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Fabio Junior Martins Dos Anjos x A.R.A Construcoes Eireli e outros

ID: 277630172

Tribunal: TRT2 Órgão: 12ª Vara do Trabalho de São Paulo - Zona Sul Classe: AçãO TRABALHISTA - RITO ORDINáRIO Nº Processo: 1001544-06.2024.5.02.0706

Data de Disponibilização: 23/05/2025

Polo Ativo:

FABIO JUNIOR MARTINS DOS ANJOS

Polo Passivo:

A.R.A CONSTRUCOES EIRELI KALLAS INCORPORACOES E CONSTRUCOES S/A.

Notificação

Advogados:

RUBENS LANCASTER DE TORRES

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

BEATRIZ MARTINEZ DE MACEDO

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

ADAUTO LUIZ SIQUEIRA

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

GILBERTO FERREIRA DA COSTA

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO 12ª VARA DO TRABALHO DE SÃO PAULO - ZONA SUL ATOrd 1001544-06.2024.5.02.0706 RECLAMANTE: FABIO JUNIOR MARTINS DOS … PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO 12ª VARA DO TRABALHO DE SÃO PAULO - ZONA SUL ATOrd 1001544-06.2024.5.02.0706 RECLAMANTE: FABIO JUNIOR MARTINS DOS ANJOS RECLAMADO: A.R.A CONSTRUCOES EIRELI E OUTROS (1) INTIMAÇÃO Fica V. Sa. intimado para tomar ciência da Sentença ID decb1c2 proferida nos autos, cujo dispositivo consta a seguir: S E N T E N Ç A FABIO JUNIOR MARTINS DOS ANJOS, qualificado à fl. 01 da inicial, moveu reclamação trabalhista em face de A.R.A CONSTRUÇÕES EIRELI e KALLAS INCORPORAÇÕES E CONSTRUÇÕES S/A., alegando ter sido empregado da 1ª Ré, sustenta que não viu corretamente quitados seus direitos e pleiteia a condenação solidária das Reclamadas ao pagamento das verbas de fls. 10/11 (Id. 3f7b828). Deu à causa o valor de R$ 68.319,36. Contestaram as Reclamadas, asseverando serem indevidas as postulações e, com as cautelas de praxe, requereram a improcedência dos pedidos contidos na inicial. Audiência inaugural realizada em 03.12.2024 (ata – Id. 0e062b7). Juntaram-se documentos e procurações. Audiência para produção de provas de realizada em 28.04.2025 (ata – Id. 91a4d2b). Encerrada a instrução processual. Tentativas de conciliação infrutíferas. Assim relatados, decido. Fundamentos Direito Intertemporal – Lei nº 13.467/2017 Considerando que a presente demanda foi distribuída após 11.11.2017, aplicam-se as normas de direito processual constantes na Lei 13.467/17, já no que tange ao direito material, aplicam-se as normas vigentes à época dos fatos. No que diz respeito à inclusão do artigo 791-A da Consolidação das Leis do Trabalho, que estabeleceu os honorários advocatícios sucumbenciais no processo trabalhista, não há se falar em qualquer espécie de inconstitucionalidade, já que tal instituto já vem sendo aplicado de maneira corriqueira na seara civil, tendo por escopo não só o prestígio à atuação dos advogados, como também a redução de pedidos sem qualquer fundamento, os quais encontravam lugar na seara trabalhista pela falta de qualquer consequência processual específica, sendo tal alteração extremamente benéfica para a análise de casos e pleitos verdadeiramente relevantes pelo Judiciário. Com relação ao acréscimo do parágrafo 2º, ao artigo 844, da Consolidação das Leis do Trabalho, este também não fere o amplo acesso à Justiça, já que o referido dispositivo apenas regula de acesso ao impor a responsabilidade ao autor de comparecer em audiência ou de justificar legalmente a sua ausência no prazo de quinze dias, sob pena de arcar com as custas decorrentes do arquivamento da ação, ainda que beneficiário da justiça gratuita. Apenas para que não pairem dúvidas, resta mister salientar que o direito de ingressar em Juízo segue pleno e incólume, não havendo que se confundir o livre acesso à Justiça com o abuso ou irresponsabilidade na utilização de tal direito pelas partes, o que, em muitos casos, gerava um alto número de atos processuais desnecessários que demandavam tempo precioso do Judiciário e resultava no prejuízo à efetiva prestação jurisdicional. Ressalva-se a declaração pelo Supremo Tribunal Federal no bojo da ADI 5.766 da inconstitucionalidade dos arts. 790-B, caput e §4º, e 790-A, § 4º, da Consolidação das Leis do Trabalho. O beneficiário da justiça gratuita, ainda que sucumbente na pretensão por si movida ou naquela que é objeto da perícia, não arcará com honorários periciais, mesmo se obtiver em juízo créditos capazes de suportar tais despesas. No mesmo julgamento e em corroboração ao que fora acima apontado, foi reconhecida a constitucionalidade do art. 844, § 2º, da Consolidação das Leis do Trabalho. Revendo posicionamento anterior, reputo que a decisão do STF decretou a inconstitucionalidade do § 4.