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Processo nº 1004022-91.2025.8.11.0013

ID: 338782104

Tribunal: TJMT Órgão: 2ª VARA DE PONTES E LACERDA Classe: PROCEDIMENTO COMUM CíVEL Nº Processo: 1004022-91.2025.8.11.0013

Data de Disponibilização: 30/07/2025

Polo Ativo:

GEAP AUTOGESTAO EM SAUDE

Polo Passivo:

Decisão

Advogados:

WANESSA ALDRIGUES CANDIDO

OAB/DF XXXXXX Desbloquear

ESTADO DE MATO GROSSO PODER JUDICIÁRIO 2ª VARA DE PONTES E LACERDA DECISÃO Processo: 1004022-91.2025.8.11.0013. REQUERENTE: GEAP AUTOGESTAO EM SAUDE REQUERIDO: HELLMUT RUPPIN Vistos, etc. Trata-se de… ESTADO DE MATO GROSSO PODER JUDICIÁRIO 2ª VARA DE PONTES E LACERDA DECISÃO Processo: 1004022-91.2025.8.11.0013. REQUERENTE: GEAP AUTOGESTAO EM SAUDE REQUERIDO: HELLMUT RUPPIN Vistos, etc. Trata-se de AÇÃO DE COBRANÇA promovida por GEAP AUTOGESTAO EM SAUDE em face de HELLMUT RUPPIN. Partes qualificadas no feito. Constata-se dos autos que não houve o recolhimento das custas, tendo a parte autora pugnado pelos benefícios da Justiça Gratuita. Pois bem. Sabe-se que a presunção estabelecida no art. 99, §3°, do CPC tem natureza IURIS TANTUM, portanto, havendo indícios do não preenchimento dos requisitos para a concessão do benefício, deve o Juízo oportunizar a intimação da parte para trazer aos autos a comprovação do direito vindicado (art. 99, §2°, do CPC). No caso concreto, infere-se que a proponente GEAP AUTOGESTAO EM SAUDE, embora alegue insuficiência de recursos para arcar custas e taxas judiciárias, não juntou documentos hábeis a corroborar com o alegado. Nessa esteira, cumpre mencionar o entendimento da Súmula 481 do STJ que preceitua: “Faz jus ao benefício da justiça gratuita a pessoa jurídica com ou sem fins lucrativos que demonstrar sua impossibilidade de arcar com os encargos processuais”. Desta feita, necessária a comprovação nos autos da situação de hipossuficiência financeira através de outros documentos capazes de atestar sua condição financeira. Em razão disso, determino: Emende, a parte autora a sua inicial, nos termos dos artigos 290 e 321 do CPC, em 15 (quinze dias), sob pena de cancelamento na distribuição; 1. Indico com precisão o que deve ser corrigido ou completado 1.1. Juntar aos autos documentos que evidenciem a hipossuficiência de recursos, tais como, Declaração de Imposto de Renda dos últimos 03 (três) anos, protestos, livros contábeis, inadimplência com fornecedores, deferimento de recuperação judicial, inscrição de órgão de proteção ao crédito e/ou saldo bancário negativo. Expirado o prazo, certifiquem-se e voltem-me os autos conclusos. Intime-se. Cumpra-se. (Assinado digitalmente) Ítalo Osvaldo Alves da Silva Juiz de Direito

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Processo nº 1004022-66.2021.8.11.0002

ID: 258321494

Tribunal: TJMT Órgão: VARA ESPECIALIZADA EM DIREITO BANCÁRIO DE VÁRZEA GRANDE Classe: CUMPRIMENTO DE SENTENçA Nº Processo: 1004022-66.2021.8.11.0002

Data de Disponibilização: 17/04/2025

Polo Ativo:

Polo Passivo:

ITAÚ UNIBANCO S.A.

Intimação

Advogados:

RICARDO NEGRAO

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DE MATO GROSSO VARA ESPECIALIZADA EM DIREITO BANCÁRIO DE VÁRZEA GRANDE AVENIDA CHAPÉU DO SOL, SN, FÓRUM DE VÁRZEA GRANDE, GUARITA II, VÁRZEA GRANDE - MT - CEP: 78158-720 CA… PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DE MATO GROSSO VARA ESPECIALIZADA EM DIREITO BANCÁRIO DE VÁRZEA GRANDE AVENIDA CHAPÉU DO SOL, SN, FÓRUM DE VÁRZEA GRANDE, GUARITA II, VÁRZEA GRANDE - MT - CEP: 78158-720 CARTA DE INTIMAÇÃO EXPEDIDO POR DETERMINAÇÃO DO MM.(ª)JUIZ(A) DE DIREITO ANGELO JUDAI JUNIOR PROCESSO n. 1004022-66.2021.8.11.0002 Valor da causa: R$ 20.000,00 ESPÉCIE: [Indenização por Dano Material, Indenização por Dano Moral, Rescisão do contrato e devolução do dinheiro]->CUMPRIMENTO DE SENTENÇA (156) POLO ATIVO: EXEQUENTE: DELLIANA DOS SANTOS CARNEIRO POLO PASSIVO: Nome: ITAÚ UNIBANCO S.A. Endereço: PRAÇA ALFREDO EGYDIO DE SOUZA ARANHA, 100, JABAQUARA, SÃO PAULO - SP - CEP: 04344-030 Prezado(a) Senhor(a), ITAÚ UNIBANCO S.A. A presente carta tem por finalidade INTIMAR Vossa Senhoria para, no prazo de 05 (cinco) dias, efetuar o pagamento das custas processuais e taxa judiciária, conforme valores descriminados abaixo, SOB PENA DE LEVAR A PROTESTO OU DÍVIDA ATIVA, nos termos dos Provimentos n. 12/2017 e 20/2019-CGJ, sem prejuízo das devidas anotações no Cartório Distribuidor desta Comarca, na forma determinada pelo Código de Normas da Corregedoria-Geral da Justiça. Para a emissão da guia deverá acessar o site www.tjmt.jus.br, link ‘EMISSÃO DE GUIAS ON LINE – Emitir Guias – custas finais/remanescentes”, preencher o número único do processo, buscar, próximo, OK, colocar o nº do CPF do pagante. Clicar em CUSTAS e incluir o valor discriminado abaixo, caso tenha custas. Clicar em TAXA e incluir o valor discriminado abaixo, caso tenha taxa. Clicar em gerar GUIA. O sistema gera um BOLETO ÚNICO. Após a efetivação do recolhimento, deverá protocolizar a comprovação de pagamento nos autos. VALORES PARA PAGAMENTO: Atenciosamente, VÁRZEA GRANDE, 16 de abril de 2025. (Assinado Digitalmente) . Autorizado(a) pelo Código de Normas da Corregedoria-Geral da Justiça OBSERVAÇÕES: O processo está integralmente disponibilizado pelo Sistema PJe - Processo Judicial Eletrônico, no endereço https://pjeinstitucional.tjmt.jus.br, nos TERMOS DO ARTIGO 9.º DA LEI 11.419/2006. INSTRUÇÕES DE ACESSO: Para acessar as peças e atos judiciais vinculados a este documento, acesse o endereço: > https://m.tjmt.jus.br/home, pelo seu navegador de internet. No celular: com o aplicativo aberto, acesse o serviço “Leia aqui seu código” e dê permissão para o aplicativo acessar a câmera do seu celular.Com a câmera habilitada, aponte para o QRCODE. No computador: com o portal aberto, acesse o serviço “Leia aqui seu código”, clique na lupa localizada na parte superior direita e digite o “Código” localizado abaixo do QRCODE. Caso V. S.ª não consiga consultar os documentos via internet, deverá comparecer à Unidade Judiciária (endereço acima indicado) para ter acesso, bem como proceder o seu cadastramento ao sistema. ADVOGADO: 1) O advogado deverá proceder à habilitação em cada processo que pretenda atuar, exclusivamente através da funcionalidade “Solicitar Habilitação”, sob pena de não conhecimento dos atos praticados. (Art. 21 da Resolução nº 03/2018-TP). 2) Quando da resposta a este expediente, deve ser selecionada o ícone de resposta a que ela se refere, localizada na aba “Expedientes” no “Painel do Representante Processual”, sob pena de o sistema não vincular a petição de resposta à intimação, com o consequente lançamento de decurso de prazo. Para maiores informações, favor consultar o Manual do PJe para Advogados em https://pjeinstitucional.tjmt.jus.br/#!suporte.

