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Processo nº 1002301-50.2024.8.11.0010

ID: 313397610

Tribunal: TJMT Órgão: 1ª VARA DE JACIARA Classe: EMBARGOS à EXECUçãO Nº Processo: 1002301-50.2024.8.11.0010

Data de Disponibilização: 02/07/2025

Polo Ativo:

Polo Passivo:

COOPERATIVA DE CREDITO DE LIVRE ADMISSAO DE ASSOCIADOS VALE DO CERRADO - SICREDI VALE DO CERRADO

Decisão

Advogados:

MARCOS ANTONIO DE ALMEIDA RIBEIRO

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MARCELO ALVARO CAMPOS DAS NEVES RIBEIRO

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ANDRE LUIZ CAMPOS DAS NEVES RIBEIRO

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ESTADO DE MATO GROSSO PODER JUDICIÁRIO 1ª VARA DE JACIARA Autos n. 1002301-50.2024.8.11.0010 Vistos etc. Trata-se de embargos opostos por Iracema Torquato Gomes à execução de autos n. 1001769-76.2024… ESTADO DE MATO GROSSO PODER JUDICIÁRIO 1ª VARA DE JACIARA Autos n. 1002301-50.2024.8.11.0010 Vistos etc. Trata-se de embargos opostos por Iracema Torquato Gomes à execução de autos n. 1001769-76.2024.8.11.0010, movida por Cooperativa de Crédito de Livre Admissão de Associados Vale do Cerrado – Sicredi Vale do Cerrado, partes já qualificadas nos autos em epígrafe. A embargante defende que o negócio jurídico objeto da execução é nulo por vício de consentimento, resultando em ilegitimidade passiva, bem como que há excesso de execução pela aplicação de juros remuneratórios abusivos, além disso, pediu o chamamento de Luís José, suposto devedor solidário, ao processo. O recebimento da petição inicial e a concessão de assistência jurídica gratuita à embargante se deram no pronunciamento de id. 168605042. A exequente foi ouvida e apresentou resposta ao id. 192850593 arguindo preliminares de inépcia da petição inicial e indevida concessão do benefício de gratuidade de justiça e, no mérito, se contrapondo à pretensão da embargante ao defender a legitimidade dela para figurar como devedora na execução associada e impossibilidade de chamamento ao processo do terceiro indicado, além da ausência de abusividade dos encargos cobrados. Os autos vieram conclusos. É o relatório. Fundamento e Decido. Preliminares. Indevida concessão de justiça gratuita. A parte embargante é assistida pela Defensoria Pública, instituição com incumbência constitucional de defesa dos direitos individuais aos necessitados de forma integral e gratuita (caput do artigo 134 da CF), incumbência também prevista no artigo 1º da lei que organiza a Defensoria Pública (LC n. 80/1994). Nesse viés, se a parte é assistida pela DPE, há presunção iuris tantum de que é necessitada e, portanto, faz jus à concessão de assistência jurídica gratuita, salvo prova em contrário. Assim, não tendo a embargada apresentado qualquer elemento que demonstrasse ao menos indícios de boa condição financeira ou econômica, permanece incólume a presunção iuris tantum advinda da assistência pela Defensoria Pública. Portanto, rejeito a preliminar arguida. Inépcia da petição inicial. A credora embargada arguiu haver inépcia da petição inicial, afirmando que a embargante deixou de discriminar as obrigações contratuais que pretende controverter e de quantificar o valor incontroverso, dever estabelecido, sob pena de inépcia, pelo § 2º do artigo 330 do CPC. A disposição diz respeito às “ações que tenham por objeto a revisão de obrigação decorrente de empréstimo, de financiamento ou de alienação dos bens”. A embargante, em fundamentação, nomeou tópico para discutir abusividade dos juros remuneratórios como “excesso à execução” e pretendeu, através do requerimento e da exordial, o reconhecimento do excesso com “relação aos juros remuneratórios impostos”. O excesso de execução ocorre quando: a) o exequente pleiteia quantia superior à do título; b) a execução recai sobre coisa diversa daquela declarada no título; ou c) ela se processa de modo diferente do que foi determinado no título (§ 2º do artigo 917), ou seja, o excesso pressupõe que os termos da execução divirjam daqueles do título exequendo. Nesses termos, a alegação de abusividade ou ilegalidade de obrigação contratual é matéria distinta, pois não se aduz desconformidade da execução com as obrigações contratuais, mas sim das obrigações contratuais controvertidas com a lei. Assim se tem que a devedora embargante mistura matérias distintas, pois, apenas de alegar haver exceção de execução, sua fundamentação indica a pretensão de revisão de cláusula contratual, o que implica na necessidade de observar o dever previsto no § 2º do artigo 330 do CPC. O referido dever, no entanto, não foi observado pela parte, pois não discriminou as obrigações contratuais que pretende controverter, indicando, inclusive, a cláusula contratual correspondente, nem quantificou o valor incontroverso do débito. Além disso, ante a divergência entre pedido e fundamentação, há conflito lógico entre a narração e a conclusão, outra hipótese de inépcia, esta prevista no inciso III do § 1º do artigo 330. Contudo, considerando que nunca fora oportunizada a emenda pela embargante e que se tratam de vícios sanáveis, não se admite a extinção prematura da ação, é preciso conceder oportunidade para sanar, conforme artigos 321 e 352 do CPC. Nessa mesma linha: APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO REVISIONAL DE CONTRATO BANCÁRIO. EXTINÇÃO SEM RESOLUÇÃO DE MÉRITO. INÉPCIA DA PETIÇÃO INICIAL. NÃO CONFIGURAÇÃO. NECESSIDADE DE OPORTUNIZAR EMENDA. PRINCÍPIO DA PRIMAZIA DA DECISÃO DE MÉRITO. JUNTADA DE PARECER TÉCNICO E PLANILHA DEMONSTRATIVA DE DÉBITO. ANULAÇÃO DA SENTENÇA. RECURSO PROVIDO. I. Caso em exame. Apelação interposta contra sentença que extinguiu o feito sem resolução do mérito, sob o fundamento de inépcia da petição inicial, diante da ausência de indicação específica das cláusulas contratuais a serem revisadas e da falta de quantificação do valor incontroverso do débito. II. Questão em discussão. A questão em discussão consiste em verificar se a petição inicial da ação revisional de contrato bancário preenche os requisitos do art. 330, § 2º, do CPC e se o Magistrado deveria ter oportunizado a emenda da petição inicial antes de extinguir o feito. III. Razões de decidir. Nos termos do art. 330, § 2º, do CPC, nas ações revisionais de contrato bancário, o autor deve indicar quais obrigações contratuais pretende controverter e qual o montante do débito que reconhece como devido. No caso concreto, a parte autora apresentou parecer técnico e planilhas demonstrativas, indicando quais valores/taxas considera abusivo e discriminando o montante que entende devido. A decisão de primeiro grau, ao extinguir a ação sem oportunizar a emenda da petição inicial, violou o princípio da primazia da decisão de mérito (CPC, art. 321), que impõe ao magistrado a concessão de prazo para saneamento de eventuais vícios sanáveis. O formalismo excessivo da decisão recorrida contraria os princípios do acesso à justiça e da cooperação processual, tornando imperativa a anulação da sentença para o regular processamento da demanda. IV. Dispositivo e tese. Apelação conhecida e provida para anular a sentença, determinando o retorno dos autos ao juízo de origem para regular prosseguimento do feito. Tese de julgamento: “A juntada de parecer técnico e planilha demonstrativa de débito é suficiente para afastar a alegação de inépcia, desde que viabilize a compreensão da controvérsia e a instrução do feito. A extinção de ação revisional de contrato bancário sem resolução de mérito, com fundamento na ausência de especificação das cláusulas contratuais e do valor incontroverso do débito, deve ser precedida da oportunidade de emenda da petição inicial, em observância ao princípio da primazia da decisão de mérito.” Dispositivos relevantes citados: CPC, arts. 321 e 330, § 2º. (TJMT, N.U 1034804-65.2023.8.11.0041, CÂMARAS ISOLADAS CÍVEIS DE DIREITO PRIVADO, MARIA HELENA GARGAGLIONE POVOAS, Segunda Câmara de Direito Privado, Julgado em 31/03/2025, Publicado no DJE 31/03/2025). Nesse cenário, acolho a preliminar arguida com fundamento no artigo 330, §§ 1º, inciso III e 2º, do CPC, porém, observando os artigos 321 e 352 do mesmo diploma legal, determino a intimação da parte embargante, oportunizando a emenda da petição inicial para sanar os vícios no prazo de 15 (quinze) dias, isto é, discriminando as obrigações contratuais que pretende controverter, indicando a cláusula contratual correspondente, e quantificando o valor incontroverso do débito, bem como sanando a divergência entre o pedido e da exordial e a sua fundamentação, tudo sob pena de extinção do feito sem resolução de mérito. Se sanado o vício, intime-se o réu, oportunizando o exercício do contraditório no prazo de 15 (quinze) dias. Cumpra-se, expedindo-se o necessário e com as cautelas de estilo. (datado e assinado digitalmente) Laura Dorilêo Cândido Juíza de Direito

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Processo nº 1001769-37.2019.4.01.3802

ID: 278610870

Tribunal: TRF6 Órgão: SEC.GAB.12 (Des. Federal RUBENS ROLLO D' OLIVEIRA) Classe: APELAçãO CíVEL Nº Processo: 1001769-37.2019.4.01.3802

Data de Disponibilização: 26/05/2025

Polo Ativo:

CARLOS HENRIQUE MARIANO

Polo Passivo:

Acórdão

Advogados:

ELTON GARCIA DE SENE

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DOUGLAS SILVA BORGES

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Apelação Cível Nº 1001769-37.2019.4.01.3802/MG RELATOR : Desembargador Federal RUBENS ROLLO D OLIVEIRA APELANTE : CARLOS HENRIQUE MARIANO ADVOGADO(A) : ELTON GARCIA DE SENE (OAB MG103138) ADVOGADO(A… Apelação Cível Nº 1001769-37.2019.4.01.3802/MG RELATOR : Desembargador Federal RUBENS ROLLO D OLIVEIRA APELANTE : CARLOS HENRIQUE MARIANO ADVOGADO(A) : ELTON GARCIA DE SENE (OAB MG103138) ADVOGADO(A) : DOUGLAS SILVA BORGES (OAB MG132635) EMENTA Direito Previdenciário. Mandado de segurança. Aposentadoria especial. Reconhecimento de tempo de serviço sob condições especiais. Exposição habitual e permanente ao agente nocivo ruído. Concessão do benefício. I. Caso em exame 1. Trata-se de mandado de segurança impetrado contra ato do Gerente Executivo do INSS em Uberaba/MG, objetivando o reconhecimento da especialidade do labor prestado no período de 13/06/1986 a 10/08/2015, com a consequente concessão de aposentadoria especial desde a data do requerimento administrativo, incluindo o pagamento das parcelas vencidas, acrescidas de correção monetária e juros moratórios. A sentença extinguiu o processo, sem julgamento de mérito, por ausência de interesse processual. O impetrante interpôs apelação sustentando a existência do interesse e reiterando o pedido de concessão do benefício. II. Questão em discussão 2. A questão em discussão consiste em verificar: (i) se há interesse processual a justificar a impetração do mandado de segurança; e (ii) se é possível o reconhecimento da especialidade da atividade laboral desempenhada entre 06/03/1997 e 10/08/2015, com a consequente concessão de aposentadoria especial desde a data do requerimento administrativo. III. Razões de decidir 3. Restou demonstrado o interesse processual, uma vez que houve indeferimento administrativo do benefício, com existência de documentos suficientes para a análise do direito vindicado, dispensando-se dilação probatória. 4. A atividade especial pode ser comprovada mediante PPP que indique exposição habitual e permanente a agente nocivo ruído acima dos limites legais, sendo irrelevante a indicação de fornecimento de EPI eficaz quando se tratar de ruído, conforme jurisprudência consolidada (STF, Tema 555). 5. O PPP apresentado nos autos comprova, com base em metodologia adequada (dosimetria), que o impetrante esteve exposto a níveis de ruído superiores aos limites legais durante o período indicado, o que autoriza o enquadramento como tempo especial. 6. Somado o período reconhecido judicialmente (06/03/1997 a 10/08/2015) ao tempo já reconhecido administrativamente (13/06/1986 a 05/03/1997), verifica-se o cumprimento do tempo mínimo de 25 anos exigido para aposentadoria especial, na data do requerimento administrativo (27/08/2018). 7. Em mandado de segurança, apenas parcelas vencidas após a impetração são exigíveis na mesma via processual (Súmula 271/STF). Inexistente prescrição quinquenal, dado que a ação foi proposta dentro do prazo de 5 anos. 8. Deferida a tutela antecipada para implantação do benefício no prazo de 30 dias. 9. Aplicação dos índices previstos no Manual de Cálculos da Justiça Federal, em conformidade com o decidido no RE 870.947, quanto aos consectários legais. 10. Inviável a condenação em honorários advocatícios, nos termos do art. 25 da Lei 12.016/09 e súmulas 512/STF e 105/STJ. IV. Dispositivo e tese 11. Apelação provida. Concedida a segurança para reconhecer a especialidade do labor no período de 06/03/1997 a 10/08/2015 e condenar o INSS a conceder o benefício de aposentadoria especial a partir da data do requerimento administrativo (27/08/2018). Tese de julgamento: “1. Configura interesse processual o ajuizamento de mandado de segurança contra ato administrativo indeferitório, quando instruído com documentos suficientes à apreciação do direito invocado. 2. É possível o reconhecimento do tempo de serviço especial mediante PPP que indique exposição a ruído acima dos limites legais, sendo irrelevante o fornecimento de EPI eficaz. 3. Somado o tempo especial reconhecido judicial e administrativamente, preenchido o requisito temporal para concessão da aposentadoria especial.” Dispositivos relevantes citados: CF/1988, arts. 5º, LXIX; 201, §1º; Lei 8.213/1991, arts. 57 e 58; Lei 8.212/1991, art. 22, II; Lei 12.016/2009, art. 25; CPC/2015, art. 1.013, §3º, I. Jurisprudência relevante citada: STF, ARE 664.335/SC, Rel. Min. Luiz Fux, Plenário, j. 04.12.2014, DJe 12.02.2015 (Tema 555); STF, MS 31690 AgR, Rel. Min. Celso de Mello, Segunda Turma, j. 11.02.2014; STJ, REsp 1578404/PR, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, Primeira Turma, j. 17.09.2019, DJe 25.09.2019 (Tema 694); STF, RE 870.947, Rel. Min. Luiz Fux, Plenário, j. 20.09.2017. ACÓRDÃO Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, a Egrégia 1ª Turma - Prev/Serv do Tribunal Regional Federal da 6ª Região decidiu, por unanimidade, DAR PROVIMENTO à apelação do impetrante para, reformando a sentença, afastar a preliminar de falta de interesse processual e, no mérito, com fulcro no art. 1.013, §3º, I, do CPC, conceder a segurança para reconhecer a especialidade do labor prestado no período de 06/03/97 a 10/08/2015 e condenar o INSS a lhe conceder o benefício de aposentadoria especial, a partir da data de entrada do requerimento administrativo, nos termos do voto do relator, nos termos do relatório, votos e notas de julgamento que ficam fazendo parte integrante do presente julgado. Belo Horizonte, 19 de maio de 2025.

