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"1000167-19.2022.5.02.0302" - Resultados da Busca – Página 1 de 2

Cia De Saneamento Basico Do Estado De Sao Paulo Sabesp e outros x Cia De Saneamento Basico Do Estado De Sao Paulo Sabesp e outros

ID: 331581326

Tribunal: TRT15 Órgão: 7ª Câmara Classe: RECURSO ORDINáRIO TRABALHISTA Nº Processo: 0010089-69.2024.5.15.0076

Data de Disponibilização: 22/07/2025

Polo Ativo:

CIA DE SANEAMENTO BASICO DO ESTADO DE SAO PAULO SABESP RODRIGO DA CONCEICAO BARROS

Polo Passivo:

CIA DE SANEAMENTO BASICO DO ESTADO DE SAO PAULO SABESP K H S SEGURANCA PATRIMONIAL LTDA RODRIGO DA CONCEICAO BARROS

Acórdão

Advogados:

EDUARDO RODRIGUES ALVES ZANZOTTI

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

FABIANO ZAVANELLA

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 15ª REGIÃO 7ª CÂMARA Relator: CARLOS ALBERTO BOSCO ROT 0010089-69.2024.5.15.0076 RECORRENTE: RODRIGO DA CONCEICAO BARROS E … PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 15ª REGIÃO 7ª CÂMARA Relator: CARLOS ALBERTO BOSCO ROT 0010089-69.2024.5.15.0076 RECORRENTE: RODRIGO DA CONCEICAO BARROS E OUTROS (1) RECORRIDO: RODRIGO DA CONCEICAO BARROS E OUTROS (2) PROCESSO nº 0010089-69.2024.5.15.0076 (ROT) ORIGEM: 2ª VARA DO TRABALHO DE FRANCA 1º RECORRENTE: RODRIGO DA CONCEIÇÃO BARROS 2ª RECORRENTE: CIA. DE SANEAMENTO BÁSICO DO ESTADO DE SÃO PAULO SABESP RECORRIDA: K H S SEGURANÇA PATRIMONIAL LTDA. JUÍZA SENTENCIANTE: LETÍCIA HELENA JUIZ DE SOUZA Contra a r. sentença de fls. 305/315, que julgou parcialmente procedentes os pedidos iniciais, insurgem-se o reclamante e a segunda reclamada. O reclamante, por meio do recurso ordinário de fls. 318/324, requerendo a modificação do julgado em relação às diferenças salariais por acúmulo de função. A segunda reclamada, por seu turno, via razões de fls. 341/350, pugnando pela reforma quanto à responsabilidade subsidiária que lhe foi atribuída. Seguro garantia substitutivo do depósito recursal às fls. 351/358. Contrarrazões pelo reclamante (fls. 363/376) e pela segunda reclamada (fls. 377/381). É O RELATÓRIO. VOTO Do conhecimento O apelo da segunda reclamada não merece ultrapassar o conhecimento. Isto porque, constitui pressuposto objetivo de admissibilidade recursal a demonstração tempestiva do recolhimento de custas processuais e depósito recursal em guias adequadas, com preenchimento correto e legível. Não é demais explanar que, consoante entendimento consolidado na Súmula 245 do C. TST, a comprovação do preparo deve ocorrer no prazo alusivo ao recurso (CLT, art. 789, §1º). Assim, a documentação destinada à comprovação do preparo deve observar parâmetros que não deixem dúvidas em relação ao valor recolhido, data efetiva de sua ocorrência em instituição bancária e sua vinculação ao processo. A inobservância de tais particularidades acarreta a deserção do apelo. No caso vertente, muito embora a reclamada tenha apresentado apólice de seguro garantia substitutivo do depósito recursal (fls. 351/358) e o documento de arrecadação relativo às custas processuais (fl. 359), este não contém autenticação bancária mecânica ou eletrônica. Do mesmo modo, o pretenso comprovante de pagamento que o acompanhou ("Visualizador de arquivos retorno", fl. 360) trata-se, na verdade, de mero esclarecimento de que a operação foi recepcionada pela instituição bancária, sendo imprestável para confirmação do factual recolhimento, até porque nele não consta qualquer informação relativa ao código de barras ou aos dados desta reclamatória, a fim de possibilitar a averiguação da regularidade do procedimento. Por conseguinte, não existem elementos que permitam concluir que o recolhimento das custas vinculadas ao feito efetivamente se concretizou. Desse modo, não tendo sido observado o preceito formal específico acerca da matéria, tem-se por não satisfeito este pressuposto de admissibilidade do apelo. E nem se alegue que seria o caso de concessão de prazo para a regularização da deficiência apontada (CPC, art. 1.007, §2º), na medida em que essa providência se destina àquelas hipóteses em que o preparo recursal é recolhido a menor, e não aos casos de sua ausência, como o presente. Nesse sentido, oportuna a reprodução do seguinte aresto do C. TST: "(...) DESERÇÃO DO RECURSO ORDINÁRIO INTERPOSTO PELA RECLAMADA. CUSTAS PROCESSUAIS. COMPROVANTE DE RECOLHIMENTO SEM ELEMENTOS MÍNIMOS DE VINCULAÇÃO À GUIA GRU OU AO PROCESSO. TRANSCENDÊNCIA ECONÔMICA CONSTATADA. Constitui ônus da parte não só a efetivação dos recolhimentos das custas processuais e do depósito recursal, como também a sua comprovação dentro do prazo recursal. Essa é a diretriz que se extrai da Súmula nº 245 do TST. Na presente situação, como salientado pelo Tribunal Regional, o comprovante de pagamento juntado pelo réu não contém a identificação do reclamante ou da reclamada, tampouco faz referência ao número do processo ou ao código de barras da guia GRU. Dessa forma, não é possível vincular o referido pagamento ao processo. Ausente, pois, dados capazes de caracterizar a vinculação do recolhimento efetivado a este feito, há que se concluir que o recolhimento constante dos autos não atende a finalidade quanto à regularidade do preparo do recurso ordinário interposto pela reclamada. Acrescente-se que, na hipótese em exame, não se aplicam os comandos dos artigos 932, parágrafo único, e 1.007, § 2º e § 7º, do CPC, porque não se trata de mero equívoco no preenchimento da guia ou pagamento insuficiente de custas processuais ou de depósito recursal, mas de ausência de comprovação da exigência legal quanto ao adequado preparo do recurso ordinário, uma vez que o documento juntado é insuficiente para tanto. Agravo interno conhecido e não provido." (AIRR-1000264-19.2022.5.02.0302, 7ª Turma, Relator Ministro Claudio Mascarenhas Brandão, DEJT 30/05/2025) (grifei). Dessarte, não admito o recurso aviado pela segunda reclamada, por deserto. Lado outro, conheço do recurso interposto pelo trabalhador, porquanto presentes os pressupostos de admissibilidade. RECURSO DO RECLAMANTE Das diferenças salariais por acúmulo de função O reclamante insiste no recebimento de plus salarial, aduzindo que, embora contratado como vigilante líder (fl. 4), "tão logo de sua contratação, (...) passou a acumular as funções de vigilante e de supervisor de segurança" (fl. 321). A razão, contudo, não lhe socorre. Ainda que não tenha havido controvérsia sobre a prática das atividades descritas, da tese delineada na petição inicial, que foi corroborada pelos depoimentos pessoais - esclarecendo-se que não houve produção de prova oral no presente caso (fl. 288) -, infere-se que as aludidas tarefas eram executadas pelo reclamante desde a admissão. Com efeito, o próprio trabalhador admitiu "que quando entrou era motorista vigilante líder e depois de uma semana passou a supervisor", tendo o representante da tomadora confirmado "que o supervisor da 1ª ré era Rodrigo com quem o depoente tinha contato; que Rodrigo Conceição era o reclamante; que desde o início do contrato o contato sempre foi com o autor" (fl. 288, grifei). Não obstante, saliento que o parágrafo único, do artigo 456 da CLT, não traz em seu bojo qualquer previsão de que para cada tarefa realizada pelo empregado seja contratado um salário em separado, assim como também não proíbe que seja fixado um só salário para a quitação de todas as atividades desempenhadas durante a jornada laboral. De mais a mais, atento para o fato de que o empregador detém a prerrogativa de exercício do chamado jus variandi - artigo 2º, da CLT -, entendo que possa ele promover alterações nas funções de seus empregados, desde que não sejam incompatíveis com aquelas que tenham sido objeto da contratação ou não implicarem manifesto prejuízo ao trabalhador, rompendo o caráter sinalagmático do contrato de trabalho. Sob outro prisma, não passou indene de observação que os recibos de pagamento de fls. 26/35 confirmam que, além do piso normativo do cargo de vigilante, eram também quitadas as rubricas de "Adic. de Motorista" e "Adic. de lider", evidenciando que as tarefas adicionais desempenhadas foram remuneradas. Por fim, entendo não ser possível seu enquadramento como "supervisor de segurança", cujo patamar salarial é superior, uma vez que, segundo a definição contida na cláusula terceira da CCT 2022/2023, referido profissional atua "em ambientes administrativos e de apoio interno e externo a área operacional" (fl. 49, destaquei), o que não ocorria com o reclamante, que preponderantemente se ativava como vigilante nas dependências da segunda reclamada. Em sendo assim, por qualquer ângulo que se analise a questão, inviável o acolhimento do apelo do obreiro. Por conseguinte, não provejo. Quanto ao prequestionamento, registre-se que o posicionamento ora adotado não viola quaisquer preceitos constitucionais ou legais, tendo havido, inclusive, expressa manifestação quanto à matéria aventada. DIANTE DO EXPOSTO, DECIDO: não conhecer do recurso ordinário de CIA. DE SANEAMENTO BÁSICO DO ESTADO DE SÃO PAULO SABESP, por deserto; conhecer do apelo de RODRIGO DA CONCEIÇÃO BARROS e não o prover, nos termos da fundamentação. Para fins recursais, mantém-se os valores arbitrados pela origem. PROCESSO JULGADO EM SESSÃO ORDINÁRIA REALIZADA EM 08 DE JULHO DE 2025. Presidiu Regimentalmente o julgamento o Exmo. Sr. Desembargador do Trabalho Roberto Nóbrega de Almeida Filho. Composição: Relator: Desembargador do Trabalho Carlos Alberto Bosco Juiz do Trabalho Wellington Amadeu Desembargador do Trabalho Roberto Nóbrega de Almeida Filho Convocado o Juiz do Trabalho Wellington Amadeu para substituir o Desembargador Marcelo Magalhães Rufino, que se encontra em compensação de férias. Ministério Público do Trabalho: Exmo(a). Sr(a). Procurador(a) ciente. ACÓRDÃO Acordam os magistrados da 7ª Câmara - Quarta Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região em julgar o processo nos termos do voto proposto pelo Exmo. Sr. Relator. Votação unânime. CARLOS ALBERTO BOSCO Desembargador Relator CAMPINAS/SP, 21 de julho de 2025. MARTA LUCILA MARTINS FERREIRA BOZOLA Diretor de Secretaria Intimado(s) / Citado(s) - RODRIGO DA CONCEICAO BARROS

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Cia De Saneamento Basico Do Estado De Sao Paulo Sabesp e outros x Cia De Saneamento Basico Do Estado De Sao Paulo Sabesp e outros

ID: 331581380

Tribunal: TRT15 Órgão: 7ª Câmara Classe: RECURSO ORDINáRIO TRABALHISTA Nº Processo: 0010089-69.2024.5.15.0076

Data de Disponibilização: 22/07/2025

Polo Ativo:

CIA DE SANEAMENTO BASICO DO ESTADO DE SAO PAULO SABESP RODRIGO DA CONCEICAO BARROS

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CIA DE SANEAMENTO BASICO DO ESTADO DE SAO PAULO SABESP K H S SEGURANCA PATRIMONIAL LTDA RODRIGO DA CONCEICAO BARROS

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PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 15ª REGIÃO 7ª CÂMARA Relator: CARLOS ALBERTO BOSCO ROT 0010089-69.2024.5.15.0076 RECORRENTE: RODRIGO DA CONCEICAO BARROS E … PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 15ª REGIÃO 7ª CÂMARA Relator: CARLOS ALBERTO BOSCO ROT 0010089-69.2024.5.15.0076 RECORRENTE: RODRIGO DA CONCEICAO BARROS E OUTROS (1) RECORRIDO: RODRIGO DA CONCEICAO BARROS E OUTROS (2) PROCESSO nº 0010089-69.2024.5.15.0076 (ROT) ORIGEM: 2ª VARA DO TRABALHO DE FRANCA 1º RECORRENTE: RODRIGO DA CONCEIÇÃO BARROS 2ª RECORRENTE: CIA. DE SANEAMENTO BÁSICO DO ESTADO DE SÃO PAULO SABESP RECORRIDA: K H S SEGURANÇA PATRIMONIAL LTDA. JUÍZA SENTENCIANTE: LETÍCIA HELENA JUIZ DE SOUZA Contra a r. sentença de fls. 305/315, que julgou parcialmente procedentes os pedidos iniciais, insurgem-se o reclamante e a segunda reclamada. O reclamante, por meio do recurso ordinário de fls. 318/324, requerendo a modificação do julgado em relação às diferenças salariais por acúmulo de função. A segunda reclamada, por seu turno, via razões de fls. 341/350, pugnando pela reforma quanto à responsabilidade subsidiária que lhe foi atribuída. Seguro garantia substitutivo do depósito recursal às fls. 351/358. Contrarrazões pelo reclamante (fls. 363/376) e pela segunda reclamada (fls. 377/381). É O RELATÓRIO. VOTO Do conhecimento O apelo da segunda reclamada não merece ultrapassar o conhecimento. Isto porque, constitui pressuposto objetivo de admissibilidade recursal a demonstração tempestiva do recolhimento de custas processuais e depósito recursal em guias adequadas, com preenchimento correto e legível. Não é demais explanar que, consoante entendimento consolidado na Súmula 245 do C. TST, a comprovação do preparo deve ocorrer no prazo alusivo ao recurso (CLT, art. 789, §1º). Assim, a documentação destinada à comprovação do preparo deve observar parâmetros que não deixem dúvidas em relação ao valor recolhido, data efetiva de sua ocorrência em instituição bancária e sua vinculação ao processo. A inobservância de tais particularidades acarreta a deserção do apelo. No caso vertente, muito embora a reclamada tenha apresentado apólice de seguro garantia substitutivo do depósito recursal (fls. 351/358) e o documento de arrecadação relativo às custas processuais (fl. 359), este não contém autenticação bancária mecânica ou eletrônica. Do mesmo modo, o pretenso comprovante de pagamento que o acompanhou ("Visualizador de arquivos retorno", fl. 360) trata-se, na verdade, de mero esclarecimento de que a operação foi recepcionada pela instituição bancária, sendo imprestável para confirmação do factual recolhimento, até porque nele não consta qualquer informação relativa ao código de barras ou aos dados desta reclamatória, a fim de possibilitar a averiguação da regularidade do procedimento. Por conseguinte, não existem elementos que permitam concluir que o recolhimento das custas vinculadas ao feito efetivamente se concretizou. Desse modo, não tendo sido observado o preceito formal específico acerca da matéria, tem-se por não satisfeito este pressuposto de admissibilidade do apelo. E nem se alegue que seria o caso de concessão de prazo para a regularização da deficiência apontada (CPC, art. 1.007, §2º), na medida em que essa providência se destina àquelas hipóteses em que o preparo recursal é recolhido a menor, e não aos casos de sua ausência, como o presente. Nesse sentido, oportuna a reprodução do seguinte aresto do C. TST: "(...) DESERÇÃO DO RECURSO ORDINÁRIO INTERPOSTO PELA RECLAMADA. CUSTAS PROCESSUAIS. COMPROVANTE DE RECOLHIMENTO SEM ELEMENTOS MÍNIMOS DE VINCULAÇÃO À GUIA GRU OU AO PROCESSO. TRANSCENDÊNCIA ECONÔMICA CONSTATADA. Constitui ônus da parte não só a efetivação dos recolhimentos das custas processuais e do depósito recursal, como também a sua comprovação dentro do prazo recursal. Essa é a diretriz que se extrai da Súmula nº 245 do TST. Na presente situação, como salientado pelo Tribunal Regional, o comprovante de pagamento juntado pelo réu não contém a identificação do reclamante ou da reclamada, tampouco faz referência ao número do processo ou ao código de barras da guia GRU. Dessa forma, não é possível vincular o referido pagamento ao processo. Ausente, pois, dados capazes de caracterizar a vinculação do recolhimento efetivado a este feito, há que se concluir que o recolhimento constante dos autos não atende a finalidade quanto à regularidade do preparo do recurso ordinário interposto pela reclamada. Acrescente-se que, na hipótese em exame, não se aplicam os comandos dos artigos 932, parágrafo único, e 1.007, § 2º e § 7º, do CPC, porque não se trata de mero equívoco no preenchimento da guia ou pagamento insuficiente de custas processuais ou de depósito recursal, mas de ausência de comprovação da exigência legal quanto ao adequado preparo do recurso ordinário, uma vez que o documento juntado é insuficiente para tanto. Agravo interno conhecido e não provido." (AIRR-1000264-19.2022.5.02.0302, 7ª Turma, Relator Ministro Claudio Mascarenhas Brandão, DEJT 30/05/2025) (grifei). Dessarte, não admito o recurso aviado pela segunda reclamada, por deserto. Lado outro, conheço do recurso interposto pelo trabalhador, porquanto presentes os pressupostos de admissibilidade. RECURSO DO RECLAMANTE Das diferenças salariais por acúmulo de função O reclamante insiste no recebimento de plus salarial, aduzindo que, embora contratado como vigilante líder (fl. 4), "tão logo de sua contratação, (...) passou a acumular as funções de vigilante e de supervisor de segurança" (fl. 321). A razão, contudo, não lhe socorre. Ainda que não tenha havido controvérsia sobre a prática das atividades descritas, da tese delineada na petição inicial, que foi corroborada pelos depoimentos pessoais - esclarecendo-se que não houve produção de prova oral no presente caso (fl. 288) -, infere-se que as aludidas tarefas eram executadas pelo reclamante desde a admissão. Com efeito, o próprio trabalhador admitiu "que quando entrou era motorista vigilante líder e depois de uma semana passou a supervisor", tendo o representante da tomadora confirmado "que o supervisor da 1ª ré era Rodrigo com quem o depoente tinha contato; que Rodrigo Conceição era o reclamante; que desde o início do contrato o contato sempre foi com o autor" (fl. 288, grifei). Não obstante, saliento que o parágrafo único, do artigo 456 da CLT, não traz em seu bojo qualquer previsão de que para cada tarefa realizada pelo empregado seja contratado um salário em separado, assim como também não proíbe que seja fixado um só salário para a quitação de todas as atividades desempenhadas durante a jornada laboral. De mais a mais, atento para o fato de que o empregador detém a prerrogativa de exercício do chamado jus variandi - artigo 2º, da CLT -, entendo que possa ele promover alterações nas funções de seus empregados, desde que não sejam incompatíveis com aquelas que tenham sido objeto da contratação ou não implicarem manifesto prejuízo ao trabalhador, rompendo o caráter sinalagmático do contrato de trabalho. Sob outro prisma, não passou indene de observação que os recibos de pagamento de fls. 26/35 confirmam que, além do piso normativo do cargo de vigilante, eram também quitadas as rubricas de "Adic. de Motorista" e "Adic. de lider", evidenciando que as tarefas adicionais desempenhadas foram remuneradas. Por fim, entendo não ser possível seu enquadramento como "supervisor de segurança", cujo patamar salarial é superior, uma vez que, segundo a definição contida na cláusula terceira da CCT 2022/2023, referido profissional atua "em ambientes administrativos e de apoio interno e externo a área operacional" (fl. 49, destaquei), o que não ocorria com o reclamante, que preponderantemente se ativava como vigilante nas dependências da segunda reclamada. Em sendo assim, por qualquer ângulo que se analise a questão, inviável o acolhimento do apelo do obreiro. Por conseguinte, não provejo. Quanto ao prequestionamento, registre-se que o posicionamento ora adotado não viola quaisquer preceitos constitucionais ou legais, tendo havido, inclusive, expressa manifestação quanto à matéria aventada. DIANTE DO EXPOSTO, DECIDO: não conhecer do recurso ordinário de CIA. DE SANEAMENTO BÁSICO DO ESTADO DE SÃO PAULO SABESP, por deserto; conhecer do apelo de RODRIGO DA CONCEIÇÃO BARROS e não o prover, nos termos da fundamentação. Para fins recursais, mantém-se os valores arbitrados pela origem. PROCESSO JULGADO EM SESSÃO ORDINÁRIA REALIZADA EM 08 DE JULHO DE 2025. Presidiu Regimentalmente o julgamento o Exmo. Sr. Desembargador do Trabalho Roberto Nóbrega de Almeida Filho. Composição: Relator: Desembargador do Trabalho Carlos Alberto Bosco Juiz do Trabalho Wellington Amadeu Desembargador do Trabalho Roberto Nóbrega de Almeida Filho Convocado o Juiz do Trabalho Wellington Amadeu para substituir o Desembargador Marcelo Magalhães Rufino, que se encontra em compensação de férias. Ministério Público do Trabalho: Exmo(a). Sr(a). Procurador(a) ciente. ACÓRDÃO Acordam os magistrados da 7ª Câmara - Quarta Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região em julgar o processo nos termos do voto proposto pelo Exmo. Sr. Relator. Votação unânime. CARLOS ALBERTO BOSCO Desembargador Relator CAMPINAS/SP, 21 de julho de 2025. MARTA LUCILA MARTINS FERREIRA BOZOLA Diretor de Secretaria Intimado(s) / Citado(s) - CIA DE SANEAMENTO BASICO DO ESTADO DE SAO PAULO SABESP

