RELATOR | : Desembargador Federal MACARIO RAMOS JUDICE NETO |
PARTE AUTORA | : BRASFORMA INDUSTRIA E COMERCIO LTDA (AUTOR) |
ADVOGADO(A) | : JOSE CARLOS TINOCO SOARES JUNIOR (OAB SP211237) |
ADVOGADO(A) | : LUIZ CARLOS SANCHEZ JIMENEZ (OAB SP075847) |
ADVOGADO(A) | : JOSE CARLOS TINOCO SOARES (OAB RJ002167A) |
PARTE AUTORA | : MULTIVISAO IN DUSTRIA E COMERCIO LTDA (AUTOR) |
ADVOGADO(A) | : Felipe Helena (OAB SP252625) |
ADVOGADO(A) | : RICARDO DO NASCIMENTO (OAB SP130218) |
ADVOGADO(A) | : ANA PAULA DE AGUIAR (OAB SP168511) |
ADVOGADO(A) | : RAPHAEL LEMOS MAIA (OAB SP243759) |
ADVOGADO(A) | : RODRIGO GASPAR LAROCCA (OAB SP455171) |
ADVOGADO(A) | : MARCELLO DO NASCIMENTO (OAB SP101281) |
EMENTA
DIREITO PROCESSUAL CIVIL E PROPRIEDADE INDUSTRIAL. REMESSA NECESSÁRIA. NULIDADE DE ATO ADMINISTRATIVO. NULIDADE DE MODELO DE UTILIDADE. CONDENAÇÃO INFERIOR A MIL SALÁRIOS MÍNIMOS. INAPLICABILIDADE DA REMESSA NECESSÁRIA.
I. CASO EM EXAME
1. Remessa necessária da sentença que, julgou procedente o pedido para declarar a nulidade do ato administrativo que concedeu a patente de Modelo de Utilidade, de titularidade da sociedade ré, bem como condenou a ré e o INPI nas despesas processuais e no percentual de 10% (dez por cento) de honorários advocatícios do valor atualizado da causa, rateados entre os reús (5% para cada um).
II. QUESTÃO EM DISCUSSÃO
2. Há duas questões em discussão: (i) verificar a obrigatoriedade da remessa necessária em sentenças ilíquidas após a vigência do CPC/2015; (ii) analisar se a condenação imposta ao INPI atende ao critério econômico exigido pelo art. 496, § 3º, I, do CPC/2015, para a remessa necessária.
III. RAZÕES DE DECIDIR
3. O CPC/2015 estabeleceu que a remessa necessária é dispensada em sentenças proferidas contra a União e suas autarquias quando o valor da condenação ou do proveito econômico for inferior a mil salários mínimos, conforme art. 496, § 3º, I.
4. No caso, a condenação imposta ao INPI, referente a honorários de sucumbência e despesas processuais, é significativamente inferior ao piso de mil salários mínimos, visto que o valor atualizado da causa foi estipulado em R$ 50.000,00.
5. Embora a sentença seja tecnicamente ilíquida, o valor do proveito econômico obtido pela autora está dentro do limite para dispensa de reexame obrigatório, conforme a jurisprudência atual do STJ (REsp 1735097/RS).
6. A jurisprudência do STJ também afasta a aplicação da Súmula 490 em casos regidos pelo CPC/2015, priorizando a celeridade e a eficiência processual, quando o impacto econômico não justifica a remessa necessária.
IV. DISPOSITIVO E TESE
7. Remessa necessária não conhecida.
Tese de julgamento:
1. O CPC/2015 dispensa a remessa necessária em sentenças proferidas contra autarquias quando o valor da condenação ou do proveito econômico for inferior a mil salários mínimos.
Dispositivos relevantes citados: CPC/2015, art. 496, § 3º, I.
Jurisprudência relevante citada: STJ, REsp 1735097/RS, Rel. Min. Gurgel de Faria, Primeira Turma, julgado em 08.10.2019, DJe 11.10.2019.
ACÓRDÃO
Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, a Egrégia 1ª Turma Especializada do Tribunal Regional Federal da 2ª Região decidiu, por unanimidade, não conhecer da remessa necessária, nos termos do relatório, votos e notas de julgamento que ficam fazendo parte integrante do presente julgado.
Rio de Janeiro, 11 de junho de 2025.