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ID: 260613357

Tribunal: TRT17 Órgão: OJ de Análise de Recurso Classe: RECURSO ORDINáRIO TRABALHISTA Nº Processo: 0001025-07.2023.5.17.0014

Data de Disponibilização: 25/04/2025

Polo Ativo:

HOSPITAL MERIDIONAL S.A MARLENE ARCANJO DE ARAUJO SOARES

Polo Passivo:

HOSPITAL MERIDIONAL S.A MARLENE ARCANJO DE ARAUJO SOARES

Notificação

Advogados:

ALBERTO CARLOS CANI BELLA ROSA

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ALEXANDRE MARIANO FERREIRA

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BRUNA CHAFFIM MARIANO

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UDNO ZANDONADE

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DULCELANGE AZEREDO DA SILVA

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ANA CAROLINA GONCALVES SANTOS

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GUSTAVO MIGUEZ COSTA

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GUSTAVO CANI GAMA

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PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 17ª REGIÃO OJC DE ANÁLISE DE RECURSO Relatora: ALZENIR BOLLESI DE PLA LOEFFLER 0001025-07.2023.5.17.0014 : MARLENE ARCANJO… PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 17ª REGIÃO OJC DE ANÁLISE DE RECURSO Relatora: ALZENIR BOLLESI DE PLA LOEFFLER 0001025-07.2023.5.17.0014 : MARLENE ARCANJO DE ARAUJO SOARES E OUTROS (1) : MARLENE ARCANJO DE ARAUJO SOARES E OUTROS (1) INTIMAÇÃO Fica V. Sa. intimado para tomar ciência da Decisão ID 0a9b259 proferida nos autos. 0001025-07.2023.5.17.0014 - 1ª TurmaRecorrente(s): 1. HOSPITAL MERIDIONAL S.A 2. MARLENE ARCANJO DE ARAUJO SOARES Recorrido(a)(s): 1. MARLENE ARCANJO DE ARAUJO SOARES 2. HOSPITAL MERIDIONAL S.A RECURSO DE: HOSPITAL MERIDIONAL S.A CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES O presente recurso foi apresentado na vigência da Lei 13.467/2017. Vale registrar que, nos termos do art. 896-A, §1º e incisos da CLT, incumbe ao Tribunal Superior do Trabalho o exame da transcendência do recurso de revista. PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS Tempestivo o recurso (ciência da decisão em 29/01/2025 - Id 760b9d3; petição recursal apresentada em 10/02/2025 - Id 97a5056). Regular a representação processual (Id 836ebec ). Preparo satisfeito. PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS 1.1 PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA NO DIREITO DO TRABALHO (12942) / PRESCRIÇÃO Insurge-se contra a suspensão do prazo prescricional, conforme previsto na Lei 14.010/2020 Tendo a C. Turma decidido no sentido de que o art. 3º da Lei n° 14.010/2020 é plenamente aplicável às relações trabalhistas, que possuem natureza privada, a decisão se encontra consonante com o posicionamento iterativo e notório do TST, o que inviabiliza o seguimento do recurso, nos termos do artigo 896, §7º, da CLT, e da Súmula 333, do TST. Vale citar o seguinte julgado da Corte Revisora: "AGRAVO EM AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA DA RECLAMADA. NA VIGÊNCIA DA LEI 13.467/2017. 1 - PRESCRIÇÃO. LEI 14.010/2020. AUSÊNCIA DE TRANSCENDÊNCIA. A suspensão do prazo prescricional previsto no art. 3º, da Lei 14.010/2020 é aplicável ao Processo do Trabalho, em razão do estado de calamidade pública oriundo da pandemia de Covid-19. Não há qualquer justificativa plausível para não aplicação da Lei Federal na esfera do direito do trabalho, haja vista que a Lei 14.010/2020 dispõe acerca de relações jurídicas de Direito Privado. Julgados. Agravo conhecido e não provido . 2 - NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. AUSÊNCIA DE TRANSCENDÊNCIA. Não há negativa de prestação jurisdicional, ainda que a Corte local não tenha anotado o volume / quantidade de inflamável armazenado, o Tribunal Regional registrou que o reclamante trabalhava em atividade perigosa também por enchimento de vasilhames com produto inflamável. Constatado que o reclamante realizava o enchimento do tanque de combustível, a atividade é enquadrada pela NR-16 como perigosa. Agravo conhecido e não provido. 3 - ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. LAUDO PERICIAL. ENCHIMENTO DO TANQUE DE COMBUSTÍVEL. SÚMULA 126 DO TST. PREJUDICADA ANÁLISE DA TRANSCENDÊNCIA. O item 3, letras "m", do Anexo 2 da NR 16, dispõe que enseja o adicional de periculosidade pela área de risco a atividade de "enchimento de vasilhames com produto inflamável". Constatado que o reclamante realizava o enchimento do tanque de combustível, a atividade é enquadrada pela NR-16 como perigosa. Nesse cenário fático-probatório não há como divergir da Corte de origem, a mudança de julgado demandaria revolvimento de fatos e provas, circunstância vedada nesta instância extraordinária. Incide a Súmula 126 do TST. Agravo conhecido e não provido" (Ag-AIRR-1000907-39.2021.5.02.0422, 8ª Turma, Relatora Ministra Delaide Alves Miranda Arantes, DEJT 02/09/2024). Neste sentido: AIRR-1001234-96.2016.5.02.0312, 1ª Turma, Relator Ministro Amaury Rodrigues Pinto Junior, DEJT 21/08/2024; RR-603-14.2020.5.09.0029, 6ª Turma, Relator Ministro Augusto Cesar Leite de Carvalho, DEJT 09/08/2024; RR-645-33.2021.5.13.0024, 5ª Turma, Relator Ministro Breno Medeiros, DEJT 14/06/2024; RR-709-03.2020.5.09.0020, 7ª Turma, Relator Ministro Claudio Mascarenhas Brandao, DEJT 17/05/2024; RR-0020473-07.2021.5.04.0334, 3ª Turma, Relator Ministro Alberto Bastos Balazeiro, DEJT 18/12/2023; Ag-AIRR-10847-49.2021.5.15.0045, 2ª Turma, Relatora Desembargadora Convocada Margareth Rodrigues Costa, DEJT 15/09/2023. 2.1 DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO (12936) / VERBAS REMUNERATÓRIAS, INDENIZATÓRIAS E BENEFÍCIOS (13831) / ADICIONAL (13833) / ADICIONAL DE INSALUBRIDADE Insurge-se a parte recorrente contra o v. acórdão, quanto ao adicional de insalubridade. Tendo a C. Turma decidido manter a condenação da Reclamada ao pagamento do adicional de insalubridade, tendo em vista o enquadramento das atividades laborais da autora no disposto no Anexo 14, da NR 15, segundo o laudo técnico pericial produzido, não se verifica, em tese, a alegada violação, conforme exige a alínea "c" do artigo 896 Consolidado. Ante o enquadramento das atividades laborais da autora no Anexo 14 da NR 15, verifica-se que a decisão recorrida se encontra em consonância com o disposto na Súmula 448, I, do TST, e não em contrariedade ao entendimento sumulado da Corte Revisora, sendo inviável, também neste aspecto, o apelo em exame. 3.1 DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO (8826) / PARTES E PROCURADORES (8842) / SUCUMBÊNCIA (8874) / HONORÁRIOS PERICIAIS Insurge-se a parte recorrente contra o v. acórdão, quanto aos honorários periciais. Tendo a C. Turma manifestado entendimento no sentido de que o valor dos honorários periciais deve ser condizente com a complexidade do trabalho realizado e com o tempo dispensado para sua conclusão, sendo que, no caso em exame, o quantum fixado pela Origem atende aos requisitos supracitados e observa a média praticada nesta especializada para casos semelhantes, não se verifica, em tese, a alegada violação, conforme exige a alínea "c" do artigo 896 Consolidado. 4.1 DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO (8826) / PARTES E PROCURADORES (8842) / ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA Insurge-se a parte recorrente contra o v. acórdão quanto à concessão do benefício da justiça gratuita à parte autora. Tendo a C. Turma decidido no sentido de que a comprovação a que se refere o § 4º do artigo 790 da CLT pode se dar por meio da declaração de hipossuficiência, devidamente prestada no caso em exame, verifica-se que a decisão se encontra consonante com a Súmula nº 463, I, do TST, o que inviabiliza o recurso, nos termos do disposto no artigo 896, § 7º, da CLT e Súmula nº 333, do Eg. TST. 5.1 DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO (8826) / PARTES E PROCURADORES (8842) / SUCUMBÊNCIA (8874) / HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS Insurge-se a parte recorrente contra o v. acórdão, quanto aos honorários advocatícios. A C. Turma manifestou entendimento no sentido de que os honorários devem ser fixados entre o mínimo de 5% e o máximo de 15% sobre o valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa, observados o grau de zelo do profissional, o lugar de prestação do serviço, a natureza e a importância da causa, o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu serviço, de modo que, a partir de tais parâmetros, são devidos honorários em prol do advogado do reclamante no percentual de 15% sobre o valor que resultar da liquidação, ao passo que os honorários advocatícios do patrono da reclamada devem ser reduzidos para 5% sobre os valores dos pedidos julgados totalmente improcedentes, os quais ficaram sob condição suspensiva. Assim, não se verifica, em tese, a alegada violação, conforme exige a alínea "c" do artigo 896 Consolidado. Ademais, tendo a C. Turma decidido no sentido de que os honorários advocatícios devidos pela beneficiária da gratuidade de justiça ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade por dois anos, verifica-se que a decisão se encontra consonante com o posicionamento iterativo e notório do TST, o que inviabiliza o seguimento do recurso, nos termos do artigo 896, §7º, da CLT, e da Súmula 333, do TST. Vale citar o seguinte julgado da Corte Revisora: "AGRAVO EM EMBARGOS. RECURSO DE REVISTA. HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS. BENEFICIÁRIO DA JUSTIÇA GRATUITA. ART. 791-A, § 4º. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE Nº 5.766/DF. MATÉRIA PACIFICADA NO ÂMBITO DO TRIBUNAL. ART. 894, § 2º, DA CLT. 1. Cinge-se a controvérsia em definir a possibilidade de condenação da reclamante, beneficiária da justiça gratuita, ao pagamento de honorários de sucumbência, em razão da aplicação do art. 791-A, § 4º, da CLT, introduzido pela Lei nº 13.467/2017, assim como em virtude da tese firmada pela Suprema Corte na Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 5.766/DF. 2. A jurisprudência desta Corte Superior, amparada na tese fixada pelo STF no julgamento da referida ADI, já se encontra pacificada no sentido de que o beneficiário da justiça gratuita, quando vencido, poderá ser condenado ao pagamento de honorários advocatícios, os quais permanecerão, contudo, sob condição suspensiva de exigibilidade, sendo que somente poderão ser executados no caso de prova superveniente da perda da condição de hipossuficiência, vedada qualquer compensação com créditos trabalhistas obtidos no mesmo ou em outro processo. 3. Nesse contexto, os paradigmas em que se alicerça o recurso encontram-se superados pela jurisprudência atual e iterativa desta Corte Superior, o que obsta ao processamento dos embargos, a teor do art. 894, § 2º, da CLT. Agravo a que se nega provimento" (Ag-E-Ag-RRAg-1001734-24.2019.5.02.0033, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, Relator Ministro Alberto Bastos Balazeiro, DEJT 03/11/2023). No mesmo sentido: E-Ag-RR-100215-18.2018.5.01.0028, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, Relator Ministro Evandro Pereira Valadao Lopes, DEJT 22/03/2024; E-RR-20395-29.2019.5.04.0028, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, Relator Ministro Evandro Pereira Valadao Lopes, DEJT 22/03/2024; E-RR-20462-86.2018.5.04.0332, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, Relatora Ministra Maria Helena Mallmann, DEJT 06/10/2023; Ag-Emb-Ag-RRAg-265-18.2019.5.05.0019, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, Relator Ministro Douglas Alencar Rodrigues, DEJT 12/05/2023. CONCLUSÃO DENEGO seguimento ao recurso de revista. RECURSO DE: MARLENE ARCANJO DE ARAUJO SOARES CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES O presente recurso foi apresentado na vigência da Lei 13.467/2017. Vale registrar que, nos termos do art. 896-A, §1º e incisos da CLT, incumbe ao Tribunal Superior do Trabalho o exame da transcendência do recurso de revista. PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS Tempestivo o recurso (ciência da decisão em 19/03/2025 - Id dc6f472; petição recursal apresentada em 31/03/2025 - Id aedf2d4). Regular a representação processual (Id b4c9949 ). Inexigível o recolhimento de custas, uma vez que a parte recorrente não foi condenada a efetuar o preparo - Id 56bb1f2 297bd8c . PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS 1.1 DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO (8826) / ATOS PROCESSUAIS (8893) / NULIDADE (8919) / NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL Alega a parte recorrente ter havido negativa de prestação jurisdicional, tendo em vista que, não obstante a oposição de embargos declaratórios, a decisão proferida pela C. Turma manteve-se omissa no que tange a relevantes aspectos suscitados. Inviável o recurso, contudo, porquanto se verifica que as questões oportunamente suscitadas e essenciais à resolução da controvérsia foram analisadas pelo Eg. Regional, de forma motivada, razão por que não se vislumbra, em tese, a apontada afronta aos artigos 832 da CLT, 489 do CPC/2015 ou 93, IX, da CF/88. 2.1 DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO (8826) / ATOS PROCESSUAIS (8893) / NULIDADE (8919) / CERCEAMENTO DE DEFESA Insurge-se a parte recorrente contra o indeferimento de oitiva de testemunha, que diz imprescindível à comprovação das suas alegações fáticas. Tendo a C. Turma manifestado entendimento no sentido de que a prova oral mostrou-se inútil diante das pretensões da reclamante, não se justificando o adiamento da audiência, porque, em relação à jornada de trabalho, a própria reclamante declarou que anotava os cartões de ponto quando chegava e quando saía da ré, de modo que a confissão desmonta a tese da inicial, não se verifica, em tese, a alegada violação, conforme exige a alínea "c" do artigo 896 Consolidado. 3.1 DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO (8826) / ATOS PROCESSUAIS (8893) / NULIDADE Pleiteia a parte recorrente a nulidade da sentença, por cerceio de defesa, decorrente do indeferimento de realização de nova perícia médica. Tendo a C. Turma manifestado entendimento no sentido de que o trabalho técnico foi realizado com primor, não se podendo cogitar a existência de vícios capazes de macular sua validade, sendo que a irresignação da reclamante decorre do fato puro e simples de não concordar com as conclusões as quais chegou o especialista, não se verifica, em tese, a alegada violação, conforme exige a alínea "c" do artigo 896 Consolidado. CONCLUSÃO DENEGO seguimento ao recurso de revista. Publique-se e intimem-se. /GR-13 VITORIA/ES, 24 de abril de 2025. ALZENIR BOLLESI DE PLA LOEFFLER Desembargadora Presidente Intimado(s) / Citado(s) - MARLENE ARCANJO DE ARAUJO SOARES - HOSPITAL MERIDIONAL S.A

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ID: 260613385

Tribunal: TRT17 Órgão: OJ de Análise de Recurso Classe: RECURSO ORDINáRIO TRABALHISTA Nº Processo: 0001025-07.2023.5.17.0014

Data de Disponibilização: 25/04/2025

Polo Ativo:

HOSPITAL MERIDIONAL S.A MARLENE ARCANJO DE ARAUJO SOARES

Polo Passivo:

HOSPITAL MERIDIONAL S.A MARLENE ARCANJO DE ARAUJO SOARES

Notificação

Advogados:

ALBERTO CARLOS CANI BELLA ROSA

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ALEXANDRE MARIANO FERREIRA

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BRUNA CHAFFIM MARIANO

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UDNO ZANDONADE

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DULCELANGE AZEREDO DA SILVA

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ANA CAROLINA GONCALVES SANTOS

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GUSTAVO MIGUEZ COSTA

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GUSTAVO CANI GAMA

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PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 17ª REGIÃO OJC DE ANÁLISE DE RECURSO Relatora: ALZENIR BOLLESI DE PLA LOEFFLER 0001025-07.2023.5.17.0014 : MARLENE ARCANJO… PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 17ª REGIÃO OJC DE ANÁLISE DE RECURSO Relatora: ALZENIR BOLLESI DE PLA LOEFFLER 0001025-07.2023.5.17.0014 : MARLENE ARCANJO DE ARAUJO SOARES E OUTROS (1) : MARLENE ARCANJO DE ARAUJO SOARES E OUTROS (1) INTIMAÇÃO Fica V. Sa. intimado para tomar ciência da Decisão ID 0a9b259 proferida nos autos. 0001025-07.2023.5.17.0014 - 1ª TurmaRecorrente(s): 1. HOSPITAL MERIDIONAL S.A 2. MARLENE ARCANJO DE ARAUJO SOARES Recorrido(a)(s): 1. MARLENE ARCANJO DE ARAUJO SOARES 2. HOSPITAL MERIDIONAL S.A RECURSO DE: HOSPITAL MERIDIONAL S.A CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES O presente recurso foi apresentado na vigência da Lei 13.467/2017. Vale registrar que, nos termos do art. 896-A, §1º e incisos da CLT, incumbe ao Tribunal Superior do Trabalho o exame da transcendência do recurso de revista. PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS Tempestivo o recurso (ciência da decisão em 29/01/2025 - Id 760b9d3; petição recursal apresentada em 10/02/2025 - Id 97a5056). Regular a representação processual (Id 836ebec ). Preparo satisfeito. PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS 1.1 PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA NO DIREITO DO TRABALHO (12942) / PRESCRIÇÃO Insurge-se contra a suspensão do prazo prescricional, conforme previsto na Lei 14.010/2020 Tendo a C. Turma decidido no sentido de que o art. 3º da Lei n° 14.010/2020 é plenamente aplicável às relações trabalhistas, que possuem natureza privada, a decisão se encontra consonante com o posicionamento iterativo e notório do TST, o que inviabiliza o seguimento do recurso, nos termos do artigo 896, §7º, da CLT, e da Súmula 333, do TST. Vale citar o seguinte julgado da Corte Revisora: "AGRAVO EM AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA DA RECLAMADA. NA VIGÊNCIA DA LEI 13.467/2017. 1 - PRESCRIÇÃO. LEI 14.010/2020. AUSÊNCIA DE TRANSCENDÊNCIA. A suspensão do prazo prescricional previsto no art. 3º, da Lei 14.010/2020 é aplicável ao Processo do Trabalho, em razão do estado de calamidade pública oriundo da pandemia de Covid-19. Não há qualquer justificativa plausível para não aplicação da Lei Federal na esfera do direito do trabalho, haja vista que a Lei 14.010/2020 dispõe acerca de relações jurídicas de Direito Privado. Julgados. Agravo conhecido e não provido . 2 - NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. AUSÊNCIA DE TRANSCENDÊNCIA. Não há negativa de prestação jurisdicional, ainda que a Corte local não tenha anotado o volume / quantidade de inflamável armazenado, o Tribunal Regional registrou que o reclamante trabalhava em atividade perigosa também por enchimento de vasilhames com produto inflamável. Constatado que o reclamante realizava o enchimento do tanque de combustível, a atividade é enquadrada pela NR-16 como perigosa. Agravo conhecido e não provido. 3 - ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. LAUDO PERICIAL. ENCHIMENTO DO TANQUE DE COMBUSTÍVEL. SÚMULA 126 DO TST. PREJUDICADA ANÁLISE DA TRANSCENDÊNCIA. O item 3, letras "m", do Anexo 2 da NR 16, dispõe que enseja o adicional de periculosidade pela área de risco a atividade de "enchimento de vasilhames com produto inflamável". Constatado que o reclamante realizava o enchimento do tanque de combustível, a atividade é enquadrada pela NR-16 como perigosa. Nesse cenário fático-probatório não há como divergir da Corte de origem, a mudança de julgado demandaria revolvimento de fatos e provas, circunstância vedada nesta instância extraordinária. Incide a Súmula 126 do TST. Agravo conhecido e não provido" (Ag-AIRR-1000907-39.2021.5.02.0422, 8ª Turma, Relatora Ministra Delaide Alves Miranda Arantes, DEJT 02/09/2024). Neste sentido: AIRR-1001234-96.2016.5.02.0312, 1ª Turma, Relator Ministro Amaury Rodrigues Pinto Junior, DEJT 21/08/2024; RR-603-14.2020.5.09.0029, 6ª Turma, Relator Ministro Augusto Cesar Leite de Carvalho, DEJT 09/08/2024; RR-645-33.2021.5.13.0024, 5ª Turma, Relator Ministro Breno Medeiros, DEJT 14/06/2024; RR-709-03.2020.5.09.0020, 7ª Turma, Relator Ministro Claudio Mascarenhas Brandao, DEJT 17/05/2024; RR-0020473-07.2021.5.04.0334, 3ª Turma, Relator Ministro Alberto Bastos Balazeiro, DEJT 18/12/2023; Ag-AIRR-10847-49.2021.5.15.0045, 2ª Turma, Relatora Desembargadora Convocada Margareth Rodrigues Costa, DEJT 15/09/2023. 2.1 DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO (12936) / VERBAS REMUNERATÓRIAS, INDENIZATÓRIAS E BENEFÍCIOS (13831) / ADICIONAL (13833) / ADICIONAL DE INSALUBRIDADE Insurge-se a parte recorrente contra o v. acórdão, quanto ao adicional de insalubridade. Tendo a C. Turma decidido manter a condenação da Reclamada ao pagamento do adicional de insalubridade, tendo em vista o enquadramento das atividades laborais da autora no disposto no Anexo 14, da NR 15, segundo o laudo técnico pericial produzido, não se verifica, em tese, a alegada violação, conforme exige a alínea "c" do artigo 896 Consolidado. Ante o enquadramento das atividades laborais da autora no Anexo 14 da NR 15, verifica-se que a decisão recorrida se encontra em consonância com o disposto na Súmula 448, I, do TST, e não em contrariedade ao entendimento sumulado da Corte Revisora, sendo inviável, também neste aspecto, o apelo em exame. 3.1 DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO (8826) / PARTES E PROCURADORES (8842) / SUCUMBÊNCIA (8874) / HONORÁRIOS PERICIAIS Insurge-se a parte recorrente contra o v. acórdão, quanto aos honorários periciais. Tendo a C. Turma manifestado entendimento no sentido de que o valor dos honorários periciais deve ser condizente com a complexidade do trabalho realizado e com o tempo dispensado para sua conclusão, sendo que, no caso em exame, o quantum fixado pela Origem atende aos requisitos supracitados e observa a média praticada nesta especializada para casos semelhantes, não se verifica, em tese, a alegada violação, conforme exige a alínea "c" do artigo 896 Consolidado. 4.1 DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO (8826) / PARTES E PROCURADORES (8842) / ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA Insurge-se a parte recorrente contra o v. acórdão quanto à concessão do benefício da justiça gratuita à parte autora. Tendo a C. Turma decidido no sentido de que a comprovação a que se refere o § 4º do artigo 790 da CLT pode se dar por meio da declaração de hipossuficiência, devidamente prestada no caso em exame, verifica-se que a decisão se encontra consonante com a Súmula nº 463, I, do TST, o que inviabiliza o recurso, nos termos do disposto no artigo 896, § 7º, da CLT e Súmula nº 333, do Eg. TST. 5.1 DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO (8826) / PARTES E PROCURADORES (8842) / SUCUMBÊNCIA (8874) / HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS Insurge-se a parte recorrente contra o v. acórdão, quanto aos honorários advocatícios. A C. Turma manifestou entendimento no sentido de que os honorários devem ser fixados entre o mínimo de 5% e o máximo de 15% sobre o valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa, observados o grau de zelo do profissional, o lugar de prestação do serviço, a natureza e a importância da causa, o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu serviço, de modo que, a partir de tais parâmetros, são devidos honorários em prol do advogado do reclamante no percentual de 15% sobre o valor que resultar da liquidação, ao passo que os honorários advocatícios do patrono da reclamada devem ser reduzidos para 5% sobre os valores dos pedidos julgados totalmente improcedentes, os quais ficaram sob condição suspensiva. Assim, não se verifica, em tese, a alegada violação, conforme exige a alínea "c" do artigo 896 Consolidado. Ademais, tendo a C. Turma decidido no sentido de que os honorários advocatícios devidos pela beneficiária da gratuidade de justiça ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade por dois anos, verifica-se que a decisão se encontra consonante com o posicionamento iterativo e notório do TST, o que inviabiliza o seguimento do recurso, nos termos do artigo 896, §7º, da CLT, e da Súmula 333, do TST. Vale citar o seguinte julgado da Corte Revisora: "AGRAVO EM EMBARGOS. RECURSO DE REVISTA. HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS. BENEFICIÁRIO DA JUSTIÇA GRATUITA. ART. 791-A, § 4º. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE Nº 5.766/DF. MATÉRIA PACIFICADA NO ÂMBITO DO TRIBUNAL. ART. 894, § 2º, DA CLT. 1. Cinge-se a controvérsia em definir a possibilidade de condenação da reclamante, beneficiária da justiça gratuita, ao pagamento de honorários de sucumbência, em razão da aplicação do art. 791-A, § 4º, da CLT, introduzido pela Lei nº 13.467/2017, assim como em virtude da tese firmada pela Suprema Corte na Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 5.766/DF. 2. A jurisprudência desta Corte Superior, amparada na tese fixada pelo STF no julgamento da referida ADI, já se encontra pacificada no sentido de que o beneficiário da justiça gratuita, quando vencido, poderá ser condenado ao pagamento de honorários advocatícios, os quais permanecerão, contudo, sob condição suspensiva de exigibilidade, sendo que somente poderão ser executados no caso de prova superveniente da perda da condição de hipossuficiência, vedada qualquer compensação com créditos trabalhistas obtidos no mesmo ou em outro processo. 3. Nesse contexto, os paradigmas em que se alicerça o recurso encontram-se superados pela jurisprudência atual e iterativa desta Corte Superior, o que obsta ao processamento dos embargos, a teor do art. 894, § 2º, da CLT. Agravo a que se nega provimento" (Ag-E-Ag-RRAg-1001734-24.2019.5.02.0033, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, Relator Ministro Alberto Bastos Balazeiro, DEJT 03/11/2023). No mesmo sentido: E-Ag-RR-100215-18.2018.5.01.0028, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, Relator Ministro Evandro Pereira Valadao Lopes, DEJT 22/03/2024; E-RR-20395-29.2019.5.04.0028, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, Relator Ministro Evandro Pereira Valadao Lopes, DEJT 22/03/2024; E-RR-20462-86.2018.5.04.0332, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, Relatora Ministra Maria Helena Mallmann, DEJT 06/10/2023; Ag-Emb-Ag-RRAg-265-18.2019.5.05.0019, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, Relator Ministro Douglas Alencar Rodrigues, DEJT 12/05/2023. CONCLUSÃO DENEGO seguimento ao recurso de revista. RECURSO DE: MARLENE ARCANJO DE ARAUJO SOARES CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES O presente recurso foi apresentado na vigência da Lei 13.467/2017. Vale registrar que, nos termos do art. 896-A, §1º e incisos da CLT, incumbe ao Tribunal Superior do Trabalho o exame da transcendência do recurso de revista. PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS Tempestivo o recurso (ciência da decisão em 19/03/2025 - Id dc6f472; petição recursal apresentada em 31/03/2025 - Id aedf2d4). Regular a representação processual (Id b4c9949 ). Inexigível o recolhimento de custas, uma vez que a parte recorrente não foi condenada a efetuar o preparo - Id 56bb1f2 297bd8c . PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS 1.1 DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO (8826) / ATOS PROCESSUAIS (8893) / NULIDADE (8919) / NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL Alega a parte recorrente ter havido negativa de prestação jurisdicional, tendo em vista que, não obstante a oposição de embargos declaratórios, a decisão proferida pela C. Turma manteve-se omissa no que tange a relevantes aspectos suscitados. Inviável o recurso, contudo, porquanto se verifica que as questões oportunamente suscitadas e essenciais à resolução da controvérsia foram analisadas pelo Eg. Regional, de forma motivada, razão por que não se vislumbra, em tese, a apontada afronta aos artigos 832 da CLT, 489 do CPC/2015 ou 93, IX, da CF/88. 2.1 DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO (8826) / ATOS PROCESSUAIS (8893) / NULIDADE (8919) / CERCEAMENTO DE DEFESA Insurge-se a parte recorrente contra o indeferimento de oitiva de testemunha, que diz imprescindível à comprovação das suas alegações fáticas. Tendo a C. Turma manifestado entendimento no sentido de que a prova oral mostrou-se inútil diante das pretensões da reclamante, não se justificando o adiamento da audiência, porque, em relação à jornada de trabalho, a própria reclamante declarou que anotava os cartões de ponto quando chegava e quando saía da ré, de modo que a confissão desmonta a tese da inicial, não se verifica, em tese, a alegada violação, conforme exige a alínea "c" do artigo 896 Consolidado. 3.1 DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO (8826) / ATOS PROCESSUAIS (8893) / NULIDADE Pleiteia a parte recorrente a nulidade da sentença, por cerceio de defesa, decorrente do indeferimento de realização de nova perícia médica. Tendo a C. Turma manifestado entendimento no sentido de que o trabalho técnico foi realizado com primor, não se podendo cogitar a existência de vícios capazes de macular sua validade, sendo que a irresignação da reclamante decorre do fato puro e simples de não concordar com as conclusões as quais chegou o especialista, não se verifica, em tese, a alegada violação, conforme exige a alínea "c" do artigo 896 Consolidado. CONCLUSÃO DENEGO seguimento ao recurso de revista. Publique-se e intimem-se. /GR-13 VITORIA/ES, 24 de abril de 2025. ALZENIR BOLLESI DE PLA LOEFFLER Desembargadora Presidente Intimado(s) / Citado(s) - MARLENE ARCANJO DE ARAUJO SOARES - HOSPITAL MERIDIONAL S.A

