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"1001410-07.2024.5.02.0341" - Resultados da Busca – Página 2 de 4

Jose Walter De Oliveira e outros x Cmoc Brasil Mineracao, Industria E Participacoes Ltda. e outros

ID: 279633244

Tribunal: TRT18 Órgão: VARA DO TRABALHO DE CATALÃO Classe: AçãO TRABALHISTA - RITO ORDINáRIO Nº Processo: 0011132-56.2024.5.18.0141

Data de Disponibilização: 26/05/2025

Polo Ativo:

JOSE WALTER DE OLIVEIRA MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO SEDE DO FóRUM DA JT DE CORONEL FABRICIANO

Polo Passivo:

CMOC BRASIL MINERACAO, INDUSTRIA E PARTICIPACOES LTDA. MANSERV MONTAGEM E MANUTENCAO S/A

Notificação

Advogados:

VIVIANE FERREIRA RODRIGUES

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

EDUARDO JUNQUEIRA DE OLIVEIRA MARTINS

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

RAFAEL DE ANDRADE MENDES

OAB/MG XXXXXX Desbloquear

ALEKSANDRA KARLA PACHECO DA SILVA

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 18ª REGIÃO VARA DO TRABALHO DE CATALÃO ATOrd 0011132-56.2024.5.18.0141 AUTOR: JOSE WALTER DE OLIVEIRA RÉU: MANSERV MONTAGEM… PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 18ª REGIÃO VARA DO TRABALHO DE CATALÃO ATOrd 0011132-56.2024.5.18.0141 AUTOR: JOSE WALTER DE OLIVEIRA RÉU: MANSERV MONTAGEM E MANUTENCAO S/A E OUTROS (1) INTIMAÇÃO Fica V. Sa. intimado para tomar ciência da Sentença ID 2a6b8c5 proferida nos autos, cujo dispositivo consta a seguir: SENTENÇA 1-RELATÓRIO JOSE WALTER DE OLIVEIRA deduz em Juízo pretensões em desfavor de MANSERV MONTAGEM E MANUTENCAO S/A e CMOC BRASIL MINERACAO, INDUSTRIA E PARTICIPACOES LTDA. Encontram-se as partes qualificadas nos autos. A parte reclamante busca a condenação das outras partes ao cumprimento das obrigações que relaciona na inicial. Atribui valor à causa. As reclamadas apresentaram defesas, sob forma de contestação, impugnando as pretensões formuladas na inicial e juntando documentos. O reclamante manifestou-se sobre as defesas e documentos. Realizada perícia, para apuração da alegada doença ocupacional. Realizada audiência de instrução, foi ouvido o reclamante. Sem outras provas foi encerrada a instrução processual. Infrutíferas as tentativas de conciliação. Razões finais por memoriais pelo reclamante e 2ª reclamada e prejudicadas pela 1ª reclamada. É o relatório. 2-FUNDAMENTAÇÃO 2.1. Polo passivo: Retifique-se o polo passivo para fazer constar "CMOC BRASIL MINERAÇÃO, INDÚSTRIA E PARTICIPAÇÕES LTDA, CNPJ nº 26.108.898/0007-03". 2.2. Ilegitimidade passiva ad causam: Uma vez indicada a 2ª reclamada como devedora na relação jurídica de direito material, legitimada está para figurar no polo passivo da presente ação. A responsabilidade imputada é questão de mérito e com ele será analisada. Rejeito. 2.3. Impugnação ao valor da causa: A 1ª reclamada impugna o valor atribuído à causa, argumentando que o reclamante indicou valores sem qualquer parâmetro. Sem razão. Considerando os pedidos, cujos valores foram indicados por estimativa, o valor dado à causa atende ao disposto na norma processual civil, artigo 291 do CPC. Rejeito. 2.4. Prescrição bienal: As reclamadas suscitam a prescrição bienal das pretensões indenizatórias, ao argumento de que a inicial informa que o reclamante teve conhecimento inequívoco da lesão em abril de 2019, já que informou que sofreu acidente de trabalho em tal data. Analiso. A controvérsia destes autos refere-se a existência de doença ocupacional, equiparada a acidente de trabalho. A Súmula 278 do STJ estabelece que o “termo inicial do prazo prescricional, na ação de indenização, é a data em que o segurado teve ciência inequívoca da incapacidade laboral”. Ou seja, é a ciência inequívoca da incapacidade e não a ciência da lesão o marco inicial da prescrição no caso como o dos autos. Nesse sentido, os arestos abaixo transcritos, que utilizo como parte da fundamentação, in verbis: "2. PRESCRIÇÃO. INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL E MATERIAL. DOENÇA OCUPACIONAL. INÍCIO DA CONTAGEM DO PRAZO PRESCRICIONAL. CIÊNCIA INEQUÍVOCA DA LESÃO. A jurisprudência assente do Tribunal Superior do Trabalho considera aplicável a prescrição disposta no art. 7º, XXIX, da Constituição Federal no tocante à pretensão de indenização por dano moral e/ou material decorrente de acidente do trabalho quando a lesão, ou a ciência da lesão (teoria da actio nata ), ocorre em momento posterior à vigência da Emenda Constitucional 45/2004 (30/12/2004). Se o empregado se mantém afastado percebendo auxílio-doença em razão de acidente de trabalho ou doença ocupacional a ele equiparada, a ciência inequívoca referida ocorre com a cessação do benefício previdenciário e o retorno às atividades laborais ou com a conversão do auxílio-doença em aposentadoria por invalidez. No presente caso, ante os elementos fáticos delineados no acórdão regional, a ciência inequívoca da consolidação das lesões ocorreu apenas em 25/10/2013, data da concessão da aposentadoria por invalidez. Assim, tendo em vista o ajuizamento da ação em 29/07/2014, não há falar em prescrição total da pretensão. Nesse contexto, não afastados os fundamentos da decisão agravada." (Ag-AIRR-10640-86.2014.5.15.0080, 5ª Turma, Relator Ministro Douglas Alencar Rodrigues, DEJT 30/06/2023). destaquei "AGRAVO. AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. PROCESSO SOB A ÉGIDE DA LEI Nº 13.015/2014 E ANTERIOR À LEI Nº 13.467/2017 . ACIDENTE DE TRABALHO. PRESCRIÇÃO APLICÁVEL - ACTIO NATA - CIÊNCIA INEQUÍVOCA DA EXTENSÃO DO DANO SOFRIDO. O fato de as indenizações por dano patrimonial, moral, inclusive estético, serem efeitos conexos do contrato de trabalho (ao lado dos efeitos próprios deste contrato), atrai a submissão à regra do art. 7º, XXIX, da Constituição Federal. Independentemente do Direito que rege as parcelas (no caso, Direito Civil), todas só existem porque derivadas do contrato empregatício, submetendo-se à mesma prescrição. Entretanto, em face da pletora de processos oriundos da Justiça Comum Estadual tratando deste mesmo tipo de lide, remetidos à Justiça do Trabalho, tornou-se patente a necessidade de estabelecimento de posição interpretativa para tais processos de transição, que respeitasse as situações anteriormente constituídas e, ao mesmo tempo, atenuasse o dramático impacto da transição. Assim, reputa-se necessária uma interpretação especial em relação às ações ajuizadas nesta fase de transição, sob pena de se produzirem injustiças inaceitáveis: a) nas lesões ocorridas até a data da publicação da EC nº 45/2004, em 31/12/2004, aplica-se a prescrição civilista, observado, inclusive, o critério de adequação de prazos fixado no art. 2.028 do CCB/2002. Ressalva do Relator que entende aplicável o prazo do art. 7º, XXIX, CF, caso mais favorável (caput do art. 7º, CF); b) nas lesões ocorridas após a EC nº 45/2004 (31/12/2004), aplica-se a regra geral trabalhista do art. 7º, XXIX, CF/88. Frise-se que a prescrição é instituto jurídico que solapa direitos assegurados na ordem jurídica, inclusive oriundos da Constituição, ao lhe suprimir a exigibilidade judicial. O seu caráter drástico e, às vezes, até mesmo injusto, não permite que sofra qualquer interpretação ampliativa. Desse modo, qualquer regra nova acerca da prescrição, que acentue sua lâmina mitigadora de direitos, deve ser interpretada com restrições. Em consequência, a regra prescricional mais gravosa só produzirá efeitos a partir do início de sua eficácia, não prejudicando, de modo algum, situações fático-jurídicas anteriores. Ademais, em se tratando de acidente de trabalho e doença ocupacional, pacificou a jurisprudência que o termo inicial da prescrição ( actio nata ) dá-se da ciência inequívoca do trabalhador no tocante à extensão do dano (Súmula 278/STJ). Dessa maneira, se o obreiro se aposenta por invalidez, é daí que se inicia a contagem do prazo prescricional, pois somente esse fato possibilita a ele aferir a real dimensão do malefício sofrido. Por coerência com essa ideia, se acontecer o inverso e o empregado for considerado apto a retornar ao trabalho, será da ciência do restabelecimento total ou parcial da saúde que começará a correr o prazo prescricional. No caso concreto , como a ciência inequívoca da extensão do dano ocorreu em 30/06/2009 (data do término do afastamento previdenciário, com a alta médica) e a presente ação somente foi ajuizada em 22.12.2015, constatando-se que a pretensão obreira encontra-se realmente fulminada pela prescrição. Assim sendo, a decisão agravada foi proferida em estrita observância às normas processuais (art. 557, caput , do CPC/1973; arts. 14 e 932, IV, "a ", do CPC/2015), razão pela qual é insuscetível de reforma ou reconsideração . Agravo desprovido" (Ag-AIRR-11711-08.2015.5.15.0107, 3ª Turma, Relator Ministro Mauricio Godinho Delgado, DEJT 30/06/2023). destaquei "RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO PELA PARTE RECLAMADA (BANCO DO BRASIL S.A.). ACÓRDÃO REGIONAL. PUBLICAÇÃO ANTES DA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014. 1. INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. PRESCRIÇÃO TRABALHISTA. CIÊNCIA INEQUÍVOCA DA LESÃO APÓS A EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 45/2004. I. É pacífico, neste Tribunal Superior, o entendimento de que na aplicação da prescrição deve-se considerar, pelo princípio da actio nata , a data da ciência inequívoca da lesão, se anterior ou posterior à publicação da Emenda Constitucional n° 45/2004, que alterou a competência desta Justiça do Trabalho para processar esse tipo de ação. Com efeito, a atual, iterativa e notória jurisprudência desta Corte Superior consolidou o entendimento de que o termo a quo do prazo prescricional da pretensão indenizatória dos danos decorrentes de doença ocupacional coincide com a ciência inequívoca da incapacidade laboral (Súmula nº 278 do STJ), assim compreendida como o momento em que o empregado passou a ter conhecimento da real extensão do dano e da sua repercussão na capacidade laborativa. Segundo o entendimento prevalecente no âmbito desta Corte Superior, a nominada "ciência inequívoca" ocorre, em regra, com a concessão da aposentadoria por invalidez ou pela cessação do auxílio acidentário. II. No caso dos autos, a ciência inequívoca se deu com a cessação do auxílio-doença que ocorreu em abril de 2006. Desta forma, incide a prescrição trabalhista, prevista no artigo 7º, XXIX, da Constituição da República, consoante decidiu o Tribunal Regional. III. Recurso de revista de que não se conhece." (RR-482786-29.2007.5.12.0035, 7ª Turma, Relator Ministro Evandro Pereira Valadao Lopes, DEJT 19/05/2023). destaquei "I - AGRAVO EM AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA SOB A ÉGIDE DA LEI 13.467/2017. PRESCRIÇÃO. PRETENSÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS. DOENÇA OCUPACIONAL. TEORIA DA ACTIO NATA . TERMO INICIAL. CIÊNCIA INEQUÍVOCA DA LESÃO. CONCESSÃO DA APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. REQUISITOS DO ART. 896, §1º-A, DA CLT, ATENDIDOS. Ficou demonstrado o desacerto da decisão monocrática que negou provimento ao agravo de instrumento. Agravo provido para conhecer e prover o agravo de instrumento, determinando o processamento do recurso de revista. II - AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA SOB A ÉGIDE DA LEI 13.467/2017. PRESCRIÇÃO. PRETENSÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS. DOENÇA OCUPACIONAL. TEORIA DA ACTIO NATA . TERMO INICIAL. CIÊNCIA INEQUÍVOCA DA LESÃO. CONCESSÃO DA APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. TRANSCENDÊNCIA POLÍTICA. No caso em tela, a decisão regional apresenta-se em dissonância do desta Corte firmado no sentido de que o termo inicial da prescrição relativa a pedido de indenização por danos morais e materiais, decorrentes de acidente de trabalho (ou doença ocupacional equiparada), depende da verificação da data em que o trabalhador teve ciência inequívoca do dano, circunstância apta a demonstrar o indicador de transcendência política, nos termos do art. 896-A, § 1º, II, da CLT. AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA SOB A ÉGIDE DA LEI 13.467/2017. PRESCRIÇÃO. PRETENSÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS. DOENÇA OCUPACIONAL. TEORIA DA ACTIONATA . TERMO INICIAL. CIÊNCIA INEQUÍVOCA DA LESÃO. CONCESSÃO DA APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. Agravo de instrumento provido ante possível violação ao artigo 7º, XXIX, da Constituição Federal. III - RECURSO DE REVISTA SOB A ÉGIDE DA LEI 13.467/2017. PRESCRIÇÃO. PRETENSÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS. DOENÇA OCUPACIONAL. TEORIA DA ACTIONATA . TERMO INICIAL. CIÊNCIA INEQUÍVOCA DA LESÃO. CONCESSÃO DA APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. REQUISITOS DO ART. 896, §1º-A, DA CLT, ATENDIDOS. A jurisprudência da SBDI-1 desta Corte é no sentido de que o marco inicial da prescrição em ações de indenização por danos morais e materiais, decorrentes de acidente de trabalho (ou doença ocupacional equiparada), deve ser a data do retorno ao trabalho, na hipótese de abrandamento da doença, ou a data da concessão da aposentadoria por invalidez, considerando, dependendo da situação, essas datas como o momento da inequívoca ciência da incapacidade laboral. Precedentes da SBDI-1. No caso, extrai-se do acórdão regional que o autor ajuizou presente ação em 4/6/2018, pleiteando indenizações por danos morais e materiais em razão de doença ocupacional. Verifica-se, ainda, que o reclamante foi aposentado por invalidez pelo INSS em 2/5/2013 . Não obstante, o Regional manteve a sentença na qual declarada apenas a prescrição parcial quinquenal. Nesse contexto, o marco inicial da prescrição incidente sobre a pretensão de pagamento de indenização por danos morais e materiais, decorrente do acidente de trabalho equiparado , coincide com a data da concessão da aposentadoria por invalidez, em 2/5/2013, após, portanto, a promulgação da Emenda Constitucional 45 (31/12/2004). Desse modo, quando do ajuizamento da reclamação trabalhista, em 4/6/2018, já havia transcorrido mais de 5 anos desde a data de ciência inequívoca da consolidação das lesões, ocorrida em 2/5/2013, no momento da concessão da aposentadoria por invalidez, de modo que a pretensão do autor está fulminada pela prescrição prevista no art. 7º, XXIX, da Constituição Federal. Recurso de revista conhecido e provido" (RR-482-29.2018.5.20.0003, 6ª Turma, Relator Ministro Augusto Cesar Leite de Carvalho, DEJT 19/05/2023). destaquei Considerando que na data da propositura da ação, o reclamante estava afastado por auxílio-doença, ainda não ocorreu a data da ciência inequívoca da lesão, razão pela qual não iniciou o prazo prescricional. Rejeito. 2.5. Prescrição quinquenal: Ajuizada a presente ação aos 25/06/2024, pronuncio a prescrição dita "quinquenal", o que fulmina todas as pretensões de natureza condenatória, cuja mora ocorreu anteriormente a 15/06/2019, extinguindo os pedidos respectivos com resolução de mérito. 2.6. Responsabilidade da 2ª reclamada: O reclamante pretende a declaração de responsabilidade subsidiária da 2ª reclamada. A 2ª reclamada nega a responsabilidade. Analiso. O contrato juntado aos autos (ID a2dd3af) e seus aditivos comprovam que a 2ª reclamada era tomadora de serviços da 1ª reclamada, com intermediação de mão de obra, pois consta "O presente Contrato tem por objeto a prestação, pela CONTRATADA, dos serviços de manutenção nas dependências da NIOBRAS e COPEBRAS, bem como dos serviços de gerenciamento das atividades da Área de Engenharia Mecânica executados na usina BVFR da COPEBRAS (doravante os "Serviços"), conforme Propostas Tecnicas anexas ao presente Contrato (Anexox V, VI e VII) e as seguintes atividades, dentre outras: ...”, demonstrando que ela foi a tomadora dos serviços do reclamante durante todo o vínculo de emprego. Nada obstante, a terceirização é lícita, conforme decidido na ADPF 324, cuja decisão transcrevo e adoto como razões de decidir: Decisão: O Tribunal, no mérito, por maioria e nos termos do voto do Relator, julgou procedente o pedido e firmou a seguinte tese: 1. É lícita a terceirização de toda e qualquer atividade, meio ou fim, não se configurando relação de emprego entre a contratante e o empregado da contratada. 2. Na terceirização, compete à contratante: i) verificar a idoneidade e a capacidade econômica da terceirizada; e ii) responder subsidiariamente pelo descumprimento das normas trabalhistas, bem como por obrigações previdenciárias, na forma do art. 31 da Lei 8.212/1993, vencidos os Ministros Edson Fachin, Rosa Weber, Ricardo Lewandowski e Marco Aurélio. Nesta assentada, o Relator esclareceu que a presente decisão não afeta automaticamente os processos em relação aos quais tenha havido coisa julgada. Presidiu o julgamento a Ministra Cármen Lúcia. Plenário, 30.8.2018. (destaquei) Portanto, declaro a responsabilidade subsidiaria da 2ª reclamada – CMOC – por eventuais obrigações impostas nesta sentença à ex-empregadora da reclamante. Diante da fundamentação supra, a 2ª reclamada responderá subsidiariamente por eventuais créditos eventualmente deferidos à parte reclamante, pois todos se referem ao período em que a 2ª reclamada foi tomadora de seus serviços (durante todo o vínculo de emprego), incluindo as multas e as contribuições previdenciárias já que acessória ao crédito trabalhista (Súmula 331, VI-C/TST). Ficam excluídas da responsabilidade da reclamada/contratante as obrigações personalíssimas e eventuais penalidades em caso de descumprimento. 2.7. Acidente de trabalho - Doença ocupacional: A inicial informa: "Ocorre que no dia 25/04/2019, enquanto trabalhava na Mina Boa Vista em Catalão/GO, no processo de Britagem, ao pegar uma chapa de revestimento (peso aproximado de 40 Kg), o Reclamante sentiu uma fisgada na coluna, sentindo fortes dores e caindo ao solo. O Obreiro foi levado ao Hospital Nasr Faiad Ltda., onde o médico ortopedista Dr. Joelberth Moraes Cindra, 16225 - RQE 7920, a princípio, requisitou exames de Raios-X e prescreveu medicamentos por infusão endovenosa (Dipirona, Tramadol e Cetoprofeno). [...] Todavia, mais tarde, no dia 02/05/2019, o Reclamante foi submetido ao exame de Ressonância Magnética da Coluna Lombar, constatando-se, mediante laudo do médico Dr.Luis Fernando Gonçalves, CRM 19.661, “Grande extrusão discal em L4-L5, comprimindo a raiz direita de L4” e “Pequena protusão discal central em L5-S1, tocando o saco dural”. [...] Embora o dano sofrido pelo Reclamante enquanto desempenhava as suas atividades, em notória omissão, buscando eximir-se das responsabilidades trabalhistas, a 1ª Reclamada não abriu a CAT (Comunicação de Acidente de Trabalho). [...] Salienta-se que antes de iniciar o labor nas Reclamadas, o Reclamante não tinha nenhum problema na coluna, jamais queixando de dor ou qualquer sintoma. Para tornar inequívoco, considerando ser o obreiro parte hipossuficiente na relação contratual, requer seja a 1ª Reclamada intimada a juntar o ASO (Atestado de Saúde Ocupacional) admissional do Reclamante, sob pena de aplicação do art. 400 do CPC." [...] No caso dos autos, é evidente que o esforço repetitivo praticado pelo Reclamante durante o exercício das suas atividades culminou na sua limitação física e deflagração da doença ocupacional: “Grande extrusão discal em L4-L5, comprimindo a raiz direita de L4” e “Pequena protusão discal central em L5-S1, tocando o saco dural”.". Requer a condenação da reclamada ao pagamento de indenização por dano moral e material, além de restabelecimento do plano de saúde. A 1ª reclamada, em apertada síntese, nega o acidente, bem como o nexo causal entre a doença e o trabalho. Requer a improcedência do pedido. Analiso. Determinada a realização de perícia médica, a fim de perquirir sobre o nexo causal entre a doença narrada na inicial e o trabalho na reclamada, bem como os possíveis danos, concluiu o perito: "CONCLUSÃO DO EXPOSTO, CONCLUI-SE QUE, DE ACORDO COM OS DADOS TÉCNICOS DISPONÍVEIS, O RECLAMANTE É PORTADOR DE LESÃO DA COLUNA LOMBAR, MULTIFATORIAL, SUPOSTAMENTE DESENCADEADA POR TÍPICO ACIDENTE DE TRABALHO, QUE DETERMINA INCAPACIDADE LABORATIVA TOTAL POR TEMPO INDETERMINADO." (ID 156da7e, fls. 1502/1523-PDF) Na fundamentação o perito consignou: "No caso do reclamante, José Walter de Oliveira, observa-se que, antes do alegado acidente de trabalho em 25/04/2019, ele já apresentava episódios de lombalgia, conforme atestado médico de 26/12/2018. Entretanto, o incidente mencionado, no qual ao erguer um objeto pesado sofreu uma dor aguda na região lombar, marcou uma exacerbação significativa de sua condição. A ressonância magnética realizada em 02/05/2019 revelou uma grande extrusão discal em L4-L5, comprimindo a raiz direita de L4, caracterizando uma radiculopatia. Esse achado sugere que o esforço físico relacionado ao trabalho pode ter contribuído para o agravamento da patologia preexistente. [...] 3. O exercício do trabalho atuou como concausa no aparecimento ou agravamento da doença? R: Supostamente. [...] 5. A empresa cumpria todas as normas de segurança e prevenção indicadas na legislação e outras normas técnicas aplicáveis? R: Não localizados elementos que comprovem. 6. O autor foi treinado para o exercício da função? R: Sim. [...] 10. Constatada a incapacidade, é possível determinar se esta decorreu de agravamento ou progressão da doença ou lesão? R: Supostamente foi desencadeada pelo acidente de trabalho. [...] d. Diante da ausência de comprovação de acidente de trabalho e da ausência de comprovação da lesão de etiologia traumática envolvendo a coluna na data do evento, o(a) sr(a). perito(a) concorda que não há elementos técnicos para estabelecimento de nexo causal com o acidente? Em caso negativo, explicar como chegou à conclusão contrária. R: Nexo concausal é suposto. A comprovação do acidente de trabalho ainda pode ocorrer por outras provas. O processo está em instrução." (grifei) A 1ª reclamada nega a ocorrência do acidente alegado pelo reclamante em 25/04/2019, sustentando que "o reclamante não sofreu qualquer acidente de trabalho. Nunca ocorreu o acidente ora noticiado, sendo que jamais foi levado ao conhecimento da empregadora a situação ora narrada pelo reclamante". Como visto nos trechos do laudo supratranscritos, o perito condicionou sua conclusão da concausa entre a doença e o trabalho à ocorrência do acidente alegado pelo reclamante, em 25/04/2019. Considerando que a ex-empregadora nega o referido acidente, é ônus do reclamante comprovar que a existência dele, nos termos do artigo 818 da CLT. Nesse sentido: ACIDENTE DE TRABALHO. ÔNUS PROBATÓRIO. Negado pelo empregador que o acidente sofrido pelo(a) empregado(a) tenha ocorrido no exercício de suas tarefas típicas do vínculo de emprego, tem-se que o ônus da prova é do(a) empregado(a) por representar fato constitutivo de seu direito (art. 818, I da CLT). Não tendo o(a) empregado(a) se desvencilhado a contento de seu ônus, não há falar no reconhecimento de acidente de trabalho e o consequente deferimento de danos morais e materiais. (TRT da 18ª Região; Processo: 0000042-61.2025.5.18.0191; Data de assinatura: 23-05-2025; Órgão Julgador: Gab. Des. Kathia Maria Bomtempo de Albuquerque - 2ª TURMA; Relator(a): KATHIA MARIA BOMTEMPO DE ALBUQUERQUE) Eis o teor do depoimento do reclamante: "Que trabalhou em outras empresas antes de ser contratado pela primeira reclamada; que era mecânico; que nos contratos anteriores também tinha que carregar peso; que antes do vínculo de emprego com a primeira reclamada o depoente não tinha nenhum problema de saúde; que durante o contrato com a primeira reclamada prestou serviços somente para a segunda; que fez integração antes de iniciar a prestação de serviços para a segunda reclamada; que foi esclarecidos os riscos da atividade de recebia os seguintes EPIs: capacete, botina, protetor auricular, máscara e óculos; que a segunda reclamada fiscalizava o uso dos EPIs; que se fosse pego sem EPIs não sofria punição; que o depoente recebeu crachá para ingressar na segunda reclamada; que deveria passar o crachá na entrada e saída; que sofreu o acidente no dia 25/04/2019; que o acidente ocorreu quando transportava chapa; que nesse momento sentiu uma dor e caiu; que Rodrigo da Cmoc viu o ocorrido; que havia posto médico na Cmoc; que foi atendido neste posto no dia do acidente; que recebeu atestado médico em razão do acidente; que não trabalhou nos dias seguintes ao acidente; que está até hoje afastado pelo INSS; que fez tratamento médico particular, em várias clínicas em Minas Gerais, cujos nomes não se recorda; que ainda está em tratamento médico, em Minas Gerais; que não sabe o nome da clínica." (ID 6e1417e, grifei) Embora o reclamante tenha dito que no dia do acidente, foi atendido no posto médico da Cmoc, não há nos autos comprovação de tal fato. Ao contrário, conforme informado na exordial, foi juntado o prontuário médico do Hospital Nasr Faiad indicando que ele foi atendido no Pronto Atendimento do hospital. Logo, o reclamante não comprovou que sofreu acidente, durante o trabalho para a 1ª reclamada, nas dependências da Cmoc, ao carregar uma chapa, chegando a cair no solo, especialmente, porque a CAT juntada aos autos não foi emitida pela ex-empregadora, mas pelo Sindicato da categoria, mais de dois anos após o alegado acidente (17/11/2021), e de conseguinte, ele não se desincumbiu do ônus que lhe competia. Ainda que provado o fato alegado na exordial, ocorrido no dia 25/04/2022, os fatos narrados não se enquadram como acidente de trabalho, pois o reclamante narra que sentiu dor ao carregar uma chapa de 40kgs, ou seja, após uma atividade normal, corriqueira do serviço, inclusive, atividade que o reclamante sempre desempenhou durante toda a vida laborativa, já que informou, no depoimento, "Que trabalhou em outras empresas antes de ser contratado pela primeira reclamada; que era mecânico; que nos contratos anteriores também tinha que carregar peso; ..." (grifei). Ademais, o artigo 198 da CLT estabelece que é “de 60 (sessenta) quilogramas o peso máximo que um empregado pode remover individualmente, ressalvadas as disposições especiais relativas ao trabalho do menor e da mulher” e o reclamante afirma que a peça era de 40ks, ou seja, de peso inferior. Ou seja, a eclosão do agravamento da doença pode ter ocorrido no trabalho, mas não em razão dele, isso admitido como comprovado o incidente narrado pelo reclamante. Ademais, importante registrar, que o reclamante apresentou atestado médico à ex-empregadora (fl. 302-PDF), do dia 22/04/2019, 03 dias antes do alegado acidente, atestando que ele estava impossibilitado de exercer as atividades laborais por 02 dias, decorrentes do CID M54-5 (lombalgia). O dia 22/04/2019 se deu numa segunda-feira e, assim, é possível aventar a possibilidade de o reclamante pode ter sido acometido de reflexos de sua doença em razão de atividade normal em sua residência, fora do local de trabalho, no final de semana. O afastamento do reclamante no dia 22/04/2019, por lombalgia, demonstra, a um só tempo que ele já era portador da doença, multifatorial como destacado pelo perito, que já se manifestava fora do ambiente de trabalho, inclusive, com intensidade suficiente (grave) para impossibilitar que exercesse suas atividades laborais, nos 02 dias anteriores ao afirmado acidente. Dessa forma, a prova não é robusta de o evento narrado pelo reclamante, supostamente ocorrido no dia 25/04/2019, de fato, fez eclodir a concausa pelo trabalho, conforme destacado no laudo pericial. Logo, diante dos indícios de que o reclamante teve algum incidente no dia 22/04/2019 ou dia anterior (final de semana) e por não comprovado o acidente, no ambiente laboral que, conforme conclusão do perito, era condicionante para a caracterização do nexo concausal, declaro que não há nexo causal ou concausal entre a doença que acomete o recamante e o trabalho para a empregadora, e de conseguinte, não há falar em culpa da ex-empregadora e consequentemente seu dever em indenizar. Ante os fundamentos acima, indefiro o pedido de declaração de doença ocupacional, equiparada a acidente de trabalho, bem como de condenação da parte reclamada ao pagamento de indenização por dano moral e material, bem como de restabelecimento do plano de saúde, todos os pedidos do rol, constantes dos itens "i", "k", "l" e "m". 2.8. Demais requerimentos: Concedo à parte reclamante o "benefício da justiça gratuita" na forma do § 3º, do art. 790, da CLT, pois a declaração juntada aos autos, não infirmada por outras provas, basta para comprovar que a parte não tem condições de suportar custas e despesas do processo, sem prejuízo de seu sustento e de sua família. Ademais, a jurisprudência do C/TST é no sentido de que a simples declaração de hipossuficiência econômica basta a sustentar o deferimento dos benefícios da justiça gratuita, mesmo após a chamada “Reforma Trabalhista”. Nesse sentido: “AGRAVO. RECURSO DE REVISTA. ACÓRDÃO PUBLICADO NA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.467/2017. BENEFÍCIO DA JUSTIÇA GRATUITA. PESSOA FÍSICA. COMPROVAÇÃO DE INSUFICIÊNCIA DE RECURSOS POR SIMPLES DECLARAÇÃO. TRANSCENDÊNCIA JURÍDICA RECONHECIDA. Cinge-se a controvérsia a definir se a simples declaração de hipossuficiência econômica é suficiente para a comprovação do estado de pobreza do reclamante, para fins de deferimento dos benefícios da justiça gratuita, em ação ajuizada após a vigência da Lei n° 13.467/2017. Segundo o artigo 790, §§ 3º e 4º, da CLT, com as alterações impostas pela Lei nº 13.467/2017, o benefício da gratuidade da Justiça será concedido àqueles que perceberem salário igual ou inferior a 40% do limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social, ou àqueles que comprovarem insuficiência de recursos. Já o artigo 5º, LXXIV, da Constituição Federal consagra o dever do Estado de prestar assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos e o artigo 99, § 3º, do CPC, de aplicação supletiva ao processo do trabalho, consoante autorização expressa no artigo 15 do mesmo Diploma, dispõe presumir-se verdadeira a alegação de insuficiência deduzida por pessoa natural. A partir da interpretação sistemática desses preceitos, não é possível exigir dos trabalhadores que buscam seus direitos na Justiça do Trabalho - na sua maioria, desempregados - a comprovação de estarem sem recursos para o pagamento das custas do processo. Deve-se presumir verdadeira a declaração de pobreza firmada pelo autor ou feita por seu advogado, com poderes específicos para tanto. Agravo Interno e Recurso de Revista conhecidos e providos. (PROCESSO Nº TST-Ag-RRAg-1001410-91.2018.5.02.0090 – 5ª Turma – Ministro Redator Designado ALBERTO BASTOS BALAZEIRO) Aos fundamentos acima, “não é possível exigir dos trabalhadores que buscam seus direitos na Justiça do Trabalho - na sua maioria, desempregados - a comprovação de estarem sem recursos para o pagamento das custas do processo”. Assim, mesmo após a após a vigência da Lei n° 13.467/2017, a apresentação de declaração de hipossuficiência econômica da pessoa natural é suficiente para a concessão dos benefícios da gratuidade da Justiça, conforme Súmula 463, I, do TST: “para a concessão da assistência judiciária gratuita à pessoa natural, basta a declaração de hipossuficiência econômica firmada pela parte ou por seu advogado, desde que munido de procuração com poderes específicos para esse fim”. A parte reclamante foi sucumbente no objeto da perícia, razão pela qual deve pagar os honorários do perito nomeado nestes autos, que ora arbitro em R$1.000,00 atento ao grau de zelo do profissional e a condição econômica da parte sucumbente (valor máximo pago em caso como o dos autos). Todavia, como o plenário do STF, aos 20/10/2021, julgou parcialmente procedente o pedido formulado na ADI 5766 e declarou a inconstitucionalidade do artigo 790-B, “caput” e § 4º e, tendo em vista a concessão dos benefícios da justiça gratuita, conforme decidido acima, os honorários do perito serão pagos pela União, observando-se o disposto no PGC do TRT-18. Após o trânsito em julgado, providencie a Secretaria o que for necessário. Tendo em vista que não há sucumbência da parte reclamada, não há que se falar em honorários do advogado do reclamante. Indefiro. A parte reclamante sucumbiu em todos os pedidos deduzidos na inicial, razão pela qual defiro o pedido de condenação ao pagamento dos honorários de sucumbência ao(a) advogado(a) da parte reclamada, no importe de 7,5%, observando os critérios fixados no §2º, do artigo 791-A, da CLT, calculados sobre o valor dos pedidos integralmente indeferidos (conforme capítulos anteriores), devidamente atualizado, conforme se apurar em liquidação de sentença. Registro, a fim de que não se alegue omissão, que o plenário do STF, aos 20/10/2021, julgou parcialmente procedente o pedido formulado na ADI 5766 e declarou a inconstitucionalidade dos artigos 790-B, “caput” e § 4º, e 791-A, § 4º da CLT e, tendo em vista a concessão dos benefícios da gratuidade da justiça, conforme decidido acima, as obrigações decorrentes da sucumbência da parte reclamante ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade e somente poderão ser executadas se, nos dois anos subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que as certificou, o credor demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência de recursos que justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tais obrigações do beneficiário. 3-DISPOSITIVO Isso posto, na reclamação trabalhista ajuizada por JOSE WALTER DE OLIVEIRA em face de MANSERV MONTAGEM E MANUTENCAO S/A e CMOC BRASIL MINERACAO, INDUSTRIA E PARTICIPACOES LTDA, julgo improcedente o pedido, na forma da fundamentação supra, parte integrante deste dispositivo. Honorários advocatícios e periciais a cargo do reclamante, conforme fundamentação, observada a condição suspensiva de exigibilidade quanto aos primeiros. Custas, pela parte reclamante, no importe de R$14.358,62, apuradas sobre o valor atribuído à causa, de R$717.931,14, das quais fica dispensada, nos termos da lei. Intimem-se as partes e o perito. Nada mais. MARCELO ALVES GOMES Juiz Titular de Vara do Trabalho Intimado(s) / Citado(s) - JOSE WALTER DE OLIVEIRA

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Pamella Cristina Targino Da Silva x Pedro Pio Pereira

ID: 279622882

Tribunal: TRT18 Órgão: VARA DO TRABALHO DE CATALÃO Classe: AçãO TRABALHISTA - RITO SUMARíSSIMO Nº Processo: 0000094-13.2025.5.18.0141

Data de Disponibilização: 26/05/2025

Polo Ativo:

PAMELLA CRISTINA TARGINO DA SILVA

Polo Passivo:

PEDRO PIO PEREIRA

Notificação

Advogados:

THIAGO HENRIQUE SIMAO GOMES TAVEIRA

OAB/GO XXXXXX Desbloquear

GABRIEL ALVARES FIGUEIREDO SILVA

OAB/GO XXXXXX Desbloquear

PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 18ª REGIÃO VARA DO TRABALHO DE CATALÃO ATSum 0000094-13.2025.5.18.0141 AUTOR: PAMELLA CRISTINA TARGINO DA SILVA RÉU: PEDRO … PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 18ª REGIÃO VARA DO TRABALHO DE CATALÃO ATSum 0000094-13.2025.5.18.0141 AUTOR: PAMELLA CRISTINA TARGINO DA SILVA RÉU: PEDRO PIO PEREIRA INTIMAÇÃO Fica V. Sa. intimado para tomar ciência da Sentença ID 4771f04 proferida nos autos, cujo dispositivo consta a seguir: SENTENÇA 1-RELATÓRIO Dispensado por tratar-se de reclamação trabalhista submetida ao rito sumaríssimo. 2-FUNDAMENTAÇÃO 2.1. Vínculo de emprego. Salário. Verbas rescisórias. Indenização substitutiva de estabilidade provisória (gestante). Multas dos artigos 467 e 477 da CLT. Obrigações de fazer: A reclamante alega que foi admitida pelo reclamado em 06/06/2024, com salário de R$500,00/mês, função de assistente de cartório, dispensa sem justa causa em 15/07/2024, quando estava grávida, tudo sem anotação na CTPS. Requer o reconhecimento do vínculo de emprego, bem como o pagamento de diferenças salariais em relação ao salário mínimo legal, verbas rescisórias, indenização substitutiva da estabilidade provisória, multas dos artigos 467 e 477 da CLT, além do cumprimento de obrigações de fazer. A reclamado confirma o vínculo de emprego e o salário de R$500,00/mês. Aduz que não houve rescisão sem justa, pois o término da relação havida ocorreu por encerramento do contrato por prazo determinado, “exclusivamente para suprir as demandas temporárias excepcionais que o cartório enfrentava naquele período” e que não há direito à estabilidade provisória, bem como que pagou a rescisão contratual. Analiso. É incontroversa a admissão da reclamante na data informada na exordial, isto é, em 06/06/2024, bem como a função exercida e que a parte autora estava gestante no momento da ruptura contratual. Quanto à modalidade do contrato de trabalho, sendo o contrato por prazo determinado, como disse a reclamada, “exclusivamente para suprir as demandas temporárias excepcionais que o cartório enfrentava naquele período”, um contrato especial, exige-se formalidade para sua configuração válida, isto é, que ele seja efetivado por contrato escrito, assinado pelo empregado, e/ou por meio de anotação na CTPS. Nesse sentido, os seguintes arestos, que utilizo como parte da fundamentação, verbis: RECURSO DE REVISTA – CONTRATO DE EXPERIÊNCIA – VALIDADE. A jurisprudência desta Corte orienta que, por se tratar de exceção ao princípio da continuidade da relação de emprego, os contratos por prazo determinado, como o de experiência, devem ser celebrados formalmente, de modo a garantir às partes o pleno conhecimento de suas condições. Não provada a regular celebração de contrato de experiência, porque não acostados aos autos documentos idôneos a esse fim, e considerando-se que o ônus da prova era da Reclamada, por se tratar de fato modificativo/impeditivo do direito do Reclamante, deve-se reconhecer a existência de contrato por prazo indeterminado. DIFERENÇAS DE HORAS EXTRAS – ÔNUS DA PROVA - CARTÕES DE PONTO 1. No tocante ao período em relação ao qual não foram apresentados os cartões de ponto (primeiros nove dias de contrato, segundo o acórdão regional), a Corte de origem fundamentou-se na confissão da própria Reclamante . 2. A jurisprudência desta Eg. Corte Superior é no sentido de que a ausência de assinatura nos cartões de ponto, por si só, não enseja sua invalidação e, em consequência, não autoriza a inversão do ônus da prova. Recurso de Revista conhecido parcialmente e provido . (TST - RR: 14383620115120028, Relator.: Joao Pedro Silvestrin, Data de Julgamento: 10/12/2014, 8ª Turma, Data de Publicação: 12/12/2014) destaquei EMENTA: 1. AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO ORDINÁRIO. EMPREGADOR PESSOA JURÍDICA. INDEFERIMENTO DA JUSTIÇA GRATUITA. PREPARO COMPROVADO NO PRAZO CONCEDIDO PELO RELATOR. DESERÇÃO AFASTADA. Cuidando a parte recorrente de efetuar o preparo no prazo que lhe foi assinado em sede de agravo de instrumento, com fulcro no item II da Orientação Jurisprudencial 269 da Eg. SBDI-I do C. TST, comprovando o recolhimento das custas processuais e do depósito recursal, deve ser provido o agravo de instrumento para destrancar o recurso ordinário interposto. 2. RECURSO ORDINÁRIO. CONTRATO DE EXPERIÊNCIA. AUSÊNCIA DE ANOTAÇÃO NA CTPS OU CONTRATO ESCRITO. EFEITOS. É nula a pactuação verbal de contrato de experiência. Por se tratar de modalidade especial de contrato de trabalho, o contrato de experiência deve ser formalmente celebrado, por meio de anotação na CTPS ou contrato escrito. JULGAMENTO DO AGRAVO DE INSTRUMENTO(TRT da 18ª Região; Processo: 0010500-23.2024.5.18.0111; Data de assinatura: 22-11-2024; Órgão Julgador: Gab. Des. Platon Teixeira de Azevedo Filho - 2ª TURMA; Relator(a): PLATON TEIXEIRA DE AZEVEDO FILHO) destaquei CONTRATO DE EXPERIÊNCIA. VALIDADE. A jurisprudência do C. TST orienta que, por se tratar de exceção ao princípio da continuidade da relação de emprego, os contratos por prazo determinado, como o de experiência, devem ser celebrados formalmente, de modo a garantir às partes o pleno conhecimento de suas condições. No caso, o contrato de experiência anexado encontra-se sem assinatura da parte autora, o que elide a validade ao documento, por não cumprir a finalidade de demonstrar a ciência dos seus termos às partes envolvidas. Não provada a regular celebração de contrato de experiência, porque não anexados aos autos documentos idôneos a esse fim, correta a r. sentença que reconheceu o contrato por prazo indeterminado e deferiu as verbas pertinentes. (TRT da 18ª Região; Processo: 0011187-89.2021.5.18.0083; Data de assinatura: 21-06-2022; Órgão Julgador: Gab. Des. Welington Luis Peixoto - 1ª TURMA; Relator(a): WELINGTON LUIS PEIXOTO) destaquei O reclamado não trouxe aos autos “documentos idôneos” comprovando a celebração do contrato por prazo indeterminado entre ele e a reclamada, motivo pelo qual declaro que o contrato de trabalho se deu por prazo indeterminado. Prosseguindo, a inicial informa que a reclamante trabalhava de segunda a sexta-feira, o que foi confirmado em depoimento pessoal, das 08:30h às 12:30h. O reclamado alega que o salário foi ajustado por tempo parcial de trabalho. Embora a CRFB assegure ao empregado o salário mínimo, fixado em lei (artigo 6º, IV), conforme entendimento expresso na Orientação Jurisprudencial n. 358, da SDI-1, do c. TST, não há impedimento para o ajuste de salário proporcional ao tempo trabalhado, quando houver "contratação para cumprimento de jornada reduzida, inferior à previsão constitucional de oito horas diárias ou quarenta e quatro semanais", mas desde que respeitado o valor do salário mínimo/hora. Outrossim, o artigo 58-A, § 1º, também, autoriza o pagamento de salário proporcional à jornada trabalhada, in verbis: Art. 58-A. Considera-se trabalho em regime de tempo parcial aquele cuja duração não exceda a trinta horas semanais, sem a possibilidade de horas suplementares semanais, ou, ainda, aquele cuja duração não exceda a vinte e seis horas semanais, com a possibilidade de acréscimo de até seis horas suplementares semanais. § 1º O salário a ser pago aos empregados sob o regime de tempo parcial será proporcional à sua jornada, em relação aos empregados que cumprem, nas mesmas funções, tempo integral. Comprovado que a reclamante não cumpria jornada de 44 horas semanais, pois trabalhava 20 horas semanais e 80 horas mensais, o salário mínimo/hora no período do contrato era de, aproximadamente, R$6,42 (R$1.412,00 / 220), correspondendo a R$513,60/mês. Portanto, fixo que o salário/hora da reclamante corresponde ao salário mínimo/hora (nos termos das normas acima referidas), sendo devidas, em parte, as diferenças salariais pleiteadas na exordial, pois incontroverso que o salário era de R$500,00, sendo a autora credora de R$13,60 por mês, observada a proporcionalidade dos dias laborados (quando não trabalhado o mês completo). Em relação à modalidade da ruptura contratual, o reclamado alegou que houve encerramento do contrato por prazo determinado. Contudo, não comprovado o contrato por prazo determinado, conforme decidido acima, nos termos da Súmula n. 212 do C/TST o ônus de provar a data do término e a modalidade da ruptura contratual é do empregador, em razão do princípio da continuidade da relação de emprego, constituindo presunção favorável ao empregado. A testemunha Letícia informou "que a reclamante deixava a desejar no trabalho e por isso o encerramento do contrato, deixou o emprego" (ID 0058ada), o que permite concluir que a rescisão ocorreu por iniciativa da reclamada, sem justa causa Dessa forma, declaro que a reclamante foi demitida/dispensada sem justa causa, na data informada na contestação 16/07/2024. Ante o exposto, declaro o vínculo de emprego, mediante contrato por prazo indeterminado, com admissão em 06/06/2024, na função de assistente de cartório, com salário mínimo/hora, conforme fixado acima, e rescisão em 16/07/2024. No momento da rescisão do contrato a reclamante estava grávida. Salienta-se, ainda, que o entendimento predominante no c. TST é no sentido de que verificada a concepção na vigência do contrato de trabalho, a empregada faz jus à estabilidade provisória prevista no artigo 10, II, "b", do ADCT. Nesse sentido, os seguintes arestos que utilizo como reforço de fundamentação, in verbis: RECURSO DE REVISTA. LEIS NºS 13.015/2014 E 13.467/2017. RITO SUMARÍSSIMO. GESTANTE. CONTRATO DE EXPERIÊNCIA. INDENIZAÇÃO SUBSTITUTIVA. GARANTIA PROVISÓRIA DE EMPREGO. SÚMULA 244, III, DO TST. TRANSCEDENCIA POLÍTICA. 1. Nos termos da Súmula 244, III, do TST, o desconhecimento do estado gravídico pelo empregador não afasta o direito ao pagamento da indenização decorrente da estabilidade provisória prevista no art. 10, II, ' b' do ADCT. 2. 2. O Supremo Tribunal Federal, ao julgamento do RE 629.253, fixou a seguinte tese de repercussão geral (Tema 497): 'a incidência da estabilidade prevista no art. 10, inc. II, do ADCT somente exige a anterioridade da gravidez à dispensa sem justa causa'. 3. O contrato de experiência, destinado à verificação da aptidão do empregado para o exercício de determinada função em caráter definitivo, em sua essência, é um contrato por prazo indeterminado, com cláusula de experiência. 4. A empregada gestante faz jus ao direito constitucional à estabilidade provisória, desde a confirmação até cinco meses após o parto, mesmo na hipótese do contrato de experiência (Súmula 244, III, do TST). Precedentes. Recurso de revista de que se conhece e a que se dá provimento. (RR-807-25.2021.5.12.0034, 3ª Turma, Relator Ministro Alberto Bastos Balazeiro, DEJT 21/10/2022). (sic, TRT da 18ª Região; Processo: 0010817-07.2022.5.18.0009; Data: 06-02-2023; Órgão Julgador: Gab. Des. Mário Sérgio Bottazzo - 2ª TURMA; Relator(a): MARIO SERGIO BOTTAZZO) (TRT da 18ª Região; Processo: 0011601-76.2023.5.18.0161; Data de assinatura: 23-10-2024; Órgão Julgador: Gab. Des. Paulo Sérgio Pimenta - 2ª TURMA; Relator(a): PAULO PIMENTA) destaquei "RECURSO DE EMBARGOS. INTERPOSIÇÃO SOB A ÉGIDE DA LEI 13.415/2014. EMPREGADA GESTANTE. ESTABILIDADE PROVISÓRIA. CONTRATO DE EXPERIÊNCIA. MATÉRIA PACIFICADA. SÚMULA 244, III, DO TST. Decisão embargada em harmonia com o entendimento cristalizado na Súmula 244, III, do TST, no sentido de que 'a empregada gestante tem direito à estabilidade provisória prevista no art. 10, inciso II, alínea "b", do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, mesmo na hipótese de admissão mediante contrato por tempo determinado'. Incidência do art. 896, § 2º, da CLT. Recurso de embargos não conhecido" (E-ED-RR-10115-80.2015.5.12.0039, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, Relator Ministro Hugo Carlos Scheuermann, DEJT 17-02-2023).". Recurso obreiro a que se dá provimento. (TRT da 18ª Região; Processo: 0010259-17.2022.5.18.0015; Data de assinatura: 30-03-2023; Órgão Julgador: Gab. Des. Daniel Viana Júnior - 2ª TURMA; Relator(a): DANIEL VIANA JUNIOR) destaquei "RECURSO DE REVISTA - RITO SUMARÍSSIMO - EMPREGADA GESTANTE - CONTRATO POR PRAZO DETERMINADO - CONTRATO DE EXPERIÊNCIA - SÚMULA Nº 244, III, DO TST - RECONHECIMENTO DA ESTABILIDADE. 1. Estabelece o art. 10, II, "b", do ADCT que é vedada a dispensa arbitrária ou sem justa causa da empregada gestante, desde a confirmação da gravidez até cinco meses após o parto. 2. O único pressuposto para que a empregada tenha reconhecido seu direito à estabilidade provisória é o estado gravídico no momento da rescisão do contrato de trabalho, porque tal garantia visa à tutela do nascituro e o citado preceito constitucional não impõe nenhuma restrição quanto à modalidade do contrato de trabalho, se por prazo determinado como é o contrato de experiência, ou por prazo indeterminado. 3. Por conseguinte, a empregada admitida mediante contrato de experiência por prazo determinado tem direito à estabilidade provisória da gestante. Inteligência da novel redação da Súmula nº 244, III, do TST. 4. O entendimento firmado por esta Turma julgadora é de que, nas hipóteses de reconhecimento de estabilidade em contrato por prazo determinado, ocorre a prorrogação do período contratual por força da norma constitucional, sendo certo, contudo, que essa circunstância não desnatura a índole do contrato de trabalho originalmente firmado entre as partes, qual seja contrato por prazo determinado, cuja extinção ocorre com o advento do seu termo final. Recurso de revista conhecido e provido" (RR-20405-86.2021.5.04.0292, 2ª Turma, Relatora Desembargadora Convocada Margareth Rodrigues Costa, DEJT 28/04/2023) destaquei RECURSO DE REVISTA DA RECLAMANTE INTERPOSTO NA VIGÊNCIA DA LEI 13.467/2017. RITO SUMARÍSSIMO. CONTRATO DE EXPERIÊNCIA. ESTABILIDADE DA GESTANTE. INDENIZAÇÃO SUBSTITUTIVA DO PERÍODO DE ESTABILIDADE. TRANSCENDÊNCIA POLÍTICA. No caso em tela, o debate acerca de estabilidade da gestante contratada por tempo determinado detém transcendência política , nos termos do art. 896-A, § 1º, II, da CLT. Transcendência reconhecida. RECURSO DE REVISTA DA RECLAMANTE INTERPOSTO NA VIGÊNCIA DA LEI 13.467 /2017. RITO SUMARÍSSIMO. CONTRATO DE EXPERIÊNCIA. ESTABILIDADE DA GESTANTE. INDENIZAÇÃO SUBSTITUTIVA DO PERÍODO DE ESTABILIDADE. REQUISITOS DO ARTIGO 896, § 1º-A, DA CLT , ATENDIDOS. O contrato de experiência é, em essência, um contrato por tempo indeterminado, com uma cláusula de experiência, ou seja, estaria vocacionado à vigência por tempo indeterminado, quando celebrado de boa-fé. Estabelece o artigo 10, II, b , do ADCT, ser vedada a dispensa arbitrária ou sem justa causa da empregada gestante, desde a confirmação da gravidez até cinco meses após o parto, não impondo nenhuma restrição quanto à modalidade de contrato de trabalho, mesmo porque a garantia visa à tutela do nascituro. A matéria já se encontra pacificada pela jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, no sentido de as empregadas gestantes, mesmo em contrato de trabalho de experiência, terem direito à licença-maternidade de cento e vinte dias e à estabilidade provisória desde a confirmação da gravidez até cinco meses após o parto, conforme o artigo 7º, XVIII, da Constituição Federal e o artigo 10, II, b , do ADCT. Recurso de revista conhecido e provido. (TST - RR: 105651120205030035, Relator: Augusto Cesar Leite De Carvalho, Data de Julgamento: 06 /04/2022, 6ª Turma, Data de Publicação: 08/04/2022) destaquei Considerando que o exame de ultrassom comprova que a reclamante em 07/08/2024 estava com, aproximadamente, 10 semanas e 1 dia de gestação, e de conseguinte, que a concepção ocorreu durante o vínculo de emprego que foi rescindido em 16/07/2024, ela é detentora da estabilidade provisória do artigo 10, II, b, do ADCT, desde o dia seguinte ao da rescisão (16/07/2024) até 05 (cinco) meses após o parto, conforme certidão de nascimento do filho (ID e0cabc0). Dessa forma, como a reclamante é detentora de estabilidade provisória prevista no artigo 10, II, "b" do ADCT/CF/88, desde a "confirmação da gravidez" e, diante da ruptura contratual, faz ela jus à indenização substitutiva, com o pagamento de verbas rescisórias, salários vencidos e demais vantagens, desde a data de término do contrato até cinco meses após o parto (artigo 496-CLT e Súmula 38-E /TRT18), sendo devidos os pagamentos da indenização substitutiva correspondente às vantagens salariais do período de estabilidade, o que abrange os salários, aviso prévio, 13º salário, férias acrescidas do terço constitucional e recolhimento dos depósitos do FGTS + 40%. Em face da rescisão contratual, bem como da ausência de comprovação dos pagamentos das parcelas rescisórias, condeno a parte reclamada a pagar à reclamante as seguintes verbas: a) aviso prévio indenizado (30 dias); b) saldo de salário de julho de 2024 (16 dias); c) indenização substitutiva do período de estabilidade provisória, consistente em salários vencidos, desde 17/07/2024 (dia seguinte à ruptura contratual) até cinco meses após o parto (que se apurar conforme certidão de nascimento juntada aos autos); d) férias integrais c/1/3 do período de 2024/2025; e) férias proporcionais c/ 1/3, apuradas até 5 meses após o parto (que se apurar conforme certidão de nascimento juntada aos autos); f) 13º salário de 2024; g) 13º salário 2025, apurado até 5 meses após o parto (que se apurar conforme certidão de nascimento juntada aos autos); e, h) fgts+40%, apurados sobre os salários pagos, inclusive aviso prévio, salários do período da estabilidade provisória e 13º salário, garantida a integralidade dos depósitos de todos os meses de contrato, sob pena de execução direta. O reclamado juntou um comprovante de pix, relativo às parcelas incontroversas, efetuado na data da audiência. Considerando que o artigo 467 da CLT estabelece que "Em caso de rescisão de contrato de trabalho, havendo controvérsia sobre o montante das verbas rescisórias, o empregador é obrigado a pagar ao trabalhador, à data do comparecimento à Justiça do Trabalho, a parte incontroversa dessas verbas, sob pena de pagá-las acrescidas de cinqüenta por cento", não é devida a multa a multa do citado artigo. Indefiro. Quanto ao pedido da multa do artigo 477 da CLT, o § 8º do referido dispositivo legal impõe ao empregador o pagamento das verbas decorrentes da rescisão contratual no prazo estabelecido no citado artigo, cominando, “salvo quando, comprovadamente, o trabalhador der causa à mora”. As controvérsias em torno da modalidade de rescisão contratual, como no caso, não afastam a incidência da multa acima. Nesse sentido, cito precedentes do eg. TRT/18 e do c. TST: “MULTA PRESCRITA NO ART. 477, § 8º, DA CLT. PEDIDO DE RESCISÃO INDIRETA. Com o cancelamento da OJ n° 351 da SDI-1, a multa prescrita no art. 477, § 8º, da CLT, somente é afastada quando o trabalhador é o responsável pela mora no pagamento dos créditos rescisórios. No caso, tendo em vista que a 1ª reclamada não efetuou o pagamento de tais parcelas, é devida a multa estabelecida no citado dispositivo.” (TRT18, ROT - 0011338-63.2019.5.18.0006, Rel. EUGÊNIO JOSÉ CESÁRIO ROSA, 2ª TURMA, 30/03/2020) “AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. MULTA DO ART. 477 DA CLT. RESCISÃO INDIRETA. O Tribunal Regional concluiu que a rescisão indireta reconhecida em juízo enseja a aplicação da multa prevista no art. 477, § 8º, da CLT. O fato gerador da referida multa é a inadimplência na quitação das verbas rescisórias, e as sanções previstas se relacionam à pontualidade no pagamento, e não ao fato de haver controvérsia sobre a forma de extinção da relação de emprego, ou mesmo sobre a própria existência do vínculo. Assim, apenasse o empregado der causa à mora no pagamento das verbas rescisórias não será devida a referida multa, o que não se verifica na hipótese. Agravo de instrumento conhecido e não provido.” (AIRR-21243-19.2014.5.04.0019,8ª Turma, Relatora Ministra Dora Maria da Costa, DEJT 27/03/2020) No caso dos autos, o reclamado foi condenada ao pagamento das verbas rescisórias em decorrência do reconhecimento da rescisão sem justa causa, e por este motivo, é devida a imposição da penalidade prevista no artigo 477, §8º, da CLT. Aos fundamentos acima, defiro o pedido da multa do § 8º, do artigo 477 da CLT. A base de cálculo das verbas/parcelas acima será o salário fixado nesta sentença (salário mínimo/hora - R$513,60 por mês), inclusive para a multa do artigo 477 da CLT. A fim de se evitar o enriquecimento ilícito da parte reclamante, fica autorizada desde já a dedução do valor recebido, admitido por ela em audiência (R$300,00) e o depósito efetuado no dia 12/05/2025 (ID 6ac7baf, R$887,08). Condeno o reclamado a proceder à anotação da CTPS da reclamante, fazendo constar admissão em 06/06/2024, função de assistente de cartório, salário correspondente ao salário mínimo/hora, rescisão em 16/07/2024, nas anotações gerais projetar a estabilidade provisória, em data coincidente com 5 meses após o parto (termo final da estabilidade, conforme se apura da certidão de nascimento juntada aos autos), no prazo de 08 dias (após o trânsito em julgado), após intimada para tanto, o que ocorrerá após a juntada da CTPS da parte autora aos autos, sob pena de multa diária que fixo em R$100,00, mas limitada a 30 dias. Na inércia, a Secretaria da Vara fará a anotação, sem prejuízo da cobrança da multa em favor da reclamante. Condeno, ainda, o reclamado a entregar TRCT com código para saque do fgts e guias CD/SD, para habilitação no seguro desemprego, após o trânsito em julgado, no prazo de 08 dias contados de sua intimação para este fim, sob pena de multa diária que fixo em R$100,00, mas limitada a 30 dias. Na inércia a Secretaria da Vara deverá expedir alvará para saque do fgts e certidão narrativa para habilitação no benefício do seguro desemprego. 2.2. Acúmulo de função: A reclamante alega que "foi contratada para a função de assistente de cartório, porém era obrigada a realizar tarefas adicionais, como limpeza do local, atendimento ao público, emissão de certidões de casamento, óbito e nascimento, além de realizar entregas nos Correios". Requer a condenação do reclamado "ao pagamento de um adicional de 40% (quarenta por cento) sobre o salário da Reclamante, durante todo o período em que ocorreu o acúmulo de funções". O reclamado, em apertada síntese, nega o fato. Requer a improcedência do pedido. Analiso. Considerando que a reclamada nega o acúmulo de função que alicerça o pedido inicial, é da reclamante o ônus da prova (artigo 818 da CLT). A prova oral noticia: "... que fazia a limpeza, certidão de nascimento, óbito, casamento, entrega de documentos no correio; que foi contratada como assistente de cartório; que trabalhava das 08h30 às 12h30; que foi contratada por prazo indeterminado; que foi demitida em razão da gravidez." (depoimento da reclamante, ID 0058ada) "que foi combinado um contrato de 45 dias; que se tratava de contrato de experiência; que a reclamante assinou um recibo; que a reclamante foi contratada para fazer a limpeza; que a reclamante fazia a limpeza e ficava cobrindo o intervalo quando Letícia saía para usufruir; que a reclamante no intervalo de Letícia fazia a limpeza; que dispensou a reclamante pois o contrato de 45 dias encerrou." (depoimento do reclamado, ID 0058ada, grifei) "que trabalha para o reclamado desde 2022; que trabalhou com a reclamante; que a reclamante fazia a limpeza; que no intervalo da depoente a reclamante ficava em seu lugar e 'recolhia demandas' para a depoente fazer quando retornasse; que a reclamante não elaborava certidão de óbito, nascimento ou outras; ... que as demandas se tratavam de contratos para reconhecimento de firma, solicitações de segunda via de certidão, basicamente o atendimento no balcão; que a reclamante anotava as demandas e passava para a depoente." (LETÍCIA SILVA DUARTE, testemunha indicada pelo reclamado, ID 0058ada, grifei) A prova oral não socorre a tese inicial, pois confirma que a reclamante fazia a limpeza e durante o intervalo da testemunha anotava as demandas como "contratos para reconhecimento de firma, solicitações de segunda via de certidão, basicamente o atendimento no balcão", mas "não elaborava certidão de óbito, nascimento ou outras". Portanto, o conjunto probatório dos autos não comprova o alegado acúmulo de função. Ao contrário, restou comprovado que as atividades alegadas na exordial faziam parte da função da reclamante. A tais fundamentos, indefiro o pedido de condenação do reclamado "ao pagamento de um adicional de 40% (quarenta por cento) sobre o salário da Reclamante, durante todo o período em que ocorreu o acúmulo de funções". 2.3. Demais requerimentos: Concedo à parte reclamante o "benefício da justiça gratuita" na forma do §3º, do art. 790, da CLT, pois a declaração juntada aos autos, não infirmada por outras provas, basta para comprovar que a parte não tem condições de suportar custas e despesas do processo, sem prejuízo de seu sustento e de sua família. Ademais, a jurisprudência do C/TST é no sentido de que a simples declaração de hipossuficiência econômica basta a sustentar o deferimento dos benefícios da justiça gratuita, mesmo após a chamada “Reforma Trabalhista”. Nesse sentido: (PROCESSO Nº TST-Ag-RRAg-1001410-91.2018.5.02.0090 – 5ª Turma – Ministro Redator Designado ALBERTO BASTOS BALAZEIRO) Aos fundamentos acima, “não é possível exigir dos trabalhadores que buscam seus direitos na Justiça do Trabalho - na sua maioria, desempregados - a comprovação de estarem sem recursos para o pagamento das custas do processo”. Assim, mesmo após a após a vigência da Lei n° 13.467/2017, a apresentação de declaração de hipossuficiência econômica da pessoa natural é suficiente para a concessão dos benefícios da gratuidade da Justiça, conforme Súmula 463, I, do TST: “para a concessão da assistência judiciária gratuita à pessoa natural, basta a declaração de hipossuficiência econômica firmada pela parte ou por seu advogado, desde que munido de procuração com poderes específicos para esse fim”. Condeno a parte reclamada ao pagamento dos honorários de sucumbência ao(a) advogado(a) da parte reclamante, no importe de 7,5%, observando os critérios fixados no §2º, do artigo 791-A, da CLT, calculados sobre o valor líquidos dos pedidos acolhidos/deferidos (conforme capítulos anteriores), devidamente atualizado, conforme se apurar em liquidação de sentença. A parte reclamante sucumbiu em alguns dos pedidos deduzidos na inicial, razão pela qual defiro o pedido de condenação ao pagamento dos honorários de sucumbência ao(a) advogado(a) da parte reclamada, no importe de 7,5%, observando os critérios fixados no §2º, do artigo 791-A, da CLT, calculados sobre o valor dos pedidos integralmente indeferidos (conforme capítulos anteriores), devidamente atualizado, conforme se apurar em liquidação de sentença. Não são devidos honorários de advogado sobre o pedido de multa do artigo 467-CLT, apesar de julgado improcedente, pois trata-se de verba/parcela condicionada a ato a ser praticado pela parte adversa, no curso do processo, ainda não previsto pela parte autora ao deduzir o pedido na inicial, por isso não se pode enquadrar a improcedência deste como fato gerador de condenação em honorários de advogado. Registro, a fim de que não se alegue omissão, que o plenário do STF, aos 20/10/2021, julgou parcialmente procedente o pedido formulado na ADI 5766 e declarou a inconstitucionalidade dos artigos 790-B, “caput” e § 4º, e 791-A, § 4º da CLT e, tendo em vista a concessão dos benefícios da gratuidade da justiça, conforme decidido acima, as obrigações decorrentes da sucumbência da parte reclamante ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade e somente poderão ser executadas se, nos dois anos subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que as certificou, o credor demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência de recursos que justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tais obrigações do beneficiário. Portanto, fica vedada a dedução dos créditos obtidos pelo reclamante, nesta ou em outra ação por ele ajuizada, do valor dos honorários devidos ao(a) advogado(a) da reclamada. A apuração da condenação da parte reclamada ao pagamento das verbas postuladas na inicial não deverá observar como limite os valores indicados na causa de pedir e pedido da exordial, pois conforme Instrução Normativa nº 41/2018, que determina que "Para fim do que dispõe o art. 840, §§ 1º e 2º, da CLT, o valor da causa será estimado, observando-se, no que couber, o disposto nos arts. 291 a 293 do Código de Processo Civil", os valores são sempre “estimados”, independentemente de ressalva ou não na petição inicial. Nesse sentido: RRAg-820-10.2020.5.12.0050, 3ª Turma, Relator Ministro Alberto Bastos Balazeiro, DEJT 24/03/2023) e RRAg-1000166-83.2019.5.02.0255, 6ª Turma, Relator Ministro Augusto Cesar Leite de Carvalho, DEJT 18/03/2022). Devem ser deduzidos os valores pagos sob idênticos títulos aos aqui deferidos, evitando o enriquecimento sem causa. Não caracterizada nenhuma das hipóteses previstas no artigo 793-B da CLT, deixo de aplicar à parte reclamante a pena por litigância de má-fé, eis que, no presente caso, a litigante apenas exerceu o seu direito de ação e de exercício do contraditório, garantidos constitucionalmente. Deverá a parte reclamada comprovar eventuais recolhimentos previdenciários e tributários incidentes, na forma da lei e do Provimento Geral Consolidado do Tribunal desta 18ª Região da Justiça do Trabalho. A atualização monetária, em observância ao decidido pelo STF na ADC 58 MC-AGR / DF, de 18/12/2020, e às alterações posteriores promovidas pela Lei 14.905/2024, conforme decisão da SDI1 do C. TST nos autos E-ED-RR - 713-03.2010.5.04.0029, de lavra do Exmo. Ministro ALEXANDRE AGRA BELMONTE, publicado no dia 25.10.2024, deve observar, considerada a data do ajuizamento da ação: a) o IPCA-E na fase pré-judicial acrescido dos juros de mora (art. 39, caput, da Lei 8.177, de 1991); b) a partir do ajuizamento da ação até 29/08/2024, a taxa SELIC, sendo vedada a cumulação com outra taxa de juros, e c) a partir de 30/08/2024, no cálculo da atualização monetária, será utilizado o IPCA (art. 389, parágrafo único, do Código Civil); os juros de mora corresponderão ao resultado da subtração SELIC - IPCA (art. 406, parágrafo único, do Código Civil), com a possibilidade de não incidência (taxa 0), nos termos do § 3º do artigo 406. Indefiro o pedido de expedição de ofícios, tendo em vista que não há irregularidade que justifique a expedição de tal documento, pois foram objeto de reparação nesta sentença. 3-DISPOSITIVO Ante o exposto, julgo procedente, em parte, o pedido, para condenar PEDRO PIO PEREIRA a cumprir em favor de PAMELLA CRISTINA TARGINO DA SILVA, as obrigações impostas nos fundamentos, na forma e nos exatos termos neles descritos, eis que sua íntegra constitui parte deste dispositivo. Honorários advocatícios a cargo da reclamada e da reclamante, conforme fundamentação, observada a condição suspensiva de exigibilidade. Liquidação por cálculos, acrescido de atualização, nos termos da fundamentação acima. Natureza jurídica das verbas contempladas nesta sentença na forma do art. 28, § 9º, da lei 8212/91. A parte reclamada deve comprovar os recolhimentos previdenciários e fiscais, no prazo legal, autorizada a dedução da cota parte que cabe a parte autora, na forma da lei e do Provimento Geral Consolidado deste Eg. Tribunal da 18ª Região da Justiça do Trabalho. Os recolhimentos deverão ser feitos no prazo legal e comprovados em Juízo no prazo de cinco (05) dias, após a data do recolhimento, devendo a reclamada preencher e enviar a Guia de Recolhimento ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social – GFIP e Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais Previdenciários e de Outras Entidades e Fundos (DCTFWeb) e DARF, nos termos do art. 19, inciso V, da Instrução Normativa RFB nº 2.005/2021, (válida a partir de 01/10/2023), em conformidade com o disposto no artigo 178 e parágrafos do Provimento Geral Consolidado deste E. Tribunal, sendo que o descumprimento sujeitará o infrator a pena de multa e demais sanções administrativas, nos termos dos artigos 32, § 10, e 32-A, da Lei nº 8.212/91, bem como do artigo 284, I, do Decreto nº 3.048, de 6 de maio de 1999, sem prejuízo de execução (art. 86/PGC-TRT/18). Custas, pela reclamada, no importe de R$400,00, apuradas sobre o valor de R$20.000,00, provisoriamente arbitrado para a condenação. Intimem-se. Nada mais. MARCELO ALVES GOMES Juiz Titular de Vara do Trabalho Intimado(s) / Citado(s) - PEDRO PIO PEREIRA

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Pamella Cristina Targino Da Silva x Pedro Pio Pereira

ID: 279622894

Tribunal: TRT18 Órgão: VARA DO TRABALHO DE CATALÃO Classe: AçãO TRABALHISTA - RITO SUMARíSSIMO Nº Processo: 0000094-13.2025.5.18.0141

Data de Disponibilização: 26/05/2025

Polo Ativo:

PAMELLA CRISTINA TARGINO DA SILVA

Polo Passivo:

PEDRO PIO PEREIRA

Notificação

Advogados:

THIAGO HENRIQUE SIMAO GOMES TAVEIRA

OAB/GO XXXXXX Desbloquear

GABRIEL ALVARES FIGUEIREDO SILVA

OAB/GO XXXXXX Desbloquear

PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 18ª REGIÃO VARA DO TRABALHO DE CATALÃO ATSum 0000094-13.2025.5.18.0141 AUTOR: PAMELLA CRISTINA TARGINO DA SILVA RÉU: PEDRO … PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 18ª REGIÃO VARA DO TRABALHO DE CATALÃO ATSum 0000094-13.2025.5.18.0141 AUTOR: PAMELLA CRISTINA TARGINO DA SILVA RÉU: PEDRO PIO PEREIRA INTIMAÇÃO Fica V. Sa. intimado para tomar ciência da Sentença ID 4771f04 proferida nos autos, cujo dispositivo consta a seguir: SENTENÇA 1-RELATÓRIO Dispensado por tratar-se de reclamação trabalhista submetida ao rito sumaríssimo. 2-FUNDAMENTAÇÃO 2.1. Vínculo de emprego. Salário. Verbas rescisórias. Indenização substitutiva de estabilidade provisória (gestante). Multas dos artigos 467 e 477 da CLT. Obrigações de fazer: A reclamante alega que foi admitida pelo reclamado em 06/06/2024, com salário de R$500,00/mês, função de assistente de cartório, dispensa sem justa causa em 15/07/2024, quando estava grávida, tudo sem anotação na CTPS. Requer o reconhecimento do vínculo de emprego, bem como o pagamento de diferenças salariais em relação ao salário mínimo legal, verbas rescisórias, indenização substitutiva da estabilidade provisória, multas dos artigos 467 e 477 da CLT, além do cumprimento de obrigações de fazer. A reclamado confirma o vínculo de emprego e o salário de R$500,00/mês. Aduz que não houve rescisão sem justa, pois o término da relação havida ocorreu por encerramento do contrato por prazo determinado, “exclusivamente para suprir as demandas temporárias excepcionais que o cartório enfrentava naquele período” e que não há direito à estabilidade provisória, bem como que pagou a rescisão contratual. Analiso. É incontroversa a admissão da reclamante na data informada na exordial, isto é, em 06/06/2024, bem como a função exercida e que a parte autora estava gestante no momento da ruptura contratual. Quanto à modalidade do contrato de trabalho, sendo o contrato por prazo determinado, como disse a reclamada, “exclusivamente para suprir as demandas temporárias excepcionais que o cartório enfrentava naquele período”, um contrato especial, exige-se formalidade para sua configuração válida, isto é, que ele seja efetivado por contrato escrito, assinado pelo empregado, e/ou por meio de anotação na CTPS. Nesse sentido, os seguintes arestos, que utilizo como parte da fundamentação, verbis: RECURSO DE REVISTA – CONTRATO DE EXPERIÊNCIA – VALIDADE. A jurisprudência desta Corte orienta que, por se tratar de exceção ao princípio da continuidade da relação de emprego, os contratos por prazo determinado, como o de experiência, devem ser celebrados formalmente, de modo a garantir às partes o pleno conhecimento de suas condições. Não provada a regular celebração de contrato de experiência, porque não acostados aos autos documentos idôneos a esse fim, e considerando-se que o ônus da prova era da Reclamada, por se tratar de fato modificativo/impeditivo do direito do Reclamante, deve-se reconhecer a existência de contrato por prazo indeterminado. DIFERENÇAS DE HORAS EXTRAS – ÔNUS DA PROVA - CARTÕES DE PONTO 1. No tocante ao período em relação ao qual não foram apresentados os cartões de ponto (primeiros nove dias de contrato, segundo o acórdão regional), a Corte de origem fundamentou-se na confissão da própria Reclamante . 2. A jurisprudência desta Eg. Corte Superior é no sentido de que a ausência de assinatura nos cartões de ponto, por si só, não enseja sua invalidação e, em consequência, não autoriza a inversão do ônus da prova. Recurso de Revista conhecido parcialmente e provido . (TST - RR: 14383620115120028, Relator.: Joao Pedro Silvestrin, Data de Julgamento: 10/12/2014, 8ª Turma, Data de Publicação: 12/12/2014) destaquei EMENTA: 1. AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO ORDINÁRIO. EMPREGADOR PESSOA JURÍDICA. INDEFERIMENTO DA JUSTIÇA GRATUITA. PREPARO COMPROVADO NO PRAZO CONCEDIDO PELO RELATOR. DESERÇÃO AFASTADA. Cuidando a parte recorrente de efetuar o preparo no prazo que lhe foi assinado em sede de agravo de instrumento, com fulcro no item II da Orientação Jurisprudencial 269 da Eg. SBDI-I do C. TST, comprovando o recolhimento das custas processuais e do depósito recursal, deve ser provido o agravo de instrumento para destrancar o recurso ordinário interposto. 2. RECURSO ORDINÁRIO. CONTRATO DE EXPERIÊNCIA. AUSÊNCIA DE ANOTAÇÃO NA CTPS OU CONTRATO ESCRITO. EFEITOS. É nula a pactuação verbal de contrato de experiência. Por se tratar de modalidade especial de contrato de trabalho, o contrato de experiência deve ser formalmente celebrado, por meio de anotação na CTPS ou contrato escrito. JULGAMENTO DO AGRAVO DE INSTRUMENTO(TRT da 18ª Região; Processo: 0010500-23.2024.5.18.0111; Data de assinatura: 22-11-2024; Órgão Julgador: Gab. Des. Platon Teixeira de Azevedo Filho - 2ª TURMA; Relator(a): PLATON TEIXEIRA DE AZEVEDO FILHO) destaquei CONTRATO DE EXPERIÊNCIA. VALIDADE. A jurisprudência do C. TST orienta que, por se tratar de exceção ao princípio da continuidade da relação de emprego, os contratos por prazo determinado, como o de experiência, devem ser celebrados formalmente, de modo a garantir às partes o pleno conhecimento de suas condições. No caso, o contrato de experiência anexado encontra-se sem assinatura da parte autora, o que elide a validade ao documento, por não cumprir a finalidade de demonstrar a ciência dos seus termos às partes envolvidas. Não provada a regular celebração de contrato de experiência, porque não anexados aos autos documentos idôneos a esse fim, correta a r. sentença que reconheceu o contrato por prazo indeterminado e deferiu as verbas pertinentes. (TRT da 18ª Região; Processo: 0011187-89.2021.5.18.0083; Data de assinatura: 21-06-2022; Órgão Julgador: Gab. Des. Welington Luis Peixoto - 1ª TURMA; Relator(a): WELINGTON LUIS PEIXOTO) destaquei O reclamado não trouxe aos autos “documentos idôneos” comprovando a celebração do contrato por prazo indeterminado entre ele e a reclamada, motivo pelo qual declaro que o contrato de trabalho se deu por prazo indeterminado. Prosseguindo, a inicial informa que a reclamante trabalhava de segunda a sexta-feira, o que foi confirmado em depoimento pessoal, das 08:30h às 12:30h. O reclamado alega que o salário foi ajustado por tempo parcial de trabalho. Embora a CRFB assegure ao empregado o salário mínimo, fixado em lei (artigo 6º, IV), conforme entendimento expresso na Orientação Jurisprudencial n. 358, da SDI-1, do c. TST, não há impedimento para o ajuste de salário proporcional ao tempo trabalhado, quando houver "contratação para cumprimento de jornada reduzida, inferior à previsão constitucional de oito horas diárias ou quarenta e quatro semanais", mas desde que respeitado o valor do salário mínimo/hora. Outrossim, o artigo 58-A, § 1º, também, autoriza o pagamento de salário proporcional à jornada trabalhada, in verbis: Art. 58-A. Considera-se trabalho em regime de tempo parcial aquele cuja duração não exceda a trinta horas semanais, sem a possibilidade de horas suplementares semanais, ou, ainda, aquele cuja duração não exceda a vinte e seis horas semanais, com a possibilidade de acréscimo de até seis horas suplementares semanais. § 1º O salário a ser pago aos empregados sob o regime de tempo parcial será proporcional à sua jornada, em relação aos empregados que cumprem, nas mesmas funções, tempo integral. Comprovado que a reclamante não cumpria jornada de 44 horas semanais, pois trabalhava 20 horas semanais e 80 horas mensais, o salário mínimo/hora no período do contrato era de, aproximadamente, R$6,42 (R$1.412,00 / 220), correspondendo a R$513,60/mês. Portanto, fixo que o salário/hora da reclamante corresponde ao salário mínimo/hora (nos termos das normas acima referidas), sendo devidas, em parte, as diferenças salariais pleiteadas na exordial, pois incontroverso que o salário era de R$500,00, sendo a autora credora de R$13,60 por mês, observada a proporcionalidade dos dias laborados (quando não trabalhado o mês completo). Em relação à modalidade da ruptura contratual, o reclamado alegou que houve encerramento do contrato por prazo determinado. Contudo, não comprovado o contrato por prazo determinado, conforme decidido acima, nos termos da Súmula n. 212 do C/TST o ônus de provar a data do término e a modalidade da ruptura contratual é do empregador, em razão do princípio da continuidade da relação de emprego, constituindo presunção favorável ao empregado. A testemunha Letícia informou "que a reclamante deixava a desejar no trabalho e por isso o encerramento do contrato, deixou o emprego" (ID 0058ada), o que permite concluir que a rescisão ocorreu por iniciativa da reclamada, sem justa causa Dessa forma, declaro que a reclamante foi demitida/dispensada sem justa causa, na data informada na contestação 16/07/2024. Ante o exposto, declaro o vínculo de emprego, mediante contrato por prazo indeterminado, com admissão em 06/06/2024, na função de assistente de cartório, com salário mínimo/hora, conforme fixado acima, e rescisão em 16/07/2024. No momento da rescisão do contrato a reclamante estava grávida. Salienta-se, ainda, que o entendimento predominante no c. TST é no sentido de que verificada a concepção na vigência do contrato de trabalho, a empregada faz jus à estabilidade provisória prevista no artigo 10, II, "b", do ADCT. Nesse sentido, os seguintes arestos que utilizo como reforço de fundamentação, in verbis: RECURSO DE REVISTA. LEIS NºS 13.015/2014 E 13.467/2017. RITO SUMARÍSSIMO. GESTANTE. CONTRATO DE EXPERIÊNCIA. INDENIZAÇÃO SUBSTITUTIVA. GARANTIA PROVISÓRIA DE EMPREGO. SÚMULA 244, III, DO TST. TRANSCEDENCIA POLÍTICA. 1. Nos termos da Súmula 244, III, do TST, o desconhecimento do estado gravídico pelo empregador não afasta o direito ao pagamento da indenização decorrente da estabilidade provisória prevista no art. 10, II, ' b' do ADCT. 2. 2. O Supremo Tribunal Federal, ao julgamento do RE 629.253, fixou a seguinte tese de repercussão geral (Tema 497): 'a incidência da estabilidade prevista no art. 10, inc. II, do ADCT somente exige a anterioridade da gravidez à dispensa sem justa causa'. 3. O contrato de experiência, destinado à verificação da aptidão do empregado para o exercício de determinada função em caráter definitivo, em sua essência, é um contrato por prazo indeterminado, com cláusula de experiência. 4. A empregada gestante faz jus ao direito constitucional à estabilidade provisória, desde a confirmação até cinco meses após o parto, mesmo na hipótese do contrato de experiência (Súmula 244, III, do TST). Precedentes. Recurso de revista de que se conhece e a que se dá provimento. (RR-807-25.2021.5.12.0034, 3ª Turma, Relator Ministro Alberto Bastos Balazeiro, DEJT 21/10/2022). (sic, TRT da 18ª Região; Processo: 0010817-07.2022.5.18.0009; Data: 06-02-2023; Órgão Julgador: Gab. Des. Mário Sérgio Bottazzo - 2ª TURMA; Relator(a): MARIO SERGIO BOTTAZZO) (TRT da 18ª Região; Processo: 0011601-76.2023.5.18.0161; Data de assinatura: 23-10-2024; Órgão Julgador: Gab. Des. Paulo Sérgio Pimenta - 2ª TURMA; Relator(a): PAULO PIMENTA) destaquei "RECURSO DE EMBARGOS. INTERPOSIÇÃO SOB A ÉGIDE DA LEI 13.415/2014. EMPREGADA GESTANTE. ESTABILIDADE PROVISÓRIA. CONTRATO DE EXPERIÊNCIA. MATÉRIA PACIFICADA. SÚMULA 244, III, DO TST. Decisão embargada em harmonia com o entendimento cristalizado na Súmula 244, III, do TST, no sentido de que 'a empregada gestante tem direito à estabilidade provisória prevista no art. 10, inciso II, alínea "b", do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, mesmo na hipótese de admissão mediante contrato por tempo determinado'. Incidência do art. 896, § 2º, da CLT. Recurso de embargos não conhecido" (E-ED-RR-10115-80.2015.5.12.0039, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, Relator Ministro Hugo Carlos Scheuermann, DEJT 17-02-2023).". Recurso obreiro a que se dá provimento. (TRT da 18ª Região; Processo: 0010259-17.2022.5.18.0015; Data de assinatura: 30-03-2023; Órgão Julgador: Gab. Des. Daniel Viana Júnior - 2ª TURMA; Relator(a): DANIEL VIANA JUNIOR) destaquei "RECURSO DE REVISTA - RITO SUMARÍSSIMO - EMPREGADA GESTANTE - CONTRATO POR PRAZO DETERMINADO - CONTRATO DE EXPERIÊNCIA - SÚMULA Nº 244, III, DO TST - RECONHECIMENTO DA ESTABILIDADE. 1. Estabelece o art. 10, II, "b", do ADCT que é vedada a dispensa arbitrária ou sem justa causa da empregada gestante, desde a confirmação da gravidez até cinco meses após o parto. 2. O único pressuposto para que a empregada tenha reconhecido seu direito à estabilidade provisória é o estado gravídico no momento da rescisão do contrato de trabalho, porque tal garantia visa à tutela do nascituro e o citado preceito constitucional não impõe nenhuma restrição quanto à modalidade do contrato de trabalho, se por prazo determinado como é o contrato de experiência, ou por prazo indeterminado. 3. Por conseguinte, a empregada admitida mediante contrato de experiência por prazo determinado tem direito à estabilidade provisória da gestante. Inteligência da novel redação da Súmula nº 244, III, do TST. 4. O entendimento firmado por esta Turma julgadora é de que, nas hipóteses de reconhecimento de estabilidade em contrato por prazo determinado, ocorre a prorrogação do período contratual por força da norma constitucional, sendo certo, contudo, que essa circunstância não desnatura a índole do contrato de trabalho originalmente firmado entre as partes, qual seja contrato por prazo determinado, cuja extinção ocorre com o advento do seu termo final. Recurso de revista conhecido e provido" (RR-20405-86.2021.5.04.0292, 2ª Turma, Relatora Desembargadora Convocada Margareth Rodrigues Costa, DEJT 28/04/2023) destaquei RECURSO DE REVISTA DA RECLAMANTE INTERPOSTO NA VIGÊNCIA DA LEI 13.467/2017. RITO SUMARÍSSIMO. CONTRATO DE EXPERIÊNCIA. ESTABILIDADE DA GESTANTE. INDENIZAÇÃO SUBSTITUTIVA DO PERÍODO DE ESTABILIDADE. TRANSCENDÊNCIA POLÍTICA. No caso em tela, o debate acerca de estabilidade da gestante contratada por tempo determinado detém transcendência política , nos termos do art. 896-A, § 1º, II, da CLT. Transcendência reconhecida. RECURSO DE REVISTA DA RECLAMANTE INTERPOSTO NA VIGÊNCIA DA LEI 13.467 /2017. RITO SUMARÍSSIMO. CONTRATO DE EXPERIÊNCIA. ESTABILIDADE DA GESTANTE. INDENIZAÇÃO SUBSTITUTIVA DO PERÍODO DE ESTABILIDADE. REQUISITOS DO ARTIGO 896, § 1º-A, DA CLT , ATENDIDOS. O contrato de experiência é, em essência, um contrato por tempo indeterminado, com uma cláusula de experiência, ou seja, estaria vocacionado à vigência por tempo indeterminado, quando celebrado de boa-fé. Estabelece o artigo 10, II, b , do ADCT, ser vedada a dispensa arbitrária ou sem justa causa da empregada gestante, desde a confirmação da gravidez até cinco meses após o parto, não impondo nenhuma restrição quanto à modalidade de contrato de trabalho, mesmo porque a garantia visa à tutela do nascituro. A matéria já se encontra pacificada pela jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, no sentido de as empregadas gestantes, mesmo em contrato de trabalho de experiência, terem direito à licença-maternidade de cento e vinte dias e à estabilidade provisória desde a confirmação da gravidez até cinco meses após o parto, conforme o artigo 7º, XVIII, da Constituição Federal e o artigo 10, II, b , do ADCT. Recurso de revista conhecido e provido. (TST - RR: 105651120205030035, Relator: Augusto Cesar Leite De Carvalho, Data de Julgamento: 06 /04/2022, 6ª Turma, Data de Publicação: 08/04/2022) destaquei Considerando que o exame de ultrassom comprova que a reclamante em 07/08/2024 estava com, aproximadamente, 10 semanas e 1 dia de gestação, e de conseguinte, que a concepção ocorreu durante o vínculo de emprego que foi rescindido em 16/07/2024, ela é detentora da estabilidade provisória do artigo 10, II, b, do ADCT, desde o dia seguinte ao da rescisão (16/07/2024) até 05 (cinco) meses após o parto, conforme certidão de nascimento do filho (ID e0cabc0). Dessa forma, como a reclamante é detentora de estabilidade provisória prevista no artigo 10, II, "b" do ADCT/CF/88, desde a "confirmação da gravidez" e, diante da ruptura contratual, faz ela jus à indenização substitutiva, com o pagamento de verbas rescisórias, salários vencidos e demais vantagens, desde a data de término do contrato até cinco meses após o parto (artigo 496-CLT e Súmula 38-E /TRT18), sendo devidos os pagamentos da indenização substitutiva correspondente às vantagens salariais do período de estabilidade, o que abrange os salários, aviso prévio, 13º salário, férias acrescidas do terço constitucional e recolhimento dos depósitos do FGTS + 40%. Em face da rescisão contratual, bem como da ausência de comprovação dos pagamentos das parcelas rescisórias, condeno a parte reclamada a pagar à reclamante as seguintes verbas: a) aviso prévio indenizado (30 dias); b) saldo de salário de julho de 2024 (16 dias); c) indenização substitutiva do período de estabilidade provisória, consistente em salários vencidos, desde 17/07/2024 (dia seguinte à ruptura contratual) até cinco meses após o parto (que se apurar conforme certidão de nascimento juntada aos autos); d) férias integrais c/1/3 do período de 2024/2025; e) férias proporcionais c/ 1/3, apuradas até 5 meses após o parto (que se apurar conforme certidão de nascimento juntada aos autos); f) 13º salário de 2024; g) 13º salário 2025, apurado até 5 meses após o parto (que se apurar conforme certidão de nascimento juntada aos autos); e, h) fgts+40%, apurados sobre os salários pagos, inclusive aviso prévio, salários do período da estabilidade provisória e 13º salário, garantida a integralidade dos depósitos de todos os meses de contrato, sob pena de execução direta. O reclamado juntou um comprovante de pix, relativo às parcelas incontroversas, efetuado na data da audiência. Considerando que o artigo 467 da CLT estabelece que "Em caso de rescisão de contrato de trabalho, havendo controvérsia sobre o montante das verbas rescisórias, o empregador é obrigado a pagar ao trabalhador, à data do comparecimento à Justiça do Trabalho, a parte incontroversa dessas verbas, sob pena de pagá-las acrescidas de cinqüenta por cento", não é devida a multa a multa do citado artigo. Indefiro. Quanto ao pedido da multa do artigo 477 da CLT, o § 8º do referido dispositivo legal impõe ao empregador o pagamento das verbas decorrentes da rescisão contratual no prazo estabelecido no citado artigo, cominando, “salvo quando, comprovadamente, o trabalhador der causa à mora”. As controvérsias em torno da modalidade de rescisão contratual, como no caso, não afastam a incidência da multa acima. Nesse sentido, cito precedentes do eg. TRT/18 e do c. TST: “MULTA PRESCRITA NO ART. 477, § 8º, DA CLT. PEDIDO DE RESCISÃO INDIRETA. Com o cancelamento da OJ n° 351 da SDI-1, a multa prescrita no art. 477, § 8º, da CLT, somente é afastada quando o trabalhador é o responsável pela mora no pagamento dos créditos rescisórios. No caso, tendo em vista que a 1ª reclamada não efetuou o pagamento de tais parcelas, é devida a multa estabelecida no citado dispositivo.” (TRT18, ROT - 0011338-63.2019.5.18.0006, Rel. EUGÊNIO JOSÉ CESÁRIO ROSA, 2ª TURMA, 30/03/2020) “AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. MULTA DO ART. 477 DA CLT. RESCISÃO INDIRETA. O Tribunal Regional concluiu que a rescisão indireta reconhecida em juízo enseja a aplicação da multa prevista no art. 477, § 8º, da CLT. O fato gerador da referida multa é a inadimplência na quitação das verbas rescisórias, e as sanções previstas se relacionam à pontualidade no pagamento, e não ao fato de haver controvérsia sobre a forma de extinção da relação de emprego, ou mesmo sobre a própria existência do vínculo. Assim, apenasse o empregado der causa à mora no pagamento das verbas rescisórias não será devida a referida multa, o que não se verifica na hipótese. Agravo de instrumento conhecido e não provido.” (AIRR-21243-19.2014.5.04.0019,8ª Turma, Relatora Ministra Dora Maria da Costa, DEJT 27/03/2020) No caso dos autos, o reclamado foi condenada ao pagamento das verbas rescisórias em decorrência do reconhecimento da rescisão sem justa causa, e por este motivo, é devida a imposição da penalidade prevista no artigo 477, §8º, da CLT. Aos fundamentos acima, defiro o pedido da multa do § 8º, do artigo 477 da CLT. A base de cálculo das verbas/parcelas acima será o salário fixado nesta sentença (salário mínimo/hora - R$513,60 por mês), inclusive para a multa do artigo 477 da CLT. A fim de se evitar o enriquecimento ilícito da parte reclamante, fica autorizada desde já a dedução do valor recebido, admitido por ela em audiência (R$300,00) e o depósito efetuado no dia 12/05/2025 (ID 6ac7baf, R$887,08). Condeno o reclamado a proceder à anotação da CTPS da reclamante, fazendo constar admissão em 06/06/2024, função de assistente de cartório, salário correspondente ao salário mínimo/hora, rescisão em 16/07/2024, nas anotações gerais projetar a estabilidade provisória, em data coincidente com 5 meses após o parto (termo final da estabilidade, conforme se apura da certidão de nascimento juntada aos autos), no prazo de 08 dias (após o trânsito em julgado), após intimada para tanto, o que ocorrerá após a juntada da CTPS da parte autora aos autos, sob pena de multa diária que fixo em R$100,00, mas limitada a 30 dias. Na inércia, a Secretaria da Vara fará a anotação, sem prejuízo da cobrança da multa em favor da reclamante. Condeno, ainda, o reclamado a entregar TRCT com código para saque do fgts e guias CD/SD, para habilitação no seguro desemprego, após o trânsito em julgado, no prazo de 08 dias contados de sua intimação para este fim, sob pena de multa diária que fixo em R$100,00, mas limitada a 30 dias. Na inércia a Secretaria da Vara deverá expedir alvará para saque do fgts e certidão narrativa para habilitação no benefício do seguro desemprego. 2.2. Acúmulo de função: A reclamante alega que "foi contratada para a função de assistente de cartório, porém era obrigada a realizar tarefas adicionais, como limpeza do local, atendimento ao público, emissão de certidões de casamento, óbito e nascimento, além de realizar entregas nos Correios". Requer a condenação do reclamado "ao pagamento de um adicional de 40% (quarenta por cento) sobre o salário da Reclamante, durante todo o período em que ocorreu o acúmulo de funções". O reclamado, em apertada síntese, nega o fato. Requer a improcedência do pedido. Analiso. Considerando que a reclamada nega o acúmulo de função que alicerça o pedido inicial, é da reclamante o ônus da prova (artigo 818 da CLT). A prova oral noticia: "... que fazia a limpeza, certidão de nascimento, óbito, casamento, entrega de documentos no correio; que foi contratada como assistente de cartório; que trabalhava das 08h30 às 12h30; que foi contratada por prazo indeterminado; que foi demitida em razão da gravidez." (depoimento da reclamante, ID 0058ada) "que foi combinado um contrato de 45 dias; que se tratava de contrato de experiência; que a reclamante assinou um recibo; que a reclamante foi contratada para fazer a limpeza; que a reclamante fazia a limpeza e ficava cobrindo o intervalo quando Letícia saía para usufruir; que a reclamante no intervalo de Letícia fazia a limpeza; que dispensou a reclamante pois o contrato de 45 dias encerrou." (depoimento do reclamado, ID 0058ada, grifei) "que trabalha para o reclamado desde 2022; que trabalhou com a reclamante; que a reclamante fazia a limpeza; que no intervalo da depoente a reclamante ficava em seu lugar e 'recolhia demandas' para a depoente fazer quando retornasse; que a reclamante não elaborava certidão de óbito, nascimento ou outras; ... que as demandas se tratavam de contratos para reconhecimento de firma, solicitações de segunda via de certidão, basicamente o atendimento no balcão; que a reclamante anotava as demandas e passava para a depoente." (LETÍCIA SILVA DUARTE, testemunha indicada pelo reclamado, ID 0058ada, grifei) A prova oral não socorre a tese inicial, pois confirma que a reclamante fazia a limpeza e durante o intervalo da testemunha anotava as demandas como "contratos para reconhecimento de firma, solicitações de segunda via de certidão, basicamente o atendimento no balcão", mas "não elaborava certidão de óbito, nascimento ou outras". Portanto, o conjunto probatório dos autos não comprova o alegado acúmulo de função. Ao contrário, restou comprovado que as atividades alegadas na exordial faziam parte da função da reclamante. A tais fundamentos, indefiro o pedido de condenação do reclamado "ao pagamento de um adicional de 40% (quarenta por cento) sobre o salário da Reclamante, durante todo o período em que ocorreu o acúmulo de funções". 2.3. Demais requerimentos: Concedo à parte reclamante o "benefício da justiça gratuita" na forma do §3º, do art. 790, da CLT, pois a declaração juntada aos autos, não infirmada por outras provas, basta para comprovar que a parte não tem condições de suportar custas e despesas do processo, sem prejuízo de seu sustento e de sua família. Ademais, a jurisprudência do C/TST é no sentido de que a simples declaração de hipossuficiência econômica basta a sustentar o deferimento dos benefícios da justiça gratuita, mesmo após a chamada “Reforma Trabalhista”. Nesse sentido: (PROCESSO Nº TST-Ag-RRAg-1001410-91.2018.5.02.0090 – 5ª Turma – Ministro Redator Designado ALBERTO BASTOS BALAZEIRO) Aos fundamentos acima, “não é possível exigir dos trabalhadores que buscam seus direitos na Justiça do Trabalho - na sua maioria, desempregados - a comprovação de estarem sem recursos para o pagamento das custas do processo”. Assim, mesmo após a após a vigência da Lei n° 13.467/2017, a apresentação de declaração de hipossuficiência econômica da pessoa natural é suficiente para a concessão dos benefícios da gratuidade da Justiça, conforme Súmula 463, I, do TST: “para a concessão da assistência judiciária gratuita à pessoa natural, basta a declaração de hipossuficiência econômica firmada pela parte ou por seu advogado, desde que munido de procuração com poderes específicos para esse fim”. Condeno a parte reclamada ao pagamento dos honorários de sucumbência ao(a) advogado(a) da parte reclamante, no importe de 7,5%, observando os critérios fixados no §2º, do artigo 791-A, da CLT, calculados sobre o valor líquidos dos pedidos acolhidos/deferidos (conforme capítulos anteriores), devidamente atualizado, conforme se apurar em liquidação de sentença. A parte reclamante sucumbiu em alguns dos pedidos deduzidos na inicial, razão pela qual defiro o pedido de condenação ao pagamento dos honorários de sucumbência ao(a) advogado(a) da parte reclamada, no importe de 7,5%, observando os critérios fixados no §2º, do artigo 791-A, da CLT, calculados sobre o valor dos pedidos integralmente indeferidos (conforme capítulos anteriores), devidamente atualizado, conforme se apurar em liquidação de sentença. Não são devidos honorários de advogado sobre o pedido de multa do artigo 467-CLT, apesar de julgado improcedente, pois trata-se de verba/parcela condicionada a ato a ser praticado pela parte adversa, no curso do processo, ainda não previsto pela parte autora ao deduzir o pedido na inicial, por isso não se pode enquadrar a improcedência deste como fato gerador de condenação em honorários de advogado. Registro, a fim de que não se alegue omissão, que o plenário do STF, aos 20/10/2021, julgou parcialmente procedente o pedido formulado na ADI 5766 e declarou a inconstitucionalidade dos artigos 790-B, “caput” e § 4º, e 791-A, § 4º da CLT e, tendo em vista a concessão dos benefícios da gratuidade da justiça, conforme decidido acima, as obrigações decorrentes da sucumbência da parte reclamante ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade e somente poderão ser executadas se, nos dois anos subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que as certificou, o credor demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência de recursos que justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tais obrigações do beneficiário. Portanto, fica vedada a dedução dos créditos obtidos pelo reclamante, nesta ou em outra ação por ele ajuizada, do valor dos honorários devidos ao(a) advogado(a) da reclamada. A apuração da condenação da parte reclamada ao pagamento das verbas postuladas na inicial não deverá observar como limite os valores indicados na causa de pedir e pedido da exordial, pois conforme Instrução Normativa nº 41/2018, que determina que "Para fim do que dispõe o art. 840, §§ 1º e 2º, da CLT, o valor da causa será estimado, observando-se, no que couber, o disposto nos arts. 291 a 293 do Código de Processo Civil", os valores são sempre “estimados”, independentemente de ressalva ou não na petição inicial. Nesse sentido: RRAg-820-10.2020.5.12.0050, 3ª Turma, Relator Ministro Alberto Bastos Balazeiro, DEJT 24/03/2023) e RRAg-1000166-83.2019.5.02.0255, 6ª Turma, Relator Ministro Augusto Cesar Leite de Carvalho, DEJT 18/03/2022). Devem ser deduzidos os valores pagos sob idênticos títulos aos aqui deferidos, evitando o enriquecimento sem causa. Não caracterizada nenhuma das hipóteses previstas no artigo 793-B da CLT, deixo de aplicar à parte reclamante a pena por litigância de má-fé, eis que, no presente caso, a litigante apenas exerceu o seu direito de ação e de exercício do contraditório, garantidos constitucionalmente. Deverá a parte reclamada comprovar eventuais recolhimentos previdenciários e tributários incidentes, na forma da lei e do Provimento Geral Consolidado do Tribunal desta 18ª Região da Justiça do Trabalho. A atualização monetária, em observância ao decidido pelo STF na ADC 58 MC-AGR / DF, de 18/12/2020, e às alterações posteriores promovidas pela Lei 14.905/2024, conforme decisão da SDI1 do C. TST nos autos E-ED-RR - 713-03.2010.5.04.0029, de lavra do Exmo. Ministro ALEXANDRE AGRA BELMONTE, publicado no dia 25.10.2024, deve observar, considerada a data do ajuizamento da ação: a) o IPCA-E na fase pré-judicial acrescido dos juros de mora (art. 39, caput, da Lei 8.177, de 1991); b) a partir do ajuizamento da ação até 29/08/2024, a taxa SELIC, sendo vedada a cumulação com outra taxa de juros, e c) a partir de 30/08/2024, no cálculo da atualização monetária, será utilizado o IPCA (art. 389, parágrafo único, do Código Civil); os juros de mora corresponderão ao resultado da subtração SELIC - IPCA (art. 406, parágrafo único, do Código Civil), com a possibilidade de não incidência (taxa 0), nos termos do § 3º do artigo 406. Indefiro o pedido de expedição de ofícios, tendo em vista que não há irregularidade que justifique a expedição de tal documento, pois foram objeto de reparação nesta sentença. 3-DISPOSITIVO Ante o exposto, julgo procedente, em parte, o pedido, para condenar PEDRO PIO PEREIRA a cumprir em favor de PAMELLA CRISTINA TARGINO DA SILVA, as obrigações impostas nos fundamentos, na forma e nos exatos termos neles descritos, eis que sua íntegra constitui parte deste dispositivo. Honorários advocatícios a cargo da reclamada e da reclamante, conforme fundamentação, observada a condição suspensiva de exigibilidade. Liquidação por cálculos, acrescido de atualização, nos termos da fundamentação acima. Natureza jurídica das verbas contempladas nesta sentença na forma do art. 28, § 9º, da lei 8212/91. A parte reclamada deve comprovar os recolhimentos previdenciários e fiscais, no prazo legal, autorizada a dedução da cota parte que cabe a parte autora, na forma da lei e do Provimento Geral Consolidado deste Eg. Tribunal da 18ª Região da Justiça do Trabalho. Os recolhimentos deverão ser feitos no prazo legal e comprovados em Juízo no prazo de cinco (05) dias, após a data do recolhimento, devendo a reclamada preencher e enviar a Guia de Recolhimento ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social – GFIP e Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais Previdenciários e de Outras Entidades e Fundos (DCTFWeb) e DARF, nos termos do art. 19, inciso V, da Instrução Normativa RFB nº 2.005/2021, (válida a partir de 01/10/2023), em conformidade com o disposto no artigo 178 e parágrafos do Provimento Geral Consolidado deste E. Tribunal, sendo que o descumprimento sujeitará o infrator a pena de multa e demais sanções administrativas, nos termos dos artigos 32, § 10, e 32-A, da Lei nº 8.212/91, bem como do artigo 284, I, do Decreto nº 3.048, de 6 de maio de 1999, sem prejuízo de execução (art. 86/PGC-TRT/18). Custas, pela reclamada, no importe de R$400,00, apuradas sobre o valor de R$20.000,00, provisoriamente arbitrado para a condenação. Intimem-se. Nada mais. MARCELO ALVES GOMES Juiz Titular de Vara do Trabalho Intimado(s) / Citado(s) - PAMELLA CRISTINA TARGINO DA SILVA