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Naiara Ferraz De Campos x Palestina Urbanizadora Spe Ltda

ID: 278845097

Tribunal: TJSP Órgão: Foro de Hortolândia - 3ª Vara Cível Classe: PROCEDIMENTO COMUM CíVEL Nº Processo: 1006979-16.2024.8.26.0229

Data de Disponibilização: 26/05/2025

Polo Ativo:

NAIARA FERRAZ DE CAMPOS

Polo Passivo:

PALESTINA URBANIZADORA SPE LTDA

Intimação

Advogados:

WILLIAM SILVA DE ALMEIDA PUPO

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RAFAEL JOSE SANCHES

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EDUARDO SILVA MADLUM

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ADV: Rafael Jose Sanches (OAB 289595/SP), Eduardo Silva Madlum (OAB 296059/SP), William Silva de Almeida Pupo (OAB 322927/SP) Processo 1006979-16.2024.8.26.0229 - Procedimento Comum Cível - Reqte: Na… ADV: Rafael Jose Sanches (OAB 289595/SP), Eduardo Silva Madlum (OAB 296059/SP), William Silva de Almeida Pupo (OAB 322927/SP) Processo 1006979-16.2024.8.26.0229 - Procedimento Comum Cível - Reqte: Naiara Ferraz de Campos - Reqdo: Palestina Urbanizadora Spe Ltda - Relação: 0388/2025 Teor do ato: Vistos. Trata-se de Ação de Rescisão Contratual C/C Pedido de Devolução de Valores, proposta por Naiara Ferraz de Campos em face de Palestina Urbanizadora SPE LTDA, na qual o autor pretende a rescisão do contrato de compra e venda de loteamento firmado entre as partes, por iniciativa sua, com a devolução dos valores pagos, devidamente corrigidos, com a aplicação de percentual de retenção de 10% a título de taxa administrativa. Regularmente citado, o réu apresentou contestação (fls. 91/104), alegando que não houve obrigação contratual para pagamento de corretagem, e que os valores pagos não devem ser restituídos conforme contrato firmado, ou seja, com retenção da cláusula penal de 35%. Pugna, ainda, pela fixação de taxa de fruição pelo período da indisponibilidade do bem. Houve réplica (fls.156/166). É o relatório. FUNDAMENTO E DECIDO. O feito comporta julgamento antecipado, nos termos do artigo 355, I, do CPC, por se tratar de matéria unicamente de direito, estando os autos suficientemente instruídos. I - Da Rescisão Contratual Restou incontroverso nos autos que o contrato de compra e venda do lote foi firmado entre as partes, e que o autor requereu a rescisão por iniciativa própria. O lote em questão não está edificado, não havendo nos autos prova de sua utilização ou fruição pelo comprador. Nestes termos: APELAÇÕES CÍVEIS. AÇÃO DE RESCISÃO CONTRATUAL POR INICIATIVA DAS COMPRADORAS. LOTEAMENTO. Sentença que, reconhecendo a resilição contratual, determinou a devolução dos valores das parcelas efetivamente pagas, autorizando a retenção de 10% a título de perdas e danos. Insurgência de ambas as partes. Descabimento do recurso das requerentes. Parcial acolhimento dos pedidos formulados pela requerida. Inexistência de abusividade nas exigências relativas à construção no loteamento. Resilição contratual decorrente de culpa exclusiva das compradoras. Restituição parcial dos valores despendidos, que é de rigor. Recente entendimento do E. STJ sobre a matéria, estabelecendo a retenção fixa de 25% dos valores pagos, a fim de evitar maiores discussões e uniformizar o julgamento de ações dessa natureza, considerando-se tratar de percentual adequado para reparação dos prejuízos decorrentes da prematura ruptura contratual em favor do vendedor. Inaplicabilidade da taxa de fruição em caso de lote de terreno sem edificação, diante da impossibilidade de exploração econômica imediata. Precedentes. Sentença reformada para, mantida a rescisão contratual, determinar a restituição de 75% dos valores efetivamente despendidos pelas compradoras, sem prejuízo dos abatimentos cabíveis. Trânsito em julgado fixado como termo inicial para incidência dos juros de mora. RECURSO DA REQUERIDA PARCIALMENTE PROVIDO. RECURSO DAS REQUERENTES NÃO PROVIDO.(TJSP; Apelação Cível 1008859-27.2023.8.26.0084; Relator (a):Márcio Boscaro; Órgão Julgador: 10ª Câmara de Direito Privado; Foro Regional de Vila Mimosa -5ª Vara; Data do Julgamento: 16/04/2025; Data de Registro: 16/04/2025) Nos termos da jurisprudência pacificada do Superior Tribunal de Justiça, em contratos firmados antes da vigência da Lei nº 13.786/2018 (Lei do Distrato), é admissível a rescisão contratual por iniciativa do comprador, com a devolução dos valores pagos, observada a possibilidade de retenção de percentual razoável a título de taxa administrativa. No caso em exame, considerando-se que o lote não foi edificado, que não houve fruição do bem, e que não se demonstrou qualquer prejuízo específico sofrido pela vendedora, entende-se adequada a retenção de 25% sobre o montante efetivamente pago, a título de taxa administrativa, como forma de indenização por despesas operacionais e contratuais. Portanto, impõe-se a rescisão do contrato, com a devolução de 75% dos valores pagos, corrigidos monetariamente desde cada desembolso e acrescidos de juros legais a contar da citação. Neste sentido: COMPRA E VENDA DE IMÓVEL - Rescisão contratual por culpa exclusiva do comprador desistente - Percentual de retenção de 25% dos valores pagos no curso da relação adequado e suficiente para custear as despesas administrativas da vendedora - Jurisprudência do C. STJ. NOVA LEI DOS DISTRATOS (Lei 13.786/18). Irretroatividade. Inaplicabilidade aos contratos celebrados anteriormente à respectiva vigência. Jurisprudência do C. STJ. PACTO ADJETO DE ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA - Instrumento contratual não levado a registro - Ausência de aperfeiçoamento da garantia - Inaplicabilidade da Lei nº 9.514/97 - Sentença mantida - Apelações improvidas.(TJSP; Apelação Cível 1048339-64.2018.8.26.0576; Relator (a):José Tarciso Beraldo; Órgão Julgador: 37ª Câmara de Direito Privado; Foro de São José do Rio Preto -1ª Vara Cível; Data do Julgamento: 10/12/2019; Data de Registro: 11/12/2019) APELAÇÕES CÍVEIS. COMPROMISSO DE COMPRA E VENDA. AÇÃO DE RESCISÃO CONTRATUAL, CUMULADA COM DEVOLUÇÃO DE VALORES PAGOS E DECLARAÇÃO DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO. Ajuizamento pela promissária compradora. Desistência do negócio. Sentença de procedência, em parte, declarada a rescisão do contrato e determinada a devolução de 80% dos valores pagos pela autora. Irresignação de ambas as partes. Aplicação do artigo 32-A da Lei nº 4.591/1964. Impossibilidade. Alteração trazida pela "Lei do Distrato". Não se pode cogitar a aplicação simples e direta da Lei nº 13.786/18, para solução de casos anteriores à sua promulgação. Recente entendimento do E. STJ a respeito da matéria, indicando um percentual fixo (25%) de retenção dos valores pagos, para evitar maiores discussões e tentar uniformizar o julgamento de ações desse tipo, por entender-se que representa montante adequado e suficiente a cobrir os gastos administrativos, com publicidade e a título de fruição, bem indenizando os vendedores pelo desfazimento prematuro do negócio e a englobar todas as reparações eventualmente devidas pela ruptura do contrato, por culpa dos compradores. Sucumbência parcial e recíproca. Manutenção da distribuição das verbas da sucumbência. Sentença reformada, em parte, para determinar a devolução de 75% dos valores pagos pela autora. RECURSO DA RÉ PROVIDO, EM PARTE, DESPROVIDO O RECURSO DA AUTORA. (TJSP; Apelação Cível 1001769-08.2022.8.26.0664; Relator (a):Márcio Boscaro; Órgão Julgador: 2ª Câmara de Direito Privado; Foro de Votuporanga -3ª Vara Cível; Data do Julgamento: 28/02/2023; Data de Registro: 28/02/2023) Os encargos incidentes sobre o imóvel, como IPTU, taxas condominiais ou quaisquer outros, devem ser suportados pelo comprador até a efetiva restituição da posse do bem à vendedora, conforme pleiteado. Ante o exposto, JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTE o pedido inicial para o fim de 1) Declarar rescindido o contrato de compra e venda firmado entre as partes; 2) Condenar o réu a devolver ao autor 75% (setenta e cinco por cento) dos valores pagos, devidamente corrigidos monetariamente desde cada desembolso e com incidência de juros de mora legais a partir da citação. Dada a sucumbência recíproca, condeno ambas as partes ao pagamento das custas e despesas processuais, na proporção de 50% para cada, bem como ao pagamento de honorários advocatícios, que fixo ao autor em 10% sobre o valor da causa e ao réu em 10% sobre o valor da condenação, nos termos do art. 85 do CPC. Expeça-se o necessário. Oportunamente, arquivem-se com as cautelas de praxe. P.R.I. Advogados(s): Rafael Jose Sanches (OAB 289595/SP), Eduardo Silva Madlum (OAB 296059/SP), William Silva de Almeida Pupo (OAB 322927/SP)

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Carla Arcanjo Do Carmo x Carla Arcanjo Do Carmo e outros

ID: 261429970

Tribunal: TRT2 Órgão: Vice-Presidência Judicial Classe: AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO ORDINáRIO Nº Processo: 1001769-22.2022.5.02.0051

Data de Disponibilização: 28/04/2025

Polo Ativo:

CARLA ARCANJO DO CARMO

Polo Passivo:

CARLA ARCANJO DO CARMO FACI.LY SOLUCOES E TECNOLOGIA LTDA. I9 SOLUCOES EM MARKETING DE RELACIONAMENTO LTDA

Notificação

Advogados:

LUCAS JOSE DA COSTA

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MARIO BARBOSA MACHADO

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IZADORA NOGUEIRA SALVIANO DE MACEDO