º do artigo 791-A da CLT somente na parte relativa a “desde que não tenha obtido em juízo, ainda que em outro processo, créditos capazes de suportar a despesa”. Assim, ante os termos da decisão da ADI 5766 pelo E. STF, fica mantida a constitucionalidade da condenação do beneficiário da justiça gratuita em honorários advocatícios sucumbenciais. No entanto, vencido o beneficiário da justiça gratuita, ainda que o mesmo obtenha em juízo créditos capazes de suportar tais despesas as obrigações decorrentes de sua sucumbência ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade e somente poderão ser executadas se, nos dois anos subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que as certificou, o credor demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência de recursos que justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tais obrigações do beneficiário. Justiça Gratuita A declaração firmada pelo obreiro ou por seu advogado goza de presunção de validade e é suficiente para a concessão das benesses da gratuidade da justiça, nos termos do art. 99, §3º do CPC, de aplicação subsidiária, diante da ausência de provas em sentido contrário. No caso, a declaração foi juntada aos autos (Id. eed75a1). A última remuneração recebida pelo Reclamante em seu novo emprego (Id. 3a5b36c) é inferior ao limite de que trata o art. 790, § 3º, da CLT. Portanto, defiro a gratuidade processual. Impugnação/Limitação de Valores Os valores dos pedidos indicados pelo Autor serão considerados somente para cumprimento da exigência prevista no artigo 840, § 1º da CLT, não vinculando a condenação, se houver, aos mesmos. Sem prejuízo do acima explanado, verifica-se que Reclamante e 1ª Reclamada mantiveram 03 (três) vínculos de emprego com registro na CTPS, a saber, 04.03.2022 a 13.10.2022, 26.12.2022 a 01.07.2023 e 23.01.2024 a 21.03.2024. A apuração de eventuais verbas deferidas nestes autos ficará limitada ao primeiro contrato de trabalho, haja vista que na prefacial o Autor menciona tão somente o contrato com registro de 04.03.2022 a 13.10.2022, não havendo causa de pedir e pedido relativos à unicidade contratual. Impugnação a Documentos Despreza-se a impugnação aos documentos, uma vez que a arguição de descumprimento do art. 830 da Consolidação das Leis do Trabalho não prescinde da demonstração da inautenticidade dos conteúdos e nem substitui, por si só, o procedimento do incidente de falsidade. Ilegitimidade de Parte (2ª Reclamada) A legitimidade é a pertinência subjetiva para a ação vista sob o prisma dos limites estabelecidos pelo Autor. Se o Autor pleiteia a existência de uma declaração jurídica obrigacional em face de uma pessoa, esta pessoa é que deve figurar no polo passivo da ação, como parte legítima. Mesmo que negue a existência do vínculo, ou a responsabilidade, isto não implica lhe considerar parte ilegítima, já que a declaração, ou não, do vínculo é questão relativa ao próprio mérito da causa. Vale lembrar que mérito é o objeto da lide, que nos termos da ciência processual moderna, identifica-se com o pedido do Autor. Patente a pertinência subjetiva das Reclamadas, uma vez que são apontadas ou como tomadoras de serviços do Autor, ou como responsáveis pelos consectários legais, em decorrência da relação havida entre elas. Afasto a preliminar. Período Sem Registro O Reclamante alega que “foi admitido aos serviços da primeira reclamada em 24 de fevereiro de 2022, mas só teve a CTPS anotada em 04 de março de 2022, exerceu a função de carpinteiro (...), relatando que foi demitido em 13 de outubro de 2022.” O Autor requer o reconhecimento do vínculo de emprego a partir de 24.02.2022 com a consequente retificação da CTPS. A defesa nega a prestação de serviços no período compreendido entre 24.02.22 a 03.03.2022, de sorte que o ônus da prova seguiu com o Autor, nos termos do art. 818, I, da CLT e do qual não se desvencilhou a contento. Em primeiro lugar, cumpre registrar que o Reclamante não reiterou a data de admissão constante da prefacial, tendo o mesmo declarado que “iniciou a prestação dos serviços em 28.02.2022, como carpinteiro tarefeiro”, o que, por si só, fragiliza por completo a narrativa da prefacial. O depoimento da testemunha obreira em nada socorre à versão da prefacial, tendo o depoente afirmado que “trabalhou para a primeira reclamada de fevereiro de agosto de 2022, sendo que já atuava na obra por outra prestadora de serviços antes da entrada da primeira reclamada; que a obra era localizada na Rua Araquém, na vila mascote, sendo de propriedade da segunda reclamada”, bem como que “não se recorda da época em que o reclamante chegou na referida obra”. O mínimo esperado era que a testemunha confirmasse que o Autor prestou serviços a partir de fevereiro/2022, o que não ocorreu. Consigno que na prefacial, o Reclamante somente indicou a prestação de serviços para a 2ª Ré por meio do contrato de prestação de serviços mantido com a 1ª Ré, de sorte que o relato da testemunha obreira não se presta ao convencimento de que o Autor trabalhava na referida obra antes do registro na CTPS. Assim, tendo em vista que o Autor não reiterou sequer a data de admissão constante da prefacial e não comprovou a prestação de serviços antes do registro na CTPS, não há como ser reconhecido o vínculo de emprego a partir de 24.02.2022 na forma almejada na prefacial. Diante deste quadro, indefiro os pedidos de reconhecimento de vínculo de emprego no período sem registro na CTPS e o de sua retificação. Pagamentos “Por Fora” Para que se configure o a prática de pagamentos “por