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"1001031-68.2023.5.02.0384" - Resultados da Busca – Página 24 de 24

Processo nº 1004342-62.2025.4.01.3600

ID: 334720981

Tribunal: TRF1 Órgão: Gab. 26 - DESEMBARGADOR FEDERAL ANTONIO SCARPA Classe: REMESSA NECESSáRIA CíVEL Nº Processo: 1004342-62.2025.4.01.3600

Data de Disponibilização: 25/07/2025

Polo Ativo:

JUDITE MAURICIO DA ANUNCIACAO NOGUEIRA

Polo Passivo:

Acórdão

Advogados:

VINICIUS KLOCK SCALZITTI

OAB/MT XXXXXX Desbloquear

JUSTIÇA FEDERAL Tribunal Regional Federal da 1ª Região PROCESSO: 1004342-62.2025.4.01.3600 PROCESSO REFERÊNCIA: 1004342-62.2025.4.01.3600 CLASSE: REMESSA NECESSÁRIA CÍVEL (199) POLO ATIVO: JUDITE MAU… JUSTIÇA FEDERAL Tribunal Regional Federal da 1ª Região PROCESSO: 1004342-62.2025.4.01.3600 PROCESSO REFERÊNCIA: 1004342-62.2025.4.01.3600 CLASSE: REMESSA NECESSÁRIA CÍVEL (199) POLO ATIVO: JUDITE MAURICIO DA ANUNCIACAO NOGUEIRA REPRESENTANTES POLO ATIVO: VINICIUS KLOCK SCALZITTI - MT31713-E POLO PASSIVO:INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS RELATOR(A):ANTONIO OSWALDO SCARPA PODER JUDICIÁRIO FEDERAL TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA PRIMEIRA REGIÃO Gab. 26 - DESEMBARGADOR FEDERAL ANTONIO SCARPA PJE/TRF1-Processo Judicial Eletrônico PROCESSO: 1004342-62.2025.4.01.3600 CLASSE: REMESSA NECESSÁRIA CÍVEL (199) APELANTE: JUDITE MAURICIO DA ANUNCIACAO NOGUEIRA APELADO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS RELATÓRIO O EXMO. SR. JUIZ FEDERAL DIEGO CARMO DE SOUSA (RELATOR CONVOCADO): Trata-se de mandado de segurança em que houve prolação de sentença concessiva da segurança. Conforme art. 14, § 1º, da Lei n. 12.016/2009, subiu a ação mandamental a esta Corte para o reexame necessário. É o breve relatório. PODER JUDICIÁRIO FEDERAL TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA PRIMEIRA REGIÃO Gab. 26 - DESEMBARGADOR FEDERAL ANTONIO SCARPA PJE/TRF1-Processo Judicial Eletrônico PROCESSO: 1004342-62.2025.4.01.3600 CLASSE: REMESSA NECESSÁRIA CÍVEL (199) APELANTE: JUDITE MAURICIO DA ANUNCIACAO NOGUEIRA APELADO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS VOTO O EXMO. SR. JUIZ FEDERAL DIEGO CARMO DE SOUSA (RELATOR CONVOCADO): Trata-se, como visto, de reexame necessário com suporte no art. 14, § 1º, da Lei n. 12.016/2009. Verifico que as razões de decidir constantes da sentença concessiva da segurança encontram-se em harmonia com o contexto fático-jurídico delineado nos autos, fundamentação aqui invocada per relationem (como se transcrita estivesse), em prestígio ao julgamento de primeira instância. Além do mais, a ausência de qualquer irresignação da parte impetrada reforça o acerto da sentença recorrida. Ressalte-se, por oportuno, que a jurisprudência majoritária do e. Superior Tribunal de Justiça e do c. Supremo Tribunal Federal admite a motivação per relationem. É o que podemos verificar, respectivamente, dos seguintes arestos: "PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. ALEGAÇÃO DE VIOLAÇÃO DO ART. 489 DO CPC/2015. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. IRRESIGNAÇÃO DO RECORRENTE DIANTE DE DECISÃO CONTRÁRIA AOS SEUS INTERESSES. POSSIBILIDADE DE MOTIVAÇÃO PER RELATIONEM. I - Na origem, trata-se de ação de cobrança c/c danos morais em que a parte ora agravante, servidora do Município de Guarulhos, objetiva o pagamento em dobro dos períodos aquisitivos de férias, referentes a: 03.06.2004 - 02.06.2005; 03.06.2005 - 02.06.2006; 03.06.2006 - 02.06.2007 e 03.06.2007 - 02.06.2008, os quais teriam constados como prescritos conforme informação prestada pela Secretaria de Administração e Modernização. Na sentença, julgou-se parcialmente procedente os pedidos, não sendo deferida a indenização por danos morais. No Tribunal, a sentença foi parcialmente reformada apenas em relação aos honorários. II - Em relação à indicada violação do art. 489 do CPC/2015, verifica-se que o Tribunal vergastado, ao analisar os aclaratórios opostos, transcreveu parte o acórdão recorrido, a fim de demonstrar a ausência da omissão apontada pelo próprio embargante, senão vejamos (fls. 129-131): "[...] A matéria constante do presente recurso de embargos de declaração foi suficientemente abordada e esclarecida pelo julgado ora atacado, o qual, à evidência, não gera qualquer contradição, omissão ou obscuridade, tampouco padece de erro material, não de fazendo necessários melhores esclarecimentos a respeito dos fundamentos que ensejaram o parcial provimento do recurso pela Turma Julgadora, além daqueles constantes às fls. 114/124, destacando-se que: 'No mérito, o recurso comporta parcial provimento. [...] Diferentemente, porém, é o caso do §1° do art. 74, que veda expressamente a contagem em dobro do período de férias não gozadas. Respeitado o posicionamento do d. juízo sentenciante, houve equívoco na aplicação da regra insculpida no art. 137 c/c art. 134, ambos da CLT, ao caso em comento, porquanto os servidores públicos submetem-se apenas ao regime estatutário, vedado, inclusive, o regime híbrido. (...) Mesmo que se considere o teor do art. 13 do Decreto Municipal n° 21.907/02 - segundo o qual [o] Chefe imediato e o Chefe de Divisão responderão, solidariamente no caso de descumprimento do disposto no artigo 134 da CLT e no artigo 74 da Lei Municipal n° 17, 1.429/68 e quanto ao acúmulo de férias além do limite permitido, bem como com referência a liquidação dos dias acumulados de períodos anteriores' - impõe-se o afastamento da cobrança em dobro pela contagem em dobro, pois referido dispositivo municipal refere-se apenas ao art. 134 da CLT e não ao art. 137. De rigor, portanto, reconhecer apenas a contagem em dobro das férias não gozadas, e não o seu pagamento em dobro." [g.n.]. [...] Na verdade, o que a embargante pretende, em última análise, através do recurso interposto, é o reexame e reforma da decisão, o que demonstra nítido caráter infringente, devendo, se for o caso, manejar recurso adequado para reexame da questão suscitada nos declaratórios. [...]" Nesse panorama, a oposição dos embargos declaratórios caracterizou, tão somente, a irresignação do recorrente diante de decisão contrária a seus interesses, o que não viabiliza o referido recurso. III - De todo modo, a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, bem assim a do Supremo Tribunal Federal, admitem a motivação per relationem, pela qual se utiliza a transcrição de trechos dos fundamentos já utilizados no âmbito do processo. Assim, descaracterizada a alegada omissão e/ou ausência de fundamentação, tem-se de rigor o afastamento da suposta violação do art. 489 do CPC/2015, conforme pacífica jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça: AgInt no AREsp n. 1.330.111/SP, Rel. Ministro Antonio Carlos Ferreira, Quarta Turma, julgado em 7/2/2019, DJe 14/2/2019 e AgInt nos EDcl no AREsp n. 1.157.783/SE, Rel. Ministro Francisco Falcão, Segunda Turma, julgado em 4/12/2018, DJe 10/12/2018 AgInt no REsp n. 1.739.534/PR, Rel. Ministra Assusete Magalhães, Segunda