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Processo nº 1002967-56.2025.8.26.0347

ID: 332059370

Tribunal: TJSP Órgão: Foro de Matão - Anexo de Violência Doméstica e Familiar Contra A Mulher Classe: PETIçãO CRIMINAL Nº Processo: 1002967-56.2025.8.26.0347

Data de Disponibilização: 23/07/2025

Polo Ativo:

P. H. F.

Polo Passivo:

Intimação

Advogados:

ROBERTO EDSON IGNACIO

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

GABRIEL MOURA MANZZI

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

Processo 1002967-56.2025.8.26.0347 (apensado ao processo 1510780-82.2022.8.26.0347) - Petição Criminal - Estupro de vulnerável - P.H.F. - E.S.S. - Vistos. Trata-se de pedido de justificação crimina… Processo 1002967-56.2025.8.26.0347 (apensado ao processo 1510780-82.2022.8.26.0347) - Petição Criminal - Estupro de vulnerável - P.H.F. - E.S.S. - Vistos. Trata-se de pedido de justificação criminal interposto por P. H. F. em que pretende a produção de prova oral para que seja(m) realizada(s) a(s) oitiva(s) da vítima E. da S. S., visando subsidiar futura ação de revisão criminal à ação penal nº 1510780-82.2022.8.26.0347. O(a) requerente foi condenado(a) como incurso(a) no artigo 217-A, caput, por diversas vezes, c.c. artigo 226, inciso II, na forma do artigo 69, todos do Código Penal, à pena privativa de liberdade de 14 (quatorze) anos de reclusão, em regime inicial fechado, por sentença definitiva. Alega o(a) requerente que sobreveio fato novo, juridicamente relevante, consistente na declaração da testemunha D. C. D. da S., genitora da vítima, firmada em Cartório no dia 27/01/2025 (fl. 06) e oitiva realizada em juízo pelo processo nº 1000491-45.2025.8.26.0347 no dia 23/04/2025 (fl. 56), fundamentando, em tese, o pedido. Instado a manifestar, o Ministério Público discordou do pedido. É o relatório. Decido. A justificação criminal, enquanto medida preparatória para ajuizamento de revisão criminal, se destina a obtenção de provas novas, não sendo cabível seu manejo para nova oitiva cujo depoimento já fora realizado no curso da ação penal (STJ, AgRg no RHC n. 177.837/SP, relator Ministro Messod Azulay Neto, Quinta Turma,julgado em 11/9/2023, DJe de 22/9/2023; AgRg no RHC n. 174.087/SP, relator Ministro Ribeiro Dantas, Quinta Turma, julgado em 17/4/2023, DJe de 24/4/2023; AgRg no HC n. 776.699/RS, relator Ministro Joel Ilan Paciornik, Quinta Turma, julgado em 7/2/2023, DJe de 14/2/2023). Ressalta-se que a oitiva da vítima foi realizada em 04/05/2023 através do método de depoimento especial em procedimento cautelar de natureza criminal de produção antecipada de provas, nos termos do artigo 11, § 1º, inciso II, da Lei 13.431/2017 e artigo 156, inciso I, do CPP, garantida a ampla defesa ao(à) acusado(a), posto que o ato processual foi acompanhado por defensor(a), tudo devidamente gravado por meio audiovisual, permitido o acesso ao conteúdo mediante portal eletrônico (e-SAJ). Ademais, o depoimento especial foi realizado em sala reserva e adequada à criança e/ou adolescente, observando-se o Protocolo Brasileiro de Entrevista Forense (PBEF), que se encontra regido pela Lei nº 13.431/2017, regulamentada pelo Decreto nº 9.603/2018 e Resolução nº 299/2019 do CNJ, bem como conduzido por profissional experiente e concursado pelo TJSP, assegurada à criança e/ou adolescente a livre narrativa sobre os fatos. Dispõe o artigo 11, § 2º, da Lei nº 13.431/2017, que não será admitida a tomada de novo depoimento especial, salvo quando justificada a sua imprescindibilidade pela autoridade competente e houver a concordância da vítima ou da testemunha, ou de seu representante legal. De certo, então, que a regra é a não admissão de novo depoimento especial, justamente para não acarretar revitimização, especialmente envolvendo menores de idade em caso de violência sexual, não foram trazidos pela Defesa argumentos aptos para ensejar a nova oitiva da vítima. Salienta-se que em todas as oportunidades a vítima se expressou de forma clara e objetiva, mantendo versão única e coerente sobre os fatos. Em depoimento especial, no dia 04/05/2023, a vítima declinou que: "[...] Em depoimento especial, disse o nome e que está com 15 anos. Veio falar sobre os acontecimentos com Paulo, marido da sua mãe. Aconteceram enquanto moravam com sua vó. Ele fazia umas brincadeiras de mal gosto. Ele fazia pegar nas suas partes íntimas e dizia, ai, que delícia. Certa vez entrou