Resultados para o tribunal: TJCE

Resultados para "1009067-06.2023.4.06.3801"

Processo nº 3003691-70.2024.8.06.0071

ID: 292167388

Tribunal: TJCE Órgão: 1ª Vara Cível da Comarca de Crato Classe: PROCEDIMENTO COMUM CíVEL Nº Processo: 3003691-70.2024.8.06.0071

Data de Disponibilização: 09/06/2025

Polo Ativo:

JOSE AUGUSTO RODRIGUES CAVALCANTI

Polo Passivo:

INTIMAÇÃO DA SENTENÇA

Advogados:

JOSE AUGUSTO RODRIGUES CAVALCANTI

OAB/CE XXXXXX Desbloquear

Comarca de Crato 1ª Vara Cível da Comarca de Crato Rua Álvaro Peixoto, S/N, São Miguel - CEP 63100-000, Fone: WPP(85)81510839, Crato-CE - E-mail: crato.1civel@tjce.jus.br PROCESSO Nº: 3003691-70… Comarca de Crato 1ª Vara Cível da Comarca de Crato Rua Álvaro Peixoto, S/N, São Miguel - CEP 63100-000, Fone: WPP(85)81510839, Crato-CE - E-mail: crato.1civel@tjce.jus.br PROCESSO Nº: 3003691-70.2024.8.06.0071 CLASSE: PROCEDIMENTO COMUM CÍVEL (7) ASSUNTO: [Indenização por Dano Moral, Inclusão Indevida em Cadastro de Inadimplentes] POLO ATIVO: VILMA FERREIRA DE MELO POLO PASSIVO: GETNET ADQUIRENCIA E SERVICOS PARA MEIOS DE PAGAMENTO S.A. S E N T E N Ç A Vistos, etc... Trata-se de Ação de Indenização por Danos Morais c/c Pedido de Tutela Provisória proposta por Vilma Ferreira de Melo em face de Getnet Adquirência e Serviços para Meios de Pagamento S.A., devidamente qualificados, aduzindo, em síntese, que contratou com a empresa ré a instalação de equipamento de pagamento ("vermelhinha wifi"), o qual jamais foi instalado, sendo que, mesmo após decisão judicial proferida nos autos do processo nº 3001444-19.2024.8.06.0071, com trânsito em julgado, reconhecendo a rescisão contratual e a devolução em dobro dos valores pagos, teve seu nome negativado em cadastro de inadimplentes (SPC/Serasa) com base nos mesmos débitos já declarados indevidos. Sustenta que a inscrição promovida pela ré ocorreu de forma abusiva, sem qualquer cautela, em afronta à coisa julgada material, ocasionando constrangimento, humilhação e angústia à autora, que sempre zelou por seu bom nome e reputação no mercado, tratando-se de microempreendedora. Defende a aplicação do Código de Defesa do Consumidor, a responsabilidade objetiva da ré, a existência de dano moral in re ipsa e a inversão do ônus da prova, nos termos do art. 6º, VIII, do CDC, além de requerer a concessão de tutela de urgência para exclusão do seu nome do cadastro de inadimplentes, com multa em caso de descumprimento. Por fim, requereu a procedência da ação para declarar a inexigibilidade do débito relativo ao contrato nº 0000001471325330, impedir novas cobranças e condenar a ré ao pagamento de indenização por danos morais no valor de R$ 10.000,00(dez mil reais), determinando a exclusão imediata da negativação, sob pena de multa (Id 127815967). Juntou os documentos de Id 127815970 a 127816804. Deferida a gratuidade da justiça e a inversão do ônus da prova em favor da autora e ainda a tutela de urgência determinando a baixa da restrição (Id 132397826). A Getnet Adquirência e Serviços para Meios de Pagamento S/A foi citada, comunicou o cumprimento da liminar e apresentou contestação (Id 134384825 e 135346673). Sustentou que o equipamento contratado pela autora foi regularmente entregue e instalado e que o contrato foi encerrado de forma unilateral após mais de 90 dias de inatividade, sendo que a empresa tentou, sem sucesso, recuperar o equipamento. Em razão da não devolução, foi gerado débito de R$ 461,79(quatrocentos e sessenta e um reais e setenta e nove centavos), que ensejou a negativação contestada nos autos. Alegou ainda a inexistência de relação de consumo entre as partes, defendendo a inaplicabilidade do Código de Defesa do Consumidor, bem