual já engloba correção monetária e juros moratórios. IMPOSTO DE RENDA E CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS Não haverá contribuições previdenciárias nem fiscais, pois a parcela objeto da presente condenação possui natureza indenizatória, nos termos do § 3º, do artigo 832, da CLT. III - DISPOSITIVO Pelos motivos expostos na fundamentação, que integram o presente decisum, na ação trabalhista movida por VINÍCIUS SILVA MILAGRES em face de BANCO BRADESCO S.A. decido julgar PROCEDENTES, em parte, os pedidos formulados na exordial, para condenar o reclamado a pagar ao reclamante, em oito dias, a seguinte parcela: indenização por dano moral de R$50.000,00 (cinquenta mil reais). O valor da parcela deferida será apurado em liquidação de sentença, observadas as diretrizes e os limites da fundamentação, parte integrante desse dispositivo. Indeferidos os benefícios da justiça gratuita à parte autora. Honorários advocatícios sucumbenciais nos termos da fundamentação. Custas, pela parte reclamada, no importe de R$1.000,00, calculadas sobre R$50.000,00, valor arbitrado à condenação. Dispensada a intimação da União (Portaria Normativa PGF/AGU nº 47/2023). Intimem-se as partes. Nada mais. PONTE NOVA/MG, 22 de maio de 2025. ÉZIO MARTINS CABRAL JÚNIOR Juiz Titular de Vara do Trabalho Intimado(s) / Citado(s) - BANCO BRADESCO S.A.

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Sindicato Dos Empregados No Comercio No Estado De Goias x Auto Eletrica Reis Ltda

ID: 321925297

Tribunal: TRT18 Órgão: 3ª TURMA Classe: RECURSO ORDINáRIO TRABALHISTA Nº Processo: 0012780-85.2024.5.18.0201

Data de Disponibilização: 10/07/2025

Polo Ativo:

SINDICATO DOS EMPREGADOS NO COMERCIO NO ESTADO DE GOIAS

Polo Passivo:

AUTO ELETRICA REIS LTDA

Acórdão

Advogados:

FERNANDA KATIA CARDOSO ALEXANDRE

OAB/GO XXXXXX Desbloquear

BRUNA FERREIRA SILVA COSTA

OAB/GO XXXXXX Desbloquear

PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 18ª REGIÃO 3ª TURMA Relator: CELSO MOREDO GARCIA ROT 0012780-85.2024.5.18.0201 RECORRENTE: SINDICATO DOS EMPREGADOS NO COME… PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 18ª REGIÃO 3ª TURMA Relator: CELSO MOREDO GARCIA ROT 0012780-85.2024.5.18.0201 RECORRENTE: SINDICATO DOS EMPREGADOS NO COMERCIO NO ESTADO DE GOIAS RECORRIDO: AUTO ELETRICA REIS LTDA PROCESSO TRT - ROT-0012780-85.2024.5.18.0201 RELATOR : JUIZ CONVOCADO CELSO MOREDO GARCIA RECORRENTE : SINDICATO DOS EMPREGADOS NO COMÉRCIO NO ESTADO DE GOIÁS - SECEG ADVOGADA : FERNANDA KÁTIA CARDOSO ALEXANDRE RECORRIDA : AUTO ELÉTRICA REIS LTDA. ADVOGADA : BRUNA FERREIRA SILVA COSTA ORIGEM : VARA DO TRABALHO DE URUAÇU JUÍZA : CAROLLINE REBELLATO SANCHES PIOVESAN EMENTA EMENTA: "BENEFÍCIO SOCIAL FAMILIAR. INSTITUIÇÃO POR NORMA COLETIVA. VALIDADE. PRINCÍPIO DA INTERVENÇÃO MÍNIMA NA AUTONOMIA DA VONTADE COLETIVA. ATUAÇÃO DA JUSTIÇA DO TRABALHO RESTRITA À ANÁLISE DA CONFORMIDADE DOS ELEMENTOS ESSENCIAIS DO NEGÓCIO JURÍDICO. Considerando o disposto nos arts. 7º, XXVI e 8º, I, da CF/88, cláusula constitucional da autonomia sindical, que veda a interferência e a intervenção na sua organização e gestão; a mais, o estatuído no art. 8º, § 3º, da CLT, que limita a atuação da Justiça do Trabalho à análise dos elementos essenciais do negócio jurídico, respeitado o estabelecido no art. 104 do CCB, considera-se válida e eficaz a norma coletiva que estabelece o benefício social familiar." (Tese Jurídica firmada no IRDR 0010882-63.2021.5.18.0000 - Tema nº 24)" Apelo provido. RELATÓRIO A Ex.ma Juíza CAROLLINE REBELLATO SANCHES PIOVESAN, da VARA DO TRABALHO DE URUAÇU, pela sentença de ID. 2d3f024, julgou improcedentes os pedidos deduzidos na ação de cumprimento ajuizada pelo SINDICATO DOS EMPREGADOS NO COMÉRCIO NO ESTADO DE GOIÁS - SECEG em face de AUTO ELÉTRICA REIS LTDA. Recurso ordinário interposto pelo SINDICATO DOS EMPREGADOS NO COMÉRCIO NO ESTADO DE GOIÁS - SECEG, pugnando pela reforma do julgado de origem quanto à validade e a exigibilidade do Benefício Social Familiar, exibição dos documentos, multa normativa, índices de correção monetária, justiça gratuita e honorários sucumbenciais. Contrarrazões da reclamada de ID. 88a039b. Dispensada manifestação do d. Ministério Público do Trabalho, nos termos regimentais. É, em síntese, o relatório. VOTO Antes de principiar a análise das insurgências recursais, importa esclarecer que as folhas e os números de identificação citados no corpo deste decisum referem-se ao arquivo eletrônico disponível no site deste Regional, por meio de simples busca processual, e não ao disponibilizado no sistema PJE. ADMISSIBILIDADE O recurso interposto é adequado, tempestivo e regular quanto à representação processual. O recorrente comprovou o pagamento das custas (ID. fe96020), satisfazendo o requisito do preparo, uma vez que dispensado o depósito recursal, em razão da Súmula 161 do TST. Porém, não conheço do recurso no concernente ao tópico "transcendência", por não se tratar de requisito de admissibilidade do recurso ordinário. Conheço parcialmente. MÉRITO BENEFÍCIO SOCIAL FAMILIAR A Excelentíssima Juíza a quo julgou improcedente o pedido sob fundamento de que seriam inválidas as CCTs nas quais o sindicato-autor se funda para cobrar judicialmente da requerida o chamado Benefício Social Familiar. Ressaltou: "O IRDR-0010882-63.2021.5.18.0000 (TEMA 24), deste Egrégio Tribunal, esgrimido como tese da parte autora, foi objeto de recurso de revista, e, reformado por acórdão do C. TST. Referido incidente transitou em julgado em 20.04.2023." (ID. 2D3f024). Inconformado, o autor interpõe recurso ordinário, alegando que o entendimento do IRDR-0010882-63.2021.5.18.0000 (Tema 0024) não foi superado, sendo a cobrança do benefício social familiar legal e condizente com a intervenção mínima da vontade coletiva. Passo à apreciação. Esta Egrégia Terceira Turma vem decidindo pela validade e exigibilidade do Benefício Social Familiar, em respeito ao entendimento vinculante consolidado no IRDR - 0010882-63.2021.5.18.0000 (Tema 24), o qual consagrou a seguinte tese jurídica: "BENEFÍCIO SOCIAL FAMILIAR. INSTITUIÇÃO POR NORMA COLETIVA. VALIDADE. PRINCÍPIO DA INTERVENÇÃO MÍNIMA NA AUTONOMIA DA VONTADE COLETIVA. ATUAÇÃO DA JUSTIÇA DO TRABALHO RESTRITA À ANÁLISE DA CONFORMIDADE DOS ELEMENTOS ESSENCIAIS DO NEGÓCIO JURÍDICO. Considerando o disposto nos arts. 7º, XXVI e 8º, I, da CF/88, cláusula constitucional da autonomia sindical, que veda a interferência e a intervenção na sua organização e gestão; a mais, o estatuído no art. 8º, § 3º, da CLT, que limita a atuação da Justiça do Trabalho à análise dos elementos essenciais do negócio jurídico, respeitado o estabelecido no art. 104 do CCB, considera-se válida e eficaz a norma coletiva que estabelece o benefício social familiar." Nesse sentido, transcrevo ementa do acórdão da lavra da Excelentíssima Desembargadora Wanda Lúcia Ramos da Silva, no Processo ROT-0010970-89.2024.5.18.0261 (Data de assinatura 24/04/2025; 3ª Turma): "DIREITO DO TRABALHO. RECURSO ORDINÁRIO. BENEFÍCIO SOCIAL FAMILIAR. MULTA CONVENCIONAL. CORREÇÃO MONETÁRIA. JUSTIÇA GRATUITA. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO. I. Caso em exame 1. Recurso ordinário interposto por sindicato profissional contra sentença que julgou improcedentes os pedidos formulados em ação de cumprimento de normas coletivas. Sentença de primeiro grau não reconheceu a obrigação da empresa de recolher parcelas destinadas ao custeio do Benefício Social Familiar, conforme previsto em norma coletiva e afastou a aplicação da multa convencional pelo descumprimento da cláusula. II. Questões em discussão 2. As questões em discussão consistem em: (i) saber se a cláusula da convenção coletiva que estabelece o Benefício Social Familiar é válida e eficaz, considerando a autonomia coletiva sindical e o princípio da intervenção mínima do Poder Judiciário; (ii) definir se é aplicável a multa por descumprimento de cláusulas coletivas, com destinação dos valores ao sindicato autor; (iii) determinar os índices de correção monetária e juros aplicáveis ao benefício social familiar, considerando as normas coletivas e as decisões vinculantes do E. STF; (iv) verificar a adequação do percentual fixado para honorários sucumbenciais. III. Razões de decidir 3. Reconhecida a validade da cláusula que institui o Benefício Social Familiar, com base no princípio da autonomia coletiva e na intervenção mínima do Judiciário na negociação coletiva, nos termos do art. 8º, § 3º, da CLT e da jurisprudência consolidada do TST e STF. 4. Determinado o recolhimento das contribuições apenas em relação aos empregados contribuintes da entidade sindical, conforme previsão expressa nas normas coletivas, devendo a apuração ocorrer em fase de liquidação. 5. Mantida, ainda que por outros fundamentos, a rejeição da multa convencional, pois os prejuízos decorrentes da ausência do benefício social familiar referem-se diretamente aos empregados substituídos e não ao sindicato autor. 6. Apenas a CCT 2023/2025 possui previsão de aplicação da multa de 10% e juros mensais de 1%, decorrentes do atraso no pagamento do Benefício Social Familiar. 7. Indeferida a gratuidade da justiça, pois o sindicato autor não demonstrou, mediante prova contábil, sua condição de hipossuficiência econômica, em conformidade com a Súmula 463 do C. TST. 8. Provido parcialmente o recurso do sindicato autor, fica invertido o ônus da sucumbência, com a condenação da ré ao pagamento de honorários advocatícios, no percentual 10% (dez por cento), calculados sobre o valor que resultar da liquidação da sentença. IV. Dispositivo e tese 9. Recurso ordinário do sindicato profissional conhecido e parcialmente provido. Tese de julgamento: 'A cláusula da convenção coletiva que institui o Benefício Social Familiar é válida, desde que respeitada a autonomia sindical e observados os requisitos da negociação coletiva' (...). (TRT da 18ª Região; Processo: 0010970-89.2024.5.18.0261; Data de assinatura: 24-04-2025; Relatora Des. Wanda Lúcia Ramos da Silva - 3ª TURMA). Assim sendo, conclui-se que o entendimento consagrado no IRDR 24, por ora, não foi superado. Ressalvo, no entanto, que foi aprovada a remessa ao Pleno do Col. TST de uma lista de temas para a abertura de incidentes de recursos repetitivos, ou seja, o tema será uniformizado, pelo Tribunal Superior do Trabalho, em incidente de recursos repetitivos, verbis: "Benefício Social Familiar". Patrocínio através de parcela compulsória. Previsão em norma coletiva. Validade. Tema objeto do Tema 112 - IRDR nº 24 do TRT da 18ª Região. RR-0011624-72.2023.5.18.0015". Logo, reputo válido e exigível o Benefício Social Familiar e condeno a recorrida ao pagamento dos débitos pendentes de pagamento referentes ao período de 10/12/2019 a 10/11/2024. Contudo, em observância ao entendimento uniformizado desta egrégia Turma, limito o recolhimento aos empregados contribuintes da entidade sindical (Cláusula Quadragésima Sexta das CCTs de 2018/2020, 2019/2021, 2021/2023 e Cláusula Quadragésima Quarta da CCT de 2023/2025), o que deverá ser apurado em regular liquidação de sentença. Deverá a ré apresentar os documentos hábeis à identificação do número de trabalhadores para apuração do montante devido, para o período da condenação, especialmente a RAIS, GFIP, extrato de movimentação do E-SOCIAL, livro de registro de empregados e/ou relação daqueles cadastrados para o recolhimento do FGTS, sob pena de multa diária de R$100,00, limitada a 10 dias. Em caso de descumprimento da obrigação de fazer no prazo assinalado, determino a expedição de ofício à Receita Federal do Brasil para que informe a quantidade de empregados do reclamado no período de 10/12/2019 a 10/11/2024 e forneça a documentação necessária para se apurar o valor devido, sem prejuízo da multa fixada. Dou parcial provimento. MULTA NORMATIVA A CCT prevê expressamente que: "CCT 2023/2025 - QUINQUAGÉSIMA QUINTA - MULTA POR VIOLAÇÃO À CCT - Os empregadores que violarem o disposto na presente Convenção ficam sujeitos à multa de R$800,00 (oitocentos reais) por empregado e por descumprimento verificado, e os empregados que a violarem se sujeitam ao pagamento de R$ 400,00 (quatrocentos reais), sendo revertidos em favor da parte prejudicada." (destaquei) Ressaltei a jurisprudência firmada no âmbito do Egrégio Tribunal Regional do Trabalho da 18ª Região, no sentido de que o descumprimento da referida cláusula que estipula o benefício social não dá ensejo à aplicação da multa referida em favor da parte autora, porquanto não houve prejuízo ao sindicato. Sobre o tema, transcrevi o seguinte aresto: "EMENTA: MULTA NORMATIVA. BENEFÍCIO SOCIAL FAMILIAR. DESCUMPRIMENTO DE CLÁUSULA. Em que pese o descumprimento verificado nos autos, ele não dá ensejo à aplicação das multas previstas nas cláusulas invocadas pelo ente sindical autor e pleiteadas em nome próprio, porquanto não houve prejuízo ao sindicato. Não há previsão de violação da norma coletiva pelo ente sindical, nem é este apto a sofrer prejuízos como descumprimento das cláusulas convencionais estabelecidas para a defesa das classes que representa, não podendo se beneficiar com a multa convencional. Ademais, na notificação extrajudicial apresentada pelo sindicato autor, não há identificação dos empregados, não se pode punir a reclamada por não ter efetuado o recolhimento das contribuições no prazo assinalado nos instrumentos coletivos se não comprovado a entrega dos nomes dos empregados sindicalizados à empresa. Recurso ordinário parcialmente conhecido e não provido." (TRT da 18ª Região;Processo: 0011666-63.2023.5.18.0002; Data de assinatura: 03/05/2024; Órgão Julgador: Gab. Des. PLATON TEIXEIRA DE AZEVEDO FILHO - 2ª TURMA; Relator(a): PLATON TEIXEIRA DE AZEVEDO FILHO). Assim, à luz dos fundamentos supra, votei no sentido de ser indevida a multa normativa, negando provimento ao recurso. Contudo, fiquei vencido, no particular, prevalecendo a divergência apresentada pelo Ex.mo Desembargador Elvecio Moura dos Santos, verbis: "A CCT 2023/2025, no tocante às obrigações do Sindicato em decorrência do recebimento do benefício social familiar e à obrigação das empresas de efetuarem o recolhimento do valor respectivo, em favor da entidade sindical, assim dispõe: "CLÁUSULA QUINQUAGÉSIMA QUINTA - MULTA POR VIOLAÇÃO À CCT Os empregadores que violarem o disposto na presente Convenção ficam sujeitos à multa de R$ 800,00 (oitocentos reais) por empregado e por descumprimento verificado, e os empregados que a violarem se sujeitam ao pagamento de R$ 400,00 (quatrocentos reais), sendo revertidos em favor da parte prejudicada." Cumpre destacar que o Sindicato Autor se obrigou à prestação assistencial, sem que a empresa Reclamada tenha arcado com sua contrapartida financeira, sendo imperioso reconhecer que o Sindicato é a parte prejudicada (seguindo a posição da Terceira Turma). Destarte, reformo a r. sentença para condenar a Reclamada a pagar ao Sindicato Autor a multa por descumprimento das cláusulas das CCT's relativas ao pagamento do "Benefício Social Familiar", sem ultrapassar, todavia, 100% do valor da obrigação originalmente prevista, com fulcro no art. 412 do CC. Registre-se que nesse mesmo sentido já decidiu esta 3ª Turma, no julgamento do ROT-0011036-75.2023.5.18.0141, da relatoria da Exma. Desembargadora Rosa Nair da Silva Nogueira Reis, julgado em 15/11/2023, ROT-0011069-65.2023.5.18.0141, da relatoria do Exmo. Desembargador Elvecio Moura dos Santos, julgado em 03/05/2024 e ROT-0010167-55.2024.5.18.0181, da relatoria do Exmo. Desembargador Marcelo Nogueira Pedra, julgado em 11/07/2024. Dou provimento." ÍNDICES DE ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA O recorrente requer a aplicação dos índices de correção previstos na CCT 2023/2025, durante todo período. Analiso. Exclusivamente no cálculo das parcelas devidas a partir da vigência da CCT 2023/2025 (1º/04/2023), deverá ser aplicada a multa e os juros previstos no parágrafo sexto da norma. Nos demais períodos, por falta de amparo convencional, saliento que no que toca aos juros e à correção monetária, o Supremo Tribunal Federal, por ocasião do julgamento da ADC 58, na sessão plenária do dia 18.12.2020, conferindo interpretação conforme à Constituição Federal aos artigos 879, § 7º, e 899, § 4º, da CLT, com a redação dada pela Lei nº 13.467/2017, entendeu que a TR (Taxa Referencial) não reflete o poder aquisitivo da moeda, razão pela qual definiu que, até sobrevir solução legislativa, devem ser aplicados os mesmos índices de correção monetária e de juros que vigem para as condenações cíveis em geral, a saber: na fase pré-judicial, devem incidir o IPCA-E e os juros previstos no artigo 39, caput , da Lei nº 8.177/1991 (TRD acumulada no período compreendido entre a data de vencimento da obrigação e o seu efetivo pagamento) e, a partir do ajuizamento da ação até a satisfação do crédito, a taxa SELIC, que já contempla tanto a correção monetária, como os juros de mora. Ocorre que, em 30/08/2024, entrou em vigor a Lei 14.905/2024, ditando que deverá ser observado, como índice de correção monetária, o IPCA (par. único do art. 389, Código Civil) e, como juros legais, a diferença entre a Taxa Selic e o IPCA, sendo que nos meses em que a variação do IPCA for maior que a Taxa Selic, os juros corresponderão a zero (art. 406 e respectivos parágrafos do Código Civil). Ante o exposto, até 29/08/2024, deve-se aplicar entendimento do STF sobre a matéria, qual seja: na fase pré-judicial, devem incidir o IPCA-E e os juros previstos no artigo 39, caput , da Lei nº 8.177/1991 (TRD acumulada no período compreendido entre a data de vencimento da obrigação e o seu efetivo pagamento) e, a partir do ajuizamento da ação até a satisfação do crédito, a taxa SELIC, que já contempla tanto a correção monetária, como os juros de mora. A partir de 30/08/2024 e até o efetivo pagamento do débito, deve-se aplicar os índices de correção monetária e juros previstos nos par. único do art. 389 e no caput do art. 406 e respectivos parágrafos, todos do Código Civil, conforme redação dada pela Lei 14.905/14, ou seja: a) como índice de correção monetária, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), apurado e divulgado pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ou do índice que vier a substituí-lo; b) e, como juros, a taxa Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (Selic), deduzido o índice de atualização monetária mencionado no item "a", até o limite de zero, caso a taxa apurada apresente resultado negativo (art. 406, §§ 1º e 3º, CC). Dou parcial provimento. JUSTIÇA GRATUITA O artigo 98 do CPC/2015 permite o deferimento do benefício da justiça gratuita às pessoas físicas e às pessoas jurídicas, nos seguintes termos: "Art. 98 - A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com insuficiência de recursos para pagar as custas, as despesas processuais e os honorários advocatícios tem direito à gratuidade da justiça, na forma da lei." Tratando-se, porém, de pessoa jurídica, a concessão do benefício não decorre de simples declaração, mas de demonstração inequívoca da fragilidade econômica. No mesmo sentido, é a inteligência da Súmula 463 do TST, in verbis: "Súmula 463. ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA. COMPROVAÇÃO [...] II - No caso de pessoa jurídica, não basta a mera declaração: é necessária a demonstração cabal de impossibilidade de a parte arcar com as despesas do processo." Portanto, a concessão dos benefícios da gratuidade de justiça à pessoa jurídica só ocorre quando há prova contundente da ausência de condições financeiras para pagamento das custas do processo. Nesse sentido, é o entendimento do colendo TST: "RECURSO DE REVISTA. PROCESSO REGIDO PELA LEI 13.015/2014.JUSTIÇA GRATUITA. INDEFERIMENTO. ENTIDADE SINDICAL. HIPOSSUFICIÊNCIA ECONÔMICA NÃO COMPROVADA. Esta Corte possui entendimento pacificado no sentido de que a concessão do benefício da gratuidade da justiça a pessoa jurídica, inclusive em se tratando de entidade sindical ou sem fins lucrativos, somente é devida quando provada, de forma inequívoca, a falta de recursos financeiros para arcar com as despesas processuais, não se credenciando a demonstrar tal circunstância a mera declaração de insuficiência econômica. No presente caso, não comprovada a fragilidade econômica do Sindicato Autor, não se mostra pertinente a concessão dos benefícios da justiça gratuita. Divergência jurisprudencial configurada. Recurso de revista conhecido e provido." (TST-RR - 20091-97.2013.5.04.0203 Data de Julgamento: 29/08/2018, Relator Ministro: Douglas Alencar Rodrigues, 5ª Turma, Data de Publicação: DEJT 31/08/2018.) No caso dos autos, verifica-se que o sindicato autor não apresentou os documentos contábeis pertinentes (art. 551 da CLT) para comprovar que não possui condições de suportar os custos do processo. Ademais, vale ressaltar que é irrelevante, na hipótese, o fato de o sindicato autor ser entidade sem fins lucrativos ou mesmo que haja atestado, de órgão municipal, indicando que o sindicato realiza "trabalho social de grande relevância para a comunidade", na medida em que mesmo tais pessoas jurídicas devem comprovar a ausência de recursos (que não se presume, independentemente da ausência de fins lucrativos). Nego provimento. HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS Considerando-se a inversão da sucumbência, a procedência parcial dos pedidos autorais e, ainda, os termos do art. 791-A da CLT e os critérios enumerados em seu § 2º, arbitro honorários sucumbenciais, fixando-os em 10% sobre o valor da condenação, em favor dos advogados do autor. Dou provimento. CONCLUSÃO Do exposto, conheço parcialmente do recurso ordinário interposto pelo autor e, no mérito, dou-lhe parcial provimento, nos termos da fundamentação expendida. Arbitro honorários sucumbenciais, fixando-os em 10% sobre o valor da condenação, em favor dos advogados do autor. Inverto o ônus de sucumbência. Arbitro à condenação o valor provisório de R$ 3.471,02. Custas, pela reclamada, no importe de R$ 69,42. É como voto. GJCMG-03 ACÓRDÃO ISTO POSTO, acordam os membros da Terceira Turma do Egrégio Tribunal Regional do Trabalho da 18ª Região, em sessão ordinária virtual hoje realizada, por unanimidade, conhecer parcialmente do recurso do Sindicato Autor e, no mérito, por maioria, dar-lhe parcial provimento, vencido, em parte, o Relator que lhe dava provimento parcial menos amplo e que adaptará o voto nos termos da divergência apresentada pelo Desembargador Elvecio Moura dos Santos para, reformando a sentença, condenar a Reclamada a pagar ao Sindicato Autor a multa por descumprimento das cláusulas das CCT's relativas ao pagamento do "Benefício Social Familiar", sem ultrapassar, todavia, 100% do valor da obrigação originalmente prevista, com fulcro no art. 412 do CC, bem como juntará voto vencido, neste particular. Participaram do julgamento os Excelentíssimos Desembargadores ELVECIO MOURA DOS SANTOS (Presidente) e MARCELO NOGUEIRA PEDRA e o Excelentíssimo Juiz CELSO MOREDO GARCIA (convocado para atuar no Tribunal, conforme Portaria TRT 18ª nº 670/2025). Presente na assentada de julgamento o d. representante do Ministério Público do Trabalho. Sessão de julgamento secretariada pela Diretora da Coordenadoria de Apoio à Terceira Turma, Maria Valdete Machado Teles. Goiânia, 27 de junho de 2025. CELSO MOREDO GARCIA Juiz Relator GOIANIA/GO, 09 de julho de 2025. NILZA DE SA Diretor de Secretaria Intimado(s) / Citado(s) - SINDICATO DOS EMPREGADOS NO COMERCIO NO ESTADO DE GOIAS

