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Processo nº 1001796-86.2025.4.01.4100

ID: 314086147

Tribunal: TRF1 Órgão: 1ª Vara Federal Cível da SJRO Classe: MANDADO DE SEGURANçA CíVEL Nº Processo: 1001796-86.2025.4.01.4100

Data de Disponibilização: 02/07/2025

Polo Ativo:

LUCAS RAYAN GONCALVES RIBEIRO FELICIO

Polo Passivo:

Sentença Tipo A

Advogados:

MARCUS VINICIUS FERREIRA RODRIGUES

OAB/MG XXXXXX Desbloquear

PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA FEDERAL DE PRIMEIRO GRAU SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DE RONDÔNIA 1ª VARA FEDERAL Sentença tipo "A" Autos nº 1001796-86.2025.4.01.4100 IMPETRANTE: LUCAS RAYAN GONCALVES RIBEIRO… PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA FEDERAL DE PRIMEIRO GRAU SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DE RONDÔNIA 1ª VARA FEDERAL Sentença tipo "A" Autos nº 1001796-86.2025.4.01.4100 IMPETRANTE: LUCAS RAYAN GONCALVES RIBEIRO FELICIO IMPETRADO: REITOR DO CENTRO DE ENSINO SÃO LUCAS LTDA e outros S E N T E N Ç A Cuida-se de mandado de segurança, com pedido de liminar, no qual a parte impetrante objetiva a antecipação da colação de grau e expedição imediata do diploma ou declaração de conclusão do curso de Medicina. O pedido liminar foi indeferido (ID 2169709845). O Ministério Público Federal, em parecer (ID 2170790492), manifestou-se pela não intervenção no feito, por entender que a demanda não envolve partes incapazes nem interesse social, coletivo ou individual indisponível. A impetrante noticiou a interposição de Agravo de Instrumento, o qual não foi provido (IDs 2170833068 e 2171186366). Regularmente notificada, a autoridade impetrada prestou suas informações (ID 2173968561). Em seguida, os autos vieram conclusos para julgamento. É o breve relatório. Fundamento e decido. Presentes os pressupostos processuais, bem como as condições da ação. Da Concessão da Gratuidade de Justiça É pacífico o entendimento jurisprudencial pátrio no sentido de que a simples declaração de hipossuficiência firmada pela parte nos autos é suficiente para a concessão da gratuidade da justiça, presumindo-se verdadeira, nos termos do art. 99, § 3º, do CPC, salvo se houver nos autos elementos que a infirmem. Nesse sentido: PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO REVISIONAL DO PIS /PASEP. EXTINÇÃO DO PROCESSO, SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO. BENEFÍCIO DE JUSTIÇA GRATUITA. ART. 99, §§ 2º E 3º, DO CPC. CONDIÇÃO DE HIPOSSUFICIÊNCIA DEMONSTRADA. CONCESSÃO DO BENEFÍCIO. DISPENSA DO PAGAMENTO DAS CUSTAS. SENTENÇA ANULADA. 1. Trata-se de apelação interposta pelo autor em face da sentença proferida pelo Juízo da 13ª Vara Federal da Seção Judiciária da Bahia que, na ação de procedimento comum ajuizada contra a União e o Banco do Brasil, em que busca a revisão de restituição do PIS /PASEP, extinguiu o processo, sem resolução do mérito, devido ao não pagamento das custas processuais. 2. Nos termos do art. 99 do CPC de 2015, presume-se como verdadeira a alegação de insuficiência de recursos por parte da pessoa natural, podendo o juiz indeferir o pedido somente se houver nos autos elementos que evidenciem a falta dos pressupostos legais para a concessão de gratuidade (§§ 2º e 3º). 3. Registre-se, porém, que não é a declaração pessoal do interessado que assegura o direito à gratuidade de justiça. Ela não é bastante em si. O que assegura o benefício é a condição real daquele que pretende a gratuidade, aferível pela documentação apresentada aos autos, ou mesmo pela qualificação da parte. São elementos que podem indicar a capacidade de pagamento das custas e mais despesas processuais. 4. Na hipótese dos autos, a renda auferida pelo apelante, consoante documentação apresentada, comprova a alegada condição de hipossuficiência, devendo, pois, ser deferido o benefício da assistência judiciária gratuita, retornando os autos ao juízo de origem para seu regular processamento. 