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"1000940-46.2022.8.26.0302" - Resultados da Busca – Página 180 de 181

Silvia Cristina Lopes x Acoforte Seguranca E Vigilancia Ltda - Em Recuperacao Judicial e outros

ID: 316501209

Tribunal: TRT2 Órgão: 12ª Turma Classe: RECURSO ORDINáRIO - RITO SUMARíSSIMO Nº Processo: 1001603-97.2024.5.02.0025

Data de Disponibilização: 04/07/2025

Polo Ativo:

SILVIA CRISTINA LOPES

Polo Passivo:

ACOFORTE SEGURANCA E VIGILANCIA LTDA - EM RECUPERACAO JUDICIAL NRPAR PARTICIPACOES LTDA REGIONAL SERVICOS DE SEGURANCA E VIGILANCIA LTDA - EPP SERVICO SOCIAL DO COMERCIO - SESC - ADMINISTRACAO REGIONAL NO ESTADO DE SAO PAULO

Notificação

Advogados:

EDUARDO FIGUEIREDO BATISTA

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MARCELO AUGUSTO PIMENTA

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FABIO DE ASSIS

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

LUCIANA YURIE MATSUMOTO

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BARBARA GONCALVES DA SILVEIRA

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PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO 12ª TURMA Relator: JORGE EDUARDO ASSAD RORSum 1001603-97.2024.5.02.0025 RECORRENTE: SILVIA CRISTINA LOPES RECORR… PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO 12ª TURMA Relator: JORGE EDUARDO ASSAD RORSum 1001603-97.2024.5.02.0025 RECORRENTE: SILVIA CRISTINA LOPES RECORRIDO: REGIONAL SERVICOS DE SEGURANCA E VIGILANCIA LTDA - EPP E OUTROS (3) Fica V. Sa. intimada do inteiro teor do v. Acórdão #id:5d4e273 proferido nos autos: PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO PROCESSO TRT/SP Nº 1001603-97.2024.5.02.0025 12ª TURMA RECURSO ORDINÁRIO EM RITO SUMARÍSSIMO RECORRENTE: SERVICO SOCIAL DO COMERCIO - SESC - ADMINISTRAÇÃO REGIONAL NO ESTADO DE SÃO PAULO RECORRIDO: SILVIA CRISTINA LOPES e outros ORIGEM: 25ª VARA DO TRABALHO DE SÃO PAULO RELATOR: JUIZ CONVOCADO DR JORGE EDUARDO ASSAD - CADEIRA 03 JUIZ(A) PROLATOR(A) DA SENTENÇA: MARIA EULALIA DE SOUZA PIRES RELATÓRIO Dispensado o relatório, nos termos do artigo 852-I da CLT, que disciplina o procedimento sumaríssimo. VOTO 1- CONHECIMENTO O recurso ordinário interposto pela 4ª reclamada é tempestivo e está subscrito por advogado com poderes nos autos. A ré comprovou o recolhimento do depósito recursal e das custas processuais (ID. 29246bf e seguintes). O apelo é conhecido, eis que presentes os pressupostos de admissibilidade. 2 - MÉRITO 2.1 - RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA De partida esclareça-se que as entidades paraestatais integrantes dos serviços sociais autônomos, denominadas de Sistema S, não integram a estrutura administrativa como entidades da Administração Pública, embora administrem verba pública e se sujeitem à regulação financeira efetivada pelo Tribunal de Contas. A 4ª reclamada SESC é pessoa jurídica de direito privado e interesse público que atua sob a forma de instituição particular, não havendo falar em aplicação da tese de repercussão geral fixada pelo Egrégio Supremo Tribunal Federal no julgamento do RE 760931. Nesse sentido: AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. PROCESSO SOB A ÉGIDE DA LEI 13.015/2014. TERCEIRIZAÇÃO TRABALHISTA. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DO SERVIÇO SOCIAL DO COMÉRCIO - SESC. ENTIDADE PARAESTATAL. PERSONALIDADE JURÍDICA DE DIREITO PRIVADO. SÚMULA 331, IV, DO TST. As paraestatais integrantes dos serviços sociais autônomos, denominadas de Sistema S, são entidades particulares sem fins lucrativos, que atuam em colaboração ao Estado na prestação de serviços públicos não exclusivos, mas de cunho social. Tais entidades não integram a estrutura administrativa como entes da Administração Direta ou Indireta. Em razão de administrarem verba pública, se sujeitam à regulação financeira efetivada pelo Tribunal de Contas, além de se submeterem aos princípios básicos que norteiam a atuação administrativa pública. Entretanto, não se submetem diretamente às regras da Lei 8.666/93 e 10.520/02, mas apenas aos princípios gerais do procedimento licitatório e regime de execução de despesas públicas. Nesse contexto, permanece hígida a decisão recorrida, ao aplicar a Súmula 331, IV, do TST que, ao estabelecer a responsabilidade subsidiária da entidade tomadora de serviços, tem o mérito de buscar alternativas para que o ilícito trabalhista não favoreça aquele que já foi beneficiário do trabalho perpetrado. Realiza, ainda, de forma implícita, o preceito isonômico, consubstanciado no art. 5º, caput, ab initio, e I, da CF, não ferindo, por isso, em nenhum momento, a ordem jurídica vigente. Agravo de instrumento desprovido. (AIRR - 10182-22.2016.5.03.0084 , Relator Ministro: Mauricio Godinho Delgado, Data de Julgamento: 30/08/2017, 3ª Turma, Data de Publicação: DEJT 01/09/2017) RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. SESC. ENTE PRIVADO. APLICAÇÃO DA SÚMULA 331, IV, DO TST. O caso em análise se adapta plenamente à situação versada na Súmula 331, IV, do TST, segundo a qual, aquele que se beneficia, direta ou indiretamente, da força de trabalho do empregado, por intermédio de empresa interposta inidônea, e sem suporte financeiro para honrar suas obrigações trabalhistas, deve responder subsidiariamente pelos créditos alimentares inadimplidos. Afasto a argumentação recursal de que a contratação teria ocorrido nos moldes regulamentados pela Resolução SESC nº 1252/12 de 6/6/2012, do Conselho Nacional do Serviço Social do Comércio, publicada na Seção III do Diário Oficial da União, edição nº 144 de 26/7/2012, como se fosse ente público. Na verdade, como corretamente constou da sentença recorrida, o entendimento jurisprudencial vinculante do STF, pela decisão do Plenário daquela Corte, a respeito do tema, proferida nos autos do RE 789.874-DF, à qual foi dada repercussão geral, é no sentido de que os serviços sociais autônomos integrantes do denominado Sistema S, como no caso, ostentam natureza de pessoa jurídica de direito privado e não integram a Administração Pública, razão pela qual a questão ora discutida deve ser decidida não pelo prisma da decisão proferida pelo STF na ADC n.º 16 e, consequentemente, do teor do § 1º do art. 71 da Lei nº 8.666/93, mas pelo enfoque ordinário de que trata a Súmula nº 331 do TST, em seu item IV, acima transcrito. Nego provimento ao apelo da segunda ré. (TRT-2 10005326820215020024 SP, Relator: MOISES DOS SANTOS HEITOR, 1ª Turma - Cadeira 4, Data de Publicação: 27/10/2021) A matéria não é nova perante esta C. 12ª Turma Recursal. Invoca-se o julgamento dos seguintes processos nos quais foi reconhecida a responsabilidade subsidiaria do SESC como tomador de serviços em relação de terceirização: proc. n. 10007864920205020065, Relator Exmo. Desembargador Marcelo Freire Gonçalves, Data de Publicação: 20/09/2021; proc. n. 10011867820205020060, Relator Exmo. Desembargador Marcelo Freire Gonçalves, Data de Publicação: 25/10/2021; proc. n. 10008970220195020313, Relator Exmo. Desembargador Benedito Valentini, Data de Publicação: 26/04/2022. Fixada esta premissa, consta da exordial que a autora, contratada pela 1ª reclamada REGIONAL SERVIÇOS DE SEGURANÇA E VIGILÂNCIA EIRELI na função de vigilante, prestou serviços, com exclusividade, à 4ª reclamada SESC durante todo contrato de trabalho, requerendo sua responsabilização subsidiária pelas verbas inadimplidas, invocando a Súmula n. 331, do C. TST. A relação de terceirização na prestação de serviços pela autora para a 4ª ré SESC foi confirmada pela preposta desta que assim indicou em audiência "o 4º reclamado manteve contrato com a 1ª reclamada; a reclamante prestou serviços em favor do 4º reclamado como empregada da 1ª reclamada." Incontroverso, portanto, a relação de terceirização de serviços mantida entre as corrés, e a efetiva prestação de serviços da autora para a 4ª ré SESC por todo o período trabalhado, diante da expressa confissão neste sentido. Em se tratando de pedido de responsabilidade subsidiária, despiciendos os argumentos acerca da ausência dos requisitos da relação de emprego com a tomadora, não prestação de serviços pela autora na atividade fim da tomadora, independência das reclamadas, inexistência de grupo econômico e distinção de atividades comerciais. No mais, os autos não envolvem discussão sobre a existência de vínculo empregatício direto com a tomadora ou a existência de grupo econômico entre as corrés ou, ainda, de subordinação jurídica entre a autora e a 4ª reclamada SESC. Tampouco se discute a legalidade ou validade do contrato de prestação de serviços havido entre as demandadas, mas tão somente a responsabilização subsidiária da 4ª acionada SESC. Assim sendo, embora se trate de terceirização lícita, não se pode afastar a responsabilidade subsidiária da empresa contratante, uma vez que a autora sofreu prejuízo, pelo inadimplemento de verbas trabalhistas a cargo da empregadora, sendo imperioso que a tomadora que se beneficiou da prestação dos serviços da obreira responda por débitos oriundos da condenação, na forma do art. 186 do Código Civil, de aplicação subsidiária, ex vi do art. 8º da CLT, e da Súmula nº 331 do Colendo TST, que, a meu ver, interpreta tal regra legal, não havendo se falar em descumprimento de preceitos constitucionais, como o princípio da legalidade, pela aplicação deste entendimento sumulado. Caso contrário estaríamos transferindo para a trabalhadora a responsabilidade decorrente da contratação de empresa inidônea, em ofensa ao disposto nos artigos 9º e 444, da CLT, enquadrando-se o caso em tela, nas hipóteses previstas na Súmula nº 331 do C. TST, em especial nos itens III e IV. Ressalte-se, ademais, que o artigo 8º da CLT admite a aplicação subsidiária de normas do direito comum e o diploma civil, em seus artigos 186, 187, 927, 932 e 933, permite a condenação do tomador de serviços, de forma subsidiária, sendo afastadas quaisquer alegações no sentido de que o entendimento sumulado pelo C. TST não prevaleceria em razão de ausência de disposição legal que possibilitasse a condenação subsidiária do tomador de serviços por verbas trabalhistas não pagas pela empresa que intermediou mão de obra. Assim, com base na iterativa e notória jurisprudência dos Tribunais Trabalhistas, bem como com arrimo na doutrina juslaboral, entendo que o instituto em comento resulta na obrigatoriedade do tomador de serviço em responder pelos direitos do empregado a ela oferecido pela empresa prestadora (intermediação de mão de obra - terceirização). Em tais casos, o empregador direto deve ser executado de início e, somente quando este não honrar os direitos do empregado, é que a tomadora poderá ser responsabilizada. No mais, importante destacar que a Lei n. 6.019/74, prevê no §5º do art. 5º-A, com redação dada pela novel Lei n. 13.429/2017, de 31/03/2017, que: "A empresa contratante é subsidiariamente responsável pelas obrigações trabalhistas referentes ao período em que ocorrer a prestação de serviços, e o recolhimento das contribuições previdenciárias observará o disposto no art. 31 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991.", sepultando a vetusta tese de ausência de disposição legal. Assim sendo, MANTENHO a sentença no ponto em que reconheceu a responsabilidade subsidiária da 4ª reclamada SESC ao adimplemento de todas as parcelas deferidas à parte autora, sejam salariais, rescisórios ou indenizatórios, inclusive multas normativas ou previstas em lei. Essa posição veio a ser reforçada pela atual redação da Súmula 331 do C. TST (itens V e VI), ressalvadas apenas as obrigações personalíssimas. Cabível apenas pequena adequação no julgado de origem a fim de restringir a condenação imposta à quarta reclamada, excluindo-se, quanto a ela, a obrigação de fazer consistente na baixa da CTPS da obreira, por se tratar de atribuição personalíssima da empregadora direta, no caso, a primeira reclamada. REFORMA-SE em parte. E nem se fale em limitação do período de condenação, diante da confissão da preposta da ré no sentido de que a autora prestou serviços em benefício da 4ª ré SESC durante todo período de vínculo empregatício com a 1ª reclamada. NADA A REFORMAR. Quanto ao alcance, a responsabilidade subsidiária tem natureza econômica e não jurídica. A 4ª ré SESC é garantidora da satisfação econômica das prestações a que está obrigada a devedora principal, posto que agiu com culpa "in eligendo" e "in vigilando", conforme decidido na Origem e confirmado neste decisum. Sua responsabilidade, portanto, não é analisada "verba a verba" (posto que não é jurídica) e sim pelo total da dívida no momento em que a devedora principal for inadimplente. Não cabe, portanto, discutir que não tem responsabilidade por recolhimentos fiscais e previdenciários. Se a devedora principal tem tais obrigações, a 4ª ré as tem de forma subsidiária (garantidora financeira), e com a limitação temporal condizente com o período de prestação de serviços pela obreira em seu benefício, que no caso é todo o período trabalhado. Neste sentido, a Súmula 331, VI do C. TST, que dispõe: "VI - A responsabilidade subsidiária do tomador de serviços abrange todas as verbas decorrentes da condenação referentes ao período da prestação laboral. (Inserido - Res. 174/2011 - DeJT 27/05/2011)." MANTENHO. Por fim, entendo que eventual discussão quanto à aplicação do benefício de ordem deve ser dirimida em época própria que seria na fase de execução. No que tange ao exaurimento patrimonial da devedora principal, para que o benefício de ordem seja exercido validamente é impositivo observar os requisitos legais constantes do artigo 795, § 2º, do CPC, aplicado analogicamente, devendo ser comprovada a existência de bens do devedor principal, que sejam livres, suficientes e situados no foro da execução. Quanto ao alcance e dimensão da responsabilidade subsidiária, entende-se que seus limites permitem apenas ao corresponsável exigir a garantia do benefício de ordem, caso nomeie bens livres e desembaraçados do devedor principal, suficientes para solver o débito, nos termos do disposto nos art. 4º, §3º, da Lei nº 6.830/80 e art. 794, do Código de Processo Civil, ambos aplicados subsidiariamente ao Processo do Trabalho por força dos arts. 769 e 889, da Consolidação das Leis do Trabalho. Sendo inviável a indicação de patrimônio desembaraçado da devedora principal por parte da responsável subsidiária, cabível a sua imediata responsabilização pelo crédito inadimplido, objeto de futura execução. NADA A REFORMAR. 2.2- RESCISÃO CONTRATUAL INDIRETA. AVISO PRÉVIO. VERBAS RESCISÓRIAS. FGTS + 40% Alega a recorrente que os fatos alegados são inverídicos ou, se verdadeiros, não possuem gravidade suficiente para configurar rescisão indireta, conforme o art. 483 da CLT. Subsidiariamente, defende que a responsabilidade pelas verbas rescisórias seriam da empregadora, não da recorrente. Sem razão. Acompanha-se a motivação da r. sentença. Em outras palavras, assume-se a fundamentação "per relationem", incorporando formalmente as razões de decidir exaradas na origem. Tal modalidade mais sucinta de declarar voto, quando não visualizado motivo para discordar da conclusão adotada e dos fundamentos externados, de acordo com o Princípio da Economia Processual, obedece às exigências do art. 93, inciso IX da Constituição Federal. Impende destacar que essa técnica da motivação vem sendo reconhecida como plenamente compatível com o texto da Lei Maior pelo E. STF (AI 738.982/PR, Rel. Min. Joaquim Barbosa; AI 809.147/ES, Rel. Min. Cármen Lúcia; AI 814.640/RS, Rel. Min. Ricardo Lewandowski; ARE 662.029/SE, Rel. Min. Celso de Mello e MS 28.989-MC/PR, Rel. Min. Celso de Mello), o que importa em rejeitar por incompatibilidade lógica os argumentos contrários contidos no recurso. Ruptura contratual Na inicial, a reclamante afirma que, admitida em 20.02.2024, enviou telegrama à 1ª reclamada em 30.07.2024 comunicando a rescisão indireta do contrato por força das irregularidades perpetradas ao longo da relação jurídica, como omissão de FGTS, inadimplemento de vale-transporte e vale-refeição de junho e julho. Em defesa, a reclamada argumenta que (a) "A autora deixou de trabalhar voluntariamente e sem qualquer justificativa"; ; (b) "A reclamante teve depositado TODOS os valores referentes ao FGTS do período contratual"; (c) "Sempre forneceu corretamente" vale-refeição e vale-transporte (sem os destaques do original). O documento de fl. 24 do PDF revela que nada há de saldo na conta vinculada da reclamante. A 1ª reclamada não traz documentos comprovando os recolhimentos. A documentação trazida pelo 4º reclamado não confirma que, dentre os valores depositados, há lançamento em favor da reclamante. Bem ao contrário, os documentos de fls. 372 e 377 do PDF, por exemplo, não trazem a reclamante dentre os beneficiados com lançamentos na conta vinculada. A irregularidade no recolhimento de FGTS, atualmente, configura falta grave apta a atrair a rescisão indireta do contrato. Acerca do tema há jurisprudência: "Rescisão indireta. Art. 483, d, da CLT. O não recolhimento do FGTS e o recolhimento irregular, como se verifica no caso concreto, é motivo suficiente a ensejar a rescisão indireta do contrato de trabalho, nos termos do art. 483, d, da CLT. Horas extras. Preclusão temporal. A autora, nos termos do art. 818, I da CLT, competia apontar eventuais diferenças de horas extras, ônus do qual não se desincumbiu, em face da preclusão temporal. Responsabilidade subsidiária. Contrato de distribuição. A finalidade do contrato de distribuição é a terceirização do serviço de vendas à primeira reclamada. Aplica-se à hipótese o entendimento sedimentado pela Súmula 331, do C. TST. Recurso da reclamante a que se dá parcial provimento. Improvido o recurso da segunda reclamada." (TRT-2ª Região 1001167-88.2021.5.02.0011; Data: 16-02-2023; 17ª Turma; Relator:Desembargador Homero Batista Mateus da Silva, destaquei). "RESCISÃO INDIRETA DO CONTRATO DE TRABALHO. AUSÊNCIA DE DEPÓSITOS DO FGTS. FALTA GRAVE. Ainda que a falta dos depósitos do FGTS não possa representar um impacto direto no salário, constitui real ameaça às garantias à disposição do empregado para fazer frente à dispensa imotivada. Trata-se de direitos de amplo alcance, cuja imperatividade, definida em lei, não admite interpretação subjetiva. Tem-se, portanto, que a conduta da reclamada em sonegar o FGTS ao longo do contrato detém gravidade suficiente para justificar e ensejar o reconhecimento da rescisão indireta, nos termos do art. 483, alínea 'd', da CLT. Recurso ordinário da reclamante a que se dá provimento, no particular." (TRT-2ª Região 1000322-59.2022.5.02.0613; Data: 19-12-2022; 3ª Turma;Relator: Desembargador Paulo Eduardo Vieira de Oliveira, destaquei). "RECURSO ORDINÁRIO INTERPOSTO PELO RECLAMANTE. RESCISÃO INDIRETA DO CONTRATO DE TRABALHO. A ausência de recolhimento das contribuições para o FGTS, isoladamente, configura falta grave do empregador apta a autorizar a rescisão indireta do contrato de trabalho, a teor do art. 483, 'd', da CLT. Precedentes do C. TST. Recurso ordinário provido em parte." (TRT-2ª Região 1001480-52.2021.5.02.0204;Data: 17-02-2023; 6ª Turma; Relator: Juiz Convocado Wilson Ricardo Buquetti Pirotta, destaquei) Em depoimento, a reclamante admite que o último dia trabalhado foi 29.06.2024 (fl. 567 do PDF), data a ser considerada para o rompimento do contrato e informação que prevalece sobre quaisquer outros documentos constantes dos autos, por tratar-se de declaração da própria trabalhadora em juízo. Diante dos limites do pedido, devido é o saldo salarial de 20 dias (fl. 17 do PDF), além de 30 dias de aviso prévio indenizado, que se projeta sobre o contrato para todos os efeitos legais, deslocando o término da relação jurídica para 29.07.2024, data a ser anotada em CTPS (Orientação Jurisprudencial n. 82 da SDI-1 do Tribunal Superior do Trabalho). O parágrafo único do artigo 146 da CLT estabelece que apenas a fração superior a 14 dias de trabalho será considerada para o cômputo de 1/12 a título de férias na rescisão, o que assegura à reclamante, observada a projeção do aviso prévio indenizado, 5/12 de férias acrescidas do terço constitucional. O art. 1°, § 2°, da Lei n. 4.090/62 prevê que apenas a fração igualou superior a 15 dias de trabalho é considerada mês integral para o fim do cômputo de1/12 da gratificação natalina, o que assegura à reclamante, observada a projeção do aviso prévio indenizado, 5/12 de décimo terceiro salário proporcional de 2024. Não bastasse a constatação de inexistência de lançamentos na conta vinculada da reclamante, a rescisão indireta impõe a incidência de FGTS sobre as parcelas salariais devidas por ocasião da ruptura contratual, além da indenização de40% sobre a totalidade do FGTS e a liberação das guias TRCT. A multa do artigo 22 da Lei n. 8.036/90 detém natureza administrativa e não reverte em favor do empregado. Não há no rol petitório nada relacionado a seguro desemprego. O juízo está adstrito aos limites da lide. Nada é devido a tal título. Feitas essas considerações, condeno a reclamada: A - a, em oito dias, após o trânsito em julgado, contados de sua intimação, anotar a baixa do contrato na CTPS DIGITAL (já habilitada) com data de 29.07.2024, sob pena de fazê-lo a Secretaria da Vara, nos termos do artigo 39 da CLT; B - a pagar à reclamante: a) 20 dias de saldo salarial; b) 30 dias de aviso prévio indenizado; c) 5/12 de férias acrescidas proporcionais do terço constitucional; d) 5/12 de décimo terceiro salário proporcional de 2024; C - a, em oito dias do trânsito em julgado, contados de sua intimação, lançar na conta vinculada os depósitos de FGTS omitidos ao longo do pacto, observada a incidência em salários, aviso prévio indenizado e décimo terceiro salário proporcional, além da indenização de 40% sobre a totalidade do FGTS, e liberar as guias para saque, sob pena de execução direta. 2.3- VALE REFEIÇÃO E VALE TRANSPORTE Insurge-se a recorrente contra o pleito em comento sob o fundamento de que "segundo logrou apurar o Recorrente, a primeira Reclamada efetuou corretamente o pagamento e a entrega de todos os benefícios previstos em Convenção Coletiva de Trabalho da categoria profissional a que pertence a Recorrida, não havendo que se falar em indenização, como entendeu o D. Juízo de piso, devendo ser reformada a r. sentença de primeiro grau.". Todavia, não há nos autos prova documental a corroborar a alegação de regular concessão dos benefícios em questão. Considerando que o ônus de comprovar o adimplemento recaía sobre a parte reclamada, nos termos do art. 818 da CLT c/c o art. 373, inciso II, do CPC, impõe-se a manutenção da r. sentença quanto ao ponto. 2.4- LIMITAÇÃO DO VALOR DA CONDENAÇÃO Vinha entendendo que a condenação deveria se limitar aos valores dos pedidos, na forma indicada na inicial, não se cogitando em concebê-los como mera estimativa, diante do que estabelece o art. 840, § 1º, da CLT. Contudo, curvo-me a entendimento majoritário desta Egrégia Turma, quanto ao tema, pedindo vênia para transcrever excerto do acórdão abaixo: "Mesmo com as alterações implementadas pela Lei 13.467/2017 no art. 840, § 1º, da CLT, a indicação de valor aos pedidos, na exata dicção legal, não compreende o propósito de apresentar valores líquidos finais. O mesmo entendimento é adotado pela norma administrativa prevista no art. 12, § 2º, da Instrução Normativa 41, do TST: "Para o fim do que dispõe o art. 840, §§ 1º e 2º, da CLT, o valor da causa será estimado, observando-se, no que couber, o disposto nos arts. 291 a 293 do Código de Processo Civil". (Processo nº 1000940-20.2021.5.02.0716; Data: 17/11/2022; Órgão Julgador: 12ª Turma - Cadeira 3; Relatora: Cintia Taffari). Mantenho a decisão. 2.5- HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS Ante a permanência da sucumbência recíproca, não há respaldo para a pretensão de exclusão da condenação da quarta reclamada ao pagamento de honorários advocatícios sucumbenciais em favor do patrono da parte contrária. Mantenho. 3- DISPOSITIVO Presidiu o julgamento a Excelentíssima Senhora Desembargadora Tania Bizarro Quirino de Morais. Tomaram parte no julgamento os Excelentíssimos Senhores Magistrados Federais do Trabalho Jorge Eduardo Assad (Relator), Benedito Valentini (2º votante) e Soraya Galassi Lambert. Votação: unânime. Isto posto, nos termos da fundamentação supra, ora integrada ao presente dispositivo para todos os efeitos, ACORDAM os Magistrados da 12ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região em CONHECER do recurso da 4ª reclamadas e, no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO PARCIAL para excluir da recorrente a obrigação de proceder a baixa da CTPS obreira. Tudo nos termos da fundamentação do voto, mantida no mais a sentença, inclusive quanto aos valores arbitrados a título de condenação e custas. Atentem as partes para o não cabimento de embargos declaratórios com intuito de rever provas, fatos ou a própria decisão. Quando ausentes os pressupostos autorizadores, como previsto nos incisos do art. 1022 do CPC, estarão sujeitos à aplicação do §2º do art. 1026, bem como à disciplina dos arts. 77, II do mesmo Diploma Legal e dos arts. 793-A, 793-B e 793-C da CLT. JORGE EDUARDO ASSAD Juiz Convocado Relator /yn VOTOS SAO PAULO/SP, 03 de julho de 2025. AUGUSTO RODRIGUES LEITE Diretor de Secretaria Intimado(s) / Citado(s) - SILVIA CRISTINA LOPES

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Silvia Cristina Lopes x Acoforte Seguranca E Vigilancia Ltda - Em Recuperacao Judicial e outros

ID: 316501418

Tribunal: TRT2 Órgão: 12ª Turma Classe: RECURSO ORDINáRIO - RITO SUMARíSSIMO Nº Processo: 1001603-97.2024.5.02.0025

Data de Disponibilização: 04/07/2025

Polo Ativo:

SILVIA CRISTINA LOPES

Polo Passivo:

ACOFORTE SEGURANCA E VIGILANCIA LTDA - EM RECUPERACAO JUDICIAL NRPAR PARTICIPACOES LTDA REGIONAL SERVICOS DE SEGURANCA E VIGILANCIA LTDA - EPP SERVICO SOCIAL DO COMERCIO - SESC - ADMINISTRACAO REGIONAL NO ESTADO DE SAO PAULO

Notificação

Advogados:

EDUARDO FIGUEIREDO BATISTA

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MARCELO AUGUSTO PIMENTA

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FABIO DE ASSIS

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LUCIANA YURIE MATSUMOTO

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BARBARA GONCALVES DA SILVEIRA