como a ausência de responsabilidade civil, diante da regularidade da inscrição, inexistência de ato ilícito e falta de comprovação do dano moral. Subsidiariamente, pugnou, em caso de eventual condenação, pela fixação de valor indenizatório em patamar moderado, de acordo com os critérios de proporcionalidade e razoabilidade. Por fim, requereu a total improcedência da ação. A tentativa de conciliação resultou infrutífera e os advogados das partes requereram o julgamento antecipado da lide (Id 155881832). É o Relatório. Decido. Inicialmente, constato que o feito comporta julgamento antecipado do mérito, nos termos do art. 355, inciso I, do Código de Processo Civil, por se tratar de causa que versa sobre matéria unicamente de direito e prova documental suficiente, sendo desnecessária a dilação probatória, bem como, considerando o requerimento formulado pelas partes na audiência de conciliação (Id 155881832). O cerne da questão posta à análise deste juízo cinge-se à legalidade da inscrição do nome da autora nos cadastros de inadimplentes, posteriormente ao trânsito em julgado da sentença proferida no processo nº 3001444-19.2024.8.06.0071, a qual declarou rescindido o contrato e reconheceu a inexistência da dívida discutida, condenando a empresa à restituição dos valores pagos (Id. nº 127816804 - SENTENÇA). A ré, em sua contestação (Id. nº 135346673), sustenta que o novo débito, objeto da negativação atual, decorre da não devolução do equipamento, não tendo relação direta com os valores discutidos na demanda anterior. No entanto, não trouxe aos autos qualquer prova documental robusta a confirmar a entrega e uso do equipamento pela autora ou mesmo a regularidade do débito atual, ônus que lhe incumbia nos termos do art. 373, II, do CPC. Por sua vez, o documento juntado pela parte autora sob Id. nº 127816804 (sentença proferida na ação anterior) é cristalino ao afirmar que não houve prova de prestação de serviço pela requerida e, por consequência, declarou rescindido o contrato, com devolução de valores pagos. Insta salientar, por ensejante, que a coisa julgada material impede nova discussão sobre o mesmo contrato. Assim, a posterior inscrição do nome da autora em razão do mesmo vínculo contratual é manifestamente indevida. Vale salientar que, nos termos do art. 14 do CDC, o fornecedor de serviços responde, independentemente de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços. Assim sendo, a negativação indevida da autora, decorrente de cobrança sobre contrato já declarado nulo por decisão judicial transitada em julgado, configura falha na prestação do serviço, ensejando a responsabilidade objetiva da ré, mormente, considerando a verossimilhança das alegações autorais, diante da prova documental acostada aos autos, enquanto que a ré não conseguiu comprovar a legalidade da negativação e a existência de nova relação jurídica autônoma e válida. Quanto ao dano moral, a jurisprudência pátria é pacífica no sentido de que a negativação indevida enseja reparação automática, configurando-se dano moral in re ipsa. Nessa linha, sequer é necessária a demonstração do efetivo abalo à honra ou à imagem, pois o simples ato de incluir indevidamente o nome do consumidor nos cadastros de inadimplentes já implica violação aos direitos da personalidade. Conforme assentado na jurisprudência nacional, com ênfase para os precedentes do STJ, a inscrição ou manutenção indevida do nome do devedor no cadastro de inadimplentes acarreta o dano moral in re ipsa, ou seja, dano vinculado à própria existência do fato ilícito, cujos resultados são presumidos(REsp 1369039/RS, Rel. Ministro Ricardo Villas Bôas Cueva, terceira turma, julgado