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Processo nº 7004773-19.2024.8.22.0008

ID: 339038478

Tribunal: TJRO Órgão: Espigão do Oeste - 1ª Vara Genérica Classe: AçãO PENAL - PROCEDIMENTO ORDINáRIO Nº Processo: 7004773-19.2024.8.22.0008

Data de Disponibilização: 31/07/2025

Polo Ativo:

Polo Passivo:

RODRIGO BERTOLINO DE OLIVEIRA

Intimação

Advogados:

INES DA CONSOLACAO COGO

OAB/RO XXXXXX Desbloquear

JOSE EDUARDO COGO FILHO

OAB/RO XXXXXX Desbloquear

PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DE RONDÔNIA Tribunal de Justiça de Rondônia Espigão do Oeste - 1ª Vara Genérica Rua Vale Formoso, nº 1954, Bairro Centro, CEP 76974-000, ESPIGÃO D'OESTE 7004773-19.2024.8.2… PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DE RONDÔNIA Tribunal de Justiça de Rondônia Espigão do Oeste - 1ª Vara Genérica Rua Vale Formoso, nº 1954, Bairro Centro, CEP 76974-000, ESPIGÃO D'OESTE 7004773-19.2024.8.22.0008 AUTORIDADES: PCRO - Espigão do Oeste - 1ª Delegacia de Polícia Civil, , - DE 1752/1753 A 2026/2027 - 76801-030 - PORTO VELHO - RONDÔNIA, MPRO - Ministério Público do Estado de Rondônia, - 76880-000 - BURITIS - RONDÔNIA ADVOGADOS DOS AUTORIDADES: PCRO - POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DE RONDONIA, MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE RONDÔNIA REU: RODRIGO BERTOLINO DE OLIVEIRA, CPF nº 03062006277, OUTROS BOM JESUS 3296 - 76974-000 - ESPIGÃO D'OESTE - RONDÔNIA ADVOGADOS DO REU: JOSE EDUARDO COGO FILHO, OAB nº RO14624, INES DA CONSOLACAO COGO, OAB nº RO3412 SENTENÇA I - RELATÓRIO O Ministério Público do Estado de Rondônia ofereceu denúncia em face de RODRIGO BERTOLINO DE OLIVEIRA imputando-lhe a prática das condutas previstas nos art. 129, §13º (1º fato), art. 147, § 1° (2º fato), art. 140, §2º (3º fato), art. 147-B (4º fato), na forma do art. 69, todos do Código Penal e com incidência da Lei 11.340/2006. Narra a denúncia Id. 115229974 que: "1º FATO - LESÃO CORPORAL (art. 129, § 13°): No dia 15 de dezembro de 2024, pela manhã, na Rua dos Pássaros, 2252, bairro Jorge Teixeira, em Espigão do Oeste/RO, o denunciado RODRIGO BERTOLINO DE OLIVEIRA, com consciência e vontade, ciente da ilicitude e reprovabilidade de sua conduta e prevalecendo-se de relações domésticas, por razões do sexo feminino, ofendeu a integridade corporal da vítima A.C.S., sua ex-companheira, causando-lhe as lesões descritas no Laudo de Exame de Corpo de Delito (ID 115013396 – fl. 24). 2º FATO - AMEAÇA POR RAZÕES DA CONDIÇÃO DO SEXO FEMININO (art. 147, § 1°): Nas mesmas circunstância de tempo e lugar do primeiro fato, o denunciado RODRIGO BERTOLINO DE OLIVEIRA, com consciência e vontade, ciente da ilicitude e reprovabilidade de sua conduta, prevalecendo-se de relações domésticas, por razões do sexo feminino, ameaçou A.C.S., sua ex-companheira, de causar-lhe mal injusto e grave. 3º FATO – INJÚRIA (art. 140, §2º): Nas mesmas circunstância de tempo e lugar do primeiro e segundo fatos, o denunciado RODRIGO BERTOLINO DE OLIVEIRA, com consciência e vontade, ciente da ilicitude e reprovabilidade de sua conduta e prevalecendo-se de relações domésticas, injuriou a vítima A.C.S., sua ex-companheira, ofendendo-lhe a dignidade e o decoro, consistindo a injúria na utilização de violência que, por sua natureza, é considerada aviltante. [...] 4º FATO – VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA CONTRA A MULHER (artigo 147-B do Código Penal): Durante a constância do relacionamento, em diversos dias, locais e horários, e também, especificamente, no dia 15 de dezembro de 2024, pela manhã, na Rua dos Pássaros, 2252, bairro Jorge Teixeira, em Espigão do Oeste/RO, o denunciado RODRIGO BERTOLINO DE OLIVEIRA, com consciência e vontade, ciente da ilicitude e reprovabilidade de sua conduta e prevalecendo-se de relações domésticas, causou dano emocional à vítima A.C.S., sua companheira, prejudicando e perturbando seu pleno desenvolvimento e visando a degradar e controlar suas ações, comportamentos e decisões, mediante ameaças, constrangimentos, humilhações, causando prejuízo à sua