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PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO 12ª TURMA Relator: JORGE EDUARDO ASSAD RORSum 1001603-97.2024.5.02.0025 RECORRENTE: SILVIA CRISTINA LOPES RECORR… PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO 12ª TURMA Relator: JORGE EDUARDO ASSAD RORSum 1001603-97.2024.5.02.0025 RECORRENTE: SILVIA CRISTINA LOPES RECORRIDO: REGIONAL SERVICOS DE SEGURANCA E VIGILANCIA LTDA - EPP E OUTROS (3) Fica V. Sa. intimada do inteiro teor do v. Acórdão #id:5d4e273 proferido nos autos: PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO PROCESSO TRT/SP Nº 1001603-97.2024.5.02.0025 12ª TURMA RECURSO ORDINÁRIO EM RITO SUMARÍSSIMO RECORRENTE: SERVICO SOCIAL DO COMERCIO - SESC - ADMINISTRAÇÃO REGIONAL NO ESTADO DE SÃO PAULO RECORRIDO: SILVIA CRISTINA LOPES e outros ORIGEM: 25ª VARA DO TRABALHO DE SÃO PAULO RELATOR: JUIZ CONVOCADO DR JORGE EDUARDO ASSAD - CADEIRA 03 JUIZ(A) PROLATOR(A) DA SENTENÇA: MARIA EULALIA DE SOUZA PIRES RELATÓRIO Dispensado o relatório, nos termos do artigo 852-I da CLT, que disciplina o procedimento sumaríssimo. VOTO 1- CONHECIMENTO O recurso ordinário interposto pela 4ª reclamada é tempestivo e está subscrito por advogado com poderes nos autos. A ré comprovou o recolhimento do depósito recursal e das custas processuais (ID. 29246bf e seguintes). O apelo é conhecido, eis que presentes os pressupostos de admissibilidade. 2 - MÉRITO 2.1 - RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA De partida esclareça-se que as entidades paraestatais integrantes dos serviços sociais autônomos, denominadas de Sistema S, não integram a estrutura administrativa como entidades da Administração Pública, embora administrem verba pública e se sujeitem à regulação financeira efetivada pelo Tribunal de Contas. A 4ª reclamada SESC é pessoa jurídica de direito privado e interesse público que atua sob a forma de instituição particular, não havendo falar em aplicação da tese de repercussão geral fixada pelo Egrégio Supremo Tribunal Federal no julgamento do RE 760931. Nesse sentido: AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. PROCESSO SOB A ÉGIDE DA LEI 13.015/2014. TERCEIRIZAÇÃO TRABALHISTA. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DO SERVIÇO SOCIAL DO COMÉRCIO - SESC. ENTIDADE PARAESTATAL. PERSONALIDADE JURÍDICA DE DIREITO PRIVADO. SÚMULA 331, IV, DO TST. As paraestatais integrantes dos serviços sociais autônomos, denominadas de Sistema S, são entidades particulares sem fins lucrativos, que atuam em colaboração ao Estado na prestação de serviços públicos não exclusivos, mas de cunho social. Tais entidades não integram a estrutura administrativa como entes da Administração Direta ou Indireta. Em razão de administrarem verba pública, se sujeitam à regulação financeira efetivada pelo Tribunal de Contas, além de se submeterem aos princípios básicos que norteiam a atuação administrativa pública. Entretanto, não se submetem diretamente às regras da Lei 8.666/93 e 10.520/02, mas apenas aos princípios gerais do procedimento licitatório e regime de execução de despesas públicas. Nesse contexto, permanece hígida a decisão recorrida, ao aplicar a Súmula 331, IV, do TST que, ao estabelecer a responsabilidade subsidiária da entidade tomadora de serviços, tem o mérito de buscar alternativas para que o ilícito trabalhista não favoreça aquele que já foi beneficiário do trabalho perpetrado. Realiza, ainda, de forma implícita, o preceito isonômico, consubstanciado no art. 5º, caput, ab initio, e I, da CF, não ferindo, por isso, em nenhum momento, a ordem jurídica vigente. Agravo de instrumento desprovido. (AIRR - 10182-22.2016.5.03.0084 , Relator Ministro: Mauricio Godinho Delgado, Data de Julgamento: 30/08/2017, 3ª Turma, Data de Publicação: DEJT 01/09/2017) RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. SESC. ENTE PRIVADO. APLICAÇÃO DA SÚMULA 331, IV, DO TST. O caso em análise se adapta plenamente à situação versada na Súmula 331, IV, do TST, segundo a qual, aquele que se beneficia, direta ou indiretamente, da força de trabalho do empregado, por intermédio de empresa interposta inidônea, e sem suporte financeiro para honrar suas obrigações trabalhistas, deve responder subsidiariamente pelos créditos alimentares inadimplidos. Afasto a argumentação recursal de que a contratação teria ocorrido nos moldes regulamentados pela Resolução SESC nº 1252/12 de 6/6/2012, do Conselho Nacional do Serviço Social do Comércio, publicada na Seção III do Diário Oficial da União, edição nº 144 de 26/7/2012, como se fosse ente público. Na verdade, como corretamente constou da sentença recorrida, o entendimento jurisprudencial vinculante do STF, pela decisão do Plenário daquela Corte, a respeito do tema, proferida nos autos do RE 789.874-DF, à qual foi dada repercussão geral, é no sentido de que os serviços sociais autônomos integrantes do denominado Sistema S, como no caso, ostentam natureza de pessoa jurídica de direito privado e não integram a Administração Pública, razão pela qual a questão ora discutida deve ser decidida não pelo prisma da decisão proferida pelo STF na ADC n.º 16 e, consequentemente, do teor do § 1º do art. 71 da Lei nº 8.666/93, mas pelo enfoque ordinário de que trata a Súmula nº 331 do TST, em seu item IV, acima transcrito. Nego provimento ao apelo da segunda ré. (TRT-2 10005326820215020024 SP, Relator: MOISES DOS SANTOS HEITOR, 1ª Turma - Cadeira 4, Data de Publicação: 27/10/2021) A matéria não é nova perante esta C. 12ª Turma Recursal. Invoca-se o julgamento dos seguintes processos nos quais foi reconhecida a responsabilidade subsidiaria do SESC como tomador de serviços em relação de terceirização: proc. n. 10007864920205020065, Relator Exmo. Desembargador Marcelo Freire Gonçalves, Data de Publicação: 20/09/2021; proc. n. 10011867820205020060, Relator Exmo. Desembargador Marcelo Freire Gonçalves, Data de Publicação: 25/10/2021; proc. n. 10008970220195020313, Relator Exmo. Desembargador Benedito Valentini, Data de Publicação: 26/04/2022. Fixada esta premissa, consta da exordial que a autora, contratada pela 1ª reclamada REGIONAL SERVIÇOS DE SEGURANÇA E VIGILÂNCIA EIRELI na função de vigilante, prestou serviços, com exclusividade, à 4ª reclamada SESC durante todo contrato de trabalho, requerendo sua responsabilização subsidiária pelas verbas inadimplidas, invocando a Súmula n. 331, do C. TST. A relação de terceirização na prestação de serviços pela autora para a 4ª ré SESC foi confirmada pela preposta desta que assim indicou em audiência "o 4º reclamado manteve contrato com a 1ª reclamada; a reclamante prestou serviços em favor do 4º reclamado como empregada da 1ª reclamada." Incontroverso, portanto, a relação de terceirização de serviços mantida entre as corrés, e a efetiva prestação de serviços da autora para a 4ª ré SESC por todo o período trabalhado, diante da expressa confissão neste sentido. Em se tratando de pedido de responsabilidade subsidiária, despiciendos os argumentos acerca da ausência dos requisitos da relação de emprego com a tomadora, não prestação de serviços pela autora na atividade fim da tomadora, independência das reclamadas, inexistência de grupo econômico e distinção de atividades comerciais. No mais, os autos não envolvem discussão sobre a existência de vínculo empregatício direto com a tomadora ou a existência de grupo econômico entre as corrés ou, ainda, de subordinação jurídica entre a autora e a 4ª reclamada SESC. Tampouco se discute a legalidade ou validade do contrato de prestação de serviços havido entre as demandadas, mas tão somente a responsabilização subsidiária da 4ª acionada SESC. Assim sendo, embora se trate de terceirização lícita, não se pode afastar a responsabilidade subsidiária da empresa contratante, uma vez que a autora sofreu prejuízo, pelo inadimplemento de verbas trabalhistas a cargo da empregadora, sendo imperioso que a tomadora que se beneficiou da prestação dos serviços da obreira responda por débitos oriundos da condenação, na forma do art. 186 do Código Civil, de aplicação subsidiária, ex vi do art. 8º da CLT, e da Súmula nº 331 do Colendo TST, que, a meu ver, interpreta tal regra legal, não havendo se falar em descumprimento de preceitos constitucionais, como o princípio da legalidade, pela aplicação deste entendimento sumulado. Caso contrário estaríamos transferindo para a trabalhadora a responsabilidade decorrente da contratação de empresa inidônea, em ofensa ao disposto nos artigos 9º e 444, da CLT, enquadrando-se o caso em tela, nas hipóteses previstas na Súmula nº 331 do C. TST, em especial nos itens III e IV. Ressalte-se, ademais, que o artigo 8º da CLT admite a aplicação subsidiária de normas do direito comum e o diploma civil, em seus artigos 186, 187, 927, 932 e 933, permite a condenação do tomador de serviços, de forma subsidiária, sendo afastadas quaisquer alegações no sentido de que o entendimento sumulado pelo C. TST não prevaleceria em razão de ausência de disposição legal que possibilitasse a condenação subsidiária do tomador de serviços por verbas trabalhistas não pagas pela empresa que intermediou mão de obra. Assim, com base na iterativa e notória jurisprudência dos Tribunais Trabalhistas, bem como com arrimo na doutrina juslaboral, entendo que o instituto em comento resulta na obrigatoriedade do tomador de serviço em responder pelos direitos do empregado a ela oferecido pela empresa prestadora (intermediação de mão de obra - terceirização). Em tais casos, o empregador direto deve ser executado de início e, somente quando este não honrar os direitos do empregado, é que a tomadora poderá ser responsabilizada. No mais, importante destacar que a Lei n. 6.019/74, prevê no §5º do art. 5º-A, com redação dada pela novel Lei n. 13.429/2017, de 31/03/2017, que: "A empresa contratante é subsidiariamente responsável pelas obrigações trabalhistas referentes ao período em que ocorrer a prestação de serviços, e o recolhimento das contribuições previdenciárias observará o disposto no art. 31 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991.", sepultando a vetusta tese de ausência de disposição legal. Assim sendo, MANTENHO a sentença no ponto em que reconheceu a responsabilidade subsidiária da 4ª reclamada SESC ao adimplemento de todas as parcelas deferidas à parte autora, sejam salariais, rescisórios ou indenizatórios, inclusive multas normativas ou previstas em lei. Essa posição veio a ser reforçada pela atual redação da Súmula 331 do C. TST (itens V e VI), ressalvadas apenas as obrigações personalíssimas. Cabível apenas pequena adequação no julgado de origem a fim de restringir a condenação imposta à quarta reclamada, excluindo-se, quanto a ela, a obrigação de fazer consistente na baixa da CTPS da obreira, por se tratar de atribuição personalíssima da empregadora direta, no caso, a primeira reclamada. REFORMA-SE em parte. E nem se fale em limitação do período de condenação, diante da confissão da preposta da ré no sentido de que a autora prestou serviços em benefício da 4ª ré SESC durante todo período de vínculo empregatício com a 1ª reclamada. NADA A REFORMAR. Quanto ao alcance, a responsabilidade subsidiária tem natureza econômica e não jurídica. A 4ª ré SESC é garantidora da satisfação econômica das prestações a que está obrigada a devedora principal, posto que agiu com culpa "in eligendo" e "in vigilando", conforme decidido na Origem e confirmado neste decisum. Sua responsabilidade, portanto, não é analisada "verba a verba" (posto que não é jurídica) e sim pelo total da dívida no momento em que a devedora principal for inadimplente. Não cabe, portanto, discutir que não tem responsabilidade por recolhimentos fiscais e previdenciários. Se a devedora principal tem tais obrigações, a 4ª ré as tem de forma subsidiária (garantidora financeira), e com a limitação temporal condizente com o período de prestação de serviços pela obreira em seu benefício, que no caso é todo o período trabalhado. Neste sentido, a Súmula 331, VI do C. TST, que dispõe: "VI - A responsabilidade subsidiária do tomador de serviços abrange todas as verbas decorrentes da condenação referentes ao período da prestação laboral. (Inserido - Res. 174/2011 - DeJT 27/05/2011)." MANTENHO. Por fim, entendo que eventual discussão quanto à aplicação do benefício de ordem deve ser dirimida em época própria que seria na fase de execução. No que tange ao exaurimento patrimonial da devedora principal, para que o benefício de ordem seja exercido validamente é impositivo observar os requisitos legais constantes do artigo 795, § 2º, do CPC, aplicado analogicamente, devendo ser comprovada a existência de bens do devedor principal, que sejam livres, suficientes e situados no foro da execução. Quanto ao alcance e dimensão da responsabilidade subsidiária, entende-se que seus limites permitem apenas ao corresponsável exigir a garantia do benefício de ordem, caso nomeie bens livres e desembaraçados do devedor principal, suficientes para solver o débito, nos termos do disposto nos art. 4º, §3º, da Lei nº 6.830/80 e art. 794, do Código de Processo Civil, ambos aplicados subsidiariamente ao Processo do Trabalho por força dos arts. 769 e 889, da Consolidação das Leis do Trabalho. Sendo inviável a indicação de patrimônio desembaraçado da devedora principal por parte da responsável subsidiária, cabível a sua imediata responsabilização pelo crédito inadimplido, objeto de futura execução. NADA A REFORMAR. 2.2- RESCISÃO CONTRATUAL INDIRETA. AVISO PRÉVIO. VERBAS RESCISÓRIAS. FGTS + 40% Alega a recorrente que os fatos alegados são inverídicos ou, se verdadeiros, não possuem gravidade suficiente para configurar rescisão indireta, conforme o art. 483 da CLT. Subsidiariamente, defende que a responsabilidade pelas verbas rescisórias seriam da empregadora, não da recorrente. Sem razão. Acompanha-se a motivação da r. sentença. Em outras palavras, assume-se a fundamentação "per relationem", incorporando formalmente as razões de decidir exaradas na origem. Tal modalidade mais sucinta de declarar voto, quando não visualizado motivo para discordar da conclusão adotada e dos fundamentos externados, de acordo com o Princípio da Economia Processual, obedece às exigências do art. 93, inciso IX da Constituição Federal. Impende destacar que essa técnica da motivação vem sendo reconhecida como plenamente compatível com o texto da Lei Maior pelo E. STF (AI 738.982/PR, Rel. Min. Joaquim Barbosa; AI 809.147/ES, Rel. Min. Cármen Lúcia; AI 814.640/RS, Rel. Min. Ricardo Lewandowski; ARE 662.029/SE, Rel. Min. Celso de Mello e MS 28.989-MC/PR, Rel. Min. Celso de Mello), o que importa em rejeitar por incompatibilidade lógica os argumentos contrários contidos no recurso. Ruptura contratual Na inicial, a reclamante afirma que, admitida em 20.02.2024, enviou telegrama à 1ª reclamada em 30.07.2024 comunicando a rescisão indireta do contrato por força das irregularidades perpetradas ao longo da relação jurídica, como omissão de FGTS, inadimplemento de vale-transporte e vale-refeição de junho e julho. Em defesa, a reclamada argumenta que (a) "A autora deixou de trabalhar voluntariamente e sem qualquer justificativa"; ; (b) "A reclamante teve depositado TODOS os valores referentes ao FGTS do período contratual"; (c) "Sempre forneceu corretamente" vale-refeição e vale-transporte (sem os destaques do original). O documento de fl. 24 do PDF revela que nada há de saldo na conta vinculada da reclamante. A 1ª reclamada não traz documentos comprovando os recolhimentos. A documentação trazida pelo 4º reclamado não confirma que, dentre os valores depositados, há lançamento em favor da reclamante. Bem ao contrário, os documentos de fls. 372 e 377 do PDF, por exemplo, não trazem a reclamante dentre os beneficiados com lançamentos na conta vinculada. A irregularidade no recolhimento de FGTS, atualmente, configura falta grave apta a atrair a rescisão indireta do contrato. Acerca do tema há jurisprudência: "Rescisão indireta. Art. 483, d, da CLT. O não recolhimento do FGTS e o recolhimento irregular, como se verifica no caso concreto, é motivo suficiente a ensejar a rescisão indireta do contrato de trabalho, nos termos do art. 483, d, da CLT. Horas extras. Preclusão temporal. A autora, nos termos do art. 818, I da CLT, competia apontar eventuais diferenças de horas extras, ônus do qual não se desincumbiu, em face da preclusão temporal. Responsabilidade subsidiária. Contrato de distribuição. A finalidade do contrato de distribuição é a terceirização do serviço de vendas à primeira reclamada. Aplica-se à hipótese o entendimento sedimentado pela Súmula 331, do C. TST. Recurso da reclamante a que se dá parcial provimento. Improvido o recurso da segunda reclamada." (TRT-2ª Região 1001167-88.2021.5.02.0011; Data: 16-02-2023; 17ª Turma; Relator:Desembargador Homero Batista Mateus da Silva, destaquei). "RESCISÃO INDIRETA DO CONTRATO DE TRABALHO. AUSÊNCIA DE DEPÓSITOS DO FGTS. FALTA GRAVE. Ainda que a falta dos depósitos do FGTS não possa representar um impacto direto no salário, constitui real ameaça às garantias à disposição do empregado para fazer frente à dispensa imotivada. Trata-se de direitos de amplo alcance, cuja imperatividade, definida em lei, não admite interpretação subjetiva. Tem-se, portanto, que a conduta da reclamada em sonegar o FGTS ao longo do contrato detém gravidade suficiente para justificar e ensejar o reconhecimento da rescisão indireta, nos termos do art. 483, alínea 'd', da CLT. Recurso ordinário da reclamante a que se dá provimento, no particular." (TRT-2ª Região 1000322-59.2022.5.02.0613; Data: 19-12-2022; 3ª Turma;Relator: Desembargador Paulo Eduardo Vieira de Oliveira, destaquei). "RECURSO ORDINÁRIO INTERPOSTO PELO RECLAMANTE. RESCISÃO INDIRETA DO CONTRATO DE TRABALHO. A ausência de recolhimento das contribuições para o FGTS, isoladamente, configura falta grave do empregador apta a autorizar a rescisão indireta do contrato de trabalho, a teor do art. 483, 'd', da CLT. Precedentes do C. TST. Recurso ordinário provido em parte." (TRT-2ª Região 1001480-52.2021.5.02.0204;Data: 17-02-2023; 6ª Turma; Relator: Juiz Convocado Wilson Ricardo Buquetti Pirotta, destaquei) Em depoimento, a reclamante admite que o último dia trabalhado foi 29.06.2024 (fl. 567 do PDF), data a ser considerada para o rompimento do contrato e informação que prevalece sobre quaisquer outros documentos constantes dos autos, por tratar-se de declaração da própria trabalhadora em juízo. Diante dos limites do pedido, devido é o saldo salarial de 20 dias (fl. 17 do PDF), além de 30 dias de aviso prévio indenizado, que se projeta sobre o contrato para todos os efeitos legais, deslocando o término da relação jurídica para 29.07.2024, data a ser anotada em CTPS (Orientação Jurisprudencial n. 82 da SDI-1 do Tribunal Superior do Trabalho). O parágrafo único do artigo 146 da CLT estabelece que apenas a fração superior a 14 dias de trabalho será considerada para o cômputo de 1/12 a título de férias na rescisão, o que assegura à reclamante, observada a projeção do aviso prévio indenizado, 5/12 de férias acrescidas do terço constitucional. O art. 1°, § 2°, da Lei n. 4.090/62 prevê que apenas a fração igualou superior a 15 dias de trabalho é considerada mês integral para o fim do cômputo de1/12 da gratificação natalina, o que assegura à reclamante, observada a projeção do aviso prévio indenizado, 5/12 de décimo terceiro salário proporcional de 2024. Não bastasse a constatação de inexistência de lançamentos na conta vinculada da reclamante, a rescisão indireta impõe a incidência de FGTS sobre as parcelas salariais devidas por ocasião da ruptura contratual, além da indenização de40% sobre a totalidade do FGTS e a liberação das guias TRCT. A multa do artigo 22 da Lei n. 8.036/90 detém natureza administrativa e não reverte em favor do empregado. Não há no rol petitório nada relacionado a seguro desemprego. O juízo está adstrito aos limites da lide. Nada é devido a tal título. Feitas essas considerações, condeno a reclamada: A - a, em oito dias, após o trânsito em julgado, contados de sua intimação, anotar a baixa do contrato na CTPS DIGITAL (já habilitada) com data de 29.07.2024, sob pena de fazê-lo a Secretaria da Vara, nos termos do artigo 39 da CLT; B - a pagar à reclamante: a) 20 dias de saldo salarial; b) 30 dias de aviso prévio indenizado; c) 5/12 de férias acrescidas proporcionais do terço constitucional; d) 5/12 de décimo terceiro salário proporcional de 2024; C - a, em oito dias do trânsito em julgado, contados de sua intimação, lançar na conta vinculada os depósitos de FGTS omitidos ao longo do pacto, observada a incidência em salários, aviso prévio indenizado e décimo terceiro salário proporcional, além da indenização de 40% sobre a totalidade do FGTS, e liberar as guias para saque, sob pena de execução direta. 2.3- VALE REFEIÇÃO E VALE TRANSPORTE Insurge-se a recorrente contra o pleito em comento sob o fundamento de que "segundo logrou apurar o Recorrente, a primeira Reclamada efetuou corretamente o pagamento e a entrega de todos os benefícios previstos em Convenção Coletiva de Trabalho da categoria profissional a que pertence a Recorrida, não havendo que se falar em indenização, como entendeu o D. Juízo de piso, devendo ser reformada a r. sentença de primeiro grau.". Todavia, não há nos autos prova documental a corroborar a alegação de regular concessão dos benefícios em questão. Considerando que o ônus de comprovar o adimplemento recaía sobre a parte reclamada, nos termos do art. 818 da CLT c/c o art. 373, inciso II, do CPC, impõe-se a manutenção da r. sentença quanto ao ponto. 2.4- LIMITAÇÃO DO VALOR DA CONDENAÇÃO Vinha entendendo que a condenação deveria se limitar aos valores dos pedidos, na forma indicada na inicial, não se cogitando em concebê-los como mera estimativa, diante do que estabelece o art. 840, § 1º, da CLT. Contudo, curvo-me a entendimento majoritário desta Egrégia Turma, quanto ao tema, pedindo vênia para transcrever excerto do acórdão abaixo: "Mesmo com as alterações implementadas pela Lei 13.467/2017 no art. 840, § 1º, da CLT, a indicação de valor aos pedidos, na exata dicção legal, não compreende o propósito de apresentar valores líquidos finais. O mesmo entendimento é adotado pela norma administrativa prevista no art. 12, § 2º, da Instrução Normativa 41, do TST: "Para o fim do que dispõe o art. 840, §§ 1º e 2º, da CLT, o valor da causa será estimado, observando-se, no que couber, o disposto nos arts. 291 a 293 do Código de Processo Civil". (Processo nº 1000940-20.2021.5.02.0716; Data: 17/11/2022; Órgão Julgador: 12ª Turma - Cadeira 3; Relatora: Cintia Taffari). Mantenho a decisão. 2.5- HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS Ante a permanência da sucumbência recíproca, não há respaldo para a pretensão de exclusão da condenação da quarta reclamada ao pagamento de honorários advocatícios sucumbenciais em favor do patrono da parte contrária. Mantenho. 3- DISPOSITIVO Presidiu o julgamento a Excelentíssima Senhora Desembargadora Tania Bizarro Quirino de Morais. Tomaram parte no julgamento os Excelentíssimos Senhores Magistrados Federais do Trabalho Jorge Eduardo Assad (Relator), Benedito Valentini (2º votante) e Soraya Galassi Lambert. Votação: unânime. Isto posto, nos termos da fundamentação supra, ora integrada ao presente dispositivo para todos os efeitos, ACORDAM os Magistrados da 12ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região em CONHECER do recurso da 4ª reclamadas e, no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO PARCIAL para excluir da recorrente a obrigação de proceder a baixa da CTPS obreira. Tudo nos termos da fundamentação do voto, mantida no mais a sentença, inclusive quanto aos valores arbitrados a título de condenação e custas. Atentem as partes para o não cabimento de embargos declaratórios com intuito de rever provas, fatos ou a própria decisão. Quando ausentes os pressupostos autorizadores, como previsto nos incisos do art. 1022 do CPC, estarão sujeitos à aplicação do §2º do art. 1026, bem como à disciplina dos arts. 77, II do mesmo Diploma Legal e dos arts. 793-A, 793-B e 793-C da CLT. JORGE EDUARDO ASSAD Juiz Convocado Relator /yn VOTOS SAO PAULO/SP, 03 de julho de 2025. AUGUSTO RODRIGUES LEITE Diretor de Secretaria Intimado(s) / Citado(s) - REGIONAL SERVICOS DE SEGURANCA E VIGILANCIA LTDA - EPP

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Tribunal: TRT2 Órgão: 12ª Turma Classe: RECURSO ORDINáRIO - RITO SUMARíSSIMO Nº Processo: 1001603-97.2024.5.02.0025

Data de Disponibilização: 04/07/2025

Polo Ativo:

SILVIA CRISTINA LOPES

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ACOFORTE SEGURANCA E VIGILANCIA LTDA - EM RECUPERACAO JUDICIAL NRPAR PARTICIPACOES LTDA REGIONAL SERVICOS DE SEGURANCA E VIGILANCIA LTDA - EPP SERVICO SOCIAL DO COMERCIO - SESC - ADMINISTRACAO REGIONAL NO ESTADO DE SAO PAULO

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EDUARDO FIGUEIREDO BATISTA

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MARCELO AUGUSTO PIMENTA

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LUCIANA YURIE MATSUMOTO

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BARBARA GONCALVES DA SILVEIRA

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PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO 12ª TURMA Relator: JORGE EDUARDO ASSAD RORSum 1001603-97.2024.5.02.0025 RECORRENTE: SILVIA CRISTINA LOPES RECORR… PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO 12ª TURMA Relator: JORGE EDUARDO ASSAD RORSum 1001603-97.2024.5.02.0025 RECORRENTE: SILVIA CRISTINA LOPES RECORRIDO: REGIONAL SERVICOS DE SEGURANCA E VIGILANCIA LTDA - EPP E OUTROS (3) Fica V. Sa. intimada do inteiro teor do v. Acórdão #id:5d4e273 proferido nos autos: PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO PROCESSO TRT/SP Nº 1001603-97.2024.5.02.0025 12ª TURMA RECURSO ORDINÁRIO EM RITO SUMARÍSSIMO RECORRENTE: SERVICO SOCIAL DO COMERCIO - SESC - ADMINISTRAÇÃO REGIONAL NO ESTADO DE SÃO PAULO RECORRIDO: SILVIA CRISTINA LOPES e outros ORIGEM: 25ª VARA DO TRABALHO DE SÃO PAULO RELATOR: JUIZ CONVOCADO DR JORGE EDUARDO ASSAD - CADEIRA 03 JUIZ(A) PROLATOR(A) DA SENTENÇA: MARIA EULALIA DE SOUZA PIRES RELATÓRIO Dispensado o relatório, nos termos do artigo 852-I da CLT, que disciplina o procedimento sumaríssimo. VOTO 1- CONHECIMENTO O recurso ordinário interposto pela 4ª reclamada é tempestivo e está subscrito por advogado com poderes nos autos. A ré comprovou o recolhimento do depósito recursal e das custas processuais (ID. 29246bf e seguintes). O apelo é conhecido, eis que presentes os pressupostos de admissibilidade. 2 - MÉRITO 2.1 - RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA De partida esclareça-se que as entidades paraestatais integrantes dos serviços sociais autônomos, denominadas de Sistema S, não integram a estrutura administrativa como entidades da Administração Pública, embora administrem verba pública e se sujeitem à regulação financeira efetivada pelo Tribunal de Contas. A 4ª reclamada SESC é pessoa jurídica de direito privado e interesse público que atua sob a forma de instituição particular, não havendo falar em aplicação da tese de repercussão geral fixada pelo Egrégio Supremo Tribunal Federal no julgamento do RE 760931. Nesse sentido: AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. PROCESSO SOB A ÉGIDE DA LEI 13.015/2014. TERCEIRIZAÇÃO TRABALHISTA. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DO SERVIÇO SOCIAL DO COMÉRCIO - SESC. ENTIDADE PARAESTATAL. PERSONALIDADE JURÍDICA DE DIREITO PRIVADO. SÚMULA 331, IV, DO TST. As paraestatais integrantes dos serviços sociais autônomos, denominadas de Sistema S, são entidades particulares sem fins lucrativos, que atuam em colaboração ao Estado na prestação de serviços públicos não exclusivos, mas de cunho social. Tais entidades não integram a estrutura administrativa como entes da Administração Direta ou Indireta. Em razão de administrarem verba pública, se sujeitam à regulação financeira efetivada pelo Tribunal de Contas, além de se submeterem aos princípios básicos que norteiam a atuação administrativa pública. Entretanto, não se submetem diretamente às regras da Lei 8.666/93 e 10.520/02, mas apenas aos princípios gerais do procedimento licitatório e regime de execução de despesas públicas. Nesse contexto, permanece hígida a decisão recorrida, ao aplicar a Súmula 331, IV, do TST que, ao estabelecer a responsabilidade subsidiária da entidade tomadora de serviços, tem o mérito de buscar alternativas para que o ilícito trabalhista não favoreça aquele que já foi beneficiário do trabalho perpetrado. Realiza, ainda, de forma implícita, o preceito isonômico, consubstanciado no art. 5º, caput, ab initio, e I, da CF, não ferindo, por isso, em nenhum momento, a ordem jurídica vigente. Agravo de instrumento desprovido. (AIRR - 10182-22.2016.5.03.0084 , Relator Ministro: Mauricio Godinho Delgado, Data de Julgamento: 30/08/2017, 3ª Turma, Data de Publicação: DEJT 01/09/2017) RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. SESC. ENTE PRIVADO. APLICAÇÃO DA SÚMULA 331, IV, DO TST. O caso em análise se adapta plenamente à situação versada na Súmula 331, IV, do TST, segundo a qual, aquele que se beneficia, direta ou indiretamente, da força de trabalho do empregado, por intermédio de empresa interposta inidônea, e sem suporte financeiro para honrar suas obrigações trabalhistas, deve responder subsidiariamente pelos créditos alimentares inadimplidos. Afasto a argumentação recursal de que a contratação teria ocorrido nos moldes regulamentados pela Resolução SESC nº 1252/12 de 6/6/2012, do Conselho Nacional do Serviço Social do Comércio, publicada na Seção III do Diário Oficial da União, edição nº 144 de 26/7/2012, como se fosse ente público. Na verdade, como corretamente constou da sentença recorrida, o entendimento jurisprudencial vinculante do STF, pela decisão do Plenário daquela Corte, a respeito do tema, proferida nos autos do RE 789.874-DF, à qual foi dada repercussão geral, é no sentido de que os serviços sociais autônomos integrantes do denominado Sistema S, como no caso, ostentam natureza de pessoa jurídica de direito privado e não integram a Administração Pública, razão pela qual a questão ora discutida deve ser decidida não pelo prisma da decisão proferida pelo STF na ADC n.º 16 e, consequentemente, do teor do § 1º do art. 71 da Lei nº 8.666/93, mas pelo enfoque ordinário de que trata a Súmula nº 331 do TST, em seu item IV, acima transcrito. Nego provimento ao apelo da segunda ré. (TRT-2 10005326820215020024 SP, Relator: MOISES DOS SANTOS HEITOR, 1ª Turma - Cadeira 4, Data de Publicação: 27/10/2021) A matéria não é nova perante esta C. 12ª Turma Recursal. Invoca-se o julgamento dos seguintes processos nos quais foi reconhecida a responsabilidade subsidiaria do SESC como tomador de serviços em relação de terceirização: proc. n. 10007864920205020065, Relator Exmo. Desembargador Marcelo Freire Gonçalves, Data de Publicação: 20/09/2021; proc. n. 10011867820205020060, Relator Exmo. Desembargador Marcelo Freire Gonçalves, Data de Publicação: 25/10/2021; proc. n. 10008970220195020313, Relator Exmo. Desembargador Benedito Valentini, Data de Publicação: 26/04/2022. Fixada esta premissa, consta da exordial que a autora, contratada pela 1ª reclamada REGIONAL SERVIÇOS DE SEGURANÇA E VIGILÂNCIA EIRELI na função de vigilante, prestou serviços, com exclusividade, à 4ª reclamada SESC durante todo contrato de trabalho, requerendo sua responsabilização subsidiária pelas verbas inadimplidas, invocando a Súmula n. 331, do C. TST. A relação de terceirização na prestação de serviços pela autora para a 4ª ré SESC foi confirmada pela preposta desta que assim indicou em audiência "o 4º reclamado manteve contrato com a 1ª reclamada; a reclamante prestou serviços em favor do 4º reclamado como empregada da 1ª reclamada." Incontroverso, portanto, a relação de terceirização de serviços mantida entre as corrés, e a efetiva prestação de serviços da autora para a 4ª ré SESC por todo o período trabalhado, diante da expressa confissão neste sentido. Em se tratando de pedido de responsabilidade subsidiária, despiciendos os argumentos acerca da ausência dos requisitos da relação de emprego com a tomadora, não prestação de serviços pela autora na atividade fim da tomadora, independência das reclamadas, inexistência de grupo econômico e distinção de atividades comerciais. No mais, os autos não envolvem discussão sobre a existência de vínculo empregatício direto com a tomadora ou a existência de grupo econômico entre as corrés ou, ainda, de subordinação jurídica entre a autora e a 4ª reclamada SESC. Tampouco se discute a legalidade ou validade do contrato de prestação de serviços havido entre as demandadas, mas tão somente a responsabilização subsidiária da 4ª acionada SESC. Assim sendo, embora se trate de terceirização lícita, não se pode afastar a responsabilidade subsidiária da empresa contratante, uma vez que a autora sofreu prejuízo, pelo inadimplemento de verbas trabalhistas a cargo da empregadora, sendo imperioso que a tomadora que se beneficiou da prestação dos serviços da obreira responda por débitos oriundos da condenação, na forma do art. 186 do Código Civil, de aplicação subsidiária, ex vi do art. 8º da CLT, e da Súmula nº 331 do Colendo TST, que, a meu ver, interpreta tal regra legal, não havendo se falar em descumprimento de preceitos constitucionais, como o princípio da legalidade, pela aplicação deste entendimento sumulado. Caso contrário estaríamos transferindo para a trabalhadora a responsabilidade decorrente da contratação de empresa inidônea, em ofensa ao disposto nos artigos 9º e 444, da CLT, enquadrando-se o caso em tela, nas hipóteses previstas na Súmula nº 331 do C. TST, em especial nos itens III e IV. Ressalte-se, ademais, que o artigo 8º da CLT admite a aplicação subsidiária de normas do direito comum e o diploma civil, em seus artigos 186, 187, 927, 932 e 933, permite a condenação do tomador de serviços, de forma subsidiária, sendo afastadas quaisquer alegações no sentido de que o entendimento sumulado pelo C. TST não prevaleceria em razão de ausência de disposição legal que possibilitasse a condenação subsidiária do tomador de serviços por verbas trabalhistas não pagas pela empresa que intermediou mão de obra. Assim, com base na iterativa e notória jurisprudência dos Tribunais Trabalhistas, bem como com arrimo na doutrina juslaboral, entendo que o instituto em comento resulta na obrigatoriedade do tomador de serviço em responder pelos direitos do empregado a ela oferecido pela empresa prestadora (intermediação de mão de obra - terceirização). Em tais casos, o empregador direto deve ser executado de início e, somente quando este não honrar os direitos do empregado, é que a tomadora poderá ser responsabilizada. No mais, importante destacar que a Lei n. 6.019/74, prevê no §5º do art. 5º-A, com redação dada pela novel Lei n. 13.429/2017, de 31/03/2017, que: "A empresa contratante é subsidiariamente responsável pelas obrigações trabalhistas referentes ao período em que ocorrer a prestação de serviços, e o recolhimento das contribuições previdenciárias observará o disposto no art. 31 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991.", sepultando a vetusta tese de ausência de disposição legal. Assim sendo, MANTENHO a sentença no ponto em que reconheceu a responsabilidade subsidiária da 4ª reclamada SESC ao adimplemento de todas as parcelas deferidas à parte autora, sejam salariais, rescisórios ou indenizatórios, inclusive multas normativas ou previstas em lei. Essa posição veio a ser reforçada pela atual redação da Súmula 331 do C. TST (itens V e VI), ressalvadas apenas as obrigações personalíssimas. Cabível apenas pequena adequação no julgado de origem a fim de restringir a condenação imposta à quarta reclamada, excluindo-se, quanto a ela, a obrigação de fazer consistente na baixa da CTPS da obreira, por se tratar de atribuição personalíssima da empregadora direta, no caso, a primeira reclamada. REFORMA-SE em parte. E nem se fale em limitação do período de condenação, diante da confissão da preposta da ré no sentido de que a autora prestou serviços em benefício da 4ª ré SESC durante todo período de vínculo empregatício com a 1ª reclamada. NADA A REFORMAR. Quanto ao alcance, a responsabilidade subsidiária tem natureza econômica e não jurídica. A 4ª ré SESC é garantidora da satisfação econômica das prestações a que está obrigada a devedora principal, posto que agiu com culpa "in eligendo" e "in vigilando", conforme decidido na Origem e confirmado neste decisum. Sua responsabilidade, portanto, não é analisada "verba a verba" (posto que não é jurídica) e sim pelo total da dívida no momento em que a devedora principal for inadimplente. Não cabe, portanto, discutir que não tem responsabilidade por recolhimentos fiscais e previdenciários. Se a devedora principal tem tais obrigações, a 4ª ré as tem de forma subsidiária (garantidora financeira), e com a limitação temporal condizente com o período de prestação de serviços pela obreira em seu benefício, que no caso é todo o período trabalhado. Neste sentido, a Súmula 331, VI do C. TST, que dispõe: "VI - A responsabilidade subsidiária do tomador de serviços abrange todas as verbas decorrentes da condenação referentes ao período da prestação laboral. (Inserido - Res. 174/2011 - DeJT 27/05/2011)." MANTENHO. Por fim, entendo que eventual discussão quanto à aplicação do benefício de ordem deve ser dirimida em época própria que seria na fase de execução. No que tange ao exaurimento patrimonial da devedora principal, para que o benefício de ordem seja exercido validamente é impositivo observar os requisitos legais constantes do artigo 795, § 2º, do CPC, aplicado analogicamente, devendo ser comprovada a existência de bens do devedor principal, que sejam livres, suficientes e situados no foro da execução. Quanto ao alcance e dimensão da responsabilidade subsidiária, entende-se que seus limites permitem apenas ao corresponsável exigir a garantia do benefício de ordem, caso nomeie bens livres e desembaraçados do devedor principal, suficientes para solver o débito, nos termos do disposto nos art. 4º, §3º, da Lei nº 6.830/80 e art. 794, do Código de Processo Civil, ambos aplicados subsidiariamente ao Processo do Trabalho por força dos arts. 769 e 889, da Consolidação das Leis do Trabalho. Sendo inviável a indicação de patrimônio desembaraçado da devedora principal por parte da responsável subsidiária, cabível a sua imediata responsabilização pelo crédito inadimplido, objeto de futura execução. NADA A REFORMAR. 2.2- RESCISÃO CONTRATUAL INDIRETA. AVISO PRÉVIO. VERBAS RESCISÓRIAS. FGTS + 40% Alega a recorrente que os fatos alegados são inverídicos ou, se verdadeiros, não possuem gravidade suficiente para configurar rescisão indireta, conforme o art. 483 da CLT. Subsidiariamente, defende que a responsabilidade pelas verbas rescisórias seriam da empregadora, não da recorrente. Sem razão. Acompanha-se a motivação da r. sentença. Em outras palavras, assume-se a fundamentação "per relationem", incorporando formalmente as razões de decidir exaradas na origem. Tal modalidade mais sucinta de declarar voto, quando não visualizado motivo para discordar da conclusão adotada e dos fundamentos externados, de acordo com o Princípio da Economia Processual, obedece às exigências do art. 93, inciso IX da Constituição Federal. Impende destacar que essa técnica da motivação vem sendo reconhecida como plenamente compatível com o texto da Lei Maior pelo E. STF (AI 738.982/PR, Rel. Min. Joaquim Barbosa; AI 809.147/ES, Rel. Min. Cármen Lúcia; AI 814.640/RS, Rel. Min. Ricardo Lewandowski; ARE 662.029/SE, Rel. Min. Celso de Mello e MS 28.989-MC/PR, Rel. Min. Celso de Mello), o que importa em rejeitar por incompatibilidade lógica os argumentos contrários contidos no recurso. Ruptura contratual Na inicial, a reclamante afirma que, admitida em 20.02.2024, enviou telegrama à 1ª reclamada em 30.07.2024 comunicando a rescisão indireta do contrato por força das irregularidades perpetradas ao longo da relação jurídica, como omissão de FGTS, inadimplemento de vale-transporte e vale-refeição de junho e julho. Em defesa, a reclamada argumenta que (a) "A autora deixou de trabalhar voluntariamente e sem qualquer justificativa"; ; (b) "A reclamante teve depositado TODOS os valores referentes ao FGTS do período contratual"; (c) "Sempre forneceu corretamente" vale-refeição e vale-transporte (sem os destaques do original). O documento de fl. 24 do PDF revela que nada há de saldo na conta vinculada da reclamante. A 1ª reclamada não traz documentos comprovando os recolhimentos. A documentação trazida pelo 4º reclamado não confirma que, dentre os valores depositados, há lançamento em favor da reclamante. Bem ao contrário, os documentos de fls. 372 e 377 do PDF, por exemplo, não trazem a reclamante dentre os beneficiados com lançamentos na conta vinculada. A irregularidade no recolhimento de FGTS, atualmente, configura falta grave apta a atrair a rescisão indireta do contrato. Acerca do tema há jurisprudência: "Rescisão indireta. Art. 483, d, da CLT. O não recolhimento do FGTS e o recolhimento irregular, como se verifica no caso concreto, é motivo suficiente a ensejar a rescisão indireta do contrato de trabalho, nos termos do art. 483, d, da CLT. Horas extras. Preclusão temporal. A autora, nos termos do art. 818, I da CLT, competia apontar eventuais diferenças de horas extras, ônus do qual não se desincumbiu, em face da preclusão temporal. Responsabilidade subsidiária. Contrato de distribuição. A finalidade do contrato de distribuição é a terceirização do serviço de vendas à primeira reclamada. Aplica-se à hipótese o entendimento sedimentado pela Súmula 331, do C. TST. Recurso da reclamante a que se dá parcial provimento. Improvido o recurso da segunda reclamada." (TRT-2ª Região 1001167-88.2021.5.02.0011; Data: 16-02-2023; 17ª Turma; Relator:Desembargador Homero Batista Mateus da Silva, destaquei). "RESCISÃO INDIRETA DO CONTRATO DE TRABALHO. AUSÊNCIA DE DEPÓSITOS DO FGTS. FALTA GRAVE. Ainda que a falta dos depósitos do FGTS não possa representar um impacto direto no salário, constitui real ameaça às garantias à disposição do empregado para fazer frente à dispensa imotivada. Trata-se de direitos de amplo alcance, cuja imperatividade, definida em lei, não admite interpretação subjetiva. Tem-se, portanto, que a conduta da reclamada em sonegar o FGTS ao longo do contrato detém gravidade suficiente para justificar e ensejar o reconhecimento da rescisão indireta, nos termos do art. 483, alínea 'd', da CLT. Recurso ordinário da reclamante a que se dá provimento, no particular." (TRT-2ª Região 1000322-59.2022.5.02.0613; Data: 19-12-2022; 3ª Turma;Relator: Desembargador Paulo Eduardo Vieira de Oliveira, destaquei). "RECURSO ORDINÁRIO INTERPOSTO PELO RECLAMANTE. RESCISÃO INDIRETA DO CONTRATO DE TRABALHO. A ausência de recolhimento das contribuições para o FGTS, isoladamente, configura falta grave do empregador apta a autorizar a rescisão indireta do contrato de trabalho, a teor do art. 483, 'd', da CLT. Precedentes do C. TST. Recurso ordinário provido em parte." (TRT-2ª Região 1001480-52.2021.5.02.0204;Data: 17-02-2023; 6ª Turma; Relator: Juiz Convocado Wilson Ricardo Buquetti Pirotta, destaquei) Em depoimento, a reclamante admite que o último dia trabalhado foi 29.06.2024 (fl. 567 do PDF), data a ser considerada para o rompimento do contrato e informação que prevalece sobre quaisquer outros documentos constantes dos autos, por tratar-se de declaração da própria trabalhadora em juízo. Diante dos limites do pedido, devido é o saldo salarial de 20 dias (fl. 17 do PDF), além de 30 dias de aviso prévio indenizado, que se projeta sobre o contrato para todos os efeitos legais, deslocando o término da relação jurídica para 29.07.2024, data a ser anotada em CTPS (Orientação Jurisprudencial n. 82 da SDI-1 do Tribunal Superior do Trabalho). O parágrafo único do artigo 146 da CLT estabelece que apenas a fração superior a 14 dias de trabalho será considerada para o cômputo de 1/12 a título de férias na rescisão, o que assegura à reclamante, observada a projeção do aviso prévio indenizado, 5/12 de férias acrescidas do terço constitucional. O art. 1°, § 2°, da Lei n. 4.090/62 prevê que apenas a fração igualou superior a 15 dias de trabalho é considerada mês integral para o fim do cômputo de1/12 da gratificação natalina, o que assegura à reclamante, observada a projeção do aviso prévio indenizado, 5/12 de décimo terceiro salário proporcional de 2024. Não bastasse a constatação de inexistência de lançamentos na conta vinculada da reclamante, a rescisão indireta impõe a incidência de FGTS sobre as parcelas salariais devidas por ocasião da ruptura contratual, além da indenização de40% sobre a totalidade do FGTS e a liberação das guias TRCT. A multa do artigo 22 da Lei n. 8.036/90 detém natureza administrativa e não reverte em favor do empregado. Não há no rol petitório nada relacionado a seguro desemprego. O juízo está adstrito aos limites da lide. Nada é devido a tal título. Feitas essas considerações, condeno a reclamada: A - a, em oito dias, após o trânsito em julgado, contados de sua intimação, anotar a baixa do contrato na CTPS DIGITAL (já habilitada) com data de 29.07.2024, sob pena de fazê-lo a Secretaria da Vara, nos termos do artigo 39 da CLT; B - a pagar à reclamante: a) 20 dias de saldo salarial; b) 30 dias de aviso prévio indenizado; c) 5/12 de férias acrescidas proporcionais do terço constitucional; d) 5/12 de décimo terceiro salário proporcional de 2024; C - a, em oito dias do trânsito em julgado, contados de sua intimação, lançar na conta vinculada os depósitos de FGTS omitidos ao longo do pacto, observada a incidência em salários, aviso prévio indenizado e décimo terceiro salário proporcional, além da indenização de 40% sobre a totalidade do FGTS, e liberar as guias para saque, sob pena de execução direta. 2.3- VALE REFEIÇÃO E VALE TRANSPORTE Insurge-se a recorrente contra o pleito em comento sob o fundamento de que "segundo logrou apurar o Recorrente, a primeira Reclamada efetuou corretamente o pagamento e a entrega de todos os benefícios previstos em Convenção Coletiva de Trabalho da categoria profissional a que pertence a Recorrida, não havendo que se falar em indenização, como entendeu o D. Juízo de piso, devendo ser reformada a r. sentença de primeiro grau.". Todavia, não há nos autos prova documental a corroborar a alegação de regular concessão dos benefícios em questão. Considerando que o ônus de comprovar o adimplemento recaía sobre a parte reclamada, nos termos do art. 818 da CLT c/c o art. 373, inciso II, do CPC, impõe-se a manutenção da r. sentença quanto ao ponto. 2.4- LIMITAÇÃO DO VALOR DA CONDENAÇÃO Vinha entendendo que a condenação deveria se limitar aos valores dos pedidos, na forma indicada na inicial, não se cogitando em concebê-los como mera estimativa, diante do que estabelece o art. 840, § 1º, da CLT. Contudo, curvo-me a entendimento majoritário desta Egrégia Turma, quanto ao tema, pedindo vênia para transcrever excerto do acórdão abaixo: "Mesmo com as alterações implementadas pela Lei 13.467/2017 no art. 840, § 1º, da CLT, a indicação de valor aos pedidos, na exata dicção legal, não compreende o propósito de apresentar valores líquidos finais. O mesmo entendimento é adotado pela norma administrativa prevista no art. 12, § 2º, da Instrução Normativa 41, do TST: "Para o fim do que dispõe o art. 840, §§ 1º e 2º, da CLT, o valor da causa será estimado, observando-se, no que couber, o disposto nos arts. 291 a 293 do Código de Processo Civil". (Processo nº 1000940-20.2021.5.02.0716; Data: 17/11/2022; Órgão Julgador: 12ª Turma - Cadeira 3; Relatora: Cintia Taffari). Mantenho a decisão. 2.5- HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS Ante a permanência da sucumbência recíproca, não há respaldo para a pretensão de exclusão da condenação da quarta reclamada ao pagamento de honorários advocatícios sucumbenciais em favor do patrono da parte contrária. Mantenho. 3- DISPOSITIVO Presidiu o julgamento a Excelentíssima Senhora Desembargadora Tania Bizarro Quirino de Morais. Tomaram parte no julgamento os Excelentíssimos Senhores Magistrados Federais do Trabalho Jorge Eduardo Assad (Relator), Benedito Valentini (2º votante) e Soraya Galassi Lambert. Votação: unânime. Isto posto, nos termos da fundamentação supra, ora integrada ao presente dispositivo para todos os efeitos, ACORDAM os Magistrados da 12ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região em CONHECER do recurso da 4ª reclamadas e, no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO PARCIAL para excluir da recorrente a obrigação de proceder a baixa da CTPS obreira. Tudo nos termos da fundamentação do voto, mantida no mais a sentença, inclusive quanto aos valores arbitrados a título de condenação e custas. Atentem as partes para o não cabimento de embargos declaratórios com intuito de rever provas, fatos ou a própria decisão. Quando ausentes os pressupostos autorizadores, como previsto nos incisos do art. 1022 do CPC, estarão sujeitos à aplicação do §2º do art. 1026, bem como à disciplina dos arts. 77, II do mesmo Diploma Legal e dos arts. 793-A, 793-B e 793-C da CLT. JORGE EDUARDO ASSAD Juiz Convocado Relator /yn VOTOS SAO PAULO/SP, 03 de julho de 2025. AUGUSTO RODRIGUES LEITE Diretor de Secretaria Intimado(s) / Citado(s) - SERVICO SOCIAL DO COMERCIO - SESC - ADMINISTRACAO REGIONAL NO ESTADO DE SAO PAULO

