Resultados para o tribunal: TJSP

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Adão Jeronimo Spinola E Castro e outros x Central Nacional Unimed - Cooperativa Central e outros

ID: 314237018

Tribunal: TJSP Órgão: Foro de Jaguariúna - 2ª Vara Classe: PROCEDIMENTO COMUM CíVEL Nº Processo: 1003807-59.2024.8.26.0296

Data de Disponibilização: 02/07/2025

Polo Ativo:

ADãO JERONIMO SPINOLA E CASTRO IRACEMA VEIGA SPINOLA E CASTRO

Polo Passivo:

CENTRAL NACIONAL UNIMED - COOPERATIVA CENTRAL FEDERAçãO DAS SOCIEDADES COOPERATIVAS DE TRABALHO MéDICO DO ACRE, AMAPá, AMAZONAS, PARá, RONDôNIA E RORAIMA - UNIMED FAM UNIMED CAMPINAS COOPERATIVA DE TRABALHO MéDICO

Intimação

Advogados:

YAGO RENAN LICARIÃO DE SOUZA

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VINICIUS TEODORO FERREIRA

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TAMIRES NASCIMENTO FERREIRA

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RAPHAEL BARROS ANDRADE LIMA

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LUIZ FELIPE CONDE

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LEIDSON FLAMARION TORRES MATOS

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HERMANO GADELHA DE SÁ,

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ANDRÉA MARIA GUILHERME FABRINI