saúde psicológica e autodeterminação. [...]" O Inquérito Policial foi instaurado através de auto de prisão em flagrante. A prisão foi convertida em preventiva na ocasião da audiência de custódia (Id. 115097807). A denúncia foi recebida em 21/12/2024 através da decisão Id. 115276466, ocasião em que foi concedida liberdade provisória ao acusado. O denunciado foi pessoalmente citado (Id. 115278913), tendo apresentado resposta à acusação por intermédio de defensor constituído (Id. 115289751). Passou-se a instrução, ocasião em que foram ouvidas as testemunhas arroladas pelas partes e realizado o interrogatório do réu (Id. 120559780). Finalizada a instrução, as partes apresentaram as derradeiras alegações por memoriais (Id. 121008530 e 121476790). É o necessário relatório. II - FUNDAMENTAÇÃO a) Do mérito O processo tramitou em conformidade com as normas processuais e respeitou os princípios fundamentais do Direito, assegurando ao acusado o pleno exercício do contraditório e da ampla defesa. Não havendo preliminares a serem apreciadas ou nulidades a serem declaradas, passo à análise do mérito. Após detida análise dos autos, em um juízo de cognição exauriente, concluo pela parcial procedência da ação penal. A materialidade delitiva restou devidamente demonstrada pelo auto de prisão em flagrante, pelo boletim de ocorrência policial nº 214120/2024, pelo laudo de exame de corpo de delito (Id. 115013396, fls. 24), pelas imagens juntadas aos autos (Id. 120719661, fls. 1/4), bem como pelos depoimentos colhidos na fase inquisitorial e judicial. No tocante à autoria delitiva, esta restou igualmente comprovada de forma robusta. A vítima A.C.S. confirmou ter reatado relacionamento com o réu dias antes dos fatos. Relatou que, após discussão motivada por ciúmes mútuos, houve agressão física bilateral. Afirmou que o réu a segurou e apertou seu braço, momento em que revidou com tapas e chutes. Admitiu que ambos estavam alterados e que foram proferidas ofensas verbais, como o xingamento “vagabunda”, proferido pelo acusado. A informante Rosilene Maroa de Souza, genitora da vítima, declarou ter presenciado o réu desferindo tapas na filha, que estava deitada no sofá, enquanto esta revidava com chutes. Confirmou também os xingamentos mútuos e a presença de marcas visíveis no corpo da vítima após a agressão. A testemunha John Kennedy Conte, policial militar, afirmou que a vítima relatou ter sido agredida com socos e puxões de cabelo, além de ameaçada de morte, e que o réu danificou o portão da residência. Semelhantemente, a testemunha Éder César Mercado Ferreira, policial militar, confirmou que a vítima lhe relatou agressões com puxões de cabelo e socos, e que a situação envolvia relacionamento conturbado com separações e reconciliações. As testemunhas Edilson Viana de Assis e Welt Lázaro Ferreira relataram que não presenciaram os fatos. A testemunha Madalena Gotardo Adame, médica, confirmou a autoria do laudo de exame de corpo de delito juntado aos autos. O réu Rodrigo Bertolino de Oliveira, em interrogatório, negou ter iniciado a agressão, atribuindo à vítima o primeiro ato ofensivo. Afirmou que apenas se defendeu, negando ameaças ou controle psicológico. A análise das provas orais revela que o acusado foi, de fato, o autor da agressão que resultou na lesão corporal na vítima, sinalizado no laudo de exame de corpo delito juntado aos autos, visível também nas imagens juntadas aos autos. O próprio acusado confessou parcialmente o fato, alegando que atingiu a vítima em legítima defesa, no mesmo sentido que havia relatado anteriormente perante a autoridade policial (Id. 115013396, fls. 8/9). No caso, ainda que a vítima tenha buscado relativizar os fatos em juízo (comportamento comumente verificado em crimes deste jaez) suas declarações estão em consonância com os depoimentos prestados por sua genitora e pelos policiais militares que atenderam à ocorrência. A dinâmica dos fatos, aliada à prova técnica e às imagens constantes nos autos (Id. 120719661, fls. 1/4), indicam que a agressão partiu inicialmente do réu, mesmo que