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Antonio Carlos Bazana e outros x Banco Do Brasil S.A.

ID: 319393531

Tribunal: TJMT Órgão: VARA ÚNICA DE GUARANTÃ DO NORTE Classe: PROCEDIMENTO COMUM CíVEL Nº Processo: 1003629-75.2024.8.11.0087

Data de Disponibilização: 08/07/2025

Polo Ativo:

ANTONIO CARLOS BAZANA POLIANI RENATA DA SILVA BAZANA

Polo Passivo:

BANCO DO BRASIL S.A.

Decisão

Advogados:

ROGERIO AUGUSTO DA SILVA

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SÉRVIO TÚLIO DE BARCELOS

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JOSÉ ARNALDO JANSSEN NOGUEIRA

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ESTADO DE MATO GROSSO PODER JUDICIÁRIO VARA ÚNICA DE GUARANTÃ DO NORTE DECISÃO Processo: 1003629-75.2024.8.11.0087. REQUERENTE: POLIANI RENATA DA SILVA BAZANA, ANTONIO CARLOS BAZANA REQUERIDO: BANCO … ESTADO DE MATO GROSSO PODER JUDICIÁRIO VARA ÚNICA DE GUARANTÃ DO NORTE DECISÃO Processo: 1003629-75.2024.8.11.0087. REQUERENTE: POLIANI RENATA DA SILVA BAZANA, ANTONIO CARLOS BAZANA REQUERIDO: BANCO DO BRASIL S.A. Vistos. Cuida-se de EMBARGOS DE DECLARAÇÃO opostos por POLIANI RENATA DA SILVA BAZANA e ANTONIO CARLOS BAZANA em face da decisão que concedeu parcialmente a tutela de urgência nos autos da Ação Mandamental de Prorrogação com pedido de tutela de urgência c/c constitutiva-negativa de débito (ID 184789155). Os embargantes alegam obscuridade na decisão embargada, esclarecendo que o pedido liminar não visa à imediata prorrogação dos contratos de crédito rural, mas tão somente à suspensão da exigibilidade dos títulos em questão enquanto se discute o mérito da ação de alongamento do crédito rural. Sustentam que a medida pretendida tem caráter meramente acautelatório, visando preservar o direito dos produtores rurais para que, ao final da demanda, possa ser julgado o mérito referente à prorrogação das operações sem que o patrimônio seja expropriado durante o curso processual. Requerem, assim, o saneamento da decisão para determinar a suspensão das exigibilidades das cédulas de crédito rural especificadas nos autos. Por outro lado, o BANCO DO BRASIL S/A apresentou manifestação alegando que já providenciou a exclusão de negativação das operações em nome dos autores, mas argumenta que não pode cumprir integralmente a determinação judicial devido à contradição entre o que foi deferido (prorrogação das operações) e o que efetivamente foi requerido pelos autores (suspensão da cobrança) (ID 197017895).. É a síntese. Decido. Analisando detidamente a petição inicial e os embargos de declaração, verifica-se que efetivamente existe obscuridade na decisão que merece esclarecimento. Da leitura da inicial, constata-se que os autores, em sede de tutela de urgência, pleitearam especificamente a "suspensão da exigibilidade" dos contratos de crédito rural relacionados, e não a imediata prorrogação dos mesmos, uma vez que o pedido de prorrogação constitui o mérito da ação. A confusão decorreu do fato de que, embora o objetivo final da demanda seja obter a prorrogação compulsória das operações rurais, o pedido liminar tinha natureza cautelar, visando apenas preservar o direito dos autores enquanto tramita a ação principal. Nesse sentido, considerando que o pedido de tutela de urgência busca tão somente o acautelamento do direito, a decisão embargada, ao determinar que o banco "promova a análise e prorrogação dos débitos", extrapolou o pedido formulado em sede de tutela antecipada, gerando a obscuridade apontada pelos embargantes. Diante do exposto, ACOLHO os embargos de declaração para, sanando a obscuridade apontada, ESCLARECER que a tutela de urgência deferida determina: 1. A SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE das cédulas de crédito rural n° 985935124; 576708; 590160; 590163; 590968; 603109; 393107708; 393107298; 393107356; 393107529; 393107587; 393107718; 393108034; 393108127; 17823; 2104174; 4003299; 4003358; 4003639; 4003768; 4003926; 4004004; 4004052; 4004096; 4004165; 2. O AFASTAMENTO DOS EFEITOS DA MORA relativamente às operações mencionadas; 3. A ABSTENÇÃO de incluir ou manter o nome dos autores nos órgãos de restrição ao crédito (SERASA, SPC, Cartórios de Protestos, BACEN/SICOR/SCR e similares) em razão das operações especificadas; 4. A SUSPENSÃO de todas as execuções já ajuizadas pelo banco em face dos autores referentes às operações objeto desta ação, quais sejam os processos n° 1000403-28.2025.8.11.0087; 1000193-74.2025.8.11.0087; 1000112-28.2025.8.11.0087; 1004045-43.2024.8.11.0087; 1004022-97.2024.8.11.0087; 1003733-67.2024.8.11.0087; 1003695-55.2024.8.11.0087; 1003592-48.2024.8.11.0087, e outras que venham a ser ajuizadas; Fica esclarecido que a discussão sobre a prorrogação efetiva das operações rurais permanece como objeto do mérito da ação, a ser apreciada oportunamente após regular instrução processual. INTIME-SE a parte autora para manifestar-se acerca da contestação, no prazo de 15 dias. Posteriormente, intimem-se as partes para especificação de provas, também no prazo de 15 dias. Risque-se dos autos o documento de ID 192215221, conforme requerido pelo demandado (ID 192215221). Intimem-se. Cumpra-se. ÀS PROVIDÊNCIAS. Guarantã do Norte/MT, data registrada no sistema. GUILHERME CARLOS KOTOVICZ Juiz de Direito

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Lourival Felix Dos Santos Filho e outros x Gilmar Willian Pereira Santos

ID: 260334362

Tribunal: TJMT Órgão: 2ª VARA CÍVEL DE PRIMAVERA DO LESTE Classe: PROCEDIMENTO COMUM CíVEL Nº Processo: 1004022-29.2019.8.11.0037

Data de Disponibilização: 25/04/2025

Polo Ativo:

LOURIVAL FELIX DOS SANTOS FILHO QUITERIA SOARES DOS SANTOS

Polo Passivo:

GILMAR WILLIAN PEREIRA SANTOS

Decisão

Advogados:

ALOISIO DA ROSA HAAS

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JOAO PEDRO ALVES FILHO

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PODER JUDICIÁRIO ESTADO DE MATO GROSSO 2ª VARA CÍVEL DE PRIMAVERA DO LESTE Processo nº 1004022-29.2019.8.11.0037 Ação de Indenização por Danos Morais e Materiais Exequentes: Quitéria Soares dos Santo… PODER JUDICIÁRIO ESTADO DE MATO GROSSO 2ª VARA CÍVEL DE PRIMAVERA DO LESTE Processo nº 1004022-29.2019.8.11.0037 Ação de Indenização por Danos Morais e Materiais Exequentes: Quitéria Soares dos Santos e Lourival Félix dos Santos Filho Executado: Gilmar Willian Pereira dos Santos Vistos etc. Defiro o requerimento de sucessão processual (Num. 171690095). Procedam-se às alterações sistêmicas. Altere-se a classe judicial para constar cumprimento de sentença. Havendo requerimento expresso do credor, intime-se o executado para pagar o débito, no prazo de 15 (quinze) dias, acrescido de custas, se houver, advertindo-lhe que, não ocorrendo pagamento voluntário no prazo legal, o débito será acrescido de multa de dez por cento e, também, de honorários de dez por cento (CPC, art.523, §1º), bem como que, transcorrido o prazo para pagamento voluntário, inicia-se o prazo de 15 (quinze) dias para oferecimento de impugnação, independentemente de penhora ou nova intimação (CPC, art.525). DO DECURSO DO PRAZO SEM PAGAMENTO Transcorrido o prazo legal sem pagamento, intime-se a parte exequente para indicar bens passíveis de penhora, em 10 (dez) dias. DA INCLUSÃO EM CADASTRO DE INADIMPLENTES Havendo requerimento, inclua-se o nome da parte executada em cadastros de inadimplentes (CPC, art.782, §3º). DA PESQUISA PATRIMONIAL Inexistindo pagamento no prazo legal e havendo requerimento do exequente: Autorizo a indisponibilidade dos ativos financeiros existentes em nome da parte executada, na forma postulada, limitando-se a indisponibilidade ao valor indicado na execução (CPC, art.854). Tornados indisponíveis os ativos financeiros, intime-se parte a executada para manifestação, em 5 (cinco) dias (CPC, art.854, §2º). Incumbe ao executado, no prazo de 5 (cinco) dias, comprovar que: I - as quantias tornadas indisponíveis são impenhoráveis; II - ainda remanesce indisponibilidade excessiva de ativos financeiros (CPC, art.854, §3º). Não apresentada a manifestação da executada, converter-se-á a indisponibilidade em penhora, sem necessidade de lavratura de termo, com transferência do montante indisponível para a subconta processual correlata (CPC, art.854, §5º). Autorizo a restrição veicular via Sistema RENAJUD. Havendo interesse do credor na penhora dos veículos restritos e sendo informada a localização dos bens, expeça-se mandado de penhora, remoção e avaliação dos respectivos veículos. Autorizo a requisição de informações via sistema SNIPER. Autorizo a consulta de indisponibilidade de bens via CNIB. Frustradas as diligências, autorizo a requisição de informações à Receita Federal, via sistema INFOJUD. As informações sigilosas das partes devem ser juntadas aos autos do processo, passando o arquivo a correr em segredo de justiça, conforme previsto nos incisos I e III do art. 189 do Código de Processo Civil (CPC, art.98). Por fim, registro que a consulta ao Sistema SREI pode ser realizada pelo próprio interessado, independentemente de intervenção judicial. DA PENHORA IMOBILIÁRIA Havendo requerimento de penhora imobiliária não instruído com a matrícula correlata, intime-se a parte exequente para apresentá-la, no prazo de 15 (quinze) dias. Apresentada matrícula imobiliária de imóvel pertencente à parte executada e inexistindo causa de impenhorabilidade legal (Alienação Fiduciária, Garantia Hipotecária em Cédula de Crédito Rural [art. 69, Decreto-Lei n. 167/1967] e Cédula de Produto Rural [art. 18, Lei n. 8.929/1994]), penhore-se o imóvel descrito na respectiva matrícula, ressalvada a quota-parte dos coproprietários, na forma do artigo 845, §1º, do Código de Processo Civil, intimando o executado (CPC, art.841) e respectivo cônjuge (CPC, art.842). Em caso de eventual causa legal de impenhorabilidade, ouça-se o credor fiduciário/preferencial, inclusive quanto a eventual objeção em relação à penhora, adimplemento da dívida ou existência de saldo devedor, com subsequente conclusão. Para presunção absoluta de conhecimento por terceiros, cabe ao exequente providenciar a averbação da penhora no registro competente, mediante apresentação de cópia do auto ou do termo, independentemente de mandado judicial (CPC, art. 844). Ato contínuo, avalie-se o bem, no prazo de 10 (dez) dias, ciente o oficial de justiça de que o ato constará de vistoria e laudo, devendo, em qualquer hipótese, especificar: I - os bens, com as suas características e o estado em que se encontram; II - o valor dos bens (CPC, art.872). Apresentado o laudo, intimem-se as partes para manifestação, facultando-lhes impugnação fundamentada, em 15 (quinze) dias, sob pena de não conhecimento. Realizadas a penhora e a avaliação, o juiz dará início aos atos de expropriação dos bens (CPC, art.875). DA AUSÊNCIA DE LOCALIZAÇÃO DE BENS PENHORÁVEIS Acaso frustradas as pesquisas patrimoniais ou inexistindo indicação de bens penhoráveis/requerimento de pesquisas patrimoniais pelo exequente, a execução suspender-se-á, a contar da data da última resposta, pelo prazo de 1 (um) ano, durante o qual se suspenderá a prescrição (CPC, art.921, III e §1º). Decorrido o prazo máximo de 1 (um) ano sem que sejam encontrados bens penhoráveis, arquive-se com exclusão do relatório estatístico, nos moldes do artigo 2º do Provimento nº 10/2007 – CGJ (CPC, art. 921, §2º). Os autos serão desarquivados para prosseguimento da execução se a qualquer tempo forem encontrados bens penhoráveis (CPC, art.921, §3º). O termo inicial da prescrição no curso do processo será a ciência da primeira tentativa infrutífera de localização do devedor ou de bens penhoráveis, e será suspensa, por uma única vez, pelo prazo máximo previsto no §1º deste artigo (CPC, art. 921, §4º). A efetiva citação, intimação do devedor ou constrição de bens penhoráveis interrompe o prazo de prescrição, que não corre pelo tempo necessário à citação e à intimação do devedor, bem como para as formalidades da constrição patrimonial, se necessária, desde que o credor cumpra os prazos previstos na lei processual ou fixados pelo juiz (CPC, art. 921, §4º-A). Localizados bens penhoráveis ou configurada a prescrição intercorrente, imediata conclusão. DA TAXA PROCESSUAL RELATIVA ÀS PESQUISAS A efetivação da pesquisa judicial (pesquisa de endereço e pesquisa patrimonial) é contemporânea ao seu deferimento, devendo o pedido ser instruído com o comprovante de recolhimento das custas referentes às pesquisas postuladas. Não instruído o requerimento com os comprovantes correlatos, intime-se previamente a parte interessada para recolhimento, exceto se beneficiária da justiça gratuita ou de isenção. DOS ATOS ORDINATÓRIOS Em caso de eventual arguição de impenhorabilidade ou apresentação de impugnação ao cumprimento de sentença, ouça-se a parte exequente, em 10 (dez) dias, com subsequente conclusão. Intime-se. Cumpra-se. Primavera do Leste (MT), data registrada no sistema. Patrícia Cristiane Moreira Juíza de Direito

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Processo nº 1004022-41.2024.8.11.0041

ID: 324550197

Tribunal: TJMT Órgão: Primeira Câmara de Direito Privado Classe: EMBARGOS DE DECLARAçãO CíVEL Nº Processo: 1004022-41.2024.8.11.0041

Data de Disponibilização: 14/07/2025

Polo Ativo:

ENERGISA MATO GROSSO DISTRIBUIDORA DE ENERGIA S.A

Polo Passivo:

Acórdão

Advogados:

EDUARDO QUEIROGA ESTRELA MAIA PAIVA

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ESTADO DE MATO GROSSO PODER JUDICIÁRIO PRIMEIRA CÂMARA DE DIREITO PRIVADO Número Único: 1004022-41.2024.8.11.0041 Classe: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO CÍVEL (1689) Assunto: [Indenização por Dano Material, … ESTADO DE MATO GROSSO PODER JUDICIÁRIO PRIMEIRA CÂMARA DE DIREITO PRIVADO Número Único: 1004022-41.2024.8.11.0041 Classe: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO CÍVEL (1689) Assunto: [Indenização por Dano Material, Indenização por Dano Material] Relator: Des(a). CLARICE CLAUDINO DA SILVA Turma Julgadora: [DES(A). CLARICE CLAUDINO DA SILVA, DES(A). MARCIO APARECIDO GUEDES, DES(A). SEBASTIAO BARBOSA FARIAS] Parte(s): [PORTO SEGURO COMPANHIA DE SEGUROS GERAIS - CNPJ: 61.198.164/0001-60 (EMBARGADO), SERGIO PINHEIRO MAXIMO DE SOUZA - CPF: 054.887.527-81 (ADVOGADO), ENERGISA MATO GROSSO DISTRIBUIDORA DE ENERGIA S.A - CNPJ: 03.467.321/0001-99 (EMBARGANTE), EDUARDO QUEIROGA ESTRELA MAIA PAIVA - CPF: 078.165.854-38 (ADVOGADO)] A C Ó R D Ã O Vistos, relatados e discutidos os autos em epígrafe, a PRIMEIRA CÂMARA DE DIREITO PRIVADO do Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso, sob a Presidência Des(a). CLARICE CLAUDINO DA SILVA, por meio da Turma Julgadora, proferiu a seguinte decisão: POR UNANIMIDADE, ACOLHEU PARCIALMENTE OS EMBARGOS. E M E N T A direito civil e processual civil. embargos de declaração. ação regressiva de ressarcimento de danos. responsabilidade objetiva da concessionária de energia elétrica. alegações de obscuridade, omissão e erro material. adequação dos consectários legais à lei nº 14.905/2024. embargos parcialmente acolhidos. I. caso em exame 1. Embargos de Declaração opostos em virtude do acórdão que, ao dar provimento à Apelação Cível da Seguradora, reformou sentença de improcedência e julgou procedente pedido de indenização regressiva, com fundamento na responsabilidade objetiva por danos elétricos causados a consumidor segurado. A Concessionária Embargante alega obscuridade quanto à validade atribuída a laudos técnicos unilaterais, omissão quanto à inexistência de vínculo contratual no local do sinistro e erro material na fixação de juros e correção monetária. II. questão em discussão 2. Há três questões em discussão: (i) verificar se há obscuridade no acórdão quanto à validade probatória de laudos técnicos unilaterais apresentados pela Seguradora; (ii) analisar se há omissão quanto à existência de vínculo jurídico entre a Concessionária e o consumidor segurado no local do sinistro; (iii) determinar se houve erro material na aplicação dos critérios de atualização monetária e juros de mora diante da superveniência da Lei nº 14.905/2024. III. razões de decidir 3. Os laudos técnicos foram elaborados por empresa especializada, com base em parâmetros reconhecidos pela ANEEL, segundo a Resolução nº 1.000/2021, não caracterizando obscuridade na sua aceitação como prova suficiente do nexo causal. 4. Não há omissão quanto à relação jurídica entre Segurado e Concessionária, pois o acórdão considerou documentos que indicam o endereço do sinistro e a apólice. 5. Embargos parcialmente acolhidos para reconhecer erro material quanto à fixação de juros e correção monetária, em desconformidade com a Lei nº 14.905/2024, que impõe a adoção do IPCA como índice de correção monetária e da taxa SELIC, deduzido o IPCA, como base para os juros de mora. 6. A matéria relativa aos consectários legais, por sua natureza de ordem pública, pode ser examinada de ofício, não se sujeitando à preclusão ou à exigência de provocação específica. 7. Os dispositivos legais e constitucionais invocados pela Embargante, ainda que não expressamente mencionados, foram enfrentados no conteúdo do acórdão, o que configura prequestionamento implícito, nos termos do art. 1.025 do CPC e da jurisprudência do STJ. IV. dispositivo e tese 8. Embargos de declaração parcialmente acolhidos. Tese de julgamento: “1. Laudos técnicos unilaterais elaborados por Seguradoras com base em normas da ANEEL podem ter valor probatório suficiente, desde que tecnicamente fundamentados. 2. A ausência de impugnação eficaz pela parte contrária permite a presunção da existência de vínculo jurídico no endereço indicado para o sinistro. 3. Aplica-se a Lei nº 14.905/2024 aos consectários legais, com correção monetária pelo IPCA e juros de mora calculados pela taxa SELIC, deduzido o IPCA. 4. A análise dos consectários legais pode ser feita de ofício, por se tratar de matéria de ordem pública. 5. Considera-se prequestionada a matéria jurídica expressamente debatida no acórdão, ainda que não haja citação literal de todos os dispositivos legais indicados pelas partes.” ______________ Dispositivos relevantes citados: arts. 1.022 e 1.025. Jurisprudência relevante citada: TJMT, RAC N.U 1023357-80.2023.8.11.0041, Rel. Des. Luiz Octavio Oliveira Saboia Ribeiro, j. 29.04.2025; TJMT, RED N.U 0005688-75.2016.8.11.0041, Rel. Des. Carlos Alberto Alves da Rocha, j. 05.02.2025; STJ, AgInt nos EDcl no AREsp n. 1.817.777/RS, Rel. Min. Herman Benjamin, j. 16.11.2021. R E L A T Ó R I O RECURSO DE EMBARGOS DE DECLARAÇÃO N. 1004022-41.2024.8.11.0041 Trata-se de Recurso de Embargos de Declaração oposto pela Energisa Mato Grosso – Distribuidora de Energia S.A. em virtude do acórdão que deu provimento ao Recurso de Apelação Cível interposto pela Porto Seguro Companhia de Seguros Gerais. Em suas razões, a Embargante alega que o acórdão incorreu em obscuridade ao conferir validade e presunção de veracidade a laudos técnicos unilaterais juntados aos autos pela Seguradora, os quais teriam sido produzidos sem observância ao contraditório e por profissionais desprovidos da devida capacitação técnica. Destaca que não há comprovação da qualificação profissional dos signatários dos referidos laudos, tampouco há registro nos respectivos conselhos de classe. Argumenta que não se pode deduzir, de forma lógica e segura, que a causa do suposto dano decorreu de ato praticado pela Concessionária embargante, existindo, ao contrário, diversas hipóteses alternativas plausíveis, o que evidencia a presença de obscuridade no julgado e impõe sua correção com a consequente manutenção da sentença. Aponta que o acórdão é omisso, pois deixou de se manifestar sobre a ausência de qualquer documento nos autos que comprove a existência de relação jurídica entre os segurados sub-rogados e a Concessionária ré no endereço onde teria ocorrido o suposto sinistro. Ressalta que diligenciou internamente, sem êxito, para identificar eventual relação jurídica no endereço em questão, o que corrobora a inexistência de qualquer vínculo. A Embargante aponta, também, erro material no que se refere à fixação dos índices de correção monetária e juros de mora, pois deve ser aplicada a taxa Selic. Por fim, a fim de viabilizar eventual interposição de recursos excepcionais, indica o art. 5º, inciso LV, da Constituição Federal e o art. 3º da EC nº 113/2021. No âmbito infraconstitucional, prequestiona os arts. 5º, 6º, 373, incisos I e II, e §2º, do CPC; dos arts. 406 e 786 do Código Civil; do art. 2º do Código de Defesa do Consumidor; e do art. 599 da Resolução ANEEL nº 1000/2021. Firme nesses argumentos, requer o acolhimento do recurso integrativo. Manifestação da Embargada no Id. 288964350. É o relatório. V O T O R E L A T O R EXMA. SR.ª DES.ª CLARICE CLAUDINO DA SILVA (RELATORA) Egrégia Câmara: Relembro que Porto Seguro Companhia de Seguros Gerais interpôs Recurso de Apelação em virtude da sentença proferida pelo Juiz da 3.ª Vara Cível da Comarca de Cuiabá que julgou improcedentes os pedidos formulados na Ação Regressiva de Ressarcimento de Danos movida em desfavor da Energisa Mato Grosso – Distribuidora de Energia S.A. e condenou a Seguradora a arcar com as custas processuais e honorários advocatícios fixados em 10% (dez por cento) do valor da causa. Em suas razões, a Companhia de Seguros sustentou que os laudos técnicos apresentados comprovam, de forma suficiente, o nexo causal entre as oscilações na rede elétrica e os danos aos equipamentos do segurado. Alegou que os documentos foram elaborados por empresa idônea, conforme o PRODIST/ANEEL, e têm valor probatório reconhecido, o que afasta a necessidade de perícia judicial, especialmente porque os bens já foram descartados após análise técnica. Defendeu a responsabilidade objetiva da Concessionária, nos termos do artigo 37, §6º, da Constituição Federal e do artigo 14, do Código de Defesa do Consumidor, e afirma que a Apelada não demonstrou qualquer excludente de responsabilidade. Reforçou que fenômenos naturais não afastam o dever de indenizar, pois são riscos inerentes à atividade, e que tem legitimidade para pleitear o ressarcimento por sub-rogação, com base na apólice e no pagamento da indenização ao segurado. Requereu, pois, a reforma da sentença a fim de julgar procedente o pedido inicial. Na sessão de julgamento realizada em 06/05/2025, este Colegiado proveu, à unanimidade, o Recurso. De conseguinte, reformou a sentença, julgou procedente o pedido inicial da Ação Regressiva e condenou a Concessionária de Serviço Público ao pagamento de R$ 5.865,68 (cinco mil, oitocentos e sessenta e cinco reais e sessenta e oito centavos), acrescido de correção monetária pelo IPCA-E e juros de mora de 1% (um por cento) ao mês, ambos a contar da data do efetivo desembolso da indenização securitária, em consonância com a jurisprudência consolidada sobre o tema. Por fim, inverteu o ônus sucumbencial e a condenou ao pagamento das custas e honorários advocatícios que fixo em 20% (vinte por cento) do valor atualizado da condenação. Neste Recurso Integrativo, Energisa Mato Grosso Distribuidora de Energia S.A. alega a existência de vícios de omissão, obscuridade e erro material. Defende que o acórdão incorreu em obscuridade ao conferir validade e presunção de veracidade a laudos técnicos unilaterais juntados aos autos pela Seguradora, os quais teriam sido produzidos sem