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Felipe Fontes Silva e outros x Claro S.A. e outros

ID: 315821527

Tribunal: TRT6 Órgão: OJ de Análise de Recurso Classe: RECURSO ORDINáRIO TRABALHISTA Nº Processo: 0001094-84.2023.5.06.0001

Data de Disponibilização: 04/07/2025

Polo Ativo:

FELIPE FONTES SILVA ICA TELECOMUNICACOES LTDA

Polo Passivo:

CLARO S.A. FELIPE FONTES SILVA ICA TELECOMUNICACOES LTDA

Notificação

Advogados:

SAMUEL BRASILEIRO DOS SANTOS JUNIOR

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JOAO CARLOS DE LIMA JUNIOR

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FERNANDO CESAR LOPES GONCALES

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LEONARDO SANTANA DA SILVA COELHO

OAB/PE XXXXXX Desbloquear

PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 6ª REGIÃO OJC DE ANÁLISE DE RECURSO Relatora: ANA CLAUDIA PETRUCCELLI DE LIMA ROT 0001094-84.2023.5.06.0001 RECORRENTE: FEL… PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 6ª REGIÃO OJC DE ANÁLISE DE RECURSO Relatora: ANA CLAUDIA PETRUCCELLI DE LIMA ROT 0001094-84.2023.5.06.0001 RECORRENTE: FELIPE FONTES SILVA E OUTROS (1) RECORRIDO: FELIPE FONTES SILVA E OUTROS (2) INTIMAÇÃO Fica V. Sa. intimado para tomar ciência da Decisão ID 8dd043d proferida nos autos. ROT 0001094-84.2023.5.06.0001 - Quarta Turma Recorrente: Advogado(s): 1. ICA TELECOMUNICACOES LTDA FERNANDO CESAR LOPES GONCALES (SP196459) JOAO CARLOS DE LIMA JUNIOR (SP142452) Recorrido: Advogado(s): CLARO S.A. LEONARDO SANTANA DA SILVA COELHO (PE17266) Recorrido: Advogado(s): FELIPE FONTES SILVA SAMUEL BRASILEIRO DOS SANTOS JUNIOR (PE14529) RECURSO DE: ICA TELECOMUNICACOES LTDA PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS Recurso tempestivo (decisão publicada em 09/06/2025 - Id 25a30bf; recurso apresentado em 18/06/2025 - Id 7dbb906). Preparo satisfeito. Condenação fixada na sentença: R$ 30.000,00; Custas fixadas: R$ 600,00; Depósito recursal recolhido no RO: R$ 17.073,50; Depósito recursal recolhido no RR: R$ 21.926,50. PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS TRANSCENDÊNCIA Nos termos do artigo 896-A, § 6º, da Consolidação das Leis do Trabalho, cabe ao Tribunal Superior do Trabalho analisar se a causa oferece transcendência em relação aos reflexos gerais de natureza econômica, política, social ou jurídica. 1.1 DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO (12936) / DURAÇÃO DO TRABALHO (13764) / HORAS EXTRAS Alegação(ões): - violação da(o) artigos 620 e 818 da Consolidação das Leis do Trabalho; inciso I do artigo 373 do Código de Processo Civil de 2015. Fundamentos do acórdão recorrido: "(...) Do referido documento, observa-se, haver sido pactuado que a jornada de trabalho de 44 horas semanais seria automaticamente reduzida a 40 horas a partir de 1º de maio de 2023. Posteriormente, firmou-se novo termo de aditivo, desta feita datado em 31/05/2022 (ID. dc798cd), com a previsão de que diversos direitos previstos na norma coletiva só passassem a produzir efeitos a partir de 1º de janeiro de 2023, dentre os quais, a redução automática da jornada de trabalho semanal de 44 para 40 horas (fl. 444). Ao se manifestar acerca dos documentos em apreço (ID. 37fd394), o reclamante argumentou vício formal pela ausência de realização de assembleia geral para sua realização, conforme prevê o artigo 612 da CLT, reiterando sua irresignação em sede recursal. De fato, assim dispõe a norma inscrita no artigo 612 consolidado: Art. 612 - Os Sindicatos só poderão celebrar Convenções ou Acordos Coletivos de Trabalho, por deliberação de Assembléia Geral especialmente convocada para êsse fim, consoante o disposto nos respectivos Estatutos, dependendo a validade da mesma do comparecimento e votação, em primeira convocação, de 2/3 (dois terços) dos associados da entidade, se se tratar de Convenção, e dos interessados, no caso de Acôrdo, e, em segunda, de 1/3 (um têrço) dos mesmos. E complementa o artigo 615: Art. 615 - O processo de prorrogação, revisão, denúncia ou revogação total ou parcial de Convenção ou Acôrdo ficará subordinado, em qualquer caso, à aprovação de Assembléia Geral dos Sindicatos convenentes ou partes acordantes, com observância do disposto no art. 612. Em atenção aos termos aditivos acostados pela reclamada, verifico que não há qualquer número de registro ou de processo junto ao MTE que permita aferir a sua regularidade, nem há qualquer menção à realização de prévia assembleia geral de trabalhadores que autorizasse as suas disposições em revisão aos direitos previstos em anterior norma coletiva. A respeito, assim tem se pronunciado o TST: AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO PELO SINDICATO-AUTOR NA VIGÊNCIA DA LEI 13.467/2017. (...) 3 - TERMO ADITIVO À CONVENÇÃO COLETIVA. VÍCIO FORMAL. NÃO COMPROVAÇÃO DA REALIZAÇÃO DE ASSEMBLEIA GERAL. AUSÊNCIA DE TRANSCENDÊNCIA. No caso, o Tribunal Regional concluiu pela invalidade do termo aditivo à convenção coletiva, ao registro de que não foram observados os requisitos dos artigos 612 e 615, da CLT (Súmula 126 do TST). A decisão, nos termos em que proferida, está em consonância com a jurisprudência desta Corte de que é imprescindível para validade do termo aditivo a prévia deliberação em assembleia geral, convocada para esse fim. Precedentes. Agravo de instrumento conhecido e não provido " (AIRR-1000907-43.2021.5.02.0065, 8ª Turma, Relatora Ministra Delaide Alves Miranda Arantes, DEJT 28/10/2024). AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. TERMO ADITIVO À CONVENÇÃO COLETIVA. APLICABILIDADE. VÍCIO FORMAL. A discussão dos autos refere-se à aplicabilidade de termo aditivo à convenção coletiva da categoria profissional dos empregados do reclamado, que dispõe sobre remuneração diferenciada. A controvérsia foi dirimida pelo Regional ao fundamento de que o termo aditivo à convenção coletiva da categoria profissional representada pelo sindicato autor está em desacordo com os artigos 612 e 615, § 1º, da CLT. Desse modo, não subsiste a insurgência recursal com base nos artigos 8º, § 3º, da CLT e 7º, inciso XXVI, e 8º, incisos III e VI, da Constituição da República, tendo em vista que a demanda não foi examinada à luz do princípio da autonomia negocial da entidade sindical, mas em razão de vício formal de validade. Agravo de instrumento desprovido " (AIRR-1001297-41.2020.5.02.0067, 3ª Turma, Relator Ministro Jose Roberto Freire Pimenta, DEJT 26/03/2024). Portanto, não havendo comprovado a regularidade formal dos termos aditivos acostados e sendo incontroverso o enquadramento sindical do autor, devem ser aplicadas as Cláusulas 28ª das CCTs 2021/20222 (ID. 8ffff13 - fl. 53) e 2022/2023 (ID. 8cba51f - fl. 73/74), contemporâneas ao vínculo de emprego do reclamante, que assim dispõem: CLÁUSULA VIGÉSIMA OITAVA - DA JORNADA DE TRABALHO A jornada de trabalho dos empregados será de 40 (quarenta) horas semanais, de segunda-feira a sábado. A duração da jornada dos trabalhadores que exerçam atividades de teleatendimento será de 36 (trinta e seis) horas semanais, de segunda-feira a sábado, podendo ser de 6 (seis) horas diárias, 7:12 min (sete) horas e 12 (doze) minutos diárias ou de 24 (vinte e quatro) horas semanais, sendo 4 (quatro) horas diárias. PARÁGRAFO PRIMEIRO - Para apuração da remuneração de horas extras, horas de sobreaviso, valor unitário da hora de trabalho e cálculos dessa natureza, será considerado o divisor de 200 (duzentas) para os empregados com jornada de 40 (quarenta) horas semanais, de 180 (cento e oitenta) para os empregados com jornada de 36 (trinta e seis) horas semanais e de 120 (cento e vinte) para os empregados com jornada de 24 (vinte e quatro) horas semanais. Diante do exposto, dou provimento ao recurso do autor para condenar a reclamada ao pagamento das diferenças de horas extras em razão da inobservância da limitação da jornada semanal a quarenta horas e aplicação do divisor 200, devendo ser apuradas de acordo com os cartões de ponto acostados aos autos, mantidos os reflexos e demais parâmetros arbitrados na origem, bem como a dedução dos valores pagos a idêntico título." Do cotejo entre os argumentos recursais da parte e a fundamentação expendida na decisão, não vislumbro as violações apontadas, pois o Regional decidiu a questão veiculada no presente apelo com base no conjunto probatório contido nos autos, de acordo com a legislação pertinente à espécie, inclusive quanto ao ônus da prova e, contrariamente ao que aponta a recorrente, preservando os dispositivos ditos violados, consistindo a insurgência da recorrente, quando muito, em interpretação diversa daquela conferida pela Corte Regional. Ademais, para se confirmar a versão apresentada pela parte recorrente, seria necessário reavaliar o contexto fático-probatório da causa, procedimento que não se admite em recurso de natureza extraordinária, como é o recurso de revista, a teor da Súmula n. 126 do Tribunal Superior do Trabalho. 2.1 DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO (12936) / VERBAS REMUNERATÓRIAS, INDENIZATÓRIAS E BENEFÍCIOS (13831) / AUXÍLIO/TÍQUETE ALIMENTAÇÃO Alegação(ões): - violação da(o) artigo 818 da Consolidação das Leis do Trabalho; artigo 373 do Código de Processo Civil de 2015. Fundamentos do acórdão recorrido: "(...) A CCT de 2021/2022 previu em sua cláusula 15ª o pagamento de R$ 22,85 (vinte e dois reais e oitenta e cinco centavos) por dia trabalhado a partir de 01/11/2021, determinando, em seu parágrafo primeiro, o pagamento de 26 seis vales mensais a serem compensados no mês subsequente para o caso de faltas injustificadas, o que totaliza a quantia de R$ 594,10 (quinhentos e noventa e quatro reais e dez centavos) (ID. 8ffff13 - fl. 47), valor que passou a R$ 24,22 (vinte e quatro reais e vinte e dois centavos) por dia laborado e R$ 629,72(seiscentos e vinte e nove reais e setenta e dois centavos) mensais a partir de 01/07/2022 (CCT 2022/2023 - ID. 8cba51f - fls. 66/67). As cláusulas em comento também previam o pagamento de R$ 11,20 (onze reais e vinte centavos) e R$ 12,11 (doze reais e onze centavos), no período de suas vigências, para a hipótese de trabalho extraordinário por período superior a duas e inferior a quatro horas. Considerando o seu pagamento antecipado, o extrato de ID. 28a6cdf - fl. 354 revelam pagamentos mensais uniformes nos valores de R$ 494,00 (quatrocentos e noventa e quatro reais), devidos pelos meses de fevereiro a abril de 2022; R$ 594,10 (quinhentos e noventa e quatro reais e dez centavos), nos meses de maio e junho de 2022; e R$ 629,72 (seiscentos e vinte e nove reais e setenta e dois centavos) nos meses seguintes, à exceção do mês de agosto, em que foi pago R$ 653,94 (seiscentos e cinquenta e três reais e noventa e quatro centavos) e a existência de pagamento suplementar em dezembro de 2022, no valor de R$ 198,43 (cento e noventa e oito reais e quarenta e três centavos). Os pagamentos, em sua maior parte, encontram-se de acordo com o pagamento de vinte e seis dias laborados, o que inclui o sábado, em conformidade com a previsão normativa. Contudo, confrontados com os cartões de ponto, não se observa qualquer majoração pelos dias em que o reclamante extrapolou a segunda hora extraordinária, sendo devido o pagamento dos valores previstos na norma coletiva para a hipótese, em linha com o que decidido na origem. Dessa forma, diante do conjunto probatório dos autos e da interpretação sistemática das cláusulas coletivas aplicáveis, não se verifica fundamento para acolhimento dos recursos interpostos, razão pela qual mantém-se integralmente a sentença de origem, no aspecto. Nego provimento a ambos os recursos." Confrontando os argumentos da parte recorrente com os fundamentos do acórdão, tenho que a Revista não comporta processamento, pois o Regional decidiu as questões veiculadas no presente apelo com base no conjunto probatório contido nos autos e na legislação pertinente à matéria. Além disso, as alegações lançadas pela parte nas razões recursais, em sentido contrário, somente seriam aferíveis por meio de reexame fático, o que não é admissível nesta via recursal (Súmula nº 126 do TST). 3.1 DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO (12936) / VERBAS REMUNERATÓRIAS, INDENIZATÓRIAS E BENEFÍCIOS (13831) / MULTA PREVISTA EM NORMA COLETIVA Alegação(ões): - violação da(o) artigo 818 da Consolidação das Leis do Trabalho; artigo 373 do Código de Processo Civil de 2015. Fundamentos do acórdão recorrido: "(...) Conforme já analisado no tópico anterior, os registros de jornada (espelhos de ponto) evidenciam o labor em jornada extraordinária superior a duas horas diárias, sem o correspondente pagamento do tíquete alimentação adicional previsto em CCTs, o que configura nítido descumprimento da norma coletiva. As cláusulas 45ª das CCTs aplicáveis preveem penalidade pecuniária em caso de descumprimento das obrigações convencionais. Comprovado o inadimplemento de cláusula normativa, como no caso, legítima é a condenação ao pagamento das multas convencionais. Dessa forma, não se vislumbra qualquer ilegalidade ou excesso na condenação imposta pelo juízo a quo, a qual encontra-se devidamente fundamentada e amparada no conjunto probatório constante dos autos. Nesses termos, nego provimento ao recurso da reclamada, mantendo-se a sua condenação ao pagamento das multas convencionais." Confrontando os argumentos da parte recorrente com os fundamentos do acórdão, tenho que a Revista não comporta processamento, pois o Regional decidiu as questões veiculadas no presente apelo com base no conjunto probatório contido nos autos e na legislação pertinente à matéria. Além disso, as alegações lançadas pela parte nas razões recursais, em sentido contrário, somente seriam aferíveis por meio de reexame fático, o que não é admissível nesta via recursal (Súmula nº 126 do TST) e inviabiliza o processamento do recurso. CONCLUSÃO a) DENEGO SEGUIMENTO ao Recurso de Revista. Dê-se ciência à parte recorrente pelo prazo de oito dias. b) Decorrido o prazo concedido sem manifestação, certifique-se o trânsito em julgado e, ato contínuo, independentemente de nova conclusão, encaminhem-se os autos à Vara de Origem. c) Interposto Agravo de Instrumento e/ou Agravo Interno, independentemente de nova conclusão, notifique-se a parte agravada, para, querendo, apresentar contrarrazões ao Recurso de Revista e contraminuta ao Agravo de Instrumento e/ou Agravo Interno, no prazo de 8 (oito) dias. d) Interposto Agravo Interno, devolvam-se os autos conclusos para julgamento. e) Decorrido o lapso temporal do contraditório, e sem interposição de Agravo Interno, remetam-se os autos ao Tribunal Superior do Trabalho. lgm RECIFE/PE, 03 de julho de 2025. EDUARDO PUGLIESI Desembargador do Trabalho da 6ª Região Intimado(s) / Citado(s) - FELIPE FONTES SILVA - CLARO S.A. - ICA TELECOMUNICACOES LTDA

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Felipe Fontes Silva e outros x Claro S.A. e outros

ID: 315821546

Tribunal: TRT6 Órgão: OJ de Análise de Recurso Classe: RECURSO ORDINáRIO TRABALHISTA Nº Processo: 0001094-84.2023.5.06.0001

Data de Disponibilização: 04/07/2025

Polo Ativo:

FELIPE FONTES SILVA ICA TELECOMUNICACOES LTDA

Polo Passivo:

CLARO S.A. FELIPE FONTES SILVA ICA TELECOMUNICACOES LTDA

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Advogados:

SAMUEL BRASILEIRO DOS SANTOS JUNIOR

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JOAO CARLOS DE LIMA JUNIOR

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FERNANDO CESAR LOPES GONCALES

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LEONARDO SANTANA DA SILVA COELHO

