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Processo nº 5003569-16.2019.8.09.0006

ID: 317725047

Tribunal: TJGO Órgão: Anápolis - Vara da Faz. Pública Municipal - Execução Fiscal Classe: EXECUçãO FISCAL Nº Processo: 5003569-16.2019.8.09.0006

Data de Disponibilização: 07/07/2025

Polo Ativo:

Polo Passivo:

SUECIA VEICULOS S/A

Sentença

Advogados:

MAXWELL LADIR VIEIRA

OAB/MG XXXXXX Desbloquear

Poder Judiciário do Estado de GoiásVara da Faz. Pública Municipal - Execução Fiscal Comarca de AnápolisGabinete virtual: (62) 3902-8811Processo: 5003569-16.2019.8.09.0006Polo Ativo: Município De A… Poder Judiciário do Estado de GoiásVara da Faz. Pública Municipal - Execução Fiscal Comarca de AnápolisGabinete virtual: (62) 3902-8811Processo: 5003569-16.2019.8.09.0006Polo Ativo: Município De Anápolis GoPolo Passivo: Suecia Veiculos S/aEsta decisão tem força de mandado/ofício, nos termos do art. 136 do CNP do Foro Judicial do Poder Judiciário do Estado de Goiás (Provimento nº 48/2021).SENTENÇATrata-se de AÇÃO DE EXECUÇÃO FISCAL ajuizada pelo MUNICÍPIO DE ANÁPOLIS em desfavor do SUECIA VEICULOS S/A.A parte executada apresentou exceção de pré-executividade (evento n.º 13), a qual foi devidamente impugnada pelo Município exequente (evento n.º 20).O incidente foi rejeitado (evento n.º 22). A parte opôs embargos de declaração (evento n.º 27), os quais não receberam provimento, conforme decisão proferida no evento n.º 37. Irresignada, a executada interpôs agravo de instrumento, ao qual foi negado provimento, conforme acórdão juntado no evento n.º 58.Após o trânsito em julgado, e a pedido da parte exequente, foi efetivada a penhora de ativos financeiros, cujo detalhamento da ordem de bloqueio frutífero consta no evento n.º 50.Devidamente intimada sobre a constrição, a parte executada manifestou-se nos autos requerendo a conversão do valor bloqueado em renda em favor do exequente (evento n.º 52). Na sequência, o Município de Anápolis anuiu ao pedido (evento n.º 57).Vieram os autos conclusos.É o relatório. Decido.Da análise dos autos, constata-se que a diligência de penhora online restou frutífera, culminando no bloqueio do montante de R$ 24.267,38 (vinte e quatro mil, duzentos e sessenta e sete reais e trinta e oito centavos), conforme detalhamento juntado no evento n.º 50.Após a efetivação da medida, a própria parte executada requereu a conversão do valor em renda (evento n.º 52), obtendo a expressa anuência da Fazenda Pública Exequente no evento n.º 57.Assim, em se considerando que a constrição refere-se ao montante total do débito tributário e também dos honorários advocatícios de sucumbência, DETERMINO sua conversão em renda e determino a transferência das quantias depositadas e suas atualizações, permitindo-se o desconto das taxas bancárias do montante a ser transferido para viabilizar a operação.O valor depositado judicialmente deverá ser transferido para as contas informadas pelo Município no evento 57, observando-se as porcentagens referentes ao valor do débito fiscal e aos honorários advocatícios.Expeçam-se os alvarás de transferência e ofício à instituição bancária.Considerando a comprovação do adimplemento integral da obrigação, por meio do depósito judicial do valor relativo ao débito principal e aos honorários advocatícios, ressalvado que a transferência para as contas indicadas pelo Município ainda não foi efetivada, reconheço que o montante deverá ser convertido em receita para o Município e, consequentemente, extingo o processo pelo pagamento realizado.Diante do exposto, JULGO EXTINTA a presente execução em razão do pagamento, com fundamento no art. 924, II do CPC.Certifique a escrivania sobre a existência de valores remanescentes; caso existam, intime-se a parte executada para que, no prazo de 5 (cinco) dias, apresente os dados necessários à restituição. Com a apresentação dos dados, EXPEÇA-SE o alvará de transferência correspondente.Após efetivadas as transferências, intimem-se as partes e arquivem-se os autos com as devidas baixas.Eventuais custas e despesas processuais a cargo da parte executada. Publique-se. Registre-se. Intimem-se. Expeça-se o necessário. Cumpra-se.Anápolis/GO, data e hora da assinatura eletrônica. Gabriel Lisboa Silva e Dias FerreiraJuiz de Direito

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Processo nº 5003569-10.2024.8.09.0113

ID: 334998496

Tribunal: TJGO Órgão: Niquelândia - Vara Cível Classe: PROCEDIMENTO COMUM CíVEL Nº Processo: 5003569-10.2024.8.09.0113

Data de Disponibilização: 28/07/2025

Polo Ativo:

ANTONIO JOSE TAVEIRA

Polo Passivo:

Sentença

Advogados:

FRANCIELLE MARINA GOMES DOS SANTOS

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PODER JUDICIÁRIOComarca de NiquelândiaVara CívelNatureza: PROCESSO CÍVEL E DO TRABALHO -> Processo de Conhecimento -> Procedimento de Conhecimento -> Procedimento Comum CívelProcesso: 5003569-10.2024… PODER JUDICIÁRIOComarca de NiquelândiaVara CívelNatureza: PROCESSO CÍVEL E DO TRABALHO -> Processo de Conhecimento -> Procedimento de Conhecimento -> Procedimento Comum CívelProcesso: 5003569-10.2024.8.09.0113Polo Ativo: Antonio Jose TaveiraPolo Passivo: Volvo Administradora De Consorcio LtdaSENTENÇAI - RELATÓRIO Trata-se de Ação Declaratória de Inexistência de Débito cc/ Indenização por Danos Morais, ajuizada por Antonio Jose Taveira, em desfavor de Volvo Administradora De Consórcio Ltda e outros. As partes estão mencionadas na epígrafe e qualificadas nos autos. Em apertada síntese, narra a parte autora que em meados de novembro, procurou o banco para adquirir um empréstimo, entretanto foi surpreendido com a notícia de que não seria possível devido alguns registros em seu nome junto ao SPC/SERASA. Sustenta que, ao tentar obter informações sobre a origem de tais valores, foi noticiado que se tratava de 42 (quarenta e dois) registros, cuja origem decorre de uma suposta contratação de consórcio entre as empresas requeridas totalizando o valor de R$ 341.232,35 (trezentos e quarenta e um mil, duzentos e trinta e dois reais e trinta e cinco centavos). Aduz que, buscou a delegacia de polícia para registrar um Boletim de Ocorrência, visto que se tratava de um golpe, pois jamais celebrou qualquer tipo de negócio ou contratação com as requeridas. Preliminarmente, pugnou pela concessão dos benefícios da gratuidade da justiça. No mérito, requereu, a concessão da tutela de urgência e a reparação dos danos morais no valor de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais). Por fim, pugnou pela procedência dos pedidos na exordial. Decisão de mov. 18, recebeu a inicial, deferiu a tutela de urgência, dispensou audiência de conciliação e determinou a citação da parte ré. Contestação apresentada na mov. 26 pela segunda requerida, alega a existência de 04 contratos de consórcio pela parte autora junto ao banco requerido; que realizou o pagamento da primeira parcela mais lance embutido, tendo sido contemplado, simultaneamente, em todas as cotas supramencionadas, que após as contemplações nas quatro cotas, o consorciado não realizou o pagamento de nenhuma outra parcela do financiamento; que a assinatura e documentos apresentados são os mesmos apresentados pela requerente. Em preliminar, elencou ausência de interesse de agir. No mérito, aduz inexistência de falha na prestação de serviço; Inexistência do Dever de Indenizar; Ausência Do Nexo Causal; Inexistência De Dano Moral e Litigância de má-fé. No final pugnou pela improcedência do pedido. Contestação apresentada na mov. 27 pela primeira requerida, alegou, no mérito, não cabimento da inversão do ônus da prova, inexistência de fraude na contratação e de dever de indenizar e manifestou sobre os valores pretendidos. No final pugnou pela improcedência e revogação da liminar. Audiência de conciliação realizada sem acordo – mov. 51. Na mov. 54, a parte autora apresentou réplica à contestação, refutando as preliminares de inépcia da petição inicial e reafirmando a inexistência de relação contratual com as rés, sustentando a ilegalidade da inscrição de seu nome em cadastros de inadimplentes. Alegou que jamais contratou qualquer consórcio com as empresas requeridas, impugnando os documentos apresentados pelas rés e requerendo, ao final, a procedência dos pedidos formulados na petição inicial, inclusive com a inversão do ônus da prova e a realização de prova pericial grafotécnica para comprovar a falsidade das assinaturas constantes dos contratos. Intimadas a especificarem provas, a parte autora manifestou pela perícia grafotécnica, produção de prova testemunhal e prova documental (mov. 59), já as requeridas manifestaram pelo julgamento antecipado do mérito (mov. 60) e concordância com as provas requeridas pela parte autora, sendo por ela custeada (mov. 61). Decisão de saneamento e organização do processo (mov. 65), indeferiu a preliminar da parte requerida, indeferiu o pedido de revogação de liminar e deferiu a produção de prova pericial. Quesitos da primeira requerida – mov. 69. Decisão de mov. 77, deferiu o pedido de envio dos documentos, a realização de perícia de forma virtual e fixou prazo para entrega do laudo. Laudo pericial anexado à mov. 93. Na mov. 97, a requerida Volvo Administradora de Consórcio Ltda apresentou impugnação ao laudo pericial grafotécnico constante na mov. 93, sustentando que o parecer técnico não é conclusivo e apresenta contradições internas, uma vez que, embora a perita tenha indicado falsidade da assinatura, também reconheceu semelhanças com o padrão gráfico do autor. Alegou que a ausência de sinais distintivos nas assinaturas dificulta a análise e, por fim, requereu, caso o juízo entenda necessário, a designação de nova perícia grafotécnica por profissional imparcial, bem como que sejam desconsideradas as conclusões do laudo impugnado. A parte autora manifestou concordância com o laudo – mov. 98. Vieram-me os autos conclusos. É o relatório. Decido. II - FUNDAMENTAÇÃO 1. Quanto às Questões Processuais Pendentes: Da Impugnação ao Laudo Pericial A requerida apresentou impugnação ao laudo grafotécnico (mov. 97), argumentando que a conclusão de falsidade seria contraditória, por mencionar, em trechos isolados, a existência de mínimas semelhanças entre a assinatura questionada e os padrões fornecidos. No entanto, conforme dispõe o art. 473, § 1º, do Código de Processo Civil, o laudo pericial deve conter exposição detalhada do objeto da perícia, análise técnica e conclusão fundamentada, requisitos que se mostram atendidos no presente caso. A perita designada indicou de forma clara os critérios técnicos utilizados, apontando a ausência de correspondência gráfica nos elementos essenciais da assinatura analisada. A eventual existência de características genéricas similares não invalida o resultado pericial, especialmente diante das divergências substanciais descritas no laudo. O mero inconformismo da parte com a conclusão da perícia não configura, por si só, motivo suficiente para sua desconsideração ou para a realização de nova perícia, sobretudo quando não demonstrado qualquer vício técnico, ausência de imparcialidade ou deficiência metodológica. Assim, não se verifica fundamento idôneo para acolhimento da impugnação, motivo pelo qual deve ser mantida a validade do laudo pericial apresentado. Ademais, em se tratando de prova técnica oficial, esta merece credibilidade, razão pela qual homologo o laudo pericial apresentado na mov. 93. 2. Do Mérito Não havendo questões preliminares de mérito, estando presentes os requisitos de admissibilidade do processo, passo ao exame do mérito. Cuida-se, na espécie, de ação que envolve nítida relação de consumo, razão pela qual se aplica o comando normativo da Lei nº 8.078/90 (Código de Defesa do Consumidor), com o objetivo de colocar as partes litigantes em condições de igualdade, em observância ao princípio da isonomia processual. Ressalte-se que o juízo, ao deferir a produção da prova pericial grafotécnica na decisão de saneamento (mov. 65), acolheu implicitamente o pedido de inversão do ônus da prova formulado pelo autor, nos termos do art. 6º, inciso VIII, do Código de Defesa do Consumidor. Tal medida mostra-se adequada diante da verossimilhança das alegações e da hipossuficiência técnica do autor para demonstrar a falsidade das assinaturas contestadas. No caso concreto, de um lado, o autor afirma jamais ter firmado qualquer contrato com as rés, alegando fraude e falsidade documental. De outro, as requeridas sustentam a legitimidade dos contratos, alegando que o autor participou do consórcio, foi contemplado e deixou de pagar as parcelas subsequentes. A controvérsia, portanto, gira em torno