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Gilvania Mauricio Da Silva x L.H.S. Solucoes Em Servicos Ltda

ID: 315266875

Tribunal: TRT15 Órgão: 8ª Câmara Classe: RECURSO ORDINáRIO - RITO SUMARíSSIMO Nº Processo: 0011369-13.2023.5.15.0108

Data de Disponibilização: 03/07/2025

Polo Ativo:

GILVANIA MAURICIO DA SILVA

Polo Passivo:

L.H.S. SOLUCOES EM SERVICOS LTDA

Acórdão

Advogados:

GILBERTO CESAR DURO DE LUCCA

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 15ª REGIÃO 8ª CÂMARA Relatora: ERODITE RIBEIRO DOS SANTOS RORSum 0011369-13.2023.5.15.0108 RECORRENTE: GILVANIA MAURICIO DA… PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 15ª REGIÃO 8ª CÂMARA Relatora: ERODITE RIBEIRO DOS SANTOS RORSum 0011369-13.2023.5.15.0108 RECORRENTE: GILVANIA MAURICIO DA SILVA RECORRIDO: L.H.S. SOLUCOES EM SERVICOS LTDA PROCESSO TRT/15ª REGIÃO Nº 0011369-13.2023.5.15.0108 (RORSum) RECURSO ORDINÁRIO - RITO SUMARÍSSIMO RECORRENTE: GILVANIA MAURICIO DA SILVA RECORRIDA: L.H.S. SOLUÇÕES EM SERVIÇOS LTDA ORIGEM: VARA DO TRABALHO DE SÃO ROQUE JUIZ SENTENCIANTE: MARCUS MENEZES BARBERINO MENDES RELATORA: ERODITE RIBEIRO DOS SANTOS RLB Dispensado o relatório, nos termos do art. 852-I, da CLT (processo sob o rito sumaríssimo). VOTO O recurso ordinário interposto pela reclamante ID. a3cc4d1 em face da r. sentença ID. 5b54213 (de parcial procedência) é tempestivo e a representação é regular. Não há óbice à apreciação da matéria. Presentes todos os pressupostos de admissibilidade, conheço do apelo. Da Indenização por Dano Moral O MM. Juízo a quo indeferiu o pedido de indenização por dano moral, consignando (ID. 5b54213): "III - DANOS À PERSONALIDADE. A autora pretende o recebimento de indenização por danos morais em razão da não quitação do salário maternidade pela ré. O inadimplemento do salário maternidade repercutiu na esfera patrimonial da trabalhadora, causando-lhe dano material que, inclusive, já foi restabelecido com a verba deferida nesta sentença. O fato narrado se encontra no plano patrimonial. Não comprovados outros danos ou que a ré tenha agido com culpa decorrente de gestão temerária ou que voluntariamente não tenha pago as verbas devidas. Não configurada lesão a direito da personalidade. IMPROCEDENTE o pedido." A reclamante recorre, argumentando que, ao longo de todo o período de licença maternidade, a reclamada "realizou apenas o depósito no valor de R$1.200,00 a esse título no mês de julho/2023, como se denota pelo comprovante de transferência (pix) anexo aos autos, e a partir do mês de agosto/2023 não realizou mais o pagamento do benefício"; que, sendo assim, é evidente a situação de dano moral por ela sofrida; que a ré a manteve desassistida, à beira da miséria, durante um dos períodos mais sensíveis e difíceis da vida de uma mulher (a gravidez); que é inegável que o inadimplemento do salário-maternidade ofende a dignidade da trabalhadora, gerando dano moral presumido; que foi decretada a revelia da ré, de modo que se presumem os fatos articulados na exordial. Com razão a recorrente. A indenização por dano moral no âmbito trabalhista fundamenta-se no art. 5º, V e X, da CF/88, nos arts. 186, 927 e 932, III, do Código Civil de 2002, bem como, a partir de 11/11/2017 (data de início de vigência da Lei nº 13.467/2017), nos arts. 223-A a 223-G, da CLT. Para que a indenização seja devida, devem ser demonstrados a conduta ilícita, o dano efetivo à vítima (caso não se trate de dano in re ipsa/presumido), o nexo causal entre a conduta e o dano e o elemento subjetivo (dolo ou culpa do agente). O ônus de prova competia à parte autora (art. 818, I, da CLT), que