fora” faz-se necessário que o Autor demonstre o efetivo pagamento de quantias não constantes dos holerites, bem como há a necessidade de prova relativa ao valor pago de forma irregular. A versão da prefacial é no sentido de que “A reclamada pela produção do mês, procedeu o pagamento do salário ao reclamante da seguinte forma: pagou o piso salarial da categoria anotado na CTPS na importância de R$ 2.283,36 (dois mi l duzentos e oitenta e três reais e trinta e seis centavos) e pagou o valor remanescente na importância de R$ 2.878,22 (dois mil, oitocentos e setenta e oito reais e vinte e dois centavos) extrafolha, totalizando assim o salário/remuneração mensal na importância de R$ 5.161,58 (cinco mil cento e sessenta e um reais e cinquenta e oito centavos), sendo o recebimento via depósito em sua conta cor rente no banco Caixa Econômica Federal, agência: 04116, conta: 753.204.713-0, sob as siglas “CRED TEV IBC, CRED PAG INST PIX, ABONO SALARIAL e DEPÓSITO DINHEIRO CAIXA”, conforme comprovantes anexos.” A Reclamada, em contestação, nega veementemente que havia pagamento de salários extrafolha. O Reclamante juntou extratos de sua conta bancária comprovando a ocorrência dos depósitos mencionados na prefacial A testemunha obreira corroborou a versão da prefacial, tendo o depoente declarado que “o depoente recebia mensalmente uma média de 6mil reais por mês, sendo um valor fixo em CTPS e o restante por produção; que o depoente recebia $120/130 reais por metro quadrado de laje; que o reclamante desempenhava as mesmas funções do depoente; que cada laje contava com 80/85 metros, sendo feitas 5 lajes por mês”. Verifica-se que o valor líquido da rescisão contratual de R$ 4.000,00 foi depositado em 21.10.2022 na mesma conta bancária retratada nos extratos juntados com a prefacial. 21/10/2022 21/10 10;34 000211034 CRED TEV IBC 4.000,00 C Assim, tenho por comprovada a prática de depósitos e transferências não identificadas pela Ré ocorreu de forma habitual em todo o período contratual vindicado nos autos. Diante da robustez da prova documental e testemunhal produzida pelo Reclamante, deverá prevalecer a versão do trabalhador quanto ao pagamento de salário “por fora”. O salário produção não se confunde com prêmio. O primeiro é previsto no art. 78, enquanto o segundo, no art. 457. A CCT da categoria menciona tão somente o disposto no artigo 457 da CLT. Diante disso, não há previsão legal ou convencional que possa afastar a natureza salarial do salário pago por tarefa ou por peça. Art. 78 - Quando o salário for ajustado por empreitada, ou convencionado por tarefa ou peça, será garantida ao trabalhador uma remuneração diária nunca inferior à do salário mínimo por dia normal da região, zona ou subzona. Art. 457 - Compreendem-se na remuneração do empregado, para todos os efeitos legais, além do salário devido e pago diretamente pelo empregador, como contraprestação do serviço, as gorjetas que receber. § 2.o As importâncias, ainda que habituais, pagas a título de ajuda de custo, auxílio-alimentação, vedado seu pagamento em dinheiro, diárias para viagem, prêmios e abonos não integram a remuneração do empregado, não se incorporam ao contrato de trabalho e não constituem base de incidência de qualquer encargo trabalhista e previdenciário. Destarte, dada a habitualidade dos pagamentos extra recibos, reconheço sua natureza salarial dos valores pagos “por fora”, ora fixados em R$ 2.878,22, a título de salário produção, os mesmos deverão refletir em descansos semanais remunerados, horas extraordinárias, gratificações natalinas, férias + 1/3, aviso prévio, bem como FGTS+40% sobre a parcela salarial em comento e os reflexos ora deferidos, salvo férias+1/3. Destarte, restando reconhecida a existência de pagamentos “por fora”, determino que o valor pago extra recibo, ora arbitrado em R$ 2.878,22, em média, por mês, seja integrado à remuneração obreira para fins de apuração de diferenças de saldo de salário, gratificações natalinas, férias +1/3, repousos semanais remunerados aviso prévio e FGTS+40% de todo o período contratual vindicado na prefacial. O salário registrado na CTPS variou ao longo do contrato discutido nos autos, razão pela qual não há que se falar no reconhecimento do salário de R$ 5.161,58 por todo o período contratual, mas sim no acréscimo do valor de R$ 2.878,22 aos salários constantes dos holerites. Não há que se falar no reconhecimento de que o Reclamante era “tarefeiro puro” na forma narrada na prefacial, uma vez que todos os depoimentos colhidos em audiência demonstram que havia o pagamento de parte salarial fixa. Assim, a 1ª Reclamada deverá ser intimada a efetuar as anotações devidas na CTPS do Autor, a fim de acrescer à remuneração do Reclamante o pagamento de salário produção, na média de R$ 2.878,22/mês, no prazo de 08 (oito) dias do trânsito em julgado da presente decisão, restando proibida de fazer qualquer menção quanto ao fato da anotação decorrer de determinação judicial (art.29, §§ 4º e 5º da CLT), sob pena de multa diária pelo descumprimento, a ser cominada em momento processual oportuno. O deferimento