da existência ou não de vínculo contratual válido e da autenticidade das assinaturas, bem como da responsabilidade civil decorrente do suposto dano moral alegado pelo autor. Para fins de elucidação da controvérsia instaurada foi determinada a realização de perícia grafotécnica, conforme decisão de saneamento de mov. 65, com a seguinte conclusão: "Diante das análises grafotécnicas sobre os lançamentos caligráficos apostos e contestados, e as análises documentoscopias realizadas sobre o documento original, fica evidente que as peças contestadas NÃO PROVÉM DO MESMO PUNHO, o que demonstra que o mesmo não pode ser utilizado como comprovante de contratação de serviço Volvo." No caso em apreço, o autor alega que jamais anuiu com a contratação dos consórcios que ensejaram os lançamentos restritivos em seu nome, sustentando, inclusive, a falsidade das assinaturas apostas nos instrumentos contratuais apresentados pelas rés. Tal alegação, se comprovada, configura vício de consentimento na modalidade de falsidade ideológica, uma vez que o contrato teria sido firmado sem a manifestação válida de vontade do suposto contratante. Em atenção à regra de distribuição do ônus da prova, nos termos do art. 373, inciso II, do Código de Processo Civil, caberia às rés comprovar a existência e validade do negócio jurídico que afirmam ter sido celebrado com o autor. Ademais, tratando-se de relação de consumo, aplicável à hipótese o art. 6º, inciso VIII, do Código de Defesa do Consumidor, que autoriza a inversão do ônus da prova em favor do consumidor, quando verossímil sua alegação e constatada sua hipossuficiência técnica — requisitos presentes no caso concreto e reconhecidos na decisão de saneamento (mov. 65). Dessa forma, recai sobre as rés o encargo de demonstrar que a contratação foi regularmente firmada pelo autor, mediante consentimento livre e informado, ônus que não pode ser afastado por presunções ou pela mera juntada de documentos que, em tese, contenham assinatura questionada. Configura-se, portanto, potencial falha na prestação do serviço, nos moldes do art. 14 do CDC, diante da negativa de contratação e da ausência de comprovação segura da origem da dívida. Em havendo negativação indevida de nome de terceiro alheio à relação jurídica, surge o dever de indenizar, por tratar-se de responsabilidade objetiva, bastando a demonstração do ato ilícito, do dano e do nexo de causalidade para a configuração da obrigação reparatória. Restando evidenciada a inexistência do débito e a ilicitude da conduta praticada pela requerida, ao negativar indevidamente o nome do autor junto aos órgãos de proteção ao crédito, mostra-se necessária a imediata exclusão do apontamento restritivo, bem como a reparação pelos danos causados, com a devida indenização, eis que a dívida não lhe é imputável. Do Dano Moral No presente caso, restou demonstrado que o nome do autor foi inscrito indevidamente em cadastros de inadimplentes, com base em supostos contratos de consórcio cuja autenticidade foi questionada desde a petição inicial e, posteriormente, afastada pelo laudo pericial grafotécnico. Verificada a ausência de relação contratual válida, impõe-se o reconhecimento da ilicitude da conduta das rés, nos termos do art. 186 c/c art. 927 do Código Civil. A inscrição ou manutenção indevida do nome do consumidor nos órgãos de proteção ao crédito configura hipótese de dano moral in re ipsa, ou seja, prescinde da demonstração de prejuízo concreto, por decorrer diretamente do ato ilícito. Trata-se de violação à honra objetiva do consumidor, à sua credibilidade no mercado e à sua tranquilidade, presumindo-se o abalo causado pela conduta negligente do fornecedor de serviços. Ainda, a situação ultrapassa o mero aborrecimento cotidiano, pois o autor foi surpreendido com 42 registros restritivos em seu nome, sem qualquer justificativa contratual legítima, o que configura flagrante violação aos princípios da boa-fé e da confiança nas relações de consumo. No mesmo sentido, aplica-se a chamada teoria da perda do tempo útil, segundo a qual o tempo desperdiçado pelo consumidor para resolver problema que não deu causa — como deslocar-se a delegacia, buscar informações junto às empresas, ingressar em juízo e acompanhar processo — representa lesão à sua esfera existencial, apta a reforçar o dever de reparação. O Superior Tribunal de Justiça firmou entendimento de que o valor da indenização por dano moral “deve ser fixado em termos razoáveis, não se justificando que a reparação venha a constituir-se em enriquecimento indevido, com manifestos abusos e exageros, devendo o arbitramento operar com moderação, proporcionalmente ao grau de culpa e ao porte econômico das partes, orientando-se o juiz pelos critérios sugeridos pela doutrina e pela jurisprudência, com razoabilidade, valendo-se de sua experiência e do bom senso, atento à realidade da vida e às peculiaridades de cada caso. Ademais, deve procurar desestimular a ofensora repetir o ato” (REsp nº 245.727/SE, Quarta Turma, relator o Ministro Sálvio de Figueiredo Teixeira, j. em 28.3.2000, Diário da Justiça de 5.6.2000, p. 174). Dito isso, analisando os parâmetros acima delineados, a indenização deve ser fixada em R$ 8.000,00 (oito mil reais) porque, não sendo exagerada, compensa devidamente a parte autora e serve de fator inibitório ao réu, de sorte que, no futuro, deverá providenciar toda a diligência possível para que novos fatos como este não ocorram com outros consumidores. Dessa forma, considerando: (i) a natureza do dano; (ii) a intensidade do abalo causado; (iii) a necessidade de desestimular práticas semelhantes; (iv) a capacidade econômica das partes; e (v) os parâmetros jurisprudenciais, reputa-se adequado o valor acima arbitrado. III – DISPOSITIVO PELO EXPOSTO, nos termos do art. 487, I, do CPC, resolvo o mérito da lide e julgo parcialmente procedente a pretensão deduzida na exordial e: a) Declaro a inexistência de relação jurídica entre as partes, devendo a parte requerida retirar o nome da autora do cadastro restritivo, caso ainda não tenha feito, no prazo de 05 (cinco) dias, sob pena de multa diária de R$1.000,00 até o limite de 10 dias-multa; b) Condeno as requeridas ao pagamento de indenização por danos morais à parte autora, no valor de R$ 8.000,00, atualizados pelo IPCA desde a data do arbitramento e acrescidos de juros de mora calculados na forma do art. 406, §1º, do CC desde a data do evento danoso (primeira negativação/restrição). c) Condeno, ainda, a parte requerida ao pagamento das custas e despesas processuais, além dos honorários advocatícios, que fixo na quantia de 10% sobre o valor atualizado da condenação, na forma do artigo 85, §2º, do Código de Processo Civil. No caso de oposição de embargos de declaração, certifique a escrivania a sua tempestividade e, independentemente de possível efeito infringente, intime-se a parte embargada, para contraditório, no prazo de 5 dias úteis. Se interposto recurso de apelação, sem necessidade de conclusão, em razão da dispensa do duplo juízo de admissibilidade, intime-se a parte apelada para contrarrazões no prazo de 15 dias úteis, e após remetam os autos ao TJGO (art. 1.010, § 3º do CPC). Se apresentada apelação adesiva pela parte recorrida, na forma do artigo 997 do CPC, intime-se a parte contrária para contrarrazões no prazo de 15 dias úteis, de acordo com o artigo 1.010, § 2º do CPC. Caso as contrarrazões do recurso principal ou do adesivo ventilem matérias elencadas no artigo 1.009, § 1º do CPC, intime-se o recorrente para se manifestar sobre estas, também no prazo de 15 dias úteis, conforme o artigo 1.009, § 2º do CPC. Cumpridas as formalidades acima, encaminhem-se os autos ao TJGO. Com o trânsito em julgado desta sentença, e nada requerendo as partes no prazo de 15 dias, arquivem-se os autos com as averbações necessárias. Publique-se. Registre-se. Intimem-se.Transitada em julgado, arquive-se, observadas as formalidades legais.Niquelândia/GO, datado e assinado digitalmente.Ana Paula Menchik ShiradoJuíza Substituta