Turma, julgado em 25/9/2018, DJe 1º/10/2018. IV - Agravo interno improvido." (AgInt no AREsp 1440047/SP, Rel. Ministro Francisco Falcão, Segunda Turma, julgado em 11/06/2019, DJe 14/06/2019) "RECURSO ORDINÁRIO EM “HABEAS CORPUS” – ADOÇÃO DA TÉCNICA DA MOTIVAÇÃO “PER RELATIONEM” – LEGITIMIDADE CONSTITUCIONAL DESSA TÉCNICA DECISÓRIA – FUNDAMENTAÇÃO VÁLIDA – PENA-BASE ESTABELECIDA ACIMA DO MÍNIMO LEGAL – ALEGADA AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA – RECONHECIMENTO, PELO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA, DA EXISTÊNCIA DE CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS DESFAVORÁVEIS MOTIVADAS PELA CULPABILIDADE E PELAS CIRCUNSTÂNCIAS DO DELITO PRATICADO PELO RECORRENTE – JUSTIFICADA OPERAÇÃO DE DOSIMETRIA PENAL – REDIMENSIONAMENTO DA PRESTAÇÃO PECUNIÁRIA – FUNDAMENTOS NÃO APRECIADOS PELO TRIBUNAL APONTADO COMO COATOR – SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA – INADMISSIBILIDADE – PRETENDIDA REDUÇÃO DA SANÇÃO PENAL – NECESSÁRIO REEXAME DO CONJUNTO PROBATÓRIO – INVIABILIDADE NA VIA DO RECURSO ORDINÁRIO EM “HABEAS CORPUS” – RECURSO DE AGRAVO IMPROVIDO." (RHC 149357 AgR, Relator(a): Min. Celso de Mello, Segunda Turma, julgado em 14/12/2018, Processo Eletrônico DJe-024 Divulg 06-02-2019 Public 07-02-2019) Na mesma toada, a jurisprudência deste e. TRF/1ª Região perfilha o mesmo entendimento, conforme podemos verificar dos seguintes julgados: MANDADO DE SEGURANÇA. REMESSA NECESSÁRIA. INEXISTÊNCIA DE RECURSO VOLUNTÁRIO. ADEQUADA APRECIAÇÃO DA CAUSA. FUNDAMENTAÇÃO POR VÍNCULO (PER RELATIONEM). APLICABILIDADE. SENTENÇA CONFIRMADA. REMESSA OFICIAL DESPROVIDA. 1. Trata-se de remessa necessária de sentença que julgou procedente pedido para assegurar a participação do impetrante em curso de formação para PERITO CRIMINAL DA PERÍCIA FORENSE DO ESTADO DO CEARÁ (PEFOCE), sem prejuízo da remuneração do cargo que ocupa na Universidade Federal do Piauí – UFPI, sob pena da imposição de multa diária no valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais). 2. Deve ser confirmada a sentença objeto de reexame, uma vez que se encontra devidamente fundamentada, havendo o magistrado de primeira instância analisado detidamente as provas apresentadas pela parte autora e aplicado com adequação o direito que regula a matéria ao caso em exame nos autos. 3. Aplica-se, dessa forma, como admitido pela jurisprudência, a fundamentação amparada em provimento jurisdicional pretérito ou mesmo em manifestação do Ministério Público: AgInt no AREsp 855.179/SP, Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, QUARTA TURMA, julgado em 21/05/2019, DJe 05/06/2019; REOMS 101000993.2020.4.01.3700, DESEMBARGADOR FEDERAL RAFAEL PAULO, TRF1 - SEGUNDA TURMA, PJe 16/02/2022 PAG; REO 0038013-72.2015.4.01.3300, JUIZ FEDERAL RODRIGO DE GODOY MENDES (CONV.), TRF1 - PRIMEIRA TURMA, PJe 17/08/2021 PAG. 4. Remessa oficial desprovida. (REOMS 1001031-32.2022.4.01.4000, DESEMBARGADOR FEDERAL GUSTAVO SOARES AMORIM, TRF1 - PRIMEIRA TURMA, PJe 15/07/2023 PAG.) "PROCESSO CIVIL. PREVIDENCIÁRIO. REEXAME NECESSÁRIO. AUSÊNCIA DE RECURSO VOLUNTÁRIO PELAS PARTES. FUNDAMENTAÇÃO PER RELACIONEM. POSSIBILIDADE. REMESSA OFICIAL NÃO PROVIDA. 1. A decisão objeto de reexame se encontra devidamente fundamentada, tendo o magistrado a quo analisado detidamente as provas amealhadas aos autos, afigurando-se inarredável a conclusão de mérito adotada no caso posto, razão pela qual deve ser confirmada a sentença. 2. Ante a ausência de recurso voluntário da parte vencida, bem como da alteração do arcabouço fático-jurídico que norteou a produção da sentença, impõe-se a manutenção do decisum, notadamente em face da consonância entre os fatos apresentados e a norma jurídica incidente, sendo a hipótese, pois, de se prestigiar o julgamento de primeira instância. 3. ´Admite-se "a validade da fundamentação per relationem, pela qual o julgador se vale de motivação contida em ato judicial anterior e em parecer ministerial, como razões de decidir" (REsp 1512639/RS, Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, QUARTA TURMA, julgado em 25/08/2015, DJe 14/09/2015). Precedentes do STJ e do TRF1. (REO 0008302-39.2008.4.01.3600/MT, Rel. JUÍZA FEDERAL MARIA CANDIDA CARVALHO MONTEIRO DE ALMEIDA, PRIMEIRA TURMA, e-DJF1 de 09/06/2016).' 4. Remessa oficial não provida." (REO 0018297-25.2016.4.01.3300, Desembargador Federal Francisco Neves da Cunha, Segunda Turma, e-DJF1 25/06/2019 Pág.) "PROCESSO CIVIL. PREVIDENCIÁRIO. REEXAME NECESSÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA. AUSÊNCIA DE RECURSO VOLUNTÁRIO PELAS PARTES. FUNDAMENTAÇÃO PER RELACIONEM. POSSIBILIDADE. REMESSA OFICIAL NÃO PROVIDA. 1. A decisão objeto de reexame se encontra devidamente fundamentada e em consonância com o entendimento adotado em casos tais pela Segunda Turma deste TRF da 1ª Região, tendo o magistrado a quo, ademais, analisado detidamente as provas amealhadas aos autos, afigurando-se inarredável a conclusão de mérito adotada no caso posto, razão pela qual deve ser confirmada a sentença. 2. Em não tendo havido recurso voluntário da parte vencida, e, portanto, ante a ausência de alteração do arcabouço fático-jurídico que norteou a produção da sentença, impõe-se a manutenção do decisum, notadamente em face da consonância entre os fatos apresentados e a norma jurídica incidente, sendo a hipótese, pois, de se prestigiar o julgamento de primeira instância. 3. A jurisprudência deste TRF1 (AC 2007.41.01.000430-4/RO) e do STJ (REsp 1.224.091/PR) admite a fundamentação per relationem alicerçada em provimento jurisdicional pretérito ou mesmo manifestação do parquet federal. 4. Remessa oficial não provida." (REOMS 0031867-33.2016.4.01.3800, Desembargador Federal João Luiz de Sousa, Segunda Turma, e-DJF1 11/12/2018 Pág.) (grifos deste relator) Diante do exposto, nego provimento à remessa oficial. É o voto. Juiz Federal DIEGO CARMO DE SOUSA Relator Convocado PODER JUDICIÁRIO FEDERAL TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA PRIMEIRA REGIÃO Gab. 26 - DESEMBARGADOR FEDERAL ANTONIO SCARPA PJE/TRF1-Processo Judicial Eletrônico PROCESSO: 1004342-62.2025.4.01.3600 CLASSE: REMESSA NECESSÁRIA CÍVEL (199) APELANTE: JUDITE MAURICIO DA ANUNCIACAO NOGUEIRA APELADO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS EMENTA PROCESSO CIVIL. REEXAME NECESSÁRIO. AUSÊNCIA DE RECURSO VOLUNTÁRIO DAS PARTES. FUNDAMENTAÇÃO VÁLIDA. REMESSA OFICIAL NÃO PROVIDA. 1. Deve ser confirmada a sentença concessiva de segurança, uma vez que se encontra devidamente fundamentada e em harmonia com o contexto fático-jurídico delineado nos autos. Aplica-se, dessa forma, como admitido pela jurisprudência, a fundamentação amparada em provimento jurisdicional pretérito (per relationem). 2. Remessa oficial não provida. A C Ó R D Ã O Decide a Nona Turma do Tribunal Regional Federal da 1ª Região negar provimento à remessa oficial, à unanimidade, nos termos do voto do Relator. Brasília (DF), (data da Sessão). Desembargador Federal ANTÔNIO SCARPA Relator