observância ao contraditório e por profissionais desprovidos da devida capacitação técnica. Acentua que não há comprovação da qualificação profissional dos signatários dos referidos laudos, tampouco há registro nos respectivos conselhos de classe. Argumenta que não se pode deduzir, de forma lógica e segura, que a causa do suposto dano decorreu de ato praticado pela Concessionária Embargante, existindo, ao contrário, diversas hipóteses alternativas plausíveis, o que evidencia a presença de obscuridade no julgado e impõe sua correção com a consequente manutenção da sentença. Afirma que o acórdão é omisso, pois deixou de se manifestar sobre a ausência de qualquer documento nos autos que comprove a existência de relação jurídica entre os segurados sub-rogados e a Concessionária ré no endereço onde teria ocorrido o suposto sinistro. A Embargante aponta, também, erro material no que se refere à fixação dos índices de correção monetária e juros de mora, pois deve ser aplicada a taxa Selic. Por fim, a fim de viabilizar eventual interposição de recursos excepcionais, indica o art. 5º, inciso LV, da Constituição Federal e o art. 3º da EC nº 113/2021. No âmbito infraconstitucional, prequestiona os arts. 5º, 6º, 373, incisos I e II, e §2º, do CPC; dos arts. 406 e 786 do Código Civil; do art. 2º do Código de Defesa do Consumidor; e do art. 599 da Resolução ANEEL nº 1000/2021. Antes de tudo, cinge destacar que o Recurso de Embargos de Declaração é oponível para esclarecer obscuridade, eliminar contradição, suprir omissão de ponto ou questão sobre o qual deveria se pronunciar o Juiz de ofício ou a requerimento e/ou corrigir erro material. Em outros termos, a omissão se configura quando a decisão deixa de apreciar ponto ou questão relevante, inclusive no tocante às matérias que deva conhecer de ofício. Entende-se por obscura a falta de clareza e precisão da decisão, suficiente a não permitir a certeza jurídica a respeito das questões resolvidas. Já o erro material é aquele facilmente perceptível e que não corresponde, de forma evidente, à vontade do órgão prolator da decisão. No caso, a leitura atenta do acórdão revela que a Turma Julgadora considerou expressamente que os laudos foram elaborados por empresa especializada, com base em critérios reconhecidos pela ANEEL, conforme a Resolução n. 1.000/2021. A validade atribuída aos laudos técnicos decorreu da sua suficiência técnica, de modo que eventual ausência de comprovação de registro profissional não compromete a inteligibilidade da decisão. Importante ressaltar, igualmente, que os laudos produzidos por seguradoras não podem ser, de pronto, desqualificados, uma vez que são fruto de procedimento interno rigoroso de regulação de sinistros. Tais documentos refletem o interesse direto da própria seguradora em apurar com precisão os fatos, a fim de evitar pagamentos indevidos, o que confere maior credibilidade ao conteúdo apurado. Nesse ponto, pois, inexiste obscuridade nos termos do artigo 1.022 do CPC. Quanto à alegada omissão relacionada à inexistência de relação jurídica entre a segurada sub-rogada e a concessionária Embargante, também não prospera a pretensão. Conforme consignado no voto condutor do acórdão, a Seguradora Embargada encartou aos autos a apólice do seguro, o registro do sinistro e nota técnica com identificação do endereço da ocorrência. A linha de raciocínio adotada conduziu ao reconhecimento do nexo causal, o que, implicitamente, abarca a existência de relação jurídica suficiente para o exercício do direito de regresso. Não há, portanto, omissão a ser suprida. No que se refere aos consectários legais, embora a Concessionária Embargante não tenha se pronunciado sobre a Lei n. 14.905/2024 nas contrarrazões do Recurso de Apelação, passo a análise da tese pois se trata de matéria de ordem pública. Com efeito, os consectários legais podem ser analisados e ajustados até mesmo de ofício, independentemente de provocação das partes, e não estão sujeitos à preclusão ou à coisa julgada. Essa natureza permite que tais questões sejam revistas a qualquer tempo, sem que isso configure julgamento extra petita ou reformatio in pejus. A Lei nº 14.905/2024, que trouxe alterações significativas na regulamentação dos juros de mora e correção monetária, modificou a regra do art. 406 Código Civil que passou a ter a seguinte redação: Art. 406. Quando não forem convencionados, ou quando o forem sem taxa estipulada, ou quando provierem de determinação da lei, os juros serão fixados de acordo com a taxa legal. § 1ºA taxa legal corresponderá à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (Selic), deduzido o índice de atualização monetária de que trata o parágrafo único do art. 389 deste Código. § 2ºA metodologia de cálculo da taxa legal e sua forma de aplicação serão definidas pelo Conselho Monetário Nacional e divulgadas pelo Banco Central do Brasil. § 3ºCaso a taxa legal apresente resultado negativo, este será considerado igual a 0 (zero) para efeito de cálculo dos juros no período de referência. Art. 389 - Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos, mais juros, atualização monetária e honorários de advogado. Parágrafo único. Na hipótese de o índice de atualização monetária não ter sido convencionado ou não estar previsto em lei específica, será aplicada a variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), apurado e divulgado pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ou do índice que vier a substituí-lo. O novo modelo tem por escopo evitar a cumulação indevida de indexadores e preservar o equilíbrio entre atualização e mora. Por derradeiro, considerando que a Lei nº 14.905/2024 entrou em vigor em 01/09/2024, deve ser aplicada aos processos em curso, em respeito ao princípio do direito intertemporal. No caso, o acórdão objeto da embargabilidade, ao reformar a sentença, fixou a condenação ao pagamento de R$ 5.865,68 (cinco mil, oitocentos e sessenta e cinco reais e sessenta e oito centavos), acrescido de correção monetária pelo IPCA-E e juros de mora de 1% (um por cento) ao mês, ambos a contar da data do efetivo desembolso da indenização securitária. Essa previsão, contudo, não se harmoniza com o regime legal atualmente vigente, tendo em vista as modificações introduzidas pela Lei n. 14.905/2024, bem como a interpretação sistemática dos arts. 389, parágrafo único, e 406, § 1º, do Código Civil. Com efeito, a correção monetária deve seguir o IPCA (índice oficial de inflação), e os juros de mora devem ser calculadoscom base na taxa SELIC, deduzido o impacto do IPCA, observando-se, assim, a sistemática instituída pela novel legislação. Tal entendimento já foi adotado por esta Corte de Justiça, conforme os seguintes precedentes: DIREITO CIVIL, DO CONSUMIDOR E PROCESSUAL CIVIL. APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO REGRESSIVA DE RESSARCIMENTO DE DANOS. OSCILAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA. DANOS EM EQUIPAMENTOS ELETRÔNICOS. RESPONSABILIDADE OBJETIVA DA CONCESSIONÁRIA. FORTUITO INTERNO. NEXO CAUSAL COMPROVADO POR LAUDOS TÉCNICOS. CERCEAMENTO DE DEFESA AFASTADO. CORREÇÃO MONETÁRIA E JUROS DE MORA. LEI Nº 14.905/2024. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. (...) 4. A atualização do débito deve observar o IPCA como índice de correção monetária e a taxa SELIC como juros de mora, conforme Lei nº 14.905/2024. (...) (TJMT. RAC. N.U 1023357-80.2023.8.11.0041, CÂMARAS ISOLADAS CÍVEIS DE DIREITO PRIVADO, LUIZ OCTAVIO OLIVEIRA SABOIA RIBEIRO, Quinta Câmara de Direito Privado, Julgado em 29/04/2025, Publicado no DJE 30/04/2025). DIREITO CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. ALTERAÇÕES LEGISLATIVAS SOBRE JUROS DE MORA E CORREÇÃO MONETÁRIA. OMISSÃO NO ACÓRDÃO EMBARGADO. VÍCIO SANADO. RECURSO PROVIDO. (...) III. Razões de decidir A Lei nº 14.905/2024 alterou os artigos 389 e 406 do Código Civil, estabelecendo o IPCA como índice de correção monetária e a taxa SELIC, deduzido o IPCA, como base para os juros de mora. Configurada a omissão do acórdão ao não abordar as novas regras legais, impõe-se sua integração. IV. Dispositivo e tese Embargos de declaração acolhidos para sanar a omissão, determinando a aplicação das disposições da Lei nº 14.905/2024 ao caso. Tese de julgamento: “1. No caso, aplica-se a Lei n.º 14.905/2024, com a correção monetária pelo IPCA, enquanto os juros de mora devem ser calculados pela taxa SELIC, descontados o IPCA.” (...) (TJMT. RED N.U 0005688-75.2016.8.11.0041, CÂMARAS ISOLADAS CÍVEIS DE DIREITO PRIVADO, CARLOS ALBERTO ALVES DA ROCHA, Vice-Presidência, Julgado em 05/02/2025, publicado no DJE 10/02/2025). Assim, reconhece-se o equívoco nesse ponto, devendo o acórdão ser retificado para aplicar os critérios corretos de atualização da condenação, na forma exposta. Cumpre rememorar, por fim, que não subsiste mais a exigência de oposição de Embargos de Declaração com o exclusivo propósito de viabilizar o prequestionamento explícito, à luz da nova sistemática introduzida pelo artigo 1.025 do Código de Processo Civil porque, mesmo na hipótese de inadmissão ou rejeição dos Aclaratórios, consideram-se incorporados ao Acórdão os elementos neles ventilados, para fins de prequestionamento. Com efeito, “o prequestionamento implícito ocorre quando, embora ausente a citação expressa ao dispositivo legal, a matéria nele disciplinada e no seu preciso termo é abordada no provimento jurisdicional.” (AgInt nos EDcl no AREsp n. 1.817.777/RS, relator Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, julgado em 16/11/2021, DJe de 16/12/2021), tal qual ocorreu na hipótese. Ante o exposto, acolho em parte os Embargos de Declaração e determino que os critérios de correção monetária e de juros de mora sejam adequados às disposições da Lei nº 14.905/2024, aplicando-se o IPCA como índice de correção monetária e a taxa SELIC para os juros de mora, descontando-se, nesta última, o valor do IPCA. Demais capítulos do acórdão permanecem hígidos. É como voto. Data da sessão: Cuiabá-MT, 08/07/2025

