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Processo nº 5000496-27.2025.4.03.6117

ID: 310320865

Tribunal: TRF3 Órgão: 1ª Vara Federal de Jaú Classe: PROCEDIMENTO COMUM CíVEL Nº Processo: 5000496-27.2025.4.03.6117

Data de Disponibilização: 30/06/2025

Polo Ativo:

SPURI - COMERCIO DE PRODUTOS ALIMENTICIOS LTDA - EPP

Polo Passivo:

Intimação

Advogados:

ALEXANDRE CESAR RODRIGUES LIMA

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

EDUARDO NEGREIROS DANIEL

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

PROCEDIMENTO COMUM CÍVEL (7) Nº 5000496-27.2025.4.03.6117 / 1ª Vara Federal de Jaú AUTOR: SPURI - COMERCIO DE PRODUTOS ALIMENTICIOS LTDA - EPP Advogados do(a) AUTOR: ALEXANDRE CESAR RODRIGUES LIMA - … PROCEDIMENTO COMUM CÍVEL (7) Nº 5000496-27.2025.4.03.6117 / 1ª Vara Federal de Jaú AUTOR: SPURI - COMERCIO DE PRODUTOS ALIMENTICIOS LTDA - EPP Advogados do(a) AUTOR: ALEXANDRE CESAR RODRIGUES LIMA - SP150377, EDUARDO NEGREIROS DANIEL - SP237502 REU: UNIAO FEDERAL - FAZENDA NACIONAL D E C I S Ã O Trata-se de ação de conhecimento, com pedido de tutela de urgência, ajuizada por SPURI Comércio de Produtos Alimentícios Ltda. EPP em face da União (Fazenda Nacional), objetivando a anulação da NDFC n. 203.303.814, constituída no processo administrativo n. 14185.033656/2024-88, e a inexigibilidade da cobrança de débito de FGTS e contribuição social, referentes a valores pagos diretamente aos empregados, no valor total de R$49.702,17. Em síntese, a empresa autora sustentou a nulidade do processo administrativo por cerceamento de defesa, posto que houve encerramento do processo pelo Auditor-Fiscal do Trabalho com autorização do envio do processo à Caixa Econômica Federal para cobrança, sem observância do prazo de recurso, impossibilitando o protocolo de recurso. Alegou, ainda, que a notificação de débito abrange dívidas trabalhistas, inclusive multas rescisórias e contribuições sociais, relativas aos períodos de 09/2018 a 02/2024, e foram pagas diretamente aos empregados Alessandro Sanziani e Fabiana Rodrigues Sanziani por acordo extrajudicial. A título de tutela de urgência, requereu a suspensão da exigibilidade dos débitos representados na NDFC n. 203.303.814 Atribuiu à causa o valor de R$49.702,17. Petição inicial instruída com procuração e documentos. Custas recolhidas (Num. 372079567 a Num. 372079573). Os autos vieram conclusos para decisão. É o relatório. Fundamento e decido. Nos termos do art. 300 do Código de Processo Civil, a tutela de urgência será concedida quando concorrerem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo. Quanto ao pagamento do FGTS na esfera trabalhista e diretamente ao fundo -, antes da Lei n. 9.491/97, o empregador estava autorizado a pagar diretamente ao empregado a contribuição fundiária atinente ao mês da rescisão, no entanto, a partir da vigência da Lei n. 9.491/97, não mais de admitia o pagamento direto ao empregado. Apesar disso, a jurisprudência, no intuito de evitar pagamento em duplicidade, vinha reconhecendo a validade das contribuições fundiárias pagas diretamente aos empregados em sede de acordo homologado firmado perante a Justiça do Trabalho (TRF3, AC – APELAÇÃO CÍVEL 1858483, DÉCIMA TURMA, Relatora Desembargadora Federal Noemi Martins, e-DJF3 Judicial 1 DATA:16/11/2016; TRF 3ª Região, SEGUNDA TURMA, AC - APELAÇÃO CÍVEL - 1894082 - 0030017-19.2013.4.03.9999, Relator Desembargador Federal COTRIM GUIMARÃES, julgado em 04/07/2017, e-DJF3 Judicial 1 DATA:13/07/2017). Tratando de questão de potencial repetitividade e grande repercussão social, o Superior Tribunal de Justiça afetou o REsp 2003509/RN, o REsp 2004215/SP e o REsp 2004806/SP para julgamento na sistemática dos recursos repetitivos, cadastrada como Tema 1.176, assim redigido: "Definir se são eficazes os pagamentos de FGTS realizados na vigência da redação dada ao artigo 18 da Lei 8.036/1990 pela Lei 9.491/1997, diretamente ao empregado, em decorrência de acordo celebrado na Justiça do Trabalho, ao invés de efetivados por meio de depósitos nas contas vinculadas do titular". Em 22/05/2024, a Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, ao julgar essa questão, aprovou a seguinte tese: “São eficazes os pagamentos de FGTS realizados diretamente ao empregado, após o advento da Lei 9.491/1997, em decorrência de acordo homologado na Justiça do Trabalho. Assegura-se, no entanto, a cobrança de todas