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Processo nº 5003569-10.2024.8.09.0113

ID: 334998503

Tribunal: TJGO Órgão: Niquelândia - Vara Cível Classe: PROCEDIMENTO COMUM CíVEL Nº Processo: 5003569-10.2024.8.09.0113

Data de Disponibilização: 28/07/2025

Polo Ativo:

Polo Passivo:

VOLVO ADMINISTRADORA DE CONSORCIO LTDA

Sentença

Advogados:

ANA LUÍSA CZERWONKA VALENTE

OAB/PR XXXXXX Desbloquear

NATHÁLIA KOWALSKI FONTANA

OAB/GO XXXXXX Desbloquear

PODER JUDICIÁRIOComarca de NiquelândiaVara CívelNatureza: PROCESSO CÍVEL E DO TRABALHO -> Processo de Conhecimento -> Procedimento de Conhecimento -> Procedimento Comum CívelProcesso: 5003569-10.2024… PODER JUDICIÁRIOComarca de NiquelândiaVara CívelNatureza: PROCESSO CÍVEL E DO TRABALHO -> Processo de Conhecimento -> Procedimento de Conhecimento -> Procedimento Comum CívelProcesso: 5003569-10.2024.8.09.0113Polo Ativo: Antonio Jose TaveiraPolo Passivo: Volvo Administradora De Consorcio LtdaSENTENÇAI - RELATÓRIO Trata-se de Ação Declaratória de Inexistência de Débito cc/ Indenização por Danos Morais, ajuizada por Antonio Jose Taveira, em desfavor de Volvo Administradora De Consórcio Ltda e outros. As partes estão mencionadas na epígrafe e qualificadas nos autos. Em apertada síntese, narra a parte autora que em meados de novembro, procurou o banco para adquirir um empréstimo, entretanto foi surpreendido com a notícia de que não seria possível devido alguns registros em seu nome junto ao SPC/SERASA. Sustenta que, ao tentar obter informações sobre a origem de tais valores, foi noticiado que se tratava de 42 (quarenta e dois) registros, cuja origem decorre de uma suposta contratação de consórcio entre as empresas requeridas totalizando o valor de R$ 341.232,35 (trezentos e quarenta e um mil, duzentos e trinta e dois reais e trinta e cinco centavos). Aduz que, buscou a delegacia de polícia para registrar um Boletim de Ocorrência, visto que se tratava de um golpe, pois jamais celebrou qualquer tipo de negócio ou contratação com as requeridas. Preliminarmente, pugnou pela concessão dos benefícios da gratuidade da justiça. No mérito, requereu, a concessão da tutela de urgência e a reparação dos danos morais no valor de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais). Por fim, pugnou pela procedência dos pedidos na exordial. Decisão de mov. 18, recebeu a inicial, deferiu a tutela de urgência, dispensou audiência de conciliação e determinou a citação da parte ré. Contestação apresentada na mov. 26 pela segunda requerida, alega a existência de 04 contratos de consórcio pela parte autora junto ao banco requerido; que realizou o pagamento da primeira parcela mais lance embutido, tendo sido contemplado, simultaneamente, em todas as cotas supramencionadas, que após as contemplações nas quatro cotas, o consorciado não realizou o pagamento de nenhuma outra parcela do financiamento; que a assinatura e documentos apresentados são os mesmos apresentados pela requerente. Em preliminar, elencou ausência de interesse de agir. No mérito, aduz inexistência de falha na prestação de serviço; Inexistência do Dever de Indenizar; Ausência Do Nexo Causal; Inexistência De Dano Moral e Litigância de má-fé. No final pugnou pela improcedência do pedido. Contestação apresentada na mov. 27 pela primeira requerida, alegou, no mérito, não cabimento da inversão do ônus da prova, inexistência de fraude na contratação e de dever de indenizar e manifestou sobre os valores pretendidos. No final pugnou pela improcedência e revogação da liminar. Audiência de conciliação realizada sem acordo – mov. 51. Na mov. 54, a parte autora apresentou réplica à contestação, refutando as preliminares de inépcia da petição inicial e reafirmando a inexistência de relação contratual com as rés, sustentando a ilegalidade da inscrição de seu nome em cadastros de inadimplentes. Alegou que jamais contratou qualquer consórcio com as empresas requeridas, impugnando os documentos apresentados pelas rés e requerendo, ao final, a procedência dos pedidos formulados na petição inicial, inclusive com a inversão do ônus da prova e a realização de prova pericial grafotécnica para comprovar a falsidade das assinaturas constantes dos contratos. Intimadas a especificarem provas, a parte autora manifestou pela perícia grafotécnica, produção de prova testemunhal e prova documental (mov. 59), já as requeridas manifestaram pelo julgamento antecipado do mérito (mov. 60) e concordância com as provas requeridas pela parte autora, sendo por ela custeada (mov. 61). Decisão de saneamento e organização do processo (mov. 65), indeferiu a preliminar da parte requerida, indeferiu o pedido de revogação de liminar e deferiu a produção de prova pericial. Quesitos da primeira requerida – mov. 69. Decisão de mov. 77, deferiu o pedido de envio dos documentos, a realização de perícia de forma virtual e fixou prazo para entrega do laudo. Laudo pericial anexado à mov. 93. Na mov. 97, a requerida Volvo Administradora de Consórcio Ltda apresentou impugnação ao laudo pericial grafotécnico constante na mov. 93, sustentando que o parecer técnico não é conclusivo e apresenta contradições internas, uma vez que, embora a perita tenha indicado falsidade da assinatura, também reconheceu semelhanças com o padrão gráfico do autor. Alegou que a ausência de sinais distintivos nas assinaturas dificulta a análise e, por fim, requereu, caso o juízo entenda necessário, a designação de nova perícia grafotécnica por profissional