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Processo nº 1004022-41.2024.8.11.0041

ID: 324550198

Tribunal: TJMT Órgão: Primeira Câmara de Direito Privado Classe: EMBARGOS DE DECLARAçãO CíVEL Nº Processo: 1004022-41.2024.8.11.0041

Data de Disponibilização: 14/07/2025

Polo Ativo:

Polo Passivo:

PORTO SEGURO COMPANHIA DE SEGUROS GERAIS

Acórdão

Advogados:

SERGIO PINHEIRO MAXIMO DE SOUZA

OAB/RJ XXXXXX Desbloquear

ESTADO DE MATO GROSSO PODER JUDICIÁRIO PRIMEIRA CÂMARA DE DIREITO PRIVADO Número Único: 1004022-41.2024.8.11.0041 Classe: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO CÍVEL (1689) Assunto: [Indenização por Dano Material, … ESTADO DE MATO GROSSO PODER JUDICIÁRIO PRIMEIRA CÂMARA DE DIREITO PRIVADO Número Único: 1004022-41.2024.8.11.0041 Classe: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO CÍVEL (1689) Assunto: [Indenização por Dano Material, Indenização por Dano Material] Relator: Des(a). CLARICE CLAUDINO DA SILVA Turma Julgadora: [DES(A). CLARICE CLAUDINO DA SILVA, DES(A). MARCIO APARECIDO GUEDES, DES(A). SEBASTIAO BARBOSA FARIAS] Parte(s): [PORTO SEGURO COMPANHIA DE SEGUROS GERAIS - CNPJ: 61.198.164/0001-60 (EMBARGADO), SERGIO PINHEIRO MAXIMO DE SOUZA - CPF: 054.887.527-81 (ADVOGADO), ENERGISA MATO GROSSO DISTRIBUIDORA DE ENERGIA S.A - CNPJ: 03.467.321/0001-99 (EMBARGANTE), EDUARDO QUEIROGA ESTRELA MAIA PAIVA - CPF: 078.165.854-38 (ADVOGADO)] A C Ó R D Ã O Vistos, relatados e discutidos os autos em epígrafe, a PRIMEIRA CÂMARA DE DIREITO PRIVADO do Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso, sob a Presidência Des(a). CLARICE CLAUDINO DA SILVA, por meio da Turma Julgadora, proferiu a seguinte decisão: POR UNANIMIDADE, ACOLHEU PARCIALMENTE OS EMBARGOS. E M E N T A direito civil e processual civil. embargos de declaração. ação regressiva de ressarcimento de danos. responsabilidade objetiva da concessionária de energia elétrica. alegações de obscuridade, omissão e erro material. adequação dos consectários legais à lei nº 14.905/2024. embargos parcialmente acolhidos. I. caso em exame 1. Embargos de Declaração opostos em virtude do acórdão que, ao dar provimento à Apelação Cível da Seguradora, reformou sentença de improcedência e julgou procedente pedido de indenização regressiva, com fundamento na responsabilidade objetiva por danos elétricos causados a consumidor segurado. A Concessionária Embargante alega obscuridade quanto à validade atribuída a laudos técnicos unilaterais, omissão quanto à inexistência de vínculo contratual no local do sinistro e erro material na fixação de juros e correção monetária. II. questão em discussão 2. Há três questões em discussão: (i) verificar se há obscuridade no acórdão quanto à validade probatória de laudos técnicos unilaterais apresentados pela Seguradora; (ii) analisar se há omissão quanto à existência de vínculo jurídico entre a Concessionária e o consumidor segurado no local do sinistro; (iii) determinar se houve erro material na aplicação dos critérios de atualização monetária e juros de mora diante da superveniência da Lei nº 14.905/2024. III. razões de decidir 3. Os laudos técnicos foram elaborados por empresa especializada, com base em parâmetros reconhecidos pela ANEEL, segundo a Resolução nº 1.000/2021, não caracterizando obscuridade na sua aceitação como prova suficiente do nexo causal. 4. Não há omissão quanto à relação jurídica entre Segurado e Concessionária, pois o acórdão considerou documentos que indicam o endereço do sinistro e a apólice. 5. Embargos parcialmente acolhidos para reconhecer erro material quanto à fixação de juros e correção monetária, em desconformidade com a Lei nº 14.905/2024, que impõe a adoção do IPCA como índice de correção monetária e da taxa SELIC, deduzido o IPCA, como base para os juros de mora. 6. A matéria relativa aos consectários legais, por sua natureza de ordem pública, pode ser examinada de ofício, não se sujeitando à preclusão ou à exigência de provocação específica. 7. Os dispositivos legais e constitucionais invocados pela Embargante, ainda que não expressamente mencionados, foram enfrentados no conteúdo do acórdão, o que configura prequestionamento implícito, nos termos do art. 1.025 do CPC e da jurisprudência do STJ. IV. dispositivo e tese 8. Embargos de declaração parcialmente acolhidos. Tese de julgamento: “1. Laudos técnicos unilaterais elaborados por Seguradoras com base em normas da ANEEL podem ter valor probatório suficiente, desde que tecnicamente fundamentados. 2. A ausência de impugnação eficaz pela parte contrária permite a presunção da existência de vínculo jurídico no endereço indicado para o sinistro. 3. Aplica-se a Lei nº 14.905/2024 aos consectários legais, com correção monetária pelo IPCA e juros de mora calculados pela taxa SELIC, deduzido o IPCA. 4. A análise dos consectários legais pode ser feita de ofício, por se tratar de matéria de ordem pública. 5. Considera-se prequestionada a matéria jurídica expressamente debatida no acórdão, ainda que não haja citação literal de todos os dispositivos legais indicados pelas partes.” ______________ Dispositivos relevantes citados: arts. 1.022 e 1.025. Jurisprudência relevante citada: TJMT, RAC N.U 1023357-80.2023.8.11.0041, Rel. Des. Luiz Octavio Oliveira Saboia Ribeiro, j. 29.04.2025; TJMT, RED N.U 0005688-75.2016.8.11.0041, Rel. Des. Carlos Alberto Alves da Rocha, j. 05.02.2025; STJ, AgInt nos EDcl no AREsp n. 1.817.777/RS, Rel. Min. Herman Benjamin, j. 16.11.2021. R E L A T Ó R I O RECURSO DE EMBARGOS DE DECLARAÇÃO N. 1004022-41.2024.8.11.0041 Trata-se de Recurso de Embargos de Declaração oposto pela Energisa Mato Grosso – Distribuidora de Energia S.A. em virtude do acórdão que deu provimento ao Recurso de Apelação Cível interposto pela Porto Seguro Companhia de Seguros Gerais. Em suas razões, a Embargante alega que o acórdão incorreu em obscuridade ao conferir validade e presunção de veracidade a laudos técnicos unilaterais juntados aos autos pela Seguradora, os quais teriam sido produzidos sem observância ao contraditório e por profissionais desprovidos da devida capacitação técnica. Destaca que não há comprovação da qualificação profissional dos signatários dos referidos laudos, tampouco há registro nos respectivos conselhos de classe. Argumenta que não se pode deduzir, de forma lógica e segura, que a causa do suposto dano decorreu de ato praticado pela Concessionária embargante, existindo, ao contrário, diversas hipóteses alternativas plausíveis, o que evidencia a presença de obscuridade no julgado e impõe sua correção com a consequente manutenção da sentença. Aponta que o acórdão é omisso, pois deixou de se manifestar sobre a ausência de qualquer documento nos autos que comprove a existência de relação jurídica entre os segurados sub-rogados e a Concessionária ré no endereço onde teria ocorrido o suposto sinistro. Ressalta que diligenciou internamente, sem êxito, para identificar eventual relação jurídica no endereço em questão, o que corrobora a inexistência de qualquer vínculo. A Embargante aponta, também, erro material no que se refere à fixação dos índices de correção monetária e juros de mora, pois deve ser aplicada a taxa Selic. Por fim, a fim de viabilizar eventual interposição de recursos excepcionais, indica o art. 5º, inciso LV, da Constituição Federal e o art. 3º da EC nº 113/2021. No âmbito infraconstitucional, prequestiona os arts. 5º, 6º, 373, incisos I e II, e §2º, do CPC; dos arts. 406 e 786 do Código Civil; do art. 2º do Código de Defesa do Consumidor; e do art. 599 da Resolução ANEEL nº 1000/2021. Firme nesses argumentos, requer o acolhimento do recurso integrativo. Manifestação da Embargada no Id. 288964350. É o relatório. V O T O R E L A T O R EXMA. SR.