dele se desincumbiu. Na petição inicial (ID. bad1329), protocolada em 14/09/2023, a reclamante aduziu: "Conforme relatado nos itens anteriores, a reclamante encontra-se em licença-maternidade desde o dia 06/06/2023, conforme se denota pelo atestado em anexo. Porém, a reclamada não está arcando com a sua obrigação de pagar o salário-maternidade à obreira, apenas realizou o depósito no valor de R$1.200,00 no mês de julho/2023, como se denota pelo comprovante de pix (doc. anexo) e a partir do mês de agosto/2023 não realizou mais o pagamento do benefício. Desse modo, a reclamante se encontra desamparada e em situação de precariedade, necessitando sobreviver com a ajuda prestada pelos familiares e amigos, visto que está no período de licença-maternidade e sem outras fontes de renda, necessitando do benefício para manter a sua subsistência e a do seu filho recém nascido, o que lhe causou profundo abalo na sua dignidade e moral. A reclamada não está cumprindo com a sua obrigação de pagar o salário-maternidade para a reclamante lhe causando prejuízos financeiros e emocionais, logo em um período tão delicado e que mais necessitava de amparo. Em decorrência da responsabilidade da Reclamada, com todas as situações de perseguição relatadas, cabe, dentre os direitos e garantias fundamentais previstos na Constituição Federal, a indenização pelo dano moral (artigo 5º, inciso V e X), seja pela dor em si, seja pela diminuição da sua capacidade de trabalho, as quais afetam a Dignidade da Pessoa Humana." Na r. sentença, a reclamada (L.H.S. SOLUÇÕES EM SERVIÇOS LTDA) foi declarada revel e confessa quanto à matéria de fato, por não ter apresentado defesa nem comparecido à audiência ID. b31ad49. Não foi interposto recurso quanto a esse aspecto. Pois bem. Os meros descumprimentos de obrigações trabalhistas não acarretam dano moral in re ipsa, não configurando, por si sós, violação de direitos de personalidade ou ofensa à dignidade humana. Nesse sentido, a iterativa jurisprudência do C. TST: "(...) A jurisprudência desta Corte vem firmando o posicionamento de que o simples descumprimento de obrigações trabalhistas, por si só, não tem o condão de ensejar a indenização por dano moral, quando não demonstrada a efetiva repercussão na esfera íntima do empregado. (...)" (Processo: RRAg - 1651-26.2014.5.01.0551. 8ª Turma. Relatora: Dora Maria da Costa. Julgamento: 02/04/2025. Publicação: 08/04/2025) "(...) III - AGRAVO DE INSTRUMENTO DO RECLAMANTE. DANO MORAL. AUSÊNCIA DE PAGAMENTO DOS MINUTOS RESIDUAIS. MERO INADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES TRABALHISTAS. TRANSCENDÊNCIA NÃO RECONHECIDA. NÃO PROVIMENTO. 1. O mero inadimplemento de obrigações trabalhistas decorrentes do contrato de emprego não resulta em dano aos direitos da personalidade do empregado. Para o acolhimento do pedido de pagamento de reparação por dano moral, exige-se comprovação efetiva de algum fato objetivo a partir do qual se possa deduzir o abalo moral sofrido pelo empregado. Precedentes. 2. Na hipótese, a Corte Regional indeferiu a compensação por dano moral, por resultar ausentes os requisitos da referida indenização, registrando que a lesão no âmbito moral não decorre do mero inadimplemento de obrigações trabalhistas. 