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Adenilson De Assis Palma e outros x Adenilson De Assis Palma e outros

ID: 316334255

Tribunal: TRT2 Órgão: 12ª Turma Classe: RECURSO ORDINáRIO TRABALHISTA Nº Processo: 1001240-95.2024.5.02.0030

Data de Disponibilização: 04/07/2025

Polo Ativo:

ADENILSON DE ASSIS PALMA JOSE ANTONIO GHILARDI PREVENT SENIOR PRIVATE OPERADORA DE SAUDE LTDA

Polo Passivo:

ADENILSON DE ASSIS PALMA PREVENT SENIOR PRIVATE OPERADORA DE SAUDE LTDA

Acórdão

Advogados:

LUIZ GUSTAVO FIGUEIREDO DE ABREU

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LEANDRO SILVA TEIXEIRA DUARTE

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LUIS GUSTAVO SILVERIO

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PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO 12ª TURMA Relator: JORGE EDUARDO ASSAD ROT 1001240-95.2024.5.02.0030 RECORRENTE: ADENILSON DE ASSIS PALMA E OUTRO… PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO 12ª TURMA Relator: JORGE EDUARDO ASSAD ROT 1001240-95.2024.5.02.0030 RECORRENTE: ADENILSON DE ASSIS PALMA E OUTROS (1) RECORRIDO: ADENILSON DE ASSIS PALMA E OUTROS (1) Fica V. Sa. intimada do inteiro teor do v. Acórdão #id:7d8b20c proferido nos autos: PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO PROCESSO Nº 1001240-95.2024.5.02.0030 - 12ª TURMA (ROT) RECURSO ORDINÁRIO DA 30ª VARA DO TRABALHO DE SÃO PAULO/SP RECORRENTES E RECIPROCAMENTE RECORRIDOS: 1) ADENILSON DE ASSIS PALMA 2) PREVENT SENIOR PRIVATE OPERADORA DE SAÚDE LTDA RELATOR JORGE EDUARDO ASSAD - CADEIRA Nº 04 MULTA. LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ.A caracterização da litigância de má-fé está condicionada à prática de ato previsto no rol taxativo do art. 80 do CPC, e deve ficar clara ou ao menos dissimulada a intenção da parte de causar dano processual ou material à outra. Vale ressaltar que a boa-fé das partes em juízo é presumida, daí que para se reconhecer a má-fé se exige prova cabal nos autos.Entendo que a reclamada apenas exerceu plenamente seu direito de defesa, assegurado pela Constituição da República (artigo 5º, LV), pelo que não há falar em litigância de má-fé. Apelo da ré que fica provido, para excluir a multa aplicada na origem. Contra a sentença de ID. 34ea8a9, cujo relatório adoto e que julgou procedente em a reclamação trabalhista, recorrem ordinariamente as partes. O reclamante, com as razões de ID. b3c661c, requerendo a reforma da sentença, com relação aos seguintes itens: validade do documento de ID. 421ff15, suspensão da prescrição na forma da Lei nº 14.010/2020, limitação da condenação, nulidade do regime 12x36, horas extras, diferença de grau de insalubridade, danos morais, multa convencional, litigância de má-fé, juros legais, justiça gratuita, honorários sucumbenciais e periciais. Recurso tempestivo, regular e isento de custas. A reclamada, com as razões de ID. c9f2883, pugnando pela reversão do julgado para exclusão da multa por litigância de má-fé. Recurso tempestivo, regular e com preparo sob ID's b0c9a7b, 5fa5bb3, 08608af e 49d4f89. Contrarrazões pelo reclamante no ID. a599919 e pela reclamada no ID. 024069e. É o relatório. VOTO 1) CONHECIMENTO CONHEÇO dos recursos interpostos pelas partes, eis que presentes os pressupostos legais de admissibilidade. 2) JUSTIÇA GRATUITA / RECURSO DO RECLAMANTE Eis o julgado: "A opção do reclamante em ser patrocinado por advogado particular e a parcial procedência dos pedidos formulados são óbices ao deferimento do benefício titulado.". Prospera a irresignação do reclamante. Revendo meu posicionamento, mas em observância à disciplina judiciária, diante da decisão prolatada pelo Colendo TST em 14/10/2024, no IncJulgRREmbRep - 277-83.2020.5.09.0084, no sentido de que, "é possível a declaração de pobreza firmada pelo requerente, sob as penas da lei, nos termos do art. 790, § 4º, da CLT" e considerando a declaração de hipossuficiência encartada aos autos (ID. 9d30a0d), DOU PROVIMENTO ao apelo para conceder à parte reclamante o benefício da justiça gratuita. 3) SUSPENSÃO DA PRESCRIÇÃO / LEI Nº 14.010 DE 2020 / RECURSO DO RECLAMANTE Buscam o obreiro as reclamadas a reforma do julgado para afastar a suspensão do prazo prescricional, prevista na Lei nº 14.010/2020. Consigne-se que na data de 12/06/2020 foi publicada a Lei nº 14.010/20, que dispõe sobre o Regime Jurídico Emergencial e Transitório das relações jurídicas de Direito Privado (RJET), no período da pandemia de Covid-19.E, em seu artigo 3º, restou estabelecido que: "Artigo 3º. Os prazos prescricionais consideram-se impedidos ou suspensos, conforme o caso, a partir da entrada em vigor desta Lei até 30 de outubro de 2020." Nessa esteira, os prazos prescricionais restaram suspensos de 12/06/2020 até 30/10/2020, totalizando, assim, o período de 4 (quatro) meses e 18 (dezoito) dias de suspensão, o qual certamente deverá ser considerado, para fins de pronunciamento da prescrição quinquenal. DOU PROVIMENTO ao apelo, no aspecto, para determinar que o marco prescricional quinquenal observe o período de suspensão previsto na Lei nº 14.010/2020. 4) LIMITAÇÃO DA CONDENAÇÃO / RECURSO DO RECLAMANTE Vinha entendendo que a condenação deveria se limitar aos valores dos pedidos, na forma indicada na inicial, não se cogitando em concebê-los como mera estimativa, diante do que estabelece o art. 840, § 1º, da CLT. Contudo, curvo-me a entendimento majoritário desta Egrégia Turma, quanto ao tema, pedindo vênia para transcrever excerto do acórdão abaixo: "Mesmo com as alterações implementadas pela Lei 13.467/2017 no art. 840, § 1º, da CLT, a indicação de valor aos pedidos, na exata dicção legal, não compreende o propósito de apresentar valores líquidos finais. O mesmo entendimento é adotado pela norma administrativa prevista no art. 12, § 2º, da Instrução Normativa 41, do TST: "Para o fim do que dispõe o art. 840, §§ 1º e 2º, da CLT, o valor da causa será estimado, observando-se, no que couber, o disposto nos arts. 291 a 293 do Código de Processo Civil".(Processo nº 1000940-20.2021.5.02.0716; Data: 17/11/2022; Órgão Julgador: 12ª Turma - Cadeira 3; Relatora: Cintia Taffari). DOU PROVIMENTO ao apelo, para determinar que os valores de eventual condenação serão apurados em regular liquidação de sentença. 5) VALIDADE DO DOCUMENTO DE ID. 421FF15 / RECURSO DO RECLAMANTE Eis o julgado guerreado: "1. Da juntada extemporânea de documento O reclamante anexou um arquivo de mídia ao processo em 23/10/2024, conforme comprovante que juntou com sua manifestação à contestação de ID d7720c6, atentando contra o princípio da concentração das provas, segundo o qual todos os documentos devem acompanhar a petição inicial (art. 787 da CLT) e a defesa (art. 845 da CLT), somente se justificando a juntada de documentos novos (art. 397 do CPC), o que não é o caso, eis que a gravação em questão é de conversa ocorrida antes da propositura da ação.Assim, deixo de conhecer o arquivo de média juntado pelo reclamante mediante protocolo de ID 421ff15." Sustenta o reclamante que o arquivo em comento foi apresentado como contraprova às alegações da reclamada em contestação, no tocante à negativa de negligencia ou omissão quanto à acusação supostamente infundada feita contra o reclamante. O inconformismo não se sustenta. É incontroverso que o documento não é novo, tendo sido produzido, e tendo o reclamante tido acesso ao mesmo, em data anterior à propositura da demanda. A negativa da reclamada era uma tese defensiva previsível, de modo que competia à parte apresentar com a exordial todo o arcabouço probatório necessário e suficiente para comprovar as teses autorais, inclusive o arquivo de mídia em comento, cuja posse já detinha. REJEITO. 6) NULIDADE DO REGIME 12X36 / HORAS EXTRAS / RECURSO DO RECLAMANTE Assim foi analisada a matéria na origem: [8.1. Da escala de trabalho 12x36 De plano, destaco que o reclamante pleiteia a descaracterização da escala 12x36 ao argumento de que fazia uma hora extra por dia, em razão de antecipação e prorrogação da jornada em trinta minutos cada, para troca de uniforme. Não consta na exordial nenhuma alegação de supressão de intervalo ou de labor em dias destinados a folgas. De qualquer forma, o contrato de trabalho do reclamante é posterior à vigência da reforma trabalhista (Lei nº 13.467/2017), o que atrai a incidência do art. 59-B, parágrafo único, CLT que expõe que não há descaracterização da jornada 12x36 por prestação de horas extras habituais. Convém acrescentar, ante a alegação de que tal escala seria inconstitucional, que, a partir da promulgação da Constituição Federal do 1988, a adoção desse sistema de compensação de jornada já passou a ser perfeitamente admissível, desde que estivesse previsto em norma coletiva, conforme o disposto em seu artigo 7°, inciso XIII, por ser mais vantajoso tanto para os empregados, quanto para o empregador. Na verdade, a adoção do regime de 12x36, como é comumente conhecido, é plenamente aceito por se constituir numa conquista dos trabalhadores, que apesar de laborarem em jornada superior às 10 horas legalmente admitidas, terão, em compensação, o gozo de um longo período de descanso, restando beneficiado, também, o patrão, que terá à disposição mão de obra permanente. Com tal jornada, tem-se que em uma semana o empregado mensalista labora 48 (quarenta e oito) horas, seguida de outra semana em que o labor atinge apenas 36 (trinta e seis horas). Nessa esteira, fica evidente que há uma verdadeira compensação da carga horária de trabalho semanal, sem que o empregado sofra qualquer prejuízo no final do mês. Portanto, ainda que seja reconhecido o direito do reclamante ao pagamento de horas extras, improcede o pleito referente à descaracterização da escala de 12x36. 8.2. Das antecipações e prorrogações de jornada A tese de que haveriam antecipações e prorrogações da jornada para troca de uniforme, sem o devido registro no controle de horário, não se sustenta. De início, observo que os relatos contidos na petição inicial e nos depoimentos do reclamante e da própria testemunha pelo mesmo convidada são conflitantes quanto ao alegado tempo para troca de uniforme. Com efeito. Na exordial constou que o reclamante antecipava e prorrogava a jornada em trinta minutos. Em depoimento, o mesmo reduziu tal lapso temporal, relatando que "era recomendado que chegassem 20min antes para efetuar a troca do uniforme e após a registrar o horário, até 5min antes das 06h00". E a testemunha convidada pelo reclamante reduziu anda mais o alegado tempo de antecipação, narrando "que havia determinação para chegar 10/15min antes para troca do uniforme e somente depois efetuar o registro". De se ressaltar que, por outro lado, a mesma testemunha reconheceu "que era possível ir para o serviço uniformizado, ainda que parcialmente". A análise dos controles de horários - realizados de forma biométrica e com impressão de comprovantes, como alegou o reclamante - indicam algumas marcações cerca de dez, quinze e até vinte minutos antes do horário regular de início da jornada, afastando a tese de que o registro era efetuado no máximo cinco minuto antes, como aduziu o reclamante. De qualquer forma, a testemunha convidada pela reclamada, além de confirmar "que é possível ir para o trabalho já uniformizado", relatou "que não havia determinação da reclamada no sentido de que devessem chegar antes do horário". Assim, quanto muito, houve prova dividida acerca das alegadas antecipações da jornada, o que já impede a condenação da reclamada, eis que no Processo do Trabalho é inaplicável o princípio doutrinário in dubio pro misero, que serve apenas para resolver conflitos de normas (escolhendo-se a norma mais favorável ao trabalhador), e não para resolver conflitos de provas. Assim, afasto a tese de que haveriam antecipações e prorrogações da jornada de trabalho, reconhecendo a veracidade dos horários registrados nos espelhos de ponto juntados aos autos. No mais, é pacífico entendimento jurisprudencial de que, fornecendo a reclamada os cartões de ponto, bem como os respectivos holerites contendo pagamentos de horas extras, competiria, no caso, ao reclamante, demonstrar, por ser fato constitutivo de seu pretenso direito (art. 818, I, da CLT), as eventuais diferenças não pagas. Contudo, deste ônus não se desincumbiu o reclamante, eis que não apontou diferenças, nem sequer por amostragem. Portanto, julgo improcedente o pedido de pagamento de horas extras, bem como reflexos postulados.] O reclamante insiste na nulidade do regime 12x36, pela habitualidade na prestação de horas extras, conforme entende comprovado pela prova oral produzida. Sem razão, contudo. O julgado está perfeito e não clama por reparos. Nos termos da legislação vigente (art. 59-B da CLT), a prestação habitual de horas extras não se presta descaracterizar o regime 12x36. Ademais, a tese exordial sequer restou devidamente comprovada, ante a contradição entre os depoimentos colhidos, inclusive em face da petição inicial, como bem pontuado na origem, conforme trechos destacados a que remeto as partes para evitar repetições desnecessárias, como corolário do princípio da celeridade processual. Ausentes elementos capazes de afastar as conclusões do MM. Magistrado sentenciante, fica rejeitado o apelo. MANTENHO. 7) DIFERENÇA DE GRAU DE INSALUBRIDADE / RECURSO DO RECLAMANTE A pretensão do reclamante foi rejeitada com base no laudo pericial produzido pelo perito de confiança do juízo: [Realizada a necessária perícia técnica (laudo de ID 2bf0338), coma presença do reclamante, o sr. perito apresentou a seguinte conclusão: "Com base nas evidências apuradas durante a diligência realizada no local de trabalho do Reclamante na Reclamada, e com o respaldo das legislações e normas técnicas vigentes, ou seja, pelo motivo das atividades do Autor se enquadrarem no Anexo 14 da NR-15 (Atividades e Operações Insalubres), e pelo fato do Reclamante não estar exposto de forma habitual a pacientes portadores de doenças infecto-contagiantes, conclui-se, neste caso, que o Reclamante trabalhou em condições insalubres de grau médio, durante todo o período imprescrito e, recebeu o referido adicional. Nota: Deve ser observado que a Reclamada reconheceu a exposição do Reclamante à insalubridade de grau máximo, nos períodos entre março de 2020 e maio de 2020 e, posteriormente, entre dezembro de 2020 e março de 2021,por ser considerada referência ao Covid-19 e, pagou este adicional ao Autor." Impugnado pelo reclamante a conclusão supra, o expert prestou esclarecimentos (ID 792d587), ratificando o resultado inicial. Em que pese nova impugnação apresentada, certo é que não há nos autos elementos capazes de afastar conclusão a que chegara o sr. perito,profissional habilitado e de confiança do Juízo.] O reclamante insiste fazer jus às diferenças do adicional, com base na tese de exposição ao grau máximo da insalubridade. Contudo, tendo em vista que o reclamante não logrou infirmar as conclusões lançadas pelo experto no trabalho técnico apresentado, nem trouxe aos autos elementos fáticos, jurídicos ou técnicos capazes de prevalecer e fundamentar o afastamento do laudo, não há como acolher sua irresignação. REJEITO. 8) DANOS MORAIS / RECURSO DO RECLAMANTE Eis a sentença: [12. Dos danos morais Alegou o reclamante que foi injustamente acusado de importunação sexual por uma colega de trabalho, o que lhe causou grave constrangimento, sendo que denunciou a falsa acusação à reclamada, exigindo que a mesma apurasse o ocorrido para isentá-lo da acusação, contudo, a reclamada nada teria feito nesse sentido, razão pela qual pleiteou indenização por danos morais. Em defesa, a reclamada alegou que a falsa acusação foi esclarecida e não gerou maiores consequências ao reclamante. O dano moral passível de ser ressarcido por indenização é aquele que atinge a honra do indivíduo, tanto em seu enfoque subjetivo, consubstanciado na violência à sua intimidade e integridade moral, como sob o prisma objetivo, consistente na sua dignidade e imagem exteriorizada para o mundo. No caso específico do trabalhador, o dano moral é aquele que pode afetar seu bem imaterial precípuo, que é a ficha profissional, causando-lhe prejuízos ainda mais devastadores do que aquele que magoaram o seu íntimo. Nos presentes autos, não ficou demonstrado nenhum prejuízo sofrido pelo reclamante no que concerne à sua carreira profissional ou à sua imagem perante terceiros, em decorrência de algum ato praticado pela reclamada. Primeiramente, não se vislumbra que a reclamada tenha tido alguma conduta ilícita apta a ensejar reparação. Segundo relatado pelo próprio reclamante, prepostos da reclamada lhe afirmaram que a pessoa que fez a falsa acusação teria admitido o engano e não dado continuidade a esta, de modo que não havia mais a necessidade da reclamada prosseguir na apuração dos fatos. Destaco que o reclamante narrou em depoimento que mesmo o Boletim de Ocorrência que o mesmo providenciou em face da pessoa que lhe acusou, não teve seguimento. Ademais, o reclamante não comprovou que a acusação falsa que lhe foi imputada teria gerado todas as repercussões aduzidas. Nenhuma prova foi produzida nos autos de que o mesmo teria ficado com sua idoneidade abalada perante os colegas de trabalho e a sua família, como alegou. Portanto, restando ausentes os dois elementos acima descritos, quais sejam, afronta à honra objetiva e subjetiva, indefiro a indenização pretendida.] Compulsando os autos, verifico que não foi produzida prova oral sobre o tema. Assim, tendo em vista a negativa da reclamada, incumbia ao reclamante produzir provas de suas alegações, das quais não se desincumbiu. Não houve provas de que a acusação tenha sido realizada perante terceiros, nem que tenha repercutido na vida pessoal do reclamante. Não há dano a ser reparado, portanto. REJEITO. 9) MULTA CONVENCIONAL / RECURSO DO RECLAMANTE Como o pedido de aplicação da penalidade normativa se sustenta no descumprimento da cláusula atinente a horas extras, pelo pedido de descaracterização do regime 12x36, o qual restou negativo, não há se falar no seu cabimento. DESPROVIDO. 10) LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ / APRECIAÇÃO CONJUNTA DOS APELOS COMUNS DAS PARTES Eis o julgado guerreado por ambas as partes: "No caso, a reclamada litiga, evidentemente, de má-fé, nos termos dos artigos 793-A, 793-B e 793-C, todos da CLT. Com efeito. Ao apresentar defesa, a reclamada invocou a aplicação do art.830 da CLT, ao impugnar os documentos juntados pelo reclamante. Contudo, TODOS os documentos que a reclamada carreou aos autos, igualmente, são cópias simples, os quais, portanto, não atenderiam as disposições daquele comando legal, que requereu que fosse aplicado em relação à parte contrária. Em consequência, condeno, de ofício, a reclamada a pagar multa de 9%, calculada sobre o valor atribuído à causa, devendo o valor ser revertido à União Federal, no prazo de 05 (cinco) dias após o trânsito em julgado.". O reclamante pretende que o valor fixado seja revertido em seu favor, ao passo que a reclamada pugna pelo afastamento da penalidade que lhe foi aplicada. Examino. Com a devida vênia, não compartilho dos argumentos esposados na origem. Com efeito, o reconhecimento do comportamento das partes como litigantes de má-fé exige a configuração do caráter intencional (dolo processual) de atentar contra a boa-fé e lealdade processual (inteligência dos arts. 79 e 80, do CPC e 793-A, da CLT), o que não se vislumbra na hipótese dos autos. A caracterização da litigância de má-fé está condicionada à prática de ato previsto no rol taxativo do art. 80 do CPC, e deve ficar clara ou ao menos dissimulada a intenção da parte de causar dano processual ou material à outra. Vale ressaltar que a boa-fé das partes em juízo é presumida, daí que para se reconhecer a má-fé se exige prova cabal nos autos. Entendo que a reclamada apenas exerceu plenamente seu direito de defesa, assegurado pela Constituição da República (artigo 5º, LV), pelo que não há falar em litigância de má-fé. Nesse contexto, resta prejudicada a análise da insurgência do reclamante. NEGO PROVIMENTO, portanto, ao recurso do reclamante, e DOU PROVIMENTO ao da reclamada, para afastar a multa por litigância de má-fé. 11) JUROS LEGAIS / RECURSO DO RECLAMANTE A Lei nº 14.905, de 28/06/2024, incluiu o parágrafo único, ao artigo 389, e o § 1º, ao artigo 406, do Código Civil, prevendo que, caso as partes não tenham convencionado ou não haja lei específica, a atualização monetária será realizada pela IPCA e os juros corresponderão à taxa SELIC deduzido o valor correspondente ao IPCA. Assim, os créditos constituídos na presente reclamação trabalhista serão atualizados conforme os parâmetros definidos pelo C. TST no processo E-ED-RR-713-03.2010.5.04.0029: na fase pré-judicial, com a aplicação do IPCA-E acrescido dos juros de mora (art. 39, caput, da Lei n.º 8.177, de 1991); do ajuizamento da ação até 29/08/2024, com a aplicação da taxa SELIC, na qual estão compreendidos a correção monetária e os juros moratórios; e, a partir de 30/08/2024, com a utilização do IPCA (art. 389, parágrafo único, do Código Civil) no cálculo da atualização monetária, e com a utilização do resultado da subtração SELIC - IPCA (art. 406, parágrafo único, do Código Civil) para os juros de mora, com a possibilidade de não incidência (taxa 0), nos termos do § 3º do art. 406. Contudo, não há amparo para deferimento de indenização suplementar (art. 404 do Código Civil), sob pena de bis in ideme de alegação futura de inexigibilidade de título judicial fundado em interpretação contrária ao posicionamento da Suprema Corte. DOU PROVIMENTO, nestes termos. 12) HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS / RECURSO DO RECLAMANTE Ficam MANTIDOS os honorários sucumbenciais recíprocos, fixados na origem no importe de 5% sobre o valor que resultar da liquidação da sentença, por se revelar justo e proporcional ao grau de complexidade da demanda. DOU PROVIMENTO ao apelo, apenas para determinar a suspensão da exigibilidade da verba devida pelo reclamante, pelo prazo de dois anos, competindo ao credor demonstrar que a situação de insuficiência de recursos findou-se, sob pena de sua extinção. 13) HONORÁRIOS PERICIAIS RECURSO DO RECLAMANTE Honorários periciais, a cargo do reclamante, beneficiário da justiça gratuita, a serem suportados pelos Cofres Públicos da União, nos termos do Ato n. 2/GP.CR/2021, deste Eg. TRT. Presidiu o julgamento a Excelentíssima Senhora Desembargadora Tania Bizarro Quirino de Morais. Tomaram parte no julgamento os Excelentíssimos Senhores Magistrados Federais do Trabalho Jorge Eduardo Assad (Relator), Paulo Kim Barbosa (2º votante) e Soraya Galassi Lambert. Votação: unânime. DISPOSITIVO ACORDAM os Magistrados da 12a Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 2a Região em: CONHECER dos recursos ordinários interpostos pelas partes, e, no mérito, DAR-LHES PARCIAL PROVIMENTO: Ao do reclamante, para: a) Conceder-lhe os benefícios da justiça gratuita; b) Determinar que o marco prescricional quinquenal observe o período de suspensão previsto na Lei nº 14.010/2020; c) Determinar que os valores da condenação serão apurados em regular liquidação de sentença, sem limitação pelo indicado na exordial; d) Determinar que os créditos da presente reclamação trabalhista serão atualizados conforme parâmetros definidos pelo C. TST no processo E-ED-RR-713-03.2010.5.04.0029: na fase pré-judicial, com a aplicação do IPCA-E acrescido dos juros de mora (art. 39, caput, da Lei n.º 8.177, de 1991); do ajuizamento da ação até 29/08/2024, com a aplicação da taxa SELIC, na qual estão compreendidos a correção monetária e os juros moratórios; e, a partir de 30/08/2024, com a utilização do IPCA (art. 389, parágrafo único, do Código Civil) no cálculo da atualização monetária, e com a utilização do resultado da subtração SELIC - IPCA (art. 406, parágrafo único, do Código Civil) para os juros de mora, com a possibilidade de não incidência (taxa 0), nos termos do § 3º do art. 406; e) Determinar a suspensão da exigibilidade da verba honorária devida pelo reclamante ao patrono da reclamada, pelo prazo de dois anos, nos termos do art. 791-A, §4º da CLT. Ao da reclamada, para: a) Afastar a multa por litigância de má-fé. Honorários periciais, a cargo do reclamante, beneficiário da justiça gratuita, a serem suportados pelos Cofres Públicos da União, nos termos do Ato n. 2/GP.CR/2021, deste Eg. TRT. Tudo nos termos da fundamentação. Mantida, no mais, a sentença, inclusive quanto aos valores arbitrados a título de condenação e custas. Atentem as partes para o não cabimento de embargos declaratórios com intuito de rever provas, fatos ou a própria decisão. Quando ausentes os pressupostos autorizadores, tais como previstos nos incisos do art. 1.022, do CPC, estarão sujeitas à aplicação do § 2º, do art. 1.026, do mesmo Diploma Legal. JORGE EDUARDO ASSAD Juiz Relator AC SAO PAULO/SP, 03 de julho de 2025. ELIAS EVALDO DO NASCIMENTO Diretor de Secretaria Intimado(s) / Citado(s) - ADENILSON DE ASSIS PALMA

