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Processo nº 1004312-10.2018.8.26.0248

ID: 280386057

Tribunal: TJSP Órgão: Foro de Indaiatuba - 3ª Vara Cível Classe: EXECUçãO DE TíTULO EXTRAJUDICIAL Nº Processo: 1004312-10.2018.8.26.0248

Data de Disponibilização: 27/05/2025

Polo Ativo:

P. B. S. A.

Polo Passivo:

Intimação

Advogados:

MILTON LUIZ CLEVE KUSTER

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

ADV: Milton Luiz Cleve Kuster (OAB 281612/SP) Processo 1004312-10.2018.8.26.0248 - Execução de Título Extrajudicial - Exeqte: P. B. S. A. - Vistos Trata-se de pedido de bloqueio de penhora sobre perc… ADV: Milton Luiz Cleve Kuster (OAB 281612/SP) Processo 1004312-10.2018.8.26.0248 - Execução de Título Extrajudicial - Exeqte: P. B. S. A. - Vistos Trata-se de pedido de bloqueio de penhora sobre percentual de recebíveis formulado pela parte exequente. Pois bem, decido. O pedido de penhora deve ser deferido. A regra estampada no art. 833 do CPC não visa a garantir a inadimplência dos indivíduos assalariados. A mens legis tutela a dignidade da pessoa humana e a manutenção e sobrevivência de todo individuo, não permitindo que pessoas endividadas tenham a totalidade de seus ganhos "retirada" por seus credores. Interessante perceber, nesse sentido, a alteração existente no novo dispositivo legal que antes afirmava "São absolutamente impenhoráveis", passando a afirmar "São impenhoráveis". Tal alteração está em total consonância com o entendimento jurisprudencial quanto a matéria, inclusive do Superior Tribunal de Justiça. Nesse sentido: Ementa: PENHORA. INCIDÊNCIA SOBRE PERCENTUAL DE PRÓ-LABORE E SALDOS DE PREVIDÊNCIA PRIVADA. POSSIBILIDADE DE MITIGAÇÃO DA REGRA DE IMPENHORABILIDADE. 1. Embora o art. 649 , IV , do CPC , reze ser absolutamente impenhorável os proventos como o salário e outros rendimentos, a interpretação literal desse dispositivo deve ser mitigada. 2. Em casos em que se observe que o rendimento do devedor pode fazer frente ao pagamento de suas despesas básicas e ainda suportar pagamento, ainda que parcial, de sua dívida para com o credor, deve-se buscar o prevalecimento do princípio da efetividade. 3. Cabe ao devedor a prova de que a constrição impugnada impossibilitará sua subsistência, inocorrente à espécie. Recurso desprovido. TJ-SP - Agravo de Instrumento AI 20121197120148260000 SP 2012119-71.2014.8.26.0000 (TJ-SP). Data de publicação: 07/03/2014. Ementa: AGRAVO DE INSTRUMENTO EXECUÇÃO DE HONORÁRIOS - BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO NÃO RESGUARDADO PELA BENESSE DA IMPENHORABILIDADE EXECUÇÃO DE VERBA DE CARÁTER ALIMENTAR QUE AUTORIZA A MITIGAÇÃO DA REGRA DA IMPENHORABILIDADE - EXEGESE DO ARTIGO 649 , § 2º DO CPC - DECISÃO REFORMADA. Considerando que o crédito decorrente de contrato de honorários advocatícios possui natureza alimentar, não se aplica a regra da impenhorabilidade absoluta da verba previdenciária, visto que ambas assumem caráter alimentar.Assim, pela conjugação do princípio constitucional da proporcionalidade e à luz da dignidade da pessoa humana, impede que se proteja o sustento de um indivíduo de forma a deixar o outro desamparado. TJ-PR - Ação Civil de Improbidade Administrativa 10759463 PR 1075946-3 (Acórdão) (TJ-PR). Data de publicação: 29/01/2014. Ementa: PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. PENHORA. BACEN-JUD. IMPENHORABILIDADE. MITIGAÇÃO. 30% DOS PROVENTOS E SALÁRIOS. 1. EMBORA RELEVANTE A TESE DA IMPENHORABILIDADE DOS PROVENTOS E SALÁRIOS, A MODERNA JURISPRUDÊNCIA DESTA CORTE VEM MITIGANDO A NORMA CONSTANTE DO ART. 649 , IV , DO CPC , E ADMITINDO A REFERIDA PENHORA, DESDE QUE HAJA UMA LIMITAÇÃO RAZOÁVEL, PARA QUE NÃO SE PREJUDIQUE A SUBSISTÊNCIA DO DEVEDOR, CONDUZINDO-O À INSOLVÊNCIA. 2. TAL LIMITAÇÃO VEM SENDO FEITA NA PROPORÇÃO DE 30% DOS PROVENTOS E SALÁRIOS EM SALDO BANCÁRIO. VEDADA, TODAVIA, A PENHORA SOBRE A FOLHA SALARIAL, POIS COM O BLOQUEIO MENSAL DOS VALORES DIRETAMENTE NA FOLHA SALARIAL DO DEVEDOR, ESTAR-SE-IA TRANSFORMANDO O FEITO EXECUTIVO EM PENSIONAMENTO EM FAVOR DO CREDOR, O QUE É VEDADO PELA LEGISLAÇÃO. 3. AGRAVO NÃO PROVIDO. MAIORIA. TJ-DF - Agravo de Instrumento AGI 20130020041674 DF 20130020041674AGI (TJ-DF). Data de publicação: 27/06/2013 Aliás, oportuno ressaltar, que em atenção a jurisprudência da corte superior, a exceção à regra prevista no art. 833 do CPC não mais contempla, exclusivamente, os débitos de origem ou natureza alimentar. Atualmente, entende aquela corte que também débitos de outras naturezas podem excepcionar a regra prevista na norma e justificar a constrição de salários, desde que garantida a manutenção da sobrevivência e dignidade do devedor e sua família. Nesse sentir: PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. PENHORA SOBRE PROVENTOS. DÉBITO RELATIVO A HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. IMPENHORABILIDADE E EXCEÇÕES. SITUAÇÃO EXCEPCIONAL. SÚMULA 7 DO STJ. AGRAVO NÃO PROVIDO. 1. A Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça fixou o entendimento de que a exceção à impenhorabilidade prevista no § 2º do art. 833 do CPC não abarca créditos relativos a honorários advocatícios, porquanto não estão abrangidos pelo conceito de "prestação alimentícia". 2. Também é assente na Corte Especial do STJ o entendimento de que a regra geral de impenhorabilidade de salários, vencimentos, proventos etc. (art. 833, IV, do CPC) pode ser excepcionada quando for preservado percentual de tais verbas capaz de dar guarida à dignidade do devedor e de sua família. 3. No caso em apreço, o Tribunal de origem concluiu que a penhora de 5% da remuneração bruta mensal do agravante não prejudica a subsistência dele e de sua família, de forma que rever esse entendimento e acolher a pretensão recursal demandaria a alteração do conjunto fático-probatório dos autos, o que é inviável nesta via especial ante o óbice da Súmula 7 do STJ. 4. Agravo Interno não provido. (AgInt no REsp n. 1.886.436/DF, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 14/6/2021, DJe 21/6/2021.) AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL - CUMPRIMENTO DE SENTENÇA - DECISÃO MONOCRÁTICA QUE NEGOU PROVIMENTO RECLAMO. INSURGÊNCIA DA AGRAVANTE. 1. Em situações excepcionais, admite-se a relativização da regra de impenhorabilidade das verbas salariais prevista no art. 833, IV, do CPC/15, a fim de alcançar parte da remuneração do devedor para a satisfação de crédito não alimentar, preservando-se o suficiente para garantir a sua subsistência digna e a de sua família. 2. Agravo interno desprovido. (AgInt no REsp n. 1.819.394/RO, Rel. Ministro MARCO BUZZI, QUARTA TURMA, julgado em 31/5/2021, DJe 4/6/2021.) AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. PENHORA DE PERCENTUAL DE SALÁRIO. DÍVIDA DE NATUREZA NÃO ALIMENTAR. RELATIVIZAÇÃO DA REGRA DA IMPENHORABILIDADE. PRECEDENTES. INCIDÊNCIA DAS SÚMULAS 7 E 83/STJ. AGRAVO INTERNO DESPROVIDO. 1. De acordo com o entendimento da Corte Especial do STJ, a regra geral de impenhorabilidade de salários (art. 649, IV, do CPC/1973; art. 833, IV, do CPC/2015) pode ser excepcionada, ainda que para fins de satisfação de crédito não alimentar, desde que haja manutenção de percentual dessa verba capaz de guarnecer a dignidade do devedor e sua família. 2. A revisão da conclusão do Tribunal de origem (acerca da razoabilidade do percentual a ser penhorado) demandaria o reexame do conjunto fáticoprobatório dos autos, o que não é possível no âmbito do recurso especial, nos termos da Súmula 7/STJ. 3. Agravo interno desprovido. (AgInt no REsp n. 1.906.957/SP, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, TERCEIRA TURMA, julgado em 22/3/2021, DJe 25/3/2021.) AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO ORDINÁRIA DE DEVOLUÇÃO DE VALORES. VIOLAÇÃO DO ART. 10 DO CPC. NÃO OCORRÊNCIA. REVISÃO. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 7/STJ. PENHORA. 20% DA REMUNERAÇÃO. CABIMENTO. CONSONÂNCIA DO ACÓRDÃO RECORRIDO COM A JURISPRUDÊNCIA DESTA CORTE. SÚMULA 83/STJ. AGRAVO NÃO PROVIDO. 1. A Corte de origem assentou ter sido aberto prazo à recorrente para impugnação à penhora, bem como foi intimada para apresentação de documentos que comprovassem a alegada hipossuficiência econômica. 2. A revisão das premissas lançadas pelo v. aresto hostilizado, nos moldes em que ora postulada, demandaria o revolvimento do acervo fáticoprobatório dos autos, o que encontra óbice na Súmula 7/STJ. 3. A Corte Especial deste Tribunal, no julgamento dos EREsp 1.582.475/MG, da relatoria do eminente Ministro Benedito Gonçalves, firmou o entendimento de que a regra geral de impenhorabilidade de vencimentos pode ser excepcionada a fim de garantir a efetividade da tutela jurisdicional, desde que observado percentual capaz de assegurar a dignidade do devedor e de sua família. 4. O entendimento adotado pelo acórdão recorrido coincide com a jurisprudência assente desta Corte Superior, circunstância que atrai a incidência da Súmula 83/STJ. 5. Agravo interno a que se nega provimento. (AgInt no AREsp n. 1.690.961/MS, Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, QUARTA TURMA, julgado em 7/12/2020, DJe 1/2/2021.) PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM RECURSO ESPECIAL. EXECUÇÃO DE TÍTULO EXTRAJUDICIAL. IMPENHORABILIDADE DE VENCIMENTOS. CPC/73, ART. 649, IV. DÍVIDA NÃO ALIMENTAR. CPC/73, ART. 649, PARÁGRAFO 2º. EXCEÇÃO IMPLÍCITA À REGRA DE IMPENHORABILIDADE. PENHORABILIDADE DE PERCENTUAL DOS VENCIMENTOS. BOA-FÉ. MÍNIMO EXISTENCIAL. DIGNIDADE DO DEVEDOR E DE SUA FAMÍLIA. 1. Hipótese em que se questiona se a regra geral de impenhorabilidade dos vencimentos do devedor está sujeita apenas à exceção explícita prevista no parágrafo 2º do art. 649, IV, do CPC/73 ou se, para além desta exceção explícita, é possível a formulação de exceção não prevista expressamente em lei. 2. Caso em que o executado aufere renda mensal no valor de R$ 33.153,04, havendo sido deferida a penhora de 30% da quantia. 3. A interpretação dos preceitos legais deve ser feita a partir da Constituição da República, que veda a supressão injustificada de qualquer direito fundamental. A impenhorabilidade de salários, vencimentos, proventos etc. tem por fundamento a proteção à dignidade do devedor, com a manutenção do mínimo existencial e de um padrão de vida digno em favor de si e de seus dependentes. Por outro lado, o credor tem direito ao recebimento de tutela jurisdicional capaz de dar efetividade, na medida do possível e do proporcional, a seus direitos materiais. 4. O processo civil em geral, nele incluída a execução civil, é orientado pela boa-fé que deve reger o comportamento dos sujeitos processuais. Embora o executado tenha o direito de não sofrer atos executivos que importem violação à sua dignidade e à de sua família, não lhe é dado abusar dessa diretriz com o fim de impedir injustificadamente a efetivação do direito material do exequente. 5. Só se revela necessária, adequada, proporcional e justificada a impenhorabilidade daquela parte do patrimônio do devedor que seja efetivamente necessária à manutenção de sua dignidade e da de seus dependentes. 6. A regra geral da impenhorabilidade de salários, vencimentos, proventos etc. (art. 649, IV, do CPC/73; art. 833, IV, do CPC/2015), pode ser excepcionada quando for preservado percentual de tais verbas capaz de dar guarida à dignidade do devedor e de sua família. 7. Recurso não provido. (EREsp n. 1.582.475/MG, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, CORTE ESPECIAL, julgado em 3/10/2018, REPDJe 19/3/2019, DJe 16/10/2018.) A compreensão do que representa tal manutenção deve ser analisado em cada caso concreto, mas é razoável e proporcional ter como baliza o próprio salário-mínimo vigente. Ora, se o próprio constituinte estipulou que o salário-mínimo possui, em tese, o condão de garantir a dignidade (e sobrevivência) mínima do cidadão, possível que esse valor seja utilizado como norte em tal análise. De igual maneira, é assente na jurisprudência que tais descontos não podem ultrapassar 30% dos ganhos do devedor, de forma que descontos que ultrapassassem tal percentual deveriam ser presumidamente abusivos, fora casos excepcionalíssimos. Pelo exposto, possível afirmar que é razoável, proporcional e lícito o desconto que não ultrapasse 30% do salário do devedor e que não o deixe com menos de um salário-mínimo para salvaguardar a si e sua família. Ante o exposto, defiro o requerimento do exequente e determino a penhora sobre valores que excedam um salário mínimo e desde que respeitado o limite de até 10% dos rendimentos liquidos da parte executada (Celia Regina Rodrigues Vítor da Silva - CPF/MF nº 141.453.768-97), enquanto o valor do débito era de R$ 154.775,57 em 24/10/2022 - fls. 232/239). Cópia da presente servirá de oficio a ser direcionado ao empregador da parte executada. Ao noticiar o cumprimento/descumprimento de tal ordem, deverá o empregador fazer sua manifestação ser acompanhada do último holerite da parte executada para que seja possível verificar o correto cumprimento do ora determinado. A responsabilidade pela cessão dos descontos ficará a cargo do exequente, que deverá tomar as medidas necessárias para sua cessação, sob pena de responder pelos excessos porventura existentes. A presente decisão, assinada digitalmente e devidamente instruída, servirá como carta, mandado, certidão ou ofício, inclusive a ser enviado ao empregador pelo próprio exequente, que deverá apresentar o valor do débito atualizado, indicando ainda a conta em que deverá ser realizado o depósito do valor bloqueado. Intime-se.

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Processo nº 5000936-64.2024.4.04.7011

ID: 280870967

Tribunal: TRF4 Órgão: Gabinete de Admissibilidade do Paraná Classe: RECURSO INOMINADO CíVEL Nº Processo: 5000936-64.2024.4.04.7011

Data de Disponibilização: 27/05/2025

Polo Ativo:

ELIAS ROSA DA SILVA

Polo Passivo:

DESPACHO/DECISÃO

Advogados:

TALITA DE JESUS VIEIRA

OAB/PR XXXXXX Desbloquear

RECURSO CÍVEL Nº 5000936-64.2024.4.04.7011/PR RECORRENTE : ELIAS ROSA DA SILVA (AUTOR) ADVOGADO(A) : TALITA DE JESUS VIEIRA (OAB PR069914) DESPACHO/DECISÃO Pedido de Uniformização Nacional - parte a… RECURSO CÍVEL Nº 5000936-64.2024.4.04.7011/PR RECORRENTE : ELIAS ROSA DA SILVA (AUTOR) ADVOGADO(A) : TALITA DE JESUS VIEIRA (OAB PR069914) DESPACHO/DECISÃO Pedido de Uniformização Nacional - parte autora Trata-se de pedido de uniformização nacional interposto pela parte autora em face de acórdão prolatado por Turma Recursal desta Seção Judiciária, no qual requer: " O provimento do pedido, para reformar o acórdão da Turma Recursal, reconhecendo o interesse de agir do autor ". Suscitou como precedentes paradigmas julgados da 14ª Turma Recursal da Seção Judiciária de São Paulo e da 7ª Turma do TRF3. Esclareço que o precedente da 7ª Turma do TRF3 não têm o condão de ensejar divergência capaz de fundamentar pedido de uniformização nacional, a teor do disposto no art. 14, §2º, da Lei n.º 10.259/2001, porque necessária a demonstração de divergência entre decisões de Turmas Recursais de diferentes Regiões ; súmulas ou jurisprudência dominante do Superior Tribunal de Justiça ; ou jurisprudência da própria TNU . Neste sentido, a orientação jurisprudencial da TNU: PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO. DIREITO PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-ACIDENTE. SEQUELAS QUE IMPLIQUEM REDUÇÃO DA CAPACIDADE LABORATIVA. PRECEDENTES DE TRIBUNAIS REGIONAIS FEDERAIS . PARADIGMAS INVÁLIDOS. INCIDENTE DA PARTE AUTORA NÃO CONHECIDO (Pedido de Uniformização de Interpretação de Lei (Turma) 1004312-98.2019.4.01.3806, LUCIANA ORTIZ TAVARES COSTA ZANONI - TURMA NACIONAL DE UNIFORMIZAÇÃO, 17/03/2023.) PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE INTERPRETAÇÃO DE LEI (PUIL). DIREITO PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. APRESENTAÇÃO DE ACÓRDÃOS DE TRIBUNAIS REGIONAIS FEDERAIS COMO PARADIGMAS . IMPOSSIBILIDADE. ALEGAÇÃO DE DISSONÂNCIA DO ACÓRDÃO RECORRIDO COM A SÚMULA 73 DA TNU. AUSÊNCIA DE DEMONSTRAÇÃO DE SIMILITUDE FÁTICA ENTRE O CASO CONCRETO E OS CASOS QUE DÃO SUSTENTAÇÃO À SÚMULA. RECURSO DO AUTOR NÃO CONHECIDO. (Pedido de Uniformização de Interpretação de Lei (Turma) 0003058-86.2019.4.03.6317, CAIO MOYSES DE LIMA - TURMA NACIONAL DE UNIFORMIZAÇÃO, 17/02/2023.) Assim, passo à análise do paradigma válido (julgado da 14ª Turma Recursal da Seção Judiciária de São Paulo). O voto/acórdão recorrido encontra-se assim fundamentado ( evento 24, VOTODIVERG2 ): "Trata-se de recurso interposto pelo autor em face da sentença proferida no evento 7.1 . Sustenta que houve pedido expresso na via administrativa e juntada dos PPP, razão por que presente o interesse processual. Requer a anulação da senteça ( 10.1 ). O relator votou por anular a sentença. A despeito do que afirmado pelo relator, mantenho a sentença pelos próprios fundamentos, na linha do que esta 2ª Turma Recursal tem decidido nesse tipo de situação (autos 5001569-81.2024.4.04.7009 e 5000005-04.2024.4.04.7030), inclusive nesta mesma sessão de julgamento (autos 50051962020244047001). Considero prequestionados especificamente os dispositivos legais e constitucionais invocados na inicial, contestação, razões e contrarrazões de recurso, sendo certo que a fundamentação acima exposta não viola quaisquer dispositivos da Constituição da República e da legislação federal levantados em tais peças processuais. Desde já fica sinalizado que o manejo de embargos para prequestionamento ficará sujeito à multa. Condeno o recorrente a pagar honorários de sucumbência, que fixo em 10% (dez por cento) sobre o valor corrigido da causa (IPCA-E), porém suspendo a sua exigibilidade enquanto ele permanecer na condição de beneficiário da justiça gratuita. Ante o exposto, voto por NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO." Não obstante os argumentos exarados pela parte recorrente, o recurso não logra juízo positivo de admissibilidade. Em análise aos autos, vislumbra-se que a insurgência recursal (interesse de agir) trata-se de questão processual , incidindo, portanto, a Súmula nº 43 da TNU : "Não cabe incidente de uniformização que verse sobre matéria processual." Nesse prisma, os precedentes que a seguir transcrevo, com a orientação jurisprudencial da TNU: PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE LEI FEDERAL. PROCESSUAL CIVIL. INCIDENTE MOVIDO CONTRA A CÓRDÃO QUE CONFIRMOU SENTENÇA EXTINTIVA SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO POR FALTA DE INTERESSE DE AGIR . MATÉRIA PROCESSUAL. ENUNCIADO N. 43 DESTA TNU. PRECEDENTES. INCIDENTE INADMITIDO. (Pedido de Uniformização de Interpretação de Lei (Turma) 1006206-09.2019.4.01.3807, FRANCISCO GLAUBER PESSOA ALVES - TURMA NACIONAL DE UNIFORMIZAÇÃO, 20/03/2023.) DIREITO PREVIDENCIÁRIO. PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE INTEPRETAÇÃO DE LEI. AÇÃO REVISIONAL. PRÉVIO REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO. INTERESSE DE AGIR . QUESTÃO PROCESSUAL. SÚMULA 43 DA TNU. NÃO CONHECIMENTO. (Pedido de Uniformização de Interpretação de Lei (Turma) 5041752-54.2020.4.04.7100, LUCIANE MERLIN CLÈVE KRAVETZ - TURMA NACIONAL DE UNIFORMIZAÇÃO, 16/03/2023.) Dessa forma, recai sobre o caso o preceituado no artigo 14, inciso V, alínea "e", da Resolução nº 586/2019 do CJF : " V – não admitir o pedido de uniformização de interpretação de lei federal, quando desatendidos os seus requisitos, notadamente se: e) versar sobre matéria processual ; " Ante o exposto, não admito o pedido de uniformização nacional. Intimem-se. Pedido de Uniformização Regional - parte autora Trata-se de pedido de uniformização regional interposto pela parte autora em face de acórdão prolatado por Turma Recursal desta Seção Judiciária, no qual requer: " Reforma do acórdão recorrido para afastar a tese de falta de interesse de agir ". Suscitou como precedentes paradigmas julgados da 9º Turma TRF4 e da 10ª Turma do TRF4. Esclareço que os precedentes apresentados pela parte recorrente não se mostram válidos, pois julgados das Turmas do TR F4 não são capazes de embasar pedido de uniformização regional , a teor do disposto no art. 14, §1º, da Lei n.º 10.259/2001, porque necessária a demonstração de divergência entre as turmas recursais da 4ª Região ou em relação ao entendimento uniformizado pela TRU . Nesse sentido, a orientação jurisprudencial da Turma Regional de Uniformização da 4ª Região: AGRAVO INTERNO. DESPROVIMENTO. IMPOSSIBILIDADE DE INDICAÇÃO DE JULGADOS DA TNU, DO STJ DO TRF4 COMO PARADIGMAS EM PEDIDO REGIONAL DE UNIFORMIZAÇÃO. PRETENSÃO DE REEXAME DO CONTEXTO FÁTICO-PROBATÓRIO NO QUE TANGE À CARACTERIZAÇÃO DA ESPECIALIDADE DA ATIVIDADE. ÓBICE DA SÚMULA N.º 42 DA TNU. ACÓRDÃO RECORRIDO EM CONSONÂNCIA COM O ENTENDIMENTO DA TRU4 QUANTO À IMPOSSIBILIDADE DO ENQUADRAMENTO ESPECIAL DA ATIVIDADE DE COBRADOR POR PENOSIDADE NO REGIME POSTERIOR À LEI 9.032/95. APLICAÇÃO DA QUESTÃO DE ORDEM N.º 13 DA TNU. NÃO CONHECIMENTO DO PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO. 1. A atuação desta Turma Regional de Uniformização é voltada para a harmonização dos entendimentos das Turmas Recursais que compõem os juizados especiais federais da 4ª Região. Logo, acórdãos da TNU, do STJ do TRF4 não constituem paradigma válido para a uniformização da jurisprudência nesta instância. 2. A impugnação das conclusões do acórdão proferido pela Turma de origem quanto à descaracterização da especialidade da atividade implica reexame do contexto fático-probatório, o que impede o conhecimento do pedido de uniformização pelo óbice da Súmula n.º 42 da TNU. 3. Acórdão recorrido em consonância com a jurisprudência consolidada da TRU4, no sentido da impossibilidade de reconhecimento da especialidade, com base na penosidade, da atividade de cobrador após a entrada em vigor da Lei 9.032/95. Aplicação da Questão de Ordem n.º 13 da TNU. 4. Agravo desprovido. (TRF4, PUIL 5060539-97.2021.4.04.7100, Turma Regional de Uniformização - Previdenciária, Relator JOSÉ FRANCISCO ANDREOTTI SPIZZIRRI, julgado em 21/06/2024) PREVIDENCIÁRIO. PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO. INADMISSÃO. ATIVIDADE ESPECIAL. UTILIZAÇÃO DE LAUDO SIMILAR. INFORMAÇÕES MÍNIMAS SOBRE ATIVIDADE EXERCIDA. JURISPRUDÊNCIA DESTA TRU. NECESSIDADE NÃO VERIFICADA. REEXAME DAS PROVAS. VEDAÇÃO. PARADIGMAS DO TRF4 . IMPOSSIBILIDADE. COTEJO ANALÍTICO. AUSÊNCIA. AGRAVO DESPROVIDO. (5000236-31.2020.4.04.7140, TURMA REGIONAL DE UNIFORMIZAÇÃO DA 4ª REGIÃO, Relatora LUCIANE MERLIN CLÈVE KRAVETZ, juntado aos autos em 16/06/2023) AGRAVO INTERNO CONTRA DECISÃO MONOCRÁTICA QUE NEGOU PROVIMENTO AO AGRAVO MOVIDO EM FACE DA DECISÃO QUE NEGOU SEGUIMENTO AO PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO REGIONAL. PREVIDENCIÁRIO. NÃO SE PRESTAM COMO PARADIGMAS DECISÕES DA TNU, DO TRF4 OU DE TRIBUNAIS REGIONAIS FEDERAIS DE OUTRAS REGIÕES. AUSÊNCIA DE ELEMENTOS NOVOS A INFIRMAR O DECISUM ANTERIOR. AGRAVO NÃO PROVIDO. (5013331-63.2020.4.04.7000, TURMA REGIONAL DE UNIFORMIZAÇÃO DA 4ª REGIÃO, Relator HENRIQUE LUIZ HARTMANN, juntado aos autos em 11/03/2023) - grifei. Portanto, resta prejudicado o cotejo analítico entre o acórdão recorrido e os precedentes paradigmas indicados pelo recorrente. Desse modo, recai sobre o caso o estabelecido no artigo 12, inciso VIII-B, alínea "a", da Resolução nº 33/2018 do TRF4 : "Art. 12. Ao(à) juiz(íza) federal responsável pelo juízo preliminar de admissibilidade recursal incumbe: VIII-B – não admitir o pedido de uniformização nacional ou regional, quando desatendidos os seus requisitos, notadamente se: a) não indicado paradigma válido , com a devida identificação do processo em que proferido;" Ante o exposto, não admito o pedido de uniformização regional. Intimem-se. Após, certifique-se o trânsito em julgado do acórdão e encaminhem-se os autos ao Juizado de origem.

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Processo nº 5004029-09.2022.4.04.7010

ID: 277245906

Tribunal: TRF4 Órgão: Gabinete de Admissibilidade do Paraná Classe: RECURSO INOMINADO CíVEL Nº Processo: 5004029-09.2022.4.04.7010

Data de Disponibilização: 26/05/2025

Polo Ativo:

ELIANE SOARES FERREIRA

Polo Passivo:

DESPACHO/DECISÃO

Advogados:

AMANDA SIMONETTO DE SOUZA

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RECURSO CÍVEL Nº 5004029-09.2022.4.04.7010/PR RECORRENTE : ELIANE SOARES FERREIRA (AUTOR) ADVOGADO(A) : AMANDA SIMONETTO DE SOUZA (OAB PR083833) DESPACHO/DECISÃO Pedido de Uniformização Nacional - p… RECURSO CÍVEL Nº 5004029-09.2022.4.04.7010/PR RECORRENTE : ELIANE SOARES FERREIRA (AUTOR) ADVOGADO(A) : AMANDA SIMONETTO DE SOUZA (OAB PR083833) DESPACHO/DECISÃO Pedido de Uniformização Nacional - parte autora Trata-se de pedido de uniformização nacional interposto pela parte autora em face de decisão proferida por Turma Recursal que, confirmando a sentença de parcial procedência, afastou a concessão do benefício de aposentadoria por tempo de contribuição, conforme fundamentação. Sustenta o recorrente que, em relação ao intervalo rural de 18/02/1989 a 01/08/1991 , o processo deve ser extinto sem resolução do mérito, nos termos da tese firmada no Tema 629/STJ ( evento 63, PUIL_TNU1 ). Inicialmente, esclareço que o paradigma do TRF5 apresentado pela parte recorrente não se mostra válido, pois julgados dos Tribunais Regionais Federais não têm o condão de ensejar divergência capaz de fundamentar pedido de uniformização nacional, a teor do disposto no art. 14, §2º, da Lei n.º 10.259/2001, porque necessária a demonstração de divergência entre decisões de Turmas Recursais de diferentes Regiões ; súmulas ou jurisprudência dominante do Superior Tribunal de Justiça ; ou jurisprudência da própria TNU . Neste sentido, a jurisprudência da TNU: PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO. DIREITO PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-ACIDENTE. SEQUELAS QUE IMPLIQUEM REDUÇÃO DA CAPACIDADE LABORATIVA. PRECEDENTES DE TRIBUNAIS REGIONAIS FEDERAIS . PARADIGMAS INVÁLIDOS. INCIDENTE DA PARTE AUTORA NÃO CONHECIDO (Pedido de Uniformização de Interpretação de Lei (Turma) 1004312-98.2019.4.01.3806, LUCIANA ORTIZ TAVARES COSTA ZANONI - TURMA NACIONAL DE UNIFORMIZAÇÃO, 17/03/2023.) PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE INTERPRETAÇÃO DE LEI (PUIL). DIREITO PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. APRESENTAÇÃO DE ACÓRDÃOS DE TRIBUNAIS REGIONAIS FEDERAIS COMO PARADIGMAS . IMPOSSIBILIDADE. ALEGAÇÃO DE DISSONÂNCIA DO ACÓRDÃO RECORRIDO COM A SÚMULA 73 DA TNU. AUSÊNCIA DE DEMONSTRAÇÃO DE SIMILITUDE FÁTICA ENTRE O CASO CONCRETO E OS CASOS QUE DÃO SUSTENTAÇÃO À SÚMULA. RECURSO DO AUTOR NÃO CONHECIDO. (Pedido de Uniformização de Interpretação de Lei (Turma) 0003058-86.2019.4.03.6317, CAIO MOYSES DE LIMA - TURMA NACIONAL DE UNIFORMIZAÇÃO, 17/02/2023.) PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO. PREVIDENCIÁRIO. TEMPO ESPECIAL. AUSÊNCIA DE SIMILITUDE ENTRE O ACÓRDÃO RECORRIDO E O EXARADO PELA TNU. ACÓRDÃOS DE TRU E DE TURMA RECURSAL DA MESMA REGIÃO E DE TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL NÃO CONSTITUEM PARADIGMAS VÁLIDOS PARA EMBASAR PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO. INCIDENTE NÃO CONHECIDO. (Pedido de Uniformização de Interpretação de Lei (Turma) 5000865-81.2018.4.04.7105, JAIRO DA SILVA PINTO - TURMA NACIONAL DE UNIFORMIZAÇÃO, 22/08/2022.) Assim, resta prejudicado o cotejo analítico entre os acórdãos contrastados. Quanto ao Tema 629 do STJ, suscitado como precedente paradigma para demonstrar a divergência, também não logra êxito em comprovar entendimento contrário. A pretensão da recorrente é apenas rediscutir a prova produzida nos autos , de forma a embasar suas alegações. No tocante a extinção do processo sem resolução do mérito, a orientação jurisprudencial da Turma Nacional de Uniformização é no sentido de que a extinção sem resolução de mérito só se aplica para os casos em que ausente início de prova material , senão vejamos: PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA. DIREITO PREVIDENCIÁRIO. RECONHECIMENTO DE TEMPO RURAL PARA FINS DE APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO. TURMA DE ORIGEM NÃO AFASTOU A POSSIBILIDADE DA CERTIDÃO DE CASAMENTO E DOCUMENTAÇÃO SINDICAL SERVIREM COMO INÍCIO DE PROVA MATERIAL. CONJUNTO PROBATÓRIO INSUFICIENTE PARA O RECONHECIMENTO DO PERÍODO. PRETENSÃO DE REEXAME DA MATÉRIA FÁTICA. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 42 DA TNU. TEMA 629 DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA NÃO APLICÁVEL AO CASO CONCRETO. EXTINÇÃO SEM RESOLUÇÃO DE MÉRITO APENAS QUANDO AUSENTE INÍCIO DE PROVA MATERIAL. INCIDENTE NÃO ADMITIDO. 1. ANALISANDO O TEOR DA DECISÃO RECORRIDA, VERIFICA-SE QUE A TURMA DE ORIGEM SE DEBRUÇOU SOBRE O CONJUNTO DA PROVA, ENTENDENDO-O INSUFICIENTE PARA A COMPROVAÇÃO DO TEMPO DE LABOR RURAL PRETENDIDO, SEM EXCLUIR DA APRECIAÇÃO QUALQUER DOCUMENTO SOB O FUNDAMENTO DE QUE NÃO SERVIRIA COMO INÍCIO DE PROVA MATERIAL. 2. PARA CHEGAR A UMA CONCLUSÃO DIVERSA, ESTE COLEGIADO NACIONAL TERIA QUE ADENTRAR NO REEXAME DA PROVA, O QUE É INVIÁVEL NO PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE INTERPRETAÇÃO DE LEI FEDERAL, A TEOR DA SÚMULA N.º 42 DA TNU. 3. O TEMA 629 DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA ESTABELECE QUE "A AUSÊNCIA DE CONTEÚDO PROBATÓRIO EFICAZ A INSTRUIR A INICIAL, CONFORME DETERMINA O ART. 283 DO CPC, IMPLICA A CARÊNCIA DE PRESSUPOSTO DE CONSTITUIÇÃO E DESENVOLVIMENTO VÁLIDO DO PROCESSO, IMPONDO SUA EXTINÇÃO SEM O JULGAMENTO DO MÉRITO (ART. 267, IV DO CPC) E A CONSEQUENTE POSSIBILIDADE DE O AUTOR INTENTAR NOVAMENTE A AÇÃO (ART. 268 DO CPC), CASO REÚNA OS ELEMENTOS NECESSÁRIOS À TAL INICIATIVA. 4. O TEMA SE REFERE À AUSÊNCIA DE INÍCIO DE PROVA MATERIAL, UMA FRAGILIDADE DOCUMENTAL TÃO SEVERA QUE MESMO A PROVA ORAL IRREPREENSÍVEL NÃO SERIA SUFICIENTE À PROCEDÊNCIA DO PEDIDO. 5. NÃO É O CASO DOS AUTOS, ONDE FOI RECONHECIDA A JUNTADA DE DIVERSOS DOCUMENTOS QUE SÃO APTOS A UMA DECISÃO DE MÉRITO, MAS QUE EM CONJUNTO FORAM INSUFICIENTES A UMA DECISÃO PELA PROCEDÊNCIA DO PEDIDO. A DECISÃO PARADIGMA, PORTANTO, NÃO POSSUI SIMILITUDE FÁTICA E JURÍDICA COM O CASO CONCRETO. 6. INCIDENTE NÃO ADMITIDO. (Pedido de Uniformização de Interpretação de Lei (Turma) 5000895-09.2020.4.04.7215, GUSTAVO MELO BARBOSA - TURMA NACIONAL DE UNIFORMIZAÇÃO, 22/10/2021.) No caso concreto, observa-se não tratar-se de ausência de início de prova material , mas de conjunto probatório insuficiente para o reconhecimento dos períodos postulados. Nesse sentido, cita-se trecho do acórdão recorrido ( evento 59, VOTO1 ): (...) Atividade rural de 18/02/1989 a 01/08/1991. Necessário registrar que a alegação apresentada no recurso de que, no período controvertido, a autora trabalhava como diarista rural principalmente na fazenda da Companhia Melhoramento Norte do Paraná contradiz o depoimento dado em audiência de que, após o casamento, trabalhava na fazenda Buqueka. De fato, o improcedência do pedido não foi fundamentada apenas no vínculo urbano do cônjuge, mas também na ausência de prova material em nome de integrantes do novo núcleo familiar e na prova testemunhal desfavorável, já que nenhuma das testemunhas foi convicta em afirmar que a autora manteve-se nas lides rurais após o casamento. Note-se, ainda, que a Companhia Melhoramento Norte do Paraná anotou vínculos empregatícios da autora nos períodos de 08/09/1987 a 15/11/1987 e 11/05/1994 a 16/11/1994, dentre outros, permitindo a presunção de que anotaria, também, a atividade realizada entre 02/1989 e 08/1991. Tendo em vista que a prova dos autos é contrária à pretensão da autora, não é o caso de aplicação da tese fixada pelo STJ no julgamento do tema 629, razão pela qual mantenho a sentença de improcedência quanto ao ponto. Após análise dos autos, tenho que a Turma Recursal não se afastou do entendimento do Colegiado Uniformizador. Portanto, a alteração da conclusão do acórdão recorrido implicaria reexame do conjunto probatório objeto da lide, fato que encontra óbice nas súmulas nº 42 da TNU, nº 7 do STJ e 279 do STF: (Não se conhece de incidente de uniformização que implique reexame de matéria de fato) ; (A pretensão de simples reexame de prova não enseja recurso especial) ; ( Para simples reexame de prova não cabe recurso extraordinário), respectivamente, aplicáveis às Turmas de Uniformização. Desse modo, recai sobre o caso o preceituado no artigo 14, inciso V, alíneas "d" e "g", da Resolução nº 586/2019 do CJF: "Art. 14. (...) V – não admitir o pedido de uniformização de interpretação de lei federal, quando desatendidos os seus requisitos, notadamente se: d) a análise do pedido de uniformização demandar reexame de matéria de fato ; g) o acórdão recorrido estiver em consonância com entendimento dominante do Supremo Tribunal Federal, Superior Tribunal de Justiça e da Turma Nacional de Uniformização." Ante o exposto, não admito o pedido de uniformização nacional. Intimem-se. Decorrido o prazo, sem manifestação, certifique-se o trânsito em julgado e devolva-se à origem.