em 04/04/2017, DJe 10/04/2017). Neste sentido colaciono os precedentes abaixo: APELAÇÃO. FORNECIMENTO DE ENERGIA. NEGATIVAÇÃO INDEVIDA. DANOS MORAIS. Sentença que julgou procedente, em parte, a ação ajuizada em face de CEMIG DISTRIBUIÇÃO S/A, para o efeito de declarar inexistente o débito que originou a negativação e condenou a ré a indenizar o autor, pelo importe de R$ 3.000,00, a título de danos morais, corrigidos na forma prevista na Súmula 362, do Egrégio Superior Tribunal de Justiça, acrescido ainda de juros moratórios de 1% ao mês, a partir da sentença. Inconformismo da parte autora. Dano moral "in re ipsa". Indenização devida, majorada para R$ 10.000,00, de acordo com precedente da Colenda Câmara. Juros de mora incidem a partir do evento danoso, nos termos da Súmula nº 54, do Colendo Superior Tribunal de Justiça. Sentença reformada, em parte. Recurso provido. (TJSP; Apelação Cível 1009067-97.2022.8.26.0196; Relator (a): Rogério Murillo Pereira Cimino; Órgão Julgador: 27a Câmara de Direito Privado; Foro de Franca - 3a Vara Cível; Data do Julgamento: 23/09/2022; Data de Registro: 23/09/2022). APELAÇÃO. AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO CUMULADA COM INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. Pretensão fundada na ausência de contratação do serviço de telefonia e consequente irregularidade das cobranças efetuadas e posterior inscrição do nome da autora nos órgãos de proteção ao crédito. Sentença de procedência. Controvérsia recursal adstrita à existência da relação jurídica. Ônus que incumbia à ré, tendo em vista a verossimilhança das alegações da parte autora e a sua hipossuficiência (CDC, art. 6º, VIII). Circunstância que não é alterada por eventual contratação verbal. Insuficiência probatória de telas sistêmicas. Precedentes. Sentença mantida. Recurso improvido. (TJSP; Apelação Cível 1006095-62.2017.8.26.0445; Relator (a): Hamid Bdine; Órgão Julgador: 19a Câmara de Direito Privado; Foro de Pindamonhangaba - 1a Vara Cível; Data do Julgamento: 02/07/2019; Data de Registro: 02/07/2019) Assim, configurados o ato ilícito, o dano e o nexo de causalidade, impõe-se a responsabilização da ré, nos termos do art. 927 do Código Civil. O valor do dano moral deve observar os critérios da razoabilidade e da proporcionalidade, além da função pedagógica e punitiva da indenização. Em atenção aos parâmetros jurisprudenciais adotados em casos análogos, notadamente nos julgados citados pela parte autora e em consonância com o critério bifásico consolidado pelo Superior Tribunal de Justiça, entendo adequado o valor de R$ 3.000,00 (três mil reais). ISSO POSTO e o mais que dos autos consta, JULGO PROCEDENTE o pedido formulado por Vilma Ferreira de Melo em face de Getnet Adquirência e Serviços para Meios de Pagamento S.A., com fundamento no art. 487, I, do CPC, para: a) DECLARAR indevida a negativação realizada em nome da autora em decorrência do contrato nº 0000001471325330; b) CONDENAR a parte ré ao pagamento de indenização por danos morais no valor de R$ 3.000,00 (três mil reais), corrigidos monetariamente pelo INPC a partir da publicação da presente sentença, com juros moratórios de 1% ao mês a contar da citação. Condeno a parte ré ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios, que fixo em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação, nos termos do art. 85, §2º, do CPC. Publique-se. Registre-se. Intimem-se. Após o trânsito em julgado, proceda-se às diligências necessárias para fins de recolhimento das custas processuais, nos termos do Código de Normas Judiciais/Provimento nº 02/2021 CGJCE. Crato/CE, 05 de junho de 2025. José Batista de Andrade Juiz de Direito Titular