para tomar banho e Paulo entrou e colocou o celular para filmar. Viu e apagou o vídeo. No desespero, apagou o vídeo e falou para sua mãe. Por várias vezes ele ia à noite e ficava passando a mão por dentro do seu short. Tinha entre dez e onze anos. Relatou os fatos à sua mãe, que o retirou de casa. Não teve mais contato com ele. Passou por terapia. Tinha sua cama. Como o padrasto trabalhava à noite, ele chegava de madrugada. Dormia quando ele não estava na cama da sua mãe. Paulo passou a mão nas suas partes íntimas, por debaixo das vestes, por três vezes. Houve brincadeiras. Todos os fatos ocorreram na casa. Tinham piscina em casa. Paulo já a fez tocar nas partes íntimas dele. O celular que Paulo usou para gravar tomar banho era um Samsung [...]" ( Processo nº 1510780-82.2022.8.26.00347 - Fl. 84). O Setor Técnico do Juízo, em seu relatório conclusivo após o depoimento especial aduziu que: "[...] Observou-se que Eduarda encontrava-se ciente e conhecedora quanto aos aspectos pertinentes ao Depoimento Especial e formas de funcionamento deste, e que se manteve interessada em ser ouvida perante a esse Juízo, expondo dentre outros, aspectos que se mostraram presentes e/ou apresentados por ela sobre as denúncias apresentadas em relação à vivência de abuso sexual, que tem convicção de ter sofrido. No ponto de vista desta Profissional, Eduarda foi capaz de oferecer respostas e apresentar relatos com fluência, clareza e nível de detalhes e conhecimento e se mostrou capaz de se recordar dos eventos vivenciados/mencionados, afirmando terem sido verdadeiros e trazendo detalhes de tais vivências. Em nenhum momento observou-se Eduarda ter sido induzida e/ou influenciada frente ao relato realizado, sendo capaz de oferecer respostas e apresentar relatos com nível de detalhes e conhecimento do assunto abordado. [...] 5. Há evidência de que a vítima tenha revelado não um fato concreto, mas apenas uma fantasia ou a interpretação errada de uma situação? Por quê? Resp.: Não, a vítima relata com clareza situações vivenciadas por ela. (...) 4. Existe(m) elemento(s) que indique(m) interpretação equivocada de algum fato por parte da Vítima? Justificar a resposta. Resp.: Não, aparentemente a adolescente em questão trouxe relatos de situações concretas e vivenciados por ela e não interpretativos [...]" (Processo nº 1510780-82.2022.8.26.00347 - Fls. 85/90). Por sua vez, a testemunha D. C. D. da S., genitora da vítima, foi arrolada à época como testemunha comum, prestando o seu depoimento, garantindo a ampla defesa do(a) acusado(a), tudo devidamente gravado por meio audiovisual, permitido o acesso ao conteúdo mediante portal eletrônico (e-SAJ). Em juízo, no dia 30/08/2023, a testemunha D. C. D. da S. ratificou a versão apresentada na fase de investigação, a saber: "que é genitora da criança Eduarda da Silva Santos, de 15 anos. Narra a declarante que foi casada com P. H. F. por 04 anos e que hoje estão separados há 04 anos; que moram em Matão-SP, que na data dos fatos sua filha Eduarda que tinha 11 anos de idade, fala que o autor que era seu padrasto veio colocando a mão dentro de seu pijama, vítima que foi para escola SESI onde se estuda e contou o fato para a diretora, que é conhecida por Zezé, que chamou sua genitora para conversar a respeito do assunto, e sua genitora foi questionar Paulo sobre o ocorrido, mas o autor negou e disse que apenas foi pegar uma coberta para se cobrir, pois estava de costa e não viu que colocou a mão dentro de seu pijama. Declarante pergunta novamente para sua filha se realmente foi isso, criança responde que estava em dúvida sobre o ocorrido, logo em seguida sua mãe proferiu 'você quer que ele continue morando conosco? Ou que vá embora?' e a vítima respondeu 'não mãe, não precisa. Só não quero que ele entre no meu quarto'. Declarante narra que levou sua filha à psicóloga; que sua filha não comentava sua comunicação com a psicóloga e que só comentava que estava brincando na sala da psicóloga. Declarante narra que depois de um tempo que não se lembra a data, o autor veio a colocar um celular no bolso de uma calça que estava no banheiro pendurada atrás da porta para filmar a vítima tomando banho; que sua filha viu o celular gravando e por receio apagou o vídeo sem ninguém ter visto e não tem mais o acesso ao vídeo; que viu antes o celular no banheiro, mas que ao perguntar do vídeo, a vítima fala que excluiu. Que falou para o