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Processo nº 1106349-33.2023.4.01.3300

ID: 334740469

Tribunal: TRF1 Órgão: Gab. 26 - DESEMBARGADOR FEDERAL ANTONIO SCARPA Classe: REMESSA NECESSáRIA CíVEL Nº Processo: 1106349-33.2023.4.01.3300

Data de Disponibilização: 25/07/2025

Polo Ativo:

MARIA TEREZA DE JESUS

Polo Passivo:

Acórdão

Advogados:

ANGELA SANTANA DOS SANTOS

OAB/BA XXXXXX Desbloquear

JUSTIÇA FEDERAL Tribunal Regional Federal da 1ª Região PROCESSO: 1106349-33.2023.4.01.3300 PROCESSO REFERÊNCIA: 1106349-33.2023.4.01.3300 CLASSE: REMESSA NECESSÁRIA CÍVEL (199) POLO ATIVO: MARIA TERE… JUSTIÇA FEDERAL Tribunal Regional Federal da 1ª Região PROCESSO: 1106349-33.2023.4.01.3300 PROCESSO REFERÊNCIA: 1106349-33.2023.4.01.3300 CLASSE: REMESSA NECESSÁRIA CÍVEL (199) POLO ATIVO: MARIA TEREZA DE JESUS REPRESENTANTES POLO ATIVO: ANGELA SANTANA DOS SANTOS - BA71588-A POLO PASSIVO:INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS RELATOR(A):ANTONIO OSWALDO SCARPA PODER JUDICIÁRIO FEDERAL TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA PRIMEIRA REGIÃO Gab. 26 - DESEMBARGADOR FEDERAL ANTONIO SCARPA PJE/TRF1-Processo Judicial Eletrônico PROCESSO: 1106349-33.2023.4.01.3300 CLASSE: REMESSA NECESSÁRIA CÍVEL (199) APELANTE: MARIA TEREZA DE JESUS APELADO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS RELATÓRIO O EXMO. SR. JUIZ FEDERAL DIEGO CARMO DE SOUSA (RELATOR CONVOCADO): Trata-se de mandado de segurança em que houve prolação de sentença concessiva da segurança. Conforme art. 14, § 1º, da Lei n. 12.016/2009, subiu a ação mandamental a esta Corte para o reexame necessário. É o breve relatório. PODER JUDICIÁRIO FEDERAL TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA PRIMEIRA REGIÃO Gab. 26 - DESEMBARGADOR FEDERAL ANTONIO SCARPA PJE/TRF1-Processo Judicial Eletrônico PROCESSO: 1106349-33.2023.4.01.3300 CLASSE: REMESSA NECESSÁRIA CÍVEL (199) APELANTE: MARIA TEREZA DE JESUS APELADO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS VOTO O EXMO. SR. JUIZ FEDERAL DIEGO CARMO DE SOUSA (RELATOR CONVOCADO): Trata-se, como visto, de reexame necessário com suporte no art. 14, § 1º, da Lei n. 12.016/2009. Verifico que as razões de decidir constantes da sentença concessiva da segurança encontram-se em harmonia com o contexto fático-jurídico delineado nos autos, fundamentação aqui invocada per relationem (como se transcrita estivesse), em prestígio ao julgamento de primeira instância. Além do mais, a ausência de qualquer irresignação da parte impetrada reforça o acerto da sentença recorrida. Ressalte-se, por oportuno, que a jurisprudência majoritária do e. Superior Tribunal de Justiça e do c. Supremo Tribunal Federal admite a motivação per relationem. É o que podemos verificar, respectivamente, dos seguintes arestos: "PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. ALEGAÇÃO DE VIOLAÇÃO DO ART. 489 DO CPC/2015. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. IRRESIGNAÇÃO DO RECORRENTE DIANTE DE DECISÃO CONTRÁRIA AOS SEUS INTERESSES. POSSIBILIDADE DE MOTIVAÇÃO PER RELATIONEM. I - Na origem, trata-se de ação de cobrança c/c danos morais em que a parte ora agravante, servidora do Município de Guarulhos, objetiva o pagamento em dobro dos períodos aquisitivos de férias, referentes a: 03.06.2004 - 02.06.2005; 03.06.2005 - 02.06.2006; 03.06.2006 - 02.06.2007 e 03.06.2007 - 02.06.2008, os quais teriam constados como prescritos conforme informação prestada pela Secretaria de Administração e Modernização. Na sentença, julgou-se parcialmente procedente os pedidos, não sendo deferida a indenização por danos morais. No Tribunal, a sentença foi parcialmente reformada apenas em relação aos honorários. II - Em relação à indicada violação do art. 489 do CPC/2015, verifica-se que o Tribunal vergastado, ao analisar os aclaratórios opostos, transcreveu parte o acórdão recorrido, a fim de demonstrar a ausência da omissão apontada pelo próprio embargante, senão vejamos (fls. 129-131): "[...] A matéria constante do presente recurso de embargos de declaração foi suficientemente abordada e esclarecida pelo julgado ora atacado, o qual, à evidência, não gera qualquer contradição, omissão ou obscuridade, tampouco padece de erro material, não de fazendo necessários melhores esclarecimentos a respeito dos fundamentos que ensejaram o parcial provimento do recurso pela Turma Julgadora, além daqueles constantes às fls. 114/124, destacando-se que: 'No mérito, o recurso comporta parcial provimento. [...] Diferentemente, porém, é o caso do §1° do art. 74, que veda expressamente a contagem em dobro do período de férias não gozadas. Respeitado o posicionamento do d. juízo sentenciante, houve equívoco na aplicação da regra insculpida no art. 137 c/c art. 134, ambos da CLT, ao caso em comento, porquanto os servidores públicos submetem-se apenas ao regime estatutário, vedado, inclusive, o regime híbrido. (...) Mesmo que se considere o teor do art. 13 do Decreto Municipal n° 21.907/02 - segundo o qual [o] Chefe imediato e o Chefe de Divisão responderão, solidariamente no caso de descumprimento do disposto no artigo 134 da CLT e no artigo 74 da Lei Municipal n° 17, 1.429/68 e quanto ao acúmulo de férias além do limite permitido, bem como com referência a liquidação dos dias acumulados de períodos anteriores' - impõe-se o afastamento da cobrança em dobro pela contagem em dobro, pois referido dispositivo municipal refere-se apenas ao art. 134 da CLT e não ao art. 137. De rigor, portanto, reconhecer apenas a contagem em dobro das férias não gozadas, e não o seu pagamento em dobro." [g.n.]. [...] Na verdade, o que a embargante pretende, em última análise, através do recurso interposto, é o reexame e reforma da decisão, o que demonstra nítido caráter infringente, devendo, se for o caso, manejar recurso adequado para reexame da questão suscitada nos declaratórios. [...]" Nesse panorama, a oposição dos embargos declaratórios caracterizou, tão somente, a irresignação do recorrente diante de decisão contrária a seus interesses, o que não viabiliza o referido recurso. III - De todo modo, a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, bem assim a do Supremo Tribunal Federal, admitem a motivação per relationem, pela qual se utiliza a transcrição de trechos dos fundamentos já utilizados no âmbito do processo. Assim, descaracterizada a alegada omissão e/ou ausência de fundamentação, tem-se de rigor o afastamento da suposta violação do art. 489 do CPC/2015, conforme pacífica jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça: AgInt no AREsp n. 1.330.111/SP, Rel. Ministro Antonio Carlos Ferreira, Quarta Turma, julgado em 7/2/2019, DJe 14/2/2019 e AgInt nos EDcl no AREsp n. 1.157.783/SE, Rel. Ministro Francisco Falcão, Segunda Turma, julgado em 4/12/2018, DJe 10/12/2018 AgInt no REsp n. 1.739.534/PR, Rel. Ministra Assusete Magalhães, Segunda Turma, julgado em 25/9/2018, DJe 1º/10/2018. IV - Agravo interno