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Adenilson De Assis Palma e outros x Adenilson De Assis Palma e outros

ID: 316334287

Tribunal: TRT2 Órgão: 12ª Turma Classe: RECURSO ORDINáRIO TRABALHISTA Nº Processo: 1001240-95.2024.5.02.0030

Data de Disponibilização: 04/07/2025

Polo Ativo:

ADENILSON DE ASSIS PALMA JOSE ANTONIO GHILARDI PREVENT SENIOR PRIVATE OPERADORA DE SAUDE LTDA

Polo Passivo:

ADENILSON DE ASSIS PALMA PREVENT SENIOR PRIVATE OPERADORA DE SAUDE LTDA

Acórdão

Advogados:

LUIZ GUSTAVO FIGUEIREDO DE ABREU

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LEANDRO SILVA TEIXEIRA DUARTE

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LUIS GUSTAVO SILVERIO

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PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO 12ª TURMA Relator: JORGE EDUARDO ASSAD ROT 1001240-95.2024.5.02.0030 RECORRENTE: ADENILSON DE ASSIS PALMA E OUTRO… PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO 12ª TURMA Relator: JORGE EDUARDO ASSAD ROT 1001240-95.2024.5.02.0030 RECORRENTE: ADENILSON DE ASSIS PALMA E OUTROS (1) RECORRIDO: ADENILSON DE ASSIS PALMA E OUTROS (1) Fica V. Sa. intimada do inteiro teor do v. Acórdão #id:7d8b20c proferido nos autos: PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO PROCESSO Nº 1001240-95.2024.5.02.0030 - 12ª TURMA (ROT) RECURSO ORDINÁRIO DA 30ª VARA DO TRABALHO DE SÃO PAULO/SP RECORRENTES E RECIPROCAMENTE RECORRIDOS: 1) ADENILSON DE ASSIS PALMA 2) PREVENT SENIOR PRIVATE OPERADORA DE SAÚDE LTDA RELATOR JORGE EDUARDO ASSAD - CADEIRA Nº 04 MULTA. LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ.A caracterização da litigância de má-fé está condicionada à prática de ato previsto no rol taxativo do art. 80 do CPC, e deve ficar clara ou ao menos dissimulada a intenção da parte de causar dano processual ou material à outra. Vale ressaltar que a boa-fé das partes em juízo é presumida, daí que para se reconhecer a má-fé se exige prova cabal nos autos.Entendo que a reclamada apenas exerceu plenamente seu direito de defesa, assegurado pela Constituição da República (artigo 5º, LV), pelo que não há falar em litigância de má-fé. Apelo da ré que fica provido, para excluir a multa aplicada na origem. Contra a sentença de ID. 34ea8a9, cujo relatório adoto e que julgou procedente em a reclamação trabalhista, recorrem ordinariamente as partes. O reclamante, com as razões de ID. b3c661c, requerendo a reforma da sentença, com relação aos seguintes itens: validade do documento de ID. 421ff15, suspensão da prescrição na forma da Lei nº 14.010/2020, limitação da condenação, nulidade do regime 12x36, horas extras, diferença de grau de insalubridade, danos morais, multa convencional, litigância de má-fé, juros legais, justiça gratuita, honorários sucumbenciais e periciais. Recurso tempestivo, regular e isento de custas. A reclamada, com as razões de ID. c9f2883, pugnando pela reversão do julgado para exclusão da multa por litigância de má-fé. Recurso tempestivo, regular e com preparo sob ID's b0c9a7b, 5fa5bb3, 08608af e 49d4f89. Contrarrazões pelo reclamante no ID. a599919 e pela reclamada no ID. 024069e. É o relatório. VOTO 1) CONHECIMENTO CONHEÇO dos recursos interpostos pelas partes, eis que presentes os pressupostos legais de admissibilidade. 2) JUSTIÇA GRATUITA / RECURSO DO RECLAMANTE Eis o julgado: "A opção do reclamante em ser patrocinado por advogado particular e a parcial procedência dos pedidos formulados são óbices ao deferimento do benefício titulado.". Prospera a irresignação do reclamante. Revendo meu posicionamento, mas em observância à disciplina judiciária, diante da decisão prolatada pelo Colendo TST em 14/10/2024, no IncJulgRREmbRep - 277-83.2020.5.09.0084, no sentido de que, "é possível a declaração de pobreza firmada pelo requerente, sob as penas da lei, nos termos do art. 790, § 4º, da CLT" e considerando a declaração de hipossuficiência encartada aos autos (ID. 9d30a0d), DOU PROVIMENTO ao apelo para conceder à parte reclamante o benefício da justiça gratuita. 3) SUSPENSÃO DA PRESCRIÇÃO / LEI Nº 14.010 DE 2020 / RECURSO DO RECLAMANTE Buscam o obreiro as reclamadas a reforma do julgado para afastar a suspensão do prazo prescricional, prevista na Lei nº 14.010/2020. Consigne-se que na data de 12/06/2020 foi publicada a Lei nº 14.010/20, que dispõe sobre o Regime Jurídico Emergencial e Transitório das relações jurídicas de Direito Privado (RJET), no período da pandemia de Covid-19.E, em seu artigo 3º, restou estabelecido que: "Artigo 3º. Os prazos prescricionais consideram-se impedidos ou suspensos, conforme o caso, a partir da entrada em vigor desta Lei até 30 de outubro de 2020." Nessa esteira, os prazos prescricionais restaram suspensos de 12/06/2020 até 30/10/2020, totalizando, assim, o período de 4 (quatro) meses e 18 (dezoito) dias de suspensão, o qual certamente deverá ser considerado, para fins de pronunciamento da prescrição quinquenal. DOU PROVIMENTO ao apelo, no aspecto, para determinar que o marco prescricional quinquenal observe o período de suspensão previsto na Lei nº 14.010/2020. 4) LIMITAÇÃO DA CONDENAÇÃO / RECURSO DO RECLAMANTE Vinha entendendo que a condenação deveria se limitar aos valores dos pedidos, na forma indicada na inicial, não se cogitando em concebê-los como mera estimativa, diante do que estabelece o art. 840, § 1º, da CLT. Contudo, curvo-me a entendimento majoritário desta Egrégia Turma, quanto ao tema, pedindo vênia para transcrever excerto do acórdão abaixo: "Mesmo com as alterações implementadas pela Lei 13.467/2017 no art. 840, § 1º, da CLT, a indicação de valor aos pedidos, na exata dicção legal, não compreende o propósito de apresentar valores líquidos finais. O mesmo entendimento é adotado pela norma administrativa prevista no art. 12, § 2º, da Instrução Normativa 41, do TST: "Para o fim do que dispõe o art. 840, §§ 1º e 2º, da CLT, o valor da causa será estimado, observando-se, no que couber, o disposto nos arts. 291 a 293 do Código de Processo Civil".(Processo nº 1000940-20.2021.5.02.0716; Data: 17/11/2022; Órgão Julgador: 12ª Turma - Cadeira 3; Relatora: Cintia Taffari). DOU PROVIMENTO ao apelo, para determinar que os valores de eventual condenação serão apurados em regular liquidação de sentença. 5) VALIDADE DO DOCUMENTO DE ID. 421FF15 / RECURSO DO RECLAMANTE Eis o julgado guerreado: "1. Da juntada extemporânea de documento O reclamante anexou um arquivo de mídia ao processo em 23/10/2024, conforme comprovante que juntou com sua manifestação à contestação de ID d7720c6, atentando contra o princípio da concentração das provas, segundo o qual todos os documentos devem acompanhar a petição inicial (art. 787 da CLT) e a defesa (art. 845 da CLT), somente se justificando a juntada de documentos novos (art. 397 do CPC), o que não é o caso, eis que a gravação em questão é de conversa ocorrida antes da propositura da ação.Assim, deixo de conhecer o arquivo de média juntado pelo reclamante mediante protocolo de ID 421ff15." Sustenta o reclamante que o arquivo em comento foi apresentado como contraprova às alegações da reclamada em contestação, no tocante à negativa de negligencia ou omissão quanto à acusação supostamente infundada feita contra o reclamante. O inconformismo não se sustenta. É incontroverso que o documento não é novo, tendo sido produzido, e tendo o reclamante tido acesso ao mesmo, em data anterior à propositura da demanda. A negativa da reclamada era uma tese defensiva previsível, de modo que competia à parte apresentar com a exordial todo o arcabouço probatório necessário e suficiente para comprovar as teses autorais, inclusive o arquivo de mídia em comento, cuja posse já detinha. REJEITO. 6) NULIDADE DO REGIME 12X36 / HORAS EXTRAS / RECURSO DO RECLAMANTE Assim foi analisada a matéria na origem: [8.1. Da escala de trabalho 12x36 De plano, destaco que o reclamante pleiteia a descaracterização da escala 12x36 ao argumento de que fazia uma hora extra por dia, em razão de antecipação e prorrogação da jornada em trinta minutos cada, para troca de uniforme. Não consta na exordial nenhuma alegação de supressão de intervalo ou de labor em dias destinados a folgas. De qualquer forma, o contrato de trabalho do reclamante é posterior à vigência da reforma trabalhista (Lei nº 13.467/2017), o que atrai a incidência do art. 59-B, parágrafo único, CLT que expõe que não há descaracterização da jornada 12x36 por prestação de horas extras habituais. Convém acrescentar, ante a alegação de que tal escala seria inconstitucional, que, a partir da promulgação da Constituição Federal do 1988, a adoção desse sistema de compensação de jornada já passou a ser perfeitamente admissível, desde que estivesse previsto em norma coletiva, conforme o disposto em seu artigo 7°, inciso XIII, por ser mais vantajoso tanto para os empregados, quanto para o empregador. Na verdade, a adoção do regime de 12x36, como é comumente conhecido, é plenamente aceito por se constituir numa conquista dos trabalhadores, que apesar de laborarem em jornada superior às 10 horas legalmente admitidas, terão, em compensação, o gozo de um longo período de descanso, restando beneficiado, também, o patrão, que terá à disposição mão de obra permanente. Com tal jornada, tem-se que em uma semana o empregado mensalista labora 48 (quarenta e oito) horas, seguida de outra semana em que o labor atinge apenas 36 (trinta e seis horas). Nessa esteira, fica evidente que há uma verdadeira compensação da carga horária de trabalho semanal, sem que o empregado sofra qualquer prejuízo no final do mês. Portanto, ainda que seja reconhecido o direito do reclamante ao pagamento de horas extras, improcede o pleito referente à descaracterização da escala de 12x36. 8.2. Das antecipações e prorrogações de jornada A tese de que haveriam antecipações e prorrogações da jornada para troca de uniforme, sem o devido registro no controle de horário, não se sustenta. De início, observo que os relatos contidos na petição inicial e nos depoimentos do reclamante e da própria testemunha pelo mesmo convidada são conflitantes quanto ao alegado tempo para troca de uniforme. Com efeito. Na exordial constou que o reclamante antecipava e prorrogava a jornada em trinta minutos. Em depoimento, o mesmo reduziu tal lapso temporal, relatando que "era recomendado que chegassem 20min antes para efetuar a troca do uniforme e após a registrar o horário, até 5min antes das 06h00". E a testemunha convidada pelo reclamante reduziu anda mais o alegado tempo de antecipação, narrando "que havia determinação para chegar 10/15min antes para troca do uniforme e somente depois efetuar o registro". De se ressaltar que, por outro lado, a mesma testemunha reconheceu "que era possível ir para o serviço uniformizado, ainda que parcialmente". A análise dos controles de horários - realizados de forma biométrica e com impressão de comprovantes, como alegou o reclamante - indicam algumas marcações cerca de dez, quinze e até vinte minutos antes do horário regular de início da jornada, afastando a tese de que o registro era efetuado no máximo cinco minuto antes, como aduziu o reclamante. De qualquer forma, a testemunha convidada pela reclamada, além de confirmar "que é possível ir para o trabalho já uniformizado", relatou "que não havia determinação da reclamada no sentido de que devessem chegar antes do horário". Assim, quanto muito, houve prova dividida acerca das alegadas antecipações da jornada, o que já impede a condenação da reclamada, eis que no Processo do Trabalho é inaplicável o princípio doutrinário in dubio pro misero, que serve apenas para resolver conflitos de normas (escolhendo-se a norma mais favorável ao trabalhador), e não para resolver conflitos de provas. Assim, afasto a tese de que haveriam antecipações e prorrogações da jornada de trabalho, reconhecendo a veracidade dos horários registrados nos espelhos de ponto juntados aos autos. No mais, é pacífico entendimento jurisprudencial de que, fornecendo a reclamada os cartões de ponto, bem como os respectivos holerites contendo pagamentos de horas extras, competiria, no caso, ao reclamante, demonstrar, por ser fato constitutivo de seu pretenso direito (art. 818, I, da CLT), as eventuais diferenças não pagas. Contudo, deste ônus não se desincumbiu o reclamante, eis que não apontou diferenças, nem sequer por amostragem. Portanto, julgo improcedente o pedido de pagamento de horas extras, bem como reflexos postulados.] O reclamante insiste na nulidade do regime 12x36, pela habitualidade na prestação de horas extras, conforme entende comprovado pela prova oral produzida. Sem razão, contudo. O julgado está perfeito e não clama por reparos. Nos termos da legislação vigente (art. 59-B da CLT), a prestação habitual de horas extras não se presta descaracterizar o regime 12x36. Ademais, a tese exordial sequer restou devidamente comprovada, ante a contradição entre os depoimentos colhidos, inclusive em face da petição inicial, como bem pontuado na origem, conforme trechos destacados a que remeto as partes para evitar repetições desnecessárias, como corolário do princípio da celeridade processual. Ausentes elementos capazes de afastar as conclusões do MM. Magistrado sentenciante, fica rejeitado o apelo. MANTENHO. 7) DIFERENÇA DE GRAU DE INSALUBRIDADE / RECURSO DO RECLAMANTE A pretensão do reclamante foi rejeitada com base no laudo pericial produzido pelo perito de confiança do juízo: [Realizada a necessária perícia técnica (laudo de ID 2bf0338), coma presença do reclamante, o sr. perito apresentou a seguinte conclusão: "Com base nas evidências apuradas durante a diligência realizada no local de trabalho do Reclamante na Reclamada, e com o respaldo das legislações e normas técnicas vigentes, ou seja, pelo motivo das atividades do Autor se enquadrarem no Anexo 14 da NR-15 (Atividades e Operações Insalubres), e pelo fato do Reclamante não estar exposto de forma habitual a pacientes portadores de doenças infecto-contagiantes, conclui-se, neste caso, que o Reclamante trabalhou em condições insalubres de grau médio, durante todo o período imprescrito e, recebeu o referido adicional. Nota: Deve ser observado que a Reclamada reconheceu a exposição do Reclamante à insalubridade de grau máximo, nos períodos entre março de 2020 e maio de 2020 e, posteriormente, entre dezembro de 2020 e março de 2021,por ser considerada referência ao Covid-19 e, pagou este adicional ao Autor." Impugnado pelo reclamante a conclusão supra, o expert prestou esclarecimentos (ID 792d587), ratificando o resultado inicial. Em que pese nova impugnação apresentada, certo é que não há nos autos elementos capazes de afastar conclusão a que chegara o sr. perito,profissional habilitado e de confiança do Juízo.] O reclamante insiste fazer jus às diferenças do adicional, com base na tese de exposição ao grau máximo da insalubridade. Contudo, tendo em vista que o reclamante não logrou infirmar as conclusões lançadas pelo experto no trabalho técnico apresentado, nem trouxe aos autos elementos fáticos, jurídicos ou técnicos capazes de prevalecer e fundamentar o afastamento do laudo, não há como acolher sua irresignação. REJEITO. 8) DANOS MORAIS / RECURSO DO RECLAMANTE Eis a sentença: [12. Dos danos morais Alegou o reclamante que foi injustamente acusado de importunação sexual por uma colega de trabalho, o que lhe causou grave constrangimento, sendo que denunciou a falsa acusação à reclamada, exigindo que a mesma apurasse o ocorrido para isentá-lo da acusação, contudo, a reclamada nada teria feito nesse sentido, razão pela qual pleiteou indenização por danos morais. Em defesa, a reclamada alegou que a falsa acusação foi esclarecida e não gerou maiores consequências ao reclamante. O dano moral passível de ser ressarcido por indenização é aquele que atinge a honra do indivíduo, tanto em seu enfoque subjetivo, consubstanciado na violência à sua intimidade e integridade moral, como sob o prisma objetivo, consistente na sua dignidade e imagem exteriorizada para o mundo. No caso específico do trabalhador, o dano moral é aquele que pode afetar seu bem imaterial precípuo, que é a ficha profissional, causando-lhe prejuízos ainda mais devastadores do que aquele que magoaram o seu íntimo. Nos presentes autos, não ficou demonstrado nenhum prejuízo sofrido pelo reclamante no que concerne à sua carreira profissional ou à sua imagem perante terceiros, em decorrência de algum ato praticado pela reclamada. Primeiramente, não se vislumbra que a reclamada tenha tido alguma conduta ilícita apta a ensejar reparação. Segundo relatado pelo próprio reclamante, prepostos da reclamada lhe afirmaram que a pessoa que fez a falsa acusação teria admitido o engano e não dado continuidade a esta, de modo que não havia mais a necessidade da reclamada prosseguir na apuração dos fatos. Destaco que o reclamante narrou em depoimento que mesmo o Boletim de Ocorrência que o mesmo providenciou em face da pessoa que lhe acusou, não teve seguimento. Ademais, o reclamante não comprovou que a acusação falsa que lhe foi imputada teria gerado todas as repercussões aduzidas. Nenhuma prova foi produzida nos autos de que o mesmo teria ficado com sua idoneidade abalada perante os colegas de trabalho e a sua família, como alegou. Portanto, restando ausentes os dois elementos acima descritos, quais sejam, afronta à honra objetiva e subjetiva, indefiro a indenização pretendida.] Compulsando os autos, verifico que não foi produzida prova oral sobre o tema. Assim, tendo em vista a negativa da reclamada, incumbia ao reclamante produzir provas de suas alegações, das quais não se desincumbiu. Não houve provas de que a acusação tenha sido realizada perante terceiros, nem que tenha repercutido na vida pessoal do reclamante. Não há dano a ser reparado, portanto. REJEITO. 9) MULTA CONVENCIONAL / RECURSO DO RECLAMANTE Como o pedido de aplicação da penalidade normativa se sustenta no descumprimento da cláusula atinente a horas extras, pelo pedido de descaracterização do regime 12x36, o qual restou negativo, não há se falar no seu cabimento. DESPROVIDO. 10) LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ / APRECIAÇÃO CONJUNTA DOS APELOS COMUNS DAS PARTES Eis o julgado guerreado por ambas as partes: "No caso, a reclamada litiga, evidentemente, de má-fé, nos termos dos artigos 793-A, 793-B e 793-C, todos da CLT. Com efeito. Ao apresentar defesa, a reclamada invocou a aplicação do art.830 da CLT, ao impugnar os documentos juntados pelo reclamante. Contudo, TODOS os documentos que a reclamada carreou aos autos, igualmente, são cópias simples, os quais, portanto, não atenderiam as disposições daquele comando legal, que requereu que fosse aplicado em relação à parte contrária. Em consequência, condeno, de ofício, a reclamada a pagar multa de 9%, calculada sobre o valor atribuído à causa, devendo o valor ser revertido à União Federal, no prazo de 05 (cinco) dias após o trânsito em julgado.". O reclamante pretende que o valor fixado seja revertido em seu favor, ao passo que a reclamada pugna pelo afastamento da penalidade que lhe foi aplicada. Examino. Com a devida vênia, não compartilho dos argumentos esposados na origem. Com efeito, o reconhecimento do comportamento das partes como litigantes de má-fé exige a configuração do caráter intencional (dolo processual) de atentar contra a boa-fé e lealdade processual (inteligência dos arts. 79 e 80, do CPC e 793-A, da CLT), o que não se vislumbra na hipótese dos autos. A caracterização da litigância de má-fé está condicionada à prática de ato previsto no rol taxativo do art. 80 do CPC, e deve ficar clara ou ao menos dissimulada a intenção da parte de causar dano processual ou material à outra. Vale ressaltar que a boa-fé das partes em juízo é presumida, daí que para se reconhecer a má-fé se exige prova cabal nos autos. Entendo que a reclamada apenas exerceu plenamente seu direito de defesa, assegurado pela Constituição da República (artigo 5º, LV), pelo que não há falar em litigância de má-fé. Nesse contexto, resta prejudicada a análise da insurgência do reclamante. NEGO PROVIMENTO, portanto, ao recurso do reclamante, e DOU PROVIMENTO ao da reclamada, para afastar a multa por litigância de má-fé. 11) JUROS LEGAIS / RECURSO DO RECLAMANTE A Lei nº 14.905, de 28/06/2024, incluiu o parágrafo único, ao artigo 389, e o § 1º, ao artigo 406, do Código Civil, prevendo que, caso as partes não tenham convencionado ou não haja lei específica, a atualização monetária será realizada pela IPCA e os juros corresponderão à taxa SELIC deduzido o valor correspondente ao IPCA. Assim, os créditos constituídos na presente reclamação trabalhista serão atualizados conforme os parâmetros definidos pelo C. TST no processo E-ED-RR-713-03.2010.5.04.0029: na fase pré-judicial, com a aplicação do IPCA-E acrescido dos juros de mora (art. 39, caput, da Lei n.º 8.177, de 1991); do ajuizamento da ação até 29/08/2024, com a aplicação da taxa SELIC, na qual estão compreendidos a correção monetária e os juros moratórios; e, a partir de 30/08/2024, com a utilização do IPCA (art. 389, parágrafo único, do Código Civil) no cálculo da atualização monetária, e com a utilização do resultado da subtração SELIC - IPCA (art. 406, parágrafo único, do Código Civil) para os juros de mora, com a possibilidade de não incidência (taxa 0), nos termos do § 3º do art. 406. Contudo, não há amparo para deferimento de indenização suplementar (art. 404 do Código Civil), sob pena de bis in ideme de alegação futura de inexigibilidade de título judicial fundado em interpretação contrária ao posicionamento da Suprema Corte. DOU PROVIMENTO, nestes termos. 12) HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS / RECURSO DO RECLAMANTE Ficam MANTIDOS os honorários sucumbenciais recíprocos, fixados na origem no importe de 5% sobre o valor que resultar da liquidação da sentença, por se revelar justo e proporcional ao grau de complexidade da demanda. DOU PROVIMENTO ao apelo, apenas para determinar a suspensão da exigibilidade da verba devida pelo reclamante, pelo prazo de dois anos, competindo ao credor demonstrar que a situação de insuficiência de recursos findou-se, sob pena de sua extinção. 13) HONORÁRIOS PERICIAIS RECURSO DO RECLAMANTE Honorários periciais, a cargo do reclamante, beneficiário da justiça gratuita, a serem suportados pelos Cofres Públicos da União, nos termos do Ato n. 2/GP.CR/2021, deste Eg. TRT. Presidiu o julgamento a Excelentíssima Senhora Desembargadora Tania Bizarro Quirino de Morais. Tomaram parte no julgamento os Excelentíssimos Senhores Magistrados Federais do Trabalho Jorge Eduardo Assad (Relator), Paulo Kim Barbosa (2º votante) e Soraya Galassi Lambert. Votação: unânime. DISPOSITIVO ACORDAM os Magistrados da 12a Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 2a Região em: CONHECER dos recursos ordinários interpostos pelas partes, e, no mérito, DAR-LHES PARCIAL PROVIMENTO: Ao do reclamante, para: a) Conceder-lhe os benefícios da justiça gratuita; b) Determinar que o marco prescricional quinquenal observe o período de suspensão previsto na Lei nº 14.010/2020; c) Determinar que os valores da condenação serão apurados em regular liquidação de sentença, sem limitação pelo indicado na exordial; d) Determinar que os créditos da presente reclamação trabalhista serão atualizados conforme parâmetros definidos pelo C. TST no processo E-ED-RR-713-03.2010.5.04.0029: na fase pré-judicial, com a aplicação do IPCA-E acrescido dos juros de mora (art. 39, caput, da Lei n.º 8.177, de 1991); do ajuizamento da ação até 29/08/2024, com a aplicação da taxa SELIC, na qual estão compreendidos a correção monetária e os juros moratórios; e, a partir de 30/08/2024, com a utilização do IPCA (art. 389, parágrafo único, do Código Civil) no cálculo da atualização monetária, e com a utilização do resultado da subtração SELIC - IPCA (art. 406, parágrafo único, do Código Civil) para os juros de mora, com a possibilidade de não incidência (taxa 0), nos termos do § 3º do art. 406; e) Determinar a suspensão da exigibilidade da verba honorária devida pelo reclamante ao patrono da reclamada, pelo prazo de dois anos, nos termos do art. 791-A, §4º da CLT. Ao da reclamada, para: a) Afastar a multa por litigância de má-fé. Honorários periciais, a cargo do reclamante, beneficiário da justiça gratuita, a serem suportados pelos Cofres Públicos da União, nos termos do Ato n. 2/GP.CR/2021, deste Eg. TRT. Tudo nos termos da fundamentação. Mantida, no mais, a sentença, inclusive quanto aos valores arbitrados a título de condenação e custas. Atentem as partes para o não cabimento de embargos declaratórios com intuito de rever provas, fatos ou a própria decisão. Quando ausentes os pressupostos autorizadores, tais como previstos nos incisos do art. 1.022, do CPC, estarão sujeitas à aplicação do § 2º, do art. 1.026, do mesmo Diploma Legal. JORGE EDUARDO ASSAD Juiz Relator AC SAO PAULO/SP, 03 de julho de 2025. ELIAS EVALDO DO NASCIMENTO Diretor de Secretaria Intimado(s) / Citado(s) - PREVENT SENIOR PRIVATE OPERADORA DE SAUDE LTDA

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Adenilson De Assis Palma e outros x Adenilson De Assis Palma e outros

ID: 316334326

Tribunal: TRT2 Órgão: 12ª Turma Classe: RECURSO ORDINáRIO TRABALHISTA Nº Processo: 1001240-95.2024.5.02.0030

Data de Disponibilização: 04/07/2025

Polo Ativo:

ADENILSON DE ASSIS PALMA JOSE ANTONIO GHILARDI PREVENT SENIOR PRIVATE OPERADORA DE SAUDE LTDA

Polo Passivo:

ADENILSON DE ASSIS PALMA PREVENT SENIOR PRIVATE OPERADORA DE SAUDE LTDA

Acórdão

Advogados:

LUIZ GUSTAVO FIGUEIREDO DE ABREU

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LEANDRO SILVA TEIXEIRA DUARTE