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PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 6ª REGIÃO OJC DE ANÁLISE DE RECURSO Relatora: ANA CLAUDIA PETRUCCELLI DE LIMA ROT 0001094-84.2023.5.06.0001 RECORRENTE: FEL… PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 6ª REGIÃO OJC DE ANÁLISE DE RECURSO Relatora: ANA CLAUDIA PETRUCCELLI DE LIMA ROT 0001094-84.2023.5.06.0001 RECORRENTE: FELIPE FONTES SILVA E OUTROS (1) RECORRIDO: FELIPE FONTES SILVA E OUTROS (2) INTIMAÇÃO Fica V. Sa. intimado para tomar ciência da Decisão ID 8dd043d proferida nos autos. ROT 0001094-84.2023.5.06.0001 - Quarta Turma Recorrente: Advogado(s): 1. ICA TELECOMUNICACOES LTDA FERNANDO CESAR LOPES GONCALES (SP196459) JOAO CARLOS DE LIMA JUNIOR (SP142452) Recorrido: Advogado(s): CLARO S.A. LEONARDO SANTANA DA SILVA COELHO (PE17266) Recorrido: Advogado(s): FELIPE FONTES SILVA SAMUEL BRASILEIRO DOS SANTOS JUNIOR (PE14529) RECURSO DE: ICA TELECOMUNICACOES LTDA PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS Recurso tempestivo (decisão publicada em 09/06/2025 - Id 25a30bf; recurso apresentado em 18/06/2025 - Id 7dbb906). Preparo satisfeito. Condenação fixada na sentença: R$ 30.000,00; Custas fixadas: R$ 600,00; Depósito recursal recolhido no RO: R$ 17.073,50; Depósito recursal recolhido no RR: R$ 21.926,50. PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS TRANSCENDÊNCIA Nos termos do artigo 896-A, § 6º, da Consolidação das Leis do Trabalho, cabe ao Tribunal Superior do Trabalho analisar se a causa oferece transcendência em relação aos reflexos gerais de natureza econômica, política, social ou jurídica. 1.1 DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO (12936) / DURAÇÃO DO TRABALHO (13764) / HORAS EXTRAS Alegação(ões): - violação da(o) artigos 620 e 818 da Consolidação das Leis do Trabalho; inciso I do artigo 373 do Código de Processo Civil de 2015. Fundamentos do acórdão recorrido: "(...) Do referido documento, observa-se, haver sido pactuado que a jornada de trabalho de 44 horas semanais seria automaticamente reduzida a 40 horas a partir de 1º de maio de 2023. Posteriormente, firmou-se novo termo de aditivo, desta feita datado em 31/05/2022 (ID. dc798cd), com a previsão de que diversos direitos previstos na norma coletiva só passassem a produzir efeitos a partir de 1º de janeiro de 2023, dentre os quais, a redução automática da jornada de trabalho semanal de 44 para 40 horas (fl. 444). Ao se manifestar acerca dos documentos em apreço (ID. 37fd394), o reclamante argumentou vício formal pela ausência de realização de assembleia geral para sua realização, conforme prevê o artigo 612 da CLT, reiterando sua irresignação em sede recursal. De fato, assim dispõe a norma inscrita no artigo 612 consolidado: Art. 612 - Os Sindicatos só poderão celebrar Convenções ou Acordos Coletivos de Trabalho, por deliberação de Assembléia Geral especialmente convocada para êsse fim, consoante o disposto nos respectivos Estatutos, dependendo a validade da mesma do comparecimento e votação, em primeira convocação, de 2/3 (dois terços) dos associados da entidade, se se tratar de Convenção, e dos interessados, no caso de Acôrdo, e, em segunda, de 1/3 (um têrço) dos mesmos. E complementa o artigo 615: Art. 615 - O processo de prorrogação, revisão, denúncia ou revogação total ou parcial de Convenção ou Acôrdo ficará subordinado, em qualquer caso, à aprovação de Assembléia Geral dos Sindicatos convenentes ou partes acordantes, com observância do disposto no art. 612. Em atenção aos termos aditivos acostados pela reclamada, verifico que não há qualquer número de registro ou de processo junto ao MTE que permita aferir a sua regularidade, nem há qualquer menção à realização de prévia assembleia geral de trabalhadores que autorizasse as suas disposições em revisão aos direitos previstos em anterior norma coletiva. A respeito, assim tem se pronunciado o TST: AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO PELO SINDICATO-AUTOR NA VIGÊNCIA DA LEI 13.467/2017. (...) 3 - TERMO ADITIVO À CONVENÇÃO COLETIVA. VÍCIO FORMAL. NÃO COMPROVAÇÃO DA REALIZAÇÃO DE ASSEMBLEIA GERAL. AUSÊNCIA DE TRANSCENDÊNCIA. No caso, o Tribunal Regional concluiu pela invalidade do termo aditivo à convenção coletiva, ao registro de que não foram observados os requisitos dos artigos 612 e 615, da CLT (Súmula 126 do TST). A decisão, nos termos em que proferida, está em consonância com a jurisprudência desta Corte de que é imprescindível para validade do termo aditivo a prévia deliberação em assembleia geral, convocada para esse fim. Precedentes. Agravo de instrumento conhecido e não provido " (AIRR-1000907-43.2021.5.02.0065, 8ª Turma, Relatora Ministra Delaide Alves Miranda Arantes, DEJT 28/10/2024). AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. TERMO ADITIVO À CONVENÇÃO COLETIVA. APLICABILIDADE. VÍCIO FORMAL. A discussão dos autos refere-se à aplicabilidade de termo aditivo à convenção coletiva da categoria profissional dos empregados do reclamado, que dispõe sobre remuneração diferenciada. A controvérsia foi dirimida pelo Regional ao fundamento de que o termo aditivo à convenção coletiva da categoria profissional representada pelo sindicato autor está em desacordo com os artigos 612 e 615, § 1º, da CLT. Desse modo, não subsiste a insurgência recursal com base nos artigos 8º, § 3º, da CLT e 7º, inciso XXVI, e 8º, incisos III e VI, da Constituição da República, tendo em vista que a demanda não foi examinada à luz do princípio da autonomia negocial da entidade sindical, mas em razão de vício formal de validade. Agravo de instrumento desprovido " (AIRR-1001297-41.2020.5.02.0067, 3ª Turma, Relator Ministro Jose Roberto Freire Pimenta, DEJT 26/03/2024). Portanto, não havendo comprovado a regularidade formal dos termos aditivos acostados e sendo incontroverso o enquadramento sindical do autor, devem ser aplicadas as Cláusulas 28ª das CCTs 2021/20222 (ID. 8ffff13 - fl. 53) e 2022/2023 (ID. 8cba51f - fl. 73/74), contemporâneas ao vínculo de emprego do reclamante, que assim dispõem: CLÁUSULA VIGÉSIMA OITAVA - DA JORNADA DE TRABALHO A jornada de trabalho dos empregados será de 40 (quarenta) horas semanais, de segunda-feira a sábado. A duração da jornada dos trabalhadores que exerçam atividades de teleatendimento será de 36 (trinta e seis) horas semanais, de segunda-feira a sábado, podendo ser de 6 (seis) horas diárias, 7:12 min (sete) horas e 12 (doze) minutos diárias ou de 24 (vinte e quatro) horas semanais, sendo 4 (quatro) horas diárias. PARÁGRAFO PRIMEIRO - Para apuração da remuneração de horas extras, horas de sobreaviso, valor unitário da hora de trabalho e cálculos dessa natureza, será considerado o divisor de 200 (duzentas) para os empregados com jornada de 40 (quarenta) horas semanais, de 180 (cento e oitenta) para os empregados com jornada de 36 (trinta e seis) horas semanais e de 120 (cento e vinte) para os empregados com jornada de 24 (vinte e quatro) horas semanais. Diante do exposto, dou provimento ao recurso do autor para condenar a reclamada ao pagamento das diferenças de horas extras em razão da inobservância da limitação da jornada semanal a quarenta horas e aplicação do divisor 200, devendo ser apuradas de acordo com os cartões de ponto acostados aos autos, mantidos os reflexos e demais parâmetros arbitrados na origem, bem como a dedução dos valores pagos a idêntico título." Do cotejo entre os argumentos recursais da parte e a fundamentação expendida na decisão, não vislumbro as violações apontadas, pois o Regional decidiu a questão veiculada no presente apelo com base no conjunto probatório contido nos autos, de acordo com a legislação pertinente à espécie, inclusive quanto ao ônus da prova e, contrariamente ao que aponta a recorrente, preservando os dispositivos ditos violados, consistindo a insurgência da recorrente, quando muito, em interpretação diversa daquela conferida pela Corte Regional. Ademais, para se confirmar a versão apresentada pela parte recorrente, seria necessário reavaliar o contexto fático-probatório da causa, procedimento que não se admite em recurso de natureza extraordinária, como é o recurso de revista, a teor da Súmula n. 126 do Tribunal Superior do Trabalho. 2.1 DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO (12936) / VERBAS REMUNERATÓRIAS, INDENIZATÓRIAS E BENEFÍCIOS (13831) / AUXÍLIO/TÍQUETE ALIMENTAÇÃO Alegação(ões): - violação da(o) artigo 818 da Consolidação das Leis do Trabalho; artigo 373 do Código de Processo Civil de 2015. Fundamentos do acórdão recorrido: "(...) A CCT de 2021/2022 previu em sua cláusula 15ª o pagamento de R$ 22,85 (vinte e dois reais e oitenta e cinco centavos) por dia trabalhado a partir de 01/11/2021, determinando, em seu parágrafo primeiro, o pagamento de 26 seis vales mensais a serem compensados no mês subsequente para o caso de faltas injustificadas, o que totaliza a quantia de R$ 594,10 (quinhentos e noventa e quatro reais e dez centavos) (ID. 8ffff13 - fl. 47), valor que passou a R$ 24,22 (vinte e quatro reais e vinte e dois centavos) por dia laborado e R$ 629,72(seiscentos e vinte e nove reais e setenta e dois centavos) mensais a partir de 01/07/2022 (CCT 2022/2023 - ID. 8cba51f - fls. 66/67). As cláusulas em comento também previam o pagamento de R$ 11,20 (onze reais e vinte centavos) e R$ 12,11 (doze reais e onze centavos), no período de suas vigências, para a hipótese de trabalho extraordinário por período superior a duas e inferior a quatro horas. Considerando o seu pagamento antecipado, o extrato de ID. 28a6cdf - fl. 354 revelam pagamentos mensais uniformes nos valores de R$ 494,00 (quatrocentos e noventa e quatro reais), devidos pelos meses de fevereiro a abril de 2022; R$ 594,10 (quinhentos e noventa e quatro reais e dez centavos), nos meses de maio e junho de 2022; e R$ 629,72 (seiscentos e vinte e nove reais e setenta e dois centavos) nos meses seguintes, à exceção do mês de agosto, em que foi pago R$ 653,94 (seiscentos e cinquenta e três reais e noventa e quatro centavos) e a existência de pagamento suplementar em dezembro de 2022, no valor de R$ 198,43 (cento e noventa e oito reais e quarenta e três centavos). Os pagamentos, em sua maior parte, encontram-se de acordo com o pagamento de vinte e seis dias laborados, o que inclui o sábado, em conformidade com a previsão normativa. Contudo, confrontados com os cartões de ponto, não se observa qualquer majoração pelos dias em que o reclamante extrapolou a segunda hora extraordinária, sendo devido o pagamento dos valores previstos na norma coletiva para a hipótese, em linha com o que decidido na origem. Dessa forma, diante do conjunto probatório dos autos e da interpretação sistemática das cláusulas coletivas aplicáveis, não se verifica fundamento para acolhimento dos recursos interpostos, razão pela qual mantém-se integralmente a sentença de origem, no aspecto. Nego provimento a ambos os recursos." Confrontando os argumentos da parte recorrente com os fundamentos do acórdão, tenho que a Revista não comporta processamento, pois o Regional decidiu as questões veiculadas no presente apelo com base no conjunto probatório contido nos autos e na legislação pertinente à matéria. Além disso, as alegações lançadas pela parte nas razões recursais, em sentido contrário, somente seriam aferíveis por meio de reexame fático, o que não é admissível nesta via recursal (Súmula nº 126 do TST). 3.1 DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO (12936) / VERBAS REMUNERATÓRIAS, INDENIZATÓRIAS E BENEFÍCIOS (13831) / MULTA PREVISTA EM NORMA COLETIVA Alegação(ões): - violação da(o) artigo 818 da Consolidação das Leis do Trabalho; artigo 373 do Código de Processo Civil de 2015. Fundamentos do acórdão recorrido: "(...) Conforme já analisado no tópico anterior, os registros de jornada (espelhos de ponto) evidenciam o labor em jornada extraordinária superior a duas horas diárias, sem o correspondente pagamento do tíquete alimentação adicional previsto em CCTs, o que configura nítido descumprimento da norma coletiva. As cláusulas 45ª das CCTs aplicáveis preveem penalidade pecuniária em caso de descumprimento das obrigações convencionais. Comprovado o inadimplemento de cláusula normativa, como no caso, legítima é a condenação ao pagamento das multas convencionais. Dessa forma, não se vislumbra qualquer ilegalidade ou excesso na condenação imposta pelo juízo a quo, a qual encontra-se devidamente fundamentada e amparada no conjunto probatório constante dos autos. Nesses termos, nego provimento ao recurso da reclamada, mantendo-se a sua condenação ao pagamento das multas convencionais." Confrontando os argumentos da parte recorrente com os fundamentos do acórdão, tenho que a Revista não comporta processamento, pois o Regional decidiu as questões veiculadas no presente apelo com base no conjunto probatório contido nos autos e na legislação pertinente à matéria. Além disso, as alegações lançadas pela parte nas razões recursais, em sentido contrário, somente seriam aferíveis por meio de reexame fático, o que não é admissível nesta via recursal (Súmula nº 126 do TST) e inviabiliza o processamento do recurso. CONCLUSÃO a) DENEGO SEGUIMENTO ao Recurso de Revista. Dê-se ciência à parte recorrente pelo prazo de oito dias. b) Decorrido o prazo concedido sem manifestação, certifique-se o trânsito em julgado e, ato contínuo, independentemente de nova conclusão, encaminhem-se os autos à Vara de Origem. c) Interposto Agravo de Instrumento e/ou Agravo Interno, independentemente de nova conclusão, notifique-se a parte agravada, para, querendo, apresentar contrarrazões ao Recurso de Revista e contraminuta ao Agravo de Instrumento e/ou Agravo Interno, no prazo de 8 (oito) dias. d) Interposto Agravo Interno, devolvam-se os autos conclusos para julgamento. e) Decorrido o lapso temporal do contraditório, e sem interposição de Agravo Interno, remetam-se os autos ao Tribunal Superior do Trabalho. lgm RECIFE/PE, 03 de julho de 2025. EDUARDO PUGLIESI Desembargador do Trabalho da 6ª Região Intimado(s) / Citado(s) - ICA TELECOMUNICACOES LTDA - FELIPE FONTES SILVA

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W. A. R. F. x Delta Air Lines Inc e outros

ID: 260368361

Tribunal: TJMT Órgão: 1ª VARA DE COLÍDER Classe: PROCEDIMENTO COMUM CíVEL Nº Processo: 1001645-33.2023.8.11.0009

Data de Disponibilização: 25/04/2025

Polo Ativo:

W. A. R. F.

Polo Passivo:

DELTA AIR LINES INC LATAM AIRLINES GROUP S.A.

Intimação

Advogados:

FABIO RIVELLI

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LILIANE CASADEI

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LEONARDO GOMES BRESSANE

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RODRIGO GOMES BRESSANE

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ESTADO DE MATO GROSSO PODER JUDICIÁRIO 1ª VARA DE COLÍDER SENTENÇA Processo: 1001645-33.2023.8.11.0009 REQUERENTE: W. A. R. F. REQUERIDO: LATAM AIRLINES GROUP S.A., DELTA AIR LINES INC Vistos, I. Rel… ESTADO DE MATO GROSSO PODER JUDICIÁRIO 1ª VARA DE COLÍDER SENTENÇA Processo: 1001645-33.2023.8.11.0009 REQUERENTE: W. A. R. F. REQUERIDO: LATAM AIRLINES GROUP S.A., DELTA AIR LINES INC Vistos, I. Relatório Trata-se de Ação de indenização por danos morais ajuizada por W. A. R. F., representado por Wilson Antonio Rossetto, em face de Latam Airlines Group S.A. e Delta Air Lines INC. Em síntese, a parte-autora narra na inicial que adquiriu passagem aérea das requeridas para a data de 29/04/2023, correspondente ao trecho Orlando/Estados Unidos – Miami/Estados Unidos e após de Miami/Estados Unidos – São Paulo/Brasil (Voo LA8191). Contudo, houve atraso de 02 horas para embarque do primeiro trecho, o que fez com que perdesse o embarque do segundo trecho/conexão com destino à SP. Continua relatando que teve seu voo de retorno para o Brasil alterado, e após duas mudanças, foi confirmado que o voo (LA8189) partiria de Miami/Estados Unidos às 23h25min de 29/04/2023 com destino a Fortaleza/CE com chegada prevista para 07h20min, e após teriam que embarcar em voo para São Paulo (LA3503) às 08h20min e chegada às 12h. Entretanto, novamente houve atraso no voo destinado à Fortaleza/CE e foi perdida a conexão para São Paulo. Por isso, foi novamente alterado o voo com partida para 10h15min e previsão de chegada em São Paulo às 14 horas (LA4777). Em suma, houve cerca de 09 horas de atraso. Diante dos fatos narrados, ajuizou a presente demanda requerendo a condenação da parte-requerida ao pagamento de danos morais no importe de R$ 20.000,00 (vinte mil reais). A inicial foi recebida e determinada a citação da parte-requerida (Id. 126472311). A parte-autora formulou acordo com a requerida Delta Air Lines INC (Id. 128109653) O acordo foi homologado (Id. 133391280). A arte-autora requereu o prosseguimento do feito com relação a requerida Latam Airlines Grup S.A. (Id. 134595360). Determinada a designação de audiência de conciliação e regular prosseguimento do feito (Id. 166274769). Realizada conciliação, as partes não compuseram acordo (Id. 174558846). Ato contínuo, a parte-requerida apresentou Contestação (Id. 176277997), aduzindo preliminarmente a ilegitimidade passiva, litigância de má-fé por fracionamento das ações, inépcia da inicial por formulação de pedido genérico, e, no mérito, explanou fundamentos para a improcedência da ação por ausência de responsabilidade. Impugnação à Contestação apresentada pela parte-autora (Id. 176685034). É o relato do necessário. Decide-se. II. Fundamentação Inicialmente, o julgamento antecipado homenageia a economia processual, permitindo uma rápida prestação da tutela jurisdicional às partes e à comunidade, evitando-se longas e desnecessárias instruções. Nesse quadrante processual e à luz dos poderes de direção conferidos ao Juiz na condução da demanda, com permissivo legal no artigo 355, I, do Código de Processo Civil, ante a desnecessidade de produção de outras provas. A parte-requerida aduz preliminarmente a ilegitimidade passiva, litigância de má-fé por fracionamento das ações e inépcia da inicial por formulação de pedido genérico. Em primeiro lugar, no que se refere à ilegitimidade passiva da contestante, improcede o pedido, haja vista que a empresa operou os voos objetos da demanda. Em segundo lugar, não é possível verificar a inépcia da inicial, isso porque os pedidos estão suficientemente especificados e fundamentados na inicial, inexistindo pedido indenizatório genérico. Por último, aduz que houve o fracionamento das ações objetivando o enriquecimento ilícito, requerendo a extinção do processo. Observa-se que a parte-autora W. A. R. F., representado por seu genitor Wilson Antonio Rossetto pretende ser indenizado pelo atraso do voo da requerida Latam Airlines Group S.A. n. LA8189, com previsão de embarque para o dia 29/04/2023 às 23h25min. Pois bem. Pelo que consta nos autos, o autor viajou em companhia de seus genitores Wilson Antonio Rossetto e Mariane Lucio Volpe Furtado. O pai do autor, Sr. Wilson Antonio Rossetto, ajuizou ação indenizatória referente aos mesmos fatos e pedidos, registrada sob o nº 1036461-65.2023.8.11.0001, na qual firmou acordo para receber o valor de R$ 3.000,00 (três mil reais) em relação a Latam Airlines Group S.A., e R$ 5.000,00 (cinco mil reais) em relação a Delta Air Lines INC, totalizando R$ 8.000,00 (oito mil reais) de indenização. Ainda, a genitora do autor, Sra. Mariane Lucio Volpe Furtado ajuizou ação idêntica a esta perante o Núcleo de Justiça Digital dos Juizados Especiais, n. 1036462-50.2023.8.11.0001, na qual firmou acordo com a requerida Delta Air Lines INC para receber R$ 5.000,00 (cinco mil reais), e a ação foi julgada procedente para condenar a Latam Airlines Group S.A. ao pagamento de indenização no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), totalizando R$ 10.000,00 (dez mil reais) em indenização moral. Ademais, vê-se que a parte-autora também transacionou com a requerida Delta Air Lines INC, da qual recebeu R$ 6.000,00 (seis mil reais) pelos danos morais. Somando os valores recebidos até o presente momento, chega-se ao montante de R$ 24.000,00 (vinte e quatro mil reais). Por oportuno, registra-se que não obstante o atraso do voo, a companhia aérea realocou imediatamente a família no próximo voo, de modo que a alteração de horários não foi maior do que 2 (duas) horas. Ademais, a parte-autora não demonstrou danos severos a ensejar que sua família receba valores exorbitantes, sendo necessário prevenir o enriquecimento ilícito. Com efeito, os dados extraídos do sistema PJE revelam que a advogada da parte autora ingressou com três ações contra as requeridas, todas relatando falhas na prestação de serviço relacionadas aos mesmos voos, sem contudo, identificar os motivos do atraso. Sobre isso, importante destacar que a promoção de ações distintas, com pedidos que poderiam ser cumulados em um único processo, caracteriza a denominada “demanda temerária”, abarrotando a máquina judiciária com repetidas e inúmeras ações idênticas, contrariando o dever que tem o procurador de respeitar a boa-fé processual preconizada no artigo 5º do CPC: “Aquele que de qualquer forma participa do processo deve comportar-se de acordo com a boa-fé”. O fracionamento de ações contra a mesma parte configura abuso do direito de demandar e ausência do interesse de agir além de prejudicar a eficiência e a celeridade processual, respigando danos à sociedade que arca com o ônus desses processos. Por essas razões, o Conselho Nacional de Justiça aprovou a Recomendação n. 159/2024, destinada a identificar, tratar e prevenir litigância abusiva, entendida esta como o “desvio ou manifesto excesso dos limites impostos pela finalidade social, jurídica, política e/ou econômica do direito de acesso ao Poder Judiciário, (...) comprometendo a capacidade de prestação jurisdicional e o acesso à justiça”. A aludida Recomendação caracteriza quais seriam os gêneros da “litigância abusiva”, dentre as quais se destaca o desnecessário fracionamento de demandas, como é o presente caso, senão vejamos: Art. 1º [...] Parágrafo único: Para a caracterização do gênero “litigância abusiva”, devem ser consideradas como espécies as condutas ou demandas sem lastro, temerárias, artificiais, procrastinatórias, frívolas, fraudulentas, desnecessariamente fracionadas, configuradoras de assédio processual ou violadoras do dever de mitigação de prejuízos, entre outras, as quais, conforme sua extensão e impactos, podem constituir litigância predatória. O fracionamento de demandas contra uma mesma parte configura abuso do direito de litigar e ausência do interesse de agir, este é o entendimento do e. Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso: APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO C/C REPETIÇÃO DE INDÉBITO E DANOS MORAIS. MULTIPLICIDADE DE DEMANDAS. ABUSO DO DIREITO DE DEMANDAR. OFENSA AO ART. 187, DO CÓDIGO CIVIL. SENTENÇA ANULADA. INDEFERIMENTO DA INICIAL A QUALQUER TEMPO. POSSIBILIDADE. RECURSO PREJUDICADO. 1. Em se tratando de hipótese na qual o demandante pretende, por meio de promoção de ações distintas, obter o mesmo resultado (declaração de inexigibilidade e recebimento de dano moral), fundando-se na mesma causa de pedir (desconhecimento da origem do débito), incontroverso que a demanda em tela visa única e exclusivamente o enriquecimento ilícito da parte, além do recebimento de honorários sucumbenciais. 2. “O fracionamento das ações como a do presente caso, consiste em um verdadeiro abuso do direito de demandar, na medida em que o autor ajuizou diversas ações contra a mesma parte e pedido de declaração de inexigibilidade de débito, configurando conduta processual temerária e abusiva, a qual o Judiciário não pode dar guarida. ” (TJ-MT 10012761720208110018 MT, Relator: ANTONIA SIQUEIRA GONCALVES, Data de Julgamento: 24/03/2021, Terceira Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 30/03/2021) ” 3. “O indeferimento da exordial pode se dar a qualquer tempo, não somente no momento inicial de propositura da demanda. Precedentes” (STJ: AgRg no Ag 243.230; AgRg na AR 1819). 4. Sentença anulada. 5. Recurso prejudicado. (N.U 1002447-08.2021.8.11.0007, Câmaras Isoladas Cíveis De Direito Privado, Sebastiao Barbosa Farias, Primeira Câmara de Direito Privado, Julgado em 03/05/2022, Publicado no DJE 10/05/2022). RECURSO DE APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS – ATRASO DE VOO – MENOR DE IDADE – FRACIONAMENTO DE AÇÕES EM FACE DA MESMA EMPRESA AÉREA – AUSÊNCIA DE INTERESSE PROCESSUAL EVIDENCIADO – EXTINÇÃO DO PROCESSO SEM APRECIAÇÃO DE MÉRITO – CABIMENTO – RECURSO NÃO PROVIDO. O fracionamento de ações contra uma mesma empresa aérea evidencia abuso do direito de litigar e configura ausência de interesse processual, circunstância ensejadora da extinção do processo, sem apreciação de mérito, nos termos do artigo 485, VI, do CPC. (TJ-MT 10051581520208110041 MT, Relator: SERLY MARCONDES ALVES, Data de Julgamento: 01/02/2023, Quarta Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 03/02/2023) RECURSO DE APELAÇÃO CÍVEL – AÇÃO DECLARATÓRIA DE NULIDADE DE EMPRÉSTIMO CONSIGNADO C/C REPETIÇÃO DE INDÉBITO E DANOS MORAIS – DESCONTOS NOS PROVENTOS DA APOSENTADORIA DEVIDO A EMPRÉSTIMO CONSIGNADO – PERÍCIA GRAFOTÉCNICA – DESNECESSIDADE – ASSINATURA VISIVELMENTE IDÊNTICA À DO MUTUÁRIO EM DOCUMENTOS PESSOAIS – AUSÊNCIA DE INDÍCIOS DE ADULTERAÇÃO – PRELIMINAR REJEITADA – AUSÊNCIA DE FALHA NA PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS – CONDENAÇÃO DA AUTORA EM LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ – MÚLTIPLAS AÇÕES AJUIZADAS PELA AUTORA – ABUSO DO DIREITO DE AÇÃO - DEMANDISMO - ASSÉDIO PROCESSUAL CONFIGURADO - SENTENÇA MANTIDA – APELO DESPROVIDO. (...) O Recorrente pulverizou seus pedidos de Anulação de Negócio Jurídico em 12 (doze) ações protocoladas em desfavor de quatro Instituições Financeiras no Juízo da Comarca de Colíder. Assim, a multiplicidade de demandas contra as instituições e no mesmo período, concorre para dificultar sobremaneira a defesa do promovido, além de sobrecarregar o Poder Judiciário, tudo com a evidente intenção de multiplicar as possibilidades de ganhos. Considerando que constitui assedio processual ou "demandismo" a atitude da parte que promove o fracionamento das ações como manobra para ampliar as possibilidades de ganhos sucumbenciais e indenizatórios, de rigor a confirmação da sentença de extinção do processo sem resolução do mérito. Recurso desprovido. Sentença mantida. (N.U 1000907-50.2020.8.11.0009, Câmaras Isoladas Cíveis De Direito Privado, Clarice Claudino Da Silva, Segunda Câmara de Direito Privado, Julgado em 04/05/2022, Publicado no DJE 09/05/2022). DIREITO PROCESSUAL CIVIL. APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. EXTINÇÃO SEM RESOLUÇÃO DE MÉRITO. FRACIONAMENTO INDEVIDO DE AÇÕES. AUSÊNCIA DE INTERESSE PROCESSUAL. RECURSO NÃO PROVIDO. I. CASO EM EXAME. 1. Apelação contra sentença que extinguiu ação de indenização por danos morais, sem resolução de mérito, por fracionamento indevido de ações relativas a atrasos em trechos distintos da mesma viagem aérea. II. QUESTÃO EM DISCUSSÃO. 2. A questão em discussão consiste em verificar se o ajuizamento de ações distintas para atrasos em trechos da mesma viagem configura fracionamento indevido e ausência de interesse processual. III. RAZÕES DE DECIDIR. 3. Ações baseadas com idêntica causa de pedir e mesmas partes, configuram fracionamento indevido e ausência de interesse processual. 4. A alteração dos dois voos próximos impactam apenas a mensuração do dano, sem justificar múltiplas indenizações. IV. DISPOSITIVO E TESE. 5. Recurso não provido. Tese de julgamento: 1. O ajuizamento de múltiplas ações para trechos distintos da mesma viagem configura fracionamento indevido e ausência de interesse processual. 2. A alteração dos voos interfere no quantum indenizatório, mas não gera episódios autônomos indenizáveis. Dispositivos relevantes citados: CPC, art. 485, VI. Jurisprudência relevante citada: TJMT, N.U 1003020-95.2021.8.11.0023; TJMT, N.U 1000913-11.2021.8.11.0110. (N.U 1075028-11.2024.8.11.0041, CÂMARAS ISOLADAS CÍVEIS DE DIREITO PRIVADO, RUBENS DE OLIVEIRA SANTOS FILHO, Quarta Câmara de Direito Privado, Julgado em 31/03/2025, Publicado no DJE 31/03/2025) Há necessidade de observância ao princípio que impõe a unicidade da demanda para pedidos de idêntica natureza e mesma causa de pedir em face dos mesmos requeridos. Não é por outra razão que o CPC ao regrar o tema da conexão, expressamente determina no §1º do art. 55 que “os processos de ações conexas serão reunidos para decisão conjunta”, reforçando ainda o §3º do mesmo artigo que também serão reunidos os processos que possam gerar risco de prolação de decisões conflitantes ou contraditórias caso decididos separadamente, “mesmo sem conexão entre eles”. Evidente que a pretensão do dispositivo legal é dar prevalência aos princípios da economia e celeridade processual, bem como à segurança jurídica, não só autorizando, como impondo decisão conjunta. III. Dispositivo Ante o exposto, reconhece-se a ausência de interesse processual, e EXTINGUE-SE o processo sem resolução do mérito com relação a requerida Latam Airlines Group S.A, nos termos do art. 485, inciso VI do CPC. Condena-se a parte-autora ao pagamento das custas, despesas processuais e honorários advocatícios, fixados em 10% do valor da causa, nos termos do art. 85 do CPC. Transitado em julgado, se nada for requerido, ARQUIVAR. Intimar. Cumprir. Colíder/MT, datado e assinado digitalmente. ÉRIKA CRISTINA CAMILO CAMIN Juíza de Direito

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Marcos Tadeu Santos Vicaria e outros x Marcos Tadeu Santos Vicaria e outros

ID: 314978866

Tribunal: TRT2 Órgão: Vice-Presidência Judicial Classe: RECURSO ORDINáRIO TRABALHISTA Nº Processo: 1000907-82.2023.5.02.0482

Data de Disponibilização: 03/07/2025

Polo Ativo:

MARCOS TADEU SANTOS VICARIA RUMO LOGISTICA OPERADORA MULTIMODAL S.A.