Conteúdo completo bloqueado

Desbloquear

Processo nº 3003691-70.2024.8.06.0071

ID: 292167418

Tribunal: TJCE Órgão: 1ª Vara Cível da Comarca de Crato Classe: PROCEDIMENTO COMUM CíVEL Nº Processo: 3003691-70.2024.8.06.0071

Data de Disponibilização: 09/06/2025

Polo Ativo:

Polo Passivo:

ELLEN CRISTINA GONCALVES PIRES

INTIMAÇÃO DA SENTENÇA

Advogados:

ELLEN CRISTINA GONCALVES PIRES

OAB/CE XXXXXX Desbloquear

Comarca de Crato 1ª Vara Cível da Comarca de Crato Rua Álvaro Peixoto, S/N, São Miguel - CEP 63100-000, Fone: WPP(85)81510839, Crato-CE - E-mail: crato.1civel@tjce.jus.br PROCESSO Nº: 3003691-70… Comarca de Crato 1ª Vara Cível da Comarca de Crato Rua Álvaro Peixoto, S/N, São Miguel - CEP 63100-000, Fone: WPP(85)81510839, Crato-CE - E-mail: crato.1civel@tjce.jus.br PROCESSO Nº: 3003691-70.2024.8.06.0071 CLASSE: PROCEDIMENTO COMUM CÍVEL (7) ASSUNTO: [Indenização por Dano Moral, Inclusão Indevida em Cadastro de Inadimplentes] POLO ATIVO: VILMA FERREIRA DE MELO POLO PASSIVO: GETNET ADQUIRENCIA E SERVICOS PARA MEIOS DE PAGAMENTO S.A. S E N T E N Ç A Vistos, etc... Trata-se de Ação de Indenização por Danos Morais c/c Pedido de Tutela Provisória proposta por Vilma Ferreira de Melo em face de Getnet Adquirência e Serviços para Meios de Pagamento S.A., devidamente qualificados, aduzindo, em síntese, que contratou com a empresa ré a instalação de equipamento de pagamento ("vermelhinha wifi"), o qual jamais foi instalado, sendo que, mesmo após decisão judicial proferida nos autos do processo nº 3001444-19.2024.8.06.0071, com trânsito em julgado, reconhecendo a rescisão contratual e a devolução em dobro dos valores pagos, teve seu nome negativado em cadastro de inadimplentes (SPC/Serasa) com base nos mesmos débitos já declarados indevidos. Sustenta que a inscrição promovida pela ré ocorreu de forma abusiva, sem qualquer cautela, em afronta à coisa julgada material, ocasionando constrangimento, humilhação e angústia à autora, que sempre zelou por seu bom nome e reputação no mercado, tratando-se de microempreendedora. Defende a aplicação do Código de Defesa do Consumidor, a responsabilidade objetiva da ré, a existência de dano moral in re ipsa e a inversão do ônus da prova, nos termos do art. 6º, VIII, do CDC, além de requerer a concessão de tutela de urgência para exclusão do seu nome do cadastro de inadimplentes, com multa em caso de descumprimento. Por fim, requereu a procedência da ação para declarar a inexigibilidade do débito relativo ao contrato nº 0000001471325330, impedir novas cobranças e condenar a ré ao pagamento de indenização por danos morais no valor de R$ 10.000,00(dez mil reais), determinando a exclusão imediata da negativação, sob pena de multa (Id 127815967). Juntou os documentos de Id 127815970 a 127816804. Deferida a gratuidade da justiça e a inversão do ônus da prova em favor da autora e ainda a tutela de urgência determinando a baixa da restrição (Id 132397826). A Getnet Adquirência e Serviços para Meios de Pagamento S/A foi citada, comunicou o cumprimento da liminar e apresentou contestação (Id 134384825 e 135346673). Sustentou que o equipamento contratado pela autora foi regularmente entregue e instalado e que o contrato foi encerrado de forma unilateral após mais de 90 dias de inatividade, sendo que a empresa tentou, sem sucesso, recuperar o equipamento. Em razão da não devolução, foi gerado débito de R$ 461,79(quatrocentos e sessenta e um reais e setenta e nove centavos), que ensejou a negativação contestada nos autos. Alegou ainda a inexistência de relação de consumo entre as partes, defendendo a inaplicabilidade do Código de Defesa do Consumidor, bem como a ausência de responsabilidade civil, diante da regularidade da