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Municipio De São Jose Do Rio Preto x Refrigerantes Arco Iris Ltda

ID: 313044915

Tribunal: TJSP Órgão: Processamento 7º Grupo - 18ª Câmara Direito Público - Praça Almeida Jr., 72 - 1º andar, sala 12 Classe: AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº Processo: 2198588-45.2025.8.26.0000

Data de Disponibilização: 02/07/2025

Polo Ativo:

MUNICIPIO DE SãO JOSE DO RIO PRETO

Polo Passivo:

REFRIGERANTES ARCO IRIS LTDA

Despacho

Advogados:

MANUEL FERREIRA DA PONTE

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ALEX DOS SANTOS PONTE

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RONALDO BITENCOURT DUTRA

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DESPACHO Nº 2198588-45.2025.8.26.0000 - Processo Digital. Petições para juntada devem ser apresentadas exclusivamente por meio eletrônico, nos termos do artigo 7º da Res. 551/2011 - Agravo de Inst… DESPACHO Nº 2198588-45.2025.8.26.0000 - Processo Digital. Petições para juntada devem ser apresentadas exclusivamente por meio eletrônico, nos termos do artigo 7º da Res. 551/2011 - Agravo de Instrumento - São José do Rio Preto - Agravante: Municipio de São Jose do Rio Preto - Agravado: Refrigerantes Arco Iris Ltda - Interessado: Secretário da Fazenda Municipal de Sao Jose do Rio Preto - Vistos. Trata-se de recurso de agravo de instrumento interposto pelo Município de São José do Rio Preto no curso do mandado de segurança nº1010545-62.2025.8.26.0576 que foi impetrado por Refrigerantes Arco-Íris Ltda. contra ato do Secretário da Fazenda do Município de São José do Rio Preto, tendo por objeto a concessão da segurança "para o fim de declarar a inexigibilidade do débito fiscal exigido na notificação de lançamento nº528/2024, reconhecendo-se, por consequência, a (i) ilegalidade do ato administrativo consistente na cobrança da taxa de publicidade exigida contra a impetrante objeto da notificação de lançamento nº 528/2024, por violação literal do art. 77 do CTN e art. 145, II, da Constituição Federal" - (taxa relativa de licença de publicidade não luminosa de 460,00m², referente ao período compreendido entre os exercícios 2022, 2023 e 2024, amparando-se no art. 105 a 110, 112, 115, 116, 118 a 123, 135 a 136, todos da Lei Municipal 3.359/83, bem como nos arts. 10, 28 e 29 da Lei Municipal nº5.447/83). Requereu, liminarmente, "a suspensão, nos termos do artigo151, inciso IV, do Código Tributário Nacional, da exigibilidade do tributo objeto da notificação de lançamento nº 528/2024 questionado neste mandado de segurança, determinando-se, ainda, que a autoridade impetrada se abstenha de promover, por qualquer meio - administrativo ou judicial -, a cobrança ou exigência dos valores correspondentes a essa taxa, afastando-se quaisquer restrições, apontamento a protesto, negativas de expedição de Certidão Negativa de Débitos, imposições de multas, penalidades, ou, ainda, inscrições em órgãos de controle, como o CADIN" (fls.1/12). Juntou documentos (fls.13/44, fls.48/51 e fls.55/57). Naqueles autos, em síntese, o juízo de primeiro grau concedeu "a medida liminar para determinar a suspensão da exação e de qualquer