Polo Passivo:

MARCOS TADEU SANTOS VICARIA MULT SERVICE VIGILANCIA LTDA RUMO LOGISTICA OPERADORA MULTIMODAL S.A.

Notificação

Advogados:

BRUNA MARIA PAULO DOS SANTOS ESTEVES SA

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FABIO BORGES BLAS RODRIGUES

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DEMIS RICARDO GUEDES DE MOURA

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JOSE ROBERTO LIMA DE ASSUMPCAO JUNIOR

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FERNANDA MADEIRA FURLANETI ANTUNES

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PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO ANÁLISE DE RECURSOS Relator: PAULO SERGIO JAKUTIS ROT 1000907-82.2023.5.02.0482 RECORRENTE: MARCOS TADEU SANTOS V… PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO ANÁLISE DE RECURSOS Relator: PAULO SERGIO JAKUTIS ROT 1000907-82.2023.5.02.0482 RECORRENTE: MARCOS TADEU SANTOS VICARIA E OUTROS (1) RECORRIDO: MARCOS TADEU SANTOS VICARIA E OUTROS (2) INTIMAÇÃO Fica V. Sa. intimado para tomar ciência da Decisão ID 20b0d26 proferida nos autos. ROT 1000907-82.2023.5.02.0482 - 4ª Turma Recorrente: Advogado(s): 1. RUMO LOGISTICA OPERADORA MULTIMODAL S.A. BRUNA MARIA PAULO DOS SANTOS ESTEVES SA (SP186400) Recorrido: Advogado(s): MARCOS TADEU SANTOS VICARIA DEMIS RICARDO GUEDES DE MOURA (SP148671) FABIO BORGES BLAS RODRIGUES (SP153037) JOSE ROBERTO LIMA DE ASSUMPCAO JUNIOR (SP137551) Recorrido: Advogado(s): MULT SERVICE VIGILANCIA LTDA FERNANDA MADEIRA FURLANETI ANTUNES (SP354838) RECURSO DE: RUMO LOGISTICA OPERADORA MULTIMODAL S.A. PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS Recurso tempestivo (decisão publicada em 04/04/2025 - Id 7cbef9c; recurso apresentado em 16/04/2025 - Id 3dc87bf). Regular a representação processual (Id fbeb3f5). Preparo satisfeito. Depósito recursal recolhido no RR, id c876c73. PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS 1.1 DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO (8826) / ATOS PROCESSUAIS (8893) / VALOR DA CAUSA Consta do v. acórdão: "2 - DA LIMITAÇÃO DOS VALORES INDICADOS NA INICIAL Desde a inicial (fl. 8), o obreiro já indicou que os valores apontados para os pedidos funcionavam como mera estimativa da pretensão ("para efeitos de alçada e custas"), o que, aliás, está em consonância com o artigo 12 da Instrução Normativa 41/2018, do TST, que foi transcrita na inicial e na qual se lê: INSTRUÇÃO NORMATIVA TST Nº 41 DE 21/06/2018 - ART.12, parágrafo 2º. Para fim do que dispõe o artigo 840, § § 1º e 2º, da CLT, o valor da causa será estimado, observando-se, no que couber, o disposto nos artigos 291 a 293 do Código de Processo Civil. E não deveria ser diferente, vez que não há sentido em se fazer uma inicial completamente líquida, quando o momento processual para a liquidação é outro. O processo do trabalho pode, ainda, comportar a inicial apresentada pelo leigo (art. 791 da CLT), não sendo compatível uma possibilidade dessas, sobretudo quando se trata do cálculo trabalhista, naturalmente complexo, com exigências de esmeros matemáticos que podem ser realizados, posteriormente (quando já decidido quais as verbas efetivamente devidas) por pessoal habituado com esse mister. Portanto, aplicável à espécie o entendimento preponderante do TST a respeito, permitindo-me a transcrição de dois precedentes, que fundamentam o que aqui se vai decidindo: RECURSO DE REVISTA. (...) 3. LIMITAÇÃO DE VALORES À CONDENAÇÃO. Esta Corte Superior tem se conduzido no sentido de limitar a condenação aos valores constantes nos pedidos da petição inicial, quando a parte indica expressamente o montante atribuído às parcelas. Essa exegese decorre do disposto nos artigos 128 e 460, do CPC, que veda ao juiz proferir sentença em parcela diversa ou superior ao postulado. Na hipótese dos autos, contudo, a situação é diversa, pois o Recorrente afirmou expressamente, na petição inicial, que os valores estavam sendo indicados por estimativa, inclusive requerendo futuras correções com base nos documentos a serem exibidos pela Reclamada na fase instrutória e executória da demanda . Precedente. Recurso de revista conhecido e provido, no tema. (...)" (Processo: RR-2200-74.2005.5.02.0017, Data de Julgamento: 30/10/2013, Relator Ministro: Mauricio Godinho Delgado, 3ª Turma, Data de Publicação: DEJT 08/11/2013, sublinhei) RECURSO DE REVISTA. (...) PEDIDOS LIQUIDADOS POR ESTIMATIVA - LIMITAÇÃO DA CONDENAÇÃO AOS VALORES PLEITEADOS NA INICIAL (violação aos artigos 128, 258, 282 e 460 do CPC, 840 da CLT, e 5º, XXXV, XXXVI e LV, da CF/88 e divergência jurisprudencial). Esta 2ª Turma, bem como outras deste Tribunal, tem se conduzido no sentido de limitar a condenação aos valores constantes nos pedidos da petição inicial, quando a parte indica expressamente o montante atribuído às parcelas. Tal entendimento se assenta nos artigos 128 e 460, do CPC, que veda ao juiz proferir sentença em parcela diversa ou superior ao postulado. Na hipótese dos autos, contudo, a situação é diversa, pois o recorrente indicou valores por estimativa, com o único propósito de demonstrar o rito o qual seria submetida a demanda, inclusive requerendo a apuração dos valores por liquidação de sentença . Recurso ordinário conhecido e provido." (Processo: RR-66500-27.2005.5.03.0014, Data de Julgamento: 20/10/2010, Relator Ministro: Renato de Lacerda Paiva, 2ª Turma, Data de Publicação: DEJT 28/10/2010, sublinhei). Nego provimento." O Tribunal Superior do Trabalho firmou o entendimento de que, ajuizada a ação na vigência da Lei 13.467/2017, os valores indicados de forma líquida na petição inicial devem ser considerados como mera estimativa, não limitando, portanto, a condenação, nos termos da nova redação do art. 840, § 1º, da CLT (art. 12, § 2º, da Instrução Normativa nº 41/2018). Nesse sentido: Emb-RR-555-36.2021.5.09.0024, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, Relator Ministro Alberto Bastos Balazeiro, DEJT 07/12/2023; Ag-AIRR-11336-76.2019.5.15.0071, 1ª Turma, Relator Ministro Amaury Rodrigues Pinto Júnior, DEJT 06/10/2023; RRAg-8-81.2021.5.12.0001, 2ª Turma, Relatora Ministra Liana Chaib, DEJT 06/10/2023; Ag-RRAg-553-20.2019.5.12.0035, 3ª Turma, Relator Ministro Maurício Godinho Delgado, DEJT 07/12/2023; RRAg-1000007-62.2021.5.02.0614, 4ª Turma, Relator Ministro Ives Gandra da Silva Martins Filho, DEJT 09/06/2023; RR-891-23.2020.5.09.0041, 5ª Turma, Relatora Ministra Morgana de Almeida Richa, DEJT 14/04/2023; RR-1001021-41.2021.5.02.0401, 6ª Turma, Relator Desembargador Convocado José Pedro de Camargo Rodrigues de Souza, DEJT 13/10/2023; RR-20647-73.2019.5.04.0661, 7ª Turma, Relator Ministro Evandro Pereira Valadão Lopes, DEJT 06/10/2023; RRAg-10668-44.2020.5.15.0080, 8ª Turma, Relatora Ministra Delaíde Alves Miranda Arantes, DEJT 02/10/2023. Assim, estando a decisão recorrida em consonância com a atual e iterativa jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho, o trânsito do recurso de revista encontra óbice no art. 896, § 7º, da CLT e na Súmula 333 do TST. DENEGO seguimento. 2.1 DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO (8826) / PARTES E PROCURADORES (8842) / ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA Consta do v. acórdão: "3 - DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA E HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS No que toca à justiça gratuita, cabe ponderar que a situação econômica das pessoas é dinâmica, devendo ser analisada quando do ato relacionado ao pedido (no caso, no proferimento da sentença) e não com base em atos anteriores a ele (salário que o trabalhador recebia quando empregado, ou mesmo verbas recebidas no despedimento). Ora, o fato do trabalhador contar com bom salário, ou ter recebido valores respeitáveis quando do desligamento, não significa, obrigatoriamente, que mantenha condições de litigar, sem prejuízo do sustento próprio e da família, porque não se sabe como foram utilizados aqueles recursos. Muitas vezes, como não é incomum, o trabalhador conta com dívidas e débitos que o montante das verbas rescisórias, ainda quando expressivo, não consegue nem mesmo quitar. Sendo assim, o entendimento consagrado na súmula 463, do TST, parece inafastável: Súmula nº 463 do TST ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA. COMPROVAÇÃO (conversão da Orientação Jurisprudencial nº 304 da SBDI-1, com alterações decorrentes do CPC de 2015) - Res. 219/2017, DEJT divulgado em 28, 29 e 30.06.2017 - republicada - DEJT divulgado em 12, 13 e 14.07.2017 I - A partir de 26.06.2017, para a concessão da assistência judiciária gratuita à pessoa natural, basta a declaração de hipossuficiência econômica firmada pela parte ou por seu advogado, desde que munido de procuração com poderes específicos para esse fim (art. 105 do CPC de 2015); II - No caso de pessoa jurídica, não basta a mera declaração: é necessária a demonstração cabal de impossibilidade de a parte arcar com as despesas do processo. Patente, pois, que basta a declaração feita pela parte (ou advogado com poderes) para que esta seja presumida verdadeira (v. fl. 11), salvo prova em contrário. Como no caso dos autos, a prova em contrário não foi feita, a presunção prevalece, assim como os benefícios da justiça gratuita em favor da obreira. No mais, qualquer que seja a interpretação que venha a se cristalizar no julgamento do STF, sobre a ADI 5766, é bem de ver que os honorários de advogado, na Justiça do Trabalho, não decorrem do princípio da causalidade, nem da mera sucumbência, mas limitam-se às sentenças condenatórias que resultem na existência de crédito em favor da parte vencedora ou, obrigação de outra natureza de que resulte um proveito econômico mensurável ou estimado pelo valor da causa. Pelo princípio da sucumbência estrita, atípica, mitigada, ou creditícia, adotado pela Lei n. 13.467/17, há incidência apenas sobre o valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa. Em suma: não são devidos os honorários de advogado na Justiça do Trabalho nas hipóteses de improcedência, desistência, renúncia, extinção sem mérito e arquivamento da ação (inteligência literal do artigo 791-A da CLT, combinado com a interpretação histórica e sistemática com os artigos 14 e 16 da Lei n. 5.584/70 e 11 da Lei n. 1060/50). A sentença segue inalterada, portanto." No julgamento do IncJulgRREmbRep-277-83.2020.5.09.0084 (16/12/2024), o Tribunal Superior do Trabalho, em sua composição plena, fixou a seguinte tese jurídica para o Tema Repetitivo nº 21: (i) independentemente de pedido da parte, o magistrado trabalhista tem o poder-dever de conceder o benefício da justiça gratuita aos litigantes que perceberem salário igual ou inferior a 40% (quarenta por cento) do limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social, conforme evidenciado nos autos; (ii) o pedido de gratuidade de justiça, formulado por aquele que perceber salário superior a 40% (quarenta por cento) do limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social, pode ser instruído por documento particular firmado pelo interessado, nos termos da Lei nº 7.115/83, sob as penas do art. 299 do Código Penal; (iii) havendo impugnação à pretensão pela parte contrária, acompanhada de prova, o juiz abrirá vista ao requerente do pedido de gratuidade de justiça, decidindo, após, o incidente (art. 99, § 2º, do CPC). Assim, estando a decisão regional em consonância com a diretriz firmada no mencionado incidente de recursos repetitivos, de caráter vinculante (arts. 896-C da CLT, e 927, III, do CPC), incabível o recurso de revista, nos termos do art. 1º-A da Instrução Normativa nº 40/2016 do C. TST. Assim, estando a decisão recorrida em consonância com a atual e iterativa jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho, o trânsito do recurso de revista encontra óbice no art. 896, § 7º, da CLT e na Súmula 333 do TST. DENEGO seguimento. 3.1 DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO (8826) / ATOS PROCESSUAIS (8893) / NULIDADE (8919) / NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL Não há que se cogitar de processamento do apelo pela arguição de nulidade por negativa de prestação jurisdicional, tendo em vista que a decisão recorrida examinou toda a matéria posta no recurso. Com efeito, a fundamentação exposta no v. acórdão é suficiente para a comprovação da devida apreciação de todas as questões levantadas, tendo sido esgotados todos os aspectos basilares da controvérsia apontada no apelo. A completa prestação jurisdicional caracteriza-se pelo oferecimento de decisão devidamente motivada com base nos elementos fáticos e jurídicos pertinentes e relevantes para a solução da lide. No caso dos autos, a prestação jurisdicional revela-se completamente outorgada, mediante motivação clara e suficiente, permitindo, inclusive, o prosseguimento da discussão de mérito na via recursal extraordinária. Incólumes, portanto, as disposições legais e constitucionais pertinentes à alegação (Súmula 459 do TST). Nesse sentido: "[...] NULIDADE DO ACÓRDÃO REGIONAL POR NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. Não ficou demonstrada qualquer sonegação da tutela jurisdicional a que estava obrigado o Tribunal recorrido, já que tal obrigação está ligada à fundamentação da decisão, ainda que de forma diversa das pretensões do recorrente, o que efetivamente ocorreu. Recurso de revista não conhecido. [...]" (ARR-185100-05.2007.5.02.0001, 6ª Turma, Relator Ministro Augusto Cesar Leite de Carvalho, DEJT 14/08/2023). DENEGO seguimento. 4.1 PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA NO DIREITO DO TRABALHO (12942) / PRESCRIÇÃO A Turma assentou que a ciência inequívoca do dano somente ocorreu com o laudo pericial realizado em 26.03.2024. As razões recursais, pautadas em suposta ciência da incapacidade laboral em data anterior, revelam a intenção de revolver o conjunto fático-probatório apresentado, o que não se concebe na instância extraordinária de recurso de revista (Súmula 126, do TST). Por outro lado, o Tribunal Superior do Trabalho firmou o entendimento de que o termo inicial da contagem do prazo prescricional corresponde à data do conhecimento inequívoco da lesão. Nesse sentido, citam-se os seguintes precedentes: AgR-E-ED-RR-1650-83.2011.5.09.0014, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, Relator Ministro Alberto Luiz Bresciani de Fontan Pereira, DEJT 16/03/2018; Ag-AIRR-370-08.2010.5.15.0059, 2ª Turma, Relator Ministro José Roberto Freire Pimenta, DEJT 25/06/2021; AIRR-1002593-44.2015.5.02.0465, 3ª Turma, Relator Ministro Alberto Luiz Bresciani de Fontan Pereira, DEJT 17/12/2021; Ag-AIRR-11556-21.2017.5.15.0079, 4ª Turma, Relator Ministro Alexandre Luiz Ramos, DEJT 01/07/2022; Ag-AIRR-10835-03.2015.5.15.0059, 5ª Turma, Relator Ministro Douglas Alencar Rodrigues, DEJT 10/06/2022; Ag-AIRR-1000495-58.2016.5.02.0463, 6ª Turma, Relator Ministro Lelio Bentes Corrêa, DEJT 26/11/2021; AIRR-21441-23.2014.5.04.0030, 7ª Turma, Relator Ministro Renato de Lacerda Paiva, DEJT 26/11/2021; RRAg-21431-05.2015.5.04.0204, 8ª Turma, Relatora Ministra Dora Maria da Costa, DEJT 26/11/2021. Assim, estando a decisão recorrida em consonância com a atual e iterativa jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho, o trânsito do recurso de revista encontra óbice no art. 896, § 7º, da CLT e na Súmula 333 do TST. DENEGO seguimento. 5.1 PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA NO DIREITO DO TRABALHO (12942) / PRESCRIÇÃO (14046) / ACIDENTE DE TRABALHO O Tribunal Superior do Trabalho vem reiteradamente decidindo que o art. 3º da Lei 14.010/2020, que suspendeu os prazos prescricionais até 30/10/2020 em razão da pandemia de Covid-19, é plenamente aplicável às relações de trabalho. Nesse sentido: Ag-RR-20379-76.2021.5.04.0102, 1ª Turma, Relator Ministro Amaury Rodrigues Pinto Júnior, DEJT 15/12/2023; RR-0020473-07.2021.5.04.0334, 3ª Turma, Relator Ministro Alberto Bastos Balazeiro, DEJT 18/12/2023; Ag-AIRR-10744-68.2021.5.03.0112, 4ª Turma, Relator Ministro Alexandre Luiz Ramos, DEJT 18/08/2023; RR-280-19.2022.5.09.0003, 5ª Turma, Relator Ministro Breno Medeiros, DEJT 23/02/2024; AIRR-0000299-05.2021.5.21.0010, 6ª Turma, Relator Desembargador Convocado José Pedro de Camargo Rodrigues de Souza, DEJT 18/12/2023; Ag-AIRR-1001191-60.2020.5.02.0041, 7ª Turma, Relator Ministro Evandro Pereira Valadão Lopes, DEJT 25/11/2022, RR-182-18.2021.5.21.0041, 8ª Turma, Relatora Ministra Delaíde Alves Miranda Arantes, DEJT 25/03/2024. Assim, estando a decisão recorrida em consonância com a atual e iterativa jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho, o trânsito do recurso de revista encontra óbice no art. 896, § 7º, da CLT e na Súmula 333 do TST. DENEGO seguimento. 6.1 DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO (12936) / RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA/SUBSIDIÁRIA (14034) / TERCEIRIZAÇÃO/TOMADOR DE SERVIÇOS 6.2 DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO (12936) / RESPONSABILIDADE CIVIL DO EMPREGADOR (14007) / INDENIZAÇÃO POR DANO MATERIAL (14009) / ACIDENTE DE TRABALHO 6.3 DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO (12936) / RESPONSABILIDADE CIVIL DO EMPREGADOR (14007) / INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL (14010) / ACIDENTE DE TRABALHO As razões recursais revelam a nítida intenção de revolver o conjunto fático-probatório apresentado, o que não se concebe em sede extraordinária de recurso de revista, a teor do disposto na Súmula 126, do TST. Nesse sentido: "[...] REEXAME DE FATOS E PROVAS. IMPOSSIBILIDADE. ÓBICE DA SÚMULA 126 DO TST. 2.1. A finalidade precípua desta Corte Superior, na uniformização de teses jurídicas, não autoriza a revisão do conjunto fático-probatório já analisado pelo Tribunal Regional, na esteira do entendimento consolidado pela Súmula 126/TST. 2.2. Na hipótese dos autos, não se trata de mero reenquadramento jurídico dos fatos, tendo em vista a efetiva necessidade de revolver o acervo probatório para adotar conclusão diversa daquela obtida pelo TRT. 2.3. As alegações recursais da parte contrariam frontalmente o quadro fático delineado no acórdão regional. Desse modo, o acolhimento de suas pretensões demandaria necessariamente o reexame do acervo probatório, procedimento vedado nesta esfera extraordinária. [...]" (Ag-ARR-1148-96.2015.5.21.0006, 5ª Turma, Relatora Ministra Morgana de Almeida Richa, DEJT 16/12/2022). DENEGO seguimento. 7.1 DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO (12936) / RESPONSABILIDADE CIVIL DO EMPREGADOR (14007) / INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL (14010) / VALOR ARBITRADO Conforme jurisprudência firmada pelo Tribunal Superior do Trabalho, a revisão do valor fixado a título de indenização por danos morais em recurso de revista é possível apenas nas hipóteses em que o montante arbitrado for irrisório ou exorbitante, demonstrando o desatendimento dos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade. Nesse sentido: E-ARR-1416-43.2011.5.15.0044, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, Relator Ministro Alexandre Luiz Ramos, DEJT 18/12/2020; Ag-AIRR-21200-90.2007.5.15.0126, 1ª Turma, Relator Ministro Walmir Oliveira da Costa, DEJT 05/03/2021; ARR-20265-18.2014.5.04.0512, 2ª Turma, Relatora Ministra Maria Helena Mallmann, DEJT 16/09/2022; Ag-AIRR-10761-06.2020.5.15.0145, 3ª Turma, Relator Ministro Jose Roberto Freire Pimenta, DEJT 24/06/2022; ARR-846-83.2014.5.09.0411, 4ª Turma, Relator Ministro Alexandre Luiz Ramos, DEJT 16/09/2022; RR-24593-20.2019.5.24.0007, 5ª Turma, Relator Ministro Douglas Alencar Rodrigues, DEJT 16/09/2022; Ag-AIRR-301-38.2018.5.10.0801, 6ª Turma, Relatora Ministra Katia Magalhaes Arruda, DEJT 17/12/2021; ARR-1606-55.2013.5.15.0102, 7ª Turma, Relator Ministro Renato de Lacerda Paiva, DEJT 09/09/2022; RRAg-179-18.2013.5.06.0411, 8ª Turma, Relatora Ministra Delaide Alves Miranda Arantes, DEJT 03/10/2022. No presente caso, o Regional fixou a indenização pelo dano moral no valor de R$ 25.000,00, levando em conta a gravidade da lesão, o porte financeiro do agente ofensor, a situação econômica e social da vítima, além do caráter pedagógico da sanção aplicada, o que não revela violação aos dispositivos legais e constitucionais indicados. DENEGO seguimento. 8.1 DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO (12936) / RESPONSABILIDADE CIVIL DO EMPREGADOR (14007) / INDENIZAÇÃO POR DANO MATERIAL (14009) / PENSÃO VITALÍCIA Alegação(ões): Sustenta que o termo inicial da pensão deve ser a data em que o recorrido teve ciência inequívoca da extensão das lesões Consta do v. acórdão: "1.3 Do dano material Quanto às cautelas que o caso apresenta, começando pelo aspecto mais simples, parece-me fora de dúvidas que o benefício previdenciário (auxílio-acidente) não pode ser impedimento para o percebimento de indenização relacionada à responsabilidade civil, como discutida nestes autos. A questão já foi debatida inúmeras vezes e, atualmente, há certo consenso nessa afirmação. Uma análise histórica da evolução dessa discussão pode ser encontrada em Sebastião Geraldo de Oliveira[1], onde o autor demonstra que a razão da existência do benefício previdenciário é decorrente da teoria do risco e tem natureza alimentar, sendo certo que o trabalhador também contribui, mensalmente, para que o benefício previdenciário tenha cobertura ampla e independentemente de culpa. Já a indenização relacionada à responsabilidade civil tem raiz na culpa ou dolo do causador do acidente/doença ocupacional, de sorte que "[...] as causas e os sujeitos passivos da obrigação de reparar são distintos" [2], o que explica a previsão constitucional do artigo 7º, XXVIII (XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa), bem como a súmula 229 do STF [3]. Sendo assim, não há relevo na presença de qualquer pagamento, em favor do reclamante, feito pelo INSS, nem este pode ser abatido/compensado em eventual condenação relacionada à responsabilidade civil do empregador. Dito isso, e considerando que o autor está incapacitado totalmente para o exercício da função de motorista de carro de passeio, para a qual era habilitado, e que já contava 58 anos de idade no momento do despedimento, defiro o pagamento de pensão mensal vitalícia, a contar da data do encerramento do contrato (13.06.2019) e observado o percentual de 100% do salário devido à época da dispensa, acrescido dos reajustes salariais da categoria, para que haja a reparação integral. Justifico o dies a quo fixado por, no meu sentir, afigurar-se a solução mais justa para o presente caso, pois garante ao trabalhador a manutenção da subsistência a partir do momento em que, incapacitado para a função, dependente de intervenção cirúrgica e com idade próxima aos 60 anos, deixou de receber o salário decorrente do contrato antes mantido com a reclamada. Essa parte da condenação fará coisa julgada rebus sic stantibus cabendo ao interessado, caso recuperação ocorra, promover a eventual medida judicial cabível, na medida em que a decisão não pode ser condicional. Autorizo, todavia, o pagamento em parcela única (art. 950 do CC), eis que, conforme fixado pelo legislador, é a vítima - e só a vítima - quem deve decidir pela forma como a indenização será concretizada. O reclamante poderá optar por essa hipótese quando da liquidação de sentença, ocasião em que o cálculo levará em conta a limitação da idade de 76 anos (média de expectativa de vida segundo o IBGE), e receberá o redutor (apenas caso ocorra a opção pela parcela única) de 10% (dez por cento) sobre as parcelas vincendas." O aresto transcrito no apelo, proveniente do TRT 15, viabiliza o reexame da matéria, porquanto denuncia a existência de tese oposta específica (Súmula 296, I, do TST) no sentido de que o termo inicial da pensão vitalícia é a ciência inequívoca da lesão. Eis o teor do aresto-paradigma: "Nesse passo, pela análise do conjunto probatório produzido nos autos e observados os limites impostos na petição inicial, constata-se que a ciência inequívoca da reclamante dos danos provocados pela enfermidade adquirida foi a data da apresentação do laudo pericial neste processo, que ocorreu em 11/10/2021 (ID.1f2be94) Assim, considerando que a sentença estabeleceu a data da rescisão contratual (14/02/2019) como termo inicial, merece parcial provimento o recurso da reclamada nesse aspecto. Portanto, fixo como marco inicial do pagamento da pensão mensal vitalícia a data de 11/10/2021 (apresentação do laudo pericial no processo) No que toca à pretensão de pagamento da pensão em parcela única, a jurisprudência da mais alta Corte Trabalhista vem firmando o posicionamento de que a norma contida no parágrafo único do artigo 950 do Código Civil, que faculta ao prejudicado tal postulação, não reflete um direito potestativo do interessado. Assim, cabe ao julgador, à luz das circunstâncias do caso concreto, das condições econômicas da devedora e do interesse social em relação à proteção do acidentado, bem como levando-se em consideração os princípios da razoabilidade, proporcionalidade e equidade, avaliar a conveniência ou viabilidade do deferimento de tal pretensão. No caso em exame, entendo que a indenização por danos materiais deve ser deferida em parcela única, uma vez que o valor da indenização não irá trazer maiores impactos à ré, além de beneficiar ambas as partes, já que a reclamante irá receber, de uma só vez, um valor maior que lhe possibilitará melhor atender aos seus interesses, e a reclamada se verá, desde logo, livre da obrigação ao pagar a indenização em parcela única. Recurso da reclamante provido quanto a esta questão. De outro giro, deve ser aplicado um percentual redutor nas hipóteses de pagamento da indenização em parcela única, que fixo em 25%, nos termos em que vem arbitrando esta C. Câmara em casos semelhantes." (fonte: Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região (7ª Câmara). Acórdão: 0011608-53.2019.5.15.0012. Relator(a): MARCOS DA SILVA PORTO. Data de julgamento: 15/04/2024. Juntado aos autos em 17/04/2024. Disponível em: https://link.jt.jus.br/Ege8XH) RECEBO o recurso de revista. 9.1 DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO (12936) / RESPONSABILIDADE CIVIL DO EMPREGADOR Alegação(ões): Sustenta que o termo final da pensão deve ser a data da realização da cirurgia e comprovação da convalescença, limitada à média de expectativa de vida segundo o IBGE O aresto paradigma é inespecífico ao caso vertente, contrariando o teor da Súmula 296, I, do TST, pois não abriga premissa fática idêntica à contida no v. acórdão recorrido. DENEGO seguimento. 10.1 DIREITO CIVIL (899) / OBRIGAÇÕES (7681) / ADIMPLEMENTO E EXTINÇÃO (7690) / PAGAMENTO Alegação(ões): Sustenta que, em caso de pagamento em parcela única, deve ser aplicado o redutor de 30% sobre as parcelas vincendas, e não 10% como decidiu o Tribunal. Inespecífico o aresto colacionado com vistas a corroborar o dissídio de teses, pois não há correlação entre o caso julgados no acórdão paradigmas e a presente demanda. Registre-se que, nos termos da Súmula 296, I, do TST, a divergência jurisprudencial deve revelar a existência de teses diversas na interpretação do mesmo dispositivo legal, embora idênticos os fatos que as ensejaram, o que não se verifica na hipótese vertente. DENEGO seguimento. 11.1 DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO (8826) / PARTES E PROCURADORES (8842) / SUCUMBÊNCIA (8874) / HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS (10655) / SUCUMBENCIAIS Alegação(ões): Sustenta que são devidos honorários advocatícios em caso de reversão da decisão, ainda que sob condição suspensiva. Consta do v. acórdão: "No mais, qualquer que seja a interpretação que venha a se cristalizar no julgamento do STF, sobre a ADI 5766, é bem de ver que os honorários de advogado, na Justiça do Trabalho, não decorrem do princípio da causalidade, nem da mera sucumbência, mas limitam-se às sentenças condenatórias que resultem na existência de crédito em favor da parte vencedora ou, obrigação de outra natureza de que resulte um proveito econômico mensurável ou estimado pelo valor da causa. Pelo princípio da sucumbência estrita, atípica, mitigada, ou creditícia, adotado pela Lei n. 13.467/17, há incidência apenas sobre o valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa. Em suma: não são devidos os honorários de advogado na Justiça do Trabalho nas hipóteses de improcedência, desistência, renúncia, extinção sem mérito e arquivamento da ação (inteligência literal do artigo 791-A da CLT, combinado com a interpretação histórica e sistemática com os artigos 14 e 16 da Lei n. 5.584/70 e 11 da Lei n. 1060/50)." No julgamento da ADI 5766 (em 20/10/2021), o Supremo Tribunal Federal declarou a inconstitucionalidade da expressão “desde que não tenha obtido em juízo, ainda que em outro processo, créditos capazes de suportar a despesa”, constante do § 4º do art. 791-A, da CLT. Eis a ementa da referida decisão: "CONSTITUCIONAL. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEI 13.467/2017. REFORMA TRABALHISTA. REGRAS SOBRE GRATUIDADE DE JUSTIÇA. RESPONSABILIDADE PELO PAGAMENTO DE ÔNUS SUCUMBENCIAIS EM HIPÓTESES ESPECÍFICAS. ALEGAÇÕES DE VIOLAÇÃO AOS PRINCÍPIOS DA ISONOMIA, INAFASTABILIDADE DA JURISDIÇÃO, ACESSO À JUSTIÇA, DO LEGISLADOR. CRITÉRIOS DE RACIONALIZAÇÃO DA PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. AÇÃO DIRETA JULGADA PARCIALMENTE PROCEDENTE. 1. É inconstitucional a legislação que presume a perda da condição de hipossuficiência econômica para efeito de aplicação do benefício de gratuidade de justiça, apenas em razão da apuração de créditos em favor do trabalhador em outra relação processual, dispensado o empregador do ônus processual de comprovar eventual modificação na capacidade econômica do beneficiário. 2. A ausência injustificada à audiência de julgamento frustra o exercício da jurisdição e acarreta prejuízos materiais para o órgão judiciário e para a parte reclamada, o que não se coaduna com deveres mínimos de boa-fé, cooperação e lealdade processual, mostrando-se proporcional a restrição do benefício de gratuidade de justiça nessa hipótese. 3. Ação Direta julgada parcialmente procedente." (DJe 03/05/2022). O Supremo Tribunal Federal deliberou tão somente no sentido de que a apuração de créditos em favor do trabalhador não afasta a condição de hipossuficiência, ou seja, prevalece a disposição de que, vencido o beneficiário da justiça gratuita, as obrigações decorrentes de sua sucumbência "ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade". Nos termos da decisão proferida na ADI 5766, com efeito vinculante (CF, art. 102, § 2º), o beneficiário da justiça gratuita poderá ser condenado ao pagamento de honorários advocatícios, os quais, todavia, permanecerão sob condição suspensiva de exigibilidade, somente podendo ser executados caso haja prova superveniente da perda da condição de hipossuficiência. Assim, como o Regional indeferiu a suspensão da exigibilidade do pagamento dos honorários sucumbenciais, impõe-se o seguimento do apelo, para prevenir possível violação ao art. 791-A da CLT. Nesse sentido: "RECURSO DE REVISTA DA RECLAMADA. INTERPOSIÇÃO NA VIGÊNCIA DA LEI 13.467/2017. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS SUCUMBENCIAIS. BENEFICIÁRIO DA JUSTIÇA GRATUITA. PAGAMENTO DEVIDO. SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE. INOBSERVÂNCIA DA ADI 5766 DO STF. TRANSCENDÊNCIA DA CAUSA. 1. O Tribunal Regional afastou a condenação da parte reclamante ao pagamento dos honorários sucumbenciais em favor dos advogados das partes reclamadas, ao fundamento de que 'o Supremo Tribunal Federal, no julgamento da ADI 5766, declarou a inconstitucionalidade do artigo 791-A, § 4º, da Consolidação das Leis do Trabalho e, considerando os efeitos vinculantes da decisão (art. 102, §2º, da CF) e a sua aplicação imediata, a reclamante, beneficiária da justiça gratuita, não responde pelos honorários advocatícios em prol do advogado da reclamada'. 2. Necessária, pois, a adequação do acórdão recorrido à decisão proferida pelo STF ao julgamento da ADI 5766/DF, no sentido de que, constatada a sucumbência, deve a parte reclamante responder pelo pagamento de honorários advocatícios, ainda que beneficiária da justiça gratuita, devendo, entretanto, a referida responsabilidade ficar sob condição suspensiva de exigibilidade pelo prazo de 2 (dois) anos a que alude o art. 791-A, § 4º, da CLT, contados a partir do trânsito em julgado, competindo, à parte interessada, no referido prazo, comprovar de forma inequívoca que a parte beneficiária da justiça gratuita deixou de ser hipossuficiente, sendo que o proveito econômico apurado em outro processo não se revela suficiente para alterar a condição econômica do jurisdicionado. 3. Violação do art. 791-A, § 4°, da CLT. Recurso de revista conhecido e parcialmente provido, no tema" (RR-1000597-31.2020.5.02.0434, 1ª Turma, Relator Ministro Hugo Carlos Scheuermann, DEJT 17/10/2023). RECEBO o recurso de revista. 12.1 DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO (8826) / PARTES E PROCURADORES (8842) / SUCUMBÊNCIA (8874) / HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS Alegação(ões): Sustenta que o percentual de honorários de sucumbência deve ser de 5%, por se tratar de processo de baixa complexidade. Não se verifica ofensa ao art. 791-A, da CLT, porque o percentual arbitrado a título de honorários advocatícios (XXX%) se encontra exatamente entre o mínimo e o máximo previsto no referido dispositivo legal. DENEGO seguimento. CONCLUSÃO RECEBO o recurso de revista em relação aos temas 8.1 DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO (12936) / RESPONSABILIDADE CIVIL DO EMPREGADOR (14007) / INDENIZAÇÃO POR DANO MATERIAL (14009) / PENSÃO VITALÍCIA, DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO (8826) / PARTES E PROCURADORES (8842) / SUCUMBÊNCIA (8874) / HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS (10655) / SUCUMBENCIAIS e DENEGO seguimento quanto aos demais. Intimem-se, dando vista à parte contrária para apresentação de contrarrazões. /cjvcj SAO PAULO/SP, 02 de julho de 2025. WILSON FERNANDES Desembargador Vice-Presidente Judicial - em exercício Intimado(s) / Citado(s) - RUMO LOGISTICA OPERADORA MULTIMODAL S.A. - MARCOS TADEU SANTOS VICARIA