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Jose Walter De Oliveira e outros x Cmoc Brasil Mineracao, Industria E Participacoes Ltda. e outros

ID: 279633227

Tribunal: TRT18 Órgão: VARA DO TRABALHO DE CATALÃO Classe: AçãO TRABALHISTA - RITO ORDINáRIO Nº Processo: 0011132-56.2024.5.18.0141

Data de Disponibilização: 26/05/2025

Polo Ativo:

JOSE WALTER DE OLIVEIRA MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO SEDE DO FóRUM DA JT DE CORONEL FABRICIANO

Polo Passivo:

CMOC BRASIL MINERACAO, INDUSTRIA E PARTICIPACOES LTDA. MANSERV MONTAGEM E MANUTENCAO S/A

Notificação

Advogados:

VIVIANE FERREIRA RODRIGUES

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

EDUARDO JUNQUEIRA DE OLIVEIRA MARTINS

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

RAFAEL DE ANDRADE MENDES

OAB/MG XXXXXX Desbloquear

ALEKSANDRA KARLA PACHECO DA SILVA

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 18ª REGIÃO VARA DO TRABALHO DE CATALÃO ATOrd 0011132-56.2024.5.18.0141 AUTOR: JOSE WALTER DE OLIVEIRA RÉU: MANSERV MONTAGEM… PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 18ª REGIÃO VARA DO TRABALHO DE CATALÃO ATOrd 0011132-56.2024.5.18.0141 AUTOR: JOSE WALTER DE OLIVEIRA RÉU: MANSERV MONTAGEM E MANUTENCAO S/A E OUTROS (1) INTIMAÇÃO Fica V. Sa. intimado para tomar ciência da Sentença ID 2a6b8c5 proferida nos autos, cujo dispositivo consta a seguir: SENTENÇA 1-RELATÓRIO JOSE WALTER DE OLIVEIRA deduz em Juízo pretensões em desfavor de MANSERV MONTAGEM E MANUTENCAO S/A e CMOC BRASIL MINERACAO, INDUSTRIA E PARTICIPACOES LTDA. Encontram-se as partes qualificadas nos autos. A parte reclamante busca a condenação das outras partes ao cumprimento das obrigações que relaciona na inicial. Atribui valor à causa. As reclamadas apresentaram defesas, sob forma de contestação, impugnando as pretensões formuladas na inicial e juntando documentos. O reclamante manifestou-se sobre as defesas e documentos. Realizada perícia, para apuração da alegada doença ocupacional. Realizada audiência de instrução, foi ouvido o reclamante. Sem outras provas foi encerrada a instrução processual. Infrutíferas as tentativas de conciliação. Razões finais por memoriais pelo reclamante e 2ª reclamada e prejudicadas pela 1ª reclamada. É o relatório. 2-FUNDAMENTAÇÃO 2.1. Polo passivo: Retifique-se o polo passivo para fazer constar "CMOC BRASIL MINERAÇÃO, INDÚSTRIA E PARTICIPAÇÕES LTDA, CNPJ nº 26.108.898/0007-03". 2.2. Ilegitimidade passiva ad causam: Uma vez indicada a 2ª reclamada como devedora na relação jurídica de direito material, legitimada está para figurar no polo passivo da presente ação. A responsabilidade imputada é questão de mérito e com ele será analisada. Rejeito. 2.3. Impugnação ao valor da causa: A 1ª reclamada impugna o valor atribuído à causa, argumentando que o reclamante indicou valores sem qualquer parâmetro. Sem razão. Considerando os pedidos, cujos valores foram indicados por estimativa, o valor dado à causa atende ao disposto na norma processual civil, artigo 291 do CPC. Rejeito. 2.4. Prescrição bienal: As reclamadas suscitam a prescrição bienal das pretensões indenizatórias, ao argumento de que a inicial informa que o reclamante teve conhecimento inequívoco da lesão em abril de 2019, já que informou que sofreu acidente de trabalho em tal data. Analiso. A controvérsia destes autos refere-se a existência de doença ocupacional, equiparada a acidente de trabalho. A Súmula 278 do STJ estabelece que o “termo inicial do prazo prescricional, na ação de indenização, é a data em que o segurado teve ciência inequívoca da incapacidade laboral”. Ou seja, é a ciência inequívoca da incapacidade e não a ciência da lesão o marco inicial da prescrição no caso como o dos autos. Nesse sentido, os arestos abaixo transcritos, que utilizo como parte da fundamentação, in verbis: "2. PRESCRIÇÃO. INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL E MATERIAL. DOENÇA OCUPACIONAL. INÍCIO DA CONTAGEM DO PRAZO PRESCRICIONAL. CIÊNCIA INEQUÍVOCA DA LESÃO. A jurisprudência assente do Tribunal Superior do Trabalho considera aplicável a prescrição disposta no art. 7º, XXIX, da Constituição Federal no tocante à pretensão de indenização por dano moral e/ou material decorrente de acidente do trabalho quando a lesão, ou a ciência da lesão (teoria da actio nata ), ocorre em momento posterior à vigência da Emenda Constitucional 45/2004 (30/12/2004). Se o empregado se mantém afastado percebendo auxílio-doença em razão de acidente de trabalho ou doença ocupacional a ele equiparada, a ciência inequívoca referida ocorre com a cessação do benefício previdenciário e o retorno às atividades laborais ou com a conversão do auxílio-doença em aposentadoria por invalidez. No presente caso, ante os elementos fáticos delineados no acórdão regional, a ciência inequívoca da consolidação das lesões ocorreu apenas em 25/10/2013, data da concessão da aposentadoria por invalidez. Assim, tendo em vista o ajuizamento da ação em 29/07/2014, não há falar em prescrição total da pretensão. Nesse contexto, não afastados os fundamentos da decisão agravada." (Ag-AIRR-10640-86.2014.5.15.0080, 5ª Turma, Relator Ministro Douglas Alencar Rodrigues, DEJT 30/06/2023). destaquei "AGRAVO. AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. PROCESSO SOB A ÉGIDE DA LEI Nº 13.015/2014 E ANTERIOR À LEI Nº 13.467/2017 . ACIDENTE DE TRABALHO. PRESCRIÇÃO APLICÁVEL - ACTIO NATA - CIÊNCIA INEQUÍVOCA DA EXTENSÃO DO DANO SOFRIDO. O fato de as indenizações por dano patrimonial, moral, inclusive estético, serem efeitos conexos do contrato de trabalho (ao lado dos efeitos próprios deste contrato), atrai a submissão à regra do art. 7º, XXIX, da Constituição Federal. Independentemente do Direito que rege as parcelas (no caso, Direito Civil), todas só existem porque derivadas do contrato empregatício, submetendo-se à mesma prescrição. Entretanto, em face da pletora de processos oriundos da Justiça Comum Estadual tratando deste mesmo tipo de lide, remetidos à Justiça do Trabalho, tornou-se patente a necessidade de estabelecimento de posição interpretativa para tais processos de transição, que respeitasse as situações anteriormente constituídas e, ao mesmo tempo, atenuasse o dramático impacto da transição. Assim, reputa-se necessária uma interpretação especial em relação às ações ajuizadas nesta fase de transição, sob pena de se produzirem injustiças inaceitáveis: a) nas lesões ocorridas até a data da publicação da EC nº 45/2004, em 31/12/2004, aplica-se a prescrição civilista, observado, inclusive, o critério de adequação de prazos fixado no art. 2.028 do CCB/2002. Ressalva do Relator que entende aplicável o prazo do art. 7º, XXIX, CF, caso mais favorável (caput do art. 7º, CF); b) nas lesões ocorridas após a EC nº 45/2004 (31/12/2004), aplica-se a regra geral trabalhista do art. 7º, XXIX, CF/88. Frise-se que a prescrição é instituto jurídico que solapa direitos assegurados na ordem jurídica, inclusive oriundos da Constituição, ao lhe suprimir a exigibilidade judicial. O seu caráter drástico e, às vezes, até mesmo injusto, não permite que sofra qualquer interpretação ampliativa. Desse modo, qualquer regra nova acerca da prescrição, que acentue sua lâmina mitigadora de direitos, deve ser interpretada com restrições. Em consequência, a regra prescricional mais gravosa só produzirá efeitos a partir do início de sua eficácia, não prejudicando, de modo algum, situações fático-jurídicas anteriores. Ademais, em se tratando de acidente de trabalho e doença ocupacional, pacificou a jurisprudência que o termo inicial da prescrição ( actio nata ) dá-se da ciência inequívoca do trabalhador no tocante à extensão do dano (Súmula 278/STJ). Dessa maneira, se o obreiro se aposenta por invalidez, é daí que se inicia a contagem do prazo prescricional, pois somente esse fato possibilita a ele aferir a real dimensão do malefício sofrido. Por coerência com essa ideia, se acontecer o inverso e o empregado for considerado apto a retornar ao trabalho, será da ciência do restabelecimento total ou parcial da saúde que começará a correr o prazo prescricional. No caso concreto , como a ciência inequívoca da extensão do dano ocorreu em 30/06/2009 (data do término do afastamento previdenciário, com a alta médica) e a presente ação somente foi ajuizada em 22.12.2015, constatando-se que a pretensão obreira encontra-se realmente fulminada pela prescrição. Assim sendo, a decisão agravada foi proferida em estrita observância às normas processuais (art. 557, caput , do CPC/1973; arts. 14 e 932, IV, "a ", do CPC/2015), razão pela qual é insuscetível de reforma ou reconsideração . Agravo desprovido" (Ag-AIRR-11711-08.2015.5.15.0107, 3ª Turma, Relator Ministro Mauricio Godinho Delgado, DEJT 30/06/2023). destaquei "RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO PELA PARTE RECLAMADA (BANCO DO BRASIL S.A.). ACÓRDÃO REGIONAL. PUBLICAÇÃO ANTES DA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014. 1. INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. PRESCRIÇÃO TRABALHISTA. CIÊNCIA INEQUÍVOCA DA LESÃO APÓS A EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 45/2004. I. É pacífico, neste Tribunal Superior, o entendimento de que na aplicação da prescrição deve-se considerar, pelo princípio da actio nata , a data da ciência inequívoca da lesão, se anterior ou posterior à publicação da Emenda Constitucional n° 45/2004, que alterou a competência desta Justiça do Trabalho para processar esse tipo de ação. Com efeito, a atual, iterativa e notória jurisprudência desta Corte Superior consolidou o entendimento de que o termo a quo do prazo prescricional da pretensão indenizatória dos danos decorrentes de doença ocupacional coincide com a ciência inequívoca da incapacidade laboral (Súmula nº 278 do STJ), assim compreendida como o momento em que o empregado passou a ter conhecimento da real extensão do dano e da sua repercussão na capacidade laborativa. Segundo o entendimento prevalecente no âmbito desta Corte Superior, a nominada "ciência inequívoca" ocorre, em regra, com a concessão da aposentadoria por invalidez ou pela cessação do auxílio acidentário. II. No caso dos autos, a ciência inequívoca se deu com a cessação do auxílio-doença que ocorreu em abril de 2006. Desta forma, incide a prescrição trabalhista, prevista no artigo 7º, XXIX, da Constituição da República, consoante decidiu o Tribunal Regional. III. Recurso de revista de que não se conhece." (RR-482786-29.2007.5.12.0035, 7ª Turma, Relator Ministro Evandro Pereira Valadao Lopes, DEJT 19/05/2023). destaquei "I - AGRAVO EM AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA SOB A ÉGIDE DA LEI 13.467/2017. PRESCRIÇÃO. PRETENSÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS. DOENÇA OCUPACIONAL. TEORIA DA ACTIO NATA . TERMO INICIAL. CIÊNCIA INEQUÍVOCA DA LESÃO. CONCESSÃO DA APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. REQUISITOS DO ART. 896, §1º-A, DA CLT, ATENDIDOS. Ficou demonstrado o desacerto da decisão monocrática que negou provimento ao agravo de instrumento. Agravo provido para conhecer e prover o agravo de instrumento, determinando o processamento do recurso de revista. II - AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA SOB A ÉGIDE DA LEI 13.467/2017. PRESCRIÇÃO. PRETENSÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS. DOENÇA OCUPACIONAL. TEORIA DA ACTIO NATA . TERMO INICIAL. CIÊNCIA INEQUÍVOCA DA LESÃO. CONCESSÃO DA APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. TRANSCENDÊNCIA POLÍTICA. No caso em tela, a decisão regional apresenta-se em dissonância do desta Corte firmado no sentido de que o termo inicial da prescrição relativa a pedido de indenização por danos morais e materiais, decorrentes de acidente de trabalho (ou doença ocupacional equiparada), depende da verificação da data em que o trabalhador teve ciência inequívoca do dano, circunstância apta a demonstrar o indicador de transcendência política, nos termos do art. 896-A, § 1º, II, da CLT. AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA SOB A ÉGIDE DA LEI 13.467/2017. PRESCRIÇÃO. PRETENSÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS. DOENÇA OCUPACIONAL. TEORIA DA ACTIONATA . TERMO INICIAL. CIÊNCIA INEQUÍVOCA DA LESÃO. CONCESSÃO DA APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. Agravo de instrumento provido ante possível violação ao artigo 7º, XXIX, da Constituição Federal. III - RECURSO DE REVISTA SOB A ÉGIDE DA LEI 13.467/2017. PRESCRIÇÃO. PRETENSÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS. DOENÇA OCUPACIONAL. TEORIA DA ACTIONATA . TERMO INICIAL. CIÊNCIA INEQUÍVOCA DA LESÃO. CONCESSÃO DA APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. REQUISITOS DO ART. 896, §1º-A, DA CLT, ATENDIDOS. A jurisprudência da SBDI-1 desta Corte é no sentido de que o marco inicial da prescrição em ações de indenização por danos morais e materiais, decorrentes de acidente de trabalho (ou doença ocupacional equiparada), deve ser a data do retorno ao trabalho, na hipótese de abrandamento da doença, ou a data da concessão da aposentadoria por invalidez, considerando, dependendo da situação, essas datas como o momento da inequívoca ciência da incapacidade laboral. Precedentes da SBDI-1. No caso, extrai-se do acórdão regional que o autor ajuizou presente ação em 4/6/2018, pleiteando indenizações por danos morais e materiais em razão de doença ocupacional. Verifica-se, ainda, que o reclamante foi aposentado por invalidez pelo INSS em 2/5/2013 . Não obstante, o Regional manteve a sentença na qual declarada apenas a prescrição parcial quinquenal. Nesse contexto, o marco inicial da prescrição incidente sobre a pretensão de pagamento de indenização por danos morais e materiais, decorrente do acidente de trabalho equiparado , coincide com a data da concessão da aposentadoria por invalidez, em 2/5/2013, após, portanto, a promulgação da Emenda Constitucional 45 (31/12/2004). Desse modo, quando do ajuizamento da reclamação trabalhista, em 4/6/2018, já havia transcorrido mais de 5 anos desde a data de ciência inequívoca da consolidação das lesões, ocorrida em 2/5/2013, no momento da concessão da aposentadoria por invalidez, de modo que a pretensão do autor está fulminada pela prescrição prevista no art. 7º, XXIX, da Constituição Federal. Recurso de revista conhecido e provido" (RR-482-29.2018.5.20.0003, 6ª Turma, Relator Ministro Augusto Cesar Leite de Carvalho, DEJT 19/05/2023). destaquei Considerando que na data da propositura da ação, o reclamante estava afastado por auxílio-doença, ainda não ocorreu a data da ciência inequívoca da lesão, razão pela qual não iniciou o prazo prescricional. Rejeito. 2.5. Prescrição quinquenal: Ajuizada a presente ação aos 25/06/2024, pronuncio a prescrição dita "quinquenal", o que fulmina todas as pretensões de natureza condenatória, cuja mora ocorreu anteriormente a 15/06/2019, extinguindo os pedidos respectivos com resolução de mérito. 2.6. Responsabilidade da 2ª reclamada: O reclamante pretende a declaração de responsabilidade subsidiária da 2ª reclamada. A 2ª reclamada nega a responsabilidade. Analiso. O contrato juntado aos autos (ID a2dd3af) e seus aditivos comprovam que a 2ª reclamada era tomadora de serviços da 1ª reclamada, com intermediação de mão de obra, pois consta "O presente Contrato tem por objeto a prestação, pela CONTRATADA, dos serviços de manutenção nas dependências da NIOBRAS e COPEBRAS, bem como dos serviços de gerenciamento das atividades da Área de Engenharia Mecânica executados na usina BVFR da COPEBRAS (doravante os "Serviços"), conforme Propostas Tecnicas anexas ao presente Contrato (Anexox V, VI e VII) e as seguintes atividades, dentre outras: ...”, demonstrando que ela foi a tomadora dos serviços do reclamante durante todo o vínculo de emprego. Nada obstante, a terceirização é lícita, conforme decidido na ADPF 324, cuja decisão transcrevo e adoto como razões de decidir: Decisão: O Tribunal, no mérito, por maioria e nos termos do voto do Relator, julgou procedente o pedido e firmou a seguinte tese: 1. É lícita a terceirização de toda e qualquer atividade, meio ou fim, não se configurando relação de emprego entre a contratante e o empregado da contratada. 2. Na terceirização, compete à contratante: i) verificar a idoneidade e a capacidade econômica da terceirizada; e ii) responder subsidiariamente pelo descumprimento das normas trabalhistas, bem como por obrigações previdenciárias, na forma do art. 31 da Lei 8.212/1993, vencidos os Ministros Edson Fachin, Rosa Weber, Ricardo Lewandowski e Marco Aurélio. Nesta assentada, o Relator esclareceu que a presente decisão não afeta automaticamente os processos em relação aos quais tenha havido coisa julgada. Presidiu o julgamento a Ministra Cármen Lúcia. Plenário, 30.8.2018. (destaquei) Portanto, declaro a responsabilidade subsidiaria da 2ª reclamada – CMOC – por eventuais obrigações impostas nesta sentença à ex-empregadora da reclamante. Diante da fundamentação supra, a 2ª reclamada responderá subsidiariamente por eventuais créditos eventualmente deferidos à parte reclamante, pois todos se referem ao período em que a 2ª reclamada foi tomadora de seus serviços (durante todo o vínculo de emprego), incluindo as multas e as contribuições previdenciárias já que acessória ao crédito trabalhista (Súmula 331, VI-C/TST). Ficam excluídas da responsabilidade da reclamada/contratante as obrigações personalíssimas e eventuais penalidades em caso de descumprimento. 2.7. Acidente de trabalho - Doença ocupacional: A inicial informa: "Ocorre que no dia 25/04/2019, enquanto trabalhava na Mina Boa Vista em Catalão/GO, no processo de Britagem, ao pegar uma chapa de revestimento (peso aproximado de 40 Kg), o Reclamante sentiu uma fisgada na coluna, sentindo fortes dores e caindo ao solo. O Obreiro foi levado ao Hospital Nasr Faiad Ltda., onde o médico ortopedista Dr. Joelberth Moraes Cindra, 16225 - RQE 7920, a princípio, requisitou exames de Raios-X e prescreveu medicamentos por infusão endovenosa (Dipirona, Tramadol e Cetoprofeno). [...] Todavia, mais tarde, no dia 02/05/2019, o Reclamante foi submetido ao exame de Ressonância Magnética da Coluna Lombar, constatando-se, mediante laudo do médico Dr.Luis Fernando Gonçalves, CRM 19.661, “Grande extrusão discal em L4-L5, comprimindo a raiz direita de L4” e “Pequena protusão discal central em L5-S1, tocando o saco dural”. [...] Embora o dano sofrido pelo Reclamante enquanto desempenhava as suas atividades, em notória omissão, buscando eximir-se das responsabilidades trabalhistas, a 1ª Reclamada não abriu a CAT (Comunicação de Acidente de Trabalho). [...] Salienta-se que antes de iniciar o labor nas Reclamadas, o Reclamante não tinha nenhum problema na coluna, jamais queixando de dor ou qualquer sintoma. Para tornar inequívoco, considerando ser o obreiro parte hipossuficiente na relação contratual, requer seja a 1ª Reclamada intimada a juntar o ASO (Atestado de Saúde Ocupacional) admissional do Reclamante, sob pena de aplicação do art. 400 do CPC." [...] No caso dos autos, é evidente que o esforço repetitivo praticado pelo Reclamante durante o exercício das suas atividades culminou na sua limitação física e deflagração da doença ocupacional: “Grande extrusão discal em L4-L5, comprimindo a raiz direita de L4” e “Pequena protusão discal central em L5-S1, tocando o saco dural”.". Requer a condenação da reclamada ao pagamento de indenização por dano moral e material, além de restabelecimento do plano de saúde. A 1ª reclamada, em apertada síntese, nega o acidente, bem como o nexo causal entre a doença e o trabalho. Requer a improcedência do pedido. Analiso. Determinada a realização de perícia médica, a fim de perquirir sobre o nexo causal entre a doença narrada na inicial e o trabalho na reclamada, bem como os possíveis danos, concluiu o perito: "CONCLUSÃO DO EXPOSTO, CONCLUI-SE QUE, DE ACORDO COM OS DADOS TÉCNICOS DISPONÍVEIS, O RECLAMANTE É PORTADOR DE LESÃO DA COLUNA LOMBAR, MULTIFATORIAL, SUPOSTAMENTE DESENCADEADA POR TÍPICO ACIDENTE DE TRABALHO, QUE DETERMINA INCAPACIDADE LABORATIVA TOTAL POR TEMPO INDETERMINADO." (ID 156da7e, fls. 1502/1523-PDF) Na fundamentação o perito consignou: "No caso do reclamante, José Walter de Oliveira, observa-se que, antes do alegado acidente de trabalho em 25/04/2019, ele já apresentava episódios de lombalgia, conforme atestado médico de 26/12/2018. Entretanto, o incidente mencionado, no qual ao erguer um objeto pesado sofreu uma dor aguda na região lombar, marcou uma exacerbação significativa de sua condição. A ressonância magnética realizada em 02/05/2019 revelou uma grande extrusão discal em L4-L5, comprimindo a raiz direita de L4, caracterizando uma radiculopatia. Esse achado sugere que o esforço físico relacionado ao trabalho pode ter contribuído para o agravamento da patologia preexistente. [...] 3. O exercício do trabalho atuou como concausa no aparecimento ou agravamento da doença? R: Supostamente. [...] 5. A empresa cumpria todas as normas de segurança e prevenção indicadas na legislação e outras normas técnicas aplicáveis? R: Não localizados elementos que comprovem. 6. O autor foi treinado para o exercício da função? R: Sim. [...] 10. Constatada a incapacidade, é possível determinar se esta decorreu de agravamento ou progressão da doença ou lesão? R: Supostamente foi desencadeada pelo acidente de trabalho. [...] d. Diante da ausência de comprovação de acidente de trabalho e da ausência de comprovação da lesão de etiologia traumática envolvendo a coluna na data do evento, o(a) sr(a). perito(a) concorda que não há elementos técnicos para estabelecimento de nexo causal com o acidente? Em caso negativo, explicar como chegou à conclusão contrária. R: Nexo concausal é suposto. A comprovação do acidente de trabalho ainda pode ocorrer por outras provas. O processo está em instrução." (grifei) A 1ª reclamada nega a ocorrência do acidente alegado pelo reclamante em 25/04/2019, sustentando que "o reclamante não sofreu qualquer acidente de trabalho. Nunca ocorreu o acidente ora noticiado, sendo que jamais foi levado ao conhecimento da empregadora a situação ora narrada pelo reclamante". Como visto nos trechos do laudo supratranscritos, o perito condicionou sua conclusão da concausa entre a doença e o trabalho à ocorrência do acidente alegado pelo reclamante, em 25/04/2019. Considerando que a ex-empregadora nega o referido acidente, é ônus do reclamante comprovar que a existência dele, nos termos do artigo 818 da CLT. Nesse sentido: ACIDENTE DE TRABALHO. ÔNUS PROBATÓRIO. Negado pelo empregador que o acidente sofrido pelo(a) empregado(a) tenha ocorrido no exercício de suas tarefas típicas do vínculo de emprego, tem-se que o ônus da prova é do(a) empregado(a) por representar fato constitutivo de seu direito (art. 818, I da CLT). Não tendo o(a) empregado(a) se desvencilhado a contento de seu ônus, não há falar no reconhecimento de acidente de trabalho e o consequente deferimento de danos morais e materiais. (TRT da 18ª Região; Processo: 0000042-61.2025.5.18.0191; Data de assinatura: 23-05-2025; Órgão Julgador: Gab. Des. Kathia Maria Bomtempo de Albuquerque - 2ª TURMA; Relator(a): KATHIA MARIA BOMTEMPO DE ALBUQUERQUE) Eis o teor do depoimento do reclamante: "Que trabalhou em outras empresas antes de ser contratado pela primeira reclamada; que era mecânico; que nos contratos anteriores também tinha que carregar peso; que antes do vínculo de emprego com a primeira reclamada o depoente não tinha nenhum problema de saúde; que durante o contrato com a primeira reclamada prestou serviços somente para a segunda; que fez integração antes de iniciar a prestação de serviços para a segunda reclamada; que foi esclarecidos os riscos da atividade de recebia os seguintes EPIs: capacete, botina, protetor auricular, máscara e óculos; que a segunda reclamada fiscalizava o uso dos EPIs; que se fosse pego sem EPIs não sofria punição; que o depoente recebeu crachá para ingressar na segunda reclamada; que deveria passar o crachá na entrada e saída; que sofreu o acidente no dia 25/04/2019; que o acidente ocorreu quando transportava chapa; que nesse momento sentiu uma dor e caiu; que Rodrigo da Cmoc viu o ocorrido; que havia posto médico na Cmoc; que foi atendido neste posto no dia do acidente; que recebeu atestado médico em razão do acidente; que não trabalhou nos dias seguintes ao acidente; que está até hoje afastado pelo INSS; que fez tratamento médico particular, em várias clínicas em Minas Gerais, cujos nomes não se recorda; que ainda está em tratamento médico, em Minas Gerais; que não sabe o nome da clínica." (ID 6e1417e, grifei) Embora o reclamante tenha dito que no dia do acidente, foi atendido no posto médico da Cmoc, não há nos autos comprovação de tal fato. Ao contrário, conforme informado na exordial, foi juntado o prontuário médico do Hospital Nasr Faiad indicando que ele foi atendido no Pronto Atendimento do hospital. Logo, o reclamante não comprovou que sofreu acidente, durante o trabalho para a 1ª reclamada, nas dependências da Cmoc, ao carregar uma chapa, chegando a cair no solo, especialmente, porque a CAT juntada aos autos não foi emitida pela ex-empregadora, mas pelo Sindicato da categoria, mais de dois anos após o alegado acidente (17/11/2021), e de conseguinte, ele não se desincumbiu do ônus que lhe competia. Ainda que provado o fato alegado na exordial, ocorrido no dia 25/04/2022, os fatos narrados não se enquadram como acidente de trabalho, pois o reclamante narra que sentiu dor ao carregar uma chapa de 40kgs, ou seja, após uma atividade normal, corriqueira do serviço, inclusive, atividade que o reclamante sempre desempenhou durante toda a vida laborativa, já que informou, no depoimento, "Que trabalhou em outras empresas antes de ser contratado pela primeira reclamada; que era mecânico; que nos contratos anteriores também tinha que carregar peso; ..." (grifei). Ademais, o artigo 198 da CLT estabelece que é “de 60 (sessenta) quilogramas o peso máximo que um empregado pode remover individualmente, ressalvadas as disposições especiais relativas ao trabalho do menor e da mulher” e o reclamante afirma que a peça era de 40ks, ou seja, de peso inferior. Ou seja, a eclosão do agravamento da doença pode ter ocorrido no trabalho, mas não em razão dele, isso admitido como comprovado o incidente narrado pelo reclamante. Ademais, importante registrar, que o reclamante apresentou atestado médico à ex-empregadora (fl. 302-PDF), do dia 22/04/2019, 03 dias antes do alegado acidente, atestando que ele estava impossibilitado de exercer as atividades laborais por 02 dias, decorrentes do CID M54-5 (lombalgia). O dia 22/04/2019 se deu numa segunda-feira e, assim, é possível aventar a possibilidade de o reclamante pode ter sido acometido de reflexos de sua doença em razão de atividade normal em sua residência, fora do local de trabalho, no final de semana. O afastamento do reclamante no dia 22/04/2019, por lombalgia, demonstra, a um só tempo que ele já era portador da doença, multifatorial como destacado pelo perito, que já se manifestava fora do ambiente de trabalho, inclusive, com intensidade suficiente (grave) para impossibilitar que exercesse suas atividades laborais, nos 02 dias anteriores ao afirmado acidente. Dessa forma, a prova não é robusta de o evento narrado pelo reclamante, supostamente ocorrido no dia 25/04/2019, de fato, fez eclodir a concausa pelo trabalho, conforme destacado no laudo pericial. Logo, diante dos indícios de que o reclamante teve algum incidente no dia 22/04/2019 ou dia anterior (final de semana) e por não comprovado o acidente, no ambiente laboral que, conforme conclusão do perito, era condicionante para a caracterização do nexo concausal, declaro que não há nexo causal ou concausal entre a doença que acomete o recamante e o trabalho para a empregadora, e de conseguinte, não há falar em culpa da ex-empregadora e consequentemente seu dever em indenizar. Ante os fundamentos acima, indefiro o pedido de declaração de doença ocupacional, equiparada a acidente de trabalho, bem como de condenação da parte reclamada ao pagamento de indenização por dano moral e material, bem como de restabelecimento do plano de saúde, todos os pedidos do rol, constantes dos itens "i", "k", "l" e "m". 2.8. Demais requerimentos: Concedo à parte reclamante o "benefício da justiça gratuita" na forma do § 3º, do art. 790, da CLT, pois a declaração juntada aos autos, não infirmada por outras provas, basta para comprovar que a parte não tem condições de suportar custas e despesas do processo, sem prejuízo de seu sustento e de sua família. Ademais, a jurisprudência do C/TST é no sentido de que a simples declaração de hipossuficiência econômica basta a sustentar o deferimento dos benefícios da justiça gratuita, mesmo após a chamada “Reforma Trabalhista”. Nesse sentido: “AGRAVO. RECURSO DE REVISTA. ACÓRDÃO PUBLICADO NA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.467/2017. BENEFÍCIO DA JUSTIÇA GRATUITA. PESSOA FÍSICA. COMPROVAÇÃO DE INSUFICIÊNCIA DE RECURSOS POR SIMPLES DECLARAÇÃO. TRANSCENDÊNCIA JURÍDICA RECONHECIDA. Cinge-se a controvérsia a definir se a simples declaração de hipossuficiência econômica é suficiente para a comprovação do estado de pobreza do reclamante, para fins de deferimento dos benefícios da justiça gratuita, em ação ajuizada após a vigência da Lei n° 13.467/2017. Segundo o artigo 790, §§ 3º e 4º, da CLT, com as alterações impostas pela Lei nº 13.467/2017, o benefício da gratuidade da Justiça será concedido àqueles que perceberem salário igual ou inferior a 40% do limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social, ou àqueles que comprovarem insuficiência de recursos. Já o artigo 5º, LXXIV, da Constituição Federal consagra o dever do Estado de prestar assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos e o artigo 99, § 3º, do CPC, de aplicação supletiva ao processo do trabalho, consoante autorização expressa no artigo 15 do mesmo Diploma, dispõe presumir-se verdadeira a alegação de insuficiência deduzida por pessoa natural. A partir da interpretação sistemática desses preceitos, não é possível exigir dos trabalhadores que buscam seus direitos na Justiça do Trabalho - na sua maioria, desempregados - a comprovação de estarem sem recursos para o pagamento das custas do processo. Deve-se presumir verdadeira a declaração de pobreza firmada pelo autor ou feita por seu advogado, com poderes específicos para tanto. Agravo Interno e Recurso de Revista conhecidos e providos. (PROCESSO Nº TST-Ag-RRAg-1001410-91.2018.5.02.0090 – 5ª Turma – Ministro Redator Designado ALBERTO BASTOS BALAZEIRO) Aos fundamentos acima, “não é possível exigir dos trabalhadores que buscam seus direitos na Justiça do Trabalho - na sua maioria, desempregados - a comprovação de estarem sem recursos para o pagamento das custas do processo”. Assim, mesmo após a após a vigência da Lei n° 13.467/2017, a apresentação de declaração de hipossuficiência econômica da pessoa natural é suficiente para a concessão dos benefícios da gratuidade da Justiça, conforme Súmula 463, I, do TST: “para a concessão da assistência judiciária gratuita à pessoa natural, basta a declaração de hipossuficiência econômica firmada pela parte ou por seu advogado, desde que munido de procuração com poderes específicos para esse fim”. A parte reclamante foi sucumbente no objeto da perícia, razão pela qual deve pagar os honorários do perito nomeado nestes autos, que ora arbitro em R$1.000,00 atento ao grau de zelo do profissional e a condição econômica da parte sucumbente (valor máximo pago em caso como o dos autos). Todavia, como o plenário do STF, aos 20/10/2021, julgou parcialmente procedente o pedido formulado na ADI 5766 e declarou a inconstitucionalidade do artigo 790-B, “caput” e § 4º e, tendo em vista a concessão dos benefícios da justiça gratuita, conforme decidido acima, os honorários do perito serão pagos pela União, observando-se o disposto no PGC do TRT-18. Após o trânsito em julgado, providencie a Secretaria o que for necessário. Tendo em vista que não há sucumbência da parte reclamada, não há que se falar em honorários do advogado do reclamante. Indefiro. A parte reclamante sucumbiu em todos os pedidos deduzidos na inicial, razão pela qual defiro o pedido de condenação ao pagamento dos honorários de sucumbência ao(a) advogado(a) da parte reclamada, no importe de 7,5%, observando os critérios fixados no §2º, do artigo 791-A, da CLT, calculados sobre o valor dos pedidos integralmente indeferidos (conforme capítulos anteriores), devidamente atualizado, conforme se apurar em liquidação de sentença. Registro, a fim de que não se alegue omissão, que o plenário do STF, aos 20/10/2021, julgou parcialmente procedente o pedido formulado na ADI 5766 e declarou a inconstitucionalidade dos artigos 790-B, “caput” e § 4º, e 791-A, § 4º da CLT e, tendo em vista a concessão dos benefícios da gratuidade da justiça, conforme decidido acima, as obrigações decorrentes da sucumbência da parte reclamante ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade e somente poderão ser executadas se, nos dois anos subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que as certificou, o credor demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência de recursos que justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tais obrigações do beneficiário. 3-DISPOSITIVO Isso posto, na reclamação trabalhista ajuizada por JOSE WALTER DE OLIVEIRA em face de MANSERV MONTAGEM E MANUTENCAO S/A e CMOC BRASIL MINERACAO, INDUSTRIA E PARTICIPACOES LTDA, julgo improcedente o pedido, na forma da fundamentação supra, parte integrante deste dispositivo. Honorários advocatícios e periciais a cargo do reclamante, conforme fundamentação, observada a condição suspensiva de exigibilidade quanto aos primeiros. Custas, pela parte reclamante, no importe de R$14.358,62, apuradas sobre o valor atribuído à causa, de R$717.931,14, das quais fica dispensada, nos termos da lei. Intimem-se as partes e o perito. Nada mais. MARCELO ALVES GOMES Juiz Titular de Vara do Trabalho Intimado(s) / Citado(s) - CMOC BRASIL MINERACAO, INDUSTRIA E PARTICIPACOES LTDA. - MANSERV MONTAGEM E MANUTENCAO S/A

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Daniel Estrela Borges x Cmoc Brasil Mineracao, Industria E Participacoes Ltda.

ID: 279783482

Tribunal: TRT18 Órgão: VARA DO TRABALHO DE CATALÃO Classe: AçãO TRABALHISTA - RITO ORDINáRIO Nº Processo: 0011839-24.2024.5.18.0141

Data de Disponibilização: 26/05/2025

Polo Ativo:

DANIEL ESTRELA BORGES

Polo Passivo:

CMOC BRASIL MINERACAO, INDUSTRIA E PARTICIPACOES LTDA.