efeito dela decorrente, sine die, até decisão contrária" (fls.59/60). A autoridade impetrada, representada pelo Município de São José do Rio Preto, prestou suas informações (fls.76/99) e juntou documentos (fls.100/133) Entretanto, discordando da r. Decisão de fls.59/60, o Município de São José do Rio Preto interpôs recurso, em síntese, reiterando os argumentos e fundamentos jurídicos já expostos nas informações prestadas na ação mandamental, em especial para a ausência de direito líquido e certo; para o respeito às referibilidade e aplicação dos demais princípios tributários às taxas (critério de metro quadrado como referência para apuração da Taxa de Publicidade), invocando o entendimento do STF consolidado no enunciado da Súmula 665, e no julgamento da ADI 3.887/SP; a extrafiscalidade da Taxa de Fiscalização de Publicidade na regulamentação de condutas em prol do meio ambiente sadio e indene de poluição visual; a ocorrência de maior dispêndio pela fiscalização em razão da área objeto da publicidade; da observância da Súmula Vinculante nº29 do C. STF; da não aplicação da Arguição de Inconstitucionalidade nº 0034111-93.2012.8.26.0000 do OE do TJSP, concluindo-se que não se presta a afastar a presunção de legitimidade da taxa questionada. Alegou, por fim, que a concessão de tutela provisória em sede de mandado de segurança, com base em premissas controvertidas e sob análise superficial da matéria, viola o princípio da legalidade tributária e compromete a atuação fiscalizadora da Administração Pública, que depende diretamente da arrecadação da referida taxa para custear suas atividades operacionais. Requereu, liminarmente, o deferimento do efeito suspensivo ativo, para imediata revogação da liminar e reestabelecimento da exigibilidade do crédito tributário e, ao final, "o provimento definitivo do agravo de instrumento, para que a decisão liminar seja cassada em caráter definitivo, reconhecendo-se a legalidade da exação questionada e permitindo ao Município a continuidade de sua atuação fiscalizadora e arrecadatória" (fls.1/15 do agravo). Juntou documentos (fls.16/49 do agravo). É o relatório. Quanto ao pedido liminar apresentado pela Municipalidade agravante, observo que a aferição da presença dos requisitos autorizadores para concessão de efeito da tutela recursal ou deferimento do efeito suspensivo ativo ao recurso, mesmo que em parte, exige apenas uma cognição sumária, reservada a cognição exauriente para o momento do julgamento do mérito recursal. Consequentemente, nos termos do artigo 932, II, do CPC, quanto à r. Decisão impugnada, caberá examinar se não está demonstrada, a princípio, a plausibilidade do direito invocado, especialmente sob o enfoque do disposto no artigo 1º da LMS - "Conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo ...", para fins do exigido pelo artigo 7º, III, da LMS, ou seja, se não há elementos suficientes que evidenciam a probabilidade do direito do impetrante para o deferimento da liminar sustentada na inicial da ação principal, bem como se ela se insere em qualquer das hipóteses de vedação do §2º do artigo 7º da LMS. A questão jurídica em debate não é nova e a esse respeito, inclusive, o