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Processo 1003807-59.2024.8.26.0296 - Procedimento Comum Cível - Tratamento médico-hospitalar - Iracema Veiga Spinola e Castro - - Adão Jeronimo Spinola e Castro - Central Nacional Unimed - Cooperat… Processo 1003807-59.2024.8.26.0296 - Procedimento Comum Cível - Tratamento médico-hospitalar - Iracema Veiga Spinola e Castro - - Adão Jeronimo Spinola e Castro - Central Nacional Unimed - Cooperativa Central - - Unimed Campinas Cooperativa de Trabalho Médico - - Federação das Sociedades Cooperativas de Trabalho Médico do Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia e Roraima - Unimed Fam - Vistos. IRACEMA VEIGA SPINOLA E CASTRO e ADÃO JERÔNIMO SPINOLA E CASTRO ajuizaram a presente ação de obrigação de fazer c/c reparação por danos materiais e morais, com pedido de tutela de urgência, em face de CENTRAL NACIONAL UNIMED - COOPERATIVA CENTRAL, UNIMED CAMPINAS COOPERATIVA DE TRABALHO MÉDICO LTDA. e FEDERAÇÃO DAS UNIMEDS DA AMAZÔNIA - UNIMED FAMA. Sustentaram, em suma, que firmaram contrato de adesão a um plano de assistência médica na modalidade coletivo em 8 de dezembro de 2023, de cobertura nacional, pelo qual sempre pagaram em dia a mensalidade de R$5.424,60, todavia foram excluídos do convênio médico sem qualquer justificativa plausível. Aduziram, ainda, que ambos estão em tratamento, inclusive com necessidade de intervenção cirúrgica urgente, tendo as rés agido com abusividade e de má-fé ao procederem com a exclusão deles do plano. Diante disso, requereram, a título de tutela de urgência, a manutenção do plano de saúde por tempo indeterminado, nas mesmas condições e valores pactuados, e, ao final, a confirmação da medida emergencial e a condenação das rés ao reembolso dos valores cobrados enquanto o plano estava cancelado com desconhecimento deles e ao pagamento de indenização por danos morais no valor de R$15.000,00 para cada um. Juntaram documentos. O Ministério Público se manifestou pelo deferimento da tutela (fls. 74-75). Os autores promoveram a juntada de novos documentos aos autos para demonstrar que o requerente Adão sentiu dores e problemas respiratórios e precisou ser atendido pelo SUS, com diagnóstico de pneumonia bacteriana (fls. 77-82). A tutela de urgência foi deferida (fls. 83-85), determinando-se a suspensão da rescisão e a realização dos procedimentos cirúrgicos apontados na inicial, sob pena de multa. A Central Nacional Unimed apresentou embargos de declaração, alegando que não foi pleiteada na inicial a realização dos procedimentos cirúrgicos, de modo que a decisão que antecipou os efeitos da tutela é extra petita (fls. 100-103). Os autores informaram o descumprimento da liminar e requereram a majoração da multa outrora fixada (fls. 155-156). A UNIMED CAMPINAS COOPERATIVA DE TRABALHO MÉDICO LTDA. apresentou contestação (fls. 157-168), na qual alegou, em preliminar, que é parte ilegítima para responder aos termos da presente ação, visto que o contrato dos autores foi firmado com a Unimed Central Nacional. No mérito, por sua vez, reiterou que os atendimentos só são por ela prestados após autorização da Unimed de origem, de modo que a negativa de prestação de serviço se deu por questões alheias à sua atuação no caso; que a tutela de urgência deve ser revogada, porque os exames e procedimentos determinados não foram objeto de pedido dos autores; que em momento algum causou danos de natureza moral aos requerentes e que, em caso de eventual condenação, o quantum indenizatório deve se pautar nos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, a fim de evitar enriquecimento ilícito. Às fls. 169 foi informada a interposição de agravo de instrumento pela corré Central Nacional Unimed, que também pleiteou a reconsideração da decisão agravada, porém foi negada a pretensão e majorada a multa pelo descumprimento da tutela (fls. 238). A CENTRAL NACIONAL UNIMED - COOPERATIVA CENTRAL também apresentou defesa (fls. 241-271), aduzindo, em preliminar, que possui acordo operacional com a Unimed Fama, que tem enfrentado dificuldades financeiras e operacionais, mas que não possui sistema de intercâmbio com ela, o que fez com que tivesse que emitir carteirinha de beneficiários para os autores, para que utilizassem os seus serviços, em conformidade com o determinado no processo de recuperação judicial da contratada; que a operadora responsável pelo contrato solicitou a exclusão dos beneficiários e que apenas cumpriu essa solicitação, não tendo recebido qualquer contraprestação da parte deles a justificar sua responsabilidade pelos fatos arguidos nesta demanda, requerendo sua exclusão do feito por ilegitimidade ou por ausência de interesse de agir. Quanto ao mérito, também sustentou que não há respaldo contratual