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Processo nº 1004312-90.2023.8.11.0041

ID: 298112526

Tribunal: TJMT Órgão: 3ª VARA ESP. DA FAZENDA PÚBLICA DE CUIABÁ Classe: PROCEDIMENTO COMUM CíVEL Nº Processo: 1004312-90.2023.8.11.0041

Data de Disponibilização: 13/06/2025

Polo Ativo:

JOSE MOREIRA DOS SANTOS

Polo Passivo:

Sentença

Advogados:

PAULO CEZAR DA ROCHA

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ESTADO DE MATO GROSSO PODER JUDICIÁRIO 3ª VARA ESP. DA FAZENDA PÚBLICA DE CUIABÁ Processo: 1004312-90.2023.8.11.0041. AUTOR(A): JOSE MOREIRA DOS SANTOS REU: MUNICÍPIO DE CUIABÁ SENTENÇA Vistos etc. T… ESTADO DE MATO GROSSO PODER JUDICIÁRIO 3ª VARA ESP. DA FAZENDA PÚBLICA DE CUIABÁ Processo: 1004312-90.2023.8.11.0041. AUTOR(A): JOSE MOREIRA DOS SANTOS REU: MUNICÍPIO DE CUIABÁ SENTENÇA Vistos etc. Trata-se de AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONVERSÃO DE LICENÇA PRÊMIO NÃO GOZADA EM PECÚNIA proposta por JOSÉ MOREIRA DOS SANTOS contra MUNICÍPIO DE CUIABÁ, com o objetivo de obter judicialmente a conversão em pecúnia das licenças-prêmios não gozadas ao longo de sua carreira no serviço público municipal. Alega a parte autora que é servidor público municipal aposentado, ocupante do cargo de Técnico de Nível Superior, tendo se tornado estável em 19 de novembro de 1990 e se aposentado em 20 de outubro de 2020, por tempo de contribuição, totalizando 38 anos, 6 meses e 27 dias de serviço. Sustenta que, durante sua vida funcional, adquiriu direito a seis períodos de licença-prêmio, referentes aos quinquênios compreendidos entre os anos de 1987 a 2017, os quais nunca foram usufruídos nem computados em dobro para fins de aposentadoria, conforme demonstrado por meio das publicações oficiais anexadas à inicial. Informa que, diante disso, protocolou requerimento administrativo em 2021 (protocolo nº 17400/2021 MVP nº 00.075.706/2020-1), pleiteando a conversão desses períodos em pagamento em espécie, o que lhe foi negado pela administração. Argumenta que, em razão de sua aposentadoria sem que tenha gozado ou utilizado para contagem em dobro as licenças a que fazia jus, é legítima a conversão em pecúnia, sob pena de enriquecimento ilícito da Administração Pública. Alega, ainda, que o termo inicial para contagem do prazo prescricional se deu na data da aposentadoria, não havendo prescrição. Por fim, requer o reconhecimento do direito à conversão em pecúnia das licenças-prêmios não gozadas, no montante de R$ 142.505,28, acrescido de juros e correção monetária. Em sua contestação, o MUNICÍPIO DE CUIABÁ alegou, em preliminar, a prescrição do fundo de direito, sob o fundamento de que a licença-prêmio foi expressamente suprimida pelo artigo 192 da Lei Complementar Municipal nº 093/2003, de modo que o direito não mais existia desde então, e que a ação proposta em 2023 ultrapassou o prazo prescricional de cinco anos previsto no Decreto nº 20.910/1932. Argumenta também que o direito à conversão em pecúnia estava previsto na redação originária do artigo 58, II, da Lei Orgânica Municipal, mas foi revogado em 2003, não havendo, portanto, direito adquirido a regime jurídico anterior. Sustenta, ainda, que o autor foi estabilizado com base no artigo 19 do ADCT da Constituição Federal, não sendo servidor efetivo por concurso público, razão pela qual não teria direito à licença-prêmio, direito este reservado apenas aos servidores efetivos. Reforça que a concessão de licença-prêmio fora feita, se o foi, por mera liberalidade da Administração, sem respaldo legal. Impugna também o pedido de justiça gratuita, alegando que o autor aufere remuneração superior a sete mil reais mensais, não configurando hipossuficiência. Ao final, requer o reconhecimento da prescrição do fundo de direito e a improcedência total dos pedidos autorais. Na impugnação à contestação, JOSÉ MOREIRA DOS SANTOS reafirma sua condição de servidor público aposentado e reitera os fundamentos da inicial, destacando que as licenças-prêmios foram adquiridas sob a vigência da Lei Municipal nº 4.594/2004 (Lei Orgânica dos Profissionais da Educação), a qual, por ser norma especial, deve prevalecer sobre o Estatuto dos Servidores Públicos Municipais (Lei Complementar nº 093/2003), norma geral. Defende a aplicação do princípio da especialidade e da norma posterior que mantém o direito ao benefício para os profissionais da educação. Contesta a alegação de prescrição, ressaltando que o termo inicial para o prazo prescricional é a data da aposentadoria, conforme entendimento pacificado pelo STJ no Tema Repetitivo 516. Quanto à alegação de ausência de direito adquirido, sustenta que, por ter cumprido todos os requisitos legais à época da aquisição das licenças, o direito foi incorporado ao seu patrimônio jurídico, não podendo ser suprimido posteriormente. Rebate também o argumento de que não teria direito à conversão por ser servidor estabilizado, esclarecendo que, como profissional da educação submetido à norma especial, faz jus à licença-prêmio conforme previsto no artigo 57 da Lei Municipal nº 4.594/2004. Por fim, insiste na conversão das licenças em pecúnia diante da não fruição do benefício e da ausência de contagem em dobro, e requer a total procedência da ação, com ratificação integral dos argumentos apresentados na inicial. Vieram-me os autos conclusos. É o relatório. Fundamento. Decido. As partes são legítimas, há legítimo interesse de agir e o pedido é juridicamente possível. Presentes estão os pressupostos processuais. Estando o caderno processual devidamente instruído, de modo que fornece elementos suficientes para a convicção deste Juízo, posto se tratar de matéria unicamente de direito, e as provas apresentadas se mostrarem suficientes para o seu deslinde, não havendo a necessidade de se produzir prova na instrução processual, impõe-se, desde logo, o julgamento antecipado da lide, com fulcro no art. 355, incisos I, do Código de Processo Civil. Pois bem. Com relação a preliminar de prescrição, esta deve ser afasta diante a Tese de n. 516 firmada pelo STJ no julgamento de recurso repetitivo, em que se definiu que “a contagem da prescrição quinquenal relativa à conversão em pecúnia de licença-prêmio não gozada e nem utilizada como lapso temporal para a aposentadoria, tem como termo a quo a data em que ocorreu a aposentadoria do servidor público.” Assim, tendo o servidor se aposentado em 2020 e ingressado com a presente ação em 2023, não há que falar em prescrição. Com relação ao mérito propriamente dito, após detida análise aos autos, verifica-se que a improcedência do pedido inicial é medida que se impõe. O artigo 19 da ADCT prevê a estabilidade do autor no cargo ocupado até a promulgação da constituição, pois nele já estava há mais de cinco anos, vejamos: “Art. 19. Os servidores públicos civis da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, da administração direta, autárquica e das fundações públicas, em exercício na data da promulgação da Constituição, há pelo menos cinco anos continuados, e que não tenham sido admitidos na forma regulada no art. 37, da Constituição, são considerados estáveis no serviço público.” Em continuação ao disposto no caput do artigo, o §1º complementou: “§ 1º O tempo de serviço dos servidores referidos neste artigo será contado como título quando se submeterem a concurso para fins de efetivação, na forma da lei.” Depreende-se que pela forma disposta no §1º do artigo supra, só deverá ser considerado como servidor público efetivo aqueles que se submeteram a realização de concurso público, de modo que os servidores enquadrados no caput do artigo mencionado detêm tão somente estabilidade no cargo público, isto é, só poderão perder o cargo em obediência ao que dispõe o artigo 41, §1º, da Constituição Federal, não se submetendo o autor a qualquer disposição do Estatuto dos Servidores Municipais ou até mesmo enquadrá-lo a título de equiparação para preenchimento de requisito que à Lei estabelecer a necessidade de ser servidor efetivo. A efetividade no serviço público pressupõe, como aduzido pelo requerido, prévia aprovação em concurso público, salva a exceção trazida pela regra de transição constitucional supra mencionada, onde o servidor que adquiriu a estabilidade com espeque no caput do artigo 19 da ADCT se submetesse a realização de concurso público posteriormente, o que lhe conferiria direito a efetivação. Todavia, imprescindível sua aprovação em concurso público para ser considerado servidor efetivo, caso contrário e como é o caso dos autos, faz jus tão somente a estabilidade do cargo ocupado. Ainda neste mesmo sentido, cito os diversos julgados do Supremo Tribunal Federal acerca da matéria: “AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. ESTABILIDADE EXCEPCIONAL - ART. 19 DO ATO DAS DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS TRANSITÓRIAS – ADCT. IMPOSSIBILIDADE DE OBTENÇÃO DAS VANTAGENS INERENTES AO CARGO EFETIVO. PRECEDENTES. AGRAVO REGIMENTAL AO QUAL SE NEGA PROVIMENTO” (RE 604.519-AgR, Min. Cármen Lúcia, Segunda Turma, DJe 4.10.2012).” “AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. ADCT, ARTIGO 19. INCORPORAÇÃO. GRATIFICAÇÃO DE REPRESENTAÇÃO. LEI N. 11.171/86 DO ESTADO DO CEARÁ. 1. É necessário que o servidor público possua --- além da estabilidade --- efetividade no cargo para ter direito às vantagens a ele inerentes. 2. O Supremo fixou o entendimento de que o servidor estável, mas não efetivo, possui somente o direito de permanência no serviço público no cargo em que fora admitido. Não faz jus aos direitos inerentes ao cargo ou aos benefícios que sejam privativos de seus integrantes. Precedentes. Agravo regimental a que se nega provimento” (RE 400.343-AgR, Relator o Ministro Eros Grau, Segunda Turma, DJe 1º.8.2008).” “AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. MEDIDA CAUTELAR. CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DO PARANÁ: § 2º DO ART. 35. LEI ESTADUAL Nº 10.219, DE 21 DE DEZEMBRO DE 1992: ART. 70, § 2º. SERVIDORES PÚBLICOS ORIUNDOS DO REGIME CELETISTA: CONTAGEM DO TEMPO DE SERVIÇO PRESTADO AO ESTADO: EFETIVIDADE E ESTABILIDADE: DISTINÇÃO. 1. Não afronta o princípio da iniciativa prevista no art. 61, § 1º, inciso II, alínea "c", da Constituição Federal, a norma da Carta Estadual que, exceto para fins de aposentadoria e disponibilidade, permite o cômputo do tempo de serviço prestado ao Estado para os demais efeitos legais. 2. Efetividade e estabilidade. Não há que confundir efetividade com estabilidade. Aquela é atributo do cargo, designando o funcionário desde o instante da nomeação; a estabilidade é aderência, é integração no serviço público depois de preenchidas determinadas condições fixadas em lei, que se adquire pelo decurso de tempo. Precedente: RE nº 167.635. 3. O servidor que preenchera as condições exigidas pelo art. 19 do ADCTCF/88 é estável no cargo para o qual fora contratado pela Administração Pública, mas não é efetivo. Por isso não se equipara ao servidor público efetivo no que concerne aos efeitos legais que dependam da efetividade. 4. Pedido de liminar deferido, em parte” (ADI 1695-MC, Relator o Ministro Maurício Corrêa, Plenário, DJ 7.8.1998, grifos nossos).” “RECURSO EXTRAORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA. FUNCIONÁRIO PÚBLICO ESTADUAL ADMITIDO SEM CONCURSO PÚBLICO E REDISTRIBUÍDO PARA ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO. EFETIVAÇÃO POR RESOLUÇÃO DA MESA. FORMA DERIVADA DE INVESTIDURA EM CARGO PÚBLICO. DESFAZIMENTO DO ATO ADMINISTRATIVO PELA MESA DIRETORA DA ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA. ILEGALIDADE DO ATO QUE DECLAROU A NULIDADE DA INVESTIDURA DO SERVIDOR. IMPROCEDÊNCIA. EFETIVIDADE E ESTABILIDADE. (...) 3. Estabilidade: artigos 41 da Constituição Federal e 19 do ADCT. A vigente Constituição estipulou duas modalidades de estabilidade no serviço público: a primeira, prevista no art. 41, é pressuposto inarredável à efetividade. A nomeação em caráter efetivo constitui-se em condição primordial para a aquisição da estabilidade, que é conferida ao funcionário público investido em cargo, para o qual foi nomeado em virtude de concurso público. A segunda, prevista no art. 19 do ADCT, é um favor constitucional conferido àquele servidor admitido sem concurso público há pelo menos cinco anos antes da promulgação da Constituição. Preenchidas as condições insertas no preceito transitório, o servidor é estável, mas não é efetivo, e possui somente o direito de permanência no serviço público no cargo em que fora admitido, todavia sem incorporação na carreira, não tendo direito a progressão funcional nela, ou a desfrutar de benefícios que sejam privativos de seus integrantes. 3.1. O servidor que preenchera as condições exigidas pelo art. 19 do ADCT-CF/88 é estável no cargo para o qual fora contratado pela Administração Pública, mas não é efetivo. Não é titular do cargo que ocupa, não integra a carreira e goza apenas de uma estabilidade especial no serviço público, que não se confunde com aquela estabilidade regular disciplinada pelo art. 41 da Constituição Federal. (…) Recurso extraordinário conhecido e provido, para cassar a segurança concedida” (RE 167.635-AgR, Relator o Ministro Maurício Corrêa, Segunda Turma, DJ 7.2.1997, grifos nossos).” “AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. CONSTITUCIONAL. ART. 19 DO ATO DAS DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS TRANSITÓRIAS. ESTABILIDADE EXCEPCIONAL. IMPOSSIBILIDADE DE EXTENSÃO DE VANTAGENS INERENTES AO EXERCÍCIO DE CARGO EFETIVO. PREENCHIMENTO DE REQUISITO PARA PROVIMENTO DE CARGO EFETIVO: IMPOSSIBILIDADE DE REEXAME DE PROVAS. SÚMULA N. 279 DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. AGRAVO REGIMENTAL AO QUAL SE NEGA PROVIMENTO. (ARE 852600 AgR, Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA, Segunda Turma, julgado em 24/02/2015, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-043 DIVULG 05-03-2015 PUBLIC 06-03-2015)” Assim, não é o autor servidor efetivo, mas tão somente estável. Não há que falar também em direito adquirido a qualquer benefício concedido em seu favor na premissa de ser servidor efetivo na medida em que o direito adquirido por ato administrativo inconstitucional é nulo de pleno direito. Inclusive o Egrégio Tribunal de Justiça deste Estado já decidiu lides idênticas a esta em julgamento, veja-se: “APELAÇÃO CÍVEL E REMESSA NECESSÁRIA – AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS – SERVIDOR PÚBLICO ESTADUAL ESTABILIZADO – ARTIGO 19, DO ADCT – CONVERSÃO DE LICENÇA–PRÊMIO EM ESPÉCIE – IMPOSSIBILIDADE – VANTAGEM NÃO ESTENDIDA AOS SERVIDORES ESTABILIZADOS DE FORMA EXTRAORDINÁRIA – [...] 1. O artigo 19, da ADCT, garante aos servidores estabilizados apenas e tão somente o direito de permanecer no serviço público, não sendo a eles estendidos os demais direitos conferidos aos servidores que possuem efetividade e estabilidade. [...] (TJ-MT - APELAÇÃO / REMESSA NECESSÁRIA CÍVEL: 0020616-65.2015.8 .11.0041, Relator.: NÃO INFORMADO, Data de Julgamento: 05/03/2024, Segunda Câmara de Direito Público e Coletivo, Data de Publicação: 11/03/2024)” Desta forma, não há como acolher a pretensão inicial. Ante ao exposto, e por tudo mais que dos autos consta, com fundamento no artigo 487, inciso I, do Código de Processo Civil, JULGO IMPROCEDENTE os pedidos formulados na inicial. Condeno o autor ao pagamento das custas e despesas processuais remanescentes. Condeno-o ainda, ao pagamento de honorários advocatícios, estes arbitrados nos percentuais mínimos na forma do artigo 85, §3º, na forma do §5º, do Código de Processo Civil, sob o valor da causa aqui atualizado e corrigido pelo INPC. Entretanto, é o autor beneficiário da gratuidade judiciária, ficando suspensa a exigibilidade das referidas cobranças. Transitada em julgado, em nada requerendo, arquivem-se, com as anotações e baixas devidas. Publique-se. Registre-se. Intime-se. Cumpra-se, expedindo o necessário. Às providências. Pedra Preta/MT, data da assinatura eletrônica. Márcio Rogério Martins Juiz de Direito em Regime de Cooperação Autorizado pela Portaria nº 866/2025

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Processo nº 5002434-60.2022.4.04.7014

ID: 277212582

Tribunal: TRF4 Órgão: Gabinete de Admissibilidade do Paraná Classe: RECURSO INOMINADO CíVEL Nº Processo: 5002434-60.2022.4.04.7014

Data de Disponibilização: 26/05/2025

Polo Ativo:

NELSON RUBBO

Polo Passivo:

DESPACHO/DECISÃO

Advogados:

VIRGILIO CESAR DE MELO

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RECURSO CÍVEL Nº 5002434-60.2022.4.04.7014/PR RECORRENTE : NELSON RUBBO (AUTOR) ADVOGADO(A) : VIRGILIO CESAR DE MELO (OAB PR014114) DESPACHO/DECISÃO Pedido de Uniformização Nacional - parte autora T… RECURSO CÍVEL Nº 5002434-60.2022.4.04.7014/PR RECORRENTE : NELSON RUBBO (AUTOR) ADVOGADO(A) : VIRGILIO CESAR DE MELO (OAB PR014114) DESPACHO/DECISÃO Pedido de Uniformização Nacional - parte autora Trata-se de pedido de uniformização nacional interposto pela parte autora contra acórdão prolatado por Turma Recursal desta Seção Judiciária, no qual requer a extinção do processo sem resolução do mérito. O recorrente suscitou como precedentes paradigmas julgados da 10ª Turma do TRF4 e da 2ª Turma Recursal do Rio Grande do Sul, e o Tema 629 do STJ. Esclareço que os paradigmas do TRF4 e da Turma Recursal do Rio Grande do Sul não têm o condão de ensejar divergência capaz de fundamentar pedido de uniformização nacional, a teor do disposto no art. 14, §2º, da Lei n.º 10.259/2001, porque necessária a demonstração de divergência entre decisões de Turmas Recursais de diferentes Regiões ; súmulas ou jurisprudência dominante do Superior Tribunal de Justiça ; ou jurisprudência da própria TNU . Neste sentido, a orientação jurisprudencial da TNU: PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO. DIREITO PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-ACIDENTE. SEQUELAS QUE IMPLIQUEM REDUÇÃO DA CAPACIDADE LABORATIVA. PRECEDENTES DE TRIBUNAIS REGIONAIS FEDERAIS . PARADIGMAS INVÁLIDOS. INCIDENTE DA PARTE AUTORA NÃO CONHECIDO (Pedido de Uniformização de Interpretação de Lei (Turma) 1004312-98.2019.4.01.3806, LUCIANA ORTIZ TAVARES COSTA ZANONI - TURMA NACIONAL DE UNIFORMIZAÇÃO, 17/03/2023.) PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE INTERPRETAÇÃO DE LEI (PUIL). DIREITO PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. APRESENTAÇÃO DE ACÓRDÃOS DE TRIBUNAIS REGIONAIS FEDERAIS COMO PARADIGMAS . IMPOSSIBILIDADE. ALEGAÇÃO DE DISSONÂNCIA DO ACÓRDÃO RECORRIDO COM A SÚMULA 73 DA TNU. AUSÊNCIA DE DEMONSTRAÇÃO DE SIMILITUDE FÁTICA ENTRE O CASO CONCRETO E OS CASOS QUE DÃO SUSTENTAÇÃO À SÚMULA. RECURSO DO AUTOR NÃO CONHECIDO. (Pedido de Uniformização de Interpretação de Lei (Turma) 0003058-86.2019.4.03.6317, CAIO MOYSES DE LIMA - TURMA NACIONAL DE UNIFORMIZAÇÃO, 17/02/2023.) PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO NACIONAL. DIREITO PREVIDENCIÁRIO. TEMPO DE SERVIÇO ESPECIAL. 1) CERCEAMENTO DE DEFESA POR NEGATIVA DE PRODUÇÃO DE PERÍCIA TÉCNICA JUDICIAL INDIRETA OU POR SIMILARIDADE EM EMPRESAS INATIVAS. QUESTÃO DE ORDEM PROCESSUAL. SÚMULA 43 DA TNU. 2) MERA TRANSCRIÇÃO DE TRECHOS DOS PARADIGMAS, SEM INDICAÇÃO DAS SEMELHAÇAS FÁTICO-JURÍDICAS COM O ACÓRDÃO RECORRIDO. AUSÊNCIA DE COTEJO ANALÍTICO. 3) TEMA 213 DA TNU NÃO IMPÕE A REALIZAÇÃO DE PERÍCIA JUDICIAL DECORRENTE DE MERA IMPUGNAÇÃO CONTRA INFORMAÇÃO DO PPP ACERCA DA EFICÁCIA DO EPI. PRECEDENTE DA TNU QUE TAMBÉM NÃO OBRIGA A REALIZAÇÃO DE PERÍCIA INDIRETA OU POR SIMILARIDADE POR AUXILIAR DA JUSTIÇA EM RAZÃO DA ALEGADA INATIVIDADE DA EMPRESA. DEMAIS JULGADOS DA TNU QUE APENAS DETERMINAM AO MAGISTRADO QUE POSSIBILITE A JUNTADA, PELO PRÓPRIO INTERESSADO, DE LAUDO PERICIAL INDIRETO OU SIMILAR, NA HIPÓTESE DE EMPRESA INATIVA. AUSÊNCIA DE SIMILITUDE FÁTICA E JURÍDICA. QUESTÃO DE ORDEM 22 DA TNU. 4) INVIABILIDADE, COMO PARADIGMAS, DE ACÓRDÃOS DE TURMAS RECURSAIS DA MESMA REGIÃO DE ORIGEM DO ACÓRDÃO RECORRIDO ; DE DECISÃO MONOCRÁTICA DE PRESIDENTE DA TNU COMO PARADIGMA; E DE JULGADOS DO STJ NÃO RELACIONADOS NA QUESTÃO DE ORDEM 5 DA TNU. 5) NECESSIDADE DE REEXAME DE FATOS E PROVAS PARA ALTERAÇÃO DO RESULTADO DA DEMANDA. SÚMULA 42 DA TNU. INCIDENTE DA PARTE AUTORA NÃO CONHECIDO. (Pedido de Uniformização de Interpretação de Lei (Turma) 0006545-61.2019.4.03.6318, LUCIANA ORTIZ TAVARES COSTA ZANONI - TURMA NACIONAL DE UNIFORMIZAÇÃO, 18/03/2024.) DIREITO PREVIDENCIÁRIO. DIREITO PROCESSUAL CIVIL. ALEGAÇÃO QUE A ATIVIDADE DE PRENSITA É ESPECIAL. ALEGAÇÃO DE QUE AS PROVAS DEMONSTRAM A PRESENÇA DO AGENTE NOCIVO. ALEGAÇÃO DE OFENSA AOS PRECEDENTES DO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 4ª REGIÃO, DA TNU, DA TURMA REGIONAL DE UNIFORMIZAÇÃO DA 3ª REGIÃO E DA 11ª TURMA RECURSAL DA SJSP. PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE INTERPRETAÇÃO DE LEI FEDERAL - PEDILEF/PUIL. ACÓRDÃOS DE TRIBUNAIS REGIONAIS FEDERAIS NÃO SE PRESTAM PARA DEMONSTRAR A SIMILITUDE FÁTICA E JURÍDICA NO RITO ESPECIAL DA LEI Nº 10.259, DE 12.07.2001. ACÓRDÃO DE TURMA RECURSAL DA MESMA REGIÃO NÃO SERVE PARA O CONFRONTO EM INCIDENTE NACIONAL. INTELIGÊNCIA DO §2º, DO ARTIGO 14, DA LEI Nº 10.259/2001. NÃO HÁ DISSENSO ENTRE ACÓRDÃO RECORRIDO E O ACÓRDÃO DITO PARADIGMA DA TNU. ENTENDIMENTO DO TEMA TNU Nº 174. INCIDÊNCIA DA QUESTÃO DE ORDEM TNU Nº 13. NECESSIDADE DE REEXAME DE MATÉRIA DE FATO. INCIDÊNCIA DA SÚMULA TNU Nº 42. INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO DA PARTE AUTORA NÃO CONHECIDO. (Pedido de Uniformização de Interpretação de Lei (Turma) 0000858-66.2016.4.03.6332, FRANCISCO DE ASSIS BASILIO DE MORAES - TURMA NACIONAL DE UNIFORMIZAÇÃO, 14/03/2024.) PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO. PREVIDENCIÁRIO. TEMPO ESPECIAL. AUSÊNCIA DE SIMILITUDE ENTRE O ACÓRDÃO RECORRIDO E O EXARADO PELA TNU. ACÓRDÃOS DE TRU E DE TURMA RECURSAL DA MESMA REGIÃO E DE TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL NÃO CONSTITUEM PARADIGMAS VÁLIDOS PARA EMBASAR PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO. INCIDENTE NÃO CONHECIDO. (Pedido de Uniformização de Interpretação de Lei (Turma) 5000865-81.2018.4.04.7105, JAIRO DA SILVA PINTO - TURMA NACIONAL DE UNIFORMIZAÇÃO, 22/08/2022.) Assim, passo à análise do paradigma válido (Tema 629 do STJ). O voto/acórdão recorrido encontra-se assim fundamentado ( evento 38, VOTO1 ): " Recurso do autor A CTPS prova que ele trabalhou na empresa Randa Portas e Compensados, na função de servente ( 1.7 ). O PPP informa que ele exerceu essa atividade com exposição a ruído de 84 dB(A): O PPRA indica especificamente que para a função de operador de máquina havia exposição a ruído 87 dB(A), a partir da utilização das máquinas serra circular, grampeadeira, serra fita, tupia, furadeira etc., mas não há indicação específica do mesmo agente nocivo para a função de servente, nem o desempenho das atividades utilizando os mesmos equipamentos ( 1.10 ). Dispositivo Considero prequestionados especificamente os dispositivos legais e constitucionais invocados na inicial, contestação, razões e contrarrazões de recurso, sendo certo que a fundamentação acima exposta não viola quaisquer dispositivos da Constituição da República e da legislação federal levantados em tais peças processuais. Desde já fica sinalizado que o manejo de embargos para prequestionamento ficará sujeito à multa. Condeno o INSS ao pagamento de honorários de sucumbência, que fixo em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação, observado o teor do verbete n.º 111 da súmula da jurisprudência do STJ, ou, na ausência daquele valor, sobre o valor atualizado da causa (IPCA-E). Condeno o recorrente a pagar honorários de sucumbência, que fixo em 10% (dez por cento) sobre o valor corrigido da causa (IPCA-E), porém suspendo a sua exigibilidade enquanto ele permanecer na condição de beneficiário da justiça gratuita. Ante o exposto, voto por NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO DO AUTOR E NÃO CONHECER DO RECURSO DO RÉU." Não obstante os argumentos aduzidos pela parte recorrente, tenho que o recurso não logra juízo positivo de admissibilidade, ante a ausência de requisito essencial para o seu seguimento. Em análise aos autos, verifica-se que a insurgência recursal (extinção do processo sem resolução do mérito) trata-se de questão processual sobre a qual recai a Súmula nº 43 da TNU : "Não cabe incidente de uniformização que verse sobre matéria processual." Nesse sentido, os precedentes que a seguir transcrevo, com a orientação jurisprudencial da TNU: DIREITO PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO NACIONAL. APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO. ATIVIDADE RURAL EM REGIME DE ECONOMIA FAMILIAR. AUSÊNCIA DE INÍCIO DE PROVA MATERIAL. IMPROCEDÊNCIA DA DEMANDA OU EXTINÇÃO DO FEITO SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO . TEMA 629 DO STJ. QUESTÃO DE DIREITO PROCESSUAL. SÚMULA 43 DA TNU. PRECEDENTES DA TNU. REAFIRMAÇÃO DA DER. ACÓRDÃO QUE CONSIDEROU O INSTITUTO PREJUDICADO PORQUE NÃO PREENCHIDO O TEMPO MÍNIMO PARA APOSENTAÇÃO, AINDA QUE CONSIDERADAS CONTRIBUIÇÕES POSTERIORES À DER. CARÊNCIA DE INTERESSE RECURSAL. INEXISTÊNCIA DE CONTRARIEDADE AO TEMA 995 DO STJ. TEMPO DE SERVIÇO ESPECIAL. ATIVIDADE DE VIGILANTE, COM OU SEM PORTE DE ARMA DE FOGO. TEMA 1.209 DO STF. SOBRESTAMENTO. CONHECIMENTO PARCIAL DO INCIDENTE, COM DETERMINAÇÃO DE SOBRESTAMENTO NA ORIGEM QUANTO À PARTE CONHECIDA, PARA EVENTUAL ADEQUAÇÃO. (Pedido de Uniformização de Interpretação de Lei (Turma) 5054236-52.2016.4.04.7000, CAIO MOYSES DE LIMA - TURMA NACIONAL DE UNIFORMIZAÇÃO, 15/12/2023.) DIREITO PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. AÇÃO QUE TEM POR OBJETO PEDIDO DE COMPLEMENTAÇÃO DE APOSENTADORIA DEVIDA A EX-FERROVIÁRIO. ALEGAÇÃO DE DECADÊNCIA DO DIREITO À REVISÃO DO ATO DE CONCESSÃO. AUSÊNCIA DE SIMILITUDE FÁTICA-JURÍDICA. ALEGAÇÃO DE QUE NÃO HOUVE RENÚNCIA AO VALOR EXCEDENTE A SESSENTA SALÁRIOS MÍNIMOS. PEDIDO DE EXTINÇÃO DO FEITO SEM RESOLUÇÃO DE MÉRITO. IMPOSSIBILIDADE. DISCUSSÃO DE MATÉRIA ESTRITAMENTE PROCESSUAL. SÚMULA 43 DA TNU. MATÉRIA NÃO EXAMINADA PELA TURMA DE ORIGEM. ANATOCISMO E APLICAÇÃO DA LEI 11.960/09. DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL NÃO DEMONSTRADO. MATÉRIA QUE NÃO FOI ABORDADA NO JULGADO RECORRIDO. NÃO OPOSIÇÃO DE EMBARGOS DE DECLARAÇÃO PARA FINS DE ENFRENTAMENTO DAS MATÉRIAS. INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO NÃO ADMITIDO. (Pedido de Uniformização de Interpretação de Lei (Turma) 5000595-89.2016.4.04.7214, POLYANA FALCAO BRITO - TURMA NACIONAL DE UNIFORMIZAÇÃO, 26/03/2021.) Dessa forma, incide ao caso o estabelecido no artigo 14, inciso V, alínea 'e', da Resolução nº 586/2019 do CJF : " V – não admitir o pedido de uniformização de interpretação de lei federal, quando desatendidos os seus requisitos, notadamente se: e) versar sobre matéria processual ;" Ante o exposto, não admito o pedido de uniformização nacional. Intimem-se. Após, certifique-se o trânsito em julgado do acórdão e encaminhem-se os autos ao Juizado de origem.

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Processo nº 1004312-94.2025.4.01.3901

ID: 277825956

Tribunal: TRF1 Órgão: 1ª Vara Federal Cível e Criminal da SSJ de Marabá-PA Classe: MANDADO DE SEGURANçA CíVEL Nº Processo: 1004312-94.2025.4.01.3901

Data de Disponibilização: 23/05/2025

Polo Ativo:

ISMAEL FROIS VIDAL

Polo Passivo:

Decisão

Advogados:

DANIELA FERNANDES DE SOUSA

OAB/PA XXXXXX Desbloquear

PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA FEDERAL Seção Judiciária do Pará 1ª Vara Federal da Subseção Judiciária de Marabá PROCESSO: 1004312-94.2025.4.01.3901 CLASSE: MANDADO DE SEGURANÇA CÍVEL (120) IMPETRANTE: Nom… PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA FEDERAL Seção Judiciária do Pará 1ª Vara Federal da Subseção Judiciária de Marabá PROCESSO: 1004312-94.2025.4.01.3901 CLASSE: MANDADO DE SEGURANÇA CÍVEL (120) IMPETRANTE: Nome: ISMAEL FROIS VIDAL Endereço: Fazenda Santa Maria, s/n, Fazenda, PIçARRA - PA - CEP: 68575-000 IMPETRADO: DECISÃO De saída observo que a petição inicial foi endereçada ao JUIZO FEDERAL DA 2ª VARA FEDERAL DE MARABÁ, porém, não trouxe nenhuma fundamentação para escolha desse juízo para distribuir sua ação. E em análise preliminar, não foi verificada prevenção desse juízo para a presente causa, assim, deve a parte autora esclarecer o endereçamento da sua inicial. Prosseguindo, cabe apontar que as digitalizações de arquivos no sistema PJe devem ser feitas em monocromático, utilizando-se a resolução máxima de 300 dpi e o recurso de OCR (Reconhecimento Ótico de Caracteres), imprescindível para permitir a busca textual, conforme constante no documento. Se o original possuir ótima qualidade, recomenda-se utilizar resoluções inferiores, como 150, 200 ou 240 dpi. Notas fiscais, fotos e documentos coloridos em geral devem ser digitalizados com a resolução de 100 dpi. Deve-se privilegiar o formato PDF. A digitalização com a utilização de sistema de reconhecimento óptico de caracteres está preconizada no § 2º do artigo 7º da Portaria Presi 8016281/2019, e sua não observância ensejará na exclusão do documento, conforme § 3º do referido artigo: "(...)§ 2º A digitalização de documentos textuais deverá ocorrer com a utilização de sistema de reconhecimento óptico de caracteres, que permita converter os documentos em dados pesquisáveis. § 3° Ficam autorizadas as áreas de distribuição e protocolo, as unidades processantes e as secretarias das varas federais a procederem a exclusão do PJe, de documentos corrompidos, com vírus ou que descumpram o disposto neste artigo, assim que constatada alguma dessas situações, podendo o juiz autorizar nova apresentação do documento quando entender cabível. (Incluído pela Portaria Presi 284 de 02 de setembro de 2021)(...)" Compete ressaltar também que a utilização de arquivos com recurso de OCR (Reconhecimento Ótico de Caracteres), é imprescindível para: facilitar a análise dos documentos (e dos processos) por todos os usuários, possibilitar a aplicação de inteligência artificial na análise de processos eletrônicos e prover a acessibilidade a profissionais com deficiência visual. Assim, em análise aos presentes autos, observo que o impetrante não seguiu a norma supracitada, ao juntar documentos importantes para instruírem o feito, pois não utilizou arquivos com recurso de OCR (Reconhecimento Ótico de Caracteres). 1. Em razão disso, determino a Secretária que exclua os seguintes documentos IDs: 2188209921 – PROCURAÇÃO; 2188210019 - Declaração de hipossuficiência/pobreza (DECLARAÇÃO DE HIPOSUFICIÊNCIA); 2188210173 - Documento de Identificação (RG, CPF E TITULO ELEITORAL ). 2. Cabe advertir que os documentos juntados pela parte autora, a serem excluídos (procuração outorgada pela parte autora e declaração de hipossuficiência) são indispensáveis ao seguimento da ação, pois a exclusão da procuração implica ausência de legitimidade do advogado nos autos, assim, a ação só pode seguir após a regularização da representação processual; já a declaração de hipossuficiência é documento indispensável análise do pedido de gratuidade de justiça, sua ausência implica em indeferimento da gratuidade, e necessidade de recolhimento de custas iniciais (art. 320, CPC). Seguindo a análise, vejo que o impetrante não atribuiu valor à causa, porém, na autuação fez constar o quantum aleatório e injustificado de R$ 1.000,00. Entretanto, extrai-se da fundamentação da petição inicial que o proveito econômico pretendido com a ação mandamental corresponde a análise de pedido de benefício previdenciário cujo deferimento implicara em pagamento de parcelas vencidas e vincendas, a atrair a regra do §§ 1º e 2º do art. 292 do CPC. Assim, inobstante seja possível verificar de plano o proveito econômico subjacente à demanda, o autor atribuiu valor a causa, deixando de observar à regra cabível, qual seja, aquela disposta no art. 292, §§ 1º e 2º do CPC, de sorte que, o valor arbitrado deve atender aos preceitos do dispositivo citado. O estabelecimento do valor da causa tem efeitos práticos diversos, destacando-se, dentre eles, a definição da competência e do procedimento a ser seguido (art. 3º, I, da 9.099/95), bem como o estabelecimento da base para o arbitramento dos honorários advocatícios, cálculo das custas processuais, e fixação de multa em caso de litigância de má-fé (art. 81 do CPC). Dessa forma, uma atribuição dissonante das regras legais certamente trará consequências importantes ao deslinde do mérito do pedido. Assim, o valor da causa deve representar o proveito econômico almejado pela parte autora. Nesse sentido, a jurisprudência do TRF3, na qual firmo meu convencimento: PROCESSUAL CIVIL - AGRAVO DE INSTRUMENTO - PENSÃO DE EX-COMBATENTE - VALOR DA CAUSA - CONTEÚDO ECONÔMICO DA DEMANDA - AGRAVO DE INSTRUMENTO IMPROVIDO. 1. O valor atribuído à causa deve corresponder à pretensão subjacente à demanda, estabelecido de acordo com o montante do aproveitamento econômico pretendido pela ação. Precedentes do STJ. 2. O agravante objetiva receber pensão especial de ex-combatente, com o pagamento de prestações vencidas desde 05.10.88. 3. Não se trata, pois, de causa destituída de valor econômico quantificável, à qual possa ser atribuído valor aleatório apenas para fins fiscais, de modo que o montante a ela conferido deve estar em harmonia com o real proveito econômico perseguido na demanda. 4. O valor atribuído à causa pelo agravante - R$ 1.000,00 - é ínfimo, se comparado à pretensão econômica por ele buscada, na espécie. 5. Agravo de instrumento improvido. (AI - AGRAVO DE INSTRUMENTO – 327069. Relator: DESEMBARGADORA FEDERAL RAMZA TARTUCE. Órgão julgador: TRF3 – Quinta Turma. Publicação: DJF3 DATA:28/10/2008.) Grifo inexistente no original. Ademais, o valor da causa é matéria de ordem pública, devendo o juiz velar por sua correta atribuição, inclusive de ofício (art. 292, § 3º do CPC). É este o entendimento jurisprudencial do STJ: RECURSO ESPECIAL - USUCAPIÃO EXTRAORDINÁRIA - VALOR DA CAUSA - MATÉRIA DE ORDEM PÚBLICA - ALTERAÇÃO DE OFÍCIO PELO JUIZ - POSSIBILIDADE - ART. 259, VII, DO CPC - INDICAÇÃO DO VALOR DA CAUSA - TERRENO ADQUIRIDO SEM AS BENFEITORIAS - PROVEITO ECONÔMICO QUE CORRESPONDE À NUA-PROPRIEDADE - DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL - ARTS. 541, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CPC, E 255, § 1º, DO RISTJ - AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO - RECURSO PROVIDO. 1. O valor da causa diz respeito à matéria de ordem pública, sendo, portanto, lícito ao magistrado, de ofício, determinar a emenda da inicial quando houver discrepância entre o valor atribuído à causa e o proveito econômico pretendido. Precedentes. 2. Na ação de usucapião de natureza extraordinária, tendo por objeto terreno adquirido sem edificações, o conteúdo econômico corresponde à nua-propriedade e o valor da causa será de acordo com "a estimativa oficial para lançamento do imposto" (art. 259, VII, do CPC), todavia, excluindo-se as eventuais benfeitorias posteriores à aquisição do terreno. 3. Para a correta demonstração da divergência jurisprudencial, deve haver a comprovação do alegado dissídio jurisprudencial, nos moldes exigidos pelos artigos 541, parágrafo único, do CPC; e 255, § 1º, do Regimento Interno deste Superior Tribunal de Justiça, o que, na espécie, não ocorreu. 4. Recurso especial provido.(RESP - RECURSO ESPECIAL – 1133495. Relator(a): Ministro (a) MASSAMI UYEDA. Órgão Julgador: STJ – Terceira Turma. Publicação: DJE DATA:13/11/2012. DTPB) Grifei. Advirta-se que, em caso de impossibilidade de se determinar o valor correspondente à soma encimada, cabe, por outro lado, aproximar-se deste paradigma com razoabilidade e de forma devidamente justificada/fundamentada, passando bem ao largo de se afigurar legítima a atribuição à causa de valor em patamar aleatório e injustificado, conforme pretendido com a inicial e já explicitado alhures. Dando sequência a análise dos autos, trata-se de mandado de segurança, com pedido liminar, em que visa a concessão da segurança a fim de que seja determinado que o INSS analise e decida o recurso administrativo interposto pelo Impetrante no prazo máximo de 30 dias. Porém, observa-se que à inicial não está direcionada aos legitimados para responder a demanda. Nos termos dispostos no artigo 6º da Lei n.º 12.016/2009, disciplinadora do Mandado de Segurança individual e coletivo, a petição inicial deverá preencher os requisitos estabelecidos na lei processual, além da indicação da autoridade coatora, da pessoa jurídica que esta integra, à qual se acha vinculada ou da qual exerce atribuições. Vejamos: Art. 6º A petição inicial, que deverá preencher os requisitos estabelecidos pela lei processual, será apresentada em 2 (duas) vias com os documentos que instruírem a primeira reproduzidos na segunda e indicará, além da autoridade coatora, a pessoa jurídica que esta integra, à qual se acha vinculada ou da qual exerce atribuições. In casu, todavia, verifica-se que no preâmbulo da sua inicial indicou a seguinte autoridade coatora: Gerente Executivo do INSS responsável pela Central de Análise da Agência APS São Geraldo do Araguaia, vinculada ao Estado do Pará, o que demonstra equívoco no apontamento da autoridade coatora e da pessoa jurídica que ela está vinculada. Além disso, cabe logo advertir ao impetrante, caso o processo administrativo esteja aguardando distribuição de recurso pela junta de Recursos da Previdência Social, tratando-se de hipóteses de Mandado de Segurança cujo objeto é a apreciação de recursos administrativos apresentados em face de decisões do INSS, e que a apreciação desses recursos administrativos compete ao Conselho de Recursos da Previdência Social - CRPS, que é um colegiado integrante da estrutura do Ministério da Previdência Social/União Federal, portanto autoridade pertencente pessoa jurídica distinta do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL, sendo esta hipótese, deverá indicar a União Federal como a pessoa jurídica a que autoridade coatora se encontra atrelada/vinculada, bem como, autoridade coatora correta. Com efeito, a parte passiva na ação de mandado de segurança é a pessoa jurídica de direito público, ou quem lhe faça as vezes, e a cujo serviço a autoridade coatora se encontra, e não essa, de per si. A um, porque, na qualidade de agente público, sua manifestação é declaração de vontade do Estado (Princípio da Impessoalidade - Teoria do órgão). A dois, porque eventuais reflexos patrimoniais oriundos de sentença concessiva mandamental recairão sobre a pessoa jurídica, e não sobre o coator; A três, porquanto a legitimação para recorrer da sentença concessiva mandamental é conferida à pessoa jurídica a que pertence o coator, e não àquele. Ademais, é sobre o ente público que recai a tutela executiva, e somente a eles é dada a prerrogativa processual do reexame necessário, que tem expressa previsão no art. 14, da Lei de Mandado de Segurança. 3. Ante o exposto, em observância aos princípios da não surpresa e do contraditório substancial (art. 9º, Caput c/c art. 10º, ambos do CPC), uma vez que não preenchidos os requisitos exigidos em lei, intime-se a parte impetrante para, no prazo de 15 (quinze) dias, emendar à inicial, sob pena de indeferimento da petição inicial e extinção da ação sem resolução de mérito, nos termos do art. 321 c/c art. 485, I, ambos do CPC, para: 3.1 que legitime sua representação processual, juntando: procuração em substituição a excluída, sob pena de ser considerada ineficaz a petição inicial (art. 104, § 2º do CPC); 3.2 que junte declaração de hipossuficiência econômica e demais documentos excluídos, conforme Itens 1 e 2. Os documentos devem ser juntados, nos termos supra - arquivos com recurso de OCR (Reconhecimento Ótico de Caracteres). 3.3 fazer nela constar a expressa identificação/qualificação da autoridade coatora, bem como da pessoa jurídica a que a ela pertence, promovendo os ajustes necessários para a correta tramitação da ação. 3.4 que proceda à adequação fundamentada do valor da causa ao proveito econômico potencialmente consectário à ação, no caso de eventual êxito da demanda, (art. 292, §§ 1º e 2º do CPC), devendo juntar os respectivos cálculos. 3.5 Esclarecer o endereçamento da sua petição ao Juízo da 2ª Vara Federal da Subseção de Marabá/PA. 4. Não efetuada a juntada da declaração de hipossuficiência, indefiro, desde já, o pleito de gratuidade, neste caso, deve a parte autora, no mesmo prazo supra, comprovar o regular recolhimento das custas, a teor da Tabela I, “a” e “b”, da Portaria Presi 9902830, e art. 290 do CPC, sob pena de cancelamento da distribuição. 5. Decorrido o prazo sem juntada da declaração de hipossuficiência ou sem recolhimento das custas, à Secretaria para que cancele a distribuição dos autos. 6. Decorrido o prazo sem emenda nos termos dos demais subitens do item 3, voltem os autos imediatamente conclusos para Sentença [CIV] MINUTAR SENTENÇA – SECRETARIA 7. Efetuada a emenda nos termos determinado, e não havendo fundamento para escolha do Juízo da 2ª Vara Federal da Subseção de Marabá/PA, tendo em vista que esta ação foi distribuída por sortéio, postergo a apreciação do pedido liminar para após o exercício do contraditório, determinando a adoção das seguintes medidas: 7.1 Retifique-se a autuação, caso necessário 7.2 Notifique-se a autoridade impetrada para que preste informações no prazo de 10 dias, conforme art. 7º, I, da Lei 12.016/09. 7.3 Ainda, dê-se ciência do feito ao órgão de representação judicial da pessoa jurídica interessada, enviando-lhe cópia da inicial sem documentos, para que, querendo, ingresse no feito, nos termos do art. 7º, II, da Lei nº. 12.016/09. 7.4 Por fim, vista ao MPF, para manifestação, e, após, façam os autos conclusos para sentença. 8. Este despacho servirá como mandado/carta/ofício de notificação/citação. Intime-se. Cumpra-se. Marabá/PA. < > MARCELO HONORATO Juiz Federal AAM. OBSERVAÇÃO: O processo tramita no sistema Processo Judicial Eletrônico - PJe (http://portal.trf1.jus.br/portaltrf1/processual/processo-judicial-eletronico/pje). Os documentos do processo poderão ser acessados mediante as chaves de acesso informadas abaixo, no endereço: "http://pje1g.trf1.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam". O advogado contratado poderá acessar o inteiro teor do processo, bem como solicitar habilitação nos autos, por meio do menu "Processo/Outras ações/Solicitar habilitação", após login no sistema com certificado digital. Para maiores informações, consultar o manual do PJe no endereço informado. CHAVES DE ACESSO: (Em caso de problema(s) na visualização do(s) documento(s) decorrentes de problema(s) na(s) chave(s), contatar a Secretaria da 1ª Vara Federal Cível e Criminal da SSJ de Marabá-PA através dos contatos abaixo) Documentos associados ao processo Título Tipo Chave de acesso** Petição inicial Petição inicial 25052215372039000000029259003 COMPROVANTE DE PROTOCOLO Comprovante (Outros) 25052215372054900000029260387 COMPROVANTE DE PEDIDO EM ANÁLISE Comprovante (Outros) 25052215372067900000029260636 PROCURAÇÃO Procuração 25052215372083500000029260874 DECLARAÇÃO DE HIPOSUFICIÊNCIA Declaração de hipossuficiência/pobreza 25052215372098400000029260972 RG, CPF E TITULO ELEITORAL Documento de Identificação 25052215372110800000029261170 Informação de Prevenção Informação de Prevenção 25052215504254900000029270433 SEDE DO JUÍZO: 1ª Vara Federal Cível e Criminal da SSJ de Marabá-PA ENDEREÇO DO JUÍZO: Travessa Ubá, s/n, Amapá, Marabá - PA - CEP: 68502-008 E-MAIL: 01vara.mba@trf1.jus.br FONE/FAX: (94) 2101-8300