C. STJ entendeu que a Taxa de Licença de Publicidade não pode variar de acordo com o tamanho e as dimensões do anúncio: TRIBUTÁRIO. TAXA DE LICENÇA DE PUBLICIDADE. BASE DE CÁLCULO. A TAXA DE LICENÇA DE PUBLICIDADE NÃO PODE TER COMO BASE DE CÁLCULO 'O ESPAÇO OCUPADO PELO ANÚNCIO NA FACHADA EXTERNA DO ESTABELECIMENTO', PORQUE O TRABALHO DA FISCALIZAÇÃO INDEPENDE DO TAMANHO DA PLACA DE PUBLICIDADE (CTN, ART. 78). RECURSO ESPECIAL CONHECIDO E PROVIDO, EM PARTE (REsp 78048/SP, Relator: Ari Pargendler, Primeira Turma, Julgado em 18/11/1997, Acórdão Eletrônico Dje- Divulg 9/12/1997, p. 64657) grifei. No mesmo sentido, em casos análogos envolvendo outros Municípios, já decidido por esta 18ª Câmara de direito Público, na Apelação Cível 1001977-65.2024.8.26.0132, com voto de minha relatoria (j.16/10/2024), e na AP nº1000938-13.2023.8.26.0053, com voto do Des Henrique Harris Júnior (j.27/06/2023). E, mais outros precedentes da Câmaras Especializadas do TJSP: APELAÇÃO Taxa de Fiscalização de Anúncio Periodicidade anual Taxa que utiliza a metragem e o tipo do anúncio (se luminoso ou não) para compor a base de cálculo do tributo Ilegalidade Critério que não guarda relação com a atividade fiscalizatória do ente tributante RECURSO DESPROVIDO. (TJSP; Apelação Cível 1512617-37.2018.8.26.0114; Relator (a): Mônica Serrano; Órgão Julgador: 14ª Câmara de Direito Público; Foro de Campinas - SEF - Setor de Execuções Fiscais; Data do Julgamento: 28/11/2019; Data de Registro: 05/12/2019) (grifei) TAXA DE FISCALIZAÇÃO DE ANÚNCIOS (TFA) Exercícios de 2014 a 2017 Município de São Paulo Ação anulatória julgada improcedente Base de cálculo da exação Metragem do anúncio fiscalizado Lei Municipal nº 13.474/02 Inadmissibilidade Critério não relacionado à atividade fiscalizadora Ofensa aos arts. 145 e 146 da CF e aos arts. 77 e 78 do CTN Cobrança que deve ser afastada Precedentes do STJ e desta 15ª Câmara de Direito Público Procedência da demanda que se decreta nesta Instância Sentença reformada. Recurso provido. [...] Recurso provido em parte. (TJSP; Apelação Cível 1029097-73.2017.8.26.0053; Relator (a): Erbetta Filho; Órgão Julgador: 15ª Câmara de Direito Público; Foro Central - Fazenda Pública/Acidentes - 1ª Vara de Fazenda Pública; Data do Julgamento: 12/09/2019; Data de Registro: 16/09/2019) (grifei) APELAÇÃO CÍVEL - Embargos à execução fiscal - Taxa de fiscalização de anúncio - Exercícios de 2010 a 2013. 1) Recurso da Municipalidade embargada - Base de cálculo - É vedado ao Município adotar como base de cálculo da taxa do poder de polícia a metragem do anúncio - Não correspondência ao custo da atividade exercida pelo Poder Público - Precedentes do STJ e deste Eg. Tribunal de Justiça. [...] Recurso da Municipalidade improvido e Recurso dos patronos do embargante provido. (TJSP; Apelação Cível 1001029-02.2017.8.26.0090; Relator (a): Eutálio Porto; Órgão Julgador: 15ª Câmara de Direito Público; Foro das Execuções Fiscais Municipais - Vara das Execuções Fiscais Municipais; Data do Julgamento: 11/03/2021; Data de Registro: 01/04/2021) (grifei) (com negrito e sublinhado no original). APELAÇÃO Execução Fiscal Exceção de pré-executividade acolhida