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Processo nº 5853743-79.2024.8.09.0051

ID: 326458321

Tribunal: TJGO Órgão: 2ª Câmara Cível Classe: MANDADO DE SEGURANçA CíVEL Nº Processo: 5853743-79.2024.8.09.0051

Data de Disponibilização: 16/07/2025

Polo Ativo:

MAGNA ENGENHARIA LTDA

Polo Passivo:

Relatório e Voto

Advogados:

DAMAUIL VERISSIMO DA SILVA

OAB/GO XXXXXX Desbloquear

LAÉRCIO DE LIMA LEIVAS

OAB/RS XXXXXX Desbloquear

PODER JUDICIÁRIO Tribunal de Justiça do Estado de Goiás Gabinete da Desembargadora Sirlei Martins da Costa Apelação cível n. 5853743-79.2024.8.09.0051 Comarca de Goiânia Apelante: Magna En… PODER JUDICIÁRIO Tribunal de Justiça do Estado de Goiás Gabinete da Desembargadora Sirlei Martins da Costa Apelação cível n. 5853743-79.2024.8.09.0051 Comarca de Goiânia Apelante: Magna Engenharia Ltda Apeladas: Agência Goiana de Infraestrutura e Transportes e Concremat Engenharia e Tecnologia S/A Relatora: Maria Cristina Costa Morgado – Juíza Substituta em 2º Grau VOTO Adoto o relatório constante do mov. nº 53. Preliminar: não houve violação à dialeticidade, pois o recurso de apelação contém as razões do pedido de reforma da sentença, como exige o art. 1.010, inciso III, do Código de Processo Civil. Presentes os pressupostos de admissibilidade do recurso, dele conheço. 1. Caso em exame Consoante relatado, trata-se de apelação cível interposta pela Magna Engenharia Ltda contra a sentença proferida pelo Juiz de Direito da 1ª Vara da Fazenda Pública Estadual da Comarca de Goiânia, Dr. Rodrigo Rodrigues de Oliveira e Silva, nos autos do "mandado de segurança" ajuizada contra a Agência Goiana de Infraestrutura e Transportes. 2. Questões em discussão Há dois problemas jurídicos: 1) verificar o cumprimento do item 9.3.5 do Edital, quanto à reserva de vagas para pessoas com deficiência; e (2) analisar a regularidade da documentação relativo aos balanços patrimoniais das empresas integrantes do consórcio vencedor. 3. Razões de decidir 3.1 Declaração de cumprimento de cotas para PCDs O item 9.3.5 do edital exige que os licitantes declarem, no momento do cadastramento da proposta inicial, que cumpram as exigências legais de reserva de cargos para pessoas com deficiência. Confira-se: 9.3.5. cumpre as exigências de reserva de cargos para pessoa com deficiência, para reabilitado da Previdência Social e para aprendiz, previstas em lei e em outras normas específicas; Trata-se de exigência correlata ao art. 63, IV, da Lei 14.133/2021, que reitera a necessidade dessa declaração na fase de habilitação. Art. 63. Na fase de habilitação das licitações serão observadas as seguintes disposições: IV - será exigida do licitante declaração de que cumpre as exigências de reserva de cargos para pessoa com deficiência e para reabilitado da Previdência Social, previstas em lei e em outras normas específicas. Ao seu turno, a Lei nº 8.213/1991 estabeleceu uma ação afirmativa voltada à inclusão de pessoas com deficiência e reabilitadas pela Previdência Social no mercado de trabalho: Art. 93. A empresa com 100 (cem) ou mais empregados está obrigada a preencher de 2% (dois por cento) a 5% (cinco por cento) dos seus cargos com beneficiários reabilitados ou pessoas portadoras de deficiência, habilitadas, na seguinte proporção: I - até 200 empregados..........2%; II - de 201 a 500....................3%; III - de 501 a 1.000................4%; IV - de 1.001 em diante…......5%. No caso, a empresa Concremat Engenharia e Tecnologia S/A, líder do Consórcio Supervisor CSG, prestou a declaração exigida, conforme modelo e momento previsto no edital. Em verdade, a impugnação gira em torno da existência de certidão emitida pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) indicando que a empresa não atinge integralmente o percentual mínimo