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TATIANA JUNQUEIRA RUIZ

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LUCAS PRADO MACHADO

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PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO ANÁLISE DE RECURSOS Relator: RONALDO LUIS DE OLIVEIRA 1001769-22.2022.5.02.0051 : CARLA ARCANJO DO CARMO : I9 S… PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO ANÁLISE DE RECURSOS Relator: RONALDO LUIS DE OLIVEIRA 1001769-22.2022.5.02.0051 : CARLA ARCANJO DO CARMO : I9 SOLUCOES EM MARKETING DE RELACIONAMENTO LTDA E OUTROS (1) INTIMAÇÃO Fica V. Sa. intimado para tomar ciência da Decisão ID 75086b1 proferida nos autos. 1001769-22.2022.5.02.0051 - 15ª TurmaRecorrente(s): 1. CARLA ARCANJO DO CARMO Recorrido(a)(s): 1. FACI.LY SOLUCOES E TECNOLOGIA LTDA. 2. I9 SOLUCOES EM MARKETING DE RELACIONAMENTO LTDA RECURSO DE: CARLA ARCANJO DO CARMO PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS Recurso tempestivo (decisão publicada em 11/03/2025 - Id 8b89981; recurso apresentado em 21/03/2025 - Id afd7e27). Regular a representação processual (Id e1a6207). A análise do preparo será realizada conjuntamente com o mérito do recurso. PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS 1.1 DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO (8826) / PARTES E PROCURADORES (8842) / ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA Alegação(ões): Sustenta que preenche os requisitos legais para a concessão da justiça gratuita. Consta do v. acórdão: "1. Justiça gratuita. Reclamante. A assistência judiciária gratuita prevista na Lei nº 1.060/1950 (parcialmente revogada pelo artigo 1.072 do CPC de 2015), no Direito Processual do Trabalho, está regulamentada pelo artigo 14 da Lei nº 5.584/1970, sendo prestada pelo sindicato profissional a que pertencer o trabalhador. Não é a hipótese do presente caso. O benefício da justiça gratuita pode ser, fora dessa situação legal específica, concedido pelo Juízo na hipótese traçada pelo § 3º do artigo 790 da CLT, desde que o trabalhador perceba salário até 40% (quarenta por cento) do limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social (R$ 7.786,02 x 40% = R$ 3.114,40, em atenção ao valor vigente no ano de 2024). E, mesmo assim, cabe à parte requerente o encargo de comprovar sua insuficiência de recursos para o pagamento das custas do processo (§ 4º do artigo 790 da CLT). Não confundamos os conceitos. A assistência judiciária gratuita (artigo 5º, LXXIV, da Constituição Federal, Leis nº 1.060/1950 e 5.584/1970) é gênero do qual a justiça gratuita é espécie (artigos 98 a 102 do CPC de 2015 e 790 da CLT). O CPC de 2015 (artigos 98 a 102) passou, com maior amplitude, a regular a gratuidade da Justiça. Entretanto, lembremo-nos que as regras processuais comuns são aplicáveis, ao Processo do Trabalho, na hipótese de ausência de regulamentação própria, de forma, pois, supletiva e subsidiária (artigos 15 do CPC e 769 da CLT). A CLT, com sua atual redação, dada pela Lei nº 13.467/2017, ainda que se possa atribuir algumas duras críticas jurídicas, sobre o assunto não é omissa. Pondere-se que qualquer norma legal em vigor deve ser analisada à luz da Constituição Federal, de cujo comando, por óbvio, extrai a sua validade. Ainda que se possa admitir a fixação de critérios pecuniários específicos, como ponto de partida, para a aferição da condição financeira daquele que se intitula juridicamente necessitado, não se pode permitir, sem que sejam violados princípios constitucionais básicos, a concessão parcial do direito à gratuidade da justiça. Sobre o assunto, por exemplo, mostra-se pacífica a validade jurídica do preceito fixado pelo referido artigo 14 da Lei nº 5.584/1970, ao exigir, para a concessão do benefício em análise, o percebimento de dois salários-mínimos, com a assistência do ente sindical da respectiva categoria profissional. Assim (pelo menos sob tal enfoque, sem desprezar qualquer outro entendimento), não se pode atribuir maiores críticas ao comando do já referido § 3º do artigo 790 da CLT, quanto à fixação de percentual para a aferição salarial envolvendo mesma situação. Contudo, o legislador da reforma não poderia ir além disso, no momento em que, permitindo a concessão do benefício da assistência judiciária, possibilitou, de forma contraditória, com preceitos legais seguintes, a retirada dos efeitos naturais de tal direito. Realmente, como permanecer incólume diante de uma lei que, ao mesmo tempo em que permite a concessão de um direito, com outro preceito possibilite, na prática, a sua negação? Claramente estamos diante de uma lacuna axiológica: a norma jurídica existe e está em vigor, mas seus preceitos encaminham a uma solução judicial injusta e/ou insatisfatória, de modo incompatível com os ideais de justiça e equidade. Objetivamente ponderando, como pode ser concebido que uma pessoa considerada jurídica e judicialmente pobre tenha que, ao final, pagar despesas processuais (custas, honorários periciais e de advogado)? Parece-nos claro que esses preceitos seguintes estão negando a eficácia ao próprio conceito do direito à justiça gratuita. Também, como pode ser admitido que, num mesmo sistema judicial, indivíduos economicamente iguais em sua fragilidade, usufruam plenamente desse benefício (como, por exemplo, sob a égide da lei processual comum) e outros litigantes, em outra esfera (no caso, a trabalhista), tenham tal direito relativizado? Aqui, estamos diante de claras violações constitucionais, no mínimo representadas nos caput e inciso LXXXV do artigo 5º da Constituição Federal (Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza; o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos). Nesse passo, a partir do momento em que for reconhecido e concedido o direito à gratuidade da justiça, o beneficiário não poderá sofrer as restrições impostas pela Lei nº 13.467/2017 (§ 4º do artigo 790-B, § 4º do artigo 791-A da CLT). E, dessa forma, os requerimentos formulados serão analisados. Seguimos. Ao contrário do expressamente regulamentado pelo artigo 99 do CPC de 2015, fora do alcance fixado pelo artigo 14 da Lei nº 5.584/1970, para as demais situações, como no presente caso, não bastaria, para a comprovação da situação de pobreza sugerida, a simples declaração anexada aos autos (ID 152461c, fl. 27 do PDF dos autos). A reclamante, neste feito, não conta com a assistência do sindicato de sua categoria profissional. De outra parte, o documento reproduzido no corpo na peça de contestação (ID 47e3724, fl. 154 dos autos), indica que a reclamante figura com micro empresária, cuja empresa, pelo que consta dos autos, está em atividade. Ademais, as notas fiscais juntadas com a petição inicial (ID 663bd08, v. fls. 20/25) revelam que ela recebeu, via de regra, remuneração superior ao limite legal acima referido. Sobretudo, observa-se que a reclamante, deixando de fazer o elementar, não se dispôs a anexar aos autos cópias de sua CTPS, não comprovando, assim, que está desempregada ou que venha recebendo salários inferiores ao limite legal acima referido. Ressalte-se, por fim, que o entendimento representado pela Súmula nº 463 do E. TST consolidou jurisprudência formada em período anterior à vigência da Lei nº 13.467/2017, razão pela qual deve prevalecer a interpretação ora exposta, relacionada aos dispositivos legais que regem a matéria. Reformo, pois, a sentença proferida, indeferindo o requerimento de concessão, em favor da reclamante, do benefício da justiça gratuita." No julgamento do IncJulgRREmbRep-277-83.2020.5.09,0084 (16/12/2024), o Tribunal Superior do Trabalho, em sua composição plena, fixou a seguinte tese jurídica, de observância obrigatória (arts. 896-C da CLT, e 927, III, do CPC): (i) independentemente de pedido da parte, o magistrado trabalhista tem o poder-dever de conceder o benefício da justiça gratuita aos litigantes que perceberem salário igual ou inferior a 40% (quarenta por cento) do limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social, conforme evidenciado nos autos; (ii) o pedido de gratuidade de justiça, formulado por aquele que perceber salário superior a 40% (quarenta por cento) do limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social, pode ser instruído por documento particular firmado pelo interessado, nos termos da Lei nº 7.115/83, sob as penas do art. 299 do Código Penal; (iii) havendo impugnação à pretensão pela parte contrária, acompanhada de prova, o juiz abrirá vista ao requerente do pedido de gratuidade de justiça, decidindo, após, o incidente (art. 99, § 2º, do CPC). Assim, considerando que a autora apresentou declaração de hipossuficiência econômica com a petição inicial (id 152461c), impõe-se o seguimento do apelo, diante da aparente contrariedade à Súmula 463, I, do TST. Nesse sentido: "[...] RECURSO DE REVISTA. CONCESSÃO DO BENEFÍCIO DA JUSTIÇA GRATUITA. AÇÃO TRABALHISTA AJUIZADA NA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.467/2017. DECLARAÇÃO DE INSUFICIÊNCIA ECONÔMICA. CABIMENTO. TRANSCENDÊNCIA POLÍTICA RECONHECIDA. O Tribunal Pleno desta Corte Superior, em 14/10/2024, no julgamento do Tema Repetitivo 21 (IncJulgRREmbRep - 277-83.2020.5.09.0084, acórdão pendente de publicação), firmou entendimento de que, mesmo após a vigência da Lei nº 13.467/2017, o trabalhador que recebe salário superior ao fixado no art. 790, § 3º, da CLT poderá comprovar sua insuficiência econômica pela declaração de não ter condições de suportar o ônus das despesas processuais sem prejuízo do sustento familiar, nos termos do item I da Súmula nº 463 do TST. Recurso de revista conhecido e provido" (RR-1000437-80.2022.5.02.0031, 1ª Turma, Relator Ministro Amaury Rodrigues Pinto Junior, DEJT 07/01/2025). "RECURSO DE REVISTA DO RECLAMANTE INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DA LEI Nº 13.467/2017 – JUSTIÇA GRATUITA – AÇÃO AJUIZADA NA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.467/2017 - ART. 790, §§ 3º E 4º, DA CLT – COMPROVAÇÃO DA HIPOSSUFICIÊNCIA POR SIMPLES DECLARAÇÃO – POSSIBILIDADE - TRANSCENDÊNCIA POLÍTICA RECONHECIDA. 1. O Tribunal Pleno desta Corte Superior, no julgamento do Incidente de Recursos Repetitivos IRR-277-83.2020.5.09.0084, em sessão realizada em 14/10/2024, decidiu, por maioria, que a declaração de pobreza firmada pelo empregado atende aos termos do art. 790, § 4º, da CLT para a concessão do benefício da justiça gratuita, competindo ao empregador demonstrar que a parte reclamante é capaz de custear o processo sem afetar seu sustento e o de sua família. 2. Na hipótese, foi apresentada declaração de miserabilidade jurídica, sem prova em sentido contrário. Recurso de Revista conhecido e provido" (RR-1000547-89.2023.5.02.0372, 4ª Turma, Relatora Ministra Maria Cristina Irigoyen Peduzzi, DEJT 19/12/2024). RECEBO o recurso de revista. 2.1 DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO (8826) / PARTES E PROCURADORES (8842) / SUCUMBÊNCIA (8874) / HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS (10655) / SUCUMBENCIAIS No julgamento da ADI 5766 (em 20/10/2021), o Supremo Tribunal Federal declarou a inconstitucionalidade da expressão “desde que não tenha obtido em juízo, ainda que em outro processo, créditos capazes de suportar a despesa”, constante do § 4º do art. 791-A, da CLT. Eis a ementa da referida decisão: "CONSTITUCIONAL. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEI 13.467/2017. REFORMA TRABALHISTA. REGRAS SOBRE GRATUIDADE DE JUSTIÇA. RESPONSABILIDADE PELO PAGAMENTO DE ÔNUS SUCUMBENCIAIS EM HIPÓTESES ESPECÍFICAS. ALEGAÇÕES DE VIOLAÇÃO AOS PRINCÍPIOS DA ISONOMIA, INAFASTABILIDADE DA JURISDIÇÃO, ACESSO À JUSTIÇA, DO LEGISLADOR. CRITÉRIOS DE RACIONALIZAÇÃO DA PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. AÇÃO DIRETA JULGADA PARCIALMENTE PROCEDENTE. 1. É inconstitucional a legislação que presume a perda da condição de hipossuficiência econômica para efeito de aplicação do benefício de gratuidade de justiça, apenas em razão da apuração de créditos em favor do trabalhador em outra relação processual, dispensado o empregador do ônus processual de comprovar eventual modificação na capacidade econômica do beneficiário. 2. A ausência injustificada à audiência de julgamento frustra o exercício da jurisdição e acarreta prejuízos materiais para o órgão judiciário e para a parte reclamada, o que não se coaduna com deveres mínimos de boa-fé, cooperação e lealdade processual, mostrando-se proporcional a restrição do benefício de gratuidade de justiça nessa hipótese. 3. Ação Direta julgada parcialmente procedente." (DJe 03/05/2022). Nos termos da decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal, com efeito vinculante (CF, art. 102, § 2º), o beneficiário da justiça gratuita poderá ser condenado ao pagamento de honorários advocatícios, os quais, todavia, permanecerão sob condição suspensiva de exigibilidade, somente podendo ser executados caso haja prova superveniente da perda da condição de hipossuficiência. Assim, como a reclamante apresentou declaração de hipossuficiência econômica (id 152461c), aconselhável o seguimento do apelo, para melhor análise da alegada violação ao art. 5º, LXXIV, da CF. Nesse sentido: "[...] RECURSO DE REVISTA DO RECLAMANTE. JUSTIÇA GRATUITA. COMPROVAÇÃO DO ESTADO DE NECESSIDADE. AÇÃO AJUIZADA NA EFICÁCIA DA LEI 13.467/2017. Nos termos da Súmula 463, I, do TST, para a concessão da assistência judiciária gratuita é suficiente a simples afirmação do declarante ou de seu advogado, na petição inicial, para se considerar configurada a sua situação econômica (art. 4º, § 1º, da Lei 7.510/86, que deu nova redação à Lei 1.060/50). Este entendimento prevalece mesmo após a entrada em vigor da Lei 13.467/2017. Há precedentes. Recurso de revista conhecido e provido. RECURSO DE REVISTA DO RECLAMANTE. AÇÃO AJUIZADA NA EFICÁCIA DA LEI 13.467/2017. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS DE SUCUMBÊNCIA. LITIGANTE BENEFICIÁRIO DE JUSTIÇA GRATUITA. INCONSTITUCIONALIDADE DO § 4º DO ART. 791-A DA CLT DECLARADA PELO STF. ADI 5766. REQUISITOS DO ART. 896, §1º-A, DA CLT ATENDIDOS. O Supremo Tribunal Federal ao apreciar a Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 5766, julgada pelo Tribunal Pleno, em 20/10/2021, declarou a inconstitucionalidade do § 4º do art. 791-A da CLT, na parte em que para tanto provocado. O dispositivo autorizava a dedução do valor dos honorários advocatícios de sucumbência dos créditos de reclamante beneficiário da justiça gratuita, quando tivesse obtido em juízo créditos capazes de suportar tal despesa processual. Malgrado se anunciasse um primeiro julgamento em que os votos e monocráticas do próprio STF sinalizaram para a inconstitucionalidade do § 4º do art. 791-A em sua integralidade, cabe registrar que tal decisão foi objeto de embargos declaratórios opostos pela AGU, os quais foram rejeitados pelo Plenário do STF, em julgamento virtual finalizado no dia 20/6/2022 (publicação no DJE em 29/6/2022). Com essa última decisão, ficou claro ter a Suprema Corte decidido pela inconstitucionalidade de parte dos artigos 790-B, caput e § 4º, e 791-A, § 4º, da CLT, com efeito ex tunc, ratificando-se a impossibilidade de que seja utilizado crédito auferido pelo trabalhador decorrente de procedência da própria demanda ou de outra ação trabalhista para a cobrança de honorários de sucumbência. No julgamento, confirmou-se que o fato de o trabalhador haver auferido crédito dessa natureza não tem o efeito de modificar a hipossuficiência econômica reconhecida com o deferimento do benefício de gratuidade de justiça, cabendo, portanto, à parte adversa a comprovação de eventual mudança na condição econômica do beneficiário. Desse modo, incabível a exigibilidade imediata de honorários advocatícios sucumbenciais pelo beneficiário de justiça gratuita, ou seja, descabe a possibilidade de ser ele cobrado caso obtenha em juízo, ainda que em outro processo, créditos capazes de suportar a despesa. Decisão regional dissonante da jurisprudência vinculante do STF. Recurso de revista conhecido e parcialmente provido" (RR-401-70.2021.5.17.0161, 6ª Turma, Relator Ministro Augusto César Leite de Carvalho, DEJT 16/12/2022). RECEBO o recurso de revista. 3.1 DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO (12936) / CONTRATO INDIVIDUAL DE TRABALHO (13707) / RECONHECIMENTO DE RELAÇÃO DE EMPREGO 3.2 DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO (12936) / RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA/SUBSIDIÁRIA (14034) / TERCEIRIZAÇÃO/TOMADOR DE SERVIÇOS 3.3 DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO (12936) / DURAÇÃO DO TRABALHO (13764) / HORAS EXTRAS 3.4 DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO (12936) / RESCISÃO DO CONTRATO DE TRABALHO (13949) / VERBAS RESCISÓRIAS (13970) / MULTA DO ARTIGO 477 DA CLT As razões recursais revelam a nítida intenção de revolver o conjunto fático-probatório apresentado, o que não se concebe em sede extraordinária de recurso de revista, a teor do disposto na Súmula 126, do TST. Nesse sentido: "[...] REEXAME DE FATOS E PROVAS. IMPOSSIBILIDADE. ÓBICE DA SÚMULA 126 DO TST. 2.1. A finalidade precípua desta Corte Superior, na uniformização de teses jurídicas, não autoriza a revisão do conjunto fático-probatório já analisado pelo Tribunal Regional, na esteira do entendimento consolidado pela Súmula 126/TST. 2.2. Na hipótese dos autos, não se trata de mero reenquadramento jurídico dos fatos, tendo em vista a efetiva necessidade de revolver o acervo probatório para adotar conclusão diversa daquela obtida pelo TRT. 2.3. As alegações recursais da parte contrariam frontalmente o quadro fático delineado no acórdão regional. Desse modo, o acolhimento de suas pretensões demandaria necessariamente o reexame do acervo probatório, procedimento vedado nesta esfera extraordinária. [...]" (Ag-ARR-1148-96.2015.5.21.0006, 5ª Turma, Relatora Ministra Morgana de Almeida Richa, DEJT 16/12/2022). DENEGO seguimento. CONCLUSÃO RECEBO o recurso de revista em relação ao tema DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO (8826) / PARTES E PROCURADORES (8842) / ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA e DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO (8826) / PARTES E PROCURADORES (8842) / SUCUMBÊNCIA (8874) / HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS (10655) / SUCUMBENCIAIS e DENEGO seguimento quanto aos demais. Intimem-se, dando vista à parte contrária para apresentação de contrarrazões. /cjvcj SAO PAULO/SP, 25 de abril de 2025. FRANCISCO FERREIRA JORGE NETO Desembargador Vice-Presidente Judicial Intimado(s) / Citado(s) - I9 SOLUCOES EM MARKETING DE RELACIONAMENTO LTDA - FACI.LY SOLUCOES E TECNOLOGIA LTDA. - CARLA ARCANJO DO CARMO

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Carla Arcanjo Do Carmo e outros x Faci.Ly Solucoes E Tecnologia Ltda. e outros

ID: 261429980

Tribunal: TRT2 Órgão: Vice-Presidência Judicial Classe: AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO ORDINáRIO Nº Processo: 1001769-22.2022.5.02.0051

Data de Disponibilização: 28/04/2025

Polo Ativo:

CARLA ARCANJO DO CARMO FACI.LY SOLUCOES E TECNOLOGIA LTDA. I9 SOLUCOES EM MARKETING DE RELACIONAMENTO LTDA

Polo Passivo:

FACI.LY SOLUCOES E TECNOLOGIA LTDA. I9 SOLUCOES EM MARKETING DE RELACIONAMENTO LTDA

Notificação

Advogados:

LUCAS JOSE DA COSTA

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

MARIO BARBOSA MACHADO

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

IZADORA NOGUEIRA SALVIANO DE MACEDO

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

TATIANA JUNQUEIRA RUIZ

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

LUCAS PRADO MACHADO

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO ANÁLISE DE RECURSOS Relator: RONALDO LUIS DE OLIVEIRA 1001769-22.2022.5.02.0051 : CARLA ARCANJO DO CARMO : I9 S… PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO ANÁLISE DE RECURSOS Relator: RONALDO LUIS DE OLIVEIRA 1001769-22.2022.5.02.0051 : CARLA ARCANJO DO CARMO : I9 SOLUCOES EM MARKETING DE RELACIONAMENTO LTDA E OUTROS (1) INTIMAÇÃO Fica V. Sa. intimado para tomar ciência da Decisão ID 75086b1 proferida nos autos. 1001769-22.2022.5.02.0051 - 15ª TurmaRecorrente(s): 1. CARLA ARCANJO DO CARMO Recorrido(a)(s): 1. FACI.LY SOLUCOES E TECNOLOGIA LTDA. 2. I9 SOLUCOES EM MARKETING DE RELACIONAMENTO LTDA RECURSO DE: CARLA ARCANJO DO CARMO PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS Recurso tempestivo (decisão publicada em 11/03/2025 - Id 8b89981; recurso apresentado em 21/03/2025 - Id afd7e27). Regular a representação processual (Id e1a6207). A análise do preparo será realizada conjuntamente com o mérito do recurso. PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS 1.1 DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO (8826) / PARTES E PROCURADORES (8842) / ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA Alegação(ões): Sustenta que preenche os requisitos legais para a concessão da justiça gratuita. Consta do v. acórdão: "1. Justiça gratuita. Reclamante. A assistência judiciária gratuita prevista na Lei nº 1.060/1950 (parcialmente revogada pelo artigo 1.072 do CPC de 2015), no Direito Processual do Trabalho, está regulamentada pelo artigo 14 da Lei nº 5.584/1970, sendo prestada pelo sindicato profissional a que pertencer o trabalhador. Não é a hipótese do presente caso. O benefício da justiça gratuita pode ser, fora dessa situação legal específica, concedido pelo Juízo na hipótese traçada pelo § 3º do artigo 790 da CLT, desde que o trabalhador perceba salário até 40% (quarenta por cento) do limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social (R$ 7.786,02 x 40% = R$ 3.114,40, em atenção ao valor vigente no ano de 2024). E, mesmo assim, cabe à parte requerente o encargo de comprovar sua insuficiência de recursos para o pagamento das custas do processo (§ 4º do artigo 790 da CLT). Não confundamos os conceitos. A assistência judiciária gratuita (artigo 5º, LXXIV, da Constituição Federal, Leis nº 1.060/1950 e 5.584/1970) é gênero do qual a justiça gratuita é espécie (artigos 98 a 102 do CPC de 2015 e 790 da CLT). O CPC de 2015 (artigos 98 a 102) passou, com maior amplitude, a regular a gratuidade da Justiça. Entretanto, lembremo-nos que as regras processuais comuns são aplicáveis, ao Processo do Trabalho, na hipótese de ausência de regulamentação própria, de forma, pois, supletiva e subsidiária (artigos 15 do CPC e 769 da CLT). A CLT, com sua atual redação, dada pela Lei nº 13.467/2017, ainda que se possa atribuir algumas duras críticas jurídicas, sobre o assunto não é omissa. Pondere-se que qualquer norma legal em vigor deve ser analisada à luz da Constituição Federal, de cujo comando, por óbvio, extrai a sua validade. Ainda que se possa admitir a fixação de critérios pecuniários específicos, como ponto de partida, para a aferição da condição financeira daquele que se intitula juridicamente necessitado, não se pode permitir, sem que sejam violados princípios constitucionais básicos, a concessão parcial do direito à gratuidade da justiça. Sobre o assunto, por exemplo, mostra-se pacífica a validade jurídica do preceito fixado pelo referido artigo 14 da Lei nº 5.584/1970, ao exigir, para a concessão do benefício em análise, o percebimento de dois salários-mínimos, com a assistência do ente sindical da respectiva categoria profissional. Assim (pelo menos sob tal enfoque, sem desprezar qualquer outro entendimento), não se pode atribuir maiores críticas ao comando do já referido § 3º do artigo 790 da CLT, quanto à fixação de percentual para a aferição salarial envolvendo mesma situação. Contudo, o legislador da reforma não poderia ir além disso, no momento em que, permitindo a concessão do benefício da assistência judiciária, possibilitou, de forma contraditória, com preceitos legais seguintes, a retirada dos efeitos naturais de tal direito. Realmente, como permanecer incólume diante de uma lei que, ao mesmo tempo em que permite a concessão de um direito, com outro preceito possibilite, na prática, a sua negação? Claramente estamos diante de uma lacuna axiológica: a norma jurídica existe e está em vigor, mas seus preceitos encaminham a uma solução judicial injusta e/ou insatisfatória, de modo incompatível com os ideais de justiça e equidade. Objetivamente ponderando, como pode ser concebido que uma pessoa considerada jurídica e judicialmente pobre tenha que, ao final, pagar despesas processuais (custas, honorários periciais e de advogado)? Parece-nos claro que esses preceitos seguintes estão negando a eficácia ao próprio conceito do direito à justiça gratuita. Também, como pode ser admitido que, num mesmo sistema judicial, indivíduos economicamente iguais em sua fragilidade, usufruam plenamente desse benefício (como, por exemplo, sob a égide da lei processual comum) e outros litigantes, em outra esfera (no caso, a trabalhista), tenham tal direito relativizado? Aqui, estamos diante de claras violações constitucionais, no mínimo representadas nos caput e inciso LXXXV do artigo 5º da Constituição Federal (Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza; o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos). Nesse passo, a partir do momento em que for reconhecido e concedido o direito à gratuidade da justiça, o beneficiário não poderá sofrer as restrições impostas pela Lei nº 13.467/2017 (§ 4º do artigo 790-B, § 4º do artigo 791-A da CLT). E, dessa forma, os requerimentos formulados serão analisados. Seguimos. Ao contrário do expressamente regulamentado pelo artigo 99 do CPC de 2015, fora do alcance fixado pelo artigo 14 da Lei nº 5.584/1970, para as demais situações, como no presente caso, não bastaria, para a comprovação da situação de pobreza sugerida, a simples declaração anexada aos autos (ID 152461c, fl. 27 do PDF dos autos). A reclamante, neste feito, não conta com a assistência do sindicato de sua categoria profissional. De outra parte, o documento reproduzido no corpo na peça de contestação (ID 47e3724, fl. 154 dos autos), indica que a reclamante figura com micro empresária, cuja empresa, pelo que consta dos autos, está em atividade. Ademais, as notas fiscais juntadas com a petição inicial (ID 663bd08, v. fls. 20/25) revelam que ela recebeu, via de regra, remuneração superior ao limite legal acima referido. Sobretudo, observa-se que a reclamante, deixando de fazer o elementar, não se dispôs a anexar aos autos cópias de sua CTPS, não comprovando, assim, que está desempregada ou que venha recebendo salários inferiores ao limite legal acima referido. Ressalte-se, por fim, que o entendimento representado pela Súmula nº 463 do E. TST consolidou jurisprudência formada em período anterior à vigência da Lei nº 13.467/2017, razão pela qual deve prevalecer a interpretação ora exposta, relacionada aos dispositivos legais que regem a matéria. Reformo, pois, a sentença proferida, indeferindo o requerimento de concessão, em favor da reclamante, do benefício da justiça gratuita." No julgamento do IncJulgRREmbRep-277-83.2020.5.09,0084 (16/12/2024), o Tribunal Superior do Trabalho, em sua composição plena, fixou a seguinte tese jurídica, de observância obrigatória (arts. 896-C da CLT, e 927, III, do CPC): (i) independentemente de pedido da parte, o magistrado trabalhista tem o poder-dever de conceder o benefício da justiça gratuita aos litigantes que perceberem salário igual ou inferior a 40% (quarenta por cento) do limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social, conforme evidenciado nos autos; (ii) o pedido de gratuidade de justiça, formulado por aquele que perceber salário superior a 40% (quarenta por cento) do limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social, pode ser instruído por documento particular firmado pelo interessado, nos termos da Lei nº 7.115/83, sob as penas do art. 299 do Código Penal; (iii) havendo impugnação à pretensão pela parte contrária, acompanhada de prova, o juiz abrirá vista ao requerente do pedido de gratuidade de justiça, decidindo, após, o incidente (art. 99, § 2º, do CPC). Assim, considerando que a autora apresentou declaração de hipossuficiência econômica com a petição inicial (id 152461c), impõe-se o seguimento do apelo, diante da aparente contrariedade à Súmula 463, I, do TST. Nesse sentido: "[...] RECURSO DE REVISTA. CONCESSÃO DO BENEFÍCIO DA JUSTIÇA GRATUITA. AÇÃO TRABALHISTA AJUIZADA NA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.467/2017. DECLARAÇÃO DE INSUFICIÊNCIA ECONÔMICA. CABIMENTO. TRANSCENDÊNCIA POLÍTICA RECONHECIDA. O Tribunal Pleno desta Corte Superior, em 14/10/2024, no julgamento do Tema Repetitivo 21 (IncJulgRREmbRep - 277-83.2020.5.09.0084, acórdão pendente de publicação), firmou entendimento de que, mesmo após a vigência da Lei nº 13.467/2017, o trabalhador que recebe salário superior ao fixado no art. 790, § 3º, da CLT poderá comprovar sua insuficiência econômica pela declaração de não ter condições de suportar o ônus das despesas processuais sem prejuízo do sustento familiar, nos termos do item I da Súmula nº 463 do TST. Recurso de revista conhecido e provido" (RR-1000437-80.2022.5.02.0031, 1ª Turma, Relator Ministro Amaury Rodrigues Pinto Junior, DEJT 07/01/2025). "RECURSO DE REVISTA DO RECLAMANTE INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DA LEI Nº 13.467/2017 – JUSTIÇA GRATUITA – AÇÃO AJUIZADA NA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.467/2017 - ART. 790, §§ 3º E 4º, DA CLT – COMPROVAÇÃO DA HIPOSSUFICIÊNCIA POR SIMPLES DECLARAÇÃO – POSSIBILIDADE - TRANSCENDÊNCIA POLÍTICA RECONHECIDA. 1. O Tribunal Pleno desta Corte Superior, no julgamento do Incidente de Recursos Repetitivos IRR-277-83.2020.5.09.0084, em sessão realizada em 14/10/2024, decidiu, por maioria, que a declaração de pobreza firmada pelo empregado atende aos termos do art. 790, § 4º, da CLT para a concessão do benefício da justiça gratuita, competindo ao empregador demonstrar que a parte reclamante é capaz de custear o processo sem afetar seu sustento e o de sua família. 2. Na hipótese, foi apresentada declaração de miserabilidade jurídica, sem prova em sentido contrário. Recurso de Revista conhecido e provido" (RR-1000547-89.2023.5.02.0372, 4ª Turma, Relatora Ministra Maria Cristina Irigoyen Peduzzi, DEJT 19/12/2024). RECEBO o recurso de revista. 2.1 DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO (8826) / PARTES E PROCURADORES (8842) / SUCUMBÊNCIA (8874) / HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS (10655) / SUCUMBENCIAIS No julgamento da ADI 5766 (em 20/10/2021), o Supremo Tribunal Federal declarou a inconstitucionalidade da expressão “desde que não tenha obtido em juízo, ainda que em outro processo, créditos capazes de suportar a despesa”, constante do § 4º do art. 791-A, da CLT. Eis a ementa da referida decisão: "CONSTITUCIONAL. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEI 13.467/2017. REFORMA TRABALHISTA. REGRAS SOBRE GRATUIDADE DE JUSTIÇA. RESPONSABILIDADE PELO PAGAMENTO DE ÔNUS SUCUMBENCIAIS EM HIPÓTESES ESPECÍFICAS. ALEGAÇÕES DE VIOLAÇÃO AOS PRINCÍPIOS DA ISONOMIA, INAFASTABILIDADE DA JURISDIÇÃO, ACESSO À JUSTIÇA, DO LEGISLADOR. CRITÉRIOS DE RACIONALIZAÇÃO DA PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. AÇÃO DIRETA JULGADA PARCIALMENTE PROCEDENTE. 1. É inconstitucional a legislação que presume a perda da condição de hipossuficiência econômica para efeito de aplicação do benefício de gratuidade de justiça, apenas em razão da apuração de créditos em favor do trabalhador em outra relação processual, dispensado o empregador do ônus processual de comprovar eventual modificação na capacidade econômica do beneficiário. 2. A ausência injustificada à audiência de julgamento frustra o exercício da jurisdição e acarreta prejuízos materiais para o órgão judiciário e para a parte reclamada, o que não se coaduna com deveres mínimos de boa-fé, cooperação e lealdade processual, mostrando-se proporcional a restrição do benefício de gratuidade de justiça nessa hipótese. 3. Ação Direta julgada parcialmente procedente." (DJe 03/05/2022). Nos termos da decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal, com efeito vinculante (CF, art. 102, § 2º), o beneficiário da justiça gratuita poderá ser condenado ao pagamento de honorários advocatícios, os quais, todavia, permanecerão sob condição suspensiva de exigibilidade, somente podendo ser executados caso haja prova superveniente da perda da condição de hipossuficiência. Assim, como a reclamante apresentou declaração de hipossuficiência econômica (id 152461c), aconselhável o seguimento do apelo, para melhor análise da alegada violação ao art. 5º, LXXIV, da CF. Nesse sentido: "[...] RECURSO DE REVISTA DO RECLAMANTE. JUSTIÇA GRATUITA. COMPROVAÇÃO DO ESTADO DE NECESSIDADE. AÇÃO AJUIZADA NA EFICÁCIA DA LEI 13.467/2017. Nos termos da Súmula 463, I, do TST, para a concessão da assistência judiciária gratuita é suficiente a simples afirmação do declarante ou de seu advogado, na petição inicial, para se considerar configurada a sua situação econômica (art. 4º, § 1º, da Lei 7.510/86, que deu nova redação à Lei 1.060/50). Este entendimento prevalece mesmo após a entrada em vigor da Lei 13.467/2017. Há precedentes. Recurso de revista conhecido e provido. RECURSO DE REVISTA DO RECLAMANTE. AÇÃO AJUIZADA NA EFICÁCIA DA LEI 13.467/2017. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS DE SUCUMBÊNCIA. LITIGANTE BENEFICIÁRIO DE JUSTIÇA GRATUITA. INCONSTITUCIONALIDADE DO § 4º DO ART. 791-A DA CLT DECLARADA PELO STF. ADI 5766. REQUISITOS DO ART. 896, §1º-A, DA CLT ATENDIDOS. O Supremo Tribunal Federal ao apreciar a Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 5766, julgada pelo Tribunal Pleno, em 20/10/2021, declarou a inconstitucionalidade do § 4º do art. 791-A da CLT, na parte em que para tanto provocado. O dispositivo autorizava a dedução do valor dos honorários advocatícios de sucumbência dos créditos de reclamante beneficiário da justiça gratuita, quando tivesse obtido em juízo créditos capazes de suportar tal despesa processual. Malgrado se anunciasse um primeiro julgamento em que os votos e monocráticas do próprio STF sinalizaram para a inconstitucionalidade do § 4º do art. 791-A em sua integralidade, cabe registrar que tal decisão foi objeto de embargos declaratórios opostos pela AGU, os quais foram rejeitados pelo Plenário do STF, em julgamento virtual finalizado no dia 20/6/2022 (publicação no DJE em 29/6/2022). Com essa última decisão, ficou claro ter a Suprema Corte decidido pela inconstitucionalidade de parte dos artigos 790-B, caput e § 4º, e 791-A, § 4º, da CLT, com efeito ex tunc, ratificando-se a impossibilidade de que seja utilizado crédito auferido pelo trabalhador decorrente de procedência da própria demanda ou de outra ação trabalhista para a cobrança de honorários de sucumbência. No julgamento, confirmou-se que o fato de o trabalhador haver auferido crédito dessa natureza não tem o efeito de modificar a hipossuficiência econômica reconhecida com o deferimento do benefício de gratuidade de justiça, cabendo, portanto, à parte adversa a comprovação de eventual mudança na condição econômica do beneficiário. Desse modo, incabível a exigibilidade imediata de honorários advocatícios sucumbenciais pelo beneficiário de justiça gratuita, ou seja, descabe a possibilidade de ser ele cobrado caso obtenha em juízo, ainda que em outro processo, créditos capazes de suportar a despesa. Decisão regional dissonante da jurisprudência vinculante do STF. Recurso de revista conhecido e parcialmente provido" (RR-401-70.2021.5.17.0161, 6ª Turma, Relator Ministro Augusto César Leite de Carvalho, DEJT 16/12/2022). RECEBO o recurso de revista. 3.1 DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO (12936) / CONTRATO INDIVIDUAL DE TRABALHO (13707) / RECONHECIMENTO DE RELAÇÃO DE EMPREGO 3.2 DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO (12936) / RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA/SUBSIDIÁRIA (14034) / TERCEIRIZAÇÃO/TOMADOR DE SERVIÇOS 3.3 DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO (12936) / DURAÇÃO DO TRABALHO (13764) / HORAS EXTRAS 3.4 DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO (12936) / RESCISÃO DO CONTRATO DE TRABALHO (13949) / VERBAS RESCISÓRIAS (13970) / MULTA DO ARTIGO 477 DA CLT As razões recursais revelam a nítida intenção de revolver o conjunto fático-probatório apresentado, o que não se concebe em sede extraordinária de recurso de revista, a teor do disposto na Súmula 126, do TST. Nesse sentido: "[...] REEXAME DE FATOS E PROVAS. IMPOSSIBILIDADE. ÓBICE DA SÚMULA 126 DO TST. 2.1. A finalidade precípua desta Corte Superior, na uniformização de teses jurídicas, não autoriza a revisão do conjunto fático-probatório já analisado pelo Tribunal Regional, na esteira do entendimento consolidado pela Súmula 126/TST. 2.2. Na hipótese dos autos, não se trata de mero reenquadramento jurídico dos fatos, tendo em vista a efetiva necessidade de revolver o acervo probatório para adotar conclusão diversa daquela obtida pelo TRT. 2.3. As alegações recursais da parte contrariam frontalmente o quadro fático delineado no acórdão regional. Desse modo, o acolhimento de suas pretensões demandaria necessariamente o reexame do acervo probatório, procedimento vedado nesta esfera extraordinária. [...]" (Ag-ARR-1148-96.2015.5.21.0006, 5ª Turma, Relatora Ministra Morgana de Almeida Richa, DEJT 16/12/2022). DENEGO seguimento. CONCLUSÃO RECEBO o recurso de revista em relação ao tema DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO (8826) / PARTES E PROCURADORES (8842) / ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA e DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO (8826) / PARTES E PROCURADORES (8842) / SUCUMBÊNCIA (8874) / HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS (10655) / SUCUMBENCIAIS e DENEGO seguimento quanto aos demais. Intimem-se, dando vista à parte contrária para apresentação de contrarrazões. /cjvcj SAO PAULO/SP, 25 de abril de 2025. FRANCISCO FERREIRA JORGE NETO Desembargador Vice-Presidente Judicial Intimado(s) / Citado(s) - FACI.LY SOLUCOES E TECNOLOGIA LTDA. - CARLA ARCANJO DO CARMO - I9 SOLUCOES EM MARKETING DE RELACIONAMENTO LTDA

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Wescley Paz Sousa x Cebraspe - Centro Brasileiro De Pesquisa Em Avaliação E Seleção E De Produção De Eventos

ID: 323208856

Tribunal: TRF1 Órgão: 5ª Vara Federal Cível da SJMA Classe: MANDADO DE SEGURANçA CíVEL Nº Processo: 1014422-76.2025.4.01.3700

Data de Disponibilização: 11/07/2025

Polo Ativo:

WESCLEY PAZ SOUSA

Polo Passivo:

CEBRASPE - CENTRO BRASILEIRO DE PESQUISA EM AVALIAÇÃO E SELEÇÃO E DE PRODUÇÃO DE EVENTOS

Sentença Tipo C

Advogados:

WESCLEY PAZ SOUSA

OAB/MA XXXXXX Desbloquear

PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA FEDERAL Seção Judiciária do Maranhão 5ª Vara Federal Cível da SJMA SENTENÇA TIPO "C" PROCESSO: 1014422-76.2025.4.01.3700 CLASSE: MANDADO DE SEGURANÇA CÍVEL (120) POLO ATIVO: … PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA FEDERAL Seção Judiciária do Maranhão 5ª Vara Federal Cível da SJMA SENTENÇA TIPO "C" PROCESSO: 1014422-76.2025.4.01.3700 CLASSE: MANDADO DE SEGURANÇA CÍVEL (120) POLO ATIVO: WESCLEY PAZ SOUSA POLO PASSIVO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS e outros SENTENÇA 1. RELATÓRIO Trata-se de mandado de segurança, com pedido liminar, no bojo do qual a parte impetrante pretende obter provimento judicial que determine a “a RETIFICAÇÃO DO EDITAL Nº 54 para que o Impetrante Wescley Paz Sousa seja convocado tanto da condição de sub-judice (esta já determinada pelo DESEMBARGADOR FLÁVIO JARDIM) como também na vaga de AMPLA CONCORRÊNCIA, já que se trata do próximo candidato a ser convocado na ampla concorrência, no caso por ser o 19º colocado, ante a desistência do 17º”. Narra o impetrante que “nos autos do processo nº 1001769-84.2025.4.01.0000, que tramita perante a 2ª instância do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, teve deferida a seguinte decisão liminar: “o candidato seja imediatamente reincluído no certame como candidato negro. Igualmente, deve a Administração proceder a imediatas nomeação e posse, no caso de aprovação em todas as etapas do certame, respeitada a ordem de classificação. Isso em decorrência de aprovação do impetrante em concurso realizado pela Cebraspe, a favor do INSS, tanto na ampla concorrência quanto na vaga para cotistas (EDITAL Nº 1 – INSS, DE 12 DE SETEMBRO DE 2022)”. Diz que “após cumprida a referida decisão pela Banca Examinadora no EDITAL Nº 53 – INSS, DE 19 DE FEVEREIRO DE 2025 (o candidato foi devidamente INCLUÍDO como COTISTA e convocado nessa condição para o Curso de Formação), novo problema ocorreu (QUANTO A VAGA DA AMPLA), explica-se abaixo: Conforme o EDITAL Nº 14 – INSS, DE 14 DE FEVEREIRO DE 2023, o impetrante é o 19º colocado na vaga de AMPLA CONCORRÊNCIA – GEX SÃO LUÍS-MA. O EDITAL Nº 53 (Item 4.1.20) convocou para ampla concorrência os Senhores Josiel da Silva Santos, Leandro de Azevedo Gonzalez e Joao Carlos de Vasconcelos Sousa, respectivamente 16º, 17º e 18º colocados da AMPLA CONCORRÊNCIA e o Sr. Leandro de Azevedo Gonzalez DESISTIU da vaga”. Prossegue dizendo que em “segunda convocação para o Curso de Formação houve equívoco na elaboração do EDITAL Nº 54, no tocante ao Sr. Danilo Silva Costa, pois a vaga remanescente é para a AMPLA CONCORRÊNCIA e não para cotista, já que a desistência acima referida não foi para vaga de cotista”. Conta que “a liminar anexa trata da inclusão do Impetrante (candidato Wescley Paz Sousa) na condição de cotista que nada altera a sua convocação na AMPLA CONCORRÊNCIA, que deveria ocorrer nesta segunda convocação da 3ª Turma. Desse modo, requer-se a RETIFICAÇÃO DO EDITAL Nº 54 para que o Impetrante Wescley Paz Sousa seja convocado tanto da condição de sub-judice (esta já determinada pelo DESEMBARGADOR FLÁVIO JARDIM) como também na vaga de AMPLA CONCORRÊNCIA, já que se trata do próximo candidato a ser convocado na ampla concorrência, no caso por ser o 19º colocado, ante a desistência do 17º (Sr. Leandro de Azevedo Gonzalez)”. Requer a concessão de justiça gratuita. Instruindo a petição inicial, junta procuração e documentos. Indeferido o pedido liminar, concedida a assistência judiciária gratuita e dispensada a necessidade de manifestação do Ministério Público Federal. Intimada, a CEBRASPE e o INSS requereram ingresso no feito. Notificadas, as autoridades impetradas apresentaram informações. A parte impetrante apresentou impugnação às informações. Por fim, o polo ativo apresentou nova petição e documentos. É o que cabia relatar. Passo a decidir. 2. FUNDAMENTAÇÃO De efeito, anoto que a hipótese é de perda superveniente do objeto, por ausência de interesse processual. Contemporaneamente, tem-se defendido que o interesse processual deve ser examinado à luz do trinômio necessidade-adequação-utilidade. Nesse sentido, José Roberto dos Santos Bedaque preleciona que: “Para obter o provimento judicial sobre a situação deduzida na inicial, é necessário verificar a efetiva utilidade do provimento não só para quem o postula, mas também para pacificação social escopo da atividade jurisdicional. A utilidade do provimento pode ser aferida pela necessidade da atividade jurisdicional e pela adequação do procedimento e do provimento desejados” (MARCATO, Antonio Carlos (org.). Código de processo civil interpretado. 3ª ed., São Paulo: Atlas, 2008, p. 8). Em síntese, a doutrina elenca como elementos integrativos do interesse processual: o interesse-necessidade, interesse-adequação e interesse-utilidade. Por interesse-necessidade entende-se que é a indispensabilidade da jurisdição, ou seja, não houve a possibilidade de obtenção do bem da vida na esfera privada, administrativa, extraprocessual. O interesse-adequação significa que “o autor deve utilizar o instrumento jurídico adequado para a solução do conflito, usando o modelo processual prestabelecido pelo ordenamento” (FILHO, Misael Montenegro. Código de processo civil comentado e interpretado. São Paulo: Atlas, 2008, p. 35). Em complemento, Alexandre Câmara ensina que: “é preciso que o demandante tenha ido a juízo em busca do provimento adequado para a tutela da posição jurídica de vantagem narrada por ele na petição inicial, valendo-se da via processual adequada” (Lições de direito processual civil. v.1. 21.ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2011, p. 125). Já o interesse-utilidade reside na relação existente entre a medida postulada e a finalidade pretendida, vale dizer, deve-se obter com a tutela jurisdicional um resultado mais útil, favorável ou vantajoso do que o interessado já possuía. À espécie, não há, por certo, o interesse-necessidade, haja vista que, a parte impetrada pretende a retificação do edital n. 54, relativo à convocação para curso de formação, contudo, conforme demonstrado nos autos, o impetrante foi nomeado, ou seja, já houve o término da formação, que, pelos termos do edital (item 10.2.1) possui caráter eliminatório e classificatório. É dizer, para a nomeação dos candidatos aprovados é necessária a aprovação no curso de formação, pois se trata de etapa eliminatória e classificatória do concurso público. Destaco, quanto ao ponto, que o magistrado, pelo princípio da congruência, está adstrito a causa de pedir e ao pedido, não havendo a possibilidade de sua ampliação, principalmente após as informações dos impetrados. Demais disso, o mandado de segurança é via estreita, não sendo possível dilação probatória, inviabilizando o conhecimento de matéria nova, ocorrida após o trâmite natural da ação constitucional. Cabe, à parte, buscar as vias ordinárias, se for o caso, para discussão ampla do concurso, com direito à ampla defesa e contraditório. Importante registrar, por derradeiro, que, apesar de não estar expresso no edital, a convocação para realização do curso de formação, seja ela pela lista de cotas ou pela lista de ampla concorrência, por decorrência lógica das etapas do concurso, é única, ou seja, o candidato que está nas duas listas, não precisará realizar duas vezes o curso de formação. Portanto, após a etapa classificatória e eliminatória acima mencionada, tem-se o resultado final do concurso (item 11 do edital), e, por consequência, a nomeação dos candidatos dependendo de sua ordem de classificação. Assim, o candidato que se encontra em ambas as listas será nomeada para a vaga que for mais benéfica, independente se a convocação para o curso de formação ocorreu por ampla concorrência ou cota. Por tudo exposto, a extinção do processo sem resolução de mérito é medida que se impõe. 3. DISPOSITIVO Ante o exposto, julgo extinto o processo sem resolução de mérito, ante a perda superveniente do objeto da demanda, e, por consequência, denego a segurança (art. 485, VI do CPC c/c art. 6, § 5º da Lei n. 12.016/2009). Sem honorários, a teor do art. 25 da Lei 12.016/2009 e dos enunciados n. 512 da Súmula do STF e n. 105 da Súmula do STJ. Sem custas processuais a ressarcir. Opostos embargos de declaração à sentença prolatada, no prazo legal, dê-se vista dos autos à parte embargada, vindo-me, após, os autos à conclusão. Caso haja interposição de recurso de apelação, após o decurso do prazo para juntada das contrarrazões, remetam-se os autos ao Eg. Tribunal Regional Federal da 1ª Região, independentemente de juízo de admissibilidade (art. 1.010, § 3º, CPC). Sentença não sujeita ao duplo grau de jurisdição obrigatório (art. 14, §§ 1º e 3º, Lei 12.016/2009). Com o trânsito em julgado, arquivem-se os autos. Publicação e registro eletrônicos. Intime-se, dispensada a intimação do MPF. 5ª Vara Federal SJMA (Documento assinado e datado digitalmente)

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Daniel Pichinhaki Machado x Hurb Technologies S.A.

ID: 330089484

Tribunal: TJMT Órgão: Segunda Turma Recursal Classe: RECURSO INOMINADO CíVEL Nº Processo: 1008241-03.2024.8.11.0040

Data de Disponibilização: 21/07/2025

Polo Ativo:

DANIEL PICHINHAKI MACHADO

Polo Passivo:

HURB TECHNOLOGIES S.A.

Decisão

Advogados:

JESSICA SOBRAL MAIA VENEZIA

OAB/RJ XXXXXX Desbloquear

ROZANGELA HIPOLITO DA LUZ

OAB/MT XXXXXX Desbloquear

ESTADO DE MATO GROSSO PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA GABINETE 4. SEGUNDA TURMA GABINETE 4. SEGUNDA TURMA RECURSO INOMINADO (460) 1008241-03.2024.8.11.0040 RECORRENTE: DANIEL PICHINHAKI MACHADO … ESTADO DE MATO GROSSO PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA GABINETE 4. SEGUNDA TURMA GABINETE 4. SEGUNDA TURMA RECURSO INOMINADO (460) 1008241-03.2024.8.11.0040 RECORRENTE: DANIEL PICHINHAKI MACHADO RECORRIDO: HURB TECHNOLOGIES S.A. Ementa: DIREITO DO CONSUMIDOR. RECURSO INOMINADO. CANCELAMENTO DE PACOTE TURÍSTICO. RECUSA DE REEMBOLSO APESAR DE TENTATIVAS ADMINISTRATIVAS. DANO MORAL CONFIGURADO. RECURSO PROVIDO. I. CASO EM EXAME Recurso inominado interposto pela parte autora contra sentença que reconheceu o direito à restituição dos valores pagos por pacote turístico cancelado, mas indeferiu o pedido de indenização por danos morais. O recorrente sustenta que, mesmo após diversas tentativas extrajudiciais de solução, a empresa permaneceu inerte, sendo necessário o ajuizamento da demanda para obter a restituição. II. QUESTÃO EM DISCUSSÃO A questão em discussão consiste em verificar se a recusa da empresa em restituir os valores pagos, mesmo após sucessivas tentativas administrativas de resolução, configura falha na prestação do serviço e enseja indenização por danos morais. III. RAZÕES DE DECIDIR A insistente recusa da empresa em restituir os valores pagos pelo pacote cancelado, apesar das tentativas administrativas documentadas, configura falha na prestação do serviço, nos termos do art. 14 do CDC. A postura omissiva da fornecedora revela descaso com o consumidor, o que ultrapassa o mero aborrecimento, afetando sua esfera moral. A reparação por dano moral é cabível quando a má prestação do serviço impõe transtornos que violam a dignidade do consumidor, sendo desnecessária a demonstração de prejuízo específico. O valor de R$ 2.000,00 fixado a título de danos morais observa os princípios da razoabilidade e proporcionalidade, além de cumprir função pedagógica. IV. DISPOSITIVO E TESE Recurso provido. Tese de julgamento: A recusa injustificada de reembolso de pacote de viagem cancelado, após tentativas extrajudiciais frustradas, configura falha na prestação do serviço e autoriza indenização por dano moral. O dano moral decorrente da ausência de resposta administrativa configura-se in re ipsa. A fixação do valor da indenização deve observar os princípios da proporcionalidade, razoabilidade e a função pedagógica da sanção civil. Dispositivos relevantes citados: CDC, arts. 6º, VI; 14; 39, V; CC, art. 406; Lei nº 9.099/95, art. 55. Jurisprudência relevante citada: TJMT, N.U 1023868-61.2024.8.11.0003, Rel. Juiz Gonçalo Antunes de Barros Neto, j. 04/04/2025; TJMT, Recurso Cível nº 014.2010.005.317-3, Rel. Juiz Nelson Dorigatti, j. 07/08/2015; STJ, REsp nº 1.152.541, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, DJe 21/09/2011. DECISÃO MONOCRÁTICA 1. Trata-se de Recurso Inominado interposto pela parte autora contra sentença que reconheceu o direito à restituição de valores pagos por pacote turístico cancelado, mas deixou de conceder indenização por danos morais. 2. O autor pretende a reforma parcial da sentença, sustentando que foram realizadas tentativas de resolução extrajudicial frustradas e que somente com o ajuizamento da demanda obteve o reembolso dos valores. 3. Merece razão o Recorrente. 4. Conforme narrado na inicial, e comprovado pelos documentos juntados aos autos (IDs 294355915, 294355916, 294355917, 294355922, 294355919), o autor buscou de forma reiterada a restituição dos valores pagos em decorrência do cancelamento do pacote turístico, sem sucesso, sendo obrigado a ingressar com a presente ação para obter a devolução. 5. Nas mensagens enviadas pela Ré, conforme documentos elencados acima, restou evidenciando o descaso, e a relutância em realizar a restituição dos valores após o cancelamento, mesmo após reiteradas tentativas de solução amigável. 6. A conduta da empresa caracteriza falha na prestação do serviço, gerando transtornos e insegurança, suficientes para ensejar reparação moral, conforme entendimento consolidado nesta Turma Recursal. 7. Nesse sentido: “Ementa: DIREITO DO CONSUMIDOR. RECURSO INOMINADO. CANCELAMENTO DE PACOTE DE VIAGEM INTERNACIONAL. RECUSA DE REEMBOLSO. OFERTA NÃO FORMALIZADA DE CARTA DE CRÉDITO. FALHA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO. TENTATIVA ADMINISTRATIVA INEXITOSA. DANO MORAL CONFIGURADO. RECURSO DESPROVIDO. I. CASO EM EXAME Recurso inominado interposto contra sentença que julgou parcialmente procedente o pedido inicial, condenando a reclamada à restituição de valor pago por pacote de viagem cancelado e ao pagamento de indenização por danos morais. A recorrente sustenta ausência de falha na prestação do serviço, inexistência de danos morais e excesso no quantum indenizatório. II. QUESTÃO EM DISCUSSÃO Há três questões em discussão: (i) definir se a recusa em reembolsar valor pago por pacote turístico cancelado configura falha na prestação do serviço; (ii) estabelecer se a proposta de carta de crédito, não formalizada, afasta o direito à restituição em dinheiro; (iii) verificar se a conduta da fornecedora, somada à tentativa administrativa frustrada, justifica a indenização por danos morais. III. RAZÕES DE DECIDIR A recusa imotivada de reembolso de pacote de viagem cancelado, com substituição unilateral por carta de crédito não aceita formalmente, caracteriza falha na prestação do serviço, nos termos do art. 14 do Código de Defesa do Consumidor. A ausência de comprovação de formalização da proposta de crédito, aliada à manifestação expressa do consumidor em sentido contrário, reforça a obrigação de devolução do valor pago. A conduta da fornecedora, que não respondeu à notificação extrajudicial e manteve a negativa de reembolso, revela descaso com o consumidor e prática abusiva vedada pelo art. 39 do CDC. O cancelamento da viagem sem restituição e sem solução extrajudicial eficaz gera frustração legítima de expectativa e impõe transtornos que superam os meros aborrecimentos, configurando dano moral. O dano moral decorrente de má prestação de serviço e ausência de resposta administrativa é in re ipsa, prescindindo de comprovação específica de prejuízo. O valor fixado a título de indenização por dano moral mostra-se adequado aos princípios da razoabilidade, proporcionalidade e à função pedagógica da medida. IV. DISPOSITIVO E TESE Recurso desprovido. Tese de julgamento: A recusa de reembolso por pacote de viagem cancelado, com substituição unilateral por carta de crédito não formalizada, caracteriza falha na prestação do serviço e enseja a restituição do valor pago. A ausência de resposta à tentativa de solução administrativa autoriza a reparação por dano moral, caracterizado in re ipsa. O valor da indenização por dano moral deve observar os princípios da proporcionalidade, razoabilidade e função pedagógica, conforme as circunstâncias do caso concreto. Dispositivos relevantes citados: CDC, arts. 6º, VI; 7º; 14; 25, §1º; 39, V; CC, art. 740; Lei nº 9.099/95, arts. 46 e 55. Jurisprudência relevante citada: TJMT, N.U 1001769-19.2024.8.11.0029, Rel. Juiz Eduardo Calmon, j. 10/03/2025; TJMT, Recurso Cível nº 014.2010.005.317-3, Rel. Juiz Nelson Dorigatti, j. 07/08/2015; STJ, REsp nº 1.152.541, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, DJe 21/09/2011. (N.U 1023868-61.2024.8.11.0003, TURMA RECURSAL CÍVEL, GONCALO ANTUNES DE BARROS NETO, Primeira Turma Recursal, Julgado em 04/04/2025, Publicado no DJE 04/04/2025).” 8. No que se refere ao quantum indenizatório, a fixação do dano moral deve-se atender a uma dupla finalidade: reparação e repressão. Portanto, há que se observar a capacidade econômica do atingido, mas também a do ofensor, com vistas a evitar o enriquecimento injustificado, mas também garantir o viés pedagógico da medida, desestimulando-se a repetição do ato ilícito. 9. A fim de guardar correlação com a proporcionalidade e a razoabilidade dos fatos levados a julgamento, condeno a recorrida ao pagamento de R$ 2.000,00 (dois mil reais), valor comumente aplicado por esta Turma em casos semelhantes. 10. Ante o exposto, presentes os pressupostos recursais de admissibilidade, monocraticamente, conheço e dou provimento ao recurso inominado para reformar a sentença e condenar a parte ré ao pagamento de R$ 2.000,00 (dois mil reais) a título de danos morais, atualizados pelo IPCA a partir desta data e juros de mora pela taxa referencial SELIC a contar da citação, com a dedução da 2ª parte do §1º, do art. 406, do Código Civil. 11. Sem custas e honorários sucumbenciais, nos termos do art. 55 da Lei 9.099/1995. 12. Por fim, anoto que será aplicada multa entre um a cinco por cento do valor atualizado da causa, caso haja interposição de agravo interno manifestamente inadmissível ou infundado (art. 1.021, § 4º, NCPC). 13. Intimem-se. 14. Preclusa a via recursal, devolvam-se os autos à origem. Juiz JOÃO ALBERTO MENNA BARRETO DUARTE Relator

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Processo nº 1002644-23.2024.8.11.0050

ID: 299829164

Tribunal: TJMT Órgão: Quinta Câmara de Direito Privado Classe: APELAçãO CíVEL Nº Processo: 1002644-23.2024.8.11.0050

Data de Disponibilização: 16/06/2025

Polo Ativo:

MARIA JOSE RAMOS DA SILVA SANTOS

Polo Passivo:

Acórdão

Advogados:

RENATA ANGELICA NUCCI BELOTE

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ESTADO DE MATO GROSSO PODER JUDICIÁRIO QUINTA CÂMARA DE DIREITO PRIVADO Número Único: 1002644-23.2024.8.11.0050 Classe: APELAÇÃO CÍVEL (198) Assunto: [Indenização por Dano Moral, Indenização por Dano… ESTADO DE MATO GROSSO PODER JUDICIÁRIO QUINTA CÂMARA DE DIREITO PRIVADO Número Único: 1002644-23.2024.8.11.0050 Classe: APELAÇÃO CÍVEL (198) Assunto: [Indenização por Dano Moral, Indenização por Dano Material, Inexequibilidade do Título / Inexigibilidade da Obrigação, Obrigação de Fazer / Não Fazer, Liminar] Relator: Des(a). LUIZ OCTAVIO OLIVEIRA SABOIA RIBEIRO Turma Julgadora: [DES(A). LUIZ OCTAVIO OLIVEIRA SABOIA RIBEIRO, DES(A). MARCOS REGENOLD FERNANDES, DES(A). SEBASTIAO DE ARRUDA ALMEIDA] Parte(s): [MARIA JOSE RAMOS DA SILVA SANTOS - CPF: 181.664.018-27 (APELANTE), RENATA ANGELICA NUCCI BELOTE - CPF: 145.702.128-59 (ADVOGADO), BANCO BMG SA - CNPJ: 61.186.680/0001-74 (APELADO), CELSO DE FARIA MONTEIRO - CPF: 182.328.128-18 (ADVOGADO), FACTA FINANCEIRA S.A. CREDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO - CNPJ: 15.581.638/0001-30 (APELADO), DENNER DE BARROS E MASCARENHAS BARBOSA - CPF: 568.962.041-68 (ADVOGADO)] A C Ó R D Ã O Vistos, relatados e discutidos os autos em epígrafe, a QUINTA CÂMARA DE DIREITO PRIVADO do Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso, sob a Presidência Des(a). SEBASTIAO DE ARRUDA ALMEIDA, por meio da Turma Julgadora, proferiu a seguinte decisão: POR UNANIMIDADE, PROVEU O RECURSO. E M E N T A DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE RELAÇÃO JURÍDICA CUMULADA COM INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. EMPRÉSTIMO CONSIGNADO E CARTÃO DE CRÉDITO. IMPUGNAÇÃO À AUTENTICIDADE DAS ASSINATURAS. CERCEAMENTO DE DEFESA. PERÍCIA GRAFOTÉCNICA. INDISPENSABILIDADE. RECURSO PROVIDO. I. Caso em exame 1. Apelação Cível interposta por Maria José Ramos da Silva contra sentença proferida pela 2ª Vara Cível da Comarca de Campo Novo do Parecis/MT, que julgou improcedentes os pedidos formulados em ação declaratória de inexistência de relação jurídica cumulada com indenização por danos morais, ajuizada em desfavor do Banco BMG S/A e Facta Financeira S/A, na qual a autora impugna descontos em benefício previdenciário decorrentes de contratos de empréstimo consignado e cartão de crédito que afirma não ter celebrado. II. Questão em discussão 2. A questão em discussão consiste em verificar se houve cerceamento de defesa pela negativa de produção de prova pericial grafotécnica requerida oportunamente pela parte autora, para aferição da autenticidade das assinaturas apostas nos instrumentos contratuais apresentados pelo banco réu, especialmente quando a autora impugnou especificamente tais contratos, alegando falsidade das assinaturas. III. Razões de decidir 3. A prova pericial grafotécnica revela-se indispensável quando há impugnação específica à autenticidade de assinaturas apostas em instrumentos contratuais, não sendo possível concluir com segurança, a olho nu, sobre a veracidade das assinaturas questionadas. 4. O julgamento antecipado da lide, embora permitido pelo ordenamento jurídico quando desnecessária a dilação probatória, não pode fundamentar-se na ausência de prova da parte quando esta foi impedida de produzi-la, configurando violação aos princípios constitucionais do contraditório, ampla defesa e devido processo legal. 5. Quando as versões dos fatos apresentam-se conflitantes e as provas documentais mostram-se insuficientes para elucidar completamente a dinâmica dos acontecimentos, necessária se faz a complementação da fase instrutória para viabilizar a plena análise da pretensão deduzida em juízo. 6. A busca da verdade real mediante a produção de prova técnica especializada não prejudica as partes, mas garante a preservação dos princípios constitucionais processuais, assegurando a correta e segura apreciação da controvérsia pelos órgãos jurisdicionais. IV. Dispositivo e tese 7. Recurso de Apelação conhecido e provido para anular a sentença e determinar o retorno dos autos à instância singular para instrução processual. Tese de julgamento: "Configura cerceamento de defesa o indeferimento de perícia grafotécnica quando há impugnação específica à autenticidade de assinaturas apostas em contratos bancários, sendo indispensável a produção de prova técnica especializada para o adequado deslinde da controvérsia." Dispositivos relevantes citados: CF/1988, arts. 5º, LIV, LV e LXXVIII; CPC, arts. 355, I, e 370. Jurisprudência relevante citada: TJ-MT, AC 1001769-15.2022.8.11.0053, Rel. Des. Carlos Alberto Alves da Rocha, 3ª Câmara de Direito Privado, j. 27/03/2024; TJ-MT, AC 1020253-17.2022.8.11.0041, Rel. Des. Guiomar Teodoro Borges, 4ª Câmara de Direito Privado, j. 13/03/2024; TJ-MT, AC 10254959320188110041, Rel. Des. Marilsen Andrade Addario, 2ª Câmara de Direito Privado, j. 30/08/2023. R E L A T Ó R I O EXMO. DES. LUIZ OCTAVIO OLIVEIRA SABOIA RIBEIRO (RELATOR) Egrégia Câmara: Trata-se de recurso de apelação interposto por MARIA JOSÉ RAMOS DA SILVA contra a sentença proferida pelo Juízo da 2.ª Vara Cível da Comarca de Campo Novo do Parecis/MT, nos autos da Ação Declaratória De Inexistência De Relação Jurídica C/C Indenização Por Danos Morais ajuizada em desfavor de BANCO BMG S/A e FACTA FINANCEIRA S/A, que julgou improcedentes os pedidos formulados pela Autora. Alega a recorrente que é beneficiária do INSS, percebendo proventos mensais de um salário mínimo. Afirma que foram realizados lançamentos e descontos em seu benefício decorrentes de contratos de empréstimo consignado e cartão de crédito, cuja contratação não reconhece. Sustenta que jamais anuiu com tais negócios jurídicos e que sequer teve ciência da liberação dos valores, os quais foram devolvidos via DOCs, TEDs e PIX, conforme comprovantes anexados aos autos. Alega ter sido vítima de golpe, tendo inclusive registrado boletim de ocorrência e formalizado reclamação no PROCON, além de, segundo alega, não ter assinado nenhum dos contratos questionados. Assevera, ainda, a ocorrência de cerceamento de defesa, uma vez que teve seu pedido de produção de prova pericial grafotécnica indeferido, impossibilitando a apuração da veracidade das assinaturas constantes dos contratos impugnados. Defende, com fundamento no artigo 5º, inciso LV, da Constituição Federal, bem como nos artigos 7º, 9º, 429, II, e 355, todos do CPC, que tal indeferimento maculou o devido processo legal, tornando nula a sentença. Requer a reforma da sentença para que a) Seja reconhecida a inexistência da relação jurídica e determinada a restituição em dobro dos valores descontados indevidamente; b) Seja reconhecido o dano moral in re ipsa, com fixação de indenização no valor de R$ 20.000,00; c) Subsidiariamente, seja anulada a sentença para reabertura da instrução processual, com inversão do ônus da prova e realização de perícia grafotécnica. Contrarrazões da Facta Financeira S/A, id. 286794394. Contrarrazões do Banco BMG S.A, id. 286794395. Isenção do preparo, id. 287869880. É o relatório. V O T O R E L A T O R EXMO. DES. LUIZ OCTAVIO OLIVEIRA SABOIA RIBEIRO (RELATOR) Egrégia Câmara: Conforme o relatório, cuida-se de recurso de apelação interposto por MARIA JOSÉ RAMOS DA SILVA contra a sentença proferida pelo Juízo da 2.ª Vara Cível da Comarca de Campo Novo do Parecis/MT, nos autos da Ação Declaratória De Inexistência De Relação Jurídica C/C Indenização Por Danos Morais ajuizada em desfavor de BANCO BMG S/A e FACTA FINANCEIRA S/A, que julgou improcedentes os pedidos formulados pela Autora. O recurso foi interposto tempestivamente e preenche os requisitos de admissibilidade, devendo ser conhecido. Cinge-se a controvérsia, conforme delineada na exordial, à pretensão deduzida pela parte autora no sentido de impugnar os lançamentos e descontos efetuados em seu benefício previdenciário, supostamente decorrentes de contratos de empréstimo consignado e de cartão de crédito que afirma não ter celebrado. Regularmente citado, o réu, Banco BMG S.A., apresentou resposta em sede de contestação, na qual anexou três instrumentos contratuais — sendo um referente a cartão de crédito e dois a empréstimos consignados — todos subscritos e acompanhados da documentação pessoal da parte autora (ID nº 286794372). Em réplica, a parte autora impugnou especificamente os contratos apresentados, pleiteando, entre outras providências, a realização de perícia grafotécnica para aferição da autenticidade das assinaturas apostas nos referidos instrumentos (ID nº 286794380). Não obstante, o juízo de origem, entendendo pela desnecessidade de produção de prova pericial, julgou antecipadamente a lide, proferindo sentença de improcedência dos pedidos veiculados na petição inicial (ID nº 286794390). “ [...]É o relatório. Fundamento e decido. A priori, anoto que os documentos acostados são suficientes para a análise do mérito, conforme faculta o artigo 355, inciso I do Código de Processo Civil, passo a julgar antecipadamente o pedido. Das Preliminares Da Inépcia da Inicial A requerida Facta arguiu a inépcia da inicial sob o argumento de que a procuração foi outorgada há mais de um ano da propositura da ação e que a autora não juntou comprovante de residência. A alegação não merece prosperar. O Código de Processo Civil não estabelece prazo máximo para a utilização da procuração, desde que esta não tenha sido revogada ou contenha prazo de validade. Ademais, a ausência de comprovante de residência não impede o conhecimento da ação, uma vez que a autora declinou seu endereço na petição inicial, além disso trouxe um boletim de ocorrência onde indica o seu endereço nesta comarca. Da Impugnação à Justiça Gratuita Quanto a impugnação à justiça gratuita, também não merece acolhimento. A autora declarou sua hipossuficiência e comprovou que recebe benefício previdenciário no valor de R$ 1.412,00, o que é suficiente para demonstrar sua dificuldade em arcar com as custas processuais sem prejuízo de seu sustento. Ademais, a concessão da gratuidade já foi deferida por este Juízo (ID 168435601), não havendo elementos nos autos que justifiquem sua revogação. Da Ilegitimidade Passiva do BMG O requerido BMG alega que não possui legitimidade para figurar no polo passivo da demanda, uma vez que não teria praticado qualquer ato ilícito contra a autora. A alegação não merece prosperar. A autora imputa ao requerido a realização de descontos indevidos em seu benefício previdenciário, referentes a um cartão de crédito consignado que alega não ter contratado. Assim, o requerido BMG possui legitimidade para figurar no polo passivo da demanda, porquanto é a responsável pelos descontos questionados. Do mérito A controvérsia cinge-se à alegação da autora, que afirma nunca ter contratado empréstimos e/ou cartão de crédito consignado com os requeridos, refutando, portanto, a existência de qualquer vínculo contratual com as partes demandadas. Incumbia a autora o ônus de provar o fato constitutivo de seu direito, ou seja, demonstrar a ocorrência de vício em relação à contratação de serviços com os requeridos. Contudo, a autora não conseguiu atender a esse ônus probatório. Verifico, no presente caso, que cabia às reclamadas impugnarem especificamente os pontos aduzidos na inicial e apresentarem documentos comprovando a legalidade das contratações, o que o fizeram, conforme se verifica nos documentos acostados as contestações, onde apresentaram anexos das contratações, com a apresentação de documentos pessoais, comprovante de TED, extratos de faturas, além de selfie com documentos pessoais. Desta forma, restou comprovada a existência da relação jurídica entre as partes e que, de fato, a parte autora contratou os serviços da empresa Reclamada, sendo devido os descontos efetuados em seu benefício previdenciário. Desta feita, o conjunto probatório autoriza a conclusão de que houve relação negocial firmada entre as partes. Assim, não há falar em declaração de inexistência do débito, muito menos em indenização a título de danos materiais e morais, pois não comprovada qualquer ilegalidade no proceder da parte Reclamada. Diante do exposto, julgo improcedentes os pedidos iniciais, haja vista que restou comprovada a relação jurídica entre as partes. Em consequência, extingo o processo com julgamento de mérito, na forma do art. 487, I do CPC. [...]” - DA PRELIMINAR: CERCEAMENTO DE DEFESA Nas razões recursais, a parte apelante sustenta a ocorrência de cerceamento de defesa, consubstanciado na negativa de produção da prova pericial grafotécnica, requerida oportunamente, com o escopo de aferir a autenticidade das assinaturas constantes dos instrumentos contratuais acostados aos autos pelo recorrido. Pois bem. Como é cediço, sempre que se mostrar recomendável, deve o Julgador realizar o julgamento antecipado da lide, mormente em razão do disposto no art. 5º, inciso LXXVIII, da Constituição Federal, segundo o qual “a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação”. Nos termos do artigo 370 do Código de Processo Civil, o juiz é o destinatário da prova, cabendo-lhe de ofício ou a requerimento da parte determinar as provas necessárias à instrução do processo, indeferindo as diligências inúteis ou meramente protelatórias. No caso dos autos, a instrução probatória mostra-se pertinente, com a realização de perícia grafotécnica, já que a parte autora visa rebater os documentos juntados pelo banco requerido, inclusive contrapor a validade das assinaturas apostas na avença, preservando-se, então, os princípios constitucionais do contraditório, ampla defesa e devido processo legal, todos dispostos no art. 5º, LIV e LV, da CF. Compulsando os autos, denota-se que após a apresentação dos documentos pelo banco em sede de contestação, o apelante apresentou impugnação reputando fraudulentas as assinaturas apostas nos instrumentos (id. 286794380). Na sequência, o magistrado prolatou a sentença, fundamentando que o apelante não se desincumbiu do seu ônus, vejamos: “Incumbia a autora o ônus de provar o fato constitutivo de seu direito, ou seja, demonstrar a ocorrência de vício em relação à contratação de serviços com os requeridos. Contudo, a autora não conseguiu atender a esse ônus probatório. (id. 286794390, 8º parágrafo)” Com a devida vênia, entendo que o MM. Juiz não agiu com o costumeiro acerto, pois as assinaturas foram devidamente impugnadas pelo apelante reputando tratar de falsificação ardilosa, sendo a prova pericial grafotécnica indispensável para solução da lide. De tal arte, somente após a realização da prova, poderá esclarecer se as assinaturas apostas no contrato são ou não do apelante, e ausência de tal prova, na espécie, configura cerceamento de defesa. Ademais, quando as versões dos fatos narrados mostram-se conflitantes, e as provas documentais são incapazes de elucidar por completo a dinâmica do ocorrido, necessária se faz a complementação da fase instrutória, bem como a concatenação das informações e das provas necessárias ao completo esclarecimento dos fatos para, assim, viabilizar a plena análise da pretensão deduzida em juízo à luz dos princípios da efetividade e do contraditório e ampla defesa. Digo isso porque, as questões levantadas pela autora apelante não envolvem apenas matéria de direito, mas, também, fáticas – disponibilidade do crédito por transferência bancária em conta diversa de titularidade da parte autora – de modo que a prolação de sentença, sem oportunizar a produção da prova, inviabilizou a correta e segura apreciação da controvérsia. Logo, demonstrada a pertinência e necessidade de produção probatória pleiteada, revela-se imperioso pronunciar a nulidade constatada, que decorre do cerceamento em seu viés de produção de prova indispensável para a solução adequada da controvérsia. Além disso, não é possível concluir com segurança e a olho nu, se as assinaturas apostas nos documentos pessoais do apelante são diferentes ou similares daquelas constantes no contrato apresentado pelo apelado. Impende salientar, ainda, que não há prejuízo maior às partes, com o retorno dos autos para instrução, já que a busca da verdade real não altera, necessariamente, o resultado do feito, mas garante, apenas, a preservação dos princípios constitucionais do contraditório e da ampla defesa. A propósito, em caso análogo este Tribunal assim posicionou, confira: “AÇÃO DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO C/C RESTITUIÇÃO EM DOBRO E INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL – EMPRÉSTIMO CONSIGNADO – PERÍCIA TÉCNICA REQUERIDA – NECESSIDADE - JULGAMENTO ANTECIPADO – IMPRESCINDIBILIDADE DA REALIZAÇÃO DA PROVA – SENTENÇA ANULADA – RECURSO PROVIDO. É perfeitamente possível que o magistrado julgue a lide de forma antecipada, quando entender que não há necessidade de dilação probatória, entretanto, não lhe é permitido rejeitar o pedido inicial com fundamento na ausência de prova da parte quanto ao que fora alegado, sob pena de cerceamento do direito de defesa e violação aos princípios constitucionais do contraditório, ampla defesa e devido processo legal, conforme o disposto no art. 5º, LIV e LV, da CF. Reconhecida a nulidade da sentença por cerceamento do direito de defesa, os autos devem retornar à origem para realização da prova pericial” (TJ-MT - APELAÇÃO CÍVEL: 1001769-15.2022.8.11.0053, Relator: DES. CARLOS ALBERTO ALVES DA ROCHA, Data de Julgamento: 27/03/2024, Terceira Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 27/03/2024) “APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO C/C REPETIÇÃO DO INDÉBITO, E INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS - PRELIMINAR - CERCEAMENTO DE DEFESA - NECESSIDADE DE PRODUÇÃO DE PERÍCIA GRAFOTÉCNICA - VERIFICADA - POSSÍVEL DIVERGÊNCIA ENTRE AS ASSINATURAS - SENTENÇA ANULADA - PRELIMINAR ACOLHIDA - RECURSO PROVIDO. Configurado cerceamento de defesa, que demanda anulação da sentença e retorno dos autos à origem, porquanto, embora tenha sido requerida, não houve a realização de prova pericial. Necessária produção de prova pericial grafotécnica, para verificar a autenticidade das assinaturas apostas nos contratos discutidos” (TJ-MT - APELAÇÃO CÍVEL: 1020253-17.2022.8.11.0041, Relator: DES. GUIOMAR TEODORO BORGES, Data de Julgamento: 13/03/2024, Quarta Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 15/03/2024) “RECURSO DE APELAÇÃO CÍVEL – AÇÃO DE CUMPRIMENTO FORÇADO DA OBRIGAÇÃO CONTRATUAL C/C INDENIZATÓRIA – IMPROCEDÊNCIA – OFERTA DE NOVO AJUSTE BANCÁRIO PARA A QUITAÇÃO DE EMPRÉSTIMO CONSIGNADO ANTERIOR – PROMESSA DE MANUTENÇÃO DO VALOR E NÚMERO DE PARCELAS E DEVOLUÇÃO FINAL DAS DIFERENÇAS DECORRENTES DOS MELHORES ENCARGOS – ALEGAÇÃO DE FALSIDADE DA ASSINATURA – POSTULAÇÃO TEMPESTIVA PARA A PRODUÇÃO DA PERÍCIA GRAFOTÉCNICA – INDEFERIMENTO – INDISPENSABILIDADE DA PROVA TÉCNICA – NÍTIDO CERCEAMENTO DE DEFESA – SENTENÇA ANULADA – RETOMADA DA FASE INSTRUTÓRIA – RECURSO PROVIDO. Se a narrativa autoral somadas à proposta inicial enviada por e-mail ao autor levantam dúvidas razoáveis quanto à autenticidade da assinatura aposta no contrato de empréstimo consignado, o indeferimento da prova pericial grafotécnica caracteriza nítido cerceamento de defesa, por impedir o demandante de se desincumbir da prova do fato constitutivo de seu direito, de modo a ensejar a anulação da sentença, com a devolução dos autos à origem para a retomada da fase instrutória” (TJ-MT - AC: 10254959320188110041, Relator: DESA. MARILSEN ANDRADE ADDARIO, Data de Julgamento: 30/08/2023, Segunda Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 31/08/2023) Sendo assim, verifico ser prudente a realização da perícia técnica, pois possibilitará a produção do conjunto probatório pertinente ao direito postulado, antes de ser proferida a decisão de mérito. Ante o exposto, CONHEÇO e preliminarmente reconheço o cerceamento de defesa e DOU PROVIMENTO ao recurso de apelação para anular a sentença hostilizada e determinar o retorno dos autos à instância singular para instrução processual, especialmente com a realização de perícia grafotécnica no que concerne aos contratos objeto da lide. É como voto. Data da sessão: Cuiabá-MT, 10/06/2025