improvido." (AgInt no AREsp 1440047/SP, Rel. Ministro Francisco Falcão, Segunda Turma, julgado em 11/06/2019, DJe 14/06/2019) "RECURSO ORDINÁRIO EM “HABEAS CORPUS” – ADOÇÃO DA TÉCNICA DA MOTIVAÇÃO “PER RELATIONEM” – LEGITIMIDADE CONSTITUCIONAL DESSA TÉCNICA DECISÓRIA – FUNDAMENTAÇÃO VÁLIDA – PENA-BASE ESTABELECIDA ACIMA DO MÍNIMO LEGAL – ALEGADA AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA – RECONHECIMENTO, PELO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA, DA EXISTÊNCIA DE CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS DESFAVORÁVEIS MOTIVADAS PELA CULPABILIDADE E PELAS CIRCUNSTÂNCIAS DO DELITO PRATICADO PELO RECORRENTE – JUSTIFICADA OPERAÇÃO DE DOSIMETRIA PENAL – REDIMENSIONAMENTO DA PRESTAÇÃO PECUNIÁRIA – FUNDAMENTOS NÃO APRECIADOS PELO TRIBUNAL APONTADO COMO COATOR – SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA – INADMISSIBILIDADE – PRETENDIDA REDUÇÃO DA SANÇÃO PENAL – NECESSÁRIO REEXAME DO CONJUNTO PROBATÓRIO – INVIABILIDADE NA VIA DO RECURSO ORDINÁRIO EM “HABEAS CORPUS” – RECURSO DE AGRAVO IMPROVIDO." (RHC 149357 AgR, Relator(a): Min. Celso de Mello, Segunda Turma, julgado em 14/12/2018, Processo Eletrônico DJe-024 Divulg 06-02-2019 Public 07-02-2019) Na mesma toada, a jurisprudência deste e. TRF/1ª Região perfilha o mesmo entendimento, conforme podemos verificar dos seguintes julgados: MANDADO DE SEGURANÇA. REMESSA NECESSÁRIA. INEXISTÊNCIA DE RECURSO VOLUNTÁRIO. ADEQUADA APRECIAÇÃO DA CAUSA. FUNDAMENTAÇÃO POR VÍNCULO (PER RELATIONEM). APLICABILIDADE. SENTENÇA CONFIRMADA. REMESSA OFICIAL DESPROVIDA. 1. Trata-se de remessa necessária de sentença que julgou procedente pedido para assegurar a participação do impetrante em curso de formação para PERITO CRIMINAL DA PERÍCIA FORENSE DO ESTADO DO CEARÁ (PEFOCE), sem prejuízo da remuneração do cargo que ocupa na Universidade Federal do Piauí – UFPI, sob pena da imposição de multa diária no valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais). 2. Deve ser confirmada a sentença objeto de reexame, uma vez que se encontra devidamente fundamentada, havendo o magistrado de primeira instância analisado detidamente as provas apresentadas pela parte autora e aplicado com adequação o direito que regula a matéria ao caso em exame nos autos. 3. Aplica-se, dessa forma, como admitido pela jurisprudência, a fundamentação amparada em provimento jurisdicional pretérito ou mesmo em manifestação do Ministério Público: AgInt no AREsp 855.179/SP, Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, QUARTA TURMA, julgado em 21/05/2019, DJe 05/06/2019; REOMS 101000993.2020.4.01.3700, DESEMBARGADOR FEDERAL RAFAEL PAULO, TRF1 - SEGUNDA TURMA, PJe 16/02/2022 PAG; REO 0038013-72.2015.4.01.3300, JUIZ FEDERAL RODRIGO DE GODOY MENDES (CONV.), TRF1 - PRIMEIRA TURMA, PJe 17/08/2021 PAG. 4. Remessa oficial desprovida. (REOMS 1001031-32.2022.4.01.4000, DESEMBARGADOR FEDERAL GUSTAVO SOARES AMORIM, TRF1 - PRIMEIRA TURMA, PJe 15/07/2023 PAG.) "PROCESSO CIVIL. PREVIDENCIÁRIO. REEXAME NECESSÁRIO. AUSÊNCIA DE RECURSO VOLUNTÁRIO PELAS PARTES. FUNDAMENTAÇÃO PER RELACIONEM. POSSIBILIDADE. REMESSA OFICIAL NÃO PROVIDA. 1. A decisão objeto de reexame se encontra devidamente fundamentada, tendo o magistrado a quo analisado detidamente as provas amealhadas aos autos, afigurando-se inarredável a conclusão de mérito adotada no caso posto, razão pela qual deve ser confirmada a sentença. 2. Ante a ausência de recurso voluntário da parte vencida, bem como da alteração do arcabouço fático-jurídico que norteou a produção da sentença, impõe-se a manutenção do decisum, notadamente em face da consonância entre os fatos apresentados e a norma jurídica incidente, sendo a hipótese, pois, de se prestigiar o julgamento de primeira instância. 3. ´Admite-se "a validade da fundamentação per relationem, pela qual o julgador se vale de motivação contida em ato judicial anterior e em parecer ministerial, como razões de decidir" (REsp 1512639/RS, Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, QUARTA TURMA, julgado em 25/08/2015, DJe 14/09/2015). Precedentes do STJ e do TRF1. (REO 0008302-39.2008.4.01.3600/MT, Rel. JUÍZA FEDERAL MARIA CANDIDA CARVALHO MONTEIRO DE ALMEIDA, PRIMEIRA TURMA, e-DJF1 de 09/06/2016).' 4. Remessa oficial não provida." (REO 0018297-25.2016.4.01.3300, Desembargador Federal Francisco Neves da Cunha, Segunda Turma, e-DJF1 25/06/2019 Pág.) "PROCESSO CIVIL. PREVIDENCIÁRIO. REEXAME NECESSÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA. AUSÊNCIA DE RECURSO VOLUNTÁRIO PELAS PARTES. FUNDAMENTAÇÃO PER RELACIONEM. POSSIBILIDADE. REMESSA OFICIAL NÃO PROVIDA. 1. A decisão objeto de reexame se encontra devidamente fundamentada e em consonância com o entendimento adotado em casos tais pela Segunda Turma deste TRF da 1ª Região, tendo o magistrado a quo, ademais, analisado detidamente as provas amealhadas aos autos, afigurando-se inarredável a conclusão de mérito adotada no caso posto, razão pela qual deve ser confirmada a sentença. 2. Em não tendo havido recurso voluntário da parte vencida, e, portanto, ante a ausência de alteração do arcabouço fático-jurídico que norteou a produção da sentença, impõe-se a manutenção do decisum, notadamente em face da consonância entre os fatos apresentados e a norma jurídica incidente, sendo a hipótese, pois, de se prestigiar o julgamento de primeira instância. 3. A jurisprudência deste TRF1 (AC 2007.41.01.000430-4/RO) e do STJ (REsp 1.224.091/PR) admite a fundamentação per relationem alicerçada em provimento jurisdicional pretérito ou mesmo manifestação do parquet federal. 4. Remessa oficial não provida." (REOMS 0031867-33.2016.4.01.3800, Desembargador Federal João Luiz de Sousa, Segunda Turma, e-DJF1 11/12/2018 Pág.) (grifos deste relator) Diante do exposto, nego provimento à remessa oficial. É o voto. Juiz Federal DIEGO CARMO DE SOUSA Relator Convocado PODER JUDICIÁRIO FEDERAL TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA PRIMEIRA REGIÃO Gab. 26 - DESEMBARGADOR FEDERAL ANTONIO SCARPA PJE/TRF1-Processo Judicial Eletrônico PROCESSO: 1106349-33.2023.4.01.3300 CLASSE: REMESSA NECESSÁRIA CÍVEL (199) APELANTE: MARIA TEREZA DE JESUS APELADO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS EMENTA PROCESSO CIVIL. REEXAME NECESSÁRIO. AUSÊNCIA DE RECURSO VOLUNTÁRIO DAS PARTES. FUNDAMENTAÇÃO VÁLIDA. REMESSA OFICIAL NÃO PROVIDA. 1. Deve ser confirmada a sentença concessiva de segurança, uma vez que se encontra devidamente fundamentada e em harmonia com o contexto fático-jurídico delineado nos autos. Aplica-se, dessa forma, como admitido pela jurisprudência, a fundamentação amparada em provimento jurisdicional pretérito (per relationem). 2. Remessa oficial não provida. A C Ó R D Ã O Decide a Nona Turma do Tribunal Regional Federal da 1ª Região negar provimento à remessa oficial, à unanimidade, nos termos do voto do Relator. Brasília (DF), (data da Sessão). Juiz Federal DIEGO CARMO DE SOUSA Relator Convocado