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LUIS GUSTAVO SILVERIO

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PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO 12ª TURMA Relator: JORGE EDUARDO ASSAD ROT 1001240-95.2024.5.02.0030 RECORRENTE: ADENILSON DE ASSIS PALMA E OUTRO… PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO 12ª TURMA Relator: JORGE EDUARDO ASSAD ROT 1001240-95.2024.5.02.0030 RECORRENTE: ADENILSON DE ASSIS PALMA E OUTROS (1) RECORRIDO: ADENILSON DE ASSIS PALMA E OUTROS (1) Fica V. Sa. intimada do inteiro teor do v. Acórdão #id:7d8b20c proferido nos autos: PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO PROCESSO Nº 1001240-95.2024.5.02.0030 - 12ª TURMA (ROT) RECURSO ORDINÁRIO DA 30ª VARA DO TRABALHO DE SÃO PAULO/SP RECORRENTES E RECIPROCAMENTE RECORRIDOS: 1) ADENILSON DE ASSIS PALMA 2) PREVENT SENIOR PRIVATE OPERADORA DE SAÚDE LTDA RELATOR JORGE EDUARDO ASSAD - CADEIRA Nº 04 MULTA. LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ.A caracterização da litigância de má-fé está condicionada à prática de ato previsto no rol taxativo do art. 80 do CPC, e deve ficar clara ou ao menos dissimulada a intenção da parte de causar dano processual ou material à outra. Vale ressaltar que a boa-fé das partes em juízo é presumida, daí que para se reconhecer a má-fé se exige prova cabal nos autos.Entendo que a reclamada apenas exerceu plenamente seu direito de defesa, assegurado pela Constituição da República (artigo 5º, LV), pelo que não há falar em litigância de má-fé. Apelo da ré que fica provido, para excluir a multa aplicada na origem. Contra a sentença de ID. 34ea8a9, cujo relatório adoto e que julgou procedente em a reclamação trabalhista, recorrem ordinariamente as partes. O reclamante, com as razões de ID. b3c661c, requerendo a reforma da sentença, com relação aos seguintes itens: validade do documento de ID. 421ff15, suspensão da prescrição na forma da Lei nº 14.010/2020, limitação da condenação, nulidade do regime 12x36, horas extras, diferença de grau de insalubridade, danos morais, multa convencional, litigância de má-fé, juros legais, justiça gratuita, honorários sucumbenciais e periciais. Recurso tempestivo, regular e isento de custas. A reclamada, com as razões de ID. c9f2883, pugnando pela reversão do julgado para exclusão da multa por litigância de má-fé. Recurso tempestivo, regular e com preparo sob ID's b0c9a7b, 5fa5bb3, 08608af e 49d4f89. Contrarrazões pelo reclamante no ID. a599919 e pela reclamada no ID. 024069e. É o relatório. VOTO 1) CONHECIMENTO CONHEÇO dos recursos interpostos pelas partes, eis que presentes os pressupostos legais de admissibilidade. 2) JUSTIÇA GRATUITA / RECURSO DO RECLAMANTE Eis o julgado: "A opção do reclamante em ser patrocinado por advogado particular e a parcial procedência dos pedidos formulados são óbices ao deferimento do benefício titulado.". Prospera a irresignação do reclamante. Revendo meu posicionamento, mas em observância à disciplina judiciária, diante da decisão prolatada pelo Colendo TST em 14/10/2024, no IncJulgRREmbRep - 277-83.2020.5.09.0084, no sentido de que, "é possível a declaração de pobreza firmada pelo requerente, sob as penas da lei, nos termos do art. 790, § 4º, da CLT" e considerando a declaração de hipossuficiência encartada aos autos (ID. 9d30a0d), DOU PROVIMENTO ao apelo para conceder à parte reclamante o benefício da justiça gratuita. 3) SUSPENSÃO DA PRESCRIÇÃO / LEI Nº 14.010 DE 2020 / RECURSO DO RECLAMANTE Buscam o obreiro as reclamadas a reforma do julgado para afastar a suspensão do prazo prescricional, prevista na Lei nº 14.010/2020. Consigne-se que na data de 12/06/2020 foi publicada a Lei nº 14.010/20, que dispõe sobre o Regime Jurídico Emergencial e Transitório das relações jurídicas de Direito Privado (RJET), no período da pandemia de Covid-19.E, em seu artigo 3º, restou estabelecido que: "Artigo 3º. Os prazos prescricionais consideram-se impedidos ou suspensos, conforme o caso, a partir da entrada em vigor desta Lei até 30 de outubro de 2020." Nessa esteira, os prazos prescricionais restaram suspensos de 12/06/2020 até 30/10/2020, totalizando, assim, o período de 4 (quatro) meses e 18 (dezoito) dias de suspensão, o qual certamente deverá ser considerado, para fins de pronunciamento da prescrição quinquenal. DOU PROVIMENTO ao apelo, no aspecto, para determinar que o marco prescricional quinquenal observe o período de suspensão previsto na Lei nº 14.010/2020. 4) LIMITAÇÃO DA CONDENAÇÃO / RECURSO DO RECLAMANTE Vinha entendendo que a condenação deveria se limitar aos valores dos pedidos, na forma indicada na inicial, não se cogitando em concebê-los como mera estimativa, diante do que estabelece o art. 840, § 1º, da CLT. Contudo, curvo-me a entendimento majoritário desta Egrégia Turma, quanto ao tema, pedindo vênia para transcrever excerto do acórdão abaixo: "Mesmo com as alterações implementadas pela Lei 13.467/2017 no art. 840, § 1º, da CLT, a indicação de valor aos pedidos, na exata dicção legal, não compreende o propósito de apresentar valores líquidos finais. O mesmo entendimento é adotado pela norma administrativa prevista no art. 12, § 2º, da Instrução Normativa 41, do TST: "Para o fim do que dispõe o art. 840, §§ 1º e 2º, da CLT, o valor da causa será estimado, observando-se, no que couber, o disposto nos arts. 291 a 293 do Código de Processo Civil".(Processo nº 1000940-20.2021.5.02.0716; Data: 17/11/2022; Órgão Julgador: 12ª Turma - Cadeira 3; Relatora: Cintia Taffari). DOU PROVIMENTO ao apelo, para determinar que os valores de eventual condenação serão apurados em regular liquidação de sentença. 5) VALIDADE DO DOCUMENTO DE ID. 421FF15 / RECURSO DO RECLAMANTE Eis o julgado guerreado: "1. Da juntada extemporânea de documento O reclamante anexou um arquivo de mídia ao processo em 23/10/2024, conforme comprovante que juntou com sua manifestação à contestação de ID d7720c6, atentando contra o princípio da concentração das provas, segundo o qual todos os documentos devem acompanhar a petição inicial (art. 787 da CLT) e a defesa (art. 845 da CLT), somente se justificando a juntada de documentos novos (art. 397 do CPC), o que não é o caso, eis que a gravação em questão é de conversa ocorrida antes da propositura da ação.Assim, deixo de conhecer o arquivo de média juntado pelo reclamante mediante protocolo de ID 421ff15." Sustenta o reclamante que o arquivo em comento foi apresentado como contraprova às alegações da reclamada em contestação, no tocante à negativa de negligencia ou omissão quanto à acusação supostamente infundada feita contra o reclamante. O inconformismo não se sustenta. É incontroverso que o documento não é novo, tendo sido produzido, e tendo o reclamante tido acesso ao mesmo, em data anterior à propositura da demanda. A negativa da reclamada era uma tese defensiva previsível, de modo que competia à parte apresentar com a exordial todo o arcabouço probatório necessário e suficiente para comprovar as teses autorais, inclusive o arquivo de mídia em comento, cuja posse já detinha. REJEITO. 6) NULIDADE DO REGIME 12X36 / HORAS EXTRAS / RECURSO DO RECLAMANTE Assim foi analisada a matéria na origem: [8.1. Da escala de trabalho 12x36 De plano, destaco que o reclamante pleiteia a descaracterização da escala 12x36 ao argumento de que fazia uma hora extra por dia, em razão de antecipação e prorrogação da jornada em trinta minutos cada, para troca de uniforme. Não consta na exordial nenhuma alegação de supressão de intervalo ou de labor em dias destinados a folgas. De qualquer forma, o contrato de trabalho do reclamante é posterior à vigência da reforma trabalhista (Lei nº 13.467/2017), o que atrai a incidência do art. 59-B, parágrafo único, CLT que expõe que não há descaracterização da jornada 12x36 por prestação de horas extras habituais. Convém acrescentar, ante a alegação de que tal escala seria inconstitucional, que, a partir da promulgação da Constituição Federal do 1988, a adoção desse sistema de compensação de jornada já passou a ser perfeitamente admissível, desde que estivesse previsto em norma coletiva, conforme o disposto em seu artigo 7°, inciso XIII, por ser mais vantajoso tanto para os empregados, quanto para o empregador. Na verdade, a adoção do regime de 12x36, como é comumente conhecido, é plenamente aceito por se constituir numa conquista dos trabalhadores, que apesar de laborarem em jornada superior às 10 horas legalmente admitidas, terão, em compensação, o gozo de um longo período de descanso, restando beneficiado, também, o patrão, que terá à disposição mão de obra permanente. Com tal jornada, tem-se que em uma semana o empregado mensalista labora 48 (quarenta e oito) horas, seguida de outra semana em que o labor atinge apenas 36 (trinta e seis horas). Nessa esteira, fica evidente que há uma verdadeira compensação da carga horária de trabalho semanal, sem que o empregado sofra qualquer prejuízo no final do mês. Portanto, ainda que seja reconhecido o direito do reclamante ao pagamento de horas extras, improcede o pleito referente à descaracterização da escala de 12x36. 8.2. Das antecipações e prorrogações de jornada A tese de que haveriam antecipações e prorrogações da jornada para troca de uniforme, sem o devido registro no controle de horário, não se sustenta. De início, observo que os relatos contidos na petição inicial e nos depoimentos do reclamante e da própria testemunha pelo mesmo convidada são conflitantes quanto ao alegado tempo para troca de uniforme. Com efeito. Na exordial constou que o reclamante antecipava e prorrogava a jornada em trinta minutos. Em depoimento, o mesmo reduziu tal lapso temporal, relatando que "era recomendado que chegassem 20min antes para efetuar a troca do uniforme e após a registrar o horário, até 5min antes das 06h00". E a testemunha convidada pelo reclamante reduziu anda mais o alegado tempo de antecipação, narrando "que havia determinação para chegar 10/15min antes para troca do uniforme e somente depois efetuar o registro". De se ressaltar que, por outro lado, a mesma testemunha reconheceu "que era possível ir para o serviço uniformizado, ainda que parcialmente". A análise dos controles de horários - realizados de forma biométrica e com impressão de comprovantes, como alegou o reclamante - indicam algumas marcações cerca de dez, quinze e até vinte minutos antes do horário regular de início da jornada, afastando a tese de que o registro era efetuado no máximo cinco minuto antes, como aduziu o reclamante. De qualquer forma, a testemunha convidada pela reclamada, além de confirmar "que é possível ir para o trabalho já uniformizado", relatou "que não havia determinação da reclamada no sentido de que devessem chegar antes do horário". Assim, quanto muito, houve prova dividida acerca das alegadas antecipações da jornada, o que já impede a condenação da reclamada, eis que no Processo do Trabalho é inaplicável o princípio doutrinário in dubio pro misero, que serve apenas para resolver conflitos de normas (escolhendo-se a norma mais favorável ao trabalhador), e não para resolver conflitos de provas. Assim, afasto a tese de que haveriam antecipações e prorrogações da jornada de trabalho, reconhecendo a veracidade dos horários registrados nos espelhos de ponto juntados aos autos. No mais, é pacífico entendimento jurisprudencial de que, fornecendo a reclamada os cartões de ponto, bem como os respectivos holerites contendo pagamentos de horas extras, competiria, no caso, ao reclamante, demonstrar, por ser fato constitutivo de seu pretenso direito (art. 818, I, da CLT), as eventuais diferenças não pagas. Contudo, deste ônus não se desincumbiu o reclamante, eis que não apontou diferenças, nem sequer por amostragem. Portanto, julgo improcedente o pedido de pagamento de horas extras, bem como reflexos postulados.] O reclamante insiste na nulidade do regime 12x36, pela habitualidade na prestação de horas extras, conforme entende comprovado pela prova oral produzida. Sem razão, contudo. O julgado está perfeito e não clama por reparos. Nos termos da legislação vigente (art. 59-B da CLT), a prestação habitual de horas extras não se presta descaracterizar o regime 12x36. Ademais, a tese exordial sequer restou devidamente comprovada, ante a contradição entre os depoimentos colhidos, inclusive em face da petição inicial, como bem pontuado na origem, conforme trechos destacados a que remeto as partes para evitar repetições desnecessárias, como corolário do princípio da celeridade processual. Ausentes elementos capazes de afastar as conclusões do MM. Magistrado sentenciante, fica rejeitado o apelo. MANTENHO. 7) DIFERENÇA DE GRAU DE INSALUBRIDADE / RECURSO DO RECLAMANTE A pretensão do reclamante foi rejeitada com base no laudo pericial produzido pelo perito de confiança do juízo: [Realizada a necessária perícia técnica (laudo de ID 2bf0338), coma presença do reclamante, o sr. perito apresentou a seguinte conclusão: "Com base nas evidências apuradas durante a diligência realizada no local de trabalho do Reclamante na Reclamada, e com o respaldo das legislações e normas técnicas vigentes, ou seja, pelo motivo das atividades do Autor se enquadrarem no Anexo 14 da NR-15 (Atividades e Operações Insalubres), e pelo fato do Reclamante não estar exposto de forma habitual a pacientes portadores de doenças infecto-contagiantes, conclui-se, neste caso, que o Reclamante trabalhou em condições insalubres de grau médio, durante todo o período imprescrito e, recebeu o referido adicional. Nota: Deve ser observado que a Reclamada reconheceu a exposição do Reclamante à insalubridade de grau máximo, nos períodos entre março de 2020 e maio de 2020 e, posteriormente, entre dezembro de 2020 e março de 2021,por ser considerada referência ao Covid-19 e, pagou este adicional ao Autor." Impugnado pelo reclamante a conclusão supra, o expert prestou esclarecimentos (ID 792d587), ratificando o resultado inicial. Em que pese nova impugnação apresentada, certo é que não há nos autos elementos capazes de afastar conclusão a que chegara o sr. perito,profissional habilitado e de confiança do Juízo.] O reclamante insiste fazer jus às diferenças do adicional, com base na tese de exposição ao grau máximo da insalubridade. Contudo, tendo em vista que o reclamante não logrou infirmar as conclusões lançadas pelo experto no trabalho técnico apresentado, nem trouxe aos autos elementos fáticos, jurídicos ou técnicos capazes de prevalecer e fundamentar o afastamento do laudo, não há como acolher sua irresignação. REJEITO. 8) DANOS MORAIS / RECURSO DO RECLAMANTE Eis a sentença: [12. Dos danos morais Alegou o reclamante que foi injustamente acusado de importunação sexual por uma colega de trabalho, o que lhe causou grave constrangimento, sendo que denunciou a falsa acusação à reclamada, exigindo que a mesma apurasse o ocorrido para isentá-lo da acusação, contudo, a reclamada nada teria feito nesse sentido, razão pela qual pleiteou indenização por danos morais. Em defesa, a reclamada alegou que a falsa acusação foi esclarecida e não gerou maiores consequências ao reclamante. O dano moral passível de ser ressarcido por indenização é aquele que atinge a honra do indivíduo, tanto em seu enfoque subjetivo, consubstanciado na violência à sua intimidade e integridade moral, como sob o prisma objetivo, consistente na sua dignidade e imagem exteriorizada para o mundo. No caso específico do trabalhador, o dano moral é aquele que pode afetar seu bem imaterial precípuo, que é a ficha profissional, causando-lhe prejuízos ainda mais devastadores do que aquele que magoaram o seu íntimo. Nos presentes autos, não ficou demonstrado nenhum prejuízo sofrido pelo reclamante no que concerne à sua carreira profissional ou à sua imagem perante terceiros, em decorrência de algum ato praticado pela reclamada. Primeiramente, não se vislumbra que a reclamada tenha tido alguma conduta ilícita apta a ensejar reparação. Segundo relatado pelo próprio reclamante, prepostos da reclamada lhe afirmaram que a pessoa que fez a falsa acusação teria admitido o engano e não dado continuidade a esta, de modo que não havia mais a necessidade da reclamada prosseguir na apuração dos fatos. Destaco que o reclamante narrou em depoimento que mesmo o Boletim de Ocorrência que o mesmo providenciou em face da pessoa que lhe acusou, não teve seguimento. Ademais, o reclamante não comprovou que a acusação falsa que lhe foi imputada teria gerado todas as repercussões aduzidas. Nenhuma prova foi produzida nos autos de que o mesmo teria ficado com sua idoneidade abalada perante os colegas de trabalho e a sua família, como alegou. Portanto, restando ausentes os dois elementos acima descritos, quais sejam, afronta à honra objetiva e subjetiva, indefiro a indenização pretendida.] Compulsando os autos, verifico que não foi produzida prova oral sobre o tema. Assim, tendo em vista a negativa da reclamada, incumbia ao reclamante produzir provas de suas alegações, das quais não se desincumbiu. Não houve provas de que a acusação tenha sido realizada perante terceiros, nem que tenha repercutido na vida pessoal do reclamante. Não há dano a ser reparado, portanto. REJEITO. 9) MULTA CONVENCIONAL / RECURSO DO RECLAMANTE Como o pedido de aplicação da penalidade normativa se sustenta no descumprimento da cláusula atinente a horas extras, pelo pedido de descaracterização do regime 12x36, o qual restou negativo, não há se falar no seu cabimento. DESPROVIDO. 10) LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ / APRECIAÇÃO CONJUNTA DOS APELOS COMUNS DAS PARTES Eis o julgado guerreado por ambas as partes: "No caso, a reclamada litiga, evidentemente, de má-fé, nos termos dos artigos 793-A, 793-B e 793-C, todos da CLT. Com efeito. Ao apresentar defesa, a reclamada invocou a aplicação do art.830 da CLT, ao impugnar os documentos juntados pelo reclamante. Contudo, TODOS os documentos que a reclamada carreou aos autos, igualmente, são cópias simples, os quais, portanto, não atenderiam as disposições daquele comando legal, que requereu que fosse aplicado em relação à parte contrária. Em consequência, condeno, de ofício, a reclamada a pagar multa de 9%, calculada sobre o valor atribuído à causa, devendo o valor ser revertido à União Federal, no prazo de 05 (cinco) dias após o trânsito em julgado.". O reclamante pretende que o valor fixado seja revertido em seu favor, ao passo que a reclamada pugna pelo afastamento da penalidade que lhe foi aplicada. Examino. Com a devida vênia, não compartilho dos argumentos esposados na origem. Com efeito, o reconhecimento do comportamento das partes como litigantes de má-fé exige a configuração do caráter intencional (dolo processual) de atentar contra a boa-fé e lealdade processual (inteligência dos arts. 79 e 80, do CPC e 793-A, da CLT), o que não se vislumbra na hipótese dos autos. A caracterização da litigância de má-fé está condicionada à prática de ato previsto no rol taxativo do art. 80 do CPC, e deve ficar clara ou ao menos dissimulada a intenção da parte de causar dano processual ou material à outra. Vale ressaltar que a boa-fé das partes em juízo é presumida, daí que para se reconhecer a má-fé se exige prova cabal nos autos. Entendo que a reclamada apenas exerceu plenamente seu direito de defesa, assegurado pela Constituição da República (artigo 5º, LV), pelo que não há falar em litigância de má-fé. Nesse contexto, resta prejudicada a análise da insurgência do reclamante. NEGO PROVIMENTO, portanto, ao recurso do reclamante, e DOU PROVIMENTO ao da reclamada, para afastar a multa por litigância de má-fé. 11) JUROS LEGAIS / RECURSO DO RECLAMANTE A Lei nº 14.905, de 28/06/2024, incluiu o parágrafo único, ao artigo 389, e o § 1º, ao artigo 406, do Código Civil, prevendo que, caso as partes não tenham convencionado ou não haja lei específica, a atualização monetária será realizada pela IPCA e os juros corresponderão à taxa SELIC deduzido o valor correspondente ao IPCA. Assim, os créditos constituídos na presente reclamação trabalhista serão atualizados conforme os parâmetros definidos pelo C. TST no processo E-ED-RR-713-03.2010.5.04.0029: na fase pré-judicial, com a aplicação do IPCA-E acrescido dos juros de mora (art. 39, caput, da Lei n.º 8.177, de 1991); do ajuizamento da ação até 29/08/2024, com a aplicação da taxa SELIC, na qual estão compreendidos a correção monetária e os juros moratórios; e, a partir de 30/08/2024, com a utilização do IPCA (art. 389, parágrafo único, do Código Civil) no cálculo da atualização monetária, e com a utilização do resultado da subtração SELIC - IPCA (art. 406, parágrafo único, do Código Civil) para os juros de mora, com a possibilidade de não incidência (taxa 0), nos termos do § 3º do art. 406. Contudo, não há amparo para deferimento de indenização suplementar (art. 404 do Código Civil), sob pena de bis in ideme de alegação futura de inexigibilidade de título judicial fundado em interpretação contrária ao posicionamento da Suprema Corte. DOU PROVIMENTO, nestes termos. 12) HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS / RECURSO DO RECLAMANTE Ficam MANTIDOS os honorários sucumbenciais recíprocos, fixados na origem no importe de 5% sobre o valor que resultar da liquidação da sentença, por se revelar justo e proporcional ao grau de complexidade da demanda. DOU PROVIMENTO ao apelo, apenas para determinar a suspensão da exigibilidade da verba devida pelo reclamante, pelo prazo de dois anos, competindo ao credor demonstrar que a situação de insuficiência de recursos findou-se, sob pena de sua extinção. 13) HONORÁRIOS PERICIAIS RECURSO DO RECLAMANTE Honorários periciais, a cargo do reclamante, beneficiário da justiça gratuita, a serem suportados pelos Cofres Públicos da União, nos termos do Ato n. 2/GP.CR/2021, deste Eg. TRT. Presidiu o julgamento a Excelentíssima Senhora Desembargadora Tania Bizarro Quirino de Morais. Tomaram parte no julgamento os Excelentíssimos Senhores Magistrados Federais do Trabalho Jorge Eduardo Assad (Relator), Paulo Kim Barbosa (2º votante) e Soraya Galassi Lambert. Votação: unânime. DISPOSITIVO ACORDAM os Magistrados da 12a Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 2a Região em: CONHECER dos recursos ordinários interpostos pelas partes, e, no mérito, DAR-LHES PARCIAL PROVIMENTO: Ao do reclamante, para: a) Conceder-lhe os benefícios da justiça gratuita; b) Determinar que o marco prescricional quinquenal observe o período de suspensão previsto na Lei nº 14.010/2020; c) Determinar que os valores da condenação serão apurados em regular liquidação de sentença, sem limitação pelo indicado na exordial; d) Determinar que os créditos da presente reclamação trabalhista serão atualizados conforme parâmetros definidos pelo C. TST no processo E-ED-RR-713-03.2010.5.04.0029: na fase pré-judicial, com a aplicação do IPCA-E acrescido dos juros de mora (art. 39, caput, da Lei n.º 8.177, de 1991); do ajuizamento da ação até 29/08/2024, com a aplicação da taxa SELIC, na qual estão compreendidos a correção monetária e os juros moratórios; e, a partir de 30/08/2024, com a utilização do IPCA (art. 389, parágrafo único, do Código Civil) no cálculo da atualização monetária, e com a utilização do resultado da subtração SELIC - IPCA (art. 406, parágrafo único, do Código Civil) para os juros de mora, com a possibilidade de não incidência (taxa 0), nos termos do § 3º do art. 406; e) Determinar a suspensão da exigibilidade da verba honorária devida pelo reclamante ao patrono da reclamada, pelo prazo de dois anos, nos termos do art. 791-A, §4º da CLT. Ao da reclamada, para: a) Afastar a multa por litigância de má-fé. Honorários periciais, a cargo do reclamante, beneficiário da justiça gratuita, a serem suportados pelos Cofres Públicos da União, nos termos do Ato n. 2/GP.CR/2021, deste Eg. TRT. Tudo nos termos da fundamentação. Mantida, no mais, a sentença, inclusive quanto aos valores arbitrados a título de condenação e custas. Atentem as partes para o não cabimento de embargos declaratórios com intuito de rever provas, fatos ou a própria decisão. Quando ausentes os pressupostos autorizadores, tais como previstos nos incisos do art. 1.022, do CPC, estarão sujeitas à aplicação do § 2º, do art. 1.026, do mesmo Diploma Legal. JORGE EDUARDO ASSAD Juiz Relator AC SAO PAULO/SP, 03 de julho de 2025. ELIAS EVALDO DO NASCIMENTO Diretor de Secretaria Intimado(s) / Citado(s) - ADENILSON DE ASSIS PALMA

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Adenilson De Assis Palma e outros x Adenilson De Assis Palma e outros

ID: 316334364

Tribunal: TRT2 Órgão: 12ª Turma Classe: RECURSO ORDINáRIO TRABALHISTA Nº Processo: 1001240-95.2024.5.02.0030

Data de Disponibilização: 04/07/2025

Polo Ativo:

ADENILSON DE ASSIS PALMA JOSE ANTONIO GHILARDI PREVENT SENIOR PRIVATE OPERADORA DE SAUDE LTDA

Polo Passivo:

ADENILSON DE ASSIS PALMA PREVENT SENIOR PRIVATE OPERADORA DE SAUDE LTDA

Acórdão

Advogados:

LUIZ GUSTAVO FIGUEIREDO DE ABREU

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LEANDRO SILVA TEIXEIRA DUARTE