Extinção da ação Cabimento. I Taxas de Fiscalização de Funcionamento Lei Complementar nº 98/1998 de Catanduva que utiliza como base de cálculo a atividade exercida pelo contribuinte Inadmissibilidade Inconstitucionalidade da cobrança Precedentes do STF. II Taxa de Fiscalização de Publicidade Lei Complementar nº 98/1998, que utiliza como base de cálculo as dimensões do anúncio Ilegalidade Critério que não guarda relação com a atividade fiscalizatória do Poder Público Inconstitucionalidade da cobrança Precedente do STJ. III Sentença mantida Honorários advocatícios majorados (art. 85, § 11, CPC) Recurso não provido (TJSP; Apelação Cível 1503797-67.2021.8.26.0132; Relator (a): Adriana Carvalho; Órgão Julgador: 14ª Câmara de Direito Público; Foro de Catanduva - SAF - Serviço de Anexo Fiscal; Data do Julgamento: 11/12/2023; Data de Registro: 11/12/2023) grifei; APELAÇÃO E REMESSA NECESSÁRIA Ação declaratória de inexistência de relação jurídico-tributária c/c anulatória de débito fiscal Município de São Paulo Taxa de Fiscalização de Anúncio (TFA) Competência Uso do espaço urbano para fins publicitários Matéria de interesse local Base de cálculo Tamanho do anúncio Inadmissibilidade Ausência de correlação com o custo da fiscalização RECURSO E REMESSA NECESSÁRIA DESPROVIDOS (TJSP; Apelação / Remessa Necessária 1019812-17.2021.8.26.0053; Relator (a): Henrique Harris Júnior; Órgão Julgador: 18ª Câmara de Direito Público; Foro Central - Fazenda Pública/Acidentes - 11ª Vara de Fazenda Pública; Data do Julgamento: 28/04/2022; Data de Registro: 13/05/2022) grifei; APELAÇÃO EXECUÇÃO FISCAL DECISÃO QUE ACOLHEU A EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE E JULTOU EXTINTO O FEITO EXECUTÓRIO Insurgência da municipalidade de Campinas, sob o argumento de não haver ilegalidade na base de cálculo utilizada Impossibilidade O custo da atividade fiscalizatória municipal não deve possuir qualquer relação de causalidade com o tamanho do anúncio ou até mesmo acerca de sua luminosidade, sendo certo ainda que a metragem do anúncio fiscalizado não guarda pertinência com o poder de polícia municipal. Sentença mantida Recurso Improvido (TJSP; Apelação Cível 1503941-32.2020.8.26.0114; Relator (a): Maurício Fiorito; Órgão Julgador: 14ª Câmara de Direito Público; Foro de Campinas - SEF - Setor de Execuções Fiscais; Data do Julgamento: 06/05/2021; Data de Registro: 06/05/2021) grifei; Neste contexto, considero NÃO estar demonstrados a plausibilidade do direito invocado pelo Município e, muito menos, o risco da ineficácia pela demora para a via recursal, bem como não haver perigo de irreversibilidade dos efeitos da r. Decisão de fls.59/60, pelo que, nos limites do pedido liminar, INDEFIRO o efeito suspensivo ativo ao recurso como requerido pelo agravante. Comunique-se, com urgência, o juízo nos autos do mandado de segurança. Intime-se o impetrante agravado para, querendo, oferecer contraminuta no prazo de 15 dias (artigos 1019, II, do CPC). Int. - Magistrado(a) Fernando Figueiredo Bartoletti - Advs: Ronaldo Bitencourt Dutra (OAB: 227059/SP) (Procurador) - Alex dos Santos Ponte (OAB: 220366/SP) - Manuel Ferreira da Ponte (OAB: 35831/SP) - 1° andar

