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"1001085-61.2025.5.02.0708" - Resultados da Busca

Aleita Mendes Da Silva e outros x Alarcenter Sistemas Integrados Ltda e outros

ID: 319445321

Tribunal: TRT18 Órgão: 3ª TURMA Classe: RECURSO ORDINáRIO TRABALHISTA Nº Processo: 0011263-10.2024.5.18.0051

Data de Disponibilização: 08/07/2025

Polo Ativo:

ALEITA MENDES DA SILVA IVAN BEZE JUNIOR

Polo Passivo:

ALARCENTER SISTEMAS INTEGRADOS LTDA CAOA MONTADORA DE VEICULOS LTDA LOYAL SERVICOS ESPECIALIZADOS LTDA

Acórdão

Advogados:

JOSE RICARDO SANT ANNA

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

CAROLINA LEVI SANRA

OAB/GO XXXXXX Desbloquear

DIEGO SABATELLO COZZE

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

BRUNO SANTOS CUNHA

OAB/GO XXXXXX Desbloquear

PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 18ª REGIÃO 3ª TURMA Relatora: ROSA NAIR DA SILVA NOGUEIRA REIS ROT 0011263-10.2024.5.18.0051 RECORRENTE: ALEITA MENDES DA S… PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 18ª REGIÃO 3ª TURMA Relatora: ROSA NAIR DA SILVA NOGUEIRA REIS ROT 0011263-10.2024.5.18.0051 RECORRENTE: ALEITA MENDES DA SILVA RECORRIDO: ALARCENTER SISTEMAS INTEGRADOS LTDA E OUTROS (2) PROCESSO TRT - ROT-0011263-10.2024.5.18.0051 RELATORA : DESEMBARGADORA ROSA NAIR DA SILVA NOGUEIRA REIS RECORRENTE(S) : ALEITA MENDES DA SILVA ADVOGADO(S) : BRUNO SANTOS CUNHA RECORRIDO(S) : ALARCENTER SISTEMAS INTEGRADOS LTDA ADVOGADO(S) : JOSE RICARDO SANT ANNA RECORRIDO(S) : CAOA MONTADORA DE VEICULOS LTDA ADVOGADO(S) : DIEGO SABATELLO COZZE ADVOGADO(S) : JOSE RICARDO SANT ANNA RECORRIDO(S) : LOYAL SERVICOS ESPECIALIZADOS LTDA ADVOGADO(S) : CAROLINA LEVI SANRA PERITO(S) : IVAN BEZE JUNIOR ORIGEM : 1ª VARA DO TRABALHO DE ANÁPOLIS JUIZ(ÍZA) : ARMANDO BENEDITO BIANKI EMENTA JUSTIÇA DO TRABALHO. RECURSO ORDINÁRIO. DIREITO DO TRABALHO. LIMITAÇÃO DA CONDENAÇÃO. HORAS EXTRAS. ESTABILIDADE PROVISÓRIA. CIPA. INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS. PROVIMENTO PARCIAL. I. CASO EM EXAME 1. Recurso ordinário interposto pela reclamante em face da sentença que julgou parcialmente procedentes os pedidos, buscando a reforma da decisão em relação à limitação da condenação aos valores da inicial, horas extras, indenização por estabilidade provisória de membro da CIPA, indenização por danos morais e honorários sucumbenciais. II. QUESTÃO EM DISCUSSÃO 2. Há 5 questões em discussão: (i) definir se a condenação deve ser limitada aos valores atribuídos aos pedidos na petição inicial; (ii) verificar o direito ao pagamento de horas extras; (iii) determinar o direito à indenização substitutiva da estabilidade provisória como membro da CIPA; (iv) analisar a adequação do valor da indenização por danos morais; e (v) avaliar a correção dos honorários sucumbenciais. III. RAZÕES DE DECIDIR 3. Determina-se que a condenação não deve ser limitada aos valores indicados na petição inicial, em virtude da interpretação da Instrução Normativa nº 41/2018 e dos princípios que regem o processo do trabalho, especialmente o acesso à jurisdição. 4. Conclui-se que o acordo individual de compensação de jornada é inválido, com base no artigo 60 da CLT, e condena-se ao pagamento das horas destinadas à compensação. 5. Entende-se que a estabilidade provisória como membro da CIPA não é devida, pois o rompimento do contrato de prestação de serviços e a extinção da CIPA equivalem à extinção do estabelecimento. 6. Considera-se adequado o valor da indenização por danos morais fixado na sentença. 7. Majora-se o percentual dos honorários sucumbenciais devidos pelas reclamadas. IV. DISPOSITIVO E TESE 8. Recurso parcialmente provido. Teses de julgamento: 1. Os valores indicados na petição inicial a título de pedidos devem ser considerados como mera estimativa, não limitando a condenação, em face da Instrução Normativa nº 41/2018 e dos princípios que regem o processo do trabalho. 2. É inválido o acordo individual de compensação de jornada entabulado com a reclamante. 3. O término do contrato de prestação de serviços e a extinção da CIPA equivalem à extinção do estabelecimento, afastando o direito à estabilidade provisória do membro da CIPA. 4. A fixação do valor indenizatório por danos morais deve observar os princípios da razoabilidade e proporcionalidade. Dispositivos relevantes citados: CLT, art. 60, 791-A, 840; CF, art. 5º, XXXV; CPC, arts. 141, 324, 492. Jurisprudência relevante citada: TST-E-ARR-10472-61.2015.5.18.0211, Emb-RR - 555-36.2021.5.09.0024, AIRR-0100885-98.2022.5.01.0001, AIRR-1001085-12.2022.5.02.0435, RR-10167-69.2015.5.15.0079, RR-10756-27.2019.5.15.0045. RELATÓRIO O Excelentíssimo Juiz Armando Benedito Bianki, da 1ª Vara do Trabalho de Anápolis, julgou parcialmente procedentes os pedidos formulados por ALEITA MENDES DA SILVA em face de ALARCENTER SISTEMAS INTEGRADOS LTDA, CAOA MONTADORA DE VEICULOS LTDA e LOYAL SERVICOS ESPECIALIZADOS LTDA (sentença fls. 757/774). A reclamante interpôs recurso ordinário (fls. 795/802). As reclamadas, ALARCENTER SISTEMAS INTEGRADOS LTDA e LOYAL SERVICOS ESPECIALIZADOS LTDA, apresentaram contrarrazões em conjunto (fls. 806/811). Dispensada a manifestação do d. Ministério Público do Trabalho, nos termos do art. 97 do Regimento Interno desta Corte de Justiça. É o relatório. VOTO ADMISSIBILIDADE Atendidos os pressupostos objetivos e subjetivos de admissibilidade, conheço do recurso interposto pela reclamante. MÉRITO LIMITAÇÃO DA CONDENAÇÃO. VALOR DO PEDIDO LIQUIDADO NA EXORDIAL. MERA ESTIMATIVA Reclamante pede que a condenação não seja limitada aos valores consignados na exordial, por se tratarem de mera estimativa, conforme ressalvado nos itens 48 e 56. Analiso. De ordinário, havendo pedido líquido e certo na petição inicial, a condenação limita-se ao valor especificado, sob pena de violação aos artigos 141 e 492 do CPC. Entretanto, a norma processual admite exceções, conforme previsto no artigo 324 do CPC. Transcrevo: Art. 324. O pedido deve ser determinado. § 1º É lícito, porém, formular pedido genérico: I - nas ações universais, se o autor não puder individuar os bens demandados; II - quando não for possível determinar, desde logo, as consequências do ato ou do fato; III - quando a determinação do objeto ou do valor da condenação depender de ato que deva ser praticado pelo réu. § 2º O disposto neste artigo aplica-se à reconvenção. Em 21/05/2020, a Subseção I Especializada em Dissídios Individuais do Tribunal Superior do Trabalho (TST-E-ARR-10472-61.2015.5.18.0211), por unanimidade, decidiu que "Esta Corte Superior tem firme entendimento no sentido de que a parte autora, ao formular pedidos com valores líquidos na petição inicial, sem registrar qualquer ressalva, limita a condenação a tais parâmetros, por expressa dicção do art. 492 do CPC". Por elucidativo, transcrevo: "RECURSO DE EMBARGOS. REGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014. JULGAMENTO "ULTRA PETITA". LIMITAÇÃO DA CONDENAÇÃO AO VALOR ATRIBUÍDO AO PEDIDO NA PETIÇÃO INICIAL. 1. A Quarta Turma considerou que o requerimento, na petição inicial, de "pagamento de 432 horas 'in itinere' no valor de R$ 3.802,00 (fl. 11 - numeração eletrônica)" traduziu "mera estimativa, tendo o magistrado feito a adequação de acordo com as provas do processo", razão pela qual não reputou violados os arts. 141 e 492 do CPC. 2.Todavia, esta Corte Superior adota firme entendimento no sentido de que a parte autora, ao formular pedidos com valores líquidos na petição inicial, sem registrar qualquer ressalva, limita a condenação a tais parâmetros, por expressa dicção do art. 492 do CPC. Precedentes. Recurso de embargos conhecido e provido" (E-ARR 10472-61.2015.5.18.0211, SDI-I , Relator Ministro Walmir Oliveira da Costa, DEJT 29/5/2020). Como se vê, o entendimento firmado era no sentido de que, em havendo a liquidação dos pedidos, conforme exigência normativa, somente não haveria limitação da condenação aos valores indicados na petição inicial acaso houvesse expressa declaração de se tratar de mera estimativa de valores. Entretanto, em 30/11/2023 a Subseção I Especializada em Dissídios Individuais do Tribunal Superior do Trabalho, ao julgar o Emb-RR - 555-36.2021.5.09.002, firmou o entendimento de que para ações propostas após a vigência da Lei 13.467/2017 "os valores constantes nos pedidos apresentados de forma líquida na reclamação trabalhista devem ser considerados como mera estimativa, não limitando a condenação, por força da Instrução Normativa nº 41/2018 c/c art. 840, §1º, da CLT e dos princípios constitucionais que regem o processo do trabalho, em especial os princípios do amplo acesso à jurisdição (art. 5º, XXXV, da CF), da dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, da CF), da proteção social do trabalho (art. 1º, IV, da CF)". Portanto, ainda que a autora não tenha feito qualquer ressalva quanto ao caráter estimativo dos pedidos apresentados na inicial, incabível será a limitação da condenação aos valores indicados. Também, por elucidativo, transcrevo: "EMBARGOS. RECURSO DE REVISTA. LIMITAÇÃO DA CONDENAÇÃO AOS VALORES ATRIBUÍDOS AOS PEDIDOS NA PETIÇÃO INICIAL. IMPOSSIBILIDADE. INTERPRETAÇÃO TELEOLÓGICA DO ART. 840, §1º, DA CLT.APLICAÇÃO DA REGRA ESPECIAL PREVISTA NA IN 41/2018 C/C ART. 840, §1º, DA CLT. VALORES INDICADOS NA PETIÇÃO COMO MERA ESTIMATIVA. 1. A controvérsia dos autos cinge-se em definir se os valores atribuídos pela parte aos pedidos na petição inicial limitam a condenação, notadamente na hipótese dos autos em que o reclamante inseriu expressamente ressalva quanto ao valor da causa. 2. A adequada interpretação jurídica das alterações promovidas pela Lei nº 13.467/2017 aos parágrafos 1º e 2º do artigo 840, da CLT proporciona impacto na prática trabalhista, eis que introduz novos requisitos aos pedidos trazidos nas petições iniciais protocolizadas nas Varas do Trabalho. 3. A exigência de se consignar, na petição inicial, pedidos certos e determinados já era observada nas reclamações trabalhistas, uma vez que a antiga redação do art. 840, §1º, da CLT não continha detalhes acerca do conteúdo e especificações do pedido. Assim, aplicavam-se subsidiariamente (arts. 769, da CLT e 15, do CPC) os artigos 322 e 324 do CPC, quanto à necessidade de que os pedidos fossem certos e determinados. Com a entrada em vigor da Lei nº 13.467/2017, o §1º do art. 840, da CLT torna-se norma específica que disciplina os requisitos da petição inicial no processo do trabalho. Portanto, além de estipular que os pedidos devem ser certos e determinados, inaugura-se a obrigatoriedade de que cada um contenha a indicação de seu valor. 4. Sob este viés, a exigência de indicação do valor dos pedidos determinada pelo artigo 840, §1º, da CLT objetiva que, desde a petição inicial, as partes delimitem, com razoável destreza, o alcance de sua pretensão. 5. A despeito disso, a redação do artigo 840, §1º, da CLT de determinação de indicação do valor na petição inicial não é inédita no sistema processual trabalhista. Desde os anos 2000, por meio do art. 852-B, I, da CLT (introduzida pela Lei nº 9.957/2000), passou-se a exigir que as petições iniciais submetidas ao rito sumaríssimo fossem líquidas, por se tratarem de causas que, dada a natureza, possuem condições de ser examinadas de forma mais célere pela Justiça do Trabalho. 6. Assim, o artigo 840, §1º, da CLT passou a prever uma equivalência entre os requisitos da petição inicial das ações submetidas ao rito sumaríssimo e àquelas sob o rito ordinário, cuja natureza das demandas, no entanto, tende a ser de ordem mais complexa. 7. Efetivamente, antes das alterações promovidas pela Lei nº 13.467/2017 nas ações submetidas ao rito ordinário, o quantum debeatur era estabelecido em fase própria de certificação, qual seja, a liquidação de sentença. Ou seja, apenas depois de ultrapassada toda a instrução processual, orientada pelo princípio da imediação, previsto no art. 820 da CLT, com a respectiva colheita de provas e análise de cada uma delas, iniciava-se o momento processual de liquidação dos pedidos. 8. Por força das determinações legais de serem apresentados pedidos certos e determinados, o sistema processual trabalhista então vigente, como houvera de ser, detinha preservados a ampla defesa e o contraditório do réu, que tinha ao seu dispor a possibilidade de contestar cada um dos pedidos, seja na fase de conhecimento, seja na de liquidação. 9. Isto é, o novo comando do art. 840, §1º, da CLT incorpora às demandas trabalhistas sob o rito ordinário critérios técnicos jamais antes exigidos e, uma vez não cumpridos, ter-se-á como consequência, a extinção do processo sem resolução de mérito, conforme determina o também novo §3º, do art. 840, da CLT. Com isso, passou-se a atribuir aos reclamantes o encargo processual de, para ingressar com uma demanda trabalhista, apresentar valores que venham a corresponder ao objeto dos pedidos, sem antes se ter iniciada a fase de instrução processual. 10. Inobstante, o rigor técnico exigido pelo art. 840, §1º, da CLT, interpretado de forma dissociada das demais normas e princípios que regem a processualística trabalhista, conduz a um estreitamento do jus postulandi (art. 791, da CLT), que historicamente é uma das características que mais singularizam, em essência, a jurisdição trabalhista. A contrario sensu, preservando-se essa orientação, mesmo com a nova redação do artigo 840, §1º, da CLT manteve-se a orientação de que, na petição inicial, basta "uma breve exposição dos fatos", uma vez que as partes, via de regra, não possuem conhecimentos técnicos para formular fundamentos jurídicos do pedido. 11. Nesse cenário, a interpretação gramatical do dispositivo pode conduzir à mitigação do jus postulandi, em desatenção ao princípio do amplo acesso à jurisdição (art. 5º, XXXV, da CF). 12. A determinação de indicação dos valores dos pedidos nas causas submetidas ao rito ordinário tem como reflexo a controvérsia trazida pela embargante, qual seja, a eventual vinculação ou limitação da condenação aos valores atribuídos a cada pedido apresentado já na exordial. 13. De fato, de acordo com a regra da congruência entre os pedidos formulados na ação e a condenação arbitrada (arts. 832, da CLT e arts. 141, §2º e 492, do CPC), nos termos do disciplinado nos arts. 141 e 492 do CPC, os valores indicados na petição inicial de forma líquida limitariam àqueles arbitrados na condenação, sob pena de se incorrer em decisão extra, ultra ou citra petita. 14. A partir desse cenário, a natureza do conflito trabalhista submetido à apreciação desta Corte perpassa, entre outros, a averiguação acerca da (im) possibilidade de se determinar que a condenação limite-se a exatamente os valores indicados para cada pedido na petição inicial, sob pena de violação aos artigos 141 e 492 do CPC. 15. No caso concreto, diferentemente do que entendeu o acórdão regional recorrido, no que diz respeito à indicação dos pedidos liquidados na petição inicial, a dicção dos dispositivos acima deve ser cotejada não só com uma interpretação teleológica do art. 840, §1º, da CLT, como também com os princípios da informalidade e da simplicidade, que orientam toda a lógica processual trabalhista. A partir desses princípios, no âmbito desta Justiça Especializada, não se pode exigir das partes reclamantes que, para que recebam a integralidade das verbas a que realmente fazem jus ao final de uma demanda trabalhista, correndo o risco de uma decisão citra, ultra ou extra petita, submetam-se, eventualmente, às regras de produção antecipada de prova e/ou contratação de serviço contábil especializado, a fim de liquidar com precisão cada um dos pedidos para adimplir a exigência do artigo 840, §1º, da CLT e, somente depois disso, ajuizar uma demanda trabalhista. Interpretação nesse sentido afrontaria, a um só tempo, o princípio da oralidade e o dispositivo, que, em conjunto, asseguram às partes reclamantes o direito de ir a juízo pleitear as verbas que entendem lhe serem devidas. 16. Ou seja, a análise sobre a necessidade de limitação do valor da condenação àqueles previamente apresentados na exordial deve ser orientada por uma perspectiva teleológica do direito processual do trabalho, cuja interpretação dos dispositivos que o integram deve, pois, ser sempre norteada pelos princípios do amplo acesso à jurisdição (art. 5º, XXXV, da CF), dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, da CF), proteção social do trabalho (art. 1º, IV, da CF). 17. Em atenção a isso e considerando o impacto do art. 840, §1º, da CLT na processualística trabalhista, assim como a necessidade de oferecer ao jurisdicionado a segurança jurídica indispensável a possibilitar estabilidade das relações processuais, este Tribunal Superior do Trabalho aprovou a Instrução Normativa nº 41/2018, que determina que "Para fim do que dispõe o art. 840, §§ 1º e 2º, da CLT, o valor da causa será estimado, observando-se, no que couber, o disposto nos arts. 291 a 293 do Código de Processo Civil". 18. A interpretação do art. 840, §1º, da CLT, aliada aos princípios mencionados permite chegar à conclusão de que, tendo o reclamante apresentado, em sua petição inicial, pedido certo e determinado com indicação de valor - estimado -, por um lado, atende-se à exigência do art. 840, §1º, da CLT. Por outro lado, possibilita ao polo passivo o integral exercício da ampla defesa e do contraditório, assegurados pelo artigo 5º, LV, da CF. Trata-se, assim, de interpretação que observa os princípios constitucionais do trabalho, conferindo, igualmente, efetivamente ao referido artigo celetista. 19. Assim, a Instrução Normativa nº 41/2018 ao se referir ao "valor estimado da causa" acaba por delimitar que o pedido apresentado na petição inicial "com indicação de seu valor" a que se refere o art. 840, §1º, da CLT deve ser considerado de forma estimada, eis que inexiste nos dispositivos do CPC a que faz remissão a instrução normativa qualquer delimitação em sentido contrário. O artigo 291, do CPC, pertinente à análise ora empreendida apenas se refere à necessidade de indicação de "valor certo" da causa, inexistindo, portanto, qualquer obrigação de liquidação do valor da causa, tampouco do pedido, com efeito vinculativo à condenação. Ainda, considerando-se a necessária aplicação supletiva do CPC à hipótese, a ausência de indicação de valores na petição inicial não deve ter como consequência a extinção do feito sem resolução do mérito, devendo-se oportunizar à parte a possibilidade de saneamento do defeito, no prazo de 15 dias, por aplicação analógica da Súmula 263 deste TST c/c arts. 4º, 6º e 317 do CPC. 20. Nesse mesmo sentido, interpretando a redação do parágrafo 2º do artigo 12 da IN 41/2018 em confronto com as exigências do art. 840, §1º, da CLT e, igualmente dos artigos 141 e 492 do CPC, este Tribunal Superior do Trabalho acumula precedentes no sentido de que os valores constantes nos pedidos apresentados de forma líquida na exordial devem ser considerados apenas como fim estimado, não havendo limitação da condenação àquele montante. 21. Por fim, não se ignora que a Eg. SBDI-1, do TST, em precedente publicado em 29/05/2020 (E-ARR-10472-61.2015.5.18.0211, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, Relator Ministro Walmir Oliveira da Costa) firmou entendimento de que a parte autora, ao formular pedidos com valores líquidos na petição inicial, sem registrar qualquer ressalva, limita a condenação a tais parâmetros, por expressa dicção do art. 492 do CPC. Ocorre que o precedente em questão configura situação singular, eis que o recurso de embargos analisado foi interposto em ação ajuizada antes da entrada em vigor da Lei nº 13.467/2017 e, portanto, da alteração do art. 840, §1º, da CLT c/c Instrução Normativa 41/2018. Assim, não sem razão, a matéria não foi analisada sob a ótica destas normas. Portanto, trata-se o caso concreto de hipótese que revela singularidades quanto àquela analisada pela Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, razão pela qual esta Turma não fica a ela vinculada. 