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Sindicato Dos Empregados No Comercio No Estado De Goias x Auto Eletrica Reis Ltda

ID: 321925340

Tribunal: TRT18 Órgão: 3ª TURMA Classe: RECURSO ORDINáRIO TRABALHISTA Nº Processo: 0012780-85.2024.5.18.0201

Data de Disponibilização: 10/07/2025

Polo Ativo:

SINDICATO DOS EMPREGADOS NO COMERCIO NO ESTADO DE GOIAS

Polo Passivo:

AUTO ELETRICA REIS LTDA

Acórdão

Advogados:

FERNANDA KATIA CARDOSO ALEXANDRE

OAB/GO XXXXXX Desbloquear

BRUNA FERREIRA SILVA COSTA

OAB/GO XXXXXX Desbloquear

PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 18ª REGIÃO 3ª TURMA Relator: CELSO MOREDO GARCIA ROT 0012780-85.2024.5.18.0201 RECORRENTE: SINDICATO DOS EMPREGADOS NO COME… PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 18ª REGIÃO 3ª TURMA Relator: CELSO MOREDO GARCIA ROT 0012780-85.2024.5.18.0201 RECORRENTE: SINDICATO DOS EMPREGADOS NO COMERCIO NO ESTADO DE GOIAS RECORRIDO: AUTO ELETRICA REIS LTDA PROCESSO TRT - ROT-0012780-85.2024.5.18.0201 RELATOR : JUIZ CONVOCADO CELSO MOREDO GARCIA RECORRENTE : SINDICATO DOS EMPREGADOS NO COMÉRCIO NO ESTADO DE GOIÁS - SECEG ADVOGADA : FERNANDA KÁTIA CARDOSO ALEXANDRE RECORRIDA : AUTO ELÉTRICA REIS LTDA. ADVOGADA : BRUNA FERREIRA SILVA COSTA ORIGEM : VARA DO TRABALHO DE URUAÇU JUÍZA : CAROLLINE REBELLATO SANCHES PIOVESAN EMENTA EMENTA: "BENEFÍCIO SOCIAL FAMILIAR. INSTITUIÇÃO POR NORMA COLETIVA. VALIDADE. PRINCÍPIO DA INTERVENÇÃO MÍNIMA NA AUTONOMIA DA VONTADE COLETIVA. ATUAÇÃO DA JUSTIÇA DO TRABALHO RESTRITA À ANÁLISE DA CONFORMIDADE DOS ELEMENTOS ESSENCIAIS DO NEGÓCIO JURÍDICO. Considerando o disposto nos arts. 7º, XXVI e 8º, I, da CF/88, cláusula constitucional da autonomia sindical, que veda a interferência e a intervenção na sua organização e gestão; a mais, o estatuído no art. 8º, § 3º, da CLT, que limita a atuação da Justiça do Trabalho à análise dos elementos essenciais do negócio jurídico, respeitado o estabelecido no art. 104 do CCB, considera-se válida e eficaz a norma coletiva que estabelece o benefício social familiar." (Tese Jurídica firmada no IRDR 0010882-63.2021.5.18.0000 - Tema nº 24)" Apelo provido. RELATÓRIO A Ex.ma Juíza CAROLLINE REBELLATO SANCHES PIOVESAN, da VARA DO TRABALHO DE URUAÇU, pela sentença de ID. 2d3f024, julgou improcedentes os pedidos deduzidos na ação de cumprimento ajuizada pelo SINDICATO DOS EMPREGADOS NO COMÉRCIO NO ESTADO DE GOIÁS - SECEG em face de AUTO ELÉTRICA REIS LTDA. Recurso ordinário interposto pelo SINDICATO DOS EMPREGADOS NO COMÉRCIO NO ESTADO DE GOIÁS - SECEG, pugnando pela reforma do julgado de origem quanto à validade e a exigibilidade do Benefício Social Familiar, exibição dos documentos, multa normativa, índices de correção monetária, justiça gratuita e honorários sucumbenciais. Contrarrazões da reclamada de ID. 88a039b. Dispensada manifestação do d. Ministério Público do Trabalho, nos termos regimentais. É, em síntese, o relatório. VOTO Antes de principiar a análise das insurgências recursais, importa esclarecer que as folhas e os números de identificação citados no corpo deste decisum referem-se ao arquivo eletrônico disponível no site deste Regional, por meio de simples busca processual, e não ao disponibilizado no sistema PJE. ADMISSIBILIDADE O recurso interposto é adequado, tempestivo e regular quanto à representação processual. O recorrente comprovou o pagamento das custas (ID. fe96020), satisfazendo o requisito do preparo, uma vez que dispensado o depósito recursal, em razão da Súmula 161 do TST. Porém, não conheço do recurso no concernente ao tópico "transcendência", por não se tratar de requisito de admissibilidade do recurso ordinário. Conheço parcialmente. MÉRITO BENEFÍCIO SOCIAL FAMILIAR A Excelentíssima Juíza a quo julgou improcedente o pedido sob fundamento de que seriam inválidas as CCTs nas quais o sindicato-autor se funda para cobrar judicialmente da requerida o chamado Benefício Social Familiar. Ressaltou: "O IRDR-0010882-63.2021.5.18.0000 (TEMA 24), deste Egrégio Tribunal, esgrimido como tese da parte autora, foi objeto de recurso de revista, e, reformado por acórdão do C. TST. Referido incidente transitou em julgado em 20.04.2023." (ID. 2D3f024). Inconformado, o autor interpõe recurso ordinário, alegando que o entendimento do IRDR-0010882-63.2021.5.18.0000 (Tema 0024) não foi superado, sendo a cobrança do benefício social familiar legal e condizente com a intervenção mínima da vontade coletiva. Passo à apreciação. Esta Egrégia Terceira Turma vem decidindo pela validade e exigibilidade do Benefício Social Familiar, em respeito ao entendimento vinculante consolidado no IRDR - 0010882-63.2021.5.18.0000 (Tema 24), o qual consagrou a seguinte tese jurídica: "BENEFÍCIO SOCIAL FAMILIAR. INSTITUIÇÃO POR NORMA COLETIVA. VALIDADE. PRINCÍPIO DA INTERVENÇÃO MÍNIMA NA AUTONOMIA DA VONTADE COLETIVA. ATUAÇÃO DA JUSTIÇA DO TRABALHO RESTRITA À ANÁLISE DA CONFORMIDADE DOS ELEMENTOS ESSENCIAIS DO NEGÓCIO JURÍDICO. Considerando o disposto nos arts. 7º, XXVI e 8º, I, da CF/88, cláusula constitucional da autonomia sindical, que veda a interferência e a intervenção na sua organização e gestão; a mais, o estatuído no art. 8º, § 3º, da CLT, que limita a atuação da Justiça do Trabalho à análise dos elementos essenciais do negócio jurídico, respeitado o estabelecido no art. 104 do CCB, considera-se válida e eficaz a norma coletiva que estabelece o benefício social familiar." Nesse sentido, transcrevo ementa do acórdão da lavra da Excelentíssima Desembargadora Wanda Lúcia Ramos da Silva, no Processo ROT-0010970-89.2024.5.18.0261 (Data de assinatura 24/04/2025; 3ª Turma): "DIREITO DO TRABALHO. RECURSO ORDINÁRIO. BENEFÍCIO SOCIAL FAMILIAR. MULTA CONVENCIONAL. CORREÇÃO MONETÁRIA. JUSTIÇA GRATUITA. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO. I. Caso em exame 1. Recurso ordinário interposto por sindicato profissional contra sentença que julgou improcedentes os pedidos formulados em ação de cumprimento de normas coletivas. Sentença de primeiro grau não reconheceu a obrigação da empresa de recolher parcelas destinadas ao custeio do Benefício Social Familiar, conforme previsto em norma coletiva e afastou a aplicação da multa convencional pelo descumprimento da cláusula. II. Questões em discussão 2. As questões em discussão consistem em: (i) saber se a cláusula da convenção coletiva que estabelece o Benefício Social Familiar é válida e eficaz, considerando a autonomia coletiva sindical e o princípio da intervenção mínima do Poder Judiciário; (ii) definir se é aplicável a multa por descumprimento de cláusulas coletivas, com destinação dos valores ao sindicato autor; (iii) determinar os índices de correção monetária e juros aplicáveis ao benefício social familiar, considerando as normas coletivas e as decisões vinculantes do E. STF; (iv) verificar a adequação do percentual fixado para honorários sucumbenciais. III. Razões de decidir 3. Reconhecida a validade da cláusula que institui o Benefício Social Familiar, com base no princípio da autonomia coletiva e na intervenção mínima do Judiciário na negociação coletiva, nos termos do art. 8º, § 3º, da CLT e da jurisprudência consolidada do TST e STF. 4. Determinado o recolhimento das contribuições apenas em relação aos empregados contribuintes da entidade sindical, conforme previsão expressa nas normas coletivas, devendo a apuração ocorrer em fase de liquidação. 5. Mantida, ainda que por outros fundamentos, a rejeição da multa convencional, pois os prejuízos decorrentes da ausência do benefício social familiar referem-se diretamente aos empregados substituídos e não ao sindicato autor. 6. Apenas a CCT 2023/2025 possui previsão de aplicação da multa de 10% e juros mensais de 1%, decorrentes do atraso no pagamento do Benefício Social Familiar. 7. Indeferida a gratuidade da justiça, pois o sindicato autor não demonstrou, mediante prova contábil, sua condição de hipossuficiência econômica, em conformidade com a Súmula 463 do C. TST. 8. Provido parcialmente o recurso do sindicato autor, fica invertido o ônus da sucumbência, com a condenação da ré ao pagamento de honorários advocatícios, no percentual 10% (dez por cento), calculados sobre o valor que resultar da liquidação da sentença. IV. Dispositivo e tese 9. Recurso ordinário do sindicato profissional conhecido e parcialmente provido. Tese de julgamento: 'A cláusula da convenção coletiva que institui o Benefício Social Familiar é válida, desde que respeitada a autonomia sindical e observados os requisitos da negociação coletiva' (...). (TRT da 18ª Região; Processo: 0010970-89.2024.5.18.0261; Data de assinatura: 24-04-2025; Relatora Des. Wanda Lúcia Ramos da Silva - 3ª TURMA). Assim sendo, conclui-se que o entendimento consagrado no IRDR 24, por ora, não foi superado. Ressalvo, no entanto, que foi aprovada a remessa ao Pleno do Col. TST de uma lista de temas para a abertura de incidentes de recursos repetitivos, ou seja, o tema será uniformizado, pelo Tribunal Superior do Trabalho, em incidente de recursos repetitivos, verbis: "Benefício Social Familiar". Patrocínio através de parcela compulsória. Previsão em norma coletiva. Validade. Tema objeto do Tema 112 - IRDR nº 24 do TRT da 18ª Região. RR-0011624-72.2023.5.18.0015". Logo, reputo válido e exigível o Benefício Social Familiar e condeno a recorrida ao pagamento dos débitos pendentes de pagamento referentes ao período de 10/12/2019 a 10/11/2024. Contudo, em observância ao entendimento uniformizado desta egrégia Turma, limito o recolhimento aos empregados contribuintes da entidade sindical (Cláusula Quadragésima Sexta das CCTs de 2018/2020, 2019/2021, 2021/2023 e Cláusula Quadragésima Quarta da CCT de 2023/2025), o que deverá ser apurado em regular liquidação de sentença. Deverá a ré apresentar os documentos hábeis à identificação do número de trabalhadores para apuração do montante devido, para o período da condenação, especialmente a RAIS, GFIP, extrato de movimentação do E-SOCIAL, livro de registro de empregados e/ou relação daqueles cadastrados para o recolhimento do FGTS, sob pena de multa diária de R$100,00, limitada a 10 dias. Em caso de descumprimento da obrigação de fazer no prazo assinalado, determino a expedição de ofício à Receita Federal do Brasil para que informe a quantidade de empregados do reclamado no período de 10/12/2019 a 10/11/2024 e forneça a documentação necessária para se apurar o valor devido, sem prejuízo da multa fixada. Dou parcial provimento. MULTA NORMATIVA A CCT prevê expressamente que: "CCT 2023/2025 - QUINQUAGÉSIMA QUINTA - MULTA POR VIOLAÇÃO À CCT - Os empregadores que violarem o disposto na presente Convenção ficam sujeitos à multa de R$800,00 (oitocentos reais) por empregado e por descumprimento verificado, e os empregados que a violarem se sujeitam ao pagamento de R$ 400,00 (quatrocentos reais), sendo revertidos em favor da parte prejudicada." (destaquei) Ressaltei a jurisprudência firmada no âmbito do Egrégio Tribunal Regional do Trabalho da 18ª Região, no sentido de que o descumprimento da referida cláusula que estipula o benefício social não dá ensejo à aplicação da multa referida em favor da parte autora, porquanto não houve prejuízo ao sindicato. Sobre o tema, transcrevi o seguinte aresto: "EMENTA: MULTA NORMATIVA. BENEFÍCIO SOCIAL FAMILIAR. DESCUMPRIMENTO DE CLÁUSULA. Em que pese o descumprimento verificado nos autos, ele não dá ensejo à aplicação das multas previstas nas cláusulas invocadas pelo ente sindical autor e pleiteadas em nome próprio, porquanto não houve prejuízo ao sindicato. Não há previsão de violação da norma coletiva pelo ente sindical, nem é este apto a sofrer prejuízos como descumprimento das cláusulas convencionais estabelecidas para a defesa das classes que representa, não podendo se beneficiar com a multa convencional. Ademais, na notificação extrajudicial apresentada pelo sindicato autor, não há identificação dos empregados, não se pode punir a reclamada por não ter efetuado o recolhimento das contribuições no prazo assinalado nos instrumentos coletivos se não comprovado a entrega dos nomes dos empregados sindicalizados à empresa. Recurso ordinário parcialmente conhecido e não provido." (TRT da 18ª Região;Processo: 0011666-63.2023.5.18.0002; Data de assinatura: 03/05/2024; Órgão Julgador: Gab. Des. PLATON TEIXEIRA DE AZEVEDO FILHO - 2ª TURMA; Relator(a): PLATON TEIXEIRA DE AZEVEDO FILHO). Assim, à luz dos fundamentos supra, votei no sentido de ser indevida a multa normativa, negando provimento ao recurso. Contudo, fiquei vencido, no particular, prevalecendo a divergência apresentada pelo Ex.mo Desembargador Elvecio Moura dos Santos, verbis: "A CCT 2023/2025, no tocante às obrigações do Sindicato em decorrência do recebimento do benefício social familiar e à obrigação das empresas de efetuarem o recolhimento do valor respectivo, em favor da entidade sindical, assim dispõe: "CLÁUSULA QUINQUAGÉSIMA QUINTA - MULTA POR VIOLAÇÃO À CCT Os empregadores que violarem o disposto na presente Convenção ficam sujeitos à multa de R$ 800,00 (oitocentos reais) por empregado e por descumprimento verificado, e os empregados que a violarem se sujeitam ao pagamento de R$ 400,00 (quatrocentos reais), sendo revertidos em favor da parte prejudicada." Cumpre destacar que o Sindicato Autor se obrigou à prestação assistencial, sem que a empresa Reclamada tenha arcado com sua contrapartida financeira, sendo imperioso reconhecer que o Sindicato é a parte prejudicada (seguindo a posição da Terceira Turma). Destarte, reformo a r. sentença para condenar a Reclamada a pagar ao Sindicato Autor a multa por descumprimento das cláusulas das CCT's relativas ao pagamento do "Benefício Social Familiar", sem ultrapassar, todavia, 100% do valor da obrigação originalmente prevista, com fulcro no art. 412 do CC. Registre-se que nesse mesmo sentido já decidiu esta 3ª Turma, no julgamento do ROT-0011036-75.2023.5.18.0141, da relatoria da Exma. Desembargadora Rosa Nair da Silva Nogueira Reis, julgado em 15/11/2023, ROT-0011069-65.2023.5.18.0141, da relatoria do Exmo. Desembargador Elvecio Moura dos Santos, julgado em 03/05/2024 e ROT-0010167-55.2024.5.18.0181, da relatoria do Exmo. Desembargador Marcelo Nogueira Pedra, julgado em 11/07/2024. Dou provimento." ÍNDICES DE ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA O recorrente requer a aplicação dos índices de correção previstos na CCT 2023/2025, durante todo período. Analiso. Exclusivamente no cálculo das parcelas devidas a partir da vigência da CCT 2023/2025 (1º/04/2023), deverá ser aplicada a multa e os juros previstos no parágrafo sexto da norma. Nos demais períodos, por falta de amparo convencional, saliento que no que toca aos juros e à correção monetária, o Supremo Tribunal Federal, por ocasião do julgamento da ADC 58, na sessão plenária do dia 18.12.2020, conferindo interpretação conforme à Constituição Federal aos artigos 879, § 7º, e 899, § 4º, da CLT, com a redação dada pela Lei nº 13.467/2017, entendeu que a TR (Taxa Referencial) não reflete o poder aquisitivo da moeda, razão pela qual definiu que, até sobrevir solução legislativa, devem ser aplicados os mesmos índices de correção monetária e de juros que vigem para as condenações cíveis em geral, a saber: na fase pré-judicial, devem incidir o IPCA-E e os juros previstos no artigo 39, caput , da Lei nº 8.177/1991 (TRD acumulada no período compreendido entre a data de vencimento da obrigação e o seu efetivo pagamento) e, a partir do ajuizamento da ação até a satisfação do crédito, a taxa SELIC, que já contempla tanto a correção monetária, como os juros de mora. Ocorre que, em 30/08/2024, entrou em vigor a Lei 14.905/2024, ditando que deverá ser observado, como índice de correção monetária, o IPCA (par. único do art. 389, Código Civil) e, como juros legais, a diferença entre a Taxa Selic e o IPCA, sendo que nos meses em que a variação do IPCA for maior que a Taxa Selic, os juros corresponderão a zero (art. 406 e respectivos parágrafos do Código Civil). Ante o exposto, até 29/08/2024, deve-se aplicar entendimento do STF sobre a matéria, qual seja: na fase pré-judicial, devem incidir o IPCA-E e os juros previstos no artigo 39, caput , da Lei nº 8.177/1991 (TRD acumulada no período compreendido entre a data de vencimento da obrigação e o seu efetivo pagamento) e, a partir do ajuizamento da ação até a satisfação do crédito, a taxa SELIC, que já contempla tanto a correção monetária, como os juros de mora. A partir de 30/08/2024 e até o efetivo pagamento do débito, deve-se aplicar os índices de correção monetária e juros previstos nos par. único do art. 389 e no caput do art. 406 e respectivos parágrafos, todos do Código Civil, conforme redação dada pela Lei 14.905/14, ou seja: a) como índice de correção monetária, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), apurado e divulgado pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ou do índice que vier a substituí-lo; b) e, como juros, a taxa Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (Selic), deduzido o índice de atualização monetária mencionado no item "a", até o limite de zero, caso a taxa apurada apresente resultado negativo (art. 406, §§ 1º e 3º, CC). Dou parcial provimento. JUSTIÇA GRATUITA O artigo 98 do CPC/2015 permite o deferimento do benefício da justiça gratuita às pessoas físicas e às pessoas jurídicas, nos seguintes termos: "Art. 98 - A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com insuficiência de recursos para pagar as custas, as despesas processuais e os honorários advocatícios tem direito à gratuidade da justiça, na forma da lei." Tratando-se, porém, de pessoa jurídica, a concessão do benefício não decorre de simples declaração, mas de demonstração inequívoca da fragilidade econômica. No mesmo sentido, é a inteligência da Súmula 463 do TST, in verbis: "Súmula 463. ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA. COMPROVAÇÃO [...] II - No caso de pessoa jurídica, não basta a mera declaração: é necessária a demonstração cabal de impossibilidade de a parte arcar com as despesas do processo." Portanto, a concessão dos benefícios da gratuidade de justiça à pessoa jurídica só ocorre quando há prova contundente da ausência de condições financeiras para pagamento das custas do processo. Nesse sentido, é o entendimento do colendo TST: "RECURSO DE REVISTA. PROCESSO REGIDO PELA LEI 13.015/2014.JUSTIÇA GRATUITA. INDEFERIMENTO. ENTIDADE SINDICAL. HIPOSSUFICIÊNCIA ECONÔMICA NÃO COMPROVADA. Esta Corte possui entendimento pacificado no sentido de que a concessão do benefício da gratuidade da justiça a pessoa jurídica, inclusive em se tratando de entidade sindical ou sem fins lucrativos, somente é devida quando provada, de forma inequívoca, a falta de recursos financeiros para arcar com as despesas processuais, não se credenciando a demonstrar tal circunstância a mera declaração de insuficiência econômica. No presente caso, não comprovada a fragilidade econômica do Sindicato Autor, não se mostra pertinente a concessão dos benefícios da justiça gratuita. Divergência jurisprudencial configurada. Recurso de revista conhecido e provido." (TST-RR - 20091-97.2013.5.04.0203 Data de Julgamento: 29/08/2018, Relator Ministro: Douglas Alencar Rodrigues, 5ª Turma, Data de Publicação: DEJT 31/08/2018.) No caso dos autos, verifica-se que o sindicato autor não apresentou os documentos contábeis pertinentes (art. 551 da CLT) para comprovar que não possui condições de suportar os custos do processo. Ademais, vale ressaltar que é irrelevante, na hipótese, o fato de o sindicato autor ser entidade sem fins lucrativos ou mesmo que haja atestado, de órgão municipal, indicando que o sindicato realiza "trabalho social de grande relevância para a comunidade", na medida em que mesmo tais pessoas jurídicas devem comprovar a ausência de recursos (que não se presume, independentemente da ausência de fins lucrativos). Nego provimento. HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS Considerando-se a inversão da sucumbência, a procedência parcial dos pedidos autorais e, ainda, os termos do art. 791-A da CLT e os critérios enumerados em seu § 2º, arbitro honorários sucumbenciais, fixando-os em 10% sobre o valor da condenação, em favor dos advogados do autor. Dou provimento. CONCLUSÃO Do exposto, conheço parcialmente do recurso ordinário interposto pelo autor e, no mérito, dou-lhe parcial provimento, nos termos da fundamentação expendida. Arbitro honorários sucumbenciais, fixando-os em 10% sobre o valor da condenação, em favor dos advogados do autor. Inverto o ônus de sucumbência. Arbitro à condenação o valor provisório de R$ 3.471,02. Custas, pela reclamada, no importe de R$ 69,42. É como voto. GJCMG-03 ACÓRDÃO ISTO POSTO, acordam os membros da Terceira Turma do Egrégio Tribunal Regional do Trabalho da 18ª Região, em sessão ordinária virtual hoje realizada, por unanimidade, conhecer parcialmente do recurso do Sindicato Autor e, no mérito, por maioria, dar-lhe parcial provimento, vencido, em parte, o Relator que lhe dava provimento parcial menos amplo e que adaptará o voto nos termos da divergência apresentada pelo Desembargador Elvecio Moura dos Santos para, reformando a sentença, condenar a Reclamada a pagar ao Sindicato Autor a multa por descumprimento das cláusulas das CCT's relativas ao pagamento do "Benefício Social Familiar", sem ultrapassar, todavia, 100% do valor da obrigação originalmente prevista, com fulcro no art. 412 do CC, bem como juntará voto vencido, neste particular. Participaram do julgamento os Excelentíssimos Desembargadores ELVECIO MOURA DOS SANTOS (Presidente) e MARCELO NOGUEIRA PEDRA e o Excelentíssimo Juiz CELSO MOREDO GARCIA (convocado para atuar no Tribunal, conforme Portaria TRT 18ª nº 670/2025). Presente na assentada de julgamento o d. representante do Ministério Público do Trabalho. Sessão de julgamento secretariada pela Diretora da Coordenadoria de Apoio à Terceira Turma, Maria Valdete Machado Teles. Goiânia, 27 de junho de 2025. CELSO MOREDO GARCIA Juiz Relator GOIANIA/GO, 09 de julho de 2025. NILZA DE SA Diretor de Secretaria Intimado(s) / Citado(s) - AUTO ELETRICA REIS LTDA

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Sindicato Dos Empregados No Comercio De Anapolis x Maranata Music Ltda

ID: 325724072

Tribunal: TRT18 Órgão: 3ª TURMA Classe: RECURSO ORDINáRIO TRABALHISTA Nº Processo: 0011382-65.2024.5.18.0052

Data de Disponibilização: 15/07/2025

Polo Ativo:

SINDICATO DOS EMPREGADOS NO COMERCIO DE ANAPOLIS

Polo Passivo:

MARANATA MUSIC LTDA

Acórdão

Advogados:

FERNANDA KATIA CARDOSO ALEXANDRE

OAB/GO XXXXXX Desbloquear

PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 18ª REGIÃO 3ª TURMA Relator: MARCELO NOGUEIRA PEDRA ROT 0011382-65.2024.5.18.0052 RECORRENTE: SINDICATO DOS EMPREGADOS NO C… PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 18ª REGIÃO 3ª TURMA Relator: MARCELO NOGUEIRA PEDRA ROT 0011382-65.2024.5.18.0052 RECORRENTE: SINDICATO DOS EMPREGADOS NO COMERCIO DE ANAPOLIS RECORRIDO: MARANATA MUSIC LTDA PROCESSO TRT - ROT-0011382-65.2024.5.18.0052 RELATOR : DESEMBARGADOR MARCELO NOGUEIRA PEDRA RECORRENTE(S) : SINDICATO DOS EMPREGADOS NO COMERCIO DE ANÁPOLIS ADVOGADO(S) : FERNANDA KATIA CARDOSO ALEXANDRE RECORRIDO(S) : MARANATA MUSIC LTDA ORIGEM : 2ª VARA DO TRABALHO DE ANÁPOLIS JUIZ(ÍZA) : JOHNNY GONÇALVES VIEIRA EMENTA "BENEFÍCIO SOCIAL FAMILIAR. INSTITUIÇÃO POR NORMA COLETIVA. VALIDADE. PRINCÍPIO DA INTERVENÇÃO MÍNIMA NA AUTONOMIA DA VONTADE COLETIVA. ATUAÇÃO DA JUSTIÇA DO TRABALHO RESTRITA À ANÁLISE DA CONFORMIDADE DOS ELEMENTOS ESSENCIAIS DO NEGÓCIO JURÍDICO. Considerando o disposto nos arts. 7º, XXVI e 8º, I, da CF/88, cláusula constitucional da autonomia sindical, que veda a interferência e a intervenção na sua organização e gestão; a mais, o estatuído no art. 8º, § 3º, da CLT, que limita a atuação da Justiça do Trabalho à análise dos elementos essenciais do negócio jurídico, respeitado o estabelecido no art. 104 do CCB, considera-se válida e eficaz a norma coletiva que estabelece o benefício social familiar." RELATÓRIO O Exmo., em exercício na 2ª Vara do Trabalho de ANÁPOLIS, pela r. sentença de ID f8da630, julgou PARCIALMENTE PROCEDENTES os pedidos formulados por SINDICATO DOS EMPREGADOS NO COMERCIO DE ANÁPOLIS na ação de cumprimento ajuizada em face de MARANATA MUSIC LTDA., Inconformado, o SINDICATO DOS EMPREGADOS NO COMERCIO DE ANÁPOLIS, interpõe recurso ordinário (Id. eb01b0f). Contrarrazões não foram apresentadas. Dispensada a manifestação do Ministério Público do Trabalho, nos termos regimentais É o relatório. ADMISSIBILIDADE Presentes os pressupostos objetivos e subjetivos de admissibilidade, conhece-se recurso ordinário interposto pelo sindicato autor. MÉRITO MULTA CONVENCIONAL O recorrente sustenta que "as cláusulas convencionais possuem caráter obrigacional na criação de direitos e obrigações, submetendo todas as empresas e trabalhadores por ela abrangidos, aos exatos termos nela pactuados". Defende que a ausência de cumprimento da cláusula referente ao Benefício Social Familiar por parte da recorrida implica a incidência de sanção prevista no instrumento coletivo. Alega que "apesar do juízo de primeiro grau reconheça ser devido os pagamentos no que diz respeito a cláusula benefício social familiar, deixou de aplicar a multa por violação da convenção coletiva de trabalho a Recorrida". Invoca o disposto no artigo 611-A da Consolidação das Leis do Trabalho e em julgados desta Egrégia Corte, inclusive voto proferido pelo Desembargador Marcelo Nogueira Pedra no processo ROT 0010061-42.2024.5.18.0004. Defende que "deixar de aplicar a referida sanção pactuada é criar precedente a tantos outros empregadores deixarem de cumprir com as suas obrigações" e afirma que "o sindicato recorrente é prejudicado diretamente, pois se responsabiliza pelos pagamentos dos benefícios independentemente da adimplência da empresa". Reforça, ainda, que "na ocorrência de qualquer evento que gere direito de atendimento aos trabalhadores ou seus familiares, estes não perderão o direito aos benefícios sociais e serão devidamente atendidos pelas entidades", sendo a entidade sindical a suportar o ônus financeiro decorrente da inadimplência patronal. No tocante ao pedido de condenação da requerida ao pagamento de multa por descumprimento da convenção coletiva, observa-se que a cláusula sexagésima sexta da CCT's 2018/2020 expressamente prevê que em caso de descumprimento da norma coletiva, é devida a incidência da penalidade em favor da parte prejudicada: "Os empregadores e empregados, assim como os sindicatos convenentes que violarem qualquer disposição desta Convenção, ficam sujeitos à multa de 10%(dez por cento) sobre o valor violado, não podendo a multa ser inferior a R$ 300,00 (trezentos reais) por violação cometida, revertendo em favor da parte prejudicada " As cláusulas 21ª e 66ª da CCT de 2021/2023 (com vigência de 1º de junho de 2021 a 31 de maio de 2023 - ID. f0c1186) e as cláusulas 20ª e 64ª da CCT de 2023/2025 (com vigência de 1º de junho de 2023 a 31 de maio de 2025 - ID. 858dbf9), ambos igualmente celebrados pelo SINDICATO DOS EMPREGADOS NO COMÉRCIO DE ANÁPOLIS e pelo SINDICATO DO COMÉRCIO VAREJISTA DE ANÁPOLIS, possuem teor semelhante ao das cláusulas acima transcritas. No tocante ao pedido de condenação da reclamada ao pagamento de multa por descumprimento das convenções coletivas, observa-se que a cláusula 66ª das CCT's de 2018/2020 e de 2021/2023, bem como a cláusula 64ª da CCT de 2023/2025, acima citadas, expressamente estipulam que em caso de descumprimento da norma coletiva, é devida a incidência da penalidade em favor da parte prejudicada. Este relator entendia que o autor figurava como parte prejudicada, uma vez que, a despeito da ausência de repasse dos valores pela empresa reclamada, manteve a obrigação de atender às necessidades dos trabalhadores referentes ao benefício social familiar, arcando com os custos respectivos. Assim, entendia por condenar a ré a pagar ao Sindicato autor a multa por descumprimento das cláusulas das CCT's relativas ao pagamento do Benefício Social Familiar. No entanto, por ocasião do julgamento, prevaleceu a divergência apresentada pelo Exmo. Juiz Convocado Celso Moredo Garcia, nos seguintes termos: "Apreciando o conteúdo das normas coletivas, verifico que os empregadores que violarem o disposto na CCT ficam sujeitos à multa em valor a ser pago por empregado e por descumprimento verificado, sendo os valores revertidos à parte prejudicada. Entretanto, é evidente que a organização gestora do Benefício Social Familiar é a real responsável pelo pagamento da benesse, sendo, portanto, a detentora do direito ao reembolso, caso o empregador se torne inadimplente. Nos autos, não há prova de que o sindicato-autor houvesse arcado com os custos do Benefício Social Familiar devido a algum empregado do recorrido. Ao contrário, as normas convencionais deixam claro que a gestora especializada é a única responsável pela prestação do benefício e que a inadimplência do empregador enseja um reembolso diretamente a essa entidade. A gestora é a entidade responsável pela prestação dos serviços e pelo eventual reembolso, não cabendo ao sindicato beneficiar-se de multa cujo objetivo é indenizar a parte prejudicada. Dessa forma, considerando que o sindicato recorrente não é o titular do direito ao reembolso nem sofreu prejuízo direto com o inadimplemento do empregador, mantenho a sentença que indeferiu a aplicação da multa convencional. Nesse sentido, cito os seguintes arestos da Primeira e Segunda Turmas deste Eg. Tribunal: "DIREITO DO TRABALHO. RECURSO ORDINÁRIO. MULTA CONVENCIONAL. JUSTIÇA GRATUITA. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. I. CASO EM EXAME1. Recurso ordinário interposto por sindicato contra sentença que julgou parcialmente procedentes os pedidos, contestando a improcedência do pedido de multa convencional e o indeferimento da justiça gratuita, bem como questionando os honorários advocatícios. II. QUESTÃO EM DISCUSSÃO 2. Há três questões em discussão: (i) definir se o sindicato faz jus à multa convencional pelo descumprimento da cláusula sobre benefício social familiar; (ii) determinar se o sindicato tem direito à justiça gratuita; e (iii) definir o valor dos honorários advocatícios. III. RAZÕES DE DECIDIR 3. A multa convencional prevista em norma coletiva para o descumprimento da cláusula sobre benefício social familiar é devida ao conjunto de empregados prejudicados, não ao sindicato, que não pode ser o beneficiário em razão da natureza do benefício. (...)" Tese de julgamento:1. O sindicato não tem direito à multa convencional prevista em norma coletiva pelo descumprimento da cláusula sobre benefício social familiar, pois a multa se destina aos empregados, não ao sindicato. (...)". (TRT da 18ª Região; Processo: 0011913-59.2024.5.18.0018; Data de assinatura: 11-06-2025; Órgão Julgador: 1ª TURMA; Relator Desembargador GENTIL PIO DE OLIVEIRA). "MULTA NORMATIVA. BENEFÍCIO SOCIAL FAMILIAR. DESCUMPRIMENTO DE CLÁUSULA. Em que pese o descumprimento verificado nos autos, ele não dá ensejo à aplicação das multas previstas nas cláusulas invocadas pelo ente sindical autor e pleiteadas em nome próprio, porquanto não houve prejuízo ao sindicato Não sendo o sindicato parte prejudicada, consequentemente, não é passível de beneficiar-se com a multa convencional. Recurso ordinário conhecido em parte e parcialmente provido." (TRT da 18ª Região; Processo: 0010398-36.2024.5.18.0261; Data de assinatura: 11-10-2024; Órgão Julgador: 2ª TURMA; Relator Desembargador PLATON TEIXEIRA DE AZEVEDO FILHO)". (TRT da 18ª Região; Processo: 0000001-64.2025.5.18.0201; Data de assinatura: 16-06-2025; Órgão Julgador: 2ª TURMA; Relatora Desembargadora KATHIA MARIA BOMTEMPO DE ALBUQUERQUE). Nego provimento, no particular". Nega-se provimento. DA ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA No tocante aos índices de correção monetária, o Recorrente pleiteia a reforma da sentença, tendo em vista o que restou estipulado na Cláusula Quinquagésima Sexta. A Cláusula Quinquagésima Sexta da CCT 2023/2025 (fl. 151 dos autos) dispõe: "CLÁUSULA QUINQUAGÉSIMA SEXTA - CONTRIBUIÇÃO NEGOCIAL LABORAL PARÁGRAFO QUINTO: recolhimento efetuado fora dos prazos previstos nesta cláusula, retidos pela empresa, obrigará o empregador a multa de 2% (dois por cento), além de 1% (um por cento) de juros ao mês". A cláusula invocada - Cláusula 56ª da CCT 2023/2025 - refere-se exclusivamente à "Contribuição Negocial Laboral", inserida no título "Contribuições Sindicais", não havendo qualquer menção expressa à atualização dos valores relacionados ao Benefício Social Familiar (BSF), objeto da presente ação. Com efeito, a cláusula referida dispõe que "as empresas ficam autorizadas a descontar do rendimento bruto de seus empregados filiados, 4% (quatro por cento) no mês de junho/2023 e mais 4% (quatro por cento) no mês de novembro/2023, recolhendo 10 (dez) dias após o desconto em favor do Sindicato dos Empregados no Comércio de Anápolis". Em seu parágrafo quinto, prevê-se apenas que o "recolhimento efetuado fora dos prazos [...] obrigará o empregador a multa de 2% [...], além de 1% [...] de juros ao mês", tratando, portanto, de penalidades por inadimplemento da contribuição sindical, e não de critérios para atualização de valores devidos a título de vantagem convencional. Dessa forma, não se vislumbra previsão normativa específica que estabeleça índice de correção monetária diverso daquele aplicável nos termos da legislação de regência, tampouco demonstração de que a cláusula coletiva tenha abrangência suficiente para disciplinar os critérios de atualização do crédito reconhecido em juízo. Ao pretender vincular a incidência de multa e juros às contribuições relativas ao custeio do benefício social familiar, o sindicato autor incorre em conduta temerária, distorcendo a realidade dos fatos, o que caracteriza litigância de má-fé, nos termos dos incisos II e V do art. 793-B da CLT. Diante disso, indefere-se o pleito relativo à aplicação do referido preceito normativo, e com fundamento no art. 793-B da CLT aplica-se ao sindicato autor multa de 5% sobre o valor da causa corrigido, revertida em favor da parte reclamada. Ressalte-se que, no mesmo sentido, decidiu a 2ª Turma deste Eg. Regional, no ROT-0011568-85.2024.5.18.0053, de relatoria do Juiz Convocado César Moredo, julgado 22/01/2025. Transcreve-se: Além da alteração das alegações da petição inicial para o recurso, observo que parágrafo quinto de cláusula quinquagésima sexta com o teor noticiado existe apenas na CCT 2023/2025 (fl. 151 dos autos) e, ainda, que o dispositivo não se refere ao custeio do benefício social familiar, mas sim a contribuição negocial laboral, o que inclusive está indicado no título da cláusula, "CLÁUSULA QUINQUAGÉSIMA SEXTA - CONTRIBUIÇÃO NEGOCIAL LABORAL", que o sindicato autor altera, na petição inicial, para "Cláusula Quinquagésima Sexta - do Benefício Social Familiar". A previsão também aparece em CCTs de períodos anteriores, em cláusulas com numeração diversa, mas sempre referindo-se a "CONTRIBUIÇÃO NEGOCIAL LABORAL". Para que não restem dúvidas de que não se refere ao custeio do benefício social familiar, reproduzo o caput da cláusula quinquagésima sexta da CCT 2023/2025: "As empresas ficam autorizadas a descontar do rendimento bruto de seus empregados filiados, 4% (quatro por cento) no mês de junho/2023 e mais 4% (quatro por cento) no mês de novembro/2023, recolhendo 10 (dez) dias após o desconto em favor do Sindicato dos Empregados no Comércio de Anápolis. As empresas ficam autorizadas a descontar do rendimento bruto de seus empregados filiados, 4% (quatro por cento) no mês de junho/2024 e mais 4% (quatro por cento) no mês de novembro/2024, recolhendo 10 (dez) dias após o desconto em favor do Sindicato dos Empregados no Comércio de Anápolis." Ao pretender associar a multa e juros em questão às mensalidades de custeio do benefício social familiar, inclusive alterando o título da cláusula respectiva, o sindicato autor procede de modo temerário e altera a verdade dos fatos, condutas que consubstanciam litigância de má-fé, nos termos dos inciso II e V do art. 793-B da CLT. Por tais razões, ao tempo em que indefiro a aplicação da multa e juros em comento, aplico ao demandante, com fulcro no art. 793-B da CLT, multa de 10% sobre o valor da causa, em favor da parte reclamada. Tratando-se de matéria de ordem pública, de ofício, determina-se a observância do que foi decidido pelo E. STF no bojo das ADCs 58 e 59 e ADIs nºs 5.867 e 6.021, bem como as alterações introduzidas pela Lei 14.905/2024. Destarte, devem ser aplicados os seguintes índices: a) na fase pré-judicial, o Índice Nacional de Preço ao Consumidor Amplo Especial (IPCA-E), mais juros legais, nos termos do art. 39, "caput", da Lei nº 8.177/91 (TRD); b) a partir do ajuizamento da ação até 29/08/2024, apenas a taxa SELIC, nesta já englobados tanto a correção monetária como os juros de mora; c) a partir de 30/08/2024 até o efetivo pagamento do débito, o IPCA como índice de atualização monetária dos débitos trabalhistas vencidos (art. 389, parágrafo único, CC), acrescido dos juros de mora equivalentes à SELIC deduzido o índice de atualização monetária (IPCA), limitado a zero, caso a taxa apurada apresente resultado negativo (art. 406, §§ 1 e 3º, CC). DO PEDIDO SUBSIDIÁRIO O recorrente assevera que "vez que a Recorrida deixou de prestar as devidas informações junto ao portal do benefício social familiar, se faz necessário para a satisfação do pleito seja essa compelida a apresentar a documentação que comprove a quantidade de funcionários registrados durante os vencimentos". Registra, ainda, que a sentença "deixou de apreciar o pedido subsidiário do Recorrente para que, em caso de inércia da Recorrida, seja oficiado o MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO, para anexar aos autos os documentos pertinentes e/ou E-SOCIAL para possibilitar a correta apuração dos cálculos". Percebe-se, portanto, que o Juízo de origem reconheceu que "a reclamada já apresentou a documentação necessária para a liquidação do julgado (Id c1246f4)." Veja-se que o autor, quando pleiteou fossem envidados ofícios aos órgãos competentes para prestarem informações quanto aos empregados da ré (item "c" do rol de pedidos da inicial), apresentou tal pedido de forma alternativa, e não como procedimento a ser adotado pelo Juízo em caso de inércia da demandada na apresentação da documentação. Dessa maneira, como a expedição de ofícios foi pleiteada em caráter alternativo, o d. juízo singular não se encontrava obrigado a apreciá-lo, uma vez tendo deferido o pedido original. Entretanto, nada impede que na fase de liquidação, em se revelando necessário, sejam expedidos ofícios àqueles órgãos, bem assim adotadas outras providência indispensáveis à liquidação do título executivo. Nega-se provimento. JUSTIÇA GRATUITA O MM. Juiz sentenciante indeferiu o requerimento de gratuidade da justiça formulado pelo sindicato autor, por entender que não ficou provada a sua hipossuficiência. O autor recorre, alegando que é "representante dos empregados e, diante do pleito da inicial, qual seja, cumprimento de Convenções Coletivas de Trabalho, presente a hipótese da adoção do entendimento do C. Tribunal Superior do Trabalho cristalizado na Súmula nº 463, I, combinado com o artigo 98 do CPC, sem prejuízo das demais normas aplicáveis ao caso." Afirma que "indeferir a gratuidade ao Sindicato Recorrente, soaria como afronta ao inciso LXXIV do artigo 5º da Constituição Federal." Pugna pela reforma da sentença. O teor do art. 1.º da Lei nº 7.115/83, não alterado pela Reforma Trabalhista, presume-se verdadeira a declaração destinada a fazer prova de pobreza, firmada pelo próprio interessado ou por procurador devidamente constituído. No mesmo sentido, o art. 99, §3º, do Código de Processo Civil, ao estatuir: "Presume-se verdadeira a alegação de insuficiência deduzida exclusivamente por pessoa natural". Tratando-se, porém, de pessoa jurídica, a concessão do benefício não decorre de simples declaração, mas de demonstração inequívoca da fragilidade econômica. Nesse sentido é o teor da Súmula 463, II, do TST. Nada obstante, o autor não coligiu provas da alegada incapacidade de suportar as eventuais despesas do processo. À míngua de provas, mantém-se a r. sentença que indeferiu os benefícios da justiça gratuita ao sindicato autor. Nega-se provimento. HONORÁRIOS DE SUCUMBÊNCIA A r. sentença recorrida fixou os honorários de sucumbência no percentual de 12% sobre o valor da condenação que vier a ser apurado em liquidação da sentença. Pleiteia o sindicato autor a majoração dos honorários sucumbenciais. Considerando que o juiz, ao fixar os honorários, deve observar o grau e zelo do profissional, o lugar da prestação do serviço, a natureza e a importância da causa, o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu serviço (art. 791-A, § 2º, da CLT), tem-se por razoável o percentual fixado na origem. Nega-se provimento. CONCLUSÃO Recurso ordinário do Sindicato autor conhecido e ao qual se nega provimento, nos termos da fundamentação. Custas inalteradas. É o voto. ACÓRDÃO ISTO POSTO, acordam os membros da Terceira Turma do Egrégio Tribunal Regional do Trabalho da 18ª Região, em sessão ordinária virtual hoje realizada, por unanimidade, conhecer do recurso do Sindicato Autor e, no mérito, por maioria, negar-lhe provimento, vencido, em parte, o Relator que lhe dava provimento parcial que adaptará o voto nos termos da divergência apresentada pelo Juiz Celso Moredo Garcia para manter a r. sentença que indeferiu a aplicação da multa convencional, bem como juntará voto vencido, neste particular. Participaram do julgamento os Excelentíssimos Desembargadores WANDA LÚCIA RAMOS DA SILVA (Presidente) e MARCELO NOGUEIRA PEDRA e o Excelentíssimo Juiz CELSO MOREDO GARCIA (convocado para atuar no Tribunal, conforme Portaria TRT 18ª nº 670/2025). Presente na assentada de julgamento o d. representante do Ministério Público do Trabalho. Sessão de julgamento secretariada pela Diretora da Coordenadoria de Apoio à Terceira Turma, Maria Valdete Machado Teles. Goiânia, 27 de junho de 2025. Assinatura MARCELO NOGUEIRA PEDRA Relator Voto vencido MULTA POR DESCUMPRIMENTO DAS NORMAS COLETIVAS. BENEFÍCIO SOCIAL FAMILIAR E, no caso, é evidente que o sindicato autor figura como parte prejudicada, uma vez que a despeito da ausência de repasse dos valores pela empresa reclamada, manteve a obrigação de atender às necessidades dos trabalhadores referentes ao benefício social familiar, arcando com os custos respectivos. Acrescente-se que o Sindicato é, inequivocamente, uma das partes signatárias da CCT 2018, logo, até mesmo numa leitura literal da cláusula sob análise é de se reconhecer sua condição de "parte prejudicada". Destarte, condena-se o réu a pagar ao autor multa por descumprimento das cláusulas das CCTs relativas ao pagamento do "Benefício Social Familiar", sem ultrapassar, todavia, 100% do valor da obrigação originalmente prevista (art. 412 do CC). Registra-se que nesse mesmo sentido já decidiu esta Col. 3ª Turma, no julgamento do ROT-0011036-75.2023.5.18.0141. Dá-se provimento. MARCELO NOGUEIRA PEDRA Desembargador do Trabalho GOIANIA/GO, 14 de julho de 2025. VERONICA BARREIRA FAZENDEIRO AMOR DIVINO Diretor de Secretaria Intimado(s) / Citado(s) - SINDICATO DOS EMPREGADOS NO COMERCIO DE ANAPOLIS

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Base Construtora Ltda e outros x Alvaro Castro Morais e outros

ID: 328229854

Tribunal: TRT10 Órgão: 1ª Vara do Trabalho de Palmas - TO Classe: AçãO TRABALHISTA - RITO ORDINáRIO Nº Processo: 0002438-37.2011.5.10.0801

Data de Disponibilização: 17/07/2025

Polo Ativo:

BASE CONSTRUTORA LTDA SEBASTIAO FERREIRA DA SILVA

Polo Passivo:

ALVARO CASTRO MORAIS AURELIO CASTRO MORAIS CASTRO MORAIS INCORPORADORA E CONSTRUTORA LTDA GLOBAL ENCOMENDAS LTDA INDUSTRIA NACIONAL DE ASFALTOS S/A LUCIANO PEREIRA DE LIMA MARCOS ZAGLUL DAHER RICARDO FERNANDES DE OLIVEIRA RONALDO DE BARROS BARRETO TADEU MACHADO COELHO JUNIOR

Notificação

Advogados:

KELLY DUARTE PEREIRA

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RAFAEL LARA MARTINS

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MARCIO GONÇALVES MOREIRA

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EDWARDO NELSON LUIS CHAVES FRANCO

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FLAVIO ANTONIO ANDRADE JUNIOR

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RAULINO SOARES DE SOUZA JUNIOR

