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Processo nº 1010288-12.2018.8.26.0114

ID: 335012578

Tribunal: TJSP Órgão: Foro de Campinas - 2ª Vara Cível Classe: FALêNCIA DE EMPRESáRIOS, SOCIEDADES EMPRESáRIAIS, MICROEMPRESAS E EMPRESAS DE PEQUENO PORTE Nº Processo: 1010288-12.2018.8.26.0114

Data de Disponibilização: 25/07/2025

Polo Ativo:

Polo Passivo:

ON FACILITIES EIRELI EPP SALVADOR RIBEIRO DA TRINDADE FILHO SERRA

Intimação

Advogados:

YURI AURELIO NASCIMENTO ARANTES CARDOSO

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WILSON RAIA DE CARVALHO

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WELLY FERNANDO GALDIANO

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WASHINGTON ANTONIO T DE FREITAS JUNIOR

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WALDEMIRO LINS DE ALBUQUERQUE NETO

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WAGNER DUCCINI

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VIVIANE LOPES SOARES

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VIVIAN ASTOLPHO DOS SANTOS

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THIAGO SOARES GERBASI

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THIAGO PÓVOA MIRANDA

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THATIANA HELENA DE OLIVEIRA PONGITORI CAMPOS

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TACITA MENDONÇA FIGUEIREDO

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SEBASTIÃO LUIZ NEVES JUNIOR

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RUTINETE BATISTA DE NOVAIS

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RUBENS SERGIO DOS SANTOS VAZ JUNIOR

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RONALDO GERD SEIFERT

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ROMIGLIO FINOZZI JUNIOR

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ROGERIO BACIEGA

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RODRIGO DOZZI CALZA

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RODRIGO DA VEIGA LIMA

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ROBERTO CARDONE

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RICARDO BARRETTO FERREIRA DA SILVA

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RENATO RUSSO

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RENATA DA VEIGA LIMA BERNARDES

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RAQUEL CORREA RIBEIRA

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RAPHAEL BARROS ANDRADE LIMA

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RAFAEL MONACO MARTINS

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RAFAEL DA SILVA HONORIO GUIDO

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RAFAEL BUZZO DE MATOS

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PRISCILLA PEREIRA DE CARVALHO

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PAULO JOAQUIM MARTINS FERRAZ

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NATALIA BACARO COELHO

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NANCY GOMBOSSY DE MELO FRANCO

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MIRELLA D´ANGELO CALDEIRA FADEL

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MILENA GILA FONTES

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MAURO CARAMICO

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MAURICIO VIEIRA DO NASCIMENTO

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MAURICIO GALVAO DE ANDRADE

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MARLI GONZAGA DE OLIVEIRA BARROS

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MARINA PEREIRA LIMA PENTEADO

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MARINA ALVARENGA DUARTE CAMPOS

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MARILISA DREM

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MARIA DA GRACA COELHO MARINS

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MARCUS ALEXANDRE DA SILVA

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MARCOS FELIPE DE ALMEIDA FERNANDES

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MARCO AURELIO FERREIRA NICOLIELLO

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MARCIO DUARTE NOVAES

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MARCIA REGINA COVRE

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MARCELO SCAFF PADILHA

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MARCELO APARECIDO PARDAL

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LUIZ FERNANDO MONTENEGRO

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LUIS HENRIQUE TOZZI

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LUCIANA NUNES DA SILVA

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LUCIA APARECIDA PEREIRA GAMA

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LUANA MACHADO COSTA

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LEONARDO DE CASTRO E SILVA FIGLIOLI

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LEANDRO HENRIQUE BOSSONARIO

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LARA MACHADO REIS DE SOUZA

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JULIO CESAR CHIONHA

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JOSE MONTEIRO SOBRINHO

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JOSE MOLINA RODRIGUES

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JOSE LUIS FINOCCHIO JUNIOR

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JOSÉ EDUARDO BERTO GALDIANO

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JOSE ARTUR POZZETTI

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JOSE ANTONIO FELIX PEREIRA

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JORGE MARCIO ARANTES CARDOSO

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JORGE CHAMY

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JOEL FERREIRA VAZ FILHO

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JOAO FERNANDO DE SOUZA HAJAR

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JÉSSICA KARINA SALA ATTILIO

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JEFFERSON DOUGLAS DE OLIVEIRA

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JAMILE GEBRAEL ESTEPHAN CORRÊA DE MORAES

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JAIR RATEIRO

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IGOR HENRY BICUDO

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HENRIQUE FRANÇA RIBEIRO

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HENRIQUE EDUARDO FERREIRA DE FIGUEIREDO

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HELIO VIRGILIO JUNIOR

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GUILHERME BRITES

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GLAUCO RADULOV CASSIANO

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GLAUBERSON LAPRESA

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GIOVANNA LOPES BIANCHINI

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GABRIÉLLY DE ARRUDA MACHADO

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FLAVIA CASSI DE OLIVEIRA LEÇA PAULEIRO

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FERNANDO QUESADA MORALES

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FERNANDO MONTEIRO DA FONSECA DE QUEIROZ

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FERNANDO CESAR LOPES GONÇALES

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FELIPPE PIAZZA HORN

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FELIPE DE LIMA GRESPAN

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FELIPE DE CASTRO LEITE PINHEIRO

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FÁBIO IZIQUE CHEBABI

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FABIO DA COSTA AZEVEDO

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EVERTON CARLOS GRANZIERI CABEÇO

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ESMERALDA LEITE FERREIRA MURANO

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ERASTO FLORENCIO GONÇALVES

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ELIZABETE RIBEIRO DE OLIVEIRA

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ELAINE MACEDO SHIOYA

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ELAINE APARECIDA RODRIGUES DA SILVA

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EDUARDO SILVA GATTI

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EDUARDO AUGUSTO DE ALBUQUERQUE FOGAÇA

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DIEGO TEIXEIRA RIBEIRO

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DIEGO DE BARROS GUIDOLIN

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DENNER DE BARROS E MASCARENHAS BARBOSA

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DENIS PAULO ROCHA FERRAZ

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DENILSON PIRES DO COUTO JÚNIOR

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DENILSON ALVES DE OLIVEIRA

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DAVID AZULAY BENAYON

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DANIELE RANALLE DE NORONHA PARENTE DIAS

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CRISTIANE NOLASCO MONTEIRO DO REGO

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CESAR AUGUSTO DA SILVA PERES

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CAUÊ TAUAN DE SOUZA YAEGASHI

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CARLOS ALBERTO MIRO DA SILVA

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CARLOS ALBERTO LOLLO

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CAMILA SOMADOSSI GONÇALVES DA SILVA

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BRUNO RONQUI

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BRUNO GELMINI

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ARNALDO LEONEL RAMOS JUNIOR

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ARMANDO ZANIN NETO

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ANTÔNIO LUIS MOREIRA ALMEIDA

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ANDREA TEIXEIRA PINHO RIBEIRO

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ANDRÉ RICARDO CARVALHO

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ANDRÉ NICOLAU HEINEMANN FILHO

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ANDRÉ DANIEL PEREIRA SHEI

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ANDRÉ ANTONIO ARAÚJO MEDEIROS

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ANA PAULA GRIMALDI PEGHINI

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ANA CLAUDIA RUEDA GALEAZZI

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ANA CLAUDIA MEDEIROS DE AQUINO

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ALEXEI FERRI BERNARDINO

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ALEXANDRE ORTIZ DE CAMARGO

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ALEX SANDRO DOS SANTOS

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ALESSANDRA PAULA MONTEIRO

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Processo 1010288-12.2018.8.26.0114 - Falência de Empresários, Sociedades Empresáriais, Microempresas e Empresas de Pequeno Porte - Concurso de Credores - Salvador Ribeiro da Trindade Filho Serra - -… Processo 1010288-12.2018.8.26.0114 - Falência de Empresários, Sociedades Empresáriais, Microempresas e Empresas de Pequeno Porte - Concurso de Credores - Salvador Ribeiro da Trindade Filho Serra - - On Facilities Eireli Epp - MGA ADMINISTRAÇÃO E CONSULTORIA LTDA EPP - Secur Comercial Importadora e Exportadora Ltda. - - Tuboaços da Amazônia Ltda - - Pinturas Isocor Ltda e outros - Rudloff Industrial Ltda - Sodexo Pass do Brasil Serviços e Comercio S.A. - - Petrol Comercio e Serviços Equipamentos P Combt. Ltda - - Votorantim Cimentos Sa - - Alcides Borges dos Santos Construções - Me - - Manetoni Distribuidora de Produtos Siderurgicos Importação e Exportação Ltda - - Arcelormittal Brasil Sa - - Silvestre Pereira da Silva - - Pam Produtos para Limpeza Ltda Epp - - Amorim Barreto Engenharia Ltda - - Comercial Lanel Ltda - - Booster Service Ltda.-ME - - Iriane Aparecida Dias Moraes Epp - - Retrocamp Terraplenagem Ltda. - ME - - Dna Distribuidora Nacional de Andaimes Ltda - - Tecnogem Alambrados Ltda - - Usicon Indústria de Premoldados Ltda - - Guilhem Movei e Decorações Industria e Comercio Ltda-epp - - Valdomiro Borges de Almeida - - Alício Alves Pereira - - Terraplanagem e Pavimentação Americana Ltda - - Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo - - Jms Construções ltda - - Gerdeau Aços Longos Sa - - Marcio de Moura Perreira - - Maccaferri do Brasil Ltda - - Pedreira Boa Vista SA - - Reco-service Locação de Mão de Obra Ltda - - Concre-test Controle Tecnologico Ltda - - Fundição Valifer Ltda - - Valdemar dos Reis Barros - Epp - - J A B Cardoso - Me - - Visoflex Portas e Portões Ltda - - HRCV Comércio de Materiais para Construção Ltda. - - JCR Construtora e Incorporadora Ltda - - BANCO DO BRASIL S/A - - Leontech Engenharia e Construções Ltda - - UNIMED CAMPINAS - - Helix Engenharia e Geotecnia Ltda - - Alexandro da Costa - - Algar Telecom S/A (NOVA DENOMINAÇÃO CTBC - - ANA CLAUDIA RUDA GALEAZZI - - Jtl Comércio e Serviços de Elétrica e Informática Ltda. ATUAL HAIMEN CONSTR CIVIL LTDA EPP - - Nelson Alexandre Galeazzi Me - - Basesav Assessoria e Planejamento Ltda - - Tuma Industrial Ltda - - Engetec - Consultoria Em Engenharia Ltda - - Foccus Gerenciamento de Residuos Ltda - Epp - - Rizel Instalações Elétricas Ltda - - Polimix Concreto Ltda. - - H Bonfa Consultoria Empresarial Ltda - - Marcelo Aparecido Pardal - - MT Comercial Elétrica Ltda - - Alfredo Ramos de Sena - - Arf Construção e Comércio Ltda Me - - Fuminas Industria e Comercio de Fundidos Ltda - - Dânicazipco Sistemas Construtivos S.a. - - Merc Comercio de Materiais para Construção Ltda e outros - Pedreira Mogiana Ltda - Fundo de Investimento Em Direitos Creditórios Não Padronizados Alternative Assets I - - Posto de Combustiveis Cegonha Ltda - - Show de Telhas Comercio de Materiais para Construção Ltda - - MARÉ CIMENTOS LTDA (INCOPORADA POR POLIMIX CONCREDO LTDA - - Movida Locações de Veículos S.A. - - Selmir Freitas Santos Neto - - J.l. Engenharia de Fundações e Comércio Ltda - - Papelaria e Livraria Fiscomania Ltda, - - Ponto do Encanador Ltda Epp e outros - Rva Vedações Ltda Me (Rva Montagem e Acab Ltda) - On Facilities Eireli Epp - - Irmaos Brito - Distribuidora Comercio de Material de Construcao e Serv Ltda - - Lr Transporte e Comércio de Gramas Ltda Epp - - Dimaco Distribuidora e Transportes Ltda - - Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia Sa Coelba - - Françuélio de Oliveira Barreto - - Maria de Lourdes Teodoro e outros - Haspa Vip e outro - Luiz Alberto Calza Siles - - Margarete Cordeiro - - Viapol Ltda (reprpalexandre Racz) - - Ametista Industria e Comercio de Pre-moldados Ltda - - Sendas Distribuidora S/A - - André Luis Lisboa de Castro - - Azevedo Sette Advogados - - Danica Soluções Termoisolantes Integradas S.A. - - Gessoraima Ltda - - Marcelo, registrado civilmente como Marcelo José de Freitas Rodrigues - - IOB Informações Objetivas Publicações Jurídicas Ltda - - Alessandra Alves Batista - - Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia - - Erasto Florencio Gonçalves - - Ramiro Goncalves Filho - - Wady Net Comércio de Ferramentas Ltda. - - Alexandre Eduardo Inhuma dos Reis - - Associação dos Advogados do Brasil Asabb - - Degraus Andaimes Máquinas e Equipamentos para Construção Civil S.a - - Eduardo Rovai Barbosa - - Josivaldo Teixeira de Jesus - - Etc Empresa Brasileira Correios e Telegrafos - - Andressa Grazielle dos Santos Teixeira - - Betumat Química Ltda - - Berto Galdiano e Costa Azevedo Sociedade de Advogados - - Zefiros I Fundo de Investimento em Direitos Creditórios Não Padronizados - - Getúlio de Cristo Machado - - Coelba Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia e outros - Vistos. Acolho os Embargos de Declaração de fls. 7600/7601, pois tempestivos, e lhes dou provimento para corrigir a omissão apontada, passando a decisão de fls. 7592 a constar nos seguintes termos: "Vistos. Fls. 7399/7404: Anote-se. Fls. 6123/6198 e 7445/7476: Comprovada a cessão do crédito realizada por Gerdau Aços Longos S.A., proceda-se à alteração no sistema SAJ para constar Zefiros I Fundo de Investimento em Direitos Creditórios Não Padronizados, em razão da sucessão processual. Cadastro-se o novo procurador, e dê-se ciência ao Administrador Judicial. Fls. 7477/7519: Dê-se ciência ao Ministério Público. Fls. 7521/7537: Manifeste o Administrador Judicial sobre o leilão realizado, bem como sobre a proposta de arrematação do imóvel localizado na cidade de Magé/RJ, no prazo de 15 dias. Fls. 7538/7568: Cadastre-se a credora e seu procurador no sistema SAJ. Fls. 7569/7591: Intime-se o Administrador Judicial para que providencie a inclusão na relação de credores do crédito reconhecido na habilitação nº 1023199-46.2024.8.26.0114 em favor de Berto Galdiano e Costa Azevedo Sociedade de Advogados. Após, abra-se vista ao Ministério Público, e tornem os autos conclusos para decisão. Intimem-se." Sem prejuízo, cumpra-se com urgência o último item da decisão (vista ao MP), e após, tornem os autos conclusos para decisão. Intimem-se. - ADV: ELIZABETE RIBEIRO DE OLIVEIRA (OAB 297162/SP), FELIPE DE CASTRO LEITE PINHEIRO (OAB 300777/SP), DIEGO TEIXEIRA RIBEIRO (OAB 299600/SP), THIAGO SOARES GERBASI (OAB 300019/SP), ELAINE MACEDO SHIOYA (OAB 298766/SP), JORGE MARCIO ARANTES CARDOSO (OAB 302145/SP), BRUNO RONQUI (OAB 297092/SP), LEANDRO HENRIQUE BOSSONARIO (OAB 293836/SP), GUILHERME BRITES (OAB 292767/SP), GUILHERME BRITES (OAB 292767/SP), SEBASTIÃO LUIZ NEVES JUNIOR (OAB 289413/SP), BRUNO GELMINI (OAB 288681/SP), NATALIA BACARO COELHO (OAB 303113/SP), RAPHAEL BARROS ANDRADE LIMA (OAB 306529/SP), RODRIGO DOZZI CALZA (OAB 306349/SP), VIVIAN ASTOLPHO DOS SANTOS (OAB 312010/SP), ALESSANDRA PAULA MONTEIRO (OAB 312171/SP), LUANA MACHADO COSTA (OAB 312765/SP), LUIS HENRIQUE TOZZI (OAB 315062/SP), MILENA GILA FONTES (OAB 25510/BA), MILENA GILA FONTES (OAB 25510/BA), JEFFERSON DOUGLAS DE OLIVEIRA (OAB 333442/SP), RAQUEL CORREA RIBEIRA (OAB 349406/SP), PAULO JOAQUIM MARTINS FERRAZ (OAB 27722/SP), ANDRÉ RICARDO CARVALHO (OAB 236294/SP), MARCO AURELIO FERREIRA NICOLIELLO (OAB 239184/SP), FELIPE DE LIMA GRESPAN (OAB 239555/SP), MARINA PEREIRA LIMA PENTEADO (OAB 240398/SP), LEONARDO DE CASTRO E SILVA FIGLIOLI (OAB 241224/SP), THIAGO PÓVOA MIRANDA (OAB 243076/SP), MARLI GONZAGA DE OLIVEIRA BARROS (OAB 252556/SP), JOAO FERNANDO DE SOUZA HAJAR (OAB 253313/SP), JOAO FERNANDO DE SOUZA HAJAR (OAB 253313/SP), CAMILA SOMADOSSI GONÇALVES DA SILVA (OAB 277622/SP), RICARDO BARRETTO FERREIRA DA SILVA (OAB 36710/SP), WASHINGTON ANTONIO T DE FREITAS JUNIOR (OAB 75455/SP), FERNANDO MONTEIRO DA FONSECA DE QUEIROZ (OAB 77123/SP), JAIR RATEIRO (OAB 83984/SP), JORGE CHAMY (OAB 87110/SP), ESMERALDA LEITE FERREIRA MURANO (OAB 87159/SP), JOSE MOLINA RODRIGUES (OAB 90180/SP), FERNANDO QUESADA MORALES (OAB 93502/SP), WAGNER DUCCINI (OAB 258875/SP), EDUARDO AUGUSTO DE ALBUQUERQUE FOGAÇA (OAB 260371/SP), EDUARDO SILVA GATTI (OAB 234531/SP), LUIZ FERNANDO MONTENEGRO (OAB 49115/BA), MARCOS FELIPE DE ALMEIDA FERNANDES (OAB 108048/MG), MARCOS FELIPE DE ALMEIDA FERNANDES (OAB 108048/MG), MARCOS FELIPE DE ALMEIDA FERNANDES (OAB 108048/MG), JOSE ARTUR POZZETTI (OAB 9707/AM), RUBENS SERGIO DOS SANTOS VAZ JUNIOR (OAB 25725/BA), ANDRÉ ANTONIO ARAÚJO MEDEIROS (OAB 18298/BA), JOSE ANTONIO FELIX PEREIRA (OAB 418977/SP), MAURICIO GALVAO DE ANDRADE (OAB 424626/SP), MARINA ALVARENGA DUARTE CAMPOS (OAB 38151/BA), CRISTIANE NOLASCO MONTEIRO DO REGO (OAB 8564/BA), VIVIANE LOPES SOARES (OAB 10534/AM), HENRIQUE EDUARDO FERREIRA DE FIGUEIREDO (OAB 270B/RR), DAVID AZULAY BENAYON (OAB 8688/AM), ANA CLAUDIA MEDEIROS DE AQUINO (OAB 000671/AM), MAURICIO VIEIRA DO NASCIMENTO (OAB 9420/BA), TACITA MENDONÇA FIGUEIREDO (OAB 1230/RR), DENILSON PIRES DO COUTO JÚNIOR (OAB 459824/SP), ERASTO FLORENCIO GONÇALVES (OAB 471732/SP), WELLY FERNANDO GALDIANO (OAB 491613/SP), RENATA DA VEIGA LIMA BERNARDES (OAB 87893/RS), RODRIGO DA VEIGA LIMA (OAB 77503/RS), YURI AURELIO NASCIMENTO ARANTES CARDOSO (OAB 369867/SP), JÉSSICA KARINA SALA ATTILIO (OAB 352764/SP), CESAR AUGUSTO DA SILVA PERES (OAB 36190/RS), RAFAEL MONACO MARTINS (OAB 355226/SP), CAUÊ TAUAN DE SOUZA YAEGASHI (OAB 357590/SP), FELIPPE PIAZZA HORN (OAB 357600/SP), DENNER DE BARROS E MASCARENHAS BARBOSA (OAB 403594/SP), DENNER DE BARROS E MASCARENHAS BARBOSA (OAB 403594/SP), JULIO CESAR CHIONHA (OAB 363622/SP), WALDEMIRO LINS DE ALBUQUERQUE NETO (OAB 11552/BA), HENRIQUE FRANÇA RIBEIRO (OAB 7080/AM), RAFAEL DA SILVA HONORIO GUIDO (OAB 372661/SP), ELAINE APARECIDA RODRIGUES DA SILVA (OAB 371075/SP), WILSON RAIA DE CARVALHO (OAB 379542/SP), DANIELE RANALLE DE NORONHA PARENTE DIAS (OAB 388306/SP), LARA MACHADO REIS DE SOUZA (OAB 204337/RJ), CARLOS ALBERTO MIRO DA SILVA (OAB 400605/SP), GABRIÉLLY DE ARRUDA MACHADO (OAB 411111/SP), GABRIÉLLY DE ARRUDA MACHADO (OAB 411111/SP), MARCUS ALEXANDRE DA SILVA (OAB 524328/SP), GIOVANNA LOPES BIANCHINI (OAB 81174/MG), MARILISA DREM (OAB 91610/SP), FABIO DA COSTA AZEVEDO (OAB 153384/SP), MARCELO APARECIDO PARDAL (OAB 134648/SP), 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169034/SP), FLAVIA CASSI DE OLIVEIRA LEÇA PAULEIRO (OAB 179689/SP), FÁBIO IZIQUE CHEBABI (OAB 184668/SP), NANCY GOMBOSSY DE MELO FRANCO (OAB 185048/SP), JOSE LUIS FINOCCHIO JUNIOR (OAB 208779/SP), ANDRÉ DANIEL PEREIRA SHEI (OAB 197584/SP), ANDREA TEIXEIRA PINHO RIBEIRO (OAB 200557/SP), ANDREA TEIXEIRA PINHO RIBEIRO (OAB 200557/SP), MARCIO DUARTE NOVAES (OAB 206495/SP), ROBERTO CARDONE (OAB 196924/SP)