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Cia De Saneamento Basico Do Estado De Sao Paulo Sabesp e outros x Cia De Saneamento Basico Do Estado De Sao Paulo Sabesp e outros

ID: 331581444

Tribunal: TRT15 Órgão: 7ª Câmara Classe: RECURSO ORDINáRIO TRABALHISTA Nº Processo: 0010089-69.2024.5.15.0076

Data de Disponibilização: 22/07/2025

Polo Ativo:

CIA DE SANEAMENTO BASICO DO ESTADO DE SAO PAULO SABESP RODRIGO DA CONCEICAO BARROS

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CIA DE SANEAMENTO BASICO DO ESTADO DE SAO PAULO SABESP K H S SEGURANCA PATRIMONIAL LTDA RODRIGO DA CONCEICAO BARROS

Edital

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EDUARDO RODRIGUES ALVES ZANZOTTI

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PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 15ª REGIÃO 7ª CÂMARA Relator: CARLOS ALBERTO BOSCO ROT 0010089-69.2024.5.15.0076 RECORRENTE: RODRIGO DA CONCEICAO BARROS E … PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 15ª REGIÃO 7ª CÂMARA Relator: CARLOS ALBERTO BOSCO ROT 0010089-69.2024.5.15.0076 RECORRENTE: RODRIGO DA CONCEICAO BARROS E OUTROS (1) RECORRIDO: RODRIGO DA CONCEICAO BARROS E OUTROS (2) PROCESSO nº 0010089-69.2024.5.15.0076 (ROT) ORIGEM: 2ª VARA DO TRABALHO DE FRANCA 1º RECORRENTE: RODRIGO DA CONCEIÇÃO BARROS 2ª RECORRENTE: CIA. DE SANEAMENTO BÁSICO DO ESTADO DE SÃO PAULO SABESP RECORRIDA: K H S SEGURANÇA PATRIMONIAL LTDA. JUÍZA SENTENCIANTE: LETÍCIA HELENA JUIZ DE SOUZA Contra a r. sentença de fls. 305/315, que julgou parcialmente procedentes os pedidos iniciais, insurgem-se o reclamante e a segunda reclamada. O reclamante, por meio do recurso ordinário de fls. 318/324, requerendo a modificação do julgado em relação às diferenças salariais por acúmulo de função. A segunda reclamada, por seu turno, via razões de fls. 341/350, pugnando pela reforma quanto à responsabilidade subsidiária que lhe foi atribuída. Seguro garantia substitutivo do depósito recursal às fls. 351/358. Contrarrazões pelo reclamante (fls. 363/376) e pela segunda reclamada (fls. 377/381). É O RELATÓRIO. VOTO Do conhecimento O apelo da segunda reclamada não merece ultrapassar o conhecimento. Isto porque, constitui pressuposto objetivo de admissibilidade recursal a demonstração tempestiva do recolhimento de custas processuais e depósito recursal em guias adequadas, com preenchimento correto e legível. Não é demais explanar que, consoante entendimento consolidado na Súmula 245 do C. TST, a comprovação do preparo deve ocorrer no prazo alusivo ao recurso (CLT, art. 789, §1º). Assim, a documentação destinada à comprovação do preparo deve observar parâmetros que não deixem dúvidas em relação ao valor recolhido, data efetiva de sua ocorrência em instituição bancária e sua vinculação ao processo. A inobservância de tais particularidades acarreta a deserção do apelo. No caso vertente, muito embora a reclamada tenha apresentado apólice de seguro garantia substitutivo do depósito recursal (fls. 351/358) e o documento de arrecadação relativo às custas processuais (fl. 359), este não contém autenticação bancária mecânica ou eletrônica. Do mesmo modo, o pretenso comprovante de pagamento que o acompanhou ("Visualizador de arquivos retorno", fl. 360) trata-se, na verdade, de mero esclarecimento de que a operação foi recepcionada pela instituição bancária, sendo imprestável para confirmação do factual recolhimento, até porque nele não consta qualquer informação relativa ao código de barras ou aos dados desta reclamatória, a fim de possibilitar a averiguação da regularidade do procedimento. Por conseguinte, não existem elementos que permitam concluir que o recolhimento das custas vinculadas ao feito efetivamente se concretizou. Desse modo, não tendo sido observado o preceito formal específico acerca da matéria, tem-se por não satisfeito este pressuposto de admissibilidade do apelo. E nem se alegue que seria o caso de concessão de prazo para a regularização da deficiência apontada (CPC, art. 1.007, §2º), na medida em que essa providência se destina àquelas hipóteses em que o preparo recursal é recolhido a menor, e não aos casos de sua ausência, como o presente. Nesse sentido, oportuna a reprodução do seguinte aresto do C. TST: "(...) DESERÇÃO DO RECURSO ORDINÁRIO INTERPOSTO PELA RECLAMADA. CUSTAS PROCESSUAIS. COMPROVANTE DE RECOLHIMENTO SEM ELEMENTOS MÍNIMOS DE VINCULAÇÃO À GUIA GRU OU AO PROCESSO. TRANSCENDÊNCIA ECONÔMICA CONSTATADA. Constitui ônus da parte não só a efetivação dos recolhimentos das custas processuais e do depósito recursal, como também a sua comprovação dentro do prazo recursal. Essa é a diretriz que se extrai da Súmula nº 245 do TST. Na presente situação, como salientado pelo Tribunal Regional, o comprovante de pagamento juntado pelo réu não contém a identificação do reclamante ou da reclamada, tampouco faz referência ao número do processo ou ao código de barras da guia GRU. Dessa forma, não é possível vincular o referido pagamento ao processo. Ausente, pois, dados capazes de caracterizar a vinculação do recolhimento efetivado a este feito, há que se concluir que o recolhimento constante dos autos não atende a finalidade quanto à regularidade do preparo do recurso ordinário interposto pela reclamada. Acrescente-se que, na hipótese em exame, não se aplicam os comandos dos artigos 932, parágrafo único, e 1.007, § 2º e § 7º, do CPC, porque não se trata de mero equívoco no preenchimento da guia ou pagamento insuficiente de custas processuais ou de depósito recursal, mas de ausência de comprovação da exigência legal quanto ao adequado preparo do recurso ordinário, uma vez que o documento juntado é insuficiente para tanto. Agravo interno conhecido e não provido." (AIRR-1000264-19.2022.5.02.0302, 7ª Turma, Relator Ministro Claudio Mascarenhas Brandão, DEJT 30/05/2025) (grifei). Dessarte, não admito o recurso aviado pela segunda reclamada, por deserto. Lado outro, conheço do recurso interposto pelo trabalhador, porquanto presentes os pressupostos de admissibilidade. RECURSO DO RECLAMANTE Das diferenças salariais por acúmulo de função O reclamante insiste no recebimento de plus salarial, aduzindo que, embora contratado como vigilante líder (fl. 4), "tão logo de sua contratação, (...) passou a acumular as funções de vigilante e de supervisor de segurança" (fl. 321). A razão, contudo, não lhe socorre. Ainda que não tenha havido controvérsia sobre a prática das atividades descritas, da tese delineada na petição inicial, que foi corroborada pelos depoimentos pessoais - esclarecendo-se que não houve produção de prova oral no presente caso (fl. 288) -, infere-se que as aludidas tarefas eram executadas pelo reclamante desde a admissão. Com efeito, o próprio trabalhador admitiu "que quando entrou era motorista vigilante líder e depois de uma semana passou a supervisor", tendo o representante da tomadora confirmado "que o supervisor da 1ª ré era Rodrigo com quem o depoente tinha contato; que Rodrigo Conceição era o reclamante; que desde o início do contrato o contato sempre foi com o autor" (fl. 288, grifei). Não obstante, saliento que o parágrafo único, do artigo 456 da CLT, não traz em seu bojo qualquer previsão de que para cada tarefa realizada pelo empregado seja contratado um salário em separado, assim como também não proíbe que seja fixado um só salário para a quitação de todas as atividades desempenhadas durante a jornada laboral. De mais a mais, atento para o fato de que o empregador detém a prerrogativa de exercício do chamado jus variandi - artigo 2º, da CLT -, entendo que possa ele promover alterações nas funções de seus empregados, desde que não sejam incompatíveis com aquelas que tenham sido objeto da contratação ou não implicarem manifesto prejuízo ao trabalhador, rompendo o caráter sinalagmático do contrato de trabalho. Sob outro prisma, não passou indene de observação que os recibos de pagamento de fls. 26/35 confirmam que, além do piso normativo do cargo de vigilante, eram também quitadas as rubricas de "Adic. de Motorista" e "Adic. de lider", evidenciando que as tarefas adicionais desempenhadas foram remuneradas. Por fim, entendo não ser possível seu enquadramento como "supervisor de segurança", cujo patamar salarial é superior, uma vez que, segundo a definição contida na cláusula terceira da CCT 2022/2023, referido profissional atua "em ambientes administrativos e de apoio interno e externo a área operacional" (fl. 49, destaquei), o que não ocorria com o reclamante, que preponderantemente se ativava como vigilante nas dependências da segunda reclamada. Em sendo assim, por qualquer ângulo que se analise a questão, inviável o acolhimento do apelo do obreiro. Por conseguinte, não provejo. Quanto ao prequestionamento, registre-se que o posicionamento ora adotado não viola quaisquer preceitos constitucionais ou legais, tendo havido, inclusive, expressa manifestação quanto à matéria aventada. DIANTE DO EXPOSTO, DECIDO: não conhecer do recurso ordinário de CIA. DE SANEAMENTO BÁSICO DO ESTADO DE SÃO PAULO SABESP, por deserto; conhecer do apelo de RODRIGO DA CONCEIÇÃO BARROS e não o prover, nos termos da fundamentação. Para fins recursais, mantém-se os valores arbitrados pela origem. PROCESSO JULGADO EM SESSÃO ORDINÁRIA REALIZADA EM 08 DE JULHO DE 2025. Presidiu Regimentalmente o julgamento o Exmo. Sr. Desembargador do Trabalho Roberto Nóbrega de Almeida Filho. Composição: Relator: Desembargador do Trabalho Carlos Alberto Bosco Juiz do Trabalho Wellington Amadeu Desembargador do Trabalho Roberto Nóbrega de Almeida Filho Convocado o Juiz do Trabalho Wellington Amadeu para substituir o Desembargador Marcelo Magalhães Rufino, que se encontra em compensação de férias. Ministério Público do Trabalho: Exmo(a). Sr(a). Procurador(a) ciente. ACÓRDÃO Acordam os magistrados da 7ª Câmara - Quarta Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região em julgar o processo nos termos do voto proposto pelo Exmo. Sr. Relator. Votação unânime. CARLOS ALBERTO BOSCO Desembargador Relator CAMPINAS/SP, 21 de julho de 2025. MARTA LUCILA MARTINS FERREIRA BOZOLA Diretor de Secretaria Intimado(s) / Citado(s) - K H S SEGURANCA PATRIMONIAL LTDA

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Sind Dos Empr Em Estab De Servicos De Saude De Campinas x A Praxis Seguranca E Medicina Do Trabalho S/S Ltda e outros

ID: 259024713

Tribunal: TRT15 Órgão: 3ª Câmara Classe: AGRAVO DE PETIçãO Nº Processo: 0002204-89.2013.5.15.0140

Data de Disponibilização: 23/04/2025

Polo Ativo:

SIND DOS EMPR EM ESTAB DE SERVICOS DE SAUDE DE CAMPINAS

Polo Passivo:

A PRAXIS SEGURANCA E MEDICINA DO TRABALHO S/S LTDA CARLOS EDUARDO MACHADO DIPRAXIS SEGURANCA E MEDICINA DO TRABALHO S/S LTDA GVMAC - EIRELI IMPERIAL ASSISTENCIA MEDICA S/C LTDA NEFROLOGIA HEMODIALISE HIPERTENSAO MEDICINA GERAL E PREVENTIVA LTDA NEONEFRO NEFROLOGIA E CLINICA MEDICA LTDA NEONEFRO NEFROLOGIA E MEDICINA S/C LTDA. NESTOR PINHO FILHO TAC SERVICOS MEDICOS LTDA

Acórdão

Advogados:

OCTAVIO RAPHAEL PADILHA

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WALDIR FANTINI

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ANSELMO EDUARDO BIANCO

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PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 15ª REGIÃO 3ª CÂMARA Relatora: MARINA DE SIQUEIRA FERREIRA ZERBINATTI 0002204-89.2013.5.15.0140 : SIND DOS EMPR EM ESTAB D… PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 15ª REGIÃO 3ª CÂMARA Relatora: MARINA DE SIQUEIRA FERREIRA ZERBINATTI 0002204-89.2013.5.15.0140 : SIND DOS EMPR EM ESTAB DE SERVICOS DE SAUDE DE CAMPINAS : NEONEFRO NEFROLOGIA E CLINICA MEDICA LTDA E OUTROS (9) 3ª CÂMARA - SEGUNDA TURMA PROCESSO N° 0002204-89.2013.5.15.0140 AP AGRAVO DE PETIÇÃO AGRAVANTE: SIND DOS EMPR EM ESTAB DE SERVICOS DE SAUDE DE CAMPINAS AGRAVADO: NEONEFRO NEFROLOGIA E CLINICA MEDICA LTDA AGRAVADO: NESTOR PINHO FILHO AGRAVADO: CARLOS EDUARDO MACHADO AGRAVADO: NEFROLOGIA HEMODIALISE HIPERTENSAO MEDICINA GERAL E PREVENTIVA LTDA AGRAVADO: DIPRAXIS SEGURANCA E MEDICINA DO TRABALHO S/S LTDA AGRAVADO: A PRAXIS SEGURANCA E MEDICINA DO TRABALHO S/S LTDA AGRAVADO: IMPERIAL ASSISTENCIA MEDICA S/C LTDA AGRAVADO: NEONEFRO NEFROLOGIA E MEDICINA S/C LTDA. AGRAVADO: TAC SERVICOS MEDICOS LTDA AGRAVADO: GVMAC - EIRELI ORIGEM: VARA DO TRABALHO DE ATIBAIA JUIZ SENTENCIANTE: JOAO DIONISIO VIVEIROS TEIXEIRA RELATORA: MARINA DE SIQUEIRA FERREIRA ZERBINATTI (9) RELATÓRIO Da r. decisão de ID. 4087d3a, que indeferiu a penhora do bem imóvel de matrícula n. 90.191 do CRI de Atibaia, o sindicato autor interpõe o agravo de petição de ID. 161db74, pretendendo a modificação da decisão agravada para o fim de se prosseguir com a constrição do bem imóvel anteriormente referido. Partes devidamente representadas. Sem contraminutas. É o relatório. CONHECIMENTO O agravo de petição merece ser conhecido, uma vez que preenchidos os pressupostos legais de admissibilidade. VOTO FRAUDE À EXECUÇÃO O sindicato autor pretende a modificação da decisão agravada para o fim de se prosseguir com a constrição do bem imóvel de matrícula n.90.191 do CRI de Atibaia, pois "O imóvel foi vendido através de contrato particular de compra e venda em 25/07/2022, sendo de ciência do terceiro que o imóvel tinha restrição advinda de processo trabalhista, ressaltando que a presente ação foi ajuizada em 13/08/2013." (fls. 1492). Alega que a venda de referido bem se deu em fraude à execução. Vejamos. A presente reclamação trabalhista fora ajuizada em 13/08/2013, com acordo homologado em 28/01/2014 e posterior descumprimento da avença. O sócio Carlos Eduardo Machado foi incluído no polo passivo da presente execução em 31/10/2014. O presente processo passou a funcionar como reunião de execuções em face dos executados em 15/03/2018. Dito isso, vejamos a situação do bem imóvel cuja penhora o agravante requereu. Em cumprimento ao mandado de penhora de ID. d931c8e, o senhor Oficial de Justiça se dirigiu ao imóvel e foi recebido pelo terceiro Alex da Silva Marchat que informou ser proprietário e morador do imóvel, tendo adquirido referido bem de Ana Paula Cardoso Machado por meio de contrato particular de compra e venda datado de 25/07/2022. O contrato e seu aditamento foram anexados aos autos (IDs. 30e18d3 e 6e22787). O MM. Juízo a quo entendeu que "À vista do quanto certificado pelo senhor oficial de Justiça, e dos documentos juntados para instruir referida certidão, verifica-se que o imóvel objeto de penhora pertence a terceiro estranho à lide, observada também a notícia de aquisição do imóvel, pela vendedora, em processo de divórcio. Indefiro sua penhora, não havendo fraude à execução a declarar." Da matrícula de ID. c33138a extraio que o imóvel foi adquirido pelo executado Carlos Eduardo Machado e sua esposa à época Ana Paula Cardoso Machado em 01/10/2010, havendo averbações de indisponibilidade em 07/04/2016 (Av. 05), em 24/04/2017 (Av. 06) e em 10/10/2023 (Av. 08), a última proveniente destes autos. Verifico que da referida matrícula não constou averbação do divórcio por meio do qual a Sra. Ana Paula Cardoso Machado teria passado a ser a única proprietária do bem imóvel, nem houve registro da transferência do bem para o Sr. Alex da Silva Marchat. Importante ressaltar que do compromisso de venda e compra e seu aditamento extrai-se que o executado Carlos Eduardo Machado foi identificado como anuente, tendo sido citadas as indisponibilidades averbadas na matrícula do imóvel. Ou seja, o terceiro Alex da Silva Marchat tinha plena ciência da situação do imóvel e da possibilidade de evicção em razão do reconhecimento de fraude à execução. Assim, a celebração da promessa de compra e venda e seu aditamento se deu em momento posterior à data de ajuizamento da ação, do início da execução e da inclusão do executado Carlos Eduardo Machado no polo passivo, sendo que não há na matrícula n. 90.191 do CRI de Atibaia nenhuma indicação de transferência do imóvel seja em razão de divórcio, seja em razão de compra e venda. Repito, o Sr. Alex da Silva Marchat tinha plena ciência das indisponibilidades averbadas na matrícula do bem imóvel, tendo constado expressamente do compromisso de compra e venda e de seu aditamento, não havendo se falar, portanto, em aquisição de boa-fé efetuada pelo terceiro Alex da Silva Marchat. O bem imóvel foi alienado em fraude à execução. Não se desconhece que a eficácia da alienação do bem imóvel não se limita à efetivação do registro. A jurisprudência majoritária tem conferido validade aos negócios jurídicos firmados por meio de compromisso de compra e venda de imóveis, independentemente de seu registro junto ao cartório de registro de imóveis. Isto porque, o registro da alienação do bem junto ao Cartório de Registro de Imóveis tem por um dos escopos conceder publicidade do negócio jurídico a terceiros, não havendo óbice no sentido de que a transferência do bem seja comprovada por outro meio legal. Porém, no caso dos autos, o próprio compromisso de compra e venda de 25/07/2022 e seu aditamento de 04/12/2023 comprovam que o terceiro Alex da Silva Marchat tinha plena ciência das indisponibilidades que recaiam sobre o bem imóvel, sendo por isso afastada a boa-fé na aquisição do bem imóvel. Além disso, quanto à anterior transferência do bem imóvel para a Sra. Ana Paula Cardoso Machado por acordo homologado em ação de divórcio, o MM. Juízo a quo já decidiu em 19/07/2016: "A fraude à execução é prevista no artigo 792, IV, do Novo CPC, de aplicação subsidiária no processo trabalhista, e é caracterizada pela alienação ou oneração de bens do executado, após o ajuizamento da ação, capaz de reduzi-lo à insolvência. Assim, caso a transferência do patrimônio à ex-esposa do executado Carlos Eduardo Machado, noticiada pela exequente (fls.92/96) e apreciada pelo Juízo Cível, seja posterior ao ajuizamento da presente ação (13/08/2013), restará configurada a aludida fraude e autorizada a penhora de bens, em especial, do imóvel matrícula 48.404 do CRI de Atibaia, cf. requerido." Além disso, a questão da fraude à execução na transferência de todos os bens imóveis do casal Carlos Eduardo Machado e Ana Paula Cardoso Machado para a divorcianda já foi decidida por este Eg Tribunal nos autos do proc. n. 0010855-46.2023.5.15.0145 (Embargos de Terceiro), ajuizado em razão de penhora de bem imóvel determinada na reclamação trabalhista n. 0011071-22.2014.5.15.0145, merecendo transcrição a fundamentação do V. Acórdão que julgou o Agravo de Petição em Embargos de Terceiro, de Relatoria do Exmo. Juiz Convocado Manoel Luiz Costa Penido, julgado em 03/06/2024, pela 8ª Câmara deste TRT15, veja-se: "(...) De outro bordo, também não há falar em modificação do julgado quanto ao reconhecimento de fraude à execução, seja pela preclusão temporal operada, seja pela ausência de provas ou supedâneo legislativo para tanto. Em que pese não haver nestes autos, o r. julgado em vergasta registra que em 20 de setembro de 2018, restou decidido pelo MM. Juízo da execução, o seguinte: "Pois bem, os presentes autos tramitam em execuçao ha mais de dois anos sem que os executados manifestem qualquer disposiçao no sentido de quitá-la. Analisando a certidão da senhora oficial de justiça de ID fd9b456, constato que os imoveis localizados na pesquisa patrimonial estao, em sua maior parte, alienados fiduciariamente, com exceçao do imovel matriculado sob numero 76.867 junto ao Cartorio de Registro de Imoveis de Bragança Paulista que, na epoca em que perdurou o vinculo de emprego do qual decorre a presente execuçao (de 12/11/2012 a 05/01/2014) integrava o patrimonio do executado CARLOS EDUARDO MACHADO, tendo sido posterior e oportunamente transferido a sua ex-esposa em virtude de divorcio. Destarte, tendo em vista o carater alimentar do qual se revestem os creditos decorrentes dos julgados desta Especializada, e a aparente tentativa de ocultaçao do patrimônio amealhado pelos socios, haja vista a falta de registro das operaçoes constantes no DOI, determino a PENHORA E AVALIAÇAO do imovel 76.867 do CRI de Bragança Paulista." (Id num 45249a6 - página 287, dos autos principais)". Ou seja, eventual discussão acerca da inexistência de fraude à execução, deveriam ser arguidas no juízo e momento próprios, e não mais de seis anos depois em sede de agravo de petição em embargos de terceiros. E mais, até mesmo o Juízo cível, no ano de 2015 diante dos termos de separação, e os inúmeros processos de execução em face da empresa do Sr. Carlos Eduardo Machado, reconheceu a existência de concilium fraudis, diante da transferência de todos os bens e direitos para a ora agravante, remetendo todas as dívidas e obrigações ao seu ex-esposo De qualquer sorte, transcrevo a minuciosa análise feita pelo MM. Juízo de 1º Grau onde fica clara a situação real do movimento patrimonial, em clara blindagem do mesmo: "De fato, ao que emerge da petição inicial da ação de divórcio consensual (processo nº 1000167-65.2014.8.26.0048), os então cônjuges eram proprietários de 07 imóveis (itens 'a' à 'g') e quotas de capital de 03 empresas (itens 'h' à 'j'). Ocorre que os imóveis, em sua integralidade, foram destinados exclusivamente à embargante, ficando o executado CARLOS EDUARDO MACHADO apenas com as quotas das empresas e, se não bastasse, responsável pelas dívidas dos imóveis. É o que se colhe da observação inserida na petição colacionada na página 115, do PDF, in verbis: "OBS: O pagamento das parcelas de financiamento que pesem sobre os imóveis acima descritos será de responsabilidade integral do divorciando, que deverá providenciar os pagamentos nos respectivos vencimentos; o eventual inadimplemento caracteriza inadimplemento do presente acordo, sujeitando o divorciando à execução dos valores." Nesse encalço, oportuno realçar que anteriormente a este Juízo Trabalhista, o Juízo Cível já havia reconhecido que a partilha de bens realizada entre embargante e executado Carlos Eduardo Machado se deu em concilium fraudis!!! É o que seguramente se extrai dos autos do processo n. 1042767-42.2014.8.26.0100. Com efeito, aquele processo se refere a uma execução ajuizada em face de NEFRONERO e do executado Carlos Eduardo Machado. Aquela ação foi distribuída em 09 de maio de 2014. Em 20.05.2014 foi deferido arresto de diversos bens. Em 30.06.2014, aquele Juízo sinalizou para a possibilidade de o executado estar dilapidando o patrimônio. Nesse trilho dos fatos, determinou-se a transferência dos aluguéis dos imóveis do executado CARLOS EDUARDO MACHADO, bem como arresto e bloqueio dos imóveis objeto das matrículas números 76867 e 39191, do Cartório de Registro de Imóveis de Bragança Paulista, bem como do imóvel objeto da matrícula número 102350, do Cartório de Registro de Imóveis de Guarujá. Em 12.02.2015 decidiu-se a transmissão àqueles autos do formal de partilha e, em 09.06.2015, aquele Juízo declarou fraude à execução nos seguintes termos: "Relação: 0156/2015 Teor do ato: Vistos. A execução surgiu após ao divórcio do casal. No entanto, há fortes indícios para que se reconheça a existência de fraude à execução. O executado ficou unicamente com as quotas da empresa executada e os bens imóveis ficaram com a ex-esposa (fls. 431/434 e 426/427). Há indícios de fraude à execução a justificar a vinda ao processo de todos. Reconheço, portanto, a existência da fraude à execução e determino a penhora dos imóveis de fls. 314/321 e 323/330. Lavre-se o termo e intime-se na pessoa dos advogados do executado, se representado estiver, ou pessoalmente, caso não tenha advogado constituído nos autos, conforme preceitua o artigo 652,§ 4º do CPC. Proceda-se à expedição da certidão para averbação da penhora, nos termos do artigo 659, § 4º do CPC." (destaques meus). Realço, por oportuno, que antes da partilha resultante do processo nº 1000167-65.2014.8.26.0048, com Sentença prolatada em 24 de janeiro de 2014 e carta de Sentença expedida em 14 de abril de 2014, no Juízo Estadual já tramitavam ao menos 07 (sete) ações em face de NEONEFRO NEFROLOGIA E CLÍNICA MEDICA LTDA (processo n. 0004471-77.2012.8.26.0248, distribuído em 28/03/2012; processo n. 3000229-87.2013.8.26.0248, distribuído em 17 de maio de 2013; processo n. 3003175-32.2013.8.26.0248, distribuído em 23 de agosto de 2013; processo n. 3003878-60.2013.8.26.0248, distribuído em 20 de setembro de 2013; processo n. 4004457-88.2013.8.26.0248, distribuído em 15 de outubro de 2013; processo 4002455-66.2013.8.26.0048, distribuído em 23 de julho de 2013; processo n. 4004151-40.2013.8.26.0048, distribuído em 15 de outubro de 2013), pessoa jurídica da qual o executado CARLOS EDUARDO MACHADO é sócio majoritário e administrador consoante irradia do documento de Id num 8b4a181 - página 1.359, do PDF dos autos principais. Por todo o exposto, quer sob a perspectiva formal (alegada ausência de intimação), quer sob a perspectiva material (suposta ausência de fraude), estes embargos merecem cabal rejeição". Dessa forma, inexistindo qualquer elemento de convicção que afaste as conclusões acima expostas, tenho por irretocável o r. julgado que rejeitou o pedido da embargante". Pelo exposto, dou provimento ao agravo de petição do sindicato autor para reconhecer a fraude à execução e para que se prossiga com a penhora do bem imóvel de matrícula 90.191 do CRI de Atibaia. CONCLUSÃO Diante do exposto, decido conhecer do agravo de petição interposto por SIND DOS EMPR EM ESTAB DE SERVICOS DE SAUDE DE CAMPINAS (autor/exequente) e o prover para reconhecer a fraude à execução e para que se prossiga com a penhora do bem imóvel de matrícula 90.191 do CRI de Atibaia, nos termos da fundamentação. Custas na forma da lei. Em 14/04/2025, a 3ª Câmara (Segunda Turma) do Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região julgou o presente processo, conforme disposto na Portaria GP nº 05/2023 deste E. TRT. Presidiu o julgamento a Exma. Sra. Desembargadora do Trabalho ANTONIA REGINA TANCINI PESTANA (Regimental) Tomaram parte no julgamento as Exmas. Sras. Magistradas Relatora: Juíza do Trabalho MARINA DE SIQUEIRA FERREIRA ZERBINATTI Desembargadora do Trabalho ANTONIA REGINA TANCINI PESTANA Desembargadora do Trabalho ROSEMEIRE UEHARA TANAKA Em férias, a Exma. Sra. Desembargadora Ana Amarylis Vivacqua de Oliveira Gulla, substituída pela Exma. Sra. Juíza Marina de Siqueira Ferreira Zerbinatti. Ministério Público do Trabalho (Ciente) ACORDAM os Exmos. Srs. Magistrados, à unanimidade, em julgar o processo nos termos do voto proposto pela Exma. Sra. Relatora. MARINA DE SIQUEIRA FERREIRA ZERBINATTI Juíza Relatora CAMPINAS/SP, 22 de abril de 2025. ANA MARIA DE OLIVEIRA ROSA Diretor de Secretaria Intimado(s) / Citado(s) - SIND DOS EMPR EM ESTAB DE SERVICOS DE SAUDE DE CAMPINAS

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Sind Dos Empr Em Estab De Servicos De Saude De Campinas x A Praxis Seguranca E Medicina Do Trabalho S/S Ltda e outros

ID: 259024753

Tribunal: TRT15 Órgão: 3ª Câmara Classe: AGRAVO DE PETIçãO Nº Processo: 0002204-89.2013.5.15.0140

Data de Disponibilização: 23/04/2025

Polo Ativo:

SIND DOS EMPR EM ESTAB DE SERVICOS DE SAUDE DE CAMPINAS

Polo Passivo:

A PRAXIS SEGURANCA E MEDICINA DO TRABALHO S/S LTDA CARLOS EDUARDO MACHADO DIPRAXIS SEGURANCA E MEDICINA DO TRABALHO S/S LTDA GVMAC - EIRELI IMPERIAL ASSISTENCIA MEDICA S/C LTDA NEFROLOGIA HEMODIALISE HIPERTENSAO MEDICINA GERAL E PREVENTIVA LTDA NEONEFRO NEFROLOGIA E CLINICA MEDICA LTDA NEONEFRO NEFROLOGIA E MEDICINA S/C LTDA. NESTOR PINHO FILHO TAC SERVICOS MEDICOS LTDA

Acórdão

Advogados:

OCTAVIO RAPHAEL PADILHA

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WALDIR FANTINI

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ANSELMO EDUARDO BIANCO

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PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 15ª REGIÃO 3ª CÂMARA Relatora: MARINA DE SIQUEIRA FERREIRA ZERBINATTI 0002204-89.2013.5.15.0140 : SIND DOS EMPR EM ESTAB D… PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 15ª REGIÃO 3ª CÂMARA Relatora: MARINA DE SIQUEIRA FERREIRA ZERBINATTI 0002204-89.2013.5.15.0140 : SIND DOS EMPR EM ESTAB DE SERVICOS DE SAUDE DE CAMPINAS : NEONEFRO NEFROLOGIA E CLINICA MEDICA LTDA E OUTROS (9) 3ª CÂMARA - SEGUNDA TURMA PROCESSO N° 0002204-89.2013.5.15.0140 AP AGRAVO DE PETIÇÃO AGRAVANTE: SIND DOS EMPR EM ESTAB DE SERVICOS DE SAUDE DE CAMPINAS AGRAVADO: NEONEFRO NEFROLOGIA E CLINICA MEDICA LTDA AGRAVADO: NESTOR PINHO FILHO AGRAVADO: CARLOS EDUARDO MACHADO AGRAVADO: NEFROLOGIA HEMODIALISE HIPERTENSAO MEDICINA GERAL E PREVENTIVA LTDA AGRAVADO: DIPRAXIS SEGURANCA E MEDICINA DO TRABALHO S/S LTDA AGRAVADO: A PRAXIS SEGURANCA E MEDICINA DO TRABALHO S/S LTDA AGRAVADO: IMPERIAL ASSISTENCIA MEDICA S/C LTDA AGRAVADO: NEONEFRO NEFROLOGIA E MEDICINA S/C LTDA. AGRAVADO: TAC SERVICOS MEDICOS LTDA AGRAVADO: GVMAC - EIRELI ORIGEM: VARA DO TRABALHO DE ATIBAIA JUIZ SENTENCIANTE: JOAO DIONISIO VIVEIROS TEIXEIRA RELATORA: MARINA DE SIQUEIRA FERREIRA ZERBINATTI (9) RELATÓRIO Da r. decisão de ID. 4087d3a, que indeferiu a penhora do bem imóvel de matrícula n. 90.191 do CRI de Atibaia, o sindicato autor interpõe o agravo de petição de ID. 161db74, pretendendo a modificação da decisão agravada para o fim de se prosseguir com a constrição do bem imóvel anteriormente referido. Partes devidamente representadas. Sem contraminutas. É o relatório. CONHECIMENTO O agravo de petição merece ser conhecido, uma vez que preenchidos os pressupostos legais de admissibilidade. VOTO FRAUDE À EXECUÇÃO O sindicato autor pretende a modificação da decisão agravada para o fim de se prosseguir com a constrição do bem imóvel de matrícula n.90.191 do CRI de Atibaia, pois "O imóvel foi vendido através de contrato particular de compra e venda em 25/07/2022, sendo de ciência do terceiro que o imóvel tinha restrição advinda de processo trabalhista, ressaltando que a presente ação foi ajuizada em 13/08/2013." (fls. 1492). Alega que a venda de referido bem se deu em fraude à execução. Vejamos. A presente reclamação trabalhista fora ajuizada em 13/08/2013, com acordo homologado em 28/01/2014 e posterior descumprimento da avença. O sócio Carlos Eduardo Machado foi incluído no polo passivo da presente execução em 31/10/2014. O presente processo passou a funcionar como reunião de execuções em face dos executados em 15/03/2018. Dito isso, vejamos a situação do bem imóvel cuja penhora o agravante requereu. Em cumprimento ao mandado de penhora de ID. d931c8e, o senhor Oficial de Justiça se dirigiu ao imóvel e foi recebido pelo terceiro Alex da Silva Marchat que informou ser proprietário e morador do imóvel, tendo adquirido referido bem de Ana Paula Cardoso Machado por meio de contrato particular de compra e venda datado de 25/07/2022. O contrato e seu aditamento foram anexados aos autos (IDs. 30e18d3 e 6e22787). O MM. Juízo a quo entendeu que "À vista do quanto certificado pelo senhor oficial de Justiça, e dos documentos juntados para instruir referida certidão, verifica-se que o imóvel objeto de penhora pertence a terceiro estranho à lide, observada também a notícia de aquisição do imóvel, pela vendedora, em processo de divórcio. Indefiro sua penhora, não havendo fraude à execução a declarar." Da matrícula de ID. c33138a extraio que o imóvel foi adquirido pelo executado Carlos Eduardo Machado e sua esposa à época Ana Paula Cardoso Machado em 01/10/2010, havendo averbações de indisponibilidade em 07/04/2016 (Av. 05), em 24/04/2017 (Av. 06) e em 10/10/2023 (Av. 08), a última proveniente destes autos. Verifico que da referida matrícula não constou averbação do divórcio por meio do qual a Sra. Ana Paula Cardoso Machado teria passado a ser a única proprietária do bem imóvel, nem houve registro da transferência do bem para o Sr. Alex da Silva Marchat. Importante ressaltar que do compromisso de venda e compra e seu aditamento extrai-se que o executado Carlos Eduardo Machado foi identificado como anuente, tendo sido citadas as indisponibilidades averbadas na matrícula do imóvel. Ou seja, o terceiro Alex da Silva Marchat tinha plena ciência da situação do imóvel e da possibilidade de evicção em razão do reconhecimento de fraude à execução. Assim, a celebração da promessa de compra e venda e seu aditamento se deu em momento posterior à data de ajuizamento da ação, do início da execução e da inclusão do executado Carlos Eduardo Machado no polo passivo, sendo que não há na matrícula n. 90.191 do CRI de Atibaia nenhuma indicação de transferência do imóvel seja em razão de divórcio, seja em razão de compra e venda. Repito, o Sr. Alex da Silva Marchat tinha plena ciência das indisponibilidades averbadas na matrícula do bem imóvel, tendo constado expressamente do compromisso de compra e venda e de seu aditamento, não havendo se falar, portanto, em aquisição de boa-fé efetuada pelo terceiro Alex da Silva Marchat. O bem imóvel foi alienado em fraude à execução. Não se desconhece que a eficácia da alienação do bem imóvel não se limita à efetivação do registro. A jurisprudência majoritária tem conferido validade aos negócios jurídicos firmados por meio de compromisso de compra e venda de imóveis, independentemente de seu registro junto ao cartório de registro de imóveis. Isto porque, o registro da alienação do bem junto ao Cartório de Registro de Imóveis tem por um dos escopos conceder publicidade do negócio jurídico a terceiros, não havendo óbice no sentido de que a transferência do bem seja comprovada por outro meio legal. Porém, no caso dos autos, o próprio compromisso de compra e venda de 25/07/2022 e seu aditamento de 04/12/2023 comprovam que o terceiro Alex da Silva Marchat tinha plena ciência das indisponibilidades que recaiam sobre o bem imóvel, sendo por isso afastada a boa-fé na aquisição do bem imóvel. Além disso, quanto à anterior transferência do bem imóvel para a Sra. Ana Paula Cardoso Machado por acordo homologado em ação de divórcio, o MM. Juízo a quo já decidiu em 19/07/2016: "A fraude à execução é prevista no artigo 792, IV, do Novo CPC, de aplicação subsidiária no processo trabalhista, e é caracterizada pela alienação ou oneração de bens do executado, após o ajuizamento da ação, capaz de reduzi-lo à insolvência. Assim, caso a transferência do patrimônio à ex-esposa do executado Carlos Eduardo Machado, noticiada pela exequente (fls.92/96) e apreciada pelo Juízo Cível, seja posterior ao ajuizamento da presente ação (13/08/2013), restará configurada a aludida fraude e autorizada a penhora de bens, em especial, do imóvel matrícula 48.404 do CRI de Atibaia, cf. requerido." Além disso, a questão da fraude à execução na transferência de todos os bens imóveis do casal Carlos Eduardo Machado e Ana Paula Cardoso Machado para a divorcianda já foi decidida por este Eg Tribunal nos autos do proc. n. 0010855-46.2023.5.15.0145 (Embargos de Terceiro), ajuizado em razão de penhora de bem imóvel determinada na reclamação trabalhista n. 0011071-22.2014.5.15.0145, merecendo transcrição a fundamentação do V. Acórdão que julgou o Agravo de Petição em Embargos de Terceiro, de Relatoria do Exmo. Juiz Convocado Manoel Luiz Costa Penido, julgado em 03/06/2024, pela 8ª Câmara deste TRT15, veja-se: "(...) De outro bordo, também não há falar em modificação do julgado quanto ao reconhecimento de fraude à execução, seja pela preclusão temporal operada, seja pela ausência de provas ou supedâneo legislativo para tanto. Em que pese não haver nestes autos, o r. julgado em vergasta registra que em 20 de setembro de 2018, restou decidido pelo MM. Juízo da execução, o seguinte: "Pois bem, os presentes autos tramitam em execuçao ha mais de dois anos sem que os executados manifestem qualquer disposiçao no sentido de quitá-la. Analisando a certidão da senhora oficial de justiça de ID fd9b456, constato que os imoveis localizados na pesquisa patrimonial estao, em sua maior parte, alienados fiduciariamente, com exceçao do imovel matriculado sob numero 76.867 junto ao Cartorio de Registro de Imoveis de Bragança Paulista que, na epoca em que perdurou o vinculo de emprego do qual decorre a presente execuçao (de 12/11/2012 a 05/01/2014) integrava o patrimonio do executado CARLOS EDUARDO MACHADO, tendo sido posterior e oportunamente transferido a sua ex-esposa em virtude de divorcio. Destarte, tendo em vista o carater alimentar do qual se revestem os creditos decorrentes dos julgados desta Especializada, e a aparente tentativa de ocultaçao do patrimônio amealhado pelos socios, haja vista a falta de registro das operaçoes constantes no DOI, determino a PENHORA E AVALIAÇAO do imovel 76.867 do CRI de Bragança Paulista." (Id num 45249a6 - página 287, dos autos principais)". Ou seja, eventual discussão acerca da inexistência de fraude à execução, deveriam ser arguidas no juízo e momento próprios, e não mais de seis anos depois em sede de agravo de petição em embargos de terceiros. E mais, até mesmo o Juízo cível, no ano de 2015 diante dos termos de separação, e os inúmeros processos de execução em face da empresa do Sr. Carlos Eduardo Machado, reconheceu a existência de concilium fraudis, diante da transferência de todos os bens e direitos para a ora agravante, remetendo todas as dívidas e obrigações ao seu ex-esposo De qualquer sorte, transcrevo a minuciosa análise feita pelo MM. Juízo de 1º Grau onde fica clara a situação real do movimento patrimonial, em clara blindagem do mesmo: "De fato, ao que emerge da petição inicial da ação de divórcio consensual (processo nº 1000167-65.2014.8.26.0048), os então cônjuges eram proprietários de 07 imóveis (itens 'a' à 'g') e quotas de capital de 03 empresas (itens 'h' à 'j'). Ocorre que os imóveis, em sua integralidade, foram destinados exclusivamente à embargante, ficando o executado CARLOS EDUARDO MACHADO apenas com as quotas das empresas e, se não bastasse, responsável pelas dívidas dos imóveis. É o que se colhe da observação inserida na petição colacionada na página 115, do PDF, in verbis: "OBS: O pagamento das parcelas de financiamento que pesem sobre os imóveis acima descritos será de responsabilidade integral do divorciando, que deverá providenciar os pagamentos nos respectivos vencimentos; o eventual inadimplemento caracteriza inadimplemento do presente acordo, sujeitando o divorciando à execução dos valores." Nesse encalço, oportuno realçar que anteriormente a este Juízo Trabalhista, o Juízo Cível já havia reconhecido que a partilha de bens realizada entre embargante e executado Carlos Eduardo Machado se deu em concilium fraudis!!! É o que seguramente se extrai dos autos do processo n. 1042767-42.2014.8.26.0100. Com efeito, aquele processo se refere a uma execução ajuizada em face de NEFRONERO e do executado Carlos Eduardo Machado. Aquela ação foi distribuída em 09 de maio de 2014. Em 20.05.2014 foi deferido arresto de diversos bens. Em 30.06.2014, aquele Juízo sinalizou para a possibilidade de o executado estar dilapidando o patrimônio. Nesse trilho dos fatos, determinou-se a transferência dos aluguéis dos imóveis do executado CARLOS EDUARDO MACHADO, bem como arresto e bloqueio dos imóveis objeto das matrículas números 76867 e 39191, do Cartório de Registro de Imóveis de Bragança Paulista, bem como do imóvel objeto da matrícula número 102350, do Cartório de Registro de Imóveis de Guarujá. Em 12.02.2015 decidiu-se a transmissão àqueles autos do formal de partilha e, em 09.06.2015, aquele Juízo declarou fraude à execução nos seguintes termos: "Relação: 0156/2015 Teor do ato: Vistos. A execução surgiu após ao divórcio do casal. No entanto, há fortes indícios para que se reconheça a existência de fraude à execução. O executado ficou unicamente com as quotas da empresa executada e os bens imóveis ficaram com a ex-esposa (fls. 431/434 e 426/427). Há indícios de fraude à execução a justificar a vinda ao processo de todos. Reconheço, portanto, a existência da fraude à execução e determino a penhora dos imóveis de fls. 314/321 e 323/330. Lavre-se o termo e intime-se na pessoa dos advogados do executado, se representado estiver, ou pessoalmente, caso não tenha advogado constituído nos autos, conforme preceitua o artigo 652,§ 4º do CPC. Proceda-se à expedição da certidão para averbação da penhora, nos termos do artigo 659, § 4º do CPC." (destaques meus). Realço, por oportuno, que antes da partilha resultante do processo nº 1000167-65.2014.8.26.0048, com Sentença prolatada em 24 de janeiro de 2014 e carta de Sentença expedida em 14 de abril de 2014, no Juízo Estadual já tramitavam ao menos 07 (sete) ações em face de NEONEFRO NEFROLOGIA E CLÍNICA MEDICA LTDA (processo n. 0004471-77.2012.8.26.0248, distribuído em 28/03/2012; processo n. 3000229-87.2013.8.26.0248, distribuído em 17 de maio de 2013; processo n. 3003175-32.2013.8.26.0248, distribuído em 23 de agosto de 2013; processo n. 3003878-60.2013.8.26.0248, distribuído em 20 de setembro de 2013; processo n. 4004457-88.2013.8.26.0248, distribuído em 15 de outubro de 2013; processo 4002455-66.2013.8.26.0048, distribuído em 23 de julho de 2013; processo n. 4004151-40.2013.8.26.0048, distribuído em 15 de outubro de 2013), pessoa jurídica da qual o executado CARLOS EDUARDO MACHADO é sócio majoritário e administrador consoante irradia do documento de Id num 8b4a181 - página 1.359, do PDF dos autos principais. Por todo o exposto, quer sob a perspectiva formal (alegada ausência de intimação), quer sob a perspectiva material (suposta ausência de fraude), estes embargos merecem cabal rejeição". Dessa forma, inexistindo qualquer elemento de convicção que afaste as conclusões acima expostas, tenho por irretocável o r. julgado que rejeitou o pedido da embargante". Pelo exposto, dou provimento ao agravo de petição do sindicato autor para reconhecer a fraude à execução e para que se prossiga com a penhora do bem imóvel de matrícula 90.191 do CRI de Atibaia. CONCLUSÃO Diante do exposto, decido conhecer do agravo de petição interposto por SIND DOS EMPR EM ESTAB DE SERVICOS DE SAUDE DE CAMPINAS (autor/exequente) e o prover para reconhecer a fraude à execução e para que se prossiga com a penhora do bem imóvel de matrícula 90.191 do CRI de Atibaia, nos termos da fundamentação. Custas na forma da lei. Em 14/04/2025, a 3ª Câmara (Segunda Turma) do Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região julgou o presente processo, conforme disposto na Portaria GP nº 05/2023 deste E. TRT. Presidiu o julgamento a Exma. Sra. Desembargadora do Trabalho ANTONIA REGINA TANCINI PESTANA (Regimental) Tomaram parte no julgamento as Exmas. Sras. Magistradas Relatora: Juíza do Trabalho MARINA DE SIQUEIRA FERREIRA ZERBINATTI Desembargadora do Trabalho ANTONIA REGINA TANCINI PESTANA Desembargadora do Trabalho ROSEMEIRE UEHARA TANAKA Em férias, a Exma. Sra. Desembargadora Ana Amarylis Vivacqua de Oliveira Gulla, substituída pela Exma. Sra. Juíza Marina de Siqueira Ferreira Zerbinatti. Ministério Público do Trabalho (Ciente) ACORDAM os Exmos. Srs. Magistrados, à unanimidade, em julgar o processo nos termos do voto proposto pela Exma. Sra. Relatora. MARINA DE SIQUEIRA FERREIRA ZERBINATTI Juíza Relatora CAMPINAS/SP, 22 de abril de 2025. ANA MARIA DE OLIVEIRA ROSA Diretor de Secretaria Intimado(s) / Citado(s) - NEONEFRO NEFROLOGIA E CLINICA MEDICA LTDA

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Sind Dos Empr Em Estab De Servicos De Saude De Campinas x A Praxis Seguranca E Medicina Do Trabalho S/S Ltda e outros

ID: 259024779

Tribunal: TRT15 Órgão: 3ª Câmara Classe: AGRAVO DE PETIçãO Nº Processo: 0002204-89.2013.5.15.0140

Data de Disponibilização: 23/04/2025

Polo Ativo:

SIND DOS EMPR EM ESTAB DE SERVICOS DE SAUDE DE CAMPINAS

Polo Passivo:

A PRAXIS SEGURANCA E MEDICINA DO TRABALHO S/S LTDA CARLOS EDUARDO MACHADO DIPRAXIS SEGURANCA E MEDICINA DO TRABALHO S/S LTDA GVMAC - EIRELI IMPERIAL ASSISTENCIA MEDICA S/C LTDA NEFROLOGIA HEMODIALISE HIPERTENSAO MEDICINA GERAL E PREVENTIVA LTDA NEONEFRO NEFROLOGIA E CLINICA MEDICA LTDA NEONEFRO NEFROLOGIA E MEDICINA S/C LTDA. NESTOR PINHO FILHO TAC SERVICOS MEDICOS LTDA

Acórdão

Advogados:

OCTAVIO RAPHAEL PADILHA

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

WALDIR FANTINI

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

ANSELMO EDUARDO BIANCO

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 15ª REGIÃO 3ª CÂMARA Relatora: MARINA DE SIQUEIRA FERREIRA ZERBINATTI 0002204-89.2013.5.15.0140 : SIND DOS EMPR EM ESTAB D… PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 15ª REGIÃO 3ª CÂMARA Relatora: MARINA DE SIQUEIRA FERREIRA ZERBINATTI 0002204-89.2013.5.15.0140 : SIND DOS EMPR EM ESTAB DE SERVICOS DE SAUDE DE CAMPINAS : NEONEFRO NEFROLOGIA E CLINICA MEDICA LTDA E OUTROS (9) 3ª CÂMARA - SEGUNDA TURMA PROCESSO N° 0002204-89.2013.5.15.0140 AP AGRAVO DE PETIÇÃO AGRAVANTE: SIND DOS EMPR EM ESTAB DE SERVICOS DE SAUDE DE CAMPINAS AGRAVADO: NEONEFRO NEFROLOGIA E CLINICA MEDICA LTDA AGRAVADO: NESTOR PINHO FILHO AGRAVADO: CARLOS EDUARDO MACHADO AGRAVADO: NEFROLOGIA HEMODIALISE HIPERTENSAO MEDICINA GERAL E PREVENTIVA LTDA AGRAVADO: DIPRAXIS SEGURANCA E MEDICINA DO TRABALHO S/S LTDA AGRAVADO: A PRAXIS SEGURANCA E MEDICINA DO TRABALHO S/S LTDA AGRAVADO: IMPERIAL ASSISTENCIA MEDICA S/C LTDA AGRAVADO: NEONEFRO NEFROLOGIA E MEDICINA S/C LTDA. AGRAVADO: TAC SERVICOS MEDICOS LTDA AGRAVADO: GVMAC - EIRELI ORIGEM: VARA DO TRABALHO DE ATIBAIA JUIZ SENTENCIANTE: JOAO DIONISIO VIVEIROS TEIXEIRA RELATORA: MARINA DE SIQUEIRA FERREIRA ZERBINATTI (9) RELATÓRIO Da r. decisão de ID. 4087d3a, que indeferiu a penhora do bem imóvel de matrícula n. 90.191 do CRI de Atibaia, o sindicato autor interpõe o agravo de petição de ID. 161db74, pretendendo a modificação da decisão agravada para o fim de se prosseguir com a constrição do bem imóvel anteriormente referido. Partes devidamente representadas. Sem contraminutas. É o relatório. CONHECIMENTO O agravo de petição merece ser conhecido, uma vez que preenchidos os pressupostos legais de admissibilidade. VOTO FRAUDE À EXECUÇÃO O sindicato autor pretende a modificação da decisão agravada para o fim de se prosseguir com a constrição do bem imóvel de matrícula n.90.191 do CRI de Atibaia, pois "O imóvel foi vendido através de contrato particular de compra e venda em 25/07/2022, sendo de ciência do terceiro que o imóvel tinha restrição advinda de processo trabalhista, ressaltando que a presente ação foi ajuizada em 13/08/2013." (fls. 1492). Alega que a venda de referido bem se deu em fraude à execução. Vejamos. A presente reclamação trabalhista fora ajuizada em 13/08/2013, com acordo homologado em 28/01/2014 e posterior descumprimento da avença. O sócio Carlos Eduardo Machado foi incluído no polo passivo da presente execução em 31/10/2014. O presente processo passou a funcionar como reunião de execuções em face dos executados em 15/03/2018. Dito isso, vejamos a situação do bem imóvel cuja penhora o agravante requereu. Em cumprimento ao mandado de penhora de ID. d931c8e, o senhor Oficial de Justiça se dirigiu ao imóvel e foi recebido pelo terceiro Alex da Silva Marchat que informou ser proprietário e morador do imóvel, tendo adquirido referido bem de Ana Paula Cardoso Machado por meio de contrato particular de compra e venda datado de 25/07/2022. O contrato e seu aditamento foram anexados aos autos (IDs. 30e18d3 e 6e22787). O MM. Juízo a quo entendeu que "À vista do quanto certificado pelo senhor oficial de Justiça, e dos documentos juntados para instruir referida certidão, verifica-se que o imóvel objeto de penhora pertence a terceiro estranho à lide, observada também a notícia de aquisição do imóvel, pela vendedora, em processo de divórcio. Indefiro sua penhora, não havendo fraude à execução a declarar." Da matrícula de ID. c33138a extraio que o imóvel foi adquirido pelo executado Carlos Eduardo Machado e sua esposa à época Ana Paula Cardoso Machado em 01/10/2010, havendo averbações de indisponibilidade em 07/04/2016 (Av. 05), em 24/04/2017 (Av. 06) e em 10/10/2023 (Av. 08), a última proveniente destes autos. Verifico que da referida matrícula não constou averbação do divórcio por meio do qual a Sra. Ana Paula Cardoso Machado teria passado a ser a única proprietária do bem imóvel, nem houve registro da transferência do bem para o Sr. Alex da Silva Marchat. Importante ressaltar que do compromisso de venda e compra e seu aditamento extrai-se que o executado Carlos Eduardo Machado foi identificado como anuente, tendo sido citadas as indisponibilidades averbadas na matrícula do imóvel. Ou seja, o terceiro Alex da Silva Marchat tinha plena ciência da situação do imóvel e da possibilidade de evicção em razão do reconhecimento de fraude à execução. Assim, a celebração da promessa de compra e venda e seu aditamento se deu em momento posterior à data de ajuizamento da ação, do início da execução e da inclusão do executado Carlos Eduardo Machado no polo passivo, sendo que não há na matrícula n. 90.191 do CRI de Atibaia nenhuma indicação de transferência do imóvel seja em razão de divórcio, seja em razão de compra e venda. Repito, o Sr. Alex da Silva Marchat tinha plena ciência das indisponibilidades averbadas na matrícula do bem imóvel, tendo constado expressamente do compromisso de compra e venda e de seu aditamento, não havendo se falar, portanto, em aquisição de boa-fé efetuada pelo terceiro Alex da Silva Marchat. O bem imóvel foi alienado em fraude à execução. Não se desconhece que a eficácia da alienação do bem imóvel não se limita à efetivação do registro. A jurisprudência majoritária tem conferido validade aos negócios jurídicos firmados por meio de compromisso de compra e venda de imóveis, independentemente de seu registro junto ao cartório de registro de imóveis. Isto porque, o registro da alienação do bem junto ao Cartório de Registro de Imóveis tem por um dos escopos conceder publicidade do negócio jurídico a terceiros, não havendo óbice no sentido de que a transferência do bem seja comprovada por outro meio legal. Porém, no caso dos autos, o próprio compromisso de compra e venda de 25/07/2022 e seu aditamento de 04/12/2023 comprovam que o terceiro Alex da Silva Marchat tinha plena ciência das indisponibilidades que recaiam sobre o bem imóvel, sendo por isso afastada a boa-fé na aquisição do bem imóvel. Além disso, quanto à anterior transferência do bem imóvel para a Sra. Ana Paula Cardoso Machado por acordo homologado em ação de divórcio, o MM. Juízo a quo já decidiu em 19/07/2016: "A fraude à execução é prevista no artigo 792, IV, do Novo CPC, de aplicação subsidiária no processo trabalhista, e é caracterizada pela alienação ou oneração de bens do executado, após o ajuizamento da ação, capaz de reduzi-lo à insolvência. Assim, caso a transferência do patrimônio à ex-esposa do executado Carlos Eduardo Machado, noticiada pela exequente (fls.92/96) e apreciada pelo Juízo Cível, seja posterior ao ajuizamento da presente ação (13/08/2013), restará configurada a aludida fraude e autorizada a penhora de bens, em especial, do imóvel matrícula 48.404 do CRI de Atibaia, cf. requerido." Além disso, a questão da fraude à execução na transferência de todos os bens imóveis do casal Carlos Eduardo Machado e Ana Paula Cardoso Machado para a divorcianda já foi decidida por este Eg Tribunal nos autos do proc. n. 0010855-46.2023.5.15.0145 (Embargos de Terceiro), ajuizado em razão de penhora de bem imóvel determinada na reclamação trabalhista n. 0011071-22.2014.5.15.0145, merecendo transcrição a fundamentação do V. Acórdão que julgou o Agravo de Petição em Embargos de Terceiro, de Relatoria do Exmo. Juiz Convocado Manoel Luiz Costa Penido, julgado em 03/06/2024, pela 8ª Câmara deste TRT15, veja-se: "(...) De outro bordo, também não há falar em modificação do julgado quanto ao reconhecimento de fraude à execução, seja pela preclusão temporal operada, seja pela ausência de provas ou supedâneo legislativo para tanto. Em que pese não haver nestes autos, o r. julgado em vergasta registra que em 20 de setembro de 2018, restou decidido pelo MM. Juízo da execução, o seguinte: "Pois bem, os presentes autos tramitam em execuçao ha mais de dois anos sem que os executados manifestem qualquer disposiçao no sentido de quitá-la. Analisando a certidão da senhora oficial de justiça de ID fd9b456, constato que os imoveis localizados na pesquisa patrimonial estao, em sua maior parte, alienados fiduciariamente, com exceçao do imovel matriculado sob numero 76.867 junto ao Cartorio de Registro de Imoveis de Bragança Paulista que, na epoca em que perdurou o vinculo de emprego do qual decorre a presente execuçao (de 12/11/2012 a 05/01/2014) integrava o patrimonio do executado CARLOS EDUARDO MACHADO, tendo sido posterior e oportunamente transferido a sua ex-esposa em virtude de divorcio. Destarte, tendo em vista o carater alimentar do qual se revestem os creditos decorrentes dos julgados desta Especializada, e a aparente tentativa de ocultaçao do patrimônio amealhado pelos socios, haja vista a falta de registro das operaçoes constantes no DOI, determino a PENHORA E AVALIAÇAO do imovel 76.867 do CRI de Bragança Paulista." (Id num 45249a6 - página 287, dos autos principais)". Ou seja, eventual discussão acerca da inexistência de fraude à execução, deveriam ser arguidas no juízo e momento próprios, e não mais de seis anos depois em sede de agravo de petição em embargos de terceiros. E mais, até mesmo o Juízo cível, no ano de 2015 diante dos termos de separação, e os inúmeros processos de execução em face da empresa do Sr. Carlos Eduardo Machado, reconheceu a existência de concilium fraudis, diante da transferência de todos os bens e direitos para a ora agravante, remetendo todas as dívidas e obrigações ao seu ex-esposo De qualquer sorte, transcrevo a minuciosa análise feita pelo MM. Juízo de 1º Grau onde fica clara a situação real do movimento patrimonial, em clara blindagem do mesmo: "De fato, ao que emerge da petição inicial da ação de divórcio consensual (processo nº 1000167-65.2014.8.26.0048), os então cônjuges eram proprietários de 07 imóveis (itens 'a' à 'g') e quotas de capital de 03 empresas (itens 'h' à 'j'). Ocorre que os imóveis, em sua integralidade, foram destinados exclusivamente à embargante, ficando o executado CARLOS EDUARDO MACHADO apenas com as quotas das empresas e, se não bastasse, responsável pelas dívidas dos imóveis. É o que se colhe da observação inserida na petição colacionada na página 115, do PDF, in verbis: "OBS: O pagamento das parcelas de financiamento que pesem sobre os imóveis acima descritos será de responsabilidade integral do divorciando, que deverá providenciar os pagamentos nos respectivos vencimentos; o eventual inadimplemento caracteriza inadimplemento do presente acordo, sujeitando o divorciando à execução dos valores." Nesse encalço, oportuno realçar que anteriormente a este Juízo Trabalhista, o Juízo Cível já havia reconhecido que a partilha de bens realizada entre embargante e executado Carlos Eduardo Machado se deu em concilium fraudis!!! É o que seguramente se extrai dos autos do processo n. 1042767-42.2014.8.26.0100. Com efeito, aquele processo se refere a uma execução ajuizada em face de NEFRONERO e do executado Carlos Eduardo Machado. Aquela ação foi distribuída em 09 de maio de 2014. Em 20.05.2014 foi deferido arresto de diversos bens. Em 30.06.2014, aquele Juízo sinalizou para a possibilidade de o executado estar dilapidando o patrimônio. Nesse trilho dos fatos, determinou-se a transferência dos aluguéis dos imóveis do executado CARLOS EDUARDO MACHADO, bem como arresto e bloqueio dos imóveis objeto das matrículas números 76867 e 39191, do Cartório de Registro de Imóveis de Bragança Paulista, bem como do imóvel objeto da matrícula número 102350, do Cartório de Registro de Imóveis de Guarujá. Em 12.02.2015 decidiu-se a transmissão àqueles autos do formal de partilha e, em 09.06.2015, aquele Juízo declarou fraude à execução nos seguintes termos: "Relação: 0156/2015 Teor do ato: Vistos. A execução surgiu após ao divórcio do casal. No entanto, há fortes indícios para que se reconheça a existência de fraude à execução. O executado ficou unicamente com as quotas da empresa executada e os bens imóveis ficaram com a ex-esposa (fls. 431/434 e 426/427). Há indícios de fraude à execução a justificar a vinda ao processo de todos. Reconheço, portanto, a existência da fraude à execução e determino a penhora dos imóveis de fls. 314/321 e 323/330. Lavre-se o termo e intime-se na pessoa dos advogados do executado, se representado estiver, ou pessoalmente, caso não tenha advogado constituído nos autos, conforme preceitua o artigo 652,§ 4º do CPC. Proceda-se à expedição da certidão para averbação da penhora, nos termos do artigo 659, § 4º do CPC." (destaques meus). Realço, por oportuno, que antes da partilha resultante do processo nº 1000167-65.2014.8.26.0048, com Sentença prolatada em 24 de janeiro de 2014 e carta de Sentença expedida em 14 de abril de 2014, no Juízo Estadual já tramitavam ao menos 07 (sete) ações em face de NEONEFRO NEFROLOGIA E CLÍNICA MEDICA LTDA (processo n. 0004471-77.2012.8.26.0248, distribuído em 28/03/2012; processo n. 3000229-87.2013.8.26.0248, distribuído em 17 de maio de 2013; processo n. 3003175-32.2013.8.26.0248, distribuído em 23 de agosto de 2013; processo n. 3003878-60.2013.8.26.0248, distribuído em 20 de setembro de 2013; processo n. 4004457-88.2013.8.26.0248, distribuído em 15 de outubro de 2013; processo 4002455-66.2013.8.26.0048, distribuído em 23 de julho de 2013; processo n. 4004151-40.2013.8.26.0048, distribuído em 15 de outubro de 2013), pessoa jurídica da qual o executado CARLOS EDUARDO MACHADO é sócio majoritário e administrador consoante irradia do documento de Id num 8b4a181 - página 1.359, do PDF dos autos principais. Por todo o exposto, quer sob a perspectiva formal (alegada ausência de intimação), quer sob a perspectiva material (suposta ausência de fraude), estes embargos merecem cabal rejeição". Dessa forma, inexistindo qualquer elemento de convicção que afaste as conclusões acima expostas, tenho por irretocável o r. julgado que rejeitou o pedido da embargante". Pelo exposto, dou provimento ao agravo de petição do sindicato autor para reconhecer a fraude à execução e para que se prossiga com a penhora do bem imóvel de matrícula 90.191 do CRI de Atibaia. CONCLUSÃO Diante do exposto, decido conhecer do agravo de petição interposto por SIND DOS EMPR EM ESTAB DE SERVICOS DE SAUDE DE CAMPINAS (autor/exequente) e o prover para reconhecer a fraude à execução e para que se prossiga com a penhora do bem imóvel de matrícula 90.191 do CRI de Atibaia, nos termos da fundamentação. Custas na forma da lei. Em 14/04/2025, a 3ª Câmara (Segunda Turma) do Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região julgou o presente processo, conforme disposto na Portaria GP nº 05/2023 deste E. TRT. Presidiu o julgamento a Exma. Sra. Desembargadora do Trabalho ANTONIA REGINA TANCINI PESTANA (Regimental) Tomaram parte no julgamento as Exmas. Sras. Magistradas Relatora: Juíza do Trabalho MARINA DE SIQUEIRA FERREIRA ZERBINATTI Desembargadora do Trabalho ANTONIA REGINA TANCINI PESTANA Desembargadora do Trabalho ROSEMEIRE UEHARA TANAKA Em férias, a Exma. Sra. Desembargadora Ana Amarylis Vivacqua de Oliveira Gulla, substituída pela Exma. Sra. Juíza Marina de Siqueira Ferreira Zerbinatti. Ministério Público do Trabalho (Ciente) ACORDAM os Exmos. Srs. Magistrados, à unanimidade, em julgar o processo nos termos do voto proposto pela Exma. Sra. Relatora. MARINA DE SIQUEIRA FERREIRA ZERBINATTI Juíza Relatora CAMPINAS/SP, 22 de abril de 2025. ANA MARIA DE OLIVEIRA ROSA Diretor de Secretaria Intimado(s) / Citado(s) - NESTOR PINHO FILHO