tenha havido algum grau de revide pela vítima. O relato da genitora da vítima é especialmente relevante, por ter presenciado os fatos mais graves. A informante foi clara ao afirmar que o réu desferiu tapas na filha quando esta já estava deitada no sofá, sendo necessário intervir para cessar as agressões. Não se sustenta a tese de legítima defesa, pois a suposta agressão inicial da vítima não foi desproporcional ou injusta a ponto de justificar os atos praticados pelo réu. Sequer há indicação de qualquer lesão corporal sofrida pelo acusado na data dos fatos, conforme pode ser visto no laudo juntado as fls. 25 do Id. 115013396. Além disso, o meio empregado, tapas e suposto impacto da cabeça da vítima contra a parede, é incompatível com a suposta legítima defesa. Dessarte, em relação ao primeiro fato, a ação é procedente. O mesmo não pode ser dito em relação aos demais fatos narrados na denúncia. No tocante ao crime de ameaça (2º fato), não há nos autos prova segura de que as supostas expressões proferidas pelo acusado tenham causado à vítima fundado temor de que o mal injusto e grave seria efetivamente concretizado, requisito indispensável à configuração do delito. A vítima, em juízo, minimizou os fatos e sequer confirmou ter se sentido intimidada ou temerosa, o que impede o reconhecimento da tipicidade da conduta. Ressalte-se que, nos termos da jurisprudência dos tribunais estaduais, a ameaça exige que o agente tenha incutido fundado receio na vítima, de maneira inequívoca, o que não restou demonstrado no caso concreto. Nesse sentido: Apelação criminal. Violência doméstica. Lesão corporal. Palavra da vítima . Laudo de lesão corporal. Excludente de ilicitude. Legítima defesa não configurada. Conjunto probatório harmônico . Absolvição. Dolo configurado. Inviabilidade. Ameaça . Ausência de temor da vítima. Absolvição. Possibilidade. Inviável a absolvição em razão da excludente de ilicitude da legítima defesa quando ausentes os requisitos, dentre eles a utilização moderada dos meios necessários . Nos crimes praticados no âmbito doméstico, a palavra da vítima tem relevante valor probatório para manter a condenação, sobretudo quando corroborada por outros elementos de convicção coletados nos autos. É possível absolver o agente do crime de ameaça quando a promessa de causar mal injusto e grave não for capaz de incutir temor na vítima. (Apelação, Processo nº 0001189-47.2016 .822.0007, Tribunal de Justiça do Estado de Rondônia, 1ª Câmara Criminal, Relator (a) do Acórdão: Des. José Jorge R. da Luz, Data de julgamento: 22/06/2017) (TJ-RO - Apelação: 00011894720168220007, Relator.: Desembargador José Jorge Ribeiro da Luz, Data de Julgamento: 22/06/2017, 1ª Câmara Criminal) APELAÇÃO CRIMINAL. AMEAÇA EM CONTEXTO DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA. AUSÊNCIA TEMOR OU INTIMIDAÇÃO. ABSOLVIÇÃO MANTIDA . Nos termos do art. 147, do Código Penal, e § 5º, da Lei Maria da Penha, o crime de ameaça em contexto de violência doméstica exige, para sua configuração, além da ameaça proferida pelo agente de causar mal injusto, grave e factível, o fundado temor. 2. Não havendo prova segura de que a vítima se sentiu efetivamente intimidada com a promessa de mal injusto, mostra-se imperiosa a manutenção da absolvição . APELAÇÃO CRIMINAL CONHECIDA E DESPROVIDA. (TJ-GO - Apelação Criminal: 56305718720228090043 FIRMINÓPOLIS, Relator.: Des(a). Alexandre Bizzotto, 4ª Câmara Criminal, Data de Publicação: (S/R) DJ) Apelação Criminal. Crime de ameaça. Art. 147 do CP . Sentença absolutória. Recurso ministerial. Atipicidade caracterizada. Hipótese fática em que o ofendido, indagado em Juízo sobre haver se sentido ameaçado com as palavras do algoz, declarou expressamente que não teve medo e caso o réu levantasse a mão, iria prontamente se defender . Para a configuração do delito previsto no artigo 147 do CP deve restar demonstrado que a ameaça foi efetivamente idônea e serviu para abalar a tranquilidade psíquica da vítima. Absolvição que se coaduna com a ausência de fundado temor. Sentença mantida. Recurso desprovido . (TJ-SP - Apelação Criminal: 1502196-05.2023.8.26 .0278 Itaquaquecetuba, Relator.: Waldir Calciolari - Colégio Recursal, Data de Julgamento: 11/03/2024, Turma Recursal Criminal, Data de Publicação: 11/03/2024) Quanto ao delito de injúria qualificada (3º fato), ainda que tenha havido ofensas durante a discussão, inclusive com a utilização de expressões ofensivas por parte do réu, como o termo “vagabunda”, o contexto no qual ocorreram, discussão acalorada entre ex-companheiros, em meio a situação de forte carga emocional, evidencia que tais palavras foram proferidas no calor dos ânimos, sem o dolo específico de humilhar ou menosprezar a dignidade da vítima. A jurisprudência tem relativizado a incidência do tipo penal de injúria nos casos em que a ofensa se dá em ambiente de tensão e reciprocidade, sem intencionalidade dolosa apta a caracterizar a tipicidade penal: APELAÇÃO CRIME - ART. 140, § 3º, C.C ART . 141, III, AMBOS DO CÓDIGO PENAL - IMPROCEDÊNCIA.APELAÇÃO. ASSISTENTE DE ACUSAÇÃO - PLEITO DE REFORMA DA SENTENÇA PARA CONDENAÇÃO DO ACUSADO - PLEITO NEGADO - AUSÊNCIA DE DOLO SUBJETIVO DO TIPO. OFENSAS PROFERIDAS NO CONTEXTO DE DISCUSSÃO ACALORADA COM TROCAS DE OFENSAS RECÍPROCAS - SENTENÇA ABSOLUTÓRIA MANTIDA - RECURSO DESPROVIDO .Não preenchimento do elemento subjetivo especial do tipo consistente no especial fim de injuriar, denegrir, macular, atingir a honra do ofendido. Ofensas que se deram no contexto de uma discussão acalorada, em que os envolvidos estavam com os ânimos exaltados e em que houve reciprocidade de ofensas. Apelação Crime nº 1.546 .705-72 (TJPR - 2ª C.Criminal - AC - 1546705-7 - Cascavel - Rel.: Luís Carlos Xavier - Unânime - - J. 02 .03.2017) (TJ-PR - APL: 15467057 PR 1546705-7 (Acórdão), Relator.: Luís Carlos Xavier, Data de Julgamento: 02/03/2017, 2ª Câmara Criminal, Data de Publicação: DJ: 1992 20/03/2017) Ademais, não há elementos suficientes para condenação pelo crime previsto no art. 147-B do Código Penal (4º fato). Ainda que a denúncia mencione episódios anteriores de agressão, a prova produzida não revela que o episódio de violência descrito foi isolado, não se demonstrando o dano emocional continuado nem a prática sistemática de atos de dominação ou controle que caracterizem violência psicológica. A própria vítima, em audiência, declarou não se sentir controlada pelo acusado, afirmando, inclusive, que ele contribui com os cuidados da filha comum. As respostas dadas no formulário de fatores de risco, embora relevantes, não têm força autônoma para fundamentar um decreto condenatório na ausência de outros elementos de corroboração. Com efeito, não se evidenciando a tipicidade material, impõe-se a absolvição quanto a esse ponto, com fundamento no art. 386, inciso VII, do Código de Processo Penal. Por fim, é importante pontuar que a alegação de que o acusado encontrava-se emocionalmente abalado em razão do falecimento de sua mãe, embora compreensível, não constitui causa excludente de ilicitude ou de culpabilidade. O sofrimento pessoal em hipótese alguma autoriza, ou sequer atenua, a prática de atos de violência, sobretudo contra sua ex-companheira e mãe de seu filho. Qualquer interpretação nesse sentido contrário seria uma verdadeiro menosprezo a vítima e sua condição de mulher. O acusado, em vez de agir com agressividade, deveria ter buscado ajuda especializada, e não despejar sua insatisfação sobre a vítima. b) Da fixação de valor mínimo indenizatório Nos termos do art. 387, IV, do Código de Processo Penal (CPP), é dever do Juiz fixar valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração, considerando os prejuízos sofridos pela vítima. O Tema 983 do Superior Tribunal de Justiça (STJ) consolidou o entendimento de que o juiz, ao proferir sentença condenatória, deve fixar valor mínimo indenizatório para a reparação dos danos morais sofridos pela vítima, em casos de violência doméstica, desde que haja haja pedido expresso do Ministério Público ou da parte ofendida. A fixação do valor mínimo indenizatório é medida necessária para garantir a efetiva