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Processo nº 1014015-77.2025.8.26.0196

ID: 310572573

Tribunal: TJSP Órgão: Foro de Franca - 4ª Vara Cível Classe: BUSCA E APREENSãO EM ALIENAçãO FIDUCIáRIA Nº Processo: 1014015-77.2025.8.26.0196

Data de Disponibilização: 30/06/2025

Polo Ativo:

B. G. S. A.

Polo Passivo:

Intimação

Advogados:

CARLOS EDUARDO MENDES ALBUQUERQUE

OAB/PE XXXXXX Desbloquear

Processo 1014015-77.2025.8.26.0196 - Busca e Apreensão em Alienação Fiduciária - Alienação Fiduciária - G. - Vistos. A mora do(a) devedor(a) está comprovada (STJ, Tema nº 1.132). Assim, defiro a limi… Processo 1014015-77.2025.8.26.0196 - Busca e Apreensão em Alienação Fiduciária - Alienação Fiduciária - G. - Vistos. A mora do(a) devedor(a) está comprovada (STJ, Tema nº 1.132). Assim, defiro a liminar de busca e apreensão do bem descrito na inicial, alienado fiduciariamente, o qual ficará depositado com o autor ou com pessoa por ele indicada. Ressalto que se trata de mora ex re, decorrente do simples vencimento do prazo para pagamento. Suficiente, desse modo, que a notificação prevista no parágrafo 2º, do artigo 2º, do Decreto-Lei nº 911/1969 seja remetida ao endereço do(a) réu(ré), independente de quem a receba. Caso requerido, defiro a tramitação processual em segredo de justiça, até que cumprida a liminar. Após, providencie-se a exclusão da anotação. No prazo de cinco dias após executada a liminar mencionada no caput, do art. 3º, do Decreto-Lei nº 911/1969, a propriedade e a posse plena e exclusiva do bem ficarão consolidadas no patrimônio do(a) credor(a) fiduciário(a). Cabe às repartições competentes, quando for o caso, expedir novo certificado de registro de propriedade em nome do(a) credor(a), ou de terceiro por ele indicado, livre do ônus da propriedade fiduciária. Efetivada a liminar, cite-se o(a) réu(ré) para, se quiser, em cinco dias, pagar a integralidade da dívida pendente, de acordo com valores apresentados na inicial. Para essa hipótese, o bem ser-lhe-á restituído livre de ônus. Caso exerça essa prerrogativa, fica desde já determinada a intimação do(a) autor(a) para se manifestar em cinco dias sobre o depósito realizado, em especial se é suficiente para saldar integralmente o débito pendente. Por outro lado, intime-se o(a) autor(a), na pessoa de seu representante legal, de que, efetivada a medida, o bem apreendido deverá permanecer nesta comarca pelo prazo de cinco dias, contados a partir da execução da liminar, à disposição do Juízo e sob as penas da lei. A medida é necessária, tendo em vista que se o(a) réu(ré) pagar a dívida o bem ser-lhe-á restituído. No prazo de quinze dias úteis, da execução da liminar, o(a) réu(ré) poderá contestar, mesmo que tenha se utilizado da faculdade do parágrafo 2º, do art. 3º, do Decreto-Lei nº 911/1969, alterado pela Lei nº 10.931, de 02.8.2004. Se o bem não for encontrado, o oficial de justiça deverá esclarecer as circunstâncias da diligência, inclusive se o réu reside no local. Não localizado o bem, intime-se o autor(a) para que, em cinco dias, diga em termos de seguimento da ação. Caso informado novo endereço a ser diligenciado, desde logo, defiro o aditamento do mandado de busca e apreensão, na modalidade URGENTE. A serventia somente encaminhará o documento à central de mandados, mediante informação de localização do veículo ou comparecimento da parte interessada em cartório, em trinta dias, a fim de evitar a prática de atos processuais desnecessários. Nesse caso e, no mesmo prazo, deverá recolher as respectivas custas sob pena de extinção, ou informar se pretende exercer a faculdade constante do art. 4º do Decreto-Lei nº 911/1969 e, então, apresentar corretamente seu pedido de conversão da ação, com observação das exigências legais inerentes à tramitação de execuções de títulos extrajudiciais, sob pena de extinção sem resolução do mérito, nos termos do art. 485, X do CPC. Comprovado o recolhimento da taxa, providenciem o bloqueio da circulação do veículo por intermédio do convênio RENAJUD, conforme § 9º, do art. 3º, Decreto-Lei nº 911/1969, retirando-se o gravame após a apreensão. Autorizo o uso de força policial e ordem de arrombamento. No mais, diante do advento da Lei 13.043/2014, "a parte interessada poderá requerer diretamente ao juízo da comarca onde foi localizado o veículo com vistas à sua apreensão, sempre que o bem estiver em comarca distinta daquela da tramitação da ação, bastando que em tal requerimento conste a cópia da petição inicial da ação e, quando for o caso, a cópia do despacho que concedeu a busca e apreensão do veículo.". Nessa hipótese, tendo em conta dever constante no art. 5º do CPC, deverá comunicar a apresentação de tal requerimento perante o juízo da tramitação da ação, com comprovação em cinco dias. ADVERTÊNCIA: Este processo, cujo número encontra-se acima, tramita eletronicamente. A íntegra do processo (petição inicial, documentos e decisões) poderá ser visualizada na internet, observada vista pessoal (art. 9º, § 1º, da Lei Federal nº 11.419/2006) que desobriga a anexação. Para visualização, acesse o site www.tjsp.jus.br, informe o número do processo (disponível no alto deste documento) e a senha, a qual segue anexa, em documento separado. Petições, procurações, defesas, etc., devem ser trazidos ao juízo por peticionamento eletrônico. A classificação correta das petições no curso do processo é essencial ao bom andamento dos trabalhos nesta serventia. As partes ficam cientes de que todas as petições deverão ser classificadas/nomeadas corretamente, de acordo com as classes e assuntos existentes no sistema SAJ, nos termos do art. 6º do CPC, com completas informações e dados cadastrais atualizados e existentes que estiverem em sua posse ou forem seu conhecimento. Esta decisão, por cópia assinada digitalmente, servirá como MANDADO, com as prerrogativas do art. 212, parágrafo 2º, do citado diploma legal. Int. - ADV: CARLOS EDUARDO MENDES ALBUQUERQUE (OAB 18857/PE)

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Processo nº 1014015-64.2025.8.26.0071

ID: 320436407

Tribunal: TJSP Órgão: Foro de Bauru - 3ª Vara Cível Classe: DESPEJO POR FALTA DE PAGAMENTO CUMULADO COM COBRANçA Nº Processo: 1014015-64.2025.8.26.0071

Data de Disponibilização: 10/07/2025

Polo Ativo:

RENATO ZANIN LISBôA DE SOUZA

Polo Passivo:

Intimação

Advogados:

MARIANA SAEZ BURGUES

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

CARLA CRISTINA ALVES COLONHEZE

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

Processo 1014015-64.2025.8.26.0071 - Despejo por Falta de Pagamento Cumulado Com Cobrança - Despejo por Inadimplemento - Renato Zanin Lisbôa de Souza - Vistos. 1 - Recebo a petição e os documentos de… Processo 1014015-64.2025.8.26.0071 - Despejo por Falta de Pagamento Cumulado Com Cobrança - Despejo por Inadimplemento - Renato Zanin Lisbôa de Souza - Vistos. 1 - Recebo a petição e os documentos de fls. 30/44 como emenda à inicial. Anote-se. 2 - Busca a parte autora a concessão liminar do despejo por falta de pagamento, com apoio no art. 59, § 1º, inciso IX, da lei 8.245/91, porquanto desprovido o contrato entabulado entre as partes de garantia locatícia, sendo admissível o despejo imediato. É o breve relato. Extrai-se dos documentos que instruíram a inicial, que o contrato de locação foi firmado em 11 de abril de 2024 e, embora prevista garantia por meio de contrato de fiança junto à Too Seguros S.A (fl. 12), verifica-se que a apólice fora cancelada em 21 de junho de 2024, sem que houvesse sua substituição, encontrando-se o imóvel, destarte, desprovido de garantia. Ademais, evidenciado nos autos que o réu encontra-se inadimplente com o pagamento dos aluguéis e acessórios desde abril de 2025. Daí porque, não há óbices ao enquadramento da situação no art. 59, § 1º, inciso IX, da Lei 8.245/91, a autorizar a concessão da liminar de despejo. Este o firme entendimento já sedimentado perante o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo: "Locação de imóvel residencial - Ação de despejo por falta de pagamento Decisão que deferiu liminar para imediata desocupação Manutenção Cabimento - Caução que abrange apenas 02 meses de aluguel - Débito superior ao valor garantido - Garantia já extinta - Requisitos exigidos pelo §1º, IX, do art. 59, da Lei nº 8.245/91 Presença Viabilidade do despejo imediato. Recurso da ré desprovido. (TJSP; Agravo de Instrumento 2254444-33.2021.8.26.0000; Relator (a): Marcos Ramos; 30ª Câmara de Direito Privado; j. 04/02/2022). "LOCAÇÃO. AÇÃO DE DESPEJO POR FALTA DE PAGAMENTO. TUTELA ANTECIPADA. CONSTATAÇÃO DA PRESENÇA DOS REQUISITOS LEGAIS, A JUSTIFICAR O DEFERIMENTO. AGRAVO PROVIDO. Diante da constatação de que a garantia contratual é insuficiente para atender ao montante da dívida, ou seja, parte do débito não está garantido, inegável se apresenta o reconhecimento de que tem o autor o direito à concessão da medida liminar (artigo 59, § 1º, inciso IX, da Lei 8.245/91). (TJSP; Agravo de Instrumento 2047060-66.2022.8.26.0000; Relator (a): Antonio Rigolin; Órgão Julgador: 31ª Câmara de Direito Privado; Foro de Campinas - 9ª. Vara Cível; Data do Julgamento: 22/03/2022; Data de Registro: 22/03/2022). AGRAVO DE INSTRUMENTO. Locação. Ação de despejo por falta de pagamento. Pedido liminar. Presença dos requisitos legais. Garantia insuficiente. Débito superior. Inteligência do artigo 59, § 1º, IX, da Lei nº 8.245/91. Possibilidade de desocupação liminar. Caução de três alugueres prestada. Precedentes. Recurso provido. (TJSP; Agravo de Instrumento 2050866-12.2022.8.26.0000; Relator (a): Milton Carvalho; Órgão Julgador: 36ª Câmara de Direito Privado; Foro Regional X - Ipiranga - 1ª Vara Cível; Data do Julgamento: 15/03/2022; Data de Registro: 15/03/2022) Desta feita, com apoio no art. 59, § 1º, inciso IX, da Lei 8.245/91, determino expeça-se mandado de desocupação do imóvel com prazo máximo de 15 dias, sob pena de despejo, dependendo o cumprimento da medida de prestação de caução de 3 alugueres por parte do locador. 3 - Após recolhimento das despesas pertinentes, CITE-SE a parte ré para o oferecimento de resposta no prazo de 15 (quinze) dias. Consigne-se que, não sendo contestada a ação, presumir-se-ão verdadeiros os fatos articulados na exordial (artigo 344 do Código de Processo Civil). 4 - Fica o locatário advertido de que no prazo de resposta poderá evitar a rescisão do contrato de locação, efetuando o pagamento do débito atualizado, independentemente de cálculo e mediante depósito judicial, incluindo: a) os aluguéis e acessórios da locação que vencerem até a sua efetivação; b) as multas ou penalidades contratuais, quando exigíveis; c) os juros de mora; d) as custas e os honorários do advogado do locador, fixado em dez por cento sobre o montante devido, se do contrato não constar disposição diversa; (artigo 62, inc.II, da Lei 8245/91, com as alterações introduzidas pela Lei 12.112/09). 5 - Cientifique-se, se o caso, o fiador, sublocatários(s) e demais ocupantes do imóvel, que poderão intervir no processo, como assistente(s) do(a)(s) réu(s), devendo o oficial de justiça certificar a respeito (item 10.1, Cap.VI, das NSCGJ). 6 - Fixo os honorários advocatícios em 10% do valor do débito atualizado, para o caso de requerimento de purgação da mora naquele mesmo prazo, observado o disposto no art. 62, I e II, da Lei 8.245/91, com a redação dada pela Lei 12.112/2009. 7 - Esta decisão servirá como mandado, acompanhada da folha de rosto vinculada, conforme modelo aprovado pela Corregedoria Geral da Justiça. Providencie o cartório a impressão e encaminhamento da presente decisão juntamente com a folha de rosto à Central de Mandados. 8 - Se o oficial de justiça constatar que o imóvel está desocupado, fica autorizada a imissão de posse. 9 - Concretizado o depósito judicial pelo locatário, manifeste-se o autor, fazendo o silêncio presumir aquiescência ao montante recolhido. 10 - Anoto que, quando do cumprimento da diligência, deverá o Oficial de Justiça obter informações acerca dos demais moradores do imóvel em tela. Intime-se. - ADV: CARLA CRISTINA ALVES COLONHEZE (OAB 443394/SP), MARIANA SAEZ BURGUES (OAB 485364/SP)

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I. J. Dos S. e outros x A. De O. L. R.

ID: 278539818

Tribunal: TJSP Órgão: Grupo de Apoio ao Núcleo de Justiça 4.0 em Segundo Grau (Turmas I a V) Classe: APELAçãO CíVEL Nº Processo: 1025170-03.2023.8.26.0405

Data de Disponibilização: 26/05/2025

Polo Ativo:

I. J. DOS S. V. DE S. S. R.

Polo Passivo:

A. DE O. L. R.

Despacho

Advogados:

VICTOR MARTINELLI PALADINO

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

DANILO RIBEIRO SIQUEIRA

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

VALDECIR DOS SANTOS

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

DANILO RIBEIRO SIQUEIRA

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VALDECIR DOS SANTOS

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

DESPACHO Nº 1025170-03.2023.8.26.0405 - Processo Digital. Petições para juntada devem ser apresentadas exclusivamente por meio eletrônico, nos termos do artigo 7º da Res. 551/2011 - Apelação Cível… DESPACHO Nº 1025170-03.2023.8.26.0405 - Processo Digital. Petições para juntada devem ser apresentadas exclusivamente por meio eletrônico, nos termos do artigo 7º da Res. 551/2011 - Apelação Cível - Sorocaba - Apelante: V. de S. S. R. (Justiça Gratuita) - Apelante: I. J. dos S. (Justiça Gratuita) - Apelada: A. de O. L. R. - Vistos. Pelas razões expostas no despacho de fls. 399/400, para manutenção da justiça gratuita concedida às partes, determinou-se à apelada que juntasse aos autos: a) cópia de sua última declaração de imposto de renda (exercício 2024); b) extratos de todas as suas contas bancárias dos últimos três meses, incluindo eventuais contas de investimento, com base nas informações constantes do Relatório de Contas e Relacionamentos (CCS) do Sistema Registrato do Banco Central; c) faturas de todos os seus cartões de crédito referentes aos últimos três meses e aos apelantes que apresentassem a) cópia de suas últimas declarações de imposto de renda (exercício 2024); b) extratos de todas as suas contas bancárias dos últimos três meses, incluindo eventuais contas de investimento, com base nas informações constantes do Relatório de Contas e Relacionamentos (CCS) do Sistema Registrato do Banco Central; c) faturas de todos os seus cartões de crédito referentes aos últimos três meses; d) cópias de suas carteiras de trabalho e eventuais recibos de pagamento/contracheques referentes aos últimos três meses. Intimadas da decisão, as partes se manifestaram e juntaram documentos (fls. 403/427 e 430/483). Pois bem, passo à análise da documentação. Inicialmente, mantenho a gratuidade de justiça concedida à apelada, tendo em vista que a documentação acostada aos autos (fls. 202/208 e 431/483) revela, de forma suficiente, sua hipossuficiência financeira. Ressalte-se que a declaração do IRPF, apontada pela parte requerida como fundamento para revogação do benefício (fls. 270 e 379, item d), foi devidamente apresentada (fls. 431/441), não se extraindo do referido documento qualquer informação que justifique a revogação da gratuidade. Em relação à apelante Vanessa, a declaração de hipossuficiência financeira apresentada (fl. 265) teve sua veracidade infirmada pela notícia de que ela seria empresária do ramo alimentício (fls. 317/318 e 332/336). Em manifestação às fls. 403/408, a apelante negou tal alegação, informando estar desempregada (fl. 409), esclarecendo que as fotos juntadas pela autora dizem respeito a trabalhos como freelancer, e que sequer possui cartão de crédito. Todavia, as imagens acostadas às fls. 332/336 não indicam que a recorrente seja mera trabalhadora autônoma do estabelecimento imperiodosdefumados, especialmente diante da forma como se apresenta em sua rede social, na qual declara ser empreendedora que percorre o Brasil levando alegria em forma de comida (fl. 336). Tal circunstância, inclusive, justifica a ausência de registros de vínculo empregatício em sua CTPS digital (fl. 409), reforçando o indício de atuação empresarial. Além disso, verifica-se que a apelante juntou extrato bancário de conta com poucas movimentações financeiras no período de três meses (fl. 412), deixando, no entanto, de apresentar o Relatório de Contas e Relacionamentos (CCS) do Sistema Registrato do Banco Central, documento essencial para comprovar que se trata, de fato, de sua única conta bancária. Ademais, dentre as poucas transações constantes do extrato, há pagamentos de faturas, o que contradiz a afirmação de que ela não possuiria cartão de crédito. Por fim, a consulta à restituição do IRPF teve como resposta Data de nascimento não corresponde ao CPF informado (fls. 410/411), o que não permite concluir que a autora não apresentou sua declaração relativa ao exercício de 2024, mas tão somente que inseriu a data de nascimento de forma equivocada (19/07/1986 e não 16/07/1986, data correta, conforme documento de fl. 268). De modo semelhante, quanto ao recorrente Ivan, observa-se que o despacho de fls. 399/400 não foi integralmente cumprido, uma vez que o apelante não juntou os extratos de todas as suas contas bancárias. E, ainda que se afirme tratar-se de sua única conta, consta do extrato apresentado o recebimento de PIX oriundo de outra conta de sua titularidade (transação do dia 19/12/2024 fl. 420). Ademais, o apelante não apresentou as faturas do seu cartão de crédito, embora constem do extrato bancário pagamentos de fatura (06/12/2024 e 10/12/2024 fl. 420). É certo que o não cumprimento integral de decisão judicial, por si só, não impede a concessão do benefício da gratuidade de justiça, quando os documentos apresentados permitem aferir, com segurança, a condição de hipossuficiência alegada. Não é essa, contudo, a situação dos apelantes. No caso concreto, o não cumprimento integral do despacho de fls. 399/400, aliado às contradições nas informações prestadas, indica tentativa de ocultação de bens e rendimentos conduta incompatível com a concessão do benefício da gratuidade. E como é sabido, o benefício previsto no artigo 98 do Código de Processo Civil deve ser reservado às pessoas efetivamente hipossuficientes financeiramente, sob pena de banalização do instituto e inviabilização da prestação jurisdicional para toda a coletividade. Nessas condições, deferir o benefício, que, em última análise, é custeado pelo Estado e, consequentemente, por toda população, àqueles que, embora aleguem insuficiência, não a demonstram adequadamente, equivaleria a carrear aos verdadeiramente necessitados os ônus que deveriam ser suportados pelos que não fazem jus ao benefício, o que não pode ser admitido. Diante disso, revogo a gratuidade de justiça anteriormente concedida aos recorrentes, em razão do descumprimento da determinação judicial e das inconsistências verificadas nos documentos apresentados, devendo, no prazo de cinco dias, ser realizado o recolhimento do preparo recursal, atualizado monetariamente, sob pena de deserção, nos termos dos arts. 99, § 7º e 101, § 2º, do Código de Processo Civil. Int. - Magistrado(a) Rosana Santiso - Advs: Valdecir dos Santos (OAB: 138560/SP) - Danilo Ribeiro Siqueira (OAB: 424383/SP) - Victor Martinelli Paladino (OAB: 271166/SP) - Sala 203 – 2º andar

