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Processo nº 5019125-60.2025.8.09.0002

ID: 336459344

Tribunal: TJGO Órgão: Acreúna - Vara Cível Classe: IMISSãO NA POSSE Nº Processo: 5019125-60.2025.8.09.0002

Data de Disponibilização: 28/07/2025

Polo Ativo:

EDUARDO CAMARGO ROCHWERGER

Polo Passivo:

Decisão

Advogados:

BRENDA RODRIGUES PATRICIO

OAB/GO XXXXXX Desbloquear

ESTER RODRIGUES AMORIM SILVA LABROZZI

OAB/GO XXXXXX Desbloquear

PODER JUDICIÁRIOTribunal de Justiça do Estado de GoiásCOMARCA DE ACREÚNA - GOIÁS – 1ª VARA JUDICIALRua João Lemes Sobrinho, Quadra 63D, Lote 2, 31 - Centro, Acreúna - GO, 75960-000, Tel: (62) 3645-32… PODER JUDICIÁRIOTribunal de Justiça do Estado de GoiásCOMARCA DE ACREÚNA - GOIÁS – 1ª VARA JUDICIALRua João Lemes Sobrinho, Quadra 63D, Lote 2, 31 - Centro, Acreúna - GO, 75960-000, Tel: (62) 3645-3244PROTOCOLO Nº: 5019125-60.2025.8.09.0002NATUREZA: PROCESSO CÍVEL E DO TRABALHO -> Processo de Conhecimento -> Procedimento de Conhecimento -> Procedimentos Especiais -> Procedimentos Regidos por Outros Códigos, Leis Esparsas e Regimentos -> Imissão na PosseREQUERENTE: Eduardo Camargo RochwergerREQUERIDO: Utility Securitizadora de Crédito S. A.Autorizo uso de cópia desta decisão para cumprimento, servindo-se como instrumento de citação, intimação, ofício, nos termos do art. 136 do Código de Normas e Procedimentos do Foro Judicial.DECISÃOTrata-se de Ação de Adjudicação Compulsória c/c Pedido de Tutela Urgência ajuizada por Eduardo Camargo Rochwerger em desfavor de Utility Securitizadora de Crédito S. A., ambas as partes devidamente qualificadas nos autos do processo em epígrafe.A parte autora, em sua petição inicial, narrou que teria celebrado contrato de compra e venda com a requerida, por meio do qual adquiriu três imóveis rurais de significativa extensão, localizados na zona rural do município de Acreúna/GO, devidamente registrados sob as matrículas de números 10.622, 10.623 e 10.624, conforme detalhamento constante do documento autuado sob o ID 583482348572345. Sustentou o requerente que, após o adimplemento integral das obrigações financeiras pactuadas no instrumento contratual, com o pagamento total do preço ajustado, a requerida, de forma injustificada, estaria se recusando a outorgar a escritura pública definitiva dos bens, impedindo, assim, o registro da propriedade em seu nome e o pleno exercício dos direitos inerentes ao domínio. Argumentou que tal omissão por parte da ré configuraria flagrante inadimplemento contratual, justificando a imediata adjudicação compulsória dos referidos bens imóveis.Em sede de tutela de urgência, o autor pugnou pela concessão de medida liminar que determinasse a restrição de alienação dos imóveis em questão, com o objetivo de evitar a sua transferência a terceiros e a consequente frustração do resultado útil do processo. Adicionalmente, postulou a expedição de mandado de imissão na posse, alegando que o descumprimento contratual pela requerida estaria obstando o exercício de sua posse direta sobre os bens. O valor da causa foi atribuído em R$ 2.000.000,00 (dois milhões de reais).Inicialmente, a demanda foi proposta perante o Foro Central Cível da Comarca de São Paulo/SP, em 29 de novembro de 2024, sob o número de processo 1189640-59.2024.8.26.0100. Naquela ocasião, houve uma primeira análise do pedido de tutela de urgência, resultando no indeferimento da liminar de imissão na posse, sob o fundamento de que a verossimilhança das alegações da autora dependeria de um contraditório aprofundado, bem como da ausência de prova de risco de dano de difícil reparação. O pedido de sigilo dos autos também foi indeferido, ao passo que se permitiu ao autor categorizar como sigilosos os documentos que entendesse pertinentes.Após essa decisão inicial, o magistrado da 11ª Vara Cível de São Paulo/SP, Dr. Luiz Gustavo Esteves, reconheceu a incompetência territorial para processar e julgar a demanda, uma vez que se tratava de ação real imobiliária, cuja competência é do foro da situação do imóvel, conforme expressamente previsto no Código de Processo Civil. Por conseguinte, determinou a redistribuição do feito para esta Comarca de Acreúna, local de situação dos bens, em decisão proferida em 09 de dezembro de 2024. O autor, por sua vez, manifestou expressa renúncia ao prazo recursal referente a essa decisão de incompetência, com o intuito de acelerar a tramitação processual, e pugnou pela restituição das custas iniciais recolhidas em São Paulo/SP, tendo em vista a necessidade de novo recolhimento na comarca competente. A restituição das custas foi devidamente certificada pela serventia em São Paulo/SP.Os autos foram então redistribuídos e recebidos nesta Comarca de Acreúna/GO em 13 de janeiro de 2025. Após o recebimento, este Juízo proferiu decisão determinando a emenda da inicial, com a juntada da procuração devidamente assinada, o recolhimento das custas iniciais e outros documentos eventualmente necessários à instrução do pedido, sob pena de indeferimento da petição inicial, nos termos dos artigos 319 e 321 do Código de Processo Civil (evento 5).Em resposta à determinação judicial, a parte autora, em petição protocolada no evento 7, procedeu à juntada da procuração atualizada e assinada, bem como formulou pedido de parcelamento das custas judiciais em 10 (dez) parcelas mensais, iguais e sucessivas, sob a alegação de valor excessivo das custas, invocando o artigo 98, § 6º, do Código de Processo Civil.Analisando o pleito de parcelamento, este Juízo proferiu decisão (evento 9) em 15 de janeiro de 2025, deferindo em parte o pedido, autorizando o parcelamento das custas em 08 (oito) vezes iguais, e intimou o autor para promover o pagamento da primeira parcela, no prazo de 15 (quinze) dias, sob pena de extinção do processo. As custas foram parceladas em R$ 6.160,18 (seis mil, cento e sessenta reais e dezoito centavos) cada. O autor comprovou o pagamento das parcelas subsequentes nos eventos 14, 37, 48 e 93.Após a regularização das custas e da representação processual, o autor reiterou os pedidos de tutela de urgência formulados na exordial. Em nova análise da matéria liminar, por decisão proferida em 16 de janeiro de 2025 (evento 16), este Juízo deferiu parcialmente a tutela provisória requerida, determinando a indisponibilidade das matrículas de números 10.622, 10.623 e 10.624, registradas no Cartório de Registro de Imóveis desta Comarca. O deferimento da indisponibilidade foi fundamentado na demonstração do fumus boni iuris (contrato de compra e venda, matrículas atualizadas, termo de quitação) e do periculum in mora (possível intuito de transmissão do patrimônio por parte da pessoa jurídica ré, com riscos a terceiros e à efetividade da decisão final), ressaltando a reversibilidade da medida. Contudo, o pedido de imissão na posse foi novamente indeferido, sob o argumento de que a propriedade do imóvel ainda não pertencia ao requerente, que figurava apenas como promitente comprador, e que a imissão não seria admissível em juízo sumário. Ademais, entendeu-se que o autor não havia demonstrado efetivo óbice ao exercício da posse até aquele momento.Inconformado com o indeferimento da imissão na posse, o autor opôs Embargos de Declaração no evento 21, alegando omissão e contradição na decisão, sustentando que a requerida estaria "tramando transferir a propriedade para uma empresa alheia ao negócio jurídico" e que estaria "usufruindo de um contrato de arrendamento, pelo qual vem obtendo lucros de uma propriedade que não mais lhe pertence". Os referidos embargos, no entanto, não foram conhecidos por este Juízo (evento 23), que entendeu tratar-se de mera rediscussão do mérito e inconformismo da parte com o indeferimento da tutela, não se verificando as hipóteses legais de obscuridade, contradição, omissão ou erro material.Após, o autor interpôs Agravo de Instrumento perante o Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (autos nº 5116968-25.2025.8.09.0002) contra a decisão que indeferiu a imissão na posse, conforme mencionado no evento 27 dos autos principais. A decisão preliminar do Desembargador Kisleu Dias Maciel Filho (evento 27) indeferiu o pedido de efeito suspensivo à imissão na posse, sob o fundamento de que não havia elemento probatório apto a demonstrar o desacerto da decisão combatida e que a indisponibilidade dos bens já afastava o periculum in mora. Posteriormente, a requerida interpôs Embargos de Declaração no Agravo de Instrumento, alegando intempestividade do recurso. O Desembargador Kisleu Dias Maciel Filho, em nova decisão (evento 91), acolheu os Embargos de Declaração com efeitos infringentes, reconhecendo a tempestividade do Agravo de Instrumento (por considerar o prazo a partir da citação válida da parte, que se deu em 07/06/2025), mas manteve o indeferimento do efeito suspensivo para a indisponibilidade, reiterando a ausência de fumus boni iuris para a reversão da medida cautelar de indisponibilidade.Diante da interposição do Agravo Interno no Tribunal de Justiça, o autor, no evento 33, requereu a suspensão do processo principal, com base no artigo 313, inciso V, do Código de Processo Civil, alegando que o julgamento do recurso poderia impactar diretamente o andamento do feito. Contudo, este Juízo indeferiu o pedido de suspensão (evento 35), por entender que o Agravo Interno não configurava causa prejudicial que justificasse a paralisação do processo principal, e que os recursos, em regra, não impedem a eficácia da decisão recorrida, salvo disposição legal ou decisão judicial em sentido diverso.Em petição protocolada no evento 58, o autor apresentou o que denominou de "fato novo" e "impedimento da posse - situação vexatória". Relatou que, em 21 de junho de 2025, a requerida, por intermédio de seu sócio administrador, Fernando Peixoto de Paula Lima, teria acionado reiteradamente a Polícia Militar sob falsas alegações de invasão e furto na propriedade rural objeto da demanda. O autor afirmou que tal conduta visava constranger, intimidar e impedir o exercício de sua posse, gerando um boletim de ocorrência (nº 42331878) e múltiplas visitas policiais, inclusive durante a madrugada, apesar da apresentação de documentos comprobatórios de sua posse. Com base nesse fato superveniente, o autor requereu, em sede de tutela provisória incidental, a imediata imissão na posse dos imóveis, com a expedição de mandado e advertência de multa cominatória diária não inferior a R$ 1.000,00 (mil reais) em caso de nova turbação. Pleiteou, ainda, a proibição de que a requerida, seus prepostos ou terceiros adotassem condutas que perturbassem ou impedissem o pleno exercício da posse, e o reconhecimento da litigância de