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Processo nº 5001948-11.2022.4.04.7003

ID: 299634779

Tribunal: TRF4 Órgão: Gabinete de Admissibilidade do Paraná Classe: RECURSO INOMINADO CíVEL Nº Processo: 5001948-11.2022.4.04.7003

Data de Disponibilização: 16/06/2025

Polo Ativo:

CLOVIS DO PRADO BUENO

Polo Passivo:

DESPACHO/DECISÃO

Advogados:

ROBISON CAVALCANTI GONDASKI

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NATALIA NADALINI CASTRO

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RECURSO CÍVEL Nº 5001948-11.2022.4.04.7003/PR RECORRENTE : CLOVIS DO PRADO BUENO (AUTOR) ADVOGADO(A) : ROBISON CAVALCANTI GONDASKI (OAB PR035808) ADVOGADO(A) : NATALIA NADALINI CASTRO (OAB PR071443)… RECURSO CÍVEL Nº 5001948-11.2022.4.04.7003/PR RECORRENTE : CLOVIS DO PRADO BUENO (AUTOR) ADVOGADO(A) : ROBISON CAVALCANTI GONDASKI (OAB PR035808) ADVOGADO(A) : NATALIA NADALINI CASTRO (OAB PR071443) DESPACHO/DECISÃO Pedido de Uniformização Nacional - parte autora Trata-se de pedido de uniformização nacional interposto pela parte autora contra acórdão prolatado por Turma Recursal desta Seção Judiciária, no qual requer: (i) o reconhecimento de atividade rural no período de 12/08/1974 a 11/02/1978; (ii) o reconhecimento do trabalho em condições especiais como trabalhador rural nos períodos de 16/03/1987 a 17/03/1987, 01/06/1987 a 01/06/1988, 13/10/1989 a 20/06/1990, 02/08/1993 a 04/02/1994, 30/05/1994 a 31/08/1994, 01/05/1996 a 19/12/1996, 28/04/1997 a 22/12/1998, 18/05/1999 a 12/11/1999, 16/06/2000 a 19/11/2000, 24/05/2001 a 15/10/2002, 23/04/2003 a 21/12/2004, 09/05/2005 a 29/09/2006 e 28/03/2007 a 25/11/2008". Suscitou como precedentes paradigmas julgados da 6ª Turma do TRF4 e da 7ª Turma do TRF3, e a súmula 149 do STJ. Esclareço que os julgados do TRF4 e do TRF3 apresentados pelo recorrente não se mostram válidos, pois paradigmas dos Tribunais Regionais Federais não têm o condão de ensejar divergência capaz de fundamentar pedido de uniformização nacional, a teor do disposto no art. 14, §2º, da Lei n.º 10.259/2001, porque necessária a demonstração de divergência entre decisões de Turmas Recursais de diferentes Regiões ; súmulas ou jurisprudência dominante do Superior Tribunal de Justiça ; ou jurisprudência da própria TNU . Neste sentido, a orientação jurisprudencial da TNU: PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO. DIREITO PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-ACIDENTE. SEQUELAS QUE IMPLIQUEM REDUÇÃO DA CAPACIDADE LABORATIVA. PRECEDENTES DE TRIBUNAIS REGIONAIS FEDERAIS . PARADIGMAS INVÁLIDOS. INCIDENTE DA PARTE AUTORA NÃO CONHECIDO (Pedido de Uniformização de Interpretação de Lei (Turma) 1004312-98.2019.4.01.3806, LUCIANA ORTIZ TAVARES COSTA ZANONI - TURMA NACIONAL DE UNIFORMIZAÇÃO, 17/03/2023.) PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE INTERPRETAÇÃO DE LEI (PUIL). DIREITO PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. APRESENTAÇÃO DE ACÓRDÃOS DE TRIBUNAIS REGIONAIS FEDERAIS COMO PARADIGMAS. IMPOSSIBILIDADE. ALEGAÇÃO DE DISSONÂNCIA DO ACÓRDÃO RECORRIDO COM A SÚMULA 73 DA TNU. AUSÊNCIA DE DEMONSTRAÇÃO DE SIMILITUDE FÁTICA ENTRE O CASO CONCRETO E OS CASOS QUE DÃO SUSTENTAÇÃO À SÚMULA. RECURSO DO AUTOR NÃO CONHECIDO. (Pedido de Uniformização de Interpretação de Lei (Turma) 0003058-86.2019.4.03.6317, CAIO MOYSES DE LIMA - TURMA NACIONAL DE UNIFORMIZAÇÃO, 17/02/2023.) Assim, passo à análise do paradigma válido (súmula 149/STJ). (i) Quanto à questão objeto da lide, a Turma Nacional de Uniformização afetou o PEDILEF n. 5008955-78.2018.4.04.7202/SC como Representativo da Controvérsia ( Tema 219 ), o qual transitou em julgado em 26/07/2022, firmando a seguinte tese: "É possível o cômputo do tempo de serviço rural exercido por pessoa com idade inferior a 12 (doze) anos na época da prestação do labor campesino." Segue inteiro teor da Ementa: PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA. TEMA 219/TNU. QUESTÃO SUBMETIDA A JULGAMENTO: SABER SE É POSSÍVEL O CÔMPUTO DO TEMPO DE SERVIÇO RURAL ÀQUELE QUE TENHA MENOS DE 12 ANOS DE IDADE. RE 1.225.475, QUE TEM POR OBJETO AÇÃO CIVIL PÚBLICA AJUIZADA PELO MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL EM FACE DO INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL, PARA QUE A AUTARQUIA SE ABSTENHA DE FIXAR IDADE MÍNIMA PARA FINS DE RECONHECIMENTO DE TEMPO DE SERVIÇO E DE CONTRIBUIÇÃO PELO EXERCÍCIO DAS ATIVIDADES PREVISTAS NO ART. 11 DA LEI 8.213/91. ENTENDIMENTO DO STF NO SENTIDO DE QUE "O ART. 7°, XXXIII, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL NÃO PODE SER INTERPRETADO EM PREJUÍZO DA CRIANÇA OU ADOLESCENTE QUE EXERCE ATIVIDADE LABORAL. REGRA CONSTITUCIONAL QUE BUSCA A PROTEÇÃO E DEFESA DOS TRABALHADORES NÃO PODE SER UTILIZADA PARA PRIVÁ-LOS DOS SEUS DIREITOS, INCLUSIVE, PREVIDENCIÁRIOS". AS ATIVIDADES RURAIS, POR SUA PRÓPRIA NATUREZA, EXIGEM, REGRA GERAL, BOM VIGOR FÍSICO PARA SUA EXECUÇÃO, POIS SÃO EXERCIDAS DE MODO RÚSTICO, EM CÉU ABERTO, COM EXPOSIÇÃO ÀS INTEMPÉRIES. EM DECORRÊNCIA DESSA CIRCUNSTÂNCIA, HÁ ENTENDIMENTO NO SENTIDO DE NÃO SER CRÍVEL QUE UMA CRIANÇA DE ATÉ DOZE ANOS DE IDADE INCOMPLETOS, POSSUA VIGOR FÍSICO NECESSÁRIO PARA O EXERCÍCIO PLENO DA ATIVIDADE RURAL, SENDO SUA PARTICIPAÇÃO NAS LIDES CAMPESINAS, COMO REGRA, DE CARÁTER LIMITADO, SECUNDÁRIO. TODAVIA, CADA SER HUMANO TEM SUA PRÓPRIA COMPLEIÇÃO FÍSICA, POSSIBILITANDO EXCEÇÃO À REGRA DE QUE ALGUÉM COM IDADE INFERIOR A 12 (DOZE) ANOS NÃO TENHA " VIGOR FÍSICO NECESSÁRIO PARA O EXERCÍCIO PLENO DA ATIVIDADE RURAL" . HAVENDO COMPROVAÇÃO DE QUE A PESSOA COM IDADE INFERIOR A 12 (DOZE) ANOS TENHA, DE FATO, EXERCIDO ATIVIDADE RURAL, DEVE-SE RECONHECER O LABOR CAMPESINO EFETIVAMENTE COMPROVADO , E NÃO FECHAR OS OLHOS PARA A REALIDADE FÁTICA, PREJUDICANDO AQUELES A QUEM SE DEVERIA CONFERIR MAIOR PROTEÇÃO SOCIAL. PRECEDENTES DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA E DA TURMA NACIONAL DE UNIFORMIZAÇÃO DOS JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS. PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO PROVIDO. RETORNO DOS AUTOS À TURMA RECURSAL DE ORIGEM, PARA QUE REANALISE A QUESTÃO, ADOTANDO A SEGUINTE TESE: É POSSÍVEL O CÔMPUTO DO TEMPO DE SERVIÇO RURAL EXERCIDO POR PESSOA COM IDADE INFERIOR A 12 (DOZE) ANOS NA ÉPOCA DA PRESTAÇÃO DO LABOR CAMPESINO. (PEDILEF N. 5008955-78.2018.4.04.7202/SC) Em análise ao recurso, observo que a Turma Recursal não se afastou das premissas jurídicas fixadas pela TNU no Tema 219. Conquanto o Colegiado Recursal admita a possibilidade de reconhecimento do trabalho rural de pessoa menor de doze anos de idade, em cotejo ao conjunto probatório coligido nos autos, entendeu pela não comprovação da efetiva colaboração para o desenvolvimento socioeconômico do grupo familiar , o que é exigido para a configuração da qualidade de segurado especial, nos termos requeridos pela legislação de regência . Transcreve-se trecho do acórdão recorrido ( evento 47, VOTO1 ): "Quanto ao período de 12/08/1974 a 11/02/1978, de fato, é possível o reconhecimento do trabalho rural antes dos doze anos de idade, segundo decisão proferida pela TNU no julgamento do tema 219 (trânsito em julgado em 26/07/2022): É possível o cômputo do tempo de serviço rural exercido por pessoa com idade inferior a 12 (doze) anos na época da prestação do labor campesino. Contudo, a averbação do alegado trabalho infantil do recorrente nesse período (antes dos 12 anos idade) esbarra no entendimento jurisprudencial de que somente é possível se produzidas robustas provas documental e testemunhal, o que não ocorreu. Confira-se: PREVIDENCIÁRIO. TEMPO DE SERVIÇO RURAL ANTERIOR AOS 12 ANOS. POSSIBILIDADE. REGIME DE ECONOMIA FAMILIAR. FALTA DE COMPROVAÇÃO DO EFETIVO LABOR: NÃO-RECONHECIMENTO. AVERBAÇÃO DE TEMPO DE SERVIÇO ESPECIAL. EXPOSIÇÃO A RUÍDO. METODOLOGIA DE AFERIÇÃO: CRITÉRIO NEN A PARTIR DE 19/11/2003. NHO-01 DA FUNDACENTRO. TEMA 1083/STJ. APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO. CORREÇÃO MONETÁRIA E JUROS DE MORA. 1.Tendo em vista que as normas que proíbem o trabalho infantil são destinadas a proteger o menor, não podem ser interpretadas a fim de prejudicá-lo. Por conseguinte, é possível reconhecer o tempo de serviço rural prestado por menor de doze (12) anos de idade, ainda que as normas então vigentes (Constituição Federal de 1967, art. 158, X) fixassem a idade mínima de doze (12) anos para o exercício de qualquer trabalho. 2. Na perspectiva do regime de economia familiar, o tempo de serviço rural anterior aos 12 anos de idade deve ser reconhecido somente quando houver robusta prova material e testemunhal do seu exercício, demonstrando que não se tratava apenas de um auxílio eventual à família. Precedente da Turma. 3. Não comprovado o exercício de labor anteriormente aos doze (12) anos de idade, improcede o pedido respectivo de reconhecimento do tempo rural. [...] (TRF4, AC 5003267-47.2022.4.04.9999, DÉCIMA TURMA, Relator LUIZ FERNANDO WOWK PENTEADO, juntado aos autos em 28/10/2022) Com efeito, há nos autos histórico escolar do autor, que comprova ter frequentado a escola nos 1978 a 1981, com poucas faltas ( 11.2 , p. 8), ele tinha outros 8 irmãos. Além disso, na autodeclaração juntada no PA, alegou trabalho rural somente a partir de 1978 ( 1.5 , p. 5-18). Todos esses fatos conduzem à conclusão de que eventual auxílio prestado aos familiares antes dos doze anos não correspondia à efetiva colaboração para o desenvolvimento socioeconômico do núcleo familiar . De outro vértice, havendo elementos nos autos que afastam a imprescindibilidade do trabalho rural exercido antes dos 12 anos, entendo pela desnecessidade de oitiva das testemunhas, pois, ainda que confirmassem o trabalho rural do autor antes dos 12 anos, há provas de que o auxílio prestado à família era prescindível. Portanto, entendo que deve ser afastado o pedido de oitiva de testemunhas. Quanto ao pedido de reafirmação da DER, ela já foi analisada na sentença, sendo que entre aquela decisão e a presente data, o autor ostenta no CNIS apenas uma contribuição com indicador de pendência ( 45.1 ). Pelo exposto, mantenho a sentença pelos próprios fundamentos, aos quais agrego os acima expostos." (g.n.) Com efeito, a alteração da conclusão do acórdão recorrido implicaria reexame do conjunto probatório objeto da lide, fato que encontra óbice nas súmulas nº 42 da TNU , nº 7 do STJ e 279 do STF ( Não se conhece de incidente de uniformização que implique reexame de matéria de fato ; A pretensão de simples reexame de prova não enseja recurso especial ; Para simples reexame de prova não cabe recurso extraordinário - respectivamente), aplicáveis às Turmas de Uniformização. Desse modo, aplica-se ao ponto o estabelecido no artigo 14, inciso V, alínea "d", da Resolução nº 586/2019 do CJF : "V – não admitir o pedido de uniformização de interpretação de lei federal, quando desatendidos os seus requisitos, notadamente se: d) a análise do pedido de uniformização demandar reexame de matéria de fato ;" (ii) No tocante o pedido de reconhecimento do trabalho em condições especiais como trabalhador rural, nos períodos de 16/03/1987 a 17/03/1987, 01/06/1987 a 01/06/1988, 13/10/1989 a 20/06/1990, 02/08/1993 a 04/02/1994, 30/05/1994 a 31/08/1994, 01/05/1996 a 19/12/1996, 28/04/1997 a 22/12/1998, 18/05/1999 a 12/11/1999, 16/06/2000 a 19/11/2000, 24/05/2001 a 15/10/2002, 23/04/2003 a 21/12/2004, 09/05/2005 a 29/09/2006 e 28/03/2007 a 25/11/2008, consoante a fundamentação preliminar acima esposada, tenho que o pleito não logra juízo positivo de admissibilidade, ante a ausência de paradigma válido (julgado da 7ª Turma do TRF3). Portanto, resta prejudicado o cotejo analítico entre o acórdão recorrido e o paradigma suscitado, recaindo sobre o ponto o preceituado no artigo 14, inciso V, alínea "a", da Resolução nº 586/2019 do CJF : " V – não admitir o pedido de uniformização de interpretação de lei federal, quando desatendidos os seus requisitos, notadamente se: a) não indicado paradigma válido , com a devida identificação do processo em que proferido; " Pelo exposto, não admito o pedido de uniformização nacional. Intimem-se. Nada sendo requerido, certifique-se o trânsito em julgado, devolvendo os autos à origem.