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Sind Dos Empr Em Estab De Servicos De Saude De Campinas x A Praxis Seguranca E Medicina Do Trabalho S/S Ltda e outros

ID: 259024806

Tribunal: TRT15 Órgão: 3ª Câmara Classe: AGRAVO DE PETIçãO Nº Processo: 0002204-89.2013.5.15.0140

Data de Disponibilização: 23/04/2025

Polo Ativo:

SIND DOS EMPR EM ESTAB DE SERVICOS DE SAUDE DE CAMPINAS

Polo Passivo:

A PRAXIS SEGURANCA E MEDICINA DO TRABALHO S/S LTDA CARLOS EDUARDO MACHADO DIPRAXIS SEGURANCA E MEDICINA DO TRABALHO S/S LTDA GVMAC - EIRELI IMPERIAL ASSISTENCIA MEDICA S/C LTDA NEFROLOGIA HEMODIALISE HIPERTENSAO MEDICINA GERAL E PREVENTIVA LTDA NEONEFRO NEFROLOGIA E CLINICA MEDICA LTDA NEONEFRO NEFROLOGIA E MEDICINA S/C LTDA. NESTOR PINHO FILHO TAC SERVICOS MEDICOS LTDA

Acórdão

Advogados:

OCTAVIO RAPHAEL PADILHA

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WALDIR FANTINI

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ANSELMO EDUARDO BIANCO

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PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 15ª REGIÃO 3ª CÂMARA Relatora: MARINA DE SIQUEIRA FERREIRA ZERBINATTI 0002204-89.2013.5.15.0140 : SIND DOS EMPR EM ESTAB D… PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 15ª REGIÃO 3ª CÂMARA Relatora: MARINA DE SIQUEIRA FERREIRA ZERBINATTI 0002204-89.2013.5.15.0140 : SIND DOS EMPR EM ESTAB DE SERVICOS DE SAUDE DE CAMPINAS : NEONEFRO NEFROLOGIA E CLINICA MEDICA LTDA E OUTROS (9) 3ª CÂMARA - SEGUNDA TURMA PROCESSO N° 0002204-89.2013.5.15.0140 AP AGRAVO DE PETIÇÃO AGRAVANTE: SIND DOS EMPR EM ESTAB DE SERVICOS DE SAUDE DE CAMPINAS AGRAVADO: NEONEFRO NEFROLOGIA E CLINICA MEDICA LTDA AGRAVADO: NESTOR PINHO FILHO AGRAVADO: CARLOS EDUARDO MACHADO AGRAVADO: NEFROLOGIA HEMODIALISE HIPERTENSAO MEDICINA GERAL E PREVENTIVA LTDA AGRAVADO: DIPRAXIS SEGURANCA E MEDICINA DO TRABALHO S/S LTDA AGRAVADO: A PRAXIS SEGURANCA E MEDICINA DO TRABALHO S/S LTDA AGRAVADO: IMPERIAL ASSISTENCIA MEDICA S/C LTDA AGRAVADO: NEONEFRO NEFROLOGIA E MEDICINA S/C LTDA. AGRAVADO: TAC SERVICOS MEDICOS LTDA AGRAVADO: GVMAC - EIRELI ORIGEM: VARA DO TRABALHO DE ATIBAIA JUIZ SENTENCIANTE: JOAO DIONISIO VIVEIROS TEIXEIRA RELATORA: MARINA DE SIQUEIRA FERREIRA ZERBINATTI (9) RELATÓRIO Da r. decisão de ID. 4087d3a, que indeferiu a penhora do bem imóvel de matrícula n. 90.191 do CRI de Atibaia, o sindicato autor interpõe o agravo de petição de ID. 161db74, pretendendo a modificação da decisão agravada para o fim de se prosseguir com a constrição do bem imóvel anteriormente referido. Partes devidamente representadas. Sem contraminutas. É o relatório. CONHECIMENTO O agravo de petição merece ser conhecido, uma vez que preenchidos os pressupostos legais de admissibilidade. VOTO FRAUDE À EXECUÇÃO O sindicato autor pretende a modificação da decisão agravada para o fim de se prosseguir com a constrição do bem imóvel de matrícula n.90.191 do CRI de Atibaia, pois "O imóvel foi vendido através de contrato particular de compra e venda em 25/07/2022, sendo de ciência do terceiro que o imóvel tinha restrição advinda de processo trabalhista, ressaltando que a presente ação foi ajuizada em 13/08/2013." (fls. 1492). Alega que a venda de referido bem se deu em fraude à execução. Vejamos. A presente reclamação trabalhista fora ajuizada em 13/08/2013, com acordo homologado em 28/01/2014 e posterior descumprimento da avença. O sócio Carlos Eduardo Machado foi incluído no polo passivo da presente execução em 31/10/2014. O presente processo passou a funcionar como reunião de execuções em face dos executados em 15/03/2018. Dito isso, vejamos a situação do bem imóvel cuja penhora o agravante requereu. Em cumprimento ao mandado de penhora de ID. d931c8e, o senhor Oficial de Justiça se dirigiu ao imóvel e foi recebido pelo terceiro Alex da Silva Marchat que informou ser proprietário e morador do imóvel, tendo adquirido referido bem de Ana Paula Cardoso Machado por meio de contrato particular de compra e venda datado de 25/07/2022. O contrato e seu aditamento foram anexados aos autos (IDs. 30e18d3 e 6e22787). O MM. Juízo a quo entendeu que "À vista do quanto certificado pelo senhor oficial de Justiça, e dos documentos juntados para instruir referida certidão, verifica-se que o imóvel objeto de penhora pertence a terceiro estranho à lide, observada também a notícia de aquisição do imóvel, pela vendedora, em processo de divórcio. Indefiro sua penhora, não havendo fraude à execução a declarar." Da matrícula de ID. c33138a extraio que o imóvel foi adquirido pelo executado Carlos Eduardo Machado e sua esposa à época Ana Paula Cardoso Machado em 01/10/2010, havendo averbações de indisponibilidade em 07/04/2016 (Av. 05), em 24/04/2017 (Av. 06) e em 10/10/2023 (Av. 08), a última proveniente destes autos. Verifico que da referida matrícula não constou averbação do divórcio por meio do qual a Sra. Ana Paula Cardoso Machado teria passado a ser a única proprietária do bem imóvel, nem houve registro da transferência do bem para o Sr. Alex da Silva Marchat. Importante ressaltar que do compromisso de venda e compra e seu aditamento extrai-se que o executado Carlos Eduardo Machado foi identificado como anuente, tendo sido citadas as indisponibilidades averbadas na matrícula do imóvel. Ou seja, o terceiro Alex da Silva Marchat tinha plena ciência da situação do imóvel e da possibilidade de evicção em razão do reconhecimento de fraude à execução. Assim, a celebração da promessa de compra e venda e seu aditamento se deu em momento posterior à data de ajuizamento da ação, do início da execução e da inclusão do executado Carlos Eduardo Machado no polo passivo, sendo que não há na matrícula n. 90.191 do CRI de Atibaia nenhuma indicação de transferência do imóvel seja em razão de divórcio, seja em razão de compra e venda. Repito, o Sr. Alex da Silva Marchat tinha plena ciência das indisponibilidades averbadas na matrícula do bem imóvel, tendo constado expressamente do compromisso de compra e venda e de seu aditamento, não havendo se falar, portanto, em aquisição de boa-fé efetuada pelo terceiro Alex da Silva Marchat. O bem imóvel foi alienado em fraude à execução. Não se desconhece que a eficácia da alienação do bem imóvel não se limita à efetivação do registro. A jurisprudência majoritária tem conferido validade aos negócios jurídicos firmados por meio de compromisso de compra e venda de imóveis, independentemente de seu registro junto ao cartório de registro de imóveis. Isto porque, o registro da alienação do bem junto ao Cartório de Registro de Imóveis tem por um dos escopos conceder publicidade do negócio jurídico a terceiros, não havendo óbice no sentido de que a transferência do bem seja comprovada por outro meio legal. Porém, no caso dos autos, o próprio compromisso de compra e venda de 25/07/2022 e seu aditamento de 04/12/2023 comprovam que o terceiro Alex da Silva Marchat tinha plena ciência das indisponibilidades que recaiam sobre o bem imóvel, sendo por isso afastada a boa-fé na aquisição do bem imóvel. Além disso, quanto à anterior transferência do bem imóvel para a Sra. Ana Paula Cardoso Machado por acordo homologado em ação de divórcio, o MM. Juízo a quo já decidiu em 19/07/2016: "A fraude à execução é prevista no artigo 792, IV, do Novo CPC, de aplicação subsidiária no processo trabalhista, e é caracterizada pela alienação ou oneração de bens do executado, após o ajuizamento da ação, capaz de reduzi-lo à insolvência. Assim, caso a transferência do patrimônio à ex-esposa do executado Carlos Eduardo Machado, noticiada pela exequente (fls.92/96) e apreciada pelo Juízo Cível, seja posterior ao ajuizamento da presente ação (13/08/2013), restará configurada a aludida fraude e autorizada a penhora de bens, em especial, do imóvel matrícula 48.404 do CRI de Atibaia, cf. requerido." Além disso, a questão da fraude à execução na transferência de todos os bens imóveis do casal Carlos Eduardo Machado e Ana Paula Cardoso Machado para a divorcianda já foi decidida por este Eg Tribunal nos autos do proc. n. 0010855-46.2023.5.15.0145 (Embargos de Terceiro), ajuizado em razão de penhora de bem imóvel determinada na reclamação trabalhista n. 0011071-22.2014.5.15.0145, merecendo transcrição a fundamentação do V. Acórdão que julgou o Agravo de Petição em Embargos de Terceiro, de Relatoria do Exmo. Juiz Convocado Manoel Luiz Costa Penido, julgado em 03/06/2024, pela 8ª Câmara deste TRT15, veja-se: "(...) De outro bordo, também não há falar em modificação do julgado quanto ao reconhecimento de fraude à execução, seja pela preclusão temporal operada, seja pela ausência de provas ou supedâneo legislativo para tanto. Em que pese não haver nestes autos, o r. julgado em vergasta registra que em 20 de setembro de 2018, restou decidido pelo MM. Juízo da execução, o seguinte: "Pois bem, os presentes autos tramitam em execuçao ha mais de dois anos sem que os executados manifestem qualquer disposiçao no sentido de quitá-la. Analisando a certidão da senhora oficial de justiça de ID fd9b456, constato que os imoveis localizados na pesquisa patrimonial estao, em sua maior parte, alienados fiduciariamente, com exceçao do imovel matriculado sob numero 76.867 junto ao Cartorio de Registro de Imoveis de Bragança Paulista que, na epoca em que perdurou o vinculo de emprego do qual decorre a presente execuçao (de 12/11/2012 a 05/01/2014) integrava o patrimonio do executado CARLOS EDUARDO MACHADO, tendo sido posterior e oportunamente transferido a sua ex-esposa em virtude de divorcio. Destarte, tendo em vista o carater alimentar do qual se revestem os creditos decorrentes dos julgados desta Especializada, e a aparente tentativa de ocultaçao do patrimônio amealhado pelos socios, haja vista a falta de registro das operaçoes constantes no DOI, determino a PENHORA E AVALIAÇAO do imovel 76.867 do CRI de Bragança Paulista." (Id num 45249a6 - página 287, dos autos principais)". Ou seja, eventual discussão acerca da inexistência de fraude à execução, deveriam ser arguidas no juízo e momento próprios, e não mais de seis anos depois em sede de agravo de petição em embargos de terceiros. E mais, até mesmo o Juízo cível, no ano de 2015 diante dos termos de separação, e os inúmeros processos de execução em face da empresa do Sr. Carlos Eduardo Machado, reconheceu a existência de concilium fraudis, diante da transferência de todos os bens e direitos para a ora agravante, remetendo todas as dívidas e obrigações ao seu ex-esposo De qualquer sorte, transcrevo a minuciosa análise feita pelo MM. Juízo de 1º Grau onde fica clara a situação real do movimento patrimonial, em clara blindagem do mesmo: "De fato, ao que emerge da petição inicial da ação de divórcio consensual (processo nº 1000167-65.2014.8.26.0048), os então cônjuges eram proprietários de 07 imóveis (itens 'a' à 'g') e quotas de capital de 03 empresas (itens 'h' à 'j'). Ocorre que os imóveis, em sua integralidade, foram destinados exclusivamente à embargante, ficando o executado CARLOS EDUARDO MACHADO apenas com as quotas das empresas e, se não bastasse, responsável pelas dívidas dos imóveis. É o que se colhe da observação inserida na petição colacionada na página 115, do PDF, in verbis: "OBS: O pagamento das parcelas de financiamento que pesem sobre os imóveis acima descritos será de responsabilidade integral do divorciando, que deverá providenciar os pagamentos nos respectivos vencimentos; o eventual inadimplemento caracteriza inadimplemento do presente acordo, sujeitando o divorciando à execução dos valores." Nesse encalço, oportuno realçar que anteriormente a este Juízo Trabalhista, o Juízo Cível já havia reconhecido que a partilha de bens realizada entre embargante e executado Carlos Eduardo Machado se deu em concilium fraudis!!! É o que seguramente se extrai dos autos do processo n. 1042767-42.2014.8.26.0100. Com efeito, aquele processo se refere a uma execução ajuizada em face de NEFRONERO e do executado Carlos Eduardo Machado. Aquela ação foi distribuída em 09 de maio de 2014. Em 20.05.2014 foi deferido arresto de diversos bens. Em 30.06.2014, aquele Juízo sinalizou para a possibilidade de o executado estar dilapidando o patrimônio. Nesse trilho dos fatos, determinou-se a transferência dos aluguéis dos imóveis do executado CARLOS EDUARDO MACHADO, bem como arresto e bloqueio dos imóveis objeto das matrículas números 76867 e 39191, do Cartório de Registro de Imóveis de Bragança Paulista, bem como do imóvel objeto da matrícula número 102350, do Cartório de Registro de Imóveis de Guarujá. Em 12.02.2015 decidiu-se a transmissão àqueles autos do formal de partilha e, em 09.06.2015, aquele Juízo declarou fraude à execução nos seguintes termos: "Relação: 0156/2015 Teor do ato: Vistos. A execução surgiu após ao divórcio do casal. No entanto, há fortes indícios para que se reconheça a existência de fraude à execução. O executado ficou unicamente com as quotas da empresa executada e os bens imóveis ficaram com a ex-esposa (fls. 431/434 e 426/427). Há indícios de fraude à execução a justificar a vinda ao processo de todos. Reconheço, portanto, a existência da fraude à execução e determino a penhora dos imóveis de fls. 314/321 e 323/330. Lavre-se o termo e intime-se na pessoa dos advogados do executado, se representado estiver, ou pessoalmente, caso não tenha advogado constituído nos autos, conforme preceitua o artigo 652,§ 4º do CPC. Proceda-se à expedição da certidão para averbação da penhora, nos termos do artigo 659, § 4º do CPC." (destaques meus). Realço, por oportuno, que antes da partilha resultante do processo nº 1000167-65.2014.8.26.0048, com Sentença prolatada em 24 de janeiro de 2014 e carta de Sentença expedida em 14 de abril de 2014, no Juízo Estadual já tramitavam ao menos 07 (sete) ações em face de NEONEFRO NEFROLOGIA E CLÍNICA MEDICA LTDA (processo n. 0004471-77.2012.8.26.0248, distribuído em 28/03/2012; processo n. 3000229-87.2013.8.26.0248, distribuído em 17 de maio de 2013; processo n. 3003175-32.2013.8.26.0248, distribuído em 23 de agosto de 2013; processo n. 3003878-60.2013.8.26.0248, distribuído em 20 de setembro de 2013; processo n. 4004457-88.2013.8.26.0248, distribuído em 15 de outubro de 2013; processo 4002455-66.2013.8.26.0048, distribuído em 23 de julho de 2013; processo n. 4004151-40.2013.8.26.0048, distribuído em 15 de outubro de 2013), pessoa jurídica da qual o executado CARLOS EDUARDO MACHADO é sócio majoritário e administrador consoante irradia do documento de Id num 8b4a181 - página 1.359, do PDF dos autos principais. Por todo o exposto, quer sob a perspectiva formal (alegada ausência de intimação), quer sob a perspectiva material (suposta ausência de fraude), estes embargos merecem cabal rejeição". Dessa forma, inexistindo qualquer elemento de convicção que afaste as conclusões acima expostas, tenho por irretocável o r. julgado que rejeitou o pedido da embargante". Pelo exposto, dou provimento ao agravo de petição do sindicato autor para reconhecer a fraude à execução e para que se prossiga com a penhora do bem imóvel de matrícula 90.191 do CRI de Atibaia. CONCLUSÃO Diante do exposto, decido conhecer do agravo de petição interposto por SIND DOS EMPR EM ESTAB DE SERVICOS DE SAUDE DE CAMPINAS (autor/exequente) e o prover para reconhecer a fraude à execução e para que se prossiga com a penhora do bem imóvel de matrícula 90.191 do CRI de Atibaia, nos termos da fundamentação. Custas na forma da lei. Em 14/04/2025, a 3ª Câmara (Segunda Turma) do Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região julgou o presente processo, conforme disposto na Portaria GP nº 05/2023 deste E. TRT. Presidiu o julgamento a Exma. Sra. Desembargadora do Trabalho ANTONIA REGINA TANCINI PESTANA (Regimental) Tomaram parte no julgamento as Exmas. Sras. Magistradas Relatora: Juíza do Trabalho MARINA DE SIQUEIRA FERREIRA ZERBINATTI Desembargadora do Trabalho ANTONIA REGINA TANCINI PESTANA Desembargadora do Trabalho ROSEMEIRE UEHARA TANAKA Em férias, a Exma. Sra. Desembargadora Ana Amarylis Vivacqua de Oliveira Gulla, substituída pela Exma. Sra. Juíza Marina de Siqueira Ferreira Zerbinatti. Ministério Público do Trabalho (Ciente) ACORDAM os Exmos. Srs. Magistrados, à unanimidade, em julgar o processo nos termos do voto proposto pela Exma. Sra. Relatora. MARINA DE SIQUEIRA FERREIRA ZERBINATTI Juíza Relatora CAMPINAS/SP, 22 de abril de 2025. ANA MARIA DE OLIVEIRA ROSA Diretor de Secretaria Intimado(s) / Citado(s) - CARLOS EDUARDO MACHADO