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Processo nº 1001029-98.2024.8.26.0205

ID: 319695012

Tribunal: TJSP Órgão: Foro de Getulina - Vara Única Classe: PROCEDIMENTO COMUM CíVEL Nº Processo: 1001029-98.2024.8.26.0205

Data de Disponibilização: 08/07/2025

Polo Ativo:

J. A. A. H.

Polo Passivo:

Intimação

Advogados:

FABRICIO GUSTAVO ALVES

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Processo 1001029-98.2024.8.26.0205 - Procedimento Comum Cível - Defeito, nulidade ou anulação - J.A.A.H. - Vistos. JOÃO ARTUR ALVES, menor impúbere representado por sua genitora, ajuizou Ação Declara… Processo 1001029-98.2024.8.26.0205 - Procedimento Comum Cível - Defeito, nulidade ou anulação - J.A.A.H. - Vistos. JOÃO ARTUR ALVES, menor impúbere representado por sua genitora, ajuizou Ação Declaratória de Nulidade de Registros Empresariais em face de JUNTA COMERCIAL DO ESTADO DE SÃO PAULO JUCESP. Relata que, durante o ano de 2012, quando possuía menos de 2 (dois) anos de idade, foi indevidamente incluído como sócio em 8 (oito) empresas constituídas por seu genitor paterno, Melhem Ricardo Hauy Neto, sem a necessária anuência ou participação da sua genitora. Afirma não ter tido qualquer envolvimento na administração das referidas sociedades, tampouco recebeu lucros ou benefícios delas, sendo surpreendido apenas anos depois com bloqueios judiciais relacionados a dívidas trabalhistas e execuções em seu nome, em razão dessa inclusão indevida. Acresce que não possui relacionamento afetivo com seu pai, de modo que não possui qualquer informação sobre o sucesso ou não de referidas empresas. Defende que a prática viola os arts. 974, §3º e 1.690 do Código Civil, bem como o art. 21 do ECA, que exigem a representação conjunta dos pais em atos envolvendo menor absolutamente incapaz. Alega que houve falha da ré JUCESP em seu dever legal de fiscalização, conforme previsto nos arts. 40 da Lei 8.934/94 e 1.153 do CC, ao permitir o registro de contrato social envolvendo incapaz sem a assinatura de ambos os genitores. Ressalta que se trata de nulidade absoluta, insuscetível de convalidação, além de estar presente causa suspensiva da prescrição, nos termos do art. 198, I, do Código Civil, por se tratar de menor impúbere. Requer, ao final, a declaração de nulidade dos registros que o indicam como sócio das empresas citadas, com a exclusão retroativa (ex tunc) de seu nome do quadro societário. Juntou documentos (fls. 20/132). A decisão de fl. 143 recebeu a petição inicial e concedeu a gratuidade da justiça ao autor. Citada, a Junta Comercial do Estado de São Paulo JUCESP apresentou contestação (fls. 148/163), arguindo preliminar de ilegitimidade passiva e, alternativamente, a necessidade de formação de litisconsórcio passivo necessário. Ainda, arguiu preliminar de incompetência absoluta, fundada na sua natureza jurídica de autarquia estadual e na consequente alegação de que a causa deveria tramitar perante uma das Varas da Fazenda Pública. Quanto à ilegitimidade passiva, sustenta que sua atuação se limita ao arquivamento formal de documentos empresariais, sem participar da elaboração ou conteúdo dos atos constitutivos. Defende que a responsabilidade pelos registros questionados cabe somente ao genitor do autor, que praticou os atos. Assim, requer sua exclusão do polo passivo, afirmando que deverá integrar a lide na condição de terceiro interessado, por ser também vítima do ato irregular perpetrado pelo genitor do autor. Alternativamente, defende a necessidade de formação de litisconsórcio passivo necessário com o genitor do autor e os demais sócios das empresas indicadas, uma vez que os atos fraudulentos alegados envolvem outras pessoas físicas que mantêm relação jurídica contratual, sendo que a decisão sobre o ato societário atacado atingirá automaticamente os integrantes da sociedade. No mérito, alega que atuou dentro da legalidade, realizando apenas a análise formal dos documentos apresentados, nos termos da Lei