22. A partir do exposto, na hipótese vertente, em que a inicial foi ajuizada em 04/08/2021, incidem as normas processuais previstas na CLT após as alterações da Lei 13.467/2017. Portanto, os valores constantes nos pedidos apresentados de forma líquida na reclamação trabalhista devem ser considerados como mera estimativa, não limitando a condenação, por força da Instrução Normativa nº 41/2018 c/c art. 840, §1º, da CLT e dos princípios constitucionais que regem o processo do trabalho, em especial os princípios do amplo acesso à jurisdição (art. 5º, XXXV, da CF), da dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, da CF), da proteção social do trabalho (art. 1º, IV, da CF). Embargos conhecidos e não providos." (grifos acrescidos - Emb-RR - 555-36.2021.5.09.0024 , Relator Ministro: Alberto Bastos Balazeiro, Data de Julgamento: 30/11/2023, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, Data de Publicação: DEJT 07/12/2023) (negritei). Assim, como dito, os valores indicados na petição inicial não são suficientes para limitar o valor da condenação, havendo ou não expressa ressalva quanto a mera estimativa. Dou provimento. HORAS EXTRAS. PRORROGAÇÃO DE JORNADA EM ATIVIDADE INSALUBRE A reclamante insiste no pedido de horas extras, argumentando que "A sentença reconheceu a jornada superior a oito horas diárias, mas indeferiu indevidamente o pagamento das horas extras, violando o artigo 60 da CLT, que veda a prorrogação da jornada em atividades insalubres sem autorização prévia da autoridade competente - requisito ausente nos autos." Afirma que "O laudo pericial confirmou a insalubridade em grau máximo (40%), tornando obrigatória a autorização formal para qualquer extensão da jornada." Requer o "pagamento de 40 minutos diários de horas extras, com reflexos em FGTS (+40%), 13º salário, férias e aviso prévio". Analiso. A reclamante foi contratada pela reclamada, ALARCENTER SISTEMAS INTEGRADOS LTDA, em 5/12/2023, para a função de "limpadora", tendo ingressado com a presente reclamatória postulando a rescisão indireta do contrato de trabalho. Na inicial, narrou que cumpria jornada de segunda a sexta-feira, das 12h20 às 22h, com 1 hora de intervalo, ultrapassando o limite legal de 8 horas diárias. A reclamada juntou contrato de trabalho da autora, à fl. 119, com previsão de jornada em escala 5x2, de segunda a sexta-feira, das 12h20 as 22h, com 60 minutos de intervalo; assim como acordos de prorrogação e compensação de horas (fls. 120/121). Restou incontroverso nos autos a jornada cumprida pela obreira, das 12h20 às 22h, com 1 hora de intervalo, de segunda a sexta-feira, fato corroborado pelo depoimento da testemunha da autora. A reclamada trouxe aos autos os cartões de ponto da reclamante, de 21/4/2024 a 20/7/2024 (fls. 132/134), e os contracheques, os quais revelam o pagamento de horas extras (fls. 129/131). Conforme constatado na sentença, por meio de prova pericial, a reclamante laborava em atividade insalubre por todo o período contratual. Embora não tenha pedido expresso de nulidade do sistema de compensação de horas instituído pela reclamada, em razão do labor em atividade insalubre, com a devida vênia, entendo que não há óbice à declaração de invalidade do regime de compensação por este motivo, se for o caso. Com efeito, pleiteando a autora horas extras e sendo alegado pela ré a existência de sistema de compensação de jornada, em qualquer modalidade, o descumprimento dos requisitos legais para a implementação do sistema deve ser analisado pelo juízo, independentemente de pedido expresso nesse sentido. Nos termos do artigo 166, VI e VII do CCB, serão nulos os atos jurídicos praticados com preterição de solenidade que a lei considere essencial para a sua validade ou quando a lei taxativamente o declarar nulo, ou lhe proibir a prática, sem cominar sanção. No caso específico dos autos, a validade ou não do sistema de compensação semanal de horas adotado pela empresa requerida passa, necessariamente, pelo exame do artigo 60 da CLT, ou seja, decorre de previsão legal, sendo, portanto, desnecessário pedido expresso de nulidade do regime de compensação. O art. 60 da CLT condiciona o acordo de prorrogação de jornada nas atividades insalubres à licença prévia das autoridades competentes, in verbis (grifei): Art. 60 - Nas atividades insalubres, assim consideradas as constantes dos quadros mencionados no capítulo "Da Segurança e da Medicina do Trabalho", ou que neles venham a ser incluídas por ato do Ministro do Trabalho, Industria e Comercio, quaisquer prorrogações só poderão ser acordadas mediante licença prévia das autoridades competentes em matéria de higiene do trabalho, as quais, para esse efeito, procederão aos necessários exames locais e à verificação dos métodos e processos de trabalho, quer diretamente, quer por intermédio de autoridades sanitárias federais, estaduais e municipais, com quem entrarão em entendimento para tal fim. Registro que o tema 1046 julgado pelo E. STF somente versa sobre negociação coletiva, objeto dos arts. 611-A e 611-B da CLT, de modo que o acordo individual não prevalece sobre o art. 60 da CLT. A reclamada não comprovou possuir licença das autoridades competentes em matéria de higiene do trabalho para prorrogação da jornada da autora, que exerceu atividade em ambiente insalubre. Os contracheques da obreira revelam que ela prestava horas extras, ou seja, havia extrapolação da jornada contratual. Por esta razão, é inválido o acordo individual de compensação de jornada entabulado com a reclamante. Assim, considerando que o acordo individual de compensação é inválido, condeno a reclamada ao pagamento de todas as horas compensadas irregularmente, consoante cartões de ponto jungidos aos autos. Para os períodos não acobertados pelos cartões de ponto deve ser considerada a jornada informada na inicial. Defiro os reflexos em aviso prévio, 13º salários, férias mais 1/3, FGTS mais 40%, considerando a rescisão indireta reconhecida na sentença e os limites do pedido. Dou provimento. Esse era o meu voto. No entanto, por ocasião da sessão de julgamento, prevaleceu a divergência apresentada pela Exma. Desembargadora Wanda Lúcia Ramos da Silva, nos seguintes termos: HORAS EXTRAS. PRORROGAÇÃO DE JORNADA EM ATIVIDADE INSALUBRE Data venia, divirjo do voto condutor. No caso, analisando a petição inicial, vejo que o reclamante em momento algum requereu a invalidação do regime de compensação adotado pela ré pela prestação de horas extras em ambiente insalubre, tendo apenas dito que "não há qualquer comprovação da existência de banco de horas, tampouco de acordo individual escrito, conforme exigido pelo artigo 59-A da CLT, o que inviabiliza a compensação de jornada e reforça o direito ao pagamento das horas excedentes". Diante disso, em atenção ao princípio da adstrição, entendo que a análise deve ser restrita ao argumento da parte autora quanto à ausência de acordo individual escrito autorizando a compensação de jornada. Nesse aspecto, vejo que, no contrato de trabalho da reclamante, constou o seguinte: "O EMPREGADO abriga-se ainda a trabalhar sempre que for solicitado pelo EMPREGADOR, em horário prorrogado ou compensado, observados os preceitos legais, bem como o trabalho em horas extraordinarias quando a necessidade exigir" (sic, id. 310e39f). Ademais, foram juntados aos autos acordos de prorrogação e compensação de horas, devidamente assinados pela obreira, por meio dos quais houve autorização expressa para a compensação de jornada (ids. 6e54122 e aa28441). Desse modo, a tese da parte autora de que "não há qualquer comprovação da existência de banco de horas, tampouco de acordo individual escrito" não merece prosperar. Assim, com relação ao período contratual abarcado pelos cartões de ponto juntados aos autos, considerando que a reclamante não logrou êxito em desconstituir a validade da aludida documentação, tampouco apontou diferenças a seu favor entre as horas extras prestadas e as pagas ou compensadas, mantenho a r. sentença que julgou improcedente o pleito obreiro. Por outro lado, com relação ao interregno não abrangido pela aludida documentação, considerando que não há nada que indique que tenha havido alteração na dinâmica de trabalho da reclamante, determino a adoção da média dos dias em que foi apresentado o registro de ponto, por aplicação analógica da OJ,233 da SDI-1 do C. TST, com a condenação da ré ao pagamento das horas extras que ultrapassarem a 8ª diária (limites do pedido inicial), as quais serão acrescidas de adicional de 50%, ficando autorizada a dedução dos valores comprovadamente pagos a igual título. No mais, acompanho a Relatora. Dou parcial provimento (menos amplo). ESTABILIDADE PROVISÓRIA. MEMBRO DA CIPA O d. juízo de origem indeferiu o pedido de indenização substitutiva decorrente da estabilidade provisória conferida aos membros da CIPA, em razão da extinção do contrato de prestação de serviços pela reclamada. A reclamante recorre, alegando que "a 1ª Reclamada permanece ativa e operante em outros contratos e localidades", e que "a estabilidade do membro da CIPA não está vinculada a um local específico, mas sim à garantia contra a dispensa arbitrária durante o período de mandato e o ano subsequente (art. 10, II, "a", do ADCT). O simples encerramento de um contrato com uma tomadora não exime a empregadora da obrigação de realocar ou indenizar o trabalhador estável, especialmente quando, como demonstrado nos autos, a empresa segue ativa, inclusive oferecendo transferências forçadas para outras localidades." Requer a reforma da sentença "para condenar a Reclamada ao pagamento da indenização substitutiva da estabilidade da CIPA, correspondente aos salários e demais verbas do período estabilitário." Analiso. De início, assento que é incontroverso que, em junho/2024, foi rescindido o contrato de prestação de serviços firmado entre a reclamada, CAOA, e a reclamada, ALARCENTER, tendo sido a reclamante afastada de suas atribuições a partir de 12/8/2024. Nesse trilhar, restou reconhecido na origem que "Em julho de 2024, a 1ª Reclamada, ALACENTER, perdeu o contrato de prestação de serviços com a tomadora, 3ª Reclamada, CAOA. Em decorrência disso, foi convocada uma reunião com os funcionários, na qual houve coação explícita para que pedissem demissão, conforme será demonstrado no tópico da rescisão indireta. Ainda que sem intenção de abandonar o emprego, o último dia de trabalho da Reclamante ocorreu em 12 de agosto de 2024, sem animo de abandono." (fl. 7). Oportuno assentar que a estabilidade conferida aos integrantes de Comissão Interna de Prevenção de Acidentes - CIPA não constitui uma vantagem pessoal do empregado, mas, em verdade, uma garantia para o livre exercício das atividades inerentes à CIPA. Não sobeja registrar que a atuação da CIPA está intimamente ligada ao funcionamento da empregadora, razão pela qual o rompimento do contrato de terceirização entre a empresa tomadora e a interposta configura fato que inviabiliza o próprio desempenho das atividades fiscalizatórias pelo membro da CIPA, já que o referido membro em questão era empregado terceirizado, de modo que não se verificam mais as condições para a manutenção da garantia provisória de emprego. Destarte, aquiesço com a conclusão sentencial no sentido de que "Evidente o fim da atividade empresarial da empregadora no local de prestação de serviço, extinto assim o estabelecimento no aspecto produtivo da demanda por força de trabalho, tornam-se impossíveis a existência da CIPA pela reclamada no local e, mais ainda, a subsistência da estabilidade de seus representantes, porque, como dito mais acima, a razão de existir da CIPA é o ambiente de trabalho na unidade produtiva com seus riscos à integridade biológica e psíquica do trabalhador (Súmula 339, II, do C. TST), independentemente de a empresa empregadora ainda existir no mercado. Portanto, extinta a prestação de serviço pela reclamada, não há falar em reintegração nem em indenização de todo o período remanescente da estabilidade prevista em lei, pois a estabilidade, que no caso é de caráter profissional, e não pessoal, se extingue com a extinção da CIPA." (fl. 769). Nesse sentido, transcrevo os esclarecedores precedentes oriundos do C. TST: "AGRAVO EM AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO PELO RECLAMANTE. ACÓRDÃO REGIONAL PUBLICADO NA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.467/2017. ESTABILIDADE PROVISÓRIA. MEMBRO DA CIPA. TÉRMINO DO CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. EXTINÇÃO DO ESTABELECIMENTO. ÓBICES DA SÚMULA Nº 333 E 126 DO TST. AUSÊNCIA DE TRANSCENDÊNCIA. CONHECIMENTO E NÃO PROVIMENTO. I. O entendimento desta Corte Superior é de que a hipótese de encerramento do contrato de prestação de serviços equipara-se à extinção do estabelecimento para os efeitos de afastar a estabilidade provisória (Súmula nº 339, II, do TST). II. Para se acolher a alegação do reclamante de que a CIPA constituída abrangia o trabalho em outras plataformas, seria necessário o revolvimento de fatos e provas, procedimento incompatível com a natureza extraordinária do recurso de revista, nos termos da Súmula nº 126 do TST. III. Mantida a decisão agravada acerca da ausência de transcendência da causa, com acréscimo de fundamentação. IV. Agravo de que se conhece e a que se nega provimento" (AIRR-0100885-98.2022.5.01.0001, 4ª Turma, Relator Ministro Alexandre Luiz Ramos, DEJT 28/02/2025). "AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO A ACÓRDÃO PUBLICADO NA VIGÊNCIA DA LEI N.º 13.467/2017. GARANTIA PROVISÓRIA DE EMPREGO. MEMBRO DA CIPA. SÚMULA N.º 339, II, DO TST. TÉRMINO DA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. EQUIVALÊNCIA À EXTINÇÃO DO ESTABELECIMENTO. TRANSCENDÊNCIA DA CAUSA NÃO RECONHECIDA. 1. Cinge-se a controvérsia em saber se o término do contrato de prestação de serviços e a consequente extinção da CIPA equivalem à extinção do estabelecimento, para efeito de não configuração da despedida arbitrária do empregado membro da CIPA, nos termos do item II da Súmula n.º 339 desta Corte superior. 2. Constatado o preenchimento dos demais requisitos processuais de admissibilidade, o exame do Recurso de Revista sob o prisma do pressuposto de transcendência revelou que: a ) não demonstrada a transcendência política da causa, na medida em que o acórdão recorrido revela consonância com a jurisprudência iterativa, notória e atual deste Tribunal Superior, no sentido de que o término do contrato de prestação de serviços e a consequente extinção da CIPA equivalem à extinção do estabelecimento, razão pela qual não é possível reconhecer o direito à estabilidade provisória de membro de CIPA na hipótese. Precedentes; b ) não se verifica a transcendência jurídica , visto que ausentes indícios da existência de questão nova acerca da controvérsia ora submetida a exame, mormente diante da jurisprudência dominante nesta Corte superior, a obstaculizar a pretensão recursal; c ) não identificada a transcendência social da causa, visto que não se cuida de pretensão recursal formulada em face de suposta supressão ou limitação de direitos sociais assegurados na legislação pátria; e d ) não há falar em transcendência econômica , porquanto a expressão econômica da pretensão recursal não destoa de outros recursos de mesma natureza. 3. Configurado o óbice relativo ao não reconhecimento da transcendência da causa quanto ao tema sob exame, resulta inviável o processamento do Recurso de Revista, no particular. 4. Agravo de Instrumento não provido. (...)" (AIRR-1001085-12.2022.5.02.0435, 3ª Turma, Relator Desembargador Convocado Marcelo Lamego Pertence, DEJT 13/12/2024). "RECURSO DE REVISTA. RECURSO INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DA LEI Nº 13.467/2017. ESTABILIDADE PROVISÓRIA - MEMBRO SUPLENTE DA CIPA - EMPREGADO TERCEIRIZADO - ENCERRAMENTO DA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS - CONSEQUÊNCIAS - TRANSCENDÊNCIA POLÍTICA RECONHECIDA. Considerando que a discussão travada nos autos gira em torno de se saber se o empregado terceirizado eleito membro da CIPA permanece ou não com o direito à estabilidade provisória prevista no artigo 10, II, "a", do ADCT, caso haja o rompimento do contrato de prestação de serviços estabelecido entre a empresa terceirizada empregadora do cipeiro e a empresa tomadora dos serviços, constata-se que a causa oferece transcendência política , na medida em que a controvérsia possui pertinência com o conteúdo do item II da Súmula/TST nº 339. Verificada, portanto, a presença da transcendência política da causa, prossegue-se na análise do apelo revisional. Com efeito, extrai-se do acórdão regional que houve a extinção do contrato de prestação de serviços firmado entre a empresa terceirizada empregadora da reclamante e a tomadora dos serviços (Fundação Para Remédio Popular - FURP), tendo, pouco depois, ocorrido a cessação do contrato de trabalho da autora com a sua empregadora (Guima Conseco Construção, Serviços E Comércio LTDA). Nesse contexto, impende ressaltar que a estabilidade conferida aos integrantes de Comissão Interna de Prevenção de Acidentes - CIPA não constitui uma vantagem pessoal do empregado, mas sim uma garantia para o livre exercício das atividades inerentes à CIPA. Conforme é consabido, a atuação da CIPA está intrinsecamente ligada ao funcionamento da empregadora, razão pela qual o rompimento do contrato de terceirização entre a empresa tomada e a interposta constitui fato que inviabiliza o próprio desempenho das atividades fiscalizatórias pelo membro da CIPA, já que o referido membro em questão era empregado terceirizado, de modo que não se verificam mais as condições para a manutenção da garantia provisória de emprego. Dessa forma, ante o encerramento da prestação de serviços à empresa tomadora, estabelecimento para o qual a CIPA foi constituída, tanto assim que existe o registro fático no sentido de que " a formação da autora fora concretizada por curso ministrado no âmbito da segunda reclamada, o que é comprovado pelo certificado de fls.33/34 ", não há que se falar em arbitrariedade da dispensa de empregado membro daquela comissão, razão pela qual cessa a garantia de emprego e consectários. É que a estabilidade provisória do membro da CIPA, conforme já acima registrado, está fulcrada na garantia da segurança e da imparcialidade para exercer sua atividade fiscalizadora, a qual perde a razão de ser, uma vez extinto o contrato de terceirização, com a consequente cessação da atividade da empresa interposta junto à tomadora. Nesse sentido, filio-me à jurisprudência desta Corte Superior que tem entendido que o rompimento do contrato de prestação de serviço, com a consequente inviabilização da atuação da CIPA, equivale à extinção do estabelecimento para efeito de garantia de estabilidade provisória. Precedentes. Recurso de revista conhecido e desprovido. (RR-10167-69.2015.5.15.0079, 7ª Turma, Redator Ministro Renato de Lacerda Paiva, DEJT 04/06/2021). "RECURSO DE REVISTA. RITO SUMARÍSSIMO. MEMBRO DA CIPA EM EMPRESA PRESTADORA DE SERVIÇOS. ESTABILIDADE PROVISÓRIA. ENCERRAMENTO DO CONTRATO. CONSEQUÊNCIA. No presente caso restou incontroverso que houve o encerramento do contrato de prestação de serviços firmado entre a reclamada (empregadora da reclamante e a tomadora dos serviços (no caso, a clínica POLICLIN). Considerando que a estabilidade conferida aos integrantes de Comissão Interna de Prevenção de Acidentes - CIPA não é uma vantagem pessoal do empregado, mas garantia para o livre exercício das atividades de membro da CIPA, a função da CIPA está diretamente vinculada ao funcionamento das atividades da empregadora, de modo que o encerramento do contrato firmado com a empresa tomadora dos serviços (no caso, clínica POLICLIN) constitui fator que inviabiliza a ação fiscalizadora do membro da CIPA, ocasionando, por consequência, a cessação da garantia provisória de emprego . Recurso de Revista de que se conhece e a que se dá provimento." (RR-10756-27.2019.5.15.0045, 8ª Turma, Relator Ministro Joao Batista Brito Pereira, DEJT 14/12/2020). Nego provimento. INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS A reclamante pretende a majoração do valor arbitrado a título de indenização por danos morais, lastreado na "coação psicológica a que foi submetida na reunião em que teria sido 'sugerido' o pedido de demissão pelos empregados", de R$ 5.000,00 para R$ 20.000,00. Alega que "A conduta da Recorrida não se limitou a um simples descumprimento contratual, mas atingiu diretamente a dignidade e a subsistência da trabalhadora, que foi pressionada a abrir mão do emprego sob coação. Ameaçá-la de banimento por dois anos da empresa tomadora constitui abuso de poder econômico, colocando-a em uma situação de desespero e vulnerabilidade extrema." Argumenta que "O valor fixado na sentença, no entanto, não reflete a intensidade da violação e não impõe impacto financeiro relevante à empresa, cujo poder econômico foi amplamente demonstrado nos autos." Pois bem. Conforme pontuado na sentença, restou comprovado nos autos que "a reclamante foi induzida a erro sob a ameaça de ser banida da CAOA por dois anos se não pedisse dispensa da reclamada." A fixação do valor indenizatório tem como pressupostos, além dos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, o grau de culpa ou dolo do agente, a gravidade e a extensão do dano, o grau de sofrimento do ofendido, a situação econômica do ofensor, o efeito pedagógico da punição para que o ofensor não reincida na sua conduta danosa. Impõe-se, ainda, observar que o valor arbitrado, de caráter eminentemente compensatório, não seja causa da ruína para quem paga nem de enriquecimento para quem recebe, de modo a preservar-se o equilíbrio da função social da indenização. Considerando os parâmetros acima, entendo razoável o valor da indenização de R$ 5.000,00 fixado na sentença, uma vez que se mostra compatível com os danos sofridos pela obreira e suficiente no seu caráter pedagógico. Nego provimento. HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS Sentença condenou as reclamadas ao pagamento de honorários sucumbenciais, no importe de 7% sobre o valor a ser liquidado após o trânsito em julgado da decisão. A reclamante recorre pugnando pela majoração do percentual fixado, "Diante da extensão do trabalho realizado, da quantidade de atos processuais praticados e da relevância da matéria discutida". Analiso. Considerando a complexidade da causa, o grau de zelo do profissional, o lugar da prestação do serviço, a natureza e a importância da causa, o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o serviço para todos os aspectos discutidos nesta lide, na forma do artigo 791-A da CLT, entendo por bem majorar o percentual para 10% de honorários advocatícios sucumbenciais, sob responsabilidade das reclamadas. Dou provimento. CONCLUSÃO Conheço do recurso da reclamante e, no mérito, dou-lhe parcial provimento, nos termos da fundamentação supra. Por permanecer razoável, mantenho o valor da condenação. É o meu voto. ACÓRDÃO ISTO POSTO, acordam os membros da Terceira Turma do Egrégio Tribunal Regional do Trabalho da 18ª Região, em sessão ordinária presencial hoje realizada, prosseguindo no julgamento iniciado na sessão virtual do dia 27.06.2025, por unanimidade, conhecer do recurso da Reclamante e, no mérito, por maioria, dar-lhe parcial provimento, vencida, em parte, a Relatora que lhe dava provimento parcial mais amplo e que adaptará o voto nos termos da divergência apresentada pela Desembargadora Wanda Lúcia Ramos da Silva quanto ao tópico "HORAS EXTRAS. PRORROGAÇÃO DE JORNADA EM ATIVIDADE INSALUBRE", bem como juntará voto parcialmente vencido, neste particular. Participaram do julgamento os Excelentíssimos Desembargadores WANDA LÚCIA RAMOS DA SILVA (Presidente), ELVECIO MOURA DOS SANTOS e ROSA NAIR DA SILVA NOGUEIRA REIS. Presente na assentada de julgamento o d. representante do Ministério Público do Trabalho. Sessão de julgamento secretariada pela Diretora da Coordenadoria de Apoio à Terceira Turma, Maria Valdete Machado Teles. Goiânia, 03 de julho de 2025. ROSA NAIR DA SILVA NOGUEIRA REIS Relatora GOIANIA/GO, 07 de julho de 2025. NILZA DE SA Diretor de Secretaria Intimado(s) / Citado(s) - ALEITA MENDES DA SILVA