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Matheus Pereira De Morais e outros x Montreal Foods Alimentos Eireli

ID: 294671572

Tribunal: TJMT Órgão: 3ª VARA CÍVEL DE CUIABÁ Classe: PROCEDIMENTO COMUM CíVEL Nº Processo: 1041639-06.2022.8.11.0041

Data de Disponibilização: 10/06/2025

Polo Ativo:

MATHEUS PEREIRA DE MORAIS REINALDO GOMES DE MORAIS

Polo Passivo:

MONTREAL FOODS ALIMENTOS EIRELI

Sentença

Advogados:

ODUWALDO DE SOUZA CALIXTO REGISTRADO(A) CIVILMENTE COMO ODUWALDO DE SOUZA CALIXTO

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ERLI HENRIQUE GARCIA

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GIOVANA GIACOMETO FERREIRA REGISTRADO(A) CIVILMENTE COMO GIOVANA GIACOMETO FERREIRA

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Poder Judiciário do Estado de Mato Grosso Comarca de Cuiabá Juízo da 3ª Vara Cível Avenida Desembargador Milton Figueiredo Ferreira Mendes, Telefones: (65) 3648-6424/6427 - (65) 3648-6422 - WhatsApp … Poder Judiciário do Estado de Mato Grosso Comarca de Cuiabá Juízo da 3ª Vara Cível Avenida Desembargador Milton Figueiredo Ferreira Mendes, Telefones: (65) 3648-6424/6427 - (65) 3648-6422 - WhatsApp Secretaria: (65) 99227-4375 - WhatsApp Gabinete: (65) 99229-2500- Centro Político Administrativo, Cuiabá - MT - CEP: 78049-075 e-mail: cba.gab3varacivel@tjmt.jus.br (gabinete) Processo nº 1041639-06.2022.8.11.0041 Autores: REINALDO GOMES DE MORAIS e outros Ré: MONTREAL FOODS ALIMENTOS EIRELI SENTENÇA Trata-se de ação declaratória de inexistência de vínculo comercial e jurídico c/c indenização por danos morais c/c pedido de antecipação dos efeitos da tutela proposta por Reinaldo Gomes de Morais e Matheus Pereira de Morais em face de Montreal Foods Alimentos EIRELI, todos qualificados e representados nos autos. Os autores alegam que seus nomes, enquanto pessoas físicas, foram indevidamente inscritos nos órgãos de proteção ao crédito (SERASA e SPC), em virtude de dívidas atribuídas à empresa Suinobras Alimentos LTDA, da qual são sócios. Destacam que não firmaram qualquer contrato, nem se obrigaram pessoalmente perante a ré, inexistindo relação jurídica entre suas pessoas físicas e a empresa demandada. Narram que a inclusão dos nomes nos cadastros restritivos se deu sem que houvesse qualquer notificação prévia, o que agravou os prejuízos de ordem moral. Argumentam que não assumiram qualquer obrigação pessoal, tampouco atuaram como garantidores ou avalistas dos contratos celebrados pela pessoa jurídica, sendo, portanto, indevida a imputação da dívida à sua esfera individual. Postularam a concessão da tutela de urgência para imediata exclusão dos seus nomes dos cadastros de inadimplentes. Ao final, requerem a confirmação da liminar; declaração de inexistência de relação jurídica entre as partes; e condenação da ré ao pagamento de indenização por danos morais, no valor de R$ 15.000,00 (quinze mil reais) para cada autor. Instruíram a inicial com documentos. O pedido liminar foi deferido (ID 104860812). Certidão positiva de citação (ID 104860812). Realizada audiência de conciliação, a tentativa de composição restou frustrada. O feito foi suspenso, à pedido das partes, para tentativa de acordo extrajudicial (ID’s 118126956, 134308402), mas novamente a tentativa restou infrutífera. A ré, Montreal Foods Alimentos EIRELI, apresentou contestação sob o ID 149303040. Inicialmente, impugnou o valor da causa, alegando que o valor atribuído pelos autores seria excessivo e incompatível com o objeto da demanda. Argui a ocorrência de abandono da causa por parte dos autores, sustentando que o processo teria permanecido paralisado por tempo injustificado. Alega, por fim, ausência de recolhimento regular das custas judiciais, o que, em sua ótica, deveria ensejar a extinção do feito. No mérito, defende a legalidade das inscrições promovidas nos órgãos de proteção ao crédito, argumentando que os autores atuavam diretamente nas tratativas comerciais e contratuais com a empresa ré, tendo, inclusive, assinado documentos e participado de negociações em nome da Suinobras Alimentos LTDA. Assevera que os autores, ainda que sócios da empresa, teriam utilizado a personalidade jurídica como escudo para acobertar atos pessoais. Defende, por fim, a inexistência de dano moral aos autores e, subsidiariamente, pedem que a fixação não seja desproporcional. Pugna pela improcedência dos pedidos iniciais (ID 149303040). Impugnação à contestação (ID 153423076). As partes, intimadas, não manifestaram interesse na produção de provas. Os autores foram intimados para regularizar o pagamento das custas judiciais e efetuarem depósito judicial da quantia, alegando dificuldade na emissão da guia. Porém, os mesmos foram intimado a levantar a quantia e realizar o adequado e correto pagamento ao setor de Arrecadação. Cumprida a ordem e efetuado o pagamento das custas judiciais de forma integral, os autos retornaram conclusos para julgamento. É o relatório. Fundamento. Decido. A impugnação ao valor da causa não merece acolhimento, uma vez que a quantia atribuída à demanda decorre expressamente do somatório das inscrições indevidas nos órgãos de proteção ao crédito e o pedido de indenização por danos morais. O valor atende aos ditames do artigo 292, inciso VI, do Código de Processo Civil, que determina a utilização do montante referente à dívida discutida na hipótese de pedido de declaração de inexistência de relação jurídica obrigacional. Assim, indefiro a impugnação ao valor da causa. A alegação de abandono da causa também não procede. O andamento do feito revela que, após o ajuizamento, houve sucessivos pedidos de suspensão do processo por convenção das partes, com o intuito de viabilizar a autocomposição, o que afasta qualquer inércia imputável aos autores. Ademais, suspensão do feito foi regularmente referenciada por este Juízo. Dito isto, indefiro o pedido de extinção por abandono. Quanto à ausência de pagamento das custas iniciais, constata-se dos autos que os autores enfrentaram dificuldades técnicas para emissão de guias, o que levou ao depósito judicial da quantia. Contudo, os comprovantes de pagamento das custas judiciais foram posteriormente juntados, circunstância que afasta qualquer mácula ao regular prosseguimento do feito, razão pela qual indefiro o pedido de cancelamento da distribuição. Não havendo pedido de produção de outras provas além das já constantes dos autos, passo ao julgamento antecipado da lide conforme me permitem os artigos 355, inciso I e 12, ambos do Código de Processo Civil. Destaca-se que o julgamento antecipado da lide, previsto no artigo 355, do Código de Processo Civil, se constitui em um dever do magistrado, sempre que o mesmo identificar maturidade suficiente para a resolução do mérito, em atenção aos princípios da celeridade e economia processual (N.U 1010288-69.2021.8.11.0002, TURMA RECURSAL CÍVEL, LUCIA PERUFFO, Turma Recursal Única, Julgado em 14/03/2022, Publicado no DJE 18/03/2022). Por se tratar de relação de consumo, notadamente porque os autores sofreram efeitos reflexos de prática comercial irregular perpetrada pela ré, incide o regime jurídico protetivo do CDC, incluindo a inversão do ônus da prova (art. 6º, inciso VIII), cuja concessão se justifica diante da verossimilhança das alegações e da hipossuficiência técnica dos autores para comprovar a inexistência de relação jurídica obrigacional pessoal com a ré. Infere-se dos autos que a controvérsia apresentada refere-se à legalidade das inscrições dos nomes dos autores, Reinaldo Gomes de Morais e Matheus Pereira de Morais, nos cadastros de proteção ao crédito (SERASA e SPC), por dívida imputada à pessoa jurídica Suinobras Alimentos LTDA, da qual são sócios, em favor da empresa ré Montreal Foods Alimentos EIRELI. É certo que a relação contratual originadora da suposta dívida decorre de ajustes comerciais firmados exclusivamente entre as pessoas jurídicas Suinobras Alimentos LTDA e Montreal Foods Alimentos EIRELI, conforme comprovam os documentos contratuais de ID’s 102680926 a 102680929. Em nenhum momento há demonstração de que os autores, na condição de pessoas físicas, tenham assumido responsabilidade solidária ou atuado como garantidores das obrigações pactuadas pelas empresas, permanecendo hígida a separação entre as esferas patrimoniais da sociedade empresária e de seus sócios. Nesse sentido, cabe reforçar que a personalidade jurídica da sociedade empresária é instituto autônomo e dotado de autonomia patrimonial. Conforme doutrina e jurisprudência amplamente consolidadas, os sócios não respondem pessoalmente pelas obrigações da pessoa jurídica, salvo quando assumem posição de garantidores das obrigações firmadas pela pessoa jurídica, o que não é o caso em questão. Por força do artigo 14 do CDC, a responsabilidade da ré é objetiva, prescindindo da prova de culpa, bastando a demonstração do defeito na prestação do serviço e do nexo causal com o dano suportado. No caso, evidenciado que a ré promoveu a negativação do nome dos autores por dívida imputável exclusivamente à pessoa jurídica Suinobras, configura-se a falha na prestação do serviço e o ato ilícito indenizável. É imperioso reconhecer a inexistência de relação jurídica entre os autores e a ré, bem como declarar a nulidade das inscrições promovidas nos cadastros restritivos de crédito. Quanto aos danos morais, é incontroverso que a indevida negativação dos nomes dos autores acarretou-lhes constrangimento, angústia e prejuízo à imagem perante o mercado, sendo pacífica a jurisprudência no sentido de que, nessas hipóteses, o dano moral prescinde de prova específica, pois se configura in re ipsa. O Código Civil, em seu artigo 186 dispõe que aquele que causa dano a outrem, seja por ação ou omissão, comete ato ilícito, in verbis: “Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.” Em complemento, o artigo 927 do Código Civil prevê a obrigação de reparar civilmente os danos causados, em especial quando a atividade do causador importar em risco para os direitos do outro, como é o presente caso. Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.” (Negritei) Sobre o assunto, colaciono ementas de julgados semelhantes: APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO - INSCRIÇÃO NOS CADASTROS DE INADIMPLENTES - DÉBITO ORIUNDO DE CONTRATO FIRMADO POR PESSOA JURÍDICA - NEGATIVAÇÃO DO NOME DO REPRESENTANTE LEGAL - IMPOSSIBILIDADE - AUSENTE PROVA DE GARANTIA DA OBRIGAÇÃO POR PARTE DO SÓCIO - RESTRIÇÃO INDEVIDA - DANO MORAL CONFIGURADO. 1. A pessoa física do sócio ou do representante legal não responde pelas dívidas da pessoa jurídica, por possuírem personalidades distintas, que não se confundem. Exceção a essa regra se dá quando o represente legal da empresa se coloca como garantidor das obrigações firmadas pela pessoa jurídica . 2. É entendimento consolidado do STJ de que a própria inclusão ou manutenção equivocada configura o dano moral in re ipsa, ou seja, dano vinculado à própria existência do fato ilícito, cujos resultados são presumidos. 3. A indenização por danos morais decorrente da anotação irregular no cadastro de proteção ao crédito deve ser fixada segundo as diretrizes do caso concreto, observados os princípios da razoabilidade e proporcionalidade . V.V. 1. O arbitramento da quantia devida para compensação do dano moral deve considerar os precedentes em relação ao mesmo tema e as características do caso concreto (a gravidade do fato em si, a responsabilidade do agente, a culpa concorrente da vítima e a condição econômica do ofensor). (TJ-MG - AC: 50047325320208130016, Relator.: Des.(a) José Américo Martins da Costa, Data de Julgamento: 01/09/2023, 15ª CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: 06/09/2023) SOCIEDADE EMPRESARIAL - TRANSFERÊNCIA DAS COTAS SOCIAIS E RETIRADA DA SOCIEDADE - NEGATIVAÇÃO INDEVIDA DO NOME DOS EX-SÓCIOS POR OBRIGAÇÕES POSTERIORES - RESPONSABILIDADE DO BANCO - DANOS MORAIS IN RE IPSA - FIXAÇÃO - PRINCÍPIO DO PROPORCIONAL/RAZOÁVEL E SÚMULA 89 DO TJ/RJ. A indevida negativação do nome de ex-sócios de sociedade empresarial por obrigação assumida depois das transferências das suas cotas para terceiros gera dano moral in re ipsa, cujo valor deve ser fixado de conformidade com o critério do proporcional/razoável, seguindo-se o parâmetro estabelecido pela Súmula nº 89 desta Corte.Improvimento dos recursos. (TJ-RJ - APL: 00152662020088190203 RIO DE JANEIRO JACAREPAGUA REGIONAL 5 VARA CIVEL, Relator.: JOSE GERALDO ANTONIO, Data de Julgamento: 12/08/2009, SETIMA CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: 21/08/2009) Caracterizado o dano moral, passo a apreciar o quantum devido, de acordo com a gravidade da ofensa, à capacidade econômica das partes e à função compensatória e pedagógica da indenização. Atenta a esses parâmetros, fixo o dano moral em R$ 8.000,00 para cada um dos autores. III – DISPOSITIVO Posto isto, nos termos do art. 487, inciso I, do Código de Processo Civil, julgo procedentes os pedidos formulados por Reinaldo Gomes de Morais e Matheus Pereira de Morais para: a) CONFIRMAR a tutela de urgência concedida, tornando definitiva a ordem de exclusão dos nomes dos autores dos cadastros de inadimplentes, promovida por ordem da ré, sob pena de multa diária anteriormente arbitrada; b) DECLARAR a inexistência de relação jurídica obrigacional entre as partes; c) CONDENAR a ré ao pagamento de indenização por danos morais no valor de R$ 8.000,00 (oito mil reais) para cada autor, totalizando R$ 16.000,00 (dezesseis mil reais), acrescido de juros e correção monetária pela Taxa Selic até a vigência da Lei n. 14.905/2024, quando então será aplicado o IPCA para correção e Selic para juros, abatido desta o valor do IPCA, a partir da citação e do arbitramento, respectivamente. Custas e despesas processuais pela ré, assim como honorários advocatícios de sucumbência, que fixo em 15% (quinze por cento) do valor da condenação, nos termos dos artigos 82, §2º e 85, §2º, ambos do CPC. Após o trânsito em julgado, arquive-se com baixa na distribuição. P.I. Cumpra-se. Cuiabá, data registrada no sistema. Ana Paula da Veiga Carlota Miranda Juíza de Direito

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Thais Fernanda Ribeiro Cardoso x Hapvida Assistência Médica Ltda

ID: 293782001

Tribunal: TJMT Órgão: 2ª VARA CÍVEL DE RONDONÓPOLIS Classe: PROCEDIMENTO COMUM CíVEL Nº Processo: 1010433-20.2024.8.11.0003

Data de Disponibilização: 09/06/2025

Polo Ativo:

THAIS FERNANDA RIBEIRO CARDOSO

Polo Passivo:

HAPVIDA ASSISTÊNCIA MÉDICA LTDA

Sentença

Advogados:

ANDRE MENESCAL GUEDES

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NELSON WILIANS FRATONI RODRIGUES