má-fé da ré.Em face da gravidade das alegações apresentadas, este Juízo designou audiência de justificação prévia para o dia 03 de julho de 2025, às 14h, na modalidade híbrida (presencial e por videoconferência), com fundamento no artigo 562 do Código de Processo Civil, aplicado analogicamente. A finalidade da audiência era colher elementos probatórios mais robustos acerca do alegado fato superveniente e da possível configuração de esbulho ou turbação possessória, em observância aos princípios do contraditório e da ampla defesa, e antes de nova apreciação do pedido de imissão na posse.A requerida apresentou contestação no evento 71, em 01 de julho de 2025, na qual arguiu preliminares e questões de mérito substanciais. Em suas preliminares, a ré alegou irregularidade na representação processual do autor, sustentando que a procuração inicial não estava devidamente firmada e que a patrona do requerente teria atuado previamente como advogada da própria ré em outros feitos, configurando suposto conflito de interesses. Pugnou, inclusive, pelo encaminhamento de ofício ao Tribunal de Ética e Disciplina da OAB/GO para apuração de conduta.A ré arguiu, de forma veemente, a falsidade do “Contrato de Promessa de Compra e Venda”, datado de 28/04/2022, e do “Termo de Quitação”, datado de 30/10/2024, apresentados pelo autor como fundamentos de seus pedidos. Afirmou que jamais firmou tais documentos ou participou de qualquer negociação de venda dos imóveis, e que as assinaturas atribuídas ao seu representante legal, Sr. Fernando Peixoto de Paula Lima, seriam falsificadas, apresentando outras assinaturas autênticas para comparação. Além disso, contestou a ausência de comprovação de pagamento, argumentando que uma transação de R$ 2.000.000,00 não deixaria vestígios financeiros ou contábeis. A requerida também alegou carência de ação do autor por falta de interesse de agir, em virtude da inexistência de um contrato válido e da ausência de prova de recusa na outorga da escritura.No mérito, a requerida defendeu a inexistência do contrato de promessa de compra e venda e do termo de quitação, reiterando a falsidade documental e a desproporção entre o valor de venda (R$ 2.000.000,00) e o valor fiscal dos imóveis (mais de R$ 13.903.946,26), formalizado em escritura pública 42 dias antes da data do alegado contrato, o que seria "menos de um sexto (1/6) do preço". Sustentou, ainda, o vício formal decorrente do descumprimento de seu Estatuto Social, que exigiria a assinatura de dois diretores para alienação de bens imóveis, o que não teria ocorrido no suposto contrato. A ré, para demonstrar a alegada posse legítima e contínua sobre os imóveis, apresentou diversos documentos, como contratos de arrendamento rural (com Naro Agropecuária, Euclides Costenaro e Renato Pires), pagamento de Imposto Territorial Rural (ITR) de 2024 em nome da Utility Agropecuária Ltda. (para a qual os imóveis foram integralizados), Certificado de Cadastro de Imóvel Rural (CCIR) e Cadastro Ambiental Rural (CAR) em seu nome, além de laudo de avaliação dos imóveis em dezembro de 2024.Em relação ao pedido de tutela de urgência do autor, a requerida defendeu a ausência dos requisitos do artigo 300 do CPC, ressaltando que a indisponibilidade dos bens já havia sido deferida e era suficiente para resguardar o processo, tornando desnecessária a imissão na posse. Por fim, requereu a condenação do autor por litigância de má-fé, alegando alteração dolosa da verdade dos fatos e uso indevido do processo, e pugnou pelo cancelamento da audiência de justificação ou, subsidiariamente, pela permissão para produzir provas e arrolar testemunhas na referida audiência.Este Juízo proferiu decisão (evento 74) antes da audiência de justificação, indeferindo o pedido de cancelamento da audiência, mas também indeferindo o pedido da requerida para produzir provas na ocasião, mantendo a finalidade restrita à justificação do autor, com a possibilidade de contradita e reperguntas pela ré. As demais preliminares e o mérito da contestação seriam apreciados em momento posterior.A audiência de justificação foi realizada em 03 de julho de 2025 (evento 82). A tentativa de conciliação restou infrutífera. Foram ouvidos o autor Eduardo Camargo Rochwerger, o representante da requerida Fernando Peixoto de Paula Lima, e a testemunha arrolada pelo autor, Adauto José Chaves Moreira.Após a realização da audiência de justificação, este Juízo proferiu nova decisão em 10 de julho de 2025 (evento 86), indeferindo o pedido de tutela provisória de urgência incidental para a imissão na posse, mantendo a decisão anterior (evento 16) pelos mesmos fundamentos: ausência de comprovação da posse anterior do autor (que teria reconhecido não ter a posse efetiva do imóvel), insuficiência probatória quanto à turbação (BOs não caracterizam por si só a turbação, mas controvérsia), questionamento sobre a validade do contrato de compra e venda (com incidente de falsidade documental suscitado pela ré) e necessidade de maior instrução probatória para dirimir questões fáticas complexas. A análise da litigância de má-fé de ambas as partes foi postergada para momento processual oportuno, e o autor foi intimado para impugnar a contestação.Recentemente, a requerida peticionou nos autos (evento 92), noticiando a atuação da Sra. Raquel, "ex-esposa" do autor, que teria contratado um "ex-funcionário do seu pai, conhecido pela alcunha de 'Zezinho', para que ficasse aqui para ela", em um vídeo em anexo, o que a ré qualificou como atos esbulhatórios. A requerida solicitou que fosse determinado que o autor, a Sra. Raquel ou pessoas por eles contratadas deixassem de praticar qualquer ato de esbulho, com fixação de multa de R$ 20.000,00 para cada dia de esbulho.Por sua vez, o autor também peticionou (evento 93), em 24 de julho de 2025, informando que o Sr. Zezinho "não se encontra mais na propriedade rural e não retornará até a resolução da lide", e alegando que sua presença visava "preservar a casa". O autor solicitou a suspensão do prazo processual por 90 (noventa) dias, nos termos do art. 313, inciso II, do CPC, para possibilitar a formalização de um acordo entre as partes, dada a existência de tratativas extrajudiciais. Juntou, ainda, comprovantes de pagamento das parcelas de custas referentes aos meses de junho e julho de 2025.Os autos vieram conclusos. É o relatório. Decido. Da Possibilidade de Suspensão do ProcessoO artigo 313 do Código de Processo Civil estabelece as hipóteses em que é possível a suspensão do processo, dispondo em seu inciso II que o feito pode ser suspenso "por convenção das partes".A interpretação jurisprudencial consolidada tem reconhecido que a suspensão pode ser deferida mesmo quando requerida por apenas uma das partes, desde que haja elementos concretos que demonstrem a viabilidade de composição amigável e que tal suspensão não cause prejuízos ao andamento processual ou aos direitos das partes envolvidas.No presente caso, o pedido de suspensão encontra respaldo na necessidade de permitir que as partes busquem uma solução consensual para o litígio, o que se alinha com os princípios da economia processual e da busca pela pacificação social, valores fundamentais consagrados no Código de Processo Civil de 2015.Da Análise do Prazo SolicitadoO autor requereu a suspensão pelo prazo de 90 (noventa) dias, fundamentando seu pedido na existência de tratativas extrajudiciais em andamento. Contudo, entendo que tal prazo mostra-se excessivo e desproporcional, sendo mais adequado o prazo de 30 (trinta) dias, considerando-se:Primeiro, que um período de 90 dias seria excessivamente longo e acarretaria em dilação desnecessária do feito, prejudicando a celeridade processual e a efetividade da jurisdição. O prazo de 30 dias, por outro lado, equilibra adequadamente a necessidade de permitir as tratativas com a observância do princípio da duração razoável do processo.Segundo, que o prazo de 30 dias é suficiente para que as partes amadureçam eventuais propostas de acordo, realizem as tratativas necessárias e, caso exitosas, formalizem a composição.Terceiro, que a complexidade da matéria controvertida nos autos - envolvendo alegações de falsidade documental, questões possessórias e valores significativos - recomenda que seja oportunizada às partes a tentativa de solução consensual, evitando-se o prolongamento do litígio.Da Manutenção das Medidas CautelaresÉ importante ressaltar que a suspensão do processo não afeta a eficácia das medidas cautelares já deferidas, permanecendo em vigor a indisponibilidade das matrículas dos imóveis objeto da demanda. Tal medida continua necessária para preservar a efetividade de eventual decisão final, independentemente do resultado das tratativas extrajudiciais.Da Economicidade e Eficiência ProcessuaisA suspensão temporária do feito, neste momento processual, apresenta-se como medida de economia processual justificável. Considerando-se que a contestação já foi apresentada e que as questões preliminares e de mérito envolvem matéria complexa que demandará instrução probatória aprofundada, a pausa nas atividades processuais para permitir tentativa de acordo não causará prejuízo significativo ao andamento do feito.Ademais, a composição amigável, se exitosa, representará significativa economia de recursos públicos, tempo e energia das partes, além de proporcionar solução mais célere e satisfatória para o conflito.DispositivoDiante do exposto, com fundamento no artigo 313, inciso II, do Código de Processo Civil, e considerando os princípios da economia processual e da busca pela composição amigável dos litígios, defiro parcialmente o pedido de suspensão formulado pelo autor, determinando a suspensão do processo pelo prazo de 30 (trinta) dias, contados da intimação desta decisão.Por oportuno, esclareço que:1) Permanecem em pleno vigor as medidas cautelares já deferidas, especialmente a indisponibilidade das matrículas dos imóveis objeto da demanda;2) As partes deverão comunicar a este Juízo o resultado das tratativas extrajudiciais;3) Caso seja formalizado acordo, deverão as partes peticioná-lo nos autos para homologação judicial;4) Transcorrido o prazo de suspensão sem manifestação das partes ou comunicação de êxito nas tratativas, o processo retomará seu curso normal, devendo o autor apresentar impugnação à contestação no prazo legal;5) Eventual pedido de prorrogação do prazo de suspensão deverá ser fundamentado em elementos concretos que demonstrem a efetiva possibilidade de composição e o aproveitamento do tempo concedido para as tratativas.Expeça-se o necessário.Intimem-se. Cumpra-se.Acreúna, datado e assinado digitalmente. Vanessa Ferreira de MirandaJuíza Substituta