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Aleita Mendes Da Silva e outros x Alarcenter Sistemas Integrados Ltda e outros

ID: 319445366

Tribunal: TRT18 Órgão: 3ª TURMA Classe: RECURSO ORDINáRIO TRABALHISTA Nº Processo: 0011263-10.2024.5.18.0051

Data de Disponibilização: 08/07/2025

Polo Ativo:

ALEITA MENDES DA SILVA IVAN BEZE JUNIOR

Polo Passivo:

ALARCENTER SISTEMAS INTEGRADOS LTDA CAOA MONTADORA DE VEICULOS LTDA LOYAL SERVICOS ESPECIALIZADOS LTDA

Acórdão

Advogados:

JOSE RICARDO SANT ANNA

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CAROLINA LEVI SANRA

OAB/GO XXXXXX Desbloquear

DIEGO SABATELLO COZZE

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

BRUNO SANTOS CUNHA

OAB/GO XXXXXX Desbloquear

PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 18ª REGIÃO 3ª TURMA Relatora: ROSA NAIR DA SILVA NOGUEIRA REIS ROT 0011263-10.2024.5.18.0051 RECORRENTE: ALEITA MENDES DA S… PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 18ª REGIÃO 3ª TURMA Relatora: ROSA NAIR DA SILVA NOGUEIRA REIS ROT 0011263-10.2024.5.18.0051 RECORRENTE: ALEITA MENDES DA SILVA RECORRIDO: ALARCENTER SISTEMAS INTEGRADOS LTDA E OUTROS (2) PROCESSO TRT - ROT-0011263-10.2024.5.18.0051 RELATORA : DESEMBARGADORA ROSA NAIR DA SILVA NOGUEIRA REIS RECORRENTE(S) : ALEITA MENDES DA SILVA ADVOGADO(S) : BRUNO SANTOS CUNHA RECORRIDO(S) : ALARCENTER SISTEMAS INTEGRADOS LTDA ADVOGADO(S) : JOSE RICARDO SANT ANNA RECORRIDO(S) : CAOA MONTADORA DE VEICULOS LTDA ADVOGADO(S) : DIEGO SABATELLO COZZE ADVOGADO(S) : JOSE RICARDO SANT ANNA RECORRIDO(S) : LOYAL SERVICOS ESPECIALIZADOS LTDA ADVOGADO(S) : CAROLINA LEVI SANRA PERITO(S) : IVAN BEZE JUNIOR ORIGEM : 1ª VARA DO TRABALHO DE ANÁPOLIS JUIZ(ÍZA) : ARMANDO BENEDITO BIANKI EMENTA JUSTIÇA DO TRABALHO. RECURSO ORDINÁRIO. DIREITO DO TRABALHO. LIMITAÇÃO DA CONDENAÇÃO. HORAS EXTRAS. ESTABILIDADE PROVISÓRIA. CIPA. INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS. PROVIMENTO PARCIAL. I. CASO EM EXAME 1. Recurso ordinário interposto pela reclamante em face da sentença que julgou parcialmente procedentes os pedidos, buscando a reforma da decisão em relação à limitação da condenação aos valores da inicial, horas extras, indenização por estabilidade provisória de membro da CIPA, indenização por danos morais e honorários sucumbenciais. II. QUESTÃO EM DISCUSSÃO 2. Há 5 questões em discussão: (i) definir se a condenação deve ser limitada aos valores atribuídos aos pedidos na petição inicial; (ii) verificar o direito ao pagamento de horas extras; (iii) determinar o direito à indenização substitutiva da estabilidade provisória como membro da CIPA; (iv) analisar a adequação do valor da indenização por danos morais; e (v) avaliar a correção dos honorários sucumbenciais. III. RAZÕES DE DECIDIR 3. Determina-se que a condenação não deve ser limitada aos valores indicados na petição inicial, em virtude da interpretação da Instrução Normativa nº 41/2018 e dos princípios que regem o processo do trabalho, especialmente o acesso à jurisdição. 4. Conclui-se que o acordo individual de compensação de jornada é inválido, com base no artigo 60 da CLT, e condena-se ao pagamento das horas destinadas à compensação. 5. Entende-se que a estabilidade provisória como membro da CIPA não é devida, pois o rompimento do contrato de prestação de serviços e a extinção da CIPA equivalem à extinção do estabelecimento. 6. Considera-se adequado o valor da indenização por danos morais fixado na sentença. 7. Majora-se o percentual dos honorários sucumbenciais devidos pelas reclamadas. IV. DISPOSITIVO E TESE 8. Recurso parcialmente provido. Teses de julgamento: 1. Os valores indicados na petição inicial a título de pedidos devem ser considerados como mera estimativa, não limitando a condenação, em face da Instrução Normativa nº 41/2018 e dos princípios que regem o processo do trabalho. 2. É inválido o acordo individual de compensação de jornada entabulado com a reclamante. 3. O término do contrato de prestação de serviços e a extinção da CIPA equivalem à extinção do estabelecimento, afastando o direito à estabilidade provisória do membro da CIPA. 4. A fixação do valor indenizatório por danos morais deve observar os princípios da razoabilidade e proporcionalidade. Dispositivos relevantes citados: CLT, art. 60, 791-A, 840; CF, art. 5º, XXXV; CPC, arts. 141, 324, 492. Jurisprudência relevante citada: TST-E-ARR-10472-61.2015.5.18.0211, Emb-RR - 555-36.2021.5.09.0024, AIRR-0100885-98.2022.5.01.0001, AIRR-1001085-12.2022.5.02.0435, RR-10167-69.2015.5.15.0079, RR-10756-27.2019.5.15.0045. RELATÓRIO O Excelentíssimo Juiz Armando Benedito Bianki, da 1ª Vara do Trabalho de Anápolis, julgou parcialmente procedentes os pedidos formulados por ALEITA MENDES DA SILVA em face de ALARCENTER SISTEMAS INTEGRADOS LTDA, CAOA MONTADORA DE VEICULOS LTDA e LOYAL SERVICOS ESPECIALIZADOS LTDA (sentença fls. 757/774). A reclamante interpôs recurso ordinário (fls. 795/802). As reclamadas, ALARCENTER SISTEMAS INTEGRADOS LTDA e LOYAL SERVICOS ESPECIALIZADOS LTDA, apresentaram contrarrazões em conjunto (fls. 806/811). Dispensada a manifestação do d. Ministério Público do Trabalho, nos termos do art. 97 do Regimento Interno desta Corte de Justiça. É o relatório. VOTO ADMISSIBILIDADE Atendidos os pressupostos objetivos e subjetivos de admissibilidade, conheço do recurso interposto pela reclamante. MÉRITO LIMITAÇÃO DA CONDENAÇÃO. VALOR DO PEDIDO LIQUIDADO NA EXORDIAL. MERA ESTIMATIVA Reclamante pede que a condenação não seja limitada aos valores consignados na exordial, por se tratarem de mera estimativa, conforme ressalvado nos itens 48 e 56. Analiso. De ordinário, havendo pedido líquido e certo na petição inicial, a condenação limita-se ao valor especificado, sob pena de violação aos artigos 141 e 492 do CPC. Entretanto, a norma processual admite exceções, conforme previsto no artigo 324 do CPC. Transcrevo: Art. 324. O pedido deve ser determinado. § 1º É lícito, porém, formular pedido genérico: I - nas ações universais, se o autor não puder individuar os bens demandados; II - quando não for possível determinar, desde logo, as consequências do ato ou do fato; III - quando a determinação do objeto ou do valor da condenação depender de ato que deva ser praticado pelo réu. § 2º O disposto neste artigo aplica-se à reconvenção. Em 21/05/2020, a Subseção I Especializada em Dissídios Individuais do Tribunal Superior do Trabalho (TST-E-ARR-10472-61.2015.5.18.0211), por unanimidade, decidiu que "Esta Corte Superior tem firme entendimento no sentido de que a parte autora, ao formular pedidos com valores líquidos na petição inicial, sem registrar qualquer ressalva, limita a condenação a tais parâmetros, por expressa dicção do art. 492 do CPC". Por elucidativo, transcrevo: "RECURSO DE EMBARGOS. REGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014. JULGAMENTO "ULTRA PETITA". LIMITAÇÃO DA CONDENAÇÃO AO VALOR ATRIBUÍDO AO PEDIDO NA PETIÇÃO INICIAL. 1. A Quarta Turma considerou que o requerimento, na petição inicial, de "pagamento de 432 horas 'in itinere' no valor de R$ 3.802,00 (fl. 11 - numeração eletrônica)" traduziu "mera estimativa, tendo o magistrado feito a adequação de acordo com as provas do processo", razão pela qual não reputou violados os arts. 141 e 492 do CPC. 2.Todavia, esta Corte Superior adota firme entendimento no sentido de que a parte autora, ao formular pedidos com valores líquidos na petição inicial, sem registrar qualquer ressalva, limita a condenação a tais parâmetros, por expressa dicção do art. 492 do CPC. Precedentes. Recurso de embargos conhecido e provido" (E-ARR 10472-61.2015.5.18.0211, SDI-I , Relator Ministro Walmir Oliveira da Costa, DEJT 29/5/2020). Como se vê, o entendimento firmado era no sentido de que, em havendo a liquidação dos pedidos, conforme exigência normativa, somente não haveria limitação da condenação aos valores indicados na petição inicial acaso houvesse expressa declaração de se tratar de mera estimativa de valores. Entretanto, em 30/11/2023 a Subseção I Especializada em Dissídios Individuais do Tribunal Superior do Trabalho, ao julgar o Emb-RR - 555-36.2021.5.09.002, firmou o entendimento de que para ações propostas após a vigência da Lei 13.467/2017 "os valores constantes nos pedidos apresentados de forma líquida na reclamação trabalhista devem ser considerados como mera estimativa, não limitando a condenação, por força da Instrução Normativa nº 41/2018 c/c art. 840, §1º, da CLT e dos princípios constitucionais que regem o processo do trabalho, em especial os princípios do amplo acesso à jurisdição (art. 5º, XXXV, da CF), da dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, da CF), da proteção social do trabalho (art. 1º, IV, da CF)". Portanto, ainda que a autora não tenha feito qualquer ressalva quanto ao caráter estimativo dos pedidos apresentados na inicial, incabível será a limitação da condenação aos valores indicados. Também, por elucidativo, transcrevo: "EMBARGOS. RECURSO DE REVISTA. LIMITAÇÃO DA CONDENAÇÃO AOS VALORES ATRIBUÍDOS AOS PEDIDOS NA PETIÇÃO INICIAL. IMPOSSIBILIDADE. INTERPRETAÇÃO TELEOLÓGICA DO ART. 840, §1º, DA CLT.APLICAÇÃO DA REGRA ESPECIAL PREVISTA NA IN 41/2018 C/C ART. 840, §1º, DA CLT. VALORES INDICADOS NA PETIÇÃO COMO MERA ESTIMATIVA. 1. A controvérsia dos autos cinge-se em definir se os valores atribuídos pela parte aos pedidos na petição inicial limitam a condenação, notadamente na hipótese dos autos em que o reclamante inseriu expressamente ressalva quanto ao valor da causa. 2. A adequada interpretação jurídica das alterações promovidas pela Lei nº 13.467/2017 aos parágrafos 1º e 2º do artigo 840, da CLT proporciona impacto na prática trabalhista, eis que introduz novos requisitos aos pedidos trazidos nas petições iniciais protocolizadas nas Varas do Trabalho. 3. A exigência de se consignar, na petição inicial, pedidos certos e determinados já era observada nas reclamações trabalhistas, uma vez que a antiga redação do art. 840, §1º, da CLT não continha detalhes acerca do conteúdo e especificações do pedido. Assim, aplicavam-se subsidiariamente (arts. 769, da CLT e 15, do CPC) os artigos 322 e 324 do CPC, quanto à necessidade de que os pedidos fossem certos e determinados. Com a entrada em vigor da Lei nº 13.467/2017, o §1º do art. 840, da CLT torna-se norma específica que disciplina os requisitos da petição inicial no processo do trabalho. Portanto, além de estipular que os pedidos devem ser certos e determinados, inaugura-se a obrigatoriedade de que cada um contenha a indicação de seu valor. 4. Sob este viés, a exigência de indicação do valor dos pedidos determinada pelo artigo 840, §1º, da CLT objetiva que, desde a petição inicial, as partes delimitem, com razoável destreza, o alcance de sua pretensão. 5. A despeito disso, a redação do artigo 840, §1º, da CLT de determinação de indicação do valor na petição inicial não é inédita no sistema processual trabalhista. Desde os anos 2000, por meio do art. 852-B, I, da CLT (introduzida pela Lei nº 9.957/2000), passou-se a exigir que as petições iniciais submetidas ao rito sumaríssimo fossem líquidas, por se tratarem de causas que, dada a natureza, possuem condições de ser examinadas de forma mais célere pela Justiça do Trabalho. 6. Assim, o artigo 840, §1º, da CLT passou a prever uma equivalência entre os requisitos da petição inicial das ações submetidas ao rito sumaríssimo e àquelas sob o rito ordinário, cuja natureza das demandas, no entanto, tende a ser de ordem mais complexa. 7. Efetivamente, antes das alterações promovidas pela Lei nº 13.467/2017 nas ações submetidas ao rito ordinário, o quantum debeatur era estabelecido em fase própria de certificação, qual seja, a liquidação de sentença. Ou seja, apenas depois de ultrapassada toda a instrução processual, orientada pelo princípio da imediação, previsto no art. 820 da CLT, com a respectiva colheita de provas e análise de cada uma delas, iniciava-se o momento processual de liquidação dos pedidos. 8. Por força das determinações legais de serem apresentados pedidos certos e determinados, o sistema processual trabalhista então vigente, como houvera de ser, detinha preservados a ampla defesa e o contraditório do réu, que tinha ao seu dispor a possibilidade de contestar cada um dos pedidos, seja na fase de conhecimento, seja na de liquidação. 9. Isto é, o novo comando do art. 840, §1º, da CLT incorpora às demandas trabalhistas sob o rito ordinário critérios técnicos jamais antes exigidos e, uma vez não cumpridos, ter-se-á como consequência, a extinção do processo sem resolução de mérito, conforme determina o também novo §3º, do art. 840, da CLT. Com isso, passou-se a atribuir aos reclamantes o encargo processual de, para ingressar com uma demanda trabalhista, apresentar valores que venham a corresponder ao objeto dos pedidos, sem antes se ter iniciada a fase de instrução processual. 10. Inobstante, o rigor técnico exigido pelo art. 840, §1º, da CLT, interpretado de forma dissociada das demais normas e princípios que regem a processualística trabalhista, conduz a um estreitamento do jus postulandi (art. 791, da CLT), que historicamente é uma das características que mais singularizam, em essência, a jurisdição trabalhista. A contrario sensu, preservando-se essa orientação, mesmo com a nova redação do artigo 840, §1º, da CLT manteve-se a orientação de que, na petição inicial, basta "uma breve exposição dos fatos", uma vez que as partes, via de regra, não possuem conhecimentos técnicos para formular fundamentos jurídicos do pedido. 11. Nesse cenário, a interpretação gramatical do dispositivo pode conduzir à mitigação do jus postulandi, em desatenção ao princípio do amplo acesso à jurisdição (art. 5º, XXXV, da CF). 12. A determinação de indicação dos valores dos pedidos nas causas submetidas ao rito ordinário tem como reflexo a controvérsia trazida pela embargante, qual seja, a eventual vinculação ou limitação da condenação aos valores atribuídos a cada pedido apresentado já na exordial. 13. De fato, de acordo com a regra da congruência entre os pedidos formulados na ação e a condenação arbitrada (arts. 832, da CLT e arts. 141, §2º e 492, do CPC), nos termos do disciplinado nos arts. 141 e 492 do CPC, os valores indicados na petição inicial de forma líquida limitariam àqueles arbitrados na condenação, sob pena de se incorrer em decisão extra, ultra ou citra petita. 14. A partir desse cenário, a natureza do conflito trabalhista submetido à apreciação desta Corte perpassa, entre outros, a averiguação acerca da (im) possibilidade de se determinar que a condenação limite-se a exatamente os valores indicados para cada pedido na petição inicial, sob pena de violação aos artigos 141 e 492 do CPC. 15. No caso concreto, diferentemente do que entendeu o acórdão regional recorrido, no que diz respeito à indicação dos pedidos liquidados na petição inicial, a dicção dos dispositivos acima deve ser cotejada não só com uma interpretação teleológica do art. 840, §1º, da CLT, como também com os princípios da informalidade e da simplicidade, que orientam toda a lógica processual trabalhista. A partir desses princípios, no âmbito desta Justiça Especializada, não se pode exigir das partes reclamantes que, para que recebam a integralidade das verbas a que realmente fazem jus ao final de uma demanda trabalhista, correndo o risco de uma decisão citra, ultra ou extra petita, submetam-se, eventualmente, às regras de produção antecipada de prova e/ou contratação de serviço contábil especializado, a fim de liquidar com precisão cada um dos pedidos para adimplir a exigência do artigo 840, §1º, da CLT e, somente depois disso, ajuizar uma demanda trabalhista. Interpretação nesse sentido afrontaria, a um só tempo, o princípio da oralidade e o dispositivo, que, em conjunto, asseguram às partes reclamantes o direito de ir a juízo pleitear as verbas que entendem lhe serem devidas. 16. Ou seja, a análise sobre a necessidade de limitação do valor da condenação àqueles previamente apresentados na exordial deve ser orientada por uma perspectiva teleológica do direito processual do trabalho, cuja interpretação dos dispositivos que o integram deve, pois, ser sempre norteada pelos princípios do amplo acesso à jurisdição (art. 5º, XXXV, da CF), dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, da CF), proteção social do trabalho (art. 1º, IV, da CF). 17. Em atenção a isso e considerando o impacto do art. 840, §1º, da CLT na processualística trabalhista, assim como a necessidade de oferecer ao jurisdicionado a segurança jurídica indispensável a possibilitar estabilidade das relações processuais, este Tribunal Superior do Trabalho aprovou a Instrução Normativa nº 41/2018, que determina que "Para fim do que dispõe o art. 840, §§ 1º e 2º, da CLT, o valor da causa será estimado, observando-se, no que couber, o disposto nos arts. 291 a 293 do Código de Processo Civil". 18. A interpretação do art. 840, §1º, da CLT, aliada aos princípios mencionados permite chegar à conclusão de que, tendo o reclamante apresentado, em sua petição inicial, pedido certo e determinado com indicação de valor - estimado -, por um lado, atende-se à exigência do art. 840, §1º, da CLT. Por outro lado, possibilita ao polo passivo o integral exercício da ampla defesa e do contraditório, assegurados pelo artigo 5º, LV, da CF. Trata-se, assim, de interpretação que observa os princípios constitucionais do trabalho, conferindo, igualmente, efetivamente ao referido artigo celetista. 19. Assim, a Instrução Normativa nº 41/2018 ao se referir ao "valor estimado da causa" acaba por delimitar que o pedido apresentado na petição inicial "com indicação de seu valor" a que se refere o art. 840, §1º, da CLT deve ser considerado de forma estimada, eis que inexiste nos dispositivos do CPC a que faz remissão a instrução normativa qualquer delimitação em sentido contrário. O artigo 291, do CPC, pertinente à análise ora empreendida apenas se refere à necessidade de indicação de "valor certo" da causa, inexistindo, portanto, qualquer obrigação de liquidação do valor da causa, tampouco do pedido, com efeito vinculativo à condenação. Ainda, considerando-se a necessária aplicação supletiva do CPC à hipótese, a ausência de indicação de valores na petição inicial não deve ter como consequência a extinção do feito sem resolução do mérito, devendo-se oportunizar à parte a possibilidade de saneamento do defeito, no prazo de 15 dias, por aplicação analógica da Súmula 263 deste TST c/c arts. 4º, 6º e 317 do CPC. 20. Nesse mesmo sentido, interpretando a redação do parágrafo 2º do artigo 12 da IN 41/2018 em confronto com as exigências do art. 840, §1º, da CLT e, igualmente dos artigos 141 e 492 do CPC, este Tribunal Superior do Trabalho acumula precedentes no sentido de que os valores constantes nos pedidos apresentados de forma líquida na exordial devem ser considerados apenas como fim estimado, não havendo limitação da condenação àquele montante. 21. Por fim, não se ignora que a Eg. SBDI-1, do TST, em precedente publicado em 29/05/2020 (E-ARR-10472-61.2015.5.18.0211, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, Relator Ministro Walmir Oliveira da Costa) firmou entendimento de que a parte autora, ao formular pedidos com valores líquidos na petição inicial, sem registrar qualquer ressalva, limita a condenação a tais parâmetros, por expressa dicção do art. 492 do CPC. Ocorre que o precedente em questão configura situação singular, eis que o recurso de embargos analisado foi interposto em ação ajuizada antes da entrada em vigor da Lei nº 13.467/2017 e, portanto, da alteração do art. 840, §1º, da CLT c/c Instrução Normativa 41/2018. Assim, não sem razão, a matéria não foi analisada sob a ótica destas normas. Portanto, trata-se o caso concreto de hipótese que revela singularidades quanto àquela analisada pela Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, razão pela qual esta Turma não fica a ela vinculada. 22. A partir do exposto, na hipótese vertente, em que a inicial foi ajuizada em 04/08/2021, incidem as normas processuais previstas na CLT após as alterações da Lei 13.467/2017. Portanto, os valores constantes nos pedidos apresentados de forma líquida na reclamação trabalhista devem ser considerados como mera estimativa, não limitando a condenação, por força da Instrução Normativa nº 41/2018 c/c art. 840, §1º, da CLT e dos princípios constitucionais que regem o processo do trabalho, em especial os princípios do amplo acesso à jurisdição (art. 5º, XXXV, da CF), da dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, da CF), da proteção social do trabalho (art. 1º, IV, da CF). Embargos conhecidos e não providos." (grifos acrescidos - Emb-RR - 555-36.2021.5.09.0024 , Relator Ministro: Alberto Bastos Balazeiro, Data de Julgamento: 30/11/2023, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, Data de Publicação: DEJT 07/12/2023) (negritei). Assim, como dito, os valores indicados na petição inicial não são suficientes para limitar o valor da condenação, havendo ou não expressa ressalva quanto a mera estimativa. Dou provimento. HORAS EXTRAS. PRORROGAÇÃO DE JORNADA EM ATIVIDADE INSALUBRE A reclamante insiste no pedido de horas extras, argumentando que "A sentença reconheceu a jornada superior a oito horas diárias, mas indeferiu indevidamente o pagamento das horas extras, violando o artigo 60 da CLT, que veda a prorrogação da jornada em atividades insalubres sem autorização prévia da autoridade competente - requisito ausente nos autos." Afirma que "O laudo pericial confirmou a insalubridade em grau máximo (40%), tornando obrigatória a autorização formal para qualquer extensão da jornada." Requer o "pagamento de 40 minutos diários de horas extras, com reflexos em FGTS (+40%), 13º salário, férias e aviso prévio". Analiso. A reclamante foi contratada pela reclamada, ALARCENTER SISTEMAS INTEGRADOS LTDA, em 5/12/2023, para a função de "limpadora", tendo ingressado com a presente reclamatória postulando a rescisão indireta do contrato de trabalho. Na inicial, narrou que cumpria jornada de segunda a sexta-feira, das 12h20 às 22h, com 1 hora de intervalo, ultrapassando o limite legal de 8 horas diárias. A reclamada juntou contrato de trabalho da autora, à fl. 119, com previsão de jornada em escala 5x2, de segunda a sexta-feira, das 12h20 as 22h, com 60 minutos de intervalo; assim como acordos de prorrogação e compensação de horas (fls. 120/121). Restou incontroverso nos autos a jornada cumprida pela obreira, das 12h20 às 22h, com 1 hora de intervalo, de segunda a sexta-feira, fato corroborado pelo depoimento da testemunha da autora. A reclamada trouxe aos autos os cartões de ponto da reclamante, de 21/4/2024 a 20/7/2024 (fls. 132/134), e os contracheques, os quais revelam o pagamento de horas extras (fls. 129/131). Conforme constatado na sentença, por meio de prova pericial, a reclamante laborava em atividade insalubre por todo o período contratual. Embora não tenha pedido expresso de nulidade do sistema de compensação de horas instituído pela reclamada, em razão do labor em atividade insalubre, com a devida vênia, entendo que não há óbice à declaração de invalidade do regime de compensação por este motivo, se for o caso. Com efeito, pleiteando a autora horas extras e sendo alegado pela ré a existência de sistema de compensação de jornada, em qualquer modalidade, o descumprimento dos requisitos legais para a implementação do sistema deve ser analisado pelo juízo, independentemente de pedido expresso nesse sentido. Nos termos do artigo 166, VI e VII do CCB, serão nulos os atos jurídicos praticados com preterição de solenidade que a lei considere essencial para a sua validade ou quando a lei taxativamente o declarar nulo, ou lhe proibir a prática, sem cominar sanção. No caso específico dos autos, a validade ou não do sistema de compensação semanal de horas adotado pela empresa requerida passa, necessariamente, pelo exame do artigo 60 da CLT, ou seja, decorre de previsão legal, sendo, portanto, desnecessário pedido expresso de nulidade do regime de compensação. O art. 60 da CLT condiciona o acordo de prorrogação de jornada nas atividades insalubres à licença prévia das autoridades competentes, in verbis (grifei): Art. 60 - Nas atividades insalubres, assim consideradas as constantes dos quadros mencionados no capítulo "Da Segurança e da Medicina do Trabalho", ou que neles venham a ser incluídas por ato do Ministro do Trabalho, Industria e Comercio, quaisquer prorrogações só poderão ser acordadas mediante licença prévia das autoridades competentes em matéria de higiene do trabalho, as quais, para esse efeito, procederão aos necessários exames locais e à verificação dos métodos e processos de trabalho, quer diretamente, quer por intermédio de autoridades sanitárias federais, estaduais e municipais, com quem entrarão em entendimento para tal fim. Registro que o tema 1046 julgado pelo E. STF somente versa sobre negociação coletiva, objeto dos arts. 611-A e 611-B da CLT, de modo que o acordo individual não prevalece sobre o art. 60 da CLT. A reclamada não comprovou possuir licença das autoridades competentes em matéria de higiene do trabalho para prorrogação da jornada da autora, que exerceu atividade em ambiente insalubre. Os contracheques da obreira revelam que ela prestava horas extras, ou seja, havia extrapolação da jornada contratual. Por esta razão, é inválido o acordo individual de compensação de jornada entabulado com a reclamante. Assim, considerando que o acordo individual de compensação é inválido, condeno a reclamada ao pagamento de todas as horas compensadas irregularmente, consoante cartões de ponto jungidos aos autos. Para os períodos não acobertados pelos cartões de ponto deve ser considerada a jornada informada na inicial. Defiro os reflexos em aviso prévio, 13º salários, férias mais 1/3, FGTS mais 40%, considerando a rescisão indireta reconhecida na sentença e os limites do pedido. Dou provimento. Esse era o meu voto. No entanto, por ocasião da sessão de julgamento, prevaleceu a divergência apresentada pela Exma. Desembargadora Wanda Lúcia Ramos da Silva, nos seguintes termos: HORAS EXTRAS. PRORROGAÇÃO DE JORNADA EM ATIVIDADE INSALUBRE Data venia, divirjo do voto condutor. No caso, analisando a petição inicial, vejo que o reclamante em momento algum requereu a invalidação do regime de compensação adotado pela ré pela prestação de horas extras em ambiente insalubre, tendo apenas dito que "não há qualquer comprovação da existência de banco de horas, tampouco de acordo individual escrito, conforme exigido pelo artigo 59-A da CLT, o que inviabiliza a compensação de jornada e reforça o direito ao pagamento das horas excedentes". Diante disso, em atenção ao princípio da adstrição, entendo que a análise deve ser restrita ao argumento da parte autora quanto à ausência de acordo individual escrito autorizando a compensação de jornada. Nesse aspecto, vejo que, no contrato de trabalho da reclamante, constou o seguinte: "O EMPREGADO abriga-se ainda a trabalhar sempre que for solicitado pelo EMPREGADOR, em horário prorrogado ou compensado, observados os preceitos legais, bem como o trabalho em horas extraordinarias quando a necessidade exigir" (sic, id. 310e39f). Ademais, foram juntados aos autos acordos de prorrogação e compensação de horas, devidamente assinados pela obreira, por meio dos quais houve autorização expressa para a compensação de jornada (ids. 6e54122 e aa28441). Desse modo, a tese da parte autora de que "não há qualquer comprovação da existência de banco de horas, tampouco de acordo individual escrito" não merece prosperar. Assim, com relação ao período contratual abarcado pelos cartões de ponto juntados aos autos, considerando que a reclamante não logrou êxito em desconstituir a validade da aludida documentação, tampouco apontou diferenças a seu favor entre as horas extras prestadas e as pagas ou compensadas, mantenho a r. sentença que julgou improcedente o pleito obreiro. Por outro lado, com relação ao interregno não abrangido pela aludida documentação, considerando que não há nada que indique que tenha havido alteração na dinâmica de trabalho da reclamante, determino a adoção da média dos dias em que foi apresentado o registro de ponto, por aplicação analógica da OJ,233 da SDI-1 do C. TST, com a condenação da ré ao pagamento das horas extras que ultrapassarem a 8ª diária (limites do pedido inicial), as quais serão acrescidas de adicional de 50%, ficando autorizada a dedução dos valores comprovadamente pagos a igual título. No mais, acompanho a Relatora. Dou parcial provimento (menos amplo). ESTABILIDADE PROVISÓRIA. MEMBRO DA CIPA O d. juízo de origem indeferiu o pedido de indenização substitutiva decorrente da estabilidade provisória conferida aos membros da CIPA, em razão da extinção do contrato de prestação de serviços pela reclamada. A reclamante recorre, alegando que "a 1ª Reclamada permanece ativa e operante em outros contratos e localidades", e que "a estabilidade do membro da CIPA não está vinculada a um local específico, mas sim à garantia contra a dispensa arbitrária durante o período de mandato e o ano subsequente (art. 10, II, "a", do ADCT). O simples encerramento de um contrato com uma tomadora não exime a empregadora da obrigação de realocar ou indenizar o trabalhador estável, especialmente quando, como demonstrado nos autos, a empresa segue ativa, inclusive oferecendo transferências forçadas para outras localidades." Requer a reforma da sentença "para condenar a Reclamada ao pagamento da indenização substitutiva da estabilidade da CIPA, correspondente aos salários e demais verbas do período estabilitário." Analiso. De início, assento que é incontroverso que, em junho/2024, foi rescindido o contrato de prestação de serviços firmado entre a reclamada, CAOA, e a reclamada, ALARCENTER, tendo sido a reclamante afastada de suas atribuições a partir de 12/8/2024. Nesse trilhar, restou reconhecido na origem que "Em julho de 2024, a 1ª Reclamada, ALACENTER, perdeu o contrato de prestação de serviços com a tomadora, 3ª Reclamada, CAOA. Em decorrência disso, foi convocada uma reunião com os funcionários, na qual houve coação explícita para que pedissem demissão, conforme será demonstrado no tópico da rescisão indireta. Ainda que sem intenção de abandonar o emprego, o último dia de trabalho da Reclamante ocorreu em 12 de agosto de 2024, sem animo de abandono." (fl. 7). Oportuno assentar que a estabilidade conferida aos integrantes de Comissão Interna de Prevenção de Acidentes - CIPA não constitui uma vantagem pessoal do empregado, mas, em verdade, uma garantia para o livre exercício das atividades inerentes à CIPA. Não sobeja registrar que a atuação da CIPA está intimamente ligada ao funcionamento da empregadora, razão pela qual o rompimento do contrato de terceirização entre a empresa tomadora e a interposta configura fato que inviabiliza o próprio desempenho das atividades fiscalizatórias pelo membro da CIPA, já que o referido membro em questão era empregado terceirizado, de modo que não se verificam mais as condições para a manutenção da garantia provisória de emprego. Destarte, aquiesço com a conclusão sentencial no sentido de que "Evidente o fim da atividade empresarial da empregadora no local de prestação de serviço, extinto assim o estabelecimento no aspecto produtivo da demanda por força de trabalho, tornam-se impossíveis a existência da CIPA pela reclamada no local e, mais ainda, a subsistência da estabilidade de seus representantes, porque, como dito mais acima, a razão de existir da CIPA é o ambiente de trabalho na unidade produtiva com seus riscos à integridade biológica e psíquica do trabalhador (Súmula 339, II, do C. TST), independentemente de a empresa empregadora ainda existir no mercado. Portanto, extinta a prestação de serviço pela reclamada, não há falar em reintegração nem em indenização de todo o período remanescente da estabilidade prevista em lei, pois a estabilidade, que no caso é de caráter profissional, e não pessoal, se extingue com a extinção da CIPA." (fl. 769). Nesse sentido, transcrevo os esclarecedores precedentes oriundos do C. TST: "AGRAVO EM AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO PELO RECLAMANTE. ACÓRDÃO REGIONAL PUBLICADO NA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.467/2017. ESTABILIDADE PROVISÓRIA. MEMBRO DA CIPA. TÉRMINO DO CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. EXTINÇÃO DO ESTABELECIMENTO. ÓBICES DA SÚMULA Nº 333 E 126 DO TST. AUSÊNCIA DE TRANSCENDÊNCIA. CONHECIMENTO E NÃO PROVIMENTO. I. O entendimento desta Corte Superior é de que a hipótese de encerramento do contrato de prestação de serviços equipara-se à extinção do estabelecimento para os efeitos de afastar a estabilidade provisória (Súmula nº 339, II, do TST). II. Para se acolher a alegação do reclamante de que a CIPA constituída abrangia o trabalho em outras plataformas, seria necessário o revolvimento de fatos e provas, procedimento incompatível com a natureza extraordinária do recurso de revista, nos termos da Súmula nº 126 do TST. III. Mantida a decisão agravada acerca da ausência de transcendência da causa, com acréscimo de fundamentação. IV. Agravo de que se conhece e a que se nega provimento" (AIRR-0100885-98.2022.5.01.0001, 4ª Turma, Relator Ministro Alexandre Luiz Ramos, DEJT 28/02/2025). "AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO A ACÓRDÃO PUBLICADO NA VIGÊNCIA DA LEI N.º 13.467/2017. GARANTIA PROVISÓRIA DE EMPREGO. MEMBRO DA CIPA. SÚMULA N.º 339, II, DO TST. TÉRMINO DA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. EQUIVALÊNCIA À EXTINÇÃO DO ESTABELECIMENTO. TRANSCENDÊNCIA DA CAUSA NÃO RECONHECIDA. 1. Cinge-se a controvérsia em saber se o término do contrato de prestação de serviços e a consequente extinção da CIPA equivalem à extinção do estabelecimento, para efeito de não configuração da despedida arbitrária do empregado membro da CIPA, nos termos do item II da Súmula n.º 339 desta Corte superior. 2. Constatado o preenchimento dos demais requisitos processuais de admissibilidade, o exame do Recurso de Revista sob o prisma do pressuposto de transcendência revelou que: a ) não demonstrada a transcendência política da causa, na medida em que o acórdão recorrido revela consonância com a jurisprudência iterativa, notória e atual deste Tribunal Superior, no sentido de que o término do contrato de prestação de serviços e a consequente extinção da CIPA equivalem à extinção do estabelecimento, razão pela qual não é possível reconhecer o direito à estabilidade provisória de membro de CIPA na hipótese. Precedentes; b ) não se verifica a transcendência jurídica , visto que ausentes indícios da existência de questão nova acerca da controvérsia ora submetida a exame, mormente diante da jurisprudência dominante nesta Corte superior, a obstaculizar a pretensão recursal; c ) não identificada a transcendência social da causa, visto que não se cuida de pretensão recursal formulada em face de suposta supressão ou limitação de direitos sociais assegurados na legislação pátria; e d ) não há falar em transcendência econômica , porquanto a expressão econômica da pretensão recursal não destoa de outros recursos de mesma natureza. 3. Configurado o óbice relativo ao não reconhecimento da transcendência da causa quanto ao tema sob exame, resulta inviável o processamento do Recurso de Revista, no particular. 4. Agravo de Instrumento não provido. (...)" (AIRR-1001085-12.2022.5.02.0435, 3ª Turma, Relator Desembargador Convocado Marcelo Lamego Pertence, DEJT 13/12/2024). "RECURSO DE REVISTA. RECURSO INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DA LEI Nº 13.467/2017. ESTABILIDADE PROVISÓRIA - MEMBRO SUPLENTE DA CIPA - EMPREGADO TERCEIRIZADO - ENCERRAMENTO DA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS - CONSEQUÊNCIAS - TRANSCENDÊNCIA POLÍTICA RECONHECIDA. Considerando que a discussão travada nos autos gira em torno de se saber se o empregado terceirizado eleito membro da CIPA permanece ou não com o direito à estabilidade provisória prevista no artigo 10, II, "a", do ADCT, caso haja o rompimento do contrato de prestação de serviços estabelecido entre a empresa terceirizada empregadora do cipeiro e a empresa tomadora dos serviços, constata-se que a causa oferece transcendência política , na medida em que a controvérsia possui pertinência com o conteúdo do item II da Súmula/TST nº 339. Verificada, portanto, a presença da transcendência política da causa, prossegue-se na análise do apelo revisional. Com efeito, extrai-se do acórdão regional que houve a extinção do contrato de prestação de serviços firmado entre a empresa terceirizada empregadora da reclamante e a tomadora dos serviços (Fundação Para Remédio Popular - FURP), tendo, pouco depois, ocorrido a cessação do contrato de trabalho da autora com a sua empregadora (Guima Conseco Construção, Serviços E Comércio LTDA). Nesse contexto, impende ressaltar que a estabilidade conferida aos integrantes de Comissão Interna de Prevenção de Acidentes - CIPA não constitui uma vantagem pessoal do empregado, mas sim uma garantia para o livre exercício das atividades inerentes à CIPA. Conforme é consabido, a atuação da CIPA está intrinsecamente ligada ao funcionamento da empregadora, razão pela qual o rompimento do contrato de terceirização entre a empresa tomada e a interposta constitui fato que inviabiliza o próprio desempenho das atividades fiscalizatórias pelo membro da CIPA, já que o referido membro em questão era empregado terceirizado, de modo que não se verificam mais as condições para a manutenção da garantia provisória de emprego. Dessa forma, ante o encerramento da prestação de serviços à empresa tomadora, estabelecimento para o qual a CIPA foi constituída, tanto assim que existe o registro fático no sentido de que " a formação da autora fora concretizada por curso ministrado no âmbito da segunda reclamada, o que é comprovado pelo certificado de fls.33/34 ", não há que se falar em arbitrariedade da dispensa de empregado membro daquela comissão, razão pela qual cessa a garantia de emprego e consectários. É que a estabilidade provisória do membro da CIPA, conforme já acima registrado, está fulcrada na garantia da segurança e da imparcialidade para exercer sua atividade fiscalizadora, a qual perde a razão de ser, uma vez extinto o contrato de terceirização, com a consequente cessação da atividade da empresa interposta junto à tomadora. Nesse sentido, filio-me à jurisprudência desta Corte Superior que tem entendido que o rompimento do contrato de prestação de serviço, com a consequente inviabilização da atuação da CIPA, equivale à extinção do estabelecimento para efeito de garantia de estabilidade provisória. Precedentes. Recurso de revista conhecido e desprovido. (RR-10167-69.2015.5.15.0079, 7ª Turma, Redator Ministro Renato de Lacerda Paiva, DEJT 04/06/2021). "RECURSO DE REVISTA. RITO SUMARÍSSIMO. MEMBRO DA CIPA EM EMPRESA PRESTADORA DE SERVIÇOS. ESTABILIDADE PROVISÓRIA. ENCERRAMENTO DO CONTRATO. CONSEQUÊNCIA. No presente caso restou incontroverso que houve o encerramento do contrato de prestação de serviços firmado entre a reclamada (empregadora da reclamante e a tomadora dos serviços (no caso, a clínica POLICLIN). Considerando que a estabilidade conferida aos integrantes de Comissão Interna de Prevenção de Acidentes - CIPA não é uma vantagem pessoal do empregado, mas garantia para o livre exercício das atividades de membro da CIPA, a função da CIPA está diretamente vinculada ao funcionamento das atividades da empregadora, de modo que o encerramento do contrato firmado com a empresa tomadora dos serviços (no caso, clínica POLICLIN) constitui fator que inviabiliza a ação fiscalizadora do membro da CIPA, ocasionando, por consequência, a cessação da garantia provisória de emprego . Recurso de Revista de que se conhece e a que se dá provimento." (RR-10756-27.2019.5.15.0045, 8ª Turma, Relator Ministro Joao Batista Brito Pereira, DEJT 14/12/2020). Nego provimento. INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS A reclamante pretende a majoração do valor arbitrado a título de indenização por danos morais, lastreado na "coação psicológica a que foi submetida na reunião em que teria sido 'sugerido' o pedido de demissão pelos empregados", de R$ 5.000,00 para R$ 20.000,00. Alega que "A conduta da Recorrida não se limitou a um simples descumprimento contratual, mas atingiu diretamente a dignidade e a subsistência da trabalhadora, que foi pressionada a abrir mão do emprego sob coação. Ameaçá-la de banimento por dois anos da empresa tomadora constitui abuso de poder econômico, colocando-a em uma situação de desespero e vulnerabilidade extrema." Argumenta que "O valor fixado na sentença, no entanto, não reflete a intensidade da violação e não impõe impacto financeiro relevante à empresa, cujo poder econômico foi amplamente demonstrado nos autos." Pois bem. Conforme pontuado na sentença, restou comprovado nos autos que "a reclamante foi induzida a erro sob a ameaça de ser banida da CAOA por dois anos se não pedisse dispensa da reclamada." A fixação do valor indenizatório tem como pressupostos, além dos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, o grau de culpa ou dolo do agente, a gravidade e a extensão do dano, o grau de sofrimento do ofendido, a situação econômica do ofensor, o efeito pedagógico da punição para que o ofensor não reincida na sua conduta danosa. Impõe-se, ainda, observar que o valor arbitrado, de caráter eminentemente compensatório, não seja causa da ruína para quem paga nem de enriquecimento para quem recebe, de modo a preservar-se o equilíbrio da função social da indenização. Considerando os parâmetros acima, entendo razoável o valor da indenização de R$ 5.000,00 fixado na sentença, uma vez que se mostra compatível com os danos sofridos pela obreira e suficiente no seu caráter pedagógico. Nego provimento. HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS Sentença condenou as reclamadas ao pagamento de honorários sucumbenciais, no importe de 7% sobre o valor a ser liquidado após o trânsito em julgado da decisão. A reclamante recorre pugnando pela majoração do percentual fixado, "Diante da extensão do trabalho realizado, da quantidade de atos processuais praticados e da relevância da matéria discutida". Analiso. Considerando a complexidade da causa, o grau de zelo do profissional, o lugar da prestação do serviço, a natureza e a importância da causa, o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o serviço para todos os aspectos discutidos nesta lide, na forma do artigo 791-A da CLT, entendo por bem majorar o percentual para 10% de honorários advocatícios sucumbenciais, sob responsabilidade das reclamadas. Dou provimento. CONCLUSÃO Conheço do recurso da reclamante e, no mérito, dou-lhe parcial provimento, nos termos da fundamentação supra. Por permanecer razoável, mantenho o valor da condenação. É o meu voto. ACÓRDÃO ISTO POSTO, acordam os membros da Terceira Turma do Egrégio Tribunal Regional do Trabalho da 18ª Região, em sessão ordinária presencial hoje realizada, prosseguindo no julgamento iniciado na sessão virtual do dia 27.06.2025, por unanimidade, conhecer do recurso da Reclamante e, no mérito, por maioria, dar-lhe parcial provimento, vencida, em parte, a Relatora que lhe dava provimento parcial mais amplo e que adaptará o voto nos termos da divergência apresentada pela Desembargadora Wanda Lúcia Ramos da Silva quanto ao tópico "HORAS EXTRAS. PRORROGAÇÃO DE JORNADA EM ATIVIDADE INSALUBRE", bem como juntará voto parcialmente vencido, neste particular. Participaram do julgamento os Excelentíssimos Desembargadores WANDA LÚCIA RAMOS DA SILVA (Presidente), ELVECIO MOURA DOS SANTOS e ROSA NAIR DA SILVA NOGUEIRA REIS. Presente na assentada de julgamento o d. representante do Ministério Público do Trabalho. Sessão de julgamento secretariada pela Diretora da Coordenadoria de Apoio à Terceira Turma, Maria Valdete Machado Teles. Goiânia, 03 de julho de 2025. ROSA NAIR DA SILVA NOGUEIRA REIS Relatora GOIANIA/GO, 07 de julho de 2025. NILZA DE SA Diretor de Secretaria Intimado(s) / Citado(s) - ALARCENTER SISTEMAS INTEGRADOS LTDA