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Processo nº 1014015-32.2025.8.26.0405

ID: 279782571

Tribunal: TJSP Órgão: Foro de Osasco - 8ª Vara Cível Classe: PROCEDIMENTO COMUM CíVEL Nº Processo: 1014015-32.2025.8.26.0405

Data de Disponibilização: 26/05/2025

Polo Ativo:

TAVARES - COMERCIO DE COSMETICOS LTDA

Polo Passivo:

Intimação

Advogados:

DIEGO FERNANDES LIMA

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

ADV: Diego Fernandes Lima (OAB 399741/SP) Processo 1014015-32.2025.8.26.0405 - Procedimento Comum Cível - Reqte: Tavares - Comercio de Cosmeticos Ltda - Vistos. Trata-se de ação de obrigação de fazer… ADV: Diego Fernandes Lima (OAB 399741/SP) Processo 1014015-32.2025.8.26.0405 - Procedimento Comum Cível - Reqte: Tavares - Comercio de Cosmeticos Ltda - Vistos. Trata-se de ação de obrigação de fazer com pedido de tutela de urgência proposta por Tavares - Comercio de Cosmeticos Ltda em face de Ebazar.com.br LTDA - ME. Em suma, a parte autora alega que faz uso da plataforma da requerida para comercialização dos seus produtos, vinculado ao e-mail roprian@mixsexshop.com.br, no entanto, sem razão plausível a requerida bloqueou sua conta na plataforma, o que está lhe gerando prejuízos financeiros. Informa que segundo notificação da ré foram identificadas "atividades que não estão de acordo com as políticas de segurança e diretrizes dos Termos e Condições da nossa plataforma". Diante do exposto, requer, em sede liminar, a imediata reativação de sua conta digital com as mesmas condições anteriores à suspensão. Por fim, pede a condenação da ré, a título de danos morais, o pagamento de R$ 10.000,00. Ao final, requer a condenação da ré ao pagamento de R$ 17.538,06, correspondente ao montante das mercadorias retidas no centro de distribuição da requerida, facultando-se à demandada, alternativamente, a devolução integral dos produtos ou o pagamento do valor constante na respectiva nota fiscal de entrada, pagamento de R$ 101,00, referentes à taxa de armazenagem e ao pagamento de R$ 32.039,04 a título de lucros cessantes. É o relatório. Fundamento e decido. 1. Anoto o correto recolhimento das custas iniciais. 2. A inicial está formalmente em ordem, razão pela qual deve ser admitida. Passo, assim, ao exame do pedido liminar. A lei processual exige daquele que pretende ser beneficiado com a tutela de urgência (i) a demonstração de elementos de informação que conduzam à verossimilhança de suas alegações (fumus boni iuris); (ii) o risco de dano irreparável ou de difícil reparação decorrente da demora na prestação jurisdicional (periculum in mora) e, por fim, (iii) a reversibilidade dos efeitos antecipados. Em que pese o esforço argumentativo da parte autora, o pedido não comporta acolhimento. Isto porque, à luz do art. 300 do Código de Processo Civil, inexistem elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo. Com efeito, no caso dos autos, não é possível concluir com a certeza exigida para o deferimento da tutela de urgência que a conduta da requerida é mesmo abusiva e indevida. Nessa linha, verifica-se que a conta da autora foi suspensa na plataforma da ré, com o argumento de foram identificadas atividades que não estão de acordo com as políticas de segurança e diretrizes dos Termos e Condições da plataforma ré. Diante de indícios de eventual violação dos termos e condições de uso por parte do autor, é certo que a demanda comporta dilação probatória, sendo prudente o contraditório para melhor esclarecer os fatos a fim de verificar eventuais irregularidades que persistem na conta da autora. Desta forma, é certo que as circunstâncias do caso concreto, somadas ao momento prematuro em que se encontra a lide, indicam a necessidade do desenvolvimento regular do contraditório com a dilação probatória adequada para verificar se a restrição da conta foi mesmo irregular. A propósito, em casos similares ajuizados em face da mesma requerida, foi assim deliberado pelo E. TJ/SP: TUTELA CAUTELAR ANTECEDENTE ALEGAÇÃO DE BLOQUEIO INDEVIDO DE CONTAS NAS PLATAFORMAS MERCADO LIVRE E MERCADO PAGO DECISÃO QUE INDEFERIU A TUTELA ANTECIPADA PRETENSÃO DE REFORMA DESCABIMENTO No caso dos autos, não se encontram configurados os requisitos do artigo 300 do CPC. Em que pese as alegações da autora, ora agravante, referentes às condutas das agravadas em bloquear suas contas e reter valores de sua titularidade nas plataformas "Mercado Livre" e "Mercado Pago", as circunstâncias do caso concreto, somadas ao momento prematuro em que se encontra a lide, indicam a necessidade do desenvolvimento regular do contraditório com a dilação probatória adequada para verificar se aludidas ações das agravadas foram, de fato, irregulares. Recurso desprovido.(TJSP; Agravo de Instrumento 2149329-86.2022.8.26.0000; Relator (a):Walter Fonseca; Órgão Julgador: 11ª Câmara de Direito Privado; Foro Regional I - Santana -6ª Vara Cível; Data do Julgamento: 21/09/2022; Data de Registro: 21/09/2022) AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER CUMULADA COM INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS. Pretensão de restabelecimento da conta virtual do agravante, bem como de seu status, na plataforma do Mercado Livre. Suspensão que se deu em razão da violação à política interna da empresa agravada. Ausência dos requisitos contidos no artigo 300 do Código de Processo Civil, notadamente a probabilidade do direito. Pleito de especificação dos anúncios denunciados. Possibilidade. Garantia ao exercício do contraditório e ampla defesa. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. (Relator(a): AZUMA NISHI Comarca: São Paulo Órgão julgador: 1ª Câmara Reservada de Direito Empresarial Data do julgamento: 20/03/2020 Data de publicação: 20/03/2020) Por tais e motivadas razões, INDEFIRO o pedido liminar. Retire-se a tarja de urgência. 3. Diante das especificidades da causa e de modo a adequar o rito processual às necessidades do conflito, deixo para momento oportuno a análise da conveniência da audiência de conciliação (art. 139, inciso VI do CPC e Enunciado nº 35 da ENFAM). 4. Cite-se e intime-se a parte requerida para que apresente contestação, no prazo de quinze dias úteis, contados a partir da juntada do AR positivo nos autos (art. 231, I, CPC). Para tanto, carta de citação segue vinculada automaticamente a esta decisão. Fica a parte requerida advertida de que a ausência de contestação implicará revelia e presunção de veracidade da matéria fática apresentada na petição inicial. Tratando-se de processo eletrônico, em prestígio às regras fundamentais dos artigos 4º e 6º do CPC fica vedado o exercício da faculdade prevista no artigo 340 do CPC. 5. Decorrido o prazo para a oferta de contestação, intime-se a parte autora para que no prazo de 15 (quinze dias) apresente manifestação, oportunidade em que: I - não havendo contestação, deverá informar se quer produzir outras provas ou se deseja o julgamento antecipado; II - havendo contestação, deverá se manifestar em réplica, inclusive com contrariedade e apresentação de provas relacionadas a eventuais questões incidentais; III - em sendo formulada reconvenção com a contestação ou no seu prazo, deverá a parte autora apresentar resposta à reconvenção. Intime-se.

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Processo nº 0801156-41.2023.8.10.0127

ID: 306465408

Tribunal: TJMA Órgão: 3ª Vara Cível de São Luís Classe: PROCEDIMENTO COMUM CíVEL Nº Processo: 0801156-41.2023.8.10.0127

Data de Disponibilização: 24/06/2025

Polo Ativo:

Polo Passivo:

WESLY HANANI DE SOUSA SANTOS CHAGAS

Intimação

Advogados:

WESLY HANANI DE SOUSA SANTOS CHAGAS

OAB/MA XXXXXX Desbloquear

CARLOS EDUARDO COIMBRA DONEGATTI

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Juízo de Direito da 3ª Vara Cível do Termo de São Luís Secretaria Judicial Única Digital das Varas Cíveis do Termo de São Luís PROCESSO: 0801156-41.2023.8.10.0127 AÇÃO: PROCEDIMENTO COMUM CÍVEL AUTOR… Juízo de Direito da 3ª Vara Cível do Termo de São Luís Secretaria Judicial Única Digital das Varas Cíveis do Termo de São Luís PROCESSO: 0801156-41.2023.8.10.0127 AÇÃO: PROCEDIMENTO COMUM CÍVEL AUTOR: LOCALIZA RENT A CAR S/A Advogado do(a) AUTOR: CARLOS EDUARDO COIMBRA DONEGATTI - SP290089-A REU: GERSON PATRICIO PEREIRA DA SILVA Advogado do(a) REU: WESLY HANANI DE SOUSA SANTOS CHAGAS - MA13959 SENTENÇA Trata-se de ação declaratória de descumprimento contratual cumulada com pedido de indenização por danos materiais, proposta por Localiza Rent a Car S/A em face de Gerson Patrício Pereira da Silva. Narra a parte autora que, em 15 de fevereiro de 2023, firmou contrato de locação do veículo FIAT/ARGO DRIVE 1.0 com o requerido, tendo este descumprido cláusulas contratuais ao fazer uso inadequado do automóvel, notadamente ao permitir a condução por terceiros não autorizados, deixar de realizar as revisões de fábrica obrigatórias no tempo adequado e ter apresentado quilometragem excessiva. Sustenta que tais condutas geraram desgaste prematuro e excessivo no veículo, comprometendo sua segurança e integridade, além de acarretar prejuízos à empresa, que atua em larga escala no ramo de locação de automóveis. Para comprovar suas alegações, instruiu a inicial com cópias do contrato de locação, termos de condições gerais, certificado de registro do veículo, documentação pessoal do réu, relatório de percurso do carro e tabela FIPE, pleiteando, ao final, o reconhecimento do inadimplemento contratual, a condenação do réu ao pagamento de indenização correspondente à desvalorização do bem e multa de cláusula penal estipulada em 20% do valor de mercado do veículo (Tabela FIPE). Regularmente citado, o réu apresentou contestação na qual refutou as acusações de uso indevido do veículo, alegando que a revisão de fábrica foi devidamente agendada e realizada em data posterior por impossibilidade de atendimento na data correta, circunstância essa supostamente admitida pela própria locadora. Quanto à alegação de que teria cedido o carro a terceiro não autorizado, sustentou que o segundo condutor estava regularmente qualificado no contrato de locação, tendo inclusive recebido e-mail da autora confirmando o agendamento da revisão, o que evidenciaria o reconhecimento da legitimidade de sua posse. Alegou ainda que os documentos apresentados pela autora são unilaterais e impugnados, razão pela qual requereu a improcedência dos pedidos, com a condenação da parte autora por litigância de má-fé. Em réplica, a autora reiterou os termos da petição inicial e refutou os argumentos da contestação, sustentando que o uso do veículo pelo réu foi incompatível com as condições pactuadas, configurando descumprimento contratual. Reforçou que os documentos colacionados são autênticos e demonstram de forma inequívoca que o automóvel foi submetido a condições adversas, em desacordo com as cláusulas contratuais. Alegou que, mesmo que o condutor adicional estivesse indicado no contrato, a responsabilidade do locatário quanto à conservação e uso adequado do bem persiste, sendo irrelevante a eventual ciência da autora quanto à posse por terceiro. Intimadas as partes acerca da produção de demais provas, ambas pugnaram pelo julgamento antecipado do mérito. É o relatório. Decido. I – DO JULGAMENTO ANTECIPADO DO MÉRITO Nos termos do art. 355, inciso I, do Código de Processo Civil, é cabível o julgamento antecipado do mérito quando não houver necessidade de produção de outras provas além daquelas já constantes dos autos. No presente caso, não houve requerimento expresso de prova pericial ou testemunhal pelas partes, tampouco se vislumbra a utilidade de instrução probatória complementar, tendo em vista que os elementos necessários à análise da controvérsia foram devidamente produzidos e se encontram documentalmente acostados aos autos. Dessa forma, reconhece-se que a matéria é de direito e de fato comprovado documentalmente, estando o feito maduro para julgamento. II – DA FUNDAMENTAÇÃO A presente demanda versa sobre relação de consumo, conforme previsão dos artigos 2º e 3º do Código de Defesa do Consumidor. A autora, fornecedora de serviços de locação de veículos, figura como prestadora de serviço, enquanto o réu, destinatário final, é consumidor, atraindo-se, portanto, o regime protetivo da legislação consumerista. Conforme o art. 373, inciso I, do Código de Processo Civil, incumbe à parte autora o ônus da prova quanto aos fatos constitutivos de seu direito. No caso concreto, a autora fundamenta seu pedido na alegação de que o réu teria feito uso inadequado do veículo locado, ultrapassando os limites do contrato por supostamente utilizá-lo para fins comerciais e por não o apresentar para revisão de fábrica, o que teria causado desgaste excessivo do bem. No entanto, não se verifica no contrato celebrado entre as partes qualquer cláusula que limite a quilometragem ou que imponha penalidade em decorrência de uso intensivo do veículo. A mera alegação de uso severo, fundada unicamente na quilometragem registrada no período de locação, não é suficiente para caracterizar descumprimento contratual, mormente diante da ausência de vedação expressa nesse sentido. Ademais, o contrato admite expressamente a indicação de condutor adicional, e há prova documental de que tal indicação foi efetivada pelo réu, circunstância que enfraqueceu o argumento da autora de que o uso do veículo por mais de uma pessoa implicaria irregularidade. Tampouco há prova de que o automóvel tenha sido cedido a terceiros sem autorização, sendo essa alegação meramente especulativa. Quanto à suposta omissão do réu quanto à realização da revisão de fábrica, verifica-se que a autora não logrou comprovar a notificação do locatário acerca da exigência contratual de apresentação do veículo para revisão. Por outro lado, o réu apresentou comprovante de agendamento do serviço em ID 134502234. Por fim, inexiste qualquer prova nos autos de que o veículo tenha sofrido dano, avaria ou perda de funcionalidade em decorrência das condutas atribuídas ao réu. A autora não apresentou laudo técnico, vistoria, ou qualquer outro documento que ateste a existência de prejuízo patrimonial concreto decorrente do alegado uso inadequado. A multa contratual pleiteada, no valor de 20% do valor de mercado do automóvel, exige, para sua aplicação, demonstração clara e objetiva do inadimplemento contratual, o que não restou configurado. Neste sentido, os julgados a seguir: APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO DO CONSUMIDOR. DIREITO PROCESSUAL CIVIL. PRELIMINAR. CERCEAMENTO DE DEFESA. REJEITADA. MÉRITO. CONTRATO DE ALUGUEL DE CARRO. USO INADEQUADO. MULTA CONTRATUAL. INDEVIDA.1 – Cerceio de defesa. Preclusa oportunidade de requerer prova pericial, não pode a ora recorrente alega cerceio de defesa, com base na valoração da prova pelo Juízo de origem contrária a tese inicial. Precedente. Preliminar rejeitada.2 – Aluguel de veículo. Uso inadequado. Multa contratual. A autora busca aplicação de multa contratual em face da ré, sob perspectiva de uso inadequado do veículo objeto de locação. A conclusão do relatório de ofensas que baseou o pedido não teve a participação da ré, ou mesmo foi atestado por órgão oficial, não podendo servir como pretexto para cobrança da multa contratual, pois produzido de forma unilateral, o que coloca o consumidor em posição de desvantagem exagerada, nos moldes do inciso IV do art. 51 do CDC. Ainda assim, segundo registro da telemetria, embora a localização do veículo aponte pista de corrida, a velocidade média ficou em torno de 40km/h, situação que não condiz com a participação em corridas ou eventos de rachas. Da mesma forma, não há evidência de utilização do veículo para fins de instrução de motoristas. Por não ter se desincumbido do seu ônus de comprovar os fatos constitutivos do direito, a sentença deve ser mantida pelos seus próprios fundamentos. Indevida, portanto, a multa pleiteada.3 – Recurso conhecido e não provido.(Acórdão 1807493, 0724252-51.2023.8.07.0001, Relator(a): AISTON HENRIQUE DE SOUSA, 4ª TURMA CÍVEL, data de julgamento: 25/01/2024, publicado no DJe: 07/02/2024.) APELAÇÃO. LOCAÇÃO DE MÓVEL. Ação declaratória de descumprimento contratual c/c pedido de indenização. Sentença de improcedência. Irresignação da autora. Descabimento. Alegação de uso inadequado com exposição do veículo locado a condições de uso anormal e adversas, com envolvimento em manobras e direção incompatível com a utilização regular dentro dos parâmetros do contrato. Ausente comprovação. Relatório de ofensas apresentado não indica que o veículo, que esteve na condução da locatária por pouco mais de oito horas, tenha sofrido avarias em suas peças, ou, praticado manobras radicais ou altas velocidades no percurso realizado dentro da região de Santana do Parnaíba/SP, próxima ao endereço do contrato. Autora não se desincumbiu do ônus previsto no artigo 373, inciso I, do CPC. Precedentes do Tribunal em casos análogos. Decisão mantida por seus próprios e jurídicos fundamentos, nos termos do artigo 252, do RITJSP. Recurso não provido. (TJSP; Apelação Cível 1004606-03.2023.8.26.0405; Relator (a): Rodrigues Torres; Órgão Julgador: 28ª Câmara de Direito Privado; Foro de Osasco - 7ª Vara Cível; Data do Julgamento: 26/09/2024; Data de Registro: 26/09/2024) Dessa forma, ausentes os requisitos legais e fáticos que amparam o pedido, impõe-se o reconhecimento da sua improcedência. No tocante ao pedido de condenação da parte autora por litigância de má-fé, formulado pelo réu em contestação, não vislumbro elementos que evidenciem dolo processual, alteração intencional da verdade dos fatos ou uso do processo para fins manifestamente protelatórios. A existência de versões antagônicas entre as partes acerca do cumprimento das cláusulas contratuais, especialmente em relação à utilização do veículo e à realização de revisão, não se confunde com a prática de má-fé processual. Trata-se de controvérsia legítima, ainda que não acolhida, que encontra respaldo em interpretação jurídica divergente, razão pela qual afasto a aplicação da penalidade prevista no art. 80 do CPC. III – DA CONCLUSÃO Ante o exposto, com fundamento no art. 487, inciso I, do Código de Processo Civil, julgo improcedentes os pedidos formulados por Localiza Rent a Car S/A em face de Gerson Patrício Pereira da Silva, nos autos da presente ação declaratória de descumprimento contratual c/c indenização por danos materiais. Condeno a parte autora ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios, que fixo em 10% (dez por cento) sobre o valor atualizado da causa, nos termos do art. 85, §2º, do CPC. Publique-se. Registre-se. Intimem-se. São Luís (MA), data e hora do sistema. Juiz MARCIO CASTRO BRANDÃO Titular da 3ª Vara Cível de São Luís