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RODRIGO CORTIZO VIDAL

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BRUNO AMORIM TAGUATINGA

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PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 10ª REGIÃO 1ª Vara do Trabalho de Palmas - TO ATOrd 0002438-37.2011.5.10.0801 RECLAMANTE: SEBASTIAO FERREIRA DA SILVA RECL… PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 10ª REGIÃO 1ª Vara do Trabalho de Palmas - TO ATOrd 0002438-37.2011.5.10.0801 RECLAMANTE: SEBASTIAO FERREIRA DA SILVA RECLAMADO: INDUSTRIA NACIONAL DE ASFALTOS S/A, GLOBAL ENCOMENDAS LTDA, CASTRO MORAIS INCORPORADORA E CONSTRUTORA LTDA, RONALDO DE BARROS BARRETO, ALVARO CASTRO MORAIS, TADEU MACHADO COELHO JUNIOR, RICARDO FERNANDES DE OLIVEIRA, MARCOS ZAGLUL DAHER, LUCIANO PEREIRA DE LIMA, AURELIO CASTRO MORAIS INTIMAÇÃO Fica V. Sa. intimado para tomar ciência da Decisão ID 6603e5c proferida nos autos. TERMO DE CONCLUSÃO Conclusão ao(à) Exmo(a). Juiz(a) do Trabalho feita pelo(a) servidor(a) MARCISIO MAGALHAES GOMES, em 16 de julho de 2025. DECISÃO Vistos os autos. RELATÓRIO Os executados Indústria Nacional de Asfaltos S/A–Em Recuperação Judicial, Castro Morais Incorporadora e Construtora EPP., Álvaro Castro Morais,Marcos ZaglulDaher, Ronaldo Barros Barreto e Tadeu Machado Coelho Júnior, apresentaram EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE ao Id. f742804, alegando, em síntese: a) a ilegalidade da execução paralela após habilitação e novação do crédito; b) a nulidade da inclusão de empresas e sócios com base em grupo econômico. Também, trata-se de EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE oposta por Ricardo Fernandes de Oliveira (ID 623a29e), em face da execução trabalhista movida por SEBASTIAO FERREIRA DA SILVA. O excipiente alega nulidade da execução, em razão da nulidade da citação por edital no incidente de desconsideração da personalidade jurídica (IDPJ), argumentando cerceamento de defesa, ilegitimidade passiva e requerendo tutela de urgência para o desbloqueio de valores bloqueados em suas contas bancárias. Intimado, o Excepto deixou transcorrer in albis o prazo concedido para manifestação. À análise. FUNDAMENTAÇÃO Por se tratar de matéria de ordem pública, eis que não garantida a execução, RECEBO as exceções de pré-executividade de Ids. f742804 / 623a29e. A exceção ou objeção de pré-executividade, conquanto não esteja expressamente prevista em lei, é largamente aceita pela doutrina e jurisprudência, e tem cabimento quando o executado deseja se opor à execução, com fundamento na inexigibilidade do título executivo, ausência de pressupostos processuais ou de condições da ação executiva ou outra matéria cognoscível de ofício pelo juiz, sem a necessidade de se garantir o juízo para sua apreciação. É também necessário que a prova seja pré-constituída, como bem apontado por Carlos Henrique Bezerra Leite (in Curso de Direito Processual do Trabalho, 5ª ed., São Paulo: LTr, p. 979), o que implica dizer que a objeção de pré-executividade não comporta dilações probatórias, como forma de se impedir a protelação da marcha processual executiva. É o que basta. Decido. I) DA 1ª EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE Id. f742804, EXCIPIENTES: INDÚSTRIA NACIONAL DE ASFALTOS S/A–EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL, CASTRO MORAIS INCORPORADORA E CONSTRUTORA EPP., ÁLVARO CASTRO MORAIS, MARCOS ZAGLULDAHER, RONALDO BARROS BARRETO E TADEU MACHADO COELHO JÚNIOR I.1. DA ILEGALIDADE DA EXECUÇÃO PARALELA APÓS HABILITAÇÃO E NOVAÇÃO DO CRÉDITO Os excipientes alegam que o crédito trabalhista foi habilitado no juízo da recuperação judicial da Indústria Nacional de Asfaltos e inscrito na classe trabalhista, conforme a certidão expedida e encaminhada à 2ª Vara Cível de Goianira/GO. Explicam que, com base na habilitação, o crédito se submete aos efeitos do plano de recuperação judicial, havendo novação da obrigação. Ressaltam que o juízo universal confirmou o cumprimento do plano e a disponibilidade do valor para pagamento. Argumentam que a execução paralela neste juízo representa cobrança indevida e compromete a lógica da recuperação judicial, pois a satisfação dos créditos deve ocorrer de forma centralizada no juízo da recuperação judicial, em aplicação direta do art. 6º, caput e inc. II, da Lei nº 11.101/2005, e do art. 47, que consagra o princípio da preservação da empresa. Alegam que a manutenção de atos constritivos neste juízo viola o devido processo legal e o princípio da menor onerosidade do devedor (art. 805 do CPC c/c art. 884, § 2º, da CLT). Frisam que impor medidas de bloqueio subverte a lógica do sistema recuperacional. Enfatizam que a inércia do exequente em requerer o levantamento do crédito no juízo competente não justifica a adoção de providências executivas em juízo diverso. Pois bem. A 1ª executada não demonstrou que a Decisão do Juízo Universal, a qual deferiu o processamento da recuperação judicial tenha alcançado efeito protetivo ao patrimônio de cada sócio. Portanto, a exceção da executada INDUSTRIA NACIONAL DE ASFALTOS S/A, os demais executados não estão protegidos pelo manto do Juízo recuperatório, sobre os quais incidem-se os atos executórios deste feito. Nesse ponto, REJEITO a EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE de Id. f742804. I.2) DA NULIDADE DA INCLUSÃO DE EMPRESAS E SÓCIOS COM BASE EM GRUPO ECONÔMICO NA FASE DE EXECUÇÃO – TEMA 1.232/STF Os excipientes aduzem que a inclusão de novas empresas e sócios no polo passivo, com base em grupo econômico, sem contraditório ou ampla defesa, compromete a validade dos atos executórios. Apontam que o despacho determinou a inclusão de empresas e a renovação de ordens de bloqueio, sem oportunizar a impugnação da responsabilidade. Mencionam a expedição de ordem de bloqueio de ativos em face dos sócios, por meio de incidente de desconsideração da personalidade jurídica inversa, pendente de julgamento no TRT. Asseveram que tais atos violam o art. 5º, inciso LV, da Constituição Federal. Ressaltam que a matéria está sob análise no STF no Tema 1.232 de repercussão geral, que determinou a suspensão nacional dos processos que tratam da matéria. Concluem que os atos executivos devem ser sustados e a execução sobrestada, sob pena de nulidade processual. É o relatório. A Resolução n. 203 do Tribunal Pleno do C. TST editou a Instrução Normativa n° 39/2016, que dispõe sobre as normas do Código de Processo Civil de 2015 aplicáveis e inaplicáveis ao Processo do Trabalho. Nos termos do art. 6º da referida norma, aplica-se ao Processo do Trabalho o incidente de desconsideração da personalidade jurídica, regulado no Código de Processo Civil (arts. 133 a 137), assegurada a iniciativa também do juiz do trabalho na fase de execução (CLT, art. 878). O entendimento remansoso nesta Justiça Especializada abre exceção ao princípio da responsabilidade limitada do sócio para aplicação da teoria da desconsideração da personalidade jurídica ("disregard of legal entity"), visando que o empregado possa, verificando a insuficiência do patrimônio societário, responsabilizar solidária e ilimitadamente os sócios da empresa devedora até o pagamento integral dos créditos laborais, de modo a evitar que a pessoa jurídica e seus sócios se locupletem às custas do empregado. Por intermédio do referido instituto, previsto no art. 28 § 5º da Lei nº 8.078/90 e aplicado por analogia (art. 8º parágrafo único da CLT) ao procedimento laboral, consolidou-se o entendimento no sentido de que o patrimônio dos sócios responderá pelas obrigações empresariais, no caso de frustração patrimonial da empresa devedora, sendo despiciendo perquirir a ocorrência de utilização abusiva ou fraudulenta dos atributos da personalidade jurídica. As jurisprudências do TRT e do TST são nesse sentido, que peço vênia para utilizar como razões de decidir: “1. DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA. INCLUSÃO DA SÓCIA NO POLO PASSIVO DA EXECUÇÃO MEDIANTE INCIDENTE PRÓPRIO. Na forma do art. 8º, § 1º, da CLT, aplica-se ao processo do trabalho o art. 28, § 5º do CDC, que autoriza a despersonalização em decorrência do mero inadimplemento das obrigações do devedor, sendo prescindível a demonstração de abuso da personalidade jurídica ou confusão patrimonial. Demonstrado o inadimplemento das parcelas devidas pela executada principal, correta a decisão que incluiu a agravante no polo passivo da execução. Essa conclusão se mostra mais acertada quando a sócia não indicou bens da pessoa jurídica aptos à quitação da execução. (...)" (TRT 10ª Região, 3ª Turma, AP 0000469-03.2018.5.10.0102, Rel. Des. Cilene Ferreira Amaro Santos, julgado em 1/7/2020, publicado no DEJT em 4/7/2020)”. “AGRAVO DE INSTRUMENTO. LEI 13.467/2017. EXECUÇÃO. DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA DA DEVEDORA PRINCIPAL. REDIRECIONAMENTO DA EXECUÇÃO CONTRA OS SÓCIOS. NÃO INDICAÇÃO DE BENS LIVRES E DESEMBARAÇADOS DA PESSOA JURÍDICA PARA A QUITAÇÃO DA DÍVIDA. POSSIBILIDADE DE CONSTRIÇÃO DE BENS DOS SÓCIOS EXECUTADOS. TRANSCENDÊNCIA. O processamento do recurso de revista na vigência da Lei 13.467/2017 exige que a causa ofereça transcendência com relação aos reflexos gerais de natureza econômica, política, social ou jurídica, a qual deve ser analisada de ofício e previamente pelo Relator (artigos 896-A, da CLT, 246 e 247 do RITST). Ausente a transcendência, o recurso não será processado. No caso, constatada a inexistência de bens da devedora principal e após regular incidente de desconsideração da personalidade jurídica, a execução foi redirecionada aos sócios, os quais não indicaram bens da pessoa jurídica aptos à quitação da dívida. Por esses motivos determinou-se a constrição de bens do sócio. A matéria debatida não possui transcendência econômica, política, jurídica ou social. Agravo de instrumento de que se conhece e a que se nega provimento porque não reconhecida a transcendência. (TST - AIRR: 103062120155030090, Data de Julgamento: 26/06/2019, Data de Publicação: DEJT 28/06/2019)”. Logo, entendo estarem totalmente respeitados os preceitos que embasaram a desconsideração da personalidade jurídica realizada nestes autos com o intuito de resguardar o crédito trabalhista que possui natureza alimentar e que como tal deve ser tratado. Acerca do Tema 1232 do STF, o presente caso não configura violação ao art. 513, § 5º, do CPC, tratando-se de caso distinto do tema de repercussão geral 1.232 do STF, haja vista que houve prévia e regular instauração de incidente de desconsideração e desconsideração inversa da personalidade jurídica, nos termos do art. 133 segs. do CPC, sendo assegurados contraditório e ampla defesa (TRT10 – Agravo de Petição 0001217-67.2020.5.10.0101, julgado em 21/02/2024). Desse modo, as empresas e os sócios incluídos no polo passivo responderão solidariamente pelos créditos devidos à parte Exequente. Face ao exposto, MANTENHO os excipientes da exceção de pré-executividade de Id. f742804 no polo passivo do feito. II) DA 2ª EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE Id 623a29e, EXCIPIENTE: RICARDO FERNANDES DE OLIVEIRA II. 1. DA ADMISSIBILIDADE DA EXCEÇÃO A exceção de pré-executividade é cabível para impugnar vícios que tornam a execução nula, conforme art. 803 e parágrafo único, do CPC, aplicável subsidiariamente ao processo do trabalho (art. 769 da CLT). A jurisprudência do TRT-10 (AIRO - 0011036-59.2016.5.18.0161, Rel. Rosa Nair da Silva Nogueira Reis, 3ª Turma, 11/09/2019) reconhece o cabimento da exceção para arguir irregularidades na citação. Considerando-se que Ricardo teve ciência da execução apenas pela constrição de seus bens em 04/06/2025, e a exceção foi apresentada em 12/06/2025, o recurso é tempestivo. Conheço da exceção. II. 2. DA NULIDADE DA CITAÇÃO POR EDITAL O Excipiente que a citação por edital para o IDPJ (fls. 2.503) foi precedida por tentativa de citação postal frustrada em razão de endereço incompleto (fls. 2.393/2.394). com isso, teria ficado impossibilitado de realizar sua defesa, com isso, requereu a declaração de nulidade da citação por edital. Explico. A citação por edital está amparada no art. 841, § 1º, da CLT, que permite sua realização após o esgotamento de todas as tentativas de localização do destinatário. No caso, foram realizadas múltiplas diligências infrutíferas em endereços indicados na inicial, em cadastros públicos e pelos sócios da empresa. DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO. AGRAVO DE PETIÇÃO. NULIDADE DE CITAÇÃO. CITAÇÃO POR EDITAL. REGULARIDADE. INCIDENTE DE DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA. APLICAÇÃO DA TEORIA MENOR. RECURSO DESPROVIDO.I. CASO EM EXAME1. Agravo de petição interposto contra decisão que rejeitou a alegação de nulidade de citação da executada por edital e manteve a regularidade do trâmite do incidente de desconsideração da personalidade jurídica, reconhecendo a responsabilidade subsidiária dos sócios para satisfação do crédito trabalhista.II. QUESTÃO EM DISCUSSÃO2. Há duas questões em discussão: (i) determinar se a citação por edital da empresa executada e de sua sócia violou os princípios do contraditório e da ampla defesa; (ii) analisar a regularidade do redirecionamento da execução para os sócios da empresa, mesmo sem requerimento do exequente, com base na aplicação da Teoria Menor da desconsideração da personalidade jurídica no âmbito da Justiça do Trabalho.III. RAZÕES DE DECIDIR3. A decisão reconhece que a citação por edital está amparada no art. 841, § 1º, da CLT, que permite sua realização após o esgotamento de todas as tentativas de localização do destinatário. No caso, foram realizadas múltiplas diligências infrutíferas em endereços indicados na inicial, em cadastros públicos e pelos sócios da empresa.4. Conclui que a empresa executada não cumpriu sua obrigação de manter os dados cadastrais atualizados nos registros públicos, conforme determina o art. 77, VII, do CPC, e que tal omissão justifica a adoção da citação por edital como medida excepcional e válida.5. Quanto à desconsideração da personalidade jurídica, aplica-se a Teoria Menor, prevista no art. 28 do CDC, nesta Especializada, a qual autoriza a responsabilização dos sócios quando a personalidade jurídica se revela um obstáculo à satisfação do crédito, sem necessidade de comprovação de abuso de personalidade.6. Reconhece a regularidade do redirecionamento da execução contra os sócios, conforme precedentes da 1ª Turma do TRT da 10ª Região, enfatizando a frustração da execução em face da pessoa jurídica e a compatibilidade do procedimento com o art. 878 da CLT, que autoriza o magistrado a promover a execução de ofício, independentemente de requerimento da parte exequente.IV. DISPOSITIVO E TESE7. Recurso desprovido.Tese de julgamento:8. A citação por edital é válida quando esgotadas as tentativas de localização do destinatário, observados os requisitos legais previstos no art. 841, § 1º, da CLT.9. A Teoria Menor da desconsideração da personalidade jurídica aplica-se no processo do trabalho, permitindo a responsabilização dos sócios sempre que a personalidade jurídica da empresa for insuficiente para a satisfação do crédito trabalhista.10. Cabe à parte manter atualizados os dados cadastrais nos registros públicos para evitar prejuízo ao regular andamento do processo, conforme art. 77, VII, do CPC. Dispositivos relevantes citados: CLT, arts. 841, § 1º, e 878; CPC, art. 77, VII; CDC, art. 28.Jurisprudência relevante citada: TRT-10ª Região, Acórdão 1ª Turma, AP-0000841-18.2019.5.10.0102, Rel. Des. Flávia Simões Falcão, julgado em 30.10.2023; TRT-10ª Região, Acórdão 1ª Turma, AP-0000034-41.2018.5.10.0001, Rel. Juiz Denilson Bandeira Coêlho, julgado em 30.06.2021; TRT-10ª Região, Acórdão 1ª Turma, AP-0001527-81.2013.5.10.0016, Rel. Des. André R.P.V. Damasceno, julgado em 11.11.2020.(TRT da 10ª Região; Processo: 0000632-37.2019.5.10.0105; Data de assinatura: 08-02-2025; Órgão Julgador: Desembargadora Elaine Machado Vasconcelos - 1ª Turma; Relator(a): LUIZ HENRIQUE MARQUES DA ROCHA). Cabe destacar que a citação por edital é medida excepcional, sendo cabível apenas quando o destinatário cria obstáculos ao recebimento ou não é localizado no endereço indicado, após esgotados os meios disponíveis para identificar o endereço correto. Essa situação é amplamente constatada nos autos. Assim, REJEITO o pedido do insurgente. II. 3. DO CERCEAMENTO DE DEFESA E DA AUSÊNCIA DE CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA O Excipiente alega que a inclusão do peticionário no polo passivo da demanda viola os princípios do devido processo legal, contraditório e ampla defesa, pois não participou da fase de conhecimento. Considerando que a citação foi considerada válida, resta prejudicada a análise da questão do cerceamento do direito de defesa, uma vez que o Excipiente foi regularmente citado por Edital nos termos do art. 841, § 1º, da CLT. II. 4. DA ILEGITIMIDADE PASSIVA O Excipiente Ricardo comprova ter se retirado da sociedade da empresa Global em 2002/2003, com registro na JUCEG em 13/11/2003 (ID. 488f734), assim, está claro a ausência de vínculo com a devedora principal (Indústria Nacional de Asfaltos). Ressalto que a responsabilidade subsidiária do sócio retirante está limitada a dois anos após a averbação da sua saída da sociedade (art. 1.003, parágrafo único, do CC; art. 10-A da CLT). O prazo prescricional, portanto, foi largamente ultrapassado. Posto isso, reconheço que não há provas de confusão patrimonial, fraude, ou desvio de finalidade que justifiquem a desconsideração da personalidade jurídica (art. 50 do CC). Ademais, a simples identidade de sócios entre empresas não configura grupo econômico (art. 2º, §3º, da CLT; ARR -14150045.2008.5.02.0082, Relator Ministro: Guilherme Augusto Caputo Bastos, 5ª Turma, DEJT 08/06/2018). Acerca da ilegítima passiva do excipiente Ricardo, o artigo 10-A da CLT ensina que a responsabilidade do ex-sócio limita-se às obrigações trabalhistas relativas ao período em que o ex-sócio integrava a composição da pessoa jurídica, sendo, assim, indevida a sua responsabilização quanto às verbas atinentes a vínculo empregatício iniciado em data posterior à sua saída. À frente o julgado do TRT da 10ª Região: RESPONSABILIDADE DO SÓCIO RETIRANTE. IMPRESCINDIBILIDADE DA CONTEMPORANEIDADE DA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS E DA INTEGRAÇÃO DO EX-SÓCIO NO QUADRO SOCIETÁRIO. De acordo com o artigo 10-A da CLT, a responsabilidade do ex-sócio limita-se às obrigações trabalhistas relativas ao período em que o ex-sócio integrava a composição da pessoa jurídica, sendo, assim, indevida a sua responsabilização quanto às verbas atinentes a vínculo empregatício iniciado em data posterior à sua saída. Agravo de petição conhecido e desprovido. (TRT da 10ª Região; Processo: 0000102- 45.2019.5.10.0004; Data de assinatura: 05- 12-2024; Órgão Julgador: Desembargador João Amilcar Silva e Souza Pavan - 2ª Turma; Relator(a): ANTONIO UMBERTO DE SOUZA JUNIOR) Em face ao exposto, acolho a exceção de pré-executividade nesse ponto, para assim, declarar a ilegítima passiva do excipiente RICARDO FERNANDES DE OLIVEIRA. II. 5. DA AUSÊNCIA DOS REQUISITOS PARA DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA Tendo em vista o reconhecimento da ilegitimidade passiva do Excipiente, resta prejudicada a análise dos requisitos para desconsideração da personalidade jurídica. II. 6. DA TUTELA DE URGÊNCIA Tendo em vista o reconhecimento da ilegitimidade passiva do Excipiente, também resta prejudicada a análise da tutela de urgência. DISPOSITIVO Diante do exposto, REJEITO a exceção de pré-executividade de Id. f742804, nos termos da fundamentação supra, a qual integra o presente dispositivo. Lado outro, ACOLHO E JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTE a exceção de pré-executividade de Id. 623a29e, com isso, declaro a ilegitimidade passiva de RICARDO FERNANDES DE OLIVEIRA na presente execução. Intimem-se as partes acerca deste provimento, via DEJT. Decorrido o prazo recursal, à Secretaria para os seguintes encaminhamentos: 1. desbloqueio imediato das suas contas bancárias e a devolução total do crédito da conta judicial n. 100105690246 para Ricardo Fernandes de Oliveira, mediante apresentação de dados bancários de sua titularidade no prazo de 05 dias; 2. excluam-se eventuais restrições (BNDT, RENAJUD, CNIB, SERASA) ora cadastradas em face de Ricardo Fernandes de Oliveira; Por fim, nos termos da Decisão de Id. 00eb6cf, encaminhe-se o Agravo de Petição de Id. aa4cbcb. PALMAS/TO, 16 de julho de 2025. REINALDO MARTINI Juiz do Trabalho Titular Intimado(s) / Citado(s) - MARCOS ZAGLUL DAHER - AURELIO CASTRO MORAIS - TADEU MACHADO COELHO JUNIOR - RICARDO FERNANDES DE OLIVEIRA - RONALDO DE BARROS BARRETO - INDUSTRIA NACIONAL DE ASFALTOS S/A - ALVARO CASTRO MORAIS - LUCIANO PEREIRA DE LIMA

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Sindicato Dos Empregados No Comercio No Estado De Goias x Intima Meias Plus Ltda

ID: 324410959

Tribunal: TRT18 Órgão: 3ª TURMA Classe: RECURSO ORDINáRIO TRABALHISTA Nº Processo: 0011964-75.2024.5.18.0081

Data de Disponibilização: 14/07/2025

Polo Ativo:

SINDICATO DOS EMPREGADOS NO COMERCIO NO ESTADO DE GOIAS

Polo Passivo:

INTIMA MEIAS PLUS LTDA

Acórdão

Advogados:

RODRIGO SILVA MENEZES

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FERNANDA KATIA CARDOSO ALEXANDRE

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PAULO HENRIQUE SILVA PINHEIRO