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Aleita Mendes Da Silva e outros x Alarcenter Sistemas Integrados Ltda e outros

ID: 319445410

Tribunal: TRT18 Órgão: 3ª TURMA Classe: RECURSO ORDINáRIO TRABALHISTA Nº Processo: 0011263-10.2024.5.18.0051

Data de Disponibilização: 08/07/2025

Polo Ativo:

ALEITA MENDES DA SILVA IVAN BEZE JUNIOR

Polo Passivo:

ALARCENTER SISTEMAS INTEGRADOS LTDA CAOA MONTADORA DE VEICULOS LTDA LOYAL SERVICOS ESPECIALIZADOS LTDA

Acórdão

Advogados:

JOSE RICARDO SANT ANNA

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

CAROLINA LEVI SANRA

OAB/GO XXXXXX Desbloquear

DIEGO SABATELLO COZZE

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

BRUNO SANTOS CUNHA

OAB/GO XXXXXX Desbloquear

PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 18ª REGIÃO 3ª TURMA Relatora: ROSA NAIR DA SILVA NOGUEIRA REIS ROT 0011263-10.2024.5.18.0051 RECORRENTE: ALEITA MENDES DA S… PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 18ª REGIÃO 3ª TURMA Relatora: ROSA NAIR DA SILVA NOGUEIRA REIS ROT 0011263-10.2024.5.18.0051 RECORRENTE: ALEITA MENDES DA SILVA RECORRIDO: ALARCENTER SISTEMAS INTEGRADOS LTDA E OUTROS (2) PROCESSO TRT - ROT-0011263-10.2024.5.18.0051 RELATORA : DESEMBARGADORA ROSA NAIR DA SILVA NOGUEIRA REIS RECORRENTE(S) : ALEITA MENDES DA SILVA ADVOGADO(S) : BRUNO SANTOS CUNHA RECORRIDO(S) : ALARCENTER SISTEMAS INTEGRADOS LTDA ADVOGADO(S) : JOSE RICARDO SANT ANNA RECORRIDO(S) : CAOA MONTADORA DE VEICULOS LTDA ADVOGADO(S) : DIEGO SABATELLO COZZE ADVOGADO(S) : JOSE RICARDO SANT ANNA RECORRIDO(S) : LOYAL SERVICOS ESPECIALIZADOS LTDA ADVOGADO(S) : CAROLINA LEVI SANRA PERITO(S) : IVAN BEZE JUNIOR ORIGEM : 1ª VARA DO TRABALHO DE ANÁPOLIS JUIZ(ÍZA) : ARMANDO BENEDITO BIANKI EMENTA JUSTIÇA DO TRABALHO. RECURSO ORDINÁRIO. DIREITO DO TRABALHO. LIMITAÇÃO DA CONDENAÇÃO. HORAS EXTRAS. ESTABILIDADE PROVISÓRIA. CIPA. INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS. PROVIMENTO PARCIAL. I. CASO EM EXAME 1. Recurso ordinário interposto pela reclamante em face da sentença que julgou parcialmente procedentes os pedidos, buscando a reforma da decisão em relação à limitação da condenação aos valores da inicial, horas extras, indenização por estabilidade provisória de membro da CIPA, indenização por danos morais e honorários sucumbenciais. II. QUESTÃO EM DISCUSSÃO 2. Há 5 questões em discussão: (i) definir se a condenação deve ser limitada aos valores atribuídos aos pedidos na petição inicial; (ii) verificar o direito ao pagamento de horas extras; (iii) determinar o direito à indenização substitutiva da estabilidade provisória como membro da CIPA; (iv) analisar a adequação do valor da indenização por danos morais; e (v) avaliar a correção dos honorários sucumbenciais. III. RAZÕES DE DECIDIR 3. Determina-se que a condenação não deve ser limitada aos valores indicados na petição inicial, em virtude da interpretação da Instrução Normativa nº 41/2018 e dos princípios que regem o processo do trabalho, especialmente o acesso à jurisdição. 4. Conclui-se que o acordo individual de compensação de jornada é inválido, com base no artigo 60 da CLT, e condena-se ao pagamento das horas destinadas à compensação. 5. Entende-se que a estabilidade provisória como membro da CIPA não é devida, pois o rompimento do contrato de prestação de serviços e a extinção da CIPA equivalem à extinção do estabelecimento. 6. Considera-se adequado o valor da indenização por danos morais fixado na sentença. 7. Majora-se o percentual dos honorários sucumbenciais devidos pelas reclamadas. IV. DISPOSITIVO E TESE 8. Recurso parcialmente provido. Teses de julgamento: 1. Os valores indicados na petição inicial a título de pedidos devem ser considerados como mera estimativa, não limitando a condenação, em face da Instrução Normativa nº 41/2018 e dos princípios que regem o processo do trabalho. 2. É inválido o acordo individual de compensação de jornada entabulado com a reclamante. 3. O término do contrato de prestação de serviços e a extinção da CIPA equivalem à extinção do estabelecimento, afastando o direito à estabilidade provisória do membro da CIPA. 4. A fixação do valor indenizatório por danos morais deve observar os princípios da razoabilidade e proporcionalidade. Dispositivos relevantes citados: CLT, art. 60, 791-A, 840; CF, art. 5º, XXXV; CPC, arts. 141, 324, 492. Jurisprudência relevante citada: TST-E-ARR-10472-61.2015.5.18.0211, Emb-RR - 555-36.2021.5.09.0024, AIRR-0100885-98.2022.5.01.0001, AIRR-1001085-12.2022.5.02.0435, RR-10167-69.2015.5.15.0079, RR-10756-27.2019.5.15.0045. RELATÓRIO O Excelentíssimo Juiz Armando Benedito Bianki, da 1ª Vara do Trabalho de Anápolis, julgou parcialmente procedentes os pedidos formulados por ALEITA MENDES DA SILVA em face de ALARCENTER SISTEMAS INTEGRADOS LTDA, CAOA MONTADORA DE VEICULOS LTDA e LOYAL SERVICOS ESPECIALIZADOS LTDA (sentença fls. 757/774). A reclamante interpôs recurso ordinário (fls. 795/802). As reclamadas, ALARCENTER SISTEMAS INTEGRADOS LTDA e LOYAL SERVICOS ESPECIALIZADOS LTDA, apresentaram contrarrazões em conjunto (fls. 806/811). Dispensada a manifestação do d. Ministério Público do Trabalho, nos termos do art. 97 do Regimento Interno desta Corte de Justiça. É o relatório. VOTO ADMISSIBILIDADE Atendidos os pressupostos objetivos e subjetivos de admissibilidade, conheço do recurso interposto pela reclamante. MÉRITO LIMITAÇÃO DA CONDENAÇÃO. VALOR DO PEDIDO LIQUIDADO NA EXORDIAL. MERA ESTIMATIVA Reclamante pede que a condenação não seja limitada aos valores consignados na exordial, por se tratarem de mera estimativa, conforme ressalvado nos itens 48 e 56. Analiso. De ordinário, havendo pedido líquido e certo na petição inicial, a condenação limita-se ao valor especificado, sob pena de violação aos artigos 141 e 492 do CPC. Entretanto, a norma processual admite exceções, conforme previsto no artigo 324 do CPC. Transcrevo: Art. 324. O pedido deve ser determinado. § 1º É lícito, porém, formular pedido genérico: I - nas ações universais, se o autor não puder individuar os bens demandados; II - quando não for possível determinar, desde logo, as consequências do ato ou do fato; III - quando a determinação do objeto ou do valor da condenação depender de ato que deva ser praticado pelo réu. § 2º O disposto neste artigo aplica-se à reconvenção. Em 21/05/2020, a Subseção I Especializada em Dissídios Individuais do Tribunal Superior do Trabalho (TST-E-ARR-10472-61.2015.5.18.0211), por unanimidade, decidiu que "Esta Corte Superior tem firme entendimento no sentido de que a parte autora, ao formular pedidos com valores líquidos na petição inicial, sem registrar qualquer ressalva, limita a condenação a tais parâmetros, por expressa dicção do art. 492 do CPC". Por elucidativo, transcrevo: "RECURSO DE EMBARGOS. REGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014. JULGAMENTO "ULTRA PETITA". LIMITAÇÃO DA CONDENAÇÃO AO VALOR ATRIBUÍDO AO PEDIDO NA PETIÇÃO INICIAL. 1. A Quarta Turma considerou que o requerimento, na petição inicial, de "pagamento de 432 horas 'in itinere' no valor de R$ 3.802,00 (fl. 11 - numeração eletrônica)" traduziu "mera estimativa, tendo o magistrado feito a adequação de acordo com as provas do processo", razão pela qual não reputou violados os arts. 141 e 492 do CPC. 2.Todavia, esta Corte Superior adota firme entendimento no sentido de que a parte autora, ao formular pedidos com valores líquidos na petição inicial, sem registrar qualquer ressalva, limita a condenação a tais parâmetros, por expressa dicção do art. 492 do CPC. Precedentes. Recurso de embargos conhecido e provido" (E-ARR 10472-61.2015.5.18.0211, SDI-I , Relator Ministro Walmir Oliveira da Costa, DEJT 29/5/2020). Como se vê, o entendimento firmado era no sentido de que, em havendo a liquidação dos pedidos, conforme exigência normativa, somente não haveria limitação da condenação aos valores indicados na petição inicial acaso houvesse expressa declaração de se tratar de mera estimativa de valores. Entretanto, em 30/11/2023 a Subseção I Especializada em Dissídios Individuais do Tribunal Superior do Trabalho, ao julgar o Emb-RR - 555-36.2021.5.09.002, firmou o entendimento de que para ações propostas após a vigência da Lei 13.467/2017 "os valores constantes nos pedidos apresentados de forma líquida na reclamação trabalhista devem ser considerados como mera estimativa, não limitando a condenação, por força da Instrução Normativa nº 41/2018 c/c art. 840, §1º, da CLT e dos princípios constitucionais que regem o processo do trabalho, em especial os princípios do amplo acesso à jurisdição (art. 5º, XXXV, da CF), da dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, da CF), da proteção social do trabalho (art. 1º, IV, da CF)". Portanto, ainda que a autora não tenha feito qualquer ressalva quanto ao caráter estimativo dos pedidos apresentados na inicial, incabível será a limitação da condenação aos valores indicados. Também, por elucidativo, transcrevo: "EMBARGOS. RECURSO DE REVISTA. LIMITAÇÃO DA CONDENAÇÃO AOS VALORES ATRIBUÍDOS AOS PEDIDOS NA PETIÇÃO INICIAL. IMPOSSIBILIDADE. INTERPRETAÇÃO TELEOLÓGICA DO ART. 840, §1º, DA CLT.APLICAÇÃO DA REGRA ESPECIAL PREVISTA NA IN 41/2018 C/C ART. 840, §1º, DA CLT. VALORES INDICADOS NA PETIÇÃO COMO MERA ESTIMATIVA. 1. A controvérsia dos autos cinge-se em definir se os valores atribuídos pela parte aos pedidos na petição inicial limitam a condenação, notadamente na hipótese dos autos em que o reclamante inseriu expressamente ressalva quanto ao valor da causa. 2. A adequada interpretação jurídica das alterações promovidas pela Lei nº 13.467/2017 aos parágrafos 1º e 2º do artigo 840, da CLT proporciona impacto na prática trabalhista, eis que introduz novos requisitos aos pedidos trazidos nas petições iniciais protocolizadas nas Varas do Trabalho. 3. A exigência de se consignar, na petição inicial, pedidos certos e determinados já era observada nas reclamações trabalhistas, uma vez que a antiga redação do art. 840, §1º, da CLT não continha detalhes acerca do conteúdo e especificações do pedido. Assim, aplicavam-se subsidiariamente (arts. 769, da CLT e 15, do CPC) os artigos 322 e 324 do CPC, quanto à necessidade de que os pedidos fossem certos e determinados. Com a entrada em vigor da Lei nº 13.467/2017, o §1º do art. 840, da CLT torna-se norma específica que disciplina os requisitos da petição inicial no processo do trabalho. Portanto, além de estipular que os pedidos devem ser certos e determinados, inaugura-se a obrigatoriedade de que cada um contenha a indicação de seu valor. 4. Sob este viés, a exigência de indicação do valor dos pedidos determinada pelo artigo 840, §1º, da CLT objetiva que, desde a petição inicial, as partes delimitem, com razoável destreza, o alcance de sua pretensão. 5. A despeito disso, a redação do artigo 840, §1º, da CLT de determinação de indicação do valor na petição inicial não é inédita no sistema processual trabalhista. Desde os anos 2000, por meio do art. 852-B, I, da CLT (introduzida pela Lei nº 9.957/2000), passou-se a exigir que as petições iniciais submetidas ao rito sumaríssimo fossem líquidas, por se tratarem de causas que, dada a natureza, possuem condições de ser examinadas de forma mais célere pela Justiça do Trabalho. 6. Assim, o artigo 840, §1º, da CLT passou a prever uma equivalência entre os requisitos da petição inicial das ações submetidas ao rito sumaríssimo e àquelas sob o rito ordinário, cuja natureza das demandas, no entanto, tende a ser de ordem mais complexa. 7. Efetivamente, antes das alterações promovidas pela Lei nº 13.467/2017 nas ações submetidas ao rito ordinário, o quantum debeatur era estabelecido em fase própria de certificação, qual seja, a liquidação de sentença. Ou seja, apenas depois de ultrapassada toda a instrução processual, orientada pelo princípio da imediação, previsto no art. 820 da CLT, com a respectiva colheita de provas e análise de cada uma delas, iniciava-se o momento processual de liquidação dos pedidos. 8. Por força das determinações legais de serem apresentados pedidos certos e determinados, o sistema processual trabalhista então vigente, como houvera de ser, detinha preservados a ampla defesa e o contraditório do réu, que tinha ao seu dispor a possibilidade de contestar cada um dos pedidos, seja na fase de conhecimento, seja na de liquidação. 9. Isto é, o novo comando do art. 840, §1º, da CLT incorpora às demandas trabalhistas sob o rito ordinário critérios técnicos jamais antes exigidos e, uma vez não cumpridos, ter-se-á como consequência, a extinção do processo sem resolução de mérito, conforme determina o também novo §3º, do art. 840, da CLT. Com isso, passou-se a atribuir aos reclamantes o encargo processual de, para ingressar com uma demanda trabalhista, apresentar valores que venham a corresponder ao objeto dos pedidos, sem antes se ter iniciada a fase de instrução processual. 10. Inobstante, o rigor técnico exigido pelo art. 840, §1º, da CLT, interpretado de forma dissociada das demais normas e princípios que regem a processualística trabalhista, conduz a um estreitamento do jus postulandi (art. 791, da CLT), que historicamente é uma das características que mais singularizam, em essência, a jurisdição trabalhista. A contrario sensu, preservando-se essa orientação, mesmo com a nova redação do artigo 840, §1º, da CLT manteve-se a orientação de que, na petição inicial, basta "uma breve exposição dos fatos", uma vez que as partes, via de regra, não possuem conhecimentos técnicos para formular fundamentos jurídicos do pedido. 11. Nesse cenário, a interpretação gramatical do dispositivo pode conduzir à mitigação do jus postulandi, em desatenção ao princípio do amplo acesso à jurisdição (art. 5º, XXXV, da CF). 12. A determinação de indicação dos valores dos pedidos nas causas submetidas ao rito ordinário tem como reflexo a controvérsia trazida pela embargante, qual seja, a eventual vinculação ou limitação da condenação aos valores atribuídos a cada pedido apresentado já na exordial. 13. De fato, de acordo com a regra da congruência entre os pedidos formulados na ação e a condenação arbitrada (arts. 832, da CLT e arts. 141, §2º e 492, do CPC), nos termos do disciplinado nos arts. 141 e 492 do CPC, os valores indicados na petição inicial de forma líquida limitariam àqueles arbitrados na condenação, sob pena de se incorrer em decisão extra, ultra ou citra petita. 14. A partir desse cenário, a natureza do conflito trabalhista submetido à apreciação desta Corte perpassa, entre outros, a averiguação acerca da (im) possibilidade de se determinar que a condenação limite-se a exatamente os valores indicados para cada pedido na petição inicial, sob pena de violação aos artigos 141 e 492 do CPC. 15. No caso concreto, diferentemente do que entendeu o acórdão regional recorrido, no que diz respeito à indicação dos pedidos liquidados na petição inicial, a dicção dos dispositivos acima deve ser cotejada não só com uma interpretação teleológica do art. 840, §1º, da CLT, como também com os princípios da informalidade e da simplicidade, que orientam toda a lógica processual trabalhista. A partir desses princípios, no âmbito desta Justiça Especializada, não se pode exigir das partes reclamantes que, para que recebam a integralidade das verbas a que realmente fazem jus ao final de uma demanda trabalhista, correndo o risco de uma decisão citra, ultra ou extra petita, submetam-se, eventualmente, às regras de produção antecipada de prova e/ou contratação de serviço contábil especializado, a fim de liquidar com precisão cada um dos pedidos para adimplir a exigência do artigo 840, §1º, da CLT e, somente depois disso, ajuizar uma demanda trabalhista. Interpretação nesse sentido afrontaria, a um só tempo, o princípio da oralidade e o dispositivo, que, em conjunto, asseguram às partes reclamantes o direito de ir a juízo pleitear as verbas que entendem lhe serem devidas. 16. Ou seja, a análise sobre a necessidade de limitação do valor da condenação àqueles previamente apresentados na exordial deve ser orientada por uma perspectiva teleológica do direito processual do trabalho, cuja interpretação dos dispositivos que o integram deve, pois, ser sempre norteada pelos princípios do amplo acesso à jurisdição (art. 5º, XXXV, da CF), dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, da CF), proteção social do trabalho (art. 1º, IV, da CF). 17. Em atenção a isso e considerando o impacto do art. 840, §1º, da CLT na processualística trabalhista, assim como a necessidade de oferecer ao jurisdicionado a segurança jurídica indispensável a possibilitar estabilidade das relações processuais, este Tribunal Superior do Trabalho aprovou a Instrução Normativa nº 41/2018, que determina que "Para fim do que dispõe o art. 840, §§ 1º e 2º, da CLT, o valor da causa será estimado, observando-se, no que couber, o disposto nos arts. 291 a 293 do Código de Processo Civil". 18. A interpretação do art. 840, §1º, da CLT, aliada aos princípios mencionados permite chegar à conclusão de que, tendo o reclamante apresentado, em sua petição inicial, pedido certo e determinado com indicação de valor - estimado -, por um lado, atende-se à exigência do art. 840, §1º, da CLT. Por outro lado, possibilita ao polo passivo o integral exercício da ampla defesa e do contraditório, assegurados pelo artigo 5º, LV, da CF. Trata-se, assim, de interpretação que observa os princípios constitucionais do trabalho, conferindo, igualmente, efetivamente ao referido artigo celetista. 19. Assim, a Instrução Normativa nº 41/2018 ao se referir ao "valor estimado da causa" acaba por delimitar que o pedido apresentado na petição inicial "com indicação de seu valor" a que se refere o art. 840, §1º, da CLT deve ser considerado de forma estimada, eis que inexiste nos dispositivos do CPC a que faz remissão a instrução normativa qualquer delimitação em sentido contrário. O artigo 291, do CPC, pertinente à análise ora empreendida apenas se refere à necessidade de indicação de "valor certo" da causa, inexistindo, portanto, qualquer obrigação de liquidação do valor da causa, tampouco do pedido, com efeito vinculativo à condenação. Ainda, considerando-se a necessária aplicação supletiva do CPC à hipótese, a ausência de indicação de valores na petição inicial não deve ter como consequência a extinção do feito sem resolução do mérito, devendo-se oportunizar à parte a possibilidade de saneamento do defeito, no prazo de 15 dias, por aplicação analógica da Súmula 263 deste TST c/c arts. 4º, 6º e 317 do CPC. 20. Nesse mesmo sentido, interpretando a redação do parágrafo 2º do artigo 12 da IN 41/2018 em confronto com as exigências do art. 840, §1º, da CLT e, igualmente dos artigos 141 e 492 do CPC, este Tribunal Superior do Trabalho acumula precedentes no sentido de que os valores constantes nos pedidos apresentados de forma líquida na exordial devem ser considerados apenas como fim estimado, não havendo limitação da condenação àquele montante. 21. Por fim, não se ignora que a Eg. SBDI-1, do TST, em precedente publicado em 29/05/2020 (E-ARR-10472-61.2015.5.18.0211, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, Relator Ministro Walmir Oliveira da Costa) firmou entendimento de que a parte autora, ao formular pedidos com valores líquidos na petição inicial, sem registrar qualquer ressalva, limita a condenação a tais parâmetros, por expressa dicção do art. 492 do CPC. Ocorre que o precedente em questão configura situação singular, eis que o recurso de embargos analisado foi interposto em ação ajuizada antes da entrada em vigor da Lei nº 13.467/2017 e, portanto, da alteração do art. 840, §1º, da CLT c/c Instrução Normativa 41/2018. Assim, não sem razão, a matéria não foi analisada sob a ótica destas normas. Portanto, trata-se o caso concreto de hipótese que revela singularidades quanto àquela analisada pela Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, razão pela qual esta Turma não fica a ela vinculada. 