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Processo nº 0000762-75.2006.4.01.3901

ID: 308539973

Tribunal: TRF1 Órgão: Gab. 33 - DESEMBARGADOR FEDERAL RAFAEL PAULO Classe: APELAçãO CíVEL Nº Processo: 0000762-75.2006.4.01.3901

Data de Disponibilização: 26/06/2025

Polo Ativo:

Polo Passivo:

MADESTELO INDUSTRIA COMERCIO E EXPORTACAO LTDA

Acórdão

Advogados:

ANDRE LUIZ DOS REIS FERNANDES

OAB/PA XXXXXX Desbloquear

JUSTIÇA FEDERAL Tribunal Regional Federal da 1ª Região PROCESSO: 0000762-75.2006.4.01.3901 PROCESSO REFERÊNCIA: 0000762-75.2006.4.01.3901 CLASSE: APELAÇÃO CÍVEL (198) POLO ATIVO: Ministério Público F… JUSTIÇA FEDERAL Tribunal Regional Federal da 1ª Região PROCESSO: 0000762-75.2006.4.01.3901 PROCESSO REFERÊNCIA: 0000762-75.2006.4.01.3901 CLASSE: APELAÇÃO CÍVEL (198) POLO ATIVO: Ministério Público Federal POLO PASSIVO:MADESTELO INDUSTRIA COMERCIO E EXPORTACAO LTDA e outros REPRESENTANTE(S) POLO PASSIVO: ANDRE LUIZ DOS REIS FERNANDES - PA11640-A RELATOR(A):RAFAEL PAULO SOARES PINTO PODER JUDICIÁRIO Tribunal Regional Federal da 1ª Região Gab. 33 - DESEMBARGADOR FEDERAL RAFAEL PAULO Processo Judicial Eletrônico APELAÇÃO CÍVEL (198) n. 0000762-75.2006.4.01.3901 R E L A T Ó R I O O(A) EXMO(A). SR(A). DESEMBARGADOR(A) FEDERAL RAFAEL PAULO SOARES PINTO (RELATOR(A)): Trata-se de Apelação interposta pelo Ministério Público Federal contra sentença proferida nos autos da Ação Civil Pública ajuizada em face de Madestelo Indústria, Comércio e Exportação Ltda., Osmar Alves Ferreira e Laudemiro da Costa Sousa. O Ministério Público Federal ajuizou a presente ação com o objetivo de obter o cancelamento do registro da propriedade rural denominada Fazenda Esperança, localizada em Tucumã/PA, a anulação do respectivo Plano de Manejo Florestal Sustentado nº 3204/94, bem como a condenação dos réus ao pagamento de indenização por danos materiais e morais, em razão da suposta exploração irregular de madeira em área pública. A sentença recorrida julgou procedente em parte os pedidos formulados, determinando o cancelamento da matrícula do imóvel, registrada sob o nº. 0719 junto ao Cartório do Único Ofício da Comarca de Tucumã, e o cancelamento do Projeto de Manejo Florestal Sustentado nº. 3204/94 – IBAMA/PA. Todavia, rejeitou o pedido de condenação dos réus ao pagamento de indenização por danos materiais e morais, sob o fundamento de que não restou comprovado o dolo ou a culpa, tampouco a ocorrência de dano ambiental. Em suas razões recursais, o apelante sustenta, em síntese, que a responsabilidade ambiental é objetiva, prescindindo da comprovação de culpa ou dolo, e que a extração da madeira com base em título de propriedade nulo ensejaria a obrigação de reparar os danos materiais e morais coletivos decorrentes. Por sua vez, nas contrarrazões, os apelados defendem a ausência de dano ambiental, a legalidade da atividade desenvolvida sob amparo de Plano de Manejo devidamente aprovado pelo IBAMA, e a inexistência de nexo causal entre sua conduta e qualquer lesão ambiental. Alegam, ainda, a impossibilidade de indenização por dano moral coletivo e a eventual responsabilidade do Estado do Pará pelo vício na cadeia dominial. A sentença também não condenou ao pagamento de honorários advocatícios, uma vez reconhecida a sucumbência recíproca, com rateio de custas processuais e isenção das entidades públicas, conforme o art. 18 da Lei nº 7.347/85. É o relatório. PODER JUDICIÁRIO Processo Judicial Eletrônico Tribunal Regional Federal da 1ª Região Gab. 33 - DESEMBARGADOR FEDERAL RAFAEL PAULO APELAÇÃO CÍVEL (198) n. 0000762-75.2006.4.01.3901 V O T O O(A) EXMO(A). SR(A). DESEMBARGADOR(A) FEDERAL RAFAEL PAULO SOARES PINTO (RELATOR(A)): Conforme prevê o texto constitucional, em seu art. 225, o meio ambiente ecologicamente equilibrado é bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. A responsabilização civil por danos ao meio ambiente encontra amparo no artigo 225, §3º, da Constituição Federal, bem como no artigo 14, §1º, da Lei nº 6.938/81, os quais estabelecem, de forma inequívoca, a responsabilidade objetiva do poluidor, fundada na teoria do risco integral. Nesse regime, basta a verificação do dano e do nexo de causalidade entre a conduta e a lesão ao bem ambiental, sendo irrelevante a aferição de dolo ou culpa. Todavia, a aplicação do regime de responsabilidade objetiva não implica a dispensa da comprovação da existência de dano e do nexo de causalidade entre a atividade desenvolvida e o prejuízo ambiental efetivamente causado. Neste sentido, os seguintes precedentes: “ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO. RESPONSABILIDADE CIVIL AMBIENTAL. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. SÚMULA 211/STJ. COMPROVAÇÃO DO NEXO DE CAUSALIDADE. IMPRESCINDIBILIDADE. MODIFICAÇÃO DAS CONCLUSÕES DO JULGADO A QUO. REEXAME DE CONTEÚDO FÁTICO-PROBATÓRIO. ÓBICE DA SÚMULA 7/STJ. PLEITO TAMBÉM FULCRADO NA ALÍNEA C DO PERMISSIVO CONSTITUCIONAL. INCIDÊNCIA DOS MESMOS ÓBICES. 1. No que se refere ao pleito de inversão do ônus da prova, observa-se que o Tribunal de origem não examinou a controvérsia sob o enfoque dos dispositivos legais apontados como violados, apesar de instado a fazê-lo por meio dos competentes embargos de declaração. Nesse contexto, caberia à parte recorrente, nas razões do apelo especial, indicar ofensa ao art. 1.022 do CPC, alegando a existência de possível omissão, providência da qual não se desincumbiu. Incide, pois, o óbice da Súmula 211/STJ. 2. Segundo a jurisprudência desta Corte, "Em que pese a responsabilidade por dano ambiental seja objetiva (e lastreada pela teoria do risco integral), faz-se imprescindível, para a configuração do dever de indenizar, a demonstração da existência de nexo de causalidade apto a vincular o resultado lesivo efetivamente verificado ao comportamento (comissivo ou omissivo) daquele a quem se repute a condição de agente causador" (REsp 1.596.081/P R, Rel. Ministro Ricardo Villas Bôas Cueva, Segunda Seção, julgado em 25/10/2017, DJe 22/11/2017). 3. A alteração das conclusões adotadas pela instância de origem, tal como colocada a questão nas razões recursais, a fim de asseverar a presença dos elementos ensejadores da responsabilidade civil ambiental na espécie, demandaria, necessariamente, novo exame do acervo fático-probatório constante dos autos, providência vedada em recurso especial, conforme o óbice previsto na Súmula 7/STJ. 4. Pelos mesmos motivos, segue obstado o recurso especial pela alínea c do permissivo constitucional, sendo certo que não foram atendidas as exigências dos arts. 1.029, § 1º, do CPC e 255, §§ 1º e 2º, do RISTJ. 5. Agravo interno a que se nega provimento” (AgInt no AREsp n. 2.082.852/PR, relator Ministro Sérgio Kukina, Primeira Turma, julgado em 15/8/2022, DJe de 18/8/2022.). “AMBIENTAL. ADMINISTRATIVO. REMESSA NECESSÁRIA. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. RESPONSABILIDADE CIVIL POR DANO AMBIENTAL. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DE AUTORIA E DE POSSE E/OU PROPRIEDADE SOBRE A ÁREA DEGRADADA. INEXISTÊNCIA DE NEXO DE CAUSALIDADE. SENTENÇA MANTIDA. REMESSA NECESSÁRIA DESPROVIDA. 1. A questão em exame versa sobre a pretensão de se responsabilizar o réu pelo desmatamento ilegal ocorrido em floresta nativa na região amazônica, tendo como prova unicamente a indicação de propriedade da terra por terceiro localizado na região dos fatos. 2. A 2ª Turma do Superior Tribunal de Justiça, no julgamento do AREsp 1.756.656-SP, de Relatoria do Min. Francisco Falcão, firmou entendimento no sentido de que "a responsabilidade civil por dano ambiental é objetiva e solidária. E, nos casos em que o Poder Público concorre para o prejuízo por omissão, a sua responsabilidade solidária é de execução subsidiária (ou com ordem de preferência).". 