na relação havida com os autores e que a Unimed FAMA encaminhou documento ao estipulante do contrato do qual os autores são beneficiários informando a rescisão comercial; que não recepcionou qualquer solicitação de rede para realização do procedimento cirúrgico da autora Iracema e que, em relação ao correquerente Adão, aprovou apenas a internação e não a ressecção endoscópica por ter sido solicitada no prazo de carência contratual; que inexiste grupo econômico entre as Unimeds, que são independentes entre si; que não houve danos de natureza moral a ensejar o dever de indenizar e que, se o caso, os valores devem ser fixados com moderação. Juntou documentos. Os autores se manifestaram sobre os embargos de declaração através da petição de fls. 284-286 e, a seguir, o Ministério Público também ofertou o seu parecer (fls. 291-292). A FEDERAÇÃO DAS UNIMEDS DA AMAZÔNIA - FAMA requereu a reconsideração da decisão que antecipou os efeitos da tutela (fls. 339-344) e também apresentou contestação (fls. 401-426), informando, de antemão, que se encontra em recuperação judicial e requerendo os benefícios da justiça gratuita em seu favor. Ademais, em preliminar, também alegou ilegitimidade, já que os autores são beneficiários de plano de contrato coletivo por adesão firmado entre ela e o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias, Químicas e Farmacêuticas de Manaus, estando a inclusão/exclusão sob a ingerência dele; que o contrato foi rescindido por inadimplência do contratante e que as cobranças das mensalidades eram feitas pela administradora do contrato, a Leal Clube de Benefícios; que os autores são carecedores de interesse de agir, já que não comprovaram a negativa de cobertura contratual ou atendimento junto à rede cooperada. No mérito, explanou como funciona o sistema de intercâmbio e sustentou que não é responsável pelo atendimento nacional, mas tão somente local, motivo pelo qual não tem como atender ao comando emergencial exarado; que não há comprovação de que foram impostos óbices ao atendimento dos requerentes e que a irresignação apresentada diz respeito a atendimentos pontuais de caráter eletivo; que ausente o dano indenizável e que eventual condenação deve se dar de forma justa, proporcional e razoável; que a indenização por danos materiais também não deve prosperar, já que a cobrança das mensalidades ocorreu em razão da contraprestação devida decorrente da regular prestação de serviço médico-hospitalar. Também juntou documentos. Foi dado provimento aos embargos de declaração, afastando a determinação de realização das cirurgias, com a ressalva de que a efetivação delas é consequência do pleito inicial de manutenção do plano de saúde (fls. 519). A Central Nacional Unimed reafirmou a impossibilidade de dar cumprimento à tutela de urgência (fls. 522-533). Os autores se manifestaram em réplica (fls. 534-540). As partes foram instadas a especificar provas e pleitearam o julgamento antecipado do feito (fls. 567-568, 569 e 570), à exceção da corré Unimed FAMA, que se manteve silente (fls. 571). Às fls. 576-585 foi informado o julgamento do agravo de instrumento, ao qual foi negado provimento. Por fim, o Ministério Público apresentou parecer pela procedência da demanda (fls. 593-596). Eis o relatório. Fundamento e decido. Trata-se de ação pela qual pretendem os autores ser mantidos no plano de saúde da Unimed por tempo indeterminado, nas mesmas condições e valores pactuados, e que as requeridas sejam condenadas a restituir-lhes os valores pagos referentes às mensalidades de agosto e setembro de 2024, que foram pagas enquanto estavam excluídos do contrato, ainda que de forma desconhecida, e também a pagar-lhes indenização por danos morais, suportados em decorrência na negativa de prestação de atendimento. Primeiramente, afasto as preliminares de ilegitimidade arguidas pelas rés, porquanto há vínculo entre os beneficiários de plano de saúde e todas as cooperativas que integram o Sistema Nacional Unimed, até porque se trata de um sistema único, que atua por meio de intercâmbio, com aferição de lucro por todas as empresas que compõem o polo passivo, de acordo com a atuação delas na prestação de serviços. Cumpre salientar que se trata de empresas que integram um sistema nacional, pertencentes a um mesmo grupo econômico, exsurgindo a solidariedade entre elas. E, ainda que a corré Central Nacional Unimed alegue que não possui sistema de intercâmbio com a Unimed FAMA, verifica-se do trecho da decisão proferida no processo de recuperação judicial colacionado às fls. 244 que foi determinado que as operadoras do sistema Unimed continuassem prestando serviço mediante intercâmbio. Além disso, há que ser ressaltado que, no caso em tela, tal empresa figura, inclusive, como