Notificação

Advogados:

THIAGO FERREIRA ALMEIDA

OAB/GO XXXXXX Desbloquear

EDUARDO JUNQUEIRA DE OLIVEIRA MARTINS

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

RENATO RODRIGUES VIEIRA

OAB/GO XXXXXX Desbloquear

PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 18ª REGIÃO VARA DO TRABALHO DE CATALÃO ATOrd 0011839-24.2024.5.18.0141 AUTOR: DANIEL ESTRELA BORGES RÉU: CMOC BRASIL MINERA… PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 18ª REGIÃO VARA DO TRABALHO DE CATALÃO ATOrd 0011839-24.2024.5.18.0141 AUTOR: DANIEL ESTRELA BORGES RÉU: CMOC BRASIL MINERACAO, INDUSTRIA E PARTICIPACOES LTDA. INTIMAÇÃO Fica V. Sa. intimado para tomar ciência da Sentença ID e770678 proferida nos autos, cujo dispositivo consta a seguir: SENTENÇA 1-RELATÓRIO DANIEL ESTRELA BORGES deduz em Juízo pretensões em desfavor de CMOC BRASIL MINERACAO, INDUSTRIA E PARTICIPACOES LTDA.. Encontram-se as partes qualificadas nos autos. A parte reclamante busca a condenação da outra parte ao cumprimento das obrigações que relaciona na inicial. Atribui valor à causa. A reclamada apresentou defesa, sob forma de contestação, impugnando as pretensões formuladas na inicial e juntando documentos. O reclamante manifestou-se sobre a defesa e documentos. Realizada audiência de instrução, foram ouvidas as partes e 02 testemunhas. Sem outras provas foi encerrada a instrução processual. Infrutíferas as tentativas de conciliação. Razões finais remissivas. É o relatório. 2-FUNDAMENTAÇÃO 2.1. Polo passivo: Retifique-se o polo passivo para fazer constar "CMOC BRASIL MINERAÇÃO, INDÚSTRIA E PARTICIPAÇÕES LTDA, CNPJ nº 26.108.898/0004-52". 2.2. Continência: A reclamada suscita preliminar de continência desta ação, com os processos 0011841-91.2024.5.18.0141, 0011843-61.2024.5.18.0141, todos propostos pelo reclamante. Pois bem. A reclamada indicou o objeto dos processos propostos pelo reclamante, sendo "0011841-91.2024.5.18.0141: Equiparação salarial com Sergio Ribeiro Neto" e "0011843-61.2024.5.18.0141: Horas extras decorrentes da redução ficta da hora noturna, horas extras pela descaracterização do turno ininterrupto, minutos residuais". O objeto da presente ação (0011839-24.2024.5.18.0141) é a condenação da reclamada ao pagamento de "horas extras pela supressão do intervalo intrajornada". Quanto ao pedido de honorários sucumbenciais, embora ele tenha sido apresentado em todas as ações, eles são devidos sobre o proveito econômico obtido em cada uma delas, e portanto, não há que se falar em continência. Logo, não vislumbro a existência de continência entre as ações, tendo em vista que os pedidos formulados na presente ação não são mais abrangentes do que nos demais processos, mas sim, pedidos distintos com causas de pedir diferentes. Rejeito. 2.3. Prescrição quinquenal: Ajuizada a presente ação aos 28/10/2024, e atento a suspensão do prazo prescricional de 140 dias, estabelecido no artigo 3º, da Lei n. 14.010/2020, pronuncio a prescrição dita "quinquenal", o que fulmina todas as pretensões de natureza condenatória, cuja mora ocorreu anteriormente a 12/06/2019, extinguindo os pedidos respectivos com resolução de mérito. 2.4. Confissão quanto a matéria de fato: O reclamante juntou aos autos atestado médico (ID 97fe202) para comprovar a impossibilidade de comparecer à audiência do dia 11/03/2025. O atestado médico do dia 12/03/2025, atestada que o reclamante estava impossibilitado de exercer as atividades durante 06 dias, a contar de 06/03/2025. Logo, restou comprovada a impossibilidade de participação do reclamante na audiência do dia 11/03/2025, não havendo que se falar em aplicação da confissão quanto à matéria de fato. Rejeito. 2.5. Intervalo intrajornada: O reclamante alega que durante todo o contrato de trabalho intrajornada usufruía, em média, 30 minutos de intervalo intrajornada, tendo direito a 02 intervalos de 01 hora, conforme norma coletiva. Requer a condenação da reclamada ao pagamento de 01h30min de intervalo intrajornada suprimido, bem como de 01h30min de labor extraordinário, pelo trabalho desenvolvido durante o período do intervalo, com os reflexos especificados. A reclamada, em apertada síntese, nega os fatos. Requer a improcedência do pedido. Analiso. A prova oral noticia: "... que não usufruía de dois intervalos de 01h; que usufruía de apenas 30 minutos de intervalo; que não usufruía do segundo intervalo; que do local de trabalho até o refeitório levava de 2 a 3 minutos; que não havia fila e para se servir levava de 3 a 5 minutos; que para se alimentar levava 10 minutos; que então geralmente voltava ao trabalho; que não revezava com colega para sair para o intervalo." (depoimento do reclamante, ID 6e515b4) "que o reclamante usava rádio; que nunca viu o reclamante levando rádio para o intervalo; que no turno 5x3 o reclamante tinha 01h de intervalo no turno do dia e no turno da noite 01h20; que o intervalo poderia ser fracionado; que no turno 4x4 o reclamante tinha 02h de intervalo; que no horário administrativo os eletricistas dessa jornada atendiam emergência em caso de intervalo do reclamante; que nos demais turnos há duas pessoas exercendo a função e eles revezam; que a NR10 não exige para o trabalho realizado o trabalho em dupla; que não presenciou, mas o intervalo pode ser fracionado, por isso não pode afirmar uma média; ..." (depoimento do preposto da reclamada, ID 6e515b4) "que trabalhou para a reclamada de 2018 a janeiro/2025, como operador de produção C; que trabalhou com o reclamante no mesmo turno, desde o início do contrato do depoente; que fazia intervalo junto com o reclamante; que nessas ocasiões tiveram 30 minutos de intervalo, pois a produção era alta; que levavam o rádio e o telefone para o intervalo; que acontecia sempre de o reclamante ser chamado pelo rádio durante o intervalo; que já ocorreu de deixarem o prato e atenderem emergência; que trabalhou com o reclamante no regime 5x3 e 4x4; que no turno 4x4 nunca teve dois intervalos; ..." (JAIME MONTEIRO DA SILVA, testemunha indicada pelo reclamante, ID f48fb99, grifei) "que trabalha para a reclamada desde 2007; que trabalhou com o reclamante, mas não no mesmo turno; que o depoente trabalha no turno administrativo e nesses horários encontrava com o reclamante; que raramente fez intervalo com o reclamante; que não pode afirmar qual horário de início e de término do intervalo do reclamante; que por isso não pode dizer quanto tempo o reclamante usufruía de intervalo; ... que no turno administrativo os eletricistas do turno administrativo conseguiam usufruir de 01h de intervalo; que era possível compensar o intervalo eventualmente suprimido no curso da jornada; que não pode informar sobre os eletricistas de turno; que em cada turno há um eletricista e um instrumentista; que Sérgio era eletricista de um turno e o reclamante eletricista de outro turno." (BRUNO BORGES PEIXOTO, testemunha indicada pela reclamada, ID f48fb99) A prova oral comprova a supressão parcial do intervalo intrajornada, pois a testemunha indicada pelo reclamante confirma que usufruíam, todos os dais, em média, 30 minutos de intervalo intrajornada e não usufruíam o segundo intervalo da jornada. A testemunha indicada pela reclamada disse que "não pode dizer quanto tempo o reclamante usufruía de intervalo", bem como que não sabe informar sobre os intervalos dos eletricistas de turno. Portanto, fixo que o reclamante, durante todo o contrato de trabalho usufruía todos os dias laboradas, 30 minutos de intervalo intrajornada. O artigo §4º, do artigo 71 da CLT estabelece, verbis: Art. 71 - Em qualquer trabalho contínuo, cuja duração exceda de 6 (seis) horas, é obrigatória a concessão de um intervalo para repouso ou alimentação, o qual será, no mínimo, de 1 (uma) hora e, salvo acordo escrito ou contrato coletivo em contrário, não poderá exceder de 2 (duas) horas. [...] § 4o A não concessão ou a concessão parcial do intervalo intrajornada mínimo, para repouso e alimentação, a empregados urbanos e rurais, implica o pagamento, de natureza indenizatória, apenas do período suprimido, com acréscimo de 50% (cinquenta por cento) sobre o valor da remuneração da hora normal de trabalho. (grifei) Nos termos do dispositivo acima transcrito é devido o pagamento do tempo suprimido do intervalo intrajornada mínimo de 01 hora, e de conseguinte, o reclamante é credor de 30 minutos suprimido, e não de 01h30min como requerido na exordial. Além disso, comprovada a supressão de 30 minutos do intervalo intrajornada, o reclamante é credor das horas extras relativas ao tempo não usufruído do intervalo pré-assinalado. Aos fundamentos supra, defiro o pedido de pagamento de 30 minutos de intervalo intrajornada, mas deve ser observada a atual redação do §4º, do artigo 71, da CLT e, por conseguinte, a natureza indenizatória da parcela, sendo indevidos os reflexos desses 30 minutos suprimidos. Defiro, além dos 30 minutos acima, de natureza indenizatória, o pedido de pagamento do tempo suprimido, como horas extras efetivamente trabalhadas durante o intervalo pré-assinalado, conforme tempos que constam dos espelhos ponto (01h, 01:20h e 02h de intervalo), bem como os reflexos em dsr’s, aviso prévio, 13º salário, PLR (pela média duodecimal), fgts+40%, inclusive férias acrescidas de 3/3, conforme previsão em ACT (observada sua formula de cálculo). A apuração das parcelas acima deferidas (30 minutos de intervalo intrajornada suprimido com natureza indenizatória + tempo efetivamente trabalhado como hora extra, quando o reclamante deveria usufruí-los de intervalo) deve observar: a) o divisor 200 (divisor fixado nos ACTs e confirmados na defesa); b) o adicional de 100% (conforme ACTs); c) a evolução salarial (considerando-se todas as parcelas de natureza salarial - Súm. 264 do C/TST), conforme contracheque/fichas financeiras, já que o reclamante não comprovou remuneração diversa/superior; d) os dias efetivamente trabalhados, com a exclusão dos períodos de afastamentos, férias, etc, desde que comprovados nos autos; e) os limites do pedido (exceto valores indicados no pedido, pois por estimativa), o período entre a prescrição declarada até a rescisão contratual; e, f) a dedução de valores pagos sob idênticos títulos. 2.6. Demais requerimentos: Concedo à parte reclamante o "benefício da justiça gratuita" na forma do §3º, do art. 790, da CLT, pois a declaração juntada aos autos, não infirmada por outras provas, basta para comprovar que a parte não tem condições de suportar custas e despesas do processo, sem prejuízo de seu sustento e de sua família. Ademais, a jurisprudência do C/TST é no sentido de que a simples declaração de hipossuficiência econômica basta a sustentar o deferimento dos benefícios da justiça gratuita, mesmo após a chamada “Reforma Trabalhista”. Nesse sentido: “AGRAVO. RECURSO DE REVISTA. ACÓRDÃO PUBLICADO NA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.467/2017. BENEFÍCIO DA JUSTIÇA GRATUITA. PESSOA FÍSICA. COMPROVAÇÃO DE INSUFICIÊNCIA DE RECURSOS POR SIMPLES DECLARAÇÃO. TRANSCENDÊNCIA JURÍDICA RECONHECIDA. Cinge-se a controvérsia a definir se a simples declaração de hipossuficiência econômica é suficiente para a comprovação do estado de pobreza do reclamante, para fins de deferimento dos benefícios da justiça gratuita, em ação ajuizada após a vigência da Lei n° 13.467/2017. Segundo o artigo 790, §§ 3º e 4º, da CLT, com as alterações impostas pela Lei nº 13.467/2017, o benefício da gratuidade da Justiça será concedido àqueles que perceberem salário igual ou inferior a 40% do limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social, ou àqueles que comprovarem insuficiência de recursos. Já o artigo 5º, LXXIV, da Constituição Federal consagra o dever do Estado de prestar assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos e o artigo 99, § 3º, do CPC, de aplicação supletiva ao processo do trabalho, consoante autorização expressa no artigo 15 do mesmo Diploma, dispõe presumir-se verdadeira a alegação de insuficiência deduzida por pessoa natural. A partir da interpretação sistemática desses preceitos, não é possível exigir dos trabalhadores que buscam seus direitos na Justiça do Trabalho - na sua maioria, desempregados - a comprovação de estarem sem recursos para o pagamento das custas do processo. Deve-se presumir verdadeira a declaração de pobreza firmada pelo autor ou feita por seu advogado, com poderes específicos para tanto. Agravo Interno e Recurso de Revista conhecidos e providos. (PROCESSO Nº TST-Ag-RRAg-1001410-91.2018.5.02.0090 – 5ª Turma – Ministro Redator Designado ALBERTO BASTOS BALAZEIRO) Aos fundamentos acima, “não é possível exigir dos trabalhadores que buscam seus direitos na Justiça do Trabalho - na sua maioria, desempregados - a comprovação de estarem sem recursos para o pagamento das custas do processo”. Assim, mesmo após a após a vigência da Lei n° 13.467/2017, a apresentação de declaração de hipossuficiência econômica da pessoa natural é suficiente para a concessão dos benefícios da gratuidade da Justiça, conforme Súmula 463, I, do TST: “para a concessão da assistência judiciária gratuita à pessoa natural, basta a declaração de hipossuficiência econômica firmada pela parte ou por seu advogado, desde que munido de procuração com poderes específicos para esse fim”. Tendo em vista que não há sucumbência da parte reclamante, não há que se falar em honorários do advogado da reclamada. Indefiro. Condeno a reclamada ao pagamento dos honorários de sucumbência ao(a) advogado(a) da parte autora, no importe de 7,5%, observando os critérios fixados no §2º, do artigo 791-A, da CLT, calculados sobre o valor líquido dos pedidos acolhidos/deferidos (conforme capítulos anteriores), devidamente atualizado, conforme se apurar em liquidação de sentença. A apuração da condenação da parte reclamada ao pagamento das verbas postuladas na inicial não deverá observar como limite os valores indicados na causa de pedir e pedido da exordial, pois conforme Instrução Normativa nº 41/2018, que determina que "Para fim do que dispõe o art. 840, §§ 1º e 2º, da CLT, o valor da causa será estimado, observando-se, no que couber, o disposto nos arts. 291 a 293 do Código de Processo Civil", os valores são sempre “estimados”, independentemente de ressalva ou não na petição inicial. Nesse sentido transcrevo ementas de casos paradigmas julgados pelo C/TST, adotando-as como razões de decidir: "AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. LEIS Nos 13.015/2014 E 13.467/2017. JUROS. CORREÇÃO MONETÁRIA. PARÂMETROS. AUSÊNCIA DE TRANSCRIÇÃO DA DECISÃO RECORRIDA. INOBSERVÂNCIA DO PRESSUPOSTO RECURSAL PREVISTO NO ART. 896, §1º-A, I, DA CLT. TRANSCENDÊNCIA NÃO RECONHECIDA Por força do comando do art. 896, §1º-A, I, da CLT, para viabilizar o exame do recurso de revista, a parte deve transcrever nas razões de recorrente o trecho do acórdão regional que consubstancia o prequestionamento da controvérsia. Na hipótese, a parte agravante não atendeu ao referido pressuposto intrínseco de admissibilidade recursal, razão pela qual resulta inviável o processamento do apelo. Agravo de instrumento a que se nega provimento. II - RECURSO DE REVISTA. LEIS Nos 13.015/2014 E 13.467/2017. LIMITES DA LIDE. IMPOSSIBILIDADE DE LIMITAÇÃO DA CONDENAÇÃO AOS VALORES ATRIBUÍDOS AOS PEDIDOS NA PETIÇÃO INICIAL. INTERPRETAÇÃO TELEOLÓGICA DO ART. 840, §1º, DA CLT. INAFASTABILIDADE DO JUS POSTULANDI E DOS PRINCÍPIOS DO AMPLO ACESSO À JURISDIÇÃO (ART. 5º, XXXV, DA CF), DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA (ART. 1º, III, DA CF), PROTEÇÃO SOCIAL DO TRABALHO (ART. 1º, IV, DA CF), DO CONTRADITÓRIO E DA AMPLA DEFESA (ART. 5º, LV DA CF), DA IMEDIAÇÃO (ART. 820, DA CLT), DA INFORMALIDADE, SIMPLICIDADE, DISPOSITIVO. APLICAÇÃO DA REGRA ESPECIAL PREVISTA NA IN 41/2018 C/C ART. 840, §1º, DA CLT. VALORES INDICADOS NA PETIÇÃO COMO MERA ESTIMATIVA. DESNECESSIDADE DE INDICAÇÃO DE RESSALVA QUANTO AO CARÁTER ESTIMADO DOS VALORES. 1.1. Trata-se de recurso de revista com fulcro no art. 896, c, da CLT, em que se pretende a reforma do acórdão regional recorrido quanto à limitação da condenação aos valores atribuídos a cada pedido apresentado já na exordial. O recorrente aponta violação aos arts. 840, §1º da CLT e divergência jurisprudencial. 1.2. A adequada interpretação jurídica das alterações promovidas pela Lei nº 13.467/2017 aos parágrafos 1º e 2º do artigo 840, da CLT proporciona impacto na prática trabalhista, eis que introduz novos requisitos aos pedidos trazidos nas petições iniciais protocolizadas nas Varas do Trabalho. 1.3. A exigência de se consignar, na petição inicial, pedidos certos e determinados já era observada nas reclamações trabalhistas, uma vez que a antiga redação do art. 840, §1º, da CLT não continha detalhes acerca do conteúdo e especificações do pedido. Assim, aplicavam-se subsidiariamente (arts. 769, da CLT e 15, do CPC) os artigos 322 e 324 do CPC, quanto à necessidade de que os pedidos fossem certos e determinados. Com a entrada em vigor da Lei nº 13.467/2017, o §1º do art. 840, da CLT torna-se norma específica que disciplina os requisitos da petição inicial no processo do trabalho. Portanto, além de estipular que os pedidos devem ser certos e determinados, inaugura-se a obrigatoriedade de que cada um contenha a indicação de seu valor. 1.4. Sob este viés, a exigência de indicação do valor dos pedidos determinada pelo artigo 840, §1º, da CLT objetiva que, desde a petição inicial, as partes delimitem, com razoável destreza, o alcance de sua pretensão. 1.5. A despeito disso, a redação do artigo 840, §1º, da CLT de determinação de indicação do valor na petição inicial não é inédita no sistema processual trabalhista. Desde os anos 2000, por meio do art. 852-B, I, da CLT (introduzida pela Lei nº 9.957/2000), passou-se a exigir que as petições iniciais submetidas ao rito sumaríssimo fossem líquidas, por se tratarem de causas que, dada a natureza, possuem condições de ser examinadas de forma mais célere pela Justiça do Trabalho, 1.6. Assim, o artigo 840, §1º, da CLT passou a prever uma equivalência entre os requisitos da petição inicial das ações submetidas ao rito sumaríssimo e àquelas sob o rito ordinário, cuja natureza das demandas, no entanto, tende a ser de ordem mais complexa. 1.7. Efetivamente, antes das alterações promovidas pela Lei nº 13.467/2017 nas ações submetidas ao rito ordinário, o quantum debeatur era estabelecido em fase própria de certificação, qual seja, a liquidação de sentença. Ou seja, apenas depois de ultrapassada toda a instrução processual, orientada pelo princípio da imediação, previsto no art. 820 da CLT, com a respectiva colheita de provas e análise de cada uma delas, iniciava-se o momento processual de liquidação dos pedidos. 1.8. Por força das determinações legais de serem apresentados pedidos certos e determinados, o sistema processual trabalhista então vigente, como houvera de ser, detinha preservados a ampla defesa e o contraditório do réu, que tinha ao seu dispor a possibilidade de contestar cada um dos pedidos, seja na fase de conhecimento, seja na de liquidação. 1.9. Isto é, o novo comando do art. 840, §1º, da CLT incorpora às demandas trabalhistas sob o rito ordinário critérios técnicos jamais antes exigidos e, uma vez não cumpridos, ter-se-á como consequência, a extinção do processo sem resolução de mérito, conforme determina o também novo §3º, do art. 840, da CLT. Com isso, passou-se a atribuir aos reclamantes o encargo processual de, para ingressar com uma demanda trabalhista, apresentar valores que venham a corresponder ao objeto dos pedidos, sem antes se ter iniciada a fase de instrução processual. 1.10. Inobstante, o rigor técnico exigido pelo art. 840, §1º, da CLT, interpretado de forma dissociada das demais normas e princípios que regem a processualística trabalhista, conduz a um estreitamento do jus postulandi (art. 791, da CLT), que historicamente é uma das características que mais singularizam, em essência, a jurisdição trabalhista. A contrario sensu, preservando-se essa orientação, mesmo com a nova redação do artigo 840, §1º, da CLT manteve-se a orientação de que, na petição inicial, basta "uma breve exposição dos fatos", uma vez que as partes, via de regra, não possuem conhecimentos técnicos para formular ' fundamentos jurídicos do pedido. 1.11. Nesse cenário, a interpretação gramatical do dispositivo pode conduzir à mitigação do jus postulandi, em desatenção ao princípio do amplo acesso à jurisdição (art. 5º, XXXV, da CF). 1.12. A determinação de indicação dos valores dos pedidos nas causas submetidas ao rito ordinário tem como reflexo a controvérsia trazida pela parte recorrente em seu recurso de revista, qual seja, a eventual vinculação ou limitação da condenação aos valores atribuídos a cada pedido apresentado já na exordial. 1.13. De fato, de acordo com a regra da congruência entre os pedidos formulados na ação e a condenação arbitrada (arts. 832, da CLT e arts. 141, §2º e 492, do CPC), nos termos do disciplinado nos arts. 141 e 492 do CPC, os valores indicados na petição inicial de forma líquida limitariam àqueles arbitrados na condenação, sob pena de se incorrer em decisão extra, ultra ou citra petita. 1.14. A partir desse cenário, a natureza do conflito trabalhista submetido à apreciação desta Corte perpassa, entre outros, a averiguação acerca da (im) possibilidade de se determinar que a condenação limite-se a exatamente os valores indicados para cada pedido na petição inicial, sob pena de violação aos artigos 141 e 492 do CPC . 1.15. No caso concreto, diferentemente do que entendeu o acórdão regional recorrido, no que diz respeito à indicação dos pedidos liquidados na petição inicial, a dicção dos dispositivos acima deve ser cotejada não só com uma interpretação teleológica do art. 840, §1º, da CLT, como também com os princípios da informalidade e da simplicidade, que orientam toda a lógica processual trabalhista. A partir desses princípios, no âmbito desta Justiça Especializada, não se pode exigir das partes reclamantes que, para que recebam a integralidade das verbas a que realmente fazem jus ao final de uma demanda trabalhista, correndo o risco de uma decisão citra, ultra ou extra petita, submetam-se, eventualmente, às regras de produção antecipada de prova e/ou contratação de serviço contábil especializado, a fim de liquidar com precisão cada um dos pedidos para adimplir a exigência do artigo 840, §1º, da CLT e, somente depois disso, ajuizar uma demanda trabalhista. Interpretação nesse sentido afrontaria, a um só tempo, o princípio da oralidade e o dispositivo, que, em conjunto, asseguram às partes reclamantes o direito de ir a juízo pleitear as verbas que entendem lhe serem devidas. 1.16. Ou seja, a análise sobre a necessidade de limitação do valor da condenação àqueles previamente apresentados na exordial deve ser orientada por uma perspectiva teleológica do direito processual do trabalho, cuja interpretação dos dispositivos que o integram deve, pois, ser sempre norteada pelos princípios do amplo acesso à jurisdição (art. 5º, XXXV, da CF), dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, da CF), proteção social do trabalho (art. 1º, IV, da CF). 1.17. Em atenção a isso e considerando o impacto do art. 840, §1º, da CLT na processualística trabalhista, assim como a necessidade de oferecer ao jurisdicionado a segurança jurídica indispensável a possibilitar estabilidade das relações processuais, este Tribunal Superior do Trabalho aprovou a Instrução Normativa nº 41/2018, que determina que "Para fim do que dispõe o art. 840, §§ 1º e 2º, da CLT, o valor da causa será estimado, observando-se, no que couber, o disposto nos arts. 291 a 293 do Código de Processo Civil" . 1.18. A interpretação do art. 840, §1º, da CLT, aliada aos princípios mencionados permite chegar à conclusão de que, tendo o reclamante apresentado, em sua petição inicial, pedido certo e determinado com indicação de valor - estimado -, por um lado, atende-se à exigência do art. 840, §1º, da CLT. Por outro lado, possibilita ao polo passivo o integral exercício da ampla defesa e do contraditório, assegurados pelo artigo 5º, LV, da CF. Trata-se, assim, de interpretação que observa os princípios constitucionais do trabalho, conferindo, igualmente, efetivamente ao referido artigo celetista. 1.19. Assim, a Instrução Normativa nº 41/2018 ao se referir ao "valor estimado da causa" acaba por delimitar que o pedido apresentado na petição inicial "com indicação de seu valor" a que se refere o art. 840, §1º, da CLT deve ser considerado de forma estimada, eis que inexiste nos dispositivos do CPC a que faz remissão a instrução normativa qualquer delimitação em sentido contrário. O artigo 291, do CPC, pertinente à análise ora empreendida apenas se refere à necessidade de indicação de "valor certo" da causa, inexistindo, portanto, qualquer obrigação de liquidação do valor da causa, tampouco do pedido, com efeito vinculativo à condenação. Ainda, considerando-se a necessária aplicação supletiva do CPC à hipótese, a ausência de indicação de valores na petição inicial não deve ter como consequência a extinção do feito sem resolução do mérito, devendo-se oportunizar à parte a possibilidade de saneamento do defeito, no prazo de 15 dias, por aplicação analógica da Súmula 263 deste TST c/c arts. 4º, 6º e 317 do CPC. 1.20. Nesse mesmo sentido, interpretando a redação do parágrafo 2º do artigo 12 da IN 41/2018 em confronto com as exigências do art. 840, §1º, da CLT e, igualmente dos artigos 141 e 492 do CPC, este Tribunal Superior do Trabalho acumula precedentes no sentido de que os valores constantes nos pedidos apresentados de forma líquida na exordial devem ser considerados apenas como fim estimado, não havendo limitação da condenação àquele montante. 1.21. A partir do exposto, na hipótese vertente, em que a inicial foi ajuizada em 24/07/2020, incidem as normas processuais previstas na CLT após as alterações da Lei 13.467/2017. Portanto, os valores constantes nos pedidos apresentados de forma líquida na reclamação trabalhista devem ser considerados como mera estimativa, não sendo necessária qualquer ressalva e/ou indicação de se tratarem de valores estimados, eis que já devem ser assim considerados por força da Instrução Normativa nº 41/2018 c/c art. 840, §1º, da CLT e dos princípios constitucionais que regem o processo do trabalho, em especial os princípios do amplo acesso à jurisdição (art. 5º, XXXV, da CF), dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, da CF), proteção social do trabalho (art. 1º, IV, da CF). Recurso de revista conhecido e provido. HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS. BENEFICIÁRIOS DA JUSTIÇA GRATUITA. ARTS. 791-A, § 4º, E 790-B DA CLT. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE Nº 5.766/DF. TRANSCENDÊNCIA POLÍTICA RECONHECIDA. 2.1. Este Relator vinha entendendo pela inconstitucionalidade integral dos dispositivos relativos à cobrança de honorários advocatícios do beneficiário da gratuidade judiciária, com base na certidão de julgamento da ADI 5.766/DF, julgada em 20/10/2021. 2.2. Contudo, advinda a publicação do acórdão, em 03/05/2022, restou claro que o Supremo Tribunal Federal, no julgamento da referida ação, declarou a inconstitucionalidade do trecho " desde que não tenha obtido em juízo, ainda que em outro processo " do art. 791-A, § 4º, e do trecho " ainda que beneficiária da justiça gratuita" , constante do caput do art. 790-B, e da integralidade do § 4º do mesmo dispositivo, todos da CLT. 2.3. Em sede de embargos de declaração o Supremo Tribunal Federal reafirmou a extensão da declaração de inconstitucionalidade desses dispositivos, nos termos em que fixada no acórdão embargado, em razão da existência de congruência com o pedido formulado pelo Procurador-Geral da República. 2.4. A inteligência do precedente firmado pelo Supremo Tribunal Federal não autoriza a exclusão da possibilidade de que, na Justiça do Trabalho, com o advento da Lei nº 13.467/17, o beneficiário da justiça gratuita tenha obrigações decorrentes da sucumbência que restem sob condição suspensiva de exigibilidade; o que o Supremo Tribunal Federal reputou inconstitucional foi a presunção legal, iure et de iure , de que a obtenção de créditos na mesma ou em outra ação, por si só, exclua a condição de hipossuficiente do devedor. 2.5. Vedada, pois, é a compensação automática insculpida na redação original dos dispositivos; prevalece, contudo, a possibilidade de que, no prazo de suspensão de exigibilidade, o credor demonstre a alteração do estado de insuficiência de recursos do devedor, por qualquer meio lícito, circunstância que autorizará a execução das obrigações decorrentes da sucumbência. 2.6. Assim, os honorários de advogado sucumbenciais devidos pela parte reclamante ficam sob condição suspensiva de exigibilidade e somente poderão ser executados se, nos dois anos subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que os certificou, o credor demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência de recursos do devedor, que, contudo, não poderá decorrer da mera obtenção de outros créditos na presente ação ou em outras. Passado esse prazo, extingue-se essa obrigação do beneficiário. 2.7. Na presente hipótese, a Corte de origem, ao aplicar a literalidade do art. 791-A, § 4º, da CLT, decidiu em desconformidade com o entendimento firmado pelo Supremo Tribunal Federal. Recurso de revista conhecido e parcialmente provido" (RRAg-820-10.2020.5.12.0050, 3ª Turma, Relator Ministro Alberto Bastos Balazeiro, DEJT 24/03/2023) destaquei. "PEDIDOS LÍQUIDOS. LIMITAÇÃO DA CONDENAÇÃO AOS VALORES DE CADA PEDIDO. APLICAÇÃO DO ART. 840, § 1º, DA CLT, ALTERADO PELA LEI 13.467/2017. TRANSCENDÊNCIA JURÍDICA . A controvérsia gira em torno da aplicação do artigo 840, § 1º, da CLT, que foi alterado pela Lei 13.467/2017. No caso em tela, o debate acerca do art. 840, § 1º, da CLT, detém transcendência jurídica, nos termos do art. 896-A, § 1º, IV, da CLT. Transcendência reconhecida. AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA DA RECLAMANTE SOB A ÉGIDE DA LEI 13.467/2017. PEDIDOS LÍQUIDOS. LIMITAÇÃO DA CONDENAÇÃO AOS VALORES DE CADA PEDIDO. APLICAÇÃO DO ART. 840, § 1º, DA CLT, ALTERADO PELA LEI 13.467/2017. Agravo de instrumento provido, ante possível violação do art. 840, § 1º, da CLT. RECURSO DE REVISTA DA RECLAMANTE SOB A ÉGIDE DA LEI 13.467/2017. PEDIDOS LÍQUIDOS. LIMITAÇÃO DA CONDENAÇÃO AOS VALORES DE CADA PEDIDO. APLICAÇÃO DO ART. 840, § 1º, DA CLT, ALTERADO PELA LEI 13.467/2017. REQUISITOS DO ARTIGO 896, § 1º-A, DA CLT, ATENDIDOS. A controvérsia acerca da limitação da condenação aos valores liquidados apresentados em cada pedido da inicial tem sido analisada, pela jurisprudência dominante, apenas sob a égide dos artigos 141 e 492 do Código de Processo Civil. Por certo que aludidos dispositivos do CPC são aplicados subsidiariamente no processo trabalhista. Entretanto, no que se refere à discussão acerca dos efeitos dos pedidos liquidados, apresentados na inicial trabalhista, os dispositivos mencionados do CPC devem ceder espaço à aplicação dos parágrafos 1º e 2º do artigo 840 da CLT, que foram alterados pela Lei 13.467/2017. Cumpre esclarecer que o TST, por meio da Resolução nº 221, de 21/06/2018, considerando a vigência da Lei 13.467/2017 e a imperativa necessidade de o TST posicionar-se, ainda que de forma não exaustiva, sobre a aplicação das normas processuais contidas na CLT alteradas ou acrescentadas pela Lei 13.467/2017, e considerando a necessidade de dar ao jurisdicionado a segurança jurídica indispensável a possibilitar estabilidade das relações processuais, aprovou a Instrução Normativa nº 41/2018, que no seu art. 12, § 2º, normatizou que "para fim do que dispõe o art. 840, §§ 1º e 2º, da CLT, o valor da causa será estimado (...)". A Instrução Normativa nº 41/2018 do TST, aprovada mediante Resolução nº 221, em 02/06/2018, registra que a aplicação das normas processuais previstas na CLT, alteradas pela Lei 13.467/2017, com eficácia a partir de 11/11/2017, é imediata, sem atingir, no entanto, situações pretéritas iniciadas ou consolidadas sob a égide da lei revogada. Portanto, no caso em tela, em que a inicial foi ajuizada no ano 2018, hão de incidir as normas processuais previstas na CLT alteradas pela Lei 13.467/2017. Assim, a discussão quanto à limitação da condenação aos valores constantes nos pedidos apresentados de forma líquida na exordial deve ser considerada apenas como fim estimado, conforme normatiza o parágrafo 2º do artigo 12 da IN 41/2018 desta Corte. A decisão regional que limitou a condenação aos valores atribuídos aos pedidos na inicial configura ofensa ao art. 840, § 1º, da CLT. Há precedentes desta Turma. Recurso de revista conhecido e provido" (RRAg-1000166-83.2019.5.02.0255, 6ª Turma, Relator Ministro Augusto Cesar Leite de Carvalho, DEJT 18/03/2022) destaquei. Devem ser deduzidos os valores pagos sob idênticos títulos aos aqui deferidos, evitando o enriquecimento sem causa. Deverá a parte reclamada comprovar eventuais recolhimentos previdenciários e tributários incidentes, na forma da lei e do Provimento Geral Consolidado do Tribunal desta 18ª Região da Justiça do Trabalho. A atualização monetária, em observância ao decidido pelo STF na ADC 58 MC-AGR / DF, de 18/12/2020, e às alterações posteriores promovidas pela Lei 14.905/2024, conforme decisão da SDI1 do C. TST nos autos E-ED-RR - 713-03.2010.5.04.0029, de lavra do Exmo. Ministro ALEXANDRE AGRA BELMONTE, publicado no dia 25.10.2024, deve observar: a) o IPCA-E na fase pré-judicial acrescido dos juros de mora (art. 39, caput, da Lei 8.177, de 1991); b) a partir do ajuizamento da ação até 29/08/2024, a taxa SELIC, sendo vedada a cumulação com outra taxa de juros, e c) a partir de 30/08/2024, no cálculo da atualização monetária, será utilizado o IPCA (art. 389, parágrafo único, do Código Civil); os juros de mora corresponderão ao resultado da subtração SELIC - IPCA (art. 406, parágrafo único, do Código Civil), com a possibilidade de não incidência (taxa 0), nos termos do § 3º do artigo 406. O reclamante pretende "A indisponibilização dos bens e contas correntes da reclamada para a garantia da efetivação da justiça". Embora o pedido inicial tenha sido julgado parcialmente procedente, o reclamante não comprovou que a ex-empregadora se encontra em dificuldades financeiras e/ou que há risco real e iminente de dilapidação do patrimônio que possam frustrar futura execução. Dessa forma, em face da ausência de comprovação de motivos que justifiquem a adoção da indisponibilidade de bens e contas-correntes da reclamada, indefiro o pedido. 3-DISPOSITIVO Ante o exposto, julgo procedente, o pedido, para condenar LOC-SERVICE COMERCIO E SERVICOS LTDA. a cumprir em favor de GERUSA OLIVEIRA DA CRUZ, as obrigações impostas nos fundamentos, na forma e nos exatos termos neles descritos, eis que sua íntegra constitui parte deste dispositivo. Isso posto, na reclamação trabalhista ajuizada por MARIA DA CONCEICAO DA SILVA PINTO em face de HOSPITAL DO CORACAO ANIS RASSI, julgo improcedente o pedido, na forma da fundamentação supra, parte integrante deste dispositivo. Honorários advocatícios a cargo da reclamada e do reclamante, conforme fundamentação, observada a condição suspensiva de exigibilidade. Liquidação por cálculos, acrescido de atualização, nos termos da fundamentação acima. Natureza jurídica das verbas contempladas nesta sentença na forma do art. 28, § 9º, da lei 8212/91. A parte reclamada deve comprovar os recolhimentos previdenciários e fiscais, no prazo legal, autorizada a dedução da cota parte que cabe a parte autora, na forma da lei e do Provimento Geral Consolidado deste Eg. Tribunal da 18ª Região da Justiça do Trabalho. Os recolhimentos deverão ser feitos no prazo legal e comprovados em Juízo no prazo de cinco (05) dias, após a data do recolhimento, devendo a reclamada preencher e enviar a Guia de Recolhimento ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social – GFIP e Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais Previdenciários e de Outras Entidades e Fundos (DCTFWeb) e DARF, nos termos do art. 19, inciso V, da Instrução Normativa RFB nº 2.005/2021, (válida a partir de 01/10/2023), em conformidade com o disposto no artigo 178 e parágrafos do Provimento Geral Consolidado deste E. Tribunal, sendo que o descumprimento sujeitará o infrator a pena de multa e demais sanções administrativas, nos termos dos artigos 32, § 10, e 32-A, da Lei nº 8.212/91, bem como do artigo 284, I, do Decreto nº 3.048, de 6 de maio de 1999, sem prejuízo de execução (art. 86/PGC-TRT/18). Custas, pela reclamada, no importe de R$1.600,00, apuradas sobre o valor de R$80.000,00, provisoriamente arbitrado para a condenação. Intimem-se. Nada mais. MARCELO ALVES GOMES Juiz Titular de Vara do Trabalho Intimado(s) / Citado(s) - CMOC BRASIL MINERACAO, INDUSTRIA E PARTICIPACOES LTDA.

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Daniel Estrela Borges x Cmoc Brasil Mineracao, Industria E Participacoes Ltda.

ID: 279783492

Tribunal: TRT18 Órgão: VARA DO TRABALHO DE CATALÃO Classe: AçãO TRABALHISTA - RITO ORDINáRIO Nº Processo: 0011839-24.2024.5.18.0141

Data de Disponibilização: 26/05/2025

Polo Ativo:

DANIEL ESTRELA BORGES

Polo Passivo:

CMOC BRASIL MINERACAO, INDUSTRIA E PARTICIPACOES LTDA.

Notificação

Advogados:

THIAGO FERREIRA ALMEIDA

OAB/GO XXXXXX Desbloquear

EDUARDO JUNQUEIRA DE OLIVEIRA MARTINS

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

RENATO RODRIGUES VIEIRA

OAB/GO XXXXXX Desbloquear

PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 18ª REGIÃO VARA DO TRABALHO DE CATALÃO ATOrd 0011839-24.2024.5.18.0141 AUTOR: DANIEL ESTRELA BORGES RÉU: CMOC BRASIL MINERA… PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 18ª REGIÃO VARA DO TRABALHO DE CATALÃO ATOrd 0011839-24.2024.5.18.0141 AUTOR: DANIEL ESTRELA BORGES RÉU: CMOC BRASIL MINERACAO, INDUSTRIA E PARTICIPACOES LTDA. INTIMAÇÃO Fica V. Sa. intimado para tomar ciência da Sentença ID e770678 proferida nos autos, cujo dispositivo consta a seguir: SENTENÇA 1-RELATÓRIO DANIEL ESTRELA BORGES deduz em Juízo pretensões em desfavor de CMOC BRASIL MINERACAO, INDUSTRIA E PARTICIPACOES LTDA.. Encontram-se as partes qualificadas nos autos. A parte reclamante busca a condenação da outra parte ao cumprimento das obrigações que relaciona na inicial. Atribui valor à causa. A reclamada apresentou defesa, sob forma de contestação, impugnando as pretensões formuladas na inicial e juntando documentos. O reclamante manifestou-se sobre a defesa e documentos. Realizada audiência de instrução, foram ouvidas as partes e 02 testemunhas. Sem outras provas foi encerrada a instrução processual. Infrutíferas as tentativas de conciliação. Razões finais remissivas. É o relatório. 2-FUNDAMENTAÇÃO 2.1. Polo passivo: Retifique-se o polo passivo para fazer constar "CMOC BRASIL MINERAÇÃO, INDÚSTRIA E PARTICIPAÇÕES LTDA, CNPJ nº 26.108.898/0004-52". 2.2. Continência: A reclamada suscita preliminar de continência desta ação, com os processos 0011841-91.2024.5.18.0141, 0011843-61.2024.5.18.0141, todos propostos pelo reclamante. Pois bem. A reclamada indicou o objeto dos processos propostos pelo reclamante, sendo "0011841-91.2024.5.18.0141: Equiparação salarial com Sergio Ribeiro Neto" e "0011843-61.2024.5.18.0141: Horas extras decorrentes da redução ficta da hora noturna, horas extras pela descaracterização do turno ininterrupto, minutos residuais". O objeto da presente ação (0011839-24.2024.5.18.0141) é a condenação da reclamada ao pagamento de "horas extras pela supressão do intervalo intrajornada". Quanto ao pedido de honorários sucumbenciais, embora ele tenha sido apresentado em todas as ações, eles são devidos sobre o proveito econômico obtido em cada uma delas, e portanto, não há que se falar em continência. Logo, não vislumbro a existência de continência entre as ações, tendo em vista que os pedidos formulados na presente ação não são mais abrangentes do que nos demais processos, mas sim, pedidos distintos com causas de pedir diferentes. Rejeito. 2.3. Prescrição quinquenal: Ajuizada a presente ação aos 28/10/2024, e atento a suspensão do prazo prescricional de 140 dias, estabelecido no artigo 3º, da Lei n. 14.010/2020, pronuncio a prescrição dita "quinquenal", o que fulmina todas as pretensões de natureza condenatória, cuja mora ocorreu anteriormente a 12/06/2019, extinguindo os pedidos respectivos com resolução de mérito. 2.4. Confissão quanto a matéria de fato: O reclamante juntou aos autos atestado médico (ID 97fe202) para comprovar a impossibilidade de comparecer à audiência do dia 11/03/2025. O atestado médico do dia 12/03/2025, atestada que o reclamante estava impossibilitado de exercer as atividades durante 06 dias, a contar de 06/03/2025. Logo, restou comprovada a impossibilidade de participação do reclamante na audiência do dia 11/03/2025, não havendo que se falar em aplicação da confissão quanto à matéria de fato. Rejeito. 2.5. Intervalo intrajornada: O reclamante alega que durante todo o contrato de trabalho intrajornada usufruía, em média, 30 minutos de intervalo intrajornada, tendo direito a 02 intervalos de 01 hora, conforme norma coletiva. Requer a condenação da reclamada ao pagamento de 01h30min de intervalo intrajornada suprimido, bem como de 01h30min de labor extraordinário, pelo trabalho desenvolvido durante o período do intervalo, com os reflexos especificados. A reclamada, em apertada síntese, nega os fatos. Requer a improcedência do pedido. Analiso. A prova oral noticia: "... que não usufruía de dois intervalos de 01h; que usufruía de apenas 30 minutos de intervalo; que não usufruía do segundo intervalo; que do local de trabalho até o refeitório levava de 2 a 3 minutos; que não havia fila e para se servir levava de 3 a 5 minutos; que para se alimentar levava 10 minutos; que então geralmente voltava ao trabalho; que não revezava com colega para sair para o intervalo." (depoimento do reclamante, ID 6e515b4) "que o reclamante usava rádio; que nunca viu o reclamante levando rádio para o intervalo; que no turno 5x3 o reclamante tinha 01h de intervalo no turno do dia e no turno da noite 01h20; que o intervalo poderia ser fracionado; que no turno 4x4 o reclamante tinha 02h de intervalo; que no horário administrativo os eletricistas dessa jornada atendiam emergência em caso de intervalo do reclamante; que nos demais turnos há duas pessoas exercendo a função e eles revezam; que a NR10 não exige para o trabalho realizado o trabalho em dupla; que não presenciou, mas o intervalo pode ser fracionado, por isso não pode afirmar uma média; ..." (depoimento do preposto da reclamada, ID 6e515b4) "que trabalhou para a reclamada de 2018 a janeiro/2025, como operador de produção C; que trabalhou com o reclamante no mesmo turno, desde o início do contrato do depoente; que fazia intervalo junto com o reclamante; que nessas ocasiões tiveram 30 minutos de intervalo, pois a produção era alta; que levavam o rádio e o telefone para o intervalo; que acontecia sempre de o reclamante ser chamado pelo rádio durante o intervalo; que já ocorreu de deixarem o prato e atenderem emergência; que trabalhou com o reclamante no regime 5x3 e 4x4; que no turno 4x4 nunca teve dois intervalos; ..." (JAIME MONTEIRO DA SILVA, testemunha indicada pelo reclamante, ID f48fb99, grifei) "que trabalha para a reclamada desde 2007; que trabalhou com o reclamante, mas não no mesmo turno; que o depoente trabalha no turno administrativo e nesses horários encontrava com o reclamante; que raramente fez intervalo com o reclamante; que não pode afirmar qual horário de início e de término do intervalo do reclamante; que por isso não pode dizer quanto tempo o reclamante usufruía de intervalo; ... que no turno administrativo os eletricistas do turno administrativo conseguiam usufruir de 01h de intervalo; que era possível compensar o intervalo eventualmente suprimido no curso da jornada; que não pode informar sobre os eletricistas de turno; que em cada turno há um eletricista e um instrumentista; que Sérgio era eletricista de um turno e o reclamante eletricista de outro turno." (BRUNO BORGES PEIXOTO, testemunha indicada pela reclamada, ID f48fb99) A prova oral comprova a supressão parcial do intervalo intrajornada, pois a testemunha indicada pelo reclamante confirma que usufruíam, todos os dais, em média, 30 minutos de intervalo intrajornada e não usufruíam o segundo intervalo da jornada. A testemunha indicada pela reclamada disse que "não pode dizer quanto tempo o reclamante usufruía de intervalo", bem como que não sabe informar sobre os intervalos dos eletricistas de turno. Portanto, fixo que o reclamante, durante todo o contrato de trabalho usufruía todos os dias laboradas, 30 minutos de intervalo intrajornada. O artigo §4º, do artigo 71 da CLT estabelece, verbis: Art. 71 - Em qualquer trabalho contínuo, cuja duração exceda de 6 (seis) horas, é obrigatória a concessão de um intervalo para repouso ou alimentação, o qual será, no mínimo, de 1 (uma) hora e, salvo acordo escrito ou contrato coletivo em contrário, não poderá exceder de 2 (duas) horas. [...] § 4o A não concessão ou a concessão parcial do intervalo intrajornada mínimo, para repouso e alimentação, a empregados urbanos e rurais, implica o pagamento, de natureza indenizatória, apenas do período suprimido, com acréscimo de 50% (cinquenta por cento) sobre o valor da remuneração da hora normal de trabalho. (grifei) Nos termos do dispositivo acima transcrito é devido o pagamento do tempo suprimido do intervalo intrajornada mínimo de 01 hora, e de conseguinte, o reclamante é credor de 30 minutos suprimido, e não de 01h30min como requerido na exordial. Além disso, comprovada a supressão de 30 minutos do intervalo intrajornada, o reclamante é credor das horas extras relativas ao tempo não usufruído do intervalo pré-assinalado. Aos fundamentos supra, defiro o pedido de pagamento de 30 minutos de intervalo intrajornada, mas deve ser observada a atual redação do §4º, do artigo 71, da CLT e, por conseguinte, a natureza indenizatória da parcela, sendo indevidos os reflexos desses 30 minutos suprimidos. Defiro, além dos 30 minutos acima, de natureza indenizatória, o pedido de pagamento do tempo suprimido, como horas extras efetivamente trabalhadas durante o intervalo pré-assinalado, conforme tempos que constam dos espelhos ponto (01h, 01:20h e 02h de intervalo), bem como os reflexos em dsr’s, aviso prévio, 13º salário, PLR (pela média duodecimal), fgts+40%, inclusive férias acrescidas de 3/3, conforme previsão em ACT (observada sua formula de cálculo). A apuração das parcelas acima deferidas (30 minutos de intervalo intrajornada suprimido com natureza indenizatória + tempo efetivamente trabalhado como hora extra, quando o reclamante deveria usufruí-los de intervalo) deve observar: a) o divisor 200 (divisor fixado nos ACTs e confirmados na defesa); b) o adicional de 100% (conforme ACTs); c) a evolução salarial (considerando-se todas as parcelas de natureza salarial - Súm. 264 do C/TST), conforme contracheque/fichas financeiras, já que o reclamante não comprovou remuneração diversa/superior; d) os dias efetivamente trabalhados, com a exclusão dos períodos de afastamentos, férias, etc, desde que comprovados nos autos; e) os limites do pedido (exceto valores indicados no pedido, pois por estimativa), o período entre a prescrição declarada até a rescisão contratual; e, f) a dedução de valores pagos sob idênticos títulos. 2.6. Demais requerimentos: Concedo à parte reclamante o "benefício da justiça gratuita" na forma do §3º, do art. 790, da CLT, pois a declaração juntada aos autos, não infirmada por outras provas, basta para comprovar que a parte não tem condições de suportar custas e despesas do processo, sem prejuízo de seu sustento e de sua família. Ademais, a jurisprudência do C/TST é no sentido de que a simples declaração de hipossuficiência econômica basta a sustentar o deferimento dos benefícios da justiça gratuita, mesmo após a chamada “Reforma Trabalhista”. Nesse sentido: “AGRAVO. RECURSO DE REVISTA. ACÓRDÃO PUBLICADO NA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.467/2017. BENEFÍCIO DA JUSTIÇA GRATUITA. PESSOA FÍSICA. COMPROVAÇÃO DE INSUFICIÊNCIA DE RECURSOS POR SIMPLES DECLARAÇÃO. TRANSCENDÊNCIA JURÍDICA RECONHECIDA. Cinge-se a controvérsia a definir se a simples declaração de hipossuficiência econômica é suficiente para a comprovação do estado de pobreza do reclamante, para fins de deferimento dos benefícios da justiça gratuita, em ação ajuizada após a vigência da Lei n° 13.467/2017. Segundo o artigo 790, §§ 3º e 4º, da CLT, com as alterações impostas pela Lei nº 13.467/2017, o benefício da gratuidade da Justiça será concedido àqueles que perceberem salário igual ou inferior a 40% do limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social, ou àqueles que comprovarem insuficiência de recursos. Já o artigo 5º, LXXIV, da Constituição Federal consagra o dever do Estado de prestar assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos e o artigo 99, § 3º, do CPC, de aplicação supletiva ao processo do trabalho, consoante autorização expressa no artigo 15 do mesmo Diploma, dispõe presumir-se verdadeira a alegação de insuficiência deduzida por pessoa natural. A partir da interpretação sistemática desses preceitos, não é possível exigir dos trabalhadores que buscam seus direitos na Justiça do Trabalho - na sua maioria, desempregados - a comprovação de estarem sem recursos para o pagamento das custas do processo. Deve-se presumir verdadeira a declaração de pobreza firmada pelo autor ou feita por seu advogado, com poderes específicos para tanto. Agravo Interno e Recurso de Revista conhecidos e providos. (PROCESSO Nº TST-Ag-RRAg-1001410-91.2018.5.02.0090 – 5ª Turma – Ministro Redator Designado ALBERTO BASTOS BALAZEIRO) Aos fundamentos acima, “não é possível exigir dos trabalhadores que buscam seus direitos na Justiça do Trabalho - na sua maioria, desempregados - a comprovação de estarem sem recursos para o pagamento das custas do processo”. Assim, mesmo após a após a vigência da Lei n° 13.467/2017, a apresentação de declaração de hipossuficiência econômica da pessoa natural é suficiente para a concessão dos benefícios da gratuidade da Justiça, conforme Súmula 463, I, do TST: “para a concessão da assistência judiciária gratuita à pessoa natural, basta a declaração de hipossuficiência econômica firmada pela parte ou por seu advogado, desde que munido de procuração com poderes específicos para esse fim”. Tendo em vista que não há sucumbência da parte reclamante, não há que se falar em honorários do advogado da reclamada. Indefiro. Condeno a reclamada ao pagamento dos honorários de sucumbência ao(a) advogado(a) da parte autora, no importe de 7,5%, observando os critérios fixados no §2º, do artigo 791-A, da CLT, calculados sobre o valor líquido dos pedidos acolhidos/deferidos (conforme capítulos anteriores), devidamente atualizado, conforme se apurar em liquidação de sentença. A apuração da condenação da parte reclamada ao pagamento das verbas postuladas na inicial não deverá observar como limite os valores indicados na causa de pedir e pedido da exordial, pois conforme Instrução Normativa nº 41/2018, que determina que "Para fim do que dispõe o art. 840, §§ 1º e 2º, da CLT, o valor da causa será estimado, observando-se, no que couber, o disposto nos arts. 291 a 293 do Código de Processo Civil", os valores são sempre “estimados”, independentemente de ressalva ou não na petição inicial. Nesse sentido transcrevo ementas de casos paradigmas julgados pelo C/TST, adotando-as como razões de decidir: "AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. LEIS Nos 13.015/2014 E 13.467/2017. JUROS. CORREÇÃO MONETÁRIA. PARÂMETROS. AUSÊNCIA DE TRANSCRIÇÃO DA DECISÃO RECORRIDA. INOBSERVÂNCIA DO PRESSUPOSTO RECURSAL PREVISTO NO ART. 896, §1º-A, I, DA CLT. TRANSCENDÊNCIA NÃO RECONHECIDA Por força do comando do art. 896, §1º-A, I, da CLT, para viabilizar o exame do recurso de revista, a parte deve transcrever nas razões de recorrente o trecho do acórdão regional que consubstancia o prequestionamento da controvérsia. Na hipótese, a parte agravante não atendeu ao referido pressuposto intrínseco de admissibilidade recursal, razão pela qual resulta inviável o processamento do apelo. Agravo de instrumento a que se nega provimento. II - RECURSO DE REVISTA. LEIS Nos 13.015/2014 E 13.467/2017. LIMITES DA LIDE. IMPOSSIBILIDADE DE LIMITAÇÃO DA CONDENAÇÃO AOS VALORES ATRIBUÍDOS AOS PEDIDOS NA PETIÇÃO INICIAL. INTERPRETAÇÃO TELEOLÓGICA DO ART. 840, §1º, DA CLT. INAFASTABILIDADE DO JUS POSTULANDI E DOS PRINCÍPIOS DO AMPLO ACESSO À JURISDIÇÃO (ART. 5º, XXXV, DA CF), DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA (ART. 1º, III, DA CF), PROTEÇÃO SOCIAL DO TRABALHO (ART. 1º, IV, DA CF), DO CONTRADITÓRIO E DA AMPLA DEFESA (ART. 5º, LV DA CF), DA IMEDIAÇÃO (ART. 820, DA CLT), DA INFORMALIDADE, SIMPLICIDADE, DISPOSITIVO. APLICAÇÃO DA REGRA ESPECIAL PREVISTA NA IN 41/2018 C/C ART. 840, §1º, DA CLT. VALORES INDICADOS NA PETIÇÃO COMO MERA ESTIMATIVA. DESNECESSIDADE DE INDICAÇÃO DE RESSALVA QUANTO AO CARÁTER ESTIMADO DOS VALORES. 1.1. Trata-se de recurso de revista com fulcro no art. 896, c, da CLT, em que se pretende a reforma do acórdão regional recorrido quanto à limitação da condenação aos valores atribuídos a cada pedido apresentado já na exordial. O recorrente aponta violação aos arts. 840, §1º da CLT e divergência jurisprudencial. 1.2. A adequada interpretação jurídica das alterações promovidas pela Lei nº 13.467/2017 aos parágrafos 1º e 2º do artigo 840, da CLT proporciona impacto na prática trabalhista, eis que introduz novos requisitos aos pedidos trazidos nas petições iniciais protocolizadas nas Varas do Trabalho. 1.3. A exigência de se consignar, na petição inicial, pedidos certos e determinados já era observada nas reclamações trabalhistas, uma vez que a antiga redação do art. 840, §1º, da CLT não continha detalhes acerca do conteúdo e especificações do pedido. Assim, aplicavam-se subsidiariamente (arts. 769, da CLT e 15, do CPC) os artigos 322 e 324 do CPC, quanto à necessidade de que os pedidos fossem certos e determinados. Com a entrada em vigor da Lei nº 13.467/2017, o §1º do art. 840, da CLT torna-se norma específica que disciplina os requisitos da petição inicial no processo do trabalho. Portanto, além de estipular que os pedidos devem ser certos e determinados, inaugura-se a obrigatoriedade de que cada um contenha a indicação de seu valor. 1.4. Sob este viés, a exigência de indicação do valor dos pedidos determinada pelo artigo 840, §1º, da CLT objetiva que, desde a petição inicial, as partes delimitem, com razoável destreza, o alcance de sua pretensão. 1.5. A despeito disso, a redação do artigo 840, §1º, da CLT de determinação de indicação do valor na petição inicial não é inédita no sistema processual trabalhista. Desde os anos 2000, por meio do art. 852-B, I, da CLT (introduzida pela Lei nº 9.957/2000), passou-se a exigir que as petições iniciais submetidas ao rito sumaríssimo fossem líquidas, por se tratarem de causas que, dada a natureza, possuem condições de ser examinadas de forma mais célere pela Justiça do Trabalho, 1.6. Assim, o artigo 840, §1º, da CLT passou a prever uma equivalência entre os requisitos da petição inicial das ações submetidas ao rito sumaríssimo e àquelas sob o rito ordinário, cuja natureza das demandas, no entanto, tende a ser de ordem mais complexa. 1.7. Efetivamente, antes das alterações promovidas pela Lei nº 13.467/2017 nas ações submetidas ao rito ordinário, o quantum debeatur era estabelecido em fase própria de certificação, qual seja, a liquidação de sentença. Ou seja, apenas depois de ultrapassada toda a instrução processual, orientada pelo princípio da imediação, previsto no art. 820 da CLT, com a respectiva colheita de provas e análise de cada uma delas, iniciava-se o momento processual de liquidação dos pedidos. 1.8. Por força das determinações legais de serem apresentados pedidos certos e determinados, o sistema processual trabalhista então vigente, como houvera de ser, detinha preservados a ampla defesa e o contraditório do réu, que tinha ao seu dispor a possibilidade de contestar cada um dos pedidos, seja na fase de conhecimento, seja na de liquidação. 1.9. Isto é, o novo comando do art. 840, §1º, da CLT incorpora às demandas trabalhistas sob o rito ordinário critérios técnicos jamais antes exigidos e, uma vez não cumpridos, ter-se-á como consequência, a extinção do processo sem resolução de mérito, conforme determina o também novo §3º, do art. 840, da CLT. Com isso, passou-se a atribuir aos reclamantes o encargo processual de, para ingressar com uma demanda trabalhista, apresentar valores que venham a corresponder ao objeto dos pedidos, sem antes se ter iniciada a fase de instrução processual. 1.10. Inobstante, o rigor técnico exigido pelo art. 840, §1º, da CLT, interpretado de forma dissociada das demais normas e princípios que regem a processualística trabalhista, conduz a um estreitamento do jus postulandi (art. 791, da CLT), que historicamente é uma das características que mais singularizam, em essência, a jurisdição trabalhista. A contrario sensu, preservando-se essa orientação, mesmo com a nova redação do artigo 840, §1º, da CLT manteve-se a orientação de que, na petição inicial, basta "uma breve exposição dos fatos", uma vez que as partes, via de regra, não possuem conhecimentos técnicos para formular ' fundamentos jurídicos do pedido. 1.11. Nesse cenário, a interpretação gramatical do dispositivo pode conduzir à mitigação do jus postulandi, em desatenção ao princípio do amplo acesso à jurisdição (art. 5º, XXXV, da CF). 1.12. A determinação de indicação dos valores dos pedidos nas causas submetidas ao rito ordinário tem como reflexo a controvérsia trazida pela parte recorrente em seu recurso de revista, qual seja, a eventual vinculação ou limitação da condenação aos valores atribuídos a cada pedido apresentado já na exordial. 1.13. De fato, de acordo com a regra da congruência entre os pedidos formulados na ação e a condenação arbitrada (arts. 832, da CLT e arts. 141, §2º e 492, do CPC), nos termos do disciplinado nos arts. 141 e 492 do CPC, os valores indicados na petição inicial de forma líquida limitariam àqueles arbitrados na condenação, sob pena de se incorrer em decisão extra, ultra ou citra petita. 1.14. A partir desse cenário, a natureza do conflito trabalhista submetido à apreciação desta Corte perpassa, entre outros, a averiguação acerca da (im) possibilidade de se determinar que a condenação limite-se a exatamente os valores indicados para cada pedido na petição inicial, sob pena de violação aos artigos 141 e 492 do CPC . 1.15. No caso concreto, diferentemente do que entendeu o acórdão regional recorrido, no que diz respeito à indicação dos pedidos liquidados na petição inicial, a dicção dos dispositivos acima deve ser cotejada não só com uma interpretação teleológica do art. 840, §1º, da CLT, como também com os princípios da informalidade e da simplicidade, que orientam toda a lógica processual trabalhista. A partir desses princípios, no âmbito desta Justiça Especializada, não se pode exigir das partes reclamantes que, para que recebam a integralidade das verbas a que realmente fazem jus ao final de uma demanda trabalhista, correndo o risco de uma decisão citra, ultra ou extra petita, submetam-se, eventualmente, às regras de produção antecipada de prova e/ou contratação de serviço contábil especializado, a fim de liquidar com precisão cada um dos pedidos para adimplir a exigência do artigo 840, §1º, da CLT e, somente depois disso, ajuizar uma demanda trabalhista. Interpretação nesse sentido afrontaria, a um só tempo, o princípio da oralidade e o dispositivo, que, em conjunto, asseguram às partes reclamantes o direito de ir a juízo pleitear as verbas que entendem lhe serem devidas. 1.16. Ou seja, a análise sobre a necessidade de limitação do valor da condenação àqueles previamente apresentados na exordial deve ser orientada por uma perspectiva teleológica do direito processual do trabalho, cuja interpretação dos dispositivos que o integram deve, pois, ser sempre norteada pelos princípios do amplo acesso à jurisdição (art. 5º, XXXV, da CF), dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, da CF), proteção social do trabalho (art. 1º, IV, da CF). 1.17. Em atenção a isso e considerando o impacto do art. 840, §1º, da CLT na processualística trabalhista, assim como a necessidade de oferecer ao jurisdicionado a segurança jurídica indispensável a possibilitar estabilidade das relações processuais, este Tribunal Superior do Trabalho aprovou a Instrução Normativa nº 41/2018, que determina que "Para fim do que dispõe o art. 840, §§ 1º e 2º, da CLT, o valor da causa será estimado, observando-se, no que couber, o disposto nos arts. 291 a 293 do Código de Processo Civil" . 1.18. A interpretação do art. 840, §1º, da CLT, aliada aos princípios mencionados permite chegar à conclusão de que, tendo o reclamante apresentado, em sua petição inicial, pedido certo e determinado com indicação de valor - estimado -, por um lado, atende-se à exigência do art. 840, §1º, da CLT. Por outro lado, possibilita ao polo passivo o integral exercício da ampla defesa e do contraditório, assegurados pelo artigo 5º, LV, da CF. Trata-se, assim, de interpretação que observa os princípios constitucionais do trabalho, conferindo, igualmente, efetivamente ao referido artigo celetista. 1.19. Assim, a Instrução Normativa nº 41/2018 ao se referir ao "valor estimado da causa" acaba por delimitar que o pedido apresentado na petição inicial "com indicação de seu valor" a que se refere o art. 840, §1º, da CLT deve ser considerado de forma estimada, eis que inexiste nos dispositivos do CPC a que faz remissão a instrução normativa qualquer delimitação em sentido contrário. O artigo 291, do CPC, pertinente à análise ora empreendida apenas se refere à necessidade de indicação de "valor certo" da causa, inexistindo, portanto, qualquer obrigação de liquidação do valor da causa, tampouco do pedido, com efeito vinculativo à condenação. Ainda, considerando-se a necessária aplicação supletiva do CPC à hipótese, a ausência de indicação de valores na petição inicial não deve ter como consequência a extinção do feito sem resolução do mérito, devendo-se oportunizar à parte a possibilidade de saneamento do defeito, no prazo de 15 dias, por aplicação analógica da Súmula 263 deste TST c/c arts. 4º, 6º e 317 do CPC. 1.20. Nesse mesmo sentido, interpretando a redação do parágrafo 2º do artigo 12 da IN 41/2018 em confronto com as exigências do art. 840, §1º, da CLT e, igualmente dos artigos 141 e 492 do CPC, este Tribunal Superior do Trabalho acumula precedentes no sentido de que os valores constantes nos pedidos apresentados de forma líquida na exordial devem ser considerados apenas como fim estimado, não havendo limitação da condenação àquele montante. 1.21. A partir do exposto, na hipótese vertente, em que a inicial foi ajuizada em 24/07/2020, incidem as normas processuais previstas na CLT após as alterações da Lei 13.467/2017. Portanto, os valores constantes nos pedidos apresentados de forma líquida na reclamação trabalhista devem ser considerados como mera estimativa, não sendo necessária qualquer ressalva e/ou indicação de se tratarem de valores estimados, eis que já devem ser assim considerados por força da Instrução Normativa nº 41/2018 c/c art. 840, §1º, da CLT e dos princípios constitucionais que regem o processo do trabalho, em especial os princípios do amplo acesso à jurisdição (art. 5º, XXXV, da CF), dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, da CF), proteção social do trabalho (art. 1º, IV, da CF). Recurso de revista conhecido e provido. HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS. BENEFICIÁRIOS DA JUSTIÇA GRATUITA. ARTS. 791-A, § 4º, E 790-B DA CLT. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE Nº 5.766/DF. TRANSCENDÊNCIA POLÍTICA RECONHECIDA. 2.1. Este Relator vinha entendendo pela inconstitucionalidade integral dos dispositivos relativos à cobrança de honorários advocatícios do beneficiário da gratuidade judiciária, com base na certidão de julgamento da ADI 5.766/DF, julgada em 20/10/2021. 2.2. Contudo, advinda a publicação do acórdão, em 03/05/2022, restou claro que o Supremo Tribunal Federal, no julgamento da referida ação, declarou a inconstitucionalidade do trecho " desde que não tenha obtido em juízo, ainda que em outro processo " do art. 791-A, § 4º, e do trecho " ainda que beneficiária da justiça gratuita" , constante do caput do art. 790-B, e da integralidade do § 4º do mesmo dispositivo, todos da CLT. 2.3. Em sede de embargos de declaração o Supremo Tribunal Federal reafirmou a extensão da declaração de inconstitucionalidade desses dispositivos, nos termos em que fixada no acórdão embargado, em razão da existência de congruência com o pedido formulado pelo Procurador-Geral da República. 2.4. A inteligência do precedente firmado pelo Supremo Tribunal Federal não autoriza a exclusão da possibilidade de que, na Justiça do Trabalho, com o advento da Lei nº 13.467/17, o beneficiário da justiça gratuita tenha obrigações decorrentes da sucumbência que restem sob condição suspensiva de exigibilidade; o que o Supremo Tribunal Federal reputou inconstitucional foi a presunção legal, iure et de iure , de que a obtenção de créditos na mesma ou em outra ação, por si só, exclua a condição de hipossuficiente do devedor. 2.5. Vedada, pois, é a compensação automática insculpida na redação original dos dispositivos; prevalece, contudo, a possibilidade de que, no prazo de suspensão de exigibilidade, o credor demonstre a alteração do estado de insuficiência de recursos do devedor, por qualquer meio lícito, circunstância que autorizará a execução das obrigações decorrentes da sucumbência. 2.6. Assim, os honorários de advogado sucumbenciais devidos pela parte reclamante ficam sob condição suspensiva de exigibilidade e somente poderão ser executados se, nos dois anos subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que os certificou, o credor demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência de recursos do devedor, que, contudo, não poderá decorrer da mera obtenção de outros créditos na presente ação ou em outras. Passado esse prazo, extingue-se essa obrigação do beneficiário. 2.7. Na presente hipótese, a Corte de origem, ao aplicar a literalidade do art. 791-A, § 4º, da CLT, decidiu em desconformidade com o entendimento firmado pelo Supremo Tribunal Federal. Recurso de revista conhecido e parcialmente provido" (RRAg-820-10.2020.5.12.0050, 3ª Turma, Relator Ministro Alberto Bastos Balazeiro, DEJT 24/03/2023) destaquei. "PEDIDOS LÍQUIDOS. LIMITAÇÃO DA CONDENAÇÃO AOS VALORES DE CADA PEDIDO. APLICAÇÃO DO ART. 840, § 1º, DA CLT, ALTERADO PELA LEI 13.467/2017. TRANSCENDÊNCIA JURÍDICA . A controvérsia gira em torno da aplicação do artigo 840, § 1º, da CLT, que foi alterado pela Lei 13.467/2017. No caso em tela, o debate acerca do art. 840, § 1º, da CLT, detém transcendência jurídica, nos termos do art. 896-A, § 1º, IV, da CLT. Transcendência reconhecida. AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA DA RECLAMANTE SOB A ÉGIDE DA LEI 13.467/2017. PEDIDOS LÍQUIDOS. LIMITAÇÃO DA CONDENAÇÃO AOS VALORES DE CADA PEDIDO. APLICAÇÃO DO ART. 840, § 1º, DA CLT, ALTERADO PELA LEI 13.467/2017. Agravo de instrumento provido, ante possível violação do art. 840, § 1º, da CLT. RECURSO DE REVISTA DA RECLAMANTE SOB A ÉGIDE DA LEI 13.467/2017. PEDIDOS LÍQUIDOS. LIMITAÇÃO DA CONDENAÇÃO AOS VALORES DE CADA PEDIDO. APLICAÇÃO DO ART. 840, § 1º, DA CLT, ALTERADO PELA LEI 13.467/2017. REQUISITOS DO ARTIGO 896, § 1º-A, DA CLT, ATENDIDOS. A controvérsia acerca da limitação da condenação aos valores liquidados apresentados em cada pedido da inicial tem sido analisada, pela jurisprudência dominante, apenas sob a égide dos artigos 141 e 492 do Código de Processo Civil. Por certo que aludidos dispositivos do CPC são aplicados subsidiariamente no processo trabalhista. Entretanto, no que se refere à discussão acerca dos efeitos dos pedidos liquidados, apresentados na inicial trabalhista, os dispositivos mencionados do CPC devem ceder espaço à aplicação dos parágrafos 1º e 2º do artigo 840 da CLT, que foram alterados pela Lei 13.467/2017. Cumpre esclarecer que o TST, por meio da Resolução nº 221, de 21/06/2018, considerando a vigência da Lei 13.467/2017 e a imperativa necessidade de o TST posicionar-se, ainda que de forma não exaustiva, sobre a aplicação das normas processuais contidas na CLT alteradas ou acrescentadas pela Lei 13.467/2017, e considerando a necessidade de dar ao jurisdicionado a segurança jurídica indispensável a possibilitar estabilidade das relações processuais, aprovou a Instrução Normativa nº 41/2018, que no seu art. 12, § 2º, normatizou que "para fim do que dispõe o art. 840, §§ 1º e 2º, da CLT, o valor da causa será estimado (...)". A Instrução Normativa nº 41/2018 do TST, aprovada mediante Resolução nº 221, em 02/06/2018, registra que a aplicação das normas processuais previstas na CLT, alteradas pela Lei 13.467/2017, com eficácia a partir de 11/11/2017, é imediata, sem atingir, no entanto, situações pretéritas iniciadas ou consolidadas sob a égide da lei revogada. Portanto, no caso em tela, em que a inicial foi ajuizada no ano 2018, hão de incidir as normas processuais previstas na CLT alteradas pela Lei 13.467/2017. Assim, a discussão quanto à limitação da condenação aos valores constantes nos pedidos apresentados de forma líquida na exordial deve ser considerada apenas como fim estimado, conforme normatiza o parágrafo 2º do artigo 12 da IN 41/2018 desta Corte. A decisão regional que limitou a condenação aos valores atribuídos aos pedidos na inicial configura ofensa ao art. 840, § 1º, da CLT. Há precedentes desta Turma. Recurso de revista conhecido e provido" (RRAg-1000166-83.2019.5.02.0255, 6ª Turma, Relator Ministro Augusto Cesar Leite de Carvalho, DEJT 18/03/2022) destaquei. Devem ser deduzidos os valores pagos sob idênticos títulos aos aqui deferidos, evitando o enriquecimento sem causa. Deverá a parte reclamada comprovar eventuais recolhimentos previdenciários e tributários incidentes, na forma da lei e do Provimento Geral Consolidado do Tribunal desta 18ª Região da Justiça do Trabalho. A atualização monetária, em observância ao decidido pelo STF na ADC 58 MC-AGR / DF, de 18/12/2020, e às alterações posteriores promovidas pela Lei 14.905/2024, conforme decisão da SDI1 do C. TST nos autos E-ED-RR - 713-03.2010.5.04.0029, de lavra do Exmo. Ministro ALEXANDRE AGRA BELMONTE, publicado no dia 25.10.2024, deve observar: a) o IPCA-E na fase pré-judicial acrescido dos juros de mora (art. 39, caput, da Lei 8.177, de 1991); b) a partir do ajuizamento da ação até 29/08/2024, a taxa SELIC, sendo vedada a cumulação com outra taxa de juros, e c) a partir de 30/08/2024, no cálculo da atualização monetária, será utilizado o IPCA (art. 389, parágrafo único, do Código Civil); os juros de mora corresponderão ao resultado da subtração SELIC - IPCA (art. 406, parágrafo único, do Código Civil), com a possibilidade de não incidência (taxa 0), nos termos do § 3º do artigo 406. O reclamante pretende "A indisponibilização dos bens e contas correntes da reclamada para a garantia da efetivação da justiça". Embora o pedido inicial tenha sido julgado parcialmente procedente, o reclamante não comprovou que a ex-empregadora se encontra em dificuldades financeiras e/ou que há risco real e iminente de dilapidação do patrimônio que possam frustrar futura execução. Dessa forma, em face da ausência de comprovação de motivos que justifiquem a adoção da indisponibilidade de bens e contas-correntes da reclamada, indefiro o pedido. 3-DISPOSITIVO Ante o exposto, julgo procedente, o pedido, para condenar LOC-SERVICE COMERCIO E SERVICOS LTDA. a cumprir em favor de GERUSA OLIVEIRA DA CRUZ, as obrigações impostas nos fundamentos, na forma e nos exatos termos neles descritos, eis que sua íntegra constitui parte deste dispositivo. Isso posto, na reclamação trabalhista ajuizada por MARIA DA CONCEICAO DA SILVA PINTO em face de HOSPITAL DO CORACAO ANIS RASSI, julgo improcedente o pedido, na forma da fundamentação supra, parte integrante deste dispositivo. Honorários advocatícios a cargo da reclamada e do reclamante, conforme fundamentação, observada a condição suspensiva de exigibilidade. Liquidação por cálculos, acrescido de atualização, nos termos da fundamentação acima. Natureza jurídica das verbas contempladas nesta sentença na forma do art. 28, § 9º, da lei 8212/91. A parte reclamada deve comprovar os recolhimentos previdenciários e fiscais, no prazo legal, autorizada a dedução da cota parte que cabe a parte autora, na forma da lei e do Provimento Geral Consolidado deste Eg. Tribunal da 18ª Região da Justiça do Trabalho. Os recolhimentos deverão ser feitos no prazo legal e comprovados em Juízo no prazo de cinco (05) dias, após a data do recolhimento, devendo a reclamada preencher e enviar a Guia de Recolhimento ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social – GFIP e Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais Previdenciários e de Outras Entidades e Fundos (DCTFWeb) e DARF, nos termos do art. 19, inciso V, da Instrução Normativa RFB nº 2.005/2021, (válida a partir de 01/10/2023), em conformidade com o disposto no artigo 178 e parágrafos do Provimento Geral Consolidado deste E. Tribunal, sendo que o descumprimento sujeitará o infrator a pena de multa e demais sanções administrativas, nos termos dos artigos 32, § 10, e 32-A, da Lei nº 8.212/91, bem como do artigo 284, I, do Decreto nº 3.048, de 6 de maio de 1999, sem prejuízo de execução (art. 86/PGC-TRT/18). Custas, pela reclamada, no importe de R$1.600,00, apuradas sobre o valor de R$80.000,00, provisoriamente arbitrado para a condenação. Intimem-se. Nada mais. MARCELO ALVES GOMES Juiz Titular de Vara do Trabalho Intimado(s) / Citado(s) - DANIEL ESTRELA BORGES

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Daniel Estrela Borges x Cmoc Brasil Mineracao, Industria E Participacoes Ltda.

ID: 279783505

Tribunal: TRT18 Órgão: VARA DO TRABALHO DE CATALÃO Classe: AçãO TRABALHISTA - RITO ORDINáRIO Nº Processo: 0011841-91.2024.5.18.0141

Data de Disponibilização: 26/05/2025

Polo Ativo:

DANIEL ESTRELA BORGES

Polo Passivo:

CMOC BRASIL MINERACAO, INDUSTRIA E PARTICIPACOES LTDA.

Notificação

Advogados:

THIAGO FERREIRA ALMEIDA

OAB/GO XXXXXX Desbloquear

EDUARDO JUNQUEIRA DE OLIVEIRA MARTINS

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

RENATO RODRIGUES VIEIRA

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PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 18ª REGIÃO VARA DO TRABALHO DE CATALÃO ATOrd 0011841-91.2024.5.18.0141 AUTOR: DANIEL ESTRELA BORGES RÉU: CMOC BRASIL MINERA… PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 18ª REGIÃO VARA DO TRABALHO DE CATALÃO ATOrd 0011841-91.2024.5.18.0141 AUTOR: DANIEL ESTRELA BORGES RÉU: CMOC BRASIL MINERACAO, INDUSTRIA E PARTICIPACOES LTDA. INTIMAÇÃO Fica V. Sa. intimado para tomar ciência da Sentença ID 3f235b2 proferida nos autos, cujo dispositivo consta a seguir: SENTENÇA 1-RELATÓRIO DANIEL ESTRELA BORGES deduz em Juízo pretensões em desfavor de CMOC BRASIL MINERACAO, INDUSTRIA E PARTICIPACOES LTDA. Encontram-se as partes qualificadas nos autos. A parte reclamante busca a condenação da outra parte ao cumprimento das obrigações que relaciona na inicial. Atribui valor à causa. A reclamada apresentou defesa, sob forma de contestação, impugnando as pretensões formuladas na inicial e juntando documentos. O reclamante manifestou-se sobre a defesa e documentos. Realizada audiência de instrução, foram ouvidas as partes e 02 testemunhas. Sem outras provas foi encerrada a instrução processual. Infrutíferas as tentativas de conciliação. Razões finais remissivas. É o relatório. 2-FUNDAMENTAÇÃO 2.1. Polo passivo: Retifique-se o polo passivo para fazer constar "CMOC BRASIL MINERAÇÃO, INDÚSTRIA E PARTICIPAÇÕES LTDA, CNPJ nº 26.108.898/0004-52". 2.2. Continência: A reclamada suscita preliminar de continência desta ação, com os processos 0011839-24.2024.5.18.0141, 0011843-61.2024.5.18.0141, todos propostos pelo reclamante. Pois bem. A reclamada indicou o objeto dos processos propostos pelo reclamante, sendo "0011839-24.2024.5.18.0141: horas extras pela supressão do intervalo intrajornada" e "0011843-61.2024.5.18.0141: Horas extras decorrentes da redução ficta da hora noturna, horas extras pela descaracterização do turno ininterrupto, minutos residuais". O objeto da presente ação (0011841-91.2024.5.18.0141) é a condenação da reclamada ao pagamento de diferenças salariais, decorrentes da "Equiparação salarial com Sergio Ribeiro Neto". Quanto ao pedido de honorários sucumbenciais, embora ele tenha sido apresentado em todas as ações, eles são devidos sobre o proveito econômico obtido em cada uma delas, e portanto, não há que se falar em continência. Logo, não vislumbro a existência de continência entre as ações, tendo em vista que os pedidos formulados na presente ação não são mais abrangentes do que nos demais processos, mas sim, pedidos distintos com causas de pedir diferentes. Rejeito. 2.3. Prescrição quinquenal: Ajuizada a presente ação aos 28/10/2024, e atento a suspensão do prazo prescricional de 140 dias, estabelecido no artigo 3º, da Lei n. 14.010/2020, pronuncio a prescrição dita "quinquenal", o que fulmina todas as pretensões de natureza condenatória, cuja mora ocorreu anteriormente a 12/06/2019, extinguindo os pedidos respectivos com resolução de mérito. 2.4. Confissão quanto a matéria de fato: O reclamante juntou aos autos atestado médico (ID e1da474) para comprovar a impossibilidade de comparecer à audiência do dia 11/03/2025. O atestado médico do dia 12/03/2025, atestada que o reclamante estava impossibilitado de exercer as atividades durante 06 dias, a contar de 06/03/2025. Logo, restou comprovada a impossibilidade de participação do reclamante na audiência do dia 11/03/2025, não havendo que se falar em aplicação da confissão quanto à matéria de fato. Rejeito. 2.5. Equiparação salarial: A inicial informa: "O reclamante exerceu a função de Eletricista de Manutenção Eletroeletronica na reclamada durante todo o seu contrato de trabalho, recebendo o salário base no mês de fevereiro de 2023 no importe R$4.020,70 (quatro mil, vinte reais e setenta centavos), ocorre que, o reclamante labora em identidade funcional, com mesma qualidade e perfeição tecnica que o Paradigma Sergio Ribeiro Neto, sendo que o Paradigma recebeu o salário base no mês de fevereiro de 2023 no importe de R$ 4.611,97 (quatro mil, seiscentos e onze reais e noventa e sete centavos)". Requer o reconhecimento da equiparação salarial solicitada e a consequente condenação "da reclamada ao pagamento das diferenças salárias mensais, bem como, as diferenças no aviso previo indenizado, descanso semanal remunerado, décimo terceiro salário, nas horas itineres percebidas, nas horas extras realizadas, nas férias acrescidas com o adicional de 3/3, no adicional noturno, PLR, no adicional de periculosidade e no FGTS (depósitos mais a multa de 40%)". A reclamada, em apertada síntese, nega os fatos, bem como a presença dos requisitos para deferimento da equiparação salarial. Requer a improcedência do pleito. Analiso. Consoante o disposto no artigo 461, da CLT, o empregado tem direito à equiparação salarial quando comprovada a identidade de funções e não existir entre o trabalhador e o paradigma tempo de serviço na função superior a dois anos, tempo de serviço para o mesmo empregador superior a quatro anos, diferença de produtividade e de perfeição técnica entre o trabalho de ambos e quadro de carreira. Quanto ao ônus da prova dos requisitos da equiparação salarial, incumbe a parte reclamante a prova da identidade de funções e da existência da simultaneidade na prestação dos serviços. A reclamada juntou as fichas de registro do reclamante e do paradigma (Sergio Ribeiro Neto), indicando que foram admitidos em 19/11/2014 e 19/05/20214, respectivamente. Quanto às funções, o reclamante foi admitido na função de "Eletricista Manutencao C" e passou para "Eletricista Manutencao B" em 01/01/2021, sendo que o paradigma em também foi admitido como "Eletricista Manutencao C", mas passou em 01/02/2017 para função de "Eletricista Manutencao B" e em 01/12/2020 para "Eletricista Manutencao A". A prova oral noticia: "que enquanto eletricista C, como era eletricista de turno, não havia diferença nas funções com os demais eletricistas; que todos faziam a mesma coisa; que passou a eletricista B mais ou menos em 2020; que apesar da mudança de nomenclatura do cargo, continuou a executar as mesmas tarefas; que nessa mesma época Sérgio foi transferido para eletricista A; que executava as mesmas funções que Sérgio; ..." (depoimento do reclamante, ID f48fb99, grifei) "... que Sérgio desempenhava função superior; que o serviço executado por Sérgio não era o mesmo executado pelo reclamante; que o reclamante e Sérgio trabalhavam no mesmo site; que ambos eram eletricistas de turno, apesar de trabalharem em turnos diferentes; que a produção /qualidade do serviço não eram as mesmas; que Sérgio executava atividades de mais alta complexidade e o reclamante não." (depoimento do preposto da reclamada, ID f48fb99) "que trabalhou para a reclamada de 2018 a janeiro/2025, como operador de produção C; que trabalhou com o reclamante no mesmo turno, desde o início do contrato do depoente; ... que conheceu Sérgio; que as vezes trabalhou junto com Sérgio; que Sérgio e o reclamante executavam as mesmas tarefas, sem qualquer diferença; que todos executavam as mesmas tarefas; que todos os eletricistas de turno executam as mesmas tarefas; que a produtividade de ambos era a mesma; que o eletricista atende a todas as áreas e atendia a área do depoente, por isso pode afirmar o que disse; que tinha constante com os eletricistas." (JAIME MONTEIRO DA SILVA, testemunha indicada pelo reclamante, ID f48fb99, grifei) "que trabalha para a reclamada desde 2007; que trabalhou com o reclamante, mas não no mesmo turno; que o depoente trabalha no turno administrativo e nesses horários encontrava com o reclamante; ... que conhece Sérgio; que Sérgio executava as mesmas funções do reclamante; que os dois eram eletricistas, mas não sabe a nomenclatura de seus cargos, se A, B ou C; que a diferença era apenas de nomenclatura; que a diferença entre eletricista A, B e C é de nível técnico do profissional; que Sérgio era mais um líder de seu turno; que o reclamante era eletricista de seu turno; que o parceiro do reclamante era o líder do turno; que as atividades mais técnicas o eletricista A executa e o B não tem nível técnico para executar; que vez ou outra o reclamante fazia serviço de eletricista A, mas não pode informar se com a mesma capacidade; que acredita que o reclamante nesses casos estava acompanhado de outro eletricista para ajudá-lo; ... que não pode informar sobre os eletricistas de turno; que em cada turno há um eletricista e um instrumentista; que Sérgio era eletricista de um turno e o reclamante eletricista de outro turno." (BRUNO BORGES PEIXOTO, testemunha indicada pela reclamada, ID f48fb99, grifei) Os depoimentos convencem da identidade de funções desempenhadas pelo reclamante e pelo paradigma, pois a testemunha Jaime confirmou as informações da exordial, no sentido de que eles exerciam as mesas tarefas, sem qualquer diferença e com a mesma qualidade. A testemunha Bruno disse "que não pode informar sobre os eletricistas de turno; que em cada turno há um eletricista e um instrumentista; que Sérgio era eletricista de um turno e o reclamante eletricista de outro turno”. Ora, se a testemunha não pode informar sobre os eletricistas de turno e logo a seguir confirmou que o reclamante e o paradigma eram eletricistas de turno, a testemunha não pode também afirmar se havia diferença de atividades/tarefas por eles executadas. Nesse rumo, considerando que os documentos juntados aos autos demonstram que enquanto o reclamante e o paradigma exerceram a mesma função "Eletricista Manutencao C" eles recebiam o mesmo salário base, isto é, R$2.661,51. Portanto, o reclamante se desincumbiu do ônus que lhe competia, pois a prova oral demonstra que não havia diferenças de atividades entre o reclamante e o paradigma. Dessa forma, restaram comprovados os requisitos para a pretendida equiparação salarial, sendo indevidas as diferenças postuladas. Pelo exposto, defiro o pedido de reconhecimento da equiparação salarial e a consequente de condenação "da reclamada ao pagamento das diferenças salárias mensais, bem como, as diferenças no aviso previo indenizado, descanso semanal remunerado, décimo terceiro salário, nas horas itineres percebidas, nas horas extras realizadas, nas férias acrescidas com o adicional de 3/3, no adicional noturno, PLR, no adicional de periculosidade e no FGTS (depósitos mais a multa de 40%)", que se apurar em liquidação de sentença, conforme contracheques juntados e na ausência a diferenças salaria indicada na inicial. 2.6. Demais requerimentos: Concedo à parte reclamante o "benefício da justiça gratuita" na forma do §3º, do art. 790, da CLT, pois a declaração juntada aos autos, não infirmada por outras provas, basta para comprovar que a parte não tem condições de suportar custas e despesas do processo, sem prejuízo de seu sustento e de sua família. Ademais, a jurisprudência do C/TST é no sentido de que a simples declaração de hipossuficiência econômica basta a sustentar o deferimento dos benefícios da justiça gratuita, mesmo após a chamada “Reforma Trabalhista”. Nesse sentido: “AGRAVO. RECURSO DE REVISTA. ACÓRDÃO PUBLICADO NA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.467/2017. BENEFÍCIO DA JUSTIÇA GRATUITA. PESSOA FÍSICA. COMPROVAÇÃO DE INSUFICIÊNCIA DE RECURSOS POR SIMPLES DECLARAÇÃO. TRANSCENDÊNCIA JURÍDICA RECONHECIDA. Cinge-se a controvérsia a definir se a simples declaração de hipossuficiência econômica é suficiente para a comprovação do estado de pobreza do reclamante, para fins de deferimento dos benefícios da justiça gratuita, em ação ajuizada após a vigência da Lei n° 13.467/2017. Segundo o artigo 790, §§ 3º e 4º, da CLT, com as alterações impostas pela Lei nº 13.467/2017, o benefício da gratuidade da Justiça será concedido àqueles que perceberem salário igual ou inferior a 40% do limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social, ou àqueles que comprovarem insuficiência de recursos. Já o artigo 5º, LXXIV, da Constituição Federal consagra o dever do Estado de prestar assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos e o artigo 99, § 3º, do CPC, de aplicação supletiva ao processo do trabalho, consoante autorização expressa no artigo 15 do mesmo Diploma, dispõe presumir-se verdadeira a alegação de insuficiência deduzida por pessoa natural. A partir da interpretação sistemática desses preceitos, não é possível exigir dos trabalhadores que buscam seus direitos na Justiça do Trabalho - na sua maioria, desempregados - a comprovação de estarem sem recursos para o pagamento das custas do processo. Deve-se presumir verdadeira a declaração de pobreza firmada pelo autor ou feita por seu advogado, com poderes específicos para tanto. Agravo Interno e Recurso de Revista conhecidos e providos. (PROCESSO Nº TST-Ag-RRAg-1001410-91.2018.5.02.0090 – 5ª Turma – Ministro Redator Designado ALBERTO BASTOS BALAZEIRO) Aos fundamentos acima, “não é possível exigir dos trabalhadores que buscam seus direitos na Justiça do Trabalho - na sua maioria, desempregados - a comprovação de estarem sem recursos para o pagamento das custas do processo”. Assim, mesmo após a após a vigência da Lei n° 13.467/2017, a apresentação de declaração de hipossuficiência econômica da pessoa natural é suficiente para a concessão dos benefícios da gratuidade da Justiça, conforme Súmula 463, I, do TST: “para a concessão da assistência judiciária gratuita à pessoa natural, basta a declaração de hipossuficiência econômica firmada pela parte ou por seu advogado, desde que munido de procuração com poderes específicos para esse fim”. Tendo em vista que não há sucumbência da parte reclamante, não há que se falar em honorários do advogado da reclamada. Indefiro. Condeno a reclamada ao pagamento dos honorários de sucumbência ao(a) advogado(a) da parte autora, no importe de 7,5%, observando os critérios fixados no §2º, do artigo 791-A, da CLT, calculados sobre o valor líquido dos pedidos acolhidos/deferidos (conforme capítulos anteriores), devidamente atualizado, conforme se apurar em liquidação de sentença. A apuração da condenação da parte reclamada ao pagamento das verbas postuladas na inicial não deverá observar como limite os valores indicados na causa de pedir e pedido da exordial, pois conforme Instrução Normativa nº 41/2018, que determina que "Para fim do que dispõe o art. 840, §§ 1º e 2º, da CLT, o valor da causa será estimado, observando-se, no que couber, o disposto nos arts. 291 a 293 do Código de Processo Civil", os valores são sempre “estimados”, independentemente de ressalva ou não na petição inicial. Nesse sentido transcrevo ementas de casos paradigmas julgados pelo C/TST, adotando-as como razões de decidir: "AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. LEIS Nos 13.015/2014 E 13.467/2017. JUROS. CORREÇÃO MONETÁRIA. PARÂMETROS. AUSÊNCIA DE TRANSCRIÇÃO DA DECISÃO RECORRIDA. INOBSERVÂNCIA DO PRESSUPOSTO RECURSAL PREVISTO NO ART. 896, §1º-A, I, DA CLT. TRANSCENDÊNCIA NÃO RECONHECIDA Por força do comando do art. 896, §1º-A, I, da CLT, para viabilizar o exame do recurso de revista, a parte deve transcrever nas razões de recorrente o trecho do acórdão regional que consubstancia o prequestionamento da controvérsia. Na hipótese, a parte agravante não atendeu ao referido pressuposto intrínseco de admissibilidade recursal, razão pela qual resulta inviável o processamento do apelo. Agravo de instrumento a que se nega provimento. II - RECURSO DE REVISTA. LEIS Nos 13.015/2014 E 13.467/2017. LIMITES DA LIDE. IMPOSSIBILIDADE DE LIMITAÇÃO DA CONDENAÇÃO AOS VALORES ATRIBUÍDOS AOS PEDIDOS NA PETIÇÃO INICIAL. INTERPRETAÇÃO TELEOLÓGICA DO ART. 840, §1º, DA CLT. INAFASTABILIDADE DO JUS POSTULANDI E DOS PRINCÍPIOS DO AMPLO ACESSO À JURISDIÇÃO (ART. 5º, XXXV, DA CF), DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA (ART. 1º, III, DA CF), PROTEÇÃO SOCIAL DO TRABALHO (ART. 1º, IV, DA CF), DO CONTRADITÓRIO E DA AMPLA DEFESA (ART. 5º, LV DA CF), DA IMEDIAÇÃO (ART. 820, DA CLT), DA INFORMALIDADE, SIMPLICIDADE, DISPOSITIVO. APLICAÇÃO DA REGRA ESPECIAL PREVISTA NA IN 41/2018 C/C ART. 840, §1º, DA CLT. VALORES INDICADOS NA PETIÇÃO COMO MERA ESTIMATIVA. DESNECESSIDADE DE INDICAÇÃO DE RESSALVA QUANTO AO CARÁTER ESTIMADO DOS VALORES. 1.1. Trata-se de recurso de revista com fulcro no art. 896, c, da CLT, em que se pretende a reforma do acórdão regional recorrido quanto à limitação da condenação aos valores atribuídos a cada pedido apresentado já na exordial. O recorrente aponta violação aos arts. 840, §1º da CLT e divergência jurisprudencial. 1.2. A adequada interpretação jurídica das alterações promovidas pela Lei nº 13.467/2017 aos parágrafos 1º e 2º do artigo 840, da CLT proporciona impacto na prática trabalhista, eis que introduz novos requisitos aos pedidos trazidos nas petições iniciais protocolizadas nas Varas do Trabalho. 1.3. A exigência de se consignar, na petição inicial, pedidos certos e determinados já era observada nas reclamações trabalhistas, uma vez que a antiga redação do art. 840, §1º, da CLT não continha detalhes acerca do conteúdo e especificações do pedido. Assim, aplicavam-se subsidiariamente (arts. 769, da CLT e 15, do CPC) os artigos 322 e 324 do CPC, quanto à necessidade de que os pedidos fossem certos e determinados. Com a entrada em vigor da Lei nº 13.467/2017, o §1º do art. 840, da CLT torna-se norma específica que disciplina os requisitos da petição inicial no processo do trabalho. Portanto, além de estipular que os pedidos devem ser certos e determinados, inaugura-se a obrigatoriedade de que cada um contenha a indicação de seu valor. 1.4. Sob este viés, a exigência de indicação do valor dos pedidos determinada pelo artigo 840, §1º, da CLT objetiva que, desde a petição inicial, as partes delimitem, com razoável destreza, o alcance de sua pretensão. 1.5. A despeito disso, a redação do artigo 840, §1º, da CLT de determinação de indicação do valor na petição inicial não é inédita no sistema processual trabalhista. Desde os anos 2000, por meio do art. 852-B, I, da CLT (introduzida pela Lei nº 9.957/2000), passou-se a exigir que as petições iniciais submetidas ao rito sumaríssimo fossem líquidas, por se tratarem de causas que, dada a natureza, possuem condições de ser examinadas de forma mais célere pela Justiça do Trabalho, 1.6. Assim, o artigo 840, §1º, da CLT passou a prever uma equivalência entre os requisitos da petição inicial das ações submetidas ao rito sumaríssimo e àquelas sob o rito ordinário, cuja natureza das demandas, no entanto, tende a ser de ordem mais complexa. 1.7. Efetivamente, antes das alterações promovidas pela Lei nº 13.467/2017 nas ações submetidas ao rito ordinário, o quantum debeatur era estabelecido em fase própria de certificação, qual seja, a liquidação de sentença. Ou seja, apenas depois de ultrapassada toda a instrução processual, orientada pelo princípio da imediação, previsto no art. 820 da CLT, com a respectiva colheita de provas e análise de cada uma delas, iniciava-se o momento processual de liquidação dos pedidos. 1.8. Por força das determinações legais de serem apresentados pedidos certos e determinados, o sistema processual trabalhista então vigente, como houvera de ser, detinha preservados a ampla defesa e o contraditório do réu, que tinha ao seu dispor a possibilidade de contestar cada um dos pedidos, seja na fase de conhecimento, seja na de liquidação. 1.9. Isto é, o novo comando do art. 840, §1º, da CLT incorpora às demandas trabalhistas sob o rito ordinário critérios técnicos jamais antes exigidos e, uma vez não cumpridos, ter-se-á como consequência, a extinção do processo sem resolução de mérito, conforme determina o também novo §3º, do art. 840, da CLT. Com isso, passou-se a atribuir aos reclamantes o encargo processual de, para ingressar com uma demanda trabalhista, apresentar valores que venham a corresponder ao objeto dos pedidos, sem antes se ter iniciada a fase de instrução processual. 1.10. Inobstante, o rigor técnico exigido pelo art. 840, §1º, da CLT, interpretado de forma dissociada das demais normas e princípios que regem a processualística trabalhista, conduz a um estreitamento do jus postulandi (art. 791, da CLT), que historicamente é uma das características que mais singularizam, em essência, a jurisdição trabalhista. A contrario sensu, preservando-se essa orientação, mesmo com a nova redação do artigo 840, §1º, da CLT manteve-se a orientação de que, na petição inicial, basta "uma breve exposição dos fatos", uma vez que as partes, via de regra, não possuem conhecimentos técnicos para formular ' fundamentos jurídicos do pedido. 1.11. Nesse cenário, a interpretação gramatical do dispositivo pode conduzir à mitigação do jus postulandi, em desatenção ao princípio do amplo acesso à jurisdição (art. 5º, XXXV, da CF). 1.12. A determinação de indicação dos valores dos pedidos nas causas submetidas ao rito ordinário tem como reflexo a controvérsia trazida pela parte recorrente em seu recurso de revista, qual seja, a eventual vinculação ou limitação da condenação aos valores atribuídos a cada pedido apresentado já na exordial. 1.13. De fato, de acordo com a regra da congruência entre os pedidos formulados na ação e a condenação arbitrada (arts. 832, da CLT e arts. 141, §2º e 492, do CPC), nos termos do disciplinado nos arts. 141 e 492 do CPC, os valores indicados na petição inicial de forma líquida limitariam àqueles arbitrados na condenação, sob pena de se incorrer em decisão extra, ultra ou citra petita. 1.14. A partir desse cenário, a natureza do conflito trabalhista submetido à apreciação desta Corte perpassa, entre outros, a averiguação acerca da (im) possibilidade de se determinar que a condenação limite-se a exatamente os valores indicados para cada pedido na petição inicial, sob pena de violação aos artigos 141 e 492 do CPC . 1.15. No caso concreto, diferentemente do que entendeu o acórdão regional recorrido, no que diz respeito à indicação dos pedidos liquidados na petição inicial, a dicção dos dispositivos acima deve ser cotejada não só com uma interpretação teleológica do art. 840, §1º, da CLT, como também com os princípios da informalidade e da simplicidade, que orientam toda a lógica processual trabalhista. A partir desses princípios, no âmbito desta Justiça Especializada, não se pode exigir das partes reclamantes que, para que recebam a integralidade das verbas a que realmente fazem jus ao final de uma demanda trabalhista, correndo o risco de uma decisão citra, ultra ou extra petita, submetam-se, eventualmente, às regras de produção antecipada de prova e/ou contratação de serviço contábil especializado, a fim de liquidar com precisão cada um dos pedidos para adimplir a exigência do artigo 840, §1º, da CLT e, somente depois disso, ajuizar uma demanda trabalhista. Interpretação nesse sentido afrontaria, a um só tempo, o princípio da oralidade e o dispositivo, que, em conjunto, asseguram às partes reclamantes o direito de ir a juízo pleitear as verbas que entendem lhe serem devidas. 1.16. Ou seja, a análise sobre a necessidade de limitação do valor da condenação àqueles previamente apresentados na exordial deve ser orientada por uma perspectiva teleológica do direito processual do trabalho, cuja interpretação dos dispositivos que o integram deve, pois, ser sempre norteada pelos princípios do amplo acesso à jurisdição (art. 5º, XXXV, da CF), dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, da CF), proteção social do trabalho (art. 1º, IV, da CF). 1.17. Em atenção a isso e considerando o impacto do art. 840, §1º, da CLT na processualística trabalhista, assim como a necessidade de oferecer ao jurisdicionado a segurança jurídica indispensável a possibilitar estabilidade das relações processuais, este Tribunal Superior do Trabalho aprovou a Instrução Normativa nº 41/2018, que determina que "Para fim do que dispõe o art. 840, §§ 1º e 2º, da CLT, o valor da causa será estimado, observando-se, no que couber, o disposto nos arts. 291 a 293 do Código de Processo Civil" . 1.18. A interpretação do art. 840, §1º, da CLT, aliada aos princípios mencionados permite chegar à conclusão de que, tendo o reclamante apresentado, em sua petição inicial, pedido certo e determinado com indicação de valor - estimado -, por um lado, atende-se à exigência do art. 840, §1º, da CLT. Por outro lado, possibilita ao polo passivo o integral exercício da ampla defesa e do contraditório, assegurados pelo artigo 5º, LV, da CF. Trata-se, assim, de interpretação que observa os princípios constitucionais do trabalho, conferindo, igualmente, efetivamente ao referido artigo celetista. 1.19. Assim, a Instrução Normativa nº 41/2018 ao se referir ao "valor estimado da causa" acaba por delimitar que o pedido apresentado na petição inicial "com indicação de seu valor" a que se refere o art. 840, §1º, da CLT deve ser considerado de forma estimada, eis que inexiste nos dispositivos do CPC a que faz remissão a instrução normativa qualquer delimitação em sentido contrário. O artigo 291, do CPC, pertinente à análise ora empreendida apenas se refere à necessidade de indicação de "valor certo" da causa, inexistindo, portanto, qualquer obrigação de liquidação do valor da causa, tampouco do pedido, com efeito vinculativo à condenação. Ainda, considerando-se a necessária aplicação supletiva do CPC à hipótese, a ausência de indicação de valores na petição inicial não deve ter como consequência a extinção do feito sem resolução do mérito, devendo-se oportunizar à parte a possibilidade de saneamento do defeito, no prazo de 15 dias, por aplicação analógica da Súmula 263 deste TST c/c arts. 4º, 6º e 317 do CPC. 1.20. Nesse mesmo sentido, interpretando a redação do parágrafo 2º do artigo 12 da IN 41/2018 em confronto com as exigências do art. 840, §1º, da CLT e, igualmente dos artigos 141 e 492 do CPC, este Tribunal Superior do Trabalho acumula precedentes no sentido de que os valores constantes nos pedidos apresentados de forma líquida na exordial devem ser considerados apenas como fim estimado, não havendo limitação da condenação àquele montante. 1.21. A partir do exposto, na hipótese vertente, em que a inicial foi ajuizada em 24/07/2020, incidem as normas processuais previstas na CLT após as alterações da Lei 13.467/2017. Portanto, os valores constantes nos pedidos apresentados de forma líquida na reclamação trabalhista devem ser considerados como mera estimativa, não sendo necessária qualquer ressalva e/ou indicação de se tratarem de valores estimados, eis que já devem ser assim considerados por força da Instrução Normativa nº 41/2018 c/c art. 840, §1º, da CLT e dos princípios constitucionais que regem o processo do trabalho, em especial os princípios do amplo acesso à jurisdição (art. 5º, XXXV, da CF), dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, da CF), proteção social do trabalho (art. 1º, IV, da CF). Recurso de revista conhecido e provido. HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS. BENEFICIÁRIOS DA JUSTIÇA GRATUITA. ARTS. 791-A, § 4º, E 790-B DA CLT. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE Nº 5.766/DF. TRANSCENDÊNCIA POLÍTICA RECONHECIDA. 2.1. Este Relator vinha entendendo pela inconstitucionalidade integral dos dispositivos relativos à cobrança de honorários advocatícios do beneficiário da gratuidade judiciária, com base na certidão de julgamento da ADI 5.766/DF, julgada em 20/10/2021. 2.2. Contudo, advinda a publicação do acórdão, em 03/05/2022, restou claro que o Supremo Tribunal Federal, no julgamento da referida ação, declarou a inconstitucionalidade do trecho " desde que não tenha obtido em juízo, ainda que em outro processo " do art. 791-A, § 4º, e do trecho " ainda que beneficiária da justiça gratuita" , constante do caput do art. 790-B, e da integralidade do § 4º do mesmo dispositivo, todos da CLT. 2.3. Em sede de embargos de declaração o Supremo Tribunal Federal reafirmou a extensão da declaração de inconstitucionalidade desses dispositivos, nos termos em que fixada no acórdão embargado, em razão da existência de congruência com o pedido formulado pelo Procurador-Geral da República. 2.4. A inteligência do precedente firmado pelo Supremo Tribunal Federal não autoriza a exclusão da possibilidade de que, na Justiça do Trabalho, com o advento da Lei nº 13.467/17, o beneficiário da justiça gratuita tenha obrigações decorrentes da sucumbência que restem sob condição suspensiva de exigibilidade; o que o Supremo Tribunal Federal reputou inconstitucional foi a presunção legal, iure et de iure , de que a obtenção de créditos na mesma ou em outra ação, por si só, exclua a condição de hipossuficiente do devedor. 2.5. Vedada, pois, é a compensação automática insculpida na redação original dos dispositivos; prevalece, contudo, a possibilidade de que, no prazo de suspensão de exigibilidade, o credor demonstre a alteração do estado de insuficiência de recursos do devedor, por qualquer meio lícito, circunstância que autorizará a execução das obrigações decorrentes da sucumbência. 2.6. Assim, os honorários de advogado sucumbenciais devidos pela parte reclamante ficam sob condição suspensiva de exigibilidade e somente poderão ser executados se, nos dois anos subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que os certificou, o credor demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência de recursos do devedor, que, contudo, não poderá decorrer da mera obtenção de outros créditos na presente ação ou em outras. Passado esse prazo, extingue-se essa obrigação do beneficiário. 2.7. Na presente hipótese, a Corte de origem, ao aplicar a literalidade do art. 791-A, § 4º, da CLT, decidiu em desconformidade com o entendimento firmado pelo Supremo Tribunal Federal. Recurso de revista conhecido e parcialmente provido" (RRAg-820-10.2020.5.12.0050, 3ª Turma, Relator Ministro Alberto Bastos Balazeiro, DEJT 24/03/2023) destaquei. "PEDIDOS LÍQUIDOS. LIMITAÇÃO DA CONDENAÇÃO AOS VALORES DE CADA PEDIDO. APLICAÇÃO DO ART. 840, § 1º, DA CLT, ALTERADO PELA LEI 13.467/2017. TRANSCENDÊNCIA JURÍDICA . A controvérsia gira em torno da aplicação do artigo 840, § 1º, da CLT, que foi alterado pela Lei 13.467/2017. No caso em tela, o debate acerca do art. 840, § 1º, da CLT, detém transcendência jurídica, nos termos do art. 896-A, § 1º, IV, da CLT. Transcendência reconhecida. AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA DA RECLAMANTE SOB A ÉGIDE DA LEI 13.467/2017. PEDIDOS LÍQUIDOS. LIMITAÇÃO DA CONDENAÇÃO AOS VALORES DE CADA PEDIDO. APLICAÇÃO DO ART. 840, § 1º, DA CLT, ALTERADO PELA LEI 13.467/2017. Agravo de instrumento provido, ante possível violação do art. 840, § 1º, da CLT. RECURSO DE REVISTA DA RECLAMANTE SOB A ÉGIDE DA LEI 13.467/2017. PEDIDOS LÍQUIDOS. LIMITAÇÃO DA CONDENAÇÃO AOS VALORES DE CADA PEDIDO. APLICAÇÃO DO ART. 840, § 1º, DA CLT, ALTERADO PELA LEI 13.467/2017. REQUISITOS DO ARTIGO 896, § 1º-A, DA CLT, ATENDIDOS. A controvérsia acerca da limitação da condenação aos valores liquidados apresentados em cada pedido da inicial tem sido analisada, pela jurisprudência dominante, apenas sob a égide dos artigos 141 e 492 do Código de Processo Civil. Por certo que aludidos dispositivos do CPC são aplicados subsidiariamente no processo trabalhista. Entretanto, no que se refere à discussão acerca dos efeitos dos pedidos liquidados, apresentados na inicial trabalhista, os dispositivos mencionados do CPC devem ceder espaço à aplicação dos parágrafos 1º e 2º do artigo 840 da CLT, que foram alterados pela Lei 13.467/2017. Cumpre esclarecer que o TST, por meio da Resolução nº 221, de 21/06/2018, considerando a vigência da Lei 13.467/2017 e a imperativa necessidade de o TST posicionar-se, ainda que de forma não exaustiva, sobre a aplicação das normas processuais contidas na CLT alteradas ou acrescentadas pela Lei 13.467/2017, e considerando a necessidade de dar ao jurisdicionado a segurança jurídica indispensável a possibilitar estabilidade das relações processuais, aprovou a Instrução Normativa nº 41/2018, que no seu art. 12, § 2º, normatizou que "para fim do que dispõe o art. 840, §§ 1º e 2º, da CLT, o valor da causa será estimado (...)". A Instrução Normativa nº 41/2018 do TST, aprovada mediante Resolução nº 221, em 02/06/2018, registra que a aplicação das normas processuais previstas na CLT, alteradas pela Lei 13.467/2017, com eficácia a partir de 11/11/2017, é imediata, sem atingir, no entanto, situações pretéritas iniciadas ou consolidadas sob a égide da lei revogada. Portanto, no caso em tela, em que a inicial foi ajuizada no ano 2018, hão de incidir as normas processuais previstas na CLT alteradas pela Lei 13.467/2017. Assim, a discussão quanto à limitação da condenação aos valores constantes nos pedidos apresentados de forma líquida na exordial deve ser considerada apenas como fim estimado, conforme normatiza o parágrafo 2º do artigo 12 da IN 41/2018 desta Corte. A decisão regional que limitou a condenação aos valores atribuídos aos pedidos na inicial configura ofensa ao art. 840, § 1º, da CLT. Há precedentes desta Turma. Recurso de revista conhecido e provido" (RRAg-1000166-83.2019.5.02.0255, 6ª Turma, Relator Ministro Augusto Cesar Leite de Carvalho, DEJT 18/03/2022) destaquei. Devem ser deduzidos os valores pagos sob idênticos títulos aos aqui deferidos, evitando o enriquecimento sem causa. Deverá a parte reclamada comprovar eventuais recolhimentos previdenciários e tributários incidentes, na forma da lei e do Provimento Geral Consolidado do Tribunal desta 18ª Região da Justiça do Trabalho. A atualização monetária, em observância ao decidido pelo STF na ADC 58 MC-AGR / DF, de 18/12/2020, e às alterações posteriores promovidas pela Lei 14.905/2024, conforme decisão da SDI1 do C. TST nos autos E-ED-RR - 713-03.2010.5.04.0029, de lavra do Exmo. Ministro ALEXANDRE AGRA BELMONTE, publicado no dia 25.10.2024, deve observar: a) o IPCA-E na fase pré-judicial acrescido dos juros de mora (art. 39, caput, da Lei 8.177, de 1991); b) a partir do ajuizamento da ação até 29/08/2024, a taxa SELIC, sendo vedada a cumulação com outra taxa de juros, e c) a partir de 30/08/2024, no cálculo da atualização monetária, será utilizado o IPCA (art. 389, parágrafo único, do Código Civil); os juros de mora corresponderão ao resultado da subtração SELIC - IPCA (art. 406, parágrafo único, do Código Civil), com a possibilidade de não incidência (taxa 0), nos termos do § 3º do artigo 406. O reclamante pretende "A indisponibilização dos bens e contas correntes da reclamada para a garantia da efetivação da justiça". Embora o pedido inicial tenha sido julgado procedente, o reclamante não comprovou que a ex-empregadora se encontra em dificuldades financeiras e/ou que há risco real e iminente de dilapidação do patrimônio que possam frustrar futura execução. Dessa forma, em face da ausência de comprovação de motivos que justifiquem a adoção da indisponibilidade de bens e contas-correntes da reclamada, indefiro o pedido. 3-DISPOSITIVO Ante o exposto, julgo procedente, o pedido, para condenar CMOC BRASIL MINERACAO, INDUSTRIA E PARTICIPACOES LTDA a cumprir em favor de DANIEL ESTRELA BORGES, as obrigações impostas nos fundamentos, na forma e nos exatos termos neles descritos, eis que sua íntegra constitui parte deste dispositivo. Honorários advocatícios a cargo da reclamada, conforme fundamentação, observada a condição suspensiva de exigibilidade. Liquidação por cálculos, acrescido de atualização, nos termos da fundamentação acima. Natureza jurídica das verbas contempladas nesta sentença na forma do art. 28, § 9º, da lei 8212/91. A parte reclamada deve comprovar os recolhimentos previdenciários e fiscais, no prazo legal, autorizada a dedução da cota parte que cabe a parte autora, na forma da lei e do Provimento Geral Consolidado deste Eg. Tribunal da 18ª Região da Justiça do Trabalho. Os recolhimentos deverão ser feitos no prazo legal e comprovados em Juízo no prazo de cinco (05) dias, após a data do recolhimento, devendo a reclamada preencher e enviar a Guia de Recolhimento ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social – GFIP e Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais Previdenciários e de Outras Entidades e Fundos (DCTFWeb) e DARF, nos termos do art. 19, inciso V, da Instrução Normativa RFB nº 2.005/2021, (válida a partir de 01/10/2023), em conformidade com o disposto no artigo 178 e parágrafos do Provimento Geral Consolidado deste E. Tribunal, sendo que o descumprimento sujeitará o infrator a pena de multa e demais sanções administrativas, nos termos dos artigos 32, § 10, e 32-A, da Lei nº 8.212/91, bem como do artigo 284, I, do Decreto nº 3.048, de 6 de maio de 1999, sem prejuízo de execução (art. 86/PGC-TRT/18). Custas, pela reclamada, no importe de R$600,00, apuradas sobre o valor de R$30.000,00, provisoriamente arbitrado para a condenação. Intimem-se. Nada mais. MARCELO ALVES GOMES Juiz Titular de Vara do Trabalho Intimado(s) / Citado(s) - CMOC BRASIL MINERACAO, INDUSTRIA E PARTICIPACOES LTDA.

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Daniel Estrela Borges x Cmoc Brasil Mineracao, Industria E Participacoes Ltda.

ID: 279783518

Tribunal: TRT18 Órgão: VARA DO TRABALHO DE CATALÃO Classe: AçãO TRABALHISTA - RITO ORDINáRIO Nº Processo: 0011841-91.2024.5.18.0141

Data de Disponibilização: 26/05/2025

Polo Ativo:

DANIEL ESTRELA BORGES

Polo Passivo:

CMOC BRASIL MINERACAO, INDUSTRIA E PARTICIPACOES LTDA.

Notificação

Advogados:

THIAGO FERREIRA ALMEIDA

OAB/GO XXXXXX Desbloquear

EDUARDO JUNQUEIRA DE OLIVEIRA MARTINS

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

RENATO RODRIGUES VIEIRA

OAB/GO XXXXXX Desbloquear

PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 18ª REGIÃO VARA DO TRABALHO DE CATALÃO ATOrd 0011841-91.2024.5.18.0141 AUTOR: DANIEL ESTRELA BORGES RÉU: CMOC BRASIL MINERA… PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 18ª REGIÃO VARA DO TRABALHO DE CATALÃO ATOrd 0011841-91.2024.5.18.0141 AUTOR: DANIEL ESTRELA BORGES RÉU: CMOC BRASIL MINERACAO, INDUSTRIA E PARTICIPACOES LTDA. INTIMAÇÃO Fica V. Sa. intimado para tomar ciência da Sentença ID 3f235b2 proferida nos autos, cujo dispositivo consta a seguir: SENTENÇA 1-RELATÓRIO DANIEL ESTRELA BORGES deduz em Juízo pretensões em desfavor de CMOC BRASIL MINERACAO, INDUSTRIA E PARTICIPACOES LTDA. Encontram-se as partes qualificadas nos autos. A parte reclamante busca a condenação da outra parte ao cumprimento das obrigações que relaciona na inicial. Atribui valor à causa. A reclamada apresentou defesa, sob forma de contestação, impugnando as pretensões formuladas na inicial e juntando documentos. O reclamante manifestou-se sobre a defesa e documentos. Realizada audiência de instrução, foram ouvidas as partes e 02 testemunhas. Sem outras provas foi encerrada a instrução processual. Infrutíferas as tentativas de conciliação. Razões finais remissivas. É o relatório. 2-FUNDAMENTAÇÃO 2.1. Polo passivo: Retifique-se o polo passivo para fazer constar "CMOC BRASIL MINERAÇÃO, INDÚSTRIA E PARTICIPAÇÕES LTDA, CNPJ nº 26.108.898/0004-52". 2.2. Continência: A reclamada suscita preliminar de continência desta ação, com os processos 0011839-24.2024.5.18.0141, 0011843-61.2024.5.18.0141, todos propostos pelo reclamante. Pois bem. A reclamada indicou o objeto dos processos propostos pelo reclamante, sendo "0011839-24.2024.5.18.0141: horas extras pela supressão do intervalo intrajornada" e "0011843-61.2024.5.18.0141: Horas extras decorrentes da redução ficta da hora noturna, horas extras pela descaracterização do turno ininterrupto, minutos residuais". O objeto da presente ação (0011841-91.2024.5.18.0141) é a condenação da reclamada ao pagamento de diferenças salariais, decorrentes da "Equiparação salarial com Sergio Ribeiro Neto". Quanto ao pedido de honorários sucumbenciais, embora ele tenha sido apresentado em todas as ações, eles são devidos sobre o proveito econômico obtido em cada uma delas, e portanto, não há que se falar em continência. Logo, não vislumbro a existência de continência entre as ações, tendo em vista que os pedidos formulados na presente ação não são mais abrangentes do que nos demais processos, mas sim, pedidos distintos com causas de pedir diferentes. Rejeito. 2.3. Prescrição quinquenal: Ajuizada a presente ação aos 28/10/2024, e atento a suspensão do prazo prescricional de 140 dias, estabelecido no artigo 3º, da Lei n. 14.010/2020, pronuncio a prescrição dita "quinquenal", o que fulmina todas as pretensões de natureza condenatória, cuja mora ocorreu anteriormente a 12/06/2019, extinguindo os pedidos respectivos com resolução de mérito. 2.4. Confissão quanto a matéria de fato: O reclamante juntou aos autos atestado médico (ID e1da474) para comprovar a impossibilidade de comparecer à audiência do dia 11/03/2025. O atestado médico do dia 12/03/2025, atestada que o reclamante estava impossibilitado de exercer as atividades durante 06 dias, a contar de 06/03/2025. Logo, restou comprovada a impossibilidade de participação do reclamante na audiência do dia 11/03/2025, não havendo que se falar em aplicação da confissão quanto à matéria de fato. Rejeito. 2.5. Equiparação salarial: A inicial informa: "O reclamante exerceu a função de Eletricista de Manutenção Eletroeletronica na reclamada durante todo o seu contrato de trabalho, recebendo o salário base no mês de fevereiro de 2023 no importe R$4.020,70 (quatro mil, vinte reais e setenta centavos), ocorre que, o reclamante labora em identidade funcional, com mesma qualidade e perfeição tecnica que o Paradigma Sergio Ribeiro Neto, sendo que o Paradigma recebeu o salário base no mês de fevereiro de 2023 no importe de R$ 4.611,97 (quatro mil, seiscentos e onze reais e noventa e sete centavos)". Requer o reconhecimento da equiparação salarial solicitada e a consequente condenação "da reclamada ao pagamento das diferenças salárias mensais, bem como, as diferenças no aviso previo indenizado, descanso semanal remunerado, décimo terceiro salário, nas horas itineres percebidas, nas horas extras realizadas, nas férias acrescidas com o adicional de 3/3, no adicional noturno, PLR, no adicional de periculosidade e no FGTS (depósitos mais a multa de 40%)". A reclamada, em apertada síntese, nega os fatos, bem como a presença dos requisitos para deferimento da equiparação salarial. Requer a improcedência do pleito. Analiso. Consoante o disposto no artigo 461, da CLT, o empregado tem direito à equiparação salarial quando comprovada a identidade de funções e não existir entre o trabalhador e o paradigma tempo de serviço na função superior a dois anos, tempo de serviço para o mesmo empregador superior a quatro anos, diferença de produtividade e de perfeição técnica entre o trabalho de ambos e quadro de carreira. Quanto ao ônus da prova dos requisitos da equiparação salarial, incumbe a parte reclamante a prova da identidade de funções e da existência da simultaneidade na prestação dos serviços. A reclamada juntou as fichas de registro do reclamante e do paradigma (Sergio Ribeiro Neto), indicando que foram admitidos em 19/11/2014 e 19/05/20214, respectivamente. Quanto às funções, o reclamante foi admitido na função de "Eletricista Manutencao C" e passou para "Eletricista Manutencao B" em 01/01/2021, sendo que o paradigma em também foi admitido como "Eletricista Manutencao C", mas passou em 01/02/2017 para função de "Eletricista Manutencao B" e em 01/12/2020 para "Eletricista Manutencao A". A prova oral noticia: "que enquanto eletricista C, como era eletricista de turno, não havia diferença nas funções com os demais eletricistas; que todos faziam a mesma coisa; que passou a eletricista B mais ou menos em 2020; que apesar da mudança de nomenclatura do cargo, continuou a executar as mesmas tarefas; que nessa mesma época Sérgio foi transferido para eletricista A; que executava as mesmas funções que Sérgio; ..." (depoimento do reclamante, ID f48fb99, grifei) "... que Sérgio desempenhava função superior; que o serviço executado por Sérgio não era o mesmo executado pelo reclamante; que o reclamante e Sérgio trabalhavam no mesmo site; que ambos eram eletricistas de turno, apesar de trabalharem em turnos diferentes; que a produção /qualidade do serviço não eram as mesmas; que Sérgio executava atividades de mais alta complexidade e o reclamante não." (depoimento do preposto da reclamada, ID f48fb99) "que trabalhou para a reclamada de 2018 a janeiro/2025, como operador de produção C; que trabalhou com o reclamante no mesmo turno, desde o início do contrato do depoente; ... que conheceu Sérgio; que as vezes trabalhou junto com Sérgio; que Sérgio e o reclamante executavam as mesmas tarefas, sem qualquer diferença; que todos executavam as mesmas tarefas; que todos os eletricistas de turno executam as mesmas tarefas; que a produtividade de ambos era a mesma; que o eletricista atende a todas as áreas e atendia a área do depoente, por isso pode afirmar o que disse; que tinha constante com os eletricistas." (JAIME MONTEIRO DA SILVA, testemunha indicada pelo reclamante, ID f48fb99, grifei) "que trabalha para a reclamada desde 2007; que trabalhou com o reclamante, mas não no mesmo turno; que o depoente trabalha no turno administrativo e nesses horários encontrava com o reclamante; ... que conhece Sérgio; que Sérgio executava as mesmas funções do reclamante; que os dois eram eletricistas, mas não sabe a nomenclatura de seus cargos, se A, B ou C; que a diferença era apenas de nomenclatura; que a diferença entre eletricista A, B e C é de nível técnico do profissional; que Sérgio era mais um líder de seu turno; que o reclamante era eletricista de seu turno; que o parceiro do reclamante era o líder do turno; que as atividades mais técnicas o eletricista A executa e o B não tem nível técnico para executar; que vez ou outra o reclamante fazia serviço de eletricista A, mas não pode informar se com a mesma capacidade; que acredita que o reclamante nesses casos estava acompanhado de outro eletricista para ajudá-lo; ... que não pode informar sobre os eletricistas de turno; que em cada turno há um eletricista e um instrumentista; que Sérgio era eletricista de um turno e o reclamante eletricista de outro turno." (BRUNO BORGES PEIXOTO, testemunha indicada pela reclamada, ID f48fb99, grifei) Os depoimentos convencem da identidade de funções desempenhadas pelo reclamante e pelo paradigma, pois a testemunha Jaime confirmou as informações da exordial, no sentido de que eles exerciam as mesas tarefas, sem qualquer diferença e com a mesma qualidade. A testemunha Bruno disse "que não pode informar sobre os eletricistas de turno; que em cada turno há um eletricista e um instrumentista; que Sérgio era eletricista de um turno e o reclamante eletricista de outro turno”. Ora, se a testemunha não pode informar sobre os eletricistas de turno e logo a seguir confirmou que o reclamante e o paradigma eram eletricistas de turno, a testemunha não pode também afirmar se havia diferença de atividades/tarefas por eles executadas. Nesse rumo, considerando que os documentos juntados aos autos demonstram que enquanto o reclamante e o paradigma exerceram a mesma função "Eletricista Manutencao C" eles recebiam o mesmo salário base, isto é, R$2.661,51. Portanto, o reclamante se desincumbiu do ônus que lhe competia, pois a prova oral demonstra que não havia diferenças de atividades entre o reclamante e o paradigma. Dessa forma, restaram comprovados os requisitos para a pretendida equiparação salarial, sendo indevidas as diferenças postuladas. Pelo exposto, defiro o pedido de reconhecimento da equiparação salarial e a consequente de condenação "da reclamada ao pagamento das diferenças salárias mensais, bem como, as diferenças no aviso previo indenizado, descanso semanal remunerado, décimo terceiro salário, nas horas itineres percebidas, nas horas extras realizadas, nas férias acrescidas com o adicional de 3/3, no adicional noturno, PLR, no adicional de periculosidade e no FGTS (depósitos mais a multa de 40%)", que se apurar em liquidação de sentença, conforme contracheques juntados e na ausência a diferenças salaria indicada na inicial. 2.6. Demais requerimentos: Concedo à parte reclamante o "benefício da justiça gratuita" na forma do §3º, do art. 790, da CLT, pois a declaração juntada aos autos, não infirmada por outras provas, basta para comprovar que a parte não tem condições de suportar custas e despesas do processo, sem prejuízo de seu sustento e de sua família. Ademais, a jurisprudência do C/TST é no sentido de que a simples declaração de hipossuficiência econômica basta a sustentar o deferimento dos benefícios da justiça gratuita, mesmo após a chamada “Reforma Trabalhista”. Nesse sentido: “AGRAVO. RECURSO DE REVISTA. ACÓRDÃO PUBLICADO NA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.467/2017. BENEFÍCIO DA JUSTIÇA GRATUITA. PESSOA FÍSICA. COMPROVAÇÃO DE INSUFICIÊNCIA DE RECURSOS POR SIMPLES DECLARAÇÃO. TRANSCENDÊNCIA JURÍDICA RECONHECIDA. Cinge-se a controvérsia a definir se a simples declaração de hipossuficiência econômica é suficiente para a comprovação do estado de pobreza do reclamante, para fins de deferimento dos benefícios da justiça gratuita, em ação ajuizada após a vigência da Lei n° 13.467/2017. Segundo o artigo 790, §§ 3º e 4º, da CLT, com as alterações impostas pela Lei nº 13.467/2017, o benefício da gratuidade da Justiça será concedido àqueles que perceberem salário igual ou inferior a 40% do limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social, ou àqueles que comprovarem insuficiência de recursos. Já o artigo 5º, LXXIV, da Constituição Federal consagra o dever do Estado de prestar assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos e o artigo 99, § 3º, do CPC, de aplicação supletiva ao processo do trabalho, consoante autorização expressa no artigo 15 do mesmo Diploma, dispõe presumir-se verdadeira a alegação de insuficiência deduzida por pessoa natural. A partir da interpretação sistemática desses preceitos, não é possível exigir dos trabalhadores que buscam seus direitos na Justiça do Trabalho - na sua maioria, desempregados - a comprovação de estarem sem recursos para o pagamento das custas do processo. Deve-se presumir verdadeira a declaração de pobreza firmada pelo autor ou feita por seu advogado, com poderes específicos para tanto. Agravo Interno e Recurso de Revista conhecidos e providos. (PROCESSO Nº TST-Ag-RRAg-1001410-91.2018.5.02.0090 – 5ª Turma – Ministro Redator Designado ALBERTO BASTOS BALAZEIRO) Aos fundamentos acima, “não é possível exigir dos trabalhadores que buscam seus direitos na Justiça do Trabalho - na sua maioria, desempregados - a comprovação de estarem sem recursos para o pagamento das custas do processo”. Assim, mesmo após a após a vigência da Lei n° 13.467/2017, a apresentação de declaração de hipossuficiência econômica da pessoa natural é suficiente para a concessão dos benefícios da gratuidade da Justiça, conforme Súmula 463, I, do TST: “para a concessão da assistência judiciária gratuita à pessoa natural, basta a declaração de hipossuficiência econômica firmada pela parte ou por seu advogado, desde que munido de procuração com poderes específicos para esse fim”. Tendo em vista que não há sucumbência da parte reclamante, não há que se falar em honorários do advogado da reclamada. Indefiro. Condeno a reclamada ao pagamento dos honorários de sucumbência ao(a) advogado(a) da parte autora, no importe de 7,5%, observando os critérios fixados no §2º, do artigo 791-A, da CLT, calculados sobre o valor líquido dos pedidos acolhidos/deferidos (conforme capítulos anteriores), devidamente atualizado, conforme se apurar em liquidação de sentença. A apuração da condenação da parte reclamada ao pagamento das verbas postuladas na inicial não deverá observar como limite os valores indicados na causa de pedir e pedido da exordial, pois conforme Instrução Normativa nº 41/2018, que determina que "Para fim do que dispõe o art. 840, §§ 1º e 2º, da CLT, o valor da causa será estimado, observando-se, no que couber, o disposto nos arts. 291 a 293 do Código de Processo Civil", os valores são sempre “estimados”, independentemente de ressalva ou não na petição inicial. Nesse sentido transcrevo ementas de casos paradigmas julgados pelo C/TST, adotando-as como razões de decidir: "AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. LEIS Nos 13.015/2014 E 13.467/2017. JUROS. CORREÇÃO MONETÁRIA. PARÂMETROS. AUSÊNCIA DE TRANSCRIÇÃO DA DECISÃO RECORRIDA. INOBSERVÂNCIA DO PRESSUPOSTO RECURSAL PREVISTO NO ART. 896, §1º-A, I, DA CLT. TRANSCENDÊNCIA NÃO RECONHECIDA Por força do comando do art. 896, §1º-A, I, da CLT, para viabilizar o exame do recurso de revista, a parte deve transcrever nas razões de recorrente o trecho do acórdão regional que consubstancia o prequestionamento da controvérsia. Na hipótese, a parte agravante não atendeu ao referido pressuposto intrínseco de admissibilidade recursal, razão pela qual resulta inviável o processamento do apelo. Agravo de instrumento a que se nega provimento. II - RECURSO DE REVISTA. LEIS Nos 13.015/2014 E 13.467/2017. LIMITES DA LIDE. IMPOSSIBILIDADE DE LIMITAÇÃO DA CONDENAÇÃO AOS VALORES ATRIBUÍDOS AOS PEDIDOS NA PETIÇÃO INICIAL. INTERPRETAÇÃO TELEOLÓGICA DO ART. 840, §1º, DA CLT. INAFASTABILIDADE DO JUS POSTULANDI E DOS PRINCÍPIOS DO AMPLO ACESSO À JURISDIÇÃO (ART. 5º, XXXV, DA CF), DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA (ART. 1º, III, DA CF), PROTEÇÃO SOCIAL DO TRABALHO (ART. 1º, IV, DA CF), DO CONTRADITÓRIO E DA AMPLA DEFESA (ART. 5º, LV DA CF), DA IMEDIAÇÃO (ART. 820, DA CLT), DA INFORMALIDADE, SIMPLICIDADE, DISPOSITIVO. APLICAÇÃO DA REGRA ESPECIAL PREVISTA NA IN 41/2018 C/C ART. 840, §1º, DA CLT. VALORES INDICADOS NA PETIÇÃO COMO MERA ESTIMATIVA. DESNECESSIDADE DE INDICAÇÃO DE RESSALVA QUANTO AO CARÁTER ESTIMADO DOS VALORES. 1.1. Trata-se de recurso de revista com fulcro no art. 896, c, da CLT, em que se pretende a reforma do acórdão regional recorrido quanto à limitação da condenação aos valores atribuídos a cada pedido apresentado já na exordial. O recorrente aponta violação aos arts. 840, §1º da CLT e divergência jurisprudencial. 1.2. A adequada interpretação jurídica das alterações promovidas pela Lei nº 13.467/2017 aos parágrafos 1º e 2º do artigo 840, da CLT proporciona impacto na prática trabalhista, eis que introduz novos requisitos aos pedidos trazidos nas petições iniciais protocolizadas nas Varas do Trabalho. 1.3. A exigência de se consignar, na petição inicial, pedidos certos e determinados já era observada nas reclamações trabalhistas, uma vez que a antiga redação do art. 840, §1º, da CLT não continha detalhes acerca do conteúdo e especificações do pedido. Assim, aplicavam-se subsidiariamente (arts. 769, da CLT e 15, do CPC) os artigos 322 e 324 do CPC, quanto à necessidade de que os pedidos fossem certos e determinados. Com a entrada em vigor da Lei nº 13.467/2017, o §1º do art. 840, da CLT torna-se norma específica que disciplina os requisitos da petição inicial no processo do trabalho. Portanto, além de estipular que os pedidos devem ser certos e determinados, inaugura-se a obrigatoriedade de que cada um contenha a indicação de seu valor. 1.4. Sob este viés, a exigência de indicação do valor dos pedidos determinada pelo artigo 840, §1º, da CLT objetiva que, desde a petição inicial, as partes delimitem, com razoável destreza, o alcance de sua pretensão. 1.5. A despeito disso, a redação do artigo 840, §1º, da CLT de determinação de indicação do valor na petição inicial não é inédita no sistema processual trabalhista. Desde os anos 2000, por meio do art. 852-B, I, da CLT (introduzida pela Lei nº 9.957/2000), passou-se a exigir que as petições iniciais submetidas ao rito sumaríssimo fossem líquidas, por se tratarem de causas que, dada a natureza, possuem condições de ser examinadas de forma mais célere pela Justiça do Trabalho, 1.6. Assim, o artigo 840, §1º, da CLT passou a prever uma equivalência entre os requisitos da petição inicial das ações submetidas ao rito sumaríssimo e àquelas sob o rito ordinário, cuja natureza das demandas, no entanto, tende a ser de ordem mais complexa. 1.7. Efetivamente, antes das alterações promovidas pela Lei nº 13.467/2017 nas ações submetidas ao rito ordinário, o quantum debeatur era estabelecido em fase própria de certificação, qual seja, a liquidação de sentença. Ou seja, apenas depois de ultrapassada toda a instrução processual, orientada pelo princípio da imediação, previsto no art. 820 da CLT, com a respectiva colheita de provas e análise de cada uma delas, iniciava-se o momento processual de liquidação dos pedidos. 1.8. Por força das determinações legais de serem apresentados pedidos certos e determinados, o sistema processual trabalhista então vigente, como houvera de ser, detinha preservados a ampla defesa e o contraditório do réu, que tinha ao seu dispor a possibilidade de contestar cada um dos pedidos, seja na fase de conhecimento, seja na de liquidação. 1.9. Isto é, o novo comando do art. 840, §1º, da CLT incorpora às demandas trabalhistas sob o rito ordinário critérios técnicos jamais antes exigidos e, uma vez não cumpridos, ter-se-á como consequência, a extinção do processo sem resolução de mérito, conforme determina o também novo §3º, do art. 840, da CLT. Com isso, passou-se a atribuir aos reclamantes o encargo processual de, para ingressar com uma demanda trabalhista, apresentar valores que venham a corresponder ao objeto dos pedidos, sem antes se ter iniciada a fase de instrução processual. 1.10. Inobstante, o rigor técnico exigido pelo art. 840, §1º, da CLT, interpretado de forma dissociada das demais normas e princípios que regem a processualística trabalhista, conduz a um estreitamento do jus postulandi (art. 791, da CLT), que historicamente é uma das características que mais singularizam, em essência, a jurisdição trabalhista. A contrario sensu, preservando-se essa orientação, mesmo com a nova redação do artigo 840, §1º, da CLT manteve-se a orientação de que, na petição inicial, basta "uma breve exposição dos fatos", uma vez que as partes, via de regra, não possuem conhecimentos técnicos para formular ' fundamentos jurídicos do pedido. 1.11. Nesse cenário, a interpretação gramatical do dispositivo pode conduzir à mitigação do jus postulandi, em desatenção ao princípio do amplo acesso à jurisdição (art. 5º, XXXV, da CF). 1.12. A determinação de indicação dos valores dos pedidos nas causas submetidas ao rito ordinário tem como reflexo a controvérsia trazida pela parte recorrente em seu recurso de revista, qual seja, a eventual vinculação ou limitação da condenação aos valores atribuídos a cada pedido apresentado já na exordial. 1.13. De fato, de acordo com a regra da congruência entre os pedidos formulados na ação e a condenação arbitrada (arts. 832, da CLT e arts. 141, §2º e 492, do CPC), nos termos do disciplinado nos arts. 141 e 492 do CPC, os valores indicados na petição inicial de forma líquida limitariam àqueles arbitrados na condenação, sob pena de se incorrer em decisão extra, ultra ou citra petita. 1.14. A partir desse cenário, a natureza do conflito trabalhista submetido à apreciação desta Corte perpassa, entre outros, a averiguação acerca da (im) possibilidade de se determinar que a condenação limite-se a exatamente os valores indicados para cada pedido na petição inicial, sob pena de violação aos artigos 141 e 492 do CPC . 1.15. No caso concreto, diferentemente do que entendeu o acórdão regional recorrido, no que diz respeito à indicação dos pedidos liquidados na petição inicial, a dicção dos dispositivos acima deve ser cotejada não só com uma interpretação teleológica do art. 840, §1º, da CLT, como também com os princípios da informalidade e da simplicidade, que orientam toda a lógica processual trabalhista. A partir desses princípios, no âmbito desta Justiça Especializada, não se pode exigir das partes reclamantes que, para que recebam a integralidade das verbas a que realmente fazem jus ao final de uma demanda trabalhista, correndo o risco de uma decisão citra, ultra ou extra petita, submetam-se, eventualmente, às regras de produção antecipada de prova e/ou contratação de serviço contábil especializado, a fim de liquidar com precisão cada um dos pedidos para adimplir a exigência do artigo 840, §1º, da CLT e, somente depois disso, ajuizar uma demanda trabalhista. Interpretação nesse sentido afrontaria, a um só tempo, o princípio da oralidade e o dispositivo, que, em conjunto, asseguram às partes reclamantes o direito de ir a juízo pleitear as verbas que entendem lhe serem devidas. 1.16. Ou seja, a análise sobre a necessidade de limitação do valor da condenação àqueles previamente apresentados na exordial deve ser orientada por uma perspectiva teleológica do direito processual do trabalho, cuja interpretação dos dispositivos que o integram deve, pois, ser sempre norteada pelos princípios do amplo acesso à jurisdição (art. 5º, XXXV, da CF), dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, da CF), proteção social do trabalho (art. 1º, IV, da CF). 1.17. Em atenção a isso e considerando o impacto do art. 840, §1º, da CLT na processualística trabalhista, assim como a necessidade de oferecer ao jurisdicionado a segurança jurídica indispensável a possibilitar estabilidade das relações processuais, este Tribunal Superior do Trabalho aprovou a Instrução Normativa nº 41/2018, que determina que "Para fim do que dispõe o art. 840, §§ 1º e 2º, da CLT, o valor da causa será estimado, observando-se, no que couber, o disposto nos arts. 291 a 293 do Código de Processo Civil" . 1.18. A interpretação do art. 840, §1º, da CLT, aliada aos princípios mencionados permite chegar à conclusão de que, tendo o reclamante apresentado, em sua petição inicial, pedido certo e determinado com indicação de valor - estimado -, por um lado, atende-se à exigência do art. 840, §1º, da CLT. Por outro lado, possibilita ao polo passivo o integral exercício da ampla defesa e do contraditório, assegurados pelo artigo 5º, LV, da CF. Trata-se, assim, de interpretação que observa os princípios constitucionais do trabalho, conferindo, igualmente, efetivamente ao referido artigo celetista. 1.19. Assim, a Instrução Normativa nº 41/2018 ao se referir ao "valor estimado da causa" acaba por delimitar que o pedido apresentado na petição inicial "com indicação de seu valor" a que se refere o art. 840, §1º, da CLT deve ser considerado de forma estimada, eis que inexiste nos dispositivos do CPC a que faz remissão a instrução normativa qualquer delimitação em sentido contrário. O artigo 291, do CPC, pertinente à análise ora empreendida apenas se refere à necessidade de indicação de "valor certo" da causa, inexistindo, portanto, qualquer obrigação de liquidação do valor da causa, tampouco do pedido, com efeito vinculativo à condenação. Ainda, considerando-se a necessária aplicação supletiva do CPC à hipótese, a ausência de indicação de valores na petição inicial não deve ter como consequência a extinção do feito sem resolução do mérito, devendo-se oportunizar à parte a possibilidade de saneamento do defeito, no prazo de 15 dias, por aplicação analógica da Súmula 263 deste TST c/c arts. 4º, 6º e 317 do CPC. 1.20. Nesse mesmo sentido, interpretando a redação do parágrafo 2º do artigo 12 da IN 41/2018 em confronto com as exigências do art. 840, §1º, da CLT e, igualmente dos artigos 141 e 492 do CPC, este Tribunal Superior do Trabalho acumula precedentes no sentido de que os valores constantes nos pedidos apresentados de forma líquida na exordial devem ser considerados apenas como fim estimado, não havendo limitação da condenação àquele montante. 1.21. A partir do exposto, na hipótese vertente, em que a inicial foi ajuizada em 24/07/2020, incidem as normas processuais previstas na CLT após as alterações da Lei 13.467/2017. Portanto, os valores constantes nos pedidos apresentados de forma líquida na reclamação trabalhista devem ser considerados como mera estimativa, não sendo necessária qualquer ressalva e/ou indicação de se tratarem de valores estimados, eis que já devem ser assim considerados por força da Instrução Normativa nº 41/2018 c/c art. 840, §1º, da CLT e dos princípios constitucionais que regem o processo do trabalho, em especial os princípios do amplo acesso à jurisdição (art. 5º, XXXV, da CF), dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, da CF), proteção social do trabalho (art. 1º, IV, da CF). Recurso de revista conhecido e provido. HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS. BENEFICIÁRIOS DA JUSTIÇA GRATUITA. ARTS. 791-A, § 4º, E 790-B DA CLT. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE Nº 5.766/DF. TRANSCENDÊNCIA POLÍTICA RECONHECIDA. 2.1. Este Relator vinha entendendo pela inconstitucionalidade integral dos dispositivos relativos à cobrança de honorários advocatícios do beneficiário da gratuidade judiciária, com base na certidão de julgamento da ADI 5.766/DF, julgada em 20/10/2021. 2.2. Contudo, advinda a publicação do acórdão, em 03/05/2022, restou claro que o Supremo Tribunal Federal, no julgamento da referida ação, declarou a inconstitucionalidade do trecho " desde que não tenha obtido em juízo, ainda que em outro processo " do art. 791-A, § 4º, e do trecho " ainda que beneficiária da justiça gratuita" , constante do caput do art. 790-B, e da integralidade do § 4º do mesmo dispositivo, todos da CLT. 2.3. Em sede de embargos de declaração o Supremo Tribunal Federal reafirmou a extensão da declaração de inconstitucionalidade desses dispositivos, nos termos em que fixada no acórdão embargado, em razão da existência de congruência com o pedido formulado pelo Procurador-Geral da República. 2.4. A inteligência do precedente firmado pelo Supremo Tribunal Federal não autoriza a exclusão da possibilidade de que, na Justiça do Trabalho, com o advento da Lei nº 13.467/17, o beneficiário da justiça gratuita tenha obrigações decorrentes da sucumbência que restem sob condição suspensiva de exigibilidade; o que o Supremo Tribunal Federal reputou inconstitucional foi a presunção legal, iure et de iure , de que a obtenção de créditos na mesma ou em outra ação, por si só, exclua a condição de hipossuficiente do devedor. 2.5. Vedada, pois, é a compensação automática insculpida na redação original dos dispositivos; prevalece, contudo, a possibilidade de que, no prazo de suspensão de exigibilidade, o credor demonstre a alteração do estado de insuficiência de recursos do devedor, por qualquer meio lícito, circunstância que autorizará a execução das obrigações decorrentes da sucumbência. 2.6. Assim, os honorários de advogado sucumbenciais devidos pela parte reclamante ficam sob condição suspensiva de exigibilidade e somente poderão ser executados se, nos dois anos subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que os certificou, o credor demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência de recursos do devedor, que, contudo, não poderá decorrer da mera obtenção de outros créditos na presente ação ou em outras. Passado esse prazo, extingue-se essa obrigação do beneficiário. 2.7. Na presente hipótese, a Corte de origem, ao aplicar a literalidade do art. 791-A, § 4º, da CLT, decidiu em desconformidade com o entendimento firmado pelo Supremo Tribunal Federal. Recurso de revista conhecido e parcialmente provido" (RRAg-820-10.2020.5.12.0050, 3ª Turma, Relator Ministro Alberto Bastos Balazeiro, DEJT 24/03/2023) destaquei. "PEDIDOS LÍQUIDOS. LIMITAÇÃO DA CONDENAÇÃO AOS VALORES DE CADA PEDIDO. APLICAÇÃO DO ART. 840, § 1º, DA CLT, ALTERADO PELA LEI 13.467/2017. TRANSCENDÊNCIA JURÍDICA . A controvérsia gira em torno da aplicação do artigo 840, § 1º, da CLT, que foi alterado pela Lei 13.467/2017. No caso em tela, o debate acerca do art. 840, § 1º, da CLT, detém transcendência jurídica, nos termos do art. 896-A, § 1º, IV, da CLT. Transcendência reconhecida. AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA DA RECLAMANTE SOB A ÉGIDE DA LEI 13.467/2017. PEDIDOS LÍQUIDOS. LIMITAÇÃO DA CONDENAÇÃO AOS VALORES DE CADA PEDIDO. APLICAÇÃO DO ART. 840, § 1º, DA CLT, ALTERADO PELA LEI 13.467/2017. Agravo de instrumento provido, ante possível violação do art. 840, § 1º, da CLT. RECURSO DE REVISTA DA RECLAMANTE SOB A ÉGIDE DA LEI 13.467/2017. PEDIDOS LÍQUIDOS. LIMITAÇÃO DA CONDENAÇÃO AOS VALORES DE CADA PEDIDO. APLICAÇÃO DO ART. 840, § 1º, DA CLT, ALTERADO PELA LEI 13.467/2017. REQUISITOS DO ARTIGO 896, § 1º-A, DA CLT, ATENDIDOS. A controvérsia acerca da limitação da condenação aos valores liquidados apresentados em cada pedido da inicial tem sido analisada, pela jurisprudência dominante, apenas sob a égide dos artigos 141 e 492 do Código de Processo Civil. Por certo que aludidos dispositivos do CPC são aplicados subsidiariamente no processo trabalhista. Entretanto, no que se refere à discussão acerca dos efeitos dos pedidos liquidados, apresentados na inicial trabalhista, os dispositivos mencionados do CPC devem ceder espaço à aplicação dos parágrafos 1º e 2º do artigo 840 da CLT, que foram alterados pela Lei 13.467/2017. Cumpre esclarecer que o TST, por meio da Resolução nº 221, de 21/06/2018, considerando a vigência da Lei 13.467/2017 e a imperativa necessidade de o TST posicionar-se, ainda que de forma não exaustiva, sobre a aplicação das normas processuais contidas na CLT alteradas ou acrescentadas pela Lei 13.467/2017, e considerando a necessidade de dar ao jurisdicionado a segurança jurídica indispensável a possibilitar estabilidade das relações processuais, aprovou a Instrução Normativa nº 41/2018, que no seu art. 12, § 2º, normatizou que "para fim do que dispõe o art. 840, §§ 1º e 2º, da CLT, o valor da causa será estimado (...)". A Instrução Normativa nº 41/2018 do TST, aprovada mediante Resolução nº 221, em 02/06/2018, registra que a aplicação das normas processuais previstas na CLT, alteradas pela Lei 13.467/2017, com eficácia a partir de 11/11/2017, é imediata, sem atingir, no entanto, situações pretéritas iniciadas ou consolidadas sob a égide da lei revogada. Portanto, no caso em tela, em que a inicial foi ajuizada no ano 2018, hão de incidir as normas processuais previstas na CLT alteradas pela Lei 13.467/2017. Assim, a discussão quanto à limitação da condenação aos valores constantes nos pedidos apresentados de forma líquida na exordial deve ser considerada apenas como fim estimado, conforme normatiza o parágrafo 2º do artigo 12 da IN 41/2018 desta Corte. A decisão regional que limitou a condenação aos valores atribuídos aos pedidos na inicial configura ofensa ao art. 840, § 1º, da CLT. Há precedentes desta Turma. Recurso de revista conhecido e provido" (RRAg-1000166-83.2019.5.02.0255, 6ª Turma, Relator Ministro Augusto Cesar Leite de Carvalho, DEJT 18/03/2022) destaquei. Devem ser deduzidos os valores pagos sob idênticos títulos aos aqui deferidos, evitando o enriquecimento sem causa. Deverá a parte reclamada comprovar eventuais recolhimentos previdenciários e tributários incidentes, na forma da lei e do Provimento Geral Consolidado do Tribunal desta 18ª Região da Justiça do Trabalho. A atualização monetária, em observância ao decidido pelo STF na ADC 58 MC-AGR / DF, de 18/12/2020, e às alterações posteriores promovidas pela Lei 14.905/2024, conforme decisão da SDI1 do C. TST nos autos E-ED-RR - 713-03.2010.5.04.0029, de lavra do Exmo. Ministro ALEXANDRE AGRA BELMONTE, publicado no dia 25.10.2024, deve observar: a) o IPCA-E na fase pré-judicial acrescido dos juros de mora (art. 39, caput, da Lei 8.177, de 1991); b) a partir do ajuizamento da ação até 29/08/2024, a taxa SELIC, sendo vedada a cumulação com outra taxa de juros, e c) a partir de 30/08/2024, no cálculo da atualização monetária, será utilizado o IPCA (art. 389, parágrafo único, do Código Civil); os juros de mora corresponderão ao resultado da subtração SELIC - IPCA (art. 406, parágrafo único, do Código Civil), com a possibilidade de não incidência (taxa 0), nos termos do § 3º do artigo 406. O reclamante pretende "A indisponibilização dos bens e contas correntes da reclamada para a garantia da efetivação da justiça". Embora o pedido inicial tenha sido julgado procedente, o reclamante não comprovou que a ex-empregadora se encontra em dificuldades financeiras e/ou que há risco real e iminente de dilapidação do patrimônio que possam frustrar futura execução. Dessa forma, em face da ausência de comprovação de motivos que justifiquem a adoção da indisponibilidade de bens e contas-correntes da reclamada, indefiro o pedido. 3-DISPOSITIVO Ante o exposto, julgo procedente, o pedido, para condenar CMOC BRASIL MINERACAO, INDUSTRIA E PARTICIPACOES LTDA a cumprir em favor de DANIEL ESTRELA BORGES, as obrigações impostas nos fundamentos, na forma e nos exatos termos neles descritos, eis que sua íntegra constitui parte deste dispositivo. Honorários advocatícios a cargo da reclamada, conforme fundamentação, observada a condição suspensiva de exigibilidade. Liquidação por cálculos, acrescido de atualização, nos termos da fundamentação acima. Natureza jurídica das verbas contempladas nesta sentença na forma do art. 28, § 9º, da lei 8212/91. A parte reclamada deve comprovar os recolhimentos previdenciários e fiscais, no prazo legal, autorizada a dedução da cota parte que cabe a parte autora, na forma da lei e do Provimento Geral Consolidado deste Eg. Tribunal da 18ª Região da Justiça do Trabalho. Os recolhimentos deverão ser feitos no prazo legal e comprovados em Juízo no prazo de cinco (05) dias, após a data do recolhimento, devendo a reclamada preencher e enviar a Guia de Recolhimento ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social – GFIP e Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais Previdenciários e de Outras Entidades e Fundos (DCTFWeb) e DARF, nos termos do art. 19, inciso V, da Instrução Normativa RFB nº 2.005/2021, (válida a partir de 01/10/2023), em conformidade com o disposto no artigo 178 e parágrafos do Provimento Geral Consolidado deste E. Tribunal, sendo que o descumprimento sujeitará o infrator a pena de multa e demais sanções administrativas, nos termos dos artigos 32, § 10, e 32-A, da Lei nº 8.212/91, bem como do artigo 284, I, do Decreto nº 3.048, de 6 de maio de 1999, sem prejuízo de execução (art. 86/PGC-TRT/18). Custas, pela reclamada, no importe de R$600,00, apuradas sobre o valor de R$30.000,00, provisoriamente arbitrado para a condenação. Intimem-se. Nada mais. MARCELO ALVES GOMES Juiz Titular de Vara do Trabalho Intimado(s) / Citado(s) - DANIEL ESTRELA BORGES