reparação dos danos sofridos pela vítima, cumprindo o dever do Estado de proporcionar uma resposta adequada à violência doméstica e familiar. Atento a gravidade dos danos causados à vítima, bem como a extensão do sofrimento que lhe foi imposto, fixo o valor mínimo indenizatório em R$ 5.000,00 (cinco mil reais), a título de reparação dos danos morais. III - DISPOSITIVO Posto isso, JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTE a denúncia apresentada pelo Ministério Público a fim de: a) CONDENAR o denunciado RODRIGO BERTOLINO DE OLIVEIRA como incurso nas penas do artigo 129, §13º do Código Penal; b) ABSOLVER o denunciado RODRIGO BERTOLINO DE OLIVEIRA, em relação ao 2º, 3º e 4º fato, com fundamento no art. 386, VII do CPP. Passo à dosimetria da pena do condenado, seguindo as diretrizes dos artigos 59 e 68 do Código Penal e atento aos princípios da razoabilidade, da proporcionalidade e da individualização da pena, observando, ainda, o que é necessário e suficiente para melhor reprovação e prevenção do crime. Na primeira fase: a) culpabilidade: não apresenta contornos especiais; b) antecedentes: o réu não é portador de maus antecedentes; c) conduta social: não há elementos que possa aferir a conduta social do réu; d) personalidade: não há elementos que possa aferir a conduta social do réu; e) motivos do crime: são os próprios do tipo penal, não lhe sendo desfavoráveis; f) circunstâncias: não há provas suficientes para averiguar os motivos e circunstâncias do crime exteriores ao tipo penal; g) consequências: não apresenta contornos especiais, e h) comportamento das vítimas: em nada contribuiu para a prática do delito. Ante as circunstâncias judiciais acima sopesadas, estabeleço, com arrimo no artigo 59 e 68, do Código Penal, como necessário e suficiente para a reprovação e prevenção do crime a pena base de 02 (dois) anos de reclusão. Na segunda fase, apesar de presente a atenuante da confissão espontânea, não há reflexos em relação a pena base, à luz do entendimento consolidado (Súmula 231 do STJ), que reconhece a impossibilidade de redução da pena abaixo do mínimo mínimo legal por circunstância atenuante. Ausente na terceira fase qualquer causa de aumento ou diminuição da pena. Por tais motivos, fixo a pena definitiva em 02 (dois) anos de reclusão. Fixo o regime ABERTO para início do cumprimento da pena privativa de liberdade. Considerando que o crime foi cometido com violência contra a pessoa, deixo de conceder ao réu o benefício previsto no art. 44 do Código Penal. Por outro lado, presente os requisitos do art. 77 do CP, suspendo condicionalmente a pena pelo período de dois anos. Deverá o réu no primeiro ano do período de prova prestar serviços à comunidade (art. 78, 1º do CP). Disposições finais: Nos termos do art. 804 do CPP, condeno o réu do pagamento das custas do processo. Condeno o acusado ao pagamento de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a vítima A. C. S., à título de valor mínimo para reparação dos danos morais experimentados; Revogo as medidas cautelares fixadas na decisão Id. 115276466, sem prejuízo da validade das medidas protetivas de urgência concedidas nos autos 7004774-04.2024.8.22.0008 (validade indeterminada). Determinações ao cartório: 1. O acusado deverá ser intimado da sentença por intermédio de seu advogado, via publicação no DJe, nos termos do art. 392, II do CPP; 2. Notifique-se a vítima A. C. S., nos termos do art. 21 da Lei 11.340/2006; 2. Dê-se vista ao MP; 3. Transitada em julgado a sentença: 3.1. a) extraia-se o necessário para o início da execução da pena, nos termos da Resolução 417 do CNJ; b) lance-se o nome do réu no rol dos culpados; c) comunique-se o Tribunal Regional Eleitoral, a fim de que sejam suspensos os direitos políticos do réu, nos termos do artigo 15, inciso III da Constituição Federal. 3.2. Comunique-se (II/RO, TRE/RO e demais órgão correlatos). Publique-se. Registre-se. Intimem-se. Cumpra-se. Espigão d'Oeste, 29 de julho de 2025. Leonel Pereira da Rocha Juiz de Direito

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