previsto no art. 93 da Lei nº 8.213/1991 — o que, segundo o apelante, configuraria declaração falsa e ensejaria a inabilitação do consórcio. Entretanto, a exigência editalícia não demanda a comprovação de cumprimento integral da cota, mas sim a declaração de que a empresa adota e observa as exigências legais sobre o tema, o que implica análise da conduta diligente do licitante, e não de mero resultado numérico. A interpretação sistemática da legislação e da jurisprudência, incluindo precedentes do Tribunal Superior do Trabalho (RR 1002364-57.2016.5.02.0204) e do Superior Tribunal de Justiça (RMS 73.358/MG), afasta a responsabilização da empresa que demonstra esforços objetivos, contínuos e documentados para o cumprimento da cota legal, mesmo que não alcance o percentual exigido, por razões alheias à sua vontade ou limitações do mercado de trabalho local. Nesse sentido, confira-se a jurisprudência mais recente sobre o tema da nova Lei de Licitações: RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DA LEI Nº 13.467/2017 – AÇÃO ANULATÓRIA DE AUTO DE INFRAÇÃO – CRITÉRIO PARA CUMPRIMENTO DO ART. 93 DA LEI Nº 8.213/91 – DIVULGAÇÃO EM JORNAL E INTERNET – OFERECIMENTO DE VAGAS – TRANSCENDÊNCIA POLÍTICA 1. É possível depreender do acórdão regional a mobilização da Autora no sentido de promover campanhas com o intuito de contratar trabalhadores na forma exigida pelo art. 93 da Lei nº 8.213/91. Há prova nos autos de que ofereceu vagas e procedeu a convocação em jornal e pela internet. 2. Esta Corte já se posicionou no sentido de reconhecer o ônus da empregadora pelo cumprimento das exigências do art. 93 da Lei 8.213/91, mas de afastar sua responsabilidade pelo insucesso em contratar pessoas com deficiência, em razão dos esforços comprovadamente empenhados. Julgados. 3. O art. 93 da Lei nº 8 .213/91 não especifica as condições de cumprimento da cota legal. Assegura tão-só percentual de contratação de empregados com deficiência. Recurso de Revista conhecido e provido. (TST, RR: 10023645720165020204, Relatora Maria Cristina Irigoyen Peduzzi, 4ª Turma, Data de Publicação: 10/06/2022 Agravo de Instrumento – Mandado de segurança – Pregão eletrônico – Inabilitação da empresa agravante, vencedora do certame em relação aos lotes pormenorizados na minuta do recurso - Decisão agravada que indeferiu a medida liminar pleiteada para a suspensão do certame e da referida inabilitação – Necessidade de reforma – Decisão da Justiça do Trabalho que reconhece a regularidade da empresa declarada vencedora quanto à reserva de cargos para pessoas com deficiência e reabilitadas da Previdência Social – Prevalência na espécie - Precedente desta Corte em caso similar – Recurso provido, consoante especificado. (TJ-SP, AI 21803752520248260000, Relator Osvaldo Magalhães, 4ª Câmara de Direito Público, DJe: 27/08/2024) PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. AGRAVO DE INSTRUMENTO. [...] ALEGAÇÃO DE NÃO CUMPRIMENTO DO DISPOSTO NOS ARTS. 63, IV E 72, AMBOS DA LEI Nº 14.133/2021 [...] EXIGÊNCIA DE RESERVA DE CARGOS PARA PESSOA COM DEFICIÊNCIA. DECLARAÇÃO SUFICIENTE DA EMPRESA VENCEDORA ACERCA DO CUMPRIMENTO DAS EXIGÊNCIAS. AUSÊNCIA DE EXIGÊNCIA ESPECÍFICA PARA FINS DE HABILITAÇÃO. [...] O que a lei exige, in casu, é que se declare o cumprimento das exigências, tendo a empresa vencedora apresentado a declaração pertinente. [...] Não se pode afirmar, inequivocamente, que a empresa vencedora foi habilitada em desconformidade com a lei. Agravo de Instrumento desprovido, em consonância com o Parecer do Ministério Público, prejudicado o Agravo Interno. Decisão Unânime. (TJ-PE, AI 00092495320248179000, Relator Erik de Sousa Dantas Simoes, DJe 24/07/2024). No caso concreto, colhe-se dos autos que a comissão de licitação da GOINFRA analisou a documentação