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Bruno Cesar Silva Guilger Simoes x China Railway No. 10 Engineering Construtora Do Brasil Ltda.

ID: 261649786

Tribunal: TRT18 Órgão: VARA DO TRABALHO DE CATALÃO Classe: AçãO TRABALHISTA - RITO SUMARíSSIMO Nº Processo: 0000247-46.2025.5.18.0141

Data de Disponibilização: 28/04/2025

Polo Ativo:

BRUNO CESAR SILVA GUILGER SIMOES

Polo Passivo:

CHINA RAILWAY NO. 10 ENGINEERING CONSTRUTORA DO BRASIL LTDA.

Notificação

Advogados:

THIAGO RODRIGUES VITAL RIBEIRO

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

ABNER MARQUES GOMES

OAB/GO XXXXXX Desbloquear

ARTHUR BRANT DE CARVALHO

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 18ª REGIÃO VARA DO TRABALHO DE CATALÃO 0000247-46.2025.5.18.0141 : BRUNO CESAR SILVA GUILGER SIMOES : CHINA RAILWAY NO. 10… PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 18ª REGIÃO VARA DO TRABALHO DE CATALÃO 0000247-46.2025.5.18.0141 : BRUNO CESAR SILVA GUILGER SIMOES : CHINA RAILWAY NO. 10 ENGINEERING CONSTRUTORA DO BRASIL LTDA. INTIMAÇÃO Fica V. Sa. intimado para tomar ciência da Sentença ID 4c8e7bc proferida nos autos, cujo dispositivo consta a seguir: PROCESSO: 0000247-46.2025.5.18.0141 RECLAMANTE: BRUNO CESAR SILVA GUILGER SIMOES RECLAMADA: CHINA RAILWAY NO. 10 ENGINEERING CONSTRUTORA DO BRASIL LTDA. SENTENÇA 1-RELATÓRIO Dispensado por tratar-se de reclamação trabalhista submetida ao rito sumaríssimo. 2-FUNDAMENTAÇÃO 2.1. Descaracterização dos turnos ininterruptos de revezamento. Horas extras a partir da 6ª diária: O reclamante alega que "laborou no sistema de turno alternado e ininterrupto de revezamento no sistema 5x2 (cinco dias de trabalho por 2 de folga) das 7h às 18h e 18h até 3h, ambos com 1 hora de intervalo intrajornada". Aduz que "não há normas coletivas feitas pela reclamada com o sindicato da categoria do reclamante dispondo sobre jornada em turnos de revezamento, inclusive, acima de 6 horas diárias", bem como que "ainda que existissem cláusulas sobre turnos de revezamento com jornada superior a 6 horas diárias em normas coletivas feitas pela reclamada e sindicato da categoria do reclamante, deve-se ressaltar que durante todo o contrato de trabalho, o reclamante sempre realizava efetivas horas extras diárias/semanais acima das jornadas de trabalho estabelecidas via convenção, em flagrante descumprimento de norma coletiva". Requer a condenação da reclamada ao "pagamento de horas extras acima da 6º hora diária por todo o contrato de trabalho, com adicional legal de 50% ou 100%, bem como reflexos no descanso semanal remunerado, aviso prévio, décimo terceiro salário, férias + 1/3 e no FGTS+40%", com divisor 180. A reclamada contesta, ao argumento de que o reclamante foi contratado para "laborar em jornada especial (turno ininterrupto de revezamento 5x2) nos seguintes horários: 7h às 18h e 18h até 3h, ambos com 1 hora de intervalo intrajornada". Pontua que "na remota hipótese de entendimento diverso por este Juízo, no sentido de que o Reclamante laborava sob regime de turno ininterrupto de revezamento, é importante destacar que tal escala de trabalho, está autorizada conforme acordo coletivo entre o sindicato dos trabalhadores da categoria e a Reclamada (Doc. 08) e conforme art. 7º, inciso XXVI da Constituição Federal". Requer a improcedência do pleito. Analiso. Inicialmente, o reclamante não impugna a aplicação dos ACTs juntados pela reclamada. Os cartões de ponto juntados pela reclamada comprovam que entre a admissão até 11/07/2022 e entre 12/08/2022 até 02/10/2022 o reclamante sempre trabalhou em jornada diurna, não havendo alternância entre jornadas diurnas e noturnas, e de conseguinte não restou configurado o regime de turnos ininterruptos de revezamento para tais períodos. Dessa forma, nos referidos períodos não é devida a descaracterização de turnos pretendida, e por consequência o pedido de horas extras acima da 6ª diária e 36ª semanal, com aplicação do divisor 180. Indefiro. Contudo, nos períodos entre 12/07/2022 até 11/08/2022 e entre 03/10/2022 até a rescisão contratual, os espelhos de ponto demonstram que a alternância de turnos era constante, intercalando jornadas diurnas e jornadas noturnas, motivo pelo qual ficou comprovado que nestes períodos o reclamante realizava sua jornada de trabalho em turnos ininterruptos de revezamento. Nesse rumo, restar analisar a validade dos turnos de revezamento adotados pela reclamada, nos períodos entre 12/07/2022 até 11/08/2022 e entre 03/10/2022 até a rescisão contratual, já que os espelhos de ponto juntados aos autos não foram impugnados. O ACT 2022/2024 estabelece: 4 TURNOS ININTERRUPTOS DE REVEZAMENTO 4.1 Considerando o permissivo contido no artigo 7º, incisos XIV e XVI, da Constituição Federal, fica facultado à Empresa adotar o turno de revezamento ininterrupto 4x4, obedecidas as seguintes disposições: 4.1.1 jornada de trabalho de 24 (vinte e quatro) horas em 2 (dois) turnos ininterruptos de revezamento de 12 (doze) horas cada um, com 10 (dez) horas diárias de trabalho efetivo e 2 (duas) horas de intervalo para refeição, lanche e repouso; [...] 4.1.5 as escalas de trabalho de revezamento serão definidas pela Empresa, com anuência do Sindicato, no modelo de 4 (quatro) dias de trabalho sucedidos por 4 (quatro) dias de folga (4x4), sendo 2 (dois) dias de trabalho diurno, mais 2 (dois) dias de trabalho noturno, sucedidos por 4 (quatro) dias de folga. 4.2 É fixado em 200 (duzentos) o divisor para pagamento e desconto de ocorrências de frequência para os empregados do turno 4x4. (grifei) As normas coletivas da reclamada estabelecem dos turnos de revezamento em escala de 4x4, com jornada diária de 12 horas e dois intervalos intrajornada de 01 hora cada. Considerando a alegação da defesa (trabalho em escala 6x1 e 5x2), bem como o que restou comprovado nos espelhos de ponto (trabalho em turnos de revezamento em escala 6x1 e 5x2), os turnos trabalhados pelo reclamante, nos períodos entre 12/07/2022 até 11/08/2022 e entre 03/10/2022 até a rescisão contratual, não estavam previstos/autorizados nos ACTs (turno de 4x4). Sobre a ausência de norma coletiva autorizando o trabalho em turnos de revezamento, utilizo os seguintes arestos como reforço de fundamentação: TURNO ININTERRUPTO DE REVEZAMENTO. HORAS EXTRAS. AUSÊNCIA DE NEGOCIAÇÃO COLETIVA. A jornada para o trabalho realizado em turnos ininterruptos de revezamento é de 6 horas diárias, salvo negociação coletiva em contrário, conforme dispõe o inciso XIV, do artigo 7º, da Constituição Federal. Não ficando comprovada nos autos a existência de previsão em instrumento coletivo, são devidas como extras as horas excedentes ao limite imposto pela regra constitucional. (TRT da 18ª Região; Processo: 0010896-57.2020.5.18.0008; Data de assinatura: 08-10-2021; Órgão Julgador: OJ de Análise de Recurso - 2ª TURMA; Relator(a): KATHIA MARIA BOMTEMPO DE ALBUQUERQUE) grifei "TURNO ININTERRUPTO DE REVEZAMENTO. AUSÊNCIA DE NEGOCIAÇÃO COLETIVA. HORAS EXTRAS ALÉM DA 6ª HORA. A duração normal do trabalho em turnos ininterruptos de revezamento é de 6 horas diárias. Superado esse limite, sem a observância do requisito da negociação coletiva, é devido o pagamento das horas excedentes da 6ª diária como extras, ante o descumprimento do art. 7º, inciso XIV, da Constituição Federal." (TRT18, RORSum - 0010145-95.2020.5.18.0129, Rel. PLATON TEIXEIRA DE AZEVEDO FILHO, 2ª TURMA, 02/06/2021) grifei HORAS EXTRAS. TURNO ININTERRUPTO DE REVEZAMENTO. ELASTECIMENTO DA JORNADA PARA 8H DIÁRIAS. INEXISTÊNCIA DE NORMA COLETIVA. O elastecimento da jornada de trabalho além da 6ª diária no trabalho realizado em turnos ininterruptos de revezamento somente é permitido quando previsto em negociação coletiva e desde que não seja ultrapassada a jornada de oito horas diárias (Súmula 423/TST). Situação em que não foi demonstrada existência de norma coletiva autorizando o elastecimento da jornada do empregado para 8h diárias, em regime de turno ininterrupto de revezamento (art. 7º, XIV, da CF). (TRT da 18ª Região; Processo: 0013205-93.2016.5.18.0201; Data de assinatura: 05-06-2018; Órgão Julgador: OJ de Análise de Recurso - 3ª TURMA; Relator(a): ROSA NAIR DA SILVA NOGUEIRA REIS) grifei No caso dos autos, como pontuado anteriormente, pelas normas coletivas juntadas pela reclamada, os turnos de revezamento trabalhados pelo reclamante não eram autorizados, notadamente, porque a norma estabeleceu a escala de 4x4. Ante a ausência de negociação coletiva, nos períodos entre 12/07/2022 até 11/08/2022 e entre 03/10/2022 até a rescisão contratual, estabelecendo o trabalho em turnos ininterruptos de revezamento (CF, XIV, art. 7º) nos moldes praticados, o reclamante é credor das horas trabalhadas além da 6ª hora diária e 36ª hora semanal, além do divisor 180. A tais fundamentos, defiro, em parte, o pedido e condeno a reclamada ao pagamento das horas extras que excederem a 6ª hora diária e a 36ª hora semanal, no período acima fixado (entre 12/07/2022 até 11/08/2022 e entre 03/10/2022 até a rescisão contratual). A apuração das horas extras deve observar: a) o divisor 180; b) os adicionais estabelecidos nos ACTs (50% e 100%); c) a jornada registrada nos espelhos de ponto juntados aos autos; d) a base de cálculo deve observar a evolução salarial e as parcelas salariais, conforme contracheques juntados aos autos e Súmula 264/CTST; e) a exclusão dos dias de afastamento, folgas, faltas, feriados e suspensão do contrato, desde que comprovados; f) os limites do pedido; e, g) a dedução de valores pagos sob idênticos títulos. Defiro, ainda, os reflexos das horas extras em DSR, em aviso prévio, 13º salários, férias c/ 1/3 e fgts+40%. 2.2. Recálculo do adicional noturno. Prorrogação da hora noturna. Redução da hora noturna: O reclamante alega que a reclamada não aplicava o divisor 180 para o pagamento do adicional noturno. Pontua que quando trabalhava em jornada noturna/mista, recebia o adicional noturno até 05h, bem como que não era considerada a redução da hora noturna. Requer a condenação da reclamada ao pagamento do adicional noturno, com aplicação do divisor 180, bem como ao "pagamento do saldo de horas extras noturnas diário (média de 35 minutos diários no turno das 18h às 3h), acrescidos de 50%, considerando de 22h até o fim da jornada de trabalho, e todo o período imprescrito do contrato de trabalho, divisor de 180h, com reflexos em DSR, aviso prévio, 13º, férias+1/3 e FGTS+40%". Analiso. Nos períodos entre a admissão até 11/07/2022 e entre 12/08/2022 até 02/10/2022, os espelhos de ponto juntados pela reclamada comprovam o trabalho apenas em jornada diurna, inclusive, sendo declarado, no capítulo anterior, que em tais períodos não houve trabalho em turnos de revezamento. Logo, o reclamante não é credor de adicional noturno, prorrogação e/ou redução da hora noturna, por aplicação do divisor 180, entre a admissão até 11/07/2022 e entre 12/08/2022 até 02/10/2022. Indefiro. Nada obstante, anteriormente foi deferido o pagamento das horas extras excedentes à 6ª hora diária e 36ª semanal, com divisor 180, nos períodos entre 12/07/2022 até 11/08/2022 e entre 03/10/2022 até a rescisão contratual, por ausência de norma coletiva para implementação do turno de revezamento trabalhado (alternância entre jornadas diurnas e noturnas), e de conseguinte, o reclamante é credor das diferenças do adicional noturno, prorrogação e redução da hora noturna em referido período, aplicando-se o divisor 180. Outrossim, é importante registrar que durante o vínculo de emprego não houve registro de labor após as 03:05h, não havendo que se falar em prorrogação do adicional noturno após as 05h. Ante o exposto, defiro em parte o pedido e condeno a reclamada ao pagamento de diferenças de adicional noturno e horas extras, em decorrência da aplicação do divisor 180, nos períodos entre 12/07/2022 até 11/08/2022 e entre 03/10/2022 até a rescisão contratual, observando-se os dias e a jornada anotada nos espelhos de ponto, as parcelas constantes dos contracheques (adicional noturno e horas extras pela redução da hora noturna), além dos adicionais fixados nos ACTs (50% e 100%). Defiro, ainda, os reflexos do adicional noturno e horas extras em DSR, mas apenas dos primeiros (adicional noturno e horas extras) em aviso prévio, 13º salários, férias c/ 1/3 e fgts+40%. 2.3. Demais requerimentos: Concedo à parte reclamante o "benefício da justiça gratuita" na forma do §3º, do art. 790, da CLT, pois a declaração juntada aos autos, não infirmada por outras provas, basta para comprovar que a parte não tem condições de suportar custas e despesas do processo, sem prejuízo de seu sustento e de sua família. Ademais, a jurisprudência do C/TST é no sentido de que a simples declaração de hipossuficiência econômica basta a sustentar o deferimento dos benefícios da justiça gratuita, mesmo após a chamada “Reforma Trabalhista”. Nesse sentido: “AGRAVO. RECURSO DE REVISTA. ACÓRDÃO PUBLICADO NA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.467/2017. BENEFÍCIO DA JUSTIÇA GRATUITA. PESSOA FÍSICA. COMPROVAÇÃO DE INSUFICIÊNCIA DE RECURSOS POR SIMPLES DECLARAÇÃO. TRANSCENDÊNCIA JURÍDICA RECONHECIDA. Cinge-se a controvérsia a definir se a simples declaração de hipossuficiência econômica é suficiente para a comprovação do estado de pobreza do reclamante, para fins de deferimento dos benefícios da justiça gratuita, em ação ajuizada após a vigência da Lei n° 13.467/2017. Segundo o artigo 790, §§ 3º e 4º, da CLT, com as alterações impostas pela Lei nº 13.467/2017, o benefício da gratuidade da Justiça será concedido àqueles que perceberem salário igual ou inferior a 40% do limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social, ou àqueles que comprovarem insuficiência de recursos. Já o artigo 5º, LXXIV, da Constituição Federal consagra o dever do Estado de prestar assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos e o artigo 99, § 3º, do CPC, de aplicação supletiva ao processo do trabalho, consoante autorização expressa no artigo 15 do mesmo Diploma, dispõe presumir-se verdadeira a alegação de insuficiência deduzida por pessoa natural. A partir da interpretação sistemática desses preceitos, não é possível exigir dos trabalhadores que buscam seus direitos na Justiça do Trabalho - na sua maioria, desempregados - a comprovação de estarem sem recursos para o pagamento das custas do processo. Deve-se presumir verdadeira a declaração de pobreza firmada pelo autor ou feita por seu advogado, com poderes específicos para tanto. Agravo Interno e Recurso de Revista conhecidos e providos. (PROCESSO Nº TST-Ag-RRAg-1001410-91.2018.5.02.0090 – 5ª Turma – Ministro Redator Designado ALBERTO BASTOS BALAZEIRO) Aos fundamentos acima, “não é possível exigir dos trabalhadores que buscam seus direitos na Justiça do Trabalho - na sua maioria, desempregados - a comprovação de estarem sem recursos para o pagamento das custas do processo”. Assim, mesmo após a após a vigência da Lei n° 13.467/2017, a apresentação de declaração de hipossuficiência econômica da pessoa natural é suficiente para a concessão dos benefícios da gratuidade da Justiça, conforme Súmula 463, I, do TST: “para a concessão da assistência judiciária gratuita à pessoa natural, basta a declaração de hipossuficiência econômica firmada pela parte ou por seu advogado, desde que munido de procuração com poderes específicos para esse fim”. Condeno a parte reclamada ao pagamento dos honorários de sucumbência ao(a) advogado(a) da parte reclamante, no importe de 7,5%, observando os critérios fixados no §2º, do artigo 791-A, da CLT, calculados sobre o valor líquido dos pedidos acolhidos/deferidos (conforme capítulos anteriores), devidamente atualizado, conforme se apurar em liquidação de sentença. A parte reclamante sucumbiu em alguns dos pedidos deduzidos na inicial, razão pela qual defiro o pedido de condenação ao pagamento dos honorários de sucumbência ao(a) advogado(a) da parte reclamada, no importe de 7,5%, observando os critérios fixados no §2º, do artigo 791-A, da CLT, calculados sobre o valor dos pedidos integralmente indeferidos (conforme capítulos anteriores), devidamente atualizado, conforme se apurar em liquidação de sentença. Portanto, fica vedada a dedução dos créditos obtidos pelo reclamante, nesta ou em outra ação por ele ajuizada, do valor dos honorários devidos ao(a) advogado(a) da reclamada. A apuração da condenação da parte reclamada ao pagamento das verbas postuladas na inicial não deverá observar como limite os valores indicados na causa de pedir e pedido da exordial, pois conforme Instrução Normativa nº 41/2018, que determina que "Para fim do que dispõe o art. 840, §§ 1º e 2º, da CLT, o valor da causa será estimado, observando-se, no que couber, o disposto nos arts. 291 a 293 do Código de Processo Civil", os valores são sempre “estimados”, independentemente de ressalva ou não na petição inicial. Nesse sentido transcrevo ementas de casos paradigmas julgados pelo C/TST, adotando-as como razões de decidir: "AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. LEIS Nos 13.015/2014 E 13.467/2017. JUROS. CORREÇÃO MONETÁRIA. PARÂMETROS. AUSÊNCIA DE TRANSCRIÇÃO DA DECISÃO RECORRIDA. INOBSERVÂNCIA DO PRESSUPOSTO RECURSAL PREVISTO NO ART. 896, §1º-A, I, DA CLT. TRANSCENDÊNCIA NÃO RECONHECIDA Por força do comando do art. 896, §1º-A, I, da CLT, para viabilizar o exame do recurso de revista, a parte deve transcrever nas razões de recorrente o trecho do acórdão regional que consubstancia o prequestionamento da controvérsia. Na hipótese, a parte agravante não atendeu ao referido pressuposto intrínseco de admissibilidade recursal, razão pela qual resulta inviável o processamento do apelo. Agravo de instrumento a que se nega provimento. II - RECURSO DE REVISTA. LEIS Nos 13.015/2014 E 13.467/2017. LIMITES DA LIDE. IMPOSSIBILIDADE DE LIMITAÇÃO DA CONDENAÇÃO AOS VALORES ATRIBUÍDOS AOS PEDIDOS NA PETIÇÃO INICIAL. INTERPRETAÇÃO TELEOLÓGICA DO ART. 840, §1º, DA CLT. INAFASTABILIDADE DO JUS POSTULANDI E DOS PRINCÍPIOS DO AMPLO ACESSO À JURISDIÇÃO (ART. 5º, XXXV, DA CF), DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA (ART. 1º, III, DA CF), PROTEÇÃO SOCIAL DO TRABALHO (ART. 1º, IV, DA CF), DO CONTRADITÓRIO E DA AMPLA DEFESA (ART. 5º, LV DA CF), DA IMEDIAÇÃO (ART. 820, DA CLT), DA INFORMALIDADE, SIMPLICIDADE, DISPOSITIVO. APLICAÇÃO DA REGRA ESPECIAL PREVISTA NA IN 41/2018 C/C ART. 840, §1º, DA CLT. VALORES INDICADOS NA PETIÇÃO COMO MERA ESTIMATIVA. DESNECESSIDADE DE INDICAÇÃO DE RESSALVA QUANTO AO CARÁTER ESTIMADO DOS VALORES. 1.1. Trata-se de recurso de revista com fulcro no art. 896, c, da CLT, em que se pretende a reforma do acórdão regional recorrido quanto à limitação da condenação aos valores atribuídos a cada pedido apresentado já na exordial. O recorrente aponta violação aos arts. 840, §1º da CLT e divergência jurisprudencial. 1.2. A adequada interpretação jurídica das alterações promovidas pela Lei nº 13.467/2017 aos parágrafos 1º e 2º do artigo 840, da CLT proporciona impacto na prática trabalhista, eis que introduz novos requisitos aos pedidos trazidos nas petições iniciais protocolizadas nas Varas do Trabalho. 1.3. A exigência de se consignar, na petição inicial, pedidos certos e determinados já era observada nas reclamações trabalhistas, uma vez que a antiga redação do art. 840, §1º, da CLT não continha detalhes acerca do conteúdo e especificações do pedido. Assim, aplicavam-se subsidiariamente (arts. 769, da CLT e 15, do CPC) os artigos 322 e 324 do CPC, quanto à necessidade de que os pedidos fossem certos e determinados. Com a entrada em vigor da Lei nº 13.467/2017, o §1º do art. 840, da CLT torna-se norma específica que disciplina os requisitos da petição inicial no processo do trabalho. Portanto, além de estipular que os pedidos devem ser certos e determinados, inaugura-se a obrigatoriedade de que cada um contenha a indicação de seu valor. 1.4. Sob este viés, a exigência de indicação do valor dos pedidos determinada pelo artigo 840, §1º, da CLT objetiva que, desde a petição inicial, as partes delimitem, com razoável destreza, o alcance de sua pretensão. 1.5. A despeito disso, a redação do artigo 840, §1º, da CLT de determinação de indicação do valor na petição inicial não é inédita no sistema processual trabalhista. Desde os anos 2000, por meio do art. 852-B, I, da CLT (introduzida pela Lei nº 9.957/2000), passou-se a exigir que as petições iniciais submetidas ao rito sumaríssimo fossem líquidas, por se tratarem de causas que, dada a natureza, possuem condições de ser examinadas de forma mais célere pela Justiça do Trabalho, 1.6. Assim, o artigo 840, §1º, da CLT passou a prever uma equivalência entre os requisitos da petição inicial das ações submetidas ao rito sumaríssimo e àquelas sob o rito ordinário, cuja natureza das demandas, no entanto, tende a ser de ordem mais complexa. 1.7. Efetivamente, antes das alterações promovidas pela Lei nº 13.467/2017 nas ações submetidas ao rito ordinário, o quantum debeatur era estabelecido em fase própria de certificação, qual seja, a liquidação de sentença. Ou seja, apenas depois de ultrapassada toda a instrução processual, orientada pelo princípio da imediação, previsto no art. 820 da CLT, com a respectiva colheita de provas e análise de cada uma delas, iniciava-se o momento processual de liquidação dos pedidos. 1.8. Por força das determinações legais de serem apresentados pedidos certos e determinados, o sistema processual trabalhista então vigente, como houvera de ser, detinha preservados a ampla defesa e o contraditório do réu, que tinha ao seu dispor a possibilidade de contestar cada um dos pedidos, seja na fase de conhecimento, seja na de liquidação. 1.9. Isto é, o novo comando do art. 840, §1º, da CLT incorpora às demandas trabalhistas sob o rito ordinário critérios técnicos jamais antes exigidos e, uma vez não cumpridos, ter-se-á como consequência, a extinção do processo sem resolução de mérito, conforme determina o também novo §3º, do art. 840, da CLT. Com isso, passou-se a atribuir aos reclamantes o encargo processual de, para ingressar com uma demanda trabalhista, apresentar valores que venham a corresponder ao objeto dos pedidos, sem antes se ter iniciada a fase de instrução processual. 1.10. Inobstante, o rigor técnico exigido pelo art. 840, §1º, da CLT, interpretado de forma dissociada das demais normas e princípios que regem a processualística trabalhista, conduz a um estreitamento do jus postulandi (art. 791, da CLT), que historicamente é uma das características que mais singularizam, em essência, a jurisdição trabalhista. A contrario sensu, preservando-se essa orientação, mesmo com a nova redação do artigo 840, §1º, da CLT manteve-se a orientação de que, na petição inicial, basta "uma breve exposição dos fatos", uma vez que as partes, via de regra, não possuem conhecimentos técnicos para formular ' fundamentos jurídicos do pedido. 1.11. Nesse cenário, a interpretação gramatical do dispositivo pode conduzir à mitigação do jus postulandi, em desatenção ao princípio do amplo acesso à jurisdição (art. 5º, XXXV, da CF). 1.12. A determinação de indicação dos valores dos pedidos nas causas submetidas ao rito ordinário tem como reflexo a controvérsia trazida pela parte recorrente em seu recurso de revista, qual seja, a eventual vinculação ou limitação da condenação aos valores atribuídos a cada pedido apresentado já na exordial. 1.13. De fato, de acordo com a regra da congruência entre os pedidos formulados na ação e a condenação arbitrada (arts. 832, da CLT e arts. 141, §2º e 492, do CPC), nos termos do disciplinado nos arts. 141 e 492 do CPC, os valores indicados na petição inicial de forma líquida limitariam àqueles arbitrados na condenação, sob pena de se incorrer em decisão extra, ultra ou citra petita. 1.14. A partir desse cenário, a natureza do conflito trabalhista submetido à apreciação desta Corte perpassa, entre outros, a averiguação acerca da (im) possibilidade de se determinar que a condenação limite-se a exatamente os valores indicados para cada pedido na petição inicial, sob pena de violação aos artigos 141 e 492 do CPC . 1.15. No caso concreto, diferentemente do que entendeu o acórdão regional recorrido, no que diz respeito à indicação dos pedidos liquidados na petição inicial, a dicção dos dispositivos acima deve ser cotejada não só com uma interpretação teleológica do art. 840, §1º, da CLT, como também com os princípios da informalidade e da simplicidade, que orientam toda a lógica processual trabalhista. A partir desses princípios, no âmbito desta Justiça Especializada, não se pode exigir das partes reclamantes que, para que recebam a integralidade das verbas a que realmente fazem jus ao final de uma demanda trabalhista, correndo o risco de uma decisão citra, ultra ou extra petita, submetam-se, eventualmente, às regras de produção antecipada de prova e/ou contratação de serviço contábil especializado, a fim de liquidar com precisão cada um dos pedidos para adimplir a exigência do artigo 840, §1º, da CLT e, somente depois disso, ajuizar uma demanda trabalhista. Interpretação nesse sentido afrontaria, a um só tempo, o princípio da oralidade e o dispositivo, que, em conjunto, asseguram às partes reclamantes o direito de ir a juízo pleitear as verbas que entendem lhe serem devidas. 1.16. Ou seja, a análise sobre a necessidade de limitação do valor da condenação àqueles previamente apresentados na exordial deve ser orientada por uma perspectiva teleológica do direito processual do trabalho, cuja interpretação dos dispositivos que o integram deve, pois, ser sempre norteada pelos princípios do amplo acesso à jurisdição (art. 5º, XXXV, da CF), dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, da CF), proteção social do trabalho (art. 1º, IV, da CF). 1.17. Em atenção a isso e considerando o impacto do art. 840, §1º, da CLT na processualística trabalhista, assim como a necessidade de oferecer ao jurisdicionado a segurança jurídica indispensável a possibilitar estabilidade das relações processuais, este Tribunal Superior do Trabalho aprovou a Instrução Normativa nº 41/2018, que determina que "Para fim do que dispõe o art. 840, §§ 1º e 2º, da CLT, o valor da causa será estimado, observando-se, no que couber, o disposto nos arts. 291 a 293 do Código de Processo Civil" . 1.18. A interpretação do art. 840, §1º, da CLT, aliada aos princípios mencionados permite chegar à conclusão de que, tendo o reclamante apresentado, em sua petição inicial, pedido certo e determinado com indicação de valor - estimado -, por um lado, atende-se à exigência do art. 840, §1º, da CLT. Por outro lado, possibilita ao polo passivo o integral exercício da ampla defesa e do contraditório, assegurados pelo artigo 5º, LV, da CF. Trata-se, assim, de interpretação que observa os princípios constitucionais do trabalho, conferindo, igualmente, efetivamente ao referido artigo celetista. 1.19. Assim, a Instrução Normativa nº 41/2018 ao se referir ao "valor estimado da causa" acaba por delimitar que o pedido apresentado na petição inicial "com indicação de seu valor" a que se refere o art. 840, §1º, da CLT deve ser considerado de forma estimada, eis que inexiste nos dispositivos do CPC a que faz remissão a instrução normativa qualquer delimitação em sentido contrário. O artigo 291, do CPC, pertinente à análise ora empreendida apenas se refere à necessidade de indicação de "valor certo" da causa, inexistindo, portanto, qualquer obrigação de liquidação do valor da causa, tampouco do pedido, com efeito vinculativo à condenação. Ainda, considerando-se a necessária aplicação supletiva do CPC à hipótese, a ausência de indicação de valores na petição inicial não deve ter como consequência a extinção do feito sem resolução do mérito, devendo-se oportunizar à parte a possibilidade de saneamento do defeito, no prazo de 15 dias, por aplicação analógica da Súmula 263 deste TST c/c arts. 4º, 6º e 317 do CPC. 1.20. Nesse mesmo sentido, interpretando a redação do parágrafo 2º do artigo 12 da IN 41/2018 em confronto com as exigências do art. 840, §1º, da CLT e, igualmente dos artigos 141 e 492 do CPC, este Tribunal Superior do Trabalho acumula precedentes no sentido de que os valores constantes nos pedidos apresentados de forma líquida na exordial devem ser considerados apenas como fim estimado, não havendo limitação da condenação àquele montante. 1.21. A partir do exposto, na hipótese vertente, em que a inicial foi ajuizada em 24/07/2020, incidem as normas processuais previstas na CLT após as alterações da Lei 13.467/2017. Portanto, os valores constantes nos pedidos apresentados de forma líquida na reclamação trabalhista devem ser considerados como mera estimativa, não sendo necessária qualquer ressalva e/ou indicação de se tratarem de valores estimados, eis que já devem ser assim considerados por força da Instrução Normativa nº 41/2018 c/c art. 840, §1º, da CLT e dos princípios constitucionais que regem o processo do trabalho, em especial os princípios do amplo acesso à jurisdição (art. 5º, XXXV, da CF), dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, da CF), proteção social do trabalho (art. 1º, IV, da CF). Recurso de revista conhecido e provido. HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS. BENEFICIÁRIOS DA JUSTIÇA GRATUITA. ARTS. 791-A, § 4º, E 790-B DA CLT. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE Nº 5.766/DF. TRANSCENDÊNCIA POLÍTICA RECONHECIDA. 2.1. Este Relator vinha entendendo pela inconstitucionalidade integral dos dispositivos relativos à cobrança de honorários advocatícios do beneficiário da gratuidade judiciária, com base na certidão de julgamento da ADI 5.766/DF, julgada em 20/10/2021. 2.2. Contudo, advinda a publicação do acórdão, em 03/05/2022, restou claro que o Supremo Tribunal Federal, no julgamento da referida ação, declarou a inconstitucionalidade do trecho " desde que não tenha obtido em juízo, ainda que em outro processo " do art. 791-A, § 4º, e do trecho " ainda que beneficiária da justiça gratuita" , constante do caput do art. 790-B, e da integralidade do § 4º do mesmo dispositivo, todos da CLT. 2.3. Em sede de embargos de declaração o Supremo Tribunal Federal reafirmou a extensão da declaração de inconstitucionalidade desses dispositivos, nos termos em que fixada no acórdão embargado, em razão da existência de congruência com o pedido formulado pelo Procurador-Geral da República. 2.4. A inteligência do precedente firmado pelo Supremo Tribunal Federal não autoriza a exclusão da possibilidade de que, na Justiça do Trabalho, com o advento da Lei nº 13.467/17, o beneficiário da justiça gratuita tenha obrigações decorrentes da sucumbência que restem sob condição suspensiva de exigibilidade; o que o Supremo Tribunal Federal reputou inconstitucional foi a presunção legal, iure et de iure , de que a obtenção de créditos na mesma ou em outra ação, por si só, exclua a condição de hipossuficiente do devedor. 2.5. Vedada, pois, é a compensação automática insculpida na redação original dos dispositivos; prevalece, contudo, a possibilidade de que, no prazo de suspensão de exigibilidade, o credor demonstre a alteração do estado de insuficiência de recursos do devedor, por qualquer meio lícito, circunstância que autorizará a execução das obrigações decorrentes da sucumbência. 2.6. Assim, os honorários de advogado sucumbenciais devidos pela parte reclamante ficam sob condição suspensiva de exigibilidade e somente poderão ser executados se, nos dois anos subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que os certificou, o credor demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência de recursos do devedor, que, contudo, não poderá decorrer da mera obtenção de outros créditos na presente ação ou em outras. Passado esse prazo, extingue-se essa obrigação do beneficiário. 2.7. Na presente hipótese, a Corte de origem, ao aplicar a literalidade do art. 791-A, § 4º, da CLT, decidiu em desconformidade com o entendimento firmado pelo Supremo Tribunal Federal. Recurso de revista conhecido e parcialmente provido" (RRAg-820-10.2020.5.12.0050, 3ª Turma, Relator Ministro Alberto Bastos Balazeiro, DEJT 24/03/2023) destaquei. "PEDIDOS LÍQUIDOS. LIMITAÇÃO DA CONDENAÇÃO AOS VALORES DE CADA PEDIDO. APLICAÇÃO DO ART. 840, § 1º, DA CLT, ALTERADO PELA LEI 13.467/2017. TRANSCENDÊNCIA JURÍDICA . A controvérsia gira em torno da aplicação do artigo 840, § 1º, da CLT, que foi alterado pela Lei 13.467/2017. No caso em tela, o debate acerca do art. 840, § 1º, da CLT, detém transcendência jurídica, nos termos do art. 896-A, § 1º, IV, da CLT. Transcendência reconhecida. AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA DA RECLAMANTE SOB A ÉGIDE DA LEI 13.467/2017. PEDIDOS LÍQUIDOS. LIMITAÇÃO DA CONDENAÇÃO AOS VALORES DE CADA PEDIDO. APLICAÇÃO DO ART. 840, § 1º, DA CLT, ALTERADO PELA LEI 13.467/2017. Agravo de instrumento provido, ante possível violação do art. 840, § 1º, da CLT. RECURSO DE REVISTA DA RECLAMANTE SOB A ÉGIDE DA LEI 13.467/2017. PEDIDOS LÍQUIDOS. LIMITAÇÃO DA CONDENAÇÃO AOS VALORES DE CADA PEDIDO. APLICAÇÃO DO ART. 840, § 1º, DA CLT, ALTERADO PELA LEI 13.467/2017. REQUISITOS DO ARTIGO 896, § 1º-A, DA CLT, ATENDIDOS. A controvérsia acerca da limitação da condenação aos valores liquidados apresentados em cada pedido da inicial tem sido analisada, pela jurisprudência dominante, apenas sob a égide dos artigos 141 e 492 do Código de Processo Civil. Por certo que aludidos dispositivos do CPC são aplicados subsidiariamente no processo trabalhista. Entretanto, no que se refere à discussão acerca dos efeitos dos pedidos liquidados, apresentados na inicial trabalhista, os dispositivos mencionados do CPC devem ceder espaço à aplicação dos parágrafos 1º e 2º do artigo 840 da CLT, que foram alterados pela Lei 13.467/2017. Cumpre esclarecer que o TST, por meio da Resolução nº 221, de 21/06/2018, considerando a vigência da Lei 13.467/2017 e a imperativa necessidade de o TST posicionar-se, ainda que de forma não exaustiva, sobre a aplicação das normas processuais contidas na CLT alteradas ou acrescentadas pela Lei 13.467/2017, e considerando a necessidade de dar ao jurisdicionado a segurança jurídica indispensável a possibilitar estabilidade das relações processuais, aprovou a Instrução Normativa nº 41/2018, que no seu art. 12, § 2º, normatizou que "para fim do que dispõe o art. 840, §§ 1º e 2º, da CLT, o valor da causa será estimado (...)". A Instrução Normativa nº 41/2018 do TST, aprovada mediante Resolução nº 221, em 02/06/2018, registra que a aplicação das normas processuais previstas na CLT, alteradas pela Lei 13.467/2017, com eficácia a partir de 11/11/2017, é imediata, sem atingir, no entanto, situações pretéritas iniciadas ou consolidadas sob a égide da lei revogada. Portanto, no caso em tela, em que a inicial foi ajuizada no ano 2018, hão de incidir as normas processuais previstas na CLT alteradas pela Lei 13.467/2017. Assim, a discussão quanto à limitação da condenação aos valores constantes nos pedidos apresentados de forma líquida na exordial deve ser considerada apenas como fim estimado, conforme normatiza o parágrafo 2º do artigo 12 da IN 41/2018 desta Corte. A decisão regional que limitou a condenação aos valores atribuídos aos pedidos na inicial configura ofensa ao art. 840, § 1º, da CLT. Há precedentes desta Turma. Recurso de revista conhecido e provido" (RRAg-1000166-83.2019.5.02.0255, 6ª Turma, Relator Ministro Augusto Cesar Leite de Carvalho, DEJT 18/03/2022) destaquei. Devem ser deduzidos os valores pagos sob idênticos títulos aos aqui deferidos, evitando o enriquecimento sem causa. Deverá a parte reclamada comprovar eventuais recolhimentos previdenciários e tributários incidentes, na forma da lei e do Provimento Geral Consolidado do Tribunal desta 18ª Região da Justiça do Trabalho. A atualização monetária, em observância ao decidido pelo STF na ADC 58 MC-AGR / DF, de 18/12/2020, e às alterações posteriores promovidas pela Lei 14.905/2024, conforme decisão da SDI1 do C. TST nos autos E-ED-RR - 713-03.2010.5.04.0029, de lavra do Exmo. Ministro ALEXANDRE AGRA BELMONTE, publicado no dia 25.10.2024, deve observar, considerando a data do ajuizamento da ação: a) o IPCA-E na fase pré-judicial acrescido dos juros de mora (art. 39, caput, da Lei 8.177, de 1991); b) a partir do ajuizamento da ação até 29/08/2024, a taxa SELIC, sendo vedada a cumulação com outra taxa de juros, e c) a partir de 30/08/2024, no cálculo da atualização monetária, será utilizado o IPCA (art. 389, parágrafo único, do Código Civil); os juros de mora corresponderão ao resultado da subtração SELIC - IPCA (art. 406, parágrafo único, do Código Civil), com a possibilidade de não incidência (taxa 0), nos termos do § 3º do artigo 406. 3-DISPOSITIVO Ante o exposto, julgo procedente, em parte, o pedido, para condenar CHINA RAILWAY NO. 10 ENGINEERING CONSTRUTORA DO BRASIL LTDA. a cumprir em favor de BRUNO CESAR SILVA GUILGER SIMOES, as obrigações impostas nos fundamentos, na forma e nos exatos termos neles descritos, eis que sua íntegra constitui parte deste dispositivo. Honorários advocatícios a cargo da reclamada e do reclamante, conforme fundamentação, observada a condição suspensiva de exigibilidade. Liquidação por cálculos, acrescido de atualização, nos termos da fundamentação acima. Natureza jurídica das verbas contempladas nesta sentença na forma do art. 28, § 9º, da lei 8212/91. A parte reclamada deve comprovar os recolhimentos previdenciários e fiscais, no prazo legal, autorizada a dedução da cota parte que cabe a parte autora, na forma da lei e do Provimento Geral Consolidado deste Eg. Tribunal da 18ª Região da Justiça do Trabalho. Os recolhimentos deverão ser feitos no prazo legal e comprovados em Juízo no prazo de cinco (05) dias, após a data do recolhimento, devendo a reclamada preencher e enviar a Guia de Recolhimento ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social – GFIP e Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais Previdenciários e de Outras Entidades e Fundos (DCTFWeb) e DARF, nos termos do art. 19, inciso V, da Instrução Normativa RFB nº 2.005/2021, (válida a partir de 01/10/2023), em conformidade com o disposto no artigo 178 e parágrafos do Provimento Geral Consolidado deste E. Tribunal, sendo que o descumprimento sujeitará o infrator a pena de multa e demais sanções administrativas, nos termos dos artigos 32, § 10, e 32-A, da Lei nº 8.212/91, bem como do artigo 284, I, do Decreto nº 3.048, de 6 de maio de 1999, sem prejuízo de execução (art. 86/PGC-TRT/18). Custas, pela reclamada, no importe de R$140,00, apuradas sobre o valor de R$7.000,00, provisoriamente arbitrado para a condenação. Intimem-se. Nada mais. MARCELO ALVES GOMES Juiz Titular de Vara do Trabalho Intimado(s) / Citado(s) - CHINA RAILWAY NO. 10 ENGINEERING CONSTRUTORA DO BRASIL LTDA.