responsável pela prestação do serviço na carteira dos beneficiários (fls. 22-23), o que levou a corré Unimed Campinas a alegar em defesa que ela seria a contratada. Se até mesmo entre as empresas do grupo há essa dificuldade de se distinguir a atuação de cada uma no que tange às responsabilidades na contratação, por óbvio não há como se exigir postura distinta por parte dos beneficiários do plano, que apenas cuidaram de propor a ação contra aqueles que, aparentemente, poderiam responder aos seus anseios, devendo ser aplicada ao caso em comento a teoria da aparência. Sobre o tema, destaco os seguintes julgados: "Agravo de Instrumento. Legitimidade Passiva. Decisão que considerou parte ilegítima para figurar na lide, extinguindo a ação, sem resolução do mérito, em relação a UNIMED Bauru, mantendo apenas a requerida UNIMED Nacional. Agravante que pugna para a manutenção de ambas as requeridas. Provimento. Ambas as rés possuem a mesma função social, apresentando-se como uma só pessoa jurídica, sem distinção, com exceção da localidade, ao passo que se torna escusável o equívoco do autor, sobretudo ao considerar que este foi atendido pela UNIMED Bauru. Requeridas devem permanecer no polo passivo da demanda, em prestígio a Teoria da Aparência. Precedentes do C. STJ. 'A jurisprudência desta Corte Superior é assente em reconhecer a legitimidade das unidades cooperativas ligadas à UNIMED, por aplicação da teoria da aparência' (AgInt nos EDcl no AgInt no AREsp 833.153/MS, Rel. Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, Quarta Turma, julgado em 6/11/2018, DJe de 13/11/2018. Precedentes deste E. TJSP. Decisão Reformada. Recurso provido" (TJSP; Agravo de Instrumento 2123707-97.2025.8.26.0000; Relator (a):Silvério da Silva; Órgão Julgador: 8ª Câmara de Direito Privado; Foro de Bauru -5ª. Vara Cível; Data do Julgamento: 27/06/2025; Data de Registro: 27/06/2025). "DIREITO DO CONSUMIDOR. APELAÇÃO. PLANO DE SAÚDE. RECURSO NÃO PROVIDO. I. CASO EM EXAME. Ação ajuizada buscando a manutenção da cobertura integral do plano de saúde e indenização por danos materiais e morais em razão da suspensão indevida do atendimento. A sentença acolheu o pedido inicial, condenando solidariamente as rés à obrigação de fazer, ao pagamento de R$350,00 por danos materiais e R$5.000,00 por danos morais. II. QUESTÃO EM DISCUSSÃO. A questão em discussão impõe se verificar a legitimidade passiva da Unimed Sorocaba e a responsabilidade solidária das rés pela manutenção do plano de saúde e indenização por danos materiais e morais. III. RAZÕES DE DECIDIR. A Unimed Sorocaba é parte legítima, pois, integrando a rede de cooperativas do Sistema Unimed, tem responsabilidade solidária. A suspensão indevida do atendimento, agravando o sofrimento do beneficiário em tratamento de grave doença, caracteriza dano moral indenizável. IV. DISPOSITIVO. Recurso improvido. LEGISLAÇÃO CITADA: Código de Defesa do Consumidor, art. 7º, parágrafo único; Código Civil, art. 944, caput; Código de Processo Civil, art. 85, §11; art. 405. JURISPRUDÊNCIA CITADA: STJ, AgInt no AREsp nº 1.917.340/AP, Rel. Min. Raul Araújo, j. 06/03/2023; STJ, REsp nº 1335622/DF, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, j. 18/12/2012" (TJSP; Apelação Cível 1016784-38.2024.8.26.0602; Relator (a):Maurício Velho; Órgão Julgador: 4ª Câmara de Direito Privado; Foro de Sorocaba -9ª Vara Cível; Data do Julgamento: 22/05/2025; Data de Registro: 23/05/2025). Outrossim, não há que se falar em falta de interesse de agir por parte dos autores, visto que demonstrada a exclusão deles do plano de saúde, ainda que não tenha ficado claro, no âmbito administrativo, o motivo da exclusão, o que legitima a propositura da presente ação, com verificação oportuna da responsabilidade de cada empresa atuante na situação pelos fatos arguidos na inicial. No mérito, analisando os argumentos expostos pelas partes e as provas produzidas nos autos, verifico que o pedido inicial é parcialmente procedente. É incontroverso que os autores aderiram ao plano coletivo de assistência médica firmado entre a Federação das Unimeds da Amazônia - Unimed FAMA e o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias, Químicas e Farmacêuticas de Manaus em dezembro de 2023 e que vinham pagando pontualmente as mensalidades referentes ao plano até setembro de 2024 (fls. 26-27). Também é indubitável que, após terem dificuldade na marcação de procedimento médico em 4 de setembro de 2024 (fls. 4 e 59-60), fizeram contato através da Ouvidoria da Unimed Nacional e tomaram conhecimento de que o plano estava excluído desde 31 de julho de 2024 (fls. 64). Com efeito, restou comprovado nos autos que a requerida Unimed FAMA exerceu o seu direito à resolução do contrato de plano de saúde coletivo firmado