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LUIS GUSTAVO SILVERIO

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PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO 12ª TURMA Relator: JORGE EDUARDO ASSAD ROT 1001240-95.2024.5.02.0030 RECORRENTE: ADENILSON DE ASSIS PALMA E OUTRO… PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO 12ª TURMA Relator: JORGE EDUARDO ASSAD ROT 1001240-95.2024.5.02.0030 RECORRENTE: ADENILSON DE ASSIS PALMA E OUTROS (1) RECORRIDO: ADENILSON DE ASSIS PALMA E OUTROS (1) Fica V. Sa. intimada do inteiro teor do v. Acórdão #id:7d8b20c proferido nos autos: PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO PROCESSO Nº 1001240-95.2024.5.02.0030 - 12ª TURMA (ROT) RECURSO ORDINÁRIO DA 30ª VARA DO TRABALHO DE SÃO PAULO/SP RECORRENTES E RECIPROCAMENTE RECORRIDOS: 1) ADENILSON DE ASSIS PALMA 2) PREVENT SENIOR PRIVATE OPERADORA DE SAÚDE LTDA RELATOR JORGE EDUARDO ASSAD - CADEIRA Nº 04 MULTA. LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ.A caracterização da litigância de má-fé está condicionada à prática de ato previsto no rol taxativo do art. 80 do CPC, e deve ficar clara ou ao menos dissimulada a intenção da parte de causar dano processual ou material à outra. Vale ressaltar que a boa-fé das partes em juízo é presumida, daí que para se reconhecer a má-fé se exige prova cabal nos autos.Entendo que a reclamada apenas exerceu plenamente seu direito de defesa, assegurado pela Constituição da República (artigo 5º, LV), pelo que não há falar em litigância de má-fé. Apelo da ré que fica provido, para excluir a multa aplicada na origem. Contra a sentença de ID. 34ea8a9, cujo relatório adoto e que julgou procedente em a reclamação trabalhista, recorrem ordinariamente as partes. O reclamante, com as razões de ID. b3c661c, requerendo a reforma da sentença, com relação aos seguintes itens: validade do documento de ID. 421ff15, suspensão da prescrição na forma da Lei nº 14.010/2020, limitação da condenação, nulidade do regime 12x36, horas extras, diferença de grau de insalubridade, danos morais, multa convencional, litigância de má-fé, juros legais, justiça gratuita, honorários sucumbenciais e periciais. Recurso tempestivo, regular e isento de custas. A reclamada, com as razões de ID. c9f2883, pugnando pela reversão do julgado para exclusão da multa por litigância de má-fé. Recurso tempestivo, regular e com preparo sob ID's b0c9a7b, 5fa5bb3, 08608af e 49d4f89. Contrarrazões pelo reclamante no ID. a599919 e pela reclamada no ID. 024069e. É o relatório. VOTO 1) CONHECIMENTO CONHEÇO dos recursos interpostos pelas partes, eis que presentes os pressupostos legais de admissibilidade. 2) JUSTIÇA GRATUITA / RECURSO DO RECLAMANTE Eis o julgado: "A opção do reclamante em ser patrocinado por advogado particular e a parcial procedência dos pedidos formulados são óbices ao deferimento do benefício titulado.". Prospera a irresignação do reclamante. Revendo meu posicionamento, mas em observância à disciplina judiciária, diante da decisão prolatada pelo Colendo TST em 14/10/2024, no IncJulgRREmbRep - 277-83.2020.5.09.0084, no sentido de que, "é possível a declaração de pobreza firmada pelo requerente, sob as penas da lei, nos termos do art. 790, § 4º, da CLT" e considerando a declaração de hipossuficiência encartada aos autos (ID. 9d30a0d), DOU PROVIMENTO ao apelo para conceder à parte reclamante o benefício da justiça gratuita. 3) SUSPENSÃO DA PRESCRIÇÃO / LEI Nº 14.010 DE 2020 / RECURSO DO RECLAMANTE Buscam o obreiro as reclamadas a reforma do julgado para afastar a suspensão do prazo prescricional, prevista na Lei nº 14.010/2020. Consigne-se que na data de 12/06/2020 foi publicada a Lei nº 14.010/20, que dispõe sobre o Regime Jurídico Emergencial e Transitório das relações jurídicas de Direito Privado (RJET), no período da pandemia de Covid-19.E, em seu artigo 3º, restou estabelecido que: "Artigo 3º. Os prazos prescricionais consideram-se impedidos ou suspensos, conforme o caso, a partir da entrada em vigor desta Lei até 30 de outubro de 2020." Nessa esteira, os prazos prescricionais restaram suspensos de 12/06/2020 até 30/10/2020, totalizando, assim, o período de 4 (quatro) meses e 18 (dezoito) dias de suspensão, o qual certamente deverá ser considerado, para fins de pronunciamento da prescrição quinquenal. DOU PROVIMENTO ao apelo, no aspecto, para determinar que o marco prescricional quinquenal observe o período de suspensão previsto na Lei nº 14.010/2020. 4) LIMITAÇÃO DA CONDENAÇÃO / RECURSO DO RECLAMANTE Vinha entendendo que a condenação deveria se limitar aos valores dos pedidos, na forma indicada na inicial, não se cogitando em concebê-los como mera estimativa, diante do que estabelece o art. 840, § 1º, da CLT. Contudo, curvo-me a entendimento majoritário desta Egrégia Turma, quanto ao tema, pedindo vênia para transcrever excerto do acórdão abaixo: "Mesmo com as alterações implementadas pela Lei 13.467/2017 no art. 840, § 1º, da CLT, a indicação de valor aos pedidos, na exata dicção legal, não compreende o propósito de apresentar valores líquidos finais. O mesmo entendimento é adotado pela norma administrativa prevista no art. 12, § 2º, da Instrução Normativa 41, do TST: "Para o fim do que dispõe o art. 840, §§ 1º e 2º, da CLT, o valor da causa será estimado, observando-se, no que couber, o disposto nos arts. 291 a 293 do Código de Processo Civil".(Processo nº 1000940-20.2021.5.02.0716; Data: 17/11/2022; Órgão Julgador: 12ª Turma - Cadeira 3; Relatora: Cintia Taffari). DOU PROVIMENTO ao apelo, para determinar que os valores de eventual condenação serão apurados em regular liquidação de sentença. 5) VALIDADE DO DOCUMENTO DE ID. 421FF15 / RECURSO DO RECLAMANTE Eis o julgado guerreado: "1. Da juntada extemporânea de documento O reclamante anexou um arquivo de mídia ao processo em 23/10/2024, conforme comprovante que juntou com sua manifestação à contestação de ID d7720c6, atentando contra o princípio da concentração das provas, segundo o qual todos os documentos devem acompanhar a petição inicial (art. 787 da CLT) e a defesa (art. 845 da CLT), somente se justificando a juntada de documentos novos (art. 397 do CPC), o que não é o caso, eis que a gravação em questão é de conversa ocorrida antes da propositura da ação.Assim, deixo de conhecer o arquivo de média juntado pelo reclamante mediante protocolo de ID 421ff15." Sustenta o reclamante que o arquivo em comento foi apresentado como contraprova às alegações da reclamada em contestação, no tocante à negativa de negligencia ou omissão quanto à acusação supostamente infundada feita contra o reclamante. O inconformismo não se sustenta. É incontroverso que o documento não é novo, tendo sido produzido, e tendo o reclamante tido acesso ao mesmo, em data anterior à propositura da demanda. A negativa da reclamada era uma tese defensiva previsível, de modo que competia à parte apresentar com a exordial todo o arcabouço probatório necessário e suficiente para comprovar as teses autorais, inclusive o arquivo de mídia em comento, cuja posse já detinha. REJEITO. 6) NULIDADE DO REGIME 12X36 / HORAS EXTRAS / RECURSO DO RECLAMANTE Assim foi analisada a matéria na origem: [8.1. Da escala de trabalho 12x36 De plano, destaco que o reclamante pleiteia a descaracterização da escala 12x36 ao argumento de que fazia uma hora extra por dia, em razão de antecipação e prorrogação da jornada em trinta minutos cada, para troca de uniforme. Não consta na exordial nenhuma alegação de supressão de intervalo ou de labor em dias destinados a folgas. De qualquer forma, o contrato de trabalho do reclamante é posterior à vigência da reforma trabalhista (Lei nº 13.467/2017), o que atrai a incidência do art. 59-B, parágrafo único, CLT que expõe que não há descaracterização da jornada 12x36 por prestação de horas extras habituais. Convém acrescentar, ante a alegação de que tal escala seria inconstitucional, que, a partir da promulgação da Constituição Federal do 1988, a adoção desse sistema de compensação de jornada já passou a ser perfeitamente admissível, desde que estivesse previsto em norma coletiva, conforme o disposto em seu artigo 7°, inciso XIII, por ser mais vantajoso tanto para os empregados, quanto para o empregador. Na verdade, a adoção do regime de 12x36, como é comumente conhecido, é plenamente aceito por se constituir numa conquista dos trabalhadores, que apesar de laborarem em jornada superior às 10 horas legalmente admitidas, terão, em compensação, o gozo de um longo período de descanso, restando beneficiado, também, o patrão, que terá à disposição mão de obra permanente. Com tal jornada, tem-se que em uma semana o empregado mensalista labora 48 (quarenta e oito) horas, seguida de outra semana em que o labor atinge apenas 36 (trinta e seis horas). Nessa esteira, fica evidente que há uma verdadeira compensação da carga horária de trabalho semanal, sem que o empregado sofra qualquer prejuízo no final do mês. Portanto, ainda que seja reconhecido o direito do reclamante ao pagamento de horas extras, improcede o pleito referente à descaracterização da escala de 12x36. 8.2. Das antecipações e prorrogações de jornada A tese de que haveriam antecipações e prorrogações da jornada para troca de uniforme, sem o devido registro no controle de horário, não se sustenta. De início, observo que os relatos contidos na petição inicial e nos depoimentos do reclamante e da própria testemunha pelo mesmo convidada são conflitantes quanto ao alegado tempo para troca de uniforme. Com efeito. Na exordial constou que o reclamante antecipava e prorrogava a jornada em trinta minutos. Em depoimento, o mesmo reduziu tal lapso temporal, relatando que "era recomendado que chegassem 20min antes para efetuar a troca do uniforme e após a registrar o horário, até 5min antes das 06h00". E a testemunha convidada pelo reclamante reduziu anda mais o alegado tempo de antecipação, narrando "que havia determinação para chegar 10/15min antes para troca do uniforme e somente depois efetuar o registro". De se ressaltar que, por outro lado, a mesma testemunha reconheceu "que era possível ir para o serviço uniformizado, ainda que parcialmente". A análise dos controles de horários - realizados de forma biométrica e com impressão de comprovantes, como alegou o reclamante - indicam algumas marcações cerca de dez, quinze e até vinte minutos antes do horário regular de início da jornada, afastando a tese de que o registro era efetuado no máximo cinco minuto antes, como aduziu o reclamante. De qualquer forma, a testemunha convidada pela reclamada, além de confirmar "que é possível ir para o trabalho já uniformizado", relatou "que não havia determinação da reclamada no sentido de que devessem chegar antes do horário". Assim, quanto muito, houve prova dividida acerca das alegadas antecipações da jornada, o que já impede a condenação da reclamada, eis que no Processo do Trabalho é inaplicável o princípio doutrinário in dubio pro misero, que serve apenas para resolver conflitos de normas (escolhendo-se a norma mais favorável ao trabalhador), e não para resolver conflitos de provas. Assim, afasto a tese de que haveriam antecipações e prorrogações da jornada de trabalho, reconhecendo a veracidade dos horários registrados nos espelhos de ponto juntados aos autos. No mais, é pacífico entendimento jurisprudencial de que, fornecendo a reclamada os cartões de ponto, bem como os respectivos holerites contendo pagamentos de horas extras, competiria, no caso, ao reclamante, demonstrar, por ser fato constitutivo de seu pretenso direito (art. 818, I, da CLT), as eventuais diferenças não pagas. Contudo, deste ônus não se desincumbiu o reclamante, eis que não apontou diferenças, nem sequer por amostragem. Portanto, julgo improcedente o pedido de pagamento de horas extras, bem como reflexos postulados.] O reclamante insiste na nulidade do regime 12x36, pela habitualidade na prestação de horas extras, conforme entende comprovado pela prova oral produzida. Sem razão, contudo. O julgado está perfeito e não clama por reparos. Nos termos da legislação vigente (art. 59-B da CLT), a prestação habitual de horas extras não se presta descaracterizar o regime 12x36. Ademais, a tese exordial sequer restou devidamente comprovada, ante a contradição entre os depoimentos colhidos, inclusive em face da petição inicial, como bem pontuado na origem, conforme trechos destacados a que remeto as partes para evitar repetições desnecessárias, como corolário do princípio da celeridade processual. Ausentes elementos capazes de afastar as conclusões do MM. Magistrado sentenciante, fica rejeitado o apelo. MANTENHO. 7) DIFERENÇA DE GRAU DE INSALUBRIDADE / RECURSO DO RECLAMANTE A pretensão do reclamante foi rejeitada com base no laudo pericial produzido pelo perito de confiança do juízo: [Realizada a necessária perícia técnica (laudo de ID 2bf0338), coma presença do reclamante, o sr. perito apresentou a seguinte conclusão: "Com base nas evidências apuradas durante a diligência realizada no local de trabalho do Reclamante na Reclamada, e com o respaldo das legislações e normas técnicas vigentes, ou seja, pelo motivo das atividades do Autor se enquadrarem no Anexo 14 da NR-15 (Atividades e Operações Insalubres), e pelo fato do Reclamante não estar exposto de forma habitual a pacientes portadores de doenças infecto-contagiantes, conclui-se, neste caso, que o Reclamante trabalhou em condições insalubres de grau médio, durante todo o período imprescrito e, recebeu o referido adicional. Nota: Deve ser observado que a Reclamada reconheceu a exposição do Reclamante à insalubridade de grau máximo, nos períodos entre março de 2020 e maio de 2020 e, posteriormente, entre dezembro de 2020 e março de 2021,por ser considerada referência ao Covid-19 e, pagou este adicional ao Autor." Impugnado pelo reclamante a conclusão supra, o expert prestou esclarecimentos (ID 792d587), ratificando o resultado inicial. Em que pese nova impugnação apresentada, certo é que não há nos autos elementos capazes de afastar conclusão a que chegara o sr. perito,profissional habilitado e de confiança do Juízo.] O reclamante insiste fazer jus às diferenças do adicional, com base na tese de exposição ao grau máximo da insalubridade. Contudo, tendo em vista que o reclamante não logrou infirmar as conclusões lançadas pelo experto no trabalho técnico apresentado, nem trouxe aos autos elementos fáticos, jurídicos ou técnicos capazes de prevalecer e fundamentar o afastamento do laudo, não há como acolher sua irresignação. REJEITO. 8) DANOS MORAIS / RECURSO DO RECLAMANTE Eis a sentença: [12. Dos danos morais Alegou o reclamante que foi injustamente acusado de importunação sexual por uma colega de trabalho, o que lhe causou grave constrangimento, sendo que denunciou a falsa acusação à reclamada, exigindo que a mesma apurasse o ocorrido para isentá-lo da acusação, contudo, a reclamada nada teria feito nesse sentido, razão pela qual pleiteou indenização por danos morais. Em defesa, a reclamada alegou que a falsa acusação foi esclarecida e não gerou maiores consequências ao reclamante. O dano moral passível de ser ressarcido por indenização é aquele que atinge a honra do indivíduo, tanto em seu enfoque subjetivo, consubstanciado na violência à sua intimidade e integridade moral, como sob o prisma objetivo, consistente na sua dignidade e imagem exteriorizada para o mundo. No caso específico do trabalhador, o dano moral é aquele que pode afetar seu bem imaterial precípuo, que é a ficha profissional, causando-lhe prejuízos ainda mais devastadores do que aquele que magoaram o seu íntimo. Nos presentes autos, não ficou demonstrado nenhum prejuízo sofrido pelo reclamante no que concerne à sua carreira profissional ou à sua imagem perante terceiros, em decorrência de algum ato praticado pela reclamada. Primeiramente, não se vislumbra que a reclamada tenha tido alguma conduta ilícita apta a ensejar reparação. Segundo relatado pelo próprio reclamante, prepostos da reclamada lhe afirmaram que a pessoa que fez a falsa acusação teria admitido o engano e não dado continuidade a esta, de modo que não havia mais a necessidade da reclamada prosseguir na apuração dos fatos. Destaco que o reclamante narrou em depoimento que mesmo o Boletim de Ocorrência que o mesmo providenciou em face da pessoa que lhe acusou, não teve seguimento. Ademais, o reclamante não comprovou que a acusação falsa que lhe foi imputada teria gerado todas as repercussões aduzidas. Nenhuma prova foi produzida nos autos de que o mesmo teria ficado com sua idoneidade abalada perante os colegas de trabalho e a sua família, como alegou. Portanto, restando ausentes os dois elementos acima descritos, quais sejam, afronta à honra objetiva e subjetiva, indefiro a indenização pretendida.] Compulsando os autos, verifico que não foi produzida prova oral sobre o tema. Assim, tendo em vista a negativa da reclamada, incumbia ao reclamante produzir provas de suas alegações, das quais não se desincumbiu. Não houve provas de que a acusação tenha sido realizada perante terceiros, nem que tenha repercutido na vida pessoal do reclamante. Não há dano a ser reparado, portanto. REJEITO. 9) MULTA CONVENCIONAL / RECURSO DO RECLAMANTE Como o pedido de aplicação da penalidade normativa se sustenta no descumprimento da cláusula atinente a horas extras, pelo pedido de descaracterização do regime 12x36, o qual restou negativo, não há se falar no seu cabimento. DESPROVIDO. 10) LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ / APRECIAÇÃO CONJUNTA DOS APELOS COMUNS DAS PARTES Eis o julgado guerreado por ambas as partes: "No caso, a reclamada litiga, evidentemente, de má-fé, nos termos dos artigos 793-A, 793-B e 793-C, todos da CLT. Com efeito. Ao apresentar defesa, a reclamada invocou a aplicação do art.830 da CLT, ao impugnar os documentos juntados pelo reclamante. Contudo, TODOS os documentos que a reclamada carreou aos autos, igualmente, são cópias simples, os quais, portanto, não atenderiam as disposições daquele comando legal, que requereu que fosse aplicado em relação à parte contrária. Em consequência, condeno, de ofício, a reclamada a pagar multa de 9%, calculada sobre o valor atribuído à causa, devendo o valor ser revertido à União Federal, no prazo de 05 (cinco) dias após o trânsito em julgado.". O reclamante pretende que o valor fixado seja revertido em seu favor, ao passo que a reclamada pugna pelo afastamento da penalidade que lhe foi aplicada. Examino. Com a devida vênia, não compartilho dos argumentos esposados na origem. Com efeito, o reconhecimento do comportamento das partes como litigantes de má-fé exige a configuração do caráter intencional (dolo processual) de atentar contra a boa-fé e lealdade processual (inteligência dos arts. 79 e 80, do CPC e 793-A, da CLT), o que não se vislumbra na hipótese dos autos. A caracterização da litigância de má-fé está condicionada à prática de ato previsto no rol taxativo do art. 80 do CPC, e deve ficar clara ou ao menos dissimulada a intenção da parte de causar dano processual ou material à outra. Vale ressaltar que a boa-fé das partes em juízo é presumida, daí que para se reconhecer a má-fé se exige prova cabal nos autos. Entendo que a reclamada apenas exerceu plenamente seu direito de defesa, assegurado pela Constituição da República (artigo 5º, LV), pelo que não há falar em litigância de má-fé. Nesse contexto, resta prejudicada a análise da insurgência do reclamante. NEGO PROVIMENTO, portanto, ao recurso do reclamante, e DOU PROVIMENTO ao da reclamada, para afastar a multa por litigância de má-fé. 11) JUROS LEGAIS / RECURSO DO RECLAMANTE A Lei nº 14.905, de 28/06/2024, incluiu o parágrafo único, ao artigo 389, e o § 1º, ao artigo 406, do Código Civil, prevendo que, caso as partes não tenham convencionado ou não haja lei específica, a atualização monetária será realizada pela IPCA e os juros corresponderão à taxa SELIC deduzido o valor correspondente ao IPCA. Assim, os créditos constituídos na presente reclamação trabalhista serão atualizados conforme os parâmetros definidos pelo C. TST no processo E-ED-RR-713-03.2010.5.04.0029: na fase pré-judicial, com a aplicação do IPCA-E acrescido dos juros de mora (art. 39, caput, da Lei n.º 8.177, de 1991); do ajuizamento da ação até 29/08/2024, com a aplicação da taxa SELIC, na qual estão compreendidos a correção monetária e os juros moratórios; e, a partir de 30/08/2024, com a utilização do IPCA (art. 389, parágrafo único, do Código Civil) no cálculo da atualização monetária, e com a utilização do resultado da subtração SELIC - IPCA (art. 406, parágrafo único, do Código Civil) para os juros de mora, com a possibilidade de não incidência (taxa 0), nos termos do § 3º do art. 406. Contudo, não há amparo para deferimento de indenização suplementar (art. 404 do Código Civil), sob pena de bis in ideme de alegação futura de inexigibilidade de título judicial fundado em interpretação contrária ao posicionamento da Suprema Corte. DOU PROVIMENTO, nestes termos. 12) HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS / RECURSO DO RECLAMANTE Ficam MANTIDOS os honorários sucumbenciais recíprocos, fixados na origem no importe de 5% sobre o valor que resultar da liquidação da sentença, por se revelar justo e proporcional ao grau de complexidade da demanda. DOU PROVIMENTO ao apelo, apenas para determinar a suspensão da exigibilidade da verba devida pelo reclamante, pelo prazo de dois anos, competindo ao credor demonstrar que a situação de insuficiência de recursos findou-se, sob pena de sua extinção. 13) HONORÁRIOS PERICIAIS RECURSO DO RECLAMANTE Honorários periciais, a cargo do reclamante, beneficiário da justiça gratuita, a serem suportados pelos Cofres Públicos da União, nos termos do Ato n. 2/GP.CR/2021, deste Eg. TRT. Presidiu o julgamento a Excelentíssima Senhora Desembargadora Tania Bizarro Quirino de Morais. Tomaram parte no julgamento os Excelentíssimos Senhores Magistrados Federais do Trabalho Jorge Eduardo Assad (Relator), Paulo Kim Barbosa (2º votante) e Soraya Galassi Lambert. Votação: unânime. DISPOSITIVO ACORDAM os Magistrados da 12a Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 2a Região em: CONHECER dos recursos ordinários interpostos pelas partes, e, no mérito, DAR-LHES PARCIAL PROVIMENTO: Ao do reclamante, para: a) Conceder-lhe os benefícios da justiça gratuita; b) Determinar que o marco prescricional quinquenal observe o período de suspensão previsto na Lei nº 14.010/2020; c) Determinar que os valores da condenação serão apurados em regular liquidação de sentença, sem limitação pelo indicado na exordial; d) Determinar que os créditos da presente reclamação trabalhista serão atualizados conforme parâmetros definidos pelo C. TST no processo E-ED-RR-713-03.2010.5.04.0029: na fase pré-judicial, com a aplicação do IPCA-E acrescido dos juros de mora (art. 39, caput, da Lei n.º 8.177, de 1991); do ajuizamento da ação até 29/08/2024, com a aplicação da taxa SELIC, na qual estão compreendidos a correção monetária e os juros moratórios; e, a partir de 30/08/2024, com a utilização do IPCA (art. 389, parágrafo único, do Código Civil) no cálculo da atualização monetária, e com a utilização do resultado da subtração SELIC - IPCA (art. 406, parágrafo único, do Código Civil) para os juros de mora, com a possibilidade de não incidência (taxa 0), nos termos do § 3º do art. 406; e) Determinar a suspensão da exigibilidade da verba honorária devida pelo reclamante ao patrono da reclamada, pelo prazo de dois anos, nos termos do art. 791-A, §4º da CLT. Ao da reclamada, para: a) Afastar a multa por litigância de má-fé. Honorários periciais, a cargo do reclamante, beneficiário da justiça gratuita, a serem suportados pelos Cofres Públicos da União, nos termos do Ato n. 2/GP.CR/2021, deste Eg. TRT. Tudo nos termos da fundamentação. Mantida, no mais, a sentença, inclusive quanto aos valores arbitrados a título de condenação e custas. Atentem as partes para o não cabimento de embargos declaratórios com intuito de rever provas, fatos ou a própria decisão. Quando ausentes os pressupostos autorizadores, tais como previstos nos incisos do art. 1.022, do CPC, estarão sujeitas à aplicação do § 2º, do art. 1.026, do mesmo Diploma Legal. JORGE EDUARDO ASSAD Juiz Relator AC SAO PAULO/SP, 03 de julho de 2025. ELIAS EVALDO DO NASCIMENTO Diretor de Secretaria Intimado(s) / Citado(s) - PREVENT SENIOR PRIVATE OPERADORA DE SAUDE LTDA

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ID: 316601002

Tribunal: TRT2 Órgão: 12ª Turma Classe: RECURSO ORDINáRIO TRABALHISTA Nº Processo: 1000584-24.2024.5.02.0262

Data de Disponibilização: 04/07/2025

Polo Ativo:

ELETROPAULO METROPOLITANA ELETRICIDADE DE SAO PAULO S.A. JOSE NICODEMOS PEREIRA LOPES NANCI GONCALVES BENATTI SPIN ENERGY SERVICOS ELETRICOS LTDA.

Polo Passivo:

ELETROPAULO METROPOLITANA ELETRICIDADE DE SAO PAULO S.A. NANCI GONCALVES BENATTI SPIN ENERGY SERVICOS ELETRICOS LTDA.

Notificação

Advogados:

CHARLIE HIROYUKI DE FREITAS NAKAGAWA

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

TATTIANY MARTINS OLIVEIRA

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

GLAUCO GIMENEZ VARELLA

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

EDIRLEI GONCALVES DE ANDRADE

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PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO 12ª TURMA Relator: JORGE EDUARDO ASSAD ROT 1000584-24.2024.5.02.0262 RECORRENTE: NANCI GONCALVES BENATTI E OUTROS… PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO 12ª TURMA Relator: JORGE EDUARDO ASSAD ROT 1000584-24.2024.5.02.0262 RECORRENTE: NANCI GONCALVES BENATTI E OUTROS (2) RECORRIDO: NANCI GONCALVES BENATTI E OUTROS (2) Fica V. Sa. intimada do inteiro teor do v. Acórdão #id:65d7ea4 proferido nos autos: PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO PROCESSO Nº 1000584-24.2024.5.02.0262 - 12ª TURMA (ROT) RECURSO ORDINÁRIO DA 2ª VARA DO TRABALHO DE DIADEMA RECORRENTES E RECIPROCAMENTE RECORRIDOS: 1) NANCI GONCALVES BENATTI (ESPÓLIO DE) 2) SPIN ENERGY SERVICOS ELETRICOS LTDA 3) ELETROPAULO METROPOLITANA ELETRICIDADE DE SÃO PAULO S.A. RELATOR JORGE EDUARDO ASSAD - CADEIRA Nº 03 ADICIONAL DE INSALUBRIDADE. LAUDO POSITIVO. Muito embora o laudo pericial não vincule o magistrado, a quem compete julgar motivadamente de acordo com o conjunto probatório apresentado nos autos, seu afastamento exige prova robusta em sentido contrário, pois o perito é o detentor do conhecimento técnico da matéria. Não tendo as rés logrado apresentar fundamentos técnicos, fáticos ou jurídicos aptos a afastá-lo, não há como dar provimento ao apelo. Sentença que fica mantida, no aspecto. Contra a sentença de ID. 2f6b618, cujo relatório adoto e que julgou procedente em parte a reclamação trabalhista, recorrem ordinariamente as partes. A reclamante, com as razões de ID. 8cce515, requerendo a reforma da sentença, com relação aos seguintes itens: jornada, intervalo intrajornada, PLR, danos morais e honorários sucumbenciais. Recurso tempestivo, regular e isento de custas. A primeira reclamada, com as razões de ID. d852f45, requerendo a reforma da sentença, no tocante aos seguintes temas: justiça gratuita, adicional de insalubridade, honorários periciais e sucumbenciais. Recurso tempestivo, regular e sem preparo, uma vez que a reclamada pugna pela concessão da justiça gratuita em seu favor. A segunda reclamada, com as razões de ID. a09b682, requerendo a reforma da sentença, no tocante aos seguintes temas: dedução de valores deferidos na ação coletiva, ilegitimidade passiva, responsabilidade subsidiária, verbas rescisórias, diferenças de FGTS e multa de 40%, multa do art. 477 da CLT, horas extras, intervalo intrajornada, adicional de insalubridade, expedição de ofícios e limitação da condenação. Recurso tempestivo, regular e com preparo sob ID's ada7440, 1173e8d, 94e3aa7, dec4d66, b56ee89, 0f7cffc, 7606dde, 9108833 e f1dbcad. Contrarrazões pela primeira reclamada no ID. 07b1398, pela segunda reclamada no ID. 5f19a6c e pela reclamante no ID, 461b172. Ainda, contra a decisão de ID. ad6e27d, que denegou seguimento ao apelo da primeira reclamada, por deserto, foi por esta interposto o competente agravo de instrumento, com as razões de ID. 10612fa. É o relatório. VOTO 1) AGRAVO DE INSTRUMENTO / JUSTIÇA GRATUITA / APELO DA PRIMEIRA RECLAMADA Como é sabido, é juridicamente possível o deferimento da benesse à pessoa jurídica, desde que comprovada cabalmente, de forma documentalmente robusta, a situação de miserabilidade. Nesse sentido a Súmula nº 463 do C. TST. Assim, com fulcro na documentação fiscal e contábil acostada sob ID's. 7bfdffb a 646042c, apta a demonstrar a precária situação financeira e patrimonial da primeira reclamada, defiro à mesma a justiça gratuita, ficando dispensada do recolhimento do preparo recursal, motivo pelo qual DOU PROVIMENTO ao agravo de instrumento interposto, para conhecer do recurso ordinário por ela apresentado. 2) CONHECIMENTO / APELO DA RECLAMANTE E DA SEGUNDA RECLAMADA A reclamante sustenta que o recurso da segunda reclamada não deve ser conhecido, porque as custas foram recolhidas por pessoa estranha à lide. Compulsando os autos, verifico que foi apresentado seguro garantia, com a documentação a que se refere o Ato Conjunto TST.CSJT.CGJT nº 1, de 16 de outubro de 2019. Consta ainda a respectiva GRU, com os dados do processo, conforme ID. 9108833 e f1dbcad. Ainda que o pagamento da referida guia tenha sido realizado pelo escritório que patrocina a reclamada, Gasparini N D B Advogados, diante da possibilidade de vinculação do pagamento aos dados da GRU que se referem ao presente processo, não há falar-se em deserção do recurso. Neste sentido: "AGRAVO DE INSTRUMENTO. DESERÇÃO. CUSTAS. PAGAMENTO EM CONTA DE TERCEIRO. VALIDADE. TRANSCENDÊNCIA POLÍTICA. No caso em tela, o debate acerca do preenchimento ou não dos requisitos de admissibilidade do recurso ordinário da empregadora, diante da constatação de o pagamento da guia de custas processuais foi realizado por pessoa estranha à lide, detém transcendência política, nos termos do art. 896-A, § 1º, II, da CLT. Transcendência política reconhecida. Demonstrada a violação de dispositivo constitucional, nos termos exigidos no artigo 896 da CLT, provê-se o agravo de instrumento para determinar o processamento do recurso de revista. RECURSO DE REVISTA SOB A ÉGIDE DA LEI 13.467/2017. DESERÇÃO. CUSTAS. PAGAMENTO EM CONTA DE TERCEIRO. VALIDADE. O recolhimento das custas invalidadas pelo Regional foi feito em nome da reclamada, com indicação do CNPJ e do número do processo. Apenas o comprovante bancário de pagamento da guia aponta como titular da conta debitada pessoa estranha à lide. Tal circunstância diferencia-se daquela constante na jurisprudência do TST e referida pelo acórdão regional, na qual a guia de custas aponta como contribuinte/recolhedor empresa estranha à lide. Regular, portanto, o preparo do recurso ordinário. Recurso de revista conhecido e provido". (RR-1001370-95.2023.5.02.0717, 6ª Turma, Relator Ministro Augusto Cesar Leite de Carvalho, DEJT 23/12/2024). "AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO PELAS RECLAMADAS. ACÓRDÃO REGIONAL PUBLICADO NA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.467/2017. 1. NULIDADE POR NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. DECISÃO DE MÉRITO EM FAVOR DA PARTE RECORRENTE. APLICAÇÃO DO ART. 282, § 2º, DO CPC/2015. NÃO APRECIAÇÃO. I. Tendo em vista a possibilidade de julgamento do mérito do recurso quanto ao tema "Deserção do recurso ordinário. Comprovante de pagamento em nome de pessoa estranha à lide. Existência de elementos que possibilitam a vinculação das guias com os comprovantes de pagamento. Princípio da instrumentalidade das formas " em favor das partes ora Recorrentes, deixa-se de apreciar a insurgência quanto à alegação de nulidade processual ora em destaque. Aplicação da regra do § 2º do art. 282 do CPC/2015. II. Agravo de instrumento de que se deixa de apreciar, quanto ao tema. 2. DESERÇÃO DO RECURSO ORDINÁRIO. COMPROVANTE DE PAGAMENTO EM NOME DE PESSOA ESTRANHA À LIDE. EXISTÊNCIA DE ELEMENTOS QUE POSSIBILITAM A VINCULAÇÃO DAS GUIAS COM OS COMPROVANTES DE PAGAMENTO. PRINCÍPIO DA INSTRUMENTALIDADE DAS FORMAS. TRANSCENDÊNCIA JURÍDICA RECONHECIDA. CONHECIMENTO E PROVIMENTO. I. Hipótese em que o Tribunal Regional não conheceu do recurso ordinário das Reclamadas por deserção, pelo fato de que no comprovante bancário de pagamento consta o nome de terceiro estranho à lide, embora seja possível vincular o comprovante de pagamento às guias de recolhimento dos presentes autos. II. Demonstrada transcendência jurídica da causa e violação do art. 5º, LV, da Constituição Federal. III. Agravo de instrumento de que se conhece e a que se dá provimento , para determinar o processamento do recurso de revista, observando-se o disposto no ATO SEGJUD.GP Nº 202/2019 do TST. B) RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO PELAS RECLAMADAS. ACÓRDÃO REGIONAL PUBLICADO NA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.467/2017. DESERÇÃO DO RECURSO ORDINÁRIO. COMPROVANTE DE PAGAMENTO EM NOME DE PESSOA ESTRANHA À LIDE. EXISTÊNCIA DE ELEMENTOS QUE POSSIBILITAM A VINCULAÇÃO DAS GUIAS COM OS COMPROVANTES DE PAGAMENTO. PRINCÍPIO DA INSTRUMENTALIDADE DAS FORMAS. TRANSCENDÊNCIA JURÍDICA RECONHECIDA. CONHECIMENTO E PROVIMENTO. I. No caso, o Tribunal Regional reputou deserto o recurso ordinário das Reclamadas pelo fato de que quem pagou os boletos bancários das guias de custas e de depósito recursal era pessoa estranha à lide. II. Embora não se desconheça o entendimento desta Corte Superior no sentido de que se reputa deserto o recurso quando o preparo é efetuado por terceiro estranho à lide, uma vez que, nos termos da Súmula nº 128, I, do TST, é ônus da parte efetuar o recolhimento do preparo recursal, tal situação vem sendo mais bem analisada por esta Corte Superior, a partir do princípio da instrumentalidade das formas, no sentido de que não há deserção quando existam elementos que permitam vincular os comprovantes bancários às guias de recolhimento com os dados dos autos. III. Reconhecida a transcendência jurídica da matéria. IV. Recurso de revista de que se conhece e a que se dá provimento" (RRAg-1000822-41.2016.5.02.0709, 4ª Turma, Relator Ministro Alexandre Luiz Ramos, DEJT 19/12/2024). REJEITO a preliminar arguida pela reclamante em contrarrazões e CONHEÇO dos recursos interpostos, eis que presentes os pressupostos legais de admissibilidade. 3) DEMANDA COLETIVA / DEDUÇÃO / APELO DA SEGUNDA RECLAMADA Fica MANTIDA a decisão prolatada na origem sobre a matéria, no seguinte sentido: "A fim de se evitar enriquecimento ilícito, autoriza-se a dedução dos valores que venham a ser comprovadamente pagos ao reclamante a título de verbas rescisórias, até a fase de liquidação do julgado, tendo em vista a notícia de ação coletiva que trata da matéria.". 4) ILEGITIMIDADE PASSIVA / APELO DA SEGUNDA RECLAMADA Vige em nosso ordenamento a Teoria da Asserção, segundo a qual a pertinência subjetiva para a ação deve ser aferida no plano abstrato, de acordo com as assertivas da inicial. Em outras palavras, basta a simples indicação, pela parte demandante, de que o segundo reclamado recorrente deve ser responsabilizado subsidiariamente por ter se beneficiado de sua prestação de serviços para legitimá-lo a responder à reclamação proposta. Não há, pois, como se acolher alegação preliminar de ilegitimidade de parte, fundada no art. 485, VI, do CPC, o que independe da procedência ou não dos pleitos deduzidos na petição inicial quando de seu exame de mérito. REJEITA-SE. 5) RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA / OBRIGAÇÕES PERSONALÍSSIMAS / APELO DA SEGUNDA RECLAMADA A segunda reclamada pugna pela declaração da licitude da terceirização da atividade, com consequente afastamento de sua responsabilidade subsidiária. Não tem razão. A segunda ré não nega a terceirização de serviços, mas aduz que nenhuma responsabilidade lhe cabe, uma vez que a contratação da primeira reclamada como prestadora de serviços foi legal. Esclareça-se, primeiramente, que a responsabilidade subsidiária decorre justamente da licitude da terceirização; pois, caso contrário, isto é, fosse ilícita, a responsabilidade seria solidária (CLT, art. 9º). A hipótese dos autos não é de licitude ou ilicitude da terceirização, nem se ventila a hipótese de fraude na terceirização a fundamentar eventual pretensão de reconhecimento do vínculo de emprego diretamente com a tomadora. Nesse sentido, o mero reconhecimento da licitude da terceirização de serviços não afasta a responsabilidade subsidiária da empresa tomadora pelo pagamento dos créditos trabalhistas deferidos ao reclamante, nos exatos termos da Súmula nº 331, IV, do TST. Não se exige prova de ilegalidade na contratação ou mesmo na prestação de serviços, pois o que se analisa é a responsabilidade daquele que se beneficia do contrato de prestação de serviços, na posição de tomador. Assim, adota-se a tese firmada pelo E. STF no RE 958252 MG, in verbis: [...] 22. Em conclusão, a prática da terceirização já era válida no direito brasileiro mesmo no período anterior à edição das Leis nº. 13.429/2017 e 13.467/2017, independentemente dos setores em que adotada ou da natureza das atividades contratadas com terceira pessoa, reputando-se inconstitucional a Súmula nº. 331 do TST, por violação aos princípios da livre iniciativa (artigos 1º, IV, e 170 da CRFB) e da liberdade contratual (art. 5º, II, da CRFB). 23. As contratações de serviços por interposta pessoa são hígidas, na forma determinada pelo negócio jurídico entre as partes, até o advento das Leis nº. 13.429/2017 e 13.467/2017, marco temporal após o qual incide o regramento determinado na nova redação da Lei n.º 6.019/1974, inclusive quanto às obrigações e formalidades exigidas das empresas tomadoras e prestadoras de serviço. 24. É aplicável às relações jurídicas preexistentes à Lei n.º 13.429, de 31 de março de 2017, a responsabilidade subsidiária da pessoa jurídica contratante pelas obrigações trabalhistas não adimplidas pela empresa prestadora de serviços, bem como a responsabilidade pelo recolhimento das contribuições previdenciárias devidas por esta (art. 31 da Lei n.º 8.212/93), mercê da necessidade de evitar o vácuo normativo resultante da insubsistência da Súmula n.º 331 do TST. 25. Recurso Extraordinário a que se dá provimento para reformar o acórdão recorrido e fixar a seguinte tese: "É lícita a terceirização ou qualquer outra forma de divisão do trabalho entre pessoas jurídicas distintas, independentemente do objeto social das empresas envolvidas, mantida a responsabilidade subsidiária da empresa contratante". Desta maneira, a contratante, ora recorrente, é subsidiariamente responsável pelas obrigações trabalhistas em razão da indigitada prestação de serviços nos termos do parágrafo 5º do art. 5-A da Lei 6.019/1974, com a redação dada pela Lei 13.429/2017. E mais, a responsabilidade subsidiária abarca todos os títulos concedidos pela condenação, sejam salariais, rescisórios ou indenizatórios, inclusive multas normativas ou previstas em lei e honorários advocatícios, salvo obrigações personalíssimas como a anotação do contrato de trabalho na CTPS do trabalhador. Vale relembrar que a responsável subsidiária tão somente arcará com a condenação caso não o façam as devedoras principais, ou seja, a responsabilidade é secundária, ativada num segundo momento, cabendo, ainda, o direito de regresso contra a prestadora, descumpridora de seus deveres trabalhistas e, de resto, das atribuições advindas do contrato de prestação de serviços. Ainda, não há falar em benefício de ordem entre a ora recorrente e os sócios da primeira reclamada, eis que referidas pessoas não participaram da relação e mesmo que seja deliberada eventual desconsideração da personalidade jurídica da primeira reclamada, a ser analisada em futura execução, caso não tenha a pessoa jurídica principal patrimônio suficiente à execução, os sócios e a tomadora ocupariam mesmo patamar de responsabilidade entre si. Nada reformar. 6) DIFERENÇAS DE FGTS / MULTA FUNDIÁRIA / APELO DA SEGUNDA RECLAMADA Suscita a reclamada serem indevidas as diferenças perseguidas, por não ter o reclamante feito prova do direito, porém competia à empregadora a prova do escorreito pagamento da verba, na forma da Súmula nº 461 do C. TST, o que não fez. REJEITO 7) ADICIONAL DE INSALUBRIDADE / HONORÁRIOS PERICIAIS / APRECIAÇÃO CONJUNTA DOS APELOS DAS RECLAMADAS Pugnam as rés pela reversão do julgado no aspecto, frisando que o juiz não está adstrito ao laudo pericial. Destacam que os materiais de limpeza utilizados pela reclamante eram domissanitários, não possuindo concentração necessária a configurar a insalubridade, bem como que a autora não realizava coleta de lixo urbano, sendo inaplicáveis os termos da Súmula nº 448 do C. TST. Muito embora as reclamadas ataquem o trabalho pericial apresentado (ID. e2c93db), não lograram trazer elementos técnicos, fáticos ou jurídicos aptos a afastar sua validade, especialmente considerando que não houve prova do regular fornecimento dos competentes EPI's. Destaco o seguinte trecho do trabalho apresentado: [5 - Observações. 5.1) Quanto aos produtos químicos. A reclamante para limpeza geral utilizava: desinfetante, água sanitária, detergente,álcool.Salientamos que a reclamada não apresentou documentos comprobatórios deEPIs, logo consideramos a atividade insalubre, sob este aspecto. 5.2) Quanto aos agentes biológicos. A reclamante realizava a limpeza e retirada do lixo de banheiros, em média por 25(vinte e cinco) minutos. 5.3) Quanto ao volume de usuário. A reclamante informou na primeira vistoria que a reclamada tinha em média 500funcionários, logo configura-se banheiro de grande circulação.] Não há, portanto, como dar provimento aos apelos das rés. Ficam ainda MANTIDOS os honorários periciais, arbitrados na origem em R$ 2.500,00, valor que se revela apto a remunerar dignamente o perito, sem onerar excessivamente as reclamadas. 8) JORNADA / INTERVALO INTRAJORNADA / APRECIAÇÃO CONJUNTA DOS APELOS DA RECLAMANTE E DA SEGUNDA RECLAMADA Eis o julgado atacado: [JORNADA DE TRABALHO A reclamada não juntou os controles de ponto de todo período contratual, o que importa na aplicação da Súmula 338, do C. TST. Assim sendo, e com base no princípio da razoabilidade,fixo o horário de trabalho cumprido como sendo de segunda a sexta feira, das06:30 as 17:30, um sábado por mês, das 7:00 as 15:00 e três vezes por semana o intervalo era reduzido para trinta minutos. Defiro horas extras a partir da 8ª diária ou 44ª semanal,bem como os respectivos reflexos em DSRs e feriados, férias + 1/3, gratificações natalinas, aviso prévio e FGTS. O adicional extraordinário a ser observado é aquele habitualmente utilizado pela reclamada. Acolho 30 minutos suprimidos ao intervalo intrajornada, três vezes na semana, com adicional de 50%. Assinale-se que o adimplemento de horas corridas não remunera o instituto em foco, falar não havendo em compensação. Revendo posicionamento anterior, considerando que tal quitação tem por escopo indenizar o trabalhador pelo tempo suprimido ao intervalo intrajornada, são incabíveis reflexos. O entendimento sedimentado nos incisos I e III, da Súmula 437, do C. TST restou superado pela atual redação do art. 71 §4º, da CLT e não infirma o que até aqui se explanou. No mais, a escala 5 x 2 é benéfica ao trabalhador, porquanto dá origem a uma maior quantidade de folgas. Assinale-se que são indevidos domingos e feriados em dobro, porquanto o labor nesses dias era devidamente compensado por folgas. Serão compensados os pagamentos efetuados a idênticos títulos cujos comprovantes já estejam colacionados aos autos.] A reclamante sustenta que a correta aplicação da Súmula nº 338 do C. TST implica no integral acolhimento da jornada indicada na exordial, inclusive quanto ao intervalo intrajornada. A segunda reclamada, por sua vez, suscita que a prova oral não favorece a tese exordial, não tendo sido comprovada a sobrejornada. Ao exame. Compulsando os autos, verifico que não foi produzida prova oral. Não foram ouvidas as partes. A reclamante tem razão em sua irresignação. Nos termos da Súmula nº 338, I, do C. TST, a não apresentação dos controles de frequência pelo empregador resulta na presunção parcial de validade da jornada indicada pelo trabalhador, que pode ser elidida por prova em contrário. Tal presunção não se aplica em se tratando de jornada inverossímil. No caso dos autos, a jornada indicada na exordial foi das 06h30 às 18h/18h30, de segunda a sexta-feira, com 30 minutos de intervalo, e sábados alternados, das 06h30 às 15h30, com 15 minutos de intervalo. Embora bastante elastecida, não se trata da hipótese de jornada inverossímil, de modo que deve ser acolhida a jornada da exordial, uma vez que não foi produzida qualquer prova apta a afastá-la. Assim, DOU PROVIMENTO ao apelo da reclamante, no aspecto, para acolher integralmente a jornada indicada na exordial, inclusive quanto ao intervalo, ficando mantida a condenação das reclamadas ao pagamento das horas extras acima da 8ª diária e/ou 44ª semanal, observados os critérios de apuração já fixados na origem, inclusive quanto à observância da OJ nº 394 da SBDI-1 do C. TST. DESPROVIDO o apelo da segunda reclamada. 9) PLR / APELO DA RECLAMANTE Insiste a reclamante no direito à verba postulada, com fulcro no princípio da aptidão para a prova, suscitando que competia à reclamada fazer prova documental de que a obreira não tenha direito à parcela postulada. Sem razão. A pretensão foi indeferida por ter a reclamante indicado cláusula da norma coletiva que não se refere à verba perseguida. MANTENHO. 10) DANOS MORAIS / APELO DA RECLAMANTE Aduz a reclamante que a mora salarial reiterada sequer foi impugnada pela reclamada e é apta, por si só, para ensejar o direito aos danos morais postulados. Sem razão. A pretensão foi devidamente impugnada pela reclamada em sua defesa. E, uma vez não comprovados os fatos alegados, não há se falar em reparação por danos deles oriundos. REJEITO. 11) EXPEDIÇÃO DE OFÍCIOS / APELO DA SEGUNDA RECLAMADA Constatadas irregularidades cometidas pelas reclamadas, correta a determinação da expedição de ofícios às autoridades competentes. REJEITO. 12) LIMITAÇÃO DA CONDENAÇÃO / APELO DA SEGUNDA RECLAMADA Vinha entendendo que a condenação deveria se limitar aos valores dos pedidos, na forma indicada na inicial, não se cogitando em concebê-los como mera estimativa, diante do que estabelece o art. 840, § 1º, da CLT. Contudo, curvo-me a entendimento majoritário desta Egrégia Turma, quanto ao tema, pedindo vênia para transcrever excerto do acórdão abaixo: "Mesmo com as alterações implementadas pela Lei 13.467/2017 no art. 840, § 1º, da CLT, a indicação de valor aos pedidos, na exata dicção legal, não compreende o propósito de apresentar valores líquidos finais. O mesmo entendimento é adotado pela norma administrativa prevista no art. 12, § 2º, da Instrução Normativa 41, do TST: "Para o fim do que dispõe o art. 840, §§ 1º e 2º, da CLT, o valor da causa será estimado, observando-se, no que couber, o disposto nos arts. 291 a 293 do Código de Processo Civil". (Processo nº 1000940-20.2021.5.02.0716; Data: 17/11/2022; Órgão Julgador: 12ª Turma - Cadeira 3; Relatora: Cintia Taffari). REJEITO. 13) HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS / APRECIAÇÃO CONJUNTA DOS APELOS DA DA RECLAMANTE E DA 1ª RECLAMADA Ficam MANTIDOS os honorários sucumbenciais devidos pelas reclamadas à reclamante, no patamar de 10%, que se revela condizente com o grau de complexidade da demanda. Quanto aos honorários advocatícios em favor das reclamadas, tendo em vista a sucumbência parcial da reclamante na demanda, considerando a concessão dos benefícios da gratuidade da Justiça em sentença, o julgamento da ADI n. 5766 pelo E. STF, com a declaração de inconstitucionalidade dos arts. 790-B, caput e § 4º, e 791-A, § 4º, da CLT, e não tendo sido declarado inconstitucional o caput do art. 791-A da CLT, a sua condenação no pagamento da verba honorária é medida que se impõe. Entendo que a interpretação mais condizente com as normas vigentes é a de que, condenado no pagamento de honorários advocatícios sucumbenciais o beneficiário da gratuidade da justiça ficará dispensado de seu pagamento. E isso por que, em caso de alteração da situação de hipossuficiência, passando a parte autora contar com recursos que lhe permitam arcar com os honorários de advogado, competirá ao interessado, em querendo, informar essa situação ao Juízo procedendo à execução, conforme de direito. Não havendo específica condenação, ainda que revertida a condição de hipossuficiência, os patronos do ex adversoficarão obstados de executar a verba honorária sucumbencial. DOU PROVIMENTO ao apelo da primeira reclamada quanto ao tema, para condenar a reclamante sucumbente, beneficiária da justiça gratuita, ao pagamento de honorários sucumbenciais, no importe de 5%, de cujo pagamento fica dispensada, na forma do decidido pelo Excelso STF na ADI n.º 5766, mediante suspensão de exigibilidade, pelo prazo de 2 anos, devendo a parte interessada, nesse prazo, informar sobre eventual alteração da situação econômica do reclamante. Findo o prazo estará extinta a obrigação de pagamento de honorários de advogado. Presidiu o julgamento a Excelentíssima Senhora Desembargadora Tania Bizarro Quirino de Morais. Tomaram parte no julgamento os Excelentíssimos Senhores Magistrados Federais do Trabalho Jorge Eduardo Assad (Relator), Benedito Valentini (2º votante) e Soraya Galassi Lambert. Votação: unânime. DISPOSITIVO ACORDAM os Magistrados da 12a Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 2a Região em: deferir a justiça gratuita à primeira reclamada, DAR PROVIMENTO ao agravo de instrumento por ela interposto e CONHECER dos recursos ordinários interpostos pelas partes, e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO ao apelo da primeira reclamada e DAR PARCIAL PROVIMENTO aos apelos da reclamante e da segunda ré: a) Ao do reclamante, para acolher integralmente a jornada indicada na exordial, inclusive quanto ao intervalo, ficando mantida a condenação das reclamadas ao pagamento das horas extras acima da 8ª diária e/ou 44ª semanal, observados os critérios de apuração já fixados na origem, inclusive quanto à observância da OJ nº 394 da SBDI-1 do C. TST; b) Ao da segunda reclamada, para condenar a reclamante sucumbente, beneficiária da justiça gratuita, ao pagamento de honorários sucumbenciais, no importe de 5%, de cujo pagamento fica dispensada, na forma do decidido pelo Excelso STF na ADI n.º 5766, mediante suspensão de exigibilidade, pelo prazo de 2 anos, devendo a parte interessada, nesse prazo, informar sobre eventual alteração da situação econômica do reclamante. Findo o prazo estará extinta a obrigação de pagamento de honorários de advogado. Tudo nos termos da fundamentação. Mantida, no mais, a sentença, inclusive quanto aos valores arbitrados a título de condenação e custas. Atentem as partes para o não cabimento de embargos declaratórios com intuito de rever provas, fatos ou a própria decisão. Quando ausentes os pressupostos autorizadores, tais como previstos nos incisos do art. 1.022, do CPC, estarão sujeitas à aplicação do § 2º, do art. 1.026, do mesmo Diploma Legal. JORGE EDUARDO ASSAD Juiz Relator AC SAO PAULO/SP, 03 de julho de 2025. AUGUSTO RODRIGUES LEITE Diretor de Secretaria Intimado(s) / Citado(s) - NANCI GONCALVES BENATTI