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Processo nº 5019125-60.2025.8.09.0002

ID: 336459345

Tribunal: TJGO Órgão: Acreúna - Vara Cível Classe: IMISSãO NA POSSE Nº Processo: 5019125-60.2025.8.09.0002

Data de Disponibilização: 28/07/2025

Polo Ativo:

Polo Passivo:

UTILITY SECURITIZADORA DE CREDITO SA

Decisão

Advogados:

DIRCEU MARCELO HOFFMANN

OAB/GO XXXXXX Desbloquear

GABRIEL NOGUEIRA RAFAINI

OAB/GO XXXXXX Desbloquear

PODER JUDICIÁRIOTribunal de Justiça do Estado de GoiásCOMARCA DE ACREÚNA - GOIÁS – 1ª VARA JUDICIALRua João Lemes Sobrinho, Quadra 63D, Lote 2, 31 - Centro, Acreúna - GO, 75960-000, Tel: (62) 3645-32… PODER JUDICIÁRIOTribunal de Justiça do Estado de GoiásCOMARCA DE ACREÚNA - GOIÁS – 1ª VARA JUDICIALRua João Lemes Sobrinho, Quadra 63D, Lote 2, 31 - Centro, Acreúna - GO, 75960-000, Tel: (62) 3645-3244PROTOCOLO Nº: 5019125-60.2025.8.09.0002NATUREZA: PROCESSO CÍVEL E DO TRABALHO -> Processo de Conhecimento -> Procedimento de Conhecimento -> Procedimentos Especiais -> Procedimentos Regidos por Outros Códigos, Leis Esparsas e Regimentos -> Imissão na PosseREQUERENTE: Eduardo Camargo RochwergerREQUERIDO: Utility Securitizadora de Crédito S. A.Autorizo uso de cópia desta decisão para cumprimento, servindo-se como instrumento de citação, intimação, ofício, nos termos do art. 136 do Código de Normas e Procedimentos do Foro Judicial.DECISÃOTrata-se de Ação de Adjudicação Compulsória c/c Pedido de Tutela Urgência ajuizada por Eduardo Camargo Rochwerger em desfavor de Utility Securitizadora de Crédito S. A., ambas as partes devidamente qualificadas nos autos do processo em epígrafe.A parte autora, em sua petição inicial, narrou que teria celebrado contrato de compra e venda com a requerida, por meio do qual adquiriu três imóveis rurais de significativa extensão, localizados na zona rural do município de Acreúna/GO, devidamente registrados sob as matrículas de números 10.622, 10.623 e 10.624, conforme detalhamento constante do documento autuado sob o ID 583482348572345. Sustentou o requerente que, após o adimplemento integral das obrigações financeiras pactuadas no instrumento contratual, com o pagamento total do preço ajustado, a requerida, de forma injustificada, estaria se recusando a outorgar a escritura pública definitiva dos bens, impedindo, assim, o registro da propriedade em seu nome e o pleno exercício dos direitos inerentes ao domínio. Argumentou que tal omissão por parte da ré configuraria flagrante inadimplemento contratual, justificando a imediata adjudicação compulsória dos referidos bens imóveis.Em sede de tutela de urgência, o autor pugnou pela concessão de medida liminar que determinasse a restrição de alienação dos imóveis em questão, com o objetivo de evitar a sua transferência a terceiros e a consequente frustração do resultado útil do processo. Adicionalmente, postulou a expedição de mandado de imissão na posse, alegando que o descumprimento contratual pela requerida estaria obstando o exercício de sua posse direta sobre os bens. O valor da causa foi atribuído em R$ 2.000.000,00 (dois milhões de reais).Inicialmente, a demanda foi proposta perante o Foro Central Cível da Comarca de São Paulo/SP, em 29 de novembro de 2024, sob o número de processo 1189640-59.2024.8.26.0100. Naquela ocasião, houve uma primeira análise do pedido de tutela de urgência, resultando no indeferimento da liminar de imissão na posse, sob o fundamento de que a verossimilhança das alegações da autora dependeria de um contraditório aprofundado, bem como da ausência de prova de risco de dano de difícil reparação. O pedido de sigilo dos autos também foi indeferido, ao passo que se permitiu ao autor categorizar como sigilosos os documentos que entendesse pertinentes.Após essa decisão inicial, o magistrado da 11ª Vara Cível de São Paulo/SP, Dr. Luiz Gustavo Esteves, reconheceu a incompetência territorial para processar e julgar a demanda, uma vez que se tratava de ação real imobiliária, cuja competência é do foro da situação do imóvel, conforme expressamente previsto no Código de Processo Civil. Por conseguinte, determinou a redistribuição do feito para esta Comarca de Acreúna, local de situação dos bens, em decisão proferida em 09 de dezembro de 2024. O autor, por sua vez, manifestou expressa renúncia ao prazo recursal referente a essa decisão de incompetência, com o intuito de acelerar a tramitação processual, e pugnou pela restituição das custas iniciais recolhidas em São Paulo/SP, tendo em vista a necessidade de novo recolhimento na comarca competente. A restituição das custas foi devidamente certificada pela serventia em São Paulo/SP.Os autos foram então redistribuídos e recebidos nesta Comarca de Acreúna/GO em 13 de janeiro de 2025. Após o recebimento, este Juízo proferiu decisão determinando a emenda da inicial, com a juntada da procuração devidamente assinada, o recolhimento das custas iniciais e outros documentos eventualmente necessários à instrução do pedido, sob pena de indeferimento da petição inicial, nos termos dos artigos 319 e 321 do Código de Processo Civil (evento 5).Em resposta à determinação judicial, a parte autora, em petição protocolada no evento 7, procedeu à juntada da procuração atualizada e assinada, bem como formulou pedido de parcelamento das custas judiciais em 10 (dez) parcelas mensais, iguais e sucessivas, sob a alegação de valor excessivo das custas, invocando o artigo 98, § 6º, do Código de Processo Civil.Analisando o pleito de parcelamento, este Juízo proferiu decisão (evento 9) em 15 de janeiro de 2025, deferindo em parte o pedido, autorizando o parcelamento das custas em 08 (oito) vezes iguais, e intimou o autor para promover o pagamento da primeira parcela, no prazo de 15 (quinze) dias, sob pena de extinção do processo. As custas foram parceladas em R$ 6.160,18 (seis mil, cento e sessenta reais e dezoito centavos) cada. O autor comprovou o pagamento das parcelas subsequentes nos eventos 14, 37, 48 e 93.Após a regularização das custas e da representação processual, o autor reiterou os pedidos de tutela de urgência formulados na exordial. Em nova análise da matéria liminar, por decisão proferida em 16 de janeiro de 2025 (evento 16), este Juízo deferiu parcialmente a tutela provisória requerida, determinando a indisponibilidade das matrículas de números 10.622, 10.623 e 10.624, registradas no Cartório de Registro de Imóveis desta Comarca. O deferimento da indisponibilidade foi fundamentado na demonstração do fumus boni iuris (contrato de compra e venda, matrículas atualizadas, termo de quitação) e do periculum in mora (possível intuito de transmissão do patrimônio por parte da pessoa jurídica ré, com riscos a terceiros e à efetividade da decisão final), ressaltando a reversibilidade da medida. Contudo, o pedido de imissão na posse foi novamente indeferido, sob o argumento de que a propriedade do imóvel ainda não pertencia ao requerente, que figurava apenas como promitente comprador, e que a imissão não seria admissível em juízo sumário. Ademais, entendeu-se que o autor não havia demonstrado efetivo óbice ao exercício da posse até aquele momento.Inconformado com o indeferimento da imissão na posse, o autor opôs Embargos de Declaração no evento 21, alegando omissão e contradição na decisão, sustentando que a requerida estaria "tramando transferir a propriedade para uma empresa alheia ao negócio jurídico" e que estaria "usufruindo de um contrato de arrendamento, pelo qual vem obtendo lucros de uma propriedade que não mais lhe pertence". Os referidos embargos, no entanto, não foram conhecidos por este Juízo (evento 23), que entendeu tratar-se de mera rediscussão do mérito e inconformismo da parte com o indeferimento da tutela, não se verificando as hipóteses legais de obscuridade, contradição, omissão ou erro material.Após, o autor interpôs Agravo de Instrumento perante o Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (autos nº 5116968-25.2025.8.09.0002) contra a decisão que indeferiu a imissão na posse, conforme mencionado no evento 27 dos autos principais. A decisão preliminar do Desembargador Kisleu Dias Maciel Filho (evento 27) indeferiu o pedido de efeito suspensivo à imissão na posse, sob o fundamento de que não havia elemento probatório apto a demonstrar o desacerto da decisão combatida e que a indisponibilidade dos bens já afastava o periculum in mora. Posteriormente, a requerida interpôs Embargos de Declaração no Agravo de Instrumento, alegando intempestividade do recurso. O Desembargador Kisleu Dias Maciel Filho, em nova decisão (evento 91), acolheu os Embargos de Declaração com efeitos infringentes, reconhecendo a tempestividade do Agravo de Instrumento (por considerar o prazo a partir da citação válida da parte, que se deu em 07/06/2025), mas manteve o indeferimento do efeito suspensivo para a indisponibilidade, reiterando a ausência de fumus boni iuris para a reversão da medida cautelar de indisponibilidade.Diante da interposição do Agravo Interno no Tribunal de Justiça, o autor, no evento 33, requereu a suspensão do processo principal, com base no artigo 313, inciso V, do Código de Processo Civil, alegando que o julgamento do recurso poderia impactar diretamente o andamento do feito. Contudo, este Juízo indeferiu o pedido de suspensão (evento 35), por entender que o Agravo Interno não configurava causa prejudicial que justificasse a paralisação do processo principal, e que os recursos, em regra, não impedem a eficácia da decisão recorrida, salvo disposição legal ou decisão judicial em sentido diverso.Em petição protocolada no evento 58, o autor apresentou o que denominou de "fato novo" e "impedimento da posse - situação vexatória". Relatou que, em 21 de junho de 2025, a requerida, por intermédio de seu sócio administrador, Fernando Peixoto de Paula Lima, teria acionado reiteradamente a Polícia Militar sob falsas alegações de invasão e furto na propriedade rural objeto da demanda. O autor afirmou que tal conduta visava constranger, intimidar e impedir o exercício de sua posse, gerando um boletim de ocorrência (nº 42331878) e múltiplas visitas policiais, inclusive durante a madrugada, apesar da apresentação de documentos comprobatórios de sua posse. Com base nesse fato superveniente, o autor requereu, em sede de tutela provisória incidental, a imediata imissão na posse dos imóveis, com a expedição de mandado e advertência de multa cominatória diária não inferior a R$ 1.000,00 (mil reais) em caso de nova turbação. Pleiteou, ainda, a proibição de que a requerida, seus prepostos ou terceiros adotassem condutas que perturbassem ou impedissem o pleno exercício da posse, e o reconhecimento da litigância de má-fé