Resultados para o tribunal: TJMT

Resultados para "1000726-88.2023.5.02.0706" – Página 6 de 6

Milta Dionizia Da Silva x Aramizo Cardoso Abadio

ID: 257157377

Tribunal: TJMT Órgão: 2ª VARA DE VILA RICA Classe: ARROLAMENTO SUMáRIO Nº Processo: 1000726-50.2025.8.11.0049

Data de Disponibilização: 15/04/2025

Polo Ativo:

MILTA DIONIZIA DA SILVA

Polo Passivo:

ARAMIZO CARDOSO ABADIO

Sentença

Advogados:

DELIS FULANNETTI MUNDIM REGISTRADO(A) CIVILMENTE COMO DELIS FULANNETTI MUNDIM

OAB/MT XXXXXX Desbloquear

ESTADO DE MATO GROSSO PODER JUDICIÁRIO SEGUNDA VARA DA COMARCA DE VILA RICA Processo n. 1000726-50.2025.8.11.0049 INVENTARIANTE: MILTA DIONIZIA DA SILVA INVENTARIADO: ARAMIZO CARDOSO ABADIO SENTENÇA … ESTADO DE MATO GROSSO PODER JUDICIÁRIO SEGUNDA VARA DA COMARCA DE VILA RICA Processo n. 1000726-50.2025.8.11.0049 INVENTARIANTE: MILTA DIONIZIA DA SILVA INVENTARIADO: ARAMIZO CARDOSO ABADIO SENTENÇA Milta Dionízia da Silva (CPF 293.109.701-20) ajuizou ação de inventário por arrolamento sumário com adjudicação dos bens deixados por Aramizo Cardoso Abadio (CPF 823.111.531-53), falecido no dia 23.02.2025. Segundo consignado, o falecido deixou dois bens móveis a serem objeto de partilha, quais sejam: (a) uma Motocicleta Honda/CG 150 FAN ESI, cor vermelha, Placa OMV9632, ano de fabricação 2013 e modelo 2013, RENAVAM 00528612301 e CHASSI 9C2KC1670DR025340, avaliada na importância de R$ 9.704,00; e (b) um Automóvel VW/GOL 1.0, cor prata, Placa NLJ4H63, ano de fabricação 2009 e modelo 2009, RENAVAM 00139750576 e CHASSI 9BWAA05U79P085586, avaliado na importância de R$ 22.815,00. Constam dos autos a representação processual da herdeira, as certidões negativas de débitos tributários (federal, estadual e municipal) e a cópia da respectiva certidão de óbito. É o relatório, decido. Preenchidos os pressupostos processuais e as condições da ação, passo, de imediato, ao exame do mérito. Em razão da existência de apenas dois veículos a serem partilhados e da condição de única herdeira da requerente, adoto o procedimento previsto nos artigos 659 e seguintes do Código de Processo Civil, mantendo a tramitação do feito como arrolamento sumário. De rigor o acolhimento do pedido inicial. Conforme se extrai dos autos, a requerente era casada com o falecido sob o regime de comunhão parcial de bens, conforme certidão de casamento acostada aos autos (id. 190304955). O "de cujus" não deixou descendentes nem ascendentes, sendo a viúva sua única herdeira necessária, conforme certidão de óbito de id. 190304960 (art. 1.845 do CC). Considerando a ausência de descendentes ou ascendentes, a integralidade dos bens deixados pelo falecido devem ser deferidos por sucessão em favor do cônjuge sobrevivente (ora requerente), conforme art. 1.829, inciso III, c/c art. 1.838 do Código Civil. O alvará judicial é procedimento não contencioso de jurisdição voluntária (art. 725, VII, do CPC), donde não se faz necessário o seguimento da legalidade estrita, nos termos do art. 723, § único, do CPC: "O juiz não é obrigado a observar critério de legalidade estrita, podendo adotar em cada caso a solução que considerar mais conveniente ou oportuna". Compete ao juízo apenas investigar se a requerente é legítima para dispor dos veículos descritos na inicial, mediante a apresentação dos documentos que se fizerem necessários no caso concreto. Pelo que consta dos autos, a requerente, na condição de cônjuge supérstite, é a única herdeira do "de cujus" e está habilitada para receber os bens deixados pelo falecido. Nesse sentido, verifico, a partir da análise da prova documental acostada nos autos, que foram preenchidos os requisitos legais para o deferimento da pretensão formulada pela parte requerente. Portanto, com base no princípio da boa-fé processual, tenho que o pedido deve ser julgado procedente, especialmente pela ausência de conflito de interesses, bem como pela necessidade de regularizar a transmissão dos bens do espólio. No que atine ao ITCMD, especificamente em Mato Grosso, a exação está disciplinada pela Lei Estadual n. 7850/02, a qual estabelece dois limites para a isenção. Tratando-se de transmissão de patrimônio por causa mortis, o teto da isenção é de 1500 UPF's. Por sua vez, observo que os bens foram avaliados de forma razoável, em comparação com a tabela Fipe (https://veiculos.fipe.org.br). Assim, considerando o valor da UPF no Estado de Mato Grosso em abril de 2025 (http://www5.sefaz.mt.gov.br/upf-mt) (R$ 248,36), observo que a quantia descrita na inicial (R$ 32.519,00) não ultrapassa o valor fixado como limite (R$ 372.540,00), de modo que a transação goza de isenção fiscal, sendo de rigor a procedência do pedido. A propósito, destaco o entendimento firmado pelo STJ sobre o tributo: "no arrolamento sumário, a homologação da partilha ou da adjudicação, bem como a expedição do formal de partilha e da carta de adjudicação, não se condicionam ao prévio recolhimento do imposto de transmissão causa mortis, devendo ser comprovado, todavia, o pagamento dos tributos relativos aos bens do espólio e às suas rendas, a teor dos arts. 659, § 2º, do CPC/2015 e 192 do CTN" (Tema 1074, REsp 1896526/DF, DJe 28.10.2022). À vista do exposto, JULGO PROCEDENTE o pedido inicial, extinguindo o feito com resolução do mérito, nos termos do art. 487, I, do CPC, para homologar a adjudicação em favor da requerente Milta Dionízia da Silva (CPF 293.109.701-20), na condição de meeira e única herdeira, dos seguintes bens: a) uma Motocicleta Honda/CG 150 FAN ESI, cor vermelha, Placa OMV9632, ano de fabricação 2013 e modelo 2013, RENAVAM 00528612301 e CHASSI nº 9C2KC1670DR025340, avaliada na importância de R$ 9.704,00 (nove mil, setecentos e quatro reais); b) um Automóvel VW/GOL 1.0, cor prata, Placa NLJ4H63, ano de fabricação 2009 e modelo 2009, RENAVAM 00139750576 e CHASSI nº 9BWAA05U79P085586, avaliado na importância de R$ 22.815,00 (vinte e dois mil, oitocentos e quinze reais). Servirá a presente sentença como alvará judicial para os devidos fins de direito, a ser apresentada pela requerente perante a unidade competente do DETRAN para transferência da propriedade dos veículos ao seu nome; fixo o prazo de 3 meses de validade, contados da data desta sentença. A autenticidade poderá ser certificada por meio do Qr Code ou Link abaixo disponibilizados (arquivo em formato PDF desta sentença), diretamente no portal eletrônico do PJe/TJ-MT. Ficará a cargo da parte requerente retirar cópia desta sentença diretamente do Portal PJe, por meio do advogado habilitado no feito. Intime-se a requerente (DJe). Em razão da preclusão lógica, serve a presente decisão como certidão de trânsito em julgado (art. 1.000, CPC). Dê-se ciência ao Ministério Público e ao Estado de Mato Grosso. Arquivem-se os autos com baixa definitiva no PJe. Sem custas, em razão da gratuidade que ora defiro. Às providências. Vila Rica-MT, na data da assinatura eletrônica. Alex Ferreira Dourado Juiz Substituto

Conteúdo completo bloqueado

Desbloquear

Douglas Vieira Dos Reis x Energisa Mato Grosso - Distribuidora De Energia S.A.

ID: 300364149

Tribunal: TJMT Órgão: 2ª VARA DE NOVA XAVANTINA Classe: PROCEDIMENTO COMUM CíVEL Nº Processo: 1000726-32.2023.8.11.0110

Data de Disponibilização: 17/06/2025

Polo Ativo:

DOUGLAS VIEIRA DOS REIS

Polo Passivo:

ENERGISA MATO GROSSO - DISTRIBUIDORA DE ENERGIA S.A.

Decisão

Advogados:

MIRLA CRISTINA CUNHA FERREIRA

OAB/MT XXXXXX Desbloquear

GEORGE OTTAVIO BRASILINO OLEGARIO

OAB/PB XXXXXX Desbloquear

EDUARDO QUEIROGA ESTRELA MAIA PAIVA

OAB/PB XXXXXX Desbloquear

ESTADO DE MATO GROSSO PODER JUDICIÁRIO 2ª VARA DE NOVA XAVANTINA DECISÃO Processo: 1000726-32.2023.8.11.0110. REQUERENTE: DOUGLAS VIEIRA DOS REIS REQUERIDO: ENERGISA MATO GROSSO - DISTRIBUIDORA DE EN… ESTADO DE MATO GROSSO PODER JUDICIÁRIO 2ª VARA DE NOVA XAVANTINA DECISÃO Processo: 1000726-32.2023.8.11.0110. REQUERENTE: DOUGLAS VIEIRA DOS REIS REQUERIDO: ENERGISA MATO GROSSO - DISTRIBUIDORA DE ENERGIA S.A. Vistos em saneamento. 1. Tratam-se os autos de ação de indenização por danos morais e materiais proposta por Douglas Vieira dos Reis, em desfavor de ENERGISA MATO GROSSO DISTRIBUIDORA DE ENERGIA S.A, todos devidamente qualificados nos autos. O autor narra, em síntese, que no dia 27 de setembro de 2023, houve a ruptura de um fio de alta tensão da rede elétrica, que causou um incêndio em sua propriedade rural denominada Sítio Ouro Fino, lote 111, situado no Assentamento Santa Célia, Município de Nova Xavantina. Afirma que, neste dia, o fogo destruiu aproximadamente 4,8 hectares de vegetação. Aduz que, no dia seguinte (28/09/2023) a equipe de funcionários da parte ré realizou a manobra de “bater a chave” na mesma rede, próxima ao requerente e, esta ação fez com que a propriedade fosse novamente incendiada, desta vez, foram atingidos cerca de 14,4 hectares, totalizando a destruição de 4 alqueires, correspondente a uma área de 19,2 hectares. Alegou que o incêndio decorreu da falha na prestação de serviço da concessionária de energia elétrica, por isso, requer a condenação da parte ré ao pagamento de indenização dano moral no valor de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais), bem como danos materiais, para recuperação da pastagem do imóvel e reconstrução de cercas, cujos valores deverão ser arbitrados em sede de liquidação de sentença. A assistência judiciária gratuita foi parcialmente deferida no despacho de recebimento da inicial (Id 143321479), no entanto, a decisão foi reformada, sendo assegurado ao autor a gratuidade das custas e despesas processuais (Id 154415387). Ante a infrutuosidade da tentativa de conciliação (Id 152673723), a requerida apresentou contestação (Id 154966481), alegando: i. impossibilidade de inversão do ônus da prova; ii. que a demanda deve ser julgada sob o prisma da responsabilidade subjetiva. No mérito, requer a improcedência dos pedidos iniciais, sob o argumento de que não estão demonstrados os pressupostos da responsabilidade civil, notadamente o nexo de causalidade entre a conduta e os danos alegados. Em sede de impugnação à contestação a parte autora, em síntese, fez referências aos fundamentos da inicial (Id 157758276). Ambas as partes pugnaram pela produção de prova oral enquanto que a requerida pugnou pela produção de prova pericial ambiental, engenharia elétrica e prova oral, com a colheita do depoimento de testemunhas e a juntada de prova documental suplementar. 2. É o relatório. Decido. 3. Presentes as condições da ação e os pressupostos de constituição e desenvolvimento regular do processo, declaro o feito saneado. 4. Inocorrentes as hipóteses dos artigos 354 ou 355 do Código de Processo Civil, impõe-se a dilação probatória para o julgamento do mérito. 5. Da análise da inicial e da contestação, verifica-se que é incontroversa a ocorrência de incêndio na propriedade rural da parte autora. A controvérsia reside sobre o nexo de causalidade entre o evento danoso e possível conduta comissiva ou omissiva da parte ré que possa ter causado ou contribuído para o incidente. Nesse passo, nos termos do artigo 357, do Código de Processo Civil, não sendo o caso de julgamento antecipado da lide, fixo como pontos controvertidos: i. O nexo de causalidade entre a origem/causa do(s) incêndio(s) que atingiram a propriedade do autor com a atividade empresarial exercida pela requerida; ii. A extensão dos danos causados com o(s) incêndio(s) e o valor necessário para repará-los; 4. Com relação à distribuição do ônus da prova, ratifico que a relação versada nestes é de consumo, por isso, mantenho a inversão do ônus da prova, conforme disposto no despacho de recebimento da inicial (Id 143321479). Em que pese a inversão do ônus da prova, atribuo à parte autora o ônus de provar os danos alegados e sua extensão, pois possui melhores condições que a parte adversa. À parte requerida compete provar a existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor, ou seja, deverá demonstrar a inexistência de nexo de causalidade entre os danos e sua conduta a si atribuída. 6. A elucidação dos pontos controvertidos depende de perícia técnica, portanto, em acréscimo à prova documental, defiro a produção da prova pericial solicitada pelas partes. 6.1. Postergo a deliberação acerca da produção da oral para depois da entrega do laudo pericial, quando as partes deverão justificar a necessidade da designação de audiência para oitiva de testemunhas e colheita de depoimento pessoal. 6.2. Para a realização do exame pericial ambiental e elétrica, NOMEIO a empresa NOCTUA PERITAS, devidamente inscrita no CNPJ n° 50.526.982/0001-28, especialista em perícias técnicas judiciais, situada no Edifício Top-Coworking localizado na Rua Vinte e quatro de outubro, nº 1649, Bairro Centro-Norte, Cuiabá – MT, CEP: 78020-400, contato@noctuaperitas.com.br. 7. Fixo o prazo de 15 dias (art. 465 § 1º do CPC), para impugnação à nomeação, formulação de quesitos e indicação de assistentes técnicos, caso ainda não o tenham feito. 8. Intime-se o perito nomeado para, no prazo de 5 dias: (i) informar se aceita a nomeação; (ii) indicar qual dos seus peritos será responsável pela perícia designada neste feito; (iii) apresentar qualificação profissional e proposta de honorários, nos termos do artigo 465, §2º, do CPC. 9. Sem elementos aptos a indicar se a prova in loco é impraticável, a perícia poderá ser realizada de forma direta ou indireta, a critério do perito nomeado. 10. Apresentada a proposta de honorários, nos termos do artigo 95 do Código de Processo Civil, intime-se a parte requerida para depositar os honorários. Desde já, deixo consignado que 50% dos honorários periciais serão pagos no início dos trabalhos e os outros 50% serão pagos ao perito após o depósito do laudo em Juízo e apresentação dos esclarecimentos necessários. 11. Em seguida, com a juntada dos quesitos das partes aos autos, intime-se o Perito para agendar data, hora e local para realização da perícia, com antecedência mínima de 20 (vinte) dias para comunicação das partes. Instrua a intimação do perito com os quesitos formulados pelas partes e os documentos juntados aos autos. 12. Como quesitos do juízo, o perito nomeado deverá responder se a causa do incêndio decorreu do exercício da atividade empresarial da parte requerida; verificar se todos os danos alegados efetivamente ocorreram; se há nexo de causalidade entre os danos apurados e a conduta da empresa requerida; avaliar os custos da reparação dos danos materiais experimentados. 13. Designada a data e horário da perícia, intimem-se as partes e assistentes técnicos. 14. O laudo pericial deverá ser apresentado em Cartório no prazo de 30 (trinta) dias, devendo responder integralmente os quesitos formulados pelas partes. 15. Com a juntada do laudo pericial, intimem-se as partes para manifestação, no prazo comum de 15 (quinze) dias, podendo os assistentes técnicos, em igual prazo, apresentar o respectivo parecer. 16. Oportunamente, as partes serão intimadas para manifestarem se remanesce o interesse na produção da prova oral e a necessidade de oitiva do perito nomeado. 17. Cientifiquem-se as partes da presente decisão, advertindo-se que poderão solicitar esclarecimentos ou ajustes no prazo comum de 5 (cinco) dias, findo o qual, a presente decisão saneadora se tornará estável (art. 357, § 1º, CPC). 18. Cumpra-se. Expeça-se o necessário. Nova Xavantina/MT, data da assinatura eletrônica. Angela Maria Janczeski Góes Juíza de Direito

Conteúdo completo bloqueado

Desbloquear

Encontrou o que procurava? Faça login para ver mais resultados e detalhes completos.

Fazer Login para Ver Mais

Processo nº 1000726-38.2019.8.11.0024

ID: 258765506

Tribunal: TJMT Órgão: 2ª VARA DE CHAPADA DOS GUIMARÃES Classe: PROCEDIMENTO COMUM CíVEL Nº Processo: 1000726-38.2019.8.11.0024

Data de Disponibilização: 22/04/2025

Polo Ativo:

ANGELITA APARECIDA NAZARIO

Polo Passivo:

Decisão

Advogados:

ALINY FREITAS LINO OLIVEIRA

OAB/MT XXXXXX Desbloquear

SILAS LINO DE OLIVEIRA

OAB/MT XXXXXX Desbloquear

ESTADO DE MATO GROSSO PODER JUDICIÁRIO COMARCA DE CHAPADA DOS GUIMARÃES 2ª Vara Processo n. 1000726-38.2019.8.11.0024 REQUERENTE: ANGELITA APARECIDA NAZARIO REQUERIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SO… ESTADO DE MATO GROSSO PODER JUDICIÁRIO COMARCA DE CHAPADA DOS GUIMARÃES 2ª Vara Processo n. 1000726-38.2019.8.11.0024 REQUERENTE: ANGELITA APARECIDA NAZARIO REQUERIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL Visto e bem examinado. Trato de AÇÃO DE CONHECIMENTO - PROCEDIMENTO COMUM - CPC, art. 318 e ss. -, ajuizada por ANGELITA APARECIDA NAZARIO em desfavor do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS, autarquia federal (pessoa jurídica de direito público), visando à concessão de Benefício de Prestação Continuada à Pessoa com Deficiência (BPC/LOAS). O feito está pendente de instrução probatória, notadamente quanto à realização de perícias. A perita assistente social anteriormente nomeada - ID 117959219 -, Elisa Padilha de Abreu, informou extraoficialmente sua intenção de renunciar ao encargo por não mais integrar o quadro de peritos credenciados junto ao AJG/CJF, conforme certificado no ID 172499959. Ainda que até o momento não houve formalização da renúncia, a informação justifica a necessidade de nomeação de novo profissional para evitar demora processual. Ademais, observo que a concessão do benefício pleiteado exige a comprovação não apenas da vulnerabilidade socioeconômica, a ser aferida por estudo social, mas também do impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, nos termos da Lei n. 8.742/93, art. 20, § 2º. A avaliação deste impedimento demanda conhecimento técnico especializado, sendo imprescindível a realização de perícia médica judicial, conforme determina o art. 20, § 6º da Lei n. 8.742/93. A prova pericial socioeconômica é indispensável para aferir a condição de miserabilidade da parte autora e de seu grupo familiar, requisito essencial para a concessão do BPC/LOAS. A prova pericial médica é igualmente necessária para avaliar a existência e a natureza do impedimento de longo prazo alegado pela autora, considerando as patologias indicadas na inicial (Transtorno de Pânico, Transtornos Ansiosos e Epilepsia). In limine, esclareço que as partes podem, de comum acordo, escolher os peritos, indicando-os mediante requerimento nas hipóteses do CPC, art. 471, I e II e §§, contudo nada há nos autos sobre o desejo delas se utilizarem da previsão legal de perícia consensual. Consequentemente, para a realização da perícia socioeconômica, nomeio ADEMAR DONIZETE DA SILVA, assistente social inscrito no CRESS-MT n. 5.741, em substituição à perita anteriormente designada. Outrossim, para a realização da perícia médica, nomeio Dr. JOÃO LEOPOLDO BAÇAN, médico inscrito no CRM-MT n. 5753, com endereço profissional na Rua Barão de Melgaço, n. 2754, Edifício Work Tower, 9º andar, sala 908, Centro, Cuiabá - MT. Ambos os peritos nomeados, para o desempenho de suas funções, poderão valer de todos os meios necessários, ouvindo testemunhas, obtendo informações, solicitando documentos que estejam em poder da parte, de terceiros ou em repartições públicas, bem como instruir os laudos com planilhas, mapas, plantas, desenhos, fotografias ou outros elementos necessários ao esclarecimento do objeto da perícia - CPC, art. 473, § 3º. Ademais, fixo de imediato - CPC, art. 465 - o prazo de 30 (trinta) dias, contados após a realização do respectivo exame/visita/avaliação, para a entrega/apresentação dos laudos em cartório - CPC, art. 477, caput -, que poderá ser prorrogado por motivo justificado e impossibilidade de apresentação do laudo dentro desse - CPC, art. 476. Por tratar de parte beneficiária da assistência judiciária gratuita - CPC, art. 98 - e âmbito de jurisdição delegada para a Justiça Estadual - CRFB/88, art. 109, § 3º) -, esclareço que o pagamento dos honorários correrá à conta da Justiça Federal e nos termos das Resoluções do CNJ n. 232/2016 e Resolução do CJF n. 305/2014, que preveem a sua efetivação/ocorrência após o término do prazo para que as partes se manifestem sobre os laudos e, havendo solicitação/pedido de complementação ou esclarecimento, depois de sua satisfatória realização, podendo haver o adiantamento de 30% (trinta por cento) da verba honorária arbitrada se o perito, comprovadamente, necessitar de valores para satisfação antecipada decorrente do encargo assumido, Resolução do CJF n. 305/2014, art. 29, caput e § 2º. Diante da necessidade de atender aos limites mínimo e máximo estabelecidos na Resolução n. 305/2014-CJF, em conformidade com o disposto na Resolução do CNJ n. 232/2016, e sendo possível ultrapassar em até 3 (três) vezes o constante na Tabela V daquela, fixo/arbitro os honorários periciais em R$ 600,00 (seiscentos reais) para a perícia médica, atendendo ao grau de especialização dos profissionais, à complexidade dos exames, ao zelo profissional e ao local de sua realização, com dificuldade de encontrar peritos na região para a realização das provas técnicas necessárias ao processo, questão peculiar, devendo ser realizado/providenciado o cadastramento/registro no Sistema Eletrônico de Assistência Judiciária Gratuita da Justiça Federal (AJG/CJF). DETERMINO a intimação do(a) perito(a) assistente social nomeado(a), com as advertências legais - CPC, art. 157 -, para que tenha ciência do encargo que lhe fora conferido, do fato de que, ACEITANDO-O, deverá servir escrupulosamente e independentemente de termo de compromisso, assegurando aos assistentes das partes o acesso e o acompanhamento das diligências e dos exames que realizar, com prévia comunicação, comprovada nos autos, com antecedência mínima de 5 (cinco) dias - CPC, art. 466 -, assim como a fim de que apresente contatos profissionais, em especial o endereço eletrônico, para onde serão dirigidas as intimações pessoais - CPC, art. 465, § 2º, III -, agende data, hora e local para realização da visita/avaliação socioeconômica e informe ao juízo com antecedência razoável e tempo hábil para serem efetuadas as intimações necessárias. Outrossim, DETERMINO a intimação do(a) perito(a) médico(a) nomeado(a), com as mesmas advertências legais - CPC, art. 157 -, para que tenha ciência do encargo, aceite-o, sirva escrupulosamente - CPC, art. 466 -, apresente contatos profissionais - CPC, art. 465, § 2º, III -, agende data, hora e local para realização do exame médico e informe ao juízo com antecedência. Ademais, DETERMINO a intimação das partes, através dos seus advogados constituídos nos autos, para que, caso não tenham feito, dentro de 15 (quinze) dias contados da intimação deste despacho, arguam o impedimento ou a suspeição dos peritos, se for o caso, indiquem assistentes técnicos e apresentem quesitos para ambas as perícias (socioeconômica e médica) - CPC, art. 465, § 1º, I, II e III -, dando ciência à parte adversa quando da juntada destes aos autos e advertindo ambas da possibilidade das partes apresentar(em), durante a diligência, quesitos suplementares, que poderão ser respondidos pelos peritos previamente ou na audiência de instrução e julgamento - CPC, art. 469. Sendo que, apresentados quesitos no prazo acima fixado ou já existentes nos autos, encaminhe aos peritos judiciais nomeados cópia reprográfica dos quesitos ou, informando eles ser necessário, autorizo a retirada/carga dos autos do processo por eles, caso físico, ou o envio por e-mail, caso eletrônico/virtual. Verifico que, estabelecida data, hora e local para as perícias, intime/cientifique as partes, através dos seus advogados constituídos nos autos, para ciência - CPC, art. 474 - e efetivo comparecimento da parte autora aos exames. Ocorrendo a entrega dos laudos pelos peritos judiciais, intime as partes da ocorrência desta, através dos seus advogados constituídos, para, querendo, manifestar sobre os laudos no prazo comum de 15 (quinze) dias, podendo os assistentes técnicos de cada uma das partes, em igual prazo, apresentar seus respectivos pareceres - CPC, art. 477 e § 1º. Apresento quesitos do juízo para a perícia socioeconômica: Qual a composição do núcleo familiar da parte autora (art. 20, §1°, Lei 8.742/93)? Especificar nome, idade, grau de parentesco e ocupação de cada membro. Qual a renda mensal bruta familiar (art. 4º, VI, Decreto 6214/07)? Discriminar as fontes de renda (salários, proventos, pensões, benefícios, comissões, pró-labore, trabalho informal, autônomo, patrimônio, etc.). Foi apresentado comprovante de renda? As condições socioeconômicas da família são compatíveis com a renda informada? Quais as despesas ordinárias da família (Ex.: aluguel, água, luz, transporte, alimentação)? Detalhar natureza e valores. A residência é própria, alugada ou cedida? Qual o valor do aluguel? Descrever as condições da residência, móveis, automóveis e outros bens, localização e benefícios do imóvel (asfalto, água, esgoto, escola, telefone, hospitais, etc.). A família possui despesas extraordinárias com algum de seus integrantes (Ex.: tratamento médico, medicamentos)? Em caso positivo, com base em que evidências? Detalhar natureza e valores. Considerando eventual moléstia/impedimento da parte autora, aliadas às condições socioeconômicas e pessoais, é possível concluir a existência de uma ou mais barreiras que obstruem sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas? Quais barreiras e por quê? Há outros elementos probatórios que evidenciam condição de miserabilidade do grupo familiar e/ou situação de vulnerabilidade da autora? Detalhar. Diante do estudo social realizado, pode a(o) perita(o) informar se a pericianda atende ao requisito socioeconômico de renda per capita de ¼ (um quarto) do salário mínimo? Quais os motivos que levaram a tal conclusão? Tecer considerações que entender pertinente, dentro do estudo socioeconômico feito e do objeto da perícia. Apresento quesitos do juízo para a perícia médica: A parte autora é portadora de alguma doença, lesão ou deficiência? Qual(is)? Indicar o(s) CID(s). Essa condição a incapacita para o trabalho? Caso positivo, essa incapacidade é total ou parcial? Essa incapacidade é temporária ou permanente? Qual a data provável do início da doença/lesão/deficiência? Qual a data provável do início da incapacidade? Justificar com base nos elementos dos autos. Caso a incapacidade seja parcial, informar para quais atividades laborativas a parte autora estaria incapacitada e para quais estaria habilitada. Caso a incapacidade seja temporária, qual o prazo estimado para recuperação e retorno às atividades laborais? A parte autora necessita de assistência permanente de outra pessoa para as atividades diárias? A condição diagnosticada configura impedimento de longo prazo (mínimo de 2 anos), de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, que, em interação com barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas (Lei n. 8.742/93, art. 20, § 2º e § 10)? Detalhar. Há possibilidade de reabilitação profissional para outra atividade que lhe garanta a subsistência? Prestar outros esclarecimentos que entender pertinentes ao caso. Por fim, atendido integralmente o acima especificado ou sendo necessário decidir de maneira diversa, volte concluso. Cumpra. Às providências. Chapada dos Guimarães-MT, data e hora do sistema. (assinado digitalmente) RENATO J. DE A. C. FILHO Juiz de Direito

Conteúdo completo bloqueado

Desbloquear

Processo nº 1021001-70.2025.8.11.0000

ID: 319670448

Tribunal: TJMT Órgão: Quinta Câmara de Direito Privado Classe: AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº Processo: 1021001-70.2025.8.11.0000

Data de Disponibilização: 08/07/2025

Polo Ativo:

JOAO HEROS RIBEIRO ATANES VICTOR TAKAHASHI ATANES

Polo Passivo:

Intimação

Advogados:

EDUARDO HENRIQUE VIEIRA BARROS

OAB/MT XXXXXX Desbloquear

ALLISON GIULIANO FRANCO E SOUSA

OAB/MT XXXXXX Desbloquear

EUCLIDES RIBEIRO DA SILVA JUNIOR

OAB/MT XXXXXX Desbloquear

ESTADO DE MATO GROSSO PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA Gabinete 2 - Quinta Câmara de Direito Privado AGRAVO DE INSTRUMENTO nº 1021001-70.2025.8.11.0000 Agravantes: VICTOR TAKAHASHI ATANES e JOÃO … ESTADO DE MATO GROSSO PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA Gabinete 2 - Quinta Câmara de Direito Privado AGRAVO DE INSTRUMENTO nº 1021001-70.2025.8.11.0000 Agravantes: VICTOR TAKAHASHI ATANES e JOÃO HEROS RIBEIRO ATANES Agravados: PROTEC PRODUTOS AGRICOLAS LTDA Vistos. Trata-se de agravo de instrumento interposto por VICTOR TAKAHASHI ATANES e JOÃO HEROS RIBEIRO ATANES, ambos integrantes do Grupo Atanes, em face de decisão proferida pelo Juízo da 1ª Vara Cível da Comarca de Porto Alegre do Norte/MT, nos autos ação de execução de título extrajudicial nº 000726-54.2024.8.11.0059, que converteu o arresto judicial de grãos em cumprimento parcial definitivo da obrigação e autorizou a liberação da caução prestada, consistente em apólice de seguro no valor de R$ 8.972.574,00. Inconformados, os devedores insurgem-se contra o decisum, sustentando, em síntese, a ilegalidade da conversão do arresto em cumprimento definitivo da obrigação e da liberação da caução, tendo em vista a pendência de julgamento do Recurso Especial interposto pela parte agravante, cuja admissibilidade ainda não foi apreciada, o que torna a medida prematura e violadora do princípio da segurança jurídica. Alegam que a decisão recorrida antecipa os efeitos da coisa julgada e compromete a utilidade do recurso especial, inviabilizando a recomposição patrimonial caso a decisão de origem venha a ser reformada. Ressaltam que o arresto possui natureza eminentemente assecuratória, não podendo ser convertido em satisfação definitiva antes do trânsito em julgado da decisão exequenda. Diante disso, pugnam pela concessão de efeito suspensivo ao agravo de instrumento, a fim de que seja suspensa a decisão que converteu o arresto em cumprimento definitivo da obrigação, com o restabelecimento da caução e a preservação da natureza meramente assecuratória do arresto, ao menos até o trânsito em julgado do recurso especial interposto. É o relatório. Decido. Inicialmente, cumpre destacar que o agravo de instrumento é recurso secundum eventum litis, cuja análise limita-se ao acerto ou desacerto técnico da decisão recorrida, devendo considerar exclusivamente os elementos fáticos e probatórios disponíveis à época do pronunciamento judicial, não sendo possível adentrar na matéria de fundo nem examinar questões não deduzidas em primeiro grau, sob pena de supressão de instância. No mérito, os agravantes se insurgem contra a decisão que converteu o arresto cautelar em cumprimento parcial da obrigação executada, autorizando o levantamento definitivo dos grãos pelo exequente, bem como liberando a caução prestada nos autos. Constou da decisão recorrida, no essencial: “[...] Trata-se de execução de título extrajudicial movida por Protec Produtos Agrícolas Ltda em desfavor de Victor Takahashi Atanes, Ursula Yuri Couto Atanes, João Heros Ribeiro Atanes e Sumico Takahashi Atanes, tendo por objeto Cédula de Produto Rural (CPR) juntada no evento de id. 142461883, para entrega de 74.000 sacas de 60kg de soja (quatro milhões e quatrocentos mil quilos). Deferida a liminar, foi efetivado o arresto de 51.261,95 sacas de soja (50.229,95 sacas em condições normais e 1.032,00 sacas avariadas), conforme autos de arresto de ids. 188640415 e 188640416; nomeou-se o advogado da exequente como fiel depositário, Dr. Jânio Quadros José Roldão (OAB MT25395-O/CPF: 035.088.296-77). Os executados VICTOR, URSULA e JOÃO HEROS compareceram espontaneamente aos autos no dia 27.3.2024, conforme petição juntada no evento de id. 148817849, apresentando procurações nos ids. 148817868, 148817870 e 148817874. Remanesce a citação do executado SUMICO (avalista). Agora, a exequente requer: a) certificação do transcurso in albis do prazo para embargos à execução; b) conversão do arresto em cumprimento parcial da obrigação; c) apresentação de planilha atualizada do débito; d) liberação da caução prestada. É o relatório do necessário, decido. -Comparecimento espontâneo e transcurso do prazo para embargos. O comparecimento espontâneo dos executados VICTOR, URSULA e JOÃO HEROS em 27/03/2024 supriu a falta de citação formal, nos termos do art. 239, § 1º, do CPC: "O comparecimento espontâneo do réu ou do executado supre a falta ou a nulidade da citação, fluindo a partir desta data o prazo para apresentação de contestação ou de embargos à execução." Considerando o comparecimento no dia 27.3.2024 (quarta-feira), o prazo de 15 dias úteis para oposição de embargos à execução (art. 915 do CPC) iniciou-se em 28.3.2024 e encerrou-se em 17.4.2024, sem que houvesse manifestação dos executados. -Conversão do arresto em cumprimento parcial da obrigação. Com o transcurso in albis do prazo para embargos e ausência de cumprimento voluntário da obrigação, houve estabilização da pretensão executiva. O art. 807 do CPC estabelece que "não sendo o executado encontrado ou não tendo bens penhoráveis, será deferida a medida de arresto que se entender necessária para assegurar a eficácia da futura penhora". Já o art. 813 do CPC prevê que "verificada a liquidez e certeza do crédito, converter-se-á o arresto em penhora, independentemente de nova ordem judicial". Considerando que não houve resistência dos executados e que os grãos arrestados estão sob custódia judicial, é cabível a conversão da medida cautelar em cumprimento parcial da obrigação, com o consequente abatimento proporcional do débito, sobretudo considerando que a decisão que determinou a citação dos executados e a realização do arresto já se estabilizou. -Liberação da caução. A caução foi prestada para garantir eventuais danos decorrentes da concessão da liminar. Com a estabilização da lide pelo transcurso in albis do prazo para embargos, não mais se justifica a manutenção da garantia, especialmente considerando os custos financeiros envolvidos. -Ausência de citação do devedor SUMICO. Ressalto que remanesce pendente a citação do executado SUMICO, que figura como avalista na relação obrigacional. Contudo, tal circunstância não prejudica a conversão do arresto e liberação da caução requeridas, uma vez que a lide já se estabilizou em relação ao devedor principal, que também é o detentor dos grãos arrestados, não havendo qualquer restrição patrimonial sobre bens do avalista. -Dispositivo. 1. Ante o exposto, DEFIRO os pedidos formulados pela exequente para: a) certificar o transcurso in albis do prazo para oposição de embargos à execução pelos executados VICTOR TAKAHASHI ATANES, URSULA YURI COUTO ATANES e JOÃO HEROS RIBEIRO ATANES, em razão do comparecimento espontâneo ocorrido em 27/03/2024; b) converter o arresto de 51.261,95 sacas de soja em cumprimento parcial da obrigação, determinando que os grãos arrestados sejam entregues definitivamente à exequente como pagamento parcial do débito executado; fica a exequente intimada da conversão, dispensando-se outras formalidades, uma vez que já havia sido nomeada como fiel depositária na pessoa do seu procurador; d) deferir a liberação da caução prestada no evento de id. 148201883: apólice de seguro garantia judicial n. 061902024840607750049998; valor da garantia de R$ 8.972.574,00; processo n. 1000726-54.2024.8.11.0059; servindo esta decisão como ofício para que a exequente promova as baixas necessárias. 2. Em termos de prosseguimento da execução, determino que a exequente, no prazo de 15 dias: a) apresente uma planilha atualizada do débito com o abatimento correspondente ao valor dos grãos entregues, prosseguindo a execução quanto ao saldo remanescente ou requerendo a conversão para quantia certa; b) se manifeste sobre a ausência de citação do executado Sumico Takahashi Atanes. 3. Decorrido o prazo indicado no item 2, renove-se a conclusão para prosseguimento. [...]”. Pois bem. Como é cediço, o efeito suspensivo ao agravo de instrumento possui natureza excepcional e exige a presença concomitante da relevância dos fundamentos e do risco de dano grave ou de difícil reparação, nos termos do artigo 1.019, I, do Código de Processo Civil. Conforme já exposto, os agravantes sustentam que a determinação de liberação, em favor do exequente, dos grãos arrestados compromete o efeito útil do Recurso Especial por eles interposto, ainda pendente de julgamento perante o C. Superior Tribunal de Justiça. Todavia, não obstante a força argumentativa apresentada, não se vislumbra, neste momento processual, a verossimilhança das alegações trazidas. O Código de Processo Civil é expresso ao dispor, em seu art. 995, que “Os recursos não impedem a eficácia da decisão, salvo disposição legal ou decisão judicial em sentido diverso”. Na hipótese, extrai-se dos autos que ainda pende de julgamento, no Superior Tribunal de Justiça, o Agravo em Recurso Especial nº 2.896.839/MT, interposto contra o v. acórdão proferido nos autos nº 1010101-62.2024.8.11.0000, cuja admissibilidade foi negada pela Vice-Presidência deste Egrégio Tribunal. Ademais, verifica-se que os agravantes formularam, perante a Corte Superior, pedido de Tutela Antecipada Antecedente nº 492-MT (2025/0061103-5), objetivando atribuir efeito suspensivo ao mencionado agravo em recurso especial. Referida medida, contudo, foi indeferida, sob o fundamento de que a reforma do julgado exigiria reexame do conjunto fático-probatório dos autos, o que evidencia a ausência de probabilidade de provimento do recurso. Quanto à alegação de esvaziamento da utilidade do julgamento do recurso especial, a tese não se sustenta. Isso porque, em eventual reforma do julgado pela Corte Cidadã, os agravantes poderão pleitear, pelas vias processuais adequadas, a reparação por eventuais prejuízos suportados, seja mediante ação autônoma de ressarcimento, seja por recomposição patrimonial por restituição ou indenização, conforme o caso. Dessa forma, em análise perfunctória, não se verifica óbice ao regular prosseguimento do feito executivo, tendo em vista que o recurso especial interposto não foi dotado de efeito suspensivo, mantendo-se, portanto, a eficácia da decisão agravada, inexistindo qualquer ilegalidade manifesta a justificar a atuação imediata deste Eg. Tribunal. Aliás: “RECURSO E AGRAVO DE INSTRUMENTO. CUMPRIMENTO DE SENTENÇA PROVISÓRIO. ACÓRDÃO DE RECURSO DE APELAÇÃO ATACADO POR RECURSO SEM EFEITO SUSPENSIVO. PROSSEGUIMENTO DO CUMPRIMENTO DE SENTENÇA . DECISÃO REFORMADA. RECURSO PROVIDO. 1. A pendência de um recuso que não tem efeito suspensivo não obsta o prosseguimento do cumprimento provisório de sentença . 2. Decisão reformada. 3. Recurso provido.” (TJ-MT - AGRAVO DE INSTRUMENTO: 1018753-05.2023.8.11 .0000, Relator.: NÃO INFORMADO, Data de Julgamento: 19/03/2024, Primeira Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 20/03/2024) Com tais argumentos, à luz do exposto na exordial do recurso, em juízo provisório e sob a cognição sumária própria desta fase processual, não vislumbro a presença dos requisitos autorizadores para a concessão da tutela recursal de urgência. Ressalte-se, ademais, que os fundamentos ora apresentados não vinculam o exame de mérito do recurso, a ser realizado oportunamente. Ante ao exposto, INDEFIRO o pedido de efeito suspensivo, mantendo a eficácia da decisão recorrida até ulterior deliberação. Comunique-se o Juízo a quo, requisitando, no mesmo expediente, as informações que entender pertinentes ao deslinde do presente recurso (art. 1.018, § 1º, do CPC). Intime-se o agravado para que, no prazo de 15 (quinze) dias, apresente suas contrarrazões, nos termos do artigo 1.019, inciso II, do Código de Processo Civil. Ultimadas as providências, à conclusão para julgamento. Intimem-se. Cumpra-se. Cuiabá/MT, data da assinatura digital. Des. MARCOS REGENOLD FERNANDES Relator

Conteúdo completo bloqueado

Desbloquear

Luadina Damiani x Viação Ouro E Prata S.A. e outros

ID: 263154594

Tribunal: TJMT Órgão: JUIZADOS ESPECIAIS DE SORRISO Classe: PROCEDIMENTO DO JUIZADO ESPECIAL CíVEL Nº Processo: 1000726-77.2025.8.11.0040

Data de Disponibilização: 30/04/2025

Polo Ativo:

LUADINA DAMIANI

Polo Passivo:

VIAÇÃO OURO E PRATA S.A. VIOPEX TRANSPORTES LTDA.

Sentença

Advogados:

JAIME BANDEIRA RODRIGUES

OAB/RS XXXXXX Desbloquear

MAICON ANTONIO FLORENCIO REGISTRADO(A) CIVILMENTE COMO MAICON ANTONIO FLORENCIO

OAB/MT XXXXXX Desbloquear

ESTADO DE MATO GROSSO PODER JUDICIÁRIO JUIZADOS ESPECIAIS DE SORRISO PROJETO DE SENTENÇA Processo: 1000726-77.2025.8.11.0040. REQUERENTE: LUADINA DAMIANI REQUERIDO: VIAÇÃO OURO E PRATA S.A., VIOPEX T… ESTADO DE MATO GROSSO PODER JUDICIÁRIO JUIZADOS ESPECIAIS DE SORRISO PROJETO DE SENTENÇA Processo: 1000726-77.2025.8.11.0040. REQUERENTE: LUADINA DAMIANI REQUERIDO: VIAÇÃO OURO E PRATA S.A., VIOPEX TRANSPORTES LTDA. Vistos. Relatório. Dispenso relatório. Fundamento e decido. As sentenças nos Juizados Especiais obedecerão aos limites traçados no art. 2º e art. 38 da Lei nº 9.099/95 c/c art. 1.046, §2º e §4º, do CPC c/c Enunciados nº 161 e 162 do FONAJE. Mérito. Inexiste vício a obstar o regular prosseguimento do feito, bem como, as provas dos autos sendo suficientes para a solução da lide ou havendo pedido de julgamento, revela-se dispensável a dilação probatória e pronta a reclamação para julgamento antecipado. Neste sentido: RECURSO INOMINADO. INSTITUIÇÃO DE ENSINO. PRELIMINAR DE CERCEAMENTO DE DEFESA POR NECESSIDADE DE REALIZAÇÃO DA AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO E JULGAMENTO REJEITADA. IMPEDIMENTO DE ACESSO A PLATAFORMA E VIOLAÇÃO A HONRA DA RECLAMANTE NÃO COMPROVADA. ALEGAÇÃO DE NÃO ATENDIMENTO. NÃO COMPROVADO. HISTÓRICO DE ATENDIMENTO DO ALUNO DEVIDAMENTE JUNTADO AO PROCESSO. AUSÊNCIA DE ENCERRAMENTO DO CURSO. IMPOSSIBILIDADE DE EMISSÃO DO DIPLOMA. DANO MORAL NÃO CONFIGURADO. SENTENÇA MANTIDA. RECURSO IMPROVIDO. 1. O juiz, como destinatário da prova, é quem decide sobre a necessidade ou não de dilação probatória, com vistas à formação de seu convencimento. Se o julgador já formou o seu convencimento diante do conjunto probatório existentes nos autos e decide a demanda no estado em que se encontra, o julgamento antecipado da lide, não configura cerceamento de defesa. (N.U 1016008-46.2023.8.11.0002, TURMA RECURSAL CÍVEL, VALMIR ALAERCIO DOS SANTOS, Terceira Turma Recursal, Julgado em 16/10/2023, Publicado no DJE 19/10/2023) (grifo nosso) Trata-se de ação proposta por LUADINA DAMIANI em desfavor de VIAÇÃO OURO E PRATA S.A. e VIOPEX TRANSPORTES LTDA., na qual a parte autora requer condenação das partes rés em reparação por danos materiais e morais, ante falha na prestação do serviço. A pretensão da parte demandante e a controvérsia estabelecida nos autos devem ser analisadas à luz das disposições previstas no Código de Defesa do Consumidor, tendo em vista que a parte autora se amolda ao conceito de consumidor (art. 2º do CDC), ao passo que as partes rés são fornecedoras de serviços/produtos (art. 3º do CDC), configurando relação de consumo entre as partes, conforme entendimento sedimentado pelo STJ. Assim, haja vista tratar-se de relação consumerista, a inversão do ônus da prova é decorrência lógica da própria aplicação das normas do Código de Defesa do Consumidor. No caso concreto, verifica-se que a parte autora comprova a contratação dos serviços de transporte de coisas junto às partes rés. Ademais, observa-se que as partes requeridas reconhecem a ocorrência de extravio da encomenda enviada pela parte requerente. O Código Civil disciplina que o transportador possui responsabilidade quanto à coisa, a qual se inicia no momento em que a recebem, bem como, termina quando entregue ao destinatário ou depositada em juízo, quando àquele não for encontrado. Art. 750, CC - A responsabilidade do transportador, limitada ao valor constante do conhecimento, começa no momento em que ele, ou seus prepostos, recebem a coisa; termina quando é entregue ao destinatário, ou depositada em juízo, se aquele não for encontrado. Desse modo, tendo em vista que os produtos enviados pela parte autora foram extraviados durante a prestação de serviço das partes rés, observa-se a falha na prestação de serviço dessas. A responsabilidade do fornecedor de serviços é objetiva, pelo que responde, independentemente de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores em decorrência da falha na prestação de serviço, nos termos do art. 14 do CDC. Desta feita, para que pudesse se desonerar da obrigação de indenizar, deveria provar que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste, ou, a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro (§3º, inc. I e II, do art. 14 do CDC), o que não se verificou no presente caso. Desta forma, resta comprovado falha na prestação do serviço, devendo a parte requerida responder objetivamente (art. 14, CDC) pelos danos sofridos pela parte requerente. A parte requerente requer reparação por danos materiais no valor de R$ 332,69 (trezentos e trinta e dois reais, e sessenta e nove centavos). Tendo em vista a comprovação da realização do pagamento do valor do frete pela parte autora, bem como o valor da encomenda extraviada, deve o referido valor ser reembolsado, solidariamente, pelas partes rés. A parte autora pleiteia indenização por danos morais sofridos. O dano moral, segundo a doutrina, é a violação aos direitos da personalidade, compreendidos estes como o conjunto de atributos jurídicos emanado do princípio da dignidade da pessoa humana (CRFB/88, art. 1º, III). No caso em epígrafe, haja vista a consumação do extravio da encomenda despachada pela parte autora, bem como a não solução do problema pelas vias administrativas, verifica-se que as partes rés agiram desidiosamente, praticando ato ilícito (art. 186 do CC) gerador de dano moral, conforme entendimento firmado na Turma Recursal do Estado de Mato Grosso. Nesse sentido: RECURSO INOMINADO. CONTRATO DE TRANSPORTE E ENTREGA DE MERCADORIA. PRELIMINAR DE INOVAÇÃO RECURSAL REJEITADA. EXTRAVIO DE ENCOMENDA. FALHA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO. RESPONSABILIDADE OBJETIVA. DANO MATERIAL CONFIGURADO. AUSÊNCIA DE DECLARAÇÃO DE VALORES. RELATIVIZAÇÃO DO VALOR INFORMADO PELOS AUTORES. DANO MORAL CONFIGURADO. PRETENSÃO DE MAJORAÇÃO. POSSIBILIDADE. INDENIZAÇÃO FIXADA NOS PARÂMETROS DA RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE. RECURSO IMPROVIDO. 1. (...) 5. Analisando os autos, verifico que inicialmente a narrativa dos Reclamantes foi genérica, levando-se a entender que houve o extravio total dos pacotes, fato esclarecido somente em sede de contestação, ocasião na qual a Ré informou claramente a quantidade de pacotes, o envio e, respectivamente, a entrega, bem como as diligências realizadas quando houve a constatação do extravio de um dos pacotes. 6. Em que pese à alegação recursal de que os meios de provas demonstram que foram despachados 08 pacotes, mas somente 07 foram entregues, bem como não houve narrativa incompleta, averíguo que somente em sede de impugnação a contestação os Reclamantes explicaram claramente os fatos, havendo concordância em parte com a narrativa dada pela empresa, isto é, sobre a entrega parcial dos pacotes. 7. (...) 10. No tocante ao dano moral, se os consumidores tiveram um dos seus pacotes extraviado pela transportadora e não obteve êxito em solucionar o problema administrativamente, fato que causa transtornos e aborrecimentos suficientes para gerar direito a indenização por dano moral. 11. O quantum indenizatório a título de dano moral não merece reparos, pois se encontra arbitrado em valor compatível com a situação vivenciada pelos autores. 12. A sentença que apresentou a seguinte parte dispositiva: “Pelo exposto, e por tudo o que mais dos autos consta, JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTE a pretensão inicial para condenar a parte promovida a pagar à parte promovente a quantia de R$ 1.676,41 (mil seiscentos e setenta e seis reais e quarenta e um centavos), corrigida pelo INPC/IBGE, a partir desta data e, acrescida de juros da mora de 1% (um por cento) ao mês a partir da citação, bem como indenização por dano moral no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), corrigida pelo INPC/IBGE, a partir desta data e, acrescida de juros da mora de 1% (um por cento) ao mês a partir da citação, nos termos do artigo 487, I, do Código de Processo Civil”, não merece reparos e deve se mantida por seus próprios fundamentos. A súmula do julgamento serve de acórdão, nos termos do art. 46 da Lei nº 9.099/95. 13. Recurso improvido. Os recorrentes arcarão com as custas e honorários advocatícios arbitrados em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação, suspensa a sua exigibilidade em face ao disposto no § 3º do art. 98 do Código de Processo Civil. Valmir Alaércio dos Santos Juiz de Direito – Relator (N.U 1011472-58.2024.8.11.0001, TURMA RECURSAL CÍVEL, VALMIR ALAERCIO DOS SANTOS, Terceira Turma Recursal, Julgado em 21/10/2024, Publicado no DJE 25/10/2024) (grifo nosso) Levando-se em consideração a extensão do dano (art. 944 do CC), a função pedagógica do dano moral, a capacidade econômica das partes, a vedação ao enriquecimento ilícito e o princípio da proporcionalidade, mostra-se razoável a condenação da parte requerida, no pagamento de indenização a título de compensação financeira por danos morais, no importe de R$ 2.000,00 (dois mil reais), o qual deverá ser pago solidariamente pelas partes requeridas. Ante o exposto, julgo parcialmente PROCEDENTES os pedidos da exordial, com fundamento no artigo 487, inciso I, do Código de Processo Civil, julgando extinto o processo, com resolução de mérito, para o fim de: 1 - Condenar as partes reclamadas, solidariamente, em reparação por danos materiais em favor da parte reclamante na importância de R$ 332,69 (trezentos e trinta e dois reais, e sessenta e nove centavos), devendo ser corrigido pelo índice IPCA/IBGE da data do efetivo prejuízo (súmula 43 STJ) até a data da citação, a partir de quando incidirá apenas a taxa SELIC; e acrescido de juros de mora desde a citação (art. 405 do CC) pela taxa SELIC, nos termos do art. 406, § 1º, do Código Civil, conforme os novos critérios determinados Lei n. 14.905/2024; 2 - Condenar as partes requeridas, solidariamente, ao pagamento de R$ 2.000,00 (dois mil reais) para parte requerente pelos danos morais sofridos, o qual deverá ser acrescido de juros legais a partir da citação, conforme art. 405 do CC, devendo ser corrigido e atualizado pela taxa SELIC, nos termos do art. 406, § 1º, do Código Civil, conforme os novos critérios determinados Lei n. 14.905/2024; 3 - Atentem-se as partes e desde já se considerem advertidas, que a oposição de embargos de declaração fora das hipóteses legais e/ou com efeitos infringentes, lhes sujeitará a imposição da multa prevista pelo artigo 1.026, §2º, do Código de Processo Civil. Sem custas nem honorários, em conformidade com o art. 54 e art. 55, ambos da Lei 9.099/95. P.I.C. Submeto o presente projeto de sentença à homologação do MM. Juiz Togado, nos termos do art. 40 da Lei nº 9.099/95. Carlos Augusto Leite de Carvalho Filho Juiz Leigo SENTENÇA Vistos, HOMOLOGO o projeto de sentença, nos termos do art. 40, da Lei 9.099/95 c/c art. 8º, da LCE nº 270/07. Aguarde-se em arquivo a via recursal ou, se for o caso, o trânsito em julgado. LENER LEOPOLDO DA SILVA COELHO Juiz de Direito do Juizado Especial Cível e Criminal da Comarca de Sorriso/MT ASSINADO DIGITALMENTE

Conteúdo completo bloqueado

Desbloquear

Processo nº 1039214-69.2023.8.11.0041

ID: 304810310

Tribunal: TJMT Órgão: VARA ESP. DE EXECUÇÃO FISCAL MUNICIPAL DE CUIABÁ Classe: EMBARGOS à EXECUçãO FISCAL Nº Processo: 1039214-69.2023.8.11.0041

Data de Disponibilização: 23/06/2025

Polo Ativo:

OI S.A.