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RODRIGO MORAIS KRUSE

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ESTADO DE MATO GROSSO PODER JUDICIÁRIO 2ª VARA CÍVEL DE RONDONÓPOLIS SENTENÇA Processo: 1010433-20.2024.8.11.0003. AUTOR: THAIS FERNANDA RIBEIRO CARDOSO. RÉU: HAPVIDA ASSISTÊNCIA MÉDICA LTDA. Vistos.… ESTADO DE MATO GROSSO PODER JUDICIÁRIO 2ª VARA CÍVEL DE RONDONÓPOLIS SENTENÇA Processo: 1010433-20.2024.8.11.0003. AUTOR: THAIS FERNANDA RIBEIRO CARDOSO. RÉU: HAPVIDA ASSISTÊNCIA MÉDICA LTDA. Vistos. Cuida-se de AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS COM PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA ajuizada THAIS FERNANDA RIBEIRO CARDOSO em desfavor HAPVIDA ASSISTÊNCIA MÉDICA LTDA, ambos as partes devidamente qualificadas. Alega a autora, em síntese, que é beneficiária de plano de saúde mantido pela ré e foi diagnosticada com obesidade grau III, o qual apontou a necessidade de realização de procedimento cirúrgico de gastroplastia (cirurgia bariátrica), em razão das dores articulares intensas e da deterioração de sua qualidade de vida. Sustenta que, após a indicação médica, submeteu-se a avaliações com diversos profissionais da saúde (psicóloga, psiquiatra, nutricionista, cardiologista, entre outros), todos os quais forneceram liberações para a realização do procedimento cirúrgico, não tendo sido constatada qualquer contraindicação clínica. Aduz que, antes da indicação cirúrgica, realizou tratamentos medicamentosos e nutricionais durante o período de dois anos, sem obter resultados eficazes, o que reforça a necessidade da intervenção cirúrgica. Contudo, apesar de toda a documentação e indicações clínicas, a ré negou a cobertura do procedimento solicitado, sob a alegação de que a condição de obesidade da autora seria preexistente à celebração do contrato, firmado em 02/04/2024. A autora, no entanto, afirma ter sido coagida a assinar uma declaração de saúde no ato da contratação, sob pena de cancelamento do plano, além de que tal formulário foi preenchido por funcionários da própria operadora, sem a realização dos exames admissionais que poderiam comprovar eventual preexistência. Por fim, sustenta que, diante da recusa indevida e da gravidade de seu quadro clínico, não lhe restou alternativa senão buscar a tutela jurisdicional para compelir a ré à autorização e custeio do procedimento cirúrgico, bem como para a reparação moral pelos prejuízos sofridos. Com a inicial, vieram os documentos de ID 154442168 a ID 154442187. O Juízo indeferiu o pedido de antecipação de tutela, conforme fundamentos de ID 154534687. Em face da decisão que indeferiu a tutela, a requerente distribuiu o Agravo de Instrumento n.º 1014594-82.2024.8.11.0000 (ID 157307538). Aportou aos autos decisão do Agravo (ID 158124541) indeferindo o pedido pleiteado pela parte agravante/autora. Designada audiência de conciliação, o ato restou infrutífero (ID 162986222). A parte requerida apresentou contestação em ID 165227781, acompanhada de documentos, suscitando, preliminarmente, a necessidade de adequação do valor da causa e a impugnação à justiça gratuita. No mérito, aduz que inexistiu ocorrência de ato ilícito, tendo em vista que agiu no exercício regular de seu direito quando negou a cobertura da cirurgia, vez que a requerente omitiu uma doença pré-existente. Portanto, pugnou pela improcedência dos pedidos iniciais. Réplica ao ID 168416509. Vieram-me os autos conclusos. É o relatório. Fundamento e decido. DO JULGAMENTO ANTECIPADO DA LIDE O julgamento antecipado da lide, que é uma espécie do gênero “julgamento conforme o estado do processo” pode ocorrer em três situações diferentes: quando o julgamento for exclusivamente de direito ou quando for de direito e de fato, não houver necessidade de produzir prova em audiência, bem como nas hipóteses de revelia. Por outra via, infere-se dos autos que as partes trouxeram na petição inicial, na contestação e na réplica todos seus argumentos e provas, estes plenamente suficientes à compreensão e convencimento deste juízo quanto à matéria que se discute nesta ação, sendo desnecessária a produção de novas provas ante a natureza da causa e o conjunto probatório que instrui a demanda, não havendo que se falar em ofensa a ampla defesa e ao contraditório. Nesse sentido, seria inócuo submeter o procedimento à fase de instrução probatória, vez que teríamos uma simples repetição das provas que previamente foram produzidas, configurando uma ofensa aos princípios da economia processual e da celeridade do processo. A jurisprudência: RECURSO INOMINADO – RELAÇÃO DE CONSUMO – SERVIÇO DE FORNECIMENTO DE ENERGIA ELÉTRICA – FATURA DE RECUPERAÇÃO DE CONSUMO – PROTESTO – PLEITO DE INEXIGIBILIDADE E DANO MORAL – PRELIMINAR DE INCOMPETÊNCIA POR NECESSIDADE DE PERÍCIA REJEITADA – SENTENÇA DE PARCIAL PROCEDÊNCIA – INSURGÊNCIA DA PARTE PROMOVIDA – PLEITO DE IMPROCEDÊNCIA E PROCEDÊNCIA DO CONTRAPOSTO – TOI SEM OBSERVÂNCIA DO CONTRADITÓRIO – PROVA UNILATERAL – AUSÊNCIA DE LAUDO OFICIAL – AUSÊNCIA DE LAUDO DO INMETRO – FATURA INDEVIDA – PROTESTO INDEVIDO – DANO MORAL CONFIGURADO – VALOR RAZOÁVEL – SENTENÇA MANTIDA – RECURSO DESPROVIDO. Sendo as provas produzidas suficientes para a prolação da sentença, o julgamento antecipado não se constitui em faculdade, mas dever do magistrado, em homenagem aos princípios da celeridade e economia processual. [...] Sentença mantida. Recurso desprovido. (N.U 1010288-69.2021.8.11.0002, TURMA RECURSAL CÍVEL, LUCIA PERUFFO, Turma Recursal Única, Julgado em 14/03/2022, Publicado no DJE 18/03/2022). Destaquei. Destaco que é firme o entendimento quanto à desnecessidade de produção de novas provas em juízo, e a imperiosidade do julgamento antecipado, quando o conjunto probatório já juntado aos autos se mostrar suficiente para o convencimento do prolator da sentença. Destarte, passo ao julgamento antecipado da lide com fulcro no art. 355, inciso I, do CPC, por entender que o processo encontra-se pronto para a prolação da sentença, não havendo necessidade de outras provas além das existentes nos autos, eis que a matéria de fato e de direito encontra-se satisfatoriamente corroborada por documentos. PRELIMINARES: DA IMPUGNAÇÃO AO VALOR DA CAUSA. Aduz a requerida a necessidade de adequação do valor da causa, sob o argumento de que a parte requerente atribuiu como valor da causa quantia demasiadamente excessiva. Pois bem. Analisando detidamente os autos, verifico que a parte requerente observou o conteúdo do inciso V, do art. 292, do Código de Processo Civil, ao ser atribuído o valor à causa, uma vez que o respectivo é o valor da indenização. Porquanto, tratando-se de pedido indenização por danos morais deve o valor da causa corresponder à quantia pretendida pela parte requerente. Nesse sentido: RECURSO DE APELAÇÃO CÍVEL – AÇÃO DECLARATÓRIA DE NULIDADE DE ATO JURÍDICO (REGISTRO PÚBLICO) C/C REINTEGRAÇÃO DE POSSE C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS – PRELIMINAR DE IMPUGNAÇÃO AO VALOR DA CAUSA – REJEIÇÃO – ALEGADA PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA DA PRETENSÃO – ACOLHIMENTO – CANCELAMENTO DE AVERBAÇÃO DE VENDA DO LOTE À AUTOR - ART.32, §§1º E 3º DA LEI N. 6.766/79 POR SUPOSTA INADIMPLÊNCIA NÃO OCORRIDA – POSTERIOR REGISTRO DE REVENDA DO IMÓVEL A TERCEIRO COM SUBSEQUENTE DESMEMBRAMENTO – CAUSA DE PEDIR (INVERACIDADE DA INADIMPLÊNCIA) GERADORA DE ANULABILIDADE – ART.1.247, CAPUT DO CC/2002 – PRAZO PRESCRICIONAL BIENAL DESDE A CONCLUSÃO DO ATO – PREENCHIDOS O PRAZO PARA A PRESCRIÇÃO AQUISITIVA PELO CORRÉU – SENTENÇA REFORMADA – IMPROCEDÊNCIA – RECURSO PROVIDO. Consoante preceitua o art.291 e incisos II e VI do art.292, todos do CPC/15, sendo várias as tutelas vindicadas na ação sincrética, o valor da causa deve corresponder ao somatório do correspondente, em pecúnia, do proveito econômico de cada uma delas. [...] (N.U 1005541-76.2021.8.11.0002, CÂMARAS ISOLADAS CÍVEIS DE DIREITO PRIVADO, MARILSEN ANDRADE ADDARIO, Segunda Câmara de Direito Privado, Julgado em 08/03/2023, Publicado no DJE 11/03/2023). Sendo assim, não vislumbro motivos para o acolhimento da preliminar. IMPUGNAÇÃO À JUSTIÇA GRATUITA. Afasta-se a impugnação a assistência judiciária gratuita concedida à parte autora, ante a ausência de demonstração de que a parte beneficiada possui condições de arcar com as despesas processuais. Com efeito, é ônus de quem se insurge contra a concessão da gratuidade de justiça comprovar que o pretendente ao benefício dispõe de recursos financeiros para arcar com as despesas processuais, do qual não se desincumbira a parte ré. Por tal razão, REJEITO a preliminar aventada. DO MÉRITO. A parte requerente pretende com a presente demanda que a requerida seja compelida a autorizar a realização do procedimento cirúrgico de gastroplastia (bariátrica). Em contrapartida, a parte requerida alega que inexistem razões para o acolhimento do pedido autoral, vez que a condição de obesidade configura uma doença pré-existente, a qual foi omitida pela requerente no momento da contratação do plano de saúde. Primeiramente, cabe destacar que a Constituição Federal do Brasil, também conhecida como “Constituição Cidadã”, prevê princípios relativos à garantia à vida, a dignidade da pessoa humana e à proteção da saúde. Aliás, a dignidade da pessoa humana é fundamento da República Federativa do Brasil (art. 1º, inc. III da CF). Nesse sentido, é certo que o direito à vida e a manutenção da saúde é um direito absoluto, que deve prevalecer sobre estipulações contratuais que limitam a sua abrangência, não restando dúvida quanto à incidência do Código de Defesa do Consumidor na relação contratual celebrada entre as partes. Pois bem. Na hipótese dos autos, verifica-se que o negócio jurídico entre as partes fora celebrado em junho de 2023, contudo, a contratante, ora requerente, foi submetida à avaliação médica e ao questionário prévio em maio de 2023 (ID 165227785), para a solicitação da cobertura securitária e, também, ficou ciente das condições contratuais. Neste contexto, constata-se in casu que a condição patológica já existia no momento da contratação do plano de saúde, especialmente pelas informações prestadas pela requerente quanto ao seu peso e altura no questionário disponibilizado pela empresa, bem como do laudo médico acostado nos autos que afirma que a paciente já estava em tratamento medicamentoso e nutricional há dois anos (ID 154442177). Portanto, imperioso reconhecer no caso em tela a doença pré-existente da parte requerente, o que justifica a aplicação da carência contratual e, consequente, indeferimento da solicitação de cirurgia pela empresa requerida. A propósito, acerca do tema exposto, o Tribunal de Justiça do Mato Grosso: RECURSO DE APELAÇÃO – AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER c/c tutela de urgência – PLANO DE SAÚDE – CIRURGIA BARIÁTRICA – CARÊNCIA INFORMADA NA CONTRATAÇÃO – OCULTAÇÃO QUANTO OBSIDADE MÓRBIDA – DOENÇA PRE-EXISTENTE – NEGATIVA LEGAL - EMERENCIA/URGENCIA – NÃO COMPROVADA – SENTENÇA MANTIDA – RECURSO DESPROVIDO. Os problemas de saúde da Apelante, em especial, a obesidade, não surgiram após a contratação do plano de saúde, que na realidade Apelante ocultou informações relevantes quando da contratação do plano de saúde, justamente para não ter que cumprir a carência necessária. Ademais, inexiste nos autos declaração médica reconhecendo a necessidade de atendimento de emergência em virtude de risco imediato de vida, bem como, que, tanto a diabete como a hipertensão estavam controlada com a utilização de medicamentos. Assim, considerando tudo que consta nos autos, a negativa da Apelada não se mostra ilegal ou abusiva. (N.U 1003974-12.2020.8.11.0045, CÂMARAS ISOLADAS CÍVEIS DE DIREITO PRIVADO, SEBASTIAO BARBOSA FARIAS, Primeira Câmara de Direito Privado, Julgado em 13/06/2023, Publicado no DJE 15/06/2023) Sendo assim, a argumentação tecida pela requerente, não ficou devidamente comprovada. Ora, é sabido que no Direito Processual Civil Brasileiro vige o sistema do ônus da prova, significando que ao afirmar os fatos o autor e o réu têm o ônus de provar as suas alegações, sob pena de não serem consideradas verdadeiras. Luiz Guilherme Marinoni, Sérgio Cruz Arenhart e Daniel Mitiero, in Novo Código de Processo Civil Comentado, São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015, p. 394/395, prescrevem que “o art. 373, caput, CPC, distribui o ônus da prova de acordo com a natureza da alegação de fato a provar: ao autor cumpre provar a alegação que concerne ao fato constitutivo do direito por ele afirmado; ao réu, a alegação de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito afirmado pelo autor. As partes têm o ônus de alegar e o ônus de provar conforme nosso CPC. A atribuição do ônus da prova no direito brasileiro é realizada de maneira fixa pela nossa legislação”. Deste modo, outra conclusão não se pode alcança, senão a de que o autor não comprovou a existência dos fatos constitutivos de seu direito, “ex vi” do art. 373, I, do CPC. DISPOSITIVO Isto posto, JULGO IMPROCEDENTES os pedidos contidos na exordial, extinguindo o processo com resolução do mérito, nos termos do art. 487, I, do CPC. CONDENO a parte autora ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios, os quais ARBITRO em 10% (dez por cento) do valor da causa, nos termos do art. 85, §2°, do CPC. INTIMEM-SE via DJEN. Preclusas as vias impugnatórias, CERTIFIQUE-SE o trânsito em julgado da presente sentença e, após, REMETAM-SE os autos à Central de Arrecadação e Arquivamento, na forma do art. 5º do Provimento nº 12/2017-CGJ, para as providências de estilo. CUMPRA-SE. Rondonópolis, 6 de junho de 2025. Pierro de Faria Mendes Juiz de direito designado pelo NAE

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Danubia Rodrigues De Araujo x Nu Pagamentos S.A.

ID: 342973500

Tribunal: TJMT Órgão: 3ª VARA CÍVEL DE CUIABÁ Classe: PROCEDIMENTO COMUM CíVEL Nº Processo: 1007442-20.2025.8.11.0041

Data de Disponibilização: 05/08/2025

Polo Ativo:

DANUBIA RODRIGUES DE ARAUJO

Polo Passivo:

NU PAGAMENTOS S.A.

Sentença

Advogados:

RENATO CHAGAS CORREA DA SILVA

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RENYL FERREIRA BRITO CANDIDO REGISTRADO(A) CIVILMENTE COMO RENYL FERREIRA BRITO CANDIDO

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Poder Judiciário do Estado de Mato Grosso Comarca de Cuiabá Juízo da 3ª Vara Cível Avenida Desembargador Milton Figueiredo Ferreira Mendes, Telefones: (65) 3648-6424/6427 - (65) 3648-6422 - WhatsApp … Poder Judiciário do Estado de Mato Grosso Comarca de Cuiabá Juízo da 3ª Vara Cível Avenida Desembargador Milton Figueiredo Ferreira Mendes, Telefones: (65) 3648-6424/6427 - (65) 3648-6422 - WhatsApp Secretaria: (65) 99227-4375 - WhatsApp Gabinete: (65) 99229-2500- Centro Político Administrativo, Cuiabá - MT - CEP: 78049-075 e-mail: cba.gab3varacivel@tjmt.jus.br (gabinete) Processo nº 1007442-20.2025.8.11.0041 Requerente(s): DANUBIA RODRIGUES DE ARAUJO Requerido(s): NU PAGAMENTOS S.A. SENTENÇA Trata-se de ação de obrigação de fazer, com pedido de tutela de urgência, “inaudita altera pars” cumulada com pedido de indenização por danos morais proposta por Danubia Rodrigues de Araújo em desfavor de Nu Pagamentos S.A. A autora sustenta que foi surpreendida com a negativação de seu nome nos órgãos de proteção ao crédito, decorrente de obrigação quitada. Relata que identificou uma dívida junto a ré no valor de R$ 1.314,53, vencida em 26/08/2024. Aduz que não possui mais vínculo com a instituição financeira, uma vez que sua conta foi encerrada definitivamente pelo réu, bem como foi formalizado acordo com a instituição bancária para a quitação da dívida pendente oriunda de cartão de crédito. Com isso, afirma que o banco réu ofereceu um desconto, reduzindo o saldo devedor de R$ 4.047,09 para R$ 1.987,45, valor este que a autora quitou integralmente. Entretanto, mesmo após encerrada a sua conta e quitada a dívida do cartão de crédito, em janeiro de 2025 foi surpreendida com a cobrança das supostas faturas do cartão de crédito. Requer, portanto, a exclusão da negativação, a declaração de inexistência da dívida e indenização por danos morais no valor de R$ 15.000,00 (quinze mil reais). A inicial foi instruída com documentos. Recebida a inicial, foi determinada a citação da ré, bem como houve deferimento da Justiça Gratuita ao autor e a concessão da tutela provisória de urgência (ID. 185649663). A audiência de conciliação foi infrutífera (ID. 193150850). O ré apresentou contestação em que defende que o bloqueio da conta foi uma medida legítima, proporcional e necessária, baseado em critérios técnicos e objetivos, conforme previsto na Resolução n.º 4.595/2017 do Banco Central do Brasil. Relata que a autora efetuou o pagamento de suas faturas de forma regular até o mês de agosto de 2024, que após essa data, não houve mais registros de qualquer pagamento (ID. 195613249). Afirma que os débitos pendentes são legítimos, sendo lícita a inclusão do nome da autora nos órgãos de proteção de crédito, de modo que não cabe o pagamento de indenizações por danos morais e pugna pela improcedência dos pedidos. Impugnação à contestação (ID. 196021237). Quanto à produção de outras provas, as partes requereram o julgamento antecipado da lide e os autos vieram conclusos para julgamento. É o relatório. Decido. Havendo nos autos elementos de convicção suficiente para a formação do convencimento do juízo e inexistindo pedido de provas, passo ao julgamento da lide no estado em que se encontra, com fundamento no artigo 355, inc. I do Código de Processo Civil. Destaca-se que o julgamento antecipado da lide, se constitui em um dever do magistrado, sempre que o mesmo identificar maturidade suficiente para a resolução do mérito, em atenção aos princípios da celeridade e economia processual (N.U 1010288-69.2021.8.11.0002, TURMA RECURSAL CÍVEL, LUCIA PERUFFO, Turma Recursal Única, Julgado em 14/03/2022, Publicado no DJE 18/03/2022). Em consonância está o pacífico entendimento de que o juiz é livre para deferir as provas que entende necessárias para decidir a lide de acordo com seu livre e motivado convencimento, podendo inclusive dispensar as provas que entender desnecessárias à solução do feito, sem que isto configure cerceamento de defesa, nos termos do artigo 370 e parágrafo único do Código de Processo Civil. A relação existente entre as partes é de consumo. Logo, aplico ao presente caso as regras dispostas no Código de Defesa do Consumidor, inclusive de inversão do ônus da prova (artigo 6º, VIII, CDC). A controvérsia instaurada nos presentes autos restringe-se à da legitimidade da inscrição do nome da autora nos cadastros de inadimplentes, bem como se tal medida enseja a indenização por danos morais. A pretensão da autora, como visto, funda-se na tese de que já realizou o pagamento integral das faturas que possuía junto à instituição financeira ré, razão pela qual reputa ilícita a negativação de seu nome. Assim, afirma que possuía interesse em antecipar as faturas, de modo que o Banco Réu ofereceu um desconto para a quitação das faturas pendentes, reduzindo o saldo devedor de R$ 4.047,09 para R$ 1.987,45, quantia esta que a autora teria quitado integralmente. Nesse sentido, verifico que razão merece a autora, uma vez que, embora o réu tenha juntado nos autos o extrato bancário com registros de débitos (ID. 195613255), a autora apresentou o histórico de conversas com a instituição ré, demonstrando a formalização de um acordo para quitação total da dívida (ID. 184569089). Como se vê em ID. 184569089 (pág. 36), durante atendimento por meio do aplicativo do banco réu, a atendente encaminhou a seguinte proposta à autora: “Você teve desconto de das parcelas no valor de R$2058,25. Divida total-4046,09 Valor total a pagar-1987,85”. Essa prova não foi impugnada pela defesa. Portanto, resta evidente que foi entabulado o acordo para a quitação do valor total da dívida, bem como que a autora depositou o valor acordado no dia 29/07/2024, conforme ID. 184569089 (pág. 29) e ID. 184569077. Além disso, o banco quedou-se inerte quanto à alegação da realização ou não do acordo informado pela autora. Assim, é possível constatar a veracidade das alegações da autora sobre a quitação integral das faturas que possuía. Ainda, verifico que a instituição financeira juntou nos autos a cópia de Documento Descritivo de Crédito (DDC), assim como a cópia do contrato de empréstimo pessoal, conforme IDs. 195613253 e 195613256. Entretanto, em análise aos arquivos, verifico que não possuem relação com a dívida inscrita nos órgãos de proteção ao crédito ora impugnada. Desta feita, verifico que a ré não se desincumbiu de seu ônus, eis que não comprovou o inadimplemento da autora tampouco a legitimidade das cobranças e da negativação. Nesse sentido: APELAÇÃO. INEXIGIBILIDADE DE DÍVIDA. NEGATIVAÇÃO INDEVIDA. DANO MORAL IN RE IPSA . Sentença que julgou procedentes os pedidos, declarando inexigível a dívida sub judice e condenando a ré ao pagamento de indenização por danos morais pela indevida negativação do nome do autor. Irresignação de ambas as partes. Inexistência da dívida evidenciada pela falta de provas de sua origem. Operadora de telefonia que não se desincumbiu do ônus probatório, notadamente à luz das regras consumeristas e daquelas previstas no inciso VIII do artigo 6º da Lei nº 8 .078/90. Negativação indevida que caracterizou ato ilícito praticado pela fornecedora de serviços, passível de reparação civil. Danos morais in re ipsa configurados pela inclusão ilícita do nome do consumidor em órgão de proteção ao crédito. Inaplicabilidade da Súmula 385 do STJ no caso . Inexistência de anotações preexistentes ativas no nome do autor. Quantum indenizatório que admite majoração para R$ 10.000,00 em consonância aos critérios da razoabilidade e proporcionalidade e em observância aos parâmetros jurisprudenciais desta Câmara. Precedentes . Adequado o arbitramento dos honorários advocatícios sucumbenciais devidos ao patrono do autor sobre o valor atualizado da condenação, por força do art. 85, § 2º do CPC. Sentença parcialmente reformada. Recurso da ré não provido . Recurso do autor provido. (TJ-SP - Apelação Cível: 10068622220228260576 São José do Rio Preto, Relator.: Rodrigues Torres, Data de Julgamento: 17/06/2024, 28ª Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 17/06/2024) (Negritei) RECURSO INOMINADO. INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. INSCRIÇÃO INDEVIDA NO CADASTRO DE INADIMPLENTES. DÉBITO PAGO . DANO MORAL IN RE IPSA. QUANTUM ARBITRADO DENTRO DO CRITÉRIO DA RAZOABILIDADE. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO. 1 . Analisando os documentos constantes dos autos, verifica-se a realização da negativação mesmo após o pagamento do débito. 2. É assente na jurisprudência que a inscrição indevida nos órgãos de proteção ao crédito enseja dano moral na modalidade in re ipsa (Súmula 22/TR-MT). 3 . Quantum indenizatório dentro do critério da razoabilidade. 4. Recurso conhecido e desprovido. (TJ-MT - RECURSO INOMINADO: 10579558320238110001, Relator.: ANTONIO VELOSO PELEJA JUNIOR, Data de Julgamento: 24/06/2024, Segunda Turma Recursal, Data de Publicação: 28/06/2024) (Negritei) APELAÇÃO CÍVEL – AÇÃO DE DECLARAÇÃO DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO C.C PEDIDO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS – AUSÊNCIA DE PROVA DA DÍVIDA – INADIMPLÊNCIA NÃO DEMONSTRADA – INSCRIÇÃO INDEVIDA DE NOME EM CADASTRO DE RESTRIÇÃO AO CRÉDITO – ATO ILÍCITO CONFIGURADO – DANO MORAL IN RE IPSA – DEVER REPARATÓRIO CARACTERIZADO – QUANTUM INDENIZATÓRIO MANTIDO – VALOR DA CONDENAÇÃO QUE ATENDE AOS PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE E DA PROPORCIONALIDADE – RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO. Demonstrado o ato ilícito com a inscrição do nome do suposto devedor nos cadastros de proteção ao crédito, por conta de débito inexistente, nasce a obrigação de indenizar, independentemente da prova de prejuízo, porque, nesta hipótese, o dano é presumido, basta a comprovação da ocorrência do fato que o gerou. A indenização por dano moral deve ser fixada em montante que não onere em demasia o ofensor, mas, por outro lado, atenda à finalidade para a qual foi concedida, compensando o sofrimento da vítima e desencorajando a outra parte quanto aos outros procedimentos de igual natureza .(TJ-MT - APELAÇÃO CÍVEL: 1029275-19.2022.8.11 .0003, Relator.: DIRCEU DOS SANTOS, Data de Julgamento: 05/06/2024, Terceira Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 10/06/2024) Cumpre ressaltar que a responsabilidade do réu é objetiva, conforme disposição do art. 14 do Código de Defesa do Consumidor, não podendo o autor ser responsabilizado e amargar as consequências da sua desídia. O Código Civil, em seu artigo 186 dispõe que aquele que causa dano a outrem, seja por ação ou omissão, comete ato ilícito, in verbis: “Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.” Em complemento, o artigo 927 do Código Civil prevê a obrigação de reparar civilmente os danos causados, em especial quando a atividade do causador importar em risco para os direitos do outro, como é o presente caso. Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.” (Negritei) Por fim, a Constituição Federal do Brasil ratifica o dever de reparação civil, ainda que exclusivamente moral (art. 5º, inc. X, CF/88). Nesse contexto, é patente a obrigação do réu em reparar moralmente o autor, eis que os transtornos causados ultrapassam o limite do mero aborrecimento, inexiste a necessidade de comprovação do dano moral, dada a inferência lógica que se pode extrair (in re ipsa). O quantum indenizatório deve atentar aos princípios da razoabilidade e proporcionalidade, quantificado segundo os critérios da efetiva reparação do sofrimento, observando-se a teoria do desestímulo e capacidade econômica, bem como evitando o enriquecimento ilícito da parte vencedora. Atenta a esses parâmetros, fixo o dano moral no valor de R$ 8.000,00 (oito mil reais). DISPOSITIVO Posto isto, nos termos do art. 487, inciso I, do Código de Processo Civil, julgo procedentes esta ação de obrigação de fazer, com pedido de tutela de urgência, “inaudita altera pars”, cumulada com pedido de indenização por danos morais proposta por DANUBIA RODRIGUES DE ARAUJO em face de NU PAGAMENTOS S.A – INSTITUIÇÃO DE PAGAMENTO, para declarar a inexistência da dívida cobrada pela ré no valor de R$ 1. 314,53 (mil trezentos e quatorze reais e cinquenta e três centavos). Condeno o réu, ainda, ao pagamento de indenização por DANOS MORAIS ao autor, no valor de R$ 8.000,00 (oito mil reais), acrescidos de juros de mora de 1% ao mês a partir da citação e correção monetária pelo INPC a partir da data desta sentença. Custas e despesas processuais pelo réu, assim como honorários advocatícios de sucumbência, que fixo em 15% (quinze por cento) do valor da condenação, nos termos dos artigos 82, §2º e 85, §2º, ambos do CPC. Após o trânsito em julgado, arquive-se com baixa na distribuição. P.I. Cumpra-se. Cuiabá, data registrada no sistema. Ana Paula da Veiga Carlota Miranda Juíza de Direito

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Marcelo Pereira Da Silva x Oi S.A.

