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I, Riedi & Cia Ltda x Rosineide Quintino Da Silva

ID: 309896376

Tribunal: TJPR Órgão: Vara Cível de Formosa do Oeste Classe: EXECUçãO DE TíTULO EXTRAJUDICIAL Nº Processo: 0000769-61.2025.8.16.0082

Data de Disponibilização: 27/06/2025

Polo Ativo:

I, RIEDI & CIA LTDA

Polo Passivo:

ROSINEIDE QUINTINO DA SILVA

Conclusão

Advogados:

ENIMAR PIZZATTO

OAB/PR XXXXXX Desbloquear

PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARANÁ COMARCA DE FORMOSA DO OESTE VARA CÍVEL DE FORMOSA DO OESTE - PROJUDI Avenida São Paulo, 477 - Edifício do Fórum - Centro - Formosa do Oeste/PR - CEP: 85.830-000 -… PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARANÁ COMARCA DE FORMOSA DO OESTE VARA CÍVEL DE FORMOSA DO OESTE - PROJUDI Avenida São Paulo, 477 - Edifício do Fórum - Centro - Formosa do Oeste/PR - CEP: 85.830-000 - Celular: (44) 99905-7344 - E-mail: varacivelformosa@hotmail.com Autos nº. 0000769-61.2025.8.16.0082 Processo: 0000769-61.2025.8.16.0082 Classe Processual: Execução de Título Extrajudicial Assunto Principal: Duplicata Valor da Causa: R$8.053,69 Exequente(s): I, RIEDI & CIA LTDA Executado(s): ROSINEIDE QUINTINO DA SILVA DECISÃO INICIAL 1. Presentes os requisitos constantes do artigo 798 do Código de Processo Civil, bem como dos pressupostos processuais e das condições da ação, RECEBO a petição inicial. 2. CITE-SE a parte executada para que, no prazo de 03 (três) dias, pague o débito, acrescido das custas processuais e honorários advocatícios de 10% (dez por cento) sobre o valor da causa. O prazo para pagamento contar-se-á da própria citação (art. 829 do CPC). Havendo pluralidade de executados, o prazo será contado individualmente. Deverá a parte executada ser cientificada de que, na hipótese de pagamento nesse prazo, a verba honorária será reduzida pela metade. 2.1. À luz do disposto no artigo 247 do CPC, determino que a citação seja realizada via postal, salvo requerimento expresso do credor para citação por mandado / carta precatória. Nesse último caso, deverá ser observado o disposto no artigo 829, §1º, do CPC, devendo a Serventia e o Oficial de Justiça atentarem para o fato de que o cumprimento da segunda via do mandado independerá de requerimento do credor ou determinação judicial. Esclareço que o arresto executivo, previsto no artigo 830 do CPC, é procedimento que compete ao Oficial de Justiça, caso a citação seja feita por mandado, independente de determinação judicial, observada as diretrizes do Código de Processo Civil. 2.2. Da carta / mandado / precatória deverá constar que a parte executada poderá: 2.2.1. Opor-se à execução por meio de embargos oferecidos no prazo de 15 (quinze) dias; ou 2.2.2. reconhecendo o crédito da parte exequente e comprovado o depósito de 30% (trinta por cento) do valor da execução (inclusive custas e honorários), postular seja admitida a efetuar o pagamento do restante em até 06 (seis) parcelas mensais, acrescidas de correção monetária e juros de 1% (um por cento) ao mês. 2.2.3. Se a parte executada optar pelo parcelamento, manifeste–se a parte exequente, no prazo de 15 (quinze) dias, vindo em conclusão a seguir. 3. Não efetuado o pagamento no prazo legal, com fundamento nos princípios norteadores do Código de Processo Civil, mormente o da celeridade processual, passo a descrever todo o cronograma executivo, no intuito de evitar conclusões protelatórias e desnecessárias. Tal medida se justifica em razão da execução, independentemente da natureza judicial ou extrajudicial do título, visar à satisfação do credor, de forma que não havendo o pagamento no prazo assinalado, fica o Juiz autorizado a utilizar todas as medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou sub-rogatórias necessárias para assegurar o cumprimento de ordem judicial, inclusive nas ações que tenham por objeto prestação pecuniária (art. 139, IV, do CPC). Diante disso, entendo que é desnecessário e, até mesmo, prejudicial à duração razoável do processo – que contempla além da fase cognitiva, a atividade executiva (art. 4º do CPC) – que o deferimento de medidas constritivas típicas seja realizado de forma fracionada, ensejando nova conclusão a cada requerimento realizado pelo credor que, ao final do processo, chegará a único fim: pagamento do debito ou extinção por ausência de bens. Ressalta-se que o presente cronograma executivo, contempla os meios típicos de penhora que são rotineiramente requeridos (em alguma fase do processo) pelos credores que geralmente litigam neste Juízo. Ademais, o requerimento de medida constritiva atípica não prevista nesta decisão, deverá ser imediatamente submetido à conclusão, para que seja analisada sua proporcionalidade no caso concreto. 4. Dito isso, independente da ordem requerida pelo credor e, considerando a ordem preferencial prevista no artigo 835 do CPC, DETERMINO que o processo siga o seguinte cronograma executivo: 4.1. SISBAJUD: Fica autorizada, por uma única vez, a busca de ativos financeiros pelo referido sistema. Desnecessária a lavratura do termo de penhora, por ser suficiente o comprovante da transferência dos recursos para conta à disposição deste Juízo. 4.1.1. Havendo bloqueio de valores, libere-se eventual remanescente e dê-se ciência à parte executada, nos termos dos artigos 841 e 854, §3º, do CPC. 4.1.2. Decorrido o prazo in albis, proceda-se à transferência do valor para conta judicial. A seguir, expeça-se alvará em favor da parte exequente para levantamento da quantia depositada em Juízo, com prazo de 90 (noventa) dias, e intime-se para que se manifeste sobre a satisfação do seu crédito. Caso a penhora tenha sido parcial, expeça-se o alvará, mas intime-se a parte exequente para que acoste planilha atualizada do débito, com desconto do valor levantado, e prossiga-se nos termos seguintes. Considerando que o sistema já está integrado às cooperativas de crédito, bem como às instituições de pagamento que operam de forma digital (FINTECHS), tais como Nubank, Neon e etc., fica indeferido eventual pedido de ofício neste sentido. Caso reste negativa o bloqueio de valores, a reiteração da medida em prazo inferior a 01 ano deverá ser devidamente fundamentada pela parte exequente, caso em que o processo deverá ser remetido à conclusão. De antemão, esclareço ao exequente que a jurisprudência entende possível a repetição da busca nos casos em que se verifica um grande decurso de tempo entre o pedido e a busca anterior, o que deverá ser demonstrado no pedido. Confira-se: AGRAVO DE INSTRUMENTO – AÇÃO MONITÓRIA EM CUMPRIMENTO DE SENTENÇA – DECISÃO QUE INDEFERE RENOVAÇÃO DE PEDIDO DE CONSULTA AO SISTEMA BACENJUD – IRRESIGNAÇÃO DA PARTE EXEQUENTE – REQUERIMENTO ANTERIOR REALIZADO HÁ MAIS DE NOVE ANOS – NÃO LOCALIZAÇÃO DE BENS NESSE INTERVALO – LAPSO TEMPORAL QUE DEMONSTRA A RAZOABILIDADE DO PEDIDO – INTERESSE DO CREDOR A SER RESGUARDADO (ARTS. 789 E 797 DO CPC) – PRECEDENTES DA 2ª TURMA DO STJ – RECURSO PROVIDO. (TJPR - 14ª C.Cível - 0021967-22.2019.8.16.0000 - Sarandi - Rel.: Juiz Antonio Domingos Ramina Junior - J. 04.09.2019). 4.2. RENAJUD: Fica, desde já, deferido, se houver pedido expresso, além do bloqueio de “transferência”, o bloqueio de “circulação” perante o órgão competente. Para fins do artigo 845, §1º, do CPC, o comprovante do sistema servirá como termo de penhora. 4.2.1. Caso encontrado mais de um veículo, intime-se a parte exequente para indicação do bem a ser bloqueado e penhorado. 4.2.2. Efetivada a constrição, dê-se ciência à parte executada, observando-se os termos do artigo 841 do CPC, e intime-se a parte exequente para apresentação do valor de avaliação do bem, de acordo com a tabela FIPE (artigo 871, IV, do CPC). 4.2.3. Com o cumprimento, intime-se a parte executada acerca da avaliação do veículo e, decorrido o prazo in albis, intime-se a parte exequente para dizer em termos de prosseguimento. 4.2.4. Verificada a existência de alienação fiduciária, fica desde já, deferida a expedição de mandado de penhora sobre os direitos que a parte executada possui sobre o referido veículo. 4.2.5. A fim de dar maior eficácia à medida, oficie-se ao credor fiduciário para, no prazo de 15 (quinze) dias, informar este Juízo quanto ao prazo do contrato entabulado entre ele e o executado referente ao veículo penhorado, ciente de que deverá comunicar o término da relação contratual. 4.2.6. Com a resposta, intime-se a parte executada para se manifestar em 15 (quinze) dias. 4.3. PENHORA DE IMÓVEL: Indicado imóvel em nome da parte executada e juntada a respectiva matrícula, lavre-se o respectivo termo de penhora nos autos (§ 1º, do art. 845, do CPC). 4.3.1. Formalizada a penhora, intimem-se o executado e eventual cônjuge. 4.3.2. Observe-se, ainda, o contido no art. 799, e incisos, do Código de Processo Civil. 4.3.3. Em cumprimento ao princípio da menor onerosidade da execução, expressamente previsto no artigo 805 do CPC, nomeio como depositário do imóvel penhorado o próprio executado, uma vez que após a averbação da penhora é improvável a dissipação da garantia. 4.3.4. Se requerido, fica desde já deferida a expedição de mandado de avaliação, devendo as partes serem intimadas de tal ato. 4.3.5. Havendo impugnação à avaliação, intime-se o avaliador e a parte contrária para se manifestarem em 15 dias e, na sequência, façam os autos conclusos para decisão. 4.3.6. Realizadas todas as diligências e não havendo pedido de adjudicação, façam os autos conclusos para designação de leilão. 4.4. INFOJUD: Fica deferido, desde já, se houver pedido expresso, a obtenção últimas três declarações de Imposto de Renda, DOI (declaração de operações imobiliárias) e DITR, da parte executada. 4.4.1. Com a juntada de declaração positiva, o respectivo movimento no Projudi deve ser cadastrado pela Serventia como sigiloso, permitindo acesso apenas às partes. 4.4.2. Após, intime-se a parte exequente para dizer em termos de prosseguimento. 4.4.3. Diante do INFOJUD, fica indeferido desde já qualquer ofício aos órgãos fiscais com a finalidade de obter declarações fiscais, a exemplo do imposto de renda. 4.5. CNIB: A Central Nacional de Indisponibilidade de bens atinge a alienação e a oneração de todos os bens do indivíduo, sejam eles imóveis, veículos, barcos, aeronaves, quadros, joias, ações, animais etc. Dessa forma, realizadas todas as diligências anteriores, caso requerido, defiro o pedido de indisponibilidade de bens via CNIB – Central Nacional de Indisponibilidade de Bens, bem como para que referida entidade informe sobre a localização de bens em nome do devedor, no prazo de 15 (quinze) dias. 4.5.1. Com a consulta, intime-se a parte exequente para dizer em termos de prosseguimento. 4.6. BENS QUE GUARNECEM A RESIDÊNCIA: Se requerido, fica autorizada desde já a penhora dos bens que guarnecem a residência da parte executada, com exceção daqueles considerados essenciais, ressalvado se localizados em duplicidade. 4.7. INTIMAÇÃO DO DEVEDOR PARA INDICAÇÃO DE BENS: Decorrido o prazo para pagamento concedido ao devedor e tendo havido requerimento, defiro o pedido de intimação pessoal do devedor para, em 15 (quinze) dias indicar quais são e onde estão os bens sujeitos a penhora, sob pena de a sua conduta ser considerada ato atentatório à dignidade da justiça, com aplicação de multa que, desde já, fixo em 10% sobre o valor atualizado do débito (art. 774, V e § único, CPC). 4.8. NEGATIVAÇÃO DO NOME DO DEVEDOR: caso haja requerimento, independente da realização das diligências anteriores, promova-se a inclusão nos cadastros de inadimplentes do SERASA, na forma do art. 782, §§ 3º e 5º, do CPC. 4.9. INTIMAÇÃO DO DEVEDOR SOBRE A PENHORA: Realizada qualquer tipo de penhora, a parte devedora deverá ser imediatamente intimada nos termos do artigo 841, do CPC. 5. DO SANEAMENTO E CUMPRIMENTO DE DILIGÊNCIA: Em qualquer caso, o cartório poderá intimar a parte interessada para, em 15 (quinze) dias, cumprir providência necessária para o bom cumprimento da decisão, tais como o fornecimento de informações sobre o CPF ou endereço da parte executada, sob pena de extinção. 5.1. Não cumprido, voltem conclusos. 5.2. Desde já, fica autorizada a dilação do prazo por mais 15 (quinze) dias, desde que requerido antes do ultimado o prazo assinalado. 6. CERTIDÃO PARA FINS DE AVERBAÇÃO: Defiro o cumprimento na forma do art. 828 do CPC. Fica o exequente ciente de que deve comunicar todas as averbações realizadas, conforme a seguinte disposição: Art. 828. O exequente poderá obter certidão de que a execução foi admitida pelo juiz, com identificação das partes e do valor da causa, para fins de averbação no registro de imóveis, de veículos ou de outros bens sujeitos a penhora, arresto ou indisponibilidade. § 1º No prazo de 10 (dez) dias de sua concretização, o exequente deverá comunicar ao juízo as averbações efetivadas. § 2º Formalizada penhora sobre bens suficientes para cobrir o valor da dívida, o exequente providenciará, no prazo de 10 (dez) dias, o cancelamento das averbações relativas àqueles não penhorados. 7. CONCLUSÃO DOS AUTOS: Havendo qualquer pedido envolvendo impugnação do ato judicial, arguição de vício de ato jurisdicional, impenhorabilidade, nulidade ou invalidade, cuja solução não esteja contemplada nesta decisão, a parte contrária deverá ser intimada para se manifestar em 15 dias. Após, o cartório deverá fazer a conclusão imediata dos autos. 8. AUSÊNCIA DE BENS: SALIENTE-SE à parte exequente que, após a CIÊNCIA da PRIMEIRA tentativa infrutífera de localização do DEVEDOR ou de BENS PENHORÁVEIS, será INICIADA A PRESCRIÇÃO, sendo ela SUSPENSA, uma única vez, POR UM ANO, retornando em seguida, podendo haver a sua interrupção, nos termos do art. 921, §§ 4º e 4º-A, do CPC.[1] 8.1. Não localizados bens e permanecendo inerte o exequente, observe-se o art. 921, III, do CPC, observando o prazo máximo de suspensão da prescrição (um ano), a contar da primeira tentativa infrutífera de localização do executado ou de bens penhoráveis, nos termos do art. 921, §4º, do CPC. 8.2. Citado ou intimado o devedor, ou realizada a constrição de bens penhoráveis, observe-se o art. 921, §4-A, do mesmo diploma legal. 8.3. Após o prazo máximo de suspensão da prescrição, mencionado no item 8, encaminhe-se os autos ao arquivo provisório, devendo lá permanecer pelo RESTANTE do prazo prescricional, ao final do qual as partes devem ser intimadas para manifestarem-se, em até 15 dias, acerca da prescrição intercorrente e, em seguida, voltem conclusos. Intimações e diligências necessárias. Formosa do Oeste, datado eletronicamente. GUSTAVO RAMOS GONÇALVES Juiz de Direito [1] Art. 921. Suspende-se a execução: (...) 4º O termo inicial da prescrição no curso do processo será a ciência da primeira tentativa infrutífera de localização do devedor ou de bens penhoráveis, e será suspensa, por uma única vez, pelo prazo máximo previsto no 1º deste artigo. (Redação dada pela Lei nº 14.195, de 2021) § 4º-A A efetiva citação, intimação do devedor ou constrição de bens penhoráveis interrompe o prazo de prescrição, que não corre pelo tempo necessário à citação e à intimação do devedor, bem como para as formalidades da constrição patrimonial, se necessária, desde que o credor cumpra os prazos previstos na lei processual ou fixados pelo juiz. (Incluído pela Lei nº 14.195, de 2021)

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Processo nº 0000769-73.2025.8.16.0078

ID: 262832285

Tribunal: TJPR Órgão: Vara Criminal de Curiúva Classe: AUTO DE PRISãO EM FLAGRANTE Nº Processo: 0000769-73.2025.8.16.0078

Data de Disponibilização: 30/04/2025

Polo Ativo:

Polo Passivo:

MARCIONE SOUZA DE OLIVEIRA

Conclusão

Advogados:

SILVANO CARDOSO ANTUNES

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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARANÁ COMARCA DE CURIÚVA VARA CRIMINAL DE CURIÚVA - PROJUDI Rua Edmundo Mercer, 94 - Centro - Curiúva/PR - CEP: 84.280-000 - Fone: (43) 3572-8190 - E-mail: cur-ju-ecr@t… PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARANÁ COMARCA DE CURIÚVA VARA CRIMINAL DE CURIÚVA - PROJUDI Rua Edmundo Mercer, 94 - Centro - Curiúva/PR - CEP: 84.280-000 - Fone: (43) 3572-8190 - E-mail: cur-ju-ecr@tjpr.jus.br Autos nº. 0000769-73.2025.8.16.0078 Processo: 0000769-73.2025.8.16.0078 Classe Processual: Auto de Prisão em Flagrante Assunto Principal: Prisão em flagrante Data da Infração: 27/04/2025 Vítima(s): JACKELINE LILIANE DOS SANTOS Flagranteado(s): MARCIONE SOUZA DE OLIVEIRA DECISÃO Vistos; Trata-se de comunicação da prisão em flagrante apresentado às 10h16’ do dia de hoje – 28-04-2025, pela autoridade policial local – DR. ANGELO OLIVEIRA BATISTA DIAS, Delegado da 57ª DP de Curiúva/PR,, noticiando a detenção do Sr. MARCIONE SOUZA DE OLIVEIRA, na cidade de SAPOPEMA-PR, nesta Comarca. MARCIONE é maior, brasileiro, e foi qualificado nos autos. Corrija-se o assunto principal - feminicídio. Anote-se a prioridade relacionada a hediondez do crime. Distribuído e autuado, foram acostados os antecedentes do investigado. O Ministério Público emitiu parecer pela homologação do auto de prisão, quando também representou pela prisão preventiva do investigado. É o relatório. Decido. Da leitura do auto de prisão extrai-se o estado de flagrância em que o autuado se encontrava, pois foi detido por policiais militares logo após praticar a infração penal, localizado nas proximidades do local do crime, ao lado do corpo da vítima. Há prova inequívoca de materialidade e indícios de autoria. A vítima apresentava graves lesões em partes vitais do corpo. MARCIONE foi detido em estado de flagrante delito, instantes após cometer a infração penal. Os policiais militares ELISSON TRIZOTTE DUBIEL e AYRTHON DE OLIVEIRA COSTA foram uníssonos em afirmar que foram acionados para atender uma ocorrência que, a princípio, se revelava como um acidente, uma queda com óbito ocorrido em uma das cachoeiras do Salto das Orquídeas, ponto turístico em trecho do Rio Lageado Liso, local conhecido na zona rural de SAPOPEMA/PR. O fato teria ocorrido no domingo, dia 27/04/2025, entre 16h e 17h. Polícia acionada perto das 20h. A vítima, JACKELINE LILIANE DOS SANTOS, foi encontrada morta nas margens do leito do rio, próximo das cachoeiras. O investigado era seu acompanhante, o Sr. MARCIONE SOUZA DE OLIVEIRA, estava ao lado do corpo. Eram namorados, talvez conviventes, não está muito claro. Mas resta evidente que vítima e investigado tinham um relacionamento amoroso, que a testemunha ANDRÉ classificou como tóxico. Ao que tudo indica JACKELINE estava grávida e o suposto pai da criança seria o investigado. O que parecia ser um acidente acabou se revelando um ato criminoso horas depois, na medida em que os outros colegas da vítima/investigado, os Srs. ANDRÉ e DEIVID, passaram a prestar declarações que trouxeram indícios de autoria criminosa, de ação comissiva e premeditada perpetrada por MARCIONE. Há testemunhos que revelam que MARCIONE não queria que JACKELINE tivesse o bebê. A própria mãe da vítima afirmou que JACKELINE suspeitou, poucos dias antes, ter sido vítima de uma tentativa de aborto praticado pelo investigado, que pode ter utilizado de alguma substância que misturou em uma bebida que ofereceu à vítima. Tal história foi confirmada pela esposa do acusado, a SRA. GISELI, residente em Otacílio Costa/SC, e de quem o investigado ao que parece está separado de fato há cerca de 02 anos. Giseli prestou depoimento por videoconferência e disse que uma uma ocasião, pouco tempo atrás, a vítima a telefonou, na presença de Marcione, quando o acusou de ter tentado o aborto sem o seu consentimento. Nesta ocasião foi que teria ficado sabendo do envolvimento amoroso de seu esposo com a vítima. Giseli também disse ao Delegado de Polícia que MARCIONE vinha falando em retomar o relacionamento, tentando convencê-la disso. Contou que vinha pensando no assunto e que inclusive esteve em Telêmaco Borba há cerca de 06 meses quando participou até mesmo de um encontro de casais, uma tentativa de reatar o seu relacionamento. Disse ainda que depois, ao saber que MARCIONE estava se relacionando com JACKELINE e que ela poderia estar grávida dele, ao seu esposo disse que se a vítima realmente estivesse grávida de MARCIONE não mais retomaria o relacionamento e que então gostaria de se divorciar. As testemunhas ANDRÉ e DEIVID disseram aos policiais que a reação de MARCIONE com o tal "acidente" foi estranha, que não pareceu muito desesperado. ANDRÉ disse que o investigado parecia simular o choro, e não derramou uma lágrima com a vítima morta. Embora MARCIONE tenha dito a eles que a vítima escorregou nas pedras da cachoeira, as testemunhas disseram que não presenciaram o fato, e que o investigado parece ter propositalmente se afastado deles na caminhada pelo rio, atrasando a marcha na subida em direção ao ponto de partida, o que sugere que buscou um momento para ficar a sós, distante de testemunhas. Não ouviram os “pedidos de socorro” e não tem certeza de que de fato MARCIONE gritou. Disseram ainda que a vítima recusou bebidas alcoólicas durante o passeio, ao que parece em razão de seu estado gravídico. Também segundo as testemunhas se locomovia com cuidado sobre as pedras e também na trilha. Apresentava higidez física. Também disseram que nos dias que antecederam o tal passeio, MARCIONE insistiu muito para irem ao local e ANDRÉ inclusive brincou com MARCIONE, ao ver onde seria o passeio, dizendo por mensagem que MARCIONE estaria planejando matar JACKLINE naquele local. André apresentou o conteúdo de tais conversas, que constam do INQUÉRITO (mov. 1.25). A mãe da vítima, VIVIANE, também prestou informações relevantes. Disse que a filha vinha se queixando de MARCIONE, vinham brigando e discutindo nos últimos dias, principalmente depois da gravidez, que MARCIONE não desejava e insistia para que fizesse um aborto, com o que JACKELINE discordava. Uma das testemunhas disse que o investigado estava preocupado com a “pensão alimentícia” que teria que pagar ao futuro filho(a) e que pensava que seria em torno de R$30mil, em razão dos faturamentos de sua empresa, de suas 03 carretas (que somariam cerca de R$450mil mensais). Marcione teria falado em emitir notas falsas, conseguir notas falsas, para mascarar seus rendimentos. Os policiais militares também destacaram que os ferimentos na vítima, em parte posterior e anterior de face, não se apresentavam compatíveis com a versão de MARCIONE, que passou também a dizer que tentou levar a vítima no colo e que a derrubou no rio outras vezes, o que pode ter causado outros ferimentos secundários. Foi apresentado à Autoridade Policial, tendo sido ouvidos, nesta ordem, o condutor, uma testemunha, e, por fim o autuado, sendo então lavrado o respectivo auto (CPP, art. 304). Das respostas obtidas e diante dos indícios colhidos até então vê-se que, de fato, como pontuou a autoridade policial, há fundadas suspeitas de ter o autuado praticado o crime de feminicídio – art. 121-A do Código Penal, tendo sido correto o recolhimento deste à prisão (CPP, art. 304, § 1º). Por fim, observa-se que no ato da prisão foram observadas as determinações constantes do art. 306, §§ 1º e 2º do Código de Processo Penal. Expedida a nota de culpa ao custodiado e encaminhado o auto de prisão em flagrante a este juízo, no prazo de 24 horas. Por fim, foram observadas todas as formalidades constantes dos incisos LXII e LXIII, do art. 5º da Constituição Federal. Registro que a autoridade policial, corretamente não arbitrou fiança ao investigado, que continue detido. HOMOLOGO a prisão em flagrante, ante sua regularidade. Outrossim, passo à análise da concessão de liberdade provisória ou manutenção da prisão. A restrição de liberdade, por prisão cautelar, é medida excepcional, somente se justificando em elementos concretos. Ressalte-se que a gravidade abstrata do fato imputado, por si só, não é suficiente a convalidar a medida excepcional. Nos termos dos artigos 282 e 321 do Código de Processo Penal, somente se não for cabível outra medida cautelar, por insuficiência ou inadequação, desde que presentes requisitos do art. 312 e 313 do mesmo código (fumus comissi delicti e periculum libertatis), é que se justifica a conversão da prisão em flagrante em cautelar. Presente condição de admissibilidade para a custódia cautelar do investigado, ante o que dispõe o art. 313, I e III do CPP. Nenhuma outra medida cautelar diversa da prisão provisória se revela agora suficiente ao reestabelecimento da ordem pública. O investigado revela total desprezo às normas de convivência social. A periculosidade do autuado se revela na dissimulação empregada. Os indícios angariados até o momento indicam que o investigado pode ainda ter usado de recurso de dificultou a defesa da vítima, ao tê-la empurrado em uma cachoeira, surpreendendo-a com o golpe. O modus operandi revela a disposição concreta do indivíduo em criar falsos álibis e levar o rumo das investigações a destinos equivocados. A motivação do delito pode ser a indesejada gravidez de JACKELINE. Os depoimentos colhidos até o momento também revelam que o investigado premeditou a morte da vítima, insistindo em um passeio em meio a uma cachoeira, local onde poderia simular um acidente. Tais fatos revelam que em liberdade MARCIONE poderá continuar a dificultar as investigações. Sua prisão, além de garantir a ordem pública, revela-se necessária à conveniência da instrução processual. Considerando tal situação, nem mesmo uma monitoração eletrônica se revelaria suficiente neste momento. Seu aparelho celular foi apreendido e até o momento o investigado não franqueou o acesso aos seus dados telemáticos e telefônicos, mostrando uma aparente indisposição em colaborar com as investigações. Neste sentido. DIREITO PENAL. HABEAS CORPUS. PRISÃO PREVENTIVA. HOMICÍDIO QUALIFICADO TENTADO E FEMINICÍDIO. FUMUS COMISSI DELICTI E PERICULUM LIBERTATIS. EXCESSO DE PRAZO. NÃO VERIFICADO. ORDEM DENEGADA. I. Caso em Exame1.1. Trata-se de habeas corpus liberatório impetrado em favor do paciente, acusado de tentativa de homicídio qualificado e feminicídio. A defesa alega constrangimento ilegal na manutenção da prisão preventiva e excesso de prazo.II. Questão em Discussão2.1. Constrangimento ilegal devido ao excesso de prazo na manutenção da prisão preventiva em desfavor ao paciente.III. Razões de Decidir3.1. Fumus Comissi Delicti: A prova da existência do crime e os indícios de autoria estão demonstrados nos autos, incluindo o auto de prisão em flagrante, boletim de ocorrência, descumprimento da medida protetiva em favor da vítima, além dos depoimentos colhidos.3.2. Periculum Libertatis: O perigo concreto causado pela liberdade do paciente está fundamentado na necessidade de garantia da ordem pública, devido a gravidade concreta do delito e periculosidade do agente, que tentou ceifar a vida da ex-companheira, diante da recusa da entrega da filha de ambos para passear.3.3. Excesso de prazo: Não se verifica excesso de prazo, pois o feito não vem sendo conduzido com desídia pela autoridade perpetrada e apresenta processamento dentro dos limites da razoabilidade. IV. Dispositivo e Tese 4.1. Ordem denegada. 4.2. Tese de Julgamento: “A manutenção da prisão preventiva é necessária e está devidamente fundamentada, irrelevante as condições pessoais favoráveis do acusado”.Dispositivos relevantes citados: – Art. 5.º, inciso LXVIII, CF; – Art. 121, §2.º, incisos II e VI, §2.º-A, inciso I, §7.º, inciso IV c/c art. 14, inciso II e art. 150, §1.º c/c art. 61, inciso II, alínea “f”, todos do Código Penal; Art. 24-A, Lei n. º 11.340/2006.Jurisprudências relevantes citadas: – STJ - RHC 47.737/AL; – STJ-RHC 54.180/MG; HC 317.628/SP; – STJ – RHC 51.386/MG. (TJPR - 1ª Câmara Criminal - 0096620-19.2024.8.16.0000 - Telêmaco Borba - Rel.: SUBSTITUTO SERGIO LUIZ PATITUCCI - J. 19.11.2024) HABEAS CORPUS. TENTATIVA DE FEMINICÍDIO (ART. 121, § 2.º, INCISOS II E VI, C.C. ART. 14, INC. II, AMBOS DO CP). PRISÃO EM FLAGRANTE CONVERTIDA EM PREVENTIVA. PERICULOSIDADE REVELADA PELA GRAVIDADE CONCRETA E MODUS OPERANDI. PACIENTE ACUSADO DE DESFERIR GOLPES DE FACA CONTRA A COMPANHEIRA. PACIENTE QUE FOI IMPEDIDO PELA FILHA E IRMÃ DA VÍTIMA DE DESFERIR OUTROS GOLPES. RÉU QUE RESPONDE A AÇÃO PENAL POR CRIME DE ESTUPRO DE VULNERÁVEL DA ENTEADA. RISCO CONCRETO DE REITERAÇÃO CRIMINOSA. NECESSIDADE DE MANUTENÇÃO DA ORDEM PÚBLICA. ADEQUADA FUNDAMENTAÇÃO. CONDIÇÕES PESSOAS FAVORÁVEIS. IRRELEVÂNCIA. MEDIDAS CAUTELARES SUBSTITUTIVAS DA PRISÃO PROCESSUAL. INEFICÁCIA. INEXISTÊNCIA DE CONSTRANGIMENTO ILEGAL. ORDEM DENEGADA. (TJPR - 1ª Câmara Criminal - 0020806-74.2019.8.16.0000 - Araucária - Rel.: DESEMBARGADOR MIGUEL KFOURI NETO - J. 16.05.2019) Presentes, portanto, o fumus commissi delicti e o periculum libertatis. Diante do exposto, acolho a manifestação do Ministério Público e, com fundamento no art. 312 do CÓDIGO DE PROCESSO PENAL, DECRETO A PRISÃO PREVENTIVA de MARCIONE SOUZA DE OLIVEIRA, qualificado nos autos. Expeça-se imediatamente o MANDADO DE PRISÃO. Paute-se audiência de custódia para hoje as 15:30 hrs. Considerando que o investigado é natural de Santa Catarina, onde viveu até pouco tempo atrás, solicite-se ao juízo criminal de OTACÍLIO COSTA/SC sua folha de antecedentes criminais daquele Estado. Delego à serventia poderes para nomear defensor dativo ao investigado, se necessário for. Ciência ao Min. Público e à autoridade policial. Dil. Necessárias. Curiúva, data da assinatura digital. TAIS SILVA TEIXEIRA Juíza de Direito

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Tadeu Seixas x Aapb-Associacao Dos Aposentados E Pensionistas Brasileiros Do Inss E Fundos De Pensao

ID: 305905540

Tribunal: TJPR Órgão: Juizado Especial Cível de Palmeira Classe: PROCEDIMENTO DO JUIZADO ESPECIAL CíVEL Nº Processo: 0000769-32.2025.8.16.0124

Data de Disponibilização: 24/06/2025

Polo Ativo:

TADEU SEIXAS

Polo Passivo:

AAPB-ASSOCIACAO DOS APOSENTADOS E PENSIONISTAS BRASILEIROS DO INSS E FUNDOS DE PENSAO

Conclusão

Advogados:

DAIANE CHIMIN DE PAULI

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HALLAN SCHNELL

OAB/PR XXXXXX Desbloquear

PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARANÁ COMARCA DE PALMEIRA JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DE PALMEIRA - PROJUDI Avenida Sete de Abril, nº 571 - Centro - Palmeira/PR - CEP: 84.130-000 - Fone: (42) 3309-3278 - E… PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARANÁ COMARCA DE PALMEIRA JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DE PALMEIRA - PROJUDI Avenida Sete de Abril, nº 571 - Centro - Palmeira/PR - CEP: 84.130-000 - Fone: (42) 3309-3278 - E-mail: palmeirajuizadoespecialcivel@tjpr.jus.br Processo: 0000769-32.2025.8.16.0124 Classe Processual: Procedimento do Juizado Especial Cível Assunto Principal: Indenização por Dano Material Valor da Causa: R$15.364,32 Polo Ativo(s): TADEU SEIXAS Polo Passivo(s): AAPB-ASSOCIACAO DOS APOSENTADOS E PENSIONISTAS BRASILEIROS DO INSS E FUNDOS DE PENSAO 1. Trata-se de ação declaratória de inexistência de débito c/c repetição de indébito e indenização por danos morais c/c tutela provisória de urgência ajuizada por TADEU SEIXAS em face de ASSOCIAÇÃO DOS APOSENTADOS E PENSIONISTAS BRASILEIROS DO INSS E FUNDO DE PENSÃO - AAPB. O autor aduziu ser aposentador e descobriu, recentemente, que estão sendo descontadas de seu benefício nº 182.192.274-0 algumas transações das quais não reconhece, sob o título de “CONTRIBUICAO AAPB”. Afirmou que desconhece o motivo dos débitos, pois nunca firmou qualquer contrato com a ré, bem como não autorizou tais descontos de seu benefício, tampouco é filiada a ela. Arguiu que demorou muito tempo para descobrir os débitos, pois os descontos ocorrem antes do depósito em conta do valor do benefício; que se trata se de desconto efetuado diretamente no benefício previdenciário, com autorização do INSS. Afirmou que os descontos começaram a ser realizados desde 10/2024 a 3/2025 e perduram até os dias de hoje, totalizando até o presente momento o desconto de R$ 182,16 (cento e oitenta e dois reais e dezesseis centavos). Liminarmente, pugnou pela antecipação dos efeitos da tutela para determinar a exclusão do desconto denominado “CONTRIBUICAO AAPB” junto ao benefício previdenciário sob nº 182.192.274-0, sob pena de multa diária. No mérito, pugnou pela aplicação das normas do Código de Defesa do Consumidor e a inversão do ônus da prova; confirmação da tutela de urgência postulada, declarando-se a inexistência do débito objeto da lide; condenação da ré ao pagamento de indenização a título de danos morais, no valor de R$ 15.000,00 (quinze mil reais); condenação da ré à restituição do valor cobrado de forma indevida, em dobro, no valor atual de R$ 364,32 (trezentos e sessenta e quatro reais e trinta e dois centavos), atualizado mês a mês, e as parcelas que se vencerem no curso do processo; e determinar que a ré seja compelida a exibir o contrato original de filiação, devidamente firmado pela parte ora autora, assim como os descontos que o acompanham (mov. 1.1). Juntou documentos (mov. 1.2/6). Determinada a intimação da parte autora para manifestar-se sobre a análise de prevenção em relação aos autos nº 0000770-17.2025.8.16.0124 (mov. 11.1). A parte autora informou que a parte os presentes autos com o feito sob nº 0000770-17.2025.8.16.0124 não possuem relação, tendo em vista possuem partes rés diferentes, bem como se tratam de diferentes benefícios atingidos (mov. 15.1). É o breve relato. Decido. 2. Da suspeita de prevenção com os autos nº 0000770-17.2025.8.16.0124 Tendo em vista a veracidade das alegações de mov. 15.1, AFASTO a suspeita de prevenção em relação aos autos nº 0000770-17.2025.8.16.0124, em razão de não possuírem o mesmo pedido nem a mesma causa de pedir destes autos. Assim sendo, verifica-se que não se trata de nenhuma hipótese prevista no art. 286, do Código de Processo Civil. 3. Do pedido liminar pretendido Como cediço, possível a concessão da tutela provisória de urgência de natureza antecipada, nos termos do art. 300 do NCPC, desde que comprovado elementos que evidenciem a probabilidade do direito invocado pelo autor, somado ao perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo, ex vi: Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo. §1º Para a concessão da tutela de urgência, o juiz pode, conforme o caso, exigir caução real ou fidejussória idônea para ressarcir os danos que a outra parte possa vir a sofrer, podendo a caução ser dispensada se a parte economicamente hipossuficiente não puder oferecê-la. §2º A tutela de urgência pode ser concedida liminarmente ou após justificação prévia. § 3º A tutela de urgência de natureza antecipada não será concedida quando houver perigo de irreversibilidade dos efeitos da decisão. Tem-se como probabilidade do direito, o convencimento do juiz pelos argumentos e indícios de prova colacionados aos autos que demonstram a plausibilidade do direito invocado pelo requerente. No que tange ao perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo, é a necessidade de se proteger o direito invocado, de forma imediata, porquanto, do contrário, nada adiantará uma proteção futura em razão do perecimento de seu direito. Na espécie, depreende-se da análise dos autos que a autora ingressou com ação declaratória de inexistência de débito, afirmando não ter efetuado qualquer contratação com a parte ré e/ou autorizado qualquer desconto em seu benefício previdenciário, com a denominação “CONTRIBUICAO AAPB”. Em sede de cognição sumária, entendo estar presente a probabilidade do direito invocado pelo autor, diante da negativa do débito e da hipossuficiência técnica da consumidora em fazer prova da inexistência da dívida, sendo perfeitamente válida a sustação dos descontos da referida contratação denominada “CONTRIBUICAO AAPB”. Assim, o deferimento do pedido de suspensão dos descontos da contratação denominada “CONTRIBUICAO AAPB”, ao menos até que se comprove nos autos a suposta existência da relação jurídica entre as partes, é medida que se impõe, sob pena de causar a requerente dano de difícil reparação. Com efeito, havendo fundada dúvida acerca da regularidade da contratação, impõe-se a concessão liminar para que se impossibilite a continuação dos descontos denominados “CONTRIBUICAO AAPB” junto ao pagamento do benefício previdenciário do autor. De mais a mais, incontroverso que a demora na prestação jurisdicional poderá acarretar prejuízo na esfera pessoal do autor quanto a renda necessária à sua subsistência e de sua família. 3.1. Destarte, comprovados os requisitos legais do art. 300 do CPC, DEFIRO o pedido liminar, para o fim de determinar a suspensão da cobrança dos valores denominados “CONTRIBUICAO AAPB” junto ao benefício previdenciário do autor nº 182.192.274-0, sob pena de multa que fixo em R$ 200,00 (duzentos reais) por dia de descumprimento da determinação limitada a R$ 2.000,00 (dois mil reais). 4. Paute-se sessão de conciliação, citando-se o réu e intimando-se as partes. 5. Cumpra-se a Portaria deste Juízo naquilo que for aplicável. 6. No mais, determino prioridade na tramitação dos presentes autos, nos termos do artigo 71, da Lei nº 10.741/13 e artigo 1.048, inciso I, do CPC. Diligências e intimações necessárias, com urgência. Palmeira, datado e assinado eletronicamente. CAROLINE BEATRIZ CONSTANTINO Juíza Substituta

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Farma Line - Distribuidora De Medicamentos Eireli x S & A Imunizacoes Ltda.