22. A partir do exposto, na hipótese vertente, em que a inicial foi ajuizada em 04/08/2021, incidem as normas processuais previstas na CLT após as alterações da Lei 13.467/2017. Portanto, os valores constantes nos pedidos apresentados de forma líquida na reclamação trabalhista devem ser considerados como mera estimativa, não limitando a condenação, por força da Instrução Normativa nº 41/2018 c/c art. 840, §1º, da CLT e dos princípios constitucionais que regem o processo do trabalho, em especial os princípios do amplo acesso à jurisdição (art. 5º, XXXV, da CF), da dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, da CF), da proteção social do trabalho (art. 1º, IV, da CF). Embargos conhecidos e não providos." (grifos acrescidos - Emb-RR - 555-36.2021.5.09.0024 , Relator Ministro: Alberto Bastos Balazeiro, Data de Julgamento: 30/11/2023, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, Data de Publicação: DEJT 07/12/2023) (negritei). Assim, como dito, os valores indicados na petição inicial não são suficientes para limitar o valor da condenação, havendo ou não expressa ressalva quanto a mera estimativa. Dou provimento. HORAS EXTRAS. PRORROGAÇÃO DE JORNADA EM ATIVIDADE INSALUBRE A reclamante insiste no pedido de horas extras, argumentando que "A sentença reconheceu a jornada superior a oito horas diárias, mas indeferiu indevidamente o pagamento das horas extras, violando o artigo 60 da CLT, que veda a prorrogação da jornada em atividades insalubres sem autorização prévia da autoridade competente - requisito ausente nos autos." Afirma que "O laudo pericial confirmou a insalubridade em grau máximo (40%), tornando obrigatória a autorização formal para qualquer extensão da jornada." Requer o "pagamento de 40 minutos diários de horas extras, com reflexos em FGTS (+40%), 13º salário, férias e aviso prévio". Analiso. A reclamante foi contratada pela reclamada, ALARCENTER SISTEMAS INTEGRADOS LTDA, em 5/12/2023, para a função de "limpadora", tendo ingressado com a presente reclamatória postulando a rescisão indireta do contrato de trabalho. Na inicial, narrou que cumpria jornada de segunda a sexta-feira, das 12h20 às 22h, com 1 hora de intervalo, ultrapassando o limite legal de 8 horas diárias. A reclamada juntou contrato de trabalho da autora, à fl. 119, com previsão de jornada em escala 5x2, de segunda a sexta-feira, das 12h20 as 22h, com 60 minutos de intervalo; assim como acordos de prorrogação e compensação de horas (fls. 120/121). Restou incontroverso nos autos a jornada cumprida pela obreira, das 12h20 às 22h, com 1 hora de intervalo, de segunda a sexta-feira, fato corroborado pelo depoimento da testemunha da autora. A reclamada trouxe aos autos os cartões de ponto da reclamante, de 21/4/2024 a 20/7/2024 (fls. 132/134), e os contracheques, os quais revelam o pagamento de horas extras (fls. 129/131). Conforme constatado na sentença, por meio de prova pericial, a reclamante laborava em atividade insalubre por todo o período contratual. Embora não tenha pedido expresso de nulidade do sistema de compensação de horas instituído pela reclamada, em razão do labor em atividade insalubre, com a devida vênia, entendo que não há óbice à declaração de invalidade do regime de compensação por este motivo, se for o caso. Com efeito, pleiteando a autora horas extras e sendo alegado pela ré a existência de sistema de compensação de jornada, em qualquer modalidade, o descumprimento dos requisitos legais para a implementação do sistema deve ser analisado pelo juízo, independentemente de pedido expresso nesse sentido. Nos termos do artigo 166, VI e VII do CCB, serão nulos os atos jurídicos praticados com preterição de solenidade que a lei considere essencial para a sua validade ou quando a lei taxativamente o declarar nulo, ou lhe proibir a prática, sem cominar sanção. No caso específico dos autos, a validade ou não do sistema de compensação semanal de horas adotado pela empresa requerida passa, necessariamente, pelo exame do artigo 60 da CLT, ou seja, decorre de previsão legal, sendo, portanto, desnecessário pedido expresso de nulidade do regime de compensação. O art. 60 da CLT condiciona o acordo de prorrogação de jornada nas atividades insalubres à licença prévia das autoridades competentes, in verbis (grifei): Art. 60 - Nas atividades insalubres, assim consideradas as constantes dos quadros mencionados no capítulo "Da Segurança e da Medicina do Trabalho", ou que neles venham a ser incluídas por ato do Ministro do Trabalho, Industria e Comercio, quaisquer prorrogações só poderão ser acordadas mediante licença prévia das autoridades competentes em matéria de higiene do trabalho, as quais, para esse efeito, procederão aos necessários exames locais e à verificação dos métodos e processos de trabalho, quer diretamente, quer por intermédio de autoridades sanitárias federais, estaduais e municipais, com quem entrarão em entendimento para tal fim. Registro que o tema 1046 julgado pelo E. STF somente versa sobre negociação coletiva, objeto dos arts. 611-A e 611-B da CLT, de modo que o acordo individual não prevalece sobre o art. 60 da CLT. A reclamada não comprovou possuir licença das autoridades competentes em matéria de higiene do trabalho para prorrogação da jornada da autora, que exerceu atividade em ambiente insalubre. Os contracheques da obreira revelam que ela prestava horas extras, ou seja, havia extrapolação da jornada contratual. Por esta razão, é inválido o acordo individual de compensação de jornada entabulado com a reclamante. Assim, considerando que o acordo individual de compensação é inválido, condeno a reclamada ao pagamento de todas as horas compensadas irregularmente, consoante cartões de ponto jungidos aos autos. Para os períodos não acobertados pelos cartões de ponto deve ser considerada a jornada informada na inicial. Defiro os reflexos em aviso prévio, 13º salários, férias mais 1/3, FGTS mais 40%, considerando a rescisão indireta reconhecida na sentença e os limites do pedido. Dou provimento. Esse era o meu voto. No entanto, por ocasião da sessão de julgamento, prevaleceu a divergência apresentada pela Exma. Desembargadora Wanda Lúcia Ramos da Silva, nos seguintes termos: HORAS EXTRAS. PRORROGAÇÃO DE JORNADA EM ATIVIDADE INSALUBRE Data venia, divirjo do voto condutor. No caso, analisando a petição inicial, vejo que o reclamante em momento algum requereu a invalidação do regime de compensação adotado pela ré pela prestação de horas extras em ambiente insalubre, tendo apenas dito que "não há qualquer comprovação da existência de banco de horas, tampouco de acordo individual escrito, conforme exigido pelo artigo 59-A da CLT, o que inviabiliza a compensação de jornada e reforça o direito ao pagamento das horas excedentes". Diante disso, em atenção ao princípio da adstrição, entendo que a análise deve ser restrita ao argumento da parte autora quanto à ausência de acordo individual escrito autorizando a compensação de jornada. Nesse aspecto, vejo que, no contrato de trabalho da reclamante, constou o seguinte: "O EMPREGADO abriga-se ainda a trabalhar sempre que for solicitado pelo EMPREGADOR, em horário prorrogado ou compensado, observados os preceitos legais, bem como o trabalho em horas extraordinarias quando a necessidade exigir" (sic, id. 310e39f). Ademais, foram juntados aos autos acordos de prorrogação e compensação de horas, devidamente assinados pela obreira, por meio dos quais houve autorização expressa para a compensação de jornada (ids. 6e54122 e aa28441). Desse modo, a tese da parte autora de que "não há qualquer comprovação da existência de banco de horas, tampouco de acordo individual escrito" não merece prosperar. Assim, com relação ao período contratual abarcado pelos cartões de ponto juntados aos autos, considerando que a reclamante não logrou êxito em desconstituir a validade da aludida documentação, tampouco apontou diferenças a seu favor entre as horas extras prestadas e as pagas ou compensadas, mantenho a r. sentença que julgou improcedente o pleito obreiro. Por outro lado, com relação ao interregno não abrangido pela aludida documentação, considerando que não há nada que indique que tenha havido alteração na dinâmica de trabalho da reclamante, determino a adoção da média dos dias em que foi apresentado o registro de ponto, por aplicação analógica da OJ,233 da SDI-1 do C. TST, com a condenação da ré ao pagamento das horas extras que ultrapassarem a 8ª diária (limites do pedido inicial), as quais serão acrescidas de adicional de 50%, ficando autorizada a dedução dos valores comprovadamente pagos a igual título. No mais, acompanho a Relatora. Dou parcial provimento (menos amplo). ESTABILIDADE PROVISÓRIA. MEMBRO DA CIPA O d. juízo de origem indeferiu o pedido de indenização substitutiva decorrente da estabilidade provisória conferida aos membros da CIPA, em razão da extinção do contrato de prestação de serviços pela reclamada. A reclamante recorre, alegando que "a 1ª Reclamada permanece ativa e operante em outros contratos e localidades", e que "a estabilidade do membro da CIPA não está vinculada a um local específico, mas sim à garantia contra a dispensa arbitrária durante o período de mandato e o ano subsequente (art. 10, II, "a", do ADCT). O simples encerramento de um contrato com uma tomadora não exime a empregadora da obrigação de realocar ou indenizar o trabalhador estável, especialmente quando, como demonstrado nos autos, a empresa segue ativa, inclusive oferecendo transferências forçadas para outras localidades." Requer a reforma da sentença "para condenar a Reclamada ao pagamento da indenização substitutiva da estabilidade da CIPA, correspondente aos salários e demais verbas do período estabilitário." Analiso. De início, assento que é incontroverso que, em junho/2024, foi rescindido o contrato de prestação de serviços firmado entre a reclamada, CAOA, e a reclamada, ALARCENTER, tendo sido a reclamante afastada de suas atribuições a partir de 12/8/2024. Nesse trilhar, restou reconhecido na origem que "Em julho de 2024, a 1ª Reclamada, ALACENTER, perdeu o contrato de prestação de serviços com a tomadora, 3ª Reclamada, CAOA. Em decorrência disso, foi convocada uma reunião com os funcionários, na qual houve coação explícita para que pedissem demissão, conforme será demonstrado no tópico da rescisão indireta. Ainda que sem intenção de abandonar o emprego, o último dia de trabalho da Reclamante ocorreu em 12 de agosto de 2024, sem animo de abandono." (fl. 7). Oportuno assentar que a estabilidade conferida aos integrantes de Comissão Interna de Prevenção de Acidentes - CIPA não constitui uma vantagem pessoal do empregado, mas, em verdade, uma garantia para o livre exercício das atividades inerentes à CIPA. Não sobeja registrar que a atuação da CIPA está intimamente ligada ao funcionamento da empregadora, razão pela qual o rompimento do contrato de terceirização entre a empresa tomadora e a interposta configura fato que inviabiliza o próprio desempenho das atividades fiscalizatórias pelo membro da CIPA, já que o referido membro em questão era empregado terceirizado, de modo que não se verificam mais as condições para a manutenção da garantia provisória de emprego. Destarte, aquiesço com a conclusão sentencial no sentido de que "Evidente o fim da atividade empresarial da empregadora no local de prestação de serviço, extinto assim o estabelecimento no aspecto produtivo da demanda por força de trabalho, tornam-se impossíveis a existência da CIPA pela reclamada no local e, mais ainda, a subsistência da estabilidade de seus representantes, porque, como dito mais acima, a razão de existir da CIPA é o ambiente de trabalho na unidade produtiva com seus riscos à integridade biológica e psíquica do trabalhador (Súmula 339, II, do C. TST), independentemente de a empresa empregadora ainda existir no mercado. Portanto, extinta a prestação de serviço pela reclamada, não há falar em reintegração nem em indenização de todo o período remanescente da estabilidade prevista em lei, pois a estabilidade, que no caso é de caráter profissional, e não pessoal, se extingue com a extinção da CIPA." (fl. 769). Nesse sentido, transcrevo os esclarecedores precedentes oriundos do C. TST: "AGRAVO EM AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO PELO RECLAMANTE. ACÓRDÃO REGIONAL PUBLICADO NA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.467/2017. ESTABILIDADE PROVISÓRIA. MEMBRO DA CIPA. TÉRMINO DO CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. EXTINÇÃO DO ESTABELECIMENTO. ÓBICES DA SÚMULA Nº 333 E 126 DO TST. AUSÊNCIA DE TRANSCENDÊNCIA. CONHECIMENTO E NÃO PROVIMENTO. I. O entendimento desta Corte Superior é de que a hipótese de encerramento do contrato de prestação de serviços equipara-se à extinção do estabelecimento para os efeitos de afastar a estabilidade provisória (Súmula nº 339, II, do TST). II. Para se acolher a alegação do reclamante de que a CIPA constituída abrangia o trabalho em outras plataformas, seria necessário o revolvimento de fatos e provas, procedimento incompatível com a natureza extraordinária do recurso de revista, nos termos da Súmula nº 126 do TST. III. Mantida a decisão agravada acerca da ausência de transcendência da causa, com acréscimo de fundamentação. IV. Agravo de que se conhece e a que se nega provimento" (AIRR-0100885-98.2022.5.01.0001, 4ª Turma, Relator Ministro Alexandre Luiz Ramos, DEJT 28/02/2025). "AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO A ACÓRDÃO PUBLICADO NA VIGÊNCIA DA LEI N.º 13.467/2017. GARANTIA PROVISÓRIA DE EMPREGO. MEMBRO DA CIPA. SÚMULA N.º 339, II, DO TST. TÉRMINO DA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. EQUIVALÊNCIA À EXTINÇÃO DO ESTABELECIMENTO. TRANSCENDÊNCIA DA CAUSA NÃO RECONHECIDA. 1. Cinge-se a controvérsia em saber se o término do contrato de prestação de serviços e a consequente extinção da CIPA equivalem à extinção do estabelecimento, para efeito de não configuração da despedida arbitrária do empregado membro da CIPA, nos termos do item II da Súmula n.º 339 desta Corte superior. 2. Constatado o preenchimento dos demais requisitos processuais de admissibilidade, o exame do Recurso de Revista sob o prisma do pressuposto de transcendência revelou que: a ) não demonstrada a transcendência política da causa, na medida em que o acórdão recorrido revela consonância com a jurisprudência iterativa, notória e atual deste Tribunal Superior, no sentido de que o término do contrato de prestação de serviços e a consequente extinção da CIPA equivalem à extinção do estabelecimento, razão pela qual não é possível reconhecer o direito à estabilidade provisória de membro de CIPA na hipótese. Precedentes; b ) não se verifica a transcendência jurídica , visto que ausentes indícios da existência de questão nova acerca da controvérsia ora submetida a exame, mormente diante da jurisprudência dominante nesta Corte superior, a obstaculizar a pretensão recursal; c ) não identificada a transcendência social da causa, visto que não se cuida de pretensão recursal formulada em face de suposta supressão ou limitação de direitos sociais assegurados na legislação pátria; e d ) não há falar em transcendência econômica , porquanto a expressão econômica da pretensão recursal não destoa de outros recursos de mesma natureza. 3. Configurado o óbice relativo ao não reconhecimento da transcendência da causa quanto ao tema sob exame, resulta inviável o processamento do Recurso de Revista, no particular. 4. Agravo de Instrumento não provido. (...)" (AIRR-1001085-12.2022.5.02.0435, 3ª Turma, Relator Desembargador Convocado Marcelo Lamego Pertence, DEJT 13/12/2024). "RECURSO DE REVISTA. RECURSO INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DA LEI Nº 13.467/2017. ESTABILIDADE PROVISÓRIA - MEMBRO SUPLENTE DA CIPA - EMPREGADO TERCEIRIZADO - ENCERRAMENTO DA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS - CONSEQUÊNCIAS - TRANSCENDÊNCIA POLÍTICA RECONHECIDA. Considerando que a discussão travada nos autos gira em torno de se saber se o empregado terceirizado eleito membro da CIPA permanece ou não com o direito à estabilidade provisória prevista no artigo 10, II, "a", do ADCT, caso haja o rompimento do contrato de prestação de serviços estabelecido entre a empresa terceirizada empregadora do cipeiro e a empresa tomadora dos serviços, constata-se que a causa oferece transcendência política , na medida em que a controvérsia possui pertinência com o conteúdo do item II da Súmula/TST nº 339. Verificada, portanto, a presença da transcendência política da causa, prossegue-se na análise do apelo revisional. Com efeito, extrai-se do acórdão regional que houve a extinção do contrato de prestação de serviços firmado entre a empresa terceirizada empregadora da reclamante e a tomadora dos serviços (Fundação Para Remédio Popular - FURP), tendo, pouco depois, ocorrido a cessação do contrato de trabalho da autora com a sua empregadora (Guima Conseco Construção, Serviços E Comércio LTDA). Nesse contexto, impende ressaltar que a estabilidade conferida aos integrantes de Comissão Interna de Prevenção de Acidentes - CIPA não constitui uma vantagem pessoal do empregado, mas sim uma garantia para o livre exercício das atividades inerentes à CIPA. Conforme é consabido, a atuação da CIPA está intrinsecamente ligada ao funcionamento da empregadora, razão pela qual o rompimento do contrato de terceirização entre a empresa tomada e a interposta constitui fato que inviabiliza o próprio desempenho das atividades fiscalizatórias pelo membro da CIPA, já que o referido membro em questão era empregado terceirizado, de modo que não se verificam mais as condições para a manutenção da garantia provisória de emprego. Dessa forma, ante o encerramento da prestação de serviços à empresa tomadora, estabelecimento para o qual a CIPA foi constituída, tanto assim que existe o registro fático no sentido de que " a formação da autora fora concretizada por curso ministrado no âmbito da segunda reclamada, o que é comprovado pelo certificado de fls.33/34 ", não há que se falar em arbitrariedade da dispensa de empregado membro daquela comissão, razão pela qual cessa a garantia de emprego e consectários. É que a estabilidade provisória do membro da CIPA, conforme já acima registrado, está fulcrada na garantia da segurança e da imparcialidade para exercer sua atividade fiscalizadora, a qual perde a razão de ser, uma vez extinto o contrato de terceirização, com a consequente cessação da atividade da empresa interposta junto à tomadora. Nesse sentido, filio-me à jurisprudência desta Corte Superior que tem entendido que o rompimento do contrato de prestação de serviço, com a consequente inviabilização da atuação da CIPA, equivale à extinção do estabelecimento para efeito de garantia de estabilidade provisória. Precedentes. Recurso de revista conhecido e desprovido. (RR-10167-69.2015.5.15.0079, 7ª Turma, Redator Ministro Renato de Lacerda Paiva, DEJT 04/06/2021). "RECURSO DE REVISTA. RITO SUMARÍSSIMO. MEMBRO DA CIPA EM EMPRESA PRESTADORA DE SERVIÇOS. ESTABILIDADE PROVISÓRIA. ENCERRAMENTO DO CONTRATO. CONSEQUÊNCIA. No presente caso restou incontroverso que houve o encerramento do contrato de prestação de serviços firmado entre a reclamada (empregadora da reclamante e a tomadora dos serviços (no caso, a clínica POLICLIN). Considerando que a estabilidade conferida aos integrantes de Comissão Interna de Prevenção de Acidentes - CIPA não é uma vantagem pessoal do empregado, mas garantia para o livre exercício das atividades de membro da CIPA, a função da CIPA está diretamente vinculada ao funcionamento das atividades da empregadora, de modo que o encerramento do contrato firmado com a empresa tomadora dos serviços (no caso, clínica POLICLIN) constitui fator que inviabiliza a ação fiscalizadora do membro da CIPA, ocasionando, por consequência, a cessação da garantia provisória de emprego . Recurso de Revista de que se conhece e a que se dá provimento." (RR-10756-27.2019.5.15.0045, 8ª Turma, Relator Ministro Joao Batista Brito Pereira, DEJT 14/12/2020). Nego provimento. INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS A reclamante pretende a majoração do valor arbitrado a título de indenização por danos morais, lastreado na "coação psicológica a que foi submetida na reunião em que teria sido 'sugerido' o pedido de demissão pelos empregados", de R$ 5.000,00 para R$ 20.000,00. Alega que "A conduta da Recorrida não se limitou a um simples descumprimento contratual, mas atingiu diretamente a dignidade e a subsistência da trabalhadora, que foi pressionada a abrir mão do emprego sob coação. Ameaçá-la de banimento por dois anos da empresa tomadora constitui abuso de poder econômico, colocando-a em uma situação de desespero e vulnerabilidade extrema." Argumenta que "O valor fixado na sentença, no entanto, não reflete a intensidade da violação e não impõe impacto financeiro relevante à empresa, cujo poder econômico foi amplamente demonstrado nos autos." Pois bem. Conforme pontuado na sentença, restou comprovado nos autos que "a reclamante foi induzida a erro sob a ameaça de ser banida da CAOA por dois anos se não pedisse dispensa da reclamada." A fixação do valor indenizatório tem como pressupostos, além dos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, o grau de culpa ou dolo do agente, a gravidade e a extensão do dano, o grau de sofrimento do ofendido, a situação econômica do ofensor, o efeito pedagógico da punição para que o ofensor não reincida na sua conduta danosa. Impõe-se, ainda, observar que o valor arbitrado, de caráter eminentemente compensatório, não seja causa da ruína para quem paga nem de enriquecimento para quem recebe, de modo a preservar-se o equilíbrio da função social da indenização. Considerando os parâmetros acima, entendo razoável o valor da indenização de R$ 5.000,00 fixado na sentença, uma vez que se mostra compatível com os danos sofridos pela obreira e suficiente no seu caráter pedagógico. Nego provimento. HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS Sentença condenou as reclamadas ao pagamento de honorários sucumbenciais, no importe de 7% sobre o valor a ser liquidado após o trânsito em julgado da decisão. A reclamante recorre pugnando pela majoração do percentual fixado, "Diante da extensão do trabalho realizado, da quantidade de atos processuais praticados e da relevância da matéria discutida". Analiso. Considerando a complexidade da causa, o grau de zelo do profissional, o lugar da prestação do serviço, a natureza e a importância da causa, o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o serviço para todos os aspectos discutidos nesta lide, na forma do artigo 791-A da CLT, entendo por bem majorar o percentual para 10% de honorários advocatícios sucumbenciais, sob responsabilidade das reclamadas. Dou provimento. CONCLUSÃO Conheço do recurso da reclamante e, no mérito, dou-lhe parcial provimento, nos termos da fundamentação supra. Por permanecer razoável, mantenho o valor da condenação. É o meu voto. ACÓRDÃO ISTO POSTO, acordam os membros da Terceira Turma do Egrégio Tribunal Regional do Trabalho da 18ª Região, em sessão ordinária presencial hoje realizada, prosseguindo no julgamento iniciado na sessão virtual do dia 27.06.2025, por unanimidade, conhecer do recurso da Reclamante e, no mérito, por maioria, dar-lhe parcial provimento, vencida, em parte, a Relatora que lhe dava provimento parcial mais amplo e que adaptará o voto nos termos da divergência apresentada pela Desembargadora Wanda Lúcia Ramos da Silva quanto ao tópico "HORAS EXTRAS. PRORROGAÇÃO DE JORNADA EM ATIVIDADE INSALUBRE", bem como juntará voto parcialmente vencido, neste particular. Participaram do julgamento os Excelentíssimos Desembargadores WANDA LÚCIA RAMOS DA SILVA (Presidente), ELVECIO MOURA DOS SANTOS e ROSA NAIR DA SILVA NOGUEIRA REIS. Presente na assentada de julgamento o d. representante do Ministério Público do Trabalho. Sessão de julgamento secretariada pela Diretora da Coordenadoria de Apoio à Terceira Turma, Maria Valdete Machado Teles. Goiânia, 03 de julho de 2025. ROSA NAIR DA SILVA NOGUEIRA REIS Relatora GOIANIA/GO, 07 de julho de 2025. NILZA DE SA Diretor de Secretaria Intimado(s) / Citado(s) - LOYAL SERVICOS ESPECIALIZADOS LTDA