as parcelas incorporáveis ao fundo, consistente em multas, correção monetária, juros moratórios e contribuição social, visto que a União Federal e a Caixa Econômica Federal não participaram da celebração do ajuste na via laboral, não sendo por ele prejudicadas (art. 506, CPC)”. Em embargos de declaração acolhidos, sem efeitos infringentes, a tese jurídica firmada no tema 1.176, foi complementada com os seguintes termos, os quais destaquei: “São eficazes os pagamentos de FGTS realizados diretamente ao empregado, após o advento da Lei 9.491/1997, em decorrência de acordo homologado na Justiça do Trabalho, o que não dispensa a oportuna comunicação do ato aos órgãos de fiscalização competentes. Assegura-se, no entanto, a cobrança de todas as parcelas incorporáveis ao fundo, consistente em multas, correção monetária, juros moratórios e contribuição social, visto que a União Federal e a Caixa Econômica Federal não participaram da celebração do ajuste na via laboral, não sendo por ele prejudicadas (art. 506, CPC)”. Transitou em julgado em 18/11/2024. Assim, nesse caso, o pagamento de FGTS realizado diretamente ao empregado, após a vigência da Lei n. 9.491/1997, é considerado eficaz se feito em decorrência de acordo homologado na Justiça do Trabalho, assegurando à União e à Caixa a cobrança de todas as parcelas incorporáveis ao fundo, consistente em multas, correção monetária, juros moratórios e contribuição social. Analisando detidamente a documentação que acompanha a inicial, não há prova inequívoca do alegado pela parte autora na inicial. A empresa autora não comprovou a existência de acordo trabalhista homologado pela Justiça do Trabalho e tampouco o efetivo pagamento de verbas rescisórias de FGTS aos empregados Alessandro Sanziani e Fabiana Rodrigues Sanziani. O alegado acordo extrajudicial é, na realidade, um contrato particular de compra e venda de veículo assinado em 09/04/2020, no qual os empregados adquiriram um veículo da própria empresa autora mediante o pagamento do preço de R$50.000,00, dos quais R$29.479,42 foi pago por cheques endossados em nome de Fernando Augusto Gonçalves, números 000070, 000071, 000072 e 000073, e R$20.520,58 seria pago em dinheiro até 24/04/2020 (Num. 372023337). No contrato não há qualquer referência que a empresa autora teria dado o veículo aos empregados em pagamento de débitos de FGTS. O que se vê é a existência de um contrato bilateral oneroso, que, inclusive, foi invocado como causa de pedir em embargos de terceiro n. 1001085-05.2022.8.26.0302 e n. 5000689-13.2023.4.03.6117, para tornar insubsistentes as penhoras que recaíram sobre o veículo em processos executivos (Num. 372023341 e Num. 372023342). Ainda que esse imbróglio de acordo extrajudicial tenha sido confirmado em declaração assinada pelos empregados Fabiana Rodrigues Sanziani e Alessandro Sanziani (Num. 372023340), os Termos de Rescisão do Contrato de Trabalho não relacionam verbas devidas a título de FGTS (Num. 372023338 e Num. 372023339). Além disso, apesar da existência de demonstrativos de FGTS rescisório em nome dos empregados (Num. 372023338 - Pág. 4 e Num. 372023339 - Pág. 4) e das guias de recolhimento rescisório do FGTS (Num. 372023338 - Pág. 5 e Num. 372023339 - Pág. 5), não há prova do efeito recolhimento (ou pagamento) das guias. Assim, da análise da documentação apresentada pela empresa autora, não é possível concluir, de plano, que houve acordo extrajudicial homologado pela Justiça do Trabalho e pagamento direto aos empregados a título de verbas rescisórias de FGTS. Também não é possível com concluir, de plano, que a empresa autora terá êxito nesta demanda e com isso impedir a cobrança administrativa de valores que, por força de lei, deveriam ter sido pagos a quem agora realiza a cobrança. Ante o exposto, sem prejuízo de eventual reanálise no momento do julgamento, INDEFIRO o pedido de tutela de urgência. Deixo de designar audiência de conciliação por não se tratar de caso que admita autocomposição. Cite-se a União (Fazenda Nacional) para contestar o pedido. Havendo preliminares, intime-se a parte autora para réplica. Serve cópia desta decisão de mandado de citação. Intimem-se. Cite-se. Cumpra-se. Jahu/SP, na data da assinatura eletrônica.

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Resultados para o tribunal: TRF3

Resultados para "1001085-02.2025.5.02.0372"

Processo nº 5000496-27.2025.4.03.6117