3. Dessa forma, a decisão regional está de acordo com a jurisprudência desta Corte Superior. Não preenchido os requisitos como ato ilícito, dano e nexo causal, não há falar em compensação por danos morais a afastar a transcendência da causa. Agravo de instrumento a que se nega provimento. (...)" (Processo: RRAg - 1001793-21.2017.5.02.0473.8ª Turma. Relator: José Pedro de Camargo Rodrigues de Souza. Julgamento: 02/04/2025. Publicação: 08/04/2025) "(...) I. De acordo com a jurisprudência iterativa, notória e atual do Tribunal Superior do Trabalho, o mero descumprimento de obrigações trabalhistas, como a imposição de jornada excessiva, por si só, não enseja o reconhecimento automático da ocorrência de dano moral, com o consequente dever de indenizar, sendo necessária a demonstração de que tal fato ofendeu os direitos da personalidade. Além disso, entende-se que o cumprimento de jornada extenuante pela prestação de horas extras habituais, por si só, não resulta em dano existencial, sendo imprescindível a demonstração do efetivo prejuízo pessoal ou ao convívio familiar e social. (...)" (Processo: Ag-RR - 1002040-65.2016.5.02.0431. 7ª Turma. Relator: Evandro Pereira Valadão Lopes. Julgamento: 18/03/2025. Publicação: 28/03/2025) - grifei Todavia, como a reclamada foi declarada revel e confessa quanto à matéria fática, reputo verídicas as alegações da exordial de que o inadimplemento do salário-maternidade deixou a reclamante "desassistida, à beira da miséria", gerando-lhe dano extrapatrimonial. Ex positis, provejo para condenar a reclamada ao pagamento de indenização por dano moral no importe de R$ 3.000,00 ( três mil reais), levando-se em conta que seu salário contratual era de R$1.500,00 (vide CTPS ID.2d55f85). O quantum indenizatório é baseado em precedentes desta C. Câmara, nos princípios da razoabilidade e proporcionalidade, no caráter pedagógico da medida, na vedação do enriquecimento sem causa e no período de inadimplemento do salário-maternidade (dois meses, considerando-se o relato da inicial e a data do ajuizamento da ação). O valor deferido será atualizado conforme a decisão do Excelso STF na ADC 58 (incidência da taxa SELIC, englobando juros e correção monetária) e a decisão da Suprema Corte na Rcl 62698 SP (atualização desde a data do ajuizamento da ação). Prequestionamento Nos termos da fundamentação, fixam-se as razões de decidir para fins de prequestionamento, ressalvando-se que a adoção de tese explícita a respeito da matéria dispensa a expressa menção a dispositivos legais e constitucionais (inteligência da Súmula 297, do C. TST e da OJ 118, da SBDI-1, do C. TST). Recurso da parte Item de recurso Diante do exposto, nos termos da fundamentação, decide-se conhecer do recurso ordinário interposto pela reclamante, GILVANIA MAURICIO DA SILVA, e DAR-LHE PROVIMENTO para condenar a reclamada ao pagamento de indenização por dano moral no importe de R$ 3.000,00 (três mil reais). Rearbitra-se o valor da condenação para 13.000,00. Custas adicionais, pela ré, de R$ 60,00, calculadas sobre o valor acrescido à condenação. PROCESSO JULGADO EM SESSÃO ORDINÁRIA REALIZADA EM 17 DE JUNHO DE 2025. Presidiu Regimentalmente o julgamento a Exma. Sra. Desembargadora do Trabalho Erodite Ribeiro dos Santos. Composição: Relatora: Desembargadora do Trabalho Erodite Ribeiro dos Santos Desembargador do Trabalho Claudinei Zapata Marques Juiz do Trabalho José Antônio Gomes de Oliveira Convocado o Juiz do Trabalho José Antônio Gomes de Oliveira na cadeira auxílio. Ministério Público do Trabalho: Exmo(a). Sr(a). Procurador(a) ciente. ACÓRDÃO Acordam os magistrados da 8ª Câmara - Quarta Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região em julgar o processo nos termos do voto proposto pela Exma. Sra. Relatora. Votação unânime. ERODITE RIBEIRO DOS SANTOS Desembargadora Relatora Votos Revisores CAMPINAS/SP, 02 de julho de 2025. RAQUEL CRISTINA JACOBUCCI PEROCCO Diretor de Secretaria Intimado(s) / Citado(s) - GILVANIA MAURICIO DA SILVA