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ID: 316601032

Tribunal: TRT2 Órgão: 12ª Turma Classe: RECURSO ORDINáRIO TRABALHISTA Nº Processo: 1000584-24.2024.5.02.0262

Data de Disponibilização: 04/07/2025

Polo Ativo:

ELETROPAULO METROPOLITANA ELETRICIDADE DE SAO PAULO S.A. JOSE NICODEMOS PEREIRA LOPES NANCI GONCALVES BENATTI SPIN ENERGY SERVICOS ELETRICOS LTDA.

Polo Passivo:

ELETROPAULO METROPOLITANA ELETRICIDADE DE SAO PAULO S.A. NANCI GONCALVES BENATTI SPIN ENERGY SERVICOS ELETRICOS LTDA.

Notificação

Advogados:

CHARLIE HIROYUKI DE FREITAS NAKAGAWA

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TATTIANY MARTINS OLIVEIRA

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GLAUCO GIMENEZ VARELLA

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

EDIRLEI GONCALVES DE ANDRADE

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PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO 12ª TURMA Relator: JORGE EDUARDO ASSAD ROT 1000584-24.2024.5.02.0262 RECORRENTE: NANCI GONCALVES BENATTI E OUTROS… PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO 12ª TURMA Relator: JORGE EDUARDO ASSAD ROT 1000584-24.2024.5.02.0262 RECORRENTE: NANCI GONCALVES BENATTI E OUTROS (2) RECORRIDO: NANCI GONCALVES BENATTI E OUTROS (2) Fica V. Sa. intimada do inteiro teor do v. Acórdão #id:65d7ea4 proferido nos autos: PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO PROCESSO Nº 1000584-24.2024.5.02.0262 - 12ª TURMA (ROT) RECURSO ORDINÁRIO DA 2ª VARA DO TRABALHO DE DIADEMA RECORRENTES E RECIPROCAMENTE RECORRIDOS: 1) NANCI GONCALVES BENATTI (ESPÓLIO DE) 2) SPIN ENERGY SERVICOS ELETRICOS LTDA 3) ELETROPAULO METROPOLITANA ELETRICIDADE DE SÃO PAULO S.A. RELATOR JORGE EDUARDO ASSAD - CADEIRA Nº 03 ADICIONAL DE INSALUBRIDADE. LAUDO POSITIVO. Muito embora o laudo pericial não vincule o magistrado, a quem compete julgar motivadamente de acordo com o conjunto probatório apresentado nos autos, seu afastamento exige prova robusta em sentido contrário, pois o perito é o detentor do conhecimento técnico da matéria. Não tendo as rés logrado apresentar fundamentos técnicos, fáticos ou jurídicos aptos a afastá-lo, não há como dar provimento ao apelo. Sentença que fica mantida, no aspecto. Contra a sentença de ID. 2f6b618, cujo relatório adoto e que julgou procedente em parte a reclamação trabalhista, recorrem ordinariamente as partes. A reclamante, com as razões de ID. 8cce515, requerendo a reforma da sentença, com relação aos seguintes itens: jornada, intervalo intrajornada, PLR, danos morais e honorários sucumbenciais. Recurso tempestivo, regular e isento de custas. A primeira reclamada, com as razões de ID. d852f45, requerendo a reforma da sentença, no tocante aos seguintes temas: justiça gratuita, adicional de insalubridade, honorários periciais e sucumbenciais. Recurso tempestivo, regular e sem preparo, uma vez que a reclamada pugna pela concessão da justiça gratuita em seu favor. A segunda reclamada, com as razões de ID. a09b682, requerendo a reforma da sentença, no tocante aos seguintes temas: dedução de valores deferidos na ação coletiva, ilegitimidade passiva, responsabilidade subsidiária, verbas rescisórias, diferenças de FGTS e multa de 40%, multa do art. 477 da CLT, horas extras, intervalo intrajornada, adicional de insalubridade, expedição de ofícios e limitação da condenação. Recurso tempestivo, regular e com preparo sob ID's ada7440, 1173e8d, 94e3aa7, dec4d66, b56ee89, 0f7cffc, 7606dde, 9108833 e f1dbcad. Contrarrazões pela primeira reclamada no ID. 07b1398, pela segunda reclamada no ID. 5f19a6c e pela reclamante no ID, 461b172. Ainda, contra a decisão de ID. ad6e27d, que denegou seguimento ao apelo da primeira reclamada, por deserto, foi por esta interposto o competente agravo de instrumento, com as razões de ID. 10612fa. É o relatório. VOTO 1) AGRAVO DE INSTRUMENTO / JUSTIÇA GRATUITA / APELO DA PRIMEIRA RECLAMADA Como é sabido, é juridicamente possível o deferimento da benesse à pessoa jurídica, desde que comprovada cabalmente, de forma documentalmente robusta, a situação de miserabilidade. Nesse sentido a Súmula nº 463 do C. TST. Assim, com fulcro na documentação fiscal e contábil acostada sob ID's. 7bfdffb a 646042c, apta a demonstrar a precária situação financeira e patrimonial da primeira reclamada, defiro à mesma a justiça gratuita, ficando dispensada do recolhimento do preparo recursal, motivo pelo qual DOU PROVIMENTO ao agravo de instrumento interposto, para conhecer do recurso ordinário por ela apresentado. 2) CONHECIMENTO / APELO DA RECLAMANTE E DA SEGUNDA RECLAMADA A reclamante sustenta que o recurso da segunda reclamada não deve ser conhecido, porque as custas foram recolhidas por pessoa estranha à lide. Compulsando os autos, verifico que foi apresentado seguro garantia, com a documentação a que se refere o Ato Conjunto TST.CSJT.CGJT nº 1, de 16 de outubro de 2019. Consta ainda a respectiva GRU, com os dados do processo, conforme ID. 9108833 e f1dbcad. Ainda que o pagamento da referida guia tenha sido realizado pelo escritório que patrocina a reclamada, Gasparini N D B Advogados, diante da possibilidade de vinculação do pagamento aos dados da GRU que se referem ao presente processo, não há falar-se em deserção do recurso. Neste sentido: "AGRAVO DE INSTRUMENTO. DESERÇÃO. CUSTAS. PAGAMENTO EM CONTA DE TERCEIRO. VALIDADE. TRANSCENDÊNCIA POLÍTICA. No caso em tela, o debate acerca do preenchimento ou não dos requisitos de admissibilidade do recurso ordinário da empregadora, diante da constatação de o pagamento da guia de custas processuais foi realizado por pessoa estranha à lide, detém transcendência política, nos termos do art. 896-A, § 1º, II, da CLT. Transcendência política reconhecida. Demonstrada a violação de dispositivo constitucional, nos termos exigidos no artigo 896 da CLT, provê-se o agravo de instrumento para determinar o processamento do recurso de revista. RECURSO DE REVISTA SOB A ÉGIDE DA LEI 13.467/2017. DESERÇÃO. CUSTAS. PAGAMENTO EM CONTA DE TERCEIRO. VALIDADE. O recolhimento das custas invalidadas pelo Regional foi feito em nome da reclamada, com indicação do CNPJ e do número do processo. Apenas o comprovante bancário de pagamento da guia aponta como titular da conta debitada pessoa estranha à lide. Tal circunstância diferencia-se daquela constante na jurisprudência do TST e referida pelo acórdão regional, na qual a guia de custas aponta como contribuinte/recolhedor empresa estranha à lide. Regular, portanto, o preparo do recurso ordinário. Recurso de revista conhecido e provido". (RR-1001370-95.2023.5.02.0717, 6ª Turma, Relator Ministro Augusto Cesar Leite de Carvalho, DEJT 23/12/2024). "AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO PELAS RECLAMADAS. ACÓRDÃO REGIONAL PUBLICADO NA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.467/2017. 1. NULIDADE POR NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. DECISÃO DE MÉRITO EM FAVOR DA PARTE RECORRENTE. APLICAÇÃO DO ART. 282, § 2º, DO CPC/2015. NÃO APRECIAÇÃO. I. Tendo em vista a possibilidade de julgamento do mérito do recurso quanto ao tema "Deserção do recurso ordinário. Comprovante de pagamento em nome de pessoa estranha à lide. Existência de elementos que possibilitam a vinculação das guias com os comprovantes de pagamento. Princípio da instrumentalidade das formas " em favor das partes ora Recorrentes, deixa-se de apreciar a insurgência quanto à alegação de nulidade processual ora em destaque. Aplicação da regra do § 2º do art. 282 do CPC/2015. II. Agravo de instrumento de que se deixa de apreciar, quanto ao tema. 2. DESERÇÃO DO RECURSO ORDINÁRIO. COMPROVANTE DE PAGAMENTO EM NOME DE PESSOA ESTRANHA À LIDE. EXISTÊNCIA DE ELEMENTOS QUE POSSIBILITAM A VINCULAÇÃO DAS GUIAS COM OS COMPROVANTES DE PAGAMENTO. PRINCÍPIO DA INSTRUMENTALIDADE DAS FORMAS. TRANSCENDÊNCIA JURÍDICA RECONHECIDA. CONHECIMENTO E PROVIMENTO. I. Hipótese em que o Tribunal Regional não conheceu do recurso ordinário das Reclamadas por deserção, pelo fato de que no comprovante bancário de pagamento consta o nome de terceiro estranho à lide, embora seja possível vincular o comprovante de pagamento às guias de recolhimento dos presentes autos. II. Demonstrada transcendência jurídica da causa e violação do art. 5º, LV, da Constituição Federal. III. Agravo de instrumento de que se conhece e a que se dá provimento , para determinar o processamento do recurso de revista, observando-se o disposto no ATO SEGJUD.GP Nº 202/2019 do TST. B) RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO PELAS RECLAMADAS. ACÓRDÃO REGIONAL PUBLICADO NA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.467/2017. DESERÇÃO DO RECURSO ORDINÁRIO. COMPROVANTE DE PAGAMENTO EM NOME DE PESSOA ESTRANHA À LIDE. EXISTÊNCIA DE ELEMENTOS QUE POSSIBILITAM A VINCULAÇÃO DAS GUIAS COM OS COMPROVANTES DE PAGAMENTO. PRINCÍPIO DA INSTRUMENTALIDADE DAS FORMAS. TRANSCENDÊNCIA JURÍDICA RECONHECIDA. CONHECIMENTO E PROVIMENTO. I. No caso, o Tribunal Regional reputou deserto o recurso ordinário das Reclamadas pelo fato de que quem pagou os boletos bancários das guias de custas e de depósito recursal era pessoa estranha à lide. II. Embora não se desconheça o entendimento desta Corte Superior no sentido de que se reputa deserto o recurso quando o preparo é efetuado por terceiro estranho à lide, uma vez que, nos termos da Súmula nº 128, I, do TST, é ônus da parte efetuar o recolhimento do preparo recursal, tal situação vem sendo mais bem analisada por esta Corte Superior, a partir do princípio da instrumentalidade das formas, no sentido de que não há deserção quando existam elementos que permitam vincular os comprovantes bancários às guias de recolhimento com os dados dos autos. III. Reconhecida a transcendência jurídica da matéria. IV. Recurso de revista de que se conhece e a que se dá provimento" (RRAg-1000822-41.2016.5.02.0709, 4ª Turma, Relator Ministro Alexandre Luiz Ramos, DEJT 19/12/2024). REJEITO a preliminar arguida pela reclamante em contrarrazões e CONHEÇO dos recursos interpostos, eis que presentes os pressupostos legais de admissibilidade. 3) DEMANDA COLETIVA / DEDUÇÃO / APELO DA SEGUNDA RECLAMADA Fica MANTIDA a decisão prolatada na origem sobre a matéria, no seguinte sentido: "A fim de se evitar enriquecimento ilícito, autoriza-se a dedução dos valores que venham a ser comprovadamente pagos ao reclamante a título de verbas rescisórias, até a fase de liquidação do julgado, tendo em vista a notícia de ação coletiva que trata da matéria.". 4) ILEGITIMIDADE PASSIVA / APELO DA SEGUNDA RECLAMADA Vige em nosso ordenamento a Teoria da Asserção, segundo a qual a pertinência subjetiva para a ação deve ser aferida no plano abstrato, de acordo com as assertivas da inicial. Em outras palavras, basta a simples indicação, pela parte demandante, de que o segundo reclamado recorrente deve ser responsabilizado subsidiariamente por ter se beneficiado de sua prestação de serviços para legitimá-lo a responder à reclamação proposta. Não há, pois, como se acolher alegação preliminar de ilegitimidade de parte, fundada no art. 485, VI, do CPC, o que independe da procedência ou não dos pleitos deduzidos na petição inicial quando de seu exame de mérito. REJEITA-SE. 5) RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA / OBRIGAÇÕES PERSONALÍSSIMAS / APELO DA SEGUNDA RECLAMADA A segunda reclamada pugna pela declaração da licitude da terceirização da atividade, com consequente afastamento de sua responsabilidade subsidiária. Não tem razão. A segunda ré não nega a terceirização de serviços, mas aduz que nenhuma responsabilidade lhe cabe, uma vez que a contratação da primeira reclamada como prestadora de serviços foi legal. Esclareça-se, primeiramente, que a responsabilidade subsidiária decorre justamente da licitude da terceirização; pois, caso contrário, isto é, fosse ilícita, a responsabilidade seria solidária (CLT, art. 9º). A hipótese dos autos não é de licitude ou ilicitude da terceirização, nem se ventila a hipótese de fraude na terceirização a fundamentar eventual pretensão de reconhecimento do vínculo de emprego diretamente com a tomadora. Nesse sentido, o mero reconhecimento da licitude da terceirização de serviços não afasta a responsabilidade subsidiária da empresa tomadora pelo pagamento dos créditos trabalhistas deferidos ao reclamante, nos exatos termos da Súmula nº 331, IV, do TST. Não se exige prova de ilegalidade na contratação ou mesmo na prestação de serviços, pois o que se analisa é a responsabilidade daquele que se beneficia do contrato de prestação de serviços, na posição de tomador. Assim, adota-se a tese firmada pelo E. STF no RE 958252 MG, in verbis: [...] 22. Em conclusão, a prática da terceirização já era válida no direito brasileiro mesmo no período anterior à edição das Leis nº. 13.429/2017 e 13.467/2017, independentemente dos setores em que adotada ou da natureza das atividades contratadas com terceira pessoa, reputando-se inconstitucional a Súmula nº. 331 do TST, por violação aos princípios da livre iniciativa (artigos 1º, IV, e 170 da CRFB) e da liberdade contratual (art. 5º, II, da CRFB). 23. As contratações de serviços por interposta pessoa são hígidas, na forma determinada pelo negócio jurídico entre as partes, até o advento das Leis nº. 13.429/2017 e 13.467/2017, marco temporal após o qual incide o regramento determinado na nova redação da Lei n.º 6.019/1974, inclusive quanto às obrigações e formalidades exigidas das empresas tomadoras e prestadoras de serviço. 24. É aplicável às relações jurídicas preexistentes à Lei n.º 13.429, de 31 de março de 2017, a responsabilidade subsidiária da pessoa jurídica contratante pelas obrigações trabalhistas não adimplidas pela empresa prestadora de serviços, bem como a responsabilidade pelo recolhimento das contribuições previdenciárias devidas por esta (art. 31 da Lei n.º 8.212/93), mercê da necessidade de evitar o vácuo normativo resultante da insubsistência da Súmula n.º 331 do TST. 25. Recurso Extraordinário a que se dá provimento para reformar o acórdão recorrido e fixar a seguinte tese: "É lícita a terceirização ou qualquer outra forma de divisão do trabalho entre pessoas jurídicas distintas, independentemente do objeto social das empresas envolvidas, mantida a responsabilidade subsidiária da empresa contratante". Desta maneira, a contratante, ora recorrente, é subsidiariamente responsável pelas obrigações trabalhistas em razão da indigitada prestação de serviços nos termos do parágrafo 5º do art. 5-A da Lei 6.019/1974, com a redação dada pela Lei 13.429/2017. E mais, a responsabilidade subsidiária abarca todos os títulos concedidos pela condenação, sejam salariais, rescisórios ou indenizatórios, inclusive multas normativas ou previstas em lei e honorários advocatícios, salvo obrigações personalíssimas como a anotação do contrato de trabalho na CTPS do trabalhador. Vale relembrar que a responsável subsidiária tão somente arcará com a condenação caso não o façam as devedoras principais, ou seja, a responsabilidade é secundária, ativada num segundo momento, cabendo, ainda, o direito de regresso contra a prestadora, descumpridora de seus deveres trabalhistas e, de resto, das atribuições advindas do contrato de prestação de serviços. Ainda, não há falar em benefício de ordem entre a ora recorrente e os sócios da primeira reclamada, eis que referidas pessoas não participaram da relação e mesmo que seja deliberada eventual desconsideração da personalidade jurídica da primeira reclamada, a ser analisada em futura execução, caso não tenha a pessoa jurídica principal patrimônio suficiente à execução, os sócios e a tomadora ocupariam mesmo patamar de responsabilidade entre si. Nada reformar. 6) DIFERENÇAS DE FGTS / MULTA FUNDIÁRIA / APELO DA SEGUNDA RECLAMADA Suscita a reclamada serem indevidas as diferenças perseguidas, por não ter o reclamante feito prova do direito, porém competia à empregadora a prova do escorreito pagamento da verba, na forma da Súmula nº 461 do C. TST, o que não fez. REJEITO 7) ADICIONAL DE INSALUBRIDADE / HONORÁRIOS PERICIAIS / APRECIAÇÃO CONJUNTA DOS APELOS DAS RECLAMADAS Pugnam as rés pela reversão do julgado no aspecto, frisando que o juiz não está adstrito ao laudo pericial. Destacam que os materiais de limpeza utilizados pela reclamante eram domissanitários, não possuindo concentração necessária a configurar a insalubridade, bem como que a autora não realizava coleta de lixo urbano, sendo inaplicáveis os termos da Súmula nº 448 do C. TST. Muito embora as reclamadas ataquem o trabalho pericial apresentado (ID. e2c93db), não lograram trazer elementos técnicos, fáticos ou jurídicos aptos a afastar sua validade, especialmente considerando que não houve prova do regular fornecimento dos competentes EPI's. Destaco o seguinte trecho do trabalho apresentado: [5 - Observações. 5.1) Quanto aos produtos químicos. A reclamante para limpeza geral utilizava: desinfetante, água sanitária, detergente,álcool.Salientamos que a reclamada não apresentou documentos comprobatórios deEPIs, logo consideramos a atividade insalubre, sob este aspecto. 5.2) Quanto aos agentes biológicos. A reclamante realizava a limpeza e retirada do lixo de banheiros, em média por 25(vinte e cinco) minutos. 5.3) Quanto ao volume de usuário. A reclamante informou na primeira vistoria que a reclamada tinha em média 500funcionários, logo configura-se banheiro de grande circulação.] Não há, portanto, como dar provimento aos apelos das rés. Ficam ainda MANTIDOS os honorários periciais, arbitrados na origem em R$ 2.500,00, valor que se revela apto a remunerar dignamente o perito, sem onerar excessivamente as reclamadas. 8) JORNADA / INTERVALO INTRAJORNADA / APRECIAÇÃO CONJUNTA DOS APELOS DA RECLAMANTE E DA SEGUNDA RECLAMADA Eis o julgado atacado: [JORNADA DE TRABALHO A reclamada não juntou os controles de ponto de todo período contratual, o que importa na aplicação da Súmula 338, do C. TST. Assim sendo, e com base no princípio da razoabilidade,fixo o horário de trabalho cumprido como sendo de segunda a sexta feira, das06:30 as 17:30, um sábado por mês, das 7:00 as 15:00 e três vezes por semana o intervalo era reduzido para trinta minutos. Defiro horas extras a partir da 8ª diária ou 44ª semanal,bem como os respectivos reflexos em DSRs e feriados, férias + 1/3, gratificações natalinas, aviso prévio e FGTS. O adicional extraordinário a ser observado é aquele habitualmente utilizado pela reclamada. Acolho 30 minutos suprimidos ao intervalo intrajornada, três vezes na semana, com adicional de 50%. Assinale-se que o adimplemento de horas corridas não remunera o instituto em foco, falar não havendo em compensação. Revendo posicionamento anterior, considerando que tal quitação tem por escopo indenizar o trabalhador pelo tempo suprimido ao intervalo intrajornada, são incabíveis reflexos. O entendimento sedimentado nos incisos I e III, da Súmula 437, do C. TST restou superado pela atual redação do art. 71 §4º, da CLT e não infirma o que até aqui se explanou. No mais, a escala 5 x 2 é benéfica ao trabalhador, porquanto dá origem a uma maior quantidade de folgas. Assinale-se que são indevidos domingos e feriados em dobro, porquanto o labor nesses dias era devidamente compensado por folgas. Serão compensados os pagamentos efetuados a idênticos títulos cujos comprovantes já estejam colacionados aos autos.] A reclamante sustenta que a correta aplicação da Súmula nº 338 do C. TST implica no integral acolhimento da jornada indicada na exordial, inclusive quanto ao intervalo intrajornada. A segunda reclamada, por sua vez, suscita que a prova oral não favorece a tese exordial, não tendo sido comprovada a sobrejornada. Ao exame. Compulsando os autos, verifico que não foi produzida prova oral. Não foram ouvidas as partes. A reclamante tem razão em sua irresignação. Nos termos da Súmula nº 338, I, do C. TST, a não apresentação dos controles de frequência pelo empregador resulta na presunção parcial de validade da jornada indicada pelo trabalhador, que pode ser elidida por prova em contrário. Tal presunção não se aplica em se tratando de jornada inverossímil. No caso dos autos, a jornada indicada na exordial foi das 06h30 às 18h/18h30, de segunda a sexta-feira, com 30 minutos de intervalo, e sábados alternados, das 06h30 às 15h30, com 15 minutos de intervalo. Embora bastante elastecida, não se trata da hipótese de jornada inverossímil, de modo que deve ser acolhida a jornada da exordial, uma vez que não foi produzida qualquer prova apta a afastá-la. Assim, DOU PROVIMENTO ao apelo da reclamante, no aspecto, para acolher integralmente a jornada indicada na exordial, inclusive quanto ao intervalo, ficando mantida a condenação das reclamadas ao pagamento das horas extras acima da 8ª diária e/ou 44ª semanal, observados os critérios de apuração já fixados na origem, inclusive quanto à observância da OJ nº 394 da SBDI-1 do C. TST. DESPROVIDO o apelo da segunda reclamada. 9) PLR / APELO DA RECLAMANTE Insiste a reclamante no direito à verba postulada, com fulcro no princípio da aptidão para a prova, suscitando que competia à reclamada fazer prova documental de que a obreira não tenha direito à parcela postulada. Sem razão. A pretensão foi indeferida por ter a reclamante indicado cláusula da norma coletiva que não se refere à verba perseguida. MANTENHO. 10) DANOS MORAIS / APELO DA RECLAMANTE Aduz a reclamante que a mora salarial reiterada sequer foi impugnada pela reclamada e é apta, por si só, para ensejar o direito aos danos morais postulados. Sem razão. A pretensão foi devidamente impugnada pela reclamada em sua defesa. E, uma vez não comprovados os fatos alegados, não há se falar em reparação por danos deles oriundos. REJEITO. 11) EXPEDIÇÃO DE OFÍCIOS / APELO DA SEGUNDA RECLAMADA Constatadas irregularidades cometidas pelas reclamadas, correta a determinação da expedição de ofícios às autoridades competentes. REJEITO. 12) LIMITAÇÃO DA CONDENAÇÃO / APELO DA SEGUNDA RECLAMADA Vinha entendendo que a condenação deveria se limitar aos valores dos pedidos, na forma indicada na inicial, não se cogitando em concebê-los como mera estimativa, diante do que estabelece o art. 840, § 1º, da CLT. Contudo, curvo-me a entendimento majoritário desta Egrégia Turma, quanto ao tema, pedindo vênia para transcrever excerto do acórdão abaixo: "Mesmo com as alterações implementadas pela Lei 13.467/2017 no art. 840, § 1º, da CLT, a indicação de valor aos pedidos, na exata dicção legal, não compreende o propósito de apresentar valores líquidos finais. O mesmo entendimento é adotado pela norma administrativa prevista no art. 12, § 2º, da Instrução Normativa 41, do TST: "Para o fim do que dispõe o art. 840, §§ 1º e 2º, da CLT, o valor da causa será estimado, observando-se, no que couber, o disposto nos arts. 291 a 293 do Código de Processo Civil". (Processo nº 1000940-20.2021.5.02.0716; Data: 17/11/2022; Órgão Julgador: 12ª Turma - Cadeira 3; Relatora: Cintia Taffari). REJEITO. 13) HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS / APRECIAÇÃO CONJUNTA DOS APELOS DA DA RECLAMANTE E DA 1ª RECLAMADA Ficam MANTIDOS os honorários sucumbenciais devidos pelas reclamadas à reclamante, no patamar de 10%, que se revela condizente com o grau de complexidade da demanda. Quanto aos honorários advocatícios em favor das reclamadas, tendo em vista a sucumbência parcial da reclamante na demanda, considerando a concessão dos benefícios da gratuidade da Justiça em sentença, o julgamento da ADI n. 5766 pelo E. STF, com a declaração de inconstitucionalidade dos arts. 790-B, caput e § 4º, e 791-A, § 4º, da CLT, e não tendo sido declarado inconstitucional o caput do art. 791-A da CLT, a sua condenação no pagamento da verba honorária é medida que se impõe. Entendo que a interpretação mais condizente com as normas vigentes é a de que, condenado no pagamento de honorários advocatícios sucumbenciais o beneficiário da gratuidade da justiça ficará dispensado de seu pagamento. E isso por que, em caso de alteração da situação de hipossuficiência, passando a parte autora contar com recursos que lhe permitam arcar com os honorários de advogado, competirá ao interessado, em querendo, informar essa situação ao Juízo procedendo à execução, conforme de direito. Não havendo específica condenação, ainda que revertida a condição de hipossuficiência, os patronos do ex adversoficarão obstados de executar a verba honorária sucumbencial. DOU PROVIMENTO ao apelo da primeira reclamada quanto ao tema, para condenar a reclamante sucumbente, beneficiária da justiça gratuita, ao pagamento de honorários sucumbenciais, no importe de 5%, de cujo pagamento fica dispensada, na forma do decidido pelo Excelso STF na ADI n.º 5766, mediante suspensão de exigibilidade, pelo prazo de 2 anos, devendo a parte interessada, nesse prazo, informar sobre eventual alteração da situação econômica do reclamante. Findo o prazo estará extinta a obrigação de pagamento de honorários de advogado. Presidiu o julgamento a Excelentíssima Senhora Desembargadora Tania Bizarro Quirino de Morais. Tomaram parte no julgamento os Excelentíssimos Senhores Magistrados Federais do Trabalho Jorge Eduardo Assad (Relator), Benedito Valentini (2º votante) e Soraya Galassi Lambert. Votação: unânime. DISPOSITIVO ACORDAM os Magistrados da 12a Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 2a Região em: deferir a justiça gratuita à primeira reclamada, DAR PROVIMENTO ao agravo de instrumento por ela interposto e CONHECER dos recursos ordinários interpostos pelas partes, e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO ao apelo da primeira reclamada e DAR PARCIAL PROVIMENTO aos apelos da reclamante e da segunda ré: a) Ao do reclamante, para acolher integralmente a jornada indicada na exordial, inclusive quanto ao intervalo, ficando mantida a condenação das reclamadas ao pagamento das horas extras acima da 8ª diária e/ou 44ª semanal, observados os critérios de apuração já fixados na origem, inclusive quanto à observância da OJ nº 394 da SBDI-1 do C. TST; b) Ao da segunda reclamada, para condenar a reclamante sucumbente, beneficiária da justiça gratuita, ao pagamento de honorários sucumbenciais, no importe de 5%, de cujo pagamento fica dispensada, na forma do decidido pelo Excelso STF na ADI n.º 5766, mediante suspensão de exigibilidade, pelo prazo de 2 anos, devendo a parte interessada, nesse prazo, informar sobre eventual alteração da situação econômica do reclamante. Findo o prazo estará extinta a obrigação de pagamento de honorários de advogado. Tudo nos termos da fundamentação. Mantida, no mais, a sentença, inclusive quanto aos valores arbitrados a título de condenação e custas. Atentem as partes para o não cabimento de embargos declaratórios com intuito de rever provas, fatos ou a própria decisão. Quando ausentes os pressupostos autorizadores, tais como previstos nos incisos do art. 1.022, do CPC, estarão sujeitas à aplicação do § 2º, do art. 1.026, do mesmo Diploma Legal. JORGE EDUARDO ASSAD Juiz Relator AC SAO PAULO/SP, 03 de julho de 2025. AUGUSTO RODRIGUES LEITE Diretor de Secretaria Intimado(s) / Citado(s) - SPIN ENERGY SERVICOS ELETRICOS LTDA.