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Processo nº 1002644-23.2024.8.11.0050

ID: 299829165

Tribunal: TJMT Órgão: Quinta Câmara de Direito Privado Classe: APELAçãO CíVEL Nº Processo: 1002644-23.2024.8.11.0050

Data de Disponibilização: 16/06/2025

Polo Ativo:

Polo Passivo:

BANCO BMG SA FACTA FINANCEIRA S.A. CREDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO

Acórdão

Advogados:

DENNER DE BARROS E MASCARENHAS BARBOSA

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CELSO DE FARIA MONTEIRO

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ESTADO DE MATO GROSSO PODER JUDICIÁRIO QUINTA CÂMARA DE DIREITO PRIVADO Número Único: 1002644-23.2024.8.11.0050 Classe: APELAÇÃO CÍVEL (198) Assunto: [Indenização por Dano Moral, Indenização por Dano… ESTADO DE MATO GROSSO PODER JUDICIÁRIO QUINTA CÂMARA DE DIREITO PRIVADO Número Único: 1002644-23.2024.8.11.0050 Classe: APELAÇÃO CÍVEL (198) Assunto: [Indenização por Dano Moral, Indenização por Dano Material, Inexequibilidade do Título / Inexigibilidade da Obrigação, Obrigação de Fazer / Não Fazer, Liminar] Relator: Des(a). LUIZ OCTAVIO OLIVEIRA SABOIA RIBEIRO Turma Julgadora: [DES(A). LUIZ OCTAVIO OLIVEIRA SABOIA RIBEIRO, DES(A). MARCOS REGENOLD FERNANDES, DES(A). SEBASTIAO DE ARRUDA ALMEIDA] Parte(s): [MARIA JOSE RAMOS DA SILVA SANTOS - CPF: 181.664.018-27 (APELANTE), RENATA ANGELICA NUCCI BELOTE - CPF: 145.702.128-59 (ADVOGADO), BANCO BMG SA - CNPJ: 61.186.680/0001-74 (APELADO), CELSO DE FARIA MONTEIRO - CPF: 182.328.128-18 (ADVOGADO), FACTA FINANCEIRA S.A. CREDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO - CNPJ: 15.581.638/0001-30 (APELADO), DENNER DE BARROS E MASCARENHAS BARBOSA - CPF: 568.962.041-68 (ADVOGADO)] A C Ó R D Ã O Vistos, relatados e discutidos os autos em epígrafe, a QUINTA CÂMARA DE DIREITO PRIVADO do Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso, sob a Presidência Des(a). SEBASTIAO DE ARRUDA ALMEIDA, por meio da Turma Julgadora, proferiu a seguinte decisão: POR UNANIMIDADE, PROVEU O RECURSO. E M E N T A DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE RELAÇÃO JURÍDICA CUMULADA COM INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. EMPRÉSTIMO CONSIGNADO E CARTÃO DE CRÉDITO. IMPUGNAÇÃO À AUTENTICIDADE DAS ASSINATURAS. CERCEAMENTO DE DEFESA. PERÍCIA GRAFOTÉCNICA. INDISPENSABILIDADE. RECURSO PROVIDO. I. Caso em exame 1. Apelação Cível interposta por Maria José Ramos da Silva contra sentença proferida pela 2ª Vara Cível da Comarca de Campo Novo do Parecis/MT, que julgou improcedentes os pedidos formulados em ação declaratória de inexistência de relação jurídica cumulada com indenização por danos morais, ajuizada em desfavor do Banco BMG S/A e Facta Financeira S/A, na qual a autora impugna descontos em benefício previdenciário decorrentes de contratos de empréstimo consignado e cartão de crédito que afirma não ter celebrado. II. Questão em discussão 2. A questão em discussão consiste em verificar se houve cerceamento de defesa pela negativa de produção de prova pericial grafotécnica requerida oportunamente pela parte autora, para aferição da autenticidade das assinaturas apostas nos instrumentos contratuais apresentados pelo banco réu, especialmente quando a autora impugnou especificamente tais contratos, alegando falsidade das assinaturas. III. Razões de decidir 3. A prova pericial grafotécnica revela-se indispensável quando há impugnação específica à autenticidade de assinaturas apostas em instrumentos contratuais, não sendo possível concluir com segurança, a olho nu, sobre a veracidade das assinaturas questionadas. 4. O julgamento antecipado da lide, embora permitido pelo ordenamento jurídico quando desnecessária a dilação probatória, não pode fundamentar-se na ausência de prova da parte quando esta foi impedida de produzi-la, configurando violação aos princípios constitucionais do contraditório, ampla defesa e devido processo legal. 5. Quando as versões dos fatos apresentam-se conflitantes e as provas documentais mostram-se insuficientes para elucidar completamente a dinâmica dos acontecimentos, necessária se faz a complementação da fase instrutória para viabilizar a plena análise da pretensão deduzida em juízo. 6. A busca da verdade real mediante a produção de prova técnica especializada não prejudica as partes, mas garante a preservação dos princípios constitucionais processuais, assegurando a correta e segura apreciação da controvérsia pelos órgãos jurisdicionais. IV. Dispositivo e tese 7. Recurso de Apelação conhecido e provido para anular a sentença e determinar o retorno dos autos à instância singular para instrução processual. Tese de julgamento: "Configura cerceamento de defesa o indeferimento de perícia grafotécnica quando há impugnação específica à autenticidade de assinaturas apostas em contratos bancários, sendo indispensável a produção de prova técnica especializada para o adequado deslinde da controvérsia." Dispositivos relevantes citados: CF/1988, arts. 5º, LIV, LV e LXXVIII; CPC, arts. 355, I, e 370. Jurisprudência relevante citada: TJ-MT, AC 1001769-15.2022.8.11.0053, Rel. Des. Carlos Alberto Alves da Rocha, 3ª Câmara de Direito Privado, j. 27/03/2024; TJ-MT, AC 1020253-17.2022.8.11.0041, Rel. Des. Guiomar Teodoro Borges, 4ª Câmara de Direito Privado, j. 13/03/2024; TJ-MT, AC 10254959320188110041, Rel. Des. Marilsen Andrade Addario, 2ª Câmara de Direito Privado, j. 30/08/2023. R E L A T Ó R I O EXMO. DES. LUIZ OCTAVIO OLIVEIRA SABOIA RIBEIRO (RELATOR) Egrégia Câmara: Trata-se de recurso de apelação interposto por MARIA JOSÉ RAMOS DA SILVA contra a sentença proferida pelo Juízo da 2.ª Vara Cível da Comarca de Campo Novo do Parecis/MT, nos autos da Ação Declaratória De Inexistência De Relação Jurídica C/C Indenização Por Danos Morais ajuizada em desfavor de BANCO BMG S/A e FACTA FINANCEIRA S/A, que julgou improcedentes os pedidos formulados pela Autora. Alega a recorrente que é beneficiária do INSS, percebendo proventos mensais de um salário mínimo. Afirma que foram realizados lançamentos e descontos em seu benefício decorrentes de contratos de empréstimo consignado e cartão de crédito, cuja contratação não reconhece. Sustenta que jamais anuiu com tais negócios jurídicos e que sequer teve ciência da liberação dos valores, os quais foram devolvidos via DOCs, TEDs e PIX, conforme comprovantes anexados aos autos. Alega ter sido vítima de golpe, tendo inclusive registrado boletim de ocorrência e formalizado reclamação no PROCON, além de, segundo alega, não ter assinado nenhum dos contratos questionados. Assevera, ainda, a ocorrência de cerceamento de defesa, uma vez que teve seu pedido de produção de prova pericial grafotécnica indeferido, impossibilitando a apuração da veracidade das assinaturas constantes dos contratos impugnados. Defende, com fundamento no artigo 5º, inciso LV, da Constituição Federal, bem como nos artigos 7º, 9º, 429, II, e 355, todos do CPC, que tal indeferimento maculou o devido processo legal, tornando nula a sentença. Requer a reforma da sentença para que a) Seja reconhecida a inexistência da relação jurídica e determinada a restituição em dobro dos valores descontados indevidamente; b) Seja reconhecido o dano moral in re ipsa, com fixação de indenização no valor de R$ 20.000,00; c) Subsidiariamente, seja anulada a sentença para reabertura da instrução processual, com inversão do ônus da prova e realização de perícia grafotécnica. Contrarrazões da Facta Financeira S/A, id. 286794394. Contrarrazões do Banco BMG S.A, id. 286794395. Isenção do preparo, id. 287869880. É o relatório. V O T O R E L A T O R EXMO. DES. LUIZ OCTAVIO OLIVEIRA SABOIA RIBEIRO (RELATOR) Egrégia Câmara: Conforme o relatório, cuida-se de recurso de apelação interposto por MARIA JOSÉ RAMOS DA SILVA contra a sentença proferida pelo Juízo da 2.ª Vara Cível da Comarca de Campo Novo do Parecis/MT, nos autos da Ação Declaratória De Inexistência De Relação Jurídica C/C Indenização Por Danos Morais ajuizada em desfavor de BANCO BMG S/A e FACTA FINANCEIRA S/A, que julgou improcedentes os pedidos formulados pela Autora. O recurso foi interposto tempestivamente e preenche os requisitos de admissibilidade, devendo ser conhecido. Cinge-se a controvérsia, conforme delineada na exordial, à pretensão deduzida pela parte autora no sentido de impugnar os lançamentos e descontos efetuados em seu benefício previdenciário, supostamente decorrentes de contratos de empréstimo consignado e de cartão de crédito que afirma não ter celebrado. Regularmente citado, o réu, Banco BMG S.A., apresentou resposta em sede de contestação, na qual anexou três instrumentos contratuais — sendo um referente a cartão de crédito e dois a empréstimos consignados — todos subscritos e acompanhados da documentação pessoal da parte autora (ID nº 286794372). Em réplica, a parte autora impugnou especificamente os contratos apresentados, pleiteando, entre outras providências, a realização de perícia grafotécnica para aferição da autenticidade das assinaturas apostas nos referidos instrumentos (ID nº 286794380). Não obstante, o juízo de origem, entendendo pela desnecessidade de produção de prova pericial, julgou antecipadamente a lide, proferindo sentença de improcedência dos pedidos veiculados na petição inicial (ID nº 286794390). “ [...]É o relatório. Fundamento e decido. A priori, anoto que os documentos acostados são suficientes para a análise do mérito, conforme faculta o artigo 355, inciso I do Código de Processo Civil, passo a julgar antecipadamente o pedido. Das Preliminares Da Inépcia da Inicial A requerida Facta arguiu a inépcia da inicial sob o argumento de que a procuração foi outorgada há mais de um ano da propositura da ação e que a autora não juntou comprovante de residência. A alegação não merece prosperar. O Código de Processo Civil não estabelece prazo máximo para a utilização da procuração, desde que esta não tenha sido revogada ou contenha prazo de validade. Ademais, a ausência de comprovante de residência não impede o conhecimento da ação, uma vez que a autora declinou seu endereço na petição inicial, além disso trouxe um boletim de ocorrência onde indica o seu endereço nesta comarca. Da Impugnação à Justiça Gratuita Quanto a impugnação à justiça gratuita, também não merece acolhimento. A autora declarou sua hipossuficiência e comprovou que recebe benefício previdenciário no valor de R$ 1.412,00, o que é suficiente para demonstrar sua dificuldade em arcar com as custas processuais sem prejuízo de seu sustento. Ademais, a concessão da gratuidade já foi deferida por este Juízo (ID 168435601), não havendo elementos nos autos que justifiquem sua revogação. Da Ilegitimidade Passiva do BMG O requerido BMG alega que não possui legitimidade para figurar no polo passivo da demanda, uma vez que não teria praticado qualquer ato ilícito contra a autora. A alegação não merece prosperar. A autora imputa ao requerido a realização de descontos indevidos em seu benefício previdenciário, referentes a um cartão de crédito consignado que alega não ter contratado. Assim, o requerido BMG possui legitimidade para figurar no polo passivo da demanda, porquanto é a responsável pelos descontos questionados. Do mérito A controvérsia cinge-se à alegação da autora, que afirma nunca ter contratado empréstimos e/ou cartão de crédito consignado com os requeridos, refutando, portanto, a existência de qualquer vínculo contratual com as partes demandadas. Incumbia a autora o ônus de provar o fato constitutivo de seu direito, ou seja, demonstrar a ocorrência de vício em relação à contratação de serviços com os requeridos. Contudo, a autora não conseguiu atender a esse ônus probatório. Verifico, no presente caso, que cabia às reclamadas impugnarem especificamente os pontos aduzidos na inicial e apresentarem documentos comprovando a legalidade das contratações, o que o fizeram, conforme se verifica nos documentos acostados as contestações, onde apresentaram anexos das contratações, com a apresentação de documentos pessoais, comprovante de TED, extratos de faturas, além de selfie com documentos pessoais. Desta forma, restou comprovada a existência da relação jurídica entre as partes e que, de fato, a parte autora contratou os serviços da empresa Reclamada, sendo devido os descontos efetuados em seu benefício previdenciário. Desta feita, o conjunto probatório autoriza a conclusão de que houve relação negocial firmada entre as partes. Assim, não há falar em declaração de inexistência do débito, muito menos em indenização a título de danos materiais e morais, pois não comprovada qualquer ilegalidade no proceder da parte Reclamada. Diante do exposto, julgo improcedentes os pedidos iniciais, haja vista que restou comprovada a relação jurídica entre as partes. Em consequência, extingo o processo com julgamento de mérito, na forma do art. 487, I do CPC. [...]” - DA PRELIMINAR: CERCEAMENTO DE DEFESA Nas razões recursais, a parte apelante sustenta a ocorrência de cerceamento de defesa, consubstanciado na negativa de produção da prova pericial grafotécnica, requerida oportunamente, com o escopo de aferir a autenticidade das assinaturas constantes dos instrumentos contratuais acostados aos autos pelo recorrido. Pois bem. Como é cediço, sempre que se mostrar recomendável, deve o Julgador realizar o julgamento antecipado da lide, mormente em razão do disposto no art. 5º, inciso LXXVIII, da Constituição Federal, segundo o qual “a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação”. Nos termos do artigo 370 do Código de Processo Civil, o juiz é o destinatário da prova, cabendo-lhe de ofício ou a requerimento da parte determinar as provas necessárias à instrução do processo, indeferindo as diligências inúteis ou meramente protelatórias. No caso dos autos, a instrução probatória mostra-se pertinente, com a realização de perícia grafotécnica, já que a parte autora visa rebater os documentos juntados pelo banco requerido, inclusive contrapor a validade das assinaturas apostas na avença, preservando-se, então, os princípios constitucionais do contraditório, ampla defesa e devido processo legal, todos dispostos no art. 5º, LIV e LV, da CF. Compulsando os autos, denota-se que após a apresentação dos documentos pelo banco em sede de contestação, o apelante apresentou impugnação reputando fraudulentas as assinaturas apostas nos instrumentos (id. 286794380). Na sequência, o magistrado prolatou a sentença, fundamentando que o apelante não se desincumbiu do seu ônus, vejamos: “Incumbia a autora o ônus de provar o fato constitutivo de seu direito, ou seja, demonstrar a ocorrência de vício em relação à contratação de serviços com os requeridos. Contudo, a autora não conseguiu atender a esse ônus probatório. (id. 286794390, 8º parágrafo)” Com a devida vênia, entendo que o MM. Juiz não agiu com o costumeiro acerto, pois as assinaturas foram devidamente impugnadas pelo apelante reputando tratar de falsificação ardilosa, sendo a prova pericial grafotécnica indispensável para solução da lide. De tal arte, somente após a realização da prova, poderá esclarecer se as assinaturas apostas no contrato são ou não do apelante, e ausência de tal prova, na espécie, configura cerceamento de defesa. Ademais, quando as versões dos fatos narrados mostram-se conflitantes, e as provas documentais são incapazes de elucidar por completo a dinâmica do ocorrido, necessária se faz a complementação da fase instrutória, bem como a concatenação das informações e das provas necessárias ao completo esclarecimento dos fatos para, assim, viabilizar a plena análise da pretensão deduzida em juízo à luz dos princípios da efetividade e do contraditório e ampla defesa. Digo isso porque, as questões levantadas pela autora apelante não envolvem apenas matéria de direito, mas, também, fáticas – disponibilidade do crédito por transferência bancária em conta diversa de titularidade da parte autora – de modo que a prolação de sentença, sem oportunizar a produção da prova, inviabilizou a correta e segura apreciação da controvérsia. Logo, demonstrada a pertinência e necessidade de produção probatória pleiteada, revela-se imperioso pronunciar a nulidade constatada, que decorre do cerceamento em seu viés de produção de prova indispensável para a solução adequada da controvérsia. Além disso, não é possível concluir com segurança e a olho nu, se as assinaturas apostas nos documentos pessoais do apelante são diferentes ou similares daquelas constantes no contrato apresentado pelo apelado. Impende salientar, ainda, que não há prejuízo maior às partes, com o retorno dos autos para instrução, já que a busca da verdade real não altera, necessariamente, o resultado do feito, mas garante, apenas, a preservação dos princípios constitucionais do contraditório e da ampla defesa. A propósito, em caso análogo este Tribunal assim posicionou, confira: “AÇÃO DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO C/C RESTITUIÇÃO EM DOBRO E INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL – EMPRÉSTIMO CONSIGNADO – PERÍCIA TÉCNICA REQUERIDA – NECESSIDADE - JULGAMENTO ANTECIPADO – IMPRESCINDIBILIDADE DA REALIZAÇÃO DA PROVA – SENTENÇA ANULADA – RECURSO PROVIDO. É perfeitamente possível que o magistrado julgue a lide de forma antecipada, quando entender que não há necessidade de dilação probatória, entretanto, não lhe é permitido rejeitar o pedido inicial com fundamento na ausência de prova da parte quanto ao que fora alegado, sob pena de cerceamento do direito de defesa e violação aos princípios constitucionais do contraditório, ampla defesa e devido processo legal, conforme o disposto no art. 5º, LIV e LV, da CF. Reconhecida a nulidade da sentença por cerceamento do direito de defesa, os autos devem retornar à origem para realização da prova pericial” (TJ-MT - APELAÇÃO CÍVEL: 1001769-15.2022.8.11.0053, Relator: DES. CARLOS ALBERTO ALVES DA ROCHA, Data de Julgamento: 27/03/2024, Terceira Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 27/03/2024) “APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO C/C REPETIÇÃO DO INDÉBITO, E INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS - PRELIMINAR - CERCEAMENTO DE DEFESA - NECESSIDADE DE PRODUÇÃO DE PERÍCIA GRAFOTÉCNICA - VERIFICADA - POSSÍVEL DIVERGÊNCIA ENTRE AS ASSINATURAS - SENTENÇA ANULADA - PRELIMINAR ACOLHIDA - RECURSO PROVIDO. Configurado cerceamento de defesa, que demanda anulação da sentença e retorno dos autos à origem, porquanto, embora tenha sido requerida, não houve a realização de prova pericial. Necessária produção de prova pericial grafotécnica, para verificar a autenticidade das assinaturas apostas nos contratos discutidos” (TJ-MT - APELAÇÃO CÍVEL: 1020253-17.2022.8.11.0041, Relator: DES. GUIOMAR TEODORO BORGES, Data de Julgamento: 13/03/2024, Quarta Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 15/03/2024) “RECURSO DE APELAÇÃO CÍVEL – AÇÃO DE CUMPRIMENTO FORÇADO DA OBRIGAÇÃO CONTRATUAL C/C INDENIZATÓRIA – IMPROCEDÊNCIA – OFERTA DE NOVO AJUSTE BANCÁRIO PARA A QUITAÇÃO DE EMPRÉSTIMO CONSIGNADO ANTERIOR – PROMESSA DE MANUTENÇÃO DO VALOR E NÚMERO DE PARCELAS E DEVOLUÇÃO FINAL DAS DIFERENÇAS DECORRENTES DOS MELHORES ENCARGOS – ALEGAÇÃO DE FALSIDADE DA ASSINATURA – POSTULAÇÃO TEMPESTIVA PARA A PRODUÇÃO DA PERÍCIA GRAFOTÉCNICA – INDEFERIMENTO – INDISPENSABILIDADE DA PROVA TÉCNICA – NÍTIDO CERCEAMENTO DE DEFESA – SENTENÇA ANULADA – RETOMADA DA FASE INSTRUTÓRIA – RECURSO PROVIDO. Se a narrativa autoral somadas à proposta inicial enviada por e-mail ao autor levantam dúvidas razoáveis quanto à autenticidade da assinatura aposta no contrato de empréstimo consignado, o indeferimento da prova pericial grafotécnica caracteriza nítido cerceamento de defesa, por impedir o demandante de se desincumbir da prova do fato constitutivo de seu direito, de modo a ensejar a anulação da sentença, com a devolução dos autos à origem para a retomada da fase instrutória” (TJ-MT - AC: 10254959320188110041, Relator: DESA. MARILSEN ANDRADE ADDARIO, Data de Julgamento: 30/08/2023, Segunda Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 31/08/2023) Sendo assim, verifico ser prudente a realização da perícia técnica, pois possibilitará a produção do conjunto probatório pertinente ao direito postulado, antes de ser proferida a decisão de mérito. Ante o exposto, CONHEÇO e preliminarmente reconheço o cerceamento de defesa e DOU PROVIMENTO ao recurso de apelação para anular a sentença hostilizada e determinar o retorno dos autos à instância singular para instrução processual, especialmente com a realização de perícia grafotécnica no que concerne aos contratos objeto da lide. É como voto. Data da sessão: Cuiabá-MT, 10/06/2025