inscrição, inexistência de ato ilícito e falta de comprovação do dano moral. Subsidiariamente, pugnou, em caso de eventual condenação, pela fixação de valor indenizatório em patamar moderado, de acordo com os critérios de proporcionalidade e razoabilidade. Por fim, requereu a total improcedência da ação. A tentativa de conciliação resultou infrutífera e os advogados das partes requereram o julgamento antecipado da lide (Id 155881832). É o Relatório. Decido. Inicialmente, constato que o feito comporta julgamento antecipado do mérito, nos termos do art. 355, inciso I, do Código de Processo Civil, por se tratar de causa que versa sobre matéria unicamente de direito e prova documental suficiente, sendo desnecessária a dilação probatória, bem como, considerando o requerimento formulado pelas partes na audiência de conciliação (Id 155881832). O cerne da questão posta à análise deste juízo cinge-se à legalidade da inscrição do nome da autora nos cadastros de inadimplentes, posteriormente ao trânsito em julgado da sentença proferida no processo nº 3001444-19.2024.8.06.0071, a qual declarou rescindido o contrato e reconheceu a inexistência da dívida discutida, condenando a empresa à restituição dos valores pagos (Id. nº 127816804 - SENTENÇA). A ré, em sua contestação (Id. nº 135346673), sustenta que o novo débito, objeto da negativação atual, decorre da não devolução do equipamento, não tendo relação direta com os valores discutidos na demanda anterior. No entanto, não trouxe aos autos qualquer prova documental robusta a confirmar a entrega e uso do equipamento pela autora ou mesmo a regularidade do débito atual, ônus que lhe incumbia nos termos do art. 373, II, do CPC. Por sua vez, o documento juntado pela parte autora sob Id. nº 127816804 (sentença proferida na ação anterior) é cristalino ao afirmar que não houve prova de prestação de serviço pela requerida e, por consequência, declarou rescindido o contrato, com devolução de valores pagos. Insta salientar, por ensejante, que a coisa julgada material impede nova discussão sobre o mesmo contrato. Assim, a posterior inscrição do nome da autora em razão do mesmo vínculo contratual é manifestamente indevida. Vale salientar que, nos termos do art. 14 do CDC, o fornecedor de serviços responde, independentemente de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços. Assim sendo, a negativação indevida da autora, decorrente de cobrança sobre contrato já declarado nulo por decisão judicial transitada em julgado, configura falha na prestação do serviço, ensejando a responsabilidade objetiva da ré, mormente, considerando a verossimilhança das alegações autorais, diante da prova documental acostada aos autos, enquanto que a ré não conseguiu comprovar a legalidade da negativação e a existência de nova relação jurídica autônoma e válida. Quanto ao dano moral, a jurisprudência pátria é pacífica no sentido de que a negativação indevida enseja reparação automática, configurando-se dano moral in re ipsa. Nessa linha, sequer é necessária a demonstração do efetivo abalo à honra ou à imagem, pois o simples ato de incluir indevidamente o nome do consumidor nos cadastros de inadimplentes já implica violação aos direitos da personalidade. Conforme assentado na jurisprudência nacional, com ênfase para os precedentes do STJ, a inscrição ou manutenção indevida do nome do devedor no cadastro de inadimplentes acarreta o dano moral in re ipsa, ou seja, dano vinculado à própria existência do fato ilícito, cujos resultados são presumidos(REsp 1369039/RS, Rel. Ministro Ricardo Villas Bôas Cueva, terceira turma, julgado em 04/04/2017, DJe 10/04/2017). Neste sentido colaciono os precedentes abaixo: APELAÇÃO. FORNECIMENTO DE ENERGIA. NEGATIVAÇÃO