e os esforços demonstrados (incluindo divulgação de vagas em site da empresa e plataformas de emprego), reconhecendo a veracidade da declaração. A conclusão adotada pela comissão encontra respaldo nos princípios do formalismo moderado, da proporcionalidade e da promoção da inclusão, assegurando o equilíbrio entre a finalidade da norma e a realidade operacional do setor privado. Deduz-se, pois, que não prospera a tentativa da parte apelante de afastar a jurisprudência da Justiça do Trabalho e do Superior Tribunal de Justiça, sob o argumento de que a lógica aplicada à esfera trabalhista não se estenderia ao processo licitatório. Primeiro, porque a própria Lei nº 14.133/2021 não exige comprovação objetiva e imediata de cumprimento integral das cotas, mas apenas declaração formal nesse sentido, cujo conteúdo deve ser interpretado à luz da boa-fé e dos esforços diligentes - exatamente como consolidado nos precedentes invocados. Segundo, porque o edital não restringe essa declaração à literalidade aritmética da cota, tampouco condiciona sua validade à certidão de adimplemento absoluto, e sim à manifestação expressa de conformidade legal. Terceiro, porque o entendimento administrativo da GOINFRA, à semelhança do adotado por tribunais e pela Administração Pública federal, reconhece a possibilidade de aferição qualitativa da conduta da empresa diante de dificuldades estruturais do mercado, sem que isso configure privilégio ou burla. É o que se extrai da jurisprudência do Tribunal de Contas da União: Certidão do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) que indique o não cumprimento do percentual exigido pelo artigo 93 da Lei 8.213/1991 não é suficiente, por si só, para a inabilitação de licitante que declarou cumprir as exigências de reserva de cargos para pessoas com deficiência e para reabilitados da Previdência Social (artigo 63, inciso IV, da Lei 14.133/2021). É necessário oferecer ao licitante a oportunidade de comprovar a veracidade de sua declaração por meio de outras evidências, a exemplo de extratos dos dados registrados no e-Social”. (TCU, Acórdão 523/2025, Relator Ministro Jorge de Oliveira, Plenário, Sessão 13/03/2025). A invocação de precedentes genéricos, pareceres isolados e normas de hierarquia infraconstitucional não prevalece sobre o conjunto normativo e jurisprudencial que, ao contrário do alegado, harmoniza os princípios da vinculação ao edital, isonomia e inclusão social. Confira-se recente parecer da AGU sobre a questão: DIREITO ADMINISTRATIVO. LICITAÇÕES E CONTRATOS. EXIGÊNCIA DE RESERVA DE CARGOS PARA PESSOA COM DEFICIÊNCIA E REABILITADO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL I - Divergência entre órgãos jurídicos consultivos desta Advocacia-Geral da União acerca da regularidade do cumprimento da exigência de reserva de cargos para pessoa com deficiência e para reabilitado da Previdência Social por parte de empresa que não logrou êxito em atender o comando do art. 93 da Lei n° 8.213, de 24 de julho de 1991, por circunstâncias alheias a sua vontade. II - Nos termos do inciso IV do art. 63 da Lei n° 14.133/2021, na fase de habilitação da licitação, somente se poderá exigir do licitante declaração de que cumpre as exigências de reserva de cargos para pessoa com deficiência e para reabilitado da Previdência Social, previstas em lei e em outras normas específicas. (AGU, Parecer nº 00060/2024/DECOR/CGU/AGU, 08/10/2024) Por fim, a tentativa de elevar o art. 93 da Lei nº 8.213/1991 a requisito de natureza impeditiva absoluta, desconsiderando o contexto fático e os princípios do formalismo moderado, contraria inclusive a lógica constitucional da razoabilidade e proporcionalidade que deve reger a Administração Pública. Logo, não há falsidade na declaração apresentada, tampouco qualquer infração ao princípio da vinculação ao edital, da legalidade ou da isonomia entre os licitantes. 