de verbas em Juízo não torna o TRCT devidamente assinado nulo, justamente por expressar o pagamento das verbas incontroversas. Indefiro tal pleito. Diferenças de Verbas Rescisórias Sem prejuízo dos reflexos deferidos neste julgado, o Autor não faz jus a quaisquer outras diferenças de verbas rescisórias, uma vez que não indicou nenhuma diferença a seu favor. Indefiro. Multas dos Artigos 467 e 477, §8º da Consolidação das Leis do Trabalho Inexistentes verbas rescisórias incontroversas, bem como respeitado o prazo legal para o pagamento das mesmas, improcedem as multas, sendo que a eventual existência de diferenças decorrentes de verbas deferidas em Juízo não enseja a aplicação das penalidades em comento. As verbas rescisórias foram depositadas na conta bancária do Autor em 21.10.22. O TRCT juntado aos autos foi devidamente assinado pelo Reclamante em 13.10.22. O FGTS e a multa de 40% foram depositados no dia 19.10.22, ao passo que o FGTS foi soerguido poucos dias após a rescisão contratual o que deixa inequívoco a entrega dos documentos rescisórias. Indefiro os pleitos em epígrafe. Horas Extraordinárias O Autor deve indicar na peça vestibular os fatos que podem demonstrar a nulidade os registros de horário, quando estes existem, ou os fatos que indicam a não observância da obrigação, pelo empregador, de manter os controles da jornada. O Réu, por sua vez, deve apresentar os registros mecânicos ou manuais os quais está obrigado a guardar, ou então indicar os fatos que justificam a sua inexistência ou a dificuldade em apresentá-los. Sobre esses fatos repousará a prova das partes. O Reclamante alega que trabalha em regime de sobrejornada, desempenhando suas funções das 07h00 às 19h00 de segunda a sexta-feira e das 07h00 às 16h00 aos sábados, com 30 (trinta) minutos de intervalo para refeição e descanso. Pleiteia o pagamento de horas extraordinárias, pelo sobejamento da jornada diária e semanal, bem como as intervalares do art. 71 da CLT. A Reclamada, contestando a pretensão de recebimento de horas extraordinárias, impugnou a jornada de trabalho da prefacial, sustentou que o Reclamante cumpria jornada de segunda-feira a sexta-feira das 07h00 às 17h00 de segunda a quinta-feira e das 07h00 às 16h00 às sextas-feiras, sempre com intervalo 01 (uma) hora de intervalo para refeição e descanso. Afirma que os horários efetivamente cumpridos encontram-se estampados nos controles de jornada juntados com a defesa e que havia acordo de compensação/prorrogação de jornada. A questão da delimitação da jornada, portanto, é uma consequência lógica do desempenho do encargo probatório, entendimento este que encontra amparo na circunstância de que a prova da duração da jornada é essencialmente documental para o empregador com mais de 20 empregados (atual redação do art. 74, parágrafo 2º, da CLT), só cabendo a prova testemunhal para a demonstração da jornada nos casos em que o empregador não esteja obrigado a esse controle. Da adoção de irregular controle de horário, ou da inexistência dos mesmos quando obrigatórios, decorre a predominância da versão do empregado no que se refere à jornada de trabalho cumprida, uma vez não afastada por prova em contrário, sob pena de compactuar o Juízo com procedimentos que distam do real sentido da lei. Nesse sentido, não há como ser atribuída credibilidade aos horários consignados nos controles de jornada juntados aos autos pela 1ª Reclamada, haja vista que, a maioria esmagadora dos referidos documentos contam com o registro de horários britânicos, com pouquíssimas variações de alguns minutos, a fim de registrar o cumprimento da jornada contratual. A assinalação de variações mínimas de horários de entrada e saída, mormente quando inferiores a 05 minutos diários, como o caso dos autos, deixa transparecer o nítido propósito da empregadora de não remunerar o empregado pelas horas extraordinárias cumpridas. Assim, considero os controles de jornada juntados aos autos pela Ré imprestáveis como meio de prova, prevalecendo a versão da prefacial quanto aos horários de entrada e saída, uma vez que a Reclamada não se desincumbiu satisfatoriamente do ônus que passou a lhe caber em virtude da jornada britânica apresentada nos autos (Súmula do C. TST nº 338, III). "Jornada de trabalho. Registro. Ônus da prova. (Res. 36/1994, DJ 18.11.1994. Redação alterada - Res 121/2003, DJ 19.11.2003. Nova redação em decorrência da incorporação das Orientações Jurisprudenciais nºs 234 e 306 da SDI-1 - Res. 129/2005, DJ. 20.04.2005) I - É ônus do empregador que conta com mais de 10 (dez) empregados o registro da jornada de trabalho na forma do art. 74, § 2º, da CLT. A não-apresentação injustificada dos controles de frequência gera presunção relativa de veracidade da jornada de trabalho, a qual pode ser elidida por prova em contrário. (ex-Súmula nº 338 - Res 121/2003, DJ 19.11.2003) II - A presunção de veracidade da jornada de trabalho, ainda que prevista em instrumento normativo, pode ser elidida por prova em contrário. (ex-OJ nº 234 - Inserida em 20.06.2001) III - Os cartões de ponto que demonstram horários de