5. Apelação provida. (TRF-1 - AC: 10425233820204013300, Relator.: DESEMBARGADOR FEDERAL JAMIL ROSA DE JESUS OLIVEIRA, Data de Julgamento: 07/11/2022, 6ª Turma, Data de Publicação: PJe 09/11/2022 PAG PJe 09/11/2022 PAG) No caso em tela, o impetrante comprovou ser bolsista do PROUNI, conforme "Declaração de Acadêmico Bolsista" (ID 2169521213) e "Declaração de Ingresso Faculdade" (ID 2169521226), o que corrobora sua condição de hipossuficiência e a dependência de auxílios para a manutenção de seus estudos. Além disso, a impugnante não trouxe aos autos quaisquer elementos probatórios aptos a infirmar os fundamentos do pedido de gratuidade de justiça formulado pelo impugnado, sendo certo que, nos termos do art. 99, § 2º, do CPC, o indeferimento do benefício somente é admissível quando houver nos autos elementos que evidenciem de forma inequívoca a ausência dos pressupostos legais para sua concessão, incumbindo ao juízo, antes de eventual indeferimento, oportunizar à parte a demonstração do preenchimento de tais requisitos. Assim, ante a ausência de elementos aptos a afastar a presunção de veracidade da declaração de hipossuficiência do impugnado, nos termos do art. 99, § 2º, do CPC, rejeito a impugnação apresentada. Do mérito No que diz respeito ao mérito, analisando os documentos carreados aos autos, tenho que permanecem hígidos os fundamentos que alicerçaram a decisão liminar anteriormente proferida. Sendo assim, com fundamento nos princípios da economia processual e da celeridade, adoto como razões de decidir nesta sentença, parte da fundamentação que embasou o decisum de ID 2169709845, cuja transcrição segue abaixo: Nos estritos limites do artigo 7º, inciso III, da Lei n. 12.016/2009, a concessão de tutela de urgência em sede mandamental requer a concorrência dos requisitos autorizadores consubstanciados no fumus boni iuris, evidenciado pela plausibilidade jurídica das alegações deduzidas, e no periculum in mora, caracterizado pelo risco iminente de ineficácia da tutela jurisdicional ao término do feito. Submetendo os autos ao crivo da cognição sumária, não identifico a presença concomitante dos referidos pressupostos. O impetrante, discente regularmente matriculado no 12º período do curso de Medicina, postula a antecipação da colação de grau, objetivando viabilizar sua inscrição em programa de residência médica, sustentando haver concluído 91% da carga horária global do curso, nos termos de declaração fornecida pela instituição de ensino, bem como a inexistência de pendências curriculares, à exceção daquelas vinculadas ao cronograma acadêmico. Alega, ademais, ostentar coeficiente de rendimento superior a 90% e desempenho acadêmico excepcionalmente destacado, sendo a sua aprovação em certame de elevada competitividade, a exemplo do Exame Nacional de Residência Médica (ENARE), indicativo de sua capacidade técnica para o exercício da profissão, o que reforçaria a imprescindibilidade de apreciação individualizada de sua postulação pela entidade educacional. Todavia, não verifico a presença da plausibilidade jurídica necessária à concessão da liminar requerida, uma vez que o artigo 47, §2º, da Lei n. 9.394/96 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional) prevê a possibilidade de redução do tempo de integralização de curso superior apenas para discentes que demonstrem extraordinário aproveitamento acadêmico, mediante submissão a avaliação específica conduzida por banca examinadora especial. No caso concreto, inexiste nos autos qualquer elemento probatório que ateste a submissão do impetrante a tal aferição, tampouco manifestação favorável da instituição de ensino acerca da possibilidade de antecipação colacional. De fato, a jurisprudência pátria tem reconhecido, em situações análogas, a viabilidade da abreviação da duração do curso superior e, por conseguinte, a antecipação da colação de grau, especialmente quando evidenciado o atendimento dos requisitos normativos e a exigência do diploma como condição essencial para a nomeação em cargo