Polo Passivo:

Sentença

Advogados:

DENNER DE BARROS E MASCARENHAS BARBOSA

OAB/MT XXXXXX Desbloquear

ESTADO DE MATO GROSSO PODER JUDICIÁRIO VARA ESP. DE EXECUÇÃO FISCAL MUNICIPAL DE CUIABÁ SENTENÇA Processo: 1039214-69.2023.8.11.0041. EMBARGANTE: OI S.A. EMBARGADO: MUNICÍPIO DE CUIABÁ A presente dec… ESTADO DE MATO GROSSO PODER JUDICIÁRIO VARA ESP. DE EXECUÇÃO FISCAL MUNICIPAL DE CUIABÁ SENTENÇA Processo: 1039214-69.2023.8.11.0041. EMBARGANTE: OI S.A. EMBARGADO: MUNICÍPIO DE CUIABÁ A presente decisão cumpre a exigência da linguagem simples (Pacto Nacional pela Linguagem Simples - CNJ e Recomendação n. 144/2023 - CNJ), para o uso de linguagem de fácil acesso ao público. Vistos etc. Trata-se de embargos à execução opostos por OI S.A. – em Recuperação Judicial em desfavor de execução promovida pelo Município de Cuiabá (autos n. 1039214-69.2023.8.11.0041), cujo objeto é a cobrança de multa administrativa imposta pelo PROCON Municipal, regularmente inscrita na Certidão de Dívida Ativa n. 1252165, oriunda do Processo Administrativo n. 028/2020. A embargante aduz, em síntese, que a CDA estaria destituída de certeza e liquidez, porquanto fundada em processo administrativo eivado de nulidades, argumentando, ainda, que o crédito estaria submisso à recuperação judicial, por ter fato gerador anterior à data do pedido, conforme tese firmada pelo Superior Tribunal de Justiça no Tema 1051. Por tais razões, pugna pela extinção da execução ou, subsidiariamente, pela suspensão do feito com remessa ao juízo da recuperação. O Município de Cuiabá apresentou impugnação aos embargos, alegando, em apertada síntese, a regularidade do processo administrativo sancionador, a higidez da CDA e a possibilidade de prosseguimento da execução fiscal. Argumenta que o crédito não foi habilitado no juízo da recuperação, tampouco demonstrada sua inclusão na lista de credores, o que afasta sua automática submissão àquele juízo (Id. 162759295). Vieram-me os autos concluso. É o breve relato. Fundamento e decido. O feito se encontra devidamente instruído, sendo desnecessária a produção de outras provas, comportando julgamento antecipado da lide nos moldes do artigo 355, I, do CPC. 1 - Da alegação de submissão ao processo de recuperação judicial No que tange à alegação da embargante de que o crédito exequendo estaria sujeito aos efeitos da recuperação judicial por ter fato gerador anterior ao pedido de recuperação, não há como acolhê-la. Embora o Superior Tribunal de Justiça, ao julgar o Tema 1051 (REsp 1.842.911/RS), tenha fixado a tese de que, para fins de submissão ao procedimento recuperacional, considera-se existente o crédito a partir da ocorrência de seu fato gerador, essa diretriz não se aplica automaticamente a todos os créditos que compartilhem essa característica temporal. No presente caso, não há qualquer comprovação nos autos de que o crédito em questão tenha sido habilitado no processo de recuperação judicial, tampouco consta prova de que o Município de Cuiabá tenha sido notificado, intimado ou incluído na lista de credores. A embargante, embora pudesse ter adotado as providências cabíveis para tanto, manteve-se inerte, e não demonstrou que o crédito foi reconhecido como concursal no juízo universal. Ressalta-se que a sentença judicial ou o plano de recuperação aprovado não possuem efeito automático de suspensão de execuções fiscais quando não há decisão específica do juízo da recuperação nesse sentido, nos termos da jurisprudência consolidada do STJ. Assim, carecendo de comprovação mínima a alegação de que o crédito deveria ser obrigatoriamente submetido ao juízo recuperacional, não há qualquer óbice jurídica à sua cobrança por meio da presente execução fiscal. Quanto à temática, a jurisprudência do TJMT compreende: APELAÇÃO — EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL — PROGRAMA DE PROTEÇÃO E DEFESA DO CONSUMIDOR (PROCON) — COMPETÊNCIA — PRINCÍPIO DA COOPERAÇÃO ENTRE O JUÍZO DA EXECUÇÃO FISCAL E FALIMENTAR — ARTIGO 69 DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL — SUBMISSÃO DE EVENTUAL ATO CONSTRITIVO PELO JUÍZO DA EXECUÇÃO FISCAL AO JUÍZO DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL. PROCESSO ADMINISTRATIVO — ILEGALIDADE — NÃO VERIFICAÇÃO — ANULAÇÃO — INADMISSIBILIDADE. MULTA — IMPOSIÇÃO — PROPORCIONALIDADE — OBSERVÂNCIA. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS — MAJORAÇÃO — POSSIBILIDADE — ARTIGO 85, § 11, DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. O entendimento do Superior Tribunal de Justiça é no sentido de que “com a vigência da Lei n. 14.112/2020, o deferimento do pedido de recuperação judicial não suspende ou impede o prosseguimento da execução fiscal” (STJ, Segunda Seção, AgInt no CC n. 181 .379/PE, relator Ministro Paulo de Tarso Sanseverino, publicado no Diário da Justiça Eletrônico em 17 de junho de 2022). Verificada a prática lesiva ao Código de Defesa do Consumidor, por meio de processo administrativo, observado o devido processo legal, com a garantia da ampla defesa e do contraditório, a aplicação de multa está no âmbito do poder discricionário da Administração. Não se pode acoimar de ilegal ou abusiva a multa aplicada pelo órgão de defesa do consumidor quando atender fielmente ao disposto nos artigos 56, I, e 57, cabeça, do Código de Defesa do Consumidor. Na hipótese de não provimento do recurso, possível a majoração dos honorários advocatícios fixados na sentença, a teor do artigo 85, § 11, do Código de Processo Civil. Recurso não provido. (TJ-MT - APELAÇÃO CÍVEL: 1000726-62.2023.8 .11.0003, Relator.: LUIZ OCTAVIO OLIVEIRA SABOIA RIBEIRO, Data de Julgamento: 30/04/2024, Segunda Câmara de Direito Público e Coletivo, Data de Publicação: 14/05/2024) AGRAVO INTERNO NO CONFLITO DE COMPETÊNCIA. EXECUÇÃO FISCAL AJUIZADA EM FACE DE EMPRESA EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL. CONSTRIÇÃO DE BENS ORDENADA PELO JUÍZO DA DEMANDA EXECUTIVA. INTERPRETAÇÃO DO ART . 6º, § 7º-B, DA LEI 11.101/2005, INTRODUZIDO PELA LEI 14.112/2020. CONFIGURAÇÃO DO CONFLITO QUE PRESSUPÕE A EFETIVA OPOSIÇÃO DO JUÍZO DA EXECUÇÃO FISCAL À DELIBERAÇÃO DO JUÍZO RECUPERACIONAL ACERCA DO ATO CONSTRITIVO . PRECEDENTE ESPECÍFICO DA SEGUNDA SEÇÃO DO STJ. NÃO OCORRÊNCIA. DECISÃO MANTIDA. 1 . Com a vigência da Lei n. 14.112/2020, o deferimento do pedido de recuperação judicial não suspende ou impede o prosseguimento da execução fiscal, porém os atos de constrição e disposição direcionados ao patrimônio da recuperanda sujeitam-se ao controle do Juízo da recuperação. 2 . A Segunda Seção do STJ firmou orientação no sentido de que somente estará configurado o conflito de competência caso seja efetiva a constrição de algum bem da recuperanda pelo Juízo da execução e o Juízo universal, sendo noticiado dessa circunstância, reconheça, por decisão, a essencialidade de tal ativo à manutenção da atividade empresarial durante o curso do processo de soerguimento e, determinando ele a substituição do bem, encontre oposição ou resistência do Juízo da demanda executiva. ( CC 181.190/AC, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, julgado em 30/11/2021, DJe 07/12/2021) . 3. No caso, o pequeno valor constrito foi desbloqueado pelo juízo executivo. Não efetivada a constrição, o juízo da recuperação judicial não se pronunciou sobre o ato, nem, consequentemente, há qualquer objeção do juízo da execução fiscal. 4 . AGRAVO INTERNO DESPROVIDO. STJ - AgInt no CC: 181379 PE 2021/0233077-2, Data de Julgamento: 14/06/2022, S2 - SEGUNDA SEÇÃO, Data de Publicação: DJe 17/06/2022) 2 – Da nulidade da CDA Não se verifica qualquer ilegalidade na Certidão de Dívida Ativa objeto da presente demanda, uma vez que Certidão de Dívida Ativa traz os requisitos exigidos no art. 2º, § 5º da LEF, combinados com o art. 202 do Código Tributário Nacional, quais sejam: identificação do sujeito passivo, origem do crédito, valor atualizado, data da inscrição e número do processo administrativo. Tais elementos conferem à CDA presunção de certeza e liquidez, cabendo ao embargante o ônus de elidir essa presunção mediante prova robusta (art. 373, II, do CPC): Art. 373. O ônus da prova incumbe: I - ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. No caso concreto, a embargante limita-se a alegar, de forma genérica, que o processo administrativo estaria eivado de vícios e que a atuação do PROCON teria sido “rasa e falha”. Contudo, não traz qualquer documento ou elemento técnico capaz de demonstrar nulidade, cerceamento de defesa ou ausência de contraditório, tampouco impugna o mérito da autuação. A jurisprudência pacífica dos tribunais superiores é clara ao afirmar que alegações genéricas de nulidade no processo administrativo não têm o condão de desconstituir a CDA. Nesse sentido, o E. Tribunal de Justiça de Mato Grosso se manifesta: APELAÇÃO CÍVEL - EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL – ITBI NÃO RECOLHIDO – INCIDÊNCIA DE MULTA – PROCESSO ADMINISTRATIVO - ALEGAÇÃO DE VIOLAÇÃO AOS PRINCÍPIOS DO CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA – NOTIFICAÇÃO DO AUTO DE INFRAÇÃO – PRAZO PARA DEFESA – INÉRCIA DO CONTRIBUINTE - NULIDADE AFASTADA - CDA QUE PREENCHE TODOS OS REQUSITOS PRECONIZADOS PELA LEI FEDERAL 6.830 /80 - PRESUNÇÃO DE LIQUIDEZ E CERTEZA – NÃO AFASTADA - RECURSO PROVIDO. 1. Comprovada a notificação do contribuinte, tendo sido oportunizado o exercício do direito de defesa, não é de se reconhecer a nulidade da CDA . 2. A Certidão de Dívida Ativa goza da presunção de certeza e liquidez, somente podendo ser ilidida por prova inequívoca, a cargo do executado ou terceiro ou a quem aproveite (art. 3º e seu parágrafo , da Lei n. 6 .830 /80; e art. 204 e seu parágrafo, do Código Tributário Nacional) (TJ-MT - APL: 00086615220068110041 MT, Relator.: MARIA EROTIDES KNEIP, Data de Julgamento: 02/07/2013, PRIMEIRA CÂMARA DE DIREITO PÚBLICO E COLETIVO, Data de Publicação: 11/07/2014) 3 – Do valor da multa No tocante ao valor da multa inscrita em dívida ativa, observa-se que este foi estabelecido com fundamento no poder de polícia do PROCON Municipal, exercido dentro dos limites legais e regulamentares previstos no Código de Defesa do Consumidor (Lei 8.078/1990) e na legislação municipal pertinente. O montante atribuído à penalidade observa os critérios de razoabilidade, proporcionalidade e gravidade da infração, considerando a reincidência da conduta, o porte econômico da empresa infratora e o impacto causado aos consumidores, nos termos do art. 57 do CDC, não tendo a embargante apresentado qualquer prova de arbitrariedade, excesso ou ilegalidade no cálculo ou na fixação da sanção. Assim, presume-se legítimo e proporcional o valor cobrado, cuja exigibilidade foi formalmente consolidada após regular trâmite administrativo. É como se manifesta o TJMT: AGRAVO INTERNO – DECISÃO MONOCRÁTICA QUE NEGOU PROVIMENTO AO RECURSO DE APELAÇÃO – EMBARGOS À EXECUÇÃO – MULTA PROCON – NÃO OFENSA AO PRINCÍPIO DA RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE – PENALIDADE EM CONFORMIDADE COM O CDC - DECISÃO MANTIDA - RECURSO NÃO PROVIDO. 1. A atuação do Poder Judiciário sobre as decisões administrativas limita-se à apreciação de sua legalidade ou não. A multa imposta decorre do poder de polícia exercido pelo órgão administrativo face ao descumprimento à legislação consumerista, conforme preceitua o Código de Defesa do Consumidor . 2. O PROCON, ao fixar a multa, deve considerar a gravidade da infração cometida, a extensão do dano e a condição econômica do fornecedor, em consonância com os arts. 56, I e 57 do Código de Defesa do Consumidor, os arts. 18, I e 24 ao 28 do Decreto Federal nº 2 .181/97 e o art. 11 do Decreto Estadual nº 3.571/04, bem como realizar a individualização da sanção administrativa em obediência aos princípios da razoabilidade e proporcionalidade. 3 . Recurso não provido. (TJ-MT - AGRAVO REGIMENTAL CÍVEL: 10090453620228110041, Relator.: MARIA APARECIDA RIBEIRO, Data de Julgamento: 09/10/2024, Primeira Câmara de Direito Público e Coletivo, Data de Publicação: 17/10/2024) Registra-se, ainda que, em observância ao Princípio da Separação dos Poderes e à luz da jurisprudência emanada pelo Supremo Tribunal Federal, somente se admite a atuação do Poder Judiciário no controle de atos administrativos, quando tais atos forem ilegais ou abusivos, o que não se verifica no presente caso. Faz-se mister ressaltar que a certidão de dívida ativa goza de presunção de certeza e legitimidade, e, ainda, que cabe a parte embargante comprovar fatos capazes de desconstituir a exigibilidade do título executivo. Tal ônus decorre do artigo 204 do Código Tributário Nacional, de teor semelhante ao do artigo 3º da Lei nº 6.830/1980: Art. 204. A dívida regularmente inscrita goza da presunção de certeza e liquidez e tem o efeito de prova pré-constituída. Portanto, incumbe a embargante, e não à Fazenda Pública, elidir a presunção de liquidez e certeza de que goza a certidão de dívida ativa. Na espécie, o embargante além de não se desincumbir do disposto no artigo 373, I, do CPC, apenas se limita em reforçar os argumentos quanto a nulidade do título executivo, ocorrência esta já superada em sede de rejeição às preliminares apontadas. Pelo exposto, JULGO IMPROCEDENTE, com resolução de mérito, os pleitos da presente Ação de Embargos à Execução Fiscal proposta por OI S.A, nos termos do artigo 487, inciso I, do CPC. Custas processuais quitadas previamente. Condeno a parte embargante ao pagamento dos honorários sucumbências que fixo em 10% (dez por cento) sobre o valor da causa, nos termos dos artigos 85, §2º, do Código de Processo Civil. Traslade-se para os autos da Execução Fiscal nº. 1005937-09.2016.8.11.0041 cópia da sentença prolatada neste feito. Esta sentença não está sujeita a reexame necessário porque não se amolda a nenhuma das hipóteses versadas no artigo 496 do CPC. Decorrido o prazo recursal, certifiquem-se o trânsito em julgado e arquivem-se os autos com as baixas e anotações de estilo. Publique-se. Intime-se. Cumpra-se. Cuiabá/MT, data registrada no sistema. Amini Haddad Campos Juíza de Direito