entrada e saída uniformes são inválidos como meio de prova, invertendo-se o ônus da prova, relativo às horas extras, que passa a ser do empregador, prevalecendo a jornada da inicial se dele não se desincumbir. (ex-OJ nº 306 - DJ 11.08.2003)" Neste sentido, tem se orientado a Jurisprudência deste E. Regional em casos análogos. Cito como exemplo os seguintes arestos, ora adotados como razão de decidir: CARTÕES DE PONTO. REGISTRO UNIFORME DE JORNADA. INVALIDADE. Embora a reclamada insista em alegar que os controles de frequência sempre foram preenchidos e assinados pelo autor, fato é que os cartões de ponto anexados à defesa revelaram-se imprestáveis, na medida em que, embora constem anotações manuscritas, os horários de entrada e saída são invariáveis, pelo que não podem ser considerados meio hábil de prova da jornada, por força do entendimento jurisprudencial cristalizado na Súmula 338, III do C. TST. Em uma tentativa de descaracterizar a marcação de horário britânico, a partir de novembro de 2015 o reclamante passou a registrar horários com pequenas variações de alguns minutos apenas, o que também caracteriza marcação irregular de jornada. (TRT-2 10005922620195020472 SP, Relator: BEATRIZ HELENA MIGUEL JIACOMINI, 2ª Turma - Cadeira 4, Data de Publicação: 21/11/2020) CONTROLES DE PONTO. PEQUENAS VARIAÇÕES DE HORÁRIOS. INVALIDADE. São inválidos os controles de ponto que contêm registros com pequenas variações de horários que se revezam sistematicamente, de modo que não são hábeis a comprovar a efetiva jornada cumprida pelo obreiro, aplicando-se à hipótese a invalidade prevista no inciso III da Súmula 338 do C. TST. (TRT-2 10005139120205020058 SP, Relator: MARIA ELIZABETH MOSTARDO NUNES, 12ª Turma - Cadeira 5, Data de Publicação: 20/09/2021) Assim, incumbia à Reclamada comprovar a veracidade da jornada estampada nos referidos controles de jornada com marcação britânica bem como a jornada declinada em sede de defesa, o que efetivamente não ocorreu. Ainda que assim não fosse, a testemunha obreira, a única ouvida em Juízo, corroborando os fatos narrados na prefacial, declarou que “trabalhava das 7h às 19h de segunda a sexta e sábados das 7h às 16h, com intervalo para refeição e descanso de 30 minutos; que assinava cartão de ponto já totalmente marcado no final do mês, sendo que não cabia ao depoente bater o ponto; que não se recorda da época em que o reclamante chegou na referida obra; que o reclamante cumpria os mesmos horários do depoente, inclusive quanto ao tempo de intervalo; que a obra não parava completamente para intervalo para refeição e descanso”, A Reclamada, por sua vez, não produziu prova testemunhal nos autos, ônus que lhe competia, nos termos da Sumula 338 do C. TST. Ante a extrapolação diária da jornada de trabalho, não há como ser atribuída validade ao regime de compensação de jornada praticado pela Ré. Destarte, defiro o pedido de horas extraordinárias, por todo o período contratual, considerando-se como tais as excedentes da 8ª diária e 44ª semanal, não se computando na apuração do módulo semanal as horas extraordinárias já computadas na apuração do módulo diário, a fim de se evitar o pagamento dobrado, a serem apuradas com base na jornada fixada das 07h00 às 19h00 de segunda a sexta-feira e das 07h00 às 16h00 aos sábados, com 30 (trinta) minutos de intervalo para refeição e descanso. Condeno, ainda, a Reclamada ao pagamento de 30 (trinta) minutos a título de horas extras intervalares, por todo o período contratual, sem reflexos nas demais verbas trabalhistas dada a sua natureza indenizatória (art. 71, § 4º, da CLT, com a redação dada pela Lei nº 13.467/2017). Para o cômputo das horas extraordinárias concedidas deve-se observar: a) evolução salarial e a globalidade salarial do Reclamante reconhecida neste julgado; b) o adicional de 50%; c) o divisor 220; d) os dias efetivamente trabalhados, com base nos controles de jornada juntados aos autos pela defesa, excluindo-se períodos de férias, licenças médicas, faltas e os afastamentos, devidamente comprovados nos autos; e) a base de cálculo, na forma da Súmula 264 do Tribunal Superior do Trabalho; f) observar-se-á o disposto no art. 58, § 1º, sendo extraordinário todo o tempo superior a 10 (dez) minutos (Súmula do C. TST nº 366). Registro que, em relação às horas intervalares, o adicional de horas extras será sempre o de 50% por previsão expressa no art. 71, § 4º, da CLT. No que diz respeito às horas extras intervalares, dada a sua natureza indenizatória, as mesmas não repercutem nas demais verbas trabalhistas nos termos do art. 71, § 4º, da CLT. Dada a habitualidade do trabalho em sobrejornada, defiro também os reflexos de horas extraordinárias em repousos semanais remunerados, férias acrescidas de 1/3, gratificações natalinas, aviso prévio, bem como FGTS + 40% sobre as horas e reflexos supra deferidos (inclusive sobre DSR’s dado o cancelamento da Orientação Jurisprudencial da SDI 1 nº 394 - incidente de recurso de revista repetitivo IRR-10169-57.2013.5.05.0024), salvo férias+1/3. Diferenças de Vale-Refeição As convenções coletivas da