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Gilvania Mauricio Da Silva x L.H.S. Solucoes Em Servicos Ltda

ID: 315266895

Tribunal: TRT15 Órgão: 8ª Câmara Classe: RECURSO ORDINáRIO - RITO SUMARíSSIMO Nº Processo: 0011369-13.2023.5.15.0108

Data de Disponibilização: 03/07/2025

Polo Ativo:

GILVANIA MAURICIO DA SILVA

Polo Passivo:

L.H.S. SOLUCOES EM SERVICOS LTDA

Acórdão

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GILBERTO CESAR DURO DE LUCCA

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PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 15ª REGIÃO 8ª CÂMARA Relatora: ERODITE RIBEIRO DOS SANTOS RORSum 0011369-13.2023.5.15.0108 RECORRENTE: GILVANIA MAURICIO DA… PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 15ª REGIÃO 8ª CÂMARA Relatora: ERODITE RIBEIRO DOS SANTOS RORSum 0011369-13.2023.5.15.0108 RECORRENTE: GILVANIA MAURICIO DA SILVA RECORRIDO: L.H.S. SOLUCOES EM SERVICOS LTDA PROCESSO TRT/15ª REGIÃO Nº 0011369-13.2023.5.15.0108 (RORSum) RECURSO ORDINÁRIO - RITO SUMARÍSSIMO RECORRENTE: GILVANIA MAURICIO DA SILVA RECORRIDA: L.H.S. SOLUÇÕES EM SERVIÇOS LTDA ORIGEM: VARA DO TRABALHO DE SÃO ROQUE JUIZ SENTENCIANTE: MARCUS MENEZES BARBERINO MENDES RELATORA: ERODITE RIBEIRO DOS SANTOS RLB Dispensado o relatório, nos termos do art. 852-I, da CLT (processo sob o rito sumaríssimo). VOTO O recurso ordinário interposto pela reclamante ID. a3cc4d1 em face da r. sentença ID. 5b54213 (de parcial procedência) é tempestivo e a representação é regular. Não há óbice à apreciação da matéria. Presentes todos os pressupostos de admissibilidade, conheço do apelo. Da Indenização por Dano Moral O MM. Juízo a quo indeferiu o pedido de indenização por dano moral, consignando (ID. 5b54213): "III - DANOS À PERSONALIDADE. A autora pretende o recebimento de indenização por danos morais em razão da não quitação do salário maternidade pela ré. O inadimplemento do salário maternidade repercutiu na esfera patrimonial da trabalhadora, causando-lhe dano material que, inclusive, já foi restabelecido com a verba deferida nesta sentença. O fato narrado se encontra no plano patrimonial. Não comprovados outros danos ou que a ré tenha agido com culpa decorrente de gestão temerária ou que voluntariamente não tenha pago as verbas devidas. Não configurada lesão a direito da personalidade. IMPROCEDENTE o pedido." A reclamante recorre, argumentando que, ao longo de todo o período de licença maternidade, a reclamada "realizou apenas o depósito no valor de R$1.200,00 a esse título no mês de julho/2023, como se denota pelo comprovante de transferência (pix) anexo aos autos, e a partir do mês de agosto/2023 não realizou mais o pagamento do benefício"; que, sendo assim, é evidente a situação de dano moral por ela sofrida; que a ré a manteve desassistida, à beira da miséria, durante um dos períodos mais sensíveis e difíceis da vida de uma mulher (a gravidez); que é inegável que o inadimplemento do salário-maternidade ofende a dignidade da trabalhadora, gerando dano moral presumido; que foi decretada a revelia da ré, de modo que se presumem os fatos articulados na exordial. Com razão a recorrente. A indenização por dano moral no âmbito trabalhista fundamenta-se no art. 5º, V e X, da CF/88, nos arts. 186, 927 e 932, III, do Código Civil de 2002, bem como, a partir de 11/11/2017 (data de início de vigência da Lei nº 13.467/2017), nos arts. 223-A a 223-G, da CLT. Para que a indenização seja devida, devem ser demonstrados a conduta ilícita, o dano efetivo à vítima (caso não se trate de dano in re ipsa/presumido), o nexo causal entre a conduta e o dano e o elemento subjetivo (dolo ou culpa do agente). O ônus de prova