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Aleita Mendes Da Silva e outros x Alarcenter Sistemas Integrados Ltda e outros

ID: 319445462

Tribunal: TRT18 Órgão: 3ª TURMA Classe: RECURSO ORDINáRIO TRABALHISTA Nº Processo: 0011263-10.2024.5.18.0051

Data de Disponibilização: 08/07/2025

Polo Ativo:

ALEITA MENDES DA SILVA IVAN BEZE JUNIOR

Polo Passivo:

ALARCENTER SISTEMAS INTEGRADOS LTDA CAOA MONTADORA DE VEICULOS LTDA LOYAL SERVICOS ESPECIALIZADOS LTDA

Acórdão

Advogados:

JOSE RICARDO SANT ANNA

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

CAROLINA LEVI SANRA

OAB/GO XXXXXX Desbloquear

DIEGO SABATELLO COZZE

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

BRUNO SANTOS CUNHA

OAB/GO XXXXXX Desbloquear

PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 18ª REGIÃO 3ª TURMA Relatora: ROSA NAIR DA SILVA NOGUEIRA REIS ROT 0011263-10.2024.5.18.0051 RECORRENTE: ALEITA MENDES DA S… PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 18ª REGIÃO 3ª TURMA Relatora: ROSA NAIR DA SILVA NOGUEIRA REIS ROT 0011263-10.2024.5.18.0051 RECORRENTE: ALEITA MENDES DA SILVA RECORRIDO: ALARCENTER SISTEMAS INTEGRADOS LTDA E OUTROS (2) PROCESSO TRT - ROT-0011263-10.2024.5.18.0051 RELATORA : DESEMBARGADORA ROSA NAIR DA SILVA NOGUEIRA REIS RECORRENTE(S) : ALEITA MENDES DA SILVA ADVOGADO(S) : BRUNO SANTOS CUNHA RECORRIDO(S) : ALARCENTER SISTEMAS INTEGRADOS LTDA ADVOGADO(S) : JOSE RICARDO SANT ANNA RECORRIDO(S) : CAOA MONTADORA DE VEICULOS LTDA ADVOGADO(S) : DIEGO SABATELLO COZZE ADVOGADO(S) : JOSE RICARDO SANT ANNA RECORRIDO(S) : LOYAL SERVICOS ESPECIALIZADOS LTDA ADVOGADO(S) : CAROLINA LEVI SANRA PERITO(S) : IVAN BEZE JUNIOR ORIGEM : 1ª VARA DO TRABALHO DE ANÁPOLIS JUIZ(ÍZA) : ARMANDO BENEDITO BIANKI EMENTA JUSTIÇA DO TRABALHO. RECURSO ORDINÁRIO. DIREITO DO TRABALHO. LIMITAÇÃO DA CONDENAÇÃO. HORAS EXTRAS. ESTABILIDADE PROVISÓRIA. CIPA. INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS. PROVIMENTO PARCIAL. I. CASO EM EXAME 1. Recurso ordinário interposto pela reclamante em face da sentença que julgou parcialmente procedentes os pedidos, buscando a reforma da decisão em relação à limitação da condenação aos valores da inicial, horas extras, indenização por estabilidade provisória de membro da CIPA, indenização por danos morais e honorários sucumbenciais. II. QUESTÃO EM DISCUSSÃO 2. Há 5 questões em discussão: (i) definir se a condenação deve ser limitada aos valores atribuídos aos pedidos na petição inicial; (ii) verificar o direito ao pagamento de horas extras; (iii) determinar o direito à indenização substitutiva da estabilidade provisória como membro da CIPA; (iv) analisar a adequação do valor da indenização por danos morais; e (v) avaliar a correção dos honorários sucumbenciais. III. RAZÕES DE DECIDIR 3. Determina-se que a condenação não deve ser limitada aos valores indicados na petição inicial, em virtude da interpretação da Instrução Normativa nº 41/2018 e dos princípios que regem o processo do trabalho, especialmente o acesso à jurisdição. 4. Conclui-se que o acordo individual de compensação de jornada é inválido, com base no artigo 60 da CLT, e condena-se ao pagamento das horas destinadas à compensação. 5. Entende-se que a estabilidade provisória como membro da CIPA não é devida, pois o rompimento do contrato de prestação de serviços e a extinção da CIPA equivalem à extinção do estabelecimento. 6. Considera-se adequado o valor da indenização por danos morais fixado na sentença. 7. Majora-se o percentual dos honorários sucumbenciais devidos pelas reclamadas. IV. DISPOSITIVO E TESE 8. Recurso parcialmente provido. Teses de julgamento: 1. Os valores indicados na petição inicial a título de pedidos devem ser considerados como mera estimativa, não limitando a condenação, em face da Instrução Normativa nº 41/2018 e dos princípios que regem o processo do trabalho. 2. É inválido o acordo individual de compensação de jornada entabulado com a reclamante. 3. O término do contrato de prestação de serviços e a extinção da CIPA equivalem à extinção do estabelecimento, afastando o direito à estabilidade provisória do membro da CIPA. 4. A fixação do valor indenizatório por danos morais deve observar os princípios da razoabilidade e proporcionalidade. Dispositivos relevantes citados: CLT, art. 60, 791-A, 840; CF, art. 5º, XXXV; CPC, arts. 141, 324, 492. Jurisprudência relevante citada: TST-E-ARR-10472-61.2015.5.18.0211, Emb-RR - 555-36.2021.5.09.0024, AIRR-0100885-98.2022.5.01.0001, AIRR-1001085-12.2022.5.02.0435, RR-10167-69.2015.5.15.0079, RR-10756-27.2019.5.15.0045. RELATÓRIO O Excelentíssimo Juiz Armando Benedito Bianki, da 1ª Vara do Trabalho de Anápolis, julgou parcialmente procedentes os pedidos formulados por ALEITA MENDES DA SILVA em face de ALARCENTER SISTEMAS INTEGRADOS LTDA, CAOA MONTADORA DE VEICULOS LTDA e LOYAL SERVICOS ESPECIALIZADOS LTDA (sentença fls. 757/774). A reclamante interpôs recurso ordinário (fls. 795/802). As reclamadas, ALARCENTER SISTEMAS INTEGRADOS LTDA e LOYAL SERVICOS ESPECIALIZADOS LTDA, apresentaram contrarrazões em conjunto (fls. 806/811). Dispensada a manifestação do d. Ministério Público do Trabalho, nos termos do art. 97 do Regimento Interno desta Corte de Justiça. É o relatório. VOTO ADMISSIBILIDADE Atendidos os pressupostos objetivos e subjetivos de admissibilidade, conheço do recurso interposto pela reclamante. MÉRITO LIMITAÇÃO DA CONDENAÇÃO. VALOR DO PEDIDO LIQUIDADO NA EXORDIAL. MERA ESTIMATIVA Reclamante pede que a condenação não seja limitada aos valores consignados na exordial, por se tratarem de mera estimativa, conforme ressalvado nos itens 48 e 56. Analiso. De ordinário, havendo pedido líquido e certo na petição inicial, a condenação limita-se ao valor especificado, sob pena de violação aos artigos 141 e 492 do CPC. Entretanto, a norma processual admite exceções, conforme previsto no artigo 324 do CPC. Transcrevo: Art. 324. O pedido deve ser determinado. § 1º É lícito, porém, formular pedido genérico: I - nas ações universais, se o autor não puder individuar os bens demandados; II - quando não for possível determinar, desde logo, as consequências do ato ou do fato; III - quando a determinação do objeto ou do valor da condenação depender de ato que deva ser praticado pelo réu. § 2º O disposto neste artigo aplica-se à reconvenção. Em 21/05/2020, a Subseção I Especializada em Dissídios Individuais do Tribunal Superior do Trabalho (TST-E-ARR-10472-61.2015.5.18.0211), por unanimidade, decidiu que "Esta Corte Superior tem firme entendimento no sentido de que a parte autora, ao formular pedidos com valores líquidos na petição inicial, sem registrar qualquer ressalva, limita a condenação a tais parâmetros, por expressa dicção do art. 492 do CPC". Por elucidativo, transcrevo: "RECURSO DE EMBARGOS. REGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014. JULGAMENTO "ULTRA PETITA". LIMITAÇÃO DA CONDENAÇÃO AO VALOR ATRIBUÍDO AO PEDIDO NA PETIÇÃO INICIAL. 1. A Quarta Turma considerou que o requerimento, na petição inicial, de "pagamento de 432 horas 'in itinere' no valor de R$ 3.802,00 (fl. 11 - numeração eletrônica)" traduziu "mera estimativa, tendo o magistrado feito a adequação de acordo com as provas do processo", razão pela qual não reputou violados os arts. 141 e 492 do CPC. 2.Todavia, esta Corte Superior adota firme entendimento no sentido de que a parte autora, ao formular pedidos com valores líquidos na petição inicial, sem registrar qualquer ressalva, limita a condenação a tais parâmetros, por expressa dicção do art. 492 do CPC. Precedentes. Recurso de embargos conhecido e provido" (E-ARR 10472-61.2015.5.18.0211, SDI-I , Relator Ministro Walmir Oliveira da Costa, DEJT 29/5/2020). Como se vê, o entendimento firmado era no sentido de que, em havendo a liquidação dos pedidos, conforme exigência normativa, somente não haveria limitação da condenação aos valores indicados na petição inicial acaso houvesse expressa declaração de se tratar de mera estimativa de valores. Entretanto, em 30/11/2023 a Subseção I Especializada em Dissídios Individuais do Tribunal Superior do Trabalho, ao julgar o Emb-RR - 555-36.2021.5.09.002, firmou o entendimento de que para ações propostas após a vigência da Lei 13.467/2017 "os valores constantes nos pedidos apresentados de forma líquida na reclamação trabalhista devem ser considerados como mera estimativa, não limitando a condenação, por força da Instrução Normativa nº 41/2018 c/c art. 840, §1º, da CLT e dos princípios constitucionais que regem o processo do trabalho, em especial os princípios do amplo acesso à jurisdição (art. 5º, XXXV, da CF), da dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, da CF), da proteção social do trabalho (art. 1º, IV, da CF)". Portanto, ainda que a autora não tenha feito qualquer ressalva quanto ao caráter estimativo dos pedidos apresentados na inicial, incabível será a limitação da condenação aos valores indicados. Também, por elucidativo, transcrevo: "EMBARGOS. RECURSO DE REVISTA. LIMITAÇÃO DA CONDENAÇÃO AOS VALORES ATRIBUÍDOS AOS PEDIDOS NA PETIÇÃO INICIAL. IMPOSSIBILIDADE. INTERPRETAÇÃO TELEOLÓGICA DO ART. 840, §1º, DA CLT.APLICAÇÃO DA REGRA ESPECIAL PREVISTA NA IN 41/2018 C/C ART. 840, §1º, DA CLT. VALORES INDICADOS NA PETIÇÃO COMO MERA ESTIMATIVA. 1. A controvérsia dos autos cinge-se em definir se os valores atribuídos pela parte aos pedidos na petição inicial limitam a condenação, notadamente na hipótese dos autos em que o reclamante inseriu expressamente ressalva quanto ao valor da causa. 2. A adequada interpretação jurídica das alterações promovidas pela Lei nº 13.467/2017 aos parágrafos 1º e 2º do artigo 840, da CLT proporciona impacto na prática trabalhista, eis que introduz novos requisitos aos pedidos trazidos nas petições iniciais protocolizadas nas Varas do Trabalho. 3. A exigência de se consignar, na petição inicial, pedidos certos e determinados já era observada nas reclamações trabalhistas, uma vez que a antiga redação do art. 840, §1º, da CLT não continha detalhes acerca do conteúdo e especificações do pedido. Assim, aplicavam-se subsidiariamente (arts. 769, da CLT e 15, do CPC) os artigos 322 e 324 do CPC, quanto à necessidade de que os pedidos fossem certos e determinados. Com a entrada em vigor da Lei nº 13.467/2017, o §1º do art. 840, da CLT torna-se norma específica que disciplina os requisitos da petição inicial no processo do trabalho. Portanto, além de estipular que os pedidos devem ser certos e determinados, inaugura-se a obrigatoriedade de que cada um contenha a indicação de seu valor. 4. Sob este viés, a exigência de indicação do valor dos pedidos determinada pelo artigo 840, §1º, da CLT objetiva que, desde a petição inicial, as partes delimitem, com razoável destreza, o alcance de sua pretensão. 5. A despeito disso, a redação do artigo 840, §1º, da CLT de determinação de indicação do valor na petição inicial não é inédita no sistema processual trabalhista. Desde os anos 2000, por meio do art. 852-B, I, da CLT (introduzida pela Lei nº 9.957/2000), passou-se a exigir que as petições iniciais submetidas ao rito sumaríssimo fossem líquidas, por se tratarem de causas que, dada a natureza, possuem condições de ser examinadas de forma mais célere pela Justiça do Trabalho. 6. Assim, o artigo 840, §1º, da CLT passou a prever uma equivalência entre os requisitos da petição inicial das ações submetidas ao rito sumaríssimo e àquelas sob o rito ordinário, cuja natureza das demandas, no entanto, tende a ser de ordem mais complexa. 7. Efetivamente, antes das alterações promovidas pela Lei nº 13.467/2017 nas ações submetidas ao rito ordinário, o quantum debeatur era estabelecido em fase própria de certificação, qual seja, a liquidação de sentença. Ou seja, apenas depois de ultrapassada toda a instrução processual, orientada pelo princípio da imediação, previsto no art. 820 da CLT, com a respectiva colheita de provas e análise de cada uma delas, iniciava-se o momento processual de liquidação dos pedidos. 8. Por força das determinações legais de serem apresentados pedidos certos e determinados, o sistema processual trabalhista então vigente, como houvera de ser, detinha preservados a ampla defesa e o contraditório do réu, que tinha ao seu dispor a possibilidade de contestar cada um dos pedidos, seja na fase de conhecimento, seja na de liquidação. 9. Isto é, o novo comando do art. 840, §1º, da CLT incorpora às demandas trabalhistas sob o rito ordinário critérios técnicos jamais antes exigidos e, uma vez não cumpridos, ter-se-á como consequência, a extinção do processo sem resolução de mérito, conforme determina o também novo §3º, do art. 840, da CLT. Com isso, passou-se a atribuir aos reclamantes o encargo processual de, para ingressar com uma demanda trabalhista, apresentar valores que venham a corresponder ao objeto dos pedidos, sem antes se ter iniciada a fase de instrução processual. 10. Inobstante, o rigor técnico exigido pelo art. 840, §1º, da CLT, interpretado de forma dissociada das demais normas e princípios que regem a processualística trabalhista, conduz a um estreitamento do jus postulandi (art. 791, da CLT), que historicamente é uma das características que mais singularizam, em essência, a jurisdição trabalhista. A contrario sensu, preservando-se essa orientação, mesmo com a nova redação do artigo 840, §1º, da CLT manteve-se a orientação de que, na petição inicial, basta "uma breve exposição dos fatos", uma vez que as partes, via de regra, não possuem conhecimentos técnicos para formular fundamentos jurídicos do pedido. 11. Nesse cenário, a interpretação gramatical do dispositivo pode conduzir à mitigação do jus postulandi, em desatenção ao princípio do amplo acesso à jurisdição (art. 5º, XXXV, da CF). 12. A determinação de indicação dos valores dos pedidos nas causas submetidas ao rito ordinário tem como reflexo a controvérsia trazida pela embargante, qual seja, a eventual vinculação ou limitação da condenação aos valores atribuídos a cada pedido apresentado já na exordial. 13. De fato, de acordo com a regra da congruência entre os pedidos formulados na ação e a condenação arbitrada (arts. 832, da CLT e arts. 141, §2º e 492, do CPC), nos termos do disciplinado nos arts. 141 e 492 do CPC, os valores indicados na petição inicial de forma líquida limitariam àqueles arbitrados na condenação, sob pena de se incorrer em decisão extra, ultra ou citra petita. 14. A partir desse cenário, a natureza do conflito trabalhista submetido à apreciação desta Corte perpassa, entre outros, a averiguação acerca da (im) possibilidade de se determinar que a condenação limite-se a exatamente os valores indicados para cada pedido na petição inicial, sob pena de violação aos artigos 141 e 492 do CPC. 15. No caso concreto, diferentemente do que entendeu o acórdão regional recorrido, no que diz respeito à indicação dos pedidos liquidados na petição inicial, a dicção dos dispositivos acima deve ser cotejada não só com uma interpretação teleológica do art. 840, §1º, da CLT, como também com os princípios da informalidade e da simplicidade, que orientam toda a lógica processual trabalhista. A partir desses princípios, no âmbito desta Justiça Especializada, não se pode exigir das partes reclamantes que, para que recebam a integralidade das verbas a que realmente fazem jus ao final de uma demanda trabalhista, correndo o risco de uma decisão citra, ultra ou extra petita, submetam-se, eventualmente, às regras de produção antecipada de prova e/ou contratação de serviço contábil especializado, a fim de liquidar com precisão cada um dos pedidos para adimplir a exigência do artigo 840, §1º, da CLT e, somente depois disso, ajuizar uma demanda trabalhista. Interpretação nesse sentido afrontaria, a um só tempo, o princípio da oralidade e o dispositivo, que, em conjunto, asseguram às partes reclamantes o direito de ir a juízo pleitear as verbas que entendem lhe serem devidas. 16. Ou seja, a análise sobre a necessidade de limitação do valor da condenação àqueles previamente apresentados na exordial deve ser orientada por uma perspectiva teleológica do direito processual do trabalho, cuja interpretação dos dispositivos que o integram deve, pois, ser sempre norteada pelos princípios do amplo acesso à jurisdição (art. 5º, XXXV, da CF), dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, da CF), proteção social do trabalho (art. 1º, IV, da CF). 17. Em atenção a isso e considerando o impacto do art. 840, §1º, da CLT na processualística trabalhista, assim como a necessidade de oferecer ao jurisdicionado a segurança jurídica indispensável a possibilitar estabilidade das relações processuais, este Tribunal Superior do Trabalho aprovou a Instrução Normativa nº 41/2018, que determina que "Para fim do que dispõe o art. 840, §§ 1º e 2º, da CLT, o valor da causa será estimado, observando-se, no que couber, o disposto nos arts. 291 a 293 do Código de Processo Civil". 18. A interpretação do art. 840, §1º, da CLT, aliada aos princípios mencionados permite chegar à conclusão de que, tendo o reclamante apresentado, em sua petição inicial, pedido certo e determinado com indicação de valor - estimado -, por um lado, atende-se à exigência do art. 840, §1º, da CLT. Por outro lado, possibilita ao polo passivo o integral exercício da ampla defesa e do contraditório, assegurados pelo artigo 5º, LV, da CF. Trata-se, assim, de interpretação que observa os princípios constitucionais do trabalho, conferindo, igualmente, efetivamente ao referido artigo celetista. 19. Assim, a Instrução Normativa nº 41/2018 ao se referir ao "valor estimado da causa" acaba por delimitar que o pedido apresentado na petição inicial "com indicação de seu valor" a que se refere o art. 840, §1º, da CLT deve ser considerado de forma estimada, eis que inexiste nos dispositivos do CPC a que faz remissão a instrução normativa qualquer delimitação em sentido contrário. O artigo 291, do CPC, pertinente à análise ora empreendida apenas se refere à necessidade de indicação de "valor certo" da causa, inexistindo, portanto, qualquer obrigação de liquidação do valor da causa, tampouco do pedido, com efeito vinculativo à condenação. Ainda, considerando-se a necessária aplicação supletiva do CPC à hipótese, a ausência de indicação de valores na petição inicial não deve ter como consequência a extinção do feito sem resolução do mérito, devendo-se oportunizar à parte a possibilidade de saneamento do defeito, no prazo de 15 dias, por aplicação analógica da Súmula 263 deste TST c/c arts. 4º, 6º e 317 do CPC. 20. Nesse mesmo sentido, interpretando a redação do parágrafo 2º do artigo 12 da IN 41/2018 em confronto com as exigências do art. 840, §1º, da CLT e, igualmente dos artigos 141 e 492 do CPC, este Tribunal Superior do Trabalho acumula precedentes no sentido de que os valores constantes nos pedidos apresentados de forma líquida na exordial devem ser considerados apenas como fim estimado, não havendo limitação da condenação àquele montante. 21. Por fim, não se ignora que a Eg. SBDI-1, do TST, em precedente publicado em 29/05/2020 (E-ARR-10472-61.2015.5.18.0211, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, Relator Ministro Walmir Oliveira da Costa) firmou entendimento de que a parte autora, ao formular pedidos com valores líquidos na petição inicial, sem registrar qualquer ressalva, limita a condenação a tais parâmetros, por expressa dicção do art. 492 do CPC. Ocorre que o precedente em questão configura situação singular, eis que o recurso de embargos analisado foi interposto em ação ajuizada antes da entrada em vigor da Lei nº 13.467/2017 e, portanto, da alteração do art. 840, §1º, da CLT c/c Instrução Normativa 41/2018. Assim, não sem razão, a matéria não foi analisada sob a ótica destas normas. Portanto, trata-se o caso concreto de hipótese que revela singularidades quanto àquela analisada pela Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, razão pela qual esta Turma não fica a ela vinculada. 22. A partir do exposto, na hipótese vertente, em que a inicial foi ajuizada em 04/08/2021, incidem as normas processuais previstas na CLT após as alterações da Lei 13.467/2017. Portanto, os valores constantes nos pedidos apresentados de forma líquida na reclamação trabalhista devem ser considerados como mera estimativa, não limitando a condenação, por força da Instrução Normativa nº 41/2018 c/c art. 840, §1º, da CLT e dos princípios constitucionais que regem o processo do trabalho, em especial os princípios do amplo acesso à jurisdição (art. 5º, XXXV, da CF), da dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, da CF), da proteção social do trabalho (art. 1º, IV, da CF). Embargos conhecidos e não providos." (grifos acrescidos - Emb-RR - 555-36.2021.5.09.0024 , Relator Ministro: Alberto Bastos Balazeiro, Data de Julgamento: 30/11/2023, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, Data de Publicação: DEJT 07/12/2023) (negritei). Assim, como dito, os valores indicados na petição inicial não são suficientes para limitar o valor da condenação, havendo ou não expressa ressalva quanto a mera estimativa. Dou provimento. HORAS EXTRAS. PRORROGAÇÃO DE JORNADA EM ATIVIDADE INSALUBRE A reclamante insiste no pedido de horas extras, argumentando que "A sentença reconheceu a jornada superior a oito horas diárias, mas indeferiu indevidamente o pagamento das horas extras, violando o artigo 60 da CLT, que veda a prorrogação da jornada em atividades insalubres sem autorização prévia da autoridade competente - requisito ausente nos autos." Afirma que "O laudo pericial confirmou a insalubridade em grau máximo (40%), tornando obrigatória a autorização formal para qualquer extensão da jornada." Requer o "pagamento de 40 minutos diários de horas extras, com reflexos em FGTS (+40%), 13º salário, férias e aviso prévio". Analiso. A reclamante foi contratada pela reclamada, ALARCENTER SISTEMAS INTEGRADOS LTDA, em 5/12/2023, para a função de "limpadora", tendo ingressado com a presente reclamatória postulando a rescisão indireta do contrato de trabalho. Na inicial, narrou que cumpria jornada de segunda a sexta-feira, das 12h20 às 22h, com 1 hora de intervalo, ultrapassando o limite legal de 8 horas diárias. A reclamada juntou contrato de trabalho da autora, à fl. 119, com previsão de jornada em escala 5x2, de segunda a sexta-feira, das 12h20 as 22h, com 60 minutos de intervalo; assim como acordos de prorrogação e compensação de horas (fls. 120/121). Restou incontroverso nos autos a jornada cumprida pela obreira, das 12h20 às 22h, com 1 hora de intervalo, de segunda a sexta-feira, fato corroborado pelo depoimento da testemunha da autora. A reclamada trouxe aos autos os cartões de ponto da reclamante, de 21/4/2024 a 20/7/2024 (fls. 132/134), e os contracheques, os quais revelam o pagamento de horas extras (fls. 129/131). Conforme constatado na sentença, por meio de prova pericial, a reclamante laborava em atividade insalubre por todo o período contratual. Embora não tenha pedido expresso de nulidade do sistema de compensação de horas instituído pela reclamada, em razão do labor em atividade insalubre, com a devida vênia, entendo que não há óbice à declaração de invalidade do regime de compensação por este motivo, se for o caso. Com efeito, pleiteando a autora horas extras e sendo alegado pela ré a existência de sistema de compensação de jornada, em qualquer modalidade, o descumprimento dos requisitos legais para a implementação do sistema deve ser analisado pelo juízo, independentemente de pedido expresso nesse sentido. Nos termos do artigo 166, VI e VII do CCB, serão nulos os atos jurídicos praticados com preterição de solenidade que a lei considere essencial para a sua validade ou quando a lei taxativamente o declarar nulo, ou lhe proibir a prática, sem cominar sanção. No caso específico dos autos, a validade ou não do sistema de compensação semanal de horas adotado pela empresa requerida passa, necessariamente, pelo exame do artigo 60 da CLT, ou seja, decorre de previsão legal, sendo, portanto, desnecessário pedido expresso de nulidade do regime de compensação. O art. 60 da CLT condiciona o acordo de prorrogação de jornada nas atividades insalubres à licença prévia das autoridades competentes, in verbis (grifei): Art. 60 - Nas atividades insalubres, assim consideradas as constantes dos quadros mencionados no capítulo "Da Segurança e da Medicina do Trabalho", ou que neles venham a ser incluídas por ato do Ministro do Trabalho, Industria e Comercio, quaisquer prorrogações só poderão ser acordadas mediante licença prévia das autoridades competentes em matéria de higiene do trabalho, as quais, para esse efeito, procederão aos necessários exames locais e à verificação dos métodos e processos de trabalho, quer diretamente, quer por intermédio de autoridades sanitárias federais, estaduais e municipais, com quem entrarão em entendimento para tal fim. Registro que o tema 1046 julgado pelo E. STF somente versa sobre negociação coletiva, objeto dos arts. 611-A e 611-B da CLT, de modo que o acordo individual não prevalece sobre o art. 60 da CLT. A reclamada não comprovou possuir licença das autoridades competentes em matéria de higiene do trabalho para prorrogação da jornada da autora, que exerceu atividade em ambiente insalubre. Os contracheques da obreira revelam que ela prestava horas extras, ou seja, havia extrapolação da jornada contratual. Por esta razão, é inválido o acordo individual de compensação de jornada entabulado com a reclamante. Assim, considerando que o acordo individual de compensação é inválido, condeno a reclamada ao pagamento de todas as horas compensadas irregularmente, consoante cartões de ponto jungidos aos autos. Para os períodos não acobertados pelos cartões de ponto deve ser considerada a jornada informada na inicial. Defiro os reflexos em aviso prévio, 13º salários, férias mais 1/3, FGTS mais 40%, considerando a rescisão indireta reconhecida na sentença e os limites do pedido. Dou provimento. Esse era o meu voto. No entanto, por ocasião da sessão de julgamento, prevaleceu a divergência apresentada pela Exma. Desembargadora Wanda Lúcia Ramos da Silva, nos seguintes termos: HORAS EXTRAS. PRORROGAÇÃO DE JORNADA EM ATIVIDADE INSALUBRE Data venia, divirjo do voto condutor. No caso, analisando a petição inicial, vejo que o reclamante em momento algum requereu a invalidação do regime de compensação adotado pela ré pela prestação de horas extras em ambiente insalubre, tendo apenas dito que "não há qualquer comprovação da existência de banco de horas, tampouco de acordo individual escrito, conforme exigido pelo artigo 59-A da CLT, o que inviabiliza a compensação de jornada e reforça o direito ao pagamento das horas excedentes". Diante disso, em atenção ao princípio da adstrição, entendo que a análise deve ser restrita ao argumento da parte autora quanto à ausência de acordo individual escrito autorizando a compensação de jornada. Nesse aspecto, vejo que, no contrato de trabalho da reclamante, constou o seguinte: "O EMPREGADO abriga-se ainda a trabalhar sempre que for solicitado pelo EMPREGADOR, em horário prorrogado ou compensado, observados os preceitos legais, bem como o trabalho em horas extraordinarias quando a necessidade exigir" (sic, id. 310e39f). Ademais, foram juntados aos autos acordos de prorrogação e compensação de horas, devidamente assinados pela obreira, por meio dos quais houve autorização expressa para a compensação de jornada (ids. 6e54122 e aa28441). Desse modo, a tese da parte autora de que "não há qualquer comprovação da existência de banco de horas, tampouco de acordo individual escrito" não merece prosperar. Assim, com relação ao período contratual abarcado pelos cartões de ponto juntados aos autos, considerando que a reclamante não logrou êxito em desconstituir a validade da aludida documentação, tampouco apontou diferenças a seu favor entre as horas extras prestadas e as pagas ou compensadas, mantenho a r. sentença que julgou improcedente o pleito obreiro. Por outro lado, com relação ao interregno não abrangido pela aludida documentação, considerando que não há nada que indique que tenha havido alteração na dinâmica de trabalho da reclamante, determino a adoção da média dos dias em que foi apresentado o registro de ponto, por aplicação analógica da OJ,233 da SDI-1 do C. TST, com a condenação da ré ao pagamento das horas extras que ultrapassarem a 8ª diária (limites do pedido inicial), as quais serão acrescidas de adicional de 50%, ficando autorizada a dedução dos valores comprovadamente pagos a igual título. No mais, acompanho a Relatora. Dou parcial provimento (menos amplo). ESTABILIDADE PROVISÓRIA. MEMBRO DA CIPA O d. juízo de origem indeferiu o pedido de indenização substitutiva decorrente da estabilidade provisória conferida aos membros da CIPA, em razão da extinção do contrato de prestação de serviços pela reclamada. A reclamante recorre, alegando que "a 1ª Reclamada permanece ativa e operante em outros contratos e localidades", e que "a estabilidade do membro da CIPA não está vinculada a um local específico, mas sim à garantia contra a dispensa arbitrária durante o período de mandato e o ano subsequente (art. 10, II, "a", do ADCT). O simples encerramento de um contrato com uma tomadora não exime a empregadora da obrigação de realocar ou indenizar o trabalhador estável, especialmente quando, como demonstrado nos autos, a empresa segue ativa, inclusive oferecendo transferências forçadas para outras localidades." Requer a reforma da sentença "para condenar a Reclamada ao pagamento da indenização substitutiva da estabilidade da CIPA, correspondente aos salários e demais verbas do período estabilitário." Analiso. De início, assento que é incontroverso que, em junho/2024, foi rescindido o contrato de prestação de serviços firmado entre a reclamada, CAOA, e a reclamada, ALARCENTER, tendo sido a reclamante afastada de suas atribuições a partir de 12/8/2024. Nesse trilhar, restou reconhecido na origem que "Em julho de 2024, a 1ª Reclamada, ALACENTER, perdeu o contrato de prestação de serviços com a tomadora, 3ª Reclamada, CAOA. Em decorrência disso, foi convocada uma reunião com os funcionários, na qual houve coação explícita para que pedissem demissão, conforme será demonstrado no tópico da rescisão indireta. Ainda que sem intenção de abandonar o emprego, o último dia de trabalho da Reclamante ocorreu em 12 de agosto de 2024, sem animo de abandono." (fl. 7). Oportuno assentar que a estabilidade conferida aos integrantes de Comissão Interna de Prevenção de Acidentes - CIPA não constitui uma vantagem pessoal do empregado, mas, em verdade, uma garantia para o livre exercício das atividades inerentes à CIPA. Não sobeja registrar que a atuação da CIPA está intimamente ligada ao funcionamento da empregadora, razão pela qual o rompimento do contrato de terceirização entre a empresa tomadora e a interposta configura fato que inviabiliza o próprio desempenho das atividades fiscalizatórias pelo membro da CIPA, já que o referido membro em questão era empregado terceirizado, de modo que não se verificam mais as condições para a manutenção da garantia provisória de emprego. Destarte, aquiesço com a conclusão sentencial no sentido de que "Evidente o fim da atividade empresarial da empregadora no local de prestação de serviço, extinto assim o estabelecimento no aspecto produtivo da demanda por força de trabalho, tornam-se impossíveis a existência da CIPA pela reclamada no local e, mais ainda, a subsistência da estabilidade de seus representantes, porque, como dito mais acima, a razão de existir da CIPA é o ambiente de trabalho na unidade produtiva com seus riscos à integridade biológica e psíquica do trabalhador (Súmula 339, II, do C. TST), independentemente de a empresa empregadora ainda existir no mercado. Portanto, extinta a prestação de serviço pela reclamada, não há falar em reintegração nem em indenização de todo o período remanescente da estabilidade prevista em lei, pois a estabilidade, que no caso é de caráter profissional, e não pessoal, se extingue com a extinção da CIPA." (fl. 769). Nesse sentido, transcrevo os esclarecedores precedentes oriundos do C. TST: "AGRAVO EM AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO PELO RECLAMANTE. ACÓRDÃO REGIONAL PUBLICADO NA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.467/2017. ESTABILIDADE PROVISÓRIA. MEMBRO DA CIPA. TÉRMINO DO CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. EXTINÇÃO DO ESTABELECIMENTO. ÓBICES DA SÚMULA Nº 333 E 126 DO TST. AUSÊNCIA DE TRANSCENDÊNCIA. CONHECIMENTO E NÃO PROVIMENTO. I. O entendimento desta Corte Superior é de que a hipótese de encerramento do contrato de prestação de serviços equipara-se à extinção do estabelecimento para os efeitos de afastar a estabilidade provisória (Súmula nº 339, II, do TST). II. Para se acolher a alegação do reclamante de que a CIPA constituída abrangia o trabalho em outras plataformas, seria necessário o revolvimento de fatos e provas, procedimento incompatível com a natureza extraordinária do recurso de revista, nos termos da Súmula nº 126 do TST. III. Mantida a decisão agravada acerca da ausência de transcendência da causa, com acréscimo de fundamentação. IV. Agravo de que se conhece e a que se nega provimento" (AIRR-0100885-98.2022.5.01.0001, 4ª Turma, Relator Ministro Alexandre Luiz Ramos, DEJT 28/02/2025). "AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO A ACÓRDÃO PUBLICADO NA VIGÊNCIA DA LEI N.º 13.467/2017. GARANTIA PROVISÓRIA DE EMPREGO. MEMBRO DA CIPA. SÚMULA N.º 339, II, DO TST. TÉRMINO DA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. EQUIVALÊNCIA À EXTINÇÃO DO ESTABELECIMENTO. TRANSCENDÊNCIA DA CAUSA NÃO RECONHECIDA. 1. Cinge-se a controvérsia em saber se o término do contrato de prestação de serviços e a consequente extinção da CIPA equivalem à extinção do estabelecimento, para efeito de não configuração da despedida arbitrária do empregado membro da CIPA, nos termos do item II da Súmula n.º 339 desta Corte superior. 2. Constatado o preenchimento dos demais requisitos processuais de admissibilidade, o exame do Recurso de Revista sob o prisma do pressuposto de transcendência revelou que: a ) não demonstrada a transcendência política da causa, na medida em que o acórdão recorrido revela consonância com a jurisprudência iterativa, notória e atual deste Tribunal Superior, no sentido de que o término do contrato de prestação de serviços e a consequente extinção da CIPA equivalem à extinção do estabelecimento, razão pela qual não é possível reconhecer o direito à estabilidade provisória de membro de CIPA na hipótese. Precedentes; b ) não se verifica a transcendência jurídica , visto que ausentes indícios da existência de questão nova acerca da controvérsia ora submetida a exame, mormente diante da jurisprudência dominante nesta Corte superior, a obstaculizar a pretensão recursal; c ) não identificada a transcendência social da causa, visto que não se cuida de pretensão recursal formulada em face de suposta supressão ou limitação de direitos sociais assegurados na legislação pátria; e d ) não há falar em transcendência econômica , porquanto a expressão econômica da pretensão recursal não destoa de outros recursos de mesma natureza. 3. Configurado o óbice relativo ao não reconhecimento da transcendência da causa quanto ao tema sob exame, resulta inviável o processamento do Recurso de Revista, no particular. 4. Agravo de Instrumento não provido. (...)" (AIRR-1001085-12.2022.5.02.0435, 3ª Turma, Relator Desembargador Convocado Marcelo Lamego Pertence, DEJT 13/12/2024). "RECURSO DE REVISTA. RECURSO INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DA LEI Nº 13.467/2017. ESTABILIDADE PROVISÓRIA - MEMBRO SUPLENTE DA CIPA - EMPREGADO TERCEIRIZADO - ENCERRAMENTO DA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS - CONSEQUÊNCIAS - TRANSCENDÊNCIA POLÍTICA RECONHECIDA. Considerando que a discussão travada nos autos gira em torno de se saber se o empregado terceirizado eleito membro da CIPA permanece ou não com o direito à estabilidade provisória prevista no artigo 10, II, "a", do ADCT, caso haja o rompimento do contrato de prestação de serviços estabelecido entre a empresa terceirizada empregadora do cipeiro e a empresa tomadora dos serviços, constata-se que a causa oferece transcendência política , na medida em que a controvérsia possui pertinência com o conteúdo do item II da Súmula/TST nº 339. Verificada, portanto, a presença da transcendência política da causa, prossegue-se na análise do apelo revisional. Com efeito, extrai-se do acórdão regional que houve a extinção do contrato de prestação de serviços firmado entre a empresa terceirizada empregadora da reclamante e a tomadora dos serviços (Fundação Para Remédio Popular - FURP), tendo, pouco depois, ocorrido a cessação do contrato de trabalho da autora com a sua empregadora (Guima Conseco Construção, Serviços E Comércio LTDA). Nesse contexto, impende ressaltar que a estabilidade conferida aos integrantes de Comissão Interna de Prevenção de Acidentes - CIPA não constitui uma vantagem pessoal do empregado, mas sim uma garantia para o livre exercício das atividades inerentes à CIPA. Conforme é consabido, a atuação da CIPA está intrinsecamente ligada ao funcionamento da empregadora, razão pela qual o rompimento do contrato de terceirização entre a empresa tomada e a interposta constitui fato que inviabiliza o próprio desempenho das atividades fiscalizatórias pelo membro da CIPA, já que o referido membro em questão era empregado terceirizado, de modo que não se verificam mais as condições para a manutenção da garantia provisória de emprego. Dessa forma, ante o encerramento da prestação de serviços à empresa tomadora, estabelecimento para o qual a CIPA foi constituída, tanto assim que existe o registro fático no sentido de que " a formação da autora fora concretizada por curso ministrado no âmbito da segunda reclamada, o que é comprovado pelo certificado de fls.33/34 ", não há que se falar em arbitrariedade da dispensa de empregado membro daquela comissão, razão pela qual cessa a garantia de emprego e consectários. É que a estabilidade provisória do membro da CIPA, conforme já acima registrado, está fulcrada na garantia da segurança e da imparcialidade para exercer sua atividade fiscalizadora, a qual perde a razão de ser, uma vez extinto o contrato de terceirização, com a consequente cessação da atividade da empresa interposta junto à tomadora. Nesse sentido, filio-me à jurisprudência desta Corte Superior que tem entendido que o rompimento do contrato de prestação de serviço, com a consequente inviabilização da atuação da CIPA, equivale à extinção do estabelecimento para efeito de garantia de estabilidade provisória. Precedentes. Recurso de revista conhecido e desprovido. (RR-10167-69.2015.5.15.0079, 7ª Turma, Redator Ministro Renato de Lacerda Paiva, DEJT 04/06/2021). "RECURSO DE REVISTA. RITO SUMARÍSSIMO. MEMBRO DA CIPA EM EMPRESA PRESTADORA DE SERVIÇOS. ESTABILIDADE PROVISÓRIA. ENCERRAMENTO DO CONTRATO. CONSEQUÊNCIA. No presente caso restou incontroverso que houve o encerramento do contrato de prestação de serviços firmado entre a reclamada (empregadora da reclamante e a tomadora dos serviços (no caso, a clínica POLICLIN). Considerando que a estabilidade conferida aos integrantes de Comissão Interna de Prevenção de Acidentes - CIPA não é uma vantagem pessoal do empregado, mas garantia para o livre exercício das atividades de membro da CIPA, a função da CIPA está diretamente vinculada ao funcionamento das atividades da empregadora, de modo que o encerramento do contrato firmado com a empresa tomadora dos serviços (no caso, clínica POLICLIN) constitui fator que inviabiliza a ação fiscalizadora do membro da CIPA, ocasionando, por consequência, a cessação da garantia provisória de emprego . Recurso de Revista de que se conhece e a que se dá provimento." (RR-10756-27.2019.5.15.0045, 8ª Turma, Relator Ministro Joao Batista Brito Pereira, DEJT 14/12/2020). Nego provimento. INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS A reclamante pretende a majoração do valor arbitrado a título de indenização por danos morais, lastreado na "coação psicológica a que foi submetida na reunião em que teria sido 'sugerido' o pedido de demissão pelos empregados", de R$ 5.000,00 para R$ 20.000,00. Alega que "A conduta da Recorrida não se limitou a um simples descumprimento contratual, mas atingiu diretamente a dignidade e a subsistência da trabalhadora, que foi pressionada a abrir mão do emprego sob coação. Ameaçá-la de banimento por dois anos da empresa tomadora constitui abuso de poder econômico, colocando-a em uma situação de desespero e vulnerabilidade extrema." Argumenta que "O valor fixado na sentença, no entanto, não reflete a intensidade da violação e não impõe impacto financeiro relevante à empresa, cujo poder econômico foi amplamente demonstrado nos autos." Pois bem. Conforme pontuado na sentença, restou comprovado nos autos que "a reclamante foi induzida a erro sob a ameaça de ser banida da CAOA por dois anos se não pedisse dispensa da reclamada." A fixação do valor indenizatório tem como pressupostos, além dos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, o grau de culpa ou dolo do agente, a gravidade e a extensão do dano, o grau de sofrimento do ofendido, a situação econômica do ofensor, o efeito pedagógico da punição para que o ofensor não reincida na sua conduta danosa. Impõe-se, ainda, observar que o valor arbitrado, de caráter eminentemente compensatório, não seja causa da ruína para quem paga nem de enriquecimento para quem recebe, de modo a preservar-se o equilíbrio da função social da indenização. Considerando os parâmetros acima, entendo razoável o valor da indenização de R$ 5.000,00 fixado na sentença, uma vez que se mostra compatível com os danos sofridos pela obreira e suficiente no seu caráter pedagógico. Nego provimento. HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS Sentença condenou as reclamadas ao pagamento de honorários sucumbenciais, no importe de 7% sobre o valor a ser liquidado após o trânsito em julgado da decisão. A reclamante recorre pugnando pela majoração do percentual fixado, "Diante da extensão do trabalho realizado, da quantidade de atos processuais praticados e da relevância da matéria discutida". Analiso. Considerando a complexidade da causa, o grau de zelo do profissional, o lugar da prestação do serviço, a natureza e a importância da causa, o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o serviço para todos os aspectos discutidos nesta lide, na forma do artigo 791-A da CLT, entendo por bem majorar o percentual para 10% de honorários advocatícios sucumbenciais, sob responsabilidade das reclamadas. Dou provimento. CONCLUSÃO Conheço do recurso da reclamante e, no mérito, dou-lhe parcial provimento, nos termos da fundamentação supra. Por permanecer razoável, mantenho o valor da condenação. É o meu voto. ACÓRDÃO ISTO POSTO, acordam os membros da Terceira Turma do Egrégio Tribunal Regional do Trabalho da 18ª Região, em sessão ordinária presencial hoje realizada, prosseguindo no julgamento iniciado na sessão virtual do dia 27.06.2025, por unanimidade, conhecer do recurso da Reclamante e, no mérito, por maioria, dar-lhe parcial provimento, vencida, em parte, a Relatora que lhe dava provimento parcial mais amplo e que adaptará o voto nos termos da divergência apresentada pela Desembargadora Wanda Lúcia Ramos da Silva quanto ao tópico "HORAS EXTRAS. PRORROGAÇÃO DE JORNADA EM ATIVIDADE INSALUBRE", bem como juntará voto parcialmente vencido, neste particular. Participaram do julgamento os Excelentíssimos Desembargadores WANDA LÚCIA RAMOS DA SILVA (Presidente), ELVECIO MOURA DOS SANTOS e ROSA NAIR DA SILVA NOGUEIRA REIS. Presente na assentada de julgamento o d. representante do Ministério Público do Trabalho. Sessão de julgamento secretariada pela Diretora da Coordenadoria de Apoio à Terceira Turma, Maria Valdete Machado Teles. Goiânia, 03 de julho de 2025. ROSA NAIR DA SILVA NOGUEIRA REIS Relatora GOIANIA/GO, 07 de julho de 2025. NILZA DE SA Diretor de Secretaria Intimado(s) / Citado(s) - CAOA MONTADORA DE VEICULOS LTDA