categoria autorizam que os empregadores substituam o pagamento do vale-refeição diário por vale supermercado mensal de valor fixo. Cito como exemplo o disposto na CCT 2022/2024: “C2) TÍQUETE REFEIÇÃO, que terá o valor mínimo de R$27,56 (vinte e sete reais e cinquenta e seis centavos). O empregado receberá tantos Tíquetes Refeição quantos forem os dias de trabalho efetivo no mês, a partir de 1º/5/2022, compensando-se os valores já pagos antes da assinatura deste instrumento, devendo as diferenças ser pagas, por meio de crédito no respectivo cartão magnético juntamente com a folha do mês de junho de 2022. i) O EMPREGADO ALOJADO EM OBRA receberá 1 (um) Tíquete Refeição para almoço e outro para o jantar, tantos quantos forem os dias do mês. OU, C3) VALE SUPERMERCADO, por meio de cartão magnético, equivalente a uma cesta básica, que após estudos realizados por ambas as partes, levando em consideração as necessidades de alimentação do trabalhador e de sua família, terá o valor fixo mensal mínimo de R$ 391,40 (trezentos e noventa e um reais e quarenta centavos) a partir de 1º/5/2022, compensando-se os valores já pagos antes da assinatura deste instrumento, devendo as diferenças serem pagas, por meio de crédito no respectivo cartão magnético juntamente com a folha do mês de junho de 2022. No caso dos autos, os valores previstos nas CCTs da categoria para o benefício vale-supermercado foram comprovadamente pagos por meio de recibos juntados aos autos. Em sede de depoimento pessoal, o Autor declarou que recebia vale-refeição que cobria os gastos do mês. Ante o exposto, não vislumbro descumprimento das normas coletivas da categoria e nem tampouco prejuízo para o trabalhador, de sorte que indefiro as diferenças postuladas. Improcede o pedido. Diferenças de Vale-Transporte O Reclamante alega na prefacial que o gasto diário para se locomover no trajeto do trabalho para sua residência e vice-versa era de R$ 17,60, mas a Reclamada lhe pagava somente 02 (duas) conduções diárias e não lhe fornecia vale-transporte para o trabalho realizado aos sábados. Em primeiro lugar, verifico que o termo de opção do vale-transporte juntado aos autos conta com a indicação de que o gasto diário efetuado pelo Reclamante era de R$ 8,80/dia. Em sede de depoimento pessoal, declarou o Autor que “recebia vale-transporte via PIX, pagos quinzenalmente”. Assim sendo, faz jus o Autor somente ao pagamento de indenização substitutiva do vale-transporte quando do trabalho realizado aos sábados, uma vez que os valores de R$ 176,00, que normalmente eram pagos pela Ré, asseguravam tão somente o transporte referente a 20 (vinte) dias laborados. Com efeito, o não pagamento do vale-transporte pelo trabalho realizado aos sábados é fato incontroverso nestes autos, haja vista que a defesa nega o trabalho em tais dias, o que restou infirmado pela prova testemunhal produzida pela parte autora. Destarte, condeno a Reclamada ao pagamento de diferenças de vale-transporte, por todo o período contratual, referente ao trabalho realizado aos sábados, a serem apuradas com base na jornada fixada neste julgado. Responsabilidade da 2ª Reclamada Requer, o Autor, a condenação em caráter principal da 1ª Reclamada e, sob a forma de responsabilidade subsidiária/solidária, das 2ª e 3ª Reclamadas, com fulcro na Súmula do C. TST nº 331, IV, em virtude de sua condição de tomadoras de serviços. Não há que se falar em solidariedade pura, uma vez que não constatada a intermediação fraudulenta de mão de obra. Indefiro. Em sua defesa, sustenta a tomadora que nunca foi a empregadora do Autor; que foi pactuado contrato de prestação de serviços com a 1ª Reclamada, evidenciando típica terceirização; que não houve culpa in eligendo ou in vigilando, vez que o Autor se subordinou unicamente à real empregadora. Nega a existência de responsabilidade subsidiária/solidária. A diretriz estampada na Súmula do C. TST nº 331 contempla hipótese de terceirização de mão de obra, na atividade-meio da empresa, sufragando o entendimento de que o tomador de serviço é responsável subsidiariamente, em razão da culpa in eligendo, pelas obrigações trabalhistas não adimplidas pela empresa prestadora de serviços. O fundamento à responsabilização do tomador de serviços reside precipuamente na proteção aos créditos trabalhistas devidos ao empregado, devendo ser afastada a alegação empresarial de inexistência de norma legal ou ajuste contratual a autorizar a imputação. Restou incontroversa a existência de contrato de prestação de serviços entre as acionadas, consoante o teor das defesas apresentadas. No que diz respeito ao período de efetiva prestação de serviços, acolho a versão da inicial, uma vez que confirmada pelo depoimento da testemunha obreira. Em sendo assim, beneficiando-se a tomadora de serviços com o labor expendido pelo Reclamante, presente um dos requisitos da responsabilização subsidiária pelo adimplemento das obrigações laborais. Tem-se que a responsabilidade subsidiária das tomadoras de serviços encontra suporte na teoria do risco empresarial, que deságua no reconhecimento da responsabilidade