com o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias, Químicas e Farmacêuticas de Manaus em 26 de junho de 2023 (fls. 475-477). A legislação que regulamenta o tema faculta à operadora a rescisão unilateral imotivada de plano de saúde coletivo, desde que este esteja em vigor há mais de 12 meses e que seja enviada notificação com antecedência mínima de 60 (sessenta) dias, ainda que o contrato preveja prazo distinto. Nesse sentido é o art. 14 da Resolução Normativa ANS nº 557/2022, que assim dispõe: "Art. 14. À exceção das hipóteses de ilegitimidade do contratante e de inadimplência, o contrato de plano de assistência à saúde empresarial, celebrado na forma do artigo 9º desta resolução, somente poderá ser rescindido pela operadora na data de seu aniversário, mediante comunicação prévia ao contratante, com antecedência mínima de sessenta dias, devendo a operadora apresentar para o contratante as razões da rescisão no ato da comunicação". In casu, observo que o requisito temporal não foi devidamente observado, posto que a notificação extrajudicial foi entregue ao Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias, Químicas e Farmacêuticas de Manaus apenas em 3 de maio de 2024 (fls. 477), com previsão de término do prazo de vigência do contrato em 26 de junho de 2024. Contudo, é certo que os autores foram mantidos no plano ao menos até 31 de julho de 2024, o que permitiria inferir que a resolução do contrato, nesta data, seria regular. Não obstante, há que se ressaltar que os requerentes comprovaram nos autos que estavam em tratamento médico, sendo que a coautora havia sido diagnosticada com fissuras anais, com recomendação de realização do procedimento cirúrgico de hemorroidectomia (fls. 48-51), e o autor Adão Jerônimo, com hiperplasia prostática benigna, também com indicação de correção cirúrgica (fls. 53-57). Dito isso, deve ser imposto às rés o dever de assegurar a continuidade dos tratamentos até a efetiva alta médica, consoante tese firmada no Tema nº 1082 do C. Superior Tribunal de Justiça: "A operadora, mesmo após o exercício regular do direito à rescisão unilateral de plano coletivo, deverá assegurar a continuidade dos cuidados assistenciais prescritos a usuário internado ou em pleno tratamento médico garantidor de sua sobrevivência ou de sua incolumidade física, até a efetiva alta, desde que o titular arque integralmente com a contraprestação devida". Anoto, nesse ponto, que isso não significa que todos os procedimentos elencados na inicial devam ser realizados de pronto, posto que a viabilidade deverá ser avaliada à luz das recomendações médicas, das regras contratuais e dos prazos de carência vigentes. Outrossim, ainda que as rés não fossem obrigadas a fazer contato com todos os beneficiários individuais do plano de saúde acerca dos termos da rescisão, entendo que deve ser assegurado aos autores o exercício do direito de portabilidade, no prazo de 60 (sessenta) dias a contar do término do tratamento das doenças pré-existentes quando da resolução do contrato, com disponibilização da documentação necessária para o aproveitamento de carências já cumpridas quando da contratação de um novo plano. Tal determinação encontra respaldo no contrato de plano de saúde coletivo (fls. 476) e também no art. 1º da Resolução CONSU nº 19/1999: "Art. 1.º As operadoras de planos ou seguros de assistência à saúde, que administram ou operam planos coletivos empresariais ou por adesão para empresas que concedem esse benefício a seus empregados, ou ex-empregados, deverão disponibilizar plano ou seguro de assistência à saúde na modalidade individual ou familiar ao universo de beneficiários, no caso de cancelamento desse benefício, sem necessidade de cumprimento de novos prazos de carência". Em situação análoga à dos autos, assim decidiu esse E. Tribunal de Justiça: "APELAÇÃO CÍVEL. PLANOS DE SAÚDE. RESCISÃO UNILATERAL. PLANO COLETIVO POR ADESÃO. Ação de obrigação de fazer c/c declaratória de abusividade de cláusula contratual e indenização por danos morais. Sentença de parcial procedência para condenar as rés a garantir ao autor a portabilidade para plano individual/familiar, sem necessidade de novas carências e a pagar compensação por danos morais na importância de R$ 3.000,00. Recursos interpostos pelas rés. PRELIMINARES. ILEGITIMIDADE PASSIVA. Não verificada. Central Nacional Unimed - Cooperativa Central, enquanto fornecedora do serviço de assistência à saúde, integra a cadeia de fornecimento. SENTENÇA EXTRA PETITA. Inocorrência. Pedido que deve ser interpretado pelo conjunto da postulação, nos termos do art. 322, §2º, do CPC. Portabilidade para outro plano de saúde que está contida na pretensão. Precedentes. MÉRITO. RESCISÃO UNILATERAL. A despeito da possibilidade de