nº 8.934/94 e do Decreto nº 1.800/96, não tendo contribuído ou se beneficiado de eventual fraude. Aduz que não houve negligência de sua parte, já que não foi a responsável pela falsificação de documentos e utilização indevida do nome do autor. Argumenta que, havendo decisão judicial que declare a nulidade dos atos, poderá proceder ao cancelamento dos registros, mas que não houve omissão ou irregularidade de sua parte. Ao final, requer o acolhimento das preliminares ou, caso ultrapassadas, a total improcedência da demanda. Juntou documentos (fls. 164/329). Houve réplica (fls. 337/339). As partes não manifestaram interesse na produção de outras provas. Considerando a presença de incapaz no polo ativo, o Ministério Público ofertou parecer (fls. 345/346). É o relatório. Fundamento e Decido. O feito comporta julgamento no estado em que se encontra, por serem as questões controvertidas exclusivamente de direito e, no plano dos fatos, por não haver necessidade de maior dilação probatória ao deslinde da lide (CPC, art. 355, inc. I). De proêmio, rejeito a preliminar de ilegitimidade passiva alegada pela ré, uma vez que, embora sua função seja primordialmente registrária, a JUCESP tem o dever legal de verificar a regularidade formal dos documentos apresentados, incluindo a adequada representação de menores incapazes, nos termos do art. 974, §3º, do Código Civil. A aferição da capacidade das partes e da regularidade da representação nos atos levados a registro não constitui faculdade, mas sim atribuição legal da Junta Comercial, conforme previsto nos arts. 40 da Lei nº 8.934/94 e 1.153 do Código Civil. No mais, não há necessidade de formação de litisconsórcio passivo necessário com o genitor ou demais sócios. Isso porque a presente ação visa exclusivamente à declaração de nulidade dos atos de registro perante a JUCESP decorrente de vício na representação do menor absolutamente incapaz, não se dirigindo contra os contratos sociais em si, mas contra os atos registrários que os formalizaram sem observância dos requisitos legais de representação de incapaz. Por fim, rejeito a preliminar de incompetência absoluta suscitada pela ré, uma vez que o juízo competente para conhecer de ação proposta por pessoa menor é o da Infância e da Juventude. Além disso, a Comarca de Getulina possui Vara Única, com competência cumulativa para matérias cível, criminal e da Fazenda Pública. Inexiste, portanto, necessidade de remessa dos autos, estando o feito regularmente distribuído. No mérito, o pedido é procedente, pelas razões que passo a expor. O autor sustenta que foi indevidamente incluído como quotista de oito sociedades limitadas enquanto menor absolutamente incapaz e que apenas tomou ciência desse fato recentemente, quando teve valores bloqueados em sua conta bancária em razão de ações judiciais movidas por credores das pessoas jurídicas. Alega ter sido representado na celebração dos atos constitutivos exclusivamente por seu genitor, sem a necessária anuência da genitora, o que configura vício insanável na formação do ato constitutivo, tornando-o nulo de pleno direito e destituído de efeitos jurídicos. Diante disso, requer a declaração de nulidade dos registros que o indicam como sócio, com a consequente exclusão retroativa (ex tunc) de seu nome dos quadros societários. Pois bem. Extrai-se dos documentos acostados às fls. 32/84 que os atos constitutivos envolvendo o autor no quadro societário foram assinados tão somente por Melhem Ricardo Hauy Neto, inexistindo qualquer sinalização do necessário consentimento de sua genitora, quem seja, Fabiana Cristina Alves Hauy. Indiscutível que o autor, na condição de menor absolutamente incapaz, deveria ser representado por ambos os pais, e não apenas pelo genitor, a teor do artigo1.690,capute parágrafo único, doCódigo Civil, que assim dispõe,in verbis: "Art. 1.690. Compete aos pais, e na falta de um deles ao outro, com exclusividade, representar os filhos menores de dezesseis anos, bem