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Laura Lopes Da Silva x Santa Marta Distribuidora De Drogas Ltda Em Recuperacao Judicial

ID: 341397044

Tribunal: TRT18 Órgão: 3ª TURMA Classe: RECURSO ORDINáRIO - RITO SUMARíSSIMO Nº Processo: 0012013-53.2024.5.18.0005

Data de Disponibilização: 04/08/2025

Polo Ativo:

LAURA LOPES DA SILVA

Polo Passivo:

SANTA MARTA DISTRIBUIDORA DE DROGAS LTDA EM RECUPERACAO JUDICIAL

Acórdão

Advogados:

JOHNATHAN MORAIS DE ALMEIDA

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ANDERSON RODRIGO MACHADO

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AGNALDO JUNIO RODRIGUES QUADROS

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PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 18ª REGIÃO 3ª TURMA Relator: CELSO MOREDO GARCIA RORSum 0012013-53.2024.5.18.0005 RECORRENTE: LAURA LOPES DA SILVA RECORRI… PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 18ª REGIÃO 3ª TURMA Relator: CELSO MOREDO GARCIA RORSum 0012013-53.2024.5.18.0005 RECORRENTE: LAURA LOPES DA SILVA RECORRIDO: SANTA MARTA DISTRIBUIDORA DE DROGAS LTDA EM RECUPERACAO JUDICIAL PROCESSO - RORSum - 0012013-53.2024.5.18.0005 RELATOR : JUIZ CONVOCADO CELSO MOREDO GARCIA RECORRENTE: LAURA LOPES DA SILVA ADVOGADO(S) : AGNALDO JUNIO RODRIGUES QUADROS E OUTROS RECORRIDO: SANTA MARTA DISTRIBUIDORA DE DROGAS LTDA (EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL) ADVOGADO: ANDERSON RODRIGO MACHADO ORIGEM : 5ª VARA DO TRABALHO DE GOIÂNIA JUÍZA : LAIZ ALCANTARA PEREIRA EMENTA EMENTA: "DIREITO DO TRABALHO. ESTABILIDADE PROVISÓRIA DA GESTANTE. DESNECESSIDADE DE CIÊNCIA PRÉVIA DA GRAVIDEZ PELO EMPREGADOR. INDENIZAÇÃO SUBSTITUTIVA. RENÚNCIA NÃO CONFIGURADA. A estabilidade provisória da gestante independe do momento em que se constata o estado gravídico, desde que a concepção tenha ocorrido durante a vigência do contrato de trabalho. O desconhecimento da gravidez por parte da empregada e do empregador na data da rescisão contratual não afasta o direito à estabilidade. A opção pela indenização substitutiva não configura renúncia à estabilidade garantida constitucionalmente. Recurso provido." (TRT da 18ª Região; Processo: 0011742-10.2024.5.18.0081; 00Data de assinatura: 24-06-2025; Órgão Julgador: 1ª TURMA; Relator(a): CELSO MOREDO GARCIA.) RELATÓRIO Dispensado, por força do disposto no artigo 852-I, caput, da CLT. VOTO ADMISSIBILIDADE O recurso interposto pela reclamante é adequado, tempestivo e regular quanto à representação processual (ID 7ad7894). Portanto, conheço do recurso ordinário interposto pela reclamante. MÉRITO DA ESTABILIDADE DA GESTANTE. RESCISÃO CONTRATUAL. VERBAS RESCISÓRIAS A reclamante/recorrente pugna pela reforma da sentença que julgou improcedentes os pedidos de reconhecimento de estabilidade provisória no emprego, pagamento de indenização substitutiva à estabilidade, rescisão indireta e verbas rescisórias. Argumenta, em suma, o seguinte: que a sentença não observou a gravidade da falta grave cometida pela empregadora (ausência de recolhimento de FGTS); que a assistência sindical é condição necessária para a rescisão contratual da empregada gestante, ainda que haja desconhecimento sobre a gravidez; que a ausência do requisito do art. 500 da CLT torna nulo o pedido de demissão; que a ausência de recolhimento de FGTS afasta a validade do pedido de demissão. Pois bem. A sentença de origem assim disse e decidiu sobre a matéria: "DA CONVERSÃO DO PEDIDO DE DEMISSÃO EM RESCISÃO INDIRETA DO CONTRATO DE TRABALHO; DAS PARCELAS RESCISÓRIAS; DO FGTS+40%, DA MULTA DO ART. 477 DA CLT. Afirma a Reclamante que foi admitida em 06.06.2023 e no dia 27.04.2024, insatisfeito com as condições de trabalho, pediu demissão, em razão da ausência de recolhimentos de FGTS no período de agosto de 2023 a abril de 2024. Pleiteia seja convertido o pedido de demissão em rescisão indireta do contrato de trabalho, com condenação da Reclamada ao pagamento do aviso prévio indenizado, diferenças de férias acrescidas do terço constitucional, 13º salário, FGTS +40% e multa do art. 477 da CLT. Aduz ainda que descobriu sua gravidez de 6 semanas em 17.05.2024. Afirma que "É certo que a época de seu afastamento a reclamante não tinha ciência de sua gravidez, contudo, ao tomar conhecimento desta condição, a autora comunicou sua gravidez a reclamada, que, por sua vez, preferiu a absoluta inércia.". Aduz que a reclamada deveria ter observado o artigo 500 da CLT. Em contrapartida, a Reclamada expõe que a Reclamante pediu demissão; que inexiste nulidade no pedido de demissão; indevido o pagamento do aviso prévio indenizado e da multa do art. 477, §8º da CLT. Afirma ainda que "No caso concreto, as partes desconheciam o estado gravídico da recorrida, e não haveria sentido e muito menos obrigação de o respectivo pedido de demissão ser assistido pelo sindicato da categoria profissional." "Nunca houve pela reclamante qualquer comunicação referente a sua gravidez ou solicitação para a anulação ou cancelamento da demissão para retorno ao posto de trabalho." Em impugnação a reclamante registra que "não pleiteia a nulidade do pedido de demissão, mas sim a sua conversão em rescisão indireta, conforme os fundamentos do artigo 483 da CLT. A ausência de conhecimento prévio sobre a gestação não afasta a aplicabilidade da estabilidade gestacional, que independe de manifestação expressa da gestante." Pois bem. Resta incontroverso que a parte autora não tinha conhecimento da gravidez antes do término do contrato. Cabe à autora comprovar a alegação de que comunicou à empresa seu estado gravídico, ônus da qual não se desincumbiu, ou sequer, impugnou em sede de impugnação. Portanto, tenho que houve pedido de demissão em 27.04.2024 sem qualquer alegação de nulidade ou vício; com ciência da gravidez pela reclamante posterior ao pedido demissão, sem qualquer comunicação à reclamada; e ajuizamento da demanda em 20.12.2024. Inexiste pedido de reintegração. Considerando as questões fáticas incontroversas, analiso. O pedido de demissão formulado pela Reclamante formulado de próprio punho (f. 76 dos autos em PDF), constitui ato jurídico perfeito, sendo que sequer existe alegação de vício de consentimento. Portanto, não há razões para se declarar a nulidade da declaração de vontade isenta de vícios. A propósito: REVERSÃO DO PEDIDO DE DEMISSÃO EM RESCISÃO INDIRETA. INEXISTÊNCIA DE NULIDADE. INDEFERIMENTO DO PEDIDO. Para reversão do pedido de demissão em rescisão indireta, é necessária a convincente demonstração do (s) ato (s) ou fato (s) que possuem o condão de viciar a vontade manifestada pelo empregado, a ponto de se declarar a nulidade alegada e, consequentemente, converter a ruptura contratual em rescisão indireta. Não demonstrado vício na vontade da reclamante, deve-se manter o pedido de demissão por ela feito. (TRT-18 - ROT: 00119988620225180221, Relator: GENTIL PIO DE OLIVEIRA, 1ª TURMA). Neste ponto, vale esclarecer, ainda, que a existência de eventuais faltas praticadas pela parte Reclamada, não é suficiente, por si só, a invalidar o ato de demissão realizado por mera liberalidade da Reclamante, visto que a empregada deveria ter optado pela rescisão indireta do contrato de trabalho, permanecendo ou não no serviço até final decisão do processo, ao invés do pedido de demissão, nos moldes do art. 483, §3º da CLT. Nesse sentido: PEDIDO DE DEMISSÃO. CONVERSÃO EM RESCISÃO INDIRETA. AUSÊNCIA DE VÍCIO DE CONSENTIMENTO. O pedido de demissão feito pelo empregado possui presunção de veracidade quanto à sua livre e espontânea vontade, caracterizando-se como ato jurídico perfeito. Assim, o reconhecimento de nulidade do pedido de demissão depende da comprovação inequívoca por parte do autor da existência de vício de consentimento (art. 185 c/c art. 166, 167 e 171, todos do Código Civil), ressalvando-se que o descumprimento de obrigações trabalhistas não caracteriza vício de consentimento, uma vez que a parte autora poderia insurgir-se judicialmente em face das supostas ilegalidades que entendesse praticadas pela ré, pleiteando a rescisão indireta de seu contrato antes do pedido de demissão. (TRT18, RORSum - 0010143-39.2021.5.18.0211, Rel. WELINGTON LUIS PEIXOTO, 1ª TURMA, 25/04/2022). PEDIDO DE DEMISSÃO. RESCISÃO INDIRETA. Uma vez demonstrado o fato de que o autor pediu demissão por livre e espontânea vontade, resta impossibilitado o reconhecimento da rescisão indireta pleiteada. Isto porque o pedido de demissão implicou ato jurídico perfeito e extinguiu o contrato de trabalho por iniciativa do reclamante, não podendo ser caracterizado como rescisão indireta, ainda que viesse a ser comprovado descumprimento contratual pela reclamada. (TRT-2 10013976320205020465 SP, Relator: MERCIA TOMAZINHO, 3ª Turma - Cadeira 4, Data de Publicação: 23/05/2022) Por todo exposto, resta claro que o pedido de demissão formulado pela Reclamante se deu de forma voluntária, não podendo ser atribuída ao empregador a responsabilidade pela decisão espontânea da Reclamante de rescindir o contrato de trabalho. Quanto à alegada estabilidade gestante, destaco que em que pese a tese vinculante do TST, no sentido de que "A validade do pedido de demissão da empregada gestante, detentora da estabilidade provisória prevista no artigo 10, inciso II, alínea "b", do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT), está condicionada à assistência do sindicato profissional ou da autoridade local competente, nos termos do artigo 500 da CLT", conforme Tema 55 de Incidente de Recurso de Revista Repetitivo - IRRR; no presente caso, impõe-se aplicar a técnica interpretativa Distinguishing, para afastar a aplicação do entendimento Tema 55 de Incidente de Recurso de Revista Repetitivo - IRRR, uma vez que não se mostra razoável exigir a assistência sindical na hipótese, eis que incontroverso que nenhuma das partes tinha ciência da gestação da obreira. Neste sentido, destaco: Ementa: DIREITO DO TRABALHO. RECURSO ORDINÁRIO. ESTABILIDADE PROVISÓRIA DA GESTANTE. PEDIDO DE DEMISSÃO. DESCONHECIMENTO DA GRAVIDEZ. INEXISTÊNCIA DE VÍCIO DE CONSENTIMENTO. DISTINGUISHING. INAPLICABILIDADE DO TEMA 55 DO TST. REFORMA DA SENTENÇA. IMPROCEDÊNCIA DOS PEDIDOS. (TRT-18 - RORSum-0011671-42.2024.5.18.0005. Relator.: Welington Luis Peixoto. 1ª Turma. Data do Julgamento: 06.05.2025). "RECURSO DE REVISTA. APELO INTERPOSTO NA VIGÊNCIA DO NOVO CPC. PEDIDO DE DEMISSÃO. GESTANTE . RENÚNCIA À ESTABILIDADE PROVISÓRIA. As disposições contidas no art. 10, II, b, do ADCT determinam a proibição da dispensa arbitrária ou sem justa causa da empregada gestante, o que não é a hipótese dos autos, uma vez que o pedido de rescisão contratual partiu da Reclamante, não estando demonstrado, no acórdão recorrido, nenhum vício de consentimento capaz de invalidar o ato de vontade. Assim, incompatível a garantia de emprego da empregada gestante quando há pedido de demissão pela Obreira, sem qualquer vício ou coação . Logo, ileso o art. 10, II, b, do ADCT. Recurso de Revista não conhecido."- destacado (TST - RR: 10025281720155020605, Relator.: Maria de Assis Calsing, Data de Julgamento: 30/08/2017, 4ª Turma, Data de Publicação: DEJT 01/09/2017)(TRT-18 - ROT: 00111158720245180054, Relator: KATHIA MARIA BOMTEMPO DE ALBUQUERQUE, 2ª TURMA - Gab . Des. Kathia Maria Bomtempo de Albuquerque). Por todo o exposto, considerando a validade do pedido de demissão, julgo improcedente o pedido de conversão do pedido demissão em rescisão indireta do contrato de trabalho, e, por via de consequência, aviso prévio, pagamento da multa de 40% sobre o FGTS; bem como liberação do FGTS e acesso ao seguro-desemprego." Compulsando os autos, extrai-se do laudo médico de ID 516172c, realizado em 17/05/2024, que a reclamante estava grávida, na data em questão, há aproximadamente 09 semanas e 05 dias. Ao contrário do que argumenta a autora na inicial, o afastamento do labor se deu em 07/08/2024 (e não em 27/04/2024). Nesse sentido, vide anotação da CTPS de ID d2691c5 e o pedido de demissão de ID 6f7b2fc (documentos com data da rescisão em 07/08/2024, cuja validade não foi objeto de prova em contrário). Ou seja, no momento da rescisão (07/08/2024) a reclamante já estava grávida (reitero que o laudo que constatou a gravidez é de 17/05/2024). No julgamento do Incidente de Recurso Repetitivo nº 55, o TST firmou tese no sentido de que "a validade do pedido de demissão da empregada gestante, detentora da garantia provisória de emprego prevista no artigo 10, inciso II, alínea "b", do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT), está condicionada à assistência do sindicato profissional ou da autoridade local competente, nos termos do artigo 500 da CLT". Na hipótese, é incontroverso que não houve assistência sindical, mas rescisão contratual a partir do pedido de demissão da obreira. O pedido de demissão, portanto, não possui validade jurídica, visto que não cumpre os requisitos do art. 500 da CLT. Na hipótese, peço vênia para discordar do juízo de origem que considerou se tratar de hipótese de distinguishing, ao fundamento de que "não se mostra razoável exigir a assistência sindical na hipótese, eis que incontroverso que nenhuma das partes tinha ciência da gestação da obreira." É completamente irrelevante, para o caso em concreto, a ciência ou não da gravidez pelas partes, posto que a estabilidade visa proteger não somente a empregada grávida, mas o próprio nascituro. Em primeiro lugar, vale citar que o entendimento do juízo de origem afronta o item I da Súmula 244 do TST, que dita que "o desconhecimento do estado gravídico pelo empregador não afasta o direito ao pagamento da indenização decorrente da estabilidade" Em segundo lugar, a jurisprudência do TST caminha firme no entendimento majoritário de que o desconhecimento do estado gravídico, pelo empregador ou pela empregada, não afasta a estabilidade da gestante. Nesse sentido: "A) AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. PROCESSO SOB A ÉGIDE DAS LEIS 13.015/2014 E 13.467/2017. RITO SUMARÍSSIMO. GESTANTE. ESTABILIDADE PROVISÓRIA. DESCONHECIMENTO DO ESTADO GRAVÍDICO PELA EMPREGADA OU PELO EMPREGADOR NO MOMENTO DA DISPENSA. IRRELEVÂNCIA. SÚMULA 244, I, TST. [...] a rescisão do contrato de trabalho da obreira gestante, durante o período de gestação, ainda que desconhecida a gravidez pelo empregador ou até mesmo pela empregada , quando do ato da dispensa, não afasta o direito ao pagamento da indenização decorrente da estabilidade não usufruída. Logo , a mencionada estabilidade é assegurada à empregada gestante sem outras restrições que não a verificação da concepção na vigência do contrato de trabalho, considerado neste lapso contratual todo o período do aviso prévio (art. 487, § 1º, in fine , CLT). Importante registrar que esta Corte adotou a teoria da responsabilidade objetiva , considerando que a garantia constitucional tem como escopo a proteção da maternidade e do nascituro, independentemente da comprovação da gravidez perante o empregador. Este é o comando constitucional do art. 10, II, "b", do ADCT, lido em conjugação com o conjunto dos princípios, regras e institutos constitucionais. [...]." (Tribunal Superior do Trabalho (3ª Turma). Acórdão: 1001085-41.2018.5.02.0018. Relator(a): MAURICIO GODINHO DELGADO. Data de julgamento: 30/11/2022. Juntado aos autos em 02/12/2022.) [destaquei]. "RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO A ACÓRDÃO PUBLICADO NA VIGÊNCIA DA LEI N.º 13.467/2017. GESTANTE. GARANTIA PROVISÓRIA DE EMPREGO. DESCONHECIMENTO DA GRAVIDEZ NO MOMENTO DA DISPENSA. TRANSCENDÊNCIA POLÍTICA RECONHECIDA. 1 . Trata-se de controvérsia acerca do direito à garantia provisória de emprego à empregada gestante que, no ato da dispensa, desconhecia o estado gravídico. 2 . Esta Corte superior uniformizou seu entendimento acerca do tema, por meio da Súmula nº 244, I, no sentido de que " O desconhecimento do estado gravídico pelo empregador não afasta o direito ao pagamento da indenização decorrente da estabilidade (art. 10, II, "b" do ADCT) ". 3 . A tese esposada pela Corte de origem, no sentido de reconhecer o direito à garantia provisória no emprego apenas se a gravidez tiver sido confirmada, por exame clínico, antes da dispensa, contraria o entendimento consagrado na Súmula nº 244, I, desta Corte superior, resultando evidenciada a transcendência política da causa e a necessidade de reforma da decisão recorrida. 4 . Recurso de Revista conhecido e provido." (Tribunal Superior do Trabalho (6ª Turma). Acórdão: 1001256-91.2018.5.02.0472. Relator(a): LELIO BENTES CORREA. Data de julgamento: 24/02/2021. Juntado aos autos em 26/02/2021.) Embora haja entendimento diverso já exarado pelas Turmas deste Regional (conforme citado na sentença), também há precedentes que se coadunam com o entendimento majoritário do TST (o qual adoto por questão de disciplina judiciária). Nesse sentido: "AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. LEIS Nos 13.015/2014 E 13.467/2017. ESTABILIDADE PROVISÓRIA. GESTANTE. PEDIDO DE DEMISSÃO. DESCONHECIMENTO DA GRAVIDEZ. AUSÊNCIA DE HOMOLOGAÇÃO SINDICAL. Diante da possível violação do art. 10, II, letra "b", do ADCT, dá se provimento ao agravo de instrumento para determinar o processamento do recurso de revista, Agravo de instrumento a que se dá provimento. RECURSO DE REVISTA. RECLAMANTE. LEIS Nos 13.015/2014 E 13.467/2017. ESTABILIDADE PROVISÓRIA. GESTANTE. PEDIDO DE DEMISSÃO. DESCONHECIMENTO DA GRAVIDEZ. AUSÊNCIA DE HOMOLOGAÇÃO SINDICAL. Esta Corte, adotando a teoria da responsabilidade objetiva, considera que a garantia constitucional prevista no art. 10, II, "b", do ADCT objetiva a proteção à maternidade e ao nascituro. Nesse sentido interpretando o art. 500 da CLT, sedimentou o entendimento de que é inválido o pedido de demissão sem assistência sindical da empregada gestante, independente da duração do contrato de trabalho ou da ciência do estado gestacional pelo empregador, uma vez que a validade do pedido de dispensa de empregada gestante está condicionada à homologação prevista no referido dispositivo. Precedentes. Recurso de revista de que se conhece e a que se dá provimento." (RR-47-21.2022.5.12.0041, 3ª Turma, Relator Ministro Alberto Bastos Balazeiro, DEJT 10/11/2023) (TRT da 18ª Região; Processo: 0010787-21.2024.5.18.0261; Data de assinatura: 16-05-2025; Órgão Julgador: 3ª TURMA; Relator(a): MARCELO NOGUEIRA PEDRA). Cito, inclusive, recente julgado da eg. 1ª Turma do TRT da 18ª Região, de minha relatoria: "EMENTA. DIREITO DO TRABALHO. ESTABILIDADE PROVISÓRIA DA GESTANTE. DESNECESSIDADE DE CIÊNCIA PRÉVIA DA GRAVIDEZ PELO EMPREGADOR. INDENIZAÇÃO SUBSTITUTIVA. RENÚNCIA NÃO CONFIGURADA. A estabilidade provisória da gestante independe do momento em que se constata o estado gravídico, desde que a concepção tenha ocorrido durante a vigência do contrato de trabalho. O desconhecimento da gravidez por parte da empregada e do empregador na data da rescisão contratual não afasta o direito à estabilidade. A opção pela indenização substitutiva não configura renúncia à estabilidade garantida constitucionalmente. Recurso provido." (TRT da 18ª Região; Processo: 0011742-10.2024.5.18.0081; Data de assinatura: 24-06-2025; Órgão Julgador: 1ª TURMA; Relator(a): CELSO MOREDO GARCIA.) Ante o exposto, reputo inválido o pedido de demissão da reclamante e reconheço que a autora faz jus à estabilidade provisória no emprego prevista no artigo 10, inciso II, alínea "b", do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT). Quanto à rescisão contratual, não há que se falar em rescisão indireta, pois a consequência lógica da invalidade do pedido de demissão da empregada grávida, quando não for possível ou for desaconselhável a reintegração (como é o caso), é o reconhecimento da dispensa sem justa causa (que, na prática, possui os mesmos efeitos jurídicos da rescisão indireta). Assim, prejudicado o pedido de reconhecimento da rescisão indireta do contrato de trabalho, reconheço que a reclamante foi dispensada sem justa causa pelo empregador (esclareço, desde já, que o reconhecimento de tal modalidade rescisória não implica em julgamento citra, ultra ou extra petita, pois é decorrência lógica da invalidade do pedido de demissão da empregada gestante, sendo que as verbas rescisórias, seja na dispensa imotivada, seja na rescisão indireta, são as mesmas). Ante o exposto, dou parcial provimento ao recurso ordinário da reclamante para reconhecer o direito da autora à estabilidade provisória no emprego, desde a confirmação da gravidez até cinco meses após parto, bem como para declarar a invalidade do pedido de demissão da reclamante e reconhecer que o contrato de trabalho se encerrou em virtude de dispensa sem justa causa pela empregadora. Por conseguinte, condeno a reclamada a pagar à reclamante indenização substitutiva ao período de estabilidade provisória no emprego (que compreende salários, férias + 1/3, 13º salários e FGTS + 40%). A indenização substitutiva tem como termo inicial o dia 08/08/2024 (primeiro dia após a rescisão contratual operada pela reclamada) e termo final o dia em que se completar cinco meses após o parto. A fim de delimitar a data de término da estabilidade e possibilitar o cumprimento das obrigações de fazer e de pagar pela reclamada, bem como a liquidação do julgado, a reclamante deverá, no prazo de 05 dias após intimação específica para tal, juntar aos autos cópia de certidão de nascimento de seu/sua filho(a). Denomina-se parto o evento ocorrido a partir da 23ª semana de gestação, ainda no caso de natimorto (artigo 294, §3º da IN INSS/PRES 45/2010). No caso de aborto espontâneo, a obreira faz jus à indenização decorrente da estabilidade, desde o termo inicial acima fixado até o limite de duas semanas após o evento, nos termos do artigo 395, da CLT. Ainda, nos limites do que foi pleiteado na inicial, condeno a reclamada a pagar à reclamante aviso prévio indenizado (30 dias) e a projeção deste sobre férias proporcionais indenizadas + 1/3, 13º salário proporcional e FGTS + 40%. Ficam rejeitados os demais pedidos relativos a saldo de salário, férias e 13º salários. Em relação ao saldo de salário, o contrato de trabalho foi encerrado pela reclamada em agosto/2024 (e não abril ou maio, como apontado pela autora na inicial). Em relação às demais parcelas, o TRCT de ID e887148 apontou o pagamento das verbas rescisórias em questão (com pagamento conforme ID 12009cf), sendo que o período de estabilidade não trabalhado já está incluso na indenização acima deferida. Ressalvo que, na sentença, já houve condenação ao pagamento de FGTS + 40% pelo período trabalhado, bem como também já foram fixadas multas do art. 467 e do §8º do art. 477 da CLT. Para fins de apuração das parcelas, deverá ser observada a evolução dos valores salariais presentes nos contracheques juntados aos autos. Ausente período sem contracheque, deve-se considerar, em relação a tal período, que a reclamante recebeu a remuneração indicada na inicial. Finalmente, deverá a reclamada proceder com a retificação da CTPS da reclamante para fazer constar a data de afastamento (já considerado o período de estabilidade e a projeção do aviso prévio após tal período), expedir TRCT no código próprio e guia para acesso a saldo de FGTS. Dou parcial provimento. CONCLUSÃO Ante o exposto, conheço do recurso ordinário da reclamante para, no mérito, DAR-LHE PARCIAL PROVIMENTO, nos termos da fundamentação. Em face da reforma operada no julgado de origem, fixo novo valor à condenação (R$ 30.000,00) e majoro as custas processuais, em desfavor da reclamada, para R$ 600,00. É como voto. GJCMG-09 ACÓRDÃO ISTO POSTO, acordam os membros da Terceira Turma do Egrégio Tribunal Regional do Trabalho da 18ª Região, em sessão ordinária virtual hoje realizada, por unanimidade, conhecer do recurso da Reclamante e, no mérito, por maioria, dar-lhe parcial provimento, nos termos do voto do Relator. Votou vencida, em parte, a Desembargadora Wanda Lúcia Ramos da Silva que dava provimento parcial menos amplo ao apelo e que juntará voto vencido quanto à determinação de retificação da CTPS para fazer constar a data de afastamento (já considerado o período de estabilidade e a projeção do aviso prévio após tal período). Participaram do julgamento a Excelentíssima Desembargadora WANDA LÚCIA RAMOS DA SILVA (Presidente) e os Excelentíssimos Juízes CELSO MOREDO GARCIA (convocado para atuar no Tribunal, conforme Portaria TRT 18ª nº 670/2025) e ISRAEL BRASIL ADOURIAN (convocado no Gabinete do Excelentíssimo Desembargador Elvecio Moura dos Santos, conforme Portaria TRT 18ª nº 1526/2025). Presente na assentada de julgamento o d. representante do Ministério Público do Trabalho. Sessão de julgamento secretariada pela Diretora da Coordenadoria de Apoio à Terceira Turma, Maria Valdete Machado Teles. Goiânia, 18 de julho de 2025. CELSO MOREDO GARCIA Juiz Relator GOIANIA/GO, 01 de agosto de 2025. MARILIA DORNELA DE MELO CASTRO Diretor de Secretaria Intimado(s) / Citado(s) - LAURA LOPES DA SILVA