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Sind Dos Empr Em Estab De Servicos De Saude De Campinas x A Praxis Seguranca E Medicina Do Trabalho S/S Ltda e outros

ID: 259024828

Tribunal: TRT15 Órgão: 3ª Câmara Classe: AGRAVO DE PETIçãO Nº Processo: 0002204-89.2013.5.15.0140

Data de Disponibilização: 23/04/2025

Polo Ativo:

SIND DOS EMPR EM ESTAB DE SERVICOS DE SAUDE DE CAMPINAS

Polo Passivo:

A PRAXIS SEGURANCA E MEDICINA DO TRABALHO S/S LTDA CARLOS EDUARDO MACHADO DIPRAXIS SEGURANCA E MEDICINA DO TRABALHO S/S LTDA GVMAC - EIRELI IMPERIAL ASSISTENCIA MEDICA S/C LTDA NEFROLOGIA HEMODIALISE HIPERTENSAO MEDICINA GERAL E PREVENTIVA LTDA NEONEFRO NEFROLOGIA E CLINICA MEDICA LTDA NEONEFRO NEFROLOGIA E MEDICINA S/C LTDA. NESTOR PINHO FILHO TAC SERVICOS MEDICOS LTDA

Acórdão

Advogados:

OCTAVIO RAPHAEL PADILHA

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WALDIR FANTINI

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ANSELMO EDUARDO BIANCO

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PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 15ª REGIÃO 3ª CÂMARA Relatora: MARINA DE SIQUEIRA FERREIRA ZERBINATTI 0002204-89.2013.5.15.0140 : SIND DOS EMPR EM ESTAB D… PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 15ª REGIÃO 3ª CÂMARA Relatora: MARINA DE SIQUEIRA FERREIRA ZERBINATTI 0002204-89.2013.5.15.0140 : SIND DOS EMPR EM ESTAB DE SERVICOS DE SAUDE DE CAMPINAS : NEONEFRO NEFROLOGIA E CLINICA MEDICA LTDA E OUTROS (9) 3ª CÂMARA - SEGUNDA TURMA PROCESSO N° 0002204-89.2013.5.15.0140 AP AGRAVO DE PETIÇÃO AGRAVANTE: SIND DOS EMPR EM ESTAB DE SERVICOS DE SAUDE DE CAMPINAS AGRAVADO: NEONEFRO NEFROLOGIA E CLINICA MEDICA LTDA AGRAVADO: NESTOR PINHO FILHO AGRAVADO: CARLOS EDUARDO MACHADO AGRAVADO: NEFROLOGIA HEMODIALISE HIPERTENSAO MEDICINA GERAL E PREVENTIVA LTDA AGRAVADO: DIPRAXIS SEGURANCA E MEDICINA DO TRABALHO S/S LTDA AGRAVADO: A PRAXIS SEGURANCA E MEDICINA DO TRABALHO S/S LTDA AGRAVADO: IMPERIAL ASSISTENCIA MEDICA S/C LTDA AGRAVADO: NEONEFRO NEFROLOGIA E MEDICINA S/C LTDA. AGRAVADO: TAC SERVICOS MEDICOS LTDA AGRAVADO: GVMAC - EIRELI ORIGEM: VARA DO TRABALHO DE ATIBAIA JUIZ SENTENCIANTE: JOAO DIONISIO VIVEIROS TEIXEIRA RELATORA: MARINA DE SIQUEIRA FERREIRA ZERBINATTI (9) RELATÓRIO Da r. decisão de ID. 4087d3a, que indeferiu a penhora do bem imóvel de matrícula n. 90.191 do CRI de Atibaia, o sindicato autor interpõe o agravo de petição de ID. 161db74, pretendendo a modificação da decisão agravada para o fim de se prosseguir com a constrição do bem imóvel anteriormente referido. Partes devidamente representadas. Sem contraminutas. É o relatório. CONHECIMENTO O agravo de petição merece ser conhecido, uma vez que preenchidos os pressupostos legais de admissibilidade. VOTO FRAUDE À EXECUÇÃO O sindicato autor pretende a modificação da decisão agravada para o fim de se prosseguir com a constrição do bem imóvel de matrícula n.90.191 do CRI de Atibaia, pois "O imóvel foi vendido através de contrato particular de compra e venda em 25/07/2022, sendo de ciência do terceiro que o imóvel tinha restrição advinda de processo trabalhista, ressaltando que a presente ação foi ajuizada em 13/08/2013." (fls. 1492). Alega que a venda de referido bem se deu em fraude à execução. Vejamos. A presente reclamação trabalhista fora ajuizada em 13/08/2013, com acordo homologado em 28/01/2014 e posterior descumprimento da avença. O sócio Carlos Eduardo Machado foi incluído no polo passivo da presente execução em 31/10/2014. O presente processo passou a funcionar como reunião de execuções em face dos executados em 15/03/2018. Dito isso, vejamos a situação do bem imóvel cuja penhora o agravante requereu. Em cumprimento ao mandado de penhora de ID. d931c8e, o senhor Oficial de Justiça se dirigiu ao imóvel e foi recebido pelo terceiro Alex da Silva Marchat que informou ser proprietário e morador do imóvel, tendo adquirido referido bem de Ana Paula Cardoso Machado por meio de contrato particular de compra e venda datado de 25/07/2022. O contrato e seu aditamento foram anexados aos autos (IDs. 30e18d3 e 6e22787). O MM. Juízo a quo entendeu que "À vista do quanto certificado pelo senhor oficial de Justiça, e dos documentos juntados para instruir referida certidão, verifica-se que o imóvel objeto de penhora pertence a terceiro estranho à lide, observada também a notícia de aquisição do imóvel, pela vendedora, em processo de divórcio. Indefiro sua penhora, não havendo fraude à execução a declarar." Da matrícula de ID. c33138a extraio que o imóvel foi adquirido pelo executado Carlos Eduardo Machado e sua esposa à época Ana Paula Cardoso Machado em 01/10/2010, havendo averbações de indisponibilidade em 07/04/2016 (Av. 05), em 24/04/2017 (Av. 06) e em 10/10/2023 (Av. 08), a última proveniente destes autos. Verifico que da referida matrícula não constou averbação do divórcio por meio do qual a Sra. Ana Paula Cardoso Machado teria passado a ser a única proprietária do bem imóvel, nem houve registro da transferência do bem para o Sr. Alex da Silva Marchat. Importante ressaltar que do compromisso de venda e compra e seu aditamento extrai-se que o executado Carlos Eduardo Machado foi identificado como anuente, tendo sido citadas as indisponibilidades averbadas na matrícula do imóvel. Ou seja, o terceiro Alex da Silva Marchat tinha plena ciência da situação do imóvel e da possibilidade de evicção em razão do reconhecimento de fraude à execução. Assim, a celebração da promessa de compra e venda e seu aditamento se deu em momento posterior à data de ajuizamento da ação, do início da execução e da inclusão do executado Carlos Eduardo Machado no polo passivo, sendo que não há na matrícula n. 90.191 do CRI de Atibaia nenhuma indicação de transferência do imóvel seja em razão de divórcio, seja em razão de compra e venda. Repito, o Sr. Alex da Silva Marchat tinha plena ciência das indisponibilidades averbadas na matrícula do bem imóvel, tendo constado expressamente do compromisso de compra e venda e de seu aditamento, não havendo se falar, portanto, em aquisição de boa-fé efetuada pelo terceiro Alex da Silva Marchat. O bem imóvel foi alienado em fraude à execução. Não se desconhece que a eficácia da alienação do bem imóvel não se limita à efetivação do registro. A jurisprudência majoritária tem conferido validade aos negócios jurídicos firmados por meio de compromisso de compra e venda de imóveis, independentemente de seu registro junto ao cartório de registro de imóveis. Isto porque, o registro da alienação do bem junto ao Cartório de Registro de Imóveis tem por um dos escopos conceder publicidade do negócio jurídico a terceiros, não havendo óbice no sentido de que a transferência do bem seja comprovada por outro meio legal. Porém, no caso dos autos, o próprio compromisso de compra e venda de 25/07/2022 e seu aditamento de 04/12/2023 comprovam que o terceiro Alex da Silva Marchat tinha plena ciência das indisponibilidades que recaiam sobre o bem imóvel, sendo por isso afastada a boa-fé na aquisição do bem imóvel. Além disso, quanto à anterior transferência do bem imóvel para a Sra. Ana Paula Cardoso Machado por acordo homologado em ação de divórcio, o MM. Juízo a quo já decidiu em 19/07/2016: "A fraude à execução é prevista no artigo 792, IV, do Novo CPC, de aplicação subsidiária no processo trabalhista, e é caracterizada pela alienação ou oneração de bens do executado, após o ajuizamento da ação, capaz de reduzi-lo à insolvência. Assim, caso a transferência do patrimônio à ex-esposa do executado Carlos Eduardo Machado, noticiada pela exequente (fls.92/96) e apreciada pelo Juízo Cível, seja posterior ao ajuizamento da presente ação (13/08/2013), restará configurada a aludida fraude e autorizada a penhora de bens, em especial, do imóvel matrícula 48.404 do CRI de Atibaia, cf. requerido." Além disso, a questão da fraude à execução na transferência de todos os bens imóveis do casal Carlos Eduardo Machado e Ana Paula Cardoso Machado para a divorcianda já foi decidida por este Eg Tribunal nos autos do proc. n. 0010855-46.2023.5.15.0145 (Embargos de Terceiro), ajuizado em razão de penhora de bem imóvel determinada na reclamação trabalhista n. 0011071-22.2014.5.15.0145, merecendo transcrição a fundamentação do V. Acórdão que julgou o Agravo de Petição em Embargos de Terceiro, de Relatoria do Exmo. Juiz Convocado Manoel Luiz Costa Penido, julgado em 03/06/2024, pela 8ª Câmara deste TRT15, veja-se: "(...) De outro bordo, também não há falar em modificação do julgado quanto ao reconhecimento de fraude à execução, seja pela preclusão temporal operada, seja pela ausência de provas ou supedâneo legislativo para tanto. Em que pese não haver nestes autos, o r. julgado em vergasta registra que em 20 de setembro de 2018, restou decidido pelo MM. Juízo da execução, o seguinte: "Pois bem, os presentes autos tramitam em execuçao ha mais de dois anos sem que os executados manifestem qualquer disposiçao no sentido de quitá-la. Analisando a certidão da senhora oficial de justiça de ID fd9b456, constato que os imoveis localizados na pesquisa patrimonial estao, em sua maior parte, alienados fiduciariamente, com exceçao do imovel matriculado sob numero 76.867 junto ao Cartorio de Registro de Imoveis de Bragança Paulista que, na epoca em que perdurou o vinculo de emprego do qual decorre a presente execuçao (de 12/11/2012 a 05/01/2014) integrava o patrimonio do executado CARLOS EDUARDO MACHADO, tendo sido posterior e oportunamente transferido a sua ex-esposa em virtude de divorcio. Destarte, tendo em vista o carater alimentar do qual se revestem os creditos decorrentes dos julgados desta Especializada, e a aparente tentativa de ocultaçao do patrimônio amealhado pelos socios, haja vista a falta de registro das operaçoes constantes no DOI, determino a PENHORA E AVALIAÇAO do imovel 76.867 do CRI de Bragança Paulista." (Id num 45249a6 - página 287, dos autos principais)". Ou seja, eventual discussão acerca da inexistência de fraude à execução, deveriam ser arguidas no juízo e momento próprios, e não mais de seis anos depois em sede de agravo de petição em embargos de terceiros. E mais, até mesmo o Juízo cível, no ano de 2015 diante dos termos de separação, e os inúmeros processos de execução em face da empresa do Sr. Carlos Eduardo Machado, reconheceu a existência de concilium fraudis, diante da transferência de todos os bens e direitos para a ora agravante, remetendo todas as dívidas e obrigações ao seu ex-esposo De qualquer sorte, transcrevo a minuciosa análise feita pelo MM. Juízo de 1º Grau onde fica clara a situação real do movimento patrimonial, em clara blindagem do mesmo: "De fato, ao que emerge da petição inicial da ação de divórcio consensual (processo nº 1000167-65.2014.8.26.0048), os então cônjuges eram proprietários de 07 imóveis (itens 'a' à 'g') e quotas de capital de 03 empresas (itens 'h' à 'j'). Ocorre que os imóveis, em sua integralidade, foram destinados exclusivamente à embargante, ficando o executado CARLOS EDUARDO MACHADO apenas com as quotas das empresas e, se não bastasse, responsável pelas dívidas dos imóveis. É o que se colhe da observação inserida na petição colacionada na página 115, do PDF, in verbis: "OBS: O pagamento das parcelas de financiamento que pesem sobre os imóveis acima descritos será de responsabilidade integral do divorciando, que deverá providenciar os pagamentos nos respectivos vencimentos; o eventual inadimplemento caracteriza inadimplemento do presente acordo, sujeitando o divorciando à execução dos valores." Nesse encalço, oportuno realçar que anteriormente a este Juízo Trabalhista, o Juízo Cível já havia reconhecido que a partilha de bens realizada entre embargante e executado Carlos Eduardo Machado se deu em concilium fraudis!!! É o que seguramente se extrai dos autos do processo n. 1042767-42.2014.8.26.0100. Com efeito, aquele processo se refere a uma execução ajuizada em face de NEFRONERO e do executado Carlos Eduardo Machado. Aquela ação foi distribuída em 09 de maio de 2014. Em 20.05.2014 foi deferido arresto de diversos bens. Em 30.06.2014, aquele Juízo sinalizou para a possibilidade de o executado estar dilapidando o patrimônio. Nesse trilho dos fatos, determinou-se a transferência dos aluguéis dos imóveis do executado CARLOS EDUARDO MACHADO, bem como arresto e bloqueio dos imóveis objeto das matrículas números 76867 e 39191, do Cartório de Registro de Imóveis de Bragança Paulista, bem como do imóvel objeto da matrícula número 102350, do Cartório de Registro de Imóveis de Guarujá. Em 12.02.2015 decidiu-se a transmissão àqueles autos do formal de partilha e, em 09.06.2015, aquele Juízo declarou fraude à execução nos seguintes termos: "Relação: 0156/2015 Teor do ato: Vistos. A execução surgiu após ao divórcio do casal. No entanto, há fortes indícios para que se reconheça a existência de fraude à execução. O executado ficou unicamente com as quotas da empresa executada e os bens imóveis ficaram com a ex-esposa (fls. 431/434 e 426/427). Há indícios de fraude à execução a justificar a vinda ao processo de todos. Reconheço, portanto, a existência da fraude à execução e determino a penhora dos imóveis de fls. 314/321 e 323/330. Lavre-se o termo e intime-se na pessoa dos advogados do executado, se representado estiver, ou pessoalmente, caso não tenha advogado constituído nos autos, conforme preceitua o artigo 652,§ 4º do CPC. Proceda-se à expedição da certidão para averbação da penhora, nos termos do artigo 659, § 4º do CPC." (destaques meus). Realço, por oportuno, que antes da partilha resultante do processo nº 1000167-65.2014.8.26.0048, com Sentença prolatada em 24 de janeiro de 2014 e carta de Sentença expedida em 14 de abril de 2014, no Juízo Estadual já tramitavam ao menos 07 (sete) ações em face de NEONEFRO NEFROLOGIA E CLÍNICA MEDICA LTDA (processo n. 0004471-77.2012.8.26.0248, distribuído em 28/03/2012; processo n. 3000229-87.2013.8.26.0248, distribuído em 17 de maio de 2013; processo n. 3003175-32.2013.8.26.0248, distribuído em 23 de agosto de 2013; processo n. 3003878-60.2013.8.26.0248, distribuído em 20 de setembro de 2013; processo n. 4004457-88.2013.8.26.0248, distribuído em 15 de outubro de 2013; processo 4002455-66.2013.8.26.0048, distribuído em 23 de julho de 2013; processo n. 4004151-40.2013.8.26.0048, distribuído em 15 de outubro de 2013), pessoa jurídica da qual o executado CARLOS EDUARDO MACHADO é sócio majoritário e administrador consoante irradia do documento de Id num 8b4a181 - página 1.359, do PDF dos autos principais. Por todo o exposto, quer sob a perspectiva formal (alegada ausência de intimação), quer sob a perspectiva material (suposta ausência de fraude), estes embargos merecem cabal rejeição". Dessa forma, inexistindo qualquer elemento de convicção que afaste as conclusões acima expostas, tenho por irretocável o r. julgado que rejeitou o pedido da embargante". Pelo exposto, dou provimento ao agravo de petição do sindicato autor para reconhecer a fraude à execução e para que se prossiga com a penhora do bem imóvel de matrícula 90.191 do CRI de Atibaia. CONCLUSÃO Diante do exposto, decido conhecer do agravo de petição interposto por SIND DOS EMPR EM ESTAB DE SERVICOS DE SAUDE DE CAMPINAS (autor/exequente) e o prover para reconhecer a fraude à execução e para que se prossiga com a penhora do bem imóvel de matrícula 90.191 do CRI de Atibaia, nos termos da fundamentação. Custas na forma da lei. Em 14/04/2025, a 3ª Câmara (Segunda Turma) do Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região julgou o presente processo, conforme disposto na Portaria GP nº 05/2023 deste E. TRT. Presidiu o julgamento a Exma. Sra. Desembargadora do Trabalho ANTONIA REGINA TANCINI PESTANA (Regimental) Tomaram parte no julgamento as Exmas. Sras. Magistradas Relatora: Juíza do Trabalho MARINA DE SIQUEIRA FERREIRA ZERBINATTI Desembargadora do Trabalho ANTONIA REGINA TANCINI PESTANA Desembargadora do Trabalho ROSEMEIRE UEHARA TANAKA Em férias, a Exma. Sra. Desembargadora Ana Amarylis Vivacqua de Oliveira Gulla, substituída pela Exma. Sra. Juíza Marina de Siqueira Ferreira Zerbinatti. Ministério Público do Trabalho (Ciente) ACORDAM os Exmos. Srs. Magistrados, à unanimidade, em julgar o processo nos termos do voto proposto pela Exma. Sra. Relatora. MARINA DE SIQUEIRA FERREIRA ZERBINATTI Juíza Relatora CAMPINAS/SP, 22 de abril de 2025. ANA MARIA DE OLIVEIRA ROSA Diretor de Secretaria Intimado(s) / Citado(s) - NEFROLOGIA HEMODIALISE HIPERTENSAO MEDICINA GERAL E PREVENTIVA LTDA