como assisti-los até completarem a maioridade ou serem emancipados. Parágrafo único. Os pais devem decidir em comum as questões relativas aos filhos e a seus bens; havendo divergência, poderá qualquer deles recorrer ao juiz para a solução necessária". (grifei). Por sua vez, o art. 21 do Estatuto da Criança e do Adolescente reforça a necessidade de decisão conjunta dos pais: "Art. 21. O poder familiar será exercido, em igualdade de condições, pelo pai e pela mãe, na forma do que dispuser a legislação civil, assegurado a qualquer deles o direito de, em caso de discordância, recorrer à autoridade judiciária competente para a solução da divergência." Com efeito, a atuação individual e isolada de um dos pais na representação do filho menor depende de estar configurada a falta do outro genitor. No caso concreto, não houve autorização da genitora. Deveras, em todos os atos constitutivos e alterações contratuais o requente apenas foi representado por seu genitor. Além disso, a integralização de cotas de sociedade é ato de disposição extraordinária de patrimônio dos filhos menores incapazes, e, nos termos do artigo 1.691, caput do Código Civil, dependeria de autorização judicial. Por fim, o artigo 974 do Código Civil somente permite o exercício da empresa por incapaz para "continuar a empresa antes exercida por ele enquanto capaz, por seus pais ou pelo autor de herança", o que não é o caso dos autos. No presente feito, trata-se da constituição originária de sete sociedades limitadas em 2012, nas quais o autor, então com menos de dois anos de idade, foi indevidamente incluído como sócio, sem qualquer vínculo anterior com a atividade empresarial (fls. 32/79). Ademais, em relação à oitava empresa (fls. 80/84), verifica-se que, por meio de alteração contratual, dois sócios foram retirados e substituídos, restando apenas o autor e seu genitor como únicos quotistas, o que reforça a gravidade da irregularidade, na medida em que se consolidou juridicamente uma sociedade composta por um menor absolutamente incapaz e seu representante exclusivo e ilegítimo. Depreende-se, desse contexto, que a ré JUCESP, ao registrar os atos constitutivos e de alteração contratual, deixou de observar a adequada representação do menor por ambos os genitores. Embora a Junta Comercial alegue que não lhe compete averiguar o conteúdo dos documentos, mas apenas suas formalidades, a verificação da correta representação de incapaz é questão formal essencial para a validade do ato, não podendo ser considerada mero conteúdo material alheio à análise do órgão de registro. O art. 40 da Lei 8.934/94 impõe à Junta Comercial o dever de fiscalização dos atos registrários. Confira-se: Art. 40. Todo ato, documento ou instrumento apresentado a arquivamento será objeto de exame do cumprimento das formalidades legais pela junta comercial. Diante disso, impõe-se o reconhecimento da nulidade absoluta de todos os registros que envolveram a participação do autor nas referidas sociedades, por manifesta afronta aos dispositivos legais mencionados, com a consequente exclusão retroativa (ex tunc) de seu nome do quadro societário das empresas envolvidas. A nulidade do ato jurídico, por ausência de representação adequada de absolutamente incapaz, é insanável e imprescritível, nos termos do art. 169 do Código Civil, não se convalidando pelo decurso do tempo ou pela posterior maioridade do requerente. A jurisprudência do Tribunal de Justiça de São Paulo é firme nesse sentido: "Ação declaratória de nulidade de registro de alteração de contrato social. Legitimidade passiva da JUCESP reconhecida. Ingresso de menor absolutamente incapaz em sociedade. Necessidade de consentimento de ambos os pais. Nulidade configurada. Sentença de extinção do processo sem resolução do mérito cassada. Teoria da causa madura. Ação julgada procedente. Recurso provido". (TJSP; Recurso Inominado Cível 1021895-35.2023.8.26.0053; Relator (a): Maria Cláudia Bedotti; Órgão Julgador: 5ª Turma