rescisão imotivada de contrato coletivo, conforme entendimento do STJ, não foi comprovado o envio de prévia notificação ao beneficiário. Rés que não se desincumbiram no ônus de comprovar a existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor, nos termos do art. 373, inciso II, do CPC. Autor, ademais, que se encontra em tratamento médico com imunossupressores em razão de transplante renal. Aplicação da tese firmada no Tema Repetitivo 1082 do STJ. Rés que deverão assegurar a continuidade dos cuidados assistenciais até efetiva alta médica. Portabilidade do plano para modelo individual ou familiar, sem novas carências, adequadamente determinada. DANO MORAL. Não configurado. Da rescisão não se verificam maiores consequências para o autor, que não teve seu tratamento interrompido nem experimentou prejuízos em seu quadro de saúde. Precedentes desta Câmara. Sentença reformada apenas para excluir a condenação das requeridas ao pagamento de indenização por dano moral. RECURSOS PARCIALMENTE PROVIDOS." (v. 46470) (TJSP; Apelação Cível 1085645-64.2023.8.26.0100; Relator (a):Viviani Nicolau; Órgão Julgador: 3ª Câmara de Direito Privado; Foro Central Cível -12ª Vara Cível; Data do Julgamento: 30/10/2024; Data de Registro: 30/10/2024). Destarte, determino que seja oportunamente disponibilizada pela Unimed FAMA carta para fins de portabilidade pelos autores, a fim de que façam a migração com aproveitamento de carências já cumpridas, no prazo máximo de 60 (sessenta) dias a contar da alta médica do tratamento iniciado, sob pena de ficarem sem assistência ou de terem que cumprir novas carências. Por outro lado, entendo que os pedidos indenizatórios formulados na inicial devem ser rechaçados. Em relação ao pleito de restituição dos valores cobrados nos meses de agosto e setembro, primeiramente, verifico que foram realizados em favor de Leal Clube de Benefícios (fls. 26-29), responsável pela administração do plano, que não compõe a lide. Além disso, há que se destacar que, uma vez que foi determinada a manutenção do plano de saúde em sede de tutela de urgência, deve também ser mantida hígida a cobrança da contraprestação, devendo ser salientado, também, que, até 4 de setembro de 2024, não há qualquer indicativo nos autos de que os autores tivessem sido impedidos de fazer uso do plano de saúde. Por fim, entendo que o dano moral alegado não foi comprovado nos autos, já que da rescisão contratual não advieram maiores consequências aos autores, que não apresentaram prejuízo ou piora no quadro de saúde, tendo o coautor Adão apenas contraído outra doença de cunho respiratório no curso do lide, para a qual recebeu o devido tratamento no âmbito do SUS (fls. 79-82). De se notar, ainda, que, embora tenha sido determinada a manutenção do atendimento assistencial até o término do tratamento dos autores, o descumprimento do contrato fundado em discussão decorrente de interpretação de cláusula contratual, per se, não enseja prejuízo à honra dos autores, devendo ser, portanto, afastado o pedido indenizatório formulado na inicial. Ante o exposto, JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTE o feito, com fundamento no art. 487, I, do Código de Processo Civil. Faço-o para: (a) confirmar a tutela de urgência concedida, tornando-a definitiva; (b) determinar que as requeridas mantenham os tratamentos iniciados pelos autores antes da rescisão unilateral do contrato até a efetiva alta médica, mediante pagamento da contraprestação pecuniária devida; (c) determinar que a requerida Unimed FAMA disponibilize aos autores carta para fins de portabilidade, a fim de que façam a migração do plano de saúde com aproveitamento de carências já cumpridas. Por força da sucumbência recíproca, as custas e despesas processuais deverão ser rateadas entre as partes, na proporção de 50% para cada uma. Ademais, cada parte arcará com os honorários do ex adverso, os quais fixo em R$2.000,00 em desfavor das rés, observada a gratuidade que ora concedo à requerida Federação das Unimeds da Amazônia - Unimed FAMA, e em 10% do valor das indenizações pleiteadas e não concedidas em desfavor dos autores. Ciência ao Ministério Público. Após o trânsito em julgado, arquivem-se os autos, observadas as formalidades legais e cautelas de praxe. P.I. - ADV: TAMIRES NASCIMENTO FERREIRA (OAB 377762/SP), YAGO RENAN LICARIÃO DE SOUZA (OAB 23230/PB), HERMANO GADELHA DE SÁ, (OAB 8463/PB), LEIDSON FLAMARION TORRES MATOS (OAB 13040/PB), ANDRÉA MARIA GUILHERME FABRINI (OAB 259781/SP), VINICIUS TEODORO FERREIRA (OAB 363896/SP), VINICIUS TEODORO FERREIRA (OAB 363896/SP), LUIZ FELIPE CONDE (OAB 310799/SP), TAMIRES NASCIMENTO FERREIRA (OAB 377762/SP), RAPHAEL BARROS ANDRADE LIMA (OAB 306529/SP)

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