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Sind Dos Empr Em Estab De Servicos De Saude De Campinas x A Praxis Seguranca E Medicina Do Trabalho S/S Ltda e outros

ID: 259024852

Tribunal: TRT15 Órgão: 3ª Câmara Classe: AGRAVO DE PETIçãO Nº Processo: 0002204-89.2013.5.15.0140

Data de Disponibilização: 23/04/2025

Polo Ativo:

SIND DOS EMPR EM ESTAB DE SERVICOS DE SAUDE DE CAMPINAS

Polo Passivo:

A PRAXIS SEGURANCA E MEDICINA DO TRABALHO S/S LTDA CARLOS EDUARDO MACHADO DIPRAXIS SEGURANCA E MEDICINA DO TRABALHO S/S LTDA GVMAC - EIRELI IMPERIAL ASSISTENCIA MEDICA S/C LTDA NEFROLOGIA HEMODIALISE HIPERTENSAO MEDICINA GERAL E PREVENTIVA LTDA NEONEFRO NEFROLOGIA E CLINICA MEDICA LTDA NEONEFRO NEFROLOGIA E MEDICINA S/C LTDA. NESTOR PINHO FILHO TAC SERVICOS MEDICOS LTDA

Acórdão

Advogados:

OCTAVIO RAPHAEL PADILHA

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

WALDIR FANTINI

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

ANSELMO EDUARDO BIANCO

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 15ª REGIÃO 3ª CÂMARA Relatora: MARINA DE SIQUEIRA FERREIRA ZERBINATTI 0002204-89.2013.5.15.0140 : SIND DOS EMPR EM ESTAB D… PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 15ª REGIÃO 3ª CÂMARA Relatora: MARINA DE SIQUEIRA FERREIRA ZERBINATTI 0002204-89.2013.5.15.0140 : SIND DOS EMPR EM ESTAB DE SERVICOS DE SAUDE DE CAMPINAS : NEONEFRO NEFROLOGIA E CLINICA MEDICA LTDA E OUTROS (9) 3ª CÂMARA - SEGUNDA TURMA PROCESSO N° 0002204-89.2013.5.15.0140 AP AGRAVO DE PETIÇÃO AGRAVANTE: SIND DOS EMPR EM ESTAB DE SERVICOS DE SAUDE DE CAMPINAS AGRAVADO: NEONEFRO NEFROLOGIA E CLINICA MEDICA LTDA AGRAVADO: NESTOR PINHO FILHO AGRAVADO: CARLOS EDUARDO MACHADO AGRAVADO: NEFROLOGIA HEMODIALISE HIPERTENSAO MEDICINA GERAL E PREVENTIVA LTDA AGRAVADO: DIPRAXIS SEGURANCA E MEDICINA DO TRABALHO S/S LTDA AGRAVADO: A PRAXIS SEGURANCA E MEDICINA DO TRABALHO S/S LTDA AGRAVADO: IMPERIAL ASSISTENCIA MEDICA S/C LTDA AGRAVADO: NEONEFRO NEFROLOGIA E MEDICINA S/C LTDA. AGRAVADO: TAC SERVICOS MEDICOS LTDA AGRAVADO: GVMAC - EIRELI ORIGEM: VARA DO TRABALHO DE ATIBAIA JUIZ SENTENCIANTE: JOAO DIONISIO VIVEIROS TEIXEIRA RELATORA: MARINA DE SIQUEIRA FERREIRA ZERBINATTI (9) RELATÓRIO Da r. decisão de ID. 4087d3a, que indeferiu a penhora do bem imóvel de matrícula n. 90.191 do CRI de Atibaia, o sindicato autor interpõe o agravo de petição de ID. 161db74, pretendendo a modificação da decisão agravada para o fim de se prosseguir com a constrição do bem imóvel anteriormente referido. Partes devidamente representadas. Sem contraminutas. É o relatório. CONHECIMENTO O agravo de petição merece ser conhecido, uma vez que preenchidos os pressupostos legais de admissibilidade. VOTO FRAUDE À EXECUÇÃO O sindicato autor pretende a modificação da decisão agravada para o fim de se prosseguir com a constrição do bem imóvel de matrícula n.90.191 do CRI de Atibaia, pois "O imóvel foi vendido através de contrato particular de compra e venda em 25/07/2022, sendo de ciência do terceiro que o imóvel tinha restrição advinda de processo trabalhista, ressaltando que a presente ação foi ajuizada em 13/08/2013." (fls. 1492). Alega que a venda de referido bem se deu em fraude à execução. Vejamos. A presente reclamação trabalhista fora ajuizada em 13/08/2013, com acordo homologado em 28/01/2014 e posterior descumprimento da avença. O sócio Carlos Eduardo Machado foi incluído no polo passivo da presente execução em 31/10/2014. O presente processo passou a funcionar como reunião de execuções em face dos executados em 15/03/2018. Dito isso, vejamos a situação do bem imóvel cuja penhora o agravante requereu. Em cumprimento ao mandado de penhora de ID. d931c8e, o senhor Oficial de Justiça se dirigiu ao imóvel e foi recebido pelo terceiro Alex da Silva Marchat que informou ser proprietário e morador do imóvel, tendo adquirido referido bem de Ana Paula Cardoso Machado por meio de contrato particular de compra e venda datado de 25/07/2022. O contrato e seu aditamento foram anexados aos autos (IDs. 30e18d3 e 6e22787). O MM. Juízo a quo entendeu que "À vista do quanto certificado pelo senhor oficial de Justiça, e dos documentos juntados para instruir referida certidão, verifica-se que o imóvel objeto de penhora pertence a terceiro estranho à lide, observada também a notícia de aquisição do imóvel, pela vendedora, em processo de divórcio. Indefiro sua penhora, não havendo fraude à execução a declarar." Da matrícula de ID. c33138a extraio que o imóvel foi adquirido pelo executado Carlos Eduardo Machado e sua esposa à época Ana Paula Cardoso Machado em 01/10/2010, havendo averbações de indisponibilidade em 07/04/2016 (Av. 05), em 24/04/2017 (Av. 06) e em 10/10/2023 (Av. 08), a última proveniente destes autos. Verifico que da referida matrícula não constou averbação do divórcio por meio do qual a Sra. Ana Paula Cardoso Machado teria passado a ser a única proprietária do bem imóvel, nem houve registro da transferência do bem para o Sr. Alex da Silva Marchat. Importante ressaltar que do compromisso de venda e compra e seu aditamento extrai-se que o executado Carlos Eduardo Machado foi identificado como anuente, tendo sido citadas as indisponibilidades averbadas na matrícula do imóvel. Ou seja, o terceiro Alex da Silva Marchat tinha plena ciência da situação do imóvel e da possibilidade de evicção em razão do reconhecimento de fraude à execução. Assim, a celebração da promessa de compra e venda e seu aditamento se deu em momento posterior à data de ajuizamento da ação, do início da execução e da inclusão do executado Carlos Eduardo Machado no polo passivo, sendo que não há na matrícula n. 90.191 do CRI de Atibaia nenhuma indicação de transferência do imóvel seja em razão de divórcio, seja em razão de compra e venda. Repito, o Sr. Alex da Silva Marchat tinha plena ciência das indisponibilidades averbadas na matrícula do bem imóvel, tendo constado expressamente do compromisso de compra e venda e de seu aditamento, não havendo se falar, portanto, em aquisição de boa-fé efetuada pelo terceiro Alex da Silva Marchat. O bem imóvel foi alienado em fraude à execução. Não se desconhece que a eficácia da alienação do bem imóvel não se limita à efetivação do registro. A jurisprudência majoritária tem conferido validade aos negócios jurídicos firmados por meio de compromisso de compra e venda de imóveis, independentemente de seu registro junto ao cartório de registro de imóveis. Isto porque, o registro da alienação do bem junto ao Cartório de Registro de Imóveis tem por um dos escopos conceder publicidade do negócio jurídico a terceiros, não havendo óbice no sentido de que a transferência do bem seja comprovada por outro meio legal. Porém, no caso dos autos, o próprio compromisso de compra e venda de 25/07/2022 e seu aditamento de 04/12/2023 comprovam que o terceiro Alex da Silva Marchat tinha plena ciência das indisponibilidades que recaiam sobre o bem imóvel, sendo por isso afastada a boa-fé na aquisição do bem imóvel. Além disso, quanto à anterior transferência do bem imóvel para a Sra. Ana Paula Cardoso Machado por acordo homologado em ação de divórcio, o MM. Juízo a quo já decidiu em 19/07/2016: "A fraude à execução é prevista no artigo 792, IV, do Novo CPC, de aplicação subsidiária no processo trabalhista, e é caracterizada pela alienação ou oneração de bens do executado, após o ajuizamento da ação, capaz de reduzi-lo à insolvência. Assim, caso a transferência do patrimônio à ex-esposa do executado Carlos Eduardo Machado, noticiada pela exequente (fls.92/96) e apreciada pelo Juízo Cível, seja posterior ao ajuizamento da presente ação (13/08/2013), restará configurada a aludida fraude e autorizada a penhora de bens, em especial, do imóvel matrícula 48.404 do CRI de Atibaia, cf. requerido." Além disso, a questão da fraude à execução na transferência de todos os bens imóveis do casal Carlos Eduardo Machado e Ana Paula Cardoso Machado para a divorcianda já foi decidida por este Eg Tribunal nos autos do proc. n. 0010855-46.2023.5.15.0145 (Embargos de Terceiro), ajuizado em razão de penhora de bem imóvel determinada na reclamação trabalhista n. 0011071-22.2014.5.15.0145, merecendo transcrição a fundamentação do V. Acórdão que julgou o Agravo de Petição em Embargos de Terceiro, de Relatoria do Exmo. Juiz Convocado Manoel Luiz Costa Penido, julgado em 03/06/2024, pela 8ª Câmara deste TRT15, veja-se: "(...) De outro bordo, também não há falar em modificação do julgado quanto ao reconhecimento de fraude à execução, seja pela preclusão temporal operada, seja pela ausência de provas ou supedâneo legislativo para tanto. Em que pese não haver nestes autos, o r. julgado em vergasta registra que em 20 de setembro de 2018, restou decidido pelo MM. Juízo da execução, o seguinte: "Pois bem, os presentes autos tramitam em execuçao ha mais de dois anos sem que os executados manifestem qualquer disposiçao no sentido de quitá-la. Analisando a certidão da senhora oficial de justiça de ID fd9b456, constato que os imoveis localizados na pesquisa patrimonial estao, em sua maior parte, alienados fiduciariamente, com exceçao do imovel matriculado sob numero 76.867 junto ao Cartorio de Registro de Imoveis de Bragança Paulista que, na epoca em que perdurou o vinculo de emprego do qual decorre a presente execuçao (de 12/11/2012 a 05/01/2014) integrava o patrimonio do executado CARLOS EDUARDO MACHADO, tendo sido posterior e oportunamente transferido a sua ex-esposa em virtude de divorcio. Destarte, tendo em vista o carater alimentar do qual se revestem os creditos decorrentes dos julgados desta Especializada, e a aparente tentativa de ocultaçao do patrimônio amealhado pelos socios, haja vista a falta de registro das operaçoes constantes no DOI, determino a PENHORA E AVALIAÇAO do imovel 76.867 do CRI de Bragança Paulista." (Id num 45249a6 - página 287, dos autos principais)". Ou seja, eventual discussão acerca da inexistência de fraude à execução, deveriam ser arguidas no juízo e momento próprios, e não mais de seis anos depois em sede de agravo de petição em embargos de terceiros. E mais, até mesmo o Juízo cível, no ano de 2015 diante dos termos de separação, e os inúmeros processos de execução em face da empresa do Sr. Carlos Eduardo Machado, reconheceu a existência de concilium fraudis, diante da transferência de todos os bens e direitos para a ora agravante, remetendo todas as dívidas e obrigações ao seu ex-esposo De qualquer sorte, transcrevo a minuciosa análise feita pelo MM. Juízo de 1º Grau onde fica clara a situação real do movimento patrimonial, em clara blindagem do mesmo: "De fato, ao que emerge da petição inicial da ação de divórcio consensual (processo nº 1000167-65.2014.8.26.0048), os então cônjuges eram proprietários de 07 imóveis (itens 'a' à 'g') e quotas de capital de 03 empresas (itens 'h' à 'j'). Ocorre que os imóveis, em sua integralidade, foram destinados exclusivamente à embargante, ficando o executado CARLOS EDUARDO MACHADO apenas com as quotas das empresas e, se não bastasse, responsável pelas dívidas dos imóveis. É o que se colhe da observação inserida na petição colacionada na página 115, do PDF, in verbis: "OBS: O pagamento das parcelas de financiamento que pesem sobre os imóveis acima descritos será de responsabilidade integral do divorciando, que deverá providenciar os pagamentos nos respectivos vencimentos; o eventual inadimplemento caracteriza inadimplemento do presente acordo, sujeitando o divorciando à execução dos valores." Nesse encalço, oportuno realçar que anteriormente a este Juízo Trabalhista, o Juízo Cível já havia reconhecido que a partilha de bens realizada entre embargante e executado Carlos Eduardo Machado se deu em concilium fraudis!!! É o que seguramente se extrai dos autos do processo n. 1042767-42.2014.8.26.0100. Com efeito, aquele processo se refere a uma execução ajuizada em face de NEFRONERO e do executado Carlos Eduardo Machado. Aquela ação foi distribuída em 09 de maio de 2014. Em 20.05.2014 foi deferido arresto de diversos bens. Em 30.06.2014, aquele Juízo sinalizou para a possibilidade de o executado estar dilapidando o patrimônio. Nesse trilho dos fatos, determinou-se a transferência dos aluguéis dos imóveis do executado CARLOS EDUARDO MACHADO, bem como arresto e bloqueio dos imóveis objeto das matrículas números 76867 e 39191, do Cartório de Registro de Imóveis de Bragança Paulista, bem como do imóvel objeto da matrícula número 102350, do Cartório de Registro de Imóveis de Guarujá. Em 12.02.2015 decidiu-se a transmissão àqueles autos do formal de partilha e, em 09.06.2015, aquele Juízo declarou fraude à execução nos seguintes termos: "Relação: 0156/2015 Teor do ato: Vistos. A execução surgiu após ao divórcio do casal. No entanto, há fortes indícios para que se reconheça a existência de fraude à execução. O executado ficou unicamente com as quotas da empresa executada e os bens imóveis ficaram com a ex-esposa (fls. 431/434 e 426/427). Há indícios de fraude à execução a justificar a vinda ao processo de todos. Reconheço, portanto, a existência da fraude à execução e determino a penhora dos imóveis de fls. 314/321 e 323/330. Lavre-se o termo e intime-se na pessoa dos advogados do executado, se representado estiver, ou pessoalmente, caso não tenha advogado constituído nos autos, conforme preceitua o artigo 652,§ 4º do CPC. Proceda-se à expedição da certidão para averbação da penhora, nos termos do artigo 659, § 4º do CPC." (destaques meus). Realço, por oportuno, que antes da partilha resultante do processo nº 1000167-65.2014.8.26.0048, com Sentença prolatada em 24 de janeiro de 2014 e carta de Sentença expedida em 14 de abril de 2014, no Juízo Estadual já tramitavam ao menos 07 (sete) ações em face de NEONEFRO NEFROLOGIA E CLÍNICA MEDICA LTDA (processo n. 0004471-77.2012.8.26.0248, distribuído em 28/03/2012; processo n. 3000229-87.2013.8.26.0248, distribuído em 17 de maio de 2013; processo n. 3003175-32.2013.8.26.0248, distribuído em 23 de agosto de 2013; processo n. 3003878-60.2013.8.26.0248, distribuído em 20 de setembro de 2013; processo n. 4004457-88.2013.8.26.0248, distribuído em 15 de outubro de 2013; processo 4002455-66.2013.8.26.0048, distribuído em 23 de julho de 2013; processo n. 4004151-40.2013.8.26.0048, distribuído em 15 de outubro de 2013), pessoa jurídica da qual o executado CARLOS EDUARDO MACHADO é sócio majoritário e administrador consoante irradia do documento de Id num 8b4a181 - página 1.359, do PDF dos autos principais. Por todo o exposto, quer sob a perspectiva formal (alegada ausência de intimação), quer sob a perspectiva material (suposta ausência de fraude), estes embargos merecem cabal rejeição". Dessa forma, inexistindo qualquer elemento de convicção que afaste as conclusões acima expostas, tenho por irretocável o r. julgado que rejeitou o pedido da embargante". Pelo exposto, dou provimento ao agravo de petição do sindicato autor para reconhecer a fraude à execução e para que se prossiga com a penhora do bem imóvel de matrícula 90.191 do CRI de Atibaia. CONCLUSÃO Diante do exposto, decido conhecer do agravo de petição interposto por SIND DOS EMPR EM ESTAB DE SERVICOS DE SAUDE DE CAMPINAS (autor/exequente) e o prover para reconhecer a fraude à execução e para que se prossiga com a penhora do bem imóvel de matrícula 90.191 do CRI de Atibaia, nos termos da fundamentação. Custas na forma da lei. Em 14/04/2025, a 3ª Câmara (Segunda Turma) do Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região julgou o presente processo, conforme disposto na Portaria GP nº 05/2023 deste E. TRT. Presidiu o julgamento a Exma. Sra. Desembargadora do Trabalho ANTONIA REGINA TANCINI PESTANA (Regimental) Tomaram parte no julgamento as Exmas. Sras. Magistradas Relatora: Juíza do Trabalho MARINA DE SIQUEIRA FERREIRA ZERBINATTI Desembargadora do Trabalho ANTONIA REGINA TANCINI PESTANA Desembargadora do Trabalho ROSEMEIRE UEHARA TANAKA Em férias, a Exma. Sra. Desembargadora Ana Amarylis Vivacqua de Oliveira Gulla, substituída pela Exma. Sra. Juíza Marina de Siqueira Ferreira Zerbinatti. Ministério Público do Trabalho (Ciente) ACORDAM os Exmos. Srs. Magistrados, à unanimidade, em julgar o processo nos termos do voto proposto pela Exma. Sra. Relatora. MARINA DE SIQUEIRA FERREIRA ZERBINATTI Juíza Relatora CAMPINAS/SP, 22 de abril de 2025. ANA MARIA DE OLIVEIRA ROSA Diretor de Secretaria Intimado(s) / Citado(s) - DIPRAXIS SEGURANCA E MEDICINA DO TRABALHO S/S LTDA