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PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 18ª REGIÃO 3ª TURMA Relator: MARCELO NOGUEIRA PEDRA ROT 0011964-75.2024.5.18.0081 RECORRENTE: SINDICATO DOS EMPREGADOS NO C… PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 18ª REGIÃO 3ª TURMA Relator: MARCELO NOGUEIRA PEDRA ROT 0011964-75.2024.5.18.0081 RECORRENTE: SINDICATO DOS EMPREGADOS NO COMERCIO NO ESTADO DE GOIAS RECORRIDO: INTIMA MEIAS PLUS LTDA PROCESSO TRT - ROT - 0011964-75.2024.5.18.0081 RELATOR : DESEMBARGADOR MARCELO PEDRA RECORRENTE : SINDICATO DOS EMPREGADOS NO COMERCIO NO ESTADO DE GOIAS ADVOGADA : FERNANDA KATIA CARDOSO ALEXANDRE RECORRIDA : INTIMA MEIAS PLUS LTDA ADVOGADO : RODRIGO SILVA MENEZES ADVOGADO : PAULO HENRIQUE SILVA PINHEIRO ORIGEM : 1ª VARA DO TRABALHO DE APARECIDA DE GOIÂNIA JUÍZA : FABIOLA EVANGELISTA MARTINS EMENTA "BENEFÍCIO SOCIAL FAMILIAR. INSTITUIÇÃO POR NORMA COLETIVA. VALIDADE. PRINCÍPIO DA INTERVENÇÃO MÍNIMA NA AUTONOMIA DA VONTADE COLETIVA. ATUAÇÃO DA JUSTIÇA DO TRABALHO RESTRITA À ANÁLISE DA CONFORMIDADE DOS ELEMENTOS ESSENCIAIS DO NEGÓCIO JURÍDICO. Considerando o disposto nos arts. 7º, XXVI e 8º, I, da CF/88, cláusula constitucional da autonomia sindical, que veda a interferência e a intervenção na sua organização e gestão; a mais, o estatuído no art. 8º, § 3º, da CLT, que limita a atuação da Justiça do Trabalho à análise dos elementos essenciais do negócio jurídico, respeitado o estabelecido no art. 104 do CCB, considera-se válida e eficaz a norma coletiva que estabelece o benefício social familiar." (IRDR 0010882-63.2021.5.18.0000 - TRT 18) RELATÓRIO A MM. Juíza FABIOLA EVANGELISTA MARTINS, da 1ª Vara do Trabalho de Aparecida de Goiânia-GO, pela r. sentença de Id 6c86c0b, julgou improcedente o pedido formulado por SINDICATO DOS EMPREGADOS NO COMERCIO NO ESTADO DE GOIAS na ação ajuizada em desfavor de INTIMA MEIAS PLUS LTDA. O Sindicato autor interpõe recurso ordinário (Id 37171ea). Contrarrazões apresentadas pela ré (Id 1769384). Dispensada a manifestação do d. Ministério Público do Trabalho, nos termos do Regimento Interno deste Regional. É o relatório. VOTO ADMISSIBILIDADE Presentes os pressupostos objetivos e subjetivos de admissibilidade, conhece-se do recurso ordinário interposto pelo sindicato autor. MÉRITO BENEFÍCIO SOCIAL FAMILIAR O d. juízo de origem indeferiu os pedidos formulados na inicial. O Sindicato autor recorre, alegando que "as cláusulas convencionais possuem caráter obrigacional referente a criação de direitos e obrigações, submetendo todas as empresas e trabalhadores por ela abrangidos, aos exatos termos nela pactuados, conforme às determinações dos instrumentos normativos que previam o pagamento do Benefício Social Familiar por força normativa obrigatória emanada das Convenções Coletivas por forças das disposições conjuntas do art. 611 e 611-A da CLT, combinados com o art. 7º, XXVI da CF/88 e Recomendação 91/1951 da OIT". Afirma que "os institutos de tributos, contribuições sindicais, assistenciais e confederativas, não se confundem com o pagamento do custeio do plano Benefício Social Familiar, amplamente negociado e aprovado na assembleias realizadas pelos entes sindicais, em que as empresas se obrigaram, por meio das normas coletivas de trabalho, em contribuir com o plano de benefícios sociais, cujo fundo visa, exclusivamente, amparar todos os trabalhadores do segmento e seus familiares, de forma imediata e emergencial, em determinados eventos ocorridos em suas vidas". Assevera que "o fato de que SER FILIADO OU SINDICALIZADO NÃO É O CRITÉRIO para cumprimento dos pagamentos da cláusula benefício social familiar. Isso porque se trata de um fundo diverso daqueles que são destinados diretamente aos cofres do sindicato, como por exemplo as contribuições assistenciais, sindicais, cujos pagamentos são descontados na folha dos empregados e optativas". Sustenta que, neste Regional, "a matéria foi recentemente dirimida no julgamento do IRDR-0010882-63.2021.5.18.0000" e que "não existindo uma nova interpretação direta da decisão vinculante tanto pelo tribunal que a proferiu (TRT-18), como por tribunal superior (TST), não há ocorrência de superação do entendimento repetitivo". Requer que "este D. Tribunal reconheça e validade da norma que instituiu o Benefício Social Familiar, bem como a validade da sua cobrança, conforme IRDR 0010882-62.2021.5.18.0000, condenando a Recorrida ao pagamento da cláusula do Benefício Social Familiar". Postula, ademais, que "seja a recorrida compelida a comprovar nos autos, o quadro de funcionários do período vindicado, através da documentação adequada, no intuito de ser verificado as atividades exercidas pelos funcionários". Sucessivamente, requer que "sejam oficiados os órgãos competentes para o envio dessas informações". O Plenário deste Regional, no julgamento de Incidente de Resolução de Demandas Repetitivas (IRDR 0010882-63.2021.5.18.0000), levado a efeito em 10/04/2023, firmou tese jurídica a ser aplicada no julgamento das lides pendentes e futuras que versem sobre a validade da norma coletiva instituidora de "Benefício Social Familiar", assim decidindo, verbis: "BENEFÍCIO SOCIAL FAMILIAR. INSTITUIÇÃO POR NORMA COLETIVA. VALIDADE. PRINCÍPIO DA INTERVENÇÃO MÍNIMA NA AUTONOMIA DA VONTADE COLETIVA. ATUAÇÃO DA JUSTIÇA DO TRABALHO RESTRITA À ANÁLISE DA CONFORMIDADE DOS ELEMENTOS ESSENCIAIS DO NEGÓCIO JURÍDICO. Considerando o disposto nos arts. 7º, XXVI e 8º, I, da CF/88, cláusula constitucional da autonomia sindical, que veda a interferência e a intervenção na sua organização e gestão; a mais, o estatuído no art. 8º, § 3º, da CLT, que limita a atuação da Justiça do Trabalho à análise dos elementos essenciais do negócio jurídico, respeitado o estabelecido no art. 104 do CCB, considera-se válida e eficaz a norma coletiva que estabelece o benefício social familiar." Diante da relevância da matéria, transcreve-se a parte da fundamentação do acórdão prolatado na ocasião, in verbis: "(...) o excelso STF reconhece a validade de norma coletiva que restringe direito trabalhista, mas que proporciona ganho setorial e respeita os direitos de indisponibilidade absoluta, descabe invalidar norma possuidora de conteúdo benéfico aos trabalhadores, como é o caso, inexistindo vício quanto aos aspectos formais da norma supostamente nula. Nesse contexto jurisprudencial/constitucional, tenho que não há espaço para o Judiciário afastar a eficácia normativa que emerge do acordo coletivo de trabalho firmado pelos sindicatos das categorias profissional e econômica, sob qualquer pretexto. (...) Invalidar a Cláusula da CCT que estabelece o 'Benefício Social Familiar' significa retirar, simplesmente, de forma abrupta, benefícios sociais que favorecem os trabalhadores em caso de nascimento de filho, acidente, enfermidade, aposentadoria, incapacitação permanente e falecimento. Vale destacar que restou reconhecido, inclusive em trecho de voto do eminente relator, Desembargador Daniel Viana, que ao menos parte da receita é revertida em benefício real dos empregados. Ora, na situação em tela, não há sequer alegação de vício dos aspectos formais, mas se busca sim o exame do conteúdo da norma - o mérito da negociação coletiva entabulada -, o que resta vedado pela Constituição e pela Lei, conforme ate aqui visto. Ainda assim, quando eventualmente ocorre de ser questionado o conteúdo de negociação coletiva, normalmente o exame se refere a eventual prejuízo ao trabalhador, não sendo o caso destes autos. Ressalvados os casos de vícios formais à luz da lei civil, a discussão sobre a validade ou eficácia ou, ainda, sobre a prevalência de uma determinada cláusula expressa em norma coletiva válida está infensa ao crivo do Judiciário, sob pena de violação direta ao princípio constitucional contido no precitado art. 7º, XXVI, da CF/88, qual seja: princípio da liberdade de negociação coletiva, que assegura o primado das convenções e acordos coletivos de trabalho legitimamente estabelecidos. O equilíbrio presente nas relações coletivas decorre da equivalência das partes contratantes em âmbito sindical, diversamente da desigualdade havida na relação individual de trabalho. Consoante leciona grande estudioso do tema, José Carlos Arouca, na formação da convenção coletiva 'a liberdade individual cede à vontade coletiva que se expressa democraticamente com a expressão majoritária do grupo representado' (AROUCA, José Carlos. Comentários à legislação sindical da CLT a reforma trabalhista. São Paulo: LTr, 2018, p. 653) A não interferência, como regra, do Poder Judiciário em negociação coletiva, visa respeitar essa vontade coletiva e pretende evitar que o magistrado pince uma cláusula supostamente nula e desconsidere todo o contexto negocial, rompendo o salutar equilíbrio no âmbito coletivo. (...) a Organização Internacional do Trabalho, por meio do Comitê de Liberdade Sindical, possui posição favorável às contribuições definidas pelos sindicatos, repelindo contribuições previstas em lei, como era o caso anterior da nossa legislação. Portanto, sob qualquer prisma que se analise a questão, não há razão para se desconsiderar a validade da cláusula atacada, devendo prevalecer, pois, o conteúdo nela disposto, seja por favorecer os trabalhadores, seja por respeitar a autonomia da vontade coletiva. Não se ignora a posição restritiva do c. TST. Entretanto, o que se percebe dos precedentes da Instância Máxima Trabalhista é a ausência da análise, pormenorizada, quanto ao elemento subjetivo da suposta conduta antissindical, cuja investigação é decisiva para preservação da pedra de toque do Direito Coletivo: Princípio da Liberdade Sindical, art. 8o, I, da CF/88. Assim, a investigação acerca do elemento subjetivo da entidade patronal afigura-se como elemento de distinção - distinguishing - apto a afastar a jurisprudência do c. TST sobre a matéria. E, no caso, não restou demonstrado concretamente que a instituição do 'Benefício Social Familiar' tinha por finalidade controlar o sindicato profissional." Assim, de acordo com a tese firmada acima transcrita, reconhece-se a legalidade da cobrança da contribuição social (Benefício Social Familiar), prevista nos instrumentos coletivos (CCT's 2018/2020 e seguinte), pelo que se reforma a r. sentença, condenando-se a reclamada ao pagamento dos valores correspondentes, relativamente ao período de 10/11/2019 até 10/03/2021. Todavia, limita-se a condenação ao recolhimento dos valores relativos aos empregados contribuintes da entidade sindical consoante dispõem as cláusulas de idêntico teor inseridas nas CCT´s 2018/2020 e 2019/2021, o que deverá ser apurado em regular liquidação de sentença. In verbis: "A presente Convenção Coletiva de Trabalho deverá obrigatoriamente ser aplicada a todos os Empregados e Empregadores, contribuintes, integrantes da categoria econômica e profissional representadas pelos Sindicatos Convenentes. A falta de participação contributiva será, por justiça, considerada renúncia tácita a todas estas conquistas." Por fim, observa-se que a ré já colacionou aos autos documentação apta a comprovar a quantidade de empregados no período da condenação (Id 965d7c4 e seguinte). Assim, indeferem-se os pleitos relativos à apresentação de documentos. Dá-se parcial provimento. MULTA POR DESCUMPRIMENTO DA CONVENÇÃO COLETIVA DE TRABALHO O sindicato autor recorre da r. sentença, alegando que, "com a devida aprovação do sindicato patronal, representante dos empregadores, é que restou estabelecido ainda que na ocorrência de descumprimento a qualquer das cláusulas do instrumento coletivo, os empregadores estarão suscetíveis ao pagamento da multa". Assevera que, "vez que a Reclamada deixou de cumprir com o seu dever, no que se refere aos pagamentos mensais da cláusula BENEFÍCIO SOCIAL FAMILIAR, claramente, violou o que restou pactuado no Instrumento Coletivo e, portanto, se sujeita a aplicação da referida multa, sendo revertida em favor da parte prejudicada". Sustenta que, "tendo em vista que o empregado recebe o benefício, independentemente, da adimplência da empresa/empregador, a entidade se responsabiliza via administradora/gestora pelos pagamentos dos benefícios e em casos de não acionamento de direito aos mesmos, configurando como prejudicada a entidade/gestora, pois em qualquer momento, o benefício poderá ser concedido". Requer que "seja aplicada a multa por violação à Convenção Coletiva de Trabalho para a Reclamada, no valor de R$ 800,00 (oitocentos reais), por funcionário". Este relator entendia que o autor figurava como parte prejudicada, uma vez que, a despeito da ausência de repasse dos valores pela empresa reclamada, manteve a obrigação de atender às necessidades dos trabalhadores referentes ao benefício social familiar, arcando com os custos respectivos. Assim, entendia por condenar a ré a pagar ao Sindicato autor a multa por descumprimento das cláusulas das CCT's relativas ao pagamento do Benefício Social Familiar. No entanto, por ocasião do julgamento, prevaleceu a divergência apresentada pelo Exmo. Juiz Convocado Celso Moredo Garcia, nos seguintes termos: "Apreciando o conteúdo das normas coletivas, verifico que os empregadores que violarem o disposto na CCT ficam sujeitos à multa em valor a ser pago por empregado e por descumprimento verificado, sendo os valores revertidos à parte prejudicada. Entretanto, é evidente que a organização gestora do Benefício Social Familiar é a real responsável pelo pagamento da benesse, sendo, portanto, a detentora do direito ao reembolso, caso o empregador se torne inadimplente. Nos autos, não há prova de que o sindicato-autor houvesse arcado com os custos do Benefício Social Familiar devido a algum empregado do recorrido. Ao contrário, as normas convencionais deixam claro que a gestora especializada é a única responsável pela prestação do benefício e que a inadimplência do empregador enseja um reembolso diretamente a essa entidade. A gestora é a entidade responsável pela prestação dos serviços e pelo eventual reembolso, não cabendo ao sindicato beneficiar-se de multa cujo objetivo é indenizar a parte prejudicada. Dessa forma, considerando que o sindicato recorrente não é o titular do direito ao reembolso nem sofreu prejuízo direto com o inadimplemento do empregador, mantenho a sentença que indeferiu a aplicação da multa convencional. Nesse sentido, cito os seguintes arestos da Primeira e Segunda Turmas deste Eg. Tribunal: "DIREITO DO TRABALHO. RECURSO ORDINÁRIO. MULTA CONVENCIONAL. JUSTIÇA GRATUITA. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. I. CASO EM EXAME1. Recurso ordinário interposto por sindicato contra sentença que julgou parcialmente procedentes os pedidos, contestando a improcedência do pedido de multa convencional e o indeferimento da justiça gratuita, bem como questionando os honorários advocatícios. II. QUESTÃO EM DISCUSSÃO 2. Há três questões em discussão: (i) definir se o sindicato faz jus à multa convencional pelo descumprimento da cláusula sobre benefício social familiar; (ii) determinar se o sindicato tem direito à justiça gratuita; e (iii) definir o valor dos honorários advocatícios. III. RAZÕES DE DECIDIR 3. A multa convencional prevista em norma coletiva para o descumprimento da cláusula sobre benefício social familiar é devida ao conjunto de empregados prejudicados, não ao sindicato, que não pode ser o beneficiário em razão da natureza do benefício. (...)" Tese de julgamento:1. O sindicato não tem direito à multa convencional prevista em norma coletiva pelo descumprimento da cláusula sobre benefício social familiar, pois a multa se destina aos empregados, não ao sindicato. (...)". (TRT da 18ª Região; Processo: 0011913-59.2024.5.18.0018; Data de assinatura: 11-06-2025; Órgão Julgador: 1ª TURMA; Relator Desembargador GENTIL PIO DE OLIVEIRA). "MULTA NORMATIVA. BENEFÍCIO SOCIAL FAMILIAR. DESCUMPRIMENTO DE CLÁUSULA. Em que pese o descumprimento verificado nos autos, ele não dá ensejo à aplicação das multas previstas nas cláusulas invocadas pelo ente sindical autor e pleiteadas em nome próprio, porquanto não houve prejuízo ao sindicato Não sendo o sindicato parte prejudicada, consequentemente, não é passível de beneficiar-se com a multa convencional. Recurso ordinário conhecido em parte e parcialmente provido." (TRT da 18ª Região; Processo: 0010398-36.2024.5.18.0261; Data de assinatura: 11-10-2024; Órgão Julgador: 2ª TURMA; Relator Desembargador PLATON TEIXEIRA DE AZEVEDO FILHO)". (TRT da 18ª Região; Processo: 0000001-64.2025.5.18.0201; Data de assinatura: 16-06-2025; Órgão Julgador: 2ª TURMA; Relatora Desembargadora KATHIA MARIA BOMTEMPO DE ALBUQUERQUE). Nego provimento, no particular". Nega-se provimento. ÍNDICES DE ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA O sindicato autor alega que, "no que corresponde aos índices da correção monetária, há previsão na Convenção Coletiva de Trabalho de que o não pagamento do Benefício Social Familiar, até o dia 10 (dez) de cada mês, acarretará a incidência em multa de 10% (dez por cento) pelo atraso, e juros mensais de 1% (um por cento)". Requer que "sejam observados os índices de correção pactuados, para liquidação dos valores devidos pela Recorrida". Não prospera a pretensão do autor, por ausência de previsão nas negociações coletivas que abrangem o período objeto da presente ação, quais sejam, CCTs 2018/2020 e 2019/2021. Assim, deverá ser observado o que foi decidido pelo E. STF no bojo das ADCs 58 e 59 e ADIs nºs 5.867 e 6.021, bem como as alterações introduzidas pela Lei 14.905/2024. Destarte, devem ser aplicados os seguintes índices: a) na fase pré-judicial, o Índice Nacional de Preço ao Consumidor Amplo Especial (IPCA-E), mais juros legais, nos termos do art. 39, "caput", da Lei nº 8.177/91 (TRD); b) a partir do ajuizamento da ação até 29/08/2024, apenas a taxa SELIC, nesta já englobados tanto a correção monetária como os juros de mora; c) a partir de 30/08/2024 até o efetivo pagamento do débito, o IPCA como índice de atualização monetária dos débitos trabalhistas vencidos (art. 389, parágrafo único, CC), acrescido dos juros de mora equivalentes à SELIC deduzido o índice de atualização monetária (IPCA), limitado a zero, caso a taxa apurada apresente resultado negativo (art. 406, §§ 1 e 3º, CC). Nega-se provimento. JUSTIÇA GRATUITA O MM. Juiz sentenciante indeferiu o requerimento de gratuidade da justiça formulado pelo sindicato autor por entender que não ficou provada a sua hipossuficiência. O autor recorre, alegando que "a doutrina contemporânea direciona-se no sentido da possibilidade de concessão dos benefícios da justiça gratuita ao sindicato, com fulcro no art. 5.º, LXXIV da Constituição da República, por entender que não há proibição no artigo 14 da Lei nº 5.584/70". Diz que "o Sindicato Recorrente é o representante dos empregados e, diante do pleito da inicial, qual seja, cumprimento de Convenções Coletivas de Trabalho, presente a hipótese da adoção do entendimento do C. Tribunal Superior do Trabalho cristalizado na Súmula nº 463, I, combinado com o artigo 98 do CPC, sem prejuízo das demais normas aplicáveis ao caso". Acrescenta que "indeferir a gratuidade ao Sindicato Recorrente, soaria como afronta ao inciso LXXIV do artigo 5º da Constituição Federal". Requer "a reforma da sentença para a concessão da justiça gratuita". A teor do art. 1.º da Lei nº 7.115/83, não alterado pela Reforma Trabalhista, presume-se verdadeira a declaração destinada a fazer prova de pobreza firmada pelo próprio interessado ou por procurador devidamente constituído. No mesmo sentido, o art. 99, §3º, do Código de Processo Civil, ao estatuir: "Presume-se verdadeira a alegação de insuficiência deduzida exclusivamente por pessoa natural". Tratando-se, porém, de pessoa jurídica, a concessão do benefício não decorre de simples declaração, mas de demonstração inequívoca da fragilidade econômica. Nesse sentido é o teor da Súmula 463, II, do TST: "ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA. COMPROVAÇÃO I - A partir de 26.06.2017, para a concessão da assistência judiciária gratuita à pessoa natural, basta a declaração de hipossuficiência econômica firmada pela parte ou por seu advogado, desde que munido de procuração com poderes específicos para esse fim (art. 105 do CPC de 2015); II - No caso de pessoa jurídica, não basta a mera declaração: é necessária a demonstração cabal de impossibilidade de a parte arcar com as despesas do processo." Nada obstante, o autor não coligiu provas da alegada incapacidade de suportar as eventuais despesas do processo. À míngua de provas, mantém-se a r. sentença que indeferiu os benefícios da justiça gratuita ao sindicato autor. Nega-se provimento. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS SUCUMBENCIAIS O sindicato requer que "seja a Recorrida condenada ao pagamento dos honorários advocatícios, no percentual de 15%", considerando "o provável provimento do presente recurso". Provido parcialmente o recurso do autor e analisada a pretensão à luz dos requisitos do § 2º do art. 791-A, da CLT, condena-se a parte ré ao pagamento de honorários advocatícios no percentual 10% (dez por cento), calculados sobre o valor líquido da condenação, na forma do art. 791-A, da CLT. Dá-se parcial provimento. CONCLUSÃO Recurso ordinário conhecido e ao qual se dá parcial provimento, nos termos da fundamentação. Invertidos os ônus da sucumbência, custas pela reclamada no importe de R$ 60,00, calculadas sobre R$3.000,00, valor que se arbitra provisoriamente à condenação. É o voto. ACÓRDÃO ISTO POSTO, acordam os membros da Terceira Turma do Egrégio Tribunal Regional do Trabalho da 18ª Região, em sessão ordinária virtual hoje realizada, por unanimidade, conhecer do recurso do Sindicato Autor e, no mérito, por maioria, dar-lhe parcial provimento, vencido, em parte, o Relator que lhe dava provimento parcial mais amplo e que adaptará o voto nos termos da divergência apresentada pelo Juiz Celso Moredo Garcia para manter a r. sentença que indeferiu a aplicação da multa convencional, bem como juntará voto vencido, neste particular. Participaram do julgamento os Excelentíssimos Desembargadores WANDA LÚCIA RAMOS DA SILVA (Presidente) e MARCELO NOGUEIRA PEDRA e o Excelentíssimo Juiz CELSO MOREDO GARCIA (convocado para atuar no Tribunal, conforme Portaria TRT 18ª nº 670/2025). Presente na assentada de julgamento o d. representante do Ministério Público do Trabalho. Sessão de julgamento secretariada pela Diretora da Coordenadoria de Apoio à Terceira Turma, Maria Valdete Machado Teles. Goiânia, 27 de junho de 2025. Assinatura MARCELO NOGUEIRA PEDRA Relator Voto vencido MULTA POR DESCUMPRIMENTO DAS NORMAS COLETIVAS. BENEFÍCIO SOCIAL FAMILIAR E, no caso, é evidente que o sindicato autor figura como parte prejudicada, uma vez que a despeito da ausência de repasse dos valores pela empresa reclamada, manteve a obrigação de atender às necessidades dos trabalhadores referentes ao benefício social familiar, arcando com os custos respectivos. Destarte, dá-se provimento para condenar a ré a pagar ao sindicato autor a multa por descumprimento das cláusulas das CCTs relativas ao pagamento do "Benefício Social Familiar", sem ultrapassar, todavia, 100% do valor da obrigação originalmente prevista (art. 412 do CC). Registra-se que nesse mesmo sentido já decidiu esta 3ª Turma, no julgamento do ROT-0011036-75.2023.5.18.0141, da relatoria da Exma. Desembargadora Rosa Nair da Silva Nogueira Reis, julgado em 15/11/2023, ROT-0011069-65.2023.5.18.0141, da relatoria do Exmo. Desembargador Elvecio Moura dos Santos, julgado em 03/05/2024 e ROT-0010167-55.2024.5.18.0181, deste Relator, julgado em 11/07/2024. MARCELO NOGUEIRA PEDRA Desembargador do Trabalho GOIANIA/GO, 11 de julho de 2025. NILZA DE SA Diretor de Secretaria Intimado(s) / Citado(s) - SINDICATO DOS EMPREGADOS NO COMERCIO NO ESTADO DE GOIAS

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Sindicato Dos Empregados No Comercio No Estado De Goias x Intima Meias Plus Ltda

ID: 324411005

Tribunal: TRT18 Órgão: 3ª TURMA Classe: RECURSO ORDINáRIO TRABALHISTA Nº Processo: 0011964-75.2024.5.18.0081

Data de Disponibilização: 14/07/2025

Polo Ativo:

SINDICATO DOS EMPREGADOS NO COMERCIO NO ESTADO DE GOIAS

Polo Passivo:

INTIMA MEIAS PLUS LTDA

Acórdão

Advogados:

RODRIGO SILVA MENEZES

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FERNANDA KATIA CARDOSO ALEXANDRE