ID: 313246990

Tribunal: TJPR Órgão: 9ª Vara Cível de Curitiba Classe: PROCEDIMENTO COMUM CíVEL Nº Processo: 0010778-05.2023.8.16.0001

Data de Disponibilização: 02/07/2025

Polo Ativo:

FARMA LINE - DISTRIBUIDORA DE MEDICAMENTOS EIRELI

Polo Passivo:

S & A IMUNIZACOES LTDA.

Conclusão

Advogados:

LUIZ ROBERTO ROMANO

OAB/PR XXXXXX Desbloquear

LINCOLN FAGUNDES

OAB/PR XXXXXX Desbloquear

LUCAS ALVES AZEVEDO PAZINI

OAB/SC XXXXXX Desbloquear

PAULO ROBERTO ROMANO

OAB/PR XXXXXX Desbloquear

ORIDIO MENDES DOMINGOS JUNIOR

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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARANÁ COMARCA DA REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA - FORO CENTRAL DE CURITIBA 9ª VARA CÍVEL DE CURITIBA - PROJUDI Avenida Cândido de Abreu, 535.9and - https:balcaovirtua… PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARANÁ COMARCA DA REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA - FORO CENTRAL DE CURITIBA 9ª VARA CÍVEL DE CURITIBA - PROJUDI Avenida Cândido de Abreu, 535.9and - https:balcaovirtual.tjpr.jus.br/meeting-9VJ-E - Centro Cívico atendimento 12h as 18 h - Curitiba/PR - CEP: 80.530-906 - Fone: 4102-1060 - Celular: (41) 98494-8456 - E-mail: curitibacartorio9varacivel@gmail.com Autos nº. 0010778-05.2023.8.16.0001 1. Trata-se de deliberar quanto aos Embargos de Declaração de mov. 212.1 opostos pela pessoa jurídica ré em face da sentença de mov. 207.1, proferida nos seguintes termos: “Posto isto, JULGO PROCEDENTE o pedido formulado com a petição inicial dos presentes Embargos à Execução opostos pela pessoa jurídica embargante, FARMA LINE - DISTRIBUIDORA DE MEDICAMENTOS LTDA, em face da pessoa jurídica embargada, S & A IMUNIZACOES LTDA, para o fim de DECLARAR a nulidade dos títulos extrajudiciais (duplicatas de n° 3627, 3384 e 3383) que instruem a Ação de Execução que se processa nos Autos nº 0017371- 84.2022.8.16.0001, em apenso. Ainda, por consequência, DECLARO extinto o processo relativo à Ação de Execução de Título Extrajudicial de que tratam os referidos Autos nº 0017371- 84.2022.8.16.0001, em apenso. Pela sucumbência, CONDENO a pessoa jurídica embargada ao pagamento das custas e despesas processuais e de honorários advocatícios aos patronos da pessoa jurídica embargante, que fixo no percentual de 10% (dez por cento) sobre o valor da causa relativa à Ação de Execução que se processa em apenso (art. 85, § 2º, CPC). Com o trânsito em julgado, traslade-se cópia da presente sentença para os autos da ação de execução que se processa em apenso, certificando-se em ambos e arquivando estes. ” 2. Sustenta a embargante, em síntese, que a sentença incorreu em omissão quanto à valoração das provas documentais e testemunhais. 3. Contrarrazões aos embargos de declaração no mov. 218.1. 4. Em síntese, é o relatório. 5. Decido. Conheço dos embargos, porquanto tempestivos. Quanto ao mérito, contudo, não merecem acolhimento. 6. É cediço que os embargos de declaração são uma forma de integração do ato decisório, razão pela qual pressupõe a existência de contradição, obscuridade ou omissão da decisão, sentença ou acórdão combatido, destinando-se, assim, a corrigir vícios específicos que inquinem a decisão. Desse modo, não se prestam ao reexame da substância da matéria julgada, mormente quando bem fundamentada. 7. Sobre o tema, ministra o insigne Nelson Nery Júnior em sua obra Código de Processo Civil Comentado, editora Revista dos Tribunais, 3a edição, pg. 781, in verbis: “Os embargos de declaração têm finalidade de completar a decisão omissa ou, ainda, de aclará-la, dissipando obscuridades ou contradições. Não têm caráter substitutivo da decisão embargada, mas sim integrativo ou aclaratório. ” 8. No caso em análise, em que pese a argumentação que emana dos respeitáveis embargos, tem-se a improcedência do recurso manejado. 9. Verifica-se que a alegação da parte embargante não diz respeito a eventual omissão, contradição, obscuridade ou erro material por parte da decisão embargada, mas sim a respeito da insurreição da parte embargante que se refere ao conteúdo fundamental da decisão, os quais foram devidamente abordados e se encontram determinados expressamente. 10. Embora isso, ressalta-se que é descabida a alegação de que a referida sentença incorreu omissão quanto à valoração das provas documentais e testemunhais. 11. Isso porque, a sentença embargada enfrentou todos os argumentos relevantes para o deslinde da causa, de acordo com os pontos controvertidos fixados pela decisão saneadora de mov. 34.1, quais sejam: a) ocorrência de exceção do contrato não cumprido e a inexigibilidade dos títulos; b) excesso de execução; c) o quantum eventualmente devido pela embargante; d) a litigância de má-fé de quaisquer das partes. 12. Ainda, ressalta-se que este Juízo não é obrigado a responder todas as alegações das partes, haja vista que já encontrou motivo suficiente para fundamentar a decisão, nem é obrigado a ater-se aos fundamentos por elas indicados, em linha com a jurisprudência do e. Superior Tribunal de Justiça (cf. REsp 684.311/RS, Rel. Min. Castro Meira, Segunda Turma, julgado em 4.4.2006, DJ 18.4.2006, p. 191). 13. Além disso, conforme art. 489, § 1°, inciso IV, do CPC, o magistrado não está obrigado a fazer menção expressa a todos os dispositivos legais mencionados e a rebater todos os argumentos ou entendimentos jurisprudenciais apontados pelas partes, desde que tenha enfrentado as questões jurídicas do feito e fundamentado seu convencimento, tal como ocorrido na sentença embargada. 14. Nesse sentido, é o entendimento jurisprudencial do E. Tribunal de Justiça do Estado do Paraná: “EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. EMBARGANTE ADUZ QUE O ACÓRDÃO FOI OMISSO. INOCORRÊNCIA DAS HIPÓTESES ELENCADAS NO ART. 1.022 DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. OMISSÃO QUE NÃO SE VERIFICA. ACÓRDÃO DEVIDAMENTE FUNDAMENTADO. EMBARGANTE QUE PLEITEIA REMESSA DOS AUTOS AO JUÍZO COMPETENTE. IMPOSSIBILIDADE. EXTINÇÃO DO FEITO SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO NOS TERMOS DO ART. 51, INC. II DA LEI Nº 9.099/95. PRETENSÃO DE REDISCUSSÃO DA MATÉRIA. MERO INCONFORMISMO. JUIZ QUE NÃO É OBRIGADO A SE PRONUNCIAR SOBRE TODOS OS ARGUMENTOS APRESENTADOS PELAS PARTES. PRECEDENTES DESTE EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO CONHECIDOS E REJEITADOS.” – Grifei. (TJPR - 3ª Turma Recursal - 0000769-15.2023.8.16.0120 - Nova Fátima - Rel.: JUÍZA DE DIREITO DA TURMA RECURSAL DOS JUÍZAADOS ESPECIAIS DENISE HAMMERSCHMIDT - J. 18.03.2024) “EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AÇÃO DECLARATÓRIA DE PRESCRIÇÃO DE DÉBITOS, CUMULADA COM INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL. ACÓRDÃO QUE NEGOU PROVIMENTO AO RECURSO E MANTEVE SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA DA DEMANDA. DECISÃO DEVIDAMENTE FUNDAMENTADA DE FORMA CLARA E OBJETIVA, INCLUSIVE COM CITAÇÃO DE PRECEDENTES DO STJ E DESTE TRIBUNAL. AUSÊNCIA DE CONTRADIÇÃO INTERNA NO JULGADO. ADEMAIS, OMISSÃO INEXISTENTE. O JUIZ NÃO ESTÁ OBRIGADO A FAZER MENÇÃO EXPRESSA A TODOS OS DISPOSITIVOS LEGAIS MENCIONADOS E A REBATER TODOS OS ARGUMENTOS OU ENTENDIMENTOS JURISPRUDENCIAIS APONTADOS PELAS PARTES, DESDE QUE TENHA ENFRENTADO AS QUESTÕES JURÍDICAS DO FEITO E FUNDAMENTADO SEU CONVENCIMENTO, TAL COMO OCORRIDO NO ACÓRDÃO. POR FIM, OS PRECEDENTES CITADOS DA TERCEIRA TURMA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA SOBRE A MATÉRIA NÃO POSSUEM NATUREZA VINCULANTE (CPC, art. 927, III). AUSÊNCIA DE HIPÓTESES QUE SE ENQUADRAM NO ART. 1.022, DO CPC, A AUTORIZAR A MODIFICAÇÃO DO JULGADO POR MEIO DE EMBARGOS DE DECLARAÇÃO.RECURSO DESPROVIDO. ” – Grifei. (TJPR - 16ª Câmara Cível - 0039556-28.2023.8.16.0019 - Ponta Grossa - Rel.: DESEMBARGADOR LAURO LAERTES DE OLIVEIRA - J. 04.03.2024) 15. Logo, evidencia-se que os embargos apresentados não passam de mero inconformismo com a conclusão da sentença atacada, hipótese na qual a sua eventual modificação poderá ser perseguida mediante utilização do instrumento processual adequado, de conformidade com a legislação incidente e aplicável à espécie. 16. Posto isto, conheço dos embargos de declaração opostos, uma vez que tempestivos e, quanto ao mérito, os rejeito, pelos motivos e fundamentos aqui expostos em acréscimo, pelo que, quanto ao mais, mantenho íntegra a sentença embargada. Intime-se. Demais diligências necessárias. Curitiba, data da assinatura digita José Eduardo de Mello Leitão Salmon Juiz de Direito H

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Malacarne E Malacarne Ltda - Me x Maria Juliana Cardoso Schmoller

ID: 261461470

Tribunal: TJPR Órgão: Juizado Especial Cível de Guaraniaçu Classe: EXECUçãO DE TíTULO EXTRAJUDICIAL Nº Processo: 0000769-46.2025.8.16.0087

Data de Disponibilização: 28/04/2025

Polo Ativo:

MALACARNE E MALACARNE LTDA - ME

Polo Passivo:

MARIA JULIANA CARDOSO SCHMOLLER

Conclusão

Advogados:

VINICIUS ANTONIO GAFFURI

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LUIZ ALBERTO BREZINSKI JUNIOR

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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARANÁ COMARCA DE GUARANIAÇU JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DE GUARANIAÇU - PROJUDI Rua Guido Lorençatto, 584 - Centro - Guaraniaçu/PR - CEP: 85.400-000 - Fone: (45) 3327-9124 -… PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARANÁ COMARCA DE GUARANIAÇU JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DE GUARANIAÇU - PROJUDI Rua Guido Lorençatto, 584 - Centro - Guaraniaçu/PR - CEP: 85.400-000 - Fone: (45) 3327-9124 - E-mail: gran-ju-sccrda@tjpr.jus.br Processo: 0000769-46.2025.8.16.0087 Classe Processual: Execução de Título Extrajudicial Assunto Principal: Nota Promissória Valor da Causa: R$652,99 Exequente(s): Malacarne e Malacarne Ltda - ME Executado(s): MARIA JULIANA CARDOSO SCHMOLLER 1. Cite-se a parte executada para pagar a dívida, no prazo de 03 (três dias), sob pena de penhora (arts. 827 e 829, CPC). Conste da comunicação que havendo interesse no pagamento parcelado, previsto no art. 916 do CPC, deverá apresentar requerimento acompanhado do depósito de 30% do valor executado, sob pena de não conhecimento. Faça-se constar, ainda, que os embargos poderão ser opostos em audiência de conciliação, que será designada assim que efetuada a penhora (art. 53 da Lei nº 9.099/95). 2. Havendo pagamento, intime-se o credor para manifestação em 10 (dez) dias quanto a eventual quitação. 3. Não havendo pagamento, intime-se a parte exequente para dar prosseguimento ao feito. 4. Sendo requerida a penhora de bens, nos termos do art. 835 do CPC, deverá ser realizada na seguinte ordem: I – Penhora on line de ativos financeiros, pelo sistema SISBAJUD: a) Havendo prévio requerimento da parte, sem dar ciência do ato a parte executada, deverá a secretaria providenciar as diligências necessárias junto ao sistema, sobre ativos financeiros em nome da parte executada, limitando-se a indisponibilidade ao valor indicado na execução (art. 854 do CPC), ficando autorizada a repetição programada (teimosinha) pelo número de dias requerido pela parte, limitado ao prazo de 30 (trinta) dias. b) Se necessário, intime-se o credor para que apresente, em 05 (cinco) dias, o número correto do CPF/CNPJ da parte executada, bem como o cálculo atualizado do que pretende bloquear, já incluídas as verbas de sucumbência. c) Sendo positiva a penhora, deverá a secretaria proceder à transferência dos valores para conta judicial em nome da parte executada, vinculada ao Juízo, também por meio do sistema on-line. Em caso de eventual indisponibilidade excessiva, deverá a secretaria providenciar o cancelamento do excesso no prazo de 24 (vinte e quatro) horas a contar da resposta, o que deverá ser cumprido pela instituição financeira em igual prazo (art. 854, §1º). d) Após, intimem-se as partes da penhora, sendo desnecessária a lavratura de termo, eis que a penhora realizada on-line já caracteriza a constrição judicial, independentemente de nomeação de depositário do bem. A intimação da parte executad será na pessoa de seu advogado ou, não o tendo, pessoalmente (art. 854, §2º, do CPC). e) Sendo negativa a penhora online, a teor do § 1° do art. 835 do CPC, cumpra-se o item seguinte. II – Bloqueio online de veículos automotores, por meio do sistema RENAJUD: a) Deverá a secretaria providenciar o comando eletrônico de pesquisa e bloqueio. b) Em caso de bloqueio positivo de veículo(s), considerando que tal mecanismo não substitui a penhora, ou seja, o ato concreto que é realizado pelo Oficial de Justiça, deverá a secretaria intimar o credor para, em 15 (quinze) dias, informar o paradeiro do(s) referido(s) veículo(s), a fim de que seja formalizada a penhora, sob pena de levantamento da restrição e extinção da execução. b.1. Com a indicação, expeça-se mandado de penhora e avaliação. b.2. O Oficial de Justiça deverá fazer constar, de sua certidão, de forma pormenorizada, o estado do veículo objeto da penhora, para fins de análise de eventual desvalorização ou valorização em relação ao valor de mercado do bem. c) Vindo o credor a requerer seja nomeado como fiel depositário do veículo, faça-se constar do mandado de penhora/avaliação também a ordem de remoção, haja vista que a norma processual que confere primazia ao exequente para o depósito em seu poder dos bens penhorados - §1º, art. 840, CPC -, agregando-se o fato que a Comarca não conta com depositário público. c.1. O oficial de justiça deverá descrever por completo o estado do bem no momento do depósito e remoção e o credor deverá assumir formalmente o compromisso de preservá-lo, mantendo-o em lugar seguro e protegido, livre de deterioração, exceto aquelas inerentes à depreciação natural, além de estar impossibilitado de se utilizar do bem para quaisquer finalidades. c.2. Caso constate o oficial de justiça alguma situação a sinalizar pela impenhorabilidade, nos termos do art. 833 do CPC, e, portanto, na ineficácia futura da constrição, deverá mantê-lo com a parte executada, a ser nomeada como depositário, narrando os fatos pormenorizadamente na certidão. c.3. O credor deverá arcar com os custos necessários ao cumprimento da medida, além de indicar, em 05 (cindo) dias após o cumprimento, o local onde o bem ficará guardado. d) Em seguida, deverá ser intimado a parte executada tanto da penhora quanto da avaliação particular, na pessoa de seu advogado. Se não houver constituído advogado nos autos, a parte executada será intimada pessoalmente, de preferência por via postal (art. 841 do CPC). Conste-se que ficará a parte executada no mesmo ato constituído como depositário (art. 840, §2º, do CPC), salvo se houver pedido de remoção pelo exequente, caso em que a intimação da penhora e da avaliação será preferencialmente pessoal, no mesmo ato do cumprimento do mandado de remoção, tudo pelo Oficial de Justiça. e) Ainda para o caso de ser exitosa a diligência de penhora, o credor deverá ser intimado a dar prosseguimento do feito, indicando especialmente se pretende a adjudicação ou a expropriação em hasta pública (arts. 876 e 880 do CPC). f) Se, efetivadas as buscas, constatar-se a existência de veículo que se encontra alienado fiduciariamente, sem proceder-se ao bloqueio, nesse momento, o exequente deverá ser intimado a manifestar-se se pretende a penhora dos direitos aquisitivos e ações decorrentes do contrato de alienação fiduciária. f.1. Se o exequente o pedir, proceder à restrição junto ao Sistema. Após, oficiar ao credor fiduciário requisitando informar: I — Se houve ou não a quitação do contrato; II — Se não houve, quantas são as parcelas pagas e vincendas, e seu valor; e III — Se houver parcelas inadimplidas, quantas são. g) Sendo inexitosa a tentativa de localização do veículo, deverá ser intimado o credor a manifestar-se, expondo se concorda com o levantamento do bloqueio e indicando as medidas para prosseguimento do feito, no prazo de 15 (quinze) dias, sob pena de extinção da execução. 5. Caso não sejam encontrados bens para serem penhorados, intime-se o exequente para se manifestar no prazo de 10 (dez) dias, sob pena de extinção do feito. 6. Intimações e diligências necessárias. Regiane Tonet dos Santos Juíza de Direito

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Ministério Público Do Estado Do Paraná x Gil Carlos Guimarães Ramos

ID: 259408911

Tribunal: TJPR Órgão: Vara Criminal de Palmeira Classe: PROCEDIMENTO ESPECIAL DA LEI ANTITóXICOS Nº Processo: 0002537-61.2023.8.16.0124

Data de Disponibilização: 23/04/2025

Polo Ativo:

MINISTéRIO PúBLICO DO ESTADO DO PARANá

Polo Passivo:

GIL CARLOS GUIMARãES RAMOS

Conclusão

Advogados:

FELIPO RUANY FERREIRA MACIEL

OAB/PR XXXXXX Desbloquear

RODRIGO SCHAMNE DOS SANTOS FERNANDES

OAB/PR XXXXXX Desbloquear

PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARANÁ COMARCA DE PALMEIRA VARA CRIMINAL DE PALMEIRA - PROJUDI Avenida Sete de Abril, nº 571 - Centro - Palmeira/PR - CEP: 84.130-000 - Fone: (42) 3309-3270 - Celular: (… PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARANÁ COMARCA DE PALMEIRA VARA CRIMINAL DE PALMEIRA - PROJUDI Avenida Sete de Abril, nº 571 - Centro - Palmeira/PR - CEP: 84.130-000 - Fone: (42) 3309-3270 - Celular: (42) 3309-1957 - E-mail: plme-ju-scr@tjpr.jus.br Autos nº. 0002537-61.2023.8.16.0124 Processo: 0002537-61.2023.8.16.0124 Classe Processual: Procedimento Especial da Lei Antitóxicos Assunto Principal: Prisão em flagrante Data da Infração: 05/11/2023 Autor(s): MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ (CPF/CNPJ: 78.206.307/0001-30) Avenida Sete de Abril, 571 - Centro - PALMEIRA/PR - CEP: 84.130-000 Réu(s): GIL CARLOS GUIMARÃES RAMOS (RG: 137487489 SSP/PR e CPF/CNPJ: 106.571.369-05) Cadeia Pública Hildebrando de Souza - CPHSPG, situada na Rua João Gualberto, s/nº - Colônia Dona Luíza - PONTA GROSSA/PR 1- Relatório Trata-se de processo penal ajuizado pelo Ministério Público em face de GIL CARLOS GUIMARÃES RAMOS pela prática do crime previsto no art. 33, caput da Lei nº 11.343/06. O representante do Ministério Público denunciou GIL CARLOS GUIMARÃES RAMOS, brasileiro, desempregado, natural de Palmeira/PR, portador do RG n° 13.748.748-9/PR, inscrito nº CPF n° 106.571.369-05, nascido em 22/08/1996, com 27 anos de idade à época dos fatos, filho de Célia Maria Guimarães e José Gilbras Ramos, residente e domiciliado na Rua Nassim Bacila, n° 452, Vila Rosa, neste Município; pela prática das seguintes condutas delituosas (mov. 33.1): No dia 05 de novembro de 2023, por volta da 00h15min, na Rua Victório Vianna, próximo ao n° 207, Vila Rosa, neste Município e Comarca de Palmeira, o denunciado GIL CARLOS GUIMARÃES RAMOS, de forma livre e consciente, sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar, trazia consigo para fins de comercialização, 29 porções da droga Benzoilmetilecgonina na forma de base livre, conhecida como “crack”, totalizando 20 gramas, substância essa capaz de causar dependência física e/ou psíquica, de uso proscrito no território nacional, conforme descrição da Portaria nº 344/98 da Secretaria da Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde. Consta dos autos, que equipe da Polícia Militar estava realizando patrulhamento na região quando avistou o denunciado acompanhado de outra pessoa em atitude suspeita e, ao visualizar a equipe policial, GIL arremessou um objeto no chão. Realizada a abordagem e vistoria pessoal no denunciado, foi encontrado em seu bolso da calça o valor de R$ 78,30 em notas e moedas diversas. A equipe policial localizou e identificou o objeto por ele lançado ao chão como sendo um recipiente de vidro contendo 29 porções de crack em invólucros de papel-alumínio, sendo 25 fracionadas em porções menores e 04 em porções maiores. Tudo conforme Boletim de Ocorrência 2023/1245667 (mov. 1.5); Auto de Exibição e Apreensão (mov. 1.6); Auto de Constatação Provisória de Droga (mov. 1.8); e Termo de Depoimento dos policiais militares (mov. 1.10/12). Prisão em flagrante convertida em medidas cautelares no mov. 12.1. Notificado, o acusado apresentou defesa preliminar no mov. 69.1, na qual se reservou no direito de se manifestar quanto ao mérito em sede de alegações finais. A denúncia foi recebida no mov. 71.1, em 02/09/2024. A mesma decisão decretou a prisão preventiva do acusado, considerando o descumprimento das medidas cautelares anteriormente impostas. Mantida a prisão preventiva do acusado (mov. 105.1). Foi realizada audiência de instrução no feito. No ato, foram ouvidas três testemunhas da acusação e realizado o interrogatório do réu (movs. 135.1). Laudo toxicológico juntado ao mov. 145.4. O Ministério Público apresentou alegações finais e requereu a procedência integral da denúncia, a fim de que o acusado seja condenado pelo crime de tráfico de drogas (mov. 149.1). Mantida novamente a prisão preventiva do acusado (mov. 153.1) A defesa apresentou alegações finais no mov. 159.1, alegando, em suma, a ausência de provas para a condenação, considerando que a acusação se baseou tão somente nos depoimentos dos policiais que realizaram a abordagem. Nesse sentido, afirmou que não há indícios da prática de traficância, requerendo, subsidiariamente à absolvição, a desclassificação do crime para aquele previsto no art. 28 da Lei nº 11.343/06. Em caso de condenação, postulou a aplicação do §4º do art. 33 Lei nº 11.343/06 ao caso. Vieram conclusos. É o relatório. DECIDO. 2- Fundamentação Presentes as condições da ação e os pressupostos processuais, não havendo irregularidades ou nulidades caracterizadas e, ainda, não havendo outras questões preliminares a serem analisadas, verifica-se que o feito está preparado para julgamento, pelo que passo de plano ao exame do mérito. Ao réu é imputada a prática do crime de tráfico de drogas (art. 33, caput da Lei nº 11.343/06). A materialidade do delito restou demonstrada por meio das seguintes provas: auto de prisão em flagrante (mov. 1.4); boletim de ocorrência (mov. 1.5); documentos policiais referentes às apreensões da droga e de dinheiro em espécie (movs. 1.6 e 1.8); termos de depoimento das testemunhas (movs. 1.10 a 1.13); relatório do Ilmo. Delegado de Polícia (mov. 32.1); depoimentos das testemunhas em sede de audiência de instrução (movs. 135.2 a 135.4); interrogatório do acusado em sede de instrução (mov. 135.5); e laudo toxicológico (mov. 145.4). Quanto à autoria, essa é certa e recai sobre o réu. Nesse sentido, transcrevo as oitivas colhidas em juízo, conforme juntadas pelo Ministério Público nas alegações finais, com complementações: Os policiais militares Sandro José Bedin, Dener Juliano Ribeiro e Edson Luís dos Santos ao prestarem seus depoimentos, narraram que a equipe da Polícia Militar se encontrava em patrulhamento no Bairro Vila Rural, conhecido ponto de tráfico de drogas, quando, então, a equipe policial avistou os indivíduos Gil Carlos e Kalil, ambos já conhecidos das forças de segurança pela prática de furtos e tráfico de entorpecentes. Ao perceber a presença da viatura, Gil Carlos rapidamente descartou um recipiente no chão. Diante da suspeita, os policiais realizaram a abordagem e recolheram o objeto, constatando que se tratava de um frasco contendo 29 pedras de crack, além de uma quantia em dinheiro em notas fracionadas. Questionados se foram encontrados cachimbos ou outros apetrechos que indicassem o uso pessoal da droga, os policiais informaram que não houve apreensão de tais itens (mov. 135.2/4). GIL, ao prestar seu interrogatório judicial, negou os fatos, afirmando ser apenas usuário e que a grande quantidade apreendida era para o seu uso comum. Nesse sentido, afirmou que havia adquirido a droga utilizando a quantia de R$ 300,00, que retirou da Bolsa Família percebida por ele e pela esposa naquele mês. Ademais, afirmou que, se vendesse droga, não estaria em condições de pobreza e morando na rua. Quanto ao dinheiro encontrado no seu bolso, afirmou que este já estava guardado anteriormente, não havendo relação com o delito (mov. 135.5). Os policiais militares narraram com riqueza de detalhes como se deu a abordagem e prisão do acusado. Durante os depoimentos, os agentes explicaram e foram uníssonos ao afirmar que estavam em diligências no local durante o período da noite, momento em que avistaram GIL e a pessoa denominada Kalil, os quais começaram a se afastar ao notarem a presença dos policiais. Nesse sentido, GIL descartou um recipiente no chão contendo 29 pedras de crack. Durante a abordagem, também foi encontrado com o réu dinheiro em espécie, que concordaram os agentes públicos se tratar de quantia advinda da traficância. Sobre os depoimentos dos policiais que realizaram a abordagem do acusado, destaco que possuem presunção de veracidade, pois oriundos de funcionários públicos no exercício de suas funções, não havendo dissonância relevante entre a contribuição prestada em juízo pelos agentes públicos em relação ao declarado em fase extrajudicial, traduzindo-se em prova hábil e idônea. Quanto à credibilidade e à importância da palavra de agentes policiais quando em consonância com demais elementos probatórios, o que acontece no caso em tela, a jurisprudência tem entendido o seguinte: EMENTA. APELAÇÃO CRIME. CRIME DE TRÁFICO DE DROGAS E ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO. APELANTE 1: PLEITO DE ABSOLVIÇÃO EM RELAÇÃO AO CRIME DE TRÁFICO DE DROGAS. DESCABIDO. MATERIALIDADE E AUTORIA DELITIVA. COMPROVADAS. PALAVRA DOS POLICIAIS RESPONSÁVEIS PELA PRISÃO EM CONSONÂNCIA COM OS DEMAIS ELEMENTOS EXISTENTES NOS AUTOS. VALIDADE E RELEVÂNCIA PROBANTE. PRECEDENTES. CONJUNTO PROBATÓRIO APTO A DEMONSTRAR QUE O ENTORPECENTE APREENDIDO SERIA DESTINADO À COMERCIALIZAÇÃO. [...] (TJPR - 3ª Câmara Criminal - 0005028-44.2023.8.16.0123 - Palmas - Rel.: DESEMBARGADOR JOÃO DOMINGOS KÜSTER PUPPI - J. 08.12.2024) APELAÇÃO CRIMINAL. TRÁFICO DE DROGAS. ARTIGO 33, CAPUT, DA LEI N° 11.343/2006. SENTENÇA PARCIALMENTE PROCEDENTE. RECURSO DO MINISTÉRIO PÚBLICO. PRETENSÃO DE CONDENAÇÃO. ACOLHIMENTO. MATERIALIDADE E AUTORIA DEVIDAMENTE COMPROVADAS PELO DEPOIMENTO DOS POLICIAIS MILITARES ALIADO ÀS DEMAIS PROVAS, INCLUSIVE A CONFISSÃO DO SEGUNDO RECORRIDO. PALAVRA DE SERVIDORES PÚBLICOS QUE DETÉM ESPECIAL RELEVÂNCIA, POIS DOTADA DE FÉ PÚBLICA. MEIO DE PROVA IDÔNEO. TRÁFICO DE DROGAS. [...] (TJPR - 3ª Câmara Criminal - 0021410-68.2021.8.16.0031 - Guarapuava - Rel.: JOSE AMERICO PENTEADO DE CARVALHO - J. 01.12.2024) As palavras dos agentes demonstram, seguramente, a prática do crime. Além disso, o fato de o acusado ter sido abordado conjuntamente com a pessoa de Kalil, também conhecido no município pela prática de crimes envolvendo entorpecentes, bem como o fato de estar com dinheiro em espécie no bolso, indicam que o seu intuito era de revender a droga. Assim dispõe o art. 33, caput, da Lei de Drogas: Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar: Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa. Observo que um dos tipos penais pelo qual o acusado está sendo processado, por ter perpetrado as condutas de “transportar e trazer consigo” as drogas descritas na denúncia, caracteriza um tipo misto alternativo, descrevendo várias formas de realização da figura típica, podendo configurar, de forma autônoma, cada uma delas, o crime de tráfico de drogas, cujo elemento subjetivo se esgota no dolo genérico, não exigindo do agente um fim especial de agir. Fernando Capez ensina que: Para a existência do delito, não há necessidade de ocorrência do dano. O próprio perigo é presumido em caráter absoluto, bastando para a configuração do crime que a conduta seja submetida em um dos verbos previstos (STF, RT 619/405 e 618/407). Trata-se, portanto, de infrações de mera conduta, nas quais a configuração ou caracterização da figura típica decorre da mera realização do fato, independentemente de esse ter causado perigo concreto ou dano efetivo a interesse da sociedade.[1] Da análise dos autos, o réu foi preso e autuado em flagrante delito por transportar a droga descrita na denúncia, para entregar a consumo de terceiros, e a prisão revestiu-se das formalidades legais, sendo detido em situação indicativa de que cometeu o delito. Ainda, destaca-se que o tipo penal contido no art. 33, caput, da Lei 11.343/06, é crime permanente, de ação múltipla e de mera conduta, sendo irrelevante a prova da mercancia. Ademais, a droga estava fracionada em porções, e o Laudo Pericial nº 10.288/2024 (mov. 145.4) confirmou a ilicitude da substância. Assim, não se pode cogitar a aplicação da tese defensiva de desclassificação do crime para aquele previsto no art. 28 da Lei nº 11.343/2006, porque as provas contidas nos autos levam a crer que o intuito de GIL era o de revender a droga, a qual foi encontrada em quantidade que afasta a tese de mero consumo pessoal. Nesse mesmo sentido, também não há falar em ausência de provas, porque os depoimentos dos policiais, que, repiso, tem relevante valor probatório, em conjunto com as provas documentais trazidas nos autos, demonstram claramente a autoria e a materialidade do crime de tráfico de drogas. Portanto, a conduta perpetrada pelo réu se amolda perfeitamente ao tipo penal insculpido no art. 33, caput, da Lei nº 11.343/06, sendo cabível a sua condenação. 3- Dispositivo Do exposto, e por tudo mais o que consta dos autos, com fundamento no art. 387, do CPP, JULGO TOTALMENTE PROCEDENTE o pedido formulado na denúncia, para CONDENAR o réu GIL CARLOS GUIMARÃES RAMOS pela prática do crime previsto no art. 33, caput, da Lei nº 11.343/06. 4- Dosimetria da pena Partindo do mínimo legal estabelecido no art. 33, caput da Lei nº 11.343/06, ou seja, 05 anos de reclusão e 500 dias-multa, passo a analisar as circunstâncias judiciais do art. 59 do CP e, a seguir, as orientações do art. 42 da Lei nº 11.343/06 quanto à natureza e quantidade de entorpecente. a) Natureza da droga: nos termos do art. 42 da Lei nº 11.343/2006, a natureza da droga deve ser levada em consideração na fixação da pena. Nesse caso, o quesito em análise deve ser considerado acima do normal, já que o condenado transportava cerca de 29 pedras de crack, substância de alto poder deletério e viciante (mov. 32.1), devendo ser avaliada desfavoravelmente. Assim, imponho um acréscimo de 01 (um) ano e 03 (três) meses de reclusão e 625 dias-multa à pena-base. b) Quantidade da droga: igualmente, nos termos do art. 42 da Lei nº 11.343/2006, a quantidade da droga deve ser levada em consideração na fixação da pena. No caso sob análise, a quantidade foi apta a demonstrar o tráfico e não será levada em consideração para o sopesamento negativo da presente circunstância judicial, não havendo acréscimo ou diminuição cabíveis à pena-base. c) Culpabilidade: a conduta merece censura normal à espécie, não havendo acréscimos. d) Antecedentes: o réu possui condenação criminal transitada em julgado em 28/10/2024, pela prática do crime de Furto Qualificado (cometido em 26/03/2024, ou seja, data posterior ao do cometimento do crime apurado neste processo), oriunda dos autos n° 0000769-66.2024.8.16.0124 desta Vara Criminal (conforme Oráculo do mov. 146.1). É entendimento da Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça que os crimes praticados posteriormente ao apurado em sentença não podem ser valorados negativamente na pena-base (AgRg no AREsp 1903802/ES, Rel. Ministra LAURITA VAZ, SEXTA TURMA, julgado em 21/09/2021, DJe 30/09/2021). Portanto, ainda que transitada em julgado a sentença condenatória proferida naqueles autos, esta não poderá ser levada em consideração no presente procedimento, motivo pelo qual deixo de aumentar a pena-base. e) Conduta social e personalidade: não há elementos para mensurar. f) Motivos: não restaram comprovados motivos que demonstrem ser a conduta reprovável além do normal, não havendo acréscimo ou diminuição cabíveis à pena-base. g) Circunstâncias do crime: normais à espécie. h) Consequências: o delito causou prejuízos à sociedade. Porém sendo tal fato inerente ao tipo, não há assim acréscimo ou diminuição cabíveis à pena-base. i) Do comportamento da vítima: prejudicado o exame, não há acréscimo ou diminuição cabíveis à pena-base. Ponderadas as circunstâncias judiciais, fixo a pena-base em 06 (seis) anos e 03 (três) meses de reclusão e 1.125 dias-multa. II. Circunstâncias legais (atenuantes e agravantes) Nenhuma circunstância presente. Ressalto que a condenação criminal transitada em julgado oriunda dos autos n° 0000769-66.2024.8.16.0124 não poderá ser considerada para a aplicação da agravante da reincidência, prevista no art. 61, I, do CP, visto que os fatos lá apurados são posteriores ao crime tratado nestes autos. Assim, fixo a pena provisória em 06 (seis) anos e 03 (três) meses de reclusão e 1.125 dias-multa. III. Causas de aumento ou diminuição (majorantes ou minorantes) O §4º do art. 33 da Lei nº 11.343/2006 define que a pena do crime de tráfico de drogas poderá ser reduzida de 1/6 a 2/3, desde que o agente seja primário, de bons antecedentes, não se dedique às atividades criminosas e não integre organização criminosa. No caso dos autos, embora subsista a condenação criminal transitada em julgado oriunda dos autos nº 0000769-6.2024.8.16.0124, esta não poderá afastar a minorante de tráfico privilegiado, prevista no §4º do art. 33 da Lei nº 11.343/06, nos termos do entendimento da Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça: AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. TRÁFICO ILÍCITO DE ENTORPECENTES. DOSIMETRIA DA PENA. CONDENAÇÃO DEFINITIVA POR FATO POSTERIOR AO DELITO DOS AUTOS . FUNDAMENTO PARA AFASTAR A MINORANTE PREVISTA NO § 4º DO ART. 33 DA LEI DE DROGAS. IMPOSSIBILIDADE. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO . 1. Na linha da jurisprudência deste Tribunal Superior, "a negativa da minorante do tráfico privilegiado com fundamento em condenação por fato posterior ao objeto do processo constitui flagrante violação ao art. 33, § 4º, da Lei 11.343/06" (AgRg no AgRg no AREsp n . 1.991.186/SC, relator Ministro Olindo Menezes, Desembargador Convocado do TRF 1ª Região, Sexta Turma, julgado em 28/6/2022, DJe de 1º/7/2022). 2 . Agravo regimental desprovido. (STJ - AgRg no AREsp: 2466430 RS 2023/0335632-6, Relator.: Ministro ANTONIO SALDANHA PALHEIRO, Data de Julgamento: 21/05/2024, T6 - SEXTA TURMA, Data de Publicação: DJe 27/05/2024) Contudo, hei de mencionar que o acusado está obtendo em seu favor um benefício legal que não pode ser por ele ignorado. Ainda, consigno que, conforme apontado pela Magistrada em sede de audiência de instrução, a traficância jamais significará enriquecimento. Em verdade, leva à total ruína do indivíduo e de sua família, não podendo ser considerada a pobreza como fator para afastar a gravidade do delito. Assim, sem se desprender da tecnicidade da decisão, aplico a causa de diminuição com essa ressalva, a fim de que o condenado – que em breve iniciará o cumprimento de sua pena, com o fim de também obter a ressocialização - reconheça e pondere a realidade presente. Portanto, aplicando ao caso o fator de 1/6 para minoração da pena, fixo a pena definitiva em 05 (cinco) anos, 02 (dois) meses e 15 (quinze) dias de reclusão e 937 (novecentos e trinta e sete) dias-multa. IV. Regime inicial Fixo inicialmente o regime SEMIABERTO para o cumprimento da reprimenda, tendo em vista o quantum de pena, conforme disposto no art. 33, §2º, “b”, do Código Penal. V. Substituição por restritiva de direitos (art. 44, CP) ou sursis: Considerando o montante de pena corpórea, não se torna possível a substituição prevista no art. 44, do Código Penal, nem mesmo a suspensão condicional da pena (art. 77, do Código Penal). VI. Pena de multa a. Número de dias-multa Aplicado: 937 dias-multa. b. Valor do dia-multa (art. 49, §1º, CP): considerando a situação econômica apresentada pelo réu, FIXO em 1/30 o valor do dia-multa. c. Valor do salário mínimo vigente na época dos fatos (ano de 2023): R$ 1.320,00. d. Valor da multa: R$ 41.228,000[2]. No entanto, em razão do disposto no art. 43 da Lei de drogas (“Na fixação da multa a que se referem os arts. 33 a 39 desta Lei, o juiz, atendendo ao que dispõe o art. 42 desta Lei, determinará o número de dias-multa, atribuindo a cada um, segundo as condições econômicas dos acusados, valor não inferior a um trinta avos nem superior a 5 (cinco) vezes o maior salário-mínimo”, o valor deve ser fixado em R$ 6.600,00 (5 x R$ 1.320). VII. Detração da pena Da análise detida dos autos, o réu permanece preso desde 26/09/2024 (mov. 80), ou seja, cerca de 06 (seis) meses e 15 (quinze) dias. Portanto, deduzir-se o presente prazo da pena ora aplicada não resultaria em qualquer alteração do regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade imputada nestes autos. Logo, DEIXO de promover a detração do tempo de prisão cumprida pelo réu, o que será oportunamente apreciado quando da futura execução de pena. VIII. Segregação Cautelar Considerando que o quantum da pena fixada e por não terem sido apresentados fatos novos ou contemporâneos aptos a ensejar a manutenção da prisão preventiva, concedo ao condenado o direito de recorrer em liberdade, impondo-lhe a medida cautelar de monitoração eletrônica (art. 319, IX, do CPP). VIII.1 EXPEÇA-SE O ALVARÁ DE SOLTURA. VIII.2 EXPEÇA-SE, ainda, o mandado de monitoramento eletrônico e/ou termo de liberdade com cautelares em favor do réu. VIII.3. A escrivania deverá se comunicar com a central de monitoramento e proceder às diligências necessárias referentes à monitoração eletrônica. IX. Indenização por dano material Análise prejudicada. 5. Disposições finais 1. Consoante disposição do art. 804, CPP, o condenado deverá pagar as custas processuais, devendo, após o trânsito em julgado, ser remetido à contadoria para o cálculo. 2. Intime-se o condenado para pagamento da pena de multa em 10 dias. Em caso de não pagamento, a reprimenda deverá ser executada pela autoridade competente, após a extração do referido título, nos termos do art. 51, do Código Penal. 3. Oportunamente, após o trânsito em julgado desta decisão, tomem-se as seguintes providências: a. Proceda-se o recolhimento do valor atribuído a título de pena de multa e indenização pecuniária, observando-se eventual gratuidade de justiça. b. Oficie-se o Tribunal Regional Eleitoral do Paraná, comunicando a condenação do sentenciado, para cumprimento do art. 15, inciso III, da CF. c. Cumpra-se as disposições do Código de Normas da Corregedoria-Geral de Justiça do Estado, no que for pertinente. 4. Em relação ao dinheiro em espécie apreendido, não havendo comprovação da origem lícita e, sendo certo dentro do contexto criminoso de tráfico de drogas que o dinheiro deriva da mercancia das substâncias, decreto o perdimento do valor em favor da União. 5. Quanto às substâncias entorpecentes, determino a sua destruição, caso ainda não realizada. 6. Com fundamento na Resolução Conjunta n. 06/2024 – SEFA/PGE e considerando os atos efetivamente praticados pelo profissional, ARBITRO, a título de honorários advocatícios ao advogado Felipo Ruany Ferreira Maciel, inscrito na OAB/PR sob nº 106.575, nomeado por este juízo para atuar como defensor dativo do réu, o montante proporcional de R$ 2.500,00 (dois mil e quinhentos reais), que deverá ser pago pelo Estado do Paraná. 7. Publique-se. Registre-se. Intime-se. Palmeira, data da assinatura digital. Caroline Beatriz Constantino Juíza Substituta [1] CAPEZ, Fernando. Legislação penal especial: juizados especiais criminais, interceptação telefônica, crime organizado, drogas. Vol. 2, 6. ed. São Paulo: Damásio de Jesus, 2007, p. 137. [2] 1320/30 * 500 = R$ 22.000,00.