competia à parte autora (art. 818, I, da CLT), que dele se desincumbiu. Na petição inicial (ID. bad1329), protocolada em 14/09/2023, a reclamante aduziu: "Conforme relatado nos itens anteriores, a reclamante encontra-se em licença-maternidade desde o dia 06/06/2023, conforme se denota pelo atestado em anexo. Porém, a reclamada não está arcando com a sua obrigação de pagar o salário-maternidade à obreira, apenas realizou o depósito no valor de R$1.200,00 no mês de julho/2023, como se denota pelo comprovante de pix (doc. anexo) e a partir do mês de agosto/2023 não realizou mais o pagamento do benefício. Desse modo, a reclamante se encontra desamparada e em situação de precariedade, necessitando sobreviver com a ajuda prestada pelos familiares e amigos, visto que está no período de licença-maternidade e sem outras fontes de renda, necessitando do benefício para manter a sua subsistência e a do seu filho recém nascido, o que lhe causou profundo abalo na sua dignidade e moral. A reclamada não está cumprindo com a sua obrigação de pagar o salário-maternidade para a reclamante lhe causando prejuízos financeiros e emocionais, logo em um período tão delicado e que mais necessitava de amparo. Em decorrência da responsabilidade da Reclamada, com todas as situações de perseguição relatadas, cabe, dentre os direitos e garantias fundamentais previstos na Constituição Federal, a indenização pelo dano moral (artigo 5º, inciso V e X), seja pela dor em si, seja pela diminuição da sua capacidade de trabalho, as quais afetam a Dignidade da Pessoa Humana." Na r. sentença, a reclamada (L.H.S. SOLUÇÕES EM SERVIÇOS LTDA) foi declarada revel e confessa quanto à matéria de fato, por não ter apresentado defesa nem comparecido à audiência ID. b31ad49. Não foi interposto recurso quanto a esse aspecto. Pois bem. Os meros descumprimentos de obrigações trabalhistas não acarretam dano moral in re ipsa, não configurando, por si sós, violação de direitos de personalidade ou ofensa à dignidade humana. Nesse sentido, a iterativa jurisprudência do C. TST: "(...) A jurisprudência desta Corte vem firmando o posicionamento de que o simples descumprimento de obrigações trabalhistas, por si só, não tem o condão de ensejar a indenização por dano moral, quando não demonstrada a efetiva repercussão na esfera íntima do empregado. (...)" (Processo: RRAg - 1651-26.2014.5.01.0551. 8ª Turma. Relatora: Dora Maria da Costa. Julgamento: 02/04/2025. Publicação: 08/04/2025) "(...) III - AGRAVO DE INSTRUMENTO DO RECLAMANTE. DANO MORAL. AUSÊNCIA DE PAGAMENTO DOS MINUTOS RESIDUAIS. MERO INADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES TRABALHISTAS. TRANSCENDÊNCIA NÃO RECONHECIDA. NÃO PROVIMENTO. 1. O mero inadimplemento de obrigações trabalhistas decorrentes do contrato de emprego não resulta em dano aos direitos da personalidade do empregado. Para o acolhimento do pedido de pagamento de reparação por dano moral, exige-se comprovação efetiva de algum fato objetivo a partir do qual se possa deduzir o abalo moral sofrido pelo empregado. Precedentes. 2. Na hipótese, a Corte Regional indeferiu a compensação por dano moral, por resultar ausentes os requisitos da referida indenização, registrando que a lesão no âmbito moral não decorre do mero inadimplemento de obrigações trabalhistas. 