ª DES.ª CLARICE CLAUDINO DA SILVA (RELATORA) Egrégia Câmara: Relembro que Porto Seguro Companhia de Seguros Gerais interpôs Recurso de Apelação em virtude da sentença proferida pelo Juiz da 3.ª Vara Cível da Comarca de Cuiabá que julgou improcedentes os pedidos formulados na Ação Regressiva de Ressarcimento de Danos movida em desfavor da Energisa Mato Grosso – Distribuidora de Energia S.A. e condenou a Seguradora a arcar com as custas processuais e honorários advocatícios fixados em 10% (dez por cento) do valor da causa. Em suas razões, a Companhia de Seguros sustentou que os laudos técnicos apresentados comprovam, de forma suficiente, o nexo causal entre as oscilações na rede elétrica e os danos aos equipamentos do segurado. Alegou que os documentos foram elaborados por empresa idônea, conforme o PRODIST/ANEEL, e têm valor probatório reconhecido, o que afasta a necessidade de perícia judicial, especialmente porque os bens já foram descartados após análise técnica. Defendeu a responsabilidade objetiva da Concessionária, nos termos do artigo 37, §6º, da Constituição Federal e do artigo 14, do Código de Defesa do Consumidor, e afirma que a Apelada não demonstrou qualquer excludente de responsabilidade. Reforçou que fenômenos naturais não afastam o dever de indenizar, pois são riscos inerentes à atividade, e que tem legitimidade para pleitear o ressarcimento por sub-rogação, com base na apólice e no pagamento da indenização ao segurado. Requereu, pois, a reforma da sentença a fim de julgar procedente o pedido inicial. Na sessão de julgamento realizada em 06/05/2025, este Colegiado proveu, à unanimidade, o Recurso. De conseguinte, reformou a sentença, julgou procedente o pedido inicial da Ação Regressiva e condenou a Concessionária de Serviço Público ao pagamento de R$ 5.865,68 (cinco mil, oitocentos e sessenta e cinco reais e sessenta e oito centavos), acrescido de correção monetária pelo IPCA-E e juros de mora de 1% (um por cento) ao mês, ambos a contar da data do efetivo desembolso da indenização securitária, em consonância com a jurisprudência consolidada sobre o tema. Por fim, inverteu o ônus sucumbencial e a condenou ao pagamento das custas e honorários advocatícios que fixo em 20% (vinte por cento) do valor atualizado da condenação. Neste Recurso Integrativo, Energisa Mato Grosso Distribuidora de Energia S.A. alega a existência de vícios de omissão, obscuridade e erro material. Defende que o acórdão incorreu em obscuridade ao conferir validade e presunção de veracidade a laudos técnicos unilaterais juntados aos autos pela Seguradora, os quais teriam sido produzidos sem observância ao contraditório e por profissionais desprovidos da devida capacitação técnica. Acentua que não há comprovação da qualificação profissional dos signatários dos referidos laudos, tampouco há registro nos respectivos conselhos de classe. Argumenta que não se pode deduzir, de forma lógica e segura, que a causa do suposto dano decorreu de ato praticado pela Concessionária Embargante, existindo, ao contrário, diversas hipóteses alternativas plausíveis, o que evidencia a presença de obscuridade no julgado e impõe sua correção com a consequente manutenção da sentença. Afirma que o acórdão é omisso, pois deixou de se manifestar sobre a ausência de qualquer documento nos autos que comprove a existência de relação jurídica entre os segurados sub-rogados e a Concessionária ré no endereço onde teria ocorrido o suposto sinistro. A Embargante aponta, também, erro material no que se refere à fixação dos índices de correção monetária e juros de mora, pois deve ser aplicada a taxa Selic. Por fim, a fim de viabilizar eventual interposição de recursos excepcionais, indica o art. 5º, inciso LV, da Constituição Federal e o art. 3º da EC nº 113/2021. No âmbito infraconstitucional, prequestiona os arts. 5º, 6º, 373, incisos I e II, e §2º, do CPC; dos arts. 406 e 786 do Código Civil; do art. 2º do Código de Defesa do Consumidor; e do art. 599 da Resolução ANEEL nº 1000/2021. Antes de tudo, cinge destacar que o Recurso de Embargos de Declaração é oponível para esclarecer obscuridade, eliminar contradição, suprir omissão de ponto ou questão sobre o qual deveria se pronunciar o Juiz de ofício ou a requerimento e/ou corrigir erro material. Em outros termos, a omissão se configura quando a decisão deixa de apreciar ponto ou questão relevante, inclusive no tocante às matérias que deva conhecer de ofício. Entende-se por obscura a falta de clareza e precisão da decisão, suficiente a não permitir a certeza jurídica a respeito das questões resolvidas. Já o erro material é aquele facilmente perceptível e que não corresponde, de forma evidente, à vontade do órgão prolator da decisão. No caso, a leitura atenta do acórdão revela que a Turma Julgadora considerou expressamente que os laudos foram elaborados por empresa especializada, com base em critérios reconhecidos pela ANEEL, conforme a Resolução n. 1.000/2021. A validade atribuída aos laudos técnicos decorreu da sua suficiência técnica, de modo que eventual ausência de comprovação de registro profissional não compromete a inteligibilidade da decisão. Importante ressaltar, igualmente, que os laudos produzidos por seguradoras não podem ser, de pronto, desqualificados, uma vez que são fruto de procedimento interno rigoroso de regulação de sinistros. Tais documentos refletem o interesse direto da própria seguradora em apurar com precisão os fatos, a fim de evitar pagamentos indevidos, o que confere maior credibilidade ao conteúdo apurado. Nesse ponto, pois, inexiste obscuridade nos termos do artigo 1.022 do CPC. Quanto à alegada omissão relacionada à inexistência de relação jurídica entre a segurada sub-rogada e a concessionária Embargante, também não prospera a pretensão. Conforme consignado no voto condutor do acórdão, a Seguradora Embargada encartou aos autos a apólice