OAB/GO XXXXXX Desbloquear

PAULO HENRIQUE SILVA PINHEIRO

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PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 18ª REGIÃO 3ª TURMA Relator: MARCELO NOGUEIRA PEDRA ROT 0011964-75.2024.5.18.0081 RECORRENTE: SINDICATO DOS EMPREGADOS NO C… PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 18ª REGIÃO 3ª TURMA Relator: MARCELO NOGUEIRA PEDRA ROT 0011964-75.2024.5.18.0081 RECORRENTE: SINDICATO DOS EMPREGADOS NO COMERCIO NO ESTADO DE GOIAS RECORRIDO: INTIMA MEIAS PLUS LTDA PROCESSO TRT - ROT - 0011964-75.2024.5.18.0081 RELATOR : DESEMBARGADOR MARCELO PEDRA RECORRENTE : SINDICATO DOS EMPREGADOS NO COMERCIO NO ESTADO DE GOIAS ADVOGADA : FERNANDA KATIA CARDOSO ALEXANDRE RECORRIDA : INTIMA MEIAS PLUS LTDA ADVOGADO : RODRIGO SILVA MENEZES ADVOGADO : PAULO HENRIQUE SILVA PINHEIRO ORIGEM : 1ª VARA DO TRABALHO DE APARECIDA DE GOIÂNIA JUÍZA : FABIOLA EVANGELISTA MARTINS EMENTA "BENEFÍCIO SOCIAL FAMILIAR. INSTITUIÇÃO POR NORMA COLETIVA. VALIDADE. PRINCÍPIO DA INTERVENÇÃO MÍNIMA NA AUTONOMIA DA VONTADE COLETIVA. ATUAÇÃO DA JUSTIÇA DO TRABALHO RESTRITA À ANÁLISE DA CONFORMIDADE DOS ELEMENTOS ESSENCIAIS DO NEGÓCIO JURÍDICO. Considerando o disposto nos arts. 7º, XXVI e 8º, I, da CF/88, cláusula constitucional da autonomia sindical, que veda a interferência e a intervenção na sua organização e gestão; a mais, o estatuído no art. 8º, § 3º, da CLT, que limita a atuação da Justiça do Trabalho à análise dos elementos essenciais do negócio jurídico, respeitado o estabelecido no art. 104 do CCB, considera-se válida e eficaz a norma coletiva que estabelece o benefício social familiar." (IRDR 0010882-63.2021.5.18.0000 - TRT 18) RELATÓRIO A MM. Juíza FABIOLA EVANGELISTA MARTINS, da 1ª Vara do Trabalho de Aparecida de Goiânia-GO, pela r. sentença de Id 6c86c0b, julgou improcedente o pedido formulado por SINDICATO DOS EMPREGADOS NO COMERCIO NO ESTADO DE GOIAS na ação ajuizada em desfavor de INTIMA MEIAS PLUS LTDA. O Sindicato autor interpõe recurso ordinário (Id 37171ea). Contrarrazões apresentadas pela ré (Id 1769384). Dispensada a manifestação do d. Ministério Público do Trabalho, nos termos do Regimento Interno deste Regional. É o relatório. VOTO ADMISSIBILIDADE Presentes os pressupostos objetivos e subjetivos de admissibilidade, conhece-se do recurso ordinário interposto pelo sindicato autor. MÉRITO BENEFÍCIO SOCIAL FAMILIAR O d. juízo de origem indeferiu os pedidos formulados na inicial. O Sindicato autor recorre, alegando que "as cláusulas convencionais possuem caráter obrigacional referente a criação de direitos e obrigações, submetendo todas as empresas e trabalhadores por ela abrangidos, aos exatos termos nela pactuados, conforme às determinações dos instrumentos normativos que previam o pagamento do Benefício Social Familiar por força normativa obrigatória emanada das Convenções Coletivas por forças das disposições conjuntas do art. 611 e 611-A da CLT, combinados com o art. 7º, XXVI da CF/88 e Recomendação 91/1951 da OIT". Afirma que "os institutos de tributos, contribuições sindicais, assistenciais e confederativas, não se confundem com o pagamento do custeio do plano Benefício Social Familiar, amplamente negociado e aprovado na assembleias realizadas pelos entes sindicais, em que as empresas se obrigaram, por meio das normas coletivas de trabalho, em contribuir com o plano de benefícios sociais, cujo fundo visa, exclusivamente, amparar todos os trabalhadores do segmento e seus familiares, de forma imediata e emergencial, em determinados eventos ocorridos em suas vidas". Assevera que "o fato de que SER FILIADO OU SINDICALIZADO NÃO É O CRITÉRIO para cumprimento dos pagamentos da cláusula benefício social familiar. Isso porque se trata de um fundo diverso daqueles que são destinados diretamente aos cofres do sindicato, como por exemplo as contribuições assistenciais, sindicais, cujos pagamentos são descontados na folha dos empregados e optativas". Sustenta que, neste Regional, "a matéria foi recentemente dirimida no julgamento do IRDR-0010882-63.2021.5.18.0000" e que "não existindo uma nova interpretação direta da decisão vinculante tanto pelo tribunal que a proferiu (TRT-18), como por tribunal superior (TST), não há ocorrência de superação do entendimento repetitivo". Requer que "este D. Tribunal reconheça e validade da norma que instituiu o Benefício Social Familiar, bem como a validade da sua cobrança, conforme IRDR 0010882-62.2021.5.18.0000, condenando a Recorrida ao pagamento da cláusula do Benefício Social Familiar". Postula, ademais, que "seja a recorrida compelida a comprovar nos autos, o quadro de funcionários do período vindicado, através da documentação adequada, no intuito de ser verificado as atividades exercidas pelos funcionários". Sucessivamente, requer que "sejam oficiados os órgãos competentes para o envio dessas informações". O Plenário deste Regional, no julgamento de Incidente de Resolução de Demandas Repetitivas (IRDR 0010882-63.2021.5.18.0000), levado a efeito em 10/04/2023, firmou tese jurídica a ser aplicada no julgamento das lides pendentes e futuras que versem sobre a validade da norma coletiva instituidora de "Benefício Social Familiar", assim decidindo, verbis: "BENEFÍCIO SOCIAL FAMILIAR. INSTITUIÇÃO POR NORMA COLETIVA. VALIDADE. PRINCÍPIO DA INTERVENÇÃO MÍNIMA NA AUTONOMIA DA VONTADE COLETIVA. ATUAÇÃO DA JUSTIÇA DO TRABALHO RESTRITA À ANÁLISE DA CONFORMIDADE DOS ELEMENTOS ESSENCIAIS DO NEGÓCIO JURÍDICO. Considerando o disposto nos arts. 7º, XXVI e 8º, I, da CF/88, cláusula constitucional da autonomia sindical, que veda a interferência e a intervenção na sua organização e gestão; a mais, o estatuído no art. 8º, § 3º, da CLT, que limita a atuação da Justiça do Trabalho à análise dos elementos essenciais do negócio jurídico, respeitado o estabelecido no art. 104 do CCB, considera-se válida e eficaz a norma coletiva que estabelece o benefício social familiar." Diante da relevância da matéria, transcreve-se a parte da fundamentação do acórdão prolatado na ocasião, in verbis: "(...) o excelso STF reconhece a validade de norma coletiva que restringe direito trabalhista, mas que proporciona ganho setorial e respeita os direitos de indisponibilidade absoluta, descabe invalidar norma possuidora de conteúdo benéfico aos trabalhadores, como é o caso, inexistindo vício quanto aos aspectos formais da norma supostamente nula. Nesse contexto jurisprudencial/constitucional, tenho que não há espaço para o Judiciário afastar a eficácia normativa que emerge do acordo coletivo de trabalho firmado pelos sindicatos das categorias profissional e econômica, sob qualquer pretexto. (...) Invalidar a Cláusula da CCT que estabelece o 'Benefício Social Familiar' significa retirar, simplesmente, de forma abrupta, benefícios sociais que favorecem os trabalhadores em caso de nascimento de filho, acidente, enfermidade, aposentadoria, incapacitação permanente e falecimento. Vale destacar que restou reconhecido, inclusive em trecho de voto do eminente relator, Desembargador Daniel Viana, que ao menos parte da receita é revertida em benefício real dos empregados. Ora, na situação em tela, não há sequer alegação de vício dos aspectos formais, mas se busca sim o exame do conteúdo da norma - o mérito da negociação coletiva entabulada -, o que resta vedado pela Constituição e pela Lei, conforme ate aqui visto. Ainda assim, quando eventualmente ocorre de ser questionado o conteúdo de negociação coletiva, normalmente o exame se refere a eventual prejuízo ao trabalhador, não sendo o caso destes autos. Ressalvados os casos de vícios formais à luz da lei civil, a discussão sobre a validade ou eficácia ou, ainda, sobre a prevalência de uma determinada cláusula expressa em norma coletiva válida está infensa ao crivo do Judiciário, sob pena de violação direta ao princípio constitucional contido no precitado art. 7º, XXVI, da CF/88, qual seja: princípio da liberdade de negociação coletiva, que assegura o primado das convenções e acordos coletivos de trabalho legitimamente estabelecidos. O equilíbrio presente nas relações coletivas decorre da equivalência das partes contratantes em âmbito sindical, diversamente da desigualdade havida na relação individual de trabalho. Consoante leciona grande estudioso do tema, José Carlos Arouca, na formação da convenção coletiva 'a liberdade individual cede à vontade coletiva que se expressa democraticamente com a expressão majoritária do grupo representado' (AROUCA, José Carlos. Comentários à legislação sindical da CLT a reforma trabalhista. São Paulo: LTr, 2018, p. 653) A não interferência, como regra, do Poder Judiciário em negociação coletiva, visa respeitar essa vontade coletiva e pretende evitar que o magistrado pince uma cláusula supostamente nula e desconsidere todo o contexto negocial, rompendo o salutar equilíbrio no âmbito coletivo. (...) a Organização Internacional do Trabalho, por meio do Comitê de Liberdade Sindical, possui posição favorável às contribuições definidas pelos sindicatos, repelindo contribuições previstas em lei, como era o caso anterior da nossa legislação. Portanto, sob qualquer prisma que se analise a questão, não há razão para se desconsiderar a validade da cláusula atacada, devendo prevalecer, pois, o conteúdo nela disposto, seja por favorecer os trabalhadores, seja por respeitar a autonomia da vontade coletiva. Não se ignora a posição restritiva do c. TST. Entretanto, o que se percebe dos precedentes da Instância Máxima Trabalhista é a ausência da análise, pormenorizada, quanto ao elemento subjetivo da suposta conduta antissindical, cuja investigação é decisiva para preservação da pedra de toque do Direito Coletivo: Princípio da Liberdade Sindical, art. 8o, I, da CF/88. Assim, a investigação acerca do elemento subjetivo da entidade patronal afigura-se como elemento de distinção - distinguishing - apto a afastar a jurisprudência do c. TST sobre a matéria. E, no caso, não restou demonstrado concretamente que a instituição do 'Benefício Social Familiar' tinha por finalidade controlar o sindicato profissional." Assim, de acordo com a tese firmada acima transcrita, reconhece-se a legalidade da cobrança da contribuição social (Benefício Social Familiar), prevista nos instrumentos coletivos (CCT's 2018/2020 e seguinte), pelo que se reforma a r. sentença, condenando-se a reclamada ao pagamento dos valores correspondentes, relativamente ao período de 10/11/2019 até 10/03/2021. Todavia, limita-se a condenação ao recolhimento dos valores relativos aos empregados contribuintes da entidade sindical consoante dispõem as cláusulas de idêntico teor inseridas nas CCT´s 2018/2020 e 2019/2021, o que deverá ser apurado em regular liquidação de sentença. In verbis: "A presente Convenção Coletiva de Trabalho deverá obrigatoriamente ser aplicada a todos os Empregados e Empregadores, contribuintes, integrantes da categoria econômica e profissional representadas pelos Sindicatos Convenentes. A falta de participação contributiva será, por justiça, considerada renúncia tácita a todas estas conquistas." Por fim, observa-se que a ré já colacionou aos autos documentação apta a comprovar a quantidade de empregados no período da condenação (Id 965d7c4 e seguinte). Assim, indeferem-se os pleitos relativos à apresentação de documentos. Dá-se parcial provimento. MULTA POR DESCUMPRIMENTO DA CONVENÇÃO COLETIVA DE TRABALHO O sindicato autor recorre da r. sentença, alegando que, "com a devida aprovação do sindicato patronal, representante dos empregadores, é que restou estabelecido ainda que na ocorrência de descumprimento a qualquer das cláusulas do instrumento coletivo, os empregadores estarão suscetíveis ao pagamento da multa". Assevera que, "vez que a Reclamada deixou de cumprir com o seu dever, no que se refere aos pagamentos mensais da cláusula BENEFÍCIO SOCIAL FAMILIAR, claramente, violou o que restou pactuado no Instrumento Coletivo e, portanto, se sujeita a aplicação da referida multa, sendo revertida em favor da parte prejudicada". Sustenta que, "tendo em vista que o empregado recebe o benefício, independentemente, da adimplência da empresa/empregador, a entidade se responsabiliza via administradora/gestora pelos pagamentos dos benefícios e em casos de não acionamento de direito aos mesmos, configurando como prejudicada a entidade/gestora, pois em qualquer momento, o benefício poderá ser concedido". Requer que "seja aplicada a multa por violação à Convenção Coletiva de Trabalho para a Reclamada, no valor de R$ 800,00 (oitocentos reais), por funcionário". Este relator entendia que o autor figurava como parte prejudicada, uma vez que, a despeito da ausência de repasse dos valores pela empresa reclamada, manteve a obrigação de atender às necessidades dos trabalhadores referentes ao benefício social familiar, arcando com os custos respectivos. Assim, entendia por condenar a ré a pagar ao Sindicato autor a multa por descumprimento das cláusulas das CCT's relativas ao pagamento do Benefício Social Familiar. No entanto, por ocasião do julgamento, prevaleceu a divergência apresentada pelo Exmo. Juiz Convocado Celso Moredo Garcia, nos seguintes termos: "Apreciando o conteúdo das normas coletivas, verifico que os empregadores que violarem o disposto na CCT ficam sujeitos à multa em valor a ser pago por empregado e por descumprimento verificado, sendo os valores revertidos à parte prejudicada. Entretanto, é evidente que a organização gestora do Benefício Social Familiar é a real responsável pelo pagamento da benesse, sendo, portanto, a detentora do direito ao reembolso, caso o empregador se torne inadimplente. Nos autos, não há prova de que o sindicato-autor houvesse arcado com os custos do Benefício Social Familiar devido a algum empregado do recorrido. Ao contrário, as normas convencionais deixam claro que a gestora especializada é a única responsável pela prestação do benefício e que a inadimplência do empregador enseja um reembolso diretamente a essa entidade. A gestora é a entidade responsável pela prestação dos serviços e pelo eventual reembolso, não cabendo ao sindicato beneficiar-se de multa cujo objetivo é indenizar a parte prejudicada. Dessa forma, considerando que o sindicato recorrente não é o titular do direito ao reembolso nem sofreu prejuízo direto com o inadimplemento do empregador, mantenho a sentença que indeferiu a aplicação da multa convencional. Nesse sentido, cito os seguintes arestos da Primeira e Segunda Turmas deste Eg. Tribunal: "DIREITO DO TRABALHO. RECURSO ORDINÁRIO. MULTA CONVENCIONAL. JUSTIÇA GRATUITA. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. I. CASO EM EXAME1. Recurso ordinário interposto por sindicato contra sentença que julgou parcialmente procedentes os pedidos, contestando a improcedência do pedido de multa convencional e o indeferimento da justiça gratuita, bem como questionando os honorários advocatícios. II. QUESTÃO EM DISCUSSÃO 2. Há três questões em discussão: (i) definir se o sindicato faz jus à multa convencional pelo descumprimento da cláusula sobre benefício social familiar; (ii) determinar se o sindicato tem direito à justiça gratuita; e (iii) definir o valor dos honorários advocatícios. III. RAZÕES DE DECIDIR 3. A multa convencional prevista em norma coletiva para o descumprimento da cláusula sobre benefício social familiar é devida ao conjunto de empregados prejudicados, não ao sindicato, que não pode ser o beneficiário em razão da natureza do benefício. (...)" Tese de julgamento:1. O sindicato não tem direito à multa convencional prevista em norma coletiva pelo descumprimento da cláusula sobre benefício social familiar, pois a multa se destina aos empregados, não ao sindicato. (...)". (TRT da 18ª Região; Processo: 0011913-59.2024.5.18.0018; Data de assinatura: 11-06-2025; Órgão Julgador: 1ª TURMA; Relator Desembargador GENTIL PIO DE OLIVEIRA). "MULTA NORMATIVA. BENEFÍCIO SOCIAL FAMILIAR. DESCUMPRIMENTO DE CLÁUSULA. Em que pese o descumprimento verificado nos autos, ele não dá ensejo à aplicação das multas previstas nas cláusulas invocadas pelo ente sindical autor e pleiteadas em nome próprio, porquanto não houve prejuízo ao sindicato Não sendo o sindicato parte prejudicada, consequentemente, não é passível de beneficiar-se com a multa convencional. Recurso ordinário conhecido em parte e parcialmente provido." (TRT da 18ª Região; Processo: 0010398-36.2024.5.18.0261; Data de assinatura: 11-10-2024; Órgão Julgador: 2ª TURMA; Relator Desembargador PLATON TEIXEIRA DE AZEVEDO FILHO)". (TRT da 18ª Região; Processo: 0000001-64.2025.5.18.0201; Data de assinatura: 16-06-2025; Órgão Julgador: 2ª TURMA; Relatora Desembargadora KATHIA MARIA BOMTEMPO DE ALBUQUERQUE). Nego provimento, no particular". Nega-se provimento. ÍNDICES DE ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA O sindicato autor alega que, "no que corresponde aos índices da correção monetária, há previsão na Convenção Coletiva de Trabalho de que o não pagamento do Benefício Social Familiar, até o dia 10 (dez) de cada mês, acarretará a incidência em multa de 10% (dez por cento) pelo atraso, e juros mensais de 1% (um por cento)". Requer que "sejam observados os índices de correção pactuados, para liquidação dos valores devidos pela Recorrida". Não prospera a pretensão do autor, por ausência de previsão nas negociações coletivas que abrangem o período objeto da presente ação, quais sejam, CCTs 2018/2020 e 2019/2021. Assim, deverá ser observado o que foi decidido pelo E. STF no bojo das ADCs 58 e 59 e ADIs nºs 5.867 e 6.021, bem como as alterações introduzidas pela Lei 14.905/2024. Destarte, devem ser aplicados os seguintes índices: a) na fase pré-judicial, o Índice Nacional de Preço ao Consumidor Amplo Especial (IPCA-E), mais juros legais, nos termos do art. 39, "caput", da Lei nº 8.177/91 (TRD); b) a partir do ajuizamento da ação até 29/08/2024, apenas a taxa SELIC, nesta já englobados tanto a correção monetária como os juros de mora; c) a partir de 30/08/2024 até o efetivo pagamento do débito, o IPCA como índice de atualização monetária dos débitos trabalhistas vencidos (art. 389, parágrafo único, CC), acrescido dos juros de mora equivalentes à SELIC deduzido o índice de atualização monetária (IPCA), limitado a zero, caso a taxa apurada apresente resultado negativo (art. 406, §§ 1 e 3º, CC). Nega-se provimento. JUSTIÇA GRATUITA O MM. Juiz sentenciante indeferiu o requerimento de gratuidade da justiça formulado pelo sindicato autor por entender que não ficou provada a sua hipossuficiência. O autor recorre, alegando que "a doutrina contemporânea direciona-se no sentido da possibilidade de concessão dos benefícios da justiça gratuita ao sindicato, com fulcro no art. 5.º, LXXIV da Constituição da República, por entender que não há proibição no artigo 14 da Lei nº 5.584/70". Diz que "o Sindicato Recorrente é o representante dos empregados e, diante do pleito da inicial, qual seja, cumprimento de Convenções Coletivas de Trabalho, presente a hipótese da adoção do entendimento do C. Tribunal Superior do Trabalho cristalizado na Súmula nº 463, I, combinado com o artigo 98 do CPC, sem prejuízo das demais normas aplicáveis ao caso". Acrescenta que "indeferir a gratuidade ao Sindicato Recorrente, soaria como afronta ao inciso LXXIV do artigo 5º da Constituição Federal". Requer "a reforma da sentença para a concessão da justiça gratuita". A teor do art. 1.º da Lei nº 7.115/83, não alterado pela Reforma Trabalhista, presume-se verdadeira a declaração destinada a fazer prova de pobreza firmada pelo próprio interessado ou por procurador devidamente constituído. No mesmo sentido, o art. 99, §3º, do Código de Processo Civil, ao estatuir: "Presume-se verdadeira a alegação de insuficiência deduzida exclusivamente por pessoa natural". Tratando-se, porém, de pessoa jurídica, a concessão do benefício não decorre de simples declaração, mas de demonstração inequívoca da fragilidade econômica. Nesse sentido é o teor da Súmula 463, II, do TST: "ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA. COMPROVAÇÃO I - A partir de 26.06.2017, para a concessão da assistência judiciária gratuita à pessoa natural, basta a declaração de hipossuficiência econômica firmada pela parte ou por seu advogado, desde que munido de procuração com poderes específicos para esse fim (art. 105 do CPC de 2015); II - No caso de pessoa jurídica, não basta a mera declaração: é necessária a demonstração cabal de impossibilidade de a parte arcar com as despesas do processo." Nada obstante, o autor não coligiu provas da alegada incapacidade de suportar as eventuais despesas do processo. À míngua de provas, mantém-se a r. sentença que indeferiu os benefícios da justiça gratuita ao sindicato autor. Nega-se provimento. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS SUCUMBENCIAIS O sindicato requer que "seja a Recorrida condenada ao pagamento dos honorários advocatícios, no percentual de 15%", considerando "o provável provimento do presente recurso". Provido parcialmente o recurso do autor e analisada a pretensão à luz dos requisitos do § 2º do art. 791-A, da CLT, condena-se a parte ré ao pagamento de honorários advocatícios no percentual 10% (dez por cento), calculados sobre o valor líquido da condenação, na forma do art. 791-A, da CLT. Dá-se parcial provimento. CONCLUSÃO Recurso ordinário conhecido e ao qual se dá parcial provimento, nos termos da fundamentação. Invertidos os ônus da sucumbência, custas pela reclamada no importe de R$ 60,00, calculadas sobre R$3.000,00, valor que se arbitra provisoriamente à condenação. É o voto. ACÓRDÃO ISTO POSTO, acordam os membros da Terceira Turma do Egrégio Tribunal Regional do Trabalho da 18ª Região, em sessão ordinária virtual hoje realizada, por unanimidade, conhecer do recurso do Sindicato Autor e, no mérito, por maioria, dar-lhe parcial provimento, vencido, em parte, o Relator que lhe dava provimento parcial mais amplo e que adaptará o voto nos termos da divergência apresentada pelo Juiz Celso Moredo Garcia para manter a r. sentença que indeferiu a aplicação da multa convencional, bem como juntará voto vencido, neste particular. Participaram do julgamento os Excelentíssimos Desembargadores WANDA LÚCIA RAMOS DA SILVA (Presidente) e MARCELO NOGUEIRA PEDRA e o Excelentíssimo Juiz CELSO MOREDO GARCIA (convocado para atuar no Tribunal, conforme Portaria TRT 18ª nº 670/2025). Presente na assentada de julgamento o d. representante do Ministério Público do Trabalho. Sessão de julgamento secretariada pela Diretora da Coordenadoria de Apoio à Terceira Turma, Maria Valdete Machado Teles. Goiânia, 27 de junho de 2025. Assinatura MARCELO NOGUEIRA PEDRA Relator Voto vencido MULTA POR DESCUMPRIMENTO DAS NORMAS COLETIVAS. BENEFÍCIO SOCIAL FAMILIAR E, no caso, é evidente que o sindicato autor figura como parte prejudicada, uma vez que a despeito da ausência de repasse dos valores pela empresa reclamada, manteve a obrigação de atender às necessidades dos trabalhadores referentes ao benefício social familiar, arcando com os custos respectivos. Destarte, dá-se provimento para condenar a ré a pagar ao sindicato autor a multa por descumprimento das cláusulas das CCTs relativas ao pagamento do "Benefício Social Familiar", sem ultrapassar, todavia, 100% do valor da obrigação originalmente prevista (art. 412 do CC). Registra-se que nesse mesmo sentido já decidiu esta 3ª Turma, no julgamento do ROT-0011036-75.2023.5.18.0141, da relatoria da Exma. Desembargadora Rosa Nair da Silva Nogueira Reis, julgado em 15/11/2023, ROT-0011069-65.2023.5.18.0141, da relatoria do Exmo. Desembargador Elvecio Moura dos Santos, julgado em 03/05/2024 e ROT-0010167-55.2024.5.18.0181, deste Relator, julgado em 11/07/2024. MARCELO NOGUEIRA PEDRA Desembargador do Trabalho GOIANIA/GO, 11 de julho de 2025. NILZA DE SA Diretor de Secretaria Intimado(s) / Citado(s) - INTIMA MEIAS PLUS LTDA

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Sindicato Dos Empregados No Comercio No Estado De Goias x Gesso Silva Ltda - Me

ID: 260397006

Tribunal: TRT18 Órgão: 3ª TURMA Classe: RECURSO ORDINáRIO TRABALHISTA Nº Processo: 0011255-35.2024.5.18.0018

Data de Disponibilização: 25/04/2025

Polo Ativo:

SINDICATO DOS EMPREGADOS NO COMERCIO NO ESTADO DE GOIAS

Polo Passivo:

GESSO SILVA LTDA - ME

Notificação

Advogados:

FERNANDA KATIA CARDOSO ALEXANDRE

OAB/GO XXXXXX Desbloquear

PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 18ª REGIÃO 3ª TURMA Relatora: WANDA LUCIA RAMOS DA SILVA 0011255-35.2024.5.18.0018 : SINDICATO DOS EMPREGADOS NO COMERCIO … PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 18ª REGIÃO 3ª TURMA Relatora: WANDA LUCIA RAMOS DA SILVA 0011255-35.2024.5.18.0018 : SINDICATO DOS EMPREGADOS NO COMERCIO NO ESTADO DE GOIAS : GESSO SILVA LTDA - ME PROCESSO TRT - ROT- 0011255-35.2024.5.18.0018 RELATORA : DESEMBARGADORA WANDA LUCIA RAMOS DA SILVA RECORRENTE : SINDICATO DOS EMPREGADOS NO COMERCIO NO ESTADO DE GOIAS - SECEG ADVOGADO : FERNANDA KATIA CARDOSO ALEXANDRE RECORRIDO : GESSO SILVA LTDA - ME ORIGEM : 18ª VARA DO TRABALHO DE GOIANIA JUÍZA : CLEUSA GONCALVES LOPES EMENTA DIREITO DO TRABALHO. RECURSO ORDINÁRIO. MULTA CONVENCIONAL. JUSTIÇA GRATUITA. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. RECURSO PARCIALMENTE CONHECIDO E DESPROVIDO. I. Caso em exame 1.Recurso ordinário interposto por sindicato profissional contra sentença que julgou parcialmente procedentes os pedidos formulados em ação de cumprimento de normas coletivas. Sentença de primeiro grau afastou a aplicação da multa convencional pelo descumprimento da cláusula coletiva. II. Questões em discussão 2. As questões em discussão consistem em: (i) definir se é aplicável a multa por descumprimento de cláusulas coletivas, com destinação dos valores ao sindicato autor; (ii) examinar se estão presentes os requisitos para a concessão de justiça gratuita ao sindicato autor; (iii) verificar a adequação do percentual fixado para honorários sucumbenciais. III. Razões de decidir 3. Mantida a rejeição da multa convencional, pois os prejuízos decorrentes da ausência do benefício social familiar referem-se diretamente aos empregados substituídos e não ao sindicato autor. 4. Indeferida a gratuidade da justiça, pois o sindicato autor não demonstrou, mediante prova contábil, sua condição de hipossuficiência econômica, em conformidade com a Súmula 463 do C. TST. 5. Ressalvados casos de flagrante desproporcionalidade, não há falar em alteração do percentual de honorários sucumbenciais, uma vez que o Juízo "a quo", via de regra, é quem tem melhores condições de aferir os critérios previstos no art. 791-A, § 2º, da CLT, pois o seu contato direto com as partes, seja por ocasião das audiências ou ainda no desenrolar dos incidentes processuais, viabiliza uma mensuração acerca do trabalho do causídico mais condizente com a situação concreta. IV. Dispositivo e tese 6. Recurso ordinário do sindicato profissional parcialmente conhecido e desprovido. Tese de julgamento: "O sindicato não possui legitimidade para pleitear multa convencional destinada a reparar danos sofridos exclusivamente pelos trabalhadores substituídos." __________ Dispositivos relevantes citados: CF/1988, arts. 7º, XXVI, e 8º, I e III; CLT, art. 791-A, § 2º. Jurisprudência relevante citada: TST, E-RR-125100-16.2012.5.17.0011, Rel. Min. Alexandre de Souza Agra Belmonte, SBDI-I, DEJT 12.06.2015, Súmula 463, II; TRT-18ª Região, Processo: 0011320-63.2024.5.18.0007, Des. Gentil Pio de Oliveira, 1ª Turma, data de assinatura: 07-02-2025. RELATÓRIO A Excelentíssima Juíza do Trabalho Cleuza Gonçalves Lopes, pela sentença de id. d5a7f20, julgou parcialmente procedentes os pedidos formulados por SINDICATO DOS EMPREGADOS NO COMÉRCIO NO ESTADO DE GOIÁS na ação ajuizada em face de GESSO SILVA LTDA - ME. O sindicato autor interpôs recurso ordinário (id. 7509dad). Devidamente intimada, a reclamada não apresentou contrarrazões. Dispensada a manifestação do d. Ministério Público do Trabalho, nos termos do artigo 97 do Regimento Interno deste E. Regional. É o relatório. VOTO ADMISSIBILIDADE Na petição inicial, o sindicato autor pleiteou que: "Seja a Reclamada intimada a juntar em 05 (cinco) dias após a intimação, quaisquer dos documentos: EXTRATO MENSAL ou RELATÓRIO DE EMPREGADOS ou RAIS ou CAGED ou GUIAS DE RECOLHIMENTO DO FGTS, do período pendente de pagamento, no intuito de se comprove a totalidade de trabalhadores, devendo ser observada as possíveis admissões ou demissões do período, sob pena de multa diária de R$ 800,00 (oitocentos reais); c) Alternativamente, seja oficiado o MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO, para anexar aos autos os documentos pertinentes e/ou E-SOCIAL, para possibilitar a correta apuração dos cálculos, vez que, para tanto, é necessário que se confirme o quantitativo de colaboradores registrados mensalmente;" (sic, fl. 28, id. - 4cb914b, grifo nosso). A r. sentença condenou a reclamada a pagar as parcelas destinadas ao custeio do Benefício Social Familiar pelo período indicado na inicial (10.07.2019 até 10.06.2024), nos seguintes termos: "Para tanto, no prazo de 5 (cinco) dias após o trânsito em julgado, a reclamada deverá exibir os extratos do CAGED e RAIS apresentados ao MTE ou outras guias de recolhimento de FGTS e Previdência Social, com o objetivo de confirmar a quantidade de empregados, salvo aqueles que integrem categoria econômica diferenciada, informando a ré a existência de trabalhadores/empregados que têm e/ou tinham direito ao recebimento de benefícios, em caso de nascimento de filhos, incapacitação permanente ou falecimento de trabalhador, para o respectivo atendimento desses trabalhadores e/ou seus familiares prejudicados, sob pena de multa diária de R$ 500,00 (quinhentos reais), por trabalhador, contados desde o término do prazo até a efetiva apresentação da documentação pendente." (sentença de fl. 344, id. d5a7f20). Nas razões recursais, o sindicato autor pleiteia que "seja reformada a sentença afim de que se considere o pedido subsidiário do Recorrente para que, em caso de inércia da Recorrida, seja oficiado o MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO e RECEITA FEDERAL, para anexar aos autos os documentos pertinentes para possibilitar a correta apuração dos cálculos" (sic, fl. 363, id. 7509dad). Como se vê, o pedido do sindicato autor para que, em caso de inércia da reclamada, sejam oficiados os órgãos competentes para o envio dessas documentações, para possibilitar a correta apuração dos valores, foi formulado em caráter alternativo, restando prejudicado com o deferimento do pedido principal. No mais, presentes os pressupostos processuais de admissibilidade, conheço parcialmente do recurso ordinário interposto pelo sindicato autor. MÉRITO MULTA CONVENCIONAL A Exma. Juíza sentenciante julgou improcedente o pedido de pagamento de multa pelo descumprimento da norma coletiva. Insurge-se o sindicato autor, aduzindo, em síntese, que "a cláusula de descumprimento de convenção coletiva prevista em Convenção Coletiva de Trabalho, nunca especificou a que cláusula deveria o empregador infringir para que fosse, contudo, punido pela infringência, todavia, descumprindo qualquer clausula presente na convenção coletiva, deve o empregador ser punido conforme previsto." (sic, fl. 368, id. 7509dad). Diz que "embora as empresas se encontrem em situação de inadimplência, os serviços são prestados pelo sindicato, caracterizando eventual prejuízo" (sic, fl. 366, id. 7509dad). Assevera que, "na ocorrência de qualquer evento que gere direito de atendimento aos trabalhadores ou seus familiares, estes não perderão o direito aos benefícios sociais e serão devidamente atendidos pelas entidades" (sic, fl. 366, id. 7509dad). Acrescenta que "deixar de aplicar a referida sanção pactuada é criar precedente a tantos outros empregadores deixarem de cumprir com as suas obrigações" (sic, fl. 367, id. 7509dad). Nessa linha, requer a aplicação da multa. Analiso. Vejamos o teor da Cláusula Quadragésima Nona da CCT 2018/2020, firmada entre o Sindicato autor e o SINDICATO DO COMERCIO DE MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO DO ESTADO DE GOIÁS - SINDIMACO, cujo teor foi mantido nas CCTs 2019/2021 (Cláusula Quinquagésima Segunda), 2021/2023 (Cláusula Quinquagésima Terceira) e 2023/2025 (Cláusula Quinquagésima Quinta): 'CLÁUSULA QUADRAGÉSIMA NONA - MULTA POR VIOLAÇÃO À CCT Os empregadores que violarem o disposto na presente Convenção ficam sujeitos à multa de R$ 800,00 (oitocentos reais) por empregado e por descumprimento verificado, e os empregados que a violarem se sujeitam ao pagamento de R$ 400,00 (quatrocentos reais), sendo revertidos em favor da parte prejudicada.' Como se vê, a cláusula convencional em debate delimita os sujeitos capazes de infringir as disposições estipuladas na norma coletiva, qual seja, empregadores e empregados, e estabelece valores a título de multa, considerando o prejuízo que o respectivo descumprimento acarreta à parte contrária. Desse modo, como não há previsão de violação das cláusulas normativas pelo sindicato, entendo que a expressão "parte prejudicada", refere-se a empregadores e empregados, e não ao ente sindical que os representa. Frisa-se, ainda, que, quando as partes convenentes quiseram incluir o Sindicato como parte beneficiária da multa normativa (não por ser prejudicado, mas para obter caixa), o fizeram expressamente, o que não é o caso da cláusula normativa acima transcrita. Por oportuno, no mesmo rumo, trago à baila recentes julgados das demais Turmas Julgadoras deste Eg. Regional, vejamos: "DIREITO COLETIVO DO TRABALHO. RECURSO ORDINÁRIO. BENEFÍCIO SOCIAL FAMILIAR. VALIDADE DE CLÁUSULA CONVENCIONAL. JUROS E MULTA MORATÓRIA. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS SUCUMBENCIAIS. I. CASO EM EXAME 1. Recurso Ordinário em face da sentença que julgou improcedentes os pedidos de cumprimento da cláusula convencional referente ao Benefício Social Familiar. II. QUESTÃO EM DISCUSSÃO 2. Há quatro questões em discussão: (i) a validade da cláusula convencional que institui o Benefício Social Familiar; (ii) a aplicação de multa por descumprimento da norma coletiva; (iii) a incidência de juros e correção monetária sobre o benefício devido; e (iv) a concessão de justiça gratuita e honorários advocatícios ao sindicato autor. III. RAZÕES DE DECIDIR 3. Validade da cláusula convencional sobre o Benefício Social Familiar: O entendimento fixado no IRDR-0010882-63.2021.5.18.0000 (Tema 24) deste Regional prevalece. Reconhece-se a validade da cláusula normativa que estabelece o Benefício Social Familiar, respeitando-se a autonomia sindical consagrada nos artigos 7º, XXVI, e 8º, I, da CF/88, bem como o princípio da intervenção mínima do Judiciário.4. Aplicação de multa convencional: Não há nos autos prova de que o sindicato autor tenha arcado com os custos decorrentes do inadimplemento do benefício social familiar, sendo a entidade gestora do benefício a titular do direito ao reembolso. Assim, o sindicato não é parte prejudicada e não faz jus à multa convencional. 5. Juros e correção monetária: A atualização dos débitos deve observar os seguintes critérios: (i) até o ajuizamento, aplica-se o IPCA-e com os juros legais previstos no caput do art. 39 da Lei nº 8.177/91; (ii) após o ajuizamento, a correção será pela SELIC, sem juros legais. Contudo, no período de vigência da cláusula décima sétima da CCT 2023/2025, incidem os juros contratuais de 1% ao mês e multa moratória de 10%. 6. Justiça gratuita: A gratuidade da justiça não é deferida, pois o sindicato autor, como pessoa jurídica, não apresentou provas cabais de sua insuficiência econômica, conforme exigido pelo item II da Súmula nº 463 do TST. 7. Honorários advocatícios sucumbenciais: Em razão da sucumbência recíproca, fixam-se os honorários advocatícios em favor do sindicato autor. IV. DISPOSITIVO E TESE 8. Recurso Ordinário parcialmente provido.Tese de julgamento: "1. A cláusula convencional que institui o Benefício Social Familiar é válida, conforme o IRDR-0010882-63.2021.5.18.0000 (Tema 24), respeitando-se a autonomia sindical. 2. A multa por descumprimento da norma coletiva não é devida ao sindicato autor, pois este não é parte prejudicada. 3. A correção monetária até o ajuizamento será pelo IPCA-e com juros legais, e após o ajuizamento, pela SELIC, observados os juros e a multa pactuados na CCT 2023/2025. 4. Não se concede a justiça gratuita ao sindicato autor, pessoa jurídica, sem prova cabal de insuficiência econômica. 5. Honorários advocatícios sucumbenciais fixados em 10% sobre o valor apurado na liquidação de sentença."____ Dispositivos relevantes citados:CF/1988, arts. 7º, XXVI, 8º, I; CLT, arts. 611-A, 611-B, 791-A; Lei nº 8.177/1991, art. 39; CPC, arts. 927, III, 986.Jurisprudência relevante citada: TST, Súmula nº 463; TRT-18, IRDR-0010882-63.2021.5.18.0000 (Tema 24); STF, ADC 58." (TRT da 18ª Região; Processo: 0011140-35.2024.5.18.0011; Data de assinatura: 07-02-2025; Órgão Julgador: Gab. Des. Mário Sérgio Bottazzo - 1ª TURMA; Relator(a): MARIO SERGIO BOTTAZZO, destaquei). "RECURSO ORDINÁRIO. BENEFÍCIO SOCIAL FAMILIAR. PRESCRIÇÃO BIENAL. MULTA CONVENCIONAL EM BENEFÍCIO DO SINDICATO. IMPOSSIBILIDADE. ENTIDADE SINDICAL. NÃO COMPROVAÇÃO DA INSUFICIÊNCIA DE RECURSOS. JUSTIÇA GRATUITA. INDEFERIMENTO. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. 1. Não comprovado o prejuízo sofrido pelo sindicato com o descumprimento das cláusulas estabelecidas nas normas coletivas, não pode ele se beneficiar com a multa convencional. 2. Nos termos, do artigo 7°, inciso XXIX da constituição federal, a discussão de cláusulas oriundas de Convenções coletiva, prescreve com 2 anos encerrados o contrato, respeitando a prescrição quinquenal. Precedente do TST. 3. A concessão dos benefícios da justiça gratuita à entidade sindical, ainda que na condição de substituta processual, depende da prova de insuficiência econômica. Interpretação da Súmula 463 do TST. Precedentes do TST." (TRT da 18ª Região; Processo: 0011320-63.2024.5.18.0007; Data de assinatura: 07-02-2025; Órgão Julgador: Gab. Des. Gentil Pio de Oliveira - 1ª TURMA; Relator(a): GENTIL PIO DE OLIVEIRA, destaquei). "MULTA NORMATIVA. BENEFÍCIO SOCIAL FAMILIAR. DESCUMPRIMENTO DE CLÁUSULA. Em que pese o descumprimento verificado nos autos, ele não dá ensejo à aplicação das multas previstas nas cláusulas invocadas pelo ente sindical autor e pleiteadas em nome próprio, porquanto não houve prejuízo ao sindicato Não sendo o sindicato parte prejudicada, consequentemente, não é passível de beneficiar-se com a multa convencional. Recurso ordinário conhecido em parte e parcialmente provido." (TRT da 18ª Região; Processo: 0010398-36.2024.5.18.0261; Data de assinatura: 11-10-2024; Órgão Julgador: Gab. Des. Platon Teixeira de Azevedo Filho - 2ª TURMA; Relator(a): PLATON TEIXEIRA DE AZEVEDO FILHO)" (TRT da 18ª Região; Processo: 0010904-68.2024.5.18.0016; Data de assinatura: 31-01-2025; Órgão Julgador: Gab. Des. Kathia Maria Bomtempo de Albuquerque - 2ª TURMA; Relator(a): KATHIA MARIA BOMTEMPO DE ALBUQUERQUE, destaquei). Inclusive, recentemente, em 16/01/2025, este também foi o entendimento firmado por esta Eg. 3ª Turma quando do julgamento do ROT-0011010-22.2024.5.18.0051, de minha relatoria. Nesse contexto, tendo em vista que o sindicato autor postula a multa em seu próprio benefício, entendo que não há razão para condenar a ré, no particular. Por conseguinte, mantenho a rejeição do pedido de aplicação da multa. Nego provimento. JUSTIÇA GRATUITA O sindicato autor insurge-se também contra o indeferimento do pedido de gratuidade de justiça. Afirma que "é o representante dos empregados e, diante do pleito da inicial, qual seja, cumprimento de Convenções Coletivas de Trabalho, presente a hipótese da adoção do entendimento do C. Tribunal Superior do Trabalho cristalizado na Súmula nº 463, I, combinado com o artigo 98 do CPC, sem prejuízo das demais normas aplicáveis ao caso." (sic, fl. 368, id. 7509dad). Assevera que o indeferimento do pedido de concessão dos benefícios da justiça gratuita viola o art. 5º, LXXIV, da CF/88. Desse modo, pugna pela reforma da r. sentença. Ao exame. De plano, registro que, embora seja possível a concessão de justiça gratuita às pessoas jurídicas, inclusive às entidades sindicais, referida concessão depende da comprovação cabal de que a pessoa jurídica se encontra em dificuldade financeira que lhe impossibilite de arcar com as despesas processuais (Súmula 463, II, do C. TST). Nesse sentido, cito os seguintes julgados deste egrégio Regional e do colendo. TST, respectivamente: "BENEFÍCIOS DA JUSTIÇA GRATUITA. SINDICATO. HIPOSSUFICIÊNCIA ECONÔMICA. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO. O Tribunal Superior do Trabalho vem decidindo que não é possível conceder os benefícios da justiça gratuita ao sindicato pela mera declaração de miserabilidade, sendo necessária comprovação da alegada hipossuficiência econômica do sindicato." (TRT 18 AIRO 0010054-58.2017.5.18.0016, Relator Desembargador MARIO SERGIO BOTTAZZO, 3ª Turma, DEJT 12/12/2017). "RECURSO DE EMBARGOS EM RECURSO DE REVISTA. SINDICATO. SUBSTITUTO PROCESSUAL. BENEFÍCIO DA JUSTIÇA GRATUITA. PESSOA JURÍDICA. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DE HIPOSSUFICIÊNCIA ECONÔMICA. A jurisprudência desta Corte encaminha-se no sentido de que, para a excepcional concessão dos benefícios da assistência judiciária gratuita à pessoa jurídica é imprescindível a comprovação de impossibilidade de arcar com o recolhimento das custas processuais, inclusive em se tratando de entidade sindical ou sem fins lucrativos. Nesse caso, entende-se que a concessão do benefício em questão depende da demonstração inequívoca de que o sindicato não pode arcar com as despesas das custas processuais, não bastando para tanto a mera declaração de hipossuficiência econômica. Faz-se necessária a efetiva comprovação do alegado estado de dificuldade financeira, o que não se verifica nos autos. Recurso conhecido por divergência jurisprudencial e não provido" (E-RR-125100-16.2012.5.17.0011, Relator Ministro Alexandre de Souza Agra Belmonte Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, DEJT 12/06/2015). No caso específico dos autos, vejo que o sindicato autor não apresentou os documentos contábeis pertinentes (art. 551 da CLT), para comprovar que não possui condições de suportar as despesas do processo. Ademais, diferentemente do que defende o demandante, o fato de a entidade sindical representar trabalhadores hipossuficientes não a torna beneficiária da justiça gratuita, pois a pessoa jurídica do sindicato não se confunde com os trabalhadores substituídos. Assim, à míngua de provas da miserabilidade econômica, mantenho o indeferimento do pedido de gratuidade de justiça. Nego provimento. HONORÁRIOS DE SUCUMBÊNCIA O douto Juízo de origem declarou a revelia da reclamada, julgou parcialmente procedente os pedidos do sindicato autor e condenou a ré ao pagamento de honorários de sucumbência arbitrados em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação. Nas razões recursais, o sindicato autor requer, "considerando o provável provimento do presente recurso", a majoração dos honorários advocatícios fixado a cargo da reclamada para o percentual de 15%. Pois bem. No caso, a ação foi ajuizada após o início da vigência da Lei 13.467/2017, de modo que incide o disposto no art. 791-A e parágrafos, da CLT. O § 2º do art. 791-A da CLT dispõe que o Juízo, ao fixar os honorários, observará o grau de zelo do profissional, o lugar de prestação do serviço, a natureza e a importância da causa, além do trabalho realizado pelo advogado e do tempo exigido para o seu serviço. Ressalvados casos de flagrante desproporcionalidade, não há falar em alteração do percentual de honorários sucumbenciais, uma vez que o Juízo "a quo", via de regra, é quem tem melhores condições de aferir os critérios previstos no art. 791-A, § 2º, da CLT, pois o seu contato direto com as partes, seja por ocasião das audiências ou ainda no desenrolar dos incidentes processuais, viabiliza uma mensuração acerca do trabalho do causídico mais condizente com a situação concreta. Assim, considerando tais parâmetros, mantenho o percentual dos honorários de sucumbência fixados na r. sentença a cargo da reclamada (10%). Nego provimento. CONCLUSÃO Ante o exposto, conheço parcialmente do recurso ordinário interposto pelo sindicato autor e, no mérito, nego-lhe provimento, nos termos da fundamentação expendida. É o meu voto. GDWLRS/NBA ACÓRDÃO ISTO POSTO, acordam os membros da Terceira Turma do Egrégio Tribunal Regional do Trabalho da 18ª Região, em sessão ordinária virtual hoje realizada, por unanimidade, conhecer parcialmente do recurso do Sindicato Autor e, no mérito, por maioria, negar-lhe provimento, nos termos do voto da Relatora. Votou vencido, em parte, o Desembargador Marcelo Nogueira Pedra que reformava a sentença para condenar a parte ré a pagar ao Sindicato Autor a multa por descumprimento das cláusulas das CCTs relativas ao pagamento do "Benefício Social Familiar", sem ultrapassar, todavia, 100% do valor da obrigação originalmente prevista (art. 412 do CC), e que juntará voto vencido, neste particular. Participaram do julgamento os Excelentíssimos Desembargadores WANDA LÚCIA RAMOS DA SILVA (Presidente) e MARCELO NOGUEIRA PEDRA e o Excelentíssimo Juiz ISRAEL BRASIL ADOURIAN (convocado no Gabinete da Excelentíssima Desembargadora ROSA NAIR DA SILVA NOGUEIRA REIS, conforme Portaria TRT 18ª nº 811/2025). Presente na assentada de julgamento o d. representante do Ministério Público do Trabalho. Sessão de julgamento secretariada pela Diretora da Coordenadoria de Apoio à Terceira Turma, Maria Valdete Machado Teles. Goiânia, 28 de março de 2025. WANDA LUCIA RAMOS DA SILVA Desembargadora Relatora Voto vencido MULTA POR DESCUMPRIMENTO DA NORMA COLETIVA No tocante ao pedido de condenação da reclamada ao pagamento de multa por descumprimento da convenção coletiva, observa-se que a cláusula citada no voto condutor expressamente estipula que em caso de descumprimento da norma coletiva, é devida a incidência da penalidade em favor da parte prejudicada: CLÁUSULA QUADRAGÉSIMA NONA - MULTA POR VIOLAÇÃO À CCT Os empregadores que violarem o disposto na presente Convenção ficam sujeitos à multa de R$ 800,00 (oitocentos reais) por empregado e por descumprimento verificado, e os empregados que a violarem se sujeitam ao pagamento de R$ 400,00 (quatrocentos reais), sendo revertidos em favor da parte prejudicada." E, no caso, é evidente que o Sindicato autor figura como parte prejudicada, uma vez que a despeito da ausência de repasse dos valores pela empresa reclamada, manteve a obrigação de atender às necessidades dos trabalhadores referentes ao benefício social familiar, arcando com os custos respectivos. Destarte, dá-se provimento para condenar a ré a pagar ao Sindicato autor a multa por descumprimento das cláusulas das CCTs relativas ao pagamento do "Benefício Social Familiar", sem ultrapassar, todavia, 100% do valor da obrigação originalmente prevista (art. 412 do CC). Registra-se que nesse mesmo sentido já decidiu esta 3ª Turma, no julgamento do ROT-0011036-75.2023.5.18.0141, da relatoria da Exma. Desembargadora Rosa Nair da Silva Nogueira Reis, julgado em 15/11/2023, ROT-0011069-65.2023.5.18.0141, da relatoria do Exmo. Desembargador Elvecio Moura dos Santos, julgado em 03/05/2024 e ROT-0010167-55.2024.5.18.0181, deste Relator, julgado em 11/07/2024. CONCLUSÃO: Parcialmente provido o recurso do autor. MARCELO NOGUEIRA PEDRA Desembargador do Trabalho GOIANIA/GO, 24 de abril de 2025. VERONICA BARREIRA FAZENDEIRO Diretor de Secretaria Intimado(s) / Citado(s) - SINDICATO DOS EMPREGADOS NO COMERCIO NO ESTADO DE GOIAS

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Gilson Francisco Nunes e outros x Construtora Terraco S.A.

ID: 315607007

Tribunal: TRT3 Órgão: Vara do Trabalho de Araxa Classe: AçãO TRABALHISTA - RITO ORDINáRIO Nº Processo: 0010819-71.2022.5.03.0048

Data de Disponibilização: 03/07/2025

Polo Ativo:

GILSON FRANCISCO NUNES LUCAS MARTINS PINTO

Polo Passivo:

CONSTRUTORA TERRACO S.A.