público ou quando demonstrado o risco iminente de perda de oportunidade profissional relevante. Não obstante, ainda que se reconheça a possibilidade abstrata de tal redução temporal, é imprescindível que a instituição de ensino superior realize análise minuciosa da situação acadêmica do aluno, nos moldes de seus regulamentos internos e em respeito ao princípio constitucional da autonomia universitária, insculpido no artigo 207 da Constituição Federal. Nesse sentido, o Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1) já decidiu, recentemente, pela impossibilidade de antecipação da colação de grau por decisão judicial, na hipótese de não integralização da matriz curricular obrigatória, conforme se depreende do seguinte precedente: "(...) as universidades têm autonomia para fixar os currículos de seus cursos e conferir graus e diplomas, cabendo ao aluno integralizar todas as disciplinas exigidas. A antecipação da colação de grau sem o devido cumprimento da carga horária mínima e das exigências acadêmicas configura ingerência indevida do Judiciário na autonomia universitária." (AI 1046565-34.2023.4.01.0000, Desembargadora Federal Rosana Noya Alves Weibel Kaufmann, TRF1, PJe 30/11/2023). Com efeito, faz-se imprescindível a observância do procedimento interno delineado pela instituição de ensino, notadamente em razão do disposto no art. 125 da Resolução CONSUP. 12/2024, que estabelece como requisito à concessão da abreviação a submissão do aluno a uma banca examinadora especial. Em reforço, cabe ainda destacar que, no contexto dos cursos vinculados às ciências da saúde, notadamente Medicina, a deferência ao integral cumprimento das atividades práticas obrigatórias revela-se imperativa, porquanto a concessão da medida postulada implicaria autorização prematura ao exercício profissional, em descompasso com as diretrizes educacionais e as normas regulatórias do ensino médico. Não fosse isso, é cediço que ao proceder à sua inscrição no certame sub examine, o impetrante anuiu, de forma inequívoca, com as cláusulas e exigências editalícias, dentre as quais se incluem, como condição sine qua non, a conclusão do respectivo curso, de sorte que sua inobservância comprometeria a regularidade do concurso e violaria o princípio da legalidade estrita. Por conseguinte, ausente nos autos comprovação de cumprimento integral da carga horária e dos demais requisitos acadêmicos imprescindíveis à outorga do grau, bem como considerando a necessidade de observância à autonomia universitária, entendo não estar configurado o fumus boni iuris apto a ensejar o deferimento da medida liminar requerida. Outrossim, ressalto que ao Poder Judiciário não cabe imiscuir-se na esfera discricionária da administração acadêmica universitária, de modo a determinar, de ofício, a antecipação da colação de grau sem a devida observância dos critérios internos da instituição de ensino, sob pena de indevida interferência na autonomia didático-pedagógica da entidade educacional. Por todo o exposto, ausentes os requisitos ensejadores, INDEFIRO o pleito liminar formulado pela parte impetrante. Dessarte, não havendo qualquer alteração no panorama fático ou jurídico, desde o proferimento da decisão em sede de cognição sumária, deve ser mantido o entendimento em sentença, nos mesmos termos então esposados. Ante o exposto, DENEGO A SEGURANÇA pleiteada, extinguindo o processo com resolução do mérito, nos termos do art. 487, inciso I, do CPC. Custas finais incabíveis à espécie (art. 4º, I e II, da Lei nº 9.289/96). Sem honorários advocatícios (art. 25 da Lei nº 12.016/2009). Sentença não sujeita ao reexame obrigatório. Preclusas as vias impugnatórias, arquivem-se os autos. Publique-se. Registre-se. Intimem-se. Porto Velho/RO, data da assinatura eletrônica. VINICIUS COBUCCI Juiz Federal

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Resultados para o tribunal: TRF1

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Processo nº 1001796-86.2025.4.01.4100