do seguro, o registro do sinistro e nota técnica com identificação do endereço da ocorrência. A linha de raciocínio adotada conduziu ao reconhecimento do nexo causal, o que, implicitamente, abarca a existência de relação jurídica suficiente para o exercício do direito de regresso. Não há, portanto, omissão a ser suprida. No que se refere aos consectários legais, embora a Concessionária Embargante não tenha se pronunciado sobre a Lei n. 14.905/2024 nas contrarrazões do Recurso de Apelação, passo a análise da tese pois se trata de matéria de ordem pública. Com efeito, os consectários legais podem ser analisados e ajustados até mesmo de ofício, independentemente de provocação das partes, e não estão sujeitos à preclusão ou à coisa julgada. Essa natureza permite que tais questões sejam revistas a qualquer tempo, sem que isso configure julgamento extra petita ou reformatio in pejus. A Lei nº 14.905/2024, que trouxe alterações significativas na regulamentação dos juros de mora e correção monetária, modificou a regra do art. 406 Código Civil que passou a ter a seguinte redação: Art. 406. Quando não forem convencionados, ou quando o forem sem taxa estipulada, ou quando provierem de determinação da lei, os juros serão fixados de acordo com a taxa legal. § 1ºA taxa legal corresponderá à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (Selic), deduzido o índice de atualização monetária de que trata o parágrafo único do art. 389 deste Código. § 2ºA metodologia de cálculo da taxa legal e sua forma de aplicação serão definidas pelo Conselho Monetário Nacional e divulgadas pelo Banco Central do Brasil. § 3ºCaso a taxa legal apresente resultado negativo, este será considerado igual a 0 (zero) para efeito de cálculo dos juros no período de referência. Art. 389 - Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos, mais juros, atualização monetária e honorários de advogado. Parágrafo único. Na hipótese de o índice de atualização monetária não ter sido convencionado ou não estar previsto em lei específica, será aplicada a variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), apurado e divulgado pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ou do índice que vier a substituí-lo. O novo modelo tem por escopo evitar a cumulação indevida de indexadores e preservar o equilíbrio entre atualização e mora. Por derradeiro, considerando que a Lei nº 14.905/2024 entrou em vigor em 01/09/2024, deve ser aplicada aos processos em curso, em respeito ao princípio do direito intertemporal. No caso, o acórdão objeto da embargabilidade, ao reformar a sentença, fixou a condenação ao pagamento de R$ 5.865,68 (cinco mil, oitocentos e sessenta e cinco reais e sessenta e oito centavos), acrescido de correção monetária pelo IPCA-E e juros de mora de 1% (um por cento) ao mês, ambos a contar da data do efetivo desembolso da indenização securitária. Essa previsão, contudo, não se harmoniza com o regime legal atualmente vigente, tendo em vista as modificações introduzidas pela Lei n. 14.905/2024, bem como a interpretação sistemática dos arts. 389, parágrafo único, e 406, § 1º, do Código Civil. Com efeito, a correção monetária deve seguir o IPCA (índice oficial de inflação), e os juros de mora devem ser calculadoscom base na taxa SELIC, deduzido o impacto do IPCA, observando-se, assim, a sistemática instituída pela novel legislação. Tal entendimento já foi adotado por esta Corte de Justiça, conforme os seguintes precedentes: DIREITO CIVIL, DO CONSUMIDOR E PROCESSUAL CIVIL. APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO REGRESSIVA DE RESSARCIMENTO DE DANOS. OSCILAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA. DANOS EM EQUIPAMENTOS ELETRÔNICOS. RESPONSABILIDADE OBJETIVA DA CONCESSIONÁRIA. FORTUITO INTERNO. NEXO CAUSAL COMPROVADO POR LAUDOS TÉCNICOS. CERCEAMENTO DE DEFESA AFASTADO. CORREÇÃO MONETÁRIA E JUROS DE MORA. LEI Nº 14.905/2024. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. (...) 4. A atualização do débito deve observar o IPCA como índice de correção monetária e a taxa SELIC como juros de mora, conforme Lei nº 14.905/2024. (...) (TJMT. RAC. N.U 1023357-80.2023.8.11.0041, CÂMARAS ISOLADAS CÍVEIS DE DIREITO PRIVADO, LUIZ OCTAVIO OLIVEIRA SABOIA RIBEIRO, Quinta Câmara de Direito Privado, Julgado em 29/04/2025, Publicado no DJE 30/04/2025). DIREITO CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. ALTERAÇÕES LEGISLATIVAS SOBRE JUROS DE MORA E CORREÇÃO MONETÁRIA. OMISSÃO NO ACÓRDÃO EMBARGADO. VÍCIO SANADO. RECURSO PROVIDO. (...) III. Razões de decidir A Lei nº 14.905/2024 alterou os artigos 389 e 406 do Código Civil, estabelecendo o IPCA como índice de correção monetária e a taxa SELIC, deduzido o IPCA, como base para os juros de mora. Configurada a omissão do acórdão ao não abordar as novas regras legais, impõe-se sua integração. IV. Dispositivo e tese Embargos de declaração acolhidos para sanar a omissão, determinando a aplicação das disposições da Lei nº 14.905/2024 ao caso. Tese de julgamento: “1. No caso, aplica-se a Lei n.º 14.905/2024, com a correção monetária pelo IPCA, enquanto os juros de mora devem ser calculados pela taxa SELIC, descontados o IPCA.” (...) (TJMT. RED N.U 0005688-75.2016.8.11.0041, CÂMARAS ISOLADAS CÍVEIS DE DIREITO PRIVADO, CARLOS ALBERTO ALVES DA ROCHA, Vice-Presidência, Julgado em 05/02/2025, publicado no DJE 10/02/2025). Assim, reconhece-se o equívoco nesse ponto, devendo o acórdão ser retificado para aplicar os critérios corretos de atualização da condenação, na forma exposta. Cumpre rememorar, por fim, que não subsiste mais a exigência de oposição de Embargos de Declaração com o exclusivo propósito de viabilizar o prequestionamento explícito, à luz da nova sistemática introduzida pelo artigo 1.025 do Código de Processo Civil porque, mesmo na hipótese de inadmissão ou rejeição dos Aclaratórios, consideram-se incorporados ao Acórdão os elementos neles ventilados, para fins de prequestionamento. Com efeito, “o prequestionamento implícito ocorre quando, embora ausente a citação expressa ao dispositivo legal, a matéria nele disciplinada e no seu preciso termo é abordada no provimento jurisdicional.” (AgInt nos EDcl no AREsp n. 1.817.777/RS, relator Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, julgado em 16/11/2021, DJe de 16/12/2021), tal qual ocorreu na hipótese. Ante o exposto, acolho em parte os Embargos de Declaração e determino que os critérios de correção monetária e de juros de mora sejam adequados às disposições da Lei nº 14.905/2024, aplicando-se o IPCA como índice de correção monetária e a taxa SELIC para os juros de mora, descontando-se, nesta última, o valor do IPCA. Demais capítulos do acórdão permanecem hígidos. É como voto. Data da sessão: Cuiabá-MT, 08/07/2025

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