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Ministério Público Do Estado Do Paraná x Osmar De Oliveira

ID: 259383987

Tribunal: TJPR Órgão: Vara Criminal de Marechal Cândido Rondon Classe: AçãO PENAL - PROCEDIMENTO SUMáRIO Nº Processo: 0000769-39.2023.8.16.0112

Data de Disponibilização: 23/04/2025

Polo Ativo:

MINISTéRIO PúBLICO DO ESTADO DO PARANá

Polo Passivo:

OSMAR DE OLIVEIRA

Conclusão

Advogados:

LUCIANO CAETANO

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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARANÁ COMARCA DE MARECHAL CÂNDIDO RONDON VARA CRIMINAL DE MARECHAL CÂNDIDO RONDON - PROJUDI Rua Paraíba, 541 - Prédio do Fórum - Centro - Marechal Cândido Rondon/PR - C… PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARANÁ COMARCA DE MARECHAL CÂNDIDO RONDON VARA CRIMINAL DE MARECHAL CÂNDIDO RONDON - PROJUDI Rua Paraíba, 541 - Prédio do Fórum - Centro - Marechal Cândido Rondon/PR - CEP: 85.960-126 - Fone: (45) 3327-9150 - E-mail: mcr-2vj-scr@tjpr.jus.br Vistos e examinados estes Autos de Ação Penal nº 0000769-39.2023.8.16.0112, em que são partes, como autor, o MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ e, réu, OSMAR DE OLIVEIRA. O representante do Ministério Público, em exercício nesta jurisdição, ofereceu denúncia contra Osmar de Oliveira, brasileiro, portador do RG n° 4077947481/RS, inscrito no CPF/MF sob nº 085.880.059-48, nascido a 08 de outubro de 1979, filho de Maria Nair de Oliveira e Deneval Sutil de Oliveira, residente à Rua das Hortências, nº 1069, na cidade de Entre Rios do Oeste/PR, nesta Comarca, dando-o como incurso nas sanções do art. 21, caput, do Decreto-Lei nº 3.688, de 03 de outubro de 1941 combinado com os artigos 5º e 7º da Lei nº 11.340, de 07 de agosto de 2006, pela prática do seguinte fato delituoso: No dia 06 de fevereiro de 2023, por volta das 22h00min, na Rua das Hortênsias, nº 1069, bairro Hugo Emmel, na cidade de Entre Rios do Oeste/PR, nesta Comarca de Marechal Cândido Rondon/PR, o denunciado OSMAR DE OLIVEIRA, agindo com consciência e vontade, no âmbito das relações domésticas, agrediu a vítima Marta Lourenço dos Santos, sua esposa, consistente em empurrá-la e desferir um chute em sua perna direita, sem, contudo, causar-lhe lesão. Recepcionada a basilar (mov. 34.1), pessoalmente citado (seq. 48.1), o réu respondeu à acusação (seq. 58.1). Mantido o recebimento da denúncia (seq. 60.1), realizada a audiência de instrução e julgamento (mov. 130.1), com inquirição da vítima e desistências da inquirição de Rian Lucas Tulio, Andressa de Oliveira, Elton Melo Paulo e Leandro Jacó Rempel, o acusado não foi ouvido, porque não compareceu, mas justificou sua ausência (mov. 133.1). Sem outras provas a produzir, em alegações finais orais, as partes requereram sua absolvição (seq. 129.2). É o relatório, em síntese. DECIDO. Com o encerramento da instrução processual, apesar dos indícios que possibilitaram o oferecimento da denúncia, não foram produzidos elementos que pudessem conduzir a um decreto condenatório contra o incriminado. Com efeito, na fase administrativa, ele permaneceu em silêncio (mov. 1.12) e não compareceu em Juízo, tendo apresentado atestado médico (mov. 133.1). A vítima M. L. dos S., por sua vez, na fase indiciária, disse que ... é casada com a pessoa de OSMAR DE OLIVEIRA há cerca de 25 (vinte e cinco) anos, sendo que possuem 05 (cinco) filhos em comum, dentre eles 03 (três) são menores de idade e residem com o casal. Isto posto relata que na data de ontem 06/01//2023, por volta das 22h chegou em sua casa, anteriormente estava nesta cidade de Mal. C. Rondon-PR na companhia de sua filha ANDRESSA DE OLIVEIRA e do marido dela RIAN LUCAS TULIO, onde teriam feito compras no "Max Atacadista". Em continuidade, conta que ao chegar em sua casa notou o portão trancado, tendo solicitado para sua filha ANA PAULA DOS SANTOS DE OLIVEIRA (16 anos) abrir o portão. ANA por sua vez respondeu "mão não entra que o pai esta muito bravo". Mesmo assim a declarante insistiu e pulou o portão, adentrando na residência, momento em que OSMAR se dirigiu a declarante e a empurrou, vindo esta a cair no chão, tendo desferido mais um chute que atingiu a sua perna direita. Quando OSMAR foi dar mais um chute na declarante RIAN o segurou evitando que a agressão progredisse. Em virtude disso OSMAR começou a investir contra RIAN tentando o agredir bem como o ofendendo. Dada essa situação suas filhas ANDRESSA e ANA pegaram seus irmãos ANDRÉ DOS SANTOS DE OLIVEIRA (12 anos) e BEATRIZ DOS SANTOS DE OLIVEIRA (6 anos) e os levaram para longe da desavença, se abrigando na casa de uma vizinha. Relata que a essa altura a declarante tentou apenas acalmar os ânimos de OSMAR e interromper a confusão, porém OSMAR estava muito nervoso e descontrolado. Adiante notando que não adiantaria mais tentar conter a situação a declarante e RIAN saíram da casa e foram para a via pública, sendo que quando iam de encontro com suas filhas chegou uma viatura da polícia militar no local para averiguar a situação. Em contato com os policiais a declarante contou do ocorrido, bem como um de seus filhos relatou aos policiais que seu pai poderia até estar armado, pois momento antes da declarante chegar ele teria saído e voltado posicionando sua mão na cintura, bem como portando um "taco". Com isso os policiais foram até a residência, vasculharam o local, porém não encontraram nenhuma arma de fogo. OSMAR até foi colaborativo e não apresentou nenhuma resistência ou desrespeito com os policiais. Constatado os fatos, a declarante foi encaminhada para esta delegacia juntamente de OSMAR, RIAN e ANDRESSA. Questionado a declarante se das agressões que sofreu chegou a resultar com alguma marca ou hematoma, respondeu que não. Questionado se foi ameaçada no decorrer da situação, disse que não, apenas agredida. Sobre o temperamento de OSMAR explica que ele é via de regra estressado e de "cara fechada". Acrescenta ainda que há cerca de 08 (oito) meses atrás teve uma situação onde OSMAR a pegou pelo pescoço e e lhe apontou uma faca dizendo que a mataria. Sobre isso inclusive registrou um Boletim de Ocorrência. A declarante recusa a guia de exames do IML. Ao final, afirma que deseja solicitar as medidas protetivas de urgência, pois teme por sua vida e pela de seus filhos (mov. 1.8). Em Juízo, ela mudou sua versão, ao aduzir que está com Osmar, há quase vinte e seis anos, que ele pode ter tentado chutar seu genro e acabou a atingindo, que não tem certeza se Osmar quis acertar sua perna, que saiu com sua filha e seu genro e, ao retornar, seu marido estava bastante irritado, que, quando pulou o muro, para entrar na casa, seu genro Rian também o fez, que não pode precisar como tudo aconteceu, pois foi uma confusão e o ambiente estava escuro e, por isso, não pode garantir que Osmar queria acertar sua perna, que seu marido não tinha arma, que atualmente estão bem, que ele não compareceu à audiência, porque passou mal, em razão de pressão alta, que Osmar permaneceu no local até a chegada da polícia, que os policiais não encontraram nenhuma arma na casa (mov. 129.1). Este é o quadro probatório produzido, que, conforme alegado pelas partes, é insuficiente para se deitar um decreto condenatório contra o réu, pois, diante do novo depoimento da vítima, os indícios colhidos na fase indiciária não foram confirmados sob o crivo do contraditório e, de acordo com o art. 155, caput, do Código de Processo Penal, o juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas (sem destaque no original). Neste sentido, o assente entendimento jurisprudencial, conforme ementas: APELAÇÃO CRIMINAL - EXTORSÃO E ROUBO MAJORADO - ABSOLVIÇÃO EM 1º GRAU - INCONFORMISMO MINISTERIAL - CONDENAÇÃO PRETENDIDA - IMPOSSIBILIDADE - FRAGILIDADE PROBATÓRIA RECONHECIDA - IN DUBIO PRO REO - RECURSO DESPROVIDO. 1. Para que se reconheça a procedência da exordial acusatória, indispensável que se faça a prova plena dos fatos, com perfeita demonstração da materialidade e da autoria, não podendo ser esta, outrossim, baseada tão somente em elementos indiciários (isto é, fundada exclusivamente em inquérito policial, por violar o princípio do contraditório), ou mesmo em vacilante e inverossímil reconhecimento promovido por uma das vítimas, não corroborado por qualquer outra prova. 2. Não se desincumbindo o Parquet do encargo, não estando, destarte, suficientemente comprovada a prática delituosa da forma articulada na denúncia, havendo sérias dúvidas quanto à participação dos recorridos nos fatos, impossível se acatar o pleito condenatório, devendo ser mantida a sentença que os absolveu, em respeito ao princípio in dubio pro reo. 3. Recurso não provido (sem destaque no original);[1] ISTO POSTO, porque, nos termos do artigo 155, do CPP, é vedado ao juiz proferir sentença condenatória com elementos colhidos exclusivamente na fase de inquérito, ou não corroborados em fase judicial sob o crivo do contraditório,[2] julgo improcedente a exordial acusatória e, de consequência, com fundamento no disposto no art. 386, inciso VII, do Código de Processo Penal, absolvo o réu Osmar de Oliveira, precedentemente qualificado, quanto ao fato lhe imputado nestes autos! Determino que, nos termos do art. 201, § 2º, do Código de Processo Penal, a vítima seja comunicada do teor desta decisão. Sem custas. Expeça-se, em favor do sentenciado, alvará para levantamento da fiança prestada por ele nestes autos (mov. 19.1). Publique-se! Registre-se! Intimem-se! Marechal Cândido Rondon, datado e assinado digitalmente. Clairton Mário Spinassi Juiz de Direito [1] TJMG. Apelação Criminal 1.0471.19.003595-9/001. Rel. Des. Eduardo Brum. 4ª Câmara Criminal. j. 06.12.2023. Publicação da súmula: 13.12.2023. [2] TJMG. Apelação Criminal 1.0000.23.080394-2/001. Relª Desª Daniela Villani Bonaccorsi Rodrigues. 9ª Câmara Criminal Especializada. j. 18.10.2023. Publicação da súmula: 18.10.2023.

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Ministerio Publico Do Estado Do Paraná x Wicthor Gustavo Bello De Almeida

ID: 281766769

Tribunal: TJPR Órgão: Vara Criminal de Corbélia Classe: AçãO PENAL - PROCEDIMENTO ORDINáRIO Nº Processo: 0002465-93.2024.8.16.0074

Data de Disponibilização: 28/05/2025

Polo Ativo:

MINISTERIO PUBLICO DO ESTADO DO PARANá

Polo Passivo:

WICTHOR GUSTAVO BELLO DE ALMEIDA

Conclusão

Advogados:

TALYSON BYK SCHINVELSKI

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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARANÁ COMARCA DE CORBÉLIA VARA CRIMINAL DE CORBÉLIA - PROJUDI Av. Minas Gerais, 102 - Centro - Corbélia/PR - CEP: 85.420-000 - Fone: (45) 3327-9080 - E-mail: cor-2vj-s@… PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARANÁ COMARCA DE CORBÉLIA VARA CRIMINAL DE CORBÉLIA - PROJUDI Av. Minas Gerais, 102 - Centro - Corbélia/PR - CEP: 85.420-000 - Fone: (45) 3327-9080 - E-mail: cor-2vj-s@tjpr.jus.br Autos nº. 0002465-93.2024.8.16.0074 Processo: 0002465-93.2024.8.16.0074 Classe Processual: Ação Penal - Procedimento Ordinário Assunto Principal: Dano Data da Infração: 31/08/2024 Autor(s): Ministerio Publico do Estado do Paraná Vítima(s): ESTADO DO PARANÁ Réu(s): WICTHOR GUSTAVO BELLO DE ALMEIDA SENTENÇA 1. RELATÓRIO O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ, por seu representante, ofereceu denúncia em desfavor de WICTHOR GUSTAVO BELLO DE ALMEIDA, qualificado nos autos, imputando-lhe a prática dos crimes previstos nos artigos 329 do Código Penal (Fato 01), art. 331 do Código Penal (Fato 02) e no art. 163, parágrafo único, inciso III, do Código Penal (Fato 03), em concurso material (art. 69 do Código Penal), pelos seguintes fatos delituosos (mov. 30.1): Fato 01 – Resistência: “No dia 31 de agosto de 2024, por volta das 17h50min, na Avenida Bossolan, n° 820, Centro, no Município de Braganey e Comarca de Corbélia/PR, o denunciado WICTHOR GUSTAVO BELLO DE ALMEIDA, agindo com consciência e vontade, opôs-se, mediante ameaça, à execução de ato legal por parte dos policiais militares Juliano Both e Leonardo Toledo Cruz, que atuavam no regular exercício de suas funções, tendo proferido os seguintes dizeres: “eu vou fazer vocês perderem a farda”, “você, Soldado Juliano Both, eu não tenho nada, mas você tem duas crianças pequenas, você tem os dois a perder”, bem como não acatou as ordens de abordagem, se negando a colocar as mãos na cabeça e colocando-as na cintura dizendo “vai, atira em mim”. Fato 02 – Desacato: “Nas mesmas circunstâncias de tempo e lugar descritas no Fato 01, o denunciado WICTHOR GUSTAVO BELLO DE ALMEIDA, agindo com consciência e vontade, desacatou os policiais militares Juliano Both e Leonardo Toledo Cruz, no exercício de função pública, ao proferir os seguintes dizeres: “vocês são uns bostas, policinhas”.” Fato 03 – Dano qualificado: “Nas mesmas circunstâncias de tempo e lugar descritas nos fatos acima, o denunciado WICTHOR GUSTAVO BELLO DE ALMEIDA, agindo com consciência e vontade, deteriorou coisa alheia pertencente ao patrimônio do Estado do Paraná, consistente em chutar e quebrar o interior do camburão da viatura da Polícia Militar (cf. imagens de movs. 1.13 a 1.16).” A denúncia foi recebida em 27/09/2024 (mov. 38.1). O réu foi citado (mov. 52.1) e apresentou resposta à acusação (mov. 59.1), por meio de defensor constituído (mov. 54.1). O recebimento da denúncia foi ratificado (mov. 61.1) e realizou-se audiência de instrução, na qual foram ouvidas as vítimas, duas testemunhas, um informante, além de interrogado o réu (mov. 86.1). Por fim, apresentaram as partes alegações finais (mov. 98.1 e 104.1). Eis o relato. 2. FUNDAMENTAÇÃO Presentes os pressupostos processuais e as condições gerais e específicas da ação penal, bem como ausentes quaisquer alegações de preliminares, passo à análise do mérito. Imputam-se ao acusado atos que constituíram na prática dos crimes de resistência, desacato e dano qualificado. A materialidade dos fatos restou devidamente comprovada pelo auto de prisão em flagrante (mov. 1.3), termo de depoimento das testemunhas (mov. 1.4/1.6), auto de interrogatório (mov. 1.8), vídeos e fotos (mov. 1.13 a 1.16), boletim de ocorrência (mov. 1.7), documentos (mov. 95.1) bem como pela prova oral colhida em Juízo. Quanto à autoria, o conjunto probatório é suficiente para afirmar que o acusado é autor das infrações penais. Em Juízo, a vítima JULIANO BOTH (mov. 80.1), policial militar que atendeu a ocorrência relatou: “que foram acionados por um funcionário do estabelecimento Top Beer, onde foi relatado que um cliente estava alterado e provocando tumulto no local; que relatou que seria a pessoa do réu; que chegando ao local foi verificado três masculinos aparentemente discutindo na frente do local; que foi dada voz de abordagem, tendo eles acatado a voz de abordagem; que em dado momento a pessoa do réu começou a tumultuar a abordagem, dizendo que os policiais não podiam aborda-lo; que o réu não foi colaborativo com a abordagem; que após perceber que o réu não possuía nada na linha de cintura foi realizado o contato e imobilização do réu, com uma gravata no pescoço; que foi realizado o uso de algemas; que o réu estava muito exaltado, tendo dito que os policiais não podiam fazer aquilo, que faria com que eles perdessem a farda, que eram uns bostas; que conduziram o réu ao camburão, momento em que o réu disse a vítima: “é Juliano Both, eu não tenho nada aqui, mas você tem dois filhos pequenos”; que fecharam o camburão e foi procedida busca no veículo do réu, momento em que ele começou se debater dentro da viatura, com chutes na viatura; que o irmão e o pai do réu compareceram a delegacia para retirar os pertences dele; que o réu o acusou de roubar os pertences dele; que foi realizada a condução do réu até a 10ª central de flagrantes; que todo o trajeto o réu estava agitado, ficou se debatendo e chutando o camburão da viatura; que chegando na central de flagrantes foi percebido o dano das partes de fibra da viatura pelo réu, possivelmente com os chutes; que não sabe se o réu reparou o dano da viatura; que já houveram ocorrências do réu relacionadas a uso de entorpecentes, desacato, ameaças, porte de arma branca; que teve problemas com o réu no âmbito particular com ameaças do réu; que realizou a confecção de boletim de ocorrência quanto aos fatos particulares; que aparentemente o réu estava sob o efeito de substancia entorpecente e do uso de álcool; que apresentava odor etílico; que a primeira apreensão do réu foi em 2018, com uma porção de cocaína; que ficaram sabendo de ameaças por terceiro; que em um evento social na cidade o réu ficou perseguindo o declarante e dado momento ele tentou tocar a esposa do depoente, onde o depoente interviu; que solicito apoio da equipe de segurança do local, tendo eles colocado o réu para fora, tendo sido acionada a equipe policial, tendo gerado uma situação de lesão corporal contra uma policial que estava de plantão no dia; que tiveram outras situações em que o depoente estava em estabelecimentos comerciais na cidade e o réu chegava no local procurando confusão, sendo que o depoente sempre evitou tais situações se retirando do local; que não tem parentesco direto com o réu; que as situações ocorrem desde 2018; que o uso da força foi realizado após a tentativa de emprego de métodos menos invasivos; que Jonas foi quem ligou, mas era outra funcionária que estava no local; que o pai do réu chegou na delegacia depois dos fatos, se desculpou com a equipe policial, dizendo que já havia tentado internar o filho; que não houve intervenção de terceiros; não tem gravação dos fatos.” A vítima e também policial militar LEONARDO TOLEDO CRUZ (mov. 87.2), relatou: “que no dia dos fatos foram acionados pela pessoa de Jonas, funcionário da Top Beer, onde foi relatado que estaria ocorrendo uma vias de fato na frente do comercio; que chegando ao local viram dois masculinos bem alterados; que foi procedida a abordagem dos indivíduos; que um deles era o réu, o qual não acatou a voz de abordagem; que foi iniciada a contenção, onde o réu apresentou resistência, tendo sido realizada a imobilização dele com uma gravata para algemar o réu; que o réu desacatou a equipe, dizendo a todo momento que eles iriam perder a farda, tendo ameaçado o seu parceiro de equipe, Juliano Both, citando a família do Juliano, que no momento de colocar o réu na viatura ele falou ao Juliano que este teria filho pequeno e fez mais ameaças relacionadas; que foi realizada a revista no veículo do réu que foi acompanhada pelo irmão dele; que foi descolado até o destacamento, local em que continuou os desacatos e ameaças, tendo o réu afirmado que o soldado Both havia roubado a sua carteira e seu dinheiro; que o pai do réu chegou até o destacamento, momento em que foi entregue os pertences do réu ao genitor; que no deslocamento até a central de flagrantes o réu se debateu dentro do camburão, tendo batido a cabeça e dito que a viatura estava sufocando ele; que em momentos as janelas da viatura estavam abertas e, quando não estavam o sistema de ar condicionado estava ligado; que ao retirar o réu foi verificado que a viatura estava danificada; que da parte do soldado Both não havia desavenças; que haviam boatos na cidade de que o réu afirmava que ‘pegaria’ o soldado Both, no sentido de partir pra cima na agressão; que não sabe qual seria a causa do desentendimento deles; que o réu apresentava sintomas de estar embriagado, tais como odor etílico e estar enérgico; que não foi presenciado pela equipe agressões entre o réu e terceiros; que o uso progressivo da força foi realizado pela resistência do réu as ordens da equipe; que desde o início da abordagem com a contenção foram proferidas ameaças, mas quando foi colocado o réu dentro do camburão ele ameaçou diretamente o soldado Both; que no momento de chegada havia apenas o réu e mais um masculino que estavam em discussão; que este masculino se evadiu quando da realização da contenção do réu, não sendo possível identifica-lo; que não tem câmeras no colete, apenas havendo testemunhas para corroborar os fatos relatados no boletim de ocorrência; que foi realizado o uso de algemas para proteger a equipe, terceiros e ao próprio réu; que o camburão foi utilizado como meio padrão para resguardar o réu e a equipe; que as ameaças não lhe causaram temor, por estar no seu cumprimento de dever legal; que as vezes vê o réu na rua, por se tratar de cidade pequena.” Por sua vez, a testemunha JONAS CAETANO PINHEIRO (mov. 87.3) relatou: “que é funcionário da Top Beer; que no momento da prisão não acompanhou o ato; que foi quem realizou a ligação aos policiais militares; que o réu chegou ao local com outros meninos; que teve uma confusão entre eles; que para não piorar a situação chamou a polícia; que não estava no local no momento da abordagem da polícia; que soube depois que a polícia foi até o local, tendo o réu e um policial discutido; que o réu estava alterado; que não sabe dizer se estava sob influência de álcool ou droga; que acredita que não; que já viu o réu alterado em outros locais; que informou na ligação que o envolvido era a pessoa do réu; que não tinha campo de visão para o local onde foi realizada a abordagem; que acionou a polícia quando não estava no local; que não tem conhecimento da relação entre o policial Juliano Both e o réu.” Ato continuo, foi tomado o depoimento da testemunha MARIA LUÍZA DE ABREU (mov. 80.4), que relatou: “que o réu estava em uma briga com outro rapaz fora do estabelecimento; que quando os policiais chegaram foi dado ordem de abordagem; que o réu não acatou as ordens dos policiais; que o réu e o Both tiveram um conflito lá fora; que não conseguiu acompanhar todo o acontecimento, mas sabe que o réu acabou sendo preso; que ouviu o réu bater boca com os policiais; que não ficou sabendo de danos a viatura; que ouviu o réu ameaçando os policiais, em relação aos filhos do policial; que o réu aparentava estar alterado; que o conflito do réu com terceiro começou dentro do estabelecimento; que familiares do réu tentaram acalmar o réu, mas não conseguiram; que o segundo rapaz foi liberado, porque agiu tranquilamente; que ouviu bate boca e xingamentos, mas não sabe precisar quem eram os interlocutores; que eram duas vozes; que ouviu as ameaças lá de dentro do estabelecimento; que não sabe quem solicitou a presença dos policiais; que houve maior atenção dos policiais a pessoa do réu; que essa foi a primeira vez que presenciou o réu envolvido em situação como essa; que o réu foi imobilizado e teve uso da força por parte do policial Juliano; que não viu se o réu revidou.” Em seguida, foi colhido o depoimento do informante VALDIR CÍCERO DE ALMEIDA (mov. 87.5), onde relatou: “que foi na lanchonete buscar o carro; que o outro filho Jonathan tinha ligado para o depoente; que quando chegou o réu não estava mais no local; que só conversou com o réu após ele ser liberado; que ele não contou muita coisa; que havia emprestado o carro ao réu; que o réu não é muito de confusão, sendo uma pessoa calma; que tem parentesco distante com a esposa do Both; que nunca presenciou algum problema entre o réu e a pessoa de Juliano Both.” Interrogado, o réu WICTHOR GUSTAVO BELLO DE ALMEIDA (mov. 87.6): “que estava discutindo com um companheiro de serviço dentro do estabelecimento; que a pessoa de Jonas ligou para a polícia e quando eles chegou já tinha tudo sido apaziguado; que estava para o lado de fora com seu amigo fumando um cigarro, quando chegou a viatura; que o soldado Juliano Both falou para o réu colocar a mão na cabeça e virar de costas; que haviam duas pessoas ao seu lado, mas as ordens foram dadas apenas para o réu; que se recusou a colocar a mão na cabeça; que o réu estava com a pistola na mão e ficava engatilhando e desengatilhando; que falou que ele podia atirar; que se recusou a levantar as mãos porque ele não deu a ordem para todos os presentes, apenas para ele; que não falou dos filhos do policial; que foi desmaiado e colocado dentro da viatura; que não falou que fariam eles perder a farda; que Juliano é seu primo de terceiro grau e sabe que ele tem dois filhos; que havia bebido na confraternização do patrão na fazenda; que o policial Juliano Both fica perseguindo ele, dando várias multas; que fica passando com a viatura na frente de sua casa com a mão pra fora da viatura, batendo a mão na viatura e olhando pra dentro da casa; que discutiram uma vez numa festa e de lá para cá ficou esse desentendimento; que o Both usa da fé pública pra fazer isso contra o réu; que tudo começou em um baile; que onde o réu ia dentro do salão, Juliano ia atrás, tendo o réu se ‘atentado’ com ele; que ele não vai com a sua cara; que tem que ficar cuidando do carro, porque tem medo que ele coloque algo dentro pra ‘foder’ com ele; que no dia da discussão não encostou na mulher do Juliano; que tem um contato e dialogo bom com a esposa do Juliano, mas ele o persegue; que não estava sob efeito de drogas; que já foi usuário, mas está limpo; que o outro policial lhe deu uma cacetada na perna; que não teve contato direto com ele; que acha que foi ele quem lhe bateu na hora que estava apagado; que Juliano lhe deu um mata-leão, desmaiou e foi colocado na viatura, e acha que nessa hora foi agredido; que não desacatou os policiais; que discutiu com Both, mas não o xingou; que não xingou o Soldado Leonardo; que não quebrou a viatura; que estava abafado dentro, que apenas bateu no vidro para pedir para abrir; que não se lembra se já estava quebrado; que a carteira e o celular do réu estava na 15ª, local em que lhe foram entregues os bens quando foi solto; que acredita que houve excesso de força dos policiais; que não empregou força contra os policiais; que só conversou com Juliano; que a abordagem não foi acompanhada por terceiros; que convive de forma distante com o Juliano; que fez um laudo de lesão na 15ª.” Em que pese a negativa parcial do réu, sua versão dos fatos não merece prosperar, pois restou completamente isolada nos autos. Quanto ao crime de resistência (Fato 01) e desacato (Fato 02), ambos os policiais militares ouvidos em Juízo confirmaram que ao ser dado voz de abordagem ao réu ele não cooperou com as instruções que lhe foi passada, se negando a cooperar com as instruções que lhe foram passadas pela equipe e resistindo a diligencia de busca pessoal. Interrogado, o próprio réu confessou que se negou a levantar a mão e colocar na cabeça, entendendo ser um constrangimento a abordagem realizada pela equipe. Ainda, restou clara a autoria e a materialidade dos crimes imputados ao réu, não havendo dúvida que ele desobedeceu a ordem clara dos soldados e os desacatou. Os policiais deixaram claro que o réu xingou eles de policiais de merda, os chamou de bosta e ameaçou a pessoa do soldado Juliano Both e sua família, o que foi corroborado pela testemunha Maria Luíza, que afirmou ter escutado o momento em que o réu falou dos filhos do soldado Both. Não houve a comprovação da alegada perseguição, ficando demonstrado que o réu estava causando tumulto no estabelecimento local, tendo a equipe policial sido acionada e quando chegou ao local deu início aos trabalhos de abordagem, não tendo o réu cooperado com as instruções passadas pela equipe, estando confessadamente sob efeito de álcool. Igualmente, analisados os elementos referidos, o crime de dano qualificado (Fato 03) restou provado, de forma indene de dúvidas, que o acusado cometeu o delito de dano qualificado, tendo danificado o camburão da viatura quando estava enclausurado no local, conforme se verifica das fotos de mov. 1.13 a 1.15 e do vídeo de mov. 1.16, onde fica comprovado que o réu estava chutando o camburão, ação essa que causou os danos ao patrimônio público que a ele é imputado. Assim, a condenação é à medida que se impõe. Cumpre, doravante, verificar a extensão da responsabilidade do agente, o que se faz através da dosimetria da pena. DOSIMETRIA DA PENA (EXTENSÃO DA REPROVABILIDADE DA CONDUTA) A) Do crime de resistência (Fato 01) 1) Da pena base Partindo do mínimo legal estabelecido no artigo 329 do Código Penal, ou seja, 02 (dois) meses de detenção, passo a analisar individualmente as circunstâncias judiciais do art. 59 do Código Penal: a) culpabilidade (extensão da reprovação): a conduta do acusado apresenta reprovabilidade normal à espécie do delito praticado, o que torna a conduta inserida no próprio tipo, nada tendo a se valorar; b) o acusado não ostenta antecedentes criminais (mov. 93.1); c) a definição da personalidade da agente depende de perícia efetivada por profissional competente (área de psiquiatria ou psicologia). E, em não sendo traçado o perfil psicológico, impossível proceder a sua valoração para fins de definição do grau de reprovabilidade do fato; d) o comportamento social do acusado está dentro da normalidade; e) o motivo do crime não destoa daquele normalmente verificado na prática usual do delito, não demonstrando, portanto, maior reprovabilidade da conduta; f) as circunstâncias do crime não revelam questão que demonstra maior desvalor do ilícito; g) o ato ilícito não apresentou consequências além das inerentes à própria prática; h) comportamento da vítima: em razão da espécie delitiva, não há o que se valorar. Destarte, pela análise das circunstâncias acima referidas, fixo a pena-base em 02 (dois) meses de detenção. 2) Da pena provisória a) Atenuantes: Não há. b) Agravantes: Presente a agravante da reincidência (artigo 61, inciso I, Código Penal) em razão da condenação nos autos nº 0000769-90.2022.8.16.0074 (mov. 93.1). Assim, agravo a pena em 1/5, fixando a pena provisória em 02 (dois) meses e 12 (doze) dias de detenção. 3) Da pena definitiva a) Causa geral de aumento: Não há. b) Causa especial de aumento: Não há. c) Causa geral de diminuição: Não há. d) Causa especial de diminuição: Não há. Pena definitiva: 02 (dois) meses e 12 (doze) dias de detenção. B) Do crime de desacato (Fato 02) 1) Da pena base Partindo do mínimo legal estabelecido no artigo 331, “caput”, do Código Penal, ou seja, 06 (seis) meses de detenção, passo a analisar individualmente as circunstâncias judiciais do artigo 59 do Código Penal: a) culpabilidade (extensão da reprovação): a conduta do acusado apresenta reprovabilidade normal à espécie do delito praticado, o que torna a conduta inserida no próprio tipo, nada tendo a se valorar; b) o acusado não ostenta maus antecedentes (mov. 93.1); c) a definição da personalidade do agente depende de perícia efetivada por profissional competente (área de psiquiatria ou psicologia). E, em não sendo traçado o perfil psicológico, impossível proceder a sua valoração para fins de definição do grau de reprovabilidade do fato; d) o comportamento social do acusado está dentro da normalidade; e) o motivo do crime não destoa daquele normalmente verificado na prática usual do delito, não demonstrando, portanto, maior reprovabilidade da conduta; f) as circunstâncias do crime não revelam questão que demonstra maior desvalor do ilícito; g) o ato ilícito não apresentou consequências além das inerentes à própria prática; h) comportamento da vítima: não restou provado que o comportamento da vítima contribuiu para a prática do delito. Destarte, pela análise das circunstâncias acima referidas, fixo a pena-base em 06 (seis) meses de detenção. 2) Da pena provisória a) Atenuantes: Não há. b) Agravantes: Presente a agravante da reincidência (artigo 61, inciso I, Código Penal) em razão da condenação nos autos nº 0000769-90.2022.8.16.0074 (mov. 93.1). Assim, agravo a pena em 1/5, fixando a pena provisória em 07 (sete) meses e 06 (seis) dias de detenção. 3) Da pena definitiva a) Causa geral de aumento: Não há. b) Causa especial de aumento: Não há. c) Causa geral de diminuição: Não há. d) Causa especial de diminuição: Não há. Pena definitiva: 07 (sete) meses e 06 (seis) dias de detenção. C) Do crime de dano qualificado (Fato 03) 1) Da pena base Partindo do mínimo legal estabelecido no artigo 163, parágrafo único, do Código Penal, ou seja, 06 (seis) meses de detenção e 10 (dez) dias-multa, passo a analisar individualmente as circunstâncias judiciais do art. 59 do Código Penal: a) culpabilidade (extensão da reprovação): a conduta do acusado apresenta reprovabilidade normal à espécie do delito praticado, o que torna a conduta inserida no próprio tipo, nada tendo a se valorar; b) o acusado não ostenta maus antecedentes (mov. 93.1); c) a definição da personalidade do agente depende de perícia efetivada por profissional competente (área de psiquiatria ou psicologia). E, em não sendo traçado o perfil psicológico, impossível proceder a sua valoração para fins de definição do grau de reprovabilidade do fato; d) o comportamento social do acusado está dentro da normalidade; e) o motivo do crime não destoa daquele normalmente verificado na prática usual do delito, não demonstrando, portanto, maior reprovabilidade da conduta; f) as circunstâncias do crime não revelam questão que demonstra maior desvalor do ilícito; g) o ato ilícito não apresentou consequências além das inerentes à própria prática; h) comportamento da vítima: não restou provado que o comportamento da vítima contribuiu para a prática do delito. Inexistindo circunstancias judiciais desfavoráveis, fixo a pena-base em 06 (seis) meses de detenção e 10 (dez) dias-multa. 2) Da pena provisória a) Atenuantes: Não há. b) Agravantes: Presente a agravante da reincidência (artigo 61, inciso I, Código Penal) em razão da condenação nos autos nº 0000769-90.2022.8.16.0074 (mov. 93.1). Assim, agravo a pena em 1/5, fixando a pena provisória em 07 (sete) meses e 06 (seis) dias de detenção e 12 (doze) dias-multa. 3) Da pena definitiva a) Causa geral de aumento: Não há. b) Causa especial de aumento: Não há. c) Causa geral de diminuição: Não há. d) Causa especial de diminuição: Não há. Pena definitiva: 07 (sete) meses e 06 (seis) dias de detenção e 12 (doze) dias-multa. 4) Do concurso material de infrações O acusado cometeu os delitos em concurso material, eis que, mediante mais de uma ação, praticou três crimes diversos, aplicando-se, assim, o disposto no artigo 69 do Código Penal. Somadas as reprimendas, fica o réu definitivamente condenado a cumprir pena de 01 (um) ano, 04 (quatro) meses e 24 (vinte e quatro) dias de detenção e 12 (doze) dias-multa. 5) Do regime O acusado foi condenado a pena inferior a 04 (quatro) anos, no entanto, considerando sua reincidência, o regime inicial de cumprimento deverá ser o SEMIABERTO, nos termos do art. 33, § 2º, “c”, do Código Penal, e Súmula 269 do STJ. 6) Da substituição de pena por restritiva de direitos ou multa Ante a reincidência do réu, incabível a substituição da pena por restritiva de direito (art. 44, inciso II, do Código Penal). 7) Da suspensão condicional da pena Incabível a suspensão condicional da pena em razão da reincidência do réu, nos moldes do art. 77, I, do Código Penal. 8) Da multa Conforme encontra-se previsto pena de multa no presente tipo penal, essa se faz necessária. Tendo em vista que não existem nos autos dados acerca do rendimento mensal do acusado, fixo o valor do dia-multa no mínimo legal, ou seja, em 1/30 (um trinta avos) do salário mínimo vigente. 9) Do direito de recorrer em liberdade Considerando que o réu respondeu ao presente processo em liberdade, concedo-lhe o direito de recorrer em liberdade. Ressalta-se que a jurisprudência do STJ se firmou no sentido de que o réu que permaneceu solto durante a instrução possui o direito de recorrer em liberdade, salvo se surgirem novos elementos que justifiquem a custódia cautelar. 10) Da responsabilidade civil Tendo em vista que houve requerimento expresso pelo Ministério Público, bem como que por se tratar de patrimônio público que foi danificado, com fundamento no artigo 387, inciso IV, do CPP, para fins de reparação civil, fixo o valor de R$ 500,00 (quinhentos reais) em favor do Estado do Paraná. O valor deverá ser acrescido de juros pela diferença entre a Taxa Selic e o IPCA desde a citação e até a data desta sentença, incidindo, a partir de então, apenas a Taxa Selic. 3. DISPOSITIVO Diante do exposto, julgo PROCEDENTE a pretensão punitiva estatal, para CONDENAR o acusado WICTHOR GUSTAVO BELLO DE ALMEIDA, qualificado nos autos, às sanções previstas nos artigos 329 do Código Penal, art. 331 do Código Penal e no art. 163, parágrafo único, inciso III, do Código Penal, na forma do artigo 69 do Código Penal, que resulta na pena privativa de liberdade de 01 (um) ano, 04 (quatro) meses e 24 (vinte e quatro) dias de detenção e 12 (doze) dias-multa, em 1/30 (um trigésimo) do salário-mínimo vigente ao tempo dos fatos, a ser cumprida inicialmente em regime SEMIABERTO. Condeno réu, ainda, ao pagamento de indenização mínima ao Estado do Paraná, no valor mínimo de R$ 500,00 (quinhentos reais), a ser acrescido de juros pela diferença entre a Taxa Selic e o IPCA desde a citação e até a data desta sentença, incidindo, a partir de então, apenas a Taxa Selic. Condeno o réu ao pagamento das custas do processo, nos termos do artigo 804 do Código de Processo Penal. 4. DISPOSIÇÕES FINAIS ANTES DO TRÂNSITO EM JULGADO Dos honorários advocatícios Considerando a atuação do advogado dativo na defesa do interesse do acusado, ante a ausência neste Estado de Defensoria Pública estruturada; e também considerando ter o representante judicial direito a honorários, CONDENO o Estado do Paraná ao pagamento dos honorários advocatícios ao Dr. TALYSON BYK SCHINVELSKI, OAB/PR 102.878, que arbitro em R$ 2.000,00 (novecentos reais), valor este em consonância com o indicado na tabela de honorários advocatícios prestados em caráter dativo fornecida pela OAB/PR. Serve cópia da presente sentença como certidão para o requerimento dos honorários arbitrados. DEPOIS DO TRÂNSITO EM JULGADO I - Remetam-se os autos ao Contador para cálculo das custas processuais, com posterior intimação do réu para pagamento, conforme disposições da Instrução Normativa nº 12/2017 da CGJ-TJ/PR; II – Oficie-se à Justiça Eleitoral sobre a suspensão dos direitos políticos do acusado, nos termos do artigo 15, inciso III, da Constituição Federal; III - Expeça-se Guia de Recolhimento Definitiva para a execução da pena; IV – Façam-se as necessárias anotações e demais comunicações, cumprindo-se as disposições do Código de Normas da Corregedoria Geral de Justiça; V – Feitas as comunicações previstas no CNCGJ-PR e certificado nos autos o levantamento de valores e a destinação dos objetos, no caso de existência de fiança e apreensões, promova-se o arquivamento do presente feito, procedendo-se às devidas baixas, nos termos do CNCGJ-PR. Publique-se, registre-se e intimem-se, inclusive a vítima, na forma do artigo 201, § 2º, do Código de Processo Penal e do artigo 5º, inciso II, alínea “d”, da Resolução 253 CNJ. Corbélia, datado eletronicamente. Marcelo Gomes Feracin Juiz de Direito

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Paulo Jorge Da Silva x Banco C6 Consignado S.A.