da ré.Em face da gravidade das alegações apresentadas, este Juízo designou audiência de justificação prévia para o dia 03 de julho de 2025, às 14h, na modalidade híbrida (presencial e por videoconferência), com fundamento no artigo 562 do Código de Processo Civil, aplicado analogicamente. A finalidade da audiência era colher elementos probatórios mais robustos acerca do alegado fato superveniente e da possível configuração de esbulho ou turbação possessória, em observância aos princípios do contraditório e da ampla defesa, e antes de nova apreciação do pedido de imissão na posse.A requerida apresentou contestação no evento 71, em 01 de julho de 2025, na qual arguiu preliminares e questões de mérito substanciais. Em suas preliminares, a ré alegou irregularidade na representação processual do autor, sustentando que a procuração inicial não estava devidamente firmada e que a patrona do requerente teria atuado previamente como advogada da própria ré em outros feitos, configurando suposto conflito de interesses. Pugnou, inclusive, pelo encaminhamento de ofício ao Tribunal de Ética e Disciplina da OAB/GO para apuração de conduta.A ré arguiu, de forma veemente, a falsidade do “Contrato de Promessa de Compra e Venda”, datado de 28/04/2022, e do “Termo de Quitação”, datado de 30/10/2024, apresentados pelo autor como fundamentos de seus pedidos. Afirmou que jamais firmou tais documentos ou participou de qualquer negociação de venda dos imóveis, e que as assinaturas atribuídas ao seu representante legal, Sr. Fernando Peixoto de Paula Lima, seriam falsificadas, apresentando outras assinaturas autênticas para comparação. Além disso, contestou a ausência de comprovação de pagamento, argumentando que uma transação de R$ 2.000.000,00 não deixaria vestígios financeiros ou contábeis. A requerida também alegou carência de ação do autor por falta de interesse de agir, em virtude da inexistência de um contrato válido e da ausência de prova de recusa na outorga da escritura.No mérito, a requerida defendeu a inexistência do contrato de promessa de compra e venda e do termo de quitação, reiterando a falsidade documental e a desproporção entre o valor de venda (R$ 2.000.000,00) e o valor fiscal dos imóveis (mais de R$ 13.903.946,26), formalizado em escritura pública 42 dias antes da data do alegado contrato, o que seria "menos de um sexto (1/6) do preço". Sustentou, ainda, o vício formal decorrente do descumprimento de seu Estatuto Social, que exigiria a assinatura de dois diretores para alienação de bens imóveis, o que não teria ocorrido no suposto contrato. A ré, para demonstrar a alegada posse legítima e contínua sobre os imóveis, apresentou diversos documentos, como contratos de arrendamento rural (com Naro Agropecuária, Euclides Costenaro e Renato Pires), pagamento de Imposto Territorial Rural (ITR) de 2024 em nome da Utility Agropecuária Ltda. (para a qual os imóveis foram integralizados), Certificado de Cadastro de Imóvel Rural (CCIR) e Cadastro Ambiental Rural (CAR) em seu nome, além de laudo de avaliação dos imóveis em dezembro de 2024.Em relação ao pedido de tutela de urgência do autor, a requerida defendeu a ausência dos requisitos do artigo 300 do CPC, ressaltando que a indisponibilidade dos bens já havia sido deferida e era suficiente para resguardar o processo, tornando desnecessária a imissão na posse. Por fim, requereu a condenação do autor por litigância de má-fé, alegando alteração dolosa da verdade dos fatos e uso indevido do processo, e pugnou pelo cancelamento da audiência de justificação ou, subsidiariamente, pela permissão para produzir provas e arrolar testemunhas na referida audiência.Este Juízo proferiu decisão (evento 74) antes da audiência de justificação, indeferindo o pedido de cancelamento da audiência, mas também indeferindo o pedido da requerida para produzir provas na ocasião, mantendo a finalidade restrita à justificação do autor, com a possibilidade de contradita e reperguntas pela ré. As demais preliminares e o mérito da contestação seriam apreciados em momento posterior.A audiência de justificação foi realizada em 03 de julho de 2025 (evento 82). A tentativa de conciliação restou infrutífera. Foram ouvidos o autor Eduardo Camargo Rochwerger, o representante da requerida Fernando Peixoto de Paula Lima, e a testemunha arrolada pelo autor, Adauto José Chaves Moreira.Após a realização da audiência de justificação, este Juízo proferiu nova decisão em 10 de julho de 2025 (evento 86), indeferindo o pedido de tutela provisória de urgência incidental para a imissão na posse, mantendo a decisão anterior (evento 16) pelos mesmos fundamentos: ausência de comprovação da posse anterior do autor (que teria reconhecido não ter a posse efetiva do imóvel), insuficiência probatória quanto à turbação (BOs não caracterizam por si só a turbação, mas controvérsia), questionamento sobre a validade do contrato de compra e venda (com incidente de falsidade documental suscitado pela ré) e necessidade de maior instrução probatória para dirimir questões fáticas complexas. A análise da litigância de má-fé de ambas as partes foi postergada para momento processual oportuno, e o autor foi intimado para impugnar a contestação.Recentemente, a requerida peticionou nos autos (evento 92), noticiando a atuação da Sra. Raquel, "ex-esposa" do autor, que teria contratado um "ex-funcionário do seu pai, conhecido pela alcunha de 'Zezinho', para que ficasse aqui para ela", em um vídeo em anexo, o que a ré qualificou como atos esbulhatórios. A requerida solicitou que fosse determinado que o autor, a Sra. Raquel ou pessoas por eles contratadas deixassem de praticar qualquer ato de esbulho, com fixação de multa de R$ 20.000,00 para cada dia de esbulho.Por sua vez, o autor também peticionou (evento 93), em 24 de julho de 2025, informando que o Sr. Zezinho "não se encontra mais na propriedade rural e não retornará até a resolução da lide", e alegando que sua presença visava "preservar a casa". O autor solicitou a suspensão do prazo processual por 90 (noventa) dias, nos termos do art. 313, inciso II, do CPC, para possibilitar a formalização de um acordo entre as partes, dada a existência de tratativas extrajudiciais. Juntou, ainda, comprovantes de pagamento das parcelas de custas referentes aos meses de junho e julho de 2025.Os autos vieram conclusos. É o relatório. Decido. Da Possibilidade de Suspensão do ProcessoO artigo 313 do Código de Processo Civil estabelece as hipóteses em que é possível a suspensão do processo, dispondo em seu inciso II que o feito pode ser suspenso "por convenção das partes".A interpretação jurisprudencial consolidada tem reconhecido que a suspensão pode ser deferida mesmo quando requerida por apenas uma das partes, desde que haja elementos concretos que demonstrem a viabilidade de composição amigável e que tal suspensão não cause prejuízos ao andamento processual ou aos direitos das partes envolvidas.No presente caso, o pedido de suspensão encontra respaldo na necessidade de permitir que as partes busquem uma solução consensual para o litígio, o que se alinha com os princípios da economia processual e da busca pela pacificação social, valores fundamentais consagrados no Código de Processo Civil de 2015.Da Análise do Prazo SolicitadoO autor requereu a suspensão pelo prazo de 90 (noventa) dias, fundamentando seu pedido na existência de tratativas extrajudiciais em andamento. Contudo, entendo que tal prazo mostra-se excessivo e desproporcional, sendo mais adequado o prazo de 30 (trinta) dias, considerando-se:Primeiro, que um período de 90 dias seria excessivamente longo e acarretaria em dilação desnecessária do feito, prejudicando a celeridade processual e a efetividade da jurisdição. O prazo de 30 dias, por outro lado, equilibra adequadamente a necessidade de permitir as tratativas com a observância do princípio da duração razoável do processo.Segundo, que o prazo de 30 dias é suficiente para que as partes amadureçam eventuais propostas de acordo, realizem as tratativas necessárias e, caso exitosas, formalizem a composição.Terceiro, que a complexidade da matéria controvertida nos autos - envolvendo alegações de falsidade documental, questões possessórias e valores significativos - recomenda que seja oportunizada às partes a tentativa de solução consensual, evitando-se o prolongamento do litígio.Da Manutenção das Medidas CautelaresÉ importante ressaltar que a suspensão do processo não afeta a eficácia das medidas cautelares já deferidas, permanecendo em vigor a indisponibilidade das matrículas dos imóveis objeto da demanda. Tal medida continua necessária para preservar a efetividade de eventual decisão final, independentemente do resultado das tratativas extrajudiciais.Da Economicidade e Eficiência ProcessuaisA suspensão temporária do feito, neste momento processual, apresenta-se como medida de economia processual justificável. Considerando-se que a contestação já foi apresentada e que as questões preliminares e de mérito envolvem matéria complexa que demandará instrução probatória aprofundada, a pausa nas atividades processuais para permitir tentativa de acordo não causará prejuízo significativo ao andamento do feito.Ademais, a composição amigável, se exitosa, representará significativa economia de recursos públicos, tempo e energia das partes, além de proporcionar solução mais célere e satisfatória para o conflito.DispositivoDiante do exposto, com fundamento no artigo 313, inciso II, do Código de Processo Civil, e considerando os princípios da economia processual e da busca pela composição amigável dos litígios, defiro parcialmente o pedido de suspensão formulado pelo autor, determinando a suspensão do processo pelo prazo de 30 (trinta) dias, contados da intimação desta decisão.Por oportuno, esclareço que:1) Permanecem em pleno vigor as medidas cautelares já deferidas, especialmente a indisponibilidade das matrículas dos imóveis objeto da demanda;2) As partes deverão comunicar a este Juízo o resultado das tratativas extrajudiciais;3) Caso seja formalizado acordo, deverão as partes peticioná-lo nos autos para homologação judicial;4) Transcorrido o prazo de suspensão sem manifestação das partes ou comunicação de êxito nas tratativas, o processo retomará seu curso normal, devendo o autor apresentar impugnação à contestação no prazo legal;5) Eventual pedido de prorrogação do prazo de suspensão deverá ser fundamentado em elementos concretos que demonstrem a efetiva possibilidade de composição e o aproveitamento do tempo concedido para as tratativas.Expeça-se o necessário.Intimem-se. Cumpra-se.Acreúna, datado e assinado digitalmente. Vanessa Ferreira de MirandaJuíza Substituta