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Processo nº 1004312-03.2020.8.11.0007

ID: 261876780

Tribunal: TJMT Órgão: 4ª VARA DA COMARCA DE ALTA FLORESTA Classe: AçãO PENAL - PROCEDIMENTO ORDINáRIO Nº Processo: 1004312-03.2020.8.11.0007

Data de Disponibilização: 29/04/2025

Polo Ativo:

Polo Passivo:

SERGIO BENEDITO DOS SANTOS

Sentença

Advogados:

JAIRO CEZAR DA SILVA

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ESTADO DE MATO GROSSO PODER JUDICIÁRIO 4ª VARA DA COMARCA DE ALTA FLORESTA SENTENÇA Processo: 1004312-03.2020.8.11.0007. AUTORIDADE: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MATO GROSSO REU: SERGIO BENEDITO D… ESTADO DE MATO GROSSO PODER JUDICIÁRIO 4ª VARA DA COMARCA DE ALTA FLORESTA SENTENÇA Processo: 1004312-03.2020.8.11.0007. AUTORIDADE: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MATO GROSSO REU: SERGIO BENEDITO DOS SANTOS Vistos. O Ministério Público do Estado de Mato Grosso ofereceu denúncia em face de SERGIO BENEDITO DOS SANTOS, pela prática dos delitos previstos nos artigos 14 e 16, caput, da Lei Federal nº 10.826/2003, com as implicações da Lei Federal nº 8.072/1990. Narra à denúncia: Consta dos inclusos autos de inquérito policial que no dia 15 de janeiro de 2017, por volta das 09h00min, na Rua Orlândia, bairro Vila Nova, nesta cidade e comarca de Alta Floresta/MT, o denunciado SERGIO BENEDITO DOS SANTOS portou arma de fogo, de uso restrito, bem como munições de uso permitido sem possuir autorização e em desacordo com determinação legal e regulamentar, qual seja: 01 (uma) pistola semi-automática, marca Smith e Wesson, número de série TFM1866, modelo 3913, calibre .9mm Parabellum, eficiente e de uso restrito, e 09 (nove) munições, calibre 380, marca CBC, eficientes e de uso permitido, consoante laudo nº 510.2.03.2017.002706- 01 de fls. 08/13. Recebida a denúncia no dia 10/09/2020, conforme ID. 37896651. O réu foi citado e apresentou resposta à acusação, conforme ID. 50724923. Após a instrução processual, as partes apresentaram alegações finais em forma de memoriais escritos. Registra-se, que no curso da ação penal as armas de fogo de calibre 9mm EXPP passaram a ser consideradas de uso permitido, vide Decreto nº. 9.785/19, dessa forma, o MPE passou-se a imputar ao denunciado apenas no artigo 14 da Lei 10.826/03. É o relatório. DECIDO. A materialidade do delito resta sobejamente demonstrada através do (1) Boletim de Ocorrência n. 2017.16811 (Num. 37858578 - Pág. 6); (2) Termo de apreensão (Num. 37858578 - Pág. 8); (3) exame de eficiência de arma de fogo e munições (Num. 37858578 - Pág. 10); (4) bem como por todas as declarações prestadas ao longo de toda a persecução penal. Por seu turno, no que tange à autoria do delito imputado ao réu, esta não restou provada durante a instrução criminal. O réu SERGIO BENEDITO DOS SANTOS, Interrogado, em fase judicial, negou a autoria do crime. A testemunha policial, JOÃO PEREIRA LIMA NETO, que realizou a tentativa de abordagem ao suspeito, narrou que: Ministério Público: Boa tarde, João. João, é o seguinte, isso aqui é uma audiência de instrução de uma acusação contra o Sérgio Benedito dos Santos. Ele teria lá em 15 de janeiro de 2017, possuído, sem autorização, arma de uso restrito, bem como estaria carregando algumas munições de uso permitido. Consta ali que vocês teriam abordado, indo abordar ele na rua Orlândia, no Vila Nova, numa Honda Bross vermelha. Ele desobedeceu a ordem de parada, fugiu. Inclusive uma senhora teria abordado os senhores ali para que o senhor não fizesse nenhum mal ao ao suspeito, algo nesse sentido ali. O senhor recorda da ocorrência? Testemunha: Recordo, recordo Ministério Público: O que o senhor pode nos relatar... o que o senhor presenciou? Testemunha: Então se não me falha a memória era um dia de domingo, nós saímos em rondas em distintos bairros da cidade, nesse Vila Nova estava uma ronda basicamente de presença, e e que chegaram em uma esquina tinha ali um um grupinho, esse na hora que viu a viatura se aproximar acho que teve a percepção que seria abordado e ali empreendeu fuga, de imediato diante da situação saímos acompanhando né, fazendo um acompanhamento e ele em cada esquina ele dobrava a esquina de forma brusca né e fazendo um zigue-zague com a moto e tentando e depois possivelmente depois de uns 300 até 500 metros, ele veio perder o controle caiu em uma esquina. No momento em que ele caiu a gente já chegou com a viatura de imediato e ali ficou a moto no chão e embaixo da moto na hora que eu desci da viatura que vi em atrás dele eu percebi a arma. Eu já recolhi a arma para eles e empreendeu fuga ali já de a pé também mas logo e imediato uma casa aberta com o portão aberto ele adentrou nesse quintal e pulou o muro possivelmente, pulou o muro do fundo né, no momento a gente desconfiou que ele pudesse ter entrado nessa casa também que estava com a porta aberta mas fizemos também uma vistoria na casa já com o intuito de de dar uma atenção para as pessoas que estavam ali, para os moradores, mas não se encontrado, então possivelmente ele pulou o muro e diante de não ter encontrado ele fizemos apreensão da arma da motocicleta e a confecção do boletim da corrente e encaminhado para a delegacia Ministério Público: Entendi. Então, era a arma e munições que vocês encontraram ali debaixo da moto, foi isso? Testemunha: Exato... foi a arma e as munições, eu me recordo, não me recordo de munições avulsas, mas de munições, mas da arma carregada. A arma carregada e amuniciada, e, parece com a arma na câmara... para um pronto uso... (inaudível) Ministério Público: Entendi. O senhor lembra como é que vocês chegaram à pessoa do Sérgio e chegaram a identificar ele, quem que forneceu, se a moto estava no nome ou algo do tipo... como é que foi isso? Testemunha: Então, depois eu não me recordo, tivemos a informação do local que ele morava, que era uma chácara, fomos até a chácara e pela informação de alguém que se encontrava na residência, realmente, disse que a motocicleta era dele e que se tratava realmente dele, dessa pessoa, mas que também não se encontrava na residência, não tinha retornado Ministério Público: Entendi. Então foi uma pessoa lá nessa chacara que teria indicado ser o Sérgio... a pessoa que fugiu... é isso? Testemunha: Exatamente, exatamente Ministério Público: Recorda quem que era essa pessoa, se era uma senhora, um homem? Testemunha: Era uma senhora... era uma moça Ministério Público: O senhor conhecia já ele de outras ocorrências policiais ou não? Testemunha: Não. Depois que, que deu o ocorrido, dessa nossa ocorrência, tive a informação que ele já tinha alguma passagem pela delegacia, que tinha sido cumprido, em detenção. Não sei o motivo... não me recordo, mas parece que ela já tinha uma passagem, sim, passagem Ministério Público: Tá bom, então. Obrigado, João. Sem mais, Excelência. Defesa: Ô, João... quando você, chegar a ver o motociclista ali... o condutor da moto, vocês chegaram a ver quem que era? Testemunha: Não... não chegamos. Abordagem... acredito que quando nós estávamos praticamente emparelhando a viatura com esse grupinho da esquina... foi que ele empreendeu fuga... então de imediato já saímos acompanhando ele né, de acordo com a velocidade dele e foi esse o, esse o contato que nós tivemos. Em seguida, até ele vir a cair, ele empreendeu fuga. Depois pelas informações que nós tivemos foi que chegamos à conclusão que se tratava do Sérgio, né? Defesa: João, eu sei que faz bastante tempo eu até entenderia se o senhor falasse que não lembrasse tal coisa desse tipo, mas se lembrasse ele ia melhor. Quais seriam as vestimentas que ele tava e bem como a estatura característica, porque você viu ele caindo e correndo, né? Aí, se você consegue lembrar disso? Testemunha: Traje normal de calça, possivelmente jeans e... camisa, não me recordo, se era longa ou se não era. E a estatura mediana, 1,70, possivelmente isso aí. A estatura padrão mesmo de, da maioria dos homens que é 1,70, essa média. Defesa: Tá. Você disse aí agora mesmo, agora, para mim... que chegou as informações que seriam, que seria o Sérgio a pessoa que teria se evadido. Como que vocês chegaram até essa informação? Testemunha: Através de populares, tivemos a informação de que ele morava nessa chácara, essa chácara, possivelmente uns três quilômetros desse. Defesa: A primeira informação, quem deu? ocal. Deslocamos até essa chácara Testemunha: Não. Era populares, foram populares lá mesmo, na Vila Nova, nesse bairro, Vila Nova, foi que tivemos essa informação, que se tratava do Sérgio. que morava nesse endereço, nessa chácara Defesa: Tinha crianças no local? Testemunha: Não... não me recordo de criança, era uma manhã de domingo e a rua estava praticamente muito parada, só tinha esse grupinho nessa esquina que eu me recordo mesmo Defesa: Tinha pessoas idosas no local? Testemunha: Não... possivelmente, seguramente, não Defesa: Seguramente não? Testemunha: Seguramente não Defesa: Última pergunta. Por que essas informações de ter ido na chácara de ser recebido por uma moça, uma senhora, moça, não constou no boletim de ocorrência. O senhor sabe nos informar? Testemunha: Não. eu não tenho essa informação, eu não me recordo. Eu não me recordo se eu constei em um boletim de ocorrência, eu não me recordo também. se no momento da queda, se ali caiu o documento dele, foi ali que nós constatamos ali, pegamos o documento deles e também foi para a delegacia, então eu não tenho essa lembrança de ter acesso ao documento dele naquele ato ali. O preenchimento do boletim de ocorrência eu não me lembro se foi através de documento ou de formações que tivemos da forma que eu mencionei Defesa: O nome da senhorinha, da moça que estava na chácara, o senhor não lembra? Testemunha: Não. não lembro. Defesa: Poderia dizer a estatura como é que ela era, aparentava quantos anos? Testemunha: Eu acredito que seja uma pessoa de 30 e poucos anos, 34 anos, possivelmente. A testemunha policial alega que não haviam idosos no local, contradizendo outro relato testemunhal que alega ter sido abordado por uma senhora, suposta avó do denunciado, que qualificou ‘’seu neto’’ e indicou seu endereço. E, assim foram as declarações do Policial Militar, EDER RINALDO, que também atuou na aludida ocorrência, tendo dito em sede judicial que: Ministério Público: Éder, é o seguinte, isso aqui é uma audiência de instrução, a acusação feita contra o Sérgio ele teria ali possuído uma 9mm, uma pistola 9mm, também algumas munições, no 15 de janeiro de 2017, na rua Orlândia, no Vila Nova, os senhores ali naquela localidade estariam em rondas, depararam com ele numa motocicleta, ele teria desobedecido, impedido fuga, ele chegou a cair no solo e foragir. Uma pessoa teria ido lá abordar os senhores até passar o nome completo dele. O senhor recorda da ocorrência? Testemunha: Sim, senhor, me recordo. Ministério Público: Conta aí pra gente o que o senhor pode nos indicar. Testemunha: É, como o senhor já disse, né, nós estávamos em rondas e em determinado momento ele surgiu numa esquina com a motocicleta e quando ele percebeu a nossa presença ele evadiu, começou uma fuga, né, ai fizemos acompanhamento, numa curva ele caiu e saiu, entrou no portão e saiu pulando o muro. Nós não conseguimos fazer abordagem a ele e junto à motocicleta ali próximo foi encontrada essa arma de fogo. Ministério Público: E pra pegar essa qualificação dele da pessoa que teria fugido ali, como é que foi? Como é que vocês chegaram à pessoa dele? Testemunha: Doutor, foi o seguinte, eu não tenho certeza, pra mim foi uma senhora, faz muitos anos, né, foi uma senhora que procurou a gente lá pra falar, temendo pela vida dele, falou "não, ele correu, ele é trabalhador, cidadão de bem e passou essa qualificação. Ministério Público: Essa senhora, ela disse o que ela era dele, que tinha relação com ele? Testemunha: Doutor, provável que ela tenha dito, mas não me recordo, não me lembro. Ministério Público: Mas foi no local do fato, no local da queda, não foi em outro local? Testemunha: Sim, sim, exatamente. Ministério Público: O senhor se recorda de ter ido numa chácara depois, onde pessoas disseram que ele morava, algo do tipo assim? Testemunha: Agora que o senhor falou, lembrei, realmente, acho que essa senhora deu o endereço de uma chácara ali próximo, sei lá, cerca de mil metros, mil e quinhentos metros, nós realmente fomos no endereço, se eu estiver enganado, acho que é a esposa dele que nos atendeu, alguma coisa assim, o parente dele que nos atendeu. Ministério Público: Na chácara? Testemunha: Na chácara, correto. Ministério Público: Entendi, e daí também não encontraram ele lá? Testemunha: Não, não. Ministério Público: Tá. Vocês não chegaram a confirmar ali a vinculação dele com essa moto, essa pessoa na chácara, chegou a dizer "ah, realmente é moto dele", algo do tipo, ou o senhor não lembra desse detalhe? O senhor entendeu a pergunta? Testemunha: Não, travou a internet aqui pra mim, travou, não entendi. Ministério Público: A motocicleta dele ficou, dessa pessoa, ficou no solo, certo? Testemunha: Certo. Ministério Público: Daí o senhor foi numa chácara e uma pessoa lá que possuía vínculo com ele teria dito que ele morava lá. Essa pessoa chegou a confirmar que aquela motocicleta que ficou lá abandonada era dele, era de posse dele, o senhor lembra desse detalhe? Testemunha: Sim, senhor. Nessa ocasião, tanto a senhora quem nos procurou no momento, quanto a pessoa que estava lá na chácara, eu lembro que era uma mulher, o vínculo de parentesco com ele não me recordo. Mas a qualificação dele, tanto quanto a motocicleta, foi confirmada sim. Defesa: O Eder, você disse aí que... você chegou a ver o Sérgio? Reconhecer que era ele? Testemunha: Impossível, doutor, reconhecer impossível. De capacete saiu correndo, acho que até no local ficou o capacete, mas foi impossível fazer qualquer confirmação visual dele. Defesa: Entendi. Faz muito tempo, policial, mas se puder recordar as vestimentas e as características da pessoa que correu e entrou pelo portão, o senhor lembra? Testemunha: Doutor, roupa não, lembro que era magro, mas roupa impossível também, não me recordo. Defesa: Tá, estatura, grande, pequena? Testemunha: Também não consigo. Magro. Defesa: Essa senhora que que procurou a polícia, dizendo que era o neto dela, o senhor não chegou a perguntar o nome dela? Testemunha: Doutor, hoje eu lendo o B.O., eu acabei de ler, foi uma falha da nossa equipe, hoje jamais faria um boletim de ocorrência desse formato sem estar qualificando as testemunhas, foi uma falha e admito isso, então eu tenho essa dificuldade exatamente porque é uma falha do boletim de ocorrência, então fica difícil. Defesa: Entendi, então por que no boletim de ocorrência e nem em seu termo de declaração, policial, não consta que vocês foram na chácara? Esse assunto é novo, surgiu aqui agora. Testemunha: Sim, mas nós fomos, doutor, realmente não está no histórico, e só me recordei porque eu creio que foi o promotor quem falou e realmente nós fomos na chácara ali próximo, que é deles, da família dele lá essa chácara. Defesa: Entendi, quando vocês estavam em rondas, só para eu entender um pouquinho da dinâmica, vocês estavam em rondas, em vários bairros, e chegou na Vila Nova, o Sérgio estava parado, o Sérgio não, essa pessoa, ninguém viu, estava parado e subiu na moto ou ele estava andando com a moto, pilotando a moto, estaria em movimento? Testemunha: Doutor, para mim ele estava parado, observou, ligou a moto e saiu em velocidade, ou estava funcionando ali parado e acelerou, é o que eu me recordo. Defesa: E tinha mais gente com ele? Testemunha: Tinha, ele estava conversando com uma ou duas pessoas. Defesa: Tem mais gente no local? Testemunha: Doutor, não consigo precisar para o senhor. Defesa: A polícia, a guarnição não chegou a voltar a conversar com esses dois para saber quem que era? Testemunha: Não, não fizemos essa diligência. Defesa: Entendi. Então, vocês chegaram à pessoa do Sérgio, por intermédio dessa senhora, que foi? Testemunha: Sim, senhor, no local e que deu esse endereço para nós, esse segundo endereço na chácara, né? Defesa: O senhor sabe descrever mais ou menos como que é essa senhora? Testemunha: Com 60 anos ou mais, baixa, meio forte, assim... Defesa: A casa, ela fica na rua, o senhor lembra? Testemunha: A casa da chácara? Defesa: Não, a casa onde a senhorinha estava. Nota-se, portanto, que devido ao grande lapso temporal desde a ocorrência dos fatos narrados e do delito ocorrido, naturalmente, as testemunhas demonstram certas incertezas nas afirmações, ou relatam não se lembrar. Desta feita, pelo conjunto probatório coligido durante a instrução criminal, consistente na negativa de autoria, e nos depoimentos testemunhais colhidos, não há prova de que o acusado é o autor do fato delitivo. Assim, diante da ausência de prova da autoria do delito e em obediência ao princípio in dubio pro reu, não há elemento suficiente para embasar uma sentença penal condenatória, pois esta decisão deve ser proferida quando estreme de dúvida a autoria do delito. Assim, não há provas concretas e seguras da prática do delito tipificado no artigo 14 da Lei 10.826/2003. Na realidade, o que existe contra o réu são frágeis indícios que, em decorrência do princípio do “in dubio pro reo”, não poderão ser usados em seu desfavor. DISPOSITIVO: Ante o exposto e considerando o mais que dos autos consta, julgo improcedente o pedido contido na denúncia, para ABSOLVER o acusado SERGIO BENEDITO DOS SANTOS, qualificado nos autos, da imputação descrita no artigo 14 da Lei nº 10.826/03, com fulcro no artigo 386, inciso VII do Código de Processo Penal. Sem custas. Considerando a ausência de interesse recursal, certifique-se de imediato o trânsito em julgado a presente sentença, e feitas as anotações e comunicações devidas aos órgãos de praxe, arquivem-se os autos, com as cautelas de estilo. Publique-se. Registre-se. Intimem-se. Cumpra-se. Alta Floresta, MT/ Data registrada no sistema. Tibério de Lucena Batista Juiz de Direito