ID: 307058392

Tribunal: TJPR Órgão: Vara Cível de Alto Paraná Classe: PROCEDIMENTO COMUM CíVEL Nº Processo: 0000769-58.2023.8.16.0041

Data de Disponibilização: 25/06/2025

Polo Ativo:

PAULO JORGE DA SILVA

Polo Passivo:

BANCO C6 CONSIGNADO S.A.

Conclusão

Advogados:

CIRO JOSÉ DE CAMPOS OLIVEIRA COSTA

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HEITOR DE CAMPOS COSTA

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EDUARDO CHALFIN

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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARANÁ COMARCA DE ALTO PARANÁ VARA CÍVEL DE ALTO PARANÁ - PROJUDI PRAÇA SOUZA NAVES , 216 - CENTRO - Alto Paraná/PR - CEP: 87.750-000 - Fone: (44) 3259-6057 - Celular: (… PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARANÁ COMARCA DE ALTO PARANÁ VARA CÍVEL DE ALTO PARANÁ - PROJUDI PRAÇA SOUZA NAVES , 216 - CENTRO - Alto Paraná/PR - CEP: 87.750-000 - Fone: (44) 3259-6057 - Celular: (44) 99908-1798 - E-mail: cartorioaltopr@hotmail.com Autos nº. 0000769-58.2023.8.16.0041 Processo: 0000769-58.2023.8.16.0041 Classe Processual: Procedimento Comum Cível Assunto Principal: Nulidade / Anulação Valor da Causa: R$17.800,00 Autor(s): PAULO JORGE DA SILVA Réu(s): BANCO C6 CONSIGNADO S.A. SENTENÇA 1. RELATÓRIO Trata-se de ação declaratória de inexistência de débito c/c reparação por danos materiais e morais proposta por PAULO JORGE DA SILVA em face do BANCO C6 CONSIGNADO S/A. Resumidamente, a parte autora alegou, em sua petição inicial, que em fevereiro de 2021 recebeu uma ligação de um funcionário do banco réu, o qual lhe informou que teria direito a um fundo perdido, fazendo jus ao recebimento do valor de R$ 6.000,00 (seis mil reais). Posteriormente descobriu que, sem sua autorização, havia sido contratado um empréstimo consignado em seu nome, tendo o réu creditado o valor de R$ 6.203,47 (seis mil, duzentos e três reais e quarenta e sete centavos) em sua conta e passando a efetuar descontos de R$ 150,00 (cento e cinquenta reais) mensais. Sustentou ser vítima de fraude, pois jamais celebrou qualquer negócio jurídico com o banco réu. Ao fim, pleiteou a procedência de seus pedidos inicias com o escopo de se declarar a nulidade dos débitos, condenando o réu a devolver, em dobro, os valores descontados e a pagar indenização por danos morais, no importe de R$ 10.000,00 (dez mil reais), subsidiariamente, pediu, na hipótese de demonstração da veracidade de sua assinatura no contrato, que os juros cobrados sejam revisados e fixados no mínimo legal. Pediu, também, o deferimento em seu favor do direito à justiça gratuita. O réu apresentou contestação (mov.11.1), em síntese, se manifestou, preliminarmente, no seguinte sentido: (a) inépcia da inicial; (b) a procuração e o comprovante de residência acostados à exordial estariam desatualizados, devendo ser determinada sua correção, sob pena de extinção do feito. No mérito, argumentou: (a) pela regularidade da contratação, pois sua celebração se deu de maneira presencial perante correspondente bancário e foi informado de que se tratava de empréstimo consignado, com desconto em folha de pagamento, o qual aderiu de livre e espontânea vontade; (b) em momento algum lhe procurou para resolução da situação; (c) inexistiria o seu dever de devolver os valores cobrados; (d) não estaria configurado dano moral indenizável. Juntou ao mov. 11.2 a 11.7 o contrato supostamente assinado pelo autor e acompanhado de cópia do seu documento pessoal, formulário de contestação e comprovante de transferência eletrônica à conta bancária do autor. Recebida a petição inicial (mov. 12), deferiu-se a justiça gratuita ao autor e a inversão do ônus da prova. Em impugnação à contestação (mov. 18.1), a parte autora rechaçou as preliminares arguidas e impugnou a autenticidade da assinatura lançada no contrato, reiterando os fatos descritos na inicial. Intimadas as partes acerca das provas que pretendem produzir, o autor pleiteou pela realização de prova pericial grafotécnica (mov. 24.1) e o réu pugnou pela expedição de ofício à Caixa Econômica Federal e oitiva do autor em audiência de instrução (movs.15.1 e 27.1). Saneado o feito, foi deliberado a respeito das preliminares lançadas na peça contestatória, rejeitando-as. Fixou-se os pontos controvertidos e deferiu a produção de prova pericial grafotécnica (mov. 30). Produzida a prova pericial, laudo acostado aos autos (mov. 95.2). As partes foram intimadas para se manifestar sobre o laudo pericial (mov. 97). O réu, com base na perícia, requereu a improcedência dos pedidos iniciais e a condenação do autor por litigância de má-fé (mov. 100). O autor, por sua vez, afirmou que, a despeito de ter sido atestada a autenticidade de sua assinatura, que não tinha total conhecimento dos termos que estava contratando, tendo sido induzido a erro pela instituição financeira, sendo necessária a sua oitiva para esclarecimento dos fatos (mov. 101). Intimou-se a parte ré para dizer se tinha ainda interesse em ouvir a parte autora (mov. 105/107), tendo se pronunciado pelo desinteresse (mov. 108). É o relatório. Decido. 2. FUNDAMENTAÇÃO Compreendo que o feito comporta julgamento no estado em que se encontra, sendo desnecessárias outras diligências. Passo a analisar o mérito. Cinge a controvérsia sobre a regularidade ou não da contratação do empréstimo consignado de n. 010016571663 (mov. 11.2/11.4), com valores financiados de R$ 6.373,49 (seis mil, trezentos e setenta e três reais e quarenta e nove centavos), com parcelas de R$ 150,00 (cento e cinquenta reais), que estavam sendo descontadas da conta bancária do autor por parte do réu, e se das cobranças realizadas acarretou abalo a sua moral. Mister ressaltar que a relação travada entre as partes é nitidamente de consumo, encontrando, desse modo, amparo no Código de Defesa do Consumidor. Como se vê, a responsabilidade no caso em comento é objetiva, ou seja, independe de prova da culpa do agente causador do dano, uma vez verificada a falha na prestação do serviço, nos termos do artigo 14 do CDC: “Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.” Ainda, incide na espécie a inversão do ônus da prova, a teor do artigo 6º, inciso VIII, do CDC e do artigo 373, II, do CPC, na medida em que, alegada a inexistência de relação jurídica, incumbe à parte ré comprovar a efetiva contratação entre as partes, in verbis: “Art. 6º - São direitos básicos do consumidor: (...) VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências;” “Art. 373. O ônus da prova incumbe: I - ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor.” Contudo, mesmo na hipótese de aplicação do Código do Consumidor e inversão do ônus da prova, é ônus da parte autora produzir prova mínima do fato constitutivo de seu direito. Nesse sentido: “Como, nas demandas que tenham por base o CDC, o objetivo básico é a proteção ao consumidor, procura-se facilitar a sua atuação em juízo. Apesar disso, o consumidor não fica dispensado de produzir provas. Pelo contrário, a regra continua a mesma, ou seja, o consumidor, como autor da ação de indenização, deverá comprovar os fatos constitutivos do seu direito. (...) Deve ficar claro, porém, que o ônus de comprovar a ocorrência dos danos e da sua relação de causalidade com determinado produto ou serviço é do consumidor. Em relação a esses dois pressupostos da responsabilidade civil do fornecedor (dano e nexo causal), não houve alteração da norma de distribuição do encargo probatório do artigo 333 do CPC” (SANSEVERINO, Paulo de Tarso Vieira. Responsabilidade Civil no Código do Consumidor e a Defesa do Fornecedor. 3ª. Ed. São Paulo: Saraiva, 2010, p. 354-5.). É caso de se julgar improcedentes os pedidos iniciais. Friso, antes de outras considerações, que é incontroverso que em favor do autor foi depositado em sua conta bancária os valores de R$ 6.203,47 (seis mil reais e duzentos e três reais e quarenta e sete centavos), fato que admitiu em sua petição inicial (mov. 1.1 – p. 04), confirmado com o comprovante de transferência juntado pelo réu (mov. 11.7). Verifica-se que o réu em sua contestação juntou cópia do contrato de empréstimo que o autor teria assinado e seus documentos pessoais com o escopo de demonstrar a validade das contratações (mov. 11.2/11.5). Por outro lado, o autor impugnou a autenticidade dos referidos documentos (mov. 18). Diante disso, incide no caso a regra de que é ônus daquele que produziu o documento demonstrar a sua autenticidade, ônus que incumbia ao réu, consoante o artigo 429, II, do Código de Processo Civil: “Art. 429. Incumbe o ônus da prova quando: (...) II - se tratar de impugnação da autenticidade, à parte que produziu o documento.” A prova grafotécnica foi produzida e se constatou a autenticidade da assinatura no contrato de empréstimo, senão vejamos (mov. 95.2): Além disso, o réu juntou cópias dos documentos pessoais do autor colhidos no momento da assinatura do contrato e o comprovante de transferência de R$ 6.203,47 (seis mil reais e duzentos e três reais e quarenta e sete centavos) em seu favor. Ressalto, ainda, que a incapacidade de ler ou escrever não invalida automaticamente um contrato, desde que sejam observadas certas formalidades para garantir a compreensão de seus termos, sendo reconhecida, até mesmo, a liberdade de contratar do analfabeto. Nesses termos, a parte autora não produziu nenhuma prova de que a contratação teria sido efetivada mediante vício de vontade ou meio fraudulento, ônus que deixou de se desincumbir. Portanto, ausente a demonstração de cobrança indevida e, por consequência, não há de se falar de danos materiais e danos morais na hipótese dos autos. Nesse mesmo sentido há precedente exarado pelo Tribunal de Justiça do Paraná: “Direito civil e direito processual civil. Apelação cível. Ação declaratória de inexistência de débito. Prova pericial grafotécnica que reconheceu assinatura do autor. Empréstimo válido. Recurso não provido. I. Caso em exame1. Apelação cível interposta contra sentença que julgou improcedentes os pedidos de declaração de inexistência de débito e revogou tutela antecipada. O apelante alega a não observância da inversão do ônus da prova e insuficiência das provas apresentadas pela parte ré.II. Questão em discussão2. A questão principal consiste em saber a validade da contratação do empréstimo e a possibilidade de inversão o ônus probatório.3. Discute-se, também, a ausência de dialeticidade recursal no apelo.III. Razões de decidir4. O apelante demonstrou minimamente a pretensão de reforma, não violando a dialeticidade recursal.5. A sentença não negou a inversão do ônus da prova, mas ressaltou seu uso como regra de julgamento, que não foi necessário devido à contundência da prova pericial.6. A perícia e os documentos apresentados pela parte ré demonstraram a validade da contratação, comprovando que as assinaturas no contrato vieram do punho do autor.7. Os descontos realizados pela instituição financeira foram considerados devidos, não havendo razão para condenação a danos morais ou devolução em dobro.IV. Dispositivo e tese8. Apelação cível conhecida e não provida. (...)”. (TJPR - 8ª Câmara Cível - 0021913-57.2023.8.16.0019 - Ponta Grossa - Rel.: DESEMBARGADOR LUCIANO CARRASCO FALAVINHA SOUZA - J. 26.05.2025) Do mesmo modo, não há como acolher o pedido subsidiário de revisão dos juros cobrados sobre o empréstimo, tendo em vista que é livre a fixação do percentual de juros pela instituição financeira, desde que observados as regras estabelecidas pelo Banco Central do Brasil, não sendo direito automático do tomador do empréstimo bancário a revisão para o mínimo legal, ou outro patamar que entende correto, como quer a parte autora, devendo haver a comprovação de sua cobrança abusiva. O contrato estabeleceu os juros mensais de 1,80% e anuais de 23,87% (mov. 11.3). Destaca-se que as instituições financeiras não estão sujeitas às disposições do Decreto 22626/1993 (Lei de Usura), no que tange às taxas de juros e outros encargos cobrados, não se considerando abusivas apenas por estarem acima da média praticada no mercado. É o que dispõem a Súmula n. 596 do STF e Súmula 382 do STJ: “Súmula 596 do STJ. As disposições do Decreto 22626/1993 não se aplicam às taxas de juros e aos outros encargos cobrados nas operações realizadas por instituições públicas ou privadas, que integram o sistema financeiro nacional”. “Súmula 382 do STJ: A estipulação de juros remuneratórios superiores a 12% ao ano, por si só, não indica abusividade”. O Superior Tribunal de Justiça, ao julgar o Recurso Especial n. 973827/RS, firmou entendimento de que é permitida a capitalização de juros com periodicidade inferior a um ano em contratos celebrados após 31.03.2000, desde que expressamente pactuada. Prescinde de expressa autorização do Conselho Monetário Nacional a cobrança de juros superiores a 1% ao mês, porque tal autorização já foi concedida através da Resolução n. 1.065 do Banco Central, conforme precedentes do STJ. Por expressamente pactuada, entende-se a previsão no contrato de taxa de juros anual superior ao duodécuplo da mensal, conforme teor da Súmula 541 do STJ. No caso dos autos, o contrato prevê taxas de juros anuais superiores ao duodécuplo das taxas mensais, restando, portanto, claramente prevista a capitalização dos juros. No que diz respeito ao percentual pactuado, o Superior Tribunal de Justiça, ao julgar o Recurso Especial n. 1.061.530/RS pelo regime dos recursos repetitivos, fixou balizas a serem seguidas na análise de pretensões revisionais, ficando o julgado assim ementado: DIREITO PROCESSUAL CIVIL E BANCÁRIO. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO REVISIONAL DE CLÁUSULAS DE CONTRATO BANCÁRIO. INCIDENTE DE PROCESSO REPETITIVO. JUROS REMUNERATÓRIOS. CONFIGURAÇÃO DA MORA. JUROS MORATÓRIOS. INSCRIÇÃO/MANUTENÇÃO EM CADASTRO DE INADIMPLENTES. DISPOSIÇÕES DE OFÍCIO. DELIMITAÇÃO DO JULGAMENTO (...) I - JULGAMENTO DAS QUESTÕES IDÊNTICAS QUE CARACTERIZAM A MULTIPLICIDADE. ORIENTAÇÃO 1 - JUROS REMUNERATÓRIOS a) As instituições financeiras não se sujeitam à limitação dos juros remuneratórios estipulada na Lei de Usura (Decreto 22.626/33), Súmula 596/STF; b) A estipulação de juros remuneratórios superiores a 12% ao ano, por si só, não indica abusividade; c) São inaplicáveis aos juros remuneratórios dos contratos de mútuo bancário as disposições do art. 591 c/c o art. 406 do CC/02; d) É admitida a revisão das taxas de juros remuneratórios em situações excepcionais, desde que caracterizada a relação de consumo e que a abusividade (capaz de colocar o consumidor em desvantagem exagerada - art. 51, § 1º, do CDC) fique cabalmente demonstrada, ante às peculiaridades do julgamento em concreto. (STJ - REsp: 1061530 RS 2008/0119992-4, Relator: Ministra NANCY ANDRIGHI, Data de Julgamento: 22/10/2008, S2 - SEGUNDA SEÇÃO, Data de Publicação: --> DJe 10/03/2009) A taxa média de mercado divulgada pelo Banco Central do Brasil, referente ao mês de fevereiro de 2021, para a operação de empréstimo consignado para pessoa física era de 2,23% ao mensais. Assim sendo inexiste qualquer abusividade na forma de cobrança dos juros sobre o valor financiado. O pedido realizado pelo réu de condenação do autor por litigância de má-fé deve ser acolhido. O autor disse o seguinte em sua inicial (mov. 1.1): “(...) Em fevereiro de 2021, o Requerente recebeu uma ligação de um preposto da Requerida, momento no qual fora informado de que aquele teria direito a um fundo perdido, e que, por esta razão, possuiria um valor aproximado de R$ 6.000,00 (seis mil reais) a receber. O Requerente estabelece e deixa bem claro que não assinou nenhum contrato, pois não tinha a intenção de realizar nenhum empréstimo. (...) Conforme aludido alhures, notório que a Requerida cobra indevidamente o Requerente, eis que referidas cobranças se dão em função de um empréstimo não contratado pelo Requerente. (...) Declara o Requerente que não assinou nenhum contrato, pois não tinha a intenção de realizar nenhum empréstimo com a Requerida. Assim, é indispensável a realização de prova grafotécnica para constar tal falsificação, residindo à pertinência na solução do único ponto controvertido nos autos, em relação a não contratação do empréstimo. (...) O Requerente não contratou o empréstimo em discussão, situação que caracteriza prática abusiva à luz do artigo 39, III, do Código de Defesa do Consumidor. Trata-se de verdadeira fraude, prática bastante comum em que bancos e correspondentes bancários obtêm os dados pessoais de consumidores e, de forma indevida, lançam em seus sistemas de abertura de empréstimos frente a instituições financeiras. Nesse sentido, houve prática de ato ilícito pela Requerida, pois, além de efetivarem um consignado não autorizado pelo Requerente, esta conduta vem acarretando prejuízo de ordem material, na medida em que, desde abril/2021, vem sendo efetivados descontos totalmente indevidos em sua aposentadoria.” O Código de Processo Civil assim dispõe: “Art. 80. Considera-se litigante de má-fé aquele que: (...) II - alterar a verdade dos fatos;”. Ademais, a doutrina assim se posiciona sobre a litigância de má-fé, na modalidade alterar a verdade dos fatos: “Consiste em afirmar fato inexistente, negar fato existente ou dar versão mentirosa para fato verdadeiro. A Lei 6.771/80 retirou o elemento subjetivo “intencionalmente” do texto do CPC/1973 17 II, de sorte que, desde então, não mais se exige a intenção, o dolo de alterar a verdade dos fatos para caracterizar a litigância de má-fé. Basta a culpa ou o erro inescusável”. (NERY JUNIOR, Nelson, NERY, Rosa Maria de Andrade. Código de Processo Civil comentado.17. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Thomson Reuters Brasil, 2018. p. 497). Em análise do petitório inicial, verifica-se que o autor omitiu informação essencial necessária para o deslinde do feito, alterando a verdade dos fatos, eis que, conforme muito bem provado, houve efetiva contratação com sua assinatura, quando por diversas vezes afirmou que não tinha assinado o contrato e que se tratava de fraude, tendo sido contatado via telefone por preposto do réu. Desse modo, imperiosa a aplicação de multa por litigância de má-fé, pois, na tentativa de ludibriar este juízo, a parte autora alterou e a verdade dos fatos, de modo que deve ser penalizada nos exatos termos da legislação processual, a saber: “Art. 81. De ofício ou a requerimento, o juiz condenará o litigante de má-fé a pagar multa, que deverá ser superior a um por cento e inferior a dez por cento do valor corrigido da causa, a indenizar a parte contrária pelos prejuízos que esta sofreu e a arcar com os honorários advocatícios e com todas as despesas que efetuou.” Portanto, nos termos do artigo 80, II, c/c o artigo 81 ambos do CPC, condeno o autor ao pagamento de multa no importe de 1% do valor atualizado da causa, haja vista a gravidade da distorção da verdade. Neste sentido: “RECURSO INOMINADO. MATÉRIA RESIDUAL. AÇÃO DE RESTITUIÇÃO DE VALOR E INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. DEFEITO EM PRODUTO. EXCLUSÃO DE GARANTIA CONTRATUAL. INEXISTÊNCIA DE VÍCIO DE FABRICAÇÃO. AUSÊNCIA DE FALHA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO. DANO MORAL NÃO CONFIGURADO. LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ. ALTERAÇÃO DA VERDADE DOS FATOS. CONDENAÇÃO MANTIDA. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS FIXADOS DE FORMA PROPORCIONAL. SENTENÇA MANTIDA. RECURSO DESPROVIDO.” (TJPR - 2ª Turma Recursal - 0007772-02.2024.8.16.0018 - Maringá - Rel.: JUIZ DE DIREITO DA TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS HELDER LUIS HENRIQUE TAGUCHI - J. 13.05.2025). “AÇÃO DECLARATÓRIA DE NULIDADE CONTRATUAL CUMULADA COM REPETIÇÃO DE INDÉBITO E DANO MORAL. CÉDULA DE CRÉDITO BANCÁRIO. EMPRÉSTIMO CONSIGNADO. PEDIDO IMPROCEDENTE. INSURGÊNCIA DA AUTORA. ALEGAÇÃO DE VÍCIO DE CONSENTIMENTO. ASSINATURA DO CONTRATO PELA PARTE. CUMPRIMENTO DOS REQUISITOS LEGAIS. COMPROVAÇÃO DA LIBERAÇÃO DO MÚTUO. INEQUÍVOCA ACEITAÇÃO DOS TERMOS CONTRATUAIS. NEGÓCIO JURÍDICO VÁLIDO E EFICAZ. ATO ILÍCITO NÃO CONFIGURADO. REPETIÇÃO DO INDÉBITO E INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL INVIABILIZADOS. PLEITO PELA CONDENAÇÃO DA AUTORA POR LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ LEVANTADO EM CONTRARRAZÕES. LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ CARACTERIZADA. PRETENSÃO FORMULADA CONTRA FATO INCONTROVERSO E ALTERAÇÃO DA VERDADE DOS FATOS. CONDENAÇÃO EM MULTA POR LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ DE UM POR CENTO DO VALOR ATUALIZADO DA CAUSA. VERBA HONORÁRIA MAJORADA, OBSERVADA A GRATUIDADE. RECURSO NÃO PROVIDO.” (TJPR - 15ª Câmara Cível - 0001432-09.2021.8.16.0160 - Sarandi - Rel.: DESEMBARGADOR LUIZ CEZAR NICOLAU - J. 12.12.2023) 3. DISPOSITIVO Ante o exposto, JULGO IMPROCEDENTES os pedidos iniciais, com fundamento no artigo 487, I, do Código de Processo Civil. Nos termos do artigo 85, §2º do CPC, condeno a parte autora ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios, estes em 10% (dez por cento) sobre o valor atualizado da causa. Ressalta-se que a parte sucumbente tem em seu favor o direito à justiça gratuita, ficando sob condição suspensiva a exigibilidade das despesas processuais, nos termos do artigo 98, § 3º, do Código de Processo Civil. Por fim, condeno o autor ao pagamento de multa no importe de 1% do valor atualizado da causa, conforme o artigo 80, II, c/c o artigo 81 ambos do CPC. Caso seja interposto recurso de apelação contra esta sentença, independentemente de nova conclusão: 1. Intime-se a parte recorrida para apresentar contrarrazões no prazo legal de 15 (quinze) dias (artigo 1.010, §1º, do Código de Processo Civil); 2. Interposta apelação adesiva pela parte recorrida (artigo 997, §§ 1° e 2°, Código de Processo Civil), intime-se a parte contrária para contrarrazões no prazo de 15 (quinze) dias (artigo 1.010, §2º, do Código de Processo Civil); 3. Caso as contrarrazões do recurso principal ou do adesivo contemplem as matérias elencadas no artigo 1.009, §1º, do Código de Processo Civil, intime-se a parte recorrente para se manifestar sobre elas no prazo de 15 (quinze) dias (artigo 1.009, §2º, do Código de Processo Civil); 4. Após, encaminhem-se os autos ao Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Paraná (artigo 1.010, §3º, do Código de Processo Civil), a quem competirá o juízo de admissibilidade recursal (artigo 932, do Código de Processo Civil). Com o trânsito em julgado, arquive-se o presente feito, com baixas e anotações necessárias. Cumpram-se as disposições do Código de Normas. Sentença publicada e registrada eletronicamente. Intimem-se as partes. Alto Paraná, datado eletronicamente. Huber Pereira Cavalheiro Juiz de Direito