3. A responsabilidade civil pressupõe a existência de conduta, resultado e nexo de causalidae, excetuando-se esse último, em alguns casos, quando a obrigação for propter rem, em que a responsabilidade pelo dano ambiental acompanha a coisa. 4. Assim, a responsabilidade civil por danos ambientais, embora objetiva, não dispensa a existência de conduta do réu apta a gerar o dano. Conforme entendimento deste Tribunal, "a responsabilidade objetiva, mesmo em matéria de dano ambiental, não tem a extensão de dispensar totalmente a demonstração, ainda que indiciária, da autoria e causalidade", sendo certo também que, ainda que tenha havido a inversão do ônus da prova em sede de decisão interlocutória, esta medida haveria de ser considerada com reservas, diante da dificuldade da prova negativa em sentido contrário, nas circunstâncias. Nesse sentido: AC 0030767-44.2010.4.01.3900, Rel. Desembargador Federal João Batista Moreira, TRF1 - Quinta Turma, e-DJF1 15/02/2016, pág. 186. 5. Na hipótese, a imputação da infração ambiental foi atribuída ao réu meramente por suposição, cuja autoria não foi confirmada pelas provas existentes nos autos e nem o Ministério Público Federal se valeu das prerrogativas de produzi-las, tendo, inclusive, requerido a improcedência da ação em sede de alegações finais, a demonstrar que a ausência de elementos inviabiliza eventual condenação. 6. Esta Tribunal já decidiu que: "não há comprovação nos autos de que a ré seja a proprietária, posseira ou ocupante da área degradada, tampouco a produção de outras provas atestando a sua responsabilidade ambiental, não havendo falar no dever de preservação ambiental do imóvel ou de recomposição da área degradada, nos termos previstos no art. 225 da Constituição Federal e no art. 2º, § 2º, do Código Florestal. 6. Correto o entendimento do juízo a quo em sopesar as provas apresentadas nos autos e afastar as indenizações em danos materiais e morais, bem como a obrigação de fazer, ante a ausência de comprovação da conduta e do nexo de causalidade com o dano ambiental provocado." (REO 1000141-83.2019.4.01.3908, DESEMBARGADOR FEDERAL JAMIL ROSA DE JESUS OLIVEIRA, TRF1 - SEXTA TURMA, PJe 17/08/2022) 6. Remessa necessária a que se nega provimento. Sentença mantida” (REO 1001031-85.2020.4.01.3908, DESEMBARGADORA FEDERAL ROSANA NOYA ALVES WEIBEL KAUFMANN, TRF1 - DÉCIMA-SEGUNDA TURMA, PJe 20/11/2023 PAG.). No presente caso, não se discute a nulidade do título de propriedade que lastreou a aprovação do Plano de Manejo Florestal Sustentado nº. 3204/94, circunstância que motivou o acolhimento parcial da ação para cancelar a matrícula imobiliária e o plano de manejo do imóvel em questão. A questão que se impõe é distinta: se a atividade realizada com base nesse plano causou dano ambiental. E a resposta é inegavelmente negativa. O Plano de Manejo Florestal foi devidamente autorizado pelo IBAMA e não há notícia nos autos de descumprimento das exigências técnicas, tampouco de exploração predatória da área. A simples ausência de legitimidade na titularidade dominial não conduz, automaticamente, à conclusão de que tenha havido degradação ambiental concreta, notadamente ante a ausência de demonstração da má fé dos réus na aquisição fraudulenta do imóvel ou em sua exploração, devidamente autorizada pela autarquia ambiental. Em matéria ambiental, a responsabilidade não pode ser presumida a partir da mera irregularidade formal no domínio do imóvel, exigindo-se a demonstração inequívoca do dano ambiental, o que não se verificou, de modo que, ausente o resultado danoso, inexiste fundamento jurídico para a condenação ao pagamento dos alegados danos materiais. Ademais, o regime do manejo florestal sustentável busca exatamente conciliar a exploração econômica do particular com a preservação dos recursos naturais, com vistas ao desenvolvimento sustentável. Assim, não demonstrado o desequilíbrio ecológico, nem a degradação da qualidade ambiental, não há que se falar em obrigação de indenizar, seja pelos alegados danos materiais, ou mesmo morais coletivos. Ressalte-se que a exploração florestal devidamente autorizada pelo IBAMA, ainda que baseada em título imobiliário posteriormente anulado, não produziu efeitos prejudiciais à biota, à estética ambiental ou à qualidade de vida da coletividade, local ou nacional, de modo que improspera a pretensão indenizatória. Ante o exposto, nego provimento à apelação interposta. Descabe a fixação dos honorários recursais estabelecidos pelo art. 85, § 11, do NCPC, na esteira do Enunciado Administrativo nº. 7/STJ, segundo o qual somente são cabíveis nos recursos interpostos contra decisão publicada a partir de 18/03/2016, o que não se verifica nos autos. É o voto. Des(a). Federal RAFAEL PAULO SOARES PINTO Relator(a) PODER JUDICIÁRIO Tribunal Regional Federal da 1ª Região Gab. 33 - DESEMBARGADOR FEDERAL RAFAEL PAULO Processo Judicial Eletrônico PROCESSO: 0000762-75.2006.4.01.3901 PROCESSO REFERÊNCIA: 0000762-75.2006.4.01.3901 CLASSE: APELAÇÃO CÍVEL (198) POLO ATIVO: Ministério Público Federal POLO PASSIVO:MADESTELO INDUSTRIA COMERCIO E EXPORTACAO LTDA e outros REPRESENTANTES POLO PASSIVO: ANDRE LUIZ DOS REIS FERNANDES - PA11640-A E M E N T A DIREITO AMBIENTAL E PROCESSUAL CIVIL. APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. CANCELAMENTO DE MATRÍCULA E PLANO DE MANEJO FLORESTAL. RESPONSABILIDADE CIVIL POR DANO AMBIENTAL. NECESSIDADE DE DEMONSTRAÇÃO DO DANO E DO NEXO DE CAUSALIDADE. RECURSO DESPROVIDO. 1. Apelação interposta pelo Ministério Público Federal contra sentença que julgou procedente em parte os pedidos formulados em Ação Civil Pública para determinar o cancelamento de registro imobiliário e a anulação do Plano de Manejo Florestal Sustentado, mas rejeitou o pedido de indenização por danos materiais e morais. O apelante defende que a responsabilidade ambiental é objetiva, independentemente de culpa, e que o vício na cadeia dominial enseja reparação de danos. 2. A questão em discussão consiste em verificar se, mesmo diante da nulidade do título de propriedade e do cancelamento do respectivo plano de manejo, há responsabilidade civil dos réus pela ocorrência de danos materiais e morais coletivos, independentemente de demonstração de dano concreto e nexo de causalidade. 3. A responsabilidade civil ambiental é objetiva, baseada no risco integral, nos termos do art. 225, § 3º, da Constituição Federal e do art. 14, § 1º, da Lei nº 6.938/81. Contudo, a configuração da obrigação de indenizar exige a demonstração do dano ambiental e do nexo de causalidade. 4. A mera nulidade do título dominial e a consequente anulação do plano de manejo não comprovam, por si sós, a existência de dano ambiental, especialmente quando a atividade florestal foi autorizada pelo órgão competente e não houve demonstração de exploração irregular ou degradação ambiental. 5. Inexistente prova de descumprimento das exigências técnicas do plano de manejo ou de exploração predatória da área, à míngua de demonstração de lesão concreta ao meio ambiente, não há que se falar em obrigação de indenizar, seja por danos materiais, seja por danos morais coletivos. 6. Recurso desprovido. Sem honorários recursais, na esteira do Enunciado Administrativo nº. 7/STJ. A C Ó R D Ã O Decide a Décima Primeira Turma do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, por unanimidade, negar provimento à Apelação interposta, nos termos do voto do relator. Brasília, Desembargador(a) Federal RAFAEL PAULO SOARES PINTO Relator(a)