3. Dessa forma, a decisão regional está de acordo com a jurisprudência desta Corte Superior. Não preenchido os requisitos como ato ilícito, dano e nexo causal, não há falar em compensação por danos morais a afastar a transcendência da causa. Agravo de instrumento a que se nega provimento. (...)" (Processo: RRAg - 1001793-21.2017.5.02.0473.8ª Turma. Relator: José Pedro de Camargo Rodrigues de Souza. Julgamento: 02/04/2025. Publicação: 08/04/2025) "(...) I. De acordo com a jurisprudência iterativa, notória e atual do Tribunal Superior do Trabalho, o mero descumprimento de obrigações trabalhistas, como a imposição de jornada excessiva, por si só, não enseja o reconhecimento automático da ocorrência de dano moral, com o consequente dever de indenizar, sendo necessária a demonstração de que tal fato ofendeu os direitos da personalidade. Além disso, entende-se que o cumprimento de jornada extenuante pela prestação de horas extras habituais, por si só, não resulta em dano existencial, sendo imprescindível a demonstração do efetivo prejuízo pessoal ou ao convívio familiar e social. (...)" (Processo: Ag-RR - 1002040-65.2016.5.02.0431. 7ª Turma. Relator: Evandro Pereira Valadão Lopes. Julgamento: 18/03/2025. Publicação: 28/03/2025) - grifei Todavia, como a reclamada foi declarada revel e confessa quanto à matéria fática, reputo verídicas as alegações da exordial de que o inadimplemento do salário-maternidade deixou a reclamante "desassistida, à beira da miséria", gerando-lhe dano extrapatrimonial. Ex positis, provejo para condenar a reclamada ao pagamento de indenização por dano moral no importe de R$ 3.000,00 ( três mil reais), levando-se em conta que seu salário contratual era de R$1.500,00 (vide CTPS ID.2d55f85). O quantum indenizatório é baseado em precedentes desta C. Câmara, nos princípios da razoabilidade e proporcionalidade, no caráter pedagógico da medida, na vedação do enriquecimento sem causa e no período de inadimplemento do salário-maternidade (dois meses, considerando-se o relato da inicial e a data do ajuizamento da ação). O valor deferido será atualizado conforme a decisão do Excelso STF na ADC 58 (incidência da taxa SELIC, englobando juros e correção monetária) e a decisão da Suprema Corte na Rcl 62698 SP (atualização desde a data do ajuizamento da ação). Prequestionamento Nos termos da fundamentação, fixam-se as razões de decidir para fins de prequestionamento, ressalvando-se que a adoção de tese explícita a respeito da matéria dispensa a expressa menção a dispositivos legais e constitucionais (inteligência da Súmula 297, do C. TST e da OJ 118, da SBDI-1, do C. TST). Recurso da parte Item de recurso Diante do exposto, nos termos da fundamentação, decide-se conhecer do recurso ordinário interposto pela reclamante, GILVANIA MAURICIO DA SILVA, e DAR-LHE PROVIMENTO para condenar a reclamada ao pagamento de indenização por dano moral no importe de R$ 3.000,00 (três mil reais). Rearbitra-se o valor da condenação para 13.000,00. Custas adicionais, pela ré, de R$ 60,00, calculadas sobre o valor acrescido à condenação. PROCESSO JULGADO EM SESSÃO ORDINÁRIA REALIZADA EM 17 DE JUNHO DE 2025. Presidiu Regimentalmente o julgamento a Exma. Sra. Desembargadora do Trabalho Erodite Ribeiro dos Santos. Composição: Relatora: Desembargadora do Trabalho Erodite Ribeiro dos Santos Desembargador do Trabalho Claudinei Zapata Marques Juiz do Trabalho José Antônio Gomes de Oliveira Convocado o Juiz do Trabalho José Antônio Gomes de Oliveira na cadeira auxílio. Ministério Público do Trabalho: Exmo(a). Sr(a). Procurador(a) ciente. ACÓRDÃO Acordam os magistrados da 8ª Câmara - Quarta Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região em julgar o processo nos termos do voto proposto pela Exma. Sra. Relatora. Votação unânime. ERODITE RIBEIRO DOS SANTOS Desembargadora Relatora Votos Revisores CAMPINAS/SP, 02 de julho de 2025. RAQUEL CRISTINA JACOBUCCI PEROCCO Diretor de Secretaria Intimado(s) / Citado(s) - L.H.S. SOLUCOES EM SERVICOS LTDA

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