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Processo nº 5304683-05.2023.8.09.0093

ID: 306604380

Tribunal: TJGO Órgão: 6ª Câmara Cível Classe: EMBARGOS DE TERCEIRO CíVEL Nº Processo: 5304683-05.2023.8.09.0093

Data de Disponibilização: 25/06/2025

Polo Ativo:

Polo Passivo:

CORDEIRO & CORDEIRO LTDA

Ementa

Advogados:

EDMAR CRUZEIRO DO PRADO

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EDILSON STUTZ

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EVANDRO DA SILVA DIAS

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SEBASTIÃO ALEXANDRE DE FARIA

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EMENTA: DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE TERCEIRO. POSSE LEGÍTIMA. REINTEGRAÇÃO. LIMINAR CASSADA. RECURSO DESPROVIDO. REVOGAÇÃO DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA.I. Caso em exame1. Apelação cível… EMENTA: DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE TERCEIRO. POSSE LEGÍTIMA. REINTEGRAÇÃO. LIMINAR CASSADA. RECURSO DESPROVIDO. REVOGAÇÃO DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA.I. Caso em exame1. Apelação cível interposta contra sentença que julgou procedentes os embargos de terceiro opostos visando manter-se na posse do imóvel de matrícula nº 21.167, determinando o cancelamento da reintegração liminar. A sentença também havia deferido gratuidade da justiça à parte embargante.II. Questão em discussão2. Há duas questões em discussão: (i) saber se é devida a manutenção da embargante na posse do imóvel, diante das provas de exercício legítimo da posse; e (ii) saber se é cabível a revogação do benefício da gratuidade da justiça concedido à parte recorrente.III. Razões de decidir3. O pedido de efeito suspensivo formulado nas razões recursais é incabível, devendo ser apresentado por petição autônoma dirigida ao relator, nos termos do art. 1.012, §§ 3º e 4º do CPC.4. Demonstrada a posse mansa, pacífica e contínua da embargante sobre o imóvel, sem comprovação de esbulho ou precariedade, é legítima a manutenção da posse com fundamento nos arts. 674 do CPC e 1.196 do CC.5. Comprovada a existência de diversos imóveis registrados em nome da empresa apelante, afasta-se a presunção de hipossuficiência e revoga-se o benefício da gratuidade da justiça, com efeito ex nunc.IV. Dispositivo e teseRecurso conhecido e desprovido. Sentença mantida.Tese de julgamento: “1. A posse legítima e pacífica exercida por terceiro sobre imóvel objeto de medida judicial deve ser resguardada por meio de embargos de terceiro. 2. A gratuidade da justiça pode ser revogada a qualquer tempo, mediante prova de ausência dos requisitos legais, produzindo efeitos ex nunc.”Dispositivos relevantes citados: CPC, arts. 1.012, §§ 3º e 4º, 674; CC, art. 1.196.Jurisprudência relevante citada: TJGO, Apelação Cível 5274351-94.2017.8.09.0051, Rel. Des. Maria Cristina Costa Morgado, j. 24.06.2024; TJPR, AI 0051687-29.2022.8.16.0000, Rel. Des. Rogério Etzel, j. 16.11.2022; TJMT, Ap. Cív. 1014015-84.2019.8.11.0041, Rel. Des. João Ferreira Filho, j. 25.06.2024; TJMS, Ap. Cív. 0807376-77.2017.8.12.0008, Rel. Des. Geraldo de Almeida Santiago, j. 31.03.2023. PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DE GOIÁS TRIBUNAL DE JUSTIÇA 6ª Câmara Cível Gabinete do Desembargador Fernando Ribeiro Montefusco Av. Assis Chateaubriand, 195 - St. Oeste, Goiânia - GO, 74130-012 - 1ª andar, bloco B Telefone / Whatsapp: 62 3216-2015 - gab.frmontefusco@tjgo.jus.br APELAÇÃO CÍVEL N. 5304683-05.2023.8.09.0093COMARCA DE JATAÍAPELANTE: CORDEIRO & CORDEIRO LTDAAPELADA: JESUETE CLARA DE LIMA SILVARELATOR: DESEMBARGADOR FERNANDO RIBEIRO MONTEFUSCOEMENTAEMENTA: DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE TERCEIRO. POSSE LEGÍTIMA. REINTEGRAÇÃO. LIMINAR CASSADA. RECURSO DESPROVIDO. REVOGAÇÃO DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA.I. Caso em exame1. Apelação cível interposta contra sentença que julgou procedentes os embargos de terceiro opostos visando manter-se na posse do imóvel de matrícula nº 21.167, determinando o cancelamento da reintegração liminar. A sentença também havia deferido gratuidade da justiça à parte embargante.II. Questão em discussão2. Há duas questões em discussão: (i) saber se é devida a manutenção da embargante na posse do imóvel, diante das provas de exercício legítimo da posse; e (ii) saber se é cabível a revogação do benefício da gratuidade da justiça concedido à parte recorrente.III. Razões de decidir3. O pedido de efeito suspensivo formulado nas razões recursais é incabível, devendo ser apresentado por petição autônoma dirigida ao relator, nos termos do art. 1.012, §§ 3º e 4º do CPC.4. Demonstrada a posse mansa, pacífica e contínua da embargante sobre o imóvel, sem comprovação de esbulho ou precariedade, é legítima a manutenção da posse com fundamento nos arts. 674 do CPC e 1.196 do CC.5. Comprovada a existência de diversos imóveis registrados em nome da empresa apelante, afasta-se a presunção de hipossuficiência e revoga-se o benefício da gratuidade da justiça, com efeito ex nunc.IV. Dispositivo e teseRecurso conhecido e desprovido. Sentença mantida.Tese de julgamento: “1. A posse legítima e pacífica exercida por terceiro sobre imóvel objeto de medida judicial deve ser resguardada por meio de embargos de terceiro. 2. A gratuidade da justiça pode ser revogada a qualquer tempo, mediante prova de ausência dos requisitos legais, produzindo efeitos ex nunc.”Dispositivos relevantes citados: CPC, arts. 1.012, §§ 3º e 4º, 674; CC, art. 1.196.Jurisprudência relevante citada: TJGO, Apelação Cível 5274351-94.2017.8.09.0051, Rel. Des. Maria Cristina Costa Morgado, j. 24.06.2024; TJPR, AI 0051687-29.2022.8.16.0000, Rel. Des. Rogério Etzel, j. 16.11.2022; TJMT, Ap. Cív. 1014015-84.2019.8.11.0041, Rel. Des. João Ferreira Filho, j. 25.06.2024; TJMS, Ap. Cív. 0807376-77.2017.8.12.0008, Rel. Des. Geraldo de Almeida Santiago, j. 31.03.2023.ACÓRDÃOVistos, relatados e discutidos os presentes autos de Apelação Cível nº 5304683-05.2023.8.09.0093, da comarca de Jataí, em que figuram como apelante CORDEIRO & CORDEIRO LTDA e como apelada JESUETE CLARA DE LIMA SILVA.ACORDAM, o egrégio Tribunal de Justiça do Estado de Goiás, pelos integrantes da 6ª Câmara Cível de sua 4ª Turma Julgadora, à unanimidade de votos, em conhecer da Apelação Cível e negar-lhe provimento nos termos do voto do Relator. Votaram com o Relator os votantes nominados no extrato de ata de julgamento.Presidência da Sessão de Julgamentos e Procuradoria-Geral de Justiça conforme extrato de ata de julgamento.Goiânia, datado e assinado digitalmente (Resolução n.º 59/2016).Desembargador FERNANDO RIBEIRO MONTEFUSCOR E L A T O RVOTOAdoto o relatório. Consoante relatado, trata-se de APELAÇÃO CÍVEL interposta por CORDEIRO & CORDEIRO LTDA (mov. 24) contra sentença (mov. 21) exarada pelo Juiz de Direito da 1ª Vara Cível da comarca de Jataí, nos autos de Embargos de Terceiro opostos em seu desproveito por JESUETE CLARA DE LIMA SILVA. Ab initio, consigno que o pedido de atribuição de efeito suspensivo à apelação não merece ser conhecido, pois não deduzido de forma adequada e oportuna, uma vez que caberia à parte apelante pleiteá-lo por meio de petição em apartado, com requerimento específico dirigido ao relator do apelo (art. 1.012, §§3º e 4º, CPC).Nesse sentido:“EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE BUSCA E APREENSÃO - PEDIDO DE ATRIBUIÇÃO DE EFEITO SUSPENSIVO NAS RAZÕES RECURSAIS - NÃO CABIMENTO - NÃO LOCALIZAÇÃO DO VEÍCULO E DO DEVEDOR - EXTINÇÃO DO FEITO SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO, POR FALTA DE PRESSUPOSTO PROCESSUAL NECESSÁRIO AO DESENVOLVIMENTO VÁLIDO E REGULAR DO PROCESSO - AUSÊNCIA DE INTIMAÇÃO DO CREDOR FIDUCIÁRIO SOBRE A FACULDADE DE CONVERSÃO DA AÇÃO - ERROR IN PROCEDENDO - SENTENÇA CASSADA. 1. O pedido de concessão de efeito suspensivo ao recurso de apelação requerido pelo apelante não pode ser conhecido, porquanto deduzido nas razões recursais, sendo, portanto, de forma inadequada, uma vez que, nos termos do art. 1.012, § 3º, incisos I e II, do Código de Processo Civil, deve ser formulado por requerimento dirigido ao Tribunal ou ao Relator, em petição apartada. (…). RECURSO PARCIALMENTE CONHECIDO E NESTA PARTE PROVIDO. SENTENÇA CASSADA.” (TJGO, PROCESSO CÍVEL E DO TRABALHO - Recursos - Apelação Cível 5274351-94.2017.8.09.0051, Rel. Des(a). Maria Cristina Costa Morgado, 9ª Câmara Cível, julgado em 24/06/2024, DJe de 24/06/2024)No que se refere à impugnação à gratuidade da justiça, deferida à apelante em sede de sentença, importa destacar ser possível a sua revisão a qualquer tempo, nos termos do artigo 100, do Código de Processo Civil, exigindo para sua revogação prova robusta apta a desconstituir a situação de hipossuficiência da parte beneficiada.Visando aferir a alegação de hipossuficiência da apelante, na origem o magistrado, realizou consultas no CNPJ nº 26.661.009/0001-37, junto aos sistemas externos (RENAJUD, SNIPER e INFOJUD), apurando que inexiste bens móveis de propriedade do demandado. Pontuou, ainda, o sentenciante, “o SNIPER mostrou-me que a pessoa jurídica é de pequeno porte (microempresa); o INFOJUD atestou a inexistência de declaração de imposto de renda nos últimos anos.”Lado outro, nas contrarrazões, a apelada demonstrou que a apelante possui 24 imóveis urbanos nesta cidade, conforme se faz prova com a Certidão em Relatório expedida pelo Cartório de Registro de Imóveis de Jataí-GO.Merece destaque, ademais, embora concedida a gratuidade da justiça à recorrente em sentença, acostou regularmente o preparo recursal desta apelação cível. Assim, não obstante tenha o magistrado vislumbrado situação favorável ao deferimento da gratuidade da justiça à demandada/apelante naquele momento, o que se observa do cenário estampado nos autos é que, em verdade, não se enquadra a insurgente como pessoa hipossuficiente, porquanto, contrário ao que estabelece a Súmula 25, deste Sodalício, não comprovou fazer jus ao beneplácito em tela. Logo, de rigor revogar a gratuidade concedida à apelante.A propósito:“Agravo de Instrumento. Procedimento declaratório. Revogação da justiça gratuita anteriormente concedida à autora. Insurgência . Provas que indicam a inexistência de situação de hipossuficiência. Possibilidade de revogação do benefício. Precedentes do STJ. Recurso conhecido e desprovido . 1. Existindo demonstração em sentido contrário à alegada hipossuficiência financeira, escorreita a revogação da justiça gratuita.(TJ-PR - AI: 00516872920228160000 Bocaiúva do Sul 0051687-29.2022 .8.16.0000 (Acórdão), Relator.: Rogério Etzel, Data de Julgamento: 16/11/2022, 12ª Câmara Cível, Data de Publicação: 29/11/2022).Registro não haver falar em recolhimento de preparo para este apelo, porquanto já o fez a apelante, bem assim, porque a revogação do benefício da assistência judiciária tem efeito ex nunc.Ou seja, “A superveniente cassação do benefício da justiça gratuita em sede de recurso tem efeitos "ex nunc", razão pela qual não retroage para impor o pagamento de verbas pretéritas.” (TJ-MG - Agravo de Instrumento: 03440445720248130000, Relator.: Des.(a) Habib Felippe Jabour, Data de Julgamento: 19/03/2024, Câmaras Cíveis / 18ª CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: 19/03/2024).Preliminar acolhida, gratuidade da justiça deferida à apelante revogada. Ultrapassada referida premissa, observa-se que, em síntese, a autora/embargante ajuizou embargos de terceiro visando cassar a ordem de reintegração e demolição, bem como ser incluído(a) no polo passivo do processo principal.Em sentença o magistrado julgou procedente o pedido “para o fim de cancelar a reintegração liminar e manter o(a) Embargante na posse do imóvel de matrícula nº 21.167, enquanto não for julgado, definitivamente, a lide possessória.” Ademais, deferiu a gratuidade da justiça à parte requerida.Inconformada, recorre a parte embargada ao mov. 24, alegando, em síntese, a ausência de direito da apelada sobre o imóvel; que a ocupação se dá à margem da lei, sem título que a legitime. Aduz, ainda, que inexiste contrato, escritura pública, registro imobiliário ou qualquer ato jurídico que confira à apelada o direito de permanência no imóvel. Afirma que a ocupação é irregular e arbitrária, em desrespeito ao direito de propriedade da apelante. Sustenta, também, a irreversibilidade do dano causado à proprietária, alegando prejuízos financeiros e comprometimento do direito de plena disposição do imóvel. Por fim, argumenta que a ocupação indevida compromete a função social da propriedade.Pois bem. Rememora-se, de início, a demarcação da questão meritória feita pelo sentenciante, registrando que o julgado ateve-se apenas “à posse do imóvel de matrícula nº 21.167 e legalidade da reintegração liminar.”Nos termos do artigo 674 do Código de Processo Civil, aquele que não faz parte de um processo judicial, mas sofre as implicações deste, pode defender-se por meio de embargos de terceiro:“Art. 674. Quem, não sendo parte no processo, sofrer constrição ou ameaça de constrição sobre bens que possua ou sobre os quais tenha direito incompatível com o ato constritivo, poderá requerer seu desfazimento ou sua inibição por meio de embargos de terceiro.§ 1º Os embargos podem ser de terceiro proprietário, inclusive fiduciário, ou possuidor.Cabe, assim, ao embargante comprovar a sua qualidade de terceiro, que é o legítimo possuidor do bem, demonstrando, ademais, que medida judicial ofensiva, no caso a liminar de reintegração na posse, é indevida e precisa ser cancelada. O artigo 1.196, do Código Civil dispõe que o possuidor é aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade, quais sejam, usar, gozar e dispor da coisa (art. 1.228, do CC).Os embargos de terceiro são o instrumento jurídico devotado a resguardar posse, domínio, ou mesmos direitos obrigacionais, daquele que, não sendo parte da relação jurídico-processual, acaba sendo atingido por ato/decisão judicial incompatível com o direito alegado sobre a coisa, ou seja, cuida-se da via processual disponível ao terceiro que busca desfazer – ou, ao menos, inibir os efeitos – ato judicial que injustamente interferiu no exercício do seu direito.Não se confunde os embargos de terceiro e as ações possessórias: enquanto nos embargos de terceiro o ato de esbulho advém de uma ordem judicial, cumprida pelo oficial de justiça, nas ações possessórias a agressão à posse é praticada sem nenhum respaldo jurisdicional, por particulares ou entes estatais (o Estado também pode ser esbulhador), sem nenhuma ordem judicial que a justifique.Em análise aos elementos probatórios constantes dos autos, para resguardar seu direito, anexou “Escritura Pública de Declaração”; certidão de matrícula do imóvel e certidão de cadastro imobiliária; fotografias.Atento a referidas provas, é possível inferir que o lote 03 da quadra 05, refere-se ao imóvel de matrícula nº 21.167 objeto dos autos, o qual é residência do casal Francisco da Silva e Jesuete Clara de Lima Silva. De fato, a “Escritura Pública de Declaração” também exterioriza que os consortes receberam ajuda de vizinhos para executar benfeitorias que melhorassem a estrutura do local, proporcionando moradia digna.É possível extrair da certidão de casamento acostado ao processo que o matrimônio do casal se deu no ano de 2012, portanto, antes das ações de reintegração de posse (2021), usucapião (2022) e destes embargos de terceiro (2023). Relevante ponderação do magistrado a quo deve ser considerada, verbis:“Francisco foi notificado, em 30/09/2021, no endereço onde está localizado o imóvel discutido (arquivo 7, movimentação 1, processo nº 5525808-16).Posteriormente o oficial de justiça certificou que Francisco reside no imóvel e não possui outra moradia (movimentação nº 15, do processo nº 5525808-16).Em outra diligência, o oficial certificou:“[...] é uma casa simples, estilo barracão de telhão, sem reboco, na beira do córrego e que no momento não tinha ninguém no local, mas os vizinhos disseram que reside um casal ali, dois idosos.” (movimentação nº 32, do processo nº 5525808-16). Como se sabe, em se tratando de lide de natureza possessória, a solução da disputa gira em torno da aferição do exercício da “melhor posse”, da análise de quem exercer a justa apreensão fática da área em litigio, de modo que, ao fim e ao cabo, vence aquele que demonstrar que detém a posse digna de ser juridicamente protegida, sendo que, no caso, sem dúvida alguma, a embargante apresentou provas suficiente a comprovar a justeza de sua posse, assentando a sua pretensão em narrativa fática congruente com os elementos probatórios trazidos aos autos, muito mais consistente do que aquela apresentada pelo embargado/apelante.Ademais, a apelante/embargada, limita-se a alegar genericamente a ausência de direito da apelada sobre o imóvel; que a ocupação se dá à margem da lei, sem título que a legitime, por não existir contrato, escritura pública, registro imobiliário ou qualquer ato jurídico que confira à apelada o direito de permanência no imóvel, afirmando, ainda, que a ocupação é irregular e arbitrária, em desrespeito ao direito de propriedade da apelante. Assim, tem-se que, no caso concreto, a embargante trouxe elementos suficientes a indicar o exercício regular da posse sobre o imóvel, inclusive com comprovação de benfeitorias e convivência duradoura com o cônjuge – o qual figura como parte na demanda possessória originária. Não houve, por parte da embargada/apelante, demonstração robusta de que a ocupação tenha se dado com violência, clandestinidade ou precariedade, tampouco de que a posse exercida pela embargante seja ilegítima ou derivada de esbulho.Cumpre reiterar que, nas lides possessórias, o critério determinante é a melhor posse, não a propriedade formal. Assim, a ausência de título formal, por si só, não elide o direito possessório legítimo, especialmente quando este é exercido de forma mansa, pacífica e contínua.Acerca do tema, pertinentes são os seguintes julgados:“APELAÇÃO CÍVEL – EMBARGOS DE TERCEIRO – AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE – LEGÍTIMOS PROPRIETÁRIOS E POSSUIDORES – ALEGAÇÃO DO EMBARGADO DE FIGURAR COMO COPROPRIETÁRIO DOS IMÓVEIS – PROVAS DOS AUTOS QUE COADUNAM COM O REGULAR E LEGÍTIMO EXERCÍCIO POSSESSÓRIO DOS EMBARGANTES – EMBARGADO QUE NÃO SE DESINCUMBIU DO ÔNUS DE PROVA QUANTO À EXISTÊNCIA DE FATO IMPEDITIVO, MODIFICATIVO OU EXTINTIVO DO DIREITO DOS AUTORES - SENTENÇA MANTIDA – RECURSO DESPROVIDO. 1.. Os embargos de terceiro são o instrumento jurídico devotado a resguardar a posse, propriedade ou, ainda, direitos obrigacionais de um terceiro em face de apreensão ou constrição judicial incompatível com o seu direito. E, por terceiro, entende-se aquele que não faz parte da relação jurídica processual que originou o ato judicial combatido, tampouco tem responsabilidade patrimonial pelo ali discutido. 2. Ttratando-se de lide de natureza possessória, a solução da disputa gira em torno da aferição do exercício da “melhor posse”, da análise de quem exercer a justa apreensão fática da área em litigio, de modo que, ao fim e ao cabo, vence aquele que demonstrar que detém a posse digna de ser juridicamente protegida. (TJ-MT - APELAÇÃO CÍVEL: 10140158420198110041, Relator.: JOAO FERREIRA FILHO, Data de Julgamento: 25/06/2024, Primeira Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 28/06/2024)APELAÇÃO CÍVEL – EMBARGOS DE TERCEIRO – CUMPRIMENTO DE SENTENÇA – MANDADO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE – PROTEÇÃO DA POSSE JUSTA EXERCIDA POR TERCEIROS - CABIMENTO DA VIA ADOTADA – PROVA DA POSSE – SENTENÇA MANTIDA – RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO. É cabível o manejo de embargos de terceiros para defesa da posse em virtude de ameaça de turbação/esbulho decorrente de ato judicial determinada nos autos do cumprimento de sentença, que não participaram os embargantes. As provas produzidas nos autos comprovam a justa posse exercida pelos embargantes sobre o bem em litígio. Sentença de procedência mantida . Recurso desprovido. (TJ-MS - Apelação Cível: 0807376-77.2017.8 .12.0008 Corumbá, Relator.: Des. Geraldo de Almeida Santiago, Data de Julgamento: 31/03/2023, 5ª Câmara Cível, Data de Publicação: 04/04/2023)EMENTA – DIREITO CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. EMBARGOS DE TERCEIRO. REINTEGRAÇÃO DE POSSE . TUTELA LIMINAR. POSSE COMPROVADA. ART. 678 /CPC . DECISÃO REFORMADA. RECURSO PROVIDO. 1. Estando suficientemente comprovada a posse do embargante, e sua condição de terceiro, é imperativa a suspensão das medidas constritivas sobre os bens litigiosos questionados nos embargos de terceiro, com a manutenção ou reintegração provisória do embargante na posse dos bens, impondo-se ao juízo a suspensão da medida constritiva concedida a favor da parte embargada, para a regular instrução dos embargos, ante a norma cogente contida no art . 678 /CPC. 2. Agravo de Instrumento à que se dá provimento. (TJPR - 17ª C .Cível - 0000612-19.2020.8.16 .0000 - Tibagi - Rel.: JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO EM SEGUNDO GRAU FRANCISCO CARLOS JORGE - J. 14.03 .2022).Ante o exposto, já conhecido o apelo, NEGO-LHE PROVIMENTO, mantendo incólume a sentença recorrida por estes e por seus próprios e jurídicos fundamentos. Por conseguinte, majoro a verba honorária fixada na sentença de 12% para 15% sobre o valor atualizado da causa (art. 85, § 11, do CPC). É como voto. Goiânia, assinado e datado conforme Resolução n.º 59/2016. Desembargador FERNANDO RIBEIRO MONTEFUSCOR E L A T O R03-C