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Caixa Economica Federal - Cef e outros x Glaudiston Da Silva Cabral

ID: 307178815

Tribunal: TRF1 Órgão: 1ª Vara Federal Cível e Criminal da SSJ de Sinop-MT Classe: PROCEDIMENTO COMUM CíVEL Nº Processo: 1001031-64.2019.4.01.3603

Data de Disponibilização: 25/06/2025

Polo Ativo:

CAIXA ECONOMICA FEDERAL - CEF JOSE PEREIRA DE SOUZA MARINETE OLIVEIRA DE ASSIS MOACYR DO ESPIRITO SANTO

Polo Passivo:

GLAUDISTON DA SILVA CABRAL

Sentença Tipo A

JUSTIÇA FEDERAL Subseção Judiciária de Sinop-MT 1ª Vara Federal Cível e Criminal da SSJ de Sinop-MT Avenida Alexandre Ferronato, nº 2082, R-38, CEP: 78.557-267, Sinop/MT - Fone (66) 3901-1250 - e-mai… JUSTIÇA FEDERAL Subseção Judiciária de Sinop-MT 1ª Vara Federal Cível e Criminal da SSJ de Sinop-MT Avenida Alexandre Ferronato, nº 2082, R-38, CEP: 78.557-267, Sinop/MT - Fone (66) 3901-1250 - e-mail: 01vara.sno.mt@trf1.jus.br Sentença Tipo A PROCESSO Nº: 1001031-64.2019.4.01.3603 CLASSE: PROCEDIMENTO COMUM CÍVEL (7) AUTOR: CAIXA ECONOMICA FEDERAL - CEF e outros (3) REU: GLAUDISTON DA SILVA CABRAL ADVOGADO DATIVO: AUDINEY RODRIGUES FERNANDES Advogado do(a) REU: AUDINEY RODRIGUES FERNANDES - MT18677/O SENTENÇA 1.RELATÓRIO Trata-se de ação ajuizada pela Caixa Econômica Federal – CEF, Moacyr do Espírito Santo, José Pereira de Souza e Marinete Oliveira de Assis contra Glaudiston da Silva Cabral, Facebook Serviços Online do Brasil Ltda e Google Brasil Internet Ltda, na qual os autores alegam que tiveram sua honra objetiva e subjetiva violadas por meio de vídeos publicados pelo réu Glaudiston em sua página pessoal do Facebook e em canal no YouTube. Os autores sustentam que as gravações veiculadas imputam, sem qualquer prova concreta, a prática de condutas ilícitas, como participação em esquemas de corrupção envolvendo a Caixa Econômica Federal e empresas ligadas ao programa habitacional “Minha Casa Minha Vida”. As falas, conforme transcrição constante dos autos, nomeiam diretamente os autores e atribuem-lhes condutas criminosas, sugerindo o uso político da instituição e o financiamento de ideologias partidárias. Com fundamento no art. 5º, X, da Constituição Federal, nos arts. 12 do Código Civil e 19 da Lei 12.965/2014 (Marco Civil da Internet), os autores requerem: (i) a remoção imediata dos vídeos ofensivos; (ii) a condenação do réu à abstenção de novas postagens de igual teor; (iii) indenização por danos morais, no valor de R$ 7.000,00 para cada um dos quatro autores, totalizando R$ 35.000,00. Depois do ajuizamento da ação e dos procedimentos para nomeação de juiz para dar andamento ao feito, o réu começou a peticionar em nome próprio, se dirigindo à Corregedoria do Tribunal Regional Federal da Primeira Região, sem representação, alegando matérias alheias ao processo (49358949, 81865137, 252388484, 265742866, 274007349). Dado o pedido do réu, de nomeação de defensor dativo, a Defensoria Pública da União foi chamada a fazer a defesa, a qual peticionou no evento 273001872 alegando não ter sede na Subseção Judiciária de Sinop. Sobreveio decisão de extinção parcial do processo, com exclusão dos réus FACEBOOK BRASIL e GOOGLE BRASIL (298405402). Na mesma decisão, a OAB foi oficiada para indicar advogado dativo para o réu. Em sua contestação, o réu Glaudiston da Silva Cabral argui, preliminarmente, a inépcia da inicial e a impossibilidade jurídica do pedido, por ausência de demonstração do nexo causal, da repercussão dos vídeos e da existência de dano moral indenizável. No mérito, sustenta que apenas exerceu seu direito constitucional à liberdade de expressão, não tendo imputado crime a qualquer autor. Alega ainda que os vídeos não tiveram repercussão expressiva e que a presente ação constitui tentativa indevida de censura e enriquecimento sem causa. Requer, ao final, a total improcedência da ação ou, subsidiariamente, a fixação de eventual indenização em valor módico, proporcional ao alegado abalo. Com a designação de advogado (336046374), o réu peticionou mais uma vez em nome próprio imputando crime ao advogado nomeado (274007359). Houve impugnação à contestação, rebatendo as preliminares e reiterando a existência de ofensas diretas à imagem institucional e pessoal dos autores. Defendem que o dano moral, nas hipóteses de violação à honra pública e pessoal por meio da internet, é presumido, independentemente de demonstração de prejuízo concreto (392939946). Sobreveio decisão interlocutória, na qual o Juízo deferiu tutela de urgência para determinar a remoção dos vídeos das plataformas Facebook e YouTube, por considerar presentes os requisitos do art. 300 do CPC. O Juízo ponderou os princípios da liberdade de expressão e da proteção à honra, concluindo que houve abuso por parte do réu ao imputar, de forma genérica e sem provas, condutas criminosas aos autores. Aplicando os critérios de adequação, necessidade e proporcionalidade, o Juízo entendeu que o conteúdo extrapola os limites do direito à manifestação do pensamento, justificando a limitação judicial. Na mesma decisão, foram rejeitadas as preliminares suscitadas na contestação, e foi decretada a revelia do réu Glaudiston da Silva Cabral, em razão de sucessiva recusa em aceitar a nomeação de defensores dativos em processos judiciais, sendo reconhecida a ausência de representação válida. Concedeu-se, contudo, a oportunidade para manifestação das partes quanto à produção de novas provas (419973878). A CAIXA manifestou-se no evento 934755675 e 934755675. O réu deixou transcorrer o prazo sem manifestação. É o relatório. Decido. 2.FUNDAMENTAÇÃO Dado que não há outras questões processuais pendentes ou preliminares para analisar e que as partes não manifestaram interesse na produção de outras provas, passo ao julgamento do mérito. Cinge-se a controvérsia a saber se os vídeos divulgados pelo réu feriram a honra subjetiva e objetiva dos autores. Conquanto a Constituição Federal, em seu artigo 5º, nos incisos IV e IX, proteja a liberdade de expressão e a livre manifestação do pensamento, vedando o anonimato e assegurando o direito à informação, é também alçado à categoria de direito fundamental o direito à inviolabilidade da intimidade, da vida privada, da honra e da imagem das pessoas, garantindo a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação. É a partir dessa perspectiva constitucional que a ordem jurídica brasileira assegura ampla proteção aos direitos da personalidade, entre os quais se incluem o direito à imagem, à honra e à reputação. Esses direitos integram o núcleo essencial da dignidade da pessoa humana, fundamento da República (art. 1º, III, da Constituição Federal), e sua violação implica não apenas o direito de cessação da conduta ofensiva, mas também a reparação correspondente. O Código Civil, nesse contexto, estabelece mecanismos expressos de tutela da personalidade. O art. 12 prevê a possibilidade de requerimento judicial para impedir, fazer cessar ou reparar lesão ou ameaça a direitos dessa natureza: Art. 12. Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito da personalidade, e reclamar perdas e danos, sem prejuízo de outras sanções previstas em lei. Este dispositivo autoriza o ajuizamento de ações preventivas, inibitórias ou reparatórias, a depender da configuração do dano ou da mera ameaça, e sua aplicação é ampla, abrangendo tanto a reparação pecuniária quanto medidas não patrimoniais, como a exclusão de conteúdo ofensivo e a proibição de novas condutas lesivas. A proteção acima também alcança as pessoas jurídicas, o que encontra respaldo pacífico na doutrina, na jurisprudência e na legislação brasileira. Embora não titularizem direitos da personalidade exatamente nos mesmos termos que as pessoas físicas, as pessoas jurídicas gozam de proteção quanto à sua honra objetiva, à imagem institucional, à reputação no mercado e à credibilidade junto à sociedade. Essa proteção decorre da aplicação do art. 52 do Código Civil, que assim dispõe: Art. 52. Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da personalidade. A propósito, no plano jurisprudencial, o Superior Tribunal de Justiça firmou entendimento pacífico sobre a possibilidade de a pessoa jurídica sofrer dano moral, conforme teor da Súmula 227/STJ. Essa súmula é aplicada nos casos em que ocorre abalo à imagem institucional, à credibilidade junto a seus públicos (clientes, parceiros, acionistas, sociedade) ou quando há imputação indevida de práticas ilícitas que comprometam sua função social e seu papel no sistema econômico ou institucional. No caso concreto, as imagens e reputações da CAIXA e de seus funcionários MOACYR DO ESPÍRITO SANTO, JOSE PEREIRA DE SOUZA e MARINETE OLIVEIRA DE ASSIS, foram diretamente atingidas por publicações do réu contendo imputações de participação em atos de corrupção e manipulação institucional, sem qualquer respaldo probatório. Com efeito, o réu teve a oportunidade de produzir provas e demonstrar a veracidade de suas acusações. No entanto, ele se manteve silente quanto a esse ponto, assumindo o ônus da não produção de prova que lhe cabia, nos termos do artigo 373, inciso II, do CPC. Tais manifestações, veiculadas sem suporte fático em plataformas de grande circulação (YouTube e Facebook), ultrapassam os limites da crítica legítima e configuram abuso da liberdade de expressão. É inquestionável a violação ao direito de personalidade tanto das pessoas físicas quanto da pessoa jurídica. Especialmente quanto à Caixa Econômica Federal, cabe acrescentar que ela foi acusada publicamente pelo réu de integrar esquemas de corrupção, atuar ideologicamente e sustentar ilegalidades na execução de programas sob sua gestão. Tais alegações, ainda que lançadas sob a aparência de crítica política, foram feitas sem qualquer elemento de prova, de forma reiterada e com a clara intenção de desqualificar sua legitimidade institucional. A honra objetiva da pessoa jurídica, diferentemente da honra subjetiva da pessoa física, é aferida pela forma como ela é percebida pela coletividade, e não por sentimentos internos. A partir do momento em que é atingida por acusações públicas não comprovadas, há dano presumido à sua imagem, reputação e confiabilidade, o que justifica plenamente a reparação. Além disso, a Caixa é instituição que administra verbas públicas, programas sociais e políticas habitacionais com alto grau de sensibilidade pública. A imputação de corrupção, quando não acompanhada de provas, não se qualifica como crítica legítima, mas como discurso nocivo, capaz de fragilizar sua autoridade administrativa e seu papel perante a sociedade e os usuários de seus serviços. A conduta praticada pelo réu insere-se no conceito de ato ilícito, definido no art. 186 do Código Civil: Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. A ilicitude aqui não se restringe à violação de normas legais, mas abrange qualquer transgressão a direitos subjetivos, incluindo os personalíssimos. O conteúdo publicado pelo réu — ao atribuir condutas criminosas sem base factual — violou frontalmente o direito à honra e à imagem dos autores, configurando dano exclusivamente moral, pois atinge bens imateriais, de ordem extrapatrimonial. A consequência natural do ato ilícito é a obrigação de indenizar, nos termos do art. 927 do Código Civil: Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. Em conformidade com essa norma, estando presentes os elementos clássicos da responsabilidade civil — conduta (ação do réu), nexo causal (relação direta entre a publicação e o dano) e dano (violação à imagem e à honra) — impõe-se a condenação à reparação. A jurisprudência, ainda, reconhece que o dano moral é presumido em situações de atribuição pública e injustificada de práticas ilícitas, especialmente quando dirigidas contra pessoas vinculadas a instituições públicas, o que agrava a deslegitimação perante a sociedade. Nesse tipo de ofensa, o constrangimento é intrínseco à própria exposição e não exige comprovação de consequência material ou funcional específica. Nesse sentido: AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. DANO MORAL. MATÉRIA TELEVISIVA. VEICULAÇÃO DE NOTÍCIA FALSA . REPERCUSSÃO GRAVE NA VIDA DO AUTOR. DANO MORAL CONFIGURADO. SÚMULA 7 DO STJ. AGRAVO NÃO PROVIDO . 