objetiva. Se a empresa usufrui dos benefícios, deve arcar com os ônus decorrentes, pois, uma vez que se utiliza da prerrogativa de contratar terceiros para o fornecimento de mão de obra necessária à execução de serviços especializados, torna-se responsável pelo adimplemento das obrigações trabalhistas dos empregados da prestadora porque lhe incumbe diligenciar na respectiva escolha. A inidoneidade financeira dessa empresa caracteriza a culpa in eligendo e obriga a tomadora a suportar os ônus consequentes da relação, posto que foi a beneficiária dos serviços terceirizados. A 2ª Reclamada não se vale da exceção prevista na OJ nº 191 da SDI-I do C. TST, diante da atuação da mesma nos ramos da construção civil e empreendimentos imobiliários, ao passo que a Súmula 331, IV, do C. TST engloba também a hipótese aventada no art. 455 da CLT, no que a responsabilidade subsidiária da tomadora é, em tese, juridicamente possível. Ademais, a prova produzida nos autos demonstra que o Reclamante efetivamente prestou serviços em favor da 2ª Reclamada, no período de 04.03.2022 a 13.10.2022, conforme confirmado pela prova oral, por meio do contrato havido com a 1ª Ré, sendo que o diploma coletivo acostado aos autos pelo Reclamante (Cláusula 10ª), perfeitamente aplicável ao caso em tela diante da atividade preponderante das empresas acionadas, prevê a responsabilidade solidária de empreiteiros e subempreiteiros, de tal sorte que condeno a 2ª Reclamada a responder subsidiariamente pelos créditos deferidos neste julgado. “No caso de omissão do acima exposto, e em quaisquer hipóteses, as empresas CONTRATANTES responderão subsidiariamente pelas obrigações trabalhistas e previdenciárias dos empregados, inclusive pelo cumprimento da presente Convenção Coletiva de Trabalho.” Havendo previsão de responsabilização subsidiária na CCT da categoria pelas obrigações trabalhistas e previdenciárias da empresa contratada em quaisquer hipóteses. Assim, não há como se alegar nenhuma ilegalidade e inconstitucionalidade na condenação subsidiária de tomadora de serviços, mormente no caso dos autos no qual a tomadora nem sequer fiscalizava a prestação de serviços, conforme confessado pela preposta da 2ª Ré em seu depoimento pessoal. Cuidando-se de hipótese de responsabilidade subsidiária fundada na prestação de serviços, não há que se falar de benefício de ordem ou de esgotamento da execução ou de prévia desconsideração da personalidade da 1ª Reclamada para o início de execução em face da 2ª Ré, mas sim o mero inadimplemento das obrigações trabalhistas, nos termos da Súmula 331 do C. TST. As responsabilidades subsidiárias da 2ª Reclamada abrange todas as parcelas integrantes da condenação, inclusive custas, honorários e contribuições previdenciárias. Não responde a tomadora por obrigações de fazer a cargo da 1ª Reclamada por se tratar de obrigações personalíssimas. Dispositivo Em razão do quanto exposto e à vista do que mais dos autos consta, julgo PROCEDENTES EM PARTE os demais pedidos formulados por FABIO JUNIOR MARTINS DOS ANJOS, para condenar A.R.A CONSTRUÇÕES EIRELI e, subsidiariamente, KALLAS INCORPORAÇÕES E CONSTRUÇÕES S/A. ao pagamento das seguintes verbas deferidas na fundamentação que passa a fazer parte integrante deste "decisum": a) reflexos do salário produção pago “por fora”, ora arbitrado em R$ 2.878,22, em média, por mês, integrado à remuneração obreira para fins de apuração de diferenças de saldo de salário, gratificações natalinas, férias +1/3, repousos semanais remunerados aviso prévio e FGTS+40% de todo o período contratual vindicado na prefacial; b) horas extraordinárias, por todo o período contratual, considerando-se como tais as excedentes da 8ª diária e 44ª semanal, não se computando na apuração do módulo semanal as horas extraordinárias já computadas na apuração do módulo diário, a fim de se evitar o pagamento dobrado, a serem apuradas com base na jornada fixada das 07h00 às 19h00 de segunda a sexta-feira e das 07h00 às 16h00 aos sábados, com 30 (trinta) minutos de intervalo para refeição e descanso, com reflexos em repousos semanais remunerados, férias acrescidas de 1/3, gratificações natalinas, aviso prévio, bem como FGTS + 40% sobre as horas e reflexos supra deferidos (inclusive sobre DSR’s dado o cancelamento da Orientação Jurisprudencial da SDI 1 nº 394 - incidente de recurso de revista repetitivo IRR-10169-57.2013.5.05.0024), salvo férias+1/3, respeitados os termos e parâmetros da fundamentação; c) 30 (trinta) minutos a título de horas extras intervalares, por todo o período contratual, sem reflexos nas demais verbas trabalhistas dada a sua natureza indenizatória (art. 71, § 4º, da CLT, com a redação dada pela Lei nº 13.467/2017), respeitados os termos e parâmetros da fundamentação, e; d) indenização substitutiva do vale-transporte, por todo o período contratual, referente ao trabalho realizado aos sábados, a serem apuradas com base na jornada fixada neste julgado. A 1ª Reclamada deverá ser intimada a efetuar as anotações devidas na CTPS do Autor, a fim de acrescer à remuneração do Reclamante o pagamento