Conteúdo completo bloqueado

Desbloquear

Christiane Lucette Genoud Faure Mirland e outros x Antonio Beloni Triches Filho e outros

ID: 261482561

Tribunal: TJMT Órgão: VARA ÚNICA DE TAPURAH Classe: PROCEDIMENTO COMUM CíVEL Nº Processo: 1000726-38.2023.8.11.0108

Data de Disponibilização: 28/04/2025

Polo Ativo:

CHRISTIANE LUCETTE GENOUD FAURE MIRLAND JOHNNY DE SOUZA NOLETO

Polo Passivo:

ANTONIO BELONI TRICHES FILHO ZENI TEREZINHA BRANCO TRICHES

Decisão

Advogados:

FABIANA PEREIRA DA SILVA NOLETO

OAB/MT XXXXXX Desbloquear

HUGO LEONARDO GARCIA DE AQUINO

OAB/MT XXXXXX Desbloquear

RONALDO CESARIO DA SILVA REGISTRADO(A) CIVILMENTE COMO RONALDO CESARIO DA SILVA

OAB/MT XXXXXX Desbloquear

JOHNNY DE SOUZA NOLETO

OAB/MT XXXXXX Desbloquear

ESTADO DE MATO GROSSO PODER JUDICIÁRIO COMARCA DE TAPURAH DECISÃO Classe: PROCEDIMENTO COMUM CÍVEL (7) Número: 1000726-38.2023.8.11.0108 Autor: CHRISTIANE LUCETTE GENOUD FAURE MIRLAND Réu: ZENI TEREZ… ESTADO DE MATO GROSSO PODER JUDICIÁRIO COMARCA DE TAPURAH DECISÃO Classe: PROCEDIMENTO COMUM CÍVEL (7) Número: 1000726-38.2023.8.11.0108 Autor: CHRISTIANE LUCETTE GENOUD FAURE MIRLAND Réu: ZENI TEREZINHA BRANCO TRICHES e outros Valor da Causa: 292000.0 Vistos. Cuida-se de ação Reivindicatória c/c pedido de tutela de urgência e Indenização por Dano Material e Moral, ajuizada por CHRISTIANE LUCETTE GENOUD FAURE em face de ZENI Terezinha Branco Triches e Antonio Beloni Triches Filho, com fundamento no direito de propriedade formalmente registrado em matrícula imobiliária. Partes qualificadas no feito. Encerrada a fase postulatória, os autos foram conclusos para saneamento. É o relato. Decido. Ante a arguição de preliminares, passo a enfrenta-las. Preliminares: Da preliminar de impugnação ao valor da causa: A impugnação ao valor atribuído à causa pela parte autora, assim, passo à sua análise desde já, por economia processual. A autora atribuiu à causa o valor de R$ 292.000,00. Os réus, em contestação (ID 133481878), impugnaram o valor da causa, argumentando que este não reflete corretamente o valor econômico da lide, especialmente em relação ao imóvel objeto da controvérsia. De acordo com os artigos 292, incisos I, V e VI, e 293 do Código de Processo Civil, o valor da causa deve corresponder ao conteúdo econômico da demanda, de forma justa e proporcional. No presente caso, analisando os documentos acostados aos autos, especialmente as matrículas, laudos de avaliação, VTN (Valor da Terra Nua) e elementos mercadológicos apresentados, verifica-se que o valor atribuído extrapola os parâmetros razoáveis para o bem imóvel objeto da demanda. A jurisprudência é firme no sentido de que, em ações possessórias e reivindicatórias, o valor da causa deve corresponder ao valor do bem em disputa, ainda que não haja proveito econômico imediato, conforme entendimento consolidado no âmbito do Tribunal de Justiça de Mato Grosso: DIREITO PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. EMBARGOS DE TERCEIRO. RETIFICAÇÃO DO VALOR DA CAUSA E INDEFERIMENTO DE TUTELA DE URGÊNCIA . SUSPENSÃO DO CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. MANUTENÇÃO DA EMBARGANTE NA POSSE DO IMÓVEL. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS DO ART. 300 DO CPC . RECURSO DESPROVIDO. I. Caso em exame Recurso de Agravo de Instrumento interposto contra decisão que indeferiu o pedido liminar para suspender o cumprimento de sentença e manter provisoriamente a embargante na posse de imóvel, alterando também o valor da causa para refletir o valor econômico do bem em discussão. II . Questão em discussão 2. A controvérsia envolve a verificação da presença dos requisitos do art. 300 do CPC para a concessão de tutela de urgência, que inclui a probabilidade do direito e o perigo de dano; e a adequação do valor da causa ao valor patrimonial do imóvel objeto do litígio. III . Razões de decidir 3. Observa-se que o valor da causa deve corresponder ao proveito econômico pretendido, e, portanto, a retificação pelo juízo de origem está de acordo com a jurisprudência do STJ, que estabelece tal critério para ações possessórias, mesmo sem proveito econômico imediato. 4. No que tange ao pedido de suspensão da execução e manutenção da posse, restou não configurada a probabilidade do direito . A embargante não apresentou elementos inequívocos que comprovem a posse ou domínio sobre o imóvel, e, ademais, o agravado já havia sido imitido na posse anteriormente, fato que enfraquece as alegações da embargante quanto à verossimilhança do direito arguido. IV. Dispositivo e tese 5. Agravo de Instrumento conhecido e desprovido . Tese de julgamento: "O valor da causa em ações possessórias deve corresponder ao valor patrimonial do bem, independentemente de proveito econômico imediato, e a tutela de urgência exige prova inequívoca do direito alegado." (TJ-MT - AGRAVO DE INSTRUMENTO: 10118017320248110000, Relator.: TATIANE COLOMBO, Data de Julgamento: 23/10/2024, Segunda Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 22/11/2024). No mesmo sentido perfilha o Superior Tribunal de justiça: AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL - AGRAVO DE INSTRUMENTO - DECISÃO MONOCRÁTICA QUE NEGOU PROVIMENTO AO RECLAMO. INSURGÊNCIA RECURSAL DOS AGRAVANTES. 1. Não há se falar em negativa de prestação jurisdicional, na medida em que o órgão julgador dirimiu todas as questões que lhe foram postas à apreciação, de forma clara e sem omissões, embora não tenha acolhido a pretensão da parte. 2. Nos termos da jurisprudência do STJ, nas ações possessórias, ainda que a pretensão formulada na demanda não tenha imediato proveito econômico, o valor da causa deve corresponder ao benefício patrimonial pretendido pelo autor. Incidência da Súmula 83 do STJ. 3. Agravo interno desprovido”. (STJ, AgInt no AREsp n. 2.132.631/MS, relator Ministro Marco Buzzi, Quarta Turma, julgado em 28/11/2022, DJe de 2/12/2022.) AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE CUMULADA COM PEDIDO DE PERDAS E DANOS. VALOR DA CAUSA. BENEFÍCIO PATRIMONIAL PRETENDIDO. SÚMULA 83 DO STJ. AGRAVO INTERNO NÃO PROVIDO. 1. Nos termos da jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, ainda que não vislumbrado proveito econômico imediato, o valor da causa nas ações possessórias deve corresponder ao benefício patrimonial pretendido pelo autor. 2. No caso, o valor da causa foi fixado pelas instâncias ordinárias em montante correspondente ao valor do contrato cujo inadimplemento deu origem à ação de reintegração de posse, acrescido da verba indenizatória pleiteada na inicial, em consonância, portanto, com o entendimento desta Corte. Incidência da Súmula 83/STJ. 3. Agravo interno a que se nega provimento."(STJ, AgInt no AREsp 512.286/SP, Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, QUARTA TURMA, julgado em 13/08/2019, DJe 27/08/2019.) Diante disso, com fundamento no art. 293 do CPC, acolho a preliminar arguida pelos réus para determinar o valor da causa para R 2.155.539,72 (dois milhões e cento e cinquenta cinco mil reais e setenta e dois centavos), correspondente ao valor do imóvel objeto da ação. Nesse passo, determino que se proceda a correção do valor da causa no sistema PJE e, após, abro prazo de 15 dias, para a parte autora recolher as custas remanescentes, sob pena de cancelamento da distribuição. Da preliminar de falta de caução ou de outra prestação que– requerente estrangeira e residente do exterior: Nos termos do art. 83 do Código de Processo Civil, a parte autora domiciliada no exterior, salvo disposição em tratado internacional ou concessão de gratuidade de justiça, deve prestar caução suficiente ao pagamento das custas e honorários advocatícios decorrentes da demanda. No caso em tela, restou incontroverso que a autora é estrangeira e reside no exterior. E, nestes autos, não lhe fora concedida a justiça gratuita, de modo que a ausência de prestação específica da caução nos moldes do art. 83 do CPC não foi suprida. Todavia, o Decreto n. 8.343/2014 promulgou a Convenção sobre o Acesso Internacional à Justiça, firmada em Haia em 5 de outubro de 1961, da qual a França é signatária, afasta a exigência de caução. Assim, considerando que a autora é nacional da França, país signatário da referida Convenção, inexiste a obrigação de prestação de caução, razão pela qual rejeito a preliminar. Da preliminar de ilegitimidade ativa – litisconsórcio: A legitimidade ad causam ativa decorre da titularidade do direito material discutido. A autora apresentou certidão de cadeia dominial (ID 120595899) em que consta registro de propriedade conjunta (com o falecido esposo). Portanto, o espólio do falecido, embora seja titular da outra metade ideal, não impede que a coproprietária exerça, isoladamente, defesa do seu domínio e da posse correspondente, sobretudo para proteger sua quota ideal, O artigo 1.314, do Código Civil, autoriza a cada condômino a defesa da posse do bem comum. Rejeito a preliminar de ilegitimidade ativa. Da preliminar de ilegitimidade passiva: Quanto à alegação de ilegitimidade passiva do requerido Antônio Beloni Triches Filho, não merece acolhimento. A autora atribui a ele a posse do imóvel ou, ao menos, sua participação nos atos possessórios. Embora o espólio do falecido coproprietário figure como titular da fração ideal do imóvel, verifica-se dos documentos acostados e da narrativa da inicial que quem efetivamente