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Processo nº 5006138-96.2025.4.03.0000

ID: 320635503

Tribunal: TRF3 Órgão: Gab. 48 - DES. FED. SOUZA RIBEIRO Classe: AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº Processo: 5006138-96.2025.4.03.0000

Data de Disponibilização: 09/07/2025

Polo Ativo:

VALERIA MARINO - SOCIEDADE INDIVIDUAL DE ADVOCACIA

Polo Passivo:

Decisão

Advogados:

VALERIA MARINO

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

PODER JUDICIÁRIO Tribunal Regional Federal da 3ª Região 6ª Turma AGRAVO DE INSTRUMENTO (202) Nº 5006138-96.2025.4.03.0000 RELATOR: Gab. 48 - DES. FED. SOUZA RIBEIRO AGRAVANTE: VALERIA MARINO - SOCIED… PODER JUDICIÁRIO Tribunal Regional Federal da 3ª Região 6ª Turma AGRAVO DE INSTRUMENTO (202) Nº 5006138-96.2025.4.03.0000 RELATOR: Gab. 48 - DES. FED. SOUZA RIBEIRO AGRAVANTE: VALERIA MARINO - SOCIEDADE INDIVIDUAL DE ADVOCACIA Advogado do(a) AGRAVANTE: VALERIA MARINO - SP227933-A AGRAVADO: UNIAO FEDERAL - FAZENDA NACIONAL OUTROS PARTICIPANTES: D E C I S Ã O Trata-se de agravo de instrumento interposto por VALÉRIA MARINO SOCIEDADE INDIVIDUAL DE ADVOCACIA contra decisão proferida em sede de mandado de segurança preventivo, que indeferiu pedido liminar, requerida com base no artigo 151 do CTN, a fim de suspender a exigibilidade da cobrança de ISSQN sobre o valor de honorários sucumbenciais percebidos pela agravante, bem como para suspender a obrigatoriedade de incluir os referidos honorários de sucumbência da base de cálculo do Simples Nacional, da qual é optante. Aduz a agravante, em síntese, que os honorários sucumbenciais recebidos (ID 349870608) não são serviços prestados a clientes, mas possuem natureza indenizatória pelo êxito em processos judiciais, pagos pela parte contrária e arbitrados pelo juiz da causa, motivo pelo qual não podem se enquadrar como serviços advocatícios do item 17.14 da Lista de Serviços do ISSQN, previstos na LC nº 116/03. Ademais, também infere que os honorários de sucumbência não podem ser incluídos na base de cálculo do Simples Nacional, por não se tratarem de remuneração oriunda de contrato. Requer deferimento de medida liminar em tutela antecipada para não ser compelida a recolher ISSQN, nem ser obrigada a declarar tais valores na sistemática do Simples Nacional e, ao final, provimento ao agravo. Houve recolhimento de custas (ID 317809676 e ID 317811833). É o relatório. Decido. O mandado de segurança é remédio constitucional que tem por finalidade assegurar a proteção a direito líquido e certo de ilegalidade ou abuso de poder praticado por autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público, nos termos do inciso LXIX, do artigo 5º, da Constituição da República. O direito líquido e certo é aquele que decorre de fato certo, provado de plano por documento inequívoco, apoiando-se em fatos incontroversos e não complexos que possam reclamar a dilação probatória para a sua verificação. Dessa forma, serve o writ como ação mandamental para atacar ato coator de autoridade pública. No que tange ao ajuizamento do mandado de segurança, conforme leciona Leonardo José Carneiro da Cunha em sua obra “A Fazenda Pública em Juízo”, “a competência para processamento e julgamento do mandado de segurança é fixada em razão da função exercida pela autoridade coatora”. Destarte, verifico irregularidade formal no processamento do mandamus, por haver dois questionamentos totalmente distintos no presente writ, dirigidos a duas autoridades coatoras distintas, pertencentes a esfera municipal e federal, sendo inviável a aplicação da teoria da encampação. O primeiro questionamento, dirigido ao Secretário de Finanças do Município de São Paulo, quer a declaração de inexigibilidade de ISSQN sobre o valor auferido a título de honorários de sucumbência auferidos nos autos do processo nº 1005210-57.2024.8.26.0007 (ID 349870612) e do processo nº 5086468-76.2024.4.04.9445 (ID 349870614), não por ter havido alguma autuação fiscal, mas lastreadas em duas respostas à Consulta que foram publicadas pelo Município de São Paulo, a saber: Solução de Consulta SF/DEJUG nº 20, de 04 de julho de 2022 (ID 343691038) e Solução de Consulta SF/DEJUG nº 35, de 23 de novembro de 2020 (ID 343691039), em que o Município de São Paulo entendeu que sobre os honorários de sucumbência incidem o ISSQN. Neste caso, não há nenhum ato coator a ser inibido, já que Solução de Consulta não é lei e apenas vincula o consulente à resposta dada pelo Fisco e, ainda que se impetrasse mandado de segurança preventivo, para coibir uma possível glosa do Município de São Paulo aos honorários de sucumbência percebidos pela agravante com base em tais Soluções de Consulta, ante o enquadramento como serviço de advocacia pelo Fisco Municipal, previsto no item 17.14, da Lista de Serviços do ISSQN, constante da Lei Complementar nº 116/03, não há como prosperar. Isso porque, ainda que considerasse a possibilidade de autuação da agravante por não recolhimento do ISSQN sobre os valores recebidos a título de honorários de sucumbência, tal exação somente poderia ser praticada pelo Secretário de Finanças municipal, atraindo a competência da Justiça Estadual, de forma que resta claro a incompetência da Justiça Federal neste caso. O segundo questionamento se refere à não-incidência/isenção da inclusão dos dois honorários de sucumbência percebidos na base de cálculo do Simples Nacional, tendo em vista que o recolhimento dos tributos para os optantes deste regime simplificado de tributação ser unificado e, nele, haver recolhimento do ISSQN, dentre outros tributos. Num exame perfunctório em sede de cognição não exauriente, a percepção de honorários de sucumbência integra a receita bruta da agravante sociedade de advogados e, com base no artigo 18, §3º, da Lei Complementar nº 123/06, tais valores integram a base de cálculo do Simples Nacional, não havendo nenhuma previsão legal de isenção ou não incidência, de forma que a eventual exigência de inclusão de tais valores na sistemática do Simples Nacional não consubstancia nenhum ato coator do Delegado da Receita Federal em São Paulo, muito ao contrário: trata-se de observância da LC nº 123/06, atuando dentro da legalidade estrita. Anote-se que o pleito de que se trataria de verba indenizatória não encontra amparo jurídico, pois se trata, os honorários advocatícios de sucumbência, de verba auferida em razão do exercício profissional regular. Em suma: não há competência deste tribunal em examinar suposto ato coator oriundo do Secretário de Finanças do Município de São Paulo,, sendo inadequado o manejo do writ na justiça federal e, no que tange ao cumprimento do disposto na LC nº 123/06 pelo Delegado da Receita Federal em São Paulo, que atrairia a competência da Justiça Federal na impetração de mandado de segurança, não vislumbro a existência de ato coator a ensejar a concessão de liminar em tutela antecipada. Diante do exposto, indefiro liminar em tutela antecipada ao agravo de instrumento. Comunique-se. Dê-se ciência à agravante. Intimem-se os agravados para contraminuta, nos termos do artigo 1.019, inciso II, do CPC. São Paulo, data da assinatura digital.

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Resultados para o tribunal: TRF3

Resultados para "1036153-57.2024.8.26.0007"

Processo nº 5006138-96.2025.4.03.0000