ID: 338697644

Tribunal: TJMT Órgão: 3ª VARA CÍVEL DE CUIABÁ Classe: PROCEDIMENTO COMUM CíVEL Nº Processo: 1080470-55.2024.8.11.0041

Data de Disponibilização: 30/07/2025

Polo Ativo:

MARCELO PEREIRA DA SILVA

Polo Passivo:

OI S.A.

Sentença

Advogados:

91365325504 REGISTRADO(A) CIVILMENTE COMO NATALIA VIDAL DE SANTANA

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VITOR HUGO SILVA CAVALCANTE

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Poder Judiciário do Estado de Mato Grosso Comarca de Cuiabá Juízo da 3ª Vara Cível Avenida Desembargador Milton Figueiredo Ferreira Mendes, Telefones: (65) 3648-6424/6427 - (65) 3648-6422 - WhatsApp … Poder Judiciário do Estado de Mato Grosso Comarca de Cuiabá Juízo da 3ª Vara Cível Avenida Desembargador Milton Figueiredo Ferreira Mendes, Telefones: (65) 3648-6424/6427 - (65) 3648-6422 - WhatsApp Secretaria: (65) 99227-4375 - WhatsApp Gabinete: (65) 99229-2500- Centro Político Administrativo, Cuiabá - MT - CEP: 78049-075 e-mail: cba.gab3varacivel@tjmt.jus.br (gabinete) Processo nº 1080470-55.2024.8.11.0041 Requerente(s): MARCELO PEREIRA DA SILVA Requerido(s): OI S.A. SENTENÇA Trata-se de ação de obrigação de fazer e indenização por danos morais proposta por MARCELO PEREIRA DA SILVA em face de OI S.A., devidamente qualificados e representados nos autos. O autor sustenta que foi surpreendido com a negativação de seu nome nos órgãos de proteção ao crédito, decorrente de suposta dívida da qual afirma não ter conhecimento ou ter contratado. Relata que identificou uma dívida junto a ré no valor de R$ 110,05. Após reclamação no Procon, foi informado pela ré que a dívida se refere ao inadimplemento de uma conta de internet instalada em Campo Grande/MS. Alega que nunca residiu no endereço supracitado, que desconhece totalmente o débito e qualquer contrato acerca da dívida em questão. Requer, portanto, a exclusão da negativação, a declaração de inexistência da dívida e indenização por danos morais no valor de R$ 8.000,00 (oito mil reais). Juntou documentos para instruir os pedidos. Recebida a inicial, foi determinada a citação do réu, bem como houve deferimento da Justiça Gratuita ao autor (ID. 183206844). Regularmente citado, a ré OI S.A apresentou contestação, de modo que não arguiu nenhuma preliminar. No mérito, defende que foi identificado contrato junto ao autor, sendo que o plano permaneceu ativo pelo período de 26/06/2024 a 10/12/2024, sendo cancelado por inadimplência. Ressalta que para a contratação de planos é necessário diversos documentos pessoais. Relata que não realizou a inscrição do nome da parte autora em órgãos de proteção de crédito. Aduz que não há ato ilícito a ensejar sua condenação ao pagamento de indenizações e pugna pela improcedência dos pedidos (ID. 194137516). Realizada audiência de conciliação, não houve composição entre as partes (ID. 193265153). Impugnação à contestação (ID. 196027234). As partes quedaram-se inertes quanto à produção de outras provas (ID. 197166342) e os autos vieram conclusos para julgamento. É o relatório. Decido. Inexistindo pedido de provas, passo ao julgamento da lide no estado em que se encontra, com fundamento no artigo 355, do Código de Processo Civil. Destaca-se que o julgamento antecipado da lide, se constitui em um dever do magistrado, sempre que o mesmo identificar maturidade suficiente para a resolução do mérito, em atenção aos princípios da celeridade e economia processual (N.U 1010288-69.2021.8.11.0002, TURMA RECURSAL CÍVEL, LUCIA PERUFFO, Turma Recursal Única, Julgado em 14/03/2022, Publicado no DJE 18/03/2022). Em consonância está o pacífico entendimento de que o juiz é livre para deferir as provas que entende necessárias para decidir a lide de acordo com seu livre e motivado convencimento, podendo inclusive dispensar as provas que entender desnecessárias à solução do feito, sem que isto configure cerceamento de defesa, nos termos do artigo 370 e parágrafo único do Código de Processo Civil. A ré impugnou os benefícios de justiça gratuita ao autor, afirmando que este não juntou nos autos documentos que atestem sua condição de hipossuficiente. No entanto, em análise dos autos, verifico a presença de documentos necessários ao prosseguimento da demanda, inclusive de comprovantes de hipossuficiência (ID. 179416053), o que justifica a concessão do referido benefício a autora. Outrossim, apenas a argumentação genérica trazida pela ré não possui condão para afastar o benefício concedido, considerando que não apresentou quaisquer documentos que comprovem que a parte autora possui recursos financeiros. Motivos estes pelos quais indefiro o pedido de revogação do benefício da justiça gratuita. Superada a impugnação, faço a análise do mérito. A relação existente entre as partes é de consumo. Logo, aplico ao presente caso as regras dispostas no Código de Defesa do Consumidor, inclusive de inversão do ônus da prova (artigo 6º, VIII, CDC). A controvérsia instaurada nos presentes autos restringe-se à verificação da existência ou não de relação jurídica válida entre o autor e a ré, bem como à legitimidade da inscrição do nome do autor nos cadastros de inadimplentes e se referida inscrição ocasionou prejuízos à pontuação “score” do autor. A pretensão do autor, como visto, funda-se na tese de que não houve contratação junto à instituição de telefonia e internet, razão pela qual reputa ilícita a negativação de seu nome. Nesse sentido, verifico que parcial razão merece a parte autora, uma vez que a ré não juntou elementos suficientes que comprovem a existência de relação contratual entre as partes e do débito pendente pelo autor. Sob esse viés, conforme contestação em ID. 194137516, a empresa de telefonia ré alega que foi identificado em nome do autor o contrato n. 2032020340, referente à contratação do plano Oi Total Fixo + Banda Larga 1, que abrange ao terminal fixo n. 67 3349-0397 e internet banda larga, que permaneceu ativo pelo período de 26/06/2024 a 10/12/2024. Entretanto, ao compulsar os autos, verifico que a ré não apresentou cópia do referido contrato devidamente assinado pelo autor, bem como não colacionou nos autos os documentos pessoais do autor que foram utilizados para a contratação do serviço, limitando-se a apresentação de “prints” de tela de sistemas internos e de sites eletrônicos. Assim, apenas apresentação de telas sistêmicas resta insuficiente para demonstrar a existência da relação contratual entre as partes, uma vez que a contratação pode ser fruto de uma ação fraudulenta por terceiro, considerando que não fora apresentada a cópia do contrato assinado pelo autor, sendo que a ré somente informou o número do possível documento. Ademais, o endereço de cobrança do plano em questão refere-se ao Estado de Mato Grosso do Sul, sendo distinto do endereço em que reside o autor, conforme a inicial e a cópia da CTPS apresentada, o que colabora para a possível fraude no cadastro. Ora, cabia à parte ré fazer prova de que o autor realmente contratou com a mesma e assumiu a obrigação decorrente da negativação lançada em seu nome, como determina o inc. II, do art. 373, do CPC e o inc. VIII, do art. 6º, do CDC, já que a relação é de consumo. Afinal, é impossível ao consumidor fazer prova negativa acerca da obrigação que está sendo-lhe cobrada. Diante da total ausência de documento eficaz para comprovar a legitimidade da dívida, é possível constatar a veracidade das alegações do autor sobre o desconhecimento da origem do débito, sendo forçoso reconhecer, ainda, a possibilidade de que terceiro de má-fé tenha se utilizado dos seus dados pessoais para contrair obrigações perante a ré. Desta feita, verifico que a ré não se desincumbiu de seu ônus, eis que não comprovou a obrigação supostamente firmada com o autor. Nesse sentido: APELAÇÃO. INEXIGIBILIDADE DE DÍVIDA. NEGATIVAÇÃO INDEVIDA. DANO MORAL IN RE IPSA . Sentença que julgou procedentes os pedidos, declarando inexigível a dívida sub judice e condenando a ré ao pagamento de indenização por danos morais pela indevida negativação do nome do autor. Irresignação de ambas as partes. Inexistência da dívida evidenciada pela falta de provas de sua origem. Operadora de telefonia que não se desincumbiu do ônus probatório, notadamente à luz das regras consumeristas e daquelas previstas no inciso VIII do artigo 6º da Lei nº 8 .078/90. Negativação indevida que caracterizou ato ilícito praticado pela fornecedora de serviços, passível de reparação civil. Danos morais in re ipsa configurados pela inclusão ilícita do nome do consumidor em órgão de proteção ao crédito. Inaplicabilidade da Súmula 385 do STJ no caso . Inexistência de anotações preexistentes ativas no nome do autor. Quantum indenizatório que admite majoração para R$ 10.000,00 em consonância aos critérios da razoabilidade e proporcionalidade e em observância aos parâmetros jurisprudenciais desta Câmara. Precedentes . Adequado o arbitramento dos honorários advocatícios sucumbenciais devidos ao patrono do autor sobre o valor atualizado da condenação, por força do art. 85, § 2º do CPC. Sentença parcialmente reformada. Recurso da ré não provido . Recurso do autor provido. (TJ-SP - Apelação Cível: 10068622220228260576 São José do Rio Preto, Relator.: Rodrigues Torres, Data de Julgamento: 17/06/2024, 28ª Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 17/06/2024) (Negritei) EMENTA: RECURSO INOMINADO CÍVEL. CONSUMIDOR. BANCÁRIO. CESSÃO DE CRÉDITO . AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DA RELAÇÃO JURÍDICA ORIGINÁRIA. NEGATIVAÇÃO PELO CESSIONÁRIO. TERMO DE CESSÃO DE CRÉDITO POSTERIOR. FALHA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO . DEMONSTRAÇÃO DAS CONDIÇÕES PESSOAIS DO LESADO NA PETIÇÃO INICIAL/CONTESTAÇÃO. DANO MORAL CONFIGURADO IN RE IPSA. SÚMULA 22/TRTJMT. EXISTÊNCIA DE APONTAMENTO POSTERIOR . SENTENÇA REFORMADA. RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO. 1- Documentos desacompanhados do contrato originário e específico - firmado entre a empresa cedente e o consumidor - não demonstram a existência/validade da dívida. Ademais, a negativação de crédito, ocorrida antes da conclusão da respectiva Cessão inviabiliza, em tese, somente a negativação identificada, e não o crédito propriamente dito . 2- Havendo alegação de anotação indevida, incumbe ao fornecedor de produtos/serviços, comprovar a existência do débito ou a suposta ausência de anotação nos órgãos de proteção ao crédito, ônus que lhe cabe, nos termos do artigo 373, II do CPC. 3- A inscrição indevida nos órgãos de proteção ao crédito rende ensejo ao dever de indenizar, ou seja, o dano é vinculado à própria existência do ato ilícito, sendo presumidos os seus resultados (in re ipsa). Precedentes (STJ – 2ª T - REsp 1707577/SP - rel. Ministro HERMAN BENJAMIN – j . 07/12/2017 - DJe 19/12/2017) e (TJMT – TR - RI nº 0019423-96.2019.811.0001 – relª . Juíza LÚCIA PERUFFO – j. 10/09/2019). 4- Na TRTJMT, a matéria é sumulada: “Súmula 22/TRTJMT: A inserção indevida do nome do consumidor em cadastro de órgãos de proteção ao crédito gera o dano moral na modalidade “in re ipsa”, salvo se houver negativação preexistente”. 5- A existência de negativações posteriores àquela discutida, em nome do consumidor, devem ser consideradas para a quantificação do dano moral, nos termos do que dispõe a Súmula 29/TRTJMT . (TJ-MT - RECURSO INOMINADO: 1062531-22.2023.8.11 .0001, Relator.: WALTER PEREIRA DE SOUZA, Data de Julgamento: 10/06/2024, Primeira Turma Recursal, Data de Publicação: 14/06/2024) (Negritei) Por outro lado, em que pese o autor argumente que houve alteração na pontuação de seu score, verifico que tal alegação não prospera, tendo em vista que, em análise ao documento juntado pelo autor em ID. 179416062 (Pág. 3), verifico que seu nome não foi inserido nos cadastros de inadimplentes, mas apenas houve a inclusão da dívida na plataforma “Serasa Limpa Nome”, o que, por si só, não enseja o dano moral, considerando que o cadastro não é público e não altera o score do consumidor. Conforme o Tribunal de Justiça de Mato Grosso: E M E N T A DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL – RECURSO DE APELAÇÃO CÍVEL – AÇÃO DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO C/C INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL – DÉBITO INSCRITO NA PLATAFORMA SERASA LIMPA NOME – AUSÊNCIA DE NEGATIVAÇÃO E DE PUBLICIDADE – GARANTIA DE COBRANÇA EXTRAJUDICIAL – NÃO INFLUÊNCIA NO SCORE DO CONSUMIDOR – DANO MORAL NÃO CONFIGURADO – SENTENÇA MANTIDA – APELO NÃO PROVIDO. A inclusão do débito na plataforma Serasa Limpa Nome não configura, por si só, dano moral, porque, além de o cadastro não ser público, não se equipara à inscrição em sistema de inadimplentes e não influencia no score do consumidor. (TJ-MT - APELAÇÃO CÍVEL: 1019811-51.2022 .8.11.0041, Relator.: MARCIO VIDAL, Data de Julgamento: 07/06/2024, Quinta Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 12/06/2024) AGRAVO INTERNO – DECISÃO MONOCRÁTICA- APELAÇÃO CÍVEL – AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO- DÍVIDA PRESCRITA- INSERÇÃO NA PLATAFORMA SERASA LIMPA NOME - MECANISMO EXTRAJUDICIAL DE COBRANÇA SEM PUBLICIDADE - AUSÊNCIA DE NEGATIVAÇÃO-AUSÊNCIA DE IRREGULARIDADE- POSSIBILIDADE DE COBRANÇA EXTRAJUDICIAL- PONTUAÇÃO SCORE- NÃO INFLUÊNCIA-– DANO MORAL NÃO CONFIGURADA DECISÃO MONOCRÁTICA MANTIDA - CONHEÇO DO RECURSO DE AGRAVO INTERNO E NEGO -LHE PROVIMENTO. 1- O § 2º do art. 1021 do CPC confere ao julgador, após oitiva da parte contrária, a possibilidade de retratação do seu posicionamento. 2 - O Serasa Limpa Nome trata-se de ferramenta disponibilizada pela Serasa Experian que possibilita a renegociação de dívidas entre os credores parceiros da entidade restritiva de crédito e seus devedores . 3- A inscrição de dados no Serasa Limpa Nome não se confunde com a inscrição do nome do devedor no cadastro de inadimplentes operado pela Serasa Experian. 4- O reconhecimento da prescrição afasta apenas a pretensão do credor de exigir o débito judicialmente, mas não extingue o direito subjetivo, sendo possível a cobrança extrajudicial. 5. Não sendo o caso de negativação da dívida, mas inclusão em plataforma de negociação, sem qualquer efeito sobre o score do devedor, não há se falar em irregularidade na inscrição da dívida da plataforma Serasa Limpa Nome . (TJ-MT - AGRAVO REGIMENTAL CÍVEL: 1016966-97.2021.8.11 .0003, Relator.: SEBASTIAO DE MORAES FILHO, Data de Julgamento: 12/06/2024, Segunda Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 17/06/2024) Portanto, deixo de condenar a ré ao pagamento de indenização por danos morais, uma vez que este não restou caracterizado. DISPOSITIVO Posto isto, nos termos do artigo 487, inciso I, do Código de Processo Civil, julgo parcialmente procedente esta ação de obrigação de fazer e indenização por danos morais proposta por MARCELO PEREIRA DA SILVA em face de OI S.A., tão somente para declarar a inexistência da dívida cobrada pela ré no valor de R$ 110,05 (cento e dez reais e cinco centavos). Como a ré decaiu de parte mínima do pedido, condeno o autor ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios de sucumbência, que fixo em 10% (dez por cento) do valor atualizado da causa, nos termos dos artigos 82, §2º e 85, §2º, ambos do CPC. Contudo, sendo este beneficiário da Justiça Gratuita, suspendo a exigibilidade do débito pelo prazo de cinco anos. Após o trânsito em julgado, arquive-se com baixa na distribuição. P. I. Cumpra-se. Cuiabá, data registrada no sistema. Ana Paula da Veiga Carlota Miranda Juíza de Direito

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Neuza Soares De Oliveira x Banco Bradesco Cartões S.A. e outros

ID: 278115129

Tribunal: TJMT Órgão: 3ª VARA CÍVEL DE CUIABÁ Classe: PROCEDIMENTO COMUM CíVEL Nº Processo: 1042527-04.2024.8.11.0041

Data de Disponibilização: 26/05/2025

Polo Ativo:

NEUZA SOARES DE OLIVEIRA

Polo Passivo:

BANCO BRADESCO CARTÕES S.A. BANCO BRADESCO S.A.

Sentença

Advogados:

WILSON SALES BELCHIOR

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TAYS FERREIRA RANDO

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BRUNA CARLA GUARIM DA SILVA

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Poder Judiciário do Estado de Mato Grosso Comarca de Cuiabá Juízo da 3ª Vara Cível Avenida Desembargador Milton Figueiredo Ferreira Mendes, Telefones: (65) 3648-6424/6427 - (65) 3648-6422 - WhatsApp … Poder Judiciário do Estado de Mato Grosso Comarca de Cuiabá Juízo da 3ª Vara Cível Avenida Desembargador Milton Figueiredo Ferreira Mendes, Telefones: (65) 3648-6424/6427 - (65) 3648-6422 - WhatsApp Secretaria: (65) 99227-4375 - WhatsApp Gabinete: (65) 99229-2500- Centro Político Administrativo, Cuiabá - MT - CEP: 78049-075 e-mail: cba.gab3varacivel@tjmt.jus.br (gabinete) Processo nº 1042527-04.2024.8.11.0041 SENTENÇA Trata-se de ação declaratória de inexistência de débito (compra não autorizada no cartão de crédito) c/c dano moral e material com repetição de indébito e pedido de tutela de urgência proposta por Neuza Soares de Oliveira contra o Banco Bradesco S.A. e o Banco Bradesco Cartões S.A., todos qualificados e representados. Relata a inicial que a autora, pessoa idosa, aposentada e de renda mensal limitada, no mês de fevereiro de 2024, observou aumento incomum no valor da fatura do seu cartão de crédito Visa Gold. Após diligenciar junto à agência bancária no dia 28/02/2024, foi informada da existência de três compras lançadas em seu cartão na data de 17/02/2024, as quais afirmou desconhecer e jamais ter autorizado. Em razão disso, solicitou a contestação das cobranças e o bloqueio do cartão, bem como registrou boletim de ocorrência na mesma data. Alega que mesmo após a contestação formal, o banco se recusou a cancelar as transações, mantendo os débitos nas faturas dos meses de fevereiro e março de 2024, os quais ela pagou por receio de ter seu nome negativado. Posteriormente, diante da ausência de resposta satisfatória e dos encargos acumulados, deixou de pagar as parcelas seguintes, o que, segundo alegado, resultou em cobranças diárias, inclusive nos finais de semana, e ameaças de negativação de seu nome. Destaca que mesmo após o cancelamento solicitado, a instituição financeira enviou novo cartão com o mesmo número à sua residência e sustenta que toda a situação lhe trouxe abalos financeiros e emocionais, apontando falha na segurança dos dados bancários por parte do réu, o que teria permitido o acesso indevido e culminado nas compras não reconhecidas. Postulou a tutela de urgência para que os réus suspendam imediatamente as cobranças e se abstenham de negativar seu nome, sob pena de multa diária de R$ 500,00. Ao final, requereu a declaração de inexistência do débito oriundo das compras indevidas no valor total de R$ 1.534,30 e a condenação dos réus à restituição em dobro dos valores pagos indevidamente (R$ 656,68), totalizando R$ 1.313,36; bem como pagamento de indenização por danos morais no valor sugerido de R$ 10.000,00. Por fim, pediu que seja determinado aos réus o cancelamento de quaisquer cartões ativos emitidos em seu nome. A inicial foi instruída com documentos. O pedido de tutela provisória de urgência foi parcialmente deferido, para determinar aos réus a suspensão da negativação promovida em nome da autora, em razão da relação jurídica em discussão, até o deslinde do feito. Houve deferimento da Justiça Gratuita (Id. 172105525). Os réus ofertaram contestação em defendem a ausência de atitude ilícita por parte da instituição financeira a ensejar a pretensa condenação ao pagamento de indenização por danos morais. Aduz que as compras contestadas pela autora foram efetivadas mediante utilização de cartão e senha, ou seja, de modo físico, razão pela qual foi indeferida a contestação das operações. Argumenta que incumbe ao usuário guardar e zelar por seu cartão e senha. Assevera que a negativação do nome da autora perante os órgãos de proteção ao crédito é exercício regular de direito e que não há justificativa para a devolução em dobro. Impugna o valor atribuído à causa. Pugna pela improcedência dos pedidos. (Id. 177537208). Realizada audiência de conciliação, não houve acordo. Impugnação à contestação (Id. 180022646). Intimadas sobre a produção de provas, a autora requer designação de audiência de instrução para colheita de seu depoimento pessoal. Requer que os réus sejam compelidos a informar o endereço do estabelecimento comercial em que foram realizadas as compras contestadas. Os autos vieram conclusos para análise. É o relatório. Decido. De início, rejeito a impugnação ao valor atribuído à causa, uma vez que a mesma é a somatória dos pedidos formulados pela autora, estando de acordo com o estabelecido no artigo 292, IV, do CPC. No que concerne ao pedido de produção de provas da autora, verifico que não há necessidade, haja vista que o depoimento pessoal do representante legal dos réus em nada contribuirá para o deslinde da controvérsia. Quanto ao fornecimento do endereço do estabelecimento comercial em que as compras foram realizadas, os réus poderiam e deveriam tê-lo fornecido com a contestação, uma vez que tal informação já era de conhecimento ao tempo da defesa. Assim, indefiro a produção das provas requeridas pela autora. Destaca-se que o julgamento antecipado da lide, previsto no artigo 355, do Código de Processo Civil, se constitui em um dever do magistrado, sempre que o mesmo identificar maturidade suficiente para a resolução do mérito, em atenção aos princípios da celeridade e economia processual (N.U 1010288-69.2021.8.11.0002, TURMA RECURSAL CÍVEL, LUCIA PERUFFO, Turma Recursal Única, Julgado em 14/03/2022, Publicado no DJE 18/03/2022). Superada as questões pendentes, passo ao julgamento antecipado da lide, eis que o feito prescinde da produção de provas, conforme me permitem os artigos 355, inc. II, e 12, §2º, inciso VII (Meta 01-CNJ), do Código de Processo Civil. Registro que a relação existente entre as partes é de consumo. Logo, aplico ao presente caso as regras dispostas no Código de Defesa do Consumidor, inclusive, com a inversão do ônus da prova previsto no art. 6º, inc. VIII, do CDC. A autora narra que em fevereiro de 2024 identificou aumento incomum no valor de sua fatura, sendo surpreendida com a cobrança de compras realizadas em 17/02/2024, que afirma não ter efetuado. Informa que procedeu imediatamente à contestação junto ao banco, ao cancelamento do cartão e ao registro de boletim de ocorrência. Contudo, os réus mantiveram os lançamentos indevidos, culminando na cobrança das compras não reconhecidas. Pretende, a declaração de inexistência do débito no valor de R$ 1.534,30, correspondente às referidas transações não reconhecidas; além da condenação dos réus à restituição em dobro dos valores pagos indevidamente (R$ 656,68), que somam R$ 1.313,36, e indenização por danos morais. Em contestação, os réus defendem que as compras foram regularmente realizadas pela autora ao longo do tempo e que não houve qualquer falha na prestação do serviço bancário. Atribuem eventual prejuízo à culpa exclusiva da autora que, segundo sustentam, teria fornecido a terceiros seus dados bancários (cartão e senha) ou agido com desídia na guarda de seu cartão e senha. Aduzem que as cobranças são legítimas e que os lançamentos foram feitos com base em informações da bandeira do cartão, sem intervenção direta do banco. Desta feita, nota-se que a controvérsia cinge-se à existência, ou não, de responsabilidade das instituições financeiras rés quanto a lançamentos em fatura de cartão de crédito da autora, os quais esta afirma não reconhecer. Cumpre destacar que a responsabilidade dos fornecedores de serviços bancários, nesses moldes, é objetiva, conforme disposto no art. 14 do CDC, prescindindo-se da demonstração de culpa, bastando a ocorrência do dano, a falha na prestação do serviço e o nexo causal. No caso em análise, a autora trouxe aos autos prova documental da sua contestação administrativa, do registro de boletim de ocorrência e do cancelamento do cartão, todos com data subsequente às compras questionadas. As faturas acostadas demonstram que os lançamentos indevidos foram mantidos e cobrados, mesmo após a reclamação. Verifico, entretanto, que os réus não comprovaram a regularidade das transações, limitando-se a afirmar, genericamente, que a autora utilizava o cartão há anos e que não houve falha no serviço, uma vez que as compras teriam sido efetivadas mediante utilização do cartão físico e senha. Os réus não apresentaram qualquer elemento técnico idôneo a comprovar a regularidade das compras, como comprovante de IP, localização dos estabelecimentos comerciais, reconhecimento de dispositivo, ou qualquer outro indicativo, que possa demonstrar, minimamente, a efetiva origem das transações. De igual modo, não foi comprovado, ainda que indiciariamente, que a autora tenha fornecido seu cartão e sua senha pessoal a terceiros, tampouco que tenha incorrido em conduta imprudente ou negligente. Ora, a invocação genérica da “culpa exclusiva da vítima”, sem substrato probatório, revela-se insuficiente para afastar a responsabilidade objetiva da ré. Ao revés, os elementos constantes dos autos evidenciam, ao menos neste ponto específico, a ocorrência de defeito na prestação do serviço, consistente na ausência de segurança do sistema de pagamentos e na negativa indevida de estorno, mesmo diante da pronta manifestação da consumidora. Nesse contexto, restando incontroversa a ocorrência de transações não reconhecidas, a imediata providência da autora no sentido de impugnar os lançamentos, bem como a ausência de prova hábil no sentido de demonstrar a origem legítima das cobranças, impõe-se o reconhecimento da falha na prestação do serviço bancário, nos termos do art. 14, §1º, do CDC. Logo, deve ser afastada a aplicação da excludente de responsabilidade prevista no art. 14, §3º, II, do CDC, haja vista a ausência de comprovação da alegada culpa exclusiva da consumidora. De rigor, portanto, o acolhimento do pedido de declaração de inexigibilidade do débito no valor de R$ 1.534,30, relativo à totalidade das compras efetuadas em 17/02/2024 e não reconhecidas pela autora. A restituição da quantia paga (R$ 656,68), entretanto, deverá ocorrer de forma simples, haja vista a ausência de má-fé por parte das instituições financeiras. Resta evidenciada, ainda, a ocorrência do dano moral, eis que a situação vivenciada ultrapassa o limite do mero aborrecimento. O Código Civil, em seu artigo 186 dispõe que aquele que causa dano a outrem, seja por ação ou omissão, comete ato ilícito, in verbis: “Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.” Em complemento, o artigo 927 do Código Civil prevê a obrigação de reparar civilmente os danos causados, em especial quando a atividade do causador importar em risco para os direitos do outro, como é o presente caso. Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.” Por fim, a Constituição Federal do Brasil ratifica o dever de reparação civil, ainda que exclusivamente moral (art. 5º, inc. X, CF/88). Sobre o assunto, colaciono ementas de julgados de casos semelhantes: AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO CUMULADA COM INDENIZAÇÃO. SENTENÇA DE PARCIAL PROCEDÊNCIA. APELAÇÃO DO AUTOR PROVIDA. APELAÇÃO DO RÉU IMPROVIDA . CONSUMIDOR. CARTÃO DE CRÉDITO. FRAUDE BANCÁRIA. INEXIGIBILIDADE DO DÉBITO . AUSÊNCIA DE CULPA DO CONSUMIDOR. FALTA DE PROVA DE FORNECIMENTO DE SENHA OU CARTÃO PARA TERCEIROS. Ação declaratória de inexigibilidade de débito cumulada com pedido de indenização. O consumidor não reconheceu a validade da compra realizadas em 10/11/2021 e lançadas no seu cartão de crédito no valor total de R$ 4 .513,90. A fatura juntada (fl. 15) demonstrou que o lançamento impugnado estava fora do perfil de consumo do autor. Todas as compras relacionadas naquela fatura são inferiores a R$ . 500,00. A prova documental não deixou dúvidas que aquela operação indicava que o cartão era objeto de uso indevido. Ademais, o autor, além de contestar a fatura junto à instituição financeira ré, registrou reclamação perante o Banco Central (fls. 19/20), numa demonstração de conduta de acordo com a boa-fé . Ausência de prova de que o autor concorreu para o evento danoso. O banco levantou uma hipótese de uso de cartão com chip e senha, mas não provou participação culposa ou dolosa do cliente. Era dele (réu) o ônus da prova de inexistência do defeito ou da culpa do consumidor. Não apresentou qualquer indício a respeito . O serviço prestado pelo réu foi defeituoso, ao não proporcionar a segurança dele esperada. Incidência da súmula 479 do Superior Tribunal de Justiça, rejeitando-se o recurso do banco réu. Danos morais configurados. Valor da indenização fixado em R$ 10 .000,00, acolhendo-se o recurso do autor. A quantia atenderá as funções compensatória (principal) e inibitória (secundária), concretizando-se o direito básico do consumidor. Precedentes da Turma julgadora. Pretensão do autor acolhida. Ação procedente em maior extensão em segundo grau. SENTENÇA REFORMADA. RECURSO DO AUTOR PROVIDO. RECURSO DO RÉU IMPROVIDO. (TJ-SP - AC: 10316983220218260564 SP 1031698-32.2021.8.26 .0564, Relator.: Alexandre David Malfatti, Data de Julgamento: 30/08/2022, 20ª Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 30/08/2022) APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITOS C/C DANOS MORAIS - CARTÃO DE CRÉDITO - CLONAGEM - ÔNUS DA PROVA DA INSTITUIÇÃO FINANCEIRA - AUSÊNCIA DE PROVA DA CULPA EXCLUSIVA DA VÍTIMA - DANOS MORAIS - QUANTUM INDENIZATÓRIO. - Havendo compras não reconhecidas em cartão de crédito pela vítima, e não havendo prova de que esta tenha agido com negligência, configura o defeito na prestação de serviço, devendo o banco ser responsabilizado objetivamente - O cartão com chip não está isento de possíveis fraudes - É ônus da instituição financeira a prova da autoria das compras não reconhecidas, não sendo possível exigir do consumidor a produção de prova negativa. (TJ-MG - AC: 50245061420218130702, Relator.: Des.(a) Cavalcante Motta, Data de Julgamento: 15/02/2023, Câmaras Cíveis / 10ª CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: 27/02/2023) O quantum indenizatório deve atentar aos princípios da razoabilidade e proporcionalidade, quantificado segundo os critérios da efetiva reparação do sofrimento, observando-se a teoria do desestímulo e capacidade econômica, bem como evitando o enriquecimento ilícito da parte vencedora. Atenta a esses parâmetros, fixo o dano moral no valor de R$ 8.000,00 (oito mil reais). DISPOSITIVO Posto isto, nos termos do art. 487, inciso I, do Código de Processo Civil, julgo parcialmente procedentes os pedidos formulados por NEUZA SOARES DE OLIVEIRA para: 1. Declarar a inexigibilidade das compras realizadas no dia 17/02/2024 e não reconhecidas pela autora, as quais somam R$ 1.534,30; 2. Condenar solidariamente o BANCO BRADESCO S/A e o BANCO BRADESCO CARTÕES S/A, à restituição da quantia paga pela autora, no valor de R$ 656,68, acrescido de juros e correção monetária pela Taxa Selic até a vigência da Lei n. 14.905/2024, quando então será aplicado o IPCA para correção e Selic para juros, abatido desta o valor do IPCA, a contar de cada desembolso; 3. Condenar solidariamente o BANCO BRADESCO S/A e o BANCO BRADESCO CARTÕES S/A ao pagamento de indenização por DANOS MORAIS à autora, no valor de R$ 8.000,00 (oito mil reais), acrescido de juros e correção monetária pela Taxa Selic até a vigência da Lei n. 14.905/2024, quando então será aplicado o IPCA para correção e Selic para juros, abatido desta o valor do IPCA, a partir da citação e do arbitramento, respectivamente. Como a autora decaiu de parte mínima do pedido, condeno os réus ao pagamento das custas e despesas processuais, assim como honorários advocatícios de sucumbência, que fixo em 10% (dez por cento) do valor da condenação, nos termos dos artigos 82, §2º e 85, §2º, ambos do CPC. Após o trânsito em julgado, arquive-se com baixa na distribuição. P.I. Cumpra-se. Cuiabá, data registrada no sistema. Ana Paula da Veiga Carlota Miranda Juíza de Direito

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Ariana Carla Figueira Da Silva x Mais Lar Imobiliaria Ltda e outros

ID: 339509024

Tribunal: TJMT Órgão: 3ª VARA CÍVEL DE CUIABÁ Classe: PROCEDIMENTO COMUM CíVEL Nº Processo: 1030056-53.2024.8.11.0041

Data de Disponibilização: 31/07/2025

Polo Ativo:

ARIANA CARLA FIGUEIRA DA SILVA

Polo Passivo:

MAIS LAR IMOBILIARIA LTDA RESIDENCIAL CUIABA INCORPORADORA SPE LTDA

Sentença

Advogados:

LORRAN HENRIQUE MIRANDA GONTIJO

OAB/MG XXXXXX Desbloquear

ERICA NAOMI SILVA DE CARVALHO REGISTRADO(A) CIVILMENTE COMO ERICA NAOMI SILVA DE CARVALHO

OAB/MT XXXXXX Desbloquear

Poder Judiciário do Estado de Mato Grosso Comarca de Cuiabá Juízo da 3ª Vara Cível Avenida Desembargador Milton Figueiredo Ferreira Mendes, Telefones: (65) 3648-6424/6427 - (65) 3648-6422 - WhatsApp … Poder Judiciário do Estado de Mato Grosso Comarca de Cuiabá Juízo da 3ª Vara Cível Avenida Desembargador Milton Figueiredo Ferreira Mendes, Telefones: (65) 3648-6424/6427 - (65) 3648-6422 - WhatsApp Secretaria: (65) 99227-4375 - WhatsApp Gabinete: (65) 99229-2500- Centro Político Administrativo, Cuiabá - MT - CEP: 78049-075 e-mail: cba.gab3varacivel@tjmt.jus.br (gabinete) Processo nº 1030056-53.2024.8.11.0041 Requerente(s): ARIANA CARLA FIGUEIRA DA SILVA Requerido(s): RESIDENCIAL CUIABA INCORPORADORA SPE LTDA e outros SENTENÇA Trata-se de ação de obrigação de fazer cumulada com indenização por danos morais com pedido de liminar ajuizada por Ariana Carla Figueira da Silva em face de Residencial Cuiabá Incorporadora SPE Ltda., Alexandre Humberto Caramatti Manata e Mais Lar Imobiliária Ltda. Narra a autora que firmou contrato de promessa de compra e venda em 31/12/2021 para aquisição de imóvel residencial no empreendimento Viver Mais Park – Fase IV, localizado em Cuiabá/MT, mediante financiamento junto à Caixa Econômica Federal. A entrega do imóvel estava prevista para ocorrer até 28/02/2024, já considerada a cláusula de tolerância. Contudo, até a data da propositura da ação, em julho de 2024, a autora ainda não havia recebido as chaves da unidade, situação que, segundo afirma, comprometeu seus planos e lhe gerou angústia, ansiedade e abalo emocional. Alega ainda que, apesar do atraso injustificado na entrega do imóvel, tem sido compelida a arcar com encargos indevidos, como taxa de evolução de obra, cobrança de IPTU, taxa de lixo e valores condominiais, mesmo sem deter a posse efetiva do bem. Destaca que tentou solucionar administrativamente a situação, inclusive chegando a assinar acordo parcial com a construtora, mas não obteve resposta definitiva ou efetiva solução. Diante do exposto, requer, em sede de tutela de urgência, a imediata entrega das chaves do imóvel, com os encargos de IPTU e taxa de lixo devidamente quitados ou suspensos, sob pena de multa diária. No mérito, busca a condenação dos réus à entrega definitiva do imóvel, ao pagamento da multa contratual, à restituição em dobro dos valores pagos indevidamente a título de taxa de obra (R$ 6.526,26), bem como ao pagamento dos valores de IPTU e taxa de lixo até a efetiva entrega do imóvel. Requer, por fim, a condenação dos réus ao pagamento de indenização por danos morais no valor de R$ 15.000,00. O pedido liminar foi deferido, determinando que a parte ré promova a entrega das chaves do imóvel à autora, no prazo de 15 dias, sob pena de multa (Id. 163413323). Emenda à inicial, requerendo a restituição de R$ 2.323,92 pagos a título de taxas condominiais. Pediu a correção do valor da causa para R$ 25.625,70 (Id. 170146175). Deferimento da emenda à inicial (Id. 175883321). Decisão homologando a desistência da ação em relação ao réu Alexandre Humberto Caramatti Manata (Id. 196541241). Contestação apresentada pelas rés (Id. 199004361), em que arguiram preliminar de ilegitimidade passiva de Mais Lar Imobiliária Ltda. para responder à ação e ilegitimidade passiva de ambas para responder pelo pedido de devolução da taxa de obra. Impugnaram a Justiça Gratuita concedida à autora. Meritoriamente, defendem que o imóvel foi entregue no dia 02/09/2024, inexistindo inadimplemento. Impugnação à contestação (Id. 200203456). É o necessário. Decido. Infere-se dos autos que as rés impugnaram a Justiça Gratuita concedida à autora. Quanto aos benefícios da Justiça Gratuita, o artigo 98 do Código de Processo Civil, que trata de sua concessão traz a seguinte redação: “Art. 98. A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com insuficiência de recursos para pagar as custas, as despesas processuais e os honorários advocatícios tem direito à gratuidade da justiça, na forma da lei.” Contudo, tal presunção é juris tantum cabendo ao Magistrado avaliar o caso concreto, podendo este, em caso de dúvida, requerer a juntada de documentos que comprovem a condição de beneficiário da justiça gratuita, com fundamento no artigo 5° LXXIV da Constituição Federal/88 e artigo 99, § 3º, do Código de Processo Civil. No caso dos autos, para a revogação do benefício concedido cabe às rés comprovar a capacidade financeira da parte adversa, ônus do qual não se desincumbiram. Somente as alegações trazidas são frágeis para comprovar a capacidade financeira da autora, que juntou aos autos holerite demonstrando auferir salário de R$ 3.045,10 (Id. 162402321). Nesse sentido: “AGRAVO REGIMENTAL – DECISÃO MONOCRÁTICA – impugnação À JUSTIÇA GRATUITA – SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA - JUSTIÇA GRATUITA – ÔNUS DA PROVA QUE CABE AO IMPUGNANTE – PRESUNÇÃO IURIS TANTUM DA DECLARAÇÃO DE HIPOSSUFICIÊNCIA – SENTENÇA MANTIDA - RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO. Incumbe ao impugnante o ônus da prova de demonstrar que o impugnado possui condições financeiras de arcar com as despesas processuais sem prejuízo do próprio sustento e de sua família. Ausente a prova nesse sentido, deve ser julgada improcedente a impugnação.”(Ag 166772/2015, DES. SEBASTIÃO DE MORAES FILHO, SEGUNDA CÂMARA DE DIREITO PRIVADO, Julgado em 16/12/2015, Publicado no DJE 21/01/2016. Negritei) Posto isto, rejeito a impugnação e mantenho os benefícios da Justiça Gratuita em favor da autora. Por oportunidade da contestação a ré Mais Lar Imobiliária Ltda. arguiu preliminar de ilegitimidade passiva. Sobre a questão, nota-se que apesar de no contrato constar como vendedora a empresa Residencial Cuiabá Incorporadora SPE Ltda., é certo que também consta assinatura da Mais Lar Imobiliária no documento, cuja representação foi feita por seu preposto. Ademais, as negociações e demais conversas ocorreram entre a autora e a ré Mais Lar, incidindo a aplicação da Teoria da Aparência. De acordo com o parágrafo único do artigo 7º c/c com o §1º do artigo 25, ambos do Código de Defesa do Consumidor, tendo mais de um autor a ofensa, todos responderão solidariamente pelos danos causados ao consumidor. Nestes termos, rejeito a preliminar de ilegitimidade passiva da Mais Lar Imobiliária Ltda. Também rejeito a preliminar de ilegitimidade passiva de ambas as rés, no que concerne ao pedido de devolução da taxa de obra, pois, embora a taxa seja paga ao agente financiador, é certo que a causa de pedir de sua devolução está relacionada com o atraso de entrega do imóvel. MÉRITO Superadas as questões preliminares, observo que o feito comporta o julgamento antecipado da lide, uma vez que há nos autos elementos de convicção suficientes para que a sentença seja proferida. Passo, então, a decidir a causa, nos termos do artigo 355, incisos I e II, do Código de Processo Civil e conforme me permite o artigo 12, §2º, inciso VII (Meta 01-CNJ), do mesmo Diploma Legal. Destaca-se que o julgamento antecipado da lide, previsto no artigo 355, do Código de Processo Civil, se constitui em um dever do magistrado, sempre que o mesmo identificar maturidade suficiente para a resolução do mérito, em atenção aos princípios da celeridade e economia processual (N.U 1010288-69.2021.8.11.0002, TURMA RECURSAL CÍVEL, LUCIA PERUFFO, Turma Recursal Única, Julgado em 14/03/2022, Publicado no DJE 18/03/2022). O contrato firmado entre as partes se submete à legislação consumerista, devendo as regras dispostas no Código de Defesa do Consumidor ser aplicadas ao presente caso. Decorre dos autos que a autora adquiriu da parte ré, em 31/12/2021, uma unidade autônoma no empreendimento denominado Viver Mais Park – Fase IV, apartamento n. 0104, bloco 03, situado à Avenida Salah Soleimam Ayoub, n. 300, Bairro Cachoeira das Garças, em Cuiabá/MT, conforme comprova o Contrato Particular de Promessa de Compra e Venda de Unidade Autônoma celebrado entre as partes (Id. 162402322). Em que pese a argumentação das rés na contestação, no item 04 do Quadro Resumo consta expressamente, e de forma clara, que o prazo para a entrega do empreendimento seria 31/08/2023, acrescido de um prazo de tolerância de 180 dias corridos. Assim, o termo final para a entrega da unidade residencial à autora seria 03/03/2024, já incluindo o prazo de tolerância. É importante destacar que o prazo de tolerância de até 180 (cento e oitenta) dias é estipulado e justamente aceito para abarcar as questões burocráticas, tais como instalação de rede de água e esgoto, individualização de matrículas, vistorias, expedição de Habite-se, etc. (Ap 133571/2015, DES. RUBENS DE OLIVEIRA SANTOS FILHO, SEXTA CÂMARA CÍVEL, Julgado em 28/10/2015, Publicado no DJE 04/11/2015). Todavia, houve atraso na conclusão da obra além do prazo de tolerância contratualmente estipulado, uma vez que a autora somente recebeu as chaves do imóvel no dia 02/09/2024. Também é cediço que o contrato firmado possui força obrigatória, eis que vincula os indivíduos ao cumprimento das obrigações assumidas (pacta sunt servanda), de forma que suas cláusulas e condições, desde que não sejam proibidas por lei ou, no caso em questão, não violem os direitos básicos do consumidor, devem ser cumpridas. E em havendo inadimplemento, a parte que se sentir lesada pode optar entre pedir a resolução ou o cumprimento da avença: “Art. 475. A parte lesada pelo inadimplemento pode pedir a resolução do contrato, se não preferir exigir-lhe o cumprimento, cabendo, em qualquer dos casos, indenização por perdas e danos.” In casu, a autora recebeu as chaves do imóvel com atraso e pretende, por esta via, exigir indenização pelas perdas e danos que alega ter sofrido. A reparação civil no que concerne aos danos materiais e morais a ser feito pela ré é evidente, nos termos do artigo 14 do Código de Defesa do Consumidor, que prevê a responsabilidade objetiva, ou seja, independente de culpa: “Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.” O documento juntado ao Id. 162403541 comprova que a autora estava arcando com o pagamento da taxa de evolução de obra em período de atraso, ou seja, em período considerado de inadimplemento contratual, compreendido entre 04/03/2024 e 01/09/2024. Conforme é cediço, a taxa de evolução de obra é paga durante o período de construção e o seu valor não é utilizado para amortização do saldo devedor, assim, é evidente o prejuízo financeiro causado à consumidora, que deve ser ressarcida de referida despesa no período de atraso. Procedente, também, o pedido de condenação das rés ao pagamento e/ou ressarcimento dos valores gastos pela autora e relacionados à taxa condominial, IPTU e taxa de lixo, eis que pacífico o entendimento de que o comprador só passa a ser responsável pelo pagamento de tais taxas/impostos depois que recebe as chaves do imóvel. As devoluções referentes à taxa de obra e demais encargos inerentes ao imóvel deverão ocorrer de forma simples, ante a ausência de comprovação de má-fé por parte das rés. Quanto ao pedido de condenação das rés ao pagamento de multa decorrente do atraso, possível a procedência. No caso em questão, o item 20.2.1 do contrato entabulado entre as partes, estabelece que a vendedora terá que arcar com o pagamento de uma indenização mensal de 1% (um por cento) do valor efetivamente pago à incorporadora, para cada mês de atraso, pro rata die, corrigido de acordo com a cláusula 9ª. Também devem ser considerados os transtornos de cunho moral ocasionados em razão do atraso injustificado, os quais certamente causaram angústia e abalo emocional que ultrapassam o limite do mero aborrecimento presente na vida cotidiana. Afinal, ao adquirir imóvel em construção, fica o adquirente planejando, sonhando com a mudança para o novo imóvel, contando, literalmente, os dias para esse evento, não havendo como ignorar atraso injustificado de mais de um ano. Atenta aos princípios da razoabilidade e proporcionalidade, especialmente porque in casu o atraso é de aproximadamente 06 (seis) meses, bem como observando-se a teoria do desestímulo e capacidade econômica, bem como evitando o enriquecimento ilícito da parte vencedora, fixo o dano moral no valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais). DISPOSITIVO Posto isto, nos termos do artigo 487, inciso I, do Código de Processo Civil, julgo procedentes os pedidos formulados por ARIANA CARLA FIGUEIRA DA SILVA contra RESIDENCIAL CUIABÁ INCORPORADORA SPE LTDA e MAIS LAR IMOBILIÁRIA LTDA, a fim de condenar solidariamente as rés: 1) Ao pagamento de danos materiais, consistente no ressarcimento da taxa de evolução de obra, paga pela autora no período compreendido entre 04/03/2024 e 01/09/2024, acrescido de juros e correção monetária pela Taxa Selic até a vigência da Lei n. 14.905/2024, quando então será aplicado o IPCA para correção e Selic para juros, abatido desta o valor do IPCA, a contar de cada desembolso; 2) Ao pagamento de danos materiais, consistente no pagamento de indenização mensal equivalente a 1% (um por cento) do valor efetivamente pago à incorporadora, para cada mês de atraso, pro rata die, corrigido de acordo com a cláusula 9ª do contrato celebrado entre as partes; 3) Ao pagamento e/ou ressarcimento, conforme o caso, das taxas condominiais, IPTU e taxa de lixo, do período anterior ao recebimento das chaves do imóvel, a saber, 02/09/2024. Em caso de ressarcimento, os valores deverão ser devolvidos na forma simples, acrescidos de juros e correção monetária pela Taxa Selic até a vigência da Lei n. 14.905/2024, quando então será aplicado o IPCA para correção e Selic para juros, abatido desta o valor do IPCA, a contar de cada desembolso; 4) Ao pagamento de indenização por danos morais em virtude do atraso na entrega do empreendimento, no valor equivalente a R$ 10.000,00 (dez mil reais), acrescido de juros e correção monetária pela Taxa Selic até a vigência da Lei n. 14.905/2024, quando então será aplicado o IPCA para correção e Selic para juros, abatido desta o valor do IPCA, a partir da citação e do arbitramento, respectivamente. As custas e despesas processuais deverão ser arcadas pela parte ré, assim como honorários advocatícios de sucumbência, que fixo em 15% (quinze por cento) do valor da condenação, nos termos do nos termos dos artigos 82, §2º e 85, §2º, ambos do CPC. Após o trânsito em julgado, arquive-se com baixa na distribuição. P.I. Cumpra-se. Cuiabá, data registrada no sistema. Ana Paula da Veiga Carlota Miranda Juíza de Direito