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Processo nº 1004312-03.2020.8.11.0007

ID: 262001287

Tribunal: TJMT Órgão: 4ª VARA DA COMARCA DE ALTA FLORESTA Classe: AçãO PENAL - PROCEDIMENTO ORDINáRIO Nº Processo: 1004312-03.2020.8.11.0007

Data de Disponibilização: 29/04/2025

Polo Ativo:

Polo Passivo:

SERGIO BENEDITO DOS SANTOS

Intimação

Advogados:

JAIRO CEZAR DA SILVA

OAB/MT XXXXXX Desbloquear

ESTADO DE MATO GROSSO PODER JUDICIÁRIO 4ª VARA DA COMARCA DE ALTA FLORESTA SENTENÇA Processo: 1004312-03.2020.8.11.0007. AUTORIDADE: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MATO GROSSO REU: SERGIO BENEDITO D… ESTADO DE MATO GROSSO PODER JUDICIÁRIO 4ª VARA DA COMARCA DE ALTA FLORESTA SENTENÇA Processo: 1004312-03.2020.8.11.0007. AUTORIDADE: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MATO GROSSO REU: SERGIO BENEDITO DOS SANTOS Vistos. O Ministério Público do Estado de Mato Grosso ofereceu denúncia em face de SERGIO BENEDITO DOS SANTOS, pela prática dos delitos previstos nos artigos 14 e 16, caput, da Lei Federal nº 10.826/2003, com as implicações da Lei Federal nº 8.072/1990. Narra à denúncia: Consta dos inclusos autos de inquérito policial que no dia 15 de janeiro de 2017, por volta das 09h00min, na Rua Orlândia, bairro Vila Nova, nesta cidade e comarca de Alta Floresta/MT, o denunciado SERGIO BENEDITO DOS SANTOS portou arma de fogo, de uso restrito, bem como munições de uso permitido sem possuir autorização e em desacordo com determinação legal e regulamentar, qual seja: 01 (uma) pistola semi-automática, marca Smith e Wesson, número de série TFM1866, modelo 3913, calibre .9mm Parabellum, eficiente e de uso restrito, e 09 (nove) munições, calibre 380, marca CBC, eficientes e de uso permitido, consoante laudo nº 510.2.03.2017.002706- 01 de fls. 08/13. Recebida a denúncia no dia 10/09/2020, conforme ID. 37896651. O réu foi citado e apresentou resposta à acusação, conforme ID. 50724923. Após a instrução processual, as partes apresentaram alegações finais em forma de memoriais escritos. Registra-se, que no curso da ação penal as armas de fogo de calibre 9mm EXPP passaram a ser consideradas de uso permitido, vide Decreto nº. 9.785/19, dessa forma, o MPE passou-se a imputar ao denunciado apenas no artigo 14 da Lei 10.826/03. É o relatório. DECIDO. A materialidade do delito resta sobejamente demonstrada através do (1) Boletim de Ocorrência n. 2017.16811 (Num. 37858578 - Pág. 6); (2) Termo de apreensão (Num. 37858578 - Pág. 8); (3) exame de eficiência de arma de fogo e munições (Num. 37858578 - Pág. 10); (4) bem como por todas as declarações prestadas ao longo de toda a persecução penal. Por seu turno, no que tange à autoria do delito imputado ao réu, esta não restou provada durante a instrução criminal. O réu SERGIO BENEDITO DOS SANTOS, Interrogado, em fase judicial, negou a autoria do crime. A testemunha policial, JOÃO PEREIRA LIMA NETO, que realizou a tentativa de abordagem ao suspeito, narrou que: Ministério Público: Boa tarde, João. João, é o seguinte, isso aqui é uma audiência de instrução de uma acusação contra o Sérgio Benedito dos Santos. Ele teria lá em 15 de janeiro de 2017, possuído, sem autorização, arma de uso restrito, bem como estaria carregando algumas munições de uso permitido. Consta ali que vocês teriam abordado, indo abordar ele na rua Orlândia, no Vila Nova, numa Honda Bross vermelha. Ele desobedeceu a ordem de parada, fugiu. Inclusive uma senhora teria abordado os senhores ali para que o senhor não fizesse nenhum mal ao ao suspeito, algo nesse sentido ali. O senhor recorda da ocorrência? Testemunha: Recordo, recordo Ministério Público: O que o senhor pode nos relatar... o que o senhor presenciou? Testemunha: Então se não me falha a memória era um dia de domingo, nós saímos em rondas em distintos bairros da cidade, nesse Vila Nova estava uma ronda basicamente de presença, e e que chegaram em uma esquina tinha ali um um grupinho, esse na hora que viu a viatura se aproximar acho que teve a percepção que seria abordado e ali empreendeu fuga, de imediato diante da situação saímos acompanhando né, fazendo um acompanhamento e ele em cada esquina ele dobrava a esquina de forma brusca né e fazendo um zigue-zague com a moto e tentando e depois possivelmente depois de uns 300 até 500 metros, ele veio perder o controle caiu em uma esquina. No momento em que ele caiu a gente já chegou com a viatura de imediato e ali ficou a moto no chão e embaixo da moto na hora que eu desci da viatura que vi em atrás dele eu percebi a arma. Eu já recolhi a arma para eles e empreendeu fuga ali já de a pé também mas logo e imediato uma casa aberta com o portão aberto ele adentrou nesse quintal e pulou o muro possivelmente, pulou o muro do fundo né, no momento a gente desconfiou que ele pudesse ter entrado nessa casa também que estava com a porta aberta mas fizemos também uma vistoria na casa já com o intuito de de dar uma atenção para as pessoas que estavam ali, para os moradores, mas não se encontrado, então possivelmente ele pulou o muro e diante de não ter encontrado ele fizemos apreensão da arma da motocicleta e a confecção do boletim da corrente e encaminhado para a delegacia Ministério Público: Entendi. Então, era a arma e munições que vocês encontraram ali debaixo da moto, foi isso? Testemunha: Exato... foi a arma e as munições, eu me recordo, não me recordo de munições avulsas, mas de munições, mas da arma carregada. A arma carregada e amuniciada, e, parece com a arma na câmara... para um pronto uso... (inaudível) Ministério Público: Entendi. O senhor lembra como é que vocês chegaram à pessoa do Sérgio e chegaram a identificar ele, quem que forneceu, se a moto estava no nome ou algo do tipo... como é que foi isso? Testemunha: Então, depois eu não me recordo, tivemos a informação do local que ele morava, que era uma chácara, fomos até a chácara e pela informação de alguém que se encontrava na residência, realmente, disse que a motocicleta era dele e que se tratava realmente dele, dessa pessoa, mas que também não se encontrava na residência, não tinha retornado Ministério Público: Entendi. Então foi uma pessoa lá nessa chacara que teria indicado ser o Sérgio... a pessoa que fugiu... é isso? Testemunha: Exatamente, exatamente Ministério Público: Recorda quem que era essa pessoa, se era uma senhora, um homem? Testemunha: Era uma senhora... era uma moça Ministério Público: O senhor conhecia já ele de outras ocorrências policiais ou não? Testemunha: Não. Depois que, que deu o ocorrido, dessa nossa ocorrência, tive a informação que ele já tinha alguma passagem pela delegacia, que tinha sido cumprido, em detenção. Não sei o motivo... não me recordo, mas parece que ela já tinha uma passagem, sim, passagem Ministério Público: Tá bom, então. Obrigado, João. Sem mais, Excelência. Defesa: Ô, João... quando você, chegar a ver o motociclista ali... o condutor da moto, vocês chegaram a ver quem que era? Testemunha: Não... não chegamos. Abordagem... acredito que quando nós estávamos praticamente emparelhando a viatura com esse grupinho da esquina... foi que ele empreendeu fuga... então de imediato já saímos acompanhando ele né, de acordo com a velocidade dele e foi esse o, esse o contato que nós tivemos. Em seguida, até ele vir a cair, ele empreendeu fuga. Depois pelas informações que nós tivemos foi que chegamos à conclusão que se tratava do Sérgio, né? Defesa: João, eu sei que faz bastante tempo eu até entenderia se o senhor falasse que não lembrasse tal coisa desse tipo, mas se lembrasse ele ia melhor. Quais seriam as vestimentas que ele tava e bem como a estatura característica, porque você viu ele caindo e correndo, né? Aí, se você consegue lembrar disso? Testemunha: Traje normal de calça, possivelmente jeans e... camisa, não me recordo, se era longa ou se não era. E a estatura mediana, 1,70, possivelmente isso aí. A estatura padrão mesmo de, da maioria dos homens que é 1,70, essa média. Defesa: Tá. Você disse aí agora mesmo, agora, para mim... que chegou as informações que seriam, que seria o Sérgio a pessoa que teria se evadido. Como que vocês chegaram até essa informação? Testemunha: Através de populares, tivemos a informação de que ele morava nessa chácara, essa chácara, possivelmente uns três quilômetros desse. Defesa: A primeira informação, quem deu? ocal. Deslocamos até essa chácara Testemunha: Não. Era populares, foram populares lá mesmo, na Vila Nova, nesse bairro, Vila Nova, foi que tivemos essa informação, que se tratava do Sérgio. que morava nesse endereço, nessa chácara Defesa: Tinha crianças no local? Testemunha: Não... não me recordo de criança, era uma manhã de domingo e a rua estava praticamente muito parada, só tinha esse grupinho nessa esquina que eu me recordo mesmo Defesa: Tinha pessoas idosas no local? Testemunha: Não... possivelmente, seguramente, não Defesa: Seguramente não? Testemunha: Seguramente não Defesa: Última pergunta. Por que essas informações de ter ido na chácara de ser recebido por uma moça, uma senhora, moça, não constou no boletim de ocorrência. O senhor sabe nos informar? Testemunha: Não. eu não tenho essa informação, eu não me recordo. Eu não me recordo se eu constei em um boletim de ocorrência, eu não me recordo também. se no momento da queda, se ali caiu o documento dele, foi ali que nós constatamos ali, pegamos o documento deles e também foi para a delegacia, então eu não tenho essa lembrança de ter acesso ao documento dele naquele ato ali. O preenchimento do boletim de ocorrência eu não me lembro se foi através de documento ou de formações que tivemos da forma que eu mencionei Defesa: O nome da senhorinha, da moça que estava na chácara, o senhor não lembra? Testemunha: Não. não lembro. Defesa: Poderia dizer a estatura como é que ela era, aparentava quantos anos? Testemunha: Eu acredito que seja uma pessoa de 30 e poucos anos, 34 anos, possivelmente. A testemunha policial alega que não haviam idosos no local, contradizendo outro relato testemunhal que alega ter sido abordado por uma senhora, suposta avó do denunciado, que qualificou ‘’seu neto’’ e indicou seu endereço. E, assim foram as declarações do Policial Militar, EDER RINALDO, que também atuou na aludida ocorrência, tendo dito em sede judicial que: Ministério Público: Éder, é o seguinte, isso aqui é uma audiência de instrução, a acusação feita contra o Sérgio ele teria ali possuído uma 9mm, uma pistola 9mm, também algumas munições, no 15 de janeiro de 2017, na rua Orlândia, no Vila Nova, os senhores ali naquela localidade estariam em rondas, depararam com ele numa motocicleta, ele teria desobedecido, impedido fuga, ele chegou a cair no solo e foragir. Uma pessoa teria ido lá abordar os senhores até passar o nome completo dele. O senhor recorda da ocorrência? Testemunha: Sim, senhor, me recordo. Ministério Público: Conta aí pra gente o que o senhor pode nos indicar. Testemunha: É, como o senhor já disse, né, nós estávamos em rondas e em determinado momento ele surgiu numa esquina com a motocicleta e quando ele percebeu a nossa presença ele evadiu, começou uma fuga, né, ai fizemos acompanhamento, numa curva ele caiu e saiu, entrou no portão e saiu pulando o muro. Nós não conseguimos fazer abordagem a ele e junto à motocicleta ali próximo foi encontrada essa arma de fogo. Ministério Público: E pra pegar essa qualificação dele da pessoa que teria fugido ali, como é que foi? Como é que vocês chegaram à pessoa dele? Testemunha: Doutor, foi o seguinte, eu não tenho certeza, pra mim foi uma senhora, faz muitos anos, né, foi uma senhora que procurou a gente lá pra falar, temendo pela vida dele, falou "não, ele correu, ele é trabalhador, cidadão de bem e passou essa qualificação. Ministério Público: Essa senhora, ela disse o que ela era dele, que tinha relação com ele? Testemunha: Doutor, provável que ela tenha dito, mas não me recordo, não me lembro. Ministério Público: Mas foi no local do fato, no local da queda, não foi em outro local? Testemunha: Sim, sim, exatamente. Ministério Público: O senhor se recorda de ter ido numa chácara depois, onde pessoas disseram que ele morava, algo do tipo assim? Testemunha: Agora que o senhor falou, lembrei, realmente, acho que essa senhora deu o endereço de uma chácara ali próximo, sei lá, cerca de mil metros, mil e quinhentos metros, nós realmente fomos no endereço, se eu estiver enganado, acho que é a esposa dele que nos atendeu, alguma coisa assim, o parente dele que nos atendeu. Ministério Público: Na chácara? Testemunha: Na chácara, correto. Ministério Público: Entendi, e daí também não encontraram ele lá? Testemunha: Não, não. Ministério Público: Tá. Vocês não chegaram a confirmar ali a vinculação dele com essa moto, essa pessoa na chácara, chegou a dizer "ah, realmente é moto dele", algo do tipo, ou o senhor não lembra desse detalhe? O senhor entendeu a pergunta? Testemunha: Não, travou a internet aqui pra mim, travou, não entendi. Ministério Público: A motocicleta dele ficou, dessa pessoa, ficou no solo, certo? Testemunha: Certo. Ministério Público: Daí o senhor foi numa chácara e uma pessoa lá que possuía vínculo com ele teria dito que ele morava lá. Essa pessoa chegou a confirmar que aquela motocicleta que ficou lá abandonada era dele, era de posse dele, o senhor lembra desse detalhe? Testemunha: Sim, senhor. Nessa ocasião, tanto a senhora quem nos procurou no momento, quanto a pessoa que estava lá na chácara, eu lembro que era uma mulher, o vínculo de parentesco com ele não me recordo. Mas a qualificação dele, tanto quanto a motocicleta, foi confirmada sim. Defesa: O Eder, você disse aí que... você chegou a ver o Sérgio? Reconhecer que era ele? Testemunha: Impossível, doutor, reconhecer impossível. De capacete saiu correndo, acho que até no local ficou o capacete, mas foi impossível fazer qualquer confirmação visual dele. Defesa: Entendi. Faz muito tempo, policial, mas se puder recordar as vestimentas e as características da pessoa que correu e entrou pelo portão, o senhor lembra? Testemunha: Doutor, roupa não, lembro que era magro, mas roupa impossível também, não me recordo. Defesa: Tá, estatura, grande, pequena? Testemunha: Também não consigo. Magro. Defesa: Essa senhora que que procurou a polícia, dizendo que era o neto dela, o senhor não chegou a perguntar o nome dela? Testemunha: Doutor, hoje eu lendo o B.O., eu acabei de ler, foi uma falha da nossa equipe, hoje jamais faria um boletim de ocorrência desse formato sem estar qualificando as testemunhas, foi uma falha e admito isso, então eu tenho essa dificuldade exatamente porque é uma falha do boletim de ocorrência, então fica difícil. Defesa: Entendi, então por que no boletim de ocorrência e nem em seu termo de declaração, policial, não consta que vocês foram na chácara? Esse assunto é novo, surgiu aqui agora. Testemunha: Sim, mas nós fomos, doutor, realmente não está no histórico, e só me recordei porque eu creio que foi o promotor quem falou e realmente nós fomos na chácara ali próximo, que é deles, da família dele lá essa chácara. Defesa: Entendi, quando vocês estavam em rondas, só para eu entender um pouquinho da dinâmica, vocês estavam em rondas, em vários bairros, e chegou na Vila Nova, o Sérgio estava parado, o Sérgio não, essa pessoa, ninguém viu, estava parado e subiu na moto ou ele estava andando com a moto, pilotando a moto, estaria em movimento? Testemunha: Doutor, para mim ele estava parado, observou, ligou a moto e saiu em velocidade, ou estava funcionando ali parado e acelerou, é o que eu me recordo. Defesa: E tinha mais gente com ele? Testemunha: Tinha, ele estava conversando com uma ou duas pessoas. Defesa: Tem mais gente no local? Testemunha: Doutor, não consigo precisar para o senhor. Defesa: A polícia, a guarnição não chegou a voltar a conversar com esses dois para saber quem que era? Testemunha: Não, não fizemos essa diligência. Defesa: Entendi. Então, vocês chegaram à pessoa do Sérgio, por intermédio dessa senhora, que foi? Testemunha: Sim, senhor, no local e que deu esse endereço para nós, esse segundo endereço na chácara, né? Defesa: O senhor sabe descrever mais ou menos como que é essa senhora? Testemunha: Com 60 anos ou mais, baixa, meio forte, assim... Defesa: A casa, ela fica na rua, o senhor lembra? Testemunha: A casa da chácara? Defesa: Não, a casa onde a senhorinha estava. Nota-se, portanto, que devido ao grande lapso temporal desde a ocorrência dos fatos narrados e do delito ocorrido, naturalmente, as testemunhas demonstram certas incertezas nas afirmações, ou relatam não se lembrar. Desta feita, pelo conjunto probatório coligido durante a instrução criminal, consistente na negativa de autoria, e nos depoimentos testemunhais colhidos, não há prova de que o acusado é o autor do fato delitivo. Assim, diante da ausência de prova da autoria do delito e em obediência ao princípio in dubio pro reu, não há elemento suficiente para embasar uma sentença penal condenatória, pois esta decisão deve ser proferida quando estreme de dúvida a autoria do delito. Assim, não há provas concretas e seguras da prática do delito tipificado no artigo 14 da Lei 10.826/2003. Na realidade, o que existe contra o réu são frágeis indícios que, em decorrência do princípio do “in dubio pro reo”, não poderão ser usados em seu desfavor. DISPOSITIVO: Ante o exposto e considerando o mais que dos autos consta, julgo improcedente o pedido contido na denúncia, para ABSOLVER o acusado SERGIO BENEDITO DOS SANTOS, qualificado nos autos, da imputação descrita no artigo 14 da Lei nº 10.826/03, com fulcro no artigo 386, inciso VII do Código de Processo Penal. Sem custas. Considerando a ausência de interesse recursal, certifique-se de imediato o trânsito em julgado a presente sentença, e feitas as anotações e comunicações devidas aos órgãos de praxe, arquivem-se os autos, com as cautelas de estilo. Publique-se. Registre-se. Intimem-se. Cumpra-se. Alta Floresta, MT/ Data registrada no sistema. Tibério de Lucena Batista Juiz de Direito