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ID: 316601071

Tribunal: TRT2 Órgão: 12ª Turma Classe: RECURSO ORDINáRIO TRABALHISTA Nº Processo: 1000584-24.2024.5.02.0262

Data de Disponibilização: 04/07/2025

Polo Ativo:

ELETROPAULO METROPOLITANA ELETRICIDADE DE SAO PAULO S.A. JOSE NICODEMOS PEREIRA LOPES NANCI GONCALVES BENATTI SPIN ENERGY SERVICOS ELETRICOS LTDA.

Polo Passivo:

ELETROPAULO METROPOLITANA ELETRICIDADE DE SAO PAULO S.A. NANCI GONCALVES BENATTI SPIN ENERGY SERVICOS ELETRICOS LTDA.

Notificação

Advogados:

CHARLIE HIROYUKI DE FREITAS NAKAGAWA

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TATTIANY MARTINS OLIVEIRA

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GLAUCO GIMENEZ VARELLA

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

EDIRLEI GONCALVES DE ANDRADE

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO 12ª TURMA Relator: JORGE EDUARDO ASSAD ROT 1000584-24.2024.5.02.0262 RECORRENTE: NANCI GONCALVES BENATTI E OUTROS… PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO 12ª TURMA Relator: JORGE EDUARDO ASSAD ROT 1000584-24.2024.5.02.0262 RECORRENTE: NANCI GONCALVES BENATTI E OUTROS (2) RECORRIDO: NANCI GONCALVES BENATTI E OUTROS (2) Fica V. Sa. intimada do inteiro teor do v. Acórdão #id:65d7ea4 proferido nos autos: PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO PROCESSO Nº 1000584-24.2024.5.02.0262 - 12ª TURMA (ROT) RECURSO ORDINÁRIO DA 2ª VARA DO TRABALHO DE DIADEMA RECORRENTES E RECIPROCAMENTE RECORRIDOS: 1) NANCI GONCALVES BENATTI (ESPÓLIO DE) 2) SPIN ENERGY SERVICOS ELETRICOS LTDA 3) ELETROPAULO METROPOLITANA ELETRICIDADE DE SÃO PAULO S.A. RELATOR JORGE EDUARDO ASSAD - CADEIRA Nº 03 ADICIONAL DE INSALUBRIDADE. LAUDO POSITIVO. Muito embora o laudo pericial não vincule o magistrado, a quem compete julgar motivadamente de acordo com o conjunto probatório apresentado nos autos, seu afastamento exige prova robusta em sentido contrário, pois o perito é o detentor do conhecimento técnico da matéria. Não tendo as rés logrado apresentar fundamentos técnicos, fáticos ou jurídicos aptos a afastá-lo, não há como dar provimento ao apelo. Sentença que fica mantida, no aspecto. Contra a sentença de ID. 2f6b618, cujo relatório adoto e que julgou procedente em parte a reclamação trabalhista, recorrem ordinariamente as partes. A reclamante, com as razões de ID. 8cce515, requerendo a reforma da sentença, com relação aos seguintes itens: jornada, intervalo intrajornada, PLR, danos morais e honorários sucumbenciais. Recurso tempestivo, regular e isento de custas. A primeira reclamada, com as razões de ID. d852f45, requerendo a reforma da sentença, no tocante aos seguintes temas: justiça gratuita, adicional de insalubridade, honorários periciais e sucumbenciais. Recurso tempestivo, regular e sem preparo, uma vez que a reclamada pugna pela concessão da justiça gratuita em seu favor. A segunda reclamada, com as razões de ID. a09b682, requerendo a reforma da sentença, no tocante aos seguintes temas: dedução de valores deferidos na ação coletiva, ilegitimidade passiva, responsabilidade subsidiária, verbas rescisórias, diferenças de FGTS e multa de 40%, multa do art. 477 da CLT, horas extras, intervalo intrajornada, adicional de insalubridade, expedição de ofícios e limitação da condenação. Recurso tempestivo, regular e com preparo sob ID's ada7440, 1173e8d, 94e3aa7, dec4d66, b56ee89, 0f7cffc, 7606dde, 9108833 e f1dbcad. Contrarrazões pela primeira reclamada no ID. 07b1398, pela segunda reclamada no ID. 5f19a6c e pela reclamante no ID, 461b172. Ainda, contra a decisão de ID. ad6e27d, que denegou seguimento ao apelo da primeira reclamada, por deserto, foi por esta interposto o competente agravo de instrumento, com as razões de ID. 10612fa. É o relatório. VOTO 1) AGRAVO DE INSTRUMENTO / JUSTIÇA GRATUITA / APELO DA PRIMEIRA RECLAMADA Como é sabido, é juridicamente possível o deferimento da benesse à pessoa jurídica, desde que comprovada cabalmente, de forma documentalmente robusta, a situação de miserabilidade. Nesse sentido a Súmula nº 463 do C. TST. Assim, com fulcro na documentação fiscal e contábil acostada sob ID's. 7bfdffb a 646042c, apta a demonstrar a precária situação financeira e patrimonial da primeira reclamada, defiro à mesma a justiça gratuita, ficando dispensada do recolhimento do preparo recursal, motivo pelo qual DOU PROVIMENTO ao agravo de instrumento interposto, para conhecer do recurso ordinário por ela apresentado. 2) CONHECIMENTO / APELO DA RECLAMANTE E DA SEGUNDA RECLAMADA A reclamante sustenta que o recurso da segunda reclamada não deve ser conhecido, porque as custas foram recolhidas por pessoa estranha à lide. Compulsando os autos, verifico que foi apresentado seguro garantia, com a documentação a que se refere o Ato Conjunto TST.CSJT.CGJT nº 1, de 16 de outubro de 2019. Consta ainda a respectiva GRU, com os dados do processo, conforme ID. 9108833 e f1dbcad. Ainda que o pagamento da referida guia tenha sido realizado pelo escritório que patrocina a reclamada, Gasparini N D B Advogados, diante da possibilidade de vinculação do pagamento aos dados da GRU que se referem ao presente processo, não há falar-se em deserção do recurso. Neste sentido: "AGRAVO DE INSTRUMENTO. DESERÇÃO. CUSTAS. PAGAMENTO EM CONTA DE TERCEIRO. VALIDADE. TRANSCENDÊNCIA POLÍTICA. No caso em tela, o debate acerca do preenchimento ou não dos requisitos de admissibilidade do recurso ordinário da empregadora, diante da constatação de o pagamento da guia de custas processuais foi realizado por pessoa estranha à lide, detém transcendência política, nos termos do art. 896-A, § 1º, II, da CLT. Transcendência política reconhecida. Demonstrada a violação de dispositivo constitucional, nos termos exigidos no artigo 896 da CLT, provê-se o agravo de instrumento para determinar o processamento do recurso de revista. RECURSO DE REVISTA SOB A ÉGIDE DA LEI 13.467/2017. DESERÇÃO. CUSTAS. PAGAMENTO EM CONTA DE TERCEIRO. VALIDADE. O recolhimento das custas invalidadas pelo Regional foi feito em nome da reclamada, com indicação do CNPJ e do número do processo. Apenas o comprovante bancário de pagamento da guia aponta como titular da conta debitada pessoa estranha à lide. Tal circunstância diferencia-se daquela constante na jurisprudência do TST e referida pelo acórdão regional, na qual a guia de custas aponta como contribuinte/recolhedor empresa estranha à lide. Regular, portanto, o preparo do recurso ordinário. Recurso de revista conhecido e provido". (RR-1001370-95.2023.5.02.0717, 6ª Turma, Relator Ministro Augusto Cesar Leite de Carvalho, DEJT 23/12/2024). "AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO PELAS RECLAMADAS. ACÓRDÃO REGIONAL PUBLICADO NA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.467/2017. 1. NULIDADE POR NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. DECISÃO DE MÉRITO EM FAVOR DA PARTE RECORRENTE. APLICAÇÃO DO ART. 282, § 2º, DO CPC/2015. NÃO APRECIAÇÃO. I. Tendo em vista a possibilidade de julgamento do mérito do recurso quanto ao tema "Deserção do recurso ordinário. Comprovante de pagamento em nome de pessoa estranha à lide. Existência de elementos que possibilitam a vinculação das guias com os comprovantes de pagamento. Princípio da instrumentalidade das formas " em favor das partes ora Recorrentes, deixa-se de apreciar a insurgência quanto à alegação de nulidade processual ora em destaque. Aplicação da regra do § 2º do art. 282 do CPC/2015. II. Agravo de instrumento de que se deixa de apreciar, quanto ao tema. 2. DESERÇÃO DO RECURSO ORDINÁRIO. COMPROVANTE DE PAGAMENTO EM NOME DE PESSOA ESTRANHA À LIDE. EXISTÊNCIA DE ELEMENTOS QUE POSSIBILITAM A VINCULAÇÃO DAS GUIAS COM OS COMPROVANTES DE PAGAMENTO. PRINCÍPIO DA INSTRUMENTALIDADE DAS FORMAS. TRANSCENDÊNCIA JURÍDICA RECONHECIDA. CONHECIMENTO E PROVIMENTO. I. Hipótese em que o Tribunal Regional não conheceu do recurso ordinário das Reclamadas por deserção, pelo fato de que no comprovante bancário de pagamento consta o nome de terceiro estranho à lide, embora seja possível vincular o comprovante de pagamento às guias de recolhimento dos presentes autos. II. Demonstrada transcendência jurídica da causa e violação do art. 5º, LV, da Constituição Federal. III. Agravo de instrumento de que se conhece e a que se dá provimento , para determinar o processamento do recurso de revista, observando-se o disposto no ATO SEGJUD.GP Nº 202/2019 do TST. B) RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO PELAS RECLAMADAS. ACÓRDÃO REGIONAL PUBLICADO NA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.467/2017. DESERÇÃO DO RECURSO ORDINÁRIO. COMPROVANTE DE PAGAMENTO EM NOME DE PESSOA ESTRANHA À LIDE. EXISTÊNCIA DE ELEMENTOS QUE POSSIBILITAM A VINCULAÇÃO DAS GUIAS COM OS COMPROVANTES DE PAGAMENTO. PRINCÍPIO DA INSTRUMENTALIDADE DAS FORMAS. TRANSCENDÊNCIA JURÍDICA RECONHECIDA. CONHECIMENTO E PROVIMENTO. I. No caso, o Tribunal Regional reputou deserto o recurso ordinário das Reclamadas pelo fato de que quem pagou os boletos bancários das guias de custas e de depósito recursal era pessoa estranha à lide. II. Embora não se desconheça o entendimento desta Corte Superior no sentido de que se reputa deserto o recurso quando o preparo é efetuado por terceiro estranho à lide, uma vez que, nos termos da Súmula nº 128, I, do TST, é ônus da parte efetuar o recolhimento do preparo recursal, tal situação vem sendo mais bem analisada por esta Corte Superior, a partir do princípio da instrumentalidade das formas, no sentido de que não há deserção quando existam elementos que permitam vincular os comprovantes bancários às guias de recolhimento com os dados dos autos. III. Reconhecida a transcendência jurídica da matéria. IV. Recurso de revista de que se conhece e a que se dá provimento" (RRAg-1000822-41.2016.5.02.0709, 4ª Turma, Relator Ministro Alexandre Luiz Ramos, DEJT 19/12/2024). REJEITO a preliminar arguida pela reclamante em contrarrazões e CONHEÇO dos recursos interpostos, eis que presentes os pressupostos legais de admissibilidade. 3) DEMANDA COLETIVA / DEDUÇÃO / APELO DA SEGUNDA RECLAMADA Fica MANTIDA a decisão prolatada na origem sobre a matéria, no seguinte sentido: "A fim de se evitar enriquecimento ilícito, autoriza-se a dedução dos valores que venham a ser comprovadamente pagos ao reclamante a título de verbas rescisórias, até a fase de liquidação do julgado, tendo em vista a notícia de ação coletiva que trata da matéria.". 4) ILEGITIMIDADE PASSIVA / APELO DA SEGUNDA RECLAMADA Vige em nosso ordenamento a Teoria da Asserção, segundo a qual a pertinência subjetiva para a ação deve ser aferida no plano abstrato, de acordo com as assertivas da inicial. Em outras palavras, basta a simples indicação, pela parte demandante, de que o segundo reclamado recorrente deve ser responsabilizado subsidiariamente por ter se beneficiado de sua prestação de serviços para legitimá-lo a responder à reclamação proposta. Não há, pois, como se acolher alegação preliminar de ilegitimidade de parte, fundada no art. 485, VI, do CPC, o que independe da procedência ou não dos pleitos deduzidos na petição inicial quando de seu exame de mérito. REJEITA-SE. 5) RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA / OBRIGAÇÕES PERSONALÍSSIMAS / APELO DA SEGUNDA RECLAMADA A segunda reclamada pugna pela declaração da licitude da terceirização da atividade, com consequente afastamento de sua responsabilidade subsidiária. Não tem razão. A segunda ré não nega a terceirização de serviços, mas aduz que nenhuma responsabilidade lhe cabe, uma vez que a contratação da primeira reclamada como prestadora de serviços foi legal. Esclareça-se, primeiramente, que a responsabilidade subsidiária decorre justamente da licitude da terceirização; pois, caso contrário, isto é, fosse ilícita, a responsabilidade seria solidária (CLT, art. 9º). A hipótese dos autos não é de licitude ou ilicitude da terceirização, nem se ventila a hipótese de fraude na terceirização a fundamentar eventual pretensão de reconhecimento do vínculo de emprego diretamente com a tomadora. Nesse sentido, o mero reconhecimento da licitude da terceirização de serviços não afasta a responsabilidade subsidiária da empresa tomadora pelo pagamento dos créditos trabalhistas deferidos ao reclamante, nos exatos termos da Súmula nº 331, IV, do TST. Não se exige prova de ilegalidade na contratação ou mesmo na prestação de serviços, pois o que se analisa é a responsabilidade daquele que se beneficia do contrato de prestação de serviços, na posição de tomador. Assim, adota-se a tese firmada pelo E. STF no RE 958252 MG, in verbis: [...] 22. Em conclusão, a prática da terceirização já era válida no direito brasileiro mesmo no período anterior à edição das Leis nº. 13.429/2017 e 13.467/2017, independentemente dos setores em que adotada ou da natureza das atividades contratadas com terceira pessoa, reputando-se inconstitucional a Súmula nº. 331 do TST, por violação aos princípios da livre iniciativa (artigos 1º, IV, e 170 da CRFB) e da liberdade contratual (art. 5º, II, da CRFB). 23. As contratações de serviços por interposta pessoa são hígidas, na forma determinada pelo negócio jurídico entre as partes, até o advento das Leis nº. 13.429/2017 e 13.467/2017, marco temporal após o qual incide o regramento determinado na nova redação da Lei n.º 6.019/1974, inclusive quanto às obrigações e formalidades exigidas das empresas tomadoras e prestadoras de serviço. 24. É aplicável às relações jurídicas preexistentes à Lei n.º 13.429, de 31 de março de 2017, a responsabilidade subsidiária da pessoa jurídica contratante pelas obrigações trabalhistas não adimplidas pela empresa prestadora de serviços, bem como a responsabilidade pelo recolhimento das contribuições previdenciárias devidas por esta (art. 31 da Lei n.º 8.212/93), mercê da necessidade de evitar o vácuo normativo resultante da insubsistência da Súmula n.º 331 do TST. 25. Recurso Extraordinário a que se dá provimento para reformar o acórdão recorrido e fixar a seguinte tese: "É lícita a terceirização ou qualquer outra forma de divisão do trabalho entre pessoas jurídicas distintas, independentemente do objeto social das empresas envolvidas, mantida a responsabilidade subsidiária da empresa contratante". Desta maneira, a contratante, ora recorrente, é subsidiariamente responsável pelas obrigações trabalhistas em razão da indigitada prestação de serviços nos termos do parágrafo 5º do art. 5-A da Lei 6.019/1974, com a redação dada pela Lei 13.429/2017. E mais, a responsabilidade subsidiária abarca todos os títulos concedidos pela condenação, sejam salariais, rescisórios ou indenizatórios, inclusive multas normativas ou previstas em lei e honorários advocatícios, salvo obrigações personalíssimas como a anotação do contrato de trabalho na CTPS do trabalhador. Vale relembrar que a responsável subsidiária tão somente arcará com a condenação caso não o façam as devedoras principais, ou seja, a responsabilidade é secundária, ativada num segundo momento, cabendo, ainda, o direito de regresso contra a prestadora, descumpridora de seus deveres trabalhistas e, de resto, das atribuições advindas do contrato de prestação de serviços. Ainda, não há falar em benefício de ordem entre a ora recorrente e os sócios da primeira reclamada, eis que referidas pessoas não participaram da relação e mesmo que seja deliberada eventual desconsideração da personalidade jurídica da primeira reclamada, a ser analisada em futura execução, caso não tenha a pessoa jurídica principal patrimônio suficiente à execução, os sócios e a tomadora ocupariam mesmo patamar de responsabilidade entre si. Nada reformar. 6) DIFERENÇAS DE FGTS / MULTA FUNDIÁRIA / APELO DA SEGUNDA RECLAMADA Suscita a reclamada serem indevidas as diferenças perseguidas, por não ter o reclamante feito prova do direito, porém competia à empregadora a prova do escorreito pagamento da verba, na forma da Súmula nº 461 do C. TST, o que não fez. REJEITO 7) ADICIONAL DE INSALUBRIDADE / HONORÁRIOS PERICIAIS / APRECIAÇÃO CONJUNTA DOS APELOS DAS RECLAMADAS Pugnam as rés pela reversão do julgado no aspecto, frisando que o juiz não está adstrito ao laudo pericial. Destacam que os materiais de limpeza utilizados pela reclamante eram domissanitários, não possuindo concentração necessária a configurar a insalubridade, bem como que a autora não realizava coleta de lixo urbano, sendo inaplicáveis os termos da Súmula nº 448 do C. TST. Muito embora as reclamadas ataquem o trabalho pericial apresentado (ID. e2c93db), não lograram trazer elementos técnicos, fáticos ou jurídicos aptos a afastar sua validade, especialmente considerando que não houve prova do regular fornecimento dos competentes EPI's. Destaco o seguinte trecho do trabalho apresentado: [5 - Observações. 5.1) Quanto aos produtos químicos. A reclamante para limpeza geral utilizava: desinfetante, água sanitária, detergente,álcool.Salientamos que a reclamada não apresentou documentos comprobatórios deEPIs, logo consideramos a atividade insalubre, sob este aspecto. 5.2) Quanto aos agentes biológicos. A reclamante realizava a limpeza e retirada do lixo de banheiros, em média por 25(vinte e cinco) minutos. 5.3) Quanto ao volume de usuário. A reclamante informou na primeira vistoria que a reclamada tinha em média 500funcionários, logo configura-se banheiro de grande circulação.] Não há, portanto, como dar provimento aos apelos das rés. Ficam ainda MANTIDOS os honorários periciais, arbitrados na origem em R$ 2.500,00, valor que se revela apto a remunerar dignamente o perito, sem onerar excessivamente as reclamadas. 8) JORNADA / INTERVALO INTRAJORNADA / APRECIAÇÃO CONJUNTA DOS APELOS DA RECLAMANTE E DA SEGUNDA RECLAMADA Eis o julgado atacado: [JORNADA DE TRABALHO A reclamada não juntou os controles de ponto de todo período contratual, o que importa na aplicação da Súmula 338, do C. TST. Assim sendo, e com base no princípio da razoabilidade,fixo o horário de trabalho cumprido como sendo de segunda a sexta feira, das06:30 as 17:30, um sábado por mês, das 7:00 as 15:00 e três vezes por semana o intervalo era reduzido para trinta minutos. Defiro horas extras a partir da 8ª diária ou 44ª semanal,bem como os respectivos reflexos em DSRs e feriados, férias + 1/3, gratificações natalinas, aviso prévio e FGTS. O adicional extraordinário a ser observado é aquele habitualmente utilizado pela reclamada. Acolho 30 minutos suprimidos ao intervalo intrajornada, três vezes na semana, com adicional de 50%. Assinale-se que o adimplemento de horas corridas não remunera o instituto em foco, falar não havendo em compensação. Revendo posicionamento anterior, considerando que tal quitação tem por escopo indenizar o trabalhador pelo tempo suprimido ao intervalo intrajornada, são incabíveis reflexos. O entendimento sedimentado nos incisos I e III, da Súmula 437, do C. TST restou superado pela atual redação do art. 71 §4º, da CLT e não infirma o que até aqui se explanou. No mais, a escala 5 x 2 é benéfica ao trabalhador, porquanto dá origem a uma maior quantidade de folgas. Assinale-se que são indevidos domingos e feriados em dobro, porquanto o labor nesses dias era devidamente compensado por folgas. Serão compensados os pagamentos efetuados a idênticos títulos cujos comprovantes já estejam colacionados aos autos.] A reclamante sustenta que a correta aplicação da Súmula nº 338 do C. TST implica no integral acolhimento da jornada indicada na exordial, inclusive quanto ao intervalo intrajornada. A segunda reclamada, por sua vez, suscita que a prova oral não favorece a tese exordial, não tendo sido comprovada a sobrejornada. Ao exame. Compulsando os autos, verifico que não foi produzida prova oral. Não foram ouvidas as partes. A reclamante tem razão em sua irresignação. Nos termos da Súmula nº 338, I, do C. TST, a não apresentação dos controles de frequência pelo empregador resulta na presunção parcial de validade da jornada indicada pelo trabalhador, que pode ser elidida por prova em contrário. Tal presunção não se aplica em se tratando de jornada inverossímil. No caso dos autos, a jornada indicada na exordial foi das 06h30 às 18h/18h30, de segunda a sexta-feira, com 30 minutos de intervalo, e sábados alternados, das 06h30 às 15h30, com 15 minutos de intervalo. Embora bastante elastecida, não se trata da hipótese de jornada inverossímil, de modo que deve ser acolhida a jornada da exordial, uma vez que não foi produzida qualquer prova apta a afastá-la. Assim, DOU PROVIMENTO ao apelo da reclamante, no aspecto, para acolher integralmente a jornada indicada na exordial, inclusive quanto ao intervalo, ficando mantida a condenação das reclamadas ao pagamento das horas extras acima da 8ª diária e/ou 44ª semanal, observados os critérios de apuração já fixados na origem, inclusive quanto à observância da OJ nº 394 da SBDI-1 do C. TST. DESPROVIDO o apelo da segunda reclamada. 9) PLR / APELO DA RECLAMANTE Insiste a reclamante no direito à verba postulada, com fulcro no princípio da aptidão para a prova, suscitando que competia à reclamada fazer prova documental de que a obreira não tenha direito à parcela postulada. Sem razão. A pretensão foi indeferida por ter a reclamante indicado cláusula da norma coletiva que não se refere à verba perseguida. MANTENHO. 10) DANOS MORAIS / APELO DA RECLAMANTE Aduz a reclamante que a mora salarial reiterada sequer foi impugnada pela reclamada e é apta, por si só, para ensejar o direito aos danos morais postulados. Sem razão. A pretensão foi devidamente impugnada pela reclamada em sua defesa. E, uma vez não comprovados os fatos alegados, não há se falar em reparação por danos deles oriundos. REJEITO. 11) EXPEDIÇÃO DE OFÍCIOS / APELO DA SEGUNDA RECLAMADA Constatadas irregularidades cometidas pelas reclamadas, correta a determinação da expedição de ofícios às autoridades competentes. REJEITO. 12) LIMITAÇÃO DA CONDENAÇÃO / APELO DA SEGUNDA RECLAMADA Vinha entendendo que a condenação deveria se limitar aos valores dos pedidos, na forma indicada na inicial, não se cogitando em concebê-los como mera estimativa, diante do que estabelece o art. 840, § 1º, da CLT. Contudo, curvo-me a entendimento majoritário desta Egrégia Turma, quanto ao tema, pedindo vênia para transcrever excerto do acórdão abaixo: "Mesmo com as alterações implementadas pela Lei 13.467/2017 no art. 840, § 1º, da CLT, a indicação de valor aos pedidos, na exata dicção legal, não compreende o propósito de apresentar valores líquidos finais. O mesmo entendimento é adotado pela norma administrativa prevista no art. 12, § 2º, da Instrução Normativa 41, do TST: "Para o fim do que dispõe o art. 840, §§ 1º e 2º, da CLT, o valor da causa será estimado, observando-se, no que couber, o disposto nos arts. 291 a 293 do Código de Processo Civil". (Processo nº 1000940-20.2021.5.02.0716; Data: 17/11/2022; Órgão Julgador: 12ª Turma - Cadeira 3; Relatora: Cintia Taffari). REJEITO. 13) HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS / APRECIAÇÃO CONJUNTA DOS APELOS DA DA RECLAMANTE E DA 1ª RECLAMADA Ficam MANTIDOS os honorários sucumbenciais devidos pelas reclamadas à reclamante, no patamar de 10%, que se revela condizente com o grau de complexidade da demanda. Quanto aos honorários advocatícios em favor das reclamadas, tendo em vista a sucumbência parcial da reclamante na demanda, considerando a concessão dos benefícios da gratuidade da Justiça em sentença, o julgamento da ADI n. 5766 pelo E. STF, com a declaração de inconstitucionalidade dos arts. 790-B, caput e § 4º, e 791-A, § 4º, da CLT, e não tendo sido declarado inconstitucional o caput do art. 791-A da CLT, a sua condenação no pagamento da verba honorária é medida que se impõe. Entendo que a interpretação mais condizente com as normas vigentes é a de que, condenado no pagamento de honorários advocatícios sucumbenciais o beneficiário da gratuidade da justiça ficará dispensado de seu pagamento. E isso por que, em caso de alteração da situação de hipossuficiência, passando a parte autora contar com recursos que lhe permitam arcar com os honorários de advogado, competirá ao interessado, em querendo, informar essa situação ao Juízo procedendo à execução, conforme de direito. Não havendo específica condenação, ainda que revertida a condição de hipossuficiência, os patronos do ex adversoficarão obstados de executar a verba honorária sucumbencial. DOU PROVIMENTO ao apelo da primeira reclamada quanto ao tema, para condenar a reclamante sucumbente, beneficiária da justiça gratuita, ao pagamento de honorários sucumbenciais, no importe de 5%, de cujo pagamento fica dispensada, na forma do decidido pelo Excelso STF na ADI n.º 5766, mediante suspensão de exigibilidade, pelo prazo de 2 anos, devendo a parte interessada, nesse prazo, informar sobre eventual alteração da situação econômica do reclamante. Findo o prazo estará extinta a obrigação de pagamento de honorários de advogado. Presidiu o julgamento a Excelentíssima Senhora Desembargadora Tania Bizarro Quirino de Morais. Tomaram parte no julgamento os Excelentíssimos Senhores Magistrados Federais do Trabalho Jorge Eduardo Assad (Relator), Benedito Valentini (2º votante) e Soraya Galassi Lambert. Votação: unânime. DISPOSITIVO ACORDAM os Magistrados da 12a Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 2a Região em: deferir a justiça gratuita à primeira reclamada, DAR PROVIMENTO ao agravo de instrumento por ela interposto e CONHECER dos recursos ordinários interpostos pelas partes, e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO ao apelo da primeira reclamada e DAR PARCIAL PROVIMENTO aos apelos da reclamante e da segunda ré: a) Ao do reclamante, para acolher integralmente a jornada indicada na exordial, inclusive quanto ao intervalo, ficando mantida a condenação das reclamadas ao pagamento das horas extras acima da 8ª diária e/ou 44ª semanal, observados os critérios de apuração já fixados na origem, inclusive quanto à observância da OJ nº 394 da SBDI-1 do C. TST; b) Ao da segunda reclamada, para condenar a reclamante sucumbente, beneficiária da justiça gratuita, ao pagamento de honorários sucumbenciais, no importe de 5%, de cujo pagamento fica dispensada, na forma do decidido pelo Excelso STF na ADI n.º 5766, mediante suspensão de exigibilidade, pelo prazo de 2 anos, devendo a parte interessada, nesse prazo, informar sobre eventual alteração da situação econômica do reclamante. Findo o prazo estará extinta a obrigação de pagamento de honorários de advogado. Tudo nos termos da fundamentação. Mantida, no mais, a sentença, inclusive quanto aos valores arbitrados a título de condenação e custas. Atentem as partes para o não cabimento de embargos declaratórios com intuito de rever provas, fatos ou a própria decisão. Quando ausentes os pressupostos autorizadores, tais como previstos nos incisos do art. 1.022, do CPC, estarão sujeitas à aplicação do § 2º, do art. 1.026, do mesmo Diploma Legal. JORGE EDUARDO ASSAD Juiz Relator AC SAO PAULO/SP, 03 de julho de 2025. AUGUSTO RODRIGUES LEITE Diretor de Secretaria Intimado(s) / Citado(s) - ELETROPAULO METROPOLITANA ELETRICIDADE DE SAO PAULO S.A.

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