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Processo nº 0165252-52.2022.8.17.2001

ID: 298738563

Tribunal: TJPE Órgão: Gabinete da Central de Agilização Processual Classe: PROCEDIMENTO COMUM CíVEL Nº Processo: 0165252-52.2022.8.17.2001

Data de Disponibilização: 16/06/2025

Polo Ativo:

MARIA EMILIA GUIMARAES SANTOS

Polo Passivo:

Sentença (Outras)

Advogados:

MARCIA CRISTINA DE PAULA MARCHAN

OAB/PE XXXXXX Desbloquear

Tribunal de Justiça de Pernambuco Poder Judiciário Gabinete da Central de Agilização Processual , 200, FORUM RODOLFO AURELIANO, RECIFE - PE - CEP: 50080-800 - F:( ) Processo nº 0165252-52.2022.8.17.2… Tribunal de Justiça de Pernambuco Poder Judiciário Gabinete da Central de Agilização Processual , 200, FORUM RODOLFO AURELIANO, RECIFE - PE - CEP: 50080-800 - F:( ) Processo nº 0165252-52.2022.8.17.2001 AUTOR(A): MARIA EMILIA GUIMARAES SANTOS RÉU: BANCO PAN S/A SENTENÇA Vistos, etc ... I. RELATÓRIO Trata-se de Ação Revisional de Contrato de Empréstimo Consignado, movida por MARIA EMILIA GUIMARAES SANTOS, em face de BANCO PAN S/A, partes devidamente qualificadas nos autos. Na petição inicial (ID 121130277), a autora, pessoa idosa, alega que firmou com a instituição financeira ré quatro contratos de crédito bancário na modalidade de consignado em folha de pagamento, a saber: Contrato nº 710398862-7, no valor de R$ 4.283,98; Contrato nº 710398621-7, no valor de R$ 3.594,54; Contrato nº 710398540-9, no valor de R$ 2.958,73; e Contrato nº 710364116-8, no valor de R$ 14.843,60. Sustenta que, apesar de adimplir 76 parcelas de cada um dos quatro contratos, o saldo devedor permanece elevado devido à prática de juros capitalizados de forma implícita e a taxas de juros anuais (entre 36,05% e 38,52%) superiores à média de mercado da época. Afirma que tal prática é abusiva e viola os princípios do Código de Defesa do Consumidor, gerando onerosidade excessiva e comprometendo sua subsistência. Requereu, em sede de tutela de urgência, a suspensão das cobranças. Ao final, pugnou pela concessão da prioridade processual e da justiça gratuita, pela inversão do ônus da prova, pela revisão dos contratos para afastar a capitalização de juros, pela condenação do réu à devolução em dobro dos valores pagos indevidamente e ao pagamento de indenização por danos morais no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais). Deferido o pedido de gratuidade de justiça, foi postergada a análise da tutela de urgência para após o contraditório e designada audiência de conciliação (ID 121167195). Devidamente citado, o réu apresentou contestação (ID 131385220). Preliminarmente, arguiu a irregularidade da representação processual da autora por ausência de poderes específicos na procuração, impugnou a concessão da justiça gratuita, alegou a inadequação da via eleita, defendendo ser o caso de processo de repactuação de dívidas por superendividamento, e suscitou a prescrição trienal da pretensão de repetição de indébito. No mérito, defendeu a legalidade dos contratos, a regularidade das taxas de juros remuneratórios pactuadas, afirmando que não são abusivas e que estão em conformidade com a média de mercado divulgada pelo BACEN. Sustentou a validade da capitalização de juros, a impossibilidade de revisão do Custo Efetivo Total (CET) por ser meramente informativo, a inexistência de superendividamento, a ausência de ato ilícito e de dano moral indenizável. Pugnou pelo acolhimento das preliminares ou, no mérito, pela total improcedência dos pedidos. Realizada audiência de conciliação, a tentativa de acordo restou infrutífera (ID 131395817). A autora apresentou réplica (ID 137145168), rebatendo as preliminares e reiterando os termos da inicial. Afirmou que a situação lhe causou grave abalo, necessitando de internação por dores torácicas no dia da audiência de conciliação, juntando atestado médico (ID 137145171). Requereu a condenação do réu por litigância de má-fé. Instadas a especificarem as provas que pretendiam produzir, a parte ré requereu o julgamento antecipado da lide (ID 186271704), ao passo que a parte autora permaneceu inerte (ID 182916189). É o relatório. Decido. II. FUNDAMENTAÇÃO Considerando que a parte ré expressamente requereu o julgamento antecipado da lide (ID 186271704) e que a parte autora, devidamente intimada a especificar as provas que pretendia produzir (ID 180134650), permaneceu inerte (ID 182916189), impõe-se o julgamento antecipado da lide, nos termos do art. 355, inciso I, do Código de Processo Civil, por se tratar de matéria eminentemente de direito e suficientemente instruída por prova documental. Passo à análise das preliminares. A parte ré arguiu, em sede de preliminar, a irregularidade da representação processual, ao argumento de que a procuração outorgada pela autora seria genérica. A preliminar não merece acolhida. O instrumento de mandato de ID 121130279, embora não especifique o nome da parte ré, confere poderes gerais para o foro ("cláusula ad judicia"), o que, nos termos do art. 105 do Código de Processo Civil, habilita a advogada a praticar todos os atos do processo, sendo desnecessária a outorga de poderes especiais para o ajuizamento da ação. Rejeito, pois, a preliminar. No que tange à impugnação da gratuidade de justiça, a alegação também não prospera. O benefício foi concedido com base na declaração de hipossuficiência e nos documentos que indicam a condição de aposentada da autora, pessoa idosa, com despesas elevadas, inclusive com plano de saúde (ID 137145169). A presunção de veracidade de sua necessidade não foi confirmada por elementos concretos trazidos pelo réu, que se limitou a alegações genéricas. Mantenho, portanto, o benefício. Suscita o réu, ainda, a inadequação da via eleita, sob o fundamento de que a autora deveria ter se valido do procedimento de repactuação de dívidas previsto na Lei do Superendividamento (Lei nº 14.181/2021). Sem razão, contudo. A instauração do processo de repactuação por superendividamento é uma faculdade do consumidor, não um requisito para a discussão judicial de contratos específicos, sob pena de violação do princípio da inafastabilidade da jurisdição. A presente ação revisional é via adequada para a pretensão da autora de discutir a legalidade das cláusulas dos quatro contratos individualizados. Afasto a preliminar. Quanto à prejudicial de mérito da prescrição, arguida pela parte ré com base no prazo trienal do art. 206, § 3º, IV, do Código Civil, esta não merece acolhimento. Com efeito, a relação jurídica em tela, materializada nos contratos de empréstimo consignado, ostenta natureza de trato sucessivo, porquanto a obrigação se cumpre por meio de atos periódicos e contínuos, quais sejam, os descontos mensais efetuados diretamente no benefício previdenciário da autora. Em tais casos, a lesão ao direito renova-se a cada prestação, de modo que o termo inicial da contagem do prazo prescricional incide sobre cada parcela individualmente considerada, e não sobre a data de celebração do contrato. Assim, a prescrição atinge apenas as prestações vencidas antes do lapso prescricional que antecede o ajuizamento da ação, não alcançando o fundo de direito em si, tampouco as parcelas mais recentes. Considerando que os descontos eram contínuos à época da propositura da demanda, não há que se falar em prescrição da pretensão revisional. Nesse sentido: DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO CONSUMIDOR. APELAÇÃO. AÇÃO DECLARATÓRIA DE NULIDADE DE CONTRATO DE CARTÃO DE CRÉDITO COM RESERVA DE MARGEM CONSIGNÁVEL (RMC) . DECADÊNCIA AFASTADA. APELAÇÃO PROVIDA. 1. A relação estabelecida entre as partes através de cartão de crédito consignado é de trato sucessivo, razão pela qual, entendendo o consumidor pela abusividade do contrato, não importa a data em que foi assinado, pode requerer a anulação do pacto . 2. Este é o entendimento do Superior Tribunal de Justiça, o qual assentou que “a decadência não se opera quando a violação do direito é de trato sucessivo, ou seja, o ato impugnado é repetido mensalmente” (AgInt no MS 23.862/DF, Rel. Ministro Herman Benjamin, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 25/04/2018, DJe 20/11/2018) . 3. Assim, deve ser afastada a decadência. 4. Apelação provida, para afastar a decadência, determinando-se o retorno dos autos ao juízo de origem para prosseguimento do feito. (...) (TJ-PE - APELAÇÃO CÍVEL: 0019750-56 .2023.8.17.3130, Relator: MARCIO FERNANDO DE AGUIAR SILVA, Data de Julgamento: 15/04/2024, Gabinete do Des . Márcio Fernando de Aguiar Silva (6ª CC)) APELAÇÃO - EMPRÉSTIMO CONSIGNADO – PRESCRIÇÃO - INOCORRÊNCIA - Ação declaratória de inexigibilidade de débito - Autor que nega a contratação do empréstimo consignado – Relação de consumo – Defeito na prestação de serviço bancário - Prazo prescricional de 05 anos, nos termos do artigo 27 do Código de Defesa do Consumidor - Obrigação de trato sucessivo - Termo inicial do prazo prescricional - Data do último desconto para pagamento do empréstimo - Descontos em folha de pagamento que cessaram em janeiro de 2021 - Prescrição não configurada entre tal data a distribuição desta demanda - Precedentes desta C. Câmara - Sentença reformada para afastar a extinção do feito, determinando seu processamento. Recurso provido. (TJ-SP - Apelação Cível: 1010288-34 .2023.8.26.0438 Penápolis, Relator.: Sidney Braga, Data de Julgamento: 11/03/2024, 24ª Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 11/03/2024) APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DECLARATÓRIA. EMPRÉSTIMO CONSIGNADO. PRESCRIÇÃO . TERMO INICIAL. DATA DO ÚLTIMO DESCONTO. - A pretensão declaratória de inexistência e inexigibilidade do contrato de empréstimo consignado está sujeita à disciplina do Código de Defesa do Consumidor - Aplica-se a regra do art. 27 do CDC, de ''pretensão à reparação pelos danos causados por fato do produto ou do serviço'' . O termo inicial do prazo prescricional, por se tratar de relação de trato sucessivo, onde a lesão se renova mês a mês, dá-se a partir do desconto da última parcela do empréstimo (Súmula 297/STJ). (TJ-MG - AC: 10000222285835001 MG, Relator.: Cláudia Maia, Data de Julgamento: 27/01/2023, Câmaras Cíveis / 14ª CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: 27/01/2023) Rejeito a prejudicial. Passo à análise do mérito. A controvérsia de mérito cinge-se à legalidade dos encargos previstos nos quatro contratos de empréstimo consignado celebrados entre as partes, bem como à existência de dano moral indenizável. A existência da relação contratual é incontroversa, materializada pelas Cédulas de Crédito Bancário acostadas aos autos (IDs 131386183, 131386185, 131386188 e 131386189), devidamente assinadas pela autora, o que evidencia sua anuência aos termos pactuados. No que tange aos juros remuneratórios, a autora alega genericamente sua abusividade e a ocorrência de capitalização implícita. Analisando os contratos, verifica-se a pactuação de taxas de juros anuais superiores ao duodécuplo das taxas mensais. A título exemplificativo, no contrato nº 710398862-7 (ID 131386198), foi pactuada taxa mensal de 2,46% e anual de 33,93%. A simples multiplicação da taxa mensal por doze meses resultaria em 29,52%, valor inferior à taxa anual contratada, o que indica a previsão de capitalização de juros. Tal prática é permitida, conforme a Súmula 539 do Superior Tribunal de Justiça: "É permitida a capitalização de juros com periodicidade inferior à anual em contratos celebrados com instituições integrantes do Sistema Financeiro Nacional a partir de 31/3/2000, desde que expressamente pactuada". A Súmula 541 do mesmo Tribunal, por sua vez, estabelece que "A previsão no contrato bancário de taxa de juros anual superior ao duodécuplo da mensal é suficiente para permitir a cobrança da taxa efetiva anual contratada". Os contratos em tela foram firmados em 2016, portanto, sob a égide de tal entendimento, e a previsão de taxa anual superior ao duodécuplo da mensal configura a pactuação expressa exigida. Ainda, é imperativo destacar que "o fato de a taxa de juros remuneratórios ser superior a determinado patamar prefixado, como uma vez e meia, o dobro ou triplo da taxa média de mercado, por si só, não configura abusividade" (STJ, REsp 2.015.514/PR). De acordo com o Superior Tribunal de Justiça: AGRAVO INTERNO. AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. AÇÃO REVISIONAL. CÉDULA DE CRÉDITO BANCÁRIO . TAXA DE JUROS REMUNERATÓRIOS CONTRATADA. ABUSIVIDADE. AUSÊNCIA. ORIENTAÇÃO FIRMADA NO RESP N . 1.061.530/RS. 1 . De acordo com a orientação adotada no julgamento do REsp. 1.061.530/RS, sob o rito do art . 543-C do CPC/73, "é admitida a revisão das taxas de juros remuneratórios em situações excepcionais, desde que caracterizada a relação de consumo e que a abusividade (capaz de colocar o consumidor em desvantagem exagerada - art. 51, § 1º, do CDC) fique cabalmente demonstrada, ante as peculiaridades do julgamento em concreto." **2. Prevaleceu o entendimento de que a taxa média de mercado apurada pelo Banco Central para cada segmento de crédito é referencial útil para o controle da abusividade, mas o simples fato de a taxa efetiva cobrada no contrato estar acima da taxa média de mercado não significa, por si só, abuso . Ao contrário, a média de mercado não pode ser considerada o limite, justamente porque é média; incorpora as menores e maiores taxas praticadas pelo mercado, em operações de diferentes níveis de risco. Foi expressamente rejeitada a possibilidade de o Poder Judiciário estabelecer aprioristicamente um teto para taxa de juros, adotando como parâmetro máximo o dobro ou qualquer outro percentual em relação à taxa média. 3. O caráter abusivo da taxa de juros contratada haverá de ser demonstrado de acordo com as peculiaridades de cada caso concreto, levando-se em consideração circunstâncias como o custo da captação dos recursos no local e época do contrato, a análise do perfil de risco de crédito do tomador e o spread da operação** . 4. A redução da taxa de juros contratada pelo Tribunal de origem, somente pelo fato de estar acima da média de mercado, em atenção às supostas "circunstâncias da causa" não descritas, e sequer referidas no acórdão - apenas cotejando, de um lado, a taxa contratada e, de outro, o limite aprioristicamente adotado pela Câmara em relação à taxa média divulgada pelo Bacen (no caso 30%) - está em confronto com a orientação firmada no REsp**. 1.061 .530/RS. 5. Agravo interno provido. (STJ - AgInt no AREsp: 1493171 RS 2019/0103983-1, Relator.: Ministro RAUL ARAÚJO, Data de Julgamento: 17/11/2020, T4 - QUARTA TURMA, Data de Publicação: DJe 10/03/2021) Quanto à alegada abusividade das taxas, a autora não se desincumbiu do ônus de demonstrar, por meio de prova técnica, a sua manifesta discrepância em relação à taxa média de mercado divulgada pelo Banco Central do Brasil para operações da mesma espécie à época da contratação. O réu, por sua vez, juntou consulta ao sistema do BACEN (ID 131386200) que aponta uma taxa média de 2,25% para a modalidade "Crédito pessoal consignado para aposentados e pensionistas do INSS" em maio de 2016. As taxas pactuadas nos contratos (entre 2,16% e 2,46% a.m.) mostram-se próximas e, em alguns casos, até inferiores à média de mercado, não se revelando, portanto, abusivas a ponto de justificar a intervenção judicial. É imperativo destacar que o Superior Tribunal de Justiça, em julgamento sob o rito dos recursos repetitivos (REsp 1.061.530/RS), consolidou o entendimento de que a revisão das taxas de juros remuneratórios é admitida em situações excepcionais, desde que caracterizada a relação de consumo e que a abusividade fique cabalmente demonstrada. Prevaleceu a orientação de que a taxa média de mercado é um referencial útil, mas o simples fato de a taxa contratada estar acima da média não significa, por si só, abuso, devendo ser analisadas as peculiaridades do caso concreto, como o perfil de risco do tomador. No caso dos autos, não há prova de qualquer excepcionalidade ou abusividade manifesta. Quanto ao pedido de indenização por danos morais, este também não merece prosperar. A autora fundamenta seu pleito na angústia gerada pela situação financeira e no abalo de saúde que alega ter sofrido no dia da audiência de conciliação (ID 137145171). O dano moral, em sede de responsabilidade contratual, não decorre do mero dissabor ou aborrecimento. Exige-se a comprovação de uma ofensa grave a direito da personalidade, decorrente de um ato ilícito praticado pela parte contrária. Tendo em vista que, conforme fundamentado, as cláusulas contratuais questionadas são lícitas e os encargos cobrados são regulares, não se vislumbra a prática de qualquer ato ilícito por parte do banco réu que possa ter gerado o dever de indenizar, nos termos dos artigos 186 e 927 do Código Civil. A situação de saúde da autora, embora lamentável, não pode ser diretamente imputada como consequência de uma conduta ilícita da instituição financeira, que agiu no exercício regular de um direito ao cobrar os valores pactuados. Por conseguinte, sendo lícitas as cobranças, resta prejudicado o pedido de repetição de indébito, seja na forma simples ou em dobro, por não haver valor pago indevidamente. Da mesma forma, não há que se falar em condenação por litigância de má-fé, pois o réu apenas exerceu seu legítimo direito de defesa, sem incorrer em qualquer das hipóteses do art. 80 do CPC. A improcedência total dos pedidos é, portanto, a medida que se impõe. III. DISPOSITIVO Ante o exposto, julgo totalmente IMPROCEDENTES os pedidos formulados na petição inicial, resolvendo o mérito nos termos do art. 487, I, do Código de Processo Civil. Condeno a parte autora ao pagamento das custas processuais e dos honorários advocatícios, que fixo em 10% (dez por cento) sobre o valor atualizado da causa, nos termos do art. 85, § 2º, do CPC. Fica, contudo, suspensa a exigibilidade de tais verbas, em razão do benefício da gratuidade de justiça que lhe foi deferido, conforme o art. 98, § 3º, do CPC. Após o trânsito em julgado, arquive-se com as cautelas de praxe. Havendo a interposição de recurso de apelação, considerando que não há mais juízo de admissibilidade neste grau de jurisdição (art. 1.010 §3º do Código de Processo Civil), intime-se a parte recorrida para apresentar contrarrazões, no prazo de 15 (quinze) dias úteis. Apresentadas preliminares nas contrarrazões acerca de matérias decididas no curso da lide que não comportavam recurso de agravo de instrumento, intime-se a parte contrária para se manifestar especificamente sobre esse ponto, no prazo de 15 (quinze) dias úteis (art. 1.009, §2º, do Código de Processo Civil). Escoado o prazo sem manifestação, após certificação pelo cartório, ou juntadas as contrarrazões sem preliminares ou sobre estas já tendo a parte contrário se manifestado, remetam-se os autos ao egrégio Tribunal de Justiça do Estado de Pernambuco, com nossas homenagens. Publique-se. Registre-se. Intime-se. Datado e assinado eletronicamente. Juiz (a) de Direito Gabinete de Agilização Processual

