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Processo nº 6000183-87.2024.8.09.0166

ID: 290653092

Tribunal: TJGO Órgão: Montes Claros de Goias - Vara das Fazendas Públicas Classe: PROCEDIMENTO COMUM CíVEL Nº Processo: 6000183-87.2024.8.09.0166

Data de Disponibilização: 06/06/2025

Polo Ativo:

VANESSA ALVES DE OLIVEIRA

Polo Passivo:

Sentença

Advogados:

DYHENIFER JESSICA CUNHA GOUVEIA

OAB/GO XXXXXX Desbloquear

ESTADO DE GOIÁS - PODER JUDICIÁRIOCOMARCA DE MONTES CLAROS DE GOIÁSVara das Fazendas Públicas Processo n. 6000183-87.2024.8.09.0166Parte requerente: Vanessa Alves De OliveiraParte requerida: Instit… ESTADO DE GOIÁS - PODER JUDICIÁRIOCOMARCA DE MONTES CLAROS DE GOIÁSVara das Fazendas Públicas Processo n. 6000183-87.2024.8.09.0166Parte requerente: Vanessa Alves De OliveiraParte requerida: Instituto Nacional Do Seguro Social SENTENÇA I - RELATÓRIOTrata-se de ação previdenciária para concessão de salário-maternidade proposta por VANESSA ALVES DE OLIVEIRA em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS.Aduz a parte autora que requereu administrativamente, em 04/03/2022, o benefício de salário-maternidade em razão do nascimento de sua filha Júlia Maria de Oliveira Maciel, cujo parto ocorreu em 27/02/2022. Sustenta que o INSS concedeu o benefício, porém com base no salário mínimo, quando deveria ter sido calculado com base na média das últimas doze contribuições. Afirma que não efetuou o saque dos valores, apresentou recurso administrativo que foi indeferido por extemporaneidade. Pugna pela concessão do benefício com RMI calculada com base nas últimas contribuições previdenciárias.Instruiu a inicial com documentos (evento 01), incluindo CNIS, histórico de créditos, certidão de nascimento da filha e comprovantes diversos.Regularmente citado, o INSS apresentou contestação (evento 22), sustentando que o benefício foi calculado corretamente conforme a legislação vigente, aplicando-se o art. 73, inciso III, da Lei 8.213/91 para segurada desempregada em período de graça.Apresentada tréplica com proposta de acordo (evento 25), recusada pelo INSS (evento 29).Decisão de saneamento fixou os pontos controvertidos (evento 31). A parte autora apresentou manifestação sobre as provas que pretende produzir (eventos 34 e 42). O INSS não se manifestou (evento 43).É o relatório. Decido.II - FUNDAMENTAÇÃO1. Questões processuais preliminaresNão há preliminares ou questões processuais pendentes de análise.2. Do benefício de salário-maternidadeO benefício de salário-maternidade está disciplinado nos arts. 71 a 73 da Lei 8.213/91, sendo devido à segurada da Previdência Social durante 120 dias, com início no período entre 28 dias antes do parto e a data de sua ocorrência.No caso dos autos, a autora preencheu os requisitos do benefício, que, inclusive, foi deferido na via administrativa (NB nº 203.011.277-6). Provada a qualidade de segurada, por meio do CNIS juntado aos autos (evento 01), que comprova vínculo empregatício urbano de 01/10/2013 a 30/10/2020 junto ao Hospital das Clínicas de Mineiros. Conforme art. 15, § 2º, da lei nº 8.213/91, a segurada desempregada mantém a qualidade de segurada por 12 meses após a cessação das contribuições, prorrogáveis por mais 12 meses em caso de desemprego involuntário comprovado.Juntada certidão de nascimento de Júlia Maria de Oliveira Maciel, nascida em 27/02/2022 (evento 01), filha da autora. O parto ocorreu dentro do período de graça da segurada.Porém, sorte não assiste à demandante quanto à forma de cálculo da Renda Mensal Inicial (RMI) do benefício.A parte autora pleiteia que seja calculada com base na média das últimas doze contribuições efetivamente vertidas, enquanto o INSS sustenta a correção do cálculo administrativo baseado no art. 73, inciso III, da Lei 8.213/91, considerando o salário-mínimo já que a demandante não trouxe contribuições nos últimos meses antes do parto.O art. 73 da Lei 8.213/91 estabelece:"Art. 73. Assegurado o valor de um salário-mínimo, o salário-maternidade para as demais seguradas, pago diretamente pela Previdência Social, consistirá:III - em um doze avos da soma dos doze últimos salários-de-contribuição, apurados em um período não superior a quinze meses, para as demais seguradas.Parágrafo único. Aplica-se à segurada desempregada, desde que mantida a qualidade de segurada, na forma prevista no art. 15 desta Lei, o disposto no inciso III do caput deste artigo."A Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais (TNU), no julgamento do Tema 202, firmou a tese de que "o cálculo da renda mensal do salário-maternidade devido à segurada que, à época do fato gerador da benesse, se encontre no período de graça, com a última vinculação ao RGPS na qualidade de segurada empregada, deve observar a regra contida no artigo 73, inciso III, da Lei nº 8.213/91".Assim, se nos últimos 15 meses antes do fato constitutivo não tivessem sido vertidas contribuições, assegura-se, ao menos, o valor de um salário-mínimo para fins de RMI. O TRF1 já se manifestou no sentido da aplicabilidade de tal regra, reconhecendo, em caso análogo – segurada desempregada e em período de graça, com parto posterior ao período máximo de 15 meses sem contribuições -, situação em que “(…) Tal fato, afasta, de plano, a pretensão de recebimento do salário-maternidade no valor de sua última remuneração, porquanto o art. 72 da Lei 8.213/1991 é aplicável à segurada empregada, hipótese que a demandante não se amolda, pois se encontrava desempregada desde 08.07.2016. Trata-se, portanto, de situação que atrai a incidência do art. 73, inc. III, da Lei 8.213/1991. É importante destacar que esse dispositivo trata de forma equilibrada princípios os princípios da proteção à maternidade e do caráter contributivo da Previdência Social, na medida em que não pode conferir tratamento idêntico à segurada que, desempregada, deixa de recolher à Previdência Social e aquela em plena atividade laborativa.(…)”(Processo nº 1001215-48.2019.4.01.3820, TRF – PRIMEIRA REGIÃO, Primeira Turma Recursal – MG, publicado em 29.07.2020)A sistemática de cálculo aplicada pelo INSS, conforme memória de cálculo juntada aos autos, observou corretamente a regra do art. 73, inciso III, considerando os 12 últimos salários de contribuição em período não superior a 15 meses anteriores ao fato gerador, resultando em RMI de R$ 1.212,00 (um mil duzentos e doze reais).Dos documentos juntados aos autos, especialmente o histórico de créditos (evento 01), verifica-se que embora o benefício tenha sido concedido administrativamente em 19/05/2022 com DIB em 27/02/2022, os valores constam como "NÃO PAGO" por "não comparecimento do recebedor".Esta situação configura direito da autora ao recebimento das parcelas devidas, considerando que a concessão administrativa já reconheceu o preenchimento dos requisitos legais, porém, não faz jus a juros de mora, por ter dado causa ao não recebimento à época da concessão.III - DISPOSITIVO3. Ante o exposto, JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTE o pedido para RECONHECER o direito da autora ao benefício de salário-maternidade, espécie 80, já concedido administrativamente pelo INSS sob NB 203.011.277-6 e, de consequência, CONDENAR o INSS ao PAGAMENTO das parcelas em atraso do referido benefício, considerando, com DIB (Data de Início do Benefício): 27/02/2022 e RMI (Renda Mensal Inicial): R$ 1.212,00 (um mil duzentos e doze reais).A correção monetária, sem juros moratórios, com aplicação exclusiva da taxa SELIC (EC 113/2021, art. 3º).Deixo de CONDENAR o INSS ao pagamento de honorários advocatícios, tendo em vista que pelo princípio da causalidade, a autora deu causa à ação e seu pedido principal, de revisão da RMI do benefício (NB 203.011.277-6), não obteve sucesso.Sem condenação em custas, tendo em vista a natureza da demanda.P. R. I.Com o trânsito em julgado, não havendo pedido de cumprimento de sentença em 05 (cinco) dias, baixem-se e arquivem-se.Atenda-se.MCG, data do sistema.RAFAEL MACHADO DE SOUZAJuiz de Direito

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Resultados para o tribunal: TJGO

Resultados para "1001215-85.2022.5.02.0472"

Processo nº 6000183-87.2024.8.09.0166