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Bruno Cesar Silva Guilger Simoes x China Railway No. 10 Engineering Construtora Do Brasil Ltda.

ID: 261649794

Tribunal: TRT18 Órgão: VARA DO TRABALHO DE CATALÃO Classe: AçãO TRABALHISTA - RITO SUMARíSSIMO Nº Processo: 0000247-46.2025.5.18.0141

Data de Disponibilização: 28/04/2025

Polo Ativo:

BRUNO CESAR SILVA GUILGER SIMOES

Polo Passivo:

CHINA RAILWAY NO. 10 ENGINEERING CONSTRUTORA DO BRASIL LTDA.

Notificação

Advogados:

THIAGO RODRIGUES VITAL RIBEIRO

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

ABNER MARQUES GOMES

OAB/GO XXXXXX Desbloquear

ARTHUR BRANT DE CARVALHO

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 18ª REGIÃO VARA DO TRABALHO DE CATALÃO 0000247-46.2025.5.18.0141 : BRUNO CESAR SILVA GUILGER SIMOES : CHINA RAILWAY NO. 10… PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 18ª REGIÃO VARA DO TRABALHO DE CATALÃO 0000247-46.2025.5.18.0141 : BRUNO CESAR SILVA GUILGER SIMOES : CHINA RAILWAY NO. 10 ENGINEERING CONSTRUTORA DO BRASIL LTDA. INTIMAÇÃO Fica V. Sa. intimado para tomar ciência da Sentença ID 4c8e7bc proferida nos autos, cujo dispositivo consta a seguir: PROCESSO: 0000247-46.2025.5.18.0141 RECLAMANTE: BRUNO CESAR SILVA GUILGER SIMOES RECLAMADA: CHINA RAILWAY NO. 10 ENGINEERING CONSTRUTORA DO BRASIL LTDA. SENTENÇA 1-RELATÓRIO Dispensado por tratar-se de reclamação trabalhista submetida ao rito sumaríssimo. 2-FUNDAMENTAÇÃO 2.1. Descaracterização dos turnos ininterruptos de revezamento. Horas extras a partir da 6ª diária: O reclamante alega que "laborou no sistema de turno alternado e ininterrupto de revezamento no sistema 5x2 (cinco dias de trabalho por 2 de folga) das 7h às 18h e 18h até 3h, ambos com 1 hora de intervalo intrajornada". Aduz que "não há normas coletivas feitas pela reclamada com o sindicato da categoria do reclamante dispondo sobre jornada em turnos de revezamento, inclusive, acima de 6 horas diárias", bem como que "ainda que existissem cláusulas sobre turnos de revezamento com jornada superior a 6 horas diárias em normas coletivas feitas pela reclamada e sindicato da categoria do reclamante, deve-se ressaltar que durante todo o contrato de trabalho, o reclamante sempre realizava efetivas horas extras diárias/semanais acima das jornadas de trabalho estabelecidas via convenção, em flagrante descumprimento de norma coletiva". Requer a condenação da reclamada ao "pagamento de horas extras acima da 6º hora diária por todo o contrato de trabalho, com adicional legal de 50% ou 100%, bem como reflexos no descanso semanal remunerado, aviso prévio, décimo terceiro salário, férias + 1/3 e no FGTS+40%", com divisor 180. A reclamada contesta, ao argumento de que o reclamante foi contratado para "laborar em jornada especial (turno ininterrupto de revezamento 5x2) nos seguintes horários: 7h às 18h e 18h até 3h, ambos com 1 hora de intervalo intrajornada". Pontua que "na remota hipótese de entendimento diverso por este Juízo, no sentido de que o Reclamante laborava sob regime de turno ininterrupto de revezamento, é importante destacar que tal escala de trabalho, está autorizada conforme acordo coletivo entre o sindicato dos trabalhadores da categoria e a Reclamada (Doc. 08) e conforme art. 7º, inciso XXVI da Constituição Federal". Requer a improcedência do pleito. Analiso. Inicialmente, o reclamante não impugna a aplicação dos ACTs juntados pela reclamada. Os cartões de ponto juntados pela reclamada comprovam que entre a admissão até 11/07/2022 e entre 12/08/2022 até 02/10/2022 o reclamante sempre trabalhou em jornada diurna, não havendo alternância entre jornadas diurnas e noturnas, e de conseguinte não restou configurado o regime de turnos ininterruptos de revezamento para tais períodos. Dessa forma, nos referidos períodos não é devida a descaracterização de turnos pretendida, e por consequência o pedido de horas extras acima da 6ª diária e 36ª semanal, com aplicação do divisor 180. Indefiro. Contudo, nos períodos entre 12/07/2022 até 11/08/2022 e entre 03/10/2022 até a rescisão contratual, os espelhos de ponto demonstram que a alternância de turnos era constante, intercalando jornadas diurnas e jornadas noturnas, motivo pelo qual ficou comprovado que nestes períodos o reclamante realizava sua jornada de trabalho em turnos ininterruptos de revezamento. Nesse rumo, restar analisar a validade dos turnos de revezamento adotados pela reclamada, nos períodos entre 12/07/2022 até 11/08/2022 e entre 03/10/2022 até a rescisão contratual, já que os espelhos de ponto juntados aos autos não foram impugnados. O ACT 2022/2024 estabelece: 4 TURNOS ININTERRUPTOS DE REVEZAMENTO 4.1 Considerando o permissivo contido no artigo 7º, incisos XIV e XVI, da Constituição Federal, fica facultado à Empresa adotar o turno de revezamento ininterrupto 4x4, obedecidas as seguintes disposições: 4.1.1 jornada de trabalho de 24 (vinte e quatro) horas em 2 (dois) turnos ininterruptos de revezamento de 12 (doze) horas cada um, com 10 (dez) horas diárias de trabalho efetivo e 2 (duas) horas de intervalo para refeição, lanche e repouso; [...] 4.1.5 as escalas de trabalho de revezamento serão definidas pela Empresa, com anuência do Sindicato, no modelo de 4 (quatro) dias de trabalho sucedidos por 4 (quatro) dias de folga (4x4), sendo 2 (dois) dias de trabalho diurno, mais 2 (dois) dias de trabalho noturno, sucedidos por 4 (quatro) dias de folga. 4.2 É fixado em 200 (duzentos) o divisor para pagamento e desconto de ocorrências de frequência para os empregados do turno 4x4. (grifei) As normas coletivas da reclamada estabelecem dos turnos de revezamento em escala de 4x4, com jornada diária de 12 horas e dois intervalos intrajornada de 01 hora cada. Considerando a alegação da defesa (trabalho em escala 6x1 e 5x2), bem como o que restou comprovado nos espelhos de ponto (trabalho em turnos de revezamento em escala 6x1 e 5x2), os turnos trabalhados pelo reclamante, nos períodos entre 12/07/2022 até 11/08/2022 e entre 03/10/2022 até a rescisão contratual, não estavam previstos/autorizados nos ACTs (turno de 4x4). Sobre a ausência de norma coletiva autorizando o trabalho em turnos de revezamento, utilizo os seguintes arestos como reforço de fundamentação: TURNO ININTERRUPTO DE REVEZAMENTO. HORAS EXTRAS. AUSÊNCIA DE NEGOCIAÇÃO COLETIVA. A jornada para o trabalho realizado em turnos ininterruptos de revezamento é de 6 horas diárias, salvo negociação coletiva em contrário, conforme dispõe o inciso XIV, do artigo 7º, da Constituição Federal. Não ficando comprovada nos autos a existência de previsão em instrumento coletivo, são devidas como extras as horas excedentes ao limite imposto pela regra constitucional. (TRT da 18ª Região; Processo: 0010896-57.2020.5.18.0008; Data de assinatura: 08-10-2021; Órgão Julgador: OJ de Análise de Recurso - 2ª TURMA; Relator(a): KATHIA MARIA BOMTEMPO DE ALBUQUERQUE) grifei "TURNO ININTERRUPTO DE REVEZAMENTO. AUSÊNCIA DE NEGOCIAÇÃO COLETIVA. HORAS EXTRAS ALÉM DA 6ª HORA. A duração normal do trabalho em turnos ininterruptos de revezamento é de 6 horas diárias. Superado esse limite, sem a observância do requisito da negociação coletiva, é devido o pagamento das horas excedentes da 6ª diária como extras, ante o descumprimento do art. 7º, inciso XIV, da Constituição Federal." (TRT18, RORSum - 0010145-95.2020.5.18.0129, Rel. PLATON TEIXEIRA DE AZEVEDO FILHO, 2ª TURMA, 02/06/2021) grifei HORAS EXTRAS. TURNO ININTERRUPTO DE REVEZAMENTO. ELASTECIMENTO DA JORNADA PARA 8H DIÁRIAS. INEXISTÊNCIA DE NORMA COLETIVA. O elastecimento da jornada de trabalho além da 6ª diária no trabalho realizado em turnos ininterruptos de revezamento somente é permitido quando previsto em negociação coletiva e desde que não seja ultrapassada a jornada de oito horas diárias (Súmula 423/TST). Situação em que não foi demonstrada existência de norma coletiva autorizando o elastecimento da jornada do empregado para 8h diárias, em regime de turno ininterrupto de revezamento (art. 7º, XIV, da CF). (TRT da 18ª Região; Processo: 0013205-93.2016.5.18.0201; Data de assinatura: 05-06-2018; Órgão Julgador: OJ de Análise de Recurso - 3ª TURMA; Relator(a): ROSA NAIR DA SILVA NOGUEIRA REIS) grifei No caso dos autos, como pontuado anteriormente, pelas normas coletivas juntadas pela reclamada, os turnos de revezamento trabalhados pelo reclamante não eram autorizados, notadamente, porque a norma estabeleceu a escala de 4x4. Ante a ausência de negociação coletiva, nos períodos entre 12/07/2022 até 11/08/2022 e entre 03/10/2022 até a rescisão contratual, estabelecendo o trabalho em turnos ininterruptos de revezamento (CF, XIV, art. 7º) nos moldes praticados, o reclamante é credor das horas trabalhadas além da 6ª hora diária e 36ª hora semanal, além do divisor 180. A tais fundamentos, defiro, em parte, o pedido e condeno a reclamada ao pagamento das horas extras que excederem a 6ª hora diária e a 36ª hora semanal, no período acima fixado (entre 12/07/2022 até 11/08/2022 e entre 03/10/2022 até a rescisão contratual). A apuração das horas extras deve observar: a) o divisor 180; b) os adicionais estabelecidos nos ACTs (50% e 100%); c) a jornada registrada nos espelhos de ponto juntados aos autos; d) a base de cálculo deve observar a evolução salarial e as parcelas salariais, conforme contracheques juntados aos autos e Súmula 264/CTST; e) a exclusão dos dias de afastamento, folgas, faltas, feriados e suspensão do contrato, desde que comprovados; f) os limites do pedido; e, g) a dedução de valores pagos sob idênticos títulos. Defiro, ainda, os reflexos das horas extras em DSR, em aviso prévio, 13º salários, férias c/ 1/3 e fgts+40%. 2.2. Recálculo do adicional noturno. Prorrogação da hora noturna. Redução da hora noturna: O reclamante alega que a reclamada não aplicava o divisor 180 para o pagamento do adicional noturno. Pontua que quando trabalhava em jornada noturna/mista, recebia o adicional noturno até 05h, bem como que não era considerada a redução da hora noturna. Requer a condenação da reclamada ao pagamento do adicional noturno, com aplicação do divisor 180, bem como ao "pagamento do saldo de horas extras noturnas diário (média de 35 minutos diários no turno das 18h às 3h), acrescidos de 50%, considerando de 22h até o fim da jornada de trabalho, e todo o período imprescrito do contrato de trabalho, divisor de 180h, com reflexos em DSR, aviso prévio, 13º, férias+1/3 e FGTS+40%". Analiso. Nos períodos entre a admissão até 11/07/2022 e entre 12/08/2022 até 02/10/2022, os espelhos de ponto juntados pela reclamada comprovam o trabalho apenas em jornada diurna, inclusive, sendo declarado, no capítulo anterior, que em tais períodos não houve trabalho em turnos de revezamento. Logo, o reclamante não é credor de adicional noturno, prorrogação e/ou redução da hora noturna, por aplicação do divisor 180, entre a admissão até 11/07/2022 e entre 12/08/2022 até 02/10/2022. Indefiro. Nada obstante, anteriormente foi deferido o pagamento das horas extras excedentes à 6ª hora diária e 36ª semanal, com divisor 180, nos períodos entre 12/07/2022 até 11/08/2022 e entre 03/10/2022 até a rescisão contratual, por ausência de norma coletiva para implementação do turno de revezamento trabalhado (alternância entre jornadas diurnas e noturnas), e de conseguinte, o reclamante é credor das diferenças do adicional noturno, prorrogação e redução da hora noturna em referido período, aplicando-se o divisor 180. Outrossim, é importante registrar que durante o vínculo de emprego não houve registro de labor após as 03:05h, não havendo que se falar em prorrogação do adicional noturno após as 05h. Ante o exposto, defiro em parte o pedido e condeno a reclamada ao pagamento de diferenças de adicional noturno e horas extras, em decorrência da aplicação do divisor 180, nos períodos entre 12/07/2022 até 11/08/2022 e entre 03/10/2022 até a rescisão contratual, observando-se os dias e a jornada anotada nos espelhos de ponto, as parcelas constantes dos contracheques (adicional noturno e horas extras pela redução da hora noturna), além dos adicionais fixados nos ACTs (50% e 100%). Defiro, ainda, os reflexos do adicional noturno e horas extras em DSR, mas apenas dos primeiros (adicional noturno e horas extras) em aviso prévio, 13º salários, férias c/ 1/3 e fgts+40%. 2.3. Demais requerimentos: Concedo à parte reclamante o "benefício da justiça gratuita" na forma do §3º, do art. 790, da CLT, pois a declaração juntada aos autos, não infirmada por outras provas, basta para comprovar que a parte não tem condições de suportar custas e despesas do processo, sem prejuízo de seu sustento e de sua família. Ademais, a jurisprudência do C/TST é no sentido de que a simples declaração de hipossuficiência econômica basta a sustentar o deferimento dos benefícios da justiça gratuita, mesmo após a chamada “Reforma Trabalhista”. Nesse sentido: “AGRAVO. RECURSO DE REVISTA. ACÓRDÃO PUBLICADO NA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.467/2017. BENEFÍCIO DA JUSTIÇA GRATUITA. PESSOA FÍSICA. COMPROVAÇÃO DE INSUFICIÊNCIA DE RECURSOS POR SIMPLES DECLARAÇÃO. TRANSCENDÊNCIA JURÍDICA RECONHECIDA. Cinge-se a controvérsia a definir se a simples declaração de hipossuficiência econômica é suficiente para a comprovação do estado de pobreza do reclamante, para fins de deferimento dos benefícios da justiça gratuita, em ação ajuizada após a vigência da Lei n° 13.467/2017. Segundo o artigo 790, §§ 3º e 4º, da CLT, com as alterações impostas pela Lei nº 13.467/2017, o benefício da gratuidade da Justiça será concedido àqueles que perceberem salário igual ou inferior a 40% do limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social, ou àqueles que comprovarem insuficiência de recursos. Já o artigo 5º, LXXIV, da Constituição Federal consagra o dever do Estado de prestar assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos e o artigo 99, § 3º, do CPC, de aplicação supletiva ao processo do trabalho, consoante autorização expressa no artigo 15 do mesmo Diploma, dispõe presumir-se verdadeira a alegação de insuficiência deduzida por pessoa natural. A partir da interpretação sistemática desses preceitos, não é possível exigir dos trabalhadores que buscam seus direitos na Justiça do Trabalho - na sua maioria, desempregados - a comprovação de estarem sem recursos para o pagamento das custas do processo. Deve-se presumir verdadeira a declaração de pobreza firmada pelo autor ou feita por seu advogado, com poderes específicos para tanto. Agravo Interno e Recurso de Revista conhecidos e providos. (PROCESSO Nº TST-Ag-RRAg-1001410-91.2018.5.02.0090 – 5ª Turma – Ministro Redator Designado ALBERTO BASTOS BALAZEIRO) Aos fundamentos acima, “não é possível exigir dos trabalhadores que buscam seus direitos na Justiça do Trabalho - na sua maioria, desempregados - a comprovação de estarem sem recursos para o pagamento das custas do processo”. Assim, mesmo após a após a vigência da Lei n° 13.467/2017, a apresentação de declaração de hipossuficiência econômica da pessoa natural é suficiente para a concessão dos benefícios da gratuidade da Justiça, conforme Súmula 463, I, do TST: “para a concessão da assistência judiciária gratuita à pessoa natural, basta a declaração de hipossuficiência econômica firmada pela parte ou por seu advogado, desde que munido de procuração com poderes específicos para esse fim”. Condeno a parte reclamada ao pagamento dos honorários de sucumbência ao(a) advogado(a) da parte reclamante, no importe de 7,5%, observando os critérios fixados no §2º, do artigo 791-A, da CLT, calculados sobre o valor líquido dos pedidos acolhidos/deferidos (conforme capítulos anteriores), devidamente atualizado, conforme se apurar em liquidação de sentença. A parte reclamante sucumbiu em alguns dos pedidos deduzidos na inicial, razão pela qual defiro o pedido de condenação ao pagamento dos honorários de sucumbência ao(a) advogado(a) da parte reclamada, no importe de 7,5%, observando os critérios fixados no §2º, do artigo 791-A, da CLT, calculados sobre o valor dos pedidos integralmente indeferidos (conforme capítulos anteriores), devidamente atualizado, conforme se apurar em liquidação de sentença. Portanto, fica vedada a dedução dos créditos obtidos pelo reclamante, nesta ou em outra ação por ele ajuizada, do valor dos honorários devidos ao(a) advogado(a) da reclamada. A apuração da condenação da parte reclamada ao pagamento das verbas postuladas na inicial não deverá observar como limite os valores indicados na causa de pedir e pedido da exordial, pois conforme Instrução Normativa nº 41/2018, que determina que "Para fim do que dispõe o art. 840, §§ 1º e 2º, da CLT, o valor da causa será estimado, observando-se, no que couber, o disposto nos arts. 291 a 293 do Código de Processo Civil", os valores são sempre “estimados”, independentemente de ressalva ou não na petição inicial. Nesse sentido transcrevo ementas de casos paradigmas julgados pelo C/TST, adotando-as como razões de decidir: "AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. LEIS Nos 13.015/2014 E 13.467/2017. JUROS. CORREÇÃO MONETÁRIA. PARÂMETROS. AUSÊNCIA DE TRANSCRIÇÃO DA DECISÃO RECORRIDA. INOBSERVÂNCIA DO PRESSUPOSTO RECURSAL PREVISTO NO ART. 896, §1º-A, I, DA CLT. TRANSCENDÊNCIA NÃO RECONHECIDA Por força do comando do art. 896, §1º-A, I, da CLT, para viabilizar o exame do recurso de revista, a parte deve transcrever nas razões de recorrente o trecho do acórdão regional que consubstancia o prequestionamento da controvérsia. Na hipótese, a parte agravante não atendeu ao referido pressuposto intrínseco de admissibilidade recursal, razão pela qual resulta inviável o processamento do apelo. Agravo de instrumento a que se nega provimento. II - RECURSO DE REVISTA. LEIS Nos 13.015/2014 E 13.467/2017. LIMITES DA LIDE. IMPOSSIBILIDADE DE LIMITAÇÃO DA CONDENAÇÃO AOS VALORES ATRIBUÍDOS AOS PEDIDOS NA PETIÇÃO INICIAL. INTERPRETAÇÃO TELEOLÓGICA DO ART. 840, §1º, DA CLT. INAFASTABILIDADE DO JUS POSTULANDI E DOS PRINCÍPIOS DO AMPLO ACESSO À JURISDIÇÃO (ART. 5º, XXXV, DA CF), DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA (ART. 1º, III, DA CF), PROTEÇÃO SOCIAL DO TRABALHO (ART. 1º, IV, DA CF), DO CONTRADITÓRIO E DA AMPLA DEFESA (ART. 5º, LV DA CF), DA IMEDIAÇÃO (ART. 820, DA CLT), DA INFORMALIDADE, SIMPLICIDADE, DISPOSITIVO. APLICAÇÃO DA REGRA ESPECIAL PREVISTA NA IN 41/2018 C/C ART. 840, §1º, DA CLT. VALORES INDICADOS NA PETIÇÃO COMO MERA ESTIMATIVA. DESNECESSIDADE DE INDICAÇÃO DE RESSALVA QUANTO AO CARÁTER ESTIMADO DOS VALORES. 1.1. Trata-se de recurso de revista com fulcro no art. 896, c, da CLT, em que se pretende a reforma do acórdão regional recorrido quanto à limitação da condenação aos valores atribuídos a cada pedido apresentado já na exordial. O recorrente aponta violação aos arts. 840, §1º da CLT e divergência jurisprudencial. 1.2. A adequada interpretação jurídica das alterações promovidas pela Lei nº 13.467/2017 aos parágrafos 1º e 2º do artigo 840, da CLT proporciona impacto na prática trabalhista, eis que introduz novos requisitos aos pedidos trazidos nas petições iniciais protocolizadas nas Varas do Trabalho. 1.3. A exigência de se consignar, na petição inicial, pedidos certos e determinados já era observada nas reclamações trabalhistas, uma vez que a antiga redação do art. 840, §1º, da CLT não continha detalhes acerca do conteúdo e especificações do pedido. Assim, aplicavam-se subsidiariamente (arts. 769, da CLT e 15, do CPC) os artigos 322 e 324 do CPC, quanto à necessidade de que os pedidos fossem certos e determinados. Com a entrada em vigor da Lei nº 13.467/2017, o §1º do art. 840, da CLT torna-se norma específica que disciplina os requisitos da petição inicial no processo do trabalho. Portanto, além de estipular que os pedidos devem ser certos e determinados, inaugura-se a obrigatoriedade de que cada um contenha a indicação de seu valor. 1.4. Sob este viés, a exigência de indicação do valor dos pedidos determinada pelo artigo 840, §1º, da CLT objetiva que, desde a petição inicial, as partes delimitem, com razoável destreza, o alcance de sua pretensão. 1.5. A despeito disso, a redação do artigo 840, §1º, da CLT de determinação de indicação do valor na petição inicial não é inédita no sistema processual trabalhista. Desde os anos 2000, por meio do art. 852-B, I, da CLT (introduzida pela Lei nº 9.957/2000), passou-se a exigir que as petições iniciais submetidas ao rito sumaríssimo fossem líquidas, por se tratarem de causas que, dada a natureza, possuem condições de ser examinadas de forma mais célere pela Justiça do Trabalho, 1.6. Assim, o artigo 840, §1º, da CLT passou a prever uma equivalência entre os requisitos da petição inicial das ações submetidas ao rito sumaríssimo e àquelas sob o rito ordinário, cuja natureza das demandas, no entanto, tende a ser de ordem mais complexa. 1.7. Efetivamente, antes das alterações promovidas pela Lei nº 13.467/2017 nas ações submetidas ao rito ordinário, o quantum debeatur era estabelecido em fase própria de certificação, qual seja, a liquidação de sentença. Ou seja, apenas depois de ultrapassada toda a instrução processual, orientada pelo princípio da imediação, previsto no art. 820 da CLT, com a respectiva colheita de provas e análise de cada uma delas, iniciava-se o momento processual de liquidação dos pedidos. 1.8. Por força das determinações legais de serem apresentados pedidos certos e determinados, o sistema processual trabalhista então vigente, como houvera de ser, detinha preservados a ampla defesa e o contraditório do réu, que tinha ao seu dispor a possibilidade de contestar cada um dos pedidos, seja na fase de conhecimento, seja na de liquidação. 1.9. Isto é, o novo comando do art. 840, §1º, da CLT incorpora às demandas trabalhistas sob o rito ordinário critérios técnicos jamais antes exigidos e, uma vez não cumpridos, ter-se-á como consequência, a extinção do processo sem resolução de mérito, conforme determina o também novo §3º, do art. 840, da CLT. Com isso, passou-se a atribuir aos reclamantes o encargo processual de, para ingressar com uma demanda trabalhista, apresentar valores que venham a corresponder ao objeto dos pedidos, sem antes se ter iniciada a fase de instrução processual. 1.10. Inobstante, o rigor técnico exigido pelo art. 840, §1º, da CLT, interpretado de forma dissociada das demais normas e princípios que regem a processualística trabalhista, conduz a um estreitamento do jus postulandi (art. 791, da CLT), que historicamente é uma das características que mais singularizam, em essência, a jurisdição trabalhista. A contrario sensu, preservando-se essa orientação, mesmo com a nova redação do artigo 840, §1º, da CLT manteve-se a orientação de que, na petição inicial, basta "uma breve exposição dos fatos", uma vez que as partes, via de regra, não possuem conhecimentos técnicos para formular ' fundamentos jurídicos do pedido. 1.11. Nesse cenário, a interpretação gramatical do dispositivo pode conduzir à mitigação do jus postulandi, em desatenção ao princípio do amplo acesso à jurisdição (art. 5º, XXXV, da CF). 1.12. A determinação de indicação dos valores dos pedidos nas causas submetidas ao rito ordinário tem como reflexo a controvérsia trazida pela parte recorrente em seu recurso de revista, qual seja, a eventual vinculação ou limitação da condenação aos valores atribuídos a cada pedido apresentado já na exordial. 1.13. De fato, de acordo com a regra da congruência entre os pedidos formulados na ação e a condenação arbitrada (arts. 832, da CLT e arts. 141, §2º e 492, do CPC), nos termos do disciplinado nos arts. 141 e 492 do CPC, os valores indicados na petição inicial de forma líquida limitariam àqueles arbitrados na condenação, sob pena de se incorrer em decisão extra, ultra ou citra petita. 1.14. A partir desse cenário, a natureza do conflito trabalhista submetido à apreciação desta Corte perpassa, entre outros, a averiguação acerca da (im) possibilidade de se determinar que a condenação limite-se a exatamente os valores indicados para cada pedido na petição inicial, sob pena de violação aos artigos 141 e 492 do CPC . 1.15. No caso concreto, diferentemente do que entendeu o acórdão regional recorrido, no que diz respeito à indicação dos pedidos liquidados na petição inicial, a dicção dos dispositivos acima deve ser cotejada não só com uma interpretação teleológica do art. 840, §1º, da CLT, como também com os princípios da informalidade e da simplicidade, que orientam toda a lógica processual trabalhista. A partir desses princípios, no âmbito desta Justiça Especializada, não se pode exigir das partes reclamantes que, para que recebam a integralidade das verbas a que realmente fazem jus ao final de uma demanda trabalhista, correndo o risco de uma decisão citra, ultra ou extra petita, submetam-se, eventualmente, às regras de produção antecipada de prova e/ou contratação de serviço contábil especializado, a fim de liquidar com precisão cada um dos pedidos para adimplir a exigência do artigo 840, §1º, da CLT e, somente depois disso, ajuizar uma demanda trabalhista. Interpretação nesse sentido afrontaria, a um só tempo, o princípio da oralidade e o dispositivo, que, em conjunto, asseguram às partes reclamantes o direito de ir a juízo pleitear as verbas que entendem lhe serem devidas. 1.16. Ou seja, a análise sobre a necessidade de limitação do valor da condenação àqueles previamente apresentados na exordial deve ser orientada por uma perspectiva teleológica do direito processual do trabalho, cuja interpretação dos dispositivos que o integram deve, pois, ser sempre norteada pelos princípios do amplo acesso à jurisdição (art. 5º, XXXV, da CF), dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, da CF), proteção social do trabalho (art. 1º, IV, da CF). 1.17. Em atenção a isso e considerando o impacto do art. 840, §1º, da CLT na processualística trabalhista, assim como a necessidade de oferecer ao jurisdicionado a segurança jurídica indispensável a possibilitar estabilidade das relações processuais, este Tribunal Superior do Trabalho aprovou a Instrução Normativa nº 41/2018, que determina que "Para fim do que dispõe o art. 840, §§ 1º e 2º, da CLT, o valor da causa será estimado, observando-se, no que couber, o disposto nos arts. 291 a 293 do Código de Processo Civil" . 1.18. A interpretação do art. 840, §1º, da CLT, aliada aos princípios mencionados permite chegar à conclusão de que, tendo o reclamante apresentado, em sua petição inicial, pedido certo e determinado com indicação de valor - estimado -, por um lado, atende-se à exigência do art. 840, §1º, da CLT. Por outro lado, possibilita ao polo passivo o integral exercício da ampla defesa e do contraditório, assegurados pelo artigo 5º, LV, da CF. Trata-se, assim, de interpretação que observa os princípios constitucionais do trabalho, conferindo, igualmente, efetivamente ao referido artigo celetista. 1.19. Assim, a Instrução Normativa nº 41/2018 ao se referir ao "valor estimado da causa" acaba por delimitar que o pedido apresentado na petição inicial "com indicação de seu valor" a que se refere o art. 840, §1º, da CLT deve ser considerado de forma estimada, eis que inexiste nos dispositivos do CPC a que faz remissão a instrução normativa qualquer delimitação em sentido contrário. O artigo 291, do CPC, pertinente à análise ora empreendida apenas se refere à necessidade de indicação de "valor certo" da causa, inexistindo, portanto, qualquer obrigação de liquidação do valor da causa, tampouco do pedido, com efeito vinculativo à condenação. Ainda, considerando-se a necessária aplicação supletiva do CPC à hipótese, a ausência de indicação de valores na petição inicial não deve ter como consequência a extinção do feito sem resolução do mérito, devendo-se oportunizar à parte a possibilidade de saneamento do defeito, no prazo de 15 dias, por aplicação analógica da Súmula 263 deste TST c/c arts. 4º, 6º e 317 do CPC. 1.20. Nesse mesmo sentido, interpretando a redação do parágrafo 2º do artigo 12 da IN 41/2018 em confronto com as exigências do art. 840, §1º, da CLT e, igualmente dos artigos 141 e 492 do CPC, este Tribunal Superior do Trabalho acumula precedentes no sentido de que os valores constantes nos pedidos apresentados de forma líquida na exordial devem ser considerados apenas como fim estimado, não havendo limitação da condenação àquele montante. 1.21. A partir do exposto, na hipótese vertente, em que a inicial foi ajuizada em 24/07/2020, incidem as normas processuais previstas na CLT após as alterações da Lei 13.467/2017. Portanto, os valores constantes nos pedidos apresentados de forma líquida na reclamação trabalhista devem ser considerados como mera estimativa, não sendo necessária qualquer ressalva e/ou indicação de se tratarem de valores estimados, eis que já devem ser assim considerados por força da Instrução Normativa nº 41/2018 c/c art. 840, §1º, da CLT e dos princípios constitucionais que regem o processo do trabalho, em especial os princípios do amplo acesso à jurisdição (art. 5º, XXXV, da CF), dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, da CF), proteção social do trabalho (art. 1º, IV, da CF). Recurso de revista conhecido e provido. HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS. BENEFICIÁRIOS DA JUSTIÇA GRATUITA. ARTS. 791-A, § 4º, E 790-B DA CLT. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE Nº 5.766/DF. TRANSCENDÊNCIA POLÍTICA RECONHECIDA. 2.1. Este Relator vinha entendendo pela inconstitucionalidade integral dos dispositivos relativos à cobrança de honorários advocatícios do beneficiário da gratuidade judiciária, com base na certidão de julgamento da ADI 5.766/DF, julgada em 20/10/2021. 2.2. Contudo, advinda a publicação do acórdão, em 03/05/2022, restou claro que o Supremo Tribunal Federal, no julgamento da referida ação, declarou a inconstitucionalidade do trecho " desde que não tenha obtido em juízo, ainda que em outro processo " do art. 791-A, § 4º, e do trecho " ainda que beneficiária da justiça gratuita" , constante do caput do art. 790-B, e da integralidade do § 4º do mesmo dispositivo, todos da CLT. 2.3. Em sede de embargos de declaração o Supremo Tribunal Federal reafirmou a extensão da declaração de inconstitucionalidade desses dispositivos, nos termos em que fixada no acórdão embargado, em razão da existência de congruência com o pedido formulado pelo Procurador-Geral da República. 2.4. A inteligência do precedente firmado pelo Supremo Tribunal Federal não autoriza a exclusão da possibilidade de que, na Justiça do Trabalho, com o advento da Lei nº 13.467/17, o beneficiário da justiça gratuita tenha obrigações decorrentes da sucumbência que restem sob condição suspensiva de exigibilidade; o que o Supremo Tribunal Federal reputou inconstitucional foi a presunção legal, iure et de iure , de que a obtenção de créditos na mesma ou em outra ação, por si só, exclua a condição de hipossuficiente do devedor. 2.5. Vedada, pois, é a compensação automática insculpida na redação original dos dispositivos; prevalece, contudo, a possibilidade de que, no prazo de suspensão de exigibilidade, o credor demonstre a alteração do estado de insuficiência de recursos do devedor, por qualquer meio lícito, circunstância que autorizará a execução das obrigações decorrentes da sucumbência. 2.6. Assim, os honorários de advogado sucumbenciais devidos pela parte reclamante ficam sob condição suspensiva de exigibilidade e somente poderão ser executados se, nos dois anos subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que os certificou, o credor demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência de recursos do devedor, que, contudo, não poderá decorrer da mera obtenção de outros créditos na presente ação ou em outras. Passado esse prazo, extingue-se essa obrigação do beneficiário. 2.7. Na presente hipótese, a Corte de origem, ao aplicar a literalidade do art. 791-A, § 4º, da CLT, decidiu em desconformidade com o entendimento firmado pelo Supremo Tribunal Federal. Recurso de revista conhecido e parcialmente provido" (RRAg-820-10.2020.5.12.0050, 3ª Turma, Relator Ministro Alberto Bastos Balazeiro, DEJT 24/03/2023) destaquei. "PEDIDOS LÍQUIDOS. LIMITAÇÃO DA CONDENAÇÃO AOS VALORES DE CADA PEDIDO. APLICAÇÃO DO ART. 840, § 1º, DA CLT, ALTERADO PELA LEI 13.467/2017. TRANSCENDÊNCIA JURÍDICA . A controvérsia gira em torno da aplicação do artigo 840, § 1º, da CLT, que foi alterado pela Lei 13.467/2017. No caso em tela, o debate acerca do art. 840, § 1º, da CLT, detém transcendência jurídica, nos termos do art. 896-A, § 1º, IV, da CLT. Transcendência reconhecida. AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA DA RECLAMANTE SOB A ÉGIDE DA LEI 13.467/2017. PEDIDOS LÍQUIDOS. LIMITAÇÃO DA CONDENAÇÃO AOS VALORES DE CADA PEDIDO. APLICAÇÃO DO ART. 840, § 1º, DA CLT, ALTERADO PELA LEI 13.467/2017. Agravo de instrumento provido, ante possível violação do art. 840, § 1º, da CLT. RECURSO DE REVISTA DA RECLAMANTE SOB A ÉGIDE DA LEI 13.467/2017. PEDIDOS LÍQUIDOS. LIMITAÇÃO DA CONDENAÇÃO AOS VALORES DE CADA PEDIDO. APLICAÇÃO DO ART. 840, § 1º, DA CLT, ALTERADO PELA LEI 13.467/2017. REQUISITOS DO ARTIGO 896, § 1º-A, DA CLT, ATENDIDOS. A controvérsia acerca da limitação da condenação aos valores liquidados apresentados em cada pedido da inicial tem sido analisada, pela jurisprudência dominante, apenas sob a égide dos artigos 141 e 492 do Código de Processo Civil. Por certo que aludidos dispositivos do CPC são aplicados subsidiariamente no processo trabalhista. Entretanto, no que se refere à discussão acerca dos efeitos dos pedidos liquidados, apresentados na inicial trabalhista, os dispositivos mencionados do CPC devem ceder espaço à aplicação dos parágrafos 1º e 2º do artigo 840 da CLT, que foram alterados pela Lei 13.467/2017. Cumpre esclarecer que o TST, por meio da Resolução nº 221, de 21/06/2018, considerando a vigência da Lei 13.467/2017 e a imperativa necessidade de o TST posicionar-se, ainda que de forma não exaustiva, sobre a aplicação das normas processuais contidas na CLT alteradas ou acrescentadas pela Lei 13.467/2017, e considerando a necessidade de dar ao jurisdicionado a segurança jurídica indispensável a possibilitar estabilidade das relações processuais, aprovou a Instrução Normativa nº 41/2018, que no seu art. 12, § 2º, normatizou que "para fim do que dispõe o art. 840, §§ 1º e 2º, da CLT, o valor da causa será estimado (...)". A Instrução Normativa nº 41/2018 do TST, aprovada mediante Resolução nº 221, em 02/06/2018, registra que a aplicação das normas processuais previstas na CLT, alteradas pela Lei 13.467/2017, com eficácia a partir de 11/11/2017, é imediata, sem atingir, no entanto, situações pretéritas iniciadas ou consolidadas sob a égide da lei revogada. Portanto, no caso em tela, em que a inicial foi ajuizada no ano 2018, hão de incidir as normas processuais previstas na CLT alteradas pela Lei 13.467/2017. Assim, a discussão quanto à limitação da condenação aos valores constantes nos pedidos apresentados de forma líquida na exordial deve ser considerada apenas como fim estimado, conforme normatiza o parágrafo 2º do artigo 12 da IN 41/2018 desta Corte. A decisão regional que limitou a condenação aos valores atribuídos aos pedidos na inicial configura ofensa ao art. 840, § 1º, da CLT. Há precedentes desta Turma. Recurso de revista conhecido e provido" (RRAg-1000166-83.2019.5.02.0255, 6ª Turma, Relator Ministro Augusto Cesar Leite de Carvalho, DEJT 18/03/2022) destaquei. Devem ser deduzidos os valores pagos sob idênticos títulos aos aqui deferidos, evitando o enriquecimento sem causa. Deverá a parte reclamada comprovar eventuais recolhimentos previdenciários e tributários incidentes, na forma da lei e do Provimento Geral Consolidado do Tribunal desta 18ª Região da Justiça do Trabalho. A atualização monetária, em observância ao decidido pelo STF na ADC 58 MC-AGR / DF, de 18/12/2020, e às alterações posteriores promovidas pela Lei 14.905/2024, conforme decisão da SDI1 do C. TST nos autos E-ED-RR - 713-03.2010.5.04.0029, de lavra do Exmo. Ministro ALEXANDRE AGRA BELMONTE, publicado no dia 25.10.2024, deve observar, considerando a data do ajuizamento da ação: a) o IPCA-E na fase pré-judicial acrescido dos juros de mora (art. 39, caput, da Lei 8.177, de 1991); b) a partir do ajuizamento da ação até 29/08/2024, a taxa SELIC, sendo vedada a cumulação com outra taxa de juros, e c) a partir de 30/08/2024, no cálculo da atualização monetária, será utilizado o IPCA (art. 389, parágrafo único, do Código Civil); os juros de mora corresponderão ao resultado da subtração SELIC - IPCA (art. 406, parágrafo único, do Código Civil), com a possibilidade de não incidência (taxa 0), nos termos do § 3º do artigo 406. 3-DISPOSITIVO Ante o exposto, julgo procedente, em parte, o pedido, para condenar CHINA RAILWAY NO. 10 ENGINEERING CONSTRUTORA DO BRASIL LTDA. a cumprir em favor de BRUNO CESAR SILVA GUILGER SIMOES, as obrigações impostas nos fundamentos, na forma e nos exatos termos neles descritos, eis que sua íntegra constitui parte deste dispositivo. Honorários advocatícios a cargo da reclamada e do reclamante, conforme fundamentação, observada a condição suspensiva de exigibilidade. Liquidação por cálculos, acrescido de atualização, nos termos da fundamentação acima. Natureza jurídica das verbas contempladas nesta sentença na forma do art. 28, § 9º, da lei 8212/91. A parte reclamada deve comprovar os recolhimentos previdenciários e fiscais, no prazo legal, autorizada a dedução da cota parte que cabe a parte autora, na forma da lei e do Provimento Geral Consolidado deste Eg. Tribunal da 18ª Região da Justiça do Trabalho. Os recolhimentos deverão ser feitos no prazo legal e comprovados em Juízo no prazo de cinco (05) dias, após a data do recolhimento, devendo a reclamada preencher e enviar a Guia de Recolhimento ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social – GFIP e Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais Previdenciários e de Outras Entidades e Fundos (DCTFWeb) e DARF, nos termos do art. 19, inciso V, da Instrução Normativa RFB nº 2.005/2021, (válida a partir de 01/10/2023), em conformidade com o disposto no artigo 178 e parágrafos do Provimento Geral Consolidado deste E. Tribunal, sendo que o descumprimento sujeitará o infrator a pena de multa e demais sanções administrativas, nos termos dos artigos 32, § 10, e 32-A, da Lei nº 8.212/91, bem como do artigo 284, I, do Decreto nº 3.048, de 6 de maio de 1999, sem prejuízo de execução (art. 86/PGC-TRT/18). Custas, pela reclamada, no importe de R$140,00, apuradas sobre o valor de R$7.000,00, provisoriamente arbitrado para a condenação. Intimem-se. Nada mais. MARCELO ALVES GOMES Juiz Titular de Vara do Trabalho Intimado(s) / Citado(s) - BRUNO CESAR SILVA GUILGER SIMOES

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Jose Walter De Oliveira e outros x Cmoc Brasil Mineracao, Industria E Participacoes Ltda. e outros

Pamella Cristina Targino Da Silva x Pedro Pio Pereira

Pamella Cristina Targino Da Silva x Pedro Pio Pereira

Jose Walter De Oliveira e outros x Cmoc Brasil Mineracao, Industria E Participacoes Ltda. e outros

Daniel Estrela Borges x Cmoc Brasil Mineracao, Industria E Participacoes Ltda.

Daniel Estrela Borges x Cmoc Brasil Mineracao, Industria E Participacoes Ltda.

Daniel Estrela Borges x Cmoc Brasil Mineracao, Industria E Participacoes Ltda.

Daniel Estrela Borges x Cmoc Brasil Mineracao, Industria E Participacoes Ltda.

Bruno Cesar Silva Guilger Simoes x China Railway No. 10 Engineering Construtora Do Brasil Ltda.

Bruno Cesar Silva Guilger Simoes x China Railway No. 10 Engineering Construtora Do Brasil Ltda.