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Processo nº 0165252-52.2022.8.17.2001

ID: 298738576

Tribunal: TJPE Órgão: Gabinete da Central de Agilização Processual Classe: PROCEDIMENTO COMUM CíVEL Nº Processo: 0165252-52.2022.8.17.2001

Data de Disponibilização: 16/06/2025

Polo Ativo:

Polo Passivo:

BANCO PAN S/A

Sentença (Outras)

Advogados:

SERGIO SCHULZE

OAB/SC XXXXXX Desbloquear

Tribunal de Justiça de Pernambuco Poder Judiciário Gabinete da Central de Agilização Processual , 200, FORUM RODOLFO AURELIANO, RECIFE - PE - CEP: 50080-800 - F:( ) Processo nº 0165252-52.2022.8.17.2… Tribunal de Justiça de Pernambuco Poder Judiciário Gabinete da Central de Agilização Processual , 200, FORUM RODOLFO AURELIANO, RECIFE - PE - CEP: 50080-800 - F:( ) Processo nº 0165252-52.2022.8.17.2001 AUTOR(A): MARIA EMILIA GUIMARAES SANTOS RÉU: BANCO PAN S/A SENTENÇA Vistos, etc ... I. RELATÓRIO Trata-se de Ação Revisional de Contrato de Empréstimo Consignado, movida por MARIA EMILIA GUIMARAES SANTOS, em face de BANCO PAN S/A, partes devidamente qualificadas nos autos. Na petição inicial (ID 121130277), a autora, pessoa idosa, alega que firmou com a instituição financeira ré quatro contratos de crédito bancário na modalidade de consignado em folha de pagamento, a saber: Contrato nº 710398862-7, no valor de R$ 4.283,98; Contrato nº 710398621-7, no valor de R$ 3.594,54; Contrato nº 710398540-9, no valor de R$ 2.958,73; e Contrato nº 710364116-8, no valor de R$ 14.843,60. Sustenta que, apesar de adimplir 76 parcelas de cada um dos quatro contratos, o saldo devedor permanece elevado devido à prática de juros capitalizados de forma implícita e a taxas de juros anuais (entre 36,05% e 38,52%) superiores à média de mercado da época. Afirma que tal prática é abusiva e viola os princípios do Código de Defesa do Consumidor, gerando onerosidade excessiva e comprometendo sua subsistência. Requereu, em sede de tutela de urgência, a suspensão das cobranças. Ao final, pugnou pela concessão da prioridade processual e da justiça gratuita, pela inversão do ônus da prova, pela revisão dos contratos para afastar a capitalização de juros, pela condenação do réu à devolução em dobro dos valores pagos indevidamente e ao pagamento de indenização por danos morais no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais). Deferido o pedido de gratuidade de justiça, foi postergada a análise da tutela de urgência para após o contraditório e designada audiência de conciliação (ID 121167195). Devidamente citado, o réu apresentou contestação (ID 131385220). Preliminarmente, arguiu a irregularidade da representação processual da autora por ausência de poderes específicos na procuração, impugnou a concessão da justiça gratuita, alegou a inadequação da via eleita, defendendo ser o caso de processo de repactuação de dívidas por superendividamento, e suscitou a prescrição trienal da pretensão de repetição de indébito. No mérito, defendeu a legalidade dos contratos, a regularidade das taxas de juros remuneratórios pactuadas, afirmando que não são abusivas e que estão em conformidade com a média de mercado divulgada pelo BACEN. Sustentou a validade da capitalização de juros, a impossibilidade de revisão do Custo Efetivo Total (CET) por ser meramente informativo, a inexistência de superendividamento, a ausência de ato ilícito e de dano moral indenizável. Pugnou pelo acolhimento das preliminares ou, no mérito, pela total improcedência dos pedidos. Realizada audiência de conciliação, a tentativa de acordo restou infrutífera (ID 131395817). A autora apresentou réplica (ID 137145168), rebatendo as preliminares e reiterando os termos da inicial. Afirmou que a situação lhe causou grave abalo, necessitando de internação por dores torácicas no dia da audiência de conciliação, juntando atestado médico (ID 137145171). Requereu a condenação do réu por litigância de má-fé. Instadas a especificarem as provas que pretendiam produzir, a parte ré requereu o julgamento antecipado da lide (ID 186271704), ao passo que a parte autora permaneceu inerte (ID 182916189). É o relatório. Decido. II. FUNDAMENTAÇÃO Considerando que a parte ré expressamente requereu o julgamento antecipado da lide (ID 186271704) e que a parte autora, devidamente intimada a especificar as provas que pretendia produzir (ID 180134650), permaneceu inerte (ID 182916189), impõe-se o julgamento antecipado da lide, nos termos do art. 355, inciso I, do Código de Processo Civil, por se tratar de matéria eminentemente de direito e suficientemente instruída por prova documental. Passo à análise das preliminares. A parte ré arguiu, em sede de preliminar, a irregularidade da representação processual, ao argumento de que a procuração outorgada pela autora seria genérica. A preliminar não merece acolhida. O instrumento de mandato de ID 121130279, embora não especifique o nome da parte ré, confere poderes gerais para o foro ("cláusula ad judicia"), o que, nos termos do art. 105 do Código de Processo Civil, habilita a advogada a praticar todos os atos do processo, sendo desnecessária a outorga de poderes especiais para o ajuizamento da ação. Rejeito, pois, a preliminar. No que tange à impugnação da gratuidade de justiça, a alegação também não prospera. O benefício foi concedido com base na declaração de hipossuficiência e nos documentos que indicam a condição de aposentada da autora, pessoa idosa, com despesas elevadas, inclusive com plano de saúde (ID 137145169). A presunção de veracidade de sua necessidade não foi confirmada por elementos concretos trazidos pelo réu, que se limitou a alegações genéricas. Mantenho, portanto, o benefício. Suscita o réu, ainda, a inadequação da via eleita, sob o fundamento de que a autora deveria ter se valido do procedimento de repactuação de dívidas previsto na Lei do Superendividamento (Lei nº 14.181/2021). Sem razão, contudo. A instauração do processo de repactuação por superendividamento é uma faculdade do consumidor, não um requisito para a discussão judicial de contratos específicos, sob pena de violação do princípio da inafastabilidade da jurisdição. A presente ação revisional é via adequada para a pretensão da autora de discutir a legalidade das cláusulas dos quatro contratos individualizados. Afasto a preliminar. Quanto à prejudicial de mérito da prescrição, arguida pela parte ré com base no prazo trienal do art. 206, § 3º, IV, do Código Civil, esta não merece acolhimento. Com efeito, a relação jurídica em tela, materializada nos contratos de empréstimo consignado, ostenta natureza de trato sucessivo, porquanto a obrigação se cumpre por meio de atos periódicos e contínuos, quais sejam, os descontos mensais efetuados diretamente no benefício previdenciário da autora. Em tais casos, a lesão ao direito renova-se a cada prestação, de modo que o termo inicial da contagem do prazo prescricional incide sobre cada parcela individualmente considerada, e não sobre a data de celebração do contrato. Assim, a prescrição atinge apenas as prestações vencidas antes do lapso prescricional que antecede o ajuizamento da ação, não alcançando o fundo de direito em si, tampouco as parcelas mais recentes. Considerando que os descontos eram contínuos à época da propositura da demanda, não há que se falar em prescrição da pretensão revisional. Nesse sentido: DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO CONSUMIDOR. APELAÇÃO. AÇÃO DECLARATÓRIA DE NULIDADE DE CONTRATO DE CARTÃO DE CRÉDITO COM RESERVA DE MARGEM CONSIGNÁVEL (RMC) . DECADÊNCIA AFASTADA. APELAÇÃO PROVIDA. 1. A relação estabelecida entre as partes através de cartão de crédito consignado é de trato sucessivo, razão pela qual, entendendo o consumidor pela abusividade do contrato, não importa a data em que foi assinado, pode requerer a anulação do pacto . 2. Este é o entendimento do Superior Tribunal de Justiça, o qual assentou que “a decadência não se opera quando a violação do direito é de trato sucessivo, ou seja, o ato impugnado é repetido mensalmente” (AgInt no MS 23.862/DF, Rel. Ministro Herman Benjamin, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 25/04/2018, DJe 20/11/2018) . 3. Assim, deve ser afastada a decadência. 4. Apelação provida, para afastar a decadência, determinando-se o retorno dos autos ao juízo de origem para prosseguimento do feito. (...) (TJ-PE - APELAÇÃO CÍVEL: 0019750-56 .2023.8.17.3130, Relator: MARCIO FERNANDO DE AGUIAR SILVA, Data de Julgamento: 15/04/2024, Gabinete do Des . Márcio Fernando de Aguiar Silva (6ª CC)) APELAÇÃO - EMPRÉSTIMO CONSIGNADO – PRESCRIÇÃO - INOCORRÊNCIA - Ação declaratória de inexigibilidade de débito - Autor que nega a contratação do empréstimo consignado – Relação de consumo – Defeito na prestação de serviço bancário - Prazo prescricional de 05 anos, nos termos do artigo 27 do Código de Defesa do Consumidor - Obrigação de trato sucessivo - Termo inicial do prazo prescricional - Data do último desconto para pagamento do empréstimo - Descontos em folha de pagamento que cessaram em janeiro de 2021 - Prescrição não configurada entre tal data a distribuição desta demanda - Precedentes desta C. Câmara - Sentença reformada para afastar a extinção do feito, determinando seu processamento. Recurso provido. (TJ-SP - Apelação Cível: 1010288-34 .2023.8.26.0438 Penápolis, Relator.: Sidney Braga, Data de Julgamento: 11/03/2024, 24ª Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 11/03/2024) APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DECLARATÓRIA. EMPRÉSTIMO CONSIGNADO. PRESCRIÇÃO . TERMO INICIAL. DATA DO ÚLTIMO DESCONTO. - A pretensão declaratória de inexistência e inexigibilidade do contrato de empréstimo consignado está sujeita à disciplina do Código de Defesa do Consumidor - Aplica-se a regra do art. 27 do CDC, de ''pretensão à reparação pelos danos causados por fato do produto ou do serviço'' . O termo inicial do prazo prescricional, por se tratar de relação de trato sucessivo, onde a lesão se renova mês a mês, dá-se a partir do desconto da última parcela do empréstimo (Súmula 297/STJ). (TJ-MG - AC: 10000222285835001 MG, Relator.: Cláudia Maia, Data de Julgamento: 27/01/2023, Câmaras Cíveis / 14ª CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: 27/01/2023) Rejeito a prejudicial. Passo à análise do mérito. A controvérsia de mérito cinge-se à legalidade dos encargos previstos nos quatro contratos de empréstimo consignado celebrados entre as partes, bem como à existência de dano moral indenizável. A existência da relação contratual é incontroversa, materializada pelas Cédulas de Crédito Bancário acostadas aos autos (IDs 131386183, 131386185, 131386188 e 131386189), devidamente assinadas pela autora, o que evidencia sua anuência aos termos pactuados. No que tange aos juros remuneratórios, a autora alega genericamente sua abusividade e a ocorrência de capitalização implícita. Analisando os contratos, verifica-se a pactuação de taxas de juros anuais superiores ao duodécuplo das taxas mensais. A título exemplificativo, no contrato nº 710398862-7 (ID 131386198), foi pactuada taxa mensal de 2,46% e anual de 33,93%. A simples multiplicação da taxa mensal por doze meses resultaria em 29,52%, valor inferior à taxa anual contratada, o que indica a previsão de capitalização de juros. Tal prática é permitida, conforme a Súmula 539 do Superior Tribunal de Justiça: "É permitida a capitalização de juros com periodicidade inferior à anual em contratos celebrados com instituições integrantes do Sistema Financeiro Nacional a partir de 31/3/2000, desde que expressamente pactuada". A Súmula 541 do mesmo Tribunal, por sua vez, estabelece que "A previsão no contrato bancário de taxa de juros anual superior ao duodécuplo da mensal é suficiente para permitir a cobrança da taxa efetiva anual contratada". Os contratos em tela foram firmados em 2016, portanto, sob a égide de tal entendimento, e a previsão de taxa anual superior ao duodécuplo da mensal configura a pactuação expressa exigida. Ainda, é imperativo destacar que "o fato de a taxa de juros remuneratórios ser superior a determinado patamar prefixado, como uma vez e meia, o dobro ou triplo da taxa média de mercado, por si só, não configura abusividade" (STJ, REsp 2.015.514/PR). De acordo com o Superior Tribunal de Justiça: AGRAVO INTERNO. AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. AÇÃO REVISIONAL. CÉDULA DE CRÉDITO BANCÁRIO . TAXA DE JUROS REMUNERATÓRIOS CONTRATADA. ABUSIVIDADE. AUSÊNCIA. ORIENTAÇÃO FIRMADA NO RESP N . 1.061.530/RS. 1 . De acordo com a orientação adotada no julgamento do REsp. 1.061.530/RS, sob o rito do art . 543-C do CPC/73, "é admitida a revisão das taxas de juros remuneratórios em situações excepcionais, desde que caracterizada a relação de consumo e que a abusividade (capaz de colocar o consumidor em desvantagem exagerada - art. 51, § 1º, do CDC) fique cabalmente demonstrada, ante as peculiaridades do julgamento em concreto." **2. Prevaleceu o entendimento de que a taxa média de mercado apurada pelo Banco Central para cada segmento de crédito é referencial útil para o controle da abusividade, mas o simples fato de a taxa efetiva cobrada no contrato estar acima da taxa média de mercado não significa, por si só, abuso . Ao contrário, a média de mercado não pode ser considerada o limite, justamente porque é média; incorpora as menores e maiores taxas praticadas pelo mercado, em operações de diferentes níveis de risco. Foi expressamente rejeitada a possibilidade de o Poder Judiciário estabelecer aprioristicamente um teto para taxa de juros, adotando como parâmetro máximo o dobro ou qualquer outro percentual em relação à taxa média. 3. O caráter abusivo da taxa de juros contratada haverá de ser demonstrado de acordo com as peculiaridades de cada caso concreto, levando-se em consideração circunstâncias como o custo da captação dos recursos no local e época do contrato, a análise do perfil de risco de crédito do tomador e o spread da operação** . 4. A redução da taxa de juros contratada pelo Tribunal de origem, somente pelo fato de estar acima da média de mercado, em atenção às supostas "circunstâncias da causa" não descritas, e sequer referidas no acórdão - apenas cotejando, de um lado, a taxa contratada e, de outro, o limite aprioristicamente adotado pela Câmara em relação à taxa média divulgada pelo Bacen (no caso 30%) - está em confronto com a orientação firmada no REsp**. 1.061 .530/RS. 5. Agravo interno provido. (STJ - AgInt no AREsp: 1493171 RS 2019/0103983-1, Relator.: Ministro RAUL ARAÚJO, Data de Julgamento: 17/11/2020, T4 - QUARTA TURMA, Data de Publicação: DJe 10/03/2021) Quanto à alegada abusividade das taxas, a autora não se desincumbiu do ônus de demonstrar, por meio de prova técnica, a sua manifesta discrepância em relação à taxa média de mercado divulgada pelo Banco Central do Brasil para operações da mesma espécie à época da contratação. O réu, por sua vez, juntou consulta ao sistema do BACEN (ID 131386200) que aponta uma taxa média de 2,25% para a modalidade "Crédito pessoal consignado para aposentados e pensionistas do INSS" em maio de 2016. As taxas pactuadas nos contratos (entre 2,16% e 2,46% a.m.) mostram-se próximas e, em alguns casos, até inferiores à média de mercado, não se revelando, portanto, abusivas a ponto de justificar a intervenção judicial. É imperativo destacar que o Superior Tribunal de Justiça, em julgamento sob o rito dos recursos repetitivos (REsp 1.061.530/RS), consolidou o entendimento de que a revisão das taxas de juros remuneratórios é admitida em situações excepcionais, desde que caracterizada a relação de consumo e que a abusividade fique cabalmente demonstrada. Prevaleceu a orientação de que a taxa média de mercado é um referencial útil, mas o simples fato de a taxa contratada estar acima da média não significa, por si só, abuso, devendo ser analisadas as peculiaridades do caso concreto, como o perfil de risco do tomador. No caso dos autos, não há prova de qualquer excepcionalidade ou abusividade manifesta. Quanto ao pedido de indenização por danos morais, este também não merece prosperar. A autora fundamenta seu pleito na angústia gerada pela situação financeira e no abalo de saúde que alega ter sofrido no dia da audiência de conciliação (ID 137145171). O dano moral, em sede de responsabilidade contratual, não decorre do mero dissabor ou aborrecimento. Exige-se a comprovação de uma ofensa grave a direito da personalidade, decorrente de um ato ilícito praticado pela parte contrária. Tendo em vista que, conforme fundamentado, as cláusulas contratuais questionadas são lícitas e os encargos cobrados são regulares, não se vislumbra a prática de qualquer ato ilícito por parte do banco réu que possa ter gerado o dever de indenizar, nos termos dos artigos 186 e 927 do Código Civil. A situação de saúde da autora, embora lamentável, não pode ser diretamente imputada como consequência de uma conduta ilícita da instituição financeira, que agiu no exercício regular de um direito ao cobrar os valores pactuados. Por conseguinte, sendo lícitas as cobranças, resta prejudicado o pedido de repetição de indébito, seja na forma simples ou em dobro, por não haver valor pago indevidamente. Da mesma forma, não há que se falar em condenação por litigância de má-fé, pois o réu apenas exerceu seu legítimo direito de defesa, sem incorrer em qualquer das hipóteses do art. 80 do CPC. A improcedência total dos pedidos é, portanto, a medida que se impõe. III. DISPOSITIVO Ante o exposto, julgo totalmente IMPROCEDENTES os pedidos formulados na petição inicial, resolvendo o mérito nos termos do art. 487, I, do Código de Processo Civil. Condeno a parte autora ao pagamento das custas processuais e dos honorários advocatícios, que fixo em 10% (dez por cento) sobre o valor atualizado da causa, nos termos do art. 85, § 2º, do CPC. Fica, contudo, suspensa a exigibilidade de tais verbas, em razão do benefício da gratuidade de justiça que lhe foi deferido, conforme o art. 98, § 3º, do CPC. Após o trânsito em julgado, arquive-se com as cautelas de praxe. Havendo a interposição de recurso de apelação, considerando que não há mais juízo de admissibilidade neste grau de jurisdição (art. 1.010 §3º do Código de Processo Civil), intime-se a parte recorrida para apresentar contrarrazões, no prazo de 15 (quinze) dias úteis. Apresentadas preliminares nas contrarrazões acerca de matérias decididas no curso da lide que não comportavam recurso de agravo de instrumento, intime-se a parte contrária para se manifestar especificamente sobre esse ponto, no prazo de 15 (quinze) dias úteis (art. 1.009, §2º, do Código de Processo Civil). Escoado o prazo sem manifestação, após certificação pelo cartório, ou juntadas as contrarrazões sem preliminares ou sobre estas já tendo a parte contrário se manifestado, remetam-se os autos ao egrégio Tribunal de Justiça do Estado de Pernambuco, com nossas homenagens. Publique-se. Registre-se. Intime-se. Datado e assinado eletronicamente. Juiz (a) de Direito Gabinete de Agilização Processual

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Maria Lucia Ferreira Do Nascimento x Banco Santander (Brasil) S.A.