imparcial, bem como que sejam desconsideradas as conclusões do laudo impugnado. A parte autora manifestou concordância com o laudo – mov. 98. Vieram-me os autos conclusos. É o relatório. Decido. II - FUNDAMENTAÇÃO 1. Quanto às Questões Processuais Pendentes: Da Impugnação ao Laudo Pericial A requerida apresentou impugnação ao laudo grafotécnico (mov. 97), argumentando que a conclusão de falsidade seria contraditória, por mencionar, em trechos isolados, a existência de mínimas semelhanças entre a assinatura questionada e os padrões fornecidos. No entanto, conforme dispõe o art. 473, § 1º, do Código de Processo Civil, o laudo pericial deve conter exposição detalhada do objeto da perícia, análise técnica e conclusão fundamentada, requisitos que se mostram atendidos no presente caso. A perita designada indicou de forma clara os critérios técnicos utilizados, apontando a ausência de correspondência gráfica nos elementos essenciais da assinatura analisada. A eventual existência de características genéricas similares não invalida o resultado pericial, especialmente diante das divergências substanciais descritas no laudo. O mero inconformismo da parte com a conclusão da perícia não configura, por si só, motivo suficiente para sua desconsideração ou para a realização de nova perícia, sobretudo quando não demonstrado qualquer vício técnico, ausência de imparcialidade ou deficiência metodológica. Assim, não se verifica fundamento idôneo para acolhimento da impugnação, motivo pelo qual deve ser mantida a validade do laudo pericial apresentado. Ademais, em se tratando de prova técnica oficial, esta merece credibilidade, razão pela qual homologo o laudo pericial apresentado na mov. 93. 2. Do Mérito Não havendo questões preliminares de mérito, estando presentes os requisitos de admissibilidade do processo, passo ao exame do mérito. Cuida-se, na espécie, de ação que envolve nítida relação de consumo, razão pela qual se aplica o comando normativo da Lei nº 8.078/90 (Código de Defesa do Consumidor), com o objetivo de colocar as partes litigantes em condições de igualdade, em observância ao princípio da isonomia processual. Ressalte-se que o juízo, ao deferir a produção da prova pericial grafotécnica na decisão de saneamento (mov. 65), acolheu implicitamente o pedido de inversão do ônus da prova formulado pelo autor, nos termos do art. 6º, inciso VIII, do Código de Defesa do Consumidor. Tal medida mostra-se adequada diante da verossimilhança das alegações e da hipossuficiência técnica do autor para demonstrar a falsidade das assinaturas contestadas. No caso concreto, de um lado, o autor afirma jamais ter firmado qualquer contrato com as rés, alegando fraude e falsidade documental. De outro, as requeridas sustentam a legitimidade dos contratos, alegando que o autor participou do consórcio, foi contemplado e deixou de pagar as parcelas subsequentes. A controvérsia, portanto, gira em torno da existência ou não de vínculo contratual válido e da autenticidade das assinaturas, bem como da responsabilidade civil decorrente do suposto dano moral alegado pelo autor. Para fins de elucidação da controvérsia instaurada foi determinada a realização de perícia grafotécnica, conforme decisão de saneamento de mov. 65, com a seguinte conclusão: "Diante das análises grafotécnicas sobre os lançamentos caligráficos apostos e contestados, e as análises documentoscopias realizadas sobre o documento original, fica evidente que as peças contestadas NÃO PROVÉM DO MESMO PUNHO, o que demonstra que o mesmo não pode ser utilizado como comprovante de contratação de serviço Volvo." No caso em apreço, o autor alega que jamais anuiu com a contratação dos consórcios que ensejaram os lançamentos restritivos em seu nome, sustentando, inclusive, a falsidade das assinaturas apostas nos instrumentos contratuais apresentados pelas rés. Tal alegação, se comprovada, configura vício de consentimento na modalidade de falsidade ideológica, uma vez que o contrato teria sido firmado sem a manifestação válida de vontade do suposto contratante. Em atenção à regra de distribuição do ônus da prova, nos termos do art. 373, inciso II, do Código de Processo Civil, caberia às rés comprovar a existência e validade do negócio jurídico que afirmam ter sido celebrado com o autor. Ademais, tratando-se de relação de consumo, aplicável à hipótese o art. 6º, inciso VIII, do Código de Defesa do Consumidor, que autoriza a inversão do ônus da prova em favor do consumidor, quando verossímil sua alegação e constatada sua hipossuficiência técnica — requisitos presentes no caso concreto e reconhecidos na decisão de saneamento (mov. 65). Dessa forma, recai sobre as rés o encargo de demonstrar que a contratação foi regularmente firmada pelo autor, mediante consentimento livre e informado, ônus que não pode ser afastado por presunções ou pela mera juntada de documentos que, em tese, contenham assinatura questionada. Configura-se, portanto, potencial falha na prestação do serviço, nos moldes do art. 14 do CDC, diante da negativa de contratação e da ausência de comprovação segura da origem da dívida. Em havendo negativação indevida de nome de terceiro alheio à relação jurídica, surge o dever de indenizar, por tratar-se de responsabilidade objetiva, bastando a demonstração do ato ilícito, do dano e do nexo de causalidade para a configuração da obrigação reparatória. Restando evidenciada a inexistência do débito e a ilicitude da conduta praticada pela requerida, ao