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Processo nº 5304683-05.2023.8.09.0093

ID: 306604382

Tribunal: TJGO Órgão: 6ª Câmara Cível Classe: EMBARGOS DE TERCEIRO CíVEL Nº Processo: 5304683-05.2023.8.09.0093

Data de Disponibilização: 25/06/2025

Polo Ativo:

JESUETE CLARA DE LIMA SILVA

Polo Passivo:

Ementa

Advogados:

ALEX DIAS SILVA

OAB/GO XXXXXX Desbloquear

MARIANA RUFFING CARVALHO

OAB/GO XXXXXX Desbloquear

EMENTA: DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE TERCEIRO. POSSE LEGÍTIMA. REINTEGRAÇÃO. LIMINAR CASSADA. RECURSO DESPROVIDO. REVOGAÇÃO DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA.I. Caso em exame1. Apelação cível… EMENTA: DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE TERCEIRO. POSSE LEGÍTIMA. REINTEGRAÇÃO. LIMINAR CASSADA. RECURSO DESPROVIDO. REVOGAÇÃO DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA.I. Caso em exame1. Apelação cível interposta contra sentença que julgou procedentes os embargos de terceiro opostos visando manter-se na posse do imóvel de matrícula nº 21.167, determinando o cancelamento da reintegração liminar. A sentença também havia deferido gratuidade da justiça à parte embargante.II. Questão em discussão2. Há duas questões em discussão: (i) saber se é devida a manutenção da embargante na posse do imóvel, diante das provas de exercício legítimo da posse; e (ii) saber se é cabível a revogação do benefício da gratuidade da justiça concedido à parte recorrente.III. Razões de decidir3. O pedido de efeito suspensivo formulado nas razões recursais é incabível, devendo ser apresentado por petição autônoma dirigida ao relator, nos termos do art. 1.012, §§ 3º e 4º do CPC.4. Demonstrada a posse mansa, pacífica e contínua da embargante sobre o imóvel, sem comprovação de esbulho ou precariedade, é legítima a manutenção da posse com fundamento nos arts. 674 do CPC e 1.196 do CC.5. Comprovada a existência de diversos imóveis registrados em nome da empresa apelante, afasta-se a presunção de hipossuficiência e revoga-se o benefício da gratuidade da justiça, com efeito ex nunc.IV. Dispositivo e teseRecurso conhecido e desprovido. Sentença mantida.Tese de julgamento: “1. A posse legítima e pacífica exercida por terceiro sobre imóvel objeto de medida judicial deve ser resguardada por meio de embargos de terceiro. 2. A gratuidade da justiça pode ser revogada a qualquer tempo, mediante prova de ausência dos requisitos legais, produzindo efeitos ex nunc.”Dispositivos relevantes citados: CPC, arts. 1.012, §§ 3º e 4º, 674; CC, art. 1.196.Jurisprudência relevante citada: TJGO, Apelação Cível 5274351-94.2017.8.09.0051, Rel. Des. Maria Cristina Costa Morgado, j. 24.06.2024; TJPR, AI 0051687-29.2022.8.16.0000, Rel. Des. Rogério Etzel, j. 16.11.2022; TJMT, Ap. Cív. 1014015-84.2019.8.11.0041, Rel. Des. João Ferreira Filho, j. 25.06.2024; TJMS, Ap. Cív. 0807376-77.2017.8.12.0008, Rel. Des. Geraldo de Almeida Santiago, j. 31.03.2023. PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DE GOIÁS TRIBUNAL DE JUSTIÇA 6ª Câmara Cível Gabinete do Desembargador Fernando Ribeiro Montefusco Av. Assis Chateaubriand, 195 - St. Oeste, Goiânia - GO, 74130-012 - 1ª andar, bloco B Telefone / Whatsapp: 62 3216-2015 - gab.frmontefusco@tjgo.jus.br APELAÇÃO CÍVEL N. 5304683-05.2023.8.09.0093COMARCA DE JATAÍAPELANTE: CORDEIRO & CORDEIRO LTDAAPELADA: JESUETE CLARA DE LIMA SILVARELATOR: DESEMBARGADOR FERNANDO RIBEIRO MONTEFUSCOEMENTAEMENTA: DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE TERCEIRO. POSSE LEGÍTIMA. REINTEGRAÇÃO. LIMINAR CASSADA. RECURSO DESPROVIDO. REVOGAÇÃO DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA.I. Caso em exame1. Apelação cível interposta contra sentença que julgou procedentes os embargos de terceiro opostos visando manter-se na posse do imóvel de matrícula nº 21.167, determinando o cancelamento da reintegração liminar. A sentença também havia deferido gratuidade da justiça à parte embargante.II. Questão em discussão2. Há duas questões em discussão: (i) saber se é devida a manutenção da embargante na posse do imóvel, diante das provas de exercício legítimo da posse; e (ii) saber se é cabível a revogação do benefício da gratuidade da justiça concedido à parte recorrente.III. Razões de decidir3. O pedido de efeito suspensivo formulado nas razões recursais é incabível, devendo ser apresentado por petição autônoma dirigida ao relator, nos termos do art. 1.012, §§ 3º e 4º do CPC.4. Demonstrada a posse mansa, pacífica e contínua da embargante sobre o imóvel, sem comprovação de esbulho ou precariedade, é legítima a manutenção da posse com fundamento nos arts. 674 do CPC e 1.196 do CC.5. Comprovada a existência de diversos imóveis registrados em nome da empresa apelante, afasta-se a presunção de hipossuficiência e revoga-se o benefício da gratuidade da justiça, com efeito ex nunc.IV. Dispositivo e teseRecurso conhecido e desprovido. Sentença mantida.Tese de julgamento: “1. A posse legítima e pacífica exercida por terceiro sobre imóvel objeto de medida judicial deve ser resguardada por meio de embargos de terceiro. 2. A gratuidade da justiça pode ser revogada a qualquer tempo, mediante prova de ausência dos requisitos legais, produzindo efeitos ex nunc.”Dispositivos relevantes citados: CPC, arts. 1.012, §§ 3º e 4º, 674; CC, art. 1.196.Jurisprudência relevante citada: TJGO, Apelação Cível 5274351-94.2017.8.09.0051, Rel. Des. Maria Cristina Costa Morgado, j. 24.06.2024; TJPR, AI 0051687-29.2022.8.16.0000, Rel. Des. Rogério Etzel, j. 16.11.2022; TJMT, Ap. Cív. 1014015-84.2019.8.11.0041, Rel. Des. João Ferreira Filho, j. 25.06.2024; TJMS, Ap. Cív. 0807376-77.2017.8.12.0008, Rel. Des. Geraldo de Almeida Santiago, j. 31.03.2023.ACÓRDÃOVistos, relatados e discutidos os presentes autos de Apelação Cível nº 5304683-05.2023.8.09.0093, da comarca de Jataí, em que figuram como apelante CORDEIRO & CORDEIRO LTDA e como apelada JESUETE CLARA DE LIMA SILVA.ACORDAM, o egrégio Tribunal de Justiça do Estado de Goiás, pelos integrantes da 6ª Câmara Cível de sua 4ª Turma Julgadora, à unanimidade de votos, em conhecer da Apelação Cível e negar-lhe provimento nos termos do voto do Relator. Votaram com o Relator os votantes nominados no extrato de ata de julgamento.Presidência da Sessão de Julgamentos e Procuradoria-Geral de Justiça conforme extrato de ata de julgamento.Goiânia, datado e assinado digitalmente (Resolução n.º 59/2016).Desembargador FERNANDO RIBEIRO MONTEFUSCOR E L A T O RVOTOAdoto o relatório. Consoante relatado, trata-se de APELAÇÃO CÍVEL interposta por CORDEIRO & CORDEIRO LTDA (mov. 24) contra sentença (mov. 21) exarada pelo Juiz de Direito da 1ª Vara Cível da comarca de Jataí, nos autos de Embargos de Terceiro opostos em seu desproveito por JESUETE CLARA DE LIMA SILVA. Ab initio, consigno que o pedido de atribuição de efeito suspensivo à apelação não merece ser conhecido, pois não deduzido de forma adequada e oportuna, uma vez que caberia à parte apelante pleiteá-lo por meio de petição em apartado, com requerimento específico dirigido ao relator do apelo (art. 1.012, §§3º e 4º, CPC).Nesse sentido:“EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE BUSCA E APREENSÃO - PEDIDO DE ATRIBUIÇÃO DE EFEITO SUSPENSIVO NAS RAZÕES RECURSAIS - NÃO CABIMENTO - NÃO LOCALIZAÇÃO DO VEÍCULO E DO DEVEDOR - EXTINÇÃO DO FEITO SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO, POR FALTA DE PRESSUPOSTO PROCESSUAL NECESSÁRIO AO DESENVOLVIMENTO VÁLIDO E REGULAR DO PROCESSO - AUSÊNCIA DE INTIMAÇÃO DO CREDOR FIDUCIÁRIO SOBRE A FACULDADE DE CONVERSÃO DA AÇÃO - ERROR IN PROCEDENDO - SENTENÇA CASSADA. 1. O pedido de concessão de efeito suspensivo ao recurso de apelação requerido pelo apelante não pode ser conhecido, porquanto deduzido nas razões recursais, sendo, portanto, de forma inadequada, uma vez que, nos termos do art. 1.012, § 3º, incisos I e II, do Código de Processo Civil, deve ser formulado por requerimento dirigido ao Tribunal ou ao Relator, em petição apartada. (…). RECURSO PARCIALMENTE CONHECIDO E NESTA PARTE PROVIDO. SENTENÇA CASSADA.” (TJGO, PROCESSO CÍVEL E DO TRABALHO - Recursos - Apelação Cível 5274351-94.2017.8.09.0051, Rel. Des(a). Maria Cristina Costa Morgado, 9ª Câmara Cível, julgado em 24/06/2024, DJe de 24/06/2024)No que se refere à impugnação à gratuidade da justiça, deferida à apelante em sede de sentença, importa destacar ser possível a sua revisão a qualquer tempo, nos termos do artigo 100, do Código de Processo Civil, exigindo para sua revogação prova robusta apta a desconstituir a situação de hipossuficiência da parte beneficiada.Visando aferir a alegação de hipossuficiência da apelante, na origem o magistrado, realizou consultas no CNPJ nº 26.661.009/0001-37, junto aos sistemas externos (RENAJUD, SNIPER e INFOJUD), apurando que inexiste bens móveis de propriedade do demandado. Pontuou, ainda, o sentenciante, “o SNIPER mostrou-me que a pessoa jurídica é de pequeno porte (microempresa); o INFOJUD atestou a inexistência de declaração de imposto de renda nos últimos anos.”Lado outro, nas contrarrazões, a apelada demonstrou que a apelante possui 24 imóveis urbanos nesta cidade, conforme se faz prova com a Certidão em Relatório expedida pelo Cartório de Registro de Imóveis de Jataí-GO.Merece destaque, ademais, embora concedida a gratuidade da justiça à recorrente em sentença, acostou regularmente o preparo recursal desta apelação cível. Assim, não obstante tenha o magistrado vislumbrado situação favorável ao deferimento da gratuidade da justiça à demandada/apelante naquele momento, o que se observa do cenário estampado nos autos é que, em verdade, não se enquadra a insurgente como pessoa hipossuficiente, porquanto, contrário ao que estabelece a Súmula 25, deste Sodalício, não comprovou fazer jus ao beneplácito em tela. Logo, de rigor revogar a gratuidade concedida à apelante.A propósito:“Agravo de Instrumento. Procedimento declaratório. Revogação da justiça gratuita anteriormente concedida à autora. Insurgência . Provas que indicam a inexistência de situação de hipossuficiência. Possibilidade de revogação do benefício. Precedentes do STJ. Recurso conhecido e desprovido . 1. Existindo demonstração em sentido contrário à alegada hipossuficiência financeira, escorreita a revogação da justiça gratuita.(TJ-PR - AI: 00516872920228160000 Bocaiúva do Sul 0051687-29.2022 .8.16.0000 (Acórdão), Relator.: Rogério Etzel, Data de Julgamento: 16/11/2022, 12ª Câmara Cível, Data de Publicação: 29/11/2022).Registro não haver falar em recolhimento de preparo para este apelo, porquanto já o fez a apelante, bem assim, porque a revogação do benefício da assistência judiciária tem efeito ex nunc.Ou seja, “A superveniente cassação do benefício da justiça gratuita em sede de recurso tem efeitos "ex nunc", razão pela qual não retroage para impor o pagamento de verbas pretéritas.” (TJ-MG - Agravo de Instrumento: 03440445720248130000, Relator.: Des.