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Marcos Tadeu Santos Vicaria e outros x Marcos Tadeu Santos Vicaria e outros

ID: 314978877

Tribunal: TRT2 Órgão: Vice-Presidência Judicial Classe: RECURSO ORDINáRIO TRABALHISTA Nº Processo: 1000907-82.2023.5.02.0482

Data de Disponibilização: 03/07/2025

Polo Ativo:

MARCOS TADEU SANTOS VICARIA RUMO LOGISTICA OPERADORA MULTIMODAL S.A.

Polo Passivo:

MARCOS TADEU SANTOS VICARIA MULT SERVICE VIGILANCIA LTDA RUMO LOGISTICA OPERADORA MULTIMODAL S.A.

Notificação

Advogados:

BRUNA MARIA PAULO DOS SANTOS ESTEVES SA

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FABIO BORGES BLAS RODRIGUES

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DEMIS RICARDO GUEDES DE MOURA

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

JOSE ROBERTO LIMA DE ASSUMPCAO JUNIOR

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FERNANDA MADEIRA FURLANETI ANTUNES

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PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO ANÁLISE DE RECURSOS Relator: PAULO SERGIO JAKUTIS ROT 1000907-82.2023.5.02.0482 RECORRENTE: MARCOS TADEU SANTOS V… PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO ANÁLISE DE RECURSOS Relator: PAULO SERGIO JAKUTIS ROT 1000907-82.2023.5.02.0482 RECORRENTE: MARCOS TADEU SANTOS VICARIA E OUTROS (1) RECORRIDO: MARCOS TADEU SANTOS VICARIA E OUTROS (2) INTIMAÇÃO Fica V. Sa. intimado para tomar ciência da Decisão ID 20b0d26 proferida nos autos. ROT 1000907-82.2023.5.02.0482 - 4ª Turma Recorrente: Advogado(s): 1. RUMO LOGISTICA OPERADORA MULTIMODAL S.A. BRUNA MARIA PAULO DOS SANTOS ESTEVES SA (SP186400) Recorrido: Advogado(s): MARCOS TADEU SANTOS VICARIA DEMIS RICARDO GUEDES DE MOURA (SP148671) FABIO BORGES BLAS RODRIGUES (SP153037) JOSE ROBERTO LIMA DE ASSUMPCAO JUNIOR (SP137551) Recorrido: Advogado(s): MULT SERVICE VIGILANCIA LTDA FERNANDA MADEIRA FURLANETI ANTUNES (SP354838) RECURSO DE: RUMO LOGISTICA OPERADORA MULTIMODAL S.A. PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS Recurso tempestivo (decisão publicada em 04/04/2025 - Id 7cbef9c; recurso apresentado em 16/04/2025 - Id 3dc87bf). Regular a representação processual (Id fbeb3f5). Preparo satisfeito. Depósito recursal recolhido no RR, id c876c73. PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS 1.1 DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO (8826) / ATOS PROCESSUAIS (8893) / VALOR DA CAUSA Consta do v. acórdão: "2 - DA LIMITAÇÃO DOS VALORES INDICADOS NA INICIAL Desde a inicial (fl. 8), o obreiro já indicou que os valores apontados para os pedidos funcionavam como mera estimativa da pretensão ("para efeitos de alçada e custas"), o que, aliás, está em consonância com o artigo 12 da Instrução Normativa 41/2018, do TST, que foi transcrita na inicial e na qual se lê: INSTRUÇÃO NORMATIVA TST Nº 41 DE 21/06/2018 - ART.12, parágrafo 2º. Para fim do que dispõe o artigo 840, § § 1º e 2º, da CLT, o valor da causa será estimado, observando-se, no que couber, o disposto nos artigos 291 a 293 do Código de Processo Civil. E não deveria ser diferente, vez que não há sentido em se fazer uma inicial completamente líquida, quando o momento processual para a liquidação é outro. O processo do trabalho pode, ainda, comportar a inicial apresentada pelo leigo (art. 791 da CLT), não sendo compatível uma possibilidade dessas, sobretudo quando se trata do cálculo trabalhista, naturalmente complexo, com exigências de esmeros matemáticos que podem ser realizados, posteriormente (quando já decidido quais as verbas efetivamente devidas) por pessoal habituado com esse mister. Portanto, aplicável à espécie o entendimento preponderante do TST a respeito, permitindo-me a transcrição de dois precedentes, que fundamentam o que aqui se vai decidindo: RECURSO DE REVISTA. (...) 3. LIMITAÇÃO DE VALORES À CONDENAÇÃO. Esta Corte Superior tem se conduzido no sentido de limitar a condenação aos valores constantes nos pedidos da petição inicial, quando a parte indica expressamente o montante atribuído às parcelas. Essa exegese decorre do disposto nos artigos 128 e 460, do CPC, que veda ao juiz proferir sentença em parcela diversa ou superior ao postulado. Na hipótese dos autos, contudo, a situação é diversa, pois o Recorrente afirmou expressamente, na petição inicial, que os valores estavam sendo indicados por estimativa, inclusive requerendo futuras correções com base nos documentos a serem exibidos pela Reclamada na fase instrutória e executória da demanda . Precedente. Recurso de revista conhecido e provido, no tema. (...)" (Processo: RR-2200-74.2005.5.02.0017, Data de Julgamento: 30/10/2013, Relator Ministro: Mauricio Godinho Delgado, 3ª Turma, Data de Publicação: DEJT 08/11/2013, sublinhei) RECURSO DE REVISTA. (...) PEDIDOS LIQUIDADOS POR ESTIMATIVA - LIMITAÇÃO DA CONDENAÇÃO AOS VALORES PLEITEADOS NA INICIAL (violação aos artigos 128, 258, 282 e 460 do CPC, 840 da CLT, e 5º, XXXV, XXXVI e LV, da CF/88 e divergência jurisprudencial). Esta 2ª Turma, bem como outras deste Tribunal, tem se conduzido no sentido de limitar a condenação aos valores constantes nos pedidos da petição inicial, quando a parte indica expressamente o montante atribuído às parcelas. Tal entendimento se assenta nos artigos 128 e 460, do CPC, que veda ao juiz proferir sentença em parcela diversa ou superior ao postulado. Na hipótese dos autos, contudo, a situação é diversa, pois o recorrente indicou valores por estimativa, com o único propósito de demonstrar o rito o qual seria submetida a demanda, inclusive requerendo a apuração dos valores por liquidação de sentença . Recurso ordinário conhecido e provido." (Processo: RR-66500-27.2005.5.03.0014, Data de Julgamento: 20/10/2010, Relator Ministro: Renato de Lacerda Paiva, 2ª Turma, Data de Publicação: DEJT 28/10/2010, sublinhei). Nego provimento." O Tribunal Superior do Trabalho firmou o entendimento de que, ajuizada a ação na vigência da Lei 13.467/2017, os valores indicados de forma líquida na petição inicial devem ser considerados como mera estimativa, não limitando, portanto, a condenação, nos termos da nova redação do art. 840, § 1º, da CLT (art. 12, § 2º, da Instrução Normativa nº 41/2018). Nesse sentido: Emb-RR-555-36.2021.5.09.0024, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, Relator Ministro Alberto Bastos Balazeiro, DEJT 07/12/2023; Ag-AIRR-11336-76.2019.5.15.0071, 1ª Turma, Relator Ministro Amaury Rodrigues Pinto Júnior, DEJT 06/10/2023; RRAg-8-81.2021.5.12.0001, 2ª Turma, Relatora Ministra Liana Chaib, DEJT 06/10/2023; Ag-RRAg-553-20.2019.5.12.0035, 3ª Turma, Relator Ministro Maurício Godinho Delgado, DEJT 07/12/2023; RRAg-1000007-62.2021.5.02.0614, 4ª Turma, Relator Ministro Ives Gandra da Silva Martins Filho, DEJT 09/06/2023; RR-891-23.2020.5.09.0041, 5ª Turma, Relatora Ministra Morgana de Almeida Richa, DEJT 14/04/2023; RR-1001021-41.2021.5.02.0401, 6ª Turma, Relator Desembargador Convocado José Pedro de Camargo Rodrigues de Souza, DEJT 13/10/2023; RR-20647-73.2019.5.04.0661, 7ª Turma, Relator Ministro Evandro Pereira Valadão Lopes, DEJT 06/10/2023; RRAg-10668-44.2020.5.15.0080, 8ª Turma, Relatora Ministra Delaíde Alves Miranda Arantes, DEJT 02/10/2023. Assim, estando a decisão recorrida em consonância com a atual e iterativa jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho, o trânsito do recurso de revista encontra óbice no art. 896, § 7º, da CLT e na Súmula 333 do TST. DENEGO seguimento. 2.1 DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO (8826) / PARTES E PROCURADORES (8842) / ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA Consta do v. acórdão: "3 - DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA E HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS No que toca à justiça gratuita, cabe ponderar que a situação econômica das pessoas é dinâmica, devendo ser analisada quando do ato relacionado ao pedido (no caso, no proferimento da sentença) e não com base em atos anteriores a ele (salário que o trabalhador recebia quando empregado, ou mesmo verbas recebidas no despedimento). Ora, o fato do trabalhador contar com bom salário, ou ter recebido valores respeitáveis quando do desligamento, não significa, obrigatoriamente, que mantenha condições de litigar, sem prejuízo do sustento próprio e da família, porque não se sabe como foram utilizados aqueles recursos. Muitas vezes, como não é incomum, o trabalhador conta com dívidas e débitos que o montante das verbas rescisórias, ainda quando expressivo, não consegue nem mesmo quitar. Sendo assim, o entendimento consagrado na súmula 463, do TST, parece inafastável: Súmula nº 463 do TST ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA. COMPROVAÇÃO (conversão da Orientação Jurisprudencial nº 304 da SBDI-1, com alterações decorrentes do CPC de 2015) - Res. 219/2017, DEJT divulgado em 28, 29 e 30.06.2017 - republicada - DEJT divulgado em 12, 13 e 14.07.2017 I - A partir de 26.06.2017, para a concessão da assistência judiciária gratuita à pessoa natural, basta a declaração de hipossuficiência econômica firmada pela parte ou por seu advogado, desde que munido de procuração com poderes específicos para esse fim (art. 105 do CPC de 2015); II - No caso de pessoa jurídica, não basta a mera declaração: é necessária a demonstração cabal de impossibilidade de a parte arcar com as despesas do processo. Patente, pois, que basta a declaração feita pela parte (ou advogado com poderes) para que esta seja presumida verdadeira (v. fl. 11), salvo prova em contrário. Como no caso dos autos, a prova em contrário não foi feita, a presunção prevalece, assim como os benefícios da justiça gratuita em favor da obreira. No mais, qualquer que seja a interpretação que venha a se cristalizar no julgamento do STF, sobre a ADI 5766, é bem de ver que os honorários de advogado, na Justiça do Trabalho, não decorrem do princípio da causalidade, nem da mera sucumbência, mas limitam-se às sentenças condenatórias que resultem na existência de crédito em favor da parte vencedora ou, obrigação de outra natureza de que resulte um proveito econômico mensurável ou estimado pelo valor da causa. Pelo princípio da sucumbência estrita, atípica, mitigada, ou creditícia, adotado pela Lei n. 13.467/17, há incidência apenas sobre o valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa. Em suma: não são devidos os honorários de advogado na Justiça do Trabalho nas hipóteses de improcedência, desistência, renúncia, extinção sem mérito e arquivamento da ação (inteligência literal do artigo 791-A da CLT, combinado com a interpretação histórica e sistemática com os artigos 14 e 16 da Lei n. 5.584/70 e 11 da Lei n. 1060/50). A sentença segue inalterada, portanto." No julgamento do IncJulgRREmbRep-277-83.2020.5.09.0084 (16/12/2024), o Tribunal Superior do Trabalho, em sua composição plena, fixou a seguinte tese jurídica para o Tema Repetitivo nº 21: (i) independentemente de pedido da parte, o magistrado trabalhista tem o poder-dever de conceder o benefício da justiça gratuita aos litigantes que perceberem salário igual ou inferior a 40% (quarenta por cento) do limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social, conforme evidenciado nos autos; (ii) o pedido de gratuidade de justiça, formulado por aquele que perceber salário superior a 40% (quarenta por cento) do limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social, pode ser instruído por documento particular firmado pelo interessado, nos termos da Lei nº 7.115/83, sob as penas do art. 299 do Código Penal; (iii) havendo impugnação à pretensão pela parte contrária, acompanhada de prova, o juiz abrirá vista ao requerente do pedido de gratuidade de justiça, decidindo, após, o incidente (art. 99, § 2º, do CPC). Assim, estando a decisão regional em consonância com a diretriz firmada no mencionado incidente de recursos repetitivos, de caráter vinculante (arts. 896-C da CLT, e 927, III, do CPC), incabível o recurso de revista, nos termos do art. 1º-A da Instrução Normativa nº 40/2016 do C. TST. Assim, estando a decisão recorrida em consonância com a atual e iterativa jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho, o trânsito do recurso de revista encontra óbice no art. 896, § 7º, da CLT e na Súmula 333 do TST. DENEGO seguimento. 3.1 DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO (8826) / ATOS PROCESSUAIS (8893) / NULIDADE (8919) / NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL Não há que se cogitar de processamento do apelo pela arguição de nulidade por negativa de prestação jurisdicional, tendo em vista que a decisão recorrida examinou toda a matéria posta no recurso. Com efeito, a fundamentação exposta no v. acórdão é suficiente para a comprovação da devida apreciação de todas as questões levantadas, tendo sido esgotados todos os aspectos basilares da controvérsia apontada no apelo. A completa prestação jurisdicional caracteriza-se pelo oferecimento de decisão devidamente motivada com base nos elementos fáticos e jurídicos pertinentes e relevantes para a solução da lide. No caso dos autos, a prestação jurisdicional revela-se completamente outorgada, mediante motivação clara e suficiente, permitindo, inclusive, o prosseguimento da discussão de mérito na via recursal extraordinária. Incólumes, portanto, as disposições legais e constitucionais pertinentes à alegação (Súmula 459 do TST). Nesse sentido: "[...] NULIDADE DO ACÓRDÃO REGIONAL POR NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. Não ficou demonstrada qualquer sonegação da tutela jurisdicional a que estava obrigado o Tribunal recorrido, já que tal obrigação está ligada à fundamentação da decisão, ainda que de forma diversa das pretensões do recorrente, o que efetivamente ocorreu. Recurso de revista não conhecido. [...]" (ARR-185100-05.2007.5.02.0001, 6ª Turma, Relator Ministro Augusto Cesar Leite de Carvalho, DEJT 14/08/2023). DENEGO seguimento. 4.1 PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA NO DIREITO DO TRABALHO (12942) / PRESCRIÇÃO A Turma assentou que a ciência inequívoca do dano somente ocorreu com o laudo pericial realizado em 26.03.2024. As razões recursais, pautadas em suposta ciência da incapacidade laboral em data anterior, revelam a intenção de revolver o conjunto fático-probatório apresentado, o que não se concebe na instância extraordinária de recurso de revista (Súmula 126, do TST). Por outro lado, o Tribunal Superior do Trabalho firmou o entendimento de que o termo inicial da contagem do prazo prescricional corresponde à data do conhecimento inequívoco da lesão. Nesse sentido, citam-se os seguintes precedentes: AgR-E-ED-RR-1650-83.2011.5.09.0014, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, Relator Ministro Alberto Luiz Bresciani de Fontan Pereira, DEJT 16/03/2018; Ag-AIRR-370-08.2010.5.15.0059, 2ª Turma, Relator Ministro José Roberto Freire Pimenta, DEJT 25/06/2021; AIRR-1002593-44.2015.5.02.0465, 3ª Turma, Relator Ministro Alberto Luiz Bresciani de Fontan Pereira, DEJT 17/12/2021; Ag-AIRR-11556-21.2017.5.15.0079, 4ª Turma, Relator Ministro Alexandre Luiz Ramos, DEJT 01/07/2022; Ag-AIRR-10835-03.2015.5.15.0059, 5ª Turma, Relator Ministro Douglas Alencar Rodrigues, DEJT 10/06/2022; Ag-AIRR-1000495-58.2016.5.02.0463, 6ª Turma, Relator Ministro Lelio Bentes Corrêa, DEJT 26/11/2021; AIRR-21441-23.2014.5.04.0030, 7ª Turma, Relator Ministro Renato de Lacerda Paiva, DEJT 26/11/2021; RRAg-21431-05.2015.5.04.0204, 8ª Turma, Relatora Ministra Dora Maria da Costa, DEJT 26/11/2021. Assim, estando a decisão recorrida em consonância com a atual e iterativa jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho, o trânsito do recurso de revista encontra óbice no art. 896, § 7º, da CLT e na Súmula 333 do TST. DENEGO seguimento. 5.1 PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA NO DIREITO DO TRABALHO (12942) / PRESCRIÇÃO (14046) / ACIDENTE DE TRABALHO O Tribunal Superior do Trabalho vem reiteradamente decidindo que o art. 3º da Lei 14.010/2020, que suspendeu os prazos prescricionais até 30/10/2020 em razão da pandemia de Covid-19, é plenamente aplicável às relações de trabalho. Nesse sentido: Ag-RR-20379-76.2021.5.04.0102, 1ª Turma, Relator Ministro Amaury Rodrigues Pinto Júnior, DEJT 15/12/2023; RR-0020473-07.2021.5.04.0334, 3ª Turma, Relator Ministro Alberto Bastos Balazeiro, DEJT 18/12/2023; Ag-AIRR-10744-68.2021.5.03.0112, 4ª Turma, Relator Ministro Alexandre Luiz Ramos, DEJT 18/08/2023; RR-280-19.2022.5.09.0003, 5ª Turma, Relator Ministro Breno Medeiros, DEJT 23/02/2024; AIRR-0000299-05.2021.5.21.0010, 6ª Turma, Relator Desembargador Convocado José Pedro de Camargo Rodrigues de Souza, DEJT 18/12/2023; Ag-AIRR-1001191-60.2020.5.02.0041, 7ª Turma, Relator Ministro Evandro Pereira Valadão Lopes, DEJT 25/11/2022, RR-182-18.2021.5.21.0041, 8ª Turma, Relatora Ministra Delaíde Alves Miranda Arantes, DEJT 25/03/2024. Assim, estando a decisão recorrida em consonância com a atual e iterativa jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho, o trânsito do recurso de revista encontra óbice no art. 896, § 7º, da CLT e na Súmula 333 do TST. DENEGO seguimento. 6.1 DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO (12936) / RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA/SUBSIDIÁRIA (14034) / TERCEIRIZAÇÃO/TOMADOR DE SERVIÇOS 6.2 DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO (12936) / RESPONSABILIDADE CIVIL DO EMPREGADOR (14007) / INDENIZAÇÃO POR DANO MATERIAL (14009) / ACIDENTE DE TRABALHO 6.3 DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO (12936) / RESPONSABILIDADE CIVIL DO EMPREGADOR (14007) / INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL (14010) / ACIDENTE DE TRABALHO As razões recursais revelam a nítida intenção de revolver o conjunto fático-probatório apresentado, o que não se concebe em sede extraordinária de recurso de revista, a teor do disposto na Súmula 126, do TST. Nesse sentido: "[...] REEXAME DE FATOS E PROVAS. IMPOSSIBILIDADE. ÓBICE DA SÚMULA 126 DO TST. 2.1. A finalidade precípua desta Corte Superior, na uniformização de teses jurídicas, não autoriza a revisão do conjunto fático-probatório já analisado pelo Tribunal Regional, na esteira do entendimento consolidado pela Súmula 126/TST. 2.2. Na hipótese dos autos, não se trata de mero reenquadramento jurídico dos fatos, tendo em vista a efetiva necessidade de revolver o acervo probatório para adotar conclusão diversa daquela obtida pelo TRT. 2.3. As alegações recursais da parte contrariam frontalmente o quadro fático delineado no acórdão regional. Desse modo, o acolhimento de suas pretensões demandaria necessariamente o reexame do acervo probatório, procedimento vedado nesta esfera extraordinária. [...]" (Ag-ARR-1148-96.2015.5.21.0006, 5ª Turma, Relatora Ministra Morgana de Almeida Richa, DEJT 16/12/2022). DENEGO seguimento. 7.1 DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO (12936) / RESPONSABILIDADE CIVIL DO EMPREGADOR (14007) / INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL (14010) / VALOR ARBITRADO Conforme jurisprudência firmada pelo Tribunal Superior do Trabalho, a revisão do valor fixado a título de indenização por danos morais em recurso de revista é possível apenas nas hipóteses em que o montante arbitrado for irrisório ou exorbitante, demonstrando o desatendimento dos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade. Nesse sentido: E-ARR-1416-43.2011.5.15.0044, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, Relator Ministro Alexandre Luiz Ramos, DEJT 18/12/2020; Ag-AIRR-21200-90.2007.5.15.0126, 1ª Turma, Relator Ministro Walmir Oliveira da Costa, DEJT 05/03/2021; ARR-20265-18.2014.5.04.0512, 2ª Turma, Relatora Ministra Maria Helena Mallmann, DEJT 16/09/2022; Ag-AIRR-10761-06.2020.5.15.0145, 3ª Turma, Relator Ministro Jose Roberto Freire Pimenta, DEJT 24/06/2022; ARR-846-83.2014.5.09.0411, 4ª Turma, Relator Ministro Alexandre Luiz Ramos, DEJT 16/09/2022; RR-24593-20.2019.5.24.0007, 5ª Turma, Relator Ministro Douglas Alencar Rodrigues, DEJT 16/09/2022; Ag-AIRR-301-38.2018.5.10.0801, 6ª Turma, Relatora Ministra Katia Magalhaes Arruda, DEJT 17/12/2021; ARR-1606-55.2013.5.15.0102, 7ª Turma, Relator Ministro Renato de Lacerda Paiva, DEJT 09/09/2022; RRAg-179-18.2013.5.06.0411, 8ª Turma, Relatora Ministra Delaide Alves Miranda Arantes, DEJT 03/10/2022. No presente caso, o Regional fixou a indenização pelo dano moral no valor de R$ 25.000,00, levando em conta a gravidade da lesão, o porte financeiro do agente ofensor, a situação econômica e social da vítima, além do caráter pedagógico da sanção aplicada, o que não revela violação aos dispositivos legais e constitucionais indicados. DENEGO seguimento. 8.1 DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO (12936) / RESPONSABILIDADE CIVIL DO EMPREGADOR (14007) / INDENIZAÇÃO POR DANO MATERIAL (14009) / PENSÃO VITALÍCIA Alegação(ões): Sustenta que o termo inicial da pensão deve ser a data em que o recorrido teve ciência inequívoca da extensão das lesões Consta do v. acórdão: "1.3 Do dano material Quanto às cautelas que o caso apresenta, começando pelo aspecto mais simples, parece-me fora de dúvidas que o benefício previdenciário (auxílio-acidente) não pode ser impedimento para o percebimento de indenização relacionada à responsabilidade civil, como discutida nestes autos. A questão já foi debatida inúmeras vezes e, atualmente, há certo consenso nessa afirmação. Uma análise histórica da evolução dessa discussão pode ser encontrada em Sebastião Geraldo de Oliveira[1], onde o autor demonstra que a razão da existência do benefício previdenciário é decorrente da teoria do risco e tem natureza alimentar, sendo certo que o trabalhador também contribui, mensalmente, para que o benefício previdenciário tenha cobertura ampla e independentemente de culpa. Já a indenização relacionada à responsabilidade civil tem raiz na culpa ou dolo do causador do acidente/doença ocupacional, de sorte que "[...] as causas e os sujeitos passivos da obrigação de reparar são distintos" [2], o que explica a previsão constitucional do artigo 7º, XXVIII (XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa), bem como a súmula 229 do STF [3]. Sendo assim, não há relevo na presença de qualquer pagamento, em favor do reclamante, feito pelo INSS, nem este pode ser abatido/compensado em eventual condenação relacionada à responsabilidade civil do empregador. Dito isso, e considerando que o autor está incapacitado totalmente para o exercício da função de motorista de carro de passeio, para a qual era habilitado, e que já contava 58 anos de idade no momento do despedimento, defiro o pagamento de pensão mensal vitalícia, a contar da data do encerramento do contrato (13.06.2019) e observado o percentual de 100% do salário devido à época da dispensa, acrescido dos reajustes salariais da categoria, para que haja a reparação integral. Justifico o dies a quo fixado por, no meu sentir, afigurar-se a solução mais justa para o presente caso, pois garante ao trabalhador a manutenção da subsistência a partir do momento em que, incapacitado para a função, dependente de intervenção cirúrgica e com idade próxima aos 60 anos, deixou de receber o salário decorrente do contrato antes mantido com a reclamada. Essa parte da condenação fará coisa julgada rebus sic stantibus cabendo ao interessado, caso recuperação ocorra, promover a eventual medida judicial cabível, na medida em que a decisão não pode ser condicional. Autorizo, todavia, o pagamento em parcela única (art. 950 do CC), eis que, conforme fixado pelo legislador, é a vítima - e só a vítima - quem deve decidir pela forma como a indenização será concretizada. O reclamante poderá optar por essa hipótese quando da liquidação de sentença, ocasião em que o cálculo levará em conta a limitação da idade de 76 anos (média de expectativa de vida segundo o IBGE), e receberá o redutor (apenas caso ocorra a opção pela parcela única) de 10% (dez por cento) sobre as parcelas vincendas." O aresto transcrito no apelo, proveniente do TRT 15, viabiliza o reexame da matéria, porquanto denuncia a existência de tese oposta específica (Súmula 296, I, do TST) no sentido de que o termo inicial da pensão vitalícia é a ciência inequívoca da lesão. Eis o teor do aresto-paradigma: "Nesse passo, pela análise do conjunto probatório produzido nos autos e observados os limites impostos na petição inicial, constata-se que a ciência inequívoca da reclamante dos danos provocados pela enfermidade adquirida foi a data da apresentação do laudo pericial neste processo, que ocorreu em 11/10/2021 (ID.1f2be94) Assim, considerando que a sentença estabeleceu a data da rescisão contratual (14/02/2019) como termo inicial, merece parcial provimento o recurso da reclamada nesse aspecto. Portanto, fixo como marco inicial do pagamento da pensão mensal vitalícia a data de 11/10/2021 (apresentação do laudo pericial no processo) No que toca à pretensão de pagamento da pensão em parcela única, a jurisprudência da mais alta Corte Trabalhista vem firmando o posicionamento de que a norma contida no parágrafo único do artigo 950 do Código Civil, que faculta ao prejudicado tal postulação, não reflete um direito potestativo do interessado. Assim, cabe ao julgador, à luz das circunstâncias do caso concreto, das condições econômicas da devedora e do interesse social em relação à proteção do acidentado, bem como levando-se em consideração os princípios da razoabilidade, proporcionalidade e equidade, avaliar a conveniência ou viabilidade do deferimento de tal pretensão. No caso em exame, entendo que a indenização por danos materiais deve ser deferida em parcela única, uma vez que o valor da indenização não irá trazer maiores impactos à ré, além de beneficiar ambas as partes, já que a reclamante irá receber, de uma só vez, um valor maior que lhe possibilitará melhor atender aos seus interesses, e a reclamada se verá, desde logo, livre da obrigação ao pagar a indenização em parcela única. Recurso da reclamante provido quanto a esta questão. De outro giro, deve ser aplicado um percentual redutor nas hipóteses de pagamento da indenização em parcela única, que fixo em 25%, nos termos em que vem arbitrando esta C. Câmara em casos semelhantes." (fonte: Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região (7ª Câmara). Acórdão: 0011608-53.2019.5.15.0012. Relator(a): MARCOS DA SILVA PORTO. Data de julgamento: 15/04/2024. Juntado aos autos em 17/04/2024. Disponível em: https://link.jt.jus.br/Ege8XH) RECEBO o recurso de revista. 9.1 DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO (12936) / RESPONSABILIDADE CIVIL DO EMPREGADOR Alegação(ões): Sustenta que o termo final da pensão deve ser a data da realização da cirurgia e comprovação da convalescença, limitada à média de expectativa de vida segundo o IBGE O aresto paradigma é inespecífico ao caso vertente, contrariando o teor da Súmula 296, I, do TST, pois não abriga premissa fática idêntica à contida no v. acórdão recorrido. DENEGO seguimento. 10.1 DIREITO CIVIL (899) / OBRIGAÇÕES (7681) / ADIMPLEMENTO E EXTINÇÃO (7690) / PAGAMENTO Alegação(ões): Sustenta que, em caso de pagamento em parcela única, deve ser aplicado o redutor de 30% sobre as parcelas vincendas, e não 10% como decidiu o Tribunal. Inespecífico o aresto colacionado com vistas a corroborar o dissídio de teses, pois não há correlação entre o caso julgados no acórdão paradigmas e a presente demanda. Registre-se que, nos termos da Súmula 296, I, do TST, a divergência jurisprudencial deve revelar a existência de teses diversas na interpretação do mesmo dispositivo legal, embora idênticos os fatos que as ensejaram, o que não se verifica na hipótese vertente. DENEGO seguimento. 11.1 DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO (8826) / PARTES E PROCURADORES (8842) / SUCUMBÊNCIA (8874) / HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS (10655) / SUCUMBENCIAIS Alegação(ões): Sustenta que são devidos honorários advocatícios em caso de reversão da decisão, ainda que sob condição suspensiva. Consta do v. acórdão: "No mais, qualquer que seja a interpretação que venha a se cristalizar no julgamento do STF, sobre a ADI 5766, é bem de ver que os honorários de advogado, na Justiça do Trabalho, não decorrem do princípio da causalidade, nem da mera sucumbência, mas limitam-se às sentenças condenatórias que resultem na existência de crédito em favor da parte vencedora ou, obrigação de outra natureza de que resulte um proveito econômico mensurável ou estimado pelo valor da causa. Pelo princípio da sucumbência estrita, atípica, mitigada, ou creditícia, adotado pela Lei n. 13.467/17, há incidência apenas sobre o valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa. Em suma: não são devidos os honorários de advogado na Justiça do Trabalho nas hipóteses de improcedência, desistência, renúncia, extinção sem mérito e arquivamento da ação (inteligência literal do artigo 791-A da CLT, combinado com a interpretação histórica e sistemática com os artigos 14 e 16 da Lei n. 5.584/70 e 11 da Lei n. 1060/50)." No julgamento da ADI 5766 (em 20/10/2021), o Supremo Tribunal Federal declarou a inconstitucionalidade da expressão “desde que não tenha obtido em juízo, ainda que em outro processo, créditos capazes de suportar a despesa”, constante do § 4º do art. 791-A, da CLT. Eis a ementa da referida decisão: "CONSTITUCIONAL. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEI 13.467/2017. REFORMA TRABALHISTA. REGRAS SOBRE GRATUIDADE DE JUSTIÇA. RESPONSABILIDADE PELO PAGAMENTO DE ÔNUS SUCUMBENCIAIS EM HIPÓTESES ESPECÍFICAS. ALEGAÇÕES DE VIOLAÇÃO AOS PRINCÍPIOS DA ISONOMIA, INAFASTABILIDADE DA JURISDIÇÃO, ACESSO À JUSTIÇA, DO LEGISLADOR. CRITÉRIOS DE RACIONALIZAÇÃO DA PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. AÇÃO DIRETA JULGADA PARCIALMENTE PROCEDENTE. 1. É inconstitucional a legislação que presume a perda da condição de hipossuficiência econômica para efeito de aplicação do benefício de gratuidade de justiça, apenas em razão da apuração de créditos em favor do trabalhador em outra relação processual, dispensado o empregador do ônus processual de comprovar eventual modificação na capacidade econômica do beneficiário. 2. A ausência injustificada à audiência de julgamento frustra o exercício da jurisdição e acarreta prejuízos materiais para o órgão judiciário e para a parte reclamada, o que não se coaduna com deveres mínimos de boa-fé, cooperação e lealdade processual, mostrando-se proporcional a restrição do benefício de gratuidade de justiça nessa hipótese. 3. Ação Direta julgada parcialmente procedente." (DJe 03/05/2022). O Supremo Tribunal Federal deliberou tão somente no sentido de que a apuração de créditos em favor do trabalhador não afasta a condição de hipossuficiência, ou seja, prevalece a disposição de que, vencido o beneficiário da justiça gratuita, as obrigações decorrentes de sua sucumbência "ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade". Nos termos da decisão proferida na ADI 5766, com efeito vinculante (CF, art. 102, § 2º), o beneficiário da justiça gratuita poderá ser condenado ao pagamento de honorários advocatícios, os quais, todavia, permanecerão sob condição suspensiva de exigibilidade, somente podendo ser executados caso haja prova superveniente da perda da condição de hipossuficiência. Assim, como o Regional indeferiu a suspensão da exigibilidade do pagamento dos honorários sucumbenciais, impõe-se o seguimento do apelo, para prevenir possível violação ao art. 791-A da CLT. Nesse sentido: "RECURSO DE REVISTA DA RECLAMADA. INTERPOSIÇÃO NA VIGÊNCIA DA LEI 13.467/2017. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS SUCUMBENCIAIS. BENEFICIÁRIO DA JUSTIÇA GRATUITA. PAGAMENTO DEVIDO. SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE. INOBSERVÂNCIA DA ADI 5766 DO STF. TRANSCENDÊNCIA DA CAUSA. 1. O Tribunal Regional afastou a condenação da parte reclamante ao pagamento dos honorários sucumbenciais em favor dos advogados das partes reclamadas, ao fundamento de que 'o Supremo Tribunal Federal, no julgamento da ADI 5766, declarou a inconstitucionalidade do artigo 791-A, § 4º, da Consolidação das Leis do Trabalho e, considerando os efeitos vinculantes da decisão (art. 102, §2º, da CF) e a sua aplicação imediata, a reclamante, beneficiária da justiça gratuita, não responde pelos honorários advocatícios em prol do advogado da reclamada'. 2. Necessária, pois, a adequação do acórdão recorrido à decisão proferida pelo STF ao julgamento da ADI 5766/DF, no sentido de que, constatada a sucumbência, deve a parte reclamante responder pelo pagamento de honorários advocatícios, ainda que beneficiária da justiça gratuita, devendo, entretanto, a referida responsabilidade ficar sob condição suspensiva de exigibilidade pelo prazo de 2 (dois) anos a que alude o art. 791-A, § 4º, da CLT, contados a partir do trânsito em julgado, competindo, à parte interessada, no referido prazo, comprovar de forma inequívoca que a parte beneficiária da justiça gratuita deixou de ser hipossuficiente, sendo que o proveito econômico apurado em outro processo não se revela suficiente para alterar a condição econômica do jurisdicionado. 3. Violação do art. 791-A, § 4°, da CLT. Recurso de revista conhecido e parcialmente provido, no tema" (RR-1000597-31.2020.5.02.0434, 1ª Turma, Relator Ministro Hugo Carlos Scheuermann, DEJT 17/10/2023). RECEBO o recurso de revista. 12.1 DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO (8826) / PARTES E PROCURADORES (8842) / SUCUMBÊNCIA (8874) / HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS Alegação(ões): Sustenta que o percentual de honorários de sucumbência deve ser de 5%, por se tratar de processo de baixa complexidade. Não se verifica ofensa ao art. 791-A, da CLT, porque o percentual arbitrado a título de honorários advocatícios (XXX%) se encontra exatamente entre o mínimo e o máximo previsto no referido dispositivo legal. DENEGO seguimento. CONCLUSÃO RECEBO o recurso de revista em relação aos temas 8.1 DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO (12936) / RESPONSABILIDADE CIVIL DO EMPREGADOR (14007) / INDENIZAÇÃO POR DANO MATERIAL (14009) / PENSÃO VITALÍCIA, DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO (8826) / PARTES E PROCURADORES (8842) / SUCUMBÊNCIA (8874) / HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS (10655) / SUCUMBENCIAIS e DENEGO seguimento quanto aos demais. Intimem-se, dando vista à parte contrária para apresentação de contrarrazões. /cjvcj SAO PAULO/SP, 02 de julho de 2025. WILSON FERNANDES Desembargador Vice-Presidente Judicial - em exercício Intimado(s) / Citado(s) - MULT SERVICE VIGILANCIA LTDA - RUMO LOGISTICA OPERADORA MULTIMODAL S.A. - MARCOS TADEU SANTOS VICARIA

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Processo nº 0800417-52.2021.8.10.0058

ID: 312371229

Tribunal: TJMA Órgão: Quarta Câmara de Direito Privado Classe: APELAçãO CíVEL Nº Processo: 0800417-52.2021.8.10.0058

Data de Disponibilização: 01/07/2025

Polo Ativo:

COSME DANIEL SANTOS MACHADO

Polo Passivo:

Acórdão (expediente)

Advogados:

COSME DANIEL SANTOS MACHADO

OAB/MA XXXXXX Desbloquear

ÓRGÃO JULGADOR COLEGIADO: QUARTA CÂMARA DE DIREITO PRIVADO APELAÇÃO CÍVEL N.º 0800417-52.2021.8.10.0058 APELANTE: HERNILIA JOANA COELHO ADVOGADO: COSME DANIEL SANTOS MACHADO - MA20741-A 1º APELADO: B… ÓRGÃO JULGADOR COLEGIADO: QUARTA CÂMARA DE DIREITO PRIVADO APELAÇÃO CÍVEL N.º 0800417-52.2021.8.10.0058 APELANTE: HERNILIA JOANA COELHO ADVOGADO: COSME DANIEL SANTOS MACHADO - MA20741-A 1º APELADO: BANCO BRADESCO S.A. ADVOGADOS: AMANDIO FERREIRA TERESO JUNIOR - MA9976-A, MARIA LUCILIA GOMES - MA5643-A 2º APELADO: RODRIGO COSTA GOMES ADVOGADO: RENAN CASTRO CORDEIRO LEITE – MA19917-A RELATOR: DESEMBARGADOR TYRONE JOSÉ SILVA EMENTA CIVIL. PROCESSO CIVIL. APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO ANULATÓRIA DE LEILÃO DE IMÓVEL. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. ALEGAÇÃO DE PREÇO VIL E ADIMPLEMENTO SUBSTANCIAL. ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA. INAPLICABILIDADE DO ART. 886 DO CPC. RECURSO DESPROVIDO. APELAÇÃO CÍVEL CONHECIDA E DESPROVIDA. 1) A alienação extrajudicial do imóvel objeto da lide, realizada nos termos da Lei n.º 9.514/97, não se submete às exigências do art. 886 do Código de Processo Civil, norma aplicável apenas à expropriação judicial. 2) A alegação de venda por preço vil não se sustenta sem a devida produção de prova técnica capaz de infirmar o laudo de avaliação apresentado pelo credor, elaborado por empresa especializada e revestido de presunção de legitimidade. 3) O pagamento de aproximadamente 71% do contrato de financiamento não satisfaz o requisito jurisprudencial mínimo (superior a 80%) para a incidência da teoria do adimplemento substancial, cuja aplicação, ademais, é afastada em contratos garantidos por alienação fiduciária. 4) Restando comprovadas a mora, a consolidação da propriedade e a regularidade das notificações, é indevida a pretensão de anulação do leilão extrajudicial ou de indenização por danos morais e materiais. 5) Apelação Cível conhecida e desprovida. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos, ACORDAM os senhores Desembargadores da Quarta Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão, por unanimidade, em CONHECER E NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, nos termos do voto do relator. Participaram do julgamento os Senhores Desembargadores Tyrone José Silva, Antônio José Vieira Filho e Lucimary Castelo Branco Campos dos Santos. Funcionou pela Procuradoria-Geral de Justiça a Dra. LIZE DE MARIA BRANDAO DE SA. SESSÃO VIRTUAL DA QUARTA CÂMARA DE DIREITO PRIVADO DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO, REALIZADA DE 12 A 19 DE JUNHO DE 2025 Desembargador Tyrone José Silva Relator ÓRGÃO JULGADOR COLEGIADO: QUARTA CÂMARA DE DIREITO PRIVADO APELAÇÃO CÍVEL N.º 0800417-52.2021.8.10.0058 APELANTE: HERNILIA JOANA COELHO ADVOGADO: COSME DANIEL SANTOS MACHADO - MA20741-A 1º APELADO: BANCO BRADESCO S.A. ADVOGADOS: AMANDIO FERREIRA TERESO JUNIOR - MA9976-A, MARIA LUCILIA GOMES - MA5643-A 2º APELADO: RODRIGO COSTA GOMES ADVOGADO: RENAN CASTRO CORDEIRO LEITE – MA19917-A RELATOR: DESEMBARGADOR TYRONE JOSÉ SILVA RELATÓRIO Trata-se de Apelação Cível interposta por HERNILIA JOANA COELHO contra a sentença proferida pelo Juízo de Direito da 2ª Vara Cível da Comarca de São José de Ribamar/MA, nos autos do Processo n.º 0800417-52.2021.8.10.0058, em que litiga contra BANCO BRADESCO S.A., no sentido de julgar improcedente o pedido de anulação de leilão extrajudicial, bem como os pleitos de indenização por danos morais e materiais, condenando a autora ao pagamento de custas processuais e honorários advocatícios fixados em 15% (quinze por cento) sobre o valor da causa, cuja exigibilidade restou suspensa em virtude da concessão da gratuidade da justiça. O magistrado também reconheceu a ilegitimidade passiva do segundo réu, extinguindo o feito quanto a este, sem resolução do mérito. Em suas razões recursais, a apelante sustenta que a sentença foi proferida com base em uma análise superficial do conjunto probatório. Alega que o imóvel foi leiloado com base em avaliação defasada, desconsiderando as benfeitorias realizadas ao longo dos anos, o que teria resultado em evidente depreciação do valor do bem, vendido por quantia considerada vil (R$ 60.000,00 – sessenta mil reais), quando seu valor de mercado, segundo afirma, seria superior a R$ 350.000,00 (trezentos e cinquenta mil reais). Afirma, ainda, que o edital do leilão não observou os requisitos do art. 886 do Código de Processo Civil, especialmente quanto à descrição atualizada do bem, o que comprometeria a validade do procedimento. Aduz, também, que houve substancial cumprimento do contrato de financiamento, tendo pago 149 das 210 parcelas ajustadas, de modo que se impunha o reconhecimento do adimplemento substancial e a preservação do contrato, conforme precedentes jurisprudenciais citados. Ao final, requereu: a) o recebimento da apelação com os efeitos legais; b) a intimação dos apelados para apresentação das contrarrazões; c) o provimento do recurso, com a consequente reforma da sentença para que sejam acolhidos os pedidos iniciais de anulação do leilão, reintegração na posse do imóvel, e indenização por danos morais e materiais; d) a condenação dos apelados ao pagamento das custas processuais e honorários sucumbenciais. Em contrarrazões, o apelado BANCO BRADESCO S.A. argui, em preliminar, a ausência de observância ao princípio da dialeticidade, sustentando que a apelação limita-se a reproduzir os argumentos da petição inicial, sem impugnação específica aos fundamentos da sentença, razão pela qual requer o não conhecimento do recurso. No mérito, defende a legalidade de todo o procedimento expropriatório, realizado com estrita observância aos ditames da Lei nº 9.514/97, inclusive quanto às notificações e aos requisitos para o leilão. Afirma que a avaliação do imóvel foi conduzida por empresa especializada, observando parâmetros técnicos e legais, inexistindo qualquer prova de que o preço praticado tenha sido vil. Impugna a aplicação da teoria do adimplemento substancial ao caso concreto, citando precedentes do Superior Tribunal de Justiça que afastam sua incidência em contratos garantidos por alienação fiduciária. Ao final, requereu: a) o não conhecimento da apelação, por ofensa ao princípio da dialeticidade; b) caso ultrapassada a preliminar, o improvimento do recurso, com a consequente manutenção da sentença em todos os seus termos; c) a majoração dos honorários sucumbenciais. A Procuradoria-Geral de Justiça, por meio do Dr. EDUARDO DANIEL PEREIRA FILHO, manifestou-se pelo conhecimento do recurso, abstendo-se de opinar sobre o mérito, por não vislumbrar interesse público a justificar sua intervenção, conforme disposto no art. 178 do Código de Processo Civil, na Recomendação nº 34 do CNMP e na Recomendação nº 03/2008 – GPGJ. É o relatório. VOTO Conheço do recurso sob exame, tendo em vista que reúne os pressupostos necessários. Como dito, cuida-se de Apelação Cível interposta por HERNILIA JOANA COELHO contra sentença proferida pelo Juízo da 2ª Vara Cível da Comarca de São José de Ribamar/MA que, nos autos da ação anulatória de leilão extrajudicial c/c tutela de urgência, danos morais e materiais, julgou improcedentes os pedidos formulados em face de BANCO BRADESCO S.A., além de extinguir o feito, sem resolução do mérito, quanto ao litisconsorte RODRIGO COSTA GOMES, em razão de sua ilegitimidade passiva, nos termos do art. 485, VI, do CPC. A apelante insurge-se contra a r. sentença, sustentando, em suma, que: (a) o imóvel objeto da lide foi vendido em leilão extrajudicial por valor ínfimo, desconsiderando as benfeitorias nele realizadas, o que configuraria preço vil; (b) o edital de leilão não teria observado os requisitos do art. 886 do CPC, sendo nulo por omissão de elementos relevantes sobre a descrição do imóvel; (c) teria havido adimplemento substancial do contrato de financiamento, porquanto mais de 70% das parcelas foram quitadas, o que afastaria a possibilidade de consolidação da propriedade em favor do credor fiduciário e consequente alienação do bem. Pois bem. De início, afasto a alegação de nulidade do edital de leilão com base na suposta inobservância do art. 886 do CPC. A apelante ignora que o procedimento de expropriação no caso concreto não se submeteu à forma de alienação judicial, mas à alienação extrajudicial regulada pela Lei nº 9.514/97, norma especial que disciplina a execução da garantia fiduciária em contratos de financiamento imobiliário. Conforme consignado na sentença, a consolidação da propriedade em nome do banco, a avaliação do imóvel e a realização dos leilões observaram os ritos previstos nos arts. 26 e 27 da referida lei. As alegações de que o valor de arrematação (R$ 60.000,00 – sessenta mil reais) seria vil, comparado ao alegado valor de mercado do bem (R$ 350.000,00 – trezentos e cinquenta mil reais), não encontram respaldo nos autos. O banco juntou laudo de avaliação elaborado por empresa especializada, realizado nos termos legais, e a apelante não produziu prova técnica para infirmar a validade ou suficiência da referida avaliação. O simples juízo subjetivo de desvalorização do bem, fundado em fotografias ou anúncios da internet, não se presta à anulação do leilão, notadamente em face da presunção de legalidade dos atos notariais e registrais praticados. No que tange à tese de adimplemento substancial, tampouco prospera. A própria apelante reconhece que pagou 149 das 210 parcelas pactuadas, ou seja, aproximadamente 71% do débito, valor que, conforme orientação consolidada, não atende ao critério de mais de 80% exigido pela jurisprudência majoritária como parâmetro mínimo para o reconhecimento do instituto. Além disso, a jurisprudência tem se posicionado no sentido da inaplicabilidade da teoria do adimplemento substancial aos contratos garantidos por alienação fiduciária, dada a peculiaridade da propriedade resolúvel e da disciplina específica da Lei nº 9.514/97, que exige o pagamento integral do débito para afastar a consolidação da propriedade. Nesse sentido: EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO ANULATÓRIA DE LEILÃO - PRELIMINAR - CERCEAMENTO DE DEFESA - NÃO OCORRÊNCIA - MÉRITO - CONTRATO DE FINANCIAMENTO - ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA DE IMÓVEL - CONSOLIDAÇÃO DA PROPRIEDADE EM NOME DO CREDOR FIDUCIÁRIO - REGULARIDADE - INTIMAÇÃO PARA PURGA DA MORA - OCORRÊNCIA - LEILÃO EXTRAJUDICIAL - ADIMPLEMENTO SUBSTANCIAL - AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO. - Como um dos destinatários da prova processual, o magistrado deve indeferir as provas inúteis e desnecessárias - Diante do inadimplemento do devedor fiduciante em relação a uma dívida de consórcio garantida por alienação fiduciária de imóvel, a consolidação da propriedade desse imóvel em nome do credor fiduciário está autorizada, algo que acontecerá na forma da lei (Lei 9.514/1997, art. 26)- Quando o fiduciante, encontrar-se em local ignorado, incerto ou inacessível, o fato será certificado pelo serventuário encarregado da diligência e informado ao oficial de Registro de Imóveis, que, à vista da certidão, promoverá a intimação por edital publicado durante 3 (três) dias, pelo menos, em um dos jornais de maior circulação local ou noutro de comarca de fácil acesso, se no local não houver imprensa diária, contado o prazo para purgação da mora da data da última publicação do edital (Lei 9 .514/1997, art. 26, § 4º)- Se cabe ao autor a prova do fato constitutivo do seu direito, a ausência dessa prova leva à improcedência do pedido inicial ( CPC, art. 373, I). (TJ-MG - Apelação Cível: 0017614-30 .2019.8.13.0708 Várzea da Palma 1 .0708.19.001761-4/002, Relator.: Des.(a) Ramom Tácio, Data de Julgamento: 16/05/2024, 16ª Câmara Cível Especializada, Data de Publicação: 17/05/2024) APELAÇÕES CÍVEIS. NEGÓCIOS JURÍDICOS BANCÁRIOS. AÇÃO ANULATÓRIA. - SFI . ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA EM GARANTIA. IMÓVEL. EXECUÇÃO EXTRAJUDICIAL. CONSOLIDAÇÃO DA PROPRIEDADE . TESE DE ADIMPLEMENTO SUBSTANCIAL. INAPLICABILIDADE. OS CONTRATOS COM ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA EM GARANTIA SÃO REGIDOS PELA LEI N. 9 .514/97 COM REDAÇÃO ALTERADA PELAS LEI N. 13.465/17 E LEI N. 14 .711/23. A MORA NO PAGAMENTO ENSEJA A EXECUÇÃO EXTRAJUDICIAL COM A QUAL NÃO SE COMPATIBILIZA A TEORIA DO ADIMPLEMENTO SUBSTANCIAL. CIRCUNSTÂNCIA DOS AUTOS EM QUE A CONSOLIDAÇÃO DA PROPRIEDADE FOI REGULAR; E SE IMPÕE MANTER A SENTENÇA QUE DESACOLHEU A PRETENSÃO ANULATÓRIA E JULGOU IMPROCEDENTE A AÇÃO. - SFI . ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA EM GARANTIA. PROPRIEDADE CONSOLIDADA. LEILÕES. INTIMAÇÃO . IRREGULARIDADE. INOCORRÊNCIA. A INTIMAÇÃO DO DEVEDOR FIDUCIANTE NOS PROCEDIMENTOS DA EXECUÇÃO EXTRAJUDICIAL ( CONSTITUIÇÃO DA MORA; PURGA DE MORA; CONSOLIDAÇÃO DA PROPRIEDADE E LEILÃO) É PROVIDÊNCIA REGULAMENTADA NA LEI N. 9 .514/97, COM REDAÇÃO ALTERADA PELAS LEI N. 13.465/17 E LEI N. 14 .711/23. CIRCUNSTÂNCIA DOS AUTOS EM QUE A INTIMAÇÃO DO DEVEDOR FIDUCIANTE PARA CIÊNCIA DA DESIGNAÇÃO DE LEILÃO FOI ENCAMINHADA AO ENDEREÇO ADEQUADO; O RECEBIMENTO POR TERCEIRO, SE TRATANDO DE CONDOMÍNIO EDILÍCIO, NÃO INDUZ NULIDADE; HOUVE COMUNICAÇÃO, TAMBÉM POR VIA ELETRÔNICA; E A DECISÃO NÃO MERECE REPARO. RECURSOS DOS AUTORES DESPROVIDO E RECURSO DO RÉU PROVIDO. (TJ-RS - Apelação: 50027440620218210059 OUTRA, Relator: João Moreno Pomar, Data de Julgamento: 14/03/2024, Décima Oitava Câmara Cível, Data de Publicação: 19/03/2024) ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA EM GARANTIA. IMÓVEL. A lei de regência, de fato, exige a notificação/intimação pessoal do devedor acerca das datas do leilão extrajudicial. Entretanto, nos condomínios edilícios ou em outras espécies de conjuntos imobiliários com controle de acesso, esse chamado pode se dar na pessoa do funcionário da portaria responsável pelo recebimento de correspondência (art. 26, § 3º-B). Inexistência de vício. Hipótese, ademais, em que não há, na inicial, nem nas suas duas emendas, irresignação contra suposta falta de notificação pessoal acerca da incontroversa mora e oportunidade de sua purgação, quadro a configurar, agora, inovação recursal. Após a regular consolidação da propriedade não há mais como se purgar a mora, na exata dicção do art. 27, § 2º-B, da Lei nº 9.514/1997, introduzido pela Lei nº 13.465, de 11.07 .2017, em vigor quando da celebração do contrato. Teoria do adimplemento substancial que não é aplicável aos contratos garantidos por alienação fiduciária, independentemente da natureza do seu objeto, se móvel ou se imóvel. Precedentes do STJ e desta Corte. Recurso desprovido. (TJ-SP - Apelação Cível: 1000907-39.2023.8.26.0361 Mogi das Cruzes, Relator.: Ferreira da Cruz, Data de Julgamento: 16/02/2024, 28ª Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 16/02/2024) A alegação de que a autora não teria sido devidamente notificada para purgar a mora tampouco merece acolhimento. O banco comprovou que a notificação foi regularmente encaminhada aos endereços contratuais e, diante da frustração das diligências pessoais, procedeu-se à intimação por edital, conforme autoriza expressamente o §4º do art. 26 da Lei nº 9.514/97. O ônus de manter os dados cadastrais atualizados junto à instituição financeira é do devedor, e a ausência de ciência decorre, in casu, de sua própria inércia. Por fim, não há falar em indenização por danos morais ou materiais. A sentença analisou corretamente a inexistência de ato ilícito por parte do banco, uma vez que a inadimplência foi confessada, e o procedimento seguiu o rito legal, sem provas de abusividade, má-fé ou violação de direitos da parte autora. Também não se comprovaram danos concretos derivados de conduta irregular do apelado. Em conclusão, não se vislumbra qualquer ilegalidade ou injustiça na sentença de improcedência. Ao contrário, ela se encontra devidamente motivada, em consonância com os elementos probatórios dos autos e com a jurisprudência dominante. Diante do exposto, conheço e nego provimento ao recurso de apelação, mantendo integralmente a sentença por seus próprios fundamentos. É como voto. Transitado em julgado este acórdão, baixem os autos ao juízo de origem. SESSÃO VIRTUAL DA QUARTA CÂMARA DE DIREITO PRIVADO DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO, REALIZADA DE 12 A 19 DE JUNHO DE 2025 Desembargador Tyrone José Silva Relator

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Processo nº 0800417-52.2021.8.10.0058

ID: 312371238

Tribunal: TJMA Órgão: Quarta Câmara de Direito Privado Classe: APELAçãO CíVEL Nº Processo: 0800417-52.2021.8.10.0058

Data de Disponibilização: 01/07/2025

Polo Ativo:

Polo Passivo:

MARIA LUCILIA GOMES

Acórdão (expediente)

Advogados:

RENAN CASTRO CORDEIRO LEITE

OAB/MA XXXXXX Desbloquear

MARIA LUCILIA GOMES

OAB/MA XXXXXX Desbloquear

AMANDIO FERREIRA TERESO JUNIOR

OAB/MA XXXXXX Desbloquear

ÓRGÃO JULGADOR COLEGIADO: QUARTA CÂMARA DE DIREITO PRIVADO APELAÇÃO CÍVEL N.º 0800417-52.2021.8.10.0058 APELANTE: HERNILIA JOANA COELHO ADVOGADO: COSME DANIEL SANTOS MACHADO - MA20741-A 1º APELADO: B… ÓRGÃO JULGADOR COLEGIADO: QUARTA CÂMARA DE DIREITO PRIVADO APELAÇÃO CÍVEL N.º 0800417-52.2021.8.10.0058 APELANTE: HERNILIA JOANA COELHO ADVOGADO: COSME DANIEL SANTOS MACHADO - MA20741-A 1º APELADO: BANCO BRADESCO S.A. ADVOGADOS: AMANDIO FERREIRA TERESO JUNIOR - MA9976-A, MARIA LUCILIA GOMES - MA5643-A 2º APELADO: RODRIGO COSTA GOMES ADVOGADO: RENAN CASTRO CORDEIRO LEITE – MA19917-A RELATOR: DESEMBARGADOR TYRONE JOSÉ SILVA EMENTA CIVIL. PROCESSO CIVIL. APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO ANULATÓRIA DE LEILÃO DE IMÓVEL. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. ALEGAÇÃO DE PREÇO VIL E ADIMPLEMENTO SUBSTANCIAL. ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA. INAPLICABILIDADE DO ART. 886 DO CPC. RECURSO DESPROVIDO. APELAÇÃO CÍVEL CONHECIDA E DESPROVIDA. 1) A alienação extrajudicial do imóvel objeto da lide, realizada nos termos da Lei n.º 9.514/97, não se submete às exigências do art. 886 do Código de Processo Civil, norma aplicável apenas à expropriação judicial. 2) A alegação de venda por preço vil não se sustenta sem a devida produção de prova técnica capaz de infirmar o laudo de avaliação apresentado pelo credor, elaborado por empresa especializada e revestido de presunção de legitimidade. 3) O pagamento de aproximadamente 71% do contrato de financiamento não satisfaz o requisito jurisprudencial mínimo (superior a 80%) para a incidência da teoria do adimplemento substancial, cuja aplicação, ademais, é afastada em contratos garantidos por alienação fiduciária. 4) Restando comprovadas a mora, a consolidação da propriedade e a regularidade das notificações, é indevida a pretensão de anulação do leilão extrajudicial ou de indenização por danos morais e materiais. 5) Apelação Cível conhecida e desprovida. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos, ACORDAM os senhores Desembargadores da Quarta Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão, por unanimidade, em CONHECER E NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, nos termos do voto do relator. Participaram do julgamento os Senhores Desembargadores Tyrone José Silva, Antônio José Vieira Filho e Lucimary Castelo Branco Campos dos Santos. Funcionou pela Procuradoria-Geral de Justiça a Dra. LIZE DE MARIA BRANDAO DE SA. SESSÃO VIRTUAL DA QUARTA CÂMARA DE DIREITO PRIVADO DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO, REALIZADA DE 12 A 19 DE JUNHO DE 2025 Desembargador Tyrone José Silva Relator ÓRGÃO JULGADOR COLEGIADO: QUARTA CÂMARA DE DIREITO PRIVADO APELAÇÃO CÍVEL N.º 0800417-52.2021.8.10.0058 APELANTE: HERNILIA JOANA COELHO ADVOGADO: COSME DANIEL SANTOS MACHADO - MA20741-A 1º APELADO: BANCO BRADESCO S.A. ADVOGADOS: AMANDIO FERREIRA TERESO JUNIOR - MA9976-A, MARIA LUCILIA GOMES - MA5643-A 2º APELADO: RODRIGO COSTA GOMES ADVOGADO: RENAN CASTRO CORDEIRO LEITE – MA19917-A RELATOR: DESEMBARGADOR TYRONE JOSÉ SILVA RELATÓRIO Trata-se de Apelação Cível interposta por HERNILIA JOANA COELHO contra a sentença proferida pelo Juízo de Direito da 2ª Vara Cível da Comarca de São José de Ribamar/MA, nos autos do Processo n.º 0800417-52.2021.8.10.0058, em que litiga contra BANCO BRADESCO S.A., no sentido de julgar improcedente o pedido de anulação de leilão extrajudicial, bem como os pleitos de indenização por danos morais e materiais, condenando a autora ao pagamento de custas processuais e honorários advocatícios fixados em 15% (quinze por cento) sobre o valor da causa, cuja exigibilidade restou suspensa em virtude da concessão da gratuidade da justiça. O magistrado também reconheceu a ilegitimidade passiva do segundo réu, extinguindo o feito quanto a este, sem resolução do mérito. Em suas razões recursais, a apelante sustenta que a sentença foi proferida com base em uma análise superficial do conjunto probatório. Alega que o imóvel foi leiloado com base em avaliação defasada, desconsiderando as benfeitorias realizadas ao longo dos anos, o que teria resultado em evidente depreciação do valor do bem, vendido por quantia considerada vil (R$ 60.000,00 – sessenta mil reais), quando seu valor de mercado, segundo afirma, seria superior a R$ 350.000,00 (trezentos e cinquenta mil reais). Afirma, ainda, que o edital do leilão não observou os requisitos do art. 886 do Código de Processo Civil, especialmente quanto à descrição atualizada do bem, o que comprometeria a validade do procedimento. Aduz, também, que houve substancial cumprimento do contrato de financiamento, tendo pago 149 das 210 parcelas ajustadas, de modo que se impunha o reconhecimento do adimplemento substancial e a preservação do contrato, conforme precedentes jurisprudenciais citados. Ao final, requereu: a) o recebimento da apelação com os efeitos legais; b) a intimação dos apelados para apresentação das contrarrazões; c) o provimento do recurso, com a consequente reforma da sentença para que sejam acolhidos os pedidos iniciais de anulação do leilão, reintegração na posse do imóvel, e indenização por danos morais e materiais; d) a condenação dos apelados ao pagamento das custas processuais e honorários sucumbenciais. Em contrarrazões, o apelado BANCO BRADESCO S.A. argui, em preliminar, a ausência de observância ao princípio da dialeticidade, sustentando que a apelação limita-se a reproduzir os argumentos da petição inicial, sem impugnação específica aos fundamentos da sentença, razão pela qual requer o não conhecimento do recurso. No mérito, defende a legalidade de todo o procedimento expropriatório, realizado com estrita observância aos ditames da Lei nº 9.514/97, inclusive quanto às notificações e aos requisitos para o leilão. Afirma que a avaliação do imóvel foi conduzida por empresa especializada, observando parâmetros técnicos e legais, inexistindo qualquer prova de que o preço praticado tenha sido vil. Impugna a aplicação da teoria do adimplemento substancial ao caso concreto, citando precedentes do Superior Tribunal de Justiça que afastam sua incidência em contratos garantidos por alienação fiduciária. Ao final, requereu: a) o não conhecimento da apelação, por ofensa ao princípio da dialeticidade; b) caso ultrapassada a preliminar, o improvimento do recurso, com a consequente manutenção da sentença em todos os seus termos; c) a majoração dos honorários sucumbenciais. A Procuradoria-Geral de Justiça, por meio do Dr. EDUARDO DANIEL PEREIRA FILHO, manifestou-se pelo conhecimento do recurso, abstendo-se de opinar sobre o mérito, por não vislumbrar interesse público a justificar sua intervenção, conforme disposto no art. 178 do Código de Processo Civil, na Recomendação nº 34 do CNMP e na Recomendação nº 03/2008 – GPGJ. É o relatório. VOTO Conheço do recurso sob exame, tendo em vista que reúne os pressupostos necessários. Como dito, cuida-se de Apelação Cível interposta por HERNILIA JOANA COELHO contra sentença proferida pelo Juízo da 2ª Vara Cível da Comarca de São José de Ribamar/MA que, nos autos da ação anulatória de leilão extrajudicial c/c tutela de urgência, danos morais e materiais, julgou improcedentes os pedidos formulados em face de BANCO BRADESCO S.A., além de extinguir o feito, sem resolução do mérito, quanto ao litisconsorte RODRIGO COSTA GOMES, em razão de sua ilegitimidade passiva, nos termos do art. 485, VI, do CPC. A apelante insurge-se contra a r. sentença, sustentando, em suma, que: (a) o imóvel objeto da lide foi vendido em leilão extrajudicial por valor ínfimo, desconsiderando as benfeitorias nele realizadas, o que configuraria preço vil; (b) o edital de leilão não teria observado os requisitos do art. 886 do CPC, sendo nulo por omissão de elementos relevantes sobre a descrição do imóvel; (c) teria havido adimplemento substancial do contrato de financiamento, porquanto mais de 70% das parcelas foram quitadas, o que afastaria a possibilidade de consolidação da propriedade em favor do credor fiduciário e consequente alienação do bem. Pois bem. De início, afasto a alegação de nulidade do edital de leilão com base na suposta inobservância do art. 886 do CPC. A apelante ignora que o procedimento de expropriação no caso concreto não se submeteu à forma de alienação judicial, mas à alienação extrajudicial regulada pela Lei nº 9.514/97, norma especial que disciplina a execução da garantia fiduciária em contratos de financiamento imobiliário. Conforme consignado na sentença, a consolidação da propriedade em nome do banco, a avaliação do imóvel e a realização dos leilões observaram os ritos previstos nos arts. 26 e 27 da referida lei. As alegações de que o valor de arrematação (R$ 60.000,00 – sessenta mil reais) seria vil, comparado ao alegado valor de mercado do bem (R$ 350.000,00 – trezentos e cinquenta mil reais), não encontram respaldo nos autos. O banco juntou laudo de avaliação elaborado por empresa especializada, realizado nos termos legais, e a apelante não produziu prova técnica para infirmar a validade ou suficiência da referida avaliação. O simples juízo subjetivo de desvalorização do bem, fundado em fotografias ou anúncios da internet, não se presta à anulação do leilão, notadamente em face da presunção de legalidade dos atos notariais e registrais praticados. No que tange à tese de adimplemento substancial, tampouco prospera. A própria apelante reconhece que pagou 149 das 210 parcelas pactuadas, ou seja, aproximadamente 71% do débito, valor que, conforme orientação consolidada, não atende ao critério de mais de 80% exigido pela jurisprudência majoritária como parâmetro mínimo para o reconhecimento do instituto. Além disso, a jurisprudência tem se posicionado no sentido da inaplicabilidade da teoria do adimplemento substancial aos contratos garantidos por alienação fiduciária, dada a peculiaridade da propriedade resolúvel e da disciplina específica da Lei nº 9.514/97, que exige o pagamento integral do débito para afastar a consolidação da propriedade. Nesse sentido: EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO ANULATÓRIA DE LEILÃO - PRELIMINAR - CERCEAMENTO DE DEFESA - NÃO OCORRÊNCIA - MÉRITO - CONTRATO DE FINANCIAMENTO - ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA DE IMÓVEL - CONSOLIDAÇÃO DA PROPRIEDADE EM NOME DO CREDOR FIDUCIÁRIO - REGULARIDADE - INTIMAÇÃO PARA PURGA DA MORA - OCORRÊNCIA - LEILÃO EXTRAJUDICIAL - ADIMPLEMENTO SUBSTANCIAL - AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO. - Como um dos destinatários da prova processual, o magistrado deve indeferir as provas inúteis e desnecessárias - Diante do inadimplemento do devedor fiduciante em relação a uma dívida de consórcio garantida por alienação fiduciária de imóvel, a consolidação da propriedade desse imóvel em nome do credor fiduciário está autorizada, algo que acontecerá na forma da lei (Lei 9.514/1997, art. 26)- Quando o fiduciante, encontrar-se em local ignorado, incerto ou inacessível, o fato será certificado pelo serventuário encarregado da diligência e informado ao oficial de Registro de Imóveis, que, à vista da certidão, promoverá a intimação por edital publicado durante 3 (três) dias, pelo menos, em um dos jornais de maior circulação local ou noutro de comarca de fácil acesso, se no local não houver imprensa diária, contado o prazo para purgação da mora da data da última publicação do edital (Lei 9 .514/1997, art. 26, § 4º)- Se cabe ao autor a prova do fato constitutivo do seu direito, a ausência dessa prova leva à improcedência do pedido inicial ( CPC, art. 373, I). (TJ-MG - Apelação Cível: 0017614-30 .2019.8.13.0708 Várzea da Palma 1 .0708.19.001761-4/002, Relator.: Des.(a) Ramom Tácio, Data de Julgamento: 16/05/2024, 16ª Câmara Cível Especializada, Data de Publicação: 17/05/2024) APELAÇÕES CÍVEIS. NEGÓCIOS JURÍDICOS BANCÁRIOS. AÇÃO ANULATÓRIA. - SFI . ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA EM GARANTIA. IMÓVEL. EXECUÇÃO EXTRAJUDICIAL. CONSOLIDAÇÃO DA PROPRIEDADE . TESE DE ADIMPLEMENTO SUBSTANCIAL. INAPLICABILIDADE. OS CONTRATOS COM ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA EM GARANTIA SÃO REGIDOS PELA LEI N. 9 .514/97 COM REDAÇÃO ALTERADA PELAS LEI N. 13.465/17 E LEI N. 14 .711/23. A MORA NO PAGAMENTO ENSEJA A EXECUÇÃO EXTRAJUDICIAL COM A QUAL NÃO SE COMPATIBILIZA A TEORIA DO ADIMPLEMENTO SUBSTANCIAL. CIRCUNSTÂNCIA DOS AUTOS EM QUE A CONSOLIDAÇÃO DA PROPRIEDADE FOI REGULAR; E SE IMPÕE MANTER A SENTENÇA QUE DESACOLHEU A PRETENSÃO ANULATÓRIA E JULGOU IMPROCEDENTE A AÇÃO. - SFI . ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA EM GARANTIA. PROPRIEDADE CONSOLIDADA. LEILÕES. INTIMAÇÃO . IRREGULARIDADE. INOCORRÊNCIA. A INTIMAÇÃO DO DEVEDOR FIDUCIANTE NOS PROCEDIMENTOS DA EXECUÇÃO EXTRAJUDICIAL ( CONSTITUIÇÃO DA MORA; PURGA DE MORA; CONSOLIDAÇÃO DA PROPRIEDADE E LEILÃO) É PROVIDÊNCIA REGULAMENTADA NA LEI N. 9 .514/97, COM REDAÇÃO ALTERADA PELAS LEI N. 13.465/17 E LEI N. 14 .711/23. CIRCUNSTÂNCIA DOS AUTOS EM QUE A INTIMAÇÃO DO DEVEDOR FIDUCIANTE PARA CIÊNCIA DA DESIGNAÇÃO DE LEILÃO FOI ENCAMINHADA AO ENDEREÇO ADEQUADO; O RECEBIMENTO POR TERCEIRO, SE TRATANDO DE CONDOMÍNIO EDILÍCIO, NÃO INDUZ NULIDADE; HOUVE COMUNICAÇÃO, TAMBÉM POR VIA ELETRÔNICA; E A DECISÃO NÃO MERECE REPARO. RECURSOS DOS AUTORES DESPROVIDO E RECURSO DO RÉU PROVIDO. (TJ-RS - Apelação: 50027440620218210059 OUTRA, Relator: João Moreno Pomar, Data de Julgamento: 14/03/2024, Décima Oitava Câmara Cível, Data de Publicação: 19/03/2024) ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA EM GARANTIA. IMÓVEL. A lei de regência, de fato, exige a notificação/intimação pessoal do devedor acerca das datas do leilão extrajudicial. Entretanto, nos condomínios edilícios ou em outras espécies de conjuntos imobiliários com controle de acesso, esse chamado pode se dar na pessoa do funcionário da portaria responsável pelo recebimento de correspondência (art. 26, § 3º-B). Inexistência de vício. Hipótese, ademais, em que não há, na inicial, nem nas suas duas emendas, irresignação contra suposta falta de notificação pessoal acerca da incontroversa mora e oportunidade de sua purgação, quadro a configurar, agora, inovação recursal. Após a regular consolidação da propriedade não há mais como se purgar a mora, na exata dicção do art. 27, § 2º-B, da Lei nº 9.514/1997, introduzido pela Lei nº 13.465, de 11.07 .2017, em vigor quando da celebração do contrato. Teoria do adimplemento substancial que não é aplicável aos contratos garantidos por alienação fiduciária, independentemente da natureza do seu objeto, se móvel ou se imóvel. Precedentes do STJ e desta Corte. Recurso desprovido. (TJ-SP - Apelação Cível: 1000907-39.2023.8.26.0361 Mogi das Cruzes, Relator.: Ferreira da Cruz, Data de Julgamento: 16/02/2024, 28ª Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 16/02/2024) A alegação de que a autora não teria sido devidamente notificada para purgar a mora tampouco merece acolhimento. O banco comprovou que a notificação foi regularmente encaminhada aos endereços contratuais e, diante da frustração das diligências pessoais, procedeu-se à intimação por edital, conforme autoriza expressamente o §4º do art. 26 da Lei nº 9.514/97. O ônus de manter os dados cadastrais atualizados junto à instituição financeira é do devedor, e a ausência de ciência decorre, in casu, de sua própria inércia. Por fim, não há falar em indenização por danos morais ou materiais. A sentença analisou corretamente a inexistência de ato ilícito por parte do banco, uma vez que a inadimplência foi confessada, e o procedimento seguiu o rito legal, sem provas de abusividade, má-fé ou violação de direitos da parte autora. Também não se comprovaram danos concretos derivados de conduta irregular do apelado. Em conclusão, não se vislumbra qualquer ilegalidade ou injustiça na sentença de improcedência. Ao contrário, ela se encontra devidamente motivada, em consonância com os elementos probatórios dos autos e com a jurisprudência dominante. Diante do exposto, conheço e nego provimento ao recurso de apelação, mantendo integralmente a sentença por seus próprios fundamentos. É como voto. Transitado em julgado este acórdão, baixem os autos ao juízo de origem. SESSÃO VIRTUAL DA QUARTA CÂMARA DE DIREITO PRIVADO DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO, REALIZADA DE 12 A 19 DE JUNHO DE 2025 Desembargador Tyrone José Silva Relator

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Silas Moreira Macedo x Banco Votorantim S.A.

ID: 321473477

Tribunal: TJES Órgão: Serra - Comarca da Capital - 6ª Vara Cível Classe: PROCEDIMENTO COMUM CíVEL Nº Processo: 5024709-02.2022.8.08.0048

Data de Disponibilização: 10/07/2025

Polo Ativo:

SILAS MOREIRA MACEDO

Polo Passivo:

BANCO VOTORANTIM S.A.

Sentença

Advogados:

GIOVANNA BARROSO MARTINS DA SILVA

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

NEY JOSE CAMPOS

OAB/MG XXXXXX Desbloquear

EDUARDO CHALFIN

OAB/ES XXXXXX Desbloquear

ESTADO DO ESPÍRITO SANTO PODER JUDICIÁRIO Juízo de Serra - Comarca da Capital - 6ª Vara Cível Avenida Carapebus, 226, Fórum Desembargador Antônio José Miguel Feu Rosa, São Geraldo/Carapina, SERRA - E… ESTADO DO ESPÍRITO SANTO PODER JUDICIÁRIO Juízo de Serra - Comarca da Capital - 6ª Vara Cível Avenida Carapebus, 226, Fórum Desembargador Antônio José Miguel Feu Rosa, São Geraldo/Carapina, SERRA - ES - CEP: 29163-392 Telefone:(27) 33574826 PROCESSO Nº 5024709-02.2022.8.08.0048 PROCEDIMENTO COMUM CÍVEL (7) AUTOR: SILAS MOREIRA MACEDO Advogado do(a) AUTOR: GIOVANNA BARROSO MARTINS DA SILVA - SP478272 REU: BANCO VOTORANTIM S.A. Advogados do(a) REU: EDUARDO CHALFIN - ES10792, NEY JOSE CAMPOS - MG44243 S E N T E N Ç A Cuidam os autos de AÇÃO REVISIONAL DE CONTRATO ajuizada por SILAS MOREIRA MACEDO em face de BANCO VOTORANTIM S/A. Em sua exordial (ID n° 18879295), o autor alega que: I) celebrou contrato de financiamento, para aquisição do veículo Ford Fiesta Sedan, Placa OCX4G17, a ser adimplido em 48 (quarenta e oito) prestações mensais de R$ 854,89 (oitocentos e cinquenta e quatro reais e oitenta e nove centavos); II) a requerida inseriu encargos abusivos de registro de contrato, tarifa de avaliação, tarifa de cadastro e seguro e III) a taxa de juros remuneratórios aplicada pela requerida (2,19% a.m.) é diversa da pactuada (1,52% a.m.). Destarte, postula: I) a declaração de abusividade dos encargos supramencionados, com a restituição, em dobro, do importe de R$ 3.656,00 (três mil seiscentos e cinquenta e seis reais), ou, subsidiariamente, de forma simples e II) a aplicação da taxa de juros remuneratórios pactuadas, resultando em parcelas mensais de R$ 743,57 (setecentos e quarenta e três reais e cinquenta e sete centavos). Decisão no ID n° 32841247, indeferindo o pleito de gratuidade da justiça e determinando a intimação do autor para comprovar o recolhimento das custas de ingresso, o que foi cumprido no ID n° 37689851. Citado, o banco requerido ofereceu contestação no ID n° 40526414 alegando, preliminarmente: I) indícios de atuação massiva pela patrona do autor e II) inépcia da inicial. Ainda, impugna o valor atribuído à causa. Sobre o mérito, sustenta, em suma, que: I) a contratação de seguro não é condição para concessão do financiamento; II) o seguro foi contratado por vontade do autor, com seguradora que não pertence ao seu grupo econômico; III) o percentual de juros remuneratórios pactuado é o efetivamente aplicado; IV) erros nos cálculos apresentados pelo autor e V) legalidades dos encargos cobrados. Almeja, por fim, além da improcedência da pretensão exordial, a condenação do autor ao pagamento de multa por litigância de má-fé. Subsidiariamente, que a repetição seja de forma simples, restringindo-se às parcelas efetivamente pagas e condicionada ao pagamento de quaisquer débitos devidos pelo autor. Réplica no ID n° 43866551. Intimadas as partes acerca da produção de provas (despacho de ID n° 53418999), o autor requereu o julgamento antecipado do feito (ID n° 54727717), enquanto o banco réu requereu a expedição de ofício ao Detran/ES (documental suplementar), objetivando comprovar o registro do contrato, objeto da lide (petição de ID n° 54455567). É, no que interessa, o relatório. FUNDAMENTO e DECIDO. O julgamento antecipado da lide, que é uma espécie do gênero “julgamento conforme o estado do processo” pode ocorrer em duas situações diferentes, quando não houver necessidade de produzir outras provas ou, quando o réu for revel, ocorrer a presunção de veracidade dos fatos aduzidos pela parte autora e não for requerida a produção de provas, conforme artigo 355 do CPC. Na presente ação, o julgamento antecipado é cabível, eis que as provas documentais já apresentadas são suficientes para a formação do convencimento deste julgador. Nesse sentido, confira-se: […] O julgamento antecipado da lide é cabível quando o juiz reputa desnecessária a produção de outras provas, além das já constantes dos autos, nos termos do art. 355, I, do Código de Processo Civil (...). Assim, embora a abreviação do procedimento não constitua a regra do ordenamento processual, será admitida quando o juiz, na qualidade de destinatário final das provas, reconhecer suficiente a instrução do processo. […] (TJES, Classe: Apelação Cível, 059200000210, Relator : ELIANA JUNQUEIRA MUNHOS FERREIRA, Órgão julgador: TERCEIRA CÂMARA CÍVEL , Data de Julgamento: 22/03/2022, Data da Publicação no Diário: 01/04/2022). Logo, em observância ao princípio da duração razoável do processo, passo a sentenciar o feito. Da alegação de litigância massiva por parte da patrona do autor: Aduz o banco requerido que a patrona do autor ajuizou mais de 500 (quinhentas) ações em seu desfavor. E no caso em testilha, pontuou que a causídica reside a mais de 540 km (quinhentos e quarenta quilômetros) de distância do autor e apresentou conteúdo genérico na petição inicial e equívocos no parecer técnico apresentado, que evidenciam sua atuação irregular, razão pela qual defende que o feito deve ser extinto, com a consequente condenação por litigância de má-fé. Certo é que o Poder Judiciário tem envidado esforços para combater a litigância abusiva, tendo, inclusive, o Conselho Nacional de Justiça publicado a Recomendação n° 159, de 23 de outubro de 2024. No âmbito da Justiça Estadual, foi instituído, através do Provimento n° 02/2020, da Corregedoria Geral de Justiça do Espírito Santo (CGJ-ES), o Núcleo de Monitoramento do Perfil de Demandas (NUMOPEDE), com tal finalidade. E em que pese o alegado pelo banco requerido, o simples fato da patrona possuir diversas ações em seu desfavor não comprova, de maneira inequívoca, a prática de litigância predatória a ser combatida pelo Poder Judiciário. A título elucidativo, cito o seguinte precedente: LITIGÂNCIA PREDATÓRIA. FALTA DE EVIDÊNCIAS. INDEVIDO OBSTÁCULO AO EXERCÍCIO DA ADVOCACIA E DO DIREITO CONSTITUCIONAL DE ACESSO À JUSTIÇA. Para o reconhecimento da litigância predatória e a imposição de consequências processuais, como a extinção do processo ou a expedição de ofícios à OAB e ao MP, exige-se que haja evidências da utilização massiva de processos judiciais com intuito persecutório, abuso ou fraude para que o advogado (ou seu cliente) obtenha ganho ilícito . Não há como presumir o dolo da parte ou do patrono pela mera existência uma grande quantidade de ações contra o mesmo réu ou mesmo pela improcedência dos respectivos pedidos. A imposição de penalidades, na ausência de conduta abusiva, configura indevido obstáculo ao exercício da advocacia e do direito constitucional de acesso à Justiça. (TRT-1 - Recurso Ordinário Trabalhista: 01002166120215010201, Relator.: GISELLE BONDIM LOPES RIBEIRO, Sétima Turma, Data de Julgamento: 13/05/2024). Soma-se a isso, a peça exordial não é genérica, pois apresenta fatos e argumentos relacionados ao contrato objeto da lide. Além disso, a discordância com o cálculo apresentado, objetivando a revisão da avença, não conduz à conclusão de litigância predatória. Posto isso, REJEITO a alegação de litigância predatória por parte da patrona do autor. Inépcia da inicial: Sustenta o banco requerido que a petição inicial é inepta, uma vez que o autor não está realizando o pagamento do valor que entende incontroverso. Inicialmente, importa trazer a lume o artigo 330 do Código de Processo Civil, que prevê o indeferimento da inicial quando a mesma for inepta, e o §1º do mesmo dispositivo, que demonstra as hipóteses em que a petição pode ser considerada inepta, vejamos: Art. 330. A petição inicial será indeferida quando: I - for inepta; II - a parte for manifestamente ilegítima; III - o autor carecer de interesse processual; IV - não atendidas as prescrições dos arts. 106 e 321. § 1° Considera-se inepta a petição inicial quando: I - lhe faltar pedido ou causa de pedir; II - o pedido for indeterminado, ressalvadas as hipóteses legais em que se permite o pedido genérico; III - da narração dos fatos não decorrer logicamente a conclusão; IV - contiver pedidos incompatíveis entre si. Já adianto que é inviável a alegação de inépcia da petição inicial se fornecidos satisfatoriamente os elementos necessários para a formação da lide, com a narração devida dos fatos, possibilitando-se a compreensão da causa de pedir, do pedido e do respectivo fundamento jurídico. A jurisprudência deste Tribunal entende que deve ser rejeitada a alegação de inépcia da petição inicial se da narrativa dos fatos constantes da petição inicial é possível averiguar, satisfatoriamente, a pretensão jurisdicional deduzida. (TJES, Classe: Agravo de Instrumento, 004159000373, Relator: Des. Annibal de Rezende Lima, Órgão julgador: 1ª Câmara Cível, Data de Julgamento: 19/09/2017, Data da Publicação no Diário: 02/10/2017). In casu, o autor se insurge contra encargos que reputa abusivos na avença celebrada com o requerido, sendo plenamente possível compreender o pedido e a causa de pedir. Posto isso, REJEITO a preliminar arguida. Impugnação ao valor da causa: Ainda preliminarmente, o banco requerido afirmou que o “... valor indicado na petição inicial não corresponde ao valor econômico dos atos e bens jurídicos discutidos …”. De fato, o valor atribuído à casa deve corresponder ao proveito econômico pretendido na demanda e não se admite sua fixação de forma aleatória. (TRF 01ª R.; AC 0001648-03.2008.4.01.3902; Oitava Turma; Rel. Juiz Fed. Conv. Bruno Apolinário; DJF1 26/01/2018). E no caso em apreço, a autora observou o disposto no art. 292, inc. II, parte final do CPC, que preconiza que “... na ação que tiver por objeto a existência, a validade, o cumprimento, a modificação, a resolução, a resilição ou a rescisão de ato jurídico, o valor do ato ou o de sua parte controvertida.” Logo, REJEITO a preliminar ventilada. Mérito: Como brevemente relatado, almeja o autor a revisão do contrato de financiamento celebrado com o banco requerido, com a consequente declaração de abusividade das tarifas de registro de contrato, tarifa de avaliação, tarifa de cadastro e seguro. Ademais, afirma que a taxa de juros remuneratórios aplicada pela requerida (2,19% a.m.) é diversa da pactuada (1,52% a.m.). Sobre a contratação de seguro, o Colendo Superior Tribunal de Justiça, no julgamento do REsp nº 1.639.320/SP, sob a temática dos recursos repetitivos (Tema 972), formulou, dentre outras, a tese de que “nos contratos bancários em geral, o consumidor não pode ser compelido a contratar seguro com a instituição financeira ou com seguradora por ela indicada”. Assim, a cobrança do serviço de seguro é válida se não for compulsória ao consumidor, sob pena de venda casada. No caso concreto, o contrato indica que o serviço de seguro é opcional, pois a opção de contratação deveria ser preenchida no ato da contratação (já que existe a opção de não contratar), o que torna a cobrança legal. Nesse sentido: RECURSO DE APELAÇÃO. AÇÃO REVISIONAL DE CONTRATO BANCÁRIO DE FINANCIAMENTO DE VEÍCULO. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. IRRESIGNAÇÃO DO AUTOR. NÃO ACOLHIMENTO. 1. Aplicação do Código de Defesa do Consumidor. Necessidade de demonstração das ilegalidades aventadas. 2. Limitação da taxa de juros remuneratórios. Abuso não configurado. Taxa prevista na avença (1,39% a.m e 18,04%) que não ultrapassa a média das taxas praticadas pelo mercado. Súmula nº 530 do STJ. 3. Capitalização de juros. Possibilidade. Cédula de crédito bancário. Inteligência do art. 28, §1º, inciso I, da Lei nº 10.931/04. Previsão de juros anual superior ao duodécuplo mensal que basta para caracterizar capitalização permitida. Súmula nº 541 do STJ 4. Cobrança de tarifa de registro do contrato e avaliação do bem. Possibilidade. Precedente do C. STJ. Recurso Especial nº 1.578.553-SP, julgado sob o rito do art. 1.040 do Código de Processo Civil. 5. Cobrança de seguro. Possibilidade. Recurso Especial nº 1.639.320/SP, decidido sob o regime do art. 1.040 do CPC. Consumidor aderiu à proposta. Encargo livremente pactuado. O consumidor aderiu à proposta de seguro e do título de capitalização, por meio proposta autônoma. 6. Tarifa de cadastro. Julgamento de recurso repetitivo. RESP n. 1.251.331/RS. Admissibilidade da incidência da tarifa no início da relação contratual. Cobranças válidas. Sentença mantida. Recurso desprovido. (TJSP; AC 1000907-47.2020.8.26.0360; Ac. 14258123; Mococa; Décima Quarta Câmara de Direito Privado; Rel. Des. Régis Rodrigues Bonvicino; Julg. 18/12/2020; DJESP 20/01/2021; Pág. 189). Quanto à denominada “tarifa de cadastro”, o Colendo Superior Tribunal de Justiça, através da Súmula nº 566, definiu que nos “... contratos bancários posteriores ao início da vigência da Resolução-CMN n. 3.518/2007, em 30/4/2008, pode ser cobrada a tarifa de cadastro no início do relacionamento entre o consumidor e a instituição financeira.” Logo, tal cobrança não é abusiva. No tocante à taxa de registro de contrato e avaliação do bem, a Corte da Cidadania, no julgamento do REsp nº 1.578.553/SP, sob a temática dos recursos repetitivos (Tema 958) pacificou o entendimento acerca da legalidade da cobrança da tarifa de avaliação do bem dado em garantia, bem como da cláusula que prevê o ressarcimento de despesa com o registro do contrato, exceto se demonstrada a abusividade da cobrança por serviço não efetivamente prestado e a possibilidade de controle da onerosidade excessiva em cada caso. No contrato objeto desta lide, como apontado pelo autor, o valor da tarifa de registro de contrato foi de R$ 364,59 (trezentos e sessenta e quatro reais e cinquenta e nove centavos), enquanto a tarifa de avaliação foi de R$ 245,00 (duzentos e quarenta e cinco reais), o que, a meu ver, não revela um valor excessivo. Outrossim, não merece acolhimento a alegação de incidência de taxa de juros diversa da pactuada, uma vez que o laudo apresentado pelo autor foi elaborada unilateralmente, sem o devido contraditório. Além disso, não se pode olvidar que, embora intimado acerca da produção de provas, o autor postulou o julgamento antecipado do feito (petição de ID n° 54727717). Nesse contexto, não se desincumbiu de demonstrar fatos constitutivos de seu direito (art. 373, inc. I, do CPC). Finalmente, por não vislumbrar nenhuma das hipóteses do art. 80 do CPC, rechaço a alegação de litigância de má-fé por parte do autor. À luz do exposto, JULGO IMPROCEDENTE o pleito autoral e RESOLVO O MÉRITO nos termos do art. 487, incs. I e II, do CPC. Condeno o requerente ao pagamento de custas processuais e honorários sucumbenciais, que arbitro em 10% (dez por cento) sobre o valor da causa. PUBLIQUE-SE. REGISTRE-SE. INTIMEM-SE. Em caso de interposição de apelação, INTIME-SE o apelado para, caso queira, apresentar contrarrazões no prazo legal e, após, remetam-se os autos ao Egrégio Tribunal de Justiça deste Estado. Ou, inexistindo recurso, AGUARDE-SE o trânsito em julgado e ARQUIVEM-SE os autos com as baixas legais. DILIGENCIE-SE. Serra/ES, data e horário constantes na assinatura eletrônica. MÁRIO DA SILVA NUNES NETO Juiz de Direito (Documento assinado eletronicamente)

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