Notificação

Advogados:

HEGON REGIS RODRIGUES

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RENATA CELIA ALMEIDA COELHO TEIXEIRA

OAB/MG XXXXXX Desbloquear

PAMELA CAROLINA SAMPAIO FERREIRA

OAB/MG XXXXXX Desbloquear

PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 3ª REGIÃO VARA DO TRABALHO DE ARAXA ATOrd 0010819-71.2022.5.03.0048 AUTOR: GILSON FRANCISCO NUNES RÉU: CONSTRUTORA TERRACO … PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 3ª REGIÃO VARA DO TRABALHO DE ARAXA ATOrd 0010819-71.2022.5.03.0048 AUTOR: GILSON FRANCISCO NUNES RÉU: CONSTRUTORA TERRACO S.A. INTIMAÇÃO Fica V. Sa. intimado para tomar ciência da Sentença ID 0499dc4 proferida nos autos. TERMO DE AUDIÊNCIA RELATIVO AO PROCESSO 0010819-71.2022.5.03.0048 Aos 02 dias do mês de julho de 2025, o MMº. Juiz do Trabalho, Dr. Vanderson Pereira de Oliveira, nos autos da reclamatória trabalhista ajuizada por GILSON FRANCISCO NUNES contra CONSTRUTORA TERRAÇO S.A. proferiu a seguinte SENTENÇA I. RELATÓRIO GILSON FRANCISCO NUNES ajuizou reclamação trabalhista em face de CONSTRUTORA TERRAÇO S.A., já qualificada nos autos, formulando os pedidos arrolados na inicial, com base nas razões de fato e de direito aduzidas. Atribuiu à causa o valor de R$134.269,76. Apresentou documentos. Defesa pela reclamada (ID. b8fbfba), na qual contestou os fatos alegados na exordial e pugnou pela improcedência dos pedidos. Apresentou documentos. O reclamante não se manifestou sobre a defesa e documentos apresentados. Produzida prova pericial de engenharia (ID. e3e2fe0 e ID. 66dda61). Na audiência de instrução, não houve produção de prova oral (ID. 64dd67d). Sem outras provas, encerrou-se a instrução processual. Razões finais orais e remissivas. Inconciliados. Em apertada síntese, é o relatório. Decido. II. FUNDAMENTAÇÃO LEI 13.467/17 / DIREITO PROCESSUAL E DIREITO MATERIAL / CONTRATO EM CURSO / APLICAÇÃO Ajuizada a ação quando já vigente o novo regramento processual trazido pela Lei 13.467/17, aplica-se de forma integral, porque o tempo rege o ato. As mudanças de direito material trazidas pela Lei 13.467/17 aplicam-se aos contratos em curso, passando a reger os fatos ocorridos na vigência da nova lei, respeitando, contudo, os efeitos jurídicos dos fatos antes dela ocorridos, uma vez que inexiste direito adquirido a um determinado regime jurídico-legal ou direito adquirido a fatos ainda não ocorridos. Assim já decidiu o TRT 3: DIREITO INTERTEMPORAL. CONTRATO DE TRABALHO VIGENTE EM PERÍODO ANTERIOR E POSTERIOR À VIGÊNCIA DA LEI N. 13.467/17. DIREITO MATERIAL APLICÁVEL. OBSERVÂNCIA DAS NORMAS VIGENTES À ÉPOCA DOS FATOS. Nas situações jurídicas pendentes, como no caso de empregados contratados antes da vigência da Lei 13.467/2017 e cujos contratos permanecem em vigor ou foram rescindidos após 11/11/2017, a norma revogada somente se aplica aos efeitos realizados até o início da vigência da lei nova. Não há, pois, direito adquirido, inexistindo direito subjetivo já completamente formado, uma vez que o direito assegurado exclusivamente em lei não se incorpora ao patrimônio dos indivíduos, devendo ser observado apenas enquanto subsistir a norma que o prevê. Nestes casos, a aplicação do direito material deve observar o marco inicial da vigência da Lei n. 13.467/17, qual seja, 11/11/2017. Assim, não se aplicam as novas regras de direito material trazidas pela referida norma ao período contratual anterior a 11/11/2017. A partir desta data, passa a vigorar o novo regime jurídico implementado pela "Reforma Trabalhista", sendo plenamente aplicáveis as disposições da lei nova ao caso concreto. (TRT da 3.ª Região; PJe: 0010991-68.2018.5.03.0075 (RO); Disponibilização: 22/08/2019, DEJT/TRT3/Cad.Jud, Página 889; Órgão Julgador: Segunda Turma; Relator: Maristela Iris S. Malheiros). E nesse sentido foi, recentemente, julgado incidente de recurso repetitivo pelo TST fixando-se, para o Tema 23, a seguinte tese, de observância vinculada a este magistrado: “A Lei nº 13.467/2017 possui aplicação imediata aos contratos de trabalho em curso, passando a regular os direitos decorrentes de lei cujos fatos geradores tenham se efetivado a partir de sua vigência”. Não são aplicáveis, todavia, os artigos da referida norma que foram declarados inconstitucionais pelo STF no julgamento da ADI 5766. CONFISSÃO Indefiro o requerimento patronal de aplicação da pena de confissão ao reclamante, em razão do não comparecimento à assentada de fl. 1045 (ID. 29ce7ab), na forma do art. 385, §1º, do CPC/2015 e das Súmulas 74, I, do TST e 52 do TRT3. PRESCRIÇÃO QUINQUENAL Proposta a demanda em 06.06.2022, encontra-se prescrita a pretensão referente aos créditos exigíveis anteriores a 06.06.2017, ante os termos do artigo 7º, XXIX, da CR/88 e Súmulas 308, I e 362 do TST. Assim, extingo o processo, com resolução do mérito, em relação aos pedidos alcançados pelo lapso prescricional. ADICIONAL DE INSALUBRIDADE / PERICULOSIDADE Antes de analisar o pedido, registro que não é possível a cumulatividade dos adicionais em epígrafe, de modo que, caso existentes situações insalubres e perigosas no local de trabalho, o trabalhador fará jus a somente um dos adicionais, conforme escolher. Na mesma linha a jurisprudência do TST: "RECURSO DE REVISTA. LEIS NºS 13.015/2014 E 13.467/2017. ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. DEVIDO. ARMAZENAMENTO DE LÍQUIDO INFLAMÁVEL NO PRÉDIO. CONSTRUÇÃO VERTICAL. CUMULAÇÃO DE ADICIONAL DE INSALUBRIDADE E PERICULOSIDADE. TEMA REPETITIVO Nº 17. FATOS GERADORES DISTINTOS. IMPOSSIBILIDADE. TRANSCENDÊNCIA POLÍTICA RECONHECIDA. 1. Trata-se de discussão sobre o direito ao adicional periculosidade sob o prisma da quantidade de líquido inflamável armazenado em prédio vertical. 2. Nos termos da Orientação Jurisprudencial 385 da SDI-1 desta Corte " É devido o pagamento do adicional de periculosidade ao empregado que desenvolve suas atividades em edifício (construção vertical), seja em pavimento igual ou distinto daquele onde estão instalados tanques para armazenamento de líquido inflamável, em quantidade acima do limite legal, considerando-se como área de risco toda a área interna da construção vertical ." 3. A SBDI-1 deste Tribunal, em decisão proferida nos autos do processo E-RR-970-73.2010.5.04.0014, firmou o entendimento de que será devido o adicional de periculosidade quando a quantidade de líquido inflamável armazenado em tambores ou bombonas de aço, alumínio, outros metais ou plástico for superior ao limite máximo previsto no item 4, do Anexo 2, da NR-16 da Portaria 3.214/78 e do item 20.2.13 da NR 20, ambas do Ministério do Trabalho. 4. Evidenciado que, no caso, o volume total armazenado ultrapassava o limite de 250 litros de líquido inflamável (óleo diesel), totalizando 600 litros, é devido o pagamento de adicional de periculosidade ao empregado que desenvolve suas atividades em área de risco, em cumprimento à NR 16 da Portaria 3.214/78 e NR 20, ambas do Ministério do Trabalho. 5. Sobre a possibilidade de cumulação dos adicionais de insalubridade e periculosidade, no julgamento do IRR - 239-55.2011.5.02.0319, Relator Ministro Alberto Luiz Bresciani de Fontan Pereira, publicado no DEJT em 15/5/2020, foi fixado o entendimento de que "O art. 193, § 2º, da CLT foi recepcionado pela Constituição Federal e veda a cumulação dos adicionais de insalubridade e de periculosidade, ainda que decorrentes de fatos geradores distintos e autônomos". Recurso de Revista de que se conhece e a que se dá parcial provimento" (RR-1000515-14.2020.5.02.0009, 3ª Turma, Relator Ministro Alberto Bastos Balazeiro, DEJT 10/02/2023). (…). II - AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO PELO AUTOR. ACÓRDÃO REGIONAL PUBLICADO NA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/14 E ANTERIORMENTE A LEI Nº 13.467/17. ADICIONAIS DE PERICULOSIDADE E DE INSALUBRIDADE. CUMULAÇÃO. FATOS GERADORES DISTINTOS. IMPOSSIBILIDADE . A controvérsia reside na possibilidade de cumulação dos adicionais de insalubridade e de periculosidade, em face de agentes distintos. A matéria foi pacificada pela SBDI-1, por meio do julgamento do IRR - 239-55.2011.5.02.0319, Redator Ministro: Alberto Luiz Bresciani de Fontan Pereira, DEJT 15/05/2020 , na qual fixou o entendimento de que "O art. 193, § 2º, da CLT foi recepcionado pela Constituição Federal e veda a cumulação dos adicionais de insalubridade e de periculosidade, ainda que decorrentes de fatos geradores distintos e autônomos". Desse modo, é indevida a cumulação dos adicionais de insalubridade e de periculosidade, ainda que se trate de fatos geradores distintos. No caso dos autos, a Corte a quo , ao deferir o adicional de periculosidade em substituição ao adicional de insalubridade, decidiu em conformidade com o entendimento desta Corte, a inviabilizar o processamento do recurso de revista. Agravo de instrumento conhecido e desprovido. (…). (AIRR-10233-21.2016.5.03.0185, 7ª Turma, Relator Ministro Alexandre de Souza Agra Belmonte, DEJT 10/02/2023). No TRT3 o entendimento é o mesmo: “ADICIONAL DE PERICULOSIDADE E INSALUBRIDADE - CUMULAÇÃO - IMPOSSIBILIDADE. Os adicionais de periculosidade e insalubridade não podem ser cumulados, por expressa vedação legal (arts. 7º, XXIII, da Constituição da República, e 193, §2º, da CLT), cabendo o pagamento apenas daquele que for mais benéfico para o trabalhador. Vale dizer: o empregado que trabalha exposto a agentes perigosos e insalubres pode optar pelo adicional que lhe for mais benéfico, o que implica concluir que, embora o legislador tenha considerado a possibilidade de cumulação dos riscos, descartou a cumulação de adicionais. (TRT da 3.ª Região; PJe: 0010455-02.2015.5.03.0095; (ROT); Disponibilização: 05/04/2016, DEJT/TRT3/Cad.Jud, Página 139; Órgão Julgador: Quinta Turma; Relator: Marcus Moura Ferreira). ADICIONAL DE PERICULOSIDADE E INSALUBRIDADE. PERCEPÇÃO ACUMULADA. VEDAÇÃO. O artigo 7º, XXIII, da CRFB/88 atribui à lei ordinária a regulamentação do direito ao adicional de periculosidade e insalubridade, encontrando-se, portanto, em pleno vigor o disposto no artigo 193, §2º, da CLT, que veda a percepção acumulada de ambos os adicionais. (TRT da 3.ª Região; Processo: 0000101-97.2012.5.03.0037 RO; Data de Publicação: 07/03/2013; Disponibilização: 06/03/2013, DEJT, Página 194; Órgão Julgador: Décima Primeira Turma; Relator: Heriberto de Castro; Revisor: Luiz Antônio de Paula Iennaco). Feitas essas considerações, extrai-se da conclusão do laudo técnico (fl. 991 - ID. e3e2fe0): “XVII – CONCLUSÃO Em virtude de vistoria pericial, com as informações obtidas, os fatos observados, e as devidas avaliações realizadas, conclui-se que as atividades exercidas pelo Reclamante GILSON FRANCISCO NUNES a serviço da Reclamada: • FORAM CONSIDERADAS INSALUBRES EM GRAU MÁXIMO – Pelo agente em questão QUÍMICO (HIDROCARBONETOS AROMÁTICOS), considerando que a Reclamada não comprovou adequado fornecimento da proteção ao Reclamante, por todo pacto laboral. Vide detalhamentos anotados no item 12 (Doze) deste laudo. • NÃO FORAM CONSIDERADAS PERICULOSAS – Vide item 13 (treze) deste laudo técnico”. No corpo do laudo, registrou o perito que (fl. 975 - ID. e3e2fe0): “Como conservador ferroviário as atividades do Autor eram realizadas por equipe de 12 a 23 pessoas, sendo 9 a 12 conservadores realizando as mesmas atividades do Autor. De acordo com o depoimento do próprio Autor na maioria das frentes existiam canteiro com área de vivência. De acordo com os depoimentos dos informantes da Reclamada o Autor mantinha contato habitual e sistemático com óleo e graxa, bem como a Reclamada realizava o fornecimento de creme de proteção de pele. Em depoimento a Reclamada reconheceu que o Autor sempre manteve contato com óleo mineral e graxa, a base de hidrocarbonetos aromáticos, de forma habitual e intermitente, bem como da utilização de creme de proteção de pele como medida preventiva para as atividades, haja vista que o Autor poderia ter contato com tais produtos sem estar utilizando a luva contra agente químico. De acordo com a Reclamada, o tempo médio de duração do pote de creme de proteção de pele é 30 dias”. E, quanto aos EPI´s fornecidos, que (fl. 976 - ID. e3e2fe0): “De acordo com o Autor, o mesmo sempre recebeu e fez uso de calçado de segurança, perneira, protetor auditivo tipo concha, óculos de impacto e viseira. A empresa acostou nos autos, ID bfe24c9, d61bc24 e 994e52e, diversas fichas de EPI assinadas pelo Autor com data de fornecimento e substituição e assinada pelo Autor. Não consta nessa relação o fornecimento de creme de proteção de pele ou luvas impermeáveis”. Apenas a parte reclamada questionou a conclusão pericial. Negou que o reclamante tivesse contato direto com óleo e graxa e afirmou que foram fornecidas luvas de proteção. A despeito, não produziu prova nenhuma a amparar suas alegações e a confrontar a conclusão técnica, pelo que prevalecem as condições fáticas de trabalho identificadas pelo perito, incluindo a falta específica quanto aos EPI´s (luvas impermeáveis e creme protetor), cuja entrega não foi comprovada na prova documental. Conquanto o Juiz não esteja adstrito ao laudo pericial, a adoção de solução diversa daquela contida na prova técnica somente é possível se evidenciados nos autos outros elementos que infirmem o laudo pericial, o que não se verificou no caso. O perito é da confiança do Juízo e suas conclusões se basearam na verificação das rotinas de trabalho do reclamante e da realidade de sua situação funcional, na análise qualitativa das condições ambientais de trabalho, conforme as normas da Portaria 3.214/1978 do MTE, pressuposto definido em Lei (artigos 190 e 192 da CLT), como já definido na Súmula 460 do STF. Sendo assim, acolho o laudo e julgo procedente o pedido de adicional de insalubridade em grau máximo, que corresponde a 40% do salário-mínimo legal da época, em todo o período contratual não prescrito. São devidos os reflexos em horas extras pagas, 13ºs salários, férias com 1/3 e no FGTS com 40%. Não são devidos reflexos em repousos, na forma da OJ 103 da SDI-1 do TST, tampouco em aviso prévio, que foi trabalhado. Também considerando o resultado da perícia, julgo improcedente o pedido de pagamento do adicional de periculosidade. Sucumbente no objeto da perícia, a reclamada arcará com os honorários periciais, ora arbitrados em R$1.500,00, com atualização na forma da OJ 198 da SDI-1 do TST. JORNADA DE TRABALHO / INTERVALO INTRAJORNADA A reclamada juntou aos autos os cartões de ponto do autor (fls. 505/564), os quais não foram impugnados especificamente pelo reclamante (apenas de forma genérica, na exordial), pelo que, sem outras provas a respeito, tenho-os como prova fidedigna de todo o trabalho prestado à reclamada no período não prescrito. Há registro de sobrejornada nos cartões de ponto e de compensação por banco de horas, a exemplo daquele de fl. 530 (ID. cde58fe). Vieram com a defesa, ainda, os recibos salariais do período não prescrito, havendo registro de pagamento de sobrejornada, para o que cito aquele de fl. 612 (ID. ID. 5ef9529). Vieram com a defesa, ademais, as normas coletivas aplicáveis ao contrato do autor, de onde se extrai a existência de regulamentação coletiva do banco de horas, conforme instrumento de ID. 9cdce84 (ACT 2017/2018, cláusula 8ª, fl. 418), por amostragem. Validada a prova documental e sem apontamentos objetivos de diferenças de horas extras devidas, considerando o regramento coletivo, tenho por quitado todo o trabalho prestado e julgo improcedente o pleito de horas extras. Os cartões de ponto registram a pré-assinalação da pausa intervalar, conforme faculta ao empregador o art. 74, §2º, da CLT. Ante a realidade documental e, sem que produzida qualquer prova do prejuízo arguido, julgo improcedente o pedido de horas extras pelo prejuízo intervalar intrajornada. HORAS IN ITINERE As frentes de serviço nas quais se ativava o reclamante se estabelecem ao longo de vias férreas, sendo de conhecimento comum que os trajetos não são servidos por transporte público e que o transporte até os postos de trabalho é feito pelo empregador. Superada essa discussão, é tese defensiva que o registro de início e encerramento da jornada ocorria no embarque e desembarque do veículo, pelo que já estaria contemplado no controle de jornada o tempo de deslocamento (fl. 130 - ID. ID. b8fbfba). A defesa não foi impugnada pelo reclamante. Frente a este contexto, cabia ao autor comprovar o fato constitutivo de seu direito e que o tempo de trajeto não constava dos registros de ponto, do que não se desincumbiu. Registro, apenas para evitar arguição de omissão, que foi indeferido o pedido obreiro de utilização do laudo produzido nos autos 0011036-51.2021.5.03.0048 (D. 59df63e), conforme decisão de fl. 949 (ID. 05942c7), a qual ratifico porque não houve convenção a respeito e, também, porque não é possível afirmar que o trajeto lá periciado é o mesmo percorrido pelo autor. A partir de 11/11/2017, o direito foi extinto do ordenamento jurídico, pelo que julgo improcedente o pedido desde então. Conforme acima já dito, recentemente, foi julgado incidente de recurso repetitivo pelo TST fixando-se, para o Tema 23, a seguinte tese, de observância vinculada a este magistrado: “A Lei nº 13.467/2017 possui aplicação imediata aos contratos de trabalho em curso, passando a regular os direitos decorrentes de lei cujos fatos geradores tenham se efetivado a partir de sua vigência”. Improcede. DANOS MORAIS O reclamante requereu compensação financeira por danos morais arguindo a ausência de sanitários no posto de trabalho, realidade negada pela reclamada. Como prova única de sua alegação, o autor trouxe vídeos armazenados em links indicados na exordial (fls. 6/7 - ID. 5e0126f) . Porém, ao tentar acessar o conteúdo de tais links, este magistrado recebeu a informação de que o arquivo não existe. Em defesa, a reclamada sustentou a existência de toda a infraestrutura de higiene necessária aos trabalhadores, colacionando, ainda, fotos e vídeos em link (fls. 120/128 - ID. b8fbfba), o que sequer mereceu a impugnação do reclamante. Por fim, da prova pericial realizada, conforme transcrição já feita nesta sentença, colhe-se que o reclamante declarou ao perito a existência de área de vivência nas frentes de trabalho. Considerando este contexto e o ônus probatório, a cargo obreiro (art. 818, CLT), dele não tendo se desincumbido, julgo improcedente o pedido. GRATUIDADE DE JUSTIÇA Nos moldes do que preceitua o artigo 790, § 3°, da CLT, é facultado aos juízes, órgãos julgadores e presidentes dos tribunais do trabalho de qualquer instância conceder, a requerimento ou de ofício, o benefício da justiça gratuita, inclusive quanto a traslados e instrumentos, àqueles que perceberem salário igual ou inferior a 40% (quarenta por cento) do limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social. No caso, não há qualquer evidência de que o autor aufira renda que suplante o teto legal, apesar da impugnação da reclamada. Prevalece, assim, a declaração de miserabilidade jurídica, que possui presunção de veracidade, não ilidida por outros meios de prova. Defiro ao autor, com fundamento nos §§ 3º e 4º do art. 790 da CLT, o benefício da justiça gratuita. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS Condeno a reclamada a pagar honorários advocatícios a favor do(s) advogado(s) do reclamante, no importe equivalente a 5% sobre o crédito apurado em liquidação, observado o teor da OJ 348 da SDI-1 do TST. Condeno o autor a pagar ao(s) advogado(s) da reclamada honorários de 5% sobre o valor dos pedidos julgados integralmente improcedentes. A exigibilidade fica suspensa, visto que a parte autora é beneficiária da justiça gratuita, conforme acórdão proferido na ADI 5766/STF e Recl. 60.142/STF. OUTROS PARÂMETROS DE LIQUIDAÇÃO A correção monetária será aplicada observando o decidido pelo STF nas Ações Declaratórias de Constitucionalidade (ADCs) 58 e 59 e Ações Diretas de Inconstitucionalidade (ADIs) 5867 e 6021, quando definiu que na atualização do crédito trabalhista deve ser aplicado o índice Nacional de Preço ao Consumidor Amplo Especial (IPCA-E) na fase pré-judicial (aquela compreendida entre o vencimento da obrigação e o momento da citação), e, a partir da citação, a taxa Selic, esta já englobando os juros de mora. Em face da particularidade trabalhista, em que os juros de mora são devidos desde o ajuizamento da ação, este será o marco inicial de aplicação da Selic. Observe-se a OJ 302, da SDI-1, do TST, para atualização do FGTS. Nos termos da tese vinculante definida pelo TST em fevereiro/25 e diante dos termos do artigo 26 da Lei 8.036/90, os valores devidos a título de FGTS (parcelas principais e/ou reflexas) deverão ser depositadas em conta vinculada do autor (já existente ou a ser aberta para esse fim). A parte reclamada recolherá e comprovará nos autos, sob pena de execução, as contribuições previdenciárias incidentes sobre as parcelas salariais da condenação, cota patronal e do empregado. As contribuições devidas pela parte autora serão deduzidas do seu crédito. As parcelas de natureza indenizatória não sofrem incidência dessas contribuições, mesmo quando apuradas como reflexos de outros títulos, quais sejam: férias indenizadas com o terço e FGTS + 40%. A retenção do imposto de renda é obrigatória, conforme determinado na Lei 8.541/92, em seu art. 46 e art. 43 da Lei 8.212/91, ficando desde já autorizado. Será deduzido do crédito do reclamante e recolhido o imposto de renda devido na fonte sobre os honorários advocatícios sucumbenciais, na forma legal, observado o Decreto 9.580/2018, as IN 1500/2014 e 1928/2020 da RFB, o teor da OJ 400 da SBDI-1 do TST e Súmulas 125 e 386 do STJ. A falta de recolhimento do imposto de renda, quando devido, importará em ofício à Receita Federal. PROVIMENTOS FINAIS Objetivando evitar atos processuais desnecessários, com dispêndio para as partes e para a máquina judiciária, ressalto que o juiz não está adstrito à manifestação sobre todos os pontos levantados pelos litigantes, mas tão somente à indicação dos motivos determinantes da sua convicção. A lei processual não prevê a possibilidade do juiz, depois de publicar a sentença, modificá-la em sede de embargos de declaração para retificar alegado erro na apreciação das provas ou na aplicação do direito. Eventual recurso ordinário devolverá ao Tribunal a apreciação de todas as questões, consoante o artigo 515, Código de Processo Civil, de inegável aplicação subsidiária. III. CONCLUSÃO Ante o exposto na fundamentação supra, que integra este dispositivo: 1) pronuncio a prescrição das pretensões exigíveis anteriores a 06.06.2017, extinguindo o processo, com resolução do mérito, quanto a elas; 2) julgo PARCIALMENTE PROCEDENTES os pedidos formulados por GILSON FRANCISCO NUNES condenando a reclamada CONSTRUTORA TERRAÇO S.A. a pagar-lhe, após o trânsito em julgado, no prazo legal, as parcelas de: a) adicional de insalubridade em grau máximo, que corresponde a 40% do salário-mínimo legal da época, em todo o período contratual não prescrito, com reflexos em horas extras pagas, 13ºs salários, férias com 1/3 e no FGTS com 40%. Os valores serão apurados em regular liquidação, com juros e correção monetária, na forma dos fundamentos. Honorários advocatícios, imposto de renda, contribuição previdenciária e demais parâmetros de liquidação conforme a fundamentação. Concedida ao reclamante a gratuidade de justiça. Sucumbente no objeto da perícia, a reclamada arcará com os honorários periciais, ora arbitrados em R$1.500,00, com atualização na forma da OJ 198 da SDI-1 do TST. Custas processuais de R$200,00 pela reclamada, calculadas sobre R$10.000,00, valor ora arbitrado à condenação. Intimem-se as partes. Nada mais. (vpogpc) ARAXA/MG, 02 de julho de 2025. VANDERSON PEREIRA DE OLIVEIRA Juiz Titular de Vara do Trabalho Intimado(s) / Citado(s) - CONSTRUTORA TERRACO S.A.

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