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Laura Lopes Da Silva x Santa Marta Distribuidora De Drogas Ltda Em Recuperacao Judicial

ID: 341397078

Tribunal: TRT18 Órgão: 3ª TURMA Classe: RECURSO ORDINáRIO - RITO SUMARíSSIMO Nº Processo: 0012013-53.2024.5.18.0005

Data de Disponibilização: 04/08/2025

Polo Ativo:

LAURA LOPES DA SILVA

Polo Passivo:

SANTA MARTA DISTRIBUIDORA DE DROGAS LTDA EM RECUPERACAO JUDICIAL

Acórdão

Advogados:

JOHNATHAN MORAIS DE ALMEIDA

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ANDERSON RODRIGO MACHADO

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AGNALDO JUNIO RODRIGUES QUADROS

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PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 18ª REGIÃO 3ª TURMA Relator: CELSO MOREDO GARCIA RORSum 0012013-53.2024.5.18.0005 RECORRENTE: LAURA LOPES DA SILVA RECORRI… PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 18ª REGIÃO 3ª TURMA Relator: CELSO MOREDO GARCIA RORSum 0012013-53.2024.5.18.0005 RECORRENTE: LAURA LOPES DA SILVA RECORRIDO: SANTA MARTA DISTRIBUIDORA DE DROGAS LTDA EM RECUPERACAO JUDICIAL PROCESSO - RORSum - 0012013-53.2024.5.18.0005 RELATOR : JUIZ CONVOCADO CELSO MOREDO GARCIA RECORRENTE: LAURA LOPES DA SILVA ADVOGADO(S) : AGNALDO JUNIO RODRIGUES QUADROS E OUTROS RECORRIDO: SANTA MARTA DISTRIBUIDORA DE DROGAS LTDA (EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL) ADVOGADO: ANDERSON RODRIGO MACHADO ORIGEM : 5ª VARA DO TRABALHO DE GOIÂNIA JUÍZA : LAIZ ALCANTARA PEREIRA EMENTA EMENTA: "DIREITO DO TRABALHO. ESTABILIDADE PROVISÓRIA DA GESTANTE. DESNECESSIDADE DE CIÊNCIA PRÉVIA DA GRAVIDEZ PELO EMPREGADOR. INDENIZAÇÃO SUBSTITUTIVA. RENÚNCIA NÃO CONFIGURADA. A estabilidade provisória da gestante independe do momento em que se constata o estado gravídico, desde que a concepção tenha ocorrido durante a vigência do contrato de trabalho. O desconhecimento da gravidez por parte da empregada e do empregador na data da rescisão contratual não afasta o direito à estabilidade. A opção pela indenização substitutiva não configura renúncia à estabilidade garantida constitucionalmente. Recurso provido." (TRT da 18ª Região; Processo: 0011742-10.2024.5.18.0081; 00Data de assinatura: 24-06-2025; Órgão Julgador: 1ª TURMA; Relator(a): CELSO MOREDO GARCIA.) RELATÓRIO Dispensado, por força do disposto no artigo 852-I, caput, da CLT. VOTO ADMISSIBILIDADE O recurso interposto pela reclamante é adequado, tempestivo e regular quanto à representação processual (ID 7ad7894). Portanto, conheço do recurso ordinário interposto pela reclamante. MÉRITO DA ESTABILIDADE DA GESTANTE. RESCISÃO CONTRATUAL. VERBAS RESCISÓRIAS A reclamante/recorrente pugna pela reforma da sentença que julgou improcedentes os pedidos de reconhecimento de estabilidade provisória no emprego, pagamento de indenização substitutiva à estabilidade, rescisão indireta e verbas rescisórias. Argumenta, em suma, o seguinte: que a sentença não observou a gravidade da falta grave cometida pela empregadora (ausência de recolhimento de FGTS); que a assistência sindical é condição necessária para a rescisão contratual da empregada gestante, ainda que haja desconhecimento sobre a gravidez; que a ausência do requisito do art. 500 da CLT torna nulo o pedido de demissão; que a ausência de recolhimento de FGTS afasta a validade do pedido de demissão. Pois bem. A sentença de origem assim disse e decidiu sobre a matéria: "DA CONVERSÃO DO PEDIDO DE DEMISSÃO EM RESCISÃO INDIRETA DO CONTRATO DE TRABALHO; DAS PARCELAS RESCISÓRIAS; DO FGTS+40%, DA MULTA DO ART. 477 DA CLT. Afirma a Reclamante que foi admitida em 06.06.2023 e no dia 27.04.2024, insatisfeito com as condições de trabalho, pediu demissão, em razão da ausência de recolhimentos de FGTS no período de agosto de 2023 a abril de 2024. Pleiteia seja convertido o pedido de demissão em rescisão indireta do contrato de trabalho, com condenação da Reclamada ao pagamento do aviso prévio indenizado, diferenças de férias acrescidas do terço constitucional, 13º salário, FGTS +40% e multa do art. 477 da CLT. Aduz ainda que descobriu sua gravidez de 6 semanas em 17.05.2024. Afirma que "É certo que a época de seu afastamento a reclamante não tinha ciência de sua gravidez, contudo, ao tomar conhecimento desta condição, a autora comunicou sua gravidez a reclamada, que, por sua vez, preferiu a absoluta inércia.". Aduz que a reclamada deveria ter observado o artigo 500 da CLT. Em contrapartida, a Reclamada expõe que a Reclamante pediu demissão; que inexiste nulidade no pedido de demissão; indevido o pagamento do aviso prévio indenizado e da multa do art. 477, §8º da CLT. Afirma ainda que "No caso concreto, as partes desconheciam o estado gravídico da recorrida, e não haveria sentido e muito menos obrigação de o respectivo pedido de demissão ser assistido pelo sindicato da categoria profissional." "Nunca houve pela reclamante qualquer comunicação referente a sua gravidez ou solicitação para a anulação ou cancelamento da demissão para retorno ao posto de trabalho." Em impugnação a reclamante registra que "não pleiteia a nulidade do pedido de demissão, mas sim a sua conversão em rescisão indireta, conforme os fundamentos do artigo 483 da CLT. A ausência de conhecimento prévio sobre a gestação não afasta a aplicabilidade da estabilidade gestacional, que independe de manifestação expressa da gestante." Pois bem. Resta incontroverso que a parte autora não tinha conhecimento da gravidez antes do término do contrato. Cabe à autora comprovar a alegação de que comunicou à empresa seu estado gravídico, ônus da qual não se desincumbiu, ou sequer, impugnou em sede de impugnação. Portanto, tenho que houve pedido de demissão em 27.04.2024 sem qualquer alegação de nulidade ou vício; com ciência da gravidez pela reclamante posterior ao pedido demissão, sem qualquer comunicação à reclamada; e ajuizamento da demanda em 20.12.2024. Inexiste pedido de reintegração. Considerando as questões fáticas incontroversas, analiso. O pedido de demissão formulado pela Reclamante formulado de próprio punho (f. 76 dos autos em PDF), constitui ato jurídico perfeito, sendo que sequer existe alegação de vício de consentimento. Portanto, não há razões para se declarar a nulidade da declaração de vontade isenta de vícios. A propósito: REVERSÃO DO PEDIDO DE DEMISSÃO EM RESCISÃO INDIRETA. INEXISTÊNCIA DE NULIDADE. INDEFERIMENTO DO PEDIDO. Para reversão do pedido de demissão em rescisão indireta, é necessária a convincente demonstração do (s) ato (s) ou fato (s) que possuem o condão de viciar a vontade manifestada pelo empregado, a ponto de se declarar a nulidade alegada e, consequentemente, converter a ruptura contratual em rescisão indireta. Não demonstrado vício na vontade da reclamante, deve-se manter o pedido de demissão por ela feito. (TRT-18 - ROT: 00119988620225180221, Relator: GENTIL PIO DE OLIVEIRA, 1ª TURMA). Neste ponto, vale esclarecer, ainda, que a existência de eventuais faltas praticadas pela parte Reclamada, não é suficiente, por si só, a invalidar o ato de demissão realizado por mera liberalidade da Reclamante, visto que a empregada deveria ter optado pela rescisão indireta do contrato de trabalho, permanecendo ou não no serviço até final decisão do processo, ao invés do pedido de demissão, nos moldes do art. 483, §3º da CLT. Nesse sentido: PEDIDO DE DEMISSÃO. CONVERSÃO EM RESCISÃO INDIRETA. AUSÊNCIA DE VÍCIO DE CONSENTIMENTO. O pedido de demissão feito pelo empregado possui presunção de veracidade quanto à sua livre e espontânea vontade, caracterizando-se como ato jurídico perfeito. Assim, o reconhecimento de nulidade do pedido de demissão depende da comprovação inequívoca por parte do autor da existência de vício de consentimento (art. 185 c/c art. 166, 167 e 171, todos do Código Civil), ressalvando-se que o descumprimento de obrigações trabalhistas não caracteriza vício de consentimento, uma vez que a parte autora poderia insurgir-se judicialmente em face das supostas ilegalidades que entendesse praticadas pela ré, pleiteando a rescisão indireta de seu contrato antes do pedido de demissão. (TRT18, RORSum - 0010143-39.2021.5.18.0211, Rel. WELINGTON LUIS PEIXOTO, 1ª TURMA, 25/04/2022). PEDIDO DE DEMISSÃO. RESCISÃO INDIRETA. Uma vez demonstrado o fato de que o autor pediu demissão por livre e espontânea vontade, resta impossibilitado o reconhecimento da rescisão indireta pleiteada. Isto porque o pedido de demissão implicou ato jurídico perfeito e extinguiu o contrato de trabalho por iniciativa do reclamante, não podendo ser caracterizado como rescisão indireta, ainda que viesse a ser comprovado descumprimento contratual pela reclamada. (TRT-2 10013976320205020465 SP, Relator: MERCIA TOMAZINHO, 3ª Turma - Cadeira 4, Data de Publicação: 23/05/2022) Por todo exposto, resta claro que o pedido de demissão formulado pela Reclamante se deu de forma voluntária, não podendo ser atribuída ao empregador a responsabilidade pela decisão espontânea da Reclamante de rescindir o contrato de trabalho. Quanto à alegada estabilidade gestante, destaco que em que pese a tese vinculante do TST, no sentido de que "A validade do pedido de demissão da empregada gestante, detentora da estabilidade provisória prevista no artigo 10, inciso II, alínea "b", do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT), está condicionada à assistência do sindicato profissional ou da autoridade local competente, nos termos do artigo 500 da CLT", conforme Tema 55 de Incidente de Recurso de Revista Repetitivo - IRRR; no presente caso, impõe-se aplicar a técnica interpretativa Distinguishing, para afastar a aplicação do entendimento Tema 55 de Incidente de Recurso de Revista Repetitivo - IRRR, uma vez que não se mostra razoável exigir a assistência sindical na hipótese, eis que incontroverso que nenhuma das partes tinha ciência da gestação da obreira. Neste sentido, destaco: Ementa: DIREITO DO TRABALHO. RECURSO ORDINÁRIO. ESTABILIDADE PROVISÓRIA DA GESTANTE. PEDIDO DE DEMISSÃO. DESCONHECIMENTO DA GRAVIDEZ. INEXISTÊNCIA DE VÍCIO DE CONSENTIMENTO. DISTINGUISHING. INAPLICABILIDADE DO TEMA 55 DO TST. REFORMA DA SENTENÇA. IMPROCEDÊNCIA DOS PEDIDOS. (TRT-18 - RORSum-0011671-42.2024.5.18.0005. Relator.: Welington Luis Peixoto. 1ª Turma. Data do Julgamento: 06.05.2025). "RECURSO DE REVISTA. APELO INTERPOSTO NA VIGÊNCIA DO NOVO CPC. PEDIDO DE DEMISSÃO. GESTANTE . RENÚNCIA À ESTABILIDADE PROVISÓRIA. As disposições contidas no art. 10, II, b, do ADCT determinam a proibição da dispensa arbitrária ou sem justa causa da empregada gestante, o que não é a hipótese dos autos, uma vez que o pedido de rescisão contratual partiu da Reclamante, não estando demonstrado, no acórdão recorrido, nenhum vício de consentimento capaz de invalidar o ato de vontade. Assim, incompatível a garantia de emprego da empregada gestante quando há pedido de demissão pela Obreira, sem qualquer vício ou coação . Logo, ileso o art. 10, II, b, do ADCT. Recurso de Revista não conhecido."- destacado (TST - RR: 10025281720155020605, Relator.: Maria de Assis Calsing, Data de Julgamento: 30/08/2017, 4ª Turma, Data de Publicação: DEJT 01/09/2017)(TRT-18 - ROT: 00111158720245180054, Relator: KATHIA MARIA BOMTEMPO DE ALBUQUERQUE, 2ª TURMA - Gab . Des. Kathia Maria Bomtempo de Albuquerque). Por todo o exposto, considerando a validade do pedido de demissão, julgo improcedente o pedido de conversão do pedido demissão em rescisão indireta do contrato de trabalho, e, por via de consequência, aviso prévio, pagamento da multa de 40% sobre o FGTS; bem como liberação do FGTS e acesso ao seguro-desemprego." Compulsando os autos, extrai-se do laudo médico de ID 516172c, realizado em 17/05/2024, que a reclamante estava grávida, na data em questão, há aproximadamente 09 semanas e 05 dias. Ao contrário do que argumenta a autora na inicial, o afastamento do labor se deu em 07/08/2024 (e não em 27/04/2024). Nesse sentido, vide anotação da CTPS de ID d2691c5 e o pedido de demissão de ID 6f7b2fc (documentos com data da rescisão em 07/08/2024, cuja validade não foi objeto de prova em contrário). Ou seja, no momento da rescisão (07/08/2024) a reclamante já estava grávida (reitero que o laudo que constatou a gravidez é de 17/05/2024). No julgamento do Incidente de Recurso Repetitivo nº 55, o TST firmou tese no sentido de que "a validade do pedido de demissão da empregada gestante, detentora da garantia provisória de emprego prevista no artigo 10, inciso II, alínea "b", do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT), está condicionada à assistência do sindicato profissional ou da autoridade local competente, nos termos do artigo 500 da CLT". Na hipótese, é incontroverso que não houve assistência sindical, mas rescisão contratual a partir do pedido de demissão da obreira. O pedido de demissão, portanto, não possui validade jurídica, visto que não cumpre os requisitos do art. 500 da CLT. Na hipótese, peço vênia para discordar do juízo de origem que considerou se tratar de hipótese de distinguishing, ao fundamento de que "não se mostra razoável exigir a assistência sindical na hipótese, eis que incontroverso que nenhuma das partes tinha ciência da gestação da obreira." É completamente irrelevante, para o caso em concreto, a ciência ou não da gravidez pelas partes, posto que a estabilidade visa proteger não somente a empregada grávida, mas o próprio nascituro. Em primeiro lugar, vale citar que o entendimento do juízo de origem afronta o item I da Súmula 244 do TST, que dita que "o desconhecimento do estado gravídico pelo empregador não afasta o direito ao pagamento da indenização decorrente da estabilidade" Em segundo lugar, a jurisprudência do TST caminha firme no entendimento majoritário de que o desconhecimento do estado gravídico, pelo empregador ou pela empregada, não afasta a estabilidade da gestante. Nesse sentido: "A) AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. PROCESSO SOB A ÉGIDE DAS LEIS 13.015/2014 E 13.467/2017. RITO SUMARÍSSIMO. GESTANTE. ESTABILIDADE PROVISÓRIA. DESCONHECIMENTO DO ESTADO GRAVÍDICO PELA EMPREGADA OU PELO EMPREGADOR NO MOMENTO DA DISPENSA. IRRELEVÂNCIA. SÚMULA 244, I, TST. [...] a rescisão do contrato de trabalho da obreira gestante, durante o período de gestação, ainda que desconhecida a gravidez pelo empregador ou até mesmo pela empregada , quando do ato da dispensa, não afasta o direito ao pagamento da indenização decorrente da estabilidade não usufruída. Logo , a mencionada estabilidade é assegurada à empregada gestante sem outras restrições que não a verificação da concepção na vigência do contrato de trabalho, considerado neste lapso contratual todo o período do aviso prévio (art. 487, § 1º, in fine , CLT). Importante registrar que esta Corte adotou a teoria da responsabilidade objetiva , considerando que a garantia constitucional tem como escopo a proteção da maternidade e do nascituro, independentemente da comprovação da gravidez perante o empregador. Este é o comando constitucional do art. 10, II, "b", do ADCT, lido em conjugação com o conjunto dos princípios, regras e institutos constitucionais. [...]." (Tribunal Superior do Trabalho (3ª Turma). Acórdão: 1001085-41.2018.5.02.0018. Relator(a): MAURICIO GODINHO DELGADO. Data de julgamento: 30/11/2022. Juntado aos autos em 02/12/2022.) [destaquei]. "RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO A ACÓRDÃO PUBLICADO NA VIGÊNCIA DA LEI N.º 13.467/2017. GESTANTE. GARANTIA PROVISÓRIA DE EMPREGO. DESCONHECIMENTO DA GRAVIDEZ NO MOMENTO DA DISPENSA. TRANSCENDÊNCIA POLÍTICA RECONHECIDA. 1 . Trata-se de controvérsia acerca do direito à garantia provisória de emprego à empregada gestante que, no ato da dispensa, desconhecia o estado gravídico. 2 . Esta Corte superior uniformizou seu entendimento acerca do tema, por meio da Súmula nº 244, I, no sentido de que " O desconhecimento do estado gravídico pelo empregador não afasta o direito ao pagamento da indenização decorrente da estabilidade (art. 10, II, "b" do ADCT) ". 3 . A tese esposada pela Corte de origem, no sentido de reconhecer o direito à garantia provisória no emprego apenas se a gravidez tiver sido confirmada, por exame clínico, antes da dispensa, contraria o entendimento consagrado na Súmula nº 244, I, desta Corte superior, resultando evidenciada a transcendência política da causa e a necessidade de reforma da decisão recorrida. 4 . Recurso de Revista conhecido e provido." (Tribunal Superior do Trabalho (6ª Turma). Acórdão: 1001256-91.2018.5.02.0472. Relator(a): LELIO BENTES CORREA. Data de julgamento: 24/02/2021. Juntado aos autos em 26/02/2021.) Embora haja entendimento diverso já exarado pelas Turmas deste Regional (conforme citado na sentença), também há precedentes que se coadunam com o entendimento majoritário do TST (o qual adoto por questão de disciplina judiciária). Nesse sentido: "AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. LEIS Nos 13.015/2014 E 13.467/2017. ESTABILIDADE PROVISÓRIA. GESTANTE. PEDIDO DE DEMISSÃO. DESCONHECIMENTO DA GRAVIDEZ. AUSÊNCIA DE HOMOLOGAÇÃO SINDICAL. Diante da possível violação do art. 10, II, letra "b", do ADCT, dá se provimento ao agravo de instrumento para determinar o processamento do recurso de revista, Agravo de instrumento a que se dá provimento. RECURSO DE REVISTA. RECLAMANTE. LEIS Nos 13.015/2014 E 13.467/2017. ESTABILIDADE PROVISÓRIA. GESTANTE. PEDIDO DE DEMISSÃO. DESCONHECIMENTO DA GRAVIDEZ. AUSÊNCIA DE HOMOLOGAÇÃO SINDICAL. Esta Corte, adotando a teoria da responsabilidade objetiva, considera que a garantia constitucional prevista no art. 10, II, "b", do ADCT objetiva a proteção à maternidade e ao nascituro. Nesse sentido interpretando o art. 500 da CLT, sedimentou o entendimento de que é inválido o pedido de demissão sem assistência sindical da empregada gestante, independente da duração do contrato de trabalho ou da ciência do estado gestacional pelo empregador, uma vez que a validade do pedido de dispensa de empregada gestante está condicionada à homologação prevista no referido dispositivo. Precedentes. Recurso de revista de que se conhece e a que se dá provimento." (RR-47-21.2022.5.12.0041, 3ª Turma, Relator Ministro Alberto Bastos Balazeiro, DEJT 10/11/2023) (TRT da 18ª Região; Processo: 0010787-21.2024.5.18.0261; Data de assinatura: 16-05-2025; Órgão Julgador: 3ª TURMA; Relator(a): MARCELO NOGUEIRA PEDRA). Cito, inclusive, recente julgado da eg. 1ª Turma do TRT da 18ª Região, de minha relatoria: "EMENTA. DIREITO DO TRABALHO. ESTABILIDADE PROVISÓRIA DA GESTANTE. DESNECESSIDADE DE CIÊNCIA PRÉVIA DA GRAVIDEZ PELO EMPREGADOR. INDENIZAÇÃO SUBSTITUTIVA. RENÚNCIA NÃO CONFIGURADA. A estabilidade provisória da gestante independe do momento em que se constata o estado gravídico, desde que a concepção tenha ocorrido durante a vigência do contrato de trabalho. O desconhecimento da gravidez por parte da empregada e do empregador na data da rescisão contratual não afasta o direito à estabilidade. A opção pela indenização substitutiva não configura renúncia à estabilidade garantida constitucionalmente. Recurso provido." (TRT da 18ª Região; Processo: 0011742-10.2024.5.18.0081; Data de assinatura: 24-06-2025; Órgão Julgador: 1ª TURMA; Relator(a): CELSO MOREDO GARCIA.) Ante o exposto, reputo inválido o pedido de demissão da reclamante e reconheço que a autora faz jus à estabilidade provisória no emprego prevista no artigo 10, inciso II, alínea "b", do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT). Quanto à rescisão contratual, não há que se falar em rescisão indireta, pois a consequência lógica da invalidade do pedido de demissão da empregada grávida, quando não for possível ou for desaconselhável a reintegração (como é o caso), é o reconhecimento da dispensa sem justa causa (que, na prática, possui os mesmos efeitos jurídicos da rescisão indireta). Assim, prejudicado o pedido de reconhecimento da rescisão indireta do contrato de trabalho, reconheço que a reclamante foi dispensada sem justa causa pelo empregador (esclareço, desde já, que o reconhecimento de tal modalidade rescisória não implica em julgamento citra, ultra ou extra petita, pois é decorrência lógica da invalidade do pedido de demissão da empregada gestante, sendo que as verbas rescisórias, seja na dispensa imotivada, seja na rescisão indireta, são as mesmas). Ante o exposto, dou parcial provimento ao recurso ordinário da reclamante para reconhecer o direito da autora à estabilidade provisória no emprego, desde a confirmação da gravidez até cinco meses após parto, bem como para declarar a invalidade do pedido de demissão da reclamante e reconhecer que o contrato de trabalho se encerrou em virtude de dispensa sem justa causa pela empregadora. Por conseguinte, condeno a reclamada a pagar à reclamante indenização substitutiva ao período de estabilidade provisória no emprego (que compreende salários, férias + 1/3, 13º salários e FGTS + 40%). A indenização substitutiva tem como termo inicial o dia 08/08/2024 (primeiro dia após a rescisão contratual operada pela reclamada) e termo final o dia em que se completar cinco meses após o parto. A fim de delimitar a data de término da estabilidade e possibilitar o cumprimento das obrigações de fazer e de pagar pela reclamada, bem como a liquidação do julgado, a reclamante deverá, no prazo de 05 dias após intimação específica para tal, juntar aos autos cópia de certidão de nascimento de seu/sua filho(a). Denomina-se parto o evento ocorrido a partir da 23ª semana de gestação, ainda no caso de natimorto (artigo 294, §3º da IN INSS/PRES 45/2010). No caso de aborto espontâneo, a obreira faz jus à indenização decorrente da estabilidade, desde o termo inicial acima fixado até o limite de duas semanas após o evento, nos termos do artigo 395, da CLT. Ainda, nos limites do que foi pleiteado na inicial, condeno a reclamada a pagar à reclamante aviso prévio indenizado (30 dias) e a projeção deste sobre férias proporcionais indenizadas + 1/3, 13º salário proporcional e FGTS + 40%. Ficam rejeitados os demais pedidos relativos a saldo de salário, férias e 13º salários. Em relação ao saldo de salário, o contrato de trabalho foi encerrado pela reclamada em agosto/2024 (e não abril ou maio, como apontado pela autora na inicial). Em relação às demais parcelas, o TRCT de ID e887148 apontou o pagamento das verbas rescisórias em questão (com pagamento conforme ID 12009cf), sendo que o período de estabilidade não trabalhado já está incluso na indenização acima deferida. Ressalvo que, na sentença, já houve condenação ao pagamento de FGTS + 40% pelo período trabalhado, bem como também já foram fixadas multas do art. 467 e do §8º do art. 477 da CLT. Para fins de apuração das parcelas, deverá ser observada a evolução dos valores salariais presentes nos contracheques juntados aos autos. Ausente período sem contracheque, deve-se considerar, em relação a tal período, que a reclamante recebeu a remuneração indicada na inicial. Finalmente, deverá a reclamada proceder com a retificação da CTPS da reclamante para fazer constar a data de afastamento (já considerado o período de estabilidade e a projeção do aviso prévio após tal período), expedir TRCT no código próprio e guia para acesso a saldo de FGTS. Dou parcial provimento. CONCLUSÃO Ante o exposto, conheço do recurso ordinário da reclamante para, no mérito, DAR-LHE PARCIAL PROVIMENTO, nos termos da fundamentação. Em face da reforma operada no julgado de origem, fixo novo valor à condenação (R$ 30.000,00) e majoro as custas processuais, em desfavor da reclamada, para R$ 600,00. É como voto. GJCMG-09 ACÓRDÃO ISTO POSTO, acordam os membros da Terceira Turma do Egrégio Tribunal Regional do Trabalho da 18ª Região, em sessão ordinária virtual hoje realizada, por unanimidade, conhecer do recurso da Reclamante e, no mérito, por maioria, dar-lhe parcial provimento, nos termos do voto do Relator. Votou vencida, em parte, a Desembargadora Wanda Lúcia Ramos da Silva que dava provimento parcial menos amplo ao apelo e que juntará voto vencido quanto à determinação de retificação da CTPS para fazer constar a data de afastamento (já considerado o período de estabilidade e a projeção do aviso prévio após tal período). Participaram do julgamento a Excelentíssima Desembargadora WANDA LÚCIA RAMOS DA SILVA (Presidente) e os Excelentíssimos Juízes CELSO MOREDO GARCIA (convocado para atuar no Tribunal, conforme Portaria TRT 18ª nº 670/2025) e ISRAEL BRASIL ADOURIAN (convocado no Gabinete do Excelentíssimo Desembargador Elvecio Moura dos Santos, conforme Portaria TRT 18ª nº 1526/2025). Presente na assentada de julgamento o d. representante do Ministério Público do Trabalho. Sessão de julgamento secretariada pela Diretora da Coordenadoria de Apoio à Terceira Turma, Maria Valdete Machado Teles. Goiânia, 18 de julho de 2025. CELSO MOREDO GARCIA Juiz Relator GOIANIA/GO, 01 de agosto de 2025. MARILIA DORNELA DE MELO CASTRO Diretor de Secretaria Intimado(s) / Citado(s) - SANTA MARTA DISTRIBUIDORA DE DROGAS LTDA EM RECUPERACAO JUDICIAL

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Resultados para o tribunal: TRT18

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