do salário produção, na média de R$ 2.878,22/mês, no prazo de 08 (oito) dias do trânsito em julgado da presente decisão, restando proibida de fazer qualquer menção quanto ao fato da anotação decorrer de determinação judicial (art.29,§§ 4º e 5º da CLT), sob pena de multa diária pelo descumprimento, a ser cominada em momento processual oportuno. Concedo ao Reclamante os benefícios da gratuidade judiciária prevista no art. 790, § 3º, da Consolidação das Leis do Trabalho. A apuração das verbas deferidas nestes autos ficará limitada ao primeiro contrato de trabalho com registro de 04.03.2022 a 13.10.2022, nos termos da fundamentação. A responsabilidade da 2ª Reclamada, reconhecida neste Julgado, abrange todo o período contratual (04.03.2022 a 13.10.2022), nos termos da fundamentação. As responsabilidades subsidiárias da 2ª Reclamada abrange todas as parcelas integrantes da condenação, inclusive custas, honorários e contribuições previdenciárias. Não responde a tomadora por obrigações de fazer a cargo da 1ª Reclamada por se tratar de obrigações personalíssimas. A atualização dos créditos deferidos neste Julgado será feita conforme decisão do STF no julgamento conjunto das ADCs 58 e 59 e ADIns 5.867 e 6.021. Trata-se de decisão com efeito vinculante, restando superada a controvérsia quanto ao tema. Assim, o IPCA-E será adotado como índice de correção monetária tão somente na fase pré-judicial, acrescido de juros moratórios previstos no caput do artigo 39, da Lei 8.177/1991 (juros TRD). Após o ajuizamento, deverá ser aplicada a SELIC como índice único, a qual já contempla em seu bojo tanto os juros quanto a correção monetária. A contribuição previdenciária incidirá sobre as verbas de natureza salarial (art. 832, § 3º, CLT, com a redação da Lei 10.035/2000), assim consideradas apenas as parcelas integrantes do salário de contribuição, conforme previsto no artigo 28 da Lei n. 8.212/91. Isto posto, determino os descontos previdenciários incidentes, devidos mês a mês (Súmula 368, III, C. TST), a cargo do empregador (tanto em relação à sua cota, quanto em relação à cota do empregado), que deverá comprovar nos autos os recolhimentos devidos sobre as verbas deferidas, sendo que, com relação à cota do empregado, está o empregador autorizado a deduzir a cota-parte do empregado dos valores a serem pagos a este último, a teor do disposto na Orientação Jurisprudencial da SDI 1 nº 363, limitado ao teto de contribuição. Determino a dedução dos descontos fiscais sobre o valor total da condenação e de acordo com o que determina a Instrução Normativa 1.127 da Secretaria da Receita Federal do Brasil, devendo ser calculado sobre o principal tributável, corrigido monetariamente, excluídos os juros de mora (OJ 400 da SDI-1 do C. TST), as verbas indenizatórias e previdenciárias e os valores relativos ao FGTS, nos termos do § 2º do artigo 46 da Lei n. 8.541/92, do inciso V do artigo 6º da Lei n. 7.713/88 e do Provimento n. 01/96 da Corregedoria Geral do C. TST. Deverá ser observada a tabela de progressividade quanto ao imposto de renda, em razão da alteração advinda com o artigo 12-A no corpo da lei 7.713/88, por força da Lei 12.350/10 (regulamentada pela Instrução Normativa RFB nº 1127/2001 e demais alterações na apuração do IR tais como o art. 37 da Instrução Normativa RFB nº 1.500/2014 e Instrução Normativa RFB nº 1.558/2015), também já incorporada ao verbete 368, II, do C. TST. Para que não pairem dúvidas, cabe mencionar que a Instrução Normativa disciplina a questão de maneira geral, sendo que a OJ 400 rege apenas a exceção relativa aos juros de mora, não havendo nenhuma incompatibilidade entre ambas. Nos termos do art.791-A, §§ 2° e 3°, da CLT c/c art. 86, parágrafo único, do CPC, condeno a Reclamada ao pagamento de honorários advocatícios, em favor dos advogados do Reclamante, no importe de 10%, sobre o valor que resultar da condenação em liquidação da sentença, sem a dedução dos descontos fiscais e previdenciários, nos termos da OJ 348 da SDI-1 do TST, respeitada a subsidiariedade reconhecida, neste julgado. Nos termos do art. 791-A, §§ 2° e 3°, da Consolidação das Leis do Trabalho c/c art. 86, parágrafo único, do Código de Processo Civil, condeno o Reclamante ao pagamento de honorários advocatícios, em favor dos advogados da Reclamada, no importe de 10% sobre o montante da condenação, a ser fixada em liquidação de sentença, sem a dedução dos descontos fiscais e previdenciários, nos termos da OJ 348 da SDI-1 do TST. Os honorários sucumbenciais devidos pelo Reclamante ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade, nos termos do § 4.º do artigo 791-A da CLT e considerando a decisão do STF na ADI 5766. Custas pelas Reclamadas, no importe de R$ 800,00, calculadas sobre o valor arbitrado para a condenação de R$ 40.000,00. Intimem-se. Nada mais. JOSÉ DE BARROS VIEIRA NETO JUIZ FEDERAL DO TRABALHO 16 de maio de 2025 JOSE DE BARROS VIEIRA NETO Juiz do Trabalho Titular Intimado(s) / Citado(s) - A.R.A CONSTRUCOES EIRELI - KALLAS INCORPORACOES E CONSTRUCOES S/A.

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