3.2. Balanços patrimoniais e o art. 64 da Lei 14.133/2021 A apelante alega que as empresas Spazio Consultoria e GEASA Engenharia apresentaram documentação contábil incompleta ou extemporânea, contrariando o item 10.19.4 do edital, que exige o balanço patrimonial e demonstrações contábeis dos dois últimos exercícios sociais, “na forma da lei”. O texto do edital assim dispõe: 10.19.4. Balanço patrimonial e demonstrações contábeis dos 2 (dois) últimos exercícios sociais, já exigíveis e apresentados na forma da lei, que comprovem a boa situação financeira da empresa, vedada a sua substituição por balancetes ou balanços provisórios, podendo ser atualizados por índices oficiais quando encerrado há mais de 3 (três) meses da data de apresentação da proposta. Em especial, aponta-se que o balanço patrimonial da GEASA, referente ao exercício de 2023, só foi transmitido ao SPED em 26/07/2024, mais de um mês após a sessão pública de abertura (20/06/2024), e sem prévia requisição formal da comissão, o que, segundo alega, configuraria documento novo inadmissível, à luz do art. 64 da Lei 14.133/2021, a seguir transcritos: Art. 64. Após a entrega dos documentos para habilitação, não será permitida a substituição ou a apresentação de novos documentos, salvo em sede de diligência, para: I - complementação de informações acerca dos documentos já apresentados pelos licitantes e desde que necessária para apurar fatos existentes à época da abertura do certame; II - atualização de documentos cuja validade tenha expirado após a data de recebimento das propostas. A questão deve ser enfrentada sob a luz do princípio do formalismo moderado, positivado no art. 12, III, da própria Lei 14.133/2021, e da jurisprudência do Tribunal de Contas da União, que vem reconhecendo que o mero vício formal na apresentação de documentos não deve conduzir à exclusão do licitante, se não comprometer a avaliação objetiva da qualificação. Art. 12. No processo licitatório, observar-se-á o seguinte: III - o desatendimento de exigências meramente formais que não comprometam a aferição da qualificação do licitante ou a compreensão do conteúdo de sua proposta não importará seu afastamento da licitação ou a invalidação do processo; Nesse sentido, compreende o Tribunal de Contas da União: Admitir a juntada de documentos que apenas venham a atestar condição pré-existente à abertura da sessão pública do certame não fere os princípios da isonomia e igualdade entre as licitantes e o oposto, ou seja, a desclassificação do licitante, sem que lhe seja conferida oportunidade para sanear os seus documentos de habilitação e/ou proposta, resulta em objetivo dissociado do interesse público, com a prevalência do processo (meio) sobre o resultado almejado (fim). O pregoeiro, durante as fases de julgamento das propostas e/ou habilitação, deve sanear eventuais erros ou falhas que não alterem a substância das propostas, dos documentos e sua validade jurídica, mediante decisão fundamentada, registrada em ata e acessível aos licitantes, nos termos dos arts. 8º, inciso XII, alínea "h"; 17, inciso VI; e 47 do Decreto 10.024/2019; sendo que a vedação à inclusão de novo documento, prevista no art. 43, §3º, da Lei 8.666/1993 e no art. 64 da Nova Lei de Licitações (Lei 14.133/2021), não alcança documento ausente, comprobatório de condição atendida pelo licitante quando apresentou sua proposta, que não foi juntado com os demais comprovantes de habilitação e/ou da proposta, por equívoco ou falha, o qual deverá ser solicitado e avaliado pelo pregoeiro. (TCU, Acórdão 1211/2021, Relator Walton Alencar Rodrigues, Plenário, Data da sessão: 26/05/2021). O art. 64, § 1º, da Lei 14.133/2021, acima transcrito, expressamente autoriza a complementação de informações, desde que (i) relativas a documentos já apresentados e (ii) voltadas a apurar fatos existentes à época da abertura do certame. No caso, a empresa GEASA apresentou o balanço com base em dados preexistentes, com posterior complementação da escrituração digital, sem alteração da substância ou conteúdo da documentação contábil já disponibilizada. A comissão de licitação não promoveu reabertura de fases nem admitiu documento novo relativo a fato superveniente, mas apenas ratificou e complementou dados de condição pré-existente. A interpretação restritiva do apelante, que pretende a desclassificação por ausência de assinatura ou de protocolo prévio no SPED, configura formalismo excessivo e desproporcional, incompatível com o interesse público e com a lógica do certame, bem como à continuidade da execução do contrato. Logo, não há razão para alterar a sentença questionada. 4. Dispositivo Pelo exposto, conheço da apelação cível e nego-lhe provimento. Sem majoração de honorários. É como voto. Goiânia, datado e assinado digitalmente. Maria Cristina Costa Morgado Juíza Substituta em Segundo Grau Relatora 3R EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL. MANDADO DE SEGURANÇA. LICITAÇÃO PÚBLICA. NOVA LEI DE LICITAÇÕES. DECLARAÇÃO DE RESERVA DE VAGAS PARA PESSOAS COM DEFICIÊNCIA. COMPLEMENTAÇÃO DE BALANÇOS PATRIMONIAIS. RECURSO DESPROVIDO. I. CASO EM EXAME 1. Apelação cível interposta contra sentença que denegou a segurança pleiteada em mandado de segurança impetrado com o objetivo de suspender licitação pública promovida por autarquia estadual para contratação de consultoria técnica. II. QUESTÃO EM DISCUSSÃO 2. Há dois problemas jurídicos em discussão: (1) verificar se a declaração de cumprimento da reserva de cargos para pessoas com deficiência atende aos requisitos legais e editalícios; (ii) analisar a validade da apresentação de balanços patrimoniais complementares pelas empresas integrantes do consórcio vencedor. III. RAZÕES DE DECIDIR 3. A exigência prevista no edital e na Lei 14.133/2021 refere-se à apresentação de declaração formal de cumprimento das normas relativas à reserva de cargos para pessoas com deficiência, não se exigindo comprovação de atingimento integral das cotas estabelecidas no art. 93 da Lei 8.213/1991. 4. A jurisprudência reconhece que a empresa que comprova esforços objetivos e contínuos para o cumprimento da cota, mesmo sem atingi-la por fatores externos, não pode ser inabilitada, desde que tenha apresentado a declaração exigida e adotado condutas efetivas para inclusão. 5. A atuação da Administração Pública encontra respaldo nos princípios do formalismo moderado, da razoabilidade e da inclusão, sendo legítima a habilitação de licitante que demonstrou boa-fé e diligência no atendimento das exigências legais. 6. A desclassificação por vícios meramente formais comprometeria o interesse público e a continuidade do procedimento licitatório, contrariando os princípios que regem a nova lei de licitações. IV. DISPOSITIVO E TESE 7. Recurso desprovido. Tese de julgamento: 1. A declaração de cumprimento da reserva de vagas para pessoas com deficiência, exigida pela Lei 14.133/2021, é suficiente para fins de habilitação, desde que acompanhada de comprovação de condutas diligentes da empresa. 2. A complementação de balanço patrimonial com base em dados preexistentes é admissível durante a fase de habilitação, conforme autoriza o art. 64, I, da Lei 14.133/2021, desde que não se trate de documento novo nem de fato superveniente. Dispositivos relevantes citados: CF/1988, art. 37, caput; Lei 14.133/2021, arts. 12, III; 63, IV; 64, I; Lei 8.213/1991, art. 93. Jurisprudência relevante citada: TST, RR 1002364-57.2016.5.02.0204, Rel. Min. Maria Cristina Peduzzi, j. 10.06.2022; STJ, RMS 73.358/MG; TJ-SP, AI 2180375-25.2024.8.26.0000, j. 27.08.2024; TJ-PE, AI 0009249-53.2024.8.17.9000, j. 24.07.2024; TCU, Acórdãos 523/2025 e 1211/2021, Plenário. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação cível n. 5853743-79, acordam os componentes da Quinta Turma Julgadora da Segunda Câmara Cível do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de Goiás, à unanimidade de votos, em conhecer do recurso e negar-lhe provimento, nos termos do voto desta Relatora. Votaram com a relatora, o Doutor Élcio Vicente da Silva, em substituição ao Desembargador Carlos Alberto França e o Doutor Péricles di Montezuma Castro Moura, em substituição ao Desembargador Reinaldo Alves Ferreira. Presidiu a sessão o Desembargador Rodrigo de Silveira. Procuradoria representada conforme extrato da ata. Goiânia, datado e assinado digitalmente. Maria Cristina Costa Morgado Juíza Substituta em Segundo Grau Relatora EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL. MANDADO DE SEGURANÇA. LICITAÇÃO PÚBLICA. NOVA LEI DE LICITAÇÕES. DECLARAÇÃO DE RESERVA DE VAGAS PARA PESSOAS COM DEFICIÊNCIA. COMPLEMENTAÇÃO DE BALANÇOS PATRIMONIAIS. RECURSO DESPROVIDO. I. CASO EM EXAME 1. Apelação cível interposta contra sentença que denegou a segurança pleiteada em mandado de segurança impetrado com o objetivo de suspender licitação pública promovida por autarquia estadual para contratação de consultoria técnica. II. QUESTÃO EM DISCUSSÃO 2. Há dois problemas jurídicos em discussão: (1) verificar se a declaração de cumprimento da reserva de cargos para pessoas com deficiência atende aos requisitos legais e editalícios; (ii) analisar a validade da apresentação de balanços patrimoniais complementares pelas empresas integrantes do consórcio vencedor. III. RAZÕES DE DECIDIR 3. A exigência prevista no edital e na Lei 14.133/2021 refere-se à apresentação de declaração formal de cumprimento das normas relativas à reserva de cargos para pessoas com deficiência, não se exigindo comprovação de atingimento integral das cotas estabelecidas no art. 93 da Lei 8.213/1991. 4. A jurisprudência reconhece que a empresa que comprova esforços objetivos e contínuos para o cumprimento da cota, mesmo sem atingi-la por fatores externos, não pode ser inabilitada, desde que tenha apresentado a declaração exigida e adotado condutas efetivas para inclusão. 5. A atuação da Administração Pública encontra respaldo nos princípios do formalismo moderado, da razoabilidade e da inclusão, sendo legítima a habilitação de licitante que demonstrou boa-fé e diligência no atendimento das exigências legais. 6. A desclassificação por vícios meramente formais comprometeria o interesse público e a continuidade do procedimento licitatório, contrariando os princípios que regem a nova lei de licitações. IV. DISPOSITIVO E TESE 7. Recurso desprovido. Tese de julgamento: 1. A declaração de cumprimento da reserva de vagas para pessoas com deficiência, exigida pela Lei 14.133/2021, é suficiente para fins de habilitação, desde que acompanhada de comprovação de condutas diligentes da empresa. 2. A complementação de balanço patrimonial com base em dados preexistentes é admissível durante a fase de habilitação, conforme autoriza o art. 64, I, da Lei 14.133/2021, desde que não se trate de documento novo nem de fato superveniente. Dispositivos relevantes citados: CF/1988, art. 37, caput; Lei 14.133/2021, arts. 12, III; 63, IV; 64, I; Lei 8.213/1991, art. 93. Jurisprudência relevante citada: TST, RR 1002364-57.2016.5.02.0204, Rel. Min. Maria Cristina Peduzzi, j. 10.06.2022; STJ, RMS 73.358/MG; TJ-SP, AI 2180375-25.2024.8.26.0000, j. 27.08.2024; TJ-PE, AI 0009249-53.2024.8.17.9000, j. 24.07.2024; TCU, Acórdãos 523/2025 e 1211/2021, Plenário.

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