(a) Habib Felippe Jabour, Data de Julgamento: 19/03/2024, Câmaras Cíveis / 18ª CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: 19/03/2024).Preliminar acolhida, gratuidade da justiça deferida à apelante revogada. Ultrapassada referida premissa, observa-se que, em síntese, a autora/embargante ajuizou embargos de terceiro visando cassar a ordem de reintegração e demolição, bem como ser incluído(a) no polo passivo do processo principal.Em sentença o magistrado julgou procedente o pedido “para o fim de cancelar a reintegração liminar e manter o(a) Embargante na posse do imóvel de matrícula nº 21.167, enquanto não for julgado, definitivamente, a lide possessória.” Ademais, deferiu a gratuidade da justiça à parte requerida.Inconformada, recorre a parte embargada ao mov. 24, alegando, em síntese, a ausência de direito da apelada sobre o imóvel; que a ocupação se dá à margem da lei, sem título que a legitime. Aduz, ainda, que inexiste contrato, escritura pública, registro imobiliário ou qualquer ato jurídico que confira à apelada o direito de permanência no imóvel. Afirma que a ocupação é irregular e arbitrária, em desrespeito ao direito de propriedade da apelante. Sustenta, também, a irreversibilidade do dano causado à proprietária, alegando prejuízos financeiros e comprometimento do direito de plena disposição do imóvel. Por fim, argumenta que a ocupação indevida compromete a função social da propriedade.Pois bem. Rememora-se, de início, a demarcação da questão meritória feita pelo sentenciante, registrando que o julgado ateve-se apenas “à posse do imóvel de matrícula nº 21.167 e legalidade da reintegração liminar.”Nos termos do artigo 674 do Código de Processo Civil, aquele que não faz parte de um processo judicial, mas sofre as implicações deste, pode defender-se por meio de embargos de terceiro:“Art. 674. Quem, não sendo parte no processo, sofrer constrição ou ameaça de constrição sobre bens que possua ou sobre os quais tenha direito incompatível com o ato constritivo, poderá requerer seu desfazimento ou sua inibição por meio de embargos de terceiro.§ 1º Os embargos podem ser de terceiro proprietário, inclusive fiduciário, ou possuidor.Cabe, assim, ao embargante comprovar a sua qualidade de terceiro, que é o legítimo possuidor do bem, demonstrando, ademais, que medida judicial ofensiva, no caso a liminar de reintegração na posse, é indevida e precisa ser cancelada. O artigo 1.196, do Código Civil dispõe que o possuidor é aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade, quais sejam, usar, gozar e dispor da coisa (art. 1.228, do CC).Os embargos de terceiro são o instrumento jurídico devotado a resguardar posse, domínio, ou mesmos direitos obrigacionais, daquele que, não sendo parte da relação jurídico-processual, acaba sendo atingido por ato/decisão judicial incompatível com o direito alegado sobre a coisa, ou seja, cuida-se da via processual disponível ao terceiro que busca desfazer – ou, ao menos, inibir os efeitos – ato judicial que injustamente interferiu no exercício do seu direito.Não se confunde os embargos de terceiro e as ações possessórias: enquanto nos embargos de terceiro o ato de esbulho advém de uma ordem judicial, cumprida pelo oficial de justiça, nas ações possessórias a agressão à posse é praticada sem nenhum respaldo jurisdicional, por particulares ou entes estatais (o Estado também pode ser esbulhador), sem nenhuma ordem judicial que a justifique.Em análise aos elementos probatórios constantes dos autos, para resguardar seu direito, anexou “Escritura Pública de Declaração”; certidão de matrícula do imóvel e certidão de cadastro imobiliária; fotografias.Atento a referidas provas, é possível inferir que o lote 03 da quadra 05, refere-se ao imóvel de matrícula nº 21.167 objeto dos autos, o qual é residência do casal Francisco da Silva e Jesuete Clara de Lima Silva. De fato, a “Escritura Pública de Declaração” também exterioriza que os consortes receberam ajuda de vizinhos para executar benfeitorias que melhorassem a estrutura do local, proporcionando moradia digna.É possível extrair da certidão de casamento acostado ao processo que o matrimônio do casal se deu no ano de 2012, portanto, antes das ações de reintegração de posse (2021), usucapião (2022) e destes embargos de terceiro (2023). Relevante ponderação do magistrado a quo deve ser considerada, verbis:“Francisco foi notificado, em 30/09/2021, no endereço onde está localizado o imóvel discutido (arquivo 7, movimentação 1, processo nº 5525808-16).Posteriormente o oficial de justiça certificou que Francisco reside no imóvel e não possui outra moradia (movimentação nº 15, do processo nº 5525808-16).Em outra diligência, o oficial certificou:“[...] é uma casa simples, estilo barracão de telhão, sem reboco, na beira do córrego e que no momento não tinha ninguém no local, mas os vizinhos disseram que reside um casal ali, dois idosos.” (movimentação nº 32, do processo nº 5525808-16). Como se sabe, em se tratando de lide de natureza possessória, a solução da disputa gira em torno da aferição do exercício da “melhor posse”, da análise de quem exercer a justa apreensão fática da área em litigio, de modo que, ao fim e ao cabo, vence aquele que demonstrar que detém a posse digna de ser juridicamente protegida, sendo que, no caso, sem dúvida alguma, a embargante apresentou provas suficiente a comprovar a justeza de sua posse, assentando a sua pretensão em narrativa fática congruente com os elementos probatórios trazidos aos autos, muito mais consistente do que aquela apresentada pelo embargado/apelante.Ademais, a apelante/embargada, limita-se a alegar genericamente a ausência de direito da apelada sobre o imóvel; que a ocupação se dá à margem da lei, sem título que a legitime, por não existir contrato, escritura pública, registro imobiliário ou qualquer ato jurídico que confira à apelada o direito de permanência no imóvel, afirmando, ainda, que a ocupação é irregular e arbitrária, em desrespeito ao direito de propriedade da apelante. Assim, tem-se que, no caso concreto, a embargante trouxe elementos suficientes a indicar o exercício regular da posse sobre o imóvel, inclusive com comprovação de benfeitorias e convivência duradoura com o cônjuge – o qual figura como parte na demanda possessória originária. Não houve, por parte da embargada/apelante, demonstração robusta de que a ocupação tenha se dado com violência, clandestinidade ou precariedade, tampouco de que a posse exercida pela embargante seja ilegítima ou derivada de esbulho.Cumpre reiterar que, nas lides possessórias, o critério determinante é a melhor posse, não a propriedade formal. Assim, a ausência de título formal, por si só, não elide o direito possessório legítimo, especialmente quando este é exercido de forma mansa, pacífica e contínua.Acerca do tema, pertinentes são os seguintes julgados:“APELAÇÃO CÍVEL – EMBARGOS DE TERCEIRO – AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE – LEGÍTIMOS PROPRIETÁRIOS E POSSUIDORES – ALEGAÇÃO DO EMBARGADO DE FIGURAR COMO COPROPRIETÁRIO DOS IMÓVEIS – PROVAS DOS AUTOS QUE COADUNAM COM O REGULAR E LEGÍTIMO EXERCÍCIO POSSESSÓRIO DOS EMBARGANTES – EMBARGADO QUE NÃO SE DESINCUMBIU DO ÔNUS DE PROVA QUANTO À EXISTÊNCIA DE FATO IMPEDITIVO, MODIFICATIVO OU EXTINTIVO DO DIREITO DOS AUTORES - SENTENÇA MANTIDA – RECURSO DESPROVIDO. 1.. Os embargos de terceiro são o instrumento jurídico devotado a resguardar a posse, propriedade ou, ainda, direitos obrigacionais de um terceiro em face de apreensão ou constrição judicial incompatível com o seu direito. E, por terceiro, entende-se aquele que não faz parte da relação jurídica processual que originou o ato judicial combatido, tampouco tem responsabilidade patrimonial pelo ali discutido. 2. Ttratando-se de lide de natureza possessória, a solução da disputa gira em torno da aferição do exercício da “melhor posse”, da análise de quem exercer a justa apreensão fática da área em litigio, de modo que, ao fim e ao cabo, vence aquele que demonstrar que detém a posse digna de ser juridicamente protegida. (TJ-MT - APELAÇÃO CÍVEL: 10140158420198110041, Relator.: JOAO FERREIRA FILHO, Data de Julgamento: 25/06/2024, Primeira Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 28/06/2024)APELAÇÃO CÍVEL – EMBARGOS DE TERCEIRO – CUMPRIMENTO DE SENTENÇA – MANDADO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE – PROTEÇÃO DA POSSE JUSTA EXERCIDA POR TERCEIROS - CABIMENTO DA VIA ADOTADA – PROVA DA POSSE – SENTENÇA MANTIDA – RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO. É cabível o manejo de embargos de terceiros para defesa da posse em virtude de ameaça de turbação/esbulho decorrente de ato judicial determinada nos autos do cumprimento de sentença, que não participaram os embargantes. As provas produzidas nos autos comprovam a justa posse exercida pelos embargantes sobre o bem em litígio. Sentença de procedência mantida . Recurso desprovido. (TJ-MS - Apelação Cível: 0807376-77.2017.8 .12.0008 Corumbá, Relator.: Des. Geraldo de Almeida Santiago, Data de Julgamento: 31/03/2023, 5ª Câmara Cível, Data de Publicação: 04/04/2023)EMENTA – DIREITO CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. EMBARGOS DE TERCEIRO. REINTEGRAÇÃO DE POSSE . TUTELA LIMINAR. POSSE COMPROVADA. ART. 678 /CPC . DECISÃO REFORMADA. RECURSO PROVIDO. 1. Estando suficientemente comprovada a posse do embargante, e sua condição de terceiro, é imperativa a suspensão das medidas constritivas sobre os bens litigiosos questionados nos embargos de terceiro, com a manutenção ou reintegração provisória do embargante na posse dos bens, impondo-se ao juízo a suspensão da medida constritiva concedida a favor da parte embargada, para a regular instrução dos embargos, ante a norma cogente contida no art . 678 /CPC. 2. Agravo de Instrumento à que se dá provimento. (TJPR - 17ª C .Cível - 0000612-19.2020.8.16 .0000 - Tibagi - Rel.: JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO EM SEGUNDO GRAU FRANCISCO CARLOS JORGE - J. 14.03 .2022).Ante o exposto, já conhecido o apelo, NEGO-LHE PROVIMENTO, mantendo incólume a sentença recorrida por estes e por seus próprios e jurídicos fundamentos. Por conseguinte, majoro a verba honorária fixada na sentença de 12% para 15% sobre o valor atualizado da causa (art. 85, § 11, do CPC). É como voto. Goiânia, assinado e datado conforme Resolução n.º 59/2016. Desembargador FERNANDO RIBEIRO MONTEFUSCOR E L A T O R03-C

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Processo nº 1014015-55.2017.8.11.0041

ID: 318601476

Tribunal: TJMT Órgão: Terceira Câmara de Direito Privado Classe: APELAçãO CíVEL Nº Processo: 1014015-55.2017.8.11.0041

Data de Disponibilização: 07/07/2025

Polo Ativo:

AGUAS CUIABA S.A. - CONCESSIONARIA DE SERVICOS PUBLICOS DE AGUA E ESGOTO

Polo Passivo:

Acórdão

Advogados:

ANA CAROLINE APARECIDA SOUZA PEREIRA

OAB/MT XXXXXX Desbloquear

RENATO CHAGAS CORREA DA SILVA

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ESTADO DE MATO GROSSO PODER JUDICIÁRIO TERCEIRA CÂMARA DE DIREITO PRIVADO Número Único: 1014015-55.2017.8.11.0041 Classe: APELAÇÃO CÍVEL (198) Assunto: [Interpretação / Revisão de Contrato, Indenizaç… ESTADO DE MATO GROSSO PODER JUDICIÁRIO TERCEIRA CÂMARA DE DIREITO PRIVADO Número Único: 1014015-55.2017.8.11.0041 Classe: APELAÇÃO CÍVEL (198) Assunto: [Interpretação / Revisão de Contrato, Indenização por Dano Moral, Fornecimento de Água] Relator: Des(a). CARLOS ALBERTO ALVES DA ROCHA Turma Julgadora: [DES(A). CARLOS ALBERTO ALVES DA ROCHA, DES(A). DIRCEU DOS SANTOS, DES(A). RUBENS DE OLIVEIRA SANTOS FILHO] Parte(s): [AGUAS CUIABA S.A. - CONCESSIONARIA DE SERVICOS PUBLICOS DE AGUA E ESGOTO - CNPJ: 14.995.581/0001-53 (APELANTE), ANA CAROLINE APARECIDA SOUZA PEREIRA - CPF: 028.681.221-59 (ADVOGADO), DENNER DE BARROS E MASCARENHAS BARBOSA - CPF: 568.962.041-68 (ADVOGADO), BALDINA ANGELINA DE MELO - CPF: 616.131.501-72 (APELADO), MEDIAPE MEDIACAO, ARBITRAGEM E RECUPERACAO DE EMPRESAS E PERICIAS LTDA - CNPJ: 30.222.820/0001-99 (TERCEIRO INTERESSADO), RENATO CHAGAS CORREA DA SILVA - CPF: 444.850.181-72 (ADVOGADO)] A C Ó R D Ã O Vistos, relatados e discutidos os autos em epígrafe, a TERCEIRA CÂMARA DE DIREITO PRIVADO do Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso, sob a Presidência Des(a). CARLOS ALBERTO ALVES DA ROCHA, por meio da Turma Julgadora, proferiu a seguinte decisão: POR UNANIMIDADE, DESPROVEU O RECURSO. E M E N T A DIREITO DO CONSUMIDOR E DIREITO PROCESSUAL CIVIL. APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO REVISIONAL DE CONTRATO C/C INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL. SERVIÇO DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA. COBRANÇA EXORBITANTE E SÚBITA. INEXISTÊNCIA DE PROVA ACERCA DA REGULARIDADE DAS MEDIÇÕES. FALHA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA. INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL. MANUTENÇÃO DA SENTENÇA. RECURSO DESPROVIDO. I. Caso em exame Apelação interposta por concessionária de serviço público contra sentença que julgou parcialmente procedente ação revisional de contrato cumulada com indenização por dano moral, proposta por consumidora que experimentou aumento abrupto nas faturas de água, levando à suspensão do serviço por inadimplemento. A sentença determinou a revisão das faturas entre setembro de 2016 e março de 2017, conforme média dos seis meses anteriores, e fixou indenização por dano moral no valor de R$ 6.500,00, além de honorários advocatícios. II. Questão em discussão 2. Há três questões em discussão: (i) saber se é legítima a cobrança de consumo de água em patamar manifestamente superior à média habitual, sem prova da regularidade do hidrômetro ou existência de vazamento interno; (ii) verificar a existência de falha na prestação do serviço que justifique o dever de indenizar por dano moral; (iii) discutir a adequação do valor fixado a título de indenização e da verba honorária. III. Razões de decidir A relação entre as partes é regida pelo CDC, permitindo a inversão do ônus da prova diante da hipossuficiência técnica e econômica da consumidora. Não tendo a concessionária comprovado, por meio de perícia técnica, a inexistência de erro de medição, tampouco tendo justificado o consumo desproporcional, é legítima a revisão das faturas pela média anterior ao aumento. A suspensão do fornecimento de água, serviço essencial, diante de cobrança indevida, caracteriza falha na prestação do serviço e enseja a reparação por dano moral. O valor de R$ 6.500,00 arbitrado a título de compensação atende aos critérios de razoabilidade e proporcionalidade, observada a função punitiva e compensatória da indenização. Mantido o desprovimento do recurso, majoram-se os honorários advocatícios para 20% sobre o valor da condenação, nos termos do art. 85, §11, do CPC. IV. Dispositivo e tese Recurso de apelação conhecido e desprovido. Tese de julgamento: “1. Cabe a revisão judicial de faturas de consumo de água quando a concessionária, diante de aumento abrupto de consumo, não comprova a regularidade das medições por meio de prova técnica idônea. 2. A interrupção do fornecimento de serviço essencial motivada por cobrança indevida caracteriza falha na prestação do serviço e enseja indenização por dano moral presumido.” R E L A T Ó R I O Trata-se de apelação cível interposta por Águas de Cuiabá S.A., insurgindo-se contra a sentença proferida pelo juízo da 11ª Vara Cível da Capital, que nos autos da ação revisional contratual c/c dano moral proposta por Baldina Angelina de Melo, julgou parcialmente procedente a pretensão para declara indevido os débitos das faturas referentes aos meses de setembro/2016 a março/2017, determinando o seu cancelamento e revisão das faturas pela média de consumo dos seis meses anteriores, bem como ao pagamento de indenização a título de dano moral no de R$ 6.500,00 (seis mil e quinhentos reais), além do pagamento de honorários advocatícios fixados em 15% (quinze por cento) sobre o valor da condenação, nos termos do artigo 85 do Código de Processo Civil. Em suas razões recursais, a apelante sustenta a inexistência de irregularidade na cobrança das faturas, asseverando que os valores foram apurados com base em leituras reais, por hidrômetro aferido pelo INMETRO e em perfeitas condições, inexistindo falha na prestação do serviço, pois eventuais vazamentos ocorreram na parte interna do imóvel da consumidora. Defende também a inexistência de responsabilidade civil, aduzindo que a simples cobrança de valores elevados não configura dano moral. Em caráter subsidiário, pleiteia a redução do montante fixado a título de indenização, pugnando também pela redução da verba honorária fixada na sentença. A apelada apresentou contrarrazões formulando pelo desprovimento do recurso (id. 290460469). É o relatório. Inclua-se na pauta. Cuiabá, 02 de julho de 2025. CARLOS ALBERTO ALVES DA ROCHA Relator V O T O R E L A T O R Cinge-se dos autos que Baldina Angelina de Melo ajuizou ação revisional contratual c/c dano moral em desfavor de Aguas Cuiabá S.A. - Concessionária de Serviços Públicos de Agua e Esgoto, discorrendo ser consumidora dos serviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário fornecidos pela ré, vinculada à matrícula de número 378029-5, cuja média mensal de consumo sempre girou em torno de 13m³, resultando em faturas habituais de aproximadamente R$ 50,00. Contudo, sustenta que, a partir do mês de setembro de 2016, houve um incremento súbito e desproporcional nos valores das contas de água, com registro de consumo de até 41m³, mesmo permanecendo sozinha na residência à época dos fatos. Afirma, ainda, que em razão de sua condição de hipossuficiência financeira, não foi possível quitar os débitos inflacionados, o que ocasionou a interrupção no fornecimento do serviço essencial de água em fevereiro de 2017, situação que teria comprometido gravemente seu bem-estar e o de seus familiares. Em face disso, pleiteia pela revisão das faturas emitidas entre setembro de 2016 e março de 2017, bem como de outras que extrapolem o padrão de consumo médio, a restituição em dobro dos valores pagos indevidamente — montante este estimado em R$ 473,09 — e a condenação da concessionária ao pagamento de indenização por dano moral. Após o trâmite processual, a d. magistrada julgou parcialmente procedente a pretensão para declara indevido os débitos das faturas referentes aos meses de setembro/2016 a março/2017, determinando o seu cancelamento e revisão das faturas pela média de consumo dos seis meses anteriores, bem como ao pagamento de indenização a título de dano moral no de R$ 6.500,00 (seis mil e quinhentos reais), além do pagamento de honorários advocatícios fixados em 15% (quinze por cento) sobre o valor da condenação, nos termos do artigo 85 do Código de Processo Civil. Em face da sentença, recorre a apelante sustentando a inexistência de irregularidade na cobrança das faturas, asseverando que os valores foram apurados com base em leituras reais, por hidrômetro aferido pelo INMETRO e em perfeitas condições, inexistindo falha na prestação do serviço, pois eventuais vazamentos ocorreram na parte interna do imóvel da consumidora. Defende também a inexistência de responsabilidade civil, aduzindo que a simples cobrança de valores elevados não configura dano moral. Em caráter subsidiário, pleiteia a redução do montante fixado a título de indenização, pugnando também pela redução da verba honorária fixada na sentença. Pois bem. No que se refere ao suposto defeito no hidrômetro, é certo que o CDC é aplicável ao caso, especificamente no ponto afeto a inversão do ônus da prova, ante a presença dos elementos formadores da relação de consumo, havendo consumidor e fornecedor, tudo consoante os artigos 2º e 3º, §2º, da Lei n. 8.078/90. Na busca pela efetiva proteção ao consumidor, o art. 6º, inc. VIII, do CDC permite a inversão do ônus da prova. In casu, conclui-se pela hipossuficiência da apelada, eis que está em posição desvantajosa perante a apelante, tanto econômica, quanto no que se refere às condições de produzir prova técnica, razão pela qual é devida a inversão do ônus da prova, com o intuito de promover o equilíbrio entre as partes. No tocante as irregularidades das cobranças exorbitantes, compulsando os autos, verifica-se que a concessionária deixou de produzir provas oportunamente a fim de desconstituir as alegações autorais. Assim, cabia a prestadora de serviço promover a prova necessária para a comprovação da legalidade das faturas discutidas, mormente quando existe a cobrança de um súbito consumo que foge à linha do razoável e proporcional, como no caso em debate. Nesse sentido: “RECURSO DE APELAÇÃO CÍVEL – AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO, REPETIÇÃO DE INDÉBITO E INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS – CONSUMO DE ÁGUA - AUMENTO ABRUPTO NA FATURA – NEGATIVAÇÃO - SENTENÇA DE PARCIAL PROCEDÊNCIA – CERCEAMENTO DE DEFESA - INOCORRÊNCIA – DESNECESSIDADE DE DILAÇÃO PROBATÓRIA – ILEGALIDADE CONFIGURADA – NEGATIVAÇÃO INDEVIDA - DEVOLUÇÃO EM DOBRO - DANO MORAL – CARACTERIZADO – VALOR ARBITRADO MANTIDO – JUROS DE MORA A PARTIR DA CITAÇÃO – SENTENÇA MANTIDA - RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO. Há ilegalidade no aumento abrupto na futura de água, que o consumidor considera indevido, cujos valores foram apurados e aumentados unilateralmente, pela concessionária, sem que houvesse inspeção do hidrômetro pelo INMETRO, para aferir possível erro no funcionamento no mesmo. Diante da comprovação de inexistência do débito, devida a devolução dos valores em dobro e cabível a pretensão indenizatória. Com relação ao quantum indenizatório arbitrado este deve ser mantido, pois fixado com moderação, não se justificando que a reparação venha a constituir-se em enriquecimento ilícito e nele deve deter, ainda, o efeito pedagógico necessário a se evitar a prática de novos atos equivalentes ao presente. Quanto à incidência dos juros moratórios aplica-se o que estabelece o art. 240 do CC, incorrendo-se em mora a concessionária de água desde a sua citação, ainda mais se tratando de relação contratual.” (RAC 109371/2017, 2ª Câm. Direito Privado, Rel. Des. Sebastião de Moraes Filho, j. 11.10.2017 - negritei) Por certo, não compete à concessionária investigar e provar o consumo extraordinário do consumidor, contudo, lhe incumbe produzir prova no sentido de afastar eventual erro de leitura e que o hidrômetro não apresenta nenhum vício, ônus do qual não se libertou, o que deveria ser feito por meio de perícia e não foi realizada. Dessa forma, não havendo prova suficiente para demonstrar os motivos ensejadores do aumento do consumo de água no imóvel, não há como prevalecer as cobranças, sendo de rigor a revisão dos débitos questionados, conforme determinado na sentença recorrida. Sobre o tema soa a jurisprudência, vejamos: “Prestação de serviços. Água. Prestadora do serviço que não justifica aumento considerável e repentino no consumo apurado. Inversão do ônus da prova. Regra de julgamento. Inexistência de comprovação de vazamento no encanamento do imóvel do consumidor. Precedente desta C. Câmara. Inexigibilidade dos valores que excedem a média dos meses antecedentes ao aumento injustificado. Sentença de procedência confirmada. Recurso improvido.” (TJRS, RAC n. 9223281-38.2006.8.26.0000, 32ª Câm. Direito Privado, Rel. Des. Walter Cesar Exner, j. 25.08.2011) “RECURSO DE APELAÇÃO CÍVEL – AÇÃO ANULATÓRIA C/C INDENIZAÇÃO POR COBRANÇA INDEVIDA E DANO MORAIS – PRELIMINAR DE CERCEAMENTO DE DEFESA REJEITADA – SUSPENSÃO DO FORNECIMENTO DE ÁGUA PELA CONCESSIONÁRIA – COMPROVADA A INADIMPLÊNCIA – EXERCÍCIO REGULAR DE DIREITO - CONSUMO DE ÁGUA DE DUAS FATURA AFIGURA-SE DISCREPANTE DAS FATURAS HABITUAIS –INEXIGIBILIDADE DO VALOR COBRADO – DEVE SER CALCULADO CONSIDERANDO A MÉDIA ATUAL – DANO MORAL – NÃO CONFIGURADO – COBRANÇA INDEVIDA – MERO ABORRECIMENTO – RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. Não configura cerceamento de defesa o julgamento da causa sem a produção de prova quando o tribunal de origem considerar substancialmente instruído o feito, declarando a existência de provas suficientes para seu convencimento.Se comprovada a inadimplência do consumidor, não há que falar em nulidade das faturas que originaram a interrupção do fornecimento de água. Observado o aumento no consumo de água da unidade consumidora em apenas dois meses, destoante da média habitual, a causa dessa situação não ficou comprovada, as faturas devem ser inexigíveis e recalculadas considerando a média de consumo habitual...”. (TJMT, RAC n. 8053/2018, 3ª Câm. de Direito Privado, Rela. Desa. Cleuci Terezinha Chagas Pereira da Silva, j. 25.04.2018) Diante disso, verificada a irregularidade na fatura, de rigor a manutenção da sentença neste ponto. Destarte, resta evidente, pelo conjunto probatório produzido nos autos, a cobrança exorbitante de faturas apuradas indevidamente acrescida de corte no serviço, por certo implicam em grave violação ao princípio da dignidade da pessoa humana, gerando a obrigação de indenizar, em conformidade com o disposto no art. 927, do C. Civil. Logo, o dano moral por si só não requer prova, até porque sua exigência descaracterizaria seu propósito que é o de ressarcir aquilo que não é material e por isso também não pode ter valor categoricamente estipulado. Nessa seara, é de clareza solar que restou comprovado nos autos, que a conduta adotada pela empresa ré, ora apelada, restou acometida de abuso e importou em supressão de direitos básicos do consumidor, resultando na existência de ato ilícito a ensejar reparação. Outro não é o entendimento desse Tribunal, verbis: “APELAÇÃO CÍVEL - DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITOS COMBINADA COM INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E INEXIGIBILIDADE DE MULTA - INTERRUPÇÃO DO FORNECIMENTO DO SERVIÇO DE ÁGUA - APLICAÇÃO DE MULTA POR SUPOSTA FRAUDE E VIOLAÇÃO DO HIDRÔMETRO - RETIRADA DO MEDIDOR PELA CONCESSIONÁRIA DE ÁGUA - AUSÊNCIA DE PRÉVIA NOTIFICAÇÃO DO CONSUMIDOR - COBRANÇA INDEVIDA - DECLARAÇÃO DE INEXIGIBILIDADE DO DÉBITO - ATO ILÍCITO VERIFICADO - READEQUAÇÃO DA FATURA - FALHA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO - DEVER DE INDENIZAR CONFIGURADO. [...] 4. Não comprovada adequadamente a origem do débito contestado e a regular apuração da suposta fraude, mostra-se indevida a cobrança da multa, assim como a própria interrupção no fornecimento do serviço em razão da ausência de pagamento, devendo ser declarada a inexigibilidade do débito e a readequação da respectiva fatura de acordo com a média de consumo anterior. [...] 6. Segundo pacífica orientação do Superior Tribunal de Justiça, o dano moral decorrente de falha na prestação de serviço público essencial prescinde de prova, configurando-se in re ipsa, visto que é presumido e decorre da própria ilicitude do fato (STJ – AgRg no AREsp 518.470/RS, Rel. Ministro Sérgio Kukina, 1ª Turma, J. 07/08/2014, DJe 20/08/2014).” (RAC n. 1025174-58.2018.8.11.0041, 1ª Câm. Dir. Priv., Rel. Des. Sebastião Barbosa Farias, j. 09.02.2021 – negritei) “RECURSO DE APELAÇÃO CÍVEL – AÇÃO DE INEXIGIBILIDADE DE DÉBITOS CUMULADA COM INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS – INTEMPESTIVIDADE DO RECURSO – PRELIMINAR REJEITADA– FRAUDE PRATICADA PELA AUTORA NO MEDIDOR – INDEMONSTRADA – COBRANÇA INDEVIDA DE MULTA – INOBSERVÂNCIA DO DISPOSTO NO ARTIGO 373, INCISO II, DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL – CORTE NO FORNECIMENTO DA ÁGUA – DANO MORAL – OCORRÊNCIA – QUANTUM INDENIZATÓRIO – FIXAÇÃO EM PATAMAR SATISFATÓRIO – MINORAÇÃO – INVIABILIDADE – OBSERVÂNCIA DOS PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE - SENTENÇA MANTIDA – RECURSO NÃO PROVIDO. [...] IV – Restando evidente o ato ilícito na conduta perpetrada pela ré, ora apelada, que falhou na prestação dos seus serviços ao efetuar a cobrança indevida, não há como afastar sua responsabilidade pelo serviço defeituoso prestado e também pelos danos causados (Código de Defesa do Consumidor, artigo 14 cumulada com o artigo 17). [...] VI – No que se refere ao “quantum” da reparação é pacífico o entendimento da jurisprudência pátria, no sentido de que o valor da indenização por danos extrapatrimoniais não deve implicar em enriquecimento ilícito da vítima, tampouco pode ser irrisório, a ponto de afastar o caráter pedagógico que é inerente à medida.” (RAC n. 1007980-11.2019.8.11.0041, 4ª Câm. Dir. Priv., Rel. Desa. Serly Marcondes Alves, j. 10.02.2021 – negritei) Vislumbro, dessa forma, o nexo de causalidade entre a conduta dos profissionais da empresa de água e o resultado lesivo dela decorrente, implicando na responsabilidade civil da apelante. Assim sendo, no que se refere ao quantum a ser fixado, é de se ressaltar que não existe uma tabela precisa onde há valores pré-fixados para cada tipo de dano moral, mormente pelo fato de este ser imensurável. Nesta ótica, o princípio do livre convencimento confere ao magistrado a prudente prerrogativa de arbitrar o valor que entender justo, sempre de acordo com as peculiaridades do caso concreto, fazendo uma correspondência entre a ofensa e o valor da condenação, observando os princípios que norteiam o dano moral tais como: a posição social do ofendido, a capacidade econômica do causador e a extensão da dor sofrida, sob pena de propiciar o locupletamento ilícito à vítima, ao mesmo tempo o valor deve ser significativo para que não passe despercebido, coibindo a conduta negligente do agente causador. É sabido que a Constituição Federal de 1988, em seu art. 5º, incisos V e X, assegurou a indenização pelo dano material ou moral, porém, o que se vê é a grande dificuldade em se fixar o valor afeto à reparação moral, por ser de natureza subjetiva, não havendo valores preestabelecidos para cada caso. Não é demais ressaltar que o valor indenizatório devido no dano moral tem dupla função: compensatória em relação ao dano sofrido e penalizadora pela conduta negligente do agente causador. Logo, considerando o grau de responsabilidade da apelante frente ao dano causado e o abalo moral sofrido pela apelada, tenho que o valor de R$6.5000,00 (seis mil reais e quinhentos reais), a título de dano moral, fixado na sentença cumprirá a finalidade de inibir a ré na repetição da falha, considerando-se a sua capacidade econômica, bem como a imediata reparação do erro. Ainda em relação a ofendida, o valor a ser indenizado deve servir para de alguma forma confortá-la, amenizando o constrangimento que passaram pelos contratempos e aborrecimentos sofridos. Feitas tais considerações, o valor fixado traduz uma quantia suficiente para garantir a punição da apelada, lembrando que o ato punido, que configurou o dano moral, foi a falha na prestação do serviço, que adotou procedimento administrativo ilegal, gerando débito indevido em seu nome, além da cobrança incorreta realizada. De outra banda, estando desprovido o recurso, majoro a condenação em honorários advocatícios para 20% (vinte por cento) sobre o valor da condenação, atendendo ao que dispõe o art. 85, §11, do CPC. Posto isso, conheço do recurso e lhe NEGO PROVIMENTO. Cuiabá, 02 de julho de 2025. CARLOS ALBERTO ALVES DA ROCHA Relator Data da sessão: Cuiabá-MT, 02/07/2025