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Ruann Carlos Pontarolo Eidan x Ministério Público Do Estado Do Paraná

ID: 324285066

Tribunal: TJPR Órgão: 1ª Vice-Presidência Classe: PETIçãO CRIMINAL Nº Processo: 0000012-15.2025.8.16.0164

Data de Disponibilização: 14/07/2025

Polo Ativo:

RUANN CARLOS PONTAROLO EIDAN

Polo Passivo:

MINISTéRIO PúBLICO DO ESTADO DO PARANá

Conclusão

Advogados:

CONRADO PAVELSKI NETO

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JOÃO MARIA DE GOES JUNIOR

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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARANÁ 1ª VICE-PRESIDÊNCIA Autos nº. 0000012-15.2025.8.16.0164 Recurso: 0000012-15.2025.8.16.0164 Classe Processual: Petição Criminal Assunto Principal: Tráfi… TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARANÁ 1ª VICE-PRESIDÊNCIA Autos nº. 0000012-15.2025.8.16.0164 Recurso: 0000012-15.2025.8.16.0164 Classe Processual: Petição Criminal Assunto Principal: Tráfico de Drogas e Condutas Afins Requerente(s): Ruann Carlos Pontarolo Eidan Requerido(s): MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ I – Ruann Carlos Pontarolo Eidan interpôs recurso especial, com fundamento no artigo 105, inciso III, alíneas “a” e “c”, da Constituição Federal, contra acórdão proferido pela 3ª Câmara Criminal deste Tribunal de Justiça. Alegou, além de divergência jurisprudencial, ofensa aos artigos: a) 386, VII, do Código de Processo Penal, “ao manter condenações fundamentadas exclusivamente em interceptações telefônicas, sem apreensão de drogas ou outros elementos probatórios concretos”; b) 2º, §1º, da Lei 9.296/96, por uso indevido das interceptações telefônicas; c) 33 e 35 da Lei 11.343/06, por falta de materialidade e prova da associação e que a ausência de apreensão da droga torna impossível a comprovação da materialidade; d) 156 do Código de Processo Penal, pois “A condenação sem apreensão de drogas transfere indevidamente ao réu o ônus de provar sua inocência.” (fls. 3/4, mov. 1.1) O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ apresentou contrarrazões (mov. 10.1), manifestando-se pela inadmissão do recurso. II – Sobre a temática recursal, constou do acórdão recorrido: “(...) 3.1. (a) Da Absolvição quanto aos crimes de Tráfico de drogas - ALESSANDRA BRANDÃO MERELLES, DANIEL ALBERTO FOLLMANN, LUIZ LAURINDO FERREIRA JÚNIOR e RUANN CARLOS PONTAROLO EIDAN; (b) absolvição quanto ao crime de Associação para o tráfico DANIEL ALBERTO FOLLMANN e RUANN CARLOS PONTAROLO EIDAN; A materialidade do crime em análise está comprovada no conjunto probatório reunido nos Autos de Ação de Medida Cautelar Inominada sob n° 0000769-14.2022.8.16.0164 e nos Autos de Ação Penal sob nº 0000807-26.2022.8.16.0164, consubstanciados nos seguintes documentos: a) Auto de Prisão em Flagrante (seq. 1.4); b) Auto de Exibição de Apreensão (seq. 1.9); c) Auto de Constatação Provisória de Droga (seq. 1.11); d) Auto de Exame Provisório de Eficiência e Prestabilidade de Arma de Fogo (seq. 1.12); e) fotografias (seqs. 1.21 a 1.29); f) Boletim de Ocorrência nº 2022/880514 (seq. 1.18); g) mandado de busca e apreensão (seq. 1.19); h) mandado de prisão (seq. 1.20); i) arquivos de imagens (seqs. 1.21 /30); j) relatório técnico (seq. 40.1); h) extratos bancários (seqs. 294.3, 94.39 e 334.9); i) Laudo Pericial Definitivo de Substâncias Entorpecentes (seq. 295.2), bem como pela prova oral colhida durante toda a persecução criminal (seqs. 1.6, 1.8, 1.14, 1.16, 362.1/3, 394.1/4). Da mesma maneira, a autoria delitiva também ficou comprovada e recai sobre as pessoas de ALESSANDRA BRANDÃO MERELLES, DANIEL ALBERTO FOLLMANN, LUIZ LAURINDO FERREIRA JÚNIOR, RUANN CARLOS PONTAROLO EIDAN e RAFAEL MORAIS DA SILVA. (...) Os policiais ouvidos em juízo, confirmam na íntegra os termos do boletim de ocorrências, afirmando o agente Guilherme Gruber que já havia denúncias e diligências em desfavor de LUIZ LAURINDO e ALESSANDRA, com suspeitas de que ambos praticavam o tráfico de drogas. Explicou que quando do cumprimento dos mandados e, após autorização de ALESSANDRA, acessou o conteúdo do celular do casal, confirmando a participação de ALESSANDRA, RUANN, DANIEL e RAFAEL, inclusive nos crimes de tráfico de drogas. Reitera que havia comprovantes de pagamento em nome da mãe de RAFAEL e que na casa de LUIZ LAURINDO e ALESSANDRA foram apreendidas porções de drogas e uma arma de fogo (seqs. 362.1 e 362.2). (...) O escrivão Robson Luis da Silva, por sua vez, relatou que existiam indícios de que o casal ALESSANDRA e LUIZ LAURINDO estabeleceram residência em Teixeira Soares com o propósito de comercializar drogas, sendo que, LUIZ LAURINDO utilizava uma arma de fogo para intimidar as pessoas durante as cobranças oriundas do tráfico de drogas. A princípio, perceberam que LUIZ LAURINDO adquiria drogas com RAFAEL, enquanto RUANN e DANIEL adquiriam com LUIZ LAURINDO, considerando-se que havia informações de que RUANN e DANIEL traficavam drogas no estabelecimento comercial em que eram sócios. Por fim, sobre o cumprimento do mandado de busca e apreensão, afirmou que foi o responsável por localizar a arma de fogo no quarto (seq. 394.1). (...) Veja-se que do laudo pericial do aparelho celular apreendido (seq. 40.1) é possível constatar diversos diálogos evidenciando a associação entre LUIZ e ALESSANDRA (fato 01) e RUANN e DANIEL (fato 04), bem como a prática dos delitos de tráfico de drogas (fatos 02, 03, 05, 06, 07, 08, 09) e posse ilegal de arma de fogo de uso permitido (fato 10). (...) A despeito da alegação das defesas de DANIEL ALBERTO FOLLMANN E RUANN CARLOS PONTAROLO EIDAN, de que não teriam sido encontradas drogas junto aos apelantes e, portanto, inexistiria materialidade quanto ao crime de tráfico de drogas, cabe mencionar que a ligação dos réus com os crimes de tráfico de drogas e associação para o tráfico de drogas foi cabalmente demonstrada por meio de prova pericial, sendo, por diversas vezes, conforme visto, confirmado pelos próprios réus, e pelos demais corréus a participação nos referidos crimes. (...) entende-se, assim como o magistrado singular, que a apreensão de drogas nem sempre se faz necessária se há outros elementos probatórios que comprovam a materialidade. (...) o relatório em comento, não está apenas no mundo das conjunturas, mas é a materialização das negociações e conexões entre todos os réus, além é claro, de estar corroborada por extensa investigação, e consagrada pela derradeira apreensão de drogas. (...) Logo, não há qualquer ilegalidade na condenação dos apelantes sem a apreensão de drogas em sua posse direta, considerando, essencialmente, a comprovação por outros meios de provas idôneas, de suas respectivas participações nos crimes em análise. (...) Conforme já elucidado anteriormente, RUANN e DANIEL tinham uma sociedade empresarial, da qual usavam como fachada para cometer diversos crimes de tráfico de drogas e sua conexão com o casal é demonstrada pela corré ALESSANDRA, que menciona em juízo que foi DANIEL quem apresentou RUANN a LUIZ LAURINDO para transações ilícitas. (...) No caso dos autos, como se viu, a soma probatória evidencia o animus associativo de forma estável e duradoura entre os apelantes, com a finalidade de cometer o crime de tráfico de drogas, o que fica ainda mais evidente pelo relacionamento entre eles, que tinham, em sociedade, um estabelecimento comercial. (...) Portanto, há que se manter a condenação os recorrentes RUANN e DANIEL também pelo delito de associação para o tráfico de drogas previsto no artigo 35 da Lei nº 11.343 /06 e descrito no fato 04 do aditamento à denúncia. (...).” (fls. 20/35, mov. 116.1, Ap) Em que pese a argumentação recursal em torno da insuficiência de provas para a condenação, o Superior Tribunal de Justiça possui firme orientação de que “(...) A revisão da conclusão do Tribunal de origem quanto à suficiência e validade do conjunto probatório exige reexame de fatos e provas, providência vedada na via do recurso especial, conforme a Súmula 7/STJ.” (AgRg no AREsp n. 2.885.177/AL, relator Ministro Carlos Cini Marchionatti (Desembargador Convocado TJRS), Quinta Turma, julgado em 20/5/2025, DJEN de 28/5/2025.) Ademais, não há o devido prequestionamento da matéria ligada ao artigo 2º, §1º, da Lei 9.296/96, por uso indevido das interceptações telefônicas, posto que a questão não foi objeto de exame e decisão pelo órgão julgador, de modo que sobre ela incide o óbice das Súmulas 282 e 356, ambas do Supremo Tribunal Federal aplicáveis, por analogia, aos recursos especiais, como se vê: “A simples indicação dos dispositivos legais tidos por violados, sem que o tema tenha sido enfrentado pelo acórdão recorrido, obsta o conhecimento do recurso especial, por falta de prequestionamento, a teor das Súmulas n. 282 e 356 do STF. 3. O recurso especial não comporta exame de questões que impliquem revolvimento do contexto fático-probatório dos autos (Súmula n. 7 do STJ). (...) Agravo interno a que se nega provimento.” (AgInt no AREsp n. 1.342.677/SC, relator Ministro Antonio Carlos Ferreira, Quarta Turma, julgado em 20/3/2023, DJe de 24/3/2023.) Sobre a suposta violação aos artigos 33 e 35 da Lei nº 11.343/06, por ausência da materialidade, o entendimento firmado pelo Colegiado não pode ser revisto na via estreita do recurso especial por exigir o reexame da matéria fático-probatória dos autos, o que resta obstado, como visto, pela Súmula 7/STJ. A propósito: “Para alterar a conclusão do acórdão impugnado acerca da existência de provas suficientes da materialidade delitiva e da autoria do agente, seria imprescindível reexaminar as circunstâncias fáticas do caso, providência inviável em sede de recurso especial. 7. O conhecimento do recurso especial encontra óbice na Súmula n. 7/STJ, que impede o reexame de provas em recurso especial. (...).” (AgRg no AREsp n. 2.599.919/RS, relator Ministro Messod Azulay Neto, Quinta Turma, julgado em 20/5/2025, DJEN de 28/5/2025.) Por outro lado, o posicionamento adotado pelo julgador de que “a apreensão de drogas nem sempre se faz necessária se há outros elementos probatórios que comprovam a materialidade” (fl.32, mov. 116.1, Ap) está em harmonia com a orientação do Superior Tribunal de Justiça: “PENAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE REVISÃO CRIMINAL. CONDENAÇÃO TRANSITADA EM JULGADO. DESCABIMENTO. TRÁFICO DE DROGAS E ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO MAJORADOS PELO ENVOLVIMENTO DE ADOLESCENTE. TESES DE ABSOLVIÇÃO POR AUSÊNCIA DE PROVAS. NÃO CABIMENTO. DESNECESSIDADE DE APREENSÃO DE DROGAS PARA CARACTERIZAÇÃO DO DELITO DE TRÁFICO. CONDENAÇÃO BASEADA EM ELEMENTOS PROBATÓRIOS ROBUSTOS. MODIFICAÇÃO DO POSICIONAMENTO ADOTADO PELA CORTE ORIGINÁRIA. NECESSIDADE DE REEXAME DO CONJUNTO FÁTICO-PROBATÓRIO NÃO PERMITIDO NA VIA ELEITA. IMPOSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO DA MINORANTE DO TRÁFICO PRIVILEGIADO. REQUISITOS LEGAIS NÃO PREENCHIDOS. PRECEDENTES. CONSTRANGIMENTO ILEGAL. AUSÊNCIA. Ordem denegada.” (HC n. 973.664/SP, relator Ministro Sebastião Reis Júnior, Sexta Turma, julgado em 6/5/2025, DJEN de 9/5/2025.) E, “Tendo o acórdão recorrido decidido em consonância com a jurisprudência desta Corte, incide, na hipótese, a Súmula n. 83 do Superior Tribunal de Justiça, que abrange os recursos especiais interpostos com amparo nas alíneas “a” e/ou “c” do permissivo constitucional” (AgInt no AREsp 1861436/RJ, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, TERCEIRA TURMA, julgado em 21/02/2022, DJe 23/02/2022). Por fim, “(...) É pacífico o entendimento desta corte superior de que os mesmos óbices impostos à admissão do recurso pela alínea "a" do permissivo constitucional impedem a análise recursal pela alínea "c", ficando prejudicada a apreciação do dissídio jurisprudencial referente ao mesmo dispositivo de lei federal apontado como violado ou à tese jurídica. Agravo interno improvido.” (AgInt no AREsp n. 2.365.401/RO, relator Ministro Humberto Martins, Terceira Turma, julgado em 15/4/2024, DJe de 17/4/2024.) III – Diante do exposto, inadmito o recurso especial com fundamento nas Súmulas 7 e 83 do Superior Tribunal de Justiça, bem como Súmulas 282 e 283 do Supremo Tribunal Federal, estas últimas aplicadas, por analogia, aos recursos especiais. Intimem-se. Curitiba, data da assinatura digital. Desembargador HAYTON LEE SWAIN FILHO 1º Vice-Presidente do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná AR03

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