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Sind Dos Empr Em Estab De Servicos De Saude De Campinas x A Praxis Seguranca E Medicina Do Trabalho S/S Ltda e outros

ID: 259024887

Tribunal: TRT15 Órgão: 3ª Câmara Classe: AGRAVO DE PETIçãO Nº Processo: 0002204-89.2013.5.15.0140

Data de Disponibilização: 23/04/2025

Polo Ativo:

SIND DOS EMPR EM ESTAB DE SERVICOS DE SAUDE DE CAMPINAS

Polo Passivo:

A PRAXIS SEGURANCA E MEDICINA DO TRABALHO S/S LTDA CARLOS EDUARDO MACHADO DIPRAXIS SEGURANCA E MEDICINA DO TRABALHO S/S LTDA GVMAC - EIRELI IMPERIAL ASSISTENCIA MEDICA S/C LTDA NEFROLOGIA HEMODIALISE HIPERTENSAO MEDICINA GERAL E PREVENTIVA LTDA NEONEFRO NEFROLOGIA E CLINICA MEDICA LTDA NEONEFRO NEFROLOGIA E MEDICINA S/C LTDA. NESTOR PINHO FILHO TAC SERVICOS MEDICOS LTDA

Acórdão

Advogados:

OCTAVIO RAPHAEL PADILHA

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

WALDIR FANTINI

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

ANSELMO EDUARDO BIANCO

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 15ª REGIÃO 3ª CÂMARA Relatora: MARINA DE SIQUEIRA FERREIRA ZERBINATTI 0002204-89.2013.5.15.0140 : SIND DOS EMPR EM ESTAB D… PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 15ª REGIÃO 3ª CÂMARA Relatora: MARINA DE SIQUEIRA FERREIRA ZERBINATTI 0002204-89.2013.5.15.0140 : SIND DOS EMPR EM ESTAB DE SERVICOS DE SAUDE DE CAMPINAS : NEONEFRO NEFROLOGIA E CLINICA MEDICA LTDA E OUTROS (9) 3ª CÂMARA - SEGUNDA TURMA PROCESSO N° 0002204-89.2013.5.15.0140 AP AGRAVO DE PETIÇÃO AGRAVANTE: SIND DOS EMPR EM ESTAB DE SERVICOS DE SAUDE DE CAMPINAS AGRAVADO: NEONEFRO NEFROLOGIA E CLINICA MEDICA LTDA AGRAVADO: NESTOR PINHO FILHO AGRAVADO: CARLOS EDUARDO MACHADO AGRAVADO: NEFROLOGIA HEMODIALISE HIPERTENSAO MEDICINA GERAL E PREVENTIVA LTDA AGRAVADO: DIPRAXIS SEGURANCA E MEDICINA DO TRABALHO S/S LTDA AGRAVADO: A PRAXIS SEGURANCA E MEDICINA DO TRABALHO S/S LTDA AGRAVADO: IMPERIAL ASSISTENCIA MEDICA S/C LTDA AGRAVADO: NEONEFRO NEFROLOGIA E MEDICINA S/C LTDA. AGRAVADO: TAC SERVICOS MEDICOS LTDA AGRAVADO: GVMAC - EIRELI ORIGEM: VARA DO TRABALHO DE ATIBAIA JUIZ SENTENCIANTE: JOAO DIONISIO VIVEIROS TEIXEIRA RELATORA: MARINA DE SIQUEIRA FERREIRA ZERBINATTI (9) RELATÓRIO Da r. decisão de ID. 4087d3a, que indeferiu a penhora do bem imóvel de matrícula n. 90.191 do CRI de Atibaia, o sindicato autor interpõe o agravo de petição de ID. 161db74, pretendendo a modificação da decisão agravada para o fim de se prosseguir com a constrição do bem imóvel anteriormente referido. Partes devidamente representadas. Sem contraminutas. É o relatório. CONHECIMENTO O agravo de petição merece ser conhecido, uma vez que preenchidos os pressupostos legais de admissibilidade. VOTO FRAUDE À EXECUÇÃO O sindicato autor pretende a modificação da decisão agravada para o fim de se prosseguir com a constrição do bem imóvel de matrícula n.90.191 do CRI de Atibaia, pois "O imóvel foi vendido através de contrato particular de compra e venda em 25/07/2022, sendo de ciência do terceiro que o imóvel tinha restrição advinda de processo trabalhista, ressaltando que a presente ação foi ajuizada em 13/08/2013." (fls. 1492). Alega que a venda de referido bem se deu em fraude à execução. Vejamos. A presente reclamação trabalhista fora ajuizada em 13/08/2013, com acordo homologado em 28/01/2014 e posterior descumprimento da avença. O sócio Carlos Eduardo Machado foi incluído no polo passivo da presente execução em 31/10/2014. O presente processo passou a funcionar como reunião de execuções em face dos executados em 15/03/2018. Dito isso, vejamos a situação do bem imóvel cuja penhora o agravante requereu. Em cumprimento ao mandado de penhora de ID. d931c8e, o senhor Oficial de Justiça se dirigiu ao imóvel e foi recebido pelo terceiro Alex da Silva Marchat que informou ser proprietário e morador do imóvel, tendo adquirido referido bem de Ana Paula Cardoso Machado por meio de contrato particular de compra e venda datado de 25/07/2022. O contrato e seu aditamento foram anexados aos autos (IDs. 30e18d3 e 6e22787). O MM. Juízo a quo entendeu que "À vista do quanto certificado pelo senhor oficial de Justiça, e dos documentos juntados para instruir referida certidão, verifica-se que o imóvel objeto de penhora pertence a terceiro estranho à lide, observada também a notícia de aquisição do imóvel, pela vendedora, em processo de divórcio. Indefiro sua penhora, não havendo fraude à execução a declarar." Da matrícula de ID. c33138a extraio que o imóvel foi adquirido pelo executado Carlos Eduardo Machado e sua esposa à época Ana Paula Cardoso Machado em 01/10/2010, havendo averbações de indisponibilidade em 07/04/2016 (Av. 05), em 24/04/2017 (Av. 06) e em 10/10/2023 (Av. 08), a última proveniente destes autos. Verifico que da referida matrícula não constou averbação do divórcio por meio do qual a Sra. Ana Paula Cardoso Machado teria passado a ser a única proprietária do bem imóvel, nem houve registro da transferência do bem para o Sr. Alex da Silva Marchat. Importante ressaltar que do compromisso de venda e compra e seu aditamento extrai-se que o executado Carlos Eduardo Machado foi identificado como anuente, tendo sido citadas as indisponibilidades averbadas na matrícula do imóvel. Ou seja, o terceiro Alex da Silva Marchat tinha plena ciência da situação do imóvel e da possibilidade de evicção em razão do reconhecimento de fraude à execução. Assim, a celebração da promessa de compra e venda e seu aditamento se deu em momento posterior à data de ajuizamento da ação, do início da execução e da inclusão do executado Carlos Eduardo Machado no polo passivo, sendo que não há na matrícula n. 90.191 do CRI de Atibaia nenhuma indicação de transferência do imóvel seja em razão de divórcio, seja em razão de compra e venda. Repito, o Sr. Alex da Silva Marchat tinha plena ciência das indisponibilidades averbadas na matrícula do bem imóvel, tendo constado expressamente do compromisso de compra e venda e de seu aditamento, não havendo se falar, portanto, em aquisição de boa-fé efetuada pelo terceiro Alex da Silva Marchat. O bem imóvel foi alienado em fraude à execução. Não se desconhece que a eficácia da alienação do bem imóvel não se limita à efetivação do registro. A jurisprudência majoritária tem conferido validade aos negócios jurídicos firmados por meio de compromisso de compra e venda de imóveis, independentemente de seu registro junto ao cartório de registro de imóveis. Isto porque, o registro da alienação do bem junto ao Cartório de Registro de Imóveis tem por um dos escopos conceder publicidade do negócio jurídico a terceiros, não havendo óbice no sentido de que a transferência do bem seja comprovada por outro meio legal. Porém, no caso dos autos, o próprio compromisso de compra e venda de 25/07/2022 e seu aditamento de 04/12/2023 comprovam que o terceiro Alex da Silva Marchat tinha plena ciência das indisponibilidades que recaiam sobre o bem imóvel, sendo por isso afastada a boa-fé na aquisição do bem imóvel. Além disso, quanto à anterior transferência do bem imóvel para a Sra. Ana Paula Cardoso Machado por acordo homologado em ação de divórcio, o MM. Juízo a quo já decidiu em 19/07/2016: "A fraude à execução é prevista no artigo 792, IV, do Novo CPC, de aplicação subsidiária no processo trabalhista, e é caracterizada pela alienação ou oneração de bens do executado, após o ajuizamento da ação, capaz de reduzi-lo à insolvência. Assim, caso a transferência do patrimônio à ex-esposa do executado Carlos Eduardo Machado, noticiada pela exequente (fls.92/96) e apreciada pelo Juízo Cível, seja posterior ao ajuizamento da presente ação (13/08/2013), restará configurada a aludida fraude e autorizada a penhora de bens, em especial, do imóvel matrícula 48.404 do CRI de Atibaia, cf. requerido." Além disso, a questão da fraude à execução na transferência de todos os bens imóveis do casal Carlos Eduardo Machado e Ana Paula Cardoso Machado para a divorcianda já foi decidida por este Eg Tribunal nos autos do proc. n. 0010855-46.2023.5.15.0145 (Embargos de Terceiro), ajuizado em razão de penhora de bem imóvel determinada na reclamação trabalhista n. 0011071-22.2014.5.15.0145, merecendo transcrição a fundamentação do V. Acórdão que julgou o Agravo de Petição em Embargos de Terceiro, de Relatoria do Exmo. Juiz Convocado Manoel Luiz Costa Penido, julgado em 03/06/2024, pela 8ª Câmara deste TRT15, veja-se: "(...) De outro bordo, também não há falar em modificação do julgado quanto ao reconhecimento de fraude à execução, seja pela preclusão temporal operada, seja pela ausência de provas ou supedâneo legislativo para tanto. Em que pese não haver nestes autos, o r. julgado em vergasta registra que em 20 de setembro de 2018, restou decidido pelo MM. Juízo da execução, o seguinte: "Pois bem, os presentes autos tramitam em execuçao ha mais de dois anos sem que os executados manifestem qualquer disposiçao no sentido de quitá-la. Analisando a certidão da senhora oficial de justiça de ID fd9b456, constato que os imoveis localizados na pesquisa patrimonial estao, em sua maior parte, alienados fiduciariamente, com exceçao do imovel matriculado sob numero 76.867 junto ao Cartorio de Registro de Imoveis de Bragança Paulista que, na epoca em que perdurou o vinculo de emprego do qual decorre a presente execuçao (de 12/11/2012 a 05/01/2014) integrava o patrimonio do executado CARLOS EDUARDO MACHADO, tendo sido posterior e oportunamente transferido a sua ex-esposa em virtude de divorcio. Destarte, tendo em vista o carater alimentar do qual se revestem os creditos decorrentes dos julgados desta Especializada, e a aparente tentativa de ocultaçao do patrimônio amealhado pelos socios, haja vista a falta de registro das operaçoes constantes no DOI, determino a PENHORA E AVALIAÇAO do imovel 76.867 do CRI de Bragança Paulista." (Id num 45249a6 - página 287, dos autos principais)". Ou seja, eventual discussão acerca da inexistência de fraude à execução, deveriam ser arguidas no juízo e momento próprios, e não mais de seis anos depois em sede de agravo de petição em embargos de terceiros. E mais, até mesmo o Juízo cível, no ano de 2015 diante dos termos de separação, e os inúmeros processos de execução em face da empresa do Sr. Carlos Eduardo Machado, reconheceu a existência de concilium fraudis, diante da transferência de todos os bens e direitos para a ora agravante, remetendo todas as dívidas e obrigações ao seu ex-esposo De qualquer sorte, transcrevo a minuciosa análise feita pelo MM. Juízo de 1º Grau onde fica clara a situação real do movimento patrimonial, em clara blindagem do mesmo: "De fato, ao que emerge da petição inicial da ação de divórcio consensual (processo nº 1000167-65.2014.8.26.0048), os então cônjuges eram proprietários de 07 imóveis (itens 'a' à 'g') e quotas de capital de 03 empresas (itens 'h' à 'j'). Ocorre que os imóveis, em sua integralidade, foram destinados exclusivamente à embargante, ficando o executado CARLOS EDUARDO MACHADO apenas com as quotas das empresas e, se não bastasse, responsável pelas dívidas dos imóveis. É o que se colhe da observação inserida na petição colacionada na página 115, do PDF, in verbis: "OBS: O pagamento das parcelas de financiamento que pesem sobre os imóveis acima descritos será de responsabilidade integral do divorciando, que deverá providenciar os pagamentos nos respectivos vencimentos; o eventual inadimplemento caracteriza inadimplemento do presente acordo, sujeitando o divorciando à execução dos valores." Nesse encalço, oportuno realçar que anteriormente a este Juízo Trabalhista, o Juízo Cível já havia reconhecido que a partilha de bens realizada entre embargante e executado Carlos Eduardo Machado se deu em concilium fraudis!!! É o que seguramente se extrai dos autos do processo n. 1042767-42.2014.8.26.0100. Com efeito, aquele processo se refere a uma execução ajuizada em face de NEFRONERO e do executado Carlos Eduardo Machado. Aquela ação foi distribuída em 09 de maio de 2014. Em 20.05.2014 foi deferido arresto de diversos bens. Em 30.06.2014, aquele Juízo sinalizou para a possibilidade de o executado estar dilapidando o patrimônio. Nesse trilho dos fatos, determinou-se a transferência dos aluguéis dos imóveis do executado CARLOS EDUARDO MACHADO, bem como arresto e bloqueio dos imóveis objeto das matrículas números 76867 e 39191, do Cartório de Registro de Imóveis de Bragança Paulista, bem como do imóvel objeto da matrícula número 102350, do Cartório de Registro de Imóveis de Guarujá. Em 12.02.2015 decidiu-se a transmissão àqueles autos do formal de partilha e, em 09.06.2015, aquele Juízo declarou fraude à execução nos seguintes termos: "Relação: 0156/2015 Teor do ato: Vistos. A execução surgiu após ao divórcio do casal. No entanto, há fortes indícios para que se reconheça a existência de fraude à execução. O executado ficou unicamente com as quotas da empresa executada e os bens imóveis ficaram com a ex-esposa (fls. 431/434 e 426/427). Há indícios de fraude à execução a justificar a vinda ao processo de todos. Reconheço, portanto, a existência da fraude à execução e determino a penhora dos imóveis de fls. 314/321 e 323/330. Lavre-se o termo e intime-se na pessoa dos advogados do executado, se representado estiver, ou pessoalmente, caso não tenha advogado constituído nos autos, conforme preceitua o artigo 652,§ 4º do CPC. Proceda-se à expedição da certidão para averbação da penhora, nos termos do artigo 659, § 4º do CPC." (destaques meus). Realço, por oportuno, que antes da partilha resultante do processo nº 1000167-65.2014.8.26.0048, com Sentença prolatada em 24 de janeiro de 2014 e carta de Sentença expedida em 14 de abril de 2014, no Juízo Estadual já tramitavam ao menos 07 (sete) ações em face de NEONEFRO NEFROLOGIA E CLÍNICA MEDICA LTDA (processo n. 0004471-77.2012.8.26.0248, distribuído em 28/03/2012; processo n. 3000229-87.2013.8.26.0248, distribuído em 17 de maio de 2013; processo n. 3003175-32.2013.8.26.0248, distribuído em 23 de agosto de 2013; processo n. 3003878-60.2013.8.26.0248, distribuído em 20 de setembro de 2013; processo n. 4004457-88.2013.8.26.0248, distribuído em 15 de outubro de 2013; processo 4002455-66.2013.8.26.0048, distribuído em 23 de julho de 2013; processo n. 4004151-40.2013.8.26.0048, distribuído em 15 de outubro de 2013), pessoa jurídica da qual o executado CARLOS EDUARDO MACHADO é sócio majoritário e administrador consoante irradia do documento de Id num 8b4a181 - página 1.359, do PDF dos autos principais. Por todo o exposto, quer sob a perspectiva formal (alegada ausência de intimação), quer sob a perspectiva material (suposta ausência de fraude), estes embargos merecem cabal rejeição". Dessa forma, inexistindo qualquer elemento de convicção que afaste as conclusões acima expostas, tenho por irretocável o r. julgado que rejeitou o pedido da embargante". Pelo exposto, dou provimento ao agravo de petição do sindicato autor para reconhecer a fraude à execução e para que se prossiga com a penhora do bem imóvel de matrícula 90.191 do CRI de Atibaia. CONCLUSÃO Diante do exposto, decido conhecer do agravo de petição interposto por SIND DOS EMPR EM ESTAB DE SERVICOS DE SAUDE DE CAMPINAS (autor/exequente) e o prover para reconhecer a fraude à execução e para que se prossiga com a penhora do bem imóvel de matrícula 90.191 do CRI de Atibaia, nos termos da fundamentação. Custas na forma da lei. Em 14/04/2025, a 3ª Câmara (Segunda Turma) do Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região julgou o presente processo, conforme disposto na Portaria GP nº 05/2023 deste E. TRT. Presidiu o julgamento a Exma. Sra. Desembargadora do Trabalho ANTONIA REGINA TANCINI PESTANA (Regimental) Tomaram parte no julgamento as Exmas. Sras. Magistradas Relatora: Juíza do Trabalho MARINA DE SIQUEIRA FERREIRA ZERBINATTI Desembargadora do Trabalho ANTONIA REGINA TANCINI PESTANA Desembargadora do Trabalho ROSEMEIRE UEHARA TANAKA Em férias, a Exma. Sra. Desembargadora Ana Amarylis Vivacqua de Oliveira Gulla, substituída pela Exma. Sra. Juíza Marina de Siqueira Ferreira Zerbinatti. Ministério Público do Trabalho (Ciente) ACORDAM os Exmos. Srs. Magistrados, à unanimidade, em julgar o processo nos termos do voto proposto pela Exma. Sra. Relatora. MARINA DE SIQUEIRA FERREIRA ZERBINATTI Juíza Relatora CAMPINAS/SP, 22 de abril de 2025. ANA MARIA DE OLIVEIRA ROSA Diretor de Secretaria Intimado(s) / Citado(s) - A PRAXIS SEGURANCA E MEDICINA DO TRABALHO S/S LTDA

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