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Processo nº 1014015-89.2023.8.26.0053

ID: 300949741

Tribunal: TJSP Órgão: Foro Central - Fazenda Pública/Acidentes - 8ª Vara de Fazenda Pública Classe: MANDADO DE SEGURANçA CíVEL Nº Processo: 1014015-89.2023.8.26.0053

Data de Disponibilização: 17/06/2025

Polo Ativo:

TIVIT INFRAESTRUTURA DE TECNOLOGIA S.A.

Polo Passivo:

Intimação

Advogados:

PAULO DE FIGUEIREDO FERRAZ PEREIRA LEITE

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Processo 1014015-89.2023.8.26.0053 - Mandado de Segurança Cível - Suspensão da Exigibilidade - Tivit Infraestrutura de Tecnologia S.a. - Vistos. Trata-se Mandado de Segurança impetrado por TIVIT INFR… Processo 1014015-89.2023.8.26.0053 - Mandado de Segurança Cível - Suspensão da Exigibilidade - Tivit Infraestrutura de Tecnologia S.a. - Vistos. Trata-se Mandado de Segurança impetrado por TIVIT INFRAESTRUTURA DE TECNOLOGIA S.A em face do Delegado da Delegacia Regional Tributária de São Paulo (DRTC-III) , alegando, síntese, que o governo cobra do contribuinte os custos relativos ao uso do sistema de transmissão e distribuição da energia elétrica (TUST/TUSD), assim como qualquer outro componente da fatura (como encargos setoriais, v.g.) porque relacionados às etapas anteriores ao efetivo consumo da energia, não podendo integrar a base de cálculo do ICMS, estando limitada ao valor da mercadoria (a energia efetivamente consumida), buscando a definição de sua base de cálculo. Pretende o afastamento da base de cálculo do ICMS das taxas acima mencionadas, inclusive com pedido de tutela de urgência para suspensão da cobrança. Busca reconhecer o direito líquido e certo da Impetrante, declarando-se a inexistência de relação jurídico-tributária entre a Impetrante e a Fazenda do Estado de São Paulo, quanto ao recolhimento do ICMS incidente sobre os encargos de transmissão e conexão na entrada de energia elétrica, especialmente as Tarifas de Uso do Sistema de Transmissão (TUST) ou Distribuição (TUSD), definindo-se a base de cálculo do referido tributo, em tais operações, como sendo, unicamente, o montante relativo à energia elétrica efetivamente consumida. Pede . que se reconheça, em caráter definitivo, o direito da Impetrante de não incidência do ICMS sobre a TUSD, garantindo-se, por conseguinte, vigência ao art. 150, I, ao art. 155, II, e § 3º da Constituição da República e art. 34, § 9º do ADCT, bem como aos arts. 2º, I e 13 da Lei Complementar nº 87/96 e ao art. 97 do CTN A inicial foi instruída com documentos fls 16 e sg. Processados os autos com o indeferimento do pedido de tutela de urgência (fls. 103/105). Liminar concedida em 2ª Instância a fl 112 e sgs em abril 2023. Houveram informações . O Ministério Público não se manifestou quanto o mérito. Julgado o processo foi anulada a sentença conforme Acórdão fl 347 MANDADO DE SEGURANÇA. Pretensão de exclusão daTUSD e da TUST da base de cálculo do ICMS. R. sentença que denegou a segurança. APELAÇÃO DA IMPETRANTE. Preliminar de nulidade da r. sentença. Acolhimento. R. sentença proferida de forma, contrária à determinação do C. Superior Tribunal de Justiça, que suspendeu os processos relacionados com a matéria em todo o território nacional (Tema nº 986). Violação ao art. 314 do CPC. Nulidade reconhecida. Determinação de retorno dos autos à origem para cumprimento da suspensão determinada pelo C. STJ. RECURSO DE APELAÇÃO DA IMPETRANTE PARCIALMENTE PROVIDO, COM DETERMINAÇÃO. Finda a suspensão como trânsito do Tema passo ao julgamento. Fundamento e Decido. Não defeito de ilegitimidade por qualquer envolvido, pois um é o sujeito passivo da obrigação e ao outro cabe a tributar. (...) A legitimidade, no dizer de Alfredo Buzaid, conforme já referido (Cap. 1, 8), é a pertinência subjetiva da ação, isto é, a regularidade do poder de demandar de determinada pessoa sobre determinado objeto. A cada um de nós não é permitido propor ações sobre todas as lides que ocorrem no mundo. Em regra, somente podem demandar aqueles que forem sujeitos da relação jurídica de direito material trazida a juízo. Cada um deve propor as ações relativas aos seus direitos. Salvo nos casos excepcionais previstos em lei, quem está autorizado a agir é o sujeito da relação jurídica discutida. Assim, quem pode propor a ação de cobrança de um crédito é o credor, quem pode propor a ação de despejo é o locador, quem pode pleitear a reparação do dano é aquele que o sofreu". (Direito Processual Civil Brasileiro, 1º vol., São Paulo: Saraiva, 1998, pág. 77 Diante do que dispõe a legislação que disciplina as concessões de serviço público e da peculiar relação envolvendo o Estado-concedente, a concessionária e o consumidor, esse último tem legitimidade para propor ação declaratória c/c repetição de indébito na qual se busca afastar, no tocante ao fornecimento de energia elétrica, a incidência do ICMS sobre a demanda contratada e não utilizada (Recurso Repetitivo de Tema 537: REsp 1299303/SC), o que por analogia se aplica igualmente ao caso em tela, em que se discute a extensão da base de cálculo do mesmo tributo. Disso também decorre a presunção de recolhimento aos cofres públicos dos valores repassados ao consumidor pelo contribuinte de direito, de modo que as guias que comprovariam o pagamento do imposto são documentos dispensáveis. A controvérsia diz respeito ao preço praticado na operação final (fornecimento/consumo), consiste em sabermos se os custos relativos ao uso do sistema de transmissão e distribuição da energia elétrica (TUST/TUSD) integram ou não a base de cálculo do tributo (ICMS). Pois bem. In casu, adoto integralmente como razões de decidir as razões esposadas pelo C. Superior Tribunal de Justiça nos autos do Recurso Especial nº 1.163.020-RS, de Relatoria do Eminente Ministro Gurgel de Faria, que destacou a impossibilidade de se cindir as etapas de fornecimento de energia para fins de incidência do ICMS, vez que incluídas na base de cálculo de tal exação os custos de geração, transmissão e distribuição da energia elétrica, consoante excerto extraído do V. Acórdão proferido nos autos daquele recurso: Essa realidade física revela, então, que a geração, a transmissão e a distribuição formam o conjunto dos elementos essenciais que compõem o aspecto material do fato gerador, integrando o preço total da operação mercantil, não podendo qualquer um deles ser decotado da sua base de cálculo(Resp 1.163.020 J. em 21.03.2017). Em seguida, peço vênia para copiar a ementa do referido julgado: Tributário. ICMS. FORNECIMENTO DE ENRGIA ELÉTRICA. BASE DE CÁLCULO. TARIFA DE USO DO SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO (TUSD). INCLUSÃO. O ICMS incide sobre todo o processo de fornecimento de energia elétrica, tendo em vista a indissociabilidade das suas fases de geração, transmissão e distribuição, sendo que o custo inerente a cada uma dessas etapas entre elas a referente à Tarifa de Uso do Sistema de Distribuição (TUSD) compõe o preço final da operação e, consequentemente, a base de cálculo do imposto, nos termos do art. 13, I, da Lei Complementar n. 87/1996. A peculiar realidade física do fornecimento de energia revela que a geração, a transmissão e a distribuição formam o conjunto dos elementos essenciais que compõem o aspecto material do fato gerador, integrando o preço total da operação mercantil, não podendo qualquer um deles ser decotado da sua base de cálculo, sendo certo que a etapa de transmissão/distribuição não cuida de atividade meio, mas sim de atividade inerente ao próprio fornecimento de energia elétrica, sendo dele indissociável. A abertura do mercado de energia elétrica, disciplinada pela Lei n. 9.074/1995 (que veio a segmentar o setor), não infirma a regra matriz de incidência do tributo, nem tampouco repercute na sua base de cálculo, pois o referido diploma legal, de cunho eminentemente administrativo e concorrencial, apenas permite a atuação de mais um agente econômico numa determinada fase do processo de circulação da energia elétrica (geração). A partir dessa norma, o que se tem, na realidade, é uma mera divisão de tarefas de geração, transmissão e distribuição entre os agentes econômicos responsáveis por cada uma dessas etapas, para a concretização do negócio jurídico tributável pelo ICMS, qual seja, o fornecimento de energia elétrica ao consumidor final. Por outro lado, o mercado livre de energia elétrica está disponibilizado apenas para os grandes consumidores, o que evidencia que a exclusão do custo referente à transmissão/distribuição da base de cálculo do ICMS representa uma vantagem econômica desarrazoada em relação às empresas menores (consumidores cativos), que arcam com o tributo sobre o preço cheio constante de sua conta de energia, subvertendo-se, assim, os postulados da livre concorrência e da capacidade contributiva. Recurso especial desprovido. A mercadoria (produto) fornecida por uma Distribuidora de Energia Elétrica ao usuário final (consumidor) é a energia elétrica de baixa tensão. Para que se torne possível o fornecimento deste bem ao usuário final é preciso que outra empresa concessionária tenha produzido energia (Geradora) e que esta tenha sido "transportada" em alta tensão por outra empresa (Transmissora) à Distribuidora, de modo que é fácil perceber que há adição de valor nas etapas de transmissão e de distribuição, gerando uma diferença de preços entre a energia gerada e a energia distribuída. Vale o registro de que o próprio agente regulador endossa este raciocínio, esclarecendo em seu sítio que a tarifa cobrada ao usuário considera três custos em sua composição: energia gerada; transporte de energia até as unidades consumidoras transmissão e distribuição; e encargos setoriais) (cf. http://www.aneel.gov.br/entendendo-a-tarifa, acessado em 12/01/17). Ou seja, o que o é colocado em circulação ou fornecido ao consumidor já não é, sob o ponto de vista mercantil, a mesma energia fornecida pela concessionária geradora, tampouco aquela transmitida às concessionárias transmissoras. Assim, não há muito esforço a se fazer para concluirmos que os custos relativos ao uso do sistema de transmissão e distribuição da energia elétrica (TUST/TUSD) integram a base de cálculo do ICMS cobrado ao contribuinte de fato, pois a Constituição Federal dispõe que "(...) as empresas distribuidoras de energia elétrica (...) serão as responsáveis (...) pelo pagamento do imposto sobre operações relativas à circulação de mercadorias incidente sobre energia elétrica, desde a produção ou importação até a última operação, calculado o imposto sobre o preço então praticado na operação final (...)" (ADCT, art. 34, § 9º). Ou seja, a base de cálculo do ICMS corresponde ao o valor da operação relativa à circulação da mercadoria, ao valor da energia elétrica distribuída, conforme a legislação aplicável à espécie (cf. Lei Complementar 87/96; e Lei Estadual 6374/89). A reforçar tal conclusão, temos a palavra do eminente Ministro Sérgio Kukina, que ao interpretar o Repetitivo de Tema 63 (RESP 960.476/SC: TRIBUTÁRIO. ICMS. ENERGIA ELÉTRICA. DEMANDA DE POTÊNCIA. NÃO INCIDÊNCIA SOBRE TARIFA CALCULADA COM BASE EM DEMANDA CONTRATADA E NÃO UTILIZADA. INCIDÊNCIA SOBRE TARIFA CALCULADA COM BASE NA DEMANDA DE POTÊNCIA ELÉTRICA EFETIVAMENTE UTILIZADA) afirmou que "[...] se o fato gerador é a demanda de energia elétrica efetivamente utilizada, a base de cálculo é o preço que foi pago por esse consumo [...]" (cf. Informações Adicionais no AgRg no REsp 1325024/GO, Rel. Ministro SÉRGIO KUKINA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 09/08/2016, DJe 25/08/2016). Considerando a existência de sólida jurisprudência em sentido contrário, valem ainda algumas considerações: a) incompatibilidade do teor da Súmula 166 do C. STJ ao caso concreto: Súmula 166: Não constitui fato gerador do ICMS o simples deslocamento de mercadoria de um para outro estabelecimento do mesmo contribuinte (DJE 23/08/1996). Não há qualquer similitude em relação à hipótese dos autos que autorize a aplicação analógica da referida Súmula. Vê-se que o entendimento cristalizado no C. STJ e sufragado pelo E. STF diz respeito à hipótese de incidência tributária, quando no caso concreto a discussão gira em torno apenas da base de cálculo do tributo. Não há tributação de ICMS nas operações entre geradora e transmissora, tampouco nas operações entre transmissora e distribuidora, simplesmente porque a legislação tributária as desenhou imunes. Não obstante, parece imperar extrema falta de conhecimento sobre a realidade do setor energético brasileiro, pois os estabelecimentos imaginados (usinas, linhas de transmissão e de distribuição) pertencem a empresas concessionárias de serviço público distintas, de modo que as razões do precedente (inexistência de transferência de propriedade quando da circulação de mercadoria entre estabelecimentos pertencentes ao mesmo player) não estão presentes na espécie. b) incoerência entre a tese firmada pelo C. STJ e sua própria jurisprudência. DIREITO TRIBUTÁRIO. INCLUSÃO DE SUBVENÇÃO ECONÔMICA NA BASE DE CÁLCULO DO ICMS. A subvenção concedida com base no art. 5º da Lei n. 10.604/2002 às concessionárias e permissionárias de energia elétrica compõe a base de cálculo do ICMS. A subvenção concedida pelo art. 5º da Lei n. 10.604/2002 ("Fica autorizada a concessão de subvenção econômica com a finalidade de contribuir para a modicidade da tarifa de fornecimento de energia elétrica aos consumidores finais integrantes da Subclasse Residencial Baixa Renda a que se refere a Lei nº 10.438, de 2002, com efeito a partir da data de sua publicação") possui natureza jurídica de receita alternativa (art. 11 da Lei n. 8.987/1995), buscando manter o equilíbrio econômico-financeiro dos contratos de concessão de energia elétrica e garantir a modicidade tarifária. Não obstante a louvável intenção do Governo Federal de não onerar a tarifa de energia elétrica de parcela carente da população, a concessão de subvenção não implica automática isenção do montante na base de cálculo de ICMS. Utiliza-se aqui a mesma lógica adotada pelo STJ na elaboração da Súmula n. 95: "A redução da alíquota do imposto sobre produtos industrializados ou do imposto de importação não implica redução do ICMS". Ainda que a relação da União com as concessionárias seja contratual, e não tributária, o foco reside na autonomia do Estado para exercer a sua competência tributária. Assim, há duas relações jurídicas distintas: a) uma relação contratual entre a União e as concessionárias (arts. 21, XII, "b", e 175 da CF); e b) outra relação jurídico-tributária entre os Estados e as concessionárias (art. 155, II e § 2°, da CF). Nesse contexto, não há razoabilidade em diminuir a base de cálculo do imposto estadual em razão da concessão de subvenção econômica pela União. A exigibilidade do imposto é anterior à concessão da subvenção econômica. Se, por um lado, não é permitido aos entes federativos estranhos à relação interferirem na execução do contrato entre Poder Concedente e concessionárias, por outro, não é permitido ao Poder Concedente interferir na relação tributária entre outro ente federativo e seus contribuintes. Exigir a redução da base de cálculo do imposto estadual, no caso, é implementar isenção heterônoma em hipótese não permitida pela CF. Ressalta-se que a subvenção foi concedida sob a condição de ser mantida a tarifa reduzida aos consumidores finais de baixa renda. Assim, o caso amolda-se à hipótese prevista