ID: 339766791

Tribunal: TJMT Órgão: 3ª VARA CÍVEL DE CUIABÁ Classe: PROCEDIMENTO COMUM CíVEL Nº Processo: 1011014-81.2025.8.11.0041

Data de Disponibilização: 31/07/2025

Polo Ativo:

MARIA LUCIA FERREIRA DO NASCIMENTO

Polo Passivo:

BANCO SANTANDER (BRASIL) S.A.

Sentença

Advogados:

LOURENCO GOMES GADELHA DE MOURA

OAB/PE XXXXXX Desbloquear

IVAM EUSTAQUIO DA SILVA JUNIOR

OAB/MT XXXXXX Desbloquear

Poder Judiciário do Estado de Mato Grosso Comarca de Cuiabá Juízo da 3ª Vara Cível Avenida Desembargador Milton Figueiredo Ferreira Mendes, Telefones: (65) 3648-6424/6427 - (65) 3648-6422 - WhatsApp … Poder Judiciário do Estado de Mato Grosso Comarca de Cuiabá Juízo da 3ª Vara Cível Avenida Desembargador Milton Figueiredo Ferreira Mendes, Telefones: (65) 3648-6424/6427 - (65) 3648-6422 - WhatsApp Secretaria: (65) 99227-4375 - WhatsApp Gabinete: (65) 99229-2500- Centro Político Administrativo, Cuiabá - MT - CEP: 78049-075 e-mail: cba.gab3varacivel@tjmt.jus.br (gabinete) Processo nº 1011014-81.2025.8.11.0041 Requerente(s): MARIA LUCIA FERREIRA DO NASCIMENTO Requerido(s): BANCO SANTANDER (BRASIL) S.A. SENTENÇA Trata-se de ação declaratória de inexistência de débito cumulada com obrigação de não fazer, danos materiais e morais com pedido de tutela de urgência antecipada proposta por MARIA LUCIA FERREIRA DO NASCIMENTO em face de BANCO SANTANDER BRASIL/SA, ambos qualificados e representados nos autos. Relata a requerente que é pensionista e, no dia 20 de novembro de 2024, recebeu uma ligação telefônica de número desconhecido, cujo interlocutor informou a existência de um empréstimo consignado em seu nome junto ao Banco Santander. De imediato, a requerente negou ter firmado qualquer contrato, acreditando inicialmente tratar-se de engano ou tentativa de golpe. Afirma que ao acessar sua conta na Caixa Econômica Federal, constatou um crédito inesperado de R$ 50.939,88 (cinquenta mil novecentos e trinta e nove reais e oitenta e oito centavos), proveniente do Banco requerido, seguido de saques e transferências não reconhecidas, esvaziando quase totalmente seu saldo disponível. Diante da situação, a requerente registrou boletim de ocorrência, compareceu à agência bancária do requerido, sendo-lhe informado que não havia qualquer registro de conta ou contrato de empréstimo em seu nome, ainda, se dirigiu à Caixa Econômica Federal, onde um funcionário descobriu que havia um computador remoto logado na conta da requerente e, de imediato, bloqueou todos os acessos via canal digital. Sustenta que antes disso, havia em sua conta bancária da Caixa Econômica Federal o saldo de R$ 38.301,87 (trinta e oito mil trezentos e um reais e oitenta e sete centavos), quantia esta guardada para futura distribuição de quinhões de um inventário litigioso em andamento (Processo n. 1019426-79.2017.8.11.0041) e, que antes de realizarem as transações, os criminosos realizaram uma transferência via pix “de teste” no valor de R$ 1,00 (um real) às 03h57min da madrugada. Ao realizar o bloqueio dos acessos, remanesceu em sua conta apenas a quantia de R$ 29.151,84. Em razão disso, requer a imediata transferência do montante para uma conta judicial, a fim de evitar novas fraudes e garantir sua proteção patrimonial. Requereu, em caráter de urgência, que o réu se abstivesse de realizar descontos em seu benefício previdenciário e que fosse autorizada a transferência do saldo remanescente a conta judicial. No mérito, a total procedência da ação, condenando o requerido ao pagamento de danos materiais, correspondente ao dobro das quantias indevidamente descontadas do benefício da requerente, as que venham ser descontadas no curso da demanda, à obrigação de não realizar novos descontos relativo aos valores discutidos nos autos, à declaração de nulidade do contrato não solicitado, a declaração de perda dos valores creditados indevidamente, bem como a condenação ao pagamento de danos morais no importe de R$ 25.469,00 (vinte e cinco mil quatrocentos e sessenta e nove reais). Com à inicial vieram documentos. A tutela de urgência foi parcialmente deferida (Id. 187708145), determinando ao requerido que se abstenha de efetuar descontos diretamente na folha de pagamento da aposentadoria da requerente em virtude do empréstimo discutido nos autos, indeferiu o depósito judicial do saldo, com recomendação de que fosse realizado nos autos do inventário, bem como concedeu os benefícios da justiça gratuita e a inversão do ônus da prova. Confirmação do cumprimento da tutela, por parte do requerido (Id. 190117390). O banco requerido ofertou contestação, arguindo preliminarmente, falta de interesse de agir, por inexistência de pretensão resistida e impugnação à justiça gratuita. No mérito, sustenta a regularidade do contrato digital de empréstimo consignado na modalidade “clique único”, alegando que a requerente recebeu os valores em sua conta, que inexiste dano material ou moral e, formulando pedido contraposto para devolução dos valores em caso de anulação contratual. Requereu expedição de ofício a CEF para comprovação do TED. (Id. 194741379). A audiência de conciliação foi infrutífera, sendo requerido o julgamento antecipado da lide (Id. 194871732). Impugnação à contestação (Id. 197431620). Instados sobre o interesse na produção de provas, não houve manifestação das partes (Id. 198417843). Os autos vieram conclusos para análise. É o relatório. Fundamento. Decido. Inicialmente, no que se refere ao pedido de expedição de ofício à Caixa Econômica Federal, não vislumbro ser necessário, uma vez que o TED realizado pode ser comprovado por meio do extrato bancário em Id. 186706635. Por oportunidade da contestação, o requerido arguiu preliminar de falta de interesse de agir, ante a ausência de pretensão resistida, uma vez que a requerente não demonstrou qualquer tentativa prévia de contato para resolução do conflito. Contudo, a preliminar não prospera, tendo em vista que a parte requerente tentou solucionar o problema, diligenciando junto ao PROCON, o qual entrou em contato com o banco Santander, por meio de e-mail, encaminhando carta de informações preliminares (Id. 186706637 e 186706638). Além disso, vale ressaltar que o esgotamento na esfera administrativa para a resolução de problema não é requisito para o ajuizamento da demanda na esfera judicial, devendo, no entanto, a ausência da referida conduta ser levada em conta para fins de fixação ou não de dano moral indenizável. Vejamos o entendimento jurisprudencial: EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO - PRELIMINAR - AUSÊNCIA DE PRETENSÃO RESISTIDA - NÃO CONFIGURAÇÃO - RELAÇÃO JURÍDICA NÃO COMPROVADA - SENTENÇA MANTIDA. - Em respeito ao princípio da inafastabilidade da prestação jurisdicional, é cabível o ajuizamento da ação para discussão de inexigibilidade de débito, sendo desnecessário o esgotamento da via administrativa. Preliminar de ausência de pretensão resistida afastada - Tratando-se de fato modificativo ou extintivo do direito do autor, cabe ao réu comprovar por meios idôneos a regularidade da contratação - Nos termos do art. 14 do CDC, o prestador do serviço responderá pelos danos causados ao consumidor e decorrentes da sua atividade, independentemente da existência de culpa - Não comprovada a relação jurídica entre as partes, deve o débito em nome da parte autora ser declarado inexistente . - NOS TERMOS DO ART. 14 DO CDC, O PRESTADOR DO SERVIÇO RESPONDERÁ PELOS DANOS CAUSADOS AO CONSUMIDOR E DECORRENTES DA SUA ATIVIDADE, INDEPENDENTEMENTE DA EXISTÊNCIA DE CULPA(TJ-MG - Apelação Cível: 5005490-87.2021.8 .13.0439 1.0000.24 .171490-6/001, Relator.: Des.(a) Maria Luiza Santana Assunção, Data de Julgamento: 16/05/2024, 13ª CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: 17/05/2024)(grifo nosso). Deste modo, rejeito a preliminar de falta de interesse de agir. Quanto aos benefícios da Justiça Gratuita, o artigo 98 do Código de Processo Civil, que trata de sua concessão traz a seguinte redação: “Art. 98. A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com insuficiência de recursos para pagar as custas, as despesas processuais e os honorários advocatícios tem direito à gratuidade da justiça, na forma da lei.” Contudo, tal presunção é juris tantum cabendo ao Magistrado avaliar o caso concreto, podendo este, em caso de dúvida, requerer a juntada de documentos que comprovem a condição de beneficiário da justiça gratuita, com fundamento no artigo 5° LXXIV da Constituição Federal/88 e artigo 99, § 3º, do Código de Processo Civil. No caso dos autos, para a revogação do benefício concedido cabe ao réu comprovar a capacidade financeira da parte adversa, ônus do qual não se desincumbiu, pois, somente as alegações trazidas são frágeis para comprovar a capacidade financeira do autor. Nesse sentido: “AGRAVO REGIMENTAL – DECISÃO MONOCRÁTICA – impugnação À JUSTIÇA GRATUITA – SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA - JUSTIÇA GRATUITA – ÔNUS DA PROVA QUE CABE AO IMPUGNANTE – PRESUNÇÃO IURIS TANTUM DA DECLARAÇÃO DE HIPOSSUFICIÊNCIA – SENTENÇA MANTIDA - RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO. Incumbe ao impugnante o ônus da prova de demonstrar que o impugnado possui condições financeiras de arcar com as despesas processuais sem prejuízo do próprio sustento e de sua família. Ausente a prova nesse sentido, deve ser julgada improcedente a impugnação.”(Ag 166772/2015, DES. SEBASTIÃO DE MORAES FILHO, SEGUNDA CÂMARA DE DIREITO PRIVADO, Julgado em 16/12/2015, Publicado no DJE 21/01/2016. Negritei) Assim, rejeito a impugnação à justiça gratuita e mantenho o deferimento de tal benesse, em favor da requerente. Ultrapassadas as questões preliminares, sendo suficientes para a convicção deste Juízo as provas já existentes e juntadas aos autos, passo ao julgamento antecipado. Destaca-se que o julgamento antecipado da lide, previsto no artigo 355, do Código de Processo Civil, se constitui em um dever do magistrado, sempre que o mesmo identificar maturidade suficiente para a resolução do mérito, em atenção aos princípios da celeridade e economia processual (N.U 1010288-69.2021.8.11.0002, TURMA RECURSAL CÍVEL, LUCIA PERUFFO, Turma Recursal Única, Julgado em 14/03/2022, Publicado no DJE 18/03/2022). Em consonância está o pacífico entendimento de que o juiz é livre para deferir as provas que entende necessárias para decidir a lide de acordo com seu livre e motivado convencimento, podendo inclusive dispensar as provas que entender desnecessárias à solução do feito, sem que isto configure cerceamento de defesa, nos termos do artigo 370 e parágrafo único do Código de Processo Civil. Superadas as questões pendentes, passo ao julgamento antecipado da lide conforme me permitem os artigos 355, inciso I e 12, §2º, inciso VII (Meta 01-CNJ), ambos do Código de Processo Civil. A relação existente entre as partes, como dito, é de consumo, tanto que houve a inversão do ônus da prova por ocasião da decisão inicial. Logo, aplico ao presente caso as regras dispostas no Código de Defesa do Consumidor. Segundo consta dos autos, a requerente relata que em 20/11/2024 recebeu ligação de número desconhecido informando sobre empréstimo consignado em seu nome junto ao requerido, o qual negou ter contratado. Supondo tratar-se de engano ou golpe. Ao consultar sua conta na Caixa Econômica Federal, verificou crédito inesperado de R$ 50.939,88, oriundo do Banco Santander, seguido de saques e transferências não reconhecidas, que quase esvaziaram sua conta. Em contestação, o requerido defende que houve contratação digital regular na modalidade “clique único”, no qual a contratação é realizada através de digitação de senha de uso pessoal e intransferível, sendo depositado o valor de R$ 50.939,88 (cinquenta mil novecentos e trinta e nove reais e oitenta e oito centavos) na conta da requerente, não podendo agora, alegar desconhecimento dos descontos. Além disso, defende que não há qualquer ato ou fato ilegal que tenha sido praticado pelo banco réu, nem por qualquer pessoa que o representasse, em relação ao contrato sob o qual versa a presente lide, assim, o banco não pode ser penalizado e muito menos condenado a indenizar a requerente. In casu, embora o requerido defenda que não pode ser responsabilizado, não há como imputar a requerente a responsabilidade sobre a segurança das transações eletrônicas. Até porque inexiste demonstração de que a mesma tenha contribuído para a ocorrência das fraudes de qualquer forma. Verifica-se do extrato juntado em Id. 186706635, que o Ted foi realizado na conta da requerente no dia 19/11/2024 às 11:59, posteriormente, às 01:27 foi enviado um pix da conta da requerente no valor de R$ 1,00 (um real), posterior a isso, foram encaminhados mais 07 (sete) pix e efetuado o pagamento de um boleto junto à Instituição Mercado Pago, sendo que todas as transações ocorreram entre 03:57 e 07:08. Cumpre ressaltar que a responsabilidade do réu é objetiva, conforme disposição do art. 14 do Código de Defesa do Consumidor, não podendo a autora ser responsabilizada e amargar as consequências da sua desídia. Até porque, sendo a sua atividade de risco, deve ser prudente quando do aperfeiçoamento do negócio jurídico. O Código Civil, em seu artigo 186 dispõe que aquele que causa dano a outrem, seja por ação ou omissão, comete ato ilícito, in verbis: “Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.” Em complemento, o artigo 927 do Código Civil prevê a obrigação de reparar civilmente os danos causados, em especial quando a atividade do causador importar em risco para os direitos do outro, como é o presente caso. Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.” (Negritei) Por fim, a Constituição Federal do Brasil ratifica o dever de reparação civil, ainda que exclusivamente moral (art. 5º, inc. X, CF/88). Sobre o assunto em que envolve fortuito interno, a Súmula 479 do STJ dispõe que “as instituições financeiras respondem objetivamente pelos danos gerados por fortuito interno a fraudes e delitos praticados por terceiros no âmbito de operações bancárias”. Nesse sentido, ainda: “APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS - CONTRATO BANCÁRIO - EMPRÉSTIMO CONTRATADO - INVASÃO DO APLICATIVO BANCÁRIO - ALEGAÇÃO DE DESCONHECIMENTO - LEGALIDADE DA CONTRATAÇÃO NÃO COMPROVADA - DIVERSAS TRANSFERÊNCIAS À CONTA DE TERCEIROS DESCONHECIDOS - MOVIMENTAÇÕES QUE DESTOA DO PERFIL DO AUTOR - INSTITUIÇÃO BANCÁRIA QUE NÃO IMPEDIU OU REVERTEU AS TRANSAÇÕES INDEVIDA - TENTATIVA DE SOLUÇÃO ADMINISTRATIVA INEXITOSA - FALHA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO - RESPONSABILIDADE OBJETIVA - DANO MORAL CONFIGURADO - SENTENÇA MANTIDA - RECURSO DESPROVIDO. 1. ao caso em tela, por se tratar de relação consumerista, incide as normas contidas no Código de Defesa do Consumidor, conforme Súmula n.º 297 do Superior Tribunal de Justiça. 2. Ainda, pertinente transcrever o conteúdo da Súmula n.º 479 do Superior Tribunal de Justiça aplicada ao caso, que dispõe que “as instituições financeiras respondem objetivamente pelos danos gerados por fortuito interno relativo a fraudes e delitos praticados por terceiros no âmbito de operações bancárias”. 3. As instituições financeiras respondem objetivamente pelos danos gerados por fortuito interno relativo a fraudes e delitos praticados por terceiros no âmbito de operações bancárias. 4. Não comprovada pela instituição financeira a validade da contratação, a rescisão do contrato com a declaração da inexistência do débito é medida que se impõe 5. É desnecessária a comprovação específica do prejuízo, pois o dano se extrai pela só verificação da conduta, ocorrendo o chamado dano in re ipsa.” (N.U 1003424-50.2021.8.11.0055, CÂMARAS ISOLADAS CÍVEIS DE DIREITO PRIVADO, SEBASTIAO BARBOSA FARIAS, Primeira Câmara de Direito Privado, Julgado em 03/05/2022, Publicado no DJE 06/05/2022) Logo, restando comprovado nos autos que a situação não decorreu de imprudência ou ausência de cautela do consumidor, mas sim de fortuito interno, possível a procedência do pedido para declarar a inexigibilidade do débito e determinar o ressarcimento dos danos materiais comprovadamente sofridos. No que concerne ao pedido de dano moral, é patente a obrigação do réu em reparar moralmente a requerente, eis que os transtornos causados ultrapassam o limite do mero aborrecimento, inexiste a necessidade de comprovação do dano moral, dada a inferência lógica que se pode extrair (in re ipsa). O quantum indenizatório deve atentar aos princípios da razoabilidade e proporcionalidade, quantificado segundo os critérios da efetiva reparação do sofrimento, observando-se a teoria do desestímulo e capacidade econômica, bem como evitando o enriquecimento ilícito da parte vencedora. Atenta a esses parâmetros, fixo o dano moral no valor de R$ 8.000,00 (oito mil reais). Por outro lado, o réu, ao apresentar contestação, formulou pedido contraposto, requerendo que, havendo anulação do contrato objeto da lide, deveria ser determinado a compensação do valor total recebido pela parte autora, oriundo contrato objeto da lide. Todavia, o ordenamento jurídico vigente não prevê a possibilidade de pedido contraposto no rito comum, sendo tal mecanismo restrito ao procedimento sumaríssimo dos Juizados Especiais Cíveis, conforme previsto na Lei n. 9.099/95. No caso em questão, a via adequada para que o réu formulasse a pretensão contra a autora seria a reconvenção, nos termos do artigo 343 do Código de Processo Civil, ou o ajuizamento de ação própria. Neste sentido, é o entendimento jurisprudencial: "APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE COBRANÇA - PEDIDO CONTRAPOSTO EM SEDE DE CONTESTAÇÃO - APRECIAÇÃO INVIÁVEL - ÔNUS SUCUMBENCIAIS - SENTENÇA PARCIALMENTE REFORMADA. - É inadequada a formulação de pedido contraposto, pela parte ré, juntamente com a contestação, em ação submetida ao rito ordinário, por ausência de amparo legal, pelo que deveria ter formulado a pretensão em sede de reconvenção ou em demanda autônoma - Restando configurada a sucumbência integral da parte autora, deve esta arcar com as custas processuais e honorários advocatícios, nos termos do art. 85, do CPC - Recurso provido. (TJ-MG - Apelação Cível:50026858320228130680, Relator: Des.(a) Amorim Siqueira, Data de Julgamento: 10/09/2024, Câmaras Cíveis / 9a CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: 12/09/2024)" Dessa forma, por ausência de previsão legal para o pedido contraposto em procedimento comum, o mesmo deve ser rejeitado. DISPOSITIVO Posto isto, nos termos do art. 487, inciso I, do Código de Processo Civil, julgo procedentes os pedidos formulados por MARIA LUCIA FERREIRA DO NASCIMENTO para DECLARAR a inexigibilidade dos débitos cobrados pelo BANCO SANTANDER (BRASIL) S.A. concernente ao empréstimo pessoal realizado em 19/11/2024 no valor de R$ 50.939,88, bem como CONDENAR o réu ressarcimento de forma simples dos valores descontados da parte requerente referente ao empréstimo no montante de R$ 3.534,00 conforme planilha de Id. 194741382, assim como da diferença dos prejuízos suportados, devidamente comprovados. Condeno o réu, ainda, ao pagamento de indenização por DANOS MORAIS a autora, no valor de R$ 8.000,00 (oito mil reais), com juros de acordo com a taxa SELIC que devem incidir desde a citação e a correção monetária pelo IPCA a partir da data do evento danoso, por tratar-se de relação extracontratual. Em consequência, confirmo a liminar deferida em Id. 187708145. Custas e despesas processuais pelo requerido, assim como honorários advocatícios de sucumbência, que fixo em 15% (quinze por cento) do valor da condenação, nos termos dos artigos 82, §2º e 85, §2º, ambos do CPC. Após o trânsito em julgado, arquive-se com baixa na distribuição. P.I. Cumpra-se. Cuiabá, data registrada no sistema. Ana Paula da Veiga Carlota Miranda Juíza de Direito

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