Recursal de Fazenda Pública; Foro Central - Fazenda Pública/Acidentes - 3ª Vara do Juizado Especial da Fazenda Pública da Capital; Data do Julgamento: 24/01/2024; Data de Registro:24/01/2024) "AÇÃO ANULATÓRIA DE ATO ADMINISTRATIVO Autora, menor absolutamente incapaz na época dos fatos, teve o seu nome incluído como sócia de empresa constituída por seus genitores Não cabe o reconhecimento da ocorrência de prescrição/decadência, visto que a pretensão dos autos envolve a declaração de nulidade do ato de alteração societária, registrado na JUCESP, vício que não se convalida no tempo - Pretensão de exclusão do nome junto à empresa - Possibilidade - Alteração societária que teve somente a participação da genitora da menor como representante legal, ainda que o genitor tenha assinado a alteração contratual - Não cumprimento da formalidade prevista no art. 1.690, do CC. R. sentença reformada. Recurso provido". (TJ-SP - AC: 10448390220218260053 SP 1044839-02.2021 .8.26.0053, Relator.: Carlos Eduardo Pachi, Data de Julgamento: 30/03/2022, 9ª Câmara de Direito Público, Data de Publicação: 30/03/2022) Assim, considerando a comprovação do vício de representação do autor, menor absolutamente incapaz, impõe-se o reconhecimento da nulidade dos atos de registro perante a JUCESP, determinando-se a exclusão de seu nome do quadro societário das empresas 1)- KIOSKE RESTAURANTE E CHOPPERIA LTDA, CNPJ nº. 15.205.894/0001-23, constituída em 12.03.2012; 2)- MR AGROPECUARIA GETULINA LTDA, CNPJ nº. 16.580.739/0001-50, constituída em 24.07.2012; 3)- MR CONSTROE CONSTRUTORA IMOBILIARIA E TERRAPLANAGEM LTDA, CNPJ nº. 15.201.870/0001-04, constituída em 12.03.2012; 4)- MRESOLVE PRESTADORA DE SERVICOS LTDA, CNPJ nº. 15.205.907/0001-64, constituída em 13.03.2012; 5)- MRGET COMERCIO E INDUSTRIA DE CALCADOS LTDA, CNPJ nº. 16.580.804/0001-47, constituída em 24.07.2012; 6)- CONSTROE SAO PEDRO COMERCIO DE MATERIAIS DE CONSTRUCAO LTDA, CNPJ nº. 16.580.827/0001-51, constituída em 24.07.2012; 7)- TUTUR TRANSPORTES E TURISMO LTDA, CNPJ nº. 15.201.928/0001-01, constituída em 12/03/2012; e 8)- R3 EVENTOS AGENCIAMENTO DE SHOWS LTDA, CNPJ nº. 15.205.927/0001-35, cuja alteração dos sócios integrantes ocorreu em 22/05/2012. Ante o exposto, JULGO PROCEDENTE a Ação Declaratória de Nulidade de Registros Empresariais proposta por JOÃO ARTUR ALVES HAUY em face da JUNTA COMERCIAL DO ESTADO DE SÃO PAULO JUCESP para os fins de declarar a nulidade absoluta dos registros que incluíram o autor como sócio das oito empresas mencionadas, pelos vícios de representação apontados; e determinar a exclusão retroativa (ex tunc) de seu nome do quadro societário de todas as referidas empresas. Declaro extinto o feito, com análise de mérito, com fulcro no art. 487, inc. I, do CPC. Servirá a presente sentença como ofício para os devidos fins, inclusive para averbação na JUCESP, devendo a parte autora providenciar sua impressão e encaminhamento. Sucumbente, condeno a requerida ao pagamento das custas e despesas processuais e honorários advocatícios da parte autora, que fixo, por equidade, em R$ 1.500,00, nos termos do art. 85, §8º, do CPC. Na hipótese de interposição de recurso de apelação, por não haver mais juízo de admissibilidade a ser exercido pelo Juízo a quo (art. 1.010, §3º, do CPC), sem nova conclusão, intime-se a parte contrária, para oferecer resposta, no prazo de 15 (quinze) dias. Em havendo recurso adesivo, também deve ser intimada a parte contrária para oferecer contrarrazões. Após, remetam-se os autos à Egrégia Superior Instância, para apreciação de recurso de apelação. Atentem as partes para o detalhe de que a oposição de embargos de declaração fora das hipóteses legais e/ou com efeitos infringentes dará ensejo à imposição da multa prevista pelo artigo 1.026, § 2º, do CPC. Após o trânsito em julgado, observadas as formalidades legais, arquivem-se. P.I.C. - ADV: FABRICIO GUSTAVO ALVES (OAB 301617/SP)

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