na alínea "a" do inciso II do § 1° do art. 13 da LC n. 87/1996, de modo que o ICMS possui como base de cálculo o valor total da operação, ainda que exista no caso desconto concedido sob condição. Desse modo, a subvenção econômica faz parte do preço final da mercadoria, não havendo razão para não incluir na base de cálculo do ICMS a subvenção em operações com energia elétrica. Igual orientação adotou o STJ quando entendeu pela inclusão do PIS e COFINS na base de cálculo de ICMS (EDcl no REsp 1.336.985-MS, Segunda Turma, DJe 13/5/2013). Portanto, a única forma de isentar as concessionárias de energia elétrica de pagar o ICMS sobre o valor da subvenção é mediante convênio na forma da LC n. 24/1975, a qual "dispõe sobre os convênios para a concessão de isenções do imposto sobre operações relativas à circulação de mercadorias, e dá outras providências". REsp 1.286.705-SP, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 15/12/2015, DJe 12/2/2016. Como se vê, considerou-se no julgado acima que a base de cálculo do ICMS não pode ser desidratada pela concessão de uma subvenção pela União. Ainda que o preço pago pelo contribuinte de fato seja "x", a base de cálculo deve ser "x+subvenção", porque compõe o preço da tarifa. Já no caso dos autos, a jurisprudência ainda majoritária aponta o inverso, o preço pago pelo consumidor é "x", mas a base de cálculo é "x-TUSD/TUST", o que não faz o menor sentido lógico. Sobretudo ao considerar que não fosse a Resolução ANEEL 464/10 (art. 119, I, "l"), que determina a discriminação na fatura dos componentes da tarifa paga pelo usuário final como política de transparência ao consumidor final, a TUST/TUSD, "(...) assim como vêm destacadas na nota fiscal, poderiam ser simplesmente agregadas ao valor do kW e compor o preço final" (cf. Apelação 1021461-18.2016, Relator Des. Torres de Carvalho; Comarca: Santos; Órgão julgador: 10ª Câmara de Direito Público; Data do julgamento: 19/12/2016; Data de registro: 27/12/2016). DIREITO TRIBUTÁRIO. GARANTIA ESTENDIDA E BASE DE CÁLCULO DO ICMS. O valor pago pelo consumidor final ao comerciante a título de "seguro de garantia estendida" não integra a base de cálculo do ICMS incidente sobre a operação de compra e venda da mercadoria. Inicialmente, convém esclarecer que o "seguro de garantia estendida" é um contrato de adesão voluntária estabelecido entre o consumidor (segurado) e uma sociedade seguradora, sendo rotineiramente oferecido e comercializado pela empresa que vendeu a mercadoria, que intermedeia o negócio. Ressalte-se que essa modalidade de seguro foi inicialmente regulamentada pelo Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP) por meio das Resoluções 122/2005 e 296/2013. De acordo com tais regulamentos, essa espécie de seguro tem por escopo fornecer ao segurado/consumidor a extensão e/ou complementação de garantia original da mercadoria adquirida. Importa mencionar, ainda, que a Resolução CNSP 296/2013, em seu art. 13, esclarece expressamente que é "vedado condicionar a compra do bem à contratação do seguro de garantia estendida, assim como condicionar a concessão de desconto no seu preço à aquisição do seguro". De outro lado, a base de cálculo do ICMS,segundo a Lei Kandir (LC 87/1996), é o valor da operação pelo qual se deu a circulação da mercadoria. O imposto, portanto, não está limitado ao preço da mercadoria, abrangendo também o valor relativo às condições estabelecidas e assim exigidas do comprador como pressuposto para a própria realização do negócio. Essa é a inteligência do inciso II do § 1º do art. 13 da LC 87/1996, o qual dispõe que devem integrar a base de cálculo: (a) os seguros, juros e demais importâncias pagas, recebidas ou debitadas, bem como descontos concedidos sob condição; e (b) o frete, caso o transporte seja efetuado pelo próprio remetente ou por sua conta e ordem e seja cobrado em separado. Nessa linha intelectiva, destaque-se que a doutrina ensina que o ICMS deve ser cobrado sobre o prêmio de seguro relativo ao risco do transporte que é contratado e pago pelo vendedor (remetente) e exigido do comprador para a concretização do negócio, pois, nesse caso, tal quantia está compreendida no valor da operação. A par disso, e ponderando os elementos supramencionados, verifica-se que o "seguro de garantia estendida" não se subsume ao art. 13, § 1º, II, "a", da LC 87/1996 (...) (...) REsp 1.346.749-MG, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 10/2/2015, DJe 4/3/2015. DIREITO TRIBUTÁRIO. CÁLCULO DO ICMS-SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA. Ainda que se adote a substituição tributária como forma de arrecadação de ICMS, é legal a sistemática do "cálculo por dentro". No que se refere à regra geral, a base de cálculo do ICMS, definida como o valor da operação de circulação de mercadoria, inclui o próprio montante do ICMS incidente, pois ele faz parte da importância paga pelo comprador e recebida pelo vendedor na operação. O STF reconheceu a constitucionalidade da sistemática do "cálculo por dentro", na qual se utiliza a base de cálculo do ICMS relativo ao custo da operação ou prestação de serviço acrescido ao valor do próprio imposto (RE 212.209-RS, Tribunal Pleno, DJ 14/2/2003; RE 582.461 RG-SP, Tribunal Pleno, DJe 18/8/2011). No mesmo sentido, firmou-se a jurisprudência do STJ, segundo a qual o ICMS integra a sua própria base de cálculo, sendo, portanto, legal a sistemática do "cálculo por dentro" para aferição da base de cálculo do ICMS, nos termos do art. 13, § 1º, I, da LC n. 87/1996 (EREsp 1.190.858-BA, Primeira Seção, DJe 12/8/2013; AgRg no Ag 1.248.264-RS, Segunda Turma, DJe 30/6/2010; REsp 1.041.098-SP, Segunda Turma, DJe 21/8/2009; AgRg no AgRg no REsp 704.881-RS, Segunda Turma, DJe 18/12/2009; AgRg no Ag 1.093.386-RS, Primeira Turma, DJe 2/4/2009). Ora, o ICMS-Substituição Tributária (ICMS-ST) não é um tributo diferente do ICMS "comum", mas um regime ou sistema utilizado com o objetivo de simplificar a tributação, facilitando a fiscalização e diminuindo os ônus administrativos para os próprios contribuintes, considerando que concentra em apenas um deles, de regra o mais capacitado do ponto de vista organizacional para o recolhimento do imposto e todas as obrigações acessórias correspondentes a várias etapas de circulação da mercadoria. A base de cálculo do ICMS não sofre qualquer modificação quando se trata de arrecadação mediante substituição tributária. Nessa toada, ainda que não haja referência expressa quanto à inclusão do ICMS em sua base de cálculo na modalidade substituição, não se pode extrair desse fato interpretação diversa daquela prevista no art. 13 da LC n. 87/1996, que ao estabelecer regra geral, não foi excluída pelo art. 8º (que regulamenta a substituição tributária) da mesma lei. REsp 1.454.184-MG, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 5/5/2016, DJe 9/6/2016. Como visto, a legislação que rege o ICMS determina que ao valor da mercadoria seja agregado: (i) o montante do próprio imposto, constituindo o respectivo destaque mera indicação para fins de controle; (ii) o valor correspondente a seguros, juros e demais importâncias pagas, recebidas ou debitadas, bem como descontos concedidos sob condição; (iii) e frete, caso o transporte seja efetuado pelo próprio remetente ou por sua conta e ordem e seja cobrado em separado (LC 87/96: art. 13, § 1º; LE 6374/89: art. 24, § 1º). Diante desta sistemática, reconhecida pela jurisprudência do C. STJ, não faz sentido algum retirar da base de cálculo do ICMS-energia os custos relativos ao uso do sistema de transmissão e distribuição da energia elétrica (TUST/TUSD), pois estão compreendidos no valor final da operação, assim como os demais encargos admitidos em lei para produção da energia. Vale frisar, não fosse a Resolução ANEEL 464/10 (art. 119, I, "l"), que, por política de transparência, determinou a discriminação na fatura dos componentes da tarifa paga pelo usuário final, a TUST/TUSD, "(...) assim como vêm destacadas na nota fiscal, poderiam ser simplesmente agregados ao valor do kW e compor o preço final" (cf. Apelação 1021461-18.2016, Relator Des. Torres de Carvalho; Comarca: Santos; Órgão julgador: 10ª Câmara de Direito Público; Data do julgamento: 19/12/2016; Data de registro: 27/12/2016). O ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), suspendeu dispositivo legal que havia retirado da base de cálculo do ICMS as tarifas dos serviços de transmissão e distribuição de energia elétrica e encargos setoriais vinculados às operações com energia. A liminar foi concedida no âmbito da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 7195 e será submetida a referendo do Plenário. Na ação, governadores de 11 estados e o do Distrito Federal questionam alterações promovidas pela Lei Complementar federal 194/2022, que classifica combustíveis, gás natural, energia elétrica, comunicações e transporte coletivo como bens e serviços essenciais, o que impede a fixação de alíquotas acima da estabelecida para as operações em geral. Entre outros pontos, a norma modificou o inciso X do artigo 3° da Lei Kandir (Lei Complementar 87/1996) e retirou da base de cálculo do imposto estadual os valores em questão. Julgado o caso o Superior Tribunal de Justiça a publicou os acórdãos de mérito dos Recursos Especiais n. 1.692.023/MT, n. 1.699.851/TO, n. 1.734.902/SP e n. 1.734.946/SP, processos-paradigma do Tema n. 986 ICMS Energia TUSD TUST, correlato ao Incidente de Resolução de Demandas Repetitivas (IRDR 9 - TJSP) n. 2246948-26.2016.8.26.0000, com a fixação da seguinte tese: "A Tarifa de Uso do Sistema de Transmissão (TUST) e/ou a Tarifa de Uso de Distribuição (TUSD), quando lançada na fatura de energia elétrica, como encargo a ser suportado diretamente pelo consumidor final (seja ele livre ou cativo), integra, para os fins do art. 13, § 1º, II, 'a', da LC 87/1996, a base de cálculo do ICMS. Na ocasião, ocorreu a modulação dos efeitos da tese pelo Ministro Relator, nos seguintes termos: 1 - Considerando que até o julgamento do REsp 1.163.020/RS que promoveu mudança na jurisprudência da Primeira Turma a orientação das Turmas que compõem a Seção de Direito Público do STJ era, s.m.j., toda favorável ao contribuinte do ICMS nas operações de energia elétrica, proponho, com base no art. 927, § 3º, do CPC, a modulação dos efeitos, a incidir exclusivamente em favor dos consumidores que, até 27.3.2017 data de publicação do acórdão proferido julgamento do REsp 1.163.020/RS , tenham sido beneficiados por decisões que tenham deferido a antecipação de tutela, desde que elas (as decisões provisórias) se encontrem ainda vigentes, para, independente de depósito judicial, autorizar o recolhimento do ICMS sem a inclusão da TUST/TUSD na base de cálculo. Note-se que mesmo estes contribuintes submetem-se ao pagamento do ICMS, observando na base de cálculo a inclusão da TUST e TUSD, a partir da publicação do presente acórdão aplicável, quanto aos contribuintes com decisões favoráveis transitadas em julgado, o disposto adiante, ao final. 2 - A modulação aqui proposta, portanto, não beneficia contribuintes nas seguintes condições: a) sem ajuizamento de demanda judicial; b) com ajuizamento de demanda judicial, mas na qual inexista Tutela de Urgência ou de Evidência (ou cuja tutela outrora concedida não mais se encontre vigente, por ter sido cassada ou reformada); c) com ajuizamento de demanda judicial, na qual a Tutela de Urgência ou Evidência tenha sido condicionada à realização de depósito judicial; e d) com ajuizamento de demanda judicial, na qual a Tutela de Urgência ou Evidência tenha sido concedida após 27.3.2017. 3 - Em relação às demandas transitadas em julgado com decisão favorável ao contribuinte, eventual modificação está sujeita à análise individual (caso a caso), mediante utilização, quando possível, da via processual adequada. Ação de março de 2023 e liminar de abril de 2023. Sendo posterior a modulação julgo-a. Isto posto, denego a ordem. Tendo a presente sentença denegatória sido proferida em cumprimento ao Tema 986 do STF tenho pela perda do efeitos da liminar, com prazo de 10 dias para a parte autora tentar efeito suspensivo Oficiar após o prazo. Súmula 405 do STF Denegado o mandado de segurança pela sentença, ou no julgamento do agravo dela interposto, fica sem efeito a liminar concedida, retroagindo os efeitos da decisão contrária. Da jurisprudência: Com efeito, é decorrência natural do regime das medidas cautelares antecipatórias que a sua concessão se cumpra sob risco e responsabilidade de quem as requer, que a sua natureza é precária e que a sua revogação opera automáticos efeitos "ex tunc". Em se tratando de mandado de segurança, há até mesmo súmula do STF a respeito (Súmula 405: (...). A matéria tem, atualmente, disciplina legal expressa, aplicável a todas as medidas antecipatórias, sujeitas que estão ao mesmo regime da execução provisória (CPC, art. 273, § 3º). Isso significa que a elas se aplicam as normas do art. 475-O do Código: o seu cumprimento corre por conta e responsabilidade do requerente (inciso I), que, portanto, tem consciência dos riscos inerentes; e, se a decisão for revogada, "ficam sem efeito", "restituindo-se as partes ao estado anterior" (inciso II). O mesmo ocorre em relação às medidas cautelares, cuja revogação impõe o retorno das partes ao "status quo ante", ficando o requerente responsável pelos danos oriundos da indevida execução da medida (art. 811 do CPC).[RE 608.482, rel. min. Teori Zavascki, P, j. 7-8-2014, DJE de 30-10-2014.] EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. Sentença de mérito proferida na origem antes do julgamento do recurso. Perda do objeto. De fato, ao tempo da veiculação do acórdão lançado no agravo de instrumento já havia sido julgada a demanda na origem, de modo a esvaziar o conteúdo do agravo. Caso de atribuir efeitos infringentes aos aclaratórios para reconhecer a perda do objeto do agravo de instrumento. Embargos acolhidos, com efeitos infringentes. (TJSP; Embargos de Declaração Cível 2180846-75.2023.8.26.0000; Relator (a): Jose Eduardo Marcondes Machado; Órgão Julgador: 10ª Câmara de Direito Público; Foro Central - Fazenda Pública/Acidentes - 7ª Vara de Fazenda Pública; Data do Julgamento: 01/06/2024; Data de Registro: 01/06/2024) AGRAVO DE INSTRUMENTO Mandado de Segurança Suspensão de certame licitatório Possibilidade Ausência de elementos a justificarem a exclusão do Agravado do processo licitatório Inconformismo com a decisão que deferiu a liminar para suspender o pregão eletrônico Sentença de mérito proferida nos autos principais Perda superveniente do objeto recursal Recurso prejudicado. (TJSP; Agravo de Instrumento 2084796-50.2024.8.26.0000; Relator (a): Magalhães Coelho; Órgão Julgador: 1ª Câmara de Direito Público; Foro de Mogi Guaçu - 1ª Vara Cível; Data do Julgamento: 03/06/2024; Data de Registro: 03/06/2024). Agravo de instrumento. Interposição contra o deferimento da tutela de urgência. Posterior prolação de sentença de mérito. Perda de objeto consumada. Recurso prejudicado. (TJSP; Agravo de Instrumento 2304061-88.2023.8.26.0000; Relator (a): Luis Carlos de Barros; Órgão Julgador: 20ª Câmara de Direito Privado; Foro de Santos - 6ª. Vara Cível; Data do Julgamento: 27/05/2024; Data de Registro: 29/05/2024) Custas na forma da lei e sem honorários na espécie. P.R.I.C. - ADV: PAULO DE FIGUEIREDO FERRAZ PEREIRA LEITE (OAB 317575/SP)

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