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Processo nº 5008277-74.2024.4.04.7001

ID: 328581653

Tribunal: TRF4 Órgão: Gabinete de Admissibilidade do Paraná Classe: RECURSO INOMINADO CíVEL Nº Processo: 5008277-74.2024.4.04.7001

Data de Disponibilização: 18/07/2025

Polo Ativo:

ARNALDO EFFGEN DA SILVA

Polo Passivo:

DESPACHO/DECISÃO

Advogados:

RAPHAEL ZAMBOLIM AVANÇO

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JOÃO CARLOS PERES

OAB/PR XXXXXX Desbloquear

RECURSO CÍVEL Nº 5008277-74.2024.4.04.7001/PR RECORRENTE : ARNALDO EFFGEN DA SILVA (AUTOR) ADVOGADO(A) : RAPHAEL ZAMBOLIM AVANÇO (OAB PR055319) ADVOGADO(A) : JOÃO CARLOS PERES (OAB PR023076) DESPACH… RECURSO CÍVEL Nº 5008277-74.2024.4.04.7001/PR RECORRENTE : ARNALDO EFFGEN DA SILVA (AUTOR) ADVOGADO(A) : RAPHAEL ZAMBOLIM AVANÇO (OAB PR055319) ADVOGADO(A) : JOÃO CARLOS PERES (OAB PR023076) DESPACHO/DECISÃO Pedido de Uniformização Nacional - parte autora Trata-se de pedido de uniformização nacional interposto pela parte autora contra acórdão prolatado por Turma Recursal desta Seção Judiciária, no qual requer: " seja anulada a r. sentença que julgou extinto o processo sem resolução de mérito, para, ao final, seja reconhecido o direito do Recorrente ao benefício requerido, ou caso, entenda não ser suficiente as provas apresentadas, a depender de dilação probatória, o direito do recorrente ter o seu pedido apreciado pela juízo de primeira instância em seu mérito, com respeito ao devido processo legal. " O recorrente suscitou como precedentes paradigmas julgados da 6ª Turma do TRF4, da 2ª Turma Recursal do Estado do Sergipe e da 2ª Turma Recursal de Santa Catarina. Esclareço que os paradigmas da 6ª Turma do TRF4 e da 2ª Turma Recursal de Santa Catarina não têm o condão de ensejar divergência capaz de fundamentar pedido de uniformização nacional, a teor do disposto no art. 14, §2º, da Lei n.º 10.259/2001, porque necessária a demonstração de divergência entre decisões de Turmas Recursais de diferentes Regiões ; súmulas ou jurisprudência dominante do Superior Tribunal de Justiça ; ou jurisprudência da própria TNU . Neste sentido, a orientação jurisprudencial da TNU: PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO NACIONAL. DIREITO PREVIDENCIÁRIO. TEMPO DE SERVIÇO ESPECIAL. 1) CERCEAMENTO DE DEFESA POR NEGATIVA DE PRODUÇÃO DE PERÍCIA TÉCNICA JUDICIAL INDIRETA OU POR SIMILARIDADE EM EMPRESAS INATIVAS. QUESTÃO DE ORDEM PROCESSUAL. SÚMULA 43 DA TNU. 2) MERA TRANSCRIÇÃO DE TRECHOS DOS PARADIGMAS, SEM INDICAÇÃO DAS SEMELHAÇAS FÁTICO-JURÍDICAS COM O ACÓRDÃO RECORRIDO. AUSÊNCIA DE COTEJO ANALÍTICO. 3) TEMA 213 DA TNU NÃO IMPÕE A REALIZAÇÃO DE PERÍCIA JUDICIAL DECORRENTE DE MERA IMPUGNAÇÃO CONTRA INFORMAÇÃO DO PPP ACERCA DA EFICÁCIA DO EPI. PRECEDENTE DA TNU QUE TAMBÉM NÃO OBRIGA A REALIZAÇÃO DE PERÍCIA INDIRETA OU POR SIMILARIDADE POR AUXILIAR DA JUSTIÇA EM RAZÃO DA ALEGADA INATIVIDADE DA EMPRESA. DEMAIS JULGADOS DA TNU QUE APENAS DETERMINAM AO MAGISTRADO QUE POSSIBILITE A JUNTADA, PELO PRÓPRIO INTERESSADO, DE LAUDO PERICIAL INDIRETO OU SIMILAR, NA HIPÓTESE DE EMPRESA INATIVA. AUSÊNCIA DE SIMILITUDE FÁTICA E JURÍDICA. QUESTÃO DE ORDEM 22 DA TNU. 4) INVIABILIDADE, COMO PARADIGMAS, DE ACÓRDÃOS DE TURMAS RECURSAIS DA MESMA REGIÃO DE ORIGEM DO ACÓRDÃO RECORRIDO ; DE DECISÃO MONOCRÁTICA DE PRESIDENTE DA TNU COMO PARADIGMA; E DE JULGADOS DO STJ NÃO RELACIONADOS NA QUESTÃO DE ORDEM 5 DA TNU. 5) NECESSIDADE DE REEXAME DE FATOS E PROVAS PARA ALTERAÇÃO DO RESULTADO DA DEMANDA. SÚMULA 42 DA TNU. INCIDENTE DA PARTE AUTORA NÃO CONHECIDO. (Pedido de Uniformização de Interpretação de Lei (Turma) 0006545-61.2019.4.03.6318, LUCIANA ORTIZ TAVARES COSTA ZANONI - TURMA NACIONAL DE UNIFORMIZAÇÃO, 18/03/2024.) DIREITO PREVIDENCIÁRIO. DIREITO PROCESSUAL CIVIL. ALEGAÇÃO QUE A ATIVIDADE DE PRENSITA É ESPECIAL. ALEGAÇÃO DE QUE AS PROVAS DEMONSTRAM A PRESENÇA DO AGENTE NOCIVO. ALEGAÇÃO DE OFENSA AOS PRECEDENTES DO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 4ª REGIÃO, DA TNU, DA TURMA REGIONAL DE UNIFORMIZAÇÃO DA 3ª REGIÃO E DA 11ª TURMA RECURSAL DA SJSP. PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE INTERPRETAÇÃO DE LEI FEDERAL - PEDILEF/PUIL. ACÓRDÃOS DE TRIBUNAIS REGIONAIS FEDERAIS NÃO SE PRESTAM PARA DEMONSTRAR A SIMILITUDE FÁTICA E JURÍDICA NO RITO ESPECIAL DA LEI Nº 10.259, DE 12.07.2001. ACÓRDÃO DE TURMA RECURSAL DA MESMA REGIÃO NÃO SERVE PARA O CONFRONTO EM INCIDENTE NACIONAL. INTELIGÊNCIA DO §2º, DO ARTIGO 14, DA LEI Nº 10.259/2001. NÃO HÁ DISSENSO ENTRE ACÓRDÃO RECORRIDO E O ACÓRDÃO DITO PARADIGMA DA TNU. ENTENDIMENTO DO TEMA TNU Nº 174. INCIDÊNCIA DA QUESTÃO DE ORDEM TNU Nº 13. NECESSIDADE DE REEXAME DE MATÉRIA DE FATO. INCIDÊNCIA DA SÚMULA TNU Nº 42. INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO DA PARTE AUTORA NÃO CONHECIDO. (Pedido de Uniformização de Interpretação de Lei (Turma) 0000858-66.2016.4.03.6332, FRANCISCO DE ASSIS BASILIO DE MORAES - TURMA NACIONAL DE UNIFORMIZAÇÃO, 14/03/2024.) PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO. DIREITO PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-ACIDENTE. SEQUELAS QUE IMPLIQUEM REDUÇÃO DA CAPACIDADE LABORATIVA. PRECEDENTES DE TRIBUNAIS REGIONAIS FEDERAIS . PARADIGMAS INVÁLIDOS. INCIDENTE DA PARTE AUTORA NÃO CONHECIDO (Pedido de Uniformização de Interpretação de Lei (Turma) 1004312-98.2019.4.01.3806, LUCIANA ORTIZ TAVARES COSTA ZANONI - TURMA NACIONAL DE UNIFORMIZAÇÃO, 17/03/2023.) PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE INTERPRETAÇÃO DE LEI (PUIL). DIREITO PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. APRESENTAÇÃO DE ACÓRDÃOS DE TRIBUNAIS REGIONAIS FEDERAIS COMO PARADIGMAS . IMPOSSIBILIDADE. ALEGAÇÃO DE DISSONÂNCIA DO ACÓRDÃO RECORRIDO COM A SÚMULA 73 DA TNU. AUSÊNCIA DE DEMONSTRAÇÃO DE SIMILITUDE FÁTICA ENTRE O CASO CONCRETO E OS CASOS QUE DÃO SUSTENTAÇÃO À SÚMULA. RECURSO DO AUTOR NÃO CONHECIDO. (Pedido de Uniformização de Interpretação de Lei (Turma) 0003058-86.2019.4.03.6317, CAIO MOYSES DE LIMA - TURMA NACIONAL DE UNIFORMIZAÇÃO, 17/02/2023.) PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO. PREVIDENCIÁRIO. TEMPO ESPECIAL. AUSÊNCIA DE SIMILITUDE ENTRE O ACÓRDÃO RECORRIDO E O EXARADO PELA TNU. ACÓRDÃOS DE TRU E DE TURMA RECURSAL DA MESMA REGIÃO E DE TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL NÃO CONSTITUEM PARADIGMAS VÁLIDOS PARA EMBASAR PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO. INCIDENTE NÃO CONHECIDO. (Pedido de Uniformização de Interpretação de Lei (Turma) 5000865-81.2018.4.04.7105, JAIRO DA SILVA PINTO - TURMA NACIONAL DE UNIFORMIZAÇÃO, 22/08/2022.) Assim, passo à análise do paradigma válido (julgado da 2ª Turma Recursal do Estado do Sergipe). O voto/acórdão recorrido encontra-se assim fundamentado ( evento 17, VOTO1 ): " Decido. Mantenho a sentença (ev. 3.1 ), por seus próprios fundamentos, nos termos do art. 46 da Lei 9.099/1995, aplicável subsidiariamente aos Juizados Especiais Federais, conforme o art. 1º da Lei 10.259/2001. Com efeito, não é permitido ao Poder Judiciário substituir a Administração Pública no desempenho de suas atribuições, de sorte que, somente após a análise administrativa , é que nasce ao autor o interesse processual, consubstanciado na necessidade (indispensabilidade) da tutela jurisdicional . Impende destacar que o interesse de agir não se verifica apenas com a formulação de prévio requerimento administrativo, mostrando-se necessária para a atuação administrativa que a provocação seja clara e devidamente instruída, o que não ocorreu no caso em tela. No caso concreto, ante a automação do processo administrativo, o afastamento da análise automatizada do direito ao benefício é condicionada ao preenchimento dos campos específicos, que delimitam e especificam o período que se pretende a averbação, não bastando a indicação genérica da existência de período especial. O preenchimento de todos os campos aplicáveis ao caso é necessário para interpretação pelo sistema de que o requerimento requer processamento e análise por servidor da autarquia, que até mesmo poderá emitir carta de exigência para que o segurado possa apresentar documentos complementares à prova do direito. Ainda que juntados no requerimento administrativo documentos para viabilizar a análise da especialidade, a omissão da parte autora em relação ao preenchimento dos campos "possui tempo especial" (ev. 1.10 , p. 1) e "adicionar vínculo" (ev. 1.11 , pp. 41-45) – no qual cabia a especificação do regime especial –, levou ao indeferimento automático do benefício. Ao não adicionar vínculos nos campos destinados para tanto, os períodos constantes do CNIS por ocasião do requerimento administrativo, e que expressamente aparecem ao requerente para conferência no momento em que o requerimento é formulado/preenchido, são reputados pelo sistema como verdadeiros e suficientes. Portanto, é flagrante a falta de interesse de agir, pois ausente a pretensão resistida quanto a especialidade das atividades exercidas no períodos pretendidos. Na mesma linha, o precedente desta Turma: DIREITO PREVIDENCIÁRIO. RECURSO INOMINADO. INTERESSE PROCESSUAL. INDEFERIMENTO AUTOMÁTICO. PROCESSO ADMINISTRATIVO. AUSÊNCIA DE PREENCHIMENTO DE CAMPO OBRIGATÓRIO. EXTINÇÃO DO PROCESSO SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO. 1. Recurso inominado da parte autora em face de sentença de extinção do processo sem resolução do mérito por ausência de interesse processual. Pedido administrativo indeferido automaticamente, ainda que indicada a existência de período rural a ser reconhecido e instruído com autodeclaração rural e documentação correlata. 2. A questão apresentada consiste em definir se a omissão do requerente no preenchimento de campo específico (adicionar vínculo) ao postular benefício previdenciário, que leva ao indeferimento automático do mesmo, ainda que apresentados documentos, afasta a pretensão resistida, diante da ausência de apreciação da prova apresentada em sede administrativa. 3. Em razão da automação do processo administrativo, não basta a indicação genérica da existência de período rural e apresentação de início de prova material, devendo ser delimitado pelo requerente o período rural que pretende, com o preenchimento do campo "adicionar vínculo". 4. Todos os campos do requerimento administrativo relativos a períodos que não constam do CNIS devem ser preenchidos para a interpretação pelo sistema de que o requerimento demanda processamento e análise por servidor da autarquia, que pode, inclusive, emitir carta de exigência para apresentação de documentos complementares. Ao não adicionar vínculos no campo destinado a tanto, os períodos constantes do CNIS por ocasião do requerimento administrativo, e que expressamente aparecem ao requerente para conferência no momento em que o requerimento é formulado/preenchido, são reputados pelo sistema como verdadeiros e suficientes para o requerente, levando ao indeferimento automático em razão da omissão deste. 5. Admitir o pedido de benefício com instrução probatória diretamente em juízo, sem que o INSS tenha tido condições de avaliar o exercício de atividade rural, constitui violação à tese fixada no Tema 350 do STF. 6. Negado provimento ao recurso inominado interposto pela autora. ( 5004525-04.2023.4.04.7010, QUARTA TURMA RECURSAL DO PR, Relatora PEPITA DURSKI TRAMONTINI, julgado em 30/08/2024) Ainda que, efetivamente, a exigência de pedido administrativo não se confunda com o esgotamento dessa via, identificado que a parte autora deixou de apresentar ao réu elementos necessários a instrução do pedido, resultando na negativa naquela via, não se pode entender que há interesse de agir, já que a parte autora deu causa ao indeferimento. Portanto, mantenho a extinção do feito sem resolução do mérito." Não obstante os argumentos aduzidos pela parte recorrente, tenho que o recurso não logra juízo positivo de admissibilidade, ante a ausência de requisito essencial para o seu seguimento. Em análise aos autos, verifica-se que a insurgência recursal (extinção do processo sem resolução do mérito) trata-se de questão processual sobre a qual recai a Súmula nº 43 da TNU : "Não cabe incidente de uniformização que verse sobre matéria processual." Nesse sentido, os precedentes que a seguir transcrevo, com a orientação jurisprudencial da TNU: DIREITO PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO NACIONAL. APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO. ATIVIDADE RURAL EM REGIME DE ECONOMIA FAMILIAR. AUSÊNCIA DE INÍCIO DE PROVA MATERIAL. IMPROCEDÊNCIA DA DEMANDA OU EXTINÇÃO DO FEITO SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO . TEMA 629 DO STJ. QUESTÃO DE DIREITO PROCESSUAL. SÚMULA 43 DA TNU. PRECEDENTES DA TNU. REAFIRMAÇÃO DA DER. ACÓRDÃO QUE CONSIDEROU O INSTITUTO PREJUDICADO PORQUE NÃO PREENCHIDO O TEMPO MÍNIMO PARA APOSENTAÇÃO, AINDA QUE CONSIDERADAS CONTRIBUIÇÕES POSTERIORES À DER. CARÊNCIA DE INTERESSE RECURSAL. INEXISTÊNCIA DE CONTRARIEDADE AO TEMA 995 DO STJ. TEMPO DE SERVIÇO ESPECIAL. ATIVIDADE DE VIGILANTE, COM OU SEM PORTE DE ARMA DE FOGO. TEMA 1.209 DO STF. SOBRESTAMENTO. CONHECIMENTO PARCIAL DO INCIDENTE, COM DETERMINAÇÃO DE SOBRESTAMENTO NA ORIGEM QUANTO À PARTE CONHECIDA, PARA EVENTUAL ADEQUAÇÃO. (Pedido de Uniformização de Interpretação de Lei (Turma) 5054236-52.2016.4.04.7000, CAIO MOYSES DE LIMA - TURMA NACIONAL DE UNIFORMIZAÇÃO, 15/12/2023.) DIREITO PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. AÇÃO QUE TEM POR OBJETO PEDIDO DE COMPLEMENTAÇÃO DE APOSENTADORIA DEVIDA A EX-FERROVIÁRIO. ALEGAÇÃO DE DECADÊNCIA DO DIREITO À REVISÃO DO ATO DE CONCESSÃO. AUSÊNCIA DE SIMILITUDE FÁTICA-JURÍDICA. ALEGAÇÃO DE QUE NÃO HOUVE RENÚNCIA AO VALOR EXCEDENTE A SESSENTA SALÁRIOS MÍNIMOS. PEDIDO DE EXTINÇÃO DO FEITO SEM RESOLUÇÃO DE MÉRITO. IMPOSSIBILIDADE. DISCUSSÃO DE MATÉRIA ESTRITAMENTE PROCESSUAL. SÚMULA 43 DA TNU. MATÉRIA NÃO EXAMINADA PELA TURMA DE ORIGEM. ANATOCISMO E APLICAÇÃO DA LEI 11.960/09. DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL NÃO DEMONSTRADO. MATÉRIA QUE NÃO FOI ABORDADA NO JULGADO RECORRIDO. NÃO OPOSIÇÃO DE EMBARGOS DE DECLARAÇÃO PARA FINS DE ENFRENTAMENTO DAS MATÉRIAS. INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO NÃO ADMITIDO. (Pedido de Uniformização de Interpretação de Lei (Turma) 5000595-89.2016.4.04.7214, POLYANA FALCAO BRITO - TURMA NACIONAL DE UNIFORMIZAÇÃO, 26/03/2021.) Desse modo, recai sobre o caso o estabelecido no artigo 14, inciso V, alínea 'e', da Resolução nº 586/2019 do CJF : " V – não admitir o pedido de uniformização de interpretação de lei federal, quando desatendidos os seus requisitos, notadamente se: e) versar sobre matéria processual ;" Ante o exposto, não admito o pedido de uniformização nacional. Intimem-se. Após, certifique-se o trânsito em julgado do acórdão e encaminhem-se os autos ao Juizado de origem.

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