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Processo nº 1001769-42.2025.8.11.0010

ID: 310199199

Tribunal: TJMT Órgão: 1ª VARA DE JACIARA Classe: EXECUçãO DE TíTULO EXTRAJUDICIAL Nº Processo: 1001769-42.2025.8.11.0010

Data de Disponibilização: 27/06/2025

Polo Ativo:

BANCO BRADESCO S.A.

Polo Passivo:

Decisão

Advogados:

DIOGO PEREZ LUCAS DE BARROS

OAB/RJ XXXXXX Desbloquear

ESTADO DE MATO GROSSO PODER JUDICIÁRIO 1ª VARA DE JACIARA DECISÃO Processo: 1001769-42.2025.8.11.0010. Vistos, etc. Trata-se de ação de execução por quantia certa com pedido liminar de arresto propos… ESTADO DE MATO GROSSO PODER JUDICIÁRIO 1ª VARA DE JACIARA DECISÃO Processo: 1001769-42.2025.8.11.0010. Vistos, etc. Trata-se de ação de execução por quantia certa com pedido liminar de arresto proposta por BANCO BRADESCO S.A, contra JM CONTABILIDADE E ASSESSORIA E MARIA MARTA FERNANDES, qualificados na petição inicial. O requerente afirma ser credor do requerido na quantia de R$ 203.008,28 (duzentos e três mil, oito reais e vinte e oito centavos; e pede a concessão de tutela de urgência de arresto e tutela de evidência para que seja declarado o seu direito ao recebimento dos valores cobrados. I – Do pedido de concessão de tutela provisória de urgência de natureza antecipada. Sobre a concessão da tutela de urgência de natureza antecipada (art. 300, caput e §3º do CPC), desfilam os denodados Fredie Didier Jr., Paula Sarno Braga e Rafael Alexandria de Oliveira, na obra: Curso de Direito Processual Civil, Teoria da Prova, Direito Probatório, Decisão, Precedente, Coisa Julgada e Tutela Provisória, Conforme o CPC e as Leis n.º 13.015/2014 (Recursos de Revista Repetitivos) e 13.058/2014, edição 2015, Ed. Juspodivm, pág. 572, verbis: A principal finalidade da tutela provisória é abrandar os males do tempo e garantir a efetividade da jurisdição (os efeitos da tutela). Serve, então, para redistribuir, em homenagem ao princípio da igualdade, o ônus do tempo do processo, conforme célebre imagem de Luiz Guilherme Marinoni. Se é inexorável que o processo demore, é preciso que o peso do tempo seja repartido entre as partes, e não somente o demandante arque com ele. Esta é a tutela antecipada, denominada no CPC-2015 como ‘tutela provisória’. A tutela provisória confere a pronta satisfação ou a pronta asseguração. A decisão que concede tutela provisória é baseada em cognição sumária e dá eficácia imediata à tutela definitiva pretendida (satisfativa ou cautelar). Por ser provisória, será substituída por uma tutela definitiva, que a confirme, revogue ou modifique. Não menos festejado, o autor José Miguel Garcia Medina, em comentário ao art. 300 do CPC, notadamente na Obra: Novo Código de Processo Civil Comentado, Com Remissões e Notas Comparativas ao CPC/1973, 3ª edição da obra Código de Processo Civil Comentado, reescrita de acordo com a Lei 13.105, de 16.03.2015, Revista dos Tribunais, p. 475, ensina: X. Antecipação dos efeitos da tutela em ações de conhecimento declaratórias e constitutivas. Admite-se a antecipação de tutela em qualquer modalidade de ação, inclusive declaratórias e constitutivas. Não se antecipa a própria declaração ou constituição, mas efeitos da sentença declaratória ou constitutiva. Pois bem. Aplicando-se o exposto ao caso concreto, entendo estar ausente o periculum in mora, inexistindo indícios de que o requerido esteja dilapidando o patrimônio ou que haja insolvência a ponto de por em risco eventual direito do requerente caso a medida não seja deferida neste momento. Em igual sentido: AGRAVO DE INSTRUMENTO – AÇÃO DE EXECUÇÃO DE TÍTULO EXTRAJUDICIAL - PEDIDO DE TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA – INDEFERIMENTO – PRETENSÃO DE BLOQUEIO DE ATIVOS FINANCEIROS VIA SISBAJUD E EXPEDIÇÃO DE MANDADO DE PENHORA ANTES DA CITAÇÃO – IMPOSSIBILIDADE – AUSÊNCIA DE ELEMENTOS CONCRETOS A EVIDENCIAR OCULTAÇÃO DE BENS OU PRÉ-INSOLVÊNCIA – MEDIDA EXCEPCIONALÍSSIMA – REQUISITOS NÃO PREENCHIDOS – NECESSIDADE DE DILAÇÃO PROBATÓRIA – RISCO DE IRREVERSIBILIDADE – PRECEDENTES DESTE TRIBUNAL – DECISÃO MANTIDA – RECURSO DESPROVIDO. Nos termos dos arts. 300 e 301 do CPC, a concessão de tutela provisória de urgência de natureza cautelar exige demonstração da probabilidade do direito e do perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo. O pedido de arresto executivo online antes da citação válida do devedor configura medida de caráter excepcionalíssimo, sendo imprescindível a prova concreta da tentativa de ocultação patrimonial, comportamento doloso do executado ou situação de pré-insolvência, o que não restou demonstrado nos autos. A simples inadimplência e a existência de outras execuções em nome do devedor não se prestam a suprir tal exigência, sendo necessária prévia tentativa de citação e esgotamento das diligências. A ausência desses pressupostos inviabiliza o deferimento da medida constritiva, sob pena de violação ao contraditório, à ampla defesa e ao devido processo legal. (N.U 1001272-58.2025.8.11.0000, CÂMARAS ISOLADAS CÍVEIS DE DIREITO PRIVADO, ANTONIA SIQUEIRA GONCALVES, Terceira Câmara de Direito Privado, Julgado em 10/05/2025, Publicado no DJE 10/05/2025) AGRAVO DE INSTRUMENTO – TUTELA DE URGÊNCIA DE NATUREZA CAUTELAR - ARRESTO DE BENS – REQUISITOS DO ARTIGO 300 DO CPC – AUSÊNCIA DE PRESSUPOSTOS PARA A CONCESSÃO DA MEDIDA - DECISÃO MANTIDA - RECURSO DESPROVIDO. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo. Inteligência do artigo 300, "caput", do CPC. A inexistência de prova satisfatória da insolvência das agravadas e/ou da dilapidação de seu patrimônio, afasta a concessão do arresto cautelar, vindicado pela parte agravante, posto que ausentes os requisitos legais para tanto. (TJMT - N.U 1014046-33.2019.8.11.0000, CÂMARAS ISOLADAS CÍVEIS DE DIREITO PRIVADO, ANTONIA SIQUEIRA GONCALVES, Terceira Câmara de Direito Privado, Julgado em 29/01/2020, Publicado no DJE 05/02/2020). RECURSO DE AGRAVO DE INSTRUMENTO – AÇÃO MONITÓRIA C/C AGRAVO DE INSTRUMENTO – AÇÃO CAUTELAR DE ARRESTO – COMPRA E VENDA DE PRODUTOS DO GÊNERO ALIMENTÍCIO – ENTREGA DA MERCADORIA – BOLETOS INADIMPLIDOS – ALEGADA DILAPIDAÇÃO PATRIMONIAL POR PARTE DO DEVEDOR – AUSÊNCIA DE PROVAS – ARRESTO INDEFERIDO – RECURSO DESPROVIDO. 1 - A medida cautelar de arresto é a apreensão judicial dos bens do devedor que podem ser posteriormente reivindicados para o pagamento de uma dívida comprovada. Trata-se de tutela de urgência, de natureza cautelar, que visa prevenir o perecimento da coisa e impedir que o devedor aliene os bens que possui ou transfira-os para nome de terceiros, a fim de eximir-se da obrigação. 2 - No caso dos autos, conquanto comprovada a dívida líquida e certa por meio das Notas Fiscais n.º 1543605, 1552809 e 193893, há fundadas dúvidas sobre a verdadeira intenção de o Agravado se esquivar do pagamento, como alegado na inicial. 3 - Apesar de os Agravantes terem demonstrado serem legítimos credores, não há elementos suficientes para comprovar a alegada dilapidação patrimonial, isto é, que o Agravado estaria empregando manobras fraudulentas, ou mesmo praticando atos de insolvência, como por exemplo, a venda dos bens móveis do seu estabelecimento comercial, visando à dilapidação proposital do próprio patrimônio, com o intuito de frustrar eventual Ação de Execução, durante ou após o julgamento da demanda, o que justifica o indeferimento da medida. (N.U 1009953-90.2020.8.11.0000, CÂMARAS ISOLADAS CÍVEIS DE DIREITO PRIVADO, CLARICE CLAUDINO DA SILVA, Segunda Câmara de Direito Privado, Julgado em 30/09/2020, Publicado no DJE 01/10/2020). Portanto, ausente um dos requisitos e sabendo-se da necessidade de presença cumulativa, indefiro o pedido de tutela de urgência. III – Da decisão inicial de conteúdo positivo. Verifico que estão preenchidos os requisitos do art. 319 do CPC, assim como foi observada a determinação posta no art. 320 do mesmo diploma legal. Assim, não sendo o caso de aplicação do disposto no art. 330 do CPC, com fundamento no disposto no art. 334 do mesmo codex, recebo a petição inicial. Cite-se o executado para, no prazo de 03 (três) dias, efetuar o pagamento da dívida, acrescida de custas e honorário advocatício, sendo que em relação a esses fixo em dez por cento (10%) sobre o valor da causa, nos termos dos arts. 829, §§ 1º e 2º, e 827, § 1º, ambos do CPC. O MANDADO DE CITAÇÃO, PENHORA, AVALIAÇÃO E DEPÓSITO deverá ser EXPEDIDO EM 02 (duas) vias, a primeira com o propósito de promover a citação do executado e a segunda com o objetivo de promover a penhora, avaliação e depósito, caso o débito não seja quitado no prazo legal de três (03) dias. Não efetuado o pagamento, munido da segunda via do mandado, o oficial de justiça deverá proceder imediatamente à penhora de bens e a sua avaliação, lavrando-se o respectivo auto e de tais atos intimar, na mesma oportunidade, o executado. A penhora recairá sobre os bens indicados pelo exequente, salvo se outros forem indicados pelo executado e aceitos por este juízo, mediante demonstração de que a constrição proposta será menos onerosa e não trará prejuízo ao exequente. Se o oficial de justiça não encontrar o executado, arrestar-lhe-á tantos bens quantos bastem para garantir a execução, devendo ainda, nos 10 (dez) dias seguintes à efetivação do arresto, procurar os executados 2 (duas) vezes em dias distintos e, havendo suspeita de ocultação, realizará a citação com hora certa, certificando pormenorizadamente o ocorrido. Se o exequente requerer, expeça-se certidão de que a execução foi admitida, com a identificação das partes e do valor da causa para fins de averbação no registro de imóveis, veículos ou de outros bens sujeitos à penhora, arresto ou indisponibilidade (art. 828, do CPC), devendo o exequente, no prazo de dez dias após a sua concretização, comunicar ao juízo as averbações efetivadas (art. 828, § 1º, CPC), atentando-se este às penalidades referentes à averbação manifestamente indevida. No caso de integral pagamento no prazo de três (03) dias, a verba honorária será automaticamente reduzida pela metade, considerando tal importe para o pagamento em questão. Para o cumprimento do mandado o Oficial de Justiça deverá observar às prerrogativas do art. 212, § 2º, do CPC. Desde já, determino que o exequente indique depositário fiel. Cumpra-se, expedindo-se o necessário e com as cautelas de estilo. (datado e assinado digitalmente) Laura Dorilêo Cândido Juíza de Direito

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