autor pegar suas coisas e ir embora da sua casa. Que Eduarda tinha 11 anos na época dos fatos e pediu à declarante que não fizesse boletim de ocorrência e nem contasse a ninguém" (Processo nº 1510780-82.2022.8.26.00347 - Fls. 06/07 e 154/155). Nada obstante, no dia 23/04/2025, pelo processo nº 1000491-45.2025.8.26.0347, foi realizada a nova oitiva da testemunha D. C. D. da S., assegurando o contraditório, para subsidiar futura propositura de revisão criminal. A testemunha em juízo, então, declinou que: "Então, excelência, esse é um pedido meu e da minha filha, mais da minha filha. Quando saiu a acusação do Paulo, ela ficou assim muito...muito emotiva, porque ela achou que...não foi...não foi justa a condenação dele. Hoje ela entende que não teve ato libidinoso. Na época ela estava muito confusa. Ela chegou a comentar comigo que tem coisas no processo, acusações de toques, certos toques, que ela não relatou em momento algum, que não existiram e ela gostaria de ser ouviu novamente, porque tem coisas ali que ela não falou e que ela acha injusto a condenação dele. Essa foi uma vontade dela e aí ela veio falar comigo. Na época, saiu a condenação, a gente procurou doutor Roberto, que era advogado dele, e até então a gente está vendo isso daí porque ela fala para mim...mãe, tem coisas ali que não falei. [...] Nós moramos juntos. Pois é, foi logo depois da condenação e aí a gente ficou sabendo alguma...algumas acusações que teve e ela relatou para mim...mãe, isso eu não falei. Isso não aconteceu. Hoje que eu já estou mais adulta. Eu entendo que não houve ato libidinoso, não teve essa parte aí e eu queria que...que se retratasse, porque ele não merece ser condenado, pegar todos esses anos aí, porque realmente não ocorreu [...]" (Processo nº 1000491-45.2025.8.26.0347 - mídia importa para estes autos à fl. 56). Importante ainda salientar que no processo nº 1000491-45.2025.8.26.0347 já foi indeferida a realização de nova oitiva da vítima. Na ocasião, também foi juntada a declaração da testemunha firmada em Cartório (fl. 06). A propósito, à época foi interposto recurso em sentido estrito pela Defesa do requerente, sendo mantida a decisão recorrida pelo juízo de retratação no dia 05/03/2025. Ademais, o v. acórdão proferido pelo(a) Colendo(a) Câmara de Direito não conheceu do recurso, mantendo-se incólume a decisão de origem, transitando em julgado no dia 07/05/2025 para o Ministério Público e 08/05/2025 para a Defesa. Destarte, não foram trazidos pela Defesa argumentos novos a ensejar a nova oitiva da vítima. Diante do exposto, por não estar concretamente justificada a imprescindibilidade da violação da regra no presente caso, indefiro o pedido formulado, na medida em que a oitiva pretendida já foi realizada, sob pena de revitimização da vítima. Forçoso aqui destacar que efetivamente houve o trânsito em julgado de sentença definitiva, com a análise do conjunto probatório, inclusive das provas produzidas em audiência. Aliás, com o julgamento definitivo pelo Colendo Superior Tribunal de Justiça, foi determinado no dia 05/12/2024 a expedição do mandado de prisão, que ainda se encontra pendente de cumprimento, estando o(a) sentenciado(a) foragido a mais de 07 (sete) meses, furtando-se da ação da Justiça. Com efeito, o mérito da questão foi apreciado, observando-se os princípios do duplo grau de jurisdição, bem como da ampla defesa e do contraditório, com a participação de Defesa técnica efetiva, estando esgotada a prestação jurisdicional da ação penal nº 1510780-82.2022.8.26.0347. Por último, ressalta-se que compete exclusivamente ao TJSP promover a revisão do julgado, conforme artigo 624 do Código de Processo Penal, devendo o(a) sentenciado(a), se for o caso, peticionar junto ao Egrégio Tribunal de Justiça - Seção Criminal, através do sistema informatizado oficial próprio da segunda instância (SAJ - 2º Grau), observando-se o Comunicado nº 105/2016 da Presidência do Tribunal de Justiça, para as providências cabíveis. No mais, arquivem-se estes autos dependentes, procedendo-se a baixa no SAJ, mantendo-se o(a) dependência/apensamento à ação penal respectiva, para eventuais consultas. Int. - ADV: ROBERTO EDSON IGNACIO (OAB 309508/SP), GABRIEL MOURA MANZZI (OAB 309459/SP)

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Resultados para o tribunal: TJSP

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Processo nº 1002967-56.2025.8.26.0347