1. A Corte de origem concluiu, diante das provas produzidas, pela configuração de dano moral à honra do agravado em razão da veiculação de seu nome à prática de crime em matéria jornalística inverídica de cunho sensacionalista. Deste modo, não obstante o caráter informativo inerente à liberdade de imprensa, verifica-se o abuso no exercício desse direito ao imputar, por meio de matéria sensacionalista, prática criminosa à pessoa sem que esta reste comprovada e sem a adoção de cautela necessária a resguardar a imagem da mesma. Alterar esse entendimento é inviável em recurso especial a teor do que dispõe a Súmula n . 7/STJ. 2. Agravo interno não provido.(STJ - AgInt no AREsp: 1541932 SP 2019/0203986-2, Relator.: Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, Data de Julgamento: 01/06/2020, T4 - QUARTA TURMA, Data de Publicação: DJe 04/06/2020) EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE NEGÓCIO JURÍDICO C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. FALSA IMPUTAÇÃO DE CRIME. DANOS MORAIS . CONFIGURAÇÃO. COMPROVAÇÃO. DESNECESSIDADE. QUANTUM INDENIZATÓRIO . - A imputação da prática de crime, desprovida de comprovação, configura dano moral passível de reparação - A falsa imputação de crime configura dano moral in re ipsa, prescindindo de qualquer outra comprovação - A fixação do valor devido a título de indenização por danos morais deve se dar com prudente arbítrio, para que não haja enriquecimento à custa do empobrecimento alheio, mas também para que o valor não seja irrisório. (TJ-MG - AC: 10000211936976001 MG, Relator.: Pedro Bernardes de Oliveira, Data de Julgamento: 15/03/2022, Câmaras Cíveis / 9ª CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: 22/03/2022) Por tais fundamentos, deve-se reconhecer a configuração do ato ilícito nos termos da legislação civil e, por conseguinte, a responsabilidade do réu por danos morais em razão da violação de direitos da personalidade dos autores. No que toca ao valor devido, a quantificação da indenização por danos morais exige do julgador apreciação prudente, segundo os critérios da razoabilidade e da proporcionalidade, levando em conta a gravidade do ilícito, o grau de culpa do agente, a repercussão da ofensa e a finalidade compensatória, punitiva e pedagógica da reparação, segundo a doutrina e a jurisprudência, devendo o valor ser suficiente para minorar a lesão experimentada pela vítima do infortúnio e coibir a reiteração da prática danosa sem, no entanto, configurar o enriquecimento sem justa causa. No caso, o valor individual pleiteado de R$ 7.000,00 para cada autor não excede os limites do razoável. Pelo contrário, mostra-se moderado, considerando a natureza pública das imputações, com acusações de corrupção e ideologização institucional, a difusão por meio de redes sociais com alcance amplificado, e a importância dessa exposição em relação à condição dos autores, que são uma instituição e empregados que atuam em programas habitacionais de relevância nacional. A exposição é grave e de grande repercussão na vida dos autores, de modo que o valor pedido atende à tríplice função da indenização: compensar os ofendidos, reprimir a conduta ilícita e dissuadir novas práticas semelhantes. Cabe esclarecer, no ponto, que a condenação em R$ 7.000,00 em favor de cada autor não totaliza R$ 35.000,00, como dito pela CAIXA. Na verdade, o polo ativo da ação é composto por quatro autores, sendo três pessoas físicas e uma pessoa jurídica, o que totaliza R$ 28.000,00, valor que deverá ser atualizado a partir do arbitramento, nos termos da Súmula 362 do STJ, com incidência de juros de mora desde o evento danoso, ou seja, desde 20/02/2019, data da publicação dos vídeos, nos termos da Súmula 54 do STJ. Quanto à tutela inibitória, firmei entendimento, em análise da tutela provisória, de que é sabido que a Constituição Federal, em seu cunho cidadão, veio buscar uma inovação com o sistema pretérito, angariando o nome de Constituição Cidadão. Nesse contexto, trouxe regras e valores positivados em seu artigo 5º, de modo a garantir os cidadãos em relação aos seus direitos, bem como regular o Estado em sua ação como detentor do Poder. Certo é que, não obstante a Constituição tenha conferido inúmeros direitos aos cidadãos brasileiros, estes direitos não são absolutos. Conforme leciona Paulo Gustavo Gonet Branco, o Estado democrático se justifica, também, como instância de solução de conflitos entre pretensões colidentes resultantes dessas liberdades (Curso de Direito Constitucional, 2019, p. 267) Dito isto, a liberdade de expressão, direito utilizado pelo réu para buscar manifestar seu pensamento e exercer sua cidadania possui contornos limitativos, de modo a não violar outros direitos fundamentais, tal como a honra, de titularidade de outros cidadãos e de pessoas jurídicas, neste último na vertente objetiva, porquanto não é um ente possuidor de pensamento próprio. Dispõe o artigo 5° da Constituição Federal ser “livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato”. De análise deste conteúdo, pode-se extrair que a liberdade de expressão engloba, dentre outros, a comunicação de pensamentos, de ideias, de informações e críticas, bem como o controle dos atos do Estado. A liberdade de expressão encontra certos limites, previstos diretamente pelo constituinte, bem como pela colisão deste direito com outros do mesmo status, tal qual a honra. Neste ponto, verifica-se que acertou o Constituinte ao vedar o anonimato, notadamente com o propósito de que aqueles que forem atingidos em razão do exercício da liberdade de expressão também pudessem utilizar do mesmo direito, de modo a estabelecer uma espécie de contraditório para se defender. Conforme lição do professor Paulo Gonet , a Constituição admite a interferência legislativa para proibir o anonimato, para impor o direito de resposta e a indenização por danos morais e patrimoniais e à imagem, para preservar a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas. O fato é que, em análise dos autos, verifica-se uma colisão de direitos fundamentais. De um lado, temos o direito de liberdade de expressão do réu; d’outro, a honra das pessoas atingidas pelo exercício da liberdade de expressão. Ao fim de uma análise, verifica-se que, em caso de colisão de direitos fundamentais deve haver a ponderação, consubstanciada na regra da análise de proporcionalidade. Neste caso, entendo aplicável o princípio da proporcionalidade, trazido por Robert Alexy, bem elucidado pelo brasileiro Virgílio Afonso da Silva em sua obra Direitos Fundamentais, devendo a limitação dos direitos fundamentais passar, necessariamente, por três crivos: adequação, necessidade e proporcionalidade. No caso em apreço, em que a tutela requerida é a remoção do vídeo publicado da rede social Facebook e do Youtube, entendo haver a supressão da liberdade de expressão. Neste ponto, para verificar a proporcionalidade de tal medida, proceder-se-á abaixo à análise dos requisitos da proporcionalidade. De análise do conteúdo do vídeo, verifica-se que o réu, através de seu direito, imputou aos autores condutas que, do ponto de vista probatório, são infundadas e de gravidade elevada. Nota-se que o autor menciona que: a CAIXA atuava à serviço da esquerda, a Caixa atuava como mecanismo de financiamento de empresas e empresários para que eles ficassem ricos e poderosos, para que eles pudessem ser uma mão de apio ao sistema corrupto implantado no Brasil. Então aqui eu quero denunciar o ex-Superintendente Regional Edy Veggi, o atual superintendente Moacyr, a gerente regional Marinete Pereira, José Luiz, a ex-gerente regional Fátima. De análise do conteúdo, nota-se que o autor imputa condutas criminosas, genéricas e sem provas, ferindo princípios constitucionais e processuais penais, como o da não culpabilidade, pois não há notícia da referida conduta por parte dos autores. Não se está a dizer que o autor não pode exercer o seu direito de liberdade de expressão, denunciando às autoridades ou à sociedade fatos ilícitos, mas sim que deve exercer esse direito em consonância com outros valores. Fosse o caso de haver fortes indícios de condutas delituosas por parte dos autores, o direito do réu prevaleceria. O fato é que não é o que resta demonstrado no caso, porquanto suas denúncias são despidas de qualquer prova. Neste ponto, não obstante o réu possua o direito de liberdade de expressão, este encontra limites ao ferir o direito alheio, terminando o seu direito quando atinge o dos outros, de modo que entendo que houve uma extrapolação dos direitos do autor, devendo a medida ser retirada do Facebook e do YouTube. Do teor acima, nota-se a adequação da medida, porquanto os autores não obteriam a retirada do vídeo pelas vias extrajudiciais, até porque o autor encontrava-se no exercício do direito da cidadania, ainda que fora de seus limites e em colisão com outros direitos, não possuindo o Facebook e o YouTube condições e competência para aferirem a justeza do conteúdo postado, de modo a inibir o direito do réu de expressar-se nas redes sociais. Por sua vez, a medida é necessária, porquanto permanece no ar o vídeo que viola a honra objetiva dos autores enquanto pessoas físicas, bem como a honra objetiva da CEF. Por fim, em análise da proporcionalidade em sentido estrito, nota-se que a presente medida traz mais benefícios do que prejuízos ao sistema, estabelecendo a ordem, uma vez que o vídeo, despido de conteúdos concretos e de legítimo exercício da cidadania, só acarreta prejuízos aos autores. Além disso, a medida de remoção do conteúdo ofensivo encontra amparo na Lei nº 12.965/2014 (Marco Civil da Internet), que disciplina os direitos e deveres para o uso da internet no Brasil. O dispositivo aplicável, no caso, é o art. 19, §4º, que expressamente autoriza o Poder Judiciário a determinar a retirada de conteúdo ofensivo, inclusive sem prévia oitiva da parte contrária, conforme artigo 19, §4º, da Lei nº 12.965/2014. Em conclusão, impõe-se a procedência integral da demanda, com a confirmação da tutela provisória. 3.DISPOSITIVO Diante do exposto, confirmo a tutela provisória e JULGO PROCEDENTE O PEDIDO, resolvendo o mérito nos termos do artigo 487, inciso I, do CPC, para: a) confirmar a tutela de urgência concedida, determinando a remoção definitiva dos vídeos ofensivos das plataformas Facebook e YouTube, nos endereços eletrônicos especificados na inicial; b) condenar o réu Glaudiston da Silva Cabral a se abster de realizar novas postagens ou publicações em qualquer meio digital ou físico que contenham conteúdo calunioso ou difamatório dirigido à Caixa Econômica Federal e aos autores Moacyr do Espírito Santo, José Pereira de Souza e Marinete Oliveira de Assis, sob pena de multa de R$ 2.000,00 (dois mil reais) por ocorrência; c) condenar o réu Glaudiston da Silva Cabral ao pagamento de indenização por danos morais no valor de R$ 7.000,00 (sete mil reais) para cada autor (totalizando R$ 28.000,00), com incidência de correção monetária a partir da data desta sentença (Súmula 362 do STJ) e juros moratórios desde a data do evento danoso (20/02/2019), nos termos da Súmula 54 do STJ, conforme índices previstos no Manual de Cálculos da Justiça Federal. Condenar o réu ao reembolso das custas iniciais e ao pagamento das custas processuais finais, além do pagamento de honorários advocatícios, estes últimos fixados em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação, nos termos do art. 85, §2º, do CPC. Dado que a parte sucumbente é beneficiária da gratuidade de justiça, fica suspensa a cobrança das despesas decorrentes da sucumbência por até cinco anos, na forma do artigo 98, §3º, do CPC. Sentença SEM remessa necessária. Em caso de recurso, intime-se a parte contrária para apresentar contrarrazões. Em seguida, remetam-se os autos ao Tribunal, independentemente de novo despacho. Antes do trânsito em julgado, eventual pedido de providências sobre a tutela provisória deve ser feito em autos próprios, na forma do artigo 520 e § 5º do CPC. Com o trânsito em julgado, arquivem-se os autos. Intime-se. Datado e assinado eletronicamente. JUIZ FEDERAL DESIGNADO

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Resultados para o tribunal: TRF1

Resultados para "1001031-68.2023.5.02.0384" – Página 24 de 24

Processo nº 1004342-62.2025.4.01.3600

Processo nº 1106349-33.2023.4.01.3300

Processo nº 0000762-75.2006.4.01.3901

Caixa Economica Federal - Cef e outros x Glaudiston Da Silva Cabral