exerce a posse sobre o imóvel litigioso é Antônio Beloni Triches Filho, e não o espólio. Em ações possessórias ou reivindicatórias, é parte legítima para figurar no polo passivo aquele que exerce, de fato, atos de posse, detenção ou esbulho, independentemente de eventual relação formal com o registro imobiliário. Conforme jurisprudência consolidada: AGRAVO DE INSTRUMENTO – AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE – ILEGITIMIDADE PASSIVA – EXCLUSÃO DO PÓLO PASSIVO – DECISÃO MANTIDA – RECURSO DESPROVIDO. Nos termos do art. 338 do CPC/2015, a legitimidade passiva, em ações possessórias, recai apenas sobre aquele que exerce a posse no momento do esbulho, ainda que tenha anteriormente participado da cadeia dominial. O agravado já havia transferido a posse do imóvel ao corréu antes da propositura da demanda, afastando a sua legitimidade passiva. (TJ-MT - AGRAVO DE INSTRUMENTO: 10218706720248110000, Relator.: ANTONIA SIQUEIRA GONCALVES, Data de Julgamento: 09/10/2024, Terceira Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 14/10/2024). Portanto, rejeito a preliminar de ilegitimidade passiva, reconhecendo que Antônio Beloni Triches Filho é parte legítima para responder a presente ação, em razão da posse direta exercida. Da preliminar falta de interesse processual: A preliminar de ausência de interesse processual não merece acolhida. Nos termos do art. 17 do Código de Processo Civil, o interesse de agir decorre da necessidade da tutela jurisdicional e da utilidade do provimento requerido. Na ação reivindicatória, os requisitos para o ajuizamento da demanda são: propriedade da coisa; posse injusta exercida por terceiro; demonstração da necessidade da intervenção judicial para reaver o bem. No caso em tela, a autora trouxe aos autos a certidão de cadeia dominial do imóvel (ID 120595899), comprovando sua propriedade. Ademais, alegou e descreveu fatos que indicam que os réus passaram a exercer posse sobre o bem sem autorização do proprietário, configurando, em tese, posse injusta nos termos do art. 1.228, caput, do Código Civil. Importante destacar que: a verificação definitiva acerca da caracterização da posse injusta é matéria de mérito, dependente da instrução probatória. O exame da existência ou não da posse injusta dos réus demanda dilação probatória, sendo, portanto, incabível sua análise sob o crivo de preliminar de interesse de agir. Portanto, com ele será analisa. Da preliminar de prescrição aquisitiva e exceção de usucapião: A alegação de prescrição aquisitiva e a exceção de usucapião, suscitadas na contestação, não configuram matéria preliminar a ser apreciada em sede de extinção do feito sem resolução de mérito. Trata-se de típica matéria de mérito, pois atinge diretamente a existência do direito material discutido — o direito de propriedade da autora —, sendo necessária a produção de provas e o exame exauriente da relação de direito substancial entre as partes. A jurisprudência é pacífica nesse sentido: APELAÇÃO CÍVEL – AÇÃO REIVINDICATÓRIA JULGADA IMPROCEDENTE – USUCAPIÃO EXTRAORDINÁRIA - EXCEÇÃO ARGUIDA EM DEFESA – ACOLHIMENTO – EXERCÍCIO DE POSSE PELA REQUERIDA COM ANIMUS DOMINI POR MAIS DE QUINZE ANOS – ARTIGO 1. 238, CAPUT, DO CC– SENTENÇA MANTIDA – RECURSO DESPROVIDO. A ação reivindicatória é meio judicial disponível ao proprietário não possuidor para retomar a coisa que se encontra injustamente em poder de outrem. Para efeitos da ação reivindicatória, a posse injusta é aquela exercida divorciada do título de propriedade ou de contrato que autorize a posse sobre a coisa . É possível a arguição da usucapião como matéria de contestação, sendo reconhecida caso comprovados os requisitos necessários para tanto. Se há prova suficiente de que a apelada detém a posse da área litigiosa por mais de 15 (quinze) anos, sem oposição e com animus domini, não há como classificar como injusta a sua posse, porque presentes os pressupostos necessários para a configuração da usucapião extraordinária (art. 1.238, caput, do CC/02) . A usucapião pode ser alegada como matéria de defesa em ação reivindicatória apenas com o intuito único e exclusivo de afastar a pretensão possessória, porque a prescrição aquisitiva, para fins de registro imobiliário, não pode ser reconhecida em outro procedimento que não seja a própria ação de usucapião, a qual possui rito próprio. (TJ-MT 00546930320158110041 MT, Relator.: GUIOMAR TEODORO BORGES, Data de Julgamento: 06/04/2022, Quarta Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 07/04/2022) Saneamento do feito: Verifico que não há outras questões processuais pendentes de apreciação. As partes estão regularmente representadas, e não se vislumbra qualquer nulidade ou irregularidade que obste o regular prosseguimento do feito. Dessa forma, declaro o processo saneado, nos termos do art. 357 do CPC. Fixação dos pontos controvertidos: Superadas as preliminares, passo à organização do processo, conforme previsto no art. 357 do CPC. São fixados os seguintes pontos controvertidos: I. Se os réus praticaram esbulho possessório sobre o imóvel descrito na matrícula n.º 22.475, de titularidade da autora. II. A extensão dos danos materiais e morais alegadamente sofridos pela autora em decorrência da invasão. III. Se os réus exercem posse de forma mansa, pacífica e com animus domini, preenchendo os requisitos da usucapião, aptos a afastar o direito de propriedade da autora. Ônus da prova: Nos termos do art. 373, II, do CPC: Compete à parte autora comprovar: A sua propriedade sobre o imóvel litigioso; A posse injusta exercida pelos réus; A ocorrência e extensão dos danos materiais e morais. Compete ao réu comprovar: Provar fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito da autora; Demonstrar eventual posse regular ou justo título sobre o imóvel; Impugnar a existência dos danos alegados. Produção de provas: Defiro a produção prova documental, além das já anexadas aos autos. Considerando os fatos controvertidos e a necessidade de elucidação das circunstâncias materiais do caso, defiro a produção de prova testemunhal requerida pelas partes. Designo a audiência de instrução e julgamento para o dia 02/10/2025, às 16h, a ser realizada presencialmente ou por meio de videoconferência. As testemunhas deverão ser ao máximo de três para a prova de cada fato (§6º,Art. 357, CPC). Somente será admitida a inquirição de testemunhas em quantidade superior na hipótese de justificada imprescindibilidade e se necessária para a prova de fatos distintos. Além disso, advirto que, na audiência de instrução não serão admitidas discussões sobre questões de direito, bem como aquelas cuja prova exclusivamente documental já tenha sido juntada aos autos, conforme a jurisprudência consolidada dos Tribunais Superiores, a audiência de instrução deve se restringir à produção de prova oral destinada ao esclarecimento dos fatos controvertidos, não sendo admitida sua utilização como instrumento para procrastinação do feito ou para a repetição de provas já exaustivamente documentadas nos autos. Intimem-se, encaminhando-se link de acesso à sala de audiência virtual. Link: http://tiny.cc/forumtapurah ou https://teams.microsoft.com/l/meetup-join/19:meeting_MTZkMzI2OTMtMmJjZi00MzFhLWFlZmYtOTY4NTViNTBjNzJh@thread.v2/0?context=%7B%22Tid%22:%2246086911-b195-4f2c-b6ca-07943c0e1aca%22,%22Oid%22:%225ddeaf56-a90c-41ea-b90c-723bd6e355ee%22%7D. Todavia, considerando que a fase instrutória do presente feito ainda não se encerrou e com fulcro no artigo 370 do Código de Processo Civil, que confere ao magistrado ampla liberdade na condução da instrução probatória, determino a abertura de prazo para que as partes especifiquem as provas que pretendem produzir, justificando sua pertinência e necessidade para o deslinde da controvérsia. Por outro lado e na linha da contratualização do processo, faculto as partes indicarem, no prazo de 15 (quinze) dias, delimitação consensual das questões de fato e de direito para homologação judicial (art. 357, § 2.ºdo CPC) sendo certo, porém, que o consenso entre as partes não afasta a possibilidade desta magistrada determinar prova diversa daquela acordada, a fim de sanar a controvérsia. Pelo exposto, faculto as partes, no prazo de 15 dias, apresentem a relação de testemunhas, indicando expressamente: a) A qual ponto controvertido a testemunha se refere; b) A relevância do depoimento para o esclarecimento da controvérsia. A justificativa é essencial para que o juízo possa avaliar a pertinência da prova (CPC, art. 370, parágrafo único) e sua ausência poderá acarretar o indeferimento e, sendo o caso, o julgamento antecipado do mérito. Admoesto que o silêncio ou a ausência de justificativa acerca da relevância das provas poderá ser interpretado como renúncia ao direito de produzi-las, com o consequente julgamento do feito no estado em que se encontra. Findo o prazo legal, a decisão torna-se estável e seu conteúdo só poderá ser objeto de novo debate no juízo superior (art. 357, § 1 CPC). Após, retornem os autos conclusos para deliberação acerca da designação da audiência de instrução. Intime-se. Cumpra-se, expedindo-se o necessário. Tapurah-MT, data registrada pelo sistema PJe. PATRICIA BEDIN Juíza Substituta

Conteúdo completo bloqueado

Desbloquear

Encontrou 57 resultados. Faça login para ver detalhes completos e mais informações.

Fazer Login para Ver Detalhes