INDEVIDA. DANOS MORAIS. Sentença que julgou procedente, em parte, a ação ajuizada em face de CEMIG DISTRIBUIÇÃO S/A, para o efeito de declarar inexistente o débito que originou a negativação e condenou a ré a indenizar o autor, pelo importe de R$ 3.000,00, a título de danos morais, corrigidos na forma prevista na Súmula 362, do Egrégio Superior Tribunal de Justiça, acrescido ainda de juros moratórios de 1% ao mês, a partir da sentença. Inconformismo da parte autora. Dano moral "in re ipsa". Indenização devida, majorada para R$ 10.000,00, de acordo com precedente da Colenda Câmara. Juros de mora incidem a partir do evento danoso, nos termos da Súmula nº 54, do Colendo Superior Tribunal de Justiça. Sentença reformada, em parte. Recurso provido. (TJSP; Apelação Cível 1009067-97.2022.8.26.0196; Relator (a): Rogério Murillo Pereira Cimino; Órgão Julgador: 27a Câmara de Direito Privado; Foro de Franca - 3a Vara Cível; Data do Julgamento: 23/09/2022; Data de Registro: 23/09/2022). APELAÇÃO. AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO CUMULADA COM INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. Pretensão fundada na ausência de contratação do serviço de telefonia e consequente irregularidade das cobranças efetuadas e posterior inscrição do nome da autora nos órgãos de proteção ao crédito. Sentença de procedência. Controvérsia recursal adstrita à existência da relação jurídica. Ônus que incumbia à ré, tendo em vista a verossimilhança das alegações da parte autora e a sua hipossuficiência (CDC, art. 6º, VIII). Circunstância que não é alterada por eventual contratação verbal. Insuficiência probatória de telas sistêmicas. Precedentes. Sentença mantida. Recurso improvido. (TJSP; Apelação Cível 1006095-62.2017.8.26.0445; Relator (a): Hamid Bdine; Órgão Julgador: 19a Câmara de Direito Privado; Foro de Pindamonhangaba - 1a Vara Cível; Data do Julgamento: 02/07/2019; Data de Registro: 02/07/2019) Assim, configurados o ato ilícito, o dano e o nexo de causalidade, impõe-se a responsabilização da ré, nos termos do art. 927 do Código Civil. O valor do dano moral deve observar os critérios da razoabilidade e da proporcionalidade, além da função pedagógica e punitiva da indenização. Em atenção aos parâmetros jurisprudenciais adotados em casos análogos, notadamente nos julgados citados pela parte autora e em consonância com o critério bifásico consolidado pelo Superior Tribunal de Justiça, entendo adequado o valor de R$ 3.000,00 (três mil reais). ISSO POSTO e o mais que dos autos consta, JULGO PROCEDENTE o pedido formulado por Vilma Ferreira de Melo em face de Getnet Adquirência e Serviços para Meios de Pagamento S.A., com fundamento no art. 487, I, do CPC, para: a) DECLARAR indevida a negativação realizada em nome da autora em decorrência do contrato nº 0000001471325330; b) CONDENAR a parte ré ao pagamento de indenização por danos morais no valor de R$ 3.000,00 (três mil reais), corrigidos monetariamente pelo INPC a partir da publicação da presente sentença, com juros moratórios de 1% ao mês a contar da citação. Condeno a parte ré ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios, que fixo em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação, nos termos do art. 85, §2º, do CPC. Publique-se. Registre-se. Intimem-se. Após o trânsito em julgado, proceda-se às diligências necessárias para fins de recolhimento das custas processuais, nos termos do Código de Normas Judiciais/Provimento nº 02/2021 CGJCE. Crato/CE, 05 de junho de 2025. José Batista de Andrade Juiz de Direito Titular

Conteúdo completo bloqueado

Desbloquear

Encontrou 2 resultados. Faça login para ver detalhes completos e mais informações.

Fazer Login para Ver Detalhes