negativar indevidamente o nome do autor junto aos órgãos de proteção ao crédito, mostra-se necessária a imediata exclusão do apontamento restritivo, bem como a reparação pelos danos causados, com a devida indenização, eis que a dívida não lhe é imputável. Do Dano Moral No presente caso, restou demonstrado que o nome do autor foi inscrito indevidamente em cadastros de inadimplentes, com base em supostos contratos de consórcio cuja autenticidade foi questionada desde a petição inicial e, posteriormente, afastada pelo laudo pericial grafotécnico. Verificada a ausência de relação contratual válida, impõe-se o reconhecimento da ilicitude da conduta das rés, nos termos do art. 186 c/c art. 927 do Código Civil. A inscrição ou manutenção indevida do nome do consumidor nos órgãos de proteção ao crédito configura hipótese de dano moral in re ipsa, ou seja, prescinde da demonstração de prejuízo concreto, por decorrer diretamente do ato ilícito. Trata-se de violação à honra objetiva do consumidor, à sua credibilidade no mercado e à sua tranquilidade, presumindo-se o abalo causado pela conduta negligente do fornecedor de serviços. Ainda, a situação ultrapassa o mero aborrecimento cotidiano, pois o autor foi surpreendido com 42 registros restritivos em seu nome, sem qualquer justificativa contratual legítima, o que configura flagrante violação aos princípios da boa-fé e da confiança nas relações de consumo. No mesmo sentido, aplica-se a chamada teoria da perda do tempo útil, segundo a qual o tempo desperdiçado pelo consumidor para resolver problema que não deu causa — como deslocar-se a delegacia, buscar informações junto às empresas, ingressar em juízo e acompanhar processo — representa lesão à sua esfera existencial, apta a reforçar o dever de reparação. O Superior Tribunal de Justiça firmou entendimento de que o valor da indenização por dano moral “deve ser fixado em termos razoáveis, não se justificando que a reparação venha a constituir-se em enriquecimento indevido, com manifestos abusos e exageros, devendo o arbitramento operar com moderação, proporcionalmente ao grau de culpa e ao porte econômico das partes, orientando-se o juiz pelos critérios sugeridos pela doutrina e pela jurisprudência, com razoabilidade, valendo-se de sua experiência e do bom senso, atento à realidade da vida e às peculiaridades de cada caso. Ademais, deve procurar desestimular a ofensora repetir o ato” (REsp nº 245.727/SE, Quarta Turma, relator o Ministro Sálvio de Figueiredo Teixeira, j. em 28.3.2000, Diário da Justiça de 5.6.2000, p. 174). Dito isso, analisando os parâmetros acima delineados, a indenização deve ser fixada em R$ 8.000,00 (oito mil reais) porque, não sendo exagerada, compensa devidamente a parte autora e serve de fator inibitório ao réu, de sorte que, no futuro, deverá providenciar toda a diligência possível para que novos fatos como este não ocorram com outros consumidores. Dessa forma, considerando: (i) a natureza do dano; (ii) a intensidade do abalo causado; (iii) a necessidade de desestimular práticas semelhantes; (iv) a capacidade econômica das partes; e (v) os parâmetros jurisprudenciais, reputa-se adequado o valor acima arbitrado. III – DISPOSITIVO PELO EXPOSTO, nos termos do art. 487, I, do CPC, resolvo o mérito da lide e julgo parcialmente procedente a pretensão deduzida na exordial e: a) Declaro a inexistência de relação jurídica entre as partes, devendo a parte requerida retirar o nome da autora do cadastro restritivo, caso ainda não tenha feito, no prazo de 05 (cinco) dias, sob pena de multa diária de R$1.000,00 até o limite de 10 dias-multa; b) Condeno as requeridas ao pagamento de indenização por danos morais à parte autora, no valor de R$ 8.000,00, atualizados pelo IPCA desde a data do arbitramento e acrescidos de juros de mora calculados na forma do art. 406, §1º, do CC desde a data do evento danoso (primeira negativação/restrição). c) Condeno, ainda, a parte requerida ao pagamento das custas e despesas processuais, além dos honorários advocatícios, que fixo na quantia de 10% sobre o valor atualizado da condenação, na forma do artigo 85, §2º, do Código de Processo Civil. No caso de oposição de embargos de declaração, certifique a escrivania a sua tempestividade e, independentemente de possível efeito infringente, intime-se a parte embargada, para contraditório, no prazo de 5 dias úteis. Se interposto recurso de apelação, sem necessidade de conclusão, em razão da dispensa do duplo juízo de admissibilidade, intime-se a parte apelada para contrarrazões no prazo de 15 dias úteis, e após remetam os autos ao TJGO (art. 1.010, § 3º do CPC). Se apresentada apelação adesiva pela parte recorrida, na forma do artigo 997 do CPC, intime-se a parte contrária para contrarrazões no prazo de 15 dias úteis, de acordo com o artigo 1.010, § 2º do CPC. Caso as contrarrazões do recurso principal ou do adesivo ventilem matérias elencadas no artigo 1.009, § 1º do CPC, intime-se o recorrente para se manifestar sobre estas, também no prazo de 15 dias úteis, conforme o artigo 1.009, § 2º do CPC. Cumpridas as formalidades acima, encaminhem-se os autos ao TJGO. Com o trânsito em julgado desta sentença, e nada requerendo as partes no prazo de 15 dias, arquivem-se os autos com as averbações necessárias. Publique-se. Registre-se. Intimem-se.Transitada em julgado, arquive-se, observadas as formalidades legais.Niquelândia/GO, datado e assinado digitalmente.Ana Paula Menchik ShiradoJuíza Substituta

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Processo nº 5003569-10.2024.8.09.0113

ID: 334998509

Tribunal: TJGO Órgão: Niquelândia - Vara Cível Classe: PROCEDIMENTO COMUM CíVEL Nº Processo: 5003569-10.2024.8.09.0113

Data de Disponibilização: 28/07/2025

Polo Ativo:

Polo Passivo:

PONTA ADMINISTRADORA DE CONSORCIOS LTDA

Sentença

Advogados:

SARAH ELOÁ PADILHA BEZERRA

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ANNA KLAUDIA CANDIDA PAZ

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RODNEI VIEIRA LASMAR

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PODER JUDICIÁRIOComarca de NiquelândiaVara CívelNatureza: PROCESSO CÍVEL E DO TRABALHO -> Processo de Conhecimento -> Procedimento de Conhecimento -> Procedimento Comum CívelProcesso: 5003569-10.2024… PODER JUDICIÁRIOComarca de NiquelândiaVara CívelNatureza: PROCESSO CÍVEL E DO TRABALHO -> Processo de Conhecimento -> Procedimento de Conhecimento -> Procedimento Comum CívelProcesso: 5003569-10.2024.8.09.0113Polo Ativo: Antonio Jose TaveiraPolo Passivo: Volvo Administradora De Consorcio LtdaSENTENÇAI - RELATÓRIO Trata-se de Ação Declaratória de Inexistência de Débito cc/ Indenização por Danos Morais, ajuizada por Antonio Jose Taveira, em desfavor de Volvo Administradora De Consórcio Ltda e outros. As partes estão mencionadas na epígrafe e qualificadas nos autos. Em apertada síntese, narra a parte autora que em meados de novembro, procurou o banco para adquirir um empréstimo, entretanto foi surpreendido com a notícia de que não seria possível devido alguns registros em seu nome junto ao SPC/SERASA. Sustenta que, ao tentar obter informações sobre a origem de tais valores, foi noticiado que se tratava de 42 (quarenta e dois) registros, cuja origem decorre de uma suposta contratação de consórcio entre as empresas requeridas totalizando o valor de R$ 341.232,35 (trezentos e quarenta e um mil, duzentos e trinta e dois reais e trinta e cinco centavos). Aduz que, buscou a delegacia de polícia para registrar um Boletim de Ocorrência, visto que se tratava de um golpe, pois jamais celebrou qualquer tipo de negócio ou contratação com as requeridas. Preliminarmente, pugnou pela concessão dos benefícios da gratuidade da justiça. No mérito, requereu, a concessão da tutela de urgência e a reparação dos danos morais no valor de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais). Por fim, pugnou pela procedência dos pedidos na exordial. Decisão de mov. 18, recebeu a inicial, deferiu a tutela de urgência, dispensou audiência de conciliação e determinou a citação da parte ré. Contestação apresentada na mov. 26 pela segunda requerida, alega a existência de 04 contratos de consórcio pela parte autora junto ao banco requerido; que realizou o pagamento da primeira parcela mais lance embutido, tendo sido contemplado, simultaneamente, em todas as cotas supramencionadas, que após as contemplações nas quatro cotas, o consorciado não realizou o pagamento de nenhuma outra parcela do financiamento; que a assinatura e documentos apresentados são os mesmos apresentados pela requerente. Em preliminar, elencou ausência de interesse de agir. No mérito, aduz inexistência de falha na prestação de serviço; Inexistência do Dever de Indenizar; Ausência Do Nexo Causal; Inexistência De Dano Moral e Litigância de má-fé. No final pugnou pela improcedência do pedido. Contestação apresentada na mov. 27 pela primeira requerida, alegou, no mérito, não cabimento da inversão do ônus da prova, inexistência de fraude na contratação e de dever de indenizar e manifestou sobre os valores pretendidos. No final pugnou pela improcedência e revogação da liminar. Audiência de conciliação realizada sem acordo – mov. 51. Na mov. 54, a parte autora apresentou réplica à contestação, refutando as preliminares de inépcia da petição inicial e reafirmando a inexistência de relação contratual com as rés, sustentando a ilegalidade da inscrição de seu nome em cadastros de inadimplentes. Alegou que jamais contratou qualquer consórcio com as empresas requeridas, impugnando os documentos apresentados pelas rés e requerendo, ao final, a procedência dos pedidos formulados na petição inicial, inclusive com a inversão do ônus da prova e a realização de prova pericial grafotécnica para comprovar a falsidade das assinaturas constantes dos contratos. Intimadas a especificarem provas, a parte autora manifestou pela perícia grafotécnica, produção de prova testemunhal e prova documental (mov. 59), já as requeridas manifestaram pelo julgamento antecipado do mérito (mov. 60) e concordância com as provas requeridas pela parte autora, sendo por ela custeada (mov. 61). Decisão de saneamento e organização do processo (mov. 65), indeferiu a preliminar da parte requerida, indeferiu o pedido de revogação de liminar e deferiu a produção de prova pericial. Quesitos da primeira requerida – mov. 69. Decisão de mov. 77, deferiu o pedido de envio dos documentos, a realização de perícia de forma virtual e fixou prazo para entrega do laudo. Laudo pericial anexado à mov. 93. Na mov. 97, a requerida Volvo Administradora de Consórcio Ltda apresentou impugnação ao laudo pericial grafotécnico constante na mov. 93, sustentando que o parecer técnico não é conclusivo e apresenta contradições internas, uma vez que, embora a perita tenha indicado falsidade da assinatura, também reconheceu semelhanças com o padrão gráfico do autor. Alegou que a ausência de sinais distintivos nas assinaturas dificulta a análise e, por fim, requereu, caso o juízo entenda necessário, a designação de nova perícia grafotécnica por profissional imparcial, bem como que sejam desconsideradas as conclusões do laudo impugnado. A parte autora manifestou concordância com o laudo – mov. 98. Vieram-me os autos conclusos. É o relatório. Decido. II - FUNDAMENTAÇÃO 1. Quanto às Questões Processuais Pendentes: Da Impugnação ao Laudo Pericial A requerida apresentou impugnação ao laudo grafotécnico (mov. 97), argumentando que a conclusão de falsidade seria contraditória, por mencionar, em trechos isolados, a existência de mínimas semelhanças entre a assinatura questionada e os padrões fornecidos. No entanto, conforme dispõe o art. 473, § 1º, do Código de Processo Civil, o laudo pericial deve conter exposição detalhada do objeto da perícia, análise técnica e conclusão fundamentada, requisitos que se mostram atendidos no presente caso. A perita designada indicou de forma clara os critérios técnicos utilizados, apontando a ausência de correspondência gráfica nos elementos essenciais da assinatura analisada. A eventual existência de características genéricas similares não invalida o resultado pericial, especialmente diante das divergências substanciais descritas no laudo. O mero inconformismo da parte com a conclusão da perícia não configura, por si só, motivo suficiente para sua desconsideração ou para a realização de nova perícia, sobretudo quando não demonstrado qualquer vício técnico, ausência de imparcialidade ou deficiência metodológica. Assim, não se verifica fundamento idôneo para acolhimento da impugnação, motivo pelo qual deve ser mantida a validade do laudo pericial apresentado. Ademais, em se tratando de prova técnica oficial, esta merece credibilidade, razão pela qual homologo o laudo pericial apresentado na mov. 93. 2. Do Mérito Não havendo questões preliminares de mérito, estando presentes os requisitos de admissibilidade do processo, passo ao exame do mérito. Cuida-se, na espécie, de ação que envolve nítida relação de consumo, razão pela qual se aplica o comando normativo da Lei nº 8.078/90 (Código de Defesa do Consumidor), com o objetivo de colocar as partes litigantes em condições de igualdade, em observância ao princípio da isonomia processual. Ressalte-se que o juízo, ao deferir a produção da prova pericial grafotécnica na decisão de saneamento (mov. 65), acolheu implicitamente o pedido de inversão do ônus da prova formulado pelo autor, nos termos do art. 6º, inciso VIII, do Código de Defesa do Consumidor. Tal medida mostra-se adequada diante da verossimilhança das alegações e da hipossuficiência técnica do autor para demonstrar a falsidade das assinaturas contestadas. No caso concreto, de um lado, o autor afirma jamais ter firmado qualquer contrato com as rés, alegando fraude e falsidade documental. De outro, as requeridas sustentam a legitimidade dos contratos, alegando que o autor participou do consórcio, foi contemplado e deixou de pagar as parcelas subsequentes. A controvérsia, portanto, gira em torno da existência ou não de vínculo contratual válido e da autenticidade das assinaturas, bem como da responsabilidade civil decorrente do suposto dano moral alegado pelo autor. Para fins de elucidação da controvérsia instaurada foi determinada a realização de perícia grafotécnica, conforme decisão de saneamento de mov. 65, com a seguinte conclusão: "Diante das análises grafotécnicas sobre os lançamentos caligráficos apostos e contestados, e as análises documentoscopias realizadas sobre o documento original, fica evidente que as peças contestadas NÃO PROVÉM DO MESMO PUNHO, o que demonstra que o mesmo não pode ser utilizado como comprovante de contratação de serviço Volvo." No caso em apreço, o autor alega que jamais anuiu com a contratação dos consórcios que ensejaram os lançamentos restritivos em seu nome, sustentando, inclusive, a falsidade das assinaturas apostas nos instrumentos contratuais apresentados pelas rés. Tal alegação, se comprovada, configura vício de consentimento na modalidade de falsidade ideológica, uma vez que o contrato teria sido firmado sem a manifestação válida de vontade do suposto contratante. Em atenção à regra de distribuição do ônus da prova, nos termos do art. 373, inciso II, do Código de Processo Civil, caberia às rés comprovar a existência e validade do negócio jurídico que afirmam ter sido celebrado com o autor. Ademais, tratando-se de relação de consumo, aplicável à hipótese o art. 6º, inciso VIII, do Código de Defesa do Consumidor, que autoriza a inversão do ônus da prova em favor do consumidor, quando verossímil sua alegação e constatada sua hipossuficiência técnica — requisitos presentes no caso concreto e reconhecidos na decisão de saneamento (mov. 65). Dessa forma, recai sobre as rés o encargo de demonstrar que a contratação foi regularmente firmada pelo autor, mediante consentimento livre e informado, ônus que não pode ser afastado por presunções ou pela mera juntada de documentos que, em tese, contenham assinatura questionada. Configura-se, portanto, potencial falha na prestação do serviço, nos moldes do art. 14 do CDC, diante da negativa de contratação e da ausência de comprovação segura da origem da dívida. Em havendo negativação indevida de nome de terceiro alheio à relação jurídica, surge o dever de indenizar, por tratar-se de responsabilidade objetiva, bastando a demonstração do ato ilícito, do dano e do nexo de causalidade para a configuração da obrigação reparatória. Restando evidenciada a inexistência do débito e a ilicitude da conduta praticada pela requerida, ao negativar indevidamente o nome do autor junto aos órgãos de proteção ao crédito, mostra-se necessária a imediata exclusão do apontamento restritivo, bem como a reparação pelos danos causados, com a devida indenização, eis que a dívida não lhe é imputável. Do Dano Moral No presente caso, restou demonstrado que o nome do autor foi inscrito indevidamente em cadastros de inadimplentes, com base em supostos contratos de consórcio cuja autenticidade foi questionada desde a petição inicial e, posteriormente, afastada pelo laudo pericial grafotécnico. Verificada a ausência de relação contratual válida, impõe-se o reconhecimento da ilicitude da conduta das rés, nos termos do art. 186 c/c art. 927 do Código Civil. A inscrição ou manutenção indevida do nome do consumidor nos órgãos de proteção ao crédito configura hipótese de dano moral in re ipsa, ou seja, prescinde da demonstração de prejuízo concreto, por decorrer diretamente do ato ilícito. Trata-se de violação à honra objetiva do consumidor, à sua credibilidade no mercado e à sua tranquilidade, presumindo-se o abalo causado pela conduta negligente do fornecedor de serviços. Ainda, a situação ultrapassa o mero aborrecimento cotidiano, pois o autor foi surpreendido com 42 registros restritivos em seu nome, sem qualquer justificativa contratual legítima, o que configura flagrante violação aos princípios da boa-fé e da confiança nas relações de consumo. No mesmo sentido, aplica-se a chamada teoria da perda do tempo útil, segundo a qual o tempo desperdiçado pelo consumidor para resolver problema que não deu causa — como deslocar-se a delegacia, buscar informações junto às empresas, ingressar em juízo e acompanhar processo — representa lesão à sua esfera existencial, apta a reforçar o dever de reparação. O Superior Tribunal de Justiça firmou entendimento de que o valor da indenização por dano moral “deve ser fixado em termos razoáveis, não se justificando que a reparação venha a constituir-se em enriquecimento indevido, com manifestos abusos e exageros, devendo o arbitramento operar com moderação, proporcionalmente ao grau de culpa e ao porte econômico das partes, orientando-se o juiz pelos critérios sugeridos pela doutrina e pela jurisprudência, com razoabilidade, valendo-se de sua experiência e do bom senso, atento à realidade da vida e às peculiaridades de cada caso. Ademais, deve procurar desestimular a ofensora repetir o ato” (REsp nº 245.727/SE, Quarta Turma, relator o Ministro Sálvio de Figueiredo Teixeira, j. em 28.3.2000, Diário da Justiça de 5.6.2000, p. 174). Dito isso, analisando os parâmetros acima delineados, a indenização deve ser fixada em R$ 8.000,00 (oito mil reais) porque, não sendo exagerada, compensa devidamente a parte autora e serve de fator inibitório ao réu, de sorte que, no futuro, deverá providenciar toda a diligência possível para que novos fatos como este não ocorram com outros consumidores. Dessa forma, considerando: (i) a natureza do dano; (ii) a intensidade do abalo causado; (iii) a necessidade de desestimular práticas semelhantes; (iv) a capacidade econômica das partes; e (v) os parâmetros jurisprudenciais, reputa-se adequado o valor acima arbitrado. III – DISPOSITIVO PELO EXPOSTO, nos termos do art. 487, I, do CPC, resolvo o mérito da lide e julgo parcialmente procedente a pretensão deduzida na exordial e: a) Declaro a inexistência de relação jurídica entre as partes, devendo a parte requerida retirar o nome da autora do cadastro restritivo, caso ainda não tenha feito, no prazo de 05 (cinco) dias, sob pena de multa diária de R$1.000,00 até o limite de 10 dias-multa; b) Condeno as requeridas ao pagamento de indenização por danos morais à parte autora, no valor de R$ 8.000,00, atualizados pelo IPCA desde a data do arbitramento e acrescidos de juros de mora calculados na forma do art. 406, §1º, do CC desde a data do evento danoso (primeira negativação/restrição). c) Condeno, ainda, a parte requerida ao pagamento das custas e despesas processuais, além dos honorários advocatícios, que fixo na quantia de 10% sobre o valor atualizado da condenação, na forma do artigo 85, §2º, do Código de Processo Civil. No caso de oposição de embargos de declaração, certifique a escrivania a sua tempestividade e, independentemente de possível efeito infringente, intime-se a parte embargada, para contraditório, no prazo de 5 dias úteis. Se interposto recurso de apelação, sem necessidade de conclusão, em razão da dispensa do duplo juízo de admissibilidade, intime-se a parte apelada para contrarrazões no prazo de 15 dias úteis, e após remetam os autos ao TJGO (art. 1.010, § 3º do CPC). Se apresentada apelação adesiva pela parte recorrida, na forma do artigo 997 do CPC, intime-se a parte contrária para contrarrazões no prazo de 15 dias úteis, de acordo com o artigo 1.010, § 2º do CPC. Caso as contrarrazões do recurso principal ou do adesivo ventilem matérias elencadas no artigo 1.009, § 1º do CPC, intime-se o recorrente para se manifestar sobre estas, também no prazo de 15 dias úteis, conforme o artigo 1.009, § 2º do CPC. Cumpridas as formalidades acima, encaminhem-se os autos ao TJGO. Com o trânsito em julgado desta sentença, e nada requerendo as partes no prazo de 15 dias, arquivem-se os autos com as averbações necessárias. Publique-se. Registre-se. Intimem-se.Transitada em julgado, arquive-se, observadas as formalidades legais.Niquelândia/GO, datado e assinado digitalmente.Ana Paula Menchik ShiradoJuíza Substituta

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