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Tiburso Da Cunha x Banco Bradesco S.A e outros

ID: 295608145

Tribunal: TJPA Órgão: Vara Única de Concórdia do Pará Classe: PROCEDIMENTO COMUM CíVEL Nº Processo: 0800567-70.2024.8.14.0105

Data de Disponibilização: 11/06/2025

Polo Ativo:

TIBURSO DA CUNHA

Polo Passivo:

BANCO BRADESCO S.A BINCLUB SERVICOS DE ADMINISTRACAO E DE PROGRAMAS DE FIDELIDADE LTDA BRADESCO CAPITALIZACAO S/A PAULISTA - SERVICOS DE RECEBIMENTOS E PAGAMENTOS LTDA

Sentença

Advogados:

ARTHUR LIMA DA SILVA

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

SAMUEL OLIVEIRA MACIEL

OAB/MG XXXXXX Desbloquear

GUILHERME DA COSTA FERREIRA PIGNANELI

OAB/RO XXXXXX Desbloquear

MARCIO ANDREY ALMEIDA DE OLIVEIRA

OAB/PA XXXXXX Desbloquear

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARÁ JUÍZO DE DIREITO DA VARA ÚNICA DE CONCÓRDIA DO PARA Av. Castelo Branco, s/n, Centro, CEP 68685-000, Concórdia do Pará-PA -----------------------… PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARÁ JUÍZO DE DIREITO DA VARA ÚNICA DE CONCÓRDIA DO PARA Av. Castelo Branco, s/n, Centro, CEP 68685-000, Concórdia do Pará-PA -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- Autos nº 0800567-70.2024.8.14.0105 SENTENÇA 1 - RELATÓRIO Trata-se de AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE NEGÓCIO JURÍDICO POR FRAUDE NA CONTRATAÇÃO c/c PEDIDO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS c/c REPETIÇÃO DE INDÉBITO EM DOBRO ajuizada por TIBURSO DA CUNHA em face de BANCO BRADESCO S/A, BRADESCO CAPITALIZAÇÃO S/A, PAULISTA SERVIÇOS DE RECEBIMENTOS E PAGAMENTOS LTDA (PSERV), BINCLUB SERVIÇOS DE ADMINISTRAÇÃO E DE PROGRAMAS DE FIDELIDADE LTDA, todos qualificados na exordial. Narra a exordial, em síntese, que desde 2019 estão sendo realizadas cobranças indevidas pela parte requerida por produto(s)/serviço(s) não contratado(s) na conta de titularidade do (a) autor (a) no Banco Bradesco S/A, como e TARIFA BANCÁRIA, PESERV, TITULO DE CAPITALIZAÇÃO e BINCLUB. Afirma que fez Reclamação Pré Processual RPP de nº 0800078- 27.2024.8.14.0301 no 7º CEJUSC da Capital, mas não houve acordo. Juntou documentos. Deferida a gratuidade da justiça e determinada a citação do Requerido (Id. 122899096). Contestações apresentadas pelas partes requeridas (Id’s.125409644; 125409645; 136411890; 140920369). Réplicas apresentadas (Id’s 125812283; 125822491). Anunciado o julgamento do feito (Id. 142969266). Manifestação do autor (Id.142580986) e do requerido Banco Bradesco (Id.143746642). Autos conclusos para julgamento. É o, sucinto, relatório. Decido. 2 - DAS PRELIMINARES 2.1 - PRELIMINAR - ILEGITIMIDADE PASSIVA RELATIVA DA INSTITUIÇÃO FINANCEIRA O requerido Banco Bradesco S/A argui a sua ilegitimidade para figurar no polo passivo da presente demanda, pois entende que a relação jurídica é entre a parte autora e instituição que ofereceu o seguro. Não assiste à requerida, haja vista que o autor suscita terem ocorrido descontos em sua conta bancária sem autorização, e, deste modo, ainda que a demanda também verse sobre contrato(s) celebrado(s) com outras instituições, tem-se a responsabilidade solidária da instituição financeira por figurar na cadeia de consumo, nos termos do art. 7º, parágrafo único, e art. 25, §1º, do CDC, motivo pelo qual não merece prosperar o argumento, pelo que, REJEITO a preliminar. 2.2 - DA PRESCRIÇÃO TRIENAL OU QUINQUENAL A requerida suscita como preliminar a ocorrência da prescrição, sob o argumento de que se tratando de irregularidade da contratação, sendo a repetição do indébito e os danos morais meros pedidos consectários, a prescrição ocorre em 3 (três) anos, nos termos do art. 206, § 3°, V, do CC. Por outro lado, eventualmente, a demandada pleiteia a aplicação da prescrição quinquenal, nos termos do art. 27 do Código de Defesa do Consumidor. Nesse contexto, cumpre destacar que a controvérsia dos autos em relação aos requeridos versa sobre a não autorização/contratação de produto/serviço e falha na prestação dos serviços bancários, em decorrência de descontos indevidos, em tese, na conta bancária do Autor o que atrai a incidência do art. 27 do CDC, o qual estabelece prazo prescricional quinquenal. Nesse sentido, oportuno citar os seguintes precedentes: AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO CUMULADA COM REPETIÇÃO DE INDÉBITO E DANOS MORAIS. PRAZO PRESCRICIONAL QUINQUENAL. ART. 27 DO CDC. PRECEDENTES. TERMO INICIAL DA PRESCRIÇÃO. DATA DO ÚLTIMO DESCONTO. ACÓRDÃO EM HARMONIA COM A JURISPRUDÊNCIA DESTA CORTE. SÚMULA N. 83/STJ. AGRAVO INTERNO IMPROVIDO. 1. A jurisprudência sedimentada nesta Corte Superior é no sentido de que, fundando-se o pedido na ausência de contratação de empréstimo com instituição financeira, ou seja, em decorrência de defeito do serviço bancário, aplica-se o prazo quinquenal previsto no art. 27 do Código de Defesa do Consumidor. 2. Em relação ao termo inicial, insta esclarecer que a jurisprudência desta Casa é firme no sentido de que o prazo prescricional para o exercício da referida pretensão flui a partir da data do último desconto no benefício previdenciário. 3. Agravo interno improvido. (AgInt no AREsp n. 1.728.230/MS, relator Ministro Marco Aurélio Bellizze, Terceira Turma, julgado em 8/3/2021, DJe de 15/3/2021.)” (Grifei) AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL. AÇÃO DECLARATÓRIA DE DÉBITO CUMULADA COM REPETIÇÃO DE INDÉBITO E INDENIZATÓRIA POR DANOS MORAIS. FATO DO SERVIÇO. PRESCRIÇÃO QUINQUENAL. TERMO INICIAL APLICÁVEL À PRETENSÃO RESSARCITÓRIA ORIUNDA DE FRAUDE NA CONTRATAÇÃO DE EMPRÉSTIMO EM BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. ÚLTIMO DESCONTO INDEVIDO. SÚMULA 83/STJ. AGRAVO INTERNO A QUE SE NEGA PROVIMENTO. 1.A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça é no sentido de que, em se tratando de pretensão de repetição de indébito decorrente de descontos indevidos, por falta de contratação de empréstimo com a instituição financeira, ou seja, em decorrência de defeito do serviço bancário, aplica-se o prazo prescricional do art. 27 do CDC. 2. O termo inicial do prazo prescricional da pretensão de repetição do indébito relativo a desconto de benefício previdenciário é a data do último desconto indevido. Precedentes. 3. O entendimento adotado pelo acórdão recorrido coincide com a jurisprudência assente desta Corte Superior, circunstância que atrai a incidência da Súmula 83/STJ. 4. Agravo interno a que se nega provimento. (AgInt no AREsp n. 1.720.909/MS, relator Ministro Raul Araújo, Quarta Turma, julgado em 26/10/2020, DJe de 24/11/2020.)” (Grifei) APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DECLARATÓRIA DE NULIDADE/INEXIGIBILIDADE DE DESCONTO EM FOLHA DE PAGAMENTO CUMULADA COM REPETIÇÃO DE INDÉBITO E DANOS MORAIS. PRESCRIÇÃO. PRAZO QUINQUENAL. APLICAÇÃO DO ART. 27 DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. ENTENDIMENTO FIRMADO PELO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. MARCO INICIAL DA PRESCRIÇÃO QUE SE DÁ A PARTIR DO ÚLTIMO DESCONTO REALIZADO NO BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. PRECEDENTES. SENTENÇA MANTIDA. RECURSO CONHECIDO E NÃO PROVIDO. “De acordo com o posicionamento adotado pelo Superior Tribunal de Justiça, o termo inicial do prazo prescricional para pleitear a repetição do indébito com consequente indenização por danos morais, decorrente de descontos indevidos em benefício previdenciário, corresponde à data do último desconto” (TJPR - 15ª C.Cível - 0002826-11.2017.8.16.0154 - Santo Antônio do Sudoeste - Rel.: Desembargador Luiz Carlos Gabardo - J. 01.06.2020). (TJPR - 15ª Câmara Cível - 0002145-82.2020.8.16.0074 - Corbélia - Rel.: DESEMBARGADOR FABIO ANDRE SANTOS MUNIZ - J. 12.06.2021)” (Grifei) Considerando o prazo prescricional quinquenal para pagamento, entretanto, o marco inicial não se dá com a data do ajuizamento da ação, mas com a data do vencimento da última parcela, conforme entendimento preconizado pelo Tribunal de Justiça do Pará, senão vejamos: EMENTA: AGRAVO INTERNO EM APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE RELAÇÃO JURÍDICA C/C REPARAÇÃO POR DANOS MATERIAIS COM REPETIÇÃO DO INDÉBITO E PEDIDO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. INDENIZAÇÃO. PRESCRIÇÃO. PRAZO QUINQUENAL. ART. 27 DO CDC. TERMO INICIAL. DATA DO VENCIMENTO DA ÚLTIMA PARCELA. PRECEDENTES DO STJ. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO. (TJPA – APELAÇÃO CÍVEL – Nº 0800683-08.2020.8.14.0076 – Relator(a): MARGUI GASPAR BITTENCOURT – 1ª Turma de Direito Privado – Julgado em 26/06/2023 ) grifei AGRAVO INTERNO EM APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO ORDINÁRIA. ALEGAÇÃO DE EMPRÉSTIMOS FRAUDULENTOS. DECLARAÇÃO DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO. INDENIZAÇÃO. PRESCRIÇÃO. PRAZO. 05 ANOS. RESPONSABILIDADE PELO FATO DO SERVIÇO. ART. 27 DO CDC. TERMO INICIAL. DATA DO VENCIMENTO DA ÚLTIMA PARCELA. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO." (TJPA. Ag. Int. nº. 0000267-48.2018.8.14.0107. Rel. Des. Constantino Augusto Guerreiro. Julgado em 02/12/2021) grifei EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL – AÇÃO MONITÓRIA – PRESCRIÇÃO QUINQUENAL – NÃO OCORRÊNCIA – RECURSO A QUE SE DÁ PROVIMENTO. I – CASO EM EXAME: 1. Recurso de APELAÇÃO interposto por Banco Cruzeiro do Sul S.A (PJe ID nº 9650953), em face da sentença proferida pelo Juízo de Direito da 15ª Vara Cível e Empresarial da Comarca de Belém-PA que julgou extinta e com resolução do mérito a Ação Monitória. Alega o recorrente que a presente ação foi ajuizada 26/01/2021, antes do prazo previsto no Artigo 206, parágrafo 5º, inciso, do Código Civil, afastando desde já qualquer hipótese de prescrição. II – QUESTÃO EM DISCUSSÃO: 2. Cinge-se a pretensão recursal na alegação de não ocorrência da prescrição quinquenal no presente caso. III – RAZÕES DE DECIDIR 3. No caso dos autos, as partes, aos dias 03/02/2011, por livre e espontânea vontade, celebraram o contrato 468185739, onde o recorrido recebeu R$ 10.297,47, para posterior pagamento em 60 prestações de R$ 298,00, com data de início dos pagamentos em 07/03/2011 e término 07/02/2016. Assim, uma vez que a presente ação ordinária foi proposta 26/01/2021, permito-me concluir que o prazo prescricional quinquenal não foi atingido. IV – DISPOSITIVO 5. Recurso conhecido e provido. (TJPA – APELAÇÃO CÍVEL – Nº 0807547-32.2021.8.14.0301 – Relator(a): MARGUI GASPAR BITTENCOURT – 2ª Turma de Direito Privado – Julgado em 21/01/2025 ) Nesse sentido é o entendimento do Superior Tribunal de Justiça: AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL. AÇÃO DECLARATÓRIA DE DÉBITO CUMULADA COM REPETIÇÃO DE INDÉBITO E INDENIZATÓRIA POR DANOS MORAIS. FATO DO SERVIÇO. PRESCRIÇÃO QUINQUENAL. TERMO INICIAL APLICÁVEL À PRETENSÃO RESSARCITÓRIA ORIUNDA DE FRAUDE NA CONTRATAÇÃO DE EMPRÉSTIMO EM BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. ÚLTIMO DESCONTO INDEVIDO. SÚMULA 83/STJ. AGRAVO INTERNO A QUE SE NEGA PROVIMENTO. 1. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça é no sentido de que, em se tratando de pretensão de repetição de indébito decorrente de descontos indevidos, por falta de contratação de empréstimo com a instituição financeira, ou seja, em decorrência de defeito do serviço bancário, aplica-se o prazo prescricional do art. 27 do CDC. 2. O termo inicial do prazo prescricional da pretensão de repetição do indébito relativo a desconto de benefício previdenciário é a data do último desconto indevido. Precedentes. 3. O entendimento adotado pelo acórdão recorrido coincide com a jurisprudência assente desta Corte Superior, circunstância que atrai a incidência da Súmula 83/STJ. 4. Agravo interno a que se nega provimento. (STJ - AgInt no AREsp 1720909/MS, Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, QUARTA TURMA, julgado em 26/10/2020, DJe 24/11/2020). grifei AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO CUMULADA COM REPETIÇÃO DE INDÉBITO E DANOS MORAIS. PRAZO PRESCRICIONAL QUINQUENAL. ART. 27 DO CDC. PRECEDENTES. TERMO INICIAL DA PRESCRIÇÃO. DATA DO ÚLTIMO DESCONTO. ACÓRDÃO EM HARMONIA COM A JURISPRUDÊNCIA DESTA CORTE. SÚMULA N. 83/STJ. AGRAVO INTERNO IMPROVIDO. 1. A jurisprudência sedimentada nesta Corte Superior é no sentido de que, fundando-se o pedido na ausência de contratação de empréstimo com instituição financeira, ou seja, em decorrência de defeito do serviço bancário, aplica-se o prazo quinquenal previsto no art. 27 do Código de Defesa do Consumidor. 2. Em relação ao termo inicial, insta esclarecer que a jurisprudência desta Casa é firme no sentido de que o prazo prescricional para o exercício da referida pretensão flui a partir da data do último desconto no benefício previdenciário. 3. Agravo interno improvido. (AgInt no AREsp n. 1.728.230/MS, relator Ministro Marco Aurélio Bellizze, Terceira Turma, julgado em 8/3/2021, DJe de 15/3/2021.) Considerando que os últimos descontos apontam para os anos de 2023, enquanto que a ação foi ajuizada em 07/08/2024, entendo que não há que se falar em prescrição, pois não transcorreu o prazo de 5 anos. Assim sendo, deixo de reconhecer a ocorrência da prescrição, pelo que, REJEITO a preliminar. 2.3 - DA CARÊNCIA DA AÇÃO – AUSÊNCIA DE PRETENSÃO RESISTIDA INOCORRÊNCIA DE TENTATIVA DE SOLUÇÃO EXTRAJUDICIAL DO CONFLITO Argui a parte demandada que o autor ajuizou a ação sem tentar resolver administrativamente a questão. Isso porque não acionou os canais de atendimento da requerida, o que corrobora o aceite e reconhecimento das transações realizadas. Na hipótese, a jurisprudência do Tribunal de Justiça do Pará entende pela desnecessidade de demonstrar a pretensão resistida como condição para a parte ingressar em juízo, senão vejamos: EMENTA. APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO ANULATÓRIA DE DÉBITO. EMPRÉSTIMO CONSIGNADO. PROCESSO EXTINTO SEM JULGAMENTO DO MÉRITO. DESNECESSIDADE DE DEMONSTRAR PRETENSÃO RESISTIDA. NULIDADE DA SENTENÇA. 1. Não é necessário o esgotamento ou mesmo o requerimento administrativo prévio para comprovar a pretensão resistida como condição para a parte ingressar em juízo, a fim de discutir sobre a existência de fraude na contratação de empréstimo consignado; 2. Recurso conhecido provido. (TJPA – APELAÇÃO CÍVEL – Nº 0800107-65.2020.8.14.0124 – Relator(a): ALEX PINHEIRO CENTENO – 2ª Turma de Direito Privado – Julgado em 03/10/2023) Deste modo, com fundamento na jurisprudência do Tribunal de Justiça, REJEITO a preliminar. 2.4 - DA FALTA DE INTERESSE DE AGIR A PSERV arguiu ser improcedente a ação, pois os descontos são devidos, entretanto REJEITO a preliminar por confundir-se com o mérito. 3 - MÉRITO Seguindo-se o julgamento antecipado da lide, observa-se que processo em epígrafe tem como discussão matéria atinente unicamente a questões jurídicas, inexistindo necessidade de dilação probatória. O art. 355 do CPC assim estabelece: Art. 355. O juiz julgará antecipadamente o pedido, proferindo sentença com resolução de mérito, quando: I – não houver necessidade de produção de outras provas; No caso em tela, as partes foram devidamente intimadas acerca do anúncio de julgamento do feito. Com efeito, o julgamento antecipado da lide não afronta o princípio do contraditório e da ampla defesa, nem fere o dever de cooperação processual quando a prova documental for suficiente para a busca da verdade. Pois bem, inicialmente cumpre aduzir que a controvérsia em debate deve ser solucionada sob o prisma do sistema jurídico autônomo instituído pelo Código de Defesa do Consumidor, o qual regulamenta o direito fundamental de proteção do consumidor, previsto no art. 5º, XXXII, da Constituição Federal. Sob esse prisma, quando a alegação do consumidor for verossímil, razoável diante da experiência comum, o art. 6º, VIII, do Código de Defesa do Consumidor estabelece o seguinte: Art. 6º São direitos básicos do consumidor: (...) VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências; Logo, a incumbência de provar que não forneceu produto e/ou serviço sem qualquer vício ou defeito passa a ser do fornecedor, considerando-se ainda sua responsabilidade objetiva. No caso concreto, o cerne da demanda, em síntese, refere-se a discussão acerca da cobrança/descontos na conta bancária do autor no Banco Bradesco S/A, cuja contratação do(s) serviço(s)/produto(s) alega desconhecer. A título de ressarcimento em dobro pelo dano material suscitado, a demandante aduz na exordial o seguinte (Id. 122595110 - Pág. 15): A Demandada BANCO BRADESCO S/A, por efetuar nos anos de 2019 a 2021 descontos abusivos e indevidos em sua conta por parte do BANCO BRADESCO S/A a titulo de TARIFA BANCÁRIA CESTA B. EXPRESSO1 em valores variados que começaram com R$ 20,12 (vinte reais e doze centavos), e encerraram com o valor de R$ 44,50 (quarenta e quatro reais e cinqüenta centavos), por serviço / produto não contratado, os quais atualizados conforme planilha de cálculos em anexo totaliza o valor de R$ 2.191,04 (dois mil cento e noventa e um reais e quatro centavos), devendo RESTITUIR os valores descontados indevidamente com REPETIÇÃO DE INDÉBITO EM DOBRO no valor de R$ 4.382,08 (quatro mil trezentos e oitenta e dois reais e oito centavos), acrescidos de juros e correção monetária a partir do evento danoso, consoante o art. 42 do CDC, art. 398 do CC, e as Súmulas 43 e 54 do STJ. Em relação à Demandada BRADESCO CAPITALIZACAO S/A, o BANCO BRADESCO S/A de forma SOLIDÁRIA, por efetuar no dia 31/07/2019 descontos abusivos e indevidos na conta da parte autora, a titulo de TITULO DE CAPITALIZAÇÃO, serviço / produto não contratado, no valor de R$ 400,00 (quatrocentos reais), o qual atualizado conforme planilha de cálculos anexa totaliza o valor de R$ 792,11 (setecentos e noventa e dois reais e onze centavos), devendo RESTITUIR os valores descontados indevidamente com REPETIÇÃO DE INDÉBITO EM DOBRO no valor de R$ 1.584,22 (mil quinhentos e oitenta e quatro reais e vinte e dois centavos), acrescidos de juros e correção monetária a partir do evento danoso, consoante o art. 42 do CDC, art. 398 do CC, e as Súmulas 54 e 43 do STJ. PAULISTA SERVIÇOS DE RECEBIMENTOS E PAGAMENTOS LTDA (PSERV), o BANCO BRADESCO S/A de forma SOLIDÁRIA, por efetuar desde 29/05/2023 até a presente data, descontos abusivos e indevidos na conta da parte autora a titulo PSERVE, por serviço / produto não contratado, no valor mensal de R$ 59,25 (cinqüenta e nove reais e vinte e cinco centavos), os quais atualizados conforme planilha de cálculos anexa totaliza o valor de R$ 492,25 (duzentos e quarenta e nove reais e setenta e dois centavos), devendo RESTITUIR os valores descontados indevidamente com REPETIÇÃO DE INDÉBITO EM DOBRO no valor de R$ 984,50 (novecentos e oitenta e quatro reais e cinqüenta centavos), acrescidos de juros e correção monetária a partir do evento danoso, consoante o art. 42 do CDC, art. 398 do CC, e as Súmulas 54 e 43 do STJ. E por fim com relação à Demandada BINCLUB SERVIÇOS DE ADMINISTRAÇÃO E DE PROGRAMAS DE FIDELIDADE LTDA, o BANCO BRADESCO S/A de forma SOLIDÁRIA, por efetuar desde 25/04/2023 até a presente data descontos abusivos e indevidos na conta da parte autora a titulo BINCLUB, por serviço / produto não contratado, os quais começaram no valor mensal de R$ 61,90 (sessenta e um reais e noventa centavos), e atualmente o valor do desconto é de R$ 74,90 (setenta e quatro reais e noventa centavos), os quais atualizados conforme planilha de cálculos anexa totaliza o valor de R$ 556,62 (quinhentos e cinqüenta e seis reais e sessenta e dois centavos), devendo RESTITUIR os valores descontados indevidamente com REPETIÇÃO DE INDÉBITO EM DOBRO no valor de R$ 1.113,24 (mil cento e treze reais e vinte e quatro centavos), acrescidos de juros e correção monetária a partir do evento danoso, consoante o art. 42 do CDC, art. 398 do CC, e as Súmulas 54 e 43 do STJ. Quanto ao dano moral, o autor argumenta que (Id.122595110 - Pág. 21): Com relação à Demandada BANCO BRADESCO S/A, por efetuar descontos indevidos e abusivos sem autorização na conta da parte autora, a titulo de tarifa bancária, tem o dever de indenizar pelos danos morais suportados ao longo dos anos o valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), pelo grau de reprovação de suas condutas; Com relação à Demandada BRADESCO CAPITALIZAÇÃO S/A, e o BANCO BRADESCO S/A de forma SOLIDÁRIA, por efetuar no dia 31/07/2019 descontos abusivos e indevidos na conta da parte autora, tem o dever de indenizar pelos danos morais suportados ao longo dos anos o valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), pelo grau de reprovação de suas condutas; Com relação à Demandada PAULISTA SERVIÇOS DE RECEBIMENTOS E PAGAMENTOS LTDA (PSERV), e o BANCO BRADESCO S/A de forma SOLIDÁRIA, por efetuar desde 29/05/2023 até a presente data, descontos abusivos e indevidos na conta da parte autora tem o dever de indenizar pelos danos morais suportados ao longo dos anos o valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), pelo grau de reprovação de suas condutas; Por fim, com relação a Demandada BINCLUB SERVIÇOS DE ADMINISTRAÇÃO E DE PROGRAMAS DE FIDELIDADE LTDA, por efetuar descontos indevidos e abusivos sem autorização na conta da autora, tem o dever de indenizar pelos danos morais suportados ao longo dos anos o valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), pelo grau de reprovação de suas condutas; A título de comprovação o autor junta aos autos extratos bancários, nos quais se observa a indicação de descontos relativos à TARIFA BANCÁRIA, PESERV, TITULO DE CAPITALIZAÇÃO e BINCLUB. O BANCO BRADESCO S/A, em sua contestação, alega o seguinte a respeito da TARIFA BANCÁRIA CESTA B. EXPRESSO2(Id.125409644 - Pág. 4): Assim, o Banco Bradesco apenas intermedia o pagamento entre a seguradora e a parte autora. Destaque-se que a Resolução n. 4649/2018 do Banco Central veda que os Bancos impeçam débitos autorizados pelo titular da conta Ora, trata-se do caso em tela. a parte Requerente contratou seguro, autorizando o desconto dos prêmios diretamente em sua conta corrente. Dessa forma, visto que foi autorizado pelo próprio titular da conta, o Banco tão somente efetua a cobrança, realizando o repasse do valor. Assim, é evidente que o Banco requerido atua como mero prestador de serviços, não podendo ser responsabilizado por suposto abalo que não deu causa, pois não há nexo de causalidade entre a conduta do Requerido e o dano sofrido alegado pelo autor. Dessa forma, os incômodos e constrangimentos causados a parte autora em virtude do desconto, não tem qualquer relação com a conduta da Requerida, ao contrário, a Requerida apenas intermediou o pagamento. (…) A cobrança de tarifas bancárias é regulada por meio da Resolução n. 3.919/2010 do Banco Central. Em seu art. 2º, tal resolução apresenta vedação à cobrança dos serviços denominados essenciais, descrevendo-os expressamente. Assim, ao serviço que, nos termos da resolução, não for denominado essencial, é permitido a cobrança de tarifa bancária. Por exemplo, quanto aos saques, a aludida resolução prevê como essencial a realização de até quatro saques por mês em guichê de caixa. A partir do quinto saque, a cobrança de tarifa é permitida. Por esta razão, e atendendo ao disposto no art. 6º da sobredita resolução, o Banco Bradesco optou pela criação de pacotes de serviços “não essenciais”, os quais proporcionam considerável economia mensal, posto que, se cobrado o valor individualizado das operações que o integram, o custo seria bastante superior ao valor da tarifa correspondente ao pacote. Vejamos, por exemplo, a Cesta Classic (tabela em anexo), cuja soma dos valores avulsos das operações que o integram corresponde a R$ 180,25, sendo cobrado pela mesma o valor mensal de R$ 49,90, o que proporciona ao titular da conta uma economia mensal de R$ 130,25 para acesso a todos os serviços que a integra. O BRADESCO CAPITALIZAÇÃO S/A, em sua contestação, alega o seguinte a respeito da TÍTULO DE CAPITALIZAÇÃO (Id. 125409645 - Pág. 3): Certo é que o Requerente contratou o título de capitação “Pé Quente Bradesco”. Trata-se de título de capitalização que tem por objetivo restituir ao titular, ao final do prazo de vigência, no mínimo, o valor total do pagamento efetuado pelo subscritor, independentemente da atualização monetária devida. Conforme as condições gerais, o cliente efetua pagamentos mensais durante o período contratado e a mensalidade será corrigida anualmente pelo IGPM e antecipado é proporcional ao valor pago e será atualizado pela TR aplicada às cadernetas de poupança. Nobre Magistrado, quando o cliente procura o Banco para realizar um negócio jurídico, os funcionários OFERECEM outros serviços que, por eventualidade, possam interessá-lo. Contudo, o Banco, tampouco os seus colaboradores, têm o poder de obrigar a qualquer pessoa contratar qualquer serviço, posto que, para que a relação jurídica seja válida, é imprescindível o acordo de vontade das partes. A PAULISTA-SERVIÇOS DE RECEBIMENTOS E PAGAMENTOS LTDA, em sua contestação, alega o seguinte a respeito da PESERV (Id. 136411890 - Pág. 3): A empresa ré vem esclarecer que realizou a cobrança dos descontos na conta da requerente mediante a contratação de seus serviços pela empresa INVESTSUL PRESTADORA DE SERVICOS CONVENIADOS LTDA que é responsável pela administração da apólice de seguro contratado pela parte requerente. Também vem a esse juízo esclarecer que os descontos foram efetuados somente após a apresentação da contratação do seguro entre a parte autora e a seguradora. Vale ressaltar que a empresa PAULISTA - SERVICOS DE RECEBIMENTOS E PAGAMENTOS LTDA atua como mera intermediadora, ou seja, apenas realiza a cobrança dos valores acertados entre a INVESTSUL PRESTADORA DE SERVIÇOS C. LTDA e seu cliente, ou seja, mediante autorização do consumidor (a). Em que pese as empresas possuírem personalidades jurídicas distintas, ambas atuam de forma organizada em busca de interesses comuns, trabalhando em conjunto, sendo a empresa INVESTSUL responsável pela administração da apólice do seguro contratado pelo requerido, ao passo que a empresa PAULISTA SERVIÇOS DE RECEBIMENTOS E PAGAMENTOS LTDA, é mera intermediaria, sendo ela responsável pelas cobranças. A requerida entende ser necessário esclarecer que nunca recebeu qualquer pedido de cancelamento vindo de seu cliente, uma vez que a própria segurada ao fornecer toda a documentação, não juntou nenhuma prova ou protocolo do contato com a seguradora. Caso tivesse sido solicitada, de forma imediata a empresa iria requerer que todos os descontos fossem cessados. A BINCLUB SERVIÇOS DE ADMINISTRAÇÃO E DE PROGRAMAS DE FIDELIDADE LTDA, em sua contestação, alega o seguinte a respeito da BINCLUB (Id.125409644 - Pág. 4): Ao contrário do alegado nos autos, a parte Autora efetuou a contratação do Clube de Benefícios por meio de instrumento físico assinado (doc. Anexo), que comprova a manifesta concordância da parte Autora, inexistindo qualquer irregularidade na contratação ou justificativa para que se alegue desconhecimento ou não concordância aos termos contratados. Vale observar que a parte Autora apôs assinatura no instrumento da contratação que corresponde à mesma constante dos documentos que apresentou nos autos, o que corrobora a regularidade da contratação. Como se vê, a semelhança das assinaturas apostas pela parte Autora no instrumento contratual e em seus documentos pessoais corroboram a legitimidade do vínculo contratual estabelecido, o que afasta a verossimilhança das alegações da parte Autora. Prosseguindo a análise, o banco requerido em sede de contestação afirma que o autor contratou a “TARIFA BANCÁRIA CESTA B. EXPRESSO1” e as demais tarifas com terceiros. Para tanto, indica a utilização dos serviços bancários que ultrapassaram os serviços essenciais previstos no art. 2º da Resolução n. 3.919/2010 do Banco Central. Conforme dispõe a Resolução nº 3.919/2010 do Banco Central do Brasil, art. 1º: Art. 1º A cobrança de remuneração pela prestação de serviços por parte das instituições financeiras e demais instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil, conceituada como tarifa para fins desta resolução, deve estar prevista no contrato firmado entre a instituição e o cliente ou ter sido o respectivo serviço previamente autorizado ou solicitado pelo cliente ou pelo usuário. Em linhas gerais, a demandada comprova que os serviços foram contratados pelo autor. Ademais, com relação aos descontos relativos a seguros e título de capitalização das demais requeridas, afirma que apenas realiza os descontos autorizados pelo cliente, ora autor. Dessa forma, repito, observa-se que, no caso concreto, cinge-se a controvérsia acerca da contratação de tarifa bancária ofertada pela demandada. Após detida análise dos autos, não verifico elementos que justifiquem a procedência da pretensão autoral. Com efeito, as instituições financeiras, no exercício regular da atividade bancária, estão autorizadas a cobrar tarifas referentes à manutenção de conta-corrente, pacotes de serviços e operações bancárias, desde que efetivamente contratadas e utilizadas pelo correntista. No caso dos autos, o próprio autor juntou os extratos bancários (Id.122596841 e seguintes), que demonstram a grande movimentação na conta bancária, com vários saques, compras no cartão de débito, transferências via TED, emissão de extrato, cartão de crédito e contratação de crédito pessoal. Isso tudo demonstra que os serviços foram utilizados pelo autor, o que justifica a cobrança da tarifa bancária. Nos termos da Resolução nº 3.919/2010,em seu artigo estabelece a cobrança de tarifa pela prestação de serviço, senão vejamos: Art. 3º A cobrança de tarifa pela prestação de serviços prioritários a pessoas naturais deve observar a lista de serviços, a padronização, as siglas e os fatos geradores da cobrança estabelecidos na Tabela I anexa a esta Resolução, assim considerados aqueles relacionados a: I - cadastro; II - conta de depósitos; III - transferência de recursos; IV - operação de crédito e de arrendamento mercantil; V - cartão de crédito básico; e VI - operação de câmbio manual para compra ou venda de moeda estrangeira relacionada a viagens internacionais. Desta feita, restou evidenciado que o pacote de serviços foi efetivamente utilizado pelo autor. Ademais, a quantidade de transações bancárias extrapola o limite os serviços isentos previstos no art. 2º da Res. n. 3.919/2010 do Banco Central. O banco requerido afirma que as contratações foram todas realizadas pelo autor, sendo lícita a cobrança da tarifa, pois remunera o banco pelos serviços efetivamente realizados. Nesse desiderato, a jurisprudência do Tribunal de Justiça do Estado do Pará tem se posicionado no sentido de julgar improcedentes as ações em que se observa que o correntista utilizou os serviços da conta-corrente, senão vejamos: APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DECLARATÓRIA DE NULIDADE NA CONTRATAÇÃO. INOCORRÊNCIA. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DOS FATOS ALEGADOS NA INICIAL. PROVA DA UTILIZAÇÃO DO SERVIÇO BANCÁRIO NA INTEGRALIDADE. IMPROCEDÊNCIA DA PRETENSÃO AUTORAL. LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ DA PARTE AUTORA CONFIRMADA. VIOLAÇÃO DA BOA-FÉ PROCESSUAL. RECURSO CONHECIDO E NÃO PROVIDO. 1. Não é aceitável que a parte autora, após se valer do serviço bancário disponibilizado durante quatro anos, venha alegar, de forma muito conveniente, que não contratou o serviço e que os valores cobrados são indevidos, sustentando desconhecimento da negociação entabulada. 2. Mantém-se a condenação da parte autora por litigância de má-fé quando se verifica que a mesma utilizou-se do judiciário para conseguir objetivo ilegal, visando à declaração de nulidade de serviços por ela utilizados, buscando ainda indenização por danos morais. 3. Recurso Conhecido e Não Provido. De Ofício reduzida a multa de litigância de má fé de 5% para 2% do valor da causa. (Número do Acórdão 16312749 TJPA – APELAÇÃO CÍVEL – Nº 0015328-46.2018.8.14.0107 – Relator(a): AMILCAR ROBERTO BEZERRA GUIMARAES – 2ª Turma de Direito Privado – Julgado em 12/09/2023). Para melhor elucidar a questão, entendo como pertinente o destaque de trecho do Acórdão 16312749 supracitado, proferido pelo Desembargador Relator AMILCAR ROBERTO BEZERRA GUIMARÃES, verbis: Ressalto, que a autora ajuizou a ação decorrido mais de cinco anos após o início da utilização voluntária dos serviços disponibilizados pelo banco o que gera, no mínimo, certa estranheza quanto à alegada inexistência da negociação indicada, pois restou demonstrado que a parte consumidora possuía plena ciência da relação bancária existente. O longo período de utilização do serviço, aliado aos documentos colacionados nos autos, não deixa dúvidas quanto a sua existência e validade. Como se vê, a sentença vergastada que julgou improcedente o pleito exordial está corretamente fundamentada na ausência de demonstração de nulidade ou vício de consentimento, bem como se baseia, principalmente, na demonstração da utilização inequívoca do serviço disponibilizado pelo apelado à apelante em sua conta bancária. Além disso, caberia a parte autora, caso não concordasse com a cobrança dos serviços oferecidos, ter solicitado o cancelamento da contratação, fato que nunca ocorreu. Dessa forma, restou demonstrado que a negociação foi, de fato, aceita pela recorrente quando fez uso do serviço e dos créditos disponibilizados, não merecendo prosperar a pretensão da recorrente. Nesse sentido é a jurisprudência pátria: AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO CUMULADA COM REPETIÇÃO DE INDÉBITO E DANOS MORAIS – Tarifa bancária – Descontos mensais em conta-corrente – Regularidade – Tarifa por pacote de serviços contratados – Ausência de ilegalidade – Débito decorrente de cláusula contratual expressa e aceitação do serviço pelo consumidor – Ausência de ato ilícito – Sentença de improcedência mantida – Recurso improvido." (TJSP - Apelação Cível 1001151-62.2022.8.26.0577, Rel. Des. Viviani Nicolau, 13ª Câmara de Direito Privado, j. 09/11/2023, DJe 10/11/2023). APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DECLARATÓRIA DE NULIDADE NA CONTRATAÇÃO. INOCORRÊNCIA. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DOS FATOS ALEGADOS NA INICIAL. PROVA DA UTILIZAÇÃO DO SERVIÇO DE TARIFA BANCÁRIA POR 10 ANOS. ACEITAÇÃO TÁCITA. IMPROCEDÊNCIA DA PRETENSÃO AUTORAL. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO. (TJPA – APELAÇÃO CÍVEL – Nº 0803398-37.2023.8.14.0005 – Relator(a): AMILCAR ROBERTO BEZERRA GUIMARAES – 2ª Turma de Direito Privado – Julgado em 04/06/2024). Sobre a contratação de seguros e título de capitalização com as demais requeridas, vejamos o que diz a jurisprudência: DIREITO CIVIL. EMPRÉSTIMO CONSIGNADO. DECLARAÇÃO DE INEXISTÊNCIA DE RELAÇÕES JURÍDICAS CONTRATUAIS. I. CASO EM EXAME: A parte autora alega descontos em seu benefício previdenciário, decorrentes de empréstimo consignado, e impugna a contratação. O banco réu defende a regularidade da contratação. A ação foi julgada improcedente, recorrendo a parte autora para a procedência total da ação. II. QUESTÃO EM DISCUSSÃO: (i) identificar se houve cerceamento de defesa; e (ii) determinar se restou comprovada a validade da contratação. III. RAZÕES DE DECIDIR: (i) Cerceamento de defesa. Inocorrência. Elementos dos autos suficientes para o deslinde da controvérsia. Desnecessidade de prova pericial. Juiz é o destinatário da prova e pode indeferir diligências protelatórias. (ii) A parte ré apresentou documentos comprovando a contratação, incluindo cédula de crédito bancária, selfie da apelante e extrato da operação. Geolocalização de endereço próximo à residência da parte autora. Validade do contrato eletrônico. Artigos 2º, 3º, III e 5º da Instrução Normativa INSS/PRES nº 28, de 16 de maio de 2008. A selfie é considerada assinatura válida, conforme a Medida Provisória n. 2.200-2/2001, que admite outros meios de comprovação de autoria e integridade de documentos eletrônicos. Delonga no ajuizamento da ação. Comportamento contraditório da parte autora. Legítima expectativa na parte contrária de conformidade e consentimento. Deslegitimação da insurgência. "Supressio". Fraude de terceiro não evidenciada. Legalidade da operação bancária de contratação de empréstimo consignado. A contratação é legítima e o contrato é válido, não havendo base para indenização por danos materiais ou morais. IV. DISPOSITIVO: Recurso desprovido. (TJSP; Apelação Cível 1077023-59.2024.8.26.0100; Relator (a): Paulo Toledo; Órgão Julgador: Núcleo de Justiça 4.0 em Segundo Grau – Turma III (Direito Privado 2); Foro Central Cível - 2ª Vara Cível; Data do Julgamento: 09/06/2025; Data de Registro: 09/06/2025) APELAÇÃO CÍVEL E ADESIVA. AÇÃO DECLARATÓRIA DE NULIDADE DE RELAÇÃO JURÍDICA C/C REPETIÇÃO DE INDÉBITO E INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. PARCIAL PROCEDÊNCIA NA ORIGEM. PRELIMINAR DE PRESCRIÇÃO SUSCITADA PELO BANCO. ACOLHIDA EM PARTE. ÚLTIMO DESCONTO DA TARIFA REFERENTE À ANUIDADE DE CARTÃO DE CRÉDITO OCORRIDA HÁ MAIS DE CINCO DA PROPOSITURA DA AÇÃO. IMPROCEDÊNCIA. MÉRITO. evidenciada a regularidade dos descontos EM RELAÇÃO AO TÍTULO DE CAPITALIZAÇÃO. PROVA DE RESGATE DO VALOR. CARACTERIZAÇÃO DA ANUÊNCIA DA AUTORA EM RELAÇÃO A ESSE SERVIÇO BANCÁRIO. AFASTADA A CONDENAÇÃO EM LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ ANTE A FALTA DE ELEMENTOS QUE INDIQUEM DOLO DA PARTE AUTORA EM ALTERAR A VERDADE DOS FATOS MINISTÉRIO PÚBLICO INFORMOU DESNECESSIDADE DE SUA INTERVENÇÃO. recurso do banco conhecido e PROVIDO. ÀUNANIMIDADE E APELAÇÃO ADESIVA dA autorA conhecidA e parcialmente providA. à unanimidade. 1. Preliminar de prescrição arguida pelo Banco. No caso dos autos, restou evidenciada a ocorrência de prescrição apenas em relação às cobranças de anuidade de cartão de crédito, posto que o último desconto se efetivou em 05/10/2016 e a propositura da ação se deu em 29/03/2022, ou seja, depois do transcurso de mais de cinco anos. Preliminar acolhida em parte para, em razão da prescrição, julgar improcedente o pedido inicial referente à declaração de inexistência de relação jurídica atinente à anuidade de cartão de crédito, nos termos do art. 487, II do CPC. 2. Mérito. A controvérsia recursal gira em torno da regularidade ou não das cobranças referente ao título de capitalização. 3.A instrução desenvolvida no processo permite concluir pela legitimidade dos descontos, pois, não obstante ausência do termo de adesão ao título de capitalização, nota-se, pelos extratos que instruíram a inicial, que a própria requerente, no dia 05/03/2020, efetuou resgate do título que afirmou desconhecer no montante de R$580,53. Soma-se a isso, o fato de os abatimentos ocorrerem ao longo de quatro anos seguidos, demonstrando sua anuência em relação à contratação do título de capitalização. 4. Afastada a condenação em litigância de má-fé da autora ante a falta de elementos que indiquem dolo da parte autora em alterar a verdade dos fatos. 5. Recurso do Banco conhecido e provido para, nos termos do art. 487, I, CPC, julgar improcedente o pleito em relação ao título de capitalização. Recurso adesivo da autora conhecido e parcialmente provido para apenas e tão somente afastar a litigância de má-fé. À unanimidade. (TJPA – APELAÇÃO CÍVEL – Nº 0800294-84.2022.8.14.0130 – Relator(a): RICARDO FERREIRA NUNES – 2ª Turma de Direito Privado – Julgado em 02/04/2024 ) APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO C/C REPETIÇÃO DE INDÉBITO E DANOS MORAIS. TARIFA BRADESCO VIDA E PREVIDÊNCIA. PARCIAL PROCEDÊNCIA NA ORIGEM. REGULARIDADE DA CONTRATAÇÃO DEMONSTRADA PELO BANCO. MINISTÉRIO PÚBLICO OPINOU PELA MANUTENÇÃO DA SENTENÇA. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO À UNANIMIDADE. 1. A instrução processual desenvolvida na demanda, permitiu concluir pela regularidade da contratação e, por via de consequência, da inexistência de fraude, especialmente diante da apresentação de contrato contendo a assinatura da parte autora e documentos pessoais apresentados no momento da celebração do negócio jurídico, bem como prova da disponibilização do valor do mútuo. 2. A tese do Superior Tribunal de Justiça fixada no TEMA 1061 não implica na imperiosidade da realização da perícia grafotécnica. De fato, ela é a ideal para dirimir a questão da autenticidade, porém é possível que, por outros meios de prova, o Banco possa provar a veracidade da assinatura, tal como ocorreu no presente caso, motivo pelo qual divirjo do parecer ministerial. 3. Recurso conhecido e provido, à unanimidade. (TJPA – APELAÇÃO CÍVEL – Nº 0800141-91.2021.8.14.0031 – Relator(a): RICARDO FERREIRA NUNES – 2ª Turma de Direito Privado – Julgado em 05/03/2024 ) Ementa: DUAS APELAÇÕES CÍVEIS. AÇÃO DECLARATÓRIA DE NULIDADE DE RELAÇÃO JURÍDICA C/C REPETIÇÃO DE INDÉBITO E INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. DEMONSTRADA REGULARIDADE DA CONTRATAÇÃO. APRESENTAÇÃO DO CONTRATO DE SEGURO QUE ENSEJOU OS DESCONTOS. RECURSO DO BANCO PROVIDO E DO AUTOR PREJUDICADO. I. CASO EM EXAME 1. A discussão dirá em torno da regularidade da contratação de seguro entre as partes. II. QUESTÃO EM DISCUSSÃO 2. A instrução processual permite concluir pela regularidade do negócio jurídico firmado (contrato de seguro) e, por consequência, pela inexistência de fraude, especialmente diante da apresentação do contrato contendo a assinatura da parte autora. III. RAZÕES DE DECIDIR 3. Constatando a pactuação de contrato de seguro firmado entre as partes, não há que se falar em fraude. 4. Registro que a tese do Superior Tribunal de Justiça fixada no TEMA 1061 não implica na imperiosidade da realização da perícia grafotécnica. De fato, ela é a ideal para dirimir a questão da autenticidade, porém é possível que, por outros meios de prova, a Seguradora possa provar a veracidade da assinatura, tal como ocorreu no presente caso. IV. DISPOSITIVO 5. Recursos conhecidos, sendo provido o interposto pela Sabemi e julgado prejudicado o da parte autora, à unanimidade. (TJPA – APELAÇÃO CÍVEL – Nº 0801106-72.2020.8.14.0009 – Relator(a): RICARDO FERREIRA NUNES – 2ª Turma de Direito Privado – Julgado em 15/04/2025) APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO C/C REPETIÇÃO DE INDÉBITO E DANOS MORAIS. CONTRATAÇÃO DE SEGURO. IMPROCEDÊNCIA NA ORIGEM. REGULARIDADE DA CONTRATAÇÃO DEMONSTRADA PELO BANCO. MINISTÉRIO PÚBLICO INFORMOU desnecessidade DE INTERVENÇÃO. recurso conhecido e DESPROVIDO à unanimidade. 1. A instrução processual desenvolvida na demanda, permitiu concluir pela regularidade da contratação, considerando a apresentação da autorização para desconto referente ao seguro questionado, assinada pela parte. 2. Recurso conhecido e desprovido à unanimidade. TJPA – APELAÇÃO CÍVEL – Nº 0800480-10.2022.8.14.0130 – Relator(a): RICARDO FERREIRA NUNES – 2ª Turma de Direito Privado – Julgado em 19/12/2023 ) Na esteira desse entendimento, entendo que o autor desde 2019 vem utilizando da conta-corrente que mantém com o banco requerido, portanto, não merece prosperar o argumento de que a cobrança é indevida, pois restou caracterizada a aceitação tácita do serviço. Ademais, o autor juntou os extratos bancários demonstrando os lançamentos mensais das tarifas o que, conforme precedentes jurisprudenciais, presume ciência e anuência do cliente, sobretudo quando não há impugnação tempestiva ou oposição ao uso reiterado da conta por anos. Assim, não configurada a cobrança indevida, também não há falar em repetição do indébito, muito menos em sua forma dobrada, como prevê o art. 42, parágrafo único, do CDC, cuja aplicação exige prova inequívoca de cobrança indevida e ausência de engano justificável, o que não se constata no caso concreto. DO DANO MORAL Por conseguinte, a pretensão ao recebimento de indenização por danos morais também não prospera, haja vista a inexistência de repercussão em outras esferas. Ademais, o fato de que a situação ter passado supostamente desapercebida por longo período é sinal indicativo de pouco impacto na vida pessoal, razão pela qual se caracteriza como mero aborrecimento do cotidiano, insuscetível de produzir sofrimento psíquico. O dano moral não está configurado. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça possui precedentes nesse sentido, senão vejamos: CONTRATO BANCÁRIO. Conta corrente. Ação visando à restituição de valores descontados sob a rubrica "DÉBITO CESTA" na conta, cumulada com indenização por danos morais. Débito referente a pacote de serviços bancários ("cesta fácil econômica"). Admissibilidade, na medida em que o próprio correntista optou pela contratação, que era facultativa. Não caracterização de abusividade, nem de ilicitude. Repetição incabível. Inocorrência, de resto, de dano moral indenizável. Ação improcedente. Recurso não provido, com majoração da verba honorária” (Apelação Cível1 008539-34.2020.8.26.0196, 11ª Câmara de Direito Privado, Relator Desembargador Gilberto dos Santos, j. 19/11/2020) AÇÃO DECLARATÓRIA CUMULADA COM OBRIGAÇÃO DE FAZER E INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. Sentença que julgou improcedente o pedido. Insurgência da demandante. Inadmissibilidade. Descontos mensais na conta bancária da apelante, a título de “cesta fácil econômica”. Adesão da correntista devidamente comprovada pela instituição financeira. Caso dos autos em que não há, pois, que se falar na declaração de inexigibilidade de dívida, tampouco na devolução dos valores descontados e na ocorrência de danos morais indenizáveis. Decisão preservada. Recurso desprovido (Apelação Cível nº 1002911-66.2020.8.26.0066, 23ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, j: 4 de fevereiro de 2021, Rel. Des. Marcos Gozzo) Nessas condições, considerando que a parte autora desincumbiu-se do ônus de provar, não tendo demonstrado as circunstâncias agravantes que ensejaram o dano moral sofrido, indefiro o pedido de dano moral. Por fim, no caso concreto, constata-se terem se concretizado as contratações ora questionadas, motivo pelo qual, de fato, impõe-se o reconhecimento da existência do negócio jurídico concernente à contratação dos produtos/serviços, motivo pelo qual não assiste razão ao autor em seus argumentos na exordial. 4 - DISPOSITIVO Ante todo o exposto, e de tudo o mais que dos autos constam, atendendo aos dispositivos legais e jurisprudenciais disciplinadores da matéria, JULGO IMPROCEDENTES os pedidos formulados na inicial, pelo que JULGO EXTINTO O PRESENTE FEITO COM RESOLUÇÃO DE MÉRITO, e o faço nos termos do art. 487, I do CPC. Condeno o autor ao pagamento de custas processuais, bem como o pagamento de honorários advocatícios de 10% (dez por cento) sobre o valor da causa, entretanto, suspendo a exigibilidade ante os benefícios da gratuidade processual deferida. Havendo recurso, CERTIFIQUE-SE a tempestividade e INTIME-SE a parte adversa para apresentação de contrarrazões no prazo legal. Transitada em julgado, ARQUIVEM-SE os autos com as cautelas de praxe. À secretaria para as providências cabíveis, devendo expedir corretamente o que for necessário e confirmar o pagamento das custas processuais. Servirá a presente, por cópia digitada, como mandado/ofício, nos termos do Provimento nº 003/2009